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DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ - TERÇA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 2013
Prevenção CUIDADOS
Combate à hepatite pode ser feito com atitudes simples A doença, que infecta tanto quanto o vírus HIV e existe em quatro tipos principais, acomete 2,3 milhões de brasileiros LÍVIA LOPES Repórter
eralmente, estamos cercados de conselhos relacionados à saúde: como prevenir doenças, evitar problemas sérios no corpo e se medicar com responsabilidade. Porém, nem sempre seguimos o que nos é aconselhado à risca, alguns por falta de informação, já outros por descaso. No Brasil, uma das doenças que mais afeta a população é a hepatite e, por mais comum que pareça, muitos não são conscientes dessa realidade. É uma doença sobre a qual todo mundo já ouviu falar, mas que nem todos têm cuidado necessário para evitá-la. A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser causada por vírus, uso de alguns remédios, álcool, outras drogas, entre outros. Ela se manifesta de várias maneiras e apresenta seis tipos: A, C, D, E, F e G, cada um com sua especificidade. As principais observadas são A, B e C, responsáveis pelas maiorias dos casos da doença no País. A que mais chama atenção é a C, que afeta diretamente o fígado e pode evoluir para a forma crônica da doença, causando fibrose, cirrose e até câncer, o que pode levar a morte. A doença é transmitida de diversas maneiras, por isso, o cuidado: pelo sangue, por meio de transfusão de sangue e hemoderivados, hemodiálise, através de procedimentos cirúrgicos e odontológicos em que não se aplicam as normas de biossegurança adequadas, e também da mãe para o filho durante gravidez e parto. Os sintomas da doença são poucos frequentes e às vezes podem até passar desapercebidos, contudo, cefaleia, dores, febre, mal-estar, musculares, náuseas e vômitos, podem ser sinais de que há algo errado com o corpo.
G
Dicas para evitar a doença Existem mais de cinco tipos de hepatite. Os principais são A, B, C e D. Para os dois primeiros existe vacina, mas apenas a hepatite B está disponível na rede pública à população. A hepatite A costuma ocorrer de forma branda e muitas vezes assintomática em crianças. Entretanto, em adultos, as manifestações tendem a ser mais complicadas, sendo necessário tratamento, repouso e até mesmo afastamento do trabalho ou escola, por exemplo. É importante lembrar que são simples as atitudes para evitar a doença.
Prevenção
B
Evitar o contato com sangue infectado ou de quem se desconheça o estado de saúde
AOSER identificada ahepatiteC precocemente(por meio deexames) tratamentoémedicamentoso, dura emmédia 6 mesesenão pode ser interrompido.
Usar preservativos nas relações sexuais
Sintomas Febre, mal-estar, dor abdominal, dor nas articulações, desconforto e erupções na pele
A
Evitar frutos do mar crus ou mal cozidos Prevenção
AVACINAcontra ahepatiteAexiste desde1991. Édada emduas doses:a segunda,6 a12mesesapós a primeirae recomendadapara pessoasque viajamcom frequência ouquepermanecemum longo períodoempaíses onde adoençaé comumentre apopulação. AHEPATITEBfoi descobertaem 1965eé amaisperigosadas hepatites.É umadasdoenças mais gravesdo mundo. Torna-secrônica emmenos de10% dos casos,mas podeser fatal.
Não partilhar objetos cortantes e perfurantes
C
que se entra em contato com o vírus. Dessa maneira, as crianças constituem grupo de risco importante, assim como os adultos que interagem com elas e também os profissionais de saúde.
Já sobre a hepatite A, Kfouri afirma que a prevenção também é fácil. Basta procurar ingerir alimentos com boa procedência e água de boa qualidade, além de evitar alimentos crus ou mal cozidos e, claro, se prevenir com a vacinação. Geralmente, é durante a infância
Pesquisa Um estudo chamado de “Saúde, Medicalização e Qualidade de Vida” trouxe um resultado preocupante: a população que vive no Brasil ainda não se atentou para a gravidade da hepatite. Realizado pelo Instituto de Especializações e Pesquisas Farmacêuticas (ICTQ), o estudo buscou compreender como se comporta o brasileiro frente ao processo de adoecimento, medicalização e busca de uma qualidade de vida. Após finalizado, o estudo concluiu que a população brasileira não se preocupa com a doença, apesar das suas diversas formas de contágio e o risco que representa à saúde. Durante a realização da pesquisa, o ICTQ perguntou aos entrevistados “qual a doença que mais te assusta ou traz medo”. Do total, somente 4% afirmaram ser a hepatite. O perfil dos brasileiros que menos se preocupam com a enfermidade vivem em cidades situadas no interior do País, têm idade a partir dos 45 anos e possuem apenas o ensino fundamental. A pesquisa concluiu, ainda, que o estado do Ceará é a região do Nordeste que mais se preocupa e teme a doença. Os índices de medo da hepatite no Nordeste brasileiro são elevados para 6%. De acordo com dados do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Hepatologia, 50 % dos transplantes de fígado realizados são decorrentes das hepatites virais. Além disso, 75% dos casos de problema no fígado estão relacionadas com a doença.
SEGURANÇA
NOBEL
EPILEPSIA
Esclerose múltipla
Gestantes diabéticas
Obstetrícia na pauta
ABN lança campanha
Os avanços no tratamento da Esclerose Múltipla surgem a cada ano, principalmente quanto a identificação diagnóstica (ressonância magnética, marcadores biológicos). São descobertas peças-chave no entendimento da EM. O uso de imunomoduladores é o tratamento mais seguro e de longo prazo. A medicação oferecida gratuitamente pelo programa do governo federal. O Dia Nacional de Conscientização sobre a EM foi comemorado dia 30 de agosto.
Segundo o Ministério da Saúde, 6% das mulheres têm diabetes. A gestante diabética sofre mais alterações no corpo, sendo importante planejar a gestação e manter o controle glicêmico. “A paciente deve ser acompanhada por obstetra e endocrinologista, para garantir um controle glicêmico rigoroso e reduzir os riscos da mãe e do feto. A bomba de insulina é o indicado. O dispositivo envia microdoses contínuas de insulina ao organismo, programado pelo médico. Pode acoplar à bomba, a monitorização de glicose que mede o açúcar a cada cinco minutos e evita variações da glicemia”, diz Denise Franco, da Sociedade Brasileira de Diabetes(SBD).
O Prêmio Nobel de Medicina em 2008, o professor e cientista alemão Harald zur Hausen abre o XVIII Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, nesta quinta-feira, dia 5, em São Paulo. O evento que reúne sete mil congressistas abordará cerca de 200 temas como: ginecologia do consultório; anticoncepção; pré-natal; infecções genitais do trato reprodutivo; complicações na assistência ao parto; cirurgias ginecológicas; síndromes hipertensivas na gestação e câncer de ovário, entre outros.
Mesmo com equipes habilitadas, resultados efetivos e experiência no atendimento das epilepsias refratárias, os Centros no Brasil não atendem à demanda nem conseguem aumentar a capacidade assistência devido a rede básica ser deficitária. Como resultado, um paciente corre o risco de demorar até 18 anos para receber o diagnóstico correto. A Academia Brasileira de Neurologia lançou a Campanha Nacional de Combate à Epilepsia.
Beber água de boa procedência
Não utilizar drogas injetáveis Levar o próprio material quando for à manicure
Lavar bem as mãos após utilizar o banheiro
Tome as vacinas contra as hepatites A e B
Sintomas
Sintomas
Mal-estar, pele amarelada, vômitos e náuseas
Urina escura, fadiga e coceira
NÚMEROS
50% 800 dos transplantes de fígado realizados no Brasil são causados pela hepatite C, principal doença que ataca o órgão e que pode causar, também, cirrose e morte
mil pessoas, no Brasil, são acometidas pela hepatite B. As principais vias de transmissão do vírus são o sangue, secreções e os objetos cortantes contaminados
médico Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a hepatite é uma doença preocupante porque atinge diretamente o fígado, um órgão fundamental ao bom funcionamento do corpo humano. “Quando o fígado está comprometido, todo o organismo estará”, pontua. Segundo Kfouri, o pior dos vírus é o C porque apresenta uma agressividade maior e atinge, sobretudo, pessoas mais velhas. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 1,5 milhão de
brasileiros estão com hepatite C, porém, 50% deles desconhecem o problema. Estima-se que aproximadamente 3% da população mundial estejam infectados pelo vírus C, o que representa cerca de 170 milhões de indivíduos com infecção crônica e sob o risco de desenvolver as complicações da doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é considerado um País de endemicidade intermediária para hepatite C, sendo que cerca de 1,5% da população é de porta-
ABORDAGEM
CONSCIENTIZAÇÃO
Geografia da dengue O livro “Dengue no Brasil: abordagem geográfica na escola nacional”, de Rafael Catão, mestre em Geografia pela Unesp, afirma que a doença, erradicada em vários países (1950-1970), modificou-se com a desigualdade dos espaços urbanos. Isso ocorreu devido ao aumento no número, no tamanho das cidades, no fluxo das pessoas, e na degradação da saúde. O mosquito se adaptou e contaminou mais pessoas, disseminando a dengue hemorrágica.
Vítimas Em relação à faixa etária das pessoas que adquirem a hepatite C, o diagnóstico é mais frequente em indivíduos de 30 a 59 anos de idade. No sexo masculino, 35% encontram-se na faixa etária de 40 a 49 anos de idade. Já entre o sexo feminino, a faixa etária de 40 a 59 anos de idade abrange 50% dos casos. A boa notícia é que, apesar de sua gravidade, a hepatite C, embora ainda sem vacina, pode ser curada por meio de tratamento e, quanto antes for diagnosticada, maiores são as chances de cura. De acordo com o
OVÍRUS da hepatiteCéresponsável pormuitoscasosdehepatitecrônica eporalguns casosdecirroseede câncerdefígado. NA MULHER grávida,é importante salientarapossibilidadedeocorrer a transmissãomaterno-fetal da hepatiteB.
HEPATITES MAIS COMUNS
Prevenção
SAIBA MAIS
dores crônicos da doença. “Hoje, temos vacinas contra as hepatites A e B, que já estão disponíveis gratuitamente para pessoas de até 50 anos”, destaca o presidente da SBIm. Ainda segundo Kfouri, as crianças se vacinam mais que os adultos.
A hepatite é uma doença preocupante porque atinge o fígado, órgão fundamental ao bom funcionamento do HepatiteAeB Recentemente, o Ministério corpo humano
da Saúde informou a ampliação da faixa etária de vacinação contra a hepatite B, de 29 anos para 49 anos. A hepatite B é uma doença transmitida sexualmente e com capacidade de infecção maior do que o vírus HIV, causador da Aids. Entre a população idosa e sexualmente ativa, o risco de contrair a doença é considerável, pois muitos deles são resistentes e até mesmo não conscientes do uso de preservativos. Contrapondo a gravidade do vírus B, são ações básicas do cotidiano que podem evitar a doença, como ter cuidado com agulhas, instrumentos utilizados por manicures e aparelhos de barbear. “Não é bom partilhar esses objetos”, diz.
Os brasileiros que menos se preocupam com a doença vivem em cidades no interior do País e têm idade a partir de 45 anos