
1 minute read
Bauru
1 Gestora cultural da Fundação Joaquim Nabuco, especialista em Políticas Culturais, dirigiu o Instituto de Cultura (1998 a 2002) e a Diretoria de Memória, Cultura, Educação e Arte (2011 e 2014) daquela instituição. Trabalhou no Ministério da Cultura (2003-10), ocupando o cargo de Secretária Nacional de Articulação Institucional entre 2008 e 2010. Atualmente é Secretária Executiva de Cultura de Pernambuco.
2 Edgar Morin, Como viver em tempo de crise?, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. As crises agravam as incertezas, favorecem os questionamentos; podem estimular a busca de novas soluções e também provocar reações patológicas, como a escolha de um bode expiatório. São, portanto, ambivalentes.
Edgar Morin2
em fevereirO deste anO, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, durante a reunião do Comitê Intergovernamental da Convenção da Unesco de 2005 sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, afirmou: “A recuperação que se aproxima determinará quem nós seremos nos próximos anos. A cultura não pode ser esquecida nos planos nacionais porque não haverá recuperação econômica sem cultura”.
A leitura dessa declaração despertou em mim um sentimento conflituoso: o de esperança, por se tratar da recomendação de um órgão internacional com influência nas políticas de educação e cultura dos países associados, e o de ceticismo sobre a sua efetiva repercussão no Brasil. No entanto, a minha crença na capacidade de sobrevivência do campo cultural perante mais uma crise não mudou. Afinal, em nosso país, a política cultural comumente encontra-se em crise. Neste texto explorarei essa convicção, baseada na minha experiência como gestora cultural e na análise do impacto da pandemia da Covid-19 na cultura.
Quem atua na gestão cultural observou o paradoxo gerado pela crise atual: talvez poucas vezes a cultura e a arte tenham sido tão vitais para a sociedade. Ao mesmo tempo, artistas e demais trabalhadores da cultura mergulharam numa crise econômica sem precedentes e estão cercados de incertezas sobre o futuro. Essa