SMILE #ikebanasmile

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S orrir


MOMENTO DE REFLEXÃO PARA UM NOVO COMEÇO Em 1950, o Mestre Mokiti Okada publicou o livro Warai no izumi, uma coletânea de poemas humorísticos selecionados por ele na década de 1930, quando instituiu a Associação de Kanku Humorístico. Tais poemas eram considerados valiosos tesouros. Com essa publicação, seu desejo era compartilhar o riso, tornando a vida mais leve e alegre. Refletindo sobre o período que compreendeu os anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial e aqueles que a sucederam, percebemos que havia um clima tenso no mundo. Mokiti Okada lamentava o estado em que a sociedade se encontrava. Contudo, sua postura foi fazer um contraponto com o ambiente ao seu redor. Escreveu poemas para fazer rir. Reuniu pessoas e compartilhou suas risadas.

Nos dias atuais, sentimos a mesma atmosfera de tristeza. É uma dor silenciosa que paira no ar, feita de perdas, incertezas e dúvidas. As perspectivas são desanimadoras. Mokiti Okada nos lembra que existe um provérbio antigo no Oriente que, em tradução livre, afirma: “A felicidade vem à casa de quem sempre sorri”. Seguindo os passos do Mestre, vamos quebrar esse clima de desesperança e medo com explosões de gargalhadas para que possamos atrair naturalmente a felicidade. Exatamente de acordo com o que ele nos ensina: “Os sorrisos são as flores do Paraíso!”, vamos distribuir sorrisos a um grande número de pessoas. Vamos espalhar as flores da esperança, pois um novo começo se anuncia.

Erisson Thompson de Lima Junior

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MONTE FUJI Mokiti Okada

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WARAU KADO FUKU KITARU

笑 門 来 福

Warau Rir, sorrir Kado Portão da casa, casa, família Kitaru Vir, chegar Fuku Felicidade, boa sorte

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O SORRISO “O sorriso amável e constante dos membros da família atrai naturalmente a felicidade.” Este provérbio em outra versão seria: “No lar em que as pessoas estão sempre sorrindo, a felicidade brota naturalmente.” Ou ainda: “A sorte chega às casas das pessoas que vivem sempre em harmonia e sorriem.” Em tradução literal dos textos xintoístas e dos sutras budistas, temos: “A felicidade bate espontaneamente à porta do sorriso.” Mokiti Okada se referiu a este provérbio para nos indicar a maneira de se cultivar a felicidade: o amor altruísta. Aquele que sorri, possui o espírito e a vontade de servir ao próximo. Quem está apto a praticar o altruísmo, sempre oferecerá um sorriso, em qualquer lugar, a qualquer hora e a qualquer pessoa, levando esperança ao coração. O sorriso verdadeiro brota de um coração puro e sincero, e terá a capacidade de clarear, alegrar e aquecer o ambiente bem como a alma de quem o recebe. Seria difícil criar um ambiente harmonioso ao nosso redor? Acreditamos que não. Basta manter o hábito de empregar palavras amáveis e gentis, sempre com um sorriso no rosto.

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WARAU O ideograma da palavra “sorrir” é composto de “bambu”, take, e “céu”, ten. Quando escritos juntos, esses ideogramas formam a palavra warau, “sorriso”. Literalmente, significa que o bambu cresce verticalmente em direção ao céu. Podemos compreender, portanto, que o sorrir, tal qual o bambu, nos liga ao Celestial, ao Mundo Divino. Dizem que o sorriso, demonstrando um estado de alma de alegria e leveza, tem a capacidade de diminuir a dor física. Será que o estado psíquico e emocional de alegria é um gatilho para a liberação dos hormônios do bem-estar, como a serotonina? Vamos deixar estas perguntas para os estudiosos. Da nossa parte, vamos assistir às comédias, não nos levar tão a sério, brincar mais com as coisas do cotidiano. Vamos saborear o prazer de viver.

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TAKE BAMBU

WARAU

TEN CÉU

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SIGNIFICADO DOS SÍMBOLOS PARA O ANO-NOVO

SHO TIKU BAI PINHEIRO, BAMBU E AMEIXEIRA Os três amigos do inverno No Japão, existe a expressão Saikan sanyuu, que signif ica “os três amigos do inverno”. São eles: matsu – pinheiro japonês; take – bambu; ume – ameixeira. Os três representam a perseverança, a integridade e a modéstia. Utilizam-se esses “três amigos” em ocasiões especiais e celebrações comemorativas para expressar este simbolismo tão significativo. Nas expressões ar tísticas como a pintura, a poesia e as canções, essas plantas vêm sendo representadas desde a antiguidade. Para um povo que tem um estreito relacionamento com a natureza, contemplar o pinheiro japonês e o bambu, que se mantêm sempre

ve rd e s m e s m o s ob u m f r i o extremo, e as ameixeiras, que desabrocham em flor em meio ao rigor invernal, é a imagem mais nobre e bela que poderia existir. Trata-se, pois, de um ensinamento claro para que o ser humano cultive a perseverança e seja íntegro, mesmo sob condições adversas e rigorosas, mantendose modesto e oferecendo o melhor de si ao mundo. Contudo, não precisamos ficar presos a esses três materiais ao confeccionar uma ikebana para o ano-novo. Nosso estado de ânimo, buscando a renovação e a alegria, se refletirá igualmente em qualquer galho e flor que estiverem ao nosso alcance.

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PINHEIRO JAPONÊS – MATSU

Pinus thumbergii Na antiguidade, os japoneses acreditavam que os deuses se assentavam nas árvores. O pinheiro japonês tem vida longa, está sempre verdejante até no inverno e possui por te majestoso, o que o torna adequado para servir como assento para os deuses. Nas cerimônias religiosas, ele serve para receber Deus. No Japão, a tradição de se utilizar o pinheiro na ornamentação vem do período Heian (794 – 1191). O emprego do pinheiro nos ornamentos de AnoNovo nas casas data do período Meiji (1868 – 1912).

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BAMBU – TAKE

Phyllostachys pubescens O bambu permanece verde o ano inteiro e cresce reto, com a distribuição equilibrada de seus nós. Em tempos remotos, os japoneses ouviam, no farfalhar das folhas, o som da chegada dos deuses entre eles. Até hoje, ele é utilizado como assento dos deuses, sendo colocado nos locais sagrados e adornado com cordas. É igualmente utilizado como pilastras em cerimônias religiosas e nos ornamentos de Ano-Novo e Finados. Nos rituais de consagração do terreno para edificação, são utilizados quatro pilares de bambu, um em cada canto do terreno. Isto porque o bambu tem o poder de delimitar e consagrar o local em que os deuses e as entidades espirituais permanecem.

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AMEIXEIRA – UME

Prunus mume É considerada uma planta de bom presságio por florir quando o frio do inverno ainda se faz intenso. No período Edo, diversos feudos do Japão incentivavam o plantio da ameixeira para fazer conserva. Surgiu, então, um grande número de variedades, e a ameixeira passou a ser enaltecida na literatura e no mundo das artes. Desde então, o conjunto pinheiro-bambu-ameixeira passou a ser utilizado nos ornamentos de AnoNovo e cerimônias festivas, sendo, atualmente, indispensável. A ameixeira é originária da China e já havia alcançado o Japão no período Nara (710 – 794). Os antigos cantavam sua beleza em verso e prosa.

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KADOMATSU É uma decoração feita com pinheiro e bambu, disposta no portão de entrada das casas, dos templos, dos edifícios. Na tradição japonesa, as diversas comemorações realizadas no início do ano significam receber o “Deus do Ano-Novo”, Suas bênçãos e força, concedendo a paz e a felicidade durante o ano que se inicia. O kadomatsu, portanto, é como se fosse uma marcação para que o “Deus do Ano-Novo” possa descer e tomar assento neste local. O significado do pinheiro japonês e do bambu é o seguinte: O som da palavra matsu, “pinheiro japonês”, apesar de ser escrito com outro ideograma, é igual ao verbo “esperar”. Assim sendo, temos “a árvore que espera Deus”. No crescimento vertical do bambu, surgem vários nós para que se mantenha firme e alto. Aqui, o significado é “distinção, disciplina, ordem”. No conceito de “Deus do Ano-Novo”, está contida a noção das linhagens ancestrais da família. Para recebê-los apropriadamente, costuma-se fazer uma grande limpeza algumas semanas antes do Ano-Novo, para purificar o ambiente e o interior da casa.

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A forma ideal de se utilizar o bambu é cortando diagonalmente a partir de um de seus nós, dando uma forma semelhante a um sorriso, o que nos remete ao conceito dos provérbios que já vimos.

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SHOGATSU BANA A flor para o ano-novo Na escolha das flores para confeccionarmos a ikebana do Ano-Novo, devemos levar em conta alguns pontos. Elas não deverão ter simplesmente uma forma bonita ou extravagante. O ideal é que as flores possuam força de purificar nosso sentimento, tirando a melancolia, a maldade e a desconfiança. Dessa forma, terão a correta vibração para o ano que se inicia. A rigor, não existe uma maneira ou forma de vivificá-la. Que cada um cultive em seu coração o sentimento de purificar as impurezas por meio do belo e da alegria e, assim, renovar-se e permitir-se receber as novas experiências que virão. Unindo a este sentimento flores vivas e belas, façamos reverberar a Luz e os sorrisos. A propósito, o início do ano chama-se shogatsu (kanji de ano-novo). Pela leitura chinesa comum, shogatsu pode ter o sentido de “mês do riso” e também “mês de apagar, eliminar”. Por conseguinte, ao rirmos ou sorrirmos no ano-novo, apagamos tudo o que foi ruim no ano passado e celebramos o ano que se inicia.

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INSPIRE-SE

HATSU YUME Primeiro Sonho do Ano

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WARE TADA TARU WO SHIRU O tsukubai possui partes de quatro ideogramas em relevo, que, ao juntar-se com o quadrado vazado do centro, que, por sua vez, corresponde ao ideograma kuchi, formam as seguintes palavras: ware (eu); tada (apenas, somente); taru (suficiente, satisfazer); shiru (saber) e dão origem ao seguinte provérbio japonês: Ware tada taru wo shiru. Em uma primeira tradução: “Devemos nos contentar com o que temos.” E mais: “Aquele que sente satisfação é feliz, o insatisfeito torna-se infeliz. Cultive o sentimento de sentir-se satisfeito com as pequeninas coisas.” Também se pode dizer que: “Você possui uma infinidade de possibilidades, e tudo que é necessário para concretizá-las está dentro de você mesmo.”

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BOA SORTE

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ALEGRIA

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NATAL

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ANO NOVO


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UCHIDE NO KOZUCHI Uchide no kozuchi é um lendário martelo japonês, traduzido como “Pequeno Martelo Mágico”. Diz-se que o martelo é muito pequeno e girá-lo concede ao seu portador a realização de seus desejos. Do mesmo modo, ele desempenha um papel muito importante na lenda do Menino de Uma Polegada. A denominação do menino também pode ser traduzida como O Samurai de Uma Polegada. Segundo a lenda, o Menino de Uma Polegada (Issun-boshi), após deixar a casa dos pais, foi trabalhar para um rico senhor feudal, cuja filha era uma linda princesa. Embora fosse desprezado por sua altura, foi-lhe dado o trabalho de acompanhar a jovem. Quando viajavam juntos, o menino e a princesa foram atacados por um ogro, que engoliu Issun-boshi. O Menino de Uma Polegada derrota o ogro, perfurando-o pelo lado interno com sua espada. O ogro cospe Issun-boshi e deixa cair o martelo ao fugir. Como recompensa por sua bravura, a princesa utiliza o poder do martelo para fazer Issun-boshi atingir sua altura normal. No final da história, Issun-boshi e a princesa se casam.

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BARCO DO TESOURO

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Feliz

Ano Novo

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AMPLIE SUA IDÉIA

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