Luta Bancária 23 de 2016

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BANCÁRIA Nº 23

24 a 30 de outubro de 2016

Luta

Ano XXXI

Jornal do Sindicato dos Bancários do RN

www.bancariosrn.com.br

Independente e de luta

SEJA SÓCIO

TODOS CONTRA TEMER

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Sindicato dos Bancários participou das manifestações durante a paralisação dos servidores municipais, estaduais e federais ocorrida no dia 22 de outubro, no centro de Natal. A principal reivindicação dos servidores estaduais é o pagamento em dia dos salários. A luta unificada diz respeito aos ataques que o governo Temer vem empreendendo contra a classe trabalhadora, em especial neste momento, através da Proposta de Emenda à Constituição 241 (PEC 241), que teve o texto-base aprovado na Câmara dos Deputados, no primeiro turno, na semana passada. Entre as pautas específicas temos o atraso de salário dos servidores estaduais. Desde janeiro deste ano, o governo do RN atrasa o salário dos servidores, que vêm recebendo em datas diferentes. Os servidores que recebem acima de 5 mil reais, segundo declaração do governo no dia 18, terão os salários parcelados. Os policiais civis do RN realizaram uma paralisação

de 24 horas, no dia 18 de outubro, contra o atraso de salários. A categoria saiu em caminhada no Centro de Natal, em direção à Assembleia Legislativa, onde ocupou as galerias. Os estudantes secundaristas ocupam 11 escolas no RN, em protesto contra a reforma no ensino médio proposta pelo governo Temer. Os estudantes também são contra a PEC 241 e a lei da 'Escola sem Partido'. Os estudantes universitários já ocupam dois setores da UFRN e pretendem construir uma greve com os professores e técnicos. A juventude e os trabalhadores já demonstram a disposição de luta para enfrentar essa PEC, que estabelece um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos e os ataques dos governos locais. No dia 17 de outubro ocorreram manifestações no Rio de janeiro e em São Paulo, que levou mais de 20 mil pessoas às ruas. Além destes, outros atos foram convocados em mais nove cidades para ocorrerem simultaneamente. Os protestos estão construindo a Greve Geral que se programa para o dia 11 de novembro.

Leia os destaques desta edição Solidariedade Estudantes já ocupam 11 escolas no RN contra ataques à educação.

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Confraternização Piqueteiros participam de churrasco na Área de Lazer.

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Campeonato BB Restô garante bicampeonato em final emocionante.

pág. 6

Caixa RH 184 precisa ser barrado para impedir mais perdas.

pág. 8


Opinião

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Editorial

querem mesmo derrubar o temer?

Charge

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discurso que a CUT vem exibindo desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff é o do FORA TEMER, mas na prática a teoria tem sido bem diferente. A greve dos bancários foi o primeiro grande embate com o Governo Temer e, segundo a própria central, a categoria fez a maior greve da história. Então por que o discurso não se traduziu em uma prática de enfrentamento mais eficaz e com ganhos reais para a categoria? Há tempo a Contraf CUT vinha estrelando uma encenação durante a negociação com a Fenaban. Apesar das greves dos últimos 15 anos, os bancários sempre desconfiaram de estarem sendo usados em um jogo de cartas marcadas onde o Comando Nacional já sabia desde o início como seria o desfecho da batalha. Desta vez a categoria entrou com ‘‘gosto de gás’’ achando que finalmente teria uma recompensa proporcional à sua força e ao que conseguissem mobilizar. A greve ganhou força dia a dia e foi se ampliando à medida que o movimento paredista se organizava. O silêncio dos banqueiros dava novo ânimo e mais pessoas se agregavam à greve. Com uma paralisação vitoriosa e crescente, a Contraf CUT não conseguiu reagir à chantagem da Fenaban. E ainda defendeu que a grande conquista da greve foi o abono dos dias não trabalhados, como se sair com perdas salariais e amarrados por dois anos pudesse ter um lado positivo de alguma forma. Mais uma vez vemos a CUT usar os trabalhadores para fins eleitoreiros. É a política do quanto pior melhor, para que os bancários ‘‘sintam falta’’ do governo petista e fortaleça a campanha de 2018. Nenhuma preocupação com a categoria e sim a criação de uma estratégia puramente política eleitoral. Fica a pergunta: se a Contraf CUT trai a categoria mesmo enfrentando um ‘‘governo inimigo’’, o que não seria capaz de fazer para defender um governo que contasse com seu apoio?

O PASTOR E O MAR U

m pastor apascentava seu rebanho à beira de uma praia e o mar lhe pareceu tão calmo que ele se sentiu tomado pelo desejo de navegar. Seria comerciante. Vendeu então os carneiros e ganhou o alto-mar. Uma tempestade o surpreendeu e o barco começou a soçobrar. Ele jogou toda a carga nas águas e se salvou com muita dificuldade, mas sem nada. Depois de algum tempo, como um outro homem admirava o mesmo mar tranquilo — e de fato ele estava naquele momento — o pastor lhe disse: — Meu caro, ele está assim tão calmo porque ainda precisa de comida. A experiência ruim deixa suas lições. Fonte: Fábulas de Esopo (2013), Coleção L&PM POCKET, vol. 68.

Meus caros amigos, fiéis combatentes do movimento sindical, Juvêncio, Gilberto, Joãozinho e demais equipe do Sindicato. Venho através desta externar os meus mais sinceros votos de gratidão e compartilhar com vocês a minha felicidade e o sentimento sublime de uma vitória, em que a justiça prevalece. Minha ação teve os embargos do BB negados em última instância, no TST. Após 3 anos e meio de luta e expectativa, saímos vitoriosos. O apoio incondicional do Sindicato, principalmente na figura de vocês três e do Advogado Dr. Manoel, foi fundamental para mim e para minha família enfrentarmos esses anos de incerteza. Somos todos vitoriosos, eu na busca pela justiça e o Sindicato em exercer um papel tão importante para que essa busca tenha equilíbrio de forças (trabalhador e a máquina empresarial). Muito obrigado de coração. Contem sempre comigo como um fiel escudeiro da luta. Gilberto Moreira Veras Junior Escriturário (com muito orgulho) do BB.


Greve

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Bancários se solidarizam às ocupações estudantis no RN

s a t a q u e s d o G o v e r n o Te m e r e s t ã o avançando com extrema rapidez. A PEC 241, que visa limitar investimentos na saúde e na educação durante os próximos 20 anos, é uma das agressões que estão mobilizando os trabalhadores e estudantes de todo o país. No dia 17 de outubro, os diretores do SEEB-RN, Eduardo Xavier e Tarcísio Cavalcanti, visitaram a E.E. Augusto Severo em apoio à luta dos estudantes, que estão desde o dia 11 de outubro ocupando a escola. Além do apoio político o Sindicato pretende colaborar financeiramente com

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a luta dos estudantes. A instituição está há cerca de dois meses fechada após recomendação do Ministério Público, sob o argumento de que possui grandes problemas estruturais, mas sem nenhuma previsão de reforma. Nos últimos anos foram fechadas mais de 20 escolas. Com a PEC 241, o que está ruim vai ficar ainda pior. E outras escolas estão indo pelo mesmo caminho, como é o caso do Anísio Teixeira e do Instituto Padre Miguelinho, que são escolas centenárias na capital potiguar. “Se agora tá assim, imagine após 20 anos sem investimento, como é que vai tá? Depois de dois anos, a escola vai tá um lixo! Não tem a mínima condição de ter mais investimentos. A educação não tem nem 4% do PIB do que é produzido pelos trabalhadores, enquanto que para a dívida pública tem 50%, e é isso o que a gente questiona: qual é a prioridade?”, disse Inaê Naiara da Uesp – União dos Estudantes Secundaristas Potiguares. Nenhum dinheiro foi cortado dos banqueiros, mas para os trabalhadores e para seus filhos só resta um futuro limitado como mão de obra barata. Por isso, o Sindicato dos Bancários se solidariza e apoia a luta dos estudantes, para barrar a PEC 241, a lei da terceirização, a reforma da previdência e a reforma do ensino médio.

SEEB RN participa de reunião Nacional da Conlutas

diretor do Sindicato dos Bancários do RN, José Xavier, representou a Entidade na reunião da Coordenação da Nacional da CSP-Conlutas que marcou os 10 anos da fundação da Conlutas, organização originária da Central atual. Entretanto,

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pouco havia para comemorar, pois a classe trabalhadora vem enfrentando um ataque sem precedentes em todo o mundo, e em especial, no Brasil. Entre os temas tratados estavam o envio de ajuda humanitária de classe ao povo haitiano, encontros de educadores no México, a organização dos ferroviários na França e na Espanha, campanha internacional por emprego digno em Portugal, situação nacional exige luta imediata dos trabalhadores brasileiros, PECs que afrontam direitos e terras de indígenas e quilombolas e PEC que prevê novas perícias para os aposentados por invalidez (PEC 739). Os trabalhadores brasileiros têm sido bombardeados por todos os lados, seja com a retirada de recursos de saúde e educação, seja com PECs que limitam gastos e atacam direitos. A solução apresentada é a construção da Greve Geral em parceria com outras Centrais. A data provável será 11 de novembro com nova manifestação no dia 25 de novembro. Os trabalhadores precisam se organizar!


04

Piqueteiros

Lutadores se confraternizam em churrasco na Ă rea de Lazer


Pegadinha

05

Sindicato realiza entrega do Livro Pegadinhas II

BB Monte Alegre

BB Jardim de Seridó

Caixa Ceará-Mirim

BNB Jardim de Seridó

BNB Santo Antônio

Caixa Nova Cruz

Bradesco Monte Alegre

Entrega do livro Fazendo Arte V a uma das autoras, Mara Meline, do BB de Caicó


Bancos

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BB Restô é bicampeão do Campeonato dos Bancários

BB Restô - Bicampeão do Campeonato de Futebol dos Bancários RN

Campeonato de Futebol dos Bancários 2016 foi o m e l h o r e mais  emocionante dos últimos anos, segundo o diretor de esportes, Letto Luiz. ‘‘Grandes jogos ao longo do certame empolgaram as torcidas’’, destacou. Este ano quatro artilheiros se destacaram com 7 gols cada: Paulo (Bradesco), Flauber (Bradesco), Pablo (Caixa) e Alderi (BB Restô), os goleadores jogaram muito e fizeram a alegria de seus times.

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Bradesco - 2º lugar

O destaque do certame este ano foi Anderson (Caixa), que de sobra ainda fez o gol mais bonito do campeonato, de fato um gol de bicicleta. Parabéns ao craque que recebeu com muito mérito o troféu de destaque 2016. O goleiro Jorge (Bancários Sta. Cruz) foi o menos vazado do certame 2016 e levou mais um troféu para sua coleção.  A disputa do 3° e 4° lugares do certame, entre o Bancários Santa Cruz e Caixa, foi um jogo bastante disputado do início ao fim.  A equipe da Caixa, com mais

Bancários Santa Cruz - 4º lugar

volume de jogo, ganhou de 2 X 1 e levou o 3° lugar do certame 2016. A grande final da Taça Felipe Maceió foi disputada entre as equipes do Bradesco e BB Restô. Foi um jogo digno de uma grande final. As duas equipes apresentaram um grande futebol, o Bradesco brigava pelo penta e o BB Restô, pelo bi. Com grandes jogadas e lances, digno de uma final de Champions Bancários, o BB Restô sagrou-se bicampeão, vencendo o jogo por 4 X 1. Com uma arbitragem impecável do árbitro Pablo Ramon.  O Sindicato parabeniza todos os atletas e pessoas envolvidas na competição e agradece a todos com o intuito de melhorar  ainda mais na próxima competição. O diretor Letto deixou ainda um recado aos participantes: ‘‘vamos refletir um pouco sobre as nossas atitudes e lembrar sempre que o objetivo maior da nossa vida não é sermos campeões a qualquer custo, mas sim, lutarmos para que possamos ficar em paz com nossa consciência. Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar. Um grande abraço a todos’’, finalizou.

Anderson CEF - destaque

Três dos quatro artilheiros do campeonato: Flauber (Bradesco), Alderi (BB Restô) e Pablo (CEF).

Caixa - 3º lugar

Wilson - comissão de arbitragem

Jorge - goleiro menos vazado


Bancos

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Opinião

ACT 2016/2018: Comemorar o quê?

Por Joserrí de Oliveira Lucena Dirigente Sindicato dos Bancários/RN; Conselheiro Fiscal CAMED; Presidente BNB Clube de Natal/RN

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dinâmica de assinatura de Acordos Coletivos, conduzida pelas Centrais vinculadas majoritárias (vocês sabem qual), não muda: se comportam como linha auxiliar dos banqueiros, com elogios rasgados a essa proposta que: * Não cobre a inflação; * Não cobre perdas históricas; * Não garante o emprego (novas reestruturações à vista no setor bancário); * Não prevê novas contratações; * Ressuscita a política do "abono"; e * Inaugura Acordos Bianuais, com flagrante desmonte da campanha salarial de uma das categorias mais importantes do Brasil. Esse foi, sem dúvida, o pior acordo da história para os bancários. Nós sabemos de nossa responsabilidade, e sempre assinamos os Acordos; Sem assinar, os bancários de nossas bases ficam descobertos das cláusulas. Mas, absurdamente, em relação ao Abono Salarial, a palavra "Líquido" significa "Bruto"; em relação à Parcela Fixa, pelo menos aqui no BNB já sabemos que é fixa apenas a parcela, mas não o

valor. Como se vê, o desafio não é só de ÉTICA; é de ÓTICA. O engodo de abonar integralmente as "faltasgreve" é uma distração. É como se estivéssemos recebendo um espelhinho, em troca da floresta de Pau-Brasil. Na solenidade de assinatura, iríamos falar; havia sido combinado o tempo de 30 segundos para cada entidade. Ao iniciar a reunião mudaram a regra para falarem apenas as Federações, filiadas a uma Central de Trabalhadores que nos trata (RN e MA) como intrusos. Fiz meu registro e alerta por escrito, inclusive sobre o artigo 13 da Lei 10.192, e deixei para análise do "Ambiente". Os banqueiros não devem querer tratar dessa polêmica agora, e não poderão alegar vício no Acordo (baseado nesse quesito), pois estariam incorrendo numa regra do Direito que diz que "ninguém pode alegar a própria torpeza em benefício próprio". Queremos reposição de perdas e aumento real. Vamos mobilizar para a Greve Geral.

Encontro Nacional da ANBERR chega a sua 5ª edição Evento em defesa dos beneficiários REG e REPLAN será em Brasília M a i s i n f o r m a ç õ e s : será representado pelo diretor o s d i a s 11 a 1 3 d e V Encontro Nacional da ANBERR José Xavier (funcionário da Caixa novembro, será realizado Data: 11 a 13 de novembro de que permaneceu no plano REG e em Brasília o V Encontro 2016 R E P L A N ) ; e M a r t a Tu r r a , Nacional da ANBERR. Atuando Local: BASE Concept Hotel coordenadora-geral do SEEB-RN desde 2007, a ANBERR é uma (Brasília-DF) na última gestão, representará a entidade independente em defesa Endereço: Setor de ANBERR no Rio Grande do Norte, dos trabalhadores que se Concessionárias Aeroporto além de ser uma das recusaram a aderir ao novo plano Internacional de Brasília Lote 2 – representantes da Funcef. de cargos e salários da CAIXA, e Lago Sul, Brasília – Email : “O encontro é importante optaram em permanecer no plano reservas@basehoteis.com.br para socializar as informações a de aposentadoria REG e respeito dos processos que estão REPLAN. Com representantes em em andamento, e discutir a todo o Brasil, a associação não situação da Funcef e da Caixa, possui sede física, mas conta com além de fortalecer a luta que tem consultorias judiciária e sido travada há 10 anos para cada previdenciária, além de uma vez mais integrar esses diretoria que se articula on-line trabalhadores que estão com os associados e organizados e são independentes representantes de todo o país. no Brasil”, explica Marta Turra. No evento deste ano, o Sindicato dos Bancários do RN

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Pegadinhas

RH 184 da Caixa: uma ameaça aos bancários

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stá em vigor desde 1º de julho o RH 184 da Caixa Econômica Federal, que facilita o descomissionamento 'motivado' e impede a incorporação de função. Na prática, mais uma medida do Banco para enfraquecer o caráter público da empresa, retirar direitos da classe trabalhadora, e desviar o foco sobre a urgência de contratações na Caixa, em todo o país. Na luta pela derrubada do RH a categoria conseguiu durante a campanha salarial a criação de uma Comissão Paritária para discutir o “aprimoramento” do normativo, no que se refere aos caixas. A designação "minuto" de caixa ou "caixa ponto de venda" será discutida e ficou suspensa até dezembro.

Em vez de suspender a possibilidade de descomissionamento, o acordo prevê a implantação de um Grupo Paritário de Trabalho para debater os critérios. Ou seja, vão enrolar os empregados por mais algum tempo. De conquista real, apenas a manutenção das funções efetivas de tesoureiro e avaliadores de penhor. Os argumentos do banco utilizados para justificar o RH 184 e o desrespeito com o funcionalismo são: falta de compromisso com o horário e jornada de trabalho; tratamento inadequado a clientes e/ou colegas da Caixa; inadequada execução das orientações recebidas; tratamento inadequado de informação sigilosa, conforme classificação da Caixa; utilização inadequada do material de trabalho ou patrimônio da empresa; execução inadequada ou insuficiente da(s) atribuição(s) da Função Gratificada/Cargo Comissionado que ocupa, conforme disciplinado no MN RH 183 e nas demais normas pertinentes a sua área de atuação; não execução da(s) atividade(s) sob sua responsabilidade, impactando negativamente na atuação e desempenho da unidade. Tudo genérico e subjetivo, criando um ambiente hostil ao funcionário e adequado à perseguição e ao assédio. A incorporação automática de função é outro problema. Agora a incorporação só poderá ocorrer com autorização do diretor da vicediretoria de vinculação, ou via judicial. Reivindicamos a imediata revogação da versão mais recente do RH 184.

da língua portuguesa

POSTO QUE É CHAMA Por João Bezerra de Castro

“(...) Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.” (Vinícius de Morais, Soneto da Fidelidade, 2º terceto) A locução conjuntiva concessiva posto que equivale a ainda que, apesar de que, conquanto, embora, mesmo que, se bem que. Expressa a ideia de concessão, isto é, inicia orações que exprimem um fato que se concede, que se admite, em oposição a outro fato. Exemplos: . O banqueiro vivia modestamente, posto que tivesse muito dinheiro. . O mendigo comeu bastante, posto que não estivesse com fome. . Posto que tenha treinado bastante, o atleta não obteve o resultado esperado. . “Era o primeiro a entrar no jardim, e pisava firme, posto que cauteloso.” (Carlos Drummond de Andrade) . “Posto que seja cego, o amor não é surdo.” . O assassino foi absolvido, posto que houvesse muitas provas contra ele. . Débora foi nomeada, posto que não tivesse obtido a primeira classificação. Pelos exemplos acima, observa-se que a locução posto que não é sinônima de porque ou visto que. Não serve, portanto, para exprimir ideia de causa, como nos exemplos abaixo: . O advogado não chegou a tempo, posto que atrasou. A construção adequada é: O advogado não chegou a tempo, posto que (=ainda que) tenha tentado. . “A paz mundial tem estado constantemente ameaçada, posto que a humanidade se vê dividida por ideologias antagônicas.” A locução posto que deve ser substituída por visto que ou porque. Eis o posicionamento de dicionaristas a respeito do uso da locução posto que como causal: 1. O Aurélio não registra a locução posto que na acepção causal. 2. O Grande Dicionário Sacconi enfatiza: “evite empregá-la como causal”. 3. O Houaiss registra que o emprego de posto que como causal, corrente no Brasil, é rejeitado pelos gramáticos. 4. O Aulete admite o emprego de posto que no sentido de uma vez que, visto que, e exemplifica: Desistiu do concurso, posto que já conseguira empregar-se. Por se tratar de regionalismo brasileiro de uso informal, é inadequado o emprego da locução posto que, no sentido de porque, na linguagem formal. Isso significa que Vinícius de Morais se equivocou ao usá-la no verso “Que não seja imortal, posto que é chama” (=Que não seja imortal, porque é chama), no clássico Soneto da Fidelidade? Acreditamos que não, pois, pela licença poética, o escritor tem a liberdade de contrariar as regras da poética ou da gramática para atingir objetivos de expressão.

Independente e de luta

Básica

08

Luta Bancária é uma publicação do Sindicato dos Bancários do RN SEDE/NATAL: Av. Deodoro da Fonseca, 419 - Petrópolis - Natal (RN) - CEP: 59020-025 FONES: (84) 3213-0394 | 3213-4514 | 3213-3020 | 3213-2831 // FAX: (84) 3213-5256

Conselho Editorial Eduardo Xavier Gilberto Monteiro Matheus Crespo Jornalista Responsável Ana Paula Costa (1235 JP/RN) Ilustração Luiz Renato Almeida

@bancariosrn

Estagiária Juliana Cortês Impressão Unigráfica Tiragem 4.4 mil exemplares

Sindicato dos Bancários do RN Independente e de luta

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