Livremente inspirado em Terror e Miséria No Terceiro Reich de Bertolt Brecht
no Terceiro Milênio - Improvisando Utopias
Nove atores e dois DJs ensaiam confinados em um teatro que lhes serve como uma espécie de fortaleza. Sentados, esperam para entrar em cena e falar sobre o tempo em que vivem; criam a partir de algumas cenas do Terror e Miséria no Terceiro Reich, de Bertolt Brecht (que serve como um disparador), uma reflexão cênica sobre estes tempos, diferentes visões de mundo se confrontam, deixando evidente o que os une e o que os separa. Terror e Miséria no Terceiro Milênio discute o quadro social e político violento que vivemos hoje, traçando um paralelo com os anos que antecederam a segunda guerra mundial e a ascensão do fascismo e do nazismo. Para este projeto, o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos convidou outros artistas, alguns já parceiros de longa data. Juntaram pessoas brancas e negras, homens e mulheres, diferentes pensamentos e classes sociais, acirrando confrontos e relações á luz da cena, evidenciando assim a crueza destes tempos e apontando conflitos que hoje se evidenciam: quem é que morre quem é que mata? Quem tem privilégios e quem não tem?
Brecht foi escolhido como ponto de partida do espetáculo por ser um artista que viveu em tempos de guerra e sempre fez questão de trabalhar como um cronista do seu tempo, criando obras sobre o contexto em que vivia. No seu diário de trabalho, Brecht se refere ao texto Terror e Miséria no Terceiro Reich como um compêndio de gestos sociais capaz de exemplificar o contexto que se formou durante os anos que precederam a segunda guerra mundial e que resultaram na ascensão do fascismo/nazismo. Além do autor, outras referências do Núcleo para a composição deste espetáculo: escritores e ativistas , como Angela Davis, Grada Kilomba, Frantz Fanon, Achille Mbembe , Walter Benjamin, entre outros. No entanto, o Núcleo ressalta que nada serviu mais de referência ao grupo do que o que estamos vivendo neste momento. Claudia Schapira descreve a realidade como um livro de estudo e uma arena de contradições – sendo o espetáculo uma tentativa de propor discussões sobre este livro e confrontar os apontamentos que surgem a partir disso.
O Grupo O Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, formado por Claudia Schapira, Eugênio Lima, Luaa Gabanini e Roberta Estrela D’Alva, nasceu no ano de 2000 e tem como pesquisa de linguagem o diálogo entre a cultura hiphop, com a contundência da autorrepresentação como discurso artístico, e o teatro épico e seus recursos: o caráter narrativo, apoiado por uma dramaturgia que se configura depoimento do processo histórico; como instrumento que elucida uma concepção do mundo, e coloca o atornarrador em face de si mesmo como objeto de pesquisa; como homem mutável; em processo, fruto do raciocínio, da reflexão. Em 2000, estreou Bartolomeu, O Que Será que Nele Deu, o primeiro espetáculo do Núcleo, dirigido por Georgette Fadel e inspirado no romance de Herman Melville “Bartleby, O Escriturário”. Acordei Que Sonhava,
uma livre adaptação de “A Vida É Sonho”, de Calderón de la Barca, foi o segundo espetáculo da companhia, estreado em 2002, dirigido por Claudia Schapira. Entre os anos de 2002 e 2003, o Núcleo desenvolveu o projeto Urgência nas Ruas – obras-manifesto, intervenções pelas ruas de São Paulo. Esse projeto foi o primeiro a ser contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Em 2006 estreia Frátria Amada Brasil – Pequeno Compêndio de Lendas Urbanas, espetáculo inspirado na Odisseia de Homero. Em 2008 o projeto 5 x 4 – Particularidades Coletivas, gerou cinco espetáculos: Encontros Notáveis, 3×3 – Três DJs em busca do vinil perdido, Manifesto de Passagem – 12 Passos em Direção à Luz, Vai te Catar! e Cindi Hip-Hop – Pequena Ópera Rap. Em 2009, o Núcleo iniciou o projeto Pajelança de Kuarup no Congá, que depois de quase três anos de intensa pesquisa resulta no espetáculo Orfeu Mestiço, uma Hip-Hópera Brasileira. Em 2013, estreou Antígona Recortada e em 2014, BadeRna, último espetáculo realizado na sede do grupo, que foi demolida pela Ink Incorporadora e todos seus associados.
Em 2015, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, realizou a Ocupação Arena Urbana – De onde viemos, para onde voltamos, que contou com a temporada de três obras inéditas: Memórias Impressas, Olhos Serrados e 1, 2, 3 – Quando acaba começa tudo outra vez, marcando a incursão do grupo no universo do teatro infantil. Em maio de 2016, estreou Cassandra – Na calada da voz, uma performance teatral, trazendo à luz a violência infringida através dos tempos ao discurso feminino. Além dos espetáculos, o Núcleo criou vários projetos, em 2008, ZAP! Zona Autônoma da Palavra, o primeiro poetry slam (campeonato de poesia) brasileiro, que deu origem ao SLAM SP e ao SLAM BR e em 2009, DCC – Dramaturgia Concisa e Contemporânea, um espaço dedicado à criação e debate sobre produção de textos cênicos curtos e inéditos.
, e m r o n e a t u l a O risco é alto, te. Mas a arte persiste, o cansaço insis m nos quer silêncio. resposta à que s nessa empreitada é a Estarmos juntxinda é possível improvisar e prova de que a topias. materializar utindo à ferrugem corrosiva Seguimos resis miséria, do terror e da blindado por fé e trabalho. com o coração ho, e é bom estar de volta lva ’A D a l e r t s Teatro é camin E a t Rober
“
”
“
Dentro do TERROR E MISÉRIA que nos rodeia os sentidos, estarmos juntos em ação-palco é uma UTOPIA necessária a quem acredita no olhar, na escuta e nos corpos diversos que ocupam essa terra Luaa Gabanini
”
“
O encontro se c como matéria d oncretizou, o tempo. cruel, sábio e certeir um ato que sur ge da impossibil o, Surge do ato de idade, necessidade de t defender a exis er voz. tência, Ser invisibiliza a vida e a poética. d desaparecer é o é desaparecer, perder o passa d e interditar o f uturo, portant o não é uma opçã o o Eugenio Lima
”
ficha técnica
direção_claudia schapira / dramaturgia_claudia schapira em colaboração com lucienne guedes e elenco livremente inspirado em “terror e miséria no terceiro reich” de bertolt brecht / Inserções de poemas_Jairo Pereira e Roberta Estrela D’Alva, Giovane Baffô e Paulo Faria Tradução auxiliar_Camilo SChaden Direção Musical_Dani Nega, Eugênio Lima e Roberta Estrela D’Alva Direção de Movimento e Coreografias_Luaa Gabanini Assistência de Direção_Maria Eugenia Portolano Atores-MCs_Fernanda D’Umbra, Georgette Fadel, Jairo Pereira, Luaa Gabanini, Lucienne Guedes, Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva, Sérgio Siviero e Vinícius Meloni. Atores-MCse DJs_Dani Nega e Eugênio Lima Direção de arte_Bianca Turner e Claudia Schapira Vídeo e cenário_Bianca Turner Figurino_Claudia Schapira Figurinista assistente_Isabela Lourenço Técnica de spoken word e métricas_Roberta Estrela D’Alva Kempô e Treinamento de Luta_Ciro Godói
ficha técnica Danças Urbanas_Flip Couto Preparação Vocal_Andrea Drigo Iluminação_Carol Autran Engenharia de Som_Eugênio Lima e Viviane Barbosa Costureira_Cleusa Amaro da Silva Barbosa Cenotécnico_Wanderley Wagner da Silva Design gráfico_Murilo Thaveira Estagiárias_Isa Coser, Junaída Mendes, Maitê Arouca Direção de Produção_Mariza Dantas Produção Executiva_Jessica Rodrigues e Victória Martínez (Contorno Produções) e Núcleo Bartolomeu de DepoimentosTeatro Hip-Hop Assistente de Produção_Leticia Gonzalez (Contorno Produções)
Produção
Realização
2
temporada /
22, 23 e 24 de outubro de 2021 Sexta e sábado às 21h // domingo às 18h / Sesc Pinheiros Rua Paes Leme, 195 Faria Lima /sescpinheiros sescsp.org.br