—1—
S/interesse, estamos aqui, presentes e ativos. Não pretendemos alcançar nenhum estatuto, muito menos diferenciar-nos dos demais. Somos como tu! Aliás, nós somos o amigo que está neste momento sentado ao teu lado e se não somos, poderemos muito bem vir a ser. Apresentamos assim um novo movimento que visa incluir todos os que se excluem por desinformação ou apatia. Acreditamos que apelidar a nossa geração de desinteressante, chata, infantil e sem objetivos, não é mais que um rótulo insultuoso. Uma meia verdade cuja culpa recai em nós. Nós, que nos mostramos fúteis, distanciados, desinteressados, os que ouvimos por ouvir, os que leram sem compreender, os que refletiram sem pensar. Pára, olha para ti, olha para os outros, sem preconceitos, sem recalcamentos, sem passado. Repara no potencial, imagina um futuro onde a mesa do café serve para descomprir e não para compactar o tempo livre. Se te admiraste com o que te rodeia então estás pronto! Esta revista foi feita para ti: inconformado, cheio de garra e energia, alguém que sonha e não esquece, tu que te fartas do que existe mas não o abandona por acreditar no seu potencial. Estás farto de viver no limbo? Estás farto de sobreviver para mais uma noite sabendo que nunca viverás o dia? Então não te esqueças que —2—
a culpa é tua! A culpa é tua porque assumiste o teu corpo como jovem e a tua mente como velha, a culpa vai continuar a ser tua se não te impuseres como um jovem intemporal. Não queremos impôr o que pensamos, nem tão pouco que sigam cegamente o que publicamos. Construímos uma Nau e agora dedicamos o nosso tempo livre a navegar pelo sucesso que nos rodeia, não queremos obrigar ninguém a embarcar connosco, mas não descansaremos enquanto houver quem não leia a nossa Epopeia. Inspira-te na nossa rota e cria a tua, contrapõe e não digas sempre que sim! Este é um espaço de debate, de inconformidade e negação! Vamos apresentar aquilo que sem interesse tem vindo a “sobreviver” e que continua a estar presente na nossa vida. Não existem heróis de batalhões singulares, esquece essa ideia. Nesta primeira edição somos poucos, mas, que este editorial sirva como uma carta aberta, uma convocatória! A todos monkeys que nos lerem, a palavra de ordem está dada: “Voltem para a selva!”. Jornal, revista, magazine, eu prefiro chamar “deck”, descarrega em nós tudo o que sabes, tudo o que se esconde, confia, pois seremos a plataforma de ligação para o que é interessantemente desinteressante. —3—
ALDÓNIO LEONEL LOUSADA RECORDS TIROS E BOMBINHAS A ROLAR COM... TODOS AO POVO E O POVO NO CHÃO JOANA GARCIA 100 PERSONALIDADES SAUDADES DAS TASCAS BEBE___COM___ PORTUGAL FASHION PONTAPÉ NA CERCA HAMMER-ON FILMES CRÍTICA DEMOCRÁTICA CRISTÃ GLOSSÁRIO —4—
O
—5—
porque ainda existe quem abra a janela para cheirar! Nos anos 60 fui enclausurado num mosteiro, a minha vida para a sociedade acabou e a era do psicadelismo ultrapassou toda a minha existência. Durante quatro décadas estudei o interior do homem e o exterior da vida, perdi as estribeiras e revoltei-me com os horários das rezas, da comida e com as vestes compridas que me obrigavam a usar. Saí do mosteiro, roubei uns calções num estendal e amarrei um pedaço de lençol no tronco. Incrível, acertei na moda! Hoje percorro tudo o que perdi, esforço-me por perceber o Jimi e luto para interpretar a Janis, sou uma mente aberta sem historial social que me iniba de ser quem sou, se é que algum dia o cheguei a ser. Mas não interessa, nada do que disse faz sentido, pouco dele é real até, na verdade sou o alter-ego de
alguém ou de alguns, ou até posso mesmo ser real, mas isso neste ponto seria algo tremendamente banal. Sou tudo o que vocês são, ou se esforçam por ser, na verdade a principal diferença que me distingue dos demais foi ter aberto a janela e cheirar. O cérebro é uma máquina poderosa, um labirinto escuro ou colorido, o teu cérebro és tu e tudo o que percecionas mais aquilo que desconheces conhecer. Todos os meses vou fazer uma revisão dos psicotrópicos mais comuns e das mesclas mas exóticas, vou-me esforçar por vos dar um sentido, ensinar-vos a conduzir a moca, porque isto é como andar de carro: realmente tens um acelerador, mas sem um volante bater contra a parede seria tudo o que conseguirias fazer. Apraz-me que haja abertura nos meus —6—
pares, que experimentem ou tolerem quem experimente, mas magoa saber que para a maioria “mamar drogas” é o que realmente interessa, por isso basta! Vamos voltar umas décadas atrás e perceber a potencialidade do que dispomos, abrir realmente as portas da perceção e fazer a derradeira viagem espiritual, percebam então, meus amados discípulos, que as drogas não são sociais ou recriacionais: pelo contrário, são demónios e anjos, química e física, cérebro e espirito, politica e demagogia, acima de tudo as drogas são a melhor viagem da tua vida sem que tenhas de sair do lugar. Respeita e conhece, para que não te enterres e percas a noção de que o real alimenta a trip e não o contrário.
Os Baco – Pandora Musical Lousada tem uma tradição musical que se espalha por todos os géneros, desde os ranchos aos cavaquinhos, passando pelas composições mais clássicas, sem esquecer claro o jazz, rock, stoner, punk e metal mais pesado, nenhum foi deixado de parte mas poucas bandas conseguiram alcançar o estatuto que “Os Baco” atingiram. Se hoje os nossos músicos conseguem encontrar no Conservatório uma fonte de aprendizagem e desenvolvimento, na altura a única solução era lutar pela paixão e acreditar que a qualidade viria com a prática e dedicação. Não me interpretem mal os músicos incríveis da Academia, mas as bandas de garagem são ainda o reduto mais forte de uma contra cultura que se afirma pela indiferença, são músicos que sacrificam as condições pela liberdade de criação e onde o sucesso depende apenas da quantidade de sangue e suor que deixam nas cordas e baquetas. Na altura, os “Enfant Terrible” pautavam como hoje a moda que os
seus pares seguiam, inspiravam-se nos seus artistas favoritos e criaram em Lousada uma oferta que há muito deixava em desespero quem a procurava. Voltando ao estatuto, Os Baco, tornaram-se rapidamente num fenómeno local, tocando em todos os bailes de carnaval e festas de natal passagem de ano e quase tudo o que se fazia em Lousada, num período onde ainda Amílcar Neto comandava os destinos do município, e que lhes proporcionou mesmo o seu primeiro concerto na festa de Natal da Camara Municipal. Durante os dez anos que esteve no ativo, a formação sofreu apenas duas alterações, inicialmente Luis Gomes, Almeida, Tonita, Márcio davam uma raiz sólida que se fundou numa garagem em Cristelos, mais tarde contaram com passagens de “ To” e “Bibi” que vieram substituir dois elementos da formação inicial, Toni Leitão e Zé António. Assumindo o cargo de Rock Star’s locais brindaram o seu
—7—
público com uma mistura de música popular com rock, algo que na época era comum no panorama nacional. Com o público criado alastrou-se o mito, a banda fez-se bar e toda a personalidade irreverente que evocavam foi transportada para um espaço (Fonte do Baco). Podemos olhar para o exemplo d’Os Baco como um farol para todas as bandas que continuam na sombra das suas garagens, é importante tocar, arranjar datas, cativar um publico e criar necessidade de procura, as pessoas têm que precisar de ouvir os vossos sons, quase como um vicio, como a musica deve ser. Em jeito de despedida resta-nos fazer um apontamento que vai despertar a atenção de todos os que acompanham a nossa história musical: se hoje os “aceleras” desafiam a “bófia” nas nossas gargantas, deve-se ao legado que esta banda impôs com a criação dos míticos “Alcatrão”.
esperar. Talvez assim se surpreendam tanto como nós ao descobrirem o caminho do nosso entrevistado deste mês.
Este artigo vai começar completamente fora da temática, portanto peço desculpa a todos os aficionados da pólvora mas agora vão ter que
Quem conhece o Tiago compreende perfeitamente a lógica entre Educação Social e a Balística, mas para os que não o conhecem, como é o vosso caso, a ligação vai parecer no mínimo, estranha. Vou piorar: juntem ainda, ciências forenses, politica, medicina legal e proteção de menores, agora abanem tudo e têm cinco segundos para montar o puzzle. Metade dos leitores não tentou, um quarto ainda não percebeu nada e os restantes saltaram o artigo, se faz parte de um dos dois grupos de não —8—
desistentes, prepare-se para uma história de amor à bala e preocupação social. Tiago Romão, entre outras coisas, é perito em balística e estuda hoje um dos campos menos abordados da ciência nacional. Mas vamos começar pelo princípio da história, frequenta o ensino secundário em Amarante, na vertente de Humanidades (a história da balística continua sem fazer sentido? Ótimo!), mais tarde termina a licenciatura em Educação Social na Universidade Portucalense e durante este período, realiza o estágio profissional na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens na Camara Municipal de Lousada. Ao lidar com as dificuldades inerentes à deteção correta de sinais de maus tratos e dano corporal, surge o interesse pelas Ciências Forenses, complemento que consi-
derou essencial. É assim que opta por uma pós-graduação no Instituto de Ciências Abel Salazar e consequente mestrado em Medicina Legal. Graças ao CSI, o leitor começa a perceber agora de que forma se monta o enredo, no entanto, existe uma parte importante que omiti: o seu passado. O seu maior Hobbie é também o que lhe preenche a alma, e a do Tiago é claramente a de um caçador. Atirador desportivo desde a idade mínima permitida (14 anos), confessa que ainda assim foi dando uns tiros, precocemente. No decorrer dos seus estudos como mestrando “A fome juntou-se à vontade de comer”, em todos os sentidos. Aliou uma paixão à sua formação académica e deparou-se com um vazio nacional gigante nesta área da ciência. Este facto não encontra fácil justificação dada a tradição Portuguesa, mas que explica-se pelo “Acesso restrito a armas e munições”, como denota o nosso convidado. Certificou o seu conhecimento além fronteiras (Royal College of Defence) e provou que quando nos movemos
por paixão poucas limitações encontramos. Hoje, continua os seus estudos, dá formações, e afirma-se como um dos poucos especialistas da área no nosso país.
“... provou que quando nos movemos por paixão uma limitação nem é sequer digna desse nome.” Por Lousada, salienta as excelentes condições do nosso campo de tiro “Sinto-me um privilegiado por ter um campo de tiro a 5 minutos de casa” e relembra que temos um dos melhores armeiros a nível nacional (Espingardaria Irmãos Guimarães). No entanto os pratos e os recintos fechados não complementam o nosso perito, caçador por vocação, acredita que desempenham um papel fundamental na preservação das espécies, afirmando mesmo “Que muitas delas já não existiriam em —9—
território nacional, como é o caso da lebre e da perdiz brava”. Para Tiago, o caçador não tem prazer ao matar a peça, o verdadeiro prazer reside no processo de caçada, em tentar ultrapassar a inteligência do animal e dar resposta ao instinto predatório que todos temos codificado nos nossos genes. Em jeito de despedida convidamos o Tiago a soltar um pouco a sua veia politica e desafiamo-lo a indicar as principais fragilidades que identificava na legislação portuguesa, no que diz respeito ao campo da Balística. A resposta foi imediata, para si, o sufoco do mercado das armas é propulsor de um mercado paralelo, descontrolado e perigoso. “Prefiro ter 100 mil armas vendidas legalmente, que continuar sem saber ao certo quantas existem e em que mãos estão”, é urgente, na sua opinião, acabar com este excesso de burocracias que não impedem a circulação de armas, mas que impedem sim a obtenção de um conhecimento preciso dos seus donos e propósitos.
Fazer o que nunca mais foi feito! Passei parte da minha juventude no Euro circuito de Lousada, as máquinas sujavam-me a roupa com lama e a minha mãe, consciente da minha aversão ao futebol, sabia logo que tinha estado a ver mais uma prova, foi aí que fiz grandes amigos, dei as primeiras quedas e me viciei no cheiro de combustível queimado… Vibrei com o fumo dos pneus, delirei com o Jaime e o seu empilhador, as escolas fechavam, o município parava e as tendas dos espanhóis eram donas de qualquer pedaço de terra. O nome Lousada ecoava por toda a Europa, não por termos uma pista espetacular ou condições de primeira para o público, pelo contrário, aqui não havia VIP’s, quem tinha lugar nas bancadas trocava facilmente a pulseira por uma bifana e um lugar no peão, onde as bebidas vinham em baldes com gelo e o pó se infiltrava em cada poro da nossa pele. A malta juntava-se com os pais, primos, amigos e irmãos, todos juntos passeávamos em busca do melhor “Sticker”, do melhor autografo ou simplesmente para podermos ver as máquinas desmontadas. Eram felizes porque ali tinham tudo: Desporto, paixão, adrenalina, família e amigos. Hoje não temos CAL, não temos Europeu, não temos Rali de Portugal, não temos o Preto na rotunda a
desafiar a polícia com roscas intermináveis, não temos o Jaime, não temos espanhóis e filas de carros que nem as Grandiosas conseguiam equiparar. Hoje temos um terreno baldio, entregue aos privados, longe da vista e perto do coração. Enquanto se multiplicavam as lamentações no café sobre o triste destino da nossa Pista, em Meinedo uma associação erguia-se para realmente fazer alguma coisa, além de lamentar. Durante 12 anos o CTM organizou provas como o Campeonato Europeu de Drift, a Concentração Tunning de Lousada – Prova rainha, Campeonato Nacional de Time-Atack e Campeonato Português de Drift, o desporto era outro mas a paixão mantinha-se, Lousada estava de volta ao desporto motorizado.
“O nome Lousada ecoava por toda a Europa, não
por termos uma pista espetacular ou condições de primeira para o público”
Mais uma vez conseguimos ser injustos com quem tentava mudar o que estava mal, a falta de apoios e uma péssima gestão do circuito condenaram a própria instituição ao fracasso, liderado por 14 pes— 10 —
soas e com pouco mais de 60 sócios o clube que devolveu os motores à nossa vida vive hoje na penumbra, quase parado, desmotivado, desculpem, reprimido pelos interesses. Existe uma certa magia em tornar um carro de 300€ bem mais valioso que um BMW ou um Mercedes, exige técnica, dedicação e investimento numa paixão que se dedica a aprimorar o velho transformando-o numa obra de arte. Proprietário do único carro homologado pela DGV no Clube, Sérgio Pinto, atual presidente, relembra que por cá tudo se fez pelo que todos queriam, mas que ninguém o valorizou. Foi mais fácil pegar pelo exagero e rotular todos de “azeiteiros”, mas a ignorância tem um bom remédio, a informação! Para os mais desinformados relembramos que nesta modalidade existem três variantes: estética (onde se prezam os carros mais belos), mecânica (onde a segurança e performance são rainhas) e Street Racing (terreno dos pilotos mais “Bravos”). O CTM procurou institucionalizar e legalizar este desporto, em recintos fechados as máquinas eram donas do som e pintoras do espiche, com segurança e organização tínhamos tudo para voltar a ser a velhinha Lousada dos Motores. Mas não somos, somos reis da indignação no facebook e culpados do abandono da Pista.
E O POVO NO CHÃO! Outdoors e panfletos espalhados pelas ruas e boeiros da vila; nos jornais, as narrativas de quem saiu vitorioso e dos que saíram derrotados; todos eufóricos, uns alegres e outros revoltados. Reina a confusão num ambiente escaldante. Tudo isto é natural, após umas autárquicas. No entanto, o que realmente me deixou atónito foi ver um resultado avassalador da abstenção, uns 47% que ficaram marcados na minha cabeça. Este valor vem demonstrar a passividade das pessoas, a sua falta de responsabilidade, a sua descreditarão na democracia. Mas afinal, o que pretendem!?
SÓ PARA QUE NINGUÉM ESQUEÇA:
Vamos recuar, voltemos ao tempo do lápis azul, da máxima “Deus, Pátria e Família”, o tempo da ditadura Salazarista. Onde uma só pessoa ditava o caminho que o país seguia. Pensem na altura onde éramos regidos sem consideração pela nossa opinião, esta, não só não contava, como era desprezível. Aquele tempo em que o Estado decidia o que era ou não permitido ler, ver, ouvir e escrever; onde tudo era controlado: as notícias, as imagens, as verdades e onde até certos nomes não podiam ser publicados. Tempos onde nem o poderoso Clero escapava à mão da ditadura, como é o
caso do “Bispo do Porto” que após ter dirigido críticas ao regime viu as suas publicações censuradas. O associativismo, a junção de grandes grupos de pessoas e o direito à greve tinham sido revogados. O beijo era visto como um pecado, o namoro era vigiado e para o rapaz passar à porta de casa da namorada precisava de autorização; sem esquecer o sexo: permitido só após o casamento, para o qual as mulheres iam virgens e os homens experienciados com uma prostituta. Altura em que as enfermeiras não podiam casar e as professoras apenas casariam com autorização do estado e nunca com um homem que ganhasse menos. Altura de eleições manipuladas, cartas violadas e onde a Coca-cola era um produto proibido!
“A nossa revolução. Histórica a nível mundial, um hino à paz: feita de cravos, cânticos, euforia e cooperação. Uma revolução pacífica, erguida por soldados e alimentada pela fome de liberdade do povo! ” — 11 —
QUE NÃO TENHA SIDO EM VÃO:
A nossa revolução. Histórica a nível mundial, um hino à paz: feita de cravos, cânticos, euforia e cooperação. Uma revolução pacífica, erguida por soldados e alimentada pela fome de liberdade do povo! De seguida uma grande afluência às urnas, as pessoas que acreditavam que poderiam mudar o rumo de um pais, o rumo de uma nação o rumo de Portugal! Nasceu então aquela que é uma das obras mais bonitas do Mundo civilizado: A Constituição da Republica Portuguesa. Redigida a 25 de Abril de 1975, que viria a entrar em vigor um ano mais tarde, no 2º aniversário da libertação da ditadura de Salazar.
-“Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.” Artigo1º. - “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.” Artigo 13º. - “A vida humana é inviolável.” Artigo 24º. - “É livre a criação intelectual, artística e científica.” Artigo 42º - “Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e
promover.” Artigo 64º. -“ Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.” Artigo 74º Como ousam violar algo tão magnífico, tão belo, tão protetor e libertador? Isto é a base da nossa constituição, é a base da nossa política, é a base da nossa democracia!
FARTOS DO QUE TEMOS:
Olhem para o país que temos hoje, de democracia duvidosa e de elevada desconfiança. Pela esquerda e pela direita foi enterrado nesta crise, que todos os dias manipula a nossa vida e condiciona a nossa ma-
neira de pensar. Uma democracia que arrefeceu o sentimento daquela magnifica revolução e que passados 40 anos sobrevive com cidadãos que parecem esquecer a ditadura e preferem não se movimentar. Não ir às urnas é quase moda, preferem não se fazer ouvir e ficar em silêncio. Começo mesmo a acreditar que o ser humano tem como natureza a autodestruição: acredita e constrói, mas acaba sempre por destruir. Quem são estas pessoas que não querem marcar a diferença? Que preferem ser conhecidas em vez de reconhecidas… Até vai chegar este desinteresse no nosso sistema eleitoral? Será que — 12 —
chegaremos a uma abstenção superior a 80%? Com urnas a apanhar pó e postos de votação vazios? E assim que mais ninguém se interessar com quem dita os caminhos do país, será que vai acontecer o contrário de há 40 anos atras? Não me parece nada absurdo quando continuamos a fragilizar a nossa democracia, severamente.
RECEOSOS DO QUE TEREMOS:
Se já aconteceu uma vez, tendencialmente se repete. Embora vaga e aparentemente vazia de rigor cientifico, esta expressão elucida bem a realidade que o velho continente vive a nível politico e social. O radicalismo cresce por toda a europa
e os movimentos de extrema direita proliferam. É notório o forte sentimento contra os imigrantes e, especialmente, uma enorme desconfiança em relação a outras religiões. Dá-se credibilidade a partidos que difundem ideias xenófobas e que atualmente se estão a espalhar para fora dos seus terrenos tradicionais em França, Itália ou Áustria e a conquistar sociedades com passados mais liberais como a Holanda ou a Escandinávia. Se países que nos ensinaram a admirar e usar como modelo estão a sucumbir a esta onda que futuro teremos nós? Temos a responsabilidade de nos responsabilizarmos perante a democracia, temos de movimentar as massas, cultivar a liberdade e con-
“Imagino que isso seria o início de um movimento de revolta e de protesto perante aqueles que tão mal têm gerido o nosso país.” vencer de novo o povo a escolher quem o governa.
VOTO DE PROTESTO:
Penso que para começar deveria haver uma revisão na lei eleitoral, para que os votos em branco contem como protesto e advenham uma consequência, poderia mesmo exis— 13 —
tir a opção de “sem escolha”. Imagino que isso seria o início de um movimento de revolta e de protesto perante aqueles que tão mal têm gerido o nosso país. Dar uma opção para aqueles que não acreditam nos nossos políticos e no nosso sistema eleitoral. Talvez assim alguém se revolte com os números dos que não acreditam e monte uma estrutura política capaz de dar resposta às suas fragilidades. É imperativo dar uma voz e um sinal de confiança a quem se acha capaz, para que se possam movimentar e mostrar o seu caminho, a sua alternativa. Vamos mostrar que não somos um povo desligado, mas sim interessado, acordado e com vontade de se levantar.
Lousada foi, e ainda é, um dos concelhos mais jovens de toda a Europa. Este facto é pouco produtivo para o concelho em si, pois no passado recente os índices de abandono escolar eram dos mais altos do país. Mas nem todos os jovens pensam da mesma forma. E hoje apresentamos um exemplo a seguir: Joana Fernandes, Designer Gráfica e ávida observadora do mundo que a rodeia, sempre com um olho para a arte. Aceitem o nosso convite de a conhecer um pouco melhor. — 14 —
Quem és?
Sou a Joana, alguém que se dedica a viver o melhor que a vida lhe pode oferecer, pautada por valores, com algumas dúvidas sobre as atitudes do ser humano, em geral.
De onde vens?
Venho de Lousada.
Para onde vais?
Vou para qualquer lado do mundo que me faça crescer, em toda a minha plenitude, evoluir como pessoa e como profissional.
Onde fizeste a tua formação?
Comecei por iniciar a minha licenciatura na Faculdade de Belas Artes do Porto e terminei na Faculdade de Belas Artes de Madrid.
Quem são as tuas maiores referências na tua área?
São vários e torna-se muito difícil fazer uma pequena selecção porque todos os dias tenho um diferente e existem milhares de óptimos artistas! Mais no ramo da ilustração e estrangeiros, Mcbess, Jack Teagle e Ricardo Cavolo são artistas que admiro imenso. Em Portugal, sigo de muito perto o trabalho do Frederico Draw, do Add Fuel, da Maria Imaginário, da Lara Luís, da Wasted Rita, do Akacorleone, etc etc etc
Que outras áreas da cultura te interessam também?
Gosto muito de me “perder” em cidades e ver uma ou outra exposição sem estar planeada. Não consigo deixar de me fazer acompanhar de música, que se torna numa grande fonte de inspiração e adoro ir concertos com frequência.
— 15 —
Qual a tua obra favorita? E a que gostaste menos?
Não sou muito apreciadora de grandes obras, prefiro as rápidas, efémeras, que te dão respostas no teu dia a dia, te fazem captar uma mensagem e usá-la no minuto seguinte. No entanto, posso eleger a M-Maybe de Roy Lichtenstein como obra favorita porque foi a partir de um trabalho realizado com ela que o mundo do design e das artes se entranhou em mim. Quanto à que gostei menos, não que tenha tido grande importância na minha vida, mas lembro-me da escultura Mamã - a aranha-mãe de Louise Bourgeois, que vi numa das visitas ao Museu Guggenheim, em Bilbao. Ainda era uma miúda e aquela aranha gigante
Qual o diagnóstico que fazes do panorama cultural nacional? Ferido de morte ou Quem é para ti a maior figura na cultura lousadense? a viver nas sombras? se centram todos os apoios e quem é menos digno desse Quando num só artista, deixando à sombra, passo a expressão, todos os restantítulo? deixou-me aterrorizada durante uns dias.
A minha mãe! (ahahah) Todos os lousadenses têm a sua dignidade cultural.
Os tempos livres, são para relaxar ou para se cultivar?
Dependendo do lugar onde estiver, grande parte do tempo livre é um mix das duas, sempre com música para relaxar e internet para me actualizar. — 16 —
tes, está-se a promover um ambiente de desigualdade que só pode fazer com que todo o panorama cultural e eventuais novos artistas, que possam emergir, sejam feridos de morte!
Qual a tua opinião sobre a nova coqueluche da arte nacional, Joana Vasconcelos?
Não me dizem muito obras produzidas em grande escala, pensadas e chefiadas por uma mente iluminada, mas realizadas apenas por grandes equipas. Não aprecio o trabalho dela, deixa-me completamente indiferente.
Comecei por criar o logotipo, em seguida foi pensada toda a parte gráfica da página web como ilustrações, animações, toda a parte interactiva e agora estamos na fase da implementação online do projecto beta.
Qual é a melhor publicação periodica sobre arte na tua opinião?
O que estás a fazer como profissão é o que pretendias?
Por norma, não tenho o hábito de comprar publicações por claras questões de economia, sigo várias páginas web como a Grafik, a lamono, a colors, a Eye ou a Juxtapoz magazine entre blogs e várias outras páginas de arte e cultura em geral. O mundo online é demasiado vasto, grande parte do meu tempo é passado a procurar novas páginas e novos artistas.
Tens algum projecto a decorrer? Explica-nos um pouco o processo.
De momento estou a criar de raiz, juntamente com dois amigos, uma startup chamada MenuTailor que visa ajudar os proprietários de restaurantes a criarem, editarem e partilharem os seus próprios menus online, numa plataforma que lhes dará uma grande variedade de templates para o dia a dia e para todas as épocas festivas do ano.
No mercado de trabalho o meu percurso ainda é curto, no meio de um estágio profissional na Postalfree Postais Publicitários e alguns trabalhos como freelancer, vai aparecendo de tudo…e tudo é preciso agarrar. Optei por continuar a apostar na minha formação como designer de comunicação e arte finalista para combater possíveis lacunas da licenciatura e quem sabe, daqui para a frente, não surjam novas oportunidades.
Na área, qual das vias preferes (ilustração, editorial, branding , etc...)?
O mundo da ilustração, sem dúvida. Ver o que nos rodeia de forma mais animada, ainda que não seja assim tão positiva a mensagem a transmitir, narrar uma história, dar a volta ao que é escuro e sombrio e fazê-lo transparecer mais claro e divertido é o que mais me fascina.
— 17 —
Vila Real, 14:30, numa rua sem nome, pois como disse o entrevistado: “Não sei o nome. Só vivo aqui á duas semanas!”... S/ Interesse: Boa tarde. Zé Artur: Boa tarde, tudo bem? S/ Interesse: Quem és rapaz, de onde vens? Zé Artur: Eu sou o Zé Artur, venho de Lousada e aqui onde nós estamos, em Vila Real, sou conhecido como o “rock”.
S/ Interesse: Já agora, “rock” porquê? Zé Artur: Isso foi na praxe meu. Quando eu entrei, com 17 anos e já este tamanho, havia um gajo que tinha 18 e era mais pequeno que eu. Então pronto, houve um elemento iluminado que decidiu juntar-nos aos dois e nos chamou-nos de rick e rock. (risos.) Só que depois a cena foi derivando até que felizmente os meus padrinhos tiveram o juízo de me baptizar com o rock, de rock de rock’&’roll, e o legado permanece ao fim de 5 anos. S/ Interesse: Então se é assim acho que te posso perguntar já, rock, para onde é que vais? Zé Artur: Para onde vou? S/ Interesse: Que projectos é que tens a andar neste momento? Zé Artur: Tenho 3 coisas grandes. S/ Interesse: Qual a maior? Zé Artur: É o host me. É o maior porque é o que tem uma estrutura por trás, estou a trabalhar para alguém, é a continuação do meu estágio curricular. É uma coisa que eu gosto, foi criada por mim desde raíz, sou eu que escolho os conteúdos e não tenho limitação nenhuma. É um laboratório, tem um produtor — 18 —
muito grande por trás que é o Bruno Barbacena. O desafio foi feito por ele, pode nos abrir muitas portas e além disso tenho também a possibilidade de começar a trabalhar na revista, na Mais Superior, que está ligada também à rádio e é em termos curriculares muito porreiro. Para além disso estou agora com a S/ Interesse, que é uma estupidez que vai começar com a força toda, vamos andar aí à macacada com o pessoal, e tenho por aí uns planos para, se calhar, no princípio de janeiro ter novidades no que toca aos media musicais. E vamos ficar por aqui. (risos.) S/ Interesse: Ficando por aí, mas avançando dentro do rock outra vez, tu que tens muito mais contacto com a cena musical, nacional e local, achas que existe produção, achas que existe boas coisas a aparecer? Zé Artur: Existe! Sem dúvida alguma! Há muito boas coisas a aparecer até porque toda a gente tem a vida facilitada hoje em dia. Quanto mais não seja tu compras um instrumento barato, em 2ª ou 3ª mão, no Olx, e depois há um amigo com uma bateria, se não tem uma bateria tem
um batuque, ou tem uma guitarra e já não há aquela cena de “ó pá, vamos ter uma banda, mas não temos um bom vocalista”, que era o que falhava sempre. Actualmente as bandas de instrumental estão a entrar com a força toda, principalmente por causa do movimento stoner, o que permite que surjam focuzinhos que dantes eram habitados pela não presença de um vocalista. Hoje já é normal veres esse tipo de bandas a passar nas emissoras nacionais, sobretudo na Antena 3. Portanto acho que há muita produção, há é pouco aproveitamento. S/ Interesse: Acaba por ser regra em quase tudo. E dentro de lousada? Zé Artur: Dentro de lousada... Por incrível que pareça tem muita produção. Tem muitas bandas. Só que nós não lhes ligamos muito. S/ Interesse: Quais são os espaços deles, então? Zé Artur: É começarem agora a tocar nos barezinhos á volta da nossa “cidade”, Paredes, Paços de Ferreira... Vêm duas banda tocar a Vila Real que são de Lousada, vêm tocar ao club, são os SunMammuth e os Atrofio. Também composto por alguns elementos dos Maga tens os
tais Atrofio, que é uma banda de punk, o que é muito fixe. Chegas a Meinedo e tens mais duas bandas de punk, em qualquer freguesia do concelho tem bandas! E nós nem sabemos disso! S/ Interesse: E até movimentos musicais, a maioria das pessoas nem acredita que existem bandas desses géneros. Dizer que há duas bandas punk em Meinedo é uma coisa incrível!
“ O movimento de arte urbana que está a surgir no Porto.” Zé Artur: E não é tudo ainda! Tens duas bandas de stoner no centro da vila são tão boas que se vires os vídeos deles na net têm não sei quantas vizualizações. Já foram escolhidos para uma playlist de um especialista do género stoner internacional. Estás a brincar? É uma cena muito boa. Estou a falar dos SunMammuth e dos Maga, que tocam muitas vezes juntos. S/ Interesse: Agora, já que estamos — 19 —
sempre a referir isto, a questão da internet. As próprias bandas, como tu acabas de reconhecer, que são de Lousada têm muito mérito por aí. O teu trabalho também passa por aí. Estás sempre atento, a mandar grandes “bocas” com o Host Me. Zé Artur: Claro que isso é muito importante! Agora com o Facebook é isso mesmo. Tu podes ter muitos amigos, mas as tuas informações podem nunca aparecer nas notificações deles. Portanto tens que continuar a manter o interesse, tens que fazer com que muitas pessoas, de diferentes campos, façam gostos nas tuas publicações para que quando tiveres que promover uma cena, ou alguma coisa que realmente interessa, seja um evento, uma revista de um amigo, um concerto de um amigo tenhas a vantagem de já ter um largo espectro de seguidores. Um público mais ou menos fiel. Tu deves saber disso. Há muita gente assim no Facebook que consegue captar ali uma audiência à volta deles que permanentemente vai gostar das mesmas coisas, vai comentar, vai partilhar. E é por aí. S/ Interesse: Esta agora é uma pergunta com dupla personalida-
de, uma pergunta em duas partes. Quem é que para ti, neste momento, uma referência dentro de Lousada na cultura? E quem é que achas que é menos referência, já agora? Zé Artur: (risos.) A resposta mais estúpida que podia dar era o Moquinhas. (risos.) A única coisa de poesia que todos conhecem... Mas estou a bricar... Não é ninguém em especial. É uma companhia, a Jangada Teatro. É a nossa maior referência cultural, ponto final. É a mais reconhecida, é a que produz mais, produz realmente alguma coisa. E ainda vai pondo pessoal a fazer teatro amador. A pior referência que posso apontar... (risos.) Sei lá, não consigo apontar ninguém em especial. S/ Interesse: Falamos da música, e já que referiste o teatro da Jangada, que outras artes costumas acompanhar? Zé Artur: O movimento de arte urbana que está a surgir no Porto. Tive o prazer de conhecer, através da Idiot Mag, através do Frederico Campos, que estudou em Lousada e assina os seus trabalhos como Draw. Consegui entrar nesse mundo e entrevistar grande parte dos seus intervenientes, estamos a falar do
Hazul, da Macbeth, do Gomez, do Alma... Tantos... Só no Resistance foram dez artistas de arte urbana. É um movimento incrível. Já entrevistei o Daniel Padur que é um romeno que emigrou. Veio estudar para Bragança através do Erasmus, entretanto ficou por cá. Tem uma história fora do comum, andou um ano com a namorada portuguesa a fazer uma tour pela europa a sobreviver do seu trabalho. Estava no Porto contactou uma galeria em Madrid e sugeriu ir até lá, pintar um mural, e eles pagavam a viagem e a estadia. E assim, de madrid, foram até França e andaram assim a saltar pela Europa fora. Passado um ano voltaram ao Porto. Mesmo na música o hip-hop. Houve uma fase do nosso programa em que seguimos muito a linha do género. Através do Fuse, por causa do problema do filho, por causa do Ser Humano, que é um evento de solidariedade que reverte a favor do filho dele. Fomos fazer a cobertura desse evento este ano e entrevistei grandes nomes da cena nacional: o Maze, Sam the Kid, DEAU, o próprio Manel Cruz dos Ornatos Violeta que foi lá cantar com o Barraco 27. Foram momentos muito altos da cena do Host Me e fora de série. — 20 —
Depois há sempre pessoas que trabalham em muitos ramos e abrangem muita coisa, como é o caso do Manuel João Vieira. A mítica entrevista que fiz, dentro do Ford Capri amarelo dele a andar ás voltas por Vila Real. Estavamos a entrevistar um artista plástico, que é político, que é um grande humorista, que é um grande satírico e cantor. (risos.) De 2635 bandas diferentes! Respondi á pergunta? É que já nem me lembro... (risos.)
“Tens é que ser um bom comunicador e saber onde ir buscar as informações. “ S/ Interesse: Respondeste sim. A várias perguntas até! (risos.) Dentro do assunto musica, qual o melhor concerto que viste ao vivo? Zé Artur: Olha, adorei ver BB King! Mas não posso escolher só um. Adorei ver BB King pelo que passamos, eu e o meu padrinho de curso mais dois amigos, com uma guitarra, vinho e cerveja, geleira, sandes, batatas fritas e afins... Saí-
mos de manhã cedo a pensar que ia encher, tinha que ser. Passamos o dia inteiro num coreto, à sombra, porque ninguém estava lá. Ao fim da tarde tivemos o prazer de o ver, na carrinha, ao ir embora depois do sound check, nós a olhar para ele ainda sentados no coreto, em admiração. Depois fomos finalmente ver o concerto, o grande BB King com a Lucille, em Sabrosa. Foi das coisas mais loucas que me aconteceram! Cena incrível! E também tenho que falar de Bombino, em Paredes de Coura, é um gajo que não dá para perceber. É muito, muito bom. Desafio qualquer pessoa a ouvir. Ouve-se muito bem, é blues. Mas a espaços é puro rock & roll. Vi AC/DC em Alvalade. Claro, teve que ser. Muita vontade e alguma angústia por já não ser com o Bon Scott... Se fosse era a pessoa mais feliz do mundo! Mas assim também serviu bem. E também Dropkick Murphies. São estes os melhores concertos que vi até hoje... S/ Interesse: Qual foi o último bom filme que viste? Zé Artur: Pergunta tramada essa... S/ Interesse: É para te fazer pensar! (risos.) Zé Artur: Vou falar de um, que não
é propriamente uma estreia, mas que já vi centenas de vezes. O Hannibal. Na semana passada voltei a ver, deu-me. Vi a saga completa, aquilo é incrível. Tenho a memória da minha madrinha me levar a ver o Dragão Vermelho ao cinema mas na semana anterior tinha me posto a ver o Silêncio do Inocentes. A partir daí, esquece, fiquei fã. Hannibal Lecter é a melhor interpretação de sempre. Como é que ele consegue?! Aquele olhar... S/ Interesse: E assim em jeito de fim de conversa, qual é o bar que gostavas de ter de Lousada? Zé Artur: Era uma tasca! (risos.) Em Lousada faz falta uma tasca, bares tem que chegue. Uma coisa a sério, para homens com H grande, uma coisa sem esplanada nem nada disso. À beira da rua, com os carros a mandar água lá para dentro quando chove muito. O pessoal gosta e precisa disso. Quando vais para fora procuras a tasca, é lá que te sentes sempre bem, é mais barato. E na rua de Sto. António era perfeito. Perfeito. Teres uma coisa assim, tranquilo, só pessoal da nossa idade a trabalhar. A fazer as coisas á moda antiga, com coisas bem feitas. Um bom vinho sempre, tinto nunca fresco — 21 —
regra número um da casa. Chouriças, um broa... Regueifa da padaria às três da manhã. Quentinha. S/ Interesse: E um negócio teu? Qualquer que seja? Zé Artur: Tinha que ser ligado á comunicação! Ponto. Fazer de tudo. Tenho me esforçado acima de tudo para acumular o maior número de contactos possível. Com o programa de rádio, com a revista para onde escrevo, já fiz trabalhos na cena política, até mesmo com a Sem Interesse. Agora estou no mestrado de publicidade e relações públicas para isso. Abrir várias portas. Tens é que ser um bom comunicador e saber onde ir buscar as informações. É óbvio que quando chegar a alturar vou ter que me especializar em alguma coisa, mas sempre que precisar de informação de outros ramos vou saber como a adquirir. Quanto mais eu souber trabalhar em todas as vertentes melhor. Mas quando me decidir, uma coisa já sei, ligado à comunicação tem que ser! Não me vejo a fazer outra coisa. S/ Interesse: Obrigado e boa sorte no futuro. Zé Artur: De nada.
SEVERA – bacalhau, fado e família. Quando Felicidade Pinto ergueu numa antiga mata uma casa certamente não imaginaria o impacto que esta teria na identidade cultural de toda uma vila, muito menos esperaria que o seu legado mais tarde se reduzisse a um monte de memórias: desaproveitadas e esquecidas, perdidas no tempo e guardadas na saudade de quem por lá passou. Tal como um conto de fadas esta história começa com dois irmãos fadistas (Augusto e Adão José Alves Moreira), devoradores de petiscos que pernoitavam no andar de baixo da residência. A sua fama alastrou-se e impuseram uma corrente que marcou a década de 1930, pelo “Fado Castiço” se importou de Lis-
boa o nome Severa e assim nasce um recanto que albergou turistas, curiosos, feirantes, proletariado e personalidades distintas. Uma casa do povo que nasceu pela vontade do povo, só assim faria sentido que uma família fizesse do seu lar o lar de todos. Os petiscos que alimentavam a voz dos fadistas aguçaram a gula do povo que visitava a feira, juntaram-se os ares Lousadenses, prescritos na altura como excelentes para os pulmões e é assim que uma casa em obras se torna num café e mais tarde numa pensão. As paredes que abrigaram muitos estudantes da nossa geração escondem um passado turbulento, com bufos e cercos, prostitutas e fadistas, famílias e polícias, — 22 —
crianças e velhos, no fundo nenhum lousadense escapou a uma paragem obrigatória neste retiro que todos consideramos nosso. É importante esquecer a imagem negativa a que muitos destes nomes vos podem remeter, não se esqueçam que o amor burlesco, porco e sujo é bem mais real que o amor fantasiado que nos habituamos a viver. A Severa era assim mesmo, uma “tasca” de bom vinho e bons petiscos onde os Senhores daquele tempo se reuniam e com violas e guitarras se cantava o fado vadio, num convívio de amizade e cordialidade. Hoje, os mais velhos adormecem nas mesas, os mais novos esquecem-se da sua porta e uma família luta por trazer de novo
“ ...não imaginaria o impacto, muito menos esperaria que o seu legado mais tarde se reduzisse a um monte de memórias: desaproveitadas e esquecidas, perdidas no tempo e guardadas na saudade de quem por lá passou. “
a velha glória que nunca lhe deveria ter sido retirada. É altura de voltar à Severa, é altura de voltar a ser Lousadense de gema: sentar, pedir um pastel de bacalhau, uma taça de vinho e degustar um bom fado. Entristece-me que fora de casa e longe do centro qualquer tasco vire moda, mas que perto de nós, sem risco de operações STOP, um refugio se esqueça pela vergonha de quem falsamente vive num mundo de faz de conta onde a aparência reina e a tradição se esquece. Severa é Lousada, sempre o foi, cabe agora a ti que não deixes o nosso cantinho morrer.
— 23 —
Horário: 8h - 00h Preço médio: 5€ Especialidades: Bolinhos de Bacalhau e Bacalhau à Severa Curiosidades: Ambiente Familiar e o “Fado castiço”
Check - in, uma expressão que nos remete para novas experiências. Seja o ato de apanhar um voo para destinos exóticos e distantes, seja a dar entrada num hotel onde seguramente não teremos que fazer a cama e as toalhas de banho estarão sempre ao alcance da mão. É o primeiro processo do início de qualquer viagem ou experiência aprazível, mas não é deste Check-in que nós falamos, mas sim do café/bar existente na Avenida Lúcia Lousada. Estando na posse da atual gerência à 5 anos, presenteia-nos com uma casa ampla e com bastante espaço disponivel. Uma iluminação quente, algumas mesas baixas e outras de pé alto, tem ainda um sofá bastante confortável e é sem dúvida um local onde não haverá invisibilidade para as televisões, nem falta de estacionamento a poucos metros. Um espaço que oferece música ambiente, e onde, em dia de desporto rei podemos acompanhar com qualidade todos os momentos da partida. Para aqueles momentos mais mortos tem sempre disponível uma máquina de setas de Photoplay ou mesmo a consola para umas partidinhas de jogos de arcada. Com atendimento á mesa e um ambiente calmo, o Check-in é um ótimo espaço para o início de uma “viagem” seja ela de manhã, à tarde, ou à noite. Se ainda não conheces , não te vais arrepender.
— 24 —
Rua Lucia Lousada, nº291 Cristelos, Lousada Aberto das 9H ás 24H Preços: Café 0,60€ Fino 1€ Wiskey 3,50€ Gin 4€
Abstract | 33º Edição | Primavera/Verão 2014 Aconteceu entre o dia 23 e 26 de Outubro, a 33º edição do Portugal Fashion mais uma vez realizado na Alfândega do Porto. “Abstrart” foi o conceito escolhido para o evento, uma temática que celebra o abstracionismo artístico presente na moda em termos de cores, linhas e superfícies. Assim como na arte, a fuga do real leva à produção e criação de moda com uma vigorosa componente estética, provocando rupturas nos padrões estipulados pela sociedade. O evento contou com a apresentação de criações de moda nacionais ao nível da indústria de calçado, criações de autor, a apresentação de criadores emergentes, concursos para novos talentos como o Porto Fashion Show e também a exibição em passerelle de trabalhos de alunos de quatro escolas de moda portuguesas (Árvore, Modatex, ESAD e Escola de Moda do Porto). A organização lançou o “Brand Up”, um showroom onde os criadores podem mostrar e vender as coleções ao público e onde estiveram presentes cerca de 30 agentes de compras nacionais e internacionais. Esta iniciativa foi vista como positiva, pois permitiu encomendas por parte de compradores internacionais e múltiplos elogios à qualidade e criatividade na moda portuguesa. — 25 —
Os primeiros desfiles para a Primavera/Verão de 2014 começaram em Lisboa, na estação de metro Cais do Sodré com o já conhecido espaço “Bloom” com Andreia Lexim, Gonçalo Páscoa, O Simone e João Melo Costa, designers emergentes que trouxeram novidade através de uma estética contemporânea. Impulsionado por Miguel Flor, a plataforma é dedicada aos novos designers e aos promissores talentos nacionais, sendo uma forma de descobrir, promover e apoiar os novos nomes que surgem no mundo profissional. Na edição em que comemora três anos de existência, o espaço “Bloom” começa a exportar talentos como Susana Bettencourt, Hugo Costa, Diana Matias e Estilita Mendonça para a passerelle principal do Portugal Fashion, mantendo-se fieis à incrível criatividade, mas com outra maturidade. Alves/Gonçalves, Storytailores, Anabela Baldaque, Fátima Lopes, Luís Buchinho, Ricardo Preto, Miguel Vieira e Katty Xiomara foram alguns dos criadores portugueses que entre os dias 23 e 26 revelaram as suas
tendências para a próxima estação. A edição fica também marcada pela presença e participação de três designers moçambicanos – Alexandre Tique, Taússe Daniel e Telma Orlando – uma ação e iniciativa estimulante resultante de um intercâmbio entre Moçambique Fashion Week e o Portugal Fashion. Cláudia Garrido, Luís Onofre, Dielmar e Filipe Oliveira Baptista tiveram a responsabilidade de percorrer a passerelle no último dia da edição, composta no total por 26 desfiles individuais, 11 coletivos, num total de 37 criadores e 15 marcas. Eventos como o Portugal Fashion com desfiles de diferentes estéticas, públicos distintos para mercados diversificados e com a capacidade para abranger diferentes conceitos de moda desde o ready-to-wear até à haute couture, começam a ganhar um carácter mais profissional, importando-se cada vez mais em dar visibilidade à criatividade nacional e em fomentar a indústria.
— 26 —
Viajar é preciso! Dentro ou fora do país, em modo low-cost ou mais desafogado. O importante é empreender a viagem e descobrir novas realidades e locais. Fiquem a conhecer um pouco melhor o Brasil, com os cumprimentos de Diana Isabel Guimarães. Jovem de Lousada que trocou Portugal pela terras de Vera Cruz em busca de melhores oportunidades. “Eu estou em Natal, Estado do Rio Grande do Norte (RN), e conheci o Brasil, mais precisamente Goiânia, pela experiência de intercambio que a universidade, onde estudei me proporcionou.” “Depois de terminado o curso e devido a dificuldade em encontrar emprego em Portugal decidi aceitar uma proposta que tinha para Goiânia, como jurista no Hotel Biss Inn. Mais tarde o dono desse hotel convidou-me para vir gerenciar o Hotel Vila do Mar aqui em Natal e por isso aqui estou eu, nesta
aventura diária.” Para visitar o Brasil, independentemente de que estado ou cidade seja, é obrigatório possuir passaporte atualizado com validade de 6 meses no mínimo. Se o objetivo é conhecer, não precisa de visto, pois tem permissão de estadia no país de até 6 meses (3 mais 3 renováveis) como turista. Sendo que é de extrema importância relembrar que como turista não pode exercer qualquer tipo de função remuneratória. E é sempre necessária a vacina da febre-amarela. Aconselha-se ainda assim que consultem o consulado brasileiro estabelecido no Porto ou em Lisboa para esclarecimento de qualquer dúvida mais em concreto.
“O Brasil, ao contrário do que se pensa não é um pais barato, muito pelo contrário.” — 27 —
Tem um custo elevado de vida a considerar os salários oferecidos. Começando por considerar o custo da viagem que ronda os mil a mil e quinhentos euros sem estadia (apenas ida e volta). Existem locais mais caros que outros, assim como o caso de Natal, Rio de Janeiro e Brasília que é a capital. A nível de estadias, obviamente os pontos turísticos têm valores mais elevados. Uma renda mensal pode custar uns 2 mil reais (mais ou menos 700 euros) e uma noite num hotel rondará os 150 reais (50 euros). Claro, tudo isto dependendo da época e da qualidade do serviço. “Em relação a visitas, o Brasil é enorme e claro que eu conheço muito pouco dele, mas creio que um local que todos que passam pelo Brasil devem visitar é o Rio de Janeiro. Não encontrarão só o cenário perfeito, dos sonhos das telenovelas, mas sim também a pobreza e a realidade das favelas. Dois mundos que se conjugam
em uma só cidade que fazem dela apaixonante. Em Natal, onde estou a viver, tudo é lindo. Nordeste brasileiro, capital potiguar, onde o sol e o calor reinam todo o ano. Praias únicas, águas quentes, dunas, passeios de buggy, restaurantes e bares tipicamente Nordestinos que apaixonam qualquer pessoa que tenha oportunidade de os conhecer. Impossível traduzir em palavras a qualidade de vida que esta cidade nos oferece. Pessoas recetivas com alegria contagiante em receber turistas. Para mim sem dúvida o melhor local para se viver no Brasil, onde não sentes de medo de saíres para te divertir, onde encontras paz para descansar e onde te oferecem as melhores condições para usufruíres de momentos únicos e inesquecíveis. Como já referido antes, existem vários espaços de lazer, bares, discotecas, teatros, salões de eventos onde poderás assistir diariamente a espetáculos muito interessantes. Em qualquer destino turístico Brasileiro encontrarás pontos de diversão, de cultura, de atividades que te ajudarão a conhecer melhor a cultura Brasileira e a alegria contagiante deste povo.” Existem realmente grandes diferenças culturais entre Brasil e Portugal. O Brasil ainda é pobre a nível edu-
cacional, embora esteja a contrariar essa tendência. É um povo festivo, alegre, que pensa essencialmente no dia-a-dia, sem grande preocupação com o futuro. Vive de churrascos, cerveja e forró. O Sol e o Calor que se fazem sentir todo ano contribuem bastante para este estado de espírito do povo Brasileiro. O mais importante a ressalvar são as diferenças sociais que ainda se encontram em todos os Estados Brasileiros, sendo que não existe uma classe média, lá encontra-se pobreza extrema e uma riqueza absurda. “Outra das diferenças, que a mim me chocou imenso inicialmente, foi a cultura implementada pelo governo deste país em fazer com que as pessoas façam créditos irrisórios, tais como no supermercado quando vão comprar o leite e o pão para o café da manha elas pagam a crédito, mesmo tendo dinheiro. O governo apoia os cartões de crédito, os créditos bancários e os pagamentos em parcelamentos, o que acaba endividando as famílias brasileiras que não têm controlo sobre os salários que recebem.”
coisas boas e bonitas dos sítios visitados.” Viver no Brasil obriga-te a adaptares-te a cultura deles, aos costumes deles. Obriga-te a conviveres com pessoas bem diferentes de ti, com visões da vida diferentes, com objetivos de vida diferentes. Não é fácil estar longe de tudo o que um dia foi o nosso mundo, a nossa vida, a nossa família, os nossos amigos e teres que viver uma vida adaptada ao país onde moras. Mas acredita que não seja só difícil no Brasil, mas sim em qualquer parte do mundo que não seja a nossa “casa”. “Aconselho vivamente a visita. Será com toda a certeza do mundo uma experiência única e inesquecível. Venham sem receio, tragam apenas a vontade de se divertirem e a expectativa de conhecerem um pais que é nosso irmão e que nos recebe, a nós portugueses, com grande carinho. Com certeza o sentimento de querer voltar ficará plantado nos vossos corações…”
“O Brasil tem o carinho, “Viver no Brasil é bem diferente de vir de férias o calor e a alegria de um Português na alma.” e conhecer apenas as — 28 —
INFINITY INK Ali, membro do duo Infinity Ink, ficou rapidamente conhecido como um dos mais frutíferos produtores underground da musica house do ultimo ano, e é também o mais recente membro do mega grupo “Hot Natured”, constituído por Jamie Jones, Lee Foss e Luca C. Neste último mês apresentou “Another”, um single de groove bastante nostálgico, associado a um drum kit que relembra o bom tempo do TR909! Não ficamos indiferentes à sua
linha melódica, voz calma e suave que no conjunto funcionam como catalisador para o "bater do pezinho". O mais recente trabalho de Ali provoca inesperadamente aquela vontade de levantar e começar a dançar assim que a primeira linha de baixo começa a soar. Vale a pena ouvir este single de grande qualidade, subtileza e equilíbrio entre os elementos. Algo a ter á mão para se poder ouvir!
LA ROUX La roux sobe ao palco, de Top e calças negras a contrastarem com o blazer vermelho, o cenário escuro invade-se de contrastes. A artista passeia-se dando largas à sua voz tão característica. A segunda fase completa-se, o negro deu lugar ao contraste e agora o vazio enche-se com a sua voz. E se o cabelo de Elly Jackson faz lembrar o de Bowie a sua música fica a poucos centímetros. Volta e meia sente-se uma energia similar, e por momentos até se pareceu ouvir os acordes de “Let’s dance”. Tudo isto leva á conclusão
que já todos sabiam: David Bowie marcou a sua geração e continua a colher créditos nas que se lhe seguiram. La Roux, longe de ser uma cópia, partilha da mesma aura, na estética e na sonoridade. O concerto acaba com o seu maior single até ao momento, “Going in for the kill”, carregado de todas as suas distorções e os mais amplos alcances da voz de Jackson. Mas sabe a pouco. Pecou por ser curto, fruto da festa em si, que se sobrepõe ao concerto e estimula o álcool, não a cultura.
OMARA“BOMBINO” MOCTAR Partam à descoberta de um novo rock, um blues das dunas que nasceu numa tribo (Ifoghas) Tuareg e que da Nigéria trouxe para o mundo uma estrela! É neste cenário quase bíblico que encontramos Bombino, guerreiro do som e habitante das dunas. Não posso descrever a experiência musical que este álbum nos proporciona, “Nomad” é vosso e da vossa intimidade, bem como ouvi-lo é da vossa responsabilidade. Para quem se perde na discografia — 29 —
de Hendrix a musica deste Nigeriano é uma autêntica onda de frescura, caso para dizer que se torna um orgulho tremendo ser-se contemporâneo de um artista assim. Bombino tem surpreendido um ocidente fechado, choca a nossa perceção musical ao comprovar que a língua não é uma barreira e que as sonoridades mais antigas podem, e devem, ser sempre reinventadas. Ifoghas, obrigado.
ESTREIAS “THE COUNSELOR” (“O CONSELHEIRO”) “THE HUNGER GAMES: CACTHING FIRE” (“ JOGOS DA FOME: EM CHAMAS”)
Género: Crime/Drama/Thriller Realizador: Ridley Scott
De regresso ao grande ecrã, Ridley Scott traz-nos uma história um pouco banal mas que deixa alguma curiosidade devido ao seu realizador e escritor: Cormac McCarthy (“No Country for Old Men”). A narrativa centra-se num advogado (Michael Fassbender) que se envolve no mundo do tráfico de drogas e vê-se obrigado a lidar com as consequências dos crimes que comete. A escolha do elenco também não foi feita levianamente, é caso para dizer que foram mesmo escolhidos a dedo, para além de Fassbender, podemos contar com Brad Pitt, Penélope Cruz, Cameron Diaz e Javier Bardem. Será que Scott volta a fazer história no cinema? Só saberemos a 21 de Novembro, data de estreia nos cinemas portugueses.
Género: Acção/Aventura/Sci-Fi Realizador: Francis Lawrewnce “Cada revolução começa com uma faísca”… Este é o segundo filme da trilogia de ficção científica “The Hunger Games”, baseada nos livros de Suzanne Collins. O primeiro filme conquistou milhões de pessoas e assegurou a Jennifer Lawrence o seu lugar de destaque em Hollywood, com a sua prestação como a destemida Katniss Everdeen. Que destino está traçado para o segundo, é a grande dúvida que paira no ar. Após a sua vitória na 74º edição dos Jogos da Fome (um programa televisivo onde dois adolescentes, escolhidos aleatoriamente, de cada um dos Doze Distritos de Panem, luta até à morte) Katniss Everdeen e Peeta Mellark tornam-se os alvos do Capitólio (força política que lida e controla toda a nação numa época pós-apocalíptica), por terem quebrado as regras durante o Jogo. Não fosse esta uma saga de luta, esperança e liberdade, tamanha perseguição aos dois heróis só poderia gerar um espírito de revolta nos habitantes dos Distritos de Panem. O sucesso do primeiro filme criou uma vasta legião de fãs que faz deste um dos mais esperados filmes do ano. Resta-nos aguardar até 28 de Novembro para ver se o filme estará à altura das expectativas.
— 30 —
CRÍTICA Clássicos que não se perdem no tempo:
“A CLOCKWORK ORANGE” (“LARANJA MECÂNICA”) de 1971
“TAXI DRIVER” de 1976 Género: Crime/Drama Realizado por: Martin Scorcese
Género: Crime/Drama/ Sci-fi Realizado por: Stanley Kubrick Stanley Kubrick é um mestre da sétima arte. Com uma obra tão vasta e tão distinta são inúmeros os clássicos que este exímio cineasta ofereceu ao mundo cinematográfico. Laranja Mecânica é um clássico do cinema mundial, inspirado no romance escrito em 1962 por Anthony Burges e nele encontramos temas recorrentes como a guerra (tema que está presente em mais de metade dos seus filmes), violência social, solidão, obsessão, a questão do livre arbítrio e a desumanização dos indivíduos. Alex DeLarge interpretado por Malcolm McDowell é o protagonista e é o anti-herói com mais classe de sempre, porque é sádico contudo, apresenta um requinte incontornável que nos leva, no nosso íntimo, a sentir empatia por ele. Laranja Mecânica desenrola-se em Inglaterra num tempo indefinido e relata a vida de Alexander DeLarge. Alex é um jovem amante de música clássica, especialmente de Beethoven; e de violência. É também líder de um gang que rouba casas e cujo, cria inimizades com outros semelhantes, cometem ainda estupros e agridem mendigos. Durante um assalto, Alex é preso e sentenciado a 14 anos de prisão, porém é libertado com a condição de se submeter a uma terapia experimental desenvolvida pelo governo para recuperar criminosos. Esse tratamento torna-o incapaz de qualquer ato de violência, mesmo que seja em legítima defesa. Este filme causou grande polêmica na época devido à forte carga de violência presente. Para os cinéfilos e admiradores do cineasta Stanley Kubrick é um filme que precisa de ser visto, por se tratar de uma das suas melhores obras. Laranja Mecânica é um filme ao mesmo tempo intrigante e divertido, com uma atuação e fotografia impecável. Impossível de passar despercebido e de facto não passou, tendo recebido quatro indicações ao Óscar, três para o Globo de Ouro e 7 para o BAFTA.
Surge numa América pós-Vietname em que se dá o final da carreira dos realizadores da idade de ouro de Hollywood (Billy Wilder, John Ford, Alfred Hitchcock, entre outros). Emerge então uma nova geração de realizadores (Francis Ford Coppola, Roman Polanski, entre muitos). Martin Scorsese juntamente com os anteriores referidos ajuda numa nova geração de cinema que começa a destacar-se com obras focadas em temáticas cruas (a violência, a pobreza, a criminalidade) aplicando ao cinema uma dose de realismo que anteriormente não lhe era permitido. Taxi Driver é um dos mais representativos e aclamados exemplos dessa nova forma de expressão cinematográfica que o cinema americano queria adaptar. Travis Bickle é um homem de 26 anos interpretado por Robert De Niro. Travis é um veterano da guerra do Vietname, é um solitário no meio da grande metrópole, que vagueia pela noite dentro. Assim, começa a trabalhar como taxista noturno e nele vai crescendo um sentimento de revolta pela miséria, o vício, a violência e a prostituição que sempre o rodearam. Após sucessivas frustrações, que incluem um encontro falhado e uma tentativa de libertar uma prostituta de 14 anos, interpretada por Jodie Foster. O mesmo decide comprar armas e parte numa cruzada violenta devido à revolta e impotência que sente. A exímia direção de Martin Scorcese permitiu organizar e tirar maior partido de um argumento inspirado, uma banda-sonora perfeita, uma belíssima fotografia e um actor gigante, e transformá-las numa obra memorável de culto que permitiu ganhar Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1976, este não é apenas um dos pontos mais altos da sua carreira, mas da própria história do cinema americano.
— 31 —
Sem . e d a políti ca, vergonha ou verd
— 32 —
Par de Jarras e 140 Funcionários Muda o presidente, muda a decoração. Pedro Machado redecora a casa e despede 140 funcionários camarários que estão a ser todos substituídos por desempregados do centro de emprego local. No entanto, para tranquilizar a população anunciou que, “As jarras foram sujeitas a um tratamento à base de químicos para ficarem com melhor aspeto”, ao que a S/Interesse apurou as ditas deveram voltar ao edifício camarário ainda este mês. Pelo Vale do Sousa, o Centro de Emprego de Penafiel registou um aumento de 300% de desempregados num só dia e os Gémeos Ferreira cortaram o bigode.
Ascendi começa a distribuir algum. A operadora anunciou esta semana na sua página do Facebook que iria começar a dar dinheiro aos seus utentes. Ao que parece o coletivo de CEO’s que mamam, desculpem, gerem os destinos da empresa, tiveram uma temporada num retiro espiritual indígena que lhes permitiu “Abrir os olhos e a mente. Foi uma experiencia única, hoje somos mais humanos e pretendemos lutar por sarar as feridas no coração, temos de pagar pelos mal que fizemos a outros seres…” declarou, com um olhar estranho, um dos seus elementos à revista S/Interesse.
LADEC aposta na cultura. Foi aprovado em plenário o novo plano de atividades e a julgar pelas medidas, os tempos são de mudança. Exposições, concertos, moda, workshops, estações de co-working, apoio a artistas locais e até mesmo a renovação da imagem das Grandiosas. Entre as medidas mais controversas, encontramos objetivos tão ambiciosos como o uso de inquéritos para realmente ouvir a opinião dos jovens e a abolição do corrente sistema monárquico, sendo este substituído por uma democracia “semi-liberal”. — 33 —
Aldónio Leonel - O nosso correspondente nasceu de uma linda união amorosa entre dois cidadãos completa-
mente anónimos. Todos os meses vai viajar pelos caminhos mais obscuros dos psicotrópicos, com jornadas de reflexão profundamente superficiais, mantendo sempre um rigor quase científico, longe da verdade e perto da realidade. Sem sentido algum e com o conteúdo parcialmente adulterado, é assim que vos apresentamos uma das rubricas mais bizarras, mas necessária da nossa publicação.
Lousada Records - Calos nos dedos, nas mãos, alguns músculos doridos, cordas vocais desgastadas. São alguns
“contras” de quem se impõe na música. Vamos fazer uma viagem intemporal por diversas bandas que já passaram ou passam por Lousada. Dedicado a todos que puseram, de uma maneira ou de outra, o nome “Lousada” no mapa musical. Uma forma de agradecimento pelo esforço e empenho mesmo sabendo que fazem por “amor à camisola”
Tiros e Bombinhas - A todos os aficionados do estouro, desde tiros a bombas, esta é a nossa arma, o cartucho está carregado de cultura. Dá o tiro de partida.
A rolar com… - Daremos a conhecer casos reais que deram o que tinham, e por vezes o que não tinham, a favor de uma de uma paixão rolante. “sangue, suor e lágrimas” poderia ser o lema.
Artigo principal - Forma de escape dos “monkeys”, aliviar, exprimir, criticar, mas acima de tudo, forma de deba-
te. Opinar? Sim… Mas com argumento. Daremos a nossa opinião sobre diversos assuntos, sempre imparcial e real. Sem tratamento “photoshop” pintaremos o quadro como o vemos.
Artista Local - Porque Lousada sempre tem quem se imponha nas mais variadas artes, criámos este espaço para expôr, o que por vezes nos passa ao lado, passando por artistas plásticos, escritores, músicos esta será o Louvre de todas e mais variadas artes e artistas Lousadenses.
100 personalidades - Todos os meses te daremos uma personalidade a conhecer, pessoas que levaram um pro-
jecto pessoal em diante, quer seja desenvolvido ou em desenvolvimento, daremos o nosso apoio. Artigo com placa “reservado” apenas para os lutadores mais inovadores.
Saudades da tasca - “Uma tasca é, de uma forma geral, um lugar de negócios ou um bar onde pessoas vão para
beber bebidas alcoólicas e onde também pode ser servido algum tipo de alimentação. A palavra deriva, pelo latim taberna, do grego ταβέρνα, que significa “abrigo” ou “oficina”. De forma mais abrangente (para nós) tasca é apenas um local onde a palavra “família” se enquadra na perfeição no sentido literal da palavra, onde podemos conviver, beber, comer sem sermos constantemente bombardeados com publicidade rasca, de sub-marcas que não interes— 34 —
sam a ninguém, sem sermos massacrados por música que, quer se queira ou não, fica no ouvido. Damos a definição “tasca”, apenas aos melhores locais de venda ao público, tirando o sentido insultuoso da palavra e acrescentando uma pitada de bom gosto.
bebe___com___- Se estás farto de ver sempre as mesmas paredes e desesperas por mudar de ares não podes perder pitada das nossas sugestões. Renovamos o filtro e partimos à descoberta dos melhores bares, esses antros que nos desviam da norma e nos empurram para caminhos de amizade e partilha.
Moda – Se o sexo dos anjos fosse encontrado, a moda manter-se-ia como um dos temas mais debatidos do mundo. Diferentes estilos, avaliar tendências, experimentar novas abordagens, quebrar o preconceito e valorizar uma das características mais fundamentais do registo histórico das civilizações.
Pontapé na cerca - Assunto sério, onde definições não são necessárias. Conhecemos muito bem as dificuldades que vivemos dentro da “cerca”, vamos agora conhecer as dificuldades de quem deu um pontapé e emigrou por um motivo ou outro. Prós e contras narrados na 1ªpessoa.
hammer-on- Desde “hammer-on`s”, “pull-off`s” e “slides”, claves ou até mesmo à simples batida de uma caneta
na mesa, este é o artigo feito para quem respira a aclamada 4ª arte. Análises, críticas, sugestões, sem “dó” nem “si” estas são as notas de nossa pauta.
Crítica Democratica Cristã - Deixemos de parte as filosofias, não somos idealistas, deitamos por terra as ideias
utópicas e todos os heróis em decadência, falamos e damos a conhecer a nossa opinião sincera, sem eufemismos nem metáforas, sem cor partidária nem estilo musical. Este será o nosso “cantinho”.
// ARTUR COELHO // CARLA SANTOS // JOÃO GONÇALVES (PAC) // PEDRO GOMES (PEKAS) // FÁBIO SEQUEIRA (YURI)
Parceiros: // João Ferreira (Fotogramas) // Joana Almeida (Fotogramas) // David Pinto (Portugal Fashion)
Edição nº 1 - Revista Digital © Copyright s/interesse — 35 —
— 36 —