semmais
SÁBADO 5 DE MAIO DE 2018 Diretor Raul Tavares Semanário - Edição 990 - 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso
ENTREVISTA
EM 5 ANOS MAIS DE 900 PESSOAS DO DISTRITO FORAM DESPEJADAS DAS SUAS HABITAÇÕES Os números são reveladores da expressão que o mercado de arrendamento representa na península de Setúbal com mais de 2200 requerimentos de despejo entregues no Balcão Nacional de Arrendamento. Os dados do Ministério da Justiça colocam a região no terceiro lugar da lista nacional quer em número de despejos quer de requerimentos. P2
PEDRO DOMINGUINHOS CUMPRE SEGUNDO MANDATO À FRENTE DO IPS Naquele que será o seu último mandato o presidente do Instituto Politécnico de Setúbal confessa que em 2022 espera ver construída a Escola Superior de Saúde e confirmada a diminuição dos níveis de abandono escolar para valores abaixo dos 10%. P5 NEGÓCIOS
PESCA DA SARDINHA PROIBIDA ATÉ 20 DE MAIO COM AVAL ASSOCIATIVO Por despacho do secretário de estado das pescas, José Apolinário, a proibição de captura da sardinha foi prolongada até 20 de maio. O governante apela à ponderação, até serem conhecidos os resultados do cruzeiro científico que está em curso. P13
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SOCIEDADE
ASSOCIAÇÃO DE INQUILINOS RECLAMA O FIM DO BALCÃO DE ARRENDAMENTO
903 inquilinos do distrito foram despejados em cinco anos Entre 2013 e 2018, foram registados 21 932 pedidos de despejos no Balcão Nacional de Arrendamento. A maioria está concentrada em Lisboa e Porto, seguindo-se Setúbal, Braga e Aveiro como as cidades mais afetadas. 95% dos processos são relativos a falhas no pagamento das rendas. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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esde que entrou em funções, em 2013, o Balcão Nacional de Arrendamento (BNA) emitiu 903 títulos de desocupação de casas no distrito de Setúbal, apesar de terem dado entrada naquele organismo um total de 2217 requerimentos de despejo. Nos dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça, a região surge no terceiro lugar da lista nacional em número de despejos e requerimentos, apenas atrás de Lisboa e Porto, ilustrando a cada vez maior expressão que o mercado de arrendamento representa na península. Não é de hoje que a divergência que opõe senhorios e inquilinos, com os proprietários a defenderem a importância do BNA, enquanto os representantes dos inquilinos pedem a extinção do balcão. Isto, apesar
dos números disponibilizados pelo Ministério da Justiça indicarem que desde que o BNA foi criado nem metade dos requerimentos resultaram em despejos, com atesta o exemplo sadino. Segundo avança a tutela, os principais motivos de desocupação do locado são emitidos depois de esgotado o prazo de 15 dias de que o inquilino dispõe para se opor ao processo e neste campeonato o distrito surge no quadro nacional com uma das taxas mais elevadas do país, o que se explica, segundo os agentes a operarem no mercado, pelo facto de ser uma das regiões que concentra das maiores ofertas de arrendamento. Os senhorios podem avançar com processos de despejo junto do BNA quando o inquilino falhe o pagamento das rendas por pelo menos três meses ou quando se atrase por mais de oito dias no pagamento da renda, desde que tal suceda mais de quatro vezes seguidas ou interpoladas. O tempo médio
para a resolução dos processos através do BNA ronda entre três a quatro meses. Segundo António Frias Marques, da Associação Nacional de Proprietários, mais de 95% dos processos que chegam ao BNA são falhas no pagamento das rendas, acrescentando que mesmo os processos de pedidos de despejos que são recusados acabam mais tarde por voltar a entrar no balcão. Já Romão Lavadinho, presidente da Associação de Inquilinos, reclama o fim desta estrutura, alertando que se trata de “balcão de despejo”, quando estes casos devem ser tratados pelos tribunais. Regras novas para obras Fazer obras de fundo numa casa deixará de dar direito a despejar o inquilino, mas o contrato de arrendamento passará a ser suspenso durante a realização das melhorias para que o inquilino possa regressar. Esta medida visa evitar despejos for-
çados, sobretudo em casas antigas, tal como alertou o próprio ministro do Ambiente, Matos Fernandes, após o Conselho de Ministro da passada semana, que aprovou a nova geração de políticas de habitação. Hoje quem fizer obras numa casa, com um custo equivalente a 15% do seu valor patrimonial pode denunciar o contrato
com os inquilinos. «Acontece que as casas antigas, como as dos centros históricos, têm um valor patrimonial muito baixo, pelo que facilmente uma melhoria do imóvel é suficiente para despejar quem lá vive», constata o ministro, pelo que o Governo avança com a alternativa de 25% sobre o valor real do imóvel.
Barreiro e Quinta do Conde promovem sessões sobre segurança contra incêndios
Impacto das alterações climáticas no Montado de Sobro preocupa municípios alentejanos
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uma organização conjunta da Federação das Coletividades do Distrito de Setúbal e da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), através do comando distrital de operações de socorro de Setúbal (CDOS), a sede da junta de freguesia da Quinta do Conde, Sesimbra, acolhe terça feira, pelas 21h00, uma sessão de esclarecimento sobre segurança contra incêndios em edifícios e equipamentos de utilização coletiva, nomeadamente associativa. De acordo com a ANPC, «a salvaguarda da segurança das pessoas e bens constitui uma função primordial e prioritária do Estado. Neste âmbito, ao longo das últimas décadas foi desenvolvido um conjunto de atos normativos na área da segurança contra incêndios em edifícios, que visam reduzir a probabilidade de ocorrência de incêndios, limitar o desenvolvimento de eventuais incêndios, circunscrevendo e minimizando os seus efeitos». A sessão, que
conta com o apoio da junta da Quinta do Conde é de entrada e participação gratuita. No Barreiro o mesmo tema estará, igualmente, em evidência na quinta feira, dia 10, com a iniciativa municipal «Medidas de autoproteção de segurança contra Incêndios» cuja oradora convidada será Paula Almeida, do CDOS de Setúbal. Esta será a primeira de várias sessões promovidas pela autarquia que decorrerão no auditório da
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biblioteca municipal do Barreiro, em horário pós-laboral (das 21h00 às 23h00) dirigidas à população que pode participar gratuitamente. Depois da sessão de dia 10, já estão programadas mais duas. Uma subordinada ao tema «Candidaturas ao Programa de Apoio ao Associativismo», a 17 de maio, e outra relacionada com «Licenciamentos da responsabilidade da Autarquia», a 24 de maio. *E.S.
salão nobre da câmara de Alcácer do Sal vai acolher em breve a cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação entre os municípios da região do Alentejo e vários agentes, ligados à área ambiental, que pretendem fazer chegar ao Primeiro-Ministro uma carta onde se expressa a preocupação relativamente ao impacto das alterações climáticas na chamada floresta multifuncional. A iniciativa designada «Pró-Montado Alentejo» é subscrita por vários municípios, produtores florestais, associações de defesa do ambiente e especialistas da área que pretendem «alertar o Governo para as consequências das alterações climáticas para a floresta multifuncional, nomeadamente para o montado de sobro no Alentejo». Além da assinatura do protocolo, e da missiva a ser enviada a António Costa, sobre o impacto das alterações climáticas no Montado de Sobro, os interve-
nientes na ação propõem-se a analisar e debater medidas que possam ser implementadas no território e, até, constituir uma comissão executiva. Consideram os membros desta iniciativa não estar, este Governo, «a dar sinais de uma correta avaliação do risco (e gravidade) em que incorrem as alterações climáticas, que estão a pôr em causa a chamada Floresta “Multifuncional”, e, por isso, apresentará ao Governo diversas propostas de medidas que podem ser implementadas». *E.S.
SOCIEDADE
NOVO QUARTEL DOS BOMBEIROS MISTOS DE GRÂNDOLA JÁ FICA AQUÉM DAS NECESSIDADES
Grândola ganha quartel e Pinhal Novo exige veículo florestal de combate a incêndios Bombeiros Mistos de Grândola inauguraram novo quartel enquanto os Bombeiros do Pinhal novo sopraram as velas do 67º aniversário. No Alentejo o novo equipamento carece de parque de viaturas enquanto que no Pinhal Novo se aguarda pela substituição do carro de combate a incêndios florestais que já atingiu a maioridade. TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM
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s novas instalações dos Bombeiros Mistos de Grândola, no Cerrado da Pernicória, inauguradas na última semana num terreno cedido pela autarquia, irão «contribuir para o aumento da operacionalidade do corpo de bombeiros». A certeza foi manifestada pelo presidente da Associação Humanitária, José Luis Dias, que acredita que «estando fora do centro da vila, as novas instalações permitirão uma maior e mais rápida mobilidade dos meios». Ainda assim, o operacional lamenta que devido ao atraso na concretização do projeto «a obra agora inaugurada já esteja sub-dimensionada». Decorreram vários anos desde a elaboração do projeto até à sua concretização e «os números foram evoluindo, tanto em operacionais como em viaturas». José Dias admite, por isso, que esta possa ser a primeira de duas fases de um projeto que tem necessariamente que contemplar um parque de viaturas. O presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Mistos de Grândola fala num «investimento adicional de 100 mil euros, que pode ser desenvol-
vido na envolvente do novo edifício que tem espaço suficiente», refuta. As obras agora colocadas ao serviço da população, e dos soldados da paz de Grândola, custaram mais de um milhão e meio de euros sendo que, além dos fundos comunitários, a câmara de Grândola assumiu as rédeas da operação com uma contribuição de 750 mil euros a par de arruamentos e arranjos exteriores», esclarece o edil grandolense Figueira Mendes. O presidente da câmara reconheceu aquele que foi um «processo complexo, mas que o executivo já tinha admitido como prioritário» referindo-se ao novo quartel. Figueira Mendes lembrou, ainda, o apoio anual transferido do orçamento municipal para aos bombeiros, «e que ronda os 100 mil euros», para salvaguardar que «a autarquia está e estará ao lado dos Bombeiros». Entretanto está já a ser preparada uma equipa permanente de socorro em Tróia. Joaquim Duarte, comandante da corporação, acredita que, com «este grupo permanente de cinco bombeiros» vai ser possível garantir uma resposta rápida num território onde, por norma, os bombeiros de Grândola demoram mais de meia hora a chegar. Segundo um protocolo celebra-
Novo quartel dos Bombeiros Mistos de Grândola
do, entretanto, entre os Bombeiros, a câmara e a Autoridade Nacional de Proteção Civil é certo que a corporação de Grândola vai acolher, também, uma equipa helitransportada de intervenção rápida. Pinhal Novo sem veículo de combate florestal Na celebração do 67º aniversário a corporação do Pinhal Novo não inaugurou um novo equipamento, mas «deu um passo significativo para a melhoria das condições dos bombeiros e para o aumento dos níveis de proficiência». Referia-se Luis Filipe Neto, comandante do corpo de bombeiros, à assinatura do contrato para ampliação do atual quartel. A obra está projetada há vários anos, mas só agora «vê a luz do dia» por intermédio de uma candidatura apresentada pela Associação Humanitária ao POSEUR, através do programa Portugal 2020.
Trata-se de um investimento de mais de 500 mil euros, comparticipado por fundos comunitários e complementado pelo orçamento municipal e verbas da própria Associação. A colaboração da câmara de Palmela neste processo reforça, segundo Luis Filipe Neto, «a parceria fundamental entre o poder local e o corpo de bombeiros numa relação que pode, e deve, ser aprofundada com as restantes corporações do concelho para garantir um socorro ainda mais eficaz, rápido e de qualidade», vinca. Devolvendo o reconhecimento feito pelo operacional, relativamente à sua «disponibilidade para estar com os bombeiros na ação e no planeamento», Álvaro Amaro, presidente da câmara de Palmela, recordou, durante a sessão solene de aniversário da corporação, que «se as verbas do programa da candidatura não tivessem sido reforçadas, nós estávamos disponíveis
Cerimónia de aniversário dos Bombeiros de Pinhal Novo
para aumentar a comparticipação da câmara». Durante a cerimónia de aniversário os bombeiros de Pinhal Novo viram «abençoada» a nova viatura de INEM, que está ao serviço da corporação há pouco mais de um mês, e aproveitaram a ocasião para alertar para a necessidade urgente de adquirir uma viatura de combate a fogos florestais para substituir a atual que já conta com mais de 18 anos. Aproveitando a presença do representante da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Luis Filipe Neto aludiu para a aproximação de um período de incêndios «complexo», não só no que diz respeito aos incêndios rurais, «com campanhas de desinformação suportadas por interesses corporativos», como aos incêndios florestais «que nós temos que combater com fisgas enquanto que outras corporações foram dotadas de porta-aviões para o efeito», ironizou.
Ainda assim, garante o responsável de comando, «o nosso corpo de bombeiros responde com profissionalismo e competência, não só, às solicitações da nossa comunidade, mas, também, aos concelhos vizinhos, integrado no sistema integrado de emergência médica, onde as intervenções fora do concelho são diárias, e também no sistema integrado de operações de proteção e socorro». No ano passado «acorremos a 12.325 alertas, entre os quais 101 acidentes rodoviários, 39 incêndios urbanos, 155 incêndios rurais e 3955 emergências médicas». Além disso, conclui, «estamos apostados na formação do corpo ativo e da própria população, através da realização de worshops distintos», como o que vai ter lugar no próximo dia 13, novamente, dedicado às urgências pediátricas, cuja lotação está praticamente esgotada.
Praias da região erguem 26 azulinhas
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s praias do distrito conquistaram 27 bandeiras azuis para o Verão de 2018, o que traduz a uma das melhores performances do país. O concelho de Grândola, com dez «azulinhas», volta a ser o mais contemplado, enquanto Almada ergue seis, Sines cinco e Sesimbra quatro. Segundo o anúncio feito pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), Grândola volta a vestir de azul as praias
de Tróia-Mar, Tróia-Galé, Tróia-Bico das Lulas, Atlântica, Comporta, Carvalhal, Pego, Aberta Nova, Fontainhas e Melides. Por seu lado, a Costa de Caparica (Almada) recebe o galardão nas praias do CDS, São João da Caparica, Sereia, Tarquínio Paraíso/Dragão Vermelho, Nova e Mata, enquanto em Sesimbra hasteiam azul o Meco, Lagoa de Albufeira, Califórnia e Ouro. As praias de Vasco da
Gama, São Torpes, Vale de Figueiros, Praia Grande, em Porto Covo, e Ilha do Pessegueiro erguem Bandeira Azul no concelho de Sines, enquanto a Costa de Santo André e a Fonte do Cortiço são as duas praias contempladas no concelho de Santiago do Cacém. Por Setúbal volta a ser a Figueirinha a exibir a desejada “azulinha”. Recorde-se que a Bandeira Azul é o reconhecimento europeu em torno das praias que garante a
qualidade das zonas balneares, inscrevendo-se no «programa de educação ambiental», segundo o presidente da Associação Bandeira Azul da Europa, José Archer, para quem «o esforço realizado na melhoria das áreas balneares permitiu ganhos socioambientais entre 25 a 55 milhões de euros em todo o país» sublinha, elogiando o facto de cada vez haver mais bandeiras azuis nas nossas praias. *R.D.
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SOCIEDADE
ALTERAÇÃO DO PROCESSO OBRIGA A ADIAMENTO DAS OBRAS DA UNIDADE DE SAÚDE EM SESIMBRA
Centro de saúde de Santiago vai ficar localizado no Largo do Calvário Câmara de Sesimbra alega um milhão de razões para relocalizar o projeto do centro de saúde de Santiago, previsto para o edifício da Rua Aníbal Esmeriz e Dispensário, para o Largo do Calvário. Francisco Jesus, presidente da autarquia, reconhece que do ponto de vista técnico a nova localização serve melhor a população. TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM
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novo centro de saúde que servirá a população residente da freguesia de Santiago e os turistas que, no verão, fazem triplicar o número de utentes nos serviços de saúde, já não vai ficar «dividido» entre os edifícios da rua Aníbal Esmeriz e da rua Amélia Frade. O contrato estabelecido entre a autarquia de Sesimbra, o ministério da saúde e a administração regional de saúde
de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) já foi revogado e deu origem a um novo processo, proposto pela autarquia que, segundo o seu presidente Fran-
cisco Jesus, «chegou a um entendimento com a ARS para a relocalização do equipamento para o Largo do Calvário». Em causa, esclarece
Francisco Jesus, esteve a «estimativa de custos» para a autarquia que, nos moldes em que o protocolo de colaboração foi celebrado, assumiria «mais de um milhão de euros» em obras em edifícios que «avaliando bem as condições, não serviam condignamente a população». Além de que a utilidade do espaço não ultrapassava os 800 metros e era repartida, no caso da «galeria em projeto» em dois andares. Da tutela a autarquia receberia «apenas 950 mil euros», lembra o edil sesimbrense.
Esta nova versão do projeto, previsto para o Largo do Calvário, «possibilita a construção, de raiz, de um edifício térreo com mais de 1200 metros, que ocupará 30% da área total do espaço e representa um investimento total de um milhão e trezentos mil euros». Deste valor, o ministério garante os contratualizados 950 mil e a câmara municipal de Sesimbra suporta o diferencial. O projeto de arquitetura «está concluído e já obteve a aprovação da ARS-LVT» estando a autarquia a contratualizar os
projetos de especialidade para poder lançar em breve o respetivo concurso. Francisco Jesus lamenta, por isso, que «não seja previsível o início das obras antes do final de 2019». O atual centro de saúde de Santiago, transformado numa Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados e Atendimento Complementar funciona num edifício cedido pela Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra, que já «não apresenta condições para os utentes», vinca o presidente da edilidade.
Ar poluído passa dos limites no distrito particularmente em Almada e Setúbal
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stá a aumentar no distrito o número de cidades com excesso de poluição, levando em linha de conta os limites definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Almada e Setúbal são as duas localidades que excedem o limite de dez microgramas de partículas finas inaláveis por metro cúbico de ar, com valores de 14 e 11, respetivamente, enquanto Barreiro e Santiago do Cacém atingem o limite, com dez. Ainda assim, Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, desvaloriza os dados, lembrando que aquela organização «faz uma avaliação à escala global sem ter em conta do contexto das localidades.» Em causa está a poluição com partículas minúsculas, consideradas como sendo as mais perigosas e suscetíveis de se infiltrarem nos organismos, entrando nos pulmões
Academia de Dança de Setúbal promove aulas abertas e audições para novos alunos e no sistema cardiovascular, causando doenças potencialmente mortíferas. Entre elas contam-se os derrames cerebrais, ataques cardíacos, obstruções pulmonares ou infeções respiratórias. Contudo, é preciso reter que os valores limites indicados pela OMS são mais baixos do que os definidos pelas legislações portuguesa e comunitária, que apontam aos 25 microgramas por metro cúbico de ar. À luz destes valores, todos os locais
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referidos no distrito acabam por ficar dentro dos limites permitidos legalmente. Já quanto ao limite estabelecido para partículas mais grossas, a OMS coloca a fasquia nos 20 microgramas, sendo este valor ultrapassado em Setúbal (23), Almada (22), Santiago do Cacém (22), Barreiro e Sines (ambos 21). Segundo a OMS nove em cada dez pessoas no mundo respiram ar poluído. *R.D.
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Academia de Dança Contemporânea de Setúbal (ADCS), que está a celebrar 35 anos de existência, continua a promover Aulas Abertas gratuitas ao público. As próximas aulas têm lugar a 8 e 9 deste mês, às 19 e às 19h30, e versam sobre Dança Clássica, com João Petrucci, e Dança Contemporânea, com Inês Porfírio. Estas aulas realizam-se no âmbito de um protocolo entre a instituição
e o município e estão inseridas no Dia Mundial da Dança. O objetivo é o de proporcionar uma experiência em diferentes estilos de dança e movimento e, por outro lado, dar a conhecer a escola e os seus professores e levar novos alunos ao projeto, que leciona cursos livres e de formação de bailarinos. Já as Audições da ADCS para a admissão de novos alunos realizam-se a 8 e 17 deste mês, às 16 (10.º
ano) e 18h45 (5.º e 7.º anos), e a 25 de junho, às 11h30 (5.º e 7.º ano), e às 13h00 (10.º ano). Estas duas épocas de Audições, anuais, consistem em aulas para avaliação das capacidades e qualidades físicas e técnico-artísticas dos candidatos. Além das datas elencadas, existe ainda a possibilidade, caso seja solicitado, de marcar outras Audições para outras datas. *A.L.
ENTREVISTA
PEDRO DOMINGUINHOS «ESTÁ» PRESIDENTE DO IPS ATÉ 2022
«Quero deixar um Politécnico sustentável para os próximos 15 anos» A poucas semanas de completar 47 anos Pedro Dominguinhos fala, com orgulho, do grau de cumprimento do seu compromisso para com o Instituto Politécnico de Setúbal, cuja presidência assumiu em 2013, e deixa clara a aposta para este segundo e último mandato; reduzir de 15 para 10% os níveis de abandono escolar e deixar construída a Escola Superior de Saúde. O segredo para o sucesso do IPS «são as pessoas» TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM
Tomou posse há poucos dias para o segundo mandato. Que avaliação faz do ciclo que começou em 2013? Muito positivo. Na primeira candidatura, em 2013, elenquei 125 ações. Foi um risco calculado. E tive oportunidade de justificar o alcançável e das 125 ações, cerca de 110 foram totalmente implementadas. O que significa um grau elevadíssimo de concretização. Refiro-me ao crescimento em 20% do número de estudantes, de cinco mil para mais de seis mil, o ano passado. Alargámos os cursos técnicos superiores profissionais, que era uma formação que nós não tínhamos, foi lançado em 2014 a nível nacional e nós só avançamos em 2015, mas neste momento já temos 830 estudantes nesta valência. Estamos em Setúbal e no Barreiro mas também estamos em Lisboa, Ponte de Sor, Sines e queremos estar em Grândola no próximo ano. Temos mais de 800 estudantes em mestrado com um crescimento bastante significativo na área da saúde, resultante da parceria do mestrado que temos com a universidade de Évora, o Politécnico de Castelo Branco, Portalegre e de Beja que nos permite uma abrangência muito forte. Se há mais alunos… Claro! Há, também, mais docentes. Quando cheguei, tínhamos cerca de 378 docentes a tempo integral e fechámos o ano de 2017 com 437 docentes a tempo integral. Aumentámos para 240 o número de doutorados e passámos de cerca de 40% de ETI doutorados para cerca de 55%. Só com este incremento da formação do pessoal docente e não docente é possível continuar a crescer e a apostar
O segredo do sucesso são as pessoas «Os resultados do IPS devem-se aos nossos funcionários docentes e não docentes que têm uma capacidade elevada de trabalho e profissionalismo em condições, é preciso não esquecer, em que durante quatro anos não foram aumentados e muitos deles sofreram redução de vencimentos. Isso demonstra o nível de envolvimento e de empenhamento e motivação dos trabalhadores docentes e não docentes para a concretização dos objetivos.»
superior. É impreterível que nos continuem a ver como um motor fundamental do desenvolvimento regional.
No CCISP para garantir doutoramentos para os Politécnicos Pedro Dominguinhos foi eleito, dia 1 de maio, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP). O professor ressalva que vai «lutar pela alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo e do Regime Jurídico do Ensino Superior, de forma a consagrar a outorga do grau de doutor pelos Politécnicos». Esta «negociação com a tutela», diz, «terá por base o relatório da OCDE, de há dez anos, que já reconhecia condições e credibilidade aos Politécnicos para dar doutoramentos, mas também o reconhecimento do próprio governo que sugeriu esta alteração». O presidente tem «energia e vontade suficiente» para lutar por uma causa que considera «justa» e conta com «a confiança dos colegas que represento no CCISP». em novos cursos como os que queremos lançar em Grândola nas áreas da produção aeronáutica e do turismo. O novo mandato continua a apresentar desafios. Quais as prioridades até 2022? Ter propostas de doutoramento. Sabemos que depende da alteração da lei de bases do sistema educativo (ver caixa), mas quero, enquanto presidente do Politécnico, estar preparado para quando abrirem as candidaturas apresentarmos, pelo menos uma
candidatura e tenho a certeza que vou conseguir fazê-lo. Depois quero ter, já em 2019, um centro de investigação acreditado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com financiamento. A Cconstrução escola superior saúde, a diminuição do nível do abando escolar a níveis abaixo dos 10 % e um sistema interno de garantia de qualidade certificado a seis anos são metas a que me proponho e que só podem ser cumpridas porque tenho comigo pessoas motivadas, empenhadas e dedicadas.
Sendo este um Instituto centrado nas pessoas, a consolidação da relação com a sociedade civil também é importante? Sem dúvida. Quero que o Politécnico fortaleça a sua presença na região. Gostava que além de sermos reconhecidos como o Politécnico da empregabilidade fossemos reconhecidos como parceiro crucial na região. Representando um vértice fundamental na quádrupla hélice regional que congrega as empresas, as entidades públicas, os cidadãos e as instituições de ensino
Como se fortalece essa relação com o território? Não tenho a menor dúvida de que o politécnico granjeou notoriedade e credibilidade junto dos diferentes atores nos últimos 23 anos. Também sabemos que este é um processo que muitas vezes carece de ser trabalhado continuamente. Temos que ter um acompanhamento permanente e consistente na região e, por isso, até ao final do ano iremos estudar cada um dos 13 concelhos do distrito e auscultar autarcas, empresas, instituições de solidariedade social, coletividades e associações para que nos digam o que podemos fazer em parceria com eles. Apresentar resultados e discutir oportunidades. Tanto em projetos de investigação aplicada como na implementação de novos cursos. Há um fator específico que diferencie o Politécnico de Setúbal de todos os outros? Penso que sim. Este é o Politécnico da empregabilidade e não é por acaso. Os cursos são planeados com o mercado, as metodologias utilizadas têm potenciado o desenvolvimento de competências. A promoção que nós fazemos permite captar os estudantes com
vontade de trabalhar, significa que aquilo que nós trabalhamos para desenvolver as competências extracurriculares das pessoas dá frutos. A maior diferenciação passará, talvez, pela dedicação dos nossos docentes que são muito bons e trabalham imenso. Não damos aos nossos alunos apenas o conhecimento técnico. Damos a competência para desenvolver as capacidades. Porque uma coisa é inserção profissional, em que os alunos estão ou não empregados. Outra coisa, diferente e que nós privilegiamos, é a empregabilidade. E isso significa que os alunos desenvolveram competências para ter a possibilidade de estar inseridos profissionalmente no mercado de trabalho. Somos o único Politécnico, e talvez a única instituição de ensino superior, que tem estudos anuais com taxas de resposta superiores a 70% dos diplomados. Nós queremos saber o que os nossos estudantes estão a fazer, onde estão empregados e as principais dificuldades para nos irmos adaptando numa lógica de melhoria contínua. Sendo este o último mandatao tenciona voltar a lecionar? (Risos) Não posso negar que me faz falta. Mas o trabalho é tão intenso que rapidamente me esqueço. Mas sim, a minha função é ser professor do ensino superior e ainda vou poder exercer durante mais alguns anos (16 ou 17). Costumo dizer que estou presidente e não que sou presidente. É um processo transitório e acredito que, quando chegar a altura não vai ser fácil o distanciamento. Mas quero sair com um Instituto sustentável para mais 15 anos. Não temos o dinheiro que gostaríamos, mas temos feito uma gestão rigorosa que nos permite revelar uma solidez financeira para o que é fundamental e que é a investigação.
2018 | 5 DE MAIO | SÁBADO | SEMMAIS | 5
LOCAL
PALMELA
Construção do Centro de Dia da ARPIBA já começou
Teve lugar a 29 de abril o lançamento da 1.ª pedra do Centro de Dia e do Serviço de Apoio Domiciliário da Associação de Reformados Pensionistas e Idosos do Br.º Alentejano e Arredores, com capacidade para 50 e 40 utentes, respetivamente. O presidente da direção, José Brita, mostra-se confiante de que, «terminada a 1.ª fase, a obra não poderá ficar por aí» e irão «encontrar os meios para a sua conclusão». Já o edil Álvaro Amaro, sublinhou o papel das IPSS´s, que o município valoriza e identifica como «atores-chave do desenvolvimento social local e como estruturas essenciais em cada comunidade».
SETÚBAL
Nova estação rodoviária abre concurso O município aprovou dia 9, em reunião pública, a abertura de concurso público para a construção do Terminal Interface de Setúbal, na Praça do Brasil. O procedimento visa implementar o projeto destinado a congregar os modos rodoviário e ferroviário naquela praça, cujo preço base é superior a 3 milhões de euros, a executar em 540 dias. O critério de adjudicação a considerar é o da proposta economicamente mais vantajosa, sendo que os potenciais interessados têm 30 para apresentarem propostas. A empreitada visa deslocalizar o terminal rodoviário, atualmente na Av.ª 5 de Outubro, instalando-o junto da estação ferroviária, na Praça do Brasil.
BARREIRO
Escolas básicas e Jardins de Infância recebem novos computadores
MOITA
Estação de esgotos do Br.º Mesquita entrou em funcionamento
De 16 a 19 de agosto, o Sol da Caparica regressa à Costa de Caparica. Anselmo Ralph, Carolina Deslandes, Expensive Soul, Miguel Araújo, Piruka, Rodrigo Leão são algumas das novas confirmações. Frankie Chavez, Wet Bed Gang, Filipe Catto, Calema, Linda Martini, Sara Tavares, GNR, Virgul, Jimmy P e Carminho juntam-se aos artistas já anunciados. Estes são 16 dos 33 artistas que vão participar no evento, onde a língua portuguesa continua a ser rainha.O dia 19, dedicado às crianças, conta com Rita Guerra, com “As Canções da Maria” e a estreia do “Pátio das Cantigas”, por Manuel Paulo e João Monge. Haverá oficinas criativas de som e luz, insufláveis, skate, dança, entre outras atividades.
GRÂNDOLA
SANTIAGO DO CACÉM
SINES
Festa da Coqueira anima Canal Caveira
SESIMBRA
ALCOCHETE
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Sol da Caparica anunciou primeiros artistas
Estão a decorrer até 9 de maio as inscrições para a I Gala de Jovens Intérpretes, que visa dar a conhecer jovens instrumentistas do concelho, que terá lugar a 2 de junho, no cinema S. Vicente, em Paio Pires. Não terá prémios a concurso, pois o seu objetivo é permitir a jovens dos 8 aos 16 anos atuar num espetáculo profissional com uma composição musical e instrumento à sua escolha, sozinhos ou em duo. A seleção dos intérpretes que participarão na gala será feita através de audição por um júri qualificado tendo em conta a sua identificação com a música e a produção musical. A duração de cada composição não pode exceder os 10 minutos.
No âmbito da fundamental modernização dos equipamentos informáticos do seu parque escolar do 1.º ciclo e pré-escolar da rede pública, a Câmara Municipal do Barreiro pretende efetuar, durante previsivelmente todo o mês de maio, a entrega de cerca de sessenta e cinco computadores nas escolas básicas e jardins-de-infância do concelho. A primeira entrega dos computadores será feita na escola básica N.º 2 do Lavradio, no próximo dia 8 de maio, numa cerimónia que terá lugar a partir das 15h30, estendendo-se, posteriormente, aos restantes estabelecimentos de ensino do concelho barreirense.
A 14.ª edição da Mostra de Teatro Escolar realiza-se nos dias 18, 19 e 20, no teatro João Mota. Dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pelas escolas, promover o teatro junto da comunidade escolar e contribuir para o crescimento artístico e pessoal dos alunos do concelho são os principais objetivos da iniciativa, que conta com a participação de dezenas de jovens talentos. Ao longo dos três dias são apresentadas nove peças preparadas por alunos da rede pública, solidária e privada. Os temas são diversos e foram trabalhados ao longo de vários meses. Os espetáculos são destinados a maiores de 3 anos e têm entrada livre.
Gala para descobrir novos apostas musicais
ALMADA
A Câmara e a Simarsul ligaram, no dia 27 de abril, a Estação Elevatória de Esgotos do Br.º Mesquita à rede pública de saneamento. O edil Rui Garcia frisou a importância da ligação do equipamento para os moradores do Br.º Operário, no concelho da Moita. «É um momento importante para o nosso município, que fez grande investimento na construção do saneamento básico no Penteado e que vê agora toda a rede em funcionamento e é também importante para os nossos munícipes que passam a ter acesso à rede pública de saneamento básico», explicou, acrescentando que «atualmente todo o concelho tem rede de saneamento básico, um grande contributo para a melhoria da qualidade de vida da população».
Canal Caveira dá a conhecer este fim-de-semana, na Festa da Coqueira, tradições gastronómicas do campo como “Jantarinho de Carrasquinhas”, “Jantarinho de Catacuzes” e “Jantarinho de Acelgas”. A proximidade com a natureza onde predomina uma grande e rica variedade de plantas aromáticas, foi fundamental no início do seculo XX para a descoberta e confeção de novas receitas, com “acelgas”, “catacuzes” ou “carrasquinhas”. Esta festa organizada pela Associação Sociocultural da Aldeia Nova de S. Lourenço de Canal Caveira, é também uma homenagem à Coqueira, a mulher que naqueles tempos cozinhava a comida para os trabalhadores do campo que andavam na monda, ceifa e na tira da cortiça.
Escolas mostram talentos teatrais
SEIXAL
Praça Manuel Simões vai ter novo visual A reformulação do arranjo paisagístico da praça Manuel Simões Arrôs está a decorrer com intervenção em seis canteiros e plantação de árvores e o valor total da empreitada é superior a 7 mil euros, a que se somam os custos de cerca de 1 600 euros dos trabalhos realizados por administração direta. Os seis canteiros adjacentes ao edificado serão pavimentados com calçada grossa de granito e para proporcionar ensombramento e colorido aos locais de circulação pedonal e estadia serão plantadas árvores que serão dotadas do sistema de rega automática, mantendo-se uma trepadeira e uma árvore já existentes no local.
Sensibilizar as crianças para organização no trabalho Organizar o espaço de trabalho foi a permissa que as crianças tiveram em conta para organizarem o espaço oficina, num trabalho realizado em equipa, onde todas as sugestões foram discutidas e colocadas em prática. Depois de oficina arrumada os participantes realizaram um trabalho e serve de inspiração para novas ideias a concretizar pelos mais novos. A oficina que decorreu a 28 de abril, no mercado de Santiago e reuniu 17 crianças. A oficina “Aberta para Obras”, integrada no plano de ação do município, “Insucesso Zero - Igualdade na Educação – e visa contribuir para a redução do insucesso escolar.
MONTIJO
Município promove curso de banda desenhada De 8 de maio a 5 de junho, o município promove o 1.º Curso de Banda Desenhada - Iniciação à Arte Sequencial, na Quinta do Pátio d’Água. Esta ação destina-se a quem gosta e sabe desenhar e quer aprender mais ou aprofundar conhecimentos na área da BD. Tem a duração de 40 horas e destina-se a pessoas com mais de 15 anos. O curso incide em novos conhecimentos para abordagem à linguagem sequencial, em técnicas básicas de produção gráfica e em bases para criatividade no desenho, visando fomentar nos alunos a autodisciplina operacional na realização de narrativas visuais, incutindo aptidões para encetar e desenvolver projetos, com ênfase em estilo pessoal e na originalidade.
Câmara reduz dívida em 16 por cento A Câmara reduziu em 16 por cento em 2017, em comparação com 2016, o seu endividamento em mais de 2,3 milhões de euros, passando de 14,6 milhões de euros para 12,3 milhões de euros. A redução foi obtida conjugando a redução do endividamento de médio e longo prazo e a redução do endividamento de curto prazo. Na dívida de curto prazo, destaque para a redução de 1,4 milhões na dívida aos fornecedores de conta corrente. A redução da dívida é o principal resultado dos documentos da prestação de contas 2017, aprovados por maioria, este mês, pela Câmara e Assembleia Municipal.
ALCÁCER DO SAL
Mais de 800 turistas visitaram Alcácer entre março e abril
O concelho de Alcácer recebeu 835 turistas em visitas guiadas entre março e abril, o que representa um aumento de 146 por cento em comparação com o período homólogo de 2017, em que participaram 340 visitantes em circuitos turísticos acompanhados. Os números, que cresceram além da sua duplicação, reportam-se à concretização de 13 visitas guiadas a grupos compostos por 50 a 100 participantes. «A promoção turística tem vindo a ser estruturada de forma diferente, com o intuito de trazer mais pessoas a Alcácer que fiquem a conhecer as nossas potencialidades e as transmitam através do melhor meio de difusão conhecido: o passa-palavra», referiu o edil Vítor Proença.
VINHOS
PELO 3º ANO CONSECUTIVO, O CONCURSO DE VINHOS DA CVRPS BATE RECORDES DE PARTICIPAÇÃO E DE MEDALHAS
«2017 foi um ano com crescimentos assinaláveis em todos os mercados» A Bacalhôa Vinhos de Portugal foi a adega da região mais distinguida no XVIII Concurso de Vinhos da CVRPS, tendo obtido um total de 11 medalhas. O líder da entidade organizadora realça que o setor está a viver uma fase muito boa de crescimento sustentado, com novas adegas a brilhar. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM
A
Bacalhôa, de Vila Nogueira de Azeitão, com 11 medalhas, a Adega de Pegões, com 9, e a Casa Ermelinda de Freitas, de Fernando Pó, com 7, foram as empresas que mais conquistaram medalhas no XVIII Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, promovido pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), durante o último mês. Nesta edição, que voltou a bater recordes de participação, estiveram envolvidas 27 empresas e 188 vinhos para prova, tendo, no total, sido atribuídas 56 medalhas, ou seja, 18 de Ouro e 38 de Prata, também o maior número de medalhas de sempre entregues. Os vencedores foram conhecidos na cerimónia de entrega de prémios que decorreu, no dia 3, na Estufa Fria, em Lisboa. Os vinhos mais pontuados do concurso (‘Os Melhores’) são o Bacalhôa Moscatel de Setúbal Superior 30 Anos - 1985, que recebeu duas distinções Melhor Vinho do Concurso e Melhor Vinho Generoso. A Adega de Pegões arrecadou a medalha de Melhor Vinho Tinto com o Vinhas de Pegões Syrah 2017. O Melhor Vinho Branco foi o DSF Colecção Privada Domingos Soares Franco Verdelho 2017, da José Maria da Fonseca. O Serras de Azeitão Syrah 2017, da empresa Bacalhôa foi distinguido com o título de Melhor Vinho Rosado. «Crescimento coloca região num patamar muito bom» Henrique Soares, presidente da CVRPS, revela que a presente edição «é especial», porque a região está a atravessar «uma fase muito boa de crescimento sustentado, e cuja dinâmica mudou bastante nos últimos 10 anos», tendo sublinhado que 2017 foi «um ano record de vendas, com crescimentos assinaláveis em todos os mercados e que foram repartidos por todas as empresas da região. Este crescimento coloca a região num patamar muito bom e o futuro passa por valorizarmos mais os nossos vinhos e fazê-los chegar a todas as regiões. Mais de 70 por cento dos vinhos da região são certificados». Para celebrar a maioridade do concurso e para reunir um maior número de pessoas e ins-
tituições, a entrega de prémios decorreu, pela primeira vez, fora do concelho de Palmela. «Faço um balanço muito positivo da entrega dos prémios. É uma edição record – de prémios e de empresas – e, por isso, o impacto desta cerimónia acaba por ter uma maior divulgação da região e dos vinhos. A decisão de fazer a entrega dos prémios em Lisboa foi consensual e foi aprovada por unanimidade na nossa Assembleia Geral. Vamos avaliar o impacto e retorno desta cerimónia em Lisboa para depois, no ano que vem, decidirmos o local da entrega em 2019».
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«Caminho fantástico» Já Frederico Falcão, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, realçou que os vinhos portugueses estão a percorrer «um caminho fantástico». Na sua ótica, o clima «fantástico» e a «interajuda entre todos» tem ajudado os produtores «a crescer, a aumentar as suas vendas e a criar valor». E sublinhou que as exportações de vinhos em 2017 renderam aos vinhos nacionais cerca de 780 milhões de euros. E concluiu: «Temos que aproveitar este momento fantástico para aumentar o preço média de venda e para criar riqueza. É preciso certificar e vender mais porque os nossos vinhos são diferentes e únicos». O referido concurso de vinhos é organizado pela CVRPS, entidade certificadora e promotora dos Vinhos da Península de Setúbal, há 18 anos consecutivos com o objetivo de promover, valorizar e estimular a produção de vinhos de qualidade na região vitivinícola da Península de Setúbal. Pelo terceiro ano consecutivo o concurso registou um aumento de vinhos em prova, firmando a relevância da promoção conjunta da região. O júri, composto por técnicos especialistas em análise sensorial das várias regiões vitivinícolas portuguesas, enólogos, jornalistas, escanções, docentes da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, provadores da ASAE e representantes da restauração, num total de 22 provadores, esteve dois dias em provas na Escola e Hotelaria e Turismo de Setúbal. A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Entre-Tejo-e-Sado continua a ser o patrocinador principal do certame, sem esquecer a Corticeira Amorim, a Eikon Centro Gráfico, S.A., a Agroeno – Laboratório de controlo de qualidade e química agrícola, a J Sobral & Dias Lda. e a Entidade Regional de Turismo de Lisboa. 2018 | 5 DE MAIO | SÁBADO | SEMMAIS | 7
VINHOS
XVIII Concurso de Vinhos da Península de Setúbal LISTA DE PREMIADOS
MELHOR VINHO A CONCURSO BACALHÔA MOSCATEL DE SETÚBAL SUPERIOR 30 ANOS - 1985 Vinho Generoso | D.O. Moscatel de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A. MELHOR VINHO GENEROSO BACALHÔA MOSCATEL DE SETÚBAL SUPERIOR 30 ANOS - 1985 Vinho Generoso | D.O. Moscatel de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A. MELHOR VINHO TINTO VINHAS DE PEGÕES SYRAH 2017 Vinho Tinto, Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões, CRL MELHOR VINHO BRANCO DSF COLECÇÃO PRIVADA VERDELHO 2017 Vinho Branco, Regional Península de Setúbal José Maria da Fonseca Vinhos, S.A. MELHOR VINHO ROSADO SERRAS DE AZEITÃO SYRAH 2017 Vinho Rosado, Regional Península de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
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8 | SEMMAIS | SÁBADO | 5 DE MAIO | 2018
OS OUROS BACALHÔA MOSCATEL DE SETÚBAL SUPERIOR 20 ANOS - 1997 Vinho Generoso | D.O. Moscatel de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A. QUINTA DA INVEJOSA 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Filipe Jorge Palhoça - CCH ADEGA DE PEGÕES GRANDE RESERVA 2013 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL QUINTA DA BACALHÔA, 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A. BACALHÔA MERLOT 2014 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
SERRA DE GRÂNDOLA CEPAS CINQUENTENÁRIAS 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Maria Jacinta Nunes C. G. S. da Silva CASA ERMELINDA FREITAS SAUVIGNON BLANC & VERDELHO 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Casa Ermelinda Freitas Vinhos, Lda. HERDADE DA ARCEBISPA RESERVA 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Sociedade Agrícola da Arcebispa, S.A. DONA ERMELINDA RESERVA 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Casa Ermelinda Freitas Vinhos, Lda.
AS PRATAS
BACALHÔA SYRAH 2015 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
BACALHÔA MOSCATEL ROXO DE SETÚBAL SUPERIOR 20 ANOS - 1997 Vinho Generoso | D.O. Moscatel Roxo de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
CONTEMPORAL SELECTION 2012 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL
FAMÍLIA HORÁCIO SIMÕES SUPERIOR 10 ANOS Vinho Generoso | D.O. Moscatel de Setúbal Horácio dos Reis Simões
BACALHÔA GRECO DI TUFO 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
SIVIPA MOSCATEL ROXO DE SETÚBAL SUPERIOR 10 ANOS Vinho Generoso | D.O. Moscatel Roxo de Setúbal SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, S.A.
ADEGA DE PEGÕES CABERNET SAUVIGNON 2015 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL
ALAMBRE 20 ANOS Vinho Generoso | D.O. Moscatel de Setúbal José Maria da Fonseca Vinhos, S.A.
BREJINHO DA COSTA EXCLUSIVE SELECTION SAUVIGNON BLANC 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal RESIGON – Companhia Agrícola e Gestão, S.A.
CASA ERMELINDA FREITAS MOSCATEL DE SETÚBAL SUPERIOR 2007 Vinho Generoso | D.O. Moscatel de Setúbal Casa Ermelinda Freitas Vinhos, Lda.
VINHOS
ENCOSTAS DA ARRÁBIDA 2015 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL
ADEGA DE PEGÕES TOURIGA NACIONAL 2015 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL
VALE DOS BARRIS CASTELÃO 2016 Vinho Tinto |Regional Península de Setúbal Adega Cooperativa de Palmela, CRL
TERRAS DA MOURA 2016 Vinho Tinto | D.O. Palmela SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, S.A.
QUINTA DO MONTE ALEGRE RESERVA 2015 Vinho Tinto, Regional Península de Setúbal Fernando Santana Pereira Unipessoal, Lda.
ADEGA DE PEGÕES SYRAH 2015 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL
VINHA DO TORRÃO 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Casa Ermelinda Freitas Vinhos, Lda.
HERDADE DA BARROSINHA RESERVA 2015 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Companhia Agrícola da Barrosinha, S.A.
QUINTA DA AREIA SAFADA CHARDONNAY & VIOSINHO 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Amalur Enoturismo, S.A.
QUINTA DA INVEJOSA RESERVA VINHAS VELHAS 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Filipe Jorge Palhoça – CCH
VALE DA JUDIA 2017 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL
QUINTA DO MONTE ALEGRE COLHEITA SELECCIONADA 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Fernando Santana Pereira Unipessoal, Lda.
VENÂNCIO DA COSTA LIMA RESERVA 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Venâncio da Costa Lima, Sucrs. Lda.
CAMOLAS GRANDE ESCOLHA VINHA VELHA CASTELÃO 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Camolas & Matos, Lda.
CASA DA ERMELINDA FREITAS SYRAH RESERVA 2016 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, Lda.
QUINTA BREJINHO DA COSTA SELECTION COLHEITA SELECCIONADA EDIÇÃO LIMITADA 2012 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal RESIGON – Companhia Agrícola e Gestão, S.A.
CASTELO DE AREZ COLHEITA SELECIONADA 2017 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal Sociedade Agrícola da Arcebispa, S.A.
QUINTA DO MONTE ALEGRE 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Fernando Santana Pereira Unipessoal, Lda.
QUINTA DO MONTE ALEGRE ALICANTE BOUSCHET 2014 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Fernando Santana Pereira Unipessoal, Lda.
ADEGA DE PEGÕES COLHEITA SELECCIONADA 2014 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, CRL
QUINTA DE CAMARATE 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela José Maria da Fonseca Vinhos, S.A.
PALÁCIO DA BACALHÔA 2014 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
PALMELÃO 2017 Vinho Branco | D.O. Palmela Adega Cooperativa de Palmela, CRL
QUINTA DE ALCUBE RESERVA 2016 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal João Manuel Gomes Serra
CASA ERMELINDA FREITAS ALICANTE BOUSCHET RESERVA 2015 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, Lda.
SERRA BRAVA COLHEITA SELECCIONADA ALICANTE BOUSCHET & SYRAH 2016 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Herdade Canal Caveira, Lda.
QUINTA BREJINHO DA COSTA RESERVA 2015 Vinho Branco | Regional Península de Setúbal RESIGON –Companhia Agrícola e Gestão S.A.
QUINTA DA MIMOSA 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, Lda.
QUINTA DA BACALHÔA CABERNET SAUVIGNON 2015 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
AMEIAS SYRAH 2016 Vinho Tinto | Regional Península de Setúbal SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, S.A. SERRA MÃE RESERVA 2015 Vinho Tinto | D.O. Palmela SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, S.A. QUINTA DA INVEJOSA 2016 Vinho Branco | D.O. Palmela Filipe Jorge Palhoça – CCH
BACALHÔA MOSCATEL ROXO DE SETÚBAL SUPERIOR 10 ANOS - 2003 Vinho Generoso | D.O. Moscatel Roxo de Setúbal Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
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2018 | 5 DE MAIO | SÁBADO | SEMMAIS | 9
VINHOS
JAIME QUENDERA, ENÓLOGO DA ADEGA DE PEGÕES
VASCO GARCIA, BACALHÔA VINHOS DE PORTUGAL
«Os nossos vinhos «É um prazer especial precisam de ser mais ganhar medalhas na conhecidos em Lisboa» nossa região»
A
Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, localizada no concelho do Montijo, através do seu enólogo Jaime Quendera, começa por destacar «a grande e bonita festa» que foi realizada pela primeira vez fora da Península de Setúbal, porque «os nossos vinhos afamados precisam de ser mais conhecidos em Lisboa». A empresa recebeu o prémio de Melhor Vinho Tinto, com o Vinhas de Pegões Syrah 2017, o que deixa Jaime Quendera muito satisfeito, pois trata-se de «um prémio muito importante» para o palmarés da firma. O enólogo sublinha que os vinhos de Pegões não param de brilhar devido às «boas uvas» existentes na região. «Nós ganhamos prémios em todo o lado e em todo o Mundo. É mais uma prova de qualidade que se deve à nossa região».
V
Só este ano a adega de Pegões já recebeu «mais de 50 prémios», recordando Jaime Quendera que a empresa conquistou, no início do ano, o prémio de melhor vinho de Portugal
na China, e já trouxe para Portugal o prémio de melhor vinho do Mundo, na Rússia, frisando que são «dois prémios importantíssimos». *A.L.
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asco Garcia, coordenador da Enologia da Bacalhôa Vinhos de Portugal, de Vila Nogueira de Azeitão, confessou que não estava à espera que a firma ganhasse 11 medalhas no 18.º Concurso de Vinhos da CVRPS. «Estamos contentíssimos por termos recebido este grande número de prémios. É um prazer especial ganhar medalhas na nossa região», sublinhou Vasco Garcia. Na sua opinião, o brilho dos néctares da Bacalhôa deve-se, sobretudo, ao nosso esforço e em apostarmos em vinhas próprias. «Temos uma equipa extraordinária a trabalhar connosco, a começar pela engenheira Filipa Tomaz da Costa, a enóloga da empresa, com quem eu tenho um grande prazer de trabalhar há 29 anos. É um esforço diário e anual para fazer o melhor possível e temos a sorte de estar numa região extraordinária, vinca.
Vasco Garcia afirma que a realização, este ano, da cerimónia de entrega dos prémios do concurso de vinhos da CVRPS em Lisboa é uma «belíssima ideia» para «abrir a região»
a novos públicos. «De vez em quando este concurso deve sair da região onde são produzidos os vinhos. Foi uma noite muito agradável», reconhece. *A.L.
LEONOR FREITAS, DA CASA ERMELINDA FREITAS
«Somos uma região que ainda vai dar muito que falar»
A
gerente da Casa Ermelinda Freitas, em Fernando Pó, no concelho de Palmela, faz um balanço «extremamente positivo» do 18.º Concurso de Vinhos da CVRPS, sublinhando que os prémios arrecadados são uma prova evidente da «grande qualidade» que impera na região no setor vitivinícola. De acordo com a empresária Leonor Freitas, foi «bom» a cerimónia ter decorrido em Lisboa para que os afamados vinhos da região sejam «mais conhecidos e ganhem mais consumidores». «A Península de Setúbal já dá que falar e no futuro ainda será mais falada. É uma região que se afirma de ano para ano. Neste concurso pudemos constatar a qualidade dos nossos vinhos e a diversidade da região. Temos aqui vários vinhos, com várias tipologias, desde o branco, rosé, tinto, monocastas e o moscatel CA_EMPRESAS_PI_210x285mm.indd 1
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de Setúbal, que também é um ícone da região», argumenta Leonor Freitas, desvendando que o sucesso dos seus vinhos deve-se «à região e a pessoas cada vez melhor preparadas para darem continuidade ao setor».
E agradece aos organismos, que trabalham com os produtores de vinhos, bem como à Comunicação Social, a «divulgação» dada aos afamados néctares da região, que tem «tudo de bom». *A.L.
VINHOS
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geral@cooppegoes.pt · tel: +351 265 898 860 · www.cooppegoes.pt · facebook.com/adegadepegoes/ · twitter.com/adegadepegoes
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DESPORTO
CAMPEÃO DE PESCA DESPORTIVA EM BARCO FUNDEADO É DE SETÚBAL
Bruno Cabrita quer repetir proeza de 2013 e ser um dos três melhores do mundo O atleta já tinha sido campeão nacional individual de pesca embarcada em 2015. Com a conquista do primeiro lugar em 2017 renovou a sua presença na seleção nacional que irá representar Portugal no próximo campeonato do mundo. A prova é em Setúbal e o objetivo é o top três. TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM
O
campeão nacional de pesca desportiva em barco fundeado é de Setúbal e foi consagrado aquando da conclusão da 4ª mão, do campeonato nacional da 1ª divisão de Pesca Desportiva em Barco Fundeado. Bruno Cabrita, do Grupo Desportivo Os Amarelos, garantiu o título e assegurou a sua presença na seleção nacional que irá disputar o próximo campeonato do Mundo. A prova é «em casa», de 15 a 22 de setembro, e vai contar com a participação de Bruno Cabrita, Pedro Pereira, da ADCP
Pampilhosa; João Pardal, do CPND Albufeira; Juan Pato, do CN Povoense; Reinaldo Piloto, do CN Ericeira e Agostinho
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Fernandes, do CN Sesimbra em representação do nosso país. Em declarações ao Semmais, o campeão nacional
revela que «as provas de Sines foram fáceis, eu estava bem preparado e foi relativamente fácil manter o primeiro lugar nessas duas etapas». Já nas duas últimas, que deveriam ter decorrido em Aveiro, mas que acabaram por realizar-se em Setúbal, «foram mais duras», confessa Bruno Cabrita. Admitindo que «a pressão era muita», não deixa, ainda assim, de reconhecer «que sempre teve o foco no primeiro lugar». Sendo praticante de uma modalidade que exige destreza e muita prática, Bruno Cabrita revela que «só agora tenho embarcação própria para treinar. Antes praticava em barcos de marítimo-turística e ter a minha própria embarca-
modalidade de pesca desportiva, nas mais diversas disciplinas, e de Bruno Cabrita em particular, que se havia sagrado campeão nacional individual de pesca embarcada em 2015». Recorde-se que, além de integrar a seleção nacional portuguesa, composta por cinco pescadores, no próximo campeonato do mundo, Bruno Cabrita foi um dos embaixadores de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016. Quanto aos apoios à modalidade «já que não temos público, e realizamos as provas sempre de forma mais solitária, bem que podíamos ter mais apoio tanto financeiro como de divulgação», lamenta.
Dia da mãe celebrado saudavelmente e em família com meia maratona Alegro
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ma das maiores festas do atletismo que conjuga a competição com o lazer, e este ano contemplando a celebração do dia da mãe (dia 6), está de regresso a Setúbal, numa organização da autarquia local e o patrocínio do centro comercial, a Alegro Meia Maratona de Setúbal. O evento decorre amanhã, a partir das 10h00, simultaneamente para os 21 quilómetros da meia maratona e para a corrida das Famílias, esta última com uma distância de pouco mais de 5 quilómetros entre o centro comercial e a avenida Luisa Todi. Os mais pequenos correm já esta tarde, às 16h00, na Corrida Miúdos Alegro. Este ano espera-se mais competição, aliada ao lazer, já que haverá prémios
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ção vai fazer toda a diferença na preparação para o campeonato do mundo», acredita. Quanto aos objetivos do campeonato, que vai reunir em Setúbal, em setembro, os melhores atletas mundiais da pesca desportiva, Bruno Cabrita admite que vai «tentar repetir o brilharete de 2013». Nessa altura conquistou o terceiro lugar entre as centenas de participantes e garantiu a sua presença na seleção para 2014. A câmara de Setúbal, à semelhança do que fez o Clube que o atleta representa, já prestou homenagem pública a Bruno Cabrita assinalando que este «é mais um resultado que confirma a vocação dos setubalenses para a
monetários para os cinco primeiros classificados, tanto em masculinos como em femininos. A prova, que tem como madrinha a apresentadora de televisão Isabel Silva, vencedora da edição do ano passado, é realizada maioritariamente em circuito urbano, mas passa pelo Parque Natural da Arrábida, onde, ao quilómetro dez, há uma meta-volante com troféus para os primeiros em masculinos e femininos, desde que depois cheguem ao fim. Condicionamentos ao trânsito Devidos às provas deste fim de semana haverá condicionamentos à circulação rodoviária em várias artérias da cidade. Os ramais de saída da rotunda localizada na Ave-
nida Coração de Maria, os acessos ao Viaduto da Arrábida e o próprio viaduto encerram entre as 07h00 e as 10h30. Já no lado sul da Avenida Luísa Todi, no troço compreendido entre a Rua da Cordoaria e a rotunda localizada junto do Mercado do Livramento, o trânsito está interdito entre as 07h00 e as 13h30. A Avenida Luísa Todi encerra em toda a extensão entre as 09h30 e as 13h30, enquanto as avenidas 22 de dezembro e Dr. António Rodrigues Manito têm a circulação automóvel interrompida entre as 09h30 e as 10h30. Já a EN 10-4, mais concretamente entre a Rua Amália Rodrigues e o cruzamento com a EN 379-1, na Gávea, encerra ao trânsito automóvel entre as 09h30 e as 12h30. *E.S.
NEGÓCIOS
INTERDIÇÃO DEVIA TERMINAR A 30 DE ABRIL MAS FOI PROLONGADA
Pesca da sardinha proibida até 20 de maio e limitada até 31 de julho
Fernando Pó dá a provar a boa pinga
No dia em que terminaria a proibição da pesca da sardinha o secretário de estado das pescas, José Apolinário, publicou um despacho a prolongar a interdição por mais três semanas. Uma decisão, garante o governante, «tomada em conjunto com as associações representativas do setor».
TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM
F
oi publicado no final de abril, em Diário da República, um novo diploma que estipula o prolongamento da proibição da pesca da sardinha até 20 de maio, e uma limitação de capturas da espécie entre 21 de
maio e 31 de julho. José Apolinário, o secretário de estado das pescas, garante ao Semmais que a decisão «não foi tomada de ânimo leve e teve em conta a gestão responsável e sustentável do recurso e a proposta das associações representativas da frota da sardinha», como a Associação Nacional das Organizações de Produ-
tores da Pesca do Cerco (Anopcerco). A decisão, refletida no despacho do secretário de estado, foi alvo de consulta e de trabalho conjunto entre a tutela, o sector e a comissão de acompanhamento da pesca da sardinha, e permite-nos «agir com ponderação e prudência enquanto analisamos os resultados do próximo cruzeiro do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que já está a decorrer e do qual deveremos conhecer resultados a 20 de junho». José Apolinário reforça que é fundamental ter «o máximo conhecimento sobre o estado do recurso e é isso que estamos a fazer». Questionado sobre um possível aumento da quota de pesca para este ano,
se os resultados do cruzeiro do IPMA revelarem um aumento significativo da biomassa, o secretário de estado lembrou que «a recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) era captura zero, para 2018. Portugal e Espanha apresentaram um plano de recuperação conjunto, até 2023, e nos termos desse plano, a nossa perspetiva é capturar 7300 toneladas até 31 julho, repartido em 2/3 para cada país (4800 toneladas), e, se o cruzeiro que está em curso mostrar um aumento de biomassa superior em 10% aos números de 2017, poder capturar mais 7300 toneladas (nos mesmos moldes de repartição igualitária) entre agosto e o meio de outubro», explicou.
A
Mostra de Vinhos de Fernando Pó, que foi apresentada ontem, em conferência de imprensa, irá decorrer de 11 a 13 deste mês, com a envolvência de 26 produtores. A organização espera ultrapassar os 8 mil visitantes do ano passado. Orçada em 17 mil euros, a Mostra conta com um novo pavilhão para acolher em melhores condições os visitantes. A concurso irão estar 28 vinhos tintos e 17 brancos, sendo que a divulgação dos 10 melhores néctares acontecerá no último dia,
pelas 15 horas. Paco Bandeira e Eduardo Santana irão atuar na festa, não esquecendo os bailes, a gastronomia, o folclore, o colóquio da AVIPE “A Importância da Formação na Vitivinicultura”, um mini-curso de iniciação aos vinhos e sessões de show cooking. O edil Álvaro Amaro sublinhou que o certame já é «uma referência» na região e que contribui para afirmar a identidade e a localidade de Fernando Pó, terra rica em «bons vinhos, clima e pessoas». *A.L.
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2018 | 5 DE MAIO | SÁBADO | SEMMAIS | 13
CULTURA
RAIO
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RUI ÁGUAS TRINDADE
« Gostava de passar uma noite romântica no Kremlin, mas sem o Putin»
Rui Águas Trindade, nasceu no Namibe, em Angola, reside em Setúbal, é economista, auditor público e presidente do Coro Setúbal Voz. Vê na falta do iluminismo e da tolerância, as raízes da exaltação da ignorância e da frivolidade de Hoje.
MONTIJO05MAIO21H30 GALA DA MISS CAPITAL DA FLOR TEATRO JOAQUIM D´ALMEIDA
Este ano estarão em competição na Gala da Missa Capital da Flor 14 finalistas, vindas de todos os pontos do país, cujo tema será a Grécia Antiga. O evento conta com participação musical de Rita Santos e Bruno Mariano.
SETÚBAL05MAIO15H00 POR ANTÓNIO LUÍS IMAGEM SM
Qual o seu maior vício? Leitura da história mundial, em especial dos cinco impérios que mudaram o mundo. Que livro anda a ler ou leu ultimamente? Goethe, João Barrento; Hereges e Heróis, Thomas Cahill; As Origens do Totalitarismo, Hannah Arendt.
Qual é o seu maior sonho profissional? Uso de tele-trabalho.
Qual o último filme que viu no cinema? Um crime no Expresso do Oriente - Kenneth Branagh.
E pessoal? Uma noite romântica no palácio do Kremlin, sem Putin.
Melhor peça de teatro? Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Cidade preferida? Barcelona nos dias ímpares e Rio de Janeiro nos dias pares. Qual o local que gostaria de conhecer e que ainda não visitou? Costa do Japão (padrões dos descobrimentos portugueses).
Melhor música de sempre? A 5.ª e a 9.ª sinfonia de Beethoven. Qual a sua maior virtude? A desconstrução das verdades de La Palice. E defeito? Falta de paciência com a mediocridade e a ociosidade.
Um desejo para 2018? Menos meritocracia e mais volúpia e humanismo.
Como se chama o seu animal de estimação? Marley, um cão muito cool.
Quem convidaria para um jantar a dois? Voltaire, para discutir o Tratado sobre a Tolerância.
O que levaria para uma ilha deserta? A inspiração de Daniel Defoe e a inteligência de Robin Crusoe.
Quem é a mulher mais sexy do Mundo? Helena de Tróia e todo o imaginário envolvente. Complete: A minha vida é... Procurar o regresso a um sítio a que nunca fui, uma quase utopia de More. O que não suporta no sexo oposto? Independente do sexo, a estupidez. Comida e bebida preferida? Muamba de galinha com pirão acompanhada de um tinto do Douro.
Dia ou noite? Dia, com sol e mais sol. O que mais teme na vida? O populismo dos políticos. A quem oferecia um presente envenenado? O Canto XII de a Divina Comédia de Dante dá a resposta. O maior desgosto da sua vida? A morte de um tio que se tornou pai.
ACORDEÃO EM FESTIVAL
GRUPO DESPORTIVO INDEPENDENTE O III Festival Internacional de Acordeão de S. Sebastião, vai envolver no palco as atuações de Ramos Patrício, Jorge Alves, Loic da Silva, Filipe Hostins, Francisco Sabóia e Maria Adélia Botelho. Integrado no Dia Mundial do Acordeão.
ALCOCHETE05MAIO21H30
SUCESSOS DA DIVA DO FADO FORUM CULTURAL Não perca o espetáculo de fados tradicionais com temas da música popular portuguesa e êxitos internacionais aos quais Amália Rodrigues deu voz e que são revividos por Maria Mendes e Jorge Baptista da Silva. Este é um tributo à grande “diva do fado”, Amália.
MOITA05MAIO21H30 O INSPEKTOR DA ESTE
FORUM JOSÉ MANUEL FIGUEIREDO Sobe ao palco “O Inspektor”, de Nikolai Gógol, pela ESTE. Aborda a realidade de uma aldeia que descobre que será alvo da visita de um inspetor geral. Crítica a política, a corrupção e a passividade da população em relação aos acontecimentos.
SEIXAL05MAIO21H30 CONCERTO COM FERNANDO TORDO FORUM CULTURAL
No ano em que celebra 70 anos de vida e 50 de canções, Fernando Tordo dá um concerto para relembrar alguns dos seus grandes êxitos, como “Adeus, Tristeza”, “Cavalo à Solta”, “Tourada” e “Estrela da Tarde”.
PALMELA05MAIO21H30
COMPANHIA DAS MIÚDAS PERFEITAS AUDITÓRIO DO PINHAL NOVO
O Teatro da Vila apresenta a peça “A Companhia das Miúdas Perfeitas”, escrita por Maria Barbosa e encenada por Bárbara Vicente, que conta a história de três amigas que são cúmplices numa companhia de dança secreta.
ALCÁCER DO SAL 05MAIO21H30
CONCERTO “ALCÁCER DO SAL, TODA TU ÉS MINHA...” PAVILHÃO GRACIETA BAIÃO
A Oficina da Criança apresenta o concerto “Alcácer do Sal, toda tu és minha…”, com a participação da Sociedade Visconde D´Alcácer, do Rancho Folclórico de Alcácer do Sal e de Élia Pinho e Paulo Espinho.
14 | SEMMAIS | SÁBADO | 5 DE MAIO | 2018
OPINIÃO
De Não Saber o que Me Espera. A Não Ser Ouvir José Afonso.
EDITORIAL RAUL TAVARES DIRETOR
O
que sempre me impressionou em José Afonso nunca foi o que é conhecido. Amplamente conhecido. O que é a permanência do tempo. Aquelas dezenas de canções que são o Portugal dos anos 60 aos 80. Crónicas de um mundo. Crónicas de um tempo.O que me espanta sem parar são as músicas menos conhecidas. Por exemplo “De não Saber o que me Espera” (do álbum “Fura Fura” de 1979) ou “Tinha uma Sala mal Iluminada” (do disco “Enquanto há Força” de 1978). Músicas para além da descrição. Complexas para além do tempo e do lugar. Um mistério e um deslumbramento. E acreditem que estas canções são apenas 2 exemplos. De apenas 2 anos. Existem muitos outros. Tantos. Descubram porque ficarão primeiro surpreendidos. Depois espantados. E por fim sem palavras. Canções foram feitas para serem momentos. Circunstâncias. Lugares. Amores. Desilusões. Em José Afonso parecem uma companhia e um mistério de sempre e para sempre.
Não sabemos do que tratam mas parece que falam da nossa vida. Qualquer que ela seja. Problemas e soluções. Interrogações e respostas. Dúvidas e riscos. Nunca conformismo. Nunca resignação. José Afonso não é assim um tempo. É uma atitude. Uma interrogação. Sem resposta. Mas com mais e ainda mais interrogações dentro. Um olhar. Uma visão. Uma inquietação. Sem princípio nem fim. Com agora. Com urgência. Com já. José Afonso persiste como uma inspiração. Provavelmente única no contexto português. Certamente excecional. Sem enquadramento nem na estética da altura nem na estética de agora. Uma voz sem guia nem condicionante. Uma voz livre. Quando ser livre era, é, e sempre será, tão difícil. Tão improvável. Tão rara. Na verdade igual ao génio. Palavra que rima persistentemente com José Afonso. Resistência é outro conceito que tanto nos lembra os ritmos as harmonias e as palavras de José Afonso. Resistência a um regime. Resistência à falta de
O dia do trabalhador e o sindicalismo
TURISMO SEMMAIS JORGE HUMBERTO SILVA COLABORADOR
liberdade. E resistência a muito mais. A tanto mais. Resistência à mediocridade, à indiferença, à pequenez, a tudo (e parte desse tudo não é óbvio) que nos limita e impede de sermos melhor e mais próximo. A arte de José Afonso não é agarrada a oportunismos ou facilidades. Por isso, por não ter uma agenda, contém todas as agendas ou nenhuma. Contém a vida. Vista a partir de então ou de agora. Vista a partir das suas misérias e das suas esperanças. A tudo isto que já é tanto ainda acresce a voz. E que voz. A voz de José Afonso tem um algo logo reconhecível. Uma forma de cantar e de dizer que nos interroga e nos intriga. Beleza na forma de som. Arte atirada contra o mundo. Mes-
mo que ignoremos a língua portuguesa e os seus mistérios existe uma profundidade e uma vontade naquela voz sem classificação nem explicação. Mesmo quando essa voz mudou (o tempo, sempre o tempo) não mudou a sua urgência ou o seu canto. Trova que faz o tempo ficar. Límpida e autêntica. Como se fosse a identidade de uma ideia. A um tempo simples e complexa. Como a vida afinal. E para recomeçar, sempre recomeçar, de novo a música de José Afonso. ”O Homem Voltou” (“Coro dos Tribunais”, 1974). E “Era um Redondo Vocábulo” (“Venham Mais Cinco”, 1973), uma das mais geniais e brilhantes músicas alguma vez, em qualquer parte, compostas e escritas. Em maio cantigas do maio. Canções de José Afonso.
Últimos dias para ver «Morte de um caixeiro-viajante»
Q
uem ainda não assistiu a «Morte de um caixeiro-viajante», de Arthur Miller, com encenação de Carlos Pimenta, tem até hoje (às 21h30) ou amanhã (às 16h00) para fazê-lo, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada. Desde que estreámos, a 13 de Abril, já quase 3.000 espectadores assistiram à história de Willy Loman: um chefe de família que se vê privado do seu emprego, e que entra numa espiral recessiva que o levará ao suicídio. Aquilo que a peça de Miller (considerada por muitos como o texto-charneira da dramaturgia norte-americana) escalpeliza é, no entanto, as causas que levam esta personagem a ficar num beco sem saída. Ao fazerem com que Willy se realize exclusivamente através do lugar que ocupa na cadeia de produção (no seu caso particular, o de caixeiro-viajante),
os agentes do sistema económico vigente privam-no da sua humanidade — ou antes, fazem equivaler a sua condição humana à mera circunstância de produtor de riqueza. Quando envelhece, e quando já não tem energias para ripostar a um mecanismo que o vai paulatinamente trucidando, Willy é posto de lado pelo próprio sistema. Já não serve: e agora já nem a família nem a vida dupla das amantes lhe valem. Há quem leia neste texto uma crítica declarada ao sistema capitalista norte-americano (a peça foi escrita em 1949, remetendo para os anos que se sucederam ao ‘crash’ do Dow Jones na Sexta-feira negra de 20 anos antes); e há quem defenda que os seus diversos níveis de interpretação estão para além da crítica social e/ou económica do seu tempo (ou de qualquer tempo). O que é verdade é que «Morte de um caixeiro-viajan-
BOCA DE CENA RODRIGO FRANCISCO DIRETOR DA CTA
te» é também a história de uma família — disfuncional —, que é a fonte, desde a Antiguidade, de onde têm brotado algumas das mais preciosas obras-primas da dramaturgia ocidental. À beira de perder o emprego, Willy Loman volta-se para os filhos: o mais novo (e preguiçoso, embora femeeiro) nunca seguirá as passadas do pai, tornando-se num vendedor de sucesso; e o mais velho (embora mais expedito) tem mais queda para o futebol (e para uma certa cleptomania) do que para os negócios. Linda, a ‘mater familias’, procura a
todo o custo agregar estes três homens que lhe couberam em sorte, mas acaba por deixar-se enredar nas prestações dos electrodomésticos com que foi compensando uma existência acomodada: quase no fim da peça tem um assomo de clarividência e verifica que a família acabou finalmente de pagar o seu empréstimo da casa, “embora já não haja ninguém para lá morar”. Se também acha que viver pode ser melhor do que pagar prestações, tem ainda hoje e amanhã para vir ao teatro — antes que seja tarde de mais.
Diretor Raul Tavares | Redação Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Eloísa Silva, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida – coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Maiscom, Lda; NIPC 506 806 537 | Concessão Produto Maiscom, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98
O
Dia do Trabalhador parece não ter sabido a nada este ano. Claro que se registaram as manifs da praxe, uma ou outra vigília mais acintosa, mas a 1.º de Maio, a evocação em si, não teve fleuma, nem grandes tons. Dominou o cinzentismo. Há anos que sabemos que o sindicalismo em Portugal e, a bem da verdade, na Europa, não está de boa saúde. Por uma razão muito simples, partidarizou-se demasiadamente. Não logrou vincar fronteiras e deixou que fossem escancaradas no seu seio todas as portadas éticas. Quem ouve falar o inefável Mário Nogueira, o líder da fortíssima Fenprof – Frente Comum dos Sindicatos dos Professores, já não o leva a sério. O homem cansa, cheira a mofo, e já torna difícil discernir, com verdade, as reais causas dos professores. No geral, este ambiente é mau, sobretudo porque lança uma interrogação anacrónica: Será que os patrões defendem hoje melhor os trabalhadores que os seus líderes sindicais ou corporativos? Uma coisa é certa, começa a ser visível que os trabalhadores de hoje preferem a segurança do seu emprego, deixando para segundo plano os valores da dignidade com que o mesmo é visto pelas chefias e administrações. Esta situação ficou bem patente nos anos de crise, quando, no caldo da desvalorização do trabalho, dos cortes de rendimento e dos abusos dos patrões que se fartaram de despedir ‘à pála’ do alegado e tão imperioso “reajustamento”, o sindicalismo não logrou crescer. Pelo contrário, nesse período quente, as redes sociais conseguiram, com muita distância, arrastar mais gente para as ruas. Portanto, é necessário encontrar novos protagonistas, novas causas e uma forma diferente de fazer sindicalismo, sob pena de o fazer definhar ainda mais. E convém sublinhar que a democracia também não vive sem este seu “braço” da defesa do trabalho no contexto de uma economia de mercado aberto, mas justo.
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