WWW.AUDIOPT.COM • REVISTA DE AUDIO, CINEMA EM CASA E NOVAS TECNOLOGIAS
TODAS AS NOVIDADES DO AUDIOSHOW 2013
Auralic Vega Digital spectacular
Prévio Dan D’Agostino Momentum a cereja no topo do bolo
Wadia Intuition 01 O som vindo do futuro
N.º 243 • ANO 24 • BIMESTRAL • 4.00 € NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 WWW.AUDIOPT.COM 00243
5 607853 027434
Ainda nesta edição: Audio Note DAC 0.1X • Signal Projects Lynx IFi audio iPhono • Sony STR-DA5900ES Pioneer VSX-923 • Yamaha RX-A730 Revel Performa F208/M105/C205
Ayre AX-5
Uma jóia do mundo do áudio
editorial/243 www.audiopt.com REVISTA DE ÁUDIO E CINEMA EM CASA N.° 243 | Ano 24 | Novembro/Dezembro 2013 | 4.00m DIRECÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE:
Rua D. João V, 6 - R/C Esq. 1250-090 LISBOA GERAL – 21 319 06 50 ASSINATURAS ACESSÓRIOS – 21 319 06 52 PUBLICIDADE – 21 319 06 53 FAX – 21 319 06 59 Membro do Júri de Áudio e Cinema em Casa da Associação Europeia de Revistas de Áudio, Imagem e Fotografia. www.eisa-awards.eu
DIRECÇÃO
Jorge Gonçalves – Presidente da EISA DEPARTAMENTO COMERCIAL
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COLABORADORES
Carlos Ribeiro, Vasco Félix, Holbein Menezes, Artur Marques, Nuno Fraústo, João Zeferino, António Bento, Manuel Bernardes, Rui Nicola, Honorato Pimentel REVISÃO
Manuel Coelho PAGINAÇÃO E ARTE FINAL
Cecília Matos, www.cecilia-designs.com IMPRESSÃO
LISGRÁFICA Rua Consiglieri Pedroso, nº90, Cª. de Sª. Leopoldina 2730-053 BARCARENA FOTOGRAFIA
Carlos Calado – Fotografia Real Audio e Cinema em Casa é uma publicação bimestral da editora Cadernos do Som, Lda, e é distribuída para venda ao público durante a primeira semana do mês indicado na capa como mês de publicação. CONSULTAS
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O triunfo do áudio de alta resolução?
D
esde os primeiros dias do lançamento da música gravada que uma das ambições principais dos consumidores se tem centrado em ter em casa a gravação original de uma determinada obra tal qual ela foi transcrita no momento da gravação. Qualquer dos formatos disponíveis até muito recentemente tinha uma resolução inferior à do master, isto quer no caso do LP, da cassete pré-gravada, do CD, do DAT e assim por diante, no que tem a ver com gravações armazenadas em suportes físicos. Por paradoxal que possa parecer, a divulgação da descarga de ficheiros através da Internet, se por um lado disseminou como uma praga o MP3 por todo o sítio, por outro abriu a porta à música com resolução bem mais elevada, nomeadamente agora, quando as capacidades dos discos duros dos computadores atingem facilmente valores da ordem de 1 ou 2 TB. E, como já disse por diversas vezes, essa possibilidade de acesso a músicas com, pelo menos, resoluções de CD fez proliferar os leitores de áudio em streaming, oriundos não só de fabricantes de nomes bem-sonantes como de pequenas marcas quase desconhecidas. E tudo isto ajudado pelo gradual aumento das velocidades de acesso à Internet, o que se traduz em muitos casos na possibilidade de reproduzir música em streaming em tempo real. Mas faltava um pequeno click para que esta realidade chegasse junto do mercado de massas de modo a que os preços dos equipamentos e dos ficheiros de música baixassem, devido ao factor de escala mais elevado. E esse click pode ter acontecido com o abraçar franco e aberto por parte da Sony à música de alta resolução, anunciado durante a IFA e reforçado recentemente numa conferência de imprensa europeia que teve lugar em Londres. Este anúncio representa não só um ponto de viragem importante da Sony, marcando como que um «regresso às origens», como promete, através do engajamento de editoras importantes tais como a Sony Music, a Universal, a Warner e a Chesky, a possibilidade de disponibilização de um vasto arquivo de originais musicais de alguns dos melhores músicos vivos ou já desaparecidos e que vão seguramente fazer crescer água na boca a todos os que gostam de ouvir música com a melhor qualidade possível. No momento em que as vendas de CD’s descem permanentemente, parece-me bem que temos aqui uma janela aberta para que as editoras capitalizem as suas existências em termos de obras musicais e obtenham assim uma fonte de receitas suplementar, ao mesmo tempo que prestam um serviço inestimável àqueles que desde sempre as têm apoiado comprando as obras por elas editadas. Será que de uma vez por todas assistiremos ao conjugar de esforços do lado do hardware e do do software? Tenho esperanças mas também tenho dúvidas. Se fosse para apostar atribuiria a esta realidade uma possibilidade de concretização de 50%. Vamos esperar para ver.
EDITOR / PROPRIEDADE
Cadernos do Som Publicações, Lda. Rua D. João V, 6 - R/C Esq. 1250-090 LISBOA Cont. n.°: 502 122 110
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6_NOVIDADES Monitor Audio lança Radius • Monitor Audio ASB-2 • A Pioneer lança receptores AV • Sony apresenta dois projectores de cinema 4K • Panasonic lança Blu-ray BDT330 • Nova geração digital da NAD • JL Audio apresenta os subwoofers e110 e e112 • Epson EH-TW5200 • Pioneer expande gama de microssistemas de áudio • Coluna sem fios SRS-BTS50 da Sony • OPPO BDP-103D, leitor de Blu-ray com Darbee Visual Presence • Auscultadores MDR10 da Sony • Exaudio representa STAX earspeakers • Projectores Smart LG
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16 Revoada de novidades na Imacustica
14_NOTÍCIAS REPORTAGEM
21 Conheça as novidades do Audioshow 2013 42 Sony aposta forte no áudio de alta resolução 64 IFA 2013, o mundo em 4K!
DESTAQUES
19 Prémios EISA 2013-2014 entregues na Gala de Berlim e na FNAC Colombo
TESTES
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Auralic VegaDigital spectacular Wadia Intuition 01 D’Agostino Momentum Audio Note DAC 0.1x Ayre AX-5 Cabos de sector Signal Projects Lynx Prévio de phono iFi iPhono Revel Performa F208 /M105/ C205 Sony STR-DA5800ES, Pioneer VSX-923, Yamaha RX-A730
DISCOPATIA
79 A Série Pirata, ou (auto)retrato do artista enquanto jovem
novidades
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Monitor Audio lança novos subwoofers da série Radius A Monitor Audio acaba de enriquecer a gama Radius com a adição de dois novos subwoofers. Os Radius 380 e 390 foram concebidos para uma performance de alta qualidade, mantendo as características pequenas dimensões e o design da gama Radius. Ambos os modelos estão equipados com unidades C-CAM, uma de cada lado da caixa, sendo uma activa e outra passiva, de 8” no Radius 380 e 10” no Radius 390. A amplificação é feita por um amplificador de classe D e fonte de alimentação comutada com 200/220 W, respectivamente. Ambos os modelos possuem comutador Low Pass para LFE ou entrada estéreo, comutador On/Off automático e entradas LFE/RCA, bem como três igualizações predeterminadas Music/Movie/Impact. Representante: Delaudio Tel.: 218 436 410 www.delaudio.pt
A Pioneer lança novos receptores AV, o VSX-S150 e o VSX-S310
Representante: Pioneer Sucursal Portugal Tel.: 218 610 340 www.pioneer.eu/pt Seguindo o exemplo de outros equipamentos desta categoria, o novo VSX‑S510, de 6.2 canais, e o VSX‑S310, de 5.2 canais, oferecem a qualidade de som e de vídeo já conhecida dos receptores AV da Pioneer. Os novos modelos vêm equipados com um amplificador da classe D e com Ultra
HD 4K Pass Through, além de poderem ser conectados a um iPod, a um iPhone ou a uma unidade USB. O VSX-S510, que é compatível com o Spotify Connect, pode ser ligado a um iPad ou a um iPad-mini, além de ter outras funcionalidades, como AirPlay, DLNA 1.5, rádio
por Internet via vTuner, MHL, reprodução de ficheiros de música de alta resolução e opção de reprodução contínua. Os receptores AV VSX-S510 e VSX-S310 estarão disponíveis a partir do mês de Novembro.
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Monitor Audio ASB-2 A Monitor Audio ASB-2 é uma barra sonora topo-de-gama, com 160 Watt de potência e com compatibilidade AirPlay Direct, com UPnP e DLNA para reproduzir em streaming conteúdos provenientes de smarthphones, PC’s ou Mac’s. Para além da sua capacidade de descodificar sinais de áudio em alta definição. No que diz respeito à sua conectividade, a ASB-2 tem três entradas HDMI – uma óptica, uma coaxial e uma RCA –, e uma saída RCA LFE, para que se possa ligar a um subwoofer externo, caso se deseje maior potência de graves. Representante: Delaudio Tel.: 218 436 410 www.delaudio.pt
Sony apresenta dois novos projectores de cinema em casa 4K O VPL-VW500ES oferece uma resolução de 4096 x 2160 baseada em DCI, proporcionando conteúdos 4K com a melhor qualidade de imagem. Além disso, o projector dispõe da mais recente norma HDMI, a HDMI 2.0, para reproduzir conteúdos 4K/60P. O VPL-VW500ES dispõe ainda de uma função exclusiva de super-resolução 4K, chamada Reality Creation, que optimiza os conteúdos de alta definição 1080p, permitindo aos utilizadores desfrutar de imagens 4K com os seus Blu-ray Disc. O 500ES dispõe de um brilho de 1700 lúmens ANSI e de um rácio de contraste de 200.000:1, e oferece uma reprodução de cores ricas, graças à tecnologia TRILUMINOS Display, ao design de motor óptico melhorado e às funções de calibração automática. Por sua vez, o projector Full
HD 3D VPL-HW55ES é a próxima geração do VPL-HW50ES. A eficiência melhorada da luz e o bloco óptico optimizado permitem ao projector VPL-HW55ES alcançar um brilho de 1700 lúmens ANSI, oferecendo imagens mais nítidas em ambientes com elevada luminosidade. O VPL-HW55ES possui ainda uma lâmpada de longa duração com
5000 horas de vida útil, um motor óptico melhorado e as tecnologias de optimização de contraste e Advanced Iris3, que permitem um rácio de contraste dinâmico superior a 120.000:1. As funções adicionais, tais como os modos Bright Cinema e Bright TV da Sony, juntamente com os painéis SXRD, melhoram ainda mais a imagem 3D. O projector dispõe ainda da tecnologia Reality Creation da Sony. Ambos os projectores estão já disponíveis no mercado, o VPL-VW500ES com PVP aproximado de 9900 m, e o VPL-HW55ES com PVP aproximado de 3200 m.
Representante: Sony Europe Limited, Sucursal em Portugal Tel.: 808 200 185 www.sony.pt
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Panasonic lança Blu-ray BDT330 com tecnologia 4K
O BDT330 é o primeiro Blu-ray BDT criado para optimizar e oferecer a maior qualidade de imagem de qualquer que seja o conteúdo que o consumidor queira reproduzir. A Ultra Definição do 4K (3840 x 2160) oferece quatro vezes mais resolução que o Full HD e mostra todos os detalhes e a profundidade das imagens com o máximo detalhe. Esta qualidade de imagem pode ser aplicada nas reproduções 3D e inclusive nas imagens 2D que o BDT330 converte a três dimensões. De facto, este Blu-ray é capaz de reproduzir imagens 3D em tecno-
logia 4K e converter as imagens 2D em 3D para também estas serem reproduzidas na mais alta definição. Além da tecnologia 4K, o BDT330 dispõe de Wi-Fi e DLNA, sendo também capaz de converter um televisor convencional numa Smart TV. Este Blu-ray oferece ainda o serviço de Internet TV da Panasonic, o Viera Connect. Outra novidade no novo Blu-ray da Panasonic é o sistema Miracast, que permite partilhar no televisor o que está no visor do tablet ou smartphone. Relativamente ao design, o BDT330 mantém a
espessura fina e linhas únicas do seu antecessor, o BDT320, e, seguindo a estratégia «Eco» da Panasonic, dispõe de um sensor Eco Inteligent que reduz o consumo de energia. O BDT330 tem um preço recomendado de 249,90 m.
Representante: Panasonic Portugal Tel.: 707 780 070 www.panasonic.pt
Nova geração digital da NAD
A NAD apresentou três equipamentos direccionados aos novos formatos de áudio, os amplificadores NAD D 3020 e NAD D 7050 e o conversor digital/analógico USB NAD D 1050. Através da implementação única do sistema NAD PowerDrive™, o D 3020 combina grande capacidade de corrente e voltagem com níveis de distorção residuais, o que, em conjunto com o circuito de alta precisão soft clipping, permite que o D 3020 soe bastante mais poderoso do que a sua especificação de potência dei-
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xa antever. Os seus 30 W podem soar mais poderosos que os 100 W de muitos amplificadores inferiores, mesmo com colunas difíceis. O D 7050 é, por sua vez, o centro de um sistema compacto de alta performance. Apenas é necessário ter uma rede de Internet, um PC ou smartphone com iTunes e um par de colunas. O acesso sem fios é universal, já que o D 7050 funciona com AirPlay, mas igualmente com Bluetooth aptX, para uma ligação ponto a ponto sem rede. Quanto ao DAC USB D 1050, é a me-
lhor maneira de adicionar áudio e sinal digital HD de um computador a um sistema Hi-Fi. Na verdade, todas as fontes digitais podem ser melhoradas quando ligadas ao D 1050, que desta forma substituirá os circuitos digitais inferiores que se encontram nos Blu-ray, DVD, leitores de CD, streamers de música e caixas de áudio-vídeo. Representante: Esotérico Tel.: 219 839 550 www.esoterico.pt
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JL Audio apresenta os subwoofers e110 e e112 A série E da JL Audio vem no seguimento das linhas Gotham e Fathom, com a grande vantagem de ser comercializada a um preço muito mais acessível. Não obstante o seu preço, os subwoofers da série E mantêm a mesma qualidade de acabamentos das gamas de topo da JL Audio, assim como também possuem sensivelmente a mesma tecnologia de base. Combinando a tecnologia de ponta DMA com um muito eficiente amplificador de classe D, o e110 e o e112 oferecem uma qualidade sonora que contradiz a sua dimensão e solidifica o seu valor. O amplificador, aliás, foi especialmente desenvolvido para esta nova série. Pelas suas características, os subwoofers da nova série E foram concebidos para se adaptarem a uma multiplicidade de equipamentos, que vão desde sistemas de cinema em casa a sistemas de dois canais, ou até mesmo sistemas desktop audio. O e110 tem uma potência de amplificação de 1200 Watt RMS e o e112 de 1500 Watt RMS. Ambos os modelos são cuidadosamente construídos e a sua performance é individualmente testada de modo a garantir a excelência da qualidade do seu som por muitos anos. Representante: Ajasom Tel.: 214 748 709 www.ajasom.net
Epson EH-TW5200, concebido para videojogos
A Epson anunciou o EH-TW5200, o seu novo projector especialmente concebido para videojogos, graças a um novo «modo rápido» que reduz ao máximo o tempo de delay e oferece ainda uma relação de contraste elevada e uma nova conectividade MHL para reprodução de conteúdos a partir de smartphones ou tablets. Ideal para jogadores que querem investir num grande ecrã como complemento das suas consolas, o EH-TW5200 oferece imagens de jogo 2D e 3D brilhantes em
Full HD. A elevada relação de contraste de 15.000:1 permite que as sequências muito escuras ou cheias de sombras e os gráficos do jogo sejam apresentados de forma mais brilhante e luminosa. E, graças aos elevados White e Colour Light Output até 2000 lúmens e à tecnologia Epson 3LCD, os utilizadores podem ver facilmente os conteúdos sem terem de ficar no escuro. O EH-TW5200 é compatível com os óculos 3D com obturador activo, radiofrequência (RF), recarregáveis por USB[2], vendidos
separadamente. Com conectividade RF, estes óculos leves podem ser utilizados até 10 metros de distância do projector. O EH-TW5200 estará disponível a partir de Setembro, ao preço de 749,50 m (IVA não incluído). Representante: Epson Ibérica, SA, Sucursal em Portugal Tel.: 707 222 111 www.epson.pt
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Pioneer expande gama de microssistemas de áudio
Os novos microssistemas X-SMC11, X-SMC22 e X-SMC55 são finos, reproduzem ficheiros de áudio de diferentes fontes e incorporam um conector Lightning, permitindo aos utilizadores de iPhone 5, iPod Touch da 5.ª geração e iPod da 7.ª geração ligarem os seus dispositivos aos equipamentos e desfrutarem de um som poderoso e rico. Além disso, uma porta USB permite fazer uma ligação directa com os dispositivos móveis. Com um design elegante, o X-SMC11, o X-SMC22 e o X-SMC55 vêm equipados com um leitor de CD vertical, compatível com ficheiros MP3 e WMA, e com um sintonizador FM com RDS. O som da música é reproduzido com precisão, graças às duas colunas que asseguram uma potência de saída de 40 W RMS. Estão disponíveis dois modelos – o X-SMC55DAB e o X- SMC11DAB – que recebem transmissões de rádio digital DAB+ e DAB, dando aos utilizadores o acesso ilimitado a música, notícias e até canais de desporto, com som de qualidade. O X-SMC22 e o X-SMC11 já estão no mercado desde Setembro, enquanto que o X-SMC55 está desde Outubro. Os microssistemas X-SMC55DAB e X-SMC11DAB, por sua vez, podem ser adquiridos já a partir de Novembro.
Representante: Pioneer Sucursal Portugal Tel.: 218 610 340 www.pioneer.eu/pt
Coluna sem fios ultraportátil SRS-BTS50 da Sony
Representante: Sony Europe Limited, Sucursal em Portugal Tel.: 808 200 185 www.sony.pt
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Quando lhe apetecer estar ao ar livre com os seus amigos e ouvir música, a coluna sem fios ultraportátil SRS-BTS50 é a solução. Leve mas resistente, torna-se o complemento perfeito para as suas actividades ao ar livre, graças à sua portabilidade. A ligação NFC One-Touch ou Bluetooth® pode ser utilizada para ligar smartphones e tablets, dispensando os inconvenientes fios. A SRS-BTS50 dispõe também de um botão «mãos livres», o que significa que, se receber uma chamada, não necessita de utilizar o seu smartphone para atendê-la, ou parar a música. Concebida para uma utilização exterior, esta coluna sem fios é resistente à água, como, por exemplo, chuviscos repentinos. E a sua bateria recarregável interna dura até 10 horas com uma única carga. A coluna sem fios SRS-BTS50 está disponível em Portugal com PVP aproximado de 149 m.
15, 16 e 17 de Novembro
O Show tem que continuar! O mais antigo, mais prestigiado e mais frequentado evento de áudio nacional está aí outra vez.
Hotel Pestana Palace Rua Jau, 54 Alto de Santo Amaro Lisboa
15 de Nov. das 15 às 22 h | 16 de Nov. das 15 às 22 h | 17 de Nov. das 15 às 20 h
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OPPO BDP-103D, primeiro leitor de Blu-ray com Darbee Visual Presence
A partir de agora, o Blu-ray OPPO BDP-103EU, recentemente galardoado com o prestigiado prémio EISA, dispõe da tecnologia Darbee Visual Presence. Através da integração desta tecnologia, o BDP-103D oferece uma melhor profundidade de campo, maior clareza, maior precisão para obter resultados inigualáveis em HD e 4K upscaling. A primeira demonstração pública na Europa do BDP-103D te-
ve lugar no salão Hi-Fi et Home Cinema 2013, que decorreu em Paris, no passado mês de Setembro. O OPPO BDP-103D, para além de ser o primeiro modelo de Blu-ray do mundo a deter a tecnologia Darbee Visual Presence, é um leitor universal topo-de-gama, com uma construção de luxo, estrutura sólida e uma espantosa gama de funções, incluindo a reprodução de discos SACD e DVD-Audio.
Auscultadores MDR-10 da Sony, som topo-de-gama Os MDR-10RC apresentam um design leve e compacto, extremamente confortável de usar. Os MDR-10RBT, de estilo mais envolvente, são auscultadores sem fios Bluetooth com óptimas capacidades de isolamento. Ambos os modelos MDR-10 oferecem uma extraordinária experiência sonora. Poderá ouvir a diferença, com uma reprodução rítmica e robusta dos subgraves profundos. Saídas de ar esculpidas com precisão maximizam o fluxo de ar nos auscultadores, permitindo que o diafragma «respire» mais facilmente e responda instantaneamente aos potentes transitórios de fundo. Dotados de tecnologias avançadas da Sony, são perfeitos para ouvir as actuais gravações de áudio de alta resolução. Ambos os modelos estão equipados com generosos diafragmas de 40 mm, que oferecem um excelente som de banda larga, com todas as frequências reproduzidas em perfeito equilíbrio. Os novos auscultadores topo-de-gama MDR-10RC e MDR-10RBT da Sony já estão disponíveis em Portugal, o MDR-10RBT com PVP aproximado de 199 m e o MDR-10RC com PVP aproximado de 149 m.
Representante: Sony Europe Limited, Sucursal em Portugal Tel.: 808 200 185 www.sony.pt
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Representante: Ultimate Audio Elite Tel.: 914 928 304/934 945 151 www.ultimate-audio.eu
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Exaudio representa STAX earspeakers para Portugal A Exaudio assegurou a distribuição de mais uma prestigiada marca internacional. Desta vez, nada mais do que a STAX, provavelmente a marca de auscultadores electrostáticos mais conceituada a nível mundial. A STAX foi fundada em 1938 mas na altura dedicava-se a produtos diferentes do que produz hoje em dia. Só em 1954 começou a desenvolver a tecnologia de unidades electrostáticas que lhe permitiriam vir a conceber os produtos que ainda hoje fabrica e nesta mesma data apresentaram o seu primeiro tweeter.
Em 1960 começam a produção e venda dos primeiros auscultadores electrostáticos, os quais foram designados earspeakers, sendo o primeiro modelo a ser comercializado o SR-1. Durante os anos que se seguiram, a STAX foi desenvolvendo outros produtos, entre amplificação para os auscultadores, colunas, braços de gira-discos, cabeças de gira-discos, leitores de CD’s, cabos, conversores, etc… Em 1990 fabricam a primeira unidade de amplificação portátil para os seus auscultadores/earspeakers e em 1993 lançam
o primeiro modelo high-end de earspeakers, o SR Omega. Muitos dos componentes empregues na altura continuam a equipar alguns dos modelos actuais. A STAX continua a sua fabricar todos os seus produtos no Japão com o mesmo rigor e dedicação que a fizeram famosa desde os seus primórdios.
Representante: Exaudio Tel.: 214 649 110 www.exaudio.net
Projectores Smart LG: durabilidade, portabilidade e ligação wireless A LG Electronics disponibilizou um novo projector da categoria Smart, o LG PG60G, expandindo assim a sua gama de LG Smart Projector Series, que se destaca particularmente pela sua portabilidade, bateria com autonomia para 2 horas e facilidade de utilização. A duração prolongada da bateria, sem necessidade de ligar a um ponto de energia, torna o LG PG60G numa tecnologia imprescindível para qualquer fã de cinema.
A sua já referida portabilidade garante, do ponto de vista profissional, uma solução bastante interessante para variados tipos de apresentação, assegurando total qualidade e inovação. Este equipamento tem também colunas incorporadas, garantindo um som de qualidade superior, e integra ainda ligações Wi-Fi e Wi-Di. O LG PG60G está disponível em Portugal com um PVP de 699 m.
Representante: LG Electronics Portugal, SA Tel.: 808 785 454 www.lg.com/pt
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notícias
DESTAQUES Luís Caldas é o novo Country Manager da Panasonic Portugal
Esotérico é a nova representante da Focal A Focal acaba de anunciar no seu site que a Esotérico é, a partir do início de Outubro, o seu distribuidor exclusivo para Portugal na área de áudio para casa. Com 35 anos de história, a Focal tem desenhado e fabricado transdutores e colunas de som. O seu reconhecimento é internacional: um líder de mercado no segmento de colunas acústicas. Durante todos estes anos, a marca lançou várias séries e modelos lendários que levaram a um caminho de sucesso e prestígio. No pináculo desta evolução encontramos a Grande Utopia. Esta coluna por si só criou ondas sonoras a nível mundial que inscreveram a marca na história das colunas mais inovadoras. Inovação, design e industrialização seguem numa tradição onde a qualidade da habilidade manual permanece como um elemento essencial de sofisticação na oferta da marca, justificando as actividades de pesquisa, desenvolvimento e, acima de tudo, de fabricação de todos os componentes nas suas próprias instalações.
O Spotify Connect disponível nos receptores AV da Pioneer O Spotify Connect é um serviço que vai estar disponível numa vasta gama de receptores AV da Pioneer e de sistemas de áudio para casa, nomeadamente os modelos lançados a partir do VSX-528, incluindo o VSX-S510, bem como toda a linha de colunas sem fios SMA e o mais recente microssistema fino X-SMC55. Com o Spotify Connect os utilizadores já podem levar as suas listas de reprodução favoritas desde os telefones até aos vários espaços das suas casas. Basta ligar o receptor AV da Pioneer na sala de estar que a música começa logo a tocar. Depois, é só utilizar o dispositivo para controlar o Spotify a partir do sofá. Uma das grandes vantagens do Spotify Connect é o facto de não consumir rapidamente a bateria do dispositivo. Por isso, a música continua a tocar mesmo que os utilizadores façam ou recebam uma chamada, assistam a um vídeo, joguem os seus jogos favoritos, ou até mesmo se o dispositivo perder o sinal.
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A Panasonic nomeou como Country Manager da Panasonic Portugal Luís Caldas, que irá a partir de agora dirigir a filial lusa na substituição de Frederico Paiva. O novo Country Manager foi contratado para reforçar a tendência de crescimento da Panasonic no nosso país, depois de a empresa ter crescido de 1% de quota de mercado para 5% em apenas dois anos. Assim, Luís Caldas assume o desafio de continuar a ganhar presença no mercado, com o objectivo de posicionar a Panasonic entre as três primeiras marcas de electrónica de consumo em Portugal. Da mesma maneira, Luís Caldas também se irá concentrar em reforçar as relações comerciais e melhorar a gestão das categorias chave para a empresa, como televisores e câmaras fotográficas. O novo Country Manager da Panasonic Portugal é licenciado em Engenharia Mecânica e entrou no negócio da electrónica de consumo em 2000, assumindo a gestão comercial de diferentes unidades de negócio na Worten do Grupo Sonae. Em 2007 passou a fazer parte da equipa do AKI, distribuidora de bricolage e decoração, onde assumiu funções enquanto Director de Marketing e Central de Compras.
Esotérico e Scandyna assinam acordo de distribuição para Portugal A Esotérico e a Scandyna têm o prazer de anunciar um novo acordo de distribuição para Portugal. A Esotérico passa a distribuir a partir do presente momento a icónica marca Podspeakers a todos os retalhistas em Portugal. O design das modernas Podspeakers da Scandyna encanta olhos e ouvidos desde 1996, fazendo com que as pessoas repensem a sonoridade e o aspecto de uma coluna de som. As últimas versões disponibilizadas pela Esotérico possuem as mais recentes actualizações de tecnologia e performance – incluindo a introdução de modelos sem fios Bluetooth e novas opções de tamanho e acabamentos. Desde a pequena mas poderosa MicroPod às suas irmãs maiores SmallPod e MiniPod, e até à ultraflexível The Drop, existe sempre uma coluna Scandyna que se adapta a qualquer pessoa.
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Revoada de novidades na
Imacustica
C
omo é costume pela data do Audioshow, a Imacustica acaba de anunciar um vasto leque de novi-
dades. Assim, da Audio Research temos o SP20, o Reference Phono 10 e o VSi75. O primeiro é um prévio que resulta dos contínuos pedidos dos dealers e distribuidores da marca por um pré-amplificador com todas as funcionalidades e um nível de performance substancialmente acima do SP17. Totalmente balanceado, o SP20 é o primeiro prévio da Audio Research a incorporar num mesmo chassis um andar de linha, um prévio de phono MM/MC (ambos a válvulas) e um amplificador para auscultadores. Por outro lado, o mostrador frontal é do tipo sensível ao toque, o que permite actuar directamente muitas das funções. O Reference Phono 10 é primeiro prévio de phono da história da Audio Research construído em dois chassis, e destina-se,
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de modo evidente, a ser combinado com o prévio de topo Reference 10. O painel frontal tem um mostrador de 7 polegadas, de tipo sensível ao toque, montado assimetricamente, e inclui apenas dois comutadores: um para Power, o outro para Mute. O mostrador interactivo permite que o seu utilizador mude de entradas (e os seus nomes), igualizações, cargas, ganhos, atenuação de volume sonoro, bem como se podem ainda escolher as cores de fundo do mostrador e a sua intensidade, e verificar as horas de utilização das válvulas. As suas funções de controlo estão replicadas no comando remoto fornecido. O painel frontal e os laterais são em alumínio anodizado e escovado, com quase 1 cm de espessura, e os painéis superiores de ambos os aparelhos são em acrílico perfurado a laser, segundo um determinado padrão, escolhido pelas suas características sonoras benéficas.
O Reference Phono 10 é um projecto verdadeiramente em duplo mono, com linhas de sinal totalmente separadas nos dois canais, logo a partir da fonte de alimentação, também ela em duplo mono. Para cada canal, existem transformadores separados para as tensões altas e baixas e um armazenamento de energia que poderia ser capaz de alimentar um amplificador a sério. Na realidade, a capacidade total é o dobro da verificada no Reference Phono 2, o que proporciona incríveis níveis dinâmicos. A regulação electrónica tem vinte estágios separados, com cada um dos canais a ver a sua tensão de alimentação principal ser regulada através de válvulas. O amplificador integrado VSi75 abre novos caminhos na categoria de projectos «tudo em um» e afirma-se como um marco da reprodução musical a sério. O VSi75 continua com a série de projectos do tipo
NOV - DEZ 2013 «arquitectura aberta» da Audio Research, tais como os VSi60 e os VS115. No entanto, já incorpora os desenvolvimentos relativos aos modelos das séries Reference, para uma aguerrida combinação entre aspectos visuais e sonoros num mesmo aparelho. Fazendo uso das excelentes capacidades das válvulas KT120, a potência de saída atinge os 75 W por canal e as cinco entradas RCA permitem acomodar um vasto número de fontes. Já a Acoustical Systems é um fabricante de acessórios extremamente úteis para quem gosta do analógico, destacando-se de entre eles o Uni-Protractor, um gabarito para afinar braços e cabeças; a Arché, uma concha (headshell) para audiófilos; o Uni-P2S, para medição da distância de montagem dos braços de gira-discos; o SMARTractor, uma versão mais simples do Uni-Protractor, e ainda o UNI-Scope, que permite acoplar uma câmara de vídeo ao Uni-Protractor para se poder ter uma imagem ampliada da agulha e do cantilever e se fazer uma afinação milimétrica do conjunto de leitura de LP’s. Ainda no domínio do analógico, a EAT, um nome bastante respeitado, introduziu recentemente o braço E-Go, desenvolvido pelo guru Bob Graham, e que recorre à tecnologia patenteada Magneglide para optimizar a performance de um braço unipivot e facilitar marcadamente a montagem de uma cabeça neste tipo de braço. A acompanhá-lo virá o gira-discos EAT E-Flat Turntable com o seu original e atraente braço E-Flat. Falando agora na Contellation, começamos pela versão II do prévio Virgo, o qual sofreu diversas melhorias na fonte de alimentação (a mesma que é usada para o Altair II), bem como apresenta uma interface de utilizador mais intuitiva, mantendo todas as excepcionais características sónicas que fazem deste prévio de linha um dos mais apreciados produtos dos últimos tempos – não nos podemos esquecer de que a Constellation utiliza transístores JFET únicos, dos quais constituiu um stock próprio, uma vez que já não são fabricados. O chassis do Virgo II é robusto e maquinado a partir de espessos blocos de alumínio, até uma espessura mínima de 8,2 mm, tornando-se adequado ao isolamento de todas as formas de interferências electromagnéticas mais comuns. Agora na li-
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nha Reference, começamos pelo Altair II, uma versão melhorada do Altair original. Fazendo uso de todo o feedback recebido pelos dealers e clientes finais, foi possível melhorar, tornando-o ainda mais prático, e com uma interface mais simples, mas mantendo toda a qualidade de som que caracterizou o Altair original como um líder em «virtualmente qualquer critério sónico ou musical». Virão igualmente até nós as versões estéreo (2 x 500 W) e monobloco (1000 W) do Hercules II, agora com uma estrutura volumétrica mais convencional e uma fonte de alimentação com condensadores de filtragem de maior capacidade. Da gama Performance teremos disponível para os ouvidos interessados o Centaur Mono, com 500 W de potência. E passamos então á Devialet que, para além do 170, testado na Audio & Cinema em Casa de Setembro/Outubro, apresentará o 110, uma versão mais acessível (4990 euros) e com 110 W por canal, e o 240, um amplificador que debita 240 W por canal mas pode ser configurado para dual mono, passando cada um dos monoblocos a ter uma potência de 500 W. E que melhor se pode propor a quem gosta de áudio e de cinema em casa que uma boa poltrona? E a Elite fabrica dos melhores exemplares disponíveis em todo o mundo, com uma vasta gama não só de formatos como de acabamentos, incluindo os apoios lombares, o que permite desenhar online a poltrona dos seus sonhos. E como o Audioshow tem sempre os seus momentos de magia, nada como apreciar as Magico S1, umas colunas mais acessíveis que as da gama M mas que não deixam ficar para trás nenhum dos ilustres pergaminhos da marca. Construídas à imagem das S5, usam o mesmo tweeter MB30, e o mesmo médio/grave Nano-Tec com íman duplo de neodímio e bobina em titânio. Os graves podem ir até 30 Hz e os agudos até 50 kHz. Visualmente apresentam uma curvatura única que nos reporta às MINI e M6. Possuem a primeira caixa a nível mundial com construção monocoque em alumínio extrudido, que permite minimizar os efeitos de difracção e as ressonâncias internas e cumpre uma função de amortecimento. Os Balanced Force 210 e 212 estarão a representar a linha de subwoofers da Mar-
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novidades tin Logan. Ambos recorrem a um conjunto de dois altifalantes, no primeiro caso de 12 polegadas e no segundo de 10, com poderosas estruturas magnéticas instaladas de acordo com aquilo que a marca designa por configuração Balanced Force. Neste tipo de configuração os dois altifalantes trabalham em oposição de fase, cancelando as vibrações, e os amplificadores internos de classe D, respectivamente com 1700 W e 850 W de potência, permitem que os subwoofers possam encher com poderosos graves mesmo as salas mais amplas. Os cabos Valhalla 2 utilizam a tecnologia Dual Mono-Filament melhorada, em conjunto com uma ficha específica inovadora, a HOLO:PLUG. As fichas HOLO:PLUG™ são patenteadas e, de acordo com a Nordost, foram desenvolvidas tendo em vista a melhor transferência possível de sinal entre os cabos e os componentes. Ainda na Nordost temos que falar nos Sort Füt, os modelos mais recentes do sistema Sort. Com a sua capacidade de controlar ressonâncias, são uma melhoria do sistema tradicional de spike e estabilizadores fornecidos com as colunas e mesas hi-fi. A estrutura é em alumínio e bronze, separados por três esferas cerâmicas, as quais minimizam a área de contacto, mantendo a estabilidade. São fornecidos com parafusos de 6 mm e 8 mm para facilmente se adaptarem a qualquer coluna ou mesa. A ProAc implementou recentemente o uso de fibra de carbono nos seus altifalantes das Response D40 e Carbon Pro 8, e Kevlar na Tablette Anniversary e modelos K6, o que lhes permitiu atingir níveis de qualidade de som até antes impossíveis.
Toda esta pesquisa exaustiva envolvida no desenvolvimento destes modelos e dos materiais empregues permitiu criar altifalantes de excelência. As novas Response D30 são o último modelo a tirar partido da fibra de carbono. Possuem pórticos laterais similares aos da D40, produzindo um baixo extremamente preciso e poderoso, com uma resposta excelente, uma óptima extensão e sem coloração e estão disponíveis em duas configurações: com tweeter de fita ou de cúpula, utilizando os mesmos drivers que as D40/D40R. A PS Audio tem estado numa intensa actividade desde há uns tempos e o seu modelo mais recente é o DAC NuWave, com três entradas, incluindo uma USB, com capacidades para ficheiros com resoluções até 24 bit/192 kHz, possibilidade de upsample de sinais de menor resolução para a resolução máxima, andar de saída balanceada com transístores discretos e conversores Burr Brown de 24 bit. Da Sonus faber, para além de podermos apreciar a linha Venere já completa, teremos em grande destaque as Olympica, uma homenagem ao arquitecto Andrea Palladio. Uma família de colunas ricas em conteúdo, mas também evocativas de emoções visuais e tácteis. Construídas à base de madeira de nogueira e pele e sobre o alicerce dos valores intemporais de fabrico artesanal, são o resultado duma produção apaixonada. Os três primeiros modelos são as Olympica I (colunas de prateleira de duas vias), Olympica II e Olympica III (colunas de chão de três vias).
Por último mas nunca de somenos importância, a Wilson propõe aos inúmeros apreciadores da marca a versão 2 das colunas Duette. Trata-se de um modelo compacto, com duas versões, uma para instalação em suportes outra para colocação numa prateleira, mas optimizada para poder funcionar em espaços limitados sem perder nenhuma das lendárias qualidades da marca. Em ambas as configurações o divisor de frequências é externo. O altifalante de agudos das Duette Series 2 foi modificado, de modo a incluir uma câmara de isolamento traseira, originária das Alexia. Outra propriedade distinta das novas Duette tem a ver com o seu painel frontal inclinado. Muito embora as originais Duette já oferecessem algum alinhamento temporal, as Series 2 levam a precisão do alinhamento a um novo patamar. Os suportes dedicados e os terminais de ligação colocados num nicho facilitam em muito que as ligações dos cabos não sejam visíveis quando olhamos a coluna de frente. Para mais informações visite os espaços da Imacustica no Audioshow ou utilize os seguintes contactos:
Representante: Imacustica Tel.: Lisboa – 218 408 374 Porto – 225 194 180 www.imacustica.pt
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notícias
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DESTAQUES Jorge Gonçalves
Prémios EISA 2013-2014
entregues na Gala de Berlim e na FNAC Colombo
C
omo quase todos os leitores habituais da Audio & Cinema em Casa sabem, a EISA (European Imaging and Sound Association) representa 50 revistas europeias de 20 países, especializadas nas áreas de áudio, cinema em casa, vídeo, fotografia, car-audio e equipamentos móveis, e todos os anos selecciona os melhores produtos que estão já ou virão em breve a ser comercializados em cada uma das áreas citadas. O reconhecimento internacional do logótipo de um prémio EISA é uma informação de quase imediata percepção por parte dos consumidores, pois diz-lhes que estão em frente do melhor modelo numa dada categoria, ao mesmo tempo que ajuda o retalhista, o qual não necessita de dizer muito acerca do produto. Para ajudar ambos, o website da EISA apresenta todos os anos, a partir do dia 15 de Agosto, as citações que destacam as qualidades principais de cada artigo premiado, lado a lado com a fotografia oficial da EISA, bem como estão disponíveis, desde há quatro anos,
vídeos ilustrativos da utilização do produto em diversas situações. Este ano a EISA reforçou a sua parceria com a IFA, a maior feira de electrónica de consumo da Europa, e produziu informação chave para ser incluída nos Guias de Compras da publicação diária IFA Today, a qual é entregue a todos e cada um dos 150.000 visitantes da feira. Cumprindo uma vez mais a sua tradição, a EISA efectuou a entrega oficial dos troféus que oficializam a outorga de cada prémio, juntando num dos mais distintos hotéis de Berlim mais de duzentos convidados e membros da associação, na denominada EISA Awards Gala. No total tínhamos 37 empresas representadas e que receberam 59 imponentes troféus, sendo a apresentadora dessa entrega a famosa artista de televisão alemã Hadnet Tesfai. Na mesma altura teve lugar, em âmbito um pouco mais reduzido, a entrega dos prémios referentes ao concurso de fotografia EISA Maestro, o qual tem lugar nos primeiros meses de cada ano, podendo
concorrer fotógrafos profissionais ou amadores de qualquer dos países onde a EISA está representada. No seu discurso de abertura, Jorge Gonçalves abordou o elevado nível de exigência colocado em cima dos fabricantes pelos consumidores, cujas expectativas ultrapassam muitas vezes o ritmo de desenvolvimento tecnológico. Continuou com um agradecimento a esses mesmos fabricantes que continuam a tornar muitos dos nossos sonhos uma realidade, introduzindo novos conceitos e tecnologias, com resultados que muitas vezes ultrapassam os nossos sonhos mais atrevidos. E seguiu-se a entrega individual de cada um dos 59 troféus (incluindo dois em madeira certificada, correspondendo aos prémios verdes), com um inédito na forma de um discurso de agradecimento por parte de Ken Ishiwata, embaixador da Marantz, o qual se mostrou emocionado não só com a comemoração dos 60 anos da marca como com o apoio que a EISA tem prestado aos fabricantes de equipamentos de elec-
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notícias Prémios EISA 2013-2014
Os vencedores do concurso Maestro, com o gestor do painel de fot à esquerda e Jorge Gonçalves à direita.
Jorge Gonçalves na alocução de abertura da cerimónia.
Ken Ishiwata, embaixador da Marantz, proferiu um emocionado discurso de agradecimento.
Hadnet Tesfai recebeu um lindo ramo de flores já que estávamos no dia do seu aniversário.
A cerimónia em Portugal teve lugar no auditório da FNAC e foi muito concorrida.
Arturo Días deslocou-se especialmente de Espanha para receber aquilo que dsignou como os eu último prémio, uma vez que se iria retirar da B&W Espanha dentro de poucos dias
trónica de consumo ao longo dos seus 31 anos de existência. E, alguns dias depois, tivemos uma outra sessão oficial, desta vez em Portugal, e tendo como fim a entrega dos prémios EISA nas categorias de áudio, cinema em casa, equipamentos verdes, vídeo e equipamentos móveis aos representantes e distribuidores nacionais das marcas agraciadas a nível europeu. É igualmente já uma tradição com muitos anos e que serve, ao mesmo tempo, de momento de
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descontracção e convívio para uma boa parte daqueles que se dedicam profissionalmente ao som e à imagem mas que, ao mesmo tempo, têm uma grande paixão por estas áreas. É um ver e rever de algumas caras que muitas vezes se reencontram apenas uma vez por ano e podem então falar sobre muitas coisas, uma grande parte delas felizmente sem nada a ver com a contínua pressão do dia-a-dia, mais presente ainda, se possível, nos tempos actuais, em face das difíceis con-
dições económicas e financeiras do nosso país e, por arrastamento, de quase todos nós. Tal como acontece desde há um número apreciável de anos, o local onde esta sessão decorreu foi o auditório da FNAC, tendo comparecido cerca de 40 dos nossos profissionais, demonstrando mais uma vez que, mesmo que o país esteja como está, o esforço e dedicação de cada um de nós não esmorece. Esperamos que para o ano tudo continue, no mínimo, do mesmo modo, mas preferencialmente bem melhor.
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reportagem
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Jorge Gonçalves
Conheça as novidades do Audioshow 2013
É
já uma tradição que os visitantes do Audioshow tenham a rara oportunidade de conviver pela primeira vez com produtos únicos, por vezes mesmo estreias mundiais, e aquilo que se perspectiva para o Audioshow 2013 permite concluir desde já que as suas expectativas não sairão defraudadas. Assim, da Audio Research temos o SP20 e o VSi75. O primeiro é um prévio que resulta dos contínuos pedidos dos dealers e distribuidores da marca por um pré-amplificador com todas as funcionalidades e um nível de performance substancialmente acima do SP17. O SP20 é o primeiro prévio da Audio Research a incorporar num mesmo chassis um andar de linha, um prévio de phono MM/MC (ambos
a válvulas) e um amplificador para auscultadores. O amplificador integrado VSi75 abre novos caminhos na categoria de projectos «tudo em um» e afirma-se como um marco da reprodução musical a sério. O VSi75 continua com a série de projectos do tipo «arquitectura aberta» da Audio Research, tais como o VSi60 e o VS115. No entanto, já incorpora os desenvolvimentos relativos aos modelos das séries Reference, para uma aguerrida combinação entre aspectos visuais e sonoros num mesmo aparelho. Fazendo uso das excelentes capacidades das válvulas KT120, a potência de saída atinge os 75 W por canal e as cinco entradas RCA permitem acomodar um vasto número de fontes.
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reportagem As Sonja são o novo topo-de-gama da YG Acoustics e integram um amplo conjunto de tecnologias inovadoras, entre as quais altifalantes radicalmente avançados, fabricados pela própria YG, tais como o tweeter com o sistema ForgeCore, que consiste em trabalhar ao torno o íman para obter novas geometrias em 3D, o que melhora a distorção. Os crossovers foram desenvolvidos com software próprio e utilizam bobinas construídas segundo a técnica ToroAir, para minimizar o crosstalk. Já a caixa alia engenharia sofisticada a design industrial, sendo construída a partir de liga de alumínio de grau aeronáutico. As Sonja estão disponíveis em quatro configurações modulares que lhes permitem implementar umas colunas compactas de high-end (as Sonja 1.1), um canal central, umas colunas ultra high-end de dimensões médias e, finalmente, as Sonja 1.3, um verdadeiro topo-de-gama, formado pela combinação de duas colunas 1.1 com módulos de graves emparelhados. A iFi-audio é outra marca bem recente no nosso mercado e traz até nós, para além do iPhono, dedicado à reprodução de vinilo de altíssima qualidade, o prévio iTube, o conversor D/A iLink, a alimentação iUSBPower, o amplificador de auscultadores iCAN e, muito provavelmente, o cabo USB duplo IIGemini. No domínio do analógico destaca-se a EAT, um nome bastante respeitado que introduziu recentemente o braço E-Go, desenvolvido pelo guru Bob Graham, e que recorre à tecnologia paten-
Audio Research SP20 2.
Audio Research VSi75.
YG Acoustics Sonja.
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Gryphon Mephisto.
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teada Magneglide para optimizar a performance de um braço unipivot e facilitar marcadamente a montagem de uma cabeça neste tipo de braço. A acompanhá-lo virá o gira-discos EAT E-Flat turntable com o seu original e atraente braço E-Flat. A Gryphon trará até Lisboa uma verdadeira artilharia, começando pelas imponentes colunas Trident II, uma proposta de três vias com amplificação activa integrada de 500 W para os graves. O baffle frontal possui uma curvatura para alinhamento temporal dos altifalantes e estes são alterados na própria fábrica da marca para corresponderem às especificações pretendidas. O crossover é do tipo de fase constante e o número de acabamentos é definido como sendo virtualmente infinito! A amplificação assenta no notável Mephisto, com 40 transístores bipolares na saída e que asseguram 2 x 350 W sobre 4 Ohm, sendo este ainda acompanhado pelos «colossais» Colosseum, que tanto têm dado que falar desde que apareceram entre nós pela primeira vez. O prévio Pandora marcará igualmente presença: tem uma estrutura dual mono pura, elevada capacidade de filtragem, circuitos impressos de especificações militares e uma resposta em frequência que se estende aos 3 MHz. O DAC Kalliope, equipado com conversores Sabre ES9018, vai encarregar-se da conversão D/A. E não há dúvida de que, em termos de gira-discos, o Kronos,
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da Kronos Audio, é uma proposta bem diferente do habitual, ao incluir dois pratos e dois motores, montados na vertical e girando em sentidos contrários um em relação ao outro. Segundo os seus projectistas, eliminam-se deste modo as forças torsionais existentes nos gira-discos convencionais com sistema de suspensão. Por outro lado, o controlo de velocidade do motor assenta no recurso a uma fonte de alimentação de tensão contínua controlada por um microprocessador, o qual recebe a informação da velocidade de rotação do prato através de sensores ópticos. Os veios são do tipo invertido e recorre-se a um isolamento hidráulico duplo para melhorar o amortecimento. E, já que falamos em gira-discos, o TW Acoustic Black Night é uma proposta que promete deixar de boca aberta quem o for ouvir. O prato, composto por cobre de 40 mm e um compósito de material absorvente patenteado pela TW, pesa nada menos de 20 kg; o chassis é fabricado a partir de alumínio de 60 mm de espessura e possui um amortecimento em Delrin; a chumaceira é de bronze, com o veio a ostentar uma ponta em aço endurecido de 16 mm de espessura, girando dentro de um composto especial. O motor é externo, tal como a unidade de controlo, estando inserido dentro de um outro bloco de alumínio de 60 mm de espessura. Outro regresso ao Audioshow será o da Focal, um dos mais re-
Gama de produtos i-Fi-audio.
Gira-discos Kronos.
Colunas Gryphon Trident II.
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reportagem
Gira-discos TW Acoustic Black Night.
Dynaudio Excite X38.
Gama 851 da Cambridge Audio.
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Focal Stella Utopia.
Cambridge Audio Minx-Xi.
putados fabricantes mundiais de colunas e que, agora pela mão da Esotérico, trará seguramente até nós um dos modelos da linha Utopia. E será acompanhada pela Dynaudio, outro regresso que todos esperamos seja bem auspicioso, e que se antevê venha a apresentar a nova linha Excite, com um design muito apelativo, nomeadamente no caso das X14, um modelo de suporte, mas cuja imponência pode ir até ao topo-de-gama X38, um modelo de chão de três vias com dois altifalantes de graves. A Cambridge irá trazer até nós uma vasta gama de novidades que incluem o Minx Xi, um leitor de música em rede com amplificação integrada. Pode ligá-lo ao telemóvel ou tablet, ou ainda aos serviços de streaming Spotify ou Rapshody, à rede caseira, ao televisor ou quase ao que quiser. A potência de saída atinge 40 W sobre 8 Ohm. Ainda da mesma marca, o DAC Magic XS é específico para auscultadores e o trio 851D (DAC de referência) + 851E (prévio de referência) + 851W (amplificador de potência de classe XD com 200 W por canal) promete vir a dar que falar. Falando agora na Constellation, para além da versão II do prévio Virgo, iremos ter entre nós o Altair II, agora com um painel touch-screen, tal como o Virgo II, e uma interface de utilizador mais intuitiva, mantendo todas as excepcionais características
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Constellation Altair II.
Tannoy Mercury V1i. Constellation Hercules II.
sónicas que fazem deste prévio de linha um dos mais apreciados produtos dos últimos tempos – não nos podemos esquecer de que a Constellation utiliza transístores JFET únicos, dos quais constituiu um stock próprio, uma vez que já não são fabricados. Ainda da linha Reference, virão igualmente até nós as versões estéreo (2 x 500 W) e monobloco (1000 W) do Hercules II. Da gama Performance teremos disponível para os ouvidos interessados o Centaur Mono, com 500 W de potência. A MSB é um dos nomes mais conhecidos do domínio digital e irá apresentar o Diamond DAC IV plus, com uma resolução de 27 bit, um formato de dados original e circuitos diferenciais de clock para baixar o ruído digital. A vasta gama de entradas digitais, conjugadas com uma entrada digital e um avançado controlo de volume fazem com que o Diamond DAC se torne facilmente o elemento central num sistema de áudio de alta qualidade. A Tannoy irá apresentar a sua nova gama de entrada Mercury Vi («i» de improved), com um modelo de suporte (V1i) e outro de chão (V4i). As melhorias traduzem-se na utilização de um tweeter de liga de magnésio, com uma resposta em frequência que se estende até aos 53 kHz. Se tudo correr bem, será ainda possível apreciar um novo modelo da gama Prestige, as Golden Reference GR. Os Balanced Force 210 e 212 estarão a representar a linha de subwoofers da Martin Logan. Ambos recorrem a um conjunto de dois altifalantes, no primeiro caso de 12 polegadas e no segundo de 10, com poderosas estruturas magnéticas instaladas de acordo com aquilo que a marca designa por configuração Balanced Force. Neste tipo de configuração os dois altifalantes trabalham em oposição de fase, cancelando as vibrações, e os amplificadores internos de classe D, respectivamente com 1700 W e 850 W de potência, permitem que os subwoofers possam encher com poderosos graves mesmo as salas mais amplas. Os cabos Valhalla 2 utilizam a tecnologia Dual Mono-Filament melhorada, em conjunto com uma ficha específica inovadora, a HOLO:PLUG. As fichas HOLO:PLUG™ são patenteadas e, de acor-
Tannoy Golden Reference GR.
Cabos Nordost Valhala 2.
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reportagem
Oppo BS-103 Reference.
Sony VPL-VW500ES.
TAD E1.
do com a Nordost, foram desenvolvidas tendo em vista a melhor transferência possível de sinal entre os cabos e os componentes. A TAD vai demonstrar um fabuloso sistema de cinema em casa baseado nas CR1 e E1, com o novíssimo projector 4K Sony VPL-VW500ES e tendo o fabuloso processador Anthem D2v a tomar conta da descodificação do áudio fornecido pelo novíssimo leitor de Blu-ray Oppo 103D Signature, resultado da modificação efectuada pela Audiocom no já excelente BD-103EU. Em termos resumidos, as modificações consistem na substituição da fonte comutada por uma fonte linear de alta qualidade, com a energia a ser fornecida por um volumoso transformador toroidal e a presença de diversos reguladores locais de baixo ruído nos andares mais sensíveis, bem como na utilização de sistemas de amortecimento e blindagem contra RFI/EMI nos circuitos impressos. A Pro-ject tem um novo gira-discos de entrada de gama, o Elemental, o qual possui mesmo uma versão com um adaptador integrado para poder ser ligado à entrada USB de um computador. Ainda no domínio do analógico, a unidade phono Phono Box RS é o novo topo-de-gama da marca, com capacidade para cabeças MM e MC, igualização RIAA e Decca do tipo passivo, saídas e entradas do tipo RCA ou balanceado e ajuste contínuo do valor da impedância de entrada. Da Sonus faber, para além de podermos apreciar a linha Ve-
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Pro-ject Elemental.
Pro-ject Phono Box RS.
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Stax SR-4170.
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nere já completa, teremos em grande destaque as Olympica, uma homenagem ao arquitecto Andrea Palladio. Uma família de colunas ricas em conteúdo, mas também evocativas de emoções visuais e tácteis. Construídas à base de madeira de nogueira e pele e sobre o alicerce dos valores intemporais de fabrico artesanal, são o resultado duma produção apaixonada. Os três primeiros modelos são as Olympica I (colunas de prateleira de duas vias), Olympica II e Olympica III (colunas de chão de três vias). A Stax é um dos fabricantes mundiais de auscultadores mais conceituados, com os seus modelos electrostáticos a serem quase reverenciados por todos os que gostam de música. Os modelos disponíveis na sala da Exaudio deverão ser os SR-307, SR-407 e SR-507, acompanhados das respectivas unidades excitadoras. A Ortofon apresentará a sua nova gama 2M verso, que se distingue pelos seus inovadores ímanes de pólos separados que permitem aumentar o nível de saída até 5,5 mV, e ainda pela agulha do tipo elíptico. Quase que nem vale a pena destacar a Esoteric, que tem um vasto leque de seguidores e que vão poder uma vez mais ouvir os leitores de CD’s da marca, acompanhados por electrónica Plinius e pelas colunas da Monitor Audio da série Platinum. Mas a Primare também irá fazer o seu «pezinho» de dança», com o CD22 a preparar-se para deixar mais alguns audiófilos de queixo caído. Desenvolvido como complemento perfeito dos Theta Casablanca III HD Music e Cinema Controller, o Compli Blu 3D é um leitor puramente digital, sem saídas de áudio analógicas! Por uma razão muito simples: está pensado para poder ser combinado com o processador Casablanca que possui DAC’s de alta qualidade. Dave Reich, engenheiro da Theta Digital e audiófilo de longa data, projectou a fonte de alimentação utilizando transformadores toroidais exclusivos, adicionando filtragem RF para reduzir possíveis ruídos, e retirou o circuito analógico, para minimizar interferências da corrente, as quais poderiam prejudicar a qualidade pretendida nas saídas de áudio digital. E, já que estamos na imagem, os apreciadores de alta resolução vão seguramente ficar maravilhados com a excelente sala ocupada este ano pela empresa Belmiro Ribeiro, e onde estarão em grande destaque praticamente todas as propostas 4K/UHD disponibilizadas no nosso mercado pelas melhores marcas (Samsung, Sony, LG e Panasonic são apenas alguns dos nomes). E um dos televisores a destacar nesta grande capacidade de oferta é o de 85 polegadas da Samsung, bem como o é o modelo OLED curvo da LG, premiado pela EISA nos prémios 2013-2014. Esta é uma visita que seguramente poucos deixarão de fazer. A Q-Acoustics vai apresentar as Concept 20, com a sua inovadora «caixa dentro da caixa», na chamada construção Gelcore, o que elimina praticamente todo o tipo de ressonâncias ou colorações. O suporte específico optimiza o funcionamento das colunas e confere-lhes um aspecto estético bem original. Destacam-se ainda na marca as colunas estéreo BT3, com ligação Bluetooth e amplificação activa integradas. Sendo uma das marcas sempre alvo de maior interesse, a Wilson propõe aos seus inúmeros apreciadores a versão 2 das colunas Duette. Trata-se de um modelo compacto, para instalação em suportes ou numa prateleira, mas optimizado para poder funcionar em espaços limitados sem perder nenhuma das lendárias qualidades da marca. Os suportes dedicados e os terminais de ligação colocados num nicho facilitam em muito que as ligações dos cabos não sejam visíveis quando olhamos a coluna de frente. A Nagra espera ter disponível entre nós uma das primeiras
Ortofon 2M verso.
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reportagem A Panasonic tem igualmente uma nova gama de televisores UHD.
Eosteric K-07.
Plinius P10.
Televisor OLED curvo da LG. Theta Compli Blu 3D.
Televisor Samsung UHD de 85 polegadas.
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Televisor 4K da linha W9 da Sony.
versões definitivas do seu novo DAC, o qual foi apresentado em ante-estreia no High-End Show de Munique. Pode ler todos os formatos multi-bit com resoluções até 24 bit/96 kHz, bem como DXD, DSD e DSD duplo. A PS Audio tem estado numa intensa actividade desde há uns tempos e o seu modelo mais recente é o DAC NuWave, com três entradas, incluindo uma USB, com capacidades para ficheiros com resoluções até 24 bit/192 kHz, possibilidade de upsample de sinais de menor resolução para a resolução máxima, andar de saída balanceada com transístores discretos e conversores Burr Brown de 24 bit. Quem ficou de atenção desperta pelo teste do João Zeferino sobre o servidor de música Liv Zen 2TB, publicado na nossa edição de Setembro/Outubro, vai ter oportunidade de o apreciar ao vivo, acompanhado pela electrónica da Creek e pelas colunas da Epos. Mas a Aqua, igualmente com uma linha de electrónica, é muito bem capaz de «deitar as unhas de fora». Da JL Audio é muito natural que venhamos a ter a presença dos seus novos subwoofers, com as referências e110 e e112, com amplificação interna de elevada potência. E, já que falamos em colunas, a ATC tem já presença marcada mais uma vez, sendo quase certo que iremos poder ver e ouvir as encantadoras SCM 11 que estão a ser testadas pelo João Zeferino e o deixaram encantado. A Arcam é uma marca de elevados pergaminhos no mundo da alta-fidelidade e a sua nova linha de equipamentos portáteis, de que se destaca o rCube, uma coluna portátil para streaming sem fios, está a fazer furor. Mas nunca podemos esquecer a tradição da marca, na forma da sua linha FMJ, de que se destaca o
PS Audio NuWave.
Q-Acoustics Concept 20.
O Nagra DAC poderá igualmente estar visível e audível.
ATC SCM11.
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reportagem Devialet 240.
Music Hall a70.2.
Arcam rCube.
conversor D/A D33 e ainda os amplificadores integrados A19 e A38, isto para além do imponente amplificador AV AVR750, louvado pelos críticos de quase todo o mundo. E passamos então á Devialet que, para além do 170, testado na Audio & Cinema em Casa de Setembro/Outubro, apresentará o 110, uma versão mais acessível (4990 euros) e com 110 W por canal, e o 240, um amplificador que debita 240 W por canal mas pode ser configurado para dual mono, passando cada um dos monoblocos a ter uma potência de 500 W. A Phonar é uma marca alemã de grande prestígio, com quase 40 anos de existência e que se destaca fundamentalmente pelas suas linhas de colunas, nomeadamente a gama Ethos, bem como pela electrónica, comercializada sob a marca Music Hall e que inclui desde uma completa gama de amplificadores integrados, com o a70.2 a estabelecer a fasquia mais alta, até leitores de CD’s, DAC’s e gira-discos. Muito mais irá estar disponível, desde cabos a acessórios e aos indispensáveis discos de vinilo disponibilizados pela Audioteam mas, não só o artigo vai longo como, no momento em que foi elaborado, existiam ainda em negociação uma ou duas situações que fazem com que não seja possível desvendar mais sobre a grande festa do som e da imagem de alta qualidade que vai ser o Audioshow 2013. Para saber mais só tem que utilizar o convite gratuito que incluímos nesta revista e deslocar-se ao hotel Pestana Palace num dos três dias do Audioshow: 15, 16 e 17 de Novembro. Lá o esperamos.
Wilson Duette 2
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Respeitamos os sons
mas respeitamos mais os músicos
Visite-nos na Sala Laranjeiras
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Graves rápidos, poderosos e precisos; complemento ideal para aumentar a escala de qualquer coluna.
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Black Sat (interconnect) e Black Sixteen (colunas) A importância de não ouvir os cabos…
FONTE DE SINAL
CABOS
AMPLIFICADOR
Os seus requisitos fundamentais assentam em serem temporalmente correctas, o que significa responderem tão bem às solicitações rápidas como aos movimentos mais lentos e aos silêncios.
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Os elementos dos nossos sistemas são escolhidos para satisfazerem os requisitos fundamentais da excelência interpretativa.
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Deve limitar-se apenas a transportar para as colunas o que a fonte lhe entrega, sem lhe acrescentar nem retirar nada.
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Deve respeitar o intérprete no sentido de reproduzir os tempos e os silêncios que são o coração de uma boa interpretação.
NOVA MORADA
Parque Holanda ● Estrada da Outurela, n.º 118 ● 2790-114 Carnaxide Tel.: 218 436 410 ● Fax: 218 436 419 ● E-mail: delaudio@delaudio.pt ● www.delaudio.pt
teste
João Zeferino
Auralic Vega Digital spectacular D epois da minha experiência com o servidor de música Liv Zen 2 Tb ligado a um DAC da Audiolab, bem como ao DAC interno do leitor Mark Levinson 390S, de que dei conta aos leitores da Audio & Cinema em Casa no número anterior, tive a oportunidade de experimentar um dos mais badalados DAC’s da actualidade, o Auralic Vega. Muito embora o convívio com o Vega tenha sido uma experiência reveladora, escrever algo de novo sobre o mesmo afigura-se-me uma tarefa bastante mais difícil, se não mesmo impossível. É que o Vega já foi alvo do escrutínio de praticamente todas as publicações especializadas, tanto na Europa como nos EUA, e já chegou às minhas mãos com um invejável palmarés de prémios e recomendações. De qualquer modo vou procurar descrever o que foram as duas semanas de audições com o Vega ligado no meu próprio sistema e procurar incutir no leitor a curiosidade de o ouvir por si próprio e descobrir o quanto o Auralic pode fazer pelo seu sistema de som e pelo prazer de ouvir música.
Descrição O Vega é um DAC+pré-amplificador recheado de tecnologia. Nas palavras da própria marca, o Vega foi concebido com o propósito de proporcionar uma performance sonora sem compromissos, assumindo-se como o centro de controlo de um sistema high-end construído em torno de fontes digitais. Em termos de en-
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tradas, dispõe de duas RCA SPDIF, uma óptica Toslink, uma USB e uma AES/EBU. As saídas fazem-se via fichas RCA ou balanceadas XLR. Concebido em torno do processador de áudio Santuary, um CPU que possui uma arquitectura multi-core ARM9 e um poder de computação de 1000 MIPS (milhões de instruções por segundo), e do DAC ESS Sabre ES9018, o Auralic Vega inclui também um conjunto inovador de tecnologias, como o algoritmo Megahertz Upsampling Algorithm, que faz o upsampling de sinais PCM até 32 bit/1,5 MHz, um gerador do sinal de clock Femto Master Clock e Flexible Filter Mode. Inclui ainda uma conexão USB de segunda geração ActiveUSB™, na qual se faz a separação do chip PHY do controlador USB num chip independente, de modo a reduzir substancialmente a possibilidade de interferência electromagnética. Em termos de formatos suportados, aceita todos os actualmente disponíveis, desde sinais PCM DXD com resolução até 32 bit/352,8 e 384 kHz até DSD nativo a 2,8224 e 5,6448 MHz. O propósito do Femto Master Clock é o de proporcionar ao conversor D/A e respectivo circuito de upsamplig um sinal de referência estável e com um ruído de fase e valor de jitter extremamente baixos. A precisão deste clock é conseguida graças à utilização de um oscilador de cristal de alta precisão, uma fonte de alimentação linear de ruído ultrabaixo e tecnologia de compensação de temperatura que se conjugam para obter um valor de jitter ultrabaixo de apenas 86 femtossegundos
(0,082 picossegundos) (um femtossegundo = 1 fs = 10−15 s). O Vega permite seleccionar entre quatro modos de funcionamento do clock – Auto, Coarse, Fine e Exact –, sendo este último aquele que oferece a maior precisão, ainda que os modos Auto e Coarse sejam de utilização mais universal, dado que não necessitam de um período de estabilização como acontece como os modos Fine e Exact, nem são tão susceptíveis a variações de qualidade do lado da fonte do sinal. A tecnologia Flexible Filter Mode proporciona seis modos distintos de filtragem, dois dos quais destinados especificamente à reprodução de ficheiros DSD, e permite ajustar a resposta subjectiva do DAC quer ao gosto pessoal, quer de acordo com o programa musical escolhido. Em http://www.auralic.com/download/flexible_filter_mode.pdf estão explicadas em pormenor as diferenças técnicas entre as diversas opções, bem como as consequências expectáveis em termos sónicos. Por fim, o Vega conta com um módulo de saída de funcionamento em classe A, denominado Orfeu, capaz de realizar o po-
NOV - DEZ 2013 tencial de diversos tipos de amplificadores de potência a que for ligado, com valores de distorção extremamente baixos.
Audições O Auralic foi ligado a montante ao servidor Liv Zen via cabo USB Audioquest Carbon, e a jusante ao amplificador Ayon Audio Triton 3, e este às colunas Revel Ultima Studio 2. Foi ainda utilizado como termo de comparação o leitor de CD’s Mark Levinson 390S e um leitor de Blu-ray Sony com ligação SPDIF. A cablagem constou de Madrigal CZ Gel e Kubala-Sosna Fascination nas interligações e Kimber Monocle XL nas colunas. Ao contrário do que é habitual nos meus artigos, desta vez vou abster-me de colocar a lista de discos escutados, uma vez que, para além da cerca de uma dezena de CD’s, foram ouvidas várias dezenas de ficheiros nas mais variadas resoluções, o que iria transformar a lista numa listagem enorme. As primeiras audições foram feitas com ficheiros FLAC de resolução 16
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bit/44,1, obtidos directamente a partir de CD’s. Isto permitiu-me, por um lado, ficar com uma ideia da performance do Vega com ficheiros standard, mas também comparar directamente com o mesmo CD lido pelo Mark Levinson 390S, o que me revelou de imediato estar na presença de um produto muito especial. De facto, o Auralic possui uma naturalidade e uma suavidade de apresentação tais que quase não se dá pela sua presença. O equilíbrio da gama média, o peso, conta e medida dos registos graves e a integração dos vários registos num todo coerente dotam a reprodução de música de uma naturalidade e uma liquidez extraordinárias e muito invulgares em equipamentos digitais. Como resultado, o timbre de cada instrumento é mais facilmente distinguível dos restantes, os detalhes são-nos apresentados de forma mais integrada, sem serem evidenciados ou ocultados, e o decaimento dos sons resulta mais extenso e natural. Habituados que estávamos (noutros tempos, concedo) a associar a reprodução
Audio & Cinema em Casa 33
teste Auralic Vega
digital a efeitos mais ou menos agressivos ou agrestes e que se manifestavam de um modo mais ou menos óbvio em todos os equipamentos, com as notáveis excepções de DAC’s/leitores de muito alto gabarito/ custo, acaba por ser desconcertante que um DAC deste nível de preços possa elevar tanto o nível qualitativo da reprodução digital de música, mesmo quando o sinal tem origem num vulgar leitor de Blu-ray de baixo custo. A inevitável comparação com o afamado Mark Levinson 390S provou isto mesmo. Este foi durante anos um dos privilegiados que conseguia uma reprodução quase isenta dos efeitos nefastos do «digital», contudo esse nível era conseguido a um preço proibitivo. O Vega custa cerca de 3500 m, o que muito me surpreendeu, já que mentalmente e, uma vez mais, tendo como referência de comparação o 390S, tinha apontado para um valor bastante mais elevado. Se com CD’s a performance é de primeira água, com ficheiros de alta resolução chega a haver quase uma transfiguração. Alguns álbuns que conheço bem em CD, como Café Blue da Patricia Barber ou The Very Best of Supertramp, soaram gloriosos
em 24 bit/96 kHz com o Auralic. A gama média, que prima pela envolvência, correcção e detalhe, beneficia da resolução extra para nos dar uma apresentação ainda mais natural e sedosa, nem muito frontal nem recuada em excesso mas sempre líquida e natural. Os registos graves soam sempre muito limpos, facultando um grave que não é apenas poderoso e com uma notável presença física, mas onde o recorte e a velocidade nos permitem seguir uma linha melódica ou um acompanhamento com bastante facilidade, mesmo que a complexidade da música pudesse sugerir o seu encobrimento. A dinâmica é desenvolta e faz-se com enorme à-vontade. A transição entre passagens mais calmas e intensas faz-se com vigor e sem perda notória de informação, seja num simples solo de bateria ou num crescendo mahleriano com uma grande orquestra sinfónica. A audição de algumas faixas de um disco de demonstração com ficheiros a 24 bit/192 kHz deixou-me literalmente colado à cadeira. O silêncio profundo entre notas permite revelar os detalhes mais ínfimos presentes em cada gravação, colocando-os no correcto nível relativo de modo que se apresentam
Especificações técnicas Resposta em frequência:
20 Hz – 20 KHz, +/- 0,1 dB
THD+N:
<0,00015%, 20 Hz – 20 KHz @ 0 dB FS
Gama dinâmica:
130 dB, 20 Hz – 20 KHz, ponderação A
Entradas digitais:
1 x AES/EBU, 2 x coaxial, 1 x Toslink, 1 x USB 2.0 ActiveUSB™
Analog outputs:
1 x XLR (impedância de saída 4,7 Ohm)
ao ouvinte de uma forma perfeitamente natural, tal como os escutamos na sala de concertos, distribuídos por um palco sonoro amplo nas três dimensões e onde nunca se sentem quaisquer constrangimentos ou dificuldades para abarcar seja que género de música for.
Conclusão Não tenho pejo em afirmar que o Auralic Vega é um dos mais espectaculares produtos digitais dos últimos tempos. Não será o melhor DAC em termos absolutos, mas acredito que será muito difícil encontrar outro que, a este preço, o consiga bater. Integrado num sistema que contenha apenas fontes digitais, o Vega é também um pré-amplificador que pode ser ligado directamente a um amplificador de potência, graças ao controlo de volume. Independentemente de a fonte ser um PC, um servidor ou até um leitor de Blu-ray de baixo custo, o Vega pega no sinal digital e transfigura-o, servindo-o depois com uma qualidade notável seja qual for o padrão de comparação. Para já é um produto capaz de ler todos os formatos de áudio PCM ou DSD existentes no mercado e retirar deles o seu total potencial sonoro. Afigura-se como uma proposta imbatível, não apenas para todos os que estão agora a ingressar no mundo do computer audio mas também para o audiófilo clássico que poderá redescobrir a sua colecção de CD’s quando reproduzida através do Auralic, aproveitando o leitor de CD’s que já possui mas elevado a um novo nível de sofisticação tecnológica pela ligação ao Auralic Vega. Muito recomendado.
1 x RCA (impedância de saída 50 Ohm) Formatos digitais suportados:
PCM até 32 bit / de 44,1 KHz a 384 KHz DSD64 (2,8224 MHz) e DSD128 (5,6448 MHz)
Auralic Vega
Tensão de saída:
4 V rms (Max)
Representante: Ultimate Audioelite
Consumo:
Standby: <2 W; sleep: <10 W, playback: 15 W@max
Preço: 3499 m
Dimensões:
33 cm x 23 cm x 6,5 cm
Telef.: 217 602 028
Peso:
3,4 kg
Web: http://ultimate-audio.eu
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teste Wadia Intuition 01 o som vindo do futuro A
Wadia é uma empresa pioneira no áudio digital, tendo sido fundada em 1988 por um grupo de engenheiros e matemáticos oriundos da área das telecomunicações (trabalhavam todos numa empresa pertencente à 3M), e lançou, no final dos anos 80, princípio dos 90, um conjunto de inovadores conversores D/A com a na altura grande inovação de recorrerem às ligações por fibra óptica, embora com conectores profissionais. Seguramente que alguns dos leitores da Audio & Cinema em Casa se recordarão do Wadia 2000 Decoding Computer, talvez o primeiro conversor D/A high-end. Já em 1998 a Wadia adquiriu a Ultra Analog, um especialista na fabricação de gate arrays, uma tecnologia que naqueles dias dava os seus primeiros passos, e que muito útil viria a ser para a concretização dos seus futuros projectos digitais, os quais foram igualmente pioneiros no facto de permitirem o update de firmware, já que este estava contido numa memória programável. Outro dos grandes feitos da Wadia consistiu em ser o primeiro fabricante a investigar os problemas provocados pelo jitter e a tentar resolvê-los com a tecnologia de reconversão do clock interno do conversor (ClockLink), bem como utilizou tecnologias, tais como a Resolution Enhancement, que permitiam aumentar a resolução do sinal digital através de processamento DSP e que mais tarde deram origem ao upsampling, hoje em dia tão utilizado pela maioria das marcas.
36 Audio & Cinema em Casa
Mas do que talvez não haja muitos que se lembrem é de que a Wadia apresentou no início dos anos 2000 um protótipo de um amplificador de potência digital de dimensões imponentes e que espantou muitos dos visitantes do CES. Por um conjunto diverso de razões, entre as quais avulta o facto de a situação financeira da Wadia se ter deteriorado – o que levou mesmo à transferência da sua propriedade para o grupo financeiro Fine Sounds, que adquiriu igualmente outras marcas famosas, tais como a Sonus faber e a Audio Research –, esse amplificador nunca chegou a ser lançado no mercado, mas muito do que foi desenvolvido para ele em termos de tecnologia digital acabou por ser aproveitado para uma série de equipamentos lançados mais tarde e entre os quais avulta este Intuition 01 de que vou falar em seguida. E realmente, só uma empresa como a Wadia poderia lançar um amplificador digital com este aspecto original de nave espacial e que deixou de boca aberta todos os que o ouviram no CES 2013, fazendo parelha com as Sonus faber Amati (what else?). Temos aqui aquilo que poderemos apelidar «objecto sonoro bem identificado», como lhe chamou o meu amigo Patrick Vercher.
Descrição técnica Mas não é só o aspecto invulgar, quase Darth Vader, que chama as atenções no Intuition 01, pois retirá-lo da caixa acaba por
criar mais um conjunto e situações de surpresa, começando pela bela protecção em pano de veludo, continuando pelo controlo remoto com caixa em alumínio de forma quadrada e acabando no frasco com líquido de limpeza para a superfície externa de alumínio polido. De entre as faculdades tecnológicas implementadas neste amplificador avulta uma inovativa concretização do famoso algoritmo Digimaster (patenteado pela Wadia) e denominado Delta SigMaster. Nesta implementação utiliza-se um clock de 1,536 MHz para upsampling quer de sinais digitais, quer dos sinais analógicos que podem ser aplicados numa das duas entradas deste tipo existentes no Intuition 01 (uma RCA e outra XLR). Em termos de entradas digitais podemos referir uma USB, uma óptica Toslink, uma D-Link 1 e uma D-Link 2, uma RCA S/PDIF e uma XLR. A resolução máxima possível para o sinal digital aplicado na entrada coaxial (bem como na óptica e na XLR) é de 24 bit/192 kHz, enquanto no caso da entrada USB já se pode ir até 32 bit/384 kHz. No interior avultam três circuitos impressos, um deles com área mais imponente e no qual se concentram todos os circuitos de processamento digital, outro com a amplificação de potência de classe D e outro ainda com a fonte de alimentação comutada fabricada pela Powersoft. Começando por esta última, trata-se de uma sofisticada fonte comutada, com correcção automática do factor de potência e
NOV - DEZ 2013
1 – Fonte de alimentação comutada para os amplificadores de potência.
alto rendimento, oriunda de um dos mais avançadvra na saída de cada canal uma imponente bobina de choque para filtrar o sinal de saída para as colunas. Interessante ainda a existência de um transformador toroidal que alimenta em exclusivo todos os circuitos de processamento digital contidos no circuito impresso principal e o qual integra igualmente os circuitos de controlo do imponente mostrador frontal. Esse transformador tem um amplo conjunto de saídas independentes para que cada um dos circuitos alimentados funcione de modo o mais independente possível de cada um dos outros. A conversão D/A está entregue ao Sabre ESS9018 Industry Reference, um conversor de alta performance, seleccionado individualmente para garantir um jitter inferior a 1 picossegundo e que tem uma resolução de 32 bit. As entradas analógicas são transferidas para um circuito buffer com Ampops de baixo ruído e elevada capacidade dinâmica. Juntamente com o amplificador é fornecida uma pen USB que inclui os drivers para serem instalados num computador no caso, mais que normal, de se querer fazer
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2 – Bloco com os dois amplificadores de potência de classe D.
o streaming de ficheiros digitais a partir de um computador com sistema operativo Windows. Deste modo torna-se possível transferir não só ficheiros com resoluções até 32 bit/384 kHz, como ainda ficheiros DSD reconvertidos para PCM. A este propósito convém destacar aqui que, embora muitos fabricantes de equipamentos com capacidades de streaming afirmem solenemente que os seus produtos processam ficheiros DSD nativos, tal não corresponde exactamente à verdade – os ficheiros DSD originais têm um formato completamente diferente dos ficheiros PCM e, portanto, mesmo que se possa defender que a conversão para o formato DoP (DSD over PCM) não provoca qualquer perda de qualidade, isso não quer dizer que se possa chamar «nativo» a um ficheiro cujo formato foi alterado. Podemos dizer que temos aqui uma situação de algum modo semelhante à da conversão de um ficheiro WAV para FLAC: o algoritmo de conversão permite obter um ficheiro de tamanho optimizado sem que nessa conversão ocorram perdas e daí chamar-se a esta «transposição» uma conversão lossless (sem perdas). Mas isso não quer dizer que o ficheiro FLAC ob-
tido seja igual ao ficheiro original WAV!
Audições O Intuition 01 foi integrado no meu sistema habitual, tendo como companhia o leitor de CD’s Accuphase DP85, ligado através do cabo digital balanceado Kimber Select KS 2120, e as colunas Quad ESL63, as quais tinham como elemento de ligação os Kimber Select KS 3035. Para a leitura de ficheiros em streaming utilizei um notebook com sistema operativo Windows 7, sendo o cabo de ligação o Audioquest Carbon USB. A instalação dos drivers contidos na pen USB no meu computador portátil decorreu de modo linear e sem qualquer problema. É importante, aliás, indicar desde já que esses drivers estão igualmente disponíveis no site da Wadia. Convém começar desde já por clarificar alguns mitos ligados à amplificação de classe D e que recorrem a chavões tais como «som digital», extensão/controlo dos graves pouco sólida, e assim por diante. O que este Intuition começa por demonstrar é que pertence a uma classe muito própria e que as qualificações que alguns pode-
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teste
Wadia Intuition 01
rão aduzir não têm qualquer sentido, uma vez que deveremos analisar o seu desempenho do mesmo modo como o fazemos em relação a qualquer outro amplificador integrado, seja qual for a tecnologia nele utilizada. De facto, a sua performance em termos de transientes dinâmicos e controlo das colunas nos graves é notável. Dei por mim a procurar continuamente na minha audioteca por originais de jazz e rock que pudessem destacar estes aspectos: desde Dire Straits, a Beatles, Led Zeppelin, Cannonball Adderley, Miles Davies e assim por diante, passaram por diversas vezes pelo tratamento do Intuition 01. Uma das faixas que destaco é a Mistreated But Undefeated Blues, de Ray
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Brown, do disco Soular Enegy. É uma daquelas em que posso realçar um grave muito ritmado, com todas as harmónicas que lhe competem e que ia bem lá abaixo até àquelas notas que nem sempre acompanhamos. Pelo seu lado, os cintilantes pratos, mesmo quando apenas escovados, assumiam uma presença quase eléctrica, já que parecia que o ar estava carregado electricamente em volta das colunas. O piano de Gene Harris, as percussões de guitarra de Emily Remler, os solos de sax de Red Holloway, todos eles como que saltavam e percutiam o ar com uma velocidade e impacte que me faziam sentir que do outro lado tinha um amplificador pleno de energia e pundonor. Falando agora de outro género musi-
cal, o piano de Artur Rubinstein no disco 14 da Rubinstein Collection, com o Concerto para Piano n.º 3 de Beethoven e Sonata em Fá menor, Opus 57, Appasionata, tinha a capacidade de revelar subtilezas que nem todos os amplificadores conseguem reproduzir. Todos os instrumentos e secções da orquestra, mesmo os mais suaves metais e os pratos bem lá no fundo do palco, foram apresentados com um soberbo nível de detalhe interno, a mesma maravilhosa coerência e precisão de localização que se podiam assacar ao piano de Rubinstein. Todas estas audições foram efectuadas com originais de CD e através da entrada digital, com o Accuphase DP85 como transporte, e era então chegada a altura de ou-
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Wadia Intuition 01
vir quer originais com resolução CD, quer ficheiros de alta resolução a 24 bit/96 kHz e mesmo 24 bit/192 kHz a partir do meu NAS Sinology DS1513+, no qual tenho algo como 1 TB de ficheiros musicais resultantes de diversos downloads e ainda da passagem de muitos CD’s para disco duro através do programa Perfect Copy, o qual copia integralmente os CD’s sem efectuar qualquer tipo de compressão e os arquiva num disco duro no formato WAV ou FLAC. E, sendo um amante do jazz, como muitos dos meus leitores sabem, porque não ouvir Duke Ellington, na faixa Call Me Irresponsible, com resolução 24 bit/192 kHz. A estrutura acústica do piano e dos restantes instrumentos fez-me sentir que tinha ali perante mim o verdadeiro Duke, em toda a sua imponência como instrumentista, com uma rapidez de excussão notável e ainda com uma espacialidade que se estendia muito para além das colunas em todas as direcções. E veio-me logo a vontade de ouvir Patricia Barber em Light My Fire, neste caso com resolução CD, e que foi reproduzida de um modo totalmente cativante – a voz de Patricia, sempre quente e envolvente, transporta consigo um conteúdo emocional que dá um calor muito especial a cada música que ela interpreta, e o Intuition trouxe toda essa emoção cá para fora, fazendo-me sentir quase que transportado pelo ar que envolvia a sua voz. E porque não continuar com vozes, a faixa Stabat Mater, numa gravação da Linn, uma vez mais com resolução CD e no formato FLAC. E foi um soberbo resultado
o que obtive, com uma riqueza harmónica e todas as complexidades das texturas vocais dos coros a saírem das Quad com uma extrema naturalidade. A extensão, suavidade e nitidez de cada voz eram nada menos que notáveis. Tal como acontece com um grande vinho, era todo um jogo de pequenas subtilezas e nuances, com um arejamento e uma transparência de nível excepcional. E não detectei nenhum laivo de compressão em qualquer ponto do imenso e complexo palco sonoro, com cada membro do coro a soar destacado e distinto, com o todo a ser superior à soma de cada uma das suas luminosas partes. E, já que estava na Linn, porque não ouvir Emily Barker, uma das últimas «aquisições» da Linn, em The Leaving, a 24 bit/96 kHz. Escutar Emily é perceber imediatamente porque é que a Linn a contratou, já que a sua expressão vocal é notável de clareza e distinção, e o Intuition soube fazer jus a todas essas qualidades, bem como às texturas claras e límpidas do acompanhamento instrumental do seu grupo. Os agudos eram límpidos e extensos, mesmo quase inefáveis e delicados por vezes, e finamente reconstituídos, revelando todo o tipo de pequenos detalhes acústicos que noutros equipamentos ficariam perdidos no meio de toda a complexidade instrumental do acompanhamento. Para terminar, fiz uma audição rápida do Intuition com as LS3/5A, Raymond Cook Edition, umas colunas notáveis pela sua expressividade na gama média, e fiquei uma vez mais muito agradado com as capacidades deste amplificador em termos
de resolução e complexidade harmónica. Ouvir Paco de Lucia em Buana Buana King Kong, de Live in America, a 24 bit/96 kHz, foi uma verdadeira revelação, com as cordas da guitarra a soarem ritmadas de um modo assinalável, as palmas bem destacadas e as batidas no tablado a definirem de modo muito evidente o espantoso ritmo desta faixa, e a voz de Pepe de Lucia a soar clara, definida e completa na sua capacidade de expressão, que acompanha de modo quase perfeito as evoluções dos instrumentos musicais. Digo-vos que foi uma muito agradável surpresa ouvir esta combinação.
Conclusão O Intuition 01 é uma notável obra saída das mãos dos engenheiros digitais da Wadia. Junta num só equipamento um completíssimo conversor A/D e D/A que lhe permite aceitar sinais analógicos, mas o grande destaque vai para as suas capacidades em termos de processamento digital e para as elevadas resoluções dos ficheiros de música que pode aceitar. O controlo que o amplificador de classe D efectua sobre as colunas é notável, a extensão dos agudos é admirável e a amplidão do palco espacial causa admiração a qualquer ouvinte desprevenido. E as reservas de energia que tem serão seguramente suficientes para colocar 99% das colunas a «cantar». Deixo apenas o comentário de que gostaria de ver no Intuition 01 um mostrador mais discreto, mas compreendo perfeitamente que pode não ser o momento certo para alterar pormenores de design. Wadia Intuition 01 Representante: Esotérico Preço: 7500 m Telef.: 219 839 550 www.esoterico.pt
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reportagem
Jorge Gonçalves
Sony aposta forte no áudio de alta resolução
A
reprodução de música a partir de ficheiros digitais, ou seja, sem qualquer suporte físico, é algo que já tem muitos anos, tendo ganho grande popularidade a partir do momento em que, por um lado, o MP3 passou a ser o formato quase universal de música e, por outro, a Apple introduziu o iPod já lá vão mais de doze anos. A partir daí não há quase nenhum dispositivo portátil que não tenha um leitor de áudio integrado, embora os vários sistemas de compressão causem danos bastante sensíveis na qualidade da música reproduzida. Uma vez que os formatos de compressão foram criados nos tempos em que o espaço de armazenamento se media em MB e não em TB como actualmente, já não faz sentido hoje em dia que não se possa ouvir música em streaming com a máxima qualidade, a qual pode ir desde resoluções de 16 bit/44,1 kHz (formato CD) até 24 bit/192 kHz, dependendo do original, e is-
42 Audio & Cinema em Casa
to no caso da codificação multibit, até DSD simples ou duplo, ou mesmo DXD (24 bit a 352,8 ou 384 kHz), um novo formato PCM. Diversas editoras disponibilizam desde há vários anos ficheiros de música de alta resolução, quer a partir dos Estados Unidos, quer a partir da Europa, embora, como o meu amigo Paul Miller destaca todos os meses na Hi-Fi News e eu já alvitrei no artigo publicado na Audio n.º 240, por vezes se tenha «gato por lebre», já que os ficheiros disponibilizados não são mais que o resultado de um up-sample do ficheiro utilizado para produzir um CD, portanto com uma frequência d amostragem de 44,1 kHz, o que não é mesmo nada alta resolução. Sendo uma corporação com interesses vastos e na qual se integram diversas editoras de música, a maior parte congregada na Sony Music, mas com a Universal a entrar igualmente no lote, a Sony teria do seu lado todas a vantagens de entrar deci-
didamente neste novo mundo e com cartas para dar, já que tem um arquivo quase inesgotável de originais de alta resolução pura e, para além disso, tem profissionais de estúdio que sabem muito sobre a produção de música. No entanto, durante muitos anos, o máximo a que se podia ter acesso eram os discos SACD, como uma popularidade variável de região geográfica para região geográfica e com o grande inconveniente de a Sony ser muito parca nos licenciamentos e nunca ter autorizado o desenvolvimento de uma interface que permitisse o transporte do sinal DSD puro recolhido a partir do disco para um conversor exterior. Isso fez com que, para além do Japão, onde foram lançados mais de 8000 discos SACD, na Europa apenas nos tempos mais recentes se tenha observado um interesse acentuado por este formato. Mas eis que a IFA 2013 serviu para a Sony «surpreender o mundo», ao anun-
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John Anderson, Vice-Presidente da divisão de entretenimento caseiro na Sony Europa.
ciar o lançamento de uma gama de equipamentos dedicados especificamente à reprodução de ficheiros de áudio de alta resolução. E, como se isso não bastasse, a Sony Europa organizou recentemente em Londres um evento virado para um número restrito de jornalistas especializados europeus, evento esse denominado The Sound of Sony, e onde foram destacados os objectivos da empresa nesta área e o empenhamento das editoras, quer exteriores à Sony, quer integradas na Sony, em promover o mais possível a alta resolução. Do lado das editoras, um dos grandes nomes presentes foi David Chesky, da
Chesky Records, e o qual tem uma ligação muito sólida à HD Tracks, uma das primeiras empresas online dedicada em exclusivo à comercialização de ficheiros de áudio de alta resolução. E David realçou não só o trabalho pioneiro desta empresa como as evidentes vantagens que se podem ter ao escutar os trabalhos originais dos artistas «tal como se pretendia desde início que eles fossem ouvidos». Pelo seu lado, John Anderson, Vice-Presidente da divisão de entretenimento caseiro na Sony Europa, chamou a atenção para que este seria o momento ideal para colocar à disposição dos cerca de 90% de consumidores que, segundo um estudo da CEA, mencionam a qualidade do som como o aspecto a que dão mais importância quando ouvem música e, ainda, que 60% desses consumidores estão abertos a despender dinheiro para adquirir a possibilidade de ouvir música em alta resolução. Bom, resta saber se os que responderam ao inquérito consideram música de alta resolução, por exemplo, aquilo que a Spotify considera: ficheiros MP3 a 320 kb/s! Pondo de lado esta pitada de cinismo,
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não há dúvida que os muitos milhões de ouvintes de música em MP3 podem ser facilmente convencidos por um boa demonstração de um sistema de áudio tendo como fonte os ficheiros de alta resolução e, mais ainda, se se lhe pedir um preço razoável pelo equipamento necessário e, mais tarde, pela aquisição dos ficheiros. Isto porque os equipamentos da Sony já trazem uma ampla quantidade de música pré-carregada, de artistas que vão desde Santana a Blood, Sweat & Tears, Grandkey, Miles Davis, James Taylor, Lara Ruggles e assim por diante, num total de 14 faixas. Como aperitivo não está mesmo nada mal! Os equipamentos irão ser disponibilizados a ritmos variáveis, e são os seguintes: O topo desta nova gama Sony é o leitor HAP-Z1ES, o qual tem incorporado um disco rígido de 1 TB e está equipado com um a tecnologia Re-Mastering DSD, que converte qualquer ficheiro musical para o formato DSD (5.6). O HAP-Z1ES lê e arquiva praticamente todos os formatos de áudio de alta resolução – PCM (44,1 kHz/
Leitor HAP-Z1ES.
Na traseira do HAP-Z1ES não se detecta qualquer tipo de ligação específica para que ele possa receber DSD puro mas vamos esperar para ver se isso pode acontecer através de alguma das entradas existentes.
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reportagem Sony aposta forte no áudio de alta resolução 48 kHz/ 88,2 kHz/ 96 kHz/ 176,4 kHz/ 192 kHz a 24 bit), DSD (DSF, DSDIFF), MP3, WAV, WMA, AAC, FLAC, ALAC, ATRAC, ATRAC ADVANCED LOSSLESS e AIFF. Sobre DoP (DSD over PCM) nada é mencionado, mas o melhor é esperar para ver, porque uma das minhas fontes privilegiadas na Sony Japão confidenciou-me que vamos seguramente ter uma surpresa quando o HAP-Z1ES for lançado. Eu alvitrei que seria uma entrada directa para ficheiros DS, sem necessidade de os converter para PCM num computador, o que seria algo que eu e muitos entusiastas do áudio andam a solicitar há tanto tempo, mas ele, como bom japonês, sorriu e não comentou. Mas a indicação acima de que ele suporta DSF e DSDIFF pode querer dizer tudo. Aliás, a confirmação ficou quase dada quando soube que a partir deste Outono os possuidores dos amplificadores AV STR-DA2800ES e 5800ES vão também poder ouvir ficheiros Hi-Res através deles, devido a um novo upgrade do firmware que será feito via USB. Porque não fazer o mesmo, por exemplo, para o caso do fabuloso leitor de SACD Sony XAS-5400ES? Continuando nesta descrição, temos ainda o sistema UDA-1, que aceita música Hi-Res e ainda restaura (?) originais MP3 através da tecnologia DSEE, é compatível com praticamente todo o software de PC para leitura de ficheiros de áudio e tem
Colunas SS-HA3.
duas entradas USB, uma do tipo A e outra do tipo B. A potência de saída é de 20 W por canal. As colunas SS-HA1 possuem um tweeter de alta dispersão, chamado W-Super Tweeter, para melhorar a reprodução dos agudos, e uma caixa de alumínio rígido com um baffle frontal estudado para minimizar a dispersão. As SS-HA3 usam uma tecnologia semelhante às HA1, mas têm uma caixa algo maior. Tal como os outros dois equipamentos descritos acima, estas colunas deverão estar disponíveis já no momento em que ler este artigo ou, o mais tardar, até ao final de Novembro. Os auscultadores não podiam ser de modo nenhum esquecidos, e a Sony lançou dois modelos específicos para esta nova gama, o MDR-10R e o MDR-10RBT.
Embora ambos possam aceitar sinais de alta qualidade pela ligação cablada, o segundo modelo referenciado tem em complemento a possibilidade de funcionar sem fios através da tecnologia Bluetooth, com um tempo de audição máximo de 18 horas. Foi uma viagem rápida (mais ou menos 28 horas entre ir e vir), mas as novidades desvendadas e o empenhamento manifestado pela Sony neste novo empreendimento fazem-me ter todas as esperanças de que a música de alta resolução vai ser uma realidade para o grande público muito em breve. E faz todo o sentido: se no vídeo avançamos para a Ultra-Alta Resolução, porque não fazer o mesmo no caso do áudio?
Sistema UDA-1.
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teste
John Bamford/medições laboratoriais Paul Miller
Pré-amplificador D’Agostino Momentum
o coroar de uma gama de elite
F
oi já em 2010 que o notável projectista Dan D’Agostino chegou ao CES de Las Vegas com os projectos iniciais do seu novo amplificador de potência, um par de monoblocos de estado sólido com o nome Momentum. No ano anterior Dan tinha abandonado a Krell Industries, a empresa que ele tinha co-fundado três décadas antes e que tinha ajudado a criar as fundações do áudio de high-end. Recomeçando a partir o zero, Dan decidiu criar uma nova marca do estilo «boutique», a D’Agostino Master Audio Systems. Em 2011 tínhamos já disponível o ultraluxuoso Momentum (actualmente com um preço de 55 900 Euros por par), na forma de um produto fresco e bem vivo, e o qual deixou sem respiração todos os que o ouviram a tocar. A audição de um par de Momentum deixou sem dúvida um nó na garganta de Ken Kessler o qual afirmou poder ser «talvez o melhor amplificador do planeta», quando escreveu um teste exclusivo publicado na Hi-fi News de Julho de 2011. E ele não foi o único entusiasta do áudio a ficar esmagado. Fale com qualquer audiófilo acerca das qualidades sonoras de um certo par de colunas de grandes dimensões, por exemplo, e, nos dias que correm, se-
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rá muito provável ser-lhe retorquido algo como: «Claro, mas já as ouviu com os amplificadores de potência D’Agostino?» Os monoblocos de D’Agostino tornaram-se de um momento para o outro verdadeiros objectos de culto.
E agora o prévio Um ano se passou e eis que vemos a Dan D’Agostino Master Audio Systems lançar uma não menos luxuosa versão estéreo do Momentum (veja a Hi-Fi News de Agosto de 2012), a um preço de 29 900 Euros, empregando exactamente o mesmo tipo de circuito mas com menos transístores na saída, embora a fonte de alimentação seja igualmente muito bem estabilizada. A potência de saída, de acordo como os nossos testes laboratoriais, é de uns sólidos 2 x 240 W / 8 Ohm, ou de 2 x 390 W / 4 Ohm. No que se refere aos monoblocos, conseguiram debitar uns espantosos 335 W / 8 Ohm, ou 575 W / 4 Ohm nos mesmos laboratórios, conduzidos por Paul Miller, e soaram igualmente sublimes. Mas, e que tal um prévio Momentum para fazer parceria com estes monoblocos tão dotados? Levou algum tempo a aparecer, depois de
estar na forma de mock-up no CES 2012, mas aqui está e, mais uma vez, a Hi-Fi News teve direito a um primeiro teste a nível mundial. Afirma Dan, com alguma sinceridade: «Levei bastante tempo a projectá-lo. Eu queria que o prévio Momentum fosse sonicamente neutro e tive que explorar novas fronteiras em termos de projecto de circuitos. A topologia é a de um andar diferencial duplo na entrada e na saída, com espelhos de corrente emparelhados. Não tem qualquer realimentação nem compensação. A fonte de alimentação tem quatro reguladores e massas separadas para os circuitos analógicos e digitais, com dois transformadores dedicados aos circuitos auxiliares e um outro transformador separado apenas para os circuitos de áudio.»
Duas caixas? Claro… Sendo vendido a um preço de 38 500 Euros para o acabamento prateado, com a versão em negro a custar algo mais, o prévio é como que uma imagem de espelho dos amplificadores de potência, com o «mostrador de relógio» a dominar o cen-
Teste publicado originalmente na Hi-Fi News de Novembro de 2013
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tro do painel frontal – neste caso o anel exterior desse mostrador forma o controlo de volume enquanto que o «ponteiro do relógio» indica de maneira aproximada o nível de volume. Considerar a estética dos amplificadores de D’Agostino pura e simplesmente arrebatadora ou algo ostentatória, isso vai depender muito do seu gosto pessoal em termos de design. Dan não faz segredo nenhum das suas intenções quando se refere ao facto de que desde início pretendia produzir algo que se parecesse o mais possível com um bom relógio, tanto externamente como internamente. E não há dúvida de que a sua inspiração vem dos clássicos, como é o caso dos relógios do fabricante suíço Breguet, cujo original ponteiro com a extremidade tipo «lua cheia recortada» data de 1780. Mesmo a parte saliente do mostrador se parece muito com a caixa de um relógio. E não há dúvida de que não foram feitas poupanças na qualidade da caixa. O chassis é maquinado a partir de blocos sólidos de alumínio e o cuidado patente nos mais pequenos pormenores é nada menos que exemplar. Os amantes de música que são mais do tipo de combinar um determinado estilo de penteado com uma da-
da T-shirt podem não ligar pêvea a estes «requintes de malvadez» mas, como os clientes-alvo de D’Agostino se incluem naqueles que estão habituados às melhores coisas da vida, a qualidade do acabamento é mesmo imaculada. À primeira vista o Momentum parece um prévio de caixa única requintadamente esculpida mas, de facto, é formado por um conjunto de duas caixas com a substancial fonte de alimentação linear integrada numa elegante caixa que forma uma plataforma base sobre a qual assenta a unidade principal, o que é uma solução extremamente requintada. Os volumosos pés de borracha incorporados na fonte de alimentação proporcionam um certo nível de isolamento contra as vibrações, algo que a robusta construção do chassis já por si quase elimina, enquanto a caixa principal assenta em cones de alumínio invertidos que assentam em pequenas aberturas existentes na placa superior da fonte. A corrente contínua circula da fonte para o prévio através de um cabo de ligação curto terminado com conectores Lemo. Debaixo do capot, o prévio ostenta componentes puramente discretos, sem um único circuito integrado à vista. E, tal como nos amplificadores de potência Mo-
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mentum, Dan optou por circuitos impressos de custo elevado, com uma estrutura de dupla face e furos de passagem de uma face para a outra, para aumentar a flexibilidade em termos de escolha dos componentes e, segundo ele crê, para aumentar a fiabilidade e, potencialmente, ter um maior tempo de vida do que se ele recorresse a componentes de montagem em superfície. O controlo de volume é implementado através de uma malha de resistências controlada através de um codificador óptico.
Controlos de tonalidade, se nos atrevemos a mencionar Uma vez que se trata de uma topologia totalmente balanceada (tal como no caso dos amplificadores de potência Momentum), o prévio possui apenas conectores XLR para as entradas de linha. Existem seis pares deles, com as legendas Server, DAC, Phono, Theater e Dock. É isso mesmo: nada de entrada com o nome CD! Pois é, não vai ligar um leitor de CD’s à entrada DAC, não é verdade? E no que tem a ver com o áudio através do computador? Terá que passar pela entrada Server, ao mesmo tempo que o seu smartphone ou tablet deverão conectar-se a Dock. Estamos sem
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teste
Pré-amplificador D’Agostino Momentum Combinar ou não combinar
dúvida perante mais um sinal dos tempos. As entradas são seleccionadas através de teclas situadas no lado esquerdo do painel frontal e que possuem LED’s indicadores no centro, com as cores correspondendo às dos LED’s que se encontram no imponente controlo remoto. A comutação para a entrada Theater, que funciona como um pass-through para um processador AV externo, faz com que o indicador de nível fique com a agulha no final da escala para indicar que nos encontramos numa situação de ganho máximo, ou seja, que o controlo de volume está inactivo e o controlo de ganho está por conta do processador AV. Por debaixo dos selectores de entrada temos duas outras teclas: a da esquerda é o comutador de stand-by (o LED central assume a cor laranja quando o prévio se encontra nessa situação) e o que está à direita deste permite trazer os controlos de tonalidade à acção. Pois é, ouviu bem: estamos perante um prévio high-end com controlos de tonalidade de graves e agudos! Os puristas vão seguramente torcer o nariz, enquanto a maioria dos melómanos vai rejubilar ao passar a ter a possibilidade de fazer ajustes subtis no equilíbrio tonal de gravações muito «baças» ou demasiado brilhantes. Os graves e agudos são ajustados através de controlos rotativos situados no lado direito do painel frontal, com a gama de ±6 dB a ser indicada através de aberturas subtis cortadas no espesso painel frontal. Vai seguramente dar pelo facto de os
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controlos de volume estarem activados, já que esses rasgos ficam iluminados com uma luz branca e, ao mesmo tempo, o LED existente na parte central da tecla de activação emite do mesmo modo uma luz branca. O gráfico das medições laboratoriais de Paul Miller mostra o modo como os ajustes de tonalidade podem fazer uma ligeira igualização no som, funcionando de modo não muito diferente dos controlos de pendente utilizados nalguns prévios de outros tempos, tais como, por exemplo, os da Quad. O controlo remoto do prévio assume a forma de um imponente bloco de alumínio desenhado para assentar no braço de um sofá ou cadeira de repouso ou ainda numa mesa que esteja por perto. Para além de proporcionar a selecção directa de entradas, possui teclas adicionais para inverter a fase absoluta e ajustar o balanço. Infelizmente, não é possível ajustar os graves e agudos a partir do ponto de audição, mas o controlo remoto possui uma tecla para colocar ou não os circuitos de controlo de tonalidade em acção. Pequenos toques nas teclas para subir e descer o volume permitem um ajuste fino muito aceitável (uma vez mais, consulte o relatório das medidas laboratoriais), ao mesmo tempo
Tempos houve em que era normal que os aficionados do áudio combinassem electrónica de amplificação de diversas marcas, indiferentes ao eventual desequilíbrio estético em favor da qualidade do desempenho. Claro que sempre existiram excepções: os Quad 33 e 44 eram quase sempre combinados, respectivamente, com os 303 e 405; e os Naim NAC32 e NAP250 (os topos-de-gama da marca nos anos 80) estavam sempre como unha com carne, o mesmo acontecendo com as combinações de prévio e amplificador de potência mais acessíveis da marca. Hoje, ao que parece, apenas os hobbystas já não se preocupam com o aspecto exterior dos equipamentos quando colocados lado a lado na prateleira. Muitas vezes eu culpo Sir Terence Conran, cujas lojas Habitat nos transformaram numa nação de amantes da estética. Mas tenho que admitir que isso não é uma coisa má em si mesma, já que é absolutamente lógico que o criador de um prévio o tenha desenhado para trabalhar de maneira optimizada com a sua electrónica de potência.
que existe, como complemento perfeito dos controlos do painel frontal, uma tecla de mute. Por mais que me esforce, não consigo imaginar porque é que alguém poderia comprar um prévio como o Momentum e escondê-lo num aparador. Mas, caso o equipamento não esteja em linha de vis-
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Dan D’Agostino
Ao enveredar por um novo percurso, Dan D’Agostino regressou às suas origens, construindo amplificadores de um modo verdadeiramente artesanal. A D’Agostino Master Audio Systems tem apenas cinco artesãos que montam com as suas mãos a gama Momentum de amplificação na casa de Dan em Connecticut. Agora que a linha de amplificação foi completada com o prévio Momentum, o que vem a seguir? Colocámos algumas questões a Dan, que revelou que está na forja um prévio de phono para daqui a relativamente pouco tempo. E, para além desta revelação, os seus lábios permaneceram cuidadosamente fechados. Será que ele iria pensar num DAC Momentum? Aparentemente não. Dan afirmou de modo enfático: «A D’Agostino Master Audio Systems é uma empresa pequena e com recursos limitados. A minha intenção é mantê-la assim, expandindo-a apenas de modo cauteloso à medida que o mercado o exija. Vou deixar os projectos digitais para os mestres desta tecnologia, como a dCS e a MSB.» Tendo em conta que Dan começou a sua carreira como um jovem engenheiro na Dayton-Wright, sugerimos que umas colunas electrostáticas poderiam ser um projecto interessante e desafiante. «Não vão existir projectos de colunas no meu futuro», disse ele. Mas não se ficou por aqui, porque ainda atirou qualquer coisa como: «Tudo o que posso dizer acerca do próximo produto de Dan D’Agostino é que estou a trabalhar em qualquer coisa grande.» Hmm…, um amplificador integrado Momentum, talvez? Tudo o que possa deitar a adivinhar é tão bom como os nossos melhores palpites.
ta directa em relação ao seu ponto de audição, Dan disponibiliza, em conjunto com o prévio, um «olho» de extensão dos comandos IR, o qual se liga a uma entrada mini-jack existente na traseira do prévio. E seguramente que não ficará muito surpreendido se eu lhe disser que não se trata de uma vulgar caixa plástica com um velcro na parte traseira: temos uma vez mais um sólido bloco de alumínio mais ou menos do tamanho de um pacote de cigarros. Foi nitidamente desenhado para ser colocado numa prateleira ou no solo, junto às colunas, até porque é fornecido com um cabo de 30 metros de comprimento.
Soa maravilhosamente Uma vez que este prévio completa agora a família de amplificação de D’Agostino, nada mais natural que tivéssemos pedido um par de sumptuosos monoblocos da marca de modo a que pudéssemos construir um sistema totalmente D’Agostino. No fim de contas, com que outros amplificadores faria mais sentido ouvi-lo? Instalámos tudo na sala de audição do nosso director, Paul Miller, ligando os equipamentos às respeitáveis colunas de chão B&W 802, através dos cabos Crystal Cable Absolute Dream, cujo preço nem vou mencionar. O sistema foi deixado em «banho-maria» por um par de dias antes de proceder a qualquer audição séria. No site da empresa Dan fala orgulhosamente do facto de alguns dos mais prestigiados fabricantes de colunas a nível mundial recorrerem a electrónica D’Agos-
tino para demonstrem as suas caixas. Também não admira, os amplificadores fazem com que as colunas soem de modo magnífico! Nunca ouvi as maduras colunas do nosso director a soarem de modo tão maravilhoso, enchendo a sala com sons sublimes e graciosos e, ao mesmo tempo, envolventes e absolutamente deslumbrantes. E recorro em especial ao termo «lindo» porque é exactamente assim que posso qualificar os sons saídos das 802 quando alimentadas pela amplificação D’Agostino. O sistema recompensou-nos com torrentes de graves sumptuosos, vigorosos e ricamente texturados, uma gama média aberta e clara e agudos refinados e, ao mesmo tempo, delicados. Toda esta delícia era combinada com uma imagem espacial ampla, aberta e profunda, embora completamente dissociada da estrutura física das colunas em si. De um modo muito especial na gama média alta e nos agudos, os instrumentos eram posicionados de um modo quase mágico num amplo espaço tridimensional que começava ali na frente das colunas e se estendia lá bem para trás da parede traseira. O som da gravação em alta resolução da suite do Pássaro de Fogo, de Stravinsky, editada pela Channel Classic (CSA 32112) era de ficar sem respiração, com os Momentum a trazerem até nós uma sensação de absoluta plenitude resultante dos timbales da Orquestra do Festival de Budapeste, ao mesmo tempo que descrevia de forma quase geográfica as texturas e os
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Pré-amplificador D’Agostino Momentum
timbres variáveis dos metais, instrumentos de cordas e de sopro. Normalmente, este nível de recuperação precisa e vívida de detalhes é acompanhada por um som algo vivo e explícito em excesso, mas isso não aconteceu nunca com a combinação dos Momentum. A sua apresentação sonora era tão refinada e suave que eu cheguei a pensar inicialmente se não estaria perante uma performance sonora um pouco suavizada e, talvez, ligeiramente coarctada a nível dos agudos. Nada disso, o raspar agressivo dos metais e o ataque dos transientes eram preservados na sua integralidade, embora de um modo delicioso e «fácil de ouvir», graças a uma sensação de controlo sem esforço e de precisão ao longo de todo o espectro audível.
Apimentado com detalhes Fiquei absorto com a delicadeza e refinamento do Momentum, isto para não mencionar o modo como ele «pintava» de maneira estereoscópica o palco espacial. O álbum Don Juan’s Reckless Daughter, de Joni Mitchell, editado em 1977 pela Elektra Asylum, tem uma qualidade muito razoável, tendo em conta a data da gravação, embora seja exagerado atribuir-lhe uma qualidade audiófila em face da sobreprodução sonora e do amplo espectro de truques de estúdio que se pode constatar existirem nele. Mas os D’Agostino, uma vez mais, fizeram-no soar de modo magnífico (pois, lá terei que utilizar uma vez mais esta palavra), com a transparência da amplificação a fazer com que fosse notavelmente fácil ouvir a voz de Joni e
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as guitarras acústicas no meio das camadas multipistas repletas dos efeitos atrás mencionados. Talvez tudo isto possa ser atribuído à completa ausência de estridência, sons a rasgar ou crepitação nos agudos. Os pratos do baterista John Guerin, quer quando percutidos quer quando apenas «escovados», tinham uns transientes iniciais realísticos e extensos, com um enfraquecimento bem detalhado. Não existia um brilho subjectivo nos agudos, embora estes nunca se possam qualificar de romanticamente suavizados, e o arranhar das cordas das guitarras foi sempre realisticamente preservado. No que se refere à arrebatadora performance de Jaco Pastoriu no baixo, isto na primeira faixa – Overture – Cotton Avenue –, o Momentum parecia transmitir um controlo de torno sobre as colunas, com graves firmes, profundos e reveladores a serem emitidos por estas. Peça ao Momentum para reproduzir a banda sonora de um grande filme tal como a quase dolorosamente linda que enriquece o filme The Day After Tomorrow (Varèse Sarabande 302 066 572 2) e será inundado pelo esplendor do desempenho do equipamento. Os estrondosos graves podem ser muitas vezes esmagadores, mas os Momentum mantiveram tudo na devida proporção. A orquestração da peça era, ao mesmo tempo, segura e intimista, com o amplo palco espacial apimentado com detalhes musicais que enchiam a sala de audição. Talvez quem me lê seja suficientemente afortunado para ser possuidor de um amplificador de potência estéreo ou
um par de monoblocos Momentum e tenha, portanto, usufruído até agora do seu som suculento. Nesse caso, chegou agora o momento de negociar a troca do seu prévio e completar a família Momentum – nada complementa tão bem os amplificadores de potência da marca como este novo prévio. Pré-amplificador D’Agostino Momentum Representante: Imacustica Preço: 38 500 m (versão cobre/prata) Preço: 39 900 m (versão cobre/negro) Telef.: Lisboa – 218 408 374; Porto – 225 194 180 Web: www.imacustica.pt
Veredicto da Hi-Fi News
O som é requintado, com este generoso prévio a ser o complemento perfeito da amplificação de potência de Dan D’Agostino. Ouvi-lo combinado com um par de monoblocos Momentum pode chegar a fazê-lo sentir as pernas fracas perante o som sumptuosamente rico e detalhado tão opulento como o design industrial do produto. Se não lhe trouxer lágrimas aos olhos, então é porque não tem alma. Qualidade sonora – 89% 0
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Testes laboratoriais Paul Miller Prévio D’Agostino Momentum O interessante «mostrador de volume» de Dan indica o ganho disponível no prévio, em vez do nível absoluto com «25» equivalendo a -35 dB (entrada/saída), «50» a -12 dB, «75» a +1 dB e com «100» a representar um ganho de +8,2 dB ou 2,6 vezes, com esta legenda colocada ligeiramente para além do arco do ponteiro. De modo evidente, abaixo de 75 o amplificador está a funcionar como um atenuador, apenas disponibilizando ganho acima deste valor. A atenuação oferece passos exactos de 0,5 dB acima do valor de 26 dB, com passos de 1 dB ao longo dos 22 dB do meio e 2 a 5 dB nos 40 dB inferiores.
A gama total utilizável é de 88 dB. A resposta em frequência do prévio estende-se até 100 kHz, ±0,02 dB, embora se possa detectar um patamar de +0,4 dB a 20 Hz e +0,75 dB a 5 Hz (veja a linha tracejada no gráfico 1). De modo interessante, a separação estéreo também diminui ligeiramente desde 100 dB ao longo das gamas média e aguda, para 83 dB a 20 Hz. No gráfico 1 podem-se igualmente ver as seis curvas de reforço e atenuação dos graves e agudos, com as respectivas frequências máxima e mínima definidas de modo quase exacto a 20 Hz e a 20 kHz. São possíveis ajustes subtis de ±1 dB e ±2 dB, o que po-
Especificações medidas pela Hi-Fi News
de ser mais que suficiente para a maioria das situações. A distorção é baixa e impressionantemente consistente ao longo da frequência, embora muito ligeiramente mais baixa no canal direito (0,00065 a 0,00085%) do que no canal esquerdo (0,001 a 0,0017%) – veja o gráfico 2. O nível de saída máximo superior a 20 V é pura e simplesmente prodigioso (com a THD a subir a 0,2% neste caso), sendo a impedância de saída de 39 Ohm e a relação sinal/ruído impressionantemente elevada – 96 dB, referidos a 0 dBV. Graças à alimentação de corrente contínua excepcionalmente blindada e bem filtrada, qualquer ruído daqui proveniente não ultrapassa -99 dBV (uns meros 11 µV). Os leitores interessados podem ver o conjunto total das medições do prévio Momentum visitando o site www.hifinews.co.uk e pressionando o botão vermelho de download.
Gráfico 1 – Resposta em frequência (5 Hz a 100 kHz, tracejado) e correcções de tonalidade a ±1 dB e ±2 dB… ±6 dB. (+, vermelho; -, preto)
Especificações medidas pela Hi-Fi News Sinal máximo de saída (<1% THD, 47 kOhm)
>20 V rms (balanceado)
Sinal máximo de entrada (<1% THD)
>10 V rms (balanceado)
Impedância de saída (20 Hz e 20 kHz)
38,6 – 38,9 Ohm (balanceado)
Freq. de resp. (20 Hz a 100 kHz)
+0,39 dB a +0,02 dB
Sensibilidade de entrada (ref. a 0 dBV)
388 mV (balanceado)
Rel. S/N ponder. A (ref. a 0 dBV)
96 dB
Distorção (20 Hz a 20 kHz; ref. a 0 dBV)
0,00065 até 0,00085%
Consumo de energia
30 W (7 W em standby)
Dimensões (L x A x P)
457x 178 x 318 mm
Gráfico 2 – Distorção em função da frequência desde 5 Hz até 40 kHz a 0 dBV (esquerdo, negro; direito, vermelho)
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teste Audio Note DAC 0.1x Rui Nicola
A
evolução nos formatos em que armazenamos a música e a flexibilidade na configuração do sistema de som que nos permite usufruir desses registos incentivam, desde há muito, que os produtores invistam em propostas focalizadas em cada etapa do tratamento do sinal nesse processo mágico em que este se torna música para os nossos ouvidos. O conversor digital-analógico é um desses equipamentos mais especializados, que deixou de residir de um modo fechado no interior dos leitores de CD e passou a constituir um componente autónomo, aberto ao utilizador para acesso a diversas fontes de leitura dos registos. Nas próximas linhas iremos dedicar a nossa atenção à proposta da Audio Note na sua gama de entrada, a linha zero, no domínio da conversão digital-analógico: o DAC 0.1x.
Descrição O Audio Note DAC 0.1x é de uma simplicidade desarmante. Em termos funcionais, para além do botão de ligar/desligar na parte posterior, detém, no painel frontal, um único botão que permite seleccionar a entrada USB ou coaxial. Um LED aceso informa o utilizador da selecção de entrada em funcionamento, e é tudo. Naturalmente, a conectividade digital está alinhada com essa economia de opções, disponibilizando uma entrada USB de tipo B (1.1 ou 2.0) e uma conexão coaxial de 75 Ω não
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balanceada, para além da necessária conexão de alimentação IEC. As saídas são constituídas por um par de conectores RCA não balanceados. A filosofia que preside às opções tecnológicas e arquitectura desta peça é bem conhecida, mas tão difícil de implementar devidamente: keep it simple, ou seja, minimizar a manipulação do sinal e as medidas correctivas associadas, por exemplo, ao tratamento do ruído ou a elevados níveis de amostragem, de modo a que o domínio crucial do tempo na passagem contínua do sinal não seja prejudicado. Ao utilizar o chip de conversão estéreo Philips TDA1543 numa abordagem o mais directa possível e sem filtros digitais (sem sobreamostragem, redução de jitter, modulação do ruído ou ajustamentos de relógio), a marca dispensa igualmente os filtros analógicos, de modo a garantir um comportamento dinamicamente coerente. A magia do DAC 0.1x fica completa com a inclusão de uma válvula 6111WA no andar de saída com retorno (feedback) zero. O Audionote DAC 0.1x foi ligado ao leitor residente CD-1 da Lyngdorf, beneficiando do transporte Phillips, e a um Macbook Pro de Maio de 2013. O conversor alimentou um amplificador integrado da Pioneer, o A-70, e esteve também ligado a um Kreel S-550i, por um período relativamente curto. Os restantes componentes do sistema foram as colunas monitoras
Sonus faber Guarneri Memento, a Power Plant Premier da PS Audio e a cablagem pertencente à gama Heimdall da Nordost. Uma nota de alerta para quem tem sistemas computacionais complexos: para que se tire o máximo proveito da largura de banda quando conectado por USB, o manual aconselha que o DAC 0.1x seja o único componente ligado ao USB «BUS», dado que a partilha com outros componentes pode levar a perdas ou interferências de sinal com prejuízo da qualidade. A ligação ao Macbook fez-se sem necessidade de outros ajustamentos, excepto a selecção da fonte de saída de som para USB.
Audições A estadia do Audio Note em minha casa coincidiu com um período de maior dedicação a artistas portugueses que tenho tido a oportunidade de ouvir ao vivo, nomeadamente o pianista Júlio Resende, que presenciei a solo ou bem acompanhado por nomes como o baterista Alexandre Frazão, o contrabaixista João Custódio, e as vozes de António Zambujo, Aldina Duarte e Cristina Branco, entre outros. Uma das primeiras vezes que ouvi o Júlio Resende ao vivo, por abençoada recomendação fraterna, foi no local que o acolhe regularmente como artista residente, a Fábrica Braço de Prata, em Lisboa. Quando o vi curvar-se sobre as teclas, pensei estar a revisitar a capa do famoso Concerto em Coló-
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nia do incontornável Keith Jarrett, tão cá da casa. Essa impressão ficou indelével e o tempo encarregou-se de a amplificar ao saber que, tal como essa referência do jazz mundial, também Resende começou a tocar piano aos quatro anos, fez formação clássica e encontrou no jazz o espaço de que precisava para improvisar. E que bem o faz. Mais tarde, no 6.º aniversário da Fábrica Braço de Prata como espaço cultural, o fundador deste na sua forma actual haveria de revelar outra faceta deste artista que, se a memória não me falha, o apelidou de «intelectual do jazz», explicando que actualmente investiga a nível de mestrado a improvisação em Brad Mehldau, tendo ficado o repto, se bem percebi, para que no doutoramento se dedique a… pois, adivinha-se bem, Keith Jarrett. O tema You Taste Like a Song, título fantástico do álbum homónimo, é exposto na leitura do DAC 0.1x com uma textura rica, progressivamente irrequieta, simbiótica entre a heterogenia da bateria, a gradual amplitude de mensagens do piano e a liberdade algo contida do contrabaixo. O som é denso no retrato dos acontecimentos e das interacções do trio, sem que isso belisque a acuidade temporal tão essencial ao espírito desta composição ímpar e à credulidade na reprodução da sua vivacidade. A preocupação com a coerência temporal patente na descrição técnica do desenho do conversor resulta bem-sucedi-
da e evidente na audição deste tema, sendo crucial para captar as nuances, tónicas e dinâmicas dos intérpretes. As comparações nos artistas são como um pau de dois bicos, para utilizar a expressão comum. Por um lado, ser comparado a (ou fazer os espectadores lembrar) uma referência tão superlativa como Jarrett dificilmente poderá ser considerado uma crítica. Por outro lado, a ambição de um artista está associada ao seu espaço criativo ou interpretativo, à sua linguagem e expressividade, à identidade própria que cria na relação com a arte. Consta em alguns meios que também Brad Mehldau terá passado por esta fase de avaliação relativa, isto é, «ser bom (ou não) por comparação com », mas o tempo e a evolução natural do percurso de cada um desfaz a miopia e superficialidade desta categorização, enquanto definidora de perfil e valor de um intérprete. Não cometo a injustiça de etiquetar o jovem Resende como «um novo Jarrett», até porque há traços tão distintivos como o sagrado silêncio vocal com que o português nos brinda enquanto toca, a escolha tão identitária de enveredar por ampliar o espaço de interpretação do fado, que tão ansiosamente aguardo na edição em CD, entre outras notas de estilo, repertório e abordagem, que não serei certamente a pessoa mais indicada para expor. No entanto, no espaço da comparação espúria de que me afas-
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tarei em definitivo posteriormente, não resisto a afirmar a desconfiança que tenho de que o jovem Júlio baterá já o mestre Keith pelo menos numa dimensão bem visível: a extensão da cervical no momento de ataque ao teclado. Na minha humilde opinião, se há tema que enquadra bem a abordagem do Júlio Resende e a sua busca criativa é Da Alma, do álbum homónimo. Já tive diversas oportunidades de ouvir esta música ao vivo na versão a solo e em trio, sendo particularmente inesquecível no momento em que conheci outro prodígio de talento chamado Alexandre Frazão. Atribui-se a Einstein uma frase com o seguinte sentido: «Se não conseguires explicar algo de um modo simples, é porque ainda não o entendes bem.» Pois ao ver e ouvir o Alexandre Frazão a tocar bateria, parece que assistimos a um contínuo de acções simples, com uma naturalidade espantosa e uma manifestação sonora arrebatadora, tal o entendimento e mestria do que é «tocar bateria». Mas regressando ao tema Da Alma, a beleza melódica das frases e o colorido entrelaçado dos instrumentos, quer no espaço de improviso quer na citação das ideias centrais do registo, têm uma reprodução bem alicerçada pelo Audio Note. A leitura é generosa, fluida e aberta, sem ser agressiva, mantendo um cariz a puxar para o quente. Sem imagem, nas passagens mais intimistas a exposi-
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teste Audio Note DAC 0.1x
ção sonora recria facilmente o ambiente a meia luz que se presencia em Braço de Prata ou no Hot Club de Portugal, e nos momentos mais dinâmicos abre um horizonte que, ainda que não quebrando uma distância ao ouvinte, possibilita a fruição do entusiasmo e energia ali inscritos. No mundo em geral e na arte em particular, ninguém substitui ninguém, e toda a qualidade criativa acrescenta espaço para respirar e cria vida própria. Os melómanos e audiófilos sabem-no bem e são dedicados à procura incessante dessa qualidade nos seus percursos. A título pessoal, juntamente com a descoberta do talento de João Paulo Esteves da Silva, conhecer a arte do Júlio Resende ajudou a sarar uma ferida profunda que se abriu com a inexplicável partida precoce do Bernardo Sassetti, cuja audição se tornou tão parte do meu quotidiano. Não houvera um imenso universo a conhecer em cada um destes embaixadores da arte musical, e só por isso já teria valido a pena. Por ter referido o João Paulo Esteves da Silva, há músicas cuja reinterpretação se alinha tanto com o nosso gosto que pas-
sam a ser a nossa versão ou, como por vezes se convenciona chamar, a «versão definitiva». Para dar um exemplo, ao longo dos anos de colaboração com a revista Audio & Cinema em Casa já se tornou evidente que, nas minhas escolhas de temas musicais para teste, entre as duas interpretações estrondosamente talentosas e únicas do tema Hallelujah, a do Leonard Cohen e a do Jeff Buckley, eu prefiro a segunda. Ora com o tema Believer, do excelente trio Azul de Carlos Bica, aconteceu a mesma coisa. O arranjo e interpretação de João Paulo Esteves da Silva no álbum White Works é um dos temas que se ouvem on repeat. Na leitura deste registo feita pelo Audio Note, a apresentação sonora do piano aparece ampla, quer em dimensões físicas, preenchendo naturalmente o espaço da sala, quer em termos da sua amplitude dramática, da tensão dos graves, na sua profundidade e carga emocional, até à expressividade e corpo da gama média e intensidade e liquidez dos agudos.
Notas finais
te no domínio dos conversores digital-analógico, o DAC 0.1x realizou pragmaticamente o que se pode desejar de um componente desta natureza: é simples, funcional e proporciona uma apresentação musical com um aroma repleto de envolvência valvular, com densidade, espessura e conteúdo. É informativo, isto é, faz bom uso dos dados que lhe chegam da fonte, sem ser ostensivo na exibição do conteúdo, privilegiando uma mensagem global, consistente, preenchida, que ocupa o espaço com um tom de generosidade, sem pontos amorfos. Quer se trate da ligação a um computador cada vez mais recheado de registos à distância de um clique, quer se pretenda dar uma outra leitura à informação recolhida através de um transporte com saídas digitais adequadas, a experiência com o Audio Note DAC 0.1x revela que faz todo o sentido equacionar o investimento nesta fase tão sensível da reprodução musical, sendo notório que este discreto aroma a válvulas traz outro encanto à experiência de fruição musical.
Sendo a proposta de entrada da Audio No-
Especificações Saída de referência
2,6 V RMS (aproximado)
Impedância de saída
Menos de 2 kΩ
Consumo máximo
48 W
Terminais
1 x entrada USB tipo B (1.1 ou 2.0) 1 x entrada coaxial digital 1 par x saída analógica
Conversor digital-analógico
Philips TDA1543
Conversor digital-analógico USB
Assíncrono 192 kHz/32 bit
Audio Note DAC 0.1x
Dimensões
300 x 96 x 270 mm (L x A x P)
Representante: Exaudio
Peso
3 kg
Telef.: 214 649 110
Preço de venda recomendado
1354 m
Web: www.exaudio.net
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teste
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Ayre AX-5 Preciosidade musical
C
iclicamente ocorre-me ficar de olho numa peça de áudio ou numa marca com a qual estou menos familiarizado e, exceptuando uns encontros fugazes que mantêm viva a curiosidade, há uma sucessão de desencontros que prolongam este estado pelo tempo. De há uns anos a esta parte foi o fabricante americano Ayre Acoustics, Inc. que caiu nesta situação. A marca Ayre é representada em Portugal pela Ajasom e foi com um sorriso que recebi a notícia de que propunham um amplificador Ayre integrado para teste. Poucos dias depois recebi a visita do Nuno Cristina e o AX-5 ficou aos comandos dos acontecimentos musicais em minha casa. Quando o pus a tocar não contive um «Encontramo-nos finalmente».
Antes de dar nota de alguns elementos respeitantes às opções técnicas, devo referir que durante a ajuda prestável na instalação, à medida que o Nuno me foi apresentando algumas das características dos Ayre, vieram-me à memória alguns aspectos identitários que recordam outras marcas representadas pela Ajasom, como por exemplo a Nagra. Um desses aspectos remete para a abertura de fazer as escolhas técnicas que privilegiam, digamos assim, uma certa pureza e/ou arrojo na engenharia em prol da reprodução musical, ainda que tal possa causar alguma estranheza numa época muito dominada por critérios da experiência da utilização ou do relacionamento estético com as peças do nosso dia-a-dia. Não estou a sugerir que o AX-5 é difícil de operar ou que é uma provocação para os olhos. Para com-
provar que esse não é o caso bastam as fotografias ou mexer-lhe durante uns minutos (já vinha configurado). No entanto, escolhas como o recuperar de tipologias antigas (andar de saída em forma de diamante), o ajustar da caixa às componentes internas (ver o caso do transformador), a característica peculiar do ajuste de volume ou a arquitetura toda balanceada, para além do sistema de fixação dos cabos de coluna singular (dado que as saídas para as colunas são igualmente balanceadas) documentam amplamente toda uma postura perante a concepção, desenho e implementação de solução para a fruição musical em ambiente doméstico. E é fabricado em Boulder, Colorado, nos Estados Unidos da América.
Descrição Do ponto de vista estético, devo confessar que o Ayre ao vivo é mais impressionante do que nas fotografias, a começar pelo facto de ser maior do que antecipava. A
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teste Ayre AX-5
caixa é feita em alumínio escovado, com um painel frontal quase franciscano, dominado pelos selectores rotativos de entrada e de volume, que permitem controlar muitas das configurações e por apenas dois botões. No topo do amplificador destacam-se as quatro filas de aberturas para dissipação do calor, que invocam aquele elemento identitário robusto que denuncia quando um automóvel tem potência a rodos debaixo do capot. Na parte posterior quatro entradas balanceadas (XLR) revelam de forma clara as preferências de design, a que se junta um par RCA, um par de saídas de Tape (XLR), um interruptor ligado/desligado e um par de saídas para colunas… balanceadas. Em termos de funcionalidade, o botão direito acumula as funções de Mute (toque normal) ou de colocação em modo de baixo consumo (toque prolongado, que acende uma circunferência verde no próprio botão), e o botão esquerdo comanda a saída Tape, assinalando com uma circunferência a vermelho quando esta função está ligada e, quando conjugado com o modo de baixo consumo, permite aceder às configurações. O comando remoto possibilita o controlo de todas estas funções e ainda o nivelamento da intensidade da luz do ecrã ou mesmo desligá-lo. Tem igualmente uma tecla que activa a retroiluminação das teclas do comando, o que é bastante útil para quem, como eu, gosta de ouvir música com o mínimo de «ruído luminoso», ou seja, às escuras. De qualquer modo, há sempre uma presença que emana das aberturas no topo, dado que os LED’s verdes do Ayre estão sempre ligados, dando conta de que todo o potencial do AX5 não está adormecido (excepto quando desligado, claro). Em termos técnicos a primeira especificação que sobressai é que estamos perante um amplificador integrado que
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debita 125 Watt por canal a 8 Ohm e dobra essa potência para 250 Watt por canal a 4 Ohm. Esta proposta da Ayre tem uma arquitectura totalmente balanceada e utiliza uma secção de pré-amplificação oriunda do KX-R, o pré-amplificador topo-de-gama da marca, assim como a tecnologia de ganho variável que incorpora na secção de amplificação onde se integra igualmente um novo andar de saída em forma de diamante. Na base inferior há uma pequena extensão que, contou-me o Nuno, resulta da decisão de acomodar o transformador pretendido na caixa idealizada, sem realizar quaisquer outros ajustamentos de que resultem compromissos no projeto final. Há várias opções técnicas dignas de nota, como por exemplo a opção por não utilizar realimentação (feedback) ou a utilização de elementos discretos, o recurso a materiais e componentes criteriosamente selecionados e que são descritos na página do fabricante (http://www.ayre.com/ index.htm) a que se recomenda uma visita. Um último apontamento: com a partida do Verão o Ayre torna-se mais acolhedor, dado que em funcionamento a unidade aquece e não é pouco.
Audições A primeira nota das audições ocorre mesmo sem carregar no play do leitor de CD’s. De facto, todo e qualquer ajuste no controlo de volume é bem audível e causará estranheza a qualquer utilizador que não esteja já familiarizado com essa característica. Justiça seja feita, o Nuno Cristina introduziu-me logo à partida para este facto e com a convivência e uso do Ayre não posso dizer que tenha provocado qualquer incómodo. Recorrendo ao álbum Time Out do fantástico quarteto de Dave Brubeck, pode-se apreciar uma reprodução do tema Take Five cheia de swing, presença, vivacidade. Particularmente evidente no espaço con-
cedido para o virtuosismo de Joe Morello é a natureza tímbrica da bateria na sua heterogeneidade de elementos, na combinação dinâmica entre os metais, as peles, a madeira e o ar. É aqui que se joga uma parte importante da ilusão de ter os músicos em nossa casa. A caracterização dos instrumentos, as nuances interpretativas e a interacção global dos artistas na construção do acontecimento e mensagem musical constituem o fundamento dessa ambição. Mudando de registo para o mundo fantástico da música clássica, optou-se pela leitura da Sinfonia n.º 9 em Mi menor, op. 45 de Antonín Leopold Dvorák, Do Novo Mundo, conduzida por Karl Böhm aos comandos da Orquestra Filarmónica de Viena (Deutsche Grammophon). O 1º andamento beneficiou da grande amplitude de intensidade sonora, variando entre os silêncios profundos e as catadupas de avalanches musicais que caracterizam esta peça. No conforto da sala audições é impressivo como o número mínimo de protagonistas que se vislumbra, em termos auditivos, nas passagens mais suaves, cresce exponencialmente quando experienciamos os momentos mais fortes, levando o ouvinte à perda de referenciais físicos da divisão onde se encontra. Também o 4º andamento foi apresentado de um modo muito fluido e dinâmico, com expressividade quer nas passagens dramáticas e poderosas, quer nos trechos de maior leveza e de carácter sublime, quase transcendental. Ao proporcionar esta experiência auditiva, o Ayre AX-5 revela um desempenho bastante interessante dos seus 125 e 250 Watt por canal, respetivamente a 8 e 4 Ohm. As Sonus Faber Guarneri Memento não são colunas fáceis de conduzir e exigem quantidade e qualidade de energia para apresentarem uma exposição sonora mais solta, viva e dinâmica, sem penderem em demasia para o seu lado mais taciturno, romântico e aveludado. Em particular, a reprodução da gama baixa e média-baixa, tão essencial em temas desta natureza, foi conseguida de um modo apelativo, com a densidade e corpo fundamentais para a carga emotiva, mas com a mobilidade e controlo que se exige à boa transmissão das linhas melódicas, sem compressões e sem interferir com a clareza da gama média. O equilíbrio na gestão das frequências, com grande amplitude, e o comando confortável das colunas promovem uma cenografia mais afinada, dotando o palco sonoro de dimensões e espacialidade generosas, tão adequadas à grandiloquência desta sinfo-
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nia e à intensidade da história musical que nos é apresentada. Passando para outro tipo de estilo musical, a audição do tema It’s Probably Me que juntou Sting, Eric Clapton, Michael Kamen e David Sanborn, invoca o intimismo de um pequeno conjunto que tem tudo o que precisamos para apreciar uma boa canção, alicerçada numa mensagem bem escrita e cantada, potenciada pela criatividade cúmplice da guitarra e saxofone, pela harmonia simples e eficaz e um discreto e fundamental trabalho da secção rítmica. O palco sonoro é amplo e cativante, os estilos individuais e interacções são evidentes, o recorte e definições apreciáveis, a fluidez é uma vez mais muito natural, contribuindo para uma vivacidade credível.
Notas finais O amplificador integrado AX-5 proposto pela Ayre não é, do ponto de vista do mercado de áudio, um produto barato (10.500 m). De facto, da leitura que fazemos à abordagem realizada, ao seu desenho, escolha de componentes e ao desempenho na reprodução musical poder-se-ia afirmar que estamos mais próximos de um cost no object, ou seja, de uma peça concebida com a maior fidelidade possível aos objectivos do criador sem olhar aos custos, independentemente de haver amplificadores integrados bem mais pesados para a carteira. Nessa perspectiva, este Ayre não é caro e insere-se num segmento on-
de os amplificadores integrados são uma escolha de quem compra porque gosta da qualidade e das características próprias de uma única peça de amplificação, dotada de soluções ímpares e refinadas em si mesmas. Essas escolhas reflectem compromissos, crenças, investigação e muito «saber fazer» de que beneficiamos todos, quer sejam os felizardos que quotidianamente usufruam desse resultado e das experiências culturais e emocionais que proporciona, quer sejam os sortudos que tiveram a oportunidade de desfrutar dessa
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descoberta, como é o caso deste escriba. Afinal, o AX-5 tem na sua alma uma inspiração de diamante e isso ouve-se e sente-se. E há quem diga que os diamantes são eternos. Recomendadíssimo.
Audio Note DAC 0.1x Representante: Ajasom Telef.: 214 748 709 Web: www.ajasom.net
ESPECIFICAÇÕES – Amplificador integrado Ayre AX-5 Potência de saída
125 Watt/canal, a 8 Ω; 250 Watt/canal, a 4 Ω
Resposta em frequência
DC a 250 kHz
Ganho
32 dB (volume 46)
Impedância de entrada
Balanceada: 2 MΩ; single-ended: 1 MΩ
Consumos
43 Watt em modo de baixo consumo; 230 Watt ligado sem sinal
Entradas
4 pares balanceadas, via fichas de tipo XLR 1 par single-ended, via fichas de tipo RCA
Saídas
1 par de saídas para colunas, balanceadas 1 par de saídas Tape, balanceadas (XLR)
Dimensões
440 x 120 x 480 mm (L x A x P)
Peso
22 kg
Preço
10.500 m
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Cabos de sector Signal Projects Lynx a boa alimentação para o seu sistema
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Signal Projects é um fabricante britânico de cabos que destaca desde o início a utilização de interessantes conceitos científicos e tecnológicos nos seus cabos. A linha Lynx compreende os cabos de entrada da gama deste fabricante, mas isso não significa um menor empenhamento na qualidade de construção e nos materiais utilizados. Claro que a fabricação de um cabo deve ter em conta os parâmetros estruturais habituais, tais como as técnicas de blindagem, a ligação de terra, o enrolamento dos condutores, os materiais de isolamento destes e assim por diante. Mas do que não há dúvida é de que a resistência eléctrica continua a ser uma das características mais importantes de um cabo e depende,
Cabos de sector Signal Projects Preço: 510 m para 1,5 metros de comprimento 120 m por cada 0,5 metros a mais Representante: Exaudio Telef.: 214 649 110 Web: www.exaudio.net
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como é evidente, da qualidade do material condutor e do número de condutores individuais de cada uma das partes do cabo (três no caso de um cabo de sector). Para definir a capacidade de um determinado condutor deixar passar melhor ou pior a corrente eléctrica pode-se utilizar a resistência eléctrica (quanto mais baixa melhor) ou ainda, em menos casos, a condutância, medida em Siemens e que é o inverso da resistência, ou seja, quanto mais elevada melhor. E quando se analisa um cabo do ponto de vista da condutância chega-se à conclusão que o recurso ao cobre de alta pureza (99,99997% de cobre, também designado por índice de pureza de 6N) permite obter níveis de condutividade quase tão bons como os dos melhores materiais condutores, tais como a
prata, e mesmo melhores que os do ouro. Claro que uma boa condutância global não garante por si só uma baixa resistência, é necessário ter uma secção apreciável para o condutor em si, ou seja, um número apreciável de condutores e, idealmente, que esses condutores estejam isolados entre si, para evitar o mais possível o efeito pelicular, embora a equação que descreve o efeito em toda a sua abrangência dê a indicar que esse efeito só será significativo para frequências elevadas, o que não é o caso da tensão do sector, que entre nós tem uma frequência de 50 Hz. Um outro aspecto importante quando se define a estrutura de um cabo é o efeito de proximidade, em que a maior ou menor facilidade da circulação da corrente num condutor é influenciada pelo campo
magnético criado por outros condutores situados na sua proximidade. O modo como é feita a trefilagem (enrolamento dos condutores uns sobre os outros) pode obviar a que este efeito atinja uma intensidade prejudicial e, uma vez mais, a estrutura de construção do tipo Litz (condutores isolados individualmente) pode ajudar bastante na atenuação deste efeito, tal como acontece no caso do efeito pelicular. O tipo de material utilizado para fabricar os condutores é igualmente muito importante para se obter a performance pretendida, e a Signal Projects optou, por mais que uma razão, por condutores híbridos de cobre e prata (ouro também, nos topos-de-gama), variando a secção em função do tipo de utilização que se tem em vista para um determinado cabo de sector: alimentação de amplificadores de potência, prévios, fontes digitais, etc. No caso vertente tive oportunidade de ensaiar um cabo de sector mais apropriado para amplificadores de potência, com um comprimento de 1,5 metros, e outro para fontes digitais, com 2 metros. É interessante destacar que a Signal Projects embala os cabos dentro de um imponente estojo e que os faz acompanhar por um certificado, com selo branco e tudo (!), no qual se indica o número de série do cabo e as suas características eléctricas. Em termos dos aspectos mais relevantes, o primeiro cabo utiliza condutores com uma secção equivalente de 2,95 mm², enquanto no segundo já temos 3,2 mm², sendo a resistência por condutor, respectivamente, de 5 miliOhm/metro e de 10 miliOhm/ metro. As fichas inseridas em cada um dos extremos do cabo são de excelente qualidade e estão reforçadas por manga de protecção termo-retráctil. Para além disso, a Signal Projects garante que cada cabo foi rigorosamente medido com equipamentos de teste das melhores marcas (Tektronix, Meguro, Hameg e Hewlett Packard) e ensaiado no seu sistema de referência durante cerca de 20 horas. Como já disse antes, todas estas características são atestadas com o referido selo branco e a assinatura do engenheiro responsável pelos procedimentos de teste. Em termos de ensaios, o cabo de energia para maiores consumos foi combinado quer com o amplificador Mark Levinson N.º 27.5, quer com o prévio VTL TL7.5, enquanto o cabo para fontes digitais serviu de transporte de alimentação para os leitores de CD’s Audio Research Reference CD9 e Accuphase DP85. Antes de exprimir aqui as minhas impressões sobre os resultados das audições, convém deixar no ar algumas considerações sobre aquilo que é expectável por parte de quem instala um destes cabos
no seu sistema. Pois a primeira coisa a ter em atenção, seja no caso de um cabo de sector seja com qualquer outro tipo de cabo, é que a inclusão deste género de acessório num sistema não deve alterar o som original (não é um controlo de tonalidade!), antes deve «abrir mais a porta» para que tenhamos perante nós o som original com a melhor qualidade possível. Foi, portanto, com esta abertura de espírito que parti para as audições, em primeiro lugar na sequência de ter instalado o cabo para fontes digitais no Audio Research Reference CD9. E aquilo que se pressente imediatamente é um maior silêncio, com o fundo de palco e mesmo os espaços entre instrumentos a ficarem mais «negros» do que com o cabo original fornecido com o equipamento. O palco sonoro era mais amplo e mais profundo, com uma excelente definição, muito em especial das diversas camadas desde a frente até atrás. Em termos de fluidez, o som vinha até mim igualmente com maior facilidade, mais solto, e os graves tinham uma definição superior, mais secos e controlados. As vozes ganharam em beleza, era quase como se conseguisse obter mais algumas parcelas de informação entre palavras que me permitiam perceber muito melhor cada frase depois da anterior. No DP85 as conclusões não foram muito diferentes, com adição de uma sensação de um desempenho superior nos agudos (no caso do CD9 isso não se conseguiu detectar, penso eu, porque eles já são excepcionais de origem). E vale a pena falar, por exemplo, do piano de Monty Alexander, em Never Make Your Move Too Soon, em que não tinha apenas notas, cada uma delas tinha aquele som «afiado» resultante do bater limpo do martelo na corda, seguido de imediato pela explosão das reverberações desta e, pouco depois, pela ressonância distinta e opulenta do corpo do piano. O ensaio do outro cabo de alimentação no Mark Levinson N.º 27.5 conduziu, sem dúvida, a resultados benéficos, uma vez mais em termos da limpidez do som, da espacialidade e de um grave mais bo-
nito e bem definido. No entanto, não posso dizer que as mudanças tivessem a mesma intensidade que pressenti na fonte digital, mas essa é uma conclusão a que já estou habituado, e foi por isso mesmo que comecei por ensaiar a situação acima descrita: é que estou habituado, desde o desenvolvimento do filtro de sector da Audio, a que os efeitos da introdução de um novo cabo de sector sejam mais evidentes quando os ensaios são efectuados ao nível de um prévio ou de uma fonte digital do que quando se trata de um amplificador de potência. Para além disso, temos que ter em conta que o 27.5 tem uma razoável quantidade de elementos de filtragem na entrada do sector, o que faz com que sejam menos perceptíveis os efeitos da utilização de um cabo de sector.
Conclusão Como já disse muitas vezes, vale sempre a pena substituir o cabo original que vem com qualquer equipamento de áudio, independentemente do seu preço. E estes cabos da Signal Projects demonstram isso uma vez mais. Ganha-se em termos de precisão e de definição espacial, no controlo de grave e em mais um outro aspecto ligado com a definição ao nível da gama média. Logo, nada como experimentar para ouvir até que ponto no seu sistema em concreto esses benefícios justificam o investimento.
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Jorge Gonçalves
Prévio de phono iFi iPhono
o vinilo apresentado de forma sublime
A
iFi é uma jovem empresa que logo desde que lançou os seus primeiros produtos causou uma razoável agitação no mercado audiófilo. Como dizem os ingleses «small is beautiful», e o tamanho foi um dos grandes argumentos da iFi, embora nunca o único. Aliás, o aparecimento da iFi percebe-se melhor se soubermos que por detrás dela está a AMR, o fabricante de um dos melhores leitores de CD’s lançados recentemente, o CD-777, e que o seu mentor é Thorsten Loesch, um guru do áudio que, embora sendo europeu, utiliza nos produtos por ele desenvolvidos os conceitos de rigor e precisão que normalmente são atribuídos aos melhores artesãos japoneses. E o recurso às mais modernas tecnologias de circuitos de áudio, combinadas com componentes SMD cuidadosamente seleccionados, permitiu que a iFi apresentasse no mercado um amplo conjunto de equipamentos, todos comungando do mesmo design externo e tendo como objectivo fundamental a obtenção de uma relação preço/qualidade o mais elevada possível e que conseguisse só por si fazer com que aqueles cuja atenção fosse atraída pela sua sonoridade se esquecessem do seu tamanho. E, não querendo antecipar os resultados deste ensaio, o «ruído» que se ouve a partir de tudo o que é publicação impressa ou web-magazine faz com que quase possa dizer que qualquer dos produtos lançados pela iFi-audio definiu para si próprio um espaço muito especial no mercado. E a panóplia de equipamentos propostos é já bem ampla:
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prévio iTube, conversor D/A iLink, alimentação iUSBPower, amplificador de auscultadores iCAN, prévio de phono iPhono (aqui em teste), cabo USB duplo IIGemini e mais qualquer coisa na manga, como se diz no site. Em meu entender, faz sentido um amplificador de potência mas, mesmo com as maravilhas que hoje em dia se podem fazer com a amplificação de classe D, duvido que se consiga fazer caber dentro de uma caixa tão diminuta um amplificador de potência com uma capacidade de saída significativa. Mas vamos esperar para ver.
Descrição técnica Tal como já disse acima, e se a caixa exterior já dá logo à primeira vista uma ideia de alta qualidade, com um belo acabamento em alumínio escovado, no interior denotamos igualmente uma excelente construção. Um circuito impresso habilmente desenhado alberga sobre si tudo o que são componentes, fichas RCA de saída e entrada e comutadores de controlo. É evidente o recurso a uma vasta quantidade de componentes SMD, especialmente em termos de resistências e de condensadores electrolíticos, e uma das coisas que mais rapidamente se destaca na parte inferior da caixa é um conjunto de três blocos de interruptores DIP para os mais diversos ajustes, entre os quais quatro tipos de curvas de correcção RIAA (em combinação com um comutador de alavanca colocado no painel traseiro), ajuste de ganho para cabeças MM ou MC, carga capacitiva para cabeças MM
(100 pF a 500 pF) e carga resistiva para cabeças MC (22 Ohm a 47 kOhm). Em termos de curvas de igualização estão disponíveis a RIAA standard, a chamada eRIAA (com uma constante de igualização extra, a 50 kHz), a IEC (com um corte extra a 20 Hz), a eRIAA+IEC, e ainda as que foram utilizadas em tempos pela Decca e pela Columbia. Nada mal, diria eu. É ainda possível inserir ou não um ganho extra de 6 dB, quer no caso de cabeças MM quer no caso de cabeças MC. As entradas para MM e MC são independentes e um comutador situado num dos painéis (é difícil dizer o que é parte traseira e parte frontal numa estrutura tão reduzida) possibilita a selecção de curvas igualizadoras em função dos discos que cada um tenha na sua discoteca e das editoras que os produziram. Num dos painéis (se é que lhes posso chamar assim, de tão diminutos que são) temos igualmente um terminal de massa, mas esse é que é mesmo minúsculo e só pode aceitar, no máximo, fio desnudado, tendo-me colocado muitas dificuldades para a fixação dos largos terminais que equipam o cabo van den Hul de prata que equipa o meu SME V. A miniaturização arrasta consigo pormenores deste tipo. A amplificação activa está entregue a um AmpOp da JRC (Japan Radio Company), o 2068, uma versão dupla, com um nível de ruído baixíssimo (0,56 microVolt), distorção mínima (0,001%) e slew-rate elevado – 6 V/microssegundo. Interessante ainda o facto de os interruptores DIP controlarem interruptores CMOS de baixa re-
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sistência contidos em circuitos integrados CMOS do tipo 74HC4066, os quais, por sua vez, seleccionam os componentes passivos adstritos a cada uma das funções. Na saída temos dois transístores, um por canal, em caixa SMD do tipo BC 857B (referência específica 3FW10) em montagem seguidor de emissor para garantir uma impedância o mais baixa possível. Há um pormenor que não consegui esclarecer no site da iFi-audio e que tem a ver com o facto de nele se referir que no iPhono se recorre a amplificação do tipo TubeState tri-brid, o que o designer define como sendo uma combinação de dispositivos activos bipolares, J-FET’s e componentes discretos avançados. Ora, os dois transístores de saída são bipolares, o mesmo aconte-
cendo com os transístores contidos no AmpOp JRC 2068. Só temos algo de diferente nos comutadores 4066, que são do tipo CMOS, mas esses são mesmo comutadores e não deverão, idealmente, interferir activa ou passivamente o sinal que está a ser amplificado. Um mistério para esclarecer mais tarde, quando falar com o projectista. A tensão de alimentação negativa de -9 V é obtida a partir dos 9 V de entrada, provenientes de um alimentador exterior, através de um circuito integrado conversor de tensão do tipo comutado, o MC34063. Deste modo evita-se a necessidade de utilização de um alimentador do tipo simétrico, algo muito raro, diria mesmo inexistente no mercado nos tempos que correm, em que o recurso a uma vas-
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ta panóplia de circuitos integrados permite obter quase qualquer tipo de tensão, seja ela positiva ou negativa ou de valor maior ou menor do que o da tensão inicial. Um conjunto de três LED’s indicadores assinala o estado de funcionamento do prévio. As características finais indicadas pela iFi-audio são as seguintes: gama dinâmica em MM – 96 dB; gama dinâmica em MC – 90 dB; ganho até 66 dB suficiente para praticamente todo o tipo de cabeças MC; relação sinal/ruído de 76 dB em MM e 82 dB em MC; resposta em frequência de 19 Hz a 100 kHz, ±0,5 dB. O consumo é mínimo (inferior a 4 W), pelo que se pode deixar o iPhono permanentemente ligado sem termos problemas de consciência em
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teste
Prévio de phono iFi iPhono
termos da sua pegada ecológica. O manual de utilização é sucinto em palavras mas, conjugado com a excelente informação impressa na parte inferior do iPhono e o claro manual disponível online, que explicita os ajustes com desenhos altamente compreensíveis dos diversos blocos de comutadores DIP, não vejo que qualquer utilizador venha a ter problemas em configurar o prévio de phono de acordo com as suas necessidades específicas.
Audições O iPhono integrou-se, e muito bem, no meu sistema habitual: amplificador de potência Mark Levinson N.º 27.5, prévio autoconstruído, colunas Quad ESL-63 e gira-discos Basis Gold Debut, com braço SME V Gold e cabeça van den Hul Grasshopper Colibri. A ligação na entrada fazia-se pelo cabo de prata da van den Hul, sendo o de retorno para o prévio o Black Rhodium Requiem. Como chegou quase «virgem» a minha casa, dei alguns dias de rodagem ao iPhono, deixando-o ligado em permanência (o seu baixo consumo não me causou problemas de consciência, como frisei acima) e reproduzindo todos os dias alguns discos, sem qualquer compromisso e sem me preocupar em qualificar quantitativamente a sua performance. Passados cinco dias de tratamento achei que era chegado o momento de lhe dar uma oportunidade e, em face de não ser possível ajustar a resistência de carga para o valor mais «apetecido» pela Colibri e que anda em torno dos 500 Ohm, resolvi começar com 1 kOhm, igualização eRIAA e ganho máximo de 66 dB. Começou tudo muito bem, principalmente em termos de ruído de fundo, realmente completamente inaudível, e uma espantosa espacialidade, mas parecia que em termos dinâmicos o iPhono estava algo tímido, diria mesmo envergonhado,
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custando-lhe a dar largas ao dinamismo que eu sabia estar contido dentro das espiras de alguns dos meus LP’s favoritos. Assim sendo, dediquei mais algumas horas ao estudo aprofundado de toda a informação e, ao mesmo tempo, recordei-me de que nunca na minha vida tinha gostado da curva eRIAA que, embora tenha como objectivo principal não atenuar tanto as altas frequências, tem igualmente um efeito secundário pouco divulgado e que se traduz num corte das frequências abaixo dos 20 Hz. E não é que elas façam falta em termos absolutos, até porque as ESL-63 não têm uma resposta em graves por aí além abaixo dos 40… 45 Hz, mas o que se passa é que esta atenuação extra rouba peso/corpo nas gamas de frequência mais acima, principalmente nas situadas entre os 100… 150 Hz e os 3 kHz, que são aquelas a que o nosso ouvido é mais sensível. Como tal, tomei duas decisões: mudei a resistência de carga para 330 Ohm e alterei a curva de correcção RIAA. E, para além de confirmar uma vez mais que o ruído de fundo do iPhono é praticamente inaudível, deparei-me com uma performance sonora que pedia meças não só ao que eu tinha começado por ouvir como a muitos prévios phono que já por aqui passaram e que custavam algo como duas a três vezes o seu preço: o som é limpo, líquido, com uma fluência que desarma qualquer um e, ao mesmo tempo, uma dinâmica e espacialidade que prestam homenagem às boas gravações em vinilo (e ele há tantas!). Para percorrer vias diferentes das habituais, fui buscar a colecção de discos que me foi oferecida pelo Peter Qvortrup quando estive na Audionote aqui há cerca de um ano e meio e que aborda a época do swing nos Estados Unidos, com gravações de músicas muito populares nos anos de 1940 e 1950, numa compilação da Time
Life. Pude re-ouvir clássicos tais como Take the “A” Train e Anvil Chorus, o primeiro de Duke Ellington e o segundo de Glenn Miller, com uma musicalidade tal que quase custa a acreditar, mas não só, já que o swing estava em todo lado, fazendo mesmo por tentar pôr a mexer quem estava comodamente sentado. Uma coisa que este iPhono tem é comunicabilidade e faz bem gala disso! Passei então a uma outra boa gravação que cá tenho, muito certamente com alguma intervenção do deus da sorte, porque da Philips já me habituei há muitos anos a esperar desde o muito mau ao muito bom, e no caso das Sonatas para Violino e Piano números 5 e 9, de Beethoven, com David Oistrakh no violino e Lev Oborin ao piano, temos uma combinação de dois intérpretes de altíssimo nível mas, tanto ou mais que isso, temos uma excelente gravação que capta toda a virtuosidade de cada um deles e consegue trazer até ao ouvinte toda a sinergia que une dois grandes músicos quando tocam juntos e se entendem perfeitamente entre si. No extremo, talvez pedisse que a gama média deste disco que conheço bem fosse um tudo nada mais aberta mas, que diabo, a perfeição não existe e, caso existisse, seguramente que seria uma grande chatice! Toda a luz e calor que caracterizam a transição da Primavera para o Verão, ou caracterizavam, nos tempos em que tínhamos estações a sério, está aqui bem presente e foi-me colocada no colo por este excelente prévio de phono quando da reprodução da sonata número 5, exactamente designada Frühlingssonate (Primavera). Os primeiros movimentos desta composição fazem lembrar um pouco o estilo de Schubert e, ao estilo deste compositor, definem um intrincado diálogo entre os dois instrumentos que não permite que desviemos a atenção da composição nem por um segundo: os requebros do piano são acom-
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vir música assim é um privilégio e é realmente de louvar que um produto como o iPhono apareça num momento em que o interesse pelo vinilo está tão presente nas gerações mais novas.
Conclusão
panhados de maneira irrepreensível pelas subidas bem ascensionais do violino, num permanente jogo de cumplicidades. E que melhor «aquecimento» poderia eu esperar para o senhor que se seguiu, uma gravação absolutamente fabulosa de Moodsville, de Bennie Wallace, um conjunto de dois discos de 180 gramas, um prensado a 45 r.p.m. e o outro a 33 r.p.m. editado pela Groove Note e que eu comprei aqui há uns anos no Japão a um preço que nem me atrevo a mencionar. O lado B do disco de 45 r.p.m. contém apenas
uma faixa, com a música I’ill Never Smile Again, mas que faixa – merece bem todos os euros que seguramente lhe caberão se eu me puser a ratear o custo final pelas três únicas faixas que este disco tem. O saxofone de Bennie tem uma beleza única e insofismável e o diálogo permanente do contrabaixo de Peter Washington estabelece uma vivência tal que demonstra à saciedade o que são os valores absolutos do jazz: ritmo, diálogo entre instrumentos, variações quase infindáveis sobre um mesmo tema e assim por diante. Ou-
Como acabo de dizer, o iPhono aparece no mercado no momento ideal: é um produto com uma estética muito agradável e favorecido pelas suas dimensões reduzidas, que seguramente apelará às gerações que vêm do iPhone (existe aqui um jogo de palavras muito interessante – nem sei como é que a Apple não registou também esta designação da iFi-audio), tendo inclusive um preço que não afasta nenhum desses potenciais compradores. As capacidades de configuração/ajuste são bem amplas, a sua sonoridade cativante e quase isenta de ruído, com uma imagem espacial que nos deixa rendidos. Eu fiquei, seguramente. E o leitor, porque não se deixa igualmente tentar? Unidade de phono iPhono Representante: Esotérico Preço: 449 m Telef.: 219 839 550 Web: www.esoterico.pt
15, 16 e 17 de Novembro
O Show tem que continuar! 15 Nov. das 15 às 22 h | 16 Nov. das 15 às 22 h | 17 Nov. das 15 às 20 h
Hotel Pestana Palace Rua Jau, 54 Alto de Santo Amaro Lisboa
reportagem
Jorge Gonçalves
IFA 2013, o mundo em 4K!
Q
uase que se torna desnecessário salientar a importância que a IFA assumiu já a nível mundial, numa compita permanente com o CES para o título de maior evento mundial no campo da electrónica de consumo (e não só). A edição deste ano foi novamente um sucesso marcante, com as grandes novidades a centrarem-se fundamentalmente na televisão, sendo o lançamento de televisores 4K por parte de quase todos os grandes nomes o que mais chamou a atenção dos inúmeros visitantes. Os painéis curvos começam igualmente a estar em foco, com lançamentos por parte da Samsung e da LG, bem como se tornou interessante verificar que, por um lado, existem nomes que parecem estar a regressar, como é o caso da Thomson e da Grundig, enquanto outros se começam a afirmar como players importantes do mercado de televisão, como é o caso da Vestel. Mas nem só de televisão se viveu este ano em Berlim: o áudio foi igualmente um campo onde se assistiu a muitos lançamentos, desde equipamentos de streaming a dispositivos portáteis, sendo o Samsung Galaxy Gear o que mais concentrou as atenções dos visitantes – trata-se de um relógio sofisticado que, em conjun-
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to com o recente notebook Note 3 ou com alguns dos telemóveis da marca, possibilita a implementação de um vasto conjunto de acções, desde fazer chamadas, tirar fotos, aceder à Internet, controlar a actividade física e assim por diante. De um modo bem à altura dos seus pergaminhos, a Samsung antecipou-se assim à Apple, que vem anunciando um dispositivo deste género já há algum tempo. E, numa feira global como é a IFA, tenho que reconhecer igualmente que a chamada linha branca está a assumir uma
presença extremamente importante, com todos os grandes nomes desta área a marcarem presença e a ocuparem um espaço total com cada vez maior relevância. Poderia pensar-se que se ouviriam protestos por parte dos fabricantes de produtos convencionais de electrónica de consumo, mas tal não pareceu muito evidente, até porque vários deles, tais como a Sony, a Samsung, a Panasonic e a Philips, têm igualmente uma oferta interessante de equipamentos para o lar. Mas falemos então da televisão 4K.
O relógio de pulso Galaxy Gear tem um impressionante conjunto de tecnologia integrado.
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Como se não bastasse um modelo com 98 polegadas, a Samsung apresentou o maior televisor UHD do mundo, com nada menos de 110 polegadas de diagonal de ecrã.
A LG apresentou dois modelos de televisores UHD, um com 55 e outro com 65 polegadas de diagonal. Segundo a marca, serão os primeiros a incorporar um descodificador HEVC.
A Sony fez um grande investimento no 4K, com uma boa parte da sua área de exposição dedicada a equipamentos capazes de reproduzir ou apresentar conteúdos de ultra-alta-definição.
Como marca principal do mercado europeu, e no mundo, já que a cada segundo se vendem dois televisores da marca a nível mundial, a Samsung tinha que fazer uma apresentação condizente das suas novidades, e foi assim que pudemos apreciar o maior ecrã UHD disponível actualmente nesta tecnologia, com nada menos de 110 polegadas de diagonal. Numa gama de dimensões mais domésticas tínhamos a linha F9000, equipada como o novo processamento de vídeo Quadmatic e com um design de moldura metálica minimalista. Claro que podem ser actualizados no futuro, já que integram a entrada para o Evolution Kit, bem como as alargadas capacidades Smart implementadas pela Samsung na sua linha de televisores para 2013. As dimensões de ecrã sugeridas são, para já, de 55 e 65 polegadas, isto para além do modelo de 85 polegadas lançado no início deste ano. A LG tinha igualmente propostas de ultra-alta-definição em 55 e 65 polegadas, as quais poderão ser vistas nas lojas europeias muito em breve. De acordo com a marca, estes televisores UHD/4K serão os primeiros no mundo a integrar o novo descodificador HEVC (High Efficiency Video Coding), que muito provavelmente será adoptado pelas estações de TV que vierem a fazer emissões 4K e que possibilitará que estes modelos possam ler directamente ficheiros 4K contidos num disco externo sem necessidade de um descodificador complementar. A propósito deste tema, deixo aqui já a indicação de que ao longo deste artigo vou utilizar indistintamente as designações 4K ou UHD para identificar os equipamentos de ultra-alta-definição pois, embora UHD tenha sido a designação escolhida pela CEA, a nível mundial os fabricantes tanto recorrem a UHD como a 4K para identificar as suas propostas, o que até nem deixa de fazer sentido quando se tem em conta que um televisor UHD tem,
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reportagem IFA 2013
Sem dar muito nas vistas antes da feira, a Panasonic lançou igualmente um modelo de 55 polegadas, equipado com uma entrada HDMI 2.0.
O Philips 65PFL9708 é sem dúvida um belo televisor, não só em termos de qualidade de imagem como no que toca a design e estética.
Os televisores OLED da Samsung passam a ter uma resolução de 4K.
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quase exactamente, uma definição de 4K, ou seja, quatro vezes a definição de um televisor Full HD. Ao mesmo tempo, a LG informou os visitantes da IFA de que está em negociações com fornecedores de conteúdos tais como, por exemplo, a RAI, a Sky e a Disney, para disponibilizar muito em breve conteúdos 4K aos compradores dos seus televisores. A Sony tinha uma grande parte da sua vasta área de exposição dedicada ao 4K, incluindo nessa abrangência mesmo áreas não convencionais, como a fotografia e os telemóveis. A presença de um leitor de streaming com capacidades 4K poderia levar a pensar que finalmente teríamos a possibilidade de fazer downloads de conteúdos 4K, mas a leitura de uma das placas de informação colocada junto a esse mesmo leitor retirava todas as esperanças, ao dizer claramente que esse serviço apenas estava disponível nos Estados Unidos. Como diria o diácono Remédios: «Não havia necessidade!». Mas, em termos de televisores teremos agora em distribuição mais alargada os dois modelos, com 55 e 65 polegadas que a Sony tinha lançado por volta do mês de Julho no continente europeu, o KD-55X9005 e o KD-65X9005. A Panasonic, mais uma vez sem fazer grande alarde prévio, apresentou igualmente uma linha 4K, muito em especial o modelo TX-65WT600, o primeiro com uma entrada 4K a 50 ou 60 Hz desenhado em torno da especificação HDMI 2.0 e com compatibilidade DisplayPort 1.2a. Deste modo está assegurada a compatibilidade directa com jogos ou outros conteúdos originados a partir de um PC utilizando a saída DisplayPort 60p. Quer este televisor quer outro com um ecrã de 55 polegadas deverão estar no mercado no momento em que ler estas linhas. A Philips, que já tinha recebido um prémio EISA pelo seu 65PFL9708, olhou para a sua gama UHDTV de uma maneira diferente, ao posicionar-se exclusivamente nas dimensões de ecrã mais elevadas, com a proposta de 84 polegadas a complementar a gama. O upscaling, algo que todos os televisores UHD fazem, está por conta do processador Ultra Pixel HD Engine, aconselhando a Philips que este processamento seja igualmente aplicado a eventuais originais 4K. O processamento de movimento tem lugar a uma frequência de 900 Hz e os dois televisores incluem um vasto conjunto de capacidades Smart. Mas a maior novidade nos 4K era o projector VPL-VW500ES, o qual implementa a norma HDMI 2.0 e tem capacidade de upscaling baseada no processador de vídeo Reality Creation e num novo algoritmo, desenvolvido para originais 4K remasterizados para Blu-ray, o qual permite fazer uma
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A Sony tinha igualmente em exposição um protótipo de televisor OLED 4K com 56 polegadas de diagonal.
O Sony VPL-VW500ES é o novo projector 4K da Sony. Apenas como nota de reportagem fica aqui a indicação de que o VPL-VW1000ES foi substituído há muito pouco tempo pelo VPL-VW1100ES, apresentado na CEDIA.
recriação muito precisa do original a partir de imagens Full HD. A luminosidade é de 1700 lúmen e a relação de contraste de 200.000:1. E, continuando a falar de 4K, é importante realçar que diversos fabricantes começam a combinar as qualidades dos painéis OLED com uma relação ultra-elevada. É o caso da Samsung, que apresentou modelos de ecrã plano e curvo, da LG, que tinha em exposição o maior modelo disponível em ecrã curvo, com uma dimensão de ecrã de 77 polegadas, da Sony, com um protótipo de 56 polegadas, e da Panasonic, que já tinha apresentado um equipamento deste tipo em Fevereiro passado. Claro que é fácil com isto perceber que o
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que os fabricantes em causa pretendem é ter uma resposta para os consumidores que apreciem de sobremaneira a tecnologia OLED mas não queiram prescindir da resolução 4K. Para além da ultra-alta-resolução, outro dos grandes aliciantes da IFA consubstanciou-se na forma dos equipamentos móveis, com o smartphone Xperia Z, da Sony a destacar-se, não só pelas suas capacidades intrínsecas, tais como a resistência à água, como pela inovadora capacidade de captação de imagens, proporcionada pela combinação da lente GLens com um sensor de imagem Exmor de 13 Mpixel, o que possibilita a captação, pela primeira vez, de vídeo HDR.
Já a Samsung causou grande sensação com o smartphone/tablet Note 3, com um ecrã AMOLED de 5,7 polegadas, capacidade LTE, a mais extensa memória RAM da indústria (3 GB) e um novo dispositivo de introdução de dados no ecrã táctil, sob a forma da S Pen. Complementado com o armazenamento de dados Samsung KNOX, torna-se uma completíssima ferramenta de trabalho. Já a LG apresentou o seu novo topo-de-gama G2, depois do excelente acolhimento que teve na Coreia. Está equipado com um ecrã Full HD IPS de 5,2 polegadas e com o processador Qualcomm Snapdragon 800. A câmara fotográfica tem uma resolução de 13 Mpixel, com capacidade
A LG anunciava o lançamento do maior televisor OLED, com 77 polegadas de diagonal.
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reportagem IFA 2013
Mas os televisores LCD convencionais também estão a ficar curvos, como o demonstram estes dois protótipos, da Sony e da Samsung.
A S Pen é uma excelente ferramenta de trabalho.
O G2 é o novo topo-de-gama dos telemóveis da LG.
Smartphone/tablet Samsung Galaxy Note 3
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de gravação de vídeo a 1080p/60 fps e, em termos de áudio, o G2 reproduz ficheiros com resoluções de até 24 bit/192 kHz. A bateria tem uma capacidade de 3000 mAh. Regressando agora ao áudio mais puro, o grande destaque tem que ir para o facto de a Sony ter feito como que um regresso às origens, ao anunciar um amplo conjunto de novos equipamentos capazes de reproduzir áudio de alta resolução: o leitor de áudio HA-Z1ES, com disco duro interno, o amplificador estéreo integrado TA-1ES, o sistema de áudio compacto HAP-S1, o amplificador com entrada para DAC USB UDA-1 e as colunas de prateleira SS-HA1 e SS-HA3. A intenção principal é a de poder reproduzir e ouvir praticamente todo o tipo de ficheiros de áudio de alta qualidade, incluindo formatos como DSD, FLAC e AIFF. Apenas como um exemplo, o HAP-Z1ES possui um disco interno de 1 TB, faz a remasterização de originais DSD, tem saídas balanceadas e a resposta em frequência vai de 2 Hz a 80 kHz. Este conjunto de equipamentos será seguramente recebido com entusiasmo por todos os que gostam de ouvir música de alta qualidade. Numa outra área, a AKG apresentou três novos auscultadores
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Auscultadores AKG K545
Harman Kardon Soho
JBL Spark, uma fonte de música e de luz.
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Auscultadores Pioneer MJ532-R.
com as referências K545, K845 BT e K323 XS . Os primeiros são muito apropriados para longas sessões de audição, graças às suas amplas almofadas e aos drivers de 50 mm, possuindo ainda dois cabos de ligação, um dos quais com um controlo remoto de três botões. Já os K845 BT são um modelo sem fios, com um belo acabamento em branco e controlos locais, com a transmissão a fazer-se através de Bluetooth. Os K323 XS são do tipo auricular, com drivers de 5,8 mm, e vêm equipados com quatro borrachas diferentes para um ajuste perfeito à orelha. A Harman Kardon tinha igualmente uns auscultadores em demonstração, os Soho, ao mesmo tempo que investiu na gama BDS de sistemas de cinema em casa 2.1 com um leitor de Blu-ray integrado e equipados com capacidades Bluetooth, AirPlay e DLNA. Isto para além do áudio portátil Onyx, agraciado com um prémio EISA. O JBL Spark é uma coluna sem fios com um formato muito original (parece um megafone), equipado com dois altifalantes de 40 mm, e com um amplo leque de cores vivas. Em termos de equipamentos móveis tínhamos igualmente as Pebbles, umas colunas do tipo Plug & Play para computador, com entradas USB e auxiliar. E, para não destoar, lá tínhamos mais dois auscultadores, os S700 e S500, complementados pelos auriculares S200 e S100. A Pioneer desvendou uma completa gama de receivers AV, todos suportando AirPlay e com capacidade de reprodução de ficheiros de 24 bit/192 kHz, bem como podendo ser controlados a partir de até quatro smartphones ou tablets. As referências são VSX-1123, VSX-923, VSX828, VSX-528, VSX-423 e VSX-323. A compatibilidade com vídeo 4K é igualmente um dos grandes aliciantes dos modelos topo-de-gama. As colunas wireless e os novos auscultadores foram ainda alvo de grande atenção por parte do público visitante. A Onkyo distribui agora igualmente a Teac e mostrou uma gama completa de barras sonoras, a LS-B40, a LS-B50 e a LS-T10, bem como
O sistema compacto HAP-S1 é um dos novos equipamentos da Sony com capacidade de reproduzir áudio de alta resolução.
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Amplificador integrado Teac AX-501
um novo receiver estéreo, o TX-8020, com tecnologia WRAT que disponibiliza 90 W por canal sobre 6 Ohm. A Teac mostrou os seus novos equipamentos de tamanho mini, de que se destaca o AX-501, com um design retro e que tem uma potência de 120 W por canal, estando a versão DA equipada com entradas digitais para um DAC interno. Regressando agora aos projectores, a Epson apresentou os modelos de cinema em casa EH-TW9200, na sequência dos recentes EH-TW7200 e EH-TW5200. O 9200 é o novo topo-de-gama e recorre à tecnologia Tri LCD, com painéis MLA D9 C2 Fine de 0,74 polegadas e com resolução de 1920 x 1080 pixel. A relação de contraste é de 600.000:1 e a lente permite variar o zoom entre 1,34 e 2,87 para 1. A versão 9200W permite receber sinais Full HD através da ligação sem fios. E, um pouco à vol d’oiseau, aqui ficam então estas impressões sobre o que foi a IFA 2013, resultado de uma passagem de um dia e meio pelos seus espaços principais, já que o resto do meu tempo de permanência em Berlim foi dedicado fundamentalmente à cerimónia de entrega dos prémios EISA, quer em termos de organização quer no que se refere ao even-
to em si. Mas espero que as palavras que aqui ficam deixem uma ideia muito aproximada deste importantíssimo evento europeu. De facto, com um número total de mais de 240.000 visitantes, entre os quais se incluem cerca de 6000 representantes dos média de 70 países visitando o certame, a IFA concita em volta de si todos os anos as atenções de todos aqueles que por esse mundo se interessam pela electrónica de consumo. As datas da IFA 2014 já estão definidas como estando compreendidas entre os dias 5 e 10 de Setembro de 2014. Até lá, então.
Projector Epson EH-TW9200
A Haier e a TCL/Thomson são dois nomes de que vamos ouvir falar com muito mais frequência nos tempos mais próximos.
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A iluminação LED está a ser abordada de modo muito sério pela Panasonic.
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A Loewe tinha em grande destaque a sua linha Individual, a qual recebeu um prémio EISA.
Quem é que se lembra ainda dos Sennheiser Orpheus, os topo da gama da marca apresentados na década de 90? Pois estavam em demonstração e com discos de vinilo como fonte de música!
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Claro que a EISA tinha novamente uma forte e destacada presença por todos os cantos da IFA.
Barra Sonora Onkyo LS-B50.
Por esta foto é fácil ter uma ideia das verdadeiras multidões que visitam a IFA
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teste
João Zeferino
REVEL PERFORMA / F208 / M105 / C205 Alta performance em toda a linha
C
omo o tempo voa. Estava eu aqui a tentar lembrar-me das primeiras audições que fiz a umas colunas Revel, quando encontrei no meu arquivo o teste que fiz às Revel F30; foi já há 13 anos, em Junho de 2000, que as mastodônticas F30 assentaram arraiais na minha sala de audições e me proporcionaram aquilo que na altura classifiquei como uma revelação audiófila. Depois das F30 outras se seguiram, como as monitoras M20 e M22, já para não falar numa audição decisiva das Ultima Studio 2, que ficaram deste então como colunas residentes no meu sistema. Uma das característica que me parece comum aos diversos modelos da marca tem a ver com a facilidade de enquadramento em salas de dimensões e formatos diversos, já que a sonoridade controlada, principalmente ao nível do registo grave, permite que a coluna se comporte de um modo mais independente da sala onde está colocada do que aquilo que se verifica com a generalidade das colunas. O ajuste electrónico da resposta do registo grave, existente nos modelos de maiores dimensões, é outra característica que muito con-
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tribui para a facilidade de colocação em sala.
Descrição A nova gama Performa Series 3 é constituída por nada menos que nove modelos, dois de colocação no chão, duas monitoras, duas centrais, uma coluna surround e dois subwoofers. Para este teste tivemos a oportunidade de testar o modelo de topo F208, as monitoras M105 e a central C205. A gama Performa Series 3 inclui novas unidades activas com cones de alumínio, bem como um novo tweeter de cúpula de alumínio acoplado a um guia de onda especificamente concebido para este tweeter e que foi desenhado de forma a proporcionar uma resposta do registo agudo fora do eixo mais suave, bem como superiores características de dispersão sonora. Os crossovers incluem indutores de núcleo de ar e condensadores de polipropileno de alta qualidade. As caixas são solidamente construídas, possuem extensos travamentos internos, de modo a reduzir e controlar as vibrações de caixa, e um formato ovalizado inspirado nos modelos topo-de-gama da série Ultima.
As F208 são um modelo de três vias e quatro unidades activas. O registo grave está a cargo de duas unidades de 8”, capazes de assegurar uma resposta até aos 34 Hz a -3 dB, a gama média é assegurada por uma unidade de 5,25” e o registo agudo por um tweeter de cúpula de 1”. O pórtico reflex, que se encontra na face frontal, possui um grande diâmetro e um rebordo arredondado, a fim de permitir um fluxo de ar uniforme e sem turbulência. Os acabamentos apresentam-se com uma qualidade excepcional e podem ser escolhidos entre nogueira ou lacado de piano de alto brilho, com alguns modelos a oferecerem ainda o branco em opção. Na traseira uma placa metálica contém as fichas de saída, em número de quatro por coluna para permitir a bicablagem/biamplificação, de excelente qualidade e que aceitam a ligação de todas as terminações possíveis, incluindo fichas banana. Além das fichas, as F208 dispõem de um controlo do nível do tweeter, que permite regulações entre -1 dB e +1 dB em passos de 0,5 dB. Esta regulação, embora subtil, revelou-se muito útil ao permitir adequar a resposta do tweeter às características acústicas da sala. Outro comutador permite alterar o contorno da resposta dos registos graves conforme a colocação da coluna é feita em espaço livre (normal) ou
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a menos de 90 cm de paredes ou objectos pesados (boundary). É possível ainda a utilização de cilindros de espuma no pórtico reflex para um corte adicional da energia do grave, em caso de necessidade. Na sala da Audio & Cinema em Casa ambos os comutadores ficaram na posição flat e os pórticos reflex desobstruídos. As colunas assentam em quatro robustos espigões para desacoplamento da coluna do chão, sendo estes espigões duplos e podendo optar-se por pontas afiadas para chão macio (alcatifa, carpete, etc.) ou arredondadas para soalho rígido. As M105 são um modelo de colocação em suporte ou prateleira, de duas vias e bass-reflex traseiro. As unidades activas constam de um altifalante de 5,25” para as frequências de médios/graves e o mesmo tweeter de 1” com o correspondente guia de onda. Na traseira um par das mesmas excelentes fichas aceita ligação simples. Quanto às C205, são o modelo de entrada nas colunas centrais. As unidades activas constam de duas unidades de 5,25” e o mesmo tweeter da restante família instalados em caixa selada. A coluna assenta em pés que têm a particularidade de ser mais altos à frente do que atrás, conferindo à coluna a necessária inclinação para cima sempre que esta é colocada sob um televisor ou tela de projecção. Tal como as
monitoras também a central está equipada com um único par de fichas de ligação.
Audições O conjunto Revel foi analisado na sala de testes da Audio & Cinema em Casa, tendo por companhia para sessões de cinema em casa três receivers da Sony, Pioneer e Yamaha, bem como um leitor de SACD da Sony e um leitor de Blu-ray da Loewe. Bastaram alguns instantes de audições
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para perceber que as Revel são umas meninas de muito alimento. Apesar das especificações eléctricas (88,5 dB a 8 Ohm, sem indicação de valor mínimo de impedância) não sugerirem nenhuma dificuldade especial, a verdade é que a ausência de um registo grave consentâneo com o expectável de duas unidades de 8” revela de imediato que amplificação musculada é um requisito fundamental para se realizar o pleno potencial das Revel.
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teste
REVEL PERFORMA / F208 / M105 / C205
Especificações técnicas: F208 Tipo de caixa
Coluna de chão de 3 vias – bass-reflex frontal
Unidades de graves
2 altifalantes com cones de alumínio de 20 cm
Unidade de médias frequências
1 altifalante com cone de alumínio de 13 cm
Tweeter
De cúpula com 1” e guia de onda
Potência recomendada
50 – 350 W
Extensão de baixas frequências
23 Hz (-10 dB); 27 Hz (-6 dB); 31 Hz (-3 dB)
Impedância nominal
8 Ohm
Sensibilidade (2,83V / 1 m)
88,5 dB
Frequências do crossover
270 Hz e 2,2 kHz
Controlos
– Contorno da resposta de baixas frequências – Nível de saída de altas frequências
Dimensões
1182 mm x 300 mm x 375 mm
Peso
36,3 kg
Ainda que sem a opulência e o refinamento da série Ultima, como não podia deixar de ser, a verdade é que as Performa 3 apresentaram-me algumas características daquelas e até um certo som de família, o que não deixa de ser notável face à diferença de preços em causa. Dito isto, reconheci de imediato nas F208 um certo à-vontade com que tratam mesmo os trechos musicais mais densos ou complexos, mantendo sempre uma compostura e um férreo controlo sobre o processo de reprodução sonora. Com uma sonoridade muito aberta e clara podem, quando muito puxadas, exibir uma certa nasalidade, que se manifesta de forma mais ou menos evidente conforme a competência da amplificação para manter aquele conjunto de altifalantes sob controlo. Em trechos de cinema em casa utilizámos um subwoofer KEF PSW-2500 como complemento ao conjunto das Revel. Esta associação comporta-se de forma especta-
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cular, sendo capaz de edificar uma esfera sonora ampla e envolvente, com uma presença possante e uma clara dicção da voz dos personagens, para além de reveladora dos mais ínfimos detalhes presentes na banda sonora sem, contudo, deixar de apresentar o evento como um todo coeso e uniforme. Globalmente a sonoridade das Revel é de uma assinalável neutralidade, no sentido em que parecem sempre responder de forma óbvia a alterações de fonte ou amplificação, funcionando como transportadoras da mensagem da electrónica que se pretende o mais afim e menos adulterada possível. O registo grave das F208 é extenso e possante mas nunca exagerado, nem procura sobrepor-se aos registos médios e agudo, tentação na qual muitas colunas desta dimensão por vezes caem. Muito pelo contrário, as F208 desenvolvem um grave que confere escala ao evento musical mas é também informativo, articulado
e bem timbrado. Tal como nos modelos da série Ultima, também as F208 revelaram um grave muito bem amortecido e excelentemente controlado, característica que contribuirá sem dúvida para a facilidade de instalação em sala. A gama média é de uma clareza cristalina, característica também presente no registo agudo, do que resulta uma integração quase perfeita entre as unidades activas, principalmente entre os médios e os agudos. É aqui que, por vezes, se pode fazer notar a já referida ligeira nasalidade, efeito que, contudo, será bastante dependente da qualidade da amplificação que lhes for associada. Se a esfera sonora criada pelo conjunto em sessões de cinema em casa é espectacular, o palco sonoro edificado pelas F208 em estéreo não o é menos. Grandioso na escala, de apresentação ligeiramente recuada, capaz de abarcar uma orquestra sinfónica muito para além dos limites físicos impostos pelas colunas, estas são ca-
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Especificações técnicas: M105 Tipo de caixa
Coluna monitora de 2 vias – bass-reflex traseiro
Unidade de médios/graves
1 altifalante com cone de alumínio de 13 cm
Tweeter
De cúpula com 1” e guia de onda
Potência recomendada
50 – 120 W
Extensão de baixas frequências
44 Hz (-10 dB); 56 Hz (-6 dB); 60 Hz (-3 dB)
Impedância nominal
8 Ohm
Sensibilidade (2,83 V / 1 m)
86 dB
Frequência do crossover
2,3 kHz
Dimensões
356 mm x 200 mm x 248 mm
Peso
7,2 kg
C205 Tipo de caixa
Coluna central de 2 vias – selada
Unidades de médios/graves
2 altifalantes com cones de alumínio de 13 cm
Tweeter
De cúpula com 1” e guia de onda
Potência recomendada
50 – 120 W
Extensão de baixas frequências
46 Hz (-10 dB); 62 Hz (-6dB); 80 Hz (-3dB)
Impedância nominal
8 Ohm
Sensibilidade (2,83 V / 1 m)
89 dB
Frequência do crossover
1,7 kHz
Dimensões
200 mm x 532 mm x 292 mm
Peso
11,9 kg
pazes de recriar um evento musical com completa verosimilhança e proporcionar ao ouvinte momentos de puro prazer auditivo.
Conclusão As Revel Performa 3 são a mais recente aposta da marca norte-americana. Apesar de serem a entrada de gama não são colunas baratas. Contudo, a performance também não tem nada de barato. Todos os modelos contam com caixas solidamente construídas e acabamentos exemplares, para além de unidades activas patenteadas de excelente qualidade. Seja como conjunto para um sistema de cinema em casa de elevado gabarito, seja em estéreo num sistema audiófilo mais convencional, a nova gama da Revel tem todos os argumentos para se assumir como uma escolha acertada. No respectivo escalão de preços são uma opção a não deixar de ouvir. Recomendadas.
Revel Performa Preços (IVA não incluído) F208
2500g
M105
750 g
C205
1000 g
Representante: Genesis Technologies Portugal Telef.: 910 669 090 Web: www.genesis-technologies.pt
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João Zeferino
Receivers AV preços e performance diferentes mas a mesma ambição
SONY STR-DA5800ES
PIONEER VSX-923
YAMAHA RX-A730 76 Audio & Cinema em Casa
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á é quase uma tradição. Chega o Verão e com ele chegam à redacção da Audio & Cinema em Casa as mais recentes propostas de receivers A/V. Cada vez mais completos e multifacetados nas suas funcionalidades, os receivers assumem hoje um papel de centro nevrálgico de um sistema de áudio e vídeo, onde não podem faltar as faculdades de ligação em rede, já que é pela Internet que cada vez mais passam os conteúdos multimédia mais apreciados. A comparação entre os três modelos em análise não pode ser considerada de um ponto de vista linear, uma vez que existe uma disparidade de preços que condiciona o respectivo desempenho; contudo permitiu-nos perceber até que ponto um acréscimo no preço se traduz na prática num correspondente acréscimo na qualidade. Se nos recordarmos dos receivers de há uma década, percebemos facilmente a enorme evolução entretanto operada. Não apenas ficaram mais completos nas suas funcionalidades, como resultado das constantes inovações tecnológicas, assumindo-se como verdadeiros centros de controlo e comutação de sinais de áudio e vídeo, como também se assistiu a uma substancial melhoria da performance em áudio, permitindo a sua comparação com amplificadores integrados estéreo e podendo assim, sem pejo, substituir estes na tarefa da melhor reprodução possível da vertente puramente áudio. A análise aos três modelos foi realizada na sala de testes da Audio & Cinema em Casa, tendo como equipamento complementar um leitor de Blu-ray Loewe Blu-Tech Vision 3D, e como colunas um conjunto Revel da nova série Performa 3, constituído pelas frontais F208, monitoras traseiras M105 e central C205. Foi ainda utilizado o subwoofer residente KEF PSW2500 e o extraordinário televisor Sony KDL-55W905A. Passemos agora a uma descrição sucinta das principais características e funcionalidades de cada um dos modelos.
Análise O software utilizado constou do filme Liga
de Cavalheiros Extraordinários e do concerto Dave Mathews e Tim Reynolds – Live in City Hall, e ainda das faixas They Can’t Take That Away from Me de Gershwin, na versão de Jane Monheit e John Pizarelli, e Appalachian Spring de Aaron Copland, pela Orquestra Sinfónica de São Francisco, incluídas num disco Blu-ray de demonstração. Começámos a análise pelo Sony, que se revelou de imediato como um receiver de elevadas pretensões. De facto, a sonoridade aberta, dinâmica e enérgica que emana deste demarca-o da generalidade dos receivers de entrada de gama e aproxima-o de amplificadores estéreo dedicados de elevada qualidade. Em trechos musicais foi notória a capacidade do Sony para edificar um palco sonoro de grande amplitude, ao qual se junta uma dinâmica convincente e uma apresentação limpa, sem quaisquer vestígios de agressividade ou efeitos gratuitos, de que muitas vezes se usa e abusa sem qualquer vantagem real para as audições que não sejam o impressionar aos primeiros minutos para depois se transformarem em características indutoras de cansaço auditivo. Em sessões de cinema em casa, o Sony brindou-nos com uma envolvência surround muito uniforme e onde a uma sonoridade rápida e dinamicamente convincente se junta uma invulgar capacidade para revelar detalhes, quer do ponto de vista da localização espacial quer de um ponto de vista estritamente musical. Os diálogos são apresentados com uma excelente clareza de dicção, mantendo-se sempre facilmente perceptíveis, independentemente da complexidade e/ou volume da banda sonora que dá sustento à acção cinematográfica. No ano passado o antecessor deste Pioneer, o VSX-922, deixou-nos muito bem impressionados pela excelente relação qualidade/preço demonstrada, tendo inclusive sido agraciado quer com o prémio EISA, quer com o prémio de Receiver do Ano da Audio & Cinema em Casa. Sobre o modelo VSX-923 recai assim a difícil tarefa de substituir um modelo multipremiado. Felizmente as expectativas não saíram
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goradas. Tal como o modelo que substitui, o VSX-923 exibe uma performance de grande nível, onde pontua uma sonoridade muito clara, natural e com uma excelente recriação do ambiente. Ainda que não ao nível do modelo da Sony, o que não é de admirar face à considerável diferença de preço, o Pionner não se envergonha mesmo numa situação de comparação directa. Claro que não tem o mesmo à-vontade dinâmico e a mesma transparência do Sony, mas tudo o que faz faz bem feito e consegue a proeza de se adaptar com igual facilidade a sessões musicais em estéreo e na reprodução das mais vigorosas bandas sonoras de filmes de acção. Tal como o Pioneer, o modelo da Yamaha também não trouxe grandes novidades relativamente àquele que analisámos em 2012, pelo menos tanto quanto a nossa memória auditiva nos permitiu recordar. Assim, a sonoridade do Yamaha RX-A730 apresentou-se como ligeiramente escura, resultado de um registo agudo limpo mas algo retraído face à gama média, ainda que este efeito seja menos pronunciado do que com o modelo anterior, o
Sony STR-DA5800ES •• 9.2 canais; 9 x 145 Watt @ 8 Ohm; 1 kHz, THD 1% 1 canal; •• Certificação Control4 para integração em sistemas de home-automation; •• 9 entradas HDMI v1.4 (1 painel frontal), 3 saídas (1 com Audio Return Channel); •• Conversão de vídeo por componentes e vídeo composto para HDMI; •• 4K by-pass; upscaling de vídeo de baixa resolução até 4K sobre HDMI; •• Formatos Dolby True HD, DTS-HD Master e DSD (SACD); incluindo Dolby IIz surround, DTS Neo:X, 12 modos DSP patenteados; •• Sistema DCAC auto-setup/calibração; •• Streaming via cabo Ethernet; hub Ethernet com 4 portas; •• Sintonizador FM/AM / rádio por Internet; •• Porta USB.
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Sony STR-DA5800ES Pioneer VSX-923 Yamaha RX-A730
Pioneer VSX-923 •• 7.2 canais – 150 W por canal; •• Upscaling para 1080p e conversão para HDMI – 4K pass-through; •• Descodificação Dolby True HD, DTS-HD e ProLogic IIz; •• Sistema avançado auto-setup MCACC; •• 8 x HDMI v1.4a com bypass 3D (1 com Audio Return Channel); •• DAC 24 bit/192 kHz; •• Rádio FM/AM e rádio por Internet; •• Reprodução de ficheiros AIFF, ALAC, WAV e FLAC; •• Wi-Fi opcional com adaptador AS-WL300 USB Wi-Fi ; •• Entrada USB para iPOD; •• App Bluetooth Air Jam; •• Controlo via iPhone/iPad/iPod com a app iControl AV2012.
que terá com certeza a ver com as colunas utilizadas, que possuem um agudo explícito e bem aberto. Em termos de resolução espacial o Yamaha continua a estar muito bem, quer em sessões de cinema em casa quer em audições estéreo, e consegue sempre um equilíbrio notável entre os diálogos e os restantes efeitos presentes na banda sonora, sem nunca resvalar para a espectacularidade gratuita, mas conseguindo sempre proporcionar um bom equilíbrio entre envolvência e naturalidade de apresentação sonora e a necessária energia que torna estimulantes as sessões de cinema mais dinâmicas e desenvoltas.
Conclusão
Yamaha RX-A730 •• 7 x 90 Watt @ 8 Ohm – (20-20.000 Hz) com 0,09% THD; •• Dolby® e DTS®; •• Upscaling para 1080p e 4K e conversão para HDMI; vídeo 4K e vídeo 3D pass-through; •• YPAO (Yamaha Parametric Room Acoustic Optimizer) para calibração automatica dos canais; •• Rádio FM/AM e rádio por Internet; •• Wi-Fi e Bluetooth opcionais com adaptador; •• DAC Burr-Brown 24 bit/192 kHz para todos os canais; •• 6 entradas HDMI e 1 saída, incluindo 1 no painel frontal; •• Porta Ethernet; •• Porta USB frontal.
A comparação entre estes três receivers acabou por ser uma experiência interessante. Por um lado porque, ao termos utilizado um conjunto de colunas com um nível bem acima da mediania das que irão ser usadas na maior parte dos casos pelos utilizadores finais destes receivers, pudemos ficar com uma ideia clara do respectivo potencial e, por outro lado, porque nos permitiu perceber o ganho em performance que se obtém ao passar de um receiver de nível de entrada para um modelo de topo de gama. Foi evidente que o modelo da Sony se superiorizou facilmente em comparação com os outros dois; contudo, mais difícil foi quantificar essa diferença. Se com as colunas da Revel eu diria que mais do que se justifica a diferença de preço, outros ouvidos com outras colunas menos exigen-
tes provavelmente terão uma opinião divergente da minha. É que tanto o Pioneer quanto o Yamaha não se intimidaram com o sistema e revelaram possuir um pulmão bem maior do que o expectável face ao preço. As diferenças entre eles colocam-se basicamente ao nível do gosto pessoal e/ou das colunas com que irão ser utilizados, mais claro e natural na apresentação o Pioneer, mais escuro e encorpado na gama média o Yamaha, ambos com uma óptima resolução espacial e uma excelente versatilidade de utilização. O Sony destaca-se não apenas pela maior pujança dinâmica e uma superior capacidade de controlo das colunas, mas também por uma performance mais neutra, de superior transparência e fina resolução. Num sistema A/V de elevados pergaminhos e com umas colunas capazes de revelar o superior potencial do Sony, a diferença de preço justifica-se, na minha opinião, plenamente, e confere-lhe, em conclusão, uma muito merecida recomendação.
Sony STR-DA5800ES Representante: Sony Portugal Preço: 2499 m Telef.: 808 200 185 Web: www.sony.pt Pioneer VSX-923 Representante: Pioneer Ibérica/ Portugal Preço: 599 m Telef.: 217 162 204 Web: www.pioneer.eu/pt Yamaha RX-A730 Representante: Mayro Portugal Preço: 799 m Telef.: 219 427 830 Web: www.yamaha-pt.com
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discopatia
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Honorato Pimentel E-mail: honorato_pim@netcabo.pt
A SÉRIE PIRATA, OU (AUTO)RETRATO DO ARTISTA ENQUANTO JOVEM
de sempre da música popular norte-americana. Discopatia tem-se babado com a maioria dos itens desta série, que já vai no provecto número 10, qual deles o mais fundamental, e dela tem dado entusiástica conta. A respectiva contabilidade acaba de se enriquecer com a mais recente contribuição – Another Self Portait (1969-1971) desmistifica o patinho feio da discografia de Dylan, Self Portrait, cuja reacção decepcionada dos fãs foi sintetizada e imortalizada na célebre tirada de Greil Marcus, famoso crítico e biógrafo do bardo de Minnesota: what is this shit? Em 2013, o mesmo Greil Marcus é obrigado a morder as abas do chapéu e assina as notas de Self Portrait, onde, através de um mea culpa, se rende aos encantos ocultos das gravações tais como foram originalmente concebidas.
A HISTÓRIA
Bootleg: adj.; ilícito, contrabando, pirata (aplicado à música).
E
m tempos não muito remotos, as gravações piratas (bootlegs) prosperavam no mercado clandestino, disputadas com avidez por fãs sedentos de registos não oficiais dos seus ídolos. Com o advento da Internet e a proliferação de sites de downloads, essa prosperidade encolheu e diminuiu o número de bancas comandadas por patuscos operadores «piratas», reclamando exorbitâncias por gravações roufenhas, «à pala» do seu ineditismo. Nem Discopatia se furtou a esse sortilégio (oops, na era da espionagem electrónica, será que esta confissão me valerá o SIS ou a ASAE à perna?) e desses tempos rebeldes guardo, por exemplo, um precioso exemplar de um dos mais preciosos e pioneiros documentos do género, The Great White Wonder, o tão monumental quanto secreto registo das gravações caseiras de um recluso Bob Dylan com The Band, em 1967, na cave da mítica residên-
cia The Big Pink, em West Saugerties, estado de Nova Iorque. O mesmo The Great White Wonder que viria a conhecer edição oficial no formato vinilo em 1975, sob o conseguido título The Basement Tapes. Em face do número astronómico de edições piratas das suas canções, Dylan (ou o seu management) congeminou um golpe de génio, afinal o ovo de Colombo que permitiu canalizar para os bolsos da etiqueta os lucros antes sonegados – publicar, com periodicidade e em condições sónicas finalmente decentes, um conjunto de gravações inéditas e escapadas ao alinhamento dos discos oficiais, sob o apelativo e romântico nome de The Bootleg Series, futuro farol incontornável de contracultura e porta de acesso ao inesgotável baú de preciosidades do maior criador
A 29 de Julho de 1966 Dylan estampava-se com a sua Triumph e cessava a actividade, após imparáveis e anfetamínicos anos de infindáveis tournées e gloriosa produção discográfica. Da sua recuperação ficou suspensa a comunidade dylanófila. E uma indústria frustrada. O artista resolvera repensar a carreira e recusar o infernal ritmo anterior, o qual, nas suas palavras, apenas servia «para alimentar todas aquelas sanguessugas». Retirando-se para a sua casa rural perto de Woodstock, Dylan abraçou uma aurea mediocritas, vendo os filhos crescer, aprendendo a pintar1 e tocando descomprometidamente com a vizinha The Band (as aludidas Basement Tapes).
John Wesley Harding (1968)
A razão por que Dylan, ou a Columbia, não considerou as Basement Tapes2 de intere-
1 Tanto as capas de Self Portrait, como de Another Self Portrait, retratos de cariz expressionista , são da autoria de Dylan. Até 5 de Janeiro de 2014, a National Portrait Gallery, de Londres, acolhe Bob Dylan: Face Value, uma exposição de retratos em pastel do artista, pintor e retratista Bob Dylan. Esta não é, aliás, a primeira incursão de Robert Zimmerman nas artes plásticas, após as polémicas Asian Series expostas em 2011 na Gagosian Gallery, em Nova Iorque. 2 São incontáveis as versões de temas das Basement Tapes, mina de ouro para Manfred Mann, Byrds, Julie Driscoll, Peter, Paul & Mary, Fairport Convention e tantos outros.
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discopatia sic, tida como a forma musical mais reaccionária da América e símbolo do muito contra que Dylan antes lutara. Em anos de grande contestação à guerra do Vietname e em que muitos aspiravam a um Dylan de novo profeta da rebeldia e contestação ao sistema, o bardo do Minnesota parecia abraçar a causa errada, dormindo com o inimigo e elegendo Johnny Cash, o patriarca do género (ele, contudo, afinal também um não alinhado) como amigo dilecto. O tema de abertura de Nashville Skyline, aliás, é um dueto com Cash, a reprise de Girl from the North Country, originalmente incluída no segundo álbum do autor, The Freewheelin’ Bob Dylan. Nashville Skyline não é um repositório das mais memoráveis canções de Dylan (a melhor é a inesquecível balada I Threw It All Away), temas com estruturas melódicas simples e letras convencionais. Como se não bastasse, Dylan exibia um novo estilo vocal, mais nasalado e aparentemente inautêntico, arquétipo do kitsch.
Self Portrait (1970) se comercial, incomensurável gaffe apenas reparada em 1975, motivou um hiato editorial vencido em 1968 com John Wesley Harding, um encantador álbum low-key em que Dylan apenas se faz acompanhar pela tão discreta como eficaz secção rítmica dos fiéis Charles McCoy e Kenny Butrey. Com a possível excepção do fôlego narrativo de The Ballad of Frankie Lee and Judas Priest ou a intensidade do intenso All Along the Watchtower, explorado (e explodido) electricamente por Jimi Hendrix, o álbum favorece canções simples povoadas de personagens modestos (I Am a Lonesome Hobo, I Pity the Poor Immigrant, John Wesley Harding) e onde se intui uma viragem estética em direcção ao grande cancioneiro tradicional
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americano, o desconhecido primeiro amor de um jovem Dylan imortalizado pelas tiradas de protesto ou o irado sarcasmo dos anos eléctricos. À incendiária combustão de Like a Rolling Stone, sucedia a desarmante poesia doméstica de I’ll Be Your Baby Tonight.
Nashville Skyline (1969)
Se John Wesley Harding fôra saudado com alívio por uns fãs órfãos do seu patriarca, embora sinalizasse um inesperado retorno a formas musicais mais simples em plenos anos dourados do psicadelismo, Nashville Skyline deixou-os desarmados. Dylan regressara a Nashville, onde aliás gravara os anteriores Blonde on Blonde e John Wesley Harding, mas desta vez para flirtar sem pudor com a country mu-
Não haverá álbum de Dylan mais mal-amado que Self Portrait. Eu próprio, dylanófilo incurável e completista, me horrorizei à sua audição original, ainda hoje permanecendo a respectiva lacuna na estante da discografia do autor (onde jazem alguns bootlegs). Se hoje, em face da epifania que é Another Self Portrait, me envergonho de tão estreita e sectária reacção (e não é que, será ele amolecimento cerebral próprio da idade, hoje desvendo secretos encantos kitsch quando ouço o álbum original?), na altura dificilmente ela seria diversa – de Dylan antecipava-se sempre rasgos de génio e um manancial de inéditos com uma legião de intérpretes «à coca» para versões. Ao invés, das 24 faixas de Self Portrait, apenas oito eram originais por ele assinados, dois deles instru-
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mentais. Da mítica actuação no festival da Ilha de Wight, em 1969, recuperavam-se quatro temas de nebulosa captação sonora, deduzindo-se daí uma (falsa) má prestação ao vivo com The Band, outra das gloriosas desmistificações de Another Self Portrait. O resto, a parte de leão, compunha-se de um arsenal de versões de velhos temas de country e folk e canções de seus contemporâneos – Paul Simon, Eric Andersen, Tom Paxton, Gordon Lightfoot – cantadas no aludido e irritante tom nasalado herdado de Nashville Skyline. Como se não bastasse a insólita escolha de clássicos kitsch como Blue Moon, Take a Message to Mary ou Let It Be Me, o todo era enroupado em enjoativas vestes orquestrais e coros xaroposos, enfim a antítese da anterior estética de Dylan, a qual lhe valera uma legião de fãs incondicionais alinhados contra o sistema, tanto na política como na indústria musical. Fãs como Discopatia, perplexos com as novas e incompreensíveis opções de um Dylan duplamente «traidor», após a primitiva conversão à electricidade.
Chronicles
A explicação do eterno mistificador que é Bob Dylan, nas suas Chronicles (ver Audio n.º 184), por uma opção tão aparentemente suicida e anticomercial, é que, por então, a pressão da fama tornara-se intolerável. A sua mudança para uma casa de campo, na esperança de fugir ao assédio dos fãs, frustrara-se e via a propriedade devassada com frequência por intrusos ávidos de ver e tocar no antigo profeta, a quem, para seu incómodo, não deixavam de votar uma impertinente reverência. Com uma jovem família para criar, em choque pela recente morte do pai aos 56 anos e desdenhoso de uma indústria discográfica desumana, o menor dos interesses de Dylan era voltar ao n.º 1 do top de álbuns e ao impiedoso circuito de tour-
nées. A solução? A sabotagem da carreira através de um álbum que confundisse a comunidade e propiciasse a ideia que a criatividade do autor se esgotara, agora que abraçara a ínsipida placidez das delícias domésticas. Enfim, um fuck off aos fãs! E pur, si muove3. A ser assim, por que recrutar grandes (embora poucos) músicos, como David Bromberg ou Al Kooper, ou assassinar relíquias da música popular americana? E se as intenções originais de Dylan houvessem sido desvirtuadas e o seu plano, de que se desinteresara a posteriori, fosse, ao invés, a celebração dessa grande e imemorial música, afinal o seu primeiro amor e em cuja companhia crescera?
ANOTHER SELF PORTRAIT (1969-1971). THE BOOTLEG SERIES, VOL. 10 (DOIS CD’S) a) O arquivo
Felizmente esta bondosa hipótese, quiçá acalentada, secreta e isoladamente, pelos mais empedernidos fiéis de Zimmerman, era a certeira. Segundo Steve Berkowitz, vice-presidente da Sony, produtor e engenheiro em muitos dos volumes das Bootleg Series, quando, há dois anos atrás, se iniciavam os trabalhos de re-masterização de Self Portrait, com vista a reedição em CD, descobriu muitas fitas inéditas do álbum, contendo takes originais de muitas das canções, resplandecentes no seu glorioso despojamento acústico, a maioria a cargo apenas de Dylan, David Bromberg (guitarra acústica) e Al Kooper (piano), e despidas dos perniciosos e melados acrescentos
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de estúdio, por conta de um pouco escrupuloso produtor (bem, na verdade o habitual Bob Johnston). Essas takes haviam sido gravadas em 1969 em Nova Iorque, num registo totalmente informal, Dylan e os amigos em ambiente de camaradagem à volta de canções populares. Segundo Al Kooper, Dylan traria mesmo consigo uma pilha de revistas Sing Out, com as letras e escalas de velhas canções folk. Entregues nas mãos de Bob Johnston, destarte abandonadas por um Dylan sempre desdenhoso de repetições e muito mais interessado no futuro, os temas voaram até Nashville, onde lhe vestiram tão odiosas roupagens, mesmo descontando o habitual trabalho competente de velhas raposas de estúdio e anteriores homens-de-mão de Dylan, como Kenny Buttrey e Charlie McCoy.
b) Nashville Skyline (2)
Another Self Portrait não se compõe em exclusivo de outtakes de Self Portrait, senão de 35 temas datados de 1969 a 1971 e recuperados também das sessões de Nashville Skyline e New Morning. Country Pie e I Threw It All Away figuravam no alinhamento original de Nashville Skyline. Se a primeira é uma canção menor, ainda que aqui objecto de versão simpática, já I Threw It All Away é uma das mais encantadoras baladas de Dylan e, para Discopatia, o melhor tema do álbum. A versão de Another Self Portrait é ainda mais terna, íntima e emotiva.
c) Inéditos
Another Self Portrait abre e fecha com demos inéditas de Went to See the Gipsy e When I Paint My Masterpiece. Pelo meio, conte-se também com uma versão desconhecida e descoberta por acidente de
3 Famosa citação de Galileu, quando, para salvar a vida, é obrigado a abjurar a tese do heliocentrismo e da mobilidade da Terra. Reza a lenda que, mesmo assim, murmurava baixinho: e pur si muove – porém ela (a Terra) move-se.
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discopatia Wallflower, outro tema secundário e relaxed com perfume hillibilly conferido pela steel guitar do grande Ben Keith (19372010), habitual músico de Neil Young. A versão de When I Paint My Masterpiece, tema mítico de Dylan apenas com este no piano, é outra das revelações, intensa e suficiente na sua nudez.
d) Self Portrait (2)
Mas o grosso de Another Self Portrait consta de temas registados nas sessões de 1970 de Self Portrait, quer versões alternativas, quer faixas que não chegaram ao alinhamento final do álbum. Quanto às primeiras, são quase todas superiores às antes conhecidas, rudimentares de meios mas prenhes de emoção e servidas por uma tão simples quanto magnífica instrumentação. Ah, e os que, como Discopatia a tempos, desdenharam das capacidades vocais do artista, que se retratem – Bob Dylan nunca cantou melhor. Pontos altos serão as prestações de tradicionais como Little Sadie, Copper Kettle, Belle Isle (velha canção folk de qualidade medieval) e o empolgante Days of 49, com a sua galeria de tipos tão caros a Dylan, como mendigos, foragidos, vagabundos e trânsfugas do Oeste Selvagem. Melhor ainda, e a valer por si só o preço do duplo álbum, são as nove faixas jamais editadas, favoritos folk como House Carpenter, a murder ballad Railroad Bill, canções dos «colegas» Tom Paxton (Annie’s Going to Sing Her Song) e Eric Andersen (Thirsty Boots), ou a belíssima Spanish Is the Loving Tongue, com um expressivo piano a cargo do próprio Dylan (e só os mais desatentos desconhecerão a sua competência no instrumento). E como o raio de uma pérola que é This Evening so Soon corria o risco de permanecer inédita, com uma das melhores vocalizações de Dylan e o entendimento musical perfeito com Bromberg e Kooper? E como ficar insensível aos tocantes Pretty Saro e Tattle O’Day, outras duas emocionantes revelações?
e) New Morning
A comunidade dylanófila (e a indústria) respiraram de alívio com New Morning, o aparente regresso de Dylan à «normalidade», após o choque do faux pas Self Portrait. Publicado em 1971, depois de Self Portrait, na verdade New Morning começou a ser gravado antes, com o mesmo núcleo de músicos atrás referidos. Também deste álbum são recuperadas várias outtakes e as melhores são as mais
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simples e descarnadas, como a versão do hit If Not For You, de desarmante beleza e servido por um anónimo e poético violino, e a de Went to See the Gipsy, com um inspirado David Bromberg. E se, no geral, o maior mérito de Another Self Portrait é o de facultar à saciedade versões mais autênticas de temas de Dylan posteriormente «estragados», de New Morning extraem-se duas conseguidas excepções, o tratamento do tema-título New Morning, com arranjo de metais por conta de Al Kooper (fundador dos Blood, Sweat & Tears) e Sign on the Window, onde o mesmo Kooper adiciona cordas para um resultado superior à versão do álbum.
f) George Harrison
Bob Dylan e George Harrison festejaram o Labour Day de 1970 nos estúdios Columbia de Nova Iorque, sessão que, pela sua indulgência na recreação descomprometida de clássicos (assim reza a lenda), não passou à História. Para Harrison, o saldo não foi, porém, negativo, herdando If Not for You, que lhe valeu um hit. Another Self Portrait salva, dessas sessões, dois temas – Time Passes Slowly (duas versões) e Working on a Guru, uma bem-humorada e curiosa brincadeira sobre a espiritualidade de George, aqui tratada como fait divers e mote para um boogie onde se revela o domínio dos R’n Blues por parte de Dylan e um bem-sucedido interplay com a competente guitarra de Harrison.
g) O Festival de Wight 1969
Os mais endinheirados fãs de Dylan podem (devem?) aventurar-se à compra da onerosa Deluxe Edition, com mais dois CD’s que a edição agora recenseada em Discopatia. O CD 3 recupera o original Self Portrait. Embora perdendo no cotejo com este monumental Another Self Portrait, à luz das novas informações perde muito do estigma negativo a ele associado, logrando sobretudo inocentar Dylan do embrulho final. Mas o grande triunfo, materializado no CD 4, é a desmistificação operada em relação ao concerto da Ilha de Wight, com que, em 1969, Dylan interompe o hiato das prestações ao vivo. Até agora, e em face das lamacentas amostras incluídas em Self Portrait, o concerto fôra desdenhado como dispensável e ilustrativo da fase menos interessante do autor, servido, ademais, por uma sonoridade indesculpável. O notável trabalho de tratamento das gravações originais, precariamente registadas à distância, num camião, com poucos e distantes microfones e sem comunicação com o palco, redundou na epifania de um concerto glorioso, com Dylan e The Band em grande forma e com uma alegria em tocar antes insuspeita. Para os que, como Discopatia, se cingiram à edição disponível no mercado local (dois CD’s), não percam a totalidade do concerto, acessível online através do fiável Grooveshark, que bate aos pontos o mais badalado Spotify.