Philos PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 15 abril 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 15 abril 2017
DAVID GONZALEZ DANIELA BALESTRERO FABIO STRINATI LUIZ ALBERTO MARTINS DAVID JUNIOR ALEXANDRE DOS SANTOS LUCRECIA WELTER ALBANO BRACHT MIRIAM KRENCZYNSKI HELGA IVONÍ VIEZZER JACKMICHEL ANA WELTER LUIZ CARLOS SALAMÍ MARIA EUNICE DE LACERDA BAGA DEFENDE FRANCISCO CARVALHO JOSÉ HENRIQUE ZAMAI MALGARETE FRASSON JUNIOR BONFÁ JESSYCA SANTIAGO HELENA BARBAGELATA
NEOLATINA
Philos PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 15 abril 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 15 abril 2017
DAVID GONZALEZ DANIELA BALESTRERO FABIO STRINATI LUIZ ALBERTO MARTINS DAVID JUNIOR ALEXANDRE DOS SANTOS LUCRECIA WELTER ALBANO BRACHT MIRIAM KRENCZYNSKI HELGA IVONÍ VIEZZER JACKMICHEL ANA WELTER LUIZ CARLOS SALAMÍ MARIA EUNICE DE LACERDA BAGA DEFENDE FRANCISCO CARVALHO JOSÉ HENRIQUE ZAMAI MALGARETE FRASSON JUNIOR BONFÁ JESSYCA SANTIAGO HELENA BARBAGELATA
NEOLATINA
PORTUGUÊS · CATALÀ · ESPAÑOL · FRANÇAIS · ITALIANO · ROMÂNĂ abril 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 15 abril 2017
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 15
EXPEDIENTE
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA
Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
Sylvia de Montarroyos
COMITÊ EDITORIAL | COMITÉ EDITORIAL
Lucrecia Welter
REVISÃO DE TEXTOS | SUPERVISIÓN DE TEXTOS
Maus Hábitos
DESENHO E DIAGRAMAÇÃO | DISEGÑO Y DIAGRAMACIÓN
SOBRE A OBRA DESTA EDIÇÃO | SOBRE LA OBRA DE ESTA EDICIÓN
Publicado originalmente em abril de 2017 com o título Philos, Revista de literatura da União latina. Os textos desta edição são copyright © de seus respectivos autores. As opiniões expressas e o conteúdo dos textos são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Todos os esforços foram realizados para a obtenção das autorizações dos autores das citações ou fotografias reproduzidas nesta revista. Entretanto, não foi possível obter informações que levassem a encontrar alguns titulares. Mas os direitos lhes foram reservados. Philos, Revista de Literatura da União Latina é registrada sob o número SNIIC AG-20883 no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais com Certificado de Reserva outorgado pelo Instituto Nacional de Direitos do Autor sob o registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN em trâmite. Revista Philos © 2017 Todos os direitos reservados. | Publicado originalmente en abril de 2017 con el título Philos, Revista de literatura de la Unión latina. Los textos de esta edición son copyright © de sus respectivos autores. Todos los esfuerzos fueron hechos para la obtención de las autorizaciones de los autores de las citaciones o fotografías reproducidas en esta revista. Sin embargo, no fue posible obtener informaciones que llevaran a encontrar algunos titulares. Pero los derechos les fueron reservados. Philos, Revista de Literatura de la Unión Latina es registrada bajo el número SNIIC AG-20883 en el Sistema Nacional de Informaciones e Indicadores Culturales con Certificado de Reserva otorgado por el Instituto Nacional de Derechos del Autor bajo el registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN en trámite. Revista Philos © 2017 Todos los derechos reservados.
31
Philos, Revista Philos Revista de de Literatura Literatura da da União União Latina Latina || Revista Revista de de Literatura Literatura de de la la Unión Unión Latina. Latina.
EDITORIAL
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA A literatura e as artes exigem que olhemos para fora, ou através delas. Podem, portanto, tornarem-se elementos de reflexão sobre as forças que organizam nosso mundo, bem como meios de expressarmos nossa própria identidade. Durante o processo de construção deste projeto editorial, vivemos um dilema contemporâneo: como democratizar as artes e a literatura em um mundo em transformações não mais permanentes, onde as velhas formas – de pensamento, comportamento, moral, ética, e de arte – já não cabem? E as novas formas ainda não estão claramente delineadas e estabelecidas? Pensando em diferentes maneiras de apresentar e representar a literatura do nosso mundo latino, descobrimos que muitas obras de nossos colaboradores têm a ver com a nossa maneira - não como editores, mas como espectadores -, de enxergar o mundo. Queremos escrever crônicas e poemas, pintar as paredes da cidade, expandir o diálogo entre os nossos irmãos de ramo linguístico. As palavras e as imagens misturam-se, e vêm de lugares onde não conseguimos enxergar. A imaginação constrói e desconstrói histórias. Por isso, na estreia do segundo volume do ano três da Revista Philos, o apresentamos com nova estética..., aquela que alimenta os nossos anseios de permear entre os matizes da arte literária e visual. O novo projeto gráfico e editorial da Philos é assinado pela Maus Hábitos Brasil, a nossa incubadora de design para intervenção cultural subversiva. Queríamos explorar a fragmentação de um estilo clássico utilizado para as revistas literárias da contemporaneidade e, nesse aspecto, pode-se perceber, em nossas páginas, uma sensibilidade minimalista que divaga junto com os olhares atentos do leitor. Neste volume, deixamos fluir as possibilidades de criação de nosso imaginário; abusamos das cores e da inter-relação entre as palavras e seus significados. A Philos número 15 nasce de uma experiência comum, e gera outras, incondicionalmente. Pela forma polissêmica com que damos vida e espaço ao trabalho artístico de nossos colaboradores, nossa obra jamais pode ser percebida e compreendida de apenas uma maneira. A Philos é fruto da identidade coletiva de nossos autores e dos pensamentos que os compõem e os insere na máquina social. As artes e a literatura podem, portanto, se tornar elementos de reflexão sobre as forças que organizam nosso mundo, bem como meios de expressarmos nossa própria identidade. Desejamos uma ótima leitura,
Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
4
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
EDITORIAL
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA La literatura y los artes exigen que miremos para fuera, o a través de ellas. Pueden, por lo tanto, ser elementos de reflexión sobre las fuerzas que organizan nuestro mundo, así como medios de expresar nuestra propia identidad. Durante el proceso de construcción de este proyecto editorial, vivimos un dilema contemporáneo: ¿Como democratizar los artes y la literatura en un mundo en transformaciones no más permanentes, donde las viejas formas - de pensamiento, comportamiento, moral, ética, y de arte - ya no caben? ¿Y las nuevas formas aún no están claramente delineadas y establecidas? Pensando en diferentes maneras de presentar y representar la literatura de nuestro mundo latino, descubrimos que muchas obras de nuestros colaboradores tienen a ver con nuestra manera - no como editores, pero como espectadores, de enxergar el mundo. Queremos escribir crónicas y poemas, pintar las paredes de la ciudad, expandir el diálogo entre nuestros hermanos de ramo lingüístico. Las palabras y las imágenes se mezclan, y vienen de lugares donde no conseguimos percibir. La imaginación construye y modifica historias. Por eso, en la estrena del segundo volumen del año tres de la Revista Philos, lo presentamos con nueva estética..., aquella que alimenta nuestros anhelos de permear entre los matices del arte literario y visual. El nuevo proyecto gráfico y editorial de la Philos es firmado pela Maus Hábitos Brasil, nuestra incubadora de design para intervención cultural subversiva. Queríamos explorar la fragmentación de un estilo clásico utilizado para las revistas literarias de la contemporaneidade y, en ese aspecto, se puede percibir, en nuestras páginas, una sensibilidad minimalista que divaga junto con el mirar atento del lector. En este volumen, dejamos fluir las posibilidades de creación de nuestro imaginario; abusamos de los colores y de la interrelación entre las palabras y sus significados. La Philos número 15 nace de una experiencia común, y genera otras, incondicionalmente. Por la forma polisémica con que damos vida y espacio al trabajo artístico de nuestros colaboradores, nuestra obra jamás puede ser percibida y comprendida de sólo una manera. La Philos es fruto de la identidad colectiva de nuestros autores y de los pensamientos que los componen y los inserta en la máquina social. Los artes y la literatura pueden, por lo tanto, hacerse elementos de reflexión sobre las fuerzas que organizan nuestro mundo, así como medios de expresar nuestra propia identidad. Deseamos una óptima lectura,
Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
5
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
SUMÁRIO | SUMARIO DOSSIÊ | EXPERIMENTAIS | HAICAI DOSSIER | EXPERIMENTALES | HAIKU
8 Llueve,
por DAVID GONZALEZ
9 Tempesta,
13 Ao redor do
universo, por ALEXANDRE DOS SANTOS da
DANIELA BALESTRERO
14 Arte arteira,
por LUCRECIA WELTER
10 Anima & Io e Io,
da FABIO STRINATI
por DAVID JUNIOR
21 Conchas,
22 Lembranças,
17 Mulher
LACERDA
por MIRIAM KRENCKZYNSKI
23 A morte de
19 Haicais,
Virginia,
por
JACKMICHEL
por ANA WELTER
24 Solvet et
coagula,
6
por
por MARIA EUNICE DE
diferença,
12 Soneto bento,
por HELGA IVONÍ VIEZZER
16 Concessões,
por
LUIZ MARTINS
boa idade,
LUIZ CARLOS SALAMÍ
por ALBANO BRACHT
11 O trabalho,
20 O manto da
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
por BAGA DEFENDE
SUMÁRIO | SUMARIO DOSSIÊ | EXPERIMENTAIS | HAICAI DOSSIER | EXPERIMENTALES | HAIKU
26 Úrsula,
por
FRANCISCO CARVALHO
27 Elogio aos vermes,
por JOSÉ HENRIQUE ZAMAI
28 Beija-flor,
por
MALGARETE FRASSON
29 Poema sem título,
por JUNIOR BONFÁ
30 Outono,
por
JESSYCA SANTIAGO
31 As cabeceiras do rio,
por HELENA BARBAGELATA
7
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MUESTRA DE POESÍA ESPAÑOLA
POEMAS
Dossier de Literatura Neolatina
LLUEVE por
David Gonzalez1
Llueve tajeado con viento en la certeza de la tierra las alegorías suelen usarse de abono pulpa de semejanzas buscando la luz hacia arriba debajo solo la sed.
David Gonzalez (Argentina, 1979) Poeta Argentino. Autor de 11 libros, escribe poesia desde Viedma, Patagonia (Argentina). 1
8
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DI POESIA ITALIANA
POESIA
Dossier di Letteratura Neolatina
TEMPESTA da
Daniela Balestrero1
Ascolto il silenzio svuotarmi la mente, mi cingono le onde “...va tutto bene...” brontolano spumeggiando sulla battigia. La mia tempesta tuona sentenze che tagliano come lame di spade arrugginite dal tempo. Fra le nuvole cerco un arcobaleno di colori che non sbiadiscano, e mi abbandono all'abbraccio.
9
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Daniela Balestrero (Torino, Itália, 1960). Membro del Comitato editoriale della Rivista Philos. Dal 2015 collabora con un giornale locale web scrivendo articoli di spettacolo e attualità. Alcuni dei suoi scritti si possono trovare anche su il Blog di Ramingo.it. 1
MOSTRA DI POESIA ITALIANA
POESIA
Dossier di Letteratura Neolatina
ANIMA da
Fabio Strinati1
La morte ha un odore di selvatico più delle lacrime cadute a terra prematuramente, seminate di speranza e di sorgenti con accanto le mostrine incanutite di poveri soldati caduti in guerra e mai risorti, come la morte, lei penetra porta scompiglio e in novembre, solo un vago ricordo di quell’anima vagante che ha vagato stanca per i campi spenti.
IO E IO da
Fabio Strinati1 Fabio Strinati (San Severino Marche, Itália, 1983). Poeta, scrittore, aforista pianista e compositore. Ha pubblicato tre libri: Pensieri nello scrigno. Nelle spighe di grano è il ritmo (2014), Un'allodola ai bordi del pozzo (2015) e Dal proprio nido alla vita (2016). 1
Credo che la vita sia il mio principale aguzzino, e quando ci sono quelle giornate umide e le mosche bidonate nella lordura del momento, mi ritiro nel mio bureau di taccuini, guardo il cielo e mi rivedo spiaccicato su quelle lente nuvole stracolme d’acqua, in quei giorni stringati di dicembre e i cortili imbiancati come lenzuoli d’avi e di morte!
10
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
O TRABALHO por
Luiz Alberto Martins da Costa1
O verdadeiro trabalhador, Com qualquer escolaridade, Terá sempre do empregador O respeito e a amizade. Gente dedicada e decente, Conquista o bom emprego, Vive livre e independente, Tendo do salário o sossego. O trabalho vale a pena, E vai muito além do dinheiro, A vida se torna mais serena Aos solidários por inteiro. Para colher o fruto preferido, Basta plantar a semente certa, Como ingressar no recinto pretendido, Depende sempre de portas abertas.
Luiz Alberto Martins da Costa (Rio Grande do Sul, 1950). Escritor, jornalista e poeta. Fundador da cadeira 5 da Academia de Letras de Toledo (ALT), Paraná. 1
11
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
SONETO BENTO por
David Junior1
Ó flor do céu, ó flor cândida e pura, Que sei eu de ti e do que me valha? Perde-se a vida, ganha-se a batalha A troco de qualquer tola aventura… Mas – vê tu! - que os cortes são de navalha; Chega o destino e nos traz a rasura, Bifurca o caminho e muda a figura: Ganha-se a vida, perde-se a batalha! Bento de pensamento estou – vem ver! Nem sei se ganho ou perco em meu deslize: Por ti, seria padre a te benzer. Mas, celibato não há que amenize Este querer-te toda por querer! Busco um pecado que me poemize.
David Junior (Votorantim – SP, 1989). Professor e poeta publicado em diversas antologias e vencedor de prêmios literários da região de Sorocaba/SP. 1
12
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
AO REDOR DO UNIVERSO por
Alexandre dos Santos1
Ó flor do céu, ó flor cândida e pura, Que sei eu de ti e do que me valha? Perde-se a vida, ganha-se a batalha A troco de qualquer tola aventura… Mas – vê tu! - que os cortes são de navalha; Chega o destino e nos traz a rasura, Bifurca o caminho e muda a figura: Ganha-se a vida, perde-se a batalha! Bento de pensamento estou – vem ver! Nem sei se ganho ou perco em meu deslize: Por ti, seria padre a te benzer. Mas, celibato não há que amenize Este querer-te toda por querer! Busco um pecado que me poemize.
Alexandre dos Santos (São Paulo, 1980). Poeta, crítico, professor de Literatura. 1
13
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA Dossiê de Literatura Neolatina
ARTE ARTEIRA por
Lucrecia Welter1
A cada movimento do teu corpo, Nasce o bailado que tu principias E que eu dou continuidade, sequência, Na arte da querença, Na cadência da inocência, Vestindo tua veste nua, Manto de nudez comum, Tão minha, tão tua. Tu, menino ágil e imprevidente, Desces a ladeira generosa, Escorregando pelas encostas, Acendendo teu fogo fátuo Na trilha que trilhas, Enquanto alinhamos as asas da liberdade, Aqui contida. Ardida. Escondida. No furor da sede sedenta, Insaciáveis crianças arteiras, Faceiras, De brincadeira, Escondem o tesouro na caverna Sob o manto de prata do luar argentado, De olhar curioso, Que acompanha, com ternura, A desenvoltura da aventura, Tão bela, tão doce, tão pura. Sem tréguas, desbravamos o virgem da mata, Dos vales e dos montes. E, no alto da natureza, Bradamos gemidos de vitória Que confundem os lamentos do rio no cio, Por um fio, Se contraindo em calafrios...
14
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
POESIA
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
No brilho do delírio, Nos coroamos com a flor do lírio. Assim, tão assim, Dançamos, com arte, a nossa valsa, A nossa parte. E os gritos? Neles, eu acredito. São bonitos. São benditos. São bem ditos...
Lucrecia Welter (Toledo, Paraná, 1953). Escritora multipremiada e presidente da Academia de Letras de Toledo, Paraná. Revisora de textos e Curadora de Literatura lusófona da Revista Philos. Tem diversos livros lançados e publicações em coletâneas poéticas. Desenvolve trabalhos sociais voltados para a pessoa idosa de seu Município. 1
15
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
CONCESSÕES por
Albano Bracht1
Não te impeço fazer o que fazes, Se me deixas pensar o que penso. Poi se tem, o que penso, suas fases, Teu fazer não se veste de senso. Te concedo afirmar o pretenso, Se me aceitas pensares mordazes. Já não posso cobrir-te de incenso, Se meus credos, oculto, desfazes. Meus pensares, nem sempre verazes, Mas procuras – pensar é buscar – Não se alinham nas regras que trazes. Te permito, afinal, me tentar, Mas insisto, caprichos falazes Não convergem, jamais, com amar.
16
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Albano Bracht (São Luiz Gonzaga, Rio Grande do Sul, 1946). Integrante do Clube da Poesia de Toledo e fundador da cadeira 23 da Academia de Letras de Toledo, Paraná. 1
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA Dossiê de Literatura Neolatina
MULHER DIFERENÇA por
Miriam Krenczynski1
Fazer diferença é não ser indiferente À fome, à miséria, ao abandono, À discriminação, à prostituição, À anciã sem dono, À criança de rua, Às mulheres da vida, Às desprotegidas, Às mal vestidas, Às exploradas, Às desempregadas. Fazer diferença é amar a messe, Independente da raça, Da cor, da classe, Da questão de gênero, Da formação, da religião, E por que não dizer, da sujeição? Fazer diferença é encontrar a paz na tribulação. Fazer diferença é não ser indiferente. Mulher, escolha a vida! Escolha o mistério do ar que não cansa, E o segredo das matas na vastidão. Escolha a cantiga do mar que avança, E a força das pedras na imensidão. Escolha o voo dos pássaros nos ares, O aconchego dos ninhos de amor, A ousadia dos rios em seus andares, A beleza que Deus confiou à flor. Exalte o perfume que realça a rosa, Sinta que a vida é continuidade. Cante a grandeza das águas fogosas, Do olhar da criança, a ingenuidade.
17
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
POESIA
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
Escolha a paz, a alegria e a esperança, E louve o eterno Criador Que, no tracejo do milagre da existência, Criou o dia e o embebeu de cores, Criou a noite e a salpicou de amores, Criou o homem em respeito à natureza. Criou a mulher e louvou sua grandeza, Criou a família e dela fez guarida, Partilha. Mulher, escolha então a vida!
Miriam Krenczynski (Toledo, Paraná, 1951). Integrante do Clube da Poesia de Toledo (PR) e fundadora da cadeira 14 da Academia de Letras de Toledo (ALT), Paraná. 1
18
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
HAICAI
Dossiê de Literatura Neolatina
HAICAIS por
Ana Welter1
canção de outono folhas levadas ao vento dão espaço ao broto
livro de memórias no sono eterno da avó silenciam lembranças.
chuva de granizo no chão, pétalas e folhas deixam nua a Três-Marias
Ana Welter (Toledo, Paraná, 1960). Membro do Clube da Poesia de Toledo (PR) e fundadora da cadeira 13 da Academia de Letras de Toledo (ALT), Paraná. 1
19
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
O MANTO DA BOA IDADE Helga Ivoní Viezzer por
1
Vida que junto dividimos, momentos que só nós sabemos eu os guardo no peito, um a um, do meu jeito. Quantas rimas entoam as falas numa tarde de domingo, quando os olhos enxergam o pleno viver que nos dá brilho. O tempo passa, as horas nos são levadas, na noite morna enquanto estamos lado a lado. Ainda ouço as batidas do seu coração no mesmo compasso. Você e eu uma vida que se estende pra longevidade. Lentamente seguimos sob o manto da boa idade.
20
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Helga Ivoní Viezzer (Santa Catarina, 1952). Membro do Clube da Poesia de Toledo (PR), acadêmica fundadora da cadeira 08 da Academia de Letras de Toledo (ALT), Paraná. 1
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
CONCHAS por
Luiz Carlos Salamí1
Tuas conchas, Amara colhidas numa enseada sem nome escondem em suas circunvoluções réquiens dos náufragos revelam banzos bisam batuques de tantas Áfricas! Amara, tuas prendas marinhas apanhadas numa ilha sem nome embora ostentem pequenez abrigam maresias pontuais arquivam apelos das monções em suas sinuosidades as conchas agasalham lamentos do simum e rubricam as elegias dos mareantes afogados na dor. Além aquém do mar o amar o desamar. Na geometria das conchas paridas pelas marés, buriladas pelas areias, tuas solidões, tuas galés, teus anelos, Amara, navegam.
21
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Luiz Carlos Salamí (Tapera, Rio Grande do Sul, 1943). Professor e escritor. Membro do Clube da Poesia de Toledo (PR) e fundador da cadeira 15 da Academia de Letras de Toledo (ALT), Paraná. 1
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
LEMBRANÇAS por
Maria Eunice Silva de Lacerda1
Numa casinha de taipa, Cá no meio do sertão, Mora nela um sertanejo, Mulher, filhos e a precisão. Feita de barro batido, Vizinha do céu e do chão, Onde se encontra o luar Mais lindo? É neste sertão. Nas paredes de reboco, Toda a fé de um cristão. Um santo pra cada causa, Pra causa do meu sertão. Santo Antônio, São Francisco, Padre Cícero, Frei Damião, São os santos prediletos, De nós..., povo do sertão. Cá, o sol raia tão cedo, Deixa tudo em exaustão. Nada resiste à secura, Só o sertanejo e o sertão. Tem um ditado que diz, Mas eu, não acredito não, Aquele que planta colhe, Então, plante cá no meu sertão!
22
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Maria Eunice Silva de Lacerda 1
(Ceará, 1956). Nordestina nascida em Brejo Santo, Ceará. Educadora aposentada. Membro do Clube da Poesia de Toledo, Paraná.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
A MORTE DE VIRGINIA Jack Michel por
1
2
O céu é torvo. O espaço escancara-se incoercível, esfaimado. A natureza inteira parece querer hostilizar pelo silêncio que reina e se embuça nas furnas. À beira de deserta praia, uma mulher está morta: é Virginia. Ondas espumantes abeiram-se, lestas, inflando-lhe as vestes encharcadas – seu leve vestido de tom sulferino... A aparência arcangélica denuncia que ela dorme e seus restos permanecem tão frescos JackMichel, pseudônimo das escritoras Jaqueline1 e Micheline2 Ramos (Belém, Pará, 1990). Juntas, formam o “primeiro grupo literário na história da literatura mundial, composto por duas escritoras”. 1 ,2
(a pele cetinosa, os longos cabelos desgrenhados), quem os vê, crê que não morreu. Almejaria saber o motivo pelo qual morrera na praia em vez de num bosque ensombrado ou numa alcova de rainha, morna e perfumada. Dizei-me, Inspiração, há quanto tempo está morta e se ela sonha na excelsa paragem!...
23
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA Dossiê de Literatura Neolatina
SOLVE ET COAGULA por
Baga Defende1
Ao atravessar um prisma sou um feixe de luz que se divide sou sol vermelho forma-pensamento flores pretas & vetores do tempo os deuses deram aos homens o Fogo, a Inspiração & a Magia da união desses três, dois lobos filhos do sol & da lua correndo atrás de seus rabos revezando a noite & o dia inventaram o Amor uma estrela negra atávica corda misteriosa amarrando todos nós o céu visto do quintal de casa brilha mais que os teus olhos tristes camuflados pela fumaça de mil cigarros — os mesmos que impregnam tuas roupas com aquele cheiro ruim que ainda assim eu sinto saudade & quero perto de mim agora o que é & o que parece ser perderam distinção — palavra presas penduradas em árvores esperando pela segunda lei da termodinâmica pra se tornarem poemas menos organizado vou me tornando mais frio — estou perdendo calor
24
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
POESIA
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
aí tudo desandou & o angu azedou eu te imagino com um violão desafinado no colo teus dedos finos buscando os acordes da tua timidez puro romantismo meu — você está longe & minha paixão por você foi só mais uma coisa banal mas de que vale o espaço/tempo quando se fala de amor? o silêncio também é um som, uma frase uma distorção no fluxo cósmico — detrito, dejeto de nitrito distrito de nitrato pequena parte da mente sub-rotina, demônio um pequeno circuito o sangue de 52 universos o calor de dez bilhões de sóis galáxias confusas colidem dentro de mim a mão que hidrata a bunda é a mesma que acaricia a tapioca vejo o fio do destino a ordem secreta dos anjos — sete ao todo, responsáveis pela manutenção do tecido que nos une ao universo cabelo de Vênus eu te olho & vejo toda Beleza & Tristeza da Poesia no teu olhar o sol no crepúsculo se recusando a morrer.
25
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
1
Baga Defente
(Ourinhos, São Paulo, 1984). É poeta, pirata & pai; escritor, artista visual & videomaker, produtor cultural, arteeducador & por aí vai, sempre utilizando o acaso como sua principal ferramenta criativa. Seus trabalhos podem ser apreciados em nada.art.br
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
ÚRSULA por
Francisco Carvalho1
Úrsula acorda ainda de madrugada, Úrsula prepara o café e a marmita, Úrsula deixa os filhos na escola, Úrsula lava, passa e cozinha, Úrsula vai buscar os filhos, Úrsula serve o almoço, Úrsula faz compras, Úrsula faz o jantar, Úrsula cospe no café, Úrsula espera o marido. Talvez ele não chegue bêbado, Talvez não cheire a perfume barato, Talvez ele lembre que é oito de março, Talvez traga bombons e rosas vermelhas, Talvez a leve para algum restaurante chique, Talvez agradeça por ela ser tão companheira, Talvez a convide para dançar como antes fazia, Talvez não bata nela e nos filhos assustados, Mas talvez, e Úrsula implora por esse talvez Ele sofra um acidente no caminho pra casa, Tórax esmagado contra o volante do carro, Morra sufocado balbuciando o nome dela, Um banho de sangue na Avenida São Paulo, Talvez não. Um cheiro familiar cruza o portão, Sem rosas, bombons ou um convite pra jantar, Apenas um "homem de bem" cheirando a álcool, Gritando com a esposa que sonha um talvez. Talvez ele mude, talvez ele morra, talvez... Talvez amanhã, finalmente, a Avenida São Paulo, além das águas de março, Seja banhada com um bruto vermelho.
26
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Francisco Carvalho 1
(Maceió, 1988). Escritor, contista e poeta; é professor de História nas horas vagas.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
ELOGIO AOS VERMES por
José Henrique Zamai1
Ó praga decompositora! Agradeço a tua labuta insana, Quando resta nada senão o cadáver. A ti, somente a ti cabe devorar-me, Limpar do mundo a minha memória, Limpar da Terra a minha pegada E o chorume em que me transformas, Que escorre negro e fétido dos meus poros. Que ele te alimente abundantemente, Para que ponhas teus ovos fiéis E teus filhos. Privilegiados, Que possam eles viver além de mim, Além de ti, além de nós! Rói, sem pena, estes ossos, Que não conheceram o descanso! Rói o tutano que os preenche, Abatidos pelo descaso da doença não cuidada! Agride este cérebro macio que pouco sabe! Afinal, pouco aprendeu, pouco criou, Pouco refletiu; mas cozinhou, no último segundo, Entre sinapses rápidas de uma consciência plena, Que a vida foi em vão. Que o golpe foi proposital, e a morte, ideal. Prolifera-te sob minha pele e engana a todos! Na hora certa, vaza da minha boca! Despeja-te sobre a mesa, entre a boa refeição! Tudo é passado, afinal, não te controles, come! Devora o jantar, estraga a noite de todos! Invade-lhes a vida que resta, E neles, também, cria a morte! Depois de tudo, sai ao sol! Sorri com teu projeto de boca! Expõe teus dentes falsos! Veste lá tua melhor roupa! E diz que salvou o mundo!
27
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
José Henrique Zamai 1
(Divinolândia, 1991). Advogado e escritor.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
BEIJA-FLOR por
Malgarete Justina Frasson1
Pequeno ser de beleza De movimentos que fazem vibrar Suas asas sedosas com muita destreza Capazes de atrair qualquer olhar Aparece como um raio no firmamento Construindo caminhos no ar Que o conduzem ao néctar de seu alimento Por belas coreografias suspensas a bailar Parece que a criação Teceu seu corpo pequenino Do mais puro e fino algodão Com mil cores e desenho divino Tem em seu peito diminuto Um imenso e grande coração Que o torna um ser astuto Grande guerreiro de pequena proporção Quantas doces e profundas lições O beija-flor pode nos presentear Basta abrir nossos corações E deixar nossa alma falar
28
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Malgarete Justina Frasson 1
(Nova Araçá, 1961). Filósofa, artista plástica e poeta, tem a arte como mestra em sua vida. Membro do Clube da Poesia de Toledo e fundadora da cadeira 21 da Academia de Letras de Toledo (ALT), Paraná.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POESIA
Dossiê de Literatura Neolatina
POEMA SEM TÍTULO por
Junior Bonfá1
É difícil suportar essa sensibilidade que sinto mundo que sinto muito, que sinto parte. . . nem sei que seria de mim sem a arte pra aliviar o latejo que sinto na carne
1
Junior Bonfá
(Rio Bananal, Espírito Santo, 1992). Psicólogo. Mestrando em Psicologia Institucional pela UFES. Poeta publicado em diversas antologias. Primeiro colocado no XVI Concurso Nacional PoeArt de Literatura (2016) e no III Concurso Nacional Viagem pela Escrita (2016).
29
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
HAICAI
Dossiê de Literatura Neolatina
OUTONO por
Jessyca Santiago1
gato na telha brinca com a folha que o vento leva.
Jessyca Santiago 1
(Recife, 1990). Natural de Pernambuco, mora em Shangrila, Belford Roxo, Rio de Janeiro. Graduada em Letras Inglês Literaturas pela Uerj. Trabalha como professora, voluntária e tradutora e possui textos publicados em revistas literárias.
30
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
COLUNAS
Dossiê de Literatura Neolatina
AS CABECEIRAS DO RIO Helena Barbagelata por
1
Esconde o teu rosto na máscara que Ésquilo te estendeu do outro lado do mar, para que te confundas entre os histriões da tragédia, não te denuncie o nome, para que se esboroem das praças as sombras dos teus passos, não te denuncie o fado; estavas às portas do paraíso, um amurado de homens farpados com a cólera a ranger-lhes nas artérias hidrofóbicas, os fuzis dos dedos polvilhados de morte, as bocas açoradas e salivosas, esperando-te em todos os gargalos da cidade, nos carris abandonados, nos atalhos silvestres; para onde quer que dirijas a tua lamparina de óleo, precingem-te como os olhos eversíveis da noite, – tu és a lamparina de óleo; nos cercados do paraíso, nas represas que separaram as águas das águas, as primeiras águas a fender o ventre do mundo, aquela planície gestante de sedas e pomares indeiscentes, antes da história de todas as histórias, [por onde correm os leitos vestais da tua infância, o saibo, o aroma indenes – esses rios de leite, de bálsamo, de vinho e mel, ó dai-me a beber longamente esses rios; Estavas às portas da paz, a cidade levantara-se sobre o mar, levantada sobre o levante, em estacadas de véus, brancos e incorruptíveis, não sabes
31
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
COLUNAS
Dossiê de Literatura Neolatina
dizer se seriam noivas, desposando os seus perfumes pelas noites dentro, ou revoadas de pombas, roçando a liberdade nas alas, a cidade irrigada de jasmim, os pais já não têm filhas para dar, estacadas de carabinas, murados que desirmanaram os homens dos homens, os pais, enterrando as sementes do seu seio, com os corações violados das crianças nos braços, as bodas da morte, e as aves, foragidas a ocidente e tu; [por onde correm os leitos vestais da tua infância, o saibo, o aroma indenes – esses rios de leite, de bálsamo, de vinho e mel, ó dai-me a beber novamente esses rios; Mahjul, poderias ter o nome de todos os homens, quem te distingue na circum-navegação do nosso pacto nomádico com o tempo, segues o ondular dos corpos na mortalha das marés e sem faros, – tu és a lamparina de óleo; erigimo-nos e andámos, não paramos, inventamos paraísos contrafeitos de infernos, a flagelação inquieta de abocanharmos alguma fímbria primitiva – ali algures sob os pés desnudos do sol crescem também as tuas flores, e os rios, esses rios da infância, quando – toma a tua máscara no mergulho anónimo da cerração, rios de leite, de bálsamo, de vinho e mel, amanhã, finda a travessia talvez aportes sobre a memória do teu nome ó dai-me a beber eternamente esses rios
32
Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
Helena Barbagelata (Lisboa, Portugal, 1991). Licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa e Pós-graduada em Línguas, Literaturas e Culturas. Vencedora do “Prémio Poesia e Ficção” (Edição de 2012), com a obra “O Mar de Todos os Deuses”. Publicou a obra Soliloquia (Apenas-Livros, 2013). 1
Philos PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 15 abril 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 15 abril 2017
DAVID GONZALEZ DANIELA BALESTRERO FABIO STRINATI LUIZ ALBERTO MARTINS DAVID JUNIOR ALEXANDRE DOS SANTOS LUCRECIA WELTER ALBANO BRACHT MIRIAM KRENCZYNSKI HELGA IVONÍ VIEZZER JACKMICHEL ANA WELTER LUIZ CARLOS SALAMÍ MARIA EUNICE DE LACERDA BAGA DEFENDE FRANCISCO CARVALHO JOSÉ HENRIQUE ZAMAI MALGARETE FRASSON JUNIOR BONFÁ JESSYCA SANTIAGO HELENA BARBAGELATA
NEOLATINA