Conheçam a tragetória da associada JackMichel | Jornal UBE N° 144 - Fev/2020

Page 1

JORNAL O ESCRITOR SÃO PAULO - SP - FEVEREIRO 2020 - N° 144 ube.org.br

ube/sp

ubesp

NASCE A NOVA UBE EM MEIO A UM CENÁRIO DE LUTAS COTIDIANAS PELA DEMOCRACIA - EDITORIAL

ESCRITORA 2 EM 1: CONHEÇAM A TRAJETÓRIA DA ASSOCIADA JACKMICHEL

IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO RECEBE O PRÊMIO JUCA PATO DA UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES EM SÃO PAULO


EDITORIAL Uma nova UBE está nascendo. Ela precisa da ajuda de escritores, intelectuais, profissionais do livro e leitores para retomar suas atividades de representatividade e serviços ao autor. Fundada em 1958, a UBE luta em defesa da liberdade de expressão, dos direitos do autor, da cadeia produtiva do livro e pela democratização de acesso à informação. Ricardo Ramos Filho é o atual presidente e, junto com uma diretoria ímpar e comprometida, busca uma nova relação com o mundo do livro, seus sócios, colaboradores e amigos.

A entidade precisa de novos sócios e mais: necessita reaproximar-se de sócios hoje inadimplentes e desgostosos com a entidade. Estamos com um site novo, moderno, seguro e responsivo, no endereço: https://www.ube.org.br. Em breve teremos sede, biblioteca, clube de leitura, programação mensal de cursos e eventos literários, cartão de descontos em livrarias e espaço nas bienais do livro de São Paulo e Rio de Janeiro. O e-mail ube@ube.org.br foi restabelecido e também uma comunicação rápida e prática, via

WhatsApp, com seus sócios e colaboradores, através do número (11) 93418-5858. No link ASSOCIE-SE você preenche sua proposta de inclusão na União Brasileira de Escritores e/ ou ratifica o seu interesse em continuar sócio da entidade. Esqueça anualidades atrasadas e mágoas antigas. Esperamos você em 2020! Juntos, somos mais fortes!

ENTREVISTA COM RICARDO RAMOS FILHO A UBE é uma das mais antigas e importantes entidades de escritores do País. Como o senhor avalia o legado de tantos anos? Com olhar preocupado, agora que estou assumindo a presidência. A responsabilidade é grande. Mesmo que já tenha sido vice-presidente em outras gestões, agora o encaminhamento deverá ser meu. O legado em termos de significado e a relevância da entidade são enormes. Na prática, contudo, temos há já algum tempo, desde gestões passadas, tentado

EXPEDIENTE 2

recuperar a UBE, torná-la mais visível, representativa, erguer o tom de sua voz, fazer com que se torne mais forte financeiramente. Só ganhando a pujança que precisamos ter, seremos capazes de representar os escritores com a disposição física necessária. Como o senhor avalia a situação da cultura no País? Terrível. Há um projeto em curso de se desmontar a cultura do país. Felizmente não é assim tão fácil fazer o que estão tentando.

UBE CNPJ: 62.921.937/0001-57 Site: ube.org.br Email: ube@ube.org.br Whatsapp: (11) 93418-5858

Presidente: Ricardo Ramos Filho Edição: Gráfica Scortecci Responsável: Cássia Janeiro

As artes se rebelam, escapam ousadas pelas mãos estendidas em arminhas, aparecem na esquina, na periferia, nos redutos menos esperados. Sempre renovadas. O bom da cultura é que ela é rebelde. Não se submete aos caprichos malévolos da gente fascista que a quer pobre, amarrada, submetida aos conceitos atrasados e medievais. Eu acredito piamente que, a cada investida contra a cultura, ela ri debochada, dá um requebro atrevido, e manda uma banana para as almas podres que a querem acanalhada.

Revisora: Ieda Lebensztayn Jornalista Responsável: Nicodemos Sena (MTb 14.604) Projeto Gráfico: Gabriel Groke


Qual o peso de se tornar presidente neste momento histórico? É um peso sem dúvida. Mas o único medo que eu tenho é de ser covarde. Não vou me calar, jamais deixarei de dizer o que penso, estarei sempre ao lado dos escritores. Lutando e defendendo o direito que eles têm de expressão. É fundamental para a UBE combater a censura, enaltecer a leitura, clamar por uma escola com uma educação de qualidade e professores amorosos com relação aos livros e alunos. Professores bem pagos. Tudo isso está sendo combatido pelo atual governo, o projeto de desmanche estende-se a diversos setores. Quais as principais dificuldades e desafios dessa nova gestão da UBE? A maior dificuldade é viver no Brasil de hoje. Dirigir uma entidade voltada para os escritores e os livros, quando o statu quo faz de tudo para acabar com o pensamento livre. A literatura, e nós fazemos literatura, é vista com estranheza por quem dirige o país. Consideram-na inimiga, esnobe,

gostam de ridicularizá-la. Esquecem que sem literatura não há povo, não são registradas as características de uma sociedade. O ser humano sempre gostou de ouvir e contar histórias, desde criança. Mas a infância também tem sido agredida ultimamente. Empurram religião e moral e cívica para as que podem ir à escola, e colocam as pobres no trabalho desde muito cedo. A nova gestão da UBE precisará fazê-la crescer, ampliar o número de sócios, até porque quando mais vozes falam, o discurso é mais ouvido. Qual será o seu estilo de gestão? Participativa. Formei uma equipe e desejo tê-la ao meu lado trabalhando. Não desejo aparecer sozinho. Na UBE de hoje todos podem falar e colocar suas ideias. Até porque desejo ouvir, precisamos de caminhos novos, a vitória não será minha, mas de todos.

É uma entidade que tem voz. Uma voz diferente da oficial. Que fará tudo para ser ouvida e respeitada. O que o senhor diria aos associados e para os escritores que desejam se associar? Que nos ajudem. Humildemente declaramos que precisamos de ajuda. Temos um quadro de sócios ainda pequeno, mas já fomos muito grandes e precisamos voltar a crescer. Sonhamos e queremos ver os escritores do país compartilhando o sonho conosco. O de ver os escritores respeitados, publicando seus livros, podendo falar e sendo ouvidos, possuindo interlocução com outros escritores. Fazendo da UBE um espaço de convivência, onde aqueles que escrevem possam conversar, ler, sentir-se em casa. Agradeço aos associados e peço aos que não são que se associem.

Qual a importância da UBE no cenário cultural brasileiro?

NOTÍCIAS IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO RECEBE O TROFÉU JUCA PATO

Ignácio de Loyola Brandão recebe o Troféu Juca Pato

O troféu Juca Pato – Intelectual do Ano – foi instituído pela União Brasileira de Escritores (UBE) no final de 1962. A ideia foi lançada pelo romancista Marcos Rey, então vice-presidente da entidade, que convenceu seu presidente, o ensaísta Mário da Silva Brito, a lançar um novo prêmio literário. O objetivo era reconhecer, anu-

almente, um escritor com livro lançado no ano anterior ao da premiação, que teria contribuído para o pensamento brasileiro, não apenas por meio daquela publicação, mas pelo conjunto de sua obra intelectual. Para representar o troféu, nada mais pertinente do que a figura do personagem desenhado por tantas décadas pelo

3


grande ilustrador Belmonte Juca Pato, baseado na criação do jornalista Lelis Vieira. A partir de janeiro de 1963, foram conhecidos os 25 escritores que se habilitaram a participar do primeiro Juca Pato. Foram escritores de várias gerações, de diversos estados da Federação e com diferentes estilos literários. Depois de quase dois meses de votação aberta, que contou com o apoio e a eficiente cobertura do jornal Folha de S.Paulo, começou a apuração dos votos. De um total de 450 votantes, o professor e escritor San Tiago Dantas obteve 146 votos, sendo proclamado vencedor. Em 7 de março daquele ano, no auditório das Folhas (bairro de Campos Elíseos), na cidade de São Paulo, o célebre parlamentar e, à época, ministro da Fazenda do presidente João Goulart, doutor San Tiago Dantas, recebia o primeiro dos 54 prêmios conferidos pela coletividade dos literatos brasileiros.

O eleito para receber o 54° Juca Pato foi o romancista paulista Ignácio de Loyola Brandão. A cerimônia de entrega do prêmio teve lugar no histórico auditório da biblioteca pública Mário de Andrade, no centro da capital paulista, em 2 de dezembro de 2019. Pela 5ª vez a Biblioteca sediou a cerimônia de premiação, a exemplo do que ocorrera quando foram laureados o sociólogo Octavio Ianni, o crítico literário Salim Miguel, o poeta Gilberto Mendonça Teles e o romancista Milton Hatoum, que recebeu seu Juca Pato em 18 de setembro de 2018. Atuando como mestre de cerimônias, Rogério Duarte, diretor da UBE, chamou para comporem a mesa: o presidente da UBE, Ricardo Ramos Filho, Josélia Aguiar, diretora da Biblioteca Mário de Andrade, a escritora Renata Pallottini, laureada em 2017 e que entregou a Loyola a estatueta, o secretário municipal de cultura Alê Youssef e a escritora Ana Maria Martins, da Academia Paulista

de Letras. A tônica dos discursos pode ser resumida em uma palavra: resistência. Apontando o terrível momento pelo qual passa a cultura no Brasil, os participantes da mesa enfatizaram que a arte, elemento fundamental para o fortalecimento da democracia, deve resistir. O premiado Ignácio de Loyola Brandão, nascido em Araraquara, interior paulista, em 1936, tem vasta produção literária e já foi traduzido para diversas línguas. Dentre outros prêmios, recebeu, em 2008, o Jabuti pelo romance O menino que vendia palavras. Em 2010 foi agraciado com a comenda da Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo e, em 2016, recebeu da Academia Brasileira de Letras (ABL) o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra. Tornou-se imortal, eleito para a ABL, em 2019. Fábio Siqueira e Cássia Janeiro – diretores da UBE

ESPAÇO DO ESCRITOR BARREIROS O homem fazia vasos de barro, da mesma forma que o pai e o avô – e provavelmente o avô e o pai de seu avô também o faziam, da mesma forma. Esse pequeno resquício de subsistência, ocupação e arte resistira aos séculos, à chegada das fábricas que produziam e produzem cada vez mais vasos em massa, seja lá o que isso quer dizer: se era em massa, poderia ser de barro? O homem insistia que não: barro era o que lhe dava o nome e o traço da família, atávico, perdido para a maioria das pessoas. Mas não para ele.

4

E produzir os vasos parecia grande brincadeira – assim os pais haviam convencido os filhos a persistir na provisão familiar, por tantas gerações. E o homem ouvira, ainda pequeno, os professores dizendo que tanta persistência não prestava, fosse porque era atrasada, fosse porque não passava de coisa de criança. Só um companheiro de classe, apaixonado das plantas e dos bichos, o entendera – mais ninguém. Mas não se importava: chegava da escola, largava régua, compasso, livros e cadernos ainda na porta da casa e ingressava no ateliê do pai, que já estava lam-

buzado da matéria primeva da forma e da cor – espécie de feiticeiro ou alquimista do barro, que assumia o traço dos dedos, as curvas das mãos, a articulação dos cotovelos, o dobrar dos joelhos e a celeridade dos pés, tudo pra ganhar vida num vaso novo. Depois de saídos do forno, os vasos se investiam de cores misteriosas que o criançola sequer supunha existir. E brincava, experimentando as partes do corpo no suporte em que girava o barro ainda quase coloide: estado intermediário das coisas, estado intermediário


da mente – o menino-ainda-nem-homem sorria festivo os próprios erros. Mas faltava alma ao olhar do pai. Tinha na face a sombra vazia que afugentava o sorriso do menino. Não que não se apaixonasse pelo trabalho, assim seja, porque esta é uma história inventada nas categorias do real: mas paixão não basta. Ou de outro jeito: mesmo a tempestade de homem acaba serenando um dia – as dores insuportáveis, elas sempre vencem. Não que o velho tratasse mal o rapazinho: só não dava às lições a leveza de quem joga bola com os filhos no parque. Mesmo as bolhas de sabão pareciam pesar nos olhos do pai – nem nos tracinhos de reflexos que elas traziam ele se deixava levar. Foi numa tarde de chuva miúda. O homem-em-menino chegou ensolarado cantando que tinha agora uma namorada, a menina mais bonita da escola, e que faria um vaso pra ela. Que o pai separasse a melhor matéria: era dia de fazer o pai dos vasos – e podia existir essa categoria, se não fosse com base nos vasos todos já vistos? o pai perguntou, preparando o terreno para a rasteira que viria, chegara o dia do salto. Os vasos que se haviam perdido no meio do processo de criação, e os que deram certo mas ficaram feios, e os que ficaram bonitos, mas foram vendidos barato porque era ano de crise, e o cacos de vasos

quebrados que ninguém colara – todos os fogos e toda a terra se concentrariam no forno de modo que o vaso-pai, o vaso-categoria acontecesse. E foi uma volta do sol obscurecido pelas nuvens na preparação – e o homem-quase-feito caprichava, e dava ao vaso os detalhes de si mesmo: as imperfeições que tinha pelo corpo, todas, ele demarcou na superfície do vaso, e as cores todas que conhecia ele testou – eram expressões dos olhos, cabelos, seios, pernas, pés e partes todas dela, o nem-casal em representação singela de amor inocente. Mas foi num horário aziago, bem me lembro, de virada de um dia pro outro, que o menino-homem entreviu – todo vaso compõe um vazio, que o homem pode circunscrever com as curvas mais bonitas, as partes mais nobres de si; pode doar-se em carne, pele e pelos, rarefazendo a si próprio nos detalhes que escapam à namorada mais sensível; pode combinar as cores mais bonitas em representação sublime da mulher, para além das frequências que o olho pode captar – tanta beleza carrega no seio o vazio, que não cabe a nós preencher, o pai do barreiro declarou, os olhos marejados de lágrimas. Agora o menino era homem-feito. E entreviu num átimo – fagulha que fustiga uma faceta obscura da obra para dar-lhe cor e traço – os vazios todos que haviam ficado

para trás, restos e fragmentos de tudo que se rompera e interrompera, e os que ele próprio ainda acabaria por criar. Quis ficar com o vaso – já intuía que a namorada daria ao presente a destinação que bem entendesse: ou ela cultivaria ali uma planta bonita, em muda que outro regaria; ou enfeitaria com a peça um canto da sala da casa em que viveria com outro homem; ou doaria a tralha a alguém; ou se desfaria do presente de mau gosto, porque nenhum dos barreiros frequentava galerias de arte, nem tinha o apetite das vernissages. As lágrimas corriam o rosto do pai – era hora de descansar –, que também agora entendia tudo ou mais: repleto pela primeira vez, desde uma tarde, há anos, esboçou um sorriso enquanto limpava sossegadamente as mãos e se despedia do ateliê, das ferramentas, do vazio. O filho faria vasos de barro, primeiro para subsistência, depois por pura ocupação, finalmente pela arte de gastar o tempo brincando com o próprio filho. Barreiros é o primeiro dos Contos de Elevação e Desapontamento, publicado em 2019 pela Editora Scortecci. Prof. Carlos Rogério Duarte Barreiros – diretor da UBE

ATENÇÃO! O Jornal da UBE publicará semestralmente dois textos de associados. Envie sua crônica, conto ou poesia para a análise do Conselho Editorial. Os textos deverão ter até 5.100 caracteres com espaço, escritos em fonte Arial 12, margens superior e inferior 2,5 cm e esquerda e direita, 3,0 cm. Os textos deverão ser enviados para o e-mail: cassiajaneiro@gmail.com até 15.02.2020. 5


ESCRITORA 2 EM 1 CONHEÇAM A TRAJETÓRIA DA ASSOCIADA JACKMICHEL JackMichel é o primeiro grupo literário da literatura mundial composto por duas escritoras: Jaqueline e Micheline Ramos. São irmãs, nascidas em Belém, Pará (Brasil). O tema de sua obra é variado, JackMichel tem livros escritos nos gêneros ficção, poesia, romance, fábula e conto de fadas. Publicações: Arco-Jesus-Íris (Chiado Editora), LSD Lua, 1 Anjo MacDermot, Sorvete de Pizza Mentolado x Torpedo Tomate e Ovo (Drago Editorial), Sixties e Tim, O Menino do Mundo de Lata (Helvetia Edições), Anotações da Lagarta Papinha, O Príncipe Milho e Fabulário JackMichel (Editora Leia Livros), Papatiparapapá e Lobistratusdilapirulobis (Editora Illuminare).

É associada em Acima (Associazione Culturale Internazionale Mandala), Literarte (Associação Internacional de Escritores e Artistas), AMCL (Academia Mundial de Cultura e Literatura), UBE (União Brasileira de Escritores) e Movimiento Poetas del Mundo. Seus contos e poemas constam em antologias internacionais bilíngues. Também foi destaque em diversos jornais e revistas de literatura, artes e cultura. Participou de salões literários na Europa e no Brasil. Recebeu Menção Honrosa no Concurso da Coletânea Literária Internacional em Prosa & Verso “Conexão México – Sem Fronteiras pelo Mundo... Conectando Mentes & Cultura ACIMA

de Tudo!”, no Prêmio de Excelência Literária “Troféu Corujão das Letras” e no II Concurso Cultive de Literatura “Prix Cultive de Littérature”. Conquistou o Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros IV, o 3º lugar no Concurso Cultive de Literatura “Prix ALALS de Littérature” e no I concurso literário da Casa Brasil Liechtenstein e o 1° lugar no II Festival de Poesia de Lisboa. Seu slogan é “A Escritora 2 em 1”. Website Oficial da JackMichel A Escritora 2 Em 1: https://www.websiteoficialjackmichelaescritora2em1.com/.

ENTREVISTA COM JACKMICHEL Como surgiu a ideia de formar um grupo literário? Quais são seus membros e como é esse trabalho?

Livros publicados por JackMichel

6

O primeiro grupo da literatura mundial formado por duas escritoras surgiu da necessidade de juntar textos. Quando eu, Micheline “Michel” Ramos, comecei a rascunhar meus primeiros manuscritos, Jaqueline “Jack” Ramos, minha irmã e parceira literária, já pegava na pena. Anos depois, haja vista termos acumulado muito material escrito, decidimos unir os calhamaços. Daí, tivemos o timing para mover esse meio es-


tático da literatura convencional, composto só por autores individuais, e demos vida a JackMichel, cujo slogan é “A Escritora 2 em 1”. Jack e Michel não escrevem juntas. A concepção de uma obra é planeada pelo know-how técnico e criativo de ambas; já o critério utilizado para a elaboração da escrita se dá unindo as cotas de texto a posteriori. Trocando em miúdos: às vezes, ela escreve a maior parte de um livro e separa trechos para eu preencher; em outras, eu crio o título e ela o compõe, de modo que, ao fim do trabalho, não se detectam os enxertos, tão coesos são o primor formal e a estilística da expressão. Uma mescla perfeita tal qual o queijo com a goiabada.

tologias internacionais bilíngues: Amor & Amore (Edizioni Mandala), Os melhores poemas de 2016 (ZL Editora), Faz de conto II, A vida em poesia III e O Homem, O Projeto do Mundo (Helvetia Éditions), dentre outras. Quais os seus planos no universo das letras? Ter nossos livros reproduzidos nas telonas do mundo inteiro. As adaptações de livros para o cinema são um insight se o livro escolhido for fantástico. Na verdade todas as expressões de arte estão muito próximas, e não é à toa que as nove musas viviam juntas no monte Olimpo, segundo a mitologia grega. Com a escrita e o cinema não é diferente. Alguns dos mais afamados cineastas conheceram seus triunfos servindo-se do conteúdo de obras literárias. Para ilustrar a questão cito o icônico Rosemary’s Baby, um romance de Ira Levin, publicado em 1967, que teve roteiro escrito pelo seu diretor Roman Polanski e é considerado um clássico dos filmes de terror da década de 60.

Quantas obras vocês já lançaram? Até agora lançamos doze obras: Arco-Jesus-Íris (Chiado Editora), LSD Lua, 1 Anjo MacDermot, Sorvete de Pizza Mentolado x Torpedo Tomate e Ovo (Drago Editorial), Sixties e Tim, O Menino do Mundo de Lata (Helvetia Éditions), Anotações da Lagarta Papinha, O Príncipe Milho e Fabulário JackMichel (Editora Leia Livros), Papatiparapapá e Lobistratusdilapirulobis (Editora Illuminare). Além disso, coparticipamos de inúmeras an-

Quais são suas influências ou inspirações artísticas?

Não é fácil preferir um autor a outro, visto que muitos são os poetas maravilhosos, os romancistas históricos, os biógrafos fortes, que lemos e nos imprimiram marcas fundas na alma. Mas, para não deixar a pergunta sem resposta, citarei Jack Kerouac, Alessandro Pavolini, autor de Scomparsa D’Angela, e Domingos Antônio Raiol, de Motins políticos. Você poderia definir, em uma palavra ou frase, as irmãs JackMichel? JackMichel sic et simpliciter. Com razão, Fernando Pessoa disse: “Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo”. Você poderia dedicar alguns versos ao público da UBE? Com prazer. Constam do poema “Papatiparapapá”, publicado em nosso livro homônimo de poesias infantis: “Muitas vezes paro o mundo, pensando no que não há… Penso em cobra-marimbondo, papatiparapapá! Brincando de ser poetisa, poetei por poetá…Verso curto, rima rica, papatiparapapá!”.

CONCURSOS DO ANO ATÉ ABRIL DE 2020

1

•Janeiro - 05.01.2020 - IV Concurso de Relato Breve “Cuéntame un Cuento” (@ - $) •Fevereiro - 01.02.2020 - Antologia - Poesia Moçambicana Vol. 2 (#Moçambique e Angola) 28.02.2020 - e-Antologia - O Lado Poético da Vida

•Março - 17.03.2020 - Prêmio Todavia de Não Ficção (#Brasil - Livros Inéditos - Jornalismo, Reportagens, Biografias - $)

•Abril - 30.04.2020 - Prémio Literário do Município de Mafra (Livros Inéditos - Poemas - $) LEGENDA

$ #

Prêmio em dinheiro Voltado a público restrito

¢

Inscrição pela internet

@ Prêmio deve ser retirado no local ou o frete deve ser custeado

7


A BIBLIOTECA AS BRASILEIRAS: CHICA DA SILVA Francisca da Silva de Oliveira nasceu em 1732, no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, MG. Sua história ganhou notoriedade 72 anos após sua morte, com a publicação do livro Memórias do Distrito Diamantino (1868), de Joaquim Felício dos Santos. Aos 22 anos Chica foi comprada pelo contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, com quem viveu quinze anos e teve treza filhos. Todos receberam sobrenome do pai e foram educados conforme os padrões da elite. Entre 1755 e 1770 a família viveu num belo casarão em Diamantina. Em 1770, João retornou a Portu-

gal e levou os quatro filhos, que lá tiveram educação superior e tornaram-se nobres da corte portuguesa. Escrava alforriada, Chica ficou junto com as filhas e conseguiu manter um elevado padrão de vida e o respeito na sociedade escravocrata do século XVIII, conservando mais de cem escravos e vivendo da exploração dessa mão de obra. Integrou-se às Irmandades de São Francisco e do Carmo, exclusivas de brancos; das Mercês, composta por mestiços; e do Rosário, reservada aos negros. Chica morreu em 15 de fevereiro de 1796, e quase tudo o que se sabe dela baseia-se no livro de Jo-

aquim Felício dos Santos. A historiadora Júnia Ferreira Furtado, autora da biografia Chica da Silva e o contratador de diamantes: o outro lado do mito (São Paulo: Companhia das Letras, 2009), fez críticas contundentes às histórias sobre Chica, que não se preocuparam em retratar a realidade e optaram pela exploração erótica da personagem. O fato é que a real história de Chica da Silva ainda está por ser revelada. José Domingos Brito – diretor da UBE

CANTINHO DA RESENHA Escritor por escritor: Machado de Assis segundo seus pares (19081939), de Hélio de Seixas Guimarães e Ieda Lebensztayn, recupera uma parcela significativa d0 conjunto de escritos sobre o autor de Dom Casmurro. A obra reúne 41 textos de diversos gêneros e formas, mas majoritariamente artigos de crítica literária, da lavra de grandes escritores. Quanto ao recorte temporal, o livro abarca o período que vai des-

1

de a morte de Machado (1908) até 1939, ano de comemorações, em pleno Estado Novo, do 1º centenário do romancista. Multifacetado, o trabalho permite avaliar a ressonância de Machado entre seus pares, as ressalvas a seu suposto absenteísmo, o processo de canonização e monumentalização em torno de sua obra e de sua figura e, em sentido mais amplo, a história da crítica no Brasil. Considerando-se a farta docu-

mentação levantada em importantes acervos do país, depreende-se que um segundo volume está a caminho, o qual abarcará a recepção crítica do autor de Quincas Borba desde 1939 até os nossos dias. Esperamos apenas que tal continuação venha o quanto antes. Thiago Mio Salla – diretor da UBE

Parceria UBE (Disponível em: <http://www.ube.org.br/>) e Blog de Concursos Literários (Disponível em: <http://concursos-literarios.blogspot.com/>).

8


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.