Quetzal

Page 1

Q U E T ZA L

QUETZAL . 1


“Dizem que um homem vendado, se lhe pedirem para caminhar em linha reta, anda em círculos. Porque é que o homem anda em círculos quando fecha os olhos? É um mistério, dizem, mas o homem de olhos fechados caminha para dentro. E o tempo também se dobra, também não anda a direito. O tempo é como o homem de olhos fechados. No fundo anda tudo aos círculos, desde as recordações às histórias. Tudo acaba por se dobrar, um dia.” (excerto de O Pintor debaixo do Lava-Loiças de Afonso Cruz, 2011)


QUETZAL . 3


SINOPSE Quetzal é um espetáculo sobre o homem. O homem que vai e vem. O homem que pisa as pedras da calçada e a terra batida. Que pisa e sabe que pisa e do que pisa, mas não sabe que pisa ou o que pisa. O homem que caminha ao lado dos pássaros. O que escreve poemas no teto e o que rodopia em si mesmo. Sobre o homem. E o amor. A liberdade e a liberdade como única verdade. Quetzal é uma ave trepadora que morre quando privada de liberdade. Hoje, somos todos um pouco de Quetzal.


QUETZAL . 5


SOBRE O PROJETO A ideia base deste projeto surgiu a partir do livro “A arte de caminhar” de Erling Kagge. Para onde caminhamos? E de que forma o fazemos? Que mudanças acontecem no corpo e no espírito do ser humano quando o mesmo ganha consciência do poder desta “arte”? Neste projeto propomo-nos a ir contra aquilo que a sociedade nos impõe: de que o caminho tem de ser feito em piloto automático, que desde que começamos a dar os primeiros passos só podemos parar quando morremos, e que o ritmo desta caminhada tem de ir aumentando com o passar dos anos. Depois de refletirmos um pouco sobre este tema, percebemos que quanto mais apressado é o nosso passo, mais distantes ficamos daquilo que nos rodeia e de nós mesmos. Essa distância impede-nos de apreciarmos a solidão, de termos tempo de nos questionarmos e de encontrar respostas, ficamos privados da liberdade sem nos apercebermos disso. O ser humano aceitou que deve correr sem ter consciência dos passos que são dados, da “arte” que acontece quando metemos um pé à frente do outro. O objetivo é chegar, chegar sempre a algum lado, mesmo que não se saiba qual. Foi-nos exigida uma procura que não tem fim, e nós quase que “adormecidos” procuramos, e voltamos a procurar sem tempo para paragens que nos permitam encontros com a verdadeiro mundo, seja ele interior ou exterior.

E se ganhássemos consciência do nosso caminhar, dos passos que damos, seriamos nós uma juventude com uma maneira de estar diferente? Muitas vezes depois de andarmos um bocado a pé parece que os nossos problemas, aqueles que muitas vezes não nos deixam dormir, ficam mais pequenos. Achámos esta ideia curiosa e desta curiosidade cresceu uma noção muito mais profunda do que é para nós caminhar. Desvendámos que caminhar é descobrir e com isto formámos ligações com a nossa vida, com o que temos de nos confrontar todos os dias. Somos jovens artistas e estamos à procura, sabemos – nem sempre mas quase – que há qualquer coisa que não sabemos e sobre o qual precisamos de e ansiamos por saber mais. Podemos dizer que há dois caminhos: o de cada uma e o nosso; que criamos à medida que caminhamos. Esta caminhada individual e conjunta muitas vezes leva-nos a sítios com os quais não sabemos lidar. Questionamo-nos sobre tudo. Então, voltamos a perguntar, porque é que não conseguimos parar para respirar? O tempo toma conta dos nossos pés quando deviam ser os nossos pés a tomar conta do tempo. Somos jovens artistas e queremos expansão e não o colapso. Não somos instantâneos. Propomo-nos levar a cena as nossas inquietações e questões acerca do nosso próprio caminho, com textos da nossa autoria. E num jogo,


numa dança de pés, iremos caminhar, parar, voltar a caminhar, e voltar a parar se assim for preciso. Assumir o compromisso de caminhar de forma livre como os pássaros quando voam. Quando decidimos levar para a frente este projeto, o nosso principal objetivo era aprender a caminhar, descobrir uma nova forma de o fazer, descolar-nos dos passos que a sociedade nos pede para dar, procurar um equilíbrio em cada passo, tomar consciência da importância dessa jornada e dar um novo significado à palavra tempo. Partimos rumo à descoberta assumindo o compromisso de que os exercícios que iriamos realizar em ensaios teriam todos de nos fazer caminhar conscientemente. Questionámo-nos, portanto, sobre a importância de caminhar procurando nele as nossas respostas. Durante a quarentena fomos obrigados a procurar as respostas na falta dele. De que forma é que a situação que o mundo está a viver pode contribuir para o nosso projeto? Como é que vamos falar de caminhar sem o fazer? Já tivemos fora das gaiolas, agora estamos dentro. Parece que prenderam os homens e libertaram os pássaros. E se assumirmos que esta é a fase que se antecipa ao aprender a dar o primeiro passo? Mas qual é a diferença entre o antes e o agora? Entre a forma como caminhámos e o não o poder fazer? Se quem caminha de forma inconsciente não

sabe que caminha, tal como quem está parado, não caminha. Num encontro entre a performance, a dança e o teatro deixámos de ter como objetivo levar unicamente aqueles que irão assistir a este espetáculo a descoberta de quem somos verdadeiramente ao caminhar e passamos a querer levar também a verdade de quem somos sem caminhar. O silêncio do que já fomos vive nas ruas. O ser humano nunca foi tão igual entre si. Rodopiamos em nós mesmos. Abrimos as janelas e mais do que nunca desejamos ser pássaros.... Quetzal. Foi este o nome que escolhemos para um projeto cujo final ainda não sabemos qual é, tudo depende dos passos dados durante o espetáculo. No processo encontrámos o livro “O pintor debaixo do lava-loiças” de Afonso Cruz. Este universo inspirou-nos na criação das três personagens que retratam os diversos caminhos sobre os quais nos questionamos. 3 Homens – O Homem das flores na cabeça, o Homem que sonhava ser pássaro e o Homem que vê os outros homens – que ilustram a mente do homem enquanto caminha. Quetzal é uma ave trepadora da América central que morre quando privada de liberdade. Hoje, somos todos um pouco de Quetzal.

QUETZAL . 7


BIOGRAFIAS Beatriz Brito Nascida em Torres Novas em Junho de 1996. Beatriz Brito é uma atriz/performer. Frequentou o curso de Línguas e Humanidades na Escola Secundária Maria Lamas. Posteriormente ingressou na Universidade de Évora no curso de Teatro onde estudou um ano. Após esse ano concorreu à Escola Superior de Teatro e Cinema, onde finalizou a sua licenciatura no Ramo Atores. Em 2018 estudou na Academy of Performing Arts em Praga - Faculdade DAMU, onde aprofundou as suas habilidades nas Artes Circenses (malabares, trapézio, tecidos), surgindo ainda a sua primeira criação: “Something Nameless”. Começou o seu percurso como artista com a dança clássica e contemporânea na Escola Helena Azevedo, com o teatro no Projeto PANOS ligado à Culturgest e por fim na música na Escola Choral Phydellius. Ao longo deste caminho aprendeu muito/ trabalhou com João Grosso, Ana Tamen, Suzana Branco, Beatriz Cantinho, Ricardo Neves-Neves, Tânia Carvalho... Participou como intérprete no projeto GET OUT OF THE CLOSET!, que integrou a Mostra de Jovens Criadores 2018, e também a Mostra de Teatro da Amadora no Teatro dos Alóes.

Jéssica Brandão Nascida em Lisboa a Fevereiro de 1995. Jéssica Brandão é atriz performer e criadora. Em 2017 finaliza a sua licenciatura em Teatro pela Universidade de Évora. No seu percurso artístico trabalhou com profissionais como João Garcia Miguel, João Grosso, Sara Ribeiro, Ana Tamen, Beatriz Cantinho, Telma Santos e Tiago Vieira. Como atriz participou nas peças “Regra Geral, “Aless”(Festival Artes à rua,2019),”O Príncipe feliz” “A Velha”, “Fragmentos entre Ruínas”, ” Pedaços de Hamlet” “ As coisas de que são feitas os sonhos ” e “Roberto Zucco” . Das suas criações destaca-se, “Prefiro Morrer”, “Umas Criadas”, “Ruído” e “Sem ar”. Trabalhou ainda com a Companhia de Teatro Agita e a Companhia de Teatro Cegada. Atualmente é atriz na Associação de Teatro Cal e na empresa Sons&Ecos.


FICHA TÉCNICA Matilde Magalhães Nasceu no Porto em 1998. Licenciada em Teatro pela Escola de Artes da Universidade de Évora, frequentou a Academy of Performing Arts in Bratislava, variante Marionetas, no programa Erasmus. Estreou-se em 2018 com a Malvada Associação Artística no projeto “Por Portas Travessas” com quem mantém ligação e colaborou em “Bonecas” (produção do TNSJ) e “Às Portas da Cidade”. Participou na 8ª edição do Festival SET com o espetáculo “Caminho Branco” encenado por Graeme Pulleyn. Até agora, trabalhou com diversos encenadores e coletivos como João Lagarto, Ana Luena, Ana Tamen, Ana Mira, The Underground Film Studio, e.o.

Intérpretes / Criadoras: Beatriz Brito; Jéssica Brandão; Matilde Magalhães Texto cénico: Jéssica Brandão; a partir de “O pintor debaixo do lava-loiças” de Afonso Cruz e poemas de Alberto Caeiro; e do universo do livro “A arte de caminhar” de Erling Kagge Desenho de Luz / Figurinos / Cenografia: Beatriz Brito, Jéssica Brandão, Matilde Magalhães Operação de Luz: Rui Rosa Operação de som: Rui Rosa Design Gráfico: Ana Sofia Cunha Fotografia: Joana Calhau Produção: Jéssica Brandão; Beatriz Brito Apoios e parcerias: Parceiro Institucional: Ministério da Cultura; Apoio à criação: Residência Artística: fAUNA | habitat de Criação – Teatro da Didascália; MultitemaOnline

QUETZAL . 9


CONDIÇÕES TÉCNICAS Espetáculo concebido para espaços não convencionais, adaptado a palcos tradicionais, black boxs e exteriores. Público alvo: Público Geral Duração do espetáculo: aproximadamente 1h20 Pessoas a deslocar: 4 (3 atrizes e 1 técnico)

CONTACTOS Jéssica Brandão – 934 428 788 Matilde Magalhães – 914 949 452 Beatriz Brito – 913 726 613 e-mail: quetzal.espetaculo@gmail.com

Tempo de Montagem e Desmontagem: aproximadamente 1h30 Som e Luz: Em criação Informação adicional: Doação de objetos com significado pessoal ou sem valor.


ORÇAMENTO

QUANTIDADE

VALOR UNIDADE

OBSERVAÇÕES

TOTAL

Intérpretes / Criadoras

3

200

Por Espetáculo

600

Técnico de Luz / Som

1

60

Por Espetáculo

60

Viagens / Transportes

4

30

Por Pessoa

120

Alimentação

4

50

Por Pessoa

200

Estadia

4

20

Por Pessoa / / Por Noite

80

TOTAL

1060

Q U E T Z A L . 11


MULTITEMA ONLINE


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.