Os Injustiçados do Oscar

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OS INJUSTIÇADOS DO OSCAR De 6 a 17 de março de 2015

Para a maior parte das pessoas, o Oscar é o prêmio que define “o melhor filme do ano”. Essa é, afinal, a história que nos contam. Talvez possamos levar as coisas um pouco adiante. O Oscar foi um dos primeiros empreendimentos, talvez o mais bem sucedido, da Academia de Artes e Ciências de Hollywood. Apesar do nome pomposo, essa instituição surgiu para acomodar os conflitos sindicais que começavam a ocorrer, já na segunda metade dos anos 1920, envolvendo, sobretudo, os roteiristas. A grande originalidade do Oscar, atribuído pela primeira vez em 1929, é não ser escolhido por um júri, nem pelos espectadores, mas pela comunidade hollywoodiana. Isto é, são os próprios trabalhadores da indústria que premiam seus colegas. Assim, não é de espantar que naquele ano o vencedor da categoria melhor filme tenha sido “Asas”, o filme de William Wellman, mas Wellman não tenha ganho o prêmio de melhor direção: ele era conhecido não só pelo talento como pelo gênio infernal, pelo hábito de tratar mal os atores, de brigar a tapa com técnicos, de humilhar produtores. Não se ganha Oscar assim... Isso não tira em nada, diga-se, a importância do prêmio. A cada ano, o Oscar permite que se discuta se as escolhas foram certas ou erradas, justas ou injustas. E isso faz parte da vida do cinema quase tanto quanto os filmes.


No entanto, é preciso convir que um filme só se afirma definitivamente “bom” ou “ruim” com o correr do tempo, que mostra melhor suas virtudes e defeitos. Em segundo lugar, que um prêmio atribuído pelos “membros da comunidade” expressa simpatias pessoais - vota-se, não raro, em pessoas de quem se gosta - e as mensagens que essa comunidade pretende expressar naquele momento. Essas mensagens variam conforme o ano. Quando “Crash – No Limite”, em 2006, vence os favoritos “O Segredo de Brokeback Mountain” e “Boa Noite e Boa Sorte”, sabemos que os eleitores evitaram tanto referendar a discussão em torno de opções sexuais, quanto abordar temas políticos. Em vez disso, mandaram uma mensagem pacifista por meio de um filme que abordava a violência urbana na cidade de Los Angeles. Era assunto sério e não fazia mal a ninguém. Isso não significa que outros prêmios, os de festivais como Cannes ou Veneza, por exemplo, não se enganem também. Assim como o Oscar, festivais têm um peso importante na carreira comercial dos filmes premiados. Indicações e prêmios são disputados com vigor pelos interessados justamente por isso. O tempo, porém, nos desvia dessas paixões do momento para nos conduzir a outras: a dos valores de certos trabalhos esquecidos ou simplesmente injustiçados por algum motivo. São alguns destes filmes que esta mostra evoca.

Curadoria Inácio Araújo crítico de cinema do jornal Folha de São Paulo


Direção: Alfred Hitchcok. Estados Unidos: 1960 Duração: 109 min. Dia 6, sexta, às 20h. Teatro. Grátis.


PSICOSE (Psycho) Marion Crane (Janet Leigh) é uma secretária que rouba 40 mil dólares da imobiliária onde trabalha para se casar e começar uma nova vida. Durante a fuga de carro, ela enfrenta uma forte tempestade, erra o caminho e chega em um velho hotel. O estabelecimento é administrado por um sujeito atencioso chamado Norman Bates (Anthony Perkins), que nutre um forte respeito e temor por sua mãe. Marion decide passar a noite no local, sem saber o perigo que a cerca.

Até que a Academia foi gentil ao indicar Alfred Hitchcock como melhor diretor de 1960 por “Psicose”, num ano de tantos filmes marcantes, como “Se Meu Apartamento Falasse” (de Billy Wilder, melhor filme e direção) ou “Entre Deus e o Pecado” (de Richard Brooks, ganhou melhor ator com Burt Lancaster). A sutileza e a mistura de amargor do filme de Billy Wilder convinham melhor ao Oscar do que o violento “Psicose”, que havia deixado o mundo não só em suspense, mas de cabelo em pé. O certo é que Hitchcock estava aborrecido com o relativo fracasso de alguns de seus filmes recentes (sobretudo “O Homem Errado” e a obra-prima “Um Corpo que Cai”) e decidiu dar um choque na platéia que dava bons resultados a pequenos filmes de terror. Optou pelo preto e branco e por um produção modesta para “Psicose”. Não economizou na originalidade, nem na violência da cena em que a estrela do filme, Janet Leigh, é morta. O sucesso foi tão completo quanto o choque de ver um Hitchcock sensacionalista. Até hoje este é o filme mais popular do mestre britânico.


Direção: Mike Nichols Estados Unidos: 1966 Duração: 129 min. Dia 7, sábado, às 17h. Teatro. Grátis.


QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF? (Who’s afraid of Virginia Woolf?) George (Richard Burton), um professor universitário, e Martha (Elizabeth Taylor), sua esposa que é também filha do reitor, recebem no final da noite Nick (George Segal), um jovem professor, e Honey (Sandy Dennis), sua mulher. À medida que a noite avança, as confissões entre os quatro se tornam mais ácidas e a verdade se torna algo muito deprimente.

O filme parecia reproduzir o tempestuoso casamento de Elizabeth Taylor e Richard Burton, com seu violento acerto de contas de um casal. O casal já surgira escandaloso: ambos casados, conheceram-se e apaixonaram-se durante as filmagens de “Cleópatra” (1963). Dali por diante, quase toda semana noticiava-se uma briga, depois a reconciliação: uma espécie de montanha russa amorosa que deu até em separação e depois em recasamento. Liz Taylor era uma queridinha de Hollywood. Com razão, aliás: um desses casos de grande atriz infantil que se torna grande atriz adulta. Nessa briga, é claro, Hollywood tomou o partido de Liz contra o britânico intruso. Ela ganhou o prêmio de melhor atriz, ele ficou vendo Paul Scofield, aliás outro grande ator britânico, levar o prêmio. Sete vezes indicado, sete vezes Burton sairia da premiação de mãos abanando: como se a Academia gostasse de humilhá-lo por seu tormentoso casamento. Mas que grande ator ele foi...


Direção: Brian De Palma Estados Unidos: 1980 Duração: 106 min. Dia 8, domingo, às 17h. Teatro. Grátis.


VESTIDA PARA MATAR (Dressed to Kill) Um terapeuta de Manhattan, o Dr. Robert Elliott (Michael Caine), enfrenta o momento mais aterrorizante de sua vida, quando um assassino psicopata começa a atacar as mulheres de sua vida - usando uma navalha roubada de seu escritório. Desesperado para encontrar o assassino antes que outra pessoa seja ferida, Elliott logo se vê envolvido em um mundo de escusos e perturbadores desejos.

Quem já viu os primeiros vinte minutos de “Vestida para Matar” e não percebeu nada de especial, é melhor abrir os olhos e começar tudo de novo. Brian De Palma mostra ali o percurso de uma mulher (Angie Dickinson) entre o desejo sexual e a morte sem precisar de uma única palavra. Tudo está na imagem. E no rosto de Angie Dickinson podemos também notar o essencial deste filme: o desejo é tão incontornável quanto perigoso. O que virá depois confirma e amplia essa ideia. O desejo é surpreendente e costuma assumir formas inesperadas. Pode se manifestar como amor, mas também como hostilidade. É daí que vem a sensação de medo que nos persegue até o final onírico (como a lembrar que o terror e o perigo não têm fim). É bobagem pensar que De Palma imitava Hitchcock! Não! Sua força consiste, em grande medida, de buscar em Hitchcock uma matéria-prima que retrabalha com originalidade impecável. Sem nunca ter ganho Oscar (nem indicação), De Palma continua a ser um dos principais representantes do cinema moderno americano.


Direção: Tim Burton. Alemanha/Estados Unidos: 1999 Duração: 105 min. Dia 10, terça, às 20h. Teatro. Grátis.


A LENDA DO CAVALEIRO SEM CABEÇA (Sleepy Hollow) Em 1799, uma série de crimes envolvendo inocentes acontece no pequeno vilarejo de Sleepy Hollow. Para investigar o caso, é chamado o detetive nova-iorquino Ichabod Crane (Johnny Depp), um excêntrico e determinado oficial de polícia com um jeito avant-garde de solucionar crimes. Os métodos investigativos de Ichabod serão postos à prova neste caso, que envolve um ser sobrenatural que pode ser o causador de todos os crimes.

Existe algo de irônico no Oscar que “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” ganhou. O prêmio de melhor direção de arte e as indicações para melhor figurino e melhor fotografia parecem querer dizer, sem palavras, que nesta festa Tim Burton, o diretor, e seu filme de terror, não tinham lugar. Com efeito, o terror não é um gênero muito apreciado pela Academia: só como exemplo, David Cronenberg, o maior renovador do gênero nos anos 1970, nunca nem passou perto dessa festa. Mas Tim Burton foi, desde o fim dos anos 1980, um dos raros cineastas a conciliar o “blockbuster” (filme de grande orçamento destinado a um consumo de massa) com grande qualidade. Foi ele quem ressuscitou Batman em 1990, mas existe algo de doentio em seu filme. Mais especificamente em “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”, mostra que há algo doentio numa comunidade na superfície tão sadia. Não dá para ganhar: o Oscar é uma festa pra cima.


Direção: Jerry Lewis. Estados Unidos: 1963 Duração: 107 min. Dia 11, quarta, às 20h. Teatro. Grátis.


O PROFESSOR ALOPRADO (The Nutty Professor) Um professor feio e desajeitado (Jerry Lewis) é ridicularizado por diversas pessoas, mas só após ele ser humilhado pelo treinador na frente de sua turma e de uma bela estudante é que ele decide criar uma poção que o transforma em um indivíduo atraente. Mas como os efeitos não são permanentes, ele se vê metido em situações complicadas quando sua real aparência toma conta do seu corpo.

Desde que começou a carreira de comediante, no pós-Segunda Guerra, Jerry Lewis logo mostrou que era o inverso do “winner”: era para ser médico, mas acabava como ascensorista, ou cuidando de cachorros, ou de uma velhinha. Ele era a antítese do ideal americano, que exaltava os bem-sucedidos. Jerry era só um bom coração. Após uma série brilhante de filmes em que foi apenas ator (especialmente os dirigidos por Frank Tashlin) passou à direção em 1960 e alinhavou uma sequência de obras-primas: “O Mensageiro Trapalhão”, “Mocinho Encrenqueiro”, “O Terror das Mulheres”. O melhor, porém, viria a seguir, com “O Professor Aloprado”, livre adaptação de “O Médico e o Monstro”, onde faz o professor de química feio e atrapalhado, com quem as garotas não querem nada. Mas ele descobre um líquido capaz de transformá-lo num cantor bonitão, elegante e sensual. Com esses dois papéis, Jerry afirmava seu gosto por desenvolver, no mesmo filme, várias personagens, com personalidades diversas. O Oscar nem ligava para ele, o que não o impediu de se firmar como o grande comediante americano de seu tempo.


Direção: Howard Hawks. Estados Unidos: 1932 Duração: 90 min. Dia 12, quinta, às 20h. Teatro. Grátis. Após a exibição, bate-papo com Inácio Araújo


SCARFACE - A VERGONHA DE UMA NAÇÃO (Scarface) Na Chicago dos anos 20, um gângster (Paul Muni) mata um rival e rapidamente ganha destaque dentro de sua quadrilha. Ele espera o momento exato para assassinar seu chefe e se tornar o novo líder do bando, mas o fato de sua irmã (Ann Dvorak), por quem ele sente uma paixão incestuosa, estar envolvida com seu homem de confiança (George Raft), o deixa totalmente abalado. Isto gerará trágicas consequências.

Howard Hawks ficou conhecido como o cineasta da “câmera à altura do homem”. Não se tratava apenas de botar o aparelho em uma determinada altura. Seus filmes todo o tempo indagam o que é o homem e o que fazer para estar à altura de um homem. Ser humano, em sua visão, não é algo dado, e sim que se conquista a cada instante. Essa perspectiva é a que encontramos em “Scarface”. E ninguém se espante com o jeito simiesco de Tony Camonte: ele é uma espécie de primata, alguém que não chegou plenamente ao estágio humano. Famoso pelas rajadas de metralhadora, pela violência (sim, para a época), pelo dinamismo, não se pode esquecer que Hawks transformou a história do gângster (o personagem é inspirado em Al Capone) em uma história de família, em que o incesto é central. O filme ficou parado meses na censura e só foi liberado depois que lhe foi acrescentado um final moralista. Oscar? Nem pensar. Não só pelo tema: Hollywood não gostava de Howard Hughes, o milionário que produziu o filme: via-o como um homem de fora do negócio que chegava para concorrer com os velhos produtores.


Direção: Elia Kazan. Estados Unidos: 1961 Duração: 124 min. Dia 13, sexta, às 20h. Teatro. Grátis.


CLAMOR DO SEXO (Splendor in the Grass) Kansas, 1928. Bud Stamper (Warren Beatty) e Deanie Loomis (Natalie Wood) são dois jovens apaixonados impedidos de consumarem seu amor. Bud, capitão do time do colégio, sofre com a pressão do pai - que deseja que ele vá para a universidade – e a má fama da irmã, Ginny (Barbara Loden). Enquanto isso, a sensível Deanie não sabe mais como lidar com sua sexualidade reprimida, o que acaba afetando sua razão e prejudicando o relacionamento com Bud.

Os alunos de Harvard, a célebre universidade americana, costumavam agraciar Natalie Wood com o prêmio de pior atriz do ano. Enquanto isso, a ex-menina prodígio de Hollywood crescia belíssima e brilhando como atriz juvenil (“Rastros de Ódio”, “Juventude Transviada”) e adulta (“Bob, Carol, Ted e Alice”). Em dramas como “Essa Mulher É Proibida” ou comédias como “Médica, Bonita e Solteira”. Nunca, porém, Natalie foi tão completa quanto em “Clamor do Sexo”. Foi inocente e sensual, adulta e infantil, suave e vigorosa. É verdade que estava nas mãos de Elia Kazan, um dos maiores diretores de atores de todos os tempos. Mas dá para perguntar se, sem ela, o filme teria se tornado o clássico que foi. Com “Clamor do Sexo”, Natalie Wood passou perto do Oscar. Foi indicada para o prêmio de melhor atriz mas perdeu para Sophia Loren. Ela concorreu novamente em 1956 e 1964, por “Juventude Transviada” e “O Preço do Prazer”. O Oscar não era para ela.


Direção: Samuel Fuller. Estados Unidos: 1963 Duração: 101 min. Dia 14, Sábado, às 15h. Teatro. Grátis.


PAIXÕES QUE ALUCINAM (Shock Corridor) O presunçoso e respeitado jornalista Johnny Barrett (Peter Breck) compromete-se a resolver um assassinato cometido num hospício. Para tanto, ele se interna como louco na própria instituição, mesmo sob protestos da namorada, a stripper Cathy (Constance Towers). A princípio, o jornalista sente prazer em simular sua loucura, mas, aos poucos, perde sua lucidez em contato com os outros internos, principalmente com os que testemunharam o assassinato.

Depois que seu último filme feito nos EUA, o magnífico “Cão Branco”, nem ao menos foi lançado em seu país, Samuel Fuller decidiu viver na França, onde já era reconhecido como um dos maiores artistas americanos da segunda metade do século. Talvez isso se devesse à dificuldade em perceber a modernidade tanto estilística como temática do cinema de Fuller, para quem a câmera é instrumento capaz de mostrar os fatos em sua verdade, em sua nudez. Seus filmes têm a peculiaridade de entrar sempre pela porta de serviço, partindo de um ângulo inusitado para fixar-se em um aspecto crítico da sociedade americana (a guerra, o patriotismo, o racismo). A partir daí, se mostram implacáveis como os de seu mestre Fritz Lang, embora mais selvagens: a câmera, em planos longos, segue os acontecimentos sem complacência. Em “Paixões que Alucinam” (Shock Corridor, no original), Fuller, um ex-soldado na Segunda Guerra Mundial, nos conduz pelos meandros da loucura americana: o preconceito, o racismo, a perversidade, a sexualidade reprimida – tudo se concentra num corredor de hospício. Uma obra-prima pela originalidade, pelo talento, pela capacidade de mostrar muito a partir de um pequeno orçamento.


Direção: Francis Ford Coppola. Estados Unidos:1972 Duração: 175 min. Dia 14, sábado, às 17h. Teatro. Grátis.


O PODEROSO CHEFÃO (The Godfather) Os Corleone têm grande importância na máfia americana. Quando o tráfico de drogas avança pela cidade, o patriarca Don Vito decide colocar o filho ex-combatente da Segunda Guerra no comando dos negócios da família. Opostos ao tráfico, a situação se complica e o clã passa a correr sérios riscos.

Mas “O Poderoso Chefão” não ganhou três Oscars, inclusive o de melhor filme? Sim, é verdade, mas a fotografia de Gordon Willis não foi sequer indicada. A ironia se repetiria inúmeras vezes entre 1970 e 1977. Os filmes em que Willis atuou como diretor de fotografia receberam ao todo 39 indicações em outras categorias. Mas ele só foi indicado bem mais tarde, por “Zelig” (1983) e “O Poderoso Chefão 3” (1990). Gordon Willis foi o gênio da fotografia subexposta, o que lhe valeu, de Conrad Hall, outro grande diretor de fotografia, o apelido de “príncipe das trevas”. Ao contrário da ideia consagrada de que a coisa mais importante é deixar visíveis os olhos do ator, ele não raro os escondia: “Como Rembrandt”, explicou. Deve-se a ele também o hábito de representar o tempo passado com o tom acentuadamente alaranjado, que introduziu a partir do “O Poderoso Chefão”. De 1971 até 1990, em parceria com Coppola ou Woody Allen, pode-se dizer que ele definiu, em grande parte, o que foi a luz do cinema. Com tantos méritos, por que só recebeu um Oscar honorário, em 2009? Talvez porque contrariasse o senso comum fotográfico da época, por um lado. E porque, também, não dava a menor bola para Hollywood.


Direção: Martin Scorsese. Estados Unidos: 1976 Duração: 115 min. Dia 15, domingo, às 17h. Teatro. Grátis. Após a exibição o cineasta Alexandre Estevanato comenta o filme.


TAXI DRIVER (Taxi Driver) Travis Bickle (De Niro) é um jovem de 26 anos frustrado e alienado do meio-oeste dos Estados Unidos, que alega ter sido recentemente dispensado do Corpo de Fuzileiros Navais. Ele sofre de insônia e consequentemente arranja um emprego como taxista na cidade de Nova Iorque, oferecendo-se para trabalhar no turno da madrugada. Travis passa o seu tempo livre assistindo a filmes pornográficos em cinemas imundos e dirigindo sem rumo pela periferia de Manhattan. Observando a cidade, irrompe com violência contra o que julga ser a escória que a contamina.

Entre os filmes de 1976, “Rocky, um Lutador” ganhou o prêmio de melhor filme e o de melhor direção. Peter Finch ficou como melhor ator do ano, por “Rede de Intrigas”, que também deu a Paddy Chayefsky o prêmio de melhor roteiro e a Beatrice Straight o de melhor atriz coadjuvante. Para resumir: se existe um filme que pode reivindicar o título de injustiçado do ano, esse é “Taxi Driver”. Indicado para melhor filme, sua chance era nula, pois Martin Scorsese, um dos grandes diretores da “geração das escolas”, que surge por volta de 1970, nem indicado foi. Paul Schrader, da mesma geração, também ficou de fora, apesar de seu trabalho ser decisivo para que o filme se tornasse um clássico. Robert De Niro e Jodie Foster ficaram só na indicação, assim como Bernard Herrmann, autor da antológica trilha sonora. Herrmann, um dos maiores compositores para o cinema da história, só ganhou o prêmio uma vez, em 1941. Aceitemos: “Rocky”, além de introduzir o steadycam, introduzia um homem combativo num país que saíra derrotado do Vietnã; “Rede de Intrigas” tratava da televisão e do destino de suas celebridades. Mas o filme que ficou foi “Taxi Driver”.


Direção: Fritz Lang. Estados Unidos: 1956 Duração: 100 min. Dia 17, terça, às 20h. Teatro. Grátis.


NO SILÊNCIO DE UMA CIDADE (While the City Sleeps) A morte do magnata da mídia Amos Kyne provoca uma disputa de poder nas suas empresas. Ao mesmo tempo, Nova Iorque sofre com os ataques de um serial killer de mulheres. Edward Mobley precisa capturar o assassino, evitar que as empresas Kyne caiam em mãos erradas e ainda tentar salvar seu relacionamento do fim.

É estranho que, na década de 1950, a maior parte dos críticos reiterasse a ideia de que Fritz Lang, fora da Alemanha, era um cineasta decadente. Basta observar a sequência de abertura para perceber que o talento do grande mestre permanecia intacto. Ali, o sentimento de perigo toma conta do espectador assim que vemos os olhos ameaçadores do assassino, e depois quando o vemos destravar a porta do apartamento da moça... Tudo é obra da maneira como Lang posiciona sua câmera, dirige seus atores, produz situações de angústia e medo que nos chegam carregadas de tensão e informação (sobre a mulher nos anos do pós-guerra, a patologia sexual etc.) sem nenhuma firula. No entanto, o criminoso é quase uma parte secundária do filme que trata, sobretudo, da luta pelo poder em um jornal americano e das pessoas que disputam o poder. Nelas, ambição e baixeza andam juntas, como siamesas. É de uma cultura da aparência, do cinismo e do mal estar que nos fala “Enquanto a Cidade Dorme”. Lang, famoso por ser inflexível ao dirigir, também é implacável na observação dessa microssociedade de jornalistas, espelho da sociedade americana em geral.


DEBATE

CURSO

Os Injustiçados do Oscar

A História do Oscar: Cinema como arte e política

Com Inácio Araújo. Crítico de cinema do jornal Folha de São Paulo . Neste debate, o crítico de Cinema Inácio Araújo, fala sobre os filmes exibidos na mostra “Os Injustiçados do Oscar”, selecionados por ele, e sobre as peculiaridades da premiação hollywoodiana. Dia 12, quinta, às 21h30. Teatro. Grátis.

Com Felipe Brida. Jornalista, crítico de cinema, mestre em Artes Visuais pela Unicamp, professor universitário na área de Cinema, História da Arte e Semiótica. O curso aborda aspectos históricos da criação do Oscar, bem como fatos curiosos e situações políticas destes 87 anos de existência. Discute também o cenário dos atuais festivais de cinema, como Cannes, Veneza e Berlim, em comparação a grandes premiações como o Oscar. Dia 14, sábado, às 14h. Sala de Uso Múltiplo. Grátis. Inscrições na Central de Atendimento. Vagas Limitadas.



Classificação Indicativa Não recomendado para menores de 14 anos. Não recomendado para menores de 18 anos.

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