Jornal sbhci 2015 ediçao 4 fnal 13

Page 1

Ano XVIII | no 4 | #60 Outubro, Novembro, Dezembro de 2015 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista

A posse da nova Diretoria e os planos da SBCI para 2016-2017 Hélio Roque Figueira presta contas de sua gestão 

CFM apresenta estudo inédito – O /N /D 2015 – 1 sobre o médicoSBCIbrasileiro 

ut

Ov

ez De


PALAVRA DO PRESIDENTE

Balanço da gestão

C

Hoje temos uma Sociedade forte, unida, alinhada, sem vaidades, trabalhando em espírito de unidade e em busca de conquistas para o coletivo

2 – SBCI – Out/Nov/Dez de 2015

aro colega, inicio meu último editorial, como presidente da SBCI, agradecendo a todos vocês pelo apoio e confiança dedicados a nossa Diretoria durante todo este período. Sei muito bem que não realizamos tudo o que gostaríamos, mas nos orgulhamos muito de termos realizado tudo o que foi possível em prol da Cardiologia Intervencionista e pela valorização de nossos profissionais. Hoje temos uma Sociedade forte, unida, alinhada, sem vaidades, trabalhando em espírito de unidade e em busca de conquistas para o coletivo. Isso ficou muito evidente quando nos reunimos na tarde que antecedeu a solenidade de posse para analisarmos os projetos que idealizamos e os que efetivamente foram realizados e com isso fazer uma análise crítica do que foi realizado e do que ainda precisa ser feito. Durante estes dois anos (2014-2015) à frente da SBCI, tivemos muitas conquistas e também algumas derrotas. Acreditamos, porém, ter sido o resultado final bastante positivo e satisfatório, tendo a certeza de que contribuímos efetivamente para o desenvolvimento da Cardiologia Intervencionista em nosso País. Dentre as ações mais relevantes, destaco a realização do Censo, que nos ajudou a identificar quantos somos, onde estamos, e quais equipamentos (modelos e idade) estão sendo utilizados e quais procedimentos neles são realizados. Dessa forma, pudemos ter uma fotografia da Cardiologia Intervencionista, que nos ajudará a direcionar atuações futuras da SBCI no sentido do que poderá ser realizado. Criamos a Diretoria de Avaliação de Tecnologias em Saúde, comandada pelo ex-presidente Marcelo Queiroga, que foi e está sendo fundamental para o avanço da especialidade. Na Medicina, em geral, e na Cardiologia Intervencionista, em particular, há constante aparecimento de novas tecnologias, dispositivos, equipamentos, medicamentos e práticas, que deverão ser incorporadas ou não ao arsenal diagnóstico e terapêutico. Queiroga tem trabalhado de forma intensa nesse projeto e fico muito feliz por ele ter aceitado prosseguir nessa empreitada nos dois próximos anos, agora ao lado de Marcelo Cantarelli, nosso presidente recém-empossado. Criamos também uma Comissão Permanente de Diretrizes, que já realizou a atualização das Diretrizes de Intervenção Coronária Percutânea e Métodos Adjuntos Diagnósticos em Cardiologia Intervencionista, que será publicada brevemente e será atualizada pelo menos bianualmente. Outro ponto digno de destaque foi a criação de um manual de compliance, que visa a estabelecer orientações de prática ética e comportamental na relação médico-indústria. Tal necessidade tor-

nou-se inadiável após série de reportagens com denúncias de casos de corrupção envolvendo o comércio de órteses e próteses no País. Ainda, assumi pessoalmente o Projeto Memória SBCI, no qual entrevistamos todos os que fizeram parte da história da Cardiologia Intervencionista no País, contribuindo para seu desenvolvimento. Após 30 entrevistas e mais de 40 horas de gravação, compilamos todo o material no livro “De Coração e Alma: 40 Anos de História da SBHCI”, lançado no Congresso da SBCI, em junho deste ano, em Brasília, e que será um projeto “vivo” e constantemente atualizado com os principais nomes de nossa área de atuação. Igualmente importante também é falar sobre o que não conseguimos realizar, especialmente em relação aos registros de intervenção coronária percutânea. Tentamos dar continuidade ao Registro de Intervenção Coronária Percutânea-Brasil (ICP-Br), que, apesar de ser muito interessante, era caro e não tínhamos quem custeasse. Após conversa com o Ministério da Saúde, no início de 2014, foi formulado o Registro Nacional de Implantes (RNI). Contudo, a reunião foi adiada diversas vezes e não conseguimos concluir esse objetivo, haja vista que o Ministério agendou o encontro para março de 2016. Plantamos muitas sementes, e tenho certeza de que meu colega Cantarelli atuará para florescê-las. Reconheço que não estive sozinho e, por isso, agradeço imensamente a parceria dos diretores Salvador André Bavaresco Cristovão (Administrativo), Cyro Vargues Rodrigues (Financeiro), Alexandre Antonio Cunha Abizaid (Científico), André Gasparini Spadaro (Comunicações), Marcos Antônio Marino (Educação Médica Continuada), Edgard Freitas de Quintella (Qualidade Profissional), Itamar Ribeiro de Oliveira (Intervenções Extracardíacas), Raul Rossi Ivo Filho (Intervenções em Cardiopatias Congênitas) e Marcelo Queiroga (Avaliação de Novas Tecnologias em Saúde). Agradeço também ao trabalho eficiente e dedicado de nossas funcionárias Norma Cabral (Gerência), Layla Caitano (Secretaria), Roberta Fonseca (Eventos), Kelly Peruzi (Financeiro) e Jessica Rodrigues (Sócios). Desejo, por fim, à nova Diretoria, liderada por Marcelo Cantarelli, sucesso em sua gestão, sabedoria e paciência para enfrentar os desafios que estão pela frente. Forte abraço a todos.

Hélio Roque Figueira Presidente da SBCI


ÍNDICE

4

POSSE

PÁGINA 12

CERIMÔNIA Novos diretores assumem a SBCI

7

PASSAGEM

SUCESSÃO NA MESA Diretores atuais e futuros conversam sobre ações pela Sociedade

8

PUBLICAÇÃO

RBCI SE RENOVA Novidades na publicação oficial da SBCI

9

FORMAÇÃO

ALTERAÇÃO NO CONCURSO Prova de título acontece em março

10 ATUALIZAÇÃO AVANÇO

Novas indicações em intervenção coronária percutânea

11 SOLACI-SBCI 2016 CIENTÍFICO

Convidados internacionais engrandecem o evento

12 ENCONTRO SBCI E SBCCV PARCERIA

Objetivo foi criar normas de elaboração entre as especialidades

13 ESTUDO

MAPEAMENTO

Levantamento visa a melhorar a saúde brasileira

14 PROJETO BEM-SUCEDIDO AÇÃO SOCIAL

Conscientização sobre infarto com grande alcance em 2015

PÁGINA 4

#60 04/2015

51

Jornal da SBCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista – SBCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas.

Conselho editorial: SBCI – www.sbhci.org.br Hélio Roque Figueira (RJ): Presidente Salvador André Bavaresco Cristovão (SP): Diretor administrativo André Gasparini Spadaro (SP): Diretor de Comunicação Luciana Constant Daher (AL): Editora Fábio Augusto Pinton (SP) e Breno Oliveira (SP): Coeditores Equipe técnica: Acontece Comunicação e Notícias Jornalista responsável: Chico Damaso – MTB 17.358/SP Direção de arte: Giselle de Aguiar Pires Tiragem: 2.000 exemplares Circulação: Em todo o território nacional

Acontece

Fone: (11) 3871-0894 | 3871-2331 acontece@acontecenoticias.com.br

FSC - P3

SBCI – ABR/MAI/JuN

De

2015 – 3


POSSE

FOTOS: ANDREIA NAOMI

SBCI tem nova Diretoria para 2016-2017

Diretores reunidos em solenidade, no Renaissance São Paulo Hotel

A

noite de 15 de dezembro transformou-se em novo marco para a SBCI. O Renaissance São Paulo Hotel recebeu os principais nomes da Cardiologia Intervencionista e também de outras especialidades médicas para prestigiar a cerimônia de posse da Diretoria para o biênio 2016-2017. Sob a ancoragem do mestre de cerimônias (e brilhante cardiologista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia) Romeu Meneghelo, o rito de passagem teve como protagonistas os presidentes Hélio Roque Figueira e Marcelo Cantarelli. Emocionado, Roque Figueira, deixando o cargo, foi o primeiro a discursar, fazendo um balanço de sua gestão e das principais realizações. Comemorou bastante o sucesso do Projeto Memória SBCI: “Estive à frente, acompanhei grande parte das entrevistas, às vezes até mesmo fazendo as perguntas, e me sensibilizando por tão rico contato com a história viva da SBCI”. Em justo reconhecimento à dedicação e aos resultados obtidos por toda a Diretoria, Roque Figueira destacou diversos colegas de jornada e fez menção especial a Marcelo Queiroga, diretor de Avaliação de Tecnologias em Saúde, por ocupar uma cadeira que até então não existia: “Criamos essa Diretoria para responder adequadamente às inovações tecnológicas que ocorrem rapidamente no âmbito da Cardiologia Intervencionista. Queiroga desempenhou trabalho incessante e orgulho-me em saber que estará ao lado também de Cantarelli na nova gestão”. Também ressaltou a constituição da Comissão Permanente de Normatização das Diretrizes de Intervenção Coronária Percutânea e Métodos Adjuntos Diagnósticos em Cardiologia Interven4 – SBCI – Out/Nov/Dez de 2015

Conselho Deliberativo marca presença

Diretoria do biênio 2014-2015 se despede


Colhemos frutos de Diretorias que vêm se complementando e deixamos sementes para as futuras

cionista, além do desenvolvimento do Manual de Compliance e da conclusão do censo que mapeou os especialistas da Cardiologia Intervencionista em todo o Brasil. “Traçando um panorama de nossa gestão, considero o saldo positivo. Produzimos intensamente desde que assumimos, implantando novas ações e dando continuidade aos projetos já encaminhados. Colhemos frutos de Diretorias que vêm se complementando e deixamos sementes para as futuras.” O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Angelo Amato de Paola, foi uma das autoridades que sucederam Roque Figueira ao microfone para saudar a SBCI, seu processo de transição e a maturidade da condução político-administrativa. Além de elogiar Roque Figueira e os diretores do biênio 20142015, discorreu sobre sua antiga amizade com Cantarelli, desde os tempos da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP). “Somos todos apaixonados pela Cardiologia, afinados e em comunhão em colaborar e contribuir da melhor forma possível para a saúde nacional.” Representando todos os ex-presidentes da SBCI, J. Eduardo Sousa, o primeiro deles, do ainda denominado Departamento de Hemodinâmica e Angiocardiografia da SBC, relembrou a fundação da Sociedade. “Foi um importante passo a fundação do Departamento até chegarmos ao que temos hoje. Aqui, testemunhamos mais uma posse, constatando que os grupos que por essa casa passam são dedicados aos interesses da especiali-

dade. Aproveito esta oportunidade para desejar sucesso e grandes conquistas a essa equipe jovem de entusiasmados diretores.” Sousa, inclusive, foi colega de turma do pai de Cantarelli. Também prestigiaram a posse autoridades como Rui Tanigawa, do Conselho Federal de Medicina, representando o presidente Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, e o futuro diretor de Comunicação da SBC, Celso Amodeo, representando o presidente eleito Marcus Bolivar Malachias. Encerrando os discursos da noite, Cantarelli agradeceu aos colegas por ser eleito representante da SBCI e falou das perspectivas para os anos vindouros. Não sem antes chamar para a frente do palco, um a um, todos os novos diretores recém-empossados e agradecer à parceria. “Pensamos em uma gestão séria e criativa. Além do pilar científico, temos a qualidade e a projeção profissional. Precisamos do devido reconhecimento e valorização. Não podemos deixar abalar nossos valores e nossa ética. A SBCI é feita de pioneirismo; vamos nos deparar com grandes desafios e sabemos que teremos que enfrentá-los.” Durante o jantar, alguns dos presentes, liderados pelo próprio Cantarelli, se reuniram para tocar música instrumental, tornando o ambiente ainda mais acolhedor e grandioso. Enquanto isso, o clima era de extrema satisfação com a nova gestão que ali se apresentava para assumir a Sociedade, com a certeza de que a capacidade e o vasto conhecimento de todos os diretores contribuirão para o desenvolvimento da Cardiologia Intervencionista nacional. SBCI – Out/Nov/Dez

de

2015 – 5


POSSE

O que esperar da próxima gestão Marcelo Cantarelli adianta planos da nova Diretoria e fala das expectativas para o biênio 2016-2017 Quais serão os primeiros passos que a nova administração dará na SBCI? O primeiro passo já foi dado, pois fizemos um planejamento estratégico conjunto com a Diretoria atual. Reunimos todos os diretores, que falaram sobre a atual situação da SBCI, e os novos diretores, que explanaram seus projetos. Fizemos a apresentação do planejamento estratégico baseado em questionário enviado a associados e, de maneira democrática, elencamos as prioridades da gestão para os próximos dois anos. Na área científica, quais os principais projetos? Um de nossos focos é fortalecer cada vez mais o Congresso SBCI, mantendo sua excelência. O grande desafio da gestão é, em um momento difícil da economia, de investimentos e de patrocinadores, manter a qualidade científica, principalmente porque o próximo encontro será em conjunto com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), tornando-se ainda mais grandioso. Já estamos trabalhando há seis meses com as Diretorias Científicas atual e futura no planejamento do congresso, tanto que já temos confirmação de convidados internacionais de peso. Portanto, a perspectiva é de que tudo dará certo. Outra prioridade da SBCI no campo científico é reforçar as atividades de educação continuada, principalmente de forma eletrônica, por meio do portal, um trabalho de parceria das Diretorias Científica, de Educação Médica Continuada e de Comunicação. Como serão encaminhados projetos já consagrados em gestões anteriores? Todos os projetos consagrados serão mantidos e incrementados. Se vêm dando certo, é óbvio que têm de ser mantidos e aperfeiçoados hoje e sempre. Aliás, nosso grande desafio é melhorar aquilo que está dando certo. Vamos no caminho do associativismo baseado em pilares de qualidade profissional, de reconhecimento, de ética e de seriedade. Nosso exercício, dentro da SBCI, será pautado exatamente na valorização ampla do trabalho do intervencionista. Desde a qualificação e certificação até a remuneração. Existe algum plano para estreitar as relações com as esferas dos governos municipais, estaduais e federal? Nós sempre manteremos o diálogo aberto. Há 150 milhões de pessoas neste País que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS); então, se não tivermos um canal aberto com os governantes, não conseguiremos caminhar juntos. Acredito que viabilizar o SUS é uma tarefa que transcende partidos em exercício de governos. O papel da sociedade científica é dar todo o apoio aos governantes que pensam políticas de estado. Precisamos da 6 – SBCI – Out/Nov/Dez de 2015

O grande desafio da gestão é, em um momento difícil da economia, manter a qualidade científica

incorporação de novas tecnologias para o embasamento da ciência e para que isso reflita na qualificação do trabalho médico e no dia a dia do atendimento aos pacientes do SUS. Como avalia a procura dos recém-formados pela especialidade? A Cardiologia Intervencionista vem crescendo, praticamente desde seu nascimento. É uma área de atuação relativamente nova, mas, nos últimos trinta anos, tornou-se ainda mais atraente pela resolubilidade na assistência aos pacientes. Hoje ainda temos sérias dificuldades, pois é uma formação longa, de praticamente doze anos: seis anos de graduação e seis anos até a certificação da área de atuação. Por ser uma formação árdua, e por tratar-se de um trabalho, muitas vezes, insalubre, com radiação, aventais de chumbo, urgência e emergência e sem um horário regular, realmente só abraça a carreira quem muito gosta. Mesmo assim, ainda desperta a curiosidade e a vontade dos jovens cardiologistas.


PASSAGEM

O que podemos esperar da próxima gestão em relação às campanhas Jovens Corações e Coração Alerta? A ideia é que as campanhas cresçam e atinjam seus objetivos: a mobilização da opinião pública em duas afecções extremamente relevantes. A primeira é o infarto do miocárdio, a afecção cardiovascular que mais mata o brasileiro. A luta contra o infarto nunca pode ser cessada. A outra é a estenose aórtica, altamente prevalente entre os idosos e importante causa de mortalidade nessa faixa etária. A viabilização do tratamento da válvula aórtica é extremamente necessária para que consigamos reverter as estatísticas ruins dessa doença entre os idosos. O trabalho de conscientização da comunidade sobre os sintomas do infarto e da estenose aórtica e quais os tratamentos indicados para ambas as doenças é nosso principal objetivo com as campanhas. O que a nova Diretoria prevê para a educação médica continuada? Focaremos na educação on-line, forma democrática e mais fácil de atingir um país continental como o nosso. O foco se dará nos treinamentos hands on, ou seja, os treinamentos teórico-práticos em temas como implante percutâneo de válvula aórtica, fechamento de comunicação interatrial e intervenções periféricas, entre outros. Ofereceremos cursos de revisão, regionais, on-line, e vídeos explicativos. Quais os planos para a defesa profissional? A defesa profissional está pautada em três pilares. O primeiro é a qualidade, tanto a pessoal, na certificação e formação do intervencionista, como a profissional, do local de trabalho. Outro pilar é a segurança, uma vez que a proteção radiológica não deve ser esquecida. O trabalho, que foi muito bem feito pelas últimas gestões da SBCI, será mantido e amplificado, para que possamos sempre batalhar pela proteção de nosso profissional no ambiente de trabalho. O último pilar é o reconhecimento, a questão da remuneração: vamos manter um diálogo aberto, tanto com as operadoras da saúde suplementar como com os governos, no caso do SUS. Com o senhor avalia este momento da SBCI, em que Hélio Roque Figueira entrega a Diretoria a suas mãos? Para o País, é um momento crítico. Nossa Sociedade sente, como qualquer outra atividade no Brasil, o reflexo da crise econômica. É uma sociedade que necessita de investimentos, de patrocinadores, e que utiliza, para o trabalho médico, materiais de alta tecnologia. A economia reflete em nossa área de atuação. Devemos manter os pés no chão, além de focar em uma gestão de custos cujo objetivo é manter a educação continuada e não perder a qualidade da ciência, mesmo com recursos mais modestos. É um período mais delicado, mas que, com a união de toda a Diretoria e de todos os associados, conseguiremos superar.

Transição entre Diretorias da SBCI mostra unidade da Cardiologia Intervencionista

Diretoria atual e futura em um encontro memorável

A

transição de trabalho entre as Diretorias em exercício e eleita da SBCI ocorreu horas antes da cerimônia oficial de posse para o biênio 2016-2017, no Renaissance São Paulo Hotel. À oportunidade, em clima de descontração e união, projetos em andamento e em fase de planejamento foram amplamente debatidos, para que a Sociedade siga de forma segura em sua rota de crescimento sem sofrer qualquer problema de descontinuidade administrativa, política, financeira ou científica. “A proposta da reunião foi tornar a transição das Diretorias o mais tranquila e interativa possível. Nossa Sociedade só tem a ganhar diante dessa forma madura de se relacionar e de tratar o patrimônio do cardiologista intervencionista. Isso se reflete em um trabalho harmonioso e de continuidade. Aliás, Marcelo Cantarelli, presidente recém-empossado, participa de nossos principais encontros, desde sua eleição, em julho passado, inclusive daqueles relacionados ao Congresso SOLACI-SBCI 2016, com as Comissões Científicas atuando em conjunto”, destaca Hélio Roque Figueira, presidente da SBCI gestão 2014-2015. Os debates e encaminhamentos práticos dos diretores envolvidos no processo de transição abrangeram, entre outros tópicos: o Censo, identificando quantos e quem são os associados, como e onde trabalham; a reforma estatutária, cuja última modificação ocorreu em 2007; o livro comemorativo “De Coração e Alma: 40 Anos de História da SBCI”; e as Diretrizes de Intervenção Coronária Percutânea e Métodos Adjuntos Diagnósticos em Cardiologia Intervencionista, que está em avaliação pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e prestes a ser publicada. Conforme Roque Figueira, o projeto que fica em aberto é o Registro Nacional de Implantes (RNI), que visa a promover a rastreabilidade do procedimento no Brasil. Após uma série de reuniões com o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Agência Nacional de Saúde Suplementar, em janeiro do próximo ano terá início o piloto em 8 hospitais pelo País, com duração de seis meses. “Por meio de software desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os serviços de saúde em cidades como São Paulo, Recife, Salvador e Fortaleza, entre outras, participarão desse banco de dados, que objetiva identificar e qualificar as angioplastias no País. Não pudemos implementar em nosso período, mas fizemos parte desse que é o pontapé inicial do RNI, e esperamos que tudo se desenvolva com a Diretoria de Cantarelli.”

SBCI – Out/Nov/Dez

de

2015 – 7


PUBLICAÇÃO

A nova e moderna RBCI

A

Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), publicação trimestral da SBCI, fechou acordo com a editora Elsevier e passou por intenso processo de modernização editorial, neste ano. Uma das principais alterações foi o layout, que se tornou mais didático, para que a publicação tornasse os conteúdos científicos ainda mais atraentes. Em meio a tantas mudanças, essa tem sido recordista de elogios entre os sócios formadores de opinião da SBCI. Outra importante modificação se deu no fato de, salvo 200 exemplares impressos para atender aos compromissos societários, a RBCI se tornar uma revista exclusivamente on-line. “É uma decisão que não prejudica a divulgação do conteúdo em qualquer aspecto, pois sempre esteve aberto no site. Todos os membros cadastrados agora recebem avisos eletrônicos logo que uma nova edição é liberada”, afirma Áurea Jacob Chaves, editora da revista. A RBCI também passou a ser publicada, simultaneamente, em inglês e português, o que deu a ela mais visibilidade internacional, tanto que recentemente tem recebido submissões do exterior. Apesar dos inúmeros retornos positivos, a publicação enfrenta algumas dificuldades. “O processo de edição de cada fascículo é mais demorado, o que explica o atraso das edições de 2015. A Elsevier exige maior tempo de produção, e a publicação simultânea nos dois idiomas também contribui para esse atraso. Estamos trabalhando para acertar essa questão”, ressalta Áurea. Algumas ações são empreendidas para que aumente o fluxo de submissões de artigos, o que erradicaria os atrasos. “Precisamos de um estoque de artigos aprovados para trabalharmos com, pelo menos, uma edição antecipada. Enviamos, em novembro, cartas aos sócios membros de serviços de centros formadores de especialistas, solicitando sua contribuição no sentido de estimular seus residentes a submeterem, assim que possível, os artigos necessários para obtenção do certificado de área de atuação.” Adicionalmente, a SBCI busca viabilizar um novo banco de dados, que agrega até o momento dados de cerca de 40 mil procedimentos, de 36 hospitais, para disponibilizá-los aos postulantes aos certificados de área de atuação que já realizaram suas provas, mas que ainda não submeteram seus artigos. 8 – SBCI – Out/NOv/Dez De 2015

Já estão no ar os vídeos do Projeto Memória SBCI

F

ruto de proposta apresentada durante a campanha de Hélio Roque Figueira, presidente gestão 2014-2015, e sua Diretoria, visando a ampliar a seção “História da SBCI”, criada por Rogério Sarmento-Leite, diretor de Comunicação em 2006-2009, o Projeto Memória se concretizou em 2014. Já em junho de 2015, durante o Congresso de Brasília (DF), houve o lançamento do livro “De Coração e Alma: 40 Anos de História da SBCI”, com 2.500 exemplares distribuídos aos associados, parceiros e amigos da Sociedade. “Também alimentamos nosso portal com as gravações que resultaram nessa obra completa e de valor inestimável”, explica Figueira. Desde sua fundação, a SBCI já teve quinze presidentes. Figueira foi o 15o presidente, e apenas um presidente morreu prematuramente, Siguemituzo Arie. Graças à participação de todos, foi possível reunir um material surpreendente e emocionante em 40 horas de vídeos editados e legendados no site do Projeto (www.sbhci.org.br/projetomemoria). Foi dessa compilação, com o suporte de dois historiadores contratados, que surgiu o já citado livro “De Coração e Alma: 40 Anos de História da SBHCI”, com 400 páginas, com belíssimas ilustrações e registros célebres de toda a trajetória da Sociedade. Disponível para download nas lojas virtuais Amazon e Saraiva, a ideia da edição digital é permitir e manter a publicação revisitada e ampliada, para que cada nova Diretoria possa inserir sua própria biografia. Segundo Figueira, a aceitação e o enriquecimento do Projeto são tamanhos, que já estão programadas cinco entrevistas para integrar esse acervo memorável.


FORMAÇÃO

Exame foi adiado para 2016 e apenas os profissionais já certificados poderão realizá-lo

A

os interessados em realizar a prova para Título de Área de Atuação da SBCI, fiquem atentos às novas datas: a primeira fase, que antes ocorria em novembro, acontecerá em 13 de março de 2016. A mudança foi solicitada pela Associação Médica Brasileira (AMB) para que todos os concorrentes prestassem a prova com a formação já concluída. “Consideramos a alteração no calendário positiva e com embasamento importante. As especializações dos grandes institutos, como Instituto do Coração (InCor), Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC) e Escola Paulista de Medicina (EPM), terminam, geralmente, no fim de janeiro”, explica Décio Salvadori Jr., presidente da Comissão Permanente de Certificação (CPC), membro titular da SBCI e membro pleno da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI). Trata-se de uma avaliação bastante completa: em um processo dividido em três etapas, que ocorrem ao longo do ano, os candidatos devem obter, no mínimo, a média 7 para conquistar o título. Segundo Salvadori Jr., o título é fundamental para que possam alcançar cargos como chefes de serviço em seus respectivos estados, assim como obter documentação legal que mostre que estão aptos para exercer a posição de cardiologista intervencionista.

DE OLHO NO TÍTULO A primeira parte do processo se inicia com uma prova teórica, com 50 questões de múltipla escolha. Finalizada, o procedimento seguinte é um teste teórico-prático com 40 questões dissertativas, em que os candidatos veem os casos no computador e avaliam como se fosse uma situação real. Para completar a nota desta primeira etapa, o candidato deve apresentar o curriculum vitae para análise. Geralmente, mais da metade dos profissionais é aprovada nessa etapa. “Outra novidade é que não será permitida nenhuma questão já apresentada em qualquer outra prova no Brasil. Todas as questões devem ser inéditas e nós, da comissão responsável, levamos cerca de um ano para prepará-las”, relata o presidente da CPC. Aqueles com média suficiente para avançar no processo deverão, então, se submeter à prova prática (composta por um diagnóstico e um tratamento), a qual deve ser realizada dentro de um prazo de oito meses. Finalmente será necessário documentar trabalho científico original (não são permitidos, por exemplo, relatos de caso) em revista indexada. “Esse momento assemelha-se a uma colação de grau. Valorizamos muito a celebração, pois os candidatos se sentem realmente avaliados”, salienta Salvadori Jr. SBCI – Out/Nov/Dez

de

2015 – 9


AVANÇO

Em breve: publicação das Diretrizes de ICP

O

ano de 2015 foi um marco para as Diretrizes de Intervenção Coronária Percutânea (ICP) e Métodos Adjuntos Diagnósticos em Cardiologia Intervencionista. Em reuniões realizadas em abril e maio, promovidas pela SBCI, mais de 40 dos principais médicos cardiologistas, intervencionistas e clínicos, do Brasil juntaram-se para realizar importante revitalização dos documentos, os quais datavam de 2008. Realizou-se profunda análise crítica. Os profissionais envolvidos discutiram a função e as indicações do procedimento. Ainda, debruçaram-se sobre tópicos de condutas já consagradas e evidências científicas recentes, com o objetivo de discutir os níveis de recomendação. “Ficamos sem atualizar as orientações para os procedimentos cardíacos por sete anos, espaço de tempo gigantesco, em que muitos avanços ocorreram”, comenta Hélio Roque Figueira, presidente gestão 2014-2015. O tratamento farmacológico ganhou relevante destaque, considerando que, antigamente, havia diversas contraindicações, além de os fármacos possuírem alto custo; hoje, tornou-se algo padrão. E mais: no antigo texto, também não havia alternativas como tomografia de coerência óptica e stent bioabsorvível, tornando ainda mais latente a necessidade das mudanças encaminhadas pela SBCI. “Com o time de especialistas, buscamos minuciosamente consensos para dar consistência aos principais pontos abordados, em especial no que se refere às indicações da ICP”, conta Fausto Feres, editor principal das Diretrizes.

Fausto Feres e Hélio Roque Figueira durante o Congresso SBCI, em Brasília (DF)

O documento final foi apresentado no Congresso SBCI 2015, em Brasília (DF), em junho passado, durante reunião científica com assistência de mais de 400 pessoas. Os principais destaques foram abordados e amplamente debatidos com os respectivos autores, formando um ambiente produtivo e proprício à troca de ideias e conhecimentos. “Tivemos encontros intensos, com apresentações de todos os temas e já com a redação final a ser corrigida”, destaca Feres. O atual momento da ICP merece reflexão cuidadosa sobre a apropriação das prescrições e a otimização dos procedimentos em prol da melhor assistência. A partir das Diretrizes revisadas, os médicos terão maior respaldo para sugerir alternativas terapêuticas aos pacientes, bem como exigir tal atualização dos sistemas de saúde tanto público como privado. Roque Figueira afirma que o texto final estará disponível no início de 2016: “O texto das Diretrizes está em avaliação pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e prestes a ser publicado”.

SBCI fecha parceria com Porto Seguro Previdência

O

s associados da SBCI agora poderão contar com mais uma vantagem: a entidade acaba de fechar parceria com a Porto Seguro Previdência. Dentre as vantagens da aplicação, é possível destacar: dedução do Imposto de Renda no plano PGBL, flexibilidade na alocação de investimentos entre os fundos disponíveis, coberturas adicionais de proteção familiar, e diversas formas de receber a renda no futuro. Ainda, a Porto Seguro Previdência permite livre planejamento de sucessão familiar, escolhendo seus beneficiários, sem entrar no inventário e sem incidência de Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação.

10 – SBCI – Out/NOv/Dez De 2015

PREVIDÊNCIA

Seus planos são separados em três divisões: Rubi Premium, com contribuição mensal a partir de R$ 300,00; Diamante, com depósito a partir de R$ 1.000,00; e Diamante Plus, a partir de R$ 2.500,00. A taxa de carregamento é cobrada somente na saída e poderá ser zerada de acordo com o tempo de permanência no plano e o valor da reserva acumulada. A parceria com a Porto Seguro Previdência proporciona aos associados da SBCI a oportunidade de garantir o padrão de vida de toda a família mesmo após a aposentadoria, acumulando recursos que contribuirão para realizar projetos e sonhos. Maiores informações podem ser obtidas pelos telefones (11) 2351-5494/96694-1364 ou por e-mail (vanildo@lowakseguros.com.br).


CIENTÍFICO

Congresso SOLACI-SBCI 2016 destacará sessões práticas

A

cidade do Rio de Janeiro (RJ) será palco do Congresso SOLACI-SBCI 2016, de 8 a 10 de junho de 2016. As preparações já estão a todo vapor, a fim de proporcionar, a todos os convidados, três dias de intensa troca de conhecimento e experiência, contribuindo para o avanço da saúde brasileira e latino-americana. José Ribamar Costa Jr., membro da Comissão Científica Permanente da SBCI e chefe da Seção de Intervenção Coronária do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, afirma que o evento caminha conjuntamente com os movimentos da especialidade. “As inovações estruturais terão destaque, sobretudo no que diz respeito ao implante percutâneo de próteses valvares e aos novos instrumentais para tratamento da doença coronária, como os stents bioabsorvíveis. Além disso, abordaremos pontos tradicionais, como a intervenção percutânea em cenários de maior complexidade: multiarteriais, tronco de coronária esquerda, oclusões crônicas e diabéticos, entre outros.” Entre os pontos de maior relevância, agregando à rica programação científica, está a excelência dos convidados nacionais e internacionais, como Patrick Serruys (professor do Instituto de Cardiologia dos Países Baixos e da Universidade Erasmus), Gregg Stone (diretor de Pesquisa e Educação Cardiovascular do Centro Médico da Universidade de Columbia) e Martin Leon (professor de Medicina também na Universidade de Columbia). Costa Jr. ressalta a parceria da SBCI com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) na elaboração desse encontro, reunindo esforços para desenvolver um congresso memorável. “Tentamos sempre colocar em prática nossas

fórmulas de sucesso e crescer com as falhas do passado”, afirma. Dentre as mudanças observadas, o especialista afirma que existe uma tendência cada vez mais notória de redução das aulas formais, com a introdução de modelos práticos, alicerçados na evidência científica. “Assim, haverá maior enfoque nas sessões práticas, com exemplos reais. Também estimularemos a apresentação de casos clínicos desafiadores com soluções originais e, claro, as sessões de complicações, afinal essa também é uma importante fonte de aprendizado”, informa. Uma das sessões de cunho prático será o tradicional hands on e o passo a passo baseado em casos clínicos. O congresso acontecerá no Hotel Windsor Oceânico, na Barra da Tijuca, na capital carioca. “Será no Rio de Janeiro, que, além de sua eterna beleza natural, sediará, no mês seguinte, os jogos olímpicos. Portanto, a cidade estará em seu apogeu”, conclui.

As inovações estruturais terão destaque, sobretudo no que diz respeito ao implante percutâneo de próteses valvares SBCI – Out/Nov/Dez

de

2015 – 11


PARCERIA

Reunião histórica entre SBCI e SBCCV trouxe resultados positivos quanto à normatização do TAVI

Membros e diretores da SBCI e da SBCCV comemoram os resultados do encontro

E

m 22 de outubro, membros das Diretorias da SBCI e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) se reuniram na sede da SBCCV para discutir a normatização da formação profissional em terapias por cateter de procedimentos valvulares. O objetivo principal da reunião foi o de unir as duas Sociedades para criar normas de colaboração entre as especialidades, uma vez que esses procedimentos são comuns a ambas e a indicação de intervenção percutânea está em crescimento contínuo. “Nós, da SBCI, já temos um processo de certificação em implante por cateter de bioprótese valvar aórtica (TAVI) redigido, assim como um consenso de especialistas. O que faltava, e percebemos nesse encontro, era o interesse mútuo, estendendo essas diretrizes, normatizações e certificações aos profissionais das duas áreas”, afirma Marcelo Cantarelli, presidente recém-empossado. Facilitar o acesso da população a essas novas terapias também foi pautado na reunião, o que inclui a avaliação das diversas tecnologias pelas instâncias regulatórias brasileiras, além de pro12 – SBCI – Out/Nov/Dez de 2015

gramas de educação médica continuada aos especialistas e de certificação conjunta nos diversos procedimentos em análise. “Os resultados foram extremamente positivos. Contamos com grande avanço, porque criar regras de colaboração entre os especialistas de Cirurgia Cardiovascular e de Cardiologia Intervencionista facilitará a prática médica diária, contribuindo para harmonizar uma atuação conjunta”, comenta Marcelo Queiroga, ex-presidente da SBCI. Estiveram presentes, além de Cantarelli e Queiroga, Hélio Roque Figueira, presidente gestão 2014-2015, Dimytri Siqueira, futuro diretor de Intervenções Extracardíacas, e Fábio Sândoli de Brito Jr., coordenador do Registro Brasileiro de TAVI. Também marcaram presença os presidentes atual e futuro da SBCCV, Marcelo Cascudo e Fábio Jatene, respectivamente, além de outros membros das Diretorias das duas Sociedades e de especialistas. “Essa reunião foi histórica, porque, até então, as Sociedades não haviam feito nada em conjunto, no sentido de se criar uma força-tarefa para o tratamento do implante por cateter. A partir de agora, ambas caminharão juntas, para que haja maior interação e crescimento da atuação”, celebra Cantarelli.


MAPEAMENTO

Demografia Médica no Brasil 2015

O

Brasil conta atualmente com 432.870 médicos, numa proporção de 2,11 profissionais por grupo de mil habitantes. Entretanto, continuam as desigualdades em sua distribuição, com forte concentração nas regiões Sul e Sudeste, e é baixa a presença de especialistas no setor público. Estas são algumas das conclusões do estudo Demografia Médica no Brasil 2015, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), sob a coordenação de Mário Scheffer, professor de Medicina Preventiva da FMUSP, com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), anunciadas em coletiva de imprensa, em 30 de novembro, na nova sede do CREMESP. Pelo CFM, estiveram presentes o presidente, Carlos Vital, o diretor de Comunicação, Hermann Von Tiensenhausen, e o secretário-geral, Henrique Batista. O Jornalistas puderam entender como os novos dados poderão ajudar na busca de soluções para a saúde no Brasil CREMESP esteve representado pelo presidente, Bráulio Luna Filho, pelo coordenador de Comunicação, Antonio A maioria deles permanece concentrada nas regiões Sul e Pereira Filho, e pelos conselheiros Reinaldo Ayer e Otelo Chino. Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios. Nas 39 cidades “Queremos demonstrar que existe um problema que o com mais de 500 mil habitantes, que, juntas, concentram 30% governo não quer encarar em relação às condições de trabada população brasileira, estão 60% dos médicos do País. lho médico”, observou Vital. O desafio, segundo Vital, não se Já nos 4.932 municípios com até 50 mil habitantes, onde moresume a garantir a presença de médicos no interior. “Isso é ram 65,5 milhões de pessoas, estão pouco mais de 7,4% dos prosimplificar uma questão de extrema complexidade, é preciso fissionais da área, ou seja, em torno de 31 mil médicos. ampliar os gastos em saúde e a participação federativa”, disse. Outro ponto que ele destacou foi a necessidade de criação de CAPITAL X INTERIOR uma carreira de estado “que garanta perspectivas de ascensão Apesar de responderem por 23,8% da população do País, as cae progresso”, a exemplo de outras profissões. pitais brasileiras reúnem 55,24% dos registros de médicos. Por outro lado, moram no interior 76,2% da população e 44,76% dos médicos. ESPECIALIDADES O trabalho mostra ainda que as capitais têm a média de 4,84 médicos “O problema é bastante complexo, faltam especialistas em por mil habitantes, enquanto no interior essa proporção é de 1,23. todo o mundo. Existem mais no setor privado, pois lá existem condições de trabalho e a remuneração é melhor”, observa o REGIÕES presidente do CREMESP. Segundo Luna Filho, temos a mesma Enquanto na região Norte moram 8,4% da população brasileiproporção de especialistas existentes em países da Europa, por ra, nela trabalham 4,4% dos médicos do País. O Nordeste abriga exemplo. “Se o governo quiser fazer programas para especialis27,8% dos brasileiros e 17,4% dos médicos. Já o Sudeste respontas, terá de trabalhar dobrado”, diz. de por 42% da população e por 55,4% dos médicos. As regiões mais proporcionais são o Sul e o Centro-Oeste, que abrigam, CRESCIMENTO DESIGUAL respectivamente, 14,3% e 7,5% da população e têm 15% e 7,9% De acordo com o estudo, a taxa brasileira, de 2,11 médicos dos médicos do País. por grupo de mil habitantes, fica próxima da dos Estados Unidos Coordenador da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2015, (2,5), do Canadá (2,4) e do Japão (2,2) e é maior que a do Chile Scheffer explica que a distribuição irregular de médicos não é (1,6), da China (1,5) e da Índia (0,7). Os países com o maior númeum problema apenas brasileiro. “Evidências empíricas mostram ro de médicos por habitantes são Grécia (6,1), Rússia (5), Áustria que qualidade de vida, lazer, distância para as áreas centrais da (4,8) e Itália (4,1). cidade, renda média e existência de um hospital, entre outras A meta anunciada pelo governo brasileiro, com a abertura de variáveis, são significativas para explicar a probabilidade de pelo novas escolas, é alcançar a taxa de 2,6 médicos por mil habitanmenos um médico estar presente em uma cidade”, argumenta. tes. Desde 2010 até novembro de 2015, foram abertas 71 novas Segundo ele, “para melhorar a distribuição interna dos médicos, escolas, o que fará aumentar, a cada ano, o número de concluinalguns países têm adotado medidas conjuntas, visando à adetes dos cursos de Medicina. quação dos cursos de graduação, o recrutamento, a fixação e a Apesar dos significativos números absolutos, ainda há um cemanutenção dos médicos no local de trabalho”. nário de desigualdade na distribuição, na fixação e no acesso aos profissionais. “Mesmo com 400 mil médicos, temos verdadeiros Fonte: CREMESP desertos no número de profissionais”, argumenta Scheffer. SBCI – Out/Nov/Dez

de

2015 – 13


AÇÃO SOCIAL

Campanha Coração Alerta: sucesso em 2015

Caminhada do Coração, realizada pelo Hospital Costantini com apoio do Coração Alerta

M CityWalk reúne pessoas de todas as idades para conscientizarem-se sobre doenças cardíacas

Mais de cinco mil pessoas comparecem ao CityWalk, um verdadeiro sucesso

14 – SBCI – Out/Nov/Dez de 2015

ais um ano se passou e a campanha Coração Alerta continua fazendo sucesso. O projeto, nascido de iniciativa da SBCI e apoio da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), objetiva conscientizar e levar informações a respeito da identificação, da prevenção e do tratamento do infarto aos cidadãos. Em 2015, contou com diversas ações para combater essa doença cardíaca, que mata cerca de 100 mil pessoas por ano apenas no Brasil. Por meio de parcerias, houve atividades em diversos parques de São Paulo, juntamente com a Alpha FM, com a qual a campanha já tem acordo de cooperação firmado também para 2016. “Além disso, a rádio divulgou materiais sobre a ação durante um mês em sua programação. Trabalhamos ainda com a rádio Bradesco FM em um evento esportivo em frente ao Museu do Futebol”, comenta Marcelo Cantarelli, coordenador da campanha e presidente recém-empossado da SBCI. A campanha ganhou espaço em diversos programas de TV, entre os quais o de maior destaque foi o “É de Casa”, da Rede Globo, com a participação de Cyro Vargues Rodrigues, diretor financeiro da SBCI, falando sobre atletas de final de semana. A camiseta da iniciativa foi mostrada no ar pela apresentadora Ana Furtado, que aproveitou para divulgar o endereço do site. Coração Alerta saiu da capital e chegou a Santos, onde aconteceram eventos coordenados por Luiz Cláudio Carvalho, diretor médico do Instituto Santista de Hemodinâmica, em parceria com o Rotary Club. Na tradicional Caminhada do Coração do


Hospital Costantini, em Curitiba (PR), faixas e balões divulgaram a ação às milhares de pessoas presentes. “A parceria que fechamos com o Instituto Lado a Lado pela Vida também merece destaque. O Instituto é responsável pelas ações da campanha Setembro Vermelho e que nos proporcionou a oportunidade de trabalhar, conjuntamente, em palestras empresariais e nas ruas de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro”, relata o recém-empossado presidente. Outro evento que merece destaque é a Caminhada CityWalk, que aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, contando com mais de 5 mil participantes. Além disso, o Coração Assefaz realizou palestras por todo o estado de São Paulo, recebendo até 100 pessoas, conscientizando sobre a importância dos cuidados com o coração. O Coração Alerta também se fez presente em Curitiba, por meio de um estande no Congresso da SBC. Diga-se de passagem, a internet é uma grande aliada para divulgação: neste ano, a campanha atingiu, aproximadamente, dois milhões de pessoas através do site e dez milhões pelas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram). PLANOS FUTUROS Além das parcerias já fechadas, haverá ações em comunidades, exposição de corações pintados por artistas (especialmente para a campanha), divulgação em escolas e um evento no Rio de Janeiro, durante o Congresso SOLACI-SBCI 2016. “As campanhas de nossa Sociedade têm hoje, sem dúvida, um papel de destaque no cenário da prevenção cardiovascular no Brasil. Colegas que queiram participar, angariar novas parcerias e ajudar a divulgar nossas ações podem entrar em contato conosco”, acrescenta Cantarelli. SOBRE A CAMPANHA A ideia surgiu no início de 2011, durante a gestão do presidente Mauricio Barbosa, em uma reunião que visava a criar ações que pudessem melhorar as estatísticas de morbimortalidade da doença coronária no Brasil. “A conscientização da população sobre sinais e sintomas de infarto, importância da rápida procura por diagnóstico e tratamento intervencionista, e prevenção de fatores de risco cardiovascular foi imprescindível para iniciar a campanha”, salienta o especialista.

www.sbhci.com.br

Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia CEP 04548-050 – São Paulo – SP Fone: (11) 3849-5034

Equipe Administrativa Gerência: Norma Cabral Secretaria: Layla Caitano Eventos: Roberta Fonseca Financeiro: Kelly Peruzi Sócios: Jessica Rodrigues

Haverá ações em comunidades, exposição de corações pintados por artistas (especialmente para a campanha) e divulgação em escolas

Gestão 2014-2015 Presidente: Hélio Roque Figueira (RJ) Diretor Administrativo: Salvador André Bavaresco Cristovão (SP) Diretor Financeiro: Cyro Vargues Rodrigues (RJ) Diretor Científico: Alexandre Antonio Cunha Abizaid (SP) Diretor de Comunicação: André Gasparini Spadaro (SP) Diretor de Qualidade Profissional: Edgar Freitas de Quintella (RJ) Diretor de Educação Médica Continuada: Marcos Antônio Marino (MG) Diretor de Avaliação de Tecnologias em Saúde: Marcelo Queiroga (PB) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Itamar Ribeiro de Oliveira (RN) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Raul Rossi Ivo Filho (RS) Departamento de Enfermagem Presidente: Gustavo Cortez Sacramento (SP) Vice-presidente: Luciana Lima (RJ) Primeira-secretária: Ana Flavia Finalli Balbo (SP) Segunda-secretária: Adriana Correa Lima (MS) Primeira-tesoureira: Erika Gondim (CE) Segunda-tesoureira: Maria Aparecida Carvalho Campos (SP) Coordenadora Científica: Jackeline Wachleski (RS) Coordenadora de Educação Continuada: Roberta Corvino (SP) Coordenadora de Titulação: Ivanise Gomes (SP) SBCI – Out/Nov/Dez

de

2015 – 15



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.