Plataforma logística UN-BC

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PLATAFORMA LOGÍSTICA – UMA ALTERNATIVA AO DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES LOGÍSTICAS NA BACIA DE CAMPOS

Por

Ana Keila Manzini Francisco A. M. Simas Tais Barboza Marques

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Gerência de Serviços em Petróleo e Gás Pós-Graduação lato sensu, Nível de Especialização Universidade Estácio de Sá

Maio/2006


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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PÓS-GRADUAÇÃO CURSO GERÊNCIA DE SERVIÇOS EM PETRÓLEO E GÁS

O Trabalho de Conclusão de Curso PLATAFORMA LOGÍSTICA – UMA ALTERNATIVA AO DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES LOGÍSTICAS NA BACIA DE CAMPOS

Elaborado por Ana Keila Manzini, Francisco A. M. Simas e Tais Barboza Marques

E aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso Gerência de serviços em Petróleo e Gás, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização, do Curso de Pós-Graduação em Gerência de Serviços em Petróleo e Gás.

Data: ___________________________________ Nome do Coordenador Acadêmico ___________________________________ Nome do Professor


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Resumo Considerando a importância do sistema de abastecimento em atendimento às necessidades demandadas no setor petrolífero dentro das normas e regulamentações estabelecidas pelos órgãos competentes no país, o presente trabalho se propõe a apresentar um projeto de criação de uma Plataforma Logística como uma alternativa para o desenvolvimento das atividades logísticas na bacia de campos, criando uma infra-estrutura portuária, visando a otimização dos modais de transporte disponíveis na região, com instalação de uma política alfandegária que viabilize a carga, descarga e armazenamento de peças, equipamentos e insumos, criando parcerias no desenvolvimento e implantação de softwares que agilizem o sistema logístico do setor Offshore, promovendo assim, uma melhoria nos serviços oferecidos ao cliente, reduzindo custos e aumentando a produtividade e globalização do mercado, levados pelo entendimento que os municípios que abrigam a bacia dispõem dos principais requisitos necessários ao seu desenvolvimento por possuir os principais eixos de transporte modais como alternativa de circulação de mercadorias e equipamentos favoráveis à implantação de uma Plataforma Logística.


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Agradecimentos


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Introdução Do início da exploração de petróleo nos anos 70 aos recordes de produção atuais na Bacia de Campos, Arraial do Cabo passa a viver um novo momento, marcado fundamentalmente pelas descobertas de novas jazidas as quais foram licitadas pela ANP nos últimos cinco anos e que agora começam a ser exploradas. Isso provocou um crescimento demográfico mais acelerado em sua população já chegando a aproximadamente 23.800 mil habitantes, segundo os últimos dados do IBGE de 2000, com um PIB de R$ 220 milhões em 2003, que certamente será alterado com o impacto da atividade petrolífera na economia municipal. A nova atividade econômica levará ao surgimento de novas empresas tanto comerciais e industriais quanto prestadoras de serviço. O índice de crescimento da cidade mostrará seu potencial econômico. Enquanto o país cresce a um ritmo de 2% ao ano, Arraial do Cabo apresentará uma performance bastante superior. A criação de novos postos de trabalho em Arraial do Cabo a exemplo do que aconteceu em Macaé, será quase cinco vezes superior à média nacional, tendo sido considerada recentemente a segunda maior cidade brasileira em índices de empregabilidade. A Bacia de Campos, considerada hoje a principal produtora de Óleo e Gás no País, tem um papel decisivo no desempenho econômico do Estado do Rio de Janeiro, contribuindo três vezes mais para a formação de riqueza do estado do que há 15 anos. As perspectivas de investimentos na região são animadoras. A previsão é que até o ano de 2010 o total de investimentos da PETROBRÁS na Bacia de Campos chegue a 18 bilhões de dólares, só no Estado do Rio de Janeiro com a instalação das Plataformas P50 a P55 e Planos de Escoamento de Óleo e Gás. Está previsto um crescimento da produção de mais de 10% ao ano, gerando cerca de 160 mil empregos diretos e mais 502 mil empregos indiretos com efeito renda, neste período, somando um total de cerca de 660 mil novos empregos. A cidade de Arraial do Cabo, localizada entre duas importantes capitais de estado, Niterói e Macaé, conta com um sistema de acesso rodoviário ainda precário. O Porto do Forno que não atende a demanda do setor petrolífero na região, justificaria a criação de uma plataforma logística como uma alternativa para o desenvolvimento das atividades logísticas da Bacia de Campos, podendo ainda se utilizar das modernas instalações do Aeroporto de Cabo


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Frio para atender as demandas de transporte de passageiros por helicópteros até as Plataformas e Navios instalados e ancorados no sul da Bacia. A movimentação de cargas, pontos de convergência e divergência, área do porto, condições das malha de transportes, devem apresentar vantagens para o desenvolvimento da organização logística. Por isto mesmo, este trabalho apresenta a proposta de instalação de uma plataforma logística como uma alternativa para o desenvolvimento das atividades logísticas do setor Offshore.

MAPA DE ARRAIAL OU DA BACIA DE CAMPOS ATUALIZADA

Produção: 

PETRÓLEO: 1.247.000 bpd (81% produção brasileira)

GÁS: 18.9 MM m3/dia (47% produção brasileira)

Redes de oleodutos e de gasodutos: 

4.400 Km

Figura 1 - Dados da Bacia de Campos - Fonte: Petrobrás(2004) Logística


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Segundo o Council of Logistics Managementent - CLM, “Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor”. Bowersox e Closs (2001, p.19), afirmam que a logística envolve a integração de informações, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagens. E completam: “o objetivo da logística é tornar disponível produtos e serviços no local onde são necessários, no momento em que são desejados”. Christopher (1997, p. 2) define a logística como sendo: “(...) o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo”. Nesse contexto, surgiu o conceito de plataforma logística, conforme detalhada no próximo tópico, onde as atividades mais importantes (transporte, logística reversa, armazenagem, desembaraço aduaneiro, etc) estarão na integração de duas grandes etapas do processo logístico, ou seja, a integração entre o suprimento de materiais (administração de materiais) com a disponibilização dos materiais necessários na plataforma logística, e a distribuição física que é parte de um sistema logístico que diz respeito à movimentação dos materiais da plataforma ao cliente, ou seja, transporta e entrega algo “físico” ao cliente. Assim, a plataforma logística será composta basicamente por estes dois processos, conforme representado no esquema da Figura 2.

Fornecedores Externos

Empresas Offshore

Plataforma Logística

Porto e Aeroporto

Plataformas e Navios

Figura 2 – Administração e Distribuição de Materiais Com esses processos integrados, a plataforma logística estará alinhando todas as atividades necessárias a movimentação, o processamento de pedido e a armazenagem de


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materiais de forma sincronizada, visando reduzir custos, minimizar ciclos e maximizar o valor percebido pelo cliente final. A Logística Offshore na Bacia de Campos Do diesel que movimenta geradores a 60 milhões de litros de água potável, de toalhas limpas a bolas de futebol que animam os entardeceres, tudo vem do continente que distante no mínimo uma centena de quilômetros não é sequer uma mancha no horizonte. A cada mês, são transportadas 210 mil toneladas de carga. Mas a complexa operação logística que dá vida à bacia transporta, sobretudo pessoas por helicóptero, são 44 mil por mês. Espalhados num raio de 100 mil quilômetros quadrados de mar azul, há mais de 100 unidades tão distintas quanto plataformas de produção ou rebocadores, que ficam até 60 dias no mar. Para apoiar cada uma dessas comunidades, a Petrobrás controla uma esquadra de 95 embarcações e uma frota de 37 helicópteros. Cada um com cronograma próprio e missões que podem mudar tão rapidamente quanto os ventos que sopram no mar aberto. A carga pesada é transportada pelos 33 navios do tipo plataforma supply vessel, cargueiros que têm convés de até 600 metros quadrados. São os que têm a rotina mais previsível. Cada um deles faz o mesmo itinerário, duas vezes por semana. As cargas variam: numa semana alguns milhões de litros de água a mais, noutra, em vez de uma ancora nova, vai um bote inflável que precisou de reparos ou um computador novo, mas as plataformas são sempre as mesmas. Com a repetição dos mesmos trajetos e das rotinas de atracação nos mesmos pontos, se ganha agilidade e segurança. No extremo oposto, estão as velozes sete lanchas com casco de alumínio, batizadas de "expressinhos". Com duas partidas diárias, às 14h e 23h, ali uma encomenda pode ser embarcada até com poucas horas de antecedência. A complicada operação para garantir que o remédio necessário numa determinada plataforma não vá parar numa outra começa num terminal de computador em cada plataforma, onde é preenchido o documento único de carga. A maioria dos itens relacionados à atividade fim da Petrobrás (a exploração de petróleo) se encontra estocada nos 200 mil


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metros quadrados do Parque de Tubos. São ali, nos grandes armazéns da Petrobrás, a apenas 13 km do porto de Imbetiba, que ficam estocados 42 mil itens. O valor total do estoque é de US$ 280 milhões, incluindo itens de custo unitário irrisório, como porcas e parafusos, e peças de mais de US$ 1,5 milhão, como a chamada árvore-de-natal molhada que controla o fluxo dos poços submarinos. No Parque de Tubos, uma equipe de 800 pessoas separa e embala cada item, colocando-os nos contêineres, endereçados a cada unidade. De lá seguem para o porto e, então, ganham o mar aberto. Todo mês, 18 mil solicitações são processadas pelo pessoal do Parque de Tubos. O caminho até o destino final é acompanhado 24 horas por dia através de conferências visuais, transmitidas por rádio. Cada contêiner recebe um chip eletrônico, associado a um código de barras. Antenas espalhadas pelo porto e pelo PT acompanham cada passo da carga, até a chegada às plataformas. O Porto de Imbetiba é o mais movimentado da indústria petrolífera no mundo. No Golfo do México ou no Mar Negro há uma movimentação total de cargas maiores. Mas esses volumes são transportados por mais de uma empresa e por mais de um porto. Em Imbetiba o movimento acontece dia e noite. São 440 atracações em média por mês. Em 2000, eram transportadas em média 170 mil toneladas, a cada mês e em 2001, foram 190 mil e em 2002 passou de 220 mil. Número que cresce ainda mais. A Petrobras não pára. No entanto, temos hoje uma nova realidade na Bacia de Campos, ou melhor, ao sul da Bacia de Campos, mais precisamente nas águas de Arraial do Cabo onde hoje começam a se instalar novas empresas que estarão explorando e produzindo o ouro negro em poços que ainda estão por ser perfurados. Plataforma Logística Segundo Boudoin (1996), APUD DUARTE (1999, p.17) “é o local de reunião de tudo o que diz respeito à eficiência logística”, neste sentido, este trabalho vem propor o modelo logístico de plataforma que atenda às necessidades da região da Bacia de Campos principalmente para o setor offshore, baseado no modelo apresentado por Duarte (1999) e no


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próprio entendimento de rede logística. Para tanto, serão tratadas as mudanças e adaptações necessárias para utilização dos terminais intermodais já existentes (Porto, Aeroporto, Terminal Ferroviário e Rodoviário) e suas interligações com o projeto aqui apresentado. Segundo Porto (2001), como plataforma logística, sua relação de primeiro grau é com seus clientes (fornecedores) de carga, portanto, as unidades concentrativas e alimentadoras do fluxo de cargas. São eles os distritos industriais e comerciais, áreas metropolitanas pertencentes ou não ao município sede, estações aduaneiras, terminais retro portuários alfandegados (TRA) e a embarcação como um aparelho móvel. Constituem assim a família portuária, sendo conhecidas como áreas portuárias agregadas por afinidade. Nesse sentido, rompe-se o limite físico da área do porto organizado, aumentando a dimensão física, estendendo-se a uma rede de "trânsito de carga" ou fluxo de carga, cujos nós extremos são essas unidades de carga. Delas, apenas a embarcação é móvel. Se não bastasse esse espaço físico ampliado mais e mais (fixo e móvel) com escala ampliada, o porto se desenvolve no seu espaço virtual, mais e mais. Vai assim criando um universo de troca de informações (dados e outras) vinculadas à carga (fluxo virtual e carga) a velocidade do impulso eletrônico, que faz com que a velocidade real da carga seja um ônus a ser pago. Metodologia O esquema metodológico a seguir apresenta a descrição de etapas que buscam uma complementação das necessidades para obter uma maior competitividade dos terminais, viabilizando as atividades logísticas de uma Plataforma. 1. Localização Geográfica da Plataforma 2. Definição de Suprimento 3. Determinação de Transporte 4. Definição de Armazenagem 5. Determinação do Zoneamento da Plataforma 6. Definição dos Serviços Logísticos 7. Definição dos Serviços Alfandegários 8. Definição do Sistema de Informação 9. Determinação dos Critérios de Segurança Ambiental


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10. Definição de Distribuição 11. Determinação dos Critérios de Proteção Descrição das Etapas A seguir, descreve-se em detalhes cada etapa apresentada, aplicável a uma Plataforma pertencente à rede logística. 2.1. Localização Geográfica da Plataforma A Cidade de Arraial do Cabo está inserida em uma posição geograficamente privilegiada favorecendo assim a relação dos negócios voltados para o setor offshore principalmente nos que se referem à Bacia de Campos, originados da cidade de Niterói e do Rio de Janeiro, do porto de Sepetiba/RJ, de Vitória/ES, conseguindo assim convergir para si a boa parte da concentração de negócios da Bacia não apenas no âmbito regional, mas também nas relações nacionais e internacionais principalmente com a reestruturação do Aeroporto de Cabo Frio que estará recebendo aeronaves de grande porte com vôos comerciais internacionais A região oferece um meio social, ambiental e econômico favorável podendo desenvolver um expressivo pólo de empresas ligadas direta e indiretamente ao setor offshore, vários bancos, sindicatos e associações comerciais e de negócios, atrações turísticas e culturais, rede de hotéis em condições de abrigar turistas e trabalhadores dos mais diversos países, restaurantes com comidas internacionais, etc. Em detrimento da dificuldade de interligações com grandes eixos de transportes necessários para o escoamento de produtos e o apoio logístico necessário ao desenvolvimento do setor E&P, a promoção da Plataforma Logística terá seu papel crucial a cadeia de suprimentos e apoio logístico do setor, integrando-se à malha marítima com os portos de Macaé, Angra dos Reis, Sepetiba, Rio de Janeiro e Niterói. Pelas razões aqui apresentadas e após detalhado estudo concluímos que o “ponto ótimo” para a instalação da Plataforma Logística aqui proposta seria às margens da chamada Linha Azul, onde seriam instalados terminais de cargas que atendessem aos modais já


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existentes, armazéns gerais, serviços logísticos, serviços alfandegários, sistema de informação e distribuição.

Figura 3. Malhas Rodoviária, Ferroviária e Marítima.

2.2. Definição do Suprimento Para poder competir em uma economia globalizada, a plataforma precisa trabalhar em sincronismo com sua cadeia de fornecedores e clientes. A Plataforma Logística deve criar parcerias para desenvolver o sistema ideal que permite às empresas trabalharem completamente integradas, com acesso imediato aos dados dos parceiros da supply chain, não importa qual seja sua localização geográfica ou seu processo de produção. Com uma ênfase no suprimento para o setor Offshore, podemos identificar as seguintes características: Quanto ao tipo de terminal: A prefeitura de Arraial do Cabo, além das ações governamentais em andamento com vistas a implantação da Estação Aduaneira (EADI), conhecida popularmente como “porto-seco”, está desenvolvendo estudos técnicos visando a implantação da Agência de Desenvolvimento de Arraial do Cabo, contando com a consultoria técnica da FGV/IBGE. Esse corpo portuário traduz-se na alma da plataforma logística e deve funcionar o mais próximo de sua missão de servir o cliente portuário, representado pela carga, embarcação e usuário do porto. Em relação a esse último, a parceria extrapola a do simples usuário. E a


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parceria gestora, por meio da partilha dos destinos do porto. Será impossível pensar numa plataforma cuja dinâmica determinasse a alienação do usuário do porto. Por mais que ele fosse eficiente no atendimento à carga e à embarcação, o afastamento do usuário dos destinos do porto, a colocaria longe de sua missão. É através de Planos Estratégicos, homologados pela sociedade que a plataforma se constitui física e organizacionalmente num elo entre o desenvolvimento e o bem estar social. E essa gestão tem atributos de agilidade, flexibilidade, economicidade, partilha de poderes, tecnicidade e comercialidade. Aeroporto: O terminal deverá ter área construída de seis mil metros quadrados e infra-estrutura para operar com o pico de 450 mil passageiros. Além da pista, também será erguido um terminal de carga com três mil metros de área construída. O terminal abrigará o posto alfandegário da Receita Federal e servirá de apoio a todas as atividades de transporte do aeroporto. Segundo Alvarenga e Novaes (1994), APUD Duarte (1999), para cada problema específico, existem característica que dependem da natureza da carga, da dispersão geográfica, etc. Os destinos dos suprimentos são, em geral, os armazéns, pátios ou depósitos dentro da Plataforma Logística, até serem feitos o desembaraço, desunitização/unitização, controle e distribuição ao cliente. 2.3. Determinação de Transporte Para determinar; segundo Granemann e Rodrigues (1996), APUD Duarte (1999), o modal de transporte mais adequado ao terminal, que se relacione com as atividades da rede logística, existem alguns critérios, tais como: custo, tempo médio de entrega e perdas e danos. Outros fatores também influenciam na escolha do modal tais como, fatores externos à distribuição direta (infra-estrutura, sistemas de comunicação, barreiras ao comércio ), fatores relacionados ao consumidor ( nível de serviço, pontos de entrega, assistência técnica pósvenda, importância ao cliente ), fatores relacionados ao sistema de distribuição ( localização do produto, pontos de suprimento, armazéns, políticas de marketing, existência de sistemas de entrega ) e fatores relacionados às características do produto.


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Dos cinco modos de transporte mais utilizados individualmente ou, combinados em um único despacho podemos destacar quatro diretamente ligados à atividade petrolífera e que poderão ser utilizados no apoio logístico em Arraial do Cabo: Ferrovia: A ferrovia é basicamente um transporte lento de matérias-primas ou manufaturados de baixo valor para longas distâncias. Rodovia: As vantagens inerentes do uso de caminhões são: o serviço porta a porta, de modo que não é preciso carregamento ou descarga entre origem e destino, como freqüentemente ocorre com os modos aéreo e ferroviário; a freqüência e disponibilidade dos serviços e sua velocidade e conveniência no transporte porta a porta. Outra vantagem, é que o transporte rodoviário é capaz de manipular menor variedade de cargas, devido principalmente às restrições de segurança rodoviária, que limita tamanho e peso de carregamentos (Ballou, 1993), APUD Duarte (1999). Apesar de razoavelmente seguro, o transporte rodoviário é afetado pelas condições do tempo e das grandes distâncias do nosso território (Magee, 1977), APUD Duarte (1999). Seu maior problema é a situação das estradas, onde a falta de investimento infra-estrutural encarece os custos por quilômetro rodado (Revista Multi Modal, jan./1996), APUD Duarte (1999). Aéreo: O transporte aéreo tem tido uma demanda crescente pela vantagem da velocidade, principalmente para longas distâncias. A disponibilidade do serviço aéreo pode ser considerada boa sob condições normais de operações. A variabilidade do tempo de entrega é baixa, apesar de o tráfego aéreo ser bastante sensível a falhas mecânicas, condições meteorológicas e congestionamentos. Marítimo: Segundo Novaes (1976), APUD Duarte (1999), o transporte marítimo é mais vantajoso para longas distâncias, objetivando transporte mais rápido e mais econômico entre os pontos do globo. A operação eficiente de navios mercantes está intimamente associada à existência de portos e terminais adequados, tanto do ponto de vista físico como sob o aspecto operacional. Integrar os diversos modais de transporte é condição para diminuir o tempo de viagem de uma carga, cortar custos e aumentar a eficiência (Global Comércio Exterior e Transporte, 1998), APUD Duarte (1999), procurando otimizar toda a cadeia de transporte. Um operador


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de transporte deverá gerenciar estrategicamente uma cadeia logística, atuando com competência e visão global.

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2.4. Definição de Armazenagem Ao longo da rede logística, entre os pontos de transição de um fluxo para outro, surge a necessidade de se manter os produtos estocados por certo período de tempo. Esse período de tempo pode ser muito curto, necessário apenas para se fazer à triagem da mercadoria recémchegada e reembarcá-la, como também pode ser relativamente longo. Um tipo comum de instalação de armazenagem nesses pontos de transição é o depósito voltado à armazenagem e despacho de mercadorias de uma indústria, outro tipo comum, são os pátios, onde são depositados contêineres, carros e outras cargas que não necessitam de um lugar mais protegido, enquanto aguardam o despacho. Um centro de distribuição destinado a atender os clientes de uma determinada região constitui outro tipo de instalação de armazenagem e de transição (Alvarenga e Novaes, 1994), APUD Duarte (1999). Por esta razão, o armazém é um importante elemento na composição da Plataforma Logística e pode ser analisado segundo Alvarenga e Novaes (1994) por seus componentes: Recebimento,

Movimentação,

Armazenagem,

Expedição,

Embarque,

Sistema

de

Comunicação, Sistema de Segurança e Espaço Físico. 2.5. Determinação do Zoneamento da Plataforma A área total do local sugerido como ponto ótimo para instalação da Plataforma Logística é de 170.000m², sendo 22.900m² de armazéns e 37.000m² de pátio alfandegado totalmente asfaltado para armazenagem, movimentação, consolidação e desconsolidação de cargas, unitização e desunitização de containers, bem como as operações rodoviárias de veículos, reboques, semi-reboques, mas 10.100m² de vias de acesso pavimentado, além de áreas administrativa, da Receita Federal, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de Despachantes Aduaneiros e de Transportadoras. O restante da área, de quase 100.000m², serve de reserva de expansão, área verde e pátio externo de estacionamento.


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Subzona de serviços gerais: com administração, aluguel de salas de conferência e videoconferência, recepção, serviço de intérprete, agência bancária, agência de viagens, restaurantes, acomodação, lojas, agência de correio, agência telefônica, estacionamento, etc. Subzona de transportes: com serviços ao veículo; de abastecimento, consertos, manutenção e estacionamento e serviços ao motorista; de comunicação, alimentação e espera (quarto para descanso). Subzona de operadores logísticos: prestando serviços de transporte, armazenagem, fretamento, corretagem, contrato temporário, aluguel de equipamentos necessários à infraestrutura, assessoria comercial e aduaneira, etc. 2.6. Definição dos Serviços Logísticos Esta etapa do modelo define os serviços logísticos oferecidos pela Plataforma Logística com o objetivo de otimizar a rede e reduzir o tempo dos serviços e o custo final nas operações, aumentando a competitividade. A concentração do serviços logísticos garantem segurança à carga, agilizando as operações de importação e exportação. Uma Plataforma Logística estrategicamente localizada, deve manter uma infraestrutura moderna, com plataformas e docas de carga e descarga, unidades de consolidação de cargas informatizadas, terminais retroportuários, grandes áreas de armazenagem e equipamentos específicos para movimentação de cargas e contêineres (Revista Multi Modal, 1997). Serviços de embalagem, paletização e unitização/desunitização de mercadorias, depósitos alfandegados, afretamento (contrato de aluguel de navios), agenciamento marítimo, operação portuária, brokeragem ( corretor de navios ), assessoria aduaneira, transporte, gerenciamento de estoques e distribuição final ao cliente ( Revista Empreendedor, 1996 ). Todos estes serviços são realizados pelo operador logístico dentro da Plataforma. 2.7. Definição dos Serviços Alfandegários A administração aduaneira, nos portos organizados, será exercida nos termos da legislação específica. Cabe à administração do Porto, sob coordenação da autoridade


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aduaneira, delimitar a área de alfandegamento do porto; organizar e sinalizar os fluxos de mercadorias, veículos, unidades de cargas e de pessoas. A entrada ou saída de mercadorias procedentes ou destinadas ao exterior, somente poderá efetuar-se em portos ou terminais alfandegados. A autoridade aduaneira tem livre acesso a quaisquer dependências do porto e às embarcações atracadas ou não, bem como aos locais onde se encontrem mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas, podendo, quando julgar necessário requisitar papéis, livros e outros documentos, inclusive, quando necessário, o apoio de força pública federal, estadual ou municipal (Brasil, 1993), APUD Duarte (1999). 2.8. Definição do Sistema de Informação Nesta etapa são apresentados alguns sistemas de informação utilizados na rede logística e indispensáveis em uma Plataforma Logística, a fim de agilizar as informações sobre cargas e transporte, oferecendo um melhor nível de serviços ao cliente. (a) INTERNET: o rastreamento de cargas através da Internet é ideal para pequenos agentes de carga, ou para consultas esporádicas de grandes agentes. As informações sobre status das mercadorias disponíveis na rede são totalmente seguras ( Revista Tecnologística, 1997) , APUD Duarte (1999), . (b) SENSORIAMENTO REMOTO: a modalidade de serviço de monitoramento e rastreamento de caminhões via satélite, trata-se do Global Positioning System ( Sistema de Posicionamento Global ). Basta instalar uma antena, um terminal e um transceptor no caminhão, para que seu deslocamento seja acompanhado 24 horas por dia. Qualquer parada ou alteração à rota, aparece numa tela nas empresas prestadoras do serviço ( Caixeta, 1995 ) , APUD Duarte (1999). (c) ROTEIRIZADOR: o rápido desenvolvimento da informática nos últimos anos é responsável pelo surgimento de programas de computador voltados à solução do roteamento ideal. Segundo Granemann e Rodrigues (1996), os programas mais sofisticados levam em consideração as coletas e entregas de cada rota, permitindo o uso de diferentes tipos de


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veículos, controlando o carregamento por peso, volume ou por número de paradas, e estabelecendo horários de partida e de chegada ao depósito ( Plataforma Logística ). (d) EDI: no Intercâmbio Eletrônico de Dados, as informações disponíveis são livremente trocadas entre todos os envolvidos na distribuição, manuseio de carga e nas atividades gerais de logística. A distribuição internacional bem sucedida, requer íntima coordenação entre as várias partes da cadeia de suprimentos: despachantes, expedidores, transportadores,

alfândega

e

outras

autoridades

regulamentadoras,

manipuladores

terceirizados nos portos e aeroportos, transportadores locais, instituições financeiras e companhias de seguros. À medida que ele ganha velocidade, o uso crescente da Tecnologia de Informação ( IT ) irá tornar-se ininterrupta ( Revista Multi Modal, mai./1996 ), APUD Duarte (1999). 2.9. Determinação dos Critérios de Segurança Esta etapa do modelo preocupa-se com a segurança da Plataforma Logística, bem como dos funcionários, equipamentos, instalações e cargas. Devem ser destinados investimentos na infra-estrutura física da Plataforma, como circuito interno de televisão para acompanhar a entrada e saída de pessoas e cargas; sensores eletrônicos para cobrir toda a área da Plataforma; sistemas de prevenção de incêndio; coberturas, fachadas e pisos feitos dentro dos padrões de segurança, para resistirem à intempérie e ao peso dos equipamentos e cargas; além, da segurança no trabalho. Treinando os funcionários para a manipulação de carga, uso de equipamento de proteção ( capacete, botas, luvas, óculos, respirador, protetor auricular, etc. ) e acidentes no trabalho. 2.10. Definição de Distribuição Nesta etapa do modelo, são identificadas algumas características importantes que devem ser consideradas na distribuição física de produtos, que envolvem desde o planejamento e projeto dos respectivos sistemas ( frota, depósitos, coleta, transferência, distribuição, etc. ), até sua operação e controle. Segundo Ballou (1993), APUD Duarte (1999), a distribuição física é o ramo da logística que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos. Costuma ser a


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atividade mais importante em termos de custo para a maioria das empresas, pois absorve cerca de dois terços dos custos logísticos. Muitas configurações estratégicas de distribuição podem ser empregadas, como por exemplo; entrega direta do fornecedor passando pela Plataforma Logística apenas para desembaraço operacional e/ou alfandegário, entrega feita utilizando um sistema de depósitos onde as mercadorias ficam armazenadas na Plataforma aguardando uma solicitação do cliente ou aguardando fretes de cargas completas para a mesma localização, a fim de reduzir o custo total de transporte. (Ballou, 1993), APUD Duarte (1999). 2.11. Determinação dos Critérios de Proteção Ambiental Nesta etapa deve ser avaliado o projeto da Plataforma Logística no sentido de melhor aproveitar os recursos disponíveis, dada a conscientização ambiental ter se tornado uma questão emocional, política e financeira que provocou impacto na logística e na cadeia de suprimentos em muitas áreas, incluindo compras, transporte e armazenagem. Os diversos enfoques que podem ser assumidos pela logística, em respostas às questões ambientais, incluem redução/conservação da fonte (utilizar menos), reciclagem (reutilizar), substituição (utilizar materiais que não agridam o ambiente ) e descarte ( descartar o que não se pode utilizar ). Dentro da logística, a distribuição física ( incluindo o transporte e a armazenagem ) está preocupada com a distribuição de produtos acabados para clientes intermediários e finais1. É possível para uma empresa de distribuição adotar uma atitude socialmente responsável com relação ao ambiente, para isso terá que se preocupar com os veículos (redução de combustível, ruídos e emissões 2) e a armazenagem, embora menos significante, tem efeitos sobre ambiente. A armazenagem desempenha um importante papel na Logística Reversa 3. Dentro deste contexto, as questões relevantes de armazenagem incluem localização, layout e decisões de

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A exigência da certificação ambiental se apresenta como metodologia eficaz neste aspecto. Resolução CONAMA 003/90 sobre Poluição do Ar e Resolução CONAMA 001/90 sobre Poluição Sonora. 3 Referente ao papel da logística na redução, reciclagem, substituição, reutilização de materiais, descarte; incluindo materiais perigosos ou não, e exigências de produtos na fonte. 2


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projeto das instalações, utilização de equipamentos de movimentação de materiais, técnicas e procedimentos de descarte de refugos (Duarte 1999). 3. Conclusão e Recomendações para a Aplicação da Plataforma Logística Com a crescente globalização, as fronteiras nacionais estão sendo abolidas e as empresas, dependem de uma logística de suporte, tornando-as mais competitivas diante da internacionalização da produção e do consumo. Mudanças deverão ser feitas para adapta-los a realidade e as necessidades logísticas. A localização de Macaé no contexto petrolífero da Bacia de Campos foi aqui cuidadosamente analisada. O destino dos suprimentos podem ser os armazéns gerais dentro da Plataforma onde as cargas permanecem após serem desunitizadas ou o pátio, onde são estacionados os automóveis e onde os contêineres aguardam o momento para desunitização. De todas as modalidades de transporte no Brasil, o rodoviário é o que mais tem respondido ao mercado. É o modal menos restrito por regulamentações e burocracia desnecessária, e o que tem maior contato direto com seus clientes. O armazém e o pátio alfandegado devem ser utilizados para armazenamento de mercadorias nacionais, ou das importadas já nacionalizadas, para ser utilizado como um CD (Centro de Distribuição), regulador de estoques, para as empresas que não possuem depósitos. É importante que as empresas se preocupem com a saída dos materiais que entram nela. Para isso, é preciso conhecer todo ciclo de vida dos materiais, facilitando a armazenagem, o transporte, e principalmente reduzindo ou aniquilando seus impactos no ambiente. As mercadorias que chegam à Plataforma Logística, depois de lançadas no sistema de informação interno, são encaminhadas ao armazém onde serão conferidas e realizado o processo de nacionalização. Logo após, podem ficar armazenadas por períodos definidos no contrato de regime aduaneiro que estão inseridas ou, diretamente enviadas ao cliente através do modal rodoviário. Se o cliente desejar, as mercadorias podem ser retiradas em lotes parcelados.


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Pelas razões apresentadas e após detalhado estudo concluímos que o “ponto ótimo” para a instalação da Plataforma Logística aqui proposta seria às margens da chamada Linha Azul, onde seriam instalados terminais de cargas que atendessem aos modais já existentes, armazéns gerais, serviços logísticos, serviços alfandegários, sistema de informação e distribuição. Com uma área total de 170.000m², sendo 22.900m² de armazéns e 37.000m² de pátio alfandegado totalmente asfaltado para armazenagem, movimentação, consolidação e desconsolidação de cargas, unitização e desunitização de containers, bem como as operações rodoviárias de veículos, reboques, semi-reboques, mas 10.100m² de vias de acesso pavimentado, além de áreas administrativa, da Receita Federal, da Polícia Federal, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de Despachantes Aduaneiros e de Transportadoras. O restante da área, de 100.000m², serve de reserva de expansão, área verde e pátio externo de estacionamento. Além de todos os benefícios comerciais supracitados, possuímos plena consiciência do benefício social que esse projeto estará fornecendo para toda a região, bem como a criação de várias e novas oportunidades de trabalho.

Referências BOWERSOX, Donald J. e Closs, David J. Logística Empresarial: O Processo de Integraçãoda Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Editora Atlas, 2001


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CHRISTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégias para a redução de custos e melhoria de serviços. São Paulo: Pioneira, 1997. DUARTE, Patrícia Costa. Modelo para o desenvolvimento de uma Plataforma Logística em um terminal. Santa Catarina, 1999. Revista Multi Modal, Maio/1996), APUD Duarte (1999). Revista Movimentação e Armazenagem, (1996), APUD Duarte (1999). www.macaetur.com.br/economia.htm - 10/08/2004 (introdução) www.clickmacae.com.br(jul/2004)


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