Portfólio Importância da EJA e papel do Professor

Page 1

POLO DE APOIO SALVADOR LICENCIATURA DE MATEMÁTICA

CESAR LUIZ DA COSTA – RA 24136322

A importância da EJA e o papel do professor nessa modalidade de ensino.

Salvador - BA 2020


CESAR LUIZ DA COSTA

A importância da EJA e o papel do professor nessa modalidade de ensino.

Trabalho de Atividades Interdisciplinares apresentado à Universidade Pitágoras Unopar como requisito parcial para a obtenção de média semestral nas disciplinas de: Metodologia Científica Educação de Jovens e Adultos Fundamentos da Educação Educação Formal e Não Formal Didática: planejamento e avaliação Práticas Pedagógicas: Gestão da Sala de Aula Orientadora: Talita Paiva Correa

Salvador - BA 2020


1 SUMÁRIO 1

SUMÁRIO....................................................................................................................... 3

1.

INTRODUÇÃO................................................................................................................4

2

DESENVOLVIMENTO....................................................................................................5

2.1

O DIREITO À EDUCAÇÃO.............................................................................................5

2.2

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS......................................6

2.3

O PAPEL DO PROFESSOR NA EJA.............................................................................7

2.4

OS DESAFIOS PARA ATUAÇÃO DO PROFESSOR.....................................................9

3

CONCLUSÃO............................................................................................................... 11

4

REFERÊNCIAS:........................................................................................................... 12


2 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa atender a proposta da Produção Textual Individual (PTI) que tem como temática: A importância da EJA e o papel do professor nessa modalidade de ensino. Dentro do contexto que caracteriza a proposta, está a saga da professora Cecília, vivendo uma situação-problema de evasão escolar de uma aluna da EJA. Basicamente serão abordados temas referentes ao que está sendo estabelecido para o tema proposto. Como este tema é muito importante, é válido destacar que o trabalho do professor na educação de jovens e adultos consegue levar ao sucesso, mas também pode colaborar para o fracasso no ensino, quando a metodologia aplicada não esteja adequada aos alunos. Por exemplo, caso não seja considerada à faixa etária dos discentes, corre-se o risco de infantilizar o conteúdo, tratando pessoas maduras como crianças que acabam de ingressar na escola, sem considerar suas vivências e experiências. A Educação de Jovens e Adultos é uma categoria de ensino regulamentada pela Constituição e trata da educação de pessoas que por algum razão não tiveram acesso à escola na idade apropriada. Segundo Ribeiro (2001), a alfabetização de adultos é uma prática de caráter político, pois se destina a corrigir ou resolver uma situação de exclusão, que na maioria das vezes faz parte de um quadro de marginalização maior. A EJA é um tema bastante delicado, por existir um contingente de jovens e adultos com diferentes condições e necessidades em função do seu contexto sócio-econômico. Tal situação é significativa para o professor ressaltar essas diferenças e incluir em sua metodologia de trabalho uma prática reflexiva sobre essa realidade. Reflete nos resultados alcançados, o planejamento considerando os obstáculos para ajudar a expandir a capacidade de pensar e agir dos alunos frente aos problemas da vida e da sala de aula. Serão relacionados os direitos à educação, estabelecidos por lei, qual o papel, quais os desafios e a forma atuação dos docentes em sala de aula. Retratando as dificuldades dos alunos da EJA, quanto à evasão escolar e quanto ao processo de ensino-aprendizagem.

4


3 DESENVOLVIMENTO 3.1 O DIREITO À EDUCAÇÃO

Ao longo de toda história a EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Brasil foi considerada sob o aspecto de ser um dever em vez de ser um direito. Demorou para que fossem tomadas as medidas para proteção deste direito e as primeiras que foram realizadas objetivavam cumprir o “dever” de alfabetizar o analfabeto, por ser o problema visualizado como crítico pelas autoridades responsáveis, sendo considerado o entrave para o desenvolvimento do País. A partir do final da década de 80, no século XX, que a visão da EJA como direito se consolidou no Brasil, garantida de forma legal com a mudança da política nacional, acrescida da emergência de uma multiplicidade de eventos internacionais criam um campo fértil para essa interpretação (SOARES, 1999). Mesmo com a formalização do direito a EJA no plano jurídico-formal e na retórica do discurso social não houve a criação de políticas públicas concretas (HADDAD, 1992). Muitas vezes, sob alegação de crise político-econômica, a EJA amargurou recursos cada vez mais diminutos. A política educacional do final do século passado demonstrou uma progressiva indiferença das autoridades pela EJA, com alegação de ser prioridade a Educação Básica. Oriunda das exigências populares de grupos e movimentos sociais, conscientes da necessidade de garantir a todos igualdade de oportunidades, inclusão e justiça social, foram fundamentadas as exigências legais que se tornaram vigentes a partir da Constituição Federal de 1988. A Constituição incluiu o princípio que toda e qualquer educação visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Art. 205). Retomado pelo Art. 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, nº 9.394/96), esse princípio abriga o conjunto das pessoas e dos educandos como um universo de referência sem limitações. Assim, foi normatizada a forma da EJA atuar para garantir a igualdade de acesso à educação como bem social.

5


3.2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Considerando os estudos de Florentino Sanz Fernández (2006), sobre a instrução de adultos, observamos que mesmo com a instituição escolar tendo assumido como prioridade, nos sistemas nacionais modernos, o ensino de crianças, adolescentes e jovens, nunca a aprendizagem diminuiu a idade inicial para o processo de educação. Na antiguidade, a instrução também era oferecida aos mais maduros. Como exemplo disso podemos citar Platão, que ensinava a todo cidadão a empenhar-se até o fim de sua vida em benefício da cidade. Sócrates ensinava aos maiores a pensar, assim como Quitiliano, em Roma. Os alunos da EJA agregam um conjunto de vivências muito intenso. Normalmente, se tratam de pessoas excluídas que sofreram diversas dificuldades que os levaram a sair da escola e cair no analfabetismo. São jovens que passaram do limite de idade convencionado para o estudo diurno por sucessivas reprovações. Sendo presumidos inaptos para os turnos matutino e vespertino, devido a dificuldades geradas por emprego e outras situações, são encaminhados para o turno da noite. Normalmente passam a se sentir fracassados ou mesmo excluídos. Tudo isto ajuda a elevar o alto índice de evasão escolar entre eles. O educador de jovens e adultos encontra uma situação bastante importante hoje em dia, por diferentes expectativas e necessidades, somando-se às enormes diferenças socioculturais. Muitos deles moram em locais periféricos das cidades, enquanto outros residem e/ou trabalham em minifúndios, ou como arrendatários, ou ainda, assalariados do campo. A responsabilidade destes educadores consiste em não excluir ninguém, gerando um grande antagonismo entre as indicações do planejamento proposto e as limitações da realidade na sala de aula, considerando as vivências e dificuldades dos envolvidos da EJA. É importante ao educador não ser um mero repetidor de metodologias

de

alfabetização,

sem

instituir

comunicação

constante,

nem

considerando as dificuldades e competências adquiridas e formadas ao longo da vida de seus alunos. A tarefa do educador não se resume unicamente ensinar os códigos da linguagem falada e escrita. Alfabetizar é apenas um dos passos para inserção social dos indivíduos. Além de ler e escrever ou ter um documento, é necessário ter o entendimento e exercitar seu papel no mundo, na organização do trabalho, na 6


assimilação e percepção das informações.

3.3 O PAPEL DO PROFESSOR NA EJA

O papel do professor é fundamental para o êxito da aquisição de conhecimento, pois esta se dá em concordância com a motivação que os alunos adquirem e grande parte desse processo depende dos métodos e da competência do educador. É essencial ao professor ter noção de seu papel diante da realidade vivida por seus alunos da EJA, se permitindo interagir com cada um, levando as particularidades em conta em sua metodologia de ensino. Observando os valores de cada um, reduzindo a diferença entre a aprendizagem e o necessário para uma melhor inclusão social. Para se preparar para atuar na EJA, leva-se em conta que não somente a formação inicial é suficiente para a prática eficiente como professor, salienta-se a necessidade da complementação da continuidade na instrução, possibilitando uma maior preparação. Com propostas de novas metodologias, analisando as mudanças necessárias para adequação da forma de ensino. O desafio que exige muita dedicação por parte do educador, por precisar ter a sensibilidade das dificuldades alheias ao ambiente escolar, e desta forma, o professor tem como encargo a busca de meios de inclusão à vida educacional como a integração à sociedade. A preparação de professores para atuar na EJA, requer a observação das diferenças da modalidade e o entendimento de que as dificuldades do aluno jovem e adulto diferem das necessidades da criança estudante. Para ensino ao estudante da EJA, são necessárias adaptações na metodologia e a utilização de materiais adequados à faixa etária, evitando infantilizar o aprendizado. Alfabetizar jovens e adultos refere-se a uma atividade pautada nos princípios de qualidade social e política, considerando o contexto de vida dos sujeitos, uma vez que a luta pela superação das dificuldades é constante e reflete o quanto o analfabetismo reafirma a pobreza (Gadotti, 2011). A constante preparação dos educadores para atuar na EJA não deve ser exclusividade destes, alocados nesta categoria por vontade própria ou não. Como a formação inicial habilita ao ensino a atuar nesta modalidade, muitos são levados a 7


trabalhar nestes locais pelos mais diversos motivos pessoais. Ainda que esteja habilitado, não se pode dizer que todo professor com formação inicial já encontra condições de atuar na EJA. Considerando que atuar nesta modalidade deve ser por opção, e não por ausência de outra, pois um profissional desmotivado não vai se preparar adequadamente para atender satisfatoriamente às necessidades de preparação para esta categoria de ensino. Falta muito ainda para que todos possam ter acesso à educação, o professor da EJA deve estar bem preparado para trabalhar diferentes atividades em sala de aula; utilizando materiais e textos diversos que circulam na sociedade e que estão relacionados com a vivência e realidade destes. Desenvolvendo projetos que estimulem a continuidade do aprendizado, e ainda, que obtenham formação específica constante para seu aprimoramento de forma a manter o estímulo dos jovens e adultos. O professor para cumprir bem o seu papel deve se manter atualizado, criando e recriando alternativas pedagógicas adequadas conforme as necessidades apresentadas pelos seus alunos.

8


3.4 OS DESAFIOS PARA ATUAÇÃO DO PROFESSOR

A salvaguarda do acesso à educação por jovens e adultos é, antes de tudo, respeitar ao direito do ser humano; conforme garante a Constituição Federal. Os jovens e adultos que estão analfabetos, ou com pouca escolaridade, são indivíduos que tiveram dificuldades no seu passado, devido a um fato na vida ou por sobrevivência. As pessoas que passam por processos educativos escolares, podem exercer melhor sua cidadania e deste modo ter autonomia na vida em sociedade. Entretanto, ao refletir sobre ensino é preciso pensar em quais estratégias, organizações, espaços, estruturas físicas, ou seja, é necessário avaliar ambientes e condições apropriados. Os sistemas escolares devem assegurar, conforme cita Brasil (2005, p. 19), “oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho”. Os professores devem promover esta premissa objetivando uma educação que auxilie os fatores pessoais, colaborando desde o relacionamento como cidadão na sociedade e além da melhoria na qualidade de vida. É um grande desafio conseguir considerar a realidade dos jovens e adultos, suas características, condições de vida e de trabalho durante o processo de ensino e aprendizagem, além de manter um planejamento didático pautado na rotina das atividades sociais. Contribuindo para a permanência dos mesmos na continuidade dos estudos, reduzindo, no que lhe concerne, a evasão escolar deste segmento. No Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam metas de qualidade para o ensino. Estes parâmetros são flexíveis e abertos, cabendo a cada professor direcionar suas metas e a escolha da metodologia a qual irá desenvolver suas aulas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam ainda, que: “há urgência em reformular objetivos, rever conteúdos e buscar metodologias compatíveis com a formação que hoje a sociedade reclama”(BRASIL, 1997,p.15). A estrutura de instrução escolhida pelo professor e a forma como desenvolve suas aulas, são as ferramentas disponíveis para obter a qualidade no processo de ensino e aprendizagem. Esta mesma flexibilidade de escolhas pode gerar comodidade e muitas vezes não levar à busca de alternativas e instrumentos para incentivar a compreensão e a construção do conhecimento, sem considerar a 9


bagagem construída através da vivência pelos alunos. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é considerada por muitos como apenas uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aos que tiveram que abandonar a escola antes de concluir. Cabe ao mestre o dever de equacionar as variáveis impostas pela vida para superar os obstáculos e mostrar que não se trata apenas disto. O grande desafio do professor da EJA: além da inclusão do aluno e alastrar os seus alicerces, trata-se de preparar eles para vida e o mercado de trabalho, pois o valor da aprendizagem contínua em todas as fases da existência, e não somente na infância e na juventude. As diferenças sociais, culturais, econômicas, etárias dos alunos da EJA exigem mais trabalho e devoção por parte dos professores, pois o desafio de criar uma metodologia de ensino que seja atrativa e consiga manter a motivação, instigando a querer aprender, não é tarefa fácil.

10


4 CONCLUSÃO Em 1988, a Constituição passou a garantir o Ensino Fundamental gratuito e obrigatório para todos. Ao tomar a Educação como um direito inalienável de todo cidadão, passamos a nos perguntar, principalmente no segmento educacional, que dificuldades estariam relacionadas à não permanência dos jovens na escola. Neste trabalho podemos concluir que o professor deve respeitar a diversidade de seus alunos ao trabalhar com a EJA considerando os diversos aspectos que influenciam a aprendizagem. O planejamento do ensino deve considerar os obstáculos que podem dificultar o desempenho dos jovens e adultos, dentro dos contextos sociais, familiares e profissionais. É importante a constante formação do professor da EJA, somente assim poderá realizar a tarefa de desenvolver as habilidades, as competências necessárias para fornecer uma educação de qualidade. Todo profissional deve ter constante reflexão, considerando os desafios existentes de modo que os alunos sejam considerados com suas adversidades nos seus processos de aprendizagem. Foi perceptível, no desenvolvimento deste trabalho, que é preciso que seja discutida a realidade da evasão escolar nesta modalidade de ensino, pois os índices são muito altos e preocupantes. Somente uma mudança de mentalidade e de ações é que pode contribuir para melhoria do ensino de Jovens e Adultos para diminuir as taxas de evasão. Alternativas precisam ser levantadas, somente com força coletiva, envolvimento de ações governamentais, atitudes de transformação dos próprios alunos da EJA, atualização constante das escolas e dos professores. Assim poderemos criar condições essenciais para que a realidade da Educação de Jovens e Adultos possa mudar.

11


5 REFERÊNCIAS: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em 06 jun. 2020. ______. (1997). Decreto nº2.208 de 17 abril. ______. Lei das Diretrizes e Bases da Educação. Brasília, 2005. CURY, Carlos Roberto Jamil. Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença. Cad. Pesqui. [online]. 2002, n.116, pp.245-262. ISSN 1980-5314. https://doi.org/10.1590/S0100-15742002000200010. FERNANDÉZ, F. S. (2006). As raízes históricas dos modelos atuais de Educação de pessoas adultas. Caderno Sísifo. Lisboa: Educa/Unidade de IED de Ciências da Educação. Gadotti, M. (2011). Desafios da formação de alfabetizadores. En: Ramos, M. F.&Roman, A. (Ed.). Educadores sociais: a importância da formação na implementação de tecnologias sociais. Brasília: Fundação Banco do Brasil. GRIFFANTE, A; BERTOTTI, L. Os desafios da EJA e sua relação com a evasão. 2013. HADDAD, Sérgio. Tendências atuais da educação de jovens e adultos no Brasil. Em Aberto, Brasília, DF, ano 11, n.56, out./dez. 1992 MOTA, Asenath dos Santos Santana da. Os desafios e possibilidades da Educação de Jovens e Adultos (EJA): uma reflexão sobre a formação do educador. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 12, Vol. 04, pp. 154-170. Dezembro de 2019. ISSN: 2448-0959 RIBEIRO, Vera Maria Masagão (Coord.). Educação para Jovens e Adultos. Ensino Fundamental – propostas curriculares para 1° segmento. São Paulo: Ação Educativa Brasileira/MEC, 2001. SILVA, Simone Pereira da et al. O papel dos professores do EJA: Perspectivas e desafios. Disponivel em: < https://www.google.com>. Acessado em: 06 jun. 2020. SOARES, Rosemary Dore. Questões da Escola Média Brasileira: Dualidade estrutural, politecnia, polivalência e escola unitária. In: Revista Teoria e Prática da Educação, v.1, n.2, Maringá: Universidade Estadual de Maringá, março de 1999, p. 67-89. VOLPE, Geruza Cristina Meirelles. O financiamento da educação de jovens e adultos em municípios mineiros no período de 1996 a 2006: até quando migalhas?. Rev. Bras. Educ. [online]. 2013, vol.18, n.54, pp.693-716. ISSN 14132478. https://doi.org/10.1590/S1413-24782013000300010. 12


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.