Minha Gratidão a Deus (Missionária Margarida)

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MINHA GRATIDÃO A DEUS MARGARIDA LEMOS GONÇALVES


Lígia de Castro e Beatriz Silva deixam o Rio de Janeiro no navio da linha Itas, com destino ao sertão, numa viagem que duraria 33 dias (1936)

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3 1 - Beatriz Silva e Lígia de Castro (1937); 2 - Zacarias Campelo, pastor da Igreja Batista em Piabanha durante a implantação do colégio; 3 - Primeiro dia de aula na Escola Batista em Piabanha (1936) ; 4 - Beatriz Silva e o pastor Almir Gonçalves (pai de Margarida) em frente ao primeiro prédio do Colégio Batista (década de 40); 5 - Margarida Lemos ao lado das pioneiras

Querido Deus, meu Pai, meu Senhor, Hoje estou grata a Ti, por ter me permitido viver esses 85 anos de idade e quase 64 anos de atividades missionárias. Trago na memória, as lembranças felizes da infância, do carinho dos familiares e dos primeiros amigos... Não esqueço as divertidas brincadeiras, a inocência, o cheiro e o sabor peculiar daquela fase tão doce! Ainda na infância pude testemunhar o Teu amor, que entre tantos outros cui-

dados, livrou-me de uma grave doença, que me sentenciara à morte em, talvez, sete anos. Mas pela Tua misericórdia, hoje comemoro oito décadas e meia de vida, sempre na Tua companhia. Tenho saudade daqueles tempos de mocidade! Foi quando o Senhor fortaleceu o chamado que já estava em meu coração desde a infância. O Senhor fez a minha história se cruzar com os propósitos de outras pessoas tão queridas. Pois, foi no mesmo ano de meu nascimento, em 1927, que o doutor Lewis Malen Bratcher saiu do Rio de Janeiro em viagem missionária, e entre tantos


Lewis Mallen Bratcher, Diretor Executivo da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, que em 1927 visitou Piabanha e identificou a necessidade de implantação do colégio

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Marcolina Magalhães e Beatriz Silva (anos 40); 6 - Alunos do Colégio Batista. Beatriz Silva, a primeira do lado esquerdo, e pastor Zacarias Campelo, último do lado direito (1937); 7 - Margarida Lemos no Rio de Janeiro (1945);

lugarejos visitados, enxergou na vila Piabanha (hoje cidade de Tocantínia) a possibilidade dos Batistas abrirem ali uma escola. Os anos se passaram e, no tempo certo, o Senhor fez brotar essa semente no coração de muitos. Os Teus propósitos, Deus, são muito diferentes dos planos humanos, mas quando nos dispomos a fazer a Tua-Boa-Perfeita-e-Agradável Vontade, o Senhor coloca em nós o desejo latente de realizar os Teus planos. Assim, o Senhor fez com a missionária Beatriz Rodrigues da Silva, que de maneira diferente das outras jovens de sua

idade, trocou a “Cidade Maravilhosa” para iniciar os trabalhos em Piabanha e se tornou a fundadora e primeira diretora do Colégio Batista de Tocantínia. Em tudo enxergo o Teu direcionamento, o Teu cuidado e a Tua proteção. Em 1948, quando foi a minha vez de deixar o Rio de Janeiro e junto com a cidade deixei, a família, os amigos e a igreja que o Senhor havia me dado! Fui trabalhar primeiramente em Carolina, estado do Maranhão, lugar onde coloquei em prática um pouco do preparo que havia recebido durante minha formação. Hoje, me sinto honrada em dar


Beatriz Silva, “a missionária que veio para ficar”, foi pioneira na implantação e primeira diretora do Colégio Batista de Tocantínia (1946)

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8 - Vista áerea do Colégio Batista de Tocantínia (anos 60); 9 - Beatriz Silva com turma do jardim da infância (1965); 10 - Alunos em frente a escola (1949) ; 11 - Desfile de 7 de setembro, na futura avenida Beatriz Silva (1977);

nome a uma escola de alfabetização infantil que fundei naquele município durante os dois anos de trabalho naquele campo missionário. Mas o Senhor havia preparado um enredo ainda mais longo que veio marcar minha história no sertão brasileiro. Em 1951, cheguei a Tocantínia para trabalhar ao lado da missionária Beatriz Rodrigues da Silva, a corajosa “dona Beatriz”, que dois anos depois de minha chegada, me transferiu a direção do Colégio Batista. Juntas e, sustentadas por Ti, imprimimos algumas mudanças significativas

na escola: contruímos um novo prédio, com salão de reuniões, aforamos o terreno atual, medindo 81 mil metros quadrados e construímos os três prédios que ainda hoje existem: “Edifício Artie Porter Bratcher”, “Edifício Isoltina Ferreira” e “Edifício Samuel Mitt”. Foram 35 anos de trabalho prestado ao Colégio Batista de Tocantínia como diretora. Por lá passaram muitas crianças que se tornanaram adultos valorosos e hoje são de grande relevância no Tocantins, em Goiás e em outros estados. Depois disso, o Senhor me deu um novo desafio. Em 1986, aceitei o convite

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A diretora Margarida Lemos (ao centro) com a equipe de professoras do Colégio, formada por missionárias que dedicaram suas vidas a Deus e ao serviço ao próximo (1971)

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12 - A tradicional feira de ciências (1975); 13 - Beatriz Silva discursa durante o aniversário de 30 anos do colégio (1966); 14 - Turma do CBT (1970);

para dirigir o Colégio Batista de Santarém, no Pará, onde fui acolhida por uma gente muito amigável e alegre. Mas no meu coração, era intensa a saudade do então norte de Goiás. Com a criação do Estado do Tocantins, a Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira me convocou para estar presente nos eventos pioneiros do sonhado Estado. E, seguido a isso, recebi o convite do governo instalado, para dar atendimento aos encargos de implantação do Sistema Estadual de Educação. Graças a capacidade que o Senhor me deu e ao reconhecimento dos

profissionais de educação, autoridades e companheiros de trabalho, cheguei a ocupar a presidência do Conselho Estadual de Educação, a vice-presidência do Conselho Municipal de Educação de Palmas, além de me tornar membro da Academia Tocantinense de Letras, da Academia Palmense de Letras e ter recebido no ano de 2007, com muita honra, o título de Cidadã Tocantinense, concedido pela Assembleia Legislativa do Tocantins. Não esqueço também da experiência vivida em Lajeado. Foi confiando em Ti e esperando em Ti que alcançamos um


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Professores do Colégio Batista de Tocantínia. Ao centro, Beatriz Silva e à direita Margarida Lemos Gonçalves (1986)

12 - Margarida Lemos Gonçalves, no Seminário Batista do Sudoeste dos Estados Unidos (1962); 13 - Dia do ex-aluno (1983); 14 Time de voleibol com Margarida Lemos ao centro (década de 70) ; 15 - Com os imortais da Academia Tocantinense de Letras (2007); 16 - Culto em ação de graça pelos 50 anos de ministério e 70 anos de vida, com alunos do Colégio Batista de Palmas (1997);

novo fôlego na congregação daquela cidade, conseguindo até mesmo construir um novo prédio, um novo santuário, e ter hoje um trabalho seguindo em plena expansão! Creio que o Senhor tem reservado um novo tempo de batalhas e vitórias! Muitas vezes da tristeza o Senhor faz a alegria! Foi um momento de lamentações quando em dezembro de 2010, o Colégio Batista de Tocantínia precisou encerrar formalmente suas atividades, após sua mantenedora perceber a inviabilidade de continuação da escola. Porém, a Junta de Missões Nacionais não cerrou as portas definitivamente, mas

disponibilizou o espaço físico daquela propriedade para os órgãos que desejassem e pudessem prosseguir com aquele trabalho. Foi, então, que por iniciativa do senhor José Wilson Siqueira Campos, nosso atual governador, e do professor Danilo Melo, secretário estadual de educação, foi assinado um comodato, no qual, por 20 anos, o Colégio Batista de Tocantínia será somado à rede estadual de educação, continuando a exercer, portanto, seu papel, agora com uma nova proposta, ser uma escola profissionalizante. Louvo a Ti, Senhor Deus, por essa nova oportunidade, que é certamente significativa para o crescimento


A missionária atuou no Conselho Estadual de Educação por muitos anos

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17 - Margarida mostra o Plano Diretor de Palmas à obreiros batistas na biblioteca do Colégio em Tocantínia (1989); 18 - Margarida Lemos Gonçalves homenageia a amiga Beatriz Silva, escrevendo em seu túmulo, na ocasião de seu falecimento em 29/07/96; 19 - Recebendo o título de cidadã palmense (1998); 20 - No lançamento da pedra fundamental de Palmas (1989)

dos jovens de nossa região. Apesar de ser conhecida pelos meus amigos como uma mulher de muitas palavras, diante de Ti, Senhor, meu vocabulário é insuficiente para agradecer por tantas amizades, por tantas parcerias de árduo trabalho, pela oportunidade de ajudar a muitos, pela alegria de muitos momentos, até pela dor, pela força, pela lucidez e pela prudência que me tens dado! Quero continuar Te servindo e para isso peço que o Senhor me permita continuar a vida com entusiasmo, esperança, bondade e otimismo! Peço que o Senhor encha os corações

de todos os que me cercam de compreensão, idealismo e paz e que eles experimentem, como eu, o quão agradável é viver dependendo de Ti e, assim, também eles testemunhem Tua soberania, óh, Deus! Nas Tuas mãos estão estes 85 anos de vida, além desses 64 anos de ministério, também são Teus os novos anos que virão! Minha vida é totalmente dedicada a Ti. Obrigada, meu Deus! Obrigada, Deus de amor! Margarida Lemos Gonçalves

Tocantínia - TO, 5 de fevereiro de 2012


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Comemoração de 80 anos de idade e 60 anos de ministério com a presença de amigos, autoridades, artistas e imprensa no Teatro Fernanda Montenegro, em Palmas - TO (2007) 21 - Conduzindo a tocha olímpica dos Jogos Pan-americanos (2007); 22 - Recebendo o título de cidadã tocantinense (2007); 23 - Na direção da congregação de Lajeado (2011); 24 - Atividade missionária no alto da Serra de Lajeado, no assentamento Palminha (2011).

“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” Atos 20:24

Colaboraram na execução deste material: Junior Maciel, Rosana Brelaz, Marcelo da Silva, Hamistelie Soares e Ronaldo Mitt. Impresso pela Provisão Gráfica e Editora (63) 3212 9500


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