Trinta e cinco horas de pura gargalhada em Mariana

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2º semestre 2011

Trinta e cinco horas de pura gargalhada em Mariana

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Jornal da UFOP

Por Simião Castro

D

Fotos: Simião Castro

eixar-se guiar pelo som das risadas era a fórmula para encontrar os espetáculos do Circovolante – 3º Encontro de Palhaços. Isso porque as ruas de Mariana estavam tomadas de pessoas e os eventos do Encontro sempre cheios. Narizes vermelhos se espalhavam pelos picadeiros e palcos montados nas praças da cidade. Divertiam todos os que dedicaram seu tempo a prestigiar as apresentações lúdicas dos artistas da gargalhada. “Eu gostei mais da risadinha dele”. Com essa frase simples e inocente, Maísa da Mata, três anos, confirma a primeira impressão de que o evento é destinado a crianças. Porém, um olhar mais atento revela que o público é composto por gente de todas as idades. Muito além da palhaçada pura, para Flávio Viana Gomide, 27 anos, o Encontro de Palhaços é fundamental para a cultura marianense. “É imprescindível. As pessoas têm que conhecer outras artes e maneiras de expressão. Isso faz com que elas vivam melhor.” Xisto Siman, um dos idealizadores do Circovolante, que existe há 11 anos, diz que o Encontro deste ano superou as expectativas: “A pessoas invadiram as ruas, lotaram todos os espetáculos. A cidade inteira se envolveu. Foi tudo muito positivo.” Neste ano, como de costume, o Encontro homenageou um palha-

ço: Manfried Santana, que faz graça desde que se entende por gente. Nasceu no circo da família e viajou o País fazendo piada da vida, mas parecia não dar certo. Ninguém ria. Pintava o rosto antes de entrar no picadeiro e lá se jogava no chão, virava cambalhota, fazia careta e nada. Cresceu e teve de conciliar a escola com o circo. Um dia chegou da rua atrasado para o espetáculo, se preparou e entrou no picadeiro. Surpreendentemente tudo o que ele fez foi motivo de gargalhada. Esquecera de uma coisa: a maquiagem e o nariz vermelho. Mas, afinal, quem é Manfried? Ah, sim, verdade! Manfried é ninguém menos que Dedé Santana, mestre da comédia pastelã no Bra-

sil. Ligado a 36 filmes num período de 30 anos – como ator, diretor, produtor, ele é membro de uma das trupes mais célebres e conhecidas do País. Quem não se lembra d'Os Trapalhões? Mesmo quem nasceu após o fim do grupo sabe quem são Didi Mocó, Mussum, Zacarias e, claro, Dedé Santana. Parceiros há anos, o encontro de Manfried e Renato Aragão não poderia ser senão engraçado. Manfried diz que a época era a do começo da TV no Brasil e que fora convidado a trabalhar lá. Ao chegar, foi apresentado a Renato. “'Como é seu nome?' 'Didi, e o seu?' 'Dedé.' Parecia que tinha até combinado”. Em 2011, Dedé aceitou, pela primeira vez, comemorar seu aniversário fora de casa. Isso porque o 3º Encontro de Palhaços se realizou entre 28 de abril e 1º de maio. Dedé comemorou 75 anos no dia 29 de abril em uma noite de homenagens, no palco montado na Praça da Sé – lotada – de Mariana. Ele conta que nunca antes tinha aberto mão de passar o aniversário com a família, e só o fez em razão da homenagem. “Entre as dez maiores bilheterias do País, seis são filmes dos Trapalhões. Tem festival de cinema no Brasil inteiro. O Dedé nunca foi chamado para receber uma homenagem. Depois que eu morrer, eu não quero mais. Por isso, estou me sentindo honrado aqui com vocês.”


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