Abril e Maio de 2014 - ano 9 - edição nº 96 - Revista da Assembleia de Deus - Campo de Pres. Prudente-SP
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Palavra do pastor presidente e esposa
Samuel Padilha
Papai - Exemplo de um homem de Deus Estamos em 2014, porém a história da AD Prudentina alcança quase um século. Grandes desafios, porém maiores foram as conquistas. A graça de Deus e a dedicação missionária de homens e mulheres consagrados foram a energia de nossos 70 anos, “As grandes realizações só foram alcançadas por aqueles que acreditavam possuir, dentro de si o Espírito Santo que lhes trazia o entusiasmo superior às circunstâncias” e chegamos até aqui. Porém ao fechar das cortinas comemorativas aos 70 anos de nossa amada igreja, fomos surpreendidos pelo passamento de um dos maiores plantadores de igrejas desta nação, o Pastor Carlos Padilha de Siqueira. Uma vez que o Pastor Carlos fundou
inúmeras igrejas neste vasto Brasil e também no exterior. Tenho o privilégio de ser filho deste abnegado servo de Deus, que deixou para mim ensinamentos marcantes. O seu caráter, conduta ilibada e persuasiva não só em palavras mas em gestos inapagáveis. O rastro deste homem de Deus, cravou em meu ministério a seriedade de se cumprir o chamado com legitimidade e temor a Deus. Por onde passou, o meu pai deixou uma história bem escrita, formou obreiros, construiu templos e se preocupou em manter uma igreja saudável contando sempre com o auxílio do Espírito Santo, seu fiel amigo. O pastor, pai e amigo, não ensinava somente em falas públicas para grandes auditórios ou em uma matéria escrita para um peri-
ódico, mas ensinava também nos momentos em que não era visto, quando estava na intimidade do seu quarto com seus joelhos dobrados, reconhecendo a grandeza de Deus, sim o Deus que ele nos ensinou a servir e a nos prostrar ante Sua face e santidade. Promoveu em mim o anseio de conduzir minha família em unidade e amor às coisas concernentes ao Criador. Certa ocasião procurei meu pai e lhe fiz a seguinte indagação: “Pai, o que será do meu futuro e de minha família”? A resposta veio com sabedoria e segurança: “Seja um homem fiel à Deus hoje e terás um futuro de paz”. O pastor Carlos Padilha não morreu, pois o justo não morre
“mas vive eternamente”, ele foi conduzido para a verdadeira vida. A igreja no campo Presidente Prudente não parará e cabe a todos nós imitá-lo, tendo em vista que os seus ensinamentos produziram e produzirá em nós o ânimo necessário para dar sequência ao legado deixado pelo nosso pastor.
o “nosso socorro bem presente” havia me anestesiado. Pedi ao meu esposo que chamasse meu sogro Pastor Carlos Padilha para que fizesse uma oração por mim e assim aconteceu. A oração dele foi para que Deus deixasse uma pequena cicatriz para eu me lembrar do milagre que o Senhor iria realizar e assim foi feito para glória de Deus. Durante a recuperação eu estava amamentado minha filha Eliã que era recém nascida sem nenhum impedimento em virtude da queimadura. A pequena cicatriz ficou, assim como meu sogro havia falado enquanto orava. Para mim o Pr. Carlos Padilha foi um homem de estreita comunhão com o Senhor Jesus e por observar o caráter desse servo do
Senhor e admirar sua conduta decidimos colocar o nome do nosso filho de Carlos Padilha de Siqueira Neto. Ele já está com o Senhor, mas as suas palavras continuarão ecoando em nossos corações, afinal os passos de um homem de bem serão sempre confirmados pelo Senhor.
Izildinha Nascimento de Siqueira O ano era 1983, nós morávamos na cidade de Corumbá- MS e ao me levantar pela manhã, me ajoelhei com meus três filhos para um momento de oração. Minha filha Gessana com 5 anos, Carlos com 3 anos e a Eliã com 8 meses. Após a oração fui até a cozinha para fazer café, coloquei a água em um recipiente adequado ascendi o fogão e deixei o mesmo ali para ferver a água. Nesse momento eu vi uma mão muito grande e preta que pegou a caneca com água quente e jogou em minha direção, aquela água atingiu meu corpo e fiquei muito assustada. Voltei para o quarto e disse para as crianças ajoelharem comigo novamente e pedir à Deus que me ajudasse por que não sabia o que iria acontecer comigo após aquele acidente provocado pelo inimi2
go das nossas vidas. Após a oração, fui até meu quarto ver o que aquela água quente havia causado em meu corpo, minha roupa completamente molhada e meu corpo todo queimado. Uma vez mais orei com meus filhos e pedimos para que Deus trouxesse o meu esposo para casa para me ajudar, afinal ele trabalhava muito longe e o seu horário de retorno seria somente às 17:00 horas. Passados cinco minutos um carro parou em frente à minha casa, era meu esposo acompanhado do meu cunhado Pastor Enéias. Quando viram aquela situação ficaram desesperados pois eu tive queimadura de terceiro grau, formaram-se bolhas enormes na região onde a água havia atingido. Porém o que mais impressionava era o fato de não sentir dor alguma, naturalmente que Deus
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Revista Semeando Boas Novas é uma publicação da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Ministério do Belém da região de Presidente Prudente. Diretor e supervisor geral: Samuel Padilha Diretor Executivo: Clayton Cabral Redator Chefe: Carlos Padilha Neto Redator: Jonas José de Oliveira Maria Diagramador e Designer Gráfico: Ronnie Keyson Jornalista responsável: Danilo Augusto M. Pelágio MTB-SP: 29.022 Tiragem: 10 mil exemplares Impressão: Gráfica Cipola Distribuição: Brasil, EUA, Japão, América do Sul e Europa
Especial Pr. Padilha
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Debaixo de oração, nasce Carlos Padilha
Carlos Padilha de Siqueira nasceu no dia 5 de outubro de 1925 na cidade de Monte Alto, em São Paulo (SP). Terceiro filho de uma família de nove irmãos, sendo eles: Maria, Guiomar, Carlos, Ilma, Diva, Neli, Ademar, Edite e Mariza. Seu pai chamava-se João Padilha de Siqueira, que também nasceu em Monte Alto no ano de 1899, filho de Paulino Padilha de Siqueira e Etervina, e sua mãe, Agripina Vieira, nascida na cidade de Fernando Prestes (SP) no ano de 1900. Sua mãe era crente na Igreja Presbiteriana do Brasil, nascida num berço cristão, porém seu pai não tinha nenhuma religião, não obstante ter sido criado numa família de tradição católica. Quando ainda estava com o bebê Carlos Padilha em seu ventre Agripina Vieira participou de um culto de Santa Ceia em uma fazenda que pertencia aos seus avós Manoel Vieira e Josefa. Nesse culto o pregador ministrou sobre o texto bíblico no capítulo quatorze do Evangelho de Jesus segundo escreveu o Apóstolo João. Durante a pregação, Agripina ficou muito emocionada e achou muito bonito a forma como aquele pastor explanava o ensino bíblico. Com as mãos sobre o seu ventre, ela fez uma oração: - Ó Deus, como é bonito ouvir um ministro do evangelho pregar; se esta criança que está no meu ventre for um homem, faça dele um ministro do evangelho. Na infância, Carlos Padilha ouvia os ensinos bíblicos que sua mãe lhe transmitia, além de frequentar a Escola Bíblica Dominical, e serviu de alicerce para a sua vida espiritual. Sua mãe Agripina pedia que os filhos lessem a Bíblia com ela todos os dias, sempre antes de dormir. Agripina sempre foi conselheira. Falava com seus filhos sobre o futuro com Deus; seus conselhos marcaram a vida de todos da sua casa. Além mãe dedicada, era hospitaleira e evangelista. Aos oito anos de idade já começou a trabalhar com seus pais na fazenda que seu pai morava e cuidava, lidando com gado e tirando leite. O trabalho do casal começava bem cedo, às quatro horas da manhã. O menino Carlos Padilha levantava-se junto com seus pais e enquanto 4
“Faça dele um minis
eles tiravam o leite da vaca, ele armazenava-o em garrafas. Terminado o serviço, eles iam para a cidade de Taquaritinga, há nove quilômetros dali. O trabalho da distribuição do leite era feito até as sete e meia da manhã. Dali mesmo o menino Carlos ia para a escola e só sairia às onze e meia. Seu pai lhe dava duzentos réis todos os dias para ele comer o lanche na escola. Seu almoço era pão sovado e banana. À uma hora da tarde, tomava o ônibus e retornava para casa. Em casa, após fazer as tarefas da escola, Carlos pegava uma carrocinha e junto com sua mãe cortavam capim para alimentar os animais à noite.
“Ó Deus, como é bonito ouvir um ministro do evangelho pregar; se esta criança que está no meu ventre for um homem, faça dele um ministro do evangelho” O trabalho seguia até às seis horas da tarde. Dificilmente a família se deitava depois das oito da noite, pois às quatro da manhã do dia seguinte começava tudo de novo. Depois de uma semana de estudo e trabalho, Agripina conduzia seus filhos para a igreja Presbiteriana, no domingo de manhã, para participar da Escola Dominical, onde cerca de vinte crianças ouviam as histórias bíblicas contadas pela professora Zumira. A cidade de Taquaritinga contava com as igrejas Presbiteriana do Brasil, Batista e Metodista. Na fazenda a família vivia bem, alimentando-se de queijo, leite, requeijão, diversas frutas e verduras, frangos, ovos, e muita far-
tura. O pai de Carlos Padilha cuidava do sítio e desfrutava de tudo o que o local oferecia. Aos doze anos de idade, Carlos Padilha pediu que sua mãe não trabalhasse mais, pois ele assumiria o seu lugar. Ao lado do seu pai, trabalhou incansavelmente durante sua infância e juventude. Seu pai fumava e bebia muito, tinha uma vida desregrada, não respeitando nenhuma igreja, não obstante ser um homem de muito trabalho. Ao ver seus amigos indo para o ginásio, Carlos Padilha chorava porque desejava muito estudar, mas não podia devido o seu trabalho. Estudou, portanto, somente até os doze anos. Com seus treze anos de idade, Carlos Padilha percebeu que as dificuldades aumentavam em sua casa, pois seu pai começou a beber demais, criando brigas e confusões dentro de casa, adquirindo dívidas para a família por conta do vício. Como já estava trabalhando e ganhando o mesmo salário que seu pai, chamou-o e disse que a partir daquele dia seria o homem da casa, e que ajudaria todos os seus irmãos estudarem. “Passei a tomar conta da casa, recebendo o meu salário e o de meu pai, sendo administrador da minha família”, contava. Quando as crianças da casa precisavam de roupa, de sapatos, de caderno e lápis, ou de qualquer outra coisa, não pediam mais ao pai, mas ao irmão Carlos Padilha. Com tanto trabalho, Carlos Padilha parou de frequentar a escola dominical, e não obstante ter lido a Bíblia inteira com doze anos de idade, tornou-se incrédulo quanto às coisas de Deus. Até os dezenove anos passou o tempo trabalhando com gado, domando burros, tirando leite das vacas, marcando bois entre outros serviços na lida do gado. Por ver seu pai causar tristezas a sua mãe através de relacionamentos extraconjugais e muita bebida, sempre tinha em mente que jamais colocaria um gole de álcool na boca. Isso preservou a vida e a juventude deste jovem que viria a ser um pastor de ovelhas, um ministro do Evangelho, confirmando a resposta da oração de sua mãe quando ainda estava no ventre. Abril & Maio - 2014
nistro do Evangelho�
Pr. Farinelli, Pb. Teodoro, Pr. Joel dos Santos, Carlos Estabili e Pr. Carlos Padilha
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O encontro com Cristo
Carlos Padilha dobrou os joelhos pel Entre os dezenove e vinte e um anos o jovem Carlos Padilha começou a sentir uma forte angústia em seu coração e passou algumas noites sem dormir, com desejo de morrer, até pensando em suicídio. Três tios já tinham dado cabo da própria vida e isso não saía de sua mente. Nos momentos de desespero ele se lembrou de um caso de suicídio do seu vizinho. - Você viu mãe, que coragem do José? – dizia para sua mãe. - Você chama isso de coragem, meu filho? – replicava sua mãe – tirar a própria vida não é coragem, mas é covardia. Coragem é vencer na vida. Esta palavra era como uma luz na alma desse jovem que estava em um momento de dificuldade e temor e sempre que pensava em tirar a própria vida, a voz de sua mãe ressoava em seu ouvido: “Covardia, covardia, covardia”. No inicio do ano de 1946, irmãos da Assembleia de Deus convidaram o jovem Carlos para um culto de oração na fazenda, em Barra Grande. Ele atendeu o convite e foi ao culto, que aconteceu em uma casinha de sapé, com cobertura de palha e chão batido. O dirigente, um jovem obreiro chamado João Tavares, pediu que todos dobrassem os joelhos para buscar a Deus. Carlos já tinha orado quando era criança, mas sempre em pé. Ele nunca tinha ajoelhado na igreja em toda a sua vida. - Eu pensei em sair daquele culto bem no momento em que o povo ajoelhasse,
mas havia um diácono em pé no centro da pequena e única porta de saída, e era impossível sair sem ser percebido. Com muita dificuldade e acanhamento, por fim Carlos dobrou seus joelhos também. Ao seu lado ajoelhou-se João Tavares, dirigente da igreja, que buscava a Deus com intensidade e poder. Carlos Padilha contou que começou a escutar a oração e viu uma santidade muito grande naquele jovem que entrou além do véu, rasgando o céu num clamor muito forte. Ali mesmo de joelhos Carlos começou a pensar na sua vida, na sua incredulidade e em todos os pecados que havia cometido ao longo de sua infância e juventude. Começou então a chorar muito e a pedir perdão a Deus por tudo que fez, até mesmo as coisas simples como uma vidraça que quebrou quando ainda era criança, e os xingamentos que fazia aos animais, pois tinha aprendido com seu pai. - Ajoelhei-me um pecador e levanteime um homem nascido de novo; Deus mudou a minha vida naquela noite; aceitei a Jesus de joelhos. No outro dia, o jovem Carlos tornou-se nova criatura em Cristo e até no curral dos animais as coisas mudaram. Ele já não falava mal nem maltratava os animais e corrigia o seu pai quando ele proferia palavras de baixo calão. Ali naquela igreja em Barra Grande, mesmo local onde Cristo salvou a sua vida, ele dirigiu o trabalho por cerca de dois anos.
“Ajoelhei-me um pecador e levantei-me um homem nascido de novo; Deus mudou a minha vida naquela noite; aceitei a Jesus de joelhos”
Pr. Padilha e Pr. Armando
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pela primeira vez e recebeu a salvação
Pastor Padilha e obreiros em Assis
Evangelismo com obreiros em Presidente Prudente
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O batismo nas águas
Um dia memorável na vida de Carlos Padilha Na cidade de Marília a igreja era dirigida pelo pastor Alfredo Rudzito. Ele foi a Lupércio, alguns dias depois da conversão de Carlos Padilha, para realizar um pequeno batismo em águas e celebrar a Santa Ceia. Naquele dia, Carlos conversou com o pastor Alfredo contando de sua infância no evangelho e do desejo de ficar na Assembleia de Deus. O pastor orientou-o a ser batizado por imersão, para participar da Santa Ceia. O jovem aceitou a proposta do pastor Alfredo e no batismo seguinte, feito ali em Lupércio, no rio chamado Barra Grande, bem pertinho da fazenda Santa Jovita, onde Carlos morava com sua família, trinta e oito pessoas desceram as águas batismais, inclusive Carlos Padilha, um jovem de 20 anos de idade. Era dia 14 de maio de 1946. O rio era grande, e os candidatos distavam cerca de vinte metros até onde esta o pastor Alfredo realizando o batismo. Dentre os novos crentes, uma mulher chamada Estefânia, mãe do jovem Marciano Gonçalves. Ela era paralítica e dois de seus filhos condu zi r a mna até o local do batismo. Ao ver a situação, Carlos Padilha pediu ao pastor Rudzito para levar a mulher até dentro do rio onde ele estava. Ele levou e depois do batismo trouxe a mulher de volta para a beira do rio. Daí para frente ele fez isso com todas as mulheres que iriam batizar. Depois de todas as mulheres batizadas, chegou à vez dos homens. Carlos Padilha foi o último candidato batizado naquele dia. - Ajudando aquelas irmãs, tornei-me um verdadeiro diácono bem no dia meu batismo – contou. Após o batismo durante o dia no rio, a primeira Ceia foi tomada na Assembleia de Deus em Lupércio no período da noite. Foi um dia memorável para a vida do jovem obreiro e uma data histórica e marcante para todos.
Carlos Padilha, um jovem de 20 anos de idade. Era dia 14 de maio de 1946
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Enchei-vos do Espírito
Carlos Padilha é batizado com Espírito Santo Tanque batismal na cidade de Assis
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Num culto de Santa Ceia na cidade de Lupércio o demônio se apossou de um homem que começou a derrubar as coisas dentro da igreja. Ele subiu no telhado do salão e pulava cerca de cinco metros de distância. Com muita dificuldade a Santa Ceia foi servida, não obstante aquela situação ter atrapalhado a reunião. O pastor que dirigia o culto pediu para todos os crentes irem para casa e que ficasse no templo apenas os obreiros. Diversos obreiros oraram, intercederam, tentaram expulsar, mas o demônio não saía. “Uma profunda tristeza invadiu meu coração”, contou pastor Padilha. “Então eu saí e fui a um cantinho da igreja, dobrei meus joelhos e pus minha cabeça encostada na parede e comecei a chorar, estava como o profeta Jeremias, lamentando daquela triste situação. Minha oração era: ‘Senhor, onde está o teu poder? O diabo zomba de nós, estamos aqui há quase três horas’. Eu parecia um saco de areia ou um saco de milho, jogado no chão”. Quando o jovem obreiro Carlos Padilha terminou de fazer a simples oração, começou a falar em línguas estranhas. Jesus acabara de batizá-lo com Espírito Santo e com fogo. Foi um momento marcante na vida desse jovem de 25 anos de idade que foi selado com o poder de Deus expulsando um demônio. Quando ele se levantou, foi em direção ao homem endemoninhado como um leão, e no nome de Jesus expulsou o mal que se retirou imediatamente. 9
10 de fevereiro de 1951
A união de Carlos Pad
Pb. Teodoro, irmã Benedita, irmã Maria, Carlos Estabili, Guilherme, Pr. Padilha e João Carlos Padilha
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Liderando a igreja na cidade de Avilândia, o jovem obreiro Carlos Padilha recebeu num dos cultos a irmã Raimunda que foi até o culto com seu filho, um menino magro e muito doente. Após a oração, Jesus curou a criança. Depois se descobriu que o menino era epilético. Com a cura da criança, a família toda se decidiu a Cristo, inclusive outra filha da irmã Raimunda, por nome Benedita, uma jovem crente que Deus estava preparando para ser a fiel esposa do jovem Carlos Padilha. O jovem Carlos Padilha havia feito um acordo com o seu pai de que não casaria até que ajudasse sua irmã mais nova terminar seus estudos, e assim ele cumpriu. No ano de 1951, Marisa, sua irmã caçula, terminou o primário. Numa noite em que estava orando em seu quarto, Carlos Padilha lembrouse de três anos atrás, quando estava em uma Escola Dominical em Avilândia e uma menina de 13 anos dava água para o seu cavalo que estava amarrado embaixo de uma mangueira, bem próximo a janela da igreja. - Eu critiquei a menina que tirava água do poço, pois não minha opinião ela deveria estar dentro da igreja, participando da Escola Dominical; mas ela tirou a água e deu para o meu cavalo embaixo daquela árvore. Carlos Padilha entendeu que era aquela jovem a pessoa com quem se casaria. Era uma noite de quinta-feira. Na sexta-feira, ele foi até a casa da jovem, para falar com ela e com sua mãe, visto que ela era órfã de pai. Após conversar com as duas, elas disseram que estavam orando há três anos para que a jovem Benedita casasse com Carlos Padilha. O noivado do casal Carlos Padilha e Benedita Ricardo ocorreu no mês de novembro de 1950 e no dia 10 de fevereiro de 1951, foi o dia do casamento. No mesmo ano, dezembro de 1951, nasceu a primeira filha do casal, chamada Débora. Em 1951 o jovem obreiro foi separado para o presbitério da igreja, com 26 anos de idade. Abril & Maio - 2014
adilha e irm達 Benedita
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Dedicação integral à obra de Deus
Liderando a igreja em Lupércio “Carlos Padilha deixou a lida de gado e dedicou-se integralmente a obra de Deus em 1953”
Era ano de 1951 e o presbítero Carlos Padilha dirigia a igreja Assembleia de Deus em Lupércio, visitando diversas igrejas nas cidades e vilarejos vizinhos. A rotina de trabalhar com bois ainda continuava, e não importava o horário de ir para a cama, pois as quatro da manhã tinha que levantar para enfrentar mais um dia de labuta. Foi nesse tempo que Carlos Padilha deixou a lida de gado totalmente e dedicou-se integralmente a obra de Deus. Era ano de 1953. No meio do ano de 1953, foi enviado para Pompéia pelo pastor Francisco dos Santos.
Pastoreando em Pompéia Em 1953 assumiu a igreja em Pompéia. Chegou a cidade com a esposa Benedita e três filhos: Débora, Lóide e Dorcas e permaneceu até o mês de dezembro de 1956. Após três anos a frente da igreja naquela cidade, pode contabilizar muito crescimento, salvação de vidas, curas, batismo com Espírito Santo. Aos domingos eram realizados vários cultos ao longo do dia, chamados de “cultos relâmpagos”, onde as pessoas eram convidadas para ir à igreja no culto da noite. Em Pompéia encontrou um trabalho muito fraco. O povo congregava num salão alugado e o templo próprio ainda não estava terminado. No salão tinha 120 cadeiras, e cerca de 30 pessoas congregando. O pastor anterior, um português chamado Antônio Simões, era muito trabalhador e proporcionou um bom crescimento a igreja. Entretanto, quando foi para a cidade de Jundiaí liderar a igreja, levou com ele dez famílias da cidade de Pompéia para trabalhar, visto que além de pastor, era comerciante. Isso enfraqueceu o trabalho em Pompéia. A casa pastoral, no terreno da igreja, tinha um matagal e um terreno sujo e aban12
donado. O local servia para depósito de lixo enterrou o lixo para fazer adubo. No local, que os vizinhos da igreja jogavam os restos começou a fazer uma horta, com diverside comida diariamente. Dentro do templo dade de verduras e legumes. estava sujo, com teias de aranha nas paredes. Carlos Padilha e sua esposa ficaram preocupados, afinal, um pregador já havia liderado a igreja e agora eles tinham o grande desafio a frente. “Só vamos vencer com oração e jejum”, ele disse para sua esposa. Começaram a orar e a jejuar, pedindo a Deus a salvação da cidade. Um dia, quando estava orando no templo, Deus mostrou-lhe um rio, com águas limpas e muitos peixes esperando para serem alimentados. Quando abria os olhos não via mais nada, mas, ao fechar os olhos, novamente enxergava aquele rio. Após a oração correu para sua casa e falou para a esposa: “Vamos perseverar, pois Deus me mostrou que tem muitas pessoas para serem salvas aqui”. Em seis meses de trabalho, a igreja tinha mais de 50 pessoas servindo a Chegando à cidade, a primeira coisa Deus em Pompéia. Ali era uma sede de que pastor Padilha fez foi a limpeza no setor com outras igrejas nas cidades de templo e do terreno da igreja. Ele não jo- Oriente, Usina Paredão, Paulópolis, Quingou os entulhos para a rua, mas fez valas e tana, entre outras.
“Só vamos vencer com oração e jejum”
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Pr. Alfredo Rudzit, obreiro e Pr. Padilha
Pr. Carlos Padilha, (meio) Pr. Vicente Guedes, Pr. Jairo Bartolomeu e Pr. JosĂŠ Wellington Bezerra da Costa
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“Assis foi o selo do meu ministério”
“Coloquei o alto falante em cima do telhado da oficina do Alemão e comecei a pregar o Evangelho” Dia 28 de dezembro de 1956 o pastor Padilha assumiu o campo de Assis (SP). A igreja em Assis era pequena naquele tempo, com cerca de 40 pessoas congregando em um salão alugado. O líder que estava à frente do trabalho era o pastor João Alves, que foi enviado para Lupércio, sendo substituído pelo pastor Padilha. Dentro do salão tinha três fileiras de cadeiras no lado das mulheres e duas fileiras de cadeiras no lado dos homens, com um pequeno corredor ao centro. Não tinha um diácono para recolher as ofertas do culto e quem recolhia as ofertas era a irmã Rute, na época com 14 anos de idade, esposa do pastor Paulo Silva. Ambos já têm mais de 40 anos de casamento. A cerimonia foi realizada pelo pastor Padilha naqueles tempos na igreja de Assis. Após um tempo a igreja em Assis começou a crescer. O povo dava o dízimo do arroz, dos ovos, dos frangos, dos porcos e um tempo de prosperidade chegou, com mantimentos de sobra para o pastor, sua família e os membros da igreja. Um local foi adquirido para a realização dos cultos. Alí estava instalada uma oficina chamada “Oficina do Alemão”, medindo 200 metros quadrados. Também havia uma casa pequena no local. - No mesmo dia que eu peguei a escritura em minha mão, pus o alto falante em cima do telhado da oficina do Alemão e comecei a pregar o Evangelho. O local serviu de moradia para o pastor e sua família e também para a realização dos cultos semanais. Naquele endereço muitos milagres aconteceram, muitos demônios foram expulsos e grande numero de pessoas foram libertas pelo poder Deus. 14
Ganhando v A construção do templo de Assis (SP) começou no ano de 1961, naquele tempo, uma obra maior que a sede, em Marília, maior que Sorocaba, enfim, a maior igreja do interior do estado de São Paulo. Um tempo de dificuldades mas de muita fé. - Nós levantávamos na madrugada de domingo para ir na lavoura de algodão, e com esse dinheiro comprávamos cimento para a construção do templo – contou pastor Padilha. Era uma roça num local chamado “Água do Balaio”, onde cerca de cinquenta homens trabalhavam o dia todo para levantar recursos para a construção. - Ás cinco horas da tarde, como nós levávamos os instrumentos musicais, a banda de música, composta pelos trabalhadores, começavam a tocar Hinos da Harpa Cristã no meio da lavoura; pessoas de todos os lugares saíam detrás das matas para ouvir os hinos e a mensagem da Palavra de Deus. Dali, o grupo de trabalhadores ia diretamente para o local de culto, onde a igreja estava esperando para o início do trabalho, e, num ambiente pentecostal, todos se alegravam na presença de Deus. Quatro anos depois estava concluído na cidade de Assis um grande templo. - Inauguramos o templo, sem dever um tostão para ninguém – relatou com alegria o pastor Padilha – Deus nos deu tudo. Estando no campo da cidade de Assis (SP) entre os anos de 1957 a 1970, pastor Padilha abriu novas frentes de trabalho nas cidades de Palmital, Salto Grande, Ribeirão dos Pintos (hoje Ribeirão do Sul), Santa Cruz do Rio Pardo, Florínea, entre outras. Ele ficou treze anos presidindo a igreja. Construiu a
sede e a casa pastoral. Quando saiu de Assis, deixou 17 escrituras de terrenos, com 14 templos construídos e mais três terrenos para futuras construções nas cidades de Mirarema, Abril & Maio - 2014
o vidas na cidade de Assis A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO EM ASSIS
Alexandria e Pedrinhas. Para ele, o tempo que ficou em Assis (SP) foi o selo do seu ministério. Alí seu ministério foi profícuo, com o total apoio do então Abril & Maio - 2014
pastor Cícero Canuto de Lima. Deixou no campo 2 mil membros servindo ao Senhor. Ele foi substituído pelo pastor Jairo Bartolomeu da Rocha. Como
o pastor Jairo era mais jovem, quando enfrentava algumas dificuldades, ligava para o pastor Padilha e pedia sua oração, orientação e apoio. Foram
exatamente 13 anos e 13 dias à frente da igreja em Assis. No dia da mudança, desejava sair logo cedo, mas acabou saindo às 13 horas. 15
Sacrifício e recompensa no trabalho do Senhor
As viagens pelo Mato Grosso Naqueles tempos, pastor Padilha ainda era conhecido por seu primeiro nome, Carlos. Todos sabiam que ele era o pastor Carlos. Porém, o pastor Bezerra passou a chama-lo de pastor Padilha, quando foi pastorear a igreja em Corumbá, e o Brasil e o mundo passaram a conhecê-lo como pastor Padilha. Pastor Padilha tornou-se um amigo e companheiro de viagens. Foi também, junto com o pastor Cícero, o responsável de iniciar o trabalho da Assembleia de Deus no Estado do Mato Grosso. Eram feitas três viagens por ano ao estado mato grossense, sendo que cada viagem durava entre 15 a 18 dias. A viagem era feita num Ford Rural, “um utilitário que foi produzido pela Willys Overland nas décadas de 1950, 1960 e 1970 no Brasil. Na década de 1970, passou a ser produzida pela Ford do Brasil, que comprou a fábrica da Willys em 1967, mantendo inalterados o nome Rural e praticamente todas as características do veículo” (FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Rural_Willys). O pastor Cícero chegava à casa do pastor Padilha, vindo da capital paulista. De sua casa, em Assis (SP), eles iam para Presidente Epitácio (SP) nas cansativas e difíceis estradas de terra (Desde São Paulo, capital, até a cidade de Epitácio, a estrada era de terra). Em Epitácio (SP) 16
eles levantavam às cinco horas da manhã para atravessar a balsa sobre o rio Paraná e prosseguir a viagem rumo ao Mato Grosso. Muitas vezes, quando chegavam até a balsa já avistavam cerca de trinta caminhões aguardando para atravessar. Normalmente, os pastores só almoçavam do outro lado do rio. O próximo pouso era na cidade de Alvorada (antigamente chamava-se Entroncamento). Só então, as quatro horas da tarde do dia seguinte eles chegavam na cidade de Campo Grande (MS). Quando chegavam ao destino, não usavam um pano para tirar o pó das malas, mas uma vassoura, pela quantidade de pó que ficava nas malas, devida as estradas de terra, para depois passar um pano molhado e recolher as malas nos locais de hospedagem. Na cidade de Campo Grande era realizado um grande culto no período da noite, e no dia seguinte seguiam viagem para a cidade de Rio Verde. Faziam outro culto ali e iam para Coxim. Dali para Rondonópolis, Jaciara e Cuiabá. As igrejas eram pequenas nessas cidades, com cerca de 30 a 40 pessoas que serviam a Deus. Em cada uma das cidades, os crentes recepcionavam os viajantes preparavam para eles a chamada “matula”, uma merenda para viagem que continha frango caipira com farofa, além
de frutas como banana, mamão. A água era transportada através de uma garrafa térmica. Na hora da refeição, os pastores sentavam-se debaixo de uma árvore e alimentavam-se com alegria e singeleza de coração. Na outra cidade eles recebiam uma nova “matula” que seria o almoço para o dia seguinte. Essa rotina de viagens durou cerca de doze anos. Na cidade de Cuiabá, a equipe de pastores realizava uma Escola Bíblica, que durava uma semana. Eles recebiam obreiros de todo o Brasil, numa festa espiritual marcante, acompanhados de uma grande recepção com deliciosas comidas, como frango caipira e doce de abóbora para todos. O pastor Cícero, por onde passava, deixava algum recurso financeiro para os obreiros locais de todas as cidades do Mato Grosso. Os pastores iam a uma das viagens direto para Corumbá (localizada atualmente no Mato Grosso do Sul). A outra viagem tinha a cidade do Cuibá (MT) como destino e a outra em Campo Grande (MS) e cidades ao redor. Quando chegavam no destino, não usavam um pano para tirar o pó das malas, mas uma vassoura, pela quantidade de pó que ficava nas malas, devidas as estradas de terra, para depois passar um pano molhado e recolher as malas nos locais de hospedagem. Abril & Maio - 2014
De 1970 a 1974 em terras prudentinas
Os quatro anos em Prudente O pastor Carlos Padilha chegou com sua família na cidade de Presidente Prudente (SP) no ano de 1970, depois de pastorear a igreja na cidade de Assis (SP) por 13 anos. Em meio a muitas dificuldades, o pastor Padilha e sua família chegou na cidade prudentina. O templo sede já estava coberto, mas ainda não estava pronto para inauguração. A igreja já era estabilizada e com um profícuo trabalho com mais de mil membros servindo a Deus. Além do término da Abril & Maio - 2014
obra e da inauguração da sede, foi inaugurado um templo na cidade de Alfredo Marcondes (SP), e a construção do templo e da casa pastoral no bairro Vila Marcondes, dentro da cidade. Em meio a tanto crescimento, o pastor morando na casa pastoral que estava com cheiro de tinta, comprando novos moveis e com muita vontade de trabalhar e inaugurar novas frentes de trabalho, o pastor Cícero Canuto de Lima mais uma vez chegou na cidade de Presidente Prudente.
- Pastor Padilha, estou sentindo no meu coração de enviá-lo para Corumbá (MS). Você tem visão missionária e aquela cidade é uma fronteira entre Brasil e Bolívia e você fará um grande trabalho lá – disse pastor Cícero. - Pastor Cícero, o senhor pode me dar um tempo para eu orar, a fim de saber se sou eu mesmo a pessoa certa para Corumbá? – perguntou pastor Padilha. - Você pode orar se quiser, mas eu já orei e não tem outro, é você mesmo. 17
Os resultados da obediência
Família Padilha em Corumbá No ano de 1974, a família Padilha ia para Corumbá, bem no meio do pantanal matogrossense. Um local, na época, muito difícil. Um motor fornecia energia para a cidade até às onze horas da noite. Dali pra frente era somente acendendo as velas. Ao deitar, o calor era terrível, com muitos mosquitos e pernilongos. - Eu já conhecia a cidade porque tinha viajado muito para Corumbá com o pastor Cícero e não queria que minha família sofresse. Entretanto, o pastor Padilha sempre foi grato a Deus pelo tempo que pastoreou a igreja em Corumbá com a sua família. - Eu agradeço muito a Deus por minha ida a Corumbá; minha obediência a Deus e a meu pastor para ir a um lugar difícil resultou em muitas bênçãos para minha vida. Na cidade de Corumbá, o pastor Padilha tornou-se conhecido no Brasil e em diversos países do mundo. Todos os missionários brasileiros que trabalhavam na Bolívia, Paraguai, Peru e até nos Estados Unidos, passavam por Corumbá. O dinheiro vinha de várias partes do Brasil para que o pastor Padilha trocasse o
dinheiro em peso argentino e ia até o banco na cidade de Porto Soares, para enviar a todos os missionários do Brasil que estavam trabalhando em Missões. - Adquiri amizade com pastores do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Minas Gerais, e muitos outros estados e cidades do Brasil. Em Corumbá havia um pequeno templo quando chegou na cidade. Ele comprou um terreno medindo mais de mil e trezentos metros quadrados e construiu a nova sede da Assembleia de Deus na cidade, um templo de quinze metros de largura por cinquenta de comprimento. - Além do templo sede, Deus nos deu a graça para construirmos mais 18 templos, tanto em Corumbá quanto na Bolívia. Para os missionários da época, pastor Padilha ficou conhecido para “pai dos missionários” pelo seu empenho, cuidado e atenção dados aos trabalhadores da obra de Deus no Brasil e em várias partes do mundo. Foram 12 anos de crescimento e avivamento.
Num dos avivamentos, um congresso da juventude em Corumbá marcou a vida do pastor Padilha e da igreja corumbaense. Um grande avivamento soprou sobre a igreja, e jovens brasileiros e bolivianos foram cheios do Espírito Santo. O pregador convidado para a festa não ministrou porque o próprio Espírito Santo conduziu a reunião. De madrugada, ao invés de os jovens estarem dormindo, passaram a noite de joelhos ao pé da cama, buscando a presença de Deus. - Foi um avivamento que eu nunca tinha experimentado antes, nem experimentei depois – relatou o pastor Padilha. Depois de 12 anos a frente do trabalho, o pastor Padilha recebeu a ordem do pastor José Wellington Bezerra da Costa, que já era o presidente da Convenção Geral, para assumir a igreja em Presidente Prudente. Após assumir a igreja prudentina, ele ficou mais vinte dias com a sua família na cidade de Corumbá. - Foram vinte dias de lágrimas; nós recebíamos em nossa casa uma igreja todas as noites para cantar hinos e chorar pela nossa saída.
Um milagre que surpreendeu a
Consagração de obreiros para Obra do Senhor
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Num dia chuvoso, enquanto a irmã Benedita estava no quarto descansando um pouco, o pastor Padilha estava em sua sala, estudando a revista da Escola Dominical. Nesse momento tocou o interfone, e como nesse horário sempre chegava um filho, ele não perguntou quem era, mas foi até o portão quando se deparou com dois homens que lhe pediram água. Prontamente ele foi buscar a água e quando voltou eles sacaram a arma e anunciaram o assalto. Na casa do pastor havia um corredor e ao fundo cinco portas que eras os quartos da casa. Os homens foram conduzindo o pastor, abrindo cada uma das portas e quando chegou no quarto onde estava a irmã Benedita, ao se aproximar dela, o pastor Padilha disse: - Não toquem nessa mulher! Eles respeitaram o pedido e afastaram-se um pouco. Pediram então que ela ficasse no banheiro e sentada no chão. Novamente o pastor pediu que ela não sentasse no chão. Ele mesmo abaixou a tampa do vaso sanitário, pediu para ela sentar e ele sentou-se no chão, enquanto os homens pegaram o seu celular e o relógio. Um deles ficou no quarto Abril & Maio - 2014
19 anos de crescimento e desenvolvimento
De volta para Pres. Prudente Em julho de 1986, novamente o pastor Padilha assumiu a igreja em Presidente Prudente. Naquele período a nova sede localizada até hoje na Rua Bela, no centro da cidade de Prudente, estava com dois anos de construção. O campo contava com nove congregações. Como em Corumbá, uma cidade bem menor que Prudente, tinha 17 igrejas na cidade, e em Prudente apenas 9 congregações, o pastor Padilha começou a abrir igrejas nos bairros, já que todos os membros vinham para a sede no domingo a noite. Foi lançado o desafio de uma igreja em cada bairro da cidade. Sempre que aparecia um salão alugado, a igreja começava um novo trabalho. O dirigente local começava a procurar um terreno próximo ao local do culto e quando encontrava, comprava o terreno e construía uma edícula no fundo, com espaço maior que o salão alugado, e depois fazia o templo na frente. Durante os 19 anos que trabalhou em Prudente, o pastor Padilha alcançou graça diante de Deus e da igreja. O trabalho
ndeu a todos
cresceu, novas pessoas aceitaram a Cristo, novos terrenos foram adquiridos e novos templos foram inaugurados. No ano de 2005, o campo contava com 65 igrejas somente dentro da cidade de Presidente Prudente, sem contar as igrejas nas cidades de Mirante do Paranapanema, Pirapozinho, Martinópolis, Alvares Machado, Alfredo Marcondes, Regente Feijó, Sandovalina, Indiana, Caiabú, Estrela do Norte, Anhumas, Santo Expedito, Tarabai, Narandiba,
e os distritos de Espigão, Costa Machado e Cuiabá Paulista, Montalvão, Floresta do Sul, Eneida e Ameliópolis. Em todas as cidades foram construídos templos, sendo que algumas destas cidades contam com cerca de 10 igrejas dentro da cidades. Durante os longos 19 anos, cerca de 100 a 150 pessoas eram batizadas a cada três meses no campo, que atualmente conta com cerca de 15 mil membros em mais de 150 congregações nas 16 cidades do Oeste Paulista.
O tiro e o livramento de morte
com a arma apontada na cabeça do pastor, enquanto outro foi até outro quarto, para procurar objetos de valor. Atrás de uma das portas do quarto tinha um cofre. - Traz o homem aqui – disse um deles – tem um cofre aqui e ele tem que abrir. Quando o pastor foi até o cofre, um dos assaltantes estava com dois molhos de chaves na mão. Eram as chaves da igreja, que estavam em cima da mesa da cômoda. O assaltante deu o molho de chaves e mandou o pastor abrir o cofre. - Não posso abrir o cofre porque a chave não está ai – respondeu o pastor. - Você está mentindo – gritava o assaltante – abre agora ou eu te mato. O pastor insistia que a chave não estava ali e pediu que o levasse até a sala para pegar a chave e abrir o cofre, mas o assaltante continuava dizendo que ele estava mentindo. - Em fração de segundos, perguntei a Deus: “O que faço meu Deus”? Então Deus me fez lembrarse da passagem bíblica quando o profeta Isaias disse ao rei Ezequias que tinha que colocar a casa em ordem porque iria morrer; o rei virou-se para a parede e disse a Deus como ele tinha andado na presença de Deus com um coração sincero. Abril & Maio - 2014
Pr. Antônio Farinelli e Pr. Carlos Padilha durante culto na sede de Pres. Prudente
Naquele momento, o pastor Padilha pensou na passagem bíblica e orou a Deus dizendo que ele não era diferente do rei Ezequias. - Eu disse a Deus em pensamento: “Deus, eu nunca envergonhei o teu nome, o que faço?”. Na terceira vez que perguntou a Deus, o pastor Padilha recebeu de Deus uma autoridade divina e uma coragem vinda dos céus para sua vida. - Naquele momento eu não vi mais homem com arma na mão, nem tive mais medo de nada. Cerrei meu punho, olhei para aquele homem e disse: “Você não me mata coisa nenhuma, pois eu tenho um Deus grande e poderoso”. Outro assaltante que via aquela cena veio com uma toalha no rosto do pastor para amordaça-lo, enquanto o outro apertou o gatilho. Ao atirar, aqueles dois assaltantes saíram desesperadamente, escorregando no chão da casa, e sequer tocaram na pasta do pastor na sala, contendo talões de cheques, a Bíblia e a revista da Escola Dominical. - Como estava saindo muito sangue, fiquei preocupado e abri a janela dos fundos, gritando por socorro, ao que ouvindo os vizinhos, chamaram a polícia.
No mesmo instante, o pastor tentava telefonar para o resgate, mas quando for pegar no telefone, os olhos enchiam de sangue e ele não conseguia discar para pedir ajuda. Depois de algumas tentativas, enfim chegou o resgate e mais cinco carros da polícia militar. Ao chegar no Hospital, o pastor levou sete pontos no ferimento da testa. Depois do ocorrido, a polícia começou a procurar a bala que atingiu a testa do pastor, mas não encontravam, até que olharam para cima e viram um buraco na laje da casa. A bala tinha batido na testa do pastor e subiu para o telhado e correu um metro e oitenta para dentro da laje. Foi necessário mais um dia até que a polícia por fim encontrasse a bala. - Eu tenho certeza de que quando eu disse para aquele assaltante que o meu Deus era grande e poderoso, o Senhor tomou o meu lugar. Quando a perícia analisou os fatos, chegou-se a conclusão que a bala do revólver do assaltante tinha batido em uma chapa de aço, e depois perfurado a laje da casa. Um grande milagre que marcou não apenas a vida do pastor Padilha e sua família, mas de toda a cidade prudentina e o Brasil. 19
Homenagem dos filhos e filhas
Meu pai é um referencial para o meu ministério. Sinto-me honrado em poder trabalhar ao seu lado Pr. João Carlos Padilha de Siqueira SBN - Edição 57 Nov. 2009 - Págs. 6 e 7
“Desde criança nos ensinou o valor do trabalho e dos estudos. Desde criança, reforçava a importância de ir à Escola Dominical e de participar dos cultos domésticos; inclusive, nos cultos domésticos, cada dia um filho lia a palavra, e todos, no final, antes de dormir, fazia uma oração curtinha. Isso era para aprendermos a servir a Deus com todo nosso coração, a ter comunhão íntima com o Senhor”. Pr. Israel Padilha de Siqueira Presidente AD Piedade - SP 20
Meu Pai,
O meu pai foi um referencial, um decano das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo e do Brasil e nos orgulhamos de pertencer a esta prole; ele foi um rastro de honestidade e de moral, de conduta cristã, de caráter cristão. O pastor que não teve seu ministério censurado em nada! Pr. Jesiel Padilha de Siqueira Presidente da AD em Santos - SP
O meu pai deixava exairar as sagradas letras através de seus atos e gestos singulares. Os melhores ensinamentos fecundos e muito produtivos ,fizeram sulcos profundos no meu coração e na minha mente, mais do que as palavras por ele ditas. Pr. Enéias Padilha de Siqueira Presidente da AD em Votuporanga - SP Abril & Maio - 2014
, meu Herói!
Meu pai, autoridade, responsabilidade, homem decidido que sempre primou em dar exemplos, inclusive sem proferir uma palavra. Passava firmeza, postura, era homem firme, e acima de tudo era o “sacerdote do lar”. Loide Padilha “Foi um modelo de vida a ser seguido por todos os que querem pertencer ao reino dos céus, nele havia um termômetro que media a justiça, fidelidade, pureza, lealdade, sem nenhum interesse próprio visando sempre o amor pelo próximo, e ampliando as fronteiras do reino de Deus com suas atitudes de serviço, porque conseguiu ser de fato um servo de Jesus Cristo, que trabalhava com afinco sem desfalecer; isto é o que me faz ter sempre um novo animo para lutar - se ele conseguiu nos também vamos triunfar em Cristo. Débora Padilha Abril & Maio - 2014
Sou a terceira filha do Pastor Carlos Padilha e da irmã Benedita Ricardo de Siqueira, uma eterna admiradora deste casal, sempre tive uma visão da vida do papai, no Salmo 1º. Nossa vida foi pautada sempre em bons exemplos, nunca assistimos uma cena de desrespeito por parte do meu pai ou de minha mãe. Dorcas Padilha Pastor Carlos Padilha de Siqueira, meu pai, meu exemplo, meu Pastor por excelência. Admirável servo de Deus, pregou e viveu com fidelidade a palavra de Deus com o seu exemplo, colocando o sua família e ministerio acima de tudo. Meu pai foi um homem extremamente amoroso, sincero, humilde, justo, leal, transparente, ético e um praticante do amor ao próximo. Miriam Padilha 21
14 de abril de 2014, 23h15
A partida de um homem de Deus Pastor Padilha combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou sua fé “Não sabeis que hoje caiu em Israel um príncipe e um grande?”. Esta foi a pergunta feita pelo rei Davi aos seus servos quando Abner faleceu. O texto está registrado em 2Samuel 3.38. Esta mesma pergunta foi feita no dia 14 de abril de 2014, as 23h15, quando Deus conduzia às mansões celestiais o pastor Carlos Padilha de Siqueira, com seus 88 anos de vida e 70 anos de ministério. Após passar cerca de cem dias hospitalizado, fruto de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) no dia 5 de janeiro deste ano, pastor Padilha era viúvo e deixou 8 filhos, 29 netos e 20 bisnetos. Sua partida comoveu não apenas seus filhos e sua família, mas toda a igreja em Presidente Prudente, estado de São Paulo, o Brasil e o mundo, já que era conhecido em todos os lugares do país e fora dele.
A CERIMONIA FÚNEBRE Pastores e autoridades civis e religiosas lotaram o templo sede da AD em Presidente Prudente para participar da cerimonia fúnebre. Representantes de diversos estados do Brasil e amigos do pastor Padilha prestaram-lhe a última homenagem, em reconhecimento pelos excelentes e grandes serviços prestados à causa do Evangelho e as Assembleias de Deus no Brasil durante 22
70 anos que esteve no púlpito ministrando a palavra de Deus. Além de toda a família, a igreja recebeu a presença do pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder da CGADB. Ele lembrou a todos da amizade e do trabalho que realizou junto com o pastor Padilha por cerca de 50 anos. “Nesta última segunda feira, 14 de abril,
fomos surpreendidos pela triste notícia, de que já não estava mais entre nós, o nosso grande amigo, companheiro, servo de Deus, Pastor Carlos Padilha de Siqueira; a ausência do pastor Padilha nos fará muita falta, porém seu legado ainda produzirá muitos frutos”. O sepultamento foi no cemitério Parque da Paz, na cidade de Presidente Prudente. Abril & Maio - 2014
Pastor Padilha em versos Um homem, um servo, um santo, Uma vida de choro, de pranto, Clamando ao Deus vivo Pelas muitas almas que sofrem um tanto Pastor Padilha, que ri, que chora, que ora, que busca, Pastor Padilha, que com o inimigo anda mais uma milha Um ídolo? Não! Um ícone? Sim! Uma comparação? Nosso patriarca Abraão. Um pai amoroso, sincero, atencioso, Um pai exemplar, que cuida, que ama, que corrige, que chama. Que sabe guiar, pastorear, Que pelo exemplo tem todos com ele, uma referência pra todos olhar Pastor Padilha, Um homem que lê, relê e crê Que mais leu a Bíblia que qualquer outro livro, Seu entusiasmo vivo, passou de sessenta, as vezes que leu A Bíblia Sagrada Abril & Maio - 2014
Pastor Padilha, Que de tanto ler ficou parecido, Reflete o caráter cristão da Escritura, Grande envergadura, tornou-se então Lidera com Cristo e a Bíblia na mão, Jesus no coração, e a fé e a certeza, Com muita clareza Da celeste mansão. Pastor Padilha, Eu te apresento um homem, um santo, Um príncipe e tanto, Um líder de amor, um servo do Senhor, Um simples pastor. Pastor Padilha, Um homem de joelhos, um homem de oração, Que mostra unção, que mostra ação, Que fala de Deus, que vive pra Deus, que vive pros seus. Um amigo de Deus, um íntimo do céu É puro, é maduro, é seguro, é esteio É ele, eu creio, um apóstolo de Deus.
Seu sorriso atrai, seu carinho recai Seu modelo de pai, que grita: “amai, os inimigos cuidai, e por todos orai” Pastor Padilha, Eu te apresento um líder, um homem com falhas, Com marcas, com dor, com amor, sofredor, Pela causa do Senhor Uma vida dedicada, guiada, guardada, voltada, Focada em Deus, focada na obra, o tempo de sobra Dedica-se ao reino e quando se cansa, não para, avança. Pastor Padilha Um pastor, presidente? Que nada, diz ele, sou crente. Sou servo, que Deus apareça, que cresça, E eu? Diminua, e minha voz pela rua seja sempre a mesma “Aceitem a Cristo e vivam na plena certeza Que a vida com Cristo é mais do que isto É céu. É mel, é tudo”. 23
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