Revitalização da Orla Marítima de Ilhéus e Arena de Eventos (Monografia)

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REVITALIZAÇÃO DA ORLA MARÍTIMA DE ILHÉUS E ARENA DE EVENTOS


SÃO PAULO, JULHO 2013

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

FAU - MACK

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

REVITALIZAÇÃO DA ORLA MARÍTIMA DE ILHÉUS E ARENA DE EVENTOS

SILVIA BORINI FERREIRA DIAS TRABALHO FINAL DE CONCLUSÃO DE CURSO - JULHO/2013


REVITALIZAÇÃO DA ORLA MARÍTIMA DE ILHÉUS E ARENA DE EVENTOS



Agradecimentos

Agradeço a todos que direta ou indiretamente possibilitaram a realização deste trabalho, em especial a meu pai, maior exemplo de caráter, força e perseverança que tenho na vida. 5


Sumário

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Introdução

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1.0 1.1. 1.2. 1.3.

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Contextualização da cidade de Ilhéus Formação territorial Evolução urbana A dinâmica da natureza

2.0. Turismo 2.1. Turismo na Bahia - Zoneamento turístico - Costa do Cacau 2.2. Ilhéus: meios de transporte - Aeroporto - Porto Internacional - Projeto Portuário Intermodal Porto Sul - Projeto nova ponte centro-sul 2.3. A atividade turística e o patrimônio arquitetônico - Os bens arquitetônicos de Ilhéus - Leitor e turista: o patrimônio de Ilhéus retratado nas obras de Jorge Amado

27 27 27 29 34 34 36 37 39 40 41 49

3.0. 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5.

51 51 54 55 56 58

Estudo de caso: Orla de Ilhéus Caracterização e contexto urbano Situação legal e institucional Pontos turísticos da área de estudo Uso e ocupação atual da orla Caracterização dos problemas


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4.0. 4.1. 4.2. 4.3. 4.4.

Projetos de Referência Aterro do Flamengo Orla de Atalaia Orla Rio Porto Madero

5.0. Projeto - Experimentação e desenvolvimento 5.1. Porque revitalizar 5.2. Revitalização da orla: parque urbano - Diretrizes 5.3. Arena de eventos - A articulação com o entorno: terraços urbanos Apêndice: O cacau e a história de Ilhéus

63 64 68 71 75 81 81 82 82 83 90 99 105

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“o arquiteto assume sua responsabilidade que ainda hoje se mantém, de participar, com a arquitetura, das mudanças sociais do mundo ocidental” Vilanova Artigas, A função social do arquiteto 9



Apresentação O presente trabalho tem como objetivo mostrar uma proposta de intervenção urbana na cidade de Ilhéus, na Bahia. A princípio será apresentada uma breve contextualização da cidade e sua inserção no cenário turístico brasileiro. Serão abordados temas que deram suporte para o diagnóstico da área, suas potencialidades e necessidades. Em seguida serão apresentados quatro projetos que serviram de referência para a elaboração do trabalho, pontuando as relações com projeto final desenvolvido. Por fim será apresentada a proposta final do trabalho de graduação. O projeto urbano arquitetônico estabelecido é resultado de um processo de investigação e experimentação das diretrizes traçadas a partir da pesquisa precedente. Os conceitos são materializados conforme o desenvolvimento dos estudos, essenciais para a compreensão das soluções adotadas. Logo, para a apresentação da proposta, será exposto o caminho

percorrido pelo desenvolvimento da proposta. O projeto ocorreu em duas etapas. A primeira, concentrada nas relações urbanas, buscando qualificar a área e reestabelecer a ligação da cidade com a praia, através da criação de um parque urbano. Definidas as soluções urbanísticas, no segundo momento surge a inserção do projeto na malha urbana, seguindo a setorização proposta.

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1. Contextualização da cidade de Ilhéus 1.1. Formação Territorial Situada na região sul do Estado da Bahia, a 446 km de Salvador, Ilhéus é um dos destinos turísticos mais procurados da região por seu patrimônio natural, que inclui a variedade da vegetação da Mata Atlântica, áreas de manguezais, cachoeiras, lagoas e praias (é a cidade com o litoral mais extenso entre os municípios do Estado). Ilhéus tem 479 anos e histórico relacionado às Capitanias Hereditárias, à saga do cacau e ao processo de hibridização cultural que configuram a identidade da região. No século XVI, Ilhéus compreendia a Capitania Hereditária São Jorge dos Ilhéus, quando o Brasil era colônia do Reino de Portugal. Destacou-se, nesse período, por ser a principal cidade na época do ciclo do cacau. População: 184.231 habitantes Área: 1.760 km² Densidade Demográfica: 104,68 hab/km² Taxa de Urbanização: 84% Fonte: IBGE (censo 2010)

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Fonte: livro Ilhéus: Passado e Presente

Mapa Capitanias Hereditárias 14

A capitania hereditária foi doada por D. João III, Rei de Portugal, para Jorge Figueiredo Correa, que mandou o tenente Francisco Romero tomar posse e se estabelecer no lugar. A região se tornou produtora de cana-de-açúcar, logo a Vila cresceu, os canaviais se desenvolveram e os engenhos surgiram. Em 1556, já havia a igreja matriz e uma boa produção de açúcar, que perdurou até o final do século, quando a produção açucareira dos engenhos entrou em decadência. No período de capitania hereditária, os grupos indígenas da região resistiam ao trabalho nos engenhos, por violarem a sua cultura com a plantação de canaviais em seus territórios. Devido aos conflitos com indígenas e invasões, a Coroa Portuguesa instalou um Governo Geral na colônia. Em 1560, o então governador Mem de Sá organizou a destruição de todas as aldeias indígenas e matou todos os índios que se negavam a trabalhar. No século XVII, a vila sofreu invasões francesas e holandesas, passando também por algumas enfermidades. Os holandeses vinham interessados na produção


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de açúcar, mas recuaram em 1637. Já no século XVIII, foram criados aldeamentos indígenas na vila. Neste momento, os conflitos entre índios e portugueses continuavam; as pessoas viviam na pobreza por causa do abandono administrativo e, por este motivo, em 1753, a capitania ficou subordinada à Capitania Hereditária da Bahia. No século XIX, começa o povoamento da parte baixa da cidade. Também, neste século, no dia 28 de junho de 1881, a vila São Jorge dos Ilhéus passou à categoria de cidade. 1.2. Evolução urbana “A cidade de Ilhéus teve seu primeiro núcleo residencial no morro de São Sebastião, formado por casas cobertas de palha e de onde os habitantes podiam se defender dos ataques dos índios. Do morro, expandiuse para as áreas planas adjacentes e, em seguida, para os morros vizinhos” (Andrade, Maria Palma, 2003, p.41)

Na segunda metade do século XVIII, Ilhéus conservava o mesmo aspecto dos séculos anteriores. Em 1875, começou a se desenvolver o Pontal de São João da Barra, atraindo pescadores da região, hoje a área é conhecida como bairro do Pontal. No fim do século XIX, Ilhéus tinha aparência de uma cidade primitiva, com poucas ruas estreitas, calçadas com pedras brutas, casas rústicas e poucos sobrados. Com o surgimento da lavoura cacaueira, houve um aumento significativo na riqueza da cidade, atraindo imigrantes e forasteiros, gerando maior movimentação. Nas áreas planas, próximas ao morro de São Sebastião, foi se instalando o centro comercial (que permanece até hoje na mesma zona), seguindo as residências na orla marítima onde localizam-se as avenidas Soares Lopes e Dois de Julho e ocupando os morros vizinhos. Durante a primeira metade do século XX, Ilhéus foi a cidade mais próspera e populosa do interior da Bahia. Houve efervescência política e cultural. Nesse 15


período, consolidaram-se obras de infraestrutura urbana, tais como a estrada de ferro, o porto de Ilhéus e a rede para iluminação elétrica e esgoto. Paralelamente, construíram-se escolas, cinemas luxuosos, cabarés, cassinos, bem como belos casarões, que demonstravam a riqueza da cidade. Nessa época, o Brasil chegou a ser o maior produtor mundial de cacau, devido às plantações no município de Ilhéus. Foi um dos períodos de ouro da lavoura cacaueira, que refletia na vida dos habitantes da cidade e no aparecimento das fortunas dos “coronéis”. A partir de 1940, em virtude das crises cíclicas pelas quais a cacauicultura passou, ora em relação à queda de preços no mercado internacional, ora em relação à queda de produção devido a fatores climáticos e pragas; com sua economia centrada na monocultura, Ilhéus foi perdendo sua posição de primeiro lugar entre as cidades do interior do Estado para outros centros urbanos, como sua vizinha Itabuna. Mesmo com a economia em crise, a população crescia rapidamente, desencadeando a expansão urba16

na, onde praticamente todos os vazios urbanos centrais foram ocupados durante o período de 1940 a 1960. Muitos agricultores do nordeste da Bahia e do Estado de Sergipe chegavam à região para trabalhar na colheita do cacau, no período de safra. Os trabalhadores eram contratados para trabalhar apenas durante o período de colheita, sendo dispensados após a conclusão do trabalho. Contudo, os trabalhadores não retornavam às suas cidades de origem, permanecendo em Ilhéus na tentativa de melhorar de vida. A falta de um planejamento urbano e acompanhamento dos órgãos ambientais permitiu o surgimento de loteamentos que começaram a desfigurar a paisagem, ocasionando erosão no solo onde não há vegetação e provocando sérios danos à área. Sem uma legislação de uso e ocupação do solo, a expansão urbana não atentou para nenhum cuidado com a preservação do meio ambiente. Um dos fatores mais preocupantes para os governantes é o fluxo de pessoas da zona rural e de cidades vizinhas para Ilhéus. Muitas dessas pessoas não pos-


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suem qualificação profissional e por não encontrarem emprego, ficam desabrigadas, formando favelas nos morros e nas margens dos rios e mangues da periferia da cidade. A partir de 1970, o crescimento da população, o desenvolvimento econômico diversificado e a projeção turística da cidade impulsionaram uma ação maior na melhoria dos serviços básicos em Ilhéus, melhorando o nível de vida da população urbana, ainda que esteja longe de atingir o nível ideal das cidades desenvolvidas. Entre 1988 e 1996, a população urbana cresceu sem um eficiente planejamento familiar (segundo o IBGE, Ilhéus cresceu 4,9% ao ano), sem a modernização da economia e sem melhorias nos serviços básicos de infraestrutura. O resultado foi um agravamento das questões sociais, como emprego, renda e habitação, gerando problemas com o surgimento das favelas, marginalidade, desemprego e criminalidade, principalmente após a crise do cacau, com a dispensa da mão-de-obra na lavoura.

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As zonas de expansão urbana de Ilhéus contemplam basicamente pessoas de renda mais alta, onde o valor do imóvel é incompatível com a renda dos mais pobres. As áreas habitacionais se caracterizam à medida que se distanciam do núcleo de origem. A zona habitacional de classe alta ocupa a área de frente para o mar, já as áreas habitacionais de baixo padrão estão distribuídas na periferia do município, onde foram implantados núcleos habitacionais do Sistema Financeiro de Habitação.

Mapa Expansão Urbana 18

Fonte: livro Ilhéus: Passado e Presente


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Mapa Morfologia e Ocupação Urbana Fonte: livro Ilhéus: Passado e Presente

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Mapa Zonas de ExpansĂŁo 20

Fonte: livro IlhĂŠus: Passado e Presente


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Em razão do tipo de relevo existente, a cidade cresce em cinco direções: • Pelas encostas dos morros de solo argiloso e sujeitos a deslizamento de terra nos períodos de chuva; • Através do entulhamento do mangue, causando prejuízos ao ecossistema; • Seguindo as rodovias asfaltadas em direção a Olivença (sul), Itabuna (oeste) e Uruçuca (norte); • Seguindo a rodovia Ilhéus-Buararema; • Seguindo a linha da costa do litoral norte, com loteamentos para veraneio. O espaço comercial se expandiu do núcleo central, disseminado ao longo de Avenidas e principalmente pelos bairros do Pontal, Malhado, Barra e Avenida Soares Lopes. Apesar disso, o centro tradicional não perdeu sua importância. Por estar ligado à geografia urbana histórica da cidade, onde estão localizados os principais equipamentos da história de Ilhéus, é a área de maior circulação de turistas. O município não pode ser considerado como do-

tado de um sistema de zoneamento econômico, já que os espaços são dominados por atividades mistas. O espaço de lazer compreende a praça Dom Eduardo, local em que se encontra o Teatro Municipal de Ilhéus; a Avenida 2 de Julho, a Praia do Sul e a Avenida Soares Lopes, na qual está localizada a Concha Acústica e o Centro de Convenções. Nesta mesma avenida realiza-se o carnaval, desfiles cívicos e demais atividades de lazer, principalmente no verão, quando a cidade recebe maior contingente de turistas. A história de Ilhéus está diretamente relacionada com a construção da economia, cultura e história da Bahia e do Brasil. No município surgiu a “civilização do cacau”, que formou uma comunidade com características sociais, econômicas e politicas próprias. Atualmente, representa um polo de desenvolvimento regional, considerando-se a quantidade de equipamentos industriais e de serviços, de estrutura de transporte e de comunicação, em comparação às cidades vizinhas.

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Mapa Tendências de Expansão Urbana 22

Fonte: livro Ilhéus: Passado e Presente


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1.3. A Dinâmica da Natureza Ao longo da história geomorfológica de Ilhéus, o relevo foi modelado e o clima alternou períodos de umidade, modificando os regimes dos rios, com períodos de climas mais secos. Relevo O relevo de Ilhéus é muito variado, que lhe confere uma feição bastante particular, notável em razão do mar, que o emoldura. Entre os diferentes tipos de relevo encontrados no município estão: • Planície litorânea, que corresponde a uma extensa faixa de areia que acompanha todo o litoral de Ilhéus, banhada pelo Oceano Atlântico. Algumas vezes interrompidas por morros que chegam até o mar. O litoral de Ilhéus é quase retilíneo e muito variado, com praias, baías, pontas, restingas, recifes, ilhas, tombolos, bancos de areia e dunas. É a cidade com o mais extenso Mapa Relevo de Ilhéus

Fonte: livro Ilhéus: Passado e Presente

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litoral do Estado, com cerca de 80km. • Colinas, que constituem as áreas de relevo ondulado com altitude moderada (até 100 metros) e topos arredondados, de declives suaves e amplos vales. Este tipo de relevo cobre uma grande área do município e é basicamente onde foi plantado o cacau. • Tabuleiros, que são áreas mais elevadas, localizadas junto à planície litorânea, com topos mais planos e vales profundos. Aparecem ao sul de Ilhéus e ao sul dos rios Cachoeira e Santana.

Clima O clima no município de Ilhéus é classificado como tropical quente e úmido, sem estação seca, semelhante ao clima da Amazônia em seus valores médios anuais. De acordo uma série de 30 anos de dados observados pela Central de Previsão do Tempo e Estudos Climatológicos (CPTEC), a média das temperaturas máximas é superior a 24ºC e a média das temperaturas mínimas é de 21ºC. A época mais quente do ano é entre os

• Serras, que surgem ao sul, a oeste e ao norte, formando uma área de terrenos irregulares, com solo também propício à cultura do cacau. • Depressão da Lagoa de Itaípe, localizada ao sul da Serra Grande (norte do município). Gráfico Clima e Precipitação em Ilhéus 24

Fonte: www.climatempo.com.br


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meses de novembro a março, chegando em fevereiro a 29ºC. Os meses mais frios do ano são os de Julho e Agosto, quando as temperaturas chegam a cair a 19ºC. O clima do município de Ilhéus é muito úmido. A presença do oceano faz com que o inverno não seja muito frio e o verão não seja muito quente, isso se deve às brisas marítimas durante o dia e continentais durante a noite, amenizando as temperaturas no inverno e no verão. Por isso se costuma dizer que em Ilhéus há verão durante todo o ano.

Gráfico Média mensal de radiação solar em Ilhéus (anos 65/90) Fonte: Fontes, 2000

Gráfico Média mensal de radiação solar em Ilhéus (anos 65/90) Fonte: Fontes, 2000

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Vegetação A vegetação no município de Ilhéus se divide em: vegetação florestal, vegetação litorânea e brejos. A vegetação florestal foi amplamente devastada, desde a chegada dos portugueses. Nas poucas áreas ainda não devastadas são encontradas manchas de vegetação primitiva, hoje protegidas por lei federal e fiscalizadas pelo IBAMA, evitando o desaparecimento das espécies nativas da Mata Atlântica.

A vegetação de brejo domina nas proximidades da Lagoa Encantada, ocupa grande área, chegando a se assemelhar com o igapó amazônico.

A vegetação litorânea é constituída pela vegetação da praia, com uma cobertura herbácea aberta; restingas, localizadas junto aos lençóis de água, ocupam solos pobres, com a agricultura restrita ao cultivo de coco e piaçava; e a vegetação de mangue, encontrada no fundo da baía do Pontal e ao longo dos rios. A preservação dos mangues é fundamental para a preservação do potencial pesqueiro do litoral. Mapa Fitogeográfico de Ilhéus 26

Fonte: livro Ilhéus: Passado e Presente


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Hidrografia A rede hidrográfica de Ilhéus contempla quatro bacias: a do Rio Cachoeira, a do Rio Almada, a do Rio Santana e a do Rio Fundão, além de outros pequenos rios que desaguam diretamente no Atlântico. A zona dos estuários dos rios Cachoeira, Santana e Fundão encontram-se ao fundo da baía do Pontal, que recebe o nome de Coroa Grande.

Mapa Hidrológico de Ilhéus

Fonte: livro Ilhéus: Passado e Presente

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2. Turismo 2.1 Turismo na Bahia O Estado da Bahia é um dos principais polos turísticos do Brasil. Com praias de vasto litoral, importantes locais históricos do período colonial, belezas naturais e rica cultura, constitui um atrativo constante para visitantes de todo o mundo. A Bahia apresenta o maior litoral do Brasil, totalizando 932km, o que representa 12,4% do litoral brasileiro. A capital do Estado, Salvador, se destaca pelo carnaval local, que atrai cerca de 2,7 milhões de turistas em seis dias de festa. De acordo com uma pesquisa do Ibope, realizada em janeiro de 2013, o carnaval de Salvador é considerado o melhor carnaval do Brasil, seguido do Rio de Janeiro e Olinda. Segundo a Infraero, considerando o movimento mensal dos aeroportos do Nordeste no período de janeiro a junho de 2012, Salvador representa pouco mais de 30% do movimento, seguido de Recife, com 28 %, Fortaleza com 25 % e Natal com 11%. Desta forma, fica

evidente a liderança do Aeroporto de Salvador na movimentação total de passageiros desembarcados no Nordeste. Atualmente, a Bahia conta com 14 produtos turísticos dotados de completa infraestrutura, voltados para diferentes segmentos de turistas. Zoneamento turístico Como estratégia para promover a desconcentração do desenvolvimento turístico da Bahia, o Estado foi dividido em treze áreas turísticas, tendo, em cada uma delas, no mínimo, um destino turístico principal. A grande diversidade de atrações turísticas contempla desde o litoral, ao sertão e cerrado, passando ainda por serras e montanhas, onde o clima evoca outras práticas de turismo. Essas treze zonas abrangem 156 municípios considerados turísticos. Desse total, seis são classificados pelo Ministério do Turismo como destinos indutores* de

* Destinos Indutores são aqueles municípios com maior e melhor infraestrutura e com um conjunto de atrativos qualificados, identificados através de pesquisa da consultoria internacional realizada pelo Ministério do Turismo.

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desenvolvimento e 13 como municípios âncoras**.

Zona Turística da Costa dos Coqueiros Zona Turística da Baía de Todos os Santos Zona Turística da Costa do Dendê Zona Turística da Costa do Cacau Zona Turística da Costa do Descobrimento Zona Turística da Costa das Baleias Zona Turística dos Lagos de São Francisco Zona Turística da Chapada Diamantina (Ciucuito Ouro, do Diamante e da Chapada Norte) Zona Turística da Chapada Diamantina (Circuito Chapada Velha) Zona Turística dos Caminhos do Sertão Zona Turística dos Caminhos do Oeste Zona Turística do Vale do Jequiriçá Mapa Zoneamento Turístico da Bahia Fonte: ww.wikipedia.org

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** Município âncora é o município referência na região que dispõe de maior e melhor infra-estrutura, além de dar suporte para os demais municípios da região. Este conceito foi elaborado pelo Programa de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS) vinculado ao Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).


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Essa estratégia para o desenvolvimento do turismo, na Bahia, resultou, para o período de 1991 a 2000, em um crescimento da ordem de 221% no fluxo turístico receptivo. Em 1991, cerca de 1,9 milhão de turistas visitaram a Bahia, enquanto, em 2000, esse fluxo elevou-se para 4,2 milhões. No mesmo período, o número de visitantes estrangeiros aumentou em 247%, evoluindo de 160 mil para 556 mil turistas. Costa do Cacau A Costa do Cacau é uma das zonas turísticas da Bahia, localizada ao sul do Estado, compreende uma faixa litorânea de 180 km entre os municípios de Itacaré e Canavieiras e tem sua história marcada pela colonização portuguesa. Caracterizada principalmente pela presença da lavoura cacaueira e da Mata Atlântica, a região tem praias, cachoeiras de águas límpidas e moderna infraestrutura turística, representando um dos principais destinos dos turistas que chegam à Bahia. Os esportes de aventura também fazem parte do

roteiro pela região, com praias ideais para a prática do surf, vela, pesca esportiva, canoagem, mergulho, arvorismo, sandboard, entre outros. A presença de cidades históricas, como Ilhéus, oferecem atrativos que contam a saga da capitania, do cacau, da cultura e religiosidade popular. Desde 2010, a Bahiatursa criou a Rota do Chocolate, com o objetivo de agregar valor à Costa do Cacau, ampliando os atrativos da região. Dividida em dois roteiros (Caminhos do Cacau I e II). Nos passeios é possível conhecer fazendas de cacau e todo o seu processo de coleta e preparo do chocolate, além de visitar santuários naturais como rios, cachoeiras, mangues, praias e atrativos culturais tanto em Ilhéus, quanto em Itacaré, Una, Uruçuca e Canavieiras. Ilhéus, a capital da Costa do Cacau, é considerada um município âncora, ou seja, uma cidade de referência na região que dispõe de maior e melhor infraestrutura, além de dar suporte para os demais municípios. Este conceito foi elaborado pelo Programa de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS) 31


vinculado ao Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur). Se comparados os anos de 2008/2009 a 2011, percebe-se que a Costa do Cacau apresentou um au-

Fonte: http://www.setur.ba.gov.br

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mento na participação do fluxo turístico doméstico com relação às outras zonas, passando da sétima para quarta colocação no ranking.

Fonte: http://www.setur.ba.gov.br


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Atrativos Turísticos no município de Ilhéus Atualmente, Ilhéus está entre os principais destinos do fluxo internacional de turistas na Bahia. Aos visitantes, a cidade oferece o seu litoral e cachoeiras, turismo ecológico, de aventura, eco rural e his-

Fonte: http://www.setur.ba.gov.br

tórico-cultural. A diversidade de atrativos tornam Ilhéus uma cidade com opções para diferentes tipos de turista. A Estância Hidromineral de Olivença (1) é um distrito de Ilhéus, onde se veraneia o ano inteiro. No Balneário Tororomba estão as nascentes de águas ferruginosas e medicinais que revitalizam o corpo, hidratam,

Fonte: http://www.setur.ba.gov.br

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tonificam, e rejuvenescem a pele dando um bronzeado natural. Paraíso dos surfistas, Olivença possui um litoral formado por belas praias para os mais variados gostos.

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Mapa Atrativos Turísticos a Nível Regional

Fonte: mapa elaborado a partir de pesquisa precedente

Entre as mais movimentadas estão as praias de Batuba, Praia dos Milagres e Back Door. Ainda em Olivença é possível visitar a comunidade indígena Taba Jairy, uma


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aldeia dos índos Tupinambá de Olivença (2), cuja predominância de traços da vida social remonta à grande família tupi. A Reserva Particular do Patrimônio Natural Mãe da Mata (3), no Rio do Engenho, é uma unidade de conservação protegida por lei em caráter perpétuo por iniciativa dos proprietários. Localizada numa região histórica, com grande potencial para educação ambiental e turismo ecológico, a reserva fica a poucos quilômetros das ruínas do engenho de Sant’Anna (4), famoso por ter sido um importante produtor de açúcar da época colonial e da Capela de Sant’Anna, a segunda mais antiga do Brasil, de 1537. As terras da Mãe da Mata pertenceram a Mem de Sá, Terceiro Governador Geral do Brasil, iniciando-se o passeio com informações importantes sobre história, seguindo por uma trilha na mata constituída por uma mistura de floresta primária e de ares de regeneração em diferentes estágios, seguido por plantações orgânicas de cacau. A caminhada inclui além da mata, um passeio-aula na “floresta de chocolate”, terminando no alambique do vizinho, onde se pode degustar uma ca-

chaça orgânica fina, envelhecida em tonéis de madeira, bem como aprender muito sobre o processo de fabricação do biocombustível álcool. O CEPLAC (Centro de Pesquisa do Cacau) (5) oferece visitas monitoradas de uma hora e meia, onde o turista acompanha o processo de beneficiamento do cacau, além de visitar uma pequena fábrica de chocolate. É possível ainda conhecer diversas espécies de insetos, serpentário e o Centro de Recuperação do Bicho Preguiça, projeto criado em 1996 que cobre uma área de 43 hectares de Mata Atlântica. Ainda vinculado ao turismo na área da cacauicultura, a Fábrica do Chocolate Caseiro de Ilhéus (6), a primeira do nordeste brasileiro, resgata todo o processo artesanal da fabricação do chocolate . Quase na metade do caminho entre Ilhéus e Itacaré, o Mirante Pé de Serra (7), em Serra Grande, é parada obrigatória para quem quer admirar a beleza das praias locais. Dali se pode ver a grande faixa litorânea de águas azuis, calmas e mornas, que ao fundo revelam a cidade de Ilhéus. Há ainda uma tirolesa que vai do 35


mirante até o mar. Seguindo no sentido Itacaré, os passeios de barco pelos rios da região levam a cenários como o da Área de Proteção Ambiental Lagoa Encantada (9), acessível pelo Rio Almada. São quatorze quilômetros quadrados de espelho d´água, cercados por Mata Atlântica, cachoeiras, ilhas flutuantes, vila de pescadores, fazendas de cacau e uma grande diversidade animal. Próximo à lagoa ficam as caldeiras do Almada, um conjunto de quedas - a maior chega a seis metros de altura - que criam profundos buracos nas rochas, perfeitos para banhos. Os adeptos do rapel encontram no cânion da cachoeira do Apepique, também nos arredores, as condições perfeitas para a prática do esporte de aventura. Ilhéus abriga ainda a maior floresta urbana com mata primária no Brasil: a Mata da Esperança (1). Esse local de riqueza natural incomparável é um importante atrativo turístico, especialmente dedicado à visitação ecológica e de aventura. São 437 hectares de matas, preservadas em quase sua totalidade, com alta biodiver36

sidade e dez quilômetros de rios, todos com nascentes na própria mata. 2.2. Ilhéus: meios de transporte Aeroporto O aeroporto de Ilhéus – Aeroporto Jorge Amado – foi inaugurado em 1939, com a função de servir de apoio a aeronaves durante a II Guerra Mundial, nessa época era administrado pela Força Aérea Brasileira. Desde 1981 está sob a administração da INFRAERO e opera com oito voos diários, além dos voos da aviação geral. Localizado a 3 km do centro de Ilhéus, na zona sul da cidade, é o segundo aeroporto mais movimentado do interior do nordeste brasileiro e a principal porta de entrada de turistas que visitam as praias do sul da Bahia. Nos finais de ano, o aeroporto registra um incremento de voos charters originados principalmente de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.


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Aeroporto Jorge Amado Fonte: Infraero

O movimento de passageiros nos aeroportos da Bahia, no período de janeiro a junho de 2012, considerando os embarques e desembarques comparados ao mesmo período de 2011, apresentou diferentes patamares de crescimento. O acréscimo mais significativo ocorreu em Lençóis e Ilhéus, que registrou variação positiva de 18%.

Fonte: Infraero

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Porto Internacional As atividades portuárias de Ilhéus estão diretamente relacionadas com o fenômeno econômico gerado na região pela produção da lavoura cacaueira no início do século XX, devido à necessidade de escoamento da produção. Na década de 40, foi detectada a necessidade da construção de um novo porto, devido às deficiências do porto antigo – como a formação de bancos de areia e profundidade irregular de seu canal – localizado na foz do Rio Cachoeira. O porto atual foi construído na ponta do bairro do Malhado e foi o primeiro a ser construído em mar aberto no Brasil. Inaugurado em 1971, o Porto Internacional do Malhado teve suas atividades intensificadas a partir de 1977. Ainda hoje é o maior porto exportador de cacau do país. Entre as mercadorias movimentadas estão: o cacau (em sacos) e granéis sólidos, como soja em grãos e óxido de magnésio. Outra importante atividade realizada pelo Porto do Malhado é a chegada de turistas através 38

de cruzeiros marítimos. De acordo com dados da Companhia Docas do Estado da Bahia (CODEBA), de outubro até o dia 18 de Abril de 2013 – quando se encerrou a temporada de cruzeiros marítimos do Estado – o porto de Ilhéus registrou a atracação de 29 navios, totalizando 77 mil visitantes no período de cinco meses na cidade de Ilhéus.

Porto Internacional de Ilhéus Fonte: Codeba


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Projeto Portuário Intermodal Porto Sul O projeto Porto Sul é um empreendimento do Governo do Estado da Bahia com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do Estado. Para tanto o projeto contempla a construção de: • Porto Público (PP), construído por terminais para armazenamento e movimentação de cargas diversas, edificações administrativas e operacionais;

• Zona de Apoio Logístico (ZAL), área onde estarão os pátios de armazenamento de cargas e minério; • Área de Proteção Ambiental (APA), região destinada à proteção da diversidade biológica e à sustentabilidade do uso dos recursos naturais; • Terminal de Uso Privativo (TUP), para exportação de minério – destinado à exportação de minério de ferro da Bahia Mineração (Bamin); • Novo aeroporto internacional;

Projeto Portuário Intermodal Porto Sul Fonte: www.portosul.ba.gov.br

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• Ferrovia de Integração Oeste-Leste, que liga o Estado do Tocantins à Bahia. “O Porto Sul será o ponto final da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), obra do Governo Federal, que ligará a cidade de Figueirópolis, no Tocantins, a Ilhéus, na Bahia. Incluída entre as prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a FIOL terá 1.527 km de extensão, investimento estimado em R$ 7,43 bilhões, e passará por 32 municípios baianos. O Porto Sul será construído no litoral norte de Ilhéus, entre as localidades de Aritaguá e Sambaituba. O sítio de Aritaguá está localizado próximo à margem esquerda do Rio Almada, a oeste da BA-001 (Rodovia Ilhéus/Iltacaré), com a localidade da Ponta da Tulha ao norte e o Porto Malhado ao sul.” www.portosul.ba.gov.br/o-projeto/ A FIOL fará a ligação dos Estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins e o Distrito Federal com o litoral, 40

o que o Governo do Estado afirma ser uma promessa de transformação da Bahia como um novo corredor de comércio exterior, com exportações e importações, agregado a novos polos industriais, comércio e serviços, além de promover o crescimento socioeconômico das cidades pelas quais cruzar, através da agricultura familiar. Em Ilhéus e região, estão previstos benefícios

Projeto Portuário Intermodal Porto Sul: áreas Fonte: www.portosul.ba.gov.br


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como a geração de emprego, melhoria de renda e arrecadação de impostos, além da relação com a indústria de computadores e turismo. Com a inserção internacional do novo porto, uma maior frequência de voos será viável para a região, tornando a cidade de Ilhéus mais conhecida internacionalmente. Embora seja uma promessa de fazer com que Ilhéus volte a ser protagonista no cenário econômico estadual, o projeto gerou polêmica entre ambientalistas e políticos. Com repercussão nacional, o empreendimento envolve interesses políticos e de grandes empresas privadas. Do ponto de vista dos ambientalistas o empreendimento atenderá a interesses privados para o escoamento do minério de ferro, oriundos da iniciativa privada, causando prejuízos à saúde durante o transporte dos minérios; prejudicando a pesca; afastando os turistas das praias do litoral norte de Ilhéus e sul de Itacaré e causando danos irreversíveis ao meio ambiente. O Governo do Estado, por sua vez, defende o

projeto baseado nos argumentos de que o projeto trará desenvolvimento nacional e principalmente o desenvolvimento local, com geração de emprego e renda. Afirma ainda que os programas para preservação e compensação identificados pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) serão cumpridos, além da contratação e capacitação de mão-de-obra local. Até o momento o processo para a implantação do Porto Sul está em fase de licenciamento ambiental. Projeto ponte Ilhéus – Pontal Atualmente, a Ponte Lomanto Júnior, inaugurada na década de 1960, é a única via de acesso entre o centro e a zona sul da cidade. Com o aumento da população, da frota de carros e o desenvolvimento do setor sul da cidade, a ponte se tornou insuficiente para atender à demanda de tráfego de veículos. Os engarrafamentos são constantes, principalmente durante o verão, quando a cidade recebe maior número de turistas. 41


Tendo em vista esses problemas o Governo do Estado da Bahia, atendendo pedidos da prefeitura do município de Ilhéus, aprovou a construção de uma nova ponte. A ponte terá 497 metros de extensão, conectada a um sistema viário de acesso entre o Aeroporto e a Avenida Dois de Julho. A primeira ponte estaiada da Bahia melhorará o trânsito de Ilhéus, facilitando o acesso à orla, desafogando o centro, além de facilitar a ligação entre o sul e extremo sul do Estado, via litoral. O investimento previsto é de R$ 120 milhões e inclui, além da ponte, o sistema viário de acessos, indenizações, estudos ambientais e projeto. Segundo o governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner, a nova ponte deverá ter suas obras concluídas entre setembro e outubro de 2014. 2.3. A atividade turística e o patrimônio arquitetônico de Ilhéus 42

Para sair da crise provocada pela monocultura do

cacau, Ilhéus direciona sua economia em busca de alternativas em outros setores, como a pecuária, indústria, piscicultura e turismo.

“Até o final da década de 70, o turismo não tinha expressão econômica. Os administradores de Ilhéus estiveram desatentos a esse grande polo turístico, deixando de explorá-lo como fonte de renda, não preparando uma estrutura urbana capaz de servir de atração ao turismo nacional e internacional. A rede hoteleira era incipiente e os serviços de saneamento básico e de transportes coletivos, muito deficientes. O turismo de Ilhéus começou a ser explorado após a mudança de mentalidade da administração municipal, mostrando claramente a vocação da cidade para este ramo, gerando assim mais uma fonte de renda, uma forma de diversificar a economia do município” (ANDRADE, 2003, pág 117)


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Os bens arquitetônicos de Ilhéus Em Ilhéus, muitos lugares que fazem parte do patrimônio histórico-cultural, entre os bens culturais imóveis podem ser considerados atrativos turísticos. Já existem algumas ações na tentativa de formatação

Mapa publicitário do “Quarteirão Jorge Amado” Fonte: FUNDACI - Fundação Cultural de Ilhéus

e preservação de produtos turísticos-culturais, como exemplo a ressignificação do Bataclan e a criação do Quarteirão Jorge Amado, onde se concentra parte do patrimônio histórico e arquitetônico do município e um dos principais cenários das obras do escritor. No quarteirão Jorge Amado localiza-se a Catedral de São Sebastião (Figura 1), inaugurada na década de 60, possui torres e vitrais franceses, colunas coríntias, abóbodas romanas, cúpulas renascentistas e adornos barrocos. Está localizada ao lado do famoso Bar Vesúvio (figura 1), imortalizado na obra de Jorge Amado e um dos pontos mais visitados da cidade, onde é vendido o quibe, comida que se tornou típica do local, por causa dos imigrantes sírios e libaneses. Próximo ao Vesúvio encontra-se o Teatro Municipal de Ilhéus (figura 2), antigo Cine-teatro Ilhéos. O edifício data da década de 30 e já recebeu grandes companhias líricas, entrou em decadência em 1950, com a crise do cacau e a falta do interesse público, sendo reinaugurado apenas em 1986. Próximo ao teatro localiza-se a Casa de Cultura Jorge 43


Figura 1: Catedral de São Sebastião e Bar Vesúvio Foto: acervo pessoal

Amado (figura 3), um museu com objetos e fotografias sobre a vida do escritor. Ao lado, está a Casa dos Artistas (figura 4), um espaço cultural que abriga teatro e museu, além de ser um local para exposições plásticas e realização de saraus literários. Ainda no centro da cidade, em frente à Praça J. J. 44

Figura 2: Teatro Municipal de Ilhéus Fonte: flickr


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Figura 4: Casa dos Artistas Foto: flickr

Figura 3: Casa de Cultura Jorge Amado Fonte: flickr

Seabra tem-se o imponente Palácio Paranaguá (figura 5), que abriga a sede da prefeitura municipal. Construído em 1898, nominado em homenagem ao governador da Bahia, Marquês de Paranaguá, que levou Ilhéus à condição de cidade. Também ao redor da Praça J. J. Seabra está o Palácio da Associação Comercial (figura 45


Figura 5: Palácio Paranaguá

Figura 6: Palácio da Associação Comercial

6), construído em 1932, representando a ostentação dos tempos áureos do cacau. Este imponente edifício possui aposentos refinados que remetem à Belle Époque. Na baía do Pontal, onde estava localizado o antigo porto, encontra-se o Bataclan (figura 7), hoje reconfigurado como restaurante. Era o famoso cabaré, onde acontecia a vida noturna da região, tendo ficado famoso

por ambientar o romance Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado. Também na baía do Pontal, localiza-se o Ilhéus Hotel (figura 8), construído em 1930 pelo Coronel Misael Tavares, para hospedar os visitantes que chegavam nas imediações do porto. Em outro ponto da cidade, está a Igreja de São Jorge (figura 9), em estilo colonial do século XVI. Foi

Foto: flickr

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Foto: flickr


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Figura 7: Bataclan Foto: flickr

Figura 8: IlhĂŠus Hotel

Foto: www.viagem.uol.com.br

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Figura 9: Igreja de São Jorge

Figura 10: Palacete Misael Tavares

construída com pedras de cantaria e abriga um museu de arte sacra. Bem próximo à essa, encontra-se o Palácio Misael Tavares (figura 10), de 1914, que atualmente sedia a Loja Maçônica Regeneração Sul Baiano. No antigo Grupo Escolar General Osório (figura 11), estão instaladas a Biblioteca Pública e o Arquivo Público Municipal João Mangabeira, a construção data de 1915, com

quatorze amplas salas, onde os estudantes eram separados por sexo. A Igreja Nossa Senhora da Vitória (figura 12), que abriga em seu conjunto o Cemitério Municipal, passou por diversas reformas, alterando seu estilo original. Próximo à essa edificação encontra-se o Conjunto Arquitetônico Nossa Senhora da Piedade (figura 13), composto

Foto: www.viagem.uol.com.br

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Foto: flickr


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Figura 11: Antigo Grupo Escolar General Osório Foto: flickr

Figura 12: Igreja Nossa Senhora da Vitória Foto: flickr

pelo convento, capela, escola, museu e também abriga o Palácio Episcopal (figura 14), hoje prédio de uma escola pública. Nos distritos de Ilhéus há ainda a Capela Nossa Senhora de Santana, considerado um dos templos mais antigos da Bahia, de 1563, e em Olivença encontra-se a Igreja de Nossa Senhora da Escada, de 1700. 49


Figura 13: Conjunto Arquitetônico Nossa Senhora da Piedade Foto: flickr

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Figura 14: Palácio Episcopal Foto: flickr


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Leitor e turista: o patrimônio de Ilhéus retratado nas obras de Jorge Amado Um dos autores brasileiros mais publicados em todo o mundo, Jorge Amado, tem sua obra editada’ em 55 países, e traduzida para 49 idiomas e dialetos. A obra do escritor tem sido responsável por boa parte da divulgação da cidade, por ter ficcionalizado muito da vida, dos costumes e da identidade da região. Por conta disso, Ilhéus é conhecida mundialmente como “Terra de Jorge Amado”, “Terra da Gabriela” e “Terra dos Coronéis do Cacau”. Devido a essa projeção, o leitor amadiano tem especial interesse em conhecer a cidade e identificar locais históricos habitados pelas personagens ficcionais. Dentre outras razões, esse interesse tornou imprescindível a preservação do patrimônio cultural. O poder público, em função disso, formatou atrativos turísticos potencializando a imagem e a recepção do escritor no cenário mundial.

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3. Estudo de Caso: Orla de Ilhéus

3.1. Caracterização e contexto urbano

Em 1939, iniciou-se a construção da avenida, naquele tempo chamada João Pessoa, hoje Soares Lopes, que ligaria à Avenida Dois de Julho, com a execução do muro de contenção e a colocação da estátua do Cristo Redentor, na atual Praia do Cristo. Em 1967 foi construída a ponte do Pontal, que muito contribuiu para a expansão no sentido sul e para a sua consolidação como o maior e o mais importante vetor para habitações de classe média e alta, assim como para equipamentos de lazer e veraneio. Também deste período data o início das obras do Porto do Malhado, no final da década de 70. Na segunda metade da década de 80, o município, com o assoreamento causado pela implantação do Porto do Malhado na praia da Avenida Soares Lopes, contratou um projeto de urbanização para a área, feito por Roberto Burle Marx. A obra foi inaugurada em 1992, porém não executada na íntegra.

O trecho compreendido entre o Porto do Malhado e a praia do Cristo caracteriza-se como orla exposta urbanizada de ocupação consolidada. Em mar aberto, sua vegetação apresenta regeneração de restinga herbácea e de gramíneas e introdução de espécies exóticas ao longo da orla. Em área urbana mista, onde se localizam construções térreas e verticalizadas, seus acessos ocorrem ao longo do trecho por vias transversais no sentido oeste e seus usos destinam-se a residência, ao comércio, a prestação de serviços, a cultura e ao esporte e lazer. As atividades econômicas mais significativas são as de serviço e de turismo. Neste trecho encontram-se as avenidas Soares Lopes e Dois de Julho (até o Cristo). Estas duas avenidas representam, desde a época de sua construção, grande importância no contexto urbano da cidade, pois apresentam forte vocação para ser o “centro das atrações” do visitante e do morador. 53


A avenida Soares Lopes, em especial, representou e continua representando a principal avenida de Ilhéus. Nela encontram-se as principais praças da cidade: Praça Dom Eduardo, onde se situam a Catedral de São Sebastião, o bar Vesúvio e o Teatro Municipal de Ilhéus; a Praça Rui Barbosa, onde encontram-se a Igreja de São Jorge e o Palácio Misael Tavares; e a Praça Castro Alves, local da Biblioteca Municipal e de encontro dos jovens no fim de tarde.

Avenida Soares Lopes Décadas 20/30 54

Foto: www.skyscrapercity.com

Esta orla, de grande beleza cênica, nos últimos anos vem passando por um processo de assoreamento, devido a construção do Porto do Malhado, resultando em uma extensa área de areia que afasta o mar das avenidas. Esse processo de assoreamento, em andamento, ao longo do tempo proporciona uma constante pressão para ocupação deste espaço acrescido. Em 1985, o município no intuito de ocupar este espaço assoreado da Avenida Soares Lopes, contratou

Avenida Soares Lopes Décadas 60/70 Foto: www.skyscrapercity.com


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o paisagista Roberto Burle Marx para elaborar um projeto de urbanização para a área. A obra iniciou-se no mesmo período e só foi concluída e inaugurada em 1992, porém o projeto não foi executado na íntegra. Algumas alterações foram feitas, não concluindo o paisagismo da área e não executando as construções dos equipamentos de apoio e lazer previstos – banheiros, bares, restaurantes, quadras, parques infantis.

No ano de 2000, em parte da área acrescida foi construído, pelo Governo Estadual, um Centro de Convenções. Atualmente, devido à proporção e aceleramento do processo de assoreamento e ampliação de sua extensão, nos últimos vinte anos foram acrescidos em torno de 200 metros de areia ao longo da orla, tornando esse espaço vulnerável às ocupações sem planejamento.

Avenida Soares Lopes, 1953, antes da construção do porto

Avenida Soares Lopes, 2008, em processo de assoreamento

Foto: www.skyscrapercity.com

Foto: www.catucadas.blogspot.com

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3.2. Situação legal e institucional Segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo do município (Lei 2400/91) este trecho possui cinco Zonas de Uso: Cidade Nova I, Centro Litorâneo, Centro Histórico, São Sebastião I e São Sebastião II. A verticalização ao longo da orla é permitida e o gabarito máximo varia de 12 a 32 metros e os usos permitidos são o residencial, comercial, turístico e institucional, com exceção das

Mapa Lei de Uso e Ocupação do Solo de Ilhéus (Lei 2400/91) 56

Fonte: mapa elaborado a partir de pesquisa precedente

Zonas de Uso Centro Litorâneo, São Sebastião I e São Sebastião II, onde o uso turístico não é permitido. De acordo com a descrição da metodologia proposta pelo Projeto Orla, a Orla de Ilhéus foi subdividida em treze unidades de paisagem somando trinta e quatro trechos. A orla situada no centro da cidade teve como limítrofe cinquenta metros a oeste da linha limite dos terrenos de marinha.


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3.3. Pontos Turísticos da Área de Estudo A orla da Avenida Soares Lopes, além de sua importância na história da cidade, tem grande potencial turístico por estar inserida na principal zona de visitação: o centro histórico. Cenário das obras de Jorge Amado, o centro de Ilhéus abriga os principais bens arquitetônicos pontuados anteriormente.

Conjunto Arquitetônico Nossa Senhora da Piedade Antigo Colégio General Osório Igreja Matriz de São Jorge Palacete Misael Tavares Casa dos Artistas Casa de Jorge Amado Teatro Municipal Bar Vesúvio Catedral de São Sebastião Associação Comercial Bataclan Praia do Cristo

Mapa Pontos turísticos da área de estudo

Fonte: mapa elaborado a partir de pesquisa precedente

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3.4. Uso e Ocupação Atual da Orla No estudo em questão foram pontuados alguns equipamentos e usos (espontâneos ou não) relevantes para a elaboração do plano urbano proposto. A análise teve grande importância para determinar quais os equipamentos seriam implantados e onde estariam localizados ao longo da avenida. Respeitando a ocupação espontânea, como no caso das áreas utilizadas para a prática de esportes.

Concha Acústica

Foto: acervo pessoal

Mapa Uso e Ocupação atual da orla 58

Fonte: mapa elaborado a partir de pesquisa precedente


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Centro de Convenções

Campos de Futebol

Pistas de Skate

Praça da Irene (ponto de encontro)

Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

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3.5. Caracterização dos problemas A identificação da situação socioeconômica ambiental, através de levantamento de campo e pesquisa com a comunidade local possibilitou a caracterização dos seus principais problemas. O problema de maior impacto são as áreas subutilizadas ou não utilizadas resultantes do assoreamento e ainda a questão da área, por ser acrescido de marinha, possuir legislação restritiva ao uso. Com o gradativo aumento da área entre a avenida e a praia e a falta de ocupação, o acesso à praia é bastante dificultado, agravando ainda mais a sua subutilização. Dentre os efeitos e impactos causados pela subutilização ou não utilização destas áreas, estão as poucas opções de lazer, comércio e turismo como também as presenças de marginais e animais; o comércio informal e a poluição visual. O segundo problema, o da infraestrutura deficiente, com atividades geradoras iguais ao primeiro proble60

ma, possui como efeito e impacto o acúmulo de lixo em áreas públicas e os constantes alagamentos em locais de pouca ou nenhuma infraestrutura. O terceiro problema é o da deposição irregular de entulhos e resíduos provocado pela falta de fiscalização e de aplicação da legislação pertinente, causando a poluição, proliferação de vetores e o risco de acidentes. Todos estes problemas associados geram uma sensação de abandono, que interferem na paisagem e na qualidade da experiência do usuário. Os frequentadores passam a tratar o patrimônio público com descaso agravando ainda mais a situação existente, consequentemente afastando seus cidadãos e usuários em geral.


Iluminação pública deficiente

Sistema de drenagem Ineficiente

Grande distância entre a avenida e o mar (450m a 250m)

Áreas obsoletas

Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

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Áreas esportivas degradadas

Má condição das vias

Mobiliário urbano degradado

Má condição das calçadas

Foto: acervo pessoal

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Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal

Foto: acervo pessoal


Diagnóstico

Configuração Local / Usos

Potencialidades

Orla exposta urbanizada em processo de assoreamento;

Orla urbana mista, residencial, comercial de serviço, esporte e lazer;

Vegetação: regeneração de restinga rasteira e vegetação exótica;

Atividade econômica: comercial, turística e serviços;

Espaço destinado ao esporte, lazer e cultura;

Recurso natural: mar aberto;

Acessos: ao longo do trecho ligados por vias transversais rodoviárias.

Adensamento populacional através da verticalização;

Atividades: residencial, comercial, turística, cultural, esporte e lazer.

Problemas

Localização: centro histórico

Área em processo de assoreamento Esportes e eventos sujeita a ocupação; múltiplos; Áreas subutilizadas e obsoletas; Grande distância entre a orla e o mar (450 a 250m) Mobiliário urbano e calçadas degradadas;

Alternativa viária (norte / sul), potencializada com o projeto da nova ponte;

Iluminação pública deficiente;

Utilização sistemática da praia por banhistas em função da boa balneabilidade.

Pressão para a implantação de empreendimentos imobiliários privados na área da praia.

Quadro resumo da análise da área de estudo

Sistema de drenagem ineficiente;

Atividades geradoras de problemas

Efeitos e Impactos Associados aos Problemas

Falta de um plano diretor atualizado;

Desordenamento urbano;

Estrutura de suporte de águas pluviais abaixo da capacidade da demanda;

Subutilização de áreas de alto valor paisagístico e ambiental;

Falta de equipamentos urbanos e equipamentos de segurança;

Áreas desertas e inseguras;

Risco de ocupação e utilização indevida nas áreas de praia.

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4. Projetos de Referência Neste capítulo serão abordadas as questões relacionadas aos estudos de caso que influenciaram no projeto do Trabalho Final de Graduação. Os projetos escolhidos para estudo de caso, apesar de não serem todos especificamente orlas marítimas, são referências que agregam conceitos para a organização espacial e funcional d projeto. São projetos feitos para atividade pública e influenciam diretamente no cotidiano da população envolvente. São eles: o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (Aterro do Flamengo), no Rio de Janeiro; a Orla de Atalaia, em Aracaju; Porto Madero, em Buenos Aires e a Orla de Copacabana, também na cidade do Rio de Janeiro. Os critérios escolhidos para a análise foram: a história do local, que esclarece a necessidade da intervenção; os conceitos do projeto e a relação da referência com o trabalho desenvolvido no TFG. 65


4.1. Aterro do Flamengo O Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, mais conhecido como Aterro do Flamengo, é um complexo de lazer no Rio de Janeiro, construído sobre aterros sucessivos na Baía de Guanabara. Sua área vai do aeroporto Santos Dumont, no centro ao início da praia de Botafogo, na zona sul da cidade. Em sua configuração atual, o parque foi inaugurado em 1965, com 1.200.00 metros quadrados. Entre os destaques do parque estão o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, a Marina da Glória, o Monumento a Estácio de Sá, uma via expressa, áreas destinadas à prática de esportes, um restaurante e duas praias. História Devido ao aumento da densidade populacional e 66

boom imobiliário nos bairros oceânicos do Rio, o Aterro do Flamengo surge juntamente com a necessidade de renovação da infraestrutura da área, incluindo melhorias no sistema viário e a acessibilidade ao centro da cidade, zonas sul e norte. Paralelamente à sua criação, houveram melhorias na conexão viária entre a zona sul e o centro do Rio, além da criação de uma praia artificial e integração de importantes equipamentos urbanos, como o aeroporto Santos Dumont, o MAM e o Iate Clube. Estas ideias fundamentais para o urbanismo do Rio de Janeiro vinham sendo pensadas desde o Plano Agache (1927-1930). Nas diferentes soluções urbanísticas elaboradas pelo Departamento de Urbanismo para a cidade, o arquiteto Affonso Eduardo Reidy teve um papel fundamental, atuando desde 1929, como estudante assistente de Alfred Agache e depois como diretor do departamento, a partir de 1947, e mais efetivamente ao retomar suas propostas de urbanização do Aterro, a partir de 1961. Apesar do importante trabalho desenvolvido por


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Burle Marx, que, no entendimento coletivo é o mentor do Parque, é necessário lembrar do papel decisivo das três grandes equipes que trabalharam na definição do projeto do Parque. Uma equipe responsável pelo tráfego e obras, outra pela infraestrutura e o Grupo de Trabalho presidido por Maria Carlota de Macedo Soares, que continha, entre outros profissionais o arquiteto Affonso Eduardo Reidy e o paisagista Roberto Burle Marx.

Área do Aterro antes da intervenção, 1950 Fonte: www.rioantigofotos.blogspot.com.br

Área do Aterro durante as obras do projeto Fonte: www.jornalplasticobolha.blogspot.com.br 67


Conceitos A iniciativa de criar um parque na área do Aterro do Flamengo surgiu no governo de Carlos Lacerda quem nomeou, em janeiro de 1961, Maria Carlota de Macedo Soares (Lota) para coordenar o projeto. Lota afirmava que o Aterro era a última grande área no centro da cidade que possibilitava a realização uma obra que reunisse grande utilidade pública e beleza. Acreditava que a área necessitava um cuidado especial no sentido de preservar sua paisagem privilegiada e a brisa marítima, prevendo que o parque poderia se converter num símbolo para a cidade. O objetivo não era criar um parque convencional, em sua ideia de parque estava implícita a tarefa de contribuir para a melhoria da qualidade de vida, conter a ofensiva especulação imobiliária e possibilitar a reconciliação dos cidadãos com a cidade. A ideia do parque também levava implícito o projeto de criar um “parque vivo”. Assim o pretendia Ethel Bauzer 68

Medeiros, especialista em áreas de recreação pública. Para atingir esse objetivo pediu aos membros do Grupo de Trabalho que definissem espaços específicos para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Sugeriu também que se evitasse sobrecarregar o espaço do parque com equipamentos. Pelo contrário, buscou a criação de muitas áreas sem atividades pré-definidas para que os usuários, especialmente as crianças pudessem sentirse livres.

Aterro do Flamengo, vista da Praça de Paris Fonte: www.rioantigofotos.blogspot.com.br


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Relação com o projeto O Aterro do Flamengo é um exemplo bem sucedido de utilização de uma grande faixa de área acrescida. Enquanto em Ilhéus o assoreamento na orla da Avenida Soares Lopes gerou problemas, como insegurança e o rompimento da relação da cidade com a praia, no Rio de Janeiro, um dos cartões postais da cidade mostra como é possível a utilização desse espaço a favor da sociedade. Assim como o Parque, a revitalização da orla de Ilhéus faz parte de um plano urbano maior, com o objetivo de melhorar o tráfego entre a parte central da cidade com a zona sul. Considerando a construção da nova ponte ao final da Avenida Soares Lopes, foram previstos alargamentos das vias atuais para atender ao aumento do fluxo de veículos e a construção de pontos de ônibus, tendo em vista a necessidade de transporte público. Também se assemelha ao projeto o objetivo de criar um local que contribua para melhorar a qualidade

de vida dos moradores e visitantes da cidade, com equipamentos para diferentes faixas etárias sem sobrecarregar a orla com equipamentos.

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4.2. Orla de Atalaia

conhecido como prato símbolo de Aracaju.

A nova orla da Praia de Atalaia, em Aracaju, se constitui em um cartão postal da cidade. Reformulada com diversos equipamentos para as práticas esportivas e de lazer, configura-se como um local “ideal” no tocante às opções de lazer para os aracajuanos e turistas que visitam a cidade. Este espaço é considerado uma das mais belas e equipadas orlas do país, sendo preparada para o turismo, lazer e entretenimento. Com 6 km de extensão, tem iluminação para uso noturno e dispõe de quadras de tênis e poliesportivas, um kartódromo, espaços para skatistas, patinação e ciclismo, com lagos, fontes luminosas, estabelecimentos comerciais, centro de cultura e artesanato, praça de eventos e um oceanário em parceria com o projeto TAMAR. O setor hoteleiro está bastante desenvolvido na região além da Passarela do Caranguejo, um complexo de bares e restaurantes os quais dão destaque à culinária regional e ao caranguejo,

História A orla de Atalaia foi construída para benefício da população aracajuana e desenvolvimento turístico da cidade. De acordo com fotos da época de 70, é possível perceber que o espaço já era bastante frequentado,

Orla da praia de Atalaia antes da intervenção, década de 70 Fonte: www.skyscrapercity.com


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porém o local ainda não tinha uma infraestrutura que despertasse a atenção do turista, apenas o calçadão e alguns bares e restaurantes. Entre as décadas de 80 e 90, o cenário foi se modificando devido aos investimentos do poder público. Houve uma urbanização, despertando investimentos na área de alimentos, bebidas e hotelaria. A partir daí seus usos começaram a se direcionar para a atividade turística. No decorrer dos anos, a orla foi passando por

transformações, ganhando novos espaços e ambientes de lazer.

Orla da praia de Atalaia antes da intervenção, década de 70 Fonte: www.skyscrapercity.com

Orla da praia de Atalaia antes da intervenção, década de 70 Fonte: www.skyscrapercity.com

Relação com o projeto A criação de uma referência urbana que se torna um chamariz turístico e promove qualidade de vida dos habitantes é a principal semelhança entre o projeto de referência e a proposta do parque urbano de Ilhéus.

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O exemplo bem sucedido da Orla de Atalaia apresenta um programa semelhante ao pretendido, explorando o espaço em benefício da cidade, criando diferentes programas esportivos e espaços de entretenimento. Assim como se vislumbra em Ilhéus, a capital nordestina ganhou uma nova atração turística após a conclusão das obras de urbanização.

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Nova orla da praia de Atalaia Fonte: www.skyscrapercity.com

Nova orla da praia de Atalaia, vista noturna Fonte: www.skyscrapercity.com


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4.3. Orla de Copacabana Com areia clara e fina, Copacabana é uma das mais conhecidas praia do mundo. Seus quatro quilômetros de orla servem de palco para grandes eventos como campeonatos de futebol de areia e vôlei de praia, além da famosa festa de Réveillon, que apresenta um grandioso espetáculo pirotécnico e show gratuitos distribuídos em vários palcos montados exclusivamente para o evento.

Fifa Fan Fest: transmissão dos jogos da Copa 2010 Fonte: www.pt.fifa.com

A orla tem uma excelente infraestrutura, com quiosques, patrulhamento, serviço de salva-vidas, duchas, sanitários e ciclovias. Sua larga faixa de areia, que se estende da Avenida Princesa Isabel até o forte de Copacabana, vive cheia de gente de todas as partes do mundo, a qualquer hora do dia. História Por muito tempo Copacabana foi habitada apenas por humildes pescadores que viviam em palhoças.

Réveillon em Copacabana Fonte: flickr

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No final do século XIX e início do século XX, com a chegada dos bondes e a abertura de vários túneis ligando a praia ao centro da cidade, a praia começou a ser mais frequentada pela população. No decorrer das décadas de 1930, 1940 e 1950, a praia viveu seu período áureo, quando tornou-se a praia mais frequentada da cidade. Durante a reforma da calçada e o alargamento da Avenida Atlântica, na década de 1970, sob orientação de Roberto Burle Marx, as ondas da calçada adquiriram seu atual sentido paralelo em relação ao comprimento

da calçada. Na época, também foi realizado um grande aterro hidráulico, que ampliou a área de areia da praia e cujos objetivos principais eram: a ampliação da área de lazer (shows, eventos e esporte); o alargamento das pistas da Avenida Atlântica e a passagem por baixo do calçadão central do interceptor oceânico, tubulação que transporta todo o esgoto da Zona Sul até o emissário de Ipanema. Mais tarde, foram construídos, na orla, uma ciclovia e em 1990, com a implantação do projeto Rio Orla pela Prefeitura, foi feita a substituição dos trailers

Evolução da Orla de Copacabana, 1893 Fonte: www.g1.globo.com

Evolução da Orla de Copacabana, 1927 Fonte: www.g1.globo.com


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e carrocinhas existentes pelos atuais quiosques. Posteriormente, foi criado o projeto Orla Rio, com o intuito de prestar todos os serviços de manutenção necessários aos quiosques. Atualmente, Copacabana está sofrendo diversas alterações urbanísticas, incluindo um projeto paisagístico integrado, implantando novos quiosques que utilizam o subsolo das areias das praias para a implantação de toda uma infra estrutura de atendimento aos frequentadores da orla marítima.

Relação com o projeto

Evolução da Orla de Copacabana, 1956 Fonte: www.g1.globo.com

Evolução da Orla de Copacabana, 2007 Fonte: www.g1.globo.com

A história da urbanização da orla de Copacabana em muito se assemelha à importância histórica da orla da Avenida Soares Lopes, ambas têm papel fundamental para o desenvolvimento da cidade. Considerada uma das praias mais famosas do Brasil, Copacabana se tornou uma referência urbana e seu programa serviu de inspiração para a elaboração do projeto, com espaços destinados a eventos esportivos e de entretenimento.

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A mistura de usos, com quiosques ao longo da avenida garantiu maior fluxo de pessoas em diferentes horários, o que também é esperado no plano urbano desenvolvido. Assim como no Rio de Janeiro, o projeto de uma nova orla para Ilhéus visa a criação de um novo ponto turístico e um espaço público de qualidade para a população.

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Calçadão e ciclovia de Copacabana Fonte: flickr

Orla de Copacabana Fonte: flickr


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4.4. Porto Madero O projeto de Porto Madero surgiu com o objetivo de renovar radicalmente uma área muito importante da cidade de Buenos Aires, que por quase um século se manteve esquecida por autoridades e moradores. A intervenção foi feita a partir do mais significativo da área, no que diz respeito à imagem: a infraestrutura portuária, suas docas e diques que foram readaptados para novos usos, que variam desde escritórios, centros gastronômicos até universidades e bares. Mas o grande êxito do projeto não se deve ao simples fato de converter as docas para novos usos, senão que a ideia teve um suporte legislativo, de financiamento e de gestão de acordo com o projeto desenvolvido. O bairro foi reconstruído a partir de projetos de arquitetos de renome, como: Santiago Calatrava, Norman Foster, César Pelli e Philippe Starck, dentre outros. Porto Madero atualmente é um grande centro financeiro e gastronômico da cidade, onde se encontram importantes escritórios e empresas de telecomunicações, exten-

sas áreas verdes, tudo isso a poucos minutos do centro cívico tradicional de Buenos Aires, entre o bairro tradicional de La Boca e o abastado bairro de Retiro. História Com a criação do novo porto, em 1936, Porto Madero se tornou supérfluo, fazendo suas adjacências serem uma das áreas mais degradadas da cidade. Os planos de renovação urbana da área Porto Madero foram uma constante, inclusive vinte anos depois de construído o porto, o que demonstra o contínuo interesse por exigir dessa área central um status de alto nível. “Efectivamente entre 1920 hasta la actualidad no dejaron de surgir propuestas para incorporarlo a la ciudad como expansión inmediata del área central capitalina, respetando, desde luego,su carácter emblemático (puerta de la ciudad) y localización estratégica.” Javier Ramos Remonda, pág. 173

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De todo esse conjunto de planos propostos – incluindo uma proposta do arquiteto Le Corbusier – cabe destacar que apesar de projetos distintos, apresentavam mais semelhanças que diferenças. O Porto sempre é proposto como expansão da área central da cidade. Todos os planos coincidem na necessidade de transformar o porto decadente em um espaço urbano para atividades terciárias, de comércio e recreação. Os projetos também têm em comum a preocupação por dispor de extensas áreas verdes públicas, que valorizam a área central.

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Porto Madero após a renovação urbana Fonte: www.wikipedia..com

Porto Madero: implantação do plano urbano Fonte: www.puertomadero.com


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Entre todas as propostas não concretizadas e o atual Master Plan da Comissão Antigo Porto Madero (C.A.P.M.) existiu sempre a vontade de renovar o porto antigo, reabilitando as docas, para indiretamente melhorar a qualidade dos setores mais ao sul. O projeto atual nada mais fez do que sintetizar uma série de iniciativas das propostas anteriores. Conceitos A estrutura do plano apresenta uma ampla faixa de edificações sobre as margens dos diques, contemplando a preservação das docas de tijolo situadas no setor oeste. No setor leste, a margem adjacente com a beira dos diques apresenta edificações de baixa altura, com uma mescla de usos, para dotar de maior atrativo às calçadas. Num segundo plano, atrás desses edifícios, se constroem edifícios mais altos. Dois grupos de torres terminam nos bulevares centrais fazendo lembrar o distrito de negócios, projetado por Le Corbusier em

1938. Compensando os espaços edificados, o projeto contempla a construção de dois grandes parques, criando uma ampla área de estacionamento. A intenção de impulsionar a recuperação do espaço público para a cidade fica marcada pelos amplos passeios públicos projetados sobre ambas as margens dos diques, assim como pelos bulevares arborizados e as numerosas praças planejadas para a área. O projeto teve como pauta diretriz integrar as novas construções, sem perder o caráter portuário que a área devia conservar. Para isto foi determinada a preservação daquelas edificações de caráter histórico que eram possíveis de serem restauradas. Elas foram a zona das docas de tijolo do setor oeste, assim como o antigo depósito de moinhos “O Portenho” , o ex-silo da Junta Nacional de Grãos e a antiga sede administrativa de Moinhos Rio da Prata, estas últimas no setor leste, somando um total de 19 edifícios, o que dá uma ideia da importância do empreendimento e das dimensões do projeto. 79


Relação com o projeto

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Um dos principais pontos turísticos da capital argentina, Puerto Madero passou de uma das áreas mais degradadas de Buenos Aires a referência urbana após sua revitalização. Assim como a área de intervenção em Ilhéus, o bairro se encontra em uma localização privilegiada, próxima ao centro da cidade e com grande valor histórico.

Ambos os projetos propõem a revitalização de uma grande área subutilizada, recuperando a relação com a água, devolvendo à cidade um espaço público de lazer. Tanto no caso de Puerto Madero, como na Avenida Soares Lopes, a relação com o rio e com o mar é retomada através da criação de áreas públicas, de recreação e equipamentos de apoio. Como consequência, além de promover maior qualidade de vida para os moradores, o projeto resultou

Passeio público às margens do dique Fonte: flickr

Imagem aérea parcial de Porto Madero Fonte: flickr


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no surgimento de um novo ponto turístico e valorizou o entorno do bairro, o que se almeja também em Ilhéus.

Integração das novas construções com os edifícios do antigo complexo portuário Fonte: flickr

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5. Projeto Experimentação e desenvolvimento O projeto urbano arquitetônico estabelecido é resultado de um processo de investigação e experimentação das diretrizes traçadas a partir da pesquisa precedente. Os conceitos são materializados conforme o desenvolvimento dos estudos, essenciais para a compreensão das soluções adotadas. Logo, para a apresentação da proposta, será exposto o caminho percorrido pelo desenvolvimento da proposta. O projeto ocorreu em duas etapas. A primeira, concentrada nas relações urbanas, buscando qualificar a área e reestabelecer a ligação da cidade com a praia, através da criação de um parque urbano. Definidas as soluções urbanísticas, no segundo momento surge a inserção do projeto na malha urbana, seguindo a setorização proposta.

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5.1. Porque revitalizar Considerando a importância de Ilhéus no cenário turístico nacional, sua projeção internacional através das obras de Jorge Amado e condição de ter um aeroporto considerado a principal porta de entrada para o sul da Bahia, foi diagnosticada a necessidade de uma orla capacitada para receber a demanda de turistas da região e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Localizada em uma área nobre e de grande importância histórica, a orla da Avenida Soares Lopes representa um dos principais locais de lazer dos ilheenses. Os moradores costumam usar a orla para a prática de esportes e como ponto de encontro de muitos jovens no final de tarde. É na avenida que ocorrem os carnavais e festas culturais em datas comemorativas, onde se montam feiras itinerantes de artesanato e eventos de entretenimento durante a alta temporada. Com a construção da nova ponte que fará a ligação do centro com a parte sul do município, a avenida 84

– que atualmente já é considerada uma das principais vias da cidade – deverá aumentar o fluxo de veículos e pedestres, necessitando maior atenção para com os transportes públicos e possíveis equipamentos de serviço e comércio. O assoreamento gradativo causado pela construção do porto internacional, ao invés de criar uma situação positiva, como é o caso do Aterro do Flamengo, gerou diversos problemas, entre eles o rompimento da relação da cidade com a praia. 5.2. Revitalização da Orla: Parque Urbano O projeto visa revitalizar a orla de Ilhéus, localizada em uma área potencial: o centro histórico. Compreendida entre o porto internacional e a futura ponte que fará a ligação centro-sul da cidade. Vislumbra-se a possibilidade da criação de um parque linear servido por equipamentos: um espaço feito para a atividade pública que seja utilizada em sua íntegra por moradores e visi-


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tantes. Na estruturação do território, busca-se resgatar a relação da cidade com a praia, com a criação de acessos diretos e espaços de encontro e contemplação ao longo do percurso. A elaboração do programa do parque linear respeita a ocupação espontânea do território, incluindo a distribuição de equipamentos públicos e alguns equipamentos comerciais de pequeno porte ao longo da orla. O projeto busca ainda criar um novo cartão postal da cidade, fazer com para que a nova orla seja uma referência urbana, com grande potencial turístico. Um exemplo bem sucedido de um programa semelhante é a Orla de Atalaia, em Aracaju; a capital nordestina ganhou uma nova atração turística após a conclusão das obras de urbanização da orla e hoje é considerada uma das orlas mais bonitas de todo o nordeste brasileiro. Diretrizes

De acordo com o diagnóstico da problemática da

área, a distância entre a praia e a avenida, variando de 250m a 450m, era uma das questões mais importantes a ser resolvida. Para reestabelecer a relação do mar com a cidade, foram criados quatro fingers, que vão do calçadão à praia, passando pelo parque. Chegando à praia esses acessos se transformam em um grande deque, com quiosques, duchas e sanitários. Essa estratégia, além de facilitar o acesso à praia permite o uso do espaço e a organização de eventos a qualquer hora do dia. Tendo em vista a localização da orla junto ao centro histórico e seu limite com o porto internacional, onde desembarcam cruzeiros, houve a preocupação com o setor turístico. No início da orla, próximo ao “Quarteirão Jorge Amado”, foi criado um centro de informação turística, onde os visitantes podem obter informações gerais sobre a cidade e de onde sairiam os passeios em ônibus e vans de empresas especializadas. O parque possui uma ampla área verde, com espécies resistentes ao solo arenoso, como ipês e coqueiros. Em meio ao parque foi definido um circuito de 85


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caminhada e corrida, onde ora o usuário se aproxima da praia ora dos equipamentos previstos. Considerando que a avenida é um dos principais locais utilizados pela população para a prática de esportes, foram criados equipamentos esportivos ao longo da orla. Junto à avenida, o calçadão de cinco metros possui alargamentos ao longo do trajeto. O programa conta com uma grande pista de skate, quatro quadras de vôlei de praia, duas quadras poliesportivas, duas quadras de futebol de areia e duas quadras de futebol de campo. Ao lado das quadras foi projetado uma grande área pavimentada com piso permeável, onde uma série de quiosques foram projetados no intuito de substituir as barraquinhas montadas ao longo da orla nos finais de tarde. Os comerciantes teriam, assim, maior infraestrutura para o pequeno negócio e a concentração dos quiosques criariam um espaço semelhante ao de uma praça de alimentação a céu aberto. Entre a área arborizada e a zona de alimentação, um pavilhão abriga uma exposição permanente sobre a história de Ilhéus, aproximando ilheenses e visitantes 87


da cidade, buscando criar uma relação de zelo, que ajude na preservação do parque. A grande marquise abriga ainda sanitários, enfermagem e uma base policial. Ao final da avenida a existência da concha acústica e do centro de convenções pré-estabeleceu o uso da área, que foi definida como a zona de entretenimento, incluindo o projeto proposto de uma arena de eventos. Sistema Viário • Prevendo o aumento do fluxo de veículos na avenida, foi proposto a ampliação das vias da avenida de seis para dez metros em cada pista de rolagem; • O canteiro central passa a ter quinze metros, onde serão implantadas vagas de estacionamento a 45º e paradas de ônibus a cada trezentos metros; • Com a remoção dos estacionamentos no calçadão da avenida, foi possível a criação de dois circuitos de ciclovia ininterrupta, apenas com cruzamentos de pedestres devidamente sinalizados localizados estrategicamente de acordo com os locais de maior necessidade de travessia; 88

• Ao final da avenida, próximo à zona de entretenimento (concha acústica, centro de convenções e a proposta arena de eventos) foi criada uma rotatória projetada para abrigar os trios-elétricos durante o carnaval, quando a avenida tem suas vias de uso restrito; • Além das vagas no canteiro central, foram criados dois bolsões de estacionamento na zona de entre-

Ampliação: vagas de estacionamento a 45º


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tenimento. Um deles localizado próximo ao deque de acesso à praia e outro ao lado do projeto da arena de

eventos, possibilitando a entrada de carros de apoio à praça central, projetada para eventos ao ar livre.

Corte Urbano: vias e canteiro central

Corte Urbano: paradas de ônibus

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Ampliação: vias e canteiro central 90

Ampliação: vagas de estacionamento a 45º


Perspectiva geral da intervenção com a implantação da arena de eventos 91


5.3. Arena de Eventos A arena de eventos surge no intuito de suprir a necessidade de um espaço para a realização de eventos ao ar livre, como as festas que atualmente são realizadas no estacionamento do centro de convenções existente. O projeto integra a área de entretenimento da orla, juntamente com o centro de convenções e concha acústica do local.

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O programa do projeto inclui um restaurante de dois pavimentos, salas de administração, dois espaços comerciais, sanitários, bilheteria, sala de enfermagem e dois auditórios, que funcionam de forma independente ou podem se unir através de painéis acústicos retráteis, formando um grande auditório, com capacidade para 282 pessoas.


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Perspectiva fachada principal

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Planta Térreo


Planta Cota +4.00

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Planta Cota +8.00


Planta Cota +10.00

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Elevação 01

Elevação 02

Corte A-A

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Elevação 03

Elevação 04

Corte B-B

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Corte C-C

Corte D-D 100


A articulação com o entorno: terraços urbanos A sobreposição de planos gera espaços de contemplação com diferentes visuais dos principais protagonistas do projeto: a cidade e o mar. Transformam a circulação dos usuários em evento urbano.

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Perspectiva praรงa


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A marquise é o elemento estruturador do projeto; organiza e distribui os fluxos e determina a disposição dos blocos construídos. Como parte da estratégia de fazer do objeto arquitetônico um espaço público durante os dias comuns, foi definida a construção de blocos independentes ao longo da marquise. Com destaque para os dois auditórios que podem se interligar, funcionando como um espaço único para apresentações de maior público. As áreas de apoio, como a sala de enfermagem, estão centralizadas, podendo dar suporte tanto ao espaço proposto como ao centro de convenções existente. Na praça central o paisagismo se resumiu à criação de morrotes e espelhos d’água, visto que deveria ser uma praça seca, já que a implantação de árvores poderia prejudicar a visão dos usuários que estivessem assistindo a um evento da parte superior do edifício. Os morrotes, além da função paisagística, podem servir de patamares durante eventos e para o lazer durante dias comuns, além de um deles abrigar um sanitário de apoio.

O restaurante e as lojas possuem fachadas que garantem ventilação cruzada permanente. Os fechamentos com sistema de brises reguláveis permitem o controle da entrada de vento.

Áreas de ventilação cruzada permanente 103


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Apêndice: O cacau e a história de Ilhéus O texto a seguir foi elaborado a partir do resumo de um dos capítulos do livro Ilhéus: passado e presente, da autora Maria Palma Andrade e explica a relação da cultura do cacau com a história da cidade de Ilhéus. “A história da cacauicultura em Ilhéus se confunde com sua própria história e a da Região Sul da Bahia, pois o cacau provocou desbravamento para o interior, fundação de cidades, formação de gerações. O cacau propiciou uma ‘civilização’, um patrimônio, uma identidade histórico-cultural, determinada pela atividade agrícola”. (Andrade, Maria Palma, 2003, p.92) Originário da bacia Amazônica, as primeiras sementes de cacau foram levadas ao sul da Bahia pelo colono francês Frederico Warneau, em 1746. O fruto encontrou na região condições excelentes de clima e solo, o que propiciou sua considerável expansão. A história do cacau pode ser entendida em quatro fases. A primeira fase compreende o período de 1746

– quando as primeiras sementes foram introduzidas na região – a 1930 e representa o momento de desbravamento e consolidação da cultura cacaueira. Em 1822, com a chegada de um grupo de imigrantes alemães, a cacauicultura começou a progredir ao passo em que a cultura da cana-de-açúcar entrava em decadência. Em 1850, o conhecimento da importância da lavoura de cacau e a seca que atingia o Nordeste do Brasil, levaram milhares de pessoas, principalmente de Sergipe, a Ilhéus, penetrando nas matas, plantando roças de cacau e fazendo grandes fortunas. As terras que originalmente eram ocupadas por índios, foram ocupadas arbitrariamente a partir de lutas sangrentas. O tamanho da área ocupada era definido a partir da possibilidade do posseiro e suas condições de explora-la. Inicialmente as propriedades eram pequenas, inferiores a 50 hectares, com o trabalho de caráter familiar e em alguns casos contava com a mão-de-obra do negro escravo. Com a instalação do modelo monocultor de produção e a aglutinação das roças surgiram grandes 107


propriedades, concentradas nas mãos de poucos fazendeiros. Posteriormente, com a morte de seus proprietários, as fazendas eram divididas entre os herdeiros, gerando um permanente processo de concentração/ desconcentração que perdura até os dias de hoje. Os agricultores dessa época não tinham conhecimento técnico, o principal objetivo era plantar, colher e enriquecer. “Em 1895, a exportação de cacau já atingia112 mil sacos, sendo que, sei anos mais tarde, em 1901, o Brasil ocupava o primeiro lugar na produção mundial e, em 1927, o sul da Bahia produziu mais de um milhão de sacas, ocupando o segundo lugar, suplantado apenas por Gana, na África Ocidental. Esta foi considerada a fase de ouro do cacau” (Andrade, Maria Palma, 2003, p.93) Nesta fase, se inicia a industrialização do cacau, quando o suíço Hugo Kaufmann fundou a Cacau Industrial e Comercial SA, pioneira a trabalhar com o processamento de cacau no Brasil (manteiga de cacau, torta e 108

licor, destinados à exportação). A segunda fase vai de 1930 a 1957, quando a lavoura ficou economicamente organizada. Representa a fase da expansão e do apogeu. Em contrapartida a terra estava cada vez mais esgotada, os cacaueiros envelhecidos e as pragas e doenças começavam a atacar as plantações, causando prejuízos. Com a crise de 1929, a situação econômica internacional trouxe para a cacauicultura grandes dificuldades financeiras. Em 1931 foi criado o Instituto de Cacau da Bahia – ICB, quando o governo se viu obrigado a amparar a lavoura de cacau através de medidas de emergência, incluindo o financiamento para amparar os cacauicultores endividados. O ICB também promoveu a melhoria do sistema de transporte com a abertura de novas estradas, construção de pontes e a criação da Viação Sul Bahiana AS (SULBA). Até então o Estado era indiferente ao desenvolvimento agrícola, se importando apenas com a cobrança de tributos. Nesta fase, entretanto, caracterizou-se pela grande produção, comercialização e exportação de cacau,


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proporcionando muita riqueza e enormes diferenças sociais. A pior crise da cacauicultura até então ocorreu em 1957, quando a produção foi bastante reduzida e os preços no mercado internacional ficaram muito baixos. O Instituto do Cacau da Bahia já não atuava com a mesma eficácia, a maioria dos produtores estava empobrecida e para agravar a situação a maioria dos grandes cacauicultores investiam fora de Ilhéus, principalmente no Rio de Janeiro e Salvador. A terceira fase começou em 1957 e vai até 1988. Foi a crise da produtividade. Com os agricultores desestimulados o governo federal criou, em 20 de fevereiro de 1957, a Comissão Executiva do Plano de Recuperação da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), com o objetivo de recuperar e racionalizar a lavoura. Inicialmente a CEPLAC buscou resolver o problema financeiro dos agricultores implantando linhas de crédito especiais para melhorar os métodos de produção, empregando tecnologia, modernizando e ampliando as lavouras. Em seguida, foi criado o Centro de Pesquisas

do Cacau (CEPEC), pensando na importância do estudo, pesquisa e experimentação agronômicas para aumentar a produtividade. O boom do cacau aconteceu nos anos 70, quando os preços dispararam no mercado internacional e a produção foi excelente. Até esse momento os cacauicultores consideravam o cacau eterno e não se preocupavam com o futuro. Não atenderam as orientações da CEPLAC quanto à modernização das lavouras e direcionamento para novos investimentos no setor agroindustrial. “O PROCACAU, Programa de Diretrizes para Expansão da Cacauicultura, foi implantado a partir de 1976, com a finalidade de, no período de 10 anos, renovar 150 mil hectares de plantações decadentes e implantar 300 mil hectares em outros estados, onde as condições fisiográficas permitiam o cultivo, como no Espírito Santo e Amazônia (Pará, Rondônia e Amazonas). (Andrade, Maria Palma, 2003, p.94.) 109


Questionou-se muito durante a vigência do Procacau, tanto com relação aos recursos da região cacaueira estarem sendo desviados para a aplicação na Amazônia, como também se não teria facilitado a chegada da vassoura-de-bruxa*, que é endêmica na região amazônica. Com a incorporação da CEPLAC – até então uma instituição autônoma, que representava um governo paralelo e investia na região – ao Ministério da Agricultura, em 1986, a instituição perdeu sua autonomia administrativa e financeira e suas atividades começaram a definhar abalando seu funcionamento. A quarta fase, período de destruição e recuperação, se inicia em 1988, quando a situação crítica da lavoura é somada à fuga das taxas de retenção do cacau (centralizadas no orçamento da união) e à expansão da cacauicultura no Sudeste da Ásia com grande produtividade. Os preços caíram e a lavoura foi atacada pela vassoura-de-bruxa*, que infestou praticamente toda a região produtora de cacau. Existem duas interpretações sobre a introdução da vassoura-de-bruxa na região: através de um ato cri110

minoso, já que o primeiro foco da doença foi encontrado em Uruçuca (em 1989) e o aparecimento dos seguintes, a grande distancia, na cidade de Camacã. Outra hipótese é que a doença tenha se dado através de material botânico infectado, oriundo da Amazônia, devido ao aumento do tráfego de pessoas entre as duas regiões. Somente após quatro anos da aparição da doença na região a CEPLAC apresentou os primeiros resultados dos estudos para proteger a lavoura. As medidas profiláticas exigiam muito investimento na contratação da mão-de-obra para a retirada da praga dos pés de cacau e posteriormente o emprego de fungicida, com resultados pouco satisfatórios. Posteriormente foram aplicadas novas orientações técnicas, com a implantação do cacau clonado, com material genético resistente à doença. Desde 1994 a CEPLAC, em parceria com várias universidades e órgãos de pesquisa, trabalha a fim de identificar os genes do cacau responsáveis pela resistência à vassoura-de-bruxa. A intenção é fazer a região sul da Bahia voltar a produzir cacau nos índices do passado, como na década

* vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa): doença que afeta os tecidos jovens dos cacaueiros, levando à sua perda de produtividade e dando origem a elevados prejuízos económicos. Uma plantação infectada pode perder cerca de 90% da sua produção.


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de 70, quando a produção chegava a 400 mil toneladas. Das 25 exportadoras de cacau, apenas três sobreviveram, embora com atividades reduzidas. Hoje a produção é de 150 mil toneladas, o que representa uma queda do Brasil no mercado internacional de 15% (na década de 70) para 6%. “Se o cacau voltar, com as variedades clonais substituindo os pés doentes, mesmo em escala menor de produção, é possível que se recupere a cacauicultura, instalando-se um novo e importante ciclo econômico que, aliado às outras atividades – industrial, turismo, pecuária, possibilite a existência de um novo El Dorado onde todos os seguimentos da sociedade sejam beneficiados”. (Andrade, Maria Palma, 2003, p.94.) A importância da recuperação da lavoura cacaueira pode evitar ainda um desastre ecológico, uma vez que dela depende a proteção da área remanescente da Mata Atlântica existente no Sul da Bahia, já que o ca-

cau necessita do sombreamento de árvores de grande porte. A substituição da cacauicultura por outro produto agrícola ou pecuária destruiria as áreas de floresta existente. Os cacauicultores de hoje têm outra conduta, que os diferem dos fazendeiros de antigamente. Estão se profissionalizando, buscando novas técnicas, procurando uma transformação nessa atividade econômica e com a diversificação das fazendas, introduzindo a piscicultura por exemplo, gerando fontes de rendas complementares.

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Bibiografia Livros e Publicações

Sites

• ANDRADE, M. P., Ilhéus: Passado e Presente. 2 ed. Ilhéus, BA: Editus, 2003.

Companhia das Docas do Estado da Bahia

• INFRAERO • BARRETO, M., Turismo e legado cultural: As possibilidades do planejamento. Campinas, SP: Papirus, 2000. (Coleção Turismo). • Torezani, Julianna Nascimento. Internet, cultura e turismo: o patrimônio arquitetônico de Ilhéus em sites informativos de turismo. (dissertação do Curso de Mestrado em Cultura e Turismo da UESC) • Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima, Projeto Orla, Ilhéus, Bahia.

Observatório de Turismo da Bahia

Secretaria de Turismo do Estado da Bahia

• www.portosul.ba.gov.br •

IBGE WWW.ibge.gov.br

• www.orladeatalaia.com.br/nossaaracaju • www.copacabana.com • www.vitruvius.com.br

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