TÍTULO DO PROJETO: “40 ANOS DE HISTÓRIA”
PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E DIFUSÃO EDUCACIONAL ESCOLA & UNIVERSIDADE Participantes: Jucimara Gomes Da Silva Rodrigues 1 Priscila Cristina Roque Martins 2 Sibeli Colere 3 Unidade Educativa: Escola Municipal Anísio Teixeira. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leziany Silveira Daniel 4 Instituição de ensino superior: Universidade Federal do Paraná. CURITIBA – PR - 2012
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Professora do terceiro ano das séries iniciais do Ensino Fundamental. Professora do terceiro ano das séries iniciais do Ensino Fundamental. 3 Professora do Laboratório de Informática. 4 Vice Coordenadora do Curso de Pedagogia EaD/UFPR, Professora Colaboradora do PPGE/UFPR, Linha de Pesquisa História e Historiografia da Educação. 2
2 1 INTRODUÇÃO
No ano do aniversário de 40 anos da Escola Municipal Anísio Teixeira, vivenciamos a História Local estimulando os estudantes a criarem narrativas históricas para disponibilizar numa página web juntamente com os documentos que são a acervo da escola. Esse Projeto surgiu das questões presentes na metodologia do ensino da História e em uma tese de mestrado da autora GEVAERD: “A narrativa histórica como uma maneira de ensinar e aprender história: o caso da história do Paraná”. Problematizando as ações em: como estimular a cidadania pela construção da narrativa da história local e da escola? E pensando nos saberes que são necessários hoje a nossos estudantes citado em MORIN: Que momentos são proporcionados aos estudantes na escola para que tenham contato com mídias e ferramentas tecnológicas? Com a evidencia citada, nós, professoras do ensino fundamental, observamos que nossa escola necessitava que a comunidade e os pais participassem efetivamente da construção da identidade dos estudantes como sujeitos históricos, e que nós professores vivenciássemos um novo olhar sobre a disciplina, sendo assim essa proposta de encaminhamento serviria como um meio a mais de sensibilização para uma futura mudança de comportamento em relação ao Ensino da História. Contemplando os alunos dos 3.º anos A e B (60 estudantes no total) produzirmos uma página web com o acervo da escola e as narrativas históricas dos estudantes explorando alguns aspectos da história da escola.
3 2 DESENVOLVIMENTO Muito mais que o professor “contar a história”, nós professores devemos fazer os estudantes perceberem que eles são sujeitos históricos. Agentes sociais que participam da história local no aspecto individual com sua “própria história” e na coletividade. Essa história que deve se preservada e memorizada através de significações que levam o ser humano a remeter ao passado para entender o presente, Le Gof define a memória: “...como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas.” (1990, p. 423) É da memória individual e da coletiva que parte a produção de das narrativas históricas e pela observação de materiais, esses “materiais da memória podem apresentar-se sob duas formas principais: os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador.” (LE GOF,1990 p.535) Para estudar a história e procurar entender os acontecimentos do passado podemos recorrer aos documentos históricos, escolhendo um determinado tema ou objeto, que faça parte da vida dos estudantes para que possam interagir e fazer parte das transformações que ocorreram, com a mediação do professor. Entender também que os múltiplos modos de abordar os documentos como cita Le Goff: não se pode “abordar um documento, para que ele possa contribuir para uma história total, importa não isolar os documentos do conjunto de monumentos de que fazem parte.” (1990p. 548) Assim, como encaminhamento trouxemos aos estudantes documentos oficiais: arquivos, jornais, revistas... Fontes orais como entrevistas, fontes imagéticas como fotos antigas, seguindo de um conjunto das atividades que permitiriam o estímulo e acesso a vários tipos de aprendizagens, além do conteúdo específico. Uma das propostas foi de fazer os estudantes participarem dessa seleção Observando
dos as
documentos. fotos
antigas,
selecionaram as da década de 1970, E.M. Anísio Teixeira - Sala 02 - 1971
talvez por ser aniversário de 40 anos,
eles escolheram fotos que mostravam a escola neste período. Acreditamos que esta atividade os fariam participantes da ação pedagógica que deve “promover no estudante a compreensão sobre a interlocução entre o acontecido e o narrado, levando-o à percepção
4 de que quem escreve a história lança diversos olhares sobre um mesmo acontecimento, bem como de que os diferentes registros são fontes de informação do passado.”
(DIRETRIZES
CURRICULARES
DO
ENSINO
FUNDAMENTAL, 2006, p.153) Assim como as fotos, os recortes de
jornais
apresentados
aos
estudantes, os convites, e outros documento
foram
utilizados
para
pesquisar a história da escola. Uma pesquisa sobre o educador Anísio Reportagem Gazeta do Povo – 1999 – Passeata pela Paz
Teixeira
foi
realizada
no
laboratório de informática, usando o
site http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/, página criada pela Universidade Federal da Bahia. A culminância desta primeira parte do projeto foi a festa de aniversário da escola.
2.1 HISTÓRIA ORAL
Num segundo momento, surgiu a proposta de entrevistas com pessoas que estudaram, trabalharam, ou de alguma forma fizeram parte “da história da escola”, visando a forma como faríamos esse momento, observamos o que o artigo “Contar a vida, pensar a história - Experiências na utilização das fontes no História nos dava o caminho “O projeto de trabalho com história oral deve iniciar por situações problema que deverão ser levantadas pelos alunos, auxiliados pelo professor, a partir da socialização de experiências, de reflexões e de debates, bem como informações iniciais.” (GRAEBIN; PENA, 2006, p.94) Quando observávamos as fontes históricas da escola, muitas dúvidas surgiam, questionando os estudantes sobre como poderíamos saná-las, disseram que poderíamos “perguntar à alguém”! Então, o que perguntar? E pra quem? “Ex-alunos, professores, funcionários” foram as respostas para essa pergunta. Seguimos então na produção de um roteiro de entrevista abaixo estão dois exemplos descritos: Roteiro da estudante Ana Júlia Teixeira (3.ºano A) entrevista com um ex-aluno: 1. Como é o seu nome? 2. Em que ano você estudou? 3. Qual matéria você mais gosta?
5 4. O que você comia no lanche? 5. Como era o pátio? 6. Existia sala da informática? 7. Como era o quadro? 8. Você lembra o nome da sua professora? 9. Como eram os cadernos? Tinha livros? Roteiro do estudante Everton Alves dos Santos Ferreira (3.ºano B) entrevista com um ex-funcionário: 1. Como é o seu nome? 2. Quantos anos faz que você trabalhou na escola? 3. Como era a escola, como era a sala? 4. Como era feita a comida? 5. Como era o pátio? 6. Quantas horas você ficava na escola? 7. Como era o bosque? Entramos em contato com um ex – aluno (Eliandro) e uma ex-funcionária (Elena) para que viessem até a escola. Nas entrevistas mostramos as fotos que os alunos haviam selecionado como disparador para as perguntas. Foi muito interessante esta experiência, pois puderam além de ver nas fotos a escola, puderam, pelo relato oral, saber sobre o que ficaram em dúvida. “Quando estudei aqui, o lanche era feito na escola mesmo, pela tia da cantina e era bem gostoso...” (Eliandro) “Eu brincava de bola no recreio, e de queimada também.”(Eliandro) Em sala, vimos como as fotos e os depoimentos mostraram as permanências e as continuidades dos fatos na escola. As durante as observações das fotos, os alunos foram levados até os locais para observar as mudanças e permanências, tiraram fotos d o
m e s m o Foto da fachada da Escola, 1971 e 2012. l
6 para uma comparação. Os estudantes puderam observar que muitas coisas ainda fazem parte da rotina e que outras não. E a partir dessa análise feita, seguimos a uma produção escrita, a da narrativa histórica.
2.2 A NARRATIVA HISTÓRICA A história tem uma natureza narrativista, pressupondo que, apesar de o paradigma narrativista ter sido objeto de discussão entre filósofos e historiadores, especialmente a partir da segunda metade do século XX, o pensamento histórico possui uma lógica narrativa. (GEVAERD, 2009 p.64)
Partir da ideia da natureza narrativa da história para criar um ambiente de aprendizagem é o que a autora Gevaerd traz em sua dissertação, para ela o processo de escolarização é cercado de narrativas históricas, sendo por parte dos professores, seja nos livros didáticos. Essas narrativas que farão com que o ensino de história seja uma construção como prevê as Diretrizes Curriculares da Rede Municipal para o Ensino Fundamental Privilegiar a compreensão dos processos das formações sociais e dos sujeitos históricos é superar um ensino de História que enfoca apenas a ação de personagens históricos; é perceber que a trama histórica não pode ser entendida a partir de ações individuais, mas concebida como construção com a participação de todos os agentes sociais: individuais e coletivos. (2006, p. 151)
A partir desta proposta inovadora levamos os estudantes há produzir as narrativas. Elas foram dividas em duas fases, as narrativas a partir somente das fotos, e depois das com o olhar sobre as entrevistas. A primeira Narrativa foi em dupla, digitada no laboratório de informática: “A escola está completando em 2012 40 anos”. Vendo as fotos antigas vimos que o pátio antigamente era de grama e terra, hoje a escola é diferente o pátio mudou e as salas também. O pátio é de cimento e as salas têm cortinas. A comida vem da risotolândia, antes a comida não era da risotolândia tinha uma moça da cozinha que fazia a comida. Tudo mudou de pior para melhor e assim termina a historia da escola que nos sabemos um pouco. (Medllyn e Kaylayne, 3.º ano A - 29/10/2012)” A segunda aqui apresentada foi feita em sala, com os alunos do 3.ºano b e foi um texto coletivo: 40 anos de história Neste ano a escola fez 40 anos, nas fotos que vimos algumas coisas antigamente eram diferentes, as salas, o pátio, o lanche. As crianças vinham sem
7 uniforme para a escola, e não tinha mochila, traziam o material em sacolas de pano. As salas eram diferentes: o quadro, as carteiras, sem cortinas. O pátio era de grama e terra e hoje é de concreto. O lanche dos alunos era preparado aqui na escola e servido no pátio. Nas aulas de educação física pulavam cordas como nós, andavam de pernas de pau... Foi muito legal ver as fotos antigas de nossa escola e entrevistar as pessoas que estudaram aqui, ver como mudou, e que algumas coisas não mudaram.
2.3 PÁGINA WEB (BLOG) “Novas possibilidades de espaços de aprendizagem precisam ser construídas e incorporadas ao cotidiano dos processos educativos, no sentido de favorecer o aprendizado
ativo,
beneficiado
pelas
redes
de
comunicação
e
interação.”
(DIRRETRIZES CURRICULARES DE CURITIBA – FUNDAMENTOS, 2006, p. 63) Narrar os acontecimentos com significado privilegiou as atividades que incentivaram os estudantes a criarem meios de socializá-las. Assim a criação do Blog (http://www.acervoemanisioteixeira.blogspot.com.br/) “Acervo da Escola Municipal Anísio Teixeira”, foi um meio mediático para essa disponibilização e fez com que a produção das narrativas tivessem sentido no contexto da criação da página do acervo da escola. A seleção dos documentos, das fotos, das narrativas para serem postadas, a gravação das entrevistas, foram as formas de construção e produção de conhecimento pelo uso de tecnologias.
8 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema proposto para esse projeto destacou um eixo importante proposto nas Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental da Prefeitura Municipal de Curitiba para o ensino de História. Contemplou o eixo cultura, identidade e cidadania na proposta de criação de uma página web com os alunos que levou um acervo de documentos e fotos da escola e narrativas históricas produzidas pelos estudantes aos pais e à comunidade como cita as diretrizes: Para a iniciação histórica no Ensino Fundamental, é necessário que o professor privilegie, em sua prática pedagógica, conteúdos que possam contribuir para o processo da construção do conhecimento histórico escolar. Para tanto, propõem-se eixos articuladores dos conteúdos: cultura, identidade e cidadania. Eixos cujos conceitos são criados e datados constituem-se historicamente em meio a mudanças e permanências, em diferentes tempos e em diferentes espaços, portanto, possuem uma história. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006 p.155)
Também trouxe um olhar diferente dos estudantes em relação a escola e aos arredores com a observação das mudanças e permanências que aconteceram durante os anos. Com a criação da página acreditamos que começamos um longo caminho no desafio da iniciação histórica, na relação entre presente e passado, e em relação a Tecnologias da Informação e Comunicação. Uma vez que iniciamos o projeto sabendo que “a educação não se dá somente no ambiente escolar, mas sim em todos os espaços e práticas sociais, em todas as instâncias da cultura. Por essa razão, em diferentes momentos e locais se evidencia a relevância social da educação. É por meio dela que valores e práticas são reconstruídos e que novos e diferentes saberes são veiculados em virtude das exigências econômicas e tecnológicas advindas das necessidades de uma sociedade em constante transformação.” (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006 p.4)
Trabalhamos com fotos antigas da escola para uma leitura histórica ampliando os conhecimentos sobre o tempo passado com fontes históricas (documentos e história oral), promovemos aos estudantes conhecimento da sua própria história como parte de uma história mais ampla com a criação de narrativas históricas, e com o auxílio das tecnologias da informação vivenciamos a produção e disponibilização de informação na web.
9 4 REFERÊNCIAS
CURITIBA. SME. Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba Volume 1. Curitiba: SME, 2006.
CURITIBA. SME. Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba Volume 3. Curitiba: SME, 2006. GEVAERD, Rosi Terezinha Ferrarini. A narrativa histórica como uma maneira de ensinar e aprender história: o caso da história do Paraná. Curitiba: UFPR, 2009.
GRAEBIN; PENA, Contar vida, pensar a história: Experiências na utilização das fontes orais no ensino de História. HISTÓRIA & ENSINO, Londrina, v. 12, p. 83-100, ago. 2006
LE GOFF, Jacques, História e memória (tradução Bernardo Leitão). São Paulo: Editora da UNICAMP, 1990.