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2. IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

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REFERÊNCIAS

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HERESIOLOGIA

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IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

HISTÓRICO

A Igreja Messiânica Mundial foi fundada em 1935 no Japão por Mokiti Okada (1882-1955). De messiânica só tem o nome, pois não há qualquer invocação ao nome glorioso do Messias de Israel, Jesus Cristo. Seu “messias” é um homem que diz ter recebido inspirações e se tornou um “deus” chamado Meishu-Sama, que significa: “portador de luz” ou “o senhor da luz”. Uma luz não verdadeira, sem dúvida, pois a respeito de Jesus, João escreveu: “Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo” (João 1.9). Se Jesus é a luz verdadeira, qualquer um que alegue ser portador de luz só pode ser aceito como falso.

O fato ocorreu no alto do Monte Nokoguiri, no Japão. Teve revelações sobre Deus, o homem e o mundo e, na ocasião, disse ter atingido o estado de “kenshinjitsu”: conhecimento total da verdade de todas as coisas e dos fenômenos do Universo e do homem.22

O “messias” dessa Igreja, Mokiti Okada, não faz segredo dessa reivindicação: “Não houve outro caso semelhante, a não ser Cristo, que outorgou sua força aos seus doze discípulos”.23

22. Igreja Messiânica Mundial. Fundação Messiânica do Brasil. S.d., p.32 23. Apostila para aula de iniciação, aula 4, p. 23.

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A partir de 1926, Okada começou a anunciar que havia recebido uma série de revelações acerca de Deus, do homem e do mundo. Segundo ele, as misérias humanas eram causadas pelos males espirituais alojados no homem que, ao purificar seu espírito, estaria imune das doenças e de toda e qualquer aflição e sofrimento. Desta forma a doutrina da Igreja Messiânica se tornou muito atrativa, pois além de oferecer a libertação das doenças, Okada também atraía as pessoas quando falava do poder da mente e das realizações humanas, para desfrutarem de um paraíso na Terra, com verdade, virtude e beleza, que trarão saúde, prosperidade e paz.24 Tanto é que, no Japão, chegou a construir os “solos sagrados de Atami e Hakone”, com bosques, lagos e jardins projetados pelo próprio fundador, Mokiti Okada, que disse, ao admitir sua vocação divina: “Logo virá o tempo em que a Igreja Messiânica será proclamada pelo mundo inteiro. É uma Igreja que se caracteriza pelo espírito eclético ou ecumênico...”.25

Suas bases são o espiritualismo e o altruísmo, para a concretização de um mundo ideal, isento de doenças, conflitos e pobreza como escreveu Okada: “A Messiânica cultiva o espiritualismo e o altruísmo, faz o homem crer no invisível e ensina que existem espírito e sentimento não só no ser humano, mas também nos animais, nos vegetais e nos demais seres...”.26 Os messiânicos citam a Bíblia esporadicamente, apenas quando os textos servem para confirmar os ensinos de Meishu-Sama.

Okada faleceu em 10 de fevereiro de 1955, mas, ainda que morto, seus adeptos conversam com ele. Disse um dos adeptos: “Fui ao altar, conversei com Meishu-Sama e lhe manifestei o meu desejo”.27

DOUTRINAS

Suas doutrinas são politeístas (adoram vários deuses) e panteístas (Deus é parte da natureza). O mal do homem é o pecado, por isso surgiram as doenças, as misérias e os sofrimentos.

24. Igreja Messiânica Mundial. Fundação Messiânica do Brasil. 1971, p.13. 25. Alicerce do paraíso, vol. 4, p. 66. 26. Filosofia de M. Okada. Fundação Messiânica do Brasil. S.d. 27. Oferta de gratidão, p. 41. 28. Igreja Messiânica Mundial. Fundação Messiânica do Brasil. S.d., p.15.

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a) JESUS CRISTO

Quando se referem a ele, não reconhecem sua divindade, bem como sua ressurreição corporal além de sua morte vicária na cruz para o perdão dos pecados. O salvador da humanidade para os messiânicos é Meishu-Sama, a quem a Igreja Messiânica chama de “último salvador do mundo”.28

b) PECADO

Nega, não explicitamente, o pecado e entende que o homem, por si só, pode obter a sua salvação, a sua auto-realização. Isso nada mais é do que uma nova roupagem para a velha mentira satânica proferida no Éden.

Oposto das revelações de Okada, toda a Bíblia está centrada no tema da salvação. É um pressuposto básico e irrenunciável que está presente em todas as suas páginas. Desde o Gênesis, Deus anunciou um Messias que redimiria o pecado de todos os fiéis. A condição pecadora da humanidade incapacita-a para um encontro com Deus, que só é possível pela gratuidade de seu amor e predileção, até a chegada definitiva do Salvador.

A vida, paixão e morte de Jesus aparecem de forma explícita com este caráter de libertação. É o cumprimento de todos os anúncios feitos anteriormente. Jesus veio resgatar-nos da morte, da lei e do pecado. Entregou sua existência para a remissão dos pecados do mundo e para tornar possível a nova e definitiva aliança.

c) A SALVAÇÃO

Para atingir a felicidade e ficar livre dos problemas físicos e espirituais, o messiânico precisa praticar o Johrei. Segundo Meishu-Sama estamos vivendo em um período de transição da “era da noite” para a “era da luz”, e ele teria recebido a missão de outorgar à humanidade o poder da “luz divina”, por meio do “sagrado ponto focal”, o Ohikari.

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O JOHREI

É um meio pelo qual o indivíduo pode se elevar espiritualmente sem que seja necessário tanto sofrimento. Ao receber o Johrei, o espírito é purificado e a pessoa se torna útil à obra de Deus: “Pela lei, o espírito procede à matéria. Todo acontecimento ocorre, primeiramente, no mundo espiritual e, depois, se reflete no mundo material”. Portanto, para se livrar do sofrimento, é preciso eliminá-lo em sua origem, que está no corpo espiritual.

O Johrei é uma cerimônia em que os adeptos colocam a palma das mãos sobre as pessoas e liberam “energia” divina sobre elas. É a ministração da “divina energia”, ou “luz divina”, que atua no corpo espiritual, libertando os indivíduos de seus anseios, tensões e mágoas e eliminando as “nuvens espirituais”, aumentando, assim, a “força natural de recuperação”. Os objetivos são dissolver e eliminar as toxinas físicas e elevar o espírito a níveis mais altos.

A prática do Johrei torna cada vez mais puro tanto quem o recebe quanto quem o ministra.29 E, para a sua ministração, é imprescindível que o ministrante possua o Ohikari,30 em cujo interior está a reprodução impressa da palavra LUZ, escrita por Meishu-Sama.

“Quem deseja ser feliz, deve, primeiramente, tornar feliz seu semelhante, pois a divina recompensa que disto provém será a verdadeira felicidade”, disse Meishu-Sama. “Por isso, precisamos ser instrumentos de Deus — que deseja tornar o homem feliz — e é para isso que recebemos o Ohikari. Assim, tornar-nos-emos verdadeiros espiritualistas e altruístas”.31

Para os messiânicos, o Johrei é a purificação das máculas ou manchas humanas, o que nós, cristãos, denominamos pecado, e que o “Messias” da Igreja Messiânica nega. A Bíblia ensina que o pecado entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, por isso que todos

29. Primeiras noções sobre a Igreja Messiânica. 30. Amuleto que os messiânicos penduram no pescoço, em forma de medalha dourada, que a pessoa leva junto ao peito. Seria o sagrado ponto através do qual se canaliza a luz de deus e Meishu-Sama para produzir cura de males físicos e espirituais. 31. Primeiras noções sobre a Igreja Messiânica.

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pecaram” (Romanos 5.12). Os messiânicos, contrariando os ensinamentos da Palavra de Deus, acreditam que as máculas provêm das seguintes causas: herança dos antepassados (resultado de encarnações anteriores), pensamentos, palavras ou atos de maldade (máculas de atual redenção) e ingestão de substâncias nocivas, que turvam o sangue.

Afirmam, ainda, que a doação de dinheiro pode acelerar o processo de eliminação. Ou seja, quando doamos dinheiro, espontaneamente, gratos por todas as bênçãos recebidas, muitas das nossas máculas são eliminadas.32 Admitir que dinheiro elimine máculas é inconcebível. É o conhecido pecado de simonia, criticado pelo apóstolo Pedro: “E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus (Atos 8.1821). Existe somente um meio de purificação das máculas do pecado: Jesus, como escreveram seus discípulos:

“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, a qual por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha” (1 Pedro 1.18-19).

“O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7).

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Efésios 1.7).

“Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo?” (Hebreus 9.14).

O Johrei não passa de uma farsa e, como tal, está ligada ao ocultismo. Deus proíbe esse tipo de coisa, como se pode ler em Deuteronômio 18.10-12: “Entre ti

32. Idem.

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não se achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor”.

A crença na reencarnação e o culto aos antepassados afrontam os mandamentos divinos. Sabemos que o verdadeiro “paraíso terrestre” dar-se-á no reino milenar de Cristo, quando o Senhor, pessoalmente, governará a Terra e estabelecerá as modificações necessárias, para que haja plena harmonia entre a humanidade e a natureza. O homem, por si só, enganado pelo adversário e seus fiéis e leais seguidores (o falso profeta e o anticristo), em vez de uma “nova era de luz”, trará a irremediável e completa destruição do planeta.

d) ELEMENTOS DA NATUREZA HUMANA

Segundo Meishu-Sama, o homem possui três espíritos. A alma é o espírito primário, divina em sua natureza e o centro da consciência espiritual do ser humano. Depois, vem o espírito secundário, o espírito animal em sua natureza, que penetra no indivíduo com idade de um a dois anos. O terceiro é o espírito guardião. Selecionado entre os ancestrais no mundo espiritual, permanece junto, mas não dentro da pessoa, até a morte física.

Diferente do que afirma Meishu-Sama, segundo as Escrituras Sagrada, na criação, “formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2.7). Pelo relato bíblico o homem recebeu um corpo formado do pó da terra e o alento divino. Como resultado da combinação criativa desses dois elementos, um terreno e outro celestial, o homem tornou-se um ser vivo à imagem de Deus.

Uma questão que tem dividido os estudiosos há longas datas, é se o homem é um ser duplo ou tríplice, mas não como afirmou Okada. Aqueles que acreditam que a alma e o espírito são uma só e mesma coisa são chamados de dicotomistas; os que defendem a separação da alma do espírito são chamados de tricotomistas.

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Segundo os dicotomistas o homem possui uma dupla natureza: um elemento material (o corpo) e um elemento imaterial (o espírito ou alma). Não há distinção entre espírito e alma, ambos, sendo um só elemento. O corpo é a parte que morre; a alma, por outro lado é a parte imaterial, a parte que sobrevive à morte. É essa natureza imortal que separa a humanidade de todas as outras criaturas.

Para os tricotomistas a alma é uma substância incorpórea e invisível do homem, inseparável do espírito, embora distinta dele, formada por Deus dentro do homem, consciente, mesmo fora do corpo. Ela é a sede das emoções, desejos e paixões, cuja comunicação com o mundo exterior é manifesta através do corpo. É a partir dela que o homem sente, goza e sofre tudo através dos órgãos sensoriais. É algo inerente aos seres humanos, e é o centro de sua vida afetiva, volitiva e moral. É ela que presta conta a Deus dos atos humanos. Já o espírito, também invisível, juntamente com a alma, é chamado de “homem interior”. Eurico Bergstén entende que o espírito é “aquela parte do homem que, como uma janela aberta para o céu, lhe dá condições de sentir a realidade de Deus e da sua Palavra”.33

Em nenhum lugar da Bíblia Sagrada encontramos os profetas e nem mesmo Jesus falando sobre o homem possuir três espíritos como afirmou Meishu-Sama.

e) CULTO AOS ANCESTRAIS

O objetivo do culto aos ancestrais (um costume oriental) é de honrar os antepassados mortos, pois crêem que ainda estão conscientes, num mundo invisível e que podem ainda se manifestar aos vivos.

Para os adeptos da Igreja Messiânica, dependendo do grau de purificação aqui na Terra, o indivíduo poderá habitar em um dos três níveis espirituais: o superior, o intermediário ou o inferior. No superior habita aqueles que purificaram seu corpo espiritual por meio do Johrei. Quem está no nível inferior pode ainda se purificar por meio da reencarnação até atingir o nível mais elevado, o superior.

33. BERGSTÉN, Eurico. Introdução à Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.157.

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