Tragédias - Teatro em setembro 2018

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Foto: J.J. Mello

TEATRO

Setembro 2018


Foto: J.J. Mello

Legendas Trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes Aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante Credencial Atividades

Classificação Indicativa Livre para todos os públicos Não recomendado para menores de 10 anos Não recomendado para menores de 12 anos Não recomendado para menores de 14 anos Não recomendado para menores de 16 anos Não recomendado para menores de 18 anos Não é permitida a entrada de menores de 18 anos, mesmo acompanhados dos pais

60+ Indicado para maiores de 60 anos

Venda de ingressos Apenas para as atividades da semana seguinte, de terça a domingo

Internet Na internet, todas as terças, as vendas começam a partir das 14h pelo portal sescsp.org.br Bilheterias Nas unidades do Sesc do Estado de São Paulo, todas as quartas, as vendas começam a partir das 17h30. Em caso de feriado as vendas terão início no dia útil posterior


N

ão é exagero dizer que a mitologia grega extrapolou as fronteiras de seu próprio território e tornou-se elemento importante da história, filosofia e literatura ocidental. Neste sentido, as tantas jornadas e narrativas que têm os mitos como protagonistas de certo modo funcionam como arquétipos para compreendermos dilemas próprios do mundo ocidental.

Se ainda hoje creditamos tal importância, o teatro produzido na Grécia Antiga teve papel crucial para essa consolidação. Isso porque os grandes tragediógrafos da época – Ésquilo (525-456 a.C.), Sófocles (495-405 a.C.) e Eurípedes (480-406 a.C.) – trouxeram em suas encenações diversas dessas narrativas míticas do período, que foram registradas em textos que chegaram até os nossos tempos. Desde seu surgimento, a forma trágica recebeu novos contornos de diferentes maneiras por expoentes do teatro como Shakespeare, Henrik Ibsen, Nelson Rodrigues, Tennessee Williams, entre outros. Porém, os conteúdos das tragédias clássicas continuaram sendo revisitados até os dias atuais, servindo

de inspiração para artistas e autores que criaram novas perspectivas e contextos aos seus mitos para tratar questões de seu tempo. Assim, Laio, Crísipo e Jocasta, personagens presentes na mitologia de Édipo, podem se encontrar em uma boate de beira de estrada, em ardente triângulo amoroso. Do mesmo modo, Medeia pode se transformar em uma voz feminista insurgente dos dias atuais, ou mesmo se tornar uma mulher negra escravizada no século XVIII. Em suma, a produção teatral recente mostra que muitas possibilidades cênicas e dramatúrgicas surgem diante da universalidade que as temáticas, narrativas e mitos trazem consigo. Mas afinal, por que as tragédias clássicas, escritas há milênios, mantêm-se terreno fértil para pesquisas cênicas e provocações sobre temas contemporâneos? Partindo dessa questão, o projeto “Tragédias” reúne uma série de espetáculos e atividades formativas para auxiliar nas reflexões acerca dessa permanência, que diz também respeito à capacidade do teatro em se reinventar e atribuir novos sentidos para o simbólico.


EspetAculos Medea Mina Jeje

Com Kenan Bernardes. O espetáculo tem como disparador a jornada mítica de Medeia, do tragediógrafo grego Eurípedes, em fricção com alguns dados históricos de negros escravizados nas Minas Gerais no século XVIII. Ao saber que seu filho Age seria perseguido, mutilado e novamente aprisionado à boca de uma mina de ouro, Medea, uma mulher negra e escravizada na Vila Rica de Nossa Senhora de Pilar de Ouro Preto decide por sacrificá-lo, numa tentativa de libertá-lo da própria sina no penoso trabalho nas minas de ouro que moveram a economia do Brasil durante séculos.

Dia 19, quarta, às 20h. Teatro. R$ 17,00 R$ 8,50 R$ 5,00. Ingressos à venda no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades do Sesc SP.

Dramaturgia: Rudinei Borges / Direção: Juliana Monteiro / Atuação: Kenan Bernardes / Luz: Wagner Antônio / Espaço: Juliana Monteiro e Wagner Antônio / Desenho De Som: João Paulo Nascimento / Desenho do Canto: Maria Cordélia / Figurino: Carol Badra / Orientação na pesquisa teórica: Salloma Sallomão / Provocação Corporal: Luciana Lyra.


Foto: Julieta Bachin


Foto: J. J. Mello


Laio e Crísipo Com Aquela Cia. Tendo como base a mitologia de Édipo e uma interpretação pop desse mito tão caro ao pensamento moderno, o espetáculo propõe um resgate e nova leitura do mito grego de Laio e Crísipo, primeira narrativa a tratar de uma relação homo afetiva na cultura ocidental. Ésquilo e Eurípedes escreveram tragédias sobre o episódio que une ambos, mas infelizmente esses textos não chegaram aos nossos tempos. Nesse ponto de vista contemporâneo sobre os três personagens clássicos, Laio, Crísipo e Jocasta encontram-se em um inferninho de beira de estrada. Em cena, assim como na mitologia, Laio educa Crísipo nas artes da luta, da política e do amor. Uma Jocasta com 19 anos forma o terceiro vértice dessa relação. Os três caminham sobre o frágil fio da paixão até que Laio é obrigado a optar pelo casamento com Jocasta, levando Crísipo a um rompimento dramático. Dia 21, sexta, às 20h. Teatro. R$ 17,00 R$ 8,50 R$ 5,00. Ingressos à venda no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades do Sesc SP. Direção: Marco André Nunes / Texto: Pedro Kosovski / Direção Musical: Felipe Storino / Atores: Carolina Ferman , Erom Cordeiro e Ravel Andrade / Músicos em cena: João Paulo Pereira, Felipe Storino / Direção de Movimento: Marcia Rubin / Figurino: Marcelo Marques / Iluminação: Renato Machado / Cenário: Aurora dos Campos / Preparação Vocal: Danielle Lima / Equipe Técnica: Tamara Torres (luz) e João Paulo Pereira (som).


Foto: Elisa Mendes


Mata Teu Pai Com Débora Lamm. Entre expatriados e imigrantes, Medeia questiona valores atuais como o feminismo e o preconceito. “Preciso que me escutem”, diz Medeia em sua primeira fala na peça. E ela tem muito a dizer sobre nossos dias, nossos tempos, onde imperam o retrocesso e a intolerância. Medeia está em movimento, mas só quer descansar um pouco no meio dos escombros da cidade onde agora está. Percorre um caminho interior, onde decide que quem tem que morrer é ele, que a desprezou e tirou seu direito de ser sua mulher. Dia 28, sexta, às 20h. Teatro. R$ 17,00 R$ 8,50 R$ 5,00. Ingressos à venda no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades do Sesc SP. Texto: Grace Passô / Performance: Debora Lamm / Direção: Inez Viana / Direção de Produção: Inez Viana / Iluminação: Nadja Naira e Ana Luzia de Simoni / Cenário: Mina Quental Atelier da Gloria / Figurino: Sol Azulay / Caracterização: Josef Chasilew / Direção Musical: Felipe Storino / Direção de Movimento: Marcia Rubin / Operador de Som: João Gioia.


atIVIDADES foRMATIVAS Dramaturgia à deriva

Campo de visão: exercício e linguagem cênica

Com Rudinei Borges. Dramaturgo indicado ao Prêmio Shell 2016, Rudinei Borges apresenta, neste encontro, aspectos centrais do seu fazer dramatúrgico, como a intersecção entre poesia e história oral que movem a tessitura da escrita de suas peças a partir de residências artísticas e pesquisa de campo em minas de Ouro Preto (MG), favelas de São Paulo e comunidades da Amazônia, Angola e sertão potiguar. O dramaturgo apresenta o itinerário que resultou na composição de obras cênicas como Dentro é Lugar Longe (2013), Revolver (2015), Dezuó, Breviário das Águas (2016), Epístola.40 (2016), Luzeiros (2016), Medea Mina Jeje (2017) e Aroeira (2018).

Com Marcelo Lazzaratto. O “Campo de Visão” é um sistema improvisacional coral e pressuposto estético desenvolvido há mais de 20 anos por Marcelo Lazzaratto. Como diretor artístico da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico vem sistematizando continuamente o “Campo de Visão” em processos de criação dos seus espetáculos. Em linhas gerais, este procedimento objetiva a ampliação da visão periférica e da percepção do outro, desenvolve a noção espacial, ativando e articulando um estado de concentração poética em que Razão e Sensibilidade se interseccionam livremente. Promove a relação e reflexão sobre o binômio individualidade-coletividade inspirada na relação coro-protagonista das tragédias gregas e instiga os participantes a realizar o difícil, porque complexo, exercício de alteridade. Nessa edição a tragédia “Ifigênia em Aulis” servirá como tema instaurador dos trabalhos.

Dia 20, quinta, das 19h às 21h30. Sala de Múltiplo Uso 2. R$ 10,00 R$ 5,00 R$ 3,00.

Dias 22 e 23, sábado e domingo, das 10h às 17h. Sala de Múltiplo Uso 2. R$ 10,00 R$ 5,00 R$ 3,00.

Inscrições na Central de Atendimento.

Inscrições na Central de Atendimento.


Foto: J.J. Mello

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cuRSO

Velhos textos, novas ideias: a permanência das tragédias

Origem e evolução da forma trágica

Com Kenan Bernardes, Inez Viana e Marcelo Lazzaratto. Mediação de Welington Andrade. O bate-papo reúne pesquisadores, artistas e criadores para discutir a permanência das tragédias clássicas como fonte de pesquisas cênicas e espetáculos na cena teatral atual. Nesse contexto, o texto trágico é, muitas vezes, reinventado com vistas às reflexões sobre temas latentes da contemporaneidade.

Com Welington Andrade, professor e crítico teatral, além de editor e colunista da revista Cult. O curso leva o participante a examinar as questões históricas e estilísticas mais relevantes ligadas à origem e à evolução do gênero trágico, fazendo-o também entrar em contato com um repertório de peças que vão da Grécia clássica aos tempos contemporâneos. Na primeira metade será analisada a tragédia grega em especial, com destaque para a produção dramatúrgica dos três grandes tragediógrafos do século V. a.C.: Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Na segunda metade, será examinada a persistência do trágico na contemporaneidade, seja em termos conceituais seja na expressão dramatúrgica atual.

Dia 26, quarta, às 19h30. Teatro. Grátis. Retirada de ingressos na Central de Atendimento com 2 horas de antecedência.

Dia 30, domingo, das 10h às 18h. Sala de Atividades 4. R$ 10,00 R$ 5,00 R$ 3,00. Inscrições na Central de Atendimento.


Foto: J.J. Mello

Sesc Campinas Rua Dom José I, 270/333 CEP 13070-741 – Bonfim - Campinas TEL.: (19) 3737.1500 sescsp.org.br/campinas


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