Semmais 26 novembro 2016

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Sábado 26 | Novembro | 2016 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 927 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso

CRIMES CONTRA CRIANÇAS AUMENTARAM NO DISTRITO Só este ano já foram realizadas 174 perícias médico-legais, para confirmar alegados crimes contra crianças e jovens, a maior parte de cariz sexual. Mais de 80 por cento destes exames foram feitos a meninas e o escalão etário mais atingido está entre os 13 e os 17 anos. Mas também o número de condenações aumentou drasticamente. SOCIEDADE PÁGINA 4

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Mais de 50% das pessoas que adotam animais doméstico no distrito desiste logo no dia seguinte. É uma tendência que está a obrigar as associações protetoras de animais da região a endurecer os critérios. As razões deste fenómeno peculiar a nível nacional são de vária ordem.

A metralhadora da marca ‘Scorpio’ usada no assalto ao Continente, na Verderena, Barreiro, não é uma arma qualquer. As polícias, alemã e portuguesa, suspeitam de um grupo que transforma este armamento no nosso país para uso de redes de tráfico e mesmo terrorismo.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, garantiu, ontem, na Costa da Caparica, a ampliação do Garcia de Orta já no próximo ano. Uma «prenda de Natal», segundo o CA do hospital. Trata-se de um novo edifício que, entre outras valências, terá mais 100 camas.

ARMA USADA EM ASSALTO NO BARREIRO PREOCUPA POLÍCIA

ADOTAR ANIMAIS DOMÉSTICOS E DESISTIR NO DIA SEGUINTE

GOVERNO GARANTE AMPLIAÇÃO DO GARCIA DE ORTA EM 2017

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A SEMANA

Ala este e norte do Convento de Jesus vão ser reabilitadas

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abertura de um concurso público para a execução da empreitada de reabilitação da ala este e ala norte, claustros, igreja e coro alto do Convento de Jesus foi aprovada quarta-feira em reunião pública do município. A intervenção abrange a preservação do património classificado, conservação e restauro do património integrado e elementos arquitetónicos que caracterizam o Museu de Setúbal/Convento de Jesus. As obras nestes locais consistem na execução das diferentes especialidades que integram o procedimento, nomeadamente arquitetura, estrutura, instalações mecânicas, rede de drenagem de águas pluviais, rede de drenagem de águas residuais e rede de abastecimento de água. A empreitada inclui ainda instalações elétricas, de telecomunicações, de segurança contra incêndios e de alarme contra intrusão e redes de vigilância por

Assaltantes roubam 30 mil euros de caixa multibanco no Samouco

circuito fechado de televisão e de gestão técnica centralizada, conservação e restauro e arqueologia. A edilidade pretende ainda reconstruir a cobertura da cabeceira da igreja e a cobertura do corpo principal da igreja e da sala do coro alto. As intervenções visam ainda a reconstrução desta sala, que inclui a reconstrução do pavimento, o reforço estrutural de alguns elementos do espaço, a preservação dos tirantes existentes e aplicação de novos e a conservação e restauro de todo o património integrado e arquitetónico. Está igualmente prevista a reconstrução integral da torre sineira, devido a razões de segurança. A deliberação camarária que aprova a abertura do concurso público, o projeto de execução, caderno de encargos e programa do procedimento, que ficam arquivados no Departamento de Obras da autarquia, determina um prazo máximo de execução de 425 dias, com um preço superior a 1 milhão de euros.

GNR prende homem em Sines por tráfico de estupefacientes

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m grupo de três homens assaltou à bomba, na madrugada de 21, uma caixa multibanco no Samouco, em Alcochete. Conseguiram levar 30 mil euros e desapareceram numa viatura sem deixar rasto. O assalto ocorreu por volta das 5 horas da madrugada e o método de explosão usado pelos assaltantes destruiu a fachada do edifício. Segundo apurámos, a caixa multibanco tinha sido carregada com dinheiro no sábado à tarde. Quando a GNR chegou ao local, depois de ter sido chamada pelos moradores, os assaltantes tinham desaparecido. A PJ está a investigar o caso.

‘Soldados da paz’ de Águas de Moura premiados no “Eco-Bombeiros”

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s bombeiros de Águas de Moura foram premiados no âmbito do “Eco-Bombeiros - Sensibilização para a eficiência energética em quartéis de bombeiros”, na categoria 1, quartel com maior redução do consumo de energia elétrica e emissão de CO2 associada - 7.º lugar. Esta medida foi promovida pela Agência Regional de Energia, em parceria com várias entidades. Os prémios foram entregues dia 24, no quartel da Moita.

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ilitares do Posto Territorial da GNR de Sines detiveram no dia 22, naquela localidade, um homem por tráfico de estupefacientes. No decorrer do patrulhamento, os militares abordaram uma viatura num local habitualmente conotado com o tráfico de estupefacientes, no Casoto, em Sines. Foram apreendidas ao homem: 143 doses de heroína; 12,5 doses de cocaína; qua-

tro telemóveis; 1780,19 euros em numerário e diverso material habitualmente utilizado no corte, acondicionamento e distribuição de produto estupefaciente. O detido foi constituído arguido e sujeito à medida de coação de termo de identidade e residência. Foi notificado para comparecer em primeiro interrogatório judicial no dia 24, no Tribunal de Setúbal.

Julgamento de Filipe Andrade foi adiado para maio de 2017

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oi adiado, no dia 23, no tribunal do Seixal, o julgamento de Filipe Andrade, o escultor de 30 anos que a 27 de fevereiro de 2014 atropelou mortalmente João Gomes, no Fogueteiro, Seixal, fugindo de seguida. Sujeito a termo de identidade e residência, Filipe Andrade viu o julgamento ser adiado para 11

de maio de 2017 e tem como advogado João Nabais. Filipe Andrade está acusado de homicídio por negligência grosseira, omissão de auxílio e 3 contraordenações rodoviárias. Nove dias depois do acidente, Filipe Andrade ficou ligado ao atropelamento, quando contatou a seguradora para consertar a sua viatura.


SOCIEDADE

EM CAUSA DOENÇA HEMORRÁGICA QUE ESTÁ A DIZIMAR COELHOS E A DEIXAR CAMPOS SEM CAÇA

Caçadores lançam movimento contra falta de caça na região Os caçadores da península de Setúbal passaram a integrar o chamado “Movimento Caçadores Mais Caça”, que vai reclamar «medidas urgentes» para solucionar a falta de animais nos campos da região. «Andamos pelos campos e só encontramos coelhos bravos mortos», afirmam. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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doença hemorrágica que está a dizimar os coelhos e a deixar os campos da região sem caça levou a que um grupo de caçadores da península de Setúbal tenha passado a integrar o chamado «Movimento Caçadores Mais Caça, que está a reclamar «medidas urgentes» junto do MInistério da Agricultura. «Andamos pelos campos e encontramos coelhos bravos mortos por causa da febre hemorrágica. Estamos a assistir à extinção desta espécie tão importante para a caça», alerta José Manuel Batista, um dos dinamizados do movimento, lamentando que não haja vacinas que minimizem a situação. A mesma fonte desconhece ainda o destino

que é dado aos exemplares mortos. «Alguns até parecem saudáveis, mas quando os abrimos percebemos que o fígado está afetado pelo vírus», denuncia. A doença hemorrágica nos coelhos é conhecida há cerca de 15 anos. Começou por dar sinais preocupantes em Espanha, sobretudo na região a sul, tendo os caçadores do lado de cá da fronteira acreditado que poderiam passar ao lado do vírus. Até porque a doença hemorrágica era detetada em populações muito determinadas. Ou seja, numa mesma reserva de caça poderia dizimar coelhos numa zona e não atuar nos exemplares mais próximos. DOENÇA ATACOU EM FORMA NO BAIXO-ALENTEJO Mas em 2012 a doença atacou em força no Baixo Alentejo, onde surgiram os primeiros co-

elhos mortos com a febre hemorrágica e estendeu-se outros pontos do país. A patologia começou por ser padronizada, afetando indivíduos adultos, mas após uma mutação passou também a ter efeitos em coelhos jovens. Resultado: a caça ao coelho abriu a 1 de setembro, mas os caçadores não estão a encontrar exemplares nos campos. «Os únicos coelhos que existem são os que se tornaram imunes à febre hemorrágica», avança Eduardo Biscaia, presidente da Federação Portuguesa de Caçadores e Proprietários, admitindo que em breve também estes sejam dizimados. «Poderão fazer alguma procriação mas vão morrer nos meses seguintes, porque o Estado permite que se cacem os últimos coelhos que estão imunes», afirma.

Já houve 40 coelhos por hectare Originário da Península Ibérica, o coelho bravo, outrora com densidades populacionais elevadas (até 40 coelhos por hectare), tem sofrido nos últimos anos grandes reduções, estimando-se atualmente que exista somente 5 a 10% da população que existia há 50 anos atrás. O coelho bravo é uma das espécies cinegéticas de maior interesse (se não mesmo a mais popular), mas é também um elemento chave dos ecossistemas mediterrâneos, pois é presa de pelo menos 27 aves de rapina, 11 espécies de carnívoros e duas espécies de serpentes, onde se destacam as espécies emblemáticas do lince ibérico e a águia imperial, ambas em vias de extinção, em parte devido à diminuição da sua presa principal, o coelho.

CINQUENTA POR CENTO DAS PESSOAS QUE ACEITAM ADOTAR UM ANIMAL NÃO CUMPREM PROCESSO

Adotar animais domésticos e desistir no dia seguinte é tendência no distrito As más experiências está a levar as associações protetoras de animais domésticos do distrito a ser mais rigorosos. Grande parte dos interessados em adoptar, entrega o animal no dia seguinte. As razões são de vária ordem.

TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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dotar um cão ou um gato entre as associações protetoras de animais domésticos do distrito não é para todos. A tendência da adoção por «impulso» durante campanhas, que leva metade dos adotantes a desistirem no dia seguinte, obrigou a apertar o

torniquete à hora de se entregar os animais aos novos donos. Agora - e depois de uma série de más experiências - só após um processo de triagem mais rigoroso é que o cão ou o gato ficam naquela que vai ser a sua futura casa. «50% das pessoas que aceitam adotar um animal, no dia seguinte já não o querem», sublinha Sara Alves, responsável de adoção e presidente da Asso-

ciação Sobreviver de Setúbal, justificando assim a recusa desta instituição em entregar cães e gatos nos dias em que decorrem as campanhas, preferindo fazê-lo após posteriores contactos com os adotantes. Então como funciona o sistema? Sempre que há algum interessado em determinado animal durante as campanhas, um elemento da associação fica com o respetivo contacto telefónico e só no dia seguinte é feita a ligação para aferir se o interesse se mantém. Uma curiosidade: o contacto é estabelecido por uma pessoa diferente da que apresentou o animal na campanha, fazendo as mesmas perguntas, mas de forma diferente. Metade dos interessados desiste, depois de dormir sobre o assunto, segundo indicam os registos da organização, mas quem se propõe seguir com o processo em frente é depois su-

jeito a uma visita à própria numa espécie de “prova dos 9”. Sara Alves explica que a ideia é voltar a conversar com o interessado, perceber qual é a reação do cão ou do gato à casa e como convivem com outros animais, caso existam. “É aqui que se tudo estiver em conformidade nós deixamos o animal, mas se detetarmos algo anormal não fica”, revela a dirigente. ADOPTAR EM BEBÉ E DEVOLVER NA FASE ADULTO Caso contrário o animal será levado para a instituição. Sara Alves diz que é há quem os adote ainda bebés e os devolva já adultos, porque perderam a graça, ou quem os leve para casa mas acabe por descobrir que alguém na família é alérgico. «É tudo aquilo que não queremos para os nossos animais», alerta ainda a dirigente. Mas Sara Alves admite que

as campanhas sempre ajudam a sensibilizar a opinião pública para a adoção, aliás, tão necessária para a própria Associação Sobreviver, embora seja sempre essencial triar as condições e o entusiasmo do futuro dono. A instituição tem hoje no seu abrigo 201 animais e anualmente recolhe outros tantos – segundo os dados oficiais de 2015, cuja tendência se mantém em 2016 – levando a que a capacidade do canil e gatil se esgote, acabando os 18 voluntários da associação por abrirem as portas das suas casas aos amigos de quatro patas temporariamente. A maioria dos animais recolhidos por estarem ao abandono precisa de cuidados veterinários, exibindo maus tratos físicos e psicológicos, segundo a dirigente. «Têm surgido mais animais maltratados do que propriamente abandonados», sublinha.

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SOCIEDADE

MAIS DE MEIA CENTENA DE PESSOAS FORAM CONDENADAS O ANO PASSADO NO DISTRITO

Crimes contra crianças aumentaram na região Só este ano foram realizadas 174 perícias médico-legais, a maior parte delas foram feitas a crianças entre os 13 e os 17 anos. A maior parte dos abusos é perpetrado a meninas. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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ais de meia centena de pessoas foram condenadas em 2015 por crimes sexuais contra crianças no distrito de Setúbal. De acordo com a Associação de Apoio à Vítima, os crimes contra a liberdade e a autodeterminação sexual têm aumentado na região. Já este ano foram realizadas 174 perícias médico-legais, até ao dia 15 de novembro, pela Delegação do Sul o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciên-

cias Forenses, englobando os gabinetes de medicina legal forense de Setúbal e Santiago do Cacém, sendo revelado que a maior parte das perícias foram feitas a jovens entre os 13 e os 17 anos, no caso 87, em que 79 são raparigas e oito são rapazes. O grupo etário seguinte é o dos 5 aos 8 anos, tendo sido realizadas 36 perícias a 27 meninas e a 9 meninos, havendo também um caso de uma menina com menos de um ano de idade. 82 POR CENTO DOS ARGUIDOS FORAM CONDENADOS Entre os condenados de

2015 por abuso sexual de crianças e menores dependentes, contam-se as condenações por pornografia de menores, recurso à prostituição de menores e lenocínio e tráfico de crianças. São pessoas condenadas em processos-crime na fase de julgamento nos tribunais judiciais de 1.ª instância. A contabilização é feita tendo em conta o crime mais grave pelo qual foram condenadas. Quer isto dizer que 82% das pessoas constituídas arguidas foram condenadas. A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

(APAV) diz que se tem «assistido a um aumento crescente dos crimes de abuso sexual contra crianças, investigados

pela polícia», chamando a atenção para o facto de «uma das formas mais preocupantes desta violência é a que acontece

no seio da família, sabendo-se que os agressores são, normalmente, um familiar ou conhecido da criança».

AUTORIDADES TEMEM QUE ESTE TIPO DE ARMAS ESTEJAM A SER TRANSFORMADOS NO NOSSO PAÍS

De onde veio a arma de guerra utilizada no assalto ao continente da Verderena, no Barreiro? A metralhadora Skorpion, de origem chega, utilizada no assalto que vitimou uma pessoa e fez três feridos, está a indiciar alegadas ligações dos assaltantes a redes de tráfico internacional. Para já, o que se sabe é que há risco elevado de este tipo de armas estar a ser transformado em Portugal. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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utilização de uma pistola-metralhadora Skorpion, de origem checa, no assalto que teve lugar em outubro ao Continente do Barreiro - no qual houve um morto e três feridos, após tiroteio com agentes da PSP - surpreendeu as autoridades, que estão a investigar como é que o grupo de assaltantes teve acesso a esta arma de guerra. Uma situação que expõe ligações a redes de tráfico internacional que estão a ser investigadas também

por fornecerem armamento a terroristas, assumindo as autoridades crescente preocupação em torno do aparecimento de armamento de guerra sofisticado e de elevada qualidade. Foi a primeira vez que uma Skorpion seria apreendida - logo na noite do assalto - tendo sido realizadas perícias, com as quais a PJ quer tentar perceber como é que o grupo entrou na posse da arma. As investigações em curso a este circuito de tráfico resultam da cooperação internacional, no âmbito da Europol, envolvendo várias policias europeias, entre a quais a

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Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo (UNCT) da PJ. POLÍCIA ALEMÃ DIZ QUE ARMA FOI TRANSFORMADA EM PORTUGAL Uma das ramificações foi detetada pela UNCT e confirmada na sequência de uma operação da polícia alemã contra o crime organizado, na qual foi apreendida a espingarda de assalto Vz. 58V. A informação recolhida pelas polícias de ambos os países dá como certo que a arma foi transformada em Portugal e traficada para a Alemanha. E há receio de que

mais armas tenham sido transformadas em Portugal e estejam já a circular junto de grupos criminosos europeus ou de terroristas. O risco é elevado, não apenas para a população, mas também para as

forças policiais, pois tudo aponta para que mais armamento de guerra com origem nas redes desmanteladas pela PJ possa estar na posse de grupos ligados ao crime violento em Portugal.

Fontes policiais chamam ainda a atenção para outra realidade, a do tráfico de armas através da Internet com pouco ou nenhum controlo, e que chegam também ao mercado negro.


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SOCIEDADE

A INTERVENÇÃO VAI COINCIDIR COM O ARRANQUE, TAMBÉM EM 2017, DO NOVO HOSPITAL DO SEIXAL

Garcia de Orta vai ser ampliado já no próximo ano e ganhar mais 100 camas

Garantia foi dada pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que quer resolver de vez as necessidades da saúde na zona mais populosa do distrito. «O doente do distrito não deve ir para Lisboa», defendeu.

TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM

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ampliação do hospital Garcia de Orta vai ser uma realidade já no próximo ano. Trata-se de um novo edifício, com cerca de 6.000 metros quadrados, que vai albergar vários serviços, libertando espaço que permitirá aumentar a zona de internamento e a instalação de

mais 100 camas. A garantia foi dada, ontem, pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, durante o 1.º Simpósio de Hospitalização Domiciliária, na Costa da Caparica, em Almada, durante o qual o membro do governo defendeu que «há muito tempo que o planeamento e a intervenção, ao nível estratégico na península de Setúbal,

estavam muito condicionados», dando razão às criticas que nos últimos tempos falam de “bloqueios, congestionamentos e ausência de recursos clínicos”, na principal unidade hospital da região. «Está na altura de enquadrarmos a relação do Hospital Garcia de Orta com um polo hospitalar de características especiais no Seixal», disse o ministro, adiantando que a ampliação do Garcia de Orta vai coincidir com a abertura no novo Hospital do Seixal, prevista para o próximo ano de 2017. AMBULATÓRIO VAI GANHAR AINDA MAIS FÔLEGO Segundo o ministro, com esta dupla intervenção, vai haver «uma coordenação e potenciação da resposta» neste eixo do distrito para permitir o estrangulamento demográfico na afluência de utentes. E acrescen-

tou «há aspetos, de natureza adaptativa, que há algum tempo o Hospital Garcia de Orta tem identificado, e que condicionam muito a sua resposta, nomeadamente na área do ambulatório, que nós procuraremos que sejam coincidentes». Para Adalberto Campo Fernandes, o objetivo é ter os serviços de saúde da região com capacidade de resposta, «para que nenhum doente que resida no distrito de Setúbal tenha de ser deslocado para Lisboa, a não ser por razões de estrita referenciação clínica indicativa, e não porque o hospital Garcia de Orta não consegue responder». O ministro mostrou-se ainda «muito satisfeito» com os prémios atribuídos ao hospital Garcia de Orta, pela Otimização do Internamento e pela Unidade de Hospitalização Domiciliá-

ria, pioneira em Portugal. E o presidente do Conselho de Administração do Garcia de Orta, Daniel Ferro, disse tratar-se de uma “prenda de Natal” do ministro da Saúde.«Há mais de dez anos que o Hospital Garcia de Orta aguarda a sua ampliação para ter mais 100 camas para doentes agudos. O que vai ser construído é um novo edifício que vai albergar estruturas que estão a funcionar

no espaço onde vamos instalar essas 100 camas», detalhou Daniel Ferro. «Este novo edifício, com cerca de 6.000 metros quadrados e com dois pisos de estacionamento subterrâneo, vai ser construído num dos atuais parques de estacionamento, à entrada do hospital, e vai albergar hospitais de dia, cirurgia de ambulatório e gabinetes de consulta», acrescentou o administrador.

Autarcas de Almada e Seixal reconhecem esforço do governo Os presidentes das câmaras de Almada e do Seixal, Joaquim Judas e Joaquim Santos, designadamente, reconheceram o «esforço do atual governo para melhorar os cuidados de saúde às populações da península de Setúbal». Os dois autarcas, com o congénere de Sesimbra, Augusto Pólvora, tem desenvolvido nos últimos grandes esforços para a construção do hospital do Seixal, que consideram fundamental para repor algum equilíbrio nos cuidados de saúde desta zona do distrito.

GOVERNO REFORÇA ESTRATÉGIA ARTICULADA DE RESPOSTA À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Região decresce ocorrências dois últimos anos TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM

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ntre 2014 e 2015, o distrito de Setúbal acompanhou a tendência de decréscimo relativamente a episódios de violência doméstica, com menos 25 ocorrências registadas em termos obsolutos. A nível nacional, esse decréscimo foi superior a mil ocorrências. Quanto a mortes, a região registou, em 2015, quatro mortes de mulheres vitimas de violência doméstica e, já a caminho do fecho de 2016, há uma morte a registar, de uma mulher de 57 anos, no Barreiro, perpetrada na via pública pelo ex-marido. Estes dados, a que o Semmais teve acesso, podem ser consequência de uma maior articulação das autoridades e associações que operam no terreno nos últimos anos. É pelo menos esta a base de partida do atual governo, que assinalou, ontem, o Dia Internacional

para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. “O Governo está a trabalhar de forma articulada para dar mais eficácia às diversas respostas de proteção às vítimas de violência doméstica e ao controlo penal dos agressores. A implementação de uma estratégia operativa de cooperação interinstitucional, que inclui os organismos da Administração Interna, da Justiça e da Cidadania e Igualdade, tem permitido uma maior e mais eficaz articulação, em função da análise individual das necessidades de proteção da vítima e do risco e necessidade de contenção do agressor”, afirma uma nota de imprensa do Ministro-Adjunto, Eduardo Cabrita, que tutela estas áreas. O trabalho desenvolvido nesta articulação têm passado, segundo a mesma nota, pela avaliação do risco e das necessidades de apoio (no momento da denúncia do

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crime), e do acionamento de vários mecanismos de proteção da vítima e controlo do agressor ao longo do processo penal, até à condenação e mesmo depois da condenação. Sobretudo, através da teleassistência às vítimas, vigilância eletrónica dos agressores e prevenção da reincidência através de programas aplicados aos agressores. 50 MIL AVALIAÇÕES DESDE O ARRANQUE DO ANO Em matéria de Avaliação de Risco, a PSP e a GNR efetuaram, desde o dia 1 de janeiro deste ano e até ao momento, cerca de 50 mil avaliações e reavaliações de risco de vítimas de violência doméstica. A Avaliação de Risco é feita pelas forças de segurança com recurso, entre outros elementos, às Fichas de Avaliação de Risco, as quais permitem determinar as soluções mais adequadas à necessária proteção da vítima a definir pelos magistrados, bem como,

proceder a um acompanhamento de maior proximidade das vítimas. Desde o início do programa de teleassistência, foram aplicadas 2134 medidas, estando neste momento 1025 ativas. Em 2014, foram aplicadas 275 medidas de proteção por teleassistência e em 2015 foram aplicadas 638. Em relação ao distrito, desde a criação deste serviço e até 30 outubro deste ano, foram aplicadas 141 medidas. Entretanto, foi aprovada, em setembro, em Conselho de Ministros, a criação de uma Equipa de Análise Retrospetiva de Homicídio em contexto de violência doméstica, mecanismo de análise crítica com vista a melhorar as respostas sociais existentes nesta matéria. E está neste momento em preparação um estudo de avaliação do impacto das políticas públicas de combate à violência doméstica nos últimos 15 anos, que ficará a cargo da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

Dados sugerem maior ação sobre agressores Entre Janeiro e Setembro de 2016, foram aplicadas pelos tribunais 423 medidas de proibição de contacto entre agressor e vítima, fiscalizadas por vigilância eletrónica. O recurso a estas medidas tem registado um aumento significativo (152 em 2012, 229 em 2013, 313 em 2014, 558 em 2015). A 30 de Setembro existiam 505 indivíduos monitorizados por geo-localização. De salientar que, desde que o programa foi lançado, não há registo de nenhum caso de homicídio conjugal no contexto de vigilância eletrónica, acreditando-se também que foi possível reduzir a prevalência na ocorrência de novas agressões (20 no total). O Programa de Agressores de Violência Doméstica (PAVD), lançado em 2009, já foi aplicado a um universo 1706 indivíduos a cumprirem medidas não privativas de liberdade. Cerca de 130 técnicos superiores de reinserção social, com formação preferencialmente em psicologia, utilizam esta metodologia, com resultados ao nível da contenção comportamental e da diminuição da reincidência.


LOCAL

ALCÁCER DO SAL Luzes natalícias acendem no dia 25 A iluminação de Natal na cidade foi ligada, ontem, dia 25. O município decidiu iluminar várias ruas, artérias, rotundas, o mercado municipal, o castelo e os edifícios dos Paços do Concelho e dos serviços técnicos. Branco e vermelho são as cores predominantes. Estão iluminadas a Av.ª dos Aviadores, a marginal com a colocação de um árvore, o largo Visconde, as ruas José Cupido, Manuel Bombarda, Dâmaso Paula Leite e Direita, as rotundas Norte, 25 de Abril e Sul, as ponte rodoviária e pedonal, o largo dos Açougues, alguns apontamentos no edifício do mercado, o castelo, onde foi colocada uma estrela com cauda, as fachadas dos edifícios da Câmara e junto à farmácia alcacerense, onde foi instalada a árvore de Natal.

GRÂNDOLA Feira do livro anima vila alentejana

MOITA “Abra a Bagageira” e mostre as suas velharias Livros, roupas, artigos de decoração, brinquedos, discos, moedas, postais, mobiliário, entre tantas outras peças de artesanato, velharias e antiguidades é o que vai encontrar na feira “Abra a Bagageira” que, este mês, se realiza, este sábado, das 10 às 18 horas, na marginal da Moita, junto ao pavilhão municipal de exposições. A feira “Abra a Bagageira”, promovida pela Câmara Municipal da Moita, pretende ser um espaço que junta artesanato, velharias e antiguidades ao ar livre.

ALCOCHETE Tertúlia Casa da Malta inaugura nova sede O grupo Casa da Malta inaugura, este sábado, às 12h30, a sua nova sede, no Sítio das Hortas. Depois do hastear das bandeiras, prossegue o almoço convívio e fados, a partir das 16 horas. Com a abertura de nova casa, esta tertúlia local concretiza um objetivo há muito almejado por todos os “malteses” e para o qual a câmara também contribuiu com a cedência de uma parcela de terreno do domínio privado do município. A tauromaquia e o fado são duas paixões que movem esta tertúlia tradicionalista e regionalista também muito afamada pelos seus convívios gastronómicos.

BARREIRO Concurso de montras de Natal no comércio

A biblioteca municipal recebe até dia 8 de dezembro, a 32.ª Feira do Livro, com mostra e venda de livros de vários géneros literários, dirigidos a diferentes grupos etários, com propostas que vão dos clássicos da literatura às mais recentes novidades do universo das letras. O evento, uma das principais iniciativas de âmbito cultural que o município organiza anualmente, apresenta aos amantes da leitura centenas de livros que traduzem a participação das mais representativas editoras nacionais, a preços especiais. A novidade deste ano são as semanas gastronómicas.

O município, a Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Barreiro e Moita e as freguesias do concelho promovem o XV Concurso de Montras durante o Natal. As montras a concurso vão estar expostas de 1 a 25 de dezembro. As inscrições, gratuitas, podem ser efetuadas até 28 de novembro. O referido concurso destina-se a todos os empresários da área do comércio e serviços do concelho, sendo que os concorrentes podem apresentar a concurso uma ou mais montras. A entrega dos prémios decorre dia 16, pelas 14 horas, nos Paços do Concelho.

SINES Natal no largo anima crianças e adultos

ALMADA Costa Neves vence prémio literário e ganha 2 500 euros

O centro histórico acolhe a 3 e 4 de dezembro, a 5.ª edição do “Natal no Largo”, iniciativa que combina um mercado tradicional de Natal com animação dirigida às famílias. No mercado participam dezenas de expositores, entre artesanato e produtos alimentares. O destaque vai para a 1.ª edição do mercado noturno, no dia 3, com o prolongamento da iniciativa até às 23 horas. Podem ser tiradas fotos com o Pai Natal, há sessões de contos, oficina dos doces, animação de rua, lançamento de neve e concertos pelos The Guest e Coro Gospel de Lisboa, entre outras iniciativas.

A obra literária “Trinta Sonetos Triviais”, de Costa Neves, venceu o prémio literário de Poesia e Ficção, levando para casa 2 500 euros. De acordo com Moita Flores, porta-voz do júri, a obra «para além de um domínio perfeito da técnica do Soneto, no que respeita à substância, quer a originalidade, quer a dimensão estética são fora do vulgar, por vezes brilhantes». Organizado pela CMA, desde 1995, o prémio visa estimular a criação literária e o aparecimento de novos autores naturais, residentes ou que exerçam a sua atividade no concelho.

MONTIJO União mutualista celebrou 144 anos A União Mutualista N.ª Sr.ª da Conceição comemorou 144 anos, no dia 19, nas instalações da Banda Democrática 2 de Janeiro. O edil Nuno Canta marcou presença e enalteceu o papel da União Mutualista local: «os montijenses confiam na União Mutualista, nos seus serviços, profissionais e dirigentes. É com base na história e na profunda ligação entre a população e a União Mutualista que devemos olhar para as dificuldades atuais e procurar, com sentido de responsabilidade e serenidade, os caminhos do futuro». O autarca relembrou que a câmara atribui recentemente cerca de 50 mil euros para a sua unidade de gastrenterologia.

SANTIAGO DO CACÉM Skate Park avança em St.º André A construção do Skate Park de Vila Nova de St.º André, arrancou dia 14, «que é, por excelência, uma cidade com o skate no seu ADN», sublinha Álvaro Beijinha, edil local, que esteve presente no início dos trabalhos. Está orçado em 140 mil euros. «É com enorme satisfação que iniciámos as obras do Skate Park. Muitos são os jovens que, ao longo dos anos, têm praticado esta modalidade desportiva, inclusive com um campeão nacional por mais do que uma ocasião. É um desejo de muitos jovens e até de outros já não tão jovens», destaca Álvaro Beijinha.

SESIMBRA Requalificação do jardim do Pinheiro até final do ano SEIXAL Mostra internacional de fanzines em Paio Pires A Sociedade Musical 5 de Outubro, em Paio Pires, continua a receber, até dia 27, a 1.ª edição da Mostra Internacional de Fanzines, com exposições de fotografia e de banda desenhada, palestras, DJ set, vídeos e ateliês para crianças. A iniciativa conta com a participação de Geraldes Lino, estudioso, crítico e editor de fanzines de banda desenhada, e Pedro Pereira “Pepedelrey”, reconhecido artista, argumentista e editor de banda desenhada. A mostra é organizada pela Associação Aldeia Cooperativa de Artes e pela Fanzineteca de Coimbra, com o apoio do município, da União das Freguesias do Seixal, Arrentela e da Aldeia de Paio Pires e da Sociedade Musical 5 de Outubro.

PALMELA Presépio de Natal em tamanho real O município promove o “Natal em Palmela”, que pretende atrair turistas. De 9 de dezembro a 6 de janeiro, Palmela estará iluminada com motivos alusivos à quadra festiva e contará com a presença de um presépio, de Teresa Martins, com trabalho reconhecido a nível nacional, onde além das figuras de caráter religioso, também terão lugar personagens de cariz etnográfico, devidamente identificadas, que retratam algumas das figuras mais emblemáticas da vila, no século passado, e as suas vivências. Será um presépio em tamanho real, fortemente ligado à história e às tradições locais. Além do Presépio, haverá música, oficinas de danças tradicionais, atividades infantis, duende malabarista, entre outras atividades.

O jardim do Pinheiro, primeiro espaço verde da Quinta do Conde, vai ser remodelado pela Câmara. Situado junto ao cruzamento do nó desnivelado, na EN10, foi construído há cerca de 30 anos. Com 3 500 metros quadrados, esta intervenção, que se prevê que arranque antes do final do ano, visa reabilitar e devolve o brilho de outros tempos. O projeto contempla a construção de novos caminhos, plantação de relva e de árvores, requalificação do bebedouro e zona envolvente, arranjo da pérgola, instalação de rede de rega, bancos e papeleiras, pintura do parque infantil, arranjo da rede do campo de jogos e colocação de mesas para jogos.

SETÚBAL Auditório Charlot encerra para obras O cinema Charlot vai estar fechado ao público de 5 a 16 de dezembro para obras de beneficiação. A intervenção liderada pela Câmara incide na substituição integral da plateia do auditório, que conta com um total de 239 lugares. Nesta operação, uma empreitada a decorrer ao longo de duas semanas, são instaladas novas cadeiras, mais modernas e que conferem renovadas condições de conforto para o público que usufrui daquele equipamento municipal. Os trabalhos incluem ainda a reparação do piso do palco.

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CULTURA

ESPELHO MÁGICO E ACTAS ESTREIAM MUSICAIS DE LUXO PARA A QUADRA NATALÍCIA

Dois clássicos de Natal encantam a pequenada e famílias de Setúbal Espelho Mágico e ACTAS estreiam espetáculos para encantar os mais novos e famílias durante a quadra natalícia. Ambos os musicais, feitos com brilho e magia, estão a ter lotações esgotadas pelos locais por onde passam. Cultura de Setúbal ganha projeção. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM

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grupo Espelho Mágico estreou com muito brilho, magia e casa esgotada, o musical “Quebra-Nozes”, com texto e encenação de Miguel Assis, que tem como estrelinha o jovem Rúben Rodrigues, cantor/ator que já participou nos programas televisivos “Uma canção para ti” e “The Voice”. No final houve bolo de aniversário e moscatel de Setúbal para cantar os parabéns ao grupo que está a festejar os 20 anos. A diretora Céu Campos faz um balanço «muito positivo» da estreia do espetáculo: «Estou muito satisfei-

ta. Houve muito calor e entrega do público na sala. Muito suor e lágrimas mas conseguimos montar um grande espetáculo, com casa cheia e com as cinco sessões seguintes esgotadas. Setúbal respondeu pela positiva ao nosso esforço», sublinha, reconhecendo que foi «bastante complicado montar um espetáculo com este nível de exigência com os subsídios que recebemos». Foi com «magia e muito trabalho e engenho» que o Espelho Mágico preparou este musical recheado de figurinos e cenários ricos e vistosos, sublinha Céu Campos, que realça que os 20 anos de atividade do grupo têm sido superados com «muitas dificuldades

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mas, sobretudo, com muito amor ao teatro». O vereador Pedro Pina afirmou que o Espelho Mágico é um grupo «fundamental» para a Setúbal, pois «projeta a cultura da região e atrai novos talentos e públicos». “Quebra-Nozes”, com músicas de António Carlos Coimbra, volta este domingo ao Forum Luísa Todi às 15 e 17 horas, também já esgotadas. Depois regressa a 5 e 9 de fevereiro. ACTAS CATIVA NOVOS PÚBLICOS Também a ACTAS estreou, em grande estilo, o musical de Natal “Um Natal diferente”, no Grupo Desportivo Independente, no dia 18, com textos de Portugal da

Silveira e Bruno Frazão, e músicas de Artur Jordão. Com lotação esgotada na estreia, o musical tem tido boa assistência nos restantes espetáculos, de acordo com o encenador Bruno Frazão. «O musical tem estado a ser muito bem aceite, com públicos novos a virem visitar o nosso espetáculo. Temos agendados onze sessões durante o mês de dezembro, todas elas compradas por escolas, juntas de freguesias e câmaras municipais. Desses onze, apenas mais um, para já, vai ser aberto ao público, que será o último do ano, no dia 23 de dezembro, no Independente», sublinhou. A presidente do município, Dores Meira, que assistiu ao espetáculo, elogiou a

força do associativismo e reconheceu que o musical merece ir ao palco do Forum Luísa Todi para que os alunos das escolas o vejam».

O próximo espetáculo “Um Natal diferente“ tem lugar este sábado, às 21h30, na Associação de Moradores do Casal das Figueiras, em Setúbal.


CULTURA

AGENDA

CARLA E JOANA LANÇAM MENSAGEM DE AMOR

Dupla setubalense dá voz ao fado em “Cumplicidade” ALMADA26NOVEMBRO21H00

NÁUFRAGO PELO AO CABO TEATRO TEATRO JOAQUIM BENITE

A companhia Ao Cabo apresenta “Náufrago”, a partir de Thomas Bernhard, com encenação de John Romão e interpretação de Nuno Cardoso. Partindo do texto homónimo deste escritor austríaco Thomas Bernhard, a peça investiga as formas segundo as quais nos preparamos para nos encararmos como mortais.

MONTIJO26NOVEMBRO21H30

COMÉDIA “GOODBYE MARIA ALBERTINA” SOCIEDADE RECREATIVA DA ATALAIENSE

A comédia/musical “Goodbye Maria Albertina”, do grupo Mascarenhas-Martins, a partir da poesia de Maria Marques Jacinto, encenada por Maria Mascarenhas, termina hoje o seu périplo pelas freguesias do concelho do Montijo.

BARREIRO26NOVEMBRO21H30

COMÉDIA “LA NONNA” DIVERTE TEATRO MUNICIPAL

Não perca a peça de teatro “La Nonna”, pela companhia “Arteviva”. É uma comédia de Roberto Cossa, com encenação de Luís Pacheco, que conta a história de uma avó centenária que devora tudo o que lhe passa pelas mãos e que com o seu egoísmo conduz a família à autodestruição.

SINES26NOVEMBRO22H00

CONCERTO SÁTIRA SALÃO DA MÚSICA

O grupo pop/rock siniense Sátira, após 17 anos de ausência, regressam com a mesma garra e amor pela música. Ana Dias, João Rocha, João do Ó, Vítor Gonçalves e Filipe Daniel voltam a apresentar-se com uma reformulação na sua estrutura, pois junta-se o ex-baterista, Pedro Sequeira, que agora toca como guitarrista.

CD de Carla e Joana Lança é lançado dia 3, na biblioteca de Setúbal. “Cumplicidade” junta as vozes de mãe e filha no fado tradicional e prova que é preciso amor e entrega para vencer. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM

C

arla e Joana Lança, mãe e filha, lançam no dia 3 de dezembro, às 16 horas, na biblioteca municipal, o álbum de estreia que junta as dozes vozes do fado setubalense. A oportunidade de cantarem juntas no mesmo disco deve-se ao facto do sucesso que têm tido junto do público e, por isso, dedicam o registo discográfico a toda a gente que acreditou e tem acompanhado estas vozes fadistas. “Cumplicidade”, com 12 temas, é maioritariamente constituído por fados tradicionais, sendo três de poemas originais, dois de José Raposo e um de Mário Soeiro. Mãe e filha cantam juntas nos fados “Silêncio” e “Somos do fado a verdade”. «Este CD é fado puro. Os temas foram escolhidos com a ajuda dos aplausos que recebemos nas atuações ao

vivo», sublinha Carla Lança, que realça que o disco traz várias mensagens: «De amor essencialmente. Amor ao fado e a tudo o que nos rodeia. Só com amor e muita cumplicidade se pode superar e viver o melhor de nós, com esperança, amizade e, sobretudo, paixão pelo que se faz». Com um investimento a rondar os mil euros, “Cumplicidade” só foi possível gravar devido a «muita dedicação e esforço» de toda a família e de amigos. Mas Carla Lança destaca o apoio incondicional do marido. «Ele é

nosso admirador mas muito crítico. Quando a Joana foi cantar ao Coliseu dos Recreios, a 31 de outubro passado, com tanta emoção nem conseguiu tirar fotos. E foi assim que surgiu esse título. Nem pensámos duas vezes. Espelha a relação que nós duas temos pelo fado e a nível pessoal». O álbum, cujo título foi escolhido pela cara-metade de Carla Lança, foi gravado no estúdio Gestesom, propriedade do guitarrista Tozé Cerdeira, e demorou cerca de uma semana a preparar.

Gala distingue talentos setubalenses

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4 jovens sadinos que se destacaram este ano são homenageados na festa “Jovens Revelação”, dia 30, às 21h30, no Fórum Luísa Todi, por iniciativa do município. No desporto, é distinguido Gabriel Santos, no kickboxing, João Colaço, praticante de desporto adaptado, e Nídia Andreia Ideias, aikido. Na moda, são homenageadas Alícia Isabel, Viviana Casimiro, Bárbara Gavaia e Linda Cardoso e, na dança, a bailarina Catarina Branco. Diana Lima, produtora, argumentista e realizadora, e Pedro Almeida, realizador, são os jovens distinguidos na área do cinema. São atribuídas distinções aos soldadores Leonardo Domingos e Joana Silva, que ficaram em 1.º e 3.º lugares no 42.º WorldSkills Portugal. Diogo Ferreira e Diogo Catatão são homenageados nas áreas da História Contemporânea e música.

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SEIXAL26NOVEMBRO21H30

NOITE ANTENA 3 PROMETE BOA MÚSICA FORUM CULTURAL

A Jigsaw & The Great Moonshiners Band e Storm & The Sun são os grupos convidados da Noite Antena 3. O espetáculo resulta de uma aposta de Nuno Calado, reconhecido profissional desta rádio, com o seu programa «Indiegente», há 19 anos no ar, e que mais uma vez se junta à autarquia a apoiar novos projetos da música nacional.

SESIMBRA26NOVEMBRO21H30

MÚSICAS D’OUTONO IGREJA DA CORREDOURA

O Músicas d’Outono, que arrancou em outubro, prossegue elo até final deste mês. O programa termina hoje com a atuação do grupo de fado Desassossego, composto por estudantes de Coimbra. A iniciativa é promovida pela Junta de Freguesia do Castelo.

GANHE CONVITES PARA O MUSICAL “UM NATAL DIFERENTE” O Semmais tem para oferecer aos seus leitores 3 convites duplos para o musical “Um Natal Diferente”, da ACTAS, que sobe ao palco do ‘Casarão’, em Setúbal, este sábado, às 21h30. Para ser contemplado com os convites basta ligar 918 047 918 ou 96 943 10 85.

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DESPORTO

PRESIDENTE DE “OS PELEZINHOS”, FALA DO SEU AMOR AO CLUBE E RELEMBRA A SUA HISTÓRIA

«Um dia que isto acabe, não sei o que vou fazer» Mário Mestre tem 67 anos de idade e já leva 28 ao serviço deste clube tão peculiar do concelho de Setúbal, um arauto na formação de muitos jovens futebolistas. Nesta entrevista, recorda como tudo começou, os sonhos cumpridos, mas também as dificuldades e os novos desafios.

dson Arantes do Nascimento calçou as chuteiras pela última vez. Nessa tarde de Sábado o maior de sempre despediu-se do mundo do futebol num particular entre o Cosmos e o Santos. No final dos 90 minutos, e já depois de ter marcado o seu último golo, Pelé saiu do campo carregado em braços e ovacionado pelas quase 80.000 pessoas que esgotaram o estádio dos “Giants”. A história de Pelé terminou nessa tarde, mas outra estava prestes a começar, muito longe dali no espaço e no tempo. Quatro anos depois a mais de 5.400 quilómetros de Nova Iorque, um bando de miúdos corria atrás duma bola imitando os dribles do grande Pelé. Foi nesse antigo parque de estacionamento, num campo improvisado pela paixão pelo jogo, arrumado entre prédios e nas traseiras da Praça do Brasil, em Setúbal, que começou a história do Clube Desportivo “Os Pelezinhos”. Mário Mestre recorda tudo isto com um sorriso nostálgico, olhando para cima e para a sua direita, como que recorrendo aos arquivos da sua memória para contar a história do clube que preside. Aos 67 anos de idade Mário Mestre leva já vinte e oito anos de “Pelezinhos”, os últimos onze à frente dos destinos dum clube que por mérito próprio tornou-se no segundo maior formador da cidade de Setúbal, rivalizando com o Vitória Futebol Clube. É o próprio que o reafirma: «Não sei se não teremos mais equipas neste momento. Deve estar ela por ela».

ca após época. O pequeno clube de bairro que um dia viu os seus miúdos baterem bolas nas traseiras dum parque de estacionamento onde foram colocadas duas balizas, conseguiu quebrar a hegemonia do Vitória, o clube que vinha dominando o futebol de formação. Os miúdos do bairro colocaram-se em bicos de pés e não se amedrontaram na hora de crescer. Anos mais tarde foi assinado o protocolo que colocou os “Pelés” no campo municipal da Várzea, o campo que passou a ser a casa dos Pelezinhos a partir de 1999. Foi também assim que a aparente rivalidade entre os “Pelés” e o Vitória Futebol Clube foi crescendo ao nível do futebol de formação, uma rivalidade que Mário Mestre diz ter conhecido períodos de franca cooperação entre os dois emblemas, «sobretudo nos tempos de Nicolau da Claudina, na altura o Coordenador do futebol de formação do Vitória Futebol Clube». Um homem que o presidente dos “Pelés” recorda com saudades pelo seu conhecimento e rectidão, «muito diferente do que se vê agora por aí». Instalados na sua nova casa os Pelezinhos tiveram de esperar 15 longos anos para dizerem adeus ao pelado que durante tanto tempo foi o seu terreno de jogo no retângulo da Várzea. A 4 de Outubro de 2014 foi inaugurado o sintético no campo número 1, «uma grande luta», nas palavras de Mário Mestre e que permitiu ao clube ganhar uma dimensão completamente diferente, não só na cidade mas também dentro da própria Associação de Futebol de Setúbal.

220 ATLETAS REPARTIDOS POR VÁRIOS ESCALÕES Dos petizes até aos seniores, ao todo são perto de 220 atletas repartidos pelos vários escalões de formação. Mas nem sempre foi assim. Mário Mestre recorda-se do ano em que os “Pelezinhos” mudaram-se do antigo campo para a Várzea. Foi há 17 anos atrás e para isso muito terá contribuído o título de campeões distritais da Associação de Futebol de Setúbal, um título que na altura «fez abrir os olhos a muita gente», afirma. Mas a maior vitória dos “Pelés” foi conseguida a pulso, épo-

MUDANÇA DE INSTALAÇÕES FOI UM PRÉMIO A exemplo do que aconteceu com a mudança de instalações uns anos antes, também o sintético no campo número 1 acabou por ser uma espécie de prémio da Câmara Municipal de Setúbal. «Vimos reconhecido o bom trabalho desenvolvido nos últimos anos», não só isso mas nas palavras de Mário Mestre também foi reconhecido o impacto social que o clube teve naquilo que é a «formação de jovens atletas e pessoas». E com a chegada do sintético ao campo número 1 tudo mudou.

TEXTO PEDRO GAMITO IMAGEM SM

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Em dois anos o Clube Desportivo “Os Pelezinhos” passou de pouco mais de uma centena de atletas para os atuais 220. «Todos os anos chegam miúdos de todo o lado que querem jogar aqui, até do Vitória», sublinha o responsável. O sintético era a peça que faltava no puzzle. Alcançado esse objetivo Mário Mestre colocou em prática um projeto que tinha há muito tempo guardado na gaveta: a equipa de seniores. E foi assim do papel e da gaveta que Mário Mestre transformou o sonho em realidade. Depois de inscrita na Associação de Futebol de Setúbal a equipa de seniores começou a ganhar forma, embora numa conjuntura que o próprio reconhece ser «não muito favorável devido à falta de apoios» e ao espaço limitado das instalações. Longe vão os tempos em que na cidade encontrava sempre portas abertas e pessoas do meio empresarial disponíveis para ajudar, agora encolhe os ombros quando questionado sobre que empresas podem patrocinar o futebol de formação, exceção feita à SECIL que «ajuda todos à sua maneira».

Com todos os escalões de formação e a equipa de seniores em andamento a palavra “espaço” tornou-se um exercício complexo que necessita de cálculo permanente semana após semana. Durante algum tempo o presidente dos “Pelezinhos” ainda teve a expetativa de que o campo número 2 da Várzea – o campo Fernando Tomé – «pudesse vir a aliviar o calendário de jogos», mas depois de instalado o sintético, não foram concluídos os trabalhos necessários. Até à data Mário Mestre diz que o campo Fernando Tomé continua sem homologação por parte da Associação de Futebol de Setúbal, não podendo ser utilizado para partidas de carácter oficial. A isto acresce o facto das equipas que competem a nível nacional terem prioridade sobre aquelas que competem a nível distrital, assim sendo o campo número 1 da Várzea é também a “casa” dos Juniores do Vitória Futebol Clube e a “casa” da “EFFS”, a Escola de Futebol Feminino de Setúbal. Encaixar tudo isto no mesmo retângulo de jogo é algo que obriga a uma logística complexa, mas «com boa vontade tudo se

consegue». Mas pese embora a equipa de seniores seja o seu projeto mais recente, isso não retira a Mário Mestre o foco daquilo que realmente importa, a formação. O dia do presidente começa cedo e termina tarde. Por volta das 7h da manhã já Mário Mestre anda nos seus afazeres. Ele e a esposa Teresa Mestre nunca chegam a casa antes da meia-noite. É assim todos os dias do ano exceto nas férias. São os únicos 30 dias do ano que Mário Mestre não dedica ao clube que preside. «Faz falta para carregar as baterias», diz sorrindo. Já esteve «não sei quantas vezes para abandonar» mas, todos os anos, terminada a época, sente «falta dos miúdos», e a força que parecia ter perdido para recomeçar tudo outra vez vai encontra-la nos miúdos, tem sido assim desde que está à frente do clube mas Mário Mestre sabe que um dia isso pode acabar. QUASE TRÊS DÉCADAS DE DEDICAÇÃO Depois de quase 3 décadas dedicadas aos “Pelezinhos” confessa não saber calcular o futuro. «Um dia que isto acabe não sei o que vou fazer!», atira. Perspetivando o que seria a sua vida se deixasse os “Pelezinhos” Mário Mestre diz que o silêncio é o que mais assusta, afinal aquele frenesim da miudagem a correr atrás duma bola continua a ser a sua maior fonte de motivação para continuar à frente dos destinos do clube, isto à beira de


DESPORTO completar os 68 anos de idade. Um trabalho que não faz sozinho, para lá da sua esposa Mário Mestre conta com a ajuda que diz ser preciosa do vice-presidente José Pereira, o seu «braço direito». Mas não obstante o apoio que recebe do seu “vice”, Mário Mestre não se desvia um milímetro da forma que entendeu ser a mais correta para presidir o clube durante os últimos 11 anos. «Só pode haver uma voz de comando e uma pessoa a mandar, senão ninguém se entende e cada um faz o que quer». Nos Pelezinhos essa pessoa é a figura do presidente, e o próprio assegura que vai ser assim até ao último dia em que estiver à frente do clube. E acrescenta mesmo: «Não posso sequer adoecer». INCERTEZAS PARA UM NOVO MANDATO Quando chegará esse dia é algo que nem o próprio sabe neste momento. Para 2018 estão agendadas novas eleições, Mário Mestre desconhece a existência de qualquer lista concorrente e também não sabe à distância se irá concorrer para novo mandato. É algo que vai decidir «com calma e mais em cima do acontecimento». Até lá Mário Mestre continua a ser o vértice duma enorme pirâmide invertida que não para de ganhar peso e dimensão, sobretudo desde 2014 altura em que foi inaugurado o campo sintético. É a ele que os treinadores têm de prestar contas, sobretudo a nível disciplinar e essa é uma palavra que não se cansa de repetir: «disciplina». Diz não intrometer-se no trabalho técnico dos treinadores, mas não tolera questões disciplinares dentro do clube, nem da parte dos jovens atletas para com os treinadores, nem tão pouco da parte dos treinadores para com os jogadores. «A disciplina no clube é muito importante. Aqui queremos formar atletas, mas acima de tudo queremos formar homens», refere. Para Mário Mestre as palavras “disciplina” e “formação” andam de mãos dadas. Diz que enquanto estiver à frente dos “Pelezinhos” o clube não deve apenas procurar formar atletas, deve acima de tudo procurar formar homens. Esse é aliás o aspeto que mais valoriza na formação e que, a seu ver, perdeu-se nos grandes emblemas do distrito, mais orientados para a procura imediata de resultados, muitas vezes em prejuízo

dos jovens atletas que não estão preparados para lidarem com essa pressão. Por essa razão diz também que «não é qualquer treinador que tem perfil para vir treinar para os Pelezinhos». É ele próprio que escolhe quem quer ter à frente das suas equipas e não esconde que «há muita gente que quer vir para cá». Mas apesar das prioridades estarem muito bem definidas – o rapaz à frente do jogador -, isso não tem impedido o clube de alcançar bons resultados nos diferentes escalões de formação, algo que inclusivamente já valeu no passado um protocolo com o Sport Lisboa e Benfica. Mário Mestre recorda nomes como Sandro, Rúben Vezo e Mário Loja, atletas que foram formados nos Pelezinhos e que chegaram à elite do futebol profissional em Portugal. «O PORTO ENTROU EM CONTATO CONNOSCO». Mais recentemente foi o Futebol Clube do Porto que teve a iniciativa de entrar em contato com os “Pelezinhos”. Uma «primeira abordagem» que resultou no agendamento duma reunião para o final do mês de Novembro. Mário Mestre sublinha que «o Porto não fala com qualquer um, falou connosco e se o Benfica souber disto se calhar também vai ligar». Quase 40 anos depois daquele jogo no estádio dos “Giants” em Nova Iorque, Edson Arantes do Nascimento não deve seguramente saber que em Setúbal há um clube que tem na sua génese, não só a alcunha pela qual ficou mundialmente conhecido, mas também uma história aqui e ali muito parecida com a sua própria história de vida. Tal como fez Pelé quando foi criança algures em Minas Gerais, também por cá um bando de miúdos saiu da rua e do bairro, saiu dum parque de estacionamento arrumado entre prédios onde um dia alguém se lembrou de colocar duas balizas, saíram dali debaixo da roupa estendida e dos olhares atentos dos seus pais para um retângulo de jogo e para o campo de futebol que viria a ser mais tarde a casa de todos os miúdos que envergam a camisola dos “Pelezinhos”. E como recorda Mário Mestre, algures na antiga sede onde muita coisa do clube se pensou há quase 40 anos atrás, ainda por lá deve estar pendurada a antiga bandeira do grande Pelé, a mesma que já lá estava a 9 de Fevereiro de 1983, quando tudo começou.

Grândola distinguido com o galardão “Município Amigo do Desporto”

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rândola foi distinguida pela Associação Portuguesa de Gestão do Desporto com o galardão “Município Amigo do Desporto”, pela sua intervenção no desenvolvimento desportivo, nos resultados obtidos e na adoção de processos de melhoria contínua no seu município. A atribuição do galardão a Grândola surge após uma candidatura apresentada em outubro pela autarquia e que incidiu sobre oito áreas-chave: organização desportiva, instalações desportivas, eventos desportivos, programas desportivos, parcerias, desporto solidário, desporto sustentável, desporto inclusivo, legislação e marketing e inovação. Para a vereadora do desporto, Carina Batista, a atribuição do galardão a Grândola significa «o reconhecimento do trabalho que o Município tem vindo a desenvolver, ao longos

dos anos, de modo a proporcionar a todos mais e melhores condições para a prática desportiva, quer através da dinamização e promoção de atividades e eventos desportivos, quer no melhoramento dos equipamentos desportivos existentes no concelho». Com esta candidatura, o

município terá acesso ao relatório com análise SWOT, identificação de oportunidades de melhoria e planos de melhoria, da auditoria desenvolvida por técnicos especializados ao seu modelo de funcionamento na área do desporto, bem como, acesso a formação creditada na área da

gestão do desporto, entre outros benefícios. A cerimónia de entrega do Galardão aos 27 municípios portugueses distinguidos pela APOGESD realizou-se a 17 de novembro, durante o 17.º Congresso desta associação, que decorreu em Setúbal.

Alto do Moinho recebe encontro internacional de karaté

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pavilhão municipal do Alto do Moinho, em Corroios, recebe, até domingo, o GKI Gasshuku de Inverno 2016, um encontro inter-

nacional de karaté. Trata-se de um encontro de treino prolongado que reúne os praticantes num método de aprendizagem coletivo onde se aperfeiçoam técnicas e se forta-

lece o espírito de grupo. O evento conta com exames de gradação para cintos negros, durante a tarde deste sábado, e a tradicional Sayonara Party, também no sábado, às 20 horas.

É organizado pela Associação Karatedo Goju-Ryu Portugal e Casa do Povo de Corroios, com o apoio da CMS, Junta de Corroios e hotel Aldeia dos Capuchos.

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NEGÓCIOS

REQUALIFICAÇÃO DA SECUNDÁRIA JORGE PEIXINHO PRONTA ATÉ AO FINAL DO ANO

«As obras da Parque Escolar nesta escola foram interrompidas por razões absurdas» Até ao final do ano, os 1550 alunos da secundária Jorge Peixinho, no Montijo, vão ter a possibilidade de usufruir de um espaço escolar com mais qualidade e dignidade. A autarquia decidiu retomar as obras interrompidas em 2013 pelo Governo PSD/CDS. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM CMM

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presidente do município do Montijo, Nuno Canta, acompanhado dos vereadores Francisco dos Santos e Maria Clara Silva, mostrou aos jornalistas, no dia 21, as obras de requalificação da escola secundária Jorge Peixinho, as quais deverão estar prontas no fim do ano. Na visita também marcaram presença a diretora da escola, Maria João Serra, e representantes da Parque Escolar, que constataram os trabalhos que ali estão a ser desenvolvidos, os quais «dignificam a cidade, pois é uma obra extremamente estratégica e fundamental para o Montijo». Para Nuno Canta, trata-se de uma obra da Parque Escolar, que foi para-

da pelo Governo do PSD, por «razões absurdas», e que a autarquia decidiu retomar, sublinhando que «há escolas no País que ainda recomeçaram as suas obras». O autarca garantiu que a câmara desenvolveu todas diligências possíveis para a prossecução desta obra, pois a requalificação da secundária Jorge Peixinho é «uma mais-valia para a cidade e para a formação e educação dos montijenses». Já a diretora da escola, afirmou que esta obra «é crucial» para «o crescimento da cidade e para os alunos», sublinhando que a escola vai ficar «completamente nova, com infraestruturas adequadas ao século XXI». E conclui: «Sem a colaboração do município eu não teria possibilidade de dar a disciplina de Educação Física a estes alunos».

De recordar que a requalificação esteve interrompida entre março de 2013 e janeiro de 2016, devido a um diferendo entre o Ministério da Educação e o empreiteiro, que foi dirimido em tribunal. No global, as obras na escola abrangem mais de 8 mil metros quadrados, dos quais cerca de 5 mil metros quadrados são de nova construção. Estamos a falar de um investimento de 11 mil euros que permite oferecer aos 1550 alunos um espaço mais moderno. OUTROS INVESTIMENTOS PARA O CONCELHO Nuno Canta aproveitou a ocasião para revelar outros investimentos previstos para o concelho, como a construção da estrada da Vara Longa, que liga a cidade ao Bairro da Bela Colónia. A obra orça em mais de 95 mil euros e

deverá estar pronta no primeiro trimestre de 2017. «Vamos construir cerca de um quilómetro de estrada de acesso a este bairro. É fundamental para a qualidade de vida das gentes que ali habitam». Já num restaurante da cidade, durante um almoço oferecido pelo município à imprensa, o edil perspetivou os investimentos previstos para o concelho ao abrigo do Portugal 2020. O investimento mais emblemático, de 2 milhões de euros, é a Casa da Mú-

sica Jorge Peixinho e o Jardim do Pocinho das Nascentes. Vão também avançar a requalificação dos edifícios e do espaço público dos bairros sociais da Caneira e do Afonsoeiro, que permitirá a melhoria das condições de habitabilidade e de integração social dos moradores, bem como a requalificação das escolas Luís de Camões e Joaquim de Almeida, no valor total de 670 mil euros. Foi, ainda, projetado e contemplado nos investimentos a concretização

do Centro de Recursos para a Infância e Adolescência, que combate o abandono e insucesso escolar. Entre outros projetos, as candidaturas apresentadas pela câmara ao Portugal 2020 incluem, ainda, o Montijo Ciclável, orçado em 870 mil euros, entre Montijo e o Pinhal Novo; a requalificação das piscinas municipais; a continuação da pedonização da rua Miguel Pais; a conversão de um pavilhão na Montiagri e a requalificação da Ermida de Santo António.

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SUCURSAL DE SETÚBAL DA CITROËN APRESENTOU NOVO C3

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Sucursal de Setúbal da Citroën deu a conhecer, no sábado passado, o novo “Citroën C3”, um modelo com forte potencial de personalização que complementa, com um estilo audacioso e tecnologias inéditas no segmento, esta importante renovação do seu best-seller.

Para além dos vários níveis de equipamento e de motorizações, destaca-se, em estreia mundial, a ConnectedCAM Citroën™, uma câmara de alta definição integrada que permite a recolha e imediata partilha de imagens e vídeos nas redes sociais. O evento teve lugar nas instalações da Sucur-

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sal de Setúbal ao final da tarde onde o espaço foi reduzido para receber os clientes, os fornecedores, os parceiros e os amigos que quiseram estar presentes para descobrir o Novo Citroën C3 e ao mesmo tempo desfrutar de alguns momentos de alegria ao som das músicas de Diogo Piçarra.


NEGÓCIOS

Produtores da região promovem Adega de Palmela moscatéis de qualidade em Palmela conquista bronze Para dar a provar os vários moscatéis de excelência da região, váe prata em Hong Kong rios produtores e adegas da região reúnem-se em Palmela para dar a provar e incentivar à aquisição deste ex-líbris da região tão premiado além-fronteiras.

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os dias 3 e 4 de dezembro, a Câmara de Palmela e a Rota de Vinhos da Península de Setúbal promovem mais uma edição do Festival do Moscatel. O cine-teatro S. João, em Palmela, é palco do certame, que reunirá os principais produtores de Moscatel de Setúbal. Além da mostra, prova e venda de Moscatel de Setúbal, Moscatel Roxo e de brancos, tintos e espumantes elaborados a partir da casta Moscatel de Setúbal, o certame integra um programa de animação, recheado de provas orientadas por enólogos, show cookings, conferências, animação musical, demonstração e prova de cocktails com base de Moscatel. A doçaria regional, as compotas e os licores também marcam presença, sendo de sublinhar uma prova de Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo, acompanhados pelos novos Bombons de Moscatel de Setúbal, numa parceria entre a

Quinta do Piloto e a Confeitaria S. Julião. No dia 3, às 18h30, destaque, também, para o Brinde comemorativo do 5.º aniversário da distinção de “Palmela Cidade Europeia do Vinho 2012” e para a entrega de diplomas aos produtores do concelho de Palmela premiados no XV Concurso Internacional de Vinhos “La Selezione del Sindaco”. Na vila, uma Rota dos Petiscos e Moscatéis oferece novas oportunidades de degustação e visita. Com entrada livre, este será um

momento privilegiado de promoção e visibilidade para o Moscatel de Setúbal DOC e para a dinamização da economia local, proporcionando a quem nos visita a oportunidade de adquirir produtos de grande qualidade para degustar ou oferecer na quadra festiva. vO certame conta com o apoio da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal e da Caixa de Crédito Agrícola de Entre Tejo e Sado.

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s vinhos Villa Palma e o Adega de Palmela, Branco 2015, foram galardoados com medalha de bronze e de prata, respetivamente, no concurso Cathay Pacific Hong Kong International Wine & Spirit Competition. A International Wine & Spirit Competition, com sede em Londres, funciona há 47 anos e é a principal plataforma do mundo para reconhecer a qualidade na indústria dos vinhos. Foi o primeiro ano que este concurso se realizou na Ásia e o júri contou com os melhores apreciadores de vinhos de vários países asiáticos incluindo a China, Singapura, Japão, Coréia, Taiwan e Índia. Os prémios atribuídos são «uma referência e garantia de qualidade para muitos compradores o que torna este reconhecimento um grande motivo de orgulho para a Adega de Palmela», refere fonte da empresa. Com mais de 60 anos de his-

tória, a Adega de Palmela está situada na região da Península de Setúbal e conta hoje com cerca de 300 sócios, mil hectares de vinha e uma produção que ronda os 9 milhões de litros.

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ENTRE O GESTO E A PALAVRA CASA DA CULTURA SETÚBAL | MUITO CÁ DE CASA

DAS COISAS NASCEM COISAS

Ao princípio era o verbo

JOSÉ TEÓFILO DUARTE

DIESIGNER | DIRECTOR DE ARTE

O que têm os autores a dizer para além do que escrevem?

TEXTO JOSÉ TEÓFILO DUARTE IMAGENS ARQUIVO DDLX

Não é indispensável conhecer o autor e discutir com ele a obra, mas provavelmente satisfaz melhor a nossa curiosidade intelectual. Lev Tolstoi dizia: “Escrevo livros, por isso sei todo o mal que eles fazem”. O sofrimento que a criação traz ao criador é assunto recorrente em encontros com escritores. Há os que sofrem muito com o acto, os que adicionam estimulantes ao corpo para que a criatividade se solte e há os que se divertem à brava com o trajecto que as palavras percorrem quase sem eles darem por isso. Dizem eles. Tolstoi “queixava-se” da importância que a leitura de um livro pode ter no leitor. Há autores que mudaram a vida de pessoas. Há pessoas que mudaram a vida de autores. António Lobo Antunes escreve à mão. Os manuscritos são depois editados letra por letra, e o resultado é fina literatura. Da melhor. Lobo Antunes é um excelente conversador. Nos idos anos oitenta do século passado, passou pelo Cìrculo Cultural de Setúbal, onde nos surpreendeu com a informalidade do discurso, o sentido de humor e a literatura maior que se desprende de todas as suas intervenções. Para além de Lobo Antunes passaram pelas sessões do Círculo muitos outros escritores e outros autores de variadas disciplinas. José Saramago foi um dos convivas, muito antes de o Nobel lhe ser espetado na lapela. Outros: José Afonso, Vitorino, Adriano Correia de Oliveira, Rogério Ribeiro, Virgílio Martinho, Manuel da Fonseca, Hipólito Clemente, Baptista-Bastos e mais uns quantos que a minha memória não guar-

dou e a pressa não me permitiu vasculhar nos arquivos. Tudo isto aconteceu entre 1985 e 1987. A iniciativa respondia por Dois Dedos de Conversa com..., e o dito Círculo Cultural de Setúbal ficava no local onde hoje se ergue a Casa da Cultura da cidade. Quando me convidaram para repetir estas cenas, propus que a coisa respondesse por outro nome. Depois de umas voltas por ditos e ditados propus um assim a dar mais ou menos para o trocadilho — detesto trocadilhos, mas este pareceu-me pouco obsceno — com o nome da instituição. Jogam as palavras: Casa com casa, e assim ficou o Muito Cá de Casa. Os encontros estão marcados para as segundas e últimas sextas-feiras do mês. A iniciativa é da autoria da DDLX e da Divisão de Cultura do município. A promoção é feita online — facebook, site da Casa — e em suportes impressos editados pelos serviços de comunicação da autarquia: Jornal da Casa, mupi informativo e em outros materiais. Desafiamos autores a revelarem a hesitação perante a folha em branco e o que representa para eles escrever e publicar. Depois de dezenas de convidados, continuamos a achar que a coisa vale a pena. É sempre acrescentada substância ao nosso conhecimento. Percebemos que afinal é bom conhecer o artista para além da sua obra. O próximo convidado é Mário Zambujal. Talento e simpatia ao nosso dispor. E agora está na hora de agradecermos a toda esta gente que se dispôs a vir ao nosso encontro. Os nomes estão mencionados na coluna aqui do lado. A literatura interpreta a vida. Bukowski diz que a aperfeiçoa. A vida continua. Muito obrigado a todos.

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Fotografia de Herberto Smith | Epicur

Ouve-se com frequência: conhece a obra, não queiras conhecer o autor. O decreto poderá ser assertivo. Há artistas geniais que é melhor ficarem no silêncio dos seus ateliês. Mas gente insuportável há em todo o lado e em todas as actividades. Por que não conhecer a criatura que escreveu aquele livro de que gostámos tanto? Desilusão? Logo se vê. José Eduardo Agualusa conversa com leitoras antes do autógrafo

O Homem duplicado

Gonçalo M. Tavares e a colaboradora/moderadora Rosa Azevedo

Com “Romão e Juliana” vamos ao reinado de D. João V, ele próprio protagonista de aventuras galantes, ficou célebre a que manteve com Soror Madre Paula Teresa de Almeida, Madre do Convento de Odivelas. De igual liberdade não gozam Romão e Juliana pelo que tentam vencer as barreiras em peripécias sucessivas. Fiel ao seu consagrado estilo narrativo, pleno de imaginação e humor, Mário Zambujal traz-nos uma nova e apaixonante história. Texto de apresentação de Romão e Juliana

Luís Afonso e João Paulo Cotrim explicam-se AUTORES CONVIDADOS

Cristina Carvalho Alice Brito Ana Zanatti José Eduardo Agualusa Helena Vasconcelos Fernando Luís Sampaio António Mega Ferreira Gonçalo M. Tavares Rui Zink Helder Moura Pereira Fernando J. B. Martinho Fernando Rosas Francisco Louçã Fernando Dacosta Cláudia Clemente Valério Romão Cesário Borga Hélia Correia Manuel Bola António Cabrita Paulo José Miranda Mariana Mortágua Jorge Costa João Francisco Vilhena Pedro Almeida Vieira Ana Mouta Faria André Gago Teolinda Gersão Ana Cristina Silva José Ruy José Anjos Albérico Afonso Costa António de Castro Caeiro Luís Afonso Afonso Cruz Eduardo Pitta

Tomás Vasques José Simões Viriato Soromenho-Marques Sérgio Gonçalves do Cabo Paulo Guimarães Jorge Silva Melo Rui Simões Luísa Tiago de Oliveira Maria Alexandre Lousada Luís Cardoso Manuela Paraíso Fátima Rolo Duarte Sérgio Godinho José Mário Silva José Mouga João Freire João Madeira Cesário Borga Mário Zambujal EDITORES

Helena Vieira Guilhermina Gomes Ana Maria Pereirinha Vasco David João Rodrigues João Paulo Cotrim COLABORAÇÕES ESPECIAIS

António Ganhão Rosa Azevedo José Nobre Ana Luísa Rodrigues Fátima Medeiros Sérgio Cardeira Pedro Soares Luís Gouveia Monteiro

Deu em escrever o que lhe dá na real gana. E não é que o homem se safa? Mário Zambujal chamou ao seu novo livro Romão e Juliana. Evidente brincadeira que remete para a obra Romeu e Julieta, de William Shakespeare. O autor pretende que o enredo seja mais divertido do que o do clássico da Literatura universal. O livro foi posto à venda há poucos dias. Confirmam-se os intuitos de Zambujal: o livro é mesmo muito divertido. Nasceu no Alentejo, mas foi adoptado por uma Lisboa irreverente e noctívaga. No Bairro Alto deu os primeiros passos como jornalista. Baptismo em A Bola. Estabeleceu uma parceria com a noite da capital. Diz que, entre outras vantagens, de noite não há moscas. Argumentou em filmes e passou por programas de televisão. Tornou-se uma figura popular. Em Crónica dos Bons Malandros contou uma história de desajeitados marginais. Incompetentes assaltantes. Definiu assim uma certa fauna lisboeta. O livro vendeu como pãezinhos e Fernando Lopes passou-o a filme. Continua em plena actividade vivendo as suas duas vidas de sempre: continua a publicar crónicas e não pára de escrever livros. Na literatura anda pela contemporaneidade e por enredos históricos, por vezes muito complicados. Uma população de malucas e malucos povoam os seus livros. Gente com juízo também por lá anda. Digo eu. Quem tem por ali juízo ou nem por isso é o leitor que decide. Mas vamos ter a oportunidade de chamar o autor às suas responsabilidades. Ele vai estar à disposição da nossa curiosidade, no estrado da sala José Afonso, na Casa da Cultura, no próximo dia 2 de dezembro, sexta-feira, às 22 horas, em sessão integrada na rúbrica Muito Cá de Casa. Romão e a sua doce Juliana vão ser assunto primeiro da conversa com Rosa Azevedo e comigo. Mas é claro que iremos muito lá atrás. Os bons malandros vão estar na berlinda. Ou não fossem eles os principais culpados disto tudo. Gostaríamos de contar com a vossa presença.


EDITORIAL

OPINIÃO

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Orçamento de Estado para 2017 Raul Tavares Diretor

Oportunidade de ouro para a Saúde na região

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e os astros estiveram de feição, finalmente o próximo ano pode arrumar de vez as prioridades de acesso à saúde na península de Setúbal. Os últimos anos foram uma lástima. O Centro Hospitalar de Setúbal bloqueou com a deriva de utentes oriundos de uma periferia aparentemente próxima, Sesimbra, obrigados a mudar de rumo entre o Garcia de Orta, Almada, e o S. Bernardo, em Setúbal. O Centro Hospital do Barreiro/Montijo, bloqueou, com falta de recursos, nomeadamente em especialidades relevantes, e não mais parou de gerar pequenos e grandes ‘engulhos’ perante aumento de utentes. O Garcia de Orta, dotado para ser o epicentro da gestão dos cuidados de saúde na península gerou a grande bolha, nomeadamente nas urgências, com contínuos e permanentes congestionamentos. Afinal, trata-se de uma unidade que foi concebida para dar resposta a 150 mil habitantes e serve, hoje, quase meio milhão. As ruturas nestas unidades hospitalares têm sido de monta. E arrastaram outros problemas mais graves, muitos deles por negligência de recursos. Morreu gente, talvez muita gente que devia ter sido salva. Agora, parece, vai arrancar a obra do novo hospital do Seixal, relevante pela localização e, sobretudo, aligeirando a pressão sobre o Garcia de Orta. Almada e Seixal são os dois concelhos do distrito mais demograficamente densos. E, ficamos a saber esta semana, da ampliação não prevista, para já, do Garcia de Orta. Uma intervenção decisiva, a qual, ao contrário do seria de supor, não vai travar o avanço da unidade do Seixal. O governo oferece-nos uma espécie de dois-em-um, que pode permitir uma reorientação estratégica do setor na península. Mas neste gestão futura é bom que se veja toda a floresta, isto é: como vão articular as quatro grandes unidades hospitalares e como se vão gerir toda a rede dos centros de saúde e as políticas do ambulatório, cuja experiência em Almada está a dar bons resultados. Se houver uma estratégia, com visão integrada e para além do hoje, julgo que a região vai ganhar outra qualidade.

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a qualidade de membro do Conselho Económico e Social tive, recentemente, a oportunidade de estudar o Orçamento de Estado para 2017. Já muitas foram as reações e os comentários, uns mais construtivos e outros menos. Julgo que estamos perante uma mudança de ciclo que, facilmente, identificamos neste Orçamento e que, aliás, já era esperada. Contudo, há uma mudança ao nível europeu que também deve ser assumida e não apenas por Portugal. Para que o nosso país possa ser também um protagonista com posições claras, é necessário que se consolide a cooperação entre todos os países da União Europeia (UE), no que toca à correção dos mecanismos e critérios previstos no tratado orçamental e na legislação comunitária, que assegurem uma efetiva convergência solidária entre as economias da UE. Se este caminho não for trilhado e o Governo português continuar, devido à discrimina-

ção existente entre países, a quedar-se numa posição interna defensiva, para não ferir negociações com Bruxelas, os atuais constrangimentos irão perdurar e o crescimento económico de Portugal continuará a estar comprometido, bem como, com grande preocupação, as suas políticas sociais. É por demais evidente que existem na UE diferentes posições entre os Estados membros no que diz respeito à aplicação das regras de consolidação orçamental, isto, naturalmente, leva a que se prejudiquem países com menos poder de negociação, como é o caso de Portugal. Cria-se uma enorme instabilidade dentro do país se continuar a pairar sobre as nossas cabeças a espada dos constrangimentos e da aplicação de sanções, através, como se sabe, da suspensão de fundos comunitários. Por esta razão, é cada vez mais imperioso, que se avance numa política de relançar o crescimento económico associado a critérios justos de distribuição dos

ATUALIDADES EUGÉNIO FONSECA

PRESIDENTE DA CÁRITAS DIOCESANA rendimentos que resultarem desse crescimento. Sem isso, Portugal não poderá dar o salto qualitativo que se anseia depois de tantos anos a suportar os custos de uma crise que nos deixou tão fragilizados económica e socialmente. Tal como uma larga maioria dos elementos do Conselho Economico Social, também eu vi com grande satisfação a possibilidade de se implementar, a nível nacional, a dinâmica do Orçamento participativo. É muito importante que seja dada voz aos portugueses e aos organismos civis no sentido de colocarem em debate as suas visões para o desenvolvimento sustentável e integrado do país. Que seja uma oportunidade de crescimento nacional, bem divulga-

da, bem participada e, sobretudo, muito transparente. Um orçamento é sempre uma previsão. Não haverá mal nenhum se, ao longo da sua execução, forem necessários reajustamentos. Desejo que, a fazê-las, sejam para libertar o nosso querido Portugal das garras dos credores internacionais e jamais para aumentar o endividamento, bem como para diminuir as horrorosas desigualdades existentes. Estes justos desígnios estão ao nosso alcance, sendo apenas necessários que os Partidos Políticos se abram à realização de compromissos comuns em tudo o que for indispensável para concretizar o desejável bem comum. Se assim fizerem, o povo voltará a ter confiança na classe política.

Os sonhadores

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ão nos conformamos com a realidade. Não chega. Parece-me, contudo, que não estamos sozinhos. Só uma pequena minoria poderá dizer que vive apaziguada com a diferença entre aquilo que idealiza e o que, na prática, consegue atingir. Não me refiro apenas aos direitos que deveriam estar plenamente assegurados, mas sim a uma possibilidade ainda mais ambiciosa de transcendermos a nossa condição. Ficamos limitados, principalmente, quando nos permitimos acreditar que não é possível derrotar “os grandes poderes instalados”. Esta descrença leva a que, por vezes, a mudança seja encarada como uma ameaça à estabilidade. O que, por sua vez, faz com que mesmo aqueles que desejam uma realidade diferente acabem por contribuir para que tudo

fique na mesma. Os artistas que desejam contribuir para uma nova realidade centram, muitas vezes, a sua obra numa relação com o presente. Quando, por exemplo, Jimi Hendrix decidiu incluir no seu concerto em Woodstock (1969) uma versão do hino americano, “The Star-Spangled Banner”, talvez não tenha tido consciência de como poderia tornar-se um momento definidor da geração que não só se opôs à Guerra do Vietname mas lutou, também, por um conjunto de direitos que hoje temos mais ou menos assegurados. Uma geração de sonhadores que procurou influenciar o surgimento de uma nova realidade, destituindo aquela que não lhe servia. O que é extraordinário no gesto de Hendrix é a coragem de ter partilhado, em público, uma expressão dolorosa e franca

À PARTE LEVI MARTINS

DIRETOR DA COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS daquilo que entendeu que caracterizava o seu presente. Ao transformar o hino americano num lamento, adicionando-lhe alusões a bombardeamentos, gritos e morte – no final de um festival que simbolizava, em si, o contraponto a uma ideologia belicista – não propunha nenhuma solução, nenhuma saída fácil, nenhum tipo de alienação. O solo não terminava numa catarse na qual os espectadores pudessem refugiar-se da necessidade de acção. Pelo contrário, se incitava a algum tipo de revolta, tal deve-se, justamente, ao facto de exprimir o ponto de vista de

quem não conseguia alienar-se em relação ao que de mais assustador se passava à sua volta. Em tempos de “pós-verdade”, nos quais “os factos objectivos têm menos influência na opinião pública do que incitações à emoção e às crenças de cada um”, precisamos cada vez mais de quem tenha a coragem de se relacionar com a realidade de uma forma directa e honesta. Só assim será possível trabalharmos para que, um dia, estejamos mais próximos de, em maioria, nos sentirmos mais satisfeitos com a realidade em que vivemos.

Diretor Raul Tavares | Redação Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida – coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Maiscom, Lda; NIPC 506 806 537 | Concessão Produto Maiscom, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@ mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

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