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CONEXÃO PERIFERIA PAG
O ano era 2012, o bairro é o Paulo VI que fica na zona norte de Belo Horizonte, lugar onde os índices de violência se destacam nos gráficos da cidade, uma mulher simples guerreira destas que trabalham arduamente durante todo o dia para levar o sustento para os filhos, recebeu a pior notícia que uma mãe poderia ouvir em sua existência, seu filho havia sido brutalmente assassinado.
Naquele momento o coração da mãe guerreira da comunidade se desfez em pedaços, e ela sentiu a maior dor que uma mãe poderia sentir, o mundo para ela naquele momento perdeu o sentido, como se tivessem tirado o chão abaixo de seus pés. Ela se isolou em sua casa deitada na cama e se contorcia de dor, mas não era uma dor física e sim uma dor na alma .
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O nome desta mãe que estava dilacerada é Elizete Marques, uma mulher de sorriso largo e coração bondoso, que agora estava inerte na cama sentindo o corpo dilacerado.
Esse processo de dor consumiu Elizete por cinco dias, mas uma luz de sabedoria tomou conta de seu coração e pensou algo que também deveria ser feito para aliviar a dor das mães que tiveram seus filhos arrancados de suas da vida pelas brutalidades da violência .
Neste dia Elizete levantou da cama e saiu a caminhar na comunidade em busca de outras mães que assim como ela passavam por aquele momento de dor e como era esperada ela achou várias mães nesta situação, com as mães da comunidade Elizete encontrou alento, um abraço amigo, e mulheres que entendiam sua dor.
Naquele dia nasceu o grupo Mães que Choram, um grupo de mulheres que começaram a se encontrar inicialmente em uma escola da comunidade quinzenalmente para dividir a sua dor, de perder um filho através de para uma roda de terapia comunitária, a partir deste momento Elizete buscou parcerias com psicólogas para ajudar a ela e as outras mulheres.
O pequeno grupo foi crescendo a cada dia , e assim também as ações do grupo mães que choram na comunidade .
As mulheres começaram a realizar eventos que aproximassem mais todas como piqueniques , almoções e surgiu a ideia de fazer casamentos comunitários que fossem gratuitos para as mães que tinham encontrado novos parceiros.
Os encontros do grupos de mulheres na escola começaram a incomodar alguns indivíduos do crime e bombas começaram a ser lançadas dentro da escola no durante as reuniões do grupo , por este motivo muitas mulheres deixaram de ir aos encontros com medo das represálias .
Mas a solução veio através da Shirley Baptista, também moradora do bairro Paulo VI e proprietária de uma creche na comunidade, ela vendo a situação das mães resolveu abrir as portas da creche para que as reuniões voltassem a acontecer realizadas na escolinha.
Atualmente o grupo Mães que Choram conta com 10 voluntárias , e já atendeu mais de 1000 mulheres, o grupo realiza diversas ações eventos em datas especiais como dia das mulheres, dia das crianças, dia da paz e outros .
Em 2018 o grupo ganhou um reforço a jornalista moradora da comunidade Sheila Castro e assumiu o gerenciamento das redes sociais , também em 2018 o grupo Mães que choram se uniu a Rede Mães de luta que é uma rede que reúne mais de trinta coletivos de mulheres de todo Brasil, fortalecendo ainda mais as ações do grupo Mães que Choram . Iniciou-se também a oferta para a comunidade de oficinas de empoderamento financeiro, oficina de bordado, diversos tipos de artesanato, e também aulas de capoeira , dança, judô .Entretanto o carro chefe do grupo Mães que Choram é as rodas de terapias comunitárias .
em 2019, a Voluntaria e jornalista Sheila Castro fez um documentário para contar a jornada destas mulheres que do grupo Chamado Mães que Choram Mulheres de Luto e Luta, disponível no Youtube no link XXXXXXXXXXX
Com o advento da pandemia e a suspensão dos encontros presenciais , o grupo mães que choram começou um trabalho de atendimento mais individual e com a ajuda do Comunidade Viva Sem Fome, o grupo passou a atuar mais fortemente com doações de cestas básicas para as mulheres e outras famílias da comunidade.
Atualmente o grupo possui uma sede própria na Rua Cannã Caiana no bairro Paulo VI ,onde acontece um bazar permanente além de varias atividades do grupo que estão sendo retomadas, como aulas de teologia, canto, capoeira, oficina de artesanato e a tradicional roda de terapia comunitária. “ Temos ainda uma longa trajetória , pois não temos apoio financeiro de nenhuma instituição e temos o sonho de regularizar os documentos do grupo para buscar verbas para o grupo sobreviver e ampliar a oferta de atendimento na comunidade... e quem sabe ampliar o trabalho para outras comunidades de Belo Horizonte, “Pois há Mães que Choram em todas as comunidades da cidade” afirma Elizete Marques.