Semmais 01 dezembro 2017

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Tourism, Food, Wine, Handicraft and Art

ATRITO Aguarelas de André Carrilho de 24 de novembro a 31 de dezembro

semmais Avenida Luísa Todi, 73, Setúbal 966 723 978 amarsetubal.pt

Inauguração dia 24 de novembro 17 horas

Sábado 01 | Dezembro | 2017 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 973 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso

LÍDER SOCIALISTA NO DISTRITO E A CONQUISTA DE MAIS CÂMARAS E FREGUESIAS

«Respira-se hoje no distrito um poder local mais democrático»

António Mendes não tem dúvidas de que a conquista pelo PS das câmaras de Almada, Barreiro e Alcochete e de mais 17 juntas de freguesia foi uma lufada de ar fresco na política autárquica da região e por isso afirma que o distrito «respira um poder local mais democrático».

POLÍTICA PÁGINA 10

SOCIEDADE PÁGINA 3

SOCIEDADE PÁGINA 6

NEGÓCIOS PÁGINA 12

O cultivo experimental desta espécie remonta aos anos 80 do último século, mas só agora o interesse comercial por este tipo de camarão está a ganhar alguma relevância, nomeadamente pelas quantidades capturadas.

É a primeira aventura de António Aleixo numa longa metragem. Os apoios não abonam, mas não o fez baixar os braços. “Nem sempre nunca é tarde demais” tem um elenco de luxo e uma forma de financiamento “fora da caixa.

Nem à segunda reunião houve consenso no seio dos trabalhadores da unidade de Palmela a propósito das condições para a laboração contínua do T-Roc. Paira no ar mais uma greve. Mas pode haver nova ronda de discussão.

CAMARÃO JAPONÊS DO ESTUÁRIO DO TEJO GANHOU INTERESSE COMERCIAL

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JOVEM CINEASTA DE SETÚBAL LANÇA PRIMEIRA LONGA METRAGEM

TRABALHADORES DA AUTOEUROPA INTRANSIGENTES EM ACEITAR ACORDO

A CASA DO PEIXE CERVEJARIA - RESTAURANTE - PETISQUEIRA

960331167 | RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 SETÚBAL PORTUGAL


A SEMANA

Autarcas e população do Seixal e de Sesimbra exigem construção do Hospital

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omissões de utentes de saúde, autarcas e população dos concelhos do Seixal e Sesimbra estiveram no dia 27, dia em que decorreu a votação final do Orçamento do Estado para 2018, concentrados junto à residência oficial do primeiro-ministro, com o objetivo de mais uma vez relembrar a necessidade urgente de construção de um hospital no concelho do Seixal, bem como as consequências dos sucessivos adiamentos da sua construção. José Lourenço, em representação da Comissão de Utentes de Saúde do Seixal, em conjunto com o edil Joaquim Santos e a vice-presidente da Câmara de Sesimbra, Felícia Costa, entregaram no local uma carta dirigida ao primeiro-ministro onde se explica toda a situação e onde se referem as más condições de saúde que existem nestes concelhos. Joaquim Santos referiu que «este processo arrasta-se há 18

anos e não se trata de um capricho da população mas sim de uma necessidade real, já comprovada por diversos estudos». O autarca acrescentou ainda que «não se entende esta descoordenação do Governo, que não sabe sequer em que departamento se encontra o processo do hospital, pelo que viemos pedir ao primeiro-ministro que aja e que resolva a situação. Viemos solicitar que este crie um grupo de trabalho, e que se inclua as câmaras do Seixal, Almada e Sesimbra para que em conjunto possamos ajudar a resolver o problema. Viemos solicitar também que o compromisso assumido seja respeitado, e que o hospital seja contemplado, como previsto, no Orçamento do Estado para 2018, pois a população não pode esperar mais anos por este equipamento». Da mesma situação se lamentou Felícia Costa que lembrou «os cerca de 500 mil utentes que apenas têm como resposta o

Hospital Garcia de Orta, que já não consegue dar resposta às necessidades das populações». A autarca lembrou ainda que «Sesimbra fica distante do Garcia de Orta, o que vem dificultar ainda mais o acesso dos munícipes aos cuidados de saúde». José Lourenço lembrou que «neste momento a tolerância da população relativamente a este assunto é zero, pois está cansada de promessas que não vê cumprir. Em causa está a saúde da população e a dificuldade de acesso aos cuidados médicos», referiu. Importa referir que esta é uma reivindicação antiga da população, que viu ser assinado em 2009 um Acordo Estratégico entre a Câmara do Seixal e o Ministério da Saúde, que previa a conclusão do equipamento para 2012 e que tem vindo a ver os sucessivos adiamentos do mesmo e consequentemente os cuidados de saúde cada vez mais diminuídos.

Recorde-se que existe apenas um hospital, o Garcia de Orta, que não tem capacidade para dar resposta aos cerca de 500 mil utentes que aí se dirigem, situação que se reflete nos elevados tempos de espera no serviço de urgência, nas consultas externas, nas cirurgias, assim como na falta de camas de internamento.Faltam também no Seixal centros de saúde, médicos

de família e serviços de atendimento permanente. A necessidade da existência de mais um hospital foi identificada em todos os estudos técnicos elaborados, como sendo de extrema urgência, pois em causa está em a saúde dos munícipes do Seixal, e também dos concelhos limítrofes que também iriam usufruir deste equipamento.

Igreja de Jesus abre ao público com protocolo entre Câmara e Diocese

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Câmara e a Diocese de Setúbal celebraram na sexta-feira um protocolo que regula o funcionamento da Igreja do Convento de Jesus, com o objetivo de permitir a plena fruição daquele monumento nacional. Este acordo define as normas de funcionamento do espaço, atualmente sob gestão da autarquia na sequência de protocolo, celebrado a 15 de fevereiro de 2012, de cedência temporária feita pelo Estado ao município do Convento de Jesus, incluindo a igreja. A Câmara considera importante a cooperação com a Diocese de Setúbal no sentido de criar as melhores condições para o

funcionamento da igreja e proporcionar a todos o pleno usufruto do espaço classificado a 10 de junho de 1910 como monumento nacional. «É uma igreja com uma carga simbólica muito grande e que deve ser gerida pela Igreja como um local de culto, mas também deve ter eventos culturais pontualmente. O protocolo vem regular esta relação, que não estava muito clara no papel. Assim, fica tudo definido para que no futuro não haja dúvidas», sublinhou a edil Dores Meira. Para o bispo de Setúbal, D. Ornelas de Carvalho, o ambiente em que decorreu o processo que culminou com a assinatura do protocolo demonstra que esta é

«a colaboração que se pretende» para colocar ao serviço da cidade uma herança importante da sua história. «Nós gostamos que esta igreja seja património nacional, porque é de uma beleza incrível e única, mas também deve permanecer fiel às suas origens e à sua função religiosa», referiu o prelado. Assim, a celebração do protocolo entre autarquia e diocese é fundamental para «regular a gestão do espaço e proporcionar uma verdadeira vida à Igreja de Jesus, para que seja um local de encontro e de colaboração de diversas partes da sociedade, mas que convergem para objetivos comuns».

4 detidos em Setúbal por roubos violentos

Município moitense saúda investimento da Riberalves

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Comando Territorial de Setúbal da GNR, através do Núcleo de Investigação Criminal de Setúbal, deteve, no dia 27 de novembro, um menor e três homens com idades compreendidas entre os 17 e os 23 anos, por vários roubos. A ação foi o culminar de dez meses de investigação por roubos, na localidade da Quinta do Conde, em que os detidos atuavam em grupo e abordavam com violência as pessoas na via pública, recorrendo a armas e à força física, subtrain-

do-lhe os seus bens. No âmbito da investigação foram efetuadas quatro buscas domiciliárias, nas localidades de Amora, Fernão Ferro e Paio Pires, tendo sido apreendido uma arma de ar comprimido; uma faca; oito telemóveis; três computadores portáteis; três cartões de memória; duas colunas áudio e um disco rígido. Esta ação contou com o apoio de militares do Destacamento de Intervenção de Setúbal e da Unidade de Intervenção e ainda com a colaboração da PSP.

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Os detidos, com antecedentes criminais por roubo, tráfico de droga e furto, foram presentes no Tribunal de Setúbal, no dia 28 de novembro, para primeiro interrogatório judicial.

Câmara a Moita congratula-se com o anúncio da empresa Riberalves que vai investir 4 milhões de euros nas instalações sediadas na freguesia do Gaio Rosário. O anúncio, feito no final da semana passada, surge na sequência de vários contactos realizados pela autarquia com empresas na procura de novos investimentos para o concelho e na consolidação dos existentes, em linha com a atuação definida ao nível do desenvolvimento económico, em especial na criação de mais postos de trabalho, e de melhores condições para quem vive e trabalha no concelho.

O investimento da Riberalves, que deve ser concretizado no próximo ano, permite o alargamento das atuais instalações, representando um aumento de 20 por cento da capacidade produtiva e de armazenamento, daquela que é empresa líder no mercado nacional de bacalhau. O edil Rui Garcia considera tratar-se de «um investimento de grande significado, quer pelo prestígio da empresa, mas também pela confiança que a Riberalves revela nas potencialidades do concelho, quer pelo número de postos de trabalho que este investimento irá concretizar».


SOCIEDADE

ESTUDOS EXPERIMENTAIS OCORRERAM A PARTIR DA DÉCADA DE 80 DO SÉCULO PASSADO

Já há interesse dos pescadores no camarão japonês do Tejo Só recentemente começou a aparecer nas redes dos pescadores que operam no estuário do Tejo, mas já despertou interesse comercial para o setor. O cultivo experimental da espécie remonta aos anos 80 do século passado, mas só agora começam a surgir as evidências científicas. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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camarão japonês que recentemente começou a aparecer nas redes dos pescadores no estuário do Tejo, afinal, já tem interesse comercial entre a pesca artesanal, segundo foi confirmado ao Semmais por uma fonte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), depois deste mesmo organismo ter revelado a existência da nova espécie nas águas da região. A mesma fonte revela que já desde 2000 que previa o estabelecimento do camarão japonês (Mar-

supenaeus (Penaeus) japonicus) no estuário do Tejo por ter sido objeto de cultivo experimental nessa área na década de 80 do século passado, mas só agora está em condições de confirmar a ocorrência e estabelecimento do camarão japonês nesta zona do rio, adiantando ainda o IPMA estar a preparar um artigo científico para assinalar este registo. Os pescadores artesanais mostram o seu entusiasmo com a descoberta, segundo Paulo Vidinha, assumindo que «cada vez que há uma espécie que desperta interesse comercial é natural que isso representa mais alternativas para quem vive da pesca»,

justifica este armador, que ainda aguarda «mais informação sobre a espécie, tendo, para já, conhecimento que se trata de um camarão que é objeto de pesca no Oceano Índico e Pacífico, em países como o Japão, onde também é produzido em aquacultura.«Estes dados mostram-nos o interesse comercial que está à volta deste camarão», insiste. ESPECIALISTA RECUSA ARRISCAR IMPACTOS Já a bióloga marinha Paula Chainho não arrisca a avançar qual será o impacto da introdução deste marisco no estuário do Tejo, alegando que «nenhum investigador sabe

COOPERAÇÃO PARA MITIGAR ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Sesimbra acolhe Encontro Nacional das Agências de Energia e Ambiente

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specialistas, nacionais e internacionais, representantes de institutos públicos e investigadores debatem, dia 6 de dezembro, no Cineteatro Municipal João Mota, em Sesimbra, o papel das Agências de Energia e Ambiente na promoção da participação ativa dos diversos agentes da comunidade enquanto catalisadores do desenvolvimento no sentido de contribuir para a sustentabilidade das regiões. O Encontro Nacional das Agências de Energia e Ambiente foca a “Cooperação Territorial: As Agências de Energia e Ambiente enquanto promotoras de projetos junto das comunidades locais”, e resulta de uma parceria entre a Associação das Agências de Energia e Am-

dizer à partida se a introdução de uma espécie não indígena é boa ou má notícia». Acrescenta que «enquanto algumas espécies introduzidas nunca estabelecem uma população que represente ameaça para as questões ambientais ou mesmo do ponto

alterações climáticas, a participação das Agências de Energia e Ambiente em Projetos de Cooperação Territorial e os Programas Comunitários que incentivam a cooperação entre as comunidades locais.

que se esta espécie for bem-sucedida no Tejo até poderá vir a conflituar com os valores naturais do rio, mas também deverá ter um «impacto positivo do ponto de vista económico, como aconteceu com a amêijoa japónica», exemplifica.

APROVADO APENAS COM OS VOTOS DA MAIORIA SOCIALISTA

Câmara de Montijo vai ter orçamento de 26,5 Milhões de euros

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biente – Rede Nacional (RNAE) e a Agência de Energia e Ambiente da Arrábida (ENA). Em apreciação vão estar temas como a cooperação local e global na mitigação e adaptação às

de vista da relação económica, há outras em que isso já acontece»?, diz. Aliás, a investigadora ressalva que há até casos onde a mesma espécie «pode ter esse crescimento exponencial em alguns lugares e não ter noutros», acrescenta, resumindo

construção da casa da música Jorge Peixinho, dos centros escolares de Pegões e do Afonsoeiro e da sala de aula do futuro são alguns dos investimentos que o executivo municipal do Montijo se compromete a realizar com a aprovação do Orçamento Municipal para o próximo ano. O documento, bem como as Grandes Opções do Plano (20182021), do Quadro Plurianual Municipal (2018-2021) e do Mapa de Pessoal para 2018, foi aprovado pelos vereadores socialistas, em maioria na estrutura municipal, e os votos contra dos

dois vereadores comunistas e do vereador social-democrata. O documento reflete uma despesa corrente de cerca de 22 milhões e seiscentos mil euros suportada por uma receita corrente de 25 milhões e oitocentos mil euros. Os impostos cobrados aos munícipes continuam a ser o principal contributo, do lado da receita corrente, prevendo o executivo um encaixe na ordem dos 11 milhões e seiscentos mil euros. PSD APOSTOU NA ABSTENÇÃO E CDU VOTOU CONTRA Na última reunião de câmara ficou ainda fixada, apesar da abstenção do

PSD e os votos contra da CDU, a manutenção da participação variável da autarquia, em sede de IRS, nos quatro por cento. Apenas os vereadores socialistas votaram favoravelmente esta decisão de não atualizar a variável à taxa máxima, de cinco por cento, fazendo com que esta redução de um ponto percentual permita devolver o imposto num valor total que ronda os 486 mil euros. Admite o autarca socialista Nuno Canta que «este Orçamento Municipal é o espelho de uma alternativa política que temos vindo a construir, respeitando os Montijenses e investindo no futuro».

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SOCIEDADE

ESTUDO DA DECO É REVELADOR TAMBÉM NO QUE SE REFERE ÀS VANTAGENS DO GÁS NATURAL

Distrito está entre os que paga o gás mais caro A DECO sustenta que não encontra explicação objetiva para a discrepância de preços no gás butano entre regiões e reafirma as vantagens financeiras para as famílias que têm acesso ao gás natural. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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preço médio da garrafa de gás butano no distrito de Setúbal foi apurado em 25.33 euros, colocando a região entre as que mais paga no país. À frente da península, surgem apenas Beja (26.95) e Faro (25.59), segundo um estudo agora revelado pela DECO, onde se fica a saber que os consumidores que gastam gás de garrafa acabam por pagar mais 119 euros por ano do que quem usa energia equivalente em gás natural, exatamente para o mesmo fim. E o que justifica os preços mais elevados da garrafa de gás no distrito? A DECO não tem uma

resposta concreta, apesar da diferença para algumas regiões chegar a ser de dois euros por unidade, se a comparação for feita, por exemplo, com Viana do Castelo (23.32). Pedro Silva, técnico responsável pela área de energia da Deco Proteste, constata apenas que desde 2001, altura em que a associação do consumidor começou a monitorizar os custos do gás no país, «os preços a sul são sempre superiores aos do a norte», mas até à data não foi encontrada uma explicação objetiva para este fenómeno. Diz a mesma fonte que a questão da logística não consegue explicar a penalização do sul, alegando que o transporte de uma garrafa de gás para Viana

do Castelo ou Viseu não é mais barato do que o transporte para Setúbal ou mesmo para o Litoral Alentejano. NA COMPARAÇÃO ANUAL O GÁS NATURAL CUSTA QUASE METADE Já quanto aos encargos com as garrafas de gás butano, que chegam a mais de 50% dos lares da região, as contas são simples de fazer, de acordo com Pedro Silva. Uma família que use uma garrafa de gás butano por mês, gasta anualmente 293 euros. Enquanto pela mesma quantidade de energia - 12 garrafas de gás butano correspondem a 170 metros cúbicos de gás natural - uma família com acesso à rede de gás natural gasta apenas 174 euros. Mas a diferença que

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conduz aos mais 119 euros anuais para quem gasta o gás de garrafa não é de agora, enquanto a DECO assume que continua sem

perceber o que está na génese desta diferença de preços. Refere que o gás engarrafado tem «uma flutuação difícil de perce-

ber», porque o preço de referência «não tem qualquer ligação com o valor de mercado», acrescenta Pedro Silva.

DECO sugere teto nos preços A DECO dá o exemplo de Espanha para defender a imposição de um teto nos preços do gás em Portugal. No país vizinho, onde o gás custa metade do que se paga em Portugal, o teto máximo vigora desde 2009. Pedro Silva recorda que há propostas do PCP e do PAN, aprovadas na generalidade em setembro no Parlamento, com a abstenção do PS e do PSD e o voto contra do CDS-PP, que preveem preços máximos para o gás de garrafa e natural, agora para discussão na especialidade, na comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas. A medida tem sido alvo de críticas dos operadores, alegando que as vendas estariam abaixo do custo de produção.


SOCIEDADE

JÁ É SUPERIOR A 79 ANOS PARA O TOTAL DA POPULAÇÃO

Esperança de vida aumentou na região alentejana Nos últimos seis anos a esperança de vida no Alentejo tem vindo a melhorar, sendo hoje estimada em mais de 79 anos para o total da população. Aludindo ao biénio 2014-2016, trata-se de um ganho de 1,44 anos para os homens e 1,14 para as mulheres. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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esperança de vida à nascença melhorou na região Alentejo nos últimos seis anos, sendo hoje estimada em mais de 79 anos para o total da população, segundo as Tábuas de Mortalidade relativas ao triénio 2014-2016, por comparação com o triénio 20082010. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), estes valores representam um ganho de 1,44 anos para os homens e de 1,14 para as mulheres em 2014-2016, comparativamente com os valores estimados para 2008-2010. A esperança de vida à nascença foi estima-

da em 77,61 anos para os homens e de 83,33 anos para as mulheres. Apesar da esperança de vida continuar a ser superior para as mulheres da região, a diferença para os homens tem vindo a diminuir, sendo agora de 5,72 anos (face a 6,02 em 2008-2010). A esperança de vida aos 65 anos atingiu 19,31 anos para ambos os sexos, no triénio 20142016, com os homens a poderem viver, em média, mais 17,44 anos e as mulheres mais 20,73 anos, o que representa um ganho de 0,70 anos, para ambos, face a 2008-2010. DIFERENÇA ENTRE HOMENS E MULHERES É DE 3,29 ANOS Conclui ainda o INE que «a diferença entre a

longevidade aos 65 anos de homens e mulheres em 2014-2016 foi de 3,29 anos, retomando aos valores de 2008-2010, após um período em que se verificaram ligeiros acréscimos.» Também por esta via se explica que a sub-região do Alentejo Litoral continue a perder população jovem, uma tendência que se acentua com especial ênfase desde 2001, chegando-se hoje a cerca de 205 idosos por cada cem jovens, o que agrava significativamente o cenário - já na altura preocupante - registado em 2001, quando por cada 173 habitantes com mais de 65 anos, existiam apenas cem jovens.

LIGA DOS AMIGOS DE SESIMBRA FOI A VOTOS NA MAIS DISPUTADA ELEIÇÃO DE SEMPRE

Carlos Macedo promete «dedicação, esforço, união e trabalho» Eleições atípicas na Liga dos Amigos de Sesimbra (LAS), com três listas candidatas e acusações de “partidarização” e “assalto ao poder”, terminam com a vitória da lista C, de Carlos Macedo. Num universo de meio milhar de associados, apenas 92 votaram e 40 decidiram os destinos da associação que edita o jornal “O Sesimbrense” para os próximos dois anos. TEXTO HELOÍSA SILVA IMAGEM SM

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um dos atos eleitorais mais concorridos das últimas décadas, na história da centenária associação, bastaram quarenta, dos cerca de 500 sócios da Liga dos Amigos de Sesimbra, para dar a vitória à lista de Carlos Macedo, administrador-delegado da ArtesanalPesca. Ditaria a assembleia eleitoral, do passado dia 28, que a lista C obtivesse 40, dos 92 votos depositados nas urnas, enquanto a lista que propunha Rui Novo da Silva, diretor da farmácia Leão, para presidente da direção, obteve 31 votos. Menos onze votos teve a lista do presidente da associação de festas de Nossa Senhora

da Luz, André Quaresma, que não deixa de considerar que a «atrapalhação da Mesa da Assembleia Geral (cessante)» que acabou por condicionar o acesso à informação dos sócios com a publicação «tardia» das listas. Carlos Macedo admite que, numa primeira abordagem, os números «parecem apontar para uma fraca participação, o que não deixa de ser verdade». O presidente eleito garante manter apurado o sentido de responsabilidade «nomeadamente pelo momento sensível que a Liga atravessa, em termos financeiros, sendo o reequilíbrio financeiro um dos aspetos determinantes do plano para este biénio». Receitas fixas «precisam-se» e isso pode ser feito «através da cap-

tação de alguns agentes económicos de forma a garantir a subsistência do Jornal “O Sesimbrense” que, para além do seu carácter icónico e da sua idade, é hoje a única publicação independente e sem credo, exclusivamente dedicada ao concelho de Sesimbra». PROCESSO ‘INQUINADO’ DEU EM «NORMALIDADE DEMOCRÁTICA» Relativamente ao processo eleitoral, o administrador da ArtesanalPesca recorda que «começou inquinado. Porque não era normal o surgimento de tantas listas concorrentes e porque a mesa da Assembleia-geral pareceu ficar um pouco perdida no meio do processo. Entretanto existiram acusações de alguns membros da lista A, nomeadamente

no Semmais, que falavam de partidarização do processo, inflamando-o e descredibilizando-o, mas que, no fundo, escondiam o receio pela democracia das instituições e pela necessária renovação». Houve «normalidade democrática e venceu o conjunto de pessoas que tinha o melhor e mais independente projeto para a LAS». E é com essas pessoas que André Quaresma admite trabalhar, contribuindo para um futuro «mais promissor para a Liga». O candidato da lista B acredita que «a renovação das caras da Liga vai fazer com que os sócios atribuam maior crédito a uma instituição que, nos últimos anos, devido à inércia das anteriores gestões, tem sido desvalorizada.

Estaremos atentos ao trabalho que esta equipa vai desenvolver e dispostos a ajudar a Liga a entrar num bom caminho». Já Rui Novo da Silva defende que o processo eleitoral «decorreu com alguma normalidade que só não foi completa por se ter aproveitado, com algumas nuances linguísticas, para elogiar/ criticando outra lista e des-

virtuando fatos apresentados por lista alheia». Além de considerar que «ninguém do público pareceu interessado em saber da situação financeira real da liga», preocupa-o «o alheamento a que se continua a votar a freguesia da Quinta do Conde e a manifesta ausência de vontade em lançar pontes com a maior freguesia do Concelho».

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SOCIEDADE

COM UMA IDEIA ORIGINAL DE FINANCIAMENTO, ANTÓNIO ALEIXO PRODUZ PRIMEIRA LONGA METRAGEM

“Nem sempre nunca é tarde demais” daqui a um ano nos cinemas No currículo, o jovem cineasta setubalense, António Aleixo, conta já com vários prémios e muitos trabalhos realizados. A primeira longa metragem com nomes bem conhecidos do panorama nacional está na fase de montagem financeira. O modelo de financiamento é original e traduz-se numa forma em que todos ganham. TEXTO MARTA DAVID IMAGEM SM

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roduzir um filme em Portugal é uma tarefa difícil. Os apoios à produção e à realização são poucos e nem sempre ao alcance de todos. Há que criar novas formas de financiamento que não passem apenas pelo mecenato. Foi isso que fez António Aleixo e a sua produtora Tom & Jelly. Criaram um modelo que permite aos sponsors um retorno imediato através das redes sociais, um dos maiores mercados da atualidade, não deixando de ser

vistos como mecenas da produção artística e cultural. Esta espécie de dois em um, traduz-se num retorno direto do investimento inicial através da produção de conteúdos nas redes sociais. Para além disso, os investidores terão a sua marca associada a caras bem conhecidas do grande público. E o valor não tem necessariamente de ser exorbitante ao contrário do que se possa pensar. Uma empresa ou marca pode ser investidora a partir de uma verba de 500 euros. Os main spornsors já terão de desembolsar mais de 50 mil euros. A fórmula, explica An-

tónio Aleixo, é «uma ideia absolutamente inovadora» e acredita que está a ser dado «início a um paradigma que trará um boost significativo nas obras produzidas, contribuindo significativamente para mais e melhores produtos no futuro». A ideia é que, utilizando este sistema, outros realizadores e produtores possam tirar alguns projetos da gaveta, «não nos vemos como donos do modelo e seria um enorme orgulho saber que contribui para um novo paradigma no acesso aos meios para produzir cinema e numa democratização des-

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Edital N.º 169 Exumações no Cemitério do Pinhal do Forno Por despacho de 13 de novembro de 2017, de Miguel Francisco Amoedo Canudo, Vereador da Câmara Municipal da Moita, torna-se público que no uso das competências que lhe foram subdelegadas pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal, pelo ponto f.6 da alínea F) do capítulo I, do Despacho nº 11/XII/PCM/17 de 30/10 e considerando as disposições constantes nos artigos 30º e 31º do Regulamento dos Cemitérios do Munícipio da Moita, torna-se público que serão realizadas exumações no Cemitério do Pinhal do Forno nas seguintes sepulturas temporárias e no período a seguir indicado: - Sepulturas temporárias n.ºs 708-B a 1000-B e 01-C a 181-C, sitas nos talhões n.º 7 e 8, no período de 19 de fevereiro a 16 de maio de 2018. Para constar e devidos efeitos se lavrou este e outros de igual teor que irão ser afixados nos locais do costume. Moita, 13 de novembro de 2017 O Vereador do Pelouro

Miguel Francisco Amoêdo Canudo

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se mesmo acesso.» O final do ano, altura em que as empresas preparam os orçamentos, parece ser o melhor momento para estabelecer contactos. E embora nas primeiras abordagens os investidores ainda se mostrem reticentes, o certo é que quando entendem o modelo a reação muda substancialmente. «Quando explicamos que acima de tudo o que propomos é um produto de marketing e que o seu retorno é quantificável e qualificável, tudo se torna substancialmente mais fácil. É interessante perceber que conseguimos uma aceitação de 9 em cada 10 das empresas que vamos contactando e com as quais vamos reunindo.» PROCURA DE ‘SPONSORS’ E REINVESTIMENTO EM NOVAS PRODUÇÕES Apesar dos contratos ainda não estarem todos fechados, a ideia já conse-

guiu conquistar dois ‘main sponsors’ e mais de uma dezena de outros interessados. «estamos a falar de cerca de 120 mil euros. Desses uma parte é reinvestida na produção dos conteúdos para os investidores pelo que para o filme propriamente dito conseguimos angariar cerca de 70 a 80 mil euros até ao momento.» Mas a aceitação está a ser muito boa e há perspetivas de aumentar significativamente esse número até porque o formato foi adaptado às necessidades e especificidades do nosso tecido empresarial. Para de ter uma melhor ideia do modelo de financiamento idealizado, a produtora explica que num investimento de 500 euros, por exemplo, a empresa terá direito a um post patrocinado com 5% do valor investido, com imagem estática escolhida pelo Sponsor, texto e

Quem é António Aleixo?

hyperlinks para redes sociais e/ou página web do Sponsor, estimando um resultado direto de 22 mil visualizações. Já um investimento de 50 mil euros terá um retorno traduzido na produção de um vídeo de apresentação até 120 segundos, dez post patrocinados com retorno de 12% do valor investido, numa estimativa de atingir perto de 250 mil visualizações. O investimento dá ainda direito à produção de vídeo institucional até 10 minutos ou filme publicitário para uso futuro do Sponsor, para além de assumir a designação de main sponsor e co-Produtor. Por se tratar de um modelo «em que se apresenta uma moeda de troca pelo investimento» a aceitação tem sido significativa e, mesmo as empresas que rejeitam esta oportunidade, «elogiam o modelo e recomendam-nos aos seus parceiros».

Aos 37 anos, António Aleixo acumula já uma longa experiência na área da produção e realização audiovisual. É um contador de histórias nato com um apurado sentido emocional e de ritmo. Os prémios em curtas metragens são já alguns e a lista de trabalhos realizados é vasta. Começou a sua carreira enquanto Editor Senior de Offline antes de se aventurar enquanto Realizador. Natural de Setúbal, o mundo é o seu mercado de trabalho e por isso tem já uma vasta experiência internacional, tendo trabalhado nos Estados Unidos, Holanda, Espanha, Hong Kong, Vietnam e Dubai, em áreas que vão da publicidade aos telediscos, das curtas metragens aos documentários e programas de televisão. “Vadios”, de 2016 ou a curta metragem “16.10.12”, de 2013, são alguns dos trabalhos já realizados, assim como telediscos para Áurea ou Paulo Gonzo. “Nem sempre nunca é tarde demais” é a sua primeira longa metragem que deverá estrear no próximo ano.


LOCAL

PALMELA Cante alentejano sobe ao palco O Centro Cultural de Poceirão acolhe, este sábado, às 16 horas, mais um encontro de cante alentejano, com a participação de cinco grupos do concelho. A iniciativa integra um conjunto de ações que o município tem vindo a promover, nas diversas freguesias, com vista à preservação e à divulgação do cante e dos nossos grupos corais. Os “Ausentes do Alentejo”, o Grupo Coral 1.º de Maio do Br.º Alentejano, o Grupo de Cantares Modalentejo, o Coral Infantil da Escola do Bairro Alentejano e o Grupo Gente Boa são os grupos participantes.

SETÚBAL Cidade do Sado já pensa no réveillon Setúbal saúda 2018 com festejos reforçados à beira-Sado, que inclui três palcos com animação musical, carrinhas de street food ao longo da zona ribeirinha e fogo-de-artifício. O réveillon volta a ser um Fim de Ano Azul entre Setúbal e Troia, com programa de festas repartido entre as duas margens. Novidade é a colocação de dois novos postos de fogo em plataformas colocadas no rio.

BARREIRO Campanha “Mais Natal com o comércio local” O vereador Rui Braga, responsável pela área de atividades económicas, visitou, dia 30, várias lojas com vista a explicar as normas de adesão à campanha “Mais Natal com o comércio local” e informar sobre a isenção de taxas, este ano, na colocação de decoração natalícia no exterior das lojas. Segundo Rui Braga, «estes são os primeiros passos para a dinamização do comércio local». Esta campanha visa fomentar, promover e dinamizar o comércio do concelho e fidelizar o público estimulando hábitos de consumo locais.

MOITA Município alerta para poupança de água O município, apesar de não estar diretamente afetado pela situação de seca que assola o País, implementou diversas medidas de modo a contribuir para a poupança de água. Assim, foi reformulada a programação das regas de todos os espaços verdes, estando os mesmos a ser regados no período noturno. Paralelamente, foi efetuada uma redução para metade dos tempos de rega, passando esta a funcionar durante 5, 10 ou 15 minutos, conforme o coberto vegetal, por forma a otimizar o uso da água no período crítico de seca severa.

Neste Natal junte a família e passe um dia diferente e bem animado no parque Augusto Pólvora, na Maçã. Além dos espaços infantis e dos vários equipamentos pensados para miúdos e graúdos, o parque recebe, até dia 4, das 10 às 18 horas, uma pista de gelo artificial ecológica. Por 2 euros é possível alugar patins e deslizar durante 15 minutos. A iniciativa é promovida pela Junta do Castelo.

O Seixal foi novamente eleito para a presidência do Conselho de Administração da Rede de Municípios Saudáveis. Foi esta a decisão tomada no dia 24 de novembro, no decurso da Assembleia Intermunicipal da referida Rede. Desde 2002 que o Seixal coordena esta rede, «uma associação de municípios constituída em 10 de outubro de 1997 e que tem como missão apoiar a divulgação, implementação e desenvolvimento do projeto Cidades Saudáveis nos municípios que assumem a promoção da saúde como uma prioridade da agenda dos decisores políticos».

ALMADA 60 contentores para a recolha de óleos alimentares Até final de dezembro, a Câmara está a implementar em todo o concelho a rede de 60 oleões destinados à recolha de óleo alimentar usado. Os contentores estão localizados na via pública, ao lado de ecopontos, de contentores para resíduos sólidos urbanos ou noutros locais de fácil acesso. A utilização de oleões evita a potencial contaminação dos solos e da água, nomeadamente através do despejo de óleos alimentares usados nos sistemas de drenagem municipal.

GRÂNDOLA Magia do Natal encanta vila morena A magia do Natal já chegou à vila morena, com ruas iluminadas, para contribuir para a dinamização da economia, incentivando às compras no comércio local. No dia 9 dá-se a Chegada do Pai Natal, no Largo de S. Sebastião, com uma grande festa para os mais novos. Neste largo estará patente uma exposição de presépios feitos pelos alunos do agrupamento de escolas e uma árvore de Natal gigante. No dia 10, o Cardinali Live apresenta, no parque de feiras, “O Circo Mágico de Natal”.

ALCOCHETE Albergue da juventude fecha para obras SESIMBRA Pista de gelo anima Natal

SEIXAL Câmara lidera rede de municípios saudáveis

Após uma visita aos equipamentos municipais, o edil Fernando Pinto, informou a 22 de novembro, em sessão de Câmara, que o Centro de Estágio Albergue da Juventude está encerrado ao público, por falta de condições de segurança. O autarca informou vereadores e munícipes que os edifícios e equipamentos municipais «de uma forma transversal possuem carências profundas» e que, especificamente, as atuais condições do albergue da juventude levaram a adoção de uma «medida de suspensão de toda a atividade inerente» a este espaço municipal.

SANTIAGO DO CACÉM Promoção da leitura para os mais novos Integrado no “Sábado a Ler…” decorreram nos dias 18 e 25, nas bibliotecas Manuel da Fonseca e Manuel José “do Tojal”, as iniciativas dedicadas à construção de um postal em pop-up, dinamizados pelo ilustrador Marco Taylor, através da utilização de diversas técnicas de engenharia de papel. O evento visou incentivar a leitura e o contacto com os livros e seus autores por parte dos mais novos.

MONTIJO Orçamento de 26 milhões aprovado Na reunião da Câmara, do dia 29 de novembro, foi aprovado o Orçamento Municipal 2018, com votos a favor do PS e votos contra da CDU e do PSD. O montante global do Orçamento é de 26 272 670,00 euros. O documento prevê despesas de capital no valor de 3 628 883,92 euros, que pretendem dar início a novos investimentos, como a construção da casa da música Jorge Peixinho, do jardim do Pocinho das Nascentes, da ciclovia no canal da Refer, entre outros.

ALCÁCER DO SAL Atividades natalícias aquém cidade O município de Alcácer do Sal está a promover no sentido de dinamização do comércio local e da cidade várias atividades natalícias. As atividades arrancaram ontem, dia 1 de dezembro, e prolongam-se até ao dia 6 de janeiro. Incluem um mercadinho de Natal, com venda de artesanato, animações várias na cidade e a realização da Feira do Livro. Apoie o comércio tradicional, compre na tradição.

SINES Natal sénior abre inscrições O município organiza a 18, às 15h30, no pavilhão dos desportos, mais uma edição da festa-convívio de Natal para os séniores com mais de 60 anos. As inscrições estão abertas, até dia 15, nos espaços seniores de Sines e Porto Covo, piscina municipal, pavilhão dos desportos e câmara. A animação está a cargo de Tozé Pratas e Dina Teresa.

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CULTURA

ÊXITO DA NOVA PRODUÇÃO DA ACTAS VAI VOLTAR AO FORUM LUÍSA TODI

«O feedback do público tem sido excelente e temos recebidos grandes críticas de pessoas ligados ao teatro» “Fábrica dos Sonhos”, que foi sucesso na estreia, no dia 26, e vai regressar ao Forum Luísa Todi, a convite do diretor do espaço que adorou o espetáculo. O teatro musicado para toda a família, que apela ao respeito pela diferença, já foi visto por mais de 1500 pessoas e há espetáculos marcados até junho, o que é bastante bom para uma companhia amadora. TEXTO ANTÓNIO LUÍS IMAGEM SM

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Academia de Teatro de Setúbal (ACTAS), volta à cena, este sábado, às 21h30, no Grupo Desportivo Independente, com o teatro musicado para toda a família, “Fábrica dos Sonhos”, o qual já foi visto por mais de 1500 pessoas e tem sido aplaudido, de pé, pelo público. Trata-se de um espetáculo de teatro musicado, com texto e encenação de Bruno Frazão e melodias de Artur Jordão, preparado para peque-

nos e graúdos refletirem sobre «os sonhos, os desejos, os medos, as dúvidas, o imaginário, a criança que existe dentro de cada um e dessa forma tornar-nos mais seguros, mais fortes e preparados para enfrentar o mundo da vida real. Apolo um “menino ou um adulto” diferente é desafiado a sonhar e a lutar pelos seus sonhos numa hilariante aventura com flores, seres maléficos e imaginários, com um final surpreendente onde o sonho prevalece entre luz, muita música», realça o encenador, autor do texto, figurinista e cenógrafo, Bruno Frazão.

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«FICO FELIZ QUANDO ME DÃO OS PARABÉNS» O mentor do projeto, Bruno Frazão, mostra-se «muito agradado» com todo o trabalho. «Tem sido muito agradável. A estreia no Forum esteve totalmente esgotada e as sessões para escolas também estiveram muito compostas. No Independente, as sessões também contaram com muito público, o que é relativamente bom para uma companhia amadora. Dá uma média de 200 pessoas por espetáculo», revelando que o diretor do Forum Luísa Todi, João Pereira Bastos, que ficou maravilhado com tudo o que viu, já convidou a AC-

TAS para levar a peça à principal sala de espetáculos do concelho, em 2018, mais quatro vezes. «Vai ser uma sessão em janeiro, fevereiro, março e abril. São quatro sessões. E já temos mais espetáculos marcados até junho, o que é muito bom. O feedback do público tem sido excelente e temos recebidos grandes críticas de pessoas ligados ao teatro. No final das sessões fico muito feliz por me virem agradecer e dar os parabéns pelo maravilhoso espetáculo». No elenco rotativo estão Flávio Fernandes, Guilherme Rodrigues, Carlos Luz, Susana Jordão, Miká

Nunes, Paula Cruz, Sofia Becker, Dulce Marcos, entre outros. O investimento da peça é superior a 5 mil euros, tendo sido adquiridos microfones de lapela e projetores, o que nos «facilita o acesso a qualquer sala», frisa Bruno Frazão,

concluindo: «Estou muito feliz. O espetáculo está a correr muito bem». No elenco rotativo estão Flávio Fernandes, Guilherme Rodrigues, Carlos Luz, Susana Jordão, Miká Nunes, Paula Cruz, Sofia Becker, Dulce Marcos, entre outros.


AGENDA

CULTURA

RAIO-X ALMADA02DEZEMBRO21H30

HOMENAGEM AO CANTE ALENTEJANO FORUM ROMEU CORREIA

Não perca a festa do 3.º aniversário do Cante Alentejano enquanto Património Cultural Imaterial da Humanidade. Participam grupo corais do Feijó, Laranjeiro, Palmela e Castro Verde.

BARREIRO02DEZEMBRO21H30

INSPECTOR PROMETE DIVERTIR TEATRO MUNICIPAL

“O Inspector”, uma comédia de Nikolai Gógol, é um texto com influência decisiva na história do teatro e por muitos considerado um clássico. Impressiona a atualidade desta comédia. Muitos diálogos parecem ter sido escritos hoje.

GRÂNDOLA02DEZEMBRO17H00

FADISTAS AJUDAM PARÓQUIA CINE GRANADEIRO

Não perca a Gala Solidária da Escola de Guitarra Portuguesa do Mestre António Chainho, com os fadistas Isabel Noronha, Teresa Gomes e os alunos da escola. A entrada será em géneros alimentícios que revertem a favor da Paróquia de Grândola.

ALCOCHETE03DEZEMBRO18H30

TARDE DE FADO SOLIDÁRIO FORUM CULTURAL

A associação “Os Canitos” organiza um espetáculo solidário de fado para angariação de fundos, com Maria da Fé, Vanessa Alves, Filipa Cardoso, Sara Paixão, Mel e Francisco Barreto, acompanhadas por Paulo Pereira (guitarra) e Rogério Ferreira (viola).

SANTIAGO DO CACÉM 03DEZEMBRO17H00

FADOS COM ISABEL NORONHA AUDITÓRIO ANTÓNIO CHAÍNHO

Enzo Lopez lança o seu CD “Saudade”, tendo como Os alunos da Escola de Guitarra Portuguesa Mestre António Chaínho organizam um espetáculo, que conta com a colaboração de Isabel Noronha, entre outros. As entradas servem para ajudar as famílias carenciadas.

SETÚBAL07DEZEMBRO21H30

POR ANTÓNIO LUIS

JORGE GANHÃO

«QUERO FAZER UM ESPETÁCULO COM UMA ORQUESTRA» O músico/cantor/compositor alentejano Jorge Ganhão, de 68 anos, de signo Sagitário, reside em Santiago do Cacém e é músico de Paco Bandeira. Na sua longa carreira espera ainda realizar um espetáculo com uma orquestra. QUAL O SEU MAIOR SONHO PROFISSIONAL? Fazer um espetáculo com uma orquestra. E PESSOAL? Pessoalmente, estou bem realizado em sonhos.

A Beyoncé tem tudo de bom. COMPLETE: A MINHA VIDA É… Uma dádiva que tento aproveitar o melhor possível. O QUE NÃO SUPORTA NO SEXO OPOSTO?

CIDADE PREFERIDA? Braga.

Nada.

QUAL O LOCAL QUE GOSTARIA DE CONHECER E QUE AINDA NÃO VISITOU? Austrália.

COMIDA E BEBIDA PREFERIDA? Favas com chouriço e vinho tinto.

UM DESEJO PARA 2017? Saúde, Paz, Segurança e, principalmente Justiça.

QUAL O SEU MAIOR VÍCIO? Não tenho. Deixei de fumar há anos.

QUEM CONVIDARIA PARA UM JANTAR A DOIS? Talvez, o 1.º ministro.

QUE LIVRO ANDA A LER OU LEU ULTIMAMENTE? Não tenho tempo para ler livros. Leio livros de poesia.

QUEM É A MULHER MAIS SEXY DO MUNDO?

QUAL O ÚLTIMO FILME QUE VIU NO CINEMA?

Não me lembro. Vejo filmes em casa, há anos. MELHOR PEÇA DE TEATRO? Infelizmente vejo pouco teatro. Viver na província tem destas coisas. MELHOR MÚSICA DE SEMPRE? Na minha opinião não existe. Há muitas músicas que poderiam ocupar esse lugar ex-aequo. QUAL A SUA MAIOR VIRTUDE? Ser verdadeiro. E DEFEITO? Não sei. Os outros é que podem avaliar. COMO SE CHAMA O SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? Neste momento não tenho nenhum animal de estimação.

O QUE LEVARIA PARA UMA ILHA DESERTA? A viola. DIA OU NOITE? Noite, sempre. O QUE MAIS TEME NA VIDA? O sofrimento no fim. A QUEM OFERECERIA UM PRESENTE ENVENENADO? A ninguém. O MAIOR DESGOSTO DA SUA VIDA? A perda da minha filha.

“Nathan, o sábio” estreia dia 9 em Almada

CONCERTO HARLEM GOSPEL CHOIR FORUM LUÍSA TODI

O grupo de gospel mais famoso do mundo, o Harlem Gospel Choir, dá um concerto inspirado na cantora Beyoncé. Este grupo foi fundado por Allen Bailey em 1986 depois de um momento de inspiração obtido ao assistir a uma homenagem a Martin Luther King.

SEIXAL07DEZEMBRO21H30

IVO DÁ CONCERTO SOLIDÁRIO FORUM CULTURAL

Ivo Soares dá um concerto solidário para apoio aos portadores de síndrome de Rett. O jovem foi finalista do Just Duet 2017. O concerto integra-se nas comemorações do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

GANHE CONVITES PARA O TEATRO Temos convites para a revista popular “Portugal em Revista”, em cena no Parque Mayer, para o musical “Aladino” e para a “Comédia Fantástica”, ambos de Filipe La Feria, no palco do Politeama. Para ganhar os convites basta ligar 96 943 10 85 ou 918 047 918.

A

Companhia de Teatro de Almada estreia, dia 9, “Nathan, o sábio”, um manifesto pela tolerância religiosa. De Gotthold Lessing, com encenação de Rodrigo Francisco. No elenco estão Luís Vicente, Maria Rueff, João Tempera, Guilherme Filipe, entre outros. Para ver até dia 17, sendo depois reposto de 12 a 28 de janeiro. Estamos na Jerusalém do século XII, onde vive o rico judeu Nathan. Ao regressar de uma das suas muitas viagens, Nathan é surpreendido com a notícia de que a sua casa ardeu

e que a sua filha fora salva por um misterioso cavaleiro templário. Ao encontrar-se com o Templário, Nathan consegue convencê-lo a encontrar-se com a sua filha. E o segundo encontro entre os dois jovens resulta num amor inevitável, que já se fazia prever. Existe um obstáculo a esta união: um segredo de muitos anos, que esconde a razão da sapiência de Nathan, e que revela que os laços que uniam os representantes das três religiões (islão, cristianismo e judaísmo) eram, afinal, muito mais fortes do que o que se julgara à partida.

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POLÍTICA

PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO SOCIALISTA, ANTÓNIO MENDES, ANTEVÊ GRANDE TRABALHO DOS NOVOS LÍDERES AUTÁRQUICOS DO PS

«Com as vitórias do PS no distrito respira-se um poder local mais democrático»

António Mendes é o rosto das grandes conquistas dos socialistas nas últimas autárquicas. Mais ou menos discreto, o atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, lembra que se tratou dos melhores resultados de sempre, reafirma a confiança nos novos presidentes de câmara e garante que a federação está bem e recomenda-se. E não se retrai ao afirmar que com as conquistas de mais autarquias por parte do PS, o poder local na região está mais democrático. TEXTO RAUL TAVARES IMAGEM SM

QUERIA RETORNAR À NOITE DAS ELEIÇÕES DE 1 DE OUTUBRO, PARA LHE PERGUNTAR COMO A VIVEU À MEDIDA QUE IA SABENDO DAS MUDANÇAS EM CURSO? Ficámos naturalmente muito satisfeitos pelos resultados autárquicos do PS no distrito. Foram os melhores resultados de sempre, passando a liderar 5 câmaras e 17 Juntas de Freguesia, para além de uma subida muito assinalável ao nível de percentagens, votos e mandatos. E este resultado num contexto em que se conseguiu uma das metas que havíamos fixado para estas eleições: ter uma maior participação de eleitores. ALMADA E BARREIRO, NOMEADAMENTE, NEM ERAM APOSTAS DO

LÍDER DA FEDERAÇÃO. FOI UMA SURPRESA GERAL. JÁ DÁ PARA ENTENDER AS RAZÕES DA GRANDE VITÓRIA DO PS NESTAS AUTÁRQUICAS DE SETÚBAL? Os resultados do PS resultam da conjugação de boas candidaturas, bons projetos, os diferentes contextos locais e, sem dúvida, o contexto nacional que foi particularmente favorável para o PS nestas autárquicas. Essas vitórias, incluindo a de Alcochete e as maiorias em câmaras já geridas pelo PS, como são os casos de Sines e Montijo, foram reflexo desse misto de razões. ESSA TERCEIRA ACABOU POR SER DECISIVA. IA QUESTIONÁ-LO EXACTAMENTE NESSE SENTIDO, NO ESTADO DE GRAÇA DO GOVERNO SOCIALISTA. AGORA, PORÉM, AUMENTOU A RESPONSABILIDADE. ESTÁ SEGURO DA RESPOSTA QUE OS AUTARCAS DO PS, ALGUNS SEM

GRANDE EXPERIÊNCIA, VÃO DAR NESTE MANDATO? Sim. O PS teve um grande cuidado na elaboração das suas listas e na elaboração dos projetos com que se apresentou às eleições. A responsabilidade do PS aumentou, mas os nossos autarcas estarão à altura do desafio. DO QUE LHE TEM SIDO TRANSMITIDO PELOS NOVOS PRESIDENTES DE CÂMARA, JÁ SENTE ALGUM CHEIRINHO A MUDANÇA? Vou acompanhando o trabalho dos nossos autarcas, quer onde lideram asautarquias, quer onde estamos na oposição. Sinto que destas eleições, não só pela mudança de liderança em várias autarquias, mas também pela perda de inúmeras maiorias absolutas, sente-se que o poder local está muito mais democráti-

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ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CONVOCATÓRIA Nos termos do disposto nos artigos 45º, nº 2. e 49ª alínea d), do Código Cooperativo, e no artigo 20º, nº 2, dos Estatutos, convoco a Assembleia Geral da SOCRABINE – Cooperativa dos Camionistas Fornecedores de Materiais de Construção de Responsabilidade Limitada, para reunir, em sessão ordinária, na nova sede sita na Estrada Nacional 10 em Coina, no dia 14 de Dezembro de 2017 ( Quinta-feira), pelas 19:30 horas, com a seguinte ORDEM DE TRABALHOS 1º - Apreciar, discutir e votar o orçamento e o plano de atividades para o exercício de 2018; 2º - Informações. Nota: Se, à hora marcada para a reunião, não estiver presente mais de metade dos cooperadores com direito de voto ou seus representantes devidamente credenciados, a Assembleia reunirá, com qualquer número de cooperadores, às 20 horas do mesmo dia, no mesmo local, em conformidade com o disposto no artigo 22º, nº 3, dos Estatutos. Palhais, 27 de Novembro de 2017 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Francisco Simões Mateus

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co. Este é o primeiro grande ganho das últimas autárquicas aqui no distrito: respira-se melhor na Democracia Local. MAS, JÁ AGORA, TAMBÉM TEVE DESILUSÕES. SESIMBRA E GRÂNDOLA ERAM TIDAS COMO GANHAS... O SECRETÁRIO-GERAL DO PARTIDO FOI DUAS VEZES A GRÂNDOLA E UMA A SESIMBRA... O PS concorre sempre para ganhar. Onde não ganhamos, naturalmente que não ficamos felizes, mas como dizia Mário Soares: só é derrotado quem desiste de lutar, e nós continuaremos sempre a lutar pelos projetos que consideramos melhores para a população. CERTO, MAS NESTES CASOS AS TRÊS RAZÕES FALHARAM. DÁ IDEIA QUE FOI UMA QUESTÃO DOS CABEÇAS-DE-LISTA, DE MÁS APOSTA, AFINAL… Não me parece que a análise de resultados eleitorais possa ser redutora. As vitórias explicam-se por uma multiplicidade de fatores. Com as derrotas é exatamente o mesmo: não me parece correto reduzir a um único fator. COMO VAI A FEDERAÇÃO ACOMPANHAR ESTE CICLO. RELEMBRO QUE O PS JÁ GOVERNOU CINCO MUNICÍPIOS DE UMA ASSENTADA E EM ALGUNS NÃO CONSEGUIU SEGURAR MAIS QUE UM MANDATO... Nós criámos há três anos atrás uma estrutura de coordenação e concertação dos nossos autarcas, o Fórum Autárquico, que tem sido coordenado pelo Raúl Cristóvão de forma muito eficiente, e que provou dar resultados. Vamos agora reorientar o trabalho do Fórum Autárquico tendo em conta esta nova realidade. QUERIA QUE NOS AJUDASSE A FAZER UM BALANÇO DAS MAIORIAS QUE O PS TEM QUE GERIR AGORA. PARECE QUE O ALIADO PREFERENCIAL TEM SIDO O PSD. OU MELHOR, A DIREITA, JÁ QUE O CDS-PP TAMBÉM ESTÁ A DAR UMA ‘AJUDINHA’ EM ALCOCHETE... Nós definimos logo após as eleições dois princí-

pios gerais: onde o PS lidera deve partilhar responsabilidades com todas as forças políticas eleitas. Onde o PS não é maioria não se deve constituir como uma força de bloqueio e deve estar disponível para aceitar responsabilidades. Dentro destes princípios, cada estrutura local, com autonomia, decidiu o que entendeu mais adequado à sua situação e, em particular, ao interesse dos cidadãos. E EM ALMADA HOUVE MESMO VONTADE DE DAR PELOUROS À CDU? Não só houve, como eu pessoalmente sou testemunha de quais foram propostos. MUDANDO UM POUCO DE RUMO, PODE DIZER-SE QUE A FEDERAÇÃO ESTÁ HOJE TOTALMENTE PACIFICADA? DEIXOU DE HAVER AS CHAMADAS ‘TENDÊNCIAS? Posso dizer que sinto que os militantes têm uma grande confiança no trabalho que temos vindo a realizar e que é um trabalho conjunto. A federação tem sido um fator de união e isso deixa-me satisfeito. MESMO AGORA QUE PASSOU PARTE DAS ROTINAS POR ESTAR COM FUNÇÕES GOVERNATIVAS? Claro, porque dispomos de uma equipa que funciona como tal. Era assim antes de eu ter funções no governo, continua a ser assim. ESTÁ A PENSAR RECANDIDATAR-SE? Em circunstâncias normais é provável que sim, mas depende sempre de uma reflexão pessoal e coletiva que deve ser feita no momento oportuno que ainda não é este. Para já posso apenas dizer que me tenho entregue com muito gosto à tarefa de liderar a Federação. COMO ESTÁ A SER A EXPERIÊNCIA NO GOVERNO?

Tem sido uma responsabilidade que assumo com entusiasmo e espero estar a dar o meu contributo para termos um País mais justo e solidário. NÃO O SURPREENDEU A SAÍDA DE CATARINA MARCELINO NA SEQUÊNCIA DA REMODELAÇÃO? A Catarina continuará ao serviço do país na Assembleia da República onde já foi e, estou certo, continuará a ser uma excelente deputada. Além do mais, a Catarina assumiu as importantes funções de Presidente da Assembleia Municipal do Montijo. É um dos melhores quadros do PS no distrito. COMO VIU O SEU DESEMPENHO? Catarina Marcelino empresta a tudo o que faz uma enorme energia e empenho. Todas as reações públicas no setor convergem numa avaliação positiva do seu desempenho, o que não me surpreende. O FACTO DE TERMOS ALGUNS MINISTROS E VÁRIOS SECRETÁRIOS DE ESTADO NO GOVERNO É UMA MAIS-VALIA PARA A REGIÃO? Sim, mostra o peso que o distrito tem no atual contexto governativo, e isso é positivo. EM QUE MEDIDA? É preciso uma voz forte a defender uma ideia de distrito moderno e cosmopolita, que aposte no Arco Ribeirinho Sul, defenda e promova as empresas exportadoras que aqui estão sedeadas, que promovam as infra-estruturas portuárias como fator de desenvolvimento e que coloquem o turismo e a economia do mar no centro das prioridades para o distrito. Dois ministros, três secretários de Estado e 7 Deputados, a que se juntam agora 5 Presidentes de Câmara PS, parece-me que podem dar um bom contributo.


DESPORTO

ELEIÇÕES MARCADAS PARA DIA 21 DE DEZEMBRO

Vitória precisa de direção com projeto e meios para o executar Após os festejos do 107º aniversário do clube tudo parece correr mal ao Vitória. A direção, presidida por Fernando Oliveira, demitiu-se, a equipa principal foi goleada no estádio da Luz por seis a zero e caiu para os últimos lugares da tabela, a três pontos da linha de água, e até José Couceiro voltou a referir que o seu lugar «está constantemente à disposição». TEXTO MARTA DAVID IMAGEM SM

A

Assembleia Geral do Vitória marcou eleições para dia 21 de dezembro para escolher a equipa que substituirá a de Fernando Oliveira que apresentou demissão há cerca de duas semanas. A viver um dos momentos mais conturbados dos últimos vinte anos, os sócios voltaram a chumbar as contas de 2015 e a deixar o clube numa situação de eminente risco. A perda do estatuto de utilidade pública é uma hipótese no horizonte, apesar de não ser linear que isso aconteça após o terceiro chumbo, como se chegou a acreditar. Cardoso Ferreira, presidente da Assembleia Geral, explicou ao Semmais que «o risco existe, mas não é taxativo que aconteça ao terceiro ou ao quarto chumbo das contas». Apesar disso, a legislação diz que os clubes têm a obrigação de ter contas aprovadas e que sempre

que, consecutivamente, essa obrigação não seja cumprida, a Secretaria de Estado da Presidência do Conselho de Ministros pode abrir um processo ao clube. Essa parece ser, no entanto, uma preocupação menor para Cardoso Ferreira, até porque se trata, a acontecer, de «um processo moroso». Diz o líder da Assembleia que o importante «é resolver as questões e os problemas de curto prazo. Sei que há obrigações a cumprir muito rapidamente e que são significativamente mais importantes para a estabilidade do clube». O cumprimento de questões tributárias é imprescindível para que o clube possa inscrever atletas no mercado de Janeiro e essa é uma situação que pode estar em risco. Ainda sem ter conhecimento de listas candidatas, Cardoso Ferreira já definiu aquilo que faz falta ao clube. «O Vitória precisa de uma lista com um projeto e com meios para o executar. Se a

nova direção não tiver uma boa almofada financeira que resolva as responsabilidades a curto prazo, o clube vai continuar a viver esta situação de crise que, de forma direta, se reflete no plantel e nos resultados. Espero sinceramente que a próxima direção signifique o início da recuperação financeira do clube ou, caso contrário, o futuro será muito complicado.» DÍVIDAS A CURTO E LONGO PRAZO DE VÁRIOS MILHÕES Os resultados desportivos seguem a mesma linha da situação financeira e a crise está instalada. A goleada no estádio da Luz foi a “gota de água” que levou José Couceiro a voltar a referir que o seu lugar está à disposição como «sempre esteve». Segundo o Semmais conseguiu apurar, os jogadores e os trabalhadores do clube têm salários em atraso, o que pode justificar também a instabilidade desportiva. O

Vitória tem apenas dez pontos e está a três dos lugares de despromoção. Para além dos salários, o Vitória tem por cumprir os acordos com as finanças e a segurança social que, segundo fontes próximas do clube, atingem vários milhões de euros. «A dívida às Finanças é superior a três

milhões de euros e à segurança social atinge um milhão e meio», adianta a mesma fonte. «Os três PER’s atingem um valor de perto de 30 milhões de euros, e nos últimos oito meses esta direção não cumpriu nenhum dos acordos com que se comprometeu.» É perante esta situa-

ção que o clube vai a eleições. Os potenciais candidatos à direção andam em negociações para encontrar os parceiros financeiros certos que ajudem a tirar o Vitória da situação difícil em que se encontra. As listas candidatas devem ser entregues até dia 14 de dezembro.

Rally Cidade de Setúbal desperta fortes emoções

U

m passeio turístico e provas de maneabilidade e perícia são atrativos do 2.º Rally Cidade de Setúbal, evento automobilístico que, a 8 de dezembro, volta a despertar emoções fortes. A iniciativa, dinamizada no formato de concentração turística, numa organização do Clube de Motorismo de Setúbal, tem início às 10 horas, no Largo José Afonso, com um passeio que leva os participantes por um percurso com passagens por diversos pontos de interesse do concelho.

Viaturas clássicas e mais recentes, preparadas para competição ou simplesmente para uso diário ou de lazer, participam na segunda edição do Rally Cidade de Setúbal, evento de encerramento da época desportiva organizada pelo Clube de Motorismo de Setúbal, depois de duas provas realizadas este ano. O Moinho de Maré da Mourisca e a Quinta da Bacalhôa fazem parte do itinerário definido para os participantes, assim como a Avenida da Europa, na qual decorreu a

Setúbal Especial Sprint, primeira prova do calendário de 2017 do Clube de Motorismo de Setúbal, e a Serra da Arrábida, com passagem pelo percurso da mítica Rampa da Arrábida, a segunda competição deste ano. Depois da chegada do Rally Cidade de Setúbal ao PUA, prevista para as 15 horas, segue-se uma prova de maneabilidade e perícia na Av.ª Jaime Rebelo, no troço defronte do Clube Naval Setubalense, às 16 horas, com os pilotos a mostrarem habilidade e destreza ao volante dos bólides.

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NEGÓCIOS

COMISSÃO DE TRABALHADORES QUER VOLTAR ÀS NEGOCIAÇÕES MAS MAIORIA DOS ASSOCIADOS CONTINUA INTRANSIGENTE

Trabalhadores chumbam novamente pré-acordo na Autoeuropa O ‘fumo branco’ que se esperava que saísse da segunda reunião dos trabalhadores da Autoeuropa acizentou-se e voltou estar em cima da mesa nova greve. A laboração contínua e trabalho aos sábados na produção do T-Roc é uma grande ‘pedra no sapato’. TEXTO MARTA DAVID IMAGEM SM

O

s trabalhadores da Autoeuropa voltaram a votar contra o pré-acordo que estabelecia os novos horários de laboração, a entrar em vigor depois das férias de agosto de 2018, e que incluía a laboração contínua e trabalho aos sábados. Cerca de 63% dos trabalhadores votaram e 13% abstiveram-se nesta que foi a segunda votação, contestando assim os termos do novo pré-acordo e considerando insuficientes as alterações negociadas pela atual Comissão de Trabalhadores, eleita

em outubro. Este novo pré-acordo estabelece ainda que entre a semana 5 (fevereiro) e a semana 33 (agosto) iria haver um período transitório para permitir a adaptação da fábrica ao modelo de laboração contínua para produção do T-Roc, o novo veículo que será produzido em Palmela. O trabalho ao sábado (e a remuneração dos sábados, que deixam de ser pagos como trabalho extraordinário), a par da laboração contínua a partir de agosto de 2018, têm sido os principais motivos de contestação por parte dos trabalhadores da Autoeuropa. Muitos dos trabalhadores que votaram contra

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o documento admitem razões de natureza familiar para o ter feito, uma vez que com o sistema de rotatividade terão «menos tempo com a família e só estarão em casa um fim-de-semana por mês». Há também quem admita ter votado contra por não ter tido informação suficiente sobre os termos do acordo. Entre os trabalhadores há quem não tenha compreendido se o trabalho aos sábados seria ou não facultativo. O valor em causa para o pagamento desses sábados foi também contestado. Aos 180 euros inicialmente divulgados, os trabalhadores terão, em plenário, avançado com 250 euros como a verba considerada justa.

GOVERNO PREOCUPADO APELA A CONSENSO O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, admite que este impasse representa um risco para a fábrica de Palmela e apela a todos os intervenientes para que encontrem soluções. Em declarações à TSF, Vieira da Silva, admitiu que esta não é a primeira vez que existem acordos na Autoeuropa afetados por referendos de trabalhadores e que sempre foi possível encontrar solu-

ções negociadas e apelou ao bom senso das partes para que «aprofundem os seus contactos para que possam estudar novas situações e, junto dos trabalhadores, ter uma atuação que valorize a importância que tem este acordo para o futuro da Autoeuropa». A Administração da empresa lamenta a rejeição do pré-acordo e adianta que está a «analisar o impacto desta situação» e que oportunamente será tomada uma posição.

Quanto à comissão de trabalhadores volta à mesa das negociações para tentar um acordo que convença a maioria dos funcionários da empresa. Em comunicado, após o segundo chumo, a Comissão de Trabalhadores defendeu que «as condições estabelecidas, ao contrário do que alguns pretenderam fazer crer, representavam uma melhoria para os trabalhadores em relação ao que já anteriormente tinha sido proposto e igualmente rejeitado».

Paragem de pesca à sardinha por um mês rende 930€ a cada pescador

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proibição temporária da captura de sardinha com artes de cerco está a decorrer até 30 de abril, obrigando a que cada embarcação suspenda a atividade durante 30 dia seguidos. A portaria publicada em Diário da República concede ainda um subsídio de cerca de 960 euros a cada pescador pela paragem obrigatória. Estima-se que esse apoio social possa atingir perto de três milhões de euros, segundo a secretaria de Estado das Pescas. «Um mês de paragem significa três milhões de euros, mas o valor certo vai depender

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das candidaturas apresentadas», explicou José Apolinário, tendo como base para este vaor os apoios concedidos o ano passado, altura em que foram apoiados 1.400 pescado-

res e 130 embarcações. A interdição de pesca abrange as embarcações licenciadas para operar com artes de cerco na zona 9, desde a Galiza ao Golfo de Cádis.


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EDITORIAL

OPINIÃO

É útil nunca esquecermos Angola

Raul Tavares Diretor

A morte de Belmiro de Azevedo

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em posso dizer que sou um produto do “PÚBLICO”, jornal onde aprendi quase tudo o que sei hoje de jornalismo, de rigor, de ética e até, porque não dizê-lo, de uma dimensão mais aventureira. Quando ingressei os quadros daquele jornal, em 1 de Novembro de 1989, senti-me ‘fundador’ de um projeto – primeira edição saiu a 4 de Março de 1990 – que iria refundar, como veio a acontecer, a forma de fazer jornalismo em Portugal e marcar a diferença de uma classe ainda a verter muito um certo conservadorismo e visão estanque em relação aos ventos trazidos pela novas técnicas redactorias, estilos jornalísticos e tecnologias de produção. À época, as redacções experienciavam um mundo quase novo nestes três pilares, introduzidos no setor, por assim dizer, uma década atrás. Mas vivia-se também um novo modelo de propriedade da comunicação social. No caso, o lançamento do periódico só foi possível porque um magnata da indústria portuguesa, Belmiro de Azevedo, quis ter um jornal no seu grupo empresarial. Sem esse desejo intrínseco e sem os gordos meios disponibilizados, não seria possível a criação do “PÚBLICO”. Nesse período, como se sabe, nasceram e morreram alguns títulos ainda em fase imberbe. Agora que o empresário - e, diz-se, um dos homens mais ricos do mundo - morreu, fica bem reconhecer este seu empreendimento. No meu caso e de muitos camaradas que passaram pelo jornal é mesmo um obrigado! Sobretudo porque, ao contrário de muitos outros empresários deste país, não interferia no essencial: gestão de conteúdos e visão estratégica daquele órgão de comunicação social. Honra seja feita também aos verdadeiros líderes do jornal que nunca desguarneceram a guarda do portão…, como Vicente Jorge Silva ou Jorge Wemans. Não confundo, porém, outras dimensões. O país deve-lhe a criação de emprego de forma substantiva e algum contributo para a riqueza nacional, mas nem tudo foram rosas. Belmiro, conhecido pelo Sr. Continente, também clamou aos quatro ventos que a economia só se desenvolveria com salários baixos e comprovou-o com a quase escravidão com que sempre brindou os seus colaborares. E algumas tiradas fizeram dele um homem ‘de bem com a vida’, como tantas vezes sublinhou, mas igualmente áspero para Portugal e para os portugueses.

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um dos últimos artigos que escrevi para este órgão de comunicação social, pouco tempo antes das eleições realizadas em agosto passado, em Angola, vaticinei o que iria ocorrer. Afirmei que o partido MPLA venceria as eleições e que as mudanças políticas seriam de imediato conduzidas por este. Fundamentei as razões. A situação económica de Angola, gravemente afetada pela queda da principal receita orçamental, resultante da mudança do petróleo, conduziu ao encerramento de centenas de empresas, agravando a questão social com o aumento do desemprego. A diversificação da economia não se iria dar por um estalar de dedos. Acresce que a escassez de divisas, afetando a importação de bens e serviços, conduzindo a um quadro externo de crescente descredibilização, inclusive das instâncias económicas e financeiras internacionais. A forma de transição para um

novo ciclo, empreendido por José Eduardo dos Santos, não tinha outra alternativa. E porque na moldura constitucional de Angola o Presidente da República é o órgão de soberania que concentra em si os poderes essenciais do Estado, não era previsível – e eu próprio também o afirmei – que viessem a coabitar dois Presidentes com poderes muito semelhantes – o da República e o que dirige o partido maioritário. Por isso mesmo, o Presidente eleito, João Lourenço, não podia perder tempo após a tomada de posse e não perdeu. Substituiu os principais responsáveis das empresas sob domínio nacional com relevo para a obtenção das receitas do Estado – diamantes, minas, petróleo e comércio externo – bem como no banco central, o BNA, por razões necessárias à credibilização das negociações de Angola com as instâncias financeiras internacionais. Complementou este quadro com medidas que asseguram um

POLÍTICA MESMO VITOR RAMALHO

ADVOGADO

arejamento da comunicação social mais condicente com os novos ventos. Ao contrário do que aqui e além oiço referir, não se trata de uma caça às bruxas ou qualquer ação persecutória gratuita em relação às pessoas que em concreto foram substituídas. A realidade impôs-se e impõe-se por si. E ela é política, económica e financeira. Agora entrar-se-á seguramente numa nova fase com diligências que conduzam à salvaguarda das relações económicas empresariais por parte de Angola, possibilitando o cumprimento das suas obrigações financeiras, tão indispensáveis ao desenvolvimento. Este objetivo envolve negociações

com instituições bancárias internacionais, incluindo o FMI e naturalmente a disponibilização de Estados amigos, como Portugal, para cooperarem na medida do que for possível. No que a Portugal respeita, exige-o uma visão estratégica de futuro. Pela minha parte estou otimista com a evolução de Angola, seguro que Roma e Pavia não se fizeram num dia e que haverá muitos escolhos ainda pelo caminho. Espero que Portugal esteja à altura, em função de uma estratégia de futuro - porque é disso que se trata. Os países da CPLP e com eles Angola, são complementares da nossa presença na U.E. É fundamental que não o esqueçamos.

Se tudo é cultura, nada é cultura

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palavra cultura corresponde a diferentes conceitos, o que gera um conjunto de mal-entendidos sobretudo no que se refere à sua aplicação política. Cultura é tudo? Numa acepção antropológica, a palavra refere-se às manifestações humanas no seu conjunto, o que engloba uma tão grande diversidade que parece ser tudo o que nos caracteriza: da religião à língua, do património material ao imaterial, passando por todas as manifestações artísticas, populares, tradições, gastronomia, entre muitas outras coisas. Este sentido é, porém, mais lato do que aquele que deu origem ao termo: «cultura» tem origem em «cultura animi», cultivo do espírito. Como não é lógico afirmar que todas as manifestações humanas contribuem para o cultivo do espírito – se o entendermos como aquilo que torna o ser humano mais ético, inteligente, sensível, responsável e feliz

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(mais humano, em suma) –, conclui-se que o primeiro sentido do conceito («cultura é tudo», de forma simplificada) não é operativo para o que deveria ser o desígnio do Estado e das autarquias. Se partimos do conceito no seu sentido original, cultivo do espírito, verificamos que o mesmo pode aplicar-se facilmente a duas áreas: educação e cultura. Se no que se refere à educação ninguém coloca em causa que a mesma deve contribuir para o desenvolvimento das populações, no caso da cultura o nebuloso entendimento do conceito faz com que, com frequência, o erário público seja utilizado em acções que nada têm que ver com uma aposta no desenvolvimento dos cidadãos ou das comunidades. A indefinição do conceito de cultura contribui, aliás, para que não exista qualquer tipo de escrutínio sobre aquilo que é a acção no âmbito das autarquias,

À PARTE LEVI MARTINS

DIRETOR DA COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS mantendo-se uma lógica constituída por decisões arbitrárias que são sustentadas, as mais das vezes, num profundo desconhecimento da área em causa. No caso do Estado, a confusão não parece ser tão grande, uma vez que o Ministério da Cultura não é, de facto, o ministério de tudo. O âmbito da sua acção tem uma definição relativamente clara, e os instrumentos através dos quais intervém na realidade portuguesa têm, cada qual, uma missão definida (veja-se o ICA ou a DGArtes, por exemplo). A indefinição do que deveria ser o âmbito da intervenção pública na área da cultura não parece ser, somente, o resultado de uma

interpretação vaga e/ou perniciosa do conceito. Na realidade, o que mais parece enformar (melhor: deformar) as políticas na área da cultura é a relativa (ou completa) ignorância dos decisores em relação a esta matéria. Em todo o caso, a única resposta possível, a longo prazo, parece resumir-se ao seguinte: só com cada vez mais estímulos ao cultivo do espírito será possível alguma vez chegarmos a ter uma política cultural digna desse nome. E como raramente é a política a assumir a vanguarda nestes assuntos, só na acção conjunta ou dispersa de artistas e agentes culturais é que reside a esperança num futuro mais luminoso.

Diretor Raul Tavares | Redação Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida – coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Maiscom, Lda; NIPC 506 806 537 | Concessão Produto Maiscom, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98


temos turismo mas a menos. Não a mais. O que se passa em Alfama não é um problema de turismo a mais é um problema de gestão urbana a menos. E mesmo em Alfama quando analisamos o que se passou à luz da informação e não à luz do preconceito temos de refletir. E não apenas de opinar à toa. O ISCTE (por encomenda da AHRESP) fez um estudo em Lisboa. Sobre alojamento local. Falou e analisou o negócio de 6.000 empresários. Estudo divulgado em março deste ano. E, entre outras conclusões, concluiu que 59% dos imóveis que hoje são alojamento local estavam, antes, devolutos. Ou seja a questão não parece ser uma oposição entre turistas e residentes mas sim entre turistas e edifícios devolutos e degradados. Basta aliás sair de casa e olhar. Sabemos todos o que são hoje, e em larga medida, os centros históricos do Barreiro, do Montijo ou de Palmela (só para dar alguns exemplos). Ou não sabemos? E fingimos ignorar? Outra questão completamente diferente e à qual não devemos fugir é a questão da gestão urbana que inclui, naturalmente, a gestão

TURISMO SEMMAIS

Promessas

JORGE HUMBERTO SILVA COLABORADOR

da oferta turística. Os cidadãos, nós, estamos, por isso, hoje confrontados com um discurso bipolar em torno do alojamento local. Por um lado o diabo chegou, sob a forma de turismo. Por outro lado vimos hostels e guest houses em edifícios antes abandonados e degradados. O centro histórico de Setúbal começa aliás, a pouco e pouco, a ser um bom exemplo deste novo alojamento em vez de ser um mau exemplo de abandono. Alguns dos novos alojamentos locais que surgiram em Setúbal são mesmo um exemplo de excelentes alojamentos (Largo da Ribeira Velha; Av. Luísa Todi) em qualquer cidade portuguesa ou em qualquer cidade europeia. Ao lado de Setúbal (ou quase) temos outro excelente exemplo. Em Cacilhas (Almada) na Rua Cândido dos Reis também os novos alojamento locais mudaram a paisagem urbana e inventaram lugares

para turistas e viajantes. Contribuindo, simultaneamente, para construir melhor espaço urbano. E se queremos mais Web Summit ou sermos a sede (nem que seja por uma vez) da Eurovisão 2018 precisamos de alojamento para responder aos fluxos de visitantes. E sem o contributo (precioso) do alojamento local, esqueçam. Claro que ainda permanece um certo “espírito de aldeia” que tudo critica e em tudo vê ameaças. Esse espírito é afinal o maior obstáculo à construção de uma cidade mais inclusiva e mais universal. Não do reino de Deus, mas do reino dos Homens. Saibamos então construir esse reino. Com gestão e não com improviso e conversa da treta. Não existe, aliás, outro caminho. Vai ter pedras e obstáculos. Vai dar muito trabalho. Mas afinal existe alguma coisa de bem feito que não dê muito trabalho?

N

riscos do território. No presente contexto em que ocorrem riscos naturais que nos batem à porta, muito para além de imagens na tv de terras longínquas, pode ser a oportunidade para dar um passo em frente. A realidade, às vezes, é muito pedagógica. Na verdade, se isto for feito todos ganhamos, designadamente os mais desfavorecidos e vulneráveis. Muito do uso do território, para não dizer o essencial, está nas mãos do poder local e regional e ainda bem que assim é. E, por consequência a qualidade de vida e bem estar das pessoas depende, em muito, das opções estratégicas que são tomadas ao nível local. As origens da conceção mais moderna do desenvolvimento regional/local são múltiplas, heterogéneas, às vezes contraditórias, e quase sempre dispersas no tempo e no espaço. Em matéria de cartografia de perigosidade e quantificação de risco diria que nada está feito. Não chove, fazem-se uns furos, transporta-se água em autotanques e já está. Provavelmente a seguir virão umas cheias, deslizam umas terras e espera-se

que ninguém de aleije. Às vezes as coisas correm mal, como todos nos lembramos. . No meio urbano as inundações são inevitáveis. Por muito que a ciência tenha avançado em matéria de ocorrências naturais, as incertezas continuam a ser muito maiores que as certezas, designadamente previsões, gestão, controlo, etc. Sabemos que ocorrências catastróficas já aconteceram e vão voltar a acontecer em todos os locais, regiões e países, pobres e ricos. Também no Alentejo. Também temos a certeza que, em caso de ocorrência, os meios de ação disponíveis (humanos e materiais) são sempre mais escassos que o necessário. Tudo isto são certezas. A grande incerteza é saber quando, o quê e onde? E, já agora, com que magnitude? Mas, temos outra certeza, as situações climáticas extremas são mais frequentes. O que fazer? Avaliar e assumir a perigosidade/risco do território (cartografar), prevenir e, em caso de ocorrência, ação rápida e eficaz de forma articulada por parte de todos os agentes de

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rico não devas e a pobre não prometas” ensina-nos o povo com o seu mui saber que por vezes é esquecido por quem deveria ter estas simples coisas em prática. Foi-se dando a esperança aos “responsáveis” do Porto de que para a Invicta poderiam ser deslocados os serviços de uma agência europeia que teria de abandonar um país que há algum tempo decidiu, por referendo, deixar de fazer parte da União Europeia. Nem tudo corre conforme desejamos e a “sorte” caiu sobre uma outra cidade, bem longe de Portugal e de imediato alguém com poder no nosso País se apressou a “tapar o buraco” com o anúncio de que uma entidade, com o conhecido nome de Infarmed, seria deslocada para a capital nortenha.

Mas outras promessas têm também corrido menos bem…

Perigosidade e riscos naturais no Alentejo

o Alentejo o essencial, muitas vezes, confunde-se. Não é muito diferente do resto do país. A atual e grave situação de seca é um bom exemplo disso. Tudo o que agora se pode fazer, em período de seca, é emergência. Igual aos incêndios. Planear e gerir riscos naturais e perigosidade do território é outra coisa e isso raramente se faz em Portugal. Quando se falou em “desenvolvimento inteligente” ou, mais pomposamente, “estratégia de eficiência inteligente” alimentou-se alguma esperança que a causa da gestão pública do território melhorasse. Como quase sempre os responsáveis têm relutância, quiçá por razões políticas, em tratar alguns temas como devem. A perigosidade do território e os riscos naturais são um bom exemplo disto. Por exemplo, é muito mais fácil refugiarmo-nos na Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, que depois se reflete nos Planos Regionais, que não mais diz do que algumas generalidades, do que mapear à escala concelhia a perigosidade /

JORNALISTA

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xiste um grande ódio no turismo. Esse ódio é um ódio de estimação. De turista para turista. Eu turista quero estar onde mais ninguém está. Eu turista quero um lugar só para mim. Porque sim. Porque a privacidade é um direito. Só meu. Os outros (turistas) são hordas de bárbaros a estragarem o modo como eu me relaciono com os lugares. Estão a mais. E eu tenho espaço a menos. O que eu quero, na verdade, é um turismo unipessoal. Eu turista não quero nem ver outros turistas. Vade retro satanás. Deve haver um qualquer satanás só para os turistas. Os outros turistas, claro. A este ódio que alimenta uma das maiores contradições no turismo, “quero ser turista mas não gosto dos turistas”, acresce um novo ódio, vindo de quem acha que o bairro é deles. Os turistas são, segundo esta opinião, um estorvo e um corpo estranho. Capazes de destruir, num ápice, a vida e as tradições dos bairros e dos centros históricos. De facto os turistas às vezes tentam. E às vezes quase que conseguem. Mas estas são situações muito, mas muito, limitadas. Na nossa região

JORGE SANTOS

Turistas Odeiam Turistas. Cidadãos não Sabem o que Pensar.

FIO DE PRUMO

OPINIÃO

proteção civil. Estamos em crer que é muito oportuno e acertado que cada concelho do Alentejo se muna de cartografia de risco a escala adequada que ajude a planear e a gerir o território. Parece-nos óbvio que até do ponto de vista empresarial a competitividade territorial é uma realidade em que as “pequenas” coisas fazem uma grande diferença. O início de mais um ciclo governativo local é mais um dado que pode ajudar a tomar a decisão no caminho que preconizamos. Território é muito mais que circunscrição administrativa, é um ecossistema vivo e social que deve ser vivido; gestão e ordenamento do território não são a mesma coisa, mas são ambos essenciais à ação e determinantes no bem estar das pessoas e sustentabilidade dos lugares; desenvolvimento não é crescimento, é muito mais vida. Esquecemo-nos que a Terra é viva? Maria João Figueiredo Engª Diretora da TTerra, engenharia e ambiente

Aparentemente tudo estaria correcto e certinho mas eis que a quase totalidade dos trabalhadores não se mostrou disposta a ir de armas e bagagens para uma outra cidade. Uma coisa é certa e o Governo já veio publicamente comunicar que a decisão poderá ser revogada e – espera-se – que tal seja tomada como ensinamento. Mas outras promessas têm também corrido menos bem… É verdade que a esmagadora maioria dos portugueses vive agora o dia-a-dia com menos preocupações, pelo menos com menos angústia, mas ainda falta uma boa série de coisas que as famílias aguardam para que a alegria possa melhorar o futuro dos seus. E, porque todos desejamos actos em vez de promessas, por cá continuamos a aguardar que a sabedoria de quem decide receba a luz que nos tragam dias mais belos e alegres.

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