INFORMATIVO CULTURAL
AXÉ IN FOCO
ABRIL / 2008
Nº. 002
O INFORMATIVO DE CANDOMBLÉ E UMBANDA OGUM ORIXÁ DAS GUERRAS E DA TECNOLOGIA
PAI CLÓVIS DE OLUAIYÉ UM HOMEM QUE TRANSMULTOU SUA VIDA PELA FÉ
ESPECIAL
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A HISTÓRIA DA UMBANDA E OS CEM ANOS CONFIRA AS FOTOS DO LANÇAMENTO DO NOSSO INFORMATIVO
SANTOS - II CONFERÊNCIA DA IGUALDADE RACIAL E ELEIÇÂO PARA O CONSELHO DA COMUNIDADE NEGRA
CONFERÊNCIAS GLBTT EM PRAIA GRANDE E GUARUJÁ ABREM DISCUSSÕES SOBRE O TEMA
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Pag. 03 SECRETARIA DE COMBATE À DISCRIMINAÇÃO Av. Presidente Kennedy, nº. 5928 - Vila Tupy Fone: (13) 9791.7706 / 91491923
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EDITORIAL
OGUM - ORIXÁ DAS GUERRAS E DA TECNOLOGIA
“AXÉ IN FOCO” O INFORMATIVO QUE VEIO PARA FICAR
Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico espólio em suas expedições, além de numerosos escravos. To d o s e s t e s bens conquistados, ele entregava a Odúduá, seu pai, rei de Ifé. Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por isto chamam-no, ainda hoje, Ogum mejejê lodê Irê - "Ogum das sete partes de Irê". Ogum matou o rei, Onirê e o substituiu pelo próprio filho, conservando para si o título de Rei. Ele é saudado como Ogum Onirê! - "Ogum Rei de Irê!” Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa, "akorô". Daí ser chamado, também, de Ogum Alakorô "Ogum dono da pequena coroa”. Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum voltou a guerrear por muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo. Ogum tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja paciência é curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados com dendê, tudo acompanhado de muito vinho de palma. Ogum, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a terra. Ogum tornara-se um Orixá.
O lançamento do Informativo AXÉ IN FOCO foi sem sombras de dúvidas um sucesso, com cerca de 400 pessoas, entre elas lideranças religiosas e filhos de fé das matrizes africanas, lideranças políticas, tais como: Deputado Estadual Luciano Batista, a Presidente da Bacia 9 e representante Estadual do Partido Verde Mônica Trigo, entre outras abrilhantaram o coquetel de lançamento. Dia 08 de março comemorou-se o Dia Internacional da Mulher e o AXÉ IN FOCO homenageou as mulheres de matrizes africanas pelo seus destaques religiosos e sociais. Muito me anima os últimos aconte cimentos da Baixada Santista, pois no mês de março os movimentos de etnia negra estiveram em destaque, além da data do dia 21 de março que comemorou o Dia Mundial contra à Discriminação Racial, também foi realizada a II Conferência da Igualdade Racial e a Eleição do Conselho das Comunidades Negras de Santos, onde toda diretoria deste informativo participou ativamente, com o apoio de autoridades como Dona Elisa, Presidente do Conselho Estadual de Comunidades Negras, Ministro Religioso Ivan de Odé, Babalorisá Marcelo de Logunedé , todos militantes ativos nas questões raciais e étnico - religiosas. Praia Grande forma , com apoio dessas lideranças, o Conselho Municipal de Etnias Raciais e Comunidades Negras local. Foram realizadas também as pré - conferências preparativas para Iº Conferência nacional de GLBTT, onde também estivemos presentes e participamos efetivamente das discussões, apresentando propostas de políticas públicas voltadas a esse seguimento. O AXÉ IN FOCO vem nesta edição com algumas inovações de diagramação e layout renovado para melhor atender nossos leitores, que começam a participar também de decisões do nosso Informativo. Axé meu povo e até a próxima edição. Pai Danilo
E-mail: dant1100@hotmail.com Diretor Presidente: Danilo da Silva Pena Jornalista Responsável: Marcel Cordella Tiragem: 2.000 exemplares. Distribuição Gratuita. Este informativo é responsabilidade da sua direção, as matérias que não forem assinadas pela mesma serão de inteira responsabilidade de seus autores. R. das Cássias, nº. 219 - Jd. Samambaia Praia Grande - Tel.: (13) 3477.4188 9169.9743 / 9778.4615
ORIKI OGUM MO WÁ LÀYÉ NITOR PÉ MONI OGUN GÉGÉ BÍ. ABÓ MÓ MI RIN NITORI´PÉ OGUM NI ONÁ. MI O SÉ PIN NITORI OGÚN NI AGBÁRÁ, INÚ. MI NDUN NITORIPE OGUM, FUN MI LAYÓ. OGUM NÍ OUN TI MOUN MI, OUN NI AIYEMÍ. OUN NI BABA, OREMI, IYERANMI, EROMI, ERAN MI EYE MI E MIMI. OGUN NI TEMI NO GBOGBO. TRADUÇÃO: Estou vivo porque tenho Ogum em meu caminho. Caminho porque Ogum é a estrada. Não envergo porque Ogum é meu aço. Sou alegre porque Ogum me dá prazer, Ogum é o ar que respiro, é minha vida, meu pai, amigo, meu irmão, meu pensamento, minha carne, meu sangue e minha alma. Ogum é o meu tudo.
FEDERAÇÃO NACIONAL DA RELIGIÃO ORIXÁ
PAI CLÓVIS DE OLUAIYÉ UM HOMEM QUE TRANSMULTOU SUA VIDA PELA FÉ
Pai Clóvis De Oluaiyé
Iniciado á religião pelo Babalorisá Muxalá, por motivos de saúde e tomando suas obrigações com o saudoso Pai Mauro de Odé, nosso estimado Pai Clóvis de Obaluaiyé que sempre trabalhou como representante comercial, sofreu o infortúnio de um assalto à mão armada, há nove anos atrás e infelizmente deste fato acabou sendo alvejado por um tiro, que lhe colocou em uma cadeira de rodas até os dias de hoje, mais como disse nosso eterno guerreiro, nada desestimulou sua fé, ao contrário, hoje mesmo em uma cadeira de rodas, Pai Clóvis é um sacerdote totalmente voltado as suas obrigações religiosas. Confiança, amor, carinho e fé, são o carro chefe deste grande sacerdote, para dirigir uma casa com cerca de 400 iniciados na religião de matriz africana. Atendendo em Praia Grande, São Paulo, Campinas e outras cidades do estado, não se sente cansado com sua missão, ainda promovendo festividades anuais em sua roça, aqui na baixada, sendo elas festas de Ogum, Olubajé (Ritual ao Orisá Obaluaiyé), festa das Iyabás e saídas de Obrigações de filhos de fé. Pai Clóvis ainda ressalta “que é de extre mas necessidades á união dos povos como também de organização política e administrativa dentro das religiões de matrizes africanas”.
Ao seu lado Pai Clóvis conta com o apoio do Babakekeré Roberto de Ogum que não mede esforços para que tudo dentro do asé saia conforme determinações dele, também destaca seu irmão Dóya de Osogiyón e sua filha Ekedji Rose de Osumaré. Tradição e ancestralidade fazem da casa deste grande homem sem dúvidas um ícone dentro da baixada santista.Luta continua em prol da sociedade civil e doações espon tâneas também fazem parte do trabalho do Asé Oni Orun. Não esquecendo que sua nação (fon) é levada a sério com todos os preceitos das raízes ao qual pertecem . Hoje se cuidando com Pai Lamartine de Iyemonja, que era seu irmão mas velho do asé de Pai Mauro, se encontra muito feliz com a dedicação de seu Babalorisá para com o asé Oni Orun e cita mãe Edith de Odé como uma grande referência para as religiões de matrizes africanas. Pai Clóvis encerra fazendo um apelo aos nossos irmãos: “Procurem entendimento em seus mais velhos, para não dar espaço a outras etnias religiosas, de estarem angariando fiéis, pois esta religião não é feita de boa vontade apenas e sim de ensinamentos tradicionais que não podem se perder no tempo”.
Associação Espiritualista Jurema Preta na União das Crenças
Registre seu Terreiro, mantenha sua casa de asé. Organizada administrativamente
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Presidente
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SANTOS - II CONFERÊNCIA DA IGUALDADE RACIAL E ELEIÇÃO PARA O CONSELHO DA COMUNIDADE NEGRA
Nos dias 28 e 29 de março de 2.008, em Santos foram realizados dois eventos de destaque para a comunidade do AXÉ, a II Conferência Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a eleição dos Conselheiros para as cadeiras do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, no Auditório da UNISANTOS - Campus Dom Idílio. Já em sua abertura e instalação tivemos demonstrações que o nosso País é realmente abençoado, por Deus em todos os seus aspectos, pois presentes se encontravam diversas representações de religiões, classes e etnias, reforçando cada vez mais a nossa real fé por dias melhores para todos. Os trabalhos de depuração das propostas, realizadas pelas comissões de delegados das pré-conferências, foram realizados no sábado pela manha, com calma e tranqüilidade, tendo sido apresentados relatórios finais ao plenário com as devidas explicações e sendo todas aprovadas e ressalta-se de excelente qualidade técnica. No entanto... quanto às eleições dos Conselheiros para as cadeiras do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvi mento da Comunidade Negra, decorreu em clima calmo, até chegarmos à eleição para cadeira de Representante de Entidades Religiosas de Matriz Africana, aí meus irmãos a situação ficou delicada, pois durante o intervalo para almoço, com o clima já pesado, nosso irmão Baba Danilo T' Yemonjá, mais outros irmãos deparam com uma situação que lhe causaram espécie e revolta, fato este que momentos antes eu já havia alertado alguns delegados: ou seja, o credenciamento de delegados àquela hora, aproximadamente 13h:30, o que feria fundo o Regimento da Conferência e da Eleição propriamente dita. Feriu de forma mortal o Artigo 31, Seção II, parágrafo 1º. Daí meus irmãos, o malestar se instalou no ambiente, tendo até atitudes rudes de palavras proferidas pelo candidato apoiado pela COPIRE, Pai Márcio, da União Espírita Santista, até mesmo com tentativa de agressão física contra o candidato Pai Marcelo de Logunedé, atual Vice-Presidente do Conselho e Titular da Cadeira de Religiões de Matriz Africana, sendo que para tanto foi chamada a Guarda M u n ic ip a l , p a r a q u e d e s s e m g u ar d a e segurança no prosseguimento dos trabalhos. Após horas de trâmites e entraves, a Presidência não teve outra opção a não ser
cumprir o Regimento e a aludida eleição realizou-se tendo como resultado a vitória esmagadora do irmão Babá Pai Marcelo de LogunEdé, com 30 votos, contra 21 do Márcio da União Espírita e 09 da Yá Denise de Sob. Meus irmãos, o que se presenciou neste sábado, foi uma tentativa frustrada de conchavos e articulações, sem a menor vergonha de se expor ao ridículo e, o que mais me entristeceu foi ver pessoas, irmãos, que até então para mim seriam pessoas de boa fé, boa índole, bem, algumas de índole nem tão boa assim, tirando suas máscaras, mostrando a realidade do caráter de cada uma, a sujeira que tentaram implantar sorrateiramente através de fraudes, ejós, intrigas. Sejamos claros, nosso povo do Candomblé em momento algum participou deste lamaçal, tanto que reelegemos um irmão nosso para que novamente venha a sentar na cadeira que nos é de fato e direito. Quero parabenizar o Presidente da Conferência, Drª Tatiana, Dr. Vinícius e um agradecimento em especial ao Dr. Ivo Evangelista, pelo seu empenho todo o tempo e fazer cumprir o Regimento e as Leis, com certeza um irmão digno de confiança e apreço. José Badeh Aguiar do município de Santos.
CONFERÊNCIAS GLBTT EM PRAIA GRANDE E GUARUJÁ ABREM DISCUSSÕES SOBRE O TEMA
As pré-conferências realizadas em Praia Grande e Guarujá são preparatórias para Conferência Estadual que acontecerá dia 11, 12 e 13 de abril na Assembléia Legislativa em São Paulo, o Axé in Foco participou e colaborou apontando propostas de políticas públicas para o segmento. A Conferência, convocada por meio do Decreto presidencial de 28 de novembro de 2007, tem o objetivo de propor as diretrizes para a implementação de políticas públicas e o plano nacional de promoção da cidadania e direitos humanos de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT) e ainda avaliar e propor estratégias para fortalecer o Programa Brasil Sem Homofobia.
Qual o tema da Conferência? O tema da Conferência é Direitos Humanos e Políticas Públicas: O caminho para garantir a cidadania de Gays, Lésbicas, B i s s e x u a i s , Tr a v e s t i s e Tr a n s e x u a i s . O que é identidade de gênero? É o conjunto de características sexuais que diferenciam cada pessoa das demais e que se expressam pelas preferências sexuais, sentimentos ou atitudes em relação ao sexo. A identidade sexual é sentimento de masculinidade ou feminilidade que acompanha a pessoa ao longo da vida. Nem sempre está de acordo com o sexo biológico ou com a genitália da pessoa. A homossexualidade é uma doença? Não. A Classificação Internacional de Doenças (CID) não inclui a homossexuali dade como doença desde 1993. A homosse xualidade não é uma escolha, a pessoa nasce homossexual. Quem pode participar da Conferência? A Conferência Nacional terá a participação de delegados representantes da sociedade civil e de delegados representantes do poder público, além de convidados e observadores. Quais são os conceitos usados para esta Conferência? Os conceitos foram formulados em consenso pela Comissão Organizadora do evento. GLBTT: É a sigla para Gays, Lésbicas, B i s s e x u a i s , Tr a v e s t i s e Tr a n s e x u a i s . Heterossexual: pessoa que tem desejos, práticas sexuais e relacionamento afetivosexual com pessoas do gênero oposto. Bissexual: pessoa que têm desejos e práticas sexuais e relacionamento afetivo-sexual com homens e mulheres. Gay: pessoa do gênero masculino que tem desejos, práticas sexuais e relacionamento afetivo-sexual com outras pessoas do gênero masculino. Gênero: o conjunto de normas, valores, costumes e práticas através das quais a diferença entre homens e mulheres é culturalmente significada e hierarquizada. Envolve todas as formas de construção social das diferenças entre masculinidade e feminilidade, conferindo sentido e inteligibilidade social às diferenças anatômicas, comportamentais e estéticas. Contemporaneamente se com preende que não há linearidade na determi nação do sexo sobre o gênero e sobre o desejo, sendo o gênero uma construção individual, social e cultural que sustenta a apre sentação social da masculinidade e/ou femi nilidade por um indivíduo. Homofobia: conseqüência direta da hierar quização das sexualidades e do status supe rior arbitrariamente conferido à heterossexualidade, suposta como natural, em detrimento de outras manifestações e expressões das identidades e das práticas sexuais, tidas como inferiores ou mesmo anormais. A homofobia é um fenômeno que costuma produzir ou se vincular á preconceitos e mecanismos de discriminação, de estigmatização e violência contra pessoas GLBT e, mais genericamente, contra todas as pessoas (in clusive as heterossexuais) cujas expressões de masculinidade e feminilidade não se en quadrem nas normas de gênero, culturalmente estabelecidas.
A homofobia, portanto, vai além do grave quadro de hostilidade e violência contra GLBT. Ela desencadeia e realimenta processos discriminatórios, representações estigmatizantes, processos de exclusão, den tre outros, voltados contra tudo aquilo que remeta, direta ou indiretamente, às práticas sexuais e identidades de gênero discordantes do padrão heterossexual e dos papéis estereotipados de gênero. Homossexual: pessoa que tem desejos e práticas sexuais e relacionamento afetivosexual com pessoas do seu mesmo gênero. Lésbica: pessoa do gênero feminino que têm desejos e práticas sexuais, e relacionamento afetivo-sexual com outras pessoas do gênero feminino. Lesbofobia: é uma expressão específica da homofobia. Se refere à discriminação, estigmatização e violação de direitos de mulheres que tem uma orientação sexual homossexual. Transexual: pessoa com identidade de gênero diferente do biológico. Esta afirmativa consolidada pode, eventualmente, se transformar em desconforto ou estranheza diante destes atributos, a partir de condições sócio-culturais adversas ao pleno exercício da vivência dessa identidade de gênero constituída. Isto pode se refletir na experiência cotidiana de auto-identificação ao gênero feminino – no caso das mulheres que vivenciam a transexualidade, que apresentam órgãos genitais masculinos no momento em que nascem –, e ao gênero masculino que apresentam órgãos genitais femininos. A transexualidade também pode, eventualmente, contribuir para o indivíduo que a vivencia objetivar alterar cirurgicamente seus atribu tos físicos (inclusive genitais) de nascença para que os mesmos possam ter correspon dência estética e funcional à vivência psicoemocional da sua identidade de gênero constituída. Transfobia: é outra expressão específica da homofobia, referente ao rechaço às pessoas travestis e transexuais. A transfobia se ex pressa por meio do não reconhecimento das vivências de identidade de gênero distintas dos ditames postos pelas normas de gênero e pela ideologia do binarismo sexual. Ao su perarem as barreiras postas pelas normas de gênero e uma visão essencialista acerca dos corpos, dos sexos e dos gêneros, as pessoas travestis e transexuais são expostas a um duro quadro de vulneralibilidades, que fazem delas alvo das mais acirradas manifestações de desaprovação e repulsa social. A transfo bia as exclui de praticamente todos os espa ços de convivência cidadã e, ao mesmo tempo, as coloca entre os principais alvos da violência letal contra GLBT. Tr a v e s t i : p e s s o a q u e n a s c e d o s e x o masculino ou feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, assumindo papéis de gênero diferen tes daquele imposto pela sociedade. Muitas travestis modificam seus corpos através de hormonioterapias, aplicações de silicone e ou cirurgias plásticas, porém vale ressaltar que isso não é regra para todas.
ANUNCIE NESTE INFORMATIVO TEL: 3477.4188 E-mail: dant1100@hotmail.com
EVENTOS TRABALHOS SUA EMPRESA
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A HISTÓRIA DA UMBANDA E OS CEM ANOS O jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: "amanhã esta rei curado". No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha. A medicina não soube explicar o que acontecera. Os tios, sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nada esclareceram. Um amigo da família sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem levantou-se, dizendo:"aqui está faltando uma flor", e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou no centro da mesa. Esta atitu de insólita causou quase que um tumulto. Restabelecidos os trabalhos, manifestaramse nos médiuns kardecistas, espíritos que se diziam pretos escravos e índios. Foram con vidados a se retirarem, advertidos de seu es tado de atraso espiritual. Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceita rem a comunicação daqueles espíritos e do porquê em serem considerados atrasados a penas por encarnações passadas que revela vam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura. Um médium vidente perguntou: "Por quê o irmão fala nestes termos, preten dendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tive ram, quando encarnados, são claramente atrasados ? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz ? E qual o seu nome irmão ? E o espírito desconhecido falou: "Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensa gens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião
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que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os ir mãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Ca boclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O vi dente retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com iro nia. E o espírito já identificado disse: "cada colina de niterói atuará como porta-voz, a nunciando o culto que amanhã iniciarei". No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já es tavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhe cidos. Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que ha viam servido como escravos e que, desen carnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em bene fício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.
A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DOS CONSELHOS DE COMUNIDADE NEGRA O Conselho revolucionou o movimento negro. A partir da abolição dos escravos, a luta pela verdadeira libertação, que é a igualdade de direitos e de oportunidades, teve dois momentos modificadores da ação política do movimento negro. A primeira foi a Frente Negra Brasileira - movimento político de caráter nacional que teve papel relevante, transformando-se em partido político, o que o levou a sua extinção pela ditadura Vargas no final da década de 30. A partir de então, diversas entidades foram se sucedendo e de senvolvendo um conjunto de ações impor tantes na luta contra a discriminação racial, porém, sem que de fato algo inovador fosse apresentado. O Conselho da Comunidade Negra, criado em 1984 por ação política dos negros do PMDB, no governo Franco Montoro, foi o marco inicial de uma nova forma de atuação no combate ao racismo. Foi a partir do Conselho da Comunidade Negra que começaram a se formar grupos de especialistas que colocaram o seu conheci mento técnico-acadêmico à disposição da causa negra, levando à sensibilização e in clusão de diversas categorias profissionais na questão negra. O Coletivo de Advogados Negros do Estado de São Paulo foi o primeiro grupo de es pecialistas a se organizar no Conselho, tendo imediatamente se envolvido no processo sucessório da OAB/SP, levando à criação da Subcomissão do Negro da OAB, hoje, Co -
missão do Negro e de Assuntos Discrimina tórios daquela entidade. Também na área de educação, desde os seus primórdios, o Conselho tem desempe nhado relevante papel na mudança da abor dagem da educação, especialmente a do en sino fundamental, com reflexos em todo o Brasil. Especialistas que hoje estão na aca demia defendendo teses, publicando livros e CD rooms, começaram esse trabalho no Conselho da Comunidade Negra, que estru turou uma assessoria junto à Secretaria de Educação, transformando São Paulo no primeiro Estado brasileiro a ter um livro didático que respeita a população negra e a diversidade de maneira geral. Igual relevância teve o Conselho da Comunidade Negra no estudo e combate ao racismo no mercado de trabalho, capacitando especialistas sobre o assunto e fazendo as primeiras publicações sobre o tema no Brasil. O CEERT deu os seus primeiros passos no Conselho da Co munidade Negra Diversas outras entidades da sociedade civil, organizações governa mentais e não-governamentais, sindicatos e entidades de classe têm se desenvolvido so bre esta matriz, criada pelo Conselho da Comunidade Negra, tendo muitas delas sido geradas com o seu apoio institucional, como o Ceabra – Coletivo de Empresários e Em preendedores Afro-brasileiros; a Afrobrás; o CIEPEGHEPE; a Fundação Cultural Palmares; a Aliança Afro-Ferrazense; a ECAL, de Leme; Conselhos; Coordenadorias e Centros de Documentação da Comunidade Negra em todo o Brasil. Além disso, todos os partidos políticos têm consagrado a importância política do Conselho Estadual da Comunidade Negra. Na área governamental, além do seu trabalho específico no Estado de São Paulo, o Conselho da Comunidade Negra tem desempenhado importante papel na implementação de diversas ações e medidas governamentais. A criação do GTI – Grupo de Trabalho In terministerial Para Adoção de Políticas Pú blicas para a Comunidade Negra e a renovação da Fundação Cultural Palmares, que levou Dulce Pereira à presidência, foi, em grande parte, discutida com a assessoria da Presidência da República no Conselho da Comunidade Negra, aqui em São Paulo. Estas medidas demonstram o caráter inovador e ousado do Conselho, desde a sua fun dação. Praia Grande é um dos únicos municípios do litoral paulista á não ter seu conselho formado. Venha fazer parte do movimento pró conse lho municipal de comunidade e consciência negra de Praia Grande através dos telefones: (13) 34774188 / 97784615 / 78081756
ACONTECEU E NÓS REGISTRAMOS Festa de Ogum e Osumeta de Paulo de Oniré e Dina de Osún no Asé do Babalor Isá Danilo de Iyemonja Dia 16 de março. Festa de Seu Zé Boiadeiro do Babalorisá Luiz de Yoké do Ase Ojomimó Dia 15 de Março. Festa do Esú 07 Encruzilhadas do Babalorisa Luiz De Yoké Do Asé Ojomimó Dia 21 De Março. Festa de Ogum da Iyalorisá Marcia de Olufón Dia 23 De Março. Conferência Municipal de Politicas da Igualdade Racial do Municipio de Santos. Confêrencia Municipal GLBTT (Gays, Lesbiscas, Bissexuais, Travestis E Transexuais) De Praia Grande. Odun Ije de Alex de Osoogiyón no Asé do Babalorisá Robson de Odé Dia 08 De Março.
ACONTECERÁ Iypeté de Osun e Odun Ije De Fernando de Osoniyn e Alex De Omolu no Ase Omosé Muró Do Babalorisá Valdo De Oya Local: Rua Amadeu de Queiroz, n° 195 Jockey Club - São Vicente Data: 12 de Abril - a partir das 22h:00 Festa de Ogum e Saída de Iyawó No Asé do Babalorisá Cláudio De Iyemonjá Local: R. Alice Machado de Azevedo, nº 1596 - Jardim Pompeba – São Vicente. Data: 19 de Abril - a partir das 16h:00 Festa De Ogum No Ase Ofa Bomim do Babalorisá Bomyare De Osun Local: Alameda Um, nº 544 Pque Continental - São Vicente. Data: 20 de Abril - a partir das 15h:00 Confirmação da Ekedji Luciana de Osun do Egbe Tiy Doiyun do Babalorisá Danilo de Iyemanja. Local: R. das Cassias, nº 219 Jd. Samambaia - Praia Grande. Data: 26 de Abril - a partir das 16h:00 Festa de Esú do Babalorisá Kello de Ogum Local: R. Araraquara, nº 2233 Jd. Caraguava - Peruibe. Data : 26 de Abril - a partir das 22h:00 Homenagem da Intecab com o título “ Aqui Começou a História das Religiões de Matrizes Africanas no Litoral” no Asé do nosso Saudoso Samuel Ribeiro, momento em que a diretoria da Intecab núcleo Baixada Satista tomará posse. Local: R. Profª. Iolanda Conte, nº 300 Vila Margarida - São Vicente. Data: 03 de Maio - a partir das 13h:00