Semmais 22 julho 2017

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Sábado 22 | Julho | 2017 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 958 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso

AMBIENTE & ENERGIA

RETRATOS DE UMA REGIÃO QUE PULSA DOSSIER

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A Fundação Gulbenkian e a Câmara de Lisboa estão a desenvolver o projeto A LIFT – Lisbon Initiative for the Future, que abrange 40% da população do país e quer conquistar posição atlântica e mercado global. É a força do Arco Metropolitano de Lisboa.

A presidente da Associação Nacional dos Portos de Portugal, Lídia Sequeira, não tem dúvidas de que os portos da região vão ter que se preparar para receber nas suas barras navios de maior porte. É a tendência do setor e dos mercados internacionais.

No distrito a despesa anual média dos agregados familiares foi de 23148 euros, entre 2015 e 2016, de acordo com o inquérito às Despesas das Familias, da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatísticas. A média da região tem vindo a subir desde 2010.

FAZEMOS PARTE DE UMA MEGA REGIÃO SINES E SETÚBAL PREPARAM-SE COM 4 MILHÕES DE HABITANTES PARA NAVIOS DE MAIOR PORTE

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FAMÍLIAS DO DISTRITO APRESENTAM DESPESAS ACIMA DA MÉDIA NACIONAL

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SOCIEDADE

PROJETO LIFT JUNTA GULBENKIAN E CÂMARA DE LISBOA E POSICIONA-SE NO MERCADO GLOBAL

Estamos dentro de um mapa com 4 milhões de habitantes O estudo é da Fundação Gulbenkian, num projeto que envolve a câmara de Lisboa. Posiciona o Arco Metropolitano de Lisboa num mercado global. A LIFT – Lisbon Initiative for the Future, quer abrange 40% da população e quer conquistar posição atlântica. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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distrito de Setúbal está entre as regiões do país abrangidas pela iniciativa promovida pela Fundação Gulbenkian e pela Câmara de Lisboa que ambiciona projetar o designado Arco Metropolitano de Lisboa no mercado global. Chama-se LIFT - Lisbon Initiative for the Future - e traduz-se num mapa que contempla uma macrorregião, com o objetivo de conquistar projeção atlântica, abrangendo 40% da população do país. Mais de 4 milhões de pessoas. O projeto agora apresentado é considerado como uma ferramenta para garantir competição internacional com o objetivo de promover esta grande região além-fronteiras. «Queremos colocar esta região a inovar e a competir à escala global», segundo avança Duarte Cordeiro, vice-presidente da

Câmara de Lisboa, a entidade que se empenhou neste projeto, estando previsto que seja a própria autarquia da capital a procurar meios e parceiros para responder às orientações deste novo estudo, que foi agora elaborado à boleia de uma ideia, segundo a qual, na opinião dos seus autores, «uma macrorregião constitui o potencial de internacionalização mais relevante do território nacional». O autarca admitiu que esta grande região - que, além de chegar ao Alentejo, «toca ainda em Leiria e no Algarve - já é competitiva «a nível europeu, pela sua população», mas acrescentou que para atrair investimento «a forma correta da capital se apresentar e promover no exterior é como Arco Metropolitano de Lisboa». MACROREGIÃO SEM EXISTÊNCIA FORMAL, MAS REAL E INTERATIVA Esta macrorregião não tem existência formal ou administrativa,

nem limites geográficos precisos, mas constitui um sistema cada vez mais interativo e interdependente ao nível do fluxo de pessoas casa/trabalho ou estudo/casa, das cidades, instituições e empresas. E é o principal motor económico do país. Isabel Mota, presidente da Fundação Gulbenkian, admite, por sua vez, que o estudo da instituição deve ser usado como instrumento das políticas públicas. O mar é apontado como espaço geoestratégico privilegiado para potenciar este futuro arco metropolitano, sustentando a Fundação Gulbenkian, que este projeto faz todo o sentido, justificando que esta macrorregião exibe atributos especiais para encarar esse desafio, acrescentando que este mesmo conceito está a ser partilhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, que propõe melhorar as relações transatlânticas.

Quais as vantagens práticas desta polarização? O arco metropolitano polarizado por Lisboa tem um forte poder para competir e para atrair investimento. E se atendermos ao retrato da nova região em números, não restam dúvidas: 4,1 milhões de habitantes, 42,2% da população com menos de 15 anos do país, 49% da população portuguesa com o ensino superior (3,9% no Noroeste); 42,5% da população empregada, 44% das exportações. Nas atividades da nova economia, que de alguma forma apontam para o futuro, o arco de Lisboa reforça ainda mais a sua hegemonia, representando 66% do valor produzido pelas indústrias de tecnologia de informação e comunicação do país e 63% das indústrias criativas. O porto de Sines é citado no estudo como o maior equipamento para o tráfego marítimo do país e uma série de plataformas logísticas. A ligação destes equipamentos à Europa vai obrigar a novos investimentos nas ligações ferroviárias com Espanha, de resto já previstos para o próximo ciclo de investimento.

LÍDIA SEQUEIRA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS PORTOS DE PORTUGAL, ALERTA PARA TENDÊNCIA DO MERCADO

Portos da região deverão preparar-se para barcos maiores A tendência é global, mas a plataforma portuária de Sines, nomeadamente, como porto de transhipment, deve estar preparado para receber navios de maior porte. Os operadores internacionais querem ganhar tempo e mais carga por serviço. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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á uma tendência global para que a dimensão dos barcos recebidos nos portos de Sines e Setúbal continue a aumentar nos próximos tempos, levando Lídia Sequeira, presidente da Associação dos Portos de Portugal (APP), a alertar que ambas as infraestruturas portuárias da região deverão estar preparadas para responder com eficácia aos novos desafios. Sobretudo Sines, como porto de ´transhipment´, deverá encarar este alerta

com atenção, mas o recado é transversal a Setúbal, tendo Lídia Sequeira sublinhado em declarações à comunicação social que esta nova realidade terá «um impacto positivo através do denominado efeito cascata, pelo que mesmo os portos mais vocacionados para o ´short sea´ (caso de Setúbal), terão também de estar preparados para uma procura por navios maiores», ressalva. A dirigente admite que os portos nacionais têm conseguido sempre dar resposta às novas tendências e às novas necessidades do sector e que deverão continuar a fazê-lo, destacando mesmo, a nível

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de carga, o porto de Sines. Esta infraestrutura, atesta, «tem vindo a afirmar-se cada vez mais no contexto europeu, batendo recordes de movimentação ano após ano, e posicionando-se como um dos principais portos de ‘transhipment’ europeu». Lídia Sequeira reforça que a boa gestão a nível portuário «é um garante da vitalidade dos portos nacionais», atestando que tem permitido aumentar as movimentações de mercadorias por via marítima todos os anos, logrando captar «investimento nacional e estrangeiro». Apesar do mercado e global e da feroz concorrência.


SOCIEDADE

FAMÍLIAS DA REGIÃO GASTAM EM MÉDIA ANUAL ACIMA DOS 23 MIL EUROS, MAIS 2785 EUROS QUE A MÉDIA NACIONAL

Despesa na região supera a média do país São dados do inquérito às Despesas das Famílias entre 2015 e 2016, da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatísticas. A média da região tem vindo a subir deste os últimos estudos, realizados em 2010 e em 2011. As variáveis têm diversas interpretações. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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s dados definitivos do Inquérito às Despesas das Famílias entre 2015 e 2016 indicam que no distrito a despesa anual média dos agregados familiares foi de 23148 euros, segundo avança um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Quer isto dizer que a região, que surge englobada na Área Metropolitana de Lisboa, exibe o valor mais alto do país, superando largamente a média nacional fixada nos 20363 euros. Uma diferença de 2785 euros. Ainda assim, comparativamente com idêntico estudo realizado em 2010

e 2011, a região regista um aumento da despesa média anual, passando de 22384 euros para os atuais 23148, o que representa mais 764 euros, sendo ainda destacado o facto de a península apresentar a maior proporção de despesas com a habitação, água, luz e gás, num total de 32,7%, seguindo-se os gastos com transportes e produtos alimentares, levando ambos uma fatia igual: 13,3%. O rendimento total líquido anual médio dos agregados familiares da região foi de 28101 euros em 2014, superando a média nacional fixada nos 23635 euros. Já quanto aos indicadores de desigualdade de pobreza, a região também regista a taxas de risco

mais baixas do país. Em 2014 era de 12,4%. Segundo o INE, os resultados do inquérito «viabilizam ainda a comparação entre o rendimento total por adulto equivalente e o rendimento monetário equivalente, verificando-se que os rendimentos não monetários tiveram, em 2014, um papel equalizador e de atenuação do fenómeno da pobreza e da exclusão social», sublinha, alegando que os rendimentos não monetários, correspondentes a autoconsumo, autoabastecimento, autolocação e recebimentos e salários em géneros, com um peso de 22,2% no rendimento total das famílias, permitiram uma redução de 3,4% na taxa de risco de pobreza em 2014.

MAIS DE TRÊS QUARTOS DOS AGREGADOS TÊM AUTOMÓVEL Os resultados provisórios do estudo indicam ainda que a despesa média anual dos agregados familiares com crianças dependentes é 44% mais elevada do que a despesa média das famílias sem crianças dependentes. O mesmo inquérito permitiu ainda obter um conjunto de informação sobre bens e equipamen-

tos de conforto básico dos agregados familiares, nomeadamente no que se refere a meios de transporte. Em 2015/2016, mais de três quartos dos agregados familiares tinham automóvel, ou seja, um aumento de quase 5% face a 2010/2011. A bicicleta era um meio de transporte detido por quase 40% das famílias, uma proporção significativamente diferente relativa a ciclomoto-

res (7,8%) e motociclos (6,0%). Verificou-se ainda que esta proporção foi a que mais aumentou (10,7%) face a 2010/2011. A disponibilidade de automóvel era mais frequente entre as famílias com crianças (90,5%), e entre as que tinham rendimentos mais elevados (91,0%). A posse de bicicleta era mais frequente entre as famílias com crianças (63,6%).

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AMBIENTE E ENERGIA

AS DEZ ALBUFEIRAS DO SISTEMA DO VALE DO SADO ESTÃO COM ARMAZENAMENTO EM QUEDA

Ambientalista receia que seca esgote os aquíferos da região

Francisco Ferreira, da Associação ambientalista Zero lança o alerta, afirmando que nos últimos 20 anos nunca se registou seca semelhante na região. As reservas do subsolo estão a ser procuradas por agricultores desesperados. É o caos. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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alerta é deixado pelo dirigente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, perante um estado de seca que atingiu as proporções mais graves na bacia do Vale do Sado nos últimos 20 anos: «Como a água é cara para a rega, alguns agricultores desta região vão voltar a procurá-la nos aquíferos, como faziam há uns anos. Isso pode esgotar as reservas que se encontram no subsolo. Seria muito grave e deixaria esta zona do país sem outros recursos», receia na mesma semana em que o Governo reconheceu oficialmente o estado de seca e avançou com restrições ao consumo. Os valores exibidos pelas dez albufeiras que compõem o sistema de Vale do Sado não enganam, com um armazenamento médio de 28.1%, quando a média anual anda pelos 59.9. Foi num cenário semelhante que há uns 20 anos os produtos de arroz secaram o

Sado e deixaram os aquíferos à míngua num episódio de má memória para a região. «Isto é mais grave, porque os aquíferos demoram muito mais tempo a repor e em ano de seca isso pode ser terrível», avisa, reconhecendo ser hoje consensual a necessidade de definir prioridades no Sul de Portugal. «É preciso decidir quais são os usos a dar à água. A APA (Agência Portuguesa do Ambiente) tem de começar a dialogar com os diferentes utilizadores e proceder a alguns cortes», sublinha, justificando que num de ano de escassez como o que se está a viver é quase impossível assegurar água que permita conciliar consumo humano, com agricultura, garantia de caudais ecológicos ou utilização industrial. «Neste momento já temos situações que escassez que obrigam a ter esta gestão de forma muito mais cuidadosa e olhando para um cenário que pode continuar a agravar-se nos próximo meses», insiste o dirigente, sem perder que os dias teoricamente mais secos estão

agora a chegar com julho e agosto. «Ou seja, já não chega à autoridades estarem atentas, é preciso começar a tomar medidas mais dramáticas face à falta de precipitação», acrescenta o dirigente da Zero. E o Governo parece ter ouvido o aviso, anunciando medidas mitigadoras para os quatro concelhos alentejanos do distrito. Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines são obrigado a diminuir a rega nos jardins, encerrar fontes decorativas e proibir o enchimento de piscinas. REDUÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA FAZ PARTE DO PLANO Estas medidas que obrigam a uma redução do consumo urbano da água fazem parte do Plano de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca aprovado na primeira reunião da comissão, de carácter interministerial, que tem por missão identificar os problemas e acompanhar a evolução da actual situação da seca em Portugal continental. Entre as medidas de redução dos consumos

A seca prolongada e intensa deixou algumas zonas como a imagem revela urbanos estão a diminuição da rega dos jardins e hortas e respectiva prática em horários apropriados, proibição nas zonas mais críticas de enchimento de piscinas, lavagens de viaturas, diminuir para rega de sobrevivência das zonas verdes e encerramento de fontes decorativas, quando não funcionam em circuito fechado. Recorde-se que alguns produtores de arroz já tinham optado por tomar as suas próprias medidas, ao acelerarem o ciclo de crescimento da planta, mesmo com perda de rendimento, confrontados

com um inverno e primavera secos - abril foi o mês mais quente e seco dos últimos 86 anos - a que se juntou um junho «anormalmente quente e sem chuva», segundo fonte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), admitindo que este cenário tenha provocado um forte impacto agrícola, como reconhece Joaquim Manuel Lopes, técnico agrícola da Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal. Segundo diz, alguns dos produtores da região optaram mesmo por ace-

lerar o ciclo do arroz, embora com perda de rendimento. Produzir arroz ao longo de 120 dias pode dar apenas metade das toneladas face a uma produção de 150 dias. Porém, explica, «é uma segurança para os produtores mais pequenos, que assim corre menos riscos de ficarem sem água. É que se uma produção não chegar ao fim vão perder tudo”, sublinha Joaquim Manuel Lopes, admitindo que a maioria dos produtores do distrito preferindo arriscar mesmo com escassez de água, em nome de um maior rendimento.

PROJETO COLABORATIVO “PSA” VAI SER DESENVOLVIDO PELAS TRÊS AUTARQUIAS E ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE SETÚBAL

AIA elaboração planos de segurança da água da Moita, Palmela e Seixal A iniciativa arrancou em março e decorrerá durante doze meses, com conclusão agendada para 2018. Está organizada em sete etapas e apresenta abordagem promovida pela Organização Mundial de Saúde

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s municípios da Moita, Palmela e Seixal, associados da Associação Intermunicipal de Água da Região de Setúbal (AIA), encontram-se a elaborar os seus Planos de Segurança da Água, numa iniciativa designada “Projeto Colaborativo PSA”, desenvolvida em articulação estre os referidos municípios e a nossa Associação. Este projeto, que teve início em março, decorrerá durante aproximadamente 12 meses, prevendo-se a sua conclusão em abril de 2018, representando um investimento

por parte de cada município envolvido na ordem dos 16 700 euros. Organizada em sete etapas, esta iniciativa adotou um formato colaborativo e a abordagem promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Associação Internacional da Água (IWA). Avaliar a capacidade do sistema de abastecimento de água para responder a potenciais ameaças à segurança da água; identificar medidas de controlo necessárias, bem como, oportunidades de melhoria nas operações e práticas de gestão atuais e na alocação

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de recursos humanos e, por último, promover uma gestão e monitorização operacional eficiente, identificando planos de ação para situações de rotina e excecionais de funcionamento, são os principais objetivos do PSA. Na sequência da revisão da Diretiva da Qualidade da Água (Diretiva 98/83/EC do Conselho, de 3 de novembro), aprovada pela Comissão Europeia que introduz a necessidade da adoção de uma abordagem de gestão do risco - os estados-membros devem colocar em vigor, até 27 de outubro de

2017, as disposições legislativas, regulamentares e administrativas necessárias para dar cumprimento à presente diretiva. Os Planos de Segurança da Água constituem um «importante instrumento de planeamento e um contributo relevante na identificação e gestão de riscos, eficiência do serviço prestado, melhoria da qualidade da água, saúde e confiança do consumidor, objetivos com os quais os municípios associados da AIA, designadamente os que participam na presente iniciativa, se encontram fortemente comprometi-

Álvaro Amaro preside à AIA dos na persecução da permanente qualificação da gestão pública municipal

da água», sublinha Álvaro Amaro, o presidente da AIA.


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AMBIENTE E ENERGIA

PLANO AMBICIOSO PREVÊ 330 FOGOS PARA ALOJAR 700 HABITANTES, ESCRITÓRIOS, SERVIÇOS E COMÉRCIO

Travar a erosão é o desafio para o futuro Cais do Ginjal É um desafio ambiental gigante que inclui uma tentativa de regeneração urbana. A câmara de Almada acredita ser possível fazer consolidação naquela zona de enorme sensibilidade.

TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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Plano de Pormenor para o Cais do Ginjal já é ambicioso quanto baste. Prevê construir 330 fogos para alojar 700 habitantes, escritórios, serviços, comércio que serão instalados ao longo de um quilómetro da frente de rio. Porém, há pelo meio um desafio ambiental que

quase passa despercebido, mas que vai marcar os primeiros passos da nova imagem do Cais em avançado estado de abandono e degradação: A sustentação da longa escarpa à beira do Tejo para travar a erosão. Mas como é possivel garantir a fixação das pedras que habitualmente rolam pela encosta? Luís Bernardo, chefe da divisão de Estudos e Planeamento da Câmara de Almada, tem

a resposta técnica para a pergunta do Semmais. «Há vários tipos de consolidação», começa por explicar, aponta às duas linhas de intervenção previstas no programa. Uma na frente de rio e outra paralela, já nas traseiras dos abandonados armazéns. «Será na segunda linha de construção que vai ser feito o muro de contenção, utilizando a engenharia ambiental

com recurso a redes metálicas, que permitirão que um conjunto de vegetação específica vá trepando essas estruturas». A ideia é que a flora autóctone suba a escarpa impedido o deslizamento dos blocos de terra e pedras. «Esta solução permite que, do ponto de vista paisagístico, o verde se vá espalhando», acrescenta, apontando a um exemplo que já foi posto em prática no terreno, junto à Casa da Cerca. «Aquela vegetação foi ali posta há algum tempo e agora já passa despercebida, parecendo que esteve sempre ali», refere Luís Bernardo, para quem há outra operação que merece a atenção redobrada do seu gabinete e que passa pela subida da cota do cais para evitar eventuais galgamentos do Rio Tejo para zona habitacional. Daí que tenha havido a

necessidade de recuar novos espaços. «De inverno, com vento norte, o cais é um espaço inóspito e nada confortável. Com este conceito da segunda linha e um arruamento interior vamos criar espaços muito mais protegidos e com conforto», resume, admitindo a autarquia que esta requalificação poderá demorar mais de dez anos, mas que a ideia de lançar já o Plano de Pormenor a discussão pública é uma forma de antecipar o processo. AUTARQUIA GARANTE QUE MORFOLOGIA É PARA PRESERVAR O Cais do Ginjal seria iniciado em 1845 quando João Teotónio Pereira, figura ligada ao comércio, aqui instalou uma indústria de abastecimento de água aos navios e armazéns de vinho, azeite e vinagre. A ideia do plano é começar pela zona da res-

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museuindustrial@baiadotejo.pt

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tauração, ainda junto ao cais de embarque, seguindo-se os antigos armazéns, a maioria destelhados, grafitados e com paredes a ameaçarem a ruína. A autarquia propõe a construção de um conjunto de edifícios na primeira linha de rio que não descaracterize a morfologia atual das fachadas dos armazéns. E quanto ao orçamento? O presidente da Câmara de Almada, Joaquim Judas, não arrisca um valor para a intervenção que abrange uma área superior 80 mil metros quadrados, recordando que o terreno pertence a um privado e que a ambição do PP é adiantar trabalho. O Ginjal pertence ao grupo de promoção imobiliária da Madeira «Avelino Farinha e Agrela», que terá a última palavra depois de ter comprado o património à Galp.


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AMBIENTE E ENERGIA

Lugares únicos e caminhos certos para disfrutar do ambiente SINES CASA DE CAMPO CABEÇA DA PRAIA

A região, além do azul-marinho das praias de rara beleza, das areias brancas e das serras verdejantes, é rica em lugares únicos e caminhos certos para respirar o ambiente.

Localizada em Porto Covo, onde funcionou uma escola primária, disponibiliza suites e acesso a um jardim verdejante. As zonas verdes circundantes são ideais para caminhadas e apresentam vários trilhos naturais e locais para piqueniques. A propriedade fica a 10 minutos de carro de Porto Covo.

MOITA LAGUS CAMPO E AVENTURA

ALCOCHETE HERDADE DE BARROCA D´ALVA

O Lagus Campo e Aventura integra o grupo Lagus, que conta já com o Lagus Resort, Lagus Bed and Breakfast e Lagus Sports Academies. O Parque Natural da Arrábida está próximo e, assim, pode aliar a natureza com o espírito cosmopolita. Há campismo com tendas, bungalows e local para autocaravanas.

A Herdade da Barroca d’Alva, apresenta várias atrações, que passam pela agricultura e pecuária, pelo centro hípico e o estúdio de cinema/programas de televisão. Entre o montado e as pastagens para o gado, encontramos os arrozais que se afiguram como um dos sistemas mais importantes para a preservação da natureza. Integrados no património natural do concelho, os arrozais e as salinas, assumem-se como um importante habitat para espécies diversificadas.

SANTIAGO DO CACÉM HERDADE DO MOINHO DA CAMPA A Herdade do Moinho da Campa fica perto das praias do litoral alentejano e da Reserva Natural da Lagoa de St.º André, com vista sobre a Arrábida e envolto pela aura do passado que predomina nas ruínas da cidade romana de Miróbriga. São vários os ambientes que rodeiam este moinho, transformado numa unidade hoteleira. O seu aspeto tradicional recorda as casas típicas, onde às paredes caiadas se junta o traço azul que pinta o Alentejo.

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SEIXAL MOINHO DE MARÉ DE CORROIOS O Moinho de Maré de Corroios, onde funciona o núcleo do Ecomuseu Municipal do Seixal, continua a cumprir a sua função pedagógica e didática para o público em geral e para as escolas. Este moinho convida-nos a descobrir um património raro, que se encontra em simbiose com o sapal de Corroios, espaço natural protegido, que constitui a mais importante zona húmida existente no concelho.

ALMADA PARQUE DA PAZ

BARREIRO MATA DA MACHADA

Trata-se de um espaço de lazer, com 60 hectares de relvados extensos e caminhos que serpenteiam um lago artificial, onde cisnes deslizam na superfície da água. Neste grande pulmão da cidade, é possível observar fungos e líquenes que crescem em alguns recantos na relva ou nos troncos, onde por vezes coelhos bravos e melros pretos espreitam quem caminha pela orla do relvado.

A Mata Nacional da Machada é a única área florestal de razoável dimensão do concelho. Considerada, o “Pulmão da Cidade”, é um local privilegiado para atividades de recreio e lazer. Dispõe de um parque de merendas e diversos fontanários, além de um Centro de Educação Ambiental e de uma rede de estradas e caminhos frequentemente utilizados para práticas desportivas, permitindo à população uma melhor qualidade de vida.

MONTIJO HERDADE DO MOINHO NOVO Estamos na presença da mais recente unidade turística de luxo da região: A Herdade do Moinho Novo, em Canha. É no seio de uma encosta de montado de sobro que emergem 8 casas suspensas em perfeita harmonia com a natureza. Completamente integradas na paisagem, em cada uma das casas os hóspedes são transportados para um ambiente distinto, tendo como cenário a floresta e o ambiente rural.

PALMELA MONTADO RESORT De realçar a elevada qualidade de charme deste resort que serve golfistas, lazer/ praia e homens de negócios. Os 90 luxuosos quartos e 3 suites seniores oferecem uma panorâmica única sobre todo o Campo de Golfe. O Montado Resort complementa a sua oferta lúdica e desportiva com atividades que passam pelos passeios pedestres, rapell, paintball, BTT e desportos náuticos.


AMBIENTE E ENERGIA

SESIMBRA ESPAÇO INTERPRETATIVO DA LAGOA PEQUENA Os participantes podem descobrir os segredos dos animais e plantas da Lagoa Pequena e ficam a conhecer este rico ecossistema, nomeadamente os níveis de organização, as cadeias alimentares e relações inter e intra-específicas. Com a ajuda de binóculos e guiados por um especialista, terão ainda oportunidade de observar algumas das aves aquáticas.

SETÚBAL MOINHO DE MARÉ DA MOURISCA

ALCÁCER DO SAL ALBUFEIRA DE VALE DO GAIO

É um interessante e bonito espaço de turismo de natureza, que promove passeios pedestres e fluviais, observação de flamingos e visitas guiadas. Localiza-se na Herdade da Mourisca, nas Praias do Sado, e está aberto no Verão até à meia-noite, às sextas e sábados.

A albufeira de Vale do Gaio, próximo do Torrão, com hotel, é ideal para a prática de pesca desportiva, vela, canoagem ou windsurf. É, também, um local onde a tranquilidade e a calmaria convidam a passeios ou piqueniques pelos seus inúmeros recantos bordejados de árvores.

GRÂNDOLA ECO-PARQUE “MONTINHO DA RIBEIRA” A funcionar desde 1 de maio do ano passado, o Eco-Parque de Merendas “Montinho da Ribeira”, localizado na antiga “Aldeia da Minhoca”, é um dos lugares que fazem parte da memória coletiva de Grândola. Este novo espaço de lazer beneficia ainda de uma excelente localização paisagística e de ótimos acessos para os munícipes e para quem visita Grândola.

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AMBIENTE E ENERGIA

PAULO DO CARMO, LÍDER DA QUERCUS NO DISTRITO, FALA EM DOIS TERRITÓRIOS

“Tenho dúvidas sobre o custo-benefício do Terminal de contentores do Barreiro” O dirigente nacional da Quercus, que presidi ao Núcleo do distrito, tem receios de que os novos investimentos venham piorar a qualidade de vida dos residentes na península de Setúbal. E não é meigo sobre o terminal de contentores do Barreiro.

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presidente do Núcleo da Quercus do Distrito de Setúbal, Paulo do Carmo, assume que o distrito é caracterizado por dois núcleos bem diferentes. O do Litoral Alentejano, com «um território bem melhor ordenado, devido á escassa pressão urbanística», sem problemas de mobilidade, ruído ou má qualidade do ar, e o da Península de Setúbal, mais densamente povoado, devido à sua proximidade a Lisboa, e também devido ao grande fluxo de população que se fixou nas décadas de 60 e 70, junto de grandes pólos industriais como foram o Seixal, o Barreiro, Almada e Setubal. E sabe como essa zona é prejudicada na qualidade de vida das populações. «É afetada por alguma deficiência de serviços pú-

blicos, mas também em termos ambientais, falo claro da questão da questão da mobilidade para quem vive na Península, da má qualidade do ar, dos elevados níveis de ruído, da escassez de espaços verdes», assume. Paulo do Carmo também vê problemas com os novos investimentos anunciados. «Se o novo Aeroporto do Montijo pode ser sem duvida o principal motor de desenvolvimento da região, quer para as empresas, quer para o emprego, podendo dar uma pujança que esta região há muito necessita e merece, vai também certamente alterar o quotidiano das pessoas nomeadamente do Montijo, Barreiro e Moita. Estou claro a referir-me ao potencial crescimento da má qualidade do ar, e o aparecimento de níveis de

ruído bem elevados, que vão alterar o modo de vida de muitas pessoas. Por isso, é preciso elaborar estudos e encontrar soluções que minimizem o impacto dessa grande infraestrutura», adverte o ambientalista. REPENSAR O PROJETADO TERMINAL DE CONTENTORES Já sobre o terminal de contentores para o Barreiro, o dirigente da Quercus diz que o «o saldo deve ser bem negativo», uma vez que, segundo o próprio, «as dragagens que terão que ser realizadas serão negativas para a biodiversidade existente, bem como prejudiciais para a pesca ou para as centenas de pessoas que todos os dias andam na apanha da amêijoa». E acrescenta: «Se mais de 85% dos contentores previstos vão para Norte, então vamos

entupir o Barreiro de Camiões que irão piorar o ar existente, bem como tornar a vida das pessoas num inferno com os níveis de ruído bem elevados, que irão ter impacto na saúde das pessoas». Paulo do Carmo dúvida também da capacidade do projeto gerar emprego. «Vamos ver quantos postos de trabalho vão ser criados no Barreiro ou se a maior parte já vem de Lisboa». Dizendo-se contra as posições radicais, e afirmando nunca ter entendido o ambiente como «o mais importante à face da terra», o também dirigente nacional da Quercus defende este projeto «deve ser repensado» de movo «a evitar males maiories». Relativamente aos fatores positivos da região, lembra «a riqueza inigualável», com as duas mais importantes e maiores zo-

Paulo do Carmo fala de dois territórios bem distintos na região nas húmidas de Portugal, que são o Estuário do Tejo e o Estuário do Sado, a Arriba fóssil sempre deslumbrante da Costa da Caparica, o Parque Natural da Arrábida, as Lagoas da Sancha e de Santo de André no Litoral Alentejano, o inicio do Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano, a bele-

za das praias do Concelho de Grândola onde se destaca a Comporta e agora a praia mais bonita da Europa a de Galapinhos em Setúbal. Finalmente, Paulo do Carmo, defende um trabalho em rede, que inclua cidadãos, movimento associativo, municípios e universo empresarial.

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Monitorização meteorológica e oceanográfica melhorada nos portos de Setúbal e Sesimbra Os portos da nossa região navegam, seguros, na vanguarda da proteção ambiental, o que comprova o forte compromisso dos seus responsáveis em prol de uma melhor qualidade para as comunidades onde estão inseridos.

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Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), melhorou o sistema de monitorização operacional meteorológica e oceanográfica dos dois portos, implementado pela plataforma Aquasafe e desenvolvido pela Hidromod. O sistema, que recebeu melhorias significativas, gera, agora, «mais informação e melhor resolução» para apoio à decisão em tempo real, com dados provenientes de estações de monitorização próprias e modelos numéricos para o Estuário do Sado, produzindo previsões de 5 a 7 dias. Esta evolução enquadra-se na política de «melhoria contínua» mantida, desde há largos anos pela APSS, no âmbito do seu plano de monitorização. Atualmente apresenta uma cobertura integral do estuário do Sado com modelação de ondas e corrente com uma resolução de aproximadamente 200 metros, com áreas específicas de alta resolução (50 metros) para Sesimbra, Canal da Barra e áreas de aproximação às docas de Setúbal. Em relação à meteorologia, foi adicionada uma aplicação do modelo WRF de 2,5 quilómetros de resolução que possibilita uma previsão de 7 dias. O compromisso ambiental está sempre presente no desenvolvimento das atividades exercidas no porto de Setúbal, que incluem as operações portuárias e logísticas, a aquicultura, a náutica de recreio, as atividades marítimo-turísticas e a pesca. A política de ambiente da APSS é influenciada por esses valores numa continuada procura de utilização racional dos recursos naturais. Nos seus variados procedimentos, enquanto Autoridade Portuária, são considerados os objetivos

Porto de Setúbal

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Porto de Sines

Porto de Sesimbra

ambientais, seja no ordenamento e planeamento da utilização do domínio público marítimo, seja na gestão portuária. Possui um Sistema de Gestão Ambiental, certificado pela Lloyd´s Register Quality Assurance LRQA, com acompanhamento dos aspetos e impactos ambientais dos diversos processos. A APSS continua a ser considerada uma referência a nível dos portos nacionais nas áreas da Inovação aplicada ao ambiente e da sustentabilidade a nível portuário, destacando-se a adoção de práticas apontadas internacionalmente como exemplos de excelência pela European Sea Ports Organization, com a adoção de um tarifário que bonifica a eficiência energética dos navios. A ESPO reconhece ainda o porto pela excelência da qualidade ambiental na Baía de Setúbal pelo que integra a rede europeia de Ecoports, sendo o único nacional e o terceiro ibérico com este estatuto.

de recreio de Sines, infraestruturas geridas pela Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), por oferecer aos banhistas requisitos ambientais, de segurança e de bem-estar. É o décimo ano consecutivo em que a praia Vasco da Gama conta com a atribuição deste galardão e o nono, no caso do porto de recreio, demonstrando o comprometimento desta administração portuária com a sociedade e o meio ambiente. No âmbito do Programa Bandeira Azul da Europa 2017, sob o tema “O Teu Planeta é a tua Terra”, a APS, em parceria com o Centro de Ciência Viva do Lousal - Mina de Ciência, promoveu este mês várias atividades ambientais e lúdicas dirigidas a toda a comunidade, com especial enfoque para a premissa de que a Terra é a casa que habitamos durante um curto espaço de tempo, e que as questões ambientais e do não retorno, provenientes de ações negligentes do passado de desenvolvimento insustentável, podem ser controladas, tendo em vista a construção de um futuro melhor para as gerações vindouras.

BANDEIRA AZUL EM SINES A Associação Bandeira Azul da Europa anunciou, a 30 de abril, a atribuição da Bandeira Azul à praia Vasco da Gama e ao porto

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AMBIENTE E ENERGIA

HABITAM E DÃO ALEGRIA AO ESTUÁRIO DO SADO

Afinal, porque é que os golfinhos preferem o Sado? TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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Fazem as delícias de quem sulca a costa sadina e têm no Sado o seu habitat seguro. São os roazes-corvineiros, parte integrante de um estuário que não sem estes animais prodigiosos não era a mesma coisa.

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população de roazes corvineiros permanece nas águas do Sado, onde se continua a reproduzir, por se tratar do estuário mais rico em vida marinha de Portugal. É o que indicam os estudos científicos, admitindo que os animais, de muito alimento, encontram por aqui o que precisam para sobreviver. Aliás, os investigadores acreditam que a comunidade de roazes já habita o Sado há muito tempo. Talvez desde a passagem dos romanos por Troia. Já no ano passado a descendência voltou a ser reforçada, com o nascimento de duas novas crias - uma das quais terá morrido, embora não haja confirmação oficial - aumentando para 28 (seis crias, quatro juvenis e 18 adultos) o número de golfinhos no estuário, permitindo inverter ligeiramente a tendência de declínio registada entre as décadas de 80 e 90 como conse-

quência da elevada mortalidade infantil. Raquel Gaspar, a bióloga que há largos anos estuda a comunidade de golfinhos sadina dá conta de «dois grandes habitats» para os roazes corvineiros, reportando-se aos recifes rochosos, que funcionam como zona de berçário e às pradarias marinhas que percorrem o estuário. Já subiram o rio até Alcácer do Sal na década de 60, mas a poluição afastou-os de lá e passaram a ficar por Troia e Setúbal. PRIMEIROS ESTUDOS DATAM DOS ANOS 80 E ERAM 40 Os primeiros estudos da população destes cetáceos datam do início dos anos 80. Nessa altura contaram-se perto de 40 golfinhos, mas enquanto nos anos 90 o número de roazes manteve uma média de 30 indivíduos, em 2005 a população ficou reduzida a apenas 22. Os mesmos estudos permitem concluir que o aumento de exemplares verificado desde 2010 poderá estar relacionado com o facto de se ter dei-

xado de registar a emigração de alguns animais desta população, a par do sucesso reprodutor deste grupo. Os especialistas admitem duas hipóteses: Ou o habitat menos poluído está a ser determinante ou a população recuperou da patologia que afetava a pele das crias, entre os anos 80 e 90, provocando extensas feridas e a morte dos animais. A taxa de sobrevivência das crias passou a superar os 80%. Isto é, entre 1998 e 2005, nasceram 14 crias e apenas três ficaram na população. Entre 2010 e 2016 nasceram dez e nove sobreviveram, tendo morrido apenas Sapal, nascido em 2013. Mas seria a morte de um dos mais antigos exemplares da população que mais marcou os amantes dos golfinhos. O célebre Asa, o mesmo que nos anos 90 voou no helicóptero da Força Aérea sobre Setúbal numa operação de salvamentoo após ter dado à costa, morreu em agosto de 2015 com mais de 40 anos. A esperança média de vida cifra-se nos 50.

Golfinhos já atraem mais de 20 mil visitantes por ano A Vertigem Azul começou a promover visitas aos golfinhos em 1998 com recurso a um barco semi-rígido. Tinha capacidade para 12 pessoas e era a única empresa a prestar este serviço no Sado. Hoje faz-se ao estuário com um imponente catamarã habilitado a transportar 80 passageiros e já tem companhia. O negócio cresceu a olhos vistos. 18 anos depois já são mais de um dúzia as empresas licenciadas pelo Parque Natural da Arrábida (PNA) para visitarem os famosos roazes, que somam cerca de 20 mil visitantes por ano, segundo estimam os próprios operadores. A comunidade de golfinhos residentes no Sado é uma raridade que apenas se repete em outros dois estuários da Escócia e Irlanda.

Como se chamam e porquê? Todos os golfinhos do Sado estão batizados e há sempre uma razão por detrás do nome. Seguem quatro exemplos_ »»Mr. Hook. Uma fémea identificada 1981 tem a barbatana que faz lembrar o gancho do capitão da banda desenhada »» Vitória. Nasceu em 2010 e o seu nome foi escolhido como uma homenagem ao clube da terra que completava cem anos »»Esperança. Depois da crise entre a comunidade nos anos 80 e 90, o seu nascimento traduziu um sinal de esperança em 1995 »»Bisnau. É o mais sociável, curioso e bricalhão golfinho do Sado. Naceu em 2005 e o seu nome homenageia uma família daquelas praias.

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AMBIENTE E ENERGIA

PROJETOS QUE PROMOVEM BOA ENERGIA E MELHOR AMBIENTE, NA REGIÃO DA ARRÁBIDA

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s programas de financiamento Nacionais e Europeus permitem o desenvolvimento de projetos que promovem a alteração de comportamentos, fomentam a introdução de conceitos e a utilização de sistemas e tecnologias mais eficientes em termos de energia e

ambiente. A ENA, Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, tem atuado enquanto centro de implementação, acompanhamento e observatório de boas práticas ao nível da utilização de recursos naturais, da produção e do consumo de energia, através da concretização de projetos na comunidade onde se insere, tendo como beneficiários as entidades locais. De entre os diversos projetos desenvolvidos no âmbito de programas de financiamento, destacam-se, pela sua atualidade, a “Gestão de Energia Elétrica em PMEs” (GEEPMEs) e “Por um Turismo Sustentável”, no âmbito do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de energia elétrica (gerido pela ERSE), e o “Comunidade Rurais Envolvidas em Energia Positiva” (COMPOSE), financiado pelo Programa Europeu Interreg, de Cooperação Territorial. O projeto GEEPMEs, que terminou no final de 2016, foi coordenado pela ENA e contou com a participação de outras cinco entidades, nomeadamente a empresa Your Savings, as agências de energia AREANATejo, S.Energia e AEdoAVE e o Instituto Português da Qualidade. Este projecto incentivou a adoção de princípios fundamentais de gestão de energia junto de 46 PME’s a nível nacional, tendo como objetivo principal melhorar o aumento da eficiência no consumo de energia elétri-

ca e a competitividade e sustentabilidade ambiental das suas atividades, nomeadamente através da formação de técnicos e seguindo, nas acções desenvolvidas, os princípios das Normas Europeias ISO 50002 (planeamento e realização de auditorias energéticas), ISO 50015 (definição de estratégias de medição e verificação dos resultados) e ISO 50001 (introdução de práticas de gestão energética). De entre os resultados deste projeto, destaca-se o Manual de Gestão de Energia, disponível em www. ena.com.pt/publicacoes. O projeto “Por um Turismo Sustentável”, iniciado em Janeiro de 2017, é coordenado pela ENA, que tem a AHP (Hotelaria de Portugal) como parceiro de implementação das medidas preconizadas. Este projeto considera a realização de diagnósticos energéticos em 20 empreendimentos turísticos, avaliando a relação existente entre as atividades desenvolvidas e o consumo de energia, de onde resultará um plano de ação ao nível do desempenho energético, identificando e quantificando simultaneamente o potencial de redução do consumo de energia. Este plano será implementado durante 12 meses, ao longo dos quais se proporcionará simultaneamente formação/sensibilização dos gestores e principais responsáveis da energia e equipamentos das unidades participantes, visando a aquisição de conhecimentos ao nível da utilização eficiente da energia elétrica e a alteração de comportamentos dos utilizadores, nomeadamente turistas. Destaca-se, de entre os produtos resultantes deste projeto, uma aplicação para telemóvel dirigida aos clientes das unidades hoteleiras, contendo informação e conteúdos interativos com vista a promover a adoção de práticas e comportamentos eficientes em termos de consumo de energia.

O COMPOSE é um projeto de três anos e teve início em Novembro de 2016. Tem como principal objetivo aumentar o contributo das fontes de energia renováveis locais nas estratégias e planos energéticos em 11 regiões do Mediterrâneo. Em Portugal, o projeto COMPOSE está a ser desenvolvido pela ENA, tendo como parceiros associados a ADREPES, Associação de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal, e a NPSD, New Products and Digital Systems, bem como os Municípios de Palmela, Setúbal e Sesimbra. Conjugando a experiência e conhecimento de todos os parceiros envolvidos, a ENA está a implementar duas ações-piloto nos empreendimentos Sesimbra Natura Park (Concelho de Sesimbra) e Biovilla (Concelho de Palmela). O principal objetivo destas ações é demonstrar a importância da utilização de fontes de energia renováveis locais e de equipamentos energeticamente eficientes em zonas rurais. Para tal, estão em fase de instalação e teste, conceitos e equipamentos inovadores, de forma a criar modelos que possam ser replicados noutros territórios. Enquanto elemento de uma comunidade dinâmica e que procura novas oportunidades de desenvolvimento de ideias e concretização de projetos, a ENA realiza o seu trabalho em consonância com os interesses e expetativas de todos os seus parceiros, em benefício da região da Arrábida. Informação detalhada sobre os projetos e ações-piloto em desenvolvimento, pode ser obtida junto da ENA, na Avenida Belo Horizonte, Edifício Escarpas Santos Nicolau, Setúbal, através do e-mail: geral@ena.com.pt, ou telefone 265546194.

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Raul Tavares Diretor

Manter a coabitação sustentável

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or razões de ordem interna, antecipámos este ano a produção de uma edição quase exclusivamente dedicada às questões do ambiente e da energia. É uma área em que o Semmais, ao longo da sua atividade, muito tem contribuído para a discussão pública, nomeadamente no que diz respeito a algumas das mais controversas temáticas com que o distrito se tem confrontado nesta área tão sensível. A verdade é que o distrito e os seus agentes muito têm feito para melhorar os pontos críticos e a qualidade de vida dos residentes. Isso prova-se por dados estatísticos, mas também pela forma como o exterior nos vai vendo. O distrito, entre a Península e o Litoral Alentejano, atrai cada vez mais gente e ganha peso no turismo, o que significa que está a alavancar os seus pontos fortes. E são muitos. Entre riquezas naturais, áreas protegidas e natureza quase virgem, a região tem partes de paraíso. Mas é também uma região empreendedora e forte economicamente. Lideramos na área portuária e mantemos por cá algumas das maiores empresas do país. É nessa coabitação sustentável que temos que continuar a apostar. Eu confio.

JORNALISTA

JORGE SANTOS

FIO DE PRUMO

EDITORIAL

OPINIÃO

Renomear

Todos os sábados, com o semanário expresso, o seu

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stamos tão habituados aos fogos que já nem falamos neles. E a coisa não é só deste ano, pois de há muito que lidamos com esta tormenta, ao ponto de se anunciar que “está aberta oficialmente a época de fogos”… O certo é que as populações, não se sabe bem porquê – ou calhar até sabemos mas fingimos ignorar – recebem com regularidade estes grandes incêndios, com ignições em várias frentes, ao longo da noite, e aqui não podemos dizer que é por causa do calor. E isto, sem os senhores que “estudam” estes fenómenos, conseguirem encontrar explicação, e muito menos, soluções. É evidente que tudo isto serve para aparecer quem se apresse a pedir a demissão deste e daquele ministro, ou porque faltou um litro de água ou porque a estrada não foi cortada. E, como se não bastassem os incêndios, de que para além dos prejuízos materiais temos que manter na memória as muitas mortes que daí derivaram, devemos acrescentar o assalto a instalações militares donde roubaram – será que foi? – muitas armas e munições e, como consequência a demissão anunciada por um pequeno período de cinco comandantes. Até aqui tudo normal.

É evidente que tudo isto serve para aparecer quem se apresse a pedir a demissão deste e daquele ministro, ou porque faltou um litro de água ou porque a estrada não foi cortada.

jornal de referência, único com circulação em todo o distrito de Setúbal. Tiragens regulares de 40.000 exemplares e audiência média estimada em 160.000 leitores.

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QUANDO FOR GRANDE QUERO SER ATRIZ todas as pessoas têm direito a ser o que quiserem

24 DE JUNHO

DIA NACIONAL DAS COMUNIDADES CIGANAS #direitoaseroquequiserem

A bem da verdade não se pode dizer que tudo foi normal pois, sem se chegar a qualquer conclusão os exonerados foram renomeados, o que parece estar nas rotinas militares. Parece e terá sido, mas que raio de modo de pensar têm estes senhores que depois de lhes ter sido retirada a confiança, aceitam regressar ao lugar donde foram afastados? Será que estão nos cargos só pelo vencimento?

Diretor Raul Tavares | Redação Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida – coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Maiscom, Lda; NIPC 506 806 537 | Concessão Produto Maiscom, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

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