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Sábado 14 | Outubro | 2017 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 966 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso
SECA PROLONGADA JÁ ESTÁ A AFETAR PESCA NO DISTRITO A comunidade piscatória de Setúbal já pede vendaval para levar as algas trazidas pela seca e que está a prejudicar em qualidade e quantidade o pescado na costa sadina e de toda a região. Há um certo desespero por chuvas que façam ‘sacudir o mar’.
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Apenas os municípios de Alcochete e Montijo têm remado contra a tendência generalizada dos últimos anos de envelhecimento da população do distrito, que regista agora uma média de 120 idosos por cada cem jovens. É no Litoral Alentejano que esta taxa é mais alta.
A edil de Setúbal, que vai agora assumir o seu último mandato à frente da Câmara sadina, promete continuar a obra em nome da «cidade sonhada» e garante cumprir um projeto que «está a meio caminho». Mas a campanha eleitoral ainda esteve bem presente.
O projeto é de uma empresa hispana-brasileira e está orçado em 170 milhões de euros. A complexa estrutura, com mais de 10 mil quilómetros de alcance, deverá ser amarrada e lançado aos mares entre o final deste ano e o princípio do próximo.
REGIÃO JÁ CONTA 120 IDOSOS POR CADA CEM JOVENS
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DORES MEIRA TOMA POSSE DA SUA MARES DE SINES VÃO LIGAR EUROPA AMPLA MAIORIA E «CIDADE SONHADA» À AMÉRICA LATINA POR FIBRA ÓTICA
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A SEMANA
21.ª Mostra de Teatro de Almada promete boas peças
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oi divulgada esta semana a programação da 21.ª Mostra de Teatro de Almada, que decorre de 3 e 19 de novembro. A programação está repleta de espetáculos para todos os públicos, de mais de duas dezenas de grupos de teatro. Organizada pela Câmara, em parceria com os grupos de teatro desde 1996, a programação deste ano contempla estreias de textos originais e espetáculos apoiados em obras de Jean-Paul Sartre, Bertolt Brecht, William Shakespeare, Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, entre muitos outros.
A 21.ª MTA passa por diversos palcos de equipamentos municipais, como o Teatro-Estúdio António Assunção, Auditório Fernando Lopes-Graça, Teatro Municipal Joaquim Benite, e por espaços de associações e coletividades, como a Incrível Almadense, o Auditório Pluricoop da Associação Cultural Manuel da Fonseca, o Cineteatro da Academia Almadense e os Recreios Desportivos da Trafaria. Participam nesta MTA os grupos Alpha Teatro, Actos Urbanos/Teatro de Areia e Teatro&Teatro de O Mundo do Espectáculo, Artes e Engenhos,
Cénico da Incrível Almadense, Companhia de Teatro Musical da Plateias D’Arte, EmbalArte, GITT - Grupo de Iniciação Teatral da Trafaria, Grupo de Teatro da Academia Almadense, Grupo de Teatro da Associação Cultural Manuel da Fonseca, A Lagarto Amarelo Associação Cultural, Marina Nabais Dança Associação Cultural, Ninho de Víboras, NNT - Novo Núcleo de Teatro, Associação Cultural O Outro Lado, O Grito&Rugas, OTA - Oficina de Teatro de Almada, Produções Acidentais, Teatro ABC.PI, Teatro Extremo, Teatro na Gandaia e Teatro de Papel.
Antiga estacada demolida na praia da Saúde Queda de grua mata trabalhador em base militar
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o âmbito da estratégia de reabilitação, requalificação e modernização da zona ribeirinha da cidade, o porto de Setúbal, em concertação com a Câmara, procedeu recentemente à demolição da antiga estacada e cais de apoio a rebocadores na zona da praia da Saúde, a qual se encontrava inoperacional, num estado de degradação avançado e ambientalmente nocivo que punha em risco a segurança da navegação, dos navegantes e dos utilizadores da frente ribeirinha. Aquela estrutura metálica, além das razões referidas, estava completamente desenquadrada da requalificação que toda a área beneficiou e criava um impacte visual negativo numa zona atualmente dedicada à fruição de atividades de lazer, tendo a intervenção repre-
sentado uma melhoria da qualidade paisagística bem como a salvaguarda da segurança de pessoas e bens. Os trabalhos de demolição, remoção de destroços e limpezas gerais iniciaram-se no dia
29 de Julho e foram concluídos a 27 de Setembro, tendo sido executados pela SETH – Sociedade de Empreitadas e trabalhos Hidráulicos, e representado um investimento de 49 mil e 700 euros.
Setúbal testa resposta a sismo
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m exercício testou, na manhã de ontem, dia 13, em todas as escolas de Setúbal, procedimentos e medidas de autoproteção no caso da ocorrência de um sismo, no âmbito do Dia Internacional para a Redução de Catástrofes. 10h13. A terra treme em Portugal. O abalo sísmico interrompe a
normalidade na EB n.º 12 das Amoreiras e há que adotar as medidas necessárias para que ninguém se magoe. Toda a comunidade escolar ouviu o toque do alarme e resguarda-se debaixo das mesas, em posição fetal, com as mãos sobre a cabeça e conta até sessenta. O exercício “A Terra Treme”, conduzido pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal, consiste no treino, com a duração de 1 minuto, das três medidas básicas de autoproteção e dos procedimentos de evacuação em caso de ocorrência de catástrofe. Em Setúbal, o exercício decorreu em todas as escolas, mas o teatro de operações foi montado na EB n.º 12 das Amoreiras e teve o acompanhamento do vereador da Proteção Civil, Carlos Rabaçal. «É um exercício muito relevante, pois permite introduzir na
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rotina das crianças, numa situação de risco real, o comportamento adequado», sublinha o autarca. Após se resguardarem debaixo das mesas e contarem 60 segundos, que é o tempo de duração, por norma, de um sismo, alunos, professores e auxiliares saem ordeiramente do edifício da escola para o ponto de encontro, no campo de jogos, enquanto a coordenadora do estabelecimento chama os meios de socorro. «A rotina funcionou bem, em algumas turmas, noutras, nem tanto, mas há sempre aspetos a melhorar. A questão fundamental é as crianças perceberem qual o comportamento a adotar, porque podem não ter, no dia do acidente real, o professor ou o auxiliar em condições de os mobilizar. Cada criança tem de ser autónoma», sublinha o vereador Carlos Rabaçal.
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m jovem de 29 anos perdeu a vida na quinta-feira, depois de ter caído de uma grua móvel que tombou, na base militar da NATO e da Marinha, na Fonte da Telha. Além da vítima mortal, de Salvaterra de Magos, registou-se ainda um ferido grave. Os homens estavam a fazer a manutenção das torres de comu-
nicação existentes na base militar, durante a parte da manhã, quando, aparentemente, o abatimento do piso originou a queda da grua. O acidente contou com o apoio de 20 bombeiros, auxiliados por 10 viaturas das corporações de Cacilhas e Trafaria. Foi aberto um inquérito pela PJ Militar e pela Autoridade para as Condições de Trabalho.
GNR detém homem por posse ilegal de arma em Quinta do Anjo
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Comando Territorial de Setúbal da GNR, através do Posto Territorial de Palmela, no passado dia 9, na localidade da Quinta do Anjo, deteve um indivíduo por posse ilegal de arma de fogo. A detenção ocorreu durante uma ação de patrulhamento, quando os militares abordaram um indivíduo que estava junto a uma viatura, num local suspeito. O indivíduo tinha na sua posse uma espingarda caçadeira que havia sido furtada numa residên-
cia, na localidade de Vila Nogueira de Azeitão, no passado mês de agosto. Posteriormente, foi realizada uma busca à residência do suspeito, sendo apreendido o seguinte material: 40 doses de haxixe; 82 munições; e um spray de gás pimenta. O suspeito, de 22 anos e conotado com diversos roubos na área do distrito de Setúbal, foi sujeito a termo de identidade e residência e notificado para comparecer no Tribunal Judicial de Setúbal.
SOCIEDADE
SÓ OS CONCELHOS DE ALCOCHETE E MONTIJO FICAM DE FORA DE UMA TENDÊNCIA NEGATIVA
Distrito já soma 120 idosos por cada cem jovens A população jovem continua a decrescer no distrito desde o princípio do século. A mais recente avaliação da Pordata acentua a mancha do envelhecimento em toda a região, com excepção dos concelhos de Alcochete e Montijo. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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região continua a perder população jovem, uma tendência que se acentua com especial ênfase desde 2001, contabilizando hoje o distrito uma média de 120 idosos por cada cem jovens, o que agrava significativamente o cenário - já na altura preocupante registado em 2001, quando por cada 102 habitantes com mais de 65 anos, existiam apenas cem jovens. De acordo com a mais recente atualização feita pela Pordata e tomando em linha de conta o mapa do país, verifica-se que a mancha do envelhecimento se alastra por quase todo o distrito, sendo que apenas os municípios de Alcochete e Montijo remaram contra a tendência generalizada dos últimos anos. Alcochete viu a taxa de envelhecimento baixar de 93,6 para 91, 5, enquan-
to Montijo reduziu de 113 idosos para 99 por cada cem jovens. Quer isto dizer que a maioria das localidades não tem conseguido alcançar a regeneração populacional, praticamente desde o início da década de 80. Além de nascerem cada vez menos crianças, como avançou o Sem Mais na edição de há uma semana, os adultos vão envelhancendo, numa altura em que a esperança média de vida também é cada vez maior (ver caixa). Ou seja, está em cursos espécie de «bomba demográfica» que paira sobre Portugal, devido, precisamente, ao envelhecimento. Por concelhos, apenas Sesimbra se junta a Alcochete e Montijo , com uma taxa de envelhecimento abaixo dos três dígitos (99,2), enquanto o Barreiro (com 175 idosos por cada cem jovens) se apresenta como o sendo o município mais envelhecido. Segue-se Almada, com 148,5, en-
quanto Setúbal se fixa nos 132. Ainda assim, é o Litoral Alentejo que regista a taxa mais acentuada de idosos, somando uma média de 205 idosos por cada cem jovens. Alcácer do Sal apresenta-se como o caso mais preocupante (233), seguindo-se Santiago do Cacém (206), Grândola (202). Sines está melhor: 141,5. Quer isto dizer que, sobretudo o Alentejo Litoral contribui significativamente para o envelhecimento do país já que a percentagem de idoso é muito maior do que a de jovens, além de que a região possui ainda a menor percentagem de população potencialmente ativa. É o aumento deste grupo que também contribui decisivamente para o agravamento do índice de dependência: por cada cem ativos há agora 52 dependentes. Um facto que vai obrigar a repensar o sistema de segurança social a longo prazo. Os especialistas avisam ainda
que perante este cenário, é preciso mais apoio médico, mais atenção aos mais idosos e mais oferta nos cuidados de saúde para que a vida de um idoso se torne mais qualitativa e a esperança de vida continue a crescer. CENTENÁRIOS DUPLICARAM E VIVE-SE ATÉ MAIS TARDE Em apenas quatro anos duplicaram os residentes na região que ultrapassaram o século de vida, segundo dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No final de 2015 o distrito somava mais de 400 pes-
soas com 100 ou mais anos, como o Sem Mais já tinha noticiado. A mesma fonte divulgou ainda que a esperança de vida à nascença e aos 65 anos continua a aumentar na região e que as mulheres vivem mais 5,87 anos do que os homens. Enquanto o número de mulheres centenárias duplicou no distrito, os homens que atingiram os 100 anos triplicaram, em parte devido a mudanças de comportamento, segundo admite Maria João Quintela, presidente da Associação Portuguesa de Psicogerontologia. «Os homens
fumam menos, têm mais cuidados de saúde, praticam atividade física», diz, alertando que «antes faziam exercício no trabalho, mas não é a mesma coisa». Ainda assim, continua a ser maior o número de mulheres do distrito a chegarem ao século de vida, quase à ordem de duas mulheres por cada homem. Uma realidade que o investigador Oscar Ribeiro atribui ao maior acesso aos cuidados de saúde, justificando que a população envelhecida e com doenças crónicas «vê agora o seu estado mais e melhor monitorizado».
DESDE O INÍCIO DO ANO MORRERAM QUATRO TRABALHADORES E HÁ A REGISTAR 15 FERIDOS
Distrito duplicou acidentes graves no trabalho em apenas dois meses Já faleceram quatro trabalhadores este ano, em consequência de acidentes de trabalho e o número de feridos graves duplicou, de sete para quinze, aumento que se registou apenas nos dois últimos meses. A construção civil continua a ser o setor mais problemático. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) registou uma duplicação de acidentes laborais com feridos graves no distrito de Setúbal nos últimos dois meses em comparação com o primeiro semestre do ano. Até julho a ACT tinha registado sete feridos, mas os últimos dados, que englobam agosto e setembro, dão conta de um total de 15, o que representa mais oito. Entretanto, lamentou-se mais uma morte laboral em agosto, aumentando para quatro o número de vítimas mortais na região em 2017.
A construção continua a ser o setor de atividade com mais acidentes de trabalho, seguido-se as indústrias transformadoras, mas o setor da pesca também é causa grande preocupação. A maior parte das empresas onde se registaram acidentes de trabalho com vítimas mortais no primeiro semestre deste ano eram pequenas e a maior parte tinham contrato sem termo. MAIORIA DAS VÍTIMAS DO SEXO MASCULINO Estes dados referem-se apenas aos acidentes de trabalho objeto de ação inspetiva no âmbito da atuação deste organismo, acrescentando ainda a ACT que a maioria das vítimas mortais era do sexo mascu-
lino, com nacionalidade portuguesa e com idades compreendidas entre os 45 e os 54 anos. De acordo com a ACT, acidente de trabalho é aquele que ocorre no local e no tempo de trabalho e produz direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou a morte. A ACT considera também acidentes de trabalho «os acidentes de viagem, de transporte ou de circulação, nos quais os trabalhadores ficam lesionados e que ocorrem por causa ou no decurso do trabalho, ou seja, quando exercem uma atividade ou realizam tarefas para o empregador».
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SOCIEDADE
PESCADORES QUEREM PELO MENOS UMA «SEMANA DE VENDAVAL» PARA REPOR NORMALIDADE
Seca favorece crescimento de algas que dificultam a pesca no Sado Ao contrário do que seria de esperar, o bom tempo e a seca prolongada está a levar a comunidade piscatória de Setúbal ao desespero. É que um dos efeitos deste estado do tempo, está a reduzir a quantidade de pescado, devido à acumulação de inúmeras espécies de algas. nas redes e estragam-nas, além de alterarem os cenários piscatórios, porque s pescadores de Sedeixamos de saber o que túbal anseiam peestá ali», sublinha, justifilos vendavais de cando que os vendavais inverno, assuminsão hoje mais necessários do já o desespero do que o habitual para «saperante uma seca com forte cudirem o mar». impacto na qualidade e Quer isto dizer que quantidade de peixe que além das chuvas arrastatem sido pescado. Um dos rem comida da terra para o mais recentes efeitos da falmar, «que é muito importa de chuva e das altas temtante para atrair peixe», peraturas traduz-se no deressalva, uma semana de senvolvimento anormal de vendaval tem o «condão» algumas espécies de algas de trazer para as águas da no rio Sado que inviabiliza o região várias espécies pislançamento das redes de cícolas. «Nesta altura já depesca. veríamos ter condições O fenómeno é relatado para garantir bons dias de ao Semmais por António pesca e poder escolher o Pombo, pescador com larque queríamos pescar. Mas ga experiência nestas sem chuva o bom peixe águas, assinalando que «as desta época não aparece e algas são um empecilho acabamos por apanhar o para a pesca. Prendem-se que 1calha», descreve AntóArt Sem Mais 260x177,5.pdf 19/07/17 12:18
TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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nio Pombo. Já o camarada Miguel Correia chama a atenção para o que designa de «acentuado assoreamento” que esta falta de pluviosidade está a provocar em algumas zonas do Sado, impedido a sua navegabilidade. «Hoje pode haver dois metros de profundidade, quando em condições normais haveria quase dez», alerta. COMUNIDADE PISCATÓRIA SADINA TEM 230 EMBARCAÇÕES A comunidade piscatória sadina é «dona» de 230 embarcações, admitindo os pescadores que as primeiras chuvas previstas para a próxima semana de acordo com a previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera - poderão ser decisivas para aliviar o atual estado de
coisas. E se não chover durante mais 15 dias? Miguel Correia recusa acreditar numa visão tão pessimista. «Era o caos, nem vamos pensar nisso», respondeu. Recorde-se que o distrito se encontra em seca severa, enquanto a bacia hidrográfica do Sado a que tem menos água em todo o país. Neste momento os valores exibidos pelas dez albufeiras que compõem o sistema registam um armazenamento médio de 18.3%, quando a média anual costuma estar fixada nos 42.6 nesta altura do ano. Foi num cenário semelhante que há uns 20 anos os agricultores secaram o Sado e deixaram os aquíferos à míngua num episódio de má memória para a região.
Zero já deixava alerta em agosto Recorde-se o alerta deixado ainda em agosto pelo dirigente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, perante um estado de seca na bacia do Vale do Sado: «Como a água é cara para a rega, alguns agricultores desta região vão voltar a procurá-la nos aquíferos, como faziam há uns anos. Isso pode esgotar as reservas que se encontram no subsolo. Seria muito grave e deixaria esta zona do país sem outros recursos», receava, numa altura em que se intensificam os alertas às restrições ao consumo. «Isto é mais grave, porque os aquíferos demoram muito mais tempo a repor e em ano de seca isso pode ser terrível», acrescentava Francisco Ferreira.
SOCIEDADE
SEMANA DO MAR CONTOU COM PRESENÇA RECORD DE NAVIOS HISTÓRICOS
«A Semana do Mar atingiu este ano a sua expressão máxima» Cerca de 50 mil pessoas participaram nas diversas atividades da Semana do Mar Setúbal 2017, evento que, entre 3 e 8 deste mês, pelo quarto ano consecutivo, exaltou a importância ribeirinha da cidade. Houve mesmo record de participação de navios emblemáticos. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM
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Semana do Mar, organizada pelo município e pela APSS, com a colaboração da Aporvela e da Marinha, entre outros parceiros, voltou a levar milhares de pessoas, à frente ribeirinha de Setúbal. O navio Sagres recebeu 13 636 visitas, o Creoula e St.ª M.ª Manuela receberam mais de 4 mil visitas cada, e a caravela Vera Cruz acolheu 5 432 pessoas. A nau Victoria recebeu 7 mil visitas, e o El Galeón perto de 1 500. O fogo-de-artifício de 10 minutos assinalou as 8 décadas de navegação dos navios Sagres, Creoula e
St.ª M.ª Manuela. Houve passeios a bordo de várias embarcações tradicionais e batismos de mar. “Experiências de Mar”, que contemplou viagens no Creoula e na Vera Cruz, deu oportunidade a 220 pessoas de viverem experiências náuticas e desempenharem algumas tarefas a bordo. O desfile náutico, o seminário, a visita ao centro histórico, um concerto da banda da Armada e o leilão de pescado foram outras atividades do evento, não esquecendo o “Veleiros ao Luar: Street Food & Music”. Os 80 anos do Sagres foram assinalados com um jantar a bordo da embarcação, que contou com a participação de diversos convidados.
«A MARINHA DEVE MUITO A SETÚBAL» De acordo o vereador Carlos Rabaçal, o recorde de 12 embarcações, incluindo os 7 navios da Marinha, da Aporvela e espanhóis, dois rebocadores e três barcos tradicionais, e o número de pessoas que participaram nas diversas atividades levaram o evento a atingir «a sua expressão máxima». O autarca lembrou que a Semana do Mar nasceu da «mais recente e profícua aproximação das administrações municipais e portuárias”», com a criação de um grupo de trabalho que «tem permitido concretizar um conjunto de ações que estão a modificar de forma consis-
tente e gradual a zona ribeirinha de Setúbal». O comandante do navio-escola Sagres, António Camilo, afirmou que «a Marinha deve muito a Setúbal e a Lisboa. Setúbal é terra de marinheiros. A nossa participação neste evento era obrigatória, com embarcações históricas. Sempre que o município organizar a Semana no Mar, a Marinha estará presente». Já o presidente da Aporvela, João Lúcio, realçou que a Semana do Mar foi um momento «único e histórico» para as gentes de Setúbal. A seu ver, o evento deu a mostrar «uma frota com grande representatividade histórica e única, tão ligada aos portugueses e à Península Ibé-
rica». E agradeceu o facto de os municípios, cada vez mais, «estimularem as pessoas para o mar», porque os portos «não são apenas comerciais. É preciso vivê-los, também, do ponto de vista cultural». Por seu turno, Beatriz Mendes, em representação da presidente da APSS, revelou que é «importante mantermos a nossa ligação ao mar e que seja um impulso do desenvolvimento económico para
Portugal o projeto de alargamento do nosso mar». E relembrou que no seminário da Semana do Mar foram discutidos projetos de investimento com «muita importância» para o porto de Setúbal, que vão permitir a entrada de navios de maior tonelagem, que os nossos bens cheguem à nossa mesa mais baratos e que as exportações sejam impulsionadas e sejam mais concorrenciais no mercado internacional».
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SOCIEDADE
PROJETO AMBICIOSO JUNTA PROFESSORES, ARTISTAS, ESCRITORES E CIENTISTAS NA “CASA DA CULTURA”, EM SETÚBAL
“Conversas de Ponta” promete discussões ousadas sobre nós e sobre a vida
O ciclo de debates vai juntar especialistas na “Casa da Cultura”, em Setúbal, e discutir temas como teoria da relatividade, os paradoxos matemáticos, as vacinas, as fronteiras da arte e a inteligência artificial, a sexualidade na antiguidade clássica ou a justiça ambiental.a TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM
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partir de dia 14 de Outubro, a Casa da Cultura, em Setúbal, vai receber as “Conversas de Ponta”, um ciclo de debates que se propõe lançar a discussão sobre temas tão diversos como a teoria da relatividade, os paradoxos matemáticos, as vacinas, as fronteiras da arte e a inteligência artificial, a sexualidade na antiguidade clássica ou a justiça ambiental. A iniciativa conta com a participação de artistas, escritores, professores e cientistas. Alexandra Lopes, Alexandra Sousa, António Galrinho, Carla Gomes, Fayaz Bahadurali, Fernando Alpiarça, João Paulo Maia, Mónica
Pina e Pedro Lima são alguns dos nomes que darão corpo a esta série de eventos. O objetivo dos debates, abertos à participação de todos os interessados, é estimular a reflexão e o pensamento crítico em áreas ‘de ponta’ com implicações sociais profundas, que têm passado por mudanças rápidas ao longo das últimas décadas. Primeiras conversas versam literatura e ética A primeira conferência, dedicada ao tema da “Literatura e Ética”, conta com a participação de Alexandra Lopes e a moderação de João Paulo Maia, e terá lugar no dia 14 de Outubro (15h00). Alexandra Lopes – licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (FL-ULisboa) e Mestre em Estudos Portugueses
(FCSH-UNL) – dedica-se à investigação e ao ensino da literatura. Nesta primeira “conversa de ponta”, intitulada “Propaganda, autoconvencimento e outras malevolências discursivas”, a análise de um conto de Rui Zink, “Amanhã chegam as águas”, é o mote para uma reflexão sobre polémicas mediáticas e as diversas formas de propaganda que estas projetam, incluindo as mais subtis. Segue-se, a 16 de Dezembro, João Paulo Maia, que nos desafia a refletir sobre os limites éticos da liberdade de expressão, na era da internet e dos media sociais. A partir do próximo ano, as “Conversas de Ponta” vão realizar-se todos os meses, estando previsto que o ciclo se prolongue até ao Verão de 2018.
Redfood de Almada Presidente do IPS reafirma ensino ganha espaço próprio “FAMÍLIA IPS” REUNIU-SE PARA CELEBRAR 38 ANOS DE VIDA
de referência no ensino superior
O Instituto Politécnico de Setúbal comemorou esta semana o seu 38.º ano de vida. Para além da sessão solene, o programa incluiu o arranque do ano letivo, entrega de medalha e homenagens aos anteriores presidentes. TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM
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ob o signo de “Honrando o passado, sem perder de vista o futuro”, o IPS celebrou o seu 38.º aniversário, no dia em que arrancou também o ano letivo. Já depois de ter inaugurado a série de retratos a óleo com que, simbolicamente, este ano se prestou homenagem aos antigos presidentes da instituição de ensino, o atual detentor do cargo, Prof. Doutor Pedro Dominguinhos, disse ser «crucial” da memória nas organizações e manifestando a sua gratidão por “toda essa massa humana que construiu o IPS» nestes quase 40 anos de vida, incluindo docentes, trabalhadores não docentes, diplomados e dirigentes. O responsável afirmou ainda que este ano letivo representa «a consolidação sustentada no crescimento dos novos estudantes», nomeadamente com a matrícula de 2 350 estudantes e a
A meta de chegar aos 6.000 estudantes até final de 2018. «Estamos convictos de que será possível alcançar este valor já no final de 2017», tendo em conta, não só o «crescimento dos novos estudantes, mas também a redução do abandono escolar que tem vindo a verificar-se nos últimos
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anos», disse. A este propósito, Pedro Dominguinhos reafirmou a ideia de que a instituição está no rumo certo, como prova o lugar de «segunda instituição politécnica a nível nacional com a mais baixa taxa de desemprego entre os seus diplomados».
pós um processo «algo longo, mas consistente e credível», o núcleo de Almada da Refood, conseguiu arranjar um espaço para a instalação, do «tão almejado» centro de Operações, para recolha tratamento e redistribuição, dos bens alimentares excedentes dos restaurantes, cantinas, pastelarias, cafés e afins. António Calado, coordenador da Redfood Almada, realça que o município local colocou à disposição do projeto um espaço no antigo mercado do Feijó, com cerca de 100 metros quadrados, no qual os voluntários ainda irão proceder a várias obras de recuperação e recondicionamento, para tornar os espaços operacionais e eficientes, para as opera-
ções. «Aqui iremos guardar os alimentos para aqueles que necessitam do nosso apoio. Um dos objetivos principais da nossa organização é tentar acabar com a fome, apoiando quem mais precisa, tanto desempregados, famílias com baixos recursos, idosos carentes e desapoiados, bem como os sem-abrigo», vinca António Calado. E conclui: «Queremos cumprir também um segundo objetivo, que é aproveitar para não desperdiçar, tornando os recursos mais sustentáveis, evitando que alimentos em boas condições vão para o lixo». As reuniões da Redfood de Almada decorrem às segundas-feiras, às 21 horas, nos Bombeiros daquela cidade.
LOCAL
PALMELA Boas vindas à comunidade escolar O município assinala o início de mais um ano letivo com a tradicional receção à comunidade educativa, de forma a reforçar o relacionamento entre a escola, o município, o territórios e as instituições locais e dando a conhecer os recursos educativos disponíveis. A decorrer até novembro, o programa integra promoção de obras infanto-juvenis nas bibliotecas escolares, formação sobre Book Trailer e o tradicional convívio, a decorrer dia 26 deste mês. Além de várias propostas de animação, destaque para a homenagem a professores aposentados no último ano letivo e para a apresentação do Plano Ide Combate ao Insucesso Escolar.
SETÚBAL Mostra de danças e produtos O auditório José Afonso acolhe este sábado, das 11 às 19 horas, o Dance Market, que inclui mercado de produtos de dança, aulas abertas e demonstrações. O evento, com entrada gratuita, dá a conhecer o trabalho desenvolvido pelas várias escolas de dança locais. O Dance Market destina-se ainda a estimular a população a frequentar aulas de dança como fator de promoção da prática de atividade física regular e aumento do bem-estar.
SANTIAGO DO CACÉM Património nomeado para os Óscares do Alentejo O moinho da Quintinha (na categoria Mais Tradição), o sítio arqueológico de Miróbriga (Mais Património), o hotel Vila Park (Mais Dormidas Hotel) e António Saiote (Mais Arte & Fotografia) estão nomeados para os Prémios da Revista Mais Alentejo, que serão atribuídos na gala que se realiza no Casino Estoril, a 3 de novembro. Os prestigiados Prémios Mais Alentejo distinguem, anualmente, as pessoas, entidades, instituições, empresas e projetos que revelem, nas mais variadas áreas, “a alma, a força e identidade do Alentejo”.
SESIMBRA Reflorestação do corredor ecológico avança A Campanha de Reflorestação do Corredor Ecológico da Quinta do Conde, que inclui a plantação de árvores e arbustos autóctones, decorre de 30 de outubro a 30 de novembro, em várias zonas do corredor, sobretudo no Parque Ecológico da Várzea. Tornar este grande espaço verde mais apelativo e dar a conhecer à comunidade a biodiversidade do Corredor Ecológico são os principais objetivos da ação. Para participar basta inscrever-se no Centro Agrícola e Ambiental da Várzea.
MONTIJO Universidade sénior com mais disciplinas
SEIXAL Passeios pela natureza e património
A Universidade Sénior, com grande dinâmica de disciplinas este ano, conta com 11 novos professores e 22 caloiros, perfazendo um total de 160 alunos. A sala multiusos da Quinta do Saldanha acolheu no dia 9, a receção de alunos e professores do projeto, que este ano conta com mais de 30 disciplinas à escolha nas mais diversas áreas. «Esta universidade realiza um trabalho de inclusão na sociedade, abraçando causas justas nomeadamente a solidariedade entre gerações, envelhecimento ativo e a aprendizagem ao longo da vida», referiu o edil Nuno Canta.
Navegar no rio Tejo, conhecer o património do concelho e fazer percursos pedestres e caminhadas estão entre as propostas dos Circuitos Turísticos 2017 do município, a decorrer até novembro. É possível partir à aventura no varino “Amoroso” e conhecer melhor o património em redor da Baía, como o Núcleo Naval, a Quinta da Fidalga ou o Espaço Memória – Tipografia Popular do Seixal. O preço por pessoa é de 5,50 euros, sendo gratuito para crianças até 12 anos. Os circuitos são acompanhados por uma técnica da Câmara e estão abrangidos por seguro. O ponto de encontro dos passeios é no posto municipal de turismo, no Seixal.
BARREIRO Transportes fluviais com problemas O edil Carlos Humberto, preocupado com as crescentes dificuldades dos utentes dos transportes fluviais da Soflusa, já esteve reunido com membros do Governo para solicitar uma solução para o problema, de forma a não serem afetados milhares de utentes na sua deslocação para Lisboa. O edil reafirmou a necessidade de serem tomadas medidas de curto prazo, para resolução imediata da situação. «É necessário uma intervenção global importante que evite, no futuro, que situações desta natureza se repitam e que qualifiquem o transporte fluvial no Estuário do Tejo».
GRÂNDOLA Não ao fecho da garagem da rodoviária A Rodoviária do Alentejo decidiu encerrar as suas instalações em Grândola. Na sequência desta decisão, o edil Figueira Mendes, reuniu de imediato com o administrador da empresa, que lhe transmitiu que o fecho “temporário” se devia a férias do único empregado, reafirmando, ao mesmo tempo, o desejo, há muito manifestado, de encerrar aquela estação. Reconhecendo a importância da continuidade deste serviço para Grândola, a Câmara é contra o fecho estação, assumindo a responsabilidade de fazer obras no edifício.
MOITA Requalificação do espaço público Ficaram recentemente concluídas as obras de requalificação do espaço público na rua Catarina Eufémia, em Sarilhos Pequenos. Numa zona que era já dedicada ao lazer e que inclui um parque infantil, esta obra da Câmara, avaliada em cerca de 11 300 euros, melhora as condições de utilização do espaço pela população. Além destas intervenções, ainda instalados equipamentos desportivos para a prática de exercício físico ao ar livre e substituído o pavimento sintético do parque infantil.
ALCOCHETE Novo executivo toma posse dia 23 Os eleitos para os órgãos autárquicos do concelho tomam posse durante a sessão pública que vai decorrer no dia 23 de outubro, às 21 horas, na galeria do edifício dos paços do concelho. O novo executivo é liderado pelo socialista Fernando Pinto, que venceu as eleições sem maioria absoluta, destronando a CDU do poder. O PS ganhou ainda a Assembleia Municipal e a Junta de Freguesia de S. Francisco, enquanto a CDU venceu as de Alcochete e do Samouco.
ALMADA Costa de Caparica promove ambiente O Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental, na Costa de Caparica, promove, este sábado, das 10 às 17 horas, várias atividades, com destaque para a exposição Almada Atlântica: Um Mergulho no Oceano. Esta exposição multimédia pretende ser uma viagem pela natureza submersa da frente atlântica de Almada, enriquecida com fotografias recolhidas na região por fotógrafos de natureza prestigiados, jogos interativos e esculturas feitas a partir de lixo marinho.
ALCÁCER DO SAL Empenho de alunos reconhecido Foi com orgulho que familiares, amigos, educadores e professores viram, no dia 6, ser reconhecido o empenho de 10 alunos do 2.º e 3.º ciclos do básico, secundário e profissional. A cerimónia dos Prémios de Mérito Municipal Escolar salientou e recompensou publicamente os jovens que no ano letivo 2016/17 tiveram excelente prestação escolar e que são, por isso, Exemplo para os seus colegas e uma fonte de inspiração. «Espero que continuem no caminho dos bons resultados, pois a educação pode mudar o mundo», referiu o edil Vítor Proença.
SINES Semana sénior com atividades diversas A autarquia, em parceria com várias entidades, organiza, de 23 a 27 deste mês, uma semana sénior com atividades dedicadas à população com 55 anos ou mais. O evento apresenta diversas atividades pensadas para esta faixa etária, com um programa que inclui ações de sensibilização, prática de atividade física, cinema, baile e muito convívio. As inscrições podem ser feitas no pavilhão dos desportos, espaços seniores municipais, piscina Carlos Manafaia, associação Prosas e Misericórdia.
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CULTURA
FÁBIO VERÍSSIMO, FADISTA ALENTEJANO CONFESSA:
«Quero ser conhecido no mundo do fado» Fábio Veríssimo, natural de Alcácer do Sal, está a dar cartas no fado. Os convites para cantar em público não param de chegar até este jovem alentejano, que desempenha também o papel de empresário num restaurante local. O jovem artista recorda nesta entrevista que quando viajava com a sua mãe, dava bons concertos dentro do próprio carro, e que não pode deixar de agradecer aos seus músicos que sempre o apoiaram e incentivaram a seguir a vida artística. TEXTO ANTÓNIO LUÍS IMAGEM NUNO LEITÃO
F
ábio Veríssimo, 24 anos, começou a cantar o fado desde muito novo, em casa, localizada em Santa Catarina de Sítimos, uma pequena e pacata aldeia que dista 8 quilómetros de Alcácer do Sal. O seu grande sonho é tornar-se num fadista conhecido do grande público e gravar um CD, mas, para já, pretende «evoluir um pouco mais». «Sempre que viajava com a minha mãe, cantávamos até mais não. Foi desde aí senti grande paixão pelo fado. Ela adora fado e sabe muitos fados. E foi assim que me fui interessando por este estilo de canção»,
recorda o fadista, que gere um café/restaurante, com a mãe, na terra onde habita. Além disso, confessa que vários amigos, nos tempos mais recentes, lhe pediam constantemente para cantar fado em jantares convívio e isso contribuiu, de certa forma, para não largar esta área. Desde aí, não pararam de ‘chover’ os convites para cantar fado em restaurantes. «Comecei a ser convidado e ter que trabalhar mais, quer na decoração das letras quer nas músicas. Não componho, só canto temas conhecidos do grande público. Tenho alguns originais mas ainda está tudo escondido», vinca. Beatriz da Conceição, Raquel Tavares, António Mourão e Amália são alguns dos seus fadistas de referência. Sobre o es-
tilo de fado que mais aprecia interpretar, admite: «Tenho dias. Depende do meu estado de espírito. Há dias em que gosto de cantar coisas mais animadas e há outros em que gosto mais do fado melancólico, mas sempre dentro do fado tradicional». «A minha mãe é o grande pilar da minha vida. É por ela que tenho o meu espaço de restauração aberto. Não costumo cantar o fado no meu restaurante. Prefiro ser convidado para cantar noutros sítios», desabafa o artista, feliz, que atuou recentemente na Feira Nova de Outubro, em Alcácer do Sal, no Festival de Fados de Sines, e na cerimónia de entrega dos galardões aos novos embaixadores do Alentejo, que decorreu na pousada do Castelo local.
Pedro Carvalho lança livro sobre tempos difíceis da guerra colonial
A
tirador de… esferográfica” é o título do livro de Pedro Carvalho, 77 anos, natural de Vila Nova de Gaia e residente no Seixal. O ex-Furriel Miliciano, Contabilista de profissão, dedica a obra, a «todos aqueles que queiram recordar a vida dura dos jovens das gerações de 60 e 70 do século XX, naqueles mais de 13 anos de guerra colonial». Pedro Carvalho realça que o livro é «um apelo à contribuição de cada um para a construção da Paz em cada dia», sublinhando que o trabalho demorou cerca de ano e meio a preparar e que a história baseia-se em «factos reais». “Atirador de… esferográfica” tem 335 páginas e custa 10 euros. Foram lançados mil exemplares. O romance, com 335 páginas, é uma edição da XALCONTA - Contabilidade, Lda., sedeada na Torre da Marinha, Seixal, e os mil exemplares foram impressos numa gráfica do Entroncamento.
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M/12
Espectáculos: Quinta e Sexta: 21h30, Sábado: 17h00 e 21h30, Domingo: 17h00
Reservas: 210 135 050 / 214 667 796 www.filipelaferia.pt
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CULTURA
RAIO-X
POR ANTÓNIO LUIS
SUSANA JORDÃO
«GOSTARIA QUE TODOS OS MEUS SONHOS SE CONCRETIZASSEM»
AGENDA SETÚBAL14OUTUBRO21H30
JORNADAS DE MÚSICA DE CÂMARA FORUM LUÍSA TODI
As III Jornadas de Música de Câmara de Setúbal fecham com a atuação do pianista Pedro Burmester, que interpreta belíssimos temas de Beethoven, de Johann Sebastian Bach e de Franz Liszt.
GRÂNDOLA14OUTUBRO17H00
A cantora setubalense Susana Jordão, 28 anos, de signo Virgem, além de pretender continuar a brilhar na música e no teatro, quer conhecer o Sri Lanka e desempenhar o melhor possível a sua profissão de assistente de bordo. QUAL O SEU MAIOR SONHO PROFISSIONAL? Ser o melhor que consiga. E PESSOAL? Ser feliz.
ENCONTRO DE BANDAS AUDITÓRIO MUNICIPAL
CIDADE PREFERIDA? S. Tomé.
Integrado nas comemorações do Dia do Concelho, não perca o XXI Encontro de Bandas, que arranca às 14h30, com um desfile pelas ruas da vila. A atuação no auditório tem lugar pelas 17 horas e envolve as bandas de Turquel, Casaínhos e ‘Música Velha’.
QUAL O LOCAL QUE GOSTARIA DE CONHECER E QUE AINDA NÃO VISITOU? Sri Lanka.
MOITA14OUTUBRO22H00
BLUES NIGHTS
FORUM JOSÉ MANUEL FIGUEIREDO O concerto da banda Peter Storm & e Blues Society inclui, além de alguns dos mais carismáticos temas de blues da história, temas originais. O trio foi criado em 2016 e é composto por José Reis, Pedro Fidalgo e Jorge Oliveira.
SESIMBRA14OUTUBRO21H30
QUARTETO DE GUITARRAS DE LISBOA TEATRO JOÃO MOTA
O Quarteto de Guitarras de Lisboa apresenta o novo trabalho. O grupo, que continua a apostar em repertório de autores portugueses, juntou à caraterística sonoridade das quatro guitarras de André Santos, José Dias, Miguel Vieira da Silva e Pedro Luís, a voz de Teresa Macedo.
MONTIJO15OUTUBRO16H30
“E PORQUE NÃO EMIGRAS!” SOCIEDADE 1.º DE DEZEMBRO
“E porque não emigras!” sobe ao palco para, durante duas horas, divertir o público com muita música, vários quadros de comédia e uma homenagem ao fado. Patrícia Candoso, Rosa Bela Soares, Ana Ferreira, Paulo Patrício e Carlos Areia estão no elenco.
PALMELA15OUTUBRO17H00
“ADOECER” EM NOITE DE ANIVERSÁRIO VALE DE BARRIS
Em dia do 43.º aniversário, a peça “Adoecer” despede-se hoje do público no Vale de Barris, depois de várias sessões esgotadas. A peça, que estreou em Setembro no Centro Cultural de Belém, é da autoria de Hélia Correia e tem dramaturgia e encenação de Miguel Jesus.
GANHE CONVITES PARA O TEATRO Temos convites para oferecer aos nossos leitores para assistirem à revista popular, no Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer, em Lisboa, “Portugal em Revista”, bem como para o musical de Filipe La Feria, em cena no Casino Estoril, intitulado “A Volta ao Mundo em 80 Dias”. Basta ligar para os números 96 943 10 85 ou 918 047 918 e solicitar os seus convites para estes dois espetáculos de grande qualidade.
UM DESEJO PARA 2017? Que todos os meus projetos se concretizem. QUEM CONVIDARIA PARA UM JANTAR A DOIS? Morgan Freeman. QUEM É O HOMEM MAIS SEXY DO MUNDO? Sean Connery. COMPLETE:
A MINHA VIDA É… Aquilo que semeio. O QUE NÃO SUPORTA NO SEXO OPOSTO? Superioridade. COMIDA E BEBIDA PREFERIDA? Vinho e todo o tipo de marisco. QUAL O SEU MAIOR VÍCIO? Coçar a testa. QUE LIVRO ANDA A LER OU LEU ULTIMAMENTE? “Behind Clossed Doors”. QUAL O ÚLTIMO FILME QUE VIU NO CINEMA? “Mother!”. MELHOR PEÇA DE TEATRO? “H2M1”. MELHOR MÚSICA DE SEMPRE? “Claire de la Lune”.
QUAL A SUA MAIOR VIRTUDE? Ir à luta. E DEFEITO? Ter o coração na boca. COMO SE CHAMA O SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? A gata, Lia Maria. O QUE LEVARIA PARA UMA ILHA DESERTA? Nada. Há lá tudo o que é preciso.
DIA OU NOITE? Dia. O QUE MAIS TEME NA VIDA? Karmas por cumprir. A QUEM OFERECERIA UM PRESENTE ENVENENADO? Nem ao meu pior inimigo. O MAIOR DESGOSTO DA SUA VIDA? Não guardo mágoas.
“História do Cerco de Lisboa” estreia no Joaquim Benite
E
streou, no passado dia 12, no Teatro Joaquim Benite, em Almada, a peça “História do Cerco de Lisboa”, onde vai manter-se em cena até dia 3 de novembro, de quarta a sábado, às 21 horas, e aos domingos, às 16 horas. A partir de José Saramago, com dramaturgia de José Gabriel Antuñano e encenação de Ignacio García, esta produção conta com as interpretações de Ana Bustorff, Elsa Valentim, João Farraia, Jorge Silva, José Peixoto, Luís Vicente, Pedro Walter, Rui Madeira e Tânia Silva. A capacidade de dizer “não” é um dos temas abordados por Camus no seu
Homem revoltado. E colocar um “não” onde estava escrito um “sim” é o que faz Raimundo Silva, o revisor que protagoniza a “História do Cerco de Lisboa”. Só que a afirmação (pela negação) desta personagem Sara Maguiana servirá de ponto de partida para a criação: no caso, a escrita de uma História do Cerco de Lisboa na qual os cruzados “não” auxiliem D. Afonso Henriques na conquista da cidade. E deste “não” surgirá também uma história de amor, entre o revisor e a diretora literária Maria Sara – plasmada, de certo modo, nas personagens do soldado Mogueime e da barregã Ouroana. A adaptação de José Gabriel Antuñano vai
ao encontro (e vai além) do tema central do romance de Saramago: a fronteira entre a realidade e a ficção, bem como a redenção pelo amor. Os figurinos são de Ana Paula Rocha, a cenografia pertence a José Manuel
Castanheira e a música é de Ignacio García. Trata-se de uma co-produção da Acta – A Companhia de Teatro do Algarve, da Companhia de Teatro de Almada, da Companhia de Teatro de Braga e do Teatro dos Aloés.
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POLÍTICA
AUTARCA TOMA POSSE NO TERCEIRO MANDATO E PROMETE CONTINUAR OBRA QUE VAI A MEIO
Maria das Dores Meira dá quatro anos para consolidar a «cidade sonhada» É o último mandato da presidente da Câmara de Setúbal, e o tempo certo, reafirmou na tomada de posse, para «continuar a obra» em nome da «cidade sonhada». Maria das Dores Meira elencou obra futura e não deixou de dar ‘bicadas’ à oposição, que vai agora ‘suportá-la’ na sua maioria mais que absoluta. TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM
A
presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, recuperou esta semana a ideia de que pretende nos próximos quatro anos de mandado continuar a obra da «cidade sonhada», uma das suas expressões mais usadas em discurso político. A edil, que nas eleições de 1 de Outubro venceu em toda a linha, aumentando a maioria absoluta de há quatro anos atrás, enalteceu o trabalho feito em nome de «mais cidade e mais concelho», nomeadamente construindo «uma terra que se visita com a alegria de descobrir todo um mundo novo». Maria das Dores Meira, fez notar que o seu projeto «está a meio caminho» e que a população do concelho reconheceu «a qualidade da
gestão da coligação» CDU, num aceno aos partidos que apoiam a maioria comunista. «Assumo este compromisso solene de tudo fazer para continuar a construir uma cidade melhor. Mais do que a presidente da Câmara, o importante nestes quatro anos que se seguem será a afirmação de um projeto coletivo de trabalho, será a afirmação da visão da cidade e do concelho que a força que venceu as eleições de 1 de outubro tem do que deve ser o futuro de Setúbal», disse, na cerimónia que decorreu na Praça do Bocage, junto à Câmara municipal e perante mais de uma centena de pessoas. Aludindo ao facto de este ser o seu último mandato e de ser autarca do concelho desde há 16 anos, Maria das Dores Meira afirmou que «o futuro que, no presente, estamos a construir, vai muito para lá destes quatro anos que se avizi-
nham». E assegurou: Estarei sempre disponível para servir o concelho e continuarei, sem quaisquer hesitações, a servir os cidadãos de Setúbal tal como tenho feito nos últimos 16 anos em que aqui tenho exercido funções autárquicas”, Prometeu também continuar a andar na rua, com as pessoas, «a ouvir o que têm para nos dizer» e desenvolver, como portadores de um projeto político «mais acertado», um programa de modernização e transformação de Setúbal. Como obras principais, destacou: o Parque Urbano da Várzea, o novo terminal Intermodal da Praça do Brasil, arranjo do Largo de Jesus, a finalização das obras de reabilitação do Convento de Jesus, mais mobilidade e novos concursos para transportes públicos, marina de recreio e melhor gestão das praias da Arrábida, entre outros.
‘Mestre’ André Martins e bicadas à oposição O novo presidente da Assembleia Municipal, André Martins, que durante anos foi o seu vice-presidente no executivo e não se recandidatou ao lugar de vereador, mereceu um rasgado elogio da presidente. «Agradeço-lhe a visão de futuro, o espírito de missão e a dedicação ao interesse público que sempre orientou as suas decisões», afirmou Maria das Dores Meira. A edil também não deixou passar em claro a turbulência da campanha eleitoral, com mimos muito fortes, nomeadamente acusando os candidatos da oposição de terem feito uma campanha de «falsidades» e com «pouca seriedade política».
CONTRA A SUPRESSÃO NAS LIGAÇÕES FLUVIAIS ENTRE SEIXAL E LISBOA
Joaquim Santos ‘embarca’ para exigir da Soflusa reforço de frota Foi uma acção simbólica, mas o presidente da Câmara do Seixal, está disposto a investir em mais protestos, em nome de horários que sirvam melhor os utentes e mais barcos. TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM
O
presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, outros autarcas do concelho e vários elementos da Comissão de Utentes dos Transportes mostraram esta semana solidariedade para com a população do Seixal que nos últimos tempos tem vindo a ver reduzido o número de carreiras diárias, situação
que tem sido objeto de muitas reclamações e protestos das populações. Segundo nota de imprensa chegada à nossa redacção, Joaquim Santos, referiu que “esta é uma situação insustentável, que prejudica diariamente a população, que paga um serviço do qual não usufrui. Basta referir que desde 2011 já foram suprimidas 16 carreiras diárias, e que se tem vindo a acentuar o desinvestimento da empresa na
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manutenção e reforço da frota”. O autarca lembrou que “apesar das várias reuniões e reivindicações da autarquia, até ao momento nada foi feito, apesar de em junho deste ano o Ministério do Ambiente ter anunciado um investimento de 10 milhões de euros para o plano de manutenção da frota de navios da Transtejo e Soflusa”. O transporte fluvial assume um papel de ex-
trema importância na mobilidade das populações, transportando cerca de 5 mil pessoas por dia para Lisboa, pelo que a Câmara Municipal do Seixal reitera a sua solidariedade para com a população na reivindicação de mais carreiras, mais investimento nas frotas e ainda a criação de novas carreiras que possam ligar os concelhos ribeirinhos do Seixal, Almada, Barreiro e Montijo.
DESPORTO
Setúbal é palco da VII taça Palmela recebe última de patinagem artística etapa do Rush Slide Fest
M
ais de três centenas de atletas participam na VII Taça Jogos do Sado em Patinagem Artística que se realiza este sábado, das 11 às 21 horas, no pavilhão do Clube Naval Setubalense. A competição, que nesta edição regista um recorde de participação,
A
contempla provas de individuais livres, pares artísticos, quartetos e esquemas de grupos, para atletas femininos e masculinos, dos escalões de benjamins a seniores. Os patinadores, provenientes de mais de uma dezena de clubes de vários pontos do país, são avaliados nos parâmetros de variação de movimentos,
qualidade técnica, ocupação do rinque e, nos casos específicos dos quartetos e dos grupos, de coordenação coreográfica. O evento, de entrada livre, com cerimónia de entrega de prémios prevista para as 20 horas, é uma organização conjunta do município, do CNS e do Clube Patinagem do Sado.
vila de Palmela é palco, este sábado e domingo, da última etapa do Rush Slide Fest 2017. Esta competição de Drift Trike – um veículo com três rodas, que poderá ser descrito como um “triciclo radical”, em que a gravidade é determinante para a espetacularidade do desporto, decorre entre as 10 e as 18 horas, com o
percurso a ter início na Av.ª dos Cavaleiros de Santiago e Espada, junto à entrada do castelo de Palmela, e a percorrer a estrada do cemitério até à meta na praceta de S. Julião. Além das trikes, o evento é aberto, também, a longboards e patins. Organizado pela Rush Drift Trikes, com o apoio da Câmara, este evento pretende dar a conhecer a
modalidade junto do público e proporcionar às/ aos praticantes e amantes de desportos de gravidade a oportunidade de usufruir de descidas com paisagens deslumbrantes, com todas as condições logísticas e de segurança. A organização está a trabalhar para que, num futuro próximo, seja criado um Campeonato Nacional de Drift Trike.
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S. Silvestre de Almada abre inscrições A S. Silvestre de Almada corre-se no dia 16 de dezembro, a partir das 17h30. Com uma extensão de 10 quilómetros, a prova tem partida e chegada em Cacilhas, num percurso que passa por Almada, Laranjeiro, interior da Base Naval de Lisboa (Alfeite) e Cova da Piedade. Esta edição conta igualmente com uma caminhada de 5 quilómetros. Na corrida S. Silvestre de Almada podem participar atletas maiores de 18 anos. As inscrições para os vários escalões, limitadas até um máximo de dois mil atletas, estão abertas até 10 de dezembro.
Basquetebol barreirense em competições europeias
O Grupo Desportivo da Secundária de St.º André, Campeão Nacional da Liga Feminina, de basquetebol, e vencedor da Taça de Portugal da época desportiva passada, vai disputar, esta temporada, a Eurocup. Será a primeira vez que as “escolares” do Barreiro participarão nesta competição europeia de clubes. Este será um regresso de equipas do Barreiro a competições internacionais após mais de meio século do último encontro internacional disputado por representantes do Concelho na modalidade. Os jogos em casa serão disputados no pavilhão Luís de Carvalho.
Almada “Mexe Comigo” Surfyoga, stand up paddle, caminhadas, passeios de BTT, equitação, iniciação ao ténis ou ao golfe e aulas livres de diversas modalidades, são algumas das atividades desportivas agendadas para outubro, último mês da edição de 2017 do Almada Mexe Comigo. A participação é gratuita, mas com inscrição prévia. O AMC decorre entre e outubro, entre clubes, coletividades e outras entidades do concelho. Nesta 7.ª edição, foram agendadas mais de duas centenas de atividades desportivas, sempre ao ar livre. Em 2016, o AMC contou com mais de 3200 participantes.
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NEGÓCIOS
ESTRUTURA VAI ORÇAR EM 170 MILHÕES E VAI EVITAR PASSAR PELOS MARES DA AMÉRICA DO NORTE
Porto de Sines no centro da fibra ótica da Europa à América Latina
O porto de Sines vai ser mais uma vez a porta de entrada de cabos submarinos que ligam continentes. Desta vez, para ligara América Latina e Europa por fibra ótica. O projeto arranca entre o final deste ano e o início do próximo.
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TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM
A
plataforma portuária de Sines vai albergar o primeiro cabo submarino de fibra ótica direto entre a Europa e a América Latina. A obra deverá arrancar entre o final deste ano e o princípio do próximo e está orçado em cerca de 170 milhões. Esta importante estrutura , que pela primeira vez liga esta duas zonas do globo sem passar pela América do Norte, é um projeto da empresa hispano-brasileira Ellalink, Confirmou esta semana à agência Lusa o diretor comercial da empresa, Jesús Bernad. A empresa hispano-brasileira vai instalar a “estação” da estrutura em Sines, no Centro de Negócios da Zona Industrial e Logística, gerido pela AICEP Global Parques. « Queremos converter Sines num ‘hub’ de cabos submarinos», revelou Jesús Bernad, que esteve hoje na cidade alentejana para assinar o contrato para a instalação da estação de entrada na Europa do cabo submarino de comunicações. Com prazo de execução de 24 meses, o projeto vai permitir maior rapidez nas comunicações, adiantou o mesmo repre-
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sentante da Ellalink, explicando que, além de o cabo passar a fazer uma ligação direta, mais curta em distância, é um equipamento de “última geração”, com “uma capacidade inicial de 50 terabytes, podendo chegar [no futuro] a 72 terabytes”. CONEXÃO GIGANTE COM MAIS DE 10 MIL QUILÓMETROS A nova conexão de mais de 10 mil quilómetros vai ainda permitir, segundo divulgou num comunicado enviado à agência Lusa a AICEP Global Parques, «a redução de preço do serviço de Internet» e «dará maior segurança na comunicação direta entre a América Latina e a Europa», reforçaram os responsáveis. O cabo submarino vai ligar Sines, no distrito de Setúbal, em Portugal, a Fortaleza, no Brasil e, posteriormente, “numa segunda fase, Fortaleza a São Paulo”, sendo que o objetivo é que esteja operacional em 2019, adiantou ainda a AICEP Global Parques. O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, que esteve hoje presente na assinatura do contrato entre a AICEP Global Parques e a Ellalink, considerou este investimento “muito im-
portamte”, em declarações à agência Lusa. «É um investimento muito importante, é um investimento estrangeiro para Portugal, mas que reforça o papel de Sines na ligação não apenas marítima e logística, mas também na área das telecomunicações e das comunicações», disse o governante. Eurico Brilhante Dias destacou ainda a importância da “ligação à América Latina”, tendo em conta que “Portugal tem vindo a reforçar do ponto de vista da política externa a relação com toda a área do Mercosur”. A par disso, o secretário de Estado da Internacionalização acredita que “o aumento da necessidade de armazenagem de dados e de consolidar toda a informação entre os dois continentes”, que vai passar por Sines, “abre outras perspetivas de investimento, também na área das telecomunicações”. O presidente da AICEP Global Parques, Francisco Mendes Palma, disse, no final da cerimónia, esperar que este projeto seja “o princípio de outros investimentos nesta área da tecnologia e das comunicações”.
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EDITORIAL
OPINIÃO
Autárquicas 2017. Uns e Outros. Os uns que ganharam. E os Outros que Perderam. Raul Tavares Diretor
A meio caminho do orçamento de Estado
H
oje, até podia falar da novela de Sócrates, de Salgado e companhia; dessa acusação tão esperada pelo país e tão elementar aos olhos de tantos portugueses. Até podia falar da queda de Passos Coelho e de como isso pode ajudar a normalizar o país. Da Catalunha, aqui ao lado, que já nos penalizou pela incerteza, ou mesmo do feito de estarmos a caminho da Rússia para mais um mundial de futebol. Mas, não. Vou antes falar de como esta ‘gerigonça’ tem sabido gerir as expetativas do país, ganho expressão eleitoral e a cumprir o calendário a que se propôs. É certo que até às próximas legislativas, os partidos que apoiam o governo socialista vão endurecer as suas posições mais políticas e estratégicas. Mas, a fazer fé no orçamento que está em cima da mesa, o governo de António Costa não vai deixar muito por fazer das linhas traçadas aquando da conquista do apoio parlamentar com CDU, BE e Os Verdes. Este Orçamento cumpre mais uma vez o quesito de reposição de rendimentos para os portugueses e começa a refazer os destroços deixados pela Troika no combate à classe média. E prova, a saciedade, que é possível uma política de maior consumo e de maior emprego na sustentação do crescimento económico e do deficit. Porque, assim, numa palavra crua, compra-se mais e paga-se mais impostos. Vamos ver, no final, o que mais ficará marcado neste importante orçamento, a meio caminho das próximas legislativas. Incluindo o problema da dívida pública que tem que começar a ser atacada de forma substantiva. E como os ‘partidos do governo’ saberão aproveitar a onda de esquerda para continuar a mudar as coisas.
P
ronto, foi no dia 1 de outubro. A versão 2017 das autárquicas. E desta vez o poder na nossa Região mudou por 3 vezes. Ou se preferirem em 3 municípios. Almada, Alcochete e Barreiro foram, por isso, os protagonistas. Parabéns à oposição. A essas oposições, agora poder. De resto, em 10 de 13 municípios, a continuidade sem sobressaltos. Também os parabéns a esta continuidade. Significa que os cidadãos reconheceram os projetos e o trabalho realizado. Perante estas vitórias e estas derrotas o essencial antes de tudo é (foi) a cidadania. As mulheres e os homens que não ficaram de fora. Independentemente do partido ou coligação pelo qual concorreram. Concorreram. Promoveram candidaturas. Participaram. E ao participar de uma certa forma já ganharam. Mesmo que afinal alguns/ algumas tenham perdido. Elas e eles são assim o essencial da democracia. Onde a vitória de hoje é a derrota de amanhã. E tudo é afinal passageiro. Exatamente por isso foi com total surpresa e estupefação que li, vi e ouvi que afinal os resultados eram (foram) apenas e só consequência da política nacional. Os candidatos foram meros figurantes. O que
contou foi afinal o governo, para o qual aparentemente (só aparentemente) nem sequer votámos. Existiu assim uma “onda” (talvez gravitacional, talvez térmica) nacional a favor do PS e da geringonça. A CDU perdeu onde perdeu exclusivamente devido ao efeito geringonça. O PS ganhou onde ganhou não pelos seus candidatos ou os seus programas ou a sua campanha mas devido ao atual governo e ao seu primeiro-ministro. Ideia absolutamente peregrina. Afinal esta ideia a ser verdadeira pressupõe que não existe conhecimento da geringonça ou dessa tal “onda nacional” nem em Setúbal (CDU cresceu 8%) nem em Grândola (CDU cresceu 9%) onde a CDU fez crescer, e de que maneira, as suas maiorias. Pelo contrário em Almada, no Barreiro ou em Alcochete existe uma consciência aguda da geringonça. E então esse efeito misterioso levou os candidatos do PS à vitória. Apenas e só (claro) pelo efeito geringonça. Estranho é que em Lisboa, onde a tal da geringonça foi idealizada e concretizada, e onde é mais presente, o PS perdeu 9% dos votos, 3 vereadores e ficou sem a tão desejada maioria absoluta. Este resultado não tem obviamente nada a ver com o trabalho
TURISMO SEMMAIS JORGE HUMBERTO SILVA COLABORADOR
realizado e o “estado” em que Lisboa está ao nível dos serviços municipais (trânsito; higiene e limpeza; mobilidade; habitação). Tem a ver (exclusivamente) com o facto de em Lisboa nunca ninguém ter ouvido falar da geringonça como solução de governo. Já para não falar de Pedrógão Grande exatamente onde o Governo (a tal geringonça) falhou. E falhou em toda a linha. Pois foi aí que ganhou o PS retirando a autarquia ao PSD e, pelo caminho, aumentando a sua votação em 20%. Portanto não me venham com histórias da treta, da geringonça ou com leituras ditas nacionais. Tanto mais que nas autárquicas votamos em autarcas. E eles sim são a explicação dos êxitos como também são a explicação dos insucessos. Cada município é um caso. Cada candidato uma proposta. Cada executivo municipal 4 anos de trabalho. E foi precisamente esse trabalho que foi julgado. Essencialmente esse trabalho. Às vezes
muito positivamente. Às vezes negativamente. E é esta avaliação que ditou derrotas e vitórias. Entretanto um facto muito positivo: mais votaram. Menos se abstiveram (mais 4% de participação). E essa foi uma clara vitória para a Região de Setúbal. Depois os autarcas. Novos ou persistentes. A todos como cidadão espero que cumpram as expectativas. Pelo país, pela nossa Região e pela qualidade de vida dos seus cidadãos. Se não cumprirem já sabem: estarão fora. Se cumprirem teremos uma Região melhor. É o que esperamos. Nas autárquicas de 2021 faremos então as contas e teremos a resposta. Afinal as coisas são e serão simples. Nenhuma teoria da conspiração ou efeito mágico da governação se sobrepõem à relação (ou à falta dela) entre os eleitos e a população. As autárquicas 2017 na nossa Região não foram uma eleição. Foram 13 eleições distintas e particulares.
As árvores (dos desgostos)
H
á duas semanas regressámos de Viseu, cidade que acolheu o terceiro bloco de Um D. João Português. Foi no belíssimo Teatro Viriato que fizemos a terceira residência artística deste projecto, um espaço que é um exemplo daquilo que deveria ser a rede de cineteatros – uma equipa de dimensão adequada, muito profissional, programação regular de qualidade e as condições técnicas necessárias. A propósito desta experiência revisitei um ensaio de Américo Rodrigues intitulado “A descentralização. A rede. As políticas culturais” (incluído em “Quatro ensaios à boca de cena”, da Cotovia), que por sinal se refere ao modelo do Viriato como aquele que poderia ser um exemplo a seguir – no caso, por implicar uma responsabilização
simultânea do Estado e da autarquia, em termos de financiamento, sem que tal lhe retire autonomia de programação. Se neste texto Rodrigues afirma que a maioria dos teatros e cineteatros só se mantém devido ao esforço dos municípios, não deixa de identificar aquilo que continua a ser visível um pouco por todo o país: «poucas são [as autarquias] que, na prática, desenvolvem acções sistemáticas, integradas num plano de acção cultural». «E proliferam por aí os políticos que [...] desvalorizam sistematicamente qualquer projecto cultural consistente optando, à sua imagem e semelhança, pelo entretenimento com muita música pimba e fogo de artifício», continua ainda, não se coibindo de denunciar a frequente inexistência de directores artísticos, que coloca os espaços culturais à mercê de políticos sem qualquer
À PARTE LEVI MARTINS
DIRETOR DA COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS conhecimento do mundo das artes («sempre haverá a figura anedótica de um presidente qualquer que telefona para ordenar esta ou aquela utilização da sala, sem qualquer preocupação com a programação regular do Teatro», exemplifica Rodrigues). O autor conclui (e apesar do ensaio datar de 2009, mantém uma triste relação com grande parte do que se passa) que a rede de cineteatros «não existe, a não ser no domínio da construção». A nossa ida a Viseu permitiu-nos ter contacto com uma realidade que, a servir de modelo, poderia
contribuir para a existência de uma rede nacional que beneficiaria não só artistas mas, sobretudo (e é preciso sublinhar este ponto), o público. Para além de toda a aprendizagem do ponto de vista artístico e técnico que este grande projecto nos tem possibilitado, o contacto com casos excepcionais de política cultural dá-nos ferramentas para podermos contribuir, com conhecimento de causa, para que, um dia, seja possível afirmar que a rede de cineteatros existe e funciona para aquilo que foi pensada.
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14 | SEMMAIS | SÁBADO | 14 DE OUTUBRO | 2017
VALDEMAR SANTOS
JOSÉ ANTÓNIO CONTRADANÇAS
MILITANTE DO PCP
ECONOMISTA
A reflexão que é preciso fazer À volta da Praça do Bocage, bem andadas as coisas
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uito se tem falado das últimas eleições autárquicas, causas e consequências dos resultados das diferentes forças políticas concorrentes, do regresso dos “dinossauros” acostumados ao poder, do estrondoso resultado obtido pelo Partido Socialista a nível nacional, da conquista dos bastiões comunistas e da perda de influência deste partido e mais que tudo da demissão de Passos Coelho após uma retumbante derrota eleitoral. Na verdade um facto novo se deu na vida democrática do nosso país, onde era norma o partido do governo ser penalizado como aproveitando os eleitores para demonstrar o seu descontentamento. Só que aquilo que também por norma era descontentamento por se sentirem traídos no balancear do que era prometido e cumprido, desta vez há satisfação com as políticas levadas a cabo pelo governo do PS com o apoio dos comunistas, verdes e bloquistas e acharem os eleitores dar um voto de confiança ao primeiro-ministro António Costa e à sua governação. Claro que desta leitura não se poderá subtrair o mérito de muitas candidaturas que se impuseram no seu terreno com denodo e elevação, merecendo ser distinguidas em votações que lhe deram a vitória e a responsabilidade duma governação autárquica futura. Mas o que vem a propósito e em particular, não será tanto comentar estes factos nacionais, tão só porque nada acrescentaríamos em termos de análise e opinião. Merece-nos, no entanto, refletir sobre o estado a que se chegou no concelho de Setúbal. E aqui, não tanto a vitória expressiva de Maria das Dores Meira (coisa que se antevia) mas ao estado a que chegou o PS local, partido com elevadas responsabilidades na peleja autárquica, que sofreu uma derrota pesadíssima e porque não, vergonhosa. Diremos que os atuais dirigentes concelhios, finalmente tiveram o que pretendiam: liberdade plena para a escolha dos candidatos aos diferentes órgãos, coisa que lhe foi concedida pelos órgãos distritais e nacionais do partido que, desta vez, não fizeram indicação de nomes para encabeçar a disputa ao nível da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal. E assim escolheram Fernando Paulino, um setubalense de gema, de provas dadas como autarca, dirigente associativo e cidadão, que teve
que travar uma batalha difícil e com fim à vista, a seis meses do momento eleitoral. Este mesmo socialista íntegro que se viu arredado da sua pretensão legítima em ser candidato à União de Freguesias de Setúbal, há 4 anos, quando tinha reais oportunidades de ganhar esta autarquia. Poderíamos aqui discorrer sobre a formação das listas autárquicas mas achamos desnecessário lembrar o que salta à vista, mesmo dos menos atentos. Principalmente, no que respeita aos candidatos à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal, a surpresa não foi nenhuma pois poucas ou nenhumas diferenças há entre os que foram e são, e, certamente, continuarão a ser candidatos daqui a quatro anos, se nada for feito que altere o panorama atual do (não) funcionamento dos órgãos concelhios do PS em Setúbal. Havia quem visse na bipolorização existente na concelhia do PS em Setúbal, onde sempre se conheceram posições diferentes e “guerras” saudáveis, um fator de enfraquecimento que nada abonava perante a sociedade e em nada beneficiava a posição dos socialistas. Reclamava-se unidade, aquela que nunca faltou quando confrontados com disputas externas e afinal é o que se vê. Antes havia disputa acalorada de ditas “fações” que sabiam unir-se tendo em vista propósitos e objetivos comuns, hoje dizem existir a tal pretendida unidade quando não passa de unanimismo balofo à volta de meia dúzia de militantes que hegemonizaram a ação e dispõem da partilha de poder a seu belo prazer e em círculo restrito. Dir-me-ão que, como socialista, militante do PS em Setúbal, devia fazer esta reflexão nos órgãos próprios. Só que, mesmo Dom Quixote terá discernimento para saber da sua luta inglória contra moinhos de vento e antes de mais, como cidadão eleitor de setúbal permito-me fazer este apontamento que tem muito de tristeza pelo estado a que as coisas chegaram e a que não se vê um fim. O PS de Setúbal que é a principal oposição e que foi governo do concelho de Setúbal, tem responsabilidades acrescidas e não pode deixar de refletir profundamente sobre os resultados eleitorais autárquicos, tanto mais que pode ser considerado caso único num panorama nacional favorável, que não soube aproveitar. E em que, bem pelo contrário, teve um resultado que, a todos os títulos, nos devia envergonhar.
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ançada que foi faz hoje oito dias, na Casa da Cultura, em Setúbal, a obra de Álvaro Arranja “A República e os Operário – a Greve Geral de 1912 na imprensa da época”, edição do Centro de Estudos Bocageanos, tenho por adquirido que o autor não estranhará que façamos recordação de como no Espaço de Setúbal da Festa do Avante! de 2010 tratámos precisamente o Centenário da Revolução do 5 de Outubro, em Exposição: “Dos seis municípios portugueses que logo a 4 de Outubro proclamaram a República, cinco foram da Península de Setúbal: Almada, Barreiro, Moita, Montijo e Seixal (para além de Loures, a norte do Tejo). Ou seja – no dia em que começaram as operações militares, com o assalto ao Regimento de Infantaria 16, em Campo de Ourique, graças ao qual a adesão de praças, sargentos e oficiais de baixa patente ao movimento republicano viria a ter novo e determinante sucesso com a tomada do Quartel de Artilharia 1, em Lisboa.” Painel a seguir, “já o Congresso Republicano realizado em Setúbal a 23 e 24 de Abril de 1908 declarara a via insurreccional como único meio de derrubar o regime monárquico – como que a predestinar que também no 4 de Outubro, na mesma cidade, a grande agitação popular conduzisse ao incêndio da câmara sadina!” Conhece-se um registo de 63 greves entre o 5 de Outubro e o final de 1910, muitas das quais com forte incidência na Margem Sul. E assim retomamos que não há melhor explicação do que a de Bento Gonçalves, Secretário-Geral do PCP, nas “Palavras Necessárias” (uma das fontes de Álvaro Arranja) que escreveu antes de falecer em 1942 de biliose, no Tarrafal: “a principal dificuldade da grande burguesia consistia em ter a sua classe dividida ideologicamente: dum lado os republicanos, do outro os monárquicos”, arriscando nós, hoje e mais do que nunca, que disto a melhor ilustração também resta e restará a “Canção de um pé descalço anónimo”, sobre a batalha da Rotunda: “Meu coração abrasava De amor pela
Democracia Odiando a monarquia Que tanto mal nos causava A hora de luta esperava Quando o peito se m’inunda De uma alegria profunda Ao ouvir dar o sinal Desde o começo ao final Bati-me lá na Rotunda. Do Povo o sangue correu Assim como o dos soldados Os chefes, esses, coitados Nenhum deles apareceu Quando o inimigo cedeu É que ao povo se mostraram Foi então que proclamaram Essa coisa da ‘República’ E ante a opinião pública Herói eles me chamaram.” O assassinato pela Guarda Republicana de dois operários conserveiros, uma mulher e um homem, em greve em Setúbal a 13 de Março de 1911 cedo ilustrou outra parte do poema: “Com os doutores eu estava, mas sem ilusões ficava Pouco tempo decorrido.” Calhara curiosamente à Festa do Avante! em 2009 propiciar porventura (achamos que sim) ao Grupo de Teatro Amador da Palhavã, de Setúbal, uma das maiores plateias na apresentação da peça “Por Dez Reis”, inspirada naquele crime das forças militares ao serviço da classe triunfadora - mas o sentido progressista na História de Portugal que representou a Revolução Republicana em termos de mudança de regime não pode deixar de fazer do 5 de Outubro “bandeira em importantes jornadas de unidade e luta anti-fascistas, só suplantadas no 1º de Maio de 1962, assinalando a inequívoca afirmação da classe operária, no plano social, e do PCP, no plano político, como forças determinantes da luta pelo derrubamento do fascismo” (Albano Nunes, na apresentação da Exposição do PCP, no Porto, a 29 de Janeiro do citado ano). Ponhamos agora um 4, o último painel: a História não se repete, mas algo faz lembrar que “a Revolução de Abril foi uma revolução inacabada. Apesar das suas aquisições históricas, muitas das suas principais conquistas foram destruídas. Outras, embora enfraquecidas e ameaçadas, continuam presentes na vida nacional. Todas são referências e valores essenciais no presente e no futuro democrático e independente de Portugal” (Programa do PCP).
JORNALISTA
POLITICA E CULTURA
JORGE SANTOS
A VERDADE DAS COISAS SIMPLES
FIO DE PRUMO
OPINIÃO
Catalunha
N
ão nos iremos debruçar sobre a situação política na Catalunha, pela simples razão que, independentemente do que pensamos, respeitamos o que os outros povos pensam e fazem, pois, na maioria dos casos a eles e só a eles diz respeito. Mas não deixamos de aproveitar o tema para abordarmos consequências dos resultados das últimos sufrágios autárquicos, onde se continuam a apontar “os grandes perdedores” e os grandes vencedores”, mas com a maravilhosa imaginação de uns estarem na pele dos outros dependendo isso do ponto de vista do observador ou analista. Por cá, “neste jardim à beira mar” não se fala em independências, embora, mostrando o humor que caracteriza os portugueses, se tenha falado, em tempos que já lá vão, no “Cavaquistão”, expressão que ainda hoje provoca risos, assim como se chegou a levantar a bandeira de que “o Alentejo é vermelho”. Nas autárquicas não somos muito tentados – a não ser quando nisso temos interesse – a analisar os resultados a
E, no distrito de Setúbal temos “análises” para todos os gostos, que dão matéria e satisfação a todos, quer tenham ganho quer não tenham eleito os que sonharam. nível distrital, mas a pureza exige-nos que o façamos concelho a concelho e, exagerando, freguesia a freguesia. E, no distrito de Setúbal temos “análises” para todos os gostos, que dão matéria e satisfação a todos, quer tenham ganho quer não tenham eleito os que sonharam. Resta-nos exigir aos eleitos, de todos os órgãos autárquicos, seja qual for a sua motivação político-partidária, que se encham de força e, com sabedoria, tudo façam para levar por diante acções que tornem as urbes plenas de beleza para que todos os cidadãos vivam felizes.
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