O mês de agosto é popularmente conhecido como o mês do desgosto. É difícil afirmar qual a origem exata desta crendice. Sabemos no entanto que foram os romanos quem deram este nome ao oitavo mês do ano, numa homenagem ao imperador Augusto. Os próprios romanos naquela época, já acreditavam no mau agouro deste mês, período em que uma criatura horripilante cruzava os céus da cidade expelindo fogo pelas ventas.
É no mês de agosto, especificamente no dia 24, que se comemora o martírio do apóstolo São Bartolomeu (Natanael). Sua pregação so evangelho de Jesus, promoveu milhares de conversões ao cristianismo na Armênia, o que provocou a inveja dos sacerdotes locais. Fato que motivou sua execução; primeiro lhe tiraram a pele e depois o decapitaram. (em 24 de agosto de 51 d.C)
São Bartolomeu sem a pele, antes de ser decapitado.
Esta data também ficou gravada na História, quando em 24 de agosto de 1572, por ordem de Catarina de Médici, ocorreu o massacre da noite de São Bartolomeu. Matança que praticamente dizimou os huguenotes.
Quadro que retrada o masacre da noite de São Bartolomeu Já deu para perceber que o dia 24 de agosto é associado ao mal e a inveja, e se não bastasse, esta data também é considerada o “dia do Diabo”! Sabemos que Jesus prometeu dar a Pedro as chaves que ligava e desligava as coisas do céu (Mateus 16:19) e logo em seguida ironicamente chama Pedro de Satanás (Mateus 16:23). Assim como prometido, Pedro passou a ter as chaves do céu e do inferno. E segundo lenda é justamente no dia 24 de agosto que o inferno é aberto por Pedro e Diabo é libertado. (esta e a origem da expressão: “o Diabo está solto). Como se trata do dia de São Bartolomeu, este santo ficou responsável por colocar o Diabo novamente no Inferno.
São Bartolomeu com o Diabo aos seus pés - Detalhe do Diabo O Candomblé no Brasil, reserva o dia 24 de agosto para todos os Exus, orixás mensageiros que frequentemente são associados aos demônios pelos fiéis católicos e evangélicos. Apesar do dia da sogra ser comemorado em 28 de abril, a cultura popular nordestina prefere homenagear a sogra no dia em que o Diabo se solta do Inferno, 24 de agosto. Não se deve casar em agosto, é o que as mulheres portuguesas tinham como tradição. Crença que chegou ao Brasil pelos colonizadores portugueses já transformada em ditado popular :"Casar em agosto traz desgosto' . A única data nefasta que poderia ser comparada ao “Dia do Diabo” segundo os supersticiosos, seria uma Sexta-feira 13 em agosto, noite em que as bruxas associam a magia-negra e aos demônios. Agosto, mês de Obaluaê e Omulu No mês de agosto se comemora o orixá Omulu e Obaluaê. Omulu onde “omó”, em Yorubá, significa filho, menino. Esse orixá tem a propriedade de transformar a evolução humana. É um orixá fundamental em todos os Axés. Relaciona-se com todos os orixás, já que o elemento terra é a base de todos os outros três elementos da natureza: água, ar e o fogo, que nasce de dentro da terra.
Obaluae pelo sincretismo da Umbanda.
Orixá que está diretamente relacionado com a fertilidade da terra (prosperidade), sendo um orixá muito rico. Também está ligado às doenças infecciosas que causam febre, doenças epidêmicas, às doenças de pele, e às doenças da gravidez. Omolu é o orixá que protege o homem dos efeitos maléficos causados pro todos estes processos. Filho de Oxalá e Nanã tem como símbolo o Xaxará, objeto que representa a imagem coletiva dos ancestrais. E sendo Onilé “Mãe terra” (o grande ventre), Omolu é a simbologia do ventre fecundado e de todos os espíritos contidos na terra. Na Umbanda, Omulu e Obaluaê compartilham da mesma energia, sendo que o primeiro é conhecido como o mais velho e o segundo o mais novo.
Omulu ou Obaluaê, também chamado Xapanã e Sapatá, é o senhor da peste, da varíola, da doença infecciosa, o conhecedor de seus segredos e de sua cura. Correspondência com os santos católicos: São Lázaro jovem) e Cristo das Chagas (velho).
Quando Omulu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo os seus serviços, procurando emprego. Mas Omulu não conseguiu nada. Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava. Ele teve que pedir esmola, mas ao menino ninguém dava nada, nem do que comer, nem do que beber. Tinha um cachorro que o acompanhava e só. Omulu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras. Omulu comia o que a mata dava: frutas, folhas, raízes. Mas os espinhos da floresta feriram o menino. As picadas de mosquito cobriam-lhe o corpo. Omulu ficou coberto de chagas. Só o cachorro confortava Omulu. Um dia, quando dormia, Omulu escutou uma voz: "Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo". Omulu viu que todas as suas feridas estavam curadas. Não tinha dores nem febre. Obaluaê juntou as cabacinhas, os atós, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu. Naquele tempo uma peste infestava a Terra.
Por outro lado estava morrendo gente. Todas as aldeias enterravam os seus mortos. Os pais de Omulu foram a um babalaô e ele disse que Omulu estava vivo e que ele traria cura para a peste. Todo lugar onde chegava, a fama precedia Omulu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água para beber agora implorava por sua cura. Ele curava todos, afastava a peste. Então diziam que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usando nos rituais e encantamentos. Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seus instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará. Quando chegou em casa, Omulu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamavam de Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaê. Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaê viu que estava acontecendo uma grande festa com a presença de todos os orixás. Obaluaê não podia entrar na festa, devido á sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do orixá, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava a sua cabeça e convidou-o a entrar e aproveitar dos festejos. Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximou dele. Yansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas equedes. Yansã então chegou bem perto dele e soprou suas roupas de mariô, levantando as palhas que cobriam a sua pestilência. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem, num jovem belo e encantador. Obaluaê e Yansã Igbalé tornaram-se grande amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.