Curso Básico para Pregadores
Arquidiocese de Maringá Renovação Carismática Católica Ministério de Pregação Maringá – Paraná 2010
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Apresentação A missão do Ministério de Pregação é a formação de pregadores da Renovação Carismática Católica (RCC), conduzindo-os à unidade de fé e do conhecimento de Jesus Cristo, a partir da vivência do Batismo no Espírito Santo, buscando a santidade, reavivando-lhes a consciência de nossa identidade e capacitando-os para o eficaz exercício do ministério de pregação. Este curso básico tem como base principal as diretrizes do Ministério de Pregação da RCC Brasil (2008-2009), o Curso de Comunicadores da Mensagem Cristã, da Editora Pelicano, desenvolvido pela Evangelização 2000 e a apostila Curso de Pregadores elaborada pela Comunidade Atos. Outros textos serviram de fonte como Anuncia-Me, cujo objetivo é despertar e reavivar os carismas da pregação e do ensino, bem como desenvolver o senso de responsabilidade pelo primeiro anúncio do Evangelho. Arautos da Salvação que visa capacitar os pregadores a anunciarem o Evangelho utilizando o querigma. Oratória Sacra, que tem como objetivos: capacitar os pregadores e formadores a confeccionarem roteiros com eficácia e segurança e dotar os pregadores e os formadores dos conhecimentos básicos e do treinamento necessário para receberem a formação sobre comunicação gesto verbal, comunicação interpessoal, organização do pensamento, noções de artes cênica e didática. Além disso, constam neste manual as oficinas: Voz e Unção, Palavra Viva, Roteirização, Verbalização e TV. Portanto, os módulos da metodologia com poder do Espírito Santo propostos pela RCC que serão abordados nesta apostila serão: I – Fundamental: Roteirização, Pregação, Voz e Unção e Palavra Viva. II – Missão: Anuncia-me, Arautos da Salvação, Aprofundamento da Mensagem e III – Bíblico: Onde buscar a mensagem bíblica. Aprender a pregar não se limita a uma técnica de oratória, mas a seguir os passos do mistério da encarnação, em que a palavra e acontecimento se unem indivisivelmente. Trata-se de imitar o maior pregador da história, que não apenas chegou a ser o tema de pregação de muitos, mas também muitos mártires deram suas vidas por ele (Salvador Gomes e José H. Prado Flores, 1988). Aprenda com Jesus! Aprenda com a Igreja! O pregador, por mais capaz que seja não tem autoridade por si mesmo. Tem que ser enviado, quer dizer, unido aos pastores da Igreja. “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. ... Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados.” (Mc 16, 15-18). Avante, caros arautos da salvação! Marchemos para conquistar almas para o Senhor! “Proclama a Palavra, anuncia a Boa Notícia!” (II Tim 4, 1-5).
Miguel Machinski Junior Coordenador do Ministério de Pregação – RCC Maringá (Grupo de Oração Leão de Judá)
Revisão: Claudinéia Almeida da Silva Faustino (Grupo de Oração Rainha dos Anjos) Gustavo Cioli (Grupo de Oração Frutos da Aliança)
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Sumário Apresentação .................................................................................................................................... Sumário ............................................................................................................................................. 1° Tema – Arautos da Salvação ....................................................................................................... 1. Arautos da Salvação ............................................................................................................... 2. Quem pode ser pregador? ...................................................................................................... 3. Exemplos de arautos .............................................................................................................. 4. O pregador ............................................................................................................................. 5. Obstáculos do pregador .......................................................................................................... 6. Decálogo do orador sacro ...................................................................................................... 2° Tema – Pregação ......................................................................................................................... 1. Conceito de pregação ............................................................................................................. 2. A necessidade da pregação .................................................................................................... 3. Objetivos da pregação ............................................................................................................ 4. Anunciar a Boa Nova ............................................................................................................. 3° Tema – Revelação para a pregação ............................................................................................ 1. Bíblia Sagrada ........................................................................................................................ 2. Sagrada Tradição ................................................................................................................... 3. Magistério da Igreja ............................................................................................................... 4. Senso sobrenatural da fé ........................................................................................................ 5. Fontes complementares (Via cosmológica e antropológica) ................................................. 4° Tema – Tipos de mensagem ........................................................................................................ 1. Mensagem querigmática ........................................................................................................ 2. Mensagem catequética ........................................................................................................... 3. Mensagem de perseverança ................................................................................................... 5° Tema – Buscando a mensagem na Bíblia ................................................................................... 1. Parábolas ................................................................................................................................ 2. Milagres ................................................................................................................................. 3. Personagens ............................................................................................................................ 4. Guerras ................................................................................................................................... 5. Perguntas ................................................................................................................................ 6. Diálogos ................................................................................................................................. 7. Discursos ................................................................................................................................ 8. Costumes, comidas e festas .................................................................................................... 9. Visões, sonhos e revelações ................................................................................................... 10. Lugares ................................................................................................................................. 11. Objetos ................................................................................................................................. 12. Orações ................................................................................................................................ 6° Tema – Técnicas para aprofundar a pregação .......................................................................... 1. Significado das palavras ou semântica .................................................................................. 2. Opostos, antônimos ou contrários .......................................................................................... 3. Contexto ................................................................................................................................. 4. Comparação de mensagens .................................................................................................... 7° Tema – Como organizar a pregação (Roteirização) ................................................................... 1. Roteiro proposto pelo livro Formação de pregadores .......................................................... 2. Roteiro proposto pela RCC Brasil ......................................................................................... 8° Tema – Técnicas de pregação ..................................................................................................... 1. Ruídos de comunicação ......................................................................................................... 2. Espécies de técnicas de pregação ........................................................................................... 9° Tema – Oficinas de pregação ...................................................................................................... 1. Voz e unção ............................................................................................................................ 2. Palavra viva ............................................................................................................................ 3. Roteirização ........................................................................................................................... 4. Verbalização .......................................................................................................................... 5. A arte de falar na TV ............................................................................................................. Referências .......................................................................................................................................
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1° Tema – Arautos da Salvação1 1. Arautos da Salvação = Pregadores Nós fomos criados para a comunhão com Deus, criados para viver no jardim do Édem (jardim das delícias), mas com o pecado fomos expulsos do paraíso e a porta ficou trancada e guardada por um anjo de guerra. Só que com a morte de Cruz, Jesus abre a porta do paraíso, tira o anjo de guerra e o véu do templo é rasgado. O lugar denominado “Santo do Santos” já não é proibido aos que estão no lugar dos “santos” no templo. Jesus o Rei convoca os pregadores a serem os Arautos da Boa Notícia: “A porta do céu está novamente aberta para a humanidade”. Aprouve a Deus salvar o homem pela pregação. A palavra pregação usada pelo apóstolo Paulo aos Coríntios deriva do termo grego kerys que quer dizer arauto. A pregação é o exercício do trabalho do arauto do Rei. 2. Quem pode ser pregador? 1) Condições para ser anunciador: A) Experiência de salvação (testemunho pessoal) – É difícil anunciar o Evangelho sem antes experimentá-lo. Para anunciar Jesus Cristo eficazmente é necessário primeiro experimentar o seu poder na própria história. Se o anunciador não tiver experiência de Salvação não terá autoridade para anunciar. A principal condição para realizar bem o anúncio é que este seja baseado numa experiência de vida. "A experiência pessoal tornou-se uma condição essencial para a eficácia profunda da pregação, somos até certo ponto, responsáveis pelo avanço do evangelho que nós proclamamos." (Evangelli nuntiandi – E.N. N° 76). B) Testemunho de vida (viver o que se prega) - A vida fala muito mais do que as palavras. O testemunho autenticamente cristão é o primeiro meio de evangelizar. São Pedro exprimia isto muito bem quando evocava a singularidade de uma vida pura e respeitável, para que, aqueles que "não obedecem a palavra, venham a ser conquistados sem palavras, pelo procedimento" (E.N. N° 41). C) Zelo pelo evangelho (ser apaixonado por Jesus) - para que Cristo seja conhecido, amado e servido por todos os homens. "O Senhor quer que nós, que um dia recebemos o anúncio da palavra, não deixemos desaparecer o primeiro amor que nos leva a proclamar para todos o amor com que Deus nos amou" (Ap 2,3-4). Faz parte do zelo, o cuidado para não disseminar confusão ao anunciar o evangelho. "Pregar, não as nossas próprias pessoas ou as nossas idéias pessoais, mas sim um evangelho do qual não somos senhores e proprietários absolutos" (E.N. N° 15). 2) Os que tem os seguintes requisitos: A) Decisão voluntária - (Mt 16,24) Se alguém quiser... Ser arauto de Cristo não pode ser encarado como obrigação, é necessário querer. E querer de todo coração. Está escrito que duas pessoas não poderão andar juntas se não houver acordo entre elas (Am 3,3). Ser arauto de Cristo é estar em completa comunhão com Ele. B) Determinação - (Mt 16,24) Renuncie a si mesmo... Uma pessoa determinada é alguém que sabe aonde quer chegar, independente do que terá de enfrentar pelo caminho. O primeiro homem a escalar o Everest, depois de várias tentativas sem conseguir êxito foi convidado para uma conferência em uma Universidade. Ao subir ao palco, bem à suas costas haviam colocado um enorme cartaz do Everest. Ele não se sentiu incomodado e logo disse olhando para o cartaz: “Everest você já cresceu tudo o que tinha que crescer, eu estou apenas começando”. Ele foi o primeiro a escalar o Everest porque era determinado. C) Consciência - (Mt 16,24) Tome sua cruz... Ao falar sobre a cruz, os discípulos de Jesus sabiam muito bem o que isto significava. Os discípulos assumem as conseqüências da sua 1
Apostila Arautos da Salvação, RCC Brasil.
5 decisão, conscientemente. Tomar a cruz significa dedicação total. Significa viver para Deus. O sofrimento é essencial para o ser humano (Papa João Paulo II). D) Disposição para o trabalho - (Mt 16,24) Siga-me... Disposição em seguir Jesus. No judaísmo, esta palavra (seguir) estava ligada diretamente ao relacionamento entre um aluno da Torá e o rabino. O aluno subordinava-se a este rabino, seguia-o em todo lugar por onde ele andasse, apreendendo dele e servindo-o. Ex. Expulsar espírito da preguiça é difícil porque ele se esconde. Já viu alguém pedir oração porque está com muita preguiça? 3) Os que passam pelo teste do chamado A) O arauto inconseqüente (Lc 9, 57-58). O primeiro homem narrado por Lucas ofereceu-se espontaneamente para seguir Jesus. Atitude louvável! Contudo, decidiu sem pensar, sem avaliar as conseqüências. A resposta dura de Jesus não visava desanimá-lo, mas instruí-lo, pois ele não conhecia a si próprio, ao Senhor e nem a extensão do discipulado. B) O arauto Soft (Lc 9, 59-60). Soft em inglês significa suave, é o famoso “devagar”. Cristo não aceita mercenários nem turistas no seu grande Reino, aqueles que valorizam conforto e segurança acima dos interesses do Senhor não podem ser bons arautos. C) O arauto indeciso (Lc 9, 61-62). Aquele que não renuncia à antiga vida e corre o risco de ficar enraizado neste mundo. Por exemplo, Bartimeu em Mc 10, 46, enquanto estava na beira do caminho, nas trevas, nem fora e nem no caminho; bem como, At 3, 2, o coxo sentado a porta do templo. 4) Os que vencem as tentações A) A tentação de querer ser agradável aos homens (I Tes 2,4). Em Jeremias 28, tanto Ananias quanto Jeremias profetizam na casa do Senhor, na presença dos sacerdotes e de todo o povo. Ananias afirma: “Assim fala o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: vou romper o jugo do rei de Babilônia. Ainda exatamente mais dois anos, e farei voltar a este lugar todos os objetos do templo...” nos versículos 15 e 16 Jeremias profetiza ao profeta Ananias: “Ouve bem, Ananias! Não te outorgou missão o Senhor. És tu que arrastas o povo a crer na mentira. Por isso, eis o que disse o Senhor: vou afastar-te da face da terra. Ainda neste ano morrerás, pois que insuflaste a revolta contra o Senhor.” Muitos pregam evitando assuntos que incomodam, alterando padrões morais da Bíblia, usando palavras lisonjeiras. B) A tentação de agir com intuitos gananciosos (I Tes 2, 5). Paulo fala do seu trabalho dia e noite (fazendo tendas) para não ser pesado aos fiéis. Mesmo eles que estavam prontos a compartilharem suas próprias vidas. C) A tentação de buscar glória de homens (I Tes 2, 6). Jesus disse em Lucas: Ai de vós quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas (Lc 6, 26). 3. Exemplos de arautos 1) Moisés (Ex 5-11) vai ao faraó seguindo às ordens de Deus para a salvação do povo. A) Na primeira vez o faraó diz não (Ex 5, 2). B) Na segunda vez o faraó disse que adorassem dentro do Egito (Ex 8, 25). C) Na terceira vez o faraó permitiu que fossem, porém não deveriam ir longe (Ex 8, 28). D) Na quarta vez o faraó disse para não levarem os filhos (Ex 10, 9-11). 2) Paulo (At 27, 13-44) salva os tripulantes de uma embarcação na tempestade. A) Paulo os exorta e os leva a crer (vs. 21 – 25). B) Paulo os corrige e os encoraja (vs. 31 – 34). C) Paulo os conduz são e salvos (vs. 44). 3) João Paulo II conduziu o rebanho de Deus entre lobos. Ex. Um repórter lhe perguntou se não estava na hora de deixar de ser Papa em virtude de sua saúde e outras coisas. O Papa respondeu: Jesus só desceu da cruz depois de morto.
6 4. O Pregador O pregador ou arauto da salvação é uma pessoa guiada pelo Espírito Santo, com o objetivo único de conquistar as pessoas para Jesus. Ele é a voz que clama, é a seta que indica o caminho. Mas não é, jamais, a Palavra, o Caminho. Por isto é muito importante que o pregador do grupo de oração seja uma pessoa madura na fé, que conheça bem Jesus, que é o Verbo do Pai, a Palavra verdadeira, o único caminho. O perigo de um pregador imaturo é de que, não conhecendo a Verdade, ele desvie muitas pessoas do verdadeiro caminho. São Paulo orienta que para ser capaz de ensinar a pessoa “não pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o demônio. Importa, outrossim, que goze de boa consideração por parte dos de fora, para que não se exponha ao desprezo e caia assim nas ciladas diabólicas (...) Antes de poderem exercer o seu ninistério, sejam provados para que se tenha certeza de que são irrepreensíveis” (I Tim. 3, 6-7, 10). O que podemos entender por Verdade? A verdade é o próprio Jesus, conforme a Igreja Católica Apostólica Romana ensina (Declaração Dominus Iesus). Mas o que vem a ser um pregador maduro? Pergunta um tanto difícil de responder, tendo em vista que estamos falando de fé, de conhecimentos sobrenaturais, de graça. Mas, como disse Jesus: são pelos frutos que conhecereis a árvore. Assim, cabe à comunidade de fé, aos membros do grupo, em especial à equipe de serviço, decidir sobre quem deve pregar no grupo de oração. 5. Obstáculos do pregador a) Ativismo - se o demônio não nos pega pela omissão (preguiça), poderá nos pegar pelo excesso de atividades boas (religiosas). O ativista não tem tempo para a amizade com Jesus (oração pessoal), como acontece com Pedro e Jesus em Jo 21, 15ss (Pedro, tu me amas?). b) A falta de pureza nas intenções - O homem vê o exterior, Deus perscruta as intenções do coração (1Sm 16,7). Uma ação vale para Deus quanto vale a intenção com a qual é feita. O Espírito Santo não pode agir na evangelização se o movente não é puro. Deus não se faz cúmplice de mentira e não valoriza a vaidade. c) Falta de humildade - Não pregar a si mesmo: "De Fato, não nos pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor" (2Cor 4,5). Não buscar a glória pessoal: "Eu não busco a minha glória!" (Jo 8,50). d) Excesso de amor-próprio (a si mesmo) - Astúcias do amor próprio: "O ego quer ser admirado e amado"; Ostentação de vaidade; Desejo de agradar aos outros para conseguir vantagens; Desejo de tornar-se célebre (com muita fama); Centralizar-se em si mesmo. "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci retirai-vos de mim, operários maus!” (Mt 7,21-23). e) Incredulidade. 6. Decálogo do orador sacro2 .a Docilidade ao Espírito Santo .b Orar diariamente .c Zelar pela própria santidade .d Amar as pessoas .e Aprender com os bons pregadores .f Viver o que se prega .g Simplicidade na exposição e profundidade nas idéias .h Escolher cuidadosamente o tema e as idéias principais para compor o roteiro .i Treinar exaustivamente 2
Apostila Oratória Sacra – Verbalização, RCC Nacional.
7 .j Começar a pregação com serenidade (os arroubos são para depois, se forem necessários) DINÂMICAS 1. Convide alguns participantes para irem à frente e testemunharem quem foi o seu arauto. Citando quem foi, em que época, se ainda tem contato com ele ou não e outras particularidades que quiserem. Façam uma oração para estes arautos. 2. Chamar alguns participantes para irem a frente testemunhar seu primeiro (encontro com Jesus ressuscitado) ou segundo (Batismo no Espírito Santo) toque de Deus. 3. Convidamos a todos que se coloquem de pé, em atitude de prontidão para acolherem o chamado e o envio de nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de, também nós, nos tornarmos como Ele, anunciadores da Boa Nova.
2° Tema – Pregação 1. Conceito de pregação3 Pregação é o anúncio do Evangelho sob a unção do Espírito Santo, mediante o uso dos recursos e métodos da oratória (arte de falar em público) e da retórica (estudo do uso persuasivo da linguagem, em especial para o treinamento de oradores). Oratória Sacra é um método de pregação que, com docilidade ao Espírito Santo e dependendo de sua unção, anuncia o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo empregando as técnicas e os recursos de comunicação ensinados pela retórica e utilizados pela oratória. Sua raiz remota são as homilias feitas pelos primeiros cristãos; nasceu quando os pregadores cristãos perceberam que podiam usar a retórica grega ou a oratória romana. Uma das funções da oratória é apresentar uma tese, sustentá-la e deixar os ouvintes em condições de decidir por ela. Cada tema de pregação assemelha-se a uma tese. A) Partes da Oratória: Invenção: planejamento estratégico (busca de idéias, provas, argumentos) = Acolhimento da revelação para a pregação. Disposição: organização da forma mais didática possível. Elocução: exposição das idéias de forma estética e convincente. B) Eloquência Habilidade de falar e exprimir-se com facilidade. É a arte e o talento de persuadir, convencer, deleitar ou comover por meio da palavra. Em estudos da linguagem é a arte de falar bem. Ex. Apolo. 2. A necessidade da pregação A pregação é uma necessidade no plano de Deus – I Cor. 1, 21 e Rom. 10, 14 – Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? Ensina Lumen Gentium (L.G.) Nº 1338 e 1339: Impõe-se pois a todos os cristãos o dever luminoso de colaborar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e acolhida por todos os homens em toda a parte. (...) Para exercerem tal apostolado, o Espírito Santo – que opera a santificação do povo de Deus através do ministério e dos sacramentos – confere ainda dons peculiares aos fiéis (cf. I Cor. 12,7) “distribuindo-os a todos, um por um, conforme quer” (I Cor. 12,11). (...) Da aceitação dos carismas, mesmo dos mais simples, nasce em favor de cada um dos fiéis o direito e o dever de exercê-los para o bem dos homens e a edificação da Igreja, dentro da Igreja e do mundo, na liberdade do Espírito Santo (...).
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Apostila Oratória Sacra – Verbalização, RCC Nacional.
8 1ª Necessidade – a fé: Através da pregação que recebemos a fé (Rm 10, 9-19) e a fé é condição para a salvação: A) (vers. 9) se com tua boca... com suas palavras, com seu raciocínio dêem razão de sua fé. Será salvo! B) (vers. 9) em teu coração... com suas ações, com seus testemunhos viva a sua fé. Será salvo! C) (vers. 13) por que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo! Então agora ficou muito simples a questão da salvação: para sermos salvos precisamos invocar com a boca e o coração o nome do Senhor. D) (vers. 14,) Como invocarão... como poderá alguém invocar a salvação sendo que não crê porque não ouviu falar que Jesus é o salvador. E) (vers. 14) e como ouvirá se ... muitos estão se perdendo por nossa causa, porque não estamos falando. Não se espante o dia que entrar em um grupo de oração e ver uma pedra falando (Lc 19, 40). Ex. A arte nasce da inspiração, a filosofia do raciocínio, a tecnologia do cálculo e da experimentação. A fé é a única que nasce do ouvir (Pe. Ranierro Cantalamessa). F) (vers. 18) Acaso não ouviram? A resposta foi sim. Sim, ouvimos! G) (vers. 19) Acaso não compreenderam? A resposta foi sim. Sim, compreendemos. H) (Rm 11,1) Acaso rejeitou Deus o seu povo? A resposta foi não. Deus não rejeita um povo que vive empunhado a arma que Ele deu como sinal da vitória contra o mundo: a nossa fé (1 Jo 5,4) . 2ª Necessidade – a esperança: É através da pregação que se renova a esperança (Êx 14, 10-16). A) (vers. 10-12) invocaram o Senhor... O mundo está passando por uma crise de falta de esperança. Pessoas com doenças não esperam solução por parte de médicos e hospitais. Pessoas em dificuldades financeiras não esperam ajuda de bancos ou agências financeiras, pessoas sem empregos não acreditam em empresários. B) (vers. 13) Não temais... nos momentos difíceis de nossa vida, onde procuramos amigos para nos consolar, com certeza encontraremos nas pregações, na palavra de Deus não somente consolo, mas direção para caminhar no rumo certo. Ex. em algumas traduções bíblicas há 365 citações dizendo “Não temais”. Uma reflexão: que lindo, uma para cada dia do ano em nossa vida. C) (vers. 14) O Senhor ... Pela esperança é que alcançamos a salvação, em esperar as maravilhas do céu. Ganhar o céu é esperar até o último momento. D) (vers. 16) para que os israelitas... Diante do mar vermelho, Moisés se viu sem esperança. De um lado o mar de outro o exército dos Egípcios. Nada humanamente poderia vir em auxílio do povo de Deus. Sem saída, sem armas e sem guerreiros, Moisés só tinha esperança em uma promessa feita pelo Senhor dos exércitos; e agarrado a essa esperança ele e todo o povo viu a vitória dos que esperam no Senhor. Jesus é nossa esperança! (1 Tm 1, 1). Vivemos pela esperança: esperar morrer no lugar e na hora certa. Ex. Dimas o bom ladrão. 3ª Necessidade – o amor: Através da pregação é que progredimos no amor (1 Sm 1, 1-9). A) (vers. 5) porção dupla... O esperado era que ele desse a Ana o mesmo que dava à Fenena, mas o verdadeiro amor é dotado de generosidade e excede as expectativas. Se o esperado é lavar louça, enxugue também. Todos nós sabemos como é maravilhoso quando todas as nossas expectativas são superadas. Não podemos deixar que o egoísmo mine a beleza do amor, mas a cada dia devemos nos superar na doação e na entrega, porque progredir no amor é ir além do esperado. B) (vers. 2) Ana, porém, não os tinha... Se progredir no amor é ir além do esperado, também é certo que o verdadeiro amor permanece, mesmo quando recebemos aquém do esperado. Elcana amava Ana mesmo ela não lhe dando o que esperava. Ana nesse sentido ficava aquém das expectativas, mas isso não era motivo para que ele a amasse menos. Quero dizer algo para vocês: em alguns aspectos vocês estarão aquém das expectativas do outro, por melhor que você seja. Por isso lembrem-se: mesmo que você vá além do esperado, não faça cobranças naquilo em que suas expectativas forem frustradas. Não amem menos, pelo contrário, amem mais, pois essa é a grandeza do amor. O amor não é troca, mas sim entrega e isso é progredir no amor. C) (vers. 8) Não valho eu... progredir no amor é ser para os outros melhor que o sonho mais profundo de seus corações. Há um momento que Ana se desespera – quer filhos, mas eles não vêm. O seu sonho maior não se realiza. Quem tem um grande sonho e não o vê realizado sabe o que Ana sentiu. Elcana com convicção afirma para ela que ele vale dez vezes mais do que o sonho maior de sua vida, ter um filho. Ser a realização dos sonhos do outro é dez vezes mais progredir no amor. D) (vers. 21-23) Ana, porém não foi... Mas Deus em sua misericórdia concede o sonho do coração de Ana. É nesse momento que Elcana demonstra mais uma vez o
9 que é o amor. Ele é solidário e compreensivo quando ela diz que não subirá com ele ao Santuário enquanto a criança não estiver desmamada. Lendo o texto hoje, não compreendemos a riqueza do que isso significa. Aquela era uma época patriarcal, os direitos do homem dentro da casa eram absolutos. Uma mulher ter vontades e ser compreendida não era algo comum. Amar não é apenas estar ao lado nos momentos fáceis, de calmaria, mas nos momentos de tempestades, e isso é progredir no amor. 3. Objetivos da pregação O objetivo da pregação no grupo de oração é levar as pessoas a conhecerem Jesus. Haja vista que, muitas, algumas, ou até mesmo uma, pode nunca ter ouvido falar Dele. Por ser aberto a todas as pessoas, em cada reunião de oração deve-se anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Este é o grande desafio do leigo carismático. Sobre a missão de pregar o querigma ensina o documento L. G. N.º 1335: “Os leigos, por sua vez, participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, realizam verdadeiramente apostolado quando se dedicam a evangelizar e santificar os homens e animar e aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do Evangelho, de maneira a dar com a sua ação neste campo claro testemunho de Cristo e a ajudar à salvação dos homens”. A pregação tem dois objetivos que precisam ser alcançados. O cego descrito por Marcos (8, 22-26) é o único a ser curado com dois toques de Jesus, enquanto todos os outros cegos foram curados com apenas um toque. Assim como nossa pregação também necessita de dois toques. Primeiro toque - Experiência salvífica de Jesus Cristo. Em Lc 7, 18-23, Jesus disse: ide anunciar a João o que tendes visto e ouvido: A) Os cegos vêem: cegueira espiritual. O pior cego é o que não quer enxergar. A visão deste mundo cega os olhos da carne para ver a beleza das coisas espirituais. B) Os coxos andam: os piores tipos de deficiências dos quais Jesus veio nos libertar é a derrota; as cadeias do medo, da culpa, do desespero, do ódio, da depressão, pois todas essas coisas cercam o Espírito. C) Os leprosos ficam limpos: a pior lepra que nos ataca hoje em dia é o pecado (O mundo perdeu a noção do pecado – Papa Paulo VI). D) Os surdos ouvem: o pior tipo de surdez é escutar as mentiras de satanás, o pai da mentira. E) Os mortos ressuscitam: temos quinze minutos no grupo de oração para ressuscitar os mortos. Morte no nosso íntimo – há áreas de nossa vida que não foram tocadas pelo Espírito de Jesus, que não estão sob o senhorio de Jesus e às quais ele quer levar vida. F) Aos pobres é anunciado o Evangelho: quem são os pobres? Podemos ser nós mesmos, pois a maior pobreza é não conhecer o Senhor. Pode haver milionários mergulhados em grande pobreza. Segundo toque - Experiência no Espírito Santo. Em At 1, 5-8, Jesus disse: vós sereis batizados no Espírito Santo. A) Daqui a poucos dias: em sua ascensão, Jesus marca o tempo para o cumprimento da promessa feita pelos profetas Ezequiel e Joel. B) Ides restaurar o reino de Israel: Jesus estava falando da promessa espiritual e os apóstolos preocupavam-se com a promessa material, pois sua visão ainda era a deste mundo. C) E vos dará força: temos também o poder (dínamus) para realizar sua obra nesse mundo através de seus dons, carismas e frutos. * Dons – disposições permanentes dadas pelo Espírito Santo (CAT 1830): sabedoria, ciência, entendimento, conselho, fortaleza, piedade e temor de Deus. * Carismas – são graças especiais (CAT 798): profecia, palavra de sabedoria e ciência, fé, discernimento, dom de línguas e interpretação. * Frutos – nossa resposta à ação do Espírito (CAT 1832): paciência, caridade, paz, alegria, modéstia, bondade, castidade, mansidão ... (Gal 5). D) E sereis minhas testemunhas: Testemunhas de minha encarnação, minha paixão, minha morte e minha ressurreição. E) Até os confins do mundo: não temos limites para levar a Boa Nova. Em outras palavras, isso quer dizer que devemos anunciar por todos os lugares da Terra e durante toda a história da humanidade.
10 4. Anunciar a Boa Nova4 4.1 Anunciar com Amor Qual sentimento deve motivar um pregador a anunciar o Evangelho? É o Amor, vocês devem estar pensando, mas que espécie de amor? Amor a quem? Em Jo 21, 15-17 Jesus diz a Pedro quem ele deve amar para ser pregador, e ele entendeu. Porque Deus enviou Jesus ao mundo por amor: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu filho único.” (João 3, 16). A humanidade é muito querida por Deus Pai... Com amor eterno te amei; (Jer 31, 3). "Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estavam enfraquecidos e abatidos como ovelhas sem pastor" (Mt 9, 36; 15, 32). Jesus amou o seu povo com o mesmo amor com que o Pai o amava (Jo 17, 23). Para provar sua entrega deu a prova máxima do amor: a sua vida (Jo 15, 13). Paulo anunciava o Evangelho por amor (1 Ts 2, 1-8). Por amor os apóstolos entregavam sua vida, tempo, bens materiais para proclamar o evangelho a toda criatura. Santa Terezinha, exemplo de amor missionário, dizia: "Minha Vocação é o amor, minha escola é o amor. Compreendi que o amor abrange todas as vocações alcançando todos os tempos e todos os lugares. Compreendi que só o amor fazia os membros da igreja atuar, e que se o amor se extinguisse os apóstolos já não anunciariam o evangelho. Portanto, escolhe o caminho mais breve para chegar a Deus e aos irmãos." Um século depois da sua morte, seu desejo se realizou: em 14 de outubro de 1994 suas relíquias saem pela primeira vez de Lisieux para percorrer o mundo em testemunho do amor a Jesus. "Quisera percorrer a terra. Quisera ser missionária, não só um dia, mas até a consumação dos séculos, para tornar Jesus conhecido e amado por todos". Madre Tereza de Calcutá nos ensina que "podemos não realizar grandes coisas, bastam pequenas coisas com grande amor". E ainda: “qualquer trabalho de amor leva a pessoa face a face com Deus.” Quando ela anunciava o Evangelho, dificilmente as pessoas se continham, pois suas palavras eram carregadas de tanto amor que transpassavam os corações dos ouvintes. Seremos julgados pelo amor (Mt 25, 40.45). O evangelho do amor não se pode anunciar senão por amor. "A obra do evangelizador supõe um amor fraternal para com aqueles a quem se evangeliza." (E.N. 79). Jesus nos dá o exemplo: “Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estavam enfraquecidos e abatidos como ovelhas sem pastor" (Mt 9, 36-38). O pregador deve entrar nesta economia do amor. (Jo 13, 34-35). Deve amar os homens, os abandonados, os pecadores, para poder dar a eles a palavra da vida. Não se pode dar Jesus senão pelo amor, nunca através de censuras ou julgamentos, quase desabando o mundo contra o povo. Jonas não amava os ninivitas (Jn 4, 10). Jonas ficou visivelmente mais contente quando pôde gritar "Mais quarenta dias e Nínive será destruída!", do que quando teve que anunciar o perdão de Deus e a salvação de Nínive. Deus teve que trabalhar mais para converter o pregador Jonas do que para converter os habitantes de Nínive. Pregação sem amor pode transformar as palavras em pedras. É bom perguntar a Deus e a si mesmo: amo estas pessoas como o Senhor os ama? Se a resposta for não, é preciso se converter, pedir a Jesus o seu amor, junto com a sua Palavra. 4.2 Anunciar com sinais Qual é a melhor pedagogia a ser usada na pregação? Sem dúvida é a pedagogia dos sinais. Sinais na bíblia quer dizer prodígios e milagres. Um milagre dispensa milhões de palavras. Não sem motivo que a Igreja nos ensina que "A palavra permanece atual, especialmente quando é acompanhada de sinais de poder" (E.N. 42). Os próprios Apóstolos de Jesus não renunciaram aos sinais em suas missões. Com efeito, diz a Palavra de Deus que "Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam" (Mc 16, 20). Os sinais são demonstrações do poder de Deus que acompanham as pregações. Cabe ao pregador abrir-se aos sinais para que ocorram quando Deus desejar. Estamos todos neste local 4
Apostila Anuncia-Me, RCC Brasil, 2010.
11 sendo convidados a compreender e aceitar os milagres e prodígios como poderosos recursos a serem utilizados na evangelização, a partir do conceito de sinais. Os prodígios e milagres provam a presença de Deus, portanto são sinais de que Deus está naquela pessoa ou situação. Sinal na pregação não é apenas milagre, é toda experiência sensível com Deus: Jó 42, 56; 1Jo 1, 1-3; Paz, alegria e amor no coração após a palavra anunciada (sentimo-nos amados por Deus); Sensação de bem-estar (fruto da unção da pregação); Ardor missionário; Sinais interiores: virtude (força interior para o bem); A pregação nos anima, motiva, nos impulsiona, nos joga para frente; A pregação traz a fé no nosso coração; A pregação abre nossos olhos para enxergarmos o mistério do Reino; Sensação de liberdade interior (Gl. 5, 1); etc. A palavra "poder" vem do grego é dynamis, e dela vem a palavra "dinamite" (At 1, 8). O Espírito Santo "explode" em sinais e prodígios. Recebemos este "dynamis" para pregar o Evangelho com sinais e prodígios. Jesus deu aos seus discípulos este poder, e a todos que crêem nele. O poder não se baseia necessariamente nos brados ou nas qualidades de sugestão ou de oratória. Os sinais acompanham o anúncio do Evangelho (Mc 15. 14-20). Os apóstolos realizaram também sinais e milagres (Lc 9, 1-6), eles cumpriram a palavra de Jesus, pregando a Boa-Nova e curando os enfermos. Palavras e sinais estão intimamente unidos no plano de Deus (Dei Verbum 2), precisamos pregar para acontecer as maravilhas de Deus. Pregar e curar são aspectos inseparáveis da evangelização. O pregador prega a Palavra, o Senhor a confirma com sinais. Não se deixe levar pelos que não acreditam em curas e milagres. Curas e milagres são para o nosso tempo, o povo de hoje também sofre e Deus continua amando. Os milagres não se extinguiram, o que tem faltado são proclamações querigmáticas feitas no poder do Espírito Santo. 4.2.1 USO DOS DONS CARISMÁTICOS NA PREGAÇÃO Para atingirmos nosso objetivo na pregação, contamos com um poderoso aliado: o Espírito Santo. O Espírito Santo adorna e enriquece a Igreja com seus dons. O pregador da palavra de Deus deve ser cheio do Espírito Santo, deve esvaziar-se de si para depender totalmente do Espírito de Deus, que vem ao encontro daquele que o busca. Segundo I Cor 13, aquele que recebe o dom do Espírito deve buscar o dom mais excelente de todos: a caridade. O pregador da palavra de Deus deve ser caridoso. Sua pregação deve estar cheia de amor, ser paciente, bondosa, e principalmente rejubilar-se na verdade. Devemos levar em consideração que o pregador não prega “somente” para si, mas principalmente para aquele que mais necessita, independente de quem seja. A palavra de Deus age e faz no coração do povo de Deus, seja o ouvinte jovem, idoso, adulto, ou criança, por isso, deve ser proclamada com amor. Podemos ouvir pregações, onde muitos versados na palavra de Deus julgam que poderiam ser melhores, com mais conteúdo, mas quando o pregador olha ao povo com amor, fala com amor e nos mostra o Deus que é amor, o nosso coração se enche com suas palavras. Assim, devem os pregadores buscar em primeiro plano o amor em suas pregações, desenvolver a empatia, se colocar no lugar de quem ouve e perguntar ao Espírito o que ele quer falar. - Discernimento: Mt 10, 20 – O Espírito Santo nos capacita a falar. “Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós”. O dom do discernimento cabe em todos os momentos de nossas vidas, na pregação de forma indispensável, nos mostrando o que falar, como falar, em que momento falar. A vida de oração me leva a discernir sob à luz do Espírito Santo. Portanto, antes de pregar precisamos ouvir a Deus, buscar o Senhor para saber o que dizer. O Espírito Santo, com certeza nos conduzirá por caminhos seguros, se a comunidade precisa ser consolada, exortada, o dom do discernimento é que me ajudará neste momento, afim de que a comunidade fique em paz, e para que a minha pregação surta efeitos. Quando o coração das pessoas precisa ser consolado, e o dom do discernimento permite que isto aconteça, ele se torna um terreno fértil onde a palavra de Deus cai como semente produzindo bons frutos. Caso contrário, o anúncio entrará por um ouvido e sairá pelo outro.
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Dom de línguas: O dom de línguas, como nos é ensinado em nossos cursos de dons, nos edifica pessoalmente, coloca nossa oração diretamente em contato com o Senhor, pois é só Ele quem pode nos compreender. Quanto mais oramos em línguas, mais o nosso coração se abre aos dons do Espírito Santo. Portanto, não devemos “economizar” na nossa oração, devemos nos apoderar deste dom. - Dom da Fé: Jo 20, 27c – “Não seja incrédulo mas homem de fé.” O homem de fé, experimenta Deus, e por isso pode O testemunhar pois estabeleceu com Ele uma aliança, e tem com Ele uma vivência. O pregador é um homem de fé, que acredita nas verdades que está pregando, e principalmente, que deixa Deus interagir em sua vida, porque confia no poder extraordinário de Deus. Confia no Deus vivo, no Deus que age hoje na sua vida e pode agir na vida de quem Nele crer. Nossa pregação deve ser cheia de fé, deve retratar nossa experiência do Deus atuante, do Deus que transforma corações, que muda pessoas, que pode mudar a vida daquele que está ouvindo nossa pregação. Deus é a solução para todos os males, enfermidades, tristezas, angústias. O ouvinte deve ficar ludibriado com esse Deus, sair da pregação crendo no poder de Deus. - Dom da Profecia: Importante lembrar que Deus fala e se comunica com seus filhos. Durante a pregação, o pregador em total sintonia com o Espírito Santo, recebe uma profecia para os ouvintes, onde Deus fala, em primeira pessoa, para aqueles que estão presentes, justamente o que eles precisam ouvir para terem seus corações apaziguados naquele momento. Outra forma da profecia na pregação é o que se chama pregação profética, onde o Senhor orienta a comunidade sobre os caminhos a serem trilhados. Se a comunidade for receptiva a profecia e seguir as orientações, Deus atuará e acompanhará esta comunidade fazendo com que os frutos apareçam. - Dom de ciência e sabedoria: Através do Dom de ciência e sabedoria, Deus revela fatos para curar, libertar e salvar seus filhos. Algo que perturba os corações, algo que fere, machuca e incomoda. Durante uma pregação, O Senhor pode revelar ao pregador que está curando traumas psicológicos ou físicos das pessoas que estão presentes. É um Dom libertador, onde pode acontecer de pessoas descrentes serem tocadas e voltarem seus ouvidos para aquilo que Deus tem a falar. 4.3 Anunciar com testemunho O pregador é, antes de tudo, uma testemunha qualificada do que viu, ouviu e experimentou de Deus. Karl Rhaner chegou a afirmar que “o cristão do futuro ou será um místico, ou seja, alguém que experienciou alguma coisa, ou não será cristão”. 5 O futuro mencionado por Rhaner é agora, é exatamente o tempo no qual estamos vivendo. Os Apóstolos, mais que pregadores, foram testemunhas, pois foi a eles que o Senhor disse em primeiro lugar: "Sereis minhas testemunhas." (At 1, 8). Por isso, quando eram questionados pelas autoridades do Templo de Israel podiam responder com toda segurança: "Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido". Testemunho é o ato de testemunhar. É uma declaração, um depoimento sobre algo que se viu e ou ouviu. É demonstração definitiva, plena, com a qual se prova um fato. É também uma afirmação fundamentada. Testemunhar é narrar o que se viu e ou ouviu. Com o testemunho afirma-se, comprova-se, publica-se, defende-se a verdade que você conhece, a respeito de uma pessoa ou fato ocorrido. Ser testemunha é ser prova pessoal de um acontecimento. Assim, pelo Espírito que recebemos, somos chamados a testemunhar em favor de Jesus Cristo, em favor de sua pessoa, de sua doutrina, de sua revelação, de suas obras e de suas palavras. Porque o 5
http://www.itf.org.br/index.php?pg=conteudo&revistaid=5&fasciculoid=98&sumarioid=1445, acessado em 17/9/2005.
13 pregador viu, conheceu, experimentou, dá provas e torna-se testemunha de Jesus. O Testemunho verdadeiro brota de uma profunda experiência pessoal com a pessoa de Jesus de Nazaré. Testemunho e anúncio são inseparáveis. Quando escolheram o substituto de Judas, o critério principal que Pedro utilizou foi que o substituto (Matias) era testemunha da ressurreição de Jesus (At 1, 21-22). Papa Paulo IV, em EVANGELLI NUNTIANDI: "O homem moderno escuta com maior interesse a testemunha que os mestres, e quando ele escuta os mestres é porque estes são também testemunhas"! Portanto, a boa nova deve ser proclamada, em primeiro lugar, pelo testemunho. "Evangelizar é, antes de tudo, dar testemunho, de um modo simples e direto, de Deus revelado por Jesus Cristo mediante o Espírito Santo" (E.N. 26). Há DOIS TIPOS DE ANÚNCIO: o implícito e o explícito. O implícito é dar testemunho de Jesus Cristo com a vida, sem falar diretamente o nome de Jesus. O explícito é anunciar claramente o nome de Jesus, narrando aquilo que já experimentou da salvação de Jesus, bem como os frutos da vida nova; da vida com Jesus. De qualquer forma, o testemunho nunca pode faltar. "Crer verdadeiramente no que anuncia, viver o que crê e pregar o que vive" (E.N. 76). Um testemunho arrasta, convence, anima e alimenta a fé. Quando o querigma é apresentado não por "mestres e doutores", mas por autênticas testemunhas, desafia os ouvintes a experimentarem a graça de Deus, além de lhes abrirem à fé, para se entregarem a Jesus Salvador. √ √ √ √
A) Partes do testemunho: Como éramos antes e como estávamos necessitados de salvação: aqui se sublinha nossa vida longe do senhor e como ele foi tecendo o caminho para encontrar-nos (Jr 2, 3-14). O encontro pessoal com Jesus pela fé: Apresenta-se o que ocorreu e como aceitamos a salvação de Jesus, centrando-se na misericórdia de Deus que tomou a iniciativa para nos encontrar (pode ter sido diretamente ou por meio de pessoas, fatos ou circunstâncias). Depois de Cristo, a mudança de tudo o que enumerou no primeiro ponto: não nos apresentamos como perfeitos, senão como simples testemunhas nas quais Deus realizou sua obra salvífica (II Cor 4, 16). Motivação: conclui-se o testemunho motivando os ouvintes, explicitamente, a experimentarem a graça de Deus: "Se fez em mim pode fazer em ti; se por mim, fará por ti". B) Passos para um bom testemunho a) As linhas mestras para um bom testemunho pessoal: tenha a mesma atitude de Cristo, atitude de Humildade e de Serviço. Prepare-se plenamente pela oração. Busque em Jesus a unção do Espírito Santo: unção de sabedoria, de poder, de amor, de simplicidade, de humildade, de verdade... b) Organize o seu pensamento na forma de anotações. c) Que o seu testemunho tenha, nitidamente, princípio, meio e fim. d) Guarde a simplicidade. e) Seja natural. f) Evite pormenores desnecessários que podem desviar a atenção da mensagem básica. g) Esteja vigilante quanto à terminologia empregada na sua alocução. h) Tenha cuidado para não atingir a reputação de alguém, revelando seus pecados ou falhas de caráter. i) Submeta previamente o seu testemunho a algum líder de equipe para melhor discernimento em relação aos pontos mais sensíveis. j) Lembre-se do ABC: Alegre, Breve e Centrado em Cristo. k) Peça intercessão a Nossa Senhora e conte com ela. l) Seja ousado. Apresente publicamente Jesus diante do mundo; ele fará o mesmo por você diante dos anjos de Deus (Cf. Lc 12,8).
14 O melhor testemunho é o de cada um, isto é, é o seu; valorize-o. Uma boa forma de valorizar o testemunho é testemunhar em locais além daqueles relacionados com as reuniões de oração, por neles haver muitas pessoas necessitadas de Jesus e por ser mais difícil. 4.4 Anunciar com a força da palavra de Deus "(...) não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de Deus para a salvação de todo o que crê (...)." (Rm 1, 16). O pregador é enviado por Jesus a pregar demonstrando o poder da Palavra de Deus, mas antes deve ouvi-la, guardá-la e fazer-se fecundo a fim de que a boa semente frutifique em salvação, para que a pregação não seja palavra desbotada e sem vida; é enviado a pregar palavras que não passarão, como disse Jesus: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão" (Mt 24, 35); a proclamar palavras que não voltarão para o céu sem darem na terra o seu fruto, como profetizou Isaías (Cf. Is 55, 10-11). Para pregar com autoridade, o pregador precisa assimilar a palavra, isto é, comer o livro, encher suas entranhas, acolher no interior a mensagem. Primeiro a Palavra deve alimentar o pregador, depois deve ser levada aos famintos. Alimentado, pode-se ouvir de Deus o que ele disse a Ezequiel depois que este comeu o livro: "Filho do homem, vai até a casa de Israel para lhe transmitir as minhas palavras" (Ez 3, 4). 4.5 Anunciar com coragem O que vem a ser CORAGEM? Que espécie de coragem o pregador deve possuir? Seria a parresia? Mas o que é parresia6? A coragem demonstrada durante o anúncio do Evangelho ajuda a acreditarem em Jesus. O Senhor demonstrou muita coragem durante as pregações. Igualmente os irmãos do Livro dos Macabeus, João Batista, Estevão, os Apóstolos, São Policarpo e muitos outros. Quais seriam os requisitos para anunciar a Palavra de Deus com coragem? a) Fé - Os Apóstolos viram Jesus ressuscitado, por isso não temiam nada, nem a morte. Paulo experimentou (os efeitos) da ressurreição de Jesus, por isso foi muito corajoso (At 9, 3-8; Fl 3, 1-11(10); Ef 1, 17-23). b) Amor - Jo 21, 15-17; 1Cor 13. c) Unção do Espírito Santo - Lc 24, 49; At 1, 8; At 2, 1-14 (Pedro pôs-se de pé e falou com voz forte). Embriagar-se do Espírito Santo (Ef 5, 18). At 3, 1-6 (Aleijado curado, povo se ajunta, Pedro anuncia e responsabiliza o povo pela morte de Jesus, o desculpa (ignorantes), o exorta ao arrependimento - pecadores). At 4, 1-22 (prisão, ameaças). Redemptoris Missio, 87. d) Oração - At 4, 23-31; Ef 6, 19 e) Ardor missionário - "O anúncio é animado pela fé, que gera entusiasmo e ardor no missionário. Como ficou dito, os Atos dos Apóstolos definem uma tal atitude com a palavra parresía, que significa falar com coragem e desembaraço; o mesmo termo aparece em S. Paulo: “No nosso Deus, encontramos coragem para vos anunciar o Evangelho, no meio de muitos obstáculos” (1 Tes 2, 2). “Rezai também por mim, para que, quando abrir a boca, me seja dado anunciar corajosamente o Mistério do Evangelho, do qual, mesmo com as algemas, sou embaixador, e para que tenha a audácia de falar dele como convém” (Ef 6, 1920)." (Redemptoris Missio, 45). ORAÇÃO 1. Para sermos capacitados a amar, fiquemos de pé e oremos. Pedindo também que nossas pregações sejam acompanhadas por sinais e outros prodígios, que anunciemos com a força da Palavra de Deus e para recebermos o dom da coragem (parresia).
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“(...) parresia, que significa falar com coragem e desembaraço; (...)” (Redemptoris Missio, 45). Parresia pode significar também entusiasmo e vigor (At 2,29; 4.13.29.31; 9,27.28; 13,46; 14,3; 18,26; 19.8.26; 28,31).
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3° Tema – Revelação para a Pregação Vejamos uma passagem muito conhecida: Mateus 2, 1-12. Na narrativa dos magos que vêm do Oriente para adorar Jesus Menino, a Escritura nos propõe um desafio. Estes homens, oriundos de outras nações e credos, buscavam de todo o coração o Deus Verdadeiro e Ele se deixou encontrar, aceitando as suas oferendas. O pregador é aquele que tem a consciência que Deus se deixa encontrar, porque já O encontrou. E por tê-lo encontrado, busca conhecê-lo cada dia mais e mais. Não há como falar de Deus, sem conhecê-lo. Então, onde buscar este conhecimento? O Catecismo ensina que as fontes para o conhecimento de Deus são: a Bíblia Sagrada, a Sagrada Tradição, o Magistério da Igreja e o Senso sobrenatural da fé. 1. Bíblia Sagrada Ensina o Catecismo da Igreja7 que Deus, para revelar-se aos homens, fala-lhes em palavras humanas. Da mesma forma que o Verbo do Pai se fez carne, fazendo-se semelhante aos homens, a palavras de Deus foi expressa por línguas humanas, fez-se semelhante à linguagem.8 Por este motivo, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como venera também o Corpo do Senhor. Ou seja, a eucaristia, Pão da vida, é tomada da Mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo. A Igreja venera as Sagradas Escrituras e se esforça para conseguir cada dia uma compreensão mais profunda da mesma. Afirma, a Igreja, que é tão grande a força poderosa que se encerra na palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo vigoroso para a Igreja, firmeza na fé para seus filhos, alimento da alma, perene e pura fonte de vida espiritual.9 Assim, se você tem sentido fraqueza na sua fé, sua alma não está saciada, a solução, diz a Igreja, está na força poderosa da Palavra de Deus. A Igreja RECOMENDA A LEITURA DA SAGRADA ESCRITURA, orientando aos que se consagram ao ministério da palavra (podemos colocar aqui o Ministério de Pregação), que se apeguem às Escrituras, mediante assídua leitura e cuidadoso estudo das mesmas, para que não venha a ser “vão pregador da palavra de Deus externamente, quem a ela não presta ouvido interiormente” 10. - g. n. É como disse São Jerônimo: IGNORAR AS ESCRITURAS É IGNORAR CRISTO. Como nasceu a Bíblia? Foi no seio do povo hebreu que nasceu a Bíblia. A Igreja ensina que o autor primário é Deus, que inspirou homens escolhidos para redigi-la. Por serem homens, os autores bíblicos imprimiram na sua obra traços característicos de sua personalidade, além da cultura e do ambiente em que cada um vivia. Deus utilizou-Se deles sem tirar-lhes o uso das próprias capacidades e faculdades, afim de que, agindo Ele próprio neles e por eles, consignassem por escrito, como verdadeiro autores, aquilo tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse.11 Leia: II Tim. 3, 16-17. A Bíblia contém 73 escritos (ou 72, se contar Jr. e Lm. juntos). Divide-se em duas grandes partes, o Antigo (46) e o Novo Testamento (27). A Igreja rechaça a idéia de que o Novo teria feito o Antigo Testamento caducar, para ela é uma parte inalienável da Sagrada Escritura12. Vejamos sua história. A Palavra de Deus foi revelada gradualmente, para só depois de algum tempo, ou séculos, ser escrita. A tradição oral após escrita, passou por um processo de discernimento no mundo judaico (no caso do Pentateuco, Profetas e Escritos) que, somados aos 7
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, N.º 101 e 103. Constituição Dogmática Dei Verbum, n.º 13. 9 Constituição Dogmática Dei Verbum, n.º 21 e 23. 10 Constituição Dogmática Dei Verbum, n.º 25. 11 Constituição Dogmática Dei Verbum, n.º 11. 12 Catecismo, n.º 121 e 123. 8
16 livros escritos por judeus da diáspora (escritos em grego) e os escritos do Novo Testamento, foram cuidadosamente aceitos como inspirados pelo mundo Católico. Analisemos a composição da Bíblia no mundo Judaico, Católico e Protestante: Para os judeus, após a destruição do Templo de Jerusalém, no ano 72 d.C., alguns elementos tornaramse, em substituição ao Templo, essenciais para manter a unidade da Tradição Judaica. Um destes elementos escolhidos foi a valorização da língua hebraica como língua escolhida pelo Senhor para se revelar. Isto posto, o mundo judaico abandona os escritos em língua grega para só aceitar aqueles escritos originariamente em hebraico. O Antigo Testamento, escrito pelo povo judeu, divide-se em 03 partes: a Torah (a Lei), que contém o pentateuco; os Profetas, que reúne os livros dos profetas e os livros históricos; e os Escritos, que são os Salmos, os Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas. Com base nesta divisão é que Jesus falou, por diversas vezes, da Lei e dos Profetas mencionando a Torah e os Profetas, uma vez que quando dos escritos do Novo Testamento, ainda não tinham os judeus fixado definitivamente seu Cânon, assim, os Escritos ainda não estavam definidos. A Igreja nascente, assim como a maioria dos judeus, utilizava a Tradução para língua grega das Escrituras conhecida como "Tradução dos Setenta" (nome proveniente de uma antiga lenda). Rompendo com o judaísmo, a Igreja aceitou como inspirados os livros que compõem esta tradução. Quanto ao Novo Testamento, a Igreja recolheu entre as centenas de cartas e os vários evangelhos lidos nas diversas comunidades e, após muitos anos de estudos e debates, compôs a relação (Cânon) dos livros do Novo Testamento. O Cânon do Novo Testamento foi definido por volta do ano 120-130. A escolha baseou-se em dois critérios: catolicidade (lida e considerada por todos como Palavra de Deus) e apostolicidade (vinda dos apóstolos). Os seguidores de Lutero, no século XVI, deram-se ao luxo de aceitar a tradição judaica para os livros do Antigo Testamento e a tradição católica para os livros do Novo Testamento. Porém, fixemo-nos no recolhimento e formação dos livros do Novo Testamento: quem foram os homens que se debruçaram sobre os diversos escritos para buscar neles elementos incontestáveis de inspiração divina? Quem foram os homens que criaram os critérios que deveriam ser preenchidos para que um livro fosse aceito como Palavra de Deus? Quem deu a estes homens autoridade para julgar aquilo que seria ou não Palavra de Deus? Quem solicitou deles semelhante serviço? Como é possível que tal trabalho tenha resultado um compêndio de livros aceitos por todo o mundo cristão? Sem necessitar grandes tratados teológicos, percebemos aqui esta importantíssima fonte de Revelação: A Sagrada Tradição Católica. Importa lembrar sempre que, a há unidade dos dois Testamentos, visto que ambos decorrem do projeto de Deus e da sua Revelação: o Antigo Testamento prepara o Novo, ao passo que este último cumpre o Antigo; os dois se iluminam reciprocamente; os dois são verdadeira Palavra de Deus (Catecismo 140). Neste sentido, a Palavra de Deus deve se fazer carne em nós, porque a nossa religião não é um livro, ma é a do Verbo Encarnado e Vivo. Como diz o padre Jonas: a Bíblia é uma pessoa, ame-a! 2. Sagrada Tradição Há uma estrita relação entre a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição. Elas são estritamente unidas e comunicantes. Pois promanando ambas da mesma fonte divina formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim (Dei Verbum 7). O que chamamos de Sagrada Tradição é comumente chamado de Tradição Apostólica. Mas o quê é a Sagrada Tradição? É a transmissão dos acontecimentos e ensinamentos dos Apóstolos e de outros de sua geração. Aqueles primeiros que escutam uma notícia conseguem transmiti-la com mais autenticidade, do que aqueles que escutam posteriormente. A Sagrada Tradição conserva toda a autenticidade e o calor do anúncio de Jesus, pois dela fazem parte os primeiros que escutaram (os Apóstolos) e os outros de sua geração próxima.
17 A Sagrada Escritura é a "fala" de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo. A Sagrada Tradição é a transmissão, pelos Apóstolos, da palavra de Deus confiada a eles por Jesus e o Espírito Santo, para que fielmente a conservem e difundam. Resulta, assim, que não é apenas através da Escritura que a Igreja consegue sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado (Dei Verbum, 9). Nisto consiste a relação entre Sagrada Tradição e Sagrada Escritura. A transmissão da Sagrada Tradição ocorreu de duas maneiras (Catecismo, 76): a) Oralmente: por meio de pregações, exemplos e instituições; b) Por escrito: pelos apóstolos e varões apostólicos que, sob inspiração do Espírito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvação. O Magistério da Igreja considerou Sagrada Tradição, os escritos fiéis, a quatro princípios: fidelidade doutrinária; aprovação eclesial; antigüidade e santidade do autor. Cabe fazer a distinção entre Sagrada Tradição e demais tradições teológicas, ou seja, tradições disciplinares, litúrgicas ou devocionais surgidas ao longo do tempo nas Igrejas locais. A Sagrada Tradição é a que vem do tempo dos Apóstolos. As outras constituem formas particulares sob as quais a grande Tradição recebe expressões adaptadas aos diversos lugares e às diversas épocas. É a luz da grande Tradição que estas podem ser mantidas, modificadas ou mesmo abandonadas, sob a guia do Magistério da Igreja (Catecismo, 83). 3. Magistério da Igreja "Antes de Tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal" (II Pe 1, 20). Por Magistério, palavra derivada de magister que se traduz por mestre, compreende-se o conjunto de ensinamentos da Igreja, repassado principalmente através de documentos. Estes ensinamentos são elaborados por mestres, auxiliados por outros incontáveis colaboradores espalhados pelo mundo. Ao iniciar um trabalho sobre determinado tema, consultase o máximo de autoridades sobre aquele assunto e busca-se o senso comum, ou seja, o que o conjunto da Igreja, do mais humilde fiel até a opinião pessoal do Papa, pensa sobre aquele tema. Enfim, o Magistério tende a representar o senso comum do mundo Católico sobre todos os aspectos da vida humana e sua relação com o homem e com Deus. Em certo aspecto, podemos afirmar que foi este Magistério, em sua fase embrionária, que guiou, com o Espírito Santo, os trabalhos de compilação do conjunto de livros que hoje afirmamos ser Palavra de Deus. E é a partir destas Escrituras que o Magistério procura manter a fidelidade ao plano salvífico de Deus. O depósito da fé contido na Escritura e na Tradição foi confiado à Igreja. Desta forma, a Mãe Igreja procura conhecer esse depósito, santamente o guarda e fielmente o expõe, tirando dele o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado (Catecismo 84 e 85). Como diz São Paulo, a Igreja é o receptáculo da graça (Ef 1, 23). A interpretação autêntica da Palavra de Deus escrita ou transmitida pertence unicamente ao Magistério da Igreja, ou seja, os bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o Papa (Dei Verbum 10). Também faz parte do Magistério da Igreja todo o conjunto de escritos dos chamados "Padres da Igreja" ou "Santos Padres". Estes Padres escreveram, na maioria das vezes, para defender a fé de elementos estranhos a sua pureza, naquilo que chamamos apologética, isto é, defesa da fé. Neste contexto, temos que o Magistério está inserido na Sagrada Tradição. A divisão dos documentos da Igreja (Magistério) pode ser feita conforme a sua destinação. Assim, há os destinados: à Igreja Universal - para toda a Igreja (ex.: Catecismo da Igreja Católica, Compêndio do Concílio Varticano II, Encíclicas, e outros); à Igreja LatinoAmericana - emitidos pela Conferência Episcopal da América Latina, destinada ao nosso continente (ex.: Aparecida, São Domingo, Puebla, etc.); e à Igreja no Brasil - elaborados pela CNBB (ex.: documento 45 e 43). Importante ressaltar que o Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido (Catecismo 86). Por isto, vale lembrar as palavras de Jesus ao enviar os 72 em missão: Quem vos ouve, a mim ouve (Lc 10,16). Escutar a Igreja é corresponder a esta orientação de Jesus. O pregador precisa conhecer a mensagem cristã
18 das fontes seguras, entre estas, o Magistério da Igreja. Para tanto, buscando as riquezas da revelação divina, incumbe ao pregador ler os documentos da Santa Mãe Igreja, mergulhando e ampliando seu conhecimento de Deus. Quando São Paulo disse “...não quero que vivais na ignorância...”(I Cor. 12,1), com certeza sua vontade não se referia somente aos dons espirituais, mas a toda sabedoria divina, visto que na mesma carta exorta dizendo porque alguns vivem na total ignorância de Deus para vergonha vossa o digo (I Cor. 15, 34b). 4. Senso sobrenatural da Fé O Catecismo da Igreja, ao ensinar sobre a transmissão da revelação divina, diz que “todos os leigos participam da compreensão e da transmissão da verdade revelada. Receberam a unção do Espírito Santo que os instrui e os conduz à verdade na sua totalidade” (N.º 91). Havendo um consenso universal sobre questões de fé e costumes, sobre a direção do Magistério da Igreja, haverá o senso sobrenatural da fé. Ensina a Mãe Igreja: “o conjunto dos fiéis... não pode enganar-se no ato de fé” (L.G. 12). Este senso é adquirido “pela contemplação e estudo dos que crêem, os quais meditam em seu coração; é em especial a pesquisa teológica que aprofunda o conhecimento da verdade revelada. Pela íntima compreensão que os fiéis desfrutam das coisas espirituais, as palavras divinas crescem com o leitor” (Catecismo 94 - citações). 5. Fontes complementares O Catecismo ensina que há certas vias ou caminhos comprovam a existência de Deus. Porém, tais caminhos não são as provas no sentido que as ciências naturais buscam, mas no sentido de “argumentos convergentes e convincentes” que permitem chegar a verdadeiras certezas (n.º 31, in fine). O ponto de partida para descobrirmos estas provas está na criação: o mundo material (via cosmológica/natureza) e o ser humano (via antropológica/homem). Conforme o Concílio Vaticano I (DS 3026), a Igreja ensina que o Deus único e verdadeiro, nosso Criador e Senhor, pode ser conhecido com certeza através das suas obras graças à luz natural da razão humana (g.n.). E ainda, menciona o Catecismo que todas as criaturas trazem em si uma certa semelhança com Deus, muito particularmente o homem criado à sua imagem e semelhança (n.º 41). Assim, através destas vias, o homem pode chegar ao conhecimento da existência de Deus, como dizia São Tomás de Aquino. Por isto, passaremos a estudá-las um pouco, para que possamos utilizá-la em nossa pregação ou ensinamento. Já dizia São Paulo: porquanto o que se pode conhecer de Deus eles o lêem em si mesmos; porque Deus lho revelou com evidência. Pois desde a criação do mundo, a perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras, de modo que não se podem escusar (Rom. 1, 19-20). 5.1 Via cosmológica A natureza, tão bela, é uma grande demonstração da grandeza de Deus. Como ensina Provérbios 6, 6: Vai, ó preguiçoso, ter com a formiga, observa seu proceder e torna-te sábio (g.n). O pregador é chamado a buscar na natureza a revelação da existência de Deus, como origem e fim do universo. Já dizia Santo Agostinho: interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar que se dilata e se difunde, interroga a beleza do céu... interroga todas estas realidades. Todas elas te respondem: olha-nos somos belas. A sua beleza é uma profissão. Essas belezas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo, não sujeito à mudanças? Deus é o Belo, o que não muda, a natureza muda. Se já ficamos, muitas vezes, pasmados com a beleza da natureza, imaginem em relação a Deus? Vale a pena ler o Sl 18, 2-5. Na natureza há os: - fatores abióticos: sem vida, que são os minerais, a água, a luz, a temperatura, etc.
19 - fatores bióticos: seres vivos, que são divididos em cinco reinos: a) Procariotos: as bactérias. b) Protistas: as algas e protozoários. c) Fungi: os fungos. d) Plantae: os vegetais. e) Animalia: os animais. - os fenômenos da natureza também o conhecimento de Deus. São os ventos, terremotos, maremotos, tempestades, eclipses, vulcão, tornado, etc.. Jesus usou e abusou dos exemplos da natureza. Podemos citar as ovelhas e o pastor, as ovelhas e os cabritos, os pássaros do céu, a pérola preciosa, a água, o mar, a rocha, os lírios do campo, o grão de trigo, o grão de mostarda, e outros. Você já meditou na natureza e dela retirou mensagens? O Papa João Paulo II13, ao falar sobre a Glória da Trindade na Criação, disse que esta Glória resplandece na criação. Pois bem, diante da Glória da Trindade na criação o homem deve contemplar, cantar, reencontrar a admiração. Na sociedade contemporânea tornamo-nos áridos não por falta de maravilhas, mas por falta de maravilha. (...) A natureza torna-se, portanto, um evangelho que nos fala de Deus. (...) Mas esta capacidade de contemplação e conhecimento, esta descoberta de uma presença transcendente na criação, deve conduzir-nos também a redescobrir a nossa fraternidade com a terra, à qual estamos ligados a partir da nossa mesma criação (Gn. 2,7). – g.n. Exemplo – via cosmológica (fenômeno da natureza): - Eclipse solar: fenômeno em que o sol fica encoberto, inteiramente, pela lua. Quem o observar a olho nu, corre o risco de ficar cego. Podemos compará-lo conosco, quando o pecado encobre a glória de Deus em nós, as pessoas que se espelham em nós, correm o risco de ficarem cegas. 5.2 Via antropológica O homem em si mesmo é um universo a ser descoberto e o qual revela Deus. Somos à sua imagem e semelhança. Descobrir Deus no homem é o caminho mais fácil para chamá-Lo de Pai: quem não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê (I Jo. 4,20b). Para explicar a prova da existência de Deus, através do homem, diz o Catecismo (n.º 33 e 35): com a sua abertura à verdade e à beleza, com o seu senso do bem moral, com a sua liberdade e a voz da sua consciência, com a sua aspiração ao infinito e à felicidade, o homem se interroga sobre a existência de Deus. Nestas aberturas percebe sinais da sua alma espiritual. Como “semente de eternidade que leva dentro de si, irredutível à só matéria”, sua alma não pode Ter sua origem senão em Deus. (...) As faculdades do homem o tornam capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Esta via reúne várias áreas comuns que envolve o homem, áreas estas que o analisam com base nas características biológicas e culturais dos grupos em que se distribui. Ocupa-se das relações do ser humano com tudo que o rodeia. É um conjunto de vida e suas condições: habitação, vestuário, alimentação, utensílios e instrumentos diversos, músicas e danças tradicionais, língua, lendas e contos, arte e religião, costumes e leis. Para obter exemplos para pregação ou ensinamento, dentro da via antropológica, alguns pontos podem ser meditados, vejamos: - No organismo humano – deve-se ter acesso a livros de anatomia, fisiologia, genética, e outros; - Na história universal – abrange personagens, fatos, épocas, acontecimentos – fontes para estudo: livros de história, livros de santos, documentários, etc.; - Na história atual - entra aqui tudo sobre os acontecimentos atuais, é a história da humanidade que está se realizando em nossos tempos – fontes para estudo: jornais, revistas, noticiários, livros, folders, e outros; 13
In: Jesus Vive – Revista da Renovação Carismática, ano XXIII, abril/00, n.º 262, p. 4-5.
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Na cultura (música, tradições e costumes de um povo) – este tópico está entrelaçado com a história universal e atual, ou melhor, faz parte das mesmas. Porém, por sua peculiaridade, resolvemos separá-lo. Envolve: programas culturais, filmes, noticiários, músicas, livros (não apenas religiosos), quermesses, festas típicas, e outros. Tudo que faz parte das tradições e costumes de um povo. - Na história pessoal – dizem que “a pregação convence, mas o testemunho arrasta”. Assim, a sua história, a sua experiência é uma grande ilustradora daquilo que você prega. Lembre-se que para o Direito, somente serve de testemunha a pessoa que viu, que presenciou o fato. Da mesma forma na fé, somente posso falar daquilo que tenho visto e vivido, ou seja, experimentado. É o típico exemplo da laranja: somente sei o seu sabor, após prová-la. As pessoas precisam saber, sentir e perceber que você já “provou a laranja”, já experimentou daquilo que você diz. Exemplos: 1) Via antropológica (história universal): Santa Terezinha do Menino Jesus dizia que gostaria de ser uma bola para que quando o Menino Jesus quisesse brincar, Ele brincaria. Quando quisesse chutar, chutaria; e se Ele não quisesse nada com a bola, poderia deixá-la ali no cantinho, que ela continuaria sendo a bola do Menino Jesus. E nós, queremos sempre estar nas mãos de Deus, à sua disposição para fazermos o que Ele quiser? E se Ele quiser chutar? E se Ele não quiser nada, e nos deixar no canto, como procederemos? Será que aceitaremos ou iremos reclamar? Ser bola é ser objeto, e objeto não reclama, faz o que o seu dono manda, pois está à sua disposição. Nós somos assim? Vinícius de Moraes não era bom em português, sofreu muito com a sua professora, ante a sua limitação. Mas, nem por isto deixou de superar este problema, esforçou-se e tornou-se um dos nossos grandes escritores da língua portuguesa, fazendo parte da Academia de Letras. Como reagimos ante a uma limitação? Desistimos? Pode ser que haja em nós grandes escritores. Já imaginou se Vinícius de Moraes estivesse desistido do português? 2) Via antropológica (história atual): A baleia Keyko fez sucesso com o filme Willie. Recentemente os jornais informaram que ela caiu em tristeza profunda, por isto, decidiram que o melhor para ela era devolvê-la ao seu habitat natural. E assim o fizeram. O que podemos tirar de mensagem disto? Muitas. Uma dela é de que podemos fazer muito sucesso diante das pessoas, todos nos amarem e nos admirarem; porém, somente seremos plenamente felizes quando voltarmos ao céu, nosso habitat natural. Conclui-se, assim, que o pregador não pode passar distraído pelo caminho. Os anúncios e nomes que lê pelos caminhos, os lugares que vê como bares, lojas, boates, clubes, tudo é material para a sua próxima pregação. Basta ter atenção e dedicação.14 DINÂMICAS 1. Via cosmológica a) Encontrar exemplos da natureza que sirvam para a pregação. b) Nomear cinco animais que aparecem nos Evangelhos e dizer o que significam. c) A que elementos da natureza Jesus comparou o Reino dos Céus? 2. Via antropológica a) Encontrar um exemplo da história, do qual se possa tirar uma aplicação. b) Encontrar uma anedota ou exemplo que ilustre algum ensinamento. c) Tomar como base alguma canção da atualidade e tirar alguma aplicação. d) Tomar como ponto de partida um comercial e contrasta-lo com o Evangelho.
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In: Formação de Pregadores, Apostila da Escola Paulo Apóstolo, ano 2000, Módulo Serviço (Secretaria Pedro), p. 27.
21 3. Sagrada Escritura Aplicar o teste bíblico com 21 questões. A) FREQUENTEMENTE A BÍBLIA MENCIONA A NOITE. 1. Quem disse: “Mestre trabalhamos toda a noite e não pescamos nada”? ( ) Simão ( ) João ( ) Marcos 2. A quem se referia São Paulo quando escreveu: “...sempre, de noite e de dia, lembro-me de ti em minhas orações”? ( ) Josué ( ) Malaquias ( ) Timóteo 3. Quem chamou dez de seus servos e fez o que o Senhor lhe ordenara... de noite, temendo por sua família e pelo povo de sua cidade? ( ) Natã ( ) Gedeão ( ) Moisés B) A PALAVRA MAS É IMPORTANTE NAS SEGUINTES FRASES: 4. O céu e a terra passarão, mas... ( )...eu permanecerei na eternidade. ( )...minhas Palavras não passarão. ( )...o espírito não perecerá. 5. Para o homem isto é impossível, mas... ( )...para Deus tudo é possível. ( )...um verdadeiro discípulo deve perseverar. ( )...um anjo pode realizar. 6. Deus resiste aos soberbos, mas... ( )...recompensa os prudentes. ( )...dá sua graça aos humildes. ( )...não os julga. C) O NÚMERO SETE É O CENTRO DAS SEGUINTES PERGUNTAS: 7. Quem sonhou com sete vacas gordas e sete vacas magras? ( ) Faraó ( ) José ( ) Davi 8. Quando aconteceu o milagre dos sete pães e dos sete cestos cheios? ( ) Na última ceia. ( ) Quando Jesus alimentou os quatro mil. ( ) Depois do Sermão da Montanha. 9. Quem serviu sete anos para casar-se com Raquel e a quem serviu? ( ) Esaú, a Putifar ( ) Urias, a Salomão ( D) COMPLETE A FRASE DOS SALMOS. 10. O Senhor é a minha luz e minha... ( )...esperança ( )...libertação 11. Porque o Senhor é sol e ... ( )...força ( )...vida 12. Levanto os olhos para... ( )...os montes ( )...as estrelas
(
)...salvação
(
)...escudo
(
)...as nuvens
E) IDENTIFIQUE OS PARENTES. 13. Como se chamava o filho mais velho de Davi? ( ) Aarão ( ) Amon ( 14. Jesus curou a sogra de quem? ( ) Mateus ( ) João (
) Absalão ) Pedro
) Jacó, a Labão
22 15. Quem foi salvo de um atentado graças ao sobrinho? ( ) Onésimo ( ) Paulo ( ) Herodes F) IDENTIFIQUE OS PROFETAS. 16. Qual profeta escreveu: “Sob seu reinado será salvo Judá, e viverá Israel em segurança.” ( ) Jeremias ( ) Ezequiel ( ) Habacuc 17. “Os que tiverem sido inteligentes fulgirão como o brilho do firmamento...” ( ) Amós ( ) Isaías ( ) Daniel 18. “...até que me conduza para a luz e que eu contemple a sua justiça.” ( ) Miquéias ( ) Joel ( ) Sofonias G) ÚLTIMAS QUESTÕES. 19. Quem se decepcionou com a compaixão de Deus? ( ) Maria Madalena ( ) Jonas ( ) Lia 20. O que Jó e Jeremias tiveram em comum? ( ) Nunca tomavam banho. ( ) Amaldiçoaram o dia que nasceram. ( ) Eram propensos à gula. 21. Quantos livros do Antigo Testamento terminam em “ias”? ( ) Cinco ( ) Oito ( ) Dez De 16 a 21 acertos – Excelente. De 11 a 15 – Bom. De 6 a 10 – Regular. De 0 a 5 – “corajoso” (teve a coragem de vir a um curso de pregadores). 4. Magistério da Igreja – usar o Catecismo da Igreja Católica a) Fazer um estudo dos parágrafos 36 a 38 sobre o Conhecimento de Deus segundo a Igreja. b) Fazer um estudo dos parágrafos 75 a 79 sobre a Tradição Apostólica. c) Fazer um estudo dos parágrafos 101 a 104 sobre a Sagrada Escritura. d) Fazer um estudo dos parágrafos 85 a 87 sobre o Magistério da Igreja. 5. Sagrada Tradição O grupo receberá um livro que contenha os escritos dos Santos Padres da Igreja. Cada grupo escolherá livremente um destes escritos que será exposto a todos em forma de noticiário popular de rádio ou televisão. Material: livro “Operários da Primeira Hora – Perfis dos Padres da Igreja”. Autor: Silvano Cola – Cidade Nova Editora.
4° Tema – Tipos de Mensagem Ao anunciar uma mensagem o pregador deve saber qual o tipo de mensagem que irá transmitir (para não fazer aquilo que vulgarmente chamamos de salada), haja vista que pregar o querigma é diferente de catequizar ou de incentivar uma pessoa. Ou seja, não deve o pregador misturar os temas, dando diversas mensagens, pois corre o grande risco de não conseguir atingir o seu objetivo: acertar o alvo. Assim, classificar uma mensagem significa estabelecer qual o tipo de mensagem que será utilizada. Para tanto, antes de defini-la é importante que o pregador faça a chamada análise do solo, para que as sementes caiam e dêem frutos 100 por 1. Analisar o solo significa saber o quê as pessoas que irão ouvir precisam, conforme a sua necessidade é que se escolhe a mensagem. Como ensina as técnicas de Marketing: descobre-se as necessidades do cliente (no nosso caso, dos ouvintes) e elabora-se produtos para satisfazê-lo, deixando-o satisfeito - se ele precisa de um sabonete neutro, cria-se este sabonete para que ele possa utilizá-lo, não farei um xampu;
23 ou seja, se ele precisa ouvir sobre a salvação em Jesus, prego sobre isto, e não sobre Maria, porque eu gosto, neste caso ele não sairá satisfeito. Como analisar o solo? Deve perguntar sobre o local (se for à outra cidade, obter informações a respeito, seus últimos acontecimentos importantes, sua forma de vida, costumes, e outras curiosidades), ficar informado sobre as pessoas que lá estarão (sua idade, seu estado civil, sua situação financeira, profissão em geral, etc.), e outras informações que achar necessário. Se for pregar num grupo de oração, é importante saber sobre o tema que foi ministrado anteriormente, como estão às pessoas, se houve algum acontecimento marcante, enfim, informarse de todos os dados necessários para se ter uma visão ampla do solo em que será lançada a semente. Muito importante é perguntar para Deus sobre a necessidade daqueles que nos ouvirão pregar, porque Ele os conhece. Ouvir a Deus é a fonte mais segura. Ensina a apostila da Paulo Apóstolo15: se queremos que as pessoas se identifiquem com a mensagem, primeiro devemos classificá-la, pois elas não saberão do que se fala, se o próprio pregador não souber. Para tanto, é necessário que o pregador: a) decida que tipo de mensagem irá dar, de acordo com o auditório que irá ouvi-lo; b) enfoque nessa linha toda a pregação – textos, exemplos, perguntas, etc., não se desvie do assunto. Assim, o pregador é o que distingue cada mensagem, sem misturar conteúdos, para não correr o risco de transmitir muitas mensagens, e as pessoas não absorverem os conteúdos. Embora tenhamos muito a dizer, basta dizer uma única mensagem muito bem, que será muito mais proveitoso. Podemos dividir, didaticamente, os tipos de mensagem em três grupos, quais sejam:16 a) querigmática, b) catequética e de c) perseverança. A pregação no grupo de oração deve ser querigmática. Claro que se admitem exceções, ou seja, há reuniões em que se podem ter temas de catequese ou mensagens de perseverança, mas o importante, o que deve prevalecer é a mensagem do querigma, do primeiro anúncio. A diferença básica das mensagens, em especial a querigmática e a catequética, consiste no fato de que a primeira (o querigma = do grego KERISSEN = proclamar, gritar, anunciar) é anúncio da fé cristã, que apresenta o Deus atual, vivo, tendo como centro Jesus morto e ressuscitado. Já a mensagem catequética visa ensinar aqueles que abraçaram a fé, doutrinandoos. Como ensina a Escola Paulo Apóstolo: o 1º passo é CRISTIANIZAR, realizado através do querigma, para depois CATOLIZAR, ou seja, ensinar as verdades de fé (catequese). O querigma é o tocar dos sinos, enquanto que a catequese é o ressoar. Ou ainda, podemos dizer que o tempo do querigma é hoje, é o momento da salvação, já o tempo da catequese é o partir de hoje, ou seja, será um ensino progressivo e gradual da fé e suas razões17. Quanto à mensagem de perseverança, esta trata de temas que muitas vezes estão entrelaçados com a mensagem querigmática ou catequética, mas distingue-se destas em relação ao foco da pregação, ou seja, nessa mensagem não busca nem cristianizar em catolizar, mas sim, incentivar a um relacionamento com Deus, com o outro, consigo mesmo, levando a reflexão, ao fortalecimento, ou até a necessidade de exortação. É o que se prega, especialmente, em reavivamentos. Vejamos agora a divisão de temas dentro de cada um dos três tipos de mensagens: 1. MENSAGEM QUERIGMÁTICA Embora didaticamente façamos uma divisão para explicação dos temas, a mensagem central será sempre o enfoque de Jesus morto e ressuscitado – Jesus Salvador. O conteúdo do querigma não deve ser mudado – Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Porém, ao pregar podemos adaptá-lo à realidade, mas não mudá-lo. A pregação do querigma é o primeiro anúncio da Boa Nova. Diante deste anúncio, aqueles que ainda não se reconheceram cristãos se encontram presos às armadilhas do mundo. 15
Apostila Formação de Pregadores, Módulo Serviço, Secretaria Pedro, ano 2000, p. 28. Há várias divisões sobre os tipos de mensagens, pela didática, decidimos adotar a divisão feita pela Apostila do Curso de Comunicadores da Mensagem Cristã, editora Pelicano, série cursos – 01, Evangelização 2000, p. 72 a 75. 17 Idem, p. 73. 16
24 Esta pregação tem o poder para abalar o inferno e resgatar as almas perdidas. A pregação querigmática necessita ser atual, falar do hoje, do Deus que faz e não que fez. Deve ser proclamada diretamente à pessoa e não à massa, essa pregação é para você. Os temas precisam ser cuidadosamente em ordem, para maior eficácia. Na pregação querigmática se faz um resumo da história da salvação: Deus nos criou por amor, pecamos por orgulho, Jesus nos salva pela sua morte e ressurreição, somos hoje chamados a crer e se converter pelo poder do Espírito Santo que nos leva à Igreja para vivermos servindo a Deus e aos irmãos. A pregação de Pedro em Pentecostes mostra como o querigma apostólico é precisamente uma profissão de fé, vivida no Espírito de santidade e comunhão. A dinâmica do querigma é a situação existencial daquele que anuncia Jesus Cristo e daquele que o acolhe, no dom da fé. De um lado, temos o que anuncia que é testemunha de Jesus e de outro lado, está o destinatário da boa nova da salvação. Por sua vez aquele que recebeu a palavra e teve sua experiência agora passa a ser um arauto de Cristo. O querigma introduz os ouvintes da Palavra de Deus no caminho progressivo da salvação em Cristo. E isto é importante, pois não se trata de comunicar uma doutrina, mas testemunhar uma experiência vivida. A Palavra de Deus é viva. A novidade do querigma consiste, precisamente nisto: nós devemos continuar a missão que o Pai confiou ao Filho. 1. Temas do querigma 1) Amor de Deus A) Objetivo: Deus ama você. Deus é um Pai Amoroso que lhe ama pessoal e incondicionalmente, e quer o melhor para você. Não lhe ama porque você é bom, mas porque Ele é bom. Mostra a face paterna/materna de Deus, que Ele ama incondicionalmente a todos os homens, com amor eterno. B) Motivação: Não pede a você que o ame, mas que deixe Ele te amar. C) Fundamentação Bíblica: Jr 31, 3; 1 Jo 4, 8; Is 54, 10; Is 43, 1-5; Lc 15, 11-32. 2) Pecado A) Objetivo: Você não pode se salvar. O pecado consiste em não confiar nem depender de Deus, é uma grande barreira que impede de experimentar o Amor Divino. Você é pecador necessitado de salvação, porque não é capaz de vencer a Satanás, nem se libertar do poder do pecado. O homem ao afastar-se de Deus caiu no pecado – o homem tentado pelo Diabo deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando da sua liberdade desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade. 18 B) Motivação: Reconhece teu pecado diante d’Ele. C) Fundamentação Bíblica: Rm 3, 23; Jo 8,24; Rm 6, 23. 3) Salvação em Jesus A) Objetivo: Jesus é a única solução, aqui entra em cena o único meio de transpor a barreira do pecado: Jesus Cristo morto, ressuscitado, glorificado, Salvador, Senhor e Messias. Ele já lhe salvou. Existe uma Boa Notícia: Jesus já salvou você e perdoou-lhe, pagando o saldo pendente, ao preço de sangue. Com sua morte e ressurreição deu a você a vida. Jesus morto e ressuscitado remiu o mundo, dando-nos de novo livre acesso ao Pai. B) Motivação: Jesus não me salva. Já me salvou. C) Fundamentação Bíblica: Jo 3, 16-17; Jo 10, 10; Rm 4, 24-25.
18
Catecismo da Igreja Católica, n.º 397.
25 4) Fé e conversão A) Objetivo: Aceita o dom da salvação. Jesus já ganhou a vida nova para você. Recebe-a crendo e convertendo-se. Crer na salvação que é Jesus é renunciar a qualquer outro meio de salvação fora Dele. Ao ouvir a proposta de salvação, cabe ao homem respondê-la, aceitando-a numa adesão de fé, dispondo-se a uma mudança radical de valores e de vida, passando agora a caminhar conforme os ensinamentos cristãos. Converter é trocar a sua vida pela vida de Jesus. B) Motivação: Abre as portas de teu coração a Jesus que chama. C) Fundamentação Bíblica: Ef 2, 8; Jo 3, 3; At 3, 19; Ap 3, 20. 5) Espírito Santo A) Objetivo: A promessa é para você. Jesus se faz presente com sua salvação por meio de seu Espírito. Ele está sedento para dar-lhe a água viva do Espírito de filiação, que clama: Abba, Pai. Ele é Deus, faz parte da Trindade. É Ele que toca e muda o coração do homem, que o fortalece, que revela as verdades e nos leva a adorar ao Pai em verdade. Daí a necessidade de clamarmos pelo seu batismo, para recebermos a capacidade de vivermos a vida nova proposta. B) Motivação: Pede e recebe o dom do espírito Santo. C) Fundamentação Bíblica: Ez 36, 26; At 1, 5; At 2, 39; Ap 22, 17. 6) Comunidade cristã A) Objetivo: Jesus está no irmão. Não basta nascer, você terá que crescer na vida nova. Para isso é necessário manter-se unido à videira (Jesus), vivendo como parte do Corpo de Cristo, em união com todos os outros membros. A Trindade é comunidade. Para sermos iguais a Pai, como Jesus nos pediu, temos que viver em comunidade. Já diz o provérbio ninguém vive sozinho. O escopo final do querigma é que o recém evangelizado seja integrado à Igreja que é a comunidade dos filhos e filhas de Deus, onde todos estão unidos na mesma peregrinação rumo à santidade. B) Motivação: Perseverar com Jesus na comunidade. C) Fundamentação Bíblica: Rm 12, 5; Cl 2, 19; 1 Pd 2, 9-10. A meta da pregação querigmática é levar o ouvinte a fazer a grande pergunta de sua vida: o que fazer? Agora que sei do grande amor de Deus por mim? Uma pergunta sempre nos leva a uma resposta. Não se trata, portanto, de querer convencer, de seduzir e muito menos de enganar ou chantagear o outro. Contudo, diante da pessoa de Cristo, diga-se um sim total, ou um não. Que a decisão seja tomada: estou com Cristo ou contra Cristo. 2. MENSAGEM CATEQUÉTICA Nesta mensagem, como já mencionamos acima, a finalidade será de ensinar. É o alimento sólido mencionado pelo autor de Hebreus 5, 11-13. Este alimento será os ensinamentos da doutrina ou moral cristã (doutrinária). Abrange as verdades contidas no Credo, nos sacramentos, nos mandamentos de Deus e da Igreja, etc. Temas como Maria, eucaristia, sexualidade, família e outros, ministrados, inclusive em encontros de 1º anúncio, não são querigmáticos, mas sim catequéticos. O ideal é que sejam aplicados em cursos ou aprofundamentos, visto que parte-se do princípio que a pessoa já ouviu falar de Jesus e aderiu à fé cristã. Ex. I Cor 7, 1-6; I Cor 11, 23-29. As mensagens apologéticas (em defesa da fé), que tratam de explicar sobre pontos polêmicos da doutrina, fazem parte da catequese. Não devem ser vistas com a finalidade de causar discussão e travar batalhas, mas sim de descobrir os erros doutrinais com respeito à fé, visando implantar o Reino na mente e no coração dos ouvintes19. Para o estudo das mensagens catequéticas é indispensável ao pregador o acesso aos documentos da Igreja, em especial o Catecismo. Há diversos livros que abordam sobre a catequese, com temas específicos. Um santo que tratou dos mais diversos assuntos catequéticos 19
Apostila Formação de Pregadores, Ob. Cit., p. 28.
26 foi Santo Agostinho, cujos livros estão à nossa disposição para um bom estudo. Além dele, destacaram-se também São Tomás de Aquino, Santa Tereza D’Àvila, Santa Terezinha, e outros. 3. MENSAGEM DE PERSEVERANÇA Os temas a serem abordados neste tópico são: a) ESPIRITUALIDADE: relacionamento do homem com Deus, ou seja, motivação à oração, vivência sacramental, adoração, leitura bíblica, contemplação, etc.; b) COMPROMISSO: relacionamento com os irmãos, ou seja, temas como perdão, compreensão, afabilidade, ministérios, colaboração, e outros. Ex. Jo 15, 12-17. c) FORTALECIMENTO: é uma mensagem que visa animar as pessoas ante a dificuldades, tribulações, provações e outras situações difíceis. É uma injeção de vitaminas para os enfraquecidos pelo cansaço e fadigas comuns a quem está numa caminhada.20 Reacendem o ânimo, destina-se a levantar os caídos; d) CONTRIÇÃO: são mensagens de quebrantamento do coração, deve despertar a pessoa para determinada situação contrária à caminhada de povo de Deus. São exortações, o chamado puxão de orelha. Deve ser feito com muito amor e discernimento. Ex. II Sm 12, 1-13; Gal 3, 1-4. Resumindo: antes de ir pregar, o pregador deve fazer a análise do solo (saber o que a comunidade precisa ouvir), após selecionar o tipo de mensagem que irá transmitir (com base na análise, escolher o que é oportuno para o momento). Finalmente, evitar falar às pessoas tudo o que elas deveriam escutar ao longo do ano, ou seja, dar várias mensagens.21 DINÂMICA em seis momentos: Primeiro: Separe os participantes em grupos de seis pessoas, um para cada tema do querigma. Segundo: Deixe que se organizem em seus próprios grupos onde cada membro irá escolher um dos seis temas do querigma para pregar. Terceiro: Dê 30 minutos para cada um preparar sua pregação. Quarto: Dentro do próprio grupo cada um irá pregar o seu tema por 5 minutos, fazendo assim o total de 30 minutos. Quinto: Após pregarem dentro do grupo escolher por QI (quem indica) 6 pessoas para pregarem na frente da assembléia. Sexto: Fazer uma breve avaliação da pregação. Avaliar somente se o querigma foi apresentado de forma ordenada. Nota Importante: Essa dinâmica necessitará de uma hora e meia para execução.
5° Tema – Buscando a mensagem na Bíblia22 A Bíblia é um oceano insondável. Muitos se desesperam porque o mar lhes parece tão imenso, que não sabem por onde começar. É a Sagrada Escritura que tem o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo (II Tim 3, 15), pois Ela é a fala de Deus (Dei Verbum, n.º 09,b). Para encontrar a mensagem na Bíblia é necessário buscar... Em hebraico, buscar significa MIDRASH, ou seja, é uma busca amorosa do Senhor, para colocar a descoberta em prática. A palavra busca designa um processo permanente, a idéia hebraica é que você pode ter encontrado, mas não deve parar sua busca, na certeza de que muito mais encontrará. Assim, propomos a idéia de fazermos uma leitura-busca da Palavra de Deus. Isto porque, a exploração da Escritura é a exploração do próprio Deus. 20
Apostila do Curso de Comunicadores da Mensagem Cristã, Ob. Cit., p. 75. Apostila Formação de Pregadores, Ob. Cit., p. 28. 22 Apostila Curso de Formação de Comunicadores da Mensagem Cristã, p. 39. 21
27 Deus é infinito, sempre há algo novo a ser encontrado Nele. A busca de Deus tem que ser auxiliada com a capacidade de conhecimento de cada indivíduo, por isto da importância do estudo. Busca-se Deus, através do MIDRASH, com os equipamentos necessários. Os equipamentos necessários são adquiridos com o estudo da Sagrada Escritura, sua leitura constante e progressiva. Não esqueçamos que Jesus prometeu que o Espírito Santo nos recordaria tudo o que ele nos disse. Mas, para que algo seja recordado, antes deve existir na memória; o Espírito Santo é luz que ilumina o entesourado em nossa mente. Portanto, isto nos exige um estudo permanente e progressivo da Palavra de Deus: conhecer a História da Salvação e ter as noções básicas do que é a Bíblia. De outra maneira, o Espírito nada nos tem a recordar. Temos diversos locais para mergulharmos na Palavra de Deus e dela trazer coisas novas, como por exemplo: a) As parábolas; e) Os discursos; b) Os milagres; g) Os costumes, comidas e festas; c) Os personagens; h) As visões, sonhos e revelações; d) As guerras; i) Os lugares; e) As perguntas; j) Os objetos; f) Os diálogos; k) As orações. Há outros lugares na Bíblia, não relacionados acima que podem ser verdadeira fonte para um mergulho, de um simples versículo podemos tirar grandes mensagens, basta mergulhar e descobrir sua riqueza. 1. Parábolas Jesus, o grande Mestre, utilizou diversas parábolas como veículos de transmissão da mensagem divina. Somente nos Evangelhos são 38 parábolas, através das quais ele ministrava seu ensinamento. Toda a Bíblia está repleta de parábolas. No Antigo Testamento encontramos parábolas como a da vinha em Is 5, 12. No Novo Testamento 2 Pd 2, 22; 2 Tim 2, 4-6, etc. Porém, o pregador não se atém ao óbvio e elementar expresso nas parábolas. Ele extrai novas mensagens e apropriadas para cada momento. Exemplo – o filho pródigo – Lc 15, 11-32. Com a impulsividade própria dos adolescentes, este jovem pensou que sua vida estava melhor em suas mãos que nas de seu pai. Só aqueles que não tem experiência, acreditam poder viver melhor fora da casa do pai que é Deus. Depois de uma curta temporada em que tudo parecia ir bem, esse filho aventureiro teve que pagar um alto preço: solidão, fome e pobreza. Em meio desta situação, diz a Bíblia, “por fim se pôs a pensar” e voltou para sua casa com vontade de trabalhar. A conversão não é somente clamar: “pai, perdoa-me”. A melhor maneira de demonstrá-la é trabalhando. Aplicação: nunca perca seu tempo recordando seu passado. A atitude mais construtiva é a deste filho que diz: “Pai, quero trabalhar. Ponha-me nos serviços mais pesados, porque aqui eis um homem curtido no sofrimento. Se cuidei de porcos, com não cuidarei de teu rebanho de ovelhas...”. EXERCÍCIO PRÁTICO: Extrair uma mensagem original das seguintes parábolas: a) O joio e o trigo (Mt 13, 24-30) b) Os dois filhos (Mt 21, 28-32) c) O tesouro e a peróla (Mt 13, 44-45) d) O semeador (Mt 13, 1-9) 2. Milagres O marco onde se deram os milagres é exatamente o mesmo que o de nossa sociedade. Portanto, podemos explorar esses trechos tão maravilhosos para que voltem a acontecer no presente. Não se trata de referir-nos apenas ao que passou “naquele tempo” com certos personagens privilegiados. O que aconteceu na época pode acontecer-nos hoje. Por não fazê-lo assim, desperdiçamos a oportunidade de oferecer uma mensagem atual que transforme o homem
28 de hoje e ainda, omitimos a realidade de que Jesus vive e é o mesmo, pronto para agir na vida dos que tem fé. Exemplo – o cego de Betsaida – Mc 8, 22-26. O cego passou por um processo até ser milagrosamente curado. Saiu da escuridão, embora aos poucos, e começou a ver. Nós muitas vezes fazemos o processo contrário, vemos a luz, mas vamos caminhando para um processo de total escuridão. Por isto que a conversão é diária, dia após dia, temos que estar revendo nossos atos e percebemos se estamos na luz ou nas trevas. EXERCÍCIO PRÁTICO: Encontrar uma mensagem original nos seguintes milagres: a) A pesca milagrosa (Lc 5, 1-11) b) A cura da sogra de Simão (Lc 4, 38-39) c) A tempestade do lago (Mt 14, 22-33) d) O filho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17) 3. Personagens O pregador aplica grande parte do seu tempo estudando a vida, as mensagens e os ensinamentos que nos vem dos diversos personagens que compõem o elenco da Sagrada Escritura. A vida e personalidade destes homens e mulheres estão repletas de mensagens para nós. Devemos analisar do primeiro ao último personagem, lendo em cada um, as linhas escritas pelo próprio Deus. Exemplo – Simeão – Lc 2, 25-28. Homem justo e piedoso que, mesmo antes da vinda abundante do Espírito em Pentecostes, sabia viver sob a condução deste Espírito Santo que nele habitava. EXERCÍCIO PRÁTICO: Resumir em uma frase a mensagem da vida desses personagens: a) Nicodemos (Jo 3, 1-21) b) O cego de nascimento (Jo 9) c) Barrabás (Mc 15, 6-7) d) Zaqueu (Lc 19, 1-11) e) O dono do burro (Mc 11, 1-11) f) Rute, a moabita (livro de Rute) g) Raab (Js 2-6) h) Gedeão (Jz 6, 11-39) 4. Guerras Todas as batalhas bíblicas, ainda que às vezes apresentadas sob uma roupagem cruel e sangrenta, são símbolos da luta diária dos que crêem, contra o mal. Aborda-las sob esta ótica dálhes novo significado. Exemplo – 2 Sm 11, 1-5. Davi, o herói das batalhas do povo de Deus, perde apenas uma, contras as próprias paixões. Fica claro que o mérito de suas vitórias não era seu, mas de Deus. EXERCÍCIO PRÁTICO: Que mensagem poderia extrair da: a) Guerra de Israel contra os amalecitas (Ex 17, 8-16) b) Davi e Golias (1 Sm 17, 48-50) c) Conquista de Jericó (Js 6) d) Queda de Jerusalém (2 Cr 36, 17-21) 5. Perguntas São numerosas as interrogações na Bíblia. Perguntas que o homem faz a Deus ou que Deus faz ao homem e também, perguntas do homem a si mesmo ou a outros homens. Jesus não ensinava impondo a sua doutrina, preferia que a resposta surgisse do fundo do coração humano. Ao longo dos Evangelhos são encontradas mais de 50 perguntas feitas por ele, tais como: “E vós, quem dizeis que eu sou?”; “Tu me amas?”; “Por que choras?”;...
29 Exemplo – Gn 3, 9 – Adão, onde estás? Isto seria suficiente para uma pregação. Tu sabes onde estás? Qual é tua verdadeira situação presente? Se desconhecemos nossa situação atual, não convém dar nenhum passo, apenas nos confundiríamos mais. EXERCÍCIO PRÁTICO: Encontre cinco perguntas no Evangelho e responde-as. 6. Diálogos Ao longo das Escrituras encontramos um extenso mundo de diálogos e conversações: Deus e Moisés no Horeb, Abraão e os anjos, Jó e seus amigos, Eva e a serpente, a samaritana e Jesus, Maria e Isabel, Pedro e Jesus, etc. Aqui é importante centrar-se no conteúdo dos diálogos e não em seus personagens. Exemplo – Jesus e Marta – Jo 11, 21-27.39-40. É fácil dizer “creio”; difícil é dar passos de fé. Sobretudo quando acreditamos que tudo está perdido e que já não há solução. O passo de fé que Jesus esperava de Marta era que ela removesse a pedra, ou seja, removesse os obstáculos para que ela cresse. E a você, que passo Jesus está pedindo? EXERCÍCIO PRÁTICO: Extrair uma mensagem original dos seguintes diálogos: a) Os pais do cego de nascimento (Jo 9, 18-23) b) Cléofas (Lc 24, 18-24) 7. Discursos Vários personagens bíblicos tiveram ocasião propícia para discursar ao povo de Deus. Estes discursos constituem-se numa imensa variedade de mensagens de Deus. Existem discursos breves e longos. Exemplo – Ne 2, 17-18. "Disse-lhes então: Vede a miséria em que estamos; Jerusalém devastada, suas portas consumidas pelo fogo! Vinde; reconstruamos as muralhas da cidade e ponhamos termo a esta humilhante situação. Contei-lhes em seguida como a mão de meu Deus me favorecera e narrei-lhes tudo o que dissera o rei. Gritaram todos: Vamos! Reconstruamos! E com coragem puseram-se a trabalhar nessa boa obra". No contexto deste discurso os judeus acabam de ser mais uma vez libertos do cativeiro pela mão poderosa de Deus e regressam a Jerusalém. Ao chegar ali a encontram em ruínas e sentam-se tristes, desanimados e sem esperança de sobrevivência. Neemias, ao saber disso, pede e consegue permissão para ver como se encontram os seus irmãos e qual a real situação de Jerusalém. Depois de andar ao redor da cidade com uma comitiva, convoca todo o povo e anuncia este discurso de reconstrução. Quando Neemias acaba de falar o povo todo se levanta e, arregaçando as mangas, põe-se a reconstruir sua cidade. Uma das mensagens que podemos tirar: assim como Neemias, João Paulo II desde o inicio do seu pontificado não permaneceu apenas sentado em sua cátedra de Roma, mas saiu para visitar as ovelhas a si confiadas em todo mundo e certificar-se da real situação da Igreja que é a nossa Jerusalém. Ao ver a Igreja em crise, João Paulo II convoca toda a Igreja e diz que é hora de empreender uma Nova Evangelização (Haiti, 1983). EXERCÍCIO PRÁTICO: Extrair uma mensagem original do discurso de Jesus sobre o Pão da Vida (Jo 6). 8. Costumes, comidas e festas Significa observar os valores culturais do povo da Bíblia inseridos na sua determinada realidade e ler nestes valores as mensagens de Deus. Costume – Ex 20, 8-11. O costume de guardar o sábado. Para os hebreus no sétimo dia todos os trabalhos estavam proibidos e a oferta cotidiana dos sacrifícios era duplicada. O sábado recordava o término da obra da criação por parte de Deus. Portanto era o dia de louvar a Deus por haver criado o mundo e o homem. O sábado recordava a libertação do Egito (Dt 5, 15). Era o dia de alegrar-se e glorificar a Deus por haver libertado o seu povo com braço forte do domínio do Faraó. O sábado recordava ainda a necessidade pura e simples que tem o homem de repousar e retemperar-se (Ex 23, 12). Assim como Deus descansara depois da criação, o homem devia
30 descansar dos seus trabalhos e fadigas semanais e, ao mesmo tempo, preparar-se para a semana seguinte. “O sábado, que representava a coroação da primeira criação, é substituído pelo domingo que recorda a nova criação, inaugurada pela ressurreição de Cristo. A Igreja celebra o dia da Ressurreição de Cristo no oitavo dia, que é chamado com toda razão dia do Senhor, o domingo” (CIC 2190-2191). Comidas – Ap 3, 20. Segundo o Direito Romano, quando um amo dava a liberdade a um de seus escravos, selava o ato sentando-o à mesa. Se estivermos convidados a sentar-nos à mesa de nosso Senhor é porque já somos livres. “Já não vos chamo de servos, mas de amigos!” Os alimentos não são impuros, mas sim o que sai da boca do homem. Festas – o calendário religioso de Israel se baseava em certas festividades-chaves. Todos os filhos de Jacó deviam ir a Jerusalém em três ocasiões: Páscoa – festa que comemorava a libertação do Egito. Pentecostes (As semanas) – festa agrícola para ofertar os primeiros feixes (colheitas). As Tendas ou Tabernáculos (Festa da Água) – recordava a marcha pelo deserto. EXERCÍCIO PRÁTICO: Descobrir o significado de: a) O banquete nupcial (Mt 22, 1-14) b) O festim de Baltazar (Dn 5) c) A comida de Nabucodonosor (Dn 1, 5-17) 9. Visões, sonhos e revelações Consiste em encontrar as mensagens de Deus nestas formas próprias que Ele escolheu para comunicar-se aos homens. Visões – Ez 37, 1-10 – a visão dos ossos secos. Deus deu ao profeta Ezequiel esta visão a respeito dos judeus que haviam sido deportados para a Babilônia e encontravam-se sem esperança e desanimados. 1) o profeta visualiza um vale coberto de ossos. Estes ossos representam aquelas pessoas que um dia tiveram uma vida em Deus; mas, por pecado desanimaram e chegaram a perder completamente o contato com Deus e tornaram-se secos, totalmente sem Deus que é a verdadeira vida. 2) o profeta ouve ruídos de ossos que se juntam formando esqueletos que são cobertos de carne, músculos e pele, mas sem o sopro da vida. Estes corpos representam aquelas pessoas que possuem todas as condições para ter uma perfeita vida em Deus, mas ainda falta-lhes o essencial, a plenitude do Espírito de Deus. 3) o profeta vê o sopro de vida penetrar naqueles corpos e estes se levantam como um imenso exército. Deus quer fazer com que todos que se encontram espiritualmente mortos tenham uma nova efusão do Espírito Santo, para que tenham vida em abundância e levantem um imenso exército de discípulos formados e preparados para o bom combate. Sonhos – Gn 28, 12 – o sonho de Jacó. A escada vista por Jacó em seu sonho é obra de Deus que em sua misericórdia vem fazer uma aliança com os homens, aliança que se concretiza com a Encarnação do seu Filho amado que veio do céu à terra para nos salvar. Esta escada, portanto, é um símbolo do próprio Jesus, Caminho, Verdade e Vida, o único que torna possível o acesso dos homens a Deus. Ele é o Pontífice Eterno (vem da palavra ponte) Eterno, ou seja, a Ponte que nos dá acesso a Deus. Revelações – Jl 3, 1-5a – a efusão do Espírito. Deus revela ao profeta Joel a efusão universal do seu Espírito Santo. No dia de Pentecostes Pedro discursará ao povo explicando os sinais daquele dia como sendo as primícias desse dom do Espírito. 10. Lugares São milhares os lugares bíblicos, cidades, povoados, montes, estradas, construções, etc. Analisando o lugar em conexão com os fatos nele ocorridos descobrimos diversas mensagens de Deus. Exemplo – Marcos 4, 38 – Jesus estava na popa do barco - que é um lugar. Meditemos sobre a popa: a popa é na parte de trás do barco. Tirando como mensagem, podemos nos
31 perguntar: Jesus está na parte de trás ou está à frente? Em qual lugar Ele está? Como Ele tem te guiado? EXERCÍCIO PRÁTICO: Analisar os seguintes lugares: a) Sinagoga de Cafarnaum e a casa de Pedro (Mc 1, 29) b) Janela de Êutico (At 20, 7) 11. Objetos As relações dos homens com as coisas também ganham, no contexto bíblico, dimensões que possibilitam ao pregador a percepção de mensagens escondidas, tanto nestas relações quanto nas próprias coisas ou objetos. Há uma riqueza inesgotável de objetos bíblicos: vestes, véus, cortinas, espelhos, vasos, perfumes, candelabros, pedras, altares, etc. Exemplo – Hb 9, 4 – a arca da Aliança. A arca era o objeto que ocupava o centro da religiosidade judaica, dentro da qual repousavam outros objetos: uma urna de ouro contendo o maná, a vara de Aarão e as tábuas da Aliança. Maria é intitulada Arca da Aliança porque ela trouxe dentro de si não os símbolos, mas o próprio Cristo que encarnou nela, pois o Maná é o símbolo da Eucaristia, a vara de Aarão é o símbolo do Sumo Sacerdote e as tábuas são o símbolo de toda a Palavra de Deus que é o seu Verbo, Jesus Cristo. EXERCÍCIO PRÁTICO: O que significava: a) O manto para um homem (Jo 13, 4; Mc 10, 50) b) O vaso de alabrasto da prostituta (Lc 7, 37) c) Rasgar as vestimentas (Mt 26, 65) d) A dracma perdida (Lc 15, 8) e) As vestimentas do sacerdote (Ex 28, 9) f) A bacia de bronze (Ex 38, 8) 12. Orações Na oração, como em nenhum outro momento, o homem se apresenta desnudo diante de Deus: às vezes exibindo sua miséria, ou reclamando e discutindo, sem faltar as queixas. Por agradecimento, seu coração explode num hino de louvor. A partir de Enos (Gn 4, 26) centenas de pessoas cultivaram o costume de orar a Deus e encheram a Sagrada Escritura expressando sua fé através de preciosas orações repletas de mensagens de Deus. Exemplo – At 4, 24b-30. Os apóstolos nos mostram que a primeira coisa que devemos fazer quando temos um problema é apresentá-lo a Deus mediante a oração. No decorrer da oração notamos que eles não pedem que Deus resolva os problemas para eles. Eles pedem que Deus lhe dê forças para que eles enfrentem o problema e o resolvam. EXERCÍCIO PRÁTICO: Descobrir as mensagens nas orações: a) Tobias por sua esposa (Tb 8, 4-9) b) O cântico de Moisés (Ex 15) c) Jesus no horto (Mc 14, 32-42) DINÂMICA Cada cursista ou grupo preparará um tipo de mensagem encontrada através de um recurso bíblico: 1. Mensagem querigmática encontrada em um diálogo. 2. Mensagem de espiritualidade encontrada em um lugar. 3. Mensagem doutrinal encontrada em uma festa. 4. Mensagem de fortalecimento encontrada em revelações.
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6° Tema – Técnicas para aprofundar a pregação Esta técnica consiste em olhar e meditar a passagem bíblica, mergulhando em determinados pontos, trazendo à tona toda a sua riqueza. Por isso é denominada técnica para aprofundar. Segundo a Bíblia não será omitido nem um só “i” das Escrituras. O “i” é consoante no alfabeto hebraico, e é a menor consoante. O autor quer dizer que nem a menor consoante pode ser omitida. Isso nos traz a idéia de que as 22 letras (consoantes) deste alfabeto tem conteúdo teológico. Obviamente, o mesmo ocorre com as palavras, os nomes, as idéias, etc.. Assim, toda a Escritura tem conteúdo teológico. E porque se trata da Palavra de Deus, o conteúdo teológico é infinito. Como já mencionamos no tema anterior, a exploração da Escritura é a exploração do próprio Deus. Este é o mundo judaico, o padrão de todo o conteúdo religioso. Portanto, o convite de mergulharmos na Palavra de Deus, significa mergulharmos em Deus, num mundo teológico infinito, que possui riquezas infinitas, no qual podemos buscar e trazer maravilhas para as outras pessoas. As pérolas preciosas existem para serem vistas e admiradas. Assim, será a pregação enriquecida com a técnica de aprofundar a mensagem. Lembre-se: tal técnica não consiste em inovar nada, mas trazer à tona aquilo que estava lá no fundo, que sabia que estava lá, e trazemos à tona. É o caso do poço no qual eu trago água para cima, para que isto ocorra primeiro preciso saber que a água estava lá. Esta é a leitura-busca da Palavra de Deus, o MIDRASH. Mergulha-se na fé de que podemos descobrir riquezas não só para mim, mas para toda a comunidade. Porém, como já mencionamos, este mergulho deve ser feito com os equipamentos necessários, para que não ocorra que ninguém, ao mergulhar, morra por falta de material básico para mergulho. Passaremos a expor algumas dicas para mergulhar na Palavra de Deus:23 1. SIGNIFICADO DAS PALAVRAS ou SEMÂNTICA: é buscar as riquezas das palavras, pois como explicamos anteriormente, para os judeus todas as palavras nas Escrituras possuem cunho teológico. Para eles, o significado de cada palavra era tal que, com o cuidado de defender as Escrituras, anotavam no final dos capítulos até mesmo o número de palavras e letras, para que ninguém se atrevesse a tirar ou acrescentar nada, daí o ditado: nem um só “i” será retirado das Escrituras. Dê uma letra apenas, os rabinos partiam para longas considerações sobre a vida, o homem e Deus. Podemos buscar o significado das palavras através dos meios da gramática, seja usando o sinônimo, ou sua etimologia, ou seu emprego, etc. Para tanto, é bom termos acesso a dicionários, inclusive dicionários bíblicos, livros de gramática, de latim, de traduções de palavras do hebraico, do aramaico e do grego para o português (pois foram nestas línguas que a bíblia foi escrita). Vejamos um exemplo: MISERICÓRDIA: Sl 135 miseri vem do latim, que quer dizer necessitado ou mísero; córida, significa coração; Assim, misericórdia significa dar o coração ao necessitado, miserável, ao desprezível. Ao lermos o salmo, descobrimos que será eterna a doação do coração de Deus a nós, mesmo sendo miseráveis, como somos. E ainda, COMPAIXÃO, MISERICÓRDIA: Os 11, 8... em hebraico vem de útero, visto que as consoantes são as mesmas, só mudam as vogais: R é H e M = útero R a H u M = compassivo, misericordioso Quando Deus diz que se comove de dó e compaixão, Ele está dizendo que sente a dor da mãe que gera no útero o seu filho. Só quem experimentou na pele a dor de seus filhos e filhas, é 23
Mencionamos algumas dicas pelo fato de que com certeza há outras formas e técnicas de mergulho, seguiremos aqui os passos da Apostila do Curso de Comunicadores da Mensagem Cristã e Formação de Pregadores, - obras já citadas.
33 solidário com a condição humana. Deus foi tão solidário ao ponto de morrer como o ser humano morre. Outro exemplo: Ex 3, 13-14: vamos mergulhar na frase – Eu sou aquele que sou. Em hebraico significa: E.HIêH ASHÉR E.HiêH. Se em nossa língua a frase já é magnífica, em hebraico é espetacular. O verbo “e.hiêh” vem de “haiáh” e significa sopro, vida, respiração, hálito. Assim, Deus responde a Moisés: “Eu sou o sopro da vida, eu sou a respiração dos seres, tudo o que vive, vive porque eu lhes dou a possibilidade de respirar”. Outro exemplo, o significado dos nomes: Jo 1, 42: Jesus, fixando nele o olhar, disse: “Tu és Simão, filho de João, serás chamado Cefas”. O nome Simão significa caniço, uma espécie de bambu bem fino que é sacudido pelo vento. Uma personalidade marcada pelo nome Simão seria sinônimo de alguém inconstante e inseguro. No entanto, quando esta pessoa encontra-se com Jesus, Ele a transforma, como fez com Pedro, a partir do seu nome. O nome Cefas, ao contrário de Simão, significa Grande Rocha. Rocha é sinônimo de uma personalidade firme, inabalável, que não vai se deixar levar por qualquer sopro contrário de doutrina. Somente analisando esta mudança do nome de Pedro podemos concluir que, para ser discípulo de Jesus é preciso ser firme como uma rocha, quem for como caniço não conseguirá suportar as tribulações e forças que se opõem ao caminhar cristão. EXERCÍCIO PRÁTICO: Encontrar o significado de: a) Shalom – ____________________________________________________________ b) Adão ____________________________________________________________ c) Shabbat ____________________________________________________________ d) Iahweh ____________________________________________________________ e) Jesus ____________________________________________________________ f) Páscoa ____________________________________________________________ 2. OPOSTOS, ANTÔNIMOS OU CONTRÁRIOS: Já no começo da Bíblia, ao narrar a criação, o autor traz uma série de contrastes maravilhosos: céus e terra, luz e trevas, manhã e tarde, terra e mar.... Jesus muito se utilizou dos opostos: benditos e malditos, ovelhas e cabritos, me destes de comer e não me destes, joio e trigo... Os opostos chamam atenção, por causar contraste, ou seja, ao fazer a oposição entre duas coisas ou pessoas, uma faz com que a outra se sobressaia; realçando a idéia de quem fala. Exemplo: Mc 1, 32-35: temos dois momentos nesta passagem – “a tarde” e “de manhã”. A tarde é o segundo momento do dia, de manhã é o primeiro horário. Temos aí o modelo Jesus, que no primeiro horário do dia ele orava, e depois cuidava das obras. Assim, primeiro temos que colocar Deus em nossa vida, ser íntimo d’Ele, para depois cuidarmos das obras. Outro exemplo: Mt 11, 28: na expressão “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo” não existe um antônimo explícito. Porém se pode extrair assim: “Irmão, se sentes que não estás sozinho, que para ti a vida é formosa, que perseverar é fácil, que não tens problemas... a mensagem não é para ti. Aquele que sente que está bem em todos os sentidos, não tem por que escutar o que vou dizer. A grande benção do dia de hoje é apenas para os que estão necessitados e reconhecem esta necessidade...”. Outra forma de expressar o contrário seria o seguinte: “Todos os que levam a carga do sofrimento buscam ajuda em alguém ou em algo. Se não a buscas em Jesus, onde a estás buscando? No álcool, na droga, no dinheiro? Onde estás depositando tuas cargas? E se não é em Jesus, quais são os resultados? Outro exemplo: aproveitar os jogos de palavras ou o que a Bíblia nos diz – São Paulo nos indica “Revistam-se de Cristo Jesus”, porém nós nos revestimos de Pierre Cardin, Christian Dior e outros.
34 EXERCÍCIO PRÁTICO: Busque o antônimo em: a) At 20, 7-12 b) Dt 11, 26-28 3. CONTEXTO: significa o encadeamento de idéias de um escrito; aquilo que constitui o texto no seu todo; a composição, o conjunto, a totalidade 24. Temos que o pregador não deve pegar o texto isolado do seu contexto, da sua totalidade. Deve sim, analisar o capítulo anterior e posterior, ver o momento histórico em que foi escrito, o costume, enfim, diagnosticar tudo que constituiu o texto, todas as idéias envolvidas. Esta técnica visa colocar as pessoas que estão escutando a pregação dentro do cenário em que foi escrita a palavra, ou seja, se for um texto falando sobre uma planície que as pessoas sintam-se nesta planície; se for para reclinar no ombro que a pessoa sinta-se reclinando sobre o ombro, enfim, que as pessoas entendam não somente o texto, mas todo o seu conjunto. Exemplo: Jo. 7, 37 e 40: vamos contextualizar a passagem por partes: a) Vers. 37 – principal dia de festa. Mas que festa? Precisamos ir ao começo do capítulo e veremos que é a festa dos tabernáculos. b) Vers. 37 - no último dia. Precisamos saber o que acontece no último dia da festa dos tabernáculos: é celebrada a água. Por quê? Porque sem ela não haveria a colheita. Ela é o motivo principal da festa, é a razão da subsistência do corpo humano. c) Estava de pé Jesus e clamava: “Se alguém tiver sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva”. Continua o vers. 39 mencionando que Ele dizia isto se referindo ao Espírito Santo que haviam de receber. d) Vejamos: Jesus utiliza-se do elemento principal daquele povo, naquele momento, que era a água, e a compara com o que para Ele é o principal, o Espírito Santo. e) É tal estratégia de Jesus que, segundo o vers. 40, algumas pessoas dentre a multidão o reconheceram realmente como profeta. Assim, ao fazermos esta contextualização, podemos perceber que a riqueza da passagem, e a mensagem ficam mais claras para os ouvintes. Outro exemplo: Lc 15, 4-7 e Mt 18,12-14 – a ovelha perdida. São Lucas coloca esta parábola entre as três parábolas da misericórdia. Está falando do Pai que é misericordioso. Portanto, baseados em tal texto nos orientaremos a falar da misericórdia de Deus. Porém, em São Mateus, o contexto é “correção fraterna”. Neste caso eu sou o pastor, e devo ter misericórdia com o irmão quando se perde. Um texto fora de lugar, sempre sofre o perigo de atribuir à Bíblia o que não é seu sentido original. Como diria o pregador Roberto Tannus, devemos ler o texto no contexto para evitar pretextos errados e distorcermos a Palavra de Deus. 4. COMPARAÇÃO DE PASSAGENS: Consiste em pegar duas passagens e delas tirar uma única mensagem. Apenas como curiosidade, esta técnica é muito utilizada no estudo do MIDRASH, visto que para os judeus as Escrituras é apenas o Antigo Testamento, sendo o novo uma interpretação do antigo. Exemplo: Gen. 8, 10-11 e Mc. 1,10: a pomba que Noé soltou, ao trazer uma folha verde de oliveira, demonstrava-lhe a presença de terra, de solo firme, para a nova civilização proposta por Deus. Em Marcos vemos novamente uma pomba, só que esta repousou sobre o solo firme que é Jesus, Ele é o novo Adão (como diz São Paulo), para a nova geração de filhos de Deus.
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DICIONÁRIO AURÉLIO, folha de S. Paulo.
35 DINÂMICA Cada um preparará uma mensagem querigmática de 5 minutos utilizando um recurso distinto para encontrar a mensagem na Bíblia e uma das técnicas para aprofundá-la: 1. Perguntas e Opostos 2. Costumes e Contextos 3. Objetos e Comparação de passagens 4. Visões e Semântica
7° Tema – Como organizar a pregação (Roteirização25) Roteirização é a arte de confeccionar roteiros, é o ato de roteirizar. Roteiro de pregação é simplesmente a organização dos principais tópicos que serão apresentados. É pela roteirização que a pregação começa a ganhar corpo. Quem domina a técnica da roteirização já começa a vencer um dos principais inimigos do evangelizador, que é o medo de não ter o que falar. Alguns, por não compreender a importância de roteirizar os ensinos e as pregações, tentam ministrar a evangelização de “improviso”, mas para isso se consomem em lutas para vencer as dificuldades naturais da memória, sobrecarregando-se com trabalhos extras, excessivos; e não percebem que tais excessos de trabalho disfarçam a preocupação com o medo do fracasso, medo de não ter o que falar. A falta de roteiro gera outra sobrecarga, a de estar constantemente “ligado” na memória, buscando o que anunciar. A mente preocupada é engrenagem enferrujada. A preocupação trava a inteligência, extingue a criatividade e obstrui o canal da Graça e poderá extinguir a unção do evangelizador. Para atender, portanto, à necessidade de elaborar roteiros adequados, a fim de que sejam bons instrumentos de evangelização, apresentaremos o presente tema. ROTEIRO ESCRITO E NÃO ESCRITO As vantagens das pregações não escritas são grande flexibilidade e boa abertura para as inspirações, moções e toques do Espírito Santo ocorridos durante a exposição dos temas. Como não há nada escrito, o evangelizador tem toda a liberdade de modificar a pregação enquanto prega, à medida que se sente movido a isso. Já as desvantagens são as seguintes: possibilita pregações e ensinos “sem pé nem cabeça”, bem como aquelas falações intermináveis, sem organização nenhuma, embaralhando as idéias e, por isso, prejudicando sobremaneira a comunicação, elemento importante da evangelização. As vantagens das pregações escritas são: possibilita ao evangelizador ter sempre à mão o que pregar ou ensinar, bem como extingue a preocupação com o que dizer. Por outro lado, vemos como desvantagem: a possibilidade de ministrar pregações “engessadas”, sem criatividade. Entre as duas formas de roteiro, inegavelmente a melhor, a ideal, é o roteiro escrito. É que ele oferece boa flexibilidade, boa abertura para as inspirações, moções e toques do Espírito Santo durante a sua confecção. Ainda possibilita ter sempre à mão as principais idéias, libera o evangelizador do medo de não ter o que pregar, permite a inserção de histórias, técnicas pedagógicas e recursos variados, entre outros benefícios. TEMPO DE PREPARAÇÃO DA PREGAÇÃO Frequentemente nos indagam a respeito de quanto tempo deve ser destinado ao preparo da pregação. Francamente não temos resposta objetiva para essa pergunta. Mas, com base em observações, há dois tipos de tempo: tempo ideal e tempo prático.
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Dercides Pires da Silva, Livro Oratória Sacra - Roteirização, Volume II, RCC Brasil.
36 Tempo ideal – é o tempo necessário para o evangelizador imbuir-se do assunto, ou seja, é o tempo que ele precisa para encher a mente do que deve anunciar, bem como para compreender o assunto em questão. Tempo prático – é o tempo que realmente é colocado a disposição do evangelizador. Se formos convidados a pregar com antecedência de um ano, o tempo prático que temos é, portanto, um ano. Caso sejamos convidados com antecedência de uma semana, sete dias serão nosso tempo prático. Mas se o convite vier para anunciarmos a Boa Nova dentro de alguns minutos ou segundos, esse será nosso tempo prático. Cabe-nos, em oração, no tempo que nos for disponibilizado, organizar sabiamente nossa experiência de Deus, com bons fundamentos bíblicos e doutrinários, e, acolhendo a unção do Espírito Santo, pregar conforme o caso. Podemos dizer, de forma prática e com base na fé, que o tempo necessário para organizar nossas pregações é aquele que Deus nos dá. Também com base na fé podemos crer que Deus nos dá o tempo por intermédio da pessoa que nos convida. O que importa é que aproveitemos ao máximo o tempo que nos for concedido, seja ele um segundo, um minuto, uma hora, um dia, uma semana, um mês, um ano ou mais. Podemos pregar confiando na promessa de Jesus "Não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer" (Mt 10,19). Toda organização exige uma técnica, um esquema. Os times esportivos, tanto de futebol, voleibol, basquetebol, e outros, embora possam ter os melhores jogadores, precisam de uma equipe técnica que esquematiza todas as jogadas, para que juntos, atletas e técnico tenham a vitória. No nosso caso, os atletas seriam as técnicas anteriormente expostas, que precisam agora serem esquematizadas, organizadas, de tal forma que a mensagem possua uma estrutura. Podemos dizer que dispor a mensagem é seguir determinados passos, organizando sua meditação, de tal forma que o esqueleto (estrutura ora apresentada) possa ser revestido. Teremos agora um dos pontos mais importantes destes estudos que completa e organiza revelação para a pregação e propicia sua comunicação aos evangelizandos. O que Deus revela para pregar deve ser organizado adequadamente para produzir mais frutos. Essa organização se dá precisamente com um roteiro. Nós veremos dois modelos, o primeiro proposto pelo livro Formação de Pregadores26 e o segundo proposto pela RCC Brasil27. 1) ROTEIRO PROPOSTO PELO LIVRO FORMAÇÃO DE PREGADORES28,29 As técnicas demonstradas nos temas anteriores devem ser organizadas dentro da mensagem que será proclamada, formando um conjunto, um todo. Ou seja, o pregador deve escolher o tipo de mensagem, encontrá-la numa passagem Bíblica e aprofundar-se fazendo a leitura-busca do texto (Midrash). Ao apresentar nesta mensagem o Deus que se revela, através de exemplos (vias da natureza e do homem) é importante que o pregador organize todos estes dados, para que o anúncio siga um raciocínio lógico, uma seqüência de pensamento. Para tanto, sugerimos a seguinte estrutura (esqueleto): a) MOTIVAÇÃO INICIAL: Para começar uma pregação é necessário que as pessoas estejam motivadas a ouvir a mensagem, como nem sempre todos os ouvintes já estão motivados, cabe ao pregador, antes de abordar o tema, motivar as pessoas para que escutem e bebam daquilo que será transmitido. É preparar o ambiente, descontrair as pessoas, criar certa curiosidade a respeito do que vai comunicar, enfim, fazer um ambiente de expectativa para que todos fiquem bem dispostos a ouví-lo até o final. 26
Salvador Gómez e José H. Prado Flores, Livro Formação de Pregadores, Ed. Louva Deus, 1990. Dercides Pires da Silva, Livro Oratória Sacra - Roteirização, Volume II, RCC Brasil. 28 Salvador Gómez e José H. Prado Flores, Livro Formação de Pregadores, Ed. Louva Deus, 1990. 29 Novamente adotamos a estrutura proposta pela Apostila do Curso de Comunicadores da Mensagem Cristã, Ob. Cit., p. 78 - 86. 27
37 Muitos pregadores aprenderam a iniciar as pregações desmotivando totalmente as pessoas, dizendo coisas como: “Confesso que não tenho o dom da palavra, mal sei me comunicar, mas peço que tenham paciência e me escutem...” Outros, dando uma impressão de falsa humildade, dizem: “Eu sei que não sou nada, nem mesmo sei o que dizer a vocês,...” Pior ainda são os que, por preguiça ou relaxamento, dizem: “Eu não preparei nada para dizer a vocês, mas espero que o Espírito Santo me use para falar a cada um...” Realmente o Espírito Santo usa tais pregadores para nos ensinar que precisamos respeitar a Palavra de Deus e não colocá-lo à prova, ao invés, devemos estar preparados para que o Senhor nos use como seus instrumentos. O próprio ambiente, cartazes, faixas, enfeites, etc, podem nos oferecer elementos aproveitáveis para uma motivação inicial. Podemos começar fazendo perguntas como estas: “Quantos estão aqui pela primeira vez?” Depois que estes levantarem as mãos pode-se dizer-lhes: “Você não veio pelo convite de uma pessoa qualquer, ou porque quis vir, você está aqui porque Deus o chamou e tem uma mensagem especial que há muito tempo queria lhe dar. Você deseja ouvi-la?” Depois dirija-se aos demais que já estiveram ali outras vezes: “Vocês que já estiveram aqui, tenho certeza que já ouviram muitas mensagens maravilhosas de Deus. Mas a que vão ouvir hoje vai levá-los, sem sombra de dúvidas, a ter uma experiência real com este Deus que tanto nos ama”. Há dezenas de outras formas de se introduzir a pregação, dependendo do momento e do ambiente, a motivação poderá ser uma música onde se aproveitará a letra. Pode-se também fazer uma oração pedindo a Deus que abra a mente e o coração dos presentes para acolher e entender o que ele quer dizer-lhes através desta mensagem. Pode ser uma “historieta” que ilustre o teor da mensagem a ser dada. "Paulo, em pé no meio do Areópago, disse: Homens de Atenas, em tudo vos vejo muitíssimo religiosos. Percorrendo a cidade e considerando os monumentos do vosso culto, encontrei também um altar com esta inscrição: A um Deus desconhecido. O que adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio!" (At 17,22-23). Percebe como Paulo soube introduzir a sua mensagem e cria uma expectativa da parte dos ouvintes. Ver também At 26, 2-3. b) LEITURA: O segundo passo, após motivar as pessoas, é a leitura das Sagradas Escrituras, a qual deve ser proclamada em voz alta, com segurança, clareza, pausadamente e observando a pontuação. Já mencionamos a importância da Bíblia, no segundo tema, porém convém repetir o que ensina o N.º130 do Dei Verbum: a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como venera também o Corpo do Senhor. Assim, da mesma forma que com o Corpo de Cristo temos respeito, admiração e amor, temos que ter com a Sagrada Escritura, sendo solene o momento de sua leitura. É importante que o pregador trate com respeito a sua Bíblia, dentro ou fora dos momentos de pregação, para testemunhar que ela não é um objeto qualquer, mas uma Biblioteca Sagrada que contém a revelação do nosso Deus que é Amor. Deve-se procurar ao máximo não encher a Bíblia de papéis e outros objetos, os mesmos poderão cair durante a pregação e distrair tanto o comunicador quanto seus receptores. O comunicador deve saber exatamente qual o texto bíblico irá utilizar e onde o mesmo está localizado para não perder tempo, nem distrair as pessoas enquanto procura. Após a proclamação deve aclamar a Palavra de Deus dizendo “Palavra da Salvação”, se o texto for pertencente a um dos quatro Evangelhos; ou “Palavra do Senhor”, se for um texto de qualquer dos outros livros da Bíblia. Para melhor atenção dos receptores é aconselhável que se selecione para a leitura não mais de 10 versículos. c) AMBIENTAÇÃO E/OU ORIENTAÇÃO: É o momento de usar a técnica de aprofundar a mensagem, pois o pregador irá fazer com que as pessoas mergulhem com ele na mensagem proclamada. Neste mergulho, podemos dizer que o pregador é o guia. Tal como fazem os guias de turismo que explicam os detalhes do local visitado, contam os fatos históricos
38 ocorridos (como era o local, como se comportavam, etc.) ao ponto dos turistas sentirem-se dentro da história (naquele momento narrado), assim deve ser o pregador, que ambientará as pessoas no seu mergulho, demonstrando todas as riquezas colhidas, ao ponto de que elas próprias se sintam dentro da própria passagem. Lembre-se: não é repetir o texto lido, mas ambientá-lo. Nesta parte da organização é que direcionamos as pessoas para a mensagem que queremos anunciar. Por exemplo, a parábola do filho pródigo é uma passagem muito ampla, com mais de 50 pontos de interesse. Vamos supor que quero me deter na comida dos porcos, animais impuros que os judeus não comiam. Logo acrescento: a Palavra de Deus nos afirma que este jovem desejava comer sequer a comida dos porcos, mas nem isto lhe dava. Em compensação, na casa de seu pai havia pão quentinho em abundância. Então descreve detalhadamente a suculenta mesa da casa de seu pai, comparando-a com a lavagem que só os porcos comiam. O bom pregador sabe ler entrelinhas e tirar a mensagem que não está escrita; faz vibrar o auditório porque põe cores, sabores e descrições vivas a passagens cinzentas ou mil vezes repetidas; porém, através da ambientação aproxima tanto a passagem, que cada ouvinte se sente imerso precisamente no aspecto que lhe interessa recalcar. Através da ambientação centramos um detalhe e desprezamos os demais, ainda que estes sejam importantes. Segundo o tipo de mensagem que estejamos dando, será a seleção do ponto de interesse. Por exemplo, na parábola do filho pródigo: - se é querigmático, pode-se enfocar o amor do pai ou “entrar em si e voltar”, para mensagem de conversão. - se é de compromisso, falaremos das atitudes dos dois irmãos. - se é de quebrantamento, nós centraremos na saudade em que vivia o filho longe da casa de seu pai. d) APLICAÇÃO: É a razão de pregar. É o momento em que comunicamos toda a intensidade da mensagem. Reporta-se ao texto lido e penetra-se em toda a sua realidade. Se na ambientação as pessoas sentiam-se no passado, naquele ambiente proclamado, agora é hora de trazê-la para o presente, demonstrando-lhe que a mensagem é para o hoje, para a vida dela, por ser a Palavra viva e eficaz. Ela tem toda a força transformadora, capaz de agir e quer agir, sendo o pregador o canal desta ação. Se na ambientação achamos que cheirava mal a comida de porcos que o filho pródigo queria comer até a saciedade, é hora de sentirmos o mal cheiro do nosso próprio pecado, dos nossos maus costumes e de todas as coisas erradas que somos ávidos para praticar por causa dos desejos desordenados de nossa carne. A aplicação pode fazer-se em ativa e em passiva, para alcançar todo o público. A aplicação em ativa é quando nós realizamos a ação, e em passiva quando a executam sobre nós. Se abordamos o texto em que Jesus encontra os discípulos dormindo no horto do Getsêmani (Mt 26, 40), poderíamos aplicar: Passiva - às vezes os mais próximos a nós adormecem na hora de nossa tribulação. Dos que mais esperávamos, não recebemos senão indiferença. Os que nós mesmos escolhemos para que nos acompanhassem na hora difícil, dormem, não tem tempo, estão ocupados... Ativa – quantas vezes temos falhado aqueles que depositaram sua confiança em nós. Eles esperavam que estivéssemos ao pé de seu leito de dor e não os atendemos. Quantas vezes dormimos diante das necessidades da esposa, dos filhos e outros. Quando tua mulher está desesperada e pede que a acudas, porém te encontras extasiado em frente à televisão ou conversando com os amigos, é que dormes. Quando ela quer compartilhar os problemas e não tens tempo para escutá-la, é que estás dormindo... O bom pregador percebe por qual lado está chegando melhor a mensagem e então insiste por aí. É fundamental ler no rosto das pessoas. Por isto, não é preciso pregar ao teto ou ao
39 chão, mas vendo os olhos de cada um, observando suas reações e interpretando sua resposta à mensagem recebida. O segredo de uma boa aplicação reside nas perguntas que fazemos ao texto que estamos estudando para pregar. Estas perguntas vão ajudar a colocar as pessoas em suas situações pessoais. As seguintes perguntas podem ajudar a estruturar a aplicação: - Que identificação tem cada setor da sociedade ou da comunidade com as atitudes dos personagens em questão? - A quem representa cada um dos personagens em questão? - Que diz isto a um pai de família, uma esposa, um filho, à Igreja, ...? - Cada situação representa uma atitude de nossa sociedade, qual? e) EXEMPLIFICAÇÃO: Para elucidar a aplicação, deixando-as clara e perceptível, nada melhor do que exemplificar a mensagem. Aqui, neste momento, é que devem ser colocados os exemplos meditados da via cosmológica (natureza) ou antropológica (homem). Ressaltamos, em especial, que para a pregação querigmática, o testemunho pessoal é importantíssimo, se não podemos dizer, imprescindível; pois somente convenço o outro a aceitar Jesus morto e ressuscitado e a mudar de vida, se eu experimentei isto na minha vida. Só podemos falar daquilo que temos visto, ouvido e vivido. Ocorre que durante a aplicação cultiva-se um clima de seriedade; a exemplificação vem quebrar este clima e permitir que tão importante mensagem caia no solo do coração de forma mais suave. A exemplificação ajuda também a esclarecer aspectos da mensagem que às vezes não ficaram muito claros. Este método foi utilizado por Jesus em suas pregações nas quais, para exemplificar o Reino de Deus, se valia de exemplos, comparações e parábolas com elementos do cotidiano das pessoas ou estórias que ajudavam a esclarecer a mensagem. f) RESUMO: Estamos chegando ao fim da pregação e o pregador tem que saber que não deve encher lingüiça, como diz o ditado popular, ou seja, ficar alongando sem motivos a pregação, reportando a assuntos já ditos, contando outros, somente porque não consegue terminar. Assim, a técnica da organização ensina que após a aplicação e os exemplos, deve o pregador resumir a mensagem. Resumir é condensar toda a idéia transmitida em poucas palavras. É o arremate final para deixar bem cravada a mensagem.30 Lembre-se: inexiste resumo maior que o texto a ser resumido, o resumo é algo sucinto, curto, mas capaz de conter toda a idéia central anunciada. Trata-se de concentrar a pregação numa frase que a pessoa possa gravar em sua mente e logo repetir. Se pregamos sobre nossa missão: Evangelizar não é optativo, é imperativo. Se apresentamos o problema do mundo: Se não eras parte da solução, eras parte do problema. g) IMPERATIVOS: É o chamado a uma proposta de ação ante a mensagem ouvida; é a motivação às pessoas de que elas coloquem em prática o que acabaram de escutar. É a palavra de ordem. Ex.: você está pregando sobre o Espírito Santo (querigma), ao terminar, use o imperativo – “Peça o cumprimento da promessa do Pai, peça o batismo no Espírito Santo”. As pessoas sentir-se-ão convidadas a pedirem o batismo. Pedro termina o seu primeiro discurso no dia de Pentecostes com o resumo: "Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo" (At 2,36). No entanto foi necessário que ele retomasse o discurso porque os seus ouvintes sentiram que não era suficiente o que haviam ouvido, eles queriam saber o que deveriam fazer daí em diante: "Que devemos fazer, irmãos?" (At 2, 37b). Então Pedro retomou a palavra no versículo 38 dizendo: "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2,38). Estes foram os imperativos da primeira pregação de Pedro: 30
Apostila do Curso de Comunicadores da Mensagem Cristã, Ob. Cit., p. 85.
40 1°) Arrependei-vos; 2°) cada um de vós seja batizado; 3°) recebereis o ...Espírito Santo. Imperar significa mandar, ordenar. Por ultimo, o imperativo não é um moralismo de “tens que fazer, deves fazer”, mas a lógica conclusão da mensagem anunciada. h) ORAÇÃO FINAL: Aproveitando o exemplo supra, em que as pessoas sentir-se-ão convidadas a pedirem o batismo no Espírito Santo, o pregador deve terminar a sua pregação PEDINDO O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO. Na oração final pede-se que Deus guarde a mensagem em nós, para que ela dê frutos e frutos em abundância, bem como, que Ele nos ajude a cumprir o imperativo proposto. Para ilustrar esta estrutura de organização da mensagem podemos usar o fato de quando uma pessoa fica enferma e precisa ser levada para uma farmácia, para tomar uma injeção31. Vejamos: - o enfermo é a assembléia; - a injeção = a mensagem; - a motivação inicial = a conscientização do enfermo que precisa ser medicado; - leitura = conhecimento do conteúdo necessário que ele vai receber, ou seja, o nome do remédio e a quantidade expressa na receita médica; - ambientação é ouvir o ruído da ampola que se quebra, o levantar da camisa e esperar a ...; - aplicação da mensagem = a aplicação da injeção, o momento em que a injeção é aplicada no enfermo, quando o seu conteúdo passa para o interior e invade todo o organismo humano; - exemplificação = quando o enfermeiro segura no lugar e coloca o algodão macio; - resumo = é o comprimido que o enfermo terá que tomar; - imperativo = o enfermo irá se cuidar, tomando as providências indicadas; - oração final = é o retorno à casa Paterna. DINÂMICA Cada um preparará uma mensagem querigmática de 10 minutos (dividir em 4 grupos); 1. Encontrada em um Diálogo, aprofundada pela técnica dos Contextos e exemplificada na Antropologia. 2. Encontrada em um Milagre, aprofundada pela técnica dos Opostos e exemplificada no Magistério. 3. Encontrada em uma Parábola, aprofundada pela técnica da Comparação de passagens e exemplificada na Cosmologia. 4. Encontrada em um Discurso, aprofundada pela técnica da Semântica e exemplificada na Sagrada Tradição. 2) ROTEIRO PROPOSTO PELA RCC BRASIL32, 33 Como a estrutura do seu corpo é dividida em três partes principais – cabeça, tronco e membros, a estrutura do plano de pregação é composta de introdução, desenvolvimento e peroração. 2.1)
31
INTRODUÇÃO: é a preparação para se fazer algo maior. É um desafio para o pregador, no que concerne a depender do Espírito Santo e a colocar à disposição dele todos os seus dons naturais, bem como no que se refere a fazer uso adequado tanto desses dons
Idem, p. 81-86. Dercides Pires da Silva, Livro Oratória Sacra - Roteirização, Volume II, RCC Brasil, 2005. 33 Taciano Ferreira Barbosa, Livro Formação de Pregadores: metodologia com poder do Espírito Santo: manual, teoria e prática, Editora Santuário, 1997. 32
41 naturais, quanto dos sobrenaturais, a fim de ganhar a atenção dos ouvintes ou de não lhes perder interesse. A introdução é uma das partes mais importantes da pregação. Conforme Maurício Góis 34, o máximo de atenção espontânea que se consegue de um auditório chega a três minutos. Mas em média dura apenas alguns segundos em pessoas normais, que são a maioria da população. Então durante os três minutos iniciais o pregador pode ter quase cem por cento da atenção dos ouvintes. Essa atenção só volta a subir, curiosamente, na conclusão. Assim, o pregador deve aproveitar ao máximo esses minutos para transmitir o essencial da pregação, ora em forma de introdução, ora em forma de conclusão. Durante a pregação o pregador deve orar para permanecer ungido, e assim utilizar todos os recursos disponíveis para conquistar a atenção dos irmãos. Com a introdução o pregador tem a oportunidade de colaborar com a ação do Espírito Santo, no sentido de provocar no irmão-ouvinte um desejo sincero de ouvir e entender a pregação. Podemos dizer que a introdução é o cartão de visitas da pregação e do pregador. Conforme for a introdução, será a pregação. a) Finalidades da introdução As finalidades da introdução da pregação são: abrir o apetite dos ouvintes, captar o seu interesse, obter a sua aceitação, ganhar a sua simpatia e atenção e demonstrar-lhes a importância da pregação anunciando as idéias fundamentais. Uma das melhores formas de cativar os ouvintes é apresentar-lhes o tema e os itens principais, que são as idéias-chave. Isso chega a ser óbvio. Ninguém, hoje em dia, tem tempo para ser desperdiçado. Cremos também que Jesus não reúne suas ovelhas para serem despedidas de mãos vazias. Enquanto o evangelizador faz a introdução, nasce no sentimento das pessoas a esperança de ouvi-lo desenvolver as idéias que foram esquematizadas. b) Características da introdução A introdução deve ser breve. A sua brevidade é necessária porque ela ainda não é o desenvolvimento da pregação e também porque o pregador deve aproveitar ao máximo a atenção inicial dos ouvintes para colocar em seus corações as idéias principais que serão desenvolvidas. Não é bom gastar mais do que um minuto na introdução. Em nenhuma hipótese poder-se-ia estender a introdução além de dois minutos. Embora breve, deve ser rica em conteúdo, densa de idéias significativas. A introdução desejável é também comunicativa. A boa comunicação não carece de um milhão de palavras. Uma palavra pode valer por um livro. Às vezes nem uma palavra é necessária, basta um gesto. Em oração o pregador deve acolher do Senhor as palavras adequadas. Outra qualidade importante é a alegria. Entretanto, essa alegria deve ser temperada com a sobriedade. Isso equivale a dizer que ela deve ser despida de sensacionalismo. O pregador não deve deixar que a euforia humana tome o lugar do verdadeiro entusiasmo. O verdadeiro entusiasmo que vem do Espírito de Deus. Com ele o pregador conseguirá temperar a alegria com a sobriedade e refugiar-se em Deus. Por fim, temos que a introdução deve ser bem preparada. Cremos que todos nós já entendemos o porquê. Uma das razões é que ela ocupa um espaço precioso, na verdade um tempo privilegiado, na atenção dos ouvintes. Temos de fazer bom uso dela. c) Outros aspectos da introdução A introdução da pregação é uma parte única, não se divide; a um só tempo o pregador apresenta a pregação e motiva a assembléia, ou vice-versa. O pregador não se apresenta, não é conveniente que faça sua própria apresentação. Mas, por outro lado, não poderá ficar sem ser apresentado. Nesse caso, quem deve apresentá-lo é o coordenador do grupo de oração ou o animador. 34
Maurício Gósi, Livro Curso Pratico de Comunicação Verbal, Bolsa Nacional do Livro, Curitiba, 1989.
42 Há várias razões pelas quais a apresentação do pregador deve ser feita por outra pessoa. Uma delas é a ordem prática, pois quase todas as pregações, são realizadas em grupos de oração, nos quais o tempo destinado a elas varia de dez e quinze minutos. Caso o pregador faça a sua apresentação perderá tempo muito precioso. Outra razão se liga à técnica de pregação. É que a pregação se serve da oratória. Oratória em seu sentido clássico, na qual impera a eloqüência. A impostação de voz e a postura que se requerem para a pregação não guardam quase nenhuma semelhança com o tom que se exige na auto-apresentação. Nela a voz deve ser muito serena, calma, embora alegre. A postura deve primar pela modéstia. Elevar a voz na apresentação, ou mesmo impostá-la um pouquinho mais garbosamente, poderá levar a assembléia a fazer mau juízo do pregador. Com efeito, poderá pensar que ele é pedante, soberbo e vaidoso. O animador deve apresentá-lo pelo nome, estado civil, função que exerce na RCC, alguma função paroquial, bem como outras informações consideradas interessantes. O conteúdo da introdução pode conter variações, bem como ser composto de histórias, parábolas, textos bíblicos, testemunhos e outras coisas julgadas importantes. Mas o pregador precisa vigiar para não inserir informações excessivas. A ordem em que se faz a motivação ou apresentação de uma pregação não é importante. Isso equivale a dizer que podemos primeiro motivar, depois apresentar a pregação, ou primeiro apresentá-la, para em seguida motivar. Na apresentação da pregação inicia-se a proclamação das revelações para a pregação, condensada em um resumo. Aqui todo empenho do pregador é bem vindo. O pregador promete demonstrar que as idéias iniciais são verdadeiras ou não. Os ouvintes esperam que as afirmações iniciais sejam comprovadas durante a pregação. d) Exemplo de introdução Parece que muitos de nós acreditamos em Deus, mas no fundo duvidamos. Isso impede que Deus aja poderosamente em nossas vidas, resolvendo nossos problemas, desde os pequeninos até os grandes. Para Deus não existe diferença entre o tamanho dos nossos problemas. Ele quer cuidar de todos, mas nossas dúvidas O impedem. Vamos acabar com elas hoje. Desde já convido a todos para acabar com nossas dúvidas hoje. Dúvidas sobre a existência de Deus, sobre a capacidade de Deus agir em nosso favor. Para acabar com nossas dúvidas demonstraremos a partir da Bíblia que Deus Existe. Este é o nosso tema: DEUS EXISTE. Veremos que na Bíblia existe prova da existência de Deus. Veremos também que na Bíblia encontramos prova histórica da Ressurreição de Jesus e por fim apresentaremos conclusões importantes a que chegaremos a partir da Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Quem crer será salvo. Essa é a promessa do Senhor. Assim como ele salvou Lázaro da morte, pela fé de suas irmãs, poderá também salvar cada um de nós, bem como aos nossos entes queridos, se crermos.
2.2)
DESENVOLVIMENTO: é o ato de expor, explicando as idéias apresentadas na introdução. No desenvolvimento explanam-se os tópicos da introdução, sustentando-os com argumentação ungida, bem fundamentada e segura. O desenvolvimento é também sinônimo de progredir, aumentar, melhorar. Desenvolver a pregação é fazê-la crescer. A importância de um desenvolvimento organizado: facilita nossa argumentação, a compreensão dos ouvintes e a eficácia da pregação. a) Finalidades da estrutura do desenvolvimento As finalidades da estrutura do desenvolvimento são: - apresentar as idéias de forma lógica; - apresentar as idéias claramente (para conseguir clareza várias coisas são necessárias, organizar o roteiro respeitando a lógica, concatenar as idéias, usar palavras conhecidas; empregar exemplos, comparações, parábolas, histórias e dramatizações; transmitir uma visão clara da Bíblia e trazer a aplicação para a vida das pessoas); - desenvolver argumentação precisa e objetiva (se pela lógica e pela clareza a assembléia consegue entender a mensagem, na argumentação ela encontra motivos para aceitar as idéias-
43 auxiliares. Aceitando as idéias-auxiliares, aceitará também as idéias-chave. Aceitando as idéiaschave, naturalmente aceitará o tema proposto); - evitar divagações; - facilitar o entendimento e o acolhimento da evangelização. b) Características da estrutura do desenvolvimento As principais são: - clareza; - fácil emprego (o roteiro recheado de coisas inúteis tem a sua utilização dificultada); - marcado por idéias fortes (desperta a atenção dos ouvintes); - vivencial (o roteiro deve se encarnar na vida, no coração, nos sentimentos, nos pensamentos e nas emoções da assembléia); - permitir que o pregador seja dócil ao Espírito Santo (a estrutura deve ser flexível para que o pregador receba do Espírito Santo, constantemente, até no momento da pregação, novas moções, novas inspirações, novos toques, enfim, novas revelações). Nesse momento é bom lembrar que o roteiro não é a pregação. Ele também não é o conteúdo a ser anunciado embora contenha suas idéias principais. O roteiro é somente um roteiro. Ao utilizá-lo, o pregador deve usufruir toda liberdade possível. c) Partes da pregação No desenvolvimento todas as partes têm a mesma função, que é explicitar e sustentar o tema. O número de partes varia de acordo com o tempo disponível e as peculiaridades da assembléia, assim como a complexidade do tema. A precaução que se deve ter é de não utilizar idéias novas excessivamente. Às vezes é preferível uma idéia bem explicitada, bem aceita, acolhida convenientemente, a dezenas de idéias atiradas ao léu. A esse respeito o padre Antônio Vieira já alertava os pregadores do seu tempo: “Jonas durante 40 dias pregou um só assunto, e nós queremos pregar quarenta assuntos em uma hora” 35. Cada parte do desenvolvimento é composta por uma idéia-chave que atrai a si uma ou mais idéias ditas auxiliares. As auxiliares não são menos importantes do que as chaves. É com elas que se sustentam e se esclarecem as principais. As idéias-chave serão chamadas itens e as demais, incluindo quaisquer subdivisões que sejam necessárias, serão chamadas subitens. Os itens ou subitens são sinônimos de tópicos. d) Conteúdo da pregação O conteúdo do desenvolvimento é bastante variado, mas, didaticamente, pode ser subdividido em: conteúdo principal, conteúdo auxiliar e conteúdo diverso. O conteúdo principal é constituído pelas idéias-chave. O auxiliar pelos subitens e seus desdobramentos, que são as idéias usadas para explicitá-los. O conteúdo diverso é composto por passagens bíblicas, citações de documentos da Igreja, citações de livros espirituais, parábolas, histórias, anedotas (que não firam a santidade e que sejam úteis à pregação), técnicas e recursos pedagógicos, etc. i. Retenção e emprego das idéias-chave: A memória do ser humano é uma das maiores dádivas que recebemos do nosso Deus. Mas ela possui alguns mecanismos de funcionamento que, se bem compreendidos, produzirão muito mais. Um deles, e é o que nos interessa no momento, é a capacidade que temos de relembrar fatos e idéias mediante associações com outras idéias, histórias, fatos, circunstâncias, etc., principalmente se estiverem envolvidos com certa dose de emoções. Na faculdade da memória de abrir janelas de lembranças por meio da associação é que reside uma grande importância de usar idéias-chave. Com efeito, dificilmente um ser humano normal se lembraria de dez por cento do que ouviu em um ensino ou em uma pregação de meia hora. Mas caso o ouvinte lembre-se do tema, é provável que tal lembrança venha acompanhada 35
Pe. Antônio Vieira, Livro Sermões, tomo 1, p. 41.
44 por alguns itens. Com esses itens chegarão vários subitens. E, a partir dessas lembranças, o ouvinte terá grandes chances de reconstruir a pregação em sua mente. ii. Chave: Qual é a função primordial da chave? Abrir e fechar as portas, mas o que nos interessa no momento é o abrir. Com efeito, as idéias-chave, principalmente quando conseguem captar a atenção e o interesse dos ouvintes, e naturalmente estando ungidas, podem se tornar belos instrumentos nas mãos de Deus. Instrumentos que servem para abrir o entendimento e o coração da assembléia. É com elas que o pregador informa a assembléia sobre a mensagem que se encontra implícita no tema e na seqüência de itens. iii. Discernimento e composição de idéias-chave: Talvez você esteja desejoso de saber como conseguir as idéias-chave. Não é difícil. Elas são obtidas em processo de discernimento. Lembremos que são importantes as seis fases: conduzir-se pelo Espírito Santo, comunhão com Deus, perguntar a Deus o que Ele deseja que anunciemos, esperar a resposta, anotar as idéias que vierem com a escuta e discernir. Para discernir serão úteis duas espécies de discernimento, o carismático e o reflexivo. O carismático consiste em perceber os toques do Espírito Santo em nosso íntimo referentes a coisas e fatos que nos dizem respeito. Normalmente quando algo não está de acordo com a vontade de Deus, sentimo-nos incomodados interiormente. Quando sentimos incomodados é bom parar, orar, refletir e avaliar a situação. Essa parada leva-nos ao discernimento reflexivo. Reflexivo é o discernimento que se faz mediante o uso da razão e do conhecimento adquirido pelo estudo, pela experiência ou por outro meio de aprendizagem. Idéias inconvenientes e desnecessárias não devem ser usadas. Muitas pregações se alongam em demasia porque alguns pregadores ainda não aprenderam a descartar idéias desnecessárias. Outras idéias que contrariam a Doutrina da Igreja e a Sagrada Escritura também não devem ser usadas na preparação da pregação. iv. Composição de idéias-chave e subitens: começamos a montar o desenvolvimento pelas idéias-chave, mais precisamente pela primeira idéia. Nesta fase a oração é tão importante quanto a escuta. A propósito, a oração em todas as fases, da escuta à pregação na assembléia, é garantia de possibilidade de receber ajuda constante de Deus. Além da oração, o preparo humano também é necessário. Já sabemos que Deus se serve de nossa natureza. Tanto mais de nossa natureza preparada para a missão. Em verdade, o aprendizado vem com um pouco de estudo e com a prática. É importante, portanto, que procuremos nos capacitar para compor roteiros. A atividade de composição dos roteiros funciona melhor se fizermos em oração, escuta, reflexão e discernimento. E sempre no final deste ciclo, que pode durar segundos, minutos ou horas, redigem-se as idéias discernidas. Esse ciclo é, pode e deve ser repetido inúmeras vezes. e) Exemplo de desenvolvimento Continuando a pregação proposta, apresentaremos um roteiro para o desenvolvimento do tema DEUS EXISTE. 1.
PROVA BÍBLICA DA EXISTÊNCIA DE DEUS (Idéia-chave) RESSURREIÇÃO DE JESUS 2. PROVA HISTÓRICA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS (Idéia-chave) TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS a) A ressurreição de Jesus vista (testemunhada) pelos Apóstolos • Mateus 28, 1-15 b) Perplexidade (espanto) dos Apóstolos ante a ressurreição de Jesus • Lucas 24, 9 (As mulheres dão a Boa Notícia da ressurreição de Jesus aos onze Apóstolos) • João 20, 3-10 (Pedro e João também vão ao Sepulcro; João creu na ressurreição) • Lucas 24, 13-32 (discípulos de Emaús, 12 Km. de Jerusalém) • Lucas 24, 34 (Jesus aparece a Pedro) • Lucas 24, 36-43 (Jesus aparece aos onze Apóstolos e a outros discípulos, ao mesmo tempo; come com eles) • João 21, 2-3 (os Apóstolos voltaram à vida velha; pescaram à noite toda e nada apanharam) c) Os Apóstolos creram na ressurreição
45 • João 21, 1-14 (ler) d) Os Apóstolos testemunharam a ressurreição de Jesus • Jesus ordena que a ressurreição deve ser testemunhada a todas as pessoas (Lucas 24, 48; Atos 1, 8: os Apóstolos são testemunhas de tudo o que aconteceu com Jesus, incluindo sua ressurreição) • Atos 2, 32; 3, 15; 4, 10; 5, 29-32; 17, 31ss • I Coríntios 15, 3-8 e) Frutos do testemunho na ressurreição de Jesus • fé e conversão dos que ouviam (Atos 2, 41; 4, 4; 5, 12-16; 8, 14-17) • perseguição, prisão, torturas e morte dos Apóstolos e outros discípulos (Atos 4, 1-3.16-21; 5, 17-18 (foram libertados por um anjo: versículo 19). 26-33.34-40; 7, 54-60; 12, 1-2. Todos, menos João, foram assassinados) • A Igreja Católica 3. CONCLUSÕES BÍBLICAS QUE A RESSURREIÇÃO DE JESUS NOS DÁ (Idéia-chave) a) Existência de Deus • Jesus é Filho de Deus (Lucas 1, 35ss) • Jesus e o Pai são um • Jo 14, 6 “Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. (7) Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto. (8) Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. (9) Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... (10) Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. (11) Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras”. b) Existência do Espírito Santo (Lucas, 1, 35a; João 21, 22; Lucas 24, 49; Atos 1, 8; Atos 2, 1-4; a própria RCC) c) Existência de Anjos (Lucas 1, 26-37: anunciando o nascimento de Jesus; Mateus 4, 11: servindo Jesus; Lucas 22, 43, confortando Jesus; Mateus 28, 2-7: explicando a ressurreição de Jesus; Atos 5, 17-21; 12, 3-11: libertando os Apóstolos. d) Existência do céu (João 14, 1-3; Lucas 23, 42-43) e) Existência de demônios (João 8, 44; Mateus 25, 41) f) Existência do inferno (Mateus 24, 41; Lucas 16, 19-31) g) Origem divina da Igreja Católica (Mateus 16, 18-19) f) Jesus escolheu o primeiro papa (João 21, 15-17) h) Poder sacerdotal (Mateus 16, 19; Lucas 22, 15-20; João 20, 23)
2.3) PERORAÇÃO: é a parte final da pregação, é a arte de terminar bem. Como diz o provérbio popular: “A última impressão é a que fica”. Nela o pregador costuma atingir o seu ponto máximo, o momento mais vibrante, mais tocante, mais emocionante. Ela é a última esperança de tocar o coração dos ouvintes naquela pregação, exige que o pregador dê o melhor de si. Na peroração o pregador depende de Jesus, mais do que em qualquer outro momento da pregação, para ser inflamado pelo Fogo do Espírito Santo, a fim de também incendiar os ouvintes. A peroração é usada para içar a assembléia e conduzi-la ao alto, para onde está Deus, para onde Jesus transforma os corações feridos, magoados, ressentidos, duvidosos, incrédulos e desiludidos, a fim de que o Espírito Santo, Vento de Deus, possa soprá-los para onde quiser. a) Características da peroração Existe certa semelhança entre introdução e peroração, pois ambas são compostas por resumos da matéria tratada no desenvolvimento, por isso também a peroração deve ser breve, rica em conteúdo, comunicativa, alegre, bem preparada, simples e verdadeira, além de motivadora e dependente do Espírito Santo. A peroração deve ser breve, pois o “assunto já foi dissecado em partes, esclarecido em minúcias e exposto em detalhes” 36. A motivação na peroração deve fazer parte de cada palavra pronunciada e até mesmo de cada gesto simplesmente esboçado.
36
Eunice Mendes & L.A. Costacurta Junqueira, Livro Comunicação sem Medo, p. 69.
46 b) Finalidades da peroração - fixar a mensagem na memória dos ouvintes. Na peroração temos um momento privilegiado para isso devido ao nível de atenção da assembléia voltar a crescer nesta parte. Por isso a fixação ocorre de forma natural enquanto se conclui a pregação. - persuadir e motivar a uma resposta em forma de ação. Todos os filhos de Deus têm direito de optar livremente pelo que julgarem conveniente. Mas todos os pregadores têm a missão de fornecer-lhes subsídios para que possam, se desejarem, optar pelo Senhor e pelos bens sagrados. É aqui que entra o convencimento, pois neste momento o ouvinte deve decidir sobre o que aceita e deseja. Por isso a peroração deve dar os últimos elementos que poderão ajudar o evangelizando a se convencer no sentido de acolher a proposta que lhe será feita no final da pregação. c) Importância da peroração A peroração é útil para o pregador ressaltar as idéias fundamentais, fixar o conteúdo na mente dos ouvintes e provocar atitudes práticas. d) Conteúdo da peroração O conteúdo da peroração compõe-se de um resumo das principais idéias da pregação e por aquela mensagem formada pela idéia central que REALMENTE O SENHOR queria que o povo ouvisse. O cuidado que se deve ter é de não reiniciar a pregação durante o resumo. Pois iria destruir a pregação. É que ao se perder na peroração seria difícil o pregador encontrar o caminho de volta. Isso explica o aparecimento de algumas pregações rosca sem fim, coisa-que-não-seacaba, pois o pregador, estando desorientado, demora a encontrar o ponto de chegada. O convite à ação também faz parte da peroração. Ele é o real fim da pregação. A oração final não integra a pregação e pode ser conduzida pelo pregador ou alguém da coordenação. e) Exemplo de peroração Agora faremos a peroração da pregação sobre o tema DEUS EXISTE, iniciado em a.4 e desenvolvido em b.5. IRMÃOS, ACABAMOS DE PROVAR, HISTORICAMENTE, PELO TESTEMUNHO DO APÓSTOLOS, QUE JESUS CRISTO RESSUSCITOU VERDADEIRAMENTE. COM A RESSURREIÇÃO DE JESUS PROVAMOS, BIBLICAMENTE, A EXISTÊNCIA DE DEUS, A EXISTÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO, A EXISTÊNCIA DE ANJOS, A EXISTÊNCIA DO CÉU E ATÉ A EXISTÊNCIA DO MALIGNO, DOS SEUS DEMÔNIOS E DO INFERNO. TAMBÉM PROVAMOS A ÍNTIMA LIGAÇÃO CELESTIAL E TEMPORAL ENTRE O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO COM A NOSSA IGREJA, POIS ELA FOI CRIADA POR JESUS, É CONDUZIDA PELO ESPÍRITO SANTO E RECEBEU A MISSÃO DE EXERCER NESTE MUNDO UMA PARCELA DO PODER DE DEUS. VIMOS ENTÃO QUE PODEMOS CRER EM DEUS, PORQUE ELE EXISTE MESMO. NOSSA FÉ TEM UM CAMINHO MUITO CLARO E SEGURO NA SAGRADA ESCRITURA, QUE VAI DO TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS, PASSA PELA RESSURREIÇÃO DE JESUS E CHEGA ÀS REALIDADES CELESTES (ESPIRITUAIS). PORTANTO NÃO SOMOS OBRIGADOS A NOS DEIXAR ESCRAVIZAR PELOS ATEUS E SUAS INCREDULIDADES. TEMOS TODO O DIREITO DE TER FÉ. JESUS COM SUA MORTE E RESSURREIÇÃO CONQUISTOU PARA NÓS O DIREITO DE SERMOS CRÉDULOS, O DIREITO DE ACREDITAR NA SAGRADA ESCRITURA. MUITOS CRISTÃOS MORRERAM PARA QUE A HISTÓRIA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS FOSSE CONSERVADA E CHEGASSE ATÉ NÓS, A COMEÇAR DOS APÓSTOLOS. MUITAS VIDAS FORAM DOADAS CORAJOSAMENTE PARA QUE NÓS TIVÉSSEMOS A CHANCE DE TER FÉ. COM FUNDAMENTO EM TUDO ISSO, IRMÃOS PODEMOS CONCLUIR QUE A NOSSA BÍBLIA É VERDADE. TUDO O QUE ESTÁ NELA É VERDADE. O QUE NELA SE LÊ ESTÁ PROVADO PELA RESSURREIÇÃO DE JESUS, QUE, POR SUA VEZ, É PROVADA PELO TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS. NÓS NÃO VEMOS DEUS, NÓS NÃO VEMOS O ESPÍRITO SANTO, NÓS NÃO VEMOS JESUS RESSUSCITADO, NEM ANJOS SE MOSTRAM COMUMENTE AOS FILHOS DE DEUS. MAS TEMOS O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS PARA NOS LEVAR À RESSURREIÇÃO DE JESUS. ESTA RESSURREIÇÃO ABRE NOSSO CORAÇÃO PARA ACREDITARMOS EM DEUS, MESMO SEM TÊ-LO
47 VISTO, CONFORME HEBREUS 11, 1. ISTO É FELICIDADE. POR ISSO PODEMOS AFIRMAR QUE DEUS EXISTE. ISSO NO BASTA, POIS O JUSTO VIVE DA FÉ. PORTANTO IRMÃOS, JÁ QUE A FÉ É A CERTEZA A RESPEITO DO QUE NÃO SE VÊ, JÁ QUE A FÉ CRISTÃ É ACEITAR QUE A SAGRADA ESCRITURA É VERDADE, EU OS CONVIDO NESTE MOMENTO, COM BASE NA RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO E NO TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS, A ABRIREM SEUS CORAÇÕES PARA RECEBEREM DO ESPÍRITO SANTO A FÉ QUE DEUS PREPAROU PARA NÓS. NINGUÉM PODERÁ SAIR DESTA IGREJA SEM A CERTEZA DA EXISTÊNCIA DE DEUS E DE TUDO QUANTO SE REFERE A ELE. FIQUEMOS DE PÉ, PARA ORARMOS E RECEBERMOS O DOM DA FÉ.
EM SUMA, O ESQUELETO DO ROTEIRO DA PREGAÇÃO I – INTRODUÇÃO (parte única) II - DESENVOLVIMENTO 1. ITEM (idéia chave) a) Subitem b) Subitem c) Subitem 2. ITEM (idéia chave) a) Subitem b) Subitem c) Subitem 3. ITEM (idéia chave) a) Subitem b) Subitem c) Subitem III – PERORAÇÃO ORAÇÃO FINAL MODELO DE ROTEIRO DE PREGAÇÃO37 • • •
1.
2.
37
I – INTRODUÇÃO Nosso tema é JESUS SALVADOR (“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo... Jo 3,16-17)”. Jesus (significado da palavra Jesus), Salvação (o que é salvação), na prática, como seremos salvos? Onde e quando seremos salvos? Hoje estou aqui para, em nome de Jesus, apresentar-lhes a salvação para a vida eterna, assim como para esta vida. Sim, não precisamos esperar a morte para experimentar a salvação de nosso Senhor Jesus. Veremos nesta pregação que o Senhor veio salvar os filhos e filhas de Deus por inteiro, começando já na vida terrena. Então, desde logo, creia em Jesus. Ele está interessado em resolver os problemas da sua vida. Ele tem poder para salvar você e sua família desta situação angustiante em que se encontra. Ele tem poder para ser a solução que você tem esperado. Isso é o que veremos nesta pregação.
II – DESENVOLVIMENTO JESUS (apresentação de Jesus) • Filho de Deus (do Deus vivo: Mt 16,16) • A palavra “Jesus” significa Javé salva • Jesus: Messias, cumprimento da promessa do Pai SALVAÇÃO a) Conceito • História (dramatizada) sobre um homem que estava caindo em um abismo cujo fundo estava cheio de estacas de pontas para cima. Este homem, no limite final de suas forças, foi alcançado por um amigo, livrando-se da morte certa. b) Jesus já nos salvou b.1) Único salvador b.2) Jesus é o caminho e a vida (Jô 14,6) Dercides Pires da Silva, Apostila Roteirização, p. 19-20.
48
3.
c) Salvação do pecado (livro “Como Evangelizar os Batizados”, do Prado Flores) c.1) Salvação das consequências do pecado c.2) Salvação das suas causas c.3) Justificação c.4) Remissão/remição c.5) Redenção d) Salvação em situações concretas da vida • Jo 4,1-39 • Jo 8,1-11 A SALVAÇÃO, EM TERMOS PRÁTICOS a) Pessoas salvas por Jesus: • Zaqueu (Lc 19,1-11) • A mulher adúltera (Jo 8,1-11) • Pedro, no lago (Mt 14,30-31) • O ladrão na cruz (Lc 23,42-43) b) Chave da Salvação (At 4,12; Rm 10,9-13) • Crer de coração, confessar a fé com os lábios e invocar a salvação ao Senhor. III – PERORAÇÃO Idéias centrais: Jesus é o filho de Deus e é nosso salvador. A salvação está em seu próprio nome. Ele nos salva do pecado, de suas causas e consequências. Ele nos salva também em situações concretas de nossa vida, como salvou Pedro de morrer afogado e a mulher adúltera de morrer apedrejada. • Jesus realmente pode nos salvar. Ele veio para isso, e o demonstrou levando o ladrão da cruz ao Paraíso. E está esperando que você creia nele de coração, confesse com os lábios esta fé e clame por sua salvação, como Pedro clamou no lago e o ladrão clamou na cruz. Quando você fizer isso, ouvirá o Senhor dizer-lhe o que disse a Zaqueu: “Hoje a salvação entrou nesta casa”, e ouvirá, no final da vida terrena, Ele dizer-lhe o que disse ao ladrão no alto da cruz: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. ORAÇÃO FINAL • Orar para que todos creiam em Jesus, de coração. • Renovar as promessas do batismo, com ênfase para a confissão da fé em Jesus Cristo ressuscitado, salvador, senhor e messias, bem como em sua aceitação como salvador pessoal. • Levar todos a invocarem a salvação de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna e para as situações de sofrimento da vida terrena, situações concretas, situações que estejam vivendo no momento. Amém.
•
EXERCÍCIOS PARA ROTEIRIZAÇÃO 1. Imagine que você tenha que preparar uma pregação e você não tem o tema. Durante sua oração, Deus te dá uma imagem de um coração e três palavras: Lc 8,4-15, Mc 16,14-20 e Ap 3,15-21. Qual o tema que você daria à pregação? 2. Imagine que o quadro abaixo seja um armário, com quatro prateleiras. Coloque cada item listado na sua prateleira correspondente: Itens = Feijão, colher, prato, frigideira, arroz, açúcar, faca, xícara, pires, chaleira, leiteira, macarrão, garfo, baixela, jarra, panela, pratinho. ALIMENTOS
TALHERES
LOUÇAS
PANELAS
49 3.
Ligue cada palavra bíblica ou frase com o tema correto: TEMAS:
AMOR DE DEUS
JESUS SALVADOR
PALAVRAS OU FRASES: - “Deus amou tanto o mundo que deu o seu filho para nos salvar.” - Ele deu a vida por você! - Is 49, 14-17 - “Ele tomou sobre si seus pecados.” - Is 53 - Is 43 - Deus te ama como você é! - Jesus não te salva mas já te salvou! - Fl 2, 6-11 - Jo 10,30
4. Faça um resumo de cada texto abaixo, usando tópicos ou palavras, como no exemplo número I.
itens com no máximo oito
I - O amor aos irmãos é a melhor forma de agradar a Deus, pois ele é o Pai dos nossos irmãos, e nada agrada mais ao Pai do que fazer bem ao seu filho. O amor aos irmãos foi apresentado por Deus, nos tempos antigos de Israel, por meio do profeta Moisés, em sete regras que fazem parte dos “mandamentos da lei de Deus”. São, precisamente, os 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º e 10º mandamentos. O amor aos irmãos é, portanto, um mandamento da lei de Deus e uma vocação para os discípulos de Jesus. E mais, é um dom do Espírito Santo que nos capacita a amar os irmãos com o sentimento e gestos concretos. Resumo ou idéia chave do texto acima (= item): Amor aos irmãos: mandamento de Deus. II - Deus não cobra nada para te amar. Ele não exige que você reze, que você vá a missa para te amar. Ele te ama porque Ele é bom e não porque você seja bom. O amor dele é gratuito. Resumo ou idéia chave do texto acima (que é um item): ____________________________________________________________ III- O que é conversão? Conversão é mudar de direção, virar , eu estou indo numa reta e quero convergir a direita. Então a conversão espiritual é sair da direção do mundo e seguir na direção de Jesus. É a transformação de mentalidade. Deixar de pensar como o mundo e pensar como Cristo; deixar de agir como o mundo, para agir como Jesus. Resumo ou idéia chave do texto acima ( que é um item): ____________________________________________________________ 5. Monte uma pregação, colocando item e sub-item, usando estas passagens bíblicas: Gênesis 3,6; Gênesis 3, 1-5; Romanos 3, 23 e Romanos 7, 14-20. 6. Coloque certo (C) para todo sub-item que corresponde ao item (ou tópico) e errado (E) para cada item não correspondente ao tópico: Item ou Tópico: “CARACTERÍSTICAS DO AMOR DE DEUS.” Sub-itens: ( ) incomensurável. ( ) caridoso.
50 ( ( ( ( ( ( (
) eterno. ) O Espírito Santo é terceira pessoa da Santíssima trindade. ) cuidadoso, protetor, apaixonado. ) o pecado leva à morte. ) fiel. ) incansável, misericordioso, compassivo, perfeito. ) zeloso, ciumento.
DINÂMICA 1 Realizar um roteiro escrito com giz no quadro negro. Neste exercício o formador irá junto com os formandos elaborar um roteiro. Utilizar passo a passo a forma de se preparar um roteiro demonstrando todos os passos, explicando e dirimindo as dúvidas. 1. Usar o ciclo carismático (oração, escuta, reflexão e discernimento) e fazer a chuva de idéias. 2. Anotar tudo e registrar todas as idéias. 3. Após as anotações faz-se o discernimento reflexivo e carismático. 4. Após fazer as exclusões e/ou alterações necessárias inicia-se a montagem do roteiro da pregação. 5. Elaborar o desenvolvimento com itens e sub-itens. 6. Elaborar a motivação inicial. 7. Elaborar a peroração. DINÂMICA 2 1. Dar 15 minutos para que cada formando prepare um roteiro. 2. O tema pode ser livre, mas cada um tem que elabora-lo passo a passo. 3. Depois todos escrevem seu roteiro no quadro negro, se possível. Dependendo do tamanho do quadro, pode-se dividi-lo em duas ou mais partes para otimizar o tempo. 4. A idéia é cada um escreva seu roteiro no quadro e explique como o fez. NÃO É PARA PREGAR E SIM EXPLICAR COMO FEZ O ROTEIRO. 5. O mais importante é que todos participem. Dependendo do tempo pode-se debater os dois primeiros roteiros e os restantes somente serem apresentados pelos formandos sem abrir o debate. 6. É extremamente importante que o formador conduza este momento com sabedoria para que não se prendam em apenas um roteiro. Deve-se evitar que os formandos preguem ao invés de explicarem como fizeram seus respectivos roteiros.
8° Tema – Técnicas de pregação38 É útil, para melhorar o entendimento, estabelecer a diferença entre as várias espécies de alocução e a pregação, pois, se estamos nos esforçando para conhecer as técnicas que nos ajudarão a pregar melhor, nada mais natural do que conhecer o que não seja pregação. Espécies de alocução: 1. Conferência – é o discurso didático. Tem por objetivo ensinar, transmitir conhecimentos literários ou científicos. É proferido obedecendo a regaras específicas. Sua linguagem é técnico-científica. O conferencista não tem a preocupação de dialogar com os ouvintes. 2. Discurso político – sua linguagem é livre e o mais coloquial possível. Mormente se dirigindo as massas. Um dos traços mais marcantes é a persuasão, mesmo que tenha de recorrer a linguagem emocional. 38
Taciano Ferreira Barbosa, Livro Formação de Pregadores- Metodologia com poder do Espírito Santo, Ed. Santuário, 1997.
51 3. 4. 5.
6.
Discurso acadêmico – esta modalidade é inteiramente formal. Valorizada pela técnica. A linguagem poderá ser tétrica. Palestra – é dominada por pouca formalidade. Ela permite ao orador maior liberdade. Este, porém, não precisa se esforçar para falar com seus ouvintes. Pregação – é a ação de proclamar a Boa Nova de Jesus. Esta proclamação é dotada de alguma disciplina, porém sem anular a liberdade do pregador. O pregador fala diretamente e francamente com os ouvintes. Seu objetivo é provocar neles uma reação tendo por ponto de partida o conteúdo da pregação. Ensino – é denso de conteúdo. Ele combina as virtudes da palestra com as da pregação.
1. Ruídos de comunicação39 Ruídos de comunicação são todas as coisas que desviam do pregador a atenção das pessoas. Assim se durante a pregação alguém entra ou sai do local, se há barulho no ventilador, no condicionador de ar, na aparelhagem do som, conversas paralelas, folguedos infantis, roncos de motores e outros, estaremos diante de ruídos de comunicação. Os próprios pregadores podem gerar ruídos de comunicação, como o pregador que tem vícios de linguagem, nervosismo ou dificuldades de pronunciar determinadas palavras. Os ruídos podem chegar ao infinito, eis alguns deles: - má articulação (gagueira ou dificuldade de pronunciar determinadas palavras – isto aumenta a ansiedade e nervosismo), - ambigüidade (idéias que levam a duas possibilidades faz com que a assembléia perca tempo para escolher e com isso, perde parte da pregação), - desconhecimento da norma gramatical (grau de escolaridade), - inadequação vocabular (uso de dicionário), - inibição, nervosismo, insegurança, expressão de abatimento e de inferioridade (cansaço, depressão), expressão de superioridade (narcisismo, excesso de altivez, presunção, excesso de autoconfiança), falsa humildade, prepotência, vaidade, competição, descrença e preconceito (pode tornar o pregador antipático aos ouvintes, e estes passarão a prestar atenção nos defeitos dos pregadores e deixa de ouvi-los atentamente), - emprego inadequado da concisão (falar muito pouco ou muito mais do que deveria falar), - desconhecimento das leis da comunicação verbal coletiva (os ouvintes expressam sua insatisfação dizendo que não gostaram da pregação), - exagero de expressões desconhecidas e de palavras “difíceis” (os ouvintes esforçam-se para compreenderem a pregação), - discurso decorado de forma mecanizada (leva os ouvintes a criticarem o pregador), - usar a imaginação em desfavor de si mesmo (levam os ouvintes a prestarem atenção nos defeitos do pregador), - velocidade vocal inadequada (pregar muito rápido ou muito devagar), - mau uso do aparelho fonador (má colocação da voz, exagero de articulação não natural), - exagero de citações comentadas (bíblicas, doutrinárias), exagero de citações sem comentários, exagero de ilustrações e exemplos, exagero no uso das figuras de linguagem (rouba a atenção da assembléia), - imitação inconsciente de outro pregador, - excessos de cortesias, delicadezas artificiais, maneirismo (causa sentimentos de repulsa), - excesso de movimento, imobilidade, repetição constante de um mesmo gesto (leva os ouvintes a não darem ouvidos ao pregador), 39
Dercides Pires da Silva, Livro Formação de Pregadores- Metodologia com poder do Espírito Santo, Vol. 3, RCC Brasil, 2010.
52 - levar os ouvintes para trechos e não para a idéia principal (várias idéias desconexas, atirar-para-todos-os-lados), - olhos voltados para dentro da pregação e não para dentro da realidade do ouvinte, - inobservância de simples combinações de vestuário (imaginem o Agostinho da Grande Família pregando), - falar de forma monótona (os ouvintes desviam a atenção da mensagem anunciada), - vulgaridade (gestos, semblante ou nas palavras – piadas de mau gosto), - negatividade (centra-se nos problemas e não nas soluções), - belicosidade (pessoa que parece sempre estar disposto a brigar, nas pregações criticam de forma direta ou indireta), - visão limitada (quando o pregador tem pouco conhecimento do assunto, chavões – isto tem que ser assim, senão...), - mau uso da aparelhagem de som (microfone, amplificador, etc.), etc. 1.1) Uso de instrumentos com sabedoria A aparelhagem de som é um excelente recurso nas mãos de quem sabe usa-la. Todavia, o mau uso pode tornar pode tornar um ruído de comunicação. Quem já viu e ouviu algum pregador que prega soprando o microfone? E pregando com som estridente? E muito alto? E muito agudo? E com microfone “dentro” da boca? E com eco espalhando pelo local, impedindo o povo de entender o que se prega? Esses ruídos são tremendamente irritantes por agredirem, uns, o aparelho auditivo dos ouvintes; outros, a capacidade de assimilação. Por outro lado, como é bom e agradável ouvir uma pregação, um canto, uma oração por meio de aparelhos de sons bem regulados e com volumes adequados, de forma não agressiva aos ouvidos das pessoas. O ideal é que os pregadores sejam treinados a usar os equipamentos nas oficinas de pregação, até conseguirem utiliza-los bem. Quanto aos livros, apostilas, roteiros de pregação e à Bíblia, embora não sejam difíceis de serem utilizados, há quem se embaraça com eles. Quanto a Bíblia é necessário saber como empregá-la durante a pregação e a prática vivencial de suas orientações. 1.2) Eloqüência do corpo A eloqüência do corpo nos lembra a necessidade de praticarmos a Palavra de Deus, com vistas à conversão do coração, isto é, objetivando a mudança da mentalidade que se dá por meio da substituição da mentalidade mundana pela proposta de Nosso Senhor Jesus Cristo. Para abreviar a conversão, podemos orar constantemente, estudar a Santa Palavra e praticar a oração de cura interior, a fim de cultivarmos a pureza de coração que nos ajudará a sermos mais santos e mais sinceros. Assim, quando pregarmos, não correremos o risco de proclamar uma idéia com palavras e desmenti-la com o corpo. Sendo puros e sinceros nosso corpo será nosso aliado na evangelização, pois confirmará com sinais visíveis cada palavra que anunciarmos. Várias partes do corpo expressam emoções, pensamentos e intenções. a. Corpo (Postura) – no momento da pregação todos os olhos da assembléia estão voltados para o pregador. Cada ato seu é notado. Por isso sua postura, tanto a física quanto a interior, aquela que se nota sem ser vista, deve ser equilibrada e natural. Assim, uma postura artificial, que não faça parte do dia-a-dia do pregador, ou atitudes que demonstrem preguiça, desleixo, falta de entusiasmo ou desrespeito para com os ouvintes, devem ser combatidas e evitadas. É por isso que não é aconselhável que o pregador sente-se sobre a mesa, se enrole nos fios do microfone, se encoste ao ambão ou nas paredes, nem tampouco que fique habitualmente com as mãos no bolso ou com o corpo arcado sob um enorme peso imaginário. A postura corporal que melhor se adapta aquele que porta uma boa notícia é a de um corpo ereto, enérgico, ágil, desinibido, que transmita fortaleza, segurança, amor. Dizem que o corpo fala, existe até um livro com este título, portanto se o pregador estiver ansioso, tenso, o corpo refletirá isso aos ouvintes. Procure chegar ao local da
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f.
pregação com algum tempo de antecedência, acalme-se, perceba as pessoas, peça ao Espírito Santo que lhe de tranqüilidade. Não ande de um lado para o outro, sem parar, durante a pregação, parecendo aos ouvintes que estão mais assistindo a uma partida de tênis do que ouvindo uma pregação. Caminhe, mais com moderação. Aja com naturalidade. Rosto – A fisionomia também é muito importante, existem pessoas "transparentes", que não conseguem esconder quando estão tristes, cansadas ou alegres. O rosto do pregador deve passar a presença de Jesus, as pessoas devem olhar para ele e perceber que nele há algo de diferente, e que mesmo na tribulação ele confia na ação de Deus. Olhos – Os olhos do pregador devem percorrer todo o local, observar as pessoas, falar para todas as pessoas. Com certeza já ouvimos muitos reclamarem "Aquele pregador não tirava os olhos de mim. Será que ele sabe alguma coisa da minha vida? Senti-me incomodado." Muitos podem sentir-se incomodados, outros podem achar que o pregador está olhando com segundas intenções, por isso olhar para todos é fundamental durante uma pregação. Nossos ouvintes, lembremos com humildade, poderão ser ovelhas feridas e carentes que Jesus quer amá-los por intermédio de nosso olhar, como ele mesmo fez com Pedro, consoante Lucas 22, 61-62, quando o havia negado por três vezes. Não olhe para o chão ou para o teto, nem pela janela, não pregue os olhos em um texto e nem olhe para o relógio no pulso, não use óculos escuros durante uma pregação; olhe as pessoas não como o cego de Betsaida que as via como árvores, mas veja-as como gente, pessoas, imagens vivas de Deus, e seus irmãos. Mãos – Aqui, o equilíbrio é fundamental, existem pessoas que falam com as mãos, parece que vão levantar vôo, o que incomoda. Outras não sabem o que fazer com as mãos, e as colocam nos bolsos durante a pregação inteira. O que incomoda ainda mais. Aja com naturalidade, solte as mãos, deixe que elas se movimentem levemente, com um pouco de treino elas lhe serão de grande ajuda durante a pregação. No ato de pregar, as mãos podem ser empregadas para enfatizar a verbalização das palavras. Assim, enquanto se fala verbalmente, as mãos, em gestos adequados, vão enfatizando o que a boca diz. Os gestos marcam o que o pregador está anunciando. Isso acaba sendo um pouco de arte. Ajunte-se ao que foi dito que alguns tiques nervosos estragam os gestos; são eles: coçar-se exageradamente, estalar dedos, repetidamente alisar os cabelos com as mãos, “catar” piolho, etc. Pés – o pregador deve distribuir o peso do seu corpo entre os dois pés, igualmente. Isso evita o “descanso” sobre uma das pernas. Essa posição de “descanso” prejudica a postura corporal durante a pregação. Os pés devem ser utilizados para levar o pregador por todo o espaço disponível no local da pregação. Isso ajuda o pregador a se movimentar no palco, no presbitério, no meio do auditório e até por entre o auditório, se for conveniente. Inimigos naturais dos pés do pregador são os fios estendidos no chão, os instrumentos que alguns músicos esquecem sobre o piso e até mesmo certos locais ou degraus escorregadios. Voz – Saber flexionar a voz é uma arma poderosa para o bom pregador. Algumas pessoas começam e terminam a pregação no mesmo tom, o que causa sono e dispersão dos ouvintes. Precisamos aprender a alternar o tom de voz durante a pregação, já que existem momentos mais brandos, e outros mais fervorosos. Podemos corrigir, se estivermos caindo neste erro, para que nossa pregação não se torne monótona e para que ela atinja seu objetivo. A impostação de voz é a sua modificação deliberada, com o fim de torná-la mais audível. A voz impostada é suave e agradável e extingue as vozes estridentes, esganiçadas, guturais e agressivas.
54 Atenção especial deve ser dada ao volume da voz. O pregador deve ser ouvido em todo o ambiente que abriga a assembléia. Lembre-se: deve ser ouvido, mas não deve violentar os tímpanos dos ouvintes. Dicção é outro fator importante preponderante na pregação. O pregador deve pronunciar as palavras corretamente, de maneira que todos ouçam o que está sendo dito. Uma boa respiração ajuda a conseguir uma boa dicção. O melhor treino para a voz é ler e falar em voz alta em casa procurando pronunciar bem e corretamente todas as letras, sílabas, palavras e frases, não falando rápido demais e cuidando dos sotaques exagerados. g. Respiração – é a bateria que alimenta de energia a voz. Se o pregador estiver ofegante, todos se sentirão cansados. Antes de ir pregar respire profundamente e, mantendo o corpo ereto, sopre devagar prendendo os lábios. Repita este exercício por três vezes; provavelmente sentirá certa tontura devido à quantidade de oxigênio recebida pelo cérebro. Depois desta respiração nos sentimos calmos e o sistema nervoso fica equilibrado. h. Linguagem – linguagem boa é a simples, direta, precisa, concisa e clara. Devemos evitar os costumeiros vícios de linguagem, tais como os famosos “né”, “aí”, “ta”, “entende”, “por exemplo”, “ a gente”,... i. Vestuário e adereços – as roupas, os enfeites e os calçados não devem chamar a atenção para a pessoa do pregador, ou seja, devem ser simples. Quanto aos calçados, normalmente não se tem muito problema, exceto alguns pregadores que, embora possuindo bons calçados, no momento da pregação insistem em transformá-los em chinelos. As roupas, naturalmente, tanto femininas quanto masculinas, devem cumprir seu objetivo com sobriedade. Aspectos negativos numa apresentação seriam: roupa manchada, indecente, defeituosa, amarrotada, demasiadamente chamativa, camisas ou camisetas com estampas ou escritos não cristãos, mal odor, unhas sujas, dentes sujos, barba por fazer, exagero de maquiagem ou de adornos, sujeira, falta de higiene corporal, etc. 2. Espécies de técnicas de pregação As espécies de técnicas de pregação constituem os variados modos de transmitir o conteúdo da pregação. O pregador que dominar considerável número delas em breve adquirirá maior versatilidade no exercício que Jesus lhe confiou. Isso é bom para os irmãos-ouvintes, que receberão um anúncio mais claro, mais atraente. É bom para o pregador, pois sempre terá a opção de variar o modo de pregar. 2.1) TESTEMUNHO: o testemunho é uma necessidade na Evangelização. Desde o princípio, no tempo dos Apóstolos, nossa Igreja prega pelo exemplo, pelo testemunho. Falemos agora do testemunho visto mais como técnica de elocução. Primeiro, tenhamos em conta que testemunho é a narrativa de algo que sucedeu conosco, ou que vimos, ou então, que ouvimos. Ao repetir a narração do testemunho de alguém, não estaremos testemunhando, mas sim passando para quem nos ouve o testemunho de alguém. O Evangelho narrado por Lucas é desta espécie de narrativa, conforme nos atesta os versículos de 1-4, do capítulo primeiro. A técnica do testemunho é relativamente simples. Contudo, algumas pessoas, por não a conhecerem, danificam testemunhos ótimos e prejudicam com isso a evangelização. Segundo o teólogo José H. Prado Flores, o testemunho é ABC. “A” de alegre, “B” de breve e “C” de centrado em Cristo. Isso significa que o pregador, alegre e brevemente, narra seu antigo problema antes da ação de Deus sobre ele. Depois, narra a ação de Deus para saná-lo. Por último, narra com ele, o pregador, está após a solução do problema.
55 Acrescente que o pregador deve, no final do testemunho, convidar os ouvintes a se entregarem a Jesus, para que também tenham a sua experiência com amor incondicional de nosso Deus. O melhor testemunho é o seu. Não o aumente. Não o diminua. 2.2)
PARÁBOLAS OU ALEGORIAS: utilize parábolas, alegorias em sua pregação. Jesus fez isso inúmeras vezes. Empregue as da Sagrada Escritura. Crie as suas. Ore, peça inspiração ao Espírito Santo.
2.3)
CACHOEIRA: essa técnica é simples. Ela consiste em pregar ininterruptamente. O que ela mais exige do pregador é a eloqüência. Guarda certa semelhança com as água da cachoeira. Assim como as águas não param espontaneamente, o pregador também não pára de pregar, até que termine sua pregação. Nesta técnica não sobra muito espaço para o irmão-ouvinte se questionar, ou questionar o pregador. Ele quase sempre, só ouve, normalmente com grande atenção. Enquanto ouve, o Espírito Santo trabalha em seu coração para que ele creia no que está sendo anunciado.
2.4)
DRAMATIZAÇÃO: Uma participante do curso de pregadores mencionou uma importante estatística referente ao quanto às pessoas memorizam as pregações que ouvem: 55% pela expressão corporal, 38% pelo jeito de falar e apenas 7% memorizam a palavra pronunciada. Assim, podemos perceber a importância dos teatros e das encenações numa pregação. A dramatização pode ser feita com a ajuda de uma equipe ou mesmo pelo próprio pregador. O importante é que pelo menos a mensagem principal, da passagem seja transmitida. Na dramatização o pregador dá vida ativa aos personagens. Ele pode usar um texto bíblico ou criar uma situação. Se usar uma passagem da Sagrada Escritura, é bom alertar os ouvintes de que aquilo se trata de uma representação e que, portanto, quem ler a Bíblia não encontrará todas as palavras usadas por ele na dramatização. O pregador, ao mesmo tempo em que narra os fatos ou descreve os ambientes, os objetos, representa-os gestualmente. Esta é uma preciosa técnica de pregação. Que o digam os ouvintes! 2.5)
REPETIÇÃO: esta técnica foi muito utilizada por Jesus. Ele por exemplo, repetiu sua pregação sobre o Reino por várias vezes. Foi muito útil no tempo de Jesus. Hoje ainda é útil. É um ótimo recurso para memorização. Para o emprego desta técnica é essencial que o pregador varie o estilo, a fim de evitar as repetições enfadonhas. É, em verdade, uma grande arte. É simples de entender, porém, não tão simples de ser bem praticada. Um dos bons recursos é chamar os irmãos-ouvintes à participação, pondo-os para repetir o que foi ou está sendo anunciado. Mesmo assim, prevalece o alerta: toda a sabedoria no seu emprego é necessária. 2.6)
INDAGAÇÃO: consiste em fazer perguntas diretas ou indiretas à assembléia. Sua grande utilidade está no fato de manter presa a atenção dos ouvintes. Pela natural curiosidade em saber as respostas das perguntas que estão sendo lançadas, eles se ligam na pregação. A indagação deve ser feita a todos. A resposta pode ser dada durante a pregação ou mesmo no momento da pergunta. Jesus não dava todas as respostas. Este estilo de pensamento tem a vantagem de levar o homem a um mergulho em si mesmo e, principalmente, em Deus, a fim de buscar as respostas para a sua vida. 2.7)
CRIAR UM SUSPENSE: o pregador cria um pouco de suspense sobre o que está dizendo. Atenção: sem sabedoria ela pode danificar a pregação, tornando-a chata e indigesta. Passagem interessante é aquela descrita em João 8. Ao ser inquirido sobre o
56 que deveria fazer com a mulher pega em adultério, antes de responder, criou um suspense, atiçou a curiosidade de todos, simplesmente riscando o chão. Quando todos entraram em si e esperavam ansiosos a resposta, já com pedras para atirar na pecadora. Ele simplesmente, diz: “Quem não tem pecado atire a primeira pedra”. Aqueles homens, ao invés de lapidarem uma pecadora, levaram consigo uma lapidar lição de verdade e de amor. 2.8)
PIADAS: para cada tema você pode encontrar ou criar uma anedota apropriada. A anedota é apropriada quando ajuda a entender o tema ou quando o reforça.
2.9)
SINAIS E PRODÍGIOS: consiste em ser o pregador livre para a ação do Espírito Santo enquanto prega. Durante a pregação, o Espírito Santo, com liberdade, move-se no meio da assembléia realizando curas, milagres e libertações. Ao pregador cabe proclama-las quando lhe forem reveladas.
2.10) GARIMPAGEM: aqui o pregador ajuda o irmão-ouvinte a descobrir as pérolas preciosas que encontram na Sagrada Escritura. Também faz parte desta técnica o aproveitamento daquilo que o ouvinte já conhece, mas que, muitas vezes, nem tem consciência deste conhecimento. Sua prática inclui o estimulo que se dá a assembléia, mediante perguntas e frase para que ela complete. Assim, aos poucos, os irmãos vão descobrindo o que sabem e, por conseguinte, se interessando mais pela pregação. 2.11) NARRAÇÃO: é o contar histórias. Histórias que se constituem de fatos reais, tanto da História da Salvação, biblicamente revelada, quanto da história da salvação de cada um de nós. 2.12) VISUALIZAÇÃO: O que as pessoas vêem são de grande fonte para ajudar na memorização. Assim, esta técnica consiste em desenhar os detalhes mais significativos de um acontecimento e, visualizando o desenho, observar algo mais que apenas na leitura não foi possível captar. É preciso imaginar a passagem que se está estudando, pensar em cada detalhe, observar a reação dos personagens, perceber as cores, o movimento e até captar os odores, para então iniciar o desenho.40 Exemplo: At 28, 1-6: mostrar no “data-show” ou retroprojetor o desenho abaixo:
Meditação: Vemos que Paulo para acabar com o frio que fazia, busca feixe de gravetos para aquecer a comunidade (que é a fogueira). Paulo é o líder, e quando o líder percebe que a comunidade está esfriando, ele deve buscar ajuda para aquece-la novamente. A víbora – satanás – visa o líder, ela mordeu Paulo. E o que ele faz? Ele vai até a comunidade (a fogueira) sacudir a víbora. Quando
40
Apostila do Curso de Comunicadores da Mensagem Cristã, Ob. Cit., p. 68.
57 somos picados por satanás, temos que ir à comunidade, sacudir no fogo do Espírito todo o veneno, para que não venhamos a morrer. OBS.: nesta técnica é importante reportar ao desenho, apontar, etc... 2.13) OUTRAS: as “outras” técnicas ficarão para você descobrir, irmão e irmã pregadores. Elas estão em algum lugar em seu coração, em algum cantinho de sua mente, em algum depósito de sua criatividade. Uma dica: o Espírito Santo sabe onde elas estão. Perguntelhe. Ele é especialista neste tipo de ajuda aos pregadores. DINÂMICA Cada grupo escolherá um episódio da História Sagrada e preparará uma dramatização que envolva todos os membros do grupo. Podem-se utilizar todos os recursos possíveis para a montagem e apresentação.
9° Tema – Oficinas de Pregação 1. OFICINA VOZ E UNÇÃO Fonoaudiólogas: Fernanda Ponce e Marcieli Bortoli 1.1) OBJETIVO Dotar os pregadores de conhecimentos fundamentais sobre os cuidados que se deve ter com o aparelho fonador. Capacitar os pregadores a utilizarem a voz adequadamente, nos quesitos de impostação, entonação, ênfase, ritmo, articulação e cadência. 1.2) INTRODUÇÃO “Fala para que eu te veja” (Sócrates) Uma das principais características observadas na história da humanidade é a comunicação, a qual é fundamental para as relações humanas, tendo grande importância para a satisfação das necessidades básicas, assim como para a aquisição de novos conhecimentos e, para a expressão e compreensão da linguagem nos diversos contextos sociais, sejam eles: familiar, de lazer ou de trabalho (Mac-KAY, 2004). Infante (1999, p.13), afirma que pela comunicação, o homem aprende a ser membro da sociedade, sendo-lhe transmitido os valores e a própria cultura. O mesmo exalta a comunicação referindo que esta se “confunde com a própria vida”. Andrade (1996, p. 43), reforça esta idéia de que a comunicação é característica humana, afirmando que ela tem um papel “fundamental para a saúde e felicidade”, nas mais diversas idades: crianças, jovens, adultos e idosos. Diversos autores referem que a comunicação pode ocorrer de modo verbal e não-verbal, assumindo assim vária formas, transmitindo informações por meio da expressão emocional, das vocalizações e ações motoras. A comunicação não-verbal ocorre através da postura, gestos, expressões, olhares, hesitações, entre outros, sendo que estes fatores, muitas vezes, transmitem a intenção desejada ou complementam a fala. Um dos elementos mais importantes na comunicação humana é a voz. A voz, muito mais do que resultado da ação de vários mecanismos de nosso organismo, pode ser considerada como expressão de nossos sentimentos, veículo de representação de nossas intenções emocionais e comunicativas, contribuindo significativamente para a persuasão e sedução de um discurso, diálogo e/ou conversação. Hersan (1989) refere que o homem se caracteriza pela sua voz, de forma exclusiva e única, podendo esta ser comparada às impressões digitais e à fisionomia. Além disso, o autor menciona o fato de que pela voz é possível conhecer a emoção do indivíduo, assim como os sentidos do mesmo.
58 No decorrer da história da humanidade, grandes homens, como Sócrates, Josué, João Batista e o próprio Jesus, utilizaram a voz como requisito fundamental para a transmissão de seus conhecimentos, idéias e para o anúncio da Palavra. Atualmente, muitos são aqueles que utilizam a voz como instrumento de trabalho e de evangelização, entre eles, encontram-se professores, formadores, cantores, padres e pregadores. Com base no que já foi exposto, vejamos a seguir fatores importantes para uma comunicação mais efetiva, a qual pode influenciar na eficácia da pregação da Palavra: I. Elementos da Comunicação • Postura corporal; • Voz; • Articulação da Fala; • Ritmo; • Audição; • Linguagem corporal; • Expressão facial. Voz é identidade pessoal. Cada pessoa tem um timbre. Timbre: personalidade de cada voz. A qualidade do timbre é obtida pelo aspecto muscular, controle de uso do ar, manutenção do lugar de ressonância. A voz é um atributo altamente pessoal, mas ela pode ser trabalhada, modificada e melhorada. II. Respiração A respiração com técnica de apoio protege o mecanismo laríngeo, sobretudo a voz em alta freqüência (aguda) e grande volume. É importante saber usar para não sobrecarregar a laringe – voz com esforço dificulta boa emissão e pode causar problemas vocais. III. Ressonância Aumento das vibrações aéreas, o som fica amplificado devido a existência de cavidades por onde o ar passa. O “moldar” do som que vem das pregas vocais dá condições de modelar o timbre. O equilíbrio no uso das cavidades de ressonância proporciona uma voz agradável. A capacidade de gerar um som “rico” depende de: prega vocal saudável que produza grande quantidade de harmônicos e caixa de ressonância configurada de forma a valorizar mais e melhor os harmônicos da voz. IV. Projeção da Voz É a condução da voz dentro do ambiente onde falamos. Quando queremos que a voz tenha um alcance maior, devemos recorrer ao uso das inflexões, usando tons mais agudos, dando o apoio respiratório correto, utilizando devidamente as cavidades de ressonância e expandido a articulação. Dessa forma, a voz sairá forte e sem tensão, evitando desgaste desnecessário. O olhar é um ótimo facilitador para a projeção vocal; olhe para onde você quer que o som chegue. Ao falar em público, é importante focalizar a voz em três ou quatro pessoas distante umas das outras e mudar esse foco durante a fala, de forma que a voz preencha todo o espaço, envolvendo a todos. Quando o público se sente envolvido torna-se muito mais receptivo. Com o uso do microfone não há necessidade de nos preocupar com o alcance da voz, já que o microfone tem a função de suprir este aspecto. Entretanto, não se deve esquecer da voz bem colocada nas cavidades de ressonância, da entonação e da clareza da articulação das palavras, usando a voz na intensidade habitual. O envolvimento do público por meio do olhar deve ser uma constante usando ou não o microfone.
59 V. Entonação da voz A entonação, inflexões de voz que fazemos ao falar estabelece diferentes curvas melódicas no discurso. Associada ao recurso da pausa, é fundamental para o brilho da fala nas apresentações provocando um forte efeito emocional no ouvinte. Usar o recurso da entonação é saber modificar a melodia da fala pela utilização de uma gama de tons que vai dos mais graves até os mais agudos, dando vivacidade ao que se fala. É importante saber se falamos com nosso tom natural. A forma de descobrir um tom muito próximo ao natural é emitindo “huhum” (de concordar, como resposta a uma pergunta), onde a voz é produzida com leveza, praticamente sem esforço muscular. Um especialista de voz poderá encontrar o seu tom natural com mais segurança por meio de instrumentos eletrônicos. VI. Articulação Os articuladores correspondem aos dentes, lábios, línguas, mandíbula, “céu da boca”. A boa dicção inclui pronúncia correta, movimentos musculares livres e depende da ação correta do sistema articulatório. A eficiência da musculatura articulatória é fundamental para a precisão na emissão dos sons e para a inteligibilidade da fala. É importante que tenhamos uma articulação precisa de todos os fonemas do português para que a fala ocorra com clareza. Não omita os “erres” e “esses” finais das palavras. Articula claramente as sílabas finais. Bastante prejudicial também para a inteligibilidade da fala é quando se tem uma movimentação insuficiente dos lábios, com a articulação travada, com pouca abertura de boca, dando a impressão de se falar para dentro. O tempo envolvido na articulação é um recurso que contribui para valorizar o que se está falando. 1.3) CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES As pregas vocais são músculos e, como todo músculo, precisam ser aquecidas antes de uma atividade mais intensa para evitar sobrecarga, uso inadequado ou um quadro de fadiga vocal. É importante lembrar que falamos também com nosso corpo. Buscar postura corporal e eliminar tensões é fundamental. Não dá para ter bom desempenho vocal se tiver algum problema. Esteja sempre aliado ao seu médico otorrinolaringologista e ao fonoaudiólogo para garantir os cuidados necessários ao seu desempenho vocal. A prática de exercícios vocais deve ser orientada e acompanhada por um profissional que definirá os cuidados e ações específicas a cada caso. 1.4) SAÚDE VOCAL O termo saúde vocal corresponde a alguns cuidados básicos que ajudam o indivíduo a preservar sua voz, prevenindo o surgimento de possíveis alterações e doenças. Para os indivíduos que utilizam a voz como instrumento de evangelização e de trabalho, os cuidados vocais são imprescindíveis, a fim de se manter a saúde vocal e prevenir possíveis distúrbios vocais, pois a falta destes cuidados, o uso incorreto e/ou abuso da voz, podem ocasionar um distúrbio na mesma, o que acaba prejudicando o desempenho na pregação, na vida profissional e até mesmo na vida pessoal. Vejamos a seguir alguns cuidados que podemos tomar com a nossa voz: • Ingerir água em temperatura durante o dia e, em especial, durante a utilização da voz. A hidratação é muito importante para o funcionamento adequado do aparelho fonador; • Evitar o uso de tabaco e ingestão de bebidas alcoólicas; • Evitar gritar constantemente, e quando necessitar fazê-lo, utilizar suporte respiratório;
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Evitar iniciar a fala com ataques fortes na voz, pois isto pode fazer com que um prega vocal se choque com a outra de uma forma brusca (golpe de glote); Cuidar com a questão de tosses e pigarros, pois a prática destes procedimentos ocasiona um impacto de prega vocal contra a outra; Em ambientes muito ruidosos estar atento para não aumentar demasiadamente a intensidade de voz, forçando-a. Nestes casos seria indicado o uso de microfone, apoio respiratório, articulação mais precisa, entre outros; Em quadros gripais, procurar não usar a voz demasiadamente, o que é muito prejudicial, pois pode ocasionar lesões nas pregas vocais; Utilizar a voz excessivamente após ingestão de grandes quantidades de aspirina, calmantes ou diuréticos, pode ocasionar lesões nas pregas vocais; Por ser uma atividade de grande gasto de energia, é importante que seja evitado jejuns prolongados antes do uso intenso da voz; A ingestão de alimentos previamente às performances dificulta a movimentação do diafragma durante a fonação, por isso é importante evitar tal procedimento; O uso excessivo de cafeína pode estimular refluxo gastroesofágico, além de ser um fator irritante para as pregas vocais; Alimento indicado: proteínas, alimentos ricos em fibras, maçã (pois suas propriedades adstringentes eliminam os possíveis resíduos presentes no trato vocal, além de ser alimento que exige mastigação, trabalhando assim músculos que serão utilizados na fala); Evitar o uso de sprays e pastilhas, pois estes têm um efeito anestésico que pode levar a um uso abusivo da voz; Evitar a automedicação, pois vários medicamentos interferem na produção vocal; Roupas que apertem a região do pescoço e do abdômen podem causar dificuldades nos movimentos respiratórios e musculares, por isso, devem ser evitadas; Pessoas alérgicas: cuidar com os agentes desencadeantes de alergia, realizando, se possível, acompanhamento médico; Cuidar com as mudanças bruscas de temperatura, que são prejudiciais à voz, assim como a ingestão de bebidas, muito geladas ou quentes, que provocam choque térmico: causando descarga imediata de muco. Antes de engolir sorvetes ou sucos muito gelados, mantenha-os na boca por alguns segundos; Ambientes que possuem ar condicionado devem ser evitados, pois em muitos casos, causam ressecamento do trato vocal. Manter ingestão de água nestes locais; Para a produção vocal o sono é um fator fundamental; É preciso estar alerta quanto à realização de atividades físicas concomitantes à fonação, o que pode sobrecarregar a voz; Durante os períodos de alterações hormonais os abusos vocais podem ser prejudiciais à voz.
1.5) PODER DA PALAVRA UNGIDA Com base em vários estudos realizados, podemos perceber o quanto o uso adequado da voz e da comunicação pode interferir na persuasão de uma palestra, de um discurso, de uma explanação, de um sermão e de uma pregação. A utilização de variações de intensidade vocal, entonação e demais artífices, são instrumentos contribuintes para uma comunicação eficaz. Tais instrumentos embelezam a fala, prendem a atenção do ouvinte e interfere até mesmo no psíquico do homem. Uma fala monótona, sem modificações e variações, tensa, estridente, pode interferir na comunicação negativamente, prejudicando a atenção e concentração do indivíduo e, se
61 tornando ao invés de um instrumento, um obstáculo para a comunicação da Palavra. Com isso vemos a necessidade de cuidarmos de nossa voz que é instrumento para a proclamação da Boa Nova. Para se chegar a um determinado local, necessitamos traçar um percurso e caminhar sobre ele a fim de alcançarmos o objetivo. Assim também, é na nossa pregação; as técnicas vocais são meios para alcançar o nosso objetivo, que é levar e tornar conhecido nosso Deus amado, propiciando um encontro pessoal do homem com o seu Senhor, Princípio e Fim de todas as coisas. A palavra proclamada é como semente que é lançada a terra. Para que a semente germine, além da qualidade da terra, é necessário que a semente seja boa. Não basta ser uma semente bonita, precisa ser uma semente “boa”. Quantas são as sementes bonitas, mas, ao mesmo tempo ocas, lançadas a terra. A semente precisa ser bonita e boa, com conteúdo, com conhecimento, com arte e principalmente com unção. Unção e conhecimento caminhando juntos, como duas asas, para que possamos voar no querer e na vontade de Deus para as nossas vidas, sendo canais eficazes do Amor do Senhor nesta terra. “Se não tenho amor sou como um sino ruidoso, ou como címbalo estridente [...]” (I Cor 13, 1 b). 1.6) AQUECIMENTO E DESAQUECIMENTO VOCAL Fonoaudióloga: Edmary Coutinho de Godoy Aquecimento vocal: Espreguiçar Alongar o corpo Tencionar as mãos uma de cada vez, os braços um de cada vez, os pés um de cada vez, as pernas uma de cada vez Apertar a mandíbula Estalar a língua, soltando a mandíbula Manipulação laríngea Espreguiçar novamente Alongar o pescoço: sim, não, talvez Empurrar as bochechas com a língua Respiração: Inspire pelo nariz e solte o ar pela boca Inspire pelo nariz e solte o ar fazendo /s/ Inspire pelo nariz e solte o ar fazendo s-s-s... /m/ mastigado /b/ prolongado Carrinho com os lábios Vibração de língua Vocalize ba-be-bi-bo-buuuuuuuu... Baba bebe bibi bobo bu-u-u-u-u Desaquecimento vocal: É tão importante quanto o aquecimento. /m/ mastigado /b/ prolongado Bocejar Ficar no mínimo 5 minutos em repouso vocal após a utilização leve ou intensa da voz (ficar em silêncio) Lembrete: A voz também é instrumento de Deus, por isso cuide da sua.
62 2. OFICINA PALAVRA VIVA 2.1) OS GESTOS DO CORPO NA PREGAÇÂO Existem dois tipos de gestos: 1. Literal: apontar para a cadeira, o púlpito. 2. Figurativo: quando falo de amor, felicidade, coração. 2.2) USO DAS MÃOS, ERROS A EVITAR: 1. Mãos atrás da costa, eventualmente pode, sempre não. 2. Mãos nos bolsos. 3. Cruzar os braços: nós comunicamos muito mais pelos gestos do que as palavras: 7% conteúdo. 38% tom de voz. 55% gestos e expressões faciais, não verbal. O ser humano se comunica por volta de 700.000 maneiras. O cruzar de braços é um gesto defensivo, psicológico, observe isto nos casais de namorados. 2.3) O QUE SÃO OS GESTOS? É realçar a palavra sublinhado-lhe o sentido, esculpir no ar a imagem. Todo o corpo está envolvido na gesticulação, a mímica não se limita aos braços e sim da cabeça aos pés. I- COMO GESTICULAR? O gesto tem que ser naturalmente. Dale Carnegie dizia: A gesticulação de um homem bem como sua escova de dentes, devem ser coisas muito especiais. Nós temos que aumentar nossa coleção de gestos. O orador é um ator? Ele tem que fazer os gestos, mas sem extrapolar sua personalidade como os atores. Ele tem que encenar continuando na sua personalidade. II- GESTOS CONVENCIONAIS: 1- GESTO DE DAR E RECEBER: Estendemos os braços para a frente, tendo o cuidado de não deixar os cotovelos grudados ao corpo, as mãos devem estar descontraídas, palmas voltadas para cima, os polegares visíveis, destacados. O gesto de dar é feito avançando com as mãos, e o de receber é recolhendo-a de modo a tocar a borda correspondente ao nosso peito. 2- GESTO DE REJEIÇÃO: A mão ou as mãos sobem lentamente até a altura do peito e avança um pouco para a frente, palmas para baixo. O objetivo de aversão pode estar imaginariamente à nossa frente, à direita ou esquerda, acima ou abaixo. 3- GESTO DE ASSENTIMENTO OU REPROVAÇÃO: Assentir com a cabeça sem curvar o tronco ao mesmo tempo, podemos concordar ou discordar em vários graus de intensidade.
63 4- GESTO DE DIVIDIR: Una todos os dedos de uma só mão estendidos, estenda a mão como o polegar para cima e desça como se pretendesse cortar alguma coisa e depois separe as duas metades imaginárias. 5- GESTO DE APONTAR: Apontar com o indicador de modo esticado e imperativo. 6- PUNHOS CERRADOS INDICA FORÇA E DETERMINAÇÃO. 7- GESTOS DE CONTENÇÃO: Mão aberta, braço estendido à altura do peito, palma virada para frente. 8- GESTO DE DESAGRADO: Devemos volver a cabeça em direção oposta ao suposto objeto, de desagrado, os olhos se fecham como se não quisessem ver, mãos elevadas até a altura do peito e empurra imaginariamente a coisa que provoca aversão. 9- GESTO DE SURPRESA: Os olhos devem arregalar-se de repente e a boca abrir-se em espanto. 10- GESTO DE DESESPERO: Mãos semi fechadas procurando agarrar os cabelos das têmperas, pode ser dramatizado ainda mais descendo-as em direção ao queixo como se estivéssemos arrancando os cabelos das têmperas. 11- GESTO DE ADORAÇÃO: Colocamos ambas as mãos delicadamente na altura do coração, a cabeça deve estar olhando o chão enquanto isso, e à medida que elevamos nossa cabeça e olhar para o alto vamos afastando as mãos até que as palmas fiquem voltadas para o céu. 12- GESTO DE MEDO: A mão direita sobre a esquerda com a palma voltada para fora como se quisesse deter um objeto projetado, o cotovelo fica à altura dos olhos. 2.4) A IMPORTÂNCIA DOS OLHOS: 1- Olhar para o público antes de arrumar qualquer coisa. 2- O olhar exerce uma função atraente, não permite que o auditório se desvie do assunto. 3- O orador é o namorado e o auditório a namorada, e o orador tem que ter uma entrega mútua. ATITUDES QUE SE DEVE EVITAR COM OS OLHOS: 1- Fugir com os olhos; é desagradável conversar com uma pessoa que não está olhando para você. 2- Fixar o olhar numa pessoa, atrapalha a comunicação. 3- Olhar para um ponto fixo, (janela, lâmpada, espaço vazio, etc). 4- Olhar para uma pessoa que está conversando. 5- Correr o olhar para a esquerda e para a direita, isto se chama: "olhar pára-brisa". 6- O olhar perdido, está voltado para dentro de si, só lança o olhar mas volta ao papel.
64 COMO OLHAR O AUDITÓRIO: 1- Quando começar a falar, encarar a última fileira para que eu possa condicionar a voz à última fileira. 2- Seguir o esquema A - B - C - D - EG - FH. A
B
C
D
E
F
G
H *
3- O sorrir desarma adversários, muda opiniões. 4- Sorrir de coração. 3. OFICINA ROTEIRIZAÇÃO 3.1) CONCEITO DE ROTEIRO É a organização dos principais tópicos da pregação. 3.2) ROTEIRO ESCRITO E NÃO ESCRITO Pregações não escritas Vantagens • Grande flexibilidade • Boa abertura para as inspirações, moções e toques do Espírito Santo. Desvantagens • Possibilita ensinos e pregações “sem pé e sem cabeça” • Possibilita pregações e ensinos “intermináveis” Pregações escritas Vantagens • Possibilita ao evangelizador ter sempre à mão o que pregar ou ensinar • Libera o evangelizador da preocupação de saber o que dizer Desvantagens • Possibilita pregações e ensinos “engessados” • Dificulta o acolhimento de novas inspirações, moções, profecias, etc. 3.3) ROTEIRO (forma ideal de organizar as pregações) Roteiro ideal é o escrito. Vantagens do roteiro escrito • Boa flexibilidade • Boa abertura para as inspirações, moções e toques do Espírito Santo • Possibilita ao evangelizador ter sempre à mão as principais idéias • Libera o evangelizador do medo de não ter o que pregar ou ensinar • Permite a inserção de histórias, parábolas, técnicas pedagógicas e recursos variados 3.4) TEMPO DE PREPARAÇÃO Tempo ideal • É o tempo necessário para imbuir-se do assunto a ser anunciado
65 Tempo prático • É o tempo que se tem. É o tempo que Deus nos disponibiliza • Deus nos dá tempo por meio de quem nos convida • Se o tempo for um ano, nos preparemos por um ano; se for um minuto, nos preparemos por um minuto. 3.5) FIDELIDADE AO TEMA • A fidelidade ao tema começa com a organização do roteiro • O roteiro estando dentro do tema proposto dificilmente o pregador sairá dele. 3.6) DESENVOLVIMENTO DE UM ROTEIRO 1) Anote as palavras, visualizações, citações bíblicas, etc. recebidas durante o momento de escuta. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2) Após discernimento, anote apenas as palavras, visualizações, citações bíblicas, etc., que estão ligadas com o tema da pregação. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 3) Escolha três idéias chaves (Itens) para montar o desenvolvimento da pregação. a) _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ b) _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ c) _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________
66 4) Para cada idéia chave (Item), anote dois sub-itens (pode conter citações bíblicas, testemunhos, anedotas, etc.) a.1) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ a.2) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ a.3) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b.1) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b.2) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b.3) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c.1) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c.2) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c.3) _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 5) Desenvolva uma motivação criativa para a pregação. Conteúdo: Demonstração da importância da pregação, apresentação de pelo menos um ganho prático aos ouvintes. Pode ser apresentada uma história, uma parábola, um texto bíblico, etc.. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
67 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 6) Desenvolva a peroração (fecho) para a pregação. Compõe-se de um resumo das principais idéias da pregação e por aquela mensagem que REALMENTE O SENHOR queria que o povo ouvisse. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 7) Agora vamos preparar o roteiro para a pregação: • Na pregação o pregador não se apresenta. Ele deve ser apresentado pelo coordenador do evento. • A introdução da pregação é composta de uma parte única (uma só parte). • A um só tempo o pregador apresenta a pregação e motiva a assembléia, ou vice-versa. I. INTRODUÇÃO Tema: ________________________________________________________________________ (Anote aqui a motivação) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
68 II. DESENVOLVIMENTO (Anote aqui os itens e sub-itens) a) (ITEM) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ a.1) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ a.2) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ a.3) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b) (ITEM) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b.1) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b.2) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b.3) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
69 c) (ITEM) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c.1) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c.2) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c.3) (Sub-item) _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ III. PERORAÇÃO _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Oração Final _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
70 4. OFICINA VERBALIZAÇÃO 4.1) COMO AUMENTAR O PODER DA PALAVRA: a. Ler mais (principalmente a Bíblia). b. Usar o dicionário bíblico. c. Evitar as palavras complicadas. d. Pronunciar frases com sentido. e. Pedir para outros corrigirem seus erros. f. Nunca usar palavras de significado desconhecido para você. g. Tenha certeza que a mensagem tocou profundamente em você primeiro. h. Mude de vez em quando o tom e a intensidade da voz. (Ênfase, Ritmo.) 4.2) CUIDADOS IMPORTANTES: a. Nunca chegue na hora. Chegue antes da hora. b. Cuidado com a aparência... c. Prepare-se para toda sorte de imprevistos. Queda de luz; bêbados; desmaios; esquecer a pregação; barulhos... etc. d. Não cruze os braços. Não coloque as mãos nos bolsos. Não coloque as mãos atrás das costas. e. Cuidados com a voz – garganta. f. Tenha certeza que a mensagem está de acordo com o seu público. 4.3) ISTO VOCÊ PODE E DEVE FAZER: a. Usar de bom humor apropriado na apresentação. b. Descobrir as necessidades do grupo. c. Procurar de início, coisas em comum ou pessoas conhecidas. d. Use recursos visuais quando possível. e. Faça contato visual com o maior número de pessoas possível. f. Tenha pleno conhecimento do que vai apresentar. g. Use gestos apropriados. h. Ficar dentro do assunto. i. Sempre use uma ilustração, uma história ou uma experiência. j. Usar a Bíblia é essencial, pelo menos um texto. 4.4) ISTO VOCÊ NÃO DEVE FAZER: a. Não use recursos visuais em excesso. b. Não ignore as reações do público. c. Não entre em debates. d. Não diga coisas sem ter certeza. e. Não ignore o conhecimento do público. f. Não pergunte se pode continuar ou terminar a pregação. 5. OFICINA: A ARTE DE FALAR NA TV Em termos gerais, autoridades e políticos não podem deixar de levar em consideração suas aparições nos Telejornais - o poder desses programas obriga-os a terem uma preocupação a mais, e constante, nas suas atitudes do dia-a-dia. Em termos gerais, também, autoridades e políticos estão despreparados para aproveitar o potencial de credibilidade que uma participação (entrevista coletiva, fala, presença, etc.) em um Telejornal pode conferir. Uma presença marcante dentro de uma espaço (matéria) nos Telejornais pode se traduzir em pontos positivos, índices de aceitação e (porque não?) em mudança de opinião do telespectador. Por outro lado, a presença evasiva e inconsistente pode prejudicar mais do que a ausência no espaço dos Telejornais. É, como se diz: "faca de dois gumes" e mais até, porque a
71 Televisão trabalha como som e imagem simultaneamente e, sem dúvida, faz deles o seu grande trunfo. A câmera e o microfone despertam, quase sempre, uma certa insegurança no entrevistado, na medida em que ele, entrevistado, terá o rosto e a voz gravados na fita de vídeo que irá no ar. além disso, câmera e microfone revelam com uma nitidez incomparável o desempenho do entrevistado e o desenvolvimento do raciocínio no momento de explicar um fato ou tomar uma posição. Todos sabemos que as pessoas, em geral, se preocupam com suas aparições em público, e isto fica muito mais evidente no caso da Televisão. Os nossos Telejornais têm por regra da espaço limitado às falas dos entrevistados. Diz-se que, nos telejornais americanos se um entrevistado não consegue dar seu recado em 15 segundos, ele vai ser, inevitavelmente, "cortado" da matéria ou terá sua resposta "editada", para ficar dentro do limite. Nos nossos Telejornais, esses espaço é um pouco maior - entre 20 a 40 segundos. em casos excepcionais pode ficar acima desse limite. de qualquer forma, uma fala para TV requer uma duração ideal, onde o entrevistado deve esgotar o seu assunto, com começo, meio e fim. O que se nota, constantemente, é que nem sempre isso acontece e, na maioria das vezes, o próprio entrevistado se esquece disso. Não é um detalhe: é um fundamento básico para que a sua fala seja aceita e principalmente, assimilada pelo telespectador. Com certeza, fazer-se entender deve ser o principal objetivo de quem falar para a TV! Falar na televisão - e se fazer entender - não é um bicho de sete cabeças. Mas é, muitas vezes, cruel e fatal. A força, a emoção, o conteúdo, a hesitação, o nervosismo, a verdade e a mentira se ampliam e repercutem de forma dinâmica e excepcional. Não existe uma fórmula mágica para se encontrar a forma de dizer o que se tem para falar. O que existe - e pode ser relacionado - são algumas determinações de como dizer, numa tentativa de readaptar os conceitos preconcebidos de cada um. Assim, vejamos: O que não é bom: - falar difícil, rebuscado ("moradores sob a égide dos traficantes"). - começar a entrevista com evasivas (hesitar). - não concluir o raciocínio. - falar sem definições. - usar termos técnicos ("meso e microdrenagem"). - usar termos específicos do meio de trabalho ("o crime tem sempre um móvel"). - ser redundante - repetir a mesma idéia de forma diferente. - falas longas, com muitos exemplos e "vírgulas". - cometer erros gramaticais. - usar gírias e/ou palavras estrangeiras. - usar frases de efeito (chavões). - ser demagogo (tentar "enrolar" o telespectador). - ler algum papel-lembrete enquanto fala. - falar de forma irreverente. - falar de forma autoritária ("prendo e arrebento"). - abaixar o olhar enquanto fala. - deixar o olhar perdido. - "falar sem parar", emendando frases e assuntos. - usar palavras de sentido duplo ("havia infiltrações na Polícia"). - inflamar-se, exagerar nos gestos e nas expressões do rosto. - perder-se em considerações - iniciais e finais - além do tema principal. O que é bom: - usar palavras simples, readaptar o vocabulário. - usar a linguagem coloquial, de conversa. - falar com clareza e objetividade. - ser conciso e sintético. - usar a forma direta.
72 - ser acessível. - concluir o pensamento. - aproveitar a entrevista para se tornar próximo do telespectador. - falar no que acredita para passar credibilidade e confiança. - ter conhecimento do que está falando. - falas curtas e abrangentes (esgotar o tema em pouco tempo). - olhar para a câmera (e não para o microfone) para a qual está falando - eventualmente olhar para o repórter. Se tiver mais do que uma câmera, procurar olhar um pouco para cada uma - pois cada uma representa um telespectador diferente. - falar todas as palavras com todas as letras (não comer palavras e principalmente final da frase). - terminar a fala e permanecer olhando para a câmera por alguns poucos segundos a mais. - usar termos preciso (exatos) para definir alguma coisa. - criar interesse no que está falando. - ser prudente (não falar além do que deve). - manter a postura. - justificar o ponto principal mas não se alongar em argumentações. - estar atento à pergunta do repórter. - se posicionar com clareza, quando tiver que fazê-lo. - usar comparações que possam ajudar a esclarecer (evitar confundir o telespectador). - transmitir informações consistentes. - criar empatia com o público. - ser contundente, quando necessário. - demonstrar com o olhar o que está sentindo. - falar com firmeza. - usar um tom de voz adequado (não falar para dentro, baixinho, como se estivesse resmungando). - procurar se sentir à vontade diante da câmera e do microfone. Vale ressaltar que o hábito tornará o entrevistado mais familiarizado com a Televisão. E, vale lembrar que tudo que vai ao ar na TV é efêmero, é esquecido muito rapidamente por quem assiste - até por causa das próprias características de imediatismo e contemporaneidade do veículo. Mas, a presença no espaço dos Telejornais pode ter rendimento máximo quanto mais se assimilar os meios e os métodos. A presença no espaço dos Telejornais pode ser infinita, enquanto dure...
Referências BARBOSA, T.F. Formação de Pregadores: metodologia com poder do Espírito Santo. Editora Santuário: Aparecida, 1997. 256 p. BÍBLIA SAGRADA. 121ª Ed. Editora Ave-Maria Ltda: São Paulo, 1998. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 2ª Ed. Editora Vozes, Paulinas, Loyola e Ave-Maria, 1993. COMUNIDADE ATOS. Curso de Pregadores. Apostila, 2007, 30 p. EVANGELIZAÇÃO 2000. Curso de Formação de Comunicadores da Mensagem Cristã. Editora Pelicano: São Paulo, 1994. 129 p. GOMEZ, S.; FLORES, J.H.P. Formação de Pregadores. Edições Louva-a-Deus: Rio de Janeiro, 1990. 141 p. RCC Brasil Arautos da Salvação. Apostila. SILVA, D.P. Formação de Pregadores e Formadores: Oratória Sacra (Elaboração de roteiros para pregações e ensinos, passo a passo). Apostila 1, DISPA: São Paulo, 20 p. SILVA, D.P. Formação de Pregadores e Formadores: Oratória Sacra (Verbalização – O carisma da pregação). Apostila, DISPA: São Paulo, 17 p. SILVA, D.P. Formação de Pregadores e Formadores: Oratória Sacra. Vol. I, Editora Canção Nova: Cachoeira Paulista, 2005. 125 p. SILVA, D.P. Formação de Pregadores e Formadores: Oratória Sacra. Vol. II, Editora Canção Nova: Cachoeira Paulista, 2005. 129 p. SILVA, D.P. Formação de Pregadores: metodologia com poder do Espírito Santo. Editora RCC Brasil: Porto Alegre, 2010. 84 p. SILVA, D.P.; ZAGO, E.D. Formação de Pregadores: metodologia com poder do Espírito Santo (Anuncia-Me). Apostila, Editora RCC Brasil: Porto Alegre, 2010, 36 p.