Semmais 25 novembro 2017

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ATRITO Aguarelas de

Tourism, Food, Wine, Handicraft and Art

André Carrilho de 24 de novembro a 31 de dezembro

semmais Avenida Luísa Todi, 73, Setúbal 966 723 978 amarsetubal.pt

Inauguração dia 24 de novembro 17 horas

Sábado 25 | Novembro | 2017 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 972 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso

MAIS DE 80 POR CENTO DAS FAMÍLIAS DA REGIÃO TEM BANDA LARGA EM CASA A região está entre os distritos do país onde mais famílias se ligam à internet a partir da banda larga de sua casa. São mais de 80 por cento, os lares da região apetrechados com net própria, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas. O inquérito do INE revela confirma ainda que mulheres, homens e jovens têm usos diferentes no mundo virtual. SOCIEDADE PÁGINA 3

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DESPORTO PÁGINA 10

Há dez anos a pneumonia vitimava no distrito cerca de 500 pessoas, agora já mata cerca de 4 mil anualmente. São números alarmantes que percorrem a região e alertam para novos cuidados.

O ator José Nobre é homem muitas paixões. Dá aulas de teatro na companhia que ajudou a fundar, faz dobragens para filmes de animação e até joga xadrez. Os seus bonecos de Bocage e Pessoa, são de primeira.

Nos últimos vinte anos , só quatro direcções chegaram ao final do mandato. Ao demitir-se, Fernando Oliveira responde às críticas da oposição e deixa no ar a dúvida sobre se voltará a recandidatar-se.

PNEUMONIA É A DOENÇA QUE MAIS MATA NO DISTRITO

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OS SETE OFÍCIOS DO ATOR JOSÉ NOBRE, QUE É CAMPEÃO DE XADREZ

DEMISSÃO DE FERNANDO OLIVEIRA ABRE NOVA CRISE NO VITÓRIA

A CASA DO PEIXE CERVEJARIA - RESTAURANTE - PETISQUEIRA

960331167 | RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 SETÚBAL PORTUGAL


A SEMANA

Câmara de Alcácer e produtores de arroz pretendem declaração de calamidade

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presidente da Câmara de Alcácer do Sal preocupado com a situação de seca que a região do Vale do Sado atravessa, reuniu com as associações de produtores de arroz e de regantes para se inteirar da situação e para tomar medidas. Os produtores dizem que a região vive uma situação de calamidade e que em 2018 a cultura de arroz está comprometida. No encontro que contou com a presença do presidente da União das Freguesias de Alcácer do Sal e de representantes da Associação de Regantes do Vale do Sado, Associação de Agricultores de Alcácer do Sal, Agrupamento

de Produtores de Arroz e da Soprasado foi aprovado um pedido de audiência urgente com o m inistro da Agricultura para a apresentação de medidas de curto prazo. Os orizicultores pedem a adoção de medidas urgentes por parte do Governo para que possam iniciar uma nova cultura, porque se isso não acontecer a produção será inviabilizada. Os produtores exigem ainda uma redução do preço da água do Alqueva cobrado pela Edia e pedem a criação de linhas de crédito que permitam aos produtores suportar o aumento de custos e perda de rendimentos provocados pela seca.

Bandeira azul distingue Santiago do Cacém com certificado internacional

Município lança concurso para intervenção nas encostas do castelo

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edil Álvaro Beijinha recebeu na quinta-feira, em Loulé, o Certificado Internacional de Participação no programa da Bandeira Azul, atribuído à Câmara pela Agência do Ambiente. Os certificados são entregues no âmbito do seminário nacional da Bandeira Azul onde serão organizados workshops, visitas e entregas de prémios com o propósito de fazer um balanço do programa Bandeira Azul e preparar o ano de 2018. Santiago do Cacém recebe pela primeira vez esta distinção internacional atribuída pelos quinze anos de adesão consecutiva ao programa, e visa reconhecer o trabalho desenvolvido pelo município nas zonas balneares de Santiago do Cacém, nomeadamente Costa de Santo André e Fonte do Cortiço. O certificado

internacional vem reconhecer « as praias de excelência”» que existem no concelho. O programa Bandeira Azul, para além de valorizar a qualidade ambiental das praias, de-

sempenha um conjunto de ações cujo objectivo principal é educar para a conservação, protecção e melhor gestão dos ecossistemas marinhos e terrestres.

GNR apreende no Poceirão mais de 100 colmeias

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Comando Territorial de Setúbal da GNR, através do Núcleo de Proteção Ambiental do Destacamento Territorial de Palmela, no passado dia 20, apreendeu 116 colmeias na localidade de Cajados, Poceirão. A legislação apenas permite que cada apiário possua até 100 colmeias, assim como, prevê a declaração obrigatória, até dia 30 de setembro de cada ano, do número de colmeias existentes. Em virtude do apiário fiscalizado ter um excesso de colmeias e a declaração obrigatória estar desconforme, os proprietários foram identificados, tendo sido elaborados dois autos de contraordenação, por infração ao Regime Jurídico da Atividade Apícola, e as

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oi aprovado, no dia 22, o lançamento de concurso para a empreitada de “Intervenções de Natureza Estrutural para evitar Derrocadas nas Encostas do Castelo de Palmela”. Com o valor base de 2.059.023,85 euros, acrescido de IVA, e prazo de execução previsto de 210 dias, esta é uma empreitada de grande complexidade técnica, que justifica o procedimento de concurso limitado por prévia qualificação, tal como acontecera já com o projeto de execução, também apro-

vado na mesma reunião. As encostas onde está implantado o Monumento Nacional, apresentam problemas de estabilidade que remontam há várias décadas, tendo sido realizada uma intervenção de reforço e proteção da encosta sudoeste, na década de 70 do século passado. Os danos decorrentes da erosão foram objeto de vários estudos, tendo o mais recente sido elaborado em 2015 pelo LNEC, que considerou a segurança das encostas como crítica.

GNR promove operação “Crescer em Segurança” no concelho de Almada

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colmeias apreendidas. A inspeção decorreu em colaboração com o Núcleo de Investigação Criminal do Destaca-

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mento de Territorial de Setúbal e de elementos da Direção Serviços de Alimentação e Veterinária de Setúbal (DSAV).

Comando Territorial de Setúbal da GNR, através do Núcleo Escola Segura de Almada, realizou, no dia 22, ações de sensibilização no âmbito da operação “Crescer em Segurança”, em escolas das localidades da Charneca de Caparica e Costa de Caparica. Estas ações visaram promo-

ver, junto da comunidade escolar, uma maior sensibilização para os direitos das crianças, bem como, a prevenção do abuso e exploração sexual de crianças. A ação contou com a colaboração da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Almada, tendo estado presentes 122 estudantes do 2.º ciclo, com idades entre os 10 e os 12 anos.


SOCIEDADE

MAIS DE 80 POR CENTO DAS HABITAÇÕES DA REGIÃO TÊM BANDA LARGA

Temos mais Internet nas casas do distrito Mais de 80 por cento da população da região acede à internet a partir das suas casas. Segundo o INE, estes valores representam mais 10 por cento face ao estudo homólogo realizado em 2014. A taxa etária do distrito que mais se liga ao mundo virtual através da banda larga da sua residência é jovens entre os 16 e 24 anos. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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região está entre os distritos do país onde mais famílias se ligam à internet em casa, com um acesso superior a 80%, segundo o Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação das Famílias, feito pela Sociedade da Informação e Conhecimento - e revelado agora pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) - o que representa mais dez pontos percentuais face a 2014. A estatística aponta ainda que o uso da banda larga é transversal aos respetivos lares da penísula. De acordo com os dados agora apurados, a faixa etária do distrito que mais se liga ao «mundo virtual» através de banda larga na sua residência são os jovens com idades entre

16 e 24 anos (registam um taxa de 100%), seguindo-se a faixa etária entre 25 e 34 (99%) e dos 35 aos 44 (94%). Sem surpresa, o recurso às novas tecnologias vai diminuindo à medida que a idade aumenta. Entretanto, ainda no distrito, mais de 30% das pessoas com idades entre os 16 e os 74 anos que utilizam computador assumiram fazer compras on-line, o que traduz quase uma duplicação comparando com os resultados de há três anos. Ainda assim, e apesar do número de pessoas que faz compras pela Internet ter aumentado, a região continua abaixo da média da União Europeia, segundo assinala ainda o INE, enquanto mostra quais são os bens ou serviços mais comprados ou encomendados via novas tecnologias. As roupas e artigos de desporto estão à frente das preferências (60%), se-

guindo-se as férias (42%), bilhetes de transporte (41%) ou bilhetes para jogos ou espetáculos (32%). De acordo com o mesmo estudo, fica a saber-se que 79% das pessoas que vão à Internet usam um dispositivo móvel, principalmente o telemóvel, sendo a Internet usada, principalmente, para procurar informações sobre bens e serviços (82% dos utilizadores declaram-no), mas também para tratar de assuntos com os serviços da administração pública (60%) e para gerir a conta bancária (42%). MULHERES, HOMENS E JOVENS, COM USOS DIFERENTES Ainda de acordo com o INE, «a taxa de utilização do comércio eletrónico pelos homens (37%) é superior à das mulheres (32%)», enquanto, por outro lado, «a utilização de comércio eletrónico é mais frequente nos grupos etários mais

jovens, em particular para a população com 25 a 34 anos de idade (62%)», acrescenta aquele organismo, avançando que mais de 75% dos utilizadores de comércio eletrónico utilizam fornecedores portugueses, sublinhando que de «entre as pessoas que fizeram encomendas pela internet nos 12 meses ante-

riores à entrevista, a maioria (76%) encomendou produtos ou serviços a fornecedores nacionais», mas cerca de 60% destes utilizadores afirmaram ter recorrido a fornecedores estrangeiros (fora de Portugal), principalmente fornecedores oriundos de países pertencentes à União Europeia (49%).

«A comparação com os resultados de 2016 relativos à UE-28 permite concluir que os utilizadores de comércio eletrónico em Portugal recorrem mais frequentemente a fornecedores estrangeiros para adquirir produtos ou serviços pela internet do que os utilizadores europeus», resume o INE.

EMPRESA VITIVINÍCOLA DE PALMELA GANHA MAIS DOIS IMPORTANTES PRÉMIOS ALÉM-FRONTEIRAS

Adega de Pegões está a viver o seu melhor ano de sempre e já totaliza mais de 700 prémios A empresa vitivinícola de Pegões está em alta. As duas últimas distinções provam que a marca vai de vento em popa à conquista de mercados cada vez mais ‘gulosos’ dos vinhos portugueses. TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM

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e uma só assentada, a Adega Cooperativa de Pegões arrebatou dois importantes prémios além-fronteiras, nomeadamente “O Melhor Produtor de Vinho Português” ano 2017, no “Internacional Wine and Spitrs Competition 2017”, que decorreu em Londres, e o troféu de Melhor Vinho Português na Ásia, atribuído no concurso “Cathay Pacific Hong Kong International Wine & Spirit Competition 2017”. Nos dois reputados

concursos, a Adega venceu ainda dezenas de prémios com os seus vinhos, sendo que a atribuição do Melhor Vinho Português na Ásia foi conseguido com o “Adega de Pegões Alicante Bouschet”. Jaime Quendera, o rosto mais visível da marca, enólogo que já foi indicado por diversas vezes no estrangeiro como melhor enólogo mundial, afirmou ao Semmais que estas excelentes participações «são resultado da qualidade do trabalho desenvolvido na Cooperativa e da cada vez mais integração da marca no estrangeiro». Quendera

afirma mesmo tratar-se de «provas cegas em concursos de topo mundial», o que aumenta a satisfação por este reconhecimento. TRÊS FATORES PARA GANHAR A LUTA DA COMPETITIVIDADE Para isso, refere o enólogo, que é também Comendador do país, há que cumprir três requisitos para ser competitivo: «produzir muito bons vinhos, com muito bom prelo e bom “know how”. Este tem sido, aliás, sublinha Jaime Quendera, «o melhor ano de sempre», com a conquista de mais de 200 prémios, num total de galardões nacionais e internacionais acima dos

700 arrebatados nos últimos dez anos. A somar aos prémios, há destaques individuais, como o “Adega de Pegões Syrah”, que obteve 99 pontos no concurso “San Fancisco Internacional Wine Competition 2017” e o melhor vinho tinto do mundo no concurso da “Prodexpo 2017”, em Moscovo- Rússia, igualmente com o mesmo vinho Adega de Pegões Syrah. Recorde-se que a Adega Cooperativa de Pegões vai fechar o ano com um volume de negócios superior a 18 milhões de euros e com uma produção de cerca de 15 milhões de garrafas.

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SOCIEDADE

ESPÉCIE ESTEVE SOB A AMEAÇA DA EXTINÇÃO E AGORA PROLIFERA JUNTO ÀS ZONAS DE REGADIO DA BACIA DO SADO

Coelhos aumentam nas zonas de regadio do distrito, mas nem todos gostam Após a quase ameaça de extinção, a espécie tem vindo a aumentar em várias zonas do distrito, sobretudo nas áreas de regadio junto à bacia do Sado. Mas agora o problema é que a proliferação do coelho-bravo está a prejudicar algumas culturas. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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á populações de coelho-bravo que estão a aumentar em várias zonas da região, depois da quase ameaça de extinção, assistindo-se mesmo à proliferação de focos destes roedores nas culturas localizadas em áreas de regadio, sobretudo junto à bacia do Sado. Os proprietários já se queixam de «elevados prejuízos», sobretudo em árvores de fruto, vinhas e explorações de hortícolas.

O secretário-geral da Associação Nacional dos Proprietários Rurais (ANPC), João Carvalho, alertou para o novo fenómeno em algumas zonas do país que registava um paradoxo face à generalidade do território nacional, onde a população de coelhos «está a 30% e nalgumas regiões até está abaixo desta percentagem» calculada em relação ao número de roedores que proliferavam antes de serem dizimados por doenças como a mixomatose e a febre hemorrágica.

RECUPERAÇÃO SIGNIFICATIVA NO LITORAL ALENTEJANO Porém, há concelhos do distrito, sobretudo no Litoral Alentejano, em que ocorreu uma «recuperação significativa», segundo avançou o caçador e dirigente associativo Carlos Albino Caldeira, garantido que este crescimento «muito localizado» até já permitiu «animar o exercício da caça com a captura de animais em quantidade e qualidade que já não se via há algum tempo. Pelo menos desde que a febre hemorrágica atacou com mais força,

provocando quase a extinção da espécie», acrescenta. «Boas notícias», diz o João Carvalho, não só para os caçadores, mas também para predadores como o lince-ibérico ou da águia-imperial. O coelho é sua principal fonte de alimento.

Mas nem os todos os proprietários estão contentes com a proliferação de coelho-bravo em algumas zonas, havendo já relatos em que culturas de vinha sofreram volumosos prejuízos, tal a quantidade de coelhos que por ali proliferam causando estragos nas

videiras. Segundo os relatos, os coelhos abrem covas e grutas subterrâneas nestes terrenos, afetando a colheita mecânica da uva, uma vez que o rodado das máquinas é afectado pelas alterações no piso. Há por isso proprietários que até já lhe chamam “praga”.

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MAIS UMA DISTINÇÃO INDIVIDUAL PARA A EMPRESÁRIA

Leonor Freitas distinguida com “Prémio Mercúrio – Prestígio” A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e a Escola de Comércio de Lisboa atribuíram o prémio de 2017 a Leonor Freitas sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas. Mais uma distinção para a empresária de Palmela.

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empresária Leonor Freitas foi distinguida pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e pela Escola de Comércio de Lisboa, com o mais alto “Prémio Mercúrio Prestígio”, vendo assim, mais uma vez, mais premiado todo o trabalho desenvolvido na gerência da “Casa Ermelinda Freitas”, pelo sector do vinho da Península de Setúbal e Portugal, e as suas boas práticas empresariais. Com âmbito nacional, o prémio é atribuído em diversas categorias, englobadas nas Áreas Empresas, Personalidades e Prestígio, pretendendo tornar-se uma referência no País, não só pela qualidade técnica daqueles

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que são premiados, como, sobretudo, pela inquestionável qualidade das pessoas individuais e colectivas que premeia. O júri que atribui o prémio é composto por Rui Nabeiro, João Vieira Lopes, Piedade Redondo Pereira, Teresa do Rosário Damásio, Gracinha Viterbo. “Leonor Freitas consubstancia, indubitavelmente, a escolha que mais se coaduna às características solicitada na Área Prestígio, como vencedora do Prémio Mercúrio – Prestígio”, refere-se na argumentação do júri, Esta distinção serve para consolidar ainda mais o excelente ano de 2017 que está a ser o melhor ano de sempre no que toca a prémios e re-

conhecimento da Casa Ermelinda Freitas que, desde 1999, já obteve mais de 900 prémios a nível nacional e internacional. Estes prémios têm servido para reforçar a qualidade e o reconhecimento da empresa de Palmela dentro e fora do país.


SOCIEDADE

REGIÃO É A SEGUNDA DO PAÍS COM MAIOR ÍNDICE DE MORTALIDADE

Pneumonia é a doença que mais mata na região Segundo o Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, a doença vitima mais de 4 mil pessoas no distrito, quando há dez anos atrás não passava das 500 pessoas. Mais de 70 por cento das vítimas têm idades superiores a 64 anos. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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etúbal é o segundo distrito do país com a maior taxa de mortalidade devido à pneumonia, atingindo um total de 24% dos doentes internados nos hospitais da região com patologias respiratórias. A revelação é feita pelo Observatório Nacional das Doenças Respiratórias que destaca, precisamente, os números alarmantes que percorrem a região, considerando mesmo a pneumonia como sendo «de longe a maior causa de le-

talidade respiratória», vitimando mais de 4 mil pessoas no distrito, quando há dez anos o número de mortes estava abaixo das 500 pessoas. Segundo José Alves, presidente do Observatório, a quantidade de doentes que morrem vítimas de asma brônquica, fibroses pulmonares, neoplasias, bronquiectasias, doenças pleurais, insuficiência respiratória e pneumonias até poderá sugerir que há menos cuidados médicos devido da região estar na periferia de Lisboa, mas esclarece que a leitura passa antes pela perda de denominador.

LONGEVIDADE COMEÇA A TER RISCOS ASSOCIADOS Ou seja, «numa região mais pequena pode acontecer que poucos números alterem a taxa que se relaciona com o denominador», sublinha, acrescentando ainda o pneumologista que hoje em dia os portugueses pertencem ao restrito número de países cuja esperança de vida, à nascença, é superior a 80 anos e que a longevidade tem riscos associados. «Quanto mais velhos formos mais susceptível será o aumento de doenças crónicas, facilitadoras da pneumonia, como revelam os números», refere, reportando aos últi-

mos 20 anos, período em que os internamentos por pneumonia aumentaram 171%, sendo há muito tempo a principal causa de internamento. Ainda segundo os dados fornecidos pelo Observatório, a mortalidade re-

gistou um aumento de 53% em 16 anos, tendo quase 70% dos doentes mais de 64 anos. O índice de mortalidade é de valores superiores a 27% nos doentes com idades superiores a 79 anos, concluindo-se a relação estreita entre as pneu-

monias e os surtos epidémicos de gripe. José Alves recusa desvalorizar o peso dos números, mas sustenta que «há bons médicos e bons serviços de saúde, a utilizar os melhores antibióticos possíveis».

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Três soluções a ter em conta Com a esperança média de vida a aumentar o que deverá ser feito em nome de uma melhor saúde respiratória na região? José Alves tem três respostas para minimizar o problema. Começa pela vacinação da gripe e da pneumonia, passa pelo abandono do tabaco (que provoca a maior parte das doenças relacionadas com os pulmões) e termina no diagnóstico precoce e rastreio, nomeadamente como forma de tratar a doença pulmonar obstrutiva crónica.

Setúbal e a Primeira Guerra Mundial

A

editora Estuário soma e segue no acumular de títulos sobre a história regional e nacional. Este sábado é apresentado mais um livro que se junta ao cardápio. Diogo Ferreira investigou e escreveu o que aprendeu sobre Setúbal e a Primeira Guerra Mundial. Livro muito bem documentado que indicia o jovem historiador como investigador sério e rigoroso na divulgação da história local. O trabalho será apresentado pela professora doutora Maria Fernanda Rollo, da Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que ocupa actualmente o lugar de Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e En-

sino Superior. O lançamento realiza-se hoje, às 16 horas, no auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal (antigo Quartel do 11).

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SOCIEDADE

JOSÉ NOBRE RECEBE ESTA NOITE PRÉMIO DE MÉRITO DESPORTIVO DA CÂMARA DO BARREIRO

Ator dos sete ofícios tem no teatro e no xadrez duas paixões que se complementam Os quase 30 anos de teatro tornam José Nobre um dos actores mais conhecidos de Setúbal e a sua voz é uma constante nos filmes de animação. Ao trabalho de actor junta o de professor de teatro nas oficinas do recém criado TOMA, muitas horas a fazer “bonecos” e a dar corpo a Fernando Pessoa ou a Bocage. Homem de vários ofícios, divide-se em paixões pela interpretação, pelo xadrez e pela “sua” Mariana. TEXTO MARTA DAVID IMAGEM SM

O

prémio de mérito desportivo atribuído pela Câmara do Barreiro, este sábado à noite, pelos bons resultados alcançados no xadrez foi o pretexto para uma conversa descontraída, salpicada de gargalhadas e com incursões por vários assuntos. De sorriso fácil e sempre com uma piada na ponta da língua, o humor é uma constante ao longo da conversa mesmo quando o assunto é do foro pessoal. O xadrez é talvez a paixão mais antiga de José Nobre. Começou a jogar com os amigos quando tinha pouco mais de dez anos e, aos 13, ingressou na secção de xadrez do Vitória de Setúbal. Os truques e as técnicas aprendeu-os «com os mais velhos, no café» porque, nos anos 80 a informação disponível não era muita, «havia meia dúzia de livros e umas fotocópias onde se aprendia alguma coisa, muito longe daquilo que hoje temos para estudar e aprender». Com a graça que lhe é característica diz «a determinada altura da minha vida fui salvo pelo jogo!» E o sorriso mantém-se apesar de ter sido uma fase complicada do início da sua adolescência. «Quando os meus pais se divorcia-

ram, passei por momentos complicados e o xadrez foi a minha companhia. Senti que o único sítio onde era feliz e me sentia bem era em frente a um tabuleiro». Foi também o xadrez que o ajudou a ser melhor aluno. «Sempre fui mau aluno antes do xadrez, mas o jogo tornou-me mais concentrado, mais atento, mais ponderado. Ao princípio achei que a melhoria se devia à maturidade, mas não era só.» O calcanhar de Aquiles era mesmo a matemática porque essa, ao contrário do xadrez, quando o exercício começa com um erro já não há como o corrigir. «No xadrez uma má jogada inicial ou um mau princípio de jogo não determina que acabe mal. Com a estratégia certa, com as jogadas correctas, é possível recuperar, equilibrar e até ganhar». Aquele que é para si o «mais justo dos jogos porque todos os jogadores têm o mesmo exército à sua disposição e o factor sorte não se aplica» foi também fundamental na sua carreira de actor. «Um actor precisa de ser bom observador, de ter boa memória, imaginação e boa capacidade de interpretação. Tudo características essenciais a um bom jogador de xadrez e que têm sido preponderantes e me têm ajudado ao longo da vida». No palmarés conta títulos de campeão distrital de

juvenis e de sub-20, mas o teatro entrou de rompante na sua vida e foi obrigado a optar. «Ser profissional de teatro e jogador de xadrez tornou-se incompatível. Os treinos e os ensaios eram à mesma hora, os jogos e as apresentações também». Foi preciso escolher e escolhe o teatro. Pertence a uma geração de ouro do Teatro de Animação de Setúbal onde entrou pela mão de Carlos César, em 1989, como estagiário. Fez formação e ao fim de três anos passou a profissional. “Assim se fazem as coisas dentro das tripas do Paço” foi a primeira de uma série imensa de peças que fez pelo TAS. Foi protagonista, fez de mulher, vestiu a pele de incontáveis personagens e faz parte da história da companhia de onde saiu há alguns anos. Nos últimos anos tem dado corpo a Bocage e a Fernando Pessoa levando dois dos poetas maiores da literatura portuguesa às escolas do concelho. E é também às escolas que quer levar o xadrez num processo de dinamização de um jogo de tabuleiro com mais de cinco mil anos. «No Barreiro isso já acontece. Desde os anos 90 que existe um programa de dinamização do xadrez nas escolas de 1º e 2º ciclo. É uma atividade que ajuda a formar melhores alunos. Gostava de ver isso acontecer em Setúbal também.»

Das dobragens ao TOMA, o projeto da sua vida futura A entrada no teatro deu-se pela mão de Carlos César, o então diretor do TAS, mas a sua grande referência foi sempre Carlos Rodrigues, o conhecido Manuel Bola. José Nobre refere-se muitas vezes ao ator falecido há quase um ano como o seu «pai no teatro» e não é de espantar que o TOMA – Teatro Oficina Manel Bola seja uma criação sua. O objetivo é promover o gosto pelo teatro não só nos jovens como em todos aqueles que sempre quiseram experimentar a arte e não tiveram oportunidade para tal. As oficinas de teatro decorrem atualmente no Ateneu Setubalense, aos fins de semana, e o local não podia ser mais apropriado. «Foi no Ateneu que começou a companhia de teatro “A Ribalta” onde o Manel Bola se estreou. É um espaço histórico, nesse ponto de vista», apesar disso as condições do “velhinho” Ateneu não são as melhores. Para além dos workshops e das oficinas para os mais novos, o TOMA ministra também um curso de teatro de Nível I destinado a pessoas com mais de doze anos com o propósito de criar uma companhia itinerante que possa levar o teatro às escolas e, no futuro, criar pequenas companhias teatrais nas escolas do concelho. O TOMA ajuda-o a concretizar o sonho de criar uma nova companhia de teatro. Mas são as dobragens de filmes de animação que ajudam a pagar as contas. «Nos últimos anos tenho feito muitos trabalhos de dobragens de filmes de animação da Disney Pixar e da Dreamworks. O último foi o “Coco”, que é um filme giríssimo. Fiz também recentemente o “Ferdinand” e o “Paddington 2” que são trabalhos que dão um enorme gozo.» As paixões pelo teatro e pelo cinema só conhecem paralelos no amor que dedica à “sua” Mariana, a companheira, e ao filho Artur. Ambos o acompanham em muitos dos projetos que põe em prática e são uma contante nas suas conversas, mesmo que o assunto não lhes diga respeito. São, para além disso, um motivo para os seus constantes sorrisos e gargalhadas.

Concentração em S. Bento pelo hospital do Seixal

A

Comissão de Utentes do hospital do Seixal, em parceria com a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia, vai realizar na próxima segunda-feira, dia 28, pelas 10h30, uma concentração à porta da residência oficial do Primeiro-Ministro, em S. Ben-

to, com o objetivo de exigir a concretização da obra com que é pedida pelas populações há quase de 20 anos. Apesar do anúncio do ministro das Finanças, na passada semana, de que a primeira fase do investimento para o futuro Hospital do Seixal arranca nas

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próximas semanas com a concretização de projetos, os utentes não acreditam que se cumpram os prazos, uma vez que não existe qualquer verba para a construção do hospital contemplada no orçamento de estado para 2018. Mário Centeno já tinha anunciado que a esmaga-

dora maioria do investimento iria reflectir-se no orçamento de 2019 e por isso, segundo a Comissão de Utentes e autarcas do Seixal, fica comprometida a promessa que foi feita à população de que o hospital estaria a funcionar em pleno ainda no ano de 2019.


LOCAL

PALMELA Município apresenta projetos municipais O município realiza o encontro “Mecenas de Palmela”, no dia 27, às 17h30, no restaurate D. Isilda, evento anual em que a autarquia partilha com as empresas mecenas o balanço do trabalho desenvolvido durante o presente ano e dá a conhecer os principais projetos a realizar no ano seguinte. Instituído em 2014, o programa aposta na responsabilidade social, estabelecendo parcerias entre o município e empresas sediadas no concelho.

SETÚBAL Árvore de Natal gigante na Av.ª Luísa Todi A iluminação natalícia da cidade, com tecnologia LED, já foi ligada. A Câmara apostou num reforço do embelezamento da Av.ª Luísa Todi, que, a juntar às habituais luzes em volta dos troncos das árvores, possui outros elementos decorativos iluminados. O destaque vai para a árvore gigante na Av.ª Luísa Todi, que resulta de um projeto particular com o envolvimento de empresas locais, com 23 metros de altura, decorada com 24 mil lâmpadas LED e quase 200 metros de néon azul.

BARREIRO Veículo limpa e desobstrui coletores A apresentação pública do novo veículo combinado para limpeza e desobstrução de coletores decorreu no dia 18. De salientar que, para melhorar a qualidade do serviço prestado à sua população, o município fez um forte investimento na capacitação dos serviços de saneamento, através da aquisição deste novo veículo combinado para limpeza e desobstrução de coletores, de 26 toneladas e com recirculação de água, num montante de 400 mil euros.

MONTIJO Natal com arte anima a cidade e as freguesias

SEIXAL Forum Cultural celebra 24.º aniversário

ALMADA Concelho tem jovens com talento

Da música à animação infantil, da arte ao teatro, da animação de rua às tradições natalícias, o Natal com Arte arranca este sábado e prolonga-se até 6 de janeiro de 2018, trazendo a todos a magia do Natal. Depois da inauguração da mostra “Memória entre céu e água”, na galeria municipal, às 16 horas, segue-se a inauguração da iluminação de Natal, às 18 horas, ao som do coro polifónico da Sociedade Filarmónica 1 de Dezembro.

O Fórum Cultural comemora o 24.º aniversário várias atividades a decorrer este sábado, abrangendo dança, animação e leitura, ateliês de brincadeiras e de música, oferta de livros e um serão de contos. Este equipamento cultural conta com várias valências dedicadas à divulgação do conhecimento, das artes plásticas e do espetáculo, contribuindo para a qualificação da oferta cultural e para o acesso e fruição de bens culturais no município.

lmadança, Ebimed Júnior, André Alves, Intolerável Clothing – Tiago Silva e Fábio Marques, Tatiana Vieira e Diogo Moreira são jovens talentos de Almada, conhecidos na Gala Jovens Talentos, que teve lugar no Teatro Joaquim Benite, no dia 19 de novembro. O 8.º Concurso Jovens Talentos “Almada, Cidade Educadora“ recebeu 71 candidaturas, correspondendo a 254 jovens, distribuídos pelas várias categorias. Foram atribuídos prémios monetários entre 300 e 1200 euros.

SANTIAGO DO CACÉM Município ocupa 7.º lugar da redução de desempregados O município ocupa o 7.° lugar do ranking nacional na redução da taxa de desemprego, segundo um estudo do Observatório Nacional de Administração Pública. O edil Álvaro Beijinha diz que o estudo traz «ainda mais motivação para continuar a trabalhar pela população». O relatório apresenta a evolução dos desempregados nos municípios, sendo Santiago, o único a sul do Mondego a figurar no top 10, num estudo que com base nos dados disponíveis do último mandato autárquico.

ALCOCHETE SESIMBRA Inscrições abertas Remove já permitiu recolher 100 para apoio às empresas toneladas de monos e verdes Desde que entraram em funcionamento, em setembro deste ano, os três espaços REMOVE abertos pela Câmara no Zambujal, Lagoa de Albufeira e Quinta do Conde, já permitiram a deposição temporária e correta de mais de 100 toneladas de monos e resíduos verdes. A abertura destes pontos de recolha gratuita de resíduos está a ser complementada com campanha de sensibilização.

Até 18 de janeiro de 2018, decorre a apresentação de candidaturas para apoiar financeiramente projetos de investimento de empreendedorismo e de criação de emprego, nos territórios económica e socialmente mais desfavorecidos, nomeadamente o Samouco e os bairros mais desfavorecidos de Alcochete. Este concurso visa apoiar a criação, expansão ou modernização de micro e pequenas empresas.

MOITA Bagageiras de carros transformam-se em feira

ALCÁCER DO SAL Seca extrema obriga a poupar água

A feira “Abra a Bagageira” volta este sábado à marginal, entre as 10 e as 18 h oras. Esta feira reúne uma variada oferta de artigos novos, usados ou reciclados, como livros, mobiliário, brinquedos, discos, moedas, selos, postais, acessórios, roupas, porcelanas, entre muitos outros. Promovida pelo município, a “Abra a Bagageira” é um espaço que junta artesanato, velharias e antiguidades, ao ar livre.

Devido à seca, o município vai reduzir água na lavagem de ruas e nas viaturas municipais, bem como nos sistemas de rega. O município recomenda a consulta do site www.fecheatorneira.pt, do qual constam informações sobre o uso eficiente da água, curiosidades sobre gestos do dia a dia em que nunca antes reparou e dados sobre o impacto da falta de água na agricultura. Há também informações úteis direcionadas para famílias/crianças sobre como poupar água.

GRÂNDOLA Doçaria tradicional de Natal em família

SINES IMI de 2018 devolve 1 milhão à comunidade

De 28 de novembro a a 5 de dezembro, a população pode experimentar fazer doçaria tradicional de Natal em família, com Vânia Reis. Há workshops e oficinas, no refeitório da Associação Sociocultural dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Grândola, sempre às 20 horas. As inscrições decorrem no Estúdio Jovem, que funciona no complexo desportivo municipal José Afonso. Destina-se a pais e filhos.

A Assembleia Municipal aprovou, dia 10, a redução do IMI de 0,36 por cento , aplicada em 2017, para 0,355 por cento, a aplicar em 2018. O município volta a baixar este imposto, tornando-o ainda mais baixo relativamente ao máximo estabelecido por lei (0,45 por cento). Será devolvido aos munícipes em 2018 cerca de 1 milhão e 37 mil euros. A este valor acrescem 21 mil euros para as famílias com dependentes.

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CULTURA

NA PASSAGEM DO 20.º ANIVERSÁRIO ARTEVIVA ESTREIA “O INSPECTOR”

«Impressiona a actualidade desta comédia» Muitos diálogos da comédia “O Inspector” parecem ter sido escritos hoje. É impressionante a atualidade desta peça escrita pelo russo Nikolai Gógol. Ao mesmo tempo prossegue em cena o musical “João e o Pé de Feijão”, do conhecido Fernando Gomes. TEXTO ANTÓNIO LUÍS IMAGEM SM

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ArteViva - Companhia de Teatro do Barreiro, estreou ontem, dia 24, “O Inspector”, uma comédia de Nikolai Gógol, com encenação de Jorge Cardoso. Na passagem do 20.º aniversário da inauguração do Teatro Municipal do Barreiro, o grupo escolheu um texto com influência decisiva na história do teatro e por muitos considerado um clássico. É a sua 75.ª produção.

“O Inspector“ estreou a 19 de Abril de 1836, em São Petersburgo, então capital do império russo, na presença do czar, que terá comentado: “Que peça! Todos levam por tabela, e eu em primeiro lugar!”. Numa cidade de província, perdida nos confins da Rússia, o governador local recebe uma carta a avisá-lo da chegada iminente de um inspector, vindo da capital, e que viaja incógnito, com instruções secretas. Eis o detonador da comédia, que Vladimir Nabokov qualificou como «a maior peça de teatro ja-

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mais escrita em russo (e nunca superada)». O governador convoca os seus subordinados. O medo instala-se: a chegada do inspector ameaça pôr a descoberto os pequenos arranjos, cumplicidades e trapaças, desleixos e violências, em suma, a ordem reinante. «Impressiona a actualidade desta comédia. Muitos diálogos parecem ter sido escritos hoje. Aliás, um passeio pela internet permite constatar como El Inspector General, Le Revizor, ®e Government Inspector, Der Revisor, etc. continua a ser

representado por esse mundo fora indiferente às polémicas sobre a sua natureza», realça o encenador Jorge Cardoso. No elenco estão Alexandre Antunes, Carla Carreiro Mendes, Catarina Santana, Gonçalo Cardoso, Henrique Gomes,

Hugo Pires, João Parreira, Manuel Alpalhão, Manuela Ramos Félix, Patrocínia Cristóvão, Ricardo Guerreiro, Rui Félix, Rui Martins, Rui Quintas, Vanda Robalo e Vítor Nuno. Para ver no Teatro Municipal do Barreiro às sextas e sábados, às 21h30.

Para o público mais jovem, a ArteViva estreou também este mês o musical para todas as idades “João e o Pé de Feijão”, da autoria de Fernando Gomes, com encenação de Luís Pacheco. Sábados às 16 horas e aos domingos, às 11 horas.


CULTURA

AGENDA

RAIO-X

POR ANTÓNIO LUIS

LEVI MARTINS

«GOSTAVA QUE A COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS TIVESSE UM ESPAÇO PRÓPRIO»

SETÚBAL25NOVEMBRO21H30

TEATRO MUSICADO DE FRAZÃO GRUPO DESPORTIVO INDEPENDENTE

“A Fábrica dos Sonhos”, o teatro musicado para toda a família, da autoria de Bruno Frazão e de Artur Jordão, volta ao palco, depois da esgotada estreia no Forum Luísa Todi, no passado dia 19. Apela ao respeito pela diferença.

ALMADA25NOVEMBRO22H00

FADOS DO LELLO PERDIDO TEATRO JOAQUIM BENITE

Fadinhos maravilha cantados por uma voz que de perdida não tem nada. A ssim se apresenta este espectáculo Lello Marmelo. O repertório parte de canções originais e passa pelo fado humorístico e por poemas brejeiros de vários autores.

SEIXAL25NOVEMBRO21H30

CONCERTO SOLIDÁRIA DA BANDA DA ARMADA CÂMARA MUNICIPAL

Este concerto visa ajudar a construir a Unidade de Cuidados Continuados de Arrentela. O maestro é Délio Alexandre Coelho Gonçalves, capitão-tenente MUS chefe da b anda da Armada.

De signo Gémeos, 34 anos, residente no Montijo, Levi Martins é encenador, realizador, produtor, músico e ensaísta. Criou recentemente a Companhia Mascarenhas-Martins, no Montijo, e sonha com um espaço próprio para este projeto. QUAL O SEU MAIOR SONHO PROFISSIONAL? Contribuir para que exista uma política cultural estruturada e estruturante. E PESSOAL? Deixar de estar sempre à rasca. CIDADE PREFERIDA? Setúbal e Nova Iorque. QUAL O LOCAL QUE GOSTARIA DE CONHECER E QUE AINDA NÃO VISITOU? Tantos... Ilha do Corvo.

Há demasiada sensualidade por aí… COMPLETE: A MINHA VIDA É… Uma sucessão de improbabilidades que se vão concretizando. O QUE NÃO SUPORTA NO SEXO OPOSTO? Suporto tudo, embora por vezes com dificuldade. COMIDA E BEBIDA PREFERIDA? Vai mudando. Hoje: palak paneer e vinho tinto.

GONÇALO NAVES APRESENTA LIVRO

UM DESEJO PARA 2017? Um espaço próprio para a Companhia Mascarenhas-Martins.

Não perca o lançamento do livro “É no peito a chuva”, de Gonçalo Naves. Há 14 anos na cidade, a A das Artes inicia-se na edição de livros com uma obra de um jovem autor de Sines.

QUEM CONVIDARIA PARA UM JANTAR A DOIS? A Maria, para continuarmos a conversa.

QUE LIVRO ANDA A LER OU LEU ULTIMAMENTE? “Uma coisa não é outra coisa”, de José Maria Vieira Mendes.

BARREIRO25NOVEMBRO22H00

QUEM É A MULHER MAIS SEXY DO MUNDO?

QUAL O ÚLTIMO FILME QUE VIU NO CINEMA?

SINES25NOVEMBRO16H00 CENTRO DE ARTES

CONCERTO FADO ENCANTE

QUAL O SEU MAIOR VÍCIO? Trabalhar.

“A Pousada das Chagas”, de Paulo Rocha. MELHOR PEÇA DE TEATRO? “Lisboa Famosa (Portuguesa e Milagrosa)”, no infelizmente extinto Teatro da Cornucópia. MELHOR MÚSICA DE SEMPRE? Hoje pode ser “Ein Deutsches Requiem”, de Brahms. Amanhã... seja o que for de Carlos Paredes. QUAL A SUA MAIOR VIRTUDE? Os outros saberão melhor do que eu. E DEFEITO? Obsessão. COMO SE CHAMA O SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? Os gatos Daisy e Manel, mas estamos separados.

O QUE LEVARIA PARA UMA ILHA DESERTA? Cadernos e canetas. DIA OU NOITE? Manhã. O QUE MAIS TEME NA VIDA? Poder político misturado com ignorância. A QUEM OFERECERIA UM PRESENTE ENVENENADO? A ninguém. Mas nunca digas nunca... O MAIOR DESGOSTO DA SUA VIDA? A morte da minha avó materna.

AUDITÓRIO AUGUSTO CABRITA

Enzo Lopez lança o seu CD “Saudade”, tendo como Sobe ao palco o Concerto Fado enCante, com António Chainho & Monda. Tem como convidados especiais o Grupo Coral Alentejano “Os Amigos do Barreiro” e o Grupo Coral Alentejano “Unidos do Lavradio”.

PALMELA26NOVEMBRO16H00

SEMANA DA DANÇA TEATRO S. JOÃO

Integrado na 20.ª edição da Semana da Dança, não perca o CLIP CLAP - DançArte, destinado a crianças e famílias, com entradas a 5 euros.

MONTIJO30NOVEMBRO21H30

BAILADO “A BELA ADORMECIDA” TEATRO JOAQUIM D´ALMEIDA

“A Bela adormecida” é a obra-prima do bailado clássico que vai encantar o grande público, interpretado pela brilhante e prestigiada companhia de ballet Russian Classical Ballet, de Moscovo, que apresenta um elenco de estrelas .

GANHE CONVITES PARA O TEATRO Temos convites para a revista popular “Portugal em Revista”, em cena no Parque Mayer, para o musical “Aladino” e para a “Comédia Fantástica”, ambos de Filipe La Feria, no palco do Politeama. Para ganhar os convites basta ligar 96 943 10 85 ou 918 047 918.

Estreia de “Fábrica dos Sonhos“ foi um sucesso

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“Fábrica dos Sonhos”, espetáculo de Bruno Frazão, produzido pela companhia ACTAS, estreou-se no domingo, no Fórum Luísa Todi, em Setúbal, com sala esgotada. O êxito alcançado na primeira apresentação pública do espetáculo é motivo de orgulho para Bruno Frazão, que vê assim recompensada a dedicação de todos os elementos da ACTAS, companhia de cariz totalmente amador. O autor acredita que o sucesso, além de constituir um «reconhecimento do trabalho desenvolvido pela ACTAS ao longo dos 11 anos de existência», reside «no facto de a peça ser toda original, incluin-

do a música, o que acaba por aliciar ainda mais o público». Para a “Fábrica dos Sonhos”, Bruno Frazão transpôs várias vivências pessoais, particularmente inspiradas no trabalho que desenvolve no quotidiano com a comunidade infantil do concelho. A peça tem como principal moral a certeza de que sem esforço e empenho nunca se consegue alcançar o que se deseja na vida. O elenco, na estreia, foi constituído por Guilherme Rodrigues, Flávio Fernandes, Susana Jordão e Paula Cruz. O teatro musicado sobe este sábado, ao Grupo Desportivo Independente, às 16h30 e às 21h30, e domingo às 16 horas.

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DESPORTO

VAZIO DIRECTIVO AUMENTA INSTABILIDADE NO BONFIM

Fernando Oliveira ‘obrigado’ a baralhar as cartas e dar de novo A história volta a repetir-se e o Vitória está novamente com a direccção demissionária. Fernando Oliveira informou, no dia a seguir ao 107º aniversário do clube, em conferência de imprensa, que se demitia. Nos últimos 20 anos de história do clube, apenas quatro direcções cumpriram os mandatos até ao fim. Abre-se assim, uma vez mais, um vazio directivo no Bonfim.

TEXTO MARTA DAVID IMAGEM SM

N

o Vitória de Setúbal têm-se vivido tempos conturbados. O chumbo pelo segundo ano consecutivo, em assembleia- geral, do relatório e contas de 2015, deixou a direcção perante a possibilidade do clube perder o estatuto de utilidade pública, se o chumbo se repetir uma terceira vez. É evidente crispação entre Fernando Oliveira e Júlio Adrião, candidato derrotado nas eleições de 2014 e membro de uma das listas derrotadas nas eleições deste ano. Por várias ocasiões, Adrião já exigiu a demissão de Fernando Oliveira e o actual presidente respondeu esta semana aos desafios. «Há uma oposição organizada há mais de duas décadas, que não hesita em colocar o clube sob permanente exposição. Estes Adriões, estes Américos, estes Vitores, estes Farinhas e Santanas, apenas têm como objetivo criar o caos para derrubar uma direção democraticamente eleita há cerca de

sete meses, porque entendem que assim ficam com o caminho aberto para tomar o poder e satisfazer os seus interesses pessoais», disse Oliveira na conferência de imprensa onde anunciou a sua demissão. APENAS QUATRO DIRECÇÕES CONCLUÍRAM OS SEUS MANDATOS Nessas duas décadas de que fala Fernando Oliveira, apenas quatro direcções concluíram os seus mandantos e as últimas eleições foram convocadas após um pedido de demissão do actual presidente. O vazio directivo e a necessidade de aprovar as contas de 2015 deixam o clube uma vez mais numa situação de instabilidade que parece também reflectir-se nos resultados da equipa de futebol actualmente na 15ª posição, com dez pontos. Após a demissão de Fernando Oliveira, o conselho vitoriano reuniu, na quinta-feira, para analisar a situação actual e mostrou «preocupação, angústia e receio». Apesar do assunto sucessão não ter sido abordado de forma aprofundada, Giovanni Licciardello, presidente do

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conselho vitoriano defende que o próximo presidente «terá de ser um vitoriano em mérito, uma figura carismática e ter um grande apoio económico e financeiro».

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Ídolos da Praça inauguraram relvado sintético

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novo relvado sintético do campo de futebol dos Ídolos da Praça, inaugurado no passado domingo de manhã, já está a ter impacte na vida do clube setubalense, com o aumento do número de praticantes inscritos nas formações de futebol. A beneficiação foi concretizada pela Câmara, num investimento de 27 mil e 400 euros que se enquadra no processo de requalificação de equipamentos desportivos desencadeado com o projeto Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016. O presidente da assembleia-geral dos Ídolos da Praça, António Carrapeta, agradeceu o esforço da autarquia na renovação do piso desportivo do campo de jogos. «Na sessão do 41.º aniversário do clube, em 2016, colocámos à senhora presidente as nossas preocupações sobre o campo. Essas palavras foram ouvidas, de tal forma que fomos recebidos na Câmara pouco tempo depois para nos dizerem que iriam ser feitas melhorias», referiu o dirigente desportivo, recuperando o momento em que o processo teve início. As intervenções traduziram-se, no período de um ano, não apenas na substituição do piso de cimento por outro de relvado sintético, de 50 por 30 metros, mas também em melhorias

no salão social e na substituição do telhado de amianto existente das instalações do clube fundado em 1975. A edil sublinhou na cerimónia de inauguração que « este investimento comprova que o empenhamento municipal na criação de mais e melhores equipamentos desportivos é uma constante que se prolonga para lá do que foi a Cidade Europeia do Desporto». Dores Meira recordou que a autarquia criou e beneficiou, desde 2014, «um total de nove campos com relvados sintéticos, novas balizas e outras melhorias, no que representa um investimento total de quase 600 mil euros e o no qual está já incluído o custo deste renovado campo dos Ídolos da Praça». Uma política municipal que, frisou, «reconhece o inestimável valor das coletividades para o fomento e desenvolvimento da atividade desportiva». A Junta de Freguesia de S. Sebastião também contribuiu nas obras de beneficiação do recinto dos Ídolos da Praça com a renovação dos balneários que servem o campo desportivo. O presidente dos Ídolos da Praça, José Vigário, realçou a «inestimável participação da Câmara e da Junta de Freguesia, que ultrapassaram largamente as expectativas iniciais do clube». O rápido processo em que se traduziu o investi-

mento de melhoria das instalações do clube é um exemplo, salientou o presidente da Junta de S. Sebastião, Nuno Costa, «da excelente colaboração entre todas as partes envolvidas» , que se traduz «em melhorias para a prática desportiva dos jovens». A simples transformação do piso de cimento em relvado sintético, instalação que foi executada pela empresa Mondo, já está a produzir reflexos na dinâmica dos Ídolos da Praça. António Carrapeta adiantou que o número de atletas inscritos tem aumentado de forma assinalável, tanto que o clube sadino reativou os escalões de futebol «traquinas» e «petizes». «Antes, nem os pais, nem os filhos queriam jogar à bola no antigo recinto. Simplesmente não era convidativo. Estava obsoleto. Agora é por demais evidente que existe aqui uma nova alegria». Um dos momentos mais emocionantes da cerimónia foi o anúncio do novo nome daquele espaço, rebatizado de campo de jogos Manuel Alves, numa homenagem póstuma ao homem apontado como principal responsável pela fundação do clube, que assumiu, posteriormente, cargos na direção. Rafaela Alves, filha do homenageado, destapou, com a ajuda de familiares, o nome do pai, agora pintado nas bancadas do renovado campo desportivo.


NEGÓCIOS

BAIA DO TEJO FECHA RONDA INTERNACIONAL COM BOAS IMPRESSÕES DEIXADAS NA RUSSIA

Lisbon South Bay desperta interesse junto de empresários de Moscovo Foi mais uma ronda internacional para mostrar o potencial dos territórios da ‘Lisbon South Bay’, que integram a antiga Quimiparque (Barreiro), a Siderurgia Nacional (Seixal) e Margueira (Seixal). Os responsáveis pela Baia do Tejo, que gere aquelas áreas, acreditam que deixaram um lastro de negócios. TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM

D

ando resposta a um interesse crescente manifestado por Moscovo e por várias empresas Russas, os territórios Lisbon South Bay e os ativos Baía do Tejo foram apresentados na capital Russa, numa agenda que se desdobrou entre diversos eventos e junto de múltiplas entidades. O seguimento dos contactos efetuados com investidores e empresários Russos, iniciados em 2014, foi dando nota de uma crescente atenção ao nosso país, motivo que desencadeou esta jornada de promoção. Confirmou-se o grande interesse da comunidade empresarial russa na vantajosa posição geoestratégica de Portugal e no ambiente efervescente que a região da grande Lisboa e as principais cidades do nosso país vêm manifestando. REUNIÃO COM A CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE MOSCOVO Muito interessados em saber mais sobre os territórios que observam Lisboa a partir da margem esquerda do Tejo, os responsáveis da Câmara de Comércio e Indústria de Moscovo deram especial atenção aos Parques Empresariais da Baía do Tejo do Barreiro e do Seixal, não deixando de questionar sobre o Quimiparque de Estarreja. O perfil das empresas residentes nos seus parques e a capacidade da Baía do Tejo para acolher potenciais investimentos Russos, foi a grande preocupação que esta entidade manifestou junto da comitiva portuguesa e que vai agora apresentar de forma detalhada aos seus associados. Esta Câmara de Comércio, que representa cerca de 3500 associados, deu nota do interesse e apetência crescentes que as empresas russas vêm manifestando noutras

geografias e confirmou que este é um momento em que estas empresas estão muito voltadas para o investimento e apostadas em alargar a sua presença no exterior. O interesse nos ativos residentes nos territórios Lisbon South Bay e o know how reconhecido à Baía do Tejo na gestão de parques com ADN marcadamente industrial foram apreciados de forma muito evidente. Resultou desta reunião uma proximidade e interesse recíproco entre ambas as entidades, facto que permitiu um acordo para o estabelecimento de um protocolo que visa acompanhar e facilitar todo o processo das empresas russas que se queiram instalar nos concelhos de Almada, Barreiro e Seixal e, mais a norte do país, em Estarreja. O protocolo está já a ser ultimado e pretende-se que seja assinado em breve. O grande interesse e reconhecimento de potencial nestes territórios da grande Lisboa deixam inclusivamente em aberto uma apresentação presencial feita às principais empresas de Moscovo que pretendam efetivamente alargar as suas operações para o sul da Europa e fazer destes territórios plataforma de chegada à europa e aos países de língua oficial portuguesa dos continentes Americano e Africano. APRESENTAÇÃO À CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA DA FEDERAÇÃO DA RÚSSIA. À espera da comitiva portuguesa estavam, para além dos responsáveis desta grande associação, cerca de 20 entidades oriundas de várias regiões da Rússia que queriam saber mais de Portugal e do projeto Lisbon South Bay. A apresentação decorreu com interesse e teve ainda a particularidade de ter sido transmitida em live streaming para todas as regiões representadas pela Câmara de Comércio e Indústria da Federação da Rússia. Empresas de todos os

setores de atividade, desde o agroalimentar, ao industrial, à banca de investimento e às novas tecnologias, marcaram presença e mostraram interesse em perceber o ambiente que se vive neste extremo da europa e como se posiciona o nosso país face ao acolhimento de investimento externo. Os índices do turismo e os programas de promoção da captação de novos residentes através de investimento residencial ou empresarial já eram do conhecimento do meio empresarial russo, que agora pretendeu saber com maior detalhe que tipo de oferta e condições têm estes territórios para oferecer a novas empresas que se queiram instalar nos seus Parques Empresariais.

O interesse na visita aos territórios Lisbon South Bay foi também confirmado por várias entidades que a partir de agora vão estabelecer contactos e estreitar relações com a Baía do Tejo nesse sentido. Os ativos Lisbon South Bay, enquanto territórios de excelência e de elevado potencial, junto de uma das mais efervescentes capitais da Europa: Lisboa, realizaram em Moscovo mais uma iniciativa premium com o objetivo de sinalizar os territórios e de lhes dar um maior nível de reconhecimento e notoriedade.

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FEIRA DE IMOBILIÁRIO INTERNATIONAL PROPERTY SHOW Na feira de imobiliário International Property Show de Moscovo, a Baía do Tejo estabeleceu múltiplos contactos com investidores e com grupos developers que atuam tanto na Rússia como na Turquia e em várias regiões do médio e extremo oriente. Junto deste segmento foi o projeto Water City, em Almada, que despertou maior interesse e congregou a atenção de todos os interlocutores presentes nos meetings bilaterais desenvolvidos. A atratividade de Lisboa foi notada e a possibilidade de se poder dinamizar um projeto desta dimensão a escassos minutos do centro da capital portuguesa torna-se um fator muito apelativo para os grandes grupos de investimento. Foi também relevante a grande aceitação e potencial que os ativos da Baía do Tejo suscitaram junto de empresas e portais imobiliários de referência junto do segmento empresarial e de investimento. Foram vários os que demonstraram interesse em poder promover o edificado e os lotes industriais disponíveis para acolher todos o tipos de empresas e indústrias.

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NEGÓCIOS

INVESTIMENTOS EM CURSO SÃO ESTRATÉGICOS E TERMINAL DO BARREIRO NÃO É REVÉS

Setúbal é melhor alternativa para expansão do porto de Lisboa Potenciar a plataforma portuária de Setúbal com os investimentos já sinalizados ou em curso, é tarefa prioritária para tornar o porto sadino com fundamental no sistema ‘short-sea’ nacional. E a hipótese do terminal de contentores no Barreiro não impede esta visão de futuro. TEXTO MARTA DAVID IMAGEM SM

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porto de Setúbal pode vir a ser, a médio e longo prazo, o principal ponto a servir, no sistema short-sea, a região de Lisboa, Alentejo e grande parte da Estremadura espanhola, precisando para isso de ter as ligações ferroviárias adequadas. Este é a uma das conclusões do seminário organizado pela Comunidade Portuária de Setúbal que debateu o porto sadino como uma solução para a região de Lisboa quando se estuda a expansão portuária da capital, incompatível com a atual tendência de valorizar as zonas portuárias das cidades para usos ligados ao turismo. A grande tendência mundial é a de deslocalizar os terminais de carga para zonas mais desafogadas e, neste aspeto, considerando as características dos portos, Setúbal e o projetado terminal de contentores do Barreiro seriam as duas alternativas. A ideia, inicialmente defendida por Mário Lopes, do Instituto SuAnúncio_APSS_Sem_mais_27Jun16.pdf perior Técnico, na apresentação realizada durante o seminário, foi

corroborada pelo painel de debate que se seguiu. As condições das duas zonas portuárias equilibram-se em vários factores, mas a qualidade dos acessos marítimos de setúbal é a vantagem que majora a seu favor. Mário Lopes analisou as duas hipóteses considerando os custos e qualidade dos acessos marítimos e terrestres e da construção e dimensão dos terminais, assim como o potencial para atrair outros investimentos no desenvolvimento local. CONTRIBUTO PARA VALORIZAR ZONA DEPRIMIDA DO BARREIRO Na questão dos acessos terrestres e na capacidade para servir a região, no que se refere à carga contentorizada, estão em pé de igualdade. «Tanto Setúbal como o Barreiro podem ser dotados de capacidade suficiente, assim como nos acessos por terra, ambos os terminais, situados ao sul do Tejo, já dispõem de bons acessos rodo e ferroviários. Nenhum destes factores se apresenta como vantagem competitiva para nenhuma das alternativas.» 7 28/06/16 17:08 argumento invocaO principal do para justificar o investimento no

Barreiro foi a possibilidade deste potencializar outros efeitos ou investimentos paralelos atendendo ao facto de que esta é uma das zonas mais deprimidas da região de Lisboa. Ainda assim, o especialista defende que o argumento, apesar de relevante «é insuficiente para justificar o investimento proposto.» E também nessa área, Setúbal tem capacidade de atrair mais investimentos pois «tem mais potencial devido à disponibilidade de espaço para a instalação de actividades logísticas na vizinhança do porto.» Onde está a grande diferença, diz Mário Lopes, «é na questão dos acessos marítimos» e esse facto desequilibra fortemente a favor de Setúbal. «No Barreiro a profundidade natural é de cerca de dois metros, enquanto em Setúbal é de onze. E sabe-se que os custos das dragagens serão entre cinco a dez vezes maiores se a opção for o terminal do Barreiro.» O trabalho de aumentar a profundidade para cerca de 15 metros de modo a receber navios com calado de 14, tem um custo estimado de cerca de um milhão de euros por ano, em Setúbal.

Ministra elogia entendimento dos ‘stakeholders’ Sem assumir nenhuma das alternativas, Ana Paula Vitorino, Ministra do Mar, reforçou a ideia de que «não se trata de rivalidade entre os portos de Setúbal e do Barreiro», mas sim de encontrar aquele que, no futuro, oferece as melhores condições e alternativas. Quanto ao porto de Setúbal afirma que se trata de «um porto industria que deve aproveitar todas as oportunidades de crescimento e desenvolvimento que surjam nessa área» devendo para isso tirar partido do facto de «Portugal estar na moda e de o interesse para investir no sector portuário estar a crescer em flecha». Num discurso fortemente direccionado para questões que foram levantadas durante o debate, a ministra respondeu a algumas dúvidas e esclareceu várias posições, nomeadamente, garantindo que «não há atraso na ferrovia, até porque o projecto de execução já está em curso, e a existir algum atraso será por questões ambientais». Ana Paula Vitorino elogiou o papel de cooperação da Autoridade Portuária, Câmara Municipal e Entidades/Empresas para o desenvolvimento do Porto de Setúbal, dizendo mesmo, que se trata «de um exemplo a seguir». Reforçou ainda a necessidade de se construir uma nova marina de recreio para Setúbal, concebida e pensada em conjunto com a autarquia. «Não sei se será um projecto com habitação à beira mar, mas espero que a câmara de Setúbal já tenha analisado essa questão». A responsável espera ainda que os projectos, no âmbito da Estratégia para o Aumento da Competitividade Portuária – Horizonte 2026, se concretizem a curto prazo. Entre esses projectos está um investimento de 25, 2 milhões de euros para o porto de Setúbal, e que representam um aumento sustentado de 60%, dando ao porto uma maior capacidade de resposta. A ministra frizou ainda que «é prioritário melhorar as condições do Porto de Sesimbra com o projeto da nova ponte-cais 4, bem como a melhoria das condições de higiene, ambientais e de modernização. A pesca, em Sesimbra, é de extrema importância não só do ponto de vista económico e social.»

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Desenvolvimento das atividades logístico-portuárias em harmonia com a Zona Ribeirinha,Turismo, Pesca e Aquicultura.

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EDITORIAL

OPINIÃO

O respeito pelo voto popular

Raul Tavares Diretor

Que futuro para o Vitória de Setúbal

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Vitória de Setúbal quis sempre ser o grande clube do distrito, mas nunca o conseguiu. Pode ser estranho, mas há razões para que assim tenha sucedido. E, em parte; em grande parte, diria eu, as culpas podem ser maioritariamente assacadas aos seus dirigentes. Nas décadas douradas, o emblema sadino atingiu um prestígio que o levou a ser um dos ‘grandes’ nacionais. Mercê de alguns feitos desportivos e, não despiciendo, do seu ecletismo, o ‘Vitória’ ganhou a simpatia da maioria dos portugueses. Perante os seus vizinhos, que após 74 também ganharam algum peso no futebol nacional – recordo o Barreirense, o Cova da Piedade, Sesimbra e alguns outros – nunca conseguiu despir a sua lógica bairrista. E isso foi uma marca indelével. Nunca quis misturar-se e, com essa soberba, afastou-se. Num distrito em que o regionalismo é hoje muito esbatido, o futuro desta possível estratégia não parece ter futuro. Logo, o Vitória está muito encostado aos seus associados da cidade do Sado. Não extravasa, não atrai. Acresce que os problemas financeiros têm sido uma constante e as lutas intestinas próprias daquelas disputas Américo-latinas. E isso corrói, vai fazendo o clube definhar na busca de soluções. Há mais razões, mas o texto é curto. Pessoalmente entendo que o clube do Sado, podia ser o clube da região. E entendo que, como clube da região podia um futuro idêntico ao de um Braga ou Vitória de Guimarães. Infelizmente parece que a maior parte dos dirigentes e da oposição gostam mesmo de chafurdar em lama.

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aídos das eleições autárquicas de 1 de outubro passado, foi tempo de organizar os executivos das Câmaras Municipais, onde no Concelho do Seixal, uma vez mais e à semelhança de outros mandatos, se pretendeu respeitar o voto dos eleitores, partilhando a governação da Autarquia com todas as forças políticas eleitas. Nestas eleições a CDU alcançou 5 eleitos para a Câmara Municipal, o PS 4 e o PSD e BE 1 respectivamente. Se é verdade que pela primeira vez a CDU enquanto força política maioritária se confronta com a perda da maioria absoluta no presente mandato, também é verdade que desde sempre houve o esforço de realizar entendimentos com

todos os eleitos. Por isso não causou surpresa a atribuição de Pelouros a todas as forças políticas com eleitos na Câmara Municipal, o PS com dois Pelouros, da Protecção Civil e da Segurança Alimentar e Bem-estar Animal, o PSD com o Pelouro do Património Histórico e Cultural e o BE com o Pelouro do Turismo e Fiscalização Municipal, que após várias reuniões decidiu não aceitar. Entendemos que o respeito pela democracia se faz com actos concretos, com a partilha das responsabilidades executivas por todos os que estejam disponíveis para trabalhar em prol dos munícipes e do Concelho, pois é isso que os eleitores agora esperam após o acto eleitoral: trabalhar para resolver os problemas e

SIGA O NOSSO CONCELHO JOAQUIM SANTOS

PRESIDENTE C.M. DO SEIXAL fazer avançar o Concelho. Olhando para um lado e para o outro, constatamos que ao contrário do Seixal, não terá existido o mesmo respeito pela democracia e pelo voto popular como nós o entendemos, na configuração política desses outros executivos municipais, deixando a segunda força mais votada sem qualquer responsabilidade na governação dessas autarquias. Para se ser democrata não basta afirmá-lo, é um exercício que tem que ser verificado na

prática. O Concelho do Seixal é uma referência no exercício da democracia local, o Distrito de Setúbal também o tem sido, não desperdicemos o contributo de todos para o desenvolvimento da nossa região, onde os calculismos partidários não se devem impor à vontade das nossas populações. Temos orgulho em afirmar que no Seixal respeitamos a vontade do povo expressa nas urnas, porque somos um município que vive e exercita a democracia, porque somos um Concelho de Abril.

Retoma ressabiante

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Semmais de há oito dias sentiu-se acompanhado pela edição de três Sermões do Padre António Vieira, esse português do século XVII, um dos quais relatando de como Santo António preveniu os peixinhos: “cuidai-vos, que os grandes comem os pequenos” (reposição livre). Reassumimos uma edição nossa, sem lhe tocar: não é difícil de a situar no tempo, primeiro; e voltamos àquele que a 10 deste mês perfez 104 anos, porque nunca dizemos que “faria” só para ressabiar alguns, e não poucos, segundo. Passado o Intróito, eis: A actividade frenética capitalista girando em volta dos poderosos da Alemanha e da França, salvo distracção e algum desenvolvimento nos Estados Unidos por iniciativa institucional de Obama, relegou para plano subalterno o fait divers daquela meia-dúzia de mega-milionários que, com Warren Buffett no comando, pretendeu sacrificar-se publicamente à taxação das suas fortunas, propagandeando-a de peito aberto.

14 | SEMMAIS | SÁBADO | 25 DE NOVEMBRO | 2017

O PCP, logo em Agosto, pela voz de Jerónimo de Sousa, antes mesmo de esperar pelas posições do PS, PSD e CDS-PP face a propostas do seu Grupo Parlamentar apresentadas de imediato a 1 de Setembro, visando precisamente a tributação das grandes fortunas e bens dos poderosos, em particular património de luxo, os dividendos e outros rendimento do capital, permitia-se lembrar que na anterior legislatura o chumbo foi a concertação assumida por aquela mesmíssima troika aquando idêntica iniciativa comunista. Tratava-se, entre outros, de conseguir que a banca e os grandes grupos económicos perdessem benefícios fiscais e passassem a pagar a taxa nominal do IRC, o controlo dos paraísos dos quais os desenvolvimentos mais recentes na Madeira fazem emergir virgens e anjos, a cobrança das mais-valias bolsistas de SGPS e das transacções em bolsa. Tratava-se de “fazer pagar a factura da crise a quem a provocou em proveito próprio”, na certeza de que, “longe de condicionar a activida-

POLITICA E CULTURA VALDEMAR SANTOS MILITANTE DO PCP

de financeira” e, pelo contrário, estabelecendo-se como objectivo a diminuição da actividade especulativa inseparável da aposta no aumento da actividade económica, Portugal cresceria e o povo e os trabalhadores não seriam atingidos pelo “Pacto de Agressão” que à rua está a levar decididamente muitos milhares de manifestantes, confluindo para o patamar político de uma Greve Geral no início desta semana anunciada. E tratava-se, em relação aos partidos da política de direita subscritores dos memorandos de todos os entendimentos, com alguma condescendência imbuída de algum humor, de lhes “dar uma nova oportunidade”. Um pouco à maneira dos casamentos de que tão bem fala Álvaro Cunhal no “Rumo à Vitória”, de 1964, entre grandes

industriais, banqueiros e latifundiários a quem o fascismo serviu, e salvaguardando as distâncias, o exibicionismo resplandecente dos Buffett é para este Relatório ao VI Congresso do PCP (“As tarefas do Partido na Revolução Democrática e Nacional”) que nos conduz: incendiar com um fósforo uma nota de vinte escudos para procurar e recuperar uma de mil perdida por incúria na escuridão noctívera com que a luta de classes começava a assustar os exploradores em nada afectava o lucro crescente da exploração do homem pelo homem. Noutra formulação, porventura, a folhear, mas sempre a ilustrar que a extorsão não muda de natureza, é dos bolsos dos mesmos que se alimenta e melhor se os esvaziar.

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OPINIÃO

Uma estreia absoluta em Portugal

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ia 9 de Dezembro estreamos um clássico da dramaturgia mundial que nunca foi feito no nosso País: “Nathan, o sábio” do iluminista alemão Gotthold Lessing, cuja tradução de Yvette Centeno a Fundação Gulbenkian publicou há dois anos. Esta peça, que em Março levamos ao Teatro Nacional S. João, no Porto, é sob muitos pontos de vista um espectáculo a contra-corrente: um texto clássico que reúne um elenco de actores (Maria Rueff, Luís Vicente, Guilherme Filipe, João Tempera, André Pardal, André Gomes,Tânia Guerreiro, João Farraia e a estreante Leonor Alecrim) de diferentes idades e proveniências, com a cenografia e os figurinos da autoria de dois nomes cimeiros das artes plásticas portuguesas: respectivamente Pedro Calapez e António Lagarto.

“Nathan, o sábio” é conhecido como um manifesto de tolerância, e o texto tem sido montado em ocasiões nas quais mais necessário se torna construir um discurso que combata o ódio e o extremismo: foi a primeira peça montada pelo Teatro Nacional de Berlim após a Segunda Grande Guerra, e uma das mais montadas no período que se seguiu aos ataques às Torres Gémeas de Nova Iorque, em 2001. O contexto de tensão que se vive actualmente, a nível global, confere a este texto uma actualidade inesperada, e um dos pontos de interesse deste espectáculo será verificar como é que o público português reagirá aos valores de diálogo inter-religioso propalados por um autor do século XVIII. Mas “Nathan, o sábio” não é só um manifesto filosófico em forma de “poema dramático”, como o Autor fez questão de deixar anunciado no título: é

também uma peça magistralmente escrita, colocando-se para além das definições de “comédia” ou “tragédia”. O texto não se inscreve nem num nem noutro género dramático, tendo ingredientes de ambos. Lessing é também o Autor de “Dramaturgia de Hamburgo”, uma colecção de ensaios de crítica literária, que serviu de modelo para a criação da nova dramaturgia alemã, surgida no Século das Luzes, que cortou com a tradição neo-clássica francesa – preferindo ir beber, por exemplo, à fonte de Shakespeare. A intriga de “Nathan, o sábio” é por isso bem intrincada: estamos na Jerusalém do século XII, onde vive o judeu (e rico comerciante) Nathan, a quem o povo chama “sábio” pela inteligência, generosidade e ponderação que emprega em todas as suas acções. Ao regressar de uma das suas muitas viagens, Nathan é surpreendido com a notícia de

BOCA DE CENA RODRIGO FRANCISCO

DIRETOR DA CTA

que a sua casa ardeu e que, por pouco, a sua filha adoptiva não morria no incêndio. A jovem fora salva, in extremis, por um misterioso cavaleiro templário que tinha sido feito prisioneiro pelo Sultão Saladino, governador da cidade, e a quem este poupara (inexplicavelmente) a vida. E eis os três representantes das três religiões abraâmicas: judaísmo, cristianismo e islão. Ao encontrar-se finalmente com o Templário, que se esquivava a quaisquer agradecimentos, Nathan consegue convencê-lo a encontrar-se com a sua filha, que se tinha fixado na ideia de ter sido salva por um anjo. E o segundo encontro entre os dois

jovens resulta num amor inevitável, que já se fazia prever nas insinuações da ladina Daja, a ama cristã da jovem judia. Só que existe um obstáculo a esta união: um segredo de muitos anos, que esconde a (trágica) razão da sapiência de Nathan, e que revela que os laços que unem os representantes das três religiões são, afinal, muito mais fortes do que aquilo que se julgara à partida. Estreamos a 9 de Dezembro e estaremos em cena até dia 17, no Teatro Municipal Joaquim Benite, também para nos debruçarmos nas Conversas com o público, aos sábados à tarde, sobre o mote: “Três religiões, uma Humanidade”.

Hoje é Dia Internacional para a Erradicação da Violência Contra as Mulheres

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oje invoca-se mais uma vez o Dia Internacional para a erradicação da Violência Contra as Mulheres. Este dia, decretado pelas Nações Unidas, assinala-se porque existe no mundo uma prática generalizada de violência de género, que se revela de diferentes formas, em função das culturas e dos países. Em cerca de 50 países as raparigas estão sujeitas a mutilação genital feminina, a grande maioria antes dos 6 anos de idade. No mundo estima-se que existem 200 milhões de mulheres e meninas mutiladas e se nada for feito em 2030 serão mais 15 milhões. Os casamentos forçados e precoces são outra realidade em muitas partes do mundo, assim como o tráfico para exploração sexual e a escravatura. Neste dia 25 de novembro, em que se assinala este flagelo á escala global, a principal forma

de violência contra as mulheres e raparigas, com maior expressão em Portugal, é a violência doméstica e de género. Nos últimos 20 anos, temos vindo a desenvolver um sistema de proteção às vítimas que integra respostas especializadas que vão, dos serviços de atendimento às casas abrigo, desde a formação e especialização das forças de segurança a uma rede de Organizações Não Governamentais que está, desde sempre, na linha da frente deste combate. Contudo, os números falam por si. Em 2016, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna, as Forças de Segurança registaram 27.681 ocorrências por violência doméstica nas quais 80% das vítimas são mulheres e 85% dos agressores são homens, ocorrendo 72% dos casos entre pessoas que têm ou tiveram relações de intimidade. Entre as vítimas do crime de violência doméstica e de

género, cerca de 750 mulheres e crianças estavam acolhidas em casa abrigo ou em resposta de emergência, tendo deixado para trás as suas casas, o seu emprego, as suas escolas, a sua família e amigos. Acrescem ainda os dados do Observatório das Mulheres Assassinadas da UMAR que, este ano registou 41 femícidios, 18 consumados e 23 na forma tentada. Em 2016 registaram-se 53 e em 2015, foram 68 as vítimas deste crime. No Distrito de Setúbal em 2017 não houve qualquer registo, tendo em 2016 havido 1 caso e em 2015, 5 mulheres assassinadas. Entre 2004 e 2015 foram vítimas 39 mulheres na nossa região. É verdade que os números estão a alterar-se nos últimos 2 anos, ainda não podemos falar de uma tendência de diminuição dos femícidios, mas a verdade é que 2017, até ao momento revelou o número mais baixo de mortes desde

ATUALIDADES CATARINA MARCELINO

DEPUTADA E EX-SECRETÁRIA DE ESTADO

que há registos do observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR. Há um claro investimento da política pública nesta área de intervenção que, ao contrário de muitas outras, tem tido continuidade e consensos políticos nos últimos 20 anos. Mas é fundamental que o investimento seja feito ao nível de serviços de proximidade, fomentando redes de apoio constituídas por Instituições Públicas e ONG locais de modo a encontrar soluções céleres que mantenham as mulheres e as crianças nas suas comunidades devidamente protegidas e em segurança, como aliás está

a ser desenvolvido desde maio de 2016, tendo o Litoral Alentejano sido escolhido pelo Governo para dar início a uma nova geração de política de territorialização de combate à violência doméstica. O sistema ainda tem falhas, o modelo de apoio ainda tem um caminho a fazer, mas é essencial que nós, enquanto comunidade, sejamos uma comunidade ativa contra a violência. Porque a violência contra as mulheres não é mais do que o exercício do poder de quem pode bater e os agressores só batem e maltratam porque nós, enquanto sociedade, continuamos a tolerar.

Todos os sábados, com o semanário expresso, o seu jornal de referência, único com circulação em todo o distrito de Setúbal. Tiragens regulares de 40.000 exemplares e audiência média estimada em 160.000 leitores.

SEMMAIS | SÁBADO | 25 DE NOVEMBRO | 2017 | 15



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