FILHOS
SIMPLES ASSIM Marta Goulart Silveira Pimenta
Marta Goulart S. Pimenta
FILHOS, SIMPLES ASSIM primeira edição
2012
Marta Goulart Silveira Pimenta Copyright ® 2010 by Marta Goulart Silveira Pimenta FILHOS, SIMPLES ASSIM. Projeto Gráfico e Ilustrações: André Pizarro primeira edição
Revisão: Helena Gramiscelli Magalhães. primeira edição
Fotografia: Fox Rvelações
índice 1 - SIMPLES ASSIM
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2- BOM SENSO, A GRANDE vIRTUDE DOS HOMENS
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3- PLANEJAR TER UM FILHO 4- AMAMENTAR: UM GESTO DE AMOR.
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5- SACOLEJAR? PRA QUÊ?
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6- ESTAR NO LEME
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7- NÃO TENHO TEMPO!
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8- BIRRA OU CARÊNCIA ?
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9- TEIMOSIA
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10- a COMER BEM, TAMBÉM SE ENSINA!
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11- CULTIVE BONS HÁBITOS...
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12- O RESPEITO ENSINA-SE RESPEITANDO!
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13- SSSSSSSSSSSSS! FALE BAIXO!
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14- CONVERSE MUITO...
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15- AFUGENTE O MEDO...
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16- ESTIMULE A CRIATIVIDADE
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17- CULTIVE A ALTA AUTOESTIMA...
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18- ESCANDALIZAR JAMAIS!
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19- RIDICULARIZAR, NUNCA!
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20- CRIE UM FILHO, NUNCA UM REI...
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21- NEM VALENTÃO, NEM COVARDE...
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22- JUSTIÇA SEMPRE!
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23- MENTIRAS NÃO CONVENCEM!
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24- AUTORIDADE PAI X MÃE
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25- RESPONSABILIDADES! DISTRIBUA...
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26- ENSINE A REPARTIR...
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27- NÃO DIVIDA SEUS FILHOS!
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28- VIOLÊNCIA, NUNCA!
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29- BARGANHA, SEMENTE DA CORRUPÇÃO
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30- SIMPLICIDADE FACILITA AS COISAS!
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31- PUDOR, ESTE VELHO ESQUECIDO
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32- NÃO PERCA SEU FILHO DE VISTA !
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33- VÍCIOS
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34- FELIZ DO HOMEM QUE TEM DEUS PARA CRER!
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dedicatória Dedico este livro à Maria Angélica, amiga que me fez tirá-lo do fundo da gaveta, que o leu pela primeira vez e me entusiasmou a editá-lo. À minha mãe Luisa, aos meus avós Antero e Caxuxa que me fizeram a pessoa que sou. A meu marido Duntalmo, fiel timoneiro e companheiro de todas as horas na criação de nossos filhos. A meus filhos, Augusto Mário, Marina, Renato Henrique e Milena que foram “barro novo” em nossas mãos. Hoje, obrasprimas e razão deste livro. A meu neto João Pedro, em quem coloco minha esperança de ver no mundo pessoas cada vez melhores.
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agradecimentos A DEUS, por ser o “oleiro” de minha vida, moldando-me com seu infinito amor de Pai. A JESUS CRISTO, amigo fiel e companheiro inseparável de todas as horas. A MARIA SANTÍSSIMA, Mãe que zela por mim e por minha família de maneira incondicional. E a VOCÊ que me prestigia ao ler este livro.
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nota da autora Não tenho a pretensão de dar receitas infalíveis de como se deve ou não educar os filhos. Meu desejo é passar a todo pai ou mãe, que por ventura tenha este livro em mãos, a experiência de uma mãe que teve a alegria de criar dois casais de filhos, desde o nascimento até hoje, quando já são maiores, capazes, cidadãos de bem, e que fazem diferença positiva no mundo em que vivem. Vivendo, criando e observando ao meu redor, percebi que criar nossos filhos não é difícil nem complicado. É tudo muito simples. Nós, adultos, é que complicamos, quando não usamos o bom senso. Um pai e uma mãe podem ser extremamente competentes na formação da personalidade de seus filhos, mesmo que não tenham tido a oportunidade de estudar. Basta que estejam atentos e desejosos de acertar sempre, ou quase sempre, para que seus filhos cresçam emocionalmente equilibrados em um ambiente repleto de amor e harmonia. Resumindo, o que realmente importa é que nossos filhos tenham equilíbrio emocional, que sejam pessoas aptas a trilhar com segurança qualquer caminho que escolherem, enfrentando com serenidade as dificuldades que com certeza encontrarão pela vida. Tudo quanto escrevo, neste livro, foi o que exercitei com meus filhos e o que observei ao meu redor sobre o assunto. E tudo foi extremamente válido. Procurei sempre usar o bom senso, a observação e o desejo de dar a meus filhos uma criação positiva, diferente da que tive, e acima de tudo, o desejo imenso de que eles fossem felizes, equilibrados emocionalmente, amados e respeitados por todos, estejam onde estiverem.
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simples assim
Acredito que os pais são os primeiros “construtores” da vida
de seus filhos. E nesta delicada tarefa, tudo se resume simplesmente a três palavras: Amor, Respeito e Limites.
Se conseguirmos, em todas as nossas condutas e atitudes na
educação e orientação de nossos filhos, observar o real significado destas palavras, seremos bem sucedidos.
Quando digo “construir”, é por acreditar que uma criança é
como um“barro novo” cuja personalidade é em grande parte moldada pelos pais. A eles cabe a responsabilidade de cultivar valores e princípios que irão sustentar o equilíbrio emocional de seus filhos. Além da bagagem genética, o ambiente, as oportunidades e as pressões externas terão influência na vida dos filhos. No entanto, todas as suas escolhas, consciente ou inconscientemente serão feitas baseadas no equilíbrio emocional construído pelos pais durante a infância e adolescência.
Desta forma, podemos entender quanta responsabilidade
está em nossas mãos. O barro é novo, com ele podemos construir uma bela obra de arte ou uma obra medíocre e arruinada para sempre. Os pais têm a missão de acertar no feitio de sua obra. Deus nos empresta seus filhos, cheios de potencialidades, para que sejam nossos nesta Terra. Assim, não teremos uma segunda chance. É acertar ou acertar. Se errarmos, por ignorância, descuido ou o que é pior, por omissão, certamente pagaremos um preço muito alto pelos erros. Mas, acreditem: É SIMPLES ACERTAR!
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BOM SENSO, A GRANDE VIRTUDE DOS HOMENS O bom senso é uma virtude ao alcance de todas as pessoas de boa vontade.
É preciso, antes de tudo, exercitar sempre o bom senso. O
bom senso é acessível a todas as pessoas normais. Por que, então, vemos ao nosso redor tantos absurdos em situações tão corriqueiras do dia-a-dia? Podem até parecer bobagens os pontos que vou focar daqui em diante.Sendo assim,você que se dispôs a ler este livro, é quem fará uma avaliação rigorosa e decidirá o que acha válido ou não aproveitar na criação de seus filhos e netos.Perceberão que são condutas e atitudes simples e óbvias, mas que, se não conduzidas com bom senso, acabam transformando a educação dos filhos em um verdadeiro caos, caos sem conserto.
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PLANEJAR TER UM FILHO O momento é de simplesmente AMAR
Planejar a chegada de um filho é o ideal. Com planejamento,
o casal ou a mãe solteira terão menos sobressaltos.Tudo estará mais sob controle quando o bebê chegar. Mas... Pode acontecer uma gravidez inesperada.
Por descuido ou por falha técnica, uma mulher pode se engra-
vidar de repente, sem nenhum planejamento, numa situação financeira desfavorável ou até psicologicamente despreparada. E agora, mamãe, o que fazer nesta situação tão adversa? Primeiro: mantenha a calma.
Nada de começar a se preocupar com pessoas e coisas que ain-
da não têm nenhuma importância. Nada de se preocupar, agora, com o que os outros vão falar (no caso de mãe solteira) e com detalhes menores como enxoval, parto, dinheiro etc. O momento é de simplesmente amar este filho que Deus lhe permitiu conceber. O resto,resolve-se depois. E acredite, se existir o seu amor incondicional de mãe por esta vida que está dentro de você, o resto virá por acréscimo. Ame, aceite e proteja seu filho com toda a responsabilidade, porque desde o primeiro momento de vida ele já percebe se é querido ou não. Não deixe para amá-lo depois que nascer, cometendo o erro de valorizar primeiro o que tem menos ou nenhuma importância. Ele poderá já trazer do ventre materno o sentimento de rejeição que sofreu durante a gravidez. Isso já é cientificamente comprovado. Conheço pessoas que inconscientemente rejeitaram seus filhos e que, até hoje, sofrem as consequências deste desamor. Foram crianças desajustadas e agora são
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adultos agressivos e rebeldes. O mais triste é perceber que estes filhos não se aceitam e não aceitam suas mães. São inseguros e violentos, especialmente com elas. Não é preciso saber muito para entender o que ocorre. O filho rejeitado devolve na mesma moeda rejeitando a mãe. E isso é doloroso.
Assim, simplesmente ame. Nada no mundo é mais impor-
tante do que o bem-estar de nosso filho. Com a alma serena e repleta de amor maternal, resolva então as questões menores.Você verá que é mais simples do que possa imaginar. Reze para que Deus lhe conceda um filho saudável.A partir daqui, nunca mais fale em preferência por um menino ou uma menina. Seu filho ou filha já estão concebidos, não tem mais como preferir este ou aquele.
Quando alguém lhe perguntar de que sexo você quer seu
filho, exercite dizer: O que estiver pronto aqui dentro!
Peça ajuda às pessoas que a amam. Organize-se de acordo
com suas condições financeiras. Usar a rede pública para o pré-natal e ter seu filho não é nenhuma vergonha, pelo contrário, é um direito seu. Faça um enxoval condizente com sua condição financeira. Evite o exagero, pois a criança cresce depressa e muita coisa acaba se perdendo. Além do mais, muitos presentes poderão vir de amigos e parentes, então evite supérfluos, busque um equilíbrio, valorize o básico e o útil. Assim, cada coisa a seu tempo e tudo enfim se resolve. Seu filho não precisa de tudo quanto este mundo consumista oferece, precisa, sim, de todo o amor do mundo.
Fico a imaginar, pensando em tantos casos que conheço,
quanto sofrimento poderia ter sido evitado se os filhos não planejados, principalmente das mães solteiras, tivessem sido recebidos com
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amor, sem preconceitos e falsos moralismos. Quantos avós travaram com suas filhas uma verdadeira guerra porque elas engravidaram, para depois terem nestes netos suas razões de viver! Eu continuo a dizer: o que vale é simplesmente amar. O resto, a seu tempo, se resolve.
Tenho observado também, neste mundo materialista em que
estamos vivendo, que muitas mulheres estão adiando por muitos anos a realização do desejo de serem mães. Quando uma mulher não deseja ser mãe, é melhor que cuide para não se engravidar; mas se é um sonho acalentado,acho um disparate que ela fique esperando que tudo esteja dentro dos “conformes” para ter seus filhos. Então fica para depois, quando tiver aquele emprego, a casa própria, aqueles móveis, aquele carro, aquela promoção, quando mudar de cidade... E o tempo da juventude, da idade ideal para uma gestação sem riscos, com saúde e disposição para cuidar de um filho vai passando e escorrendo, como areia, por entre os dedos.
Procure equilibrar esta espera. Avalie o que realmente é ne-
cessário e importante você conseguir antes de planejar um filho. Nada no mundo é mais gratificante para uma mulher que deseja ser mãe, do que a alegria da maternidade. Sei, por experiência própria, que nossos filhos nunca são obstáculos para que uma mulher alcance seus objetivos na vida; pelo contrário, eles nos dão motivação maior para a realização de nossos sonhos. E nesta caminhada, é maravilhoso que eles estejam do nosso lado, participando e alegrando nossa existência de mãe. Lembre-se de que a vida é uma só, que ela passa muito rápido e que nela não existe partida nem chegada. O que realmente vale a pena é a caminhada. Sendo assim, caminhe pela vida acompanhada de seus filhos.Verá que não existe companhia melhor e mais satisfatória
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no mundo. DICA DE MÃE: Vejo a vida como uma emocionante e bela jornada. Muito mais interessante do que “A jornada nas estrelas”, porque esta, cada um de nós pode vivenciar. Cada momento da vida é único e especial. E, quando um filho está a caminho, uma etapa diferente de tudo o que você já viveu, estará apenas começando dentro desta grande jornada. Sendo assim, prepare-se espiritualmente para viver, sem perder um segundo, desta grande aventura de se tornar pai e mãe. Quando falamos em filho, corremos o risco de sermos injustos, ao pensarmos mais em maternidade do que em paternidade. Este pensamento também precisa ser mudado na cabeça de nossos futuros jovens pais. A idéia de que ao pai cabe o papel quase que exclusivamente de provedor está ultrapassada. O pai deve viver e curtir sua paternidade tanto quanto a mãe curte a sua maternidade. Sendo assim, futura mãe, você que traz em si a ternura e a doçura por ser mulher, não permita que seu marido, companheiro ou pai de seu filho,fique à margem dos preparativos para a mais importante e definitiva etapa de suas vidas. Incentiveo a participar com você de cada detalhe: a lista do necessário enxoval; a escolha de cada peça, do pagãozinho à banheirinha; a preparação do quartinho ou apenas do cantinho do bebê; as visitas ao ginecologista durante o pré-natal. Preparem-se juntos para o primeiro banho, a cura do umbigo, a troca de fraldas, a maneira certa de amamentar e dar a mamadeira e um remédio. Quando pai e mãe permanecem juntos nesta preparação, sentem-se mutuamente apoiados e fortalecidos e a grande hora será mais uma bela aventura em suas vidas. Se for possível ao pai estar presente na hora do parto, e ele tiver vontade disso, pro-
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curem viabilizar este momento. Aqui chamo atenção para um detalhe: é normal que os pais de primeira viagem achem que não serão capazes de cuidar de seu bebê nos primeiros dias de vida. Esta é uma idéia de acomodação que vem se repetindo ao longo dos tempos.
Digo-lhes jovens mães, por experiência própria, porque fui
mãe pela primeira vez aos 22 anos, que não existe ninguém mais capaz e mais indicada para cuidar de seu bebê do que você! Não abra mão desta nova e gratificante experiência. O primeiro banho será único. A cura do coto umbilical também. Não se acomode, tente com toda boa vontade e coragem e verá o quanto é jeitosa e capaz e o quanto isto a fará feliz. Não estou dizendo que você não poderá contar com o apoio e a orientação de alguém mais experiente, o que sugiro é que “ponha a mão na massa”. Atitudes como estas a farão segura, realizada e auto-suficiente. Nestes primeiros dias, o pai que, via de regra, é mais desajeitado que a mãe, estará, sempre que possível, presente e atuante, dando seu amoroso apoio logístico à mãe e ao seu filho.Assim,unidos no mesmo objetivo se fortalecerão mutuamente. Historinha Real: Quando tive meu primeiro filho, tinha 22 anos e nenhuma experiência anterior no trato com recém-nascidos. Longe de minha família, e em uma cidade em que conhecia poucas pessoas, eu cheguei da maternidade pronta para começar minha jornada de mãe. Naqueles tempos, trinta e cinco anos atrás, as mães não contavam com nenhuma orientação profissional nas maternidades. Felizmente, hoje as coisas mudaram. Conheço maternidade pública onde é dada à jovem mãe toda a orientação de que ela precisa, por profissionais que ensinam como dar o primeiro banho, curar o umbigo, como fazer para o bebê abocanhar o peito corretamente; assistência de psicólogo
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e de assistente social. Bem, voltando à minha historinha... Cheguei da maternidade, preparei o banho com água morna, nem quente nem fria demais, coloquei roupas, fraldas, gaze, tudo à mão. Eu não tinha opção. Estava só com meu filho, um pedacinho de gente de 2.850 kg.
E, naturalmente, estava muito ansiosa com o novo desafio.
Será que eu conseguiria me sair bem? O único jeito de saber era tentando. Neste momento, chega uma velha amiga de outros tempos que era enfermeira experiente. Quando entrou e viu que eu estava com tudo preparado para dar o banho, ela, muito resolvida, disse: “eu é quem vou dar o primeiro banho neste menino!” Tirou sua roupinha sem nenhuma cerimônia, ensaboou a cabeça, o rosto, lavou o corpo todo, molhou o umbigo ( naquela época eu achava que não devia !) Eu, marinheira de primeira viagem, estava achando até aquele momento que bebê se quebrava fácil. Não é bem assim. É preciso pegar firme para não vergar a coluna, coto umbilical pode ser molhado sem nenhum risco,e é preciso ter cuidado para não jogar água no nariz e ouvidos (passa-se apenas a mão molhada ), mas nada demais. Só quando o banho começou, é que percebi que minha amiga tinha tomado seus “golinhos” de costume.
Enquanto ela lavava, eu percebi que ela estava tonta. Camba-
leava um pouco para frente e para trás, enquanto dava o banho. Meu filho estava oscilando em suas mãos! Eu fiquei atenta, apreensiva e a postos. Pensei: se ela soltar eu o agarro no ato! Felizmente, não foi preciso. O banho “cambaleante” terminou sem imprevistos.. Mas, esta inesperada ajuda me deixou uma lição: Se ela que não era a mãe e estava tonta tinha conseguido dar o banho, porque eu, que era a mãe, totalmente sóbria e cuidadosa, não conseguiria? Daquele dia em dian-
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te, tornei-me exímia cuidadora de bebês. Além dos meus quatro filhos, cuidei de mais onze bebês filhos de minhas amigas, durante o primeiro mês de suas vidas. É simples assim. Ninguém nasce sabendo fazer as coisas; basta ter vontade de aprender e fazer com amor, para fazer bem feito.
O tempo passou e, há três anos, nasceu meu neto. Apesar de
me considerar “exímia cuidadora de bebês”, segurei minha vontade de avó e deixei que minha filha cuidasse de seu filho desde o primeiro banho. Afinal, eu tive meus momentos exclusivos de MÃE. Nada mais correto, que ela também experimentasse esta emoção. E ela se saiu muito bem, apesar de nunca antes ter segurado um recém-nascido. Mesmo que você não se considere muito jeitosa, vá em frente. Lembre-se do velho ditado: “Pé de galinha não mata pinto”. Com amor, cuidado e bom senso você verá que é a pessoa mais jeitosa e a mais indicada para cuidar de seu filho. E isto lhe trará muita alegria e autoconfiança.
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FILHOS DE UMBIGO, FILHOS DO CORAÇÃO
MARINA
Augusto Mário RENATO HENRIQUE
JOÃO PEDRO
MILENA
PAULA
BRUNO
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BERNARDO
ANA CAROLINA
MARIA CARMEM
LUCAS
LUCIANA
FRANCISCO CÉLIO
SARAH SAMyRA
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AMAMENTAR: UM GESTO DE AMOR. Amamentar é simples, basta amar! Todas as mães sabem, através das exaustivas campanhas de esclarecimento e conscientização, que é fundamental para o bebê o aleitamento materno. O leite materno alimenta e imuniza o bebê contra diversas doenças e auxilia no seu equilíbrio emocional, pois há uma aproximação afetiva entre mãe e filho. Triste é perceber que ainda existem mães que se negam a amamentar. Por vaidade, por medo de ver os seios se deformarem, por preguiça, por comodismo ou por manha, alegando doer.Todas estas desculpas escondem o mesmo sentimento: egoísmo. E este é o outro lado da medalha do amor. Sem amor, não há doação, sem doação não é possível a amamentação e as consequências negativas virão com certeza. A criança estará sujeita a infecções de toda natureza, poderá se tornar mais irritadiça, mais arredia com a mãe, mais insegura e agressiva nos seus relacionamentos futuros. Isso só para exemplificar o que nos diz qualquer pediatra. Resumindo:Amamentar é simples, basta amar! Dica de Mãe: Com algumas exceções,é falsa a idéia de que a criança não pega o bico do peito ou “eu não tenho leite”. O que pode acontecer é a mãe não posicionar corretamente o bico do peito e não querer amamentar. Isto acontece até com as vacas. Algumas escondem o leite e rejeitam o bezerro. Com a mulher não é diferente. Se você não se dispuser a amamentar muita coisa poderá acontecer para que você não amamente. Aí vêm as desculpas de que não tenho leite, a criança não pega o bico.... Nada disso é verdade. Disponha-se a amamentar, faça tudo da maneira correta e o resto será natural... A hora da amamentação precisa ser especial. É preciso que a mãe se sinta totalmente confortável para não sentir dores e não sofrer desnecessariamente. Quando for amamentar, procure
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sentar-se em uma cadeira com o assento largo e firme e de encosto que acomode suas costas adequadamente. Não use poltrona estofada, porque é macia e costuma desnivelar o corpo sobrecarregando a coluna. Sente-se com a base da coluna bem encostada no fundo da cadeira, de modo que as pernas e a coluna formem um ângulo de 90 graus. Apóie os dois pés no chão. Não cruze as pernas nem coloque um pé sobre o outro para não dificultar a circulação sanguínea. Insisto dizendo: não amamente sentada na cama, com perna dobrada ou coluna dando voltas. Não dobre a coluna para que o bico do peito chegue até a boca do bebê. Providencie um travesseiro macio e coloque debaixo do braço que sustenta o corpo do bebê para fazê-lo chegar à altura de abocanhar o peito. Na primeira vez que for amamentar, e para fazê-lo “pegar” o bico corretamente, segure atrás da cabeça com a mão espalmada e levea firmemente até o bico do seio, quase que forçando o danadinho a abrir a boca para respirar, já que o nariz ficará por um segundo tampado. Assim que ele abrir a boca, coloque o bico do peito todo dentro da boca aberta. Afrouxe a pressão sobre o nariz e ele terá todo o bico dentro da boca. Segure firmemente, sem apertar, para que ele sinta o bico e comece a sugar. Não tem erro. Não deixe a boca do bebê frouxa ou distante do bico, conduza-o com firmeza e mantenha a posição para que ele não se solte e, a mãe Natureza fará o resto. Fazendo assim, ele não pegará o bico na pontinha o que daria margem ao aparecimento de fissuras, sangramento e dor.. Procure seguir estas dicas de uma mãe experiente que, infelizmente, aprendeu errando. Jovem, sem experiência e sem nenhuma orientação, quando amamentei meu primeiro filho fiz tudo ERRADO. Amamentei sentada em cima da cama. Com o corpo todo torto, minha coluna doía que chegava a queimar! Os bicos de meus seios racharam e infeccionaram. Mesmo assim, continuei a amamentar apesar da imensa dor, porque eu sabia da necessidade da amamentação para que meu filho crescesse saudável. No entanto, nenhuma mãe precisa sofrer enquanto ama-
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menta. Fazendo tudo corretamente, este mágico momento entre mãe e filho será aproveitado ao máximo. Mais um detalhe: reserve seu tempo para amamentação e relaxe. Não amamente assistindo TV. Este momento deve ser exclusivo para mãe e filho. Enquanto amamenta, converse baixinho com seu bebê, faça carinho nele para que ele sinta todo seu amor. Não fique preocupada com outras tarefas. Você já está fazendo algo grandioso! Esqueça o resto. Ofereça sempre os dois peitos, alternando-os, na mesma mamada. Isto evitará que apenas um se esvazie, deixando o outro intumescido, causando desconforto. Se os seios se encherem demais, faça massagem com compressa de água fria e retire o excesso, massageando com os dedos para que o leite escorra. Pensando bem, se seu leite for muito, não deixe que se perca. Siga as instruções do Banco de Leite para retirar, armazenar e doe para as crianças que não têm a sorte de mamar em suas mães. Doar seu leite também é um belo gesto de amor! Depois de cada mamada o bebê precisa arrotar para expelir o ar que engoliu ao sugar o peito. Sem o arroto ele terá cólicas porque o ar fica preso e ele não sossegará para dormir. Agora, para você leitora, marinheira de primeira viagem, ensino a técnica infalível para o necessário arroto depois de toda mamada: Pegue seu bebê, coloque-o com o tronco na vertical passando a mão espalmada por baixo do bracinho, de modo que os quatro dedos segurem a coluna para não dobrar e o polegar fique na frente do corpo.Assim é só fazer um movimento de “alavanca”com o polegar levantando um bracinho de cada vez, liberando o diafragma e o excesso de ar que ele engoliu ao mamar, sairá rapidinho. Experimente!
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SACOLEJAR? PRA QUÊ? “Criança precisa de paz e sossego para dormir” (Vó Caxuxa.)
Desde muito jovem, questionava o velho hábito que as pes-
soas têm e que nem percebem, de sacolejar as crianças com a intenção de acalentá-las ou fazê-las dormir. Se pararmos para pensar, veremos que isto é um verdadeiro disparate! Imagine você, com sono, querendo dormir, e alguém começa a sacolejar, balançando-o de um lado para outro.
Quando tive meus filhos, nunca os sacudi e nem permiti que
as babás o fizessem. Coloquei em prática a teoria da minha Vó de que a criança precisa de paz e sossego para dormir. Depois de trocados, alimentados e “arrotados” eram colocados no berço ou caminha bem limpos. A luz era apagada, deixando, quando possível apenas a luz indireta de um fraco abajur.Tive quatro filhos, nenhum deles teve o hábito de dormir nos braços à custa de muitas caminhadas e sacolejos como vejo muitas mães fazerem. Pelo contrário, sempre gostaram de dormir sozinhos em suas caminhas.
Ao caminhar para cima e para baixo sacudindo a criança, a
mãe transmite sua ansiedade, tornando-a irritadiça e chorosa. Calma... Acostume desde o primeiro dia de vida, verá que é simples assim...
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ESTAR NO LEME. O pai e a mãe são os timoneiros de seus filhos.
Uma criança quando nasce é como um pequeno barquinho,
caprichosamente equipado para a longa viagem da vida, mas que precisa de um valoroso comandante para guiá-la pelo caminho. Como o Deus Criador é extremamente cuidadoso com suas criaturas, Ele fez com que um filho tivesse não só um timoneiro, mas dois: o pai e a mãe.
Os pais estão no leme desta nova vida. Cabe a eles mostrar
o caminho certo a seguir. Se uma criança não precisasse da cuidadosa orientação dos pais, mostrando por onde andar, poderia nascer de chocadeiras.
Mas, na natureza, até pintinhos nascem de mães galinhas. E
é lindo observar uma galinha com sua ninhada. Ela muda a todo momento o tom do gorjeio, quando quer mostrar o caminho. E se um da ninhada se arrisca a sair fora da turma, ela vai atrás e, com os pés e algumas bicadas, endireita o caminho do rebelde. É simples assim...
Os pais não podem se omitir. Dar toda a orientação aos fil-
hos quando começam a ter os primeiros entendimentos é obrigação e um gesto de amor. Eles precisam aprender com os pais o que é certo e o que é errado, para não terem de aprender na vida.A vida ensina, mas não tem amor por nossos filhos.A vida bate, e bate pesado.Assim, simplesmente, vá mostrando: por aqui não, por causa disto; por aqui sim, por causa daquilo... Corrija o errado, elogie o certo, estimulando sempre positivamente. Observo que a maioria dos pais acham que é obrigação dos filhos, quando crianças, agirem corretamente. Por isto
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ignoram o certo e as boas atitudes e desqualificam quando eles cometem erros.
Alguns pais estão tão acomodados ou voltados para seus inte-
resses pessoais que não se dão ao trabalho de orientar (é simples, mas dá muito trabalho) e deixam seus filhos como barcos à deriva. Sendo levados pelas águas da vida, batem, afundam e emergem, às duras penas. Assim, as crianças não terão o perfeito entendimento de como devem agir. Isto deve ficar bem claro. Certo, certo. Errado, errado. Errou? Correção firme,justa e respeitosa. Sem exageros, grandes falatórios e agravantes que não venham ao caso no momento.Acertou? Estímulo, elogio, também sem exageros, para não endeusar seu ego.A virtude de todos os nossos atos está no equilíbrio. Procurem ser serenos.
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NÃO TENHO TEMPO! Tempo, é uma questão de preferência.
Em um mundo cheio de necessidades materiais, realmente,
temos pouco tempo para nossos filhos. Precisamos trabalhar. O pai trabalha, a mãe também trabalha fora de casa. Não se angustiem! Vocês não têm tempo hoje, não terão amanhã, nem depois... Isso é a nossa realidade! Mas lhes digo: tempo é uma questão de preferência. Se tiverem a preferência por seus filhos, dedicando a eles o pouco tempo que sobra, livre do trabalho, verão que o pouco se transformará em muito tempo de qualidade. O que vale não é quanto tempo temos para nossos filhos e, sim, a qualidade desse tempo. De nada adianta os pais ficarem o dia todo com os filhos e nada se aproveitar desta presença.
Por outro lado, percebo que nossos filhos não se ressentem
da ausência quando os pais estão trabalhando. Esta realidade é absorvida por eles desde muito cedo, porque o trabalho é natural para todos. O que traz às crianças uma sensação de abandono é perceberem que o pouco tempo que sobra do trabalho não é dedicado a eles e, sim, à cervejinha nos boteco, ao papo com os amigos, ao futebol, à TV, a programas nos quais eles não estão incluídos, ao trabalho levado para casa por total falta de bom senso e organização.Outra coisa que é preciso que o pai e a mãe façam para equilibrar “trabalho e filhos “é planejar a quantidade de trabalho que farão fora de casa a cada dia. Neste planejamento, sua presença junto aos filhos deverá ser levada em conta com muita responsabilidade e compromisso. Não importa que trabalho você faça; seja você um grande empresário, um profissional autônomo
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ou funcionário de qualquer empresa,seu trabalho nunca terminará em um dia de serviço; haverá sempre MAIS a fazer!
Sendo assim, organize-se, determine metas diárias possíveis
de serem alcançadas, dedique-se com afinco durante o expediente normal com método e disciplina, não perdendo tempo ou “enrolando o tempo”. Ao traçar esta meta diária, procurem ser muito produtivos, mas não se esqueçam do horário de PARAR. Contra senso? Não!Vocês têm outro compromisso tão importante, ou mais, do que seu trabalho esperando em casa: SEUS FILHOS!
Pensem um pouco: do que adianta sermos os mais ricos, os
mais bem sucedidos, os mais famosos, se não formos OS MELHORES PAIS DO MUNDO? Pais presentes, capazes de criar e orientar corretamente nossos filhos? Em todos os lugares e cargos desta vida, somos facilmente substituíveis, exceto no nosso lugar de PAI e de MÃE. Se falharmos como pai e como mãe, ninguém poderá nos substituir na vida de nossos filhos. Como disse sabiamente Madre Tereza de Calcutá:”As únicas pessoas IMPRESCINDÍVEIS na vida são os PAIS.” Historinha real: Criei meus quatro filhos trabalhando 25 anos fora de casa, de 10 a 12 horas por dia. Por quatro anos, trabalhei em outra cidade distante 75 KM da minha, indo e voltando todos os dias, sem exceção.Quando chegava em casa,e também nos feriados e finais de semana, todo tempo que tinha era dedicado a eles. Esta foi a minha preferência, mas garanto-lhes que valeu a pena. Hoje, olhando para trás, vejo que dediquei horas demais ao Banco. Se tivesse a maturidade e a visão de valores que tenho hoje, teria trabalhado me-
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nos, assumido menos cargos comissionados que aumentavam a minha responsabilidade.É claro que com isto, teria ganhado bem menos dinheiro, mas teria sobrado mais tempo para meus filhos.
No entanto, quando vivi este tempo as necessidades eram ou-
tras; assim, fiz o que me foi possível fazer. Por ter vivido esta realidade, hoje me atrevo a dar a vocês jovens pais o conselho do “planejamento”. Avaliem este conselho com muito carinho e verão que é totalmente possível ser ao mesmo tempo, excelentes profissionais em quaisquer áreas e os pais mais MARAVILHOSOS do mundo!BASTA QUERER! Historinha real: Era costume da turma do Banco sair do serviço e passar em algum boteco para a famosa “cervejinha da tarde”. Eu estava sempre apressada para chegar em casa e ver meus filhos; queria ficar com eles. Um dia, me criticaram, dizendo que eu era “metida a besta”, porque nunca ia aos botecos com eles... Não me contive, e em tom de brincadeira,respondi: “-Já fico com vocês o dia inteiro; acham mesmo que eu, que nem bebo cerveja, vou preferir me sentar em boteco para ouvir conversa de bicudos a estar com meus filhos no pouco tempo que tenho para eles? Podem acreditar meus amigos, esse tempo com meus filhos vale ouro”.Nunca mais me aborreceram com esta conversa.
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BIRRA OU CARÊNCIA ? As vezes choro e grito, porque é a única maneira que encontro para fazer você olhar pra mim.
Às vezes, nosso filho, que tem um comportamento sereno
fica choroso e irritadiço sem motivo aparente. Por mais pressa que você tenha no momento, pare, largue tudo, tome, se for preciso, uma bronca do chefe, porque chegou um pouquinho atrasada, mas dê atenção ao seu filho. Ponha-o no colo, converse com carinho, acaricie com ternura. Com certeza ele está carente. Criança não chora à toa.
Se está chorando é porque não se sente bem física ou espiri-
tualmente. Você verá que alguns minutos de seu carinho valem mais que todo tempo do mundo. Converse, dê carinho e a magia acontecerá com certeza! Historinha real: Meu terceiro filho sempre foi tranquilo. Um dia, já pronta para sair para o trabalho, e em cima da hora como sempre, ele, aparentemente sem motivo, começou a chorar.A babá tentava distraí-lo, mas nada adiantava. Agradeço a Deus pela lucidez que me deu naquele momento. Eu era muito preocupada com horário, em não dar motivo para “broncas” de chefe, mas naquele momento, parei, coloquei a bolsa no encosto da cadeira e disse a mim mesma: o Banco pode esperar; meu filho precisa do meu colo, agora! Sentei-me, peguei-o no colo, conversei com ele com ternura e dei todo carinho que trazia no meu coração. Tudo isto não demorou cinco minutos e ele já estava acalentado, para voltar a brincar naturalmente. Se não tivesse feito assim, estaria com remorso, até hoje, por deixá-lo abandonado naquele momento em que ele precisava mesmo exclusivamente do colo da mãe.
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TEIMOSIA “ Que seu SIM seja SIM que seu NÃO seja NÃO”
A teimosia é um defeito comum nas crianças e adolescentes.
Apesar de não ser algo grave, gera muita polêmica, discussões e atritos desnecessários. Se os pais, desde o início, adotarem uma postura firme e respeitosa, não criarão filhos teimosos. É simples. Basta ouvir com atenção as reivindicações de seus filhos.
Ouça primeiro; fale depois. Esclareça todos os pontos impor-
tantes e depois decida pelo SIM, ou pelo NÃO. Cuide também para que seu SIM ou seu NÃO sejam sempre acompanhados do PORQUÊ. Explique a razão, evitando ser prepotente, ao não se dar ao trabalho de explicar a seu filho porquê está concedendo, ou não, aquilo que ele lhe pede.Você pode até mudar sua decisão, mas que seja por um bom argumento. Depois de decidido e explicado, que seu SIM seja SIM, que seu NÃO seja NÃO.
Nenhum de meus filhos foi teimoso na infância e adolescên-
cia. Isto, porque usei o contra-exemplo do que vivi na casa de meus pais. Minha mãe sempre foi uma pessoa boníssima, mas, fazia algo que eu sempre achei errado. Éramos oito filhos e muita dificuldade de toda ordem. Quando pedíamos à mamãe algo, a sua primeira resposta era NÃO! Aí, a gente ia teimando, teimando, teimando até que ela, para ficar livre de nossa teimosia, dizia SIM.
Com meus filhos adotei o contra-exemplo. Eles acostuma-
ram desde pequeninos e já sabiam que não adiantava teimar. E não teimavam. Acostumei-os, também, a não usar intermediários para me
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pedirem algo. Sempre deixei claro que, o que fosse possível conceder, seria concedido a eles e a ninguém mais. Afinal, para uma mãe, ninguém no mundo é mais importante do que seus filhos.
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A COMER BEM, TAMBÉM SE ENSINA! Seu filho come o que você dá a ele para comer!
Quando a criança começa a aprender a comer, é preciso to-
mar alguns cuidados para não criá-la cheia de defeitos. Aos dois anos, já deve receber seu pratinho na cadeirinha própria, junto à mesa da família. Alguém deve ir dando a comida para que ela coma bem, mas também deve permitir que ela faça suas próprias tentativas.
Prepare-se para ver a colher ir parar na cabeça, na testa e
muita lambança. Não se preocupe, é o aprendizado. Se não sujar, não dá para aprender a comer. A criança aprende, fazendo e vendo os adultos fazerem.
Quando já está maiorzinha, já pode e deve passar para a mesa
com os demais. Por mais que sua casa seja simples, cultive o hábito de colocar a comida na mesa. Se não quiser colocar em travessas, coloque as próprias panelas ou os pratos prontos. Mas sempre na mesa. Por que isto? Simples. Se a comida vai para a mesa, a família se reúne para comer.
Haverá um horário. Haverá uma ordem e um momento de-
dicado a reunir a família em torno da mesa de refeição. Este simples gesto une e ensina.Se, por necessidade do trabalho, os pais almoçam fora durante toda a semana, é mais um motivo para fazerem o hábito de almoçar junto aos filhos nos dias que estão em casa. Priorize este compromisso com sua família.Sempre que estiverem em casa,criem o costume de reunir a família para as refeições. Evitem discussões e assuntos desagradáveis à mesa. Terminantemente, não permita que al-
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guém vá para a frente da TV enquanto come. Esta deve ser desligada para não interferir neste momento sagrado da família. Mais uma vez, chamo a atenção dos pais: Se você não quer que seu filho veja TV enquanto come, não vale você “dar uma escapulidinha” para ver os gols do timão.Veja em outra hora! Seja coerente e dê o exemplo. Ensina-se a comer, comendo... Meus filhos comem de tudo. Verduras, folhas, cebola, pimentão, quiabo, etc.etc. Por que será? Simples assim... Desde que começaram a comer, sempre à mesa, nunca perguntei a eles, antes de servi-los, se queriam isto ou aquilo. Sempre coloquei em seus pratos a mesma comida do meu e do pai. Aprenderam naturalmente a gostar de tudo... Pensem comigo: qual criança vai dizer que quer comer quiabo, cebola, folha etc., se ela nem sabe o gosto que têm? A primeira reação é pela “cara” da comida. Convenhamos, o que tem cara boa é batata frita e bife. É comum ver pais perguntando: Quer isto? Quer aquilo? Não pergunte; sirva desde os primeiros anos e você não terá problemas com a alimentação saudável de seus filhos. Lembre-se de que seus filhos comem o que você dá a eles para comerem. Se quer uma alimentação saudável, ponha na geladeira alimentos saudáveis. Se os pais entopem a geladeira de refrigerantes, em vez de sucos naturais, salgados cheios de massa e frituras, em vez de frutas, leite, iogurtes e legumes, com certeza, criarão crianças obesas e com deficiência alimentar. Sobre este assunto, agindo assim, recebi um elogio do pediatra de meus filhos, quando eles tinham idades variando de 3 a 7 anos. Levei-os para uma avaliação geral. Ele me deu parabéns pela saúde e desenvolvimento de meus quatro filhos. Disse-me que, naquela idade, era muito comum que as crianças tivessem um pouco de anemia em conseqüência da má alimentação, e que os meus estavam perfeita-
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mente saudáveis. Ainda me perguntou o que eu lhes dava para comer. Sempre usei o bom senso para alimentá-los. Disse-lhe sem medo de estar errada: “-Dou-lhes um bom prato de feijão batido com cebola e temperado com capricho para ficar gostoso (criança tem paladar, capriche!), antes de começarem a comer as outras comidas”. Sempre suco natural às refeições, com preferência pela limonada. Muita fruta variada, carnes e legumes. Alface era comida como se fosse o prato mais gostoso do mundo. Nossos filhos podem também comer as guloseimas de crianças como doces, balas, refrigerantes. Mas que sejam ingeridas em ocasiões especiais e não como regra na alimentação diária. Use o bom senso!
Falando em alimentação saudável, não posso deixar de lem-
brar aos pais que obesidade na infância e adolescência é assunto de saúde e não apenas de estética. Fico por entender, como um pai e uma mãe não se preocupam ao ver seu filho cada dia mais acima de seu peso normal. Acomodados, sem querer enxergar que obesidade é doença, se omitem, não procuram um médico especialista para cuidar do problema, como fariam para qualquer outra doença que seu filho tivesse. A criança e o adolescente não têm maturidade para resolver sozinhos esta questão. Este assunto é responsabilidade dos pais. A atitude correta é serem solidários, mudando, se for preciso, o hábito alimentar de toda a família, e cuidar, sob orientação do médico especialista, logo que aparecem os primeiros sinais de obesidade. Muito cuidado para não ridicularizar seu filho, dizendo que ele está gordo, como se ele fosse culpado disto. Qualquer cobrança deste tipo só trará muita ansiedade e baixa autoestima, o fará sofrer injustamente, acarretando outros problemas emocionais decorrentes.
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Historinha real: Tenho uma grande amiga que tem duas filhas. Com idades de 9 e 11 anos já estavam ficando obesas. A mãe, preocupada, comentou comigo que não sabia o que fazer. Já tinha consultado médicos de várias especialidades e o problema continuava: as filhas não conseguiam emagrecer. Pedi a ela que me respondesse, sem pensar muito, o que ela tinha na geladeira normalmente, todo dia. Ela foi enumerando: litros de refrigerante, salgados que eram fritos para o café da manhã, o lanche da tarde e ainda eram levados como merenda escolar.
Congelados de todo tipo de massa, carnes de porco com
bastante gordura, picanhas, doces, caixas de bombons... Com tudo isto, amiga, disse a ela, até que suas filhas não estão totalmente gordas. Experimentem você e seu marido mudar radicalmente a alimentação da família. Mudem para frutas, legumes, sucos naturais, arroz, feijão. Muita salada. Muita folha verde. Carnes magras. Deixe o que vocês comem hoje só para os dias de festa. Ela ouviu meu conselho e hoje tem duas lindas e esbeltas adolescentes. Já imaginaram se ela não tivesse tido o bom senso de mudar? É simples assim. Basta querer acertar.
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CULTIVE BONS HÁBITOS... Desejamos que nossos filhos sejam pessoas agradáveis,bem aceitas e de bom convívio.
Bons hábitos se aprendem no berço. Isto já dizia minha sábia
Vó Caxuxa. É verdade. Muitos defeitos, que vemos nos adultos e que tornam a convivência diária com eles insuportável, são os maus hábitos adquiridos na infância. Hábitos que os pais não tiveram o cuidado de cultivar corretamente. É preciso, desde muito cedo, ensinar seu filho a fazer xixi antes de entrar debaixo do chuveiro. Isto evitará que ele cresça urinando no box durante o banho. Se for um menino, ensine-o desde pequenino a levantar a tampa do vaso, evitando os indesejados respingos de urina na tampa do vaso. Ensine que não se pode deixar a pia suja após usá-la. É extremamente desagradável para quem vai usar depois.
Ensine a dar corretamente a descarga, a não deixar a porta
aberta enquanto usa o vaso sanitário, a fechar a porta do box para não molhar o banheiro, a enxugar-se sobre o tapete ou dentro do box, a não escovar dentes e usar o fio dental conversando com as pessoas. Ensine que deve fechar a torneira enquanto escova os dentes, para não desperdiçar água (bem tão precioso). Ensine que não é de bom tom sentar-se à mesa sem camisa ou em trajes de banho.
E por aí vamos... Ensine-o a falar baixo, a não gritar no meio
da rua, a não falar com a boca cheia, a não mascar chicletes enquanto fala com as pessoas e em ambientes onde acontecem cerimônias como missas,casamentos, cultos ou reuniões de trabalho, a dar preferência aos idosos, gestantes e às pessoas com necessidades especiais.
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Essas parecem coisas bobas, mas, se não observadas na for-
mação da personalidade da criança, irão transformá-la no futuro próximo em um adulto cheio de defeitos, uma pessoa desagradável e de difícil convivência.
E isto nós não queremos. Desejamos que nossos filhos sejam
pessoas agradáveis, bem aceitas e de bom convívio. Afinal, ninguém vive em uma ilha isolada, e sim em comunidades.
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O RESPEITO ENSINA-SE RESPEITANDO! “O exemplo não é a melhor maneira de se ducar. É a única!”
Só quem respeita merece ser respeitado e ensina a respeitar
o mundo. É preciso que os pais ensinem a seus filhos, pelo exemplo, o valor do respeito. Respeitar tudo na vida: o próximo, o mais pobre, os mais velhos, os pais, os irmãos, o bem público, a fila, o trânsito, o que é do outro, os animais, as plantas, o meio ambiente. Se você conseguir ensinar a seu filho a respeitar, pode acreditar que ele será, pela vida afora, um cidadão respeitado. Para conseguir esta proeza é simples assim: respeite seu filho primeiro e em todos os momentos de sua vida. Não aja como se ele fosse sua propriedade privada onde você manda e ele obedece sem questionar. Estes errados tempos já se foram. Dê o exemplo. Ensina-se a respeitar, respeitando primeiro. A criança que é orientada neste princípio jamais se transformará em jovem que toca fogo em mendigos. Pensem nisto!
Com atitudes simples você vai ensinando o respeito mútuo.
Agradeça sempre ao seu filho por qualquer coisa que ele lhe faça. Peça sempre “por favor”, quando pedir algo a ele. Peça desculpas, quando perceber que errou, por mais simples que seja o erro. Reconheça que errou, admita que não é perfeito. Sempre agi assim com meus filhos e eles sempre agiram comigo e com o pai da mesma maneira. Minha mãe estranhava isso, dizendo que eu pedia” por favor e desculpas” a meus filhos! É o que eu digo: se com outros, que não são meus amores, ajo assim por uma questão de educação e civilidade, muito mais devo isso àqueles que são a razão de minha vida, e cuja responsabilidade de
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orientar e dar o exemplo, está em minhas mãos. Historinha Real: Ensinando a respeitar, respeitando primeiro, tenho quatro filhos que respeitam tudo e a todos. Não pensem que eles são diferentes de qualquer outra pessoa, nem melhores, nem piores. Apenas foram criados com muito respeito, assim aprenderam a respeitar a tudo e a todos.
Quero chamar atenção para o respeito ao meio ambiente.
Quando vejo lixo jogado nas ruas e praças, fico a imaginar como tudo pode ser diferente se os pais assumirem seu papel de ensinar aos filhos, desde muito pequenos, que tudo que é público é de cada um em particular, por isso precisa ser tratado com o mesmo cuidado que cuidamos de nossa casa. Uma historinha para ilustrar: nossa casa era geminada à de meus sogros. As minhas janelas se abriam para o quintal deles. Assim, quando cada um de meus filhos começava a se “entender por gente” eu os levava até a janela e explicava: Olha, deste lado é a casa da vovó, por isso, não podemos jogar nem um papelzinho pela janela para não sujar a casa da vovó. Jamais tive uma reclamação neste sentido. Outra historinha: Certa vez, eu e minha filha entramos em um supermercado e compramos um picolé. Na rua, ela distraidamente tirou o papel e jogou no chão. No mesmo instante, olhou para mim, percebendo que fizera algo errado. Ela tinha nove anos e entendeu que teria de se abaixar e pegar o papel, “pagando mico”, como se diz.Fez a tentativa de escapar, dizendo dramaticamente: mamãe, por favor, não me faça pegar o papel! Sem brigar com ela fiz uma brincadeira: “você é uma garota esperta, despista, abaixa e pega rapidinho, que ninguém vai ver! Nunca vi alguém mais rápido do que ela prá catar um lixo! Sei que foi uma lição muito simples, mas que jamais foi esquecida.
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Agora vou lhes contar uma historinha real da qual fui “a artis-
ta.” Recentemente, andando na rua em BH com meu filho mais velho, tirei o papel de uma bala, procurei uma lata de lixo e não encontrei. Embolei o papel e joguei em um cantinho no pé de uma árvore. Ele sem dizer nada, se abaixou, pegou o bolinho de papel e ficou andando com ele na mão, até encontrar uma lata de lixo. Eu envergonhada tentei levar na brincadeira, dizendo que estava “testando” prá ver como ele agiria, ele riu e respondeu: “foi a senhora quem me ensinou, lembra”? Corei de vergonha e pedi que me desculpasse, admitindo que tinha errado e cometido um vacilão!
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SSSSSSSSSSSSS! FALE BAIXO! “ No grito não se ensina nada.”
Nossos filhos não são surdos; os pais é que, muitas vezes, são
desequilibrados e neuróticos. Exercite falar sempre baixo com seus filhos. Se você grita com eles, além de ser um desrespeito, você os condiciona a só obedecerem, quando você gritar. Respeite-os, falando baixo e firme. Não queira ganhar o respeito e a obediência no “GRITO”.Acredite, não funciona. E existe um agravante... Se você grita com eles, vai chegar o momento de eles desrespeitarem e também gritarem com você. Historinha real: Certa vez, presenciei uma cena que retrata isso fielmente. Estava em um barzinho da cidade, esperando ser atendida. E, como gosto de observar, eu me entretí com uma linda garotinha de quatro aninhos que estava brincando pelo bar, enquanto os pais tomavam sua cervejinha.
Só que a menina queria a atenção da carinhosa tia do bar.
Assim, a todo o momento, ela batia na porta da cozinha e chamava insistentemente pela tia. O pai, lá da mesa, dizia a todo momento: “Pára com isto Aninha!” E ela continuava a chamar a tia e a bater na porta. Até que o pai deu um grito forte com a menina: Pára com isto Aninha ! E a menininha de apenas quatro anos não titubeou; gritou irritada para o pai: “Pára de gritar comigo, papai!” O pai, meio sem graça, virou-se para mim e disse: “Tá vendo D. Marta? Os filhos de hoje não respeitam mais os pais!”. Fiquei calada para não ser chata, dizendo a ele o que eu pensava da cena. A vocês digo o que queria ter dito àquele
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pai. Se, desde o primeiro momento, ele tivesse respeitado sua menina, se dando ao trabalho e ao incômodo de se levantar da mesa, deixar sua “deliciosa” cerveja por alguns minutos, ir até ela, se abaixar até a sua pequena altura e, baixinho, explicado que a tia não podia brincar com ela naquele momento, porque estava ocupada, com certeza, ela teria entendido e aceitado. É isso, respeito ganha-se respeitando. No grito não se ensina nada.
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CONVERSE MUITO... O diálogo, promove a compreensão entre pais e filhos
Os adultos erram, ao acharem que criança não entende o que
eles dizem. Grande engano. A criança, desde que nasce, percebe a voz da mãe ou do pai, dizendo-lhe palavras de carinho e ternura.Vão crescendo e entendendo cada vez mais. Quando ainda não sabem falar, elas não são capazes de se comunicar verbalmente, mas entendem muita coisa. Converse com ela sobre tudo: se dormiu, se está com sede, se quer comer, se está com sono. Diga: “-Vamos tomar banho, vamos trocar a roupinha...” Isso facilita o seu desenvolvimento e compreensão.
Quando já souberem falar, explique o porquê de todo seu sim
e seu não. A criança precisa desenvolver a segurança, e isso só acontece, quando os pais conversam com ela, explicando o porquê de tudo. E, neste exercício do diálogo, sejam carinhosos. O amor e o afeto demonstrados não deformam a personalidade de seu filho ou filha. Pelo contrário, ensina-os a também ser carinhosos e afetivos com os pais e com as pessoas.
Quando a criança já pode conversar, é preciso escutar sem-
pre o que ela tem a dizer, antes de tomar qualquer decisão. Quando escutamos nossos filhos com atenção e respeito, eliminamos o risco de sermos injustos com eles. Escute primeiro, fale depois. É corriqueiro ver pais aos berros com os filhos, sem se darem ao trabalho de ouvir seus argumentos. Ao ouvir com atenção, temos tempo para pensar na melhor maneira de orientar e até corrigir com justiça.
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AFUGENTE O MEDO... O medo infundado gera insegurança.
O medo de coisas e de fatos absurdos torna as crianças tensas
e inseguras. Ensine a seu filho a ter medo apenas daquilo que traz perigo real. Mostre que o fogo é perigoso, que a faca corta e faz doer, que não se pode chegar perto de fogão, que remédios não se podem por na boca... Enfim, o perigo real. Nada de medo de trovão, de chuva, de bicho papão, de escuro.
Estimule a alta autoestima e a autoconfiança. Estimule, di-
zendo sempre que “ele pode”, que “ele consegue”. Coisas simples e corriqueiras do dia-a-dia podem se transformar em verdadeiras aulas de autoconfiança para a criança. Sempre que possível, deixe que durma, desde o nascimento, em quarto separado ao do casal e em sua própria cama.Apague a luz após acomodá-lo. Faça isto com naturalidade; a criança é pequenininha e,por isto, desconhece o que é estar só ou estar no escuro.Todos estes bloqueios só existem em nossas mentes viciadas pela má criação que tivemos.Lembre-se, a criança é barro novo. Às vezes, pode acontecer que você tenha de ceder, com carinho, quando ela bater na porta de seu quarto com um travesseirinho debaixo do braço, pedindo para dormir na sua cama.Acolha com ternura, pois ela pode estar se sentindo carente por algum motivo. Mudar-se, vez ou outra, para a cama dos pais, faz parte dos desejos de toda criança.
Ainda assim, tenha o cuidado de levá-la de volta para sua
cama, assim que ela dormir. Ela acordará, naturalmente, onde começou a dormir e não estranhará isto. Cuide para que isto não se tor-
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ne rotina, pois ela tira a liberdade do casal e, ao mesmo tempo,impede que ela cresça segura e independente.
É simples assim, por que complicamos tudo sem necessidade?
Por amor demais?
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ESTIMULE A CRIATIVIDADE A criança precisa ser SIMPLESMENTE criança!
A criança é um universo de potencialidades. Nossa conduta
castradora pode podar o desenvolvimento emocional de nosso filho. É preciso criar ambiente e desenvolver atitudes que estimulem sua criatividade. Deixar que sejam crianças é um bom primeiro passo. Podemos ver que a maioria dos pais querem que seus filhos sejam “ top de linha”, desde muito cedo. Para que tanta pressa? Deixe seus filhos serem SIMPLESMENTE crianças, não os transforme em robozinhos que aprendem, desde a tenra idade, a navegar na Internet, ler, contar, falar inglês, fazer judô, e não sei mais lá quantas loucuras dos pais. As únicas coisas de que uma criança precisa é ser tratada com amor, respeito, limites e ter TEMPO PRA SER CRIANÇA. Nesta fase única, estimule sua criatividade, embarque em suas fantasias e histórias. Participe, ouça com toda atenção o que ela diz .Sente-se no chão, brinque muito com ela. Vire criança de novo. Leve-a ao zoológico, ao parque de diversões, ao cinema, ao teatro. Mostre-lhe a Natureza em toda sua beleza. Leve-a a livrarias e escolham juntos os livros próprios para sua idade. Conte e leia historinhas para ela. Estimule-a a contar historinha para você. Você, com certeza, ficará encantado com tanta criatividade! Aproveite os momentos juntos para ir ensinando... como andar e atravessar as ruas, os sinais de trânsito, o respeito ao meio ambiente, a valorizar a natureza, a conhecer as cores, os animais, enfim, aprender a dar os primeiros passos pela vida.
Se os pais prestarem atenção, perceberão que são os melhores
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e mais eficientes MESTRES para seus filhos, durante os primeiros anos de sua vida. Em tudo ao nosso redor, podemos encontrar oportunidade para ensinar nosso filho a interagir com este mundo que é totalmente novo para ele. E a escola, na hora certa, receberá uma criança preparada para conviver com as outras, e equilibrada emocionalmente para aprender tudo o que se fizer necessário em sua formação acadêmica. Insisto, o tempo de ser criança é único, não podemos saltar esta etapa, sem no futuro contabilizar grandes prejuízos.
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17 elogio
CULTIVE A ALTA AUTOESTIMA... “A alta autoestima se constrói na infância”
Desde muito cedo, crie seu filho para ser auto-suficiente e ter
alta autoestima. Nunca faça por ele o que ele pode fazer sozinho. Não exija que faça com perfeição, afinal ele ainda é aprendiz. Mas deixe que faça suas tentativas, que cometa seus pequenos e próprios erros e que busque seus acertos. É assim que aprenderá a caminhar com segurança. Deixe que ele vista suas roupas, calce suas meias; tente amarrar seus tênis, guarde seus brinquedos, coloque suas roupas sujas no cesto, pendure sua toalha, escove sozinhos seus dentes.Quando entrar na fase escolar, deixe que faça seus deveres sozinho, e disponibilize-se para AJUDAR apenas quando ele pedir.Supervisione sempre para ver se ele está fazendo as tarefas, mas nunca faça nenhuma tarefa para ele.Deixe que busque as soluções e vença pequenos obstáculos. Não queira que ele faça tudo como você faria; lembre-se de que ele está aprendendo. Deixe que faça; elogie o que ficou certo e sugira que ele melhore o que não ficou bom, mas não cometa o erro de desestimulá-lo, dizendo que ele não sabe, que não é capaz e o que é pior, não faça para ele. Essas atitudes negativas dos pais formam pessoas com baixa autoestima, dispersas, inseguras e agressivas. Eu me lembro de um dos meus filhos calçando a meia pela primeira vez. O calcanhar ficou pra cima. Disse a ele que estava quase bom, expliquei que, se ele tentasse de novo com o fundinho do calcanhar para baixo ele conseguiria que ficasse certinho. Ele tentou, tentou, até conseguir. Nunca me esqueci de seus olhinhos brilhantes de satisfação. E é por aí que vamos caminhando.
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ESCANDALIZAR JAMAIS! “Ai daquele que escandalizar um de meus pequeninos” (Jesus Cristo)
Volto a dizer: o mundo pode escandalizar, mentir e enganar
nossos filhos. Os pais não. E por falta de bom senso, vemos isto acontecer todo dia. Palavrões, gestos obscenos, piadas pesadas, assuntos impróprios para os ouvidos das crianças e dos adolescentes. Repito, os pais precisam ser referência positiva. Não importa o que o mundo, a TV e músicas despejam nos olhos e ouvidos de nossos filhos. Precisamos, assim, estar vigilantes, o máximo possível, para minimizar estes efeitos nocivos, desviando suas atenções para programas, músicas e lazer saudáveis.
O mais pernicioso é o que se ouve e se vê dentro de casa.
Tudo vira trivial. Afinal, se meu pai e /ou minha mãe dizem ou fazem, é porque está certo absorver. Podem fazer um exercício de observação. As crianças são, com raríssimas exceções, cópias dos pais em seus modos de se expressarem e conviverem com outras pessoas. Ser pai e mãe é arte que se aprende todo dia. Basta não se esquecer de que, ensina-se sempre pelo exemplo, seja ele positivo ou negativo, e jamais se cansar de exercitar as três palavrinha mágicas: Amor, Respeito e Limites! Historinha real: Existem muitas maneiras de escandalizar nossos filhos. Falta de respeito é uma delas. Conto-lhes esta historinha real. Conheci um jovem pai que tinha um filho de 12 anos. Ele era machista ao extremo. Percebi que a maior preocupação dele era que seu filho fosse “macho”. Sempre dizia àquela criança de 12 anos que “ele tinha
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de pegar as gatinhas”, que não se preocupasse se fosse bonita ou feia (preconceituoso também!).Assim, todos os assuntos demonstravam uma grande preocupação de que seu filho de apenas 12 anos desse “testemunho de macheza”.Aquilo me incomodou enormemente e eu disse à sua companheira,(que não era a mãe do garoto) que falaria com ele.
Apesar de saber não ser da minha conta, não me contive.
Chamei-o em particular e perguntei a ele se não estava percebendo o mal que estava causando à alma de seu filho com aquelas conversas. A criança ficava claramente constrangida com aqueles assuntos. Falei duro com ele. Mostrei que sua preocupação era infundada. Seu filho era só uma criança!
Disse-lhe que sexualidade se manifesta e amadurece no tem-
po certo. Que deixasse seu filho ser a criança que era no momento. E que, na hora certa, ele saberia fazer suas próprias escolhas. Quando acabamos a conversa, ele chorava. Desabafou, dizendo-me que sua maior preocupação era que seu filho um dia fosse gay. Fui dura com ele: Se seu filho for gay, ele será gay, você queira ou não. E daí? Vai amálo menos por isto? Que tipo de amor de pai é este que faz exigências? O verdadeiro amor é incondicional! Nosso filho é nosso filho, e ponto final. Sua preferência sexual não nos diz respeito. A nós cabe amá-lo e respeitá-lo em suas escolhas,cuidar sempre para que tenha equilíbrio emocional para escolher o que mais o fará feliz.
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RIDICULARIZAR, NUNCA! O bulling mais nocivo é o que acontece dentro do lar.
Quando vejo nos noticiários as dramáticas reportagens em
consequência do “bulling” nas escolas, fico pensando em como muitas vezes isto acontece também no seio da família. Por acharem que não precisam respeitar seus filhos, porque são “os pais”, muitos cometem o absurdo erro de criticar, ridicularizar, menosprezar e comparar negativamente seus filhos. É preciso lembrar todos os dias que cada filho é único, especial, incomparável.
Qualquer exposição ao ridículo que os pais cometem com
um filho, é extremamente doloroso. Abre em sua alma uma ferida difícil de cicatrizar pela vida afora. Apelidos, intervenções em relação a diferenças de quaisquer ordens ou estéticas,quando vindos de outras pessoas já causam danos, imaginem quando vêm das pessoas que são referências de amor, como normalmente são os pais para os filhos! É comum ouvir pais chamarem seus filhos de cabeçudo, gordo, marmota, burro, besta, preguiçoso... É comum também a comparação negativa, dizer a um filho que ele devia ser como o irmão ou como o filho da amiga, ou como o vizinho que fez isto ou aquilo de bom, é esmagar sua autoestima.Isto parece fato corriqueiro e sem importância para muitos pais, mas acreditem, não é para quem sofre isso, porque, especialmente quando se é criança ou adolescente, o que os outros pensam de nós pesa enormemente em nossas almas. Imaginem, então, quando tudo isto vem de nossos pais. Cuidado: amar é, antes de tudo, respeitar! Procure estimular positivamente seu filho, dizendo sempre palavras
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positivas. Se ele está com preguiça, diga: “O que é isto, você não é preguiçoso! Sei que vai dar conta disso...”
Não o compare com pessoa alguma. Se quer que ele faça suas
obrigações, mostre que são suas obrigações, sem recorrer ao argumento de que fulano faz ou deixa de fazer. Oriente-o individualmente. E, quando ele argumentar comparando que você não agiu de alguma maneira com o irmão ou com fulano, deixe bem claro: Você é você, nada tem a haver com as outras pessoas. Cada pessoa é única; não há porque comparar..Deixe isto claro, para que seu filho perceba que suas atitudes só dizem respeito a ele mesmo.
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CRIE UM FILHO, NUNCA UM REI... “Dê limites nas pequenas coisas e ele aprenderá a ver os limites do grande mundo.”
Por gostar muito de nosso filho, podemos, sem perceber,
criar um “reizinho tirano”. É comum ver pais acharem graça de atitudes erradas dos filhos. Desde muito pequeninos, ainda que os achemos “lindinhos”, é preciso pensar que nossos filhos vão conviver em comunidade, e que as outras pessoas podem não achá-lo nem um pouco “lindinho”, quando ele for agressivo e mal-educado. É preciso começar esta orientação desde muito cedo. Lembro aqui o ditado dos antigos que diz que: “é de pequenino que se torce o pepino”.Exageros de antigamente à parte é preciso orientar desde cedo. Só para lembrar fato muito corriqueiro: ainda bebê, a criança tem a natural reação de bater no rosto de quem se aproxima dele. É uma defesa natural, instinto de conservação da espécie. Mas, cabe aos pais não acharem graça e corrigir com brandura. Basta segurar a mãozinha, dizendo firmemente que ela não pode bater, só acariciar, assim, assim... Ensine o que ela deve fazer nesta situação. Desde muito pequena, com um ano de idade ela já vai entender. Se você, pelo contrário, acha graça, está estimulando com sua reação, o gesto agressivo dela. E ela vai bater no rosto de todos que se aproximarem dela. Pode ter certeza de que, por mais que as pessoas finjam não se importar, vão querer distância da “gracinha” de seu filho.
Vale lembrar, ainda, que você não deve corrigir, dando ou-
tro tapa em sua mão. A criança não entende esta mensagem. Se você bate, ela bate também, é assim que as crianças aprendem: sempre pelo
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exemplo,seja ele positivo ou negativo. A criança tem o direito a toda atenção e cuidados, mas nem por isto precisa ser criada como “umbigo do mundo”.
Desde muito pequena, precisa aprender a ter seus limites
dentro da família e com as pessoas que o rodeiam. Porque nasceu uma criança, não é motivo para a casa virar de ponta-cabeça.
Nunca tire as coisas do lugar. Ensine que não pode mexer nis-
to, porque quebra e machuca a mãozinha; que não pode subir no sofá com sapatos, porque suja; não pode dar chutes e pontapés nas pessoas, não pode xingar e dar más respostas, porque é grosseria e falta de educação. Por mais espirituoso e engraçado que seu filho lhe pareça, cuidado com suas atitudes erradas e sua falta de limites.
Lembre-se de que ele deve ser criado e orientado para viver e
enfrentar o mundo lá fora, não em uma redoma familiar. Se não quiser que seu filho seja discriminado e excluído por ser uma pessoa desagradável, cuide desde cedo. Em resumo, dê limites para as pequenas coisas e ele aprenderá a ver os limites do grande mundo. Historinha real: Quando criei meus filhos, jamais tirei uma jarra de cima da mesa baixa... Hoje já tenho um neto de um ano e meio e ele também precisa aprender os limites. Dizem que em casa de Vó tudo pode... Concordo. Pode “tudo que pode”. Desde que começou a andar, tenho compoteiras de vidro ao alcance de suas mãos em uma cristaleira aberta. Desde a primeira vez, disse a ele que não podia mexer, só ver. Ele vê e não mexe. Está provado que basta ensinar. As crianças são muito mais espertas do que pensamos. É claro que criança precisa de vigilância constante. Ela não aprende o certo sozinha, por isso precisam de pais e até avós que se preocupem em mostrar o caminho... É simples assim!
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NEM VALENTÃO, NEM COVARDE... A altura de todos os homens, em dignidade é a mesma.
Se vocês pais, ensinarem desde cedo a lição do respeito, serão
raríssimas as vezes em que seu filho precisará reagir a algum abuso. Não ensine valentia, arrogância e prepotência a seu filho. Ensine que ele não é melhor nem pior do que ninguém. Se você tem um alto padrão de vida precisa ter mais cuidado ainda, para não passar a seu filho a idéia de que ele é “o poderoso”. Ele estará, pela vida afora, mais exposto a invejas, bajulações e retaliações. Isso sem falar em violência. Mas, se você souber fazer de seu filho uma pessoa serena, respeitadora e bem aceita por todos, minimizará a diferença social. Se bem aceito na comunidade, ele ficará mais protegido. Ensine-o a relevar, a ficar na dele, e só em última hipótese, quando invadirem o seu “espaço aéreo”, fique tranquilo porque, não precisará ensinar. Ele, naturalmente, pelo que você já ensinou, saberá como se defender. Ensine-o a ser humilde sem se humilhar; a servir sem ser servil. Ensine, pelo exemplo, que não precisamos baixar os olhos para ninguém, porque a altura de todos os homens, em dignidade, é a mesma. Por outro lado, se seu filho for criado como se fosse o dono do mundo, prepare-se para vê-lo sofrer violência a todo o momento.O mundo não tolera arrogância e prepotência. Haverá sempre alguém mais arrogante e mais prepotente do que ele. Historinha real: Meu filho mais velho sempre foi tranquilo e na dele. Não mexia com ninguém. Não invadia o espaço de ninguém. Ele tinha o cabelo bem liso. Por isto, um coleguinha de 5ª série começou
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a apelidá-lo de “Augusta”, quando seu nome é Augusto. Fiquei sabendo de tudo depois do desenrolar dos fatos. Afinal o que aconteceu? Ele me contou o caso, fielmente, como pude conferir com a professora que presenciou a cena: “O menino cismou de me chamar de Augusta. Eu não estou nem aí, porque sei que não sou mulher. Não dava confiança pra ele. Só que hoje, ele foi até minha carteira, passou a mão na minha cabeça e me chamou de Augusta. Eu me levantei, dei um murro no pé da orelha dele, ele rodopiou e caiu lá no pé da professora. Enquanto ele estava me enchendo o saco, eu deixei pra lá; mas ele passou a mão em mim, e eu mostrei a ele que não aceito isto”.A professora confirmou tudo e acrescentou: “Foi um ohhhhhhhh!” na sala. O Augusto não é de confusão. Tive que dar razão a ele e corrigir o menino”.
Em casa, conversei com meu filho,dizendo a ele que devia
agir sempre com calma, que evitasse brigas e desentendimentos, mas que no caso em questão, ele estava certo. Infelizmente, este colega não aprendeu com os pais a respeitar o próximo. Assim, “este próximo“ precisou ensinar a ele, bem de pertinho, à moda da vida: batendo. Nunca quis que meus filhos fossem valentões, mas nunca pedi a eles que se acovardassem, apenas que tivessem bom senso.
Ensinar em casa é fácil, o mais difícil é ensinar a enfrentar o
mundo lá fora. Por isso, é preciso grande empenho na preparação da base emocional de nosso filho, para que ele saiba mais tarde, como se defender com equilíbrio, sem cometer exageros.
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JUSTIÇA SEMPRE! A justiça só se faz com respeito.
Procure sempre ser justo com seu filho. Se você for capaz
de ouvir, será fácil decidir com justiça. Se for preciso corrigir, que ele saiba o porquê desta correção. Não seja injusto com seu filho, transformando-o em “bode expiatório” de seus problemas pessoais. Ele não tem culpa se o casal brigou, se tem contas a pagar e se falta dinheiro, se os pais estão cansados e estressados. Se perder a calma, e a culpa não for dele, seja humilde e justo. Peça desculpas e diga o porquê do estresse. Quando tiver de corrigir seu filho por qualquer motivo, respeite-o antes de tudo. Evite corrigi-lo na hora da raiva e na frente de outras pessoas.Com raiva, você perde a razão; ao corrigir na frente de outras pessoas você expõe e humilha seu filho, às vezes gratuitamente.Procure acalmar-se primeiro. Chame-o particularmente e, se ele for ainda pequeno, abaixe-se até sua altura e fale com ele em um tom baixo e firme, olhando nos seus olhos.Explique, claramente, o que está sendo corrigido, para que ele entenda. Cuidado para não falar demais, usando argumentos que não vêem ao caso, no momento. Seja justo, objetivo e firme. Com certeza seu filho vai entender, aceitar a correção e, inconscientemente, admirar você. Historinha real: Enquanto criava meus filhos procurei, agir desta maneira. Certa vez, uma amiga veio me dizer que uma outra tinha me criticado, dizendo que “eu achava que meus filhos não tinham defeitos”! Dando a entender com a observação e o tom cheio de ironia que eu era uma tola ou alienada, por não ver os defeitos de meus filhos.
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Expliquei a ela que eu RESPEITAVA imensamente meus fil-
hos! Por isto, nunca os expunha a criticas de terceiros, levando nossos assuntos pessoais e familiares à praça pública.O fato de não comentar suas faltas e seus defeitos, não queria de maneira nenhuma dizer que não enxergasse o errado neles. A diferença é que sempre pensei: “para rir ou para chorar”, meus filhos só dizem respeito ao pai e a mim. Sendo assim, nós dois conduzimos como achávamos que era certo, sem nunca permitir interferência de terceiros. Sempre em particular, quando foi preciso corrigir, corrigimos; quando foi preciso chorar, choramos juntos, e felizmente poucas vezes. Somos pais abençoados porque , até hoje,tivemos muitíssimas vezes mais motivos para “rir” do que para “chorar” por nossos quatro filhos. Avalio que, sermos justos e respeitá-los acima de tudo, foi a maneira correta de guiá-los rumo ao caminho do bem .
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MENTIRAS NÃO CONVENCEM! Só a verdade a todo custo, cultiva a confiança entre pais e filhos.
Pais que mentem criam filhos mentirosos. A mentira leva à
desconfiança e, daí, à insegurança. Só a verdade a todo custo cultiva a confiança entre pais e filhos. O mundo todo pode vir a mentir para nossos filhos, os pais não. Os pais precisam ser referência da verdade para que os filhos tenham um lastro de segurança. Não vale nem mesmo uma mentirinha inocente do tipo: “vá calçar o tênis que o papai espera você”. E quando a criança volta, o papai já se foi, o que a deixa decepcionada e ressentida. Da próxima vez, com certeza, ela irá desconfiar do que você disser, e com toda razão. Que seu sim seja SIM; que seu não seja NÃO; que aquilo que você diz a um filho, ainda que o faça chorar no momento, seja a verdade. O que ele precisa é ter a segurança de que, se o pai ou a mãe dizem, é porque é verdade, e ele pode confiar de olhos fechados. Ao cultivar a verdade, os pais formam personalidades íntegras, confiáveis, repletas de caráter. E o que é mais certo: eles aprenderão também a dizer a verdade aos pais pela vida afora. Mesmo que no futuro tenham seus pequenos e particulares segredinhos, o mais importante será sempre verdadeiro entre pais e filhos. Historinha real: Conheço um fato de uma criança que chamou o pai de mentiroso e ele quis bater nela, dizendo que “quebrava seus dentes”, por ela o estar desrespeitando! Não me contive e perguntei a ele: Por um acaso, você não mentiu pra ela? Ele, todo sem graça, quis argumentar que ele podia mentir; ela é que não podia chamá-lo de mentiroso, afinal ele era o pai! Eu não me contive e disse a ele que era EXATAMENTE por ele ser o pai que era inadmissível mentir para ela.
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AUTORIDADE PAI X MÃE “Autoridade não se transfere.”
Autoridade não se transfere. O pai terá autoridade sobre o
filho e a mãe terá também a sua. É extremamente comum ouvir a mãe dizer a um filho que está agindo errado: “Quando seu pai chegar, você me paga!” Errado, errado, errado. Isto demonstra imaturidade e insegurança. A mãe deve ter toda autoridade para decidir e corrigir seu filho, independentemente do pai. Isto acontece porque, a mãe desde o princípio foi insegura e teve medo de se posicionar deixando que o filho “tomasse as rédeas” das situações conflitantes.
Mães, que seu Sim seja SIM, que seu não seja NÃO. Você
não pode se omitir, jogando a responsabilidade da orientação ou da correção para o pai. Por sua vez, o pai não pode, sob pretexto algum, passar por cima da autoridade da mãe, desautorizando-a diante do filho. O casal deve conversar em particular e chegar a um acordo sobre a melhor maneira de conduzir e orientar o filho nas situações em que o casal diverge. O filho não pode ser usado como joguete entre a autoridade do pai e a da mãe. Exercer a autoridade com firmeza e justiça é dar limites. Historinha real: “Meus quatro filhos, crianças de 2 a 6 anos na época, com diferenças de um ano e três meses de idade entre um e outro, um dia”rusgaram” por motivo bobo. O pai, que tinha a cultura de corrigir a sua irmã mais nova na base das “correiadas”, ameaçou tirar o cinto para corrigi-los. Eu estremeci. Sou como uma leoa na defesa de minhas crias. Com o coração aos pulos de indignação, puxei disfarça-
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damente meu marido pela manga da camisa e levei-o até nosso quarto. Então, mostrei a ele o tamanho do disparate que ele acabava de dizer. Lembrei a ele o que poderia acontecer se ele, em um momento de descontrole, batesse em um de nossos filhos com um cinto. Ele, que sempre foi um paizão coruja, compreendeu que estava errado e nunca mais houve este tipo de ameaça em nossa casa. E o melhor de tudo é que nenhum de nossos filhos jamais precisou de uma correção tão drástica e tão violenta.
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RESPONSABILIDADES! DISTRIBUA... Educar uma criança é, antes de tudo,ensiná-la a prescindir de nós.
Seu filho pode e deve ter responsabilidades desde muito cedo.
De acordo com a idade, vá com sabedoria e bom senso distribuindo-as. Não pense que amamos menos nossos filhos, porque não fazemos aquilo que eles podem fazer. Isto os torna competentes e participantes da realidade da família. É simples. Mães que acham que, para serem boas mães, devem dar a seus filhos tudo nas mãos estão completamente erradas. Os filhos criados assim, terão a errônea idéia de que sua mãe é sua escrava e a farão serva de seus caprichos.
Isto acontece muito com filhos de mães que não trabalham
fora e também com aquelas que (não sei por que cargas d’agua) se sentem culpadas por trabalhar fora. É como se a mãe tivesse que pagar um preço por trabalhar fora ou, por não trabalhar fora! A mãe precisa ensinar o filho a viver sem ela, a prescindir dela. Isto é amor. É preciso pensar que, a qualquer momento, nosso filho terá de viver sem nós, não importa por qual motivo ou situação social da família. Ele precisa estar preparado para assumir responsabilidades e comportamentos, sem muito sofrer.
A criança pode guardar seus brinquedos, pendurar sua toalha
molhada, arrumar sua cama, guardar suas roupas limpas e sujas, lavar seus tênis, limpar seus sapatos, fazer sozinha seus deveres e se arrumar para a escola, sem precisar ser mandada ou lembrada, ajustar o despertador para não perder a hora de levantar-se para ir à escola ou lembrar seus compromissos.
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Aprender com a mãe, desde cedo, a fazer compras em super-
mercados e sacolões, aprendendo o jeito certo de comprar e escolher a mercadoria é saudável. Isto será brevemente aproveitado, se o filho for morar fora de casa, ou tiver de se virar sozinho por algum motivo. E, quando já tiver idade para usar eletrodomésticos com segurança, pode aprender a manusear máquina de lavar e ferro de passar roupas aprendendo a lavar e passar suas próprias roupas, a usar fogão e liquidificador para preparar rápidas refeições, e seus próprios lanches. Mesmo que não precise fazer isto em casa, é bom que esteja preparado. Nunca sabemos o que o futuro reserva para nossos filhos. Por isto, precisamos prepará-los o máximo possível. Estas parecem pequenas coisas, mas fazem toda diferença na vida do filho, tornando-o desde cedo, uma pessoa responsável e auto-suficiente.
Penso que uma das coisas mais tristes da vida de um pai e de
uma mãe é ver seus filhos “capengas”, dependentes, inseguros e incapazes de enfrentar sozinhos a rotina da vida. Não temos o direito de, “em nome de um amor”, alijá-los da vida; torná-los competentes e seguros, isto sim, é prova de amor. Historinha real: Meu terceiro filho, desde muito pequeno, mostrava ter aptidão para música. Tudo que o interessava estava relacionado com música. Assim, nunca gostou de praticar esportes. Quando entrou para a quinta série, aos 10 anos, passou a ter aula de educação física, em horário separado. Ele detestava as aulas de educação física, porque sempre era a mesma coisa: jogo de futebol, que ele detestava mais ainda.Então, eu o chamei e expliquei que, apesar de saber que ele não gostava da aula, ela fazia parte de seu currículo e que era preciso ter a frequência exigida pela escola para ser aprovado sem recuperação. E
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ele ainda argumentou: Mas eu detesto educação física, mamãe! Eu sei meu bem, mas tem coisas na vida que mesmo sem gostar, precisamos fazer, porque faz parte de nossa obrigação. E, fazer exercício é muito bom prá você que está crescendo! Então, você está sabendo porque precisa ir e a mamãe não vai ficar cobrando isto de você. Você sabe o dia e a hora, agora é com você ter frequência. Não se esqueça de que, se você não for a aula, poderá ficar em recuperação no fim do ano por isto. Tá bem? Tá (disse ele, com muita má vontade). Fiquei observando, e ele ia num dia, faltava outro, e eu às vezes, lembrava a ele,outras deixava passar...
Um dia, fim do ano letivo, ao entrar em casa, eu o vi cho-
rando na sala de TV. Imediatamente o coloquei no colo e perguntei, porque estava chorando.“Tomei recuperação em educação física por frequência!”Sem me alterar, porque já estava preparada, consolei-o. “Você se lembra de que eu avisei disso?”“Lembro.”“Pois é, meu filhinho, cada erro tem um preço. Ainda bem que a recuperação é legal. Você vai ficar quinze dias lendo na biblioteca e já que você gosta muito de ler...” Ele se animou todo: “posso ler o que eu escolher?”“Pode, respondi. Você vai cumprir o que não cumpriu durante o ano.” Ele ficou consolado para fazer sua recuperação, sem nenhum sofrimento. Tinha passado com excelentes notas em todas as disciplinas e sempre foi um ótimo aluno.Dias depois, uma amiga que trabalhava na Escola me procurou escandalizada. Ela me disse:
-Marta, vi o Renatinho na Biblioteca fazendo recuperação,
você o deixou fazer recuperação!!!!
-Não fui eu quem deixou, foi ele quem tomou.
- Mas ele é excelente aluno, só tira notas altas!
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-Menos em educação física, ele perdeu por frequência.
-Mas era só você arranjar um atestado médico prá ele!
Fiquei abismada. Não acreditava estar ouvindo isto de uma
educadora. E, com todo jeito para não magoar minha amiga, disse-lhe que jamais faria isto e, sem render muita conversa, porque ela não entenderia, mudei de assunto. Hoje lhes digo o que pensei naquele momento. Jamais inventaria uma doença de mentira para meu filho que sempre foi extremamente saudável. Seria ir contra tudo em que acredito.Daria um péssimo exemplo para ele e os outros filhos, além de ser uma grande ofensa a Deus. Eu estava criando meu filho para ser um homem de bem, responsável e capaz de enfrentar suas dificuldades e seus erros sem contornos escusos. A vida não lhe daria um atestado médico sempre que errasse e ele precisava estar preparado. Hoje, ele é um jovem músico, muito talentoso, de caráter irretocável, honesto, responsável e muito respeitado por todos que o conhecem. É nisto que acredito. Um filho é um barro novo. É preciso muito cuidado para não arruinar a bela obra prima que todos os pais desejam construir. É simples assim! Outra historinha...
Esta lhes conto para ilustrar como fazer para ensinar seus fil-
hos a serem auto suficientes nas necessidades corriqueiras da vida.
Desde muito pequenos tinha o hábito de levá-los para fazer
compras em sacolões e supermercados. Ensinava-lhes a escolher cada item pela qualidade e pelo melhor preço. Era muito engraçado, porque a cada semana, um era encarregado de escolher o quiabo. Nenhum gostava de escolher quiabo, porque coçava as mãos. Assim, o ultimo a escolher sempre dizia: hoje é você, na semana passada fui eu!Assim,
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aprenderam a fazer a feira de verduras, frutas e supermercado desde muito cedo. Isto foi muito Ăştil porque todos saĂram de casa com 13 anos para estudar em BH, e lĂĄ, todas as responsabilidades de pagar contas, fazer compras, estudar, fazer tarefas sempre foi de cada um deles. E eles deram conta de tudo, porque foram preparados para isto desde pequenos.
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ENSINE A REPARTIR... Repartir, uma virtude que se aprende no seio da família.
Desde muito pequenos, é preciso ensinar aos filhos a difícil
virtude de repartir com os irmãos aquilo que cada um tem. Aprendese primeiro a repartir com os irmãos, depois com o próximo. Exercitei isto com meus filhos de uma maneira muito simples e que deu muito certo. Hoje são adultos, extremamente unidos, capazes de ser solidários sempre que o outro precisa. Foi simples assim...
Apesar de poder comprar um pacote de bombons ou de balas
para cada um deles, sempre comprei um só pacote para os quatro. Entregava-o a eles que, rapidamente, sem que eu dissesse nada, descobriam a maneira de repartirem com justiça. Sentados em roda no chão, a cada um era dado o direito de escolher por sua vez. O que sobrava da quantidade igual para todos os quatro era sempre dado para a babá. Nenhum ficava com maior quantidade. Desenvolveram a capacidade de repartir, de ceder e de respeitar a vez do outro. Mesmo que este outro seja o irmão. É no seio da família que se forjam valorosos cidadãos. Historinha real: Esta me foi contada pela Carminha, professora de minha filha caçula na quarta série do ensino fundamental no ano da formatura de minha filha no curso superior. Perguntando como estava ela contou-me esta historinha: disse-me que admirava muito a minha filha, que gostava muito dela quando sua aluna. Quis saber o porquê da admiração especial e ela me disse: “Sua filha, naquela época, era uma das alunas que tinha todo material escolar e, além disso, os mimos, como jogos de canetinhas de todas as cores, adesivos, cartelas de lápis
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com um maior número de cores, borrachas disto e daquilo. O que me encantava nela é que, naquela idade, na qual é raro ver uma criança repartir o que tem com os colegas, principalmente quando os colegas são mais pobres, ela repartia tudo. Deixava que todos, quantos precisassem ou quisessem, usassem suas coisas Via nela um desprendimento e uma generosidade tão grandes, que só podia ter sido aprendidos em casa”. Fiquei muito feliz com esse testemunho, sinal de que não ensinei em vão; plantei em terreno fértil. Isto é muito gratificante para uma mãe. Hoje, “esta menina” é uma médica competente, amorosa e capaz de ser solidária com o sofrimento de seus pacientes. Acredito que o conhecimento acadêmico se aprende na Universidade, mas um espírito solidário se constrói na infância e adolescência. E os “construtores”, repito, são os pais.
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NÃO DIVIDA SEUS FILHOS! O marido é o PAI; a mulher é a MÃE
Não faça de seus filhos juízes do relacionamento do casal.
Lembre-se de que para os filhos o marido é o seu pai e a mulher é a sua mãe. Nunca busque nas crianças e nos adolescentes apoio emocional para os conflitos conjugais. Eles não têm maturidade para entender isso e muito menos condições para ajudar nem a um, nem a outro. Preserve a paz na alma de seus filhos menores. Deixe que sejam crianças e adolescentes despreocupados e felizes. Lavem suas roupas sujas longe da presença dos filhos. Para isso, dê preferência a portas fechadas ou, se possível, em outro ambiente, pois, os filhos ficarão aflitos, inseguros e infelizes se presenciarem brigas, cobranças, discussões e ofensas entre seus pais. Respeite seus filhos. O casal é adulto; se quiser, pode resolver suas pendências sem envolver os filhos que nada podem fazer, a não ser se tornarem infelizes, desajustados e divididos entre o amor do pai e da mãe. É simples assim... Mas é preciso amar!
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VIOLÊNCIA, NUNCA! Usar de violência contra os filhos, é passar um definitivo atestado de incompetência!
Corrigir nossos filhos com o uso da violência, usando tapas,
cipós e correias é passar um definitivo atestado de incompetência. Se os pais tiverem o bom senso de, já no início, exercitar o amor,o respeito e o limite, com certeza, raramente precisarão recorrer a atitudes extremas. Se seu filho fizer algo, que você considera errado, corrija com firmeza, dizendo claramente, porque ele está agindo errado. Dêlhe uma segunda chance. Se ele repetir, corrija de novo e diga claramente qual será a correção que o espera da próxima vez. Sempre falando baixo com ele e em particular para respeitá-lo; seja firme nesta posição. Felizmente, nunca precisei usar o recurso do castigo para corrigir meus filhos, privando-os de algo que eles gostassem de fazer. Podem achar que estou errada, mas considero o castigo também uma forma de violência. Mas, dos males o menor. Se para corrigir, em última análise for preciso colocar uma criança de castigo, que seja. Mas ainda insisto, só em último caso. Mesmo assim, como já disse antes, que ela seja avisada com antecedência de qual será seu castigo se voltar a cometer o erro. E se isto acontecer, cumpra fielmente o que prometeu e avisou. Sem mais nem menos. Seu filho precisa entender que aquilo é dito será cumprido. O recurso das chineladas também deve seguir o mesmo critério.
Conheço mães que aos gritos distribuem tapas e chineladas
por qualquer coisa.
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A criança passa a não se importar e, no fundo, deixa de admi-
rar suas mães, porque percebem que elas são fracas e incapazes de lidar com as dificuldades. Nossos filhos precisam nos admirar para nos amar verdadeiramente.
Mães, coragem! Às vezes, sofremos mais do que nossos filhos,
quando é preciso corrigir seus erros. Mas esta é nossa missão. Não podemos nos omitir. Lembrem-se de que estamos no leme desta nova vida. Historinha real: Dos meus quatro filhos, apenas no primeiro dei um único tapa na mãozinha, quando tinha ano e meio e queria enfiar o dedinho na tomada. E três chineladas na bunda da segunda, aos quatro anos. Os outros dois jamais precisaram de um único tapa. Agora conto-lhes esta historinha. O único tapa dado na mãozinha de meu primeiro filho até hoje me dói. Meus quatro dedos ficaram marcados em sua mãozinha gorduchinha. Ele hoje tem 32 anos e eu ainda me lembro de seus olhinhos pretos cheinhos de lágrimas. Chorei a noite toda de arrependimento. E me arrependo deste tapa até hoje.
Se eu, marinheira de primeira viagem, tivesse tido o bom
senso de colocar tampinhas nas tomadas não precisaria ter usado de violência contra meu filho. Mesmo querendo protegê-lo, errei.
As chineladas da segunda foram mais justas, mas ainda as-
sim considero violência um adulto usar de força, ainda que dosada, contra uma criança. Esta minha menininha era geniosa! Por qualquer raiva que tinha, procurava a primeira porta e descontava sua raiva batendo-a. Quando percebi que era pirraça, chamei-a na conversa e avisei: “Da próxima vez que você bater a porta por pirraça, vai levar três chineladas para não se esquecer de que está fazendo errado, está entendendo?”Ela, espertíssima, disse:
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“Tô”. Passou, passou...
E um belo dia, ela se enfezou por algum motivo e foi para o
quarto batendo a porta com força. Fui atrás dela e quando cheguei, ela se lembrou de minha promessa.Tirei o chinelo do pé e vi que tinha um plástico duro e podia doer mais que o necessário. Pedi à babá que me trouxesse as antigas havaianas, que são macias. Por mais que me doesse, de sangue frio, cumpri minha promessa, deitei-a no colo de bumbum pra cima e dei três chineladas pra valer. Nunca mais ela bateu portas com raiva. Hoje com 33 anos, ela me diz que, toda vez que tem raiva, tem vontade de bater a porta, mas se contém. As chineladas são sempre lembradas.
Digo-lhes de todo coração, que se pudesse voltar atrás, não
daria o tapa pelo motivo que dei e mudaria as chineladas para um castigo mais leve. Insisto, existem caminhos mais suaves para corrigir nossos filhos. Evitem usar a força, com todas as suas forças.
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BARGANHA, SEMENTE DA CORRUPÇÃO BARGANHAR É ENSINAR A L IÇÃO DO TOMA LÁ, DA CÁ.
Quando barganhamos com nossos filhos, estamos ensinando,
desde muito cedo, a triste lição da corrupção. Todos nós abominamos a corrupção em nosso país. Mas, muitas vezes, não nos damos conta de que é isto que estamos ensinando, quando barganhamos. Quando dizemos a um filho ainda pequeno que fique bonzinho, que a mamãe lhe traz um presente... Se você estudar, ganha isto ou aquilo... Se tirar tal nota ganha isto que você tanto quer... Estamos ensinando a lição do toma lá dá cá. E, no rastro disto, formamos personalidades deformadas, corruptas e corruptíveis. Pense bem. Não é preciso barganhar para conseguir nada com seus filhos. O que você pede ou exige dele, nada mais é do que suas próprias obrigações ou seus limites necessários. Então, porque esta ansiedade, esta necessidade de abrir na alma da criança esta expectativa? Experimente, dialogar sempre, dizer e fazer tudo com naturalidade, sem passar ao filho a impressão de que ele está fazendo algo pelo qual você precisa compensar. Não faça o costume de sempre trazer presentes,quando volta para casa, porque agindo assim, transformará um gesto de amor em uma obrigação. E, quando, por algum motivo, você não trouxer o presente, haverá a decepção e faltará a alegria por sua simples chegada.
Quero que entendam que acho valoroso presentear um filho,
dialogar e negociar com ele para se chegar a um denominador comum quando houver divergência de opiniões. O que não pode acontecer é a barganha.
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Sempre que possível, presenteie pelo simples gesto de de-
monstrar amor e carinho por seu filho. Surpreenda-o sempre que achar conveniente e não cobre dele aquilo que lhe deu por livre e espontânea vontade.
Outra atitude que não chega a ser uma barganha, mas uma
lei da compensação, sem razão clara, e por isso acho também nociva para a formação da personalidade é o fato de os pais acharem que, se comprarem algo para um dos filhos, têm obrigação de comprar também para o outro. Acho que esta conduta promove desunião entre os irmãos. Em vez de crescerem amigos e solidários com as necessidades individuais de cada um, tornam-se ciumentos, competitivos e desunidos pela vida afora. Se, desde muito pequenos, os pais conduzirem este assunto com naturalidade e clareza, não haverá cobranças. Se houver, explique o porquê com firmeza e verdade. Pode ter certeza: é simples assim...
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SIMPLICIDADE FACILITA AS COISAS!
Crie e eduque suas crianças com simplicidade de corpo e
alma. O mundo consumista, muitas vezes induz os pais a quererem para seus filhos, crianças e adolescentes, uma parafernália de bens, roupas, modismos, brinquedos e tecnologia de ponta, que vão dificultando, em muitos casos o poder aquisitivo dos pais e complicando o andar da vida. Deixe seu filho ter tempo para ser criança. Neste terceiro milênio, não podemos ignorar que a tecnologia, cada vez mais avançada e porque não dizer maravilhosa, fascina crianças e adolescentes. Até nós, adultos e velhos ficamos fascinados com tanta evolução tecnológica e muitas vezes nos perguntamos como pudemos viver sem o celular, o computador a internet...Por tudo isto, é preciso dosar o uso desta tecnologia para que ela não se transforme em vício para nossas crianças. Conheço o caso de um adolescente tão viciado em jogos de computador que se isolou completamente da família, deixou de estudar e conviver com os amigos.Sendo assim, acho que é responsabilidade dos pais, DOSAREM para que as crianças usem a tecnologia (porque ela faz parte de seu mundo) mas tenham espaço para outras atividades de laser com brincadeiras mais lúdicas e brinquedos que estimulem a sua criatividade. Não pensem que sou contra os brinquedos eletrônicos e computadorizados, afinal eles fazem parte da realidade destes novos tempos; o que defendo é o seu uso com equilíbrio e bom senso.
Falando em exagero, cuidem para que as roupas e sapatos
tenham a simplicidade e a inocência das crianças, e que lhes dê conforto. Está ficando comum, meninas entre 8 e 10 anos usarem saltos altos,
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batom, maquiagem. A impressão que tenho quando as vejo, é de que o sapato está no pé errado e a carinha maquiada está em corpo trocado. Fico a imaginar como uma mãe, em sua sã consciência, não percebe que está conduzindo sua filha de uma maneira totalmente equivocada! Psicólogos e médicos já afirmaram que esta conduta das mães, somada a outros fatores igualmente nefastos como assistir a novelas de TV com suas cenas de sexo e violência gratuitas, anda diminuindo o tempo de infância das crianças e estimulando a chegada da adolescência, acelerando, assim, um processo que deveria ser natural. Isso acarreta a menstruação precoce, em meninas de até 10 anos, dizem aqueles profissionais. Não nos deveria surpreender, então, o fato de meninas de 11 ou 12 anos se engravidarem. Proteger, nossas filhas e filhos a todo custo é responsabilidade intransferível dos pais.
Despertar nas crianças a valorização das grifes, também é
desnecessário. Compre para seus filhos, coisas boas, mas não valorize o consumo de produtos de marca de nomes famosos porque é chique. Isto pode vir a criar atritos com seu filho ou filha, quando você, por algum motivo, não puder comprar aqueles produtos que, via de regra, são caros. Cuidado também, com o consumismo. Promova a valorização do que seu filho já tem, desestimulando, ao máximo, o comprar por comprar. É claro que, o exagero também para o lado oposto é ruim. Nossos filhos precisam se sentir seguros e confortáveis para conviver no ambiente em que vivem. É preciso que se sintam bem em qualquer ambiente; nem melhores, nem piores do que os demais. Sendo assim, cuide com muito equilíbrio para que não lhes falte nada do que eles precisam para se sentirem felizes e integrados à turma. A virtude de nossos atos está “no meio”.
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Modismos como tatuagens, piercings, brincos para meninos,
cabelos cortados à moda de alguém famoso, a meu ver, não devem ser estimulados pelos pais enquanto os filhos são crianças.Muitos pais,(principalmente as mães) por acharem estes modismos bonitos projetam em suas crianças os seus gostos pessoais como se os filhos fossem manequins de vitrine. Cuidado, respeite suas crianças, deixem que tenham antes de tudo a singeleza dos inocentes. Isto em respeito à formação da personalidade delas que,ainda não sabem decidir o que as agrada ou não. Estes modismos devem ser deixados para quando seus filhos entrarem na adolescência e aí sim, começarem escolher seus próprios gostos. Ainda assim, os pais devem conversar e esclarecer, para se evitarem modismos definitivos que no futuro podem vir a prejudicar seus filhos adolescentes. Eu acredito que, tudo que se torna definitivo em nossa vida deve ser decidido e feito na fase adulta quando já seremos donos de nossas próprias vidas e responsáveis por erros e acertos. Os adolescentes ainda têm uma longa estrada para percorrer até se tornarem adultos. Sendo assim, repito, é responsabilidade dos pais, orientar para que no futuro não haja arrependimentos desnecessários. Muitos dos exageros e desajustes que vemos nos jovens e adolescentes foram plantados na infância pela falta de bom senso dos pais. Cuidado! A simplicidade é sempre o caminho mais fácil, mais claro, e o menos passível de erros.
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PUDOR, ESTE VELHO ESQUECIDO. A dignidade se cultiva no exercício do pudor
A dignidade se cultiva no exercício do pudor. Parece fora de
moda falar em pudor. Afinal, basta ligar a TV para ver, em 42 polegadas, os bumbuns das mulheres bem explícitos no telão. Ninguém mais se importa com as boas maneiras de se comportar, de preservar o corpo ,e não cometer exageros e se tornar vulgar. Esse fato é mais visível na mulher. Cabe aos pais junto às filhas estabelecer os limites dessas atitudes. Tudo pode ser usado, desde que não haja exageros e que seja em lugar próprio. Deve-se ensinar a maneira de sentar-se, com modos, de usar a roupa certa, no ambiente certo, o pudor na maneira de conversar, abolindo palavrões e expressões chulas ( o que é feio e desagradável até para os filhos homens). Ensina-se, desde cedo, a melhor postura, a altura da voz, a conduta pessoal que fará de seus filhos pessoas naturalmente dignas, sem arrogância e sem vulgaridade.
Nestes novos tempos, falando em pudor, quero lembrar aos pais
a necessidade de estarem vigilantes e cuidadosos com a pornografia e o assédio perniciosos que chegam até nossos filhos, através da Internet. As crianças estão, cada vez mais cedo, tendo acesso à internet e esta realidade precisa ser vigiada muito de perto. Cuidem de seus filhos!
É comum, que pais alienados ou omissos sejam os últimos a
saberem que os seus filhos andam acessando páginas pornográficas e fazendo contatos perigosos. Não sejam ingênuos, achando que só os filhos dos outros fazem o mal feito. As crianças estão recebendo informações, cada vez mais cedo. Estão com computadores, notebooks,
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“Ipods” e mais não sei o quê, nas mãos. Manuseiam tudo com incrível facilidade; são os novos tempos! Por isso mesmo os pais não podem parar no tempo. Precisam estar vigilantes, minimizando, ao máximo, o uso do computador como laser, bloquear o que não deve ser acessado e buscar sempre conduzir seus filhos para atividades mais naturais e de maior convivência familiar, tirando-os da frente do computador (no meu tempo, 35 anos atrás o desafio era a TV e jogos eletrônicos) direcionando-os para prática de esporte, leituras, brincadeiras criativas e passeios que os coloquem em contato com a Natureza. Parece difícil, mas não é. Basta que os pais se ocupem deste redirecionamento em vez de só repetirem como papagaios: “Menino, saia deste computador”!Faça sua parte. Defina horários, bloqueie o que deve ser bloqueado, monitore os acessos das crianças (não é invasão de privacidade, mas é responsabilidade cuidadosa!) e crie opções de laser, em vez de se acomodar com a situação. É fácil entender a acomodação dos pais, afinal, seu filho diante do computador não lhe dá nenhum trabalho, não exige sua atenção, não quer nada! É aí que mora o perigo. Não se omita!
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NÃO PERCA SEU FILHO DE VISTA ! Quando nosso filho escorrega, é nosso dever agarrá-lo pelas mãos.
Ainda que, neste livro, eu não pretenda entrar na fase da ado-
lescência, atendo-me à infância,não resisto ao desejo e a preocupação de alertar aos pais para a fase da pré- adolescência e adolescência.
É importante observar que, muitos pais presentes na vida do
filho enquanto é criança, o perde de vista quando ele entra na adolescência. Isto acontece, porque nesta nova fase, o filho já começa, naturalmente, a fazer suas próprias escolhas, ter seus gostos e suas vontades, seus próprios amigos e programas. É comum os pais acharem esta fase difícil, porque já não são capazes de “manejar” a vida de seu filho como fizeram até então. Neste momento, ficam meio perdidos, porque estão despreparados para acompanhar tantas mudanças.
A vida é dinâmica; por mais que você fique querendo ol-
har para trás, para o tempo em que ele era uma criança e você tinha o controle de tudo, a vida anda para frente. E, se você não o acompanhar, perderá o trem da história que, no caso, é a história de seu filho.Os pais precisam se preparar para, mais uma vez, RESPEITAREM as mudanças deste adolescente. Tudo começa a mudar... a voz, o corpo, o humor, os gostos, as opiniões. Se vocês forem capazes de respeitar estas mudanças, sem perder seu filho de vista, a adolescência será uma fase linda, cheia de alegrias, risos, sonhos e aprendizado. Acontece que, por estarem despreparados, os pais ficam inseguros e entram em choque com os filhos. Querem impor sua autoridade, sem levar em conta o gosto deles, esquecendo-se de exercitar o afeto
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e o diálogo a todo custo. Esta atitude acaba gerando brigas, desentendimentos e o afastamento entre pais e filhos. Como mãe de dois meninos e duas meninas, hoje adultos e capazes, posso lhes garantir que o caminho do acerto continua sendo: o Amor, o Respeito e os Limites. O mesmo tripé equilibrado e exercitado na infância,continua a ser soberano na adolescência.Não se afastem, por atrito, da vida de seu filho. Continuem presentes, respeitando-o em sua individualidade, permitindo seus vôos rasantes sem, no entanto, perdê-lo de vista. Continuem a conversar muito com ele, a olhar seu rostinho todos os dias para ver como está se sentindo. Procurem saber como foi seu dia, como foi o programa, interessem-se por seus assuntos sem parecerem invasivos, conversem de forma natural, sem forçar, dando-lhe liberdade para se expressar, sem medo de ser cobrado ou criticado. Sejam carinhosos e afetivos. Não é porque seu filho, ou filha, cresceu, que deixou de precisar de seu afeto. Não perder seu filho de vista, é saber onde ele está, quem são seus amigos, com quem está andando, como está sua frequência e desempenho escolares, seu comportamento em relação às outras pessoas, como está chegando em casa. Mantenha o controle e dê limites para certas concessões. Eu penso que nossos filhos não devem dormir em casa de amigos, nem viajar com pessoas que os pais não conhecem. Por uma questão de segurança, os pais devem levar e buscar seus filhos em festas e baladas, evitando, assim, tantas tragédias irreparáveis com jovens dirigindo alcoolizados. O vício, na minha opinião, é o maior vilão desta fase. É preciso deixar bem claro que a bebida é inadmissível para menores, além de proibida por lei. Os pais precisam ficar vigilantes para perceberem se seu filho menor de idade está aprendendo a beber. É preciso conversar e explicar que
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beber está fora do limite admitido. Se os pais conseguirem evitar a bebida e o cigarro na adolescência já terão meio caminho andado para evitar as drogas. O adolescente que não bebe está mais protegido das drogas porque está consciente do que está fazendo. O que bebe está desbloqueado de qualquer limite e se transforma facilmente em uma “Maria vai com as outras”. Por isso, caros pais, é imprescindível evitar que seu filho beba bebida alcoólica pelo menos enquanto for menor de idade.
A questão da sexualidade e da liberdade sexual também pre-
cisam ser bem discutidas e orientadas para que os adolescentes entendam que cada ato seu precisa ser acompanhado da mesma quantidade de responsabilidade. É importante, também, procurar saber que tipo de ambiente ele vai frequentar. É preciso dar espaço para que eles cresçam, mas não podemos permitir que escorreguem demais. Pelo menos, precisamos, com todo empenho, fazer a nossa parte, e contar que Deus nos dará a graça da proteção Divina para o restante. Não podemos colocar nossos filhos em uma redoma, mas podemos cuidar para que não caiam no fosso e, se caírem, sabermos como tirá-los de lá. Outra atitude que ajuda muito nesta travessia é sempre que possível disponibilizar sua casa para que seu filho tenha a liberdade de receber seus amigos e fazer suas festinhas. Aqui, os pais podem atuar como suporte mantendo uma distância, para não interferir na festa da galera. E, enquanto ajuda vai percebendo, muito discretamente, com que tipo de amigos seu filho ou filha está convivendo. Ser um pai e uma mãe “legais” é um ótimo caminho para estarmos sempre por perto dos filhos, sem parecer invasivos. Nesse sentido, outra boa providência é procurar conhecer os pais dos amigos de seu filho. Isto dará apoio de ambos
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os lados, afinal todos estão comandando o mesmo tipo de barco.
A esta altura,cito uma frase de Jesus que me guiou nos meus
anos de mãe de adolescentes “Vigiai e orai porque não sabeis qual é a hora”. Isto não vale apenas para a hora da morte; para mim vale para todas as ocasiões em que não podemos ter o controle absoluto da situação.
A adolescência é uma fase em que não podemos ter o con-
trole absoluto da situação. Sendo assim, exercitei, sem cessar, este ensinamento de Jesus. Vigiei e orei! Eu sempre disse a meu marido: Mãe e pai de adolescente não dormem quando querem, não podem estar cansados, não podem relaxar. É preciso estar em alerta constante, porque não sabemos quando o mal pode alcançar nossos filhos e, o único escudo dos filhos adolescentes, depois da proteção de Deus, são os pais. Rezando e vigiando, seremos capazes de conduzi-los nesta fase curta, tão delicada quanto bonita, até a fase adulta, quando já serão capazes de caminhar sozinhos e não mais dependerão de nossos cuidados. A palavra vigiar, neste contexto, pode não expressar bem o que quero dizer. Não se trata de uma vigilância na concepção policial e sim de vigília. Atitude de quem está sempre alerta, sempre preocupado em ver, conduzir, corrigir e cuidar para que não haja extravio. Não podemos perder nossos filhos de vista. Não podemos nos acomodar sob pretexto algum. E, mesmo com todos estes cuidados não temos garantia alguma de que eles não andarão por caminhos errados e perigosos para sua vida. No entanto, se estivermos em constante alerta, enxergaremos a tempo de corrigir os desvios, não permitindo que a queda seja grave e definitiva.
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Neste ponto, volto a lembrar a “galinha choca” com seus pin-
tinhos. Se um animal tão pequeno e desprovido de qualquer inteligência, agindo apenas por instinto, é capaz de vigiar e cuidar de suas crias, avançando, se for preciso em um adulto que ameace seus pintinhos, porque nós, dotados de toda inteligência, entendimento e sabedoria, não vamos conseguir? Basta que não cometamos o pecado da omissão. Mostre o caminho, dê o exemplo, vá atrás do filho rebelde, converse, dê limites. E, se apesar de tudo, ainda for preciso uma correção mais dura, não tenha medo de sofrer, nem vergonha de chorar. Para endireitar os caminhos, impedindo que nossos filhos se percam, vale qualquer sacrifício.
Assim, caros pais, parece muito difícil exercitar tudo isto,
mas podem acreditar que não é.Basta amar incondicionalmente nosso filho e acreditar que somos nós os responsáveis por esta vida em construção.É gratificante e animador saber que, se não descansarmos, se vigiarmos e orarmos, separando sem cessar o joio do trigo, colheremos em sua fase adulta, belíssimos frutos. Testemunho de minha filha Marina: Hoje, mulher de 33 anos e mãe de um filho de 4, passo pelos mesmos receios que meus pais passaram com nossa criação em relação aos vícios. Sinto-me na obrigação de fazer um relato sobre este assunto em seu livro, mãe, pois acho que na época, nem você sabia bem o que tinha de ser feito, e muito menos se estava agindo certo. Lembro-me de seu olhar confuso sobre como agir, quando se deparou comigo embriagada algumas vezes. Então, só eu para dizer se a forma como você agiu foi correta para mim.
Sempre fui a mais rebelde dos 4 filhos e, na adolescência ,
procurava algo que não sabia o que era. Tinha vontade de me rebelar
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contra tudo e ao mesmo tempo de ser aceita. Hoje, vendo de longe, é possível entender o quanto a alma de um adolescente pode ser conturbada, mesmo sem motivos.
Passei por uma fase de beber com a turma e vários episódios
de “porre”. Beber nesta fase significava, a meu ver, inserir-se na turma, ser parte do todo, para ficar mais solta, desinibida e “engraçada” (o que muitas vezes me fazia servir de chacota para a turma), tudo isso para esconder as inseguranças internas. Fugimos a todo custo da rejeição. Minha mãe não pode evitar que eu bebesse; ninguém pode! Mas, ela fez o que podia fazer: mostrou-me, com todo o seu amor, que existia um outro caminho a seguir. Mostrou que as escolhas eram minhas sim, mas que as consequências de meus atos também eram minhas, inevitavelmente.
Foi a primeira pessoa a me falar sobre a ressaca moral. Lem-
bro disso perfeitamente. No dia seguinte ao porre, estamos tão fragilizados e envergonhados; por isso foi importante ter minha mãe para me ajudar a tomar consciência de que aquilo que estava sentindo poderia ser evitado por mim mesma. Além da ressaca física, sempre tinha algo de que me envergonhava, algo que não faria em meu estado normal e, por incrível que pareça, a única pessoa que estava ali do meu lado para me ajudar a resolver os problemas que eu criava, era minha mãe. Não tinha amigo ou amiga que chegasse junto. Na verdade, os amigos também passam várias vezes por esta situação e, acho que, inconscientemente, sentem até um alívio ver que o outro passa pelas mesmas fraquezas que ele.
Minha mãe nunca foi conivente com meus erros, muito me-
nos com a bebida. Mas NUNCA me abandonou! Sempre esteve do
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meu lado no outro dia; mesmo que com o olhar triste, preocupado e decepcionado, ela não me abandonou. Ajudou-me a ver que isto tudo só fazia mal a mim mesma, que as conseqüências viriam sempre, repito, inevitavelmente. O limite é o respeito por nós mesmos. Até para beber, o limite nos trás momentos de alegria para serem lembrados e, sem ele temos momentos de vergonha por agirmos como “bobos da corte” e sem personalidade.
A fórmula certa não existia para minha mãe e não existe para
ninguém. Hoje, quando me preocupo com a criação de meu filho nesta fase da vida, também não sei como agir ao certo, mas pretendo seguir o exemplo de minha mãe que funcionou para a minha criação: amar incondicionalmente, vigiar incansavelmente e, sobretudo, estar do lado do meu filho a qualquer preço, escutando-o, ajudando-o a se entender e a fazer escolhas que não são para a minha mas sim, para a vida dele. Obrigada minha mãe, de todo meu coração, por ser meu guia de amor.
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VÍCIOS Estes vilões de todos os tempos e de muitas tristes histórias.
O que fazer com os vícios que temos? Como ensinar a nos-
sos filhos que eles não devem se viciar em bebidas, cigarros, jogos, ou o que é pior, drogas? O primeiro passo é não tornar natural para as crianças o ambiente de bebidas. Observo que estamos tendo em muitas jovens famílias uma geração “boteco”. Os pais são viciados na “cervejinha”. E até este diminutivo é inconscientemente usado para minimizar o fato de estarem bebendo muito e sempre. Como não podem, ou não querem, deixar seus filhos em casa,levam-nos para os botecos.
É comum em minha cidade que é pequena, ver carrinhos
de bebês estacionados nas portas dos bares e botecos. As crianças vão crescendo e passam a andar e correr por entre as mesas, enquanto os pais bebem. E ainda, há o agravante de começarem a provar bebida desde muito cedo. O que posso dizer a estes pais? Se ensinamos pelo exemplo, o que vocês querem para o futuro de seu filho? Se em suas cabeças não importa que ele seja um viciado desde muito cedo, continue criando uma geração “boteco”e peça a Deus para que seu filho aprenda pelo contra exemplo. Que cresça detestando cigarros, bebidas, gente bêbada etc., por causa de vocês. Se vocês não tiverem esta sorte, preparem-se para sofrer as consequências de sua irresponsabilidade com seus filhos, bebendo desde muito cedo. Se esta idéia lhes incomoda, ainda é tempo de fazer uma rigorosa crítica pessoal de como o casal está conduzindo este assunto. Critiquem-se com dureza,
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sem falsas desculpas. Será que a “cervejinha” e o cigarro valem mais do que o equilíbrio emocional e o exemplo positivo que os pais têm a obrigação de dar aos filhos? Um bom início seria vocês se criticarem diante de filhos. Dizer que, se pudesse começar de novo, jamais se viciaria, que o vicio domina nossa vontade e que isso é muito ruim.Portanto, nunca permita que seus filhos provem bebida alcoólica, achando engraçado a careta que normalmente fazem. Sempre que se referir à bebida, use termos que desqualificam e não que enalteçam a bebida, como “cervejinha, uma gelada, uma loura, tomar uma...” E, quando beber, não dê mostras de que está tomando uma “delícia”. Pelo menos passe a idéia a seus filhos, de que a bebida é muito ruim, que tem gosto ruim, que amarga, que é uma droga, o que realmente é etc.
Não endeuse seu vício; critique sua fraqueza, para que seus
filhos percebam que você não é perfeito, mas que reconhece isto. E deixe bem claro que é exatamente porque você sabe o quanto é ruim ser viciado,que não quer isto para ele. É simples assim...
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FELIZ DO HOMEM QUE TEM DEUS PARA CRER! Deus é eterno, nunca cai de moda!
Plantem Deus no coração de seus filhos. A pequena semen-
tinha da Fé no Deus que cuida de cada um de nós vai germinar e dar frutos. Dará a nossos filhos a certeza de que terão, a qualquer momento de suas vidas, principalmente nas horas difíceis, o Deus que tudo pode por ele. Todo ser humano precisa ter Deus para crer ou se sentirá sozinho e perdido.
Vemos isto acontecer com tantas celebridades. São pessoas
que parecem ter tudo na vida: lindas, talentosas, famosas, riquíssimas e apesar de tudo isto se perdem no vício das drogas e morrem precocemente. Fico a imaginar que, se os pais tivessem plantado a Fé em seus corações, quando ainda eram crianças, DEUS estaria presente em suas vidas sustentando-as para que elas não se perdessem tão facilmente. Felizmente há exemplos positivos de celebridades como o rei Roberto Carlos, que sempre deu testemunho de amor a Deus ao professar sua fé através de belas músicas feitas para Jesus e Maria Santíssima.
Cultive o nome de Deus em sua casa. Não importa que reli-
gião professe. Deus é sempre o mesmo. Ensine seus filhos a rezar ou orar desde pequeninos.
Não se esqueça de que Deus só entra na nossa vida se for con-
vidado. Convide-o sempre em suas expressões de gratidão. E ao fazer sua opção por ELE que é a máxima expressão do AMOR e do BEM, não permita que palavras que atraem o MAL sejam pronunciadas em
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sua casa. Acostume-se a reunir a família para uma oração nas datas importantes, como aniversários, formaturas, Natal, Ano Novo, Páscoa. E na presença de Deus, abençoe seu filho. A benção abre o caminho da Graça de Deus para nossos filhos. Abençoar não está fora de moda. Afinal, Deus não cai de moda. ELE é Eterno.
Acredito que podemos fazer o máximo para que nossos filhos
sejam felizes, mas só Deus pode conceder a graça para que este desejo se realize. Uma historinha de gratidão pessoal: Desde os 06 anos fui praticamente criada por minha Vó Caxuxa e meu Vô Antero. Muito do que sou devo a eles e à minha mãe Luisa. Eles construíram o alicerce de minha vida. Plantaram em minha alma valores, hábitos e condutas.
Minha Vó Caxuxa, especialmente plantou no meu coração
de menina a sementinha da FÉ. Foi esta Fé no Deus Todo Poderoso que me fez caminhar pela vida com coragem e esperança. Minha Vó abençoava-me com todo amor do mundo dizendo: “Deus te abençoe, minha filha, te proteja, te guarde e te livre de todo mal”. Desde pequena, estas palavras me traziam muito conforto e confiança. Quando tive meus filhos, desde bebês, passei a abençoá-los da mesma maneira. Hoje, mesmo estando todos longe de mim, penso em cada um deles e peço a benção de Deus para cada um. Tenho a mais absoluta certeza de que DEUS CUIDA DELES ONDE EU NÃO POSSO CUIDAR.
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Fiquei muito feliz ao ser convidada a conhecer, ainda em fase
de criação, esta obra. Tinha a certeza, em função da admiração que tenho pela autora, que estaria diante de uma ótima leitura. Estava certa quanto à qualidade do livro...
Com uma linguagem simples, ele traz uma oportunidade
para pais e mães refletirem sobre a forma de atuar como educadores. Espero que muitos filhos sejam beneficiados, quando seus pais tiverem acesso a esta leitura e se dispuserem, verdadeiramente, a exercer, da melhor forma possível, a arte de educar. Fabiane Ferreira da Costa Psicóloga e Mãe
Ao finalizar a leitura de “Filhos, Simples Assim”, tive a certeza
de que a criação dos filhos é realmente simples. Não é preciso nenhuma habilidade excepcional para se ser um bom pai e uma boa mãe. É preciso, simplesmente, amar, respeitar e corrigir. Pautados por este tripé,deixaremos não apenas um mundo melhor para nossos filhos, mas também, filhos melhores para o mundo. Tiago Lira Administrador de Empresas.
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Educar os filhos nunca foi uma tarefa fácil. E isso não é novidade para os papais e mamães de plantão que, frente às situações mais diversas, buscam, em suas atitudes, a educação correta para seus filhos. Mas qual é a melhor conduta? Que decisões tomar? Muitos livros e estudos relacionados ao assunto buscam a resposta para essas perguntas, porém muitos pais ainda têm dificuldade em absorver essas informações de uma forma simples e direta. O livro “Filhos, Simples Assim” de Marta Pimenta, vem preencher esta lacuna. Como o próprio título sugere, através de uma linguagem clara e acessível, a autora transmite ao leitor suas impressões e experiências adquiridas na criação de seus filhos. Os temas e situações são os mais diversos e estão todos relacionados ao tripé: “Amor, Respeito e Limite”. Dessa forma, a autora consegue delinear um novo “Norte” para os pais, tão mergulhados nessa difícil jornada em busca da melhor educação para seus filhos.