13o ano
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Leituras
o z e l a d o r Harold Pinter Concepção e Direção Geral Eugênia Thereza de Andrade Direção Kiko Marques
Teatrodoabsurdo*
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termo Teatro do Absurdo foi criado pelo crítico Martin Esslin (1918-2002), que assim intitulou seu livro em 1961. A intenção era agrupar, sob esta designação, as obras dramáticas do pós-guerra que colocavam em evidência o nonsense da vida cotidiana, a incomunicabilidade generalizada e, em suma, o absurdo da vida contemporânea, que se caracteriza pela fragmentação da personalidade e busca inútil e incessante de algum sentido na existência. O Teatro do Absurdo teve muita repercussão no Brasil, até porque, em muitos aspectos, a realidade brasileira em muito se aproxima do mundo sem nexo e sem saída retratado por esta corrente a cada dia mais contemporânea. Frederico Barbosa Poeta e Professor SP, 30/1/2019
* O Teatro do Absurdo de Martin Esslin. Edição atualizada (2018) – Zahar Editores
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de Harold Pinter
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peça O Zelador, escrita por Harold Pinter no final da década de 1950, estreou, com excelente recepção do público londrino, em 1960. A ação se passa em um modesto quarto de um prédio decadente em que mora Aston, um homem generoso, embora um tanto distante, que, após ajudar o velho maltrapilho Davies em uma briga de bar, o acolhe de forma altruísta na sua moradia pouco confortável. Embora viva como um mendigo, Davies é mitômano, arrogante, racista e cheio de preconceitos. Diz que tem usado outro nome e que tem que ir a Sidcup para regularizar sua situação. Sidcup é um distrito do Sudeste de Londres onde se obtinha documentos e registros do país. Logo aparece o terceiro personagem, Mick, irmão de Aston,
que sonha em reformar o prédio e enriquecer com isso. Muito do sucesso da peça foi atribuído pelos primeiros críticos ao humor obtido por Pinter ao reproduzir com fidelidade o falar das camadas mais populares da sociedade inglesa. Mas o próprio autor respondeu escrevendo que “O Zelador é engraçada até certo ponto. Além dele, deixa de ser engraçada, e é pelo que existe além desse ponto que a escrevi.” E é por isso que a peça permanece tão forte, sessenta anos após ter sido escrita: ao expor o absurdo do comportamento humano, O Zelador é uma obra imprescindível. Frederico Barbosa Poeta e Professor SP, outubro de 2019
Quando a Inglaterra estava em guerra alguém do governo sugeriu ao Primeiro-ministro cortar o financiamento das artes ao que Winston Churchill apenas respondeu:
“Se cortarmos o financiamento das artes, então estamos lutando para quê?”
A arte ĂŠ um patrimĂ´nio do ser humano e por ela devemos exercitar a consciĂŞncia de que ao homem pertence o direito de livremente se expressar.
SP, 23 de julho de 2019
Foto: Getty
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arold Pinter (1930-2008) nasceu e cresceu no distrito de Hackney, ao leste de Londres. Durante cinquenta anos, de 1957 em diante, foi um dos mais prolíficos e bem sucedidos dramaturgos da Inglaterra, escrevendo obras-primas como as peças Festa de Aniversário (The Birthday Party, 1957), Volta ao Lar (Homecoming, 1965), Traição (Betrayal, 1978) e roteiros cinematográficos como A Mulher do Tenente Francês (The French Lieutenant’s Woman, 1981). Além disso, dirigiu mais de 50 peças de teatro e atuou em inúmeras delas, além de participar de várias peças radiofônicas e de televisão.
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Desde muito jovem, Pinter deixou claro suas posições políticas, pelas quais lutou ativamente. Entre outras causas, participou da Campanha pelo Desarmamento Nuclear; do Movimento Britânico Anti-Apartheid; da Campanha de Solidariedade a Cuba, além de se colocar abertamente contra as guerras do Golfo, do Afeganistão e do Iraque, sempre denunciando o caráter colonialista e autoritário do governo americano e a subserviência do Reino Unido. Essa intensa militância fez com que o seu Prêmio Nobel, recebido em 2005, tenha sido muito criticado por opositores políticos. Diagnosticado com câncer no esôfago em 2001, continuou trabalhando palco até 2006, quando interpretou o papel principal da peça A Última Gravação (Krapp’s Last Tape), do seu amigo e ídolo, Samuel Beckett. Foi finalmente derrotado pelo câncer em 2008. Jogo Estúdio SP, outubro de 2019
7 L EI T UR A S ,7A U T ORE S ,7 DIRE T ORE S 13º Ano – Teatro do Absurdo
CONCEPÇÃO E DIREÇÃO GERAL EUGÊNIA THEREZA DE ANDRADE SELEÇÃO DE TEXTOS Eugênia de Andrade, Mika Lins, Marco Antônio Pâmio e Frederico Barbosa O ZELADOR Harold Pinter TRADUÇÃO Alexandre Tenório DIREÇÃO Kiko Marques AMBIENTAÇÃO CENOGRÁFICA Mika Lins FIGURINOS E OBJETOS CÊNICOS Jorge Luiz Alves
ELENCO Norival Rizzo Marcelo Galdino Rubens Caribé TEXTOS PARA O PROGRAMA Frederico Barbosa ILUMINAÇÃO Vitória Pamplona FOTOS Edson Kumasaka PRODUÇÃO Messias Lima Jogo Estúdio
Agradecimentos a Vera Fonseca, Oswaldo Mendes, Alexandre Tenório e Dr. José Paulo Moutinho.
Rinoceronte Eugène Ionesco Direção: Caetano Vilela 28/maio
Piquenique no Front Fernando Arrabal Direção: Oswaldo Mendes 24/setembro
Pastiches Tom Stoppard Direção: Nelson Baskerville 25/junho
O Zelador Harold Pinter Direção: Kiko Marques 29/outubro
Coração Partido Caryl Churchill Direção: Marco Antônio Pâmio 30/julho
PRÓXIMAS LEITURAS:
Esperando Godot Samuel Beckett Direção: Eugênia Thereza de Andrade 27/agosto
Calígula Albert Camus Direção: Eric Lenate 26/novembro
7 Leituras 7 Autores 7 Diretores Teatro do Absurdo O Zelador – Harold Pinter 29/10/2019, terça, 19h30. Teatro Anchieta Duração: 80 min.
Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 01222-020 São Paulo - SP Higienópolis-Mackenzie Tel: (11) 3234-3000 / sescconsolacao
sescsp.org.br/consolacao