BDO - DCI - 12.01.2016

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TERÇA-FEIRA, 12 DE JANEIRO DE 2016

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DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS

Empresário Contábil PARCERIA

Contabilistas são aliados de empresas para driblar a crise Profissionais contábeis têm ganhado papel estratégico dentro das companhias e suas informações contribuem cada vez mais para a tomada de decisões dos gestores Divulgação

Gilmara Santos

São Paulo redacao@dci.com.br

A crise financeira enfrentada pelo Brasil no ano passado e que se prolonga em 2016 está levando muitas empresas a rever suas estratégias para este ano. A palavra de ordem nas organizações, independentemente do porte, é reduzir custos. Neste sentido, contabilistas podem ser grandes aliados das companhias, já que conhecem todo o histórico da empresa e podem atuar ao lado dos gestores para identificar onde é possível mexer. “O contador tem base para desenvolver análises de custos e tributárias, que podem ajudar na tomada de decisões. Este profissional tem se tornado cada vez mais estratégico nas companhias”, destaca Marcos Sanches, sócio da TG&C Auditores. “Com mais empresas indo à Bolsa de Valores, a profissão se tornou mais valorizada e vem se exigindo mais desses profissionais”, diz o sócio da área de auditoria da Deloitte, Rogério Lopes Mota. “A aplicação da contabilidade dá o suporte e oferece a estrutura necessária para as empresas, e as tomadas de decisões cada vez mais dependerão dos resultados apresentados pela contabilidade”, considera o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP), Gildo Freire de Araújo. “A contabilidade deixou de ser uma forma de con-

Marcos Sanches, sócio da TG&C Auditores

trole burocrático da empresa para contribuir com dados e informações que são imprescindíveis na tomada de decisões”, afirma o presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), Jair Gomes de Araújo. Para especialistas, aos poucos os empresários começam a perceber a importância deste profissional e tem usado o conhecimento dele para definir os próximos passos que serão adotados pela companhia.

Mudança Empresários começam a perceber a importância do profissional contabilista para gestão

Isso sem falar que as novas determinações legais, como Sped e eSocial, também contribuem para que o trabalho do contador se torne mais requisitado. “Neste ano, começa a obrigatoriedade do Bloco K, que é uma ramificação do Sped fiscal, e é também mais uma ferramenta para o governo enxergar dados da empresa e se está ocorrendo sonegação na compra ou venda de produtos ou serviços”, explica Marcos Sanches, sócio da TG&C Auditores. Vale destacar que o trabalho do contador vai ser cada vez mais dependente de sistemas de informação. “Além disso, deve aumentar sua participação nas decisões gerenciais, nas quais ele possa auxiliar as companhias na elaboração de suas políticas de governança, controles internos, discussões com Board of Directors, acionistas, entre outros fatores que auxiliam na identificação e mitigação de fraudes nas empresas”, finaliza o sócio da área de Advisory da BDO, Adriano Correa. Para atender às novas exigências do Fisco, especialistas consideram que o trabalho do contador deve ser cada vez mais ágil, pontual e, sobretudo, orientador. “Ele tem um papel primordial no que diz respeito ao atendimento das expectativas dos empresários. Tem de estar à disposição para prestar apoio e promover, da melhor forma possível, o cumprimento do que é determinado pela legislação”, afirma o contador da Mega Sistemas Corporativos, Cesar Rodrigo Gatti.

Bloco K Neste ano começa a exigência de envio de dados sobre estoques das empresas

AUDITORIA INDEPENDENTE

10 mil auditores

independentes é o número estimado de profissionais em atuação no Brasil

1.000 estudantes

e recém-formados em ciências contábeis são contratados anualmente como trainees pelas firmas de auditoria

407 auditores

(pessoas físicas e jurídicas) estão registrados na CVM – por lei, são os únicos que podem auditar companhias abertas e entidades de grande porte

20 mil relatórios

de auditoria, em média, são elaborados a cada ano no País e presume-se que 3% deles destinam-se às 621 companhias abertas com registro ativo na CVM

10 mil horas

de trabalho (ou até mais) é o que pode ser despendido em um único processo de auditoria independente

TRANSPARÊNCIA

Perdas com fraudes chegam a 5% do faturamento Divulgação

Gilmara Santos

São Paulo redacao@dci.com.br

Ricardo Passos, diretor da NTW Brasília

Reduzir fraudes nas empresas é um dos principais desafios de gestores em todo o mundo. A estimativa, conforme a Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), é que as organizações percam cerca de 5% do faturamento devido a fraudes, o que, projetado para o Produto Global Bruto, equivale a US$ 3,7 trilhões desviados anualmente no mundo. A ACFE existe desde 1996 e, no ano passado, analisou 1.483 casos de fraude. A pesquisa apontou que, na origem da detecção desse tipo de desvio, estão as denúncias feitas por funcionários das próprias organizações, a auditoria interna e outros sete itens até chegar à auditoria externa. “A auditoria independente contribui para dar mais transparência, o que ajuda a coibir as fraudes, mas vale destacar

que o combate às fraudes cabe à própria companhia”, destaca Geuma Nascimento, da TG&C. Ainda segundo o estudo, as principais fraudes são a apropriação indevida, a corrupção e demonstrações contábeis corrompidas. Especialistas destacam que, diferentemente do erro, a fraude é mais difícil de ser detectada, já que o erro é involuntário e deixa pegadas que a auditoria independente pode rastrear. Já a fraude é intencional e explora oportunidades não blindadas pelo sistema de governança da empresa. A expectativa, conforme destaca a diretora da área de firmas e auditoria de pequeno e médio portes do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Mônica Foerster, é que haja aumento da busca por suporte de auditores também por parte das pequenas empresas, com o intuito de reduzir os riscos da organização. Além dos auditores, conta-

Desvios Na origem dos desvios estão as denúncias feitas por funcionários das próprias organizações

dores também podem atuar para evitar fraudes. “O profissional habilitado para fazer cumprir as normas legais nos registros, controle e nas demonstrações econômicas e financeiras é o contabilista. Daí o papel fundamental que ele exerce em favor da sociedade”, afirma o advogado Miguel Silva. “Há um processo em curso, que não tem mais volta, que é o da transparência e da governança corporativa. As empresas passarão a enxergar a contabilidade como fundamental para o negócio”, diz o diretorexecutivo da NTW Brasília, Ricardo Passos. Além disso, os contadores terão o papel de dar suporte às pequenas e médias empresas que também estão convergindo com as normas internacionais. “Se as empresas não tiverem uma contabilidade em ordem, podem perder grandes oportunidades de negócios”, afirma Passos.


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