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Lorem ip Paisagens surpreendentes, experiências emocionantes
COLÔMBIA: UM DESTINO IMPERDÍVEL
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Índice — Pág. 04 —
Chiribiquete O SEGREDO ANCESTRAL DOS TEPUIS Texto de María José Castaño Fotografias de César David Martínez
— Pág. 10 —
Observação ilustrada de aves CÉUS RECUPERADOS EM MEIO AO PÓS-CONFLITO Texto de Julián Isaza Ilustrações de Cromalario
— Pág. 18 —
Cidades da bicicleta BOGOTÁ E SEUS ARREDORES: MECA DO CICLISMO AMERICANO Texto de Sinar Alvarado Fotografias de Juan Felipe Rubio
— Pág. 26 —
Outras experiências naturais e de aventura na Colômbia
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Natureza e aventura Uma área de 1,142 milhões de km² torna a Colômbia em um país quase do tamanho da França e da Alemanha juntas. À amplitude desse território é somada a uma estrutura montanhosa e hidrográfica, extensas costas em dois oceanos, ilhas, paisagens desérticas e vastas extensões de florestas. Tanto a bagagem quanto a curiosidade do visitante devem estar abertas para os profundos e emocionantes contrastes de um lugar para outro. Essa diversidade de paisagens se presta à mesma variedade de experiências adaptadas aos gostos e expectativas de cada viajante. Enquanto regiões como a costa do Pacífico, a Amazônia e o Eixo Cafeeiro são amplamente reconhecidas pela riqueza de suas paisagens, para alguns pode ser menos previsível que Bogotá e suas redondezas também sejam um espaço ideal para experiências naturais e aventura. Duas das histórias deste capítulo começam exatamente na capital do país: a meca do ciclismo, centro de um completo circuito de cenários para esportes de aventura e lar de aves endêmicas, que podem ser apreciados em uma inesquecível sessão de observação sem sair da cidade.
Para alguns, o relacionamento com o meio ambiente pode ser de intimidade, silêncio e descanso; para outros, a maneira de se envolver com a natureza também pode ser íntima, mas mais física, mediada pelo corpo e pelas experiências de aventura; para esse grupo de espírito inquieto, que veem em uma imponente rocha o desejo de escalá-la, sentem a corrente vibrante de uma escalada e querem se lançar para remar, para aqueles que veem em uma montanha um espaço de contemplação e ao mesmo tempo o desafio da conquista ascendente, para todos eles, as regiões colombianas estão repletas de emoções e desafios. Uma sólida infraestrutura turística, hoteleira e de serviços complementares associada à aventura e esportes radicais está pronta para sua satisfação e segurança. Montanhas, rios, lagoas, rochas, recifes de coral, desertos, florestas úmidas, uma inesgotável flora e fauna ... a lista seria interminável e as palavras sempre seriam curtas. Abrir os olhos para as paisagens colombianas transforma os viajantes em testemunhas de contrastes surpreendentes e em participantes ativos que interagem com essa natureza generosa que se alastra em todas as direções até transbordar em nossas fronteiras.
APRESENTAÇÃO – 03
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Chiribi GUAVIARE, AMAZÔNIA
O segredo ancestral dos tepuis Desde criança, a autora ouviu seu pai falar sobre um território majestoso, onde a natureza era tão extraordinária quanto a riqueza arqueológica. Anos depois, ela viajou para o coração da Amazônia colombiana para descobrir Chiribiquete com seus próprios olhos. Texto: María José Castaño
Fotos: César David Martínez
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O mundo perdido da Serra de Chiribiquete era meu lugar imaginário favorito quando eu era criança. Lembro de que meu pai, Carlos Castaño Uribe, um Indiana Jones colombiano, sempre que voltava desse paraíso Amazônico estava ferido, com a fisionomia de náufrago e tão magro que de perfil nem se via. Escutava com fascinação suas histórias sobre aquele lugar secreto que ninguém conhecia. Na escola, pesquisava referências desse lugar e, como ele não aparecia em nenhuma enciclopédia ou mapa da época, duvidava que fosse uma invenção de meu pai para me entreter ou talvez os detalhes narrados com sua voz eram ficção para me fazer sonhar. Chiribiquete é um lugar único no planeta. Atravessado pela linha do Equador, o parque fica entre os departamentos de Caquetá e Guaviare. É um dos locais mais bem preservados do mundo. Entre as savanas herbáceas e a planície Amazônica vivem animais e espécies que os cientistas sonham em estudar. Para as culturas indígenas, era o centro do mundo. A casa da onça, que é o filho do Sol e da Lua: branco luar no peito, amarelo solar no lombo. Este felino e os homens-onça, são protagonistas de mais de 75 mil pinturas encontradas pelo meu pai nas rochas de Chiribiquete. O mais surpreendente é que algumas datam de mais de 20 mil anos, o que evidencia a mais antiga presença do homem na América Latina, segundo Gonzalo Andrade, do Instituto Nacional de Ciências da Universidade Nacional. Mais de trinta anos atrás, quando meu pai era diretor de Parques Nacionais Naturais da Colômbia, ele encontrou esse lugar extraordinário por engano. Foi em 1986, quando avistou as rochas monumentais de Chiribiquete de um pequeno avião, depois de ter que desviar seu curso em direção a Letícia, capital do departamento do Amazonas, devido a uma tempestade tropical. Em nenhum de seus mapas de navegação estavam esses planaltos que triplicavam o tamanho da Torre Eiffel e emergiram do meio de uma selva intacta. Na primeira vez, eles se limitaram a voar sobre eles e a registrar as coordenadas daquele lugar para o qual ele retornaria tantas vezes e pelo qual trabalharia o resto da sua vida procurando uma fórmula perfeita para protegê-lo. Ser chamado de “o descobridor de Chiribiquete” o incomoda, porque ele sabe que é provável que muitos outros percorreram esses caminhos antes dele, sejam nativos nômades, colonos ou exploradores. “Eu o descobri apenas para Parques Naturais e para integrá-lo ao sistema de áreas pro-
tegidas”. Embora ele se sinta orgulhoso de que a verdadeira descoberta tenha sido encontrar a arte rupestre na sua primeira expedição em 1990. Após escalar uma das rochas, ele e ficou cara a cara com um enorme abrigo rochoso onde haviam duas onças enormes e imponentes. Houve mais de uma dúzia de expedições, acompanhadas pelos cientistas mais conceituados que vêm estudando as frentes de flora e fauna. Ele se dedicou totalmente a arqueologia
Você sabia que Chiribiquete é Patrimônio da Humanidade reconhecido pela Unesco? e ao estudo da arte rupestre do local. Os pictogramas que foram encontrados em Chiribiquete são descobertas que nos permitem dar uma nova interpretação à nossa história: eles conectam nossos ancestrais a diversas culturas aborígenes em toda América Latina e o Caribe (partindo do que é hoje o México até o Brasil). As mesmas pinturas aparecem em partes remotas do continente, deixando evidências de uma cultura que nos une. Acredita-se que os xamãs que pintaram nas rochas eram nômades que chegavam de várias rotas em peregrinação. Assim como um templo sagrado, não é possível viver nele, apenas visitar. Ao encontro familiar com os tepuis Em família, repetimos brincando que, além dos seus quatro filhos, meu pai tem um quinto favorito: se chama Chiribiquete. Eu cresci ouvindo as histórias em torno desse enigmático quinto irmão, essa mistura entre natureza viva, majestosas mesetas de pedra, ricas culturas remotas e milhares de pinturas preservando seu passado vivo. Eu cresci querendo conhecê-lo, mas estávamos muito longe e levaria muito tempo para esse encontro familiar. Embora tenha ouvido meu pai falar de Chiribiquete quando criança, muitos anos de silêncio se passaram. Foi há cinco anos quando ele voltou a tocar no assunto, agora com muita discrição e preocupação. Soube de suas noites sem dormir depois que o parque apareceu com várias publicações na mídia nacional e um documentário sobre a flora e fauna colombianas. A curiosidade sobre a área disparou e a maneira como essa dinâmica turística
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O que tem no Parque Chiribiquete? 2.138
espécies de plantas
60
46
espécies de répteis
70.000
espécies de anfíbios
60
189
espécies de peixes
É uma área protegida que cobre um total de
espécies de mamíferos
Árvores de até
50 mts de altura
Comunidades indígenas SEM CONTATO COM A SOCIEDADE OCIDENTAL
pinturas rupestres
89
espécies borboletas
Outras atividades
4.268.095 HECTARES
Visitar os resguardos indígenas limítrofes com o parque, praticar ioga, observar o Salto del Diablo, conhecer o Cânion de Araracuara.
Há sobrevoos para que os turistas possam conhecê-lo.
Destino 1:
Como ir à Serra de Chiribiquete? Percurso:
SAN JOSé DEL GUAVIARE
PARTIDA DO AEROPORTO GUAYMARAL DE BOGOTÁ
Destino 2: Una hora de sobrevoo pela
SERRA DE Chiribiquete
Custos: tours desde 3.700.000 pesos colombianos.
Por que visitar o Amazonas colombiano? 40.000
espécies de flora
1.500 500 espécies de aves
A extensão do rio Amazonas
6.700 Km
de longitude
420
tribos indígenas
2,5
espécies de mamíferos
219.000 m3 de água
milhões de insetos
550
espécies de répteis
MAIS DE 220 ESPÉCIES DE PEIXES Entre eles o Pirarucu, um dos maiores peixes: chega a medir até 3 metros
Animais característicos do rio Amazonas
Botos cor-de-rosa e cinza, peixes-boi, piranhas, anacondas e jacarés pretos e jacaré-açu.
Quais atividades existem no Amazonas colombiano?
86
línguas
650
dialetos
Expedições mata adentro, avistar o boto cor-de-rosa, percorrer o rio Amazonas conhecendo culturas indígenas, ver a vitória-régia (uma grande flor flutuante), tour por Leticia, visitar Puerto Nariño, andar de caiaque, tirolesa, subir em árvores, conhecer a Ilha de Los Micos.
LEMBRE-SE QUE:
Chiribiquete somente pode ser visto das alturas, em uma inesquecível experiência de sobrevoo.
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Com uma “cratera” com 260 metros de diâmetro e paredes rochosas com mais de 60 metros de altura, a Marmita Gigante é um dos ícones da Serra de Chiribiquete.
começou a se desenvolver, teve que superar a informalidade e as condições de acesso muito complexas desse território amazônico. Essa comovedora e improvável paisagem é tão sedutora quanto ilusória e nessa inacessibilidade também reside sua grandeza: um privilégio de apreciar sem alterá-la. Em 2018, tive a oportunidade de fazer parte de um esforço para consolidar essa preservação. Tratava-se de uma expedição arqueológica para reunir material e registros que serviriam de novos argumentos a favor da indicação de Chiribiquete perante a Unesco para o reconhecimento como Patrimônio da Humanidade. Partimos em um voo de uma hora de Bogotá para San José del Guaviare e dali partimos em um avião autorizado pelos Parques Nacionais para sobrevoar Chiribiquete. Devido a que uma parte fundamental da preservação desse território depende de que ele se mantenha intacto, por essa razão os visitantes só podem sobrevoar a área de avião e apreciar a majestosa floresta das alturas. Durante os primeiros minutos daquele voo, vi clareiras de desmatamento se alternando com a floresta, mas a esperança foi surgindo em forma de um verde exuberante e compacto que se estendia até o horizonte. Desses 8.500 pés de altitude, lembro-me de ver pela primeira vez os gigantescos tepuis dos quais meu pai me contou quando eu era criança: eles surgiram no meio da vegetação como monumentos da natureza dedicados aos Deuses.
A Serra de Chiribiquete é incrível, assim como toda a Amazônia colombiana, mas com a particular condição de ser um espaço que quase ninguém viu apesar de suas dimensões inocultáveis e que esconde segredos dentro dessas enormes mesetas rochosas. A sensação de respeito pelos tepuis é apavorante: eles são tão grandes quanto os arranha-céus de Manhattan, mas erguidos no meio de uma mata fechada, exuberantes e habitados por uma rica fauna e flora, além de serem o lar de culturas indígenas autóctones. Só é possível vê-lo do céu, porque mesmo do ponto mais alto, Chiribiquete parece acariciar as nuvens. Ao encontro familiar com os tepuis Em 2018, Chiribiquete foi tombado e reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade em uma categoria especial e mista, que exalta tanto sua riqueza natural quanto sua relevância cultural. É um caso excepcional, semelhante ao de Machu Picchu, no Peru. Essa conquista sintetizava parcialmente o longo trabalho e as lutas realizadas pelo meu pai ao longo de quase trinta anos. Foram anos de paciência e compreensão para com ele por sua dedicação exagerada distribuída principalmente entre seus projetos com a Fundação Herencia Ambiental, que ele lidera com sua esposa Cristal, em projetos socioambientais com comunidades e povos indígenas do Caribe colombiano, e o trabalho conjunto com os Parques Naturais Nacio-
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© Cortesia Fundação Herencia Ambiental
As pinturas rupestres desta região datam de quase 20 mil anos de antiguidade. A onça-pintada é a protagonista, juntamente com outras espécies animais de poder.
nais, liderado pelas pessoas que o sucederam no cargo, a diretora Julia Miranda, quem foi sua aliada e peça fundamental para dar continuidade e fortalecer o esquema de cuidados especiais dos quais o Parque precisava. Além de ter trabalhado para obter a declaração da Unesco, esse trabalho minucioso ajudou a quadruplicar o tamanho da área protegida. Meu pai tem sido muito comprometido, quase radical, na preservação dessa riqueza cultural, cuja sobrevivência muitas vezes se deve à dificuldade de alcançá-la e entrar nela. Sua posição me confrontou, porque, por mais que eu admirasse seu sacrifício pelo Parque e sua capacidade de penetrar em tudo o que encontrava nessas expedições, eu estava convencida de que era um direito dos colombianos conhecê-lo. Ninguém liga para o que não conhece. Então, eu comecei a lavar a mente e, aliás, as ideias. Muitos já haviam tentado: canais de televisão, mídia colombiana, escritores. Custou-me toda minha experiência em uma empresa de comunicação estratégica para conseguir isso. Ia armada de argumentos, mas o mais importante foi o seguinte: “ninguém cuidaria de Chiribiquete se não entendesse sua importância”. Assim, em 2019, essas três décadas de pesquisa, essa íntima relação de amor e conhecimento que ele estabeleceu com aquela Amazônia remota, acabaram reunidos no seu livro Chiribiquete: La maloka cósmica de los hombres jaguar. Hoje Chiribiquete só pode ser conhecido do ar, com permissão da Força Aérea e dos Parques Nacio-
nais para sobrevoá-lo. Quem quiser ver as pinturas pode apreciá-las do lado de fora do Parque, em Cerro Azul, um local adjacente a San José del Guaviare que tem a mesma tradição indígena. Não é permitido entrar para evitar pôr em risco o seu estado primitivo e suas comunidades indígenas. Hoje, porém, como os xamãs, os colombianos têm o livro e as imagens para viajar nele a partir do pensamento e dos argumentos exigir dos governantes proteção e cuidado. Quando conheci aquele irmão mais velho da Amazônia, que é o que Chiribiquete significa para mim, senti que a minha família estava finalmente completa. Ao vê-lo das alturas, todas as imagens e vídeos empalideceram diante do mais surpreendente que tive diante dos meus olhos. Quando pude conhecer suas pinturas rupestres, graças à excepcional oportunidade de fazer parte de uma expedição científica, senti que um povo indígena inteiro estava me abraçando a 20 mil anos de distância. E agora, quando escrevo essas palavras, meus olhos agradecem a voz do meu pai e querem estar entre as nuvens da Amazônia para se encherem de Chiribiquete novamente.
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Pharomachrus fulgidus
BOGOTÁ E REDONDEZAS
Obs
Céus recuperados em meio ao pós-conflito Para descobrir a riqueza aviária da Colômbia, não é necessário sair da cidade. Certa manhã de novembro, em pleno coração de Bogotá, um repórter experiente e um ilustrador talentoso foram ao encontro das aves endêmicas da capital e descobriram histórias inesperadas referentes ao país. Texto: Julián Isaza
Ilustrações: Cromalario
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bservação Ensifera ensifera
de
Cardinalis phoeniceus
aves 03 NAT U R E Z A E AVENTURA
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Eles têm a forma de um bumerangue. São velozes; eles traçam curvas no céu. Eles se perseguem, e suas silhuetas velozes com as asas para trás, lembram duas aeronaves Mig 15 em combate. São os “Andorinhões”, explica Alejandro Pinto, um biólogo de 32 anos da Universidade Nacional, que é o guia dessa expedição e quem está “passarinhando” há dez anos. São 5:50 da manhã, então não é mais noite, mas não se pode dizer que é dia. Do firmamento, sai uma fraca luz azul, apenas o suficiente para distinguir as formas dos pássaros, das montanhas e do barranco. Há alguns minutos atrás, estávamos viajando por um caminho sinuoso e descoberto, no qual a neblina oferecia um panorama leitoso onde os faróis de neblina da caminhonete conseguiam penetrar apenas alguns metros. Foi o último trecho até a zona de estacionamento do Parque Chingaza que constitui uma área adjacente à reserva natural. O destino final de um roteiro que percorremos por uma hora e quarenta minutos partindo da cidade de Bogotá. Alejandro tira seu equipamento da caminhonete: um telescópio, binóculos, um ponteiro a laser e um livro grosso de ornitologia. O barulho da água que desce pelo desfiladeiro parece estático e no máximo volume, enquanto os andorinhões lançam assobios agudos e intermitentes lá de acima. Alejandro os observa. O voo dos dois pássaros é ágil, eles descrevem curvas acentuadas, se perdem na vegetação e voltam a sair. O biólogo diz seu nome em latim: Streptoprocne rutila. Também diz que é uma ave comum e amplamente distribuída, muito bonita e seu voo por si só é um pequeno espetáculo, mas esse não é o prato principal desta visita, na qual ele - e, portanto, nós - gostaríamos de ver um periquito aliamarillo, ou em termos científicos, um Pyrrhura calliptera, que é uma espécie endêmica do país; isto é, vive apenas na cordilheira oriental da Colômbia. Nós avançamos alguns passos e o Alejandro aponta o laser para um grupo de arbustos. Abre as pernas do tripé e focaliza o telescópio. Então ele assobia e daqueles arbustos eles respondem. Existem ali alguns Myioborus ornatus, pequenos pássaros com plumagem preta e amarela no corpo e uma mancha branca no rosto. Logo vemos um pássaro de peito cinza de nome cientifico Henicorhina leucophryse, repentinamente, avistamos a um Ochthoeca cinnamo-
meiventris conhecido como pitajo torrentero com suas plumagens vermelhas no abdômen.
*** Em poucos metros, observamos quatro espécies diferentes, o que se deve não apenas aos olhos e aos ouvidos agudos do Alejandro, mas também ao fato de que a Colômbia abriga quase 20% da biodiversidade de aves do planeta, pois das nove mil espécies existentes no mundo, pouco mais de mil e novecentas são encontradas no país. Portanto, não é de surpreender que o país tenha ganhado em maio deste ano - e pela terceira vez consecutiva - o Global Big Day, um evento mundial onde por um dia observadores - especialistas e amadores - saem para observar aves e registrar suas descobertas. Nesta última ocasião, foram avistadas 1.574 espécies, ao mesmo tempo que no Peru e no Equador, países que ficaram em segundo e terceiro lugares, e onde os números diminuíram a 1.486 e 1.142, respectivamente. É justamente por causa dessa enorme variedade que o país tem um enorme potencial como destino de observação de aves, ao ponto dessa atividade poder atrair 278.850 observadores a cada ano de acordo com a Conservative Strategy Fund. No entanto, Alejandro diz que, embora ele forneça seus serviços de guia continuamente para pequenos grupos de viajantes, esse setor ainda está engatinhando quando comparado a outros países como Equador, Peru ou Brasil. O que concorda Luis Ureña, proprietário da Manakin Nature Tours, que dá um exemplo para medir o caminho percorrido e o potencial a ser desenvolvido: “A Costa Rica, por exemplo, vive disso há cerca de 35 anos e é um país talvez quinze vezes menor do que a Colômbia e possui metade da biodiversidade que possuímos, mas lá, duas mil pessoas podem entrar para ver as aves por dia, enquanto nós, que somos uma das maiores empresas do país, podemos receber entre 64 e 80 pessoas ao mesmo tempo divididas em oito grupos. Assim, estamos recebendo entre 240 e 300 pessoas por temporada”. A fria floresta andina, agora se revela com a luz do dia e é inundada com uma infinidade de cantos. São 6:30
Na Colômbia, existem cerca de 1.900 espécies de aves, que constituem quase 20% da biodiversidade de aves do planeta.
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Chiroxiphia lanceolata
Manacus manacus
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Campephilus pollens
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da manhã e subíamos pela trilha, momento em que o Alejandro parou. Um pouco mais acima se escuta um assobio. É uma sucessão de sons curtos, como se alguém pronunciasse repetidamente a letra “s” ou, melhor, como o ruído produzido por uma argola de metal que gira e solta um parafuso. “É um Hemispingus superciliaris ou Hemispingo Cejudo”, diz ele, e depois oferece o telescópio focalizado em oito ampliações. Na ocular, você pode ver as aves e também o motivo do nome delas: acima do olho, possui uma faixa, como uma espécie de sobrancelha branca e grossa. O guia sorri. Ver aves, reconhecê-las, colecioná-las na memória é a própria essência do observador, que viaja quilômetros para ter encontros fugazes, para apreciar por um momento aqueles animais esquivos e completar listas de espécies exóticas com as quais testemunha a cor e as formas que eles moldaram a evolução e a genética. Luis Ureña resume assim: “É como encher um álbum. Eu ainda preciso ver, por exemplo, o Saurá-de-pescoço-preto e esse pássaro se tornou meu alvo. Portanto, as pessoas que vêm observar as aves chegam com suas listas de duzentas ou duzentas e cinquenta espécies e toda vez que encontram uma nova é algo emocionante”. Cada lugar tem suas próprias “figurinhas” para completar o álbum, e os mais raros claro, são os mais cobiçados. Alejandro insiste que o maior prêmio aqui seria o periquito-de-asa-amarela, o qual ouvimos agora com seu gargarejo distante. O guia afia a ouvido e se vira, depois aponta para um pequeno vale que se abre entre as colinas. Podemos ver um pequeno grupo desses animais que são apenas pontos à distância. Alejandro tira o celular do bolso, abre um arquivo de sons com cantos de pássaros e procura o toque de periquito, faz com que soe, mas não há resposta. No entanto, eles sabem que estamos perto.
*** O que fazemos hoje, a pouco menos de duas horas de Bogotá, começou a ser feito em várias áreas do país há algum tempo e já existem várias rotas de observação de aves que cobrem regiões como a Andina, Pacífica, Atlântica, Magdalena Medio e parte da Amazônia.
E embora existam vários desafios para desenvolver o birdwatching, essa indústria promete não apenas ser lucrativa do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista ambiental e social. E isso ocorre porque boa parte dos lugares que oferecem a maior biodiversidade estão localizados em territórios que sofreram violência e dependeram de certa forma de algumas economias ilícitas. É por isso que várias fundações, investidores e o próprio Estado estão apostando no desenvolvimento de projetos com comunidades em áreas afastadas, assim como estão fazendo, por exemplo, no povoado de Playa Rica, no departamento de Putumayo. Lá, foi iniciado um trabalho de treinamento para os habitantes que continuará durante o ano de 2020 e também estão sendo feitos investimentos em infraestrutura para apoiar uma comunidade que se propôs a cuidar dos seus recursos naturais e viver com eles. “São vinte e duas famílias que vivem em um territó-
Você sabia que uma espécie endêmica é aquela que é exclusiva de uma região e que não é encontrada naturalmente em outra área? rio de 488 hectares, as quais em sua grande maioria cultivava coca. Atualmente, elas não caçam, não cultivam coca nem desmatam para criar gado. Agora essas famílias estão cuidando do ecossistema”, diz Michael Quiñones, da Associação Quinti, uma das entidades que acompanha esse processo. O mesmo poderia ser dito de comunidades na La Macarena, no departamento Meta, em Manaure ou Cesar, onde vinte ex-combatentes das FARC decidiram formar a Tierra Grata Ecotours, uma agência de viagens que oferece esse tipo de pacote turístico. Precisamente, é com esses projetos que muitos ex-combatentes encontram uma alternativa na qual podem colocar em prática o conhecimento que adquiriram durante os anos em que percorreram as florestas colombianas, porque como Luis Ureña explica: “Muitas dessas pessoas, pelo fato de terem
’Passarinhar’ é uma atividade de lazer na qual é feito um tour a pé em busca de diferentes espécies de aves, que geralmente são vistas através de binóculos ou telescópio.
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passado tanto tempo no mato, aprenderam empiricamente sobre a natureza. Consequentemente, eles se tornaram bons rastreadores, observadores e com o ouvido afinado ao som das aves. Eles têm um talento que não sabiam que tinham. Existem muitos deles na Amazônia e em Caquetá e nós trabalhamos com alguns deles”. Mas o Birdwatching, não apenas oferece a eles oportunidades como guias, mas, dentro da engrenagem da indústria, eles também podem atuar em outros papéis. É o caso do Henry, quem era o responsável pelas telecomunicações das FARC no sul do departamento Meta e hoje se dedica a transportar os turistas na sua caminhonete. “É uma excelente fonte de renda, você vive bem se trabalhar seriamente durante as temporadas. Dessa renda sai o dinheiro para pagar a mensalidade da universidade do meu filho”, e logo acrescenta: “É uma boa maneira de seguir em frente no pós-conflito, colocando as pessoas para trabalhar nas mesmas áreas, devido ao fato que elas a conhecem como a palma de suas mãos”.
*** Vemos uma gavião-carijó, um jacú que também é conhecido como cuja, e um quetzal. Observar um quetzal é ver uma criatura extraordinária: sua plumagem é verde no pescoço e na cabeça, vermelha no tronco, branca na cauda. Parece coberto de metal brilhante. Não é endêmico, mas que diferença faz? Sua beleza é quase implausível. Logo vemos um belo pássaro pica-pau que perfura um tronco com o bico. Alejandro sorri novamente. Nós também. Nós continuamos. O guia não quer desistir. Subimos a trilha e paramos sob um grupo de árvores que sombreiam o caminho. A teimosia do guia tem sua recompensa: ele acaba de ouvir, mais uma vez, o canto dos seus periquitos. Alejandro coloca o tripé no chão, focaliza, um, dois, três periquitos emergem da cavidade de um tronco muito alto. Eles são verdes e têm uma linha amarela na borda de cada asa. Eles permanecem empoleirados no galho. Então eles voam e desaparecem. O encontro é fugaz no tempo, mas duradouro na memória.
As aves da Colômbia
Mais de
50.000
1.958
espécies de plantas e animais catalogadas
espécies de aves
A Colômbia é o país com mais diversidade de aves no mundo
80
espécies endêmicas
135
espécies ameaçadas
1
espécie extinta
Departamentos com mais espécies de aves Cauca com 1.352 Meta com 1.116 Antioquia com 1.115 Valle del Cauca com 1.086 Chocó com 1.041 Amazonas com 702 Atlántico com 515
Aves em Bogotá Até a data temos 235 espécies de aves catalogadas em Bogotá. 7 espécies endêmicas.
A ave emblemática desta cidade é o tico-tico
Diversos ecossistemas como:
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1. Zona úmida 2. Parques arborizados e área urbana 3. Florestas e áreas rurais
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Pyrrhura calliptera
Os periquitos aliamarillos são uma espécie endêmica e somente são encontrados na cordilheira oriental do país.
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Cidades da bicicleta Bogotá e suas redondezas: meca do ciclismo americano Através de pedaladas, uma nova história do país está sendo escrita. Além das estrelas mundiais que se formaram na acidentada geografia nacional, uma rica cultura local gira em torno às “magrelas”. A localização estratégica de Bogotá a torna um destino ciclístico ideal para conquistar as montanhas das cidadezinhas vizinhas. Texto: Sinar Alvarado
Fotos: Juan Felipe Rubio
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Com as bicicletas chegam os cicloviajantes, que viajam como paroquianos de um culto antigo e viral, sempre determinados a coroar um novo cume e, de passagem, compartilham sua paixão com algum colega. Junto com os ciclistas chega todo o resto: o apetite que deve ser saciado após uma dura pedalada; a necessidade de uma peça de reposição, uma nova peça de roupa ou o simples capricho de levar uma lembrancinha para casa. Os ciclistas são embaixadores apaixonados e gregários que espalham sua influência por onde passam. Eles são - somos - uma associação internacional, quase sempre silenciosa e benigna que conquista territórios e os transforma. Bogotá é o coração latente de um sistema nervoso, cujo líquido é composto por diversos ciclistas. A partir desse centro, irrigado por inúmeras artérias, a seiva se desloca para muitos pontos em busca de mais e mais terrenos para percorrer. Os ciclistas da capital iniciaram nossas incursões em suas fronteiras, auxiliados pela mais extensa infraestrutura do continente: 500 quilômetros de pistas exclusivas. Mas andar de bicicleta é um desejo constante que toda semana nos leva a buscar mais, sempre mais.
bicicleta, vendas de roupas, lojas de ciclismo de vários tamanhos se multiplicam e prosperam. Todo esse sistema surgiu e evoluiu como consequência do fenômeno do ciclismo; é um ecossistema humano e econômico que não existiria sem a bicicleta. Mas sua lógica cresceu em órbitas que agora superam a capital. O Alto de Patios é o exemplo mais antigo e evidente desse processo: um ponto primordial da conquista sobre duas rodas. Pátios costumava ser uma simples parada na beira da estrada que leva de Bogotá à cidade de La Calera; com um posto de gasolina, pedágio e alguns pequenos restaurantes para os viajantes. Mas a subida de sete quilômetros se tornou uma área de treinamento para ciclistas amadores; uma série de curvas de inclinação médias e às vezes íngremes que elevam os entusiastas ao topo da cidade em questão minutos. Meia hora é o tempo ideal para a conquista, e todos os domingo pelo menos cinco mil ciclistas completam esse caminho. Após a chegada, uma ampla gama de opções se abre diante dos olhos do esforçado ciclista ofegante. A cidade de Patios oferece aproximadamente trinta locais onde o visitante pode tomar um refor-
As primeiras orbitas
Sabia que a geografia colombiana permite que, inclusive nas rotas para iniciantes, os ciclistas subam a mais de 3.000 metros acima do nível do mar?
Em todo o mundo, até 2024, a indústria do ciclismo, que inclui veículos, roupas e acessórios, alcançará um total de US $ 62 bilhões. Os Estados Unidos e a Itália são os principais núcleos dessa indústria global, mas a Colômbia é a praça que mais cresce na América Latina. A bicicleta faz parte do nosso espírito nacional. A partir de 1951, com o primeiro Tour da Colômbia de bicicleta, as corridas traçaram o mapa de um país que ainda era desconhecido para os seus próprios habitantes. Ao longo dos anos, atraídos por esse feito, muitos estrangeiros também quiseram viajar pela vasta geografia colombiana a ponta de pedaladas. Em Bogotá, nossa capital, todos os dias, cerca de um milhão de ciclistas saem às ruas e se movimentam pela cidade dessa maneira. Aos domingos, quando as principais avenidas são interditadas, a cifra aumenta em números bastante consideráveis: mais de 10% da população total sai para percorrer essas avenidas de bicicleta. As redes primárias do sistema nervoso ciclista estão nas avenidas de Bogotá, onde oficinas de
çado café da manhã e escolher entre as variadas opções: ovos com arepa boyacense recheadas com queijo, pandebonos e almojábanas recém saídos do forno, empanadas, bagels, sanduíches, bolos, sucos, refrigerantes, bebidas energéticas e, acima de tudo, água de panela (chá de rapadura), a bebida tradicional colombiana; a mesma bebida que os primeiros ciclistas colombianos tomaram para disputar no Tour da França. O Alto de Patios se torna um festival que dura várias horas todos os domingos, desde o início da manhã até bem depois do meio dia. Centenas de empregos diretos e indiretos são gerados e dezenas de famílias se beneficiam dessa atividade.
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Nessas cidadezinhas, a ciclocultura envolve a todos por igual: crianças, camponeses, atletas em treinamento e profissionais compartilham as mesmas rotas.
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Bogotá: um destino para a bicicleta O ALTO DE PATIOS
8 km. Altura: 3.000 msnm. Dificuldade: fácil.
Cuchillas de Bocagrande 29 km. Altura: 2.790 msnm. Dificuldade: média.
0 PÁRAMO DEL VERJÓN
19 km. Altura: 2.600 msnm. Dificuldade: fácil.
O que as empresas de cicloturismo oferecem?
Transporte
Alojamento
Alimentação
Mecânico
para todos os lugares onde o visitante se deslocar
nos melhores lugares de Bogotá
oferece serviço de cozinheiro particular
acompanhamento durante toda a jornada
Guias e acompanhamento
Programação de rotas
Empréstimo de bicicletas
de ciclistas semiprofissionais durante todo o percurso
para aproveitar ao máximo o tempo
da melhor qualidade
As empresas cobram a partir de 3.000 dólares por esses serviços, dependendo do tempo e das características que o visitante desejar.
Bogotá aventura 2.
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destinos
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1. Nimaima. 2. Neusa. 3. Suesca. 4. Zipaquirá.
OS ALTOS MAIS FAMOSOS
5. Guatavita.
1. Alto del Sisga.
6. Sopó.
2. Alto del Vino.
7. Subachoque.
3. Alto de Canica.
8. El Rosal.
4. Alto de la Cuchilla.
9. Facatativá.
5. Alto de Las Arepas.
10. La Calera.
6. Alto de Patios.
11. Choachí.
7. Alto el Verjón.
12. Chipaque. 13. Fusagasugá.
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Rumo a rotas intensas Pelos Cerros Orientais, pela estrada que cruza La Calera, os ciclistas podem acessar diferentes rotas. Muitos optam por subir o Alto de Las Arepas, onde param para tomar o café da manhã antes de retornar a Bogotá. São cerca de cinquenta quilômetros de ida e volta contados a partir do Centro Internacional, o coração geográfico e econômico da capital. Outros, mais ambiciosos e resistentes, seguem direto para uma área chamada El Cruce, onde vários outros locais comerciais também prosperaram; ali você pode saborear empanadas deliciosas, ovos, caldos crioulos ou iguarias de ótimas padarias antes de iniciar seu retorno. De El Cruce, mais opções se abrem: descer até Sopó e Briceño, duas cidadezinhas do interior norte no meio da savana e retornar pela rodovia para Bogotá. Ou voltar pelo mesmo difícil caminho percorrido. Com f luxo de pessoas que frequentam El Cruce, é evidente o quanto o ciclismo, um esporte democrático, convoca e mistura todas as classes sociais. Lá você pode ver principalmente homens, de faixa etária entre 40 e 50 anos, que usam roupas de marca (marcas internacionais que custam várias centenas de dólares), uniformes dos anos oitenta patrocinados por lojas de ferragens e pequenas farmácias ou equipes informais patrocinadas pelos próprios membros. O ciclismo tornou-se um ponto de encontro para pessoas de todas as classes sociais, onde a estrada se iguala a elas. Amigos e colegas se reúnem para praticar esportes, relaxar, mas também para fechar negócios que serão produtivos para todos. É por isso que dizem que o ciclismo é o novo golfe, o ponto de coincidência onde importantes parcerias laborais são feitas. Mas algo relevante muda quando se passa dos tacos, buracos e campos de golf para pedais de bicicleta: o cenário já não é mais um campo verde, extenso e exclusivo, agora o campo é a rota sem fim – a estrada- onde todos nós compartilhamos momentos em uma cerimônia menos exclusiva e muito mais igualitária. De El Cruce ao nordeste, uma subida leva primeiro à cidadezinha de Guasca e depois ao Alto de La Cuchilla, uma das subidas mais exigentes da região, muito perto da barragem de Tominé. Ida e volta somam cerca de 130 quilômetros da cidade, com mais de 2.500 metros de desnível total durante a jornada.
La Cuchilla, em termos de infraestrutura e alternativas para quem consegue chegar lá, é igual ao passado de quase todos os enclaves ciclistas: um terreno baldio, solitário onde somente há um rapaz que às vezes sobe até lá na sua motocicleta, com um isopor cheio de salgadinhos e uma garrafa de café na garupa, e nada mais. Recentemente, dois ou três empreendedores minimalistas se juntaram ao rapaz e vendem sucos para os exaustos ciclistas. No topo da montanha, os ciclistas são recebidos apenas por essas pessoas sob uma cerca azul onde Nairo Quintana conhecido como o ‘escarabajo’ (besouro) quem mais competições venceu em toda a história do ciclismo colombiano, levanta os braços sob uma frase que diz: “Conquistei o Alto de la Cuchilla”. “A façanha mais louca é a façanha mais linda” O Páramo de El Verjón, Localizado na parte mais alta da rodovia que leva do centro de Bogotá a Choachí, é provavelmente a mais bonita das subidas e permite que os ciclistas circulem a cidade. A pista asfaltada percorre primeiro as florestas, atravessa o desfiladeiro que divide os santuários de Guadalupe e Monserrate e leva a um platô localizado a 3.400 metros acima do nível do mar. No quilômetro 11, contado a partir da Avenida Circunvalar, em um ponto chamado La Tienda, já estão em andamento várias barracas de alimentos e sucos, nas quais os ciclistas param para recuperar as calorias perdidas. É o lugar mais movimentado dessa rota, mas de vez em quando, à beira da estrada, aparecem novos empreendimentos de camponeses locais, que oferecem, ovos de galinha caipira e de pato, bolos de milho, arepas típicas grelhadas, sanduíches, goiabadas e bebidas naturais. Na entrada do Parque Matarredonda, localizado no quilômetro 18, há um restaurante espaçoso, feito de toras e tábuas, que fica lotado todos os fins de semana. A maioria da clientela chega de bicicleta. Dessa área, alguns ciclistas descem 23 quilômetros até Choachí, onde antes de assumir o desafio de retornar, tomam café da manhã em qualquer um dos restaurante e lanchonetes localizados lá, os quais são na sua maioria frequentados por ciclistas. Não há razão lógica para se submeter a esse tipo de tortura, mas não tem dinheiro que pague a exuberante vista que as nossas montanhas e os desfiladeiros que as dividem oferecem. O ciclista
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italiano Fausto Coppi, Il Campiníssimo, disse: “A façanha mais louca é a façanha mais linda”. O ciclismo é o esporte colombiano por excelência, talvez por causa da semelhança íntima que tem com o país: uma proeza realizada com sacrifício e risco, recompensado pela velocidade, viagem, aventura e o orgulho de triunfar após um esforço resiliente e constante. Em direção ao oeste de Bogotá, na saída da rua 80 que leva a Medellín - a segunda cidade do país - a maioria dos ciclistas seguem em grupos em direção a Alto del Vino e La Vega. Outros escolhem cidades do interior como Subachoque, La Pradera, Tenjo e Tabio, uma área muito verde atravessada por estradas pouco transitadas que serpenteiam entre fazendas de gado plantações fartas devido ao solo fértil. É um ciclismo menos competitivo, mais concebido para passeios e contemplação; embora não deixe de ter seu grau de exigência, pois a jornada de ida e volta até a cidade é de aproximadamente 100 km. Na praça principal de Subachoque, o fenômeno do ciclismo tomou conta da economia local e proliferam as casas dos antigos colonos, que agora oferecem todo tipo de lanches para os ciclistas. Ao norte, também há muitos comércios de todos os tipos onde os ciclistas entram e saem permanentemente, especialmente aos domingos, mas também durante a semana passam por lá centenas de ciclistas que costumam rodar em direção àquela região; em direção à represa del Sisga ou rumo às cidades do interior como Chía, Zipaquirá ou até Tunja. Quase todos esses lugares promovem sua oferta através das redes sociais, principalmente o Instagram, um aplicativo que se tornou a grande vitrine do ciclismo nacional e internacional. Lá, através de imagens cada vez mais produzidas, homens, mulheres e grifes exibem os vislumbres da aventura e da liberdade que esse esporte representa como um modo de vida. O ciclismo é bonito de ser ver, embora doa e exija um bom estado físico e mental daqueles que o praticam. O relacionamento é baseado no poderoso magnetismo que os pedais exercem sobre nós, tal qual o que exerce a cidade de Bogotá sobre essa massa crescente de ciclistas.
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Fotografia: ProColombia
O ciclismo é vivido diariamente com paixão e orgulho. Os que antes eram chamados de ‘escarabajos’ (besouro) são agora figuras de patamar mundial, admiradas por todos.
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MISCELÂNEA
Outras experiências naturais e de aventura na Colômbia Representada em seus mares, suas cordilheiras, sua Serra Nevada, suas florestas e rios, a diversidade da Colômbia é ideal para desfrutar de experiências relacionadas à natureza, como observação de aves e baleias, o ciclismo, entre outras. Atreva-se a vivê-las. Agro turismo PAISAGEM CULTURAL CAFEEIRA Departamentos como Caldas, Quindío, Risaralda e Vale do Cauca oferecem acomodações em fazendas de café onde a paisagem, a tranquilidade, a gastronomia da região, assim como a amabilidade dos seus habitantes são protagonistas. O visitante pode desfrutar de caminhadas pelos verdes cafezais, passeios a cavalo em meio ao barulho de cachoeiras e cantos de pássaros. Parques temáticos como o Parque do Café e Panaca exaltam os valores da cultura local e oferecem diversão para todas as idades. Boyacá É uma região de belas fazendas e casas de campo cercadas por plantações de rosas e cravos, plantações de batatas, cevada, legumes e trigo, que dão vida a esse lugar de tradição rural com igrejas coloniais e cidades pacatas que surgem no meio do campo. Entre os municípios de Duitama e Nobsa fica a vinha de Puntalarga, onde pode-se apreciar seu famoso vinho: o Marqués de Puntalarga.
Aventura Cali As atividades eólicas são as mais importantes da capital do Vale do Cauca. No município de Roldanillo, você pode praticar parapente e, no lago Calima, um dos lugares com os ventos mais fortes do mundo no qual o skysurfing e o windsurfe são praticados. Chocó Na região de Chocó, você pode surfar em um mar cercado por uma floresta tropical, com a possibi-
lidade de avistar baleias que chegam ao Pacífico colombiano entre julho e outubro de cada ano para ter seus filhotes. Você também pode fazer trekking pela floresta tropical, com o objetivo de observar as rãs mais venenosas do mundo. PAISAGEM CULTURAL CAFEEIRA Praticar ciclismo na montanha nesta região é toda uma aventura, com passeios de bicicleta por lugares como o Vale do Cocora, uma imponente paisagem natural em um vale enfeitado por palmeiras de 20 metros de altura. O turismo de alta montanha no Parque Natural Nacional Los Nevados também se destaca, com caminhadas até os picos e o cume de neve a 5.300 metros acima do nível do mar. Santander Devido à sua topografia acidentada, a prática de atividades de aventuras terrestres e aquáticas é o seu forte. Aqui está uma das paradas mais impressionantes do país: o Cânion de Chicamocha, onde são realizadas caminhadas, ciclismo de montanha, rafting e rapel. No município de San Gil, berço de atividades de aventura no país, é o lugar perfeito para conhecer lugares como La Cueva del Indio, onde a entrada é feita através do rapel, onde o tour termina com um emocionante salto no vácuo dentro da caverna.
Mergulho ILHA de Malpelo Está localizada no ponto mais ocidental da Colômbia e cercada por onze penhascos. Está na lista dos 10 melhores lugares do mundo para apreciar tubarões martelo, brancos, baleias, tartarugas galápa-
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Rio Claro, Antioquia
gos, e o tubarão solrayo (odontaspis ferox) (uma espécie que vive nas profundezas e é chamado de “o monstro”), assim como inúmeros peixes de todos os tamanhos e cores. ILHA de Gorgona É reconhecida como a “ilha da ciência” por ser um laboratório vivo onde pesquisadores, ecoturistas e mergulhadores visitam e encontram lá um grande santuário da biodiversidade. Além de observar tartarugas e baleias jubarte que chegam entre julho e outubro, a ilha se presta para fazer caminhadas por trilhas e observar as ruínas da antiga prisão e do velho cais, comprar lembrancinhas na loja ecológica e visitar o salão arqueológico. Capurganá E Sapzurro Duas vilas de areia branca e águas muito azuis que conectam a floresta de Darién ao mar do Caribe colombiano. As melhores estações para mergulhar são entre maio e novembro, quando a fascinante vida subaquática é observada em mais de setenta locais de mergulho. San Andrés A ilha está cercada por um mar multicolorido com recifes de coral. É possível apreciar peixes coloridos e espécies diferentes, como tartarugas, peixes-borboleta, sargento, bispo, baiacu e cavalos-marinhos em volta das gorgonias, raias e barracudas. Os locais de mergulho recomendados são: a Caleta de
José, Calera, Piedras de la Langosta, Trampa Tortuga, Nirvana, Bowle View, Wild Life, La Rocosa e El Avión. Providencia E Santa Catalina Duas pequenas ilhas que formam o terceiro recife de barreira coralina mais extenso do mundo e o único que flanqueia as ilhas vulcânicas. Os locais de mergulho mais populares são: Chimenea, La Tortuga, Felipe’s Place, Tete’s Place, Manta’s City, El Valle de las Esponjas, El Planchón e Table Rock, onde você pode observar tubarões cinza, branco e outras várias espécies.
Pesca esportiva O Pacífico Permite ter experiências para pescadores com vara e outras especialidades de captura e liberação, nas quais grandes atuns, peixes-espada, peixes-vela entre outros, são os protagonistas de um cenário dominado pela floresta tropical úmida de Chocó. A ORINOQUÍA E A AMAZÔNIA É um mundo totalmente diferente, dominado por rios sem exploração comercial de pesca, onde o contato com as comunidades e a natureza faz parte do programa. Essas regiões têm os melhores pontos para a pesca esportiva do tucunaré e do peixe-vampiro.
OUTRAS EXPERIÊNCIAS – 027
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NATUREZA E AVENTURA Montanhas, rios, lagoas, rochas, recifes de coral, desertos, florestas úmidas, flora e fauna inesgotáveis ... a lista seria interminável, as palavras sempre seriam curtas. Abrir os olhos diante das paisagens colombianas transforma os viajantes em testemunhas de contrastes surpreendentes e em protagonistas de experiências emocionantes em meio a essa generosa natureza que se espalha em todas as direções até transbordar nossas fronteiras.
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