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SUMÁRIO SAÚDE

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PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

Doentes respi e Covid-19 [ SAÚDE PNEUMOLOGIA ]

HAVERÁ SEQUELAS? É IMPOSSÍVEL DIZÊ-LO...

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ANTES DE MAIS, SÃO NECESSÁRIAS ALGUMAS NOÇÕES BÁSI

CAS. Os vírus não se reproduzem autonomamente, precisam de outras células para o fazerem. Com a sua utilização, provocam a sua morte, impedindo-as de exercer a respetiva função, necessária ao bem-estar do organismo. Neste caso, as células usadas nos casos graves localizamse nos pulmões, as que permitem as trocas gasosas com a hemoglobina. Ainda não se sabe o porquê de, por vezes, acontecer isso e outras não. Daí a divisão tão propalada em 80% de casos leves, 15% a precisar de internamento e 5% de cuidados intensivos.

O tempo de doença é demorado. A resposta imunológica do nosso organismo, para que os doentes deixem de o ser, demora. O tempo de internamento e de internamento nas UCI, com ou sem ventilação, é demorado pelas mesmas razões.

SABE-SE POUCO DA DOENÇA

Neste momento, sabe-se muito do vírus, mas pouco da doença. Acabou de chegar à Europa. Afogou-nos em números de infetados, de internados e de mortes. A epidemiologia ensinou-nos algumas coisas sobre os casos graves, a sua frequência e a sua relação com as patologias prévias da população.

É uma doença com letalidade significativa, muito mais alta no grupo etário superior aos 70 anos. É importante nos homens entre 60 e 70 (3%), sendo as mulheres deste grupo etário relativamente poupadas. Pensou-se que tal se poderia dever aos hábitos tabágicos, mas o ambiente hormonal pode ser outra explicação.

A relação com as patologias normalmente evocadas – insuficiência renal, doenças cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crónicas – pode s e r casual ou causal. Nos mais velhos, existem mais patologias.

Sabemos que os portugueses são saudáveis até aos 65 anos e que a necessidade de ventilação mecânica prolongada dificulta a sobrevivência em doentes com múltiplas comorbilidades, mais frequentes nas idades mais avançadas.

Não sabemos como vão reagir os pulmões a estas agressões; normalmente, reagem bem, com restituição da normalidade; esperemos que, neste caso, também

ratórios

Pelo

PROF. JOSÉ ALVES

E QUANTO ÀS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS?

Devemos dividir as doenças respiratórias em dois grandes grupos: as agudas (gripe, constipação, asma ligeira, etc) e as crónicas.

No caso das doenças agudas, a dificuldade é não confundir os sintomas e os diagnósticos. A ajuda de um médico avisado deve ser utilizada.

Quanto às doenças crónicas, a situação é diferente. A taxa de mortalidade sobe até 6%, em algumas séries, como é o caso da doença pulmonar obstrutiva crónica. Nestes casos, deve manter-se a medicação, continuando a controlar a doença.

As fibroses pulmonares intersticiais, quando se usam imunossupressores, como as neoplasias e as doenças autoimunes ou asma grave, facilitam, plausivelmente, a progressão da Covid-19. Em qualquer dos casos, sem imunidades específicas, arma de defesa biológica do nosso organismo, sem tratamento eficaz e sem vacina, só podemos recorrer ao isolamento profilático, tão anancástico quanto possível, nunca será demais.

Assim venceremos a primeira vaga, que terminará duas semanas depois de pararem os casos novos. UMA DOENÇA NOVA, COM CLÍNICA DESCONHECIDA E COM FISIOPATOLOGIA INTRIGANTE. ASSIM É A COVID-19, UMA DOENÇA VÍRICA, MAIORITARIAMENTE RESPIRATÓRIA, PROVOCADA POR UM NOVO CORONAVÍRUS, O SARS-COV 2.

Médico pneumologista e presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão

VIRÃO OUTRAS VAGAS

Virão outras vagas, porque a população em isolamento imita a imunidade, mas não a adquire, mantendo-se, portanto, suscetível. A sua ocorrência depende das características do vírus e das medidas tomadas pelas autoridades, que têm sido um exemplo de qualidade, tal como os profissionais de saúde, os bombeiros, os portugueses.

No nosso país, a taxa de internamento ronda os 9% e a necessidade de UCI os 2,5%. Pode piorar. Mas é admirável, e todos temos de agradecer, as medidas tomadas pelo Presidente da República, secundadas excecionalmente bem pelo Governo e pelo Serviço Nacional de Saúde.

Em qualquer dos casos, enquanto doentes e potenciais infetados, o que podemos fazer é o isolamento.

HAVERÁ SEQUELAS?

É impossível dizê-lo. Só com uma bola de cristal... Haverá consequências sociais e, eventualmente, sequelas. Não são prováveis nos casos mais ligeiros, mas podem aparecer, dentro de mais ou menos tempo, a todos os que passarem por ventilação mecânica e por pneumonias graves. Não sabemos como vão reagir os pulmões a estas agressões. Normalmente, reagem bem, com restituição da normalidade. Esperemos que, neste caso, também.

Ultrapassaremos esta crise, no caso de Portugal, com orgulho de sermos portugueses.

SALVA VIDAS Vacina antipneumocócica [ SAÚDE PNEUMOLOGIA ]

A PANDEMIA QUE ESTAMOS A VIVER MOSTROU-NOS BEM A NOSSA FRAGILIDADE. E SE É VERDADE QUE A VACINA ANTIPNEUMOCÓCICA NÃO TEM QUALQUER LIGAÇÃO AO CORONAVÍRUS, TAMBÉM É VERDADE QUE, SE CONTRAIRMOS UMA PNEUMONIA NESTA ALTURA, A RECUPERAÇÃO PODERÁ SER BEM MAIS COMPLICADA.

AATUALIDADE TEM-NOS MOS

TRADO, de forma clara e inequívoca, a importância da prevenção e da proteção, sobretudo entre as pessoas que se encontram mais vulneráveis e fragilizadas.

Para essas pessoas, doenças graves e potencialmente fatais como a pneumonia continuam a representar um risco acrescido, com a agravante do que representa contrair uma pneumonia nesta altura: uma recuperação, por si só, bastante mais complicada, quando sabemos que os equipamentos e os próprios profissionais de saúde estão sobrecarregados.

PNEUMONIA MATA TODOS OS DIAS

Apesar da disseminação de informação e das diferentes campanhas organizadas para sensibilizar a população, a pneumonia continua a matar todos os dias. Mesmo sendo prevenível por vacinação.

Os constrangimentos económicos serão a causa para alguns não se vacinarem, mas a falta de informação e de conhecimento é a principal causa apontada para a baixa taxa de imunização contra a doença. Cabe-nos continuar a falar sobre o tema, mostrar as vantagens de se estar protegido e assim apoiar quem se encontra em maior risco.

Crianças e pessoas a partir dos 65 anos são os mais vulneráveis à pneumonia, a par de adultos com doenças crónicas como diabetes, asma, doença pulmonar obstrutiva crónica, outras doenças respiratórias crónicas, doença cardíaca, doença hepática crónica, doentes oncológicos, portadores de VIH e doentes renais, entre outros. A fragilidade do seu sistema imunitário transforma-os em grupos de risco, por isso é um segmento da população que deve estar particularmente protegido.

RECOMENDAÇÃO DA DGS

Em junho de 2015, a Direção Geral da Saúde (DGS) lançou uma norma que recomenda a vacinação antipneumocócica a todas as pessoas com mais de 18 anos, pertencentes aos grupos de risco. Ao vacinarmos estas pessoas, estamos a protegê-las, a investir na sua saúde, a prevenir eventuais internamentos e, sem dúvida, a reduzir o número total de mortes por pneumonia.

O PNEUMOCOCO

Responsável por 1,6 milhões de mortes por ano em todo o mundo, o pneumococo é um dos agentes microbianos mais vezes identificados como a causa da pneumonia.

Sintomas como a febre, tosse, expetoração e dificuldade respiratória podem estar associados a quadros de pneumonia, pelo que, quando presentes, devem ser avaliados por um médico.

Pelo

DR. RUI COSTA

Coordenador do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Em Portugal, todos os dias são internadas 81 pessoas com pneumonia, das quais 16 acabam por morrer

E desengane-se quem acredita que a pneumonia é sazonal e que, por isso, não se terá de preocupar nos próximos meses. Há casos de pneumonia ao longo de todo o ano. Pode, por isso, vacinar-se em qualquer altura.

Não me canso de repetir, tal como muitos outros médicos, que a vacinação deve ser uma prioridade ao longo da vida. Se protegemos – e bem – as nossas crianças, porque não fazemos o mesmo com a restante população? Porque não fazemos o mesmo connosco? Sobretudo quando se trata de doentes crónicos ou quem tem mais de 65 anos.

A cada 90 minutos morre uma pessoa vítima de pneumonia

Em Portugal, todos os dias são internadas 81 pessoas com pneumonia, das quais 16 acabam por morrer. Ou seja, de 18 em 18 minutos há um internamento e, no tempo que demoramos a assistir a uma partida de futebol, morre uma pessoa vítima daquela que é uma das principais causas de morte prevenível por vacinação.

A pneumonia custa-nos uma média de 80 milhões de euros por ano. Só com tratamentos e internamentos, gastamos 218 mil euros por dia, sem contabilizar os custos indiretos, como o absentismo laboral e quebras de produtividade.

INVESTIR NA PREVENÇÃO

A vacina antipneumocócica já está contemplada no Plano Nacional de Vacinação para as crianças e para alguns dos grupos de risco, e a sua eficácia está comprovada em todas as faixas etárias, incluindo na prevenção das formas mais graves da doença. Tal como a vacina da gripe é gratuita para quem tem mais de 65 anos, porque não fazer o mesmo com a vacina da pneumonia, estendendo a gratuitidade a pessoas a partir dos 65 anos?

Investir em prevenção é sempre preferível ao tratamento e à cura, até porque não sabemos como estes podem evoluir, mesmo

Aposte na PREVENÇÃO

A vacinação antipneumocócica é a forma mais eficaz de prevenir a pneumonia. Para além desta, a vacinação antipneumocócica previne formas graves da infeção por pneumococos, como a meningite e a septicemia, mas também outras menos graves, como a otite média aguda e a sinusite.

Para uma proteção mais completa, recomenda-se, também, a vacinação antigripal, bem como a cessação tabágica, a moderação no consumo de bebidas alcoólicas, a manutenção de um estado nutricional adequado, o controlo de doenças crónicas existentes, a promoção de uma boa higiene oral e a atenção aos primeiros sinais de doença.

nos casos mais simples. Para além disso, o envelhecimento saudável da população depende, também, de evitarmos mortes e sequelas provenientes de doenças potencialmente fatais.

Vinte e um por cento dos portugueses têm, atualmente, 65 ou mais anos. Caso fosse aprovada a gratuitidade da vacina antipneumocócica a esta faixa etária, cerca de dois milhões de pessoas beneficiariam desta medida e contribuiria para reduzir significativamente os custos anuais com internamento por pneumonia em Portugal: cerca de 80 milhões de euros. Valores bastante abaixo dos números reais, uma vez que não contabilizam despesas indiretas, como o absentismo ou a baixa rentabilidade, e muito menos aquilo que é o mais importante – as nossas vidas e as daqueles a quem queremos bem.

A vacinação salva vidas, por isso protejase e vacine-se.

5 CASOS DE SUCESSO QUE COMPROVAM A UTILIDADE CLÍNICA Células estaminais

AS CÉLULAS ESTAMINAIS possuem características únicas, que permitem a substituição das células que vão morrendo e a reparação de tecidos danificados, sendo, por isso, fundamentais para o bom funcionamento do nosso organismo. Adicionalmente, as suas propriedades conferem-lhes um grande potencial para o tratamento de diversas doenças.

Em todo o mundo, a utilização de células estaminais do sangue do cordão umbilical é já uma realidade bem patente, tendo sido realizados, até à data, mais de 45 mil transplantes com esta fonte de células estaminais. As células estaminais do sangue do cordão umbilical são semelhantes às que se encontram na medula óssea, podendo ser usadas no tratamento de mais de 80 doenças, incluindo doenças oncológicas, deficiências medulares, doenças metabólicas, imunodeficiências e hemoglobinopatias. Para além disso, nos últimos 10 anos, o número de novas aplicações terapêuticas do sangue do cordão umbilical em estudo aumentou marcadamente, tendo envolvido já mais de 800 doentes tratados no âmbito de estudos clínicos experimentais. O tecido do cordão umbilical é outra fonte de células estaminais que ganhou destaque nos últimos anos, estando já registados mais de 170 ensaios clínicos que visam testar a sua aplicação clínica num leque alargado de doenças, nomeadamente em doenças de carácter autoimune.

Estes são alguns exemplos de tratamentos com células estaminais realizados com sucesso, que vêm comprovar a sua utilidade clínica:

ANEMIA APLÁSTICA GRAVE

Uma criança portuguesa, de 4 anos de idade, entrou em remissão após transplante com as células estaminais do seu sangue do cordão umbilical para tratar anemia aplástica grave. Esta doença ocorre quando a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas suficientes, provocando anemia, hemorragias e infeções. O tratamento foi realizado em abril de 2019, na Unidade de Transplante de Medula do IPO de Lisboa, com uma amostra de células estaminais do Sangue do Codão Umbilical guardada na Crioestaminal. https://parentsguidecordblood.org/pt/news/henrique-salvo-com-o-seu-sangue-do- -cordao-umbilical

BEBÉS PREMATUROS

Um estudo publicado na revista científica Stem Cells Translational Medicine, mostrou que a administração autóloga de sangue do cordão umbilical em bebés prematuros reduziu significativamente o tempo de suporte respiratório que estes bebés necessitariam. Pelas suas propriedades regenerativas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras, o sangue do cordão umbilical está a ser investigado para a prevenção de complicações associadas à prematuridade. Ren Z, et al. Stem Cells Transl Med. 2020 Feb;9(2):169-176.

LESÕES NOS JOELHOS (OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO JOELHO)

Dois jovens atletas, de 16 e 17 anos de idade, diagnosticados com osteocondrite dissecante do joelho, foram submetidos a um tratamento experimental que consistiu na injeção direta de células estaminais no local da lesão. Este tratamento permitiu a regeneração da cartilagem, que posteriormente se verificou possuir características semelhantes às da cartilagem original. Ao fim de um ano, estes jovens puderam voltar a praticar a sua modalidade de eleição. Song JS, et al. J Clin Orthop Trauma. 2019. 10 (Suppl 1):S20- S25.

LESÕES CEREBRAIS

Um adolescente de 16 anos, que, na sequência de uma paragem cardiorrespiratória, sofreu lesões cerebrais, apresentou uma recuperação notável após tratamento com células estaminais do tecido do cordão umbilical. O jovem, que tinha ficado severamente incapacitado, recuperou totalmente, tanto a nível motor como cognitivo. Kabataş S, et al. Cell Transplant. 2018. 27(10):1425-1433.

ANEMIA FALCIFORME

Uma criança de 8 anos com anemia falciforme ficou curada após um transplante hematopoiético, realizado em 2017, nos EUA, com a amostra de sangue do cordão umbilical do seu irmão mais novo, que tinha sido guardada num banco familiar. Um ano depois do transplante, o menino estava totalmente curado, vivendo uma vida saudável. https://parentsguidecordblood.org/en/news/hamads-story

TODOS OS PAIS ACREDITAM QUE CONHECEM OS SEUS FILHOS. PORÉM, SÃO FREQUENTEMENTE SURPREENDIDOS PELAS REAÇÕES DOS MAIS PEQUENOS. OS INTERESSES E OS COMPORTAMENTOS DAS CRIANÇAS VÃO VARIANDO À MEDIDA QUE ELAS VÃO CRESCENDO E, POR VEZES, CONSEGUEM DESORIENTAR-NOS...

Conhece os seus filhos?

TODOS OS CASAIS QUE JÁ PASSARAM PELA EXPERIÊNCIA

DE SEREM PAIS concordam em afirmar que os primeiros meses de convivência com o bebé são uma espécie de loucura. De repente, há mais alguém na casa que reclama a nossa atenção 24 horas por dia. Não segue um horário nem admite nenhuma ordem: uma noite pode dormir seis horas seguidas e na noite seguinte não pregar olho; um dia pode negar-se a comer e no seguinte mostrar um apetite voraz. Um bebé é, de facto, uma autêntica caixinha de surpresas!

Todos os pais acreditam que conhecem os seus filhos; porém, são frequentemente surpreendidos pelas reações dos mais pequenos

Felizmente, este estado de coisas não dura eternamente. Pouco a pouco, aprendemos a distinguir quando chora de fome, de frio, de medo ou de sono. E entendemos, com um olhar apenas, aquilo que nos pede. Com o tempo, até conseguimos perceber se tem ciúmes, se está feliz ou se precisa do nosso apoio.

NENHUMA CRIANÇA É IGUAL A OUTRA

No entanto, as suas reações nunca deixam de nos surpreender. Por vezes, parecem mais crescidos do que realmente são; outras vezes, comportam-se como se fossem bebés. Esta situação desconcerta muitos pais, levantando enormes indecisões quanto à melhor forma de educar a criança.

Mas não há motivo para alarme: estas situações são absolutamente normais. Ao fim e ao cabo, nenhum pai ou mãe é obrigado a fazer um curso acelerado de pedagogia antes de ter um filho. Além disso, não existem normas universalmente válidas para educar as crianças, já que nenhuma criança é igual a outra, nem se desenvolve ao mesmo ritmo, nem tem as mesmas necessidades que outras crianças da sua idade.

Por isso, o que importa é que lhe dediquemos tempo e carinho. Com bom humor, vontade de diálogo e uma boa dose de paciência, podem superar-se todos os problemas que surjam.

PONTO DE PARTIDA

Se pais e educadores conhecerem como as crianças se desenvolvem, será mais fácil entender as suas reações. Aqui fica um breve resumo, que poderá servir de ponto de partida:

4DOS 0 AOS 12 MESES

PROXIMIDADE

Dos 0 aos 4 meses, o mundo dos bebés é muito limitado, reduzindose a sensações: fome, frio, sono, sons, formas e cores. Para eles, a sua mãe é um prolongamento de si mesmos. E a sua dependência relativamente a ela é total.

No entanto, ultrapassada esta fase, o bebé descobre que pode agir sobre o mundo exterior e que é capaz de provocar reações: por exemplo, se chora, a sua mãe pega-lhe ao colo ou dá-lhe alimento.

Em função da resposta que obtém, vai fixando o seu comportamento. Por isso, embora devamos atendê-lo e tratá-lo com muito carinho, nunca se deve ceder sempre aos seus caprichos.

O bebé deve perceber que a sua mãe é independente de si. Esta descoberta – que se produz por volta dos 8 meses – é crucial, porque potencia o desenvolvimento da própria identidade. Mas provoca-lhe uma certa angústia.

Por isso, é provável que os bebés, que até então tinham sido muito sociáveis, comecem a assustar-se perante os desconhecidos. Para que o bebé supere esse medo, é aconselhável ampliar os seus pontos de referência – com a introdução do infantário, dos educadores, dos avós, etc. –, para que se dê conta de que há outras pessoas que o conhecem e que podem cuidar dele, além dos seus pais.

4DOS 12 AOS 24 MESES:

EM BUSCA DE APOIO

É a partir dos 12 meses de vida que a consciência da própria identidade começa a ganhar força, porque a criança adquire uma maior mobilidade e controlo do próprio corpo, o que lhe permite ganhar autonomia.

No entanto, do ponto de vista afetivo, ainda continua muito dependente da sua mãe. Necessita permanecer próximo dela e é possível que, por vezes, revele um comportamento algo açambarcador.

Nesta fase, é importante ensinar à criança aquilo que ela pode e não pode fazer, o que é bom para ela e o que não é. Entre os 12 e os 24 meses, a criança começa a desenvolver a sua autoestima, a qual depende da valorização que nós damos àquilo que ela consegue fazer. Devemos, pois, animá-la e festejar os seus esforços com entusiasmo.

4DOIS ANOS:

IDADE DO “NÃO!”

Esta expressão é, claramente, a da autoafirmação. Por isso, não nos devemos surpreender com o facto da criança revelar uma atitude mais egocêntrica e de nos contrariar por tudo e por nada. A oposição é uma forma de nos demonstrar que tem vontade própria. Pelo mesmo motivo, a criança também deseja fazer as coisas sem ajuda: vestir-se, comer, descalçar-se, etc.

Devemos respeitar a sua iniciativa, mas isso não significa deixá-la fazer tudo e ceder a todos os caprichos, mesmo que nos custe uma birra, o que é muito frequente, nestas idades. Há que mostrar-se firme e fazer-lhe compreender que apenas queremos ensinar-lhe o que é melhor para ela. Desta forma, pouco a pouco, a criança adquirirá bons hábitos.

4TRÊS ANOS:

“JÁ NÃO SOU UM BEBÉ!”

A partir dos 3 anos de idade, as crianças começam a compreender e a aceitar que existem normas. E são mais conscientes daquilo que está bem e daquilo que está mal.

O abandono das fraldas permite-lhes assumir que já não são bebés, o que lhes dá muita satisfação. Mas ainda não distinguem claramente o mundo real das suas próprias fantasias. Ainda não são capazes de seguir uma conversa e ouvem-se mais a si próprios do que aos outros.

A nível afetivo, dão-se conta de que podem agir sobre as emoções das outras pessoas. Por isso, é provável que tentem fazer chantagem com a comida, algo que os pais não devem tolerar. No entanto, esta capacidade também é utilizada de forma positiva: se nos veem tristes, tentam

consolar-nos, dando-nos um abraço ou um brinquedo.

As crianças de 3 anos têm muita vontade de aprender: por isso, seguem-nos por toda a casa e tentam copiar tudo aquilo que fazemos. Devemos deixar que nos deem uma “ajudinha”, encarregando-as de pequenas tarefas: ligar o interruptor, guardar as molas da roupa na cesta, etc. As crianças adoram sentir-se úteis e importantes!

Um aspeto muito importante: jamais devemos usar qualificativos pejorativos, do tipo “palerma” ou “mau”. Se a criança erra ou faz alguma coisa mal, devemos ensiná-la a fazer bem, sem ferir os seus sentimentos.

4 QUATRO ANOS:

LIMITES E REGRAS

Por volta dos 4 anos, as crianças dão-se conta de que existem as chamadas regras de convivência que devem aprender e aceitar. Os pequenos querem, então, saber o que lhes é e não é permitido. É importante darlhes explicações claras, para que não se confundam. Conhecer os limites permitelhes ordenar o mundo e isso tranquiliza-os.

Também pedem explicações sobre muitas coisas e começam a colocar as grandes questões da existência humana: “como funcionam as coisas?”, “como nasci?”, “o que é a morte?”.

Do ponto de vista emocional, é uma fase difícil, de ansiedade, porque experimentam sentimentos mais complexos, como a vergonha, os ciúmes, o orgulho... Estes sentimentos preocupam-nos, porque receiam que os adultos os descubram e, com isso, percam parte do seu carinho.

4CINCO ANOS:

DESEJO DE SER CRESCIDO

As crianças de 5 anos têm uma grande vontade de aprender. Desejam construir a sua própria identidade e tornarem-se maiores; ao mesmo tempo, não querem abandonar o mundo infantil. Por isso, não nos devemos surpreender com algumas atitudes contraditórias: parecem autossuficientes, mas ainda necessitam muito de mimos; querem fazer amigos, mas ainda lhes custa partilhar os brinquedos...

Adoram histórias fantásticas, o mundo da magia e tudo o que estimule a sua imaginação. Os seus ídolos são o papá e a mamã, pelo que desejam ser como eles. Há que procurar, portanto, dar-lhes um bom exemplo e não os dececionar.

4 SEIS ANOS:

ENTRADA NO MUNDO REAL

As crianças de 6 anos começam a aceitar o mundo dos adultos, mas ainda há muitas coisas que não entendem; por isso, costumam fazer muitas perguntas, as quais, por vezes, têm resposta difícil ou embaraçosa. Encontram-se neste grupo as questões relacionadas com o sexo e a origem da vida.

A partir dos 6 anos, os pequenos ampliam o seu círculo de amizades e descobrem que há outras famílias e outros hábitos. Isso faz com que estabeleçam comparações e comecem a interrogar-se sobre o porquê das diferenças. Também aprendem novos conceitos: a velhice, a doença, a pobreza e a riqueza, a solidariedade, etc.

Adaptar-se a estas mudanças requer um certo esforço, sendo provável que se sintam muito cansados.

Até aos 7 anos, as crianças mentem porque misturam as suas fantasias com a realidade; há que procurar explicar as coisas como elas são

4 CHUCHAR NO DEDO

As crianças fazem-no instintivamente (reflexo de sucção). Proporciona-lhes consolo e tranquiliza-as. Se persistir neste hábito para além dos 2 ou 3 anos, há que averiguar a causa, em vez de ralhar e insistir para que o abandone.

4 ATIRAR E BATER NOS BRINQUEDOS

Em primeiro lugar, os pais devem ter consciência de que a criança não tem má intenção. Está a experimentar, apenas. Tenha paciência e não lhe dê importância.

4 CHORAR POR TUDO

É um recurso para chamar a nossa atenção e conseguir que cedamos às suas pretensões. Há que explicar-lhe que essa não é a forma de pedir as coisas nem de as obter; e demonstrar-lhe que pode consegui-las, se as pedir corretamente.

4 NEGAR-SE A COMER

Há que ter paciência e evitar as discussões ou a coação. Distraia a sua atenção com um jogo.

4 FAZER BIRRAS

São frequentes, entre os 2 e os 3 anos, pois as crianças ainda não sabem controlar as suas emoções. Devemos ser firmes e não ceder aos seus caprichos.

4 NÃO QUERER SEPARAR-SE DOS PAIS

Há que fazê-lo compreender que a separação é temporária. O jogo do “cu-cu” – “onde está a mamã? Está aqui!” – serve para explicar este conceito. No infantário, devemos despedir-nos com naturalidade e não mostrar angústia da nossa parte.

4 MENTIR COM FREQUÊNCIA

Não devemos culpabilizar a criança, uma vez que, até aos 7 anos, os pequenos não consideram a mentira como uma “maldade”. Fazem-no, simplesmente, porque misturam as suas fantasias com a realidade. Há que procurar explicar as coisas como

Amor pós-pandemia [ SAÚDE SEXOLOGIA ]

VOLTARÁ A SER COMO ANTES?

OSER HUMANO APRENDE COM AS SUAS EXPERIÊNCIAS DE

VIDA e, após cada evento vivenciado, não voltará a ser o mesmo de antes. Heráclito de Efeso, filósofo, disse um dia que “nenhum homem consegue banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo e o homem também não”. Conseguimos, assim, entender que ninguém voltará a ser como antes, e isto vai refletir-se de diferentes formas sobre o modo como vivemos as relações e o amor.

ATRITOS E DIVERGÊNCIAS

Estas alterações já começam a fazer- -se sentir e, para alguns casais, o pós- -quarentena deixará de fazer sentido ser vivido em conjunto. Por outro lado, alguns casais poderão sair desta fase fortalecidos. Tudo depende do tipo de relação e da dinâmica de funcionamento do casal prévias

Pela

DRA. CATARINA LUCAS

à quarentena. Numa relação onde já se fizessem sentir atritos, grandes divergências ou distanciamento, é possível que a maior convivência a que estão sujeitos acabe por agudizar aqueles que já eram problemas da relação. Poderão, assim, surgir separações e, em casos mais graves, situações de violência.

Passar muito tempo numa convivência permanente vai levar-nos a reparar em caraterísticas a que, no dia a dia, não atribuímos valor e coisas simples poderão provocar atritos e discussões. Mais até do que a ansiedade, a irritabilidade é um estado emocional que se faz sentir muito por esta altura de confinamento.

REDESCOBERTA DO CASAL

Mas alguns casais poderão sair fortalecidos de tudo isto. Nos casais onde se verificava uma convivência saudável, esta pode ser encarada como uma ótima oportunidade de fortalecimento da relação, de encontro de momentos para estarem verdadeiramente um com outro, de realização de atividades que, na correria do quotidiano, não é possível ou de desenvolvimento de longas conversas.

As crises poderão ter o efeito potenciador e fortalecedor de laços. Muitos destes casais sairão mais coesos de tudo isto, com uma visão diferente de si mesmos, do mundo e da própria relação, valorizando e praticando a gratidão por aquilo que de bom existe nas suas vidas. Neste caso, as crises surgem como potenciadores do desenvolvimento humano. Estar tanto tempo com o/a parceiro/a poderá também acrescentar uma visão mais real da vida do outro, do seu contexto, daquilo em que trabalha, podendo isso funcionar como uma redescoberta do casal e do outro.

INIBIDORES DA SEXUALIDADE

Todavia, é também um facto que a alteração da rotina pode levar a alguma desorganização, física e emocional, bem como a alterações na convivência sexual. A incerteza e imprevisibilidade, o não controlo das nossas vidas, o trabalho em casa e os filhos sempre por perto poderão ser fatores inibidores da sexualidade entre o casal.

A tendência para o menor cuidado com a aparência e diminuição do autocuidado poderão também exercer alguma influência na sexualidade, especialmente no desejo sexual.

A convivência constante e a pouca novidade poderão desempenhar um papel negativo no desejo sexual, sendo por isso importante encontrar alguma criatividade e tirar partido do tempo que agora tende a ser maior.

SOBRE O FUTURO, POUCO OU NADA SABEMOS, MAS UMA DAS POUCAS CERTEZAS QUE SENTIMOS TER É DE QUE A NOSSA REALIDADE APÓS A QUARENTENA SERÁ DIFERENTE DAQUELA QUE CONHECÍAMOS. TEMOS AINDA A PERCEÇÃO DE QUE ISTO SE ESTENDERÁ A INÚMEROS CONTEXTOS, DIRÍAMOS ATÉ, A QUASE TODOS. OS RELACIONAMENTOS AMOROSOS NÃO SÃO, POR ISSO, EXCEÇÃO.

SEXO À DISTÂNCIA

Vida mais dificultada terão as pessoas que optaram por viver a quarentena de forma isolada ou cujo relacionamento não implica coabitação. Nestes casos, a vivência do amor e da sexualidade implicará outro tipo de ajustamento ou até de construção.

As tecnologias vêm dar uma ajuda neste sentido e muitas relações amorosas e até sexuais têm vindo a ser facilitadas por ela. O sexting, ou partilha de mensagens e conteúdo erótico e sexual através de aplicações no telemóvel, é uma realidade em crescimento nos últimos anos, ganhando agora uma nova dimensão pela obrigatoriedade de distanciamento. Sendo esta uma prática em crescimento antes do surto de Covid-19, poderá ganhar nesta fase uma nova dimensão, mantendo-se depois disso como uma prática recorrente. Quando a tecnologia acrescenta algo de positivo, será sempre bem-vinda e, se tem o caráter de atenuar distâncias e até potenciar as relações, deverá ser pensada a sua inclusão na dinâmica de casal. Contudo, nestas situações, é preciso especial cautela com a proteção dos conteúdos e com a informação que temos sobre a confiabilidade do recetor dos conteúdos, sobretudo em relações que se estão a iniciar neste momento por essa via.

CULTIVAR O AMOR

Há sempre espaço para o amor e é importante que este não seja esquecido no meio do caos que se instalou. O amor dá-nos esperança, dá-nos conforto, dá-nos serenidade e até alguma previsibilidade quando falamos em relações estáveis e duradouras. Por isso, é importante dedicar- -lhe tempo, fomentá-lo e cultivá-lo no agora, já que poderá ser um dos bens mais preciosos no nosso dia a dia.

A compreensão, a empatia e a tolerância são palavras de ordem, devendo ser praticadas regularmente na convivência com o outro. As pessoas têm diferentes formas de lidar com as coisas, de encarar o medo e de gerir a ansiedade. Validar o outro nos seus sentimentos, medos e angústias é importante para que o casal se mantenha unido.

E esta é uma aprendizagem que deve ser levada para o pós-pandemia.

APROVEITAR O TEMPO JUNTOS

Sabemos que partilhar um espaço a tempo inteiro pode ser, a determinada altura, perturbador. Contudo, basta encontrar algumas rotinas e alguns momentos reservados a cada um e às suas tarefas individualmente. O casal precisa de se reinventar e, numa fase em que estamos privados de alguma liberdade, os casais precisam de se sentir seguros para amar e investir nas suas relações. Passar mais tempo juntos sempre foi um dos desejos mais comuns dos casais. É altura de tirar partido disso.

O ser humano é um ser social, precisa do outro, precisa de presença, de toque e de abraços. Num momento em que nos privam disso, parece que sentimos ainda mais falta e que nos tiram o chão. Contudo, recordemo-nos que não é o isolamento que ditará um dano nos relacionamentos, mas sim as suas dinâmicas e as ferramentas que cada casal utiliza para se manter unido. Esta é a altura certa para viver o momento presente com quem amamos, focando naquilo que pode ser controlado.

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