Feiras e festas

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02. FEIRAS E FESTAS

02. FEIRAS

Lorem ips O país todo comemora com uma rica agenda cultural

COLÔMBIA: UM DESTINO IMPERDÍVEL

E FESTAS

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Índice — Pág. 4 —

Carnaval de Barranquilla A PORTA DE OURO SE VESTE DE CORES Texto de Paul Brito Fotografias de Harold Lozada

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Penteados tradicionais e tambores A CULTURA AFRO COMEMORA SUAS tradições Texto de Javier Ortiz Cassiani Fotografias de Ximena Vásquez

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Outras feiras e festas da Colômbia

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MÓDULO 02

Feiras, festas e carnavais A Colômbia comemora sua riqueza cultural e sua identidade diversificada em todo o território. A agenda cultural do país está repleta de atividades que foram repetidas ano após ano durante décadas até se tornarem tradições, além de uma programação fresca que se renova para responder à procura, interesses e necessidades de diferentes públicos. Carnavais como o de Barranquilla (Costa Atlântica) e o de Riosucio (Caldas, na Região Cafeeira do Eixo do café) e o de Negros e Brancos (Pasto, no sudoeste do país) reúnem fantasias típicas, carros alegóricos, máscaras, músicas e danças de cada região para dar vida às tradições em espaços festivos. Eventos alternativos para jovens, como o Festival Estéreo Picnic, exploram novos sons. A Colômbia é música, cor, dança e alegria. Mas a cultura do país também se manifesta em outros tipos de expressões artísticas: literatura, cinema, teatro e artes visuais, que mobilizam grandes audiências e possuem infraestrutura cultural.

Nosso país é cenário de eventos literários de grande importância e repercussão, como a Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo) e as versões do Hay Festival em Cartagena, Medellín e Jericó. O Festival do Livro e a Cultura de Medellín, a Feira Libraq em Barranquilla e a Feira Internacional do Livro de Cali, entre outros, constituem uma vitrine para a indústria editorial nacional, para a literatura e para as conversas mais enriquecedoras. Telas de todo o país projetam a enriquecedora produção do novo cinema nacional e uma curadoria diversificada preenche a programação de ciclos e festivais. O primeiro do continente nasceu em Cartagena: o Festival Internacional de Cinema de Cartagena, FICCI, abriu caminho para eventos semelhantes no resto do país. O prestígio internacional da Colômbia como um dos países mais felizes do mundo é vivido diariamente nos quatro cantos do país. Esse espírito de celebração nos une como país e abre as portas da nossa casa para visitantes de todo o mundo.

APRESENTAÇÃO – 3

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COSTA ATLÂNTICA

Carnav de Ba

A Porta de Ouro se veste de cores

“Quem o vive é quem o desfruta”, repetem os Barranquilleros como são conhecidas as pessoas que moram em Barranquilla ano após ano durante a comemoração. Esta frase simples contém uma verdade alegre: que só é possível entender a experiência do Carnaval mergulhando nesta próspera cidade do Caribe e vivendo sua festa de cumbia, máscaras, carros alegóricos e cores. Texto: Paul Brito

Fotos: Harold Lozada

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aval a ll i u q n a r r a B 02

F E I R A S , F E S TA S E C A R NA VA I S

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O Carnaval de Barranquilla é sempre vivido como se fosse a primeira vez: os habitantes locais se tornam anualmente turistas durante esses dias onde tudo o que é tradicional e se torna surpreendente aos olhos dos moradores e turistas. Uma completa experiência para os sentidos: uma descarga de cores sobre as peles que transbordam pelas ruas lotadas; uma onda de cumbia que entra pelos ouvidos e percorre o corpo até os pés estremecerem; um cheiro de suor, mar e rio que sobem do rio Magdalena, envolvendo a toda uma cidade próspera, aberta ao mundo e intensamente festiva. As fantasias e as máscaras tradicionais são um elemento central deste carnaval que acontece em fevereiro, pouco antes da quarta-feira de cinzas, há mais de cem anos, na principal cidade do litoral Caribe colombiano. A fantasia brinca com essa capacidade de dissolver a identidade para nos tornar iguais uns aos outros, enquanto nos transforma em um ser diferente, afastado da vida cotidiana e imerso em uma espécie de transe musical. Centenas de fantasias típicas (como a burlesca marimonda, o intimidador garabato e os congos coloridos), coreografias, alas, e enormes carros alegóricos enfeitados com fantasias bizarras percorrem incansavelmente vários quilômetros de sol ardente. O Carnaval de Barranquilla é ao mesmo tempo vários carnavais e percorre múltiplas e variadas Barranquillas em desfiles como o Carnaval de la 44, a Batalla de Flores no Cumbiódromo “sambódromo da Cumbia” localizado na Via 40, o Desfile del Rey Momo na rua 17, a Gran Parada de Tradición e Folclor, e a Gran Parada de Comparsas. Os visitantes não ficam parados, interagem com os dançarinos e bobos da corte, caem na folia, dançam e brincam com eles e com os outros espectadores, tudo se torna uma performance imensa e fusionada ao som de gaitas, foles e tambores. Nos últimos anos, surgiram outros espaços que levam a cidade ao resgate das tradições e em busca de novas propostas culturais. É o caso da Carnavalada que, no ano de 2020, completa dezenove anos. Na primeira parte da noite, as pessoas se sentam para assistir obras de teatro, dança, circo e depois caem na folia, em uma evolução onde ao início todos são espectadores e terminam como protagonistas, girando em torno ao próprio centro de gravidade, até o corpo aguentar. A Noche del Río é outra festa orgânica e centrífuga. Dezenas de grupos de várias áreas ribeirinhas seguem a corrente do rio Magdalena e se reúnem no Parque Cultural do Caribe, já que Barranquilla fica a um

passo da foz do rio. Na eletricidade do ar, você pode sentir a fusão do rio Magdalena com o mar Caribe nas voluptuosas Bocas de Ceniza; o ambiente salobre é atravessado pela gaita (um instrumento de origem indígena, feito com o caule de um cacto) e a tambora (um instrumento afro feito com o coração da ceiba). A primeira é trágica, melancólica e doce; a segunda, épica, alegre e sonora. O corpo parece ser a costura entre as duas. A Rueda de Cumbia, no bairro Abajo, ou a Noche de Tambó, na Praça de la Paz, também são performances enormes que resgatam as raízes mais profundas do festival e do folclore caribenho. Mas às vezes parece como que se o Carnaval não precisasse de eventos ou lugares especiais. É um único desfile, um único rio desembocando nas ruas, bairros, esquinas, lojas, bares, casas e nos pátios. “Quem o vive é quem o desfruta”, dize um dos refrães da festa. A cidade é transformada em um imenso cenário onde cada pessoa é o artista da sua própria alegria, da sua própria transformação em outra. Ninguém é alheio ao próximo, ninguém é estranho para ninguém, nem mesmo aquele que usa a fantasia mais excêntrica. A Cumbia é ouvida em todos os cantos como um culto vivo, sensual e melancólico à vida e aos seus limites naturais, por isso convida a comprimir nesses poucos dias de explosão vital a eternidade que corresponde a cada um, cuja indivisa divindade da qual Borges falou. E é por isso que as ruas geralmente são fechadas e a corrente humana é aproximada para formar curvas de felicidade e êxtase. “Eu te amei com grande delírio, com paixão desenfreada”, disse a famosa música “Te olvidé” -Eu te esqueci-, considerado o hino do Carnaval de Barranquilla. Praticamente todas as danças típicas do carnaval aludem a essa condensação da felicidade às margens da vida e o delírio. O Congo é uma das fantasias mais usadas devido ao seu grande turbante cheio de flores artificiais e enfeitado com laços, rendas e espelhos, do qual brota uma longa fita que chega quase aos calcanhares. É também um dos mais antigos. A fantasia é típica de uma dança guerreira originária do Congo, na África, e foi conhecida na Colômbia através dos cabildos de negros africanos realizados em Cartagena de Índias. Apoiada por uma grande representação totêmica: touros, burros e tigres, a dança representa os homens que estavam se preparando para a guerra, com um grande chefe hierárquico distinguido por um turbante e uma fita maior e cercado por um bando de guerreiros. Em pleno carnaval, a guerra continua sendo contra a morte, contra essa terrível desmancha-prazeres.

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Barranquilla: porto de desenvolvimento O QUE VOCÊ DEVE SABER sobre Barranquilla? 1. É um distrito especial, industrial e portuário. 2. É o principal eixo econômico de toda a região Caribe. 3. Sua área metropolitana é a segunda no país com o maior investimento privado. 4. Possui aproximadamente 1.232.000 habitantes. 5. Seu clima é tropical seco. 6. Possui uma grande população de origem migrante.

Barranquilla, UMA CIDADE EM CRESCIMENTO

MAIS de 5

(COP) $1.9 milhões

milhões de toneladas de mercadorias transitaram pelo porto de Barranquilla em 2018

13%

por habitante foi o investimento público do distrito em 2017

Entre 2008 e 2018, a classe média da cidade aumentou de

foi o crescimento médio anual da receita total de Barranquilla entre 2010 e 2017

70%

19,6% a 30,2%

foi o crescimento da renda média por família entre 2008 e 2018

7 curiosidades DO carnaval de Barranquilla Investimento:

Contribuições:

Duração:

4 dias

20.000

49%

Milhões de Pesos (COP)

dos recursos são de empresas privadas

Turismo:

MAIS de 300.000 estrangeiros participaram dos eventos durante 2019

Rentabilidade:

É O TERCEIRO EVENTO

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mais rentável desse tipo na América Latina

Lucro: em 2019 o Carnaval de Barranquilla gerou

384.000 MILHÕES

Hotelaria:

186 HOTÉIS

com 14.250 camas distribuídas em 7.841 quartos para hospedagem

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Diversidade de personagens, fantasiados e maquiados, percorrem as ruas de toda a cidade

Criança fantasiada de Torito na Festa de Danzas e Cumbias, realizada na Praça de la Paz

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Valeria Abuchaibe, rainha do Carnaval de Barranquilla em 2018, durante o desfile Gran Parada na Vía 40

O Garabato é outra das danças populares do Carnaval de Barranquilla que encarna essa ambivalência crucial entre a vida e a morte. De origem camponesa, está enraizada no povo, no suor e na terra. Portanto, o traje carrega esse “garabato”: uma vara de madeira que parece um desenho animado, como se fosse uma foice. O Garabato se enfrenta com a fantasia de uma caveira e representa efetivamente a luta entre a vida e a morte. O folclore diz que a foice não tem poder no Carnaval e somente nessa época de graça e exuberância a vida vence a morte a base de tambores e flautas de bambu. Quase todas as danças e cumbiambas falam de fusão, transgressão e resistência. A Dança das Farotas, por exemplo, que nasceu na cidade de Talaigua, perto de Mompox, no departamento vizinho de Bolívar, recria a maneira com a qual os guerreiros indígenas faroto vingaram suas mulheres estupradas pelos espanhóis, fantasiando-se eles mesmos de mulheres. Uma prévia e um símbolo do que as lutas de gênero e as demandas feministas são hoje. A propósito de a toda essa história do Carnaval, da tradição e do legado que se manifesta em cada dança e fantasia, em 2019 o Museu do Carnaval começou a funcionar, oferecendo aos visitantes uma experiência multimídia e interativa através de objetos, vídeos, músicas e textos relacionados à

festa. Entre suas atrações, se destacam no segundo andar (são três andares com diferentes atrações) os vestidos de coroação de 39 nove rainhas do Carnaval de Barranquilla que repassam sua história desde 1918 até 2019. No entanto, todo mundo sabe que o Carnaval está vivo e bem fora dos museus. Sabe também que o verdadeiro protagonista do Carnaval não é o espetáculo, mas sim cada espírito carnavalesco que atualiza o festejo e a dança da própria vida, cada alma perfurada pelo fogo ancestral da festa. Também é cada nativo que se transforma em um estrangeiro espantado com sua própria idiossincrasia e cada forasteiro que, pela magia da folia, se transforma em outro nativo. É por isso que este ano o lema e o tema principal do Carnaval Barranquilla 2020 é “¡Para que lo viva la gente!” “Para que o povo viva o carnaval! ”. E como as pessoas são os protagonistas, pergunto a um paroquiano do Bairro Abajo o que é o Carnaval e ele me responde em forma de anedota com essa familiaridade e espontaneidade que ostentam com tanta habilidade o povo do Caribe.

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Penteado tradicionais

Afro Colômbia

A cultura afro comemora suas tradições

Música, gastronomia, dança, tranças e penteados fazem parte das práticas culturais que os afrodescendentes legaram à nação colombiana enquanto ensaiavam rotas de resistência e liberdade. Texto: Javier Ortiz Cassiani

Fotos: Ximena Vásquez

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dos ais

e tambores

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A Ternura é uma avó que trança, num domingo de manhã, os cabelos da neta em uma rua de San Basilio de Palenque, cidade ao norte do departamento de Bolívar, no Caribe colombiano. Fundada por escravos cimarrones que escaparam do porto de Cartagena. Os tambores soam lá desde o século XVII e talvez desde essa mesma época as avós penteiam suas netas contando a elas histórias de resistência. A ternura também pode ser duas jovens negras que em uma sexta-feira ao meio-dia, na véspera de uma festa em Guachené, ao norte do departamento do Cauca, no Pacífico colombiano, revezam-se ensaiando penteados em um pátio à sombra de uma árvore. Em Guachené, uma cidade habitada por afrodescendentes, desde os tempos do garimpo de ouro e do trabalho nas fazendas, os habitantes negros trançavam o cabelo. Esses cartões postais de ternura são replicados diariamente em regiões de todo o território nacional. A Colômbia Possui uma grande variedade de comunidades habitadas por pessoas de descendência africana. Sua música, gastronomia, danças, tradição oral e penteados enriquecem a experiência de visitar nosso país. Várias feiras, festas, festivais e carnavais colombianos têm um tom negro vivo e acentuado. Por trás de tais cenas está a memória: os que contam o que aconteceu há muito tempo a outros contaram, falam de cartografias desenhadas por especialistas em tranças com os cabelos nas cabeças de mulheres e meninas que mais tarde foram usadas por negros cimarrones como mapas de fuga. Quem sabe

diz que no começo sempre esteve o cabelo. Alonso de Sandoval, um dedicado sacerdote jesuíta e evangelizador jesuíta, que passou grande parte da sua vida elaborando um tratado sobre as características dos africanos trazidos para Cartagena - o principal porto de escravos da América - disse que um dos sinais mais claros de identificação desses povos era a maneira como eles usam seus cabelos, com o que faziam com ele– escreveu o religioso – “mil invenções agradáveis.” Os declamadores que cantaram em memória aos povos escravizados também disseram que em seus grandes afros, homens e mulheres escondiam sementes, e que assim que tiveram a oportunidade, balançaram suas cabeças para espalhar essas sementes em territórios onde a liberdade germinaria. Outros disseram que os cabelos abundantes serviam para ocasionalmente armazenar pepitas de ouro das minas que os escravizavam, e posteriormente com elas poder comprar a liberdade. A verdade é que a rota e a cumplicidade dos cabelos em seu trançado já estavam construídas desde os tempos antigos. E hoje, pessoas de ascendência africana em várias partes da Colômbia estão cada vez mais conscientes da importância dessa memória. Eles assumem isso como um componente da sua identidade e já não ocultam mais os cabelos, eles mostram com orgulho e continuam narrando de outra maneira. Essa rota que exibe um amor próprio, uma beleza sem complexos ou imposições, pode iniciar em San Andrés, Providencia e Santa Catalina, os territórios insulares da Colômbia no Mar Caribe. Lá, naquelas

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Junto aos tambores, os penteados representam uma forma de comunicação fundamental dos afro na construção da identidade nacional

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As raízes afro-colombianas POPULAÇÃO AFRO: 4.311.757 10,62% DA POPULAÇÃO DO PAÍS 10 DESTINOS PARA CONHECER SOBRE A CULTURA AFRO Nuquí: o encontro do mar

Quibdó: a chirimía é o

Capurganá: estando

Baía Solano: os sons das

ter sido porto comercial, deu-lhe o caráter multiétnico e multicultural, rico em gastronomia e música raiz.

com a selva, enche Nuqui com sons naturais. Sua música soa como chuva, mar e praia, onde a marimba é a protagonista.

ritmo popular de Quibdó. Um estilo musical tocado com instrumentos de sopro feitos de madeira.

em um canto isolado do país, os sons da natureza são predominantes na cultura musical da região.

variações do ritmo currulao, com baterias e os cantarolar feminino, são a base de inumeráveis danças e festas na baía.

Tumaco: ao sul do

Guapi: o rio Guapi marca

Timbiquí: as festas para

Buenaventura: o

país, em Tumaco, se utiliza a música e a dança para construir e dignificar a memória histórica e cultural de seu povo.

o ritmo da música melódica e da vida cotidiana, assim como a maneira como falam, cantam e dançam.

comemorar os antepassados com ritmos acompanhados por tambores e vozes doces são característicos de Timbiquí.

folclore, a salsa e a música urbana ecoam nas ruas desta energética e vital cidade portuária.

San Basilio de Palenque: esta festa tem uma

San Andrés e Providencia: o fato de

forte influência colonial e africana: tambores, gritos e movimentos intensos e sutis.

5 CARNAVAIS E FESTAS QUE COMEMORAM A CULTURA AFRO-COLOMBIANA Festival de Música do Pacífico Petronio Álvarez

Carnaval de Negros e Brancos

Lugar: Cali Data: Agosto

Lugar: Pasto Data: 2 - 7 de janeiro

Festival de La Bahía Lugar: Baía Solano Data: Agosto

2 LÍNGUAS CRIOULAS AFRO-COLOMBIANAS

Festas de San Pacho Lugar: Quibdó Data: 5 outubro

Encontro de Alabaos e Gualies Lugar: Andagoya Data: Agosto

MÚSICA AFRO-COLOMBIANA

1.025

Creole: é falada no

ritmos folclóricos

arquipélago de San Andrés e Providencia.

157

gêneros musicais

Palenquero: é falada em San Basilio de Palenque.

RITMOS DA REGIÃO PACÍFICA COLOMBIANA El currulao: é a dança

El patacoré: dança derivada

El berejú: movimentos

La juga: é um ritmo fúnebre

tradicional mais popular do Pacífico colombiano. Caracteriza-se por ser uma dança de paquera ao ritmo dos tambores.

do ritmo currulao, mas de origem religiosa. Geralmente é cantada por um amplo conjunto de vozes de mulheres, homens e crianças.

melódicos, rítmicos e repetitivos. É semelhante ao patacoré, mas muito mais lento. Musicalmente, é caracterizado pela entoação de longas frases.

devido à sua cadência rítmica, cuja manifestação de lamento permite que os dançarinos executem movimentos fortes, mas delicados.

El aguabajo: os sons e

La jota: é dançada em grupos

El bunde: possui uma faceta de

El abozao: ritmo melódico com

movimentos dessa dança evocam a água da chuva, com uma grande densidade de tambores e canções eufóricas.

de quatro pessoas organizadas em pares para formar um quadrado. Eles desenham figuras complexas a partir de movimentos laterais e diagonais.

celebração, cujo conjunto musical é formado por tambores e vozes; e uma melancolia, muito mais lenta e musicalizada apenas por tambores.

pouca presença de tambores. Os dançarinos acompanham a música com exclamações enquanto realizam movimentos sensuais e galanteadores.

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terras de barracudas e lua verde, de histórias de piratas e ao compasso dos ritmos musicais do momento, reggae, socca e calypso, encontram-se pessoas que se movem em harmonia com seus rastafáris, mulheres nativas tecendo sonhos na cabeça de alguns turistas e jovens em seu trabalho diário usando penteados que nos lembram que a diáspora não acontecia há muito tempo; geminando-se com outros povos negros do grande Caribe. Tambores, tranças e afros em Palenque e Cartagena Nesta cidade tombada e declarada pela UNESCO em 2005 Patrimônio Histórico e Imaterial da Humanidade, os penteados são tão cotidianos quanto o orgulho que, desde o século XVII, fundou o líder escravo cimarrón Benkos Biohó, quando desenvolveu uma soberania sem correntes nessas terras. Em cada casa, alguém penteia e trança os cabelos com a mesma naturalidade com a qual debulham os grãos, plantam o inhame, as conservas são preparadas e as vacas são ordenhadas: com a mesma habilidade serena com a qual são feitas as coisas que sempre estiveram lá. Também é natural que o único salão de beleza da cidade seja chamado Rainha do Congo e que suas proprietárias se preocupem em encher de sentimento ancestral em tudo o que fazem. Elas fazem tranças para honrar as rotas da liberdade e suas obras têm nomes tão detalhados quanto os desenhos que estampam na cabeça dos seus clientes; os nomes mais conhecidos são: o hundidito, o tomate, a puerca paría, a inovação africana (conhecida como cachetá), são apenas algumas quantas denominações alegres de um talento que tem história. Nesta terra onde o tambor vive e grita, há mais de vinte anos o Festival de Tambores e Expressões Culturais de Palenque é realizado anualmente para promover a gastronomia, a música, a dança e os penteados, ou seja, as antigas formas ancestrais de comunicação. Sob o céu azul de outubro, as tradições herdadas da África ganham vida, adaptadas aos novos espaços e preservadas por gerações comprometidas que colocaram um eco de sua essência na pele do tambor. Aproximadamente a uma hora de Palenque está Cartagena de Índias, com sua verdadeira memória histórica - a da diáspora africana-. Há algum tempo, o bairro negro impôs seu estilo e reafirma isso com sua maneira de usar o cabelo: tranças, cortes, cabelos abundantes, discursos de reivindicação e toda uma

pedagogia para seus cuidados circulam nas ruas, nas escolas, nas universidades, nos escritórios, nos eventos culturais e na balada cotidiana. As rotas afro do Pacífico A rota, como nos velhos tempos da escravidão, sobe o rio Atrato para entrar no Pacífico colombiano. A diferença é que esses territórios agora são percorridos não apenas para encontrar as evidências de um passado que condenou de maneira infame a alguns seres humanos ao trabalho forçado, mas também para recrear-se com aquelas tradições atuais de resistência, que reafirmaram o direito à existência e à identidade através do jeito de pentear o cabelo. Os que se dedicaram a inventariar as práticas de penteado e trançado de cabelo na região, não hesitam em destacar a particularidade dos estilos usados em Andagoya, uma cidade dedicada a mineração que fica no departamento de Chocó, e a habilidade daqueles que se dedicam ao comercio e trabalho em Cedro, no departamento do Vale e em Villa Rica, no departamento de Cauca, um pouco mais ao sul da região do Pacífico colombiano. Tranças, twists, parafusos, tecelagem ... toda classe de técnicas de penteados circula em catálogos alternativos que as pessoas vão criando, assim como na organização de reuniões e festivais para premiar os melhores trabalhos. Junto com isso, o conhecimento ancestral associado às plantas usadas para cuidar dos cabelos foi resgatado: aloe, escova, hortelã, arruda, mate e casca de árvore do guácimo, são combinados com a cosmetologia criada nos últimos anos para preservar as qualidades naturais dos Cabelos afro. Em Istmina, Chocó, em setembro, realiza-se um concurso de penteados temáticos, vinculado às festas padroeiras da Virgem de Las Mercedes, destacando os valores geográficos e culturais da região. Em setembro e até o final de outubro, a cidade de Quibdó, capital de Chocó, às margens do rio Atrato, é uma aglomeração de pessoas que dançam nas ruas ao mesmo ritmo. São as Festas de San Pacho, uma celebração em homenagem a São Francisco de Assis, realizada desde 1648 e que em 2012 foi declarada pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Música, carros alegóricos, danças, fantasias e a consciência de um povo que usava essas festas como uma catarse para se reinventar em meio às ansiedades diárias do trabalho e dos dias, sem saber, talvez, que com isso

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construía um dos eventos culturais mais importantes da nação. Em Buenaventura, o principal porto da Colômbia localizado no Pacífico e onde sempre houve uma forte influência da estética e dos movimentos negros dos Estados Unidos, os salões de beleza para homens negros nos bairros, concorrem pelos melhores estilos. Esses cenários são espaços para encontros e sociabilidade dos jovens e, com a migração para as grandes cidades do país, essas mesmas práticas foram transferidas para as dinâmicas de beleza de Bogotá, Medellín e Cali. Em Cali, há quinze anos, todo mês de junho, é realizado o Festival Tejiendo Esperanzas, no qual se reafirma a identidade cultural da população negra, afro-colombiana, nativa e palenquera; é celebrado o direito à diferença e à diversidade, e se dialoga os conhecimentos locais com os de outros países da América que se reconhecem na memória comum da diáspora. A capital do Vale do Cauca e principal centro urbano da região do Pacífico também é a sede de um dos eventos culturais que mais tem crescido nas últimas décadas e que atrai o maior número de turistas anualmente. Trata-se do Festival de Música do Pacífico Petronio Álvarez, quem não apenas se tornou um referente de músicas negra nessa região, mas também condensa em um só lugar e, em uma aposta festiva e contagiosa, as expressões culturais mais acabadas da população afrodescendente. É necessário reconhecer que muitos caminhos foram percorridos para chegar ao lugar onde estamos

agora. Numa sociedade escravista a identidade pode ser transformada em estigma. O cabelo afro que os identificava também os condenava; cresciam abundantes - como novelos –a zombaria e a ofensa- : no final dos anos 60, o etnógrafo Luis Flórez publicou um léxico com os diferentes termos que os colombianos usavam para denominar as partes do corpo humano. Na pesquisa, Flórez encontrou pouco mais de cinquenta vocábulos populares para se referir aos cabelos da população afrodescendente. Todos, com uma forte carga depreciativa: bombril, ruim, pixaim, churrusco, pelicerrao, parafuso ... são algumas das maneiras de se referir ao cabelo. Mas os afrodescendentes com a mesma habilidade com que as mulheres vão trançando o cabelo, aprenderam a dar a volta por cima, iludir o estigma, torná-lo um motivo de orgulho. Talvez a avó, que num domingo pela manhã penteia cuidadosamente os abundantes cabelos de sua neta numa rua de San Basilio de Palenque, sempre soube, e teve a paciência de trançar a identidade e a beleza que alguns membros dessa nação diversificada hoje exibem com orgulho e graça.

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Os cabelos, que antes eram usados para tecer destinos, mostram hoje a rota dos festivais e festas dos povos afrodescendentes da Colômbia.

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MISCELÂNEA

Outras feiras e festas da Colômbia O calendário local está repleto de eventos, feiras e festas nas quais os colombianos comemoram sua identidade através de expressões artísticas como a música, a dança e o teatro. Música Festival Estéreo Picnic ONDE: REDONDEZAS DE BOGOTÁ Após 11 edições, este festival se transformou na oportunidade para encontrar o mesmo cenário de grupos como Guns N ‘Roses, The Strokes e The Chemical Brothers, assim como grupos nacionais emergentes. Festival de la Leyenda Vallenata Onde: Valledupar O sabor único com o qual tocamos acordeão na Colômbia, fez com que a Unesco nomeasse o Vallenato como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O festival tem uma projeção importante no âmbito nacional e internacional. Festival Petronio Álvarez ONDE: Cali Estabeleceu-se como o maior e mais representativo festival do folclore afro-colombiano. Seus ritmos musicais, os sabores de seus preparativos e a idiossincrasia da região oeste do país são os protagonistas dessa importante celebração. OUTROS FESTIVAIS MUSICAIS Festival de Música Andina Mono Núñez, Festival Mundial da Salsa, Festival de Tango.

Artes cênicas

clássica. Empresas internacionais e o Instituto Colombiano de Ballet (INCOLBALLET) participam do evento.

Cinema Festival Internacional de Cine de Cartagena de Indias (FICCI) ONDE: Cartagena de Indias É o evento Cinematográfico mais antigo da América Latina. São exibidas cerca de 220 obras audiovisuais e é feita uma exibição da cultura audiovisual da Colômbia e de outros países da região. Festival Internacional de Cine de Cali ONDE: Cali No final de outubro, Cali se transforma na sucursal da sétima arte. O festival foi fundado pelo diretor colombiano Luis Ospina. A curadoria de arte é especialmente forte em documentários.

Gastronomia Sabor Barranquilla ONDE: Barranquilla Esta feira revela a riqueza culinária da região, marcada por extensa migração. O festival tem uma agenda acadêmica, oficinas com chefs convidados e amostras da culinária tradicional.

FESTIVAL IBERO-AMERICANO DE TEATRO ONDE: Bogotá A cada dois anos, Bogotá recebe mais de 250 grupos de teatro nacionais e internacionais. O festival apresenta uma variada oferta que inclui, desde teatro de rua em praças e avenidas públicas, até grandes produções em recintos especiais.

AMOSTRA GASTRONÔMICA DO CARIBE INSULAR ONDE: San Andrés Chefs locais, regionais e internacionais de renome se familiarizam com os pratos e técnicas típicas de San Andrés, Providencia e Santa Catalina através de uma troca de experiências com cozinheiro nativos da ilha e estudantes de gastronomia do arquipélago.

Festival Internacional de Ballet ONDE: Cali Aqueles que visitam Cali em abril têm a oportunidade de trocar os passos da salsa por dança

FESTIVAL GASTRONÔMICO SIEMBRE NEGRO PACÍFICO ONDE: Nuquí Uma amostra para apreciar a riqueza folclórica da região Pacífica Colombiana através de intercâm-

018 – FEIRAS E FESTAS

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Fotografia: Cortesia Jonnatan Polo

Carnaval de Negros e Brancos, Pasto

bios de experiências entre cozinheiros nativos e de outras regiões. É a oportunidade de experimentar pratos tradicionais e as receitas que resultam da troca de conhecimentos gastronômicos.

Artes plásticas e visuais Artbo ONDE: Bogotá Este encontro convoca galerias nacionais e internacionais. Além de ser uma oportunidade de comprar e vender arte, oferece um variado programa cultural e acadêmico para aproximar o público da arte.

Artesanatos Expoartesanías ONDE: Bogotá Esta feira tornou-se uma plataforma para promover o setor de artesanato colombiano e permite que artesãos, designers e empreendedores se projetem nos mercados nacional e internacional. Expoartesano ONDE: Medellín É uma aliança estratégica entre a empresa Artesanías de Colômbia e a Plaza Mayor de Medellín que busca conectar o público com as tradições do país.

Literatura

Feiras

FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRO DE BOGOTÁ (FILBO) ONDE: Bogotá Criada em 1988, a feira reúne cerca de 1.000 editoras. A feira, que é realizada em Corferias durante o primeiro semestre do ano, é palco de quase 1.200 atividades culturais, incluindo lançamentos de livros e palestras com autores.

FEIRA de manizales ONDE: manizales No início de cada ano, toda a cidade é transformada em torno da música em comemoração à cultura cafeeira.

Hay Festival ONDE: Cartagena de Indias Conversas com grandes autores, prêmios Nobel, shows e concursos literários. A bela cidade amuralhada se torna um cenário luxuoso, onde os maiores expoentes da literatura, cinema, jornalismo, música e arte se reúnem.

FEIRA DAS FLORES ONDE: Medellín As tradições do departamento de Antioquia se encontram na capital mais inovadora do país. Um encontro entre gêneros musicais e gerações. FEIRA DE CALI ONDE: cali A salsa e outros ritmos tomam conta da cidade durante os últimos dias de cada ano.

Outras feiras e festas – 019

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FEIRAS, FESTAS E CARNAVAIS A agenda cultural da Colômbia está repleta de atividades que se repetiram ano após ano durante décadas até se tornarem tradições. No entanto, a cultura do país também se manifesta em outros tipos de expressões artísticas como a literatura, o cinema, o teatro e as artes visuais, entre outras, as quais mobilizam grandes audiências e se beneficiam de uma infraestrutura cultural completa. Nossa riqueza cultural é um importante motivo de comemoração que é vivida diariamente nos quatro cantos do país. Esse espírito de comemoração nos une como país e abre as portas da nossa casa para visitantes do mundo inteiro.

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