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Domingo, 31 DE JanEiro DE 2016
MERCADO ABERTO MARIA CRISTINA FRIAS
Cai o número de empresas autuadas por falta de FGTS Em 2015, o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) auditou um número menor de empresas que não recolheram o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos seus funcionários do que em anos anteriores. O volume de dinheiro que deveria ter sido depositado e não foi chegou a R$ 2,23 bilhões, o que representa 15% a menos do que em 2014. A vigilância menos intensa acontece porque há um número menor de auditores, diz Luiz Henrique Lopes, diretor de fiscalização do MTE. “Se tivéssemos mais 5.000 auditores, o resultado triplicaria. No meio rural, nossa atuação caiu porque não temos perna para chegar.” As empresas fiscalizadas empregam quase 10 milhões de pessoas. Em 2014, eram
FanTaSia FiSCaL Quem beber caipirinha no Carnaval deste ano vai pagar 64,25% de impostos. Entre os produtos cujo consumo aumenta durante o feriado é o que tem a maior carga tributária, segundo a consultoria BDO. Em seguida, vêm a cachaça (59,25%), o confete (54,25%), a bexiga (47,25%), a buzina a gás (46,10%) e o colar havaiano (39,25%). Outro produto de alto consumo durante a festa, a cerveja, tem 39% de impostos embutidos no preço. O ingresso para quem vai assistir aos desfiles de escolas de samba tem carga tributária de 14,25%.
mais de 14 milhões. Os auditores adotaram a estratégia de buscar empresas maiores e abandonaram a fiscalização dos negócios de menor porte. “Fazemos cruzamentos com a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), pois nela o empregador informa a massa salarial e quantos empregados tem. Traçamos uma estimativa de quanto ele desembolsaria com o FGTS e quanto ele recolheu de fato.” Após as notificações, R$ 271 milhões foram depositados no fundo. Isso representa 10% do total devido. A quantidade não depositada identificada deverá ser maior em 2016, afirma Lopes. “Será um ano de resultados significativos. Com a crise, a tendência é que a falta de recolhimento cresça.”
IMPOSTÔMETRO Carga tributária no Brasil* 2005
33,63
2006
33,42
2007
33,78
2008
33,70
2009
32,41
2010
32,52
2011
33,43
2012
33,39
2013
33,74
2014
33,47
*em % do PIB Fonte: Receita Federal
quanDo mEnoS é maiS O número de franquias subiu 7% em 2015 no país, com 15.515 novas unidades, enquanto o volume de marcas franqueadoras expandiu 6,2% no ano. A evolução, no entanto, não demonstra maturidade, afirma Marcos Rizzo, da consultoria Rizzo Franchise, responsável pelo levantamento. “Entre as novas unidades, 40% são de marcas sem nenhuma experiência, que nem sequer se consolidaram e já começam a crescer.” O setor que teve mais mar-
cas em expansão foi o de saúde e beleza, com 13,4%, seguido pelo de alimentação fast food, com 13,3%. As franquias da moda, como paleterias ou lojas de cupcakes, por exemplo, são responsáveis por uma grande parte desses lançamentos pouco planejados, afirma ele. Para este ano, a previsão de Rizzo é de um novo aumento, entre 5% e 8%. “Quem perde o emprego sempre pensa em abrir um negócio, mas isso não quer dizer que este terá sucesso.”
cristina.frias1@grupofolha.com.br
Daniel Marenco - 8.mai.2013/Folhapress
AUSÊNCIA Faltas no FGTS 2013
2014
Edward Prescott, vencedor do Nobel de economia de 2004
2015
Empresas fiscalizadas
137.642 114.426 79.797 Notificações
16.001 18.511 19.537 Valores não recolhidos (em R$ bilhões)
2,37 2,63 2,23 Fonte: MTE
PaPEL maiS Caro A Abigraf (entidade do setor gráfico) tenta evitar a alta de 24% no preço do papel para impressão, proposta para valer a partir de fevereiro. A entidade enviou cartas com o pedido, uma à Ibá (que representaempresasdepapel) e outra à Andima (distribuidores), de quem quer apoio. “A expectativa é tentar terminar o ano com queda de 1% ou 2% no faturamento. Se houver o choque de preços, podemos perder até 20%”, diz Levi Ceregato, da Abigraf. Em nota, a Ibá disse que não poderia se manifestar, por questões de compliance. Já a Andima respondeu “que o aumento agora é preocupante”.
FALTOU PREVENÇÃO, DIZ NOBEL portamento dos agentes. Prescott desenvolveu também um cálculo econométrico para determinar a tendência de preço de um ativo descontando variações momentâneas. Em 2015, as quedas de minério de ferro, soja e petróleo fizeram com que o Brasil deixasse de ganhar US$ 34 bilhões (R$ 136 bilhões) de acordo com o Mdic.
Para se prevenir contra a recessão, empresas e agentes econômicos brasileiros deveriam ter comprado ativos no exterior, quando os preços das commodities estavam altos, e liquidar agora, com cotações em baixa. A afirmação é do Nobel de economia Edward Prescott, vencedor de 2004. No estudo pelo qual ficou conhecido, ele afirma que políticas econômicas dificilmente alcançam metas sociais, pois o planejamento não consegue prever o com-
Agora, a saída está em políticas microeconômicas, se-
gundo o Nobel. “O Brasil deve criar um ambiente econômico para fortalecer a produtividade no setor industrial. Isso significa reduzir barreiras de entrada para novas empresas”, diz. “Algumas dessas vão ser bem sucedidas e trazer algum saldo social positivo.” Na prática, afirma ele, o trabalho do governo é reforçar contratos e deixar o mercado funcionar. “Negócios ineficientes devem morrer, e os eficazes, se expandir.”
No ar... A agência de viagens da Azul vai entrar no mercado de cruzeiros. Ela venderá pacotes de turismo que incluem voos para os EUA e passagens em três navios da Royal Caribbean que fazem paradas em ilhas do Caribe.
...e na água A ideia é incrementar as viagens internacionais, que estão mais caras com a alta do dólar. A empresa começou a oferecer voos que saem de Campinas com destino a três cidades da Flórida no fim do ano retrasado.
Tesouro no mar A Royal Caribbean anunciou a encomenda de um transatlântico que deverá lançar em 2020. O investimento é de R$ 7,5 bilhões. É o quinto navio que ela deverá estrear até lá. Somados, custarão R$ 33,6 bilhões.
reduzir barreiras
HORA DO CAFÉ
NOVOS NEGÓCIOS Crescimento da rede de franquias (em milhares)
2013 2014 2015
204,3 221,7 237,2
Crescimento da marcas franqueadoras (em milhares)
2013 2014 2015
2,7 2,9 3,0
Fonte: Rizzo Franchise
d com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA e MÁRCIA SOMAN
c FOCO
Karime Xavier/Folhapress
Empreendedores ‘tiozões’ invadem mercado de start-up vINICIuS PEREIRA De são paulo
Fabiany Lima, 36, que fundou start-up no ano passado
Em um setor de movimento contínuo como o de startups, o único lugar-comum talvez seja a imagem de jovens que optam por investir em uma ideia. Porém, até esse clichê vem mudando com a entrada de profissionais mais experientes —quem tem mais de 30 anos nesse mercado é considerado “tiozão”. Segundo a principal entidade do setor, a ABStartup, levantamento feito no ano passado mostrou que empreendedores entre 31 e 40 anos já representam 36% do total. “A maioria (44%) ainda é
de empreendedores com até 25 anos, mas o deslocamento de pessoas mais velhas é uma tendência que vem sendo percebidanosúltimosdoisanos”, diz Guilherme Junqueira, diretor-executivo da ABStartup. Segundo ele, a possibilidade de sucesso estimula a ida dos mais velhos ao mercado. “Eles viram que existem projetos que dão resultado mesmo sem conhecimento prático”, afirma. Enquanto trabalhava na empresa familiar, Carlos Mira, 48, viu a possibilidade de negócio conectando caminhoneiros a possíveis fretes. “Fui chamado de idiota por trocar o certo pelo duvidoso”, afirma Mira. Hoje, o aplicati-
vo Truckpad, fundado por ele, conta com 60 colaboradores e já foi baixado por cerca de 300 mil caminhoneiros. A experiência traz segurança ao novo negócio, segundo os empreendedores. “Tenho um feeling muito mais apurado dos caminhos que a empresa deve seguir hoje e menos medo”, afirma Andréa Miranda, 44, que decidiu fundar em 2014 a própria start-up voltada a marketing digital. empolgaçãonãoétudo
Segundo Bruno Rondani, 35, organizador do Movimento 100 Open Startups, que conecta empresas a investidores, o foco dos empreendedores mais experientes se encaixa no mercado. “O jovem tem muita empolgação, o que é legal, mas não é tudo. A média de alguém de sucesso está em 36 anos.
Bons profissionais, gente mais madura; isso abre uma possibilidade enorme para os investidores”, afirma. Após trabalhar em três start-ups, Fabiany Lima, 36, apostou na própria empresa há cerca de três anos, mas não teve sucesso. Só em uma outra tentativa, em 2015, é que conseguiu realizar o planejamento financeiro para sobreviver no mercado. “O empreendedor maduro consegue alocar recursos para a sustentação da empresa como um todo. O jovem tem muita inovação, mas a geração de dinheiro ao longo do tempo não acontece”, diz. Para Junqueira, da ABStartup, o ideal em uma empresa de tecnologia é a junção entre a experiência e juventude. “A empresa perfeita seria o jovem empolgado com alguém experiente dando coordenadas”, conclui.