Catálogo Exposição I Dante Velloni I 2010

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Sobre a Natureza da Natureza

Dante Velloni Pinturas


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Sobre a Natureza da Natureza

Dante Velloni Pinturas

Museu de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto São Paulo - Brasil

De 19 de novembro de 2010 a 09 de janeiro de 2011

Ricardo Resende

Menalton Braff

Apresentação

Impressões

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Da Natureza Escrever sobre arte contemporãnea é um tarefa arriscada e que pode contrariar as vozes mais conservadoras que estão acostumadas a escrever para um público muito especializado ou mesmo, para não dizer que tais textos são escritos apenas para “eles” mesmos, os especialistas em arte. Encerrados em si, muitos destes profissionais não se permitem gostar ou “entender” certas manifestações artísticas. Acabam por colocá-las em um patamar inferior ao que está no circuito comercial visto nas galerias de arte, aonde os curadores e artistas “influentes” ditam o que é a arte contemporânea para o mercado, com um certo “eruditismo” em suas palavras. Olhar para o trabalho de Dante Velloni, é parte deste risco. E o corro com confiança diante das suas qualidades de artista. Na confiança de um trabalho de arte sincero. Verdadeiro ao não se sujeitar as regras estéticas impostas pelo mercado de arte “descolado” visto nas galerias comerciais. Dante é artista ativo desde o final dos anos 70 quando começou a participar de ações perfomáticas de viés político e depois nos anos 80 ao ter participado ativamente do circuito da arte postal. Correspondeu-se e travou forte amizade com Paulo Bruscky, multi-artista de Recife e com o curador e historiador de arte Walter Zanini, por exemplo. Faz parte do acervo do Centro Cultural São Paulo e da exposição Arte Postal da 16ª Bienal de São Paulo, apresentada de Setembro de 2010 a Janeiro de 2011 na mesma instituição. O artista nos últimos anos tem se dedicado a pintura unicamente. Já pintou céus dramáticos só

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vistos atualmente no interior do país onde é possível observá-los no horizonte por aqueles que ainda se deixam contemplar os fen”omenos da natureza. Estas pinturas de viés barroco, ficaram conhecidas como os Céus de Dante. Céus de cores e formas intensas ainda livres das camadas de ar poluído e paisagens tomadas por prédios, como as vistas em cidades do porte de São Paulo. As imagens silenciosas e fixas de uma pintura, como sempre, revolucionam-se como meio e renovamse como técnica diante dos avanços tecnológicos da humanidade. “Fiel” a ela mesma, pois sempre esteve aberta à discussão sobre o tema da apropriação, da contaminação e da superação dos seus limites, a pintura no século XX foi experimentada em todas as suas possibilidades plásticas e estéticas. Foi valorizada e desvalorizada para ser descartada e, consequentemente, ser retomada diversas vezes. O quanto for necessário para sua reafirmação como um meio dos mais inventivos da expressão humana. Retratar-se a si ou os outros, a natureza em toda sua plenitude ou nas suas subtrações, nas suas formas abstratas ou geométricas e aquelas que têm apenas as cores puras sobre a superfície de uma tela. Quando se olha para o conjunto das pinturas mais recentes de Dante Velloni, parte do que se mostra nesta exposição que este texto acompanha, observa-se uma temática diversificada. Ou melhor, o que se vê em suas telas são diversos temas mas que sempre guardam um elo entre si. Ora marcadas pelo oniríco, ora por um realismo fantástico ou em situações surrealistas. Tratam de um mundo esvoaçante cheio de brilho, feito de bolhas ou pontos de luz. As cidades aparecem em suas plenitudes dramáticas


Da Natureza. maneira a mexer com os sentidos de quem as observa. e na imensidão de seus vazios. Vistas como em um vôo rasante em que se observa o mundo da janela de uma avião. Os mitos ou as místicas humanas aparecem como mistérios da criação nos temas de suas pinturas. “Como fico pensando sobre isso o tempo todo, como se fosse uma tempestade de pensamentos e imagens, lembrei-me de uma frase atribuída a Delacroix, que diz algo assim: “...nem sempre a pintura precisa de um tema”, e então fiz algumas associações com minhas pinturas recentes. Cheguei a uma conclusão: eu tenho um único assunto e dele extraio vários temas. Meu assunto é Sobre a Natureza da Natureza e meus temas são aqueles que seguem com menções específicas. Partindo do assunto, que é sempre mais abrangente, componho temas diferentes com argumentações distintas. É com o tema que proponho, como artista, posicionamentos diante de valores humanos diversos. Quanto ao material utilizado procuro a plasticidade que surge do contraste de materiais e dos contrastes de luz surgidos pelo brilho da seda e do gliter, os quais obrigam o observador a mudar constantemente de lugar diante da obra”. Revela Dante Velloni. Nas paisagens e retratos, Dante coloca gliter no meio da massa pictórica. Técnica que ele usa ao produzir suas pinturas, conforme sua descrição do seu processo artístico. Dante lhes confere uma atmosfera ainda mais alucinante, como sonhos. De uma beleza incomum e de fácil comunicação de

Com uma boa técnica de pintar, Dante Velloni arrisca-se ao utilizar-se destes materiais incomuns à píntura tradicional. Sua técnica lhes confere um “que” de kistch. E é ai, neste risco, que encontra-se o que mais me agrada em sua pintura - sem medo de ser visto como um pintor convencional. Em algumas pinturas o uso do glitter é mais evidente. Mas em outras, o aquarelado de sua técnica de tinta lavada e de cores diáfanas confere um acetinado às pinturas. Um quase brilho natural que vem das telas. A luminosidade ou a representação da luz tem um caráter realistico em sua obra. Mas ainda trata-se apenas de uma técnica de pintar. E não é o que importa em suas pinturas. Mais do que um meio ou uma técnica, o que mais mexe com os nossos sentidos diante de sua obra, são justamente multiplicidade dos temas. Mas se falo de um risco ao escrever sobre uma produção como esta, é igualmente arriscado para um artista hoje tratar de certos temas, como o mítico. O belo. É como se hoje não fosse possível sonhar. É como se o sonho não fosse parte de nossa realidade. Dante Velloni nos faz sonhar com suas pinturas.

Ricardo Resende São Paulo, Outubro de 2010.

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Dez milhĂľes de habitantes, e nĂŁo precisava tanto. M.B.

Sobre a Natureza das Cidades: 11 West 53rd Street - NY TĂŠcnica mista sobre seda 90 x 110 cm 2009 8


Domei os espaços e inventei o xadrez de uma só cor. O mundo brilha. M.B.

Sobre a Natureza das Cidades: Aquela que se Contempla Técnica mista sobre seda 90 x 100 cm 2010 9


Sem mim, caminho nenhum ĂŠ conhecido, pois que a tudo dou a forma. M.B.

Sobre a Natureza das Cores: A Luz TĂŠcnica mista sobre seda 90 x 110 cm 2009 10


Matei muitas sedes, e matando devolvi a vida. M.B.

Sobre a Natureza das Cores: A Ă gua TĂŠcnica mista sobre seda 90 x 110 cm 2009 11


Nuvens de gelo apagaram o Sol e os dias sumiram para sempre. M.B.

Sobre a Natureza da Natureza - O Tempo TĂŠcnica mista sobre seda 100 x 120 cm 2008 12


Com estas asas, que mais posso fazer alĂŠm de sonhar? M.B.

Sobre a Natureza das Virtudes - A Sabedoria TĂŠcnica mista sobre seda 120 x 150 cm 2010 13


A melancolia não tem cor definida. Ela dói onde não somos. M.B.

Sobre a Natureza da Natureza: A Tempestade Técnica mista sobre seda 135 x 100 cm 2008 14


MirĂ­ades em movimento a vida delicada. M.B.

Sobre a Natureza da Natureza: O Vento TĂŠcnica mista sobre seda 100 x 135 cm 2008 15


Do limbo viemos, no limbo azul encontraremos nossa morada. M.B.

Sobre a Ă?ndole da Natureza: Perversa TĂŠcnica mista sobre seda 90 x 110 cm 2008 16


Vi o mundo, me vi no mundo, mas o mundo não me reconheceu: obscuro vivi. M.B.

Sobre a Natureza das Diferenças: Auto-Retrato 1 e 2 Técnica mista sobre seda 90 x 110 cm 2009 17


Unidas à espera da eternidade, sem que nada possa nos separar. M.B.

Sobre a Natureza dos Afetos - O Abraço Técnica mista sobre seda 100 x 120 cm 2010 18


Somos leves, leves, como brisa do amanhecer. M.B.

CoreograďŹ a para Ă rvores Bailarinas - 2 TĂŠcnica mista sobre seda 100 x 120 cm 2008 19


Fragmentos Críticos Dante Velloni, com seus desenhos com a mão esquerda, numa ruptura deliberada com o academismo e a perfeição da representação realista, afastando-se do “bom” desenho, do condicionamento formal e, aprofundando em cada obra, uma vivência conflitual na experiência do voluntariado num hospital psiquiátrico.

Na frente de cada uma das telas de Dante Velloni, destes signos da ação artística, as minhas perguntas não procuram respostas, mas buscam a libertação da emoção. Olho o céu, penetro as nuvens, deixo-me transportar por um raio e pelas cores... ...os meus olhos se fecham e começo a enxergar.

Crítica de Arte - 1983

Professor - 2003

Josette Balsa

Durante conversa com Dante Velloni no Marp, um dado que me chamou bastante atenção foi sua produção iconoclasta. Assim como Dante Alighieri em A Divina Comédia, ele também foi do Inferno ao Paraíso em duas séries de pintura, feitas entre as décadas de 80, 90 e 2000. Mas, diferentemente do poeta italiano em sua obra-prima, Velloni não busca a purificação para chegar à esfera divina.

Carlota Cafiero

Curadora e Crítica - 2009

Imagem intuída. Significação e criatividade compõem a expressão de Dante Velloni em poética visual. Magnitude de imagens que buscam a interação de natureza e cultura: dos fatos naturais aos feitos artísticos.

Elide Monzéglio

Coordenadora da Pós-Graduação FAU-USP - 2001

Ao mirar as pinturas de Dante Velloni, penso que o homem contemporâneo, no que se refere às dimensões subjetivas de sua mente, mantém na contemplação um elo ancestral. Contemplar uma imagem que, espontaneamente, replica seus desejos o faz “sair de si e olhar para si mesmo”. E este mesmo estado de deslumbramento se sente diante da pintura de Dante Velloni. Viva a experiência estética!

Fábio Magalhães

Crítico de Arte - ex-Curador Chefe do MASP - 1977

É brilhante a maneira de o Dante fazer sua arte, explorando trocadilhos verbais e visuais. Suas apropriações metonímicas são tão joco-sérias quanto à cobra que engole seu próprio rabo.

Décio Pignatari

Poeta e critico. ex-professor da FAU-USP - 1986

É importante salientar que, entre os artistas de Ribeirão Preto, Dante Velloni parece o único a mostrar uma verdadeira inquietação capaz de vir a agrupá-lo ao pequeno círculo de artistas da cidade realmente significativos, composto por Odila Mestriner e Bassano Vaccarini.

Tadeu Chiarelli

Crítico de Arte - 1987 20

Sergio Colagrossi

...além de rever as obras de Dante Velloni que estão abrigadas no Museu de Arte de Ribeirão Preto, o público terá a oportunidade de cotejá-las com outras que o artista realizou concomitantemente. Obras, por assim dizer, que pertencem à mesma família daquelas pinturas, desenho, gravura e dos dois vídeos – estes, um trabalho pioneiro no contexto da arte brasileira. ...a poética de Dante seguiu um caminho coerente e, ainda, seu processo criativo foi sendo afetado pelos tempos, pelas suas viagens e pelas mudanças políticas.

Juliana Monachesi e Fernando Oliva Curadores - 2005

Meu velho amigo Dante Velloni, eu já conhecia e gostava bastante de sua obra poético-conceitual dos anos 70/80, inclusive tenho várias no meu acervo pessoal. Prá melhorar, bons ventos me levaram a ver também toda sua produção de pintura, desde as mais antigas até as obras mais contemporâneas. Adorei ter visto em seu atelier suas obras que irão para a exposição do museu. Estão maravilhosas.

Paulo Bruscky

Artista plástico - 2010

Dante Velloni, sensível ao universo que faz parte. Infeliz por ele. Insatisfeito. Por isso cria. Suas obras e respectivos títulos são, antes de qualquer coisa, imensos pontos de interrogação. Dante quando cria, procura-se. Procura-nos.

Tadeu Chiarelli

Crítico de Arte - 1974

Dante lhes confere uma atmosfera ainda mais alucinante, como sonhos. De uma beleza incomum e de fácil comunicação de maneira a mexer com os sentidos de quem as observa.

Ricardo Resende

Curador e Diretor do Centro Cultural São Paulo - 2010


DANTE VELLONI

Graduado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - USP - São Paulo.

Principais Salões e Mostras Coletivas:

Centro Cultural São Paulo - Expos. Paralela à Bienal Internac. S. Paulo - 2010 Acervo e Novas Representações - Galeria de Arte Marcelo Guarnieri - 2009 Galeria FAAP – Poéticas Visuais - Ribeirão Preto - 2008 Que Viva na Arte a Carne Morta - Sesc - Uberlândia - 2006 Casa da Cultura de Ribeirão Preto - 2005 SESC Pompéia – São Paulo 450 Anos – 2004 Mostra dos Artistas Premiados nos Salões de Arte - Ribeirão Preto – 2000 Espaço Cultural Brasilton - São Paulo - l998 Dialéticas das Linguagens - Itaúgaleria - Brasília - 1988 Galeria Arte Brut – Cine Metrópole - São Paulo - l985 Arte Xerox Brasil - Pinacoteca do Estado - São Paulo - 1983 Mostra de Vídeo-Arte - PUC - Campinas - 1982 Exposição Internacional de Arte em Out-Door - Recife – 1982 Bienal Internacional de São Paulo -São Paulo - l981 Salão Brasil-Japão - Tókio, Atami e Kioto - Japão - 1981 Salão Paulista de Artes Visuais - Pavilhão Bienal - São Paulo - 1980 Salão Nacional de Artes Plásticas (FUNARTE) - Rio de Janeiro - 1980

Principais Mostras Individuais:

Paixão e Paixões - Museu de Arte - Centro Convenções - Ribeirão Preto - 2010 Museu Universitário de Arte Contemporânea - Uberlândia - 2009 Galeria das Letras - Instituto de Línguas - Unaerp - 2009 Museu de Arte de Ribeirão Preto - Centro de Convenções - 2006 Galeria Casa do Brasil - Madrid - Espanha - 2005 Galleria D’Arte Cardano – Pavia - Itália – 2005 Casa da Cultura de Ribeirão Preto – 2003 Etéreos - Centro Cultural Infraero - São Paulo. 2002 Galeria IBRIT - Instituto Brasil-Itália de Milão - Itália – 2001 Espaço Cultural Brasília – Câmara Federal de Brasília - 2000 Galeria de Arte da Embaixada do Brasil em Roma - Itália – 1998 Museu de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto - 1998 Galeria The University Languages – Universidade de Ribeirão Preto - 1996 Galeria Casa de Idéias - Uberlândia - 1991 Itaúgaleria de Goiânia – 1988

Atividades Didáticas

UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto Professor do curso de Jornalismo FAAP - Fundação Armando Alvarez Penteado - Campus Ribeirão Preto Professor do curso de Pós-Graduação em História da Arte CUML – Centro Universitário Moura Lacerda Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo

www.dantevelloni.net.br dantevelloni@bol.com.br (16 3972.1890 / 9793.8573) 21


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Obras Capa Sobre A Natureza das Diferenças: Homem e Mulher Técnica mista sobre seda 120 x 120 cm 2009 Contra-capa Sobre a Natureza das Virtudes: O Verbo (detalhe) Técnica mista sobre seda 170 x 100 cm 2009

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