A resposta a um apelo histórico
A próxima Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, terá lugar na cidade de La Antigua Guatemala, e estará subordinada ao tema “Uma Ibero-América próspera, inclusiva e sustentável”. A Cúpula tenciona trocar ideias e promover ações em torno do documento central da Agenda 2030 e dos grandes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) adotados pelas Nações Unidas. Neste número, a revista Pensamento Ibero-Americano convida a refletir sobre os temas da Cúpula individualidades de vulto dos organismos internacionais, mundo académico, representantes da empresa privada e especialistas relacionados com a Ibero-América. Com este objetivo, as Cúpulas Ibero-Americanas respondem ao apelo feito nas Nações Unidas por 193 países à volta de um documento histórico no qual participaram mais de 10.000 pessoas de todo o mundo. Na reunião de La Antigua, os Chefes de Estado e de Governo terão a oportunidade de debater as grandes metas dos ODS até 2030, e de reafirmar os seus compromissos de políticas nacionais no ambicioso programa dos 17 objetivos propostos pelo acordo das Nações Unidas. Nos 73 anos de criação da ONU, a instituição e toda a família de agências que colaboram com os seus objetivos, contribuíram para o propósito fundacional de preservar a paz universal e procurar soluções para os grandes desequilíbrios sociais e políticos que persistem no mundo. Não se podem desconhecer os grandes êxitos em matéria de consolidação da paz e de progressos de desenvolvimento económico e social da humanidade promovidos pela ação das Nações Unidas. Mas também não podemos ignorar os importantes desequilíbrios
sociais que subsistem e os dolorosos confrontos de raças, religiões e nacionalismos que ainda dividem o planeta e que criaram e continuam a criar dolorosas confrontações com a perda de vidas humanas e milhões de pessoas afastadas das suas casas. E muito menos podemos descurar as dramáticas ameaças que pesam sobre o ser humano em consequência dos impactos das alterações climáticas. Com o debate e os acordos sobre as metas de desenvolvimento económico e social a alcançar em 2030, contribuiu-se para despertar a consciência crítica dos cidadãos e dos seus representantes políticos. Essa consciência crítica que sintetiza a mensagem dos ODS das Nações Unidas é um apelo a todos os países do mundo. Uma mensagem dirigida à condução política, ao empresariado e à consciência e presença da sociedade civil. Mas, sobretudo, é uma voz de alerta face às tiranias do curto prazo que muitas vezes impedem de olhar para além dos problemas da altura, descuidando os grandes objetivos de desenvolvimento económico a médio e longo prazo. Essa é, sem dúvida, uma primeira grande contribuição dos ODS: estimular a ação, mantendo como ponto focal os objetivos de um desenvolvimento económico e social a longo prazo ao serviço das pessoas mais desamparadas e da manutenção da vida no mundo. Mas é também uma reafirmação da necessidade de continuar a aprofundar as relações multilaterais entre os países. A preservação dessa forma de relação entre nações, no diálogo e na cooperação, permanece como objetivo primordial do sistema das Nações Unidas para promover a paz e assegurar a convivência positiva entre as nações. Os ODS reafirmam a necessidade de preservar o conceito básico de solidariedade, impulsionador do sistema das Nações Unidas e uma
grande conquista ética, que é preciso defender e promover para alcançar um mundo melhor para todos. Parece-nos uma decisão muito positiva por parte dos países iberoamericanos e das suas Cúpulas a de reafirmar nos seus debates estes compromissos internos dos países e a sobrevivência dos grandes princípios do multilateralismo e da cooperação entre nações. Como afirma a Secretária-Geral, Rebeca Grynspan, no seu documento, a Cúpula de La Antigua compromete-se a “uma Ibero-América próspera, inclusiva e sustentável que vemos como três grandes tarefas que agora, mais do que nunca, sabemos como conseguir realizar”. Agradeço muito todas as valiosíssimas contribuições com que nos apoiaram os participantes neste número da revista Pensamento Ibero-Americano.
Enrique V. Iglesias Director