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Tabatha Vargo & Melissa Andrea The Procedure Livro Ăšnico
The Procedure Copyright Š 2015 Tabatha V. & Melissa A.
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SINOPSE SAMANTHA ALDRIDGE Eu fui ao seu escritório esperando mudar a mim mesma. Eu queria ser outra pessoa - parecer como as meninas que meu marido estava passando as noites, mas eu recebi um tipo diferente de procedimento... um que me fez desejar coisas que não devia e me ver sob uma nova luz. Agora tudo o que eu pensei que eu queria não importa mais e Dr. Roman é tudo que eu posso pensar.
ROMAN BLAKE Como profissional, eu deveria saber meus limites, mas Samantha Aldridge me empurra de uma forma que eu nunca vi. A necessidade de estar perto dela é forte, o desejo de tocá-la me inflama, mas o respeito que há dentro vence continuamente. Ela veio ao meu escritório querendo que eu a mude, mas em vez disso, ela me mudou.
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Amar a si mesmo é o começo de um romance para toda a vida. - OSCAR WILDE
Capítulo Um SAMANTHA ISSO DÓI. Desgosto. Foi como se uma bala de ponta oca acertasse meu peito. No minuto em que entrei no nosso quarto e o vi lá com ela, a dor pressionou profundamente no meu coração e explodiu. Minhas entranhas queimaram com a explosão e senti como se estivesse sangrando por dentro. Eu sabia a algum tempo que Michael estava me traindo. Vi nos jornais de fofocas e ouvi uma conversa, mas vê-lo em primeira mão foi totalmente diferente. Era a verdade me olhando no rosto e rindo. Tudo o que ouvi falar nos últimos anos e que ele negou, veio correndo pra mim. A cabeça dela pendia para o lado da nossa cama. O cabelo loiro jogado no piso de madeira recém-instalado que levei uma semana para escolher. Seus seios empinados, quase saltando no mesmo ritmo em que Michael batia nela. Ela era jovem, muito mais jovem do que eu e seu seio era a perfeição. Obviamente ela sentiu a picada de um bisturi. Olhando para os meus próprios seios aos trinta anos de idade eu não podia evitar me sentir inferior. Os músculos sólidos dos ombros de Michael flexionavam enquanto ele mexia a parte inferior do corpo. Sua musculosa bunda moendo com cada impulso. Seu corpo tonificado, um produto de suas muitas tardes na academia. Nunca entendi por que um advogado precisava malhar do jeito que ele fazia, mas estava mais do que feliz com os resultados, mesmo que eu não chegava a apreciá-los da forma que a menina na cama com ele, obviamente, estava.
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Ela correu os dedos pelo cabelo loiro dele, puxando as pontas e o fazendo rosnar, antes de correr as unhas em seus reluzentes músculos das costas. Os profundos arranhões feitos pelos dedos dela provocaram vergões diante dos meus olhos. Me senti tão invisível quanto eu fui durante os últimos três anos enquanto Michael continuava a bater no flexível corpo dela, praticante de pilates, como se sua vida dependesse disso. A perna dela estava pendurada no ombro dele como se ele não estivesse profundo suficiente e quisesse desaparecer dentro dela. Ele nunca tinha feito amor comigo desse jeito em todos os nossos nove anos de casamento. Nunca. Michael sempre me tratou como se eu fosse quebrável. Seu toque suave e quase inexistente. Suas estocadas eram rasas e sem pressa, como se fosse mais fundo me quebraria. Eu seria uma santa quando ele terminasse. Ele se inclinava sobre mim para conseguir o que queria e me deixava queimar com sentimentos escondidos e um desejo muito mais forte do que antes de começarmos. Ele nunca me virava, puxava meu cabelo ou batia na minha bunda do jeito que ele estava fazendo com a jovem mulher, flexível, que estava com ele. Claro, já tinha passado quase um ano que ele tinha me tocado. Talvez seu estilo tenha mudado desde então. Lentamente me afastei, enfiando meu orgulho profundamente em meu estômago. Devia ter ficado com raiva. Devia atacar, pedir o divórcio e ameaçar tomar a metade dos seus milhões, mas não fiz. Fiquei envergonhada e, estranhamente, estava preocupada com o que a garota que estava dormindo com ele pensaria de mim. Não queria que ela me visse. Era como se me ver a ajudaria a entender por que Michael estava traindo sua esposa. Eu era uma mulher desprovida. Gorda onde deveria ser fina. Larga onde deveria ser apertada. O corpo dela não balançava – apertado e ajustado- o meu sacolejava. Meu cabelo era mais longo do que o dela, mas enquanto no dela se destacavam o louro e o vigor, o meu era sem vida e amarelo. Seus olhos azuis eram brilhantes enquanto o marrom dos meus não era nada mais do que uma mancha de cor no meu rosto sem brilho. Não devia comparar. Nunca comparava. Indo em direção à porta, não consegui sair do quarto rápido o suficiente. O ar estava espesso com a vida amorosa deles. Os sons e cheiros de seus corpos se unindo pairava no ar em torno de mim doçura e suor. Minhas costas colidiram com a parede, derrubando uma foto minha e de Michael no dia do nosso casamento.
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A movimentação parou. Os quadris de Michael se acalmaram e a menina levantou a cabeça do meu travesseiro. Esperava secretamente que a vergonha enchesse Michael e que ele caísse de joelhos e pedisse perdão, mas não foi isso o que aconteceu. Em vez disso, ele bombeou seus quadris mais uma vez, sorriu como se eu estivesse totalmente acostumada a ver o meu marido ter relações sexuais com outra mulher, e, em seguida, perguntou: — Quer se juntar a nós? Náusea rolou no meu estômago com as suas palavras. Nós? Eles não eram um nós. Michael e eu éramos um nós. No entanto, lá estava eu, de pé no meu quarto, cercada por tudo que eu tinha, me sentindo como uma estranha total. Eu deveria, porque de certo modo a culpa foi minha. Deveria ter ligado para Michael e avisado que estava voltando para casa, vindo de Seattle, mas não esperava que meu pai fosse morrer tão cedo. Normalmente, quando o oncologista diz que de três a seis semanas antes do câncer tomar conta, ele não quer dizer de três a seis dias. Balancei a cabeça, me afastando da parede e chegando mais perto da porta. — Tem certeza? — ele perguntou, com o olhar desafiador e seu sorriso torto. — Você pode realmente ter alguma emoção se foder uma mulher. A menina debaixo dele lambeu os lábios em minha direção e riu. Empurrando o cabelo espesso de suas bochechas suadas, ela não demonstrou nenhum remorso pela situação. Em vez disso, ela apertou a bunda contra Michael como se estivesse implorando por mais. — Não, — guinchei. — Não, obrigada. E, em seguida, como a covarde que era, me virei e saí do quarto. Fui para as escadas o mais rápido que meus saltos permitiram, tropecei e caí dos últimos três degraus. Meu tornozelo torceu e lágrimas finalmente saltaram dos meus olhos. Não tinha certeza qual dor era pior, a da traição de Michael ou do meu tornozelo. De qualquer maneira, manquei para longe e deixei a casa como um animal ferido. Nove anos. Foi assim que dei grande parte da minha vida a Michael. Meus melhores anos foram gastos tentando ser tudo o que ele queria que eu fosse e ainda assim, não era suficiente. Honestamente, nem sabia quem ~6~
eu era mais. Passei tanto tempo sendo o que ele queria que a garota que eu costumava ser desapareceu. A causalidade da guerra me manteve travada tentando fazer Michael feliz. Eu era tão jovem quando o conheci - tão ingênua e tinha certeza de que Michael iria me amar para sempre. Ele prometeu a meu pai no dia em que nos casamos que iria cuidar de mim e me fazer feliz para o resto da minha vida. Essa foi uma promessa que ele nunca cumpriu. Agora meu pai se foi e estava sozinha no mundo. Michael era tudo que tinha e eu estava prestes a perdê-lo. Não importa o que tinha que fazer, eu ia fazê-lo me querer novamente. Não importa como.
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Capítulo Dois SAMANTHA DUAS SEMANAS MAIS TARDE e depois de uma tonelada de pesquisa sobre o tema, eu estava sentada na sala de espera do melhor cirurgião plástico de Miami, olhando o antes e depois de algumas fotos. É incrível as mudanças que um médico pode fazer e estava ansiosa por uma mudança para o melhor. A sala de espera estava vazia. Os sons do grande tanque de peixes de água salgada enchia o espaço. Meus olhos pousaram no recife tropical e nos peixes exóticos que se moviam languidamente através da água. Oh, que maravilha ser um peixe e deslizar sem preocupação com a vida. A porta abriu, tirando minha atenção do tanque e uma morena magra entrou e foi até o balcão. Ela estava de costas para mim, sua figura curvilínea acentuada pela calça apertada e pela camisa da moda. Meninas como ela era o motivo de eu estar lá em primeiro lugar. Ela era perfeita e eu queria esse tipo de perfeição. Meu sonho era ter quadris mais finos e uma lacuna entre as minhas coxas. Imaginava um estômago liso e seios rosados. Correndo os dedos pelo meu rosto, pensei o quanto menor meu nariz poderia ficar e o quanto mais brilhante meus olhos pareceriam com um lift. Queria o pacote completo. — Senhora Aldridge, o médico irá vê-la agora, — disse a enfermeira, me acordando do devaneio. Pegando minha bolsa cara e com os joelhos tremendo, segui a enfermeira. Ela tinha a minha idade. Um rabo de cavalo ruivo saltava com seus passos, mostrando ocasionalmente seus pequenos brincos de diamantes. Sua roupa azul esverdeada era bonita e folgada, mas ainda assim mostrava sua baixa estatura e estrutura pequena. Ela abriu a porta e a manteve aberta, me permitindo entrar antes dela. A sala era como qualquer outra no consultório médico. A cor verde-pastel cobria a parede e o cheiro de ambiente esterelizado e livre de germes provocou cócegas em meu nariz. Ao longo das paredes estavam pendurados cartazes dos corpos feminino e masculino.
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Coloridas imagens retratavam músculos em vermelho e ossos em branco. Exemplos de como as mudanças poderiam ser facilmente feitas mostravam processos passo-a-passo e fizeram a minha pele se arrepiar. Do armário, a enfermeira tirou um avental branco de papel e me entregou. — Você pode ficar de calcinha. A enfermeira olhou para mim com simpatia enquanto meus dedos trêmulos roçaram os dela ao pegar o avental. Ela me deu seu melhor olhar de ‘não se preocupe’ e deu um tapinha no meu braço. — Não se preocupe querida, — disse ela. — Dr. Blake é o melhor. Ele tem feito maravilhas em seus pacientes. Seja o que for, estou confiante de que ele vai corrigir. — ela me deu um sorriso encorajador e virou para me deixar sozinha na sala. Culpa e nervosismo rolou no meu estômago e eu estava preocupada em perder o café da manhã. Não tinha exatamente mentido na minha ficha de pré-consulta com o cirurgião plástico, passei as duas últimas semanas o perseguindo e conhecia suas regras. Somente Cirurgia Reconstrutiva. Eu tremia enquanto pensava sobre as histórias de horror e imagens que nunca veria se não estivesse ali. Imagem após imagem dos remendos de cirurgias plásticas mal realizadas que algumas mulheres sofreram. Recusei-me a deixar que um médico recém-saído da universidade me usasse como seu primeiro projeto Frankenstein. Eu não tinha muitos amigos, fossem próximos ou conhecidos, mas sabia que algumas das mulheres no clube de campo de Michael ostentavam suas cirurgias plásticas como se fosse um novo par de Manolos1. Vi o antes e depois daquelas mulheres e tenho que admitir, elas ficaram melhores depois. Como estava envergonhada, trabalhei minha coragem e iniciei uma conversa com Molly Douglas, falei sobre seu batom cor de rosa e como parecia fabuloso nela. Esse foi o incentivo que ela precisava para ela me contar tudo sobre o cirurgião plástico que fez um ‘pequeno’ trabalho em seus lábios. Dr. Marcus Stein era aparentemente o cirurgião que cada dona de casa de Miami precisava. Ouvi atentamente enquanto ela explicava sua experiência e quando outra mulher entrou e depois outra, percebi o quanto senti falta de conversar com outras pessoas. 1
Marca de sapatos femininos. ~9~
Quando duas outras mulheres se juntaram a nós trinta minutos mais tarde, achei isso mais do que uma coincidência e me senti abençoada quando uma delas se apresentou como a primeira e única Sra. Stein. As outras mulheres elogiaram o trabalho feito pelo seu marido e riram como adolescentes quando perguntaram como era ter aquelas mãos sobre elas todas as noites. Como a conversa ficou animada e as mimosas 2 preencheram nosso sistema, a conversa virou para o parceiro do Dr. Stein, o Dr. Roman Blake. Não tinha certeza se era o álcool falando, mas a Sra. Stein estava muito disposta a admitir que onde seu marido era bom, o primeiro e único Dr. Blake, era melhor. Ouvi atentamente, absorvendo cada palavra sobre o infame Roman Blake antes de me desculpar e correr para casa e pesquisar no google sobre ele. Durante a viagem para casa me questionava porque, se Dr. Blake era muito melhor, elas não fizeram com ele suas cirurgias. Talvez se tivesse ficado um pouco mais, teria descoberto e não teria criado esperanças tão altas pelo Dr. Roman Blake. Engolindo em seco, coloquei minha bolsa na cadeira a meu lado e lentamente comecei a me despir. O avental ficava aberto na parte de trás, deixando o ar fresco passar pelas minhas costas e bunda. O coloquei em torno de mim e cuidadosamente sentei na cama protegida por um papel. Subindo minha bunda até ficar confortável, me sentei e balancei as pernas como uma criança enquanto esperava o médico entrar. Ouvi o barulho no corredor e depois houve uma batida suave antes da porta abrir bem devagar. Quando prendi a respiração, a bola de nervos no meu estômago explodiu. Não tinha certeza do que esperar. Quando pensei num cirurgião plástico top, imaginei um homem mais velho com muita experiência e conhecimento. Um homem que tinha vivido uma vida longa e tinha as rugas para mostrar. Não foi essa imagem que entrou na sala. Não. Este homem não era muito mais velho que eu e ele era alto e grande. Não como se tivesse comido muito hamburguer e batata frita ao longo dos últimos anos, mas tão musculoso que seu uniforme, que deveria ficar largo, esfregava suas coxas grossas como se fossem uma segunda pele. Ele ajustou o longo e branco jaleco que estava usando e fechou a porta atrás de si. A sala pareceu instantaneamente dez vezes menor quando ele entrou. 2
Bebidas feitas de champagne e suco de laranja. ~ 10 ~
— Senhora Aldridge, como você está? Meu Deus do céu, o homem era britânico. Os músculos da minha coxa apertaram com a inclinação doce de cada uma das suas palavras. Sua voz era profunda e musical. Senti cada palavra em lugares que não sentia em mais de um ano. Quando ele virou uma página do meu prontuário, a manga do jaleco subiu e não pude deixar de notar quão denso os antebraços eram. Sólidos. Fortes. Perfeitos. Seus dedos longos seguravam uma caneta preta, que ele usava para fazer anotações na minha ficha. Faltava uma aliança de casamento. Não que eu normalmente observava coisas assim, mas fiz uma nota mental de que ele não era casado. — Estou... — finalmente consegui acordar, mas não sabia como terminar a frase. Bem... era o que normalmente teria dito, mas quando hesitei, ele desviou o olhar de suas anotações e me esperou responder. Seus olhos entraram em confronto com os meus e instantaneamente lembrei-me de um copo cheio de uísque. O caramelo de seus olhos brilhava sob a luz fluorescente acima de nós. Um pequeno sorriso apareceu nos seus lábios carnudos e uma doce covinha em sua bochecha. O ar estava literalmente sendo sugado dos meus pulmões e senti o calor de quem bebeu alguns copos de uísque nas minhas bochechas. — Estou realmente muito nervosa, — confessei honestamente. Honestidade seria a minha morte um dia. Ele riu e se afastou da porta. — Asseguro que é bastante normal. Na verdade, não acho que já tive um paciente que não estivesse nervoso em algum momento durante toda minha experiência. Muitos dos meus pacientes têm dificuldade em envolver sua mente no fato de que tudo vai mudar para eles. Sabia que deveria contar a ele naquele momento, mas o medo me sufocou e não conseguia respirar, muito menos explicar que eu não era como a maioria de seus pacientes. Não queria que ele saísse. Rejeitasseme. Queria isso mais do que já quis alguma coisa em toda minha vida. — Sinto muito, — ele pediu desculpas, me tirando dos meus devaneios. — Nem sequer me apresentei. Sou o Dr. Blake, mas você pode me chamar de Dr. Roman, se preferir. Meu pai é o Dr. Blake, a propósio. — ele sorriu inocentemente.
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Ele estendeu a mão para mim e alguns segundos se passaram antes que eu percebesse que ele queria apertar a minha mão. Meu braço parecia estar carregando 50 kilos quando levantei e coloquei minha mão na sua que era grande e quente. — É um prazer conhecê-la, Sra. Aldridge. E então, coitado do meu pobre coração, ele sorriu para mim, ambas as covinhas apareceram. Momentaneamente esqueci porque estava lá, quem eu era e quem ele era. O tempo congelou por alguns segundos e, nesse momento, algo totalmente surpreendente aconteceu. Fiquei excitada. Simples assim. Sem sussurros doces ou toques. Sem promessas sexuais. Apenas um sorriso que quase quebrou minha razão e um sotaque que eu nadaria o Oceano Atlântico para sentir ser falado contra a minha pele. Apertei sua mão e, em seguida, envergonhada, puxei minha mão da dele e coloquei em cima da cama, de repente percebendo que estava usando um fino avental de papel e nada mais além da minha calcinha. — O prazer é meu, — resmunguei. Dobrando seu grande corpo, ele sentou na cadeira de rodinhas a minha frente e em seguida usou suas pernas fortes para ir em minha direção. Sabia o que estava por vir. Sabia que ele ia me fazer a temida pergunta. A vontade de gritar e sair correndo da sala agitando os braços era tentadora. — Então, me conte sua história, Sra. Aldridge. Como posso te ajudar? — seus olhos caíram rapidamente para o meu prontuário. — Aqui diz que você queria falar comigo pessoalmente sobre sua condição... — sua frase não terminou, esperando que eu preenchesse os espaços em branco. Assisti a paciência nas curvas do seu rosto, me fazendo querer abrir o meu coração para ele. Minha condição... e lá estava ela. Sabia que haveria o questionamento. Esperava isso. Minha resposta estava na ponta da minha língua, mas não conseguia soltar as palavras. Após duas horas de intensa pesquisa sobre o número um em cirurgia reconstrutiva de Miami, Dr. Roman Blake, meus sonhos pareciam esmagados. Agora eu sabia por que as mulheres do clube não fizeram a cirugia com ele.
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Li artigo após artigo sobre o Dr. Blake e meu desespero aumentou quando todos disseram a mesma coisa. Roman Blake tinha começado como um cirurgião plástico – sua escolha pela área ele guardava para si. No entanto, em seu primeiro ano em uma clínica particular, de repente ele mudou seu campo de plásticas de estética para reconstrutiva apenas. Havia especulações e rumores da sua decisão, mas sem qualquer confirmação do próprio Roman Blake, era tudo o que se sabia. A partir de então, ele havia recusado quaisquer e todos os pacientes de cirurgia estética, deixando isso para o seu parceiro de negócios, Stein. Não sei por que pensei que seria a única a fazê-lo mudar de ideia depois de todo esse tempo, mas isso não importou na hora, porque eu estava aqui. Deveria estar sentindo uma boa quantidade de confiança sobre a minha decisão. Comprometi-me comigo de que não importaria o custo ou quais condições, eu ia ter Dr. Blake como meu cirurgião. Tentei manter a cabeça erguida, me sentando mais reta e dizer a ele exatamente o que queria... confessar que o que eu queria, neste momento, não era um novo corpo, mas me sentir viva como antigamente. Em vez disso, abaixei minha cabeça e a vergonha encheu minhas bochechas quando pensei nele como o homem mais velho que imaginei antes de entrar em seu consultório. — Quero refazer tudo, — eu disse, em tom determinado. Aparentemente, o melhor era fingir ignorância. Ele franziu o cenho e se mexeu na cadeira. — Sinto muito, Sra. Aldridge, acho que não entendi. O que você está me pedindo para fazer? Me contorci sob seu olhar. — Cirurgia estética. Algo mudou na sua paciência e sensibilidade para a minha ‘condição’. Sua mandíbula endureceu, fazendo uma veia engrossar em seu pescoço e seus olhos se tornam frios. — Sinto muito, Sra. Aldridge, mas não faço cirurgia estética. Essa é a área do Dr. Stein. Faço estritamente reconstrutiva, mas acho que você sabia, considerando que você fingiu ter uma condição que necessitava de cirurgia reparadora para que eu desse uma olhada.
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Corei sob sua acusação. — Dr. Blake, por favor, me deixe explicar. — Sinto muito, — disse ele com firmeza, me cortando, — ...mas você perdeu não só o seu tempo, Sra. Aldridge, mas o meu também. — Por favor, — implorei, agarrando seu antebraço. Era quente e duro em minha mão. Os músculos movimentando sob meus dedos, transmitindo a força bruta de seu braço. — Por favor, me deixe explicar. — Você tem cinco minutos, Sra. Aldridge, mas você deve saber: não tenho nenhuma intenção de mudar de ideia. Respirei fundo e tentei não fazer a única coisa que queria fazer naquele momento. Vomitar. — Sinto muito ter mentido para ter uma consulta com você, mas não sabia mais o que fazer. Sabia que você não iria me ver se eu fosse honesta sobre o que queria. Ele me surpreendeu respondendo: — Isso mesmo. — Eu sei que não sou como os outros pacientes, Dr. Roman. — Reais, — disse ele, me confundindo. — O quê? — Meus pacientes reais. Você sabe, as pessoas com problemas reais? Os nascidos com deformidades ou que se envolveram em acidentes terríveis que os deixou com cicatrizes para sempre, — ele corrigiu. — Me diga Sra. Aldridge, por que você veio até mim, sabendo que o Dr. Stein estaria mais do que disposto a fazer o que você quer? — Eu queria o melhor. — Dr. Stein é bom no que faz. — Mas ele não é o melhor. Você é e eu queria o melhor. Ele me olhou. — Por favor, não confunda a minha curiosidade com nada mais do que isso, mas o que exatamente significa tudo para você, Sra. Aldridge? — perguntou. Não hesitei quando respondi com sinceridade, dando a ele um pequeno vislumbre de minha vulnerabilidade. — Qualquer coisa e tudo o que pode me fazer bonita.
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Outra confissão escura e profunda e no minuto que as palavras saíram da minha boca, me senti como uma idiota, mas era a verdade. Secretamente, me perguntava se ele soltava algum tipo de soro da verdade através das saídas de ar para descobrir tudo. Perguntava-me o que Dr. Roman pensaria se lhe dissesse que queria que as coisas horríveis e dobradas fossem levantadas e remodeladas. Queria ser a nova deusa do sexo que meu marido tinha, possivelmente, enroscada nele naquele momento. Quando ele não respondeu, eu o trouxe para o foco. Minhas bochechas ficaram vermelhas quando percebi que Dr. Roman estava olhando para mim como se de repente tivesse crescido várias cabeças e o embaraço queimava minhas bochechas. Isso daria trabalho. Precisava disso para salvar o que restava do meu casamento. Não tinha para onde ir e ninguém a quem recorrer, mas tinha o dinheiro de Michael e iria usá-lo para nos salvar se tivesse que fazer. — Estou confuso, — ele proferiu. — Você quer que eu a deixe bonita? Eu sabia que parecia totalmente ridícula e tinha certeza que ele pensou que eu era uma viciada em procedimentos médicos ou algo assim. Havia um monte de mulheres lá fora com dinheiro e com nada melhor para gastá-lo a não ser em um novo nariz e alguns implantes de bochecha. Vi os resultados de cirurgias plásticas, mas não estava fazendo por isso. Queria ter uma boa aparência, não parecer uma boneca. — Sim. Eu quero ser bonita. Rolando para longe de mim, ainda mantendo os olhos cor de uísque presos nos meus, ele descansou os antebraços nas coxas, chamando minha atenção para suas pernas grossas. Rapidamente desviei meus olhos. Em seguida, ele fez duas coisas que não experimentava desde que era mais jovem. Seus olhos lentamente se arrastaram para baixo, pelo meu corpo e, em seguida, voltaram para cima, me fazendo corar sob o seu controle. Queria me cobrir, mas por incrível que pareça, não senti vergonha como a forma que Michael me fazia sentir quando olhava para mim. Talvez fosse porque Dr. Roman não tinha o olhar de desgosto em seus olhos. — Quem te disse que você não é bonita?
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Sua pergunta me pegou desprevenida e fiquei confusa e sem palavras. — O quê? Ele se sentou na cadeira. — Obviamente, alguém fez você se sentir como se você precisasse mudar a aparência. De repente, fiquei muito envergonhada para admitir que estava fazendo isso para um homem que não me ama e que estava dormindo com todos as mulheres de vinte anos de idade que conseguia por as mãos. — Então por que você iria passar por todo esse esforço? Estou tentando entender por que uma mulher que já é atraente iria querer se submeter a uma extensa cirurgia plástica quando não parece haver nada de errado com ela a não ser uma autoimagem ruim. — ele se inclinou para frente em sua cadeira. — A menos que alguém, alguém importante para ela, a tenha feito sentir e pensar o contrário. Abri minha boca para dizer algo e fechei. Meus ombros endureceram quando as memórias de todos os artigos de revistas sobre Michael dormindo com uma garota diferente a cada mês me bombardearam o que, naturalmente, trouxe a memória da loira que estava no meu lado da cama ao lado dele. E também as memórias dos olhos dele que não ficaram impressionados nas poucas vezes que tentei me vestir sexy para ele, a forma como seus olhos corriam pelo meu corpo com horror quando percebeu que eu estava tentando modificá-lo. Meus sonhos de um dia ter um bebê com Michael morreram depois disso e nunca mais voltaram. — É só... — me preparei para explicar, mas perdi o senso. O que estava no ar antes desapareceu, mas ainda assim fiz outra confissão. — Eu preciso disso. Ele me observou. Não tinha certeza o que ele estava tentando encontrar e talvez ele também não, porque ele suspirou e se levantou. Segurando minha respiração, orei e esperei que o tivesse feito compreender o suficiente para ela mudar de ideia. — Sinto muito, Sra. Aldridge, mas você não precisa de nada. Uma criança com lábio leporino que tem dificuldade para comer, precisa. Uma mulher cujo rosto foi destruído em um acidente de carro e não consegue um emprego, precisa. Você, por outro lado, é perfeitamente saudável e bem do jeito que você é, — ele disse e com essas palavras,
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levou o último pedaço de esperança que eu tinha. — Inseguranças são algo que conheço e as mulheres tendem a ter um monte delas. Isso não me faz sexista... — ele disse com firmeza, — É apenas um fato simples. Entendo que você pensou que precisava vir aqui, mas espero que você entenda que não precisa estar aqui. — Isso significa que você não vai me ajudar? Ele olhou para mim por um longo momento e então suspirou. — Não. Desculpe-me, mas eu não vou. Mesmo que soubesse que procurar Dr. Roman seria um tiro no escuro, ainda fiquei atordoada por sua recusa. Deveria esperar o não. Eu não era nada, nem ninguém especial. Rejeição era a minha melhor amiga. — Por quê? — Não sou um cirurgião plástico, Sra. Aldridge. — Mas você costumava ser. Sua mandíbula se contraiu com as minhas palavras e algo triste como arrependimento, obscureceu seus olhos antes de uma faísca de aborrecimento o cobrir. — Exatamente. Costumava ser. E honestamente, Sra. Aldridge, mesmo que eu ainda fosse não iria fazer qualquer cirugia em você. Você não precisa de cirurgia plástica. Senti uma pequena centelha de raiva. — Isso não cabe a eu decidir? — Sim, mas posso me recusar fazer o trabalho. — ele olhou para o relógio. — O dinheiro não é um problema, — soltei, me lançando para frente e quase caindo da cama. — Se é com isso que você está preocupado. Em vez de fazê-lo parar e pensar duas vezes antes de caminhar para a porta, isto só pareceu irritá-lo ainda mais. — Como é que é? — Vou pagar o que quiser. Basta dizer o preço e vou pagar. O que quer que seja.
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Quando percebi as palavras saindo da minha boca e ecoando nas paredes, de repente me senti patética sentada ali, implorando ao homem na minha frente a me deixar bonita. Mas falei e agora teria que conviver com isso. Dando um passo em minha direção, ele pairou sobre mim enquanto seus olhos furiosos me encaravam. Seus ombros largos subiam com cada uma de suas respirações profundas, me fazendo sentir pequena. Ele era enorme. — Não há dinheiro, Sra. Aldridge, que me faça mudar de ideia. Faço cirurgia em quem realmente precisa. Não estou aqui para entreter você ou todas as outras donas de casa entediadas de Miami com desnecessidade de cirurgia após cirurgia, até que não haja mais nada da mulher real que costumavam ser. Ou pior. — ele não entrou em detalhes sobre o que ele quis dizer com: ou pior. — Olha, sinto muito, não posso te ajudar, não sou esse tipo de médico mais, Sra. Aldridge. A cirurgia plástica não é uma solução rápida para o tédio, a solidão ou distração para uma dona de casa à procura de um projeto. — ele respirou. — Obviamente, não posso te dizer o que fazer, mas você parece determinada e odiaria que você acabasse nas mãos de algum papa-dinheiro com complexo de Deus e um bisturi na mão. Então, se você ainda vai fazer a cirurgia, não importa como, Dr. Stein é um médico muito bom e ficaria mais do que feliz de se encontrar com você. Devia ter ficado com raiva com sua recusa e talvez frustrada, mas tudo que conseguia sentir era meu coração afundando em decepção. — Sinto muito por ter perdido o seu tempo, doutor. — E eu o seu, Sra Aldridge. — ele virou para sair da sala, mas parou. — Não sei nada sobre você, nem tenho a pretensão de saber demais, mas correndo o risco de te ofender, parece que você só precisa de alguém para conversar. Olhando para ele, enrijeci os ombros. — Você está certo, Dr. Blake. Você não sabe nada sobre mim. Obrigada pelo seu tempo. Afastando-me, o esperei sair da sala. Quando a porta se fechou, queria me enrolar em uma bola e chorar, mas lentamente me vesti e corri pra fora de lá.
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Capítulo Três SAMANTHA VOLTEI PRA CASA, para uma casa vazia. Michael estava trabalhando em Los Angeles, ele pegou o primeiro vôo disponível sem dizer adeus. Ele ficaria fora por quase toda a semana, o que eu odiava. Ficar sozinha em nossa casa, que era muito grande para duas pessoas, era assustador e solitário. Minha imaginação tomaria conta e cada barulho seria alguém pronto para me matar. Não tinha certeza por que me sentia mais segura quando Michael estava em casa. A melhor chance seria ele me entregar para se salvar. Na maioria das vezes, me perguntava se alguma vez ele se peocupou comigo. Outras vezes, tinha quase certeza de que ele ainda se preocupava. Caso contrário, por que não pediu o divórcio até agora? Às vezes, quando ele olhava para mim, pensei que talvez ele ainda pudesse me amar. No entanto, isso acontece quando estamos na mesma sala com ele acordado por mais de dez minutos e somente quando tem tempo para olhar para mim. Preparando um banho quente e descartando minhas roupas, me acomodei na água fumegante. Senti o escaldar da água quente contra a minha pele sensível. Colocando a água em minhas mãos, tentei lavar a vergonha que foi meu dia. Ainda podia ver o olhar nos olhos do Dr. Roman quando disse a ele o que queria. Só podia imaginar o que ele estava pensando. Ele achava que eu era apenas mais uma dona de casa entediada. Talvez fosse. Eu não era um idiota. O que ele disse fazia sentido, mas queria a minha vida de volta. O que tinha no início com Michael - os sorrisos felizes e as longas conversas. Queria os toques. Deus, eu queria tanto. Meu corpo cantarolava apenas em pensar nisso. Depois que a água começou a esfriar, coloquei meu pijama mais confortável, sem atrativos e fui para a cama. Não quis subir em nossa cama e em vez disso, optei por dormir no quarto de hóspedes. Era apropriado, considerando que me sentia mais como uma hóspede em minha própria casa. Além disso, as memórias de Michael e da menina
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na minha cama me faziam sentir suja. O lençol foi lavado, mas isso não importava. O quarto ficaria manchado com ela para sempre. Mal dormi naquela noite, pulando com cada pequeno ruído, convencida, logo que fechei meus olhos, que algum louco iria entrar e me matar durante o sono. Não me senti melhor até Alma, nossa empregada, chegar pela manhã. Peguei no sono ao som do aspirador no piso térreo. Michael chegou em casa dois dias depois. Enfrentei o constrangimento de ir ao seu escritório vê-lo. Seu cabelo loiro escuro cobria o rosto bonito enquanto ele olhava para alguns papéis em sua mesa. Ele tinha um escritório masculino. Paredes azuis vangloriavam seus diplomas universitários, assegurando a qualquer um que entrasse em seu espaço o quanto ele era capaz de realizar seu trabalho. Michael era advogado de uma clientela de alto padrão. Seu trabalho era cobrir os percalços dos ricos e famosos e cuidar das pessoas que tentavam arruinar suas carreiras e reputação. Ele percorreu um longo caminho começando como advogado voluntário quando o conheci depois de um acidente de carro. Pensei em como ele tinha pego meu caso e prometido que iria conseguir o dinheiro para pagar as minhas contas médicas. Ele me garantiu que eu não tinha culpa, entrou no tribunal como uma força brilhante e pegou cada centavo que eu merecia. Uma semana depois, recebi um telefonema dele, perguntando se gostaria de ir a um encontro. O resto é história. Entrando mais em seu escritório com móveis de mogno e cadeiras de couro fino, fechei a porta atrás de mim. O estalar da porta chamou sua atenção. Seus olhos se moveram sobre o meu corpo antes que ele voltasse para a papelada. — A que devo a honra? — ele perguntou. Eu podia ouvir a tensão em sua voz. Ele não me queria lá. Ainda assim, entrei. Limpando a garganta, cheguei mais perto de sua mesa e sentei. — Pensei que talvez pudéssemos almoçar. Sua caneta parou de mover. Ele a colocou suavemente sobre a mesa antes de balançar a cabeça e olhar para mim. Seu cabelo loiro ainda era loiro e seus olhos verdes o faziam parecer ainda mais bonito. Um pequeno sorriso se formou em seus lábios, me fazendo pensar que talvez ele finalmente fizesse isso.
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— Samantha, querida, quando foi a última vez que almoçamos juntos? — ele perguntou. A maneira como ele pronunciou meu nome enviou calafrios na minha espinha. Fazia tanto tempo que ele se dirigiu a mim pelo meu nome em vez de Sam. Mantive a cabeça erguida, certa de que estava finalmente chegando a algum lugar com ele. — Um ano, talvez? Ele assentiu. — Certo. Deixe-me perguntar outra coisa... Se não tive tempo no meu dia para almoçar com você desde então, o que faria você pensar que estaria interessado em fazer isso agora? Ele falou docemente, mas suas palavras eram dolorosas e rudes. Odiava quando ele falava comigo daquele jeito, como se eu fosse estúpida demais para entender o que ele estava tentando dizer. — Não sei. Acho que só pensei... Ele me cortou. — Exatamente. Faz um favor, Sam. Não pense mais. Você só está envergonhando a si mesma. E então ele pegou sua caneta e voltou a trabalhar como se eu não estivesse sentada lá. A bile ácida na parte de trás da minha garganta e uma ferida no peito. De pé, fui em direção à porta, mas ele me parou. — Não me espere para o jantar esta noite ou espere que eu chegue cedo. — Oh? — eu disse, tentando manter a dor e agonia da minha voz. — Você vai estar no escritório? Suas sobrancelhas se juntaram. Ele não estava acostumado a questionamentos sobre suas noitadas. Normalmente, eu não fazia, mas, obviamente, eu gostava de ser torturada. Parte de mim queria ver se ele iria mentir para mim ou se simplesmente ia sair e dizer que planejava fazer sexo com alguém que não era sua esposa apropriada à sua idade. Depois de encontrá-lo com outra pessoa em nossa cama e seu pedido para me juntar a eles, eu me perguntava se ele percebeu que não havia razão para se esconder ou mentir para mim. Queria perguntar se ele planejava trazer mais mulheres para a nossa casa, mas não era corajosa o suficiente.
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— Na verdade não. Bill Hendrix está dando uma de suas festas esta noite e nós fomos convidados. — ele voltou a atenção para o trabalho, finalizando a conversa. — Nós? — Hmmm? — ele murmurou. — Oh, sim, mas não se preocupe, — ele acenou com a mão em minha direção, — Dei sua desculpa de costume. — Eu quero ir, — voltei, torcendo as mãos na minha frente. Consegui sua atenção novamente e ele olhou para mim. — Você quer? — ele olhou desconfiado. Meu coração estava preso em Dr. Blake fazendo a minha cirurgia. Se ele não ia, não queria ninguém. Então, mudei para o plano B e rezei que desse certo. — Sim. Faz tempo desde que fui a uma festa com você. Acho que seria bom. — dei de ombros, secretamente rezando para que ele concordasse. Mas ele não o fez. — Você não conhece ninguém lá. — Na verdade, conheci a esposa de Bill há algumas semanas no clube. Conheci algumas esposas lá. Elas são legais, e nós tivemos— Tanto faz, — disse ele, me cortando. — Se você quiser ir, tudo bem. No código, isso significava que ele não tinha encontrado uma substituta pra mim, entanto, ele estava muito ocupado tentando. Todo mundo sabia que Michael não ia numa festa sozinho apenas porque sua esposa não queria ir, especialmente depois do que aconteceu da última vez. Ele apontou o dedo para mim. — Mas não espere que eu seja sua babá a noite toda. Vai ter muitas pessoas importantes lá e não quero que pensem que tenho uma esposa pegajosa. Isso assusta os clientes de fazerem negócio comigo. Por clientes, ele quis dizer suas prostitutas e por negócios, ele quis dizer sexo. — Que horas devo estar pronta?
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— Oito e vá ao shopping e compre algo novo. Já faz tempo que não frequenta um desses, se você esqueceu. Seus olhos encontraram os meus por um breve segundo. E sabia exatamente o que ele queria dizer e eu não tinha esquecido. Perguntava-me o que fiz para ele para ser cruel e odioso. — Vejo você às oito. Fechei a porta de seu escritório antes que ele tivesse a chance de destruir outro pequeno pedaço de mim. Fui para o carro, embaraço corando minha pele e deixando um formigamento no meu estômago quando me lembrei daquela noite, há dois anos. Michael estava ficando pior mais cruel comigo e ter uma multidão para entreter só o deixou mais difícil de suportar. Tornei-me o centro de sua crueldade e ele nunca deixou passar uma oportunidade de me colocar para baixo ou me humilhar na frente de seus ‘amigos’. Minha humilhação se tornou um esporte e sua fonte de energia, construindo o seu ego e dando a ele uma falsa sensação de ser um homem. Eu suportei, me deixando levar às lágrimas no banheiro na casa de um estranho. Mais tarde, quando estávamos sozinhos e eu falava que estava magoada, ele pedia desculpas e prometia que não faria novamente, mas aprendi a não acreditar porque não significava nada para ele. Eventualmente, parei de ir às festas e ele ficou mais do que feliz em me deixar em casa sozinha. Meses depois ouvi rumores sussurrados de que Michael estava levando outras mulheres com ele. Eu não queria acreditar. Michael me amava, eu o amava e de jeito nenhum ele iria me trair assim. Jurei ir à próxima festa, mas Michael nem sequer a mencionou. Ele ficou pronto e estava saindo, sem mim. Quando falei que estava pronta para ir, ele me disse para não me preocupar. Com um beijo na testa, ele se foi. Determinada a não ser uma daquelas mulheres que apenas esperam enquanto seu casamento se desfaz, me aprontei para a festa de qualquer maneira. Apareci uma hora depois e procurei meu marido na multidão. Sentia-me fortalecida. Eu estava tomando de volta o que era meu por direito. Teria que mostrar a Michael que eu ainda me importava, ainda o amava e superar isso. Mas então vi a garota com cabelos negros de no máximo vinte e três anos se esfregando no meu marido e senti a minha fortaleza desmoronar. E então os sussurros, risos e a simpatia serpentearam ao redor da sala como se estivesse em um evento esportivo e todo mundo estava ~ 23 ~
em uma onda de reações diferentes. Estava derrotada, sentindo-me um fracasso em manter meu marido. Quando seus olhos encontraram os meus, não havia sequer uma pitada de remorso. Era mais fácil fingir que era alheia ao fato de que meu marido estava me traindo e chorar até dormir toda vez que Michael ia a um evento e chegava em casa nas primeiras horas da manhã. Meu pai me ensinou a nunca desistir. Apesar de tudo o que tinha acontecido nos últimos dois anos, eu ainda amava Michael pelo homem que ele costumava ser. Ele era tudo o que conhecia e amava e não estava pronta para desistir. Não tinha certeza de quanto desta situação conseguiria suportar. Mentalmente e fisicamente, eu tinha necessidades que não estavam sendo sanadas. Senti-me como metade de uma mulher, pedindo esmolas, esperando por algo que Michael deu e obviamente, não estava mais disposto a dar novamente. Era tão patética que não consegui nem um cirurgião para me operar. Em vez de ir para casa, fui às compras buscando algo que pensei que Michael iria achar sexy. Eu odiava os parceiros de trabalho de Michael. Odiava a forma como metade das pessoas me olhavam, como se eu não fosse boa o suficiente para estar lá e a outra metade olhava com os olhos cheios de pena. Pena dessas mulheres que eram muito estúpidas e não percebiam que o próprio marido estava fazendo o mesmo. Coloquei o vestido contra o meu corpo e imaginei como ficaria em mim esta noite. Era totalmente fora da minha zona de conforto, mas precisava fazer algo drástico e rápido. Eu também estava determinada a virar algumas cabeças na festa. Esperava que uma dessas cabeças fosse a de Michael. Sorrindo, estava muito feliz em meu próprio mundinho, imaginando o olhar de Michael quando ele me levasse para casa esta noite. Queria nada menos que explodir sua mente e tinha certeza que meu vestido novo faria o truque. Michael não apareceu até perto das nove, o que significava que eu estava mofando, certeza de que me vesti para nada e ele levaria uma de suas marionetes. Quando ouvi a porta abrir e o som familiar de seus passos sobre o piso de mármore, fiquei animada. Tive um cuidado especial com o meu cabelo e maquiagem e a senhora que me vendeu o tubinho preto de
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Vera Wang 3 me garantiu que o modelo foi feito para mim. Minhas pernas estavam brilhando com perfeição e o diamante preto incrustado no Jimmy Choos4 que cobriam meus pés fechavam o passeio completo quando olhei no espelho. De pé, ajustei meu vestido e esperei ele olhar para mim quando entrasse na sala. Emoção e esperança nadaram através de mim, fazendo meu pulso acelerar. Um sorriso puxou meus lábios vermelhorubi, porque sabia que estava ótima. Sentia-me muito bem e não me sentia assim em muito tempo. A porta abriu e lá estava ele. Seus olhos se arrastaram pelo meu rosto, ao longo do meu decote e estômago, antes de cair e seguir pelo pouco de coxa que estava aparecendo e minhas pernas. Otimismo floresceu dentro de mim. Ele estava, na verdade, olhando para mim como se eu o tivesse hipnotizado, de alguma forma. A sensação era poderosa. — O que diabos você está vestindo? abruptamente, com os olhos em choque.
—
ele
perguntou
Minha bolha de felicidade desapareceu instantaneamente. Sua expressão mudou para uma de nojo e meu estômago foi ao fundo do poço. Descendo a mão, corri meus dedos pela bainha so vestido. — Me arrumei para você. Você... você não gosta? Minha voz soou tão fraca quanto meu estômago estava. — Pare de brincadeira e troque de roupa. Você sabe que está velha demais para se vestir assim. Você está tentando me envergonhar, Sam? O que fez você pensar que pode usar algo assim? Abri a boca, mas não saiu nenhum som. Não que isso importasse. Não conseguiria fazer nada além de deixá-lo com mais repulsa. Acenando com a mão na minha direção, ele me dispensou. — Você tem dez minutos para mudar ou vou embora sem você. E limpe o batom de prostituta. E então ele virou e saiu da sala, batendo a porta atrás dele e quebrando as peças restantes do meu coração. A minha parte magoada queria se enrolar em uma bola e perder o que restava de mim na escuridão da noite. Mas a parte de mim que 3 4
Estilista. Marca de sapatos femininos. ~ 25 ~
queria desesperadamente salvar o resto da noite lentamente abaixou as alรงas do vestido preto novo.
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Capítulo Quatro ROMAN NÃO TINHA CERTEZA quem disse que frequentar eventos assim fazia parte da descrição trabalho, mas aparentemente, fazia parte da minha carreira. Reconstrução ou até mesmo cirurgia estética como assunto, não tinha absolutamente nada a ver com a festa acontecendo ao meu redor, exceto o fato de que mais da metade dos presentes foi retocado pelo bisturi do meu parceiro uma ou duas vezes. Virando meu segundo copo, me sentei no bar e pensava como ia escapar do temido evento. Foi um longo dia realizando a quarta cirurgia de Tori nos últimos quatro meses. Eu precisava desesperadamente terminar porque não tinha certeza de quanto uma criança de oito anos poderia aguentar. Os pais dela estavam começando a perder a fé e mais importante de tudo, Tori também. Nenhuma menina queria ficar enfiada em um hospital ou em uma cama de hospital durante quatro longos e dolorosos meses. Eu tinha uma quedinha por todos os meus pacientes, ainda mais os mais jovens e sabia que era excessivamente apegado a eles. Mas Tori era diferente de todos, porque me lembrava tanto dela. Olhei para o relógio, sabendo que ia passar no hospital a caminho de casa para ver como ela estava mais uma vez. Felizmente, ela estaria dormindo e sua dor seria administrável. Empurrando as mãos nos bolsos das minhas calças, examinei os convidados. Meu parceiro, Richard Stein, tinha certeza de que ir a uma festa cheia de pessoas ricas e poderosas iria atrair mais clientes. A julgar as mulheres lá, tinha certeza que ele não teria problemas para manter sua agenda cheia e ocupada ao longo dos próximos meses. Eu estava convencido de que ele tinha clientela suficiente para o resto do ano. Um garçom passou com uma bandeja abastecida de taças de champanhe e fui rápido em pegar uma. Champagne não era a minha bebida favorita, mas percebi que beberia enquanto esperava o garçom trazer minha bebida. A última coisa que eu queria era parar perto de
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alguém que estava morrendo de vontade de fazer algumas perguntas e estar completamente sóbrio. Stein era definitivamente diferente de mim - ele realizava qualquer procedimento em qualquer um, mesmo quem não precisava dele. Era tudo sobre dinheiro para ele. Ele não foi sempre assim, mas mudou muito ao longo dos últimos anos com o sucesso da prática. Miami era perfeita pra isso, com seu clima quente, úmido e corpos praianos ainda mais quentes que deixavam as pessoas cheias de si mesmas. Isso inclui Stein. Ele era um bom homem, mas a vida em Miami tomou conta dele. Quando começamos a Blake & Stein, ambos representávamos algo. Tinhamos um propósito. Mas agora, não tinha certeza do porque Richard continuava e não tinha certeza de quanto tempo eu ia ser capaz de apenas desviar o olhar enquanto ele agendava cirurgia após cirurgia para alguma jovem desinformada que pensava que precisava ser perfeita. Aprendi minha lição da maneira mais difícil e não estava disposto a realizar qualquer coisa em qualquer um que realmente não precisasse. Era assim desde o meu primeiro ano como cirurgião plástico. Mary Sinclair era um nome que nunca esqueceria, mas vendo Samantha Aldridge, outra mulher implorando por cirurgia estética e ouvi-la trazer meu passado, despertou emoções e memórias que não pensava há algum tempo. Limpando a garganta alto para chamar a atenção do barman, pousei a taça de champanhe intocado e pedi uma bebida de verdade. — Jack Daniels, por favor, — disse para o barman. Virei e olhei para a sala enquanto esperava minha bebida. A pista de dança estava cheia de casais dançando ao som da música lenta e suave que a banda de jazz estava tocando, mas as mesas também estavam cheias de homens e mulheres tagarelas. O mais graúdo dos homens sendo Michael Aldridge, um poderoso advogado que tive a infelicidade de atender muitas vezes. Ele era rude e cheio de si com uma garota diferente ao seu lado cada vez que o vi, apesar de toda a população Miami saber que ele era casado. Embora, nesta noite, ele estivesse obviamente, sozinho, o que significava que sua esposa devia estar com ele. O vi de longe quando ele riu alto e deu um tapa nas costas de um cavalheiro ao lado dele. Ele tomou seu drinque, deixou a mesa e se
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dirigiu para outra. Até a única mulher sentada sozinha, completamente invisível, já que ninguém estava à mesa com ela. Sua cabeça estava abaixada e os ombros caídos enquanto bebia uma taça de champanhe. Havia algo familiar sobre seu corpo esguio, o cabelo loiro e o jeito que se mantinha, mas ainda precisava ver seu rosto. Michael veio por trás dela e segurou seus ombros, a fazendo levantar a cabeça e seu rosto mudou com esse toque dando um, mesmo que fraco, mas valente, sorriso. Samantha Aldridge. Estive tão envolvido em minha própria raiva com sua visita e seu fundamento insano para fazê-la bonita que não reparei seu sobrenome. Não considerei que ela poderia ser a esposa deste pedaço de merda. A consulta acabou com meu humor e me levou em uma viagem indesejada para o meu passado. Um passado que incluiu uma jovem senhora como Samantha Aldridge, que tinha pedido algo semelhante. Fiquei sem foco e ranzinza o resto do dia. Samantha Aldridge era a última pessoa que deveria implorar um bisturi em qualquer lugar do seu corpo. Quando entrei na sala e a vi sentada lá, estranhei sua consulta comigo. E quando o verdadeiro motivo para estar lá foi revelado, me irritou demais. Ela não fez um trabalho muito bom em me fazer entender seu raciocínio para estar lá, mas agora... agora entendi muito bem. Seu marido era um babaca ambulante e ela era... bonita. Boa demais para os gostos desses idiotas. Sua pele cremosa brilhava na iluminação do lustre, dando a ela uma qualidade etérea. Seu longo pescoço esticado elegantemente como se fosse sussurrar algo em seu ouvido. Ela levantou, pegando sua mão e lhe permitiu puxá-la para a pista de dança. Ela se destacava do resto das mulheres ao seu redor. Seu vestido simples, de cor creme aderia às suas coxas antes de cair livremente em torno de seus sapatos. O resto das mulheres ao seu redor usavam vestidos escuros e diamantes, enquanto Sra. Aldridge só usava um colar prata simples e seu cabelo sedoso puxado em um coque. Ela era requintada e bonita demais para um homem como Michael Aldridge. Ela estava de costas para mim, a mão apoiada na cintura e algo como ciúme dele nadou pelas minhas veias. Ele era, obviamente, um nojento.
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Ele tinha uma mulher graciosa em seus braços, que merecia ser tratada como tal e mesmo assim ele ainda se prendia em qualquer coisa podre. A música mudou e assim eles o fizeram, me permitindo a visão perfeita de seu rosto. E lá estava ela, a mesma mulher triste que tinha se sentado na minha frente e pedido para dar a ela algo que provavelmente nunca vai ter com um homem como Michael Aldridge. Sua bonita pele estava mais pálida do que a última vez que a vi. Seus lábios rechonchudos puxados para baixo. Como se ela estivesse a beira das lágrimas e seu olhos escuros estavam fechados, segurando as lágrimas, sem dúvida. Mais uma vez, Michael sussurrou algo em seu ouvido e vi seu corpo ficar tenso. O bastardo provavelmente disse algo rude. Isso me fez odiá-lo ainda mais. Tão rapidamente como ele a puxou para a pista de dança, ele se afastou a deixando ali, embaraçada e sozinha. Sua arrogância confiante buscou pelas mulheres invejosas ao redor, deixando um aviso claro para ficarem sentadas onde estavam. Ele fez o seu caminho para o bar, em direção a mim. Ele ergueu a mão, sinalizando que estava pronto para outra bebida e então se virou, apoiando as costas contra o bar e olhando para a pista de dança. Não consegui me segurar. — Com certeza é uma senhora encantadora que está dançando com você Michael. Não lembro de tê-lo visto em um evento com ela antes. Ele olhou para mim, sua expressão se transformando em algo escuro. — Ela é minha esposa. O barman lhe entregou a bebida e ele tomou um gole. — Homem de sorte, — eu disse com um sorriso. Ele riu para si mesmo. — Às vezes. Certamente não com ela, mas você sabe o que dizem - é mais barato mantê-la. E então ele se foi, pavoenando pelo espaço, sorrindo e flertando com qualquer jovem que lhe desse uma hora do seu dia, enquanto sua esposa estava sentada em uma mesa no canto e mantinha suas lágrimas na baía. Algo aconteceu comigo naquele momento. Talvez fosse
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porque eu vi algo em seus olhos que trouxe de volta memórias de meu passado. Um passado que incluia a minha mãe e seu próprio desgosto e inferno pessoal com o meu pai. Muitas vezes, quando ainda era jovem, assisti as lágrimas brilhantes correrem pelo seu rosto perfeito enquanto meu pai a menosprezava. Ele era um bom homem. Bom para seus pacientes e realmente bom para minha irmã e eu, até o dia em que tudo mudou, mas minha mãe nunca foi boa o suficiente. Ela morreu quando eu tinha vinte anos e uma vez que ela descansou, tive morte o suficiente e estava ficando doente com a desaprovação do meu pai com a minha escolha de carreira. — A cirurgia plástica, — ele diria: — é desnecessária. — ele disse que eu precisava entrar em uma verdadeira profissão. Claro, o que realmente queria dizer era que eu deveria ser como ele. Após a morte de minha mãe, peguei o primeiro avião para a América, deixando meu pai e essas lembranças ruins para trás. Meu pai me ensinou muito sobre a minha profissão, mas ele também me ensinou que uma dama merecia muito mais e Samantha Aldridge era uma dama. Poderia dizer isso por sua tranquila tristeza, a postura perfeita e a inocência que eu não fui capaz de ver no dia em que ela visitou o consultório. Terminei minha bebida e atravessei a sala até a mesa com a mulher que pediu minha ajuda. Ela queria ser bonita, mas o que ela não sabia era que ela já era. Linda de fato, mas graças ao seu marido, ela perdeu de vista sua autoestima. As jovens ao seu redor podiam ostentar seus decotes e coxas, deixando absolutamente nada para a imaginação, mas Samantha Aldridge era diferente. Ela era esbelta, elegante e cheia onde uma mulher adulta devia ser. Fazia muito tempo desde que estive com uma mulher de qualquer forma. Trabalhava demais e nunca tinha tempo para nada. Então, bastou olhar para Samantha e meus dedos ficaram loucos para acalmála. Quando fui até sua mesa, ela manteve a cabeça baixa, não percebendo que eu estava lá. Quando limpei minha garganta, ela pulou e olhou para mim. Realização de quem eu era encheu seus olhos e um rubor envergonhado tomou suas bochechas. — Dr. Blake... — ela começou.
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— Por favor, me chame de Roman. Ela engoliu em seco e assentiu. — Ok... Roman, — ela sussurrou. — Você é a última pessoa que eu esperava ver neste tipo de coisa. — O mesmo para você, Sra. Aldridge. — Me chame Samantha, por favor. Balancei a cabeça. — Vi seu marido algumas vezes. Me desculpe, não coloquei dois e dois juntos quando nos encontramos. Seu riso era amargo. — Você é provavelmente o único que pode dizer isso. — Se você tivesse mencionado que ele era seu... Suas sobrancelhas levantaram. — O quê? Você teria sentido pena de mim? Mudado de ideia? — Pode ser. — Isso é uma mentira. Sim, era, eu pensei. — Agora estamos quites. — sorri. — Podemos começar de novo. Um sorriso forçado empurrou através de seus sedosos lábios cheios. — Eu gostaria disso. — ela levantou a mão e estendeu sobre a mesa, a parte superior de seu vestido apertando seus seios. — Eu sou Samantha Aldridge. Prazer em te conhecer. Peguei a mão dela, puxando com firmeza. Ela fez um pequeno som de surpresa, mas ficou de pé graciosamente. A outra mão achatada contra a parte superior da mesa para se firmar e ela olhou para mim, confusa. — Roman Blake e de fato você me fez mudar de ideia, Samantha. Eu quero te ajudar.
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Capítulo Cinco SAMANTHA ROMAN BLAKE. Só pensar nesse nome me dá calafrios e faz minhas coxas contraírem. E lá estava ele com aqueles olhos intensos e escuros e as deliciosas covinhas, revivendo cada parte de mim que tinha há muito esquecido. Suas palavras eram como um vento suave correndo para o ar aquecido em torno de nós, mas eu não estava escutando. Estava perdida em seus olhos cor de mel e me perguntava o que ele via quando olhava para mim. Então registrei suas palavras, congelando o ar aquecido em torno de nós. — Como? — perguntei. — Você me pediu ajuda. Quero te ajudar agora, — disse ele, sua língua rodando na boca com as suas palavras, me fazendo apertar minhas coxas com força. Me ajudar? Ele estava concordando em salvar meu casamento. Com o pensamento, meus olhos voaram para Michael e fiquei surpresa ao encontrá-lo olhando pra mim e Dr. Roman do outro lado da sala. — Você vai fazer as cirurgias? — perguntei discretamente. Meus olhos estavam em Michael. Podia dizer pela sua postura que ele estava prestes a investigar o que estava acontecendo. — Não. Sua resposta abrupta me pegou de surpresa. Meus olhos deixaram Michael e eu estava mais uma vez olhando nos quentes olhos tom de âmbar que pareciam queimar a minha pele e me confundir. Não entendi a minha reação ao homem do meu lado. Havia apenas Michael. Não estava acostumada a conversar com outra pessoa. — Não entendo.
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Ele inclinou para perto de mim, seu hálito quente atingiu o lado do meu rosto e o cheiro de álcool em seu hálito me fez sentir bêbada. — Meu consultório. Segunda-feira, — disse ele. Antes que eu pudesse responder, ele girou sobre os calcanhares e desfilou pela sala, cada mulher o seguindo com os olhos, da mesma maneira que eu e então ele se foi. Assisti através do vidro matizado das portas da frente quando ele entregou um bilhete ao funcionário do estacionamento e esperou. — O que diabos foi isso? A voz de Michael cortou na lateral do meu rosto. Rapidamente, virei minha cabeça para ele e corei. Não tinha ideia do que dizer. Não queria dizer a verdade, que me envergonharia ainda mais, mas não sabia mentir. Na verdade, eu era terrível nisso. — Nada. — a palavra escorregou da minha boca e sabia que não era uma resposta boa o suficiente. — Nada? Vamos, Sam, você pode fazer melhor que isso. Ele estava dando em cima de você? — ele riu com a pergunta, como se um homem como Roman Blake nunca perderia seu tempo com uma mulher como eu. Meu corpo ficou tenso e olhei para a toalha de mesa. — Claro que não, Michael. Ele colocou uma mão quente na parte de trás do meu pescoço, seu toque dando um choque no meu corpo dos pés a cabeça. Se aproximando, ele colocou um beijo suave na minha bochecha e eu derreti. Fazia tempo. Tanto tempo passou desde que Michael meu deu uma ínfima quantidade de afeto. Minha pele ficou aquecida onde ele beijou e cobri com a palma da mão, como se para segurar a sensação. E então ele arruinou tudo quando abriu a boca quente contra a minha orelha. — Eu estava brincando. É claro que ele não estava dando em cima de você. Foi como um tapa no rosto. Minha cabeça levantou instantanemente para ver algumas mulheres olhando para Michael e eu, me deixando saber que o suave beijo provocou um show.
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Um calafrio me percorreu quando Michael se afastou e me deixou sozinha pelo resto da noite. Queria ir para casa, mas a casa onde morava não parecia mais como um lar pra mim. Honestamente, nunca pareceu. Sempre foi muito grande e muito fria. Lar eu tinha com meu pai e ele se foi. Sua casa era um lugar cheio de amor e riso - um lugar onde me sentia querida e sabia enquanto assistia Michael flertar com uma ruiva do outro lado da sala, que com ele nunca eu sentiria que estava em casa. Naquela noite dormi no quarto de hóspedes novamente. Nem sequer pensei se devia ou não convidar Michael para a cama. Ele não veio, é claro e adormeci com lágrimas no meu travesseiro e uma dor crescente no coração. Segunda-feira ainda estava longe. Na segunda-feira de manhã, enquanto bebia meu café no Starbucks, trabalhei minha coragem de ver Roman. Fiquei intrigada, mas ainda estava insanamente envergonhada. Uma parte de mim estava considerando se ele me chamou ao seu consultório para propor um caso. A ideia quicava em minha mente e fiquei me perguntando o que faria se ele fizesse a proposta, até meu copo secar. Saí do Starbucks certa que iria dormir com Roman Blake se ele oferecesse. Eu merecia. Estive com Michael desde jovem. Ele foi o único homem com que estive e nos últimos dois anos, eu ansiava pelo toque de um homem. Para não falar que Michael estava dormindo com qualquer coisa que abrisse as pernas para ele. Ele não se importaria de qualquer maneira. Talvez eu estivesse errada sobre tudo. Não tinha amigos para me dizer o caminho das coisas no círculo que vivíamos, mas talvez os casais devessem dormir com outras pessoas. Talvez eu estivesse perdendo algo grande porque estava muito preocupada em fazer Michael me amar de novo. Uma hora mais tarde eu estava seguindo atrás da bonita enfermeira que vi na primeira vez, mas ela me levou para em um corredor completamente diferente. Paramos em uma porta de mogno com o nome do Dr. Roman Blake em relevo numa placa brilhante. A enfermeira torceu a maçaneta polida e com isso, o meu estômago. Ela abriu a porta e soltei a respiração que estava segurando quando percebi que a sala estava vazia. — Dr. Blake já vem, — ela disse, apontando para ir em frente sem ela. — Sinta-se a vontade.
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Mordendo os lábios, me sentindo como um cervo travado nos faróis, dei dois passos dentro da sala. Senti a enfermeira se mover atrás de mim, percebendo que ela estava fechando a porta. — Obrigada, — consegui dizer antes de ela fechar completamente a porta. Vacilando ao som do clique, tentei respirar normalmente na esperança de acalmar meu coração acelerado. Estava com medo de me mexer, assim sentar em uma das grandes e confortáveis cadeiras de couro na frente da enorme mesa de madeira estava fora de questão. De pé no meio da sala apertei minha bolsa com as duas mãos contra o meu estômago e lentamente virei minha cabeça para olhar ao redor. Fotos do Dr. Roman e de pessoas que assumi eram sua família, enchiam os espaços vazios nas estantes, do chão ao teto, que se alinhavam de um lado no seu escritório. Um sofá, duas cadeiras e uma mesa de café preenchiam o espaço em frente das prateleiras, enquanto sua mesa maciça, armários e uma infinidade de diplomas acadêmicos enchiam a outra metade. Três grandes janelas promoviam a entrada de luz natural e uma vista deslumbrante do centro de Miami. Edifícios, altos e largos, mantinham a cidade aquecida, protegendo aqueles que caminhavam pelas calçadas. A sombra das palmeiras contra o céu alaranjado a distância era o pano de fundo. Eu podia sentir o calor do ar livre rompendo através da janela e aquecendo minha pele fria. A movimentação e a atividade da cidade me atrairam. Pressionei contra uma janela quente, olhando a agitação. Pessoas saíam de lojas e restaurantes, em uma corrida louca para uma refeição rápida ou um pouco de compras no horário de pico do almoço. Avistei o Mama Maria, um dos restaurantes favoritos para mim e Michael e sorri. Nós íamos lá quase todos os dias durante um ano quando nos mudamos para a cidade. Caí de amores com tudo que havia naquele lugar e nada era suficiente. Às vezes ele me surpreendia à noite trazendo comida, mesmo se tivéssemos almoçado lá. Se ele cansou do lugar, nunca demonstrou, nem reclamava quando eu sugeria ir lá de tempos em tempos. Não conseguia lembrar a última vez que Michael me surpreendeu com comida para viagem... ou qualquer coisa perto disso. Nós nos
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casamos, vivemos juntos e até recentemente, dormíamos na mesma cama. Mas poderia muito bem ser invisível, pois Michael não reparava mais em mim. Estava prestes a me afastar, minha viagem nostálgica machucando demais, quando vi um jovem casal sair do Mama Maria. Eles não pareciam mais jovens do que Michael e eu. Um longo e bronzeado braço em volta dos ombros magros da menina quando saíram. Ela tinha algo em suas mãos e só levei meio segundo para perceber o que ela tinha. Mama Maria era famoso por suas bolinhas de chocolate. Eles literalmente derretiam no segundo que tocavam a língua, enchendo a boca com um escuro e rico chocolate. Apesar de tudo, não era só por isso que os chocolates eram famosos. Antes de comê-los, deveriam ser abertos. Dentro de cada um tinha um bilhete. Não era como um biscoito da sorte. Estes bilhetes eram especiais, pessoais. Davam esperança e faziam a pessoa sorrir. Vi quando a menina leu o dela, sorrindo tão abertamente como eu fazia quando lia os meus. Ela olhou para o rapaz e ele beijou a ponta de seu nariz acariciando a sua bochecha. Pisquei as lágrimas que ardiam não só os meus olhos, mas meu coração também. O ciúme me deixou com inveja, mas não de uma forma odiosa. Estava feliz por eles, mas triste por mim. Ri baixinho, enxugando minhas lágrimas e vi quando ele a girou em seus braços. Os braços dela enrolaram em volta de seu pescoço e ele a beijou longa e apaixonadamente antes de abraçá-la. Ela riu incontrolavelmente, a cabeça caindo para trás e seu cabelo longo e escuro caindo em cascata em direção à calçada. Quando ele a puxou para cima, ele sussurrou algo em seu ouvido que a fez sorrir docemente e, em seguida, passar os dedos pelos cabelos. Eu estava tentada a correr escada abaixo e exigir saber o que o bilhete dizia, mas provavelmente seria presa ou quebraria minha perna na minha pressa. Eles começaram a ir embora e fiz um pequeno som de decepção. A vida deles era muito melhor do que a minha com sua paixão evidente. Eu não tinha isso. Mas vê-los um pouco me permitiu viver de forma indireta através deles. Não queria que eles fossem. Colocando a mão na janela, fiquei na ponta dos pés e tentei seguir o casal.
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Perdida na demonstração pública de afeto, senti o encontro doloroso do vidro contra a minha testa. Coloquei a mão para esfregar o local. — Você está bem? — uma voz sussurrada perguntou atrás de mim. Assustada, me virei para encontrar o Dr. Roman ali com um olhar divertido no rosto. — Há quanto tempo você está de pé aí? — perguntei enquanto meus dedos ainda tentavam esfregar a leve picada. — Estava prestes a te fazer a mesma pergunta, Sra. Aldridge. — Não muito tempo, — menti, me afastando da janela. Suas sobrancelhas levantaram. — O que você está olhando? — ele parou ao meu lado, olhando para fora da janela. Sabia que o casal estava muito longe agora. — Você estava tão entretida que nem sequer me ouviu entrar. — Estava apenas olhando. Às vezes as pessoas mais comuns podem ser completamente fascinantes. Especialmente quando não percebem que alguém está observando. — Você está definitivamente certa sobre isso. — seu tom de voz chamou minha atenção e olhei para cima para encontrá-lo olhando para mim. Vários segundos se passaram antes que ele piscasse e olhasse para longe. — Você observa muito as pessoas? — Às vezes. Suas vidas são muito mais interessantes do que a minha. — As coisas nem sempre são como parecem. — Não, não são, mas podemos fazer o que quisermos. No meu mundinho, ninguém é infeliz ou triste. Eu estava olhando seu perfil, observando a maneira como sua mandíbula movia e os músculos de seu pescoço esticaram quando ele engoliu. Ele se virou para olhar para mim novamente e nossos olhos se encontraram. — Estou feliz que você decidiu vir, Sra. Aldridge. Sua formalidade arrepiou meus nervos e eu já estava bastante nervosa. Queria o homem legal e recatado da festa de volta.
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— Samantha, — lembrei a ele e virei para encará-lo. — Certo? Ele balançou a cabeça e sorriu. — De preferência. Voltando, limpei minha garganta. — Quase não vim. Sua cabeça ligeiramente inclinou para o lado. — Por quê? Dei de ombros empurrando os limites da minha honestidade. — Não estava realmente certa sobre o que esperar quando entrasse pela porta. Sua expressão mudou, dizendo que ele acreditou. — Mas você veio de qualquer maneira? Corei, demonstrando o calor em minhas bochechas. — Sim. — foi quase um sussurro. Eu sabia o que ele ia perguntar em seguida. Foi mais por curiosidade do que por bravura que disse. — Achei que talvez... que você iria sugerir... termos um caso. Algo em Roman Blake me fazia sentir como se pudesse contar tudo e nunca ter que me preocupar com a reação dele. Porque silenciosamente, eu acabara de lhe dizer duas coisas; um: estava atraída por ele e passei muito tempo na noite passada pensando nele e dois: fiquei feliz com a ideia de que ele poderia estar um pouco atraído por mim. Mas ele não teve nenhuma reação ao que eu disse. Não uma que eu pudesse perceber de qualquer maneira. Enfiando as mãos nos bolsos de seu casaco branco, ele deu um passo significativo em direção a mim. Quando fechou a distância entre nós, estávamos quase nos tocando. Quase, mas não completamente. — Quando teve esse pensamento, o que decidiu fazer? — Não acho que poderia fazer como Michael... mas quero ser feliz ao mesmo tempo. É tudo muito confuso. — Você acha que ter um caso comigo a faria feliz, Samantha? O som de sua voz suave dizendo meu nome causou arrepios. — Eu não sei. Nós realmente não conhecemos um ao outro. Bem, quero dizer, eu sei tudo sobre você... — eu estava divagando incontrolavelmente e antes que pudesse me parar, as palavras saíram. Quando nossos olhos se encontraram, humor era a única coisa que conseguia ver. — Amo o Google. — ri e torci os dedos. — O irônico é que
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sei mais sobre um perfeito estranho do que sobre mim. Não sei o que me faz mais feliz. — Você sabe alguns fatos sobre mim, mas você não me conhece, Samantha. Meu rosto queimou com a veemência. — Sinto muito. Eu não queria... — Isso não saiu do jeito certo. — ele sorriu gentilmente. — O que quero dizer é, aqueles fatos que você sabe sobre mim, constituem apenas uma pequena parte de quem sou. Há mais na minha história do que aquilo que se encontra na internet. E, você pode não saber, mas estou certo que dormir comigo provavelmente não a faria feliz. Pelo menos até ser tarde demais de qualquer maneira. Você se sentiria mal com o que nós faríamos, primeiro comigo, mas definitivamente com você mesma. Girando de repente, ele caminhou até sua mesa e se sentou. — Não poderia viver com isso e não quero que você viva, — ele terminou movendo uma pilha de papéis e cruzando os braços sobre o peito. Ele acenou com a cabeça na direção das duas cadeiras em frente a ele e me esperou sentar. Coloquei a minha bolsa para baixo e tentei não gemer quando o couro acariciou minha bunda e a pressão de usar saltos diariamente deixou minhas panturrilhas e meus pés. Meus movimentos eram lentos e prolongados enquanto me perguntava quem iria quebrar o silêncio primeiro. Suas palavras ainda estavam girando dentro da minha cabeça enquanto tomava um tempo precioso ficando tão confortável quanto podia na cadeira. Ele estava certo. Era torturante pensar em dormir com alguém além de meu marido, não achava que teria coragem de ir até o fim, a menos que apaixonasse por outro cara. Mas sabia por dentro que ainda amava Michael. Por mais que quisesse que ele falasse e eu não tivesse que perguntar, não poderia ficar em suspense por mais tempo. — Na noite passada, você disse que mudou de ideia. Isso quer dizer que você vai fazer as cirurgias? — Isso significa que quero te ajudar. Fiz uma careta. — Se você não vai fazer as cirurgias, como é que você vai me ajudar?
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— Eu não estava mentindo quando disse que você precisava fazer terapia, mas realmente não conheço as mulheres. Vi um monte de mulher perfeitamente atraente atravessar as portas do meu sócio, Stein. A menos que haja algo médico que impeça um cirurgião de fazer um procedimento, eles nunca vão virar um paciente. A causa número um para uma mulher recorrer à cirurgia estética é a insegurança. É triste, mas um fato para qualquer cirurgia plástica. — Essas mulheres, incluindo você, só precisam ser ensinadas e, mais importante, saber que são raras e bonitas da sua própria maneira. Aprendi isso da pior maneira e jurei nunca mais tocar outra mulher com um bisturi, a menos que seja absolutamente necessário. Suas palavras provocaram uma chama de curiosidade dentro de mim que rapidamente ficou fora de controle querendo saber a que lição ele estava se referindo e por que renegava sua prática inicial. — Então você quer me ajudar a recuperar a minha confiança? — tão doce quanto isso soava, eu não estava realmente certa como iria funcionar. — Sim. Você precisa ser lembrada de que é uma mulher bonita e que merece ser tratada como tal. Mudei nervosamente no meu lugar. — Me ensinar como? Seu sorriso brincava no rosto. — Apesar de você ter interpretado mal as minhas intenções, não pretendo oferecer um caso. Agora ou depois. Isso deveria ter acalmado meu disparado coração, mas não podia ignorar a pequena decepção. Tentei dizer a mim mesma que era porque me senti rejeitada, mas sabia que era um pouco mais que isso. — Ok, então como você planeja me ensinar? — Quero que você passe o próximo mês comigo.
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Capítulo Seis ROMAN ASSISTIR A SURPRESA iluminar seus grandes olhos castanhos fez o meu longo dia parecer um pouco menos terrível. Por que o marido não fazia tudo em seu alcance para trazer a alma dela para a vida em vez de destruí-la, estava além da minha compreensão. — Você está bem? — perguntei quando dois minutos se passaram sem nenhum de nós dizer nada. Ela piscou rapidamente e baixou a cabeça. Percebi então que ela estava rindo. — Sinto muito, não quero rir, mas soa com uma proposta indecente. Eu estava esperando você me oferecesse um milhão de dólares se concordasse. — Se isso for necessário. Isso destruiu todo o humor de sua expressão. — Ta brincando né? — Sobre você passar um mês comigo, não. A outra parte, sim. Eu não estava brincando, se a fizesse se sentir melhor, faria. Mais uma vez ela se mexeu nervosamente, algo que ela estava fazendo muito desde que sentou. Não tinha certeza se ela percebia que estava fazendo isso, mas achei divertido. — Você está me pedindo para ficar com você por um mês? Eu ri e ela ficou rosada. — Garanto que não estou pedindo para você morar comigo, mas nós teríamos que passar muito tempo juntos. Você ficaria confortável com isso? Ela parecia estar tendo uma batalha interna antes de seu rosto iluminar e sua decisão final nublar seus olhos escuros. Percebi que estava segurando minha respiração em antecipação. Não queria admitir o quanto estava esperando que ela dissesse sim. — Sim, — disse ela, olhando para cima. ~ 42 ~
Nossos olhos colidiram. — Sim? Ela assentiu com firmeza. — Sim. O que tenho a perder, certo? Você já negou fazer a cirurgia. — Ela terminou sua frase com um sorriso, tentando fazer pouco caso do assunto. Inclinando-me sobre a mesa, mantive o contato visual com ela. — Vamos fazer um acordo. Você vai passar um tempo comigo e se após um mês você não se sentir de forma diferente sobre sua escolha de fazer a cirurgia, — respirei fundo, rezando e esperando confiante que pudesse mudar sua mente, — então vou fazê-la. Tristeza escureceu seus olhos. Ela olhou para mim por baixo dos cílios, me fazendo me mexer na minha cadeira. — Por que você está fazendo isso por mim, Roman? Ela gaguejou o meu nome, mas ela disse com tal convicção que não poderia mentir para ela. A verdade machuca e não sentia a picada do meu passado em um longo tempo. — Você me faz lembrar de alguém. Alguém que eu deveria ter feito mais para ajudar... mas não fiz. Poderia dizer que ela não tinha certeza de como lidar com isso e tinha certeza que ela estava morrendo de vontade de fazer perguntas. Segurando minha respiração, eu esperava que ela não fizesse. No final, ela estaria feliz em me deixar manter meus arrependimentos em privado. — Então, quando vamos começar? Eu sorri, abri a gaveta na minha frente, tirei meu receituário e peguei a caneta na minha mesa. Rabisquei algo e arranquei do bloco. Antes de entregar a ela, me levantei e caminhei ao redor da mesa para me sentar na beira de frente pra ela. — Em breve, mas, primeiro, você tem que fazer algo por você. — Por mim, mas por quê? — Porque você merece. — eu sorri e entreguei a ela o papel e um cartão de visita. — Lembre-se: são ordens médicas.
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Capítulo Sete SAMANTHA SERENITY SPA & RESORT. Segurei o cartão preto fosco com as duas palavras azul em relevo e olhei para a placa no edifício. Não era o que esperava e estava grata por isso. Em Miami as coisas eram grandes ou não davam certo, quando se imaginava um spa e resort, ele deveria ser de elevado padrão com piscinas do tamanho de pequenos países, pisos de mármore e paredes de pedra. Entretanto, o Serenity Spa não era exatamente o equivalente a Chucky Cheese5, era modesto e perfeitamente... sereno. Apesar de seus procedimentos serem pouco ortodoxos, eu não iria reclamar das ordens do Dr. Roman. Andei até o edifício, respirei fundo e o perfume doce de jasmim e lavanda acalmou imediatamente meus sentidos. Entrar no interior foi agradável e fresco em comparação com o não tão agradável calor de Miami. A música das teclas nítidas de um piano e dos sons da natureza selvagem flutuava pela recepção, recriando um ambiente incrivelmente realista de um oásis secreto no meio de um caldeirão em chamas. A parede atrás da enorme mesa de cerejeira era composta por uma rocha preta cor de carvão. Os sons da água correndo sobre as rochas deixava o lugar ainda mais relaxante. As rochas do chão ao teto e a parede de água criaram a cascata mais legal que já vi. As aberturas de ambos os lados da parede faziam a água circular e voltar a cair. O som dos pássaros voando tomaram repentinamente o altofalante no teto, me fazendo esquivar quase ao mesmo tempo que uma mulher baixinha caminhou perto da cachoeira até a mesa. Ela sorriu para mim, segurando seu divertimento.
Chucky Cheese: é uma rede de restaurantes estadunidense de entretenimento em família. Ela é conhecida pela sua vasta programação infantil, das quais incluem serviços de pizza, festas, brinquedos e jogos de arcade. 5
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— Não se preocupe, isso acontece com todo mundo. — olhando para os lados, ela curvou uma mão ao redor da boca, se inclinou e sussurrou: — Eu acho que eles fazem isso para entreter o segurança. Nós duas rimos e sua natureza fácil irradiava dela, derretendo meu embaraço. — Você é nova, — disse ela. — Sim. Como você sabe? — será que era meu olhar estressado? — A maioria dos nossos clientes são regulares, então sempre reconheço um novo rosto. Nós gostamos de caras novas. Que horas você está agendada, Sra...? Ela tirou uma prancheta com uma lista de nomes preenchendo a página. Mordi o interior do meu lábio e encolhi. — Aldridge e sinto muito. Não marquei com antecedência. — Senhora Aldridge, — disse ela em reconhecimento, fazendo uma careta porque deveria saber exatamente quem eu era quando entrei pela porta. — Claro. Nós estávamos esperando você. — Estavam? — olhei confusa e ela riu. — Sim. Sr. Blake nos avisou. Se você me seguir, Sra. Collette quer conhecê-la primeiro. Ela gosta de conhecer todo mundo que o Sr. Blake indica. O jeito que ela disse indica me fez pensar que ela estava com a ideia errada. — Oh, não, eu não sou... não estou com Roman, quero dizer, Dr. Blake. Nós somos, — procurei as palavras certas, — apenas amigos. Ela parou de repente e se virou para mim. — Oh meu Deus, Sra. Aldridge, me desculpe. Não quis insinuar nada. Foi-se a calma e legal recepcionista e apareceu o outro lado dela com o rosto corado de vergonha e olhos selvagens voltados para a porta a nossa frente e, em seguida, de volta para mim, silenciosamente implorando por desculpas. — Mary? — uma voz abafada perguntou do outro lado. — É você? Por que diabos você está tentando se comunicar comigo através da
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porta? — houve uma pequena pausa e, em seguida, a porta se abriu. — Por que estou tentando me comunicar através da porta? Uma mulher mais velha, vestida com um moderno terninho de seda e de cabelo prateado com um coque no alto da cabeça estava na porta. Seus olhos encontraram os meus e ela fechou o suéter de cashmere. — Você deve ser a Sra. Aldridge. — Sim, Sra. Collette, é ela. A linda mulher mais velha perto de mim me fez querer negar meu nome de casada, virar e correr. De repente, pensei que sabia por que Mary estava com tanto medo que eu dissesse alguma coisa. Levantei minha mão. — Sim, mas, por favor, me chame de— Samantha, — disse ela com quase nenhuma emoção. — Um nome bonito, de fato. Engoli em seco. — Sim, — e meu rosto queimou, — e obrigada. — se ela me desse as costas agora, eu não poderia culpá-la. — Me sinto um pouco envergonhada que todo mundo parece saber quem sou e não sei... quero dizer, Roman, Dr. Blake, não mencionou... ninguém. Especificamente, — acrescentei rapidamente. Ela parecia estar me inspecionando. Parte de mim estava tentada a pegar Mary pelos ombros e usá-la como escudo humano... mas então Sra. Collette fez algo completamente inesperado. Ela sorriu... e observei enquanto seu rosto transformava. — Sim, meu neto é um jovem displicente. Mas exagerado ele não é. Eu fiz uma careta, confusa e, em seguida, registrei a primeira parte do que ela disse. — Você e Roman... Sinto muito. Ele não disse que vocês dois era parentes. Honestamente, ele realmente não me disse nada sobre esse lugar. — Isso não me surpreende nem um pouco, — disse Mary. — Senhor Blake e Sra. Collette são modestos em suas realizações. Sra. Collette é dona deste estabelecimento. — Bobagem, — Sra. Collette repreendeu com carinho. — Eu estava apenas confirmando que não é apropriado discutir essas coisas
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em público. — ela estava fazendo sinal para que eu a seguisse. — Venha, venha. Obrigada, Mary. Quase caí, tentando chamar a atenção de Mary antes que ela desaparecesse. — Obrigada, Mary, — falei. Quando ela se virou para olhar para mim, eu sorri tranquilamente. Ela quase desmanchou de alívio. — Foi bom conhecer você, Sra Aldridge. — Você também. Tentei movimentar a boca para saber se estava tudo bem em seguir Collette, mas ela se afastou antes que eu pudesse perguntar. Dentro do escritório da Sra. Collette, eu estava envolta na feminilidade completa. Cores suaves e babados decoravam a sala, saindo do tema sereno do outro lado da porta. — Mary é uma menina doce, muitas vezes fala sem pensar, mas ela não causa dano. — Sra. Collette se sentou atrás de sua mesa. De repente senti como se Sra. Collette tivesse olhos e ouvidos em todos os lugares e me preocupei com Mary. — Ela parece muito doce e me fez sentir em casa. Esse é um belo escritório. Todo o lugar é incrível. Você fez um trabalho notável com o design. — Obrigada. Então me diga como você conheceu meu neto. Você não parece uma das pacientes de Stein. Não deixei de perceber o jeito que ela enrugou o nariz para o nome do parceiro de Roman ou sua escolha de prática. Ruborizando, pensei o que diria se soubesse que praticamente implorei a Roman para fazer as mesmas coisas que ela estava enrrugando o nariz. — Não, não sou uma das pacientes do Dr. Stein. — Ótimo. — ela caiu para trás contra sua cadeira. — Ele seria um homem estúpido por tentar mexer em um rosto ou num corpo como o seu. Bela jogada, Roman Blake. Enviar-me à sua doce avó com elogios e intimidação. Bela jogada, de fato. — Obrigada, senhora. Ela acenou com a mão enrugada. — Por favor, me chame de Collette.
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Eu sorri. — Você não parece... — Britânica? Não sou. Nasci aqui em Miami. A mãe de Roman, minha filha, conheceu o homem que achou estar destinada a casar durante uma viagem de férias de verão para Oxford. Percebi pela maneira como ela falou sobre o pai de Roman que ele não era exatamente a primeira escolha de Collette para o felizes para sempre da filha. — Isso soa romântico. Ela sorriu. — Isso foi exatamente o que disse Elizabeth, — disse ela, suspirando. — Você pensou que era clichê? — Na verdade, sim, pensei. Ela era muito jovem para desistir de tudo que queria por um rapaz, mas ela desistiu. Devido a essa escolha, ela me deu Roman e Rachel, então eu nunca poderia ficar chateada com ela por isso. — Roman tem uma irmã? Ela e seus pais continuam vivendo em Londres? Seus olhos se estreitaram com curiosidade. — Você realmente não conhece Roman há muito tempo, não é? Deixei escapar um riso nervoso. — Muito pouco, mas estou feliz que o conheci. — Sabe, você poderia ser exatamente o que o meu neto teimoso precisa. Ofeguei. — Oh, não, não é isso. Eu sou… — Casada? Eu ouvi. Roman também disse que não era assim entre vocês, mas conheço meu neto. — em vez de elaborar, ela olhou para mim atentamente por um par de segundos a mais. — Bem, — ela finalmente disse. Respirando fundo, ela usou a mesa para ficar em pé. — Eu não vou segurá-la por mais tempo, querida. Você não veio ao meu spa para conversar com uma mulher velha. — Não seja boba. Gostei da nossa conversa. Talvez pudéssemos almoçar algum dia? Ela sorriu. — Eu gostaria disso. Você parecia tão tensa quando entrou e acho que poderia deixá-la ainda mais.
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Nós caminhamos até a porta do seu escritório antes dela dar um passo na minha frente e me puxar para um abraço. — Prometo que não tem nada a ver com você. — Bem, de qualquer forma, o meu pessoal vai fazer você se sentir como uma mulher novinha em folha. Marcus vai cuidar muito bem de você. Descobri que Collette não exagerou. Vinte minutos mais tarde, eu estava deitada, de barriga para baixo, com apenas uma toalha me cobrindo enquanto Marcus realmente cuidava muito bem de mim. Passei os primeiros vinte minutos da minha massagem tentando cobrir as coisas que me envergonhavam, mas uma vez que suas capazes mãos tiraram o estresse que retesava meus músculos, já não importava o que ele viu ou pensou. A profunda limpeza facial com ervas e óleos botânicos depuraradores cuidou de meses de pele morta. Pedi que as mãos e pés ficassem apresentáveis para uma noite na cidade. Depois de um almoço rápido, mas gostoso, eu estava pronta para fazer meu cabelo. Quatro horas de mimos, um audacioso novo corte de cabelo, e alguma luzes depois, eu estava indo embora com uma promessa de almoçar em breve com Collette. Não me sentia completamente como uma nova mulher, mas sabia que era um começo na direção certa.
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Capítulo Oito SAMANTHA PARANDO NO ESTACIONAMENTO do Georgina's, desliguei o motor e senti o cheiro de comida italiana. Não era como a da Mama Maria's, mas era o segundo melhor e eu estava morrendo de fome. Peguei a receita com a lista que o Dr. Roman me deu, olhei para a segunda coisa que ele prescreveu. Escrito com aquele rabisco de médico, mas bastante legível na verdade, dizia almoce com um amigo. Almoçar com um amigo soava agradável. O único problema era que eu não tinha amigos. Eu queria realmente me divertir e sabia que se convidasse uma das esposas do country clube, eu ficaria muito nervosa e estaria pronta para ir embora o mais rápido que pudesse. Assim me contentei em passar o dia comigo mesma, fiz reserva, tomando todo o tempo do mundo para me vestir, fazer o cabelo e maquiagem antes de sair. Amei o meu novo penteado e até aprendi algumas dicas de maquiagem com Gina, a cosmetologista do Serenity Spa. Eu não estava tentando impressionar ninguém além de mim mesma. Eu queria esquecer tudo o que estava acontecendo em casa, como Roman tinha me dito para fazer e também queria ter algum tempo para mim. — Mesa para um em nome de Aldridge, — disse para a hostess 6
quando entrei. Ela assentiu com a cabeça e sorriu enquanto pegava um cardápio. — Por aqui, — ela disse, se preparando para me levar para dentro, mas uma rápida olhada ao redor me fez impedi-la. — Na verdade, você acha que eu poderia sentar aqui fora? Está
um lindo dia. Ela sorriu e acenou com a cabeça. — Claro. — Obrigada.
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Hostess: Recepcionista de restaurante. ~ 50 ~
Eu segui atrás dela através das mesas externas. Ela parou em uma mesa para dois ao lado de um pequeno jardim. — Essa está boa?
Eu inalei o cheiro doce das flores multi-coloridas e tirei minha jaqueta. — Está perfeito, — disse sentando. — Ótimo. Um garçom virá falar com você. — Obrigada. — sorri para ela quando ela me entregou um
cardápio. Estava acostumada a ir a Starbucks sozinha, mas nunca para refeições. Meu desconforto me impedia de comer fora, onde havia olhares curiosos em minha direção perguntando por que eu não era digna da companhia de outra pessoa. Engolindo em seco, ignorei os poucos olhares que me faziam sentir na pele como se uma tempestade de granizo estivesse caindo e passei os olhos pelo cardápio. Em vez de escolher minha refeição, sentei lá, querendo saber quando comer sozinha era um tabu aos olhos de quem já tinha alguém em sua mesa. Por que eu não poderia desfrutar de um almoço sozinha sem ser julgada? Perdida em meu próprio mundo, quase não ouvi meu nome sendo chamado. — Samantha? — a voz de Roman passou por mim, me deixando
arrepiada em sequência. Olhei para cima e o vi acompanhado de dois homens que estavam do outro lado da grade de ferro da varanda. Ele estava vestido com calça e uma camiseta de cor escura e quase não o reconheci sem o seu uniforme branco e azul do hospital. Ele chegou perto de mim, seu sorriso se transformando em algo que não conseguia descrever, mas isso fez meu estômago apertar e fiquei um pouco nervosa. Percebi que estava sentada enquanto três pares de olhos estavam olhando para mim, esperando que fizesse alguma coisa, qualquer coisa. — Roman, — finalmente falei. — Que agradável surpresa. — eu
sorri.
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— Como você está? — ele perguntou como se não tivesse me visto
em anos ao invés de alguns dias. — Estou bem. Só seguindo ordens médicas. — fiz um gesto para a
minha mesa. Seus olhos se moveram para o assento vazio na minha frente antes de colidir com os meus de novo. — Você está sozinha? — ele perguntou. Balancei a cabeça, engolindo em seco. — Sim. Eu sabia que meu rosto estava vermelho enquanto tentava focar apenas em Roman, que pareceu esquecer que não veio sozinho. Os outros dois homens olharam para mim como se eu tivesse acabado de chegar em uma nave espacial. Lembrando que não estava sozinho, Roman se virou para os dois homens. — Desculpe. Rick, Jerry, esta é Samantha Aldridge. Samantha,
esses são meus colegas. — É um grande prazer conhecê-los. — Aldridge? Parente de Michael Aldridge? — perguntou um deles
chamado Rick. Ele era o mais baixo dos três homens e, possivelmente, o mais jovem. Sorri e não havia uma fonte de orgulho por trás dele. Sempre achei que as pessoas reconheciam Michael por suas realizações e por todo o trabalho duro que ele fez para chegar onde estava. Eu costumava me sentir orgulha de ser sua esposa, que tinha sido por todos esses anos e aquela que ainda estava aqui. Mas agora, com esse sentimento também vinha a humilhação que eles sabiam de tudo que vinha junto. — Sim. É o meu marido. — Ele é um bom homem. Um trabalhador dedicado também. — o
homem mais velho, Jerry, sorriu para mim. Ele não parecia conhecer a história do meu marido, então não havia nenhuma simpatia adicional em seu sorriso. — Mas sempre digo que por trás de cada homem trabalhador existe uma boa mulher. Eu tinha certeza que nunca sorri tão abertamente na minha vida inteira. Jerry não percebeu a força que fiz para não me levantar e beijá-
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lo por suas palavras ou o quanto eu precisava desesperadamente ouvir isso. — Definitivamente não me esquecerei de lhe dizer isso.
Todos riram, embora a risada de Roman não parecesse ser genuína. — Por que vocês não vão pegam uma mesa? Vou em um minuto, — disse Roman aos seus colegas.
Quando a hostess os levou para dentro, Roman se virou para mim, uma vez que eles estavam fora de vista. Corei quando ele me olhou por completo mais uma vez. — Gostei do novo visual. — seus olhos se moveram, passando do
meu queixo e lentamente ao longo do meu pescoço e até meu peito e seus olhos entraram em confronto com os meus novamente. — Obrigada. Foi necessário. Quando fui para pagar o meu dia no
spa, a conta já estava paga. Por favor me deixe— Não. — ele disse com firmeza. Mordi o lábio, querendo
argumentar, mas a maneira como ele negou me fez pensar duas vezes antes de discutir com ele. — Então as moças de lá cuidaram bem de você? — ele perguntou, mudando de assunto. — Bem, na verdade, foram as mãos de Marcus, mas sim, todo
mundo cuidou muito bem de mim. — Ahh, sim, Marcus. Esqueci que ele ainda trabalhava lá.
Eu sabia que era um pensamento bobo, mas senti um traço de ciúme e me deixei desfrutar da sensação, mesmo sabendo que não era verdade. — Então como você se esqueceu de mencionar que a sua avó é proprietária do SPA? — Culpado. Ela não lhe fez perguntas impróprias, fez? Ela
esquece de cuidar da própria vida, mas nunca esquece quando se trata de minha vida amorosa ou a falta dela. — Ela é adorável. Na verdade, fizemos planos para almoçar.
Ele gemeu. — Você não sabe no que está se metendo. Eu ri. — Honestamente, ela é perfeita. — Parece o começo de uma amizade.
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Balancei a cabeça. — Acredito que sim. — E se a memória não me falha, deveria ter um amigo envolvido aqui? — ele moveu os dedos, apontando para minha mesa, com as
sobrancelhas levantadas quando olhou para mim. — Sim, deveria, mas é aí que reside o problema.
Sem perguntar se poderia se juntar a mim, ele passou pela porta e deslizou para o banco na minha frente. — E o problema é? — um pequeno sorriso atravessou seus lábios grossos. Respirei fundo. — Bem, realmente não tenho amigos. Tão triste como isso soa, preciso ser honesta. Seu sorriso se transformou instantaneamente, puxando as sobrancelhas e um olhar de tristeza tomou seu rosto. — Está tudo bem, — eu disse com um sorriso falso. Minhas mãos
caíram no meu colo, mas me ajeitei um pouco melhor na cadeira e evitei sua simpatia. — Confie em mim, prefiro aproveitar meu tempo aqui sozinha do que estar presa com uma daquelas senhoras que tive a infeliz sorte de conhecer. — com um sorriso genuíno, olhei para ele, o sol aquecendo meu rosto. A tristeza sumiu e foi substituída por um sorriso doce. — Acho que posso concordar. Nós dois rimos. Movendo minha mão para o cardápio, meus dedos tocaram o canto do livro encadernado em couro. Por mais que tentasse dizer a mim mesma que estava contente almoçando sozinha, não podia negar que gostava da companhia de Roman. Ele era fácil de conversar e, provavelmente, o primeiro amigo de verdade que tive em um bom tempo. Ele era bonito sim e embora me envergonhasse da ideia de ter um caso com ele, disse a mim mesma que precisava dele muito mais como um amigo do que qualquer outra coisa. Eu era apaixonada pelo meu marido e mesmo o conforto dos braços de Roman num caso de uma noite não ia mudar isso. E também não seria justo tratar Roman dessa maneira depois de tudo o que ele estava fazendo para mim. — Não quero prendê-lo, — eu finalmente disse. — Você está
acompanhado por amigos. Não tinha a intenção de soar tão deprimente. — isso era para ser uma piada.
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— Jerry parece ser amigo do seu marido também. — Michael pode ser muito encantador quando ele quer ser. Ele
não tem muitos inimigos. Uma expressão estranha atravessou seu rosto, que apertou seus lábios e puxou a testa. Parecia que ele queria dizer alguma coisa, mas ele não fez. — Se importa se eu me juntar a você? — ele perguntou de repente,
puxando o seu telefone e movendo os dedos sobre a tela. Fui pega de surpresa com a pergunta e levei um minuto para a minha voz sair. — Mas e os seus— Já mandei uma mensagem para Jerry, — disse ele, segurando o
telefone para eu ver. Ele sorriu, em seguida, o colocou em cima da mesa e se inclinou na cadeira. — Parece que você está presa comigo agora. Não era assim que eu via, mas sabia que ele estava me provocando. Combinando seu sorriso, me inclinei para frente. — Eu poderia pensar em coisas piores. Seus olhos percorreram meu rosto rapidamente, antes que desviasse o olhar. Toda vez que olhava para mim, sentia como se ele estivesse vendo alguém que não existia, uma mulher com muito mais a oferecer. Sentia como se ele visse a mulher que eu queria ser e gostei. Pegamos os cardápios para fazer nossas escolhas. Olhei para as diversas opções e não podia deixar de me sentir feliz. As coisas estavam mudando para mim. Estava me sentindo melhor e parecia melhor. Roman tinha feito tanto por mim e nós estávamos apenas começando. — Samantha? — a voz de Roman atravessou a mesa e enviou
calafrios aos meus braços. Quando olhei para cima, Roman ainda estava olhando para o seu cardápio e fiquei me perguntando se realmente o ouvi chamar meu nome. Em seguida, seus olhos encontraram os meus. — Eu. — ele disse uma simples palavra. Sua voz profunda e severa como se estivesse fazendo um ponto importante. — Você tem u.
Como um amigo.
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Capítulo Nove ROMAN NO DIA SEGUINTE, Samantha entrou no meu escritório parecendo uma nova mulher. Não era apenas o novo penteado, a maneira como a luz irradiava de seus fios louros ou as luzes que ela fez no cabelo, era o jeito que ela se comportou. Seus ombros não estavam tão tensos. Sua postura estava melhor - mantendo a cabeça elevada e ela estava radiante. Seu sorriso rivalizava com a luz do sol que se derramava através das janelas do meu escritório e, mais de uma vez, me peguei olhando para ela e pra a forma como ela era bonita. Era como se sua beleza estivesse florescendo bem na frente dos meus olhos. Rapidamente, vasculhei alguns papeis na minha mesa e limpei minha garganta. Qualquer coisa que tirasse meus olhos dela. — Não tive a chance de te perguntar ontem na hora do almoço, mas você desfrutou do seu tempo no spa? — perguntei. Em seguida, a memória de toda a nossa conversa sobre o spa passou em minha mente. Senti um rubor, coisa que não acontecia muitas vezes. Sua pequena risada foi a cura para meu embaraço e para o dia ruim que eu estava tendo. O estresse do meu trabalho deixou meu peito, me permitindo respirar pela primeira vez durante todo o dia. Em vez de afirmar o óbvio, que já tínhamos falado sobre o spa, ela respondeu à minha pergunta. — Muito. Eu não tinha ideia de quanto precisava relaxar. Obrigada. Meu sorriso correspondeu o dela. Me senti estúpido quando percebi o quanto estava sorrindo. — Foi um prazer. Se eu achava que ela era bonita antes, ela ficava ainda mais requintada com um sorriso no rosto. Seus olhos brilharam quando ela olhou para mim e, brevemente perdi minha respiração. Me virei e tomei o assento. — Então, vamos seguir em frente para a etapa três? — perguntei.
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Mais uma vez, ela riu. — Espere. Há passos a seguir agora? — ela passou as mãos através das ondas longas de seu cabelo, como se ela soubesse que estava prendendo minha atenção. Foi então que notei as unhas pintadas de um rosa suave. Rapidamente, um flash de suas unhas pintadas de rosa na minha pele passou pela minha mente antes eu afastar o pensamento. — O que é isso - Projeto Samantha? — ela perguntou. Um nome bonito para uma mulher deslumbrante. Saboreei o fato de que nós estávamos nos tratando pelo primeiro nome. Fazia parecer algo pessoal com ela menos estressada. Ficar sob a pele de alguém e descobrir informações tornam tudo mais pessoal. — Não. Este definitivamente não é o Projeto Samantha. — eu não conseguia tirar o sorriso das minhas palavras. — Vamos apenas dizer que este é um tipo diferente de procedimento. Um que pode ser melhor do que qualquer coisa que posso fazer com meu bisturi. — Ok, então. Vamos prosseguir com o procedimento, — ela zombou. Gostei deste lado dela - um lado lúdico - que não parecia ela quando estava a segundos de quebrar. Já via nela uma pessoa diferente e nós apenas começamos. Até o momento que terminasse com ela, Michael Aldridge comeria em sua mão. — Tudo bem então. Vamos sair daqui. Há alguém que quero que você conheça Confusão encheu seus olhos, mas ela pegou sua bolsa e seguiu atrás de mim quando levantei para sair. Abrindo a porta, dei um passo para o lado para deixá-la ir a minha frente. O homem em mim olhou para baixo e a viu caminhar pelo corredor antes do profissional tomar lugar e me forçar a olhar para longe. O calor de Miami queimou meu rosto quando sai do edifício. Apertando os olhos contra o sol, deslizei meus óculos e apertei o botão de desbloqueio na chave. As luzes piscaram e um pequeno sinal sonoro soou do meu carro, que estava no estacionamento ao lado do edifício. — Seu? — ela perguntou. — Meu, — eu disse, abrindo a porta do passageiro para ela. Ela sorriu para mim como se algo tão inocente como abrir uma porta de carro para ela nunca tivesse acontecido. Mais uma vez, o ódio por Michael Aldridge tomou conta de mim. ~ 57 ~
Depois que fiquei confortável no assento do motorista e engrenei o carro, ela colocou o cinto de segurança e virou para mim. Excitação enchia seus olhos, a fazendo parecer mais jovem do que seus trinta anos. Ela estava praticamente pulando no assento. — Para onde estamos indo? — ela perguntou. Divertido, coloquei o carro em movimento estacionamento. — Você vai descobrir em breve.
e
saí
do
No caminho, ela se mexeu ansiosamente no banco do passageiro, fazendo beicinho porque me recusei a dizer para onde estávamos indo. Ela olhou para mim confusa quando chegamos ao Hospital St. Vincent, o hospital infantil onde passava um bocado do meu tempo. — Sem perguntas. Só venha, — eu a lembrei. Ela sorriu para mim e acenou em compreensão. Eu podia ver a luz de alegria em seus olhos e eu estava feliz porque ela estava lá. Chegando à minha vaga, coloquei o carro em ponto morto e puxei o freio de mão. — Eu nunca aprendi a dirigir com câmbio manual, — disse ela, enquanto me observava estacionar o carro. — Talvez isso seja algo para adicionar à sua lista de coisas a fazer, — eu disse. Ela sorriu. — Nunca pensei em fazer uma lista de coisas a fazer, — se virando para me espreitar, ela perguntou: — Você pensou? — Sim. Você deve começar uma. — Talvez eu faça, — disse ela antes de sair do meu carro e fechar a porta atrás dela. O cheiro do seu perfume suave flutuava profundamente antes de sair do meu carro também.
e
eu
respirei
Ela deu alguns passos atrás de mim, me seguindo em direção ao elevador. Não gostei dela achar que precisava andar atrás de mim e não ao meu lado. Sabia que alguns homens provavelmente não teriam notado. Era óbvio que Michael não notou, mas eu notei. Ela precisava aprender a andar comigo, não atrás de mim. Esperançosamente ela iria para casa e faria o mesmo com Michael. Se ela visse a si mesma como igual, então ele iria em breve começar a vê-la como sua igual também.
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Retardando meu ritmo, diminui os passos e caminhei ao lado dela. Ela notou e hesitantemente olhou para mim com um leve vinco em sua testa. — Você está com vergonha de ser vista comigo? — provoquei. Ela franziu a testa. — Por quê? — Você anda atrás de mim como se não quisesse que ninguém soubesse que estamos juntos. — apesar da gravidade da minha pergunta, deixei meu sorriso no rosto. Ela riu. — Claro que não. Eu só ando devagar. Michael está sempre me dizendo como sou lenta. — ela fez um som que parecia uma risadinha. — Mas quando ando rápido, ele quer saber qual é a pressa. Homens. — ela balançou a cabeça. Seus olhos estavam brincando quando sorriu para mim, mas não gostei dela categorizar a insensibilidade de Michael como um traço geral dos homens. Quando passei meus dedos em torno do seu braço, sua pele macia estava quente sob a minha palma. Nós andamos juntos, no mesmo ritmo, caminhos iguais. — Você não anda muito devagar ou rápido demais, Samantha e você merece ficar ao lado da pessoa que está com você e não ser deixada pra trás. Nós alcançamos as portas do elevador. Apertei o botão e ele se iluminou enquanto esperávamos as portas se abrirem. Ela ficou em silêncio ao meu lado, nossos ombros roçando um no outro brevemente e eu podia sentir seu calor. Olhei para o seu reflexo nas portas de aço do elevador até que elas abriram, dividindo nossas imagens. Entramos no elevador vazio, eu fui rápido ao apertar o botão antes que alguém pudesse se juntar a nós. Eu sabia que Samantha não tinha terminado nossa conversa e queria que ela fosse capaz de dizer o que precisava dizer. As portas pareciam fechar em câmera lenta, mas fecharam antes que alguém pudesse se juntar a nós. Suspirei de alívio enquanto esperava Samantha dizer alguma coisa. — Acho que envergonho Michael porque não me comporto da mesma forma que as outras esposas. Michael nunca foi o tipo meloso, mas ele costumava segurar a minha mão e me esperar. Em algum
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momento no tempo, ele parou. Acho que eu não era boa o suficiente mais. O elevador chegou ao andar e eu não queria que as portas abrissem. Parei na frente da porta, a impedindo de sair e olhei no rosto de Samantha. — Nem todos os homens são assim, Samantha. Eu não sou assim. Quero você perto de mim, não atrás. Sempre vou esperar por você, ok? Um sorriso lento se estendeu em seus lábios. — Ok. Sorrindo, me afastei e ela caminhou à minha frente, esperando até que eu andasse com ela em direção a estação da enfermagem. Nós estávamos no sétimo andar do hospital, na unidade de queimados. Como sempre, havia quatro enfermeiras na recepção e cada uma delas estava ocupada. Eu sabia que a maioria delas trabalhava dia e noite para cuidar das crianças. As enfermeiras eram sua esperança, sua força, sua risada e mais importante, as guardiãs do pudim de chocolate e do sorvete. Sorri para a minha enfermeira favorita, Linda, quando me inclinei sobre o balcão e pisquei para ela. — Dr. Blake, que bom te ver hoje. As crianças vão ficar muito felizes em vê-lo, — disse ela enquanto tirava três prontuários e me entregou. — A sensação é completamente mútua, — eu disse enquanto folheava os prontuários e me atualizava das informações que as enfermeiras da noite escreveram. — Acho que Tori me perguntou pelo menos trinta vezes se você viria hoje. Ela está animada para você conhecer o novato. — Linda levantou os olhos para mim e me deu um olhar. — Qual o nome dele? Ela riu. — David. David Reynolds. — e então sua expressão mudou e ela parecia triste. — Depois da noite passada, estou feliz que ela conheceu David hoje. Essa pobre menina precisava de um bom dia. — Obrigado, Linda. Estou feliz que você estava com ela ontem à noite. — inclinando perto e olhando em volta para me certificar de que
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ninguém estava próximo para ouvir, sussurrei. — Você sabe que é a nossa número um, certo? Sorri quando o rubor tomou conta das bochechas da velha mulher. Pegando alguns prontuários em cima do balcão, ela fingiu se ocupar com eles. — Tenho certeza que você diz isso para todas as enfermeiras, Dr. Roman. Ouvi Samantha rir ao meu lado e não consegui controlar meu sorriso quando virei para encará-la. — Você está do lado dela? — brinquei com ela. Ela ergueu as mãos no ar. — Sou apenas uma visitante passeando por aqui. — Uh-huh. Linda, esta é Samantha Aldridge. Samantha, esta é Linda. Minha enfermeira favorita. Linda e Samantha riram, apertando as mãos. Elas começaram a falar enquanto eu olhava o prontuário de Tori. Aparentemente, Tori teve uma noite difícil e precisou de remédios contra a dor. Doeu meu coração ao ler essa parte. Eu podia sentir o olhar de Samantha no meu perfil enquanto lia cada prontuário completamente. Quando me virei para encará-la, a peguei olhando e uma doce cor rosa cobriu suas bochechas. Adorava o fato dela mesmo sendo uma mulher casada, ainda ter inocência suficiente para corar. Era uma característica extremamente atraente. — Obrigado Linda, — eu disse quando a conversa das mulheres acabou. — Não diga a eles que estou aqui. Quero surpreendê-los. Me afastando, eu disse: — Vamos lá. Há algumas pessoas incríveis que quero que você conheça. — chefiei o caminho pelo corredor até o quarto de Tori primeiro. Seus saltos clicavam suavemente no corredor acarpetado e o cheiro de seu perfume suave passeou em meu rosto. Podia sentir o calor do corpo dela ao meu lado. Ela estava tão perto. Eu gostei. Parei subtamente na porta de Tori. Samantha não estava prestando atenção e me deu um encontrão, acendendo algo que fez queimar dentro de mim. — Tudo bem? — perguntei. ~ 61 ~
Timidamente enfiando uma mecha de cabelo atrás da orelha, ela sorriu para mim e acenou com a cabeça. Eu desejava tocar o cabelo dela do mesmo jeito que ela tocou. Passar meus dedos através de seus fios louros com suavidade antes de aproximá-lo do meu nariz e cheirar as mechas. Seu xampu tinha um perfume incrível. Dei algumas baforadas quando ela acertou os longos fios ao meu lado. Era um afrodisíaco. Mais uma vez, tive que me livrar da ideia e ajustar minha maneira de pensar. O rosto de Tori se iluminou quando entrei e eu não conseguia tirar o sorrisão que tomou meu rosto. A menina se tornou muito especial para mim. Bastava vê-la para o meu dia ficar melhor. E ficava ainda melhor nos dias em que ela sorria. — Dr. Roman! — ela gritou de sua cama no hospital. Seu rosto estava curando bem, as queimaduras ainda perceptíveis, mas a nova pele que enxertei aderiu muito bem. Ela precisaria de mais cirurgias, mas ainda assim, mesmo com a maior parte do seu rosto coberto de queimaduras, ela era uma menina linda. — Tori! — respondi, soando tão animado quanto ela. — Como você está se sentindo hoje, amor? — perguntei, estendendo a mão para despentear o cabelo macio que estava crescendo desde o incêndio. — Estou bem, — disse ela. E, em seguida, seu rosto caiu, quebrando meu coração e me fazendo sentir como se meu estômago estivesse no fundo do poço. — Me conta. O que houve? — perguntei. — Ele não veio. Ela estava falando do pai, que de repente encontrou dificuldades para aparecer e visitar sua filha. Sua mãe estava aqui diariamente, mas o pai dela eu só tinha visto uma ou duas vezes. — Tenho certeza de que ele está ocupado, Tori, — eu disse, tristeza passando na minha voz. Alcancei meu bolso, retirei uma concha e sentei em sua cama. Seus olhos iluminaram e ela sorriu para mim. — Você me trouxe outra. Muito obrigada, Dr. Roman.
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Ela se levantou lentamente da cama e saiu mancando até o outro lado do quarto para a mesa onde todas as conchas que eu trouxe estavam. Uma vez ela disse que queria ser bonita como uma sereia. Eu lhe disse que ela era mais bonita do que uma sereia e, desde então, trouxe uma nova concha cada vez que a visitava. Eu procurava nas praias de Miami, buscando na areia uma concha sem marca e que fosse perfeita o suficiente para uma menina tão doce. Arruinei dois pares de sapatos caros nessas buscas, mas valeu a pena cada centavo que paguei. No caminho de volta para sua cama, seus olhos pousaram em Samantha, que estava de pé na soleira da porta. Vi como sua autoconfiança definhou e ela virou a cabeça para baixo, como se para cobrir as cicatrizes das queimaduras. — Como fui rude. Tori, esta é minha boa amiga, Samantha. — fiz um gesto para Samantha entrar. — Samantha, te apresento Tori a sereia, também conhecida como uma de minhas pacientes favoritas. O rosto de Tori iluminou com as minhas palavras e ela subiu de volta na cama dela. De repente, estava preocupado se havia superestimado Samantha. E se ela fosse tão mesquinha quanto os círculos que frequentava? E se ela olhasse Tori e suas queimaduras e a aversão tomasse seu rosto? Eu não tinha certeza se seria capaz de olhar para ela de novo, muito menos ajudá-la se ela não mostrasse a Tori nada menos do que a bondade que ela merecia. Samantha entrou no quarto, um brilho de luz nos olhos como se ela estivesse prestes a chorar e então ela sorriu. — Olá, sereia Tori. Devo supor que suas barbatanas e cauda só aparecem quando você está no oceano? — ela perguntou brincando. Tori riu alto, demosntrando os oito anos de idade que tinha e algo dentro de mim mudou. Me afastei um pouco e vi como Samantha se sentou na cadeira ao lado da cama de Tori, brincando e rindo com ela. Nem uma vez seus olhos a traíram. Nenhuma vez ela olhou para longe da pele de Tori. Era como se ela não tivesse visto as suas cicatrizes e queimaduras e eu não pude deixar de apreciá-la ainda mais. Quando chegou a hora de sair, ela se inclinou e abraçou Tori. Um sorriso puxou seus lábios quando ela se inclinou e cochichou alguma coisa no ouvido de Tori que fez a pequena menina brilhar ainda mais.
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— Foi ótimo conhecê-la, Tori. Tente não dar ao Dr. um momento difícil quando eu não estiver por perto. — ela sorriu para mim. Eu sorri, bagunçando o cabelo de Tori mais uma vez e disse a ela que a veria em breve. Visitamos mais dois dos meus pacientes. Um de seis anos de idade chamado Logan, que tinha queimaduras químicas em todo o estômago. Ele era produto de um caso extremo de abuso infantil. E Bailey, que havia perdido metade da sua visão e queimado o rosto em um incêndio em casa. Ela também era muito possivelmente a mais inteligente menina de dez anos que já tive o privilégio de conhecer. Durante todas as visitas, Samantha foi doce com cada criança. Ela conversou com elas como se não estivessem na unidade de queimados de um hospital infantil, mas como se fossem apenas crianças divertidas e normais. Ela bateu os cílios para Logan quando ele a chamou de bonita e deu uma pequena lição de maquiagem a Bailey com uma sombra rosa que a menina tinha para brincar em seu quarto. Ela foi incrível. Vendo como verdadeiramente incrível foi abrir seus olhos. Iria ajudá-la, não importa quanto custasse. Iria ajudá-la, mesmo sabendo que o homem por quem ela estava fazendo tudo isso era um idiota inútil, que não merecia beijar os dedos de seus pés. Abri a porta do carro para ela quando saímos do hospital e ela sorriu para mim depois de subir. Seu sorriso era contagiante e depois de vê-la com as crianças, não podia tirar isso da mente e queria abraçála. Depois de colocar o meu cinto de segurança e ligar o carro, ela se virou para mim e capturou minha atenção. A excitação em seus olhos era algo que eu pagaria para ver todos os dias. Eu balancei minha cabeça. — Você parece outra pessoa, sabia disso? — Pareço? — o sorriso dela caiu e confusão marcou suas sobrancelhas. — O engraçado é que você não percebe como você é maravilhosa, Samantha Aldridge. O carro ficou em silêncio e seus olhos se moveram sobre meu rosto como se estivesse verificando para ver se eu estava brincando com ela. Se sentindo confiante de que eu estava realmente falando sério, ela
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estendeu a mão e de brincadeira bateu no meu braço e sorriu antes de virar e enganchar o cinto de segurança. Mudando rapidamente de assunto, ela alisou o cabelo para baixo, atrás do ombro e se virou para mim novamente. — Então, o animadamente.
que vem depois, Doutor?
—
ela perguntou
Eu ri para mim mesmo quando peguei o tráfego. — Estou feliz que você perguntou. Você tem um animal de estimação? — perguntei.
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Capítulo Dez SAMANTHA NUNCA TINHA VISTO nada mais bonito do que a forma como Roman trata as crianças no hospital. Mesmo com queimaduras em mais de cinquenta por cento de seus corpos, eles ainda eram capazes de sorrir e brincar alegremente. Me senti baixa e inferior na verdade. Poucos dias antes, eu estava praticamente implorando à Roman para mudar meu rosto perfeitamente bom, enquanto havia belos garotos e garotas que nunca terão a mesma aparência de novo. Roman ao me levar para o hospital para atender seus jovens pacientes me ensinou algo sobre mim que nunca soube antes. Eu era egoísta. Me sentei em silêncio no assento ao lado dele e pensei sobre todas as coisas que queria mudar em mim mesma. Me senti estúpida e ingênua. Decidi naquele momento que, independentemente do que acontecesse com o ‘procedimento’ de Roman, não optaria por uma cirurgia estética. Eu não precisava disso. As crianças do hospital sim. Estava começando a entender Roman e as suas razões para a cirurgia reconstrutiva no lugar de estéticas. — Um centavo pelos seus pensamentos? — falou Roman no banco do motorista. — Obrigada por me levar lá, — eu disse. Não preciso explicar por que estava agradecendo a ele. Ele olhou para mim e acenou com compreensão. — Obrigado você, — ele respondeu. — Pelo quê? Eu não fiz nada. — Você fez mais do que imagina. Você falou com eles. Você foi brincalhona e não mostrou repugnância em seus olhos. Nenhuma vez você olhou fixamente. Eles precisavam disso. Fiquei confusa com suas palavras. Por que alguém iria ficar com nojo das crianças? — Eles são apenas crianças e não havia nada de nojento sobre qualquer um deles.
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E, em seguida, Roman me surpreendeu quando ele estendeu a mão e agarrou a minha. Quando ele a apertou suavemente em sua grande mão quente, uma sensação de euforia se moveu através de mim. O calor de sua mão subiu para o meu pulso até que meu braço estava quente e meu corpo estava ficando corado. Nunca tinha experimentado nada parecido com algo tão simples como alguém agarrando minha mão. Assim que isso aconteceu, ele soltou minha mão e voltou seus olhos para a estrada mais uma vez. Ele não estava incomodado com o toque, mas eu senti como se estivesse chegando a rebentar pelas costuras. Foi confuso para mim, estava mais para chocada por não ser tocada por tanto tempo. A cidade ficou familiar quando passamos por várias ruas. Os edifícios mudaram de tamanho e as calçadas ficaram cheias de pessoas na correria da vida diária. Finalmente, ele estacionou em frente a um edifício e começou a desatar o cinto de segurança. Olhando para a placa, eu sorri. — Abrigo de animais de Miami? — perguntei confusa. Porque no mundo ele estaria me levando ao abrigo de animais? Ele também ajuda os animais? Um sorriso largo curvou os lábios de Roman. — Me siga. Havia filas e filas de animais para adoção. Quando enfiei meu dedo em uma das gaiolas, um minúsculo gatinho preto bateu suas costas no meu dedo de maneira fofa. Arrulhei para ele, com certeza nunca tinha visto nada mais doce. Roman estava ao meu lado e olhava como se eu fosse parte de uma exposição. Ele ficou de pé, as mãos travadas atrás das costas, enquanto fui de gaiola em gaiola admirando os animais. Ele não falou, mas apenas sua presença era calmante. Nas últimas horas, aprendi que Roman me fazia sentir feminina e admirada. Mesmo com algo tão pequeno como segurar a porta do carro para mim, ele tornava o meu dia melhor. Nós nos mudamos para os cães, o som de cachorros latindo e o cheiro distinto de cachorro encheu o ar. Eu não me importava. Na verdade, era algo que nunca conheci. Nunca tive um animal de estimação. Meu pai era alérgico e Michael disse que eles eram criaturas repulsivas, mas eu podia entender por que as pessoas os queriam. Eles
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eram divertidos e tinha que admitir que ter alguém que não seja Michael para ir para casa era uma ideia adorável. As senhoras do abrigo não tiravam os olhos de Roman. Ele se movia ao redor da sala, olhando para cada animal e, ocasionalmente, sorrindo para mim como se eu fosse louca por falar com os animais como se eles me entendessem. Eu sabia o que as senhoras viam porque eu via isso também. Eu era casada, não era cega. Roman era bonito, não apenas na forma como ele parecia, mas na maneira como ele olhava para as pessoas. Era difícil tirar os olhos de cima dele. Quando me movi ao redor da sala, meus olhos pousaram em um grande cão preto. Ele estava sujo e era muito grande para a gaiola em que estava. Sua pele pendia de seu corpo magro e eu tinha certeza que ele estava precisando de um banho quente, sabão, mas algo em seus olhos me fez lembrar de Roman. Eles eram caramelos. Quando pisei até sua jaula, ele abaixou a cabeça de um modo assustadiço e deu aos meus dedos uma rápida lambida antes de recuar para a parte traseira de sua jaula. Ele parecia com medo e maltratado, como se ele fosse minha alma gêmea. Entendi sua necessidade de esconder sua necessidade de afeto e seu medo de tentar obtê-lo. — Está tudo bem, — disse suavemente enquanto me ajoelhava à frente de sua jaula. Seus olhos grandes e amigáveis olharam para mim e, mais uma vez, ele se aproximou um pouco para dar a minha mão uma lambida rápida. — Eu acho que ele gosta de você, — disse Roman do meu lado. — Eu gosto dele também, — eu disse com um sorriso. — Ele me lembra você. — as palavras saíram da minha boca antes que eu percebesse o quão terrível soou. — Você está me comparando a um cão? — perguntou Roman, mas eu podia ouvir o sorriso em sua voz acima de onde estava ajoelhada. — O que quero dizer é que ele é amigável. Seus olhos são claros e amigáveis como os seus. Posso sentir a segurança em torno dele. — mantive minha cabeça baixa, regando o grande cão com a atenção que eu tinha certeza de que ele precisava. Ele não era o animal mais bonito no abrigo e tinha certeza de que ninguém poderia me dizer qual a raça dele. Havia manchas de falta de
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pêlos ao longo de suas patas traseiras e parecia como se alguém pudesse ter colocado algo ruim em torno do seu pescoço em algum momento, mas ainda assim, não conseguia tirar os olhos dele. Ele era apenas um cão grande, doce com necessidade de carinho e eu o entendia. — Você o quer? — perguntou Roman. — Eu acho que quero. E assim, Roman o fez meu. Depois de toda a papelada e uma longa hora de espera para eles trazerem o cão, eu estava surpresa que Roman estava totalmente bem em colocar o gigante cão fedido na parte de trás de seu carro esporte caro e elegante. Duke, como eu tão docemente chamei, ocupou todo o banco de trás e tinha um problema sério com gases. A viagem de volta ao escritório de Roman foi gasta rindo com as janelas abertas.
— VENHA, DUKE. Sinta-se em casa, mas não fique muito confortável em fazer nada no chão ou em qualquer lugar, — eu disse com um sorriso enquanto apresentava a casa ao meu novo animal de estimação. A última coisa que eu queria era ele deixando alguma surpresa ou mau cheiro em qualquer lugar. Não sabia se era adestrado, mas passei pela loja de animais e peguei tudo o que precisava, juntamente com alguns panfletos sobre como treinar um cão mais velho. Passei o resto da tarde com Duke. Dei a ele um banho e o alimentei, antes de levá-lo para o quintal para que ele pudesse se familiarizar com a sua nova casa. Ele estava tímido e acanhado no início, mas logo pegou um esquilo em sua visão e correu todo o quintal, latindo e pulando de felicidade pura. Eu o salvei do que tinha certeza ser uma morte iminente no abrigo e me senti bem. Sorri para mim enquanto pensava sobre o dia que tive com Roman. Pensei em como ele era com as crianças no hospital e como ele tinha brincado com um filhote de cachorro minúsculo no abrigo, mas tinha parado imediatamente, como se fosse muito viril para tal ato quando me pegou olhando para ele.
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Ele realmente era um homem especial e a mulher que finalmente o pegasse eu tinha certeza que seria uma garota de sorte. — Duke! — chamei quando estava pronta para voltar para dentro. — Vamos lá, garoto! Ele se virou como se ele já soubesse seu nome e correu de volta para mim, as orelhas batendo e língua de fora. Quando chegou a mim, passou o nariz molhado na minha mão antes de dar uma lambida rápida. Me inclinando, passei meus dedos pelo seu pêlo curto e dei a ele um agradável carinho atrás de suas orelhas. — Que porra é essa? — disse Michael atrás de mim, quebrando o momento de felicidade e deixando tanto Duke quanto eu tensos. Duke rosnou baixinho ao meu lado como se já fosse meu grande protetor, me abaixei e o acalmei passando a mão no topo de sua cabeça. — Eu... uum... — gaguejei. — De onde é que essa coisa nojenta vem? — perguntou Michael. — Peguei ele do abrigo de animais. Ele é apenas um cachorro idoso, — eu disse como se estivesse falando com um bebê. Me curvando, peguei o focinho de Duke em minhas mãos e enterrei os dedos em sua pele. — Leve ele de volta, — Michael falou. — Não quero um enorme vira-lata feioso deixando a casa fedida. Ele poderia ser rude comigo como quisesse, eu estava acostumada, mas fazer isso com um animal inocente não me faz sentir bem. De pé, limpei a minha calça e soprei o cabelo do meu rosto. — Eu não vou, — eu disse rispidamente. O rosto de Michael se transformou. Seus lábios apertaram e seus olhos se estreitaram. — Como é que é? — Eu disse... que não vou levá-lo de volta. Ele é meu. — dei um passo para frente. — Você me deixa sozinha nesta casa que é muito grande para duas pessoas, enquanto você sai fazendo Deus sabe o que, e estou cansada disso. Ele está aqui para me fazer companhia. Ele fica, — eu disse com firmeza.
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Michael olhou para mim como se eu fosse alguém que ele nunca tinha visto antes, se virou e voltou para a casa. Não perdi suas palavras quando ele gritou pela casa: — Ótimo! Talvez ele vá te foder! — antes da porta da frente bater e Duke e eu ficarmos sozinhos de novo.
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Capítulo Onze SAMANTHA EU NÃO VI Michael pelo resto da tarde e ele não voltou para casa naquela noite. Foi diferente desta vez, no entanto. Em vez de me sentar durante toda a noite me perguntando o que estava fazendo ou com quem Michael estava, fui para a cama sem preocupação. Ficar sozinha em casa não era terrível pela primeira vez assim que Duke decidiu fixar residência no chão ao pé da minha cama. Eu assisti à televisão antes de cair em um sono tranquilo. Na manhã seguinte, levei Duke para fora para lidar com as suas necessidades e depois nos sentamos juntos na cozinha e tomamos café da manhã. Eu não estava delirando, entendia que Duke era um cachorro, mas tinha que admitir que era bom não estar sozinha. A maneira como ele me olhava com um sorriso era o suficiente para mim. Por volta das nove horas da manhã recebi uma chamada do consultório de Roman. Era a enfermeira bonita que sempre me conduzia até o consultório de Roman. Sabia disso porque sua voz era familiar e descobri o nome dela, Melanie, quando fui ao consultório. — Senhora Aldridge, Dr. Blake gostaria que você fosse encontrá-lo no parque David T. Kennedy às dez. Posso ligar pra ele e dizer se você está disponível? Sorri secretamente para mim mesma. Roman tinha de alguma forma se tornado um amigo e estava animada para passar um tempo com ele novamente. Era como se eu fosse capaz de me afastar da minha vida e ser eu mesma. Roman não julgava. Ele não olhava para mim como se eu fosse a pessoa viva mais nojenta e isso era exatamente o que precisava. — Por favor, deixe Dr. Blake saber que estarei lá. — Perfeito. Ele também pediu que você se vista confortavelmente. — Vou fazer isso. Muito obrigada. — sorri ao telefone. — Senhora Aldridge? — a mulher falou.
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— Sim? — Dr. Blake gostaria que você levasse Duke. Sorri para o telefone. — Obrigada. Desligando, fiz meu caminho para cima. Havia um vigor no meu passo e estava animada para ver qual seria o próximo passo no Projeto Samantha.
ATRAVESSEI Coconut Grove com as janelas abaixadas e a cabeça de Duke saindo da janela. O cheiro do mar encheu meu carro e a brisa salgada movia meu cabelo. Parando num sinal com luz vermelha, sorri para um casal que estava sentado na calçada de um bistrô local. Inclinando-se sobre a mesa de ferro, eles sorriam felizes, completamente perdidos nos olhos um do outro. Suspirei e apreciei a vista até o carro que estava atrás buzinando, me deixando saber que a luz estava verde. As palmeiras que ladeavam a rua se moviam na direção do meu carro quando acelerei passando por elas e o borrão de hotéis chiques e carros passaram pelo canto do meu olho. Quando cheguei ao parque, fiquei satisfeita com as pessoas passeando com seus cães e com os homens que jogavam Frisbee7 ao longe. Era um dia de semana, mas as pessoas ainda jogavam como se o fim de semana estivesse batendo a porta. As pessoas viviam e pela primeira vez, eu estava feliz de ser parte disso. Saindo do meu carro, ajustei minha calça de yoga e puxei minha blusa rosa para baixo para cobrir meu estômago. Parecia estranho sair de casa vestida de forma tão casual, mas não era como se houvesse mulheres de ternos e Jimmy Choos caminhando ao redor do parque. Eu me encaixava, o que era bom. Duke puxava a coleira, querendo cheirar tudo e todos e fomos em busca de Roman. Nós o encontramos à nossa espera na placa de entrada. Ele não tinha me visto ainda, mas eu vi quando ele esticou o corpo magro e rolou seu pescoço em seus ombros, como se estivesse se preparando para um treino duro. Seu moletom cinza pendia sobre seus quadris e os cordões eram a única coisa segurando. Seus sapatos caros foram substituídos por tênis e estava com uma camisa sem mangas.
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Frisbee: brinquedo de plástico em forma de disco para ser lançado no ar. ~ 73 ~
Foi-se o profissional e em seu lugar, um homem alto, moreno e sexy estava pronto para suar. Sentindo meu olhar, ele se virou para mim e sorriu. Era um sorriso de reconhecimento - um que me disse que ele sabia que eu estava olhando, mas não conseguia desviar o olhar. Em vez disso, enfiei a mão no bolso, retirando um elástico de cabelo e puxei meus cabelos em um rabo de cavalo. — Espero que você tenha vindo para trabalhar, — disse ele quando começou a alongar. — Hoje, vamos trabalhar nossos traseiros. — Isso é você basicamente me dizendo que preciso suar e emagrecer a minha bunda para melhorar minha autoestima? — eu brinquei. Ele se inclinou e se estendeu novamente, quebrando o nosso contato com os olhos. Ele olhou em direção ao céu enquanto fazia isso. — Não que eu tenha notado, mas sua bunda ainda dá um bom caldo. — e então eu ri. Era bobagem, mas bastava saber que Roman verificou minha bunda para fazer o meu dia perfeito. — Ora, doutor Blake, você está admitindo que olhou para a minha bunda? Que profissional da sua parte, — brinquei novamente. Ele olhou para mim antes de rolar os olhos e sorrir. — Você pode querer se alongar. Eu não sou de pegar leve com uma garota. Ele estava falando sobre como exercitar, mas de repente, imaginei Roman em cima de mim, esticando o pescoço quando ele batia no meu corpo ritmicamente. Tão rápido como a visão veio, afastei o pensamento. Entrei em erupção rapidamente e meu sorriso caiu. Me virando para o lado, comecei a esticar meus braços e pernas como se soubesse o que estava fazendo. Nós corremos com nossos tênis batendo nas trilhas de caminhada do parque. Nenhum de nós falou e os sons da nossa respiração encheu o momento. Para mim, era bom correr e meus músculos empurraram. Minha mente ficou clara e fui capaz de pensar nos últimos anos. Pensei sobre o meu casamento. Pensei sobre a perda do meu pai e como não tive realmente uma chance para lamentar sua morte. Não era como se tivesse preparada para isso, mas meu pai fez questão de ser honesto comigo sempre. Ele sabia que estava morrendo. Ele sabia a partir do momento que o oncologista deu o diagnóstico a ele. Não fazia sua perda mais fácil, mas ele a fez pesar menos. ~ 74 ~
Claro, ver alguém sofrer e implorar por sua próxima respiração colocava as coisas em perspectiva também. A morte foi mais pacífica do que ele achava. Eu não era tão egoísta a ponto de querer que ele ficasse comigo e passasse por isso. Sussurrei no ouvido dele que estava tudo bem ele me deixar e ele o fez com um sorriso calmo em seu rosto. — Você está se divertindo, — disse Roman do meu lado, interrompendo meus pensamentos. Eu estou. — É uma sensação boa, correr, — respondi. — É sim. Venho aqui pelo menos duas vezes por semana, se você quiser se juntar a mim. Exercício é bom para o espírito, mais do que para o corpo. — Você vem aqui duas vezes por semana? Te imaginei como um frequentador de academia. — Não. Eu gosto de estar ao ar livre. Além disso, estamos treinando. — Estamos? E treinando para quê? — eu disse com a respiração pesada, mas curiosa. — Há uma corrida de caridade para arrecadar dinheiro para St. Vincent, uma vez por ano. Vou correr e você também. Eu me perguntava se pararia de ser surpreendida por Roman Blake e decidi que deveria apenas esperar que ele fosse continuamente maravilhoso. Colocando minhas mãos em meus quadris, inclinei minha cabeça e dei a ele um olhar impressionado. — Você tem algo mais, você sabe né, Roman Blake? — eu disse com um sorriso. — Eu ficaria feliz em fazer isso com você. E eu quis dizer isso. Ele era a pessoa mais altruísta que tive o prazer de conhecer em um longo tempo. As coisas que ele faz para as crianças em St. Vincent, bem como as coisas que ele estava fazendo por mim, dizia muito sobre quem ele era. — Bem, obrigado, Sra. Aldridge, — ele respondeu brincando. — Acontece que eu penso o mesmo sobre você. — O que foi que você disse sobre não pegar leve comigo? — eu disse, pegando o ritmo e desfrutando da sensação de queimadura em minhas panturrilhas.
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Ele correspondeu a minha velocidade e sorriu para mim, um pedaço suado de cabelo escuro aderiu a sua testa, o fazendo parecer jovem e selvagem. E nós corremos. Nós corremos um ao lado do outro, ele facilitou para mim, mesmo dizendo que não o faria. Quando chegamos de volta no meu carro, me joguei sobre o capô, pressionei meu rosto suado contra o aço frio e respirei com dificuldade. Quando fiquei de pé e virei para Roman, ele estava atrás de mim, com as mãos nos quadris e um olhar estranho em seus olhos. — Você está bem? — perguntei. O olhar se apagou e novamente ele se virou para esticar seu corpo após a corrida. — Sim. Estou bem. Era por volta de meio-dia e meu estômago estava corroendo. — Acho que já que você me arrastou até aqui para me fazer trabalhar como um cão, o mínimo que poderia fazer é levar você para almoçar comigo. Há um fantástico restaurante italiano perto do seu consultório. Acho que você vai amá-lo. Parei quando percebi que soava como se estivesse convidando ele para um encontro. Na verdade, todo o dia de hoje teve uma vibração estranha, como se fosse um encontro. Honestamente, não odiei. — Quero dizer, se não puder, eu entendo perfeitamente. — tentei corrigir meu acidente. Ele se aproximou de mim. Estendendo a mão, ele arrancou uma folha do meu cabelo. — Isso parece ótimo. Estou faminto. Depois de deixar Duke em casa, nos encontramos no Mama Maria, ainda em nossas roupas de ginástica suadas. Nós dois estávamos famintos e eu não conseguia engolir a água que pedi na minha garganta rápido o suficiente. Água escorria pela minha boca e queixo, me parando. Eu ri quando bati em meu queixo. — Uau. Isso é atraente, não é? — brinquei. Seus olhos ficaram sérios antes dele se virar e olhar para o menu. Alguma coisa estava acontecendo em sua mente e eu queria saber o que era.
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— Não venho aqui há tanto tempo. Oh meu Deus, antes de sair, você tem que pedir uma bola de chocolate, — eu disse com muita emoção na minha voz. Roman finalmente riu. — Então corremos para chegarmos aqui e comermos chocolate?' Eu ri com ele. — Sim. — Parece que a nossa pequena corrida foi um pouco inútil se você me perguntar. — ele olhou para mim por trás do menu. Uma faísca brincalhona estava em seus olhos cor de uísque. Eu gostava de Roman brincalhão. — Não. Nossa corrida foi incrível. Eu sinto como se pudesse conquistar o mundo no momento. — eu sorri. — O que significa que poderia definitivamente comer uma bola de chocolate da Mama Maria. Além disso, eles não são apenas bolas de chocolate. Com um sorriso bonito, ele disse, — Oh, bem, então, por favor, me esclareça sobre essas bolas de chocolate famosas. — Olha só, elas são o equivalente a um biscoito da sorte achocolatado. Dentro das bolas, existe um billhete da sorte. Pedimos a nossa comida e falamos sobre exercícios, enquanto comíamos. Ele me contou como conheceu Stein e quanto tempo se conheciam. Foi uma conversa tão normal, amigável. — Eu admito Samantha, este lugar é tão delicioso quanto você disse. — Não é? Eu não posso acreditar que você trabalhou na frente a este pequeno pedaço do céu durante anos e nunca comeu aqui. — Eu não posso acreditar que deixei você arrastar a minha bunda aqui depois que nós corremos, — disse ele, se inclinando para longe da mesa e acariciando sua barriga lisa. Cada um pediu uma bola de chocolate e, embora eu protestasse, Roman pagou a conta. Abrindo a minha embalagem, mordi um pedaço quebrado de chocolate e desenrolei o billhete da sorte. Algo grande está bem na sua frente. Eu sorri para mim quando olhei para Roman. Minha sorte nunca foi tão certa.
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— O que o seu diz? — ele perguntou. Fechando o billhete da sorte, enfiei no bolso. — Disse que você vai se atrasar se não se levantar e ir.
DEPOIS DE DEIXAR ROMAN, dirigi direto para casa, me sentindo melhor do que estive em muito tempo. Entrei em casa e fui recebida por Duke e uma surpresa mal cheirosa dele na cozinha. Coloquei Duke para fora na parte de trás antes de limpar a bagunça. Quando acabei, subi para uma chuveirada e fui recebida por Michael na escada. — Onde você estava? — ele perguntou. Ele parecia calmo hoje, diferente. Era como se ele quisesse passar algum tempo comigo ou algo assim. — Fui correr, — respondi. Ele me seguiu da escada para o quarto, onde comecei a cavar através de roupas antes de entrar no chuveiro. — Desde quando você corre a menos que você esteja sendo perseguida? — ele brincou. Ele tinha a intenção de me desanimar, mas não pude deixar de rir. Minha risada tirou o sorriso do rosto de Michael. Eu poderia dizer que ele ficou irritado quando eu parecia tão imperturbável com sua observação. — Desde hoje. Achei muito relaxante, na verdade, — eu disse quando fechei minha gaveta de calcinhas com meu quadril. — Faz tempo que você gastou algum tempo com sua aparência, — disse ele. Mais uma vez, ele estava tentando me desanimar de novo, mas deixei passar. Não ia deixar ele me derrubar. Eu me sentia feliz e em um modo brincalhão, me virei e coloquei a minha bunda pra fora. — Então, o que você acha, Michael? Seus lábios se curvaram para cima, e confusão atravessou seu rosto. — O que acho sobre o quê? — ele perguntou.
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Esquecendo que já não estava com Roman, arqueei meu pescoço e novamente mostrei minha bunda. — Acha que minha bunda está decente? Os olhos de Michael se mudaram para o meu rosto, enchendo os olhos de desgosto. Foi uma bola fora e com apenas isso, meu bom humor desapareceu. — Eu acho que sua bunda é mole e você poderia fazer uns dois meses de ginástica. Não pense que sua pequena maquiagem melhorou algo. Ele se virou e saiu do quarto. O dia inteiro com Roman foi esquecido, abaixei e passei os dedos sobre meu estômago, sentindo os rolos de gordura que achei que poderiam ser tudo da minha cabeça. Todo o trabalho que Roman esteve colocando na minha mente e tentando me ajudar foi lavado e escorreu pelo ralo rapidamente. Um passo em frente e cinco passos para trás.
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Capítulo Doze ROMAN AS COISAS ESTAVAM MUDANDO, e cabia a mim evitar que isso acontecesse. Achei que talvez fosse hora de começar a namorar novamente. Fazer o que fosse preciso para manter minha cabeça no jogo e meus olhos fora dos seios de Samantha enquanto ela corria ao meu lado. Este não era eu. Eu não era esse tipo de cara. Sempre fui capaz de perceber se uma mulher que chegava até mim tinha um passado, por que não conseguia fazer o mesmo com uma mulher que era evidentemente muito apaixonada por seu não tão bom marido? Fiz uma promessa para ela e iria cumprir, mas as coisas estavam ficando cada vez mais difíceis quando se tratava dela. Eu a estava vendo em uma nova luz. Já a achava atraente, mas vê-la brincalhona e feliz com um sorriso radiante no rosto era como um soco no estômago. Não deveria ter aceitado a sua oferta para almoçar, mas estava pronto para ficar longe dela. Eu não queria pensar sobre o isso dizia sobre mim. Eu era um cavalheiro por completo e sabia nunca iria agir conforme meus pensamentos, mas fiquei enojado não poder controlá-los.
não que que por
Abrindo a minha bola de chocolate, meus olhos ficaram colados à boca de Samantha quando ela fechou os olhos e apreciou o pedaço de chocolate como se fosse um orgasmo. Me senti endurecer debaixo da mesa. Queria imediatamente pedir a ela perdão. Me senti sujo e com nojo de mim mesmo. Ler a sorte na minha mão não ajudou. O que você quer está bem na sua frente. Basta pegar. Claramente, o universo estava tentando me pegar.
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MINHA MÃE ADORAVA DANÇAR. Tinha lembranças dela comigo e minha irmã, Rachel, em torno da sala de família com um sorriso feliz, cantando e rindo. Era uma das minhas melhores memórias e por essa razão que, quando precisei encontrar alguma coisa que trouxesse confiança e felicidade para Samantha, pensei na dança. Dança de salão para ser exato. Fiz com que ela me encontrasse em uma academia de dança famosa em Miami ontem à tarde e quando ela entrou, vestindo um vestido e saltos que evidenciavam suas pernas e sua bunda, isso mexeu com minha cabeça e tive que desviar o olhar. Ela sorriu para mim enquanto fazia seu caminho através do brilhante piso de madeira até o lado em que eu estava na sala. — Como você sabia? — perguntou ela, o rosto corado de felicidade e os olhos brilhando. Eu havia feito isso. Coloquei a felicidade lá. Se tivesse que me afastar amanhã por estar ficando muito perto, iria embora sabendo que tinha feito isso. — Como é que sei o quê? — Que adicionei dançar na minha lista de coisas a fazer, — disse ela, deslizando a jaqueta e revelando um par de ombros lindamente queimados de sol. Eles imploravam para serem tocados, imploravam por meus beijos. Limpando a garganta seca, desviei o olhar. — Pensei que você não tivesse uma lista de coisas a fazer. Sabia que soava grosseiro e rude, mas não podia parar. Era a minha defesa, a única coisa que me mantinha em pé quando tinha o desejo de ajoelhar na frente dela. — Bem, graças a você comecei uma. Dança de salão é o número quatro da lista. Queria saber quais eram os desejos de um a três, mas não tive tempo de perguntar antes da Sra. Bright, a instrutora, nos puxar. Estávamos pressionados juntos, minha mão descansando na parte inferior das suas costas, sua pequena mão na minha, enquanto a outra descansava no meu ombro.
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O calor de seu corpo mudou em meu peito e o cheiro doce de sua pele me envolveu. Foi nesse exato momento que percebi o quão totalmente idiota fui ao escolher algo que iria nos forçar a estar perto. Talvez no mais íntimo da minha mente, eu sabia da proximidade. E ansiava por isso. A música começou e a Sra. Bright gritou ordens como um pequeno sargento. Logo, Samantha e eu atravessamos o salão como se tivéssemos dançado juntos muitas vezes. A levei ao redor da pista, meus olhos focados nos dela e era como se nada mais existisse. Ela não era minha paciente e ela definitivamente não era casada. Ela era apenas Samantha, eu era apenas Roman e nós estávamos dançando. — Muito bom, — disse Bright em seu sotaque espanhol. — Que belo casal vocês formam. Samantha apertou os lábios para não rir quando olhou para mim com seus olhos escuros e misteriosos. Não me incomodei em corrigir a professora. Eu estava preso na sensação dela tão perto de mim. — Isso é tudo o que esperava que fosse, — disse Samantha quando a girei e peguei seu cabelo no meu pulso. Nós não éramos os melhores na sala, mas nós estávamos fazendo funcionar. — Por que você nunca dançou se era isso que queria? — perguntei, embora tivesse certeza que já sabia a resposta. — Michael sempre foi muito tímido e quando mencionei isso, ele simplesmente nunca tinha tempo. E ainda não tem. — seu sorriso desapareceu e me chutei mentalmente por perguntar. Estendendo a mão, alisei suavemente uma mecha de seu cabelo macio. — Você está muito bonita hoje, Samantha. — fiz a ela um elogio e fui recompensado com outro sorriso de parar o coração. — Obrigada, Roman. Você está ótimo também, — disse ela, brincando. Ela falou como se estivéssemos ensaiando falas, como se o que eu disse fosse apenas por causa da nossa situação e como se estivesse tentando construir a sua confiança. Queria que ela soubesse que quis dizer o que disse. E não apenas por minhas próprias razões egoístas, mas porque elas eram verdadeiras. Quis dizer cada palavra e era importante que ela acreditasse nisso
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também. Não para mim, mas para si mesma. Ela precisava saber que ela era bonita e charmosa. — Samantha. — o nome dela correu de meus lábios num sussurro que achei que ela não fosse ouvir sobre a música. Ela estava olhando para os nossos pés, mas ela olhou para cima quando eu disse o nome dela. Assim como ela, eu senti seu pisão no meu pé. — Oh meu Deus, Roman! — seu rosto corou e ela olhou para mim com pavor completo em seus olhos. — Sinto muito. Machuquei você? Não pude deixar de rir. — Nenhum pouco. — Não sou uma dançarina muito boa. — Eu não sou um cantor muito bom, mas isso não me impede de cantar minhas músicas favoritas em voz alta. Você vai aprender e se você ainda estiver pisar no meu pé, nós vamos ter que dançar assim para o resto das aulas. Ela riu e amei o som. Foi ameno e doce. Mais doce do que a música suave que explodia nos alto-falantes. Mais bonito do que qualquer definição de beleza. — Você ia me dizer alguma coisa? — Huh? Ah, certo, sim. De repente, o que eu ia dizer a ela não parecia se enquadrar na conversa mais. Não sabia como trazer o assunto de volta, mas era importante que ela soubesse. Respirando fundo, comecei. — Eu quis dizer o que disse. Uma pequena ruga de expressão se formou entre as sobrancelhas com sua confusão. — Sobre a dança? Eu balancei minha cabeça. — Não, sobre você ser bonita. Seu sorriso desapareceu um pouco e ela não disse nada de imediato quando olhou nos meus olhos. Queria saber o que ela estava pensando e o que estava sentindo. Queria saber se talvez, apenas talvez, ela estava sentindo e pensando exatamente como eu. Queria perguntar, mas ela falou antes que eu tivesse a chance. — É fácil para eu acreditar nisso quando estou com você. Sou diferente com você, Roman. Você me faz diferente. ~ 83 ~
— Não, eu não faço. Eu só te mostro como te vejo e te trato como toda mulher deve ser tratada. Respeito as suas ideias e acho que suas palavras importam. Não só acho que você é bonita, mas acho o seu coração e sua compaixão bonitos também. Lágrimas brilhavam em seus olhos, mas eu sabia que não havia incomodado. Consegui tocar em uma parte dela que toda mulher queria ser tocada. Sua alma. Estava profundamente trancada em uma caixa e coberta por emoções e de alguma forma, minhas palavras foram capazes de penetrar o escudo. Fiquei feliz quando vi pela expressão dela que a lágrima que escorregou pelo seu rosto não era de tristeza, mas de doçura e sentimento. — Eu gostaria... — ela respirou fundo e a frase se perdeu. — O quê? — perguntei, aumentando o meu aperto sobre ela e a trazendo para perto de mim. Eu ansiava por suas palavras como se fosse minha próxima respiração. — Tudo bem, senhoras e senhores! — a instrutora interrompeu em voz alta. Ela bateu palmas e quebrou o momento entre Samantha e eu. — Vamos mudar um pouco. Nós piscamos, recuando um passo atrás do outro e ela foi a primeira a desviar o olhar. Dançamos lado a lado por uma hora e passei esse tempo tentando controlar meu corpo e suas reações à Samantha. Uma vez que a aula acabou, peguei meu casaco e me preparei para voltar para o consultório. Meu corpo estava tenso, depois de segurá-la tão perto por tanto tempo, mas não podia subir a cabeça. Independentemente do que havia pensado, a verdade ainda permanecia. Eu era um médico, ela era minha paciente. Minha paciente casada. Entrei no carro, pensando que era hora de parar um pouco de ver Samantha. Talvez voltar para a coisa de uma ou duas vezes por semana. Parecia que desde que começamos isso, a via quase todos os dias. Isso estava começando a me pegar. Esses pensamentos não me impediram de pegar meu telefone e mandar uma mensagem de texto para ela. Eu: The Palm Bar e Lounge. Amanhã à noite. 21h00 Samantha: Sim, Dr. Roman.
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O que dizer? Eu era um masoquista.
QUANDO SEXTA À NOITE CHEGOU, eu estava nervoso. Eu sabia que trazer Samantha para junto dos meus amigos não era uma boa ideia, mas ela havia dito que não tinha nenhum amigo. Ela precisava ser mais sociável, sair com algumas pessoas e rir... talvez beber um pouco. Ela precisava de uma noite fora de casa. Eu estava no bar do outro lado do ambiente onde estava o grupo que vim, esperando pelo barman me servir a bebida que pedi. Olhando para o meu relógio, eu estava nervoso quando vi que era quase dez. Samantha estava quase uma hora atrasada e eu estava começando a me preocupar que algo poderia ter acontecido com ela. Me aproximando do barman, peguei a minha bebida e virei para voltar para a mesa onde estávamos sentados. Foi então que eu a vi. Ela estava usando uma sandália de tiras, vestido preto até os joelhos. Uma fenda trabalhava seu caminho até a parte inferior da saia e quando ela se movia, uma pequena dica de sua coxa aparecia mostrando a cintaliga. Meu corpo se apertou em todos os lugares enquanto meus olhos se moveram para baixo, por suas pernas longas e cheias de curvas até a ponta do seu salto agulha. Ela estava incrível. Bela. Sexy. Quando ela olhou ao redor da sala, mordeu nervosamente o lábio inferior vermelhorubi e instantaneamente imaginei fazendo o mesmo, mordiscando o seu lábio e saboreando-a. Seus olhos escuros encontraram os meus através da sala e ela sorriu com alívio. Levantei minha bebida e acenei para ela em direção ao bar. Meus olhos a acompanharam conforme ela atravessava o ambiente lotado. Os homens admiravam seu corpo e viraram suas cabeças para o lado para ter um vislumbre da bunda dela enquanto ela passava. Ela não tinha ideia do que fazia com os homens, mas eu sabia. Eu definitivamente sabia quando ajustei minhas calças e sentei em uma banqueta. — O que você quer? — perguntei sobre a música quando ela parou ao meu lado. — Eu gostaria de tentar uma cerveja, — disse ela com um sorriso. ~ 85 ~
Me afastando, pedi uma cerveja e tentei pensar em qualquer coisa que levasse para longe da minha mente a imagem de Samantha nua na minha cama.
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Capítulo Treze SAMANTHA EU NÃO SAÍA PELA CIDADE desde que era uma adolescente muito antes de Michael. Ele não era de sair para dançar e beber. Na verdade, ele não era de sair para se divertir, a não ser, claro, que incluísse ter mulheres fáceis em seu colo. Não imaginava Roman como um homem que bebesse cerveja, mas quando me entregou uma garrafa longneck, já era tarde demais para mudar de ideia. A garrafa gelada deu picadas nas palmas das minhas mãos e resfriou meus lábios. No início, o gosto foi insuportável. As bolhas rolaram pela minha língua, enchendo minha boca com o sabor amargo, mas continuei a beber enquanto Roman me dava. Depois da primeira, nem percebi mais o gosto. Ele me apresentou a um pequeno grupo de amigos que veio com ele, sendo duas mulheres, que estavam obviamente tinham uma queda por Roman. Não falei nada sobre isso porque eu não queria saber se ele estava vendo qualquer uma delas. Não tinha certeza de quando sua vida amorosa começou a ter importância pra mim, mas não era algo que eu tinha o direito de ficar em cima. Depois de passar o dia anterior em seus braços, eu sabia que tinha que dar um passo atrás. Quando li sua mensagem me convidando para encontrá-lo à noite, estive perto de dizer não. Mas, em seguida, as memórias de Michael e da loira passaram em minha mente e eu sabia que não importava o quanto meu corpo e mente estivesse respondendo a Roman, eu continuaria no jogo. Eu tinha que salvar meu casamento. As duas mulheres, Laurie e Sarah, eram atraentes. Laurie era loira e alta. Suas pernas eram incríveis em sua saia lápis. Sarah era mais baixa, com cabelos negros e grandes lábios carnudos. Fiquei com inveja de várias partes de seus corpos, mas uma vez que peguei Roman olhando para mim do outro lado da mesa, todo o ciúme fluiu para longe. Os homens do grupo, Chase, Gregg e Marshall, eram colegas de Roman. Aparentemente, todos na mesa eram médicos de algum tipo, exceto eu. Era intimidante estar cercada por pessoas tão inteligentes. Ainda assim, eles foram divertidos e falantes, me fazendo perguntas e me mantendo completamente entretida.
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Conforme a noite prosseguia, os olhos de Roman ficaram vidrados, suas bochechas coradas como se ele tivesse bebido muito. Ainda assim, ele se manteve cavalheiro. Cuidadosamente me conduzindo ao redor da sala com a mão na parte inferior das minhas costas. Puxando cadeiras para mim e as meninas que estavam conosco. Isso era algo que eu amava nele. Algo que esperava que Michael um dia fosse fazer. Arrancando a cerveja da minha mão, ele sorriu para mim. — Acho que é hora de levá-la para fora da sua zona de conforto. Eu ri. Estava começando a sentir uma pequena agitação em torno de mim. — Tenho certeza que deixei minha zona de conforto quando entrei pela porta. — Eu acho que não. Vamos lá. — ele envolveu sua mão quente ao redor da minha, enviando arrepios pelo meu braço e me puxou para a pista perto do pequeno palco. — Não Roman! — eu ri quando vi o karaoke. — Eu me recuso. Se virando, ele segurou minhas bochechas como se estivesse prestes a me beijar. Excitação encheu seus olhos, me mostrando um lado totalmente diferente do médico e então ele sorriu. — Eu ajudei você a riscar alguns itens da sua lista e você não vai me ajudar com uma das minhas? Ele estava me fazendo sentir culpada e foi mais fofo que nunca. — Cantar no karaoke está na sua lista de coisas a fazer? — perguntei. Estava difícil manter o foco com as mãos dele tocando o meu rosto do jeito que estavam, mas não queria ser rude e me afastar. Além disso, eu gostava da sensação das mãos quentes contra minhas bochechas. Se eu fechasse meus olhos, quase podia imaginá-lo se inclinando e me beijando suavemente. Ele tirou as mãos do meu rosto como se percebesse que estava me tocando por muito tempo e então se virou em direção ao palco. — Bem, na verdade não. Eu já cantei num karaokê antes, mas o ponto é, você não. Por favor, Samantha. E isso foi tudo. O olhar em seus olhos vidrados. O álcool em seu hálito que eu praticamente podia provar já que ele estava tão perto. Eu não tinha certeza se era a cerveja ou era Roman que me deixou tão bêbada naquele momento. Tudo o que sei é que acabei no palco na ~ 88 ~
frente de todo mundo fazendo uma péssima interpretação de uma canção de Bon Jovi e amei cada minuto disso. Mais tarde, quando a noite começou a avançar, mudei de cerveja e doses para água. Eu estava de carro e se não ficasse sóbria em algum momento, teria que chamar um táxi. Para não mencionar que Roman estava muito tonto também e pela primeira vez eu queria cuidar dele. Ele precisaria de uma carona para casa e queria dar aquela carona. Ri para mim mesma com esse pensamento, chamando a atenção de Roman. Ele se aproximou de mim, sua mão descansando em meu joelho, me fazendo pular. — Você sabe o que, — ele arrastou a boca até meu ouvido. — Eu sei que você acha que você foi quem afastou Michael, mas a verdade é que ele é quem te afasta. Pense em todas as coisas que você poderia ter feito ou poderia fazer se ele simplesmente tentasse um pouco te fazer feliz. Se por uma vez ele fizesse algo que você queria fazer. Ele nunca tinha falado sobre Michael daquele jeito. Até onde eu sabia, Roman estava me fazendo melhor para Michael, mas lá estava ele, dizendo que eu não era o problema. Eu não poderia evitar, mas meio que concordava. — Eu sei. Há muito tempo que não me divirto tanto como me divirto com você. As palavras saíram erradas. Acidentalmente fiz soar como se estivéssemos namorando ou algo assim, o que definitivamente não era o caso. Calor encheu meu rosto e me virei para tomar um gole da minha água para resfriar minha garganta aquecida. A sala em torno de nós era uma névoa de corpos borrados e música que eu não estava prestando atenção. Laurie e Sarah tinham se desculpado no início da noite, me deixando a única mulher no grupo. — Ele nunca te leva para sair? — perguntou Roman, se inclinando ainda mais perto. Nossa conversa estava tranqüila e pessoal. Tão pessoal, de fato, que senti como se as paredes estivessem se movendo em torno de mim. Novamente tomei um gole de minha água. Balançando a cabeça, pousei o copo e rolei o canudo entre meus dois dedos. Quando olhei para cima, Roman estava olhando para os meus lábios como se
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estivesse pronto para lamber. Respirei fundo e tentei levar meus pensamentos de volta para Michael. — Michael não faz nada comigo. — me virei. — Muito menos me levar num encontro. Seus dedos quentes aqueceram meu queixo quando ele me virou para enfrentá-lo novamente. Ele estava tão perto. Tão quente. Tão perfeito. — Nada? — ele perguntou. Seus olhos estavam presos na minha boca. Me afastei, sentindo a falta do seu toque no meu rosto imediatamente. — Não. E então senti a sua mão cobrindo a minha sobre a mesa, e não pude fazer nada, me virei e o encarei. Seus olhos devoraram os meus antes que se movessem pelo meu rosto, pousando em meus lábios mais uma vez. — Michael é um homem estúpido, estúpido, Samantha. E então ele quebrou o encanto quando se afastou, pegou sua cerveja e tomou um gole profundo.
DEIXAMOS O BAR às duas da manhã. Eu ainda estava um pouco grogue, mas sabia que poderia chegar bem em casa. Era com Roman que estava preocupada. Peguei minhas chaves quando saímos do bar e me virei para ele. — Vou te dar uma carona para casa. Você está bêbado. — Você está certa. Estou completamente bêbado, mas tenho que recusar a carona. Além disso, você não vai dirigir para casa. Como se estivéssemos em um filme e materializando sua sugestão, um enorme carro preto extravagante parou em frente a nós. Um homem mais velho saiu e abriu a porta. Eu não esperava que Roman tivesse um motorista, já que ele estava sempre em seu carro esporte, mas, pelo menos ele pensou na frente e teve o bom senso de saber que iria beber hoje à noite.
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Balancei a cabeça e deixei cair as minhas chaves de volta na minha bolsa antes de entrar no carro. Roman entrou depois de mim, pressionando sua coxa contra a minha. Mantive a minha mente em Michael o tempo todo, não me dando tempo para analisar como me sentia ao estar tão perto de um homem tão masculino. Roman era grande e sempre cheirava tão bem. Se tornava cada vez mais difícil não notar essas coisas sobre ele. Tentei lembrar o que estávamos fazendo juntos, mas então ele mudou de posição e seu perfume veio em direção a mim. Eu não podia mentir para mim mesma. Mesmo que estivesse casada e muito apaixonada por Michael, estava fisicamente atraída por Roman. Foi assim desde o início. — Você se divertiu hoje à noite? — ele perguntou de seu canto escuro. Sua voz era profunda e eu podia dizer que ele estava de frente para mim, me observando. Eu gostei. Seus olhos em mim me faziam sentir sexy e bonita. Sabia que seus elogios eram uma parte do processo, mas de alguma forma, suas palavras conseguiam se mover em meu cérebro. Me sentia desejável quando estava com Roman, ele me deixava excitada. — Eu me diverti. Apertei minhas coxas, apreciando a sensação da minha calcinha de renda e fazendo o meu melhor para não pensar sobre o homem ao meu lado. Eu estava tão quebrada. Michael sabia disso há anos. Lá estava eu com um homem, buscando ajuda para melhorar o meu casamento, mas não conseguia parar de pensar sobre o que sentiria se ele estivesse entre as minhas pernas. Então, algo estalou. Tudo correu de mim. Talvez fosse o álcool ou o fato de que finalmente bati no meu ponto de ruptura, mas tudo apertou contra o meu peito, trazendo lágrimas aos meus olhos. Tanta coisa havia acontecido. Tanta coisa estava acontecendo e não tinha certeza de quem eu era mais. A garota que eu era com Michael não era a mesma mulher que eu era quando estava com Roman. No fundo da minha mente, eu sabia que gostava mais de mim quando estava com Roman, mas era errado gostar mais desse lado. Uma lágrima desceu pela minha bochecha enquanto pensava sobre os últimos meses. Encontrar Michael com outra mulher. Perder meu pai, a única pessoa que realmente se importava comigo. E, honestamente, as lágrimas me fizeram sentir bem. ~ 91 ~
Pensei que estava silenciosa no meu canto do carro e pensei que Roman não iria ver minhas lágrimas já que o carro estava escuro, mas, de repente, ele estava lá e seus braços estavam ao meu redor. Seu calor moveu através de mim e enviou uma calmaria pelos meus ossos. Apenas algumas semanas atrás, Roman era um completo estranho para mim, mas agora me sentia mais perto dele do que tinha sido de qualquer outra pessoa em um longo tempo. — Está tudo bem. Deixe sair, — disse ele enquanto esfregava minhas costas em círculos. O profissional voltou, empurrando o bêbado e deixando o homem alegre em segundo plano. Recuando, limpando rapidamente meu rosto. Seus dedos grossos seguiram minhas mãos, limpando o que restava. Para dedos tão grandes, eles eram macios. Queria fechar os olhos e me inclinar por seu toque. — Obrigada, — eu disse através da minha garganta obstruída. — Eu precisava disso hoje à noite. Sua garganta trabalhava para cima e para baixo quando ele engoliu em seco, seus dedos se moveram sobre meu rosto suavemente. As pontas dos dedos se moveram sobre meus lábios e engasguei com a sensação que fez meu estômago remexer. Fechei os olhos para desfrutar de seu toque antes dele tirar a mão. — Perdão, — disse ele docemente. Ele era um cavalheiro. Muito diferente do espertalhão com quem eu vivia. — Por quê? — perguntei. Ele não era nada além de bom para mim. Perdão era a última coisa que ele precisava. — Eu não deveria tocar em você dessa forma. Isso não vai acontecer novamente. Já sentindo falto do seu toque e mesmo sabendo que as palavras não deveriam ser ditas, não consegui detê-las. — Eu gosto disso. Mais uma vez, o carro ficou silencioso enquanto estávamos sentados lá. A tela subiu, nos impedindo de ver o motorista e pensei que talvez fosse mais inteligente deixá-la abaixada, então não teria escolha a não ser me controlar. Em seguida, suas grandes mãos se mudaram para embalar o meu rosto, seu polegar acariciando a pele macia debaixo do meu olho. — Samantha, não há absolutamente nada de errado com você. Você é uma mulher bonita, por dentro e por fora e como eu disse antes, acho seu marido um idiota. ~ 92 ~
Olhando para baixo, eu ri. — Você é o meu médico. Você meio que tem que dizer isso. Limpando a garganta, ele deixou cair as mãos do meu rosto e senti a perda de seu calor. — Na verdade, eu não deveria dizer essas coisas porque sou o seu médico. Aquele não era o profissional falando, era o homem. Entendi que ele tinha bebido muito, mas suas palavras ainda entraram em mim, juntando algumas das peças quebradas que Michael tinha destruído. E mesmo não sendo uma mulher muito descarada, algo dentro de mim clicou. Roman estava dizendo e fazendo tudo o que eu precisava nos últimos anos e era incrível. Inferno, o jeito que ele estava olhando para mim foi o suficiente. Eu não consegui me parar. Me inclinando, passei meus braços em volta do seu pescoço e puxei seu rosto para baixo. Meus lábios roçaram os seus, a respiração quente de seu nariz revestindo minha bochecha, antes de me pressionar a ele. Seus lábios aqueceram os meus, mas ele não me beijou de volta, não no início de qualquer forma. Assim que pressionei mais perto, ele passou os braços em volta de mim, as mãos segurando a parte de trás do meu vestido e ele me beijou de volta. Eu me abri para ele. Sua língua dançou com a minha, enviando faíscas de fogo ao meu corpo e me fazendo pulsar entre as minhas coxas. Nossa respiração travou e um grunhido viril escapou de sua boca. Escalando nele, tentei chegar mais perto. Eu estava fora de controle. A resposta do meu corpo foi uma surpresa para mim. Nunca me senti tão selvagem e fora de controle com Michael. Alcançando debaixo do meu vestido, ele agarrou meus quadris, me puxando para baixo em cima dele. Ele enfiou sua ereção entre as minhas pernas, me chocando e pressionando contra o local que eu ansiava por ele. Me afastando, respirei fundo e soltei um gemido. E então, tudo parou. Como se despertasse de um sonho, ele me sentou bruscamente ao lado e se afastou de mim, pressionando seu corpo contra a porta do seu lado. Sua mão foi para sua boca para limpar meus beijos e ele olhou para a palma da mão como se os vestígios de mim fossem visíveis. — Me perdoe, Samantha.
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Retirando um fio de cabelo do meu rosto, desviei o olhar, envergonhada por minha reação a ele. — Está tudo bem, — eu disse asperamente. — Não. Certamente não está bem. Isso foi pouco profissional da minha parte e lhe asseguro que não vai acontecer de novo. Me senti vazia com suas palavras. Eu queria que isso aconteçesse novamente? Basicamente, traí Michael e eu o amava, realmente amava, mas meu corpo precisava do que Roman tinha acabado de me dar. Mesmo que eu provavelmente devesse, não poderia lamentar. Balancei a cabeça em concordância desde que não confiava em mim para falar. Queria tanto fazer isso de novo e sabia que se abrisse minha boca, era isso que iria sair. Eu já tinha me envergonhado o suficiente. Roman limpou a garganta e o silêncio se seguiu até que o carro parou na frente da minha casa. Sem olhar para ele, disse boa noite e saí do carro. O ar fresco da noite passou por meu vestido, resfriando a minha carne aquecida e me lembrando o que eu tinha feito com Roman. Estando fora do ar denso que nos cercava no carro, senti como se pudesse respirar novamente. Era a coisa mais estranha, estar tão atraída por alguém que não era o meu marido, mas eu estava. Deus, eu estava tão atraída por Roman. E depois daquele beijo, não tinha certeza se voltar a seu consultório seria uma boa ideia. O único problema era que eu me preocupava com Roman. Ele era muito mais do que o meu médico, ele era meu amigo. E por mais que dissesse a mim mesma que nunca iria vê-lo novamente, eu era viciada no modo como ele me fazia sentir. Entrando em casa, coloquei a minha bolsa na mesa ao lado da porta e me dirigi para as escadas. — Onde diabos você estava? — disse Michael de uma cadeira na sala de estar. Ele se sentou ali, como se estivesse esperando por mim. — Liguei para o seu telefone algumas vezes. E mandei mensagem para você até acabar minha bateria. De quem era a limosine e de novo, onde diabos você estava? Ele estava furioso. Raiva brilhando em seus olhos. — Eu saí com amigos, — eu disse a verdade.
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— Não me venha com essa baboseira, Sam. Você não tem nenhum amigo e nós dois sabemos disso. Fui em direção às escadas. Não estava com vontade de discutir e, honestamente, ele não tinha o direito de questionar onde fui. A culpa elevou sua cabeça feia quando pensei sobre o que aconteceu na parte de trás da limosine de Roman, mas empurrei para baixo e continuei andando. Meu braço virou, os dedos de Michael cavando profundamente em minha pele que achei que ele podia sentir meu osso. — Você está fodendo com outra pessoa? — ele perguntou, os olhos arregalados, como se mal pudesse acreditar que estava dizendo isso. — Você está me machucando, Michael, — eu disse enquanto puxava os dedos e tentava me libertar. — Me responda, Samantha! Você está? — ele olhou para o meu vestido e seus olhos se arregalaram ainda mais. — Eu não te disse para não usar este vestido? Não disse que você está velha demais para essa merda? Seus dedos enterraram mais fundo, a dor irradiando pelo meu braço e meu ombro. — Pare. Me solta, Michael. — Basta dizer. Diga que você está fodendo com outra pessoa. Eu quero ouvir. Eu mal podia acreditar que ele estava agindo do jeito que estava. Estávamos casados por nove anos e ele nunca colocou a mão em mim. Era como se fosse outra pessoa. Como se alguém ruim tivesse tomado o seu corpo. — Não há ninguém mais, Michael. Por favor, me solta. Você está me machucando! Ele me empurrou rapidamente, me fazendo perder o equilíbrio e voar para o corrimão. A parte do meu braço que ele apertou bateu na madeira, enviando um choque de dor pelo meu braço e ombro mais uma vez. Sem verificar para ver se eu estava bem, Michael correu, agarrando seu casaco ao lado da porta e fechando a porta atrás dele.
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Capítulo Catorze ROMAN EU ESTAVA BRINCANDO COM FOGO e sabia que ia acabar queimado. Inferno, me queimei no carro com ela, morri e fui para o céu antes de cair de volta para a perdição. Meu corpo endureceu sob seus beijos, meus músculos doloridos por seu toque. E eu, a pessoa mais controlada que eu conhecia, me perdi. O autocontrole a milhas de distância e tudo que conseguia pensar era empurrar meu corpo contra o dela. Queria estar dentro dela, tê-la em volta de mim e me perder nela completamente. Estava preparado para lhe mostrar tudo o que Michael não fazia naquele momento... preparado para dar tudo de mim. O pensamento de arrancar sua calcinha de seu corpo e pressionar em seu calor úmido rolou pela minha mente. Só tinha isso na cabeça até que senti a frieza de sua aliança de casamento na minha bochecha e a realidade escorregaou de volta. Casada. Ela é casada. A palavra rondando minha cabeça como uma adaga afiada perfurando meu consciente e efetivamente me perfurando. Eu era um homem honesto. Sempre fui. Me orgulhei da minha honestidade durante toda a minha vida. Dormir com uma paciente casada não era algo que queria acrescentar à minha lista de coisas a fazer. Michael Aldridge era um bunda mole que não merecia Samantha, mas quem era eu para dizer o que alguém merecia? Eu era o estranho nesse cenário, não ele. E mesmo não gostando muito do homem, ele ainda era seu marido. Ele chegou primeiro e, evidentemente, algo sobre ele tinha feito Samantha se apaixonar por ele. Eu precisava me lembrar que a posição dele em sua vida merecia um pouco de respeito. Claro, ele estava dormindo com cada mulher que conseguia colocar as mãos, mas eram seus demônios para enfrentar, não meus. Não me rebaixaria ao nível dele dormindo com sua esposa. Não importa o quanto eu queria. Oh, eu queria culpar o álcool. Deus sabia que tinha tentado ficar bêbado o suficiente para afastar o que estava sentindo por
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Samantha naquela noite, mas eu sabia o que estava fazendo. Estava consciente o suficiente para saber que era errado. Fui para casa naquela noite com o plano de ficar longe de Samantha. Ela era minha paciente. Não havia necessidade de vê-la fora do meu consultório. Considerei até mesmo dizer a ela que não haveria mais consultas para ela. Especialmente desde que a única coisa que eu queria fazer era juntar o meu corpo no dela. Passei o domingo evitando meu telefone, o que não fazia porque era médico. Eu não ficava de plantão considerando a minha escolha de carreira, mas sempre mantive meu telefone perto apenas no caso de precisar. Sabia que se ela me mandasse uma mensagem ou ligasse, não seria capaz de resistir e também sabia que se meu telefone estivesse na minha mão ou perto de mim, ligaria ou mandaria uma mensagem. Tinha que resistir a ela. Não havia outra maneira.
SEGUNDA-FEIRA CHEGOU e ainda não tinha feito contato ou ouvido falar dela. Honestamente, estava ficando louco só de pensar sobre ela. Não conseguia me concentrar no trabalho ou na minha reunião com o Dr. Stein. Arruinei um jaleco perfeito com tinta de caneta e derramei café por todo o tapete do meu escritório. Meu dia estava uma bagunça e não importa o quanto tentasse, não conseguia pensar em nada além dela. No final, cancelei todos os meus compromissos e deixei o consultório o mais rápido possível. Fui ao Mama Maria, pedi o almoço e uma bola de chocolate, comi lembrando de nosso almoço juntos. Quando peguei minha carteira para pagar, o bilhete da sorte que tirei na minha primeira visita caiu de minha carteira, me lembrando do que eu queria. Depois de matar tempo suficiente bebericando minha água, fui ver os meus pacientes favoritos. Passei a viagem para o St. Vincent relembrando os doces ruídos de Samantha em minha mente até que considerei parar o carro e me aliviar na estrada como um adolescente. Estacionei no meu lugar habitual e fiquei sentado no meu carro. Precisava endireitar minha mente antes de entrar e fazer uma cara feliz para as crianças. Eu não estava falante com as enfermeiras como de
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costume quando chequei os prontuários que precisava. Elas notaram. Podia dizer pelos olhares que deram uma a outra. Mas nenhuma delas disse nada, felizmente. Olhei as anotações das enfermeiras noturnas e verifiquei alguns pacientes antes de visitar Tori. Meus sapatos clicaram contra o chão do hospital quando fiz meu caminho em direção a seu quarto, mas parei antes de pisar em seu espaço quando ouvi a voz de Samantha. Ela estava lá dentro, rindo com Tori sobre algo e seu riso me encheu de uma sensação de felicidade. Me aproximando da porta, mas ainda escondido para não ser visto, ouvi enquanto elas conversavam. Apoiando minha cabeça contra a parede, sorri para mim mesmo enquanto Tori fazia perguntas embaraçosas sobre coisas que ela não poderia compreender. — Você gosta do Dr. Roman? — perguntou Tori. Samantha riu. Fechei os olhos e imaginei o sorriso dela. — Eu gosto muito dele. Ele é um grande amigo, — ela respondeu. — Você acha que ele é bonito? — Tori perguntou, totalmente sem noção de onde eu estava. Mais uma vez, Samantha deu uma risadinha e sorri secretamente para mim mesmo. — Bem, Tori, devo admitir, eu acho que o Dr. Roman é um homem muito bonito. Agora, vamos terminar este livro, não é? Ela me achava bonito. Suas palavras pareciam fazer todos os meus pensamentos se dissolverem. Só havia ela. Sentei e escutei Samantha ler um livro para Tori. De vez em quando Tori parava e fazia perguntas como uma criança normal de sua idade, mas algo aconteceu naquele momento. Vê-la com Tori, ouvi-la falar com ela do jeito que estava e ser tão boa para a menina, isso era tudo para mim. Eu estava me apaixonando por Samantha. Na verdade, tinha certeza que já estava apaixonado. Ela era casada, mas ela era perfeita em todos os sentidos possíveis. E lá estava ela, visitando meus pacientes, parentes do meu coração, quando ela não precisava. Ela estava trazendo luz para a vida de outros sem ninguém pedir.
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Parando uma enfermeira, a puxei de lado. — A mulher no quarto de Tori... quanto tempo ela está aqui? — perguntei. — Senhora Aldridge? — a enfermeira perguntou com as sobrancelhas abaixadas. Fiquei chocado que ela sabia o nome de Samantha. — Sim. Ela está aqui há muito tempo? — Hoje não, mas ela vem pelo menos uma vez por dia para ver as crianças. Eles parecem amá-la. Balancei a cabeça. — Obrigado, — eu disse. Algo quente floresceu em meu peito e se espalhou pelo meu corpo. Samantha Aldridge era perfeita. Ela não tinha ideia disso. Era hora de enfrentar os fatos. Era tarde demais. Eu não tinha certeza de como isso aconteceu e Deus sabia que não tinha intenção, mas estava apaixonado por ela. Ela fez coisas para mim, mudou minha maneira de pensar e sentir. Ela empurrou o passado e minhas barreiras profissionais e me encheu com sentimentos que nunca pensei que teria. Eu podia negar o quanto quisesse, mas queria que ela fosse minha. Queria mantê-la afastada e segura de qualquer um que a fazia se sentir como se fosse menos do que maravilhosa. Mas a verdade era uma puta sem coração e doía. Samantha nunca seria minha. Não era algo que iria acontecer, o que significava que o desgosto era inevitável.
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Capítulo Quinze SAMANTHA TRÊS DIAS PASSARAM e não ouvi nada de Roman. Odiava pensar que algo tão estúpido como beber demais e beijar terminaria uma amizade que significava muito para mim. Embora, quando pensei sobre isso, o que aconteceu entre nós foi muito mais do que beijar. Lembrar-se de quão excitado ele estava entre as pernas ou a maneira como contraiu seus quadris para mais... era insuportável. Estava segurando com tanta força que senti como se fosse explodir a qualquer segundo se não conseguisse algum tipo de alívio, mas não haveria nenhum. Nenhum de Michael e definitivamente nenhum de Roman. Todas as vezes que liguei para seu consultório, ele estava ocupado e toda vez que liguei para o celular, caiu no correio de voz. Estava oficialmente sendo ignorada e embora não devesse, doeu muito. Três dias... essa foi a quantidade de dias que levei para sentir saudade de Roman. Michael saiu da cidade por semanas e não sentia falta dele assim. Era errado... muito errado. Eu estava sendo ignorada por Roman. Depois de ser empurrada e ferida por Michael, eu estava o ignorando. Se não fosse Duke, eu seria uma garota solitária durante o fim de semana, mas ainda assim, fiquei longe de Michael. A situação era quase engraçada, se não pensasse que talvez estivesse perdendo minha cabeça. Estava mais preocupada com Roman não falar comigo de novo do que contrariar Michael. Isso me fazia o pior tipo de esposa. Continuei indo ao St. Vincent para ver as crianças todos os dias. Estar com eles era incrível. Ver como enfrentavam suas queimaduras e cicatrizes era verdadeiramente edificante. Para não mencionar que estar com as crianças era simplesmente fantástico. Quando era mais jovem tirei minha licenciatura em educação da primeira infância. Estar com as crianças me fez perceber o quanto queria ensinar. Desisti desses sonhos no minuto em que casei com Michael. Então, novamente, estar com as crianças também me fez perceber o quanto queria um filho meu também. Segunda-feira de manhã eu acordei para encontrar Michael lá
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embaixo tomando café da manhã. Ele geralmente saia sem deixar vestígios na hora que eu acordava, por isso era estranho vê-lo lá comendo ovos e lendo o jornal. — Bom dia, Sam, — disse ele quando entrei na cozinha. Queria continuar a ignorá-lo, mas estava curiosa para saber o que ele estava fazendo. — Bom dia, — respondi. Quando me aproximei da mesa, ele me chocou quando levantou e puxou uma cadeira para mim. Era como se eu tivesse pisado em uma realidade alternativa. — Fiz café e ovos se você estiver com fome. — ele sorriu para mim. Ele parecia o velho Michael que casei há tantos anos atrás, mas ainda assim, algo estava diferente. As coisas estavam fora de esquadro. — Obrigada, — gaguejei. Me sentei e ele colocou um prato de ovos e um copo de café na minha frente. Ele até se lembrou de como eu gostava do meu café com dois cubos de açúcar e creme. O café estava quente quando atravessou minha língua e os ovos estavam deliciosos. Estendendo a mão, Michael correu as pontas dos dedos pelo meu braço e sobre a mancha roxa que ele deixou. — Nunca coloquei minhas mãos em você antes. Não vai acontecer de novo, — ele disse. Não era um pedido de desculpas, mas aceitei. Seus dedos deslocaram e passaram do meu braço ao meu ombro onde ele espalmou minha pele e me deu um sorriso de desculpas. Ainda assim, me senti estranha. Não tinha certeza se era ele ou se era eu, mas as coisas tinham mudado nas últimas semanas. A mudança era uma coisa assustadora. Especialmente quando você não sabia o que tinha mudado.
PASSEI A MANHÃ SEGUINTE na praia, em busca de conchas para Tori e com areia nos meus caros sapatos. Fazer isso me fez lembrar de Roman. Além disso, era divertido brincar de sereia com ela.
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Até comprei a ela algumas camisas da sereia Ariel que ela caiu de amores. Deixá-la feliz me fez feliz. Com as mãos cheias de guloseimas para as crianças, fiz meu caminho pelo corredor em direção ao quarto de Tori. Sorri para as enfermeiras quando passei. Elas eram mulheres legais e sempre faziam tudo o que podiam pelas crianças. Admirava tudo o que faziam. Estava prestes a ir para o quarto de Tori quando ouvi a voz de Roman. A profundidade de sua voz veio sobre mim e tirou algo pesado do meu peito que eu não sabia que estava lá. Então ouvi o riso de uma mulher e o peso me oprimiu mais uma vez. Olhando por cima, vi uma mulher bonita com as mãos sobre Roman. E então a coisa mais estranha aconteceu. Desejei arrancar os braços de seu corpo. Eu não era de briga. Obviamente, já que uma vez fui embora quando peguei meu marido fazendo sexo com outra mulher. No entanto, com Roman era diferente. Eles não estavam fazendo sexo, mas apenas o pensamento dela tocar nele enviou fogo pela minha espinha. Meu estômago foi ao fundo do poço e de repente senti como se fosse ficar doente. O corredor girou em torno de mim quando pensei em ir a algum lugar e em qualquer lugar para ficar longe da cena na minha frente, mas então ele riu, meu coração aqueceu e eu não conseguia mover meus pés não importava o quanto quisesse.
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Capítulo Dezesseis ROMAN EU ESTAVA TERMINANDO MINHA RONDA no St. Vincent e pensando em talvez ligar para Samantha quando saí do meu carro. Fazia alguns dias e sentia falta dela. Eu, é claro, fingi que vê-la era puramente para o bem dela e de Michael. Ela não precisava saber que vê-la era tudo que eu conseguia pensar desde que a deixei em casa na noite em que fomos longe demais. — Dr. Roman, que bom ver você de novo, — disse uma mulher ao meu lado, quebrando minha concentração e pensamentos. Virando, me encontrei cara a cara com Daphne Raines, uma cirurgiã infantil de renome mundial que conheci em Washington há alguns anos. Tinha acabado de me mudar para os Estados Unidos, eu era jovem e ela era linda. Mesmo agora, ela ainda era bonita, mas nada comparado a minha Samantha. — Dra. Raines, que surpresa. O que a traz em Miami? — perguntei, me afastando da porta de Tori. — Há um jovem no terceiro andar que precisa de meu toque de especialista. Só trabalho. E quanto a você, Roman? — ela perguntou calmamente enquanto se inclinou para mim. — Você ainda necessita do meu toque? Nós terminamos abruptamente quando percebi que queríamos coisas diferentes. Enquanto ela queria dormir com outras pessoas, eu queria ser exclusivo. Muitas vezes me perguntei o que os pais das crianças tratadas por ela iriam pensar dela se soubessem que era uma viciada em sexo. Mas ainda assim, anos atrás, caí em sua armadilha sedutora. Passei noite após noite com ela até que senti que não podia continuar, e não quis mais. Ela estava lá, olhando para mim com os lábios grossos que eu sabia que eram extremamente habilidosos, mas quando fechei meus olhos, tudo o que podia ver era a doce Samantha e seus grandes olhos castanhos.
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— Eu acho que vou passar, — eu disse tão educadadamente quanto possível. E, em seguida, um barulho alto soou do meu lado, e me virei para ver a mulher que tinha acabado de pensar olhando para mim. Suas sobrancelhas estavam repuxadas quando ela inclinou e recolheu as coisas que deixou cair. Coisas que consistiam de conchas e doces, todas as coisas me fizeram sorrir. Seu rosto estava vermelho e ela estava murmurando algo para si mesma. Deixando Daphne de lado, ajoelhei para ajudá-la a pegar os itens. — Não faça isso. Eu pego, — ela retrucou. Puxei minha mão quando ela se virou para mim. E então voltei a ajudar. — Sério, Dr. Blake. Deixa pra lá. Ela parecia irritada e ela não me chamava de Dr. Blake desde a nossa primeira consulta. Parecia um insulto vindo de seus doces lábios. — Samantha? — falei em voz baixa. — O que está errado? E então ela olhou para mim. O fogo em seus olhos me queimou enquanto estava ajoelhado. Ela estava com raiva. Tinha certeza de que era porque a beijei e desapareci, mas depois ela disse uma coisa. — Apenas volte para sua amiga, — ela atacou novamente. Mal podia acreditar. Samantha Aldridge estava com ciúmes. E, apesar de ser errado, não pude fazer nada, a não ser me sentir feliz com isso. Um sorriso puxou meus lábios e foi uma luta tirá-lo do meu rosto. Ela se levantou, organizou as coisas em seus braços, todas as coisas para as crianças e meu coração derreteu. Quando estendi a mão para ajudá-la, ela se afastou novamente. Desta vez, não deixei. Segurei seu cotovelo e a forcei a me olhar no rosto. Seus olhos se moveram ao redor, determinada a não olhar para mim. Eu nunca quis tanto os olhos em mim. Queria transmitir com os meus olhos que o que ela estava pensando não estava certo. — Obrigado por ter vindo ver as crianças, — eu disse, tentando mudar de assunto. Ela abriu a boca para responder, mas, em seguida, Daphne parou ao nosso lado. Eu quase esqueci que ela estava lá. — Posso ver que você está ocupado. Vamos nos ver mais tarde, — disse ela. ~ 104 ~
Suas palavras soaram com um flerte, e meus dentes cerraram. Por que ela tinha que soar como se tivesse alguma coisa acontecendo? Mas, novamente, por que me importava como ela fez parecer? O rosto de Samantha ruborizou antes de olhar para longe, como se ela não estivesse prestando atenção à conversa perto dela. Balancei a cabeça para Daphne e esperei até ela ir embora antes de falar com Samantha novamente. — Eu deveria ir, — disse ela, se movendo em torno de mim. Quando a parei com uma mão em seu braço, ela olhou fixamente para o espaço acima do meu ombro. — Samantha, — eu disse suavemente. Eu queria dizer tantas coisas que não tinha o direito de dizer, mas em vez disso, parei no seu nome. E então ela virou seus olhos escuros em mim, e senti como se pudesse respirar novamente. — Vamos, vamos visitar Tori. Pegando alguns dos ítens de seus braços, segurei seu cotovelo e dirigi para dentro do quarto de Tori. Fiz um check-up padrão em Tori e estava feliz que as coisas estavam melhorando para ela. Ela estava de bom humor, um sorriso estampado no rosto de Samantha quando ela mostrou as muitas conchas que tinha trazido. Soprando ar quente na parte da caixa do meu estetoscópio, o coloquei sobre o coração de Tori, o segurando pela haste para ouvir bem. Movendo-o para as costas para ouvi-la respirar, fiquei feliz que não havia nenhum fluido nos pulmões. Era uma boa mudança, considerando que uma semana depois de sua internação ela teve um caso sério de pneumonia e um pouquinho de líquido tinha permanecido lá desde então. — Tudo parece bem, — eu disse, retirando as pontas das orelhas e ajustando meu estetoscópio em volta do meu pescoço. — O que ela tem? — perguntou Tori, apontando para Samantha. — Você deve verificar seu coração também — Você está absolutamente certa, Tori. — sorri para Samantha. — A Sra. Aldridge definitivamente precisa ser ouvida. Rindo para mim mesmo, ajustei o estetoscópio, colocando as pontas da orelha de volta e bloqueando os sons da sala em torno de mim. Quando dei um passo em direção a Samantha, ela endireitou as
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costas e o sorriso em seu rosto sumiu. Olhamos um para o outro quando coloquei o aparelho contra a pele macia onde sua camisa de botão estava aberta. O som de seu coração batendo encheu meus ouvidos, um ritmo constante. Quando mudei o aparelho de posição, seu coração pulou uma batida antes de acelerar. Ela engoliu em seco, seu nervosismo demonstrado claramente em seu olhar. Eu estava fazendo seu coração acelerar? — Você está nervosa? — eu sussurrei. Sua pele corou e ela engoliu em seco. Mais uma vez, seu coração pulou e acelerou. — Eu estou deixando você nervosa? — perguntei novamente, cuidando para não deixar Tori ouvir. Ela assentiu com a cabeça, puxando uma respiração profunda. Gostei da sua reação. Combinava com a minha de alguma maneira. Usando a ponta do meu dedo, afastei uma mecha de seu cabelo que caiu contra o meu aparelho. Ela fechou os olhos e exalou, o som de seus batimentos cardíacos se intensificando. — Ela está bem? — Tori perguntou em voz alta, me trazendo de volta para o momento. Retirando as pontas da orelha, puxei o estetoscópio do meu pescoço e coloquei no bolso do meu jaleco. — Ela está perfeita, — eu disse, devorando Samantha com meus olhos. Dez minutos mais tarde, eu disse adeus para as meninas. Parecia que o quarto ao meu redor estava diminuindo e sabia que deixei vários compromissos pendentes. Não podia me dar ao luxo de ter um cérebro disperso. Assim que entrei no meu carro, peguei meu telefone e enviei uma mensagem antes que perdesse a cabeça. Eu: Jantar hoje à noite às 19h00? Ela poderia pensar que estávamos apenas continuando com as consultas. Ela não precisa saber que jantar com ela era mais para mim do que para ela. Sua resposta não veio até que eu estava de volta ao meu consultório, olhando por cima dos prontuários. Puxando meu telefone do bolso do casaco, sorri. ~ 106 ~
Samantha: Diga o lugar e estarei lá.
LÁ ESTAVA EU, sentado em frente a ela e pedindo o jantar. Não tinha certeza do que me possuiu para chamá-la para um encontro, mas eu estava atraído por ela e fascinado com sua reação a mim com outra mulher. Isso me fez sentir algo que não podia descrever. Eu não odiava isso. O jantar foi um jantar. Nada demais. Quem se importava se os meus olhos seguiram o garfo toda vez que ela deu uma mordida e que meu corpo respondeu à maneira como seus lábios enrolavam em torno do garfo e mastigava sua comida cheia de prazer. Era bom ver uma mulher comer sem moderação e não dar três mordidas e deixar o resto da comida de lado. Não. Samantha Aldridge demonstrava e eu também.
tinha
um
apetite
resistente
e
Tomando um gole de vinho, ela lambeu os lábios. Ela não sabia o que estava fazendo. Ela não tinha noção que estava me seduzindo, mas estava acontecendo. Se ela soubesse quão naturalmente sedutora e bonita ela era. O meu plano era mostrar a ela o que eu podia ver. O que eu via e outros homens também. Uma vez que ela fosse capaz de ver, isso refletiria de dentro para fora e Michael iria perceber isso também. Eu a queria, mas realmente queria ajudá-la. Se Michael era a pessoa que a fazia feliz, então faria tudo que pudesse para ter certeza que ela o tivesse. — Então me diga, Roman, — ela acariciou sua boca suculenta com o guardanapo, — qual é o próximo passo no Projeto Samantha? Sorrindo, tomei um gole do meu vinho e coloquei o copo na mesa. Não tinha percebido o quão perto as nossas mãos estavam até que acidentalmente rocei os dedos com os dela. — Você tem certeza que não quer esperar até que estejamos na privacidade do meu consultório? Isso soou sexual. Não tinha a intenção que soasse dessa forma, mas, evidentemente, ela percebeu, porque ela corou docemente. — O que eu quis dizer foi-
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Ela me cortou. — Eu entendi o que está dizendo. — ela sorriu para mim do outro lado da mesa, olhou para longe e focou na haste fina de sua taça de vinho. — Você deve se sentir sexy, — soltei. Para o inferno com a minha boca solta. Ela hoje estava com vontade própria, aparentemente. — Como? — ela disse, seu rubor aprofundando. — O que quero dizer é, use algo que faça você se sentir atraente. — engasguei com as minhas palavras e tomei um gole do vinho antes de terminar. — A forma como uma mulher se sente, normalmente é refletida em seus olhos. Quando você se sentir atraente, vai mostrar ao mundo. Autoconfiança, Samantha, é o acessório mais sexy que uma mulher pode usar. Se você está se sentindo confiante, tramsnitirá isso. Deus me ajude. Ela apareceria em meu consultório deliciosa como a comida na minha frente e eu ia querer comê-la. Me ocorreu que eu estava me torturando. Como algo tão simples como um encontro com uma paciente tinha se transformado nisto estava além de mim. Estava atraído por esta mulher, de uma forma que não estive com qualquer outra pessoa em um longo tempo. E estava a ponto de deixar isso muito mais difícil. Trocadilho planejado. — Ok, vou tentar isso, — disse ela com um sorriso. Outra coisa que estava aprendendo sobre mim mesmo, eu gostava de fazê-la sorrir. Toda vez que ela sorria era como se eu tivesse feito tudo que precisava para o dia. Isso me fazia sentir forte e viril. Era uma sensação agradável. Nós terminamos o jantar, paguei a conta e desajeitadamente fizemos nosso caminho para fora do restaurante. Quando cheguei ao meu consultório no dia seguinte, eu tinha muitas consultas agendadas. Tentei dar a cada paciente a atenção que precisava, mas ainda assim, minha mente continuava vagando de volta para Samantha e o que ela estaria usando quando viesse.
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Capítulo Dezessete ROMAN EM PÉ, EM FRENTE ÀS JANELAS em meu consultório, eu assistia o movimento na calçada em frente ao prédio. Quase não tive tempo entre um paciente e outro para me sentar e pensar, mas sabia que Samantha estava a caminho e precisava colocar minha cabeça no jogo. Passei a noite corroendo as razões pelas quais meus sentimentos e pensamentos por Samantha estavam errados e acordei com mais vontade. Ela era minha paciente, eu era o médico dela e fiz uma promessa de ajudá-la. Então, eu iria ajudá-la, mas seria só isso. Não haveria mais beijos quentes ou toques. Não haveria mais pensamentos impertinentes. Eu teria certeza disso. Torci a maçaneta da porta para encontrar Belinda, uma enfermeira nova, ali de pé com um sorriso. — Dr. Blake, Sra. Aldridge está aqui para ver você. Balançando a cabeça, ajustei meu casaco antes de sentar atrás da minha mesa. — Por favor, a deixe entrar. Me preparei para ver qual roupa sexy Samantha estaria usando, mas quando ela entrou no meu consultório, fiquei surpreso ao vê-la em um par de calças e uma blusa simples. Ela sorriu para Belinda e sentou na cadeira a frente da minha mesa. A porta fechou, nos deixando sozinhos. Meus olhos se moveram sobre seu rosto e pescoço antes de estabelecerem na parte superior da gola. Eu não tinha certeza de como ela conseguiu, mas ela fez a simples roupa que estava usando parecer sexy. — Samantha. — o nome dela saiu pelos meus lábios um pouco sem fôlego e fiz uma pausa para reunir meu juízo. — Como você está hoje? — perguntei. Ela brincou nervosamente com o cabelo enquanto olhava para baixo. — Eu sei que você disse para vestir algo sexy, mas não tenho certeza do que é sexy ou o que não é.
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Ou ela era completamente lesada ou estava mentindo. A noite no bar, quando ela entrou naquele vestido preto, meu pau ficou em atenção por ela e ficou assim durante toda a noite. Ela era sexy e desse conta ou não, ela sabia como se vestir dessa maneira. Eu estava protegido por trás das barreiras que estabeleci pela manhã, mas quando as paredes do consultório começaram a pressionar contra mim, sabia que não faltava muito para colocar todas as reservas abaixo por Samantha. De pé, rapidamente dei a volta na mesa e me direcionei à porta. Eu precisava sair da sala, do lugar onde eu estava sozinho com Samantha e respirando seu perfume doce, eu precisava sair e rápido. Ela continou sentada a frente da minha mesa, olhando para mim como se eu tivesse perdido a cabeça. — Você vem? — perguntei. — Onde estamos indo? Abri a porta, o ar fresco de fora do meu escritório atingiu meu rosto. — Compras. Agora se levante e vamos embora. Saí do sonultório e ela veio logo em meus calcanhares.
A VIAGEM para uma boutique cara em Miami Beach foi tranqüila. Nós dois estávamos cientes um do outro, nenhum de nós sabia o que dizer e foi difícil não mencionar a noite na limusine e pedir desculpas novamente. Eu estava bêbado, mas sabia muito bem o que estava fazendo e também sabia o quanto queria fazer novamente. Abrindo a porta para ela, eu a segui para o estabelecimento cheio de roupas femininas. Me senti fora do lugar, mas pelo menos nós não estávamos sozinhos. Eu estava fazendo o meu trabalho sem a chance de jogar a precaução ao vento novamente já que estávamos cercados por pessoas. — E agora? — perguntou ela. — Agora nós compramos, — respondi.
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Por força do hábito, coloquei minha mão na parte inferior de suas costas e a conduzi para o interior da loja. A ouvi inspirar profundamente e rapidamente tirei minha mão do seu corpo. De pé ao seu lado, vi quando ela pegou uma roupa do cabide. Uma vendedora veio e perguntou se precisávamos de alguma ajuda, mas assegurei a ela que estávamos indo muito bem por conta própria. Entretanto, depois de observar Samantha na loja por trinta minutos, me senti mal por ela. Ela realmente não tinha ideia do que ficava bom nela. — Hum. Uma ajuda seria boa, — disse ela, sorrindo sobre as roupas. Ela era adorável. — Hmm... vamos ver, — eu disse enquanto olhava ao redor da loja. Meus olhos pararam em um vestido dourado do outro lado da loja. A seda ondulava no fundo como uma cascata de ouro líquido, a parte superior sem alças deixaria a bela imagem de Samantha com ombros e pescoço completamente descobertos. Quando atravessei a boutique, ela seguiu atrás de mim. — Isso. — apontei para o vestido. — Adoraria vê-la nisso. — Eu não sei, Roman, — disse ela nervosamente ao meu lado. Ignorando suas preocupações, chamei a vendedora. Queria o tamanho certo e levar Samantha a uma cabine. Ela ficou inquieta enquanto a vendedora pegava o vestido e saia do caminho para Samantha passar. Sentei do lado de fora da cabine e esperei. — Eu quero ver antes de você tirar, — falei. — Sim. Sim. Sim, — ela brincou. A ouvi proferir algumas maldições, minúsculos sussurros atrás da porta. Eu não podia deixar de rir baixinho para mim mesmo. — Precisa de alguma ajuda aí? — perguntei. O minuto que a pergunta saiu dos meus lábios, me arrependi. Estar sozinho em um pequeno espaço com Samantha Aldridge num mini-vestido não era uma jogada inteligente.
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— Na verdade, eu poderia precisar da sua ajuda, — ela gritou. Mais uma vez, me arrependi. De pé, do lado de fora da porta, esperei ela abrir para mim. E então lá estava ela, de pé e formosa no lindo vestido. A luz acima dela deixou sua pele brilhosa e os ombros ainda mais adoráveis. Meus olhos entraram em confronto com os dela e um pequeno rubor cobriu suas bochechas. Seus olhos castanhos pareciam mais escuros do que o habitual, como se todos os grandes mistérios do mundo estivessem trancados por trás deles. Engoli em seco e me aproximei dela. Ela se virou, levantando o cabelo dos ombros para me mostrar que não conseguiu fechar o zíper. O desejo de pressionar os meus lábios contra a parte atrás do pescoço dela era forte. Limpando minha garganta, estendi a mão e puxei o zíper. — Pronto, — eu disse. E então a peguei abertamente me olhando no espelho e meus olhos ficaram presos nos dela. Ela era bonita. Além da beleza. Cobri seu ombro com a palma da mão e deixei minha mão deslizar por seu braço. Nossos olhos permaneceram trancados e vi quando outro rubor cobriu seu rosto bonito. — Você é tão bonita, Samantha, — sussurrei. E então ela olhou para si mesma e respirou fundo. — Eu pareço gorda e velha, — disse ela, puxando o tecido extra na parte inferior do vestido. — Por que você faz isso? — perguntei. Seus olhos confrontaram os meus pelo espelho novamente. — Fazer o quê? — Toda vez que acho que estamos fazendo progresso e você está finalmente começando a se abrir e ver o quão incrível você é, você diz algo ruim sobre si mesma. Olhando para baixo, ela balançou a cabeça. — Honestamente? Eu não sei. Eu acho que está programado em mim ou algo assim. — Olhe para si mesma, Samantha. Olhe como você é linda.
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Ainda assim, ela não olhava para si mesma. Notei isso. Ela podia me olhar no espelho, mas ela não conseguia olhar para ela mesma. Em vez disso, ela olhou para as roupas como se isso fosse o suficiente. — Não. Eu quero que você olhe para si mesma no espelho, — eu disse, levantando seu queixo para que ela pudesse ver. Ela se afastou, virando a cabeça e olhando para baixo novamente. Meu dedo escorregou em torno do seu queixo e pelo seu pescoço. Eu senti seu pulso forte batendo contra o meu dedo. — Você deveria olhar para cima, não para baixo, — eu disse, inclinando o queixo para que ela fosse capaz de ver a si mesma. Mais uma vez, ela se virou. — Isso é ridículo, Roman. — ela deu uma falsa risada. — Eu sei como olhar em um espelho. — É mesmo? — perguntei. — Então porque você não está fazendo isso? Na verdade, você está fazendo tudo, menos olhar neste espelho. E ela estava. Agora que ela não estava olhando para mim, seus olhos estavam por toda a cabine, como se ver seu reflexo traria algum desgosto. Eu a aproximei do espelho e, mais uma vez, ela se afastou e virou a cabeça. — Olhe no espelho, Samantha, — eu disse com firmeza. Ela fechou os olhos e suspirou com irritação. — Mais uma vez, gostaria de deixar registrado que isso é ridículo. Ainda assim, ela não tinha olhado para o espelho. — Tudo bem, — eu disse mais suave. — É ridículo, mas, por favor, apenas experimente. Por mim. Seus olhos entraram em confronto com os meus no espelho e ela os segurou, tirando meu ar outra vez e me fazendo olhar para longe. Finalmente, ela ajustou os olhos e olhou no espelho para si mesma. A felicidade em seus olhos de antes se afastou lentamente e eu senti a perda. Eu senti como se tivesse levado um chute fazer seu sorriso derreter. — O que você vê? — perguntei. Eu sabia o que via e era uma mulher em seu auge. Uma mulher à espera de ser liberada de seu reprimido escudo tedioso. Via uma
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mulher... com curvas suaves e doces que adoraria roçar os dedos. Uma mulher tão doce e inocente que ainda corava. Uma que ansiava pelo toque de seu marido e implorava com os olhos até mesmo por um pingo de atenção. — Não faça isso comigo, — ela sussurrou tristemente. Seus ombros estavam tensos novamente. Seu rosto tenso. — Não faça o quê? — minha voz quebrou. A cabine estava silenciosa em torno de nós. Os sons altos de sua respiração. Uma intimidade que eu não esperava floresceu neste momento. — Não me faça dizer o que eu vejo. Eu queria ouvir a resposta dela mais do que nunca. Talvez fosse egoísta da minha parte fazer isso. Especialmente desde que ela estava implorando tão docemente, mas precisava ser feito. Ela precisava saber que havia muito mais naquele espelho. Algo que homens como eu dariam tudo para ter. — Me diga o que você vê, — repeti. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, levando um pequeno pedaço do meu coração com ela. — Vejo uma garota que não pode manter seu marido feliz e uma velha querendo ser tão bonita como as meninas que seu marido deseja. — outra lágrima caiu. — Eu vejo alguém cujo marido não a toca há mais de um ano porque ela é muito nojenta. Antes que pudesse detê-la, ela se dirigiu para a porta. Rapidamente agarrei seu braço e a puxei de volta. Ela caiu em mim, chorando no meu peito. E mesmo que soubesse que era errado, fiquei longe do espelho e a segurei enquanto chorava. Enterrei meu rosto em seu cabelo e respirei fundo. O cheiro dela me encheu e eu sabia que era o mais baixo dos baixos naquele momento. Lá estava ela, avançando e lá estava eu, tendo meu momento e egoisticamente a desejando. A sensação dela em meus braços era incrível. Não queria deixá-la ir, mas tinha que fazer. Ela não era minha para manter. Ela nunca seria minha. Virei a cabeça para o lado enquanto a segurava, olhando para nós no espelho. Estávamos juntos com força, enquanto ela se
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agarrava a mim. Ela tinha parado de chorar, mas ainda segurava firme. Meus olhos arrastaram de seu loiro cabelo longo sobre seu corpo. Foi quando eu vi. A contusão preta que marcava a parte superior do seu braço. A marca óbvia de dedos marcando sua pele bonita e uma raiva que nunca senti antes me impressionou profundamente. Me afastando e esquecendo tudo sobre suas lágrimas, toquei seu braço e ela se encolheu. Meus olhos foram pra ela, para ver sua reação, mas não havia nenhuma. Em vez disso, olhei para um par de olhos avermelhados cheios de dor e constrangimento. — Quem fez isso? — perguntei, correndo meu dedo sobre sua contusão mais uma vez. Ela ficou tensa antes de um sorriso forçado cobrir seus lábios. — Ninguém. Apenas fui desajeitada de novo, — ela respondeu. Uma mentira. Ela estava mentindo para mim e eu sabia disso. Podia ver pelo aperto de seu sorriso, na tensão de seus olhos. Aquele desgraçado a machucou, e mesmo sabendo que faria qualquer coisa para me certificar que Samantha estava feliz, eu não iria sentar e deixar que ela fosse abusada pelo homem que amava. Me afastei. — Precisamos voltar. Tenho um compromisso em uma hora, — menti. A verdade era que eu não poderia continuar olhando para as contusãos. A verdade era que eu precisava sair do pequeno espaço antes de estourar. A verdade era que eu amava Samantha... e machucaria qualquer um que a machucasse.
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Capítulo Dezoito SAMANTHA AS TÉCNICAS DE ROMAN só funcionavam quando eu estava com ele. Ele estava construindo minha confiança. Quando estava com ele, eu sorria mais. Ficava mais feliz, o que era algo que tentei manter afastado da minha rotina, deixando na parte de trás da minha mente. Depois de suas palavras doces no vestiário, senti como se pudesse enfrentar o mundo. Roman me achava bonita. Ele disse isso antes, mas algo sobre a maneira como ele disse a última vez me fez sentir como se estivesse dizendo a verdade. Senti isso na maneira como ele me tratou e do jeito que olhou para mim. Eu precisava de tudo o que ele estava me dando, mas tinha que lembrar que precisava dessas coisas de Michael, não de Roman. Depois de sair do carro de Roman quando voltamos para o consultório dele, entrei no meu carro e voltei à boutique. A vendedora me ajudou a escolher algumas coisas que pareciam 'sexy' em mim e saí de lá com uma sacola que planejava usar para Michael. Arrastei as sacolas até em casa e as deixei cair com um suspiro. Jogando minha bolsa na mesa ao lado da porta da frente, fiz o meu caminho até as escadas para o meu quarto para começar a cavar através das minhas compras. — Onde você estava? — Michael perguntou atrás de mim. Me virei para encontrá-lo em pé na porta do quarto, suas sobrancelhas franzidas com raiva. — Fazendo compras, — disse, me virando para continuar a desempacotar minhas roupas novas. Praticamente podia sentir seu olhos rolarem nas minhas costas antes de ouvi-lo suspirar. Então, ele estava ao meu lado, puxando uma calcinha de renda preta da sacola. — Tentando de novo, eu vejo, — ele murmurou.
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Foi então que eu percebi que havia um leve insulto em suas palavras. Me virei para olhar para ele para ver que seus olhos estavam vidrados. Ele bebeu uisque, o que dizia que ele tinha perdido um caso. Puxando as mangas de seu caro terno, ele ajustou a gravata. Ele estava bonito, mas eu não iria perder meu tempo dizendo isso. Poderia dizer pelo olhar em seu rosto que ele já sabia, de qualquer maneira. Pela primeira vez em muito tempo, o achei pouco atraente. O sorriso em seu rosto e seu cabelo perfeitamente engomado com gel era meio constrangedor. Roman, por outro lado, tinha um sorriso doce, com covinhas e honestidade. Seu cabelo nunca estava perfeito, mas o estilo desgrenhado era atraente nele. Ele não era perfeitamente barbeado e a memória de sua áspera bochecha contra a minha na parte de trás de sua limusine me fez estremecer. De repente, não tinha vontade de me vestir bem para Michael. Por que ele não podia me amar do jeito que eu era? Por que não podia ficar ligado comigo sem eu ter que saltar através de argolas? — Eu não sei o que você está falando. Não estou tentando nada. Pisando ao redor dele, deslizei contra a parede e me afastei. Ele me seguiu escada abaixo, colado em meus calcanhares. Entrei na cozinha e acaricei a cabeça de Duke antes de me virar para encontrá-lo ali de pé com as mãos nos quadris. — O que está acontecendo com você? — ele perguntou. — Eu não tenho ideia do que você está falando, — eu disse honestamente. Nada estava acontecendo comigo. Simplesmente estava ficando cansada de tentar fazer algo para ele. Nada que fizesse mudaria de qualquer maneira. Qual era o ponto? Eu estava começando a ter dificuldade em lembrar exatamente pelo que estava lutando. — Não. Você está diferente. Você nunca se afastou de mim desse jeito e para ser honesto, não tenho certeza se gosto disso. Mais uma vez, olhei para ele e de novo, ele parecia diferente para mim. — Sério, Michael. Não seja uma criança. Você parece que estava prestes a ir a algum lugar importante. Vá. Vou me manter ocupada enquanto você estiver fora.
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Me afastei para longe dele. Ao abrir a porta da geladeira, comecei a procurar uma garrafa de água. — Você não vai ao menos me perguntar onde estou indo? — sua voz ecoou contra o azulejo da cozinha. Havia um indício de insegurança em sua voz que o fez soar como seu antigo eu, mas ainda assim, eu estava começando a ficar irritada. Qualquer outro momento ele iria sem falar, mas, novamente, ele não estava fazendo exatamente o que eu queria que ele fizesse? De pé, fechei a porta da geladeira e apoiei contra ela. — Sinto muito. Você está certo. Aonde você vai? — perguntei. Seus olhos se moveram para baixo do meu corpo antes de me olhar nos olhos. Era uma ocorrência rara e qualquer outro momento, saborearia seu olhar, mas não consegui. Desviei o olhar, fingindo ajustar minha blusa. — Você está fodendo com outra pessoa? — ele perguntou abruptamente. E lá estava Michael. Eu estava me perguntando quando ele voltaria. Olhando para cima, como se estivesse travada nos faróis, olhei para ele horrorizada. — Você está seriamente me perguntando isso de novo? — retruquei. — Responda a pergunta, Samantha. — ele usou sua severa voz que repreendia qualquer argumento de outros advogados. — E o que você diria se eu estivesse, huh? — mal podia acreditar nas palavras que estavam saindo da minha boca, mas gostei da resposta. — Não é nenhum segredo que você tem seu quinhão de mulheres. Por que as mesmas regras não se aplicam a mim? Eu estava blefando. Outros homens mal reparavam em mim. Com a exceção do beijo de Roman, que eu tinha certeza que nunca iria acontecer novamente, eu era completamente fiel. Michael atravessou a sala e agarrou meu braço. Seus dedos cavaram meu bíceps, beliscando minha pele. Vermelho cobrindo suas bochechas e suas narinas. — Você é minha. Você entendeu? Quem quer que seja, se livre dele ou eu vou.
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Era uma ameaça? Soou como uma ameaça, mas eu não tinha certeza. Claro, o lado irracional de mim floresceu sob seu ciúme. Que tipo de mulher doente eu era? Não podia fazer nada, mas senti que a reação dele significava que ainda se importava comigo. Se o pensamento das mãos de outro homem em mim estava deixando ele louco, ele ainda me amava. Quando ele soltou meu braço, estiquei a mão e esfreguei os pontos onde seus dedos tinham pressionado. Seus olhos seguiram os meus movimentos e tristeza atravessou seus olhos antes dele girar sobre os calcanhares, me deixando ali de pé e sozinha na cozinha, sem a menor ideia de onde ele estava indo. Naquela noite, fingi estar dormindo quando ele chegou em casa. Ele caminhou ao lado da cama e o cheiro do perfume de mulher quebrou meu coração de novo. A água do chuveiro ligou e a porta do banheiro fechou calmamente. Uma pequena lágrima correu pela minha bochecha antes de adormecer.
NA MANHÃ SEGUINTE quando acordei, Michael já tinha ido para o trabalho. Com meu novo guarda-roupa, fui ao meu armário e tirei o vestido branco que tinha comprado no dia anterior. Um doce vestido de verão que abraçou minha cintura e me fez sentir bonita. Se Roman queria me ver com algo sexy, então eu iria vestir algo sexy. Depois de tomar banho e secar meu cabelo, apliquei maquiagem e coloquei jóias antes de escorregar no vestido. Me verifiquei no espelho mais uma vez antes de sair. Não era tecnicamente um encontro com Roman, mas depois de sentir o cheiro do perfume de mulher em Michael na noite anterior e lembrando todas as palavras doces que Roman disse no dia anterior, eu estava com a ideia errada. Enquanto estava sentada na sala à espera de ser chamada, a emoção trabalhou seu caminho em meu peito. Eu não podia esperar para ver o que Roman pensaria. Michael deixou claro que eu ficava ridícula vestindo tal roupa, mas talvez estivesse apenas tentando me menosprezar como de costume. A nova enfermeira me levou ao consultório de Roman. Eu não sabia se era porque ela era nova ou se era porque eu não estava
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agendada, mas de qualquer forma, quando entrei e vi a cama coberta de papel, senti o calor em minhas bochechas. Uma vez na sala, tirei meu casaco. Fui recebida pelo silêncio enquanto esperava impacientemente pelo som familiar de sua prancheta e sua sombra bater na porta. Eu pulei e fiquei de pé, ajustando meu vestido quando sua batida soou por todo o lugar. Fiquei tensa quando ele entrou na sala. Mantendo os olhos em sua prancheta, ele falou. — Bom dia, Samantha. Acredito que você está bem hoje? E então ele olhou para cima, arregalando os olhos apenas uma fração e moveu lentamente pelo meu rosto, pelo meu corpo e minhas pernas. Mudei minha posição instintivamente, sabendo que meu vestido subiria e mostraria um pouco das pernas. Eu não tinha certeza sobre como Roman fazia, mas ele me fazia me sentir sem vergonha e corajosa. — Maldição, — ele sussurrou para si mesmo, seus olhos fazendo seu caminho de volta para o meu rosto. Sua reação me deixou nervosa. Talvez ele pensasse as mesmas coisas que Michael. Talvez ele achasse que eu era velha demais para usar um vestido tão sexy. Eu coloquei minhas mãos para baixo para cobrir um pouco as minhas pernas quando minha timidez escorregou de volta. — É tão ruim assim? — perguntei. — Você disse que eu deveria usar coisas que me fazem sentir sexy e bonita e bem, este— Completamente delicioso, — ele interrompeu. Calor envolveu minhas bochechas e através de mim. Rapidamente ele limpou a garganta e foi para o seu lugar. Ele vestiu o jaleco branco para cobrir a protuberância inconfundível em seu uniforme. — O que eu quero dizer é, você está muito bonita, Samantha. Eu amei como ele disse meu nome. Ele não me chamou de Sam, com desprezo escorrendo de seus lábios como Michael fazia. Ele disse o meu nome como se eu fosse alguém, me fez sentir bem com meu nome rolando em sua boca. Ele me deixou excitada da forma mais estranha. — Obrigada, — eu disse. Sentando, cruzei as pernas e coloquei minhas mãos no meu colo. Não perdi o jeito que seus olhos se viraram para as minhas pernas
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Sua pergunta me pegou desprevenida. Era estranho ele olhar para mim do jeito que estava e ao mesmo tempo perguntar sobre minha vida em casa com meu marido. — Uh, as coisas estão mudando, — respondi. Seus olhos procuraram os meus antes de desviar o olhar e perguntar: — Mudando como? Expliquei tudo o que aconteceu depois que cheguei em casa das compras. Fui honesta sobre todo o evento. Sua mandíbula se contraiu quando mencionei como Michael agarrou meu braço. Terminei falando sobre como ele chegou em casa cheirando a outra mulher. Abaixei a cabeça quando senti as lágrimas correrendo pelos meus olhos depois da história. Eu estava fazendo meu melhor, mas ainda ficava envergonhada pelo fato de meu marido tão abertamente me trair. Engasguei quando senti o dedo quente no meu queixo. Ele levantou meu rosto e olhou para mim. — Ele é um idiota, Samantha. Você não deve derramar outra lágrima por esse homem. Seu dedo se moveu para enxugar a lágrima quente que vazou do meu olho e fez uma corrida pelo meu rosto. Balancei a cabeça já que minha voz ficou presa na minha garganta. Sua mão se moveu para cima, seus dedos se perderam no meu cabelo e fechei os olhos com seu toque. Sua outra mão pegou do lado do meu rosto aninhado na palma da mão. — Você é tão linda, — ele sussurrou para mim. E então ele se inclinou e me beijou. Segurando as mãos, o beijei de volta. De pé, sem quebrar o beijo, mudei para o seu espaço, o calor de seu corpo me acalmando e um gemido viril fez seu caminho em minha boca. Quando abri, ele passou a língua na minha boca, o gosto dele revestindo minha língua. Meus dedos se enredaram em seu cabelo enquanto deixava o beijo mais profundo. Eu não conseguia o suficiente. Ele me movimentou até minhas coxas colidirem com a cama. O papel da cama amassou quando pressionei contra ela. Instintivamente, levantei minha perna, permitindo que ele se movesse entre elas. Sua dureza pressionou contra minha calcinha branca de renda. Recuando,
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ele segurou minhas bochechas e olhou para mim com a respiração pesada. — O que você está fazendo comigo? — perguntou ele, confusão em seus olhos. E então seus lábios desceram para os meus novamente e, novamente, me abri para ele. Sua mão soltou meu rosto e segurou a parte de trás do meu joelho. Lentamente ele passou a mão na minha coxa e sob o meu vestido até que ele estava apertando meu quadril. Meu vestido estava subindo, dando a ele plena vista da minha calcinha, mas eu não me importei. Me inclinando para trás, ele olhou para baixo e fechou os olhos em um rosnado. Trabalhando minhas mãos pelo peito dele, empurrei o jaleco branco de seus ombros, o deixando em pé na minha frente apenas em seu uniforme azul. Ele parecia tão sexy. Seu cabelo caindo em seus olhos quando se moveu de novo, me beijando mais e mais rápido. Cravei minhas unhas em suas costas e ele suavemente mordiscou meu lábio inferior. Sua mão se moveu em torno do meu quadril até que seus dedos estavam brincando do lado da minha calcinha e me deixando louca. — Está tudo bem? — ele perguntou contra os meus lábios. Eu empurrei meus quadris para frente, implorando a ele com o meu corpo para me tocar. — Por favor, Roman. E então ele enfiou a mão no lado da minha calcinha e correu os dedos por cima de mim. Eu já estava prestes a explodir. Tanto tempo. Fazia tanto tempo desde que fui tocada dessa forma que meu corpo estava pronto e eu estava tão molhada. Quebrando o beijo de novo, inclinei minha cabeça para trás e gemi seu nome. Minhas pernas abriram para ele e os únicos sons na sala eram nossas respirações duras e rápidas. Fora da sala, os negócios aconteciam normalmente, mas dentro, o calor estava alto e eu estava prestes a quebrar um voto que fiz há nove anos. Ainda assim, não poderia encontrar qualquer remorso no momento. Era muito bom me sentir bem. Seu polegar roçou meu clitóris e mordi meu lábio com tanta força que fiquei com medo de sangrar.
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— Você está tão molhada, amor, — ele sussurrou contra meu pescoço antes de sugar a pele macia entre seus dentes. — Me diga o que você quer, Samantha. Assim que ele pediu, ele mergulhou dois dedos grossos dentro de mim, me fazendo levantar da cama e empurrar meus quadris mais uma vez. — Eu quero... — eu respirei. Eu o queria. Em mim. Tudo ao meu redor. Eu precisava dele. Ele trabalhou seus dedos dentro e fora, circulando meu clitóris e me puxando em um frenesi. — Você é tão pequena aqui, — disse ele, apertando os dedos profundamente. — Quando foi a última vez? — ele perguntou. Eu sabia o que ele estava perguntando, mas meu cérebro não estava disparando em todos os cilindros. Abrindo os olhos, olhei para os seus. — Um ano, — gritei. Era a resposta que ele queria. Eu poderia dizer pelo olhar de triunfo em seu rosto. — Quando foi a última vez que você gozou, amor? — ele perguntou. Seu sotaque pingava com necessidade enquanto ele continuamente mergulhava os dedos profundamente em mim uma e outra vez. Quando ele pegou o ritmo, os sons do meu corpo molhado encheu a sala mais alto que nossas respirações. — Muito tempo... — respirei. Essa era realmente eu? A mulher que parecia sedutora e cheia de necessidade não poderia ser eu, mas era. Roman a tirou de mim e estava a segurando em uma coleira apertada com seus dois dedos longos. Estendendo a mão, puxei as cordas segurando sua calça de uniforme. Já não me preocupava com o que era certo ou errado. Queria senti-lo dentro de mim. Queria explodir em torno dele do jeito que nunca fiz com Michael. Ele me parou com a outra mão e fez um barulho com a língua. — Não, linda. Me deixe satisfazer você.
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Ele pressionou a testa na minha, seus lábios escovando os meus ocasionalmente, enquanto ele continuava a girar meu clitóris com o polegar e me penetrar com os dedos. Sua respiração avançou contra meus lábios e me senti desfazendo dentro do meu estômago. — Tão perto, — ofeguei. — Por favor, Roman. Estou quase. Ele me beijou novamente e, em seguida, respondeu: — Goze, amor. Eu vou segurar você. Suas palavras me enviaram sobre o limite. Gritei e ele rapidamente cobriu minha boca com a sua. Gozei duro e por muito tempo meu corpo tremia contra o seu enquanto gemia minha libertação em sua boca. Ele continuou a sua doce tortura até que tive a certeza que não poderia ter mais nada antes dele tirar os dedos de mim. O ar frio entrou correndo, me enchendo e me fazendo tremer. Meu estômago doía me mantendo na posição vertical, então me soltei e caí de costas sobre a cama. Respirei fundo, tentando recuperar o fôlego e senti a perda dele quando se afastou de mim e foi para o outro lado da sala pegar uma caixa de lenços. Quando ele as estendeu para mim, olhei para cima para encontrar sua expressão cheia de culpa. Estendendo a mão, arranquei alguns lenços da caixa. Me sentando, olhei para ele e vi uma mistura de emoções passarem sobre seu rosto. Ele estava se lamentando e eu não tinha certeza se poderia lidar com o arrependimento de qualquer outra pessoa.
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Capítulo Dezenove ROMAN — ME PERDOE, — eu disse em voz alta em uma exalação profunda. Eu estava pedindo perdão a ela e, em geral, pelo que eu tinha feito. Era errado. Tão cruelmente errado, mas ela se sentiu tão incrível e cheirava tão doce. Mesmo depois disso, a forma como seus grandes olhos escuros estavam olhando para mim, eu queria empurrá-la de volta para baixo e me perder dentro dela. Mas eu não podia. Eu já tinha deixado ir longe demais e eu sabia que eu tinha que parar de vê-la. Eu estava colocando em risco tudo o que eu tinha trabalhado tão duro. Samantha era uma mulher casada. Infeliz no casamento, mas ainda casada. Eu nunca tinha tido propensão para pisar no pé de ninguém e lá estava eu com a minha mão em sua saia e seus doces sucos em meus dedos. Eu nem sequer esperei por ela dizer qualquer coisa. Em vez disso, eu empurrei meus braços de volta no meu casaco e sai da sala. Quando cheguei ao meu consultório, eu fechei a porta atrás de mim e me encostei nela. Tomando grandes goles de ar, eu respirei fundo. Eu ainda estava ostentando um furioso pau duro por Samantha e não importa o quão duro eu tentei tirá-la da minha mente, ela estava em todos os lugares. A mulher quieta, tímida tinha desaparecido em um instante e em seu lugar estava uma sedutora. Ela gemeu e se moveu contra a minha mão como se sua vida dependesse disso. Eu nunca tiraria o seu rosto da minha mente. O jeito que ela olhou quando ela se desfez em minhas mãos. A boca aberta em êxtase e seus olhos fechados como se a doce tortura fosse demais para ela.
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DOIS DIAS DEPOIS e eu ainda não conseguia tirar Samantha da minha cabeça. Eu passei meus dias no trabalho, vendo pacientes e fazendo cirurgias e então eu ia para casa e tomava um banho quente com ela em minha mente e meu pau na minha mão. Mas pior do que isso, eu estava começando a ficar com ciúmes. Só de pensar sobre ela ir para casa para Michael me deixava louco. Pensar nela dormir com ele me deixava com uma raiva que eu não sentia desde que eu era um menino. Ele não era bom o suficiente para ela, mas nem eu era. Eu era um infeliz que colocou suas mãos sobre a mulher de outro homem. — Então, como estamos nos sentindo hoje, senhorita Tori? — eu perguntei quando eu estendi a mão e baguncei seu cabelo escuro. Ela sorriu para mim, gaze escondendo metade do rosto. — Hoje foi um bom dia, — disse sua mãe, exausta. Não era justo. Tal alma jovem passando por tanto. Doeu cada vez que eu a visitava, mas eu não poderia evitar. Ela me lembrava muito da minha irmã mais nova. Foi uma das principais razões que eu tinha concordado em fazer suas cirurgias, mesmo sabendo o risco que veio com elas. Minha irmã, Rachel, esteve em um acidente quando ela tinha quatro anos. Minha mãe tinha um bule de chá quente no fogão e minha irmã puxou sobre si mesma. O lado direito de seu rosto foi muito queimado e ela ficou com uma quantidade terrível de cicatrizes. Ela cresceu como qualquer outra criança, mas quando ela ficou mais velha, as crianças se tornaram cruéis. Eu poderia lembrar da sua mendicância ao nosso pai para levá-la a um cirurgião plástico. Tínhamos dinheiro para ter quaisquer cirurgias que ela poderia necessitar, mas o pai simplesmente disse que não era desnecessário. Era necessário. Rachel queria parecer como todos os outros. Ela costumava chorar sobre como as crianças eram e as coisas que elas diziam. Até que finalmente, quando ela tinha dezessete anos, ela não podia aguentar mais. Encontrar a sua irmãzinha morta no chão do quarto era algo que você nunca superaria.
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Decidi então que, quando eu me graduasse na escola, eu iria para a universidade para a cirurgia plástica. Eu jurei que eu sempre ajudaria aqueles em necessidade. Samantha Aldridge não estava em necessidade, ela era além de perfeita, mas ela queria. Ela queria que seu marido olhasse para ela do jeito que ele olhava para outras mulheres. Ela queria ser alguém que ela não era e eu não poderia, não importa o quanto ela havia implorado, até mesmo pensar sobre a possibilidade de mudá-la. Depois de fazer a cirurgia e visitar Tori depois, eu me lavei e voltei para o meu consultório.
STEIN ME CONVENCEU de ir a outra festa de gala e eu a contragosto fui. Caridade e coisas dessa natureza eu estava totalmente bem em frequentar, mas ir para algum lugar para assistir os ricos tentar superar uns aos outros em grupos era sempre um aborrecimento. Sentado no bar, eu pedi outra bebida e sorriu para a barman. Ela era uma mulher simpática e eu poderia dizer que ela não queria estar lá tanto quanto eu. — Obrigado, amor, — eu disse, tomando um gole do meu copo e vendo o rubor correr até suas bochechas. Me virando para enfrentar a multidão, meus olhos pousaram sobre Michael Aldridge. Ele estava em seu lugar habitual entre as pessoas, fazendo o grupo rir por tudo o que ele estava dizendo. Uma jovem morena se moveu ao lado dele e vi quando ele sussurrou algo doce em seu ouvido. Ela lambeu os lábios e sorriu antes de se afastar. Maldito bastardo. Eu não tinha certeza se era as bebidas ou tudo desde as últimas semanas empurrando contra mim, mas eu me movi em sua direção. Ele se virou para mim quando me aproximei e seus olhos me avaliaram. — Posso falar com você por um minuto, Michael? — perguntei educadamente.
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Desconfiança se moveu sobre seus olhos antes que ele voltasse para o seu pessoal, pegasse sua bebida e se afastasse. Nós fomos para o bar, onde ele silenciosamente pediu outra bebida com um movimento do seu dedo. — O que posso fazer por você, Blake? — ele perguntou, sua voz engrossando. — Bem, você pode começar por manter suas mãos fora de Samantha, — eu disse com firmeza. Tomei um gole da minha bebida, meus olhos encarando os seus de cima do copo. Vermelho marcando suas bochechas e sobrancelhas puxadas para baixo. — O quê? — ele perguntou inocentemente. — Não banque o estúpido comigo. Esbarrei em Samantha no outro dia e eu vi o machucado em seu braço. O engraçado é que ele parecia notavelmente como impressões digitais de um homem. Ele ajustou a gravata e tomou um grande gole de sua bebida. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, eu continuei. — Não é nenhum segredo o tipo de vida que você leva, Michael. Mulheres diferentes sem pensar em sua esposa. Seus admiradores lá podem olhar para você, mas nós, homens reais, sabemos a verdade. — E qual verdade é essa? — ele perguntou. — Você é um pedaço de merda que não é bom o suficiente para beijar os dedos de sua esposa, muito menos seus lábios. No entanto, o seu relacionamento com a sua esposa não é da minha conta. — Você está certo. Não é, — ele respondeu. O fato de que ele não tinha negado minhas acusações sobre as contusões de Samantha não passou despercebido. — Faça o que quiser com suas pequenas prostitutas, mas se certifique de manter suas mãos longe dela. Entendido? Eu não esperei que ele respondesse. Em vez disso, dei um passo para longe do bar e fiz meu caminho através da sala para Stein e um grupo de meus colegas. Senti seus olhos em mim de onde eu estava, mas eu mantive meus olhos fixos em Stein enquanto falava de seu último paciente e seus procedimentos. Mesmo tentando manter meus olhos para mim, eles instintivamente percorriam toda a multidão à procura de Samantha. E ~ 128 ~
então eu a vi. Ela estava se movendo em toda a sala em direção à alcova que abrigava os banheiros. Seu vestido era baixo, mostrando suas costas elegantes. Apertando minha mão, eu fechei os olhos e imaginei beijar meu caminho pelas costas e lentamente despi-la. Eu ainda tinha que vê-la completamente nua, mas eu só podia imaginar quão gloriosa ela seria. Baixando a minha bebida, eu deixei o grupo e fiz o meu caminho através da sala quando ela desapareceu na esquina. Já sentindo que minha calça estava apertada. Só de pensar em estar perto dela eu estava ficando duro. Ela havia tecido um feitiço estranho sobre mim. Era a única maneira que eu poderia descrever como ela me fez sentir. Me aproximando, a encontrei lá de pé, esperando. Sua pele brilhava sob a iluminação. Sem pensar duas vezes, cheguei até ela sem me preocupar em quem iria ver.
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Capítulo Vinte SAMANTHA EU REALMENTE NÃO tinha que usar o banheiro, mas eu não podia me sentar mais lá e ver Roman. Não quando tudo dentro de mim pedia para estar perto dele. Eu mesmo virei minha cabeça sem perceber quando Michael estava flertando abertamente como de costume. O fato era que eu não ligava para o que ele estava fazendo mais. Me afastar e estar longe de onde eu podia ver Roman, eu me senti como se eu pudesse respirar melhor. Eu puxei a porta do banheiro, apenas para encontrá-lo bloqueado. Então eu fiquei ali e esperei. Foi quando eu senti o toque familiar dos dedos de Roman nas minhas costas. Ele passou os dedos no meu braço lentamente, arrepios seguindo seus dedos como uma onda no oceano. Fechando os olhos, eu aproveitei o momento... saboreando o toque de outro ser humano. Quando chegou ao meu ombro, ele o segurou com a palma da mão quente antes de suavemente massagear. Sua outra mão seguiu no meu outro ombro, seu hálito quente fazendo cócegas na minha nuca. — Samantha. — meu nome passou correndo por minha orelha. No início, eu não poderia responder, mas uma vez que eu era capaz de fazer minhas cordas vocais se moverem, o único som que saiu foi: — Hmmm. — Você deve me dizer para parar, — disse ele. O pensamento dele parar era insuportável. Meu corpo implorou por seu toque - meu centro parecia lava derretida e pronta para entrar em erupção. Eu não tinha me sentido tão ligada a outra pessoa em tantos anos e eu não estava pronta para deixar esse sentimento ir. — Não. — minha voz era severa. — Não? Por que não? — ele perguntou. Usando suas próprias palavras contra ele, eu disse: — Porque eu mereço isso. ~ 130 ~
Uma risada suave levantou os cabelos na parte de trás do meu pescoço, me fazendo tremer. — É assim mesmo? — Uh-huh. — Bem, nesse caso, o que mais você merece? Girando em seus braços, eu me esmaguei nele. Ele se inclinou naquele exato momento para pressionar seus lábios nos meus. Sua língua varreu a minha, enchendo minha boca com o seu gosto e as bebidas que ele bebeu no bar. Instantaneamente me senti embriagada com ele. Ele me moveu contra a parede quando ele lentamente começou a levantar meu vestido longo. Qualquer um poderia aparecer a qualquer momento. Sem mencionar que havia uma mulher no banheiro que poderia sair também. Todo mundo sabia que eu era a esposa de Michael, e eles também sabiam que Roman não era Michael. Empurrando contra ele, olhei em volta para algum lugar para nós irmos. Localizando uma terceira porta, eu o puxei comigo. — Aqui, — eu disse, empurrando a porta e puxando-o para um segundo espaço. A porta bateu com força atrás de nós. Roman enfiou as mãos nos meus cabelos, broches voando, como um homem possuído quando ele começou a me beijar novamente. — Eu não... — ele começou com a respiração pesada. — Eu não me canso de você. Mais uma vez, ele começou a mover meu vestido até que a bainha estava descansando logo abaixo dos meus quadris. Com o vestido fora do caminho, eu era capaz de enrolar uma perna em torno de seu quadril. Ele aproveitou a oportunidade para se pressionar em mim, me fazendo quebrar o beijo para lançar um suspiro de prazer. Ele mudou de posição, me levantando como se eu não pesasse nada, sobre uma mesa coberta de pano. A mesa não utilizada tilintou alto. Me inclinando entre nós, eu fui desfazer o seu botão e zíper. Eu queria ele. Não, eu precisava dele. Quando eu empurrei para baixo suas calças e cueca, ele ficou livre na minha mão, me aquecendo com a sua dureza.
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Ele jogou a cabeça para trás em um silvo antes de plantar beijos rígidos ao lado do meu pescoço. Mexi a minha mão sobre ele, sua respiração instável contra o meu pescoço. — Samantha, — ele sussurrou. — Não pare, amor. Eu não tinha planejado isso, mas eu estava cansada de ser provocada. Eu era muito casada e eu sabia que era errado, mas eu o queria. Eu precisava senti-lo dentro de mim. Masturbá-lo não estava no menu esta noite, eu estava. — Não. Eu quero você, Roman, — eu disse, minha voz cheia de necessidade. Ele se inclinou para trás e olhou nos meus olhos como que para se certificar de que eu estava confiante, se eu sabia o que estava dizendo e então ele assentiu com a cabeça. Se inclinando, ele empurrou seus dedos do lado da minha calcinha antes de rasgá-las do meu corpo, colocando-as no bolso do casaco. — Me perdoe, — disse ele em voz alta para ninguém. Em seguida, ele foi entre as minhas pernas e se posicionou na minha entrada. De repente, a porta se abriu e um membro da equipe entrou. Felizmente, estávamos na escuridão e tivemos tempo para nos ajustar antes que ele pudesse nos ver. — Vocês não podem estar aqui, — o cara disse quando ele ligou um interruptor, embrulhando o lugar em luz dourada. Agarrando minha mão, Roman me puxou para a porta. — Nossas desculpas, — disse ele quando passamos pelo cara. Uma vez que estávamos na frente dos banheiros de novo, ele me puxou para ele, tempo suficiente para sussurrar no meu ouvido. — Mama Maria. Amanhã ao meio-dia. Me encontre lá. E então ele voltou para o salão do baile com passos largos de um homem em uma missão e minha calcinha no bolso.
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NAQUELA NOITE, FUI PARA CASA SOZINHA. Michael nunca voltou para casa e eu não poderia me preocupar menos. Eu odiava, mas depois de tanto tempo com ele sendo do jeito que era eu decidi que não me importava com o que ele fazia ou deixava de fazer. Ou eu realmente tinha batido no meu ponto de ruptura ou eu estava me apaixonando por Roman. Qualquer cenário seria ruim. No dia seguinte, eu estava sentada em uma mesa tranquila no canto da Mama Maria e esperando por Roman. Eu estava animada para vê-lo e depois da maneira como as coisas tinham sido entre nós no último par de vezes que nos encontramos, eu percebi que era hora de eu descobrir exatamente o que era que estávamos fazendo. No minuto em que ele entrou, meus olhos estavam sobre ele. Ele estava sexy em um par de jeans escuros e uma camisa de botão. Era uma grande mudança de sua roupa de médico habitual ou terno. Seu cabelo estava selvagem como de costume e seus olhos cor de uísque brilhavam quando eles encontraram os meus no outro lado da sala. Minha respiração acelerou quando ele veio em meu caminho, deslizando pelas mesas, sem tirar os olhos dos meus. Um sorriso maroto esticou seus lábios grossos, tornando suas covinhas visíveis quando ele sentou perto de mim. — Eu vou querer o que ela pediu, — ele disse para a garçonete quando ela parou ao lado da mesa. A garçonete corou com as palavras dele. Aparentemente, eu não era a única mulher na sala que achou o sotaque britânico e boa aparência de Roman eram por sua vez uma volta completa. Uma vez que a garçonete nos deixou, Roman ficou em silêncio enquanto ele olhava para mim. Virei a cabeça e enfiei alguns fios de cabelo atrás da minha orelha. Seus olhos seguiram os meus movimentos, me deixando nervosa. Meus muitos defeitos se mudaram para frente da minha mente e eu tentei descobrir qual deles ele estava reparando. — Você está encarando. — eu disse o óbvio. Outro sorriso perverso apareceu em seus lábios quando ele se ajeitou na cadeira, jogando um braço sobre as costas. — Eu sinto muito. Eu não consigo me refrear com você. Mais uma vez, seus olhos devoraram meu rosto e eu senti minhas bochechas corarem. ~ 133 ~
Eu estava pensando que talvez nós iríamos vir para o almoço e fingir que as poucas vezes que tínhamos tocado um ao outro nunca tivesse acontecido, mas, aparentemente, Roman tinha outros planos. — Não se desculpe. Me deixa um pouco nervosa, mas eu gosto que você goste de olhar para mim, — eu disse para o meu copo de água antes de eu levá-lo em um gole refrescante e rápido. Minha garganta estava seca de nervos e meu pulso estava batendo forte e rápido em meus ouvidos. — Eu não gosto disso. Constrangimento me penetrou. Eu tinha falado cedo demais. Eu sempre me senti mais confiante quando eu estava com Roman. Ele sempre foi amável tanto que eu ainda não tinha considerado o fato de que ele estava sendo rude. — Eu amo isso, — disse ele em um sussurro quando ele se inclinou sobre a mesa, pegando minha mão. Seus dedos quentes envolveram os meus, enviando faíscas até meu braço e até meu interior. — Eu adoro olhar para você. As respostas que recebo de você. Você é tão sexy e você não tem noção disso. Calor moveu sobre mim. Eu nunca me senti mais querida. Nem mesmo quando Michael e eu tínhamos começado a namorar. Ele sempre foi tão lento para tocar ou elogiar, mas Roman colocou tudo sobre a mesa e eu estava ouvindo suas palavras em desespero total. Eu amei cada minuto de sua paquera. Foi diferente de quando nós originalmente começamos, mas eu não podia negar que ele me fez sentir feminina. Eu olhei para ele de debaixo dos meus cílios e sorri. A sala que nos rodeia turvou e, naquele momento, havia apenas nós. Roman e Samantha. Era completamente contra as regras. Ele estava quebrando vários delas, mas eu não pude deixar de sentir da maneira que eu senti e eu não queria impedi-lo de olhar para mim do jeito que ele fazia. A garçonete parou na mesa, nos quebrando do nosso feitiço e acomodou a sua comida na frente dele. Ainda assim, ele olhou para mim sobre ela enquanto ela trabalhava. Eu praticamente podia ouvir seus pensamentos. Ele queria sair de lá. Ele queria me levar de volta ao seu consultório e me jogar sobre a mesa. E eu não poderia mentir para mim mesma. Eu queria essas coisas também.
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Assim que a garçonete saiu, ele moveu a comida para o lado e estendeu a mão para tomar as minhas. — Viaje comigo neste fim de semana, — disse ele, efetivamente mudando o jogo e adicionando suas próprias regras. — O quê? — eu engasguei. — Eu tenho que ir para Nova York neste fim de semana para uma conferência. Vá comigo. Ir para o fim de semana era um grande passo. Eu tinha que decidir o que eu queria fazer antes disso. Eu queria fazer o meu casamento com Michael funcionar? Porque se eu quisesse, não teria como eu ir para o fim de semana sabendo com certeza que iria envolver sexo alucinante. Mas se eu decidisse que o que Michael e eu tínhamos foi muito longe, um fim de semana de sexo alucinante com Roman era exatamente o que eu precisava. Minha boca começou a falar antes da minha mente produzir as suas conclusões, tomando a decisão para mim. — Quando partimos? — as palavras saíram da minha boca, chocando não só Roman, mas a mim também. Seu sorriso foi sexualmente carregado e pecaminoso. — Amanhã.
O CARRO DE MICHAEL ESTAVA na garagem, mas a casa estava vazia quando cheguei. Exceto por Duke, que quase me tombou quando vim pela porta da frente. Ele pulou em mim, banhando meu rosto com beijos de cão. — Desça, Duke, — eu ri. Agora que eu não estava à frente de Roman e completamente hipnotizada por seu sorriso e olhos, a minha decisão foi pairando sobre mim. Eu não poderia ir para o fim de semana com outro homem. Eu era uma mulher casada. Mesmo com a decisão de deixar Michael pairando na parte de trás da minha cabeça, eu era pelo menos decente o suficiente para esperar até sermos legalmente separados antes de estar na cama com outro homem.
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Subindo as escadas, eu tirei meus tênis e os balancei em meus dedos enquanto eu subia cada degrau em um ritmo rápido. Desde que eu tinha ido correr no parque com Roman e vi quão terapêutico isso era, eu tinha ido todos os dias pelo menos uma vez. Eu precisava correr naquele momento. Eu precisava pensar. Chegando lá encima, eu desfiz meu coque e corri os dedos pelos fios. Eu estava indo me mudar para algo confortável e correr até que eu descobrisse como sair da decisão ridícula que eu tinha feito. Abrindo a porta, fui recebida por Michael e uma mulher de cabelos negros na nossa cama e infelizmente, eu não estava nem um pouco chocada. Andando através do quarto, sem sequer perturbá-los, eu abri a minha porta do armário e peguei minha mala. Não havia necessidade de correr. Minha decisão original foi a correta. O que eu tive com Michael se foi e eu não estava mais preocupada com o que eu estava fazendo enquanto eu estava casada com ele. Ele obviamente não dava a mínima para o casamento ou a mim. A cama rangeu e todo o movimento no quarto parou. Eu ouvi os pés descalços na madeira atrás de mim em movimentos frenéticos, mas eu ignorei enquanto eu jogava todas as roupas que eu precisava e mais em minha mala. — Sam? O que você está fazendo? — Michael perguntou atrás de mim. Houve uma sugestão de pânico em sua voz, mas eu ignorei. Eu já não iria tentar concertar as coisas em minha mente que não estavam lá. — Embalando, — eu simplesmente declarei. Minhas palavras não estavam com raiva porque, honestamente, eu não era louca. Eu não me importava e eu soube naquele momento que qualquer amor que eu tinha por Michael ao longo dos anos foi completamente esmagado. Ele tinha feito isso. Não foi minha culpa. Eu tinha feito tudo o que podia para salvar o que tínhamos, mas era óbvio que ele não tinha a intenção de fazer o mesmo. Nós tínhamos acabado. Eu iria com Roman e teria um fim de semana longe para ter o que eu esperava que fosse um incrível e muito necessário sexo e então eu chegaria em casa e lidaria com o resto. — Eu posso ver isso, mas por quê? — ele perguntou.
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Me virando, eu dei uma gargalhada como se eu tivesse acabado de ouvir a piada mais engraçada do mundo. Era o riso de uma mulher louca que tinha estalado. — Você está brincando, certo? — eu perguntei. Meus olhos se moveram ao redor do quarto, vendo que a mulher de cabelos escuros já tinha ido para muito longe. A cama estava uma bagunça e quando eu fechei meus olhos, eu podia ver seu rosto em êxtase quando ele bateu o seu corpo no dela. E então uma calma se arrastou sobre ele e um sorriso arrogante atravessou seu rosto. — Nós dois sabemos que você não vai a lugar nenhum. Deixe de ser ridícula e vamos falar sobre isso. Mais uma vez, eu ri alto. Toda a situação era completamente ridícula e hilariante. Eu tinha sido tão mortalmente determinada em corrigir o que estava errado comigo para salvar nosso casamento, mas, pela primeira vez, pude ver que o problema nunca fui eu. Michael era o único precisando acertar qualquer coisa... não eu. Eu estava longe de ser perfeita, mas eu ainda era eu. Talvez um pouco mais confiante, graças à Roman, mas eu ainda era eu. — Não há nada para falar. E não havia. Me afastando, eu continuei a arrumar minhas roupas e algumas coisas pessoais. — Samantha? — sua voz soou insegura e eu tive que me sacodir. Tinha sido tanto tempo desde que ele tinha falado meu nome completo da maneira que ele fez agora. Ele estava cheio de necessidade e amor, mas eu sabia que era uma farsa. Eu estava fazendo a coisa certa. Eu não podia voltar atrás agora. — Sim? E então ele conseguiu me chocar mais uma vez. — Se você sair, não volte, — disse ele. Toda a emoção amorosa tinha desaparecido de sua voz rápido assim. Minha determinação cresceu novamente. Dando a ele um sorriso liberto, eu assenti. — Não se preocupe. Eu não planejava isso. — puxando minha mala, eu escorreguei meus sapatos de volta e me dirigi
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para a porta. — Eu vou por Duke num canil até que eu volte. Eu vou voltar na próxima semana para buscar o resto das minhas coisas. E então eu saí e fechei a porta atrás de mim sem olhar para trás.
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Capítulo Vinte e Um ROMAN EU EMBALEI PARA o fim de semana, minha mente estava correndo a cem milhas por hora. Eu iria direto para o inferno, para onde eu iria queimar por toda a eternidade. E eu não estava falando sobre o tipo de queimação que eu tinha por Samantha. O que eu estava fazendo era errado, mas eu não conseguia me conter. Ela era como um farol. Não importa o quão duro eu tentei ficar longe, eu fui atraído. Não havia nenhuma dúvida em minha mente que eu estava loucamente apaixonado por ela. E uma vez que as minhas emoções por ela eram tão fortes, eu naturalmente a queria. Mesmo que eu soubesse que a querer era errado e eu estava quebrando uma das minhas maiores regras, eu não poderia me parar. Pedir a ela para passar o fim de semana comigo foi completamente espontâneo. Ela estava sentada na minha frente, toda linda como de costume e eu sabia que tinha que tê-la para o fim de semana. O pensamento de estar longe dela por até dois dias era insuportável. As palavras saíram da minha boca, me chocando e realmente a chocando. Seus grandes olhos castanhos tinham aumentado diante dos meus e mesmo achando naquele momento que ela iria recusar, ela me chocou ainda mais quando ela facilmente concordou em ir comigo. Aparentemente, estávamos na mesma página e isso me encheu de uma felicidade que eu não sentia há muito tempo. Eu não tinha expectativas ou planos para o fim de semana. Eu não era um canalha desonesto que tinha um fim de semana de sexo e libertinagem planejado. Eu estava simplesmente indo seguir com o fluxo. Deixar as fichas caírem onde elas podiam. Não estava no meu estilo habitual deixar o que aconteceu acontecer, mas como era meu plano eu carreguei meu carro e tranquei atrás de mim. Samantha era tão vulnerável. Eu estava determinado a não ser como Michael e forçar as coisas sobre ela, especialmente os meus sentimentos e emoções, mas se as coisas acontecessem naturalmente, então poderíamos atravessar essa ponte quando chegássemos a ela. ~ 139 ~
Tudo o que sabia ao certo enquanto eu dirigia em toda a cidade para encontrá-la era que ela era boa demais para um homem como Michael e eu a amava o suficiente para lutar por ela. Eu queria passar o fim de semana mostrando a ela como uma mulher deveria ser tratada e eu queria fazer isso como um homem, não como um médico. Levei menos de vinte minutos para encontrar Samantha no canil onde ela estava deixando Duke. Ela tinha me ligado à noite antes e me disse que ela não se sentia confortável em deixar o seu novo animal de estimação com Michael. Honestamente, eu não confiava no estúpido. Eu poderia facilmente vê-lo jogando Duke de um viaduto ou algo igualmente perturbador. Ela estava esperando por mim lá fora quando eu estacionei. Seu vestido amarelo de verão balançada em suas pernas na brisa, me dando uma espiada de suas panturrilhas e joelhos perfeitamente em forma. Seus pés delicados estavam cobertos por sandálias de prata e os dedos dos pés estavam pintados. Ela tinha tido tempo para melhorar sua aparência e isso me fez sentir viril e desesperado para tocá-la. Saindo do carro, eu escondi o meu desejo por trás dos óculos escuros que estavam empoleirados em meu nariz. Caminhando ao redor do carro para o lado dela, um sorriso fez o meu rosto doer. Aquele sorriso foi dissolvido no minuto em que cheguei a ela e seus olhos cobertos de escuridão encontraram os meus. Algo estava errado. Seus olhos estavam tensos e ela estava nervosa. Ela tinha as mãos agarradas com tanta força na frente dela que seus dedos estavam ficando brancos. Estendendo a mão, eu cobri as suas com as minhas. Seus dedos frios derreteram sob as palmas das minhas mãos aquecidas. — Qual o problema? — perguntei imediatamente. Ela moveu as mãos, para que eu me ocupasse com suas malas. Balançando a cabeça, ela começou a negar que algo estava incomodando. Ela não estava sendo honesta. Eu tinha vindo a conhecêla bem e eu sabia pelas camadas avermelhadas em suas bochechas e o brilho inchado e macio ao redor de seus olhos que ela tinha chorado recentemente. — Nada, — ela forneceu com um sorriso falso. — Você estava chorando, — eu disse.
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Me aproximando, passei meu polegar sob seus olhos antes de curvar minha mão em torno de seu rosto macio. Ela sorriu e acariciou minha mão com um suspiro, enviando faíscas da cabeça aos pés. — Estou triste por deixar Duke. Eu não quero que ele pense que estou abandonando ele. Você acha que ele vai? Eu sabia que não era a verdadeira razão pela qual ela estava chateada, mas desde que eu não queria me intrometer até que ela estivesse pronta para me dizer, eu fui junto com ela. — Claro que não, amor. E é apenas por alguns dias. Ele vai ficar tão animado em te ver quando você voltar que ele vai esquecer todo o resto. Ela concordou com a cabeça. — Você está certo. Isso me faz sentir melhor. Eu sorri e trouxe minha outra mão para a outra face, a puxando para perto e colocando um beijo em sua cabeça. Descansando minha testa contra a dela, eu levei um minuto para respirá-la. Suas mãos encontraram meus lados e os dedos flexionaram, pressionando mais fundo na minha camisa, aquecendo a minha carne. Eu queria beijar seus lábios doces, mas se eu não levasse isso lento com Samantha, o fim de semana iria voar muito rápido. Essa era a última coisa que eu queria que acontecesse. Eu queria me deliciar tendo horas ininterruptas com ela. Recuando, eu levantei o rosto e sorri para ela. — Você está pronta para ir? — eu perguntei. Fechando os olhos contra o sol, ela sorriu docemente para mim. — Muito pronta. Vai ser bom sair de Miami para o fim de semana. Tem sido tanto tempo desde que eu fui a qualquer lugar comEla parou e seus olhos se abriram com desculpa. Eu nunca quis que ela se sentisse mal sobre qualquer coisa comigo. Ela não podia errar por ser confortável o suficiente para falar abertamente comigo. Honestidade era a base para qualquer relacionamento, seja amigos ou amantes. — Está tudo bem, amor. — Eu preciso parar de fazer isso. Eu não quero falar sobre Michael todo este fim de semana.
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— Acho que podemos lidar com isso. — eu sorri e me virei para abrir a porta do passageiro para ela. Sem mencionar o nome dele significava manter a minha culpa a um nível mínimo. Longe da vista, longe do coração - essa era a minha frase para o fim de semana. Ela me agradeceu e deslizou para o banco. Quando ela puxou o cinto de segurança ao redor dela, o vestido desceu um pouco, mostrando seu decote. Eu afastei meus olhos e de novo eles desembarcaram em sua carne. Tentei não notar a forma como o material fino de seu vestido subiu em suas coxas, mas foi como tomar um tiro no peito. Fechando a porta, eu fiz o meu caminho ao redor do carro e entrei. O motor cantarolou quando eu liguei. Quando eu o coloquei em movimento e me afastei, ele ronronou. — Diga adeus à Miami, — eu disse, mudando de velocidade antes de descansar a minha mão sobre a dela. Ela respirou fundo antes de olhar para fora da janela. Alguma emoção desconhecida atravessou seu rosto antes dela sussurrar, — Adeus.
NÓS NOS DIRIGIMOS PARA o Aeroporto Internacional de Miami em silêncio. Eu estava começando a me sentir ansioso sobre pedir a ela para vir junto e eu estava preocupado que talvez ela estivesse lentamente mudando de ideia. Sem mencionar que era evidente que havia algo mais do que apenas Duke incomodando e eu estava preocupado que talvez fosse algo comigo. Ela estava olhando para fora da janela. A música no rádio encheu o silêncio espesso, mas não era a música que eu queria ouvir. Eu queria que ela me falasse que confiava em mim o suficiente para saber que podia. Eu queria que sua voz se deslocasse entre o carro e acalmasse meus nervos, mas ela não falou. — Um centavo pelos seus pensamentos, amor. — eu quebrei o silêncio impenetrável.
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Samantha rolou a cabeça na minha direção e sorriu para mim. — Eu estava pensando no quão bonito este caminho é. Minha mãe teria adorado este ponto de vista. Ela costumava falar sobre vir para Miami e desfrutar da luz solar, mas ela morreu antes que ela tivesse a chance de ver isso. — Como ela morreu? — eu perguntei antes de silenciosamente me odiar por isso. Ela estava chateada. A última coisa que eu queria fazer era chateá-la ainda mais. — Câncer de mama. Ela morreu quando eu tinha oito anos. — sua voz sombria rachou com mágoa, efetivamente cortando dentro de mim também. — Vocês duas eram próximas? Ela assentiu com a cabeça, seus fios loiros balançando em seus ombros bronzeados. — Eu era filha única, então eu era o orgulho e alegria dos meus pais, o seu bebê. Eu sempre podia contar com os dois. Meus olhos se mudaram para a estrada antes de se mudar de volta para seu perfil. — Então descobrimos que ela tinha câncer de mama em estágio quatro e a vida parecia parar na frente dos meus olhos. Eu sentei e a assisti se deteriorar e então ela morreu seis meses depois. O tempo não se moveu novamente até depois que ela se foi. Depois que ela se foi, meu pai assumiu o papel de ambos os pais. Antes de nós sabermos, eu tinha dezenove anos e estava me mudando com Michael. Eu não vi meu pai novamente até que ele ligou para me avisar que ele estava morrendo também. Ela olhou para o para-brisa como se suas memórias estivessem passando em forma de filme através do vidro espesso. Suas mãos estavam inquietas no colo e eu não queria nada mais do que parar o carro, puxá-la em meus braços e confortá-la. Em vez disso, me inclinei e peguei a mão dela na minha. Apesar da tarde quente, suas mãos estavam frias. Ela olhou para as nossas mãos antes de se virar para olhar para mim e sorrir. — Obrigada. — Por quê? — eu sabia que não tinha feito nada. — Por estar aqui. Por me fazer ver que eu ainda sou uma pessoa inteira.
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— O prazer foi meu, Samantha. — eu apertei a mão dela com força. Eu queria dizer a ela como ela tinha me mudado também. Eu não era o mesmo homem que eu era quando ela pisou no meu consultório. Eu não era o médico cavalheiro que colocava todos os outros em primeiro lugar. Eu era um homem que ardia com amor por uma mulher que não era minha. Eu também era o homem que não se preocupava com limites. Porque quando se tratava de Samantha, eu os rasguei para estar perto dela. Palavras de amor dançavam em minha língua, mas eu sabia que era a hora errada, não importa o quão alto o meu coração gritava. Ele precisava estar no momento certo. Nós estávamos em um vôo para Nova Iorque dentro de duas horas. Meu corpo descansou no assento de primeira classe e eu estava feliz por ver Samantha relaxada ao meu lado. A tensão no rosto de antes tinha desaparecido, substituído por um sorriso satisfeito quando ela olhou para fora da janela e para dentro das nuvens. Mais uma vez, a pressão e preocupação de que ela estava tendo dúvidas sobre o que estava fazendo comigo se mexeu em meu peito. Eu respirei fundo e tentei parar meus pensamentos acelerados. Pelo que eu sabia, algo poderia ter acontecido com Michael antes dela sair. E enquanto a pergunta estava na ponta da minha língua, eu sabia que não poderia fazê-la porque a minha razão para querer saber era completamente egoísta. Samantha dormiu durante a maior parte do vôo. Sua respiração suave encheu o meu lado e eu não pude deixar de olhar para ela. Ela era angelical. Seus lábios macios se separaram e suas faces ficaram coradas com o sono. Seus longos cílios descansaram contra suas bochechas, agitando ocasionalmente. Se inclinando, eu coloquei um beijo suave em sua bochecha antes de eu retirar meus arquivos e começar a me preparar para um discurso que estava marcado para eu dar no dia seguinte. Havia um carro esperando no aeroporto para nos levar para o nosso hotel. A direção do hospital havia providenciado tudo para mim e minha convidada, incluindo os arranjos de hotel, então tudo correu corretamente desde o motorista quanto a viagem para o hotel. Eu coloquei minha mão na parte inferior das costas de Samantha quando fizemos o nosso caminho para a recepção. Nossa bagagem foi cuidada para nós, então ela estava carregando apenas sua bolsa ~ 144 ~
pequena. Meus olhos seguiram a alça sobre seus belos ombros e para baixo até que eu tive que desviar o olhar. A atendente atrás da mesa percebeu e sorriu para mim com conhecimento de causa. — Como posso ajudá-lo, senhor? — Eu tenho uma reserva para o Dr. Roman Blake. Seus dedos eram rápidos conforme eles se moviam sobre o teclado e com apenas alguns cliques de seu mouse, ela me encontrou. — Certo, Dr. Blake. Você está no oitavo andar. Vou ter suas malas entregues no seu quarto. Peguei a chave do quarto que ela me entregou e sorri para ela antes de virar, recuando em direção a Samantha. — Pronta? — perguntei. Samantha piscou, confusa no início e então ela sorrateiramente deu um olhar para a funcionário da recepção, que estava olhando entre nós dois. Um rubor muito rosa cobriu seu rosto antes dela se aproximar do balcão. — Eu tenho que fazer o check-in também, — ela disse para a funcionário. Eu estava momentaneamente confuso e então senti o meu próprio rubor. Eu não tinha percebido que Samantha tinha solicitado seu próprio quarto. Eu não tinha certeza do que eu estava esperando quando finalmente cheguei ao hotel. Eu realmente tinha acabado de assumir que ela iria dividir um quarto comigo? — Claro. — eu ri, tentando aliviar o constrangimento de todos. Colocando sua bolsa sobre o balcão, ela deu à mulher o nome dela. — Samantha... Aldridge. A ligeira hesitação em Samantha fez a mulher olhar para cima e me dar uma rápida olhada antes dela digitar novamente. Ela mordeu o lado de sua boca antes de olhar para cima com um sorriso. — Parece que eles te colocaram no quinto andar, Sra. Aldridge. — Está bem, — Samantha se apressou. Eu não tinha que ver seu rosto para saber que ela estava vermelha. Seus ombros estavam rígidos, as costas retas. ~ 145 ~
— Na verdade, temos um quarto disponível no oitavo andar, mas é um par de portas depois do Dr. Blake. Eu queria me inclinar sobre o balcão e beijá-la por me dar o que eu queria. Quando ela olhou para mim, eu dei a ela uma piscadela, fazendo-a corar. — Honestamente, não há problema. Eu não quero dar mais nenhum trabalho para você, — Samantha continuou. Novamente, a funcionário sorriu. — Não é um problema, Sra. Aldridge. — ela digitou um pouco mais. — Pronto. Tudo resolvido. Ela entregou a Samantha um cartão-chave, em seguida, Samantha se virou para mim com um sorriso estranho no rosto. — Você está pronto? — perguntou ela. Seus olhos pareciam estar em todos os lugares, menos no meu rosto e eu não pude deixar de sorrir. — Sim. Eles vão trazer a nossa bagagem até o nosso quarto. — eu percebi o meu erro novamente e quase me engasguei com as minhas palavras. Limpando a garganta, tentei novamente. — Os nossos quartos, quero dizer. Ainda assim, ela se recusou a me olhar nos olhos. — Ok, — disse ela, mordiscando nervosamente o lábio inferior e me dando uma reação física real. Me agitando, eu respirei fundo. — Depois de você. — fiz um gesto para ela ir em frente. A viagem tinha tomado uma volta estranha e eu estava desesperado para colocar isso de volta no caminho certo. Levamos dez minutos para chegar ao oitavo andar e nenhuma vez em todo esse tempo estávamos sozinhos. Havia muitas pessoas em Nova Iorque. Saindo do elevador, eu andei com Samantha até o seu quarto antes de ir para o meu. A conferência não seria até o dia seguinte e ainda era cedo. Teríamos uma noite inteira para passar juntos e independentemente de quão nervosa ela obviamente estava, eu não estava a ponto de perder a chance de passar tempo com ela. — Samantha. — eu parei com uma mão em seu ombro antes que pudesse entrar em seu quarto.
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Ela se virou para mim e, finalmente encontrou meus olhos. — Sim? — Você gostaria de ir jantar comigo esta noite? — fiz questão de perguntar como se fosse um encontro. Era hora de eu deixar claro quais eram minhas intenções com ela. Seu rosto se iluminou e um sorriso puxou seus lábios rosados. — Me encontre às sete? — perguntou ela. Estendendo a mão, eu enfiei seu cabelo atrás da orelha e acariciei sua bochecha. — Estarei aqui.
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Capítulo Vinte e Dois SAMANTHA CAINDO DE CARA NA cama, eu gemi alto nos lençóis recémlavados. Toda a viagem até agora tinha sido nada se não estranha. Eu não tinha certeza do que era que estávamos fazendo, mas eu tinha certeza que não era para acontecer desta forma. Rolando sobre minhas costas, eu olhei para o teto alto e respirei fundo. Eu tinha uma hora para ficar pronta para jantar com Roman e meu corpo já estava formigando com antecipação. O homem estava me deixando louca. Mesmo que eu tivesse passado a maior parte do dia em uma ofuscação, tentando descobrir o que eu ia fazer com minha vida quando eu voltasse para Miami, eu estava sempre consciente dele. Meu corpo ansiava por ele e eu não sabia como lidar com isso. Eu nunca senti algo nem remotamente parecido em minha vida. Uma vez que a minha bagagem veio, eu puxei um vestido digno de um encontro, desde que ele me pediu como se fosse um encontro, e eu levei toda uma hora para tomar banho e me vestir. Depois que tudo foi feito, eu escorreguei no meu vestido bege e simples na parte de trás e coloquei um par de brincos para acompanhar. Eu estava colocando meus saltos quando houve uma leve batida na porta. Alisando meu vestido e verificando o meu cabelo no espelho ao lado da porta, abri para encontrar Roman de pé todo delicioso. Seu terno azul-marinho estava perfeitamente pressionado como se ele não tivesse viajado de Miami para Nova Iorque. Seu cabelo tinha a aparência naturalmente despenteado como se tivesse tido um dia estressante no consultório e não conseguia manter suas mãos para fora dele. Eu adorei e o desejo de dar um puxão nele era forte. Olhando em seus olhos cor de uísque, eu me perdi e todos os pensamentos que eu tinha antes de abrir a porta. Ele sorriu para mim como se ele pudesse ouvir meus pensamentos. — Você está deslumbrante, — disse ele, estendendo a mão e correndo um dedo pelo meu ombro nu. Arrepios correram pelo meu corpo, fazendo com que os pêlos na minha nuca levantassem.
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— Você também. E era a verdade. Roman Blake era um homem bonito, por dentro e por fora e com os olhos em cima de mim era quase demais para suportar. Eu praticamente podia senti-los quando eles se moveram sobre o meu vestido e em minhas pernas. O toque era suave e emocionante... sexy. — Vamos? — ele perguntou com uma sobrancelha levantada. Agarrando minha bolsa da mesa ao lado da porta, eu deixei a porta fechar e aceitei o braço que ele estava oferecendo. Ele cheirava à sabão e sol e quando ele não estava olhando, eu deixei meu rosto escovar em seu braço enquanto eu o inalava. Quando chegamos ao elevador, ele olhou para mim e outra vez, ele sorriu como se soubesse tudo o que eu estava pensando. — Então, onde estamos indo? — perguntei. — Você vai ver, — ele respondeu, olhando para longe. Segui Roman para o elevador, em frente ao hall de entrada do quarto de hotel e na parte de trás de uma limusine preta. Ele era cavalheiro o todo tempo, sempre abrindo portas para mim, me guiando com a mão na parte inferior das minhas costas, que eu amava e ele sempre se certificava de que estávamos caminhando juntos. Foi bom passar o tempo com alguém que não me fez sentir como se ele tivesse vergonha de mim. A limusine atravessou a cidade e era surreal, as luzes brilhantes irradiando através das janelas coloridas e se movendo no rosto de Roman como um filme passando. Eu não tinha vindo à Nova York em um longo tempo, mas a cidade era atemporal e nunca mudava, não importa quantos edifícios novos subiam ou antigos desciam. A cidade era muito parecida com Roman. Forte e cheia de mistério. Eu me virei e estava olhando para fora da janela do meu lado do carro quando senti na pele a mão de Roman. Seus dedos quentes enviaram arrepios pelo meu braço e, sem pensar, eu liguei meus dedos com os dele. Eu sorri para a cidade quando eu o senti dar um aperto na minha mão. O cenário começou a se repetir, me confundindo um pouco, mas depois o carro parou no hotel novamente. Parando na frente das portas, Roman abriu a porta e começou a sair.
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— Hum, Roman. Pensei que estávamos indo para o jantar? — perguntei. Ele se inclinou, olhando para dentro do carro para mim com um sorriso. — Nós estamos. Vamos. Ele estendeu a mão e eu peguei quando saí. Mais uma vez, eu aceitei seu braço quando ele me levou de volta para o hotel e para o elevador. Ele pressionou o número oito para o oitavo andar e eu sabia que estávamos indo de volta para um dos nossos quartos. Nervos trabalharam seu caminho até minha espinha e me forçaram a tomar uma respiração profunda. — Você está bem, amor? — ele perguntou. De repente, seu apelido carinhoso parecia mais íntimo. Eu tinha ouvido Roman chamar as mulheres de amor muitas vezes, mas agora que meus sentimentos por ele estavam se tornando mais evidentes, o nome parecia diferente. Não estava na minha imaginação ter soado diferente vindo dele quando ele se dirigiu a mim. Saindo do elevador, nós caminhamos para o quarto dele. Eu parei ao lado quando ele puxou a chave de cartão e abriu a porta. Engoli em seco quando eu entrei no interior da sua suíte. O quarto estava iluminado à luz de velas. Grandes candelabros com velas e flores cobriram cada polegada quadrada do seu quarto. Entrando no espaço e olhando em volta, vi que o jantar foi criado em uma pequena mesa para dois no canto. — É lindo, Roman, — eu disse enquanto eu observava todo o quarto. E então eu o senti nas minhas costas, seu hálito quente fazendo cócegas nos cabelos na parte de trás do meu pescoço. — Um quarto bonito para uma mulher bonita, — ele sussurrou. Roman puxou minha cadeira e eu tomei um assento. Quando ele puxou a bandeja de prata na minha frente, fiquei surpresa ao encontrar uma refeição de Mama Maria diante de mim, incluindo uma bola de chocolate para sobremesa. Eu ri. — Eu não acredito que você fez isso para mim, — eu disse, sorrindo por cima da mesa para ele quando ele se sentou. — Você não percebeu ainda, Samantha? — ele perguntou. ~ 150 ~
— Percebi o quê? — perguntei, confusa. — Não há muito que eu não faria por você. Ele disse essas palavras com uma cara séria, seus olhos concentrados em minha expressão. Não havia nada que eu poderia dizer sobre isso. Em vez disso, estendi a mão sobre a mesa e cobri a dele com a minha. O resto da noite consistiu de uma deliciosa comida italiana, bilhetes da sorte engraçados dentro do chocolate, um monte de sorrisos e gargalhadas e eu tinha certeza que minha calcinha estava molhada. Eu me contorci em minha cadeira enquanto eu esperava e esperava com a respiração suspensa que Roman iria fazer um grande movimento que me deixaria ofegante e suada nos lençóis que cobriam sua cama, mas ao longo de tudo, ele permaneceu sempre cavalheiro.
DEPOIS DO JANTAR, ROMAN me acompanhou até meu quarto. Eu andei ao seu lado com o calor entre as minhas coxas e em minhas veias. Com o braço no seu, eu deixei meus dedos vagarem sobre seu antebraço, saboreando a maneira como seus músculos se flexionaram sob meus dedos. Retirando meu cartão-chave, abri a porta e me virei para Roman novamente. — Esta noite foi mais do que perfeita, — eu disse, deslizando minha chave de volta na minha bolsa. — Você é mais do que perfeita, — ele respondeu. Mantendo a mão no cabelo atrás da minha orelha, esfregando minha bochecha com o polegar. Quando eu pressionei a palma da mão em seu peito, o calor de sua pele sob a jaqueta aqueceu os meus dedos. — Você é tão cheio de si, Dr. Roman, — eu brinquei. Ele capturou minha mão contra o peito dele, os olhos em choque com os meus. O sorriso deixou seu rosto e o momento estava pesado. — Nunca, nem por um minuto duvide de mim quando eu digo que você é incrível, Samantha. — ele soltou minha mão, mas eu deixei lá. — Há tantas coisas que eu quero dizer a você agora, mas eu acho que não é
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uma hora boa. Então, ao invés disso, eu digo... boa noite, doce Samantha. Largando a mão do meu cabelo, ele correu pelo meu braço, deixando arrepios em seu caminho. Era como se ele não pudesse parar de me tocar e eu adorei. Ele me fez sentir mais desejada e amada do que eu tinha sido em toda minha vida, o que não fazia sentido, porque eu tinha certeza que Roman não estava apaixonado por mim. Ainda assim, uma menina poderia sonhar. Se inclinando, ele pressionou um beijo casto em meus lábios, os aquecendo e roçando minha bochecha com seu hálito quente. Eu deveria ter dito boa noite. Uma mulher honesta teria. Mas eu não era uma mulher honesta. Eu estava desesperada e necessitada. Eu queria sentir as mãos e os lábios em cima de mim me levando de uma maneira que Michael nunca se importou o suficiente. Eu não era honesta, mas se eu fosse, eu iria admitir para mim mesma o quão profundamente eu estava apaixonada por Roman. Claro, havia desejo, mas as coisas que eu sentia por ele lá no fundo fez esse desejo queimar ainda mais. — Fique, — eu sussurrei para o espaço entre nós, me chocando. Eu não queria que ele saísse. Eu passei a noite imaginando suas mãos sobre mim. Eu não tinha certeza se conseguiria dormir durante a noite sabendo que ele estava deitado na cama a alguns metros de mim. Seus olhos examinaram meu rosto, procurando uma rachadura no meu exterior positivo. — Tem certeza? — ele perguntou, sua voz forte e firme. Eu adorava tudo sobre Roman. Não importa o que ele estava sentindo por dentro, ele sempre foi tão calmo do lado de fora. Isso me fazia sentir muito mais segura em seus braços. — Sim. A palavra aquecida saiu da minha boca segundos antes dele se inclinar e pressionar seus lábios nos meus novamente. Calor subiu em meu núcleo, o que provocou alguma coisa dentro que me fez gemer contra sua boca. Seu corpo pressionou contra o meu, nos empurrando tanto dentro do quarto e fazendo o clique da porta se fechar atrás de nós.
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Eu me abri para ele, deixando sua língua bater fortemente contra a minha e, novamente, um pequeno gemido escorregou da parte de trás da minha garganta e caiu contra seus lábios. Se afastando, ele exalou pelo nariz quando ele pressionou sua testa na minha e fechou os olhos. — Esses ruídos baixos e doces vão ser a minha morte. Engolindo em seco, eu provei o gosto dele. — Eu sinto muito, — eu me desculpei enquanto eu lambia meus lábios. Usando o polegar, ele limpou a umidade do meu lábio inferior. — Nunca se desculpe por ser sexy, Samantha. E então, ele me beijou de novo suavemente, seu sabor doce correndo sobre minha língua. Me puxando para mais perto, suas mãos se moveram em torno dos meus lados antes de descansar em meus quadris. O tecido do meu vestido apertado em toda a minha bunda quando ele o enrolou. Se afastando da minha boca, seus lábios descansaram em minha bochecha antes dele mordiscar meu pescoço. Eu me inclinei para trás, apreciando a sensação de tudo o que ele estava fazendo. Em seguida, ele passou seus dedos no meu cabelo e me beijou mais forte. O sentido de urgência no que estávamos fazendo estava aumentando a cada segundo e seus beijos foram ficando mais desesperados. Se afastando, ele respirou fundo antes de se mexer novamente. Sua língua trabalhava na minha e ele chupou meus lábios e língua. Eu nunca tinha sido beijada da maneira que Roman me beijou. Era suave e doce, ainda selvagem e sexy ao mesmo tempo. Seus dedos se moveram do meu cabelo e desceram para os lados do meu pescoço. Ele continuou até que ele estava manuseando o zíper do meu vestido e puxando-o lentamente para baixo. Se movendo para trás, seus olhos devoraram cada parte exposta da minha carne que se revelava. Era como se eu fosse um presente que ele queria por toda a sua vida e ele foi finalmente autorizado a me desembrulhar. — Se você quer que eu pare, diga agora. Não posso prometer que vou ser capaz de parar uma vez que eu te provar. As alças do meu vestido caíram dos meus braços, os prendendo ao meu lado e revelando o sutiã de seda. Seus lábios tocaram meus ombros, sua língua deslizando pelo meu sutiã.
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— Samantha? — ele suspirava o meu nome na minha pele. — Me diga para parar, amor. Na parte de trás da minha mente, eu sabia que eu deveria lhe dizer para parar, mas eu não poderia fazer as palavras deixarem os meus lábios. Em vez disso, me afastei e comecei a deslizar o meu vestido do meu corpo. Seus olhos se moveram do meu sutiã, sobre meu estômago e continuou até que ele estava olhando de volta nos meus olhos. Uma vez que meu vestido estava em torno dos meus tornozelos, saí dele e fiquei diante dele em apenas meus saltos altos, sutiã e calcinha. — Samantha. — ele disse meu nome com uma expiração e uma oração. — Você é tão linda. E então ele se aproximou, pressionando seu corpo ao meu. Passando minhas mãos pelo peito dele, eu tirei seu casaco. Ele caiu no chão aos nossos pés. Inclinando a cabeça para cima, para mais, eu pressionei meus lábios nos dele e o beijei como se ele fosse meu para beijar. Eu mexi com a gravata até que estivesse solto o suficiente para encostar a cabeça. Ele sorriu para mim com um sorriso de menino, efetivamente derretendo meu coração e deixando uma cicatriz na minha alma. Meus dedos começaram a trabalhar em seus botões quando ele puxou as alças do meu sutiã e encheu meus ombros e pescoço com beijos. E então meu sutiã tinha ido embora e Roman chupou meu mamilo entre os lábios, me fazendo gritar de prazer. Ele alternava entre movimentos suaves de sua língua e de sucção e eu senti como se meu corpo estava vindo à vida. Me esquecendo de desabotoar a camisa, eu puxei. Botões caíram no chão e Roman riu suavemente contra o meu peito. Se aproximando, ele me beijou com força, sugando meus lábios inferiores em sua boca enquanto eu o mordiscava. Nos virando, ele me levou para a cama e me deitou. Ele arrancou meus saltos dos meus pés, os jogando no chão e então ele subiu sobre o meu corpo quase completamente nu, colocando beijos em lugares aleatórios enquanto ele passava.
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Passei minhas mãos em seus cabelos bagunçados, segurei sua boca em meu corpo, cada vez mais ofegante enquanto ele lambia minha pele suavemente. Abrindo minhas pernas, eu o deixei cair entre elas, empurrando minhas coxas e pressionando a dureza escondida atrás de seu zíper em minha calcinha encharcada. Lentamente, ele trabalhou sua mão dentro da cintura elástica de seda, correndo o dedo pelo feixe de nervos latejante no meu centro. Eu levantei meus quadris, empurrando para mais. — Por favor, Roman, — eu disse, mordendo meu lábio inferior. — Por favor, o quê, amor? Me diga o que você quer, — disse ele contra meu pescoço enquanto ele continuamente beijava e chupava. Ele estava em toda parte, incluindo minha mente. Meu corpo cantarolou sob sua atenção, pingando para ele e com saudades de seu toque. — Eu preciso de você. Era tudo que eu poderia dizer. Era tudo que eu conseguia pensar. Eu precisava dele para extinguir a queimadura que emanava de dentro de mim. Eu precisava que ele me desse o alívio que eu sabia que ele poderia dar. E eu simplesmente precisava dele. Roman tinha me mudado - me fez dar gargalhadas e rir - e lentamente trouxe de volta a garota que eu costumava ser. — Você não tem ideia do que você dizendo faz comigo, — disse ele, deslizando o dedo em minhas dobras e o girando na umidade dentro. Mais uma vez, eu levantei meus quadris e engasguei com as sensações que foram se construindo lentamente sob seu toque. Descendo, eu cobri sua mão e a apertei mais profundamente em mim. Mais. Eu queria. Meu corpo ansiava por ele. Finalmente, seu dedo se moveu em minha entrada e começou a massagear um ponto suave e secreto que foi lentamente me levando mais perto do limite. Ar soprou da minha boca aberta, juntamente com sons minúsculos que eu não conseguia parar.
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E então ele puxou o dedo e começou a mover para baixo do meu corpo. Sua boca tocou de leve a minha pele, me fazendo contorcer nos lençóis. Removendo a calcinha do meu corpo, ele a jogou no chão e se inclinou para beijar o interior da minha coxa. — Eu vou provar cada polegada de você antes desta noite acabar, — disse ele contra minhas dobras. E então ele cumpriu sua promessa quando ele lambeu minha entrada com uma língua plana e chupou meu clitóris em sua boca. — Você tem um gosto tão bom, amor. Como açúcar e pecado. Mais uma vez, ele me chupou antes de empurrar dois dedos profundamente dentro de mim. Minhas coxas se abriram para ele e minhas mãos pressionaram na parte de trás de sua cabeça para mais. Ele me comeu de uma forma que eu nunca soube que era possível, cantarolando contra a minha carne molhada como se eu fosse a melhor coisa que ele tinha experimentado. Conforme ele trabalhava seus dedos dentro e fora, a tensão foi se construindo dentro de mim e fui mantida em cativeiro por seu toque. Ele estava no controle do meu prazer. Ele sabia a combinação para me fazer abrir e, lentamente ele me pressionou essa combinação. Pulei com cada golpe de sua língua - cada entrada de seus dedos - até que, finalmente, eu estava muito perto e implorando a ele em voz alta para me dar o que eu desejava. E então eu estava caindo, chamando o nome de Roman como se fosse a única coisa que me mantinha na terra. Eu vi estrelas quando o meu corpo esvaziou em uma fonte de prazer que Roman continuou a retirar. Fechei os olhos, perdida na sensação e quando os abri, ele estava em cima de mim. Ele fez um rápido trabalho em suas calças, as empurrando para baixo de suas pernas e de seu corpo. Fiquei ali, mole, contraindo os músculos em minhas dobras que pediam mais. Uma vez que suas calças tinham ido embora, ele se ajustou entre as minhas pernas. Seu comprimento prensado e quente na minha entrada, acendendo a chama dentro de mim de novo. Passando os braços em volta do seu pescoço, eu o puxei para um beijo e chupei meu sabor em sua língua. — Eu não aguento mais. Eu preciso de você dentro de mim, Roman. Por favor, — eu implorei. ~ 156 ~
— Qualquer coisa, — ele ofegava contra os meus lábios. — Qualquer coisa que você quiser, Samantha. Eu sou seu, amor. E então ele moveu seus quadris, quebrando cada voto que eu tinha feito há nove anos e finalizando a minha transformação na garota que eu costumava ser.
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Capítulo Vinte e Três ROMAN EU ME PERDI em Samantha, flexionando meus quadris como se eu não pudesse chegar fundo o suficiente. Seus gemidos doces encheram o quarto enquanto eu trabalhava o meu corpo no dela uma e outra vez. Sua carne quente apertou, cercando minha cintura e segurou firmemente em mim enquanto eu mergulhava profundamente dentro dela. Sensações subiram na minha espinha e no meu cóccix antes de disparar no meu comprimento, empurrando ruídos de prazer pelos meus lábios. Ela era incrível em todos os sentidos - sensível a cada movimento e toque que eu fiz. Suas unhas cravaram em minhas costas e bunda, ardor e dor adicionando ao meu prazer. — Sim, Roman. Isso é tão bom. Isso, — disse ela repetidamente. Eu queria fazê-la se sentir bem – fazê-la se sentir do jeito que ela me fez sentir. E cada vez que ela dizia algo, ela enviava prazer em meus quadris e me trouxe mais perto do limite. Eu mergulhei dentro dela, a enchendo com tudo o que eu era. Pressionando meus lábios nos dela, eu peguei seus sons com a minha língua e meus próprios sons misturados com os dela. — Estou tão perto. Não pare, — ela respirou contra os meus lábios. Eu podia senti-la apertar em torno de mim e eu sabia que a qualquer momento ela iria explodir e me banhar com sua doçura. — Vamos, amor. Dê isso pra mim, — eu disse, acelerando e movimentando meu quadril mais duramente. Ela fechou os olhos, a parte de trás da cabeça dela cavando no travesseiro e então ela mordeu o lábio antes dela abrir a boca e gritar em voz alta. Seu corpo apertou ainda mais, flexionando em torno de mim e umidade me cobriu quando ela gozou longo e duro.
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Eu não parei. Bombeando meus quadris mais e mais rápido, senti minha própria libertação chegando rapidamente. Enterrei a cabeça em seu pescoço, a minha respiração acelerou com o meu corpo. Tudo abaixo apertou quando a minha pequena morte rolou por mim. Mordendo seu ombro, eu deixei ir e gozei duro dentro dela, atirando tudo o que eu tinha profundamente em seu núcleo. Foi gratificante tomá-la como minha, embora na parte de trás da minha mente eu sabia que nunca seria. Ela me segurou ao seu corpo, camadas de suor na nossa pele começando a esfriar quando nós começamos a nos acalmar. Eu estava em cima dela, sentindo seu coração contra o meu peito, antes de puxar para fora e cair para o meu lado. Puxando-a para o meu lado, ela se aconchegou em mim e eu soltei uma respiração muito necessária. Felicidade infiltrou em mim e com um sorriso no meu rosto, eu dormi. Nós acordamos duas vezes durante a noite, segurando um ao outro e nos afogando no prazer. Foi uma noite incrível. Uma que eu nunca iria esquecer.
EU ACORDEI NA MANHÃ seguinte com Samantha aconchegada ao meu lado com um sorriso sonolento. Meu corpo cantarolou e novamente eu podia me sentir endurecer contra sua coxa novamente. Eu era insaciável com ela. Eu não poderia ter o suficiente. Eu queria enchê-la uma e outra vez até que eu não podia mais. Mas algo pesou no meu peito. Enquanto eu estava lá tentando descobrir o que estava errado com uma situação tão perfeita, eu sabia que a culpa estava começando a me sufocar. Eu odiava a ideia de um sentimento tão terrível estar ligado a toda a maravilha que era Samantha, mas não importa o quanto eu tentei engoli-lo, ele ficou alojado no meu peito. Me virando de lado, eu toquei seu rosto - suas bochechas coradas e cuidadosamente beijei os seus lábios. Ela era bonita e mesmo que fosse apenas para o fim de semana, ela era minha. Estendendo a mão,
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eu alisei seu cabelo, empurrando-o para fora do seu rosto antes de eu me inclinar e beijá-la suavemente. — Eu amo você, Samantha, — eu sussurrei contra sua pele, sabendo que ela não me ouviu enquanto ela dormia. Era da melhor maneira. Eu queria dizer isso a partir do momento que eu percebi isso, mas dizer a ela não ia me levar em qualquer lugar. Pelo menos desta maneira eu conseguiria dizer sem nenhum dano ser feito. Ela começou a se mover, respirando profundamente conforme seus olhos lentamente se abriram e eu estava olhando para as esferas escuras que tinham um jeito de me puxar. — Bom dia, — ela disse, a voz fraca com o sono. — Definitivamente é. — eu sorri para ela. E era isso. O melhor que eu já tive.
PASSAMOS O DIA juntos. Primeiro fazendo amor no chuveiro, então aproveitamos a cidade. Almoçamos em um bistrô romântico e demos as mãos como um jovem casal apaixonado. Era tudo o que eu queria e muito mais, mas não importa o que, me senti culpado sabendo que seu marido estava em casa enquanto eu estava ocupado me perdendo em Samantha e seu corpo. Eu a deixei no quarto dela com um beijo quando era hora de nos aprontarmos para a conferência que eu vim ver. Eu mal podia esperar para voltar para o quarto de Samantha. Estar longe dela por até uma hora enquanto nós nos vestíamos era demais. Especialmente sabendo que amanhã viria de manhã e o nosso ambiente íntimo teria ido e nós estaríamos de volta em Miami, vivendo nossas vidas normais. Com uma rosa vermelha na mão, fui buscar Samantha. Batendo na porta, eu esperei até que ouvi o clique do bloqueio e a porta se abriu. E então lá estava ela, de pé na minha frente, parecendo a criatura mais bela do mundo e sorrindo para mim. Seu corpo lindo estava envolto em seda preta que caia ao redor de suas pernas em dobras soltas. Seus ombros estavam nus, exceto pelos ~ 160 ~
brincos de diamante em forma de gota que descansavam contra seu pescoço. Seu cabelo estava preso, as ondas de cachos que se recusaram a ser amarradas caindo frouxamente em torno do seu rosto perfeito. Ela era bonita. Mais bonita do que bonita. Puxando-a em meus braços, eu a beijei forte. Ela me empurrou com uma risadinha. — Você está estragando o meu batom, Roman, — disse ela, enxugando a cor que eu tinha manchado na lateral. Ela estendeu a mão e passou o dedo em meus lábios, tirando a cor que eu tinha roubado com meus beijos. — Eu vou arruinar mais do que o seu batom quando voltarmos, — eu flertei. Como se não tivesse passado a noite nos braços um do outro, ela corou docemente. Dando a ela o meu braço, eu tremi quando ela colocou o dela ao redor do meu. Quando chegamos ao local onde a conferência estava sendo realizada, ela endureceu na porta antes de entrar. As portas abriram, revelando uma sala cheia de pessoas que estavam vestidos para matar. — Qual o problema? — perguntei, me virando para ela com preocupação. Ela estava tremendo e suas bochechas coradas tinham se tornado brancas. Era um lado de Samantha que eu não tinha tido a oportunidade de ver. — Me desculpe, eu estou tremendo. Eu sempre fico nervosa com estes tipos de coisas. Eu não sou como essas mulheres, Roman. Eu não sou confiante o suficiente para passar por aquela sala com o meu nariz em pé. Puxando-a em meus braços, eu esfreguei seu rosto e respirei nela. — Você não é nada como aquelas mulheres e isso é o que eu mais amo sobre você. Seja confiante da sua própria maneira. — eu me inclinei para trás e capturei suas bochechas quentes em minhas palmas. — A confiança não está em andar em uma sala com seu nariz em pé. É andar em uma sala sem ter que fazer qualquer comparação com as pessoas ao seu redor. Não se compare à essas pessoas, Samantha, porque elas não se comparam a você. Ela respirou fundo e sorriu para mim, apertando meu braço. — Como é que você sempre sabe as coisas certas a dizer?
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— Isso é fácil. Eu conheço você, Samantha. — meus olhos se moveram pelo seu rosto, observando cada expressão passar por ela. — Eu amo o que você faz, Roman. Eu amo... — ela parou os olhos, se movendo sobre meu rosto. — Eu amo isso mais do que você imagina. Eu queria dizer a ela o quanto eu a amava. O momento era perfeito. Era o momento que eu estava esperando, mas as palavras congelaram na minha língua. Não mudaria nada exceto pelo fato de que as minhas palavras iriam pairar sobre nós e adicionar estresse para a nossa situação. Em vez disso, eu dei um tapinha na mão que ela descansou no meu braço e a puxei para beijá-la. — Eu sei exatamente o que você quer dizer, amor, — eu disse contra o dorso da sua mão, a pele macia fazendo cócegas em meus lábios. — Pronta? Ela assentiu com a cabeça e levantou os ombros como um soldado preparado para a guerra. — Essa é minha garota. — eu pisquei para ela, puxando um sorriso brilhante dela. Caminhando para o salão de baile do hotel, nós deixamos tudo na porta. Nos movendo para as multidões que se reuniram, Samantha me parou, puxando meu braço. Quando vi o que lhe chamou a atenção, eu sorri timidamente. Uma foto minha estava em exposição. As palavras de PARABÉNS AO DR. BLAKE estavam na parte inferior em letras espessas e negras. — O que é isso? — perguntou Samantha, confusa. — Eu não mencionei o que esta noite seria para mim? Seus olhos se estreitaram. — mencionou esse pequeno fato.
Não. Parece
que
você
não
Eu ri. — Não é grande coisa. — Parece ser uma coisa bem grande se eles estão fazendo um evento deste porte apenas para você. — É uma validação que eu não preciso, mas parece que vocês americanos precisam de gratificação quando são considerados bons no que fazem. ~ 162 ~
Ela riu. — Nós americanos? — Sim. Excluindo você, é claro, — eu provoquei. — Eu espero que sim. — ela fez beicinho e eu ri, me curvando para beijar seus lábios sem preocupação de que pudessem reconhecê-la de Miami. Se Samantha não estava se sentindo a vontade, eu não era capaz de dizer pela forma como ela se movia através da sala. Ela foi encantadora quando eu a apresentei. Tive o cuidado de não usar seu sobrenome. Ela encontrou algo em comum com as outras esposas, embora eu soubesse que ela não era nada como aquelas mulheres e elas a levaram como abelhas indo para o mel. Por mais que eu amava que Samantha estava se divertindo, eu a queria ao meu lado. Tentei não pensar nisso como egoísta, mas o nosso tempo era limitado e eu não podia evitar, mas não queria compartilhar seu tempo com todo mundo. — Desculpe senhoras, mas eu vou roubar Samantha por um momento. Esta mulher bonita me prometeu uma dança hoje à noite e eles estão tocando a nossa música, — eu disse quando eu passei meus dedos suavemente ao redor da parte superior do seu braço. Ela olhou para mim e brevemente eu me perdi em seus olhos. — Vocês dois fazem um belo casal, — uma das mulheres comentou. — Tem sido um longo tempo desde que eu vi um casal que combinava tão perfeitamente. — Sim, Roman, essa é para casar, — Debra, a esposa de um colega, disse. Sorrindo para o rosto de Samantha, eu falei para ela quando respondi. — Sim, ela é. Mesmo que as palavras saíram da minha boca, eu sabia que ela não era minha, no entanto. Ela era minha por um tempo que roubei, mas para este fim de semana, eu iria tentar ignorar isso o melhor que podia. As mulheres soltaram suspiros doces quando elas se despediram, e eu movi Samantha rapidamente para longe em direção à pista de dança. Quando percebeu onde estávamos indo, ela parou.
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— O que você está fazendo? — Você vai dançar comigo. Ela balançou a cabeça. — Eu não posso dançar, Roman. — Você está brincando, certo? Temos tido várias aulas de dança. — Mas isso é diferente. — Por quê? — Porque... — ela tentou fornecer uma razão, mas nada veio. — Isso foi o que eu pensei. Você achou que estávamos praticando para quê? — O quê? Eu pensei que era parte do seu projeto. — Há uma razão para tudo o que faço, Samantha. — Você planejou essa viagem? — Na verdade não. Eu não planejei isso com a intenção de estar aqui com você assim, mas estou feliz que acabou desta forma. E você? — perguntei, desesperado por sua resposta. — Sim, — ela disse sem hesitação e eu podia ver em seus olhos que ela quis dizer isso. — Eu estava surpresa. — Dança comigo, Samantha? — a puxei contra mim. A memória da sensação e o gosto do seu corpo era tão fresco em minha memória. — Por favor. Seus olhos estavam vidrados e eu poderia dizer que ela estava pensando na noite anterior também. As coisas que havíamos feito e dito um ao outro, era um momento que eu amaria pelo resto da minha vida. — Sim. Sim para o que você quiser, Roman. Eu sorri e peguei a mão dela, levando para a pista de dança. Casais se separaram para nos deixar passar e, puxando Samantha para perto, eu virei para a banda, dando a eles o meu sinal. O líder sorriu para mim e a música mudou, se tornando a doce canção de uma valsa familiar. A pista de dança diluiu dos casais que não conheciam a melodia. Havia apenas alguns deles à nossa esquerda, mas isso não importava. Eu só tinha olhos para a mulher na minha frente.
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Samantha olhou em volta, percebendo o número diminuído e os olhos dos curiosos. Levantando o queixo e trazendo seus olhos para mim, eu esfreguei meu polegar em seu lábio inferior. — Olhe para mim. Só para mim, amor. Ela assentiu com a cabeça, e então nós estávamos nos movendo ao redor da sala. Apesar dos seus nervos, ela se mexeu facilmente ao redor do chão como se ela tivesse fazendo esta dança toda a sua vida. Eu girei e girei, apreciando a forma como seu vestido enrolava em nossas pernas. Ela riu e seus olhos brilhavam enquanto ela se desvendava diante de mim. Percebi ali que ela tinha conseguido. Ela tinha encontrado a mulher que ela costumava ser e não havia como voltar atrás. Se ela ficasse com Michael ou não, ele não poderia machucá-la mais e eu apreciava saber que eu tinha sido uma parte disso. A canção desacelerou até o fim e eu a girei uma última vez, a mergulhando com o meu corpo. O tempo parou quando olhei para seu rosto corado e os olhos brilhantes. Eu não queria soltá-la, mas, em seguida, da pior maneira possível, eu fui lembrado de que ela era a mulher de outro homem.
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Capítulo Vinte e Quatro ROMAN A SALA TINHA ficado quieta quando todos nos observavam na dança, o que significou que se uma agulha caísse, poderia ser ouvida, uma vez que a música terminou. Esse fato só fez as únicas palmas soar ainda mais alto. A atenção de todos se moveu de Samantha e eu em direção ao som das palmas raivosas, uma vez que surgiu a partir da parte de trás da multidão reunida em torno da pista de dança. Puxando Samantha, eu a segurei para perto. Seu corpo ficou tenso quando Michael surgiu à frente. Como se ele usasse um sinal, ninguém falou quando eles olharam entre Michael e nós, sabendo que algo ruim estava para acontecer. — Espetacular! — ele censurou em tom alto. Não que fosse necessário ouvir a sua voz para saber que ele estava bêbado. Eu podia sentir o cheiro da bebida de onde eu estava. — Vocês não concordam, gente? — ele cuspiu, olhando ao redor. — Vocês não acham que a minha esposa e seu amante, o incrível Dr. Roman Blake, fizeram um show espetacular? Eles quase te enganaram ao pensar que eles eram um casal, não é? Os olhos de Michael pousaram em Samantha, e eu olhei para ver que cada pequena quantidade de cor tinha deixado seu rosto. Ela não estava se movendo. Prendendo a respiração, ela ficou rígida quando Michael se aproximou de nós. — O que você está fazendo aqui, Michael? — ela rosnou em um sussurro. Se eu não tivesse sentido as vibrações de sua voz contra o meu lado, eu não teria reconhecido a voz como dela. — Bem, eles com certeza me enganaram, — disse ele à multidão, ignorando a pergunta de Samantha. Michael deu um passo em direção a nós e foi então que as luzes pegaram o reflexo do objeto na mão dele. Eu me agarrei a Samantha, mas seu corpo estava tão duro.
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— Santo Roman, certo? — ele levantou o prêmio que eu não sabia que eu estava recebendo. Seus dedos grossos enrolados em torno do trabalho da minha vida me enojou. — Como vocês se sentiriam se soubessem que o seu precioso médico matou uma mulher? Vocês ainda o amariam? Eu me senti como se Michael tivesse acabado de me perfurar com um soco no estômago e o ar foi sugado do meu corpo, enquanto minha mente tentava funcionar rapidamente. Eu olhei para Samantha, não me importando com a resposta de ninguém, além da dela. Ela olhou para mim, confusa e eu queria suavizar as suas sobrancelhas franzidas. — E como eu deveria me sentir sabendo que minha mulher está me deixando por um assassino? Isso não diz muito sobre mim agora, não é? — Michael continuou. Mais uma vez, as palavras dele me pegaram desprevenido. Desta vez era eu que parecia confuso enquanto meus olhos se moviam sobre o rosto de Samantha. — Sinto muito, — ela sussurrou. — Eu ia te dizer este fim de semana. Eu não... eu... Mas Michael não tinha acabado com o seu discurso. — Ele é um assassino, um mentiroso, um manipulador e ele transformou minha esposa em uma— Chega! — gritei, fazendo com que os convidados parassem de respirar e tomassem um pequeno passo para trás. Dei dois passos em direção à Michael com toda a intenção de derrubá-lo em sua bunda, mas Samantha agarrou meu braço e me segurou. — Ele não vale a pena, Roman, — ela sussurrou apenas para meus ouvidos. E então ela estava se movendo para longe de mim antes que eu pudesse impedi-la. Ela parou na frente de Michael, tentando empurrálo, passando pela multidão e para fora da sala. — Vamos, Michael. Isso é perda de tempo. — eu a ouvi dizer quando ela chegou a seu lado. — Não! — gritou ele, jogando o prêmio de vidro na mão em direção à parede. Ele quebrou como eu tinha certeza de que minha carreira foi obrigada a fazer e algumas das mulheres gritaram de medo. — Não até que todo mundo veja aquele bastardo pelo que ele realmente é. ~ 167 ~
Eu me aproximei e vi quando Samantha tentou acalmar a fúria do marido. Se em algum momento ele fosse levantar a mão para ela, eu ia matá-lo para toda a sala ver. Então eu realmente seria o assassino que ele alegou que eu era. — Isso não é culpa de Roman, Michael, e você está assustando todo mundo. Você fez isso conosco. — ela manteve a voz calma e controlada. — Você nos arruinou e destruiu nosso casamento, não Roman. Ela estava falando em voz baixa para que a sala ao redor dela não pudesse ouvir, mas eu estava perto o suficiente para ouvir cada palavra e gostei do que eu estava ouvindo. Ela era a mulher que eu sempre soube que ela poderia ser e ela estava se levantando à ele. O nevoeiro pareceu limpar em volta da cabeça de Michael e ele olhou para Samantha com os olhos cheios de dor. Foi então que eu pude ver. Havia posse em seus olhos e foi como uma bala no peito. — Você é minha mulher, Sam. — sua voz falhou. — Venha para casa comigo. Ela respirou fundo e endureceu sua coluna. Apesar de tudo que estava acontecendo, eu nunca me senti mais orgulhoso dela. — Não. Antes de eu sair, acabamos tudo. Eu não sou mais sua, Michael. Ela deu um passo para trás quando dois seguranças do hotel vieram por trás de Michael e o levaram. Ele estava tão perdido nas palavras de Samantha que ele não lutou contra eles, até que estava no meio do caminho para fora da sala. — Sam! — ele gritou. — Não faça isso, Samantha! Quando as portas se fecharam atrás deles, ninguém disse uma palavra. O silêncio na sala era tão espesso, que poderia ter sido cortado com uma faca. Nem Samantha nem eu nos movemos e a maioria dos convidados não sabia o que fazer. Erguendo a cabeça com confiança, Samantha falou fortemente para a sala em torno de nós. Ela era magnífica em sua calma, embora o drama a tinha pego em cheio somente alguns minutos antes. — Eu sinto muito, gente. Espero que vocês possam aceitar o meu pedido de desculpas por arruinar seu evento do Dr. Blake. Com licença.
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Sem outra palavra, ela levantou o vestido e fez seu caminho para a saída. Quando ela passou através das portas, me lembrei de como usar minhas pernas novamente. — Minhas sinceras desculpas. Me desculpem, — eu disse enquanto manobrava o meu caminho através da multidão quando eles começaram a se mover. Eu fiquei preso pelas portas, meu peito explodindo com adrenalina e expectativa de encontrar Samantha abatida, mas eu parei abruptamente quando a vi contra a parede. Caminhando até ela, peguei seu rosto em minhas mãos e puxei seus lábios nos meus. Beijando-a com força, eu saboreei o gosto dela. — Nunca mais me deixe assim de novo, — eu falei contra seus lábios. Ela assentiu e se afastou. — Eu sinto muito, Roman. — lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Eu arruinei sua noite. Eu… — Você não estragou nada, Samantha. Michael fez. Eu poderia matá-lo por te envergonhar assim. — Eu? Olhe o que ele fez lá! Todos os seus colegas, pacientes... ele arruinou sua reputação. Eu balancei a cabeça, negando suas palavras e temendo o momento em que eu teria que esclarecer as acusações de assassinato. — Aqueles que são meus verdadeiros amigos vão ver o passado e o que aconteceu lá dentro, e se não, são apenas falsos, — eu disse, enxugando as lágrimas em seu rosto. As palavras de Michael enviaram chamas em minha mente e eu não podia esperar mais tempo para saber se ela era realmente minha. — É verdade? Você realmente acabou com as coisas? — perguntei. — Sim. Logo antes de eu me encontrar com você para vir aqui. — É por isso que você estava tão chateada? Ela assentiu com a cabeça. — Eu ia te dizer. Eu deveria ter… — Não importa. Nada disso importa agora. Tudo o que importa é que eu te amo. — as palavras correram pelos meus lábios e seus olhos cheios de lágrimas entraram em confronto com os meus. — Você não
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tem que responder. Eu s贸 sei que eu te amo pra caramba e se voc锚 me quiser, eu sou todo seu.
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Capítulo Vinte e Cinco SAMANTHA MESMO DEPOIS DE TODO o drama de Michael em Nova York, eu ainda passei a noite nos braços de Roman. Eu queria perguntar sobre as acusações de Michael, mas nós estávamos falando sobre Michael - o maior mentiroso que eu conhecia. Eu realmente não podia me fazer me preocupar com onde ele acabou depois de sua pequena cena. Ele era um advogado; ele poderia contornar a lei. Sempre fez e sempre faria. Eu não tinha certeza do que meus pensamentos disseram sobre mim, mas naquele momento, eu não tinha certeza se realmente me importava. Roman passou a noite dentro de mim, ao meu redor e era pura felicidade. O mundo fora do seu quarto não existia. Havia apenas ele e havia apenas eu. Na noite anterior, Roman trouxe todas as minhas coisas para o quarto e isso foi bom para mim. Na manhã seguinte, nós embalamos nossas coisas lado a lado. Eu estava nervosa sobre voltar para Miami. Enquanto estávamos longe, poderíamos ignorar toda a loucura que nos esperava lá. Poderíamos nos envolver e negar o resto, que era exatamente o que eu queria fazer. Antes do meu pai ter morrido, ele me disse que a vida foi feita para ser vivida. Me lembro de pensar naquele momento o quão errado era, já que eu tinha muita vida pela frente e, no entanto, não foi aproveitada da maneira que meu pai poderia ter se tivesse tido mais tempo. Eu poderia dizer honestamente que eu estava vivendo minha vida para mim agora. Eu deixei Michael do jeito que eu deveria ter deixado há muito tempo e joguei fora o livro de regras. Fazia um tempão desde que eu me senti tão bem. Roman me fez sentir bem. Não... Roman me fez sentir incrível. Não apenas o sexo, mas estar perto dele me fez sentir viva. Não importava o que eu tinha certeza que ia enfrentar quando chegássemos em casa, eu sabia que ele valia a pena. — Você está bem, querida? — perguntou Roman do meu lado.
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Eu estava olhando para fora da janela do avião e observando as nuvens passarem. Eu estava tão presa em meus pensamentos que eu não tinha falado muito desde que embarquei. Nós tivemos um monte de conversa antes de desembarcarmos, mas estar em silêncio e meditar sobre a minha vida me fez sentir melhor. Me aproximando, eu coloquei minha mão sobre a dele. — Eu estou ótima, — eu respondi. Ele se inclinou e me beijou suavemente antes de pressionar a testa à minha. — Você mais que definitivamente está. Pressionando meus lábios nos dele, deixei seu calor passar por cima de mim. Ele aprofundou o beijo um pouco mais, sugando a ponta da minha língua. Rompendo, ele estremeceu e sorriu para si mesmo. — Você está me deixando louco, mulher. Agora que já concluí que você é realmente perfeita, por que você não me diz o que está em sua mente? — ele disse, alisando meu cabelo e beijando minha testa. Eu amei quão meloso ele era. Iria levar um tempo para acostumar, mas era uma mudança bem-vinda. Era como se não ele não pudesse ficar sem me tocar. Como se suas mãos queimassem para sentir a minha pele. O sentimento era mútuo. — Eu só estou pensando em como as coisas vão ser quando voltar para Miami. — Como você quer que elas sejam? — ele perguntou, preocupação gravada em sua testa. Me aproximando, beijei sua testa. — Não quero dizer com você. Eu acho que sei como isso vai rolar. O que quero dizer é... eu tenho uma tonelada do que fazer agora que meu casamento está oficialmente terminado. — Como o quê? Tomei uma respiração profunda, — Bem, primeiro, onde morar. Não é como se eu tivesse uma tonelada de opções lá fora, sabe? E a contratação de um advogado para apresentar um divórcio. Michael não vai fazer nada disso fácil para mim. Não é a natureza dele. — Eu sei. — ele balançou a cabeça tristemente. — Eu odeio pensar sobre o que você vai passar, mas, por favor, saiba que eu estarei lá com você a cada passo do caminho.
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Sua palma se aproximou para cobrir meu rosto e eu me inclinei em seu toque. — Eu sei. Sabendo que eu tenho você é o que está me mantendo erguida. Eu sei que vou ter que lidar com Michael e tudo mais, mas eu só quero algumas semanas antes de ter que pensar sobre isso. Encontrar um lugar para viver é a minha principal preocupação no momento. Ele assentiu. — Bem... se eu estou sendo completamente honesto, eu estava pensando que você poderia voltar para casa comigo. Suas palavras trouxeram um sorriso em meus lábios. — É mesmo? — Sim, — disse ele com um sorriso, olhando para mim debaixo dos seus cílios escuros. Seus olhos de uísque brilhavam e eu sabia que ele estava pensando sobre o nosso fim de semana juntos. — Mas eu não quero que você canse de mim muito rápido, — eu provoquei. — Eu te asseguro, amor, que ficar cansado de você não é uma possibilidade. E então ele mordeu seu lábio inferior enquanto seus olhos devoravam os meus. Eu nunca tinha considerado transar em um avião, mas mesmo com tudo correndo loucamente na minha cabeça, eu mal podia esperar para ficar sozinha com ele. Ele queria que eu fosse para casa com ele. Engoli em seco só de pensar nisso. Ficar com Roman soava como o céu, mas, ao mesmo tempo, eu não queria que movêssemos rápido demais. Eu queria aproveitar o início do nosso relacionamento sem colocar pressão demais sobre nós. — Você tem certeza? — Eu nunca tive mais certeza em minha vida. — Ok. Mas só por uma semana ou duas. É importante que eu encontre um lugar para mim. — eu cedi. — Se você diz. E então ele se virou e fechou os olhos com um sorriso feliz no rosto. Momentos depois, a respiração dele se acalmou e eu sabia que ele estava dormindo. ~ 173 ~
EU NÃO SENTI FALTA DO calor de Miami que nos acolheu quando chegamos em casa. O ar exterior era muito espesso e muito úmido e a minha pele já estava começando a ficar pegajosa. Mesmo a brisa quente que chegou até o meu vestido não forneceu qualquer alívio. Roman carregou minhas malas para mim e um carro estava à espera, pronto para nos levar para sua casa. O motorista colocou as nossas malas no porta-malas quando subimos no interior. Sua mão ficou no meu joelho no passeio para o outro lado de Miami, com exceção de quando ele ocasionalmente correu pela minha coxa, fazendo com que os músculos na minha perna flexionassem. Eu mal podia esperar para chegar à sua casa e batizar sua cama. Só de pensar nele movendo seu comprimento dentro de mim estava me excitando. Entre as minhas pernas ainda estava o resultado do nosso fim de semana juntos. Minhas dobras estavam inchadas pelo seu amor intenso, mas mesmo assim, eu podia me sentir ficando molhada para ele - o pulsar que foi lentamente batendo no meu ponto doce correspondeu ao ritmo do meu coração. Só de estar perto dele me deixava assim. Uma parada rápida para pegar Duke, que estava tão animado comigo quanto Roman disse que ele iria estar e nós estávamos no caminho de volta para a casa de Roman. Seu condomínio à beira-mar era mais vidro do que qualquer outra coisa. O momento em que entramos lá, eu fui para as janelas com vista para o mar extenso. Era lindo e completamente o oposto da grande casa que eu morava com Michael. Era menor e mais intimista. Fotos de amigos e familiares enchiam as mesas e até mesmo os finos mobiliários tradicionais pareciam aconchegante. Me senti em casa, embora eu nunca tinha pisado no lugar até aquele momento. Vindo atrás de mim, Roman passou os braços em volta da minha cintura e eu deixei minhas mãos descansarem em seus antebraços. Quando ele beijou o lado do meu pescoço, logo abaixo da
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minha orelha, sua respiração quente levou o cabelo em volta do meu rosto. Inclinei a cabeça para o lado, permitindo a ele mais acesso ao meu pescoço. Ele me acariciou, suavemente chupando e beijando pontos que me fez estremecer. Sua língua trabalhou seu caminho até meu pescoço e sobre o meu ombro. — Eu já te disse quão sexy seus ombros são? Eu sorri para o nosso reflexo no vidro. — Acho que não. — Bem, eles são. Eu quero adorar o seu corpo, Samantha. — Eu tenho certeza que você passou a semana fazendo exatamente isso. — engoli em seco quando seus braços baixaram e suas mãos começaram a se reunir na frente do meu vestido. — Isso não é o suficiente. Girando em seus braços, eu coloquei meus braços em volta do seu pescoço e puxei sua boca para a minha. Eu nunca me cansava do seu gosto ou a maneira como me sentia com ele pressionando tão fortemente contra mim. Quando ele me apoiou contra o vidro, o frio encontrou meus ombros e as costas das minhas coxas, me fazendo assobiar e morder meu lábio inferior. Suas mãos desceram até as minhas pernas e sob o meu vestido, e então ele me levantou, me forçando a colocar minhas pernas em volta dele. — Eu quero você, — ele sussurrou contra os meus lábios. Ele pressionou sua dureza no meu centro, me fazendo gemer de prazer. — Quando se trata de mim, você pode ter o que quiser, Roman. Eu sou toda sua. Ele beijou meu pescoço, enterrando seu rosto em minha pele e me inspirando. — Diga isso de novo, — ele sussurrou. — Eu sou sua, Roman, — eu repeti. Ele rosnou contra a minha pele, prazer ondulando pela minha espinha. E então ele me chocou quando ele chegou entre as minhas pernas e rasgou minha calcinha do meu corpo.
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Roman era sempre tão calmo e controlado. Vê-lo perder o controle daquele jeito era sexy. — Eu estou tão louco por você, Samantha. Eu preciso estar dentro de você, — disse ele, baixando as calças em torno de suas coxas. Seu pau estava duro e quente quando ele o apertou contra mim. — Me diga se eu for muito duro. E, em seguida, ele se ajeitou, se empurrando profundamente em minha passagem encharcada e me fazendo gritar de prazer. Descendo, comecei a sair de dentro do meu vestido até que eu o puxei sobre a minha cabeça e o joguei no chão. Seus quadris trabalharam rápido e duro, me pressionando no vidro frio até que eu tinha certeza que iria rachar. Não era doce... era agressivo como se ele me afirmasse em sua casa. Eu amei cada segundo disso. Puxei meu sutiã e meu seio pulou. Ele não perdeu tempo mergulhando a cabeça e chupando a ponta em sua boca. Ele mordeu suavemente, me fazendo doer em todos os lugares. Foi tão bom, bom demais. Eu nunca queria que isso acabasse. — Ah, Deus, — choraminguei quando meu interior começou a formigar. Desejo sumiu ainda mais. Eu sabia que a qualquer momento isso iria cair e eu iria quebrar completamente sobre Roman. — Não pare, baby. Por favor, — eu implorei. Puxando meus quadris do vidro, ele me segurou, meus ombros pressionando firmemente para o mundo exterior. Seus dedos cravaram em meus quadris dolorosamente, mas só adicionou mais prazer ao momento. Michael nunca teria sido tão repentino - ele nunca teria me fodido. Isso era o que eu queria. Isso me fez sentir como se Roman quisesse desaparecer dentro de mim. A nova posição mudou alguma coisa. Seu comprimento massageou algo dentro de mim que intensificou o prazer ao ponto que eu não podia mais falar. Em vez disso, eu ofeguei com a boca aberta e os olhos fechados. — É isso aí. Me sinta, amor. Você é minha, — ele rosnou. — Minha.
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E então eu gozei longo e duro, o inundando com tudo o que eu era e gritando tão alto que eu tinha certeza que meus gritos ecoaram sobre as ondas em toda a praia sobre nós. Ele gozou depois de mim, cavando seus dedos em minha carne, e se dirigindo profundamente em mim com um grunhido viril quando ele virou um animal em vez do cavalheiro que eu sabia que ele era. Foi incrível.
— BEM, EU NÃO TINHA isso na minha lista, mas se fazer sexo por dois dias seguidos tivesse estado lá, eu definitivamente poderia riscá-lo agora. O sorriso de Roman tocou o travesseiro e ele colocou os braços sob ele, apoiando a cabeça e olhando em volta de mim. Eu estava desenhando círculos preguiçosos nas suas costas e meus dedos pararam quando se mexeu. — É meia-noite agora, amor. Faça isso três dias. — Bem, você não se esforçou para garantir a satisfação, Dr. Blake? — eu disse, brincando. — Quando se trata de você, Samantha, eu me esforço para levá-la para as estrelas. E ele tinha. Várias vezes ao longo dos últimos dias, eu havia tocado o céu com ele. — O que eu fiz para merecer você, Roman? Se inclinando sobre mim, ele me beijou suavemente. — Me pergunto isso todo dia, amor. O que eu fiz para merecer você? — Você já tem uma resposta? Ele balançou sua cabeça. — Não, mas eu pretendo passar o resto da minha vida encontrar uma. Você acha que pode lidar com isso? — Eu acho que posso lidar com qualquer coisa que envolve você e para sempre.
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Mais uma vez ele me beijou, sua barba por fazer friccionou contra o meu rosto do jeito que tinha feito anteriormente entre as minhas coxas. — Você é incrível, Samantha, nunca se esqueça disso. Suspirei e mordi o interior do meu lábio. — Qual o problema? — perguntou Roman, franzindo a testa. — Tudo está perfeito agora, mas eu não posso evitar sentir que tudo vai desmoronar quando Michael receber seus papéis do divórcio, — eu disse, afirmando minha preocupação. — Nada vai desmoronar. Você é forte, Samantha. Você pode lidar com qualquer coisa. — Não, você é o único forte. Eu gostaria de poder ser forte como você. Nada te abala. Você está sempre tão calmo e pronto para enfrentar qualquer coisa, — eu disse, empurrando o cabelo de seus olhos. Ele sorriu para mim e me beijou suavemente na ponta do meu nariz. — Você acha que eu sou forte, mas todo mundo tem uma fraqueza, Samantha. Acontece que você é a minha. Eu sorri, sentindo o calor no meu estômago que só Roman poderia criar. — Quão fraco eu deixo você? — perguntei sedutoramente e empurrei em seu ombro até que ele estava deitado de costas. Subindo encima dele, eu pairei sobre ele, minha mão circulando e explorando o seu comprimento que se estendia na minha mão. — Você parece muito forte para mim, — eu provoquei e me posicionei acima dele. — Eu me pergunto se você se sente forte também. Seu sorriso era delicioso. — Só há uma maneira de descobrir, amor. Seus dedos foram ao redor de meus quadris e me empurraram para baixo, enquanto me erguia para fora da cama, ao mesmo tempo. Nossos corpos se unindo foi uma sensação tão forte que era quase uma tortura. Ele se moveu dentro de mim como se ele fosse feito só para mim e eu me perguntava como eu sobrevivi tanto tempo sem ter Roman dentro de mim assim. Eu balancei para frente e para trás, para cima e para
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baixo, encontrando o ponto que me fez derreter por ele. Ele observou com um sorriso em seu rosto percebendo quando eu encontrei a minha libertação novamente enquanto eu me equilibrava em seu peito. Encontramos um ritmo perfeito juntos e os sons do nosso êxtase eram os únicos sons no quarto. — Eu te amo tanto, Samantha, — ele disse quando ele entrou em mim. O beijei suavemente e disse as palavras que eu sabia que ele desejava ouvir. — Eu também te amo. — minhas palavras foram sussurradas, mas eu podia dizer pela expressão de espanto no seu rosto que ele tinha ouvido. Se aproximando ainda mais, ele empurrou meu cabelo do meu rosto e eu relaxei contra ele enquanto ele ainda estava dentro de mim. — Eu só não estou acostumada a esse tipo de intimidade com outra pessoa, — eu confessei. Eu não queria me mover de cima de Roman, então eu descansei meu queixo no seu peito para olhar para ele. — E que tipo de intimidade é essa? — ele perguntou, correndo os dedos, tanto quanto podia pela minha espinha. — Esse tipo. Quando estamos juntos, é como se você fosse uma parte de mim. — ele riu e de brincadeira levantou os quadris, mostrando que era de fato uma parte muito importante de mim. — Não isso, Dr. Blake. Eu quis dizer emocionalmente. É assustador, porque às vezes eu sinto que você pode ver através de mim. O rosto dele ficou sério e ele me olhou nos olhos enquanto ele brincava com uma mecha de cabelo do meu rosto. — Isso é porque a intimidade não é puramente física. É o ato de se conectar com alguém tão profundamente que você sente como se você pudesse ver em sua alma. Suas palavras eram bonitas, como de costume. O coração de Roman era diferente de qualquer outra pessoa. Era puro, cheio de compaixão e amor. — Estamos ligados, Roman? Você pode ver a minha alma? Se inclinando, ele me beijou, pressionando os lábios quentes nos meus e selando alguma promessa tácita. Quando ele se afastou, seus ~ 179 ~
olhos devoraram os meus. — Eu posso ver tudo - tudo o que você é e eu nunca quero te deixar ir. — Ótimo, porque eu não vou a lugar nenhum sem você. — eu rolei meus quadris. Ele se mexeu e endureceu instantaneamente dentro de mim. Seus olhos ficaram escuros com desejo e ele gemeu quando me mexi novamente. Eu amei receber essa reação de Roman. Ele me fez sentir como se eu fosse a única mulher que poderia fazê-lo a reagir dessa maneira e isso me fortaleceu. Nós arrastamos a noite até altas horas e depois, finalmente, dormimos. Ainda deitada no peito de Roman e ele aninhado dentro de mim, dormimos.
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Capítulo Vinte e Seis ROMAN QUANDO NÃO PODÍAMOS mais ignorar o rosnado do nosso estômago ou o mundo exterior, nós emergimos do meu quarto como criaturas da noite. — Isso queima! — Samantha brincou quando o sol tocou sua pele. Rindo, eu a puxei para mim, mas depois o sol encontrou meus olhos me queimando, sua piada não parecia mais tão engraçada. Eu fiz uma nota mental para abrir as cortinas da próxima vez que Samantha e eu decidirmos não deixar o quarto por três dias. — Você está com fome? — perguntei quando eu peguei a mão dela e a levei para a cozinha. O layout do meu apartamento era bastante simples. Quarto, banheiro, hall, cozinha que dava para a sala de estar e uma sala de jantar e a porta da frente. — Estou morrendo de fome. Algum homem mau se recusou a me alimentar enquanto ele violava meu corpo tão perfeitamente, — ela disse com um sorriso antes de se inclinar na ponta dos pés e me beijar. A beijei de volta, sorrindo contra seus lábios enquanto eu a apoiava sobre a bancada. Ela subiu e se inclinou sobre o balcão, enquanto eu andava em torno da cozinha. — Eu só sei como fazer ovos mexidos, bacon, panquecas, linguiça, e torradas. — eu fiz uma careta. — Mas eu costumo queimar a torrada. Ela riu. — Só? — ela fingiu estar horrorizada. — O que, nada de waffles belgas? Você não vai cozinhar um jantar de cinco pratos mais tarde? Eu entendi a sua provocação e ri junto com ela. — Se é isso que você quer, amor.
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— Os ovos e bacon vão bem. Ou cereais, se você tiver algum? — Na verdade, eu acho que tenho. — eu me virei para a pequena despensa e tirei uma caixa de Lucky Charms8. — Isto vai servir? — eu segurei a caixa. Seu rosto se iluminou. — Perfeito. O magicamente delicioso café da manhã depois de passar uma noite deliciosamente mágica. Duas taças cheias depois, eu estava encostado ao balcão em frente a ela, batendo no meu estômago cheio. Eu não tinha ideia de como ela estava fazendo isso, mas vê-la comer era sexy. Eu totalmente planejei fazer dela o meu lanche um pouco mais tarde.
LIMPEI NOSSA BAGUNÇA DO CAFÉ da manhã enquanto Samantha assistia da bancada da cozinha. Eu podia sentir seus olhos na minha pele e eu sabia que era hora de eu explicar algumas coisas para ela. Se eu estava nisto para durar longamente, o que eu estava, eu precisava me abrir para ela. Eu precisava que ela soubesse que as coisas que Michael tinha me acusado de ser, eram de alguma maneira verdade. A escuridão que eu mantinha trancada dentro de mim e que foi colocada em exposição na frente da sala cheia de pessoas não era como eu queria que Samantha descobrisse. Mas ainda assim, ela merecia saber sobre o meu passado. Foi lamentável ela ter ouvido isso de um homem como Michael em vez de mim. Ela precisava de esclarecimento e eu estava pronto para dar isso a ela. Eu poderia dizer que houve momentos em que ela olhou para mim que ela queria perguntar, mas ela foi respeitosa com meus sentimentos. Eu apreciava isso sobre ela.
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— Eu ia te dizer, Samantha. — eu joguei a toalha de prato em meu ombro e me virei para ela. Seus olhos encontraram os meus e confusão os nublou por um breve segundo antes que ela percebesse o que eu estava falando. Olhando para longe, ela colocou o cabelo atrás da orelha e limpou sua garganta. Seus olhos se moveram sobre os meus novamente quando ela cruzou os braços sobre o peito. Sua expressão mudou para entendimento e ela me deu um sorriso doce. — Eu sei. Meu coração acelerou por ela e o amor dentro de mim aumentou. — O que aconteceu? — perguntou ela. — Eu tinha uma irmã mais nova, — eu comecei. A dor que eu geralmente sentia quando eu mencionava Rachel encheu meu peito e ameaçou me sufocar. — Seu nome era Rachel, — eu disse asperamente. As palavras pareciam congelar a minha língua. — Tinha? — suas sobrancelhas arquearam. — Ela cometeu suicídio quando ela tinha dezessete anos. — eu forcei as palavras. Os olhos de Samantha ficaram selvagens com a dor. — Eu sinto muito, Roman. Eu balancei a cabeça. — Foi há muitos anos, mas ainda dói como se fosse ontem. — Naturalmente, — disse ela. Saindo do banquinho, ela atravessou a sala pressionando uma mão reconfortante no meu peito nu.
até
mim,
— Seu rosto foi muito queimado quando ela era mais jovem e as crianças foram cruéis. Ela foi provocada impiedosamente na escola. Tanto que minha mãe se recusou a deixá-la voltar. — eu engoli as memórias. Eu me lembro de querer ir para a escola dela e estrangular as crianças que foram ruim com Rachel. — Ela foi educada em casa até que ela tinha doze anos. Até então, ela sentiu que tinha idade suficiente para lidar com as crianças na escola. Ela implorou a mãe a deixá-la voltar - implorou para ser uma ~ 183 ~
criança normal, mas a minha mãe não cedeu. Ela era completamente contra a ideia, mas meu pai foi inflexível que ser social com crianças da idade dela seria importante para Rachel. Eu ainda podia ouvir suas palavras. Elas eram raivosas. Ela precisa aceitar suas cicatrizes e aprender a se ver como o que ela é. O que ela é... não quem. Eu odiava o jeito que ele disse isso. Como se ela fosse uma abominação. Como se ela não fosse completamente normal simplesmente por causa de suas cicatrizes. A verdade era que Rachel foi incrível. Ela era bonita e forte e enquanto eu concordava que ela deveria voltar para a escola, eu concordei, porque era o que ela queria e não por qualquer outra razão. — Seu primeiro dia foi um pesadelo, mas ela insistiu em voltar. Eu estava tão orgulhoso dela, Samantha. — eu olhei para suas grandes piscinas castanhas. — Ela era uma lutadora. Seu espírito não se intimidou, não importa o que as crianças disseram. Ela fez a sua missão que todas as crianças gostassem dela. Só que as crianças eram duras. Mesmo em uma idade tão jovem, elas foram capazes de deixar alguém triste e destruir a sua alma. Eles estavam fazendo isso com Rachel. Eu podia ver ela mudar todos os dias quando ela voltava para casa. Estava perdendo a faísca - seus olhos se tornaram mortos ao longo do tempo e eu sabia que ela estava desmoronando sob suas palavras. Eu abaixei minha cabeça, sentindo as lágrimas correr para os meus olhos. Samantha correu o polegar sobre meu rosto e eu o beijei, me lembrando que eu estava aqui e agora, não em Londres vendo minha irmã de perder em si mesma. — Ela era uma concha da menina que ela costumava ser, — eu continuei. — E depois de sobreviver a quatro meses de escola pública, ela implorou nossos pais para deixá-la voltar a ser ensinada em casa. Meu pai recusou, deixando Rachel e minha mãe em prantos. Me lembro de odiá-lo tanto, — eu disse com culpa quando eu olhei para Samantha, que daria qualquer coisa para ter o pai de volta. Eu me senti terrível por dizer isso em voz alta, sabendo como ela se sentia por seu próprio pai, mas ela não respondeu. Em vez disso, ela continuou a me confortar com um toque aqui e ali e um pequeno beijo de seus doces lábios.
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— Quando minha irmã tinha treze anos, seu único desejo era fazer cirurgia plástica. Ela queria parecer normal e ter uma vida normal. Mas o meu pai se recusou. Ele disse que ela não precisava disso. Ele disse que ela estava bem do jeito que ela estava e que ela não precisa disso. Bem. Ela não era bonita, ela era linda por dentro e por fora. Eu podia ver isso. Minha mãe podia ver isso. No entanto, ele disse que ela estava bem. Ela não se sentia bem. Era óbvio pela forma como ela se lamentava em torno da casa, seus olhos sem graça e sua cor empalidecendo. — Chegou a um ponto que ela nem sequer sair de casa mais. Ela gritava quando o meu pai a obrigava e eu ficava ao seu lado e chorava por dentro, desejando que eu pudesse ajudá-la. Ela se tornou deprimida e reclusa e não importa o quanto eu tentei tirá-la de lá, ela estava perdida. — Ela começou a não se alimentar e se deteriorar na frente dos nossos olhos. Minha mãe pediu e ameaçou meu pai a fazer algo por ela. Ela disse que entendia por que ele não queria que ela fizesse a cirurgia, mas Rachel estava declinando e a hora para lições de vida tinha acabado. — E então um dia, ela não desceu para o café da manhã. A minha mãe me disse para ir lá para cima e buscá-la. Eu subi as escadas de dois em dois, sabendo que algo estava errado. Eu podia sentir isso no meu peito. Uma lágrima caiu pelo meu rosto e Samantha a secou. — E lá estava ela. Esparramada no chão e branca. Tudo no quarto se tornou branco quando eu me apavorei, exceto pelo sangue vermelho escuro que estava ao seu redor. Seus pulsos tinham sido cortados. Ela tinha tirado sua própria vida. A escuridão se moveu no rosto de Samantha e eu me odiava por colocá-lo lá – a puxando para o meu lugar escuro, mas eu sabia que precisava ser feito. Eu queria que ela soubesse tudo sobre mim. — A vida como a conhecemos nunca foi a mesma. Minha mãe nunca poderia perdoar meu pai pelo que ela achava que ele fez com Rachel e nem eu. Minha mãe morreu alguns anos mais tarde, mas ela nunca foi a mesma.
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— Eu fui para a escola para me tornar um médico. Meu pai queria que eu seguisse seus passos, mas eu tinha outros planos. Eu queria ajudar as pessoas, pessoas como Rachel. Então eu me tornei um cirurgião, um cirurgião plástico. Meu pai ficou enojado com a minha decisão. Ele disse que era um desperdício de meu conhecimento se me tornar um médico para coisas frívolas. Eu balancei minha cabeça lembrando a última coisa que eu tinha dito a ele. — Entramos em uma grande discussão no dia em que me formei na universidade. Eu disse coisas que eu queria trazer de volta. Eu disse a ele que era sua culpa que Rachel se matou e talvez, de alguma forma era, mas depois de ver Michael me chamando de assassino na outra noite, eu compreendi quão ruim as minhas palavras deveriam ter machucado ele. Samantha pôs a mão sobre a minha e as lágrimas encheram seus olhos. — Mas você não é um assassino, Roman. Suspirei. — Não. Eu não sou e nem o meu pai era, mas eu era teimoso e achava que sabia tudo. Eu não podia ficar naquela casa com meu pai por mais tempo, então eu fui embora e vim para os Estados Unidos para ficar com a minha avó. Outra lembrança escura se moveu sobre mim e eu engoli a bile que me ameaçou. — Foi meu primeiro ano na minha nova clínica como um cirurgião plástico e eu senti como se eu pudesse mudar o mundo. Eu estava lá em um par de meses quando eu conheci Mary Sinclair. Ela tinha se envolvido em um acidente de carro horrível que deixou seu rosto mal cicatrizado. Ela queria que eu corrigisse, que deixasse ela bonita de novo e porque ela me fez lembrar de Rachel, eu concordei com a cirurgia. Seu rosto passou diante de meus olhos, e eu sorri pelo quão bonita ela ficou após a cirurgia. — Quando eu terminei a cirurgia dela, ela era uma mulher completamente nova e ela estava tão feliz. Me deixou feliz saber que ela não iria acabar como Rachel e que eu tinha dado isso a ela. Mas então não parecia ser suficiente para ela. — Ela continuou a voltar para mais cirurgias, coisas que eu não exatamente achava que ela precisava, mas Dr. Stein argumentou que
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não era o meu lugar decidir pelos pacientes. Então eu continuei a fazer cirurgia após a cirurgia até que ela já não era carne e osso. Fechei os olhos e respirei fundo, lembrando do quão terrível sua pele tinha ficado. Ela foi tão puxada que sua pele parecia pronta para estalar. Eu me odiava por ter feito isso com ela. Eu odiava tudo sobre o meu trabalho nela. — Depois de um tempo, comecei a recusar as ligações dela, eu parei de marcar consultas com ela e, eventualmente, ela entendeu. Ela estava viciada nisso e eu pensei que se eu não fizesse as cirurgias mais, ela iria parar de fazer. Duas semanas mais tarde, recebi uma ligação de outro cirurgião plástico que estava solicitando os arquivos dela. — Eu disse a ele tudo sobre ela, seu vício e como eu senti que ela estava sofrendo de depressão e o que mais eu sabia. Ele me garantiu que ele tinha controle e que nenhum de nós era um psiquiatra. Nenhum de nós estava na posição para fazer um diagnóstico de depressão. Ele desligou e eu deixei pra lá. — Um mês depois, eu a vi no noticiário. Me lembrei do jornalista falando sobre os perigos da cirurgia plástica. O título principal notícia foi Cirurgia Plástica dá Errado. — Eles colocaram fotos de quão terrível ela estava em cada cirurgia que eu tinha feito e eu me odiava por deixá-la ir tão longe como ela tinha ido. — Ela morreu um mês depois, — eu disse enquanto meu peito ferido foi esmagado. — Eu a tinha matado. Não tecnicamente, mas estava no meu arquivo. Eu tinha feito o que ela era. Eu fui seu revendedor por tanto tempo. Isso me irritou. Eu estava irritado com ela, com o outro cirurgião, mas principalmente comigo mesmo por não fazer mais para Mary ou Rachel. Foi então que eu percebi o que meu pai tinha feito todos esses anos com a minha irmã e se eu tivesse percebido isso antes, eu poderia ter salvado Mary, talvez até Rachel. Elas não precisavam de cirurgia para torná-las bonitas, elas precisam de autoestima. Elas precisavam de alguém para lhes mostrar como elas eram bonitas e não apenas dizer isso. Elas precisavam de tudo o que a sociedade não lhes deu. — Eu jurei nunca fazer cirurgia desnecessária em uma pessoa novamente. Mudei para a cirurgia reconstrutiva e trabalhei duro em
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moldar as pessoas que lidamos todos os dias para se amar e ver além do que está no exterior. No final, as pessoas que importam vão se lembrar delas por quão grande seu coração é e não como elas parecem. Eu senti como se tivesse falado por uma eternidade quando eu finalmente olhei para Samantha. Ela estava me observando de perto com olhos compreensivos. Ela não estava me julgando por todos os meus defeitos. Ela entendeu. — É por isso que você não fez a cirurgia para mim, — ela sussurrou. Eu balancei a cabeça. — Eu não ia cometer o mesmo erro com você. Você era tão frágil a primeira vez que eu conheci você e sim, eu estava com raiva de você, mas no fundo, eu estava zangado com o motivo que fez você sentir a necessidade de estar lá. Eu peguei suas bochechas macias em minhas mãos, meus dedos se perdendo em seu cabelo. — Quando eu te vi naquela noite na festa, parecia como se o peso do mundo estivesse em seus ombros e isso me matou. E se eu estou confessando todas as minhas verdades agora, é importante que você saiba que você me mudou muito, Samantha. Eu não sei como vivi sem conhecer você. Ela se inclinou, envolvendo os braços em volta do meu pescoço e me beijando como se sua vida dependesse disso. — Mudamos um ao outro, Roman, — ela sussurrou contra os meus lábios. Eu enterrei meu rosto em seu cabelo e respirei, a deixando afundar em minha alma. — Eu odeio que você teve que descobrir isso de Michael. Eu devia ter lhe contado antes. — Não importa. Você me disse agora e eu nunca acreditei em nada que Michael tinha dito. Você não é um assassino. Se afastando, ela pegou meu rosto em suas mãos. — Eu te amo tanto, Roman. Eu nunca soube que o amor como este era possível até que eu conheci você. Eu amei Michael - mas não assim. Nunca foi assim. — Eu detesto Michael pelo que ele fez com você. Eu o odeio com uma paixão sangrenta, mas eu acho que eu deveria agradecer a ele. Ele te empurrou para longe e te enviou para mim.
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Ela riu, soltando beijos em todo o meu rosto. — Eu te amo, Roman. — Eu te amo mais, Samantha.
HORAS MAIS TARDE, ESTÁVAMOS de volta no quarto, mas desta vez nós apenas nos abraçamos. Samantha foi se aconchegando contra o meu peito e meu braço estava enrolado em torno dela. — Você tem falado com seu pai? — perguntou ela no escuro. — Não. Não em um longo tempo. — Você o perdoou? — Sim. Suponho que sim. — Você deveria dizer a ele. Tenho certeza que ele adoraria ouvir isso. Nada é prometido, Roman, e você é a única pessoa que resta para ele. Acho que ambos poderiam precisar um do outro. A puxei mais apertado contra mim, deixando suas palavras e meu amor por ela me encher. Me inclinando, eu coloquei um beijo suave em seu cabelo. — Você me faz um homem melhor, Samantha. E então nós finalmente dormimos.
AS PRÓXIMAS DUAS SEMANAS voaram mais rápido do que eu gostaria. Eu me perdi tão completamente nela que comecei a esquecer que dia era. Quando chegou a hora de voltar ao mundo exterior, amaldiçoei minha carreira. Samantha ajudou a me vestir no meu primeiro dia de volta ao trabalho, amarrando minha gravata e me beijando em cada parte exposta da minha carne. Desnecessário dizer que eu estava quase atrasado para minha primeira consulta. ~ 189 ~
Fui trabalhar e retomar a vida como de costume, enquanto Samantha procurava um apartamento e um advogado que não se deixasse intimidar por seu marido. Aparentemente, Michael era um tubarão no tribunal e ninguém estava disposto a ir contra ele. Eu praticamente implorei para ela ficar comigo e esquecer a caça ao apartamento, mas estava convencido de que ela precisava do seu próprio espaço. Ela disse que nunca poderia ser boa o suficiente para mim até que ela soubesse como ficar de pé sozinha. Eu entendi, eu realmente entendi, mas o meu lado egoísta não podia sequer imaginar dormindo na minha cama sem ela novamente. Nós revezamos tudo - cozinhar e limpar. Por mais completamente terrível que parecesse, eu adorava voltar para casa e encontrar Samantha na minha cozinha vestindo nada a não ser uma das minhas camisetas. Eu achei difícil comer qualquer coisa que ela cozinhou, uma vez que não havia nada mais delicioso do que ela. Então nós passamos a noite dando prazer um ao outro. Eu nunca me cansava de ouvir os sons doces e tortuosos que fluíam dos lábios de Samantha enquanto eu estava dentro dela. Eu nunca me cansava de senti-la - a maneira como ela sussurrava o meu nome quando ela gozava encima de mim. Ela era minha e todas as noites e todas as manhãs, eu iria lembrá-la disso até que ela jamais duvidasse do meu amor, do meu desejo, ou da minha necessidade por ela.
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Capítulo Vinte e Sete SAMANTHA APÓS AS CONFISSÕES ESCURAS de Roman, ele estava mais leve. Mesmo eu não conseguindo ver como ele poderia se considerar um assassino, eu entendi a sua culpa. A forma como ele lidava com sua carreira se tornaram mais claras. Eu estava preocupado com a reação do aparecimento de Michael em Nova York, mas, aparentemente, não havia nenhuma. Houve uma reunião de colegas e Roman ainda recebeu o prêmio de excelência. Ele agiu como se não fosse grandes coisa, mas eu podia ver em seu sorriso que ele estava orgulhoso de suas realizações. Eu estava orgulhosa dele também. Do homem que ele era e o cuidado que ele tinha com cada paciente. Foi realmente bonito. Era domingo e Roman tinha o dia de folga. Fizemos planos para sair, mas a manhã tinha tomado um rumo diferente e em vez de tomar um banho rápido para ficar pronto, Roman decidiu entrar comigo. Meus gritos e seus grunhidos ecoaram pelo banheiro grande quando ele bateu em mim como se sua vida dependesse disso. Eu me preocupava se a porta de vidro iria se quebrar quando ele me levasse até o limite com as mãos, a boca e seu comprimento que me encheu uma e outra vez até que eu tinha certeza que eu iria quebrar. Nos arrastamos para fora do chuveiro meia hora mais tarde, com a respiração pesada e sorrisos impenetráveis. Envolta em uma toalha, eu me levantei e observei enquanto ele se vestia. Adorei a forma como seus músculos flexionaram, como sua pele cor de azeitona brilhava sob as luzes do banheiro. Ele era meu e eu era muito possivelmente a mulher mais sortuda do mundo. Vindo até a mim, ele me beijou rapidamente. — Me encontre-me cozinha e eu vou fazer o café da manhã, — disse ele com uma piscadela. Com minhas mãos sobre meus quadris, eu dei a ele um olhar. Estar nua em torno de Roman era algo que eu estava sentindo prazer. Que mulher não gostaria de excitar o homem que ela amava cada vez que ele olhava para ela?
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— Você está me estragando, Dr. Blake, — eu disse, passando os braços ao redor dele e desfrutando da sensação de meus mamilos endurecendo contra a minha toalha. Baixando a cabeça, ele acariciou meu pescoço e me inspirou. — Você não viu a metade, amor. Eu vou passar o resto da minha vida te dando tudo o que você não teve antes de me conhecer. Ele alegou meus lábios e deu ao meu traseiro nu um tapa brincalhão. Se contorcendo e rindo sob suas mãos que me agarraram, eu me afastei. — Vista-se, mulher. Você me tenta assim. — Sim, Dr. Blake. Eu sorri docemente e ele gemeu de angústia em seu caminho para fora. Meu peito estava explodindo de felicidade e eu não conseguia me lembrar de ter me sentido tão completa. Eu estava totalmente e completamente feliz. Nada estava faltando na minha vida e eu nunca quis que esse sentimento fosse embora. Pegando a camisa que Roman usara no dia anterior, eu trouxe até o meu nariz e senti seu perfume. Ele cheirava incrível e eu queria me envolver nele. Puxando a camisa e abotoando no meio do caminho, eu não me incomodei em colocar qualquer outra coisa. Eu fiz meu caminho até a cozinha e vi a satisfação completa na forma como a mandíbula de Roman caiu. — Você está tentando me matar, Samantha? — ele perguntou, descendo e espalmando a dureza que estava crescendo em suas calças. — Por que, Dr. Blake, o que você quer dizer? — em jeito de brincadeira, bati meus cílios. — Você sabe o que eu quero dizer. — ele rosnou sensualmente. — Se vestindo assim, você vai me fazer queimar a maldita cozinha. Eu ri quando seu sotaque ficou mais grosso e mais profundo, enquanto eu caminhava em direção a ele. Passando os braços ao redor de seu pescoço, ele me beijou, segurando a espátula ao seu lado. — Você quer me ver queimar a cozinha, amor? — perguntou ele, sugando a pele debaixo da minha orelha.
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Mordi meu lábio inferior, apreciando os formigamentos quentes que se moviam no meu núcleo. Eu não poderia ter o suficiente dele. — Se isso significava morrer em seus braços, então sim, eu queimo com você, Roman. Deixando cair a espátula no balcão, ele passou as mãos até as laterais das minhas coxas nuas e me empurrou contra a pia. A borda do balcão pressionou em minhas costas, mas Roman conseguiu me dar prazer ao invés de dor. Ele alcançou atrás de si e apertou um botão, desligou o fogão e então ele colocou as mãos sob a bainha da camisa que eu estava vestindo e varreu com os polegares em meus quadris, pressionando firmemente. Gemendo, eu deixei cair a cabeça para trás e seus lábios foram rápidos para cobrir o lado do meu pescoço, mordendo suavemente. — Roman... — eu suspirei. — Eu vou precisar da camisa de volta agora, amor. As pontas dos seus dedos pressionaram em minhas nádegas e ele me levantou e me plantou firmemente no balcão. Eu não perdi tempo em desabotoar os botões restantes. — Permita-me. — suas mãos empurraram o meu lado, mas em vez de ir para o botão seguinte, ele puxou a camisa. Deixei escapar um suspiro surpreso quando botões voaram ao redor do chão da cozinha. Ele os empurrou de lado e seus olhos ficaram pesados com o desejo enquanto se moviam pelo meu corpo nu. — Deus, você é linda, Samantha. Eu te disse isso hoje? — Pelo menos vinte vezes desde que acordou. — eu sorri. — Isso é tudo? — Roman? — Sim, amor? — Preciso da sua boca em mim. Ele sorriu e me puxou em direção a ele. — Com prazer, amor. Seus lábios se fecharam em torno do meu mamilo e as bordas lisas de seus dentes beliscaram suavemente. Eu gritei e os meus dedos
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seguraram seu cabelo, o puxando para perto de mim. Ele repetiu a carícia e eu quase me perdi no balcão da cozinha. Sua boca deu beijos pelo meu outro mamilo, mordeu, puxou e sugou tudo de uma vez... quando o som da campainha tocou. Duke rosnou do sofá e ambos congelamos, esperando que se não nos movêssemos ou fizéssemos nenhum som, quem quer que estava do outro lado da porta iria embora. Infelizmente, a pessoa foi persistente e a campainha tocou novamente. Desta vez, Duke latiu alto e correu para a porta. Roman gemeu e encostou a testa no meu peito. — Não mexa um músculo, — ele rugiu, beijando o local entre os meus seios. Eu sorri enquanto ele ajustava sua calça jeans e pegava uma camisa da cadeira em seu caminho em direção à porta. Depois de puxálo no lugar, ele abriu a porta da frente. Meu sorriso desapareceu quando Roman endureceu, puxando a porta para que ninguém pudesse me ver. Eu estava instantaneamente em guarda enquanto eu fechava a camisa de Roman e pulava do balcão. Quem quer que estava no outro lado da porta tinha mudado Roman. Sua coluna estava reta, sua mandíbula tão tensa que seus músculos eram visíveis. Caminhando em direção à sala de estar, eu agarrei meu jeans descartado e me inclinei para colocar. Minha cabeça se levantou ao ouvir uma voz familiar enquanto puxava minhas calças e meu coração disparou. Eu não podia me mover. — Eu sei que ela está aí! Michael. Sua voz era uma mistura de raiva, frustração e desespero. Eu não sei como ele sabia que eu estava aqui ou onde Roman vivia, mas isso realmente não importava agora. — Você precisa sair, Michael. — a voz de Roman era dura e mortal. Eu nunca tinha ouvido soar assim e eu não gostava disso. — Eu só preciso falar com ela. Ela é minha esposa, porra! — Quando e se ela quiser falar com você, ela vai te deixar saber. Até então, nos deixe em paz. — Nos? Ela é minha, seu filho da~ 194 ~
— Chega, Michael! — eu gritei, parando ao lado de Roman. Abracei meu estômago, mantendo a camisa Roman fechada firmemente e tentei me segurar. Queria ouvir o que Michael tinha a dizer, porque eu sabia que ele não iria deixar Roman ou eu em paz até que eu falasse com ele. — Está tudo bem, Roman, — eu disse a ele suavemente, correndo os dedos sobre sua mão. Ele olhou para mim, preocupação escurecendo em seus olhos e eu odiava que ele era uma parte de uma situação tão horrível. Eu queria tocar seu rosto, beijar e afastar a tensão em torno de sua boca, mas eu queria lidar com Michael primeiro. Virando para Michael, eu o olhei. Eu não iria dar a ele mais do que eu já tinha. — Você tem dez minutos e isso é muito mais do que você merece, — eu disse com firmeza. Dando um sorriso tranquilizador Michael para o corredor e esperei que ele pedir para Roman fechar a porta ou precisei; ele já havia se afastado. Eu não tinha ido, mas isso não importava.
para Roman, eu passei por se juntasse a mim. Eu não ira nos deixar em paz, eu não tinha certeza o quão longe ele
— Então você está com ele agora? — Não que isso seja da sua conta, mas sim, eu estou. Eu disse que você tem dez minutos, Michael e eu estou falando sério. Você vai usá-los para falar sobre o meu relacionamento com Roman? — Você é minha esposa, Samantha, — ele rosnou. Tristeza queimou em seus olhos. — Eu não tenho sido a sua esposa em muito tempo, Michael, mas se você quer dizer em um sentido técnico, então sim, eu ainda sou. Você receberá os papéis em breve e eu não quero absolutamente nada de você. Como se o visse pela primeira vez, percebi que se eu tivesse passado na rua, eu não o teria reconhecido. Seu cabelo não estava penteado para trás e seu traje normal de terno se foi. Em seu lugar estava uma camisa enrugada, jeans sujo e uma jaqueta azul escura. Tinha sido um longo tempo desde que eu tinha visto Michael parecido com o homem que eu tinha me apaixonado. Foi uma sensação
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agridoce, mas saber que Roman esperava por mim do outro lado só confirmou que eu estava farta de viver no passado. Roman era o meu futuro agora. Michael respirou fundo e, quando ele falou, foi mais um golpe estranho. — Eu quero você de volta, Sam. Ele parecia degradado. — Estas últimas semanas têm sido um pesadelo sem você. Você é minha e saber que você está aqui com ele me deixa péssimo. Ele deu um passo mais perto de mim e eu dei um passo para trás. Eu não esperava que este lado de Michael saísse. Eu poderia lidar com o seu domínio e crueldade, mas isto? Isto era algo diferente. — Eu preciso que você volte, Samantha. Eu não sou nada sem você. Eu só queria que não ter levado tanto tempo para perceber o quanto eu te amo. Eu fui um idiota, Sam. Eu te levei como coisa certa. Eu te machuquei e te destruí. Eu te dei nenhuma razão para me aceitar de volta ou me amar de novo, mas se você quiser, eu prometo que irei passar o resto de nossas vidas amando você do jeito que você merece ser amada. Ele deu um passo hesitante mais perto e eu estava muito atordoada para me afastar dele neste momento. Suas mãos eram gentis quando ele segurou a minha na dele com firmeza. Olhei para as nossas mãos e, em seguida, de volta para ele. Ele estava me implorando para ouvi-lo e eu estava, mas tanto quanto eu queria ouvir tudo isso dele... já era tarde demais. — Michael... — eu ia dizer a ele exatamente isso, mas ele me interrompeu, dando um passo mais perto de mim. — Não diga não. Por favor, — ele implorou. — Só pense nisso. Leve o tempo que você precisar. Só não diga não agora. Seus dedos estavam agarrando os meus e quando ele percebeu, ele soltou rapidamente. — Eu sinto muito. Eu não tive a intenção de te machucar. Eu nunca te feriria, Sam. Juro que eu não. Ele deu um passo para trás e eu imediatamente me senti como se eu pudesse respirar novamente. Ele sorriu e novamente ele parecia o garoto que eu tinha me apaixonado a muito tempo atrás. Era bom saber que ele não tinha perdido completamente essa pessoa.
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— Eu vou esperar ouvir de você, Sam. Eu não vou intrometer você assim de novo. Eu balancei a cabeça lentamente e ele se virou, se afastando lentamente. Eu me senti tonta quando fechei a porta do apartamento de Roman e me inclinei contra a porta, tentando entender o que tinha acontecido. A porta era fria contra a minha testa queimando e brevemente, confusão varreu através de mim. — Você está bem, Samantha? Quando olhei para cima, Roman estava de pé contra o balcão da cozinha com os braços cruzados. Ele tinha uma expressão em branco, o que tornava difícil lê-lo, e a maneira como ele disse meu nome era diferente. Não era da mesma maneira carinhosa como antes. — Estou um pouco surpresa, mas estou bem. — eu sorri e me afastei da porta. Eu não tinha certeza do quanto Roman tinha ouvido, mas eu tinha certeza que ele tinha ouvido algumas das palavras de Michael. Eu esperava que Roman agisse com frieza e distante, mas se afastou do balcão, me encontrando no meio do caminho. Seus braços estavam em volta dos meus ombros ao mesmo tempo em que eu enrolava em sua cintura. Ele me puxou para o seu calor e eu pressionei meu rosto contra seu peito, ouvindo seu batimento cardíaco. — Estou feliz que acabou e eu espero que ele possa seguir em frente, agora que ele disse o que ele precisava dizer, — eu disse contra o tecido de algodão de sua camisa. Meus dedos fizeram padrões aleatórios sobre suas costas, e eu fechei os olhos quando seus dedos massageavam meu couro cabeludo. Estar nos braços de Roman como eu estava só me garantiu que eu estava fazendo a coisa certa para mim. — Você deve voltar para Michael, Samantha. — suas palavras me impressionaram profundamente, me fazendo perder a minha próxima respiração. Eu congelei, com certeza eu tinha ouvido errado o que ele estava falando. Meus olhos se abriram e eu fiz uma careta, me afastando dele para que eu pudesse ver seus olhos.
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— O quê? Ele suspirou e empurrou meu cabelo para trás. — Você deve voltar para Michael. — Eu não entendo. Por quê? Por que você diria isso? Por que você acha que eu iria querer? Dor permanecia em seus olhos profundos. — Pela mesma razão que você veio para mim no começo, Samantha. A razão pela qual você começou tudo isso. Ele é seu marido e ele quer fazer este trabalho. — Mas eu não o amo mais, Roman. Eu não o amava em muito tempo e eu não acho que eu poderia amá-lo novamente. — meus dedos seguraram em sua camisa. — Eu não posso voltar para ele. Eu te amo, Roman. Estou loucamente apaixonada por você, não ele. — Eu também te amo, Samantha. — seus olhos se moveram sobre o meu rosto, como se estivesse me vendo pela primeira vez. — Eu dizendo isso agora não tem nada a ver com o que sinto por você ou como você se sente sobre mim. Me deixei me apaixonar por você quando você ainda era a mulher de outro homem e eu me pergunto, se eu não interviesse, você estaria com Michael agora? Suas palavras me impressionaram profundamente, mesmo sabendo que não importa o que, eu não estaria com Michael nunca mais. — Não, — eu disse com firmeza. — Eu teria deixado ele, não importa o quê. — Nós nunca saberemos com certeza e eu não acho que eu poderia viver feliz com você sempre se perguntando e se. — sua voz quebrou como se ele estivesse prestes a chorar, mas seu rosto permaneceu impassível - calmo como de costume, enquanto lágrimas se formavam em meus olhos. — O que você está dizendo, Roman? — eu exigi. — Você está terminando as coisas? Ele passou a mão pelo cabelo, o fazendo ficar em pé. — Eu estou dizendo que eu vou esperar. Volte para Michael. Dê ao seu casamento uma última chance e se ele funcionar, ótimo. Eu ficaria feliz por você, eu juro que eu iria, mas se isso não acontecer, pelo menos nós dois sabemos que não foi por minha causa.
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Eu não podia acreditar no que estava dizendo. Ele não podia estar realmente me pedindo para voltar para Michael depois de tudo que aconteceu durante o último par de semanas. Eu entendi por que ele estava dizendo isso, mas eu não podia aceitar. — Eu não posso simplesmente ignorar o que eu sinto por você e tentar fazer o meu trabalho de reconciliação quando eu sei que eu não amo Michael mais, — eu implorei. — Se você nunca tivesse vindo até a mim... se nunca tivesse me conhecido... você ainda estaria apaixonada por Michael? Eu abri minha boca para dizer não. Eu queria dizer não, mas ele estava certo. Se eu nunca tivesse conhecido Roman, eu ainda estaria apaixonada por Michael? O olhar em seu rosto disse que já sabia a resposta. Ele pegou meu rosto em suas mãos e as lágrimas caíram pelo meu rosto e nas palmas das suas mãos. Ele as beijou e, em seguida, me beijou. Seus lábios estavam salgados contra a minha língua. — Eu juro que eu vou esperar por você, Samantha. Sempre.
UMA HORA MAIS TARDE, me encontrei sentada do lado de fora da casa que tinha compartilhado com Michael apenas algumas semanas antes. Duke estava em sua coleira, olhando para ela como se ele estivesse tão confuso quanto eu estava. A casa era grande e fria como antes, embora parecesse que eu tinha ido fazia uma eternidade. Ele nunca foi para casa para mim. Ele nunca estaria em casa para mim, mas honestamente, eu não tinha outro lugar para ir. Limpei as lágrimas caindo livremente pelo meu rosto e respirei fundo. Então eu soube. Eu sabia que não importa o quê, eu não poderia voltar pra lá. Mesmo que fosse apenas até que eu encontrasse um lugar para mim, eu não conseguia dormir naquela casa com ele. Não com as memórias de tudo o que eu tinha passado com Michael ainda frescas em minha mente.
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Eu também não podia ignorar tudo o que aconteceu entre Roman e eu durante o último mês. Ou como ele me ajudou a ver tudo o que eu tinha perdido nos últimos anos. Eu não podia ignorar o fato de que eu não tinha amado Michael em um longo tempo. Eu tinha admitido que era conforto e o medo de estar sozinha que me manteve com ele por tanto tempo. Mas mais do que qualquer coisa, eu não podia ignorar o fato de que eu estava irrevogavelmente apaixonada por outra pessoa. Alguém que me trouxe de volta à vida. Alguém que respirava o amor em mim, independentemente de tudo. Roman me mostrou a mulher que eu era e ele me amava exatamente como eu era. Eu não tinha necessidade de mudar por ele. Eu nunca precisei mudar. Me afastando da casa e entrando de volta no táxi que eu tinha pego, eu deixei meus olhos permanecem na caixa de tijolos que me contive por tanto tempo e naquele momento, eu sabia o que tinha que fazer. Por tanto quanto eu poderia lembrar, eu sempre tinha alguém comigo. Meus pais, Michael e, então Roman. Eu não conseguia me lembrar da última vez que foi apenas eu e eu mesma, um tempo em que eu foquei no que eu queria fazer e o que eu queria para mim. Roman estava errado, eu não tinha necessidade de tentar reconciliação mais. Não havia Michael e eu. Não havia como voltar para aquela vida. Eu tinha certeza disso. Passar as últimas semanas com Roman foi o paraíso na terra. Ele era tudo o que eu sabia que merecia, mas eu também sabia que não podia durar da forma como foi. Em algum momento a nossa pequena bolha perfeita ia estourar. Roman me ensinou um monte de coisas e eu nunca seria capaz de recompensá-lo por isso. Não importa o quanto do meu amor que eu dei a ele, ele nunca seria o equivalente da vida que ele me devolveu. Eu o amava - tanto que doía, mas mais do que ninguém, eu precisava me amar. Eu tinha esquecido quem eu era e depois de encontrar a minha autoconfiança, eu precisava encontrar minha identidade. Era hora de começar a viver para mim e até eu fazer isso, eu não poderia me dar completamente à Roman. Ele merecia tudo de mim e muito mais. Ele merecia a real Samantha. Agora eu só precisava descobrir quem ela era e onde encontrá-la.
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Capítulo Vinte e Oito ROMAN VER SAMANTHA sair do meu apartamento era como ver alguém rasgar o meu coração do meu peito. A dor queimava em meu intestino, levando a minha respiração e me deixando nauseado. O segundo que a porta fechou, eu imediatamente senti como se todo o ar na sala tivesse sido aspirado para fora. Segurei a parte de trás do sofá, me segurando com ambas as mãos até que eu senti o frágil tecido sob o meu controle exigente. Eu queria correr atrás dela - lhe dizer que eu cometi um erro terrível. Eu queria pedir que me perdesse por ser estúpido, mas no fundo eu sabia que estava fazendo a coisa certa. Ela precisava ser a única a tomar a decisão de que as coisas realmente acabaram com Michael sem eu lá para confundi-la. Ela disse que me amava e se fosse real, ela ainda me amaria em um mês, dois meses, ou até mesmo em um ano. Deus, eu orei que não demorasse tanto tempo para ela voltar para mim. Eu não sabia como eu iria sobreviver em não a ver todos os dias. Eu não tinha certeza se eu poderia manter distância dela. Na verdade, eu sabia que, enquanto eu estivesse em solo americano, eu nunca seria capaz de ficar longe dela. Nunca. Peguei o meu telefone do balcão, disquei e depois trouxe até meu ouvido. — Sim, eu gostaria de reservar o primeiro vôo para Londres, por favor. — as palavras queimaram minha língua quando elas rolaram. Trinta minutos mais tarde, eu estava de olhos vermelhos arrumando minhas malas para um vôo para fora do país. Eu não tinha ido a Londres em um longo tempo e parecia loucura pensar em ir para casa.
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Pensei em ligar para o meu pai, mas eu não tinha certeza se eu iria vê-lo enquanto eu estava lá. Eu só sabia que precisava fugir. Eu precisava de um oceano entre mim e a mulher que eu amava.
ENTREI EM Heathrow Airport e olhei para o prédio emoldurado de vidro e aço que me rodeava. Os sons de pessoas tagarelas e aviões decolando encheu o espaço. Uma vez que eu recolhi a minha bagagem, eu saí para encontrar um carro esperando por mim. Eu tinha reservado um hotel enquanto eu estava na Inglaterra, mas em vez de dizer ao motorista para me levar até lá, falei o meu endereço antigo. Samantha estava certa. Era hora de ver meu pai novamente. Era hora de eu perdoá-lo e passar por meus velhos demônios. Lá fora estava escuro, que combinava com o meu humor. Chuva respingava no pára-brisa quando fizemos o nosso caminho através de Londres para o último lugar que eu tinha esperado estar novamente. Estar do lado oposto da estrada estava mexendo com os meus olhos, então eu os fechei até que eu senti o carro parar. Olhando para fora da janela, meus olhos pegaram na minha casa de infância. A casa parecia a mesma coisa de quando eu saí, com exceção de mais mato que cobria o exterior emparedado. E algumas das árvores que eu me lembrava de serem pequenas agora surgiram ao longo das calçadas, escurecendo a terra em torno dela. A alta e bela casa pairava sobre mim enquanto eu recolhia minhas malas na parte de trás do carro. Memórias da minha infância dançaram nas janelas do meu antigo quarto. Meus olhos passaram brevemente pelo antigo quarto de Rachel antes que eu tivesse que desviar o olhar. Subindo os degraus de tijolos até a calçada, a minha bagagem bateu contra cada degrau, puxando meu braço como se houvesse um fantasma do meu velho eu me dizendo para não ir. Balançando a cabeça, eu me aproximei da porta da frente e antes que eu pudesse perder a minha coragem, eu peguei o batente e deixei bater três vezes.
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Houve um movimento atrás da porta e meu coração caiu quando ouvi as fechaduras se abrindo. E então lá estava ele, olhando para mim com os olhos piscando e cabelos brancos. — Pai. — a palavra correu dos meus lábios. Ele continuou a olhar até que sua confusão clareou e eu sabia que ele estava lentamente me reconhecendo. — Roman? É você mesmo, filho? — Sou eu, — eu resmunguei. De repente, o desejo de chorar me bateu duro. Ele estava velho, muito mais velho do que eu lembrava e ele estava usando uma bengala. Os anos não tinha sido gentis com ele. E, embora parte de mim compreendia, considerando o quão cruel ele tinha sido com a minha mãe, eu não pude evitar de me sentir mal por ele. — Posso entrar? — perguntei. Ele deu um passo para o lado, inclinando a maior parte de seu peso contra a bengala. — Esta é a sua casa, filho. Você é sempre bemvindo aqui. Suas palavras me aqueceram. Eu balancei a cabeça, entrando no lugar que eu costumava chamar de casa e eu podia praticamente ouvir o riso de Rachel em volta de mim. Houve momentos felizes. Vezes quando tocamos e rimos. Momentos em que eu conseguia lembrar de nós dois deitados nos braços da mamãe, enquanto ela lia para nós. Tão ruim quanto as más recordações eram, as boas lembranças eram ainda melhores. Levei minhas coisas para meu antigo quarto, descendo apenas na hora do jantar. Sentamos à mesa em silêncio, mordiscando a comida e esperando o outro falar. Quando o silêncio começou a soar muito alto, eu finalmente falei. — Pai, eu te perdôo, — eu disse em voz alta para que ele fosse capaz de me ouvir. Ele olhou para cima de sua comida, seus olhos lacrimejando sobre ele quando eles encontraram os meus. Ele me entendeu. Ele sabia o que eu estava dizendo. Eu podia ver isso em seus olhos. O alívio que eu lhe tinha dado naquele momento foi inestimável.
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Eu planejei sair e voltar para os Estados Unidos para buscar Samantha. Ver a maneira como meu pai estava me disse que eu não queria esperar. Eu queria viver. Samantha me amava. Eu não dava a mínima sobre Michael ou qualquer coisa que ele representava. Eles poderiam ter sido casados, mas ela era minha. No entanto, meu pai morreu dois dias depois, parando minha partida e me esmagando. Não havia muito a fazer. Suas propriedades seriam cuidadas e seu escritório fechado. Eu sabia que iria demorar um pouco antes de eu ser capaz de voltar para Samantha e eu só podia esperar que ela fosse esperar por mim do jeito que eu tinha prometido esperar por ela.
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Capítulo Vinte e Nove QUATRO MESES DEPOIS SAMANTHA MORDI O LÁBIO e meu coração parecia que ia explodir a qualquer momento. Alguém teria pensado que eu estava tentando desarmar uma bomba ao invés vez de um e-mail contendo meus papéis do divórcio assinados. Eu respirei fundo e deixei o envelope pesado oscilar na pequena porta para a caixa de correio. Os documentos foram assinados ha uma semana agora, mas eu nunca tinha tido a coragem de realmente enviálos. Eu estava fechando a porta de uma grande parte da minha vida e mesmo não tendo dúvidas sobre a minha decisão, ainda era assustador. Eu não queria manter o meu casamento, mas a mudança era uma coisa enorme para mim. E fazer tudo oficial era marcar o início de uma tonelada de mudanças. Eu estava seguindo em frente e eu só podia esperar o mesmo de Michael. Eu tinha pensado muito sobre deixar Michael enviar os documentos e apenas acabar com isso, mas eu sabia que precisava do encerramento. Eu precisava vê-los ir para a caixa de correio por mim mesma. Eu queria ter certeza de que isso fosse feito. Mesmo que ele tinha finalmente assinado os papéis, Michael ainda manteve a esperança de que eu iria mudar de ideia. Depois que eu comecei a mostrar e eu fui sincera sobre o fato de que eu estava carregando o bebê de outro homem, ele deixou essa esperança muito rapidamente. Felizmente, acabamos em condições decentes e enquanto Michael poderia ter trago a questão da infidelidade da minha parte, ele não fez, mas para acelerar o processo, ele admitiu o seu. Nós nos separamos mutuamente com um bom depósito na minha conta corrente. — Eu não quero ver você sofrer, Sam. Independentemente do que você pensa, eu realmente quero que você seja feliz. E com alguém a
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caminho, você vai precisar de toda a ajuda que você pode ter, — ele tinha dito. Foi engraçado ser o equivalente a amigos de um homem que eu tinha passado tantos anos casada, mas eu supus que era o que tínhamos nos tornado. Tinha sido quatro meses desde que Michael apareceu na porta de Roman e declarou seu amor por mim. Dois dias mais tarde, eu fui para Michael para buscar o resto das minhas coisas e deixá-lo saber que eu não iria voltar. Embora eu sempre me lembraria do homem que costumava ser e uma pequena parte de mim sempre o amaria, eu não estava apaixonada por ele. Ele foi implacável no início, mas logo depois ele começou a ter aulas de gestão de raiva e eu fui capaz de ver uma mudança nele. Apreciei o gesto, mas eu não precisava dele. Eu só podia esperar que um dia ele fosse encontrar uma mulher que fizesse seu coração bater da maneira que Roman fez com o meu, mas eu não era aquela mulher. Eu nunca seria. Uma vez que ele aceitou esse fato e eu contei sobre minhas notícias alucinantes, ele assinou os papéis e oficialmente me libertou. Quanto a mim, eu estava feliz de ser feliz comigo mesma. Crescer e me amar e, finalmente perceber que eu era mais do que apenas uma esposa de plano de fundo para Michael Aldridge. Foi emocionante. Eu me achei digna e parecia incrível. Eu não tinha visto ou falado com Roman desde aquele dia, há quatro meses e essa era a única coisa que me impediu de ser cem por cento feliz. A verdade era que eu sentia falta dele mais do que eu podia suportar. Eu realmente não sei o que fazer comigo mesma, mas eu não me arrependia dos últimos quatro meses. Agora eu era uma professora de jardim de infância em tempo integral em Johnson Elementary e eu adorei. Meus alunos eram surpreendentes e tão inteligentes. Eu estava orgulhosa de cada um deles e de certa forma, eu estava autorizada a por uma mão na criação deles. Há muito tempo eu queria um pra mim e me deu vislumbre do que eu teria que lidar quando meu bebê milagroso finalmente chegasse. Eu tinha um bom apartamento em uma boa parte da cidade que era todo meu e um carro. Minhas contas estavam pagas e a vida estava tranquila. Exceto pela nuvem que pairava sobre mim em uma base diária.
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Roman. Eu não queria ir até ele e dizer a ele sobre o bebê, mesmo sabendo que era a coisa certa a fazer. Era uma situação assustadora, porque ele me colocou na mesma situação que ele tinha estado quando ele me disse para corrigir o meu casamento. Se eu fosse para ele agora, eu nunca saberia se ele estava comigo porque ele me amava ou se ele estava comigo por causa do bebê. Eu estava esperando e rezando todos os dias desde o momento em que eu descobri que eu estava grávida que ele viria para mim e confessaria seu amor, mas ele não fez. Então, ao invés de ir para ele, eu continuei a aguardar com esperança de que eu não estivesse empurrando um carrinho de bebê no momento em que ele finalmente viesse a mim. — Você não acabou ainda? — Carol choramingou atrás de mim. Ela também era uma professora de jardim de infância em Johnson. Nós tínhamos ficado muito próximas. Ela era a coisa mais próxima que eu tinha de uma amiga. Eu sorri para seus dramas e mastiguei meu lábio inferior. — Calma, mulher. Eu estou chegando lá, — eu respondi. — Vamos, Samantha. É hora de você fazer isso, — disse ela com uma mão reconfortante no meu ombro. — Oh, que seja. Você só quer me apressar para que possa flertar com o barista no Starbucks. — eu bufei. — Verdade. — ela riu. — Mas eu estou falando sério. Você pode fazer isso, — ela me aplaudiu. Respirando fundo, eu deixei o envelope cair e senti instantaneamente o peso dos anos passados caírem dos meus ombros. Eu lentamente fechei a porta da caixa de correio e olhei para Carol. — E aí? — ela questionou. — Melhor do que sexo? Memórias de estar com Roman nublou minha visão. A maneira como ele olhou para mim – os olhos cheios de amor enquanto ele tomava o meu corpo e dava o seu em troca. Os sons que ele fazia ou a forma como ele sussurrava meu nome quando ele estava perto de gozar.
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— Nem de perto, — eu respondi. — Mas me senti realmente bem. Felicidade encheu os olhos de Carol e ela riu. — Yay! — ela gritou. — Precisamos comemorar. Vamos. Mochas comemorativas e flertar o barista é uma obrigação, — disse ela, atravessando a rua em direção a Starbucks. Eu segui atrás dela, meu sorriso fazendo meu rosto doer. Quando chegamos à porta, ela a segurou para mim. Eu não estava prestando atenção às pessoas que saiam, mas parei quando ouvi Carol chamar um transeunte. — Ei, você! — sua voz ecoou no prédio de tijolos. — Sim você. Sr. alto, moreno e bonito. Minha amiga acabou de finalizar seu divórcio e ela precisa ser beijada. Tipo agora mesmo. Me virei, meu rosto em chamas. — Carol, você está sendo ridiMeu mundo parou enquanto eu olhava para o rosto que eu nunca iria esquecer. Roman. Ele se aproximou de mim, seus olhos se movendo no meu rosto com desespero e felicidade. Ele parecia bom. Não. Ele parecia maravilhoso. Seu cabelo tinha crescido, mas ainda tinha a aparência desgrenhada que eu tanto amava. Ele estava vestindo um terno, como se estivesse voltando de uma conferência, e ele optou por deixar um pouco de pêlos faciais crescer. Ele parecia sujo e perigoso. Ele parecia delicioso e sexy. Ele se parecia com o homem que segurava meu coração. Sorrindo para mim, olhos de uísque seguraram os meus. — Sua amiga mandou dizer parabéns. — sua voz profunda moveu sobre a minha pele, causando arrepios na espinha. Tantas noites eu ansiava por seu sorriso – sua voz. E lá estava ele. Tudo o que eu queria dentro do alcance do braço. — Ela disse. — minha voz falhou. — Estou começando a minha vida. Ele assentiu. Seu sorriso se transformou em algo mais profundo e significativo. — Começar de novo soa como um plano brilhante.
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Minhas bochechas levantaram com o meu sorriso quando eu percebi o que ele estava dizendo. — Eu penso assim também. — olhando para baixo, eu levantei a minha mão entre nós. — Prazer em te conhecer. Eu sou Samantha Clare.
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Capítulo Trinta QUATRO MESES DEPOIS ROMAN EU NÃO CONSEGUIA ME manter completamente distante de Samantha. No minuto em que toquei o solo americano mais uma vez, eu a procurei. Estar em Londres por tanto tempo longo facilitou, mas ainda assim, a necessidade de saber se ela estava bem era o que me levou a verificá-la. Foi agridoce descobrir que ela era uma professora de uma escola por perto, que ela parecia estar muito feliz e que ela estava solteira. Eu sabia sobre o seu divórcio pendente com Michael e eu não pude evitar me sentir absolutamente encantado que ela não tinha ficado com ele. Esperei por ela voltar para mim por sua própria vontade, mas quando eu não podia esperar mais, eu espreitava o Starbucks perto da escola que ela trabalhava. Todos os dias durante uma semana, eu estava sentado em uma mesa no canto, tomando uma bebida com muito açúcar e esperando ver seu rosto bonito, mas ela nunca veio. E então aconteceu. Eu peguei um vislumbre dela através da janela. Meu coração pulou várias batidas e minha respiração foi tirada de mim. Ela parecia mais requintada do que eu me lembrava. Seu cabelo estava mais longo e pendurava em suas costas e seus belos ombros estavam cobertos por uma jaqueta leve para mantê-la aquecida. Ela parecia mais confiante em todos os lugares - o rosto impecável e brilhante. Me levantando, eu joguei minha bebida no lixo e fiz meu caminho até a saída. O desejo de ir lá fora e pegá-la era forte quando eu empurrei a porta e deixei o ar frio de fora entrar. Pegando o fim de sua conversa com uma amiga, o meu coração se aqueceu com a sua voz. — Não, mas foi muito bom, — disse ela, a brisa pegando seu sorriso e flutuando sobre mim. Fechei os olhos e imaginei seu belo sorriso.
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E então elas estavam se movendo em direção a mim e meus ombros endureceram enquanto eu esperava ela me notar. Sua amiga me viu primeiro, os olhos aumentando como se ela soubesse e então ela apontou. — Ei, você! — ela gritou em minha direção. Olhando para trás de mim, me virei para ela e apontei para meu peito para me certificar de que era comigo que ela estava falando. — Sim, você. Sr. alto, moreno e bonito. Minha amiga acabou de finalizar seu divórcio e ela precisa de ser beijada. Tipo agora, — sua amiga disse com uma risada. Eu sorri. Beijar Samantha era tudo que eu conseguia pensar desde o momento em que ela deixou o meu condomínio. O rosto de Samantha se iluminou com embaraço. — Carol, você está sendo ridiE então seus olhos encontraram os meus e suas palavras morreram em seus lábios. Fechando a distância entre nós, nada mais importava além dela. Meus olhos percorreram seu corpo, notando diferenças notáveis em sua forma, mas não me importando. Ela era bonita. Ela sempre seria linda para mim, não importa o quê. E quando a minha mão se fechou sobre a dela e ela falou seu nome de solteira, eu não pude evitar a felicidade que encheu meu coração. Encontrando seu olhar, eu derreti em seu toque. — Eu sou Roman Blake. — minha voz falhou e eu tive que parar e limpar a garganta. — É bom conhecer você, Samantha. Mais uma vez, seu rosto corou. — Escuta, eu sei que isto é meio súbito, mas gostaria de talvez jantar comigo? — eu sorri, prendendo a respiração e esperando que ela aceitasse. — Como um encontro? — ela levantou uma sobrancelha docemente. — Sim, como um encontro. Eu amei a brincadeira entre nós.
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E então seu rosto apagou e ela olhou para mim com preocupação esboçada em suas sobrancelhas. — Na verdade, eu não estou muito certa se você gostaria de se encontrar comigo, — disse ela. Depois foi a minha vez de ser confundido. — Eu tenho certeza que isso é tudo que eu pensei em fazer pelos últimos meses. — saí do nosso jogo e tive um momento de verdade. — Mas... — ela começou. — Mas nada, Samantha. Quero estar com você para sempre. Eu teria vindo aqui mais cedo, mas eu fui a Londres ver o meu pai. Dei a ele o perdão e ele morreu dois dias depois. — as palavras voaram da minha boca. Nada além da verdade. — Te devo tudo por me falar sobre voltar lá, mas agora estou aqui e estou confessando o meu amor por você. Eu não posso ficar mais um minuto nesta vida sem você do meu lado. Por favor, — eu implorei. — Seja minha novamente. Seus olhos se encheram de lágrimas e um pequeno sorriso puxou seus lábios. Eu não podia ler sua expressão, mas eu sabia que não poderia aceitar o golpe dela me dizendo não. — Roman... eu preciso te dizer uma coisa. — suas palavras foram sussurradas e cheias de medo. Eu me aproximei dela. Não sendo capaz de aguentar mais, eu a puxei em meus braços. — Seja o que for, eu não me importo. Eu… E então eu parei. Sua camada fina foi pressionada firmemente contra mim e abaixo dela, senti o caroço que estava em seu estômago. Sem perguntar, eu espalhei seu casaco que se abriu e examinei sua barriga crescendo debaixo de sua fina camisa de algodão. Olhando de volta para seus olhos, eu engoli em seco. — Samantha? — engasguei com o nome dela. Ela estava grávida. Grávida. O mundo em torno de mim inclinou e eu afastei para me inclinar contra a parede de tijolos da Starbucks. De longe, eu a ouvi dizendo meu nome, mas eu não conseguia me concentrar.
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— Roman? — sua voz veio em torno de mim. — É meu? — perguntei. Ela contraiu seu rosto, como se eu tivesse a insultado. Eu não tinha a intenção de fazer isso, mas eu precisava saber. Eu tinha que saber que ela era minha e que não era tarde demais. Ela assentiu com a cabeça, fazendo meu coração bater tão forte que eu senti como se fosse desmaiar. — É seu, — ela sussurrou. — Me desculpe não ter te dito antes, mas eu não podia suportar a ideia de você só estar comigo pelo bebê. Eu esperei. Eu esperei tanto tempo para você vir atrás de mim para que eu pudesse ter certeza de que era eu que você amava e agora você está aqui. Suas palavras se moveram sobre mim e embora eu provavelmente devesse ter ficado chateado que ela não tinha me dito antes, meu lado razoável entendeu. Eu tinha feito a mesma coisa quando eu disse a ela para salvar seu casamento. Ainda assim, eu não podia falar. Tudo estava correndo para cima de mim e eu senti tantas coisas. Felicidade. Alegria. Alívio. Amor. — Eu te amo tanto, Roman e se você vai ficar com a gente, eu quero ser sua novamente. Eu quero ser sua sempre, — disse ela, pressionando em meu peito e envolvendo os braços em volta de mim. Nós. Meu filho estava docemente em seu ventre. Meu filho. Meu. Pegando suas bochechas com as minhas mãos, virei seu rosto para o meu. — Sempre, — eu sussurrei contra seus lábios antes que eu selasse a minha promessa com um beijo.
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Epílogo CINCO MESES DEPOIS AS ENFERMEIRAS ESTAVAM alvoroçadas com a recém-chegada no espaço da sala de trabalho de parto. Ela era pequena e bonita, com olhos escuros de sua mãe e nariz doce e a boca do pai. Ela nasceu com uma cabeça cheia de cabelo escuro e encaracolado e já era adorada por cada pessoa que parou para vê-la. Dr. Blake era o pai de uma linda menina e a Sra. Blake parecia ótima, considerando que ela tinha estado em trabalho de parto há mais de vinte e quatro horas. Ainda assim, Dr. Blake nunca saiu do seu lado, nem sequer uma vez. Ele banhava seu rosto quente com um pano fresco, sussurrando sobre o quão maravilhosa ela era e como ele estava orgulhoso dela. As enfermeiras suspiravam sobre quão atencioso e apaixonado ele era. Disseram que ele chorou quando o bebê foi colocado contra a testa contra da sua esposa e ele falou as palavras mais doces e apaixonadas enquanto a beijava suavemente. Eles eram um casal lindo e a recém-nascida, Rachel Elizabeth Blake, tinha a certeza de crescer em uma bela casa cheia de amor.
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