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P.S
COM QUEM? PARA QUEM? PARA QUAIS? PARA QUANTOS...?
Que maravilha! Pré-projeto de mestrado finalizado! A proposta agora será dedicar um tempo de qualidade para um estudo que se mostra necessário e oportuno: o currículo que envolve os Centros de Educação Ambiental.
Vi crescer o espaço da educação socioambiental junto da intensificação dos problemas ambientais, sociais e globais. Em uma leitura mais rápida, podemos considerar que agora é correr atrás do que foi deixado para depois – Há tempo!... Ah tempo..., é, já não resta muito.
São muitos anos atuando na área que escolhi e, quando ingressei, acreditei que na educação ambiental conseguiria apresentar um mundo encantador que existe e que precisa ser cuidado, pesquisado, conservado e protegido – era tão claro. Aos poucos fui percebendo que o equilíbrio entre os elementos da natureza com os seres humanos agindo e interagindo de forma harmônica poderia ser uma utopia. E, como disse Eduardo Galeano, “(...) para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”. Nesse caminho vi avanços, retrocessos e perguntas, muitas perguntas: Quem defende um ambiente saudável? Com quem? Para quem? Para quais? Para quantos...?
Falei com muitos, escutei outros tantos e acompanhei algumas transformações. Crianças e jovens que participaram de projetos socioambientais no Sesc tornaram-se biólogas, educadores, pesquisadoras, lideranças comunitárias e continuam as minhas buscas misturadas com as delas – as nossas, a de muitos, com alguns, para muitos.
Nos últimos 20 anos, de maneira crescente, a abordagem ambiental vem ganhando em complexidade e volume de ações. Pesquisas das mais diversas áreas e saberes de tantos povos somam esforços para a compreensão e implicação sistêmica que o assunto merece. Não se trata mais de apenas contemplar e pensar na dimensão do cuidado individual com o meio; estamos buscando mais, como o próprio ecossistema nos ensina, buscamos as conexões - ciência, economia e cultura intrinsicamente relacionam-se à dimensão socioambiental. A troca de experiências institucionais tornou-se fundamental. Juntas, sociedade civil organizada, universidades, institutos e fundações tecem redes e ampliam as condições para atuação qualificada e inserção da pauta socioambiental em espaços consultivos e deliberativos, estimulando sobretudo a participação social. Nesse sentido, a articulação de grupos diversos expande o entendimento
Luyse Costa
da trama e fortalece a prática, destacando a busca pelo bem comum, pelo bem-estar, pelos direitos da natureza e pelo direito a um ambiente saudável para todas as pessoas.
A partir desse movimento, entendi que desenvolver uma pesquisa nessa área auxiliaria o registro do nosso fazer, a busca de referências acadêmicas e o aprimoramento da prática educativa que colabora como elemento fundante para tudo que foi colocado.
O pré-projeto foi entregue, selecionado e está voltado para a educação. Em continuidade, eu sigo na intenção de contribuir com a minha experiência, compreender a responsabilidade das organizações, fortalecer propostas, somar visões, alavancar boas ideias e ampliar a dimensão do fazer educativo por um ambiente mais respeitado e menos mercantil. Utopia? Não sei, mas acredito demais no caminhar.
TANIA PERFEITO JARDIM é bióloga, pós-graduada em gestão ambiental pela FSP-USP, gestora cultural pelo CPF-Sesc e mestranda do Programa Educação: Currículo – PUC-SP. Atua como assistente técnica da área de educação para sustentabilidade e cidadania no Sesc São Paulo.