ISBN: 978-85-7758-293-8
BELO HORIZONTE
NAD/FALE/UFMG 2016 CATALOGAÇÃO
Ficha catalográfica elaborada pelos Bibliotecários da Biblioteca FALE/UFMG
S612p
Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso (4. : 2016 : Belo Horizonte, MG). Programação e caderno de resumos [do] IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso : Discursos e Desigualdades Sociais, Belo Horizonte, Brasil, 14 a 17 de setembro de 2016 / organizadores : Wander Emediato... [et.al.]. – Belo Horizonte : Núcleo de Análise do Discurso, Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Faculdade de Letras, 2016. 396 p. : il. Textos em português, inglês, francês e espanhol. Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7758-293-8. 1. Análise do discurso – Congressos. I. Emediato, Wander, 1964-. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Letras. III. Título. IV.Título: Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso: Discursos e Desigualdades Sociais. CDD : 418
Imagem da capa: http://ideafixa.com/wp-content/uploads/2012/10/OZMO_5-600x858.jpg Os resumos que integram este material são de inteira responsabilidade de seus autores.
ORGANIZADORES Organizateurs | Organizadores | Organizing committee
Organizadores: Prof. Dr. WANDER EMEDIATO (UFMG/NAD) Profa. Dra. GLAUCIA MUNIZ PROENÇA LARA (UFMG/NAD) Profa. Dra. IDA LUCIA MACHADO (UFMG/NAD) Prof. Dr. ANDRÉ WILLIAM ALVES DE ASSIS (UEL/NAD)
Websites: http://simposioad.wordpres.com http://www.ufmg.br/nucleos/nad
Mídias sociais do evento: https://www.facebook.com/simposioad @simposioad #simposioAD
BELO HORIZONTE NAD/FALE/UFMG 2016
COMISSÃO CIENTÍFICA Commission scientifique | Comisión científica | Scientific committee
Prof. Dr. Alain Rabatel (Université de Lyon 1, França) Prof. Dr. André William Alves de Assis (UEL) Profa. Dra. Anne Henault (Université Paris IV-Sorbonne, França) Profa. Dra. Carolina Assunção e Alves (UniCEUB) Profa. Dra. Beth Brait (PUC-SP) Profa. Dra. Denize Elena Silva Garcia da Silva (UNB) Prof. Dr. Dominique Ducard (Université Paris-Est Créteil, França) Prof. Dr. Dominique Maingueneau (Université Paris IV-Sorbonne, França) Profa. Dra. Dylia Lysardo-Dias (UFSJ) Profa. Dra. Emília Mendes (UFMG) Profa. Dra. Fernanda Mussalim (UFU) Profa. Dra. Giani David Silva (CEFET-MG) Profa. Dra. Glaucia Muniz Proença Lara (UFMG) Prof. Dr. Hugo Mari (PUC/MG) Prof. Dr. Ivã Carlos Lopes (USP) Profa. Dra. Ida Lucia Machado (UFMG) Profa. Dra. Lúcia Teixeira (UFF) Profa. Dra. Maria Carmen Ayres Gomes (UFV) Profa. Dra. Marie-Anne Paveau (Université Paris XIII, França) Profa. Dra. M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP) Prof. Dr. Patrick Charaudeau (Université Paris XIII, CNRS, França) Prof. Dr. Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP) Prof. Dr. Renato de Mello (UFMG) Profa. Dra. Rita de Cassia Pacheco Limberti (UFGD) Prof. Dr. Roberto Leiser Baronas (UFSCar) Prof. Dr. Sírio Possenti (UNICAMP) Profa. Dra. Sophie Moirand (Université Paris III–Sorbonne Nouvelle, França) Prof. Dr. Wander Emediato (UFMG) Prof. Dr. William Menezes (UFOP)
PROJETO EDITORIAL Prof. Dr. André William Alves de Assis (UEL/NAD/FEsTA)
SUMÁRIO
ORGANIZADORES ............................................................................................................. 3 Organizateurs | Organizadores | Organizing Committee
COMISSÃO CIENTÍFICA .................................................................................................... 5 Commission Scientifique | Comisión Científica | Scientific Committee
APRESENTAÇÃO DO SIMPÓSIO ...................................................................................... 9 PRÉSENTATION DU SYMPOSIUM .............................................................................................. 11 PRESENTACIÓN DEL SIMPOSIO ................................................................................................ 13 ABOUT THE SYMPOSIUM ........................................................................................................ 15 PROGRAMAÇÃO ............................................................................................................. 17 Programme | Programación | Program
PROGRAMAÇÃO GERAL......................................................................................... 19 Programme Général | Programación General | General Program
COMUNICAÇÕES COORDENADAS ........................................................................ 23 Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS .............................................................................. 45 Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations
PÔSTERES ............................................................................................................... 79 Posters | Carteles | Posters
LANÇAMENTO DE LIVROS ..................................................................................... 85 Lancement de Livres | Lanzamiento de Libros | Book Launch
RESUMOS......................................................................................................................... 87 Résumes | Resúmenes | Abstracts
MESAS REDONDAS (Professores Convidados) ...................................................... 89 Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round Tables (Invited Guests)
COMUNICAÇÕES COORDENADAS ...................................................................... 101 Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS ............................................................................ 213 Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations
PÔSTERES ............................................................................................................. 373 Posters | Carteles | Posters
APOIO ............................................................................................................................. 395
APRESENTAÇÃO DO SIMPÓSIO
Para dar sequência aos simpósios internacionais realizados em 1997, 2002 e 2008, na UFMG, e outros tantos e relevantes eventos organizados por diferentes grupos brasileiros e estrangeiros que comprovam a consolidação da Análise do Discurso como disciplina, o IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso, realizado pelo Núcleo de Análise do Discurso (NAD) da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, pretende, mais uma vez, abrir um espaço de reflexão e de debate para professores, pesquisadores, alunos de pós-graduação e de graduação do Brasil e do exterior em torno de um eixo central: aquele que 9
articula discursos e desigualdades sociais, tema esse dos mais relevantes no contexto mundial da atualidade.
A relação entre discursos e desigualdades é ampla e transdisciplinar, o que favorece a participação de diferentes correntes dos estudos do discurso, das ciências da linguagem e de disciplinas afins. Ela envolve tanto as questões relacionadas às desigualdades socioeconômicas quanto étnicas, raciais, de gênero, profissionais, políticas, jurídicas, religiosas, científicas, midiáticas, literárias, publicitárias, de diversidades linguísticas, familiares, regionais, geográficas, identitárias, educacionais, arquiteturais, urbanas, entre muitas outras. Seja no plano do fazer social, espaço externo da produção do discurso, seja no plano interno, linguístico e enunciativo, tal relação entre discurso e desigualdade ocupa um lugar privilegiado no debate contemporâneo, independentemente do contexto geográfico, nacional ou cultural.
É o que se pretendemos enfatizar no IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso, pois compreendemos que esta é uma questão que abrange todas as relações sociais e humanas e que passa, necessariamente, pelo discurso, pela linguagem, por suas condições de produção, emergência, resistência, circulação e representação. Não se trata, porém, de discutir apenas a desigualdade social nos seus aspectos políticos, ideológicos e econômicos, certamente relevantes, mas de identificar e investigar a função e a representação da desigualdade na e pela linguagem, bem como seus modos de funcionamento nas diferentes práticas discursivas.
O IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso: Discursos e Desigualdades Sociais será realizado nos dias 14, 15, 16 e 17 de setembro de 2016, na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte - MG, no Brasil. O evento contará com conferências, mesasredondas, comunicações individuais e coordenadas, minicursos, apresentação de pôsteres e lançamento de livros, o que, além de propiciar amplas possibilidades de participação a todos os interessados, reitera o caráter interdisciplinar da AD e sua importância no âmbito dos Estudos Linguísticos e Discursivos.
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PRÉSENTATION DU SYMPOSIUM Dans la suite des symposiums internationaux d’analyse de discours réalisés en 1997, 2002 et 2008, dans l’UFMG, et parmi tant d’autres rencontres importantes sur ce sujet, réalisées par différents groupes de recherche (brésiliens et étrangers) – ce qui confère une juste place à l’analyse du discours en tant que discipline appartenant aux Sciences du langage -, le IV Simposium International sur l’Analyse du Discours, organisé par le Núcleo de Análise do Discurso (NAD) de la Faculté des Lettres de l’Université Fédérale du Minas Gerais, a une fois encore l’intention d’ouvrir un espace destiné aux réflexions et discussions sur l’Analyse du Discours. Le Symposium accueillera des professeurs, chercheurs, étudiants de 3e. Cycle ou ceux préparant une licence, du Brésil et d’autres pays, autour d’un axe central : celui qui articule de différents discours portant sur des inégalités sociales, sujet de grand importance dans le contexte mondial d’aujourd’hui. Cette rencontre accueillera des conférences, de tablesrondes, des communications individuelles et coordonnées, des cours de courte durée, de la présentation des posters et consacrera également un espace destiné aux auteurs qui voudront faire paraître ou divulguer des livres (publiés en 2015 ou en 2016). Le Symposium compte sur la participation effective de tous ceux/celles qui s’intéressent aux études discursives et veut réitérer le caractère interdisciplinaire de l’Analyse du Discours et son importance au sein des Sciences du Langage. Le thème proposé par ce nouveau symposium approche les rapports entre les discours et les multiples faces des inégalités sociales. Il s’agit d’un vaste sujet transdisciplinaire qui permettra la participation des chercheurs liés à des courants distincts concernant les études discursives, mais aussi à ceux qui viennent d’autres champs des sciences du langage ou des disciplines qui maintiennent des interfaces avec l’AD. Il ne concerne pas que des inégalités existant dans le domaine socio-économique et idéologique, mais toutes les questions susceptibles de mettre en rapport le langage et l’inégalité et qui se font voir par le biais de plusieurs pratiques discursives: celles qui concernent les ethnies, les genres, la politique, la religion, le pouvoir judiciaire, les productions littéraires, publicitaires, les diversités linguistiques, les différences régionales ou géographiques, identitaires, éducationnelles, liées à l’architecture ou à l’urbanisme des villes, les hiérarchies, etc. Il y a certainement plusieurs occasions de la vie et du discours où le manque d’égalité apparaît. Il s’agit des réalités discursives qui méritent un symposium pour en discuter. Voilà ce que le IV Symposium International sur l’Analyse du Discours se propose de faire. Nous croyons que la question centrale du Congrès traverse toutes les relations humaines et sociales qui passent nécessairement par le discours, par le langage, par ses conditions de production, de résilience, de circulation et de représentation. Il s’agit donc d’un espace destiné à identifier et problématiser les fonctions et les représentations de l’inégalité dans et par le langage, à travers les pratiques discursives les plus diverses et hétérogènes.
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PRESENTACIÓN DEL SIMPOSIO Continuando los simposios internacionales celebrados en 1997, 2002 y 2008, en la Universidad Federal de Minas Gerais, junto a otros eventos relevantes organizados por varios grupos brasileños y extranjeros que demuestran la consolidación del análisis del discurso como un campo de estudios, el IV Simposio Internacional sobre Análisis del Discurso, organizado por el Centro de Análisis del Discurso (NAD) de la Facultad de Letras de la Universidad Federal de Minas Gerais, desea, una vez más, abrir un espacio de reflexión y debate a profesores, investigadores, estudiantes de postgrado y grado del país y del exterior acerca de un eje central: el que articula los discursos y las desigualdades sociales, que es un tema de los más importantes en el contexto mundial actual. El evento contará con conferencias plenarias, mesas redondas, comunicaciones individuales y coordinadas, cursos, presentaciones de carteles y de libros.
El tema central de este simposio, la relación entre el discurso y la desigualdad es amplio e interdisciplinario, lo que favorece la participación de las diferentes corrientes de estudios del discurso, de las ciencias del lenguaje y disciplinas relacionadas. Se trata tanto de las cuestiones relacionadas con las desigualdades socioeconómicas, como étnica, racial, de género, profesional, política, jurídica, religiosa, científica, los medios de comunicación, la literatura, la publicidad, la diversidad lingüística, la familia, la regionalidad, la geografía, la identidad, la educación, la arquitectura urbana, entre muchos otros. La relación entre el discurso y la desigualdad ocupa un lugar privilegiado en el debate contemporâneo, lo que justifica el tema de este simpósio.
Es lo que quiere hacer el IV Simposio Internacional porque entendemos que este es un tema que abarca todas las relaciones sociales y humanas y que necesariamente implica el discurso, por el lenguaje, por sus condiciones de producción, de emergencia, de fuerza, de circulación y de representación. No es, sin embargo, sólo la desigualdad social, política, ideológica y económica, sin duda relevante, que nos interesa, sino identificar e investigar el papel y la representación de la desigualdad por medio del lenguaje, así como sus modos de funcionamiento en las diferentes prácticas discursivas.
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ABOUT THE SYMPOSIUM Continuing the sequence of international symposia held at the Federal University of Minas Gerais (UFMG) in 1997, 2002 and 2008 and so many other important events organized by several Brazilian and foreign research teams, which consolidate Discourse Analysis as a discipline, the 4th International Symposium on Discourse Analysis, promoted by the Discourse Analysis Nucleus (NAD) of the Faculty of Letters (UFMG), intends, once more, to provide a forum for reflection and debate for professors, researchers, graduate and post-graduate students from Brazil and abroad around a central axis: the one that links discourses and social inequalities, a relevante issue in the global context today. The relationship between discourse and inequality is wide and transdisciplinary, which favors the participation of different streams of discourse studies, language sciences and similar disciplines. It involves not only issues related to socio-economic inequalities, but also many other kind of inequalities: ethnic, racial, professional, political, juridical, religious, scientific, midiatic, literary, regional, geographic, educational, architectural, urban, as well as the inegualities related to language, family, gender and identity, among others. Such a relationship is underscored in contemporary debates, regardless of the geographical, national or cultural context, not only on the social plane, the external space for discourse production, but also on the internal, linguistic and enunciative one. That is what we intend to emphasize in the 4th International Symposium on Discourse Analysis, since we understand that such an issue covers all social and human relations and necessarily involves language / discourse, as well as their production, emergence, strength, circulation and representation conditions. Our aim, however, is not only to discuss social inequality in its political, ideological and economic aspects, which are certainly relevant, but also to identify and investigate the role and the representation of inequality in and through language, as well as its operating modes in different discursive practices. The 4th International Symposium on Discourse Analysis will be held from the 14th to the 17th of September, at the Federal University of Minas Gerais, in Belo Horizonte – MG, Brazil. The event includes plenary lectures, round-tables, individual and coordinated oral presentations, minicourses, poster presentations and book launching which, besides providing wide opportunities for participation, enhances the interdisciplinary nature of DA and its importance in the context of Linguistics.
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PROGRAMAÇÃO
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Programação Geral
PROGRAMAÇÃO GERAL Programme Général | Programación General | General Program
14/09/2016 (Quarta-feira) SAGUÃO DO CAD 1 (CENTRO DE ATIVIDADES DIDÁTICAS 1) 7:30
Recepção dos participantes e credenciamento
Accueil des Participants et Accréditation | Recepción de Participantes y Entrega de Credenciales | Welcome to Participants and Registration
AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 8:30 às 9:30
CERIMÔNIA DE ABERTURA
9:30 às 10:30
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
Cérémonie d'Ouverture | Ceremonia de Apertura | Opening Ceremony
Conférence d'Ouverture | Conferencia de Apertura | Opening Lecture
SÔNIA GUAJAJARA (Líder indígena brasileira) As vozes silenciadas das nações indígenas
11:00 às 12:30
CONFERÊNCIA PLENÁRIA 1
Séance Plénière 1 | Sésión Plenaria 1 | 1st Plenary Lecture
PATRICK CHARAUDEAU (Université Paris XIII – LCP (CNRS), França) Les inégalités sont-elles solubles dans le discours (As desigualdades são solucionáveis no discurso?) 12:30 às 14:00
Horário livre (almoço) | Déjeuner | Almuerzo | Lunch
FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30
Sessões de Comunicações Coordenadas
15:30 às 16:00
Intervalo - Fixação de pôsteres no saguão do CAD 2 – Faculdade de Letras.
16:00 às 18:00
Sessões de Comunicações Individuais
Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations
Pause (Installation des posters au CAD 2) | Intervalo (Instalación de los carteles en el CAD 2) | Break (Installation of the Posters at CAD 2)
Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations
SAGUÃO DO CAD 2 (FACULDADE DE LETRAS) 18:30 às 20:30
Lançamento de livros
Lancement de Livres | Lanzamiento de Libros | Book Launch 19
Programação Geral
15/09/2016 (Quinta-feira) AUDITÓRIOS DA FACULDADE DE LETRAS (FALE) 08:00 às 10:00
MESAS REDONDAS (Professores convidados)
AUDITÓRIO 102 (CAD2 - FALE)
MESA 1: Discursos, ideologias e desigualdades sociais Sírio Possenti (UNICAMP) - Coordenador; Roberto Leiser Baronas (UFSCAR); M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP).
AUDITÓRIO 104 (CAD2 - FALE)
MESA 2: Análise de discurso crítica e estudo das desigualdades Viviane Resende (UnB/CNPq) - Coordenadora; Izabel Magalhães (UFC); Lésmer Montecino (PUC-CHILE).
AUDITÓRIO 1007 (FALE)
MESA 3: Semiótica e desigualdade social Ivã Carlos Lopes (USP) - Coordenador; Rita de Cássia Pacheco Limberti (UFGD); Lúcia Teixeira (UFF).
AUDITÓRIO NOBRE (CAD1)
Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round-Tables (Invited Guests)
MESA 4: Narrativas de vida e desigualdade Ida Lucia Machado (UFMG) - Coordenadora; Glaucia Muniz Proença Lara (UFMG); Patrick Charaudeau (Université Paris XIII, CNRS-LCP).
AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 10:30 às 12:00
CONFERÊNCIA PLENÁRIA 2 Séance Plénière 2 | Sésión Plenaria 2 | 2nd Plenary Lecture SOPHIE MOIRAND (Université Paris 3 – Sorbonne Nouvelle, França) Des mots de l'(in)égalité aux représentations de l'émotion dans les discours des professionnels et les discours ordinaires représentés (Das palavras da (des)igualdade às representações da emoção nos discursos profissionais e nos discursos ordinários representados)
12:00 às 14:00
Horário livre (almoço) | Déjeuner | Almuerzo | Lunch
FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30
Sessões de Comunicações Coordenadas
Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations
SAGUÃO DO CAD 2 (FACULDADE DE LETRAS) 15:30 às 16:00
Apresentação dos Pôsteres Présentation de Posters | Presentación de Carteles | Poster Presentations
FACULDADE DE LETRAS (FALE) 16:00 às 18:00
Sessões de Comunicações Individuais
Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations
AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 18:30 às 20:00
CONFERÊNCIA PLENÁRIA 3
Séance Plénière 3 | Sésión Plenaria 3 | 3rd Plenary Lecture
TEUN VAN DIJK (Universitat Pompeu Fabra, Barcelona) Discurso e Manipulação 20
Programação Geral
16/09/2016 (Sexta-feira) AUDITÓRIOS DA FACULDADE DE LETRAS (FALE) 08:00 às 10:00
AUDITÓRIO NOBRE (CAD1)
MESAS REDONDAS (Professores convidados)
Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round-Tables (Invited Guests)
MESA 5: Discursos políticos na América Latina e as desigualdades sociais Wander Emediato (UFMG) - Coordenador; Morgan Donot (CREDA CNRS – Université Paris III–Sorbonne Nouvelle - ADAL; Mónica Zoppi-Fontana (UNICAMP/CNPq).
AUDITÓRIO 102 (CAD2-FALE)
MESA 6: Olhares sobre a desigualdade no discurso Patrick Dahlet (Poslin/UFMG) - Coordenador; Beatrice Turpin (Université de CergyPontoise); Jean-Claude Soulages (Université de Lyon 2, França).
AUDITÓRIO 104 (CAD2-FALE)
MESA 7: Discurso e exclusão em contextos midiáticos Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) - Coordenadora; Denize Elena Garcia da Silva (UNB); Giani David Silva (CEFET-MG).
AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 10:30 às 12:00
CONFERÊNCIA PLENÁRIA 4
Séance Plénière 4 | Sésión Plenaria 4 | 4th Plenary Lecture
MARIE-ANNE PAVEAU (Université Paris XIII, França) Le discours des locuteurs vulnérables. Proposition théorique et politique (O discurso dos locutores vulneráveis. Proposta teórica e política)
12:00 às 14:00
Horário livre (almoço) | Déjeuner| Almuerzo | Lunch
FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30
Sessões de Comunicações Coordenadas
15:30 às 16:00
Intervalo
16:00 às 18:00
Sessões de Comunicações Individuais
Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations
Pause | Intervalo | Break
Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations
AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 18:30 às 20:00
CONFERÊNCIA PLENÁRIA 5
Séance Plénière 5 | Sésión Plenaria 5 | 5th Plenary Lecture
ALAIN RABATEL (Université de Lyon 1, França) Analyse de discours et inégalités sociales : de l’empathie pour les invisibles à l’engagement pour le commun (Análise do discurso e desigualdades sociais: da empatia para com os invisíveis ao engajamento para com o comum) 21
Programação Geral
17/09/2016 (Sábado) AUDITÓRIOS DA FACULDADE DE LETRAS (FALE) 08:00 às 10:00
MESAS REDONDAS (Professores convidados)
Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round-Tables (Invited Guests)
AUDITÓRIO 1007
MESA 8: Pluralismos, identidades e desigualdades sociais Leonor Fávero (PUC/SP) - Coordenadora; Yumi Garcia dos Santos (Fafich-UFMG); Guy Lochard (Université Paris III-Sorbonne Nouvelle, França).
AUDITÓRIO 1005
MESA 9: Educação e desigualdade social Aracy Alves Martins (FAE/UFMG) - Coordenadora; Maria Dirlene Trindade Marques (FAE/FACE-UFMG); Marisa Ribeiro Teixeira Duarte (FAE/UFMG), Francisco Coutinho (FAE/UFMG).
AUDITÓRIO 2001
MESA 10: Discursos, gêneros e desigualdades sociais María Eugenia Flores Treviño (Universidad Autónoma de Nuevo Leon, México) Coordenadora; José Maria Infante Bonfiglio (Universidad Autónoma de Nuevo Leon, México); Claude Chabrol (Université Paris III-Sorbonne Nouvelle, França).
AUDITÓRIO 2003
MESA 11: Narrativas de sobrevivência, representações e memória Dylia Lisardo-Dias (UFSJ) - Coordenadora; William Augusto Menezes (UFOP); Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP).
10:30 às 12:00 AUDITÓRIO 1007 - FALE
12:00 às 14:00
CONFERÊNCIA PLENÁRIA 6
Séance Plénière 6 | Sésión Plenaria 6 | 6th Plenary Lecture
DOMINIQUE DUCARD (Université Paris-Est Créteil, França) La division sociale de la langue: la fiction d'une langue populaire (A divisão social da língua: a ficção de uma língua popular)
Horário livre (almoço) | Déjeuner| Almuerzo | Lunch
FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30
Sessões de Comunicações Coordenadas
15:30 às 16:00
Intervalo
16:00 às 18:00
Sessões de Comunicações Individuais
Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations
Pause | Intervalo | Break
Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations
AUDITÓRIO 1007 - FACULDADE DE LETRAS (FALE) 18:30 às 20:00
CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO
Cérémonie de Cloture | Ceremonia de Clausura | Closing Ceremony
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Programação: Comunicações Coordenadas
COMUNICAÇÕES COORDENADAS Communications coordonnées | Comunicaciones coordinadas | Coordinated Presentations
14/09/2016 (Quarta-feira) – 14:00 às 15:30
SESSÃO 1: SALA 2000
Discurso, texto multimodal e tecnologias Coordenador: Sandro Luis da Silva (UNIFESP) Ana Elisa Ribeiro CEFET-MG Escrita, linguagens e tecnologias: uma pesquisa com estudantes de Ensino Médio Carla Viana Coscarelli UFMG Leitura de textos multimodais no ensino de Língua Portuguesa Luiz Fernando Gomes UFAL Tecnologias, novos letramentos e ativismo social: reflexões sobre uma pesquisa etnográfica com as mulheres da comunidade do Pontal da Barra- Maceió Sandro Luis da Silva UNIFESP Letramentos midiáticos, leitura e produção de sentido: desafios na formação do professor de língua portuguesa
SESSÃO 2: SALA 2001
Desigualdade e Cognição: teoria e práticas escolares sociointerativas Coordenadora: Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos (UFV - MG) Olga Valeska CEFET-MG O corpo em estado de poesia: a apreensão corporal das linguagens poéticas Emanuela Francisca Ferreira Silva IFSULDEMINAS Literatura e discurso: intersecções possíveis na aprendizagem de língua portuguesa Viviane Cristina Garcia-de-Stefani IFSULDEMINAS Autonomia no processo de ensino e aprendizagem Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos UFV - MG Mário e Carlos: texto carta, conhecimentos linguísticos e a conscientização das manifestações culturais, uma visão aberta sobre a Língua Portuguesa
SESSÃO 3: SALA 2002
Análise comparativa de discursos: princípios teóricos, metodológicos e análises das desigualdades Coordenadora: Sheila Vieira Camargo Grillo (USP) Sheila Vieira de Camargo Grillo USP Fundamentos teórico-metodológicos de uma análise comparativa de discursos: a divulgação científica no Brasil e na Rússia 23
Programação: Comunicações Coordenadas Flávia Silvia Machado Université de Poitiers A divulgação científica em blogs de língua portuguesa : uma análise comparativa entre discursos do Brasil e Portugal Ekaterina Vólkova Américo UFF A terminologia da Escola Semiótica de Tártu-Moscou nas traduções brasileiras Maria Glushkova USP A análise dos meios de interrupção no discurso científico brasileiro e no russo
SESSÃO 4: SALA 2003
Discurso e desigualdades: a interface entre o fazer social e o fazer linguístico Coordenadora: Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF) Rosane Santos Mauro Monnerat UFF “Quando rivais viram aliados”: efeitos patêmicos nos discursos desiguais sobre o “onze de setembro” francês Gisella Meneguelli UFF Apologia à polêmica como modalidade argumentativa: o conflito público no Brasil nos protestos de março de 2015 Eveline Coelho Cardoso UFF “Quadro-negro”: a desigualdade como acontecimento midiático no discurso de charges sobre educação
SESSÃO 5:
SALA 3000
Fundamentos bakhtinianos na análise de interações verbais: a orientação social e ideológica da palavra na constituição de enunciados que circulam nas esferas midiática, política, museológica e educacional Coordenadora: Simone Ribeiro de Avila Veloso (SEESP) Arlete Machado Fernandes Higashi FFLCH-USP O destinatário inscrito na exposição Biomas, do museu Catavento Cultural Inti Anny Queiroz FFLCH-USP O conceito de arquitetônica na história da filosofia e sua construção na teoria bakhtiniana Simone Ribeiro de Avila Veloso SEESP Os modos de recepção dos discursos que permeiam os documentos oficiais legitimadores de políticas públicas de reestruturação da rede pública de ensino do Estado de São Paulo: análise comparativa de enunciados jornalísticos produzidos na mídia de referência e alternativa Sueli Pinheiro da Silva UEPA Discurso, norma e estilo no texto literário: o caso de orações subordinadas sem conjunção
SESSÃO 6: SALA 3002
Discursos em tensão: desigualdades sociais e identidades entrelaçadas em cenas plurais e culturas heterogêneas Coordenador: Ernani Cesar de Freitas (UPF/FEEVALE) Vera Lúcia Pires UFSM/UCPEL Identidades de gênero nas práticas discursivas da mídia publicitária Débora Facin UPF/CAPES A voz da desigualdade social: por uma identidade enunciativa da música popular brasileira Raquel Aparecida Cesar da Silva UPF/CAPES O gênero como performance discursiva: uma análise do fenômeno drag queen
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Programação: Comunicações Coordenadas Gislene Feiten Haubrich FEEVALE/CAPES Refugiados e desigualdade no trabalho: entre o prescrito e o real, o (des)vínculo da alteridade
SESSÃO 7: SALA 3009
Desigualdades e identidades: aportes desde la indagación de lo nacional en el discurso Coordenadora: María Beatriz Taboada (CONICET/UNER/UADER) Edith Lupprich Universidad Nacional de Tucumán (UNT). Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) La nación en discursos entre Europa y la Argentina: ¿única y homogénea? Jesús David Salas Betin Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales Ecuador (FLACSO) Estereotipos y racialización en el discurso de la nación ecuatoriana: Análisis Crítico del Discurso de la marca país “Ecuador Ama la Vida” María Beatriz Taboada Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina. Universidad Nacional de Entre Ríos (UNER). Universidad Autónoma de Entre Ríos (UADER) Migrar, permanecer y transcurrir: aproximaciones a la construcción de sujetos migrantes en libros de texto para la educación secundaria argentina
SESSÃO 8: SALA 3017
Desigualdade, imaginários sociodiscursivos, discursos discriminatório e de resistência Coordenadora: Beatriz dos Santos Feres Beatriz Dos Santos Feres UFF Charges e cartuns na resistência à desigualdade: estratégias semiodiscursivas da verbovisualidade, do estereótipo à subversão do imaginário Margareth Silva de Mattos UFF Cena de rua e marginal à esquerda: analisando estratégias semiodiscursivas denunciadoras da infância socialmente discriminada e excluída Anabel Medeiros de Azerêdo UFF A influência da desigualdade social nas inferências de memórias discursivas em livros ilustrados
SESSÃO 9: SALA 3019
O discurso de divulgação científica no Brasil. Olhares sobre seus diferentes momentos Coordenador: Luiz Rosalvo Costa (USP) Luiz Rosalvo Costa USP A produtividade da concepção bakhtiniana de esferas ideológicas para a análise de enunciados da revista Ciência Hoje nas décadas de 1980 e 1990 Urbano Cavalcante Filho USP/Paris Nanterre Cultura científica e o discurso de divulgação científica no brasil do século xix: uma análise discursiva da unidade arquitetônica das Conferências Populares da Glória Artur Daniel Ramos Modolo USP Curtir, compartilhar e comentar: A responsividade dos leitores de divulgação científica no Facebook Ana Fukui Unisinos O discurso promocional e epistemológico de um texto da revista Ciência Hoje das Crianças
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Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 10: SALA 3053
Desigualdade, imaginários sociodiscursivos, ideologia, mídia Coordenadora: Ilana Da Silva Rebello Viegas (UFF) Ilana da Silva Rebello Viegas UFF Mariana e Paris – o que dá capa? Uma análise discursiva do tratamento desigual em fotos e manchetes Nadja Pattresi de Souza E Silva UFF O terror dito, mostrado e construído: uma análise discursiva do verbal e do visual em jornais impressos Glayci Kelli Reis Da Silva Xavier UFF Representações do Nordeste brasileiro nas tirinhas da Turma do Xaxado: os imaginários sociodiscursivos revelados por meio da qualificação
SESSÃO 11: SALA 3057
Análise de discurso do fim dos tempos: política como acontecimento Coordenador: Jose Luiz Aidar Prado (PUC-SP) José Luiz Aidar Prado PUC-SP Da antipolítica ao acontecimento Vander Casaqui ESPM Heresias dirigidas à Teologia do Empreendedorismo: considerações sobre a análise crítica da cultura da inspiração Vinicius Prates UPM e UNIP A dieta do fim do mundo: perversões do sujeito do consumo diante da crise ambiental María Cecilia Ipar USP A nova liderança técnico-cínico-perversa da direita anti-populista argentina: uma análise política do discurso nas instâncias de campanha e posse do Pro em 2015
SESSÃO 12: SALA 3061
O discurso da violência em diferentes materialidades Coordenador: Márcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) Márcio Rogério de Oliveira Cano UFLA A manifestação dos estados de violência no discurso jornalístico Luciana Soares da Silva UFLA Representação, gênero e violência no discurso jornalístico Rosângela Aparecida Ribeiro Carreira IFMA Discurso da negritude em José do Nascimento Moraes: ação e reação contra violências e estados de violência Jarbas Vargas Nascimento PUCSP A violência no discurso religioso
SESSÃO 13: SALA 3065
Mídia e discurso: as vozes de opressão e de resistência no cotidiano das cidades Coordenadora: Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade (USP)
Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade USP A voz feminina no jornalismo paulista do século XIX : em busca de uma identidade social Kelly Cristina de Oliveira UFMG Cabelo liso e solto ao vento: o racismo na metáfora da boa aparência – uma perspectiva crítica social da linguagem 26
Programação: Comunicações Coordenadas Paulo Roberto Gonçalves Segundo USP #OcupaEstudantes: o discurso de resistência do movimento estudantil secundarista do estado de São Paulo em perspectiva crítico-discursiva
SESSÃO 14: SALA 3055A
Discurso, trabalho e (superação de) desigualdades Coordenador: Antônio Augusto Moreira de Faria (UFMG/UNA) Maria Juliana Horta Soares UNA Discurso literário e (superação de) desigualdades: trabalhadores como personagens protagonistas na cultura literária brasileira Antônio Augusto Moreira de Faria e Dimas Alberto Gazolla Palhares UNA Discurso histórico e (superação de) desigualdades no trabalho e no transporte: “batistinha”, líder ferroviário até 1964 Clarice Lage Gualberto UFMG Discurso educacional e (superação de) desigualdades: o tema “trabalho” nos Parâmetros Curriculares Nacionais Denise dos Santos Gonçalves CEFET/MG Discurso educacional e (superação de) desigualdades: há diálogo entre PCN e livro didático de Português?
SESSÃO 15: SALA 4000
Discursos hegemônicos e sentidos estabilizados na construção da memória Coordenadora: Eliane Righi de Andrade (PUC-Campinas) Eliane Righi de Andrade PUC-Campinas A apropriação do discurso político pela mídia: efeitos de sentido que podem se tornar hegemônicos Maria de Fátima Silva Amarante PUC-Campinas As comunidades facebookianas como dispositivos disciplinares de professores e alunos Ricardo Gaiotto de Moraes PUC-Campinas Reinventando Mário de Andrade: arquivo e recepção crítica Eliane Fernandes Azzari UNICAMP Falácias contemporâneas: o discurso e a práxis na utilização de tecnologias por professores de inglês na educação pública
SESSÃO 16: SALA 4006
A linguagem verbo-visual em múltiplos gêneros: um enfoque bakhtiniano Coordenadora: Eliana Vianna Brito Kozma (UNITAU) Miriam Bauab Puzzo UNITAU Linguagem verbo-visual e os efeitos de sentido em reportagem jornalística Joaciana Pessanha Barbosa da Silva UNITAU Os memes como enunciados verbo-visuais e seus efeitos de sentido Claudia Meire Rodrigues UNITAU Sentidos construídos discursivamente nos gêneros: charge e capa do filme “A hora do pesadelo” Eliana Vianna Brito Kozma UNITAU A linguagem verbo-visual na esfera publicitária: os efeitos de sentido nas campanhas da CocaCola
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Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 17: SALA 4063
Desenvolvimento de recursos educacionais abertos para a prática de escrita e de leitura: as metas do milênio para a redução das desigualdades em foco Coordenadora: Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL) Ana Lúcia Tinoco Cabral UNICSUL A construção de estereótipos na argumentação pela “melhor idade” na mídia digital: desigualdade no envelhecimento Manoel Francisco Guaranha UNICSUL e FATEC O discurso em torno do Bolsa Família: escrita, leitura e desigualdades em foco Ana Elvira Luciano Gebara UNICSUL e FGV Vozes subalternas, vozes possíveis? A construção do referente violência na expressão no discurso da mulher
SESSÃO 18: SALA 4069
Uma categorização dos argumentos de autoridade nos discursos sociais: tendências e reflexões Coordenador: Rony Petterson Gomes do Vale (UFV/CCH/DLA) Mônica Santos de Souza Melo UFV/CNPq O argumento de autoridade como estratégia no discurso religioso Cristiane Cataldi dos Santos Paes UFV/CCH/DLA A utilização do argumento de autoridade como estratégia divulgativa no âmbito da comunicação da ciência Rony Petterson Gomes do Vale UFV/CCH/DLA Argumentos de autoridade e discurso humorístico: da imitação ao método confuso
SESSÃO 19: SALA 4071
Diversidade de inscrição de práticas discursivas paratópicas na contemporaneidade Coordenadora: M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP/CNPq) Marcella Machado de Campos PUC-SP A paratopia identitária de travestis, transexuais e transgêneros M. Cecília P. de Souza-e-Silva PUC-SP/CNPq Discursos de mulheres da periferia de São Paulo: um pertencimento paradoxal Décio Rocha UERJ/CNPq Paratopia dos discursos sobre o trabalho docente em pós-graduação
SESSÃO 20: SALA 4067
Discurso, psicanálise e o mal estar contemporâneo Coordenadora: Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen (UFMG) Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen O sujeito fragmentado dos dias atuais
UFMG
Hermínia Maria Martins Lima Silveira UFMG (Re)arranjos sociais e modos de subjetivação do professor na contemporaneidade Iná Maria Nascimento Gomes Silva UFU Os não-lugares do discurso e do sujeito
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Programação: Comunicações Coordenadas
15/09/2016 (Quinta-feira) - 14:00 às 15:30
SESSÃO 1: SALA 2000
Desigualdade, memória e história: estratégias, normas e densidade histórica Coordenadora: Patricia Ferreira Neves Ribeiro (UFF) Patricia Ferreira Neves Ribeiro UFF Desigualdade no discurso jornalístico: estratégias linguageiras e jogos de poder Luciana Paiva de Vilhena Leite UNIRIO Correspondência e história: produção de memória e ficção de si Iran Nascimento Pitthan UFF O corpo da voz (e o tom discursivo)
SESSÃO 2: SALA 2001
Análise dialógica do discurso: o dialogismo como chave para problematizar as relações sociais como compromisso para uma ética da equidade, solidariedade e afetividade social Coordenadora: Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR) Angela Maria Rubel Fanini UTFPR Dialogismo: autoria e co-autoria como perspectiva para um novo horizonte de prática sociais mais inclusivas Maria Cristina Hennes Sampaio UFPE As formas de desigualdade no acontecimento do ser-idoso: uma análise dialógica da memória narrativa de velhos Jean Carlos Gonçalves UFPR Fé e liberdade artística em perspectiva dialógica: o ator evangélico na formação universitária em teatro
SESSÃO 3: SALA 2002
Desigualdade de gênero no espaço lusófono e seus ecos nas práticas discursivas institucionais Coordenadora: Rosalice Botelho Wakim Souza Pinto (FCSH-UNL) Isabel Sebastião FCT & CLUP - Portugal O género e os estereótipos no cartoon Rosalice Pinto e Isabelle Simões Marques FCSH-UNL-Portugal Polêmica(s), preconceito(s) e discriminação sobre questões de gênero na mídia virtual: estudos de caso em espaço lusófono Maria do Socorro Oliveira Sec. de Estado de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte Marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial Maria de Fátima Silva dos Santos Sec. Municipal de Educação de Santa Cruz As representações discursivas da violência contra a mulher: as marcas linguísticas
SESSÃO 4: SALA 2003
Desigualdades e cognição social - aspectos sociocognitivos da construção do sentido e de conflitos conceituais nas práticas discursivas Coordenadora: Edwiges Maria Morato (UNICAMP) Edwiges Maria Morato UNICAMP Gestão do tópico discursivo e coesividade comunicacional na interação entre afásicos e não afásicos 29
Programação: Comunicações Coordenadas Heronides Moura UFSC Implicaturas e metáforas: juntando as pontas do conflito entre dizer e não dizer Neusa Salim Miranda UFJF Frames e discursos - a sala de aula sob a perspectiva de seus atores
SESSÃO 5: SALA 3000
A temática da desigualdade em gêneros midiáticos Coordenadora: Maria Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ) Amanda Heiderich Marchon UFRJ A subjetividade discursiva em textos multimodais: charges da Internet Maria Aparecida Lino Pauliukonis UFRJ Enunciatemas ou marcas discursivas subjetivas em video on-line Regina Célia Cabral Angelim UFRJ A construção do sentido por operações de processualização
SESSÃO 6: SALA 3002
Discursos sobre refugiados e migrantes na esfera pública portuguesa Coordenadora: Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) Isabel Margarida Duarte Universidade do Porto UP Sequências narrativas ao serviço da emoção: os refugiados vistos por dois cronistas portugueses Maria Aldina Marques e Rui Ramos Universidade do Minho UM Discursos migrantes: estratégias de designação de nós e os outros em discursos de opinião Maria Alexandra Guedes Pinto Universidade do Porto Os refugiados no discurso político eleitoralista
UP
Isabel Roboredo Seara Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa Ciberagressividade nos comentários do facebook sobre populações migrantes: a construção discursiva de um ethos intolerante e xenófobo
SESSÃO 7: SALA 3009
Direitos, discurso humanitário e transformação social: sujeitos Coordenador: José Ribamar Lopes Batista Júnior (UFPI/LPT) Denise Tamaê Borges Sato UnB Dilemas de professores/as entre a docência e o acolhimento: uma análise das práticas de educação inclusiva Guilherme Veiga Rios INEP/UnB Direito à educação, à aprendizagem e a base comum do currículo para a educação básica José Ribamar Lopes Batista Júnior UFPI/LPT Superação de práticas discriminatórias no atendimento educacional especializado: letramento e discurso Tatiana Rosa Nogueira Dias UnB Representações de gênero e Lei Maria da Penha
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Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 8: SALA 3017
Práticas discursivas mineiras: performances identitárias, representações e memória Coordenadora: Maria Alzira Leite (UNINCOR) Maria Alzira Leite UNINCOR A memória no delinear das representações na Folia de Reis Mariana Luz Pessoa de Barros UNINCOR A escola, a escrita e a leitura sob a perspectiva de jovens e adultos do município de Três Corações (MG) Thayse Figueira Guimarães UNINCOR Letramentos híbridos: multimodalidade, performances identitárias e a emergência de um novo ethos interacional
SESSÃO 9: SALA 3019
Representações das desigualdades sociais em narrativas de si em diversos corpora Coordenador: Cláudio Humberto Lessa (CEFET-MG) Cláudio Humberto Lessa CEFET-MG Análise das representações das desigualdades sociais sob a ótica feminina em textos autobiográficos de alunas da EJA Mariana Ramalho Procópio UFV Narrativas de vida e relações de poder: representações de patroa e empregada doméstica em um programa de TV Raquel Abreu-Aoki UFMG Análise argumentativa dos novos arranjos familiares Luciana Martins Arruda FASM/FAMINAS A voz e a vez da mulher: um resgate da memória ferroviária em discursos biográficos
SESSÃO 10: SALA 3053
Análise do Discurso Ecológica (ADE) -horizontes teóricos, metodológicos e analíticos Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) Hildo Honório do Couto UNB-NELIM Fundamentação epistemológica da análise do discurso ecológica (ADE) Alessandro Borges Tatagiba INEP-UNB Desigualdade social nas vozes do rap de Ceilândia: representações da experiência nas interrelações do ecossistema social da língua Mabel Pettersen Prudente UFG-NELIM Discursos sobre diversidade e desigualdade social na fronteira entre Brasil e República Cooperativa da Guiana Samuel de Sousa Silva UFG-NELIM Uma leitura eco-discursiva da identidade caipira na música “Nois é jeca mais é joia” e a formação da identidade do povo goiano (goianidade)
SESSÃO 11: SALA 3057
Discurso midiático, construções discursivas e a instância de recepção Coordenador: Hugo Mari (PUC Minas) Juliana Lopes Melo Ferreira Sabino PUC Minas Análise discursiva de comentários em portais de notícias Ana Márcia Ruas de Aquino PUC Minas Narrativas online: o espontâneo, o instantâneo e o passional em abordagens personalizadas pelos usuários de internet 31
Programação: Comunicações Coordenadas Carlucci Medeiros de Souza Lima Intencionalidade, leitura e Internet
SESSÃO 12: SALA 3061
PUC Minas
(Des)Igualdade e (in)visibilidade no discurso de informação midiático Coordenadora: Giani David Silva (CEFET-MG) Leila Marli de Lima Caeiro CEFET-MG Donas de casa no teatro Entre elas – uma análise discursiva da representação da história dessas mulheres no palco Lílian Aparecida Arão CEFET-MG (Des)Iguais no discurso publicitário: a representação do portador de deficiência em anúncios impressos da AACD Rafael Magalhães Angrisano CEFET-MG Narrativas de resistência: análise da série de reportagens do Repórter Brasil sobre a escravidão negra André Luiz Silva CEFET-MG (In)Visibilidade no discurso de informação midiático: edição, discurso direto e dimensão argumentativa
SESSÃO 13: SALA 3065
Do discurso da/na arte: funcionamento e efeitos de sentido Coordenadora: Roselene de Fatima Coito (UEM) Roselene de Fatima Coito UEM Entre o dizer e o mostrar: a ilustração produzindo sentidos Veronica Braga Birello UEM Na sintaxe da narrativa cinematográfica: deslocamentos e transformações em A viagem de chihiro Renata Marcelle Lara UEM Discursos sobre arte-performance no Facebook
SESSÃO 14: SALA 3055A
Discursos em perspectiva dialógica: áreas em debate Coordenadora: Alessandra Avila Martins (FURG) Adriana Danielski Batista IFRS Construção de sentido no gênero piada: a palavra sob uma perspectiva dialógica Kelli da Rosa Ribeiro PUCRS Concorrência religiosa na televisão: vozes de consumo em conflito no discurso Vanessa Fonseca Barbosa PUCRS O papel do interlocutor no discurso publicitário: tensão e produção de sentidos Alessandra Avila Martins FURG Da escuta à autoria: uma incursão na formação continuada docente
SESSÃO 15: SALA 4000
Discursos sobre o outro: ambiguidades entre identidades, imaginários e preconceito de grupos sociais diferentes Coordenadora: Sônia Caldas Pessoa (UFMG) Joana Ziller UFMG Roberto Reis UNA Faça o que eu digo, mas tudo bem se não fizer: discurso de ódio, discursos da Fifa 32
Programação: Comunicações Coordenadas Janaina Dias Barcelos UFMG Imaginários sociodiscursivos das favelas cariocas e de seus moradores a partir da análise do discurso fotojornalístico do jornal O Globo Sônia Caldas Pessoa UFMG Discursos sobre a deficiência: entre a liberdade de expressão, o humor e o ódio nas redes sociais on-line
SESSÃO 16: SALA 4006
Materialidades Midiáticas: discursividade em foco Coordenador: Thiago Manchini de Campos (UFPI) Thiago Manchini de Campos UFPI Entre a paráfrase e a polissemia: fotojornalismo, memória e a representação da pobreza João Benvindo de Moura UFPI O muro da inclusão: condições de produção, interdiscurso e estratégias discursivas num ambiente de arte urbana Cássio Eduardo Soares Miranda UFPI Os jovens e as telas: demonização ou divinização da esfera midiática?
SESSÃO 17: SALA 4063
Vozes e silêncios dos excluídos na mídia: a representação dos “sem-palavras” Coordenador: Wander Emediato de Souza (UFMG) Wander Emediato UFMG A palavra representada dos excluídos: vozes autorizadas, vozes silenciadas Glaucia Muniz Proença Lara UFMG Aforizações, vozes e silêncios dos excluídos nas mídias André William Alves de Assis UEL - PNPD/CAPES NAD/FEsTA Os modos de controle da irradiação da fala política: as sobreasseverações em debate
SESSÃO 18: SALA 4067
Discurso Pedagógico e Relações Etnico-Raciais Coordenadora: Míria Gomes de Oliveira (UFMG) Míria Gomes de Oliveira UFMG De leitor para leitor: ensino da literatura e relações etnico-raciais Audrey Michele Nogueira UFMG Análise do Discurso institucional: A demanda de implementação da Lei nº10.639/03 nos curso de formação inicial da UFMG Silvia Regina de Jesus Costa Galvão UFMG Franz Galvão Piragibe UFMG Diálogos discursivos entre estudos das relações raciais e sociologia e educação
SESSÃO 19: SALA 4069
Os corpos, os sujeitos e as modalidades do dizer: a desigualdade em algumas problemáticas foucaultianas Coordenador: Atilio Butturi Junior (UFSC) Sandro Braga UFSC A contradição no dizer de si pautada na vontade de uma verdade acerca da subjetividade transgênero Atilio Butturi Junior UFSC O phármakon e o discurso sobre a terapia antirretroviral 33
Programação: Comunicações Coordenadas Fábio Francisco Feltrin de Souza UFFS O discurso histórico entre a referência e a representação
SESSÃO 20: SALA 4071
Processos identitários de sujeitos entre-línguas e culturas: questões de exclusão e resistência Coordenadora: Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS/CPTL) Claudete Cameschi de Souza UFMS/CPTL Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento UFMS/CPTL c Os Kinikinau: processos identítários e a luta pela terra Nair Cristina Carlos de Medeiros UFMS/CAPES A vivência territorial e o processo de constituição identitária entre Os Terena do MS Beatriz Maria Eckert-Hoff UDF e UNICSUL Escritas de si de sujeitos entre-línguas: um estudo discursivo em cartas Angela Derlise Stübe /UFFS Eliana Canova/UFFS Memória e exclusão: silenciamento de povos indígenas
16/09/2016 (Sexta-feira) - 14:00 às 15:30
SESSÃO 1: SALA 2000
Emoções e desigualdades sociais Coordenadora: Lúcia Helena Martins Gouvêa (UFRJ) Lúcia Helena Martins Gouvêa Pathos e questões de gênero
UFRJ
Mário Acrisio Alves Junior UFES/CAPES/FAPES A crônica jornalística dando voz às minorias emudecidas: o contrato, as emoções e as identidades em foco Luana Maria Siqueira Machado UFRJ A desigualdade reforçada pela patemização em crônica de Zuenir Ventura
SESSÃO 2: SALA 2001
Les mots de l’(in)égalité au fil des discours de la presse : une approche sémantique et discursive des mots et notions associés Coordenadora: Sophie Moirand (Université Paris III- Sorbonne Nouvelle) Michele Pordeus Ribeiro Université Paris III-Sorbonne Nouvelle Pascale Brunner Université de Poitiers - FoReLL A L’« inégalité » dans le discours de la presse française sur les attentats en France Pascale Brunner Université de Poitiers - FoReLL A Michele Pordeus Ribeiro Universidade Sorbonne nouvelle - Paris 3 Les attentats en France vus par les presses brésilienne et allemande Sandrine Reboul-Touré Université Paris III-Sorbonne Nouvelle Sophie Moirand Université Paris III-Sorbonne Nouvelle Interaction entre deux événements de l’année 2015 qui reposent sur un sentiment d’inégalité : la crise des migrants en Europe et la COP 21 34
Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 3: SALA 2002
Discursos de professores de línguas estrangeiras: representações, formação e (des)construção identitária Coordenadora: Vanderlice dos Santos Andrade Sól (IFMG – Ouro Preto) Kátia Honório do Nascimento UFVJM/UFMG A (des)construção de representações sobre professores de inglês de escolas públicas através do programa PIBID-Letras-Inglês Fernanda Peçanha Carvalho UFMG Representações acerca da língua espanhola como valor na dimensão escolar, curricular e para os estudantes Valdeni da Silva Reis UFMG O professor de inglês de contextos de privação de liberdade: vozes, formação, representações e identidade Vanderlice dos Santos Andrade Sól IFMG - Ouro Preto Mexeu com a gente, foi mexer com quem tava quieta, adormecida: educação continuada, (in)esperado e (re)invenção
SESSÃO 4: SALA 2003
O percurso do verbo na gramática brasileira: séculos XIX e início do XX Coordenadora: Leonor Lopes Fávero (USP/PUC-SP) Leonor Lopes Fávero USP/PUC-SP O verbo no início do século XX Márcia Antonia Guedes Molina UFMA O verbo no início do século XX Ricardo Cavaliere UFF O verbo em Júlio Ribeiro
SESSÃO 5: SALA 3000
Sociedade contemporânea: diversidade e transculturação Coordenadora: Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS/CNPq) Vânia Maria Lescano Guerra UFMS/CNPq Um olhar discursivo sobre a cartilha "povos indígenas em espaços urbanos": transculturação e identidade Edgar Cézar Nolasco NECC/UFMS; PACC\UFRJ A (des)ordem epistemológica do discurso fronteiriço Marcos Antônio Bessa-Oliveira UEMS - NAV(r)E/NECC Fronteiras culturais (différences) (coloniales): biogeografias e (des)igualdades sociais Zélia R. Nolasco dos S. Freire UEMS Uma literatura de fronteira: encontro dos povos e de suas culturas
SESSÃO 6: SALA 3002
Representações linguístico-discursivas e discurso político: reforma agrária, educação e meio ambiente Coordenadora: Carina Aparecida Lima de Souza (IFTO) Carina Aparecida Lima de Souza IFTO Um plano de desenvolvimento agrário em representações de assentados Kelly Cristina de Almeida Moreira SEEDF O direito de inclusão educacional de crianças e adolescentes no Brasil: uma análise linguístico-discursiva 35
Programação: Comunicações Coordenadas Veralucia Guimarães de Souza IFMT Cadeia de gênero que permeia o contexto de trabalho de catadores de materiais recicláveis
SESSÃO 7: SALA 3009
Análise Crítica do Discurso e educação em Ciências Coordenadora: Isabel Martins (UFRJ) Angélica Cosenza UFJF Justiça ambiental e conflito socioambiental na prática escolar docente Laísa Maria Freire NUTES/UFRJ Sama de Freitas Juliani NUTES/UFRJ María Angélica Mejía NUTES/UFRJ Gabriela Ventura NUTES/UFRJ Entendendo processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da Análise Crítica do Discurso: contribuições para a formação docente em ciências Maria Cristina do Amaral Moreira IFRJ O livro didático de ciências e a pesquisa em ensino de ciências: relações menos desiguais entre o discurso da ciência e o pedagógico Rita Vilanova UFRJ Discursos da cidadania no Programa Nacional do Livro Didático
SESSÃO 8: SALA 3017
MESA: Pra não dizer que não falei ... da música: memórias, enunciação, ethos, identidades Coordenadora: Claudia Maria Gil Silva (UniFOA) Claudia Maria Gil Silva UniFOA Os ethe em Adoniran Barbosa e as faces (re)veladas pelo humor Marcelo Gomes Beauclair UERJ/COLÉGIO PEDRO II O ethos do ideal romântico na música do Clube da Esquina Maria Aparecida Rocha Gouvea UniFOA “Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim”: a subjetividade enunciativa em canções da MPB e a construção do ethos discursivo
SESSÃO 9: SALA 3019
Análise do Discurso Ecológica (ADE) - horizontes teóricos, metodológicos e analíticos Coordenadora: Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto UFG Antônio Busnardo Filho FIAM/FAMM Narrativa da desigualdade: arquitetura da pobreza Lutiana Casaroli UFG-NELIM Autorreferencilidade midiática: imagem, imaginário Lorena Araújo de Oliveira Borges UnB O estupro nosso de cada dia: discursos sobre a violência contra a mulher na sociedade de riscos Zilda Dourado Pinheiro UFG-NELIM Empoderamento feminino na capoeira angola em Goiânia da perspectiva da análise do discurso ecológica
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Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 10: SALA 3053
A questão ambiental e a (re)produção das desigualdades: ideologias e discursos Coordenadora: Doralice Barros Pereira (DEP. DE GEOGRAFIA/UFMG) Eliano de Souza Martins Freitas UFMG/COLTEC Os discursos sobre a água e a produção das desigualdades no contexto da “crise ecológica” Doralice Barros Pereira DEP. DE GEOGRAFIA/UFMG Rogata Soares Del Gaudio COLÉGIO TÉCNICO/UFMG As múltiplas apreensões da cidade - discursos e práticas que promovem desigualdades: em questão a relação entre parques e cidades
SESSÃO 11: SALA 3057
Mediação editorial e autoria: a circulação dos discursos da perspectiva dos processos de inscrição material Coordenadora: Luciana Salazar Salgado (UFSCar) Helena Maria Boschi da Silva UFSCar Autoria coletiva e imaginários: indícios da heterogeneidade discursiva em uma coleção didática de português para estrangeiros Luciana Rugoni Sousa UFSCar Revisor: um coenunciador do texto? João Thiago Monezi Paulino da Silva UFSCar O sintagma “complexo de vira-latas” e a gestão da autoria nas crônicas de Nelson Rodrigues Luciana Salazar Salgado UFSCar Autorias, materialidades e meios: modos de gerir a figuração de poeta
SESSÃO 12: SALA 3061
Imagens, corpo e memória na ordem do discurso midiático Coordenadora: Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO) Denise Gabriel Witzel UNICENTRO Discursos e Imagens da mulher viril Renata C. Bianchi de Barros UNIVÁS-MG Significação e sujeito-autista: corpo-sentido e marcas da alteridade Débora Massmann UNIVAS Sentidos e sociedade: imagens e discursos sobre a “família” brasileira no século XXI
SESSÃO 13: SALA 3065
A construção do ethos e pathos nas desigualdades sociais Coordenadora: Simone Sant'Anna (UFRJ) Vanessa Candida de Souza UFRJ Desigualdade política e religiosa: uma análise discursiva dos efeitos patêmicos Claudia Sousa Antunes UNIFA Desigualdade de gênero e ethos militar: uma análise Simone Sant'Anna UFRJ Ethè construídos pelo discurso machista nas redes sociais Giselle Aparecida Toledo Esteves UFRJ Cartas à direção: construção de ethè no ambiente escolar
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Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 14: SALA 3055A
Fronteiras invisíveis: materialidade discursiva, história, memória Coordenadora: Aline Fernandes de Azevedo Bocchi (IEL/UNICAMP - PHIM - PNPD/CAPES) Aline Fernandes de Azevedo Bocchi IEL/UNICAMP - PHIM - PNPD/CAPES A maternidade nas prisões: o avesso de uma formação discursiva Thales de Medeiros Ribeiro IEL/UNICAMP - PHIM - CNPq-Brasil As metamorfoses da literatura fantástica: metáfora e segredo em contos de José J. Veiga e Murilo Rubião Karine de Medeiros Ribeiro IEL/UNICAMP - PHIM - CNPq-Brasil A praia é democrática? História, memória, desigualdade
SESSÃO 15: SALA 4000
Imagens de mulher na mídia: desigualdades e estereótipos Coordenadora: Silvia Maria de Sousa (UFF) Alexandra Robaina dos Santos UFF Jout Jout: a construção discursiva da mulher contemporânea na internet Matheus Nogueira Schwartzmann UNESP Receita de mulher: formas de vida no GNT Naiá Sadi Câmara UNIFRAN O discurso da desigualdade: uma análise das formas de vida da narrativa seriada “Orange is the new black” Silvia Maria de Sousa UFF Receita de mulher: formas de vida no GNT
SESSÃO 16: SALA 4006
Letramentos sociais, discurso midiático, projeto iconográfico e identidade: possibilidades de análises semióticas dos discursos Coordenadora: Eliane Aparecida Miqueletti (UFGD) Eliane Aparecida Miqueletti UFGD Os discursos escolares na construção da identidade indígena Paulo Gerson Stefanello UFSCar Letramentos sociais na reserva indígena de Dourados/MS: características do diálogo cultural a partir da tradução em contexto complexo Anailton de Souza Gama DINTER UPM/UFMS A subjetivação da linguagem no projeto iconográfico de “Mato Grosso do Sul – Estado do Pantanal” Tania Regina Montanha Toledo Scoparo UEL A construção de sentido no discurso de textos midiáticos
SESSÃO 17: SALA 4063
Crianças de rua no discurso midiático Coordenadora: Doris Martínez Vizcarrondo (UPR) Guy Pinto de Almeida Junior ESPM Sem-teto no discurso jornalístico Comunicação, discursos e biopolíticas do consumo Tania Marcia Cezar Hoff ESPM Anthony Diaz UPR Delinquência, Juventude e reguetón 38
Programação: Comunicações Coordenadas Marcos Maurício Alves da Silva ESPM A rua como espaço da morada: representações do rap brasileiro e porto-riquenho sobre as crianças de rua
SESSÃO 18: SALA 4067
Razão sensível e polarização política Coordenador: Carlos Fernando Jáuregui Pinto (UNA) Carlos Fernando Jáuregui Pinto UNA Afetos em disputa: razões e economias patêmicas no contexto eleitoral Cláudia Chaves Fonseca UNA Educação e Comunicação como leitura crítica do mundo e de si mesmo: análise dos vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014 Maria Magda de Lima Santiago FALE-UFMG / UNA Intertextualidade no discurso político das ruas: entre brados e diálogos Izabella dos Santos Martins UNA Construção e representação da realidade no discurso oposicionista: uma abordagem crítica de vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014
SESSÃO 19: SALA 4069
O documentário em animação: memória, construção identitária e recentes movimentos migratórios no oriente médio Coordenadora: Glória Dias Soares Vitorino (UNILESTE) Glória Dias Soares Vitorino UNILESTE A primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Marjane Satrapi no documentário em animação “Persépolis” Ana Cláudia de Freitas Resende UNILESTE O documentário em animação: (im)possíveis limites entre ficção e não ficção Luiz Antônio da Silva UNILESTE “Persépolis” – opressão e resistência frente aos fundamentalismos contemporâneos
SESSÃO 20: SALA 4071
Em cena: histórias de acesso à cultura escrita Coordenadora: Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB - Campus I) Maria Ester Vieria de Sousa UFPB - Campus I Histórias de aprendizagem da leitura: memórias de sujeitos leitores Laurênia Souto Sales UFPB - Campus IV Nas histórias de professores de Português: a leitura (in)certa Thiago Trindade Matias UFAL Cultura escrita na escola: entre histórias de vida e memórias de leitores
SESSÃO 21: SALA 4073
O papel da mídia e o outro no acontecimento discursivo Coordenador: Fabio Elias Verdiani Tfouni (UFS) Fabio Elias Verdiani Tfouni UFS Posições discursivas e ideológicas sobre o papa Francisco na mídia Wilton James Bernardo-Santos UFS Acontecimentos na França: o papel da mídia no processo de construção Maria Emília de Rodat de Aguiar Barreto Barros “Amistad”: disciplina do corpo, da alma 39
UFS
Programação: Comunicações Coordenadas
17/09/2016 (Sábado) – 14:00 às 15:30
SESSÃO 1: SALA 2000
Contextos de dissenso político: ações de textualização/discursivização como recursos de (des)legitimação social Coordenadora: Anna Christina Bentes (UNICAMP) Anna Christina Bentes UNICAMP Estilização da linguagem e categorização social no facebook: lutas por legitimação social na arena política brasileira Hosana dos Santos da Silva UNIFESP Inserção e (des)legitimação dos médicos cubanos no Brasil Edwiges Maria Morato UNICAMP Processos de (des)legitimação linguístico-cognitiva: notas sobre o “campo” das patologias
SESSÃO 2: SALA 2001
Violência, discriminação e preconceito em práticas discursivas contemporâneas Coordenadora: Maria Virgínia Leal (UFPE) Maria Virgínia Leal UFPE Preconceito e violência: uma análise de discursos intolerantes religiosos em redes sociais Morgana Soares da Silva UFRPE Ethos de violência e ciberviolência contra professores, uma visita atualizada a comunidades virtuais Jaciara Josefa Gomes UPE Entre novinhas e sapequinhas: analisando os modos de identificação no funk-brega pernambucano
SESSÃO 3: SALA 2002
Desigualdades - Humor, política e íconotextos Coordenadora: Sidnay Fernandes dos Santos (UNEB) Sidnay Fernandes dos Santos UNEB Circulação de sentidos em imagens fotográficas Sarah Menoya Ferraz UFSCar A derrisão antirreligiosa Jorcemara Matos Cardoso UFSCar A mulher na f(r)esta: dos produtos de consumo ao consumo da cultura – o poder da propaganda
SESSÃO 4: SALA 2003
Estereótipos e clichês em diversos mídiuns: considerações teórico-metodológicas Coordenador: Roberto Leiser Baronas (UFSCar) Sírio Possenti UNICAMP Estereótipo e protótipo: preconstruído e discurso transverso Anna Flora Brunelli UNESP-IBILCE Mais razão e menos emoção: estereótipos de mulher no discurso de autoajuda e a Teoria da Justificação do Sistema Júlia Almeida UFES Estereótipos e representações da favela e de seus moradores no discurso promocional do Rio Olímpico 40
Programação: Comunicações Coordenadas Roberto Leiser Baronas UFSCar Notas sobre estereótipos, clichés e acontecimentos discursivos morais na comunicação política brasileira: as supostas gafes de Dilma
SESSÃO 5: SALA 3000
Futebol e discurso da desigualdade social Coordenador: Elcio Loureiro Cornelsen (UFMG) José Carlos Marques UNESP O Haiti é aqui: futebol, fanatismo e desigualdade social no documentário O dia em que o Brasil esteve aqui, de Caíto Ortiz e João Dornelas Elcio Loureiro Cornelsen UFMG Futebol e discurso da desigualdade social em canções da Música Popular Brasileira
SESSÃO 6: SALA 3002
Novas Perspectivas na Análise de Discurso Crítica Coordenadora: Maria Izabel Magalhães (UFC) David Barbosa de Oliveira UFC Izabel Magalhães UFC-UNB Direito e Análise de Discurso Crítica Ana Cláudia Barbosa Giraud UFC Globalização, ensino de línguas e ADC Lorena Araújo de Oliveira Borges UnB/Capes A Análise De Discurso Crítica e o estudo das identidades de gênero Viviane M. Heberle UFSC/CNPq Multimodalidade, multiletramentos e Análise Crítica Do Discurso
SESSÃO 7: SALA 3009
Práticas de exclusão e inclusão social Coordenadora: Lucia Teixeira (UFF/CNPq) Lucia Teixeira UFF/CNPq Fronteiras e travessias numa instalação de Francis Alys Eliane Soares de Lima UNIFRAN Entre limites e limiares: práticas de exclusão e inclusão em Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo Jean Cristtus Portela UNESP/CNPq Figuras da inclusão em L’Arabe du futur, de Riad Sattouf Ivã Carlos Lopes USP Exclusivos e excluídos numa sociedade do privilégio: Ricardo Aleixo e a desigualdade escancarada
SESSÃO 8: SALA 3017
Divulgação científica, múltiplos letramentos: ações de textualização/ discursivização como recursos de (des)legitimação social Coordenadora: Maria Eduarda Giering (UNISINOS) Maria Eduarda Giering UNISINOS O discurso promocional da divulgação científica midiática para crianças: relação entre ciência e vida social
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Programação: Comunicações Coordenadas Juliana Alles de Camargo de Souza UNISINOS Texto e discurso no infográfico de Divulgação Científica na Mídia (DCM): da tese acadêmica ao fascículo jornalístico LER para crianças e adolescentes Vivian Cristina Rio Stella UNIANCHIETA -PUC/SP O papel da divulgação cientifica midiática no letramento acadêmico: uma experiência em curso de extensão Márcia Mendonça UNICAMP Mediação docente e apropriação dos gêneros reportagem de divulgação científica e artigo de divulgação científica: aspectos de um projeto didático interdisciplinar
SESSÃO 9: SALA 3019
Práticas discursivas sobre (in)corpo(reidade): regimes do olhar e do dizer Coordenadora: Ismara Tasso (UEM) Ismara Tasso UEM Dobras das desigualdades em tela: subversão dos corpos em transformação Rafael de Souza Bento Fernandes UEM Cheiro é discurso: práticas midiáticas sobre a (in)corporalidade na construção do sujeito viril Jefferson Campos UEM/FAMMA Desigualdades sociais, inovação e acontecimentalização: (i)materialidades do corpo no mosaico da rede
SESSÃO 10: SALA 3053
Das margens ao centro: minorias e marginalizações sociais Coordenadora: Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro (UNIMONTES) Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro UNIMONTES Surdos acadêmicos e as transformações imagéticas da comunidade surda brasileira Manuella Felicíssimo CEFET Corpo, identidade e sexualidade como mecanismos de controle e exclusão social: uma análise do discurso sobre a transgeneridade Carla Roselma Athayde Moraes UNIMONTES O discurso paródico e o desmascaramento da condição da velhice Gustavo Leal Teixeira IFNMG Cicatrizes da colonização: o autodesprezo retratado em excertos de Os versos Satânicos
SESSÃO 11: SALA 3057
Discurso, mídia e desigualdades sociais Coordenador: Conrado Moreira Mendes (PUC-MG/FIP) Conrado Moreira Mendes PUC-MG/FIP A discursivização da “nova classe C” na telenovela Lívia Borges Pádua PUC-MG/UFSCAR A campanha eleitoral para os pobres: o discurso de Aécio Neves no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral Adinan Carlos Nogueira PUC-MG/UNIVERSIDADE LUSÓFONA PORTUGAL Literacia em saúde: discurso midiático e desigualdades sociais
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Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 12: SALA 3061
Da língua pra fora: limites e bordas do (in)dizível Coordenador: Lauro José Siqueira Baldini (UNICAMP) Ana Paula El-Jaick UFJF Desigualdades como (diferentes) formas de vida ou diferentes formas de vida e incomunicabilidade ou a trilogia da incomunicabilidade de Antonioni (mais “O deserto vermelho”) Glória da Ressurreição Abreu França UFMA Um “país mestiço” com “cidades de herança europeia” : em um corpo brasileiro (mestiço) vive uma alma europeia? Tyara Veriaro Chaves UNICAMP “Im itiri i di timinhi di im pinhi”. As mulheres na escrita de Angélica Freitas Lauro José Siqueira Baldini UNICAMP Cenas do erótico no político ou e veio aquele beijo
SESSÃO 13: SALA 3065
A desigualdade refletida na mídia: novas abordagens da indústria midiática e cultural brasileira? Coordenadora: Renata Mancini (UFF) Renata Mancini UFF A desigualdade como ponto de partida e de chegada na animação “O menino e o mundo” Regina Souza Gomes UFRJ O tema da desigualdade social e aspectualização actancial em “Que horas ela volta?” Oriana de Nadai Fulaneti Luta armada ontem e hoje
UFPB
Alexandre Marcelo Bueno PUC-SP (Des)valorizações em torno das imigrações contemporâneas no Brasil
SESSÃO 14: SALA 3055A
Desigualdades e resistências: discursos em luta Coordenadora: Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT/CUA) Águeda Aparecida da Cruz Borges UFMT/CUA A “lei da compensação”: uma análise de textos da política nacional da igualdade racial Mónica G. Zoppi Fontana UNICAMP/CNPq Enunciação/legitimação: a dupla face do dizer político Ana Josefina Ferrari UFPR As cores do Brasil quilombola Mariana Jafet Cestari UNICAMP Vozes - mulheres negras na poesia
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Programação: Comunicações Coordenadas
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Programação: Comunicações Individuais
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Communications individuelles | Comunicaciones individuales | Individual presentations
14/09/2016 (Quarta-feira) – 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ciência e Discurso Científico. 1
SALA 2000
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Ilderlândio Assis de Andrade Nascimento UFPB Entre fronteiras: a autoria do discurso monográfico Letícia Moreira Clares UFSCar Mediação editorial na comunicação científica: imaginários de ciência e a produção de valor Juliana Maria Gonçalves da Silva /+ Coautor POSLIN-FALE-UFMG Annallena de Souza Guedes UFMG O discurso acadêmico sob a perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional: mapeamento de diferentes abordagens ao tratamento da doença falciforme Bruno Focas Vieira Machado UFMG Pela preservação de uma desigualdade: entre o discurso da ciência, o discurso do capitalismo e a psicanálise Rodrigo Araújo e Castro UFMG Francieli Silvéria Oliveira UFMG Adriana Alves Pinto Ferreira UFMG A desigualdade social na análise do discurso da ciência à luz da Linguística Sistêmico-Funcional
Desigualdade e Narrativas de vida
2 SALA 2001
Érica Alessandra Fernandes Aniceto IFMG As construções discursivas de alunos de EJA matriculados em uma escola pública de periferia: um estudo sobre as narrativas de resistência Cleide Emília Faye Pedrosa UFS Estudo de narrativas de vida da comunidade surda sob a perspectiva da Análise Sociológica e Comunicacional do Discurso Magali Simone de Oliveira UFSJ #PrimeiroAssédio: cronotopos metálicos de uma nova narrativa biográfica? Nicolas Schongut Grollmus Universidad Gabriela Mistral Narrativa, género y desigualdad: una aproximación reflexiva al estudio del dolor cronificado Aline Torres Sousa Carvalho UFMG Análise do discurso e narrativa de vida: em busca de interfaces
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Programação: Comunicações Individuais Desigualdade e Discursos sobre Deficiências e Necessidades Especiais
Dani Cristina de Castro Andrade e Gonçalves FEOL Análise das práticas discursivas de crianças com transtorno do espectro autista Alecrisson da Silva UFS A constituição do aluno surdo segundo perspectiva docente: um estudo com base no viés da Análise Crítica do Discurso – ACD
3 SALA 2002
Ana Paula Oliveira e Fernandes UFGD Desigualdade e surdez: reflexões sobre a escrita do surdo, segundo uma experiência pessoal Fabiane Ferreira da Silva Moraes UFGD Surdez, língua e desigualdade: análise do discurso oficial a partir da Lei 13.146/2015 Jaci Leal Pereira dos Santos UEFS A análise textual da charge e a construção de sentido sobre a surdez
Desigualdade, Tecnologias e Dispositivos. 4 SALA 2003
Camilla Ramalho Duarte UFF O que eu vejo quase ninguém vê: uma análise semiolinguística da campanha #QuemLiga?, promovida pela ONG Teto e pelo Jornal Sensacionalista Diogo Silva Chagas UFSCar A autoria em questão: processos de destacabilidade no livro “Ô, raça! Má notícia é a maior diversão: o humor de Tutty Vasques na internet” Halanna Souza Andrade / + coautor UESB Articulações entre “voz” e Semiolinguística no blog Boteco Clarina Lafayette Batista Melo IFPB Efeitos dos resultados de busca no Google: um modo de reforçar estereótipos e diferenças sociais? Wânia Gomes Mariano Vieira UFG/Catalão O discurso dos memes: a incitação à desconstrução da identidade docente Cellina Rodrigues Muniz UFRN Humor e interdiscursividade na imprensa natalense da Belle Époque
Desigualdade, Direito e Discurso Jurídico. 5 SALA 3000
Lorraine de Souza Pereira UERN Gilton Sampaio de Souza UERN Argumentação e retórica no discurso “A história me absolverá”, de Fidel Castro: desigualdade jurídica na defesa criminal de um réu revolucionário Caio Cesar Silva Nascimento CEFET–MG Maria Aparecida da Silva CEFET–MG Os discursos sobre educação e trabalho para os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa Sandra Nascimento da Hora UFF Todos são iguais perante a lei. Só que não! Lúcia Gonçalves de Freitas UEG Narrativas de violência de gênero em acórdãos do STJ Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli PNPD CAPES UFOP Kátia Aparecida Custódio UFOP A construção discursiva da demência em gêneros judiciários do século XIX 46
Programação: Comunicações Individuais Aurelio Agostinho Verdade Vieito UFMG Flexibilização dos direitos trabalhistas – acordos de fatos e verdades falaciosos
Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários.
Antonio José Filho UEMS Produção textual, discursividade e ideologia no Ensino Médio Elizabeth Antonia de Oliveira UFMG Academia: indústria do texto e choques ideológicos
6 SALA 3002
Hanna Pinheiro Diniz Bezerra UERN Michel Foucault: formação discursiva e discurso José Mágno de Sousa Vieira UFPI O trânsito da língua, o discurso e seu outro: marcas ideológicas de estereótipos relacionados à desigualdade social em traduções de Zapiski iz podpolia, de Dostoiévski José Simão da Silva Sobrinho UFU Da contradição na resistência à família nuclear burguesa Terezinha Ferreira de Almeida /+ Coautor UFMT BR 163 no município de Sorriso: via de acesso ou barreira?
Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 7
Mayara Yukari Kato UEL A ironia na crônica drummondiana “receita” Michelle Márcia Cobra Torre UFMG O discurso sobre a mulher, a questão da alteridade e da memória em romances históricos latino-americanos contemporâneos
SALA 3009 Manuel Santiago Herrera Martínez Facultad de Filosofía y Letras UANL La automitografía: una autorrepresentación literaria en Las genealogías, de Margo Glantz Renata Aiala de Mello UFBA As “quedas” de Emma Bovary: análise discursiva do processo judicial contra Flaubert Rosana Vaz Silveira Feevale A dramatização na cena do storytelling: o discurso pelo ethos da identificação Licilange Gomes Alves UERN Ciranda de pedra: reflexões sobre a desigualdade à luz do realismo crítico urbano
Desigualdade, Ethos e Representações Sociais 8
Aykut Ozturk Syracuse University Development Fantasy in Brazil and Turkey Diego Lasio University of Cagliari - ITALY / University Institute of Lisbon – Portugal LGBTIQ Italian activism and the hegemonic discourse about parenting
SALA 3017 Luciana Rodrigues d'Anunciação Cefet-MG “Mulheres no Metal”: desigualdade, ethos e representação Marcondes Cabral De Abreu UFAM Análise discursiva da imagem da mulher operária da Zona Franca de Manaus
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Programação: Comunicações Individuais Glauciane Aparecida dos Santos UFMG/NEIA A representação do negro a partir do discurso observado em Leite Derramado, de Chico Buarque Maria Aparecida de Oliveira Souza Autarquia Municipal do Ensino Superior de Goiana Quilombola: produção de sentidos na construção do sujeito
Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes
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Alice Almeida Gontijo Escola de Belas Artes- UFMG Representações do invisível: as artes visuais e os estados de exceção Carolina Assunção e Alves UniCEUB Heróis, vilões, anti-heróis e o imaginário das desigualdades sociais no Cinema Brasileiro
SALA 3019 Renato de Mello UFMG Interfaces entre catarse e pathos: alguns apontamentos Santiago Lemos SEDUCE-GO Inclusão Social: possibilidades de acesso aos museus através da impressão 3D Daniela Nery Bracchi UFPE Paula de Souza Sores UFF Desigualdades na circulação e exposição de fotografias: a construção do sentido das imagens fotográficas Caroline da Cunha Moreno FFCLRP- USP As contribuições da poética sociológica para a leitura de imagens: construindo caminhos para uma leitura da imagem sob a perspectiva discursiva
Desigualdade, Arquitetura e Urbanidades
10 SALA 3053
Benalva da Silva Vitorio UNISANTOS As relações sociais nos transportes coletivos Agmar Bento Teodoro CEFET – MG Aspectos das campanhas de educação para o trânsito. Um grito a favor da segurança ou um reforço à desigualdade entre os iguais? Lucimery dal Medico /+Coautor FEEVALE Um discurso com relação às políticas públicas habitacionais brasileiras para povos tradicionais Rafaela Defendi Mariano Unicamp Práticas culturais da periferia no campo jornalístico: analisando os processos de legitimação nos quadros “Buzão: Circular Periférico” (TV Cultura) e “Cultura SP” (Rede Globo) Miren Artetxe Sarasola University of the Basque Country Improvisación oral, pensamiento crítico y comportamientos lingüísticos. El discurso que creamos nos crea
Desigualdade, Teorias do Texto e do Discurso; Interdisciplinaridades 11
Micheline Moraes UniRitter Luis Paulo Arena Alves UniRitter Discurso em análise: a discursividade como procedimento no processo de compreensão crítica da realidade Daniel Monteiro Neves UFMG O paradoxo da igualdade nas polêmicas
SALA 3057 48
Programação: Comunicações Individuais Danillo Mota Lima / + Coautor UFBA “É que Narciso acha feio o que não é espelho”: o corpo-imagem e o discurso do corpo sem limites Soraia Farias Reolon FCRB Referenciação: as cadeias referenciais de um texto escrito e a construção do discurso das desigualdades sociais Alex Fabiani de Brito Torres UFMG Estratégia discursiva de ampliação do conceito sociedade, na extensão universitária pública brasileira Giselle Maria Sarti Leal Muniz Alves UFRJ Operadores argumentativos em anúncios publicitários
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 12
Paulo Frederico Homero Junior FEA/USP Construção de uma narrativa hegemônica sobre a adoção das IFRS no Brasil Regina Lúcia Cerqueira Dias UFF Trajetórias escolares e práticas docentes de professoras das camadas populares: reflexões a partir da análise de memoriais acadêmicos
SALA 3061 Patrícia de Fátima Souza Costa UFMG A construção da enunciação em livros didáticos voltados para o campo sob a perspectiva da Teoria Semiolinguística Sayonara Miotto Centro Universitário eAprenda eLearning A gestão da ação docente e a diversidade humana Khal Rens UFU Na Moral, língua portuguesa: uma análise da interincompreensão
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 13
Nilsa Brito Ribeiro UNIFESSPA Trajetórias identitárias de professores na Amazônia: migração e docência Arabela Vieira dos Santos Silva e Franco UFMG Ser e não ser bilíngue – os posicionamentos no discurso de uma brasileira professora de inglês
SALA 3065 Adriana María Helver Universidad Nacional de La Plata La construcción del discurso pedagógico en la clase de Inglés de la Escuela Secundaria de Jóvenes y Adultos: prácticas y estrategias de negociación, desde la reproducción hacia la transformación Amidou Sanogo Université Félix Houphouët-Boigny Cocody Abidjan Le phénomène de l'inégalité sociale dans le discours pédagogique Andrea Rodrigues UERJ Sentidos sobre a desigualdade social de alunos da rede pública de ensino no discurso de uma instituição "parceira" das políticas públicas de educação
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 14 SALA 3055A
Rejane Rodrigues Almeida de Medeiros UFSCar Ler em voz alta ou ler em silêncio? O tema do ensino da leitura no discurso pedagógico produzido na década de 1930 Cristiane Barbalho da Silva Gaio de Sá UFRJ Análise da utilização de processos referenciais no gênero carta do leitor produzida por alunos do nono ano com uma intervenção de sequência didática, para um ensino crítico 49
Programação: Comunicações Individuais Darryl Hocking AUT University The studio-based and project-led pedagogical model, now universally employed in tertiary art and design Marcela Escobar Segura UPN Mónica Guerrero Garay UFSCar Discurso y Educación: Un análisis discursivo de las políticas educativas en las alcaldías de Bogotá durante el período de 1997-2001 y 2012- 2015 Melissa Gonzales University of the Incarnate Wordi Audra Skukauskaite University of the Incarnate Wordi Official and personal discourses: School leaders’ views on creating open communication
Desigualdade, Política e Discurso Político
Ana Paula Albarelli USP Uma análise das estratégias de (de)cortesia como mecanismos discursivos de persuasão em interações polêmicas: o debate político
15 SALA 4000
André Henrique Mariz Salmerón UFSJ Governamentalidade neoliberal e desigualdade: uma análise de comentários sobre o Bolsa-Família no portal UOL Dieny Graciely Souto de Souza Melo UEMS Os efeitos de sentido sobre as drogas: discursos motivadores ao (des)uso no ambiente escolar Eliana Amarante de Mendonça Mendes Tortura e discurso
UFMG
Geisa Fróes de Freitas IFBA A constituição do discurso político contemporâneo e a materialidade sincrética das redes sociais
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático
Daniela Savaget Barbosa Rezende +/ Coautor Fiocruz Os miseráveis: apontamentos sobre a construção de sentidos da pobreza extrema pelo jornal O Globo
16 SALA 4006
Eliara Santana Ferreira PUC-Minas Estratégias de produção de sentido no discurso midiático Eliziane Cristina daSilva de Oliveira CEFET-MG Representação do sofrimento em capas de jornais brasileiros: coberturas fotográficas dos terremotos no Haiti e no Japão Eric Bortolato Fernandes PUC/SP A desigualdade como lugar retórico na imprensa Luis Henrique Boaventura UPF Reconstrução do ethos em uma propaganda institucional da Petrobras
Clécio Luis Gonçalves de Oliveira UFG - Regional Catalão Círculo bakhtiniano e os estudos discursivos: a análise do estereótipo no discurso humorístico
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Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 17 SALA 4063
Fernanda Bufoni UNIFRAN O saber e as relações de poder no jornalismo Fernanda Mussalim UFU Ações editoriais e gestão da imagem de autor: em pauta os processos enunciativos de aforização e de destacamento de frases de escritor Flávia Campos Silva UFSJ "Avatares midiáticos” e a “tragédia de mariana”: memória e testemunho das vítimas Gabriele Cerceau Flausino UFOP William Augusto Menezes UFOP Estratégias argumentativas na construção do poder nos jornais marianenses “O Germinal” e “O Cruzeiro” (1930) Fabiana Andrade Santos UESB Valméria Brito Almeida Vilela Ferreira UESB Virgínia Maria Ferreira Silveira Baldow UESB O(s) sentido(s) da palavra “pixuleco” na revista Veja por meio das vozes e axiologias de seus leitores
Desigualdade, Religiões e Discurso Religioso 18 SALA 4067
Ricardo Rodrigues de Assis PPGCOM/UFJF As estratégias discursivas acionadas pelo fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) na conversão e manutenção de fiéis Shara Lylian de Castro Lopes UFC A interdiscursividade pelas cenas enunciativas religiosas na canção “Súplica cearense” Ayşe Kıran Université de Hacettepe Inégalité, Religons et Discours Religieux: Le Coran et La femme Iptisam Salame Muhammad Universidad de Carabobo Discurso religioso y su relevancia en la legitimación de la violencia de género, exploración desde dos perspectivas árabe y latina Aristóteles de Almeida Lacerda Neto IFMA Diana Sousa Silva IEFA O discurso da salvação: análise das estratégias argumentativas nos enunciados de Jesus dirigidos à mulher samaritana, ao jovem rico e à mulher adúltera
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 19 SALA 4069
Rafaella Elisa da Silva Santos UFBA O delineamento da subjetividade e a imersão no mundo das notas aromáticas: estabelecimento de significações em torno da identidade feminina Raquel de Freitas Arcine UEM Silvia Caroline Gonçalves UEM Legitimidade política e relações de desigualdade de gênero Regiany Silva de Freitas PUC-SP A representação da mulher da periferia na grande mídia
Sara Isabel Pérez Universidad Nacional de Quilmes Yanel Alejandra Mogaburo Universidad Nacional de Quilmes/ CONICET Violencia de género y desigualdades en los medios masivos de comunicación
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Programação: Comunicações Individuais Rosane Vicentina Goulart Beltrão CEFET-MG A marca da desigualdade na representação feminina construída na produção jornalística de Clarice Lispector
Desigualdade, Racismo e Discursos Étnico-Raciais
Ludmila Salomão Venâncio PUC – MG Abordagem metodológica para análise de discursos sociais: considerações a partir das histórias de vida e dos percursos profissionais de professoras negras da UFMG
20 SALA 4071
María Susana Gallardo ISFD Recurrencias en la escritura de relatos de experiencias pedagógicas en contextos de desigualdad (Desigualdad y narrativas de vida) Letícia Santana Gomes CEFET-MG Mulher, pobre e negra: análise autobiográfica da editora mineira independente Maria Mazarello (Mazza Edições) Mírian Lúcia Brandão Mendes UFMG Do antiescravismo ao antirracismo: uma breve análise do discurso contra o racismo do ponto de vista histórico Natália Elvira Sperandio Metáforas do preconceito
Desigualdade, Publicidade e Discurso Publicitário 21 SALA 4073
UFSJ
Denner Edyzio da Silva FAFICA Um discurso não- normativo na campanha publicitária de "O Boticário" Joyce Leite Marinho UFES Discurso publicitário da cerveja Itaipava Karina Nogueira Druve Novais UFMG O discurso publicitário: as desigualdades entre as instâncias de produção e de recepção Suegna Sayonara de Almeida UERN O enunciado e seus efeitos de sentido nas propagandas de lingerie Du Loren
Desigualdade, Discurso e Pobreza
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Decio Bessa /+ Coautor UNEB/Campus X Discurso e situação de rua em Sergipe Eduardo de Figueiredo Santos Barbabela e Oliveira IESP-UERJ A favela como tema: a cobertura do processo de pacificação das favelas cariocas
SALA 4079 Caroline Maria Braciak Reisdorfer UNIOESTE DSM e a Infância Patológica: uma questão de (des) curso Fernanda Laís de Matos UFPE Direitos culturais no discurso recomendatório das Nações Unidas Natália Martins Flores UFPE Isaltina Maria de Azevedo Mello gomes UFPE Um lugar ao sol: desigualdade social naturalizada
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Programação: Comunicações Individuais
15/09/2016 (Quinta-feira) - 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ciência e Discurso Científico
1 SALA 4079
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Luana Macieira Barbosa CEFET-MG Do artigo científico à matéria jornalística: uma problemática comunicacional e descritiva de dois discursos sobre o mesmo tema Maria Helena Albé UNISINOS A responsabilidade enunciativa em dossiês que promovem a divulgação da ciência para jovens leitores Nayara Silva Guimarães Pereira UFV A divulgação da ciência na mídia digital: um enfoque sobre o método redução Shirlei Maria Freitas de Mello Senac A construção da identidade cientista feminina Adriana Silvina Pagano /+ Coautores UFMG Kícila Ferreguetti UFMG Júlia Santos Nunes Rodrigues UFMG Adequação cultural de instrumentos da área das ciências da saúde: estudo de aplicação de um protótipo orientado para a interação entre profissionais e usuários do sistema de saúde
Desigualdade e Narrativas de vida 2 SALA 2000
Pollyanna Júnia Fernandes Maia Reis UFMG Os contornos discursivos de uma vida - a constituição dos ethé de Paulo Freire Terezinha Coelho de Souza UFGD Da reforma agrária no interior do MS: discursos e relatos dos estudantes assentados Renata Sant'Anna Lamberti PUC – SP Pixo, logo existo: vozes de pixadores da cidade de São Paulo Adrián Vergara Heidke Universidad de Costa Rica El discurso sobre la discapacidad: desigualdad y exclusión generalizadas Nizar Ben Ali Manouba University Linguistic Construction of Identity by Tunisian Employees in Subordinate Positions
Desigualdade e Discursos sobre Deficiências e Necessidades Especiais
Marivan Tavares dos Santos UNINORTE / SEDUC/AM Uma experiência docente com aluno deficiente visual: perplexidade, dificuldades e possibilidades Michelle Sousa Mussato UFMS Representação do/sobre o surdo indígena Terena
3 SALA 2001
Roberto César Reis da Costa UFBA O discurso ouvintista e a exclusão do sujeito surdo Romana Castro Zambrano UFS A construção discursiva da identidade surda no contexto da educação inclusiva: diferenças e semelhanças entre o Brasil e a Alemanha Rosanny do Perpétuo Socorro de Souza Lima UFRA, SEDUC, SEMEC Entre normas e renormalizações: práticas discursivas do trabalho docente no processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência 53
Programação: Comunicações Individuais Ruth Maria Rodrigues Garé PUC-Campinas Escola x família: diferentes contribuições na construção de identidades surdas
Desigualdade, Tecnologias e Dispositivos 4
Weidson Leles Gomes UNIFEI Uma arqueologia dos discursos pedagógicos sobre software e educação Luciana Carmona Garcia Manzano UNIFRAN “Não tenho preconceito, mas…”: o jogo discursivo do preconceito nas redes sociais
SALA 2002 Márcia Fonseca de Amorim UFLA Discurso, ideologia e representações do sujeito nas redes sociais Murilo Coelho de Moura UFPA Consumidores e empresas no Facebook: transformações nas relações de trabalho e poder Roberto de Farias David Junior UFRJ Subjetividade e desigualdade em textos midiáticos: estudo comparativo de duas notícias Danillo Mota Lima / + Autor UFBA A construção on-line de objetos de discurso e a exposição de si no Scruff
Desigualdade, Direito e Discurso Jurídico 5 SALA 2003
Fátima Cristina da Costa Pessoa UFPA A atividade no campo jurídico: práticas discursivas mediadoras Helder Rodrigues Pereira UNIPAC Discurso da caridade e discurso do direito: inclusões excludentes na sociedade Helio Luiz Fonseca Moreira UFPA Práticas discursivas no campo jurídico: os enunciados do STF e STJ que propõem ordenamento de condutas no trabalho desenvolvido nos tribunais de instância inferior Juliana Marques Resende UFMG Desinstitucionalização prisional e o discurso do método APAC Juan Camilo López Universidad de los Andes ¿Qué es tener un caso? Visiones sobre la justicia y la moralidad en un consultorio jurídico de Bogotá Suelem Cristina Silva Bezerra UFPA Relações interdiscursivas na constituição do conceito de personalidade no âmbito de uma sentença penal
Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 6 SALA 3000
Karen Kennia Couto Silva Secretaria UFMG A construção do monolinguismo no ideário brasileiro: uma visão althusseriana sobre o processo Laís Marina de Souza UEL Casamento igualitário: a ideologia como reguladora das condições de produção Anderson Nowogrodzki da Silva UFG Entre movimentos sociais e movimentos de classe: o discurso neo-ateísta e o martelar da resistência
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Programação: Comunicações Individuais Sueli Paiva dos Santos UFG Aspectos da formação discursiva na constituição identitária do professor da EJA na cidade de Goiás Juliana Karina Voigt UNIOESTE Assédio ideológico nas escolas é crime: proibição, justificativa e efeitos de sentido sobre um projeto de lei Denise de Sousa Assis UFV O discurso religioso midiatizado e as relações homoafetivas: uma análise comparativa entre os discursos do padre Fábio de Melo e do pastor Silas Malafaia
Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 7
Aline Silvério de Freitas UFG -CAC Discurso literário e a constituição do sujeito-personagem Dorian Gray Carla Prado Lima Silveira Vilela UTFPR Literatura e mundo do trabalho: vozes discursivas sobre o trabalho no romance O homem de macacão, de Oswaldo França Júnior
SALA 3002 Cícero Barboza Nunes UFPB Formação discursiva, ideológica e (inter)discursos: uma análise da crônica “Os filhos do lixo”, de Lya Luft Denise Aparecida de Paulo Ribeiro Leppos UFSCar Uma análise discursiva das relações dos discursos sobre desigualdades no discurso literário brasileiro Eliana Dias UFU Maria Cecília de Lima UFU – ILEEL Discurso e representação em "O jardineiro Timóteo" Carlos Antonio Fernandes UFMG As estratégias políticas de “O Bem Amado”: uma construção linguísticodiscursiva da desigualdade social
Desigualdade e Movimentos Sociais
Carlos Alexandre Nascimento Aragão UFBA O Movimento Sindical à luz dos conceitos bakhtinianos: uma abordagem discursiva
8 SALA 3009
Gilvan Santana de Jesus UFS Impeachment de Dilma Rousseff: a constituição dos sujeitos em cartazes de manifestações Jaqueline dos Santos Batista Soares UFMG Discurso e construção da opinião sobre movimentos populares na mídia impressa Thaiza de Carvalho dos Santos UnB Uma aproximação das ações sociodiscursivas do “Movimento Brasil Livre” à luz da análise de discurso crítica Wilson Malafaia Peixoto PUC-RIO Ocupando novas identidades: uma análise da negociação identitária entre participantes de ocupações alinhados com a luta por moradia Edgar Daniel Manchinelly Mota El Colegio de México Análisis del discuro de la interacción social de la corrupción en México 55
Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes 9
Márcio Ronei Cravo Soares UFMG Sobre o conceito de periferia e o rap: o discurso verbo-musical de Ice Band Marco Antonio Villarta-Neder UFLA Vozes em relações exotópicas sobre desigualdade: análise do documentário “Desigualdade para todos”
SALA 3017 Maria Aparecida Resende Ottoni /+ Autor UFU A representação de estereótipos e de desigualdades no stand up: uma análise do gênero Maurício Divino Nascimento Lima UFG Mamonas Assassinas e o Jumento Celestino: O preconceito encoberto pelo humor Richarles Souza de Carvalho UNISUL Memória, gourmetização e elementos tipográficos na construção da persuasãonostálgica Maria Inês Ghilardi-Lucena PUC-Campinas Relações de gênero, identidade e moda
Desigualdade, Teorias do Texto e do Discurso; Interdisciplinaridades
Alex Caldas Simões UERJ A Estrutura Potencial do Gênero (E) uma teoria pouco falada? Dagoberto Buim Arena UNESP, câmpus de Marília Em torno de Volochinov
10 SALA 3019
Grenissa Bonvino Stafuzza UFG Fundamentos do Círculo de Bakhtin para análise de discursos verbovocovisuais Jônio Machado Bethônico UFMG As contribuições de Norman Fairclough para as investigações sobre o Letramento em Marketing Losana Hada de Oliveira Prado PUC/SP Tradução intersemiótica na perspectiva da análise do discurso Ana Paula Campos Fernandes UNIVALE O rio Doce nos discursos dos viajantes naturalistas e dos gêneros textuais jornalísticos contemporâneos: entre a natureza exuberante e a degradação
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico
Adriana dos Reis UNEB Práticas pedagógicas, desigualdade social e juventude marginal Adriana Pastorello Buim Arena UFU Indícios de autoria em práticas de escrita no ensino fundamental
11 SALA 3053
Amisa Dayane Lima de Gois UFS A relação de subjetividade/alteridade nas produções de textos de estudantes de Letras: Campus Professor Aloísio de Campo s Ana Emilia Fajardo Turbin UnB O ensino de Inglês na escola pública: obrigatório tratado como opcional Audra Skukauskaite University of the Incarnate Wordi Melissa Gonzales University of the Incarnate Wordi Metaphors teachers live by: Discourse and its sociohistorical contexts 56
Programação: Comunicações Individuais Ana Lúcia Guedes-Pinto UNICAMP Autoria nos textos de estudantes-estagiários: compreensões sobre o processo de formação docente
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 12 SALA 3057
Andréia Godinho Moreira PUC MINAS A construção discursiva da dificuldade de aprendizagem Carla Cristina Braga dos Santos /+ coautor UFOB Formação docente e discurso: por intelectuais transformadores Andreza Roberta Rocha IEL – UNICAMP O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e os Cadernos de Formação de Professores: dispositivos para a (des)igualdade no ensino de língua materna? Atauan Soares de Queiroz IFBA Produção escrita na escola: tecendo caminhos de autoria Pascale Delormas Université Paris-Est Créteil Pratiques enseignantes et inégalités scolaires à l’école primaire en France : de l’effet paradoxal des réformes institutionnelles
Desigualdade, Política e Discurso Político
Glaucy Ramos Figueiredo UFPA Enunciados proverbiais no apelo à fé cristã: um modelo eficiente da retórica proverbial nos discursos proferidos por Abraão Lincoln
13 SALA 4073
Guilherme Beraldo de Andrade UEMG UNIVAS Francisco e o Parlamento Europeu: a argumentação no discurso Gustavo Ximenes Cunha UFMG O comentário metadiscursivo em debates eleitorais Jéferson Ferreira Belo UNICAMP Proposta para a circunscrição da emergência do “funcionamento discursivo politicamente correto” Jussaty Luciano Cordeiro Junior Centro Universitário Newton Paiva O discurso escancarado: naturalização dos discursos de ódio e preconceito na campanha à presidência de 2014
Lenin Miranda Maldonado Universidad Central del Ecuador La construcción discursiva del Yasuní ITT a través de los discursos de Rafael Correa
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 14 SALA 3061
Adélia Barroso Fernandes UNIBH O ethos profissional construído pelos ombudsmans da Folha de São Paulo Alessandra Folha Mós Landim UFOP A construção discursiva de posicionamentos identitários de jornais marianenses a partir de elementos da representação da meneiridade Amanda Martins dos Reis UEL Rosemeri Passos Baltazar Machado UEL O discurso midiático e a noção de fórmula discursiva Ana Cecília Almeida Accetturi UNICAMP Processos de legitimação no programa televisivo Conexões Urbanas 57
Programação: Comunicações Individuais Anderson Ferreira PUC-SP A censura no discurso midiático: o caso das ocupações contra a reestruturação das escolas públicas do Estado de São Paulo Ana Carolina Vilela-Ardenghi CPPP-UFMS/FEsTA Polícia e(m) discurso: embates na mídia
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 15 SALA 3065
Cleide Lima da Silva USP O éthos polemizador de Charlie Hebdo Deborah Gomes de Paula UNIP-PUC/SP Discurso jornalístico e desigualdade social: implícitos e contextos nas expressões multimodais de textos jornalísticos para a construção do escândalo Cristhiane Ferreguett UNEB Relações dialógicas em revista infantil: o processo de adultização de meninas Luciana Pereira da Silva IFPE Ideologia e meio ambiente: uma análise do discurso da imprensa na informação da temática ambiental Patricia Castillo Universidad Diego Portales El papel del horror en la re-semantización de la justicia social en Chile Tatiana Barbosa de Sousa UEMG; UNIVAS A imagem da mulher nas enunciações sobre cerveja
Desigualdade, Religiões e Discurso Religioso
Éder Wilton Gustavo Felix Calado UEL O discurso do sermão do monte: a busca por uma sociedade mais justa e fraterna
16
Eduardo Assunção Franco UFMG Igreja Católica, mídia religiosa e a exclusão dos novos modelos de família
SALA 3055A Marcus Túlio Tomé Catunda Faculdade Martha Falcão - DeVry Brasil O discurso profético de manipulação do poder, da Igreja Universal do Reino de Deus, em pregações do bispo Edir Macedo Clebson Luiz de Brito UFRN Cenografia messiânica e o problema da luta de classes nas Teses sobre o conceito de história, de Walter Benjamin Rafael Campos Amaral Lobato UFMG Maíra Lobato Bicalho Chagas Moura Campo UFMG A desigualdade social no discurso do Papa Francisco Wendell Lessa Vilela Xavier IFNMG A influência do discurso religioso da IPB na garantia dos direitos humanos e sociais
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 17
Andréia Aparecida Thibes Santos Silveira UNICENTRO O corpo do sujeito transexual na (des)ordem discursiva Antônio José da Silva UFAM O Bafon da Linguagem Gay: as implicações do dialeto homossexual na sociedade
SALA 4000 58
Programação: Comunicações Individuais Arlete Ribeiro Nepomuceno Unimontes Vera Lúcia Viana de Paes Unimontes Desigualdade, sexualidade: a representação da mulher no gênero publicitário Augusta Cássia Schwtner David UNIFRAN Práticas discursivas machistas e resistências feministas Bárbara Amaral da Silva UFMG A imagem da mulher bruxa e a inferioridade feminina Fábio Araújo Oliveira UNEB Historicização e institucionalização das masculinidades no Brasil
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 18
Ceuline Maria Medeiros Santiago /+ Coautor UFPE Travestis e transgêneros e o acesso à Educação Superior Bruna Toso Tavares UFMG #MeuAmigoOculto: Estratégias discursivas utilizadas em uma campanha de miltância feminista online
SALA 4006 Carolina Gonçalves Gonzalez UnB Reflexões sobre gênero e diversidade sexual no contexto escolar à luz da Análise de Discurso Crítica Carlos Alexandre Molina Noccioli IFSULDEMINAS/UNESP O tabu sexual na recontextualização do discurso sobre ciência na revista Superinteressante Cristiane Gomes de Souza UFAL A mulher no discurso SEBRAE e parceiros: uma análise das desigualdades de gênero no mercado de trabalho Marta Aguiar da Silva UFV A representação da mulher em situação de rua no jornal O Globo
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 19 SALA 4063
Tatiana Emediato Correa UFMG As representações da mulher contemporânea: narrativas de vida nas seções “Eu, leitora” e “Moi, lectrice” nas revistas Marie Claire, brasileira e francesa Paulina Soledad Santander Astorga Pontificia Universidad Católica de Valparaíso/Universidad Técnica Federico Santa María Las identidades de las mujeres emprendedoras en Chile: Significados que circulan en torno a “ser emprendedora” Soledad Martínez Labrín Universidad del Bío-Bío, UBB Análisis feminista del discurso sobre la violencia doméstica construido en folletería del SERNAM, Chile André Luiz dos Santos IFG A construção da imagem da “drag queen” americana: uma análise das particularidades do inglês falado Samara Elisana Nicareta UFSC O discurso epistolar e os manuais de civilidade na construção do imaginário feminino Silvana Cosmo Dias UEMS Diáspora Pós-moderna: exclusão do sujeito idoso 59
Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais 20 SALA 4067
Camila Couto Teicher El Colegio de México - Colmex O indigenismo como patrimônio: representações do México pré-hispânico nas traduções de O Correio da Unesco Carlos Maroto Guerola UFSC Famílias humildes de pescadores versus índios em extrema pobreza: a representação de atores sociais no discurso midiático sobre demarcação de terras indígenas Daniele de Oliveira UFBA A negação do racismo: proposta de análise discursiva crítica do livro “Não somos racistas”, de Ali Kamel Josias Semujanga Université de Montréal Discours social et ethnicité au Rwanda Daniele Lucena Santos UFMS Claudete Cameschi de Souza UFMS Escola e Território: o discurso legal x discurso Kinikinau
Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais
Adelson Florencio de Barros UNINORTE Texto, discurso e multimodalidade: imagem da ama-de-leite e suas representações socioculturais no Nordeste patriarcal-escravocrata
21
Lizett Paola López Bajo Universidad Tecnologica de Bolívar Mujeres, mulatas y profesionales: representaciones y discursos
SALA 4069 Victor Ariole University of Lagos La présence de discours portugais en Afrique: une analyse de dégré de hauteur d'expression politique Fernanda da Silva Machado UFBA Antirracismos vários: somos todos o quê?
Desigualdade, Publicidade e Discurso Publicitário 22 SALA 4071
Lucy Barbosa Duarte De Araújo /+ coautor UNOPAR A representação feminina nas propagandas de automóveis da década de 50 aos dias atuais (2015) Ivandilson Costa UERN/UFPE Da informação à promoção: análise da reestruturação do discurso jornalístico pela publicidade Regina Celia Pagliuchi da Silveira PUC/SP Anúncios multimodais publicitários e a construção de identidade(s) feminina(s): expressões e implícitos
Raniere Marques de Melo /+ Coautor UFPB O sujeito com sobrepeso em embalagens de produtos dietéticos: a polifonia em foco Tatiane Chaves Ribeiro PUC/CAPES Silvana Marchesani PUC/UFV A des-construção de papéis identitários de homens e mulheres nas propagandas da Bombril 60
Programação: Comunicações Individuais
16/09/2016 (Sexta-feira) - 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ciência e Discurso Científico 1 SALA 2000
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS André Luiz Rosa Teixeira /+ Coautores UFMG Empoderamento de usuários dos serviços de saúde: um estudo sob a perspectiva da análise do discurso com potencial de aplicação (Appliable Discourse Analysis) Kícila Ferreguetti UFMG Flávia Ferreira de Paula UFMG O discurso do empoderamento/empowerment nas ciências da saúde: estudo exploratório de mineração de textos em corpus comparável bilíngue Antônio Marcos Muniz Carneiro COPPE/UFRJ Hibridização do discurso científico no contexto da complexidade Carla Andreia Schneider UFGD Rita de Cassia Pacheco Limberti UFGD Desigualdade e ciência: o discurso científico sobre as plantas medicinais Êrica Ehlers Iracet UNISINOS A narrativa no discurso de divulgação científica midiática: favorecendo a igualdade no acesso à ciência
Desigualdade, Tecnologias e Dispositivos 2 SALA 2001
Quezia dos Santos Lima UFBA/IFBAIANO Feminista ou pró-feminista? Autorização e interdição das vozes no feminismo da web Romilda Meira de Souza Barbosa UFMS Práticas discursivas de inclusão no ensino de língua portuguesa: o uso do Whats App para escrita em L2 pelo deficiente auditivo Sheila Alves de Oliveira UFPE Entre os discursos feministas, machistas e afins: uma análise discursiva das hashtags #MeuAmigoSecreto e #MinhaAmigaSecreta Janayna Bertollo Cozer Casotti UFES Comportamentos enunciativos em ambiente virtual de aprendizagem: discursos sobre a língua em uso na internet María Cristina Arancibia Pontificia Universidad Católica de Chile Lésmer Montecino Pontificia Universidad Católica de Chile Memoria del abuso: construcción discursiva de la ira en comentarios del sitio web Saludos a Martín
Desigualdade, Direito e Discurso Jurídico
Adriana do Carmo Figueiredo UFMG O relator e a encenação do múltiplo: análise dos atores discursivos e da gestão dos seus pontos de vista no discurso jurídico
3 SALA 2002
Carla Leila Oliveira Campos IPTAN Culpado ou inocente? A construção narrativa da imagem do réu em processos criminais de tráfico de drogas Dionéia Motta Monte-Serrat IEL-UNICAMP A “igualdade para todos” do discurso do Direito e a pluralidade nos modos de apreensão da desigualdade 61
Programação: Comunicações Individuais Douglas do Carmo Araujo UFF “Este fato deixou o autor chocado e humilhado”: o contrato discursivo e a estratégia de captação em petições iniciais Égina Glauce Santos Pereira UFMG O papel da audiência pública no Supremo Tribunal Federal quanto à perspectiva da desigualdade social Camila Cabral Arêas Universidade Paris II - Sorbonne Panthéon-Assas A “estigmação” como argumento: entre denunciação e legitimação da lei do véu integral
Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 4 SALA 2003
Elisson Ferreira Morato UFMG Pourquoi la fiction? o discurso literário e a desigualdade social Fernanda Moraes D’Olivo FTESM A argumentação e a narratividade na configuração da discursividade do cordel Gabriela Pacheco Amaral UFMG A multiplicidade dos "eus" de Graciliano Ramos na narrativa de vida, Infância Isis Cristina Ramanzini PUC-SP O ethos e a identidade de Monteiro Lobato na construção e transformação dos anos 1930 Lucas Frederico Andrade de Paula UPF Análise discursiva do enunciado: “Um artista da fome”, de Kafka Ana Maria Rocha Soares UESB O espelho da sociedade no sujeito de “O espelho”, de Guimarães Rosa
Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes
Thiago Martins Prado UNEB Os discursos sobre a provisoriedade estética e as suas implicações com o mercado de arte
5 SALA 3000
Lucas Martins Gama Khalil UNIR Ethos e qualidade de voz: aspectos discursivos do death metal María Elisena Sánchez Román Universidad Intercultural de Chiapas Superhéroes a la defensa de Occidente cuando Oriente amenaza la comunidad Lucas Piter Alves Costa UFMG Embates na formação do campo quadrinístico: a trajetória de Rodolphe Töpffer Luciana Cristina de Sousa Ribeiro UFG Rosana Maria Sant'Ana Cotrim UFG Subjetividade na/da EJA: análise do discurso dos alunos do curso técnico integrado em artesanato na modalidade EJA do IFG na cidade de Goiás Lizainny Aparecida Alves Queiróz /+ Autor APMMG-Academia de Polícia Militar de Minas Gerais A Semiolinguística aplicada ao cinema: análise do filme “a história da eternidade”
Desigualdade, Teorias do Texto e do Discurso; Interdisciplinaridades
Zeneide Resende de Sousa Carvalho PUC/MG Os atos de fala em meio às desigualdades Luiz Claudio Vieira de Oliveira FUMEC Estudo comparativo de diferentes abordagens discursivas
6 SALA 3002 62
Programação: Comunicações Individuais Angélica Ferreira da Fonseca UFRN Responsabilidade enunciativa: a noção do ponto de vista Jéssica de Oliveira da Silva UFF A desigualdade sob uma perspectiva semiótica: o discurso de "amorteamo" Vivia Aparecida da Silva Reis UFSJ O modelo familiar sagrado: uma análise semiolinguística Renata Soneghetti Cauper Pinto FFP-UERJ Produção de textos do tipo argumentativo nas modalidades oral e escrita em uma escola pública na perspectiva da análise do discurso
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 7
Josciene de Jesus Lima USF Entre eu e os outros: modos de identificação do(a) professor(a) Josete Rocha dos Santos UFRJ Uma análise crítica de discursos sobre cidadania em materiais educativos para a Educação de Jovens e Adultos
SALA 3009 Karyn Meyer UNESP Os gêneros discursivos na alfabetização Laura Amélia Fernandes Barreto UERN Concepções de gênero na escola associadas às diversas disciplinas curriculares Solange Christina Carneiro Rodriguez UEMG/Univás Análise do discurso da Escola em Tempo Integral Virginia Orlando Universidad de la República - Udelar Procesos de socialización académica en la escritura de monografías de humanidades: ¿hacia una educación universitaria igualitaria?
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 8 SALA 3017
Tanise Corrêa dos Santos do Nascimento UPF Estudos discursivos e ergológicos: uma interface possível por meio da atividade docente Tatiane Feitosa dos Santos UEMS Readaptação em meio escolar: qual identidade para o professor?
Terezinha Maria Marques Teixeira Unimontes Entrelinhas e vozes: o discurso docente sobre a prática de leitura em escolas públicas de Montes Claros – MG Mónica Peña Ochoa Facultad de Psicología Universidad Diego Portales Educación, desigualdad y nuevas élites. Un estudio discursivo crítico en Santiago de Chile Danielle Cristina Mendes Pereira UFRJ Valéria Campos Muniz INES Práticas discursivas na construção da identidade e aquisição da Língua portuguesa como L2 Natália Costa Leite CEFET - UFMG/POSLIN O mal-estar do professor de língua inglesa: narrativas em foco 63
Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 9
Eduardo Lopes Salatiel UEMG A escola no discurso de um adolescente ameaçado de morte por envolvimento com a criminalidade Fabiany Carneiro de Melo UFF Programa “escola sem partido” e seus PLS: uma análise discursiva
SALA 3019 Francisco José Caldas Nunes Unimontes Arlete Ribeiro Nepomuceno Unimontes A construção do letramento e da multimodalidade em anúncios publicitários de alunos do ensino fundamental Vítor Lopes Andrade UFSC Elizabete Sanches Rocha UNESP Representações do exterior no manual brasileiro de ensino da língua inglesa Upgrade Eunice Maria da Silva Camargo NEAD Maria Aparecida da Silva Santandel NEAD Sujeito professor: dizer que marca resistência e representação
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico
Carmen Irene Correia de Oliveira UNIRIO As noções de contextualização, situação-problema e interdisciplinaridade nos documentos que embasam o ENEM: uma discussão a partir de dois textos documento básico e do fundamento teórico do ENEM
10 SALA 3053
Dalcylene Dutra Lazarini FASM Desigualdades e dificuldades na educação de jovens e adultos (EJA): o uso de publicidades como uma estratégia para práticas leitoras Daniervelin Renata Marques Pereira /+ Coautor UFMG Recursos educacionais abertos para o ensino superior: um panorama a partir da análise semiótica do discurso Dulce Maria Lopes de Aguiar IFMG/Campus Ouro Preto Preconceito e silenciamento no ensino de literatura Edigar dos Santos Carvalho UFPE O discurso opressor e contraditório de regimento escolar Nathália da Silva de Oliveira UFF O trabalho do professor e a terceirização do ensino de língua estrangeira
Desigualdade, Política e Discurso Político 11
Thaís Rios de Aguiar UNIMONTES A Rosa Branca: o ethos da resistência nazista Monica Alvarez Gomes UFMS Desigualdade e Igualdade: por uma teoria argumentativa da analogia
SALA3057 Alicia María Elizundia Ramírez Universidad Iberoamericana del Ecuador - UNIB.E El discurso del presidente Rafael Correa frente a las manifestaciones ocurridas en Ecuador durante junio-agosto 2015 Rodrigo Seixas Pereira Barbosa UFMG O argumento ad populum da desigualdade social como subterfúgio retóricodiscursivo 64
Programação: Comunicações Individuais Ana Soledad Montero UBA-CONICET El objeto discursivo "dictadura cívico-militar" en la Argentina reciente: recorridos y genealogías históricas Carlos Salvatore Durán Migliardi Centro de estudios del desarrollo regional y políticas públicas CEDER Universidad de Los Lagos Campo político y discursos sobre la migración en Chile
Desigualdade, Política e Discurso Político 12 SALA 3061
Maísa Ramos Pereira UFSCar Procedimentos de legitimação do dizer político: teorias e reflexões Maria Aparecida Silva Furtado UFOP O ethos no discurso de Michel Temer: imagem de um vice-presidente da República na política brasileira Ferhat Balouli Université de Bouira Les inégalités dans le discours politique (Cas des discours électoraux en Algérie) Andrea Guajardo University of the Incarnate Word Critical Discourse Analysis of Testimonios of Latinas in State and Federal Government of the United States Maria do Carmo Gomes Pereira Cavalcanti UNICAP Discurso político, religião e preconceito: um enlace que não cessa de produzir efeitos
Desigualdade, Política e Discurso Político 13
Mario Luis Grangeia UFRJ Discursos sobre a desigualdade: três imagens governamentais no Brasil Thiago Fernandes Peixoto Faculdade Guanambi Os apoiadores no contrato político-eleitoral
SALA 3065 Natália Rocha Oliveira Tomaz UFRJ Estratégias de desqualificação e exploração do ethos em um debate político: Dilma X Aécio Caterine Galaz Valderrama Universidad de Chile La configuración discursiva de la inmigración como problema desde la intervención social Frédéric Torterat Université de Nice Quelles dénonciations des inégalités sociales dans les discours institutionnels ? (domaines de l'éducation et de la politique éducative urbaine) Paula Camila Mesti UFSCar Entrevistas televisivas com Dilma Rousseff: a desigualdade política feminina na construção e incorporação do ethos
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático
Suzana Leite Cortez UFPE Representação do discurso outro e construção de ponto de vista em gêneros da mídia
14 SALA 3055A
Simone de Paula dos Santos /+ Autor UFVJM O Guernica de Mariana: retroalimentação entre a opinião das mídias tradicionais e as opiniões nas mídias sociais
65
Programação: Comunicações Individuais Danúbia Aline Silva Sampaio UFMG Jairo Venício Carvalhais Oliveira UFMG O “certo” e o “errado” na mídia brasileira: a legitimação da desigualdade social por meio da exclusão de usos linguísticos Lisiane Schuster Gobatto UPF/IFRS A Rede Globo e o acontecimento Diretas Já: do reconhecimento de um erro à produção de novas memórias Ana Virgínia Lima da Silva Rocha UFRN Modalizadores e construção de pontos de vista em reportagens televisivas de jornal local do Rio Grande do Norte
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 15 SALA 4000
Teresinha Souto de Azevedo Campos UFF/CNPq Discursos de poder no cotidiano midiático Vanessa Amin UFMG Efeitos de sentido gerados a partir da cobertura da mídia sobre a PNAD em 2015 Marcelo Eduardo da Silva UEMS Análises sobre estratégias linguístico-discursivas de não assunção da responsabilidade enunciativa no discurso jornalístico Melly Fatima Goes Sena FCMS Euzenir Francisca da Silva FCMS Análise do discurso jornalístico das reportagens em Campo Grande, MS sobre os povos haitianos: apresentação e aceitação do outro por intermédio da enunciação midiática Ângela Teixeira de Moraes UFG e PUC-GO Metodologia de análise do discurso jornalístico a partir de uma construção processual
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático
Hernán Robledo Nakagawa Universidad Católica de Valparaíso Función valorativa de las nominalizaciones en columnas de economía y negocios
16 SALA 4006
Irene Madfes UDELAR Sin posibilidad de réplica. Discurso de autoridad en un programa radial Nicolás Amoroso Boelcke Universidad Autónoma Metropolitana La desigualdad en los medios imponiendo gobernantes
Pablo Segovia Lacoste Universidad de Playa Ancha Problemáticas de las designaciones “Conflicto mapuche” y “Cuestión mapuche” en la prensa escrita chilena desde el Análisis del discurso Antonio Augusto Braighi UFMG O discurso do Mídia Ninja: a (des)igualdade social nas representações e ações midiativistas
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático
Ariana da Rosa Silva UFF Discursos sobre “desigualdade” nas vozes dos presidenciáveis nos debates televisionados 2014
17 SALA 4063
Bruno Deusdará UERJ O combate à diferença: movimentos de desqualificação na mídia brasileira 66
Programação: Comunicações Individuais Déborah Caroline Cardoso Pereira Rorato UEL Educação brasileira em cena: uma análise do discurso de uma charge online Erike Luiz Vieira Feitosa UTFPR Angela Maria Rubel Fanini UTFPR Indignação e brio: o discurso sobre a improdutividade do trabalhador brasileiro na Folha de São Paulo Adriano Rodrigues de Melo UFMG A construção da identidade do professor na mídia impressa
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 18
Gilmar Bueno Santos UFMG Gênero, identidade social e feminismo: abordagem discursiva de periódicos brasileiros do século XIX Cristia Rodrigues Miranda UFMG Mise-en–scène epidítica e a retórica em torno da maternidade
SALA 4067 Israel Fonseca Araújo Seduc-PA Discurso jornalístico, política e gênero: (inter)discursos que enunciam a atuação política da mulher, em Igarapé-Miri (PA) Rayén Amanda Rovira Rubio Universidad de Manizales Análisis de las desigualdades de género en el Marco de la Intervención Social para la Superación de la Pobreza en Chile (1990-2010) Pauline Freire Pimenta UFMG Quando elas ganham as capas de revista: a representação da mulher como militante em revistas semanais
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero
Fabiano Ormaneze PUC-Campinas Duílio Fabbri Júnior PUC-Campinas Uma âncora é um outro falar? Pré-construído e efeitos de sustentação sobre homossexualidade no webprograma “Põe na Roda”
19 SALA 4069
Javier Enrique García León Université d´Ottawa De la espectacularización a la transgresión normativizada. Una aproximación al estudio de la representación de los sujetos transgénero en la prensa colombiana Iverton Gessé Ribeiro Gonçalves UPF Práticas discursivas, mulheres e memórias: manifestações culturais e identidade na esteira do discurso em Nova Prata Tatiana Affonso Ferreira UFMG Gênero, maternidade e direitos: o aborto como conduta desviante da mulher Everaldo dos Santos Almeida /+ Coautor PITÁGORAS Roberto Max Louzeiro Pimentel PITÁGORAS Rita Ivana Barbosa Gomes UFMA A mulher pós-moderna nas teias do discurso musical
Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais. 20
Poliana Coeli Costa Arantes UERJ O trabalho com refugiados no ensino intercultural de língua: ações para a redução de desigualdades Nathalie Fuchs Sciences Po Paris Une montée en généralité en mots des plus vulnérables
SALA 4071 67
Programação: Comunicações Individuais Adriana Recla Sarcinelli FAACZ As relações interdiscursivas e as formas de manifestações culturais em materialidades discursivas indígenas tupiniquins Alessandra Dias Carvalho PUC-SP Indígenas de Mato Grosso do Sul: ethos e representações de si no Facebook Aline Saddi Chaves UEMS A construção do(s) sentido(s) de índio/indígena em um acontecimento discursivo
Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais.
Carmen Alén Garabato Université Paul-Valéry, Montpellier Egalité des citoyens, inégalité des langues… Quelques réflexions à propos des politiques linguistiques en France et en Espagne
21
Chibane Rachid Centre Universitaire de Tindouf Algérie La représentation de l’altérité et les discours de la différenciation chez les jeunes des quartiers populaires en Algérie
SALA 4073
Etheves Cynthia Université de Monpellier 3 Des inégalités linguistiques aux inégalités politiques en Italie Fernanda Silva Dias de Aquino /+ coautor UFRJ Selvagens e domesticados, puros e impuros: um olhar categorizado sobre os índios do Brasil Fernanda Pereira UNIOESTE Kaoana Sopelsa UNIOESTE Sob o véu do discurso: efeitos de sentido produzidos pelo uso do hijab
Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais.
Gustavo Augusto Fonseca Silva UFMG Os movimentos sociais negros no Brasil e a ressignificação de "quilombo": da criminalização à autoafirmação
22
Icléia Caires Moreira UFMS Um olhar discursivo sobre a produção indentitária e processos de subjetivação do indígena em material didático publicizado no ciberespaço
SALA 4079
Isaac D'Leon de Almeida UNIFRAN Da senzala à publicidade: a representação da imagem do negro marcada pelo regime escravocrata Irení Aparecida Moreira Brito UEMS Desigualdades sociais e construções identitárias: reflexos discursivos da Política de Cotas na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS Jessica Fernanda Mezadri UPF A voz dos quilombos: identidade e produção discursiva na manifestação do ethos discursivo João Paulo F. Tinoco Machado UFMS A carta do cacique seattle: um estudo discursivo da construção identitária agonística
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Programação: Comunicações Individuais
17/09/2016 (Sábado) - 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 1 SALA 2000
SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 17 de setembro Ana Michelle de Melo Lima /+ Coautor UERN Os efeitos de sentido no discurso da Mafalda: interdiscurso e memória discursiva Andreza Santos Xavier Rodrigues de Carvalho UEMG/FAPP Discursos sobre o negro: mito, história, memória e tradição Daniel Mariano UFSCar É proibido dizer massacre? O silêncio das palavras na história sobre o Massacre do Carandiru Gleici Heringer UFF Silenciar e resistir: posicionamentos em políticas ambientais Monica Fontenelle Carneiro UFMA A violência urbana brasileira: um levantamento dos estudos fundados na Análise do Discurso à luz da metáfora Cleotilde Gonzalez Instituo de Mejoramiento Profesional del Magisterio UPEL Analisis del discurso de la entrevista de selección de personal. Estudio de caso
Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 2 SALA 2001
Shirley Maria de Jesus UFMG A exclusão do outro na Literatura enquanto espaço de conflito social Bárbara Marques Barbosa de Carvalho UFMG O anonimato como estratégia de combate às desigualdades de um mundo panóptico José de Souza Muniz Júnior USP “Independente”: uma fórmula discursiva na produção cultural contemporânea Sabriny Suelen dos Santos UFMG Identidade(s) em questão: A Análise do Discurso e seu papel na construção identitária do sujeito Tânia Maria de Oliveira Gomes UFMG De cabelereiro [sic] a hairstylist: a estetização profissional e seus desdobramentos sociais Maria Lucia Loureiro Paulista PGLETRAS/UEMS/NEAD Uma luta desigual: uma análise do discurso feito por Madre Tereza de Calcutá
Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 3 SALA 2002
Viviane Raposo Pimenta PUCMINAS Direitos humanos, processos discursivos, legitimação da exclusão e promoção das desigualdades: há luz no final do túnel? Júnia Diniz Focas FALE-UFMG Polifonia: as vozes da ética do discurso Eliane Davila dos Santos Universidade Feevale Identidade e desigualdades sociais: o ethos discursivo como imagem de si na música “Minha Casa”
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Programação: Comunicações Individuais Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas +Coautora UnB/ PPGE/FE/MTC Entrevista compreensiva, análise de discurso e materialismo histórico: um caminho possível Luis Gabriel Arango Pinto Universidad Pedagógica Nacional Verónica Ochoa López Universidad Simón Bolívar Juana Lilia Delgado Valdez Universidad Simón Bolívar Los mirreyes: ostentación y desigualdad social en México. Estudio de las formaciones imaginarias en el video generacional 2014 del Instituto Cumbres José Cláudio Vasconcelos da Silva UNICAMP Clube de autores: processos de legitimação por meio dos comentários nos posts do Facebook
Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 4 SALA 2003
Sérgio Nunes de Jesus /+ Coautor IFRO Campus Cacoal A violência doméstica: da perspectiva do discurso policial à análise linguísticoideológica Paulo Henrique Silva UNICAMP Sentidos de “apocalipse”: o sujeito contemporâneo e seu mal-estar Hamidreza Rahmatjou Université de Téhéran, Iran/ Université de Lorraine, France Le discours apocalyptique en rigueur dans les écrits écofictionnels extrêmecontemporains Sóstenes Ericson Vicente da Silva UFAL Da Reforma Agrária ao Desenvolvimento Agrário: o silenciamento da luta pela terra e a simulação da superação das desigualdades sociais do campo Carlos Alejandro Montes de Oca Universidad de Guanajuato La democracia en un grupo de élite política Bárbara do Vale Reis de Sousa UFMG Imaginários sociodiscursivos acerca dos esquizofrênicos: entrevista sobre o documentário “Pára-me de repente o pensamento”, de Jorge Pelicano
Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 5 SALA 3000
Manuel José Veronez de Sousa Júnior UFU A gestão da paratopia criadora em cartas de autor Marcia dos Santos Lopes UTFPR O discurso do favor e da subserviência na voz do trabalhador agregado: Dona Plácida Margareth Torres de Alencar Costa UESPI Ethos e subjetividade nas obras: “Recordações Do Escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto, e “O caso da vara”, de Machado de Assis Maria das Dores Nogueira Mendes UFC A intervocalidade mostrada nos posicionamentos do discurso literomusical para crianças Sônia Maria de Oliveira Pimenta UFMG Luiz Antônio Andrade UFMG As relações de poder no Conto The Old Chieif Mishlanga
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Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes
Ricardo Celestino PUCSP Processo de subjetividade e a leitura sobre desigualdade social nos discursos musicais de criolo
6 SALA 3002
Robson da Silva Constante Universidade Feevale Funk ostentação: Discursos e desigualdades sociais analisadas em duas músicas do gênero do funk com destaque ao consumo de grifes e marcas de luxo como forma de inclusão social Romison Eduardo Paulista PUC-Minas Análise de metáforas e esquemas imagéticos no processamento cognitivodiscursivo do filme “Django livre” Mathieu Feryn Avignon University Jazz audiences in France since 2000. Mutations, circulations, cultural prescriptions Nahúm Castillo Rodríguez Universidad Autónoma Benito Juárez de Oaxaca El discurso intercultural debatido desde el ámbito audiovisual Mahmood Kadir Ibrahim University of Huddersfield Ideologies in Sherko Bekas’s Coarse: a critical stylistics and cognitive metaphor approach
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 7 SALA 3009
Gláucia Rejane da Costa UFBA Discurso pedagógico e desigualdade no acesso aos saberes Hadson José Gomes de Sousa /+Coautor Identidade docente: um jogo de im-posições
UFPA
Hildete Pereira dos Anjos /+ Coautor UNIFESSPA Reprodução do estereótipo de gênero na escola: contribuições do discurso docente Inez Barcellos de Andrade UFRJ/NUTES; IFF O discurso sobre leitura na pesquisa em Educação em Ciências Adriana Aparecida da Silva Cardoso UFMG Ensino da leitura: o papel da imagem na compreensão do gênero anúncio publicitário Mauricio Zacarías Gutiérrez Escuela normal "Fray Matías de Córdova" José Macías Equihua Escuela normal "Fray Matías de Córdova" Ma. Juana Eva Denicia Luna Escuela normal "Fray Matías de Córdova" Discurso de la formación docente, en estudiantes de Licenciatura en Educación Especial. Escuela normal Fray Matías de Córdova. Tapachula, Chiapas
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 8 SALA 3017
Valeria Schmid Queiroz UFMG Uma análise dos traços subjetivos em textos de participantes do Celpe-Bras sob uma perspectiva modular Verônica Maria Araújo dos Santos /+ Coautor UESB ENEM e(m) imaginários sociodiscursivos: do estrutural da/na escola às ações individuais rumo à mobilidade social
71
Programação: Comunicações Individuais Laísa Maria Freire NUTES/UFRJ Sama de Freitas Juliani NUTES/UFRJ María Angélica Mejía NUTES/UFRJ Gabriela Ventura NUTES/UFRJ Entendendo processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da Análise Crítica do Discurso: contribuições para a formação docente em ciências Waléria Andrade Martins /+ Coautor UFSCAR Práticas discursivas de subjetivação docente: estratégias de poder no contexto do PIBID Tamiris Machado Gonçalves PUCRS Vanessa Fonseca Barbosa PUCRS Concepção dialógica e variação linguística: uma reflexão sobre o ensino de língua portuguesa Wagner Ribeiro de Carvalho IFBA Os sentidos tecnológicos e sua apropriação educacional
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 9 SALA 3019
Júlio César Souza de Oliveira UFJF A retórica na construção do discurso antifônico em Luiz Gama - uma arma contra a desigualdade racial Maria Isabel Soares Oliveira IFMA/UNICSUL O modo de organização do discurso argumentativo e os tipos de argumentos: análise de redações nota mil do ENEM 2012 Mayane Santos Amorim IFBA O funcionamento do silêncio na construção discursiva do sujeito estudante universitário Michelle Morais Domingos UFT A atribuição do(s) sentido(s) em realizações avaliativas de alunos da educação básica em diferentes gêneros discursivos Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli / +Autor PNPD CAPES UFOP A redação do ENEM: reflexões à luz dos gêneros do discurso Karine Correia dos Santos de Oliveira PUCMG As desigualdades sociais como objeto de ensino e aprendizagem: propostas de leitura e produção de textos
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico
Roberta Rego Rodrigues UFPEL Análise textual de dois diálogos em A hora da estrela e em suas traduções para o inglês
10
Fabricia Aparecida Migliorato Corsi UFSCar Os discursos sobre a leitura instaurados por estudantes que adentram o Ensino Médio
SALA 3053
Jair Alcindo Lobo de Melo IFPA Análise do discurso em textos icônico-verbais, questões étnico-raciais e interdiscurso nos livros do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) Regina Lúcia Péret Dell´Isola UFMG Desigualdades na construção da argumentação nas redações do ENEM 72
Programação: Comunicações Individuais Ivan Vale de Sousa UNIFESSPA Argumentação na Educação de Jovens e Adultos Maralice de Souza Neves UFMG A abordagem do mal-estar na circulação da palavra: deslizamentos de sentido na conversação
Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 11
Soraia Cristina Blank IFTO El uso de cortos metrajes en clase de ELE Agnaldo Almeida de Jesus UFMG Ensinar a gramática (normativa) para ascender socialmente: deslocamentos (im)possíveis
SALA 3057 Nelson Barros da Costa UFC O despudor da língua: reflexões discursivas sobre o palavrão Elizabeth Bozoti Pasin /+ Coautor Colégio Pedro II e PGECOL/UFJF Discursos de professores de uma licenciatura em ciências biológicas sobre a educação ambiental Armando González Salinas Facultad de Filosofía y Letras - UANL Adriana Elizabeth Rodríguez Althon Facultad de Filosofía y Letras - UAN Desigualdad cultural: las metáforas en la traducción de textos financieros en inglés y español Juliana de Paiva Vieira Soares UFMG O uso das mídias tecnológicas em aulas de língua portuguesa: um método para o ensino de produção de textos e incentivo à leitura
Desigualdade, Política e Discurso Político
Rafael Batista Andrade UFMG Igualdade de gênero e empoderamento das mulheres no discurso diplomático de Dilma Rousseff e François Hollande
12 SALA 3061
Emiliane Moraes Silva FUNCESI “Cadê o petróleo que estava aqui?”: o caso OGX e as práticas discursivas mantenedoras do capitalismo da especulação Reinaldo César Zanardi UEL/Unopar A palavra na produção de sentidos: uma reflexão discursiva sobre a linguagem politicamente correta Merlin J. Serrano Corrales Observatorio social y político La fuerza movilizadora y emocional de los discursos políticos polarizantes chavismo-oposición. Principales coyunturas , 1999-2015. Venezuela María Isabel De Gregorio de Mac Universidad Nacional de Rosario Gloria Noemí Otaduy Universidad Nacional de Rosario Adriana Patricia de Vooght Universidad Nacional de Rosario "Viejos temas, enfoques nuevos" (Sobreaserciones y aforismos)
Desigualdade, Política e Discurso Político
Monique Marie Vaughan Moppett Facultad de Comunicación, Universidad Austral La subjetividad en el discurso político del ex-presidente José Mujica
13 SALA 3065
Amanda Gazola Tartuci UFSJ De direta ou de esquerda? Argumentação e ethos em um embate políticoreligioso 73
Programação: Comunicações Individuais Ana Miriam Carneiro Rodriguez UninCor/CAPES A venda do produto “político”: o estudo de caso de um percurso argumentativo com vistas à adesão Bruno Bohomoletz de Abreu Dallari UFPR O diálogo sobre cotas no vestibular 2015 da UFPR: tensões e latências no espaço público brasileiro Paula Rafael Gonzalez Valelongo Uniso Maria Angélica Lauretti Carneiro Uniso Formações imaginárias e o sistema de cotas: (des)naturalização de mitos Lais Carolina Machado e Silva UFG Lajla Katherine Rocha Simião UFG A perspectiva da ADE acerca dos discursos do aborto enquanto pró-vida
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 14 SALA 3055A
Maria de Fátima Fernandes Bispo CEFET-RJ A linguagem criativa em jornais populares Asiru Hamee Tunde Kenyatta University Presuppositions and implicatures in mass media socio-cognitive representation of the nigerian police force Maria do Socorro Morato Lopes UFPA Trabalho prescrito: a constituição de imagens do profissional docente em revistas especializadas Maria Felícia Romeiro Mota Silva UFOB/UNB Identidade do “Zé Povinho”: representação das pessoas de baixa renda no discurso da mídia impressa Maria Roseli Castilho Garbossa UNIOESTE Sujeito, corpo e mídia: a eterna ilusão da completude Julia Ferreira Veado UFMG O jovem discurso da culinária nos programas de receita: uma análise das representações do ato de cozinhar
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático
Natália Silva Giarola de Resende UFSJ O discurso do portal veja.com na construção da morte dos mitos Lula e Gianecchini
15 SALA 4000
Àyelen Dichdji Universidad Nacional de Quilmes La percepción de la problemática ambiental en la revista argentina Expreso Imaginario (1976-1983) Regysane Botelho Cutrim Alves UFMA/UnB Criatividade discursiva na publicidade televisiva: um estudo da utilização de crianças na construção de representações Edith Regina Escutia Solis ENAH - Escuela Nacional de Antropología e Historia, México Discursos de los medios de comunicación respecto a la desigualdad del rock indígena en México Patrícia Sousa Almeida de Macedo UFC Referenciação, argumentação e ethos: estratégias de persuasão em uma entrevista televisiva 74
Programação: Comunicações Individuais Francoise Sullet-Nylander Université de Stockholm - Département d'Etudes Romanes et Classiques, Suède De l'"inégalité" dans la confrontation : humour, termes d'adresse et discours rapportés dans les débats télévisés de l'entre deux-tours (1974-2012)
Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático
Rafael Guimarães Nogueira UFF Entre vítimas e criminosos: estratégias de captação em manchetes policiais do jornal Meia Hora
16 SALA 4006
Dhyan Singh Govt. PG College Dharamshala Impact of culture and caste on social communication: a empirical study Rodrigo da Silva Campos UERJ Aforização como mecanismo de construção de imagens de enunciador em manchetes do jornal Meia Hora: um estudo discursivo Ana Cecília da Costa UNISANTOS A encenação da informação: o Movimento Passe Livre no jornal Folha de S. Paulo Tamires Bonani Conti UFSCar Enunciados curtos em comunicação política: a emergência do “Volta, Lula” como uma palavra-acontecimento Fábio Ávila Arcanjo UFMG “A cidade é uma só” e as desigualdades sociais são inúmeras
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 17
Valdirene de Jesus Alves /+ Coautor UESB Os imaginários sociodiscursivos na construção da imagem de mulher: identidades (re)dimensionadas Venan Lucas de Oliveira Alencar UFMG Imaginários sociodiscursivos e aplicativos de encontro gays
SALA 4063 Vicentina dos Santos Vasques Xavier UEMS Um triângulo (nada) amoroso: o cravo, a rosa e a Maria da Penha Victor Augusto Menezes Ribeiro UERJ Vozes da diversidade: uma reflexão sobre interações verbais a partir da cobertura jornalística da 19ª Parada LGBT de São Paulo Viviane Cristina Vieira UnB Corpos e identidades nas mídias: reflexões em análise de discurso crítica ecofeminista
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 18 SALA 4067
Márcia Silva Amaral /+ Autor UESB As identidades de gênero como objeto de ensino e de discurso: apontamento sobre a sala de aula como espaço discursivo Marcos Paulo de Azevedo /+ Coautor UERN O avesso que sou eu: uma análise da construção ética da identidade crossdresser Nívea Barros de Moura /+ Coautor UERN As relações de poder e as práticas de subjetivação do sujeito mulher pelo enunciado midiático 75
Programação: Comunicações Individuais Maria Cecília de Lima UFU – ILEEL Eliana Dias UFU Discurso e representação em “Mulheres negras”
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero
Claudinéia Cristina Valim UEM Regimes de olhar e de dizer o corpo feminino obeso na contemporaneidade: estratégias de (des) igualdades
19
David Leonardo García León Université d´Ottawa Cuerpos que importan a la jurisprudencia colombiana. Análisis crítico que es discursivo de la sentencia judicial sobre reasignación de género a niños intersexuales
SALA 4069
Carla Luzia Carneiro Borges UEFS Discursividade, corpo e desigualdade social nas feiras livres ambulantes Lucas Nascimento Silva UFBA Ato argumentativo e sujeito argumentante: uma análise dos enunciados em torno da criminalização da homofobia Tainara de Lima Mello URI Sabrina Alves de Souza URI A voz do estuprador: uma análise de discurso
Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 20
Leonardo Coelho Corrêa-Rosado UFMG Corpo e feminilidade em telenovelas brasileiras Gracielle Fonseca Pires UFV Os discursos sobre a mulher nos veículos midiáticos especializados em Heavy Metal
SALA 4071 Luciane Thomé Schröder Quem comeu a vovozinha?
UNIOESTE
Bruno Bivort Urrutia Universidad del Bío-Bío La Ciudadanía Política y los discursos sobre la igualdad/desigualdad de género Faiza Benidir Département de Français Alger 2 La construction argumentative du discours féministe de Simone de Beauvoir
Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais 21 SALA 4073
Priscila Mion Ferreira Egidio UFES Representação social dos torcedores do Grêmio no caso do goleiro “Aranha” Renata Aparecida Ianesko UFMS – UNIR A representação identitária dos sujeitos haitianos de Três Lagoas – MS Rosemeri Passos Baltazar Machado UEL Dayane Caroline Pereira UEL Preconceito, relação de poder e a questão da desigualdade racial no campo do humor pelo viés da AD Sabrina Sant'Anna Rizental UFF Refugiados - um olhar além dos estereótipos: uma reflexão sobre produções discursivas num país de misturas 76
Programação: Comunicações Individuais Selma Marques da Silva Fávaro UFMS Perspectivas futuras do indígena da aldeia São João- Porto Murtinho/MS na constituição de sua identidade Silvania Maria Maciel SEDUC-PE Secretaria de Educação Discurso e sociabilidade afro-religiosa no bairro do Ipsep
Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais 22
Juliana Silva Santos UFMG Os embates discursivos sobre as relações raciais brasileiras a partir dos argumentos sobre política de cotas Waneuza Soares Eulálio Unimontes Desigualdade na igualdade: representação social de ingressantes pela categoria afrodescendente carente
SALA 4079 Ramon Silva Chaves PUC SP O lugar e o não lugar do negro brasileiro no século XX: a paratopia e a identidade no discurso literário Carta de um defunto rico, de Lima Barreto Marcelo Cordeiro IEC – PUC Minas Um caso de mesaliance bakhtiniana: o discurso LGBT (e simpatizantes) e a sociedade brasileira no carnaval do século XXI Renato Cassim Nunes /+ Coautor PUC O discurso do desarmamento pelo viés da Religião e da Filosofia
77
Programação: Comunicações Individuais
78
Programação: Pôsteres
PÔSTERES Posters | Carteles | Poster
SAGUÃO DO CAD 2 – FACULDADE DE LETRAS 14/09 Fixação de pôsteres no saguão do CAD 2 – Faculdade de Letras 15:30 às16:00 Installation des posters | Instalación de los carteles | Installation of Posters 15/09 Apresentação dos pôsteres (Saguão do CAD 2 – Faculdade de Letras) 15:30 às 16:00 Présentation de Posters | Presentación de carteles | Poster Presentation
A-Z
Os pôsteres estão classificados por ordem alfabética (Nome dos Autores Principais). Les posters sont classés par ordre alphabétique (Prenom et Nom des auteres principaux). Los carteles están clasificados por orden alfabético (Nombre de los autores principales). Posters in alphabetical order (by main authors’ name).
01
A construção discursiva nas capas de jornais: um estudo comparativo entre as manchetes sobre as manifestações de agosto de 2013 em O Globo e Meia Hora Alan de Almeida Dalles ISAT
02
A construção de ethos no microblog Twitter Albylene da Silva UFRPE – UAG
03
Evaluación del impacto del Programa Todos a Aprender en los procesos de enseñanza del lenguaje y las matemáticas: el caso de la institución educativa “San José del Pantano” Alex Mauricio Diaz Diaz Gobernacion de Cordoba
04
Desenvolvendo materiais e (des) construindo a sala de aula: uma análise crítica do discurso de professores de língua inglesa em formação Amanda de Oliveira Lopes UVA Rayza Loureiro UVA
05
Denúncia da desigualdade racial brasileira contemporânea no poema “Duro não é o cabelo” de Akins Kin Ana Carolina Assis de Almeida UFLA
06
Trabalhos vinculados ao PAD – Pesquisas em Análise do Discurso: o processo de significação em diversos gêneros Ana Carolina Bernardino UEL Ana Luísa Loureiro Bracarense Costa UEL
07
O corpo para consumos no discurso da superação da obesidade Ana Paula Picagevicz UNIOESTE 79
Programação: Pôsteres 08
Mulheres na torcida organizada Anna Gabriela Rodrigues Cardoso UFLA
09
A escola e o processo de reprodução social Bianca Cristina dos Santos UEM
10
A construção do enunciado crítico nas canções de Emicida Bruno Oliveira UFG-Regional Catalão
11
Sujeito-mãe nas tramas discursivas do filme “O nascimento do parto” Camila Ratki Krautchuk UNICENTRO
12
A consolidação da habilidade de inferir informações implícitas Claudia Tatiana Prates Nunes Unimontes
13
Ethos propriamente discursivo: uma análise da construção da imagem do enunciador que se propõe a mostrar a desigualdade social no Facebook Cristina Rothier Duarte IFPB
14
Realidade complexa e contraditória: a interface entre a extensão e a transformação social Daniela Caroline Silva UFMG Felipy Cairo Lima UFMG Jeane Oliveira Coutinho UFMG Lucas Rocha Santos UFMG
15
A voz que ecoa das ruas e o discurso midiático: uma luta entre poderes Daniele Cristina Campos UFF
16
Estudos do discurso didático-pedagógico numa perspectiva do gênero da atividade docente Debora Luiza Portela Santos IFPR
17
O ensino de advérbios modalizadores em livros didáticos de ensino médio Dennis da Silva Castanheira UFRJ
18
Um sonho a mais: análise do discurso jornalístico sobre o primeiro dia do sonho de uma travesti Edivanaldo Vicente da Silva UFRN
19
Uma análise tridimensional da representação do negro na série de livros Storyfun: desconstruindo hegemonias de poder Fernanda de Barros Nogueira Santarelli UVA Cláudia Cristina Mendes Giesel UVA
20
O discurso ambiental presente em projetos de Educação Ambiental de Unidades de Conservação: o caso do Instituto Inhotim Fernanda Moraes Mendes UFMG
21
Relações lógico-semânticas texto-imagem em narrativas infantis: uma análise orientada para os estudos da tradução no par linguístico inglês/português brasileiro Flávia Ferreira de Paula UFMG
22
Desigualdade no viés das vozes que compõem a docência no PIBID Letras, subprojeto inglês IFPR / câmpus Palmas Gerson Anschau Poleze IFPR Kátia Cilene Silva Santos Conceição IFPR
23
Mitos gramaticalmente situados: compreendendo o olhar do usuário sobre a língua Gizelle Ferreira Barbosa UNILESTE Glória Dias Soares Vitorino UNILESTE
80
Programação: Pôsteres 24
Acervo de Jornais do século XX da cidade de Mariana - MG Guilherme de Carvalho Euzébio UFOP
25
O revisor de textos e sua formação profissional: como esses profissionais avaliam sua atividade Halyne Maria Stefani do Porto UFSM
26
As gramáticas reveladas nos livros didáticos de Língua Portuguesa do ensino fundamental Iscarlety Matias do Nascimento UFG
27
Entornos híbridos de enseñanza para el desarrollo de la comprensión lectora y la producción de discurso escrito en educación media Jacob Vargas Arteaga Universidad de Córdoba
28
Rodas de conversa na educação infantil: momentos de interação, aprendizagem, e construção de novos significados? Jéssica de Fátima Azevedo Silva UEMG
29
A seção ciência no Estado de Minas: divulgar ou debater os avanços científicos? Jéssica de Lourdes Ferreira Ferraz UFV Elza Mayra de Oliveira Silva UFV
30
Narrativas de vida no documentário “Vila Mariquinhas: a memória do bordado” – um estudo à luz da Análise do Discurso Jéssica Mariana Andrade Tolentino CEFET-MG
31
Discurso, trabalho e (superação de) desigualdade: o CIPMOI, Curso Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial, da UFMG Jucimar Antonia Teodoro UFMG
32
O discurso pornográfico nas mídias: representações e estereótipos Julio Cesar Paula Neves UFLA Marcio Rogério de Oliveira Cano UFLA
33
O discurso da desigualdade social na fábula “Sopa de Pedra” de Millôr Fernandes Kaline Ferreira Oliveira UNEB
34
Os imaginários sociodiscursivos no humor piauiense Karen Raquel Rodrigues Estevão UFPI
35
Futebol, humor e discurso: por uma categorização do riso na mídia esportiva Kariny Ranelli Tavares Dutra UFV
36
O mundo natural nos livros didáticos de geografia: uma análise do discurso sobre a água no PNLD/2015 Larissa Brant Pimenta de Faria UFMG
37
Becoming a woman in a sexist society: an analysis of the character Mrs. Kember in the fiction “At the bay” Larissa Bruna Batista de Farias (UEPB)
38
Discursos da Educação Ambiental e Literatura: o seu papel como instrumento de reflexão e ressignificação do conceito “meio ambiente” na educação infantil Lígia Fanton Ribeiro UFMG
39
A FUNASA e as ações de saúde ambiental e saneamento básico: análise dos discursos dos materiais didáticos no contexto da ideologia do desenvolvimento sustentável Luiz Carlos da Silva UFMG
81
Programação: Pôsteres 40
Análise da visão de ciência e de física quântica no discurso de defesa da eficácia de terapias alternativas para a cura de doenças Marcia Tiemi Saito PIEC-USP
41
Interdiscurso, cenas de enunciação e ethos discursivo em veiculações jornalísticas online Márcio Torres Gotierre Lopes UFLA
42
Transformação do carnaval de Salvador/BA em negócio e desigualdades trazidas pela transformação Marcos Oliveira Mendes UFMG
43
Compreendendo o olhar do usuário sobre a língua: mitos ideologicamente e culturalmente situados Maressa de Jesus Evangelista Unileste
44
Direitos humanos: universalização ou relativismo Mariana Konkel Barbosa Centro Universitário eAprenda eLearning
45
O uso do website como mecanismo de captação da Igreja Universal do Reino de Deus: análise da seção “Quem somos” Mariane Almeida Varela UFV
46
Desigualdades e violências reveladas nas e pelas alteridades das personagens do filme “Som ao redor” (2013), de Kleber Mendonça Mateus Silveira Bello UFLA
47
"A alma encantadora das ruas": um retrato da desigualdade na Cidade Maravilhosa Mayara Faria Quirino UFMG
48
A mineração como impacto pontual: discurso e realidade Melissa Rocha Lima UFMG
49
Os discursos sobre a mineração e seus impactos ambientais nos livros didáticos de geografia: por que tantos silenciamentos? Natália Coimbra Jesus Santos UFMG
50
A tecnologia como fator de inclusão e exclusão social em “Geração Brasil” Paulo Leal Manso UFF
51
Ethos político vs. Ethos ridículo - riso e vrbanitas nos debates políticos de 2014: reflexões e conclusões Paulo Roberto de Deus Júnior UFV
52
Gravidez interditada: discurso, poder e memória Priscila de Souza (UNICENTRO)
53
O filme “As Domésticas”: uma relação exotópica e polifônica Rafael Junior de Oliveira UFLA
54
O imbricamento sujeito-artista-obra nos Parangolés, de Hélio Oiticica Rafaella Barqueiro Domingues UEM
55
A necessidade de uma comunicação cooperativa entre o direito processual e os conflitos fundiários: uma análise da nova configuração do regime das possessórias no novo Código De Processo Civil Rafaella Santos Costa UFPE
56
Tecnologias como commodity: o discurso hegemônico na educação Renata Targino de Figueiredo UFF Cíntia Velasco Santos UFF
82
Programação: Pôsteres 57
Subjetivação feminina: análise da mulher no mito da criação na Bíblia Rennika Lázara Dourado Cardoso UFG
58
A construção da imagem feminina nas postagens do Facebook da página Itaipava Rosangela Soares de Lima UFC Thamyres Barrozo de Paula UFC
59
Publicidade e literatura: as relações de interdiscurso presentes no discurso publicitário Sandra Maria Oliveira UFLA
60
Diário de Bitita: a desigualdade social nos escritos de Carolina Maria de Jesus Sandro Aragão UFRRJ Manoela Tavares Carvalho UFRRJ Fabiane Aparecida Lima UFRRJ
61
Deficiência intelectual: prática educativa e reflexões Silvia Cristina Ximenes Viana Centro Universitário eAprenda eLearning
62
O circuito esotérico do direito: o “juridiquês” como linguagem desviante e discurso de exclusão jurídica Stener Carvalho Fernandes Barbosa FAMINAS-BH
63
Jornalismo em contexto de multiplataformas: abordagem comparativa de jornais online (Huffpost Brasil, Vice News Brasil, El País Brasil) Thales de Oliveira Moreira UTP
64
El ethos político presente en Violeta Parra y Mercedes Sosa Thiago de Sousa Amorim UESPI
65
A transgressão e as desigualdades na/da ditadura militar: uma análise de textos publicados nos arquivos da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e no Arquivo Público Mineiro (APM). Túlio Sousa Vieira UFOP
66
Aspectos da desigualdade de gênero na obra “O paraná mental” (1908), de Mariana Coelho Valter Andre Jonathan Osvaldo Abbeg UNIFESP Samara Elisana Nicareta UFSC
67
A representação do negro na novela Carrossel, de Iris Abravanel Welber Nobre Dos Santos UNIMONTES
68
Respostas ativo-responsivas a proposta de redação do ENEM 2015 no ambiente virtual: uma análise dialógica-discursiva William Duarte Ferreira UFRPE/UAG
83
Programação: Pôsteres
84
Programação: Lançamento de Livros
LANÇAMENTO DE LIVROS Lancement de livres | Lanzamiento de libros | Book releases
SAGUÃO DO CAD 2 (FACULDADE DE LETRAS)
14/09/2016 (Quarta-feira) – 18:30 às 20:30 ANDRADE, Rafael Batista. Semiótica éthos e gêneros de discurso nas canções-poemas de Maria Bethânia. Curitiba: CRV, 2015. ANICETO, Érica Alessandra Fernandes. A linguagem do gueto: construção de identidades por estudantes jovens e adultos. Curitiba: Appris, 2016. ANJOS, Hildete Pereira dos. Porque a escola não é azul? Os discursos imbricados na questão da inclusão escolar. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2015. ARAÚJO, Julio; LEFFA, Vilson (Orgs.). Redes Sociais e Ensino de Línguas: o que temos de aprender? São Paulo: Parábola, 2016. BATISTA JÚNIOR, José Ribamar Lopes. Pesquisas em Educação Inclusiva: questões teóricas e metodológicas. Recife, PE: Pipa Comunicação, 2016. BERNARDO-SANTOS, Wilton James; TFOUNI, Fábio Elias Verdiani. Discurso, Mídia e Ensino: entrecruzamentos de abordagens. São Cristóvão: Editora UFS, 2016. BOYER, Henri. Faits et gestes d’identité en discours. Paris: L’Harmattan, 2016. BRAGA, Denise Bértoli (Org.) Tecnologias digitais da informação e comunicação e participação social: possibilidades e contradições. São Paulo: Cortez, 2015. CANO, Márcio Rogério de Oliveira (Org.). Língua Portuguesa: sujeito, leitura e produção. São Paulo: Blucher, 2016. EMEDIATO, Wander (Org.). Análises do Discurso Político. Belo Horizonte: NAD/FALE/UFMG, 2016. FREITAS, Lúcia; PINHEIRO, Veralúcia. Violência de Gênero, Linguagem e Direito: Análise de Discurso Crítica em Processos na Lei Maria da Penha. São Paulo: Paco Editorial, 2013. GABARATO, Carmen A.; LOCHARD, Guy; et al. (Orgs.). Rencontres en sciences du langage et de la communication. Paris: L’Harmattan, 2016. GARÉ, Ruth Maria Rodrigues. Educação Formal x Não Formal: diferentes práticas discursivas e a construção de identidades surdas. São Paulo: Gregory, 2016. GRANGEIA, Mario Luis. Cazuza, Renato Russo e a transição democrática. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016. GUEDES-PINTO, Ana Lúcia. Práticas de escrita na formação de professores: indícios de apropriação da profissão docente. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2015. GUERRA, Vânia M. L.; NOLASCO, Edgar C. (Orgs). Michel Foucault: entre o passado e o presente, 30 anos de (des)locamentos. Campinas, SP: Pontes, 2015. GUERRA, Vânia M.L. Povos Indígenas: identidade e exclusão social. Campo Grande: Editora da UFMS, 2015. 85
Programação: Lançamento de Livros
LARA, Glaucia M. P.; LIMBERTI, Rita de Cássia P. (Orgs.). Representações do outro: discurso, (des)igualdade e exclusão. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. LINS, Heloisa Andreia de Matos (Org.). Tecnologias, linguagens e letramentos: sociedade, educação e subjetividade. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica; Associação de Leitura do Brasil - ALB , 2015. LUZ, R. R. Conjugalidades possíveis: um estudo sobre relacionamentos homossexuais. Rio de Janeiro: Multifoco, 2015. MACHADO, Ida Lucia; SANTOS, João Bôsco Cabral dos; JESUS, Sérgio Nunes de (Orgs.). Análise do discurso - afinidades epistêmicas franco-brasileiras. Curitiba: CRV, 2016.
MACHADO, Ida Lucia; MELO, Mônica Santos de Souza (Orgs.). Estudos sobre narrativas em diferentes materialidades discursivas na visão da Análise do Discurso. Belo Horizonte: Coleção NAD, 2016. (E-book). MENDES, Conrado; LARA, Glaucia Muniz Proença (Orgs.). Em torno do acontecimento: uma homenagem a Claude Zilberberg. Curitiba: Appris, 2016. MOURA, João Benvindo de; BATISTA JÚNIOR, José Ribamar Lopes; LOPES, Maraisa. Discurso, memória e inclusão social. Teresina: EDUFPI, 2015. NICARETA, Samara Elisana; ABBEG, Valter Andre Jonathan Osvaldo. Semiótica e Análise de Imagens: a recorrência da modernidade. Colombo: Prepárate Desenvolvimento Humano, 2016. OLIVEIRA, Fábio. Segredos, verdades e mentiras. São Paulo: Scortecci, 2016. SALGADO, Luciana Salazar. Ritos genéticos editoriais: autoria e textualização. Bragança Paulista, SP: Margem da Palavra, 2016. SANTOS, André Luiz; SOUZA, Jorge Paulo. Particularidades do inglês falado na construção da imagem das "drag queens" americanas. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2016. SANTOS, Cíntia Velasco; FONTOURA, Helena Amaral (Orgs.). Processos Formativos e Desigualdades Sociais: a educação entre políticas e práticas. Curitiba: CRV, 2016. SCOPARO, Tania Regina Montanha Toledo; MIQUELETTI, Eliane Aparecida; FRANCISCO, Eva Cristina; GABRIEL, Fábio Antonio (Orgs). Estudos em linguagens: diálogos linguísticos, semióticos e literários. Rio de Janeiro: Multifoco, 2016. SILVA, Claudia Maria Gil. Discursos de Posse dos Presidentes do STF – Brasil, Capital Brasília: uma das faces do ethos do Poder Judiciário. Rio de Janeiro: Lumen Juris Ltda, 2016. SILVA, Sóstenes Ericson Vicente da. Agronegócio e Agricultura Familiar: a desfaçatez do Estado e a insustentabilidade do discurso do capital. Maceió: Edufal, 2015. SÓL, Vanderlice dos Santos Andrade. Educação continuada e ensino de inglês: trajetórias de professores e (des)construção identitária. Campinas, SP: Pontes, 2015. SOULAGES, Jean-Claude (Org.). L’Analyse de discours – sa place dans les sciences du langage et de la communication. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2015. TASSO, Ismara; CAMPOS, Jefferson (Orgs.). Imagem e(m) discurso: a formação das modalidades enunciativas. Campinas, SP: Pontes, 2015. TFOUNI, F. E. V.; STUBE, A. D.; PAULON; C. P. (Orgs.). Silêncio e interdito: discursos em movimento. São Carlos: Pedro & João, 2016. TORRE, Michelle Márcia Cobra. O outono do patriarca de Gabriel García Márquez: um estudo crítico. Curitiba: Appris, 2015. TORRE, Melissa Cobra. Antonio Tabucchi: viagem, identidade e memória textual. Curitiba: Appris, 2015. VITORIO, Benalva da Silva. Imigrantes Brasileiros e a crise em Portugal. Santos: Editora Universitária Leopoldianum, 2015.
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Resumos: Conferências Plenárias RESUMOS
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Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados)
MESAS REDONDAS (Professores Convidados) Tables rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores invitados) | Round-Tables (Invited Guests)
MESA 1: DISCURSOS, IDEOLOGIAS E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenador: Sírio Possenti (Unicamp / FEsTA / CNPq) (Não) Foi golpe Sírio Possenti (Unicamp / FEsTA / CNPq) siriop@terra.com.br As polêmicas fornecem os melhores corpora para analistas do discurso, especialmente se cobrem um tempo relativamente longo. Mas, mesmo se esta última condição não está presente, permitem configurar com relativa precisão os posicionamentos em questão (pelo menos dois, mas pode haver mais, ou desdobramentos dos dois). Além disso, permitem descobrir não apenas como um posicionamento se constitui, mas como “dialoga” com o outro, como o compreende (provavelmente, construindo simulacros). Este trabalho pretende analisar aspectos da polêmica recente, gerada em decorrência da instalação do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. O elemento central da análise será o item lexical “golpe”. Em primeiro lugar, trata-se de verificar como ele entra no “dicionário político” dos diversos posicionamentos, ou seja, suas definições, mais ou menos explícitas. Eventualmente, ocorrerá como “menção” (de dicto), significando “a palavra “golpe” (não) é adequada para designar tal evento”. Em segundo lugar, tenta-se mostrar como os dois posicionametos “estendem” o sentido da palavra, procurando fazer com que se refira um grande número de fatos diferentes dos dois invocados como razões para a aceitação do processo pelo presidente da câmara (pedaladas e decretos). Os extremos talvez sejam “o impeachment deve ser aceito pelo conjunto da obra” e “o impeachment visa instaurar uma pauta regressiva”. O corpus será organizado a partir de jornais e revistas e por buscas no Google.
A desordem da polêmica na mídia: o caso da pílula do câncer Roberto Leiser Baronas (UFSCar/FEsTA/CNPq) baronas@uol.com.br Em seu último livro “Apologie de la polemique”, publicado em 2014, pela Presses Universitaires de France, - PUF - Ruth Amossy nos chama a atenção para o fato de que no momento atual é possível constatar que os conflitos de opinião e seus desdobramentos, geralmente violentos, ocupam um lugar de bastante destaque na cena política. Nesse sentido, as mídias de uma maneira em geral, com base no argumento do interesse público, não cessam de orquestrar e de difundir polêmicas das mais variadas naturezas. Para comprovar tal asserção basta dar uma espiada, sobretudo nos grandes jornais e revistas brasileiros e/ou estrangeiros, para ver que as menções às polêmicas pululam. No entanto, por meio de comentários nos mais diversos dispositivos midiáticos, distintos sujeitos, inscritos em diferentes posicionamentos ideológicos, têm criticado de maneira contundente essa polemização midiática. Diante desse fenômeno discursivo, do mirante dos estudos discursivos, nossa questão nessa comunicação é tentar responder: por qual razão, mesmo sendo tão criticada pelos mais distintos atores sociais, a polêmica, ocupando um lugar bastante privilegiado nas mídias em geral – fenômeno que se acirra no momento atual, mas que já vem de uma longa data - insiste em se manter viva no espaço publico? Para dar conta dessa problemática, tomamos a polêmica midiática envolvendo a liberação por parte da presidente Dilma Rousseff do uso da Fosfoetanolamina (pílula do câncer), produzida desde os anos 90 do século passado pelo Instituto de Química da USP – de São Carlos – SP. Frequentamos um extenso conjunto de matérias publicadas em 2016 acerca desta temática em diversos dispositivos midiáticos brasileiros.
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Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Discursos dos coletivos nas mídias sociais Maria Cecilia Pérez de Souza-e- Silva (PUC-SP/Atelier/CNpq) cecilinh@uol.com.br É comum que se trate de fenômenos discursivos que ocorrem nas redes sociais considerando a mudança na relação entre público e privado, denunciando-se tanto excessos como tentativas de controle. Centrando-me também nessa problemática, interrogo-me sobre o papel desempenhado pelas mídias sociais como possibilitadoras do surgimento, manutenção e multiplicação de diferentes coletivos, os quais vêm inaugurando novas práticas e comunidades discursivas. Refiro-me aqui ao coletivo Nós mulheres da periferia, formado por oito jornalistas e uma designer, todas elas negras e habitantes de diferentes periferias de São Paulo, cuja atividade de trabalho teve início, em 2014, por meio de um site, de redes sociais e de uma plataforma de partilhamento de vídeos com o objetivo de dar visibilidade aos direitos das mulheres da periferia. Partindo do princípio formulado por Maingueneau de que os modos de organização dos homens e de seus discursos são inseparáveis, pretendo, neste trabalho, discutir duas questões: como o coletivo Nós mulheres da periferia se organiza? Que posicionamentos se configuram em seus discursos, discursos esses que visam à defesa de valores humanistas fundamentais: gênero, raça e classe social? Uma entrevista com participante do coletivo e o Manifesto do grupo constituem o corpus organizado até o momento.
MESA 2: ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA E ESTUDO DAS DESIGUALDADES Coordenadora: Viviane Resende (UNB/CNPq) Representação de pessoas em situação de rua no jornalismo on-line: violência e violação de direitos Viviane de Melo Resende (UnB/ CNPq) resende.v.melo@gmail.com Parte do projeto de pesquisa “Representação midiática da violação de direitos e da violência contra pessoas em situação de rua no jornalismo on-line” (CNPq 304075/2014-0), este trabalho focaliza formas como a mídia jornalística eletrônica brasileira representa a população em situação de rua em notícias, especialmente quando vítima de violência e violação de direitos. Com base nos estudos discursivos críticos, e tirando proveito dos ambientes de investigação constituídos na Rede Latino-Americana de Análise de Discurso Crítica sobre a Pobreza (REDLAD), no Núcleo de Estudos de Linguagem e Sociedade (NELiS/UnB) e no Laboratório de Estudos críticos do Discurso (LabEC/UnB), a investigação focaliza a extrema pobreza como problema social que inclui facetas discursivas, já que os modos como se representa a situação de rua em textos têm influência sobre os modos como a sociedade compreende o problema e reage a ele, o que também impacta sobre os modos como pessoas que enfrentam a situação de rua se identificam e se relacionam no tecido social. Assim, abordam-se facetas semióticas dessa problemática, tendo como foco específico a pesquisa documental de textos noticiosos publicados na mídia eletrônica, no Brasil, acerca desse grupo populacional. Os objetos da investigação são textos coletados nos portais dos jornais O Globo, Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, considerado o recorte temporal 2011-2013. Os dados coletados nos três portais de notícias, totalizando mais de 500 textos, foram organizados com auxílio do software NVivo e analisados por meio de categorias da análise de discurso crítica.
Ideologias linguísticas e deficiência visual Izabel Magalhães (UFC/UnB) mizabel@uol.com.br A questão central desta apresentação é o conceito de ideologia nos processos de leitura e escrita entre pessoas com deficiência visual (LIMA, 2015, p. 221). Nas atividades de leitura e escrita entre essas pessoas, há textos em Braille (tato), textos no computador (audição) e textos em tinta (visão). Percebe-se uma oposição, implícita ou explícita, entre o sistema Braille e o computador. De acordo com Lima (2015, p. 222), o Braille é defendido em contraposição ao computador, pois o artesanato do Braille e a facilidade das tecnologias resultam na redução do uso do Braille. Há uma defesa do Braille, primeiro, como garantia de contato com a variedade padrão do português e, segundo, pela relação íntima que se estabelece com o Braille na leitura e na escrita. Toda essa discussão centra-se no conceito de ideologia nas relações desiguais entre videntes e não videntes, que leva um grupo de não videntes a defender o sistema Braille. A reflexão sobre os dados de Lima instiga-me a definir duas ideologias linguísticas entre as pessoas com deficiência visual: a ideologia tecnológica a favor do uso do computador, panaceia na sociedade contemporânea, textualmente mediada; e a ideologia do Braille, fundamental para as identidades sociais de não videntes. Como diz uma das participantes do estudo de Lima (2015, p. 224): “o Braille, as pessoas não estão mais valorizando, né?” Essa abordagem dos estudos críticos do discurso contribui para o aprofundamento da análise de Lima (2015).
Trabajo interaccional y violencia simbólica en un programa de radio mediados por YouTube Lésmer Antonio Montecino Soto (Pontificia Universidad Católica de Chile) lmontecs@uc.cl Los internautas, cuentan, en la actualidad, entre otros géneros, con ‘programas de radio televisados o streaming’ (López Martín, 2013), podcast o archivos de audio y selecciones de fragmentos de programas que permiten acceder, en diferido o en directo, a una 90
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) multiplicidad de saberes, experiencias y valoraciones sobre el mundo a través de conversaciones espontáneas o semiespontáneas. Quienes conversan y construyen opinión en las radios, lo hacen desde una pauta que permite que, establecido el tópico, fluya una conversación en que afloran lugares comunes, prejuicios, valoraciones y formas de ver el mundo que reproducen –en términos de discurso cotidiano e interculturalmente– estados de cosas que nos conectan con la entretención, pero al mismo tiempo con el abuso, con la exclusión, con la discriminación, con la naturalización de la desigualdad, en fin, con la violencia simbólica. En este contexto, nos proponemos, dar cuenta de los recursos lingüístico-discursivos implicados en la negociación de significados que posibilitan la construcción, reproducción y naturalización discursiva de la violencia simbólica (Bourdieu, 1999) a través del trabajo interaccional (Locher y Watts), en ‘conversaciones de radio televisada’ o streaming. Todo ello, enmarcado en los estudios críticos del discurso (Fairclough, 2012) y utilizando las herramientas que provee la lingüística sistémico-funcional, en especial, los sistemas de valoración y negociación (Martin y Rose, 2007).
MESA 3: SEMIÓTICA E DESIGUALDADE SOCIAL Coordenador: Ivã Carlos Lopes (FFLCH/USP); Igualdade, desigualdade, aqui, agora: julgamentos de insuficiência e excesso Ivã Carlos Lopes (FFLCH-USP) Ao trabalhar com a organização do discurso e com a busca de princípios formais – na acepção de “forma do conteúdo” – da geração do sentido, a semiótica deve nos ajudar a explicar procedimentos subjacentes a discursos oriundos das mais variadas esferas, incluindo a do político, pensado, para nosso propósito aqui, como lugar de confrontação dos projetos de fazer e ser dentro da coletividade, e da distribuição dos poderes resultante. Se tomarmos a desigualdade social como questão, antes de mais nada, política, deve ser de interesse o desvendamento das comparações entre “iguais e diferentes”, das posições previsíveis de uns e outros sob o impulso das operações de triagens e misturas que fazem mover-se a chamada dimensão da extensidade, bem como das ascendências e descendências que intensificam ou abrandam contrastes na dimensão da intensidade, por remissão à hipótese tensiva em semiótica. Duas referências principais norteiam nossa intervenção: o artigo de Claude Zilberberg, “As condições semióticas da mestiçagem” (2004, in Cañizal & Caetano, orgs.) e o de Diana Luz Pessoa de Barros, “Intolerância, preconceito e exclusão” (2015, in Lara & Limberti, orgs.). Em seu artigo, Zilberberg elabora a ideia de que, a depender das ideologias que o motivam, este ou aquele discurso pode apresentar suas células narrativas de disjunção ou conjunção como satisfatórias, insatisfatórias ou excessivas. A articulação juntiva recebe, assim, uma avaliação que nos remete, de pronto, aos valores da instância da enunciação, o que nos traz de volta, mediante o devido investimento temático, ao terreno do político: é nele que se julgam as entradas e saídas de elementos, para dentro ou para fora de classes previamente constituídas na vida social. Barros, por sua vez, traz a discussão para nosso contexto, dando-lhe uma primeira especificação no momento e no lugar, e já apontando, com exemplos, para os limites recursivos da mistura (a perda de toda identidade) e da triagem (a perda de toda diferença). Munidos dessa pequena ferramentaria conceitual, proporemos uma análise de discursos breves em que essas questões políticas se acham explicitamente tematizadas quando se fala da vida social no Brasil de hoje.
Semiótica, discurso e refrações semânticas: a gênese das desigualdades sociais Rita de Cássia A Pacheco Limberti (UFGD) limberti@hotmail.com Os estudos desenvolvidos no campo da teoria semiótica desempenham o importante papel de destacar as linhas retóricas e argumentativas através das quais se produzem os efeitos de sentido, entre eles os de igualdade/desigualdade, criados e alimentados no imaginário social. Tais estudos transmutam-se em objetos de análise preciosos, considerando-se a demanda premente de formulações efetivas de questionamento e de resistência às condições de desigualdade social. Não se trata de analisar o papel e os efeitos das teorias da igualdade/desigualdade na sociedade, mas de observar seus modos de recepção, pois, embora se obtenha um posicionamento crítico dos atores sociais, tal posicionamente se mantém no âmbito retórico e discursivo. Essa tarefa, contudo, não é simples, pois ela demanda a busca redobrada dos “efeitos dos efeitos” de sentido. Tais “efeitos dos efeitos” de sentido dos discursos constituem o conjunto das práticas sociais que reforçam, contradizendo, as desigualdades. Há um conjunto caudaloso de discursos confluentes que questionam a relação, por exemlo, centro/periferia; sabe-se, contudo, que esse estado tensivo entre essas grandezas contrárias são sua condição de existência. Considerando-se que a abordagem das desigualdades sociais enfrenta um objeto complexo, repleto de paradoxos e de incongruências, pressupõe-se, de partida, a existência de uma elite simbólica, de privilégios discursivos e enunciativos (mídia, discursos políticos), que camuflam os discursos subalternos. O grande desafio dessa proposta é extrapolar o estágio das formulações teóricas e chegar aos mecanismos pelos quais os subalternos depreendidos na percepção das desigualdades escapam ao escrutínio racional, permanecendo não identificados pelos agentes de poder da sociedade (o governo, a polícia, as instituições). Falemos do Haiti Lucia Teixeira (UFF/CNPq) luciatso@gmail.com Se a canção de Caetano Veloso e Gilberto Gil anunciava, no início dos anos 90, um Brasil “como” o Haiti, com sua grande massa de “pretos pobres”, o fluxo migratório de haitianos que tem início em 2010 põe concretamente em cena a presença deste que a canção 91
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) acolhia como semelhante àqueles que sempre ocuparam lugares de exclusão. Sobrepõem-se, na comparação entre os dois países proposta pela letra da canção e no noticiário que narra episódios da imigração haitiana, percursos temáticos que exploram traços de etnia, classe e nacionalidade, para falar de regimes de exclusão naturalizados por práticas sistemáticas de fixação de um “sistema de estereótipos identitários fixado pelo ‘grupo de referência’ (ou aquele que se considera como tal).” (LANDOWSKI, 2002, p.33). Para tratar semioticamente da desigualdade social no discurso, é preciso considerar essa construção de imagens materializadas nas diferentes formas de expressão das linguagens como um contínuo em que pontos extremos como eu e outro, inclusão e exclusão, pertencimento e alheamento são marcos de força de políticas discriminatórias e inclusivas, em torno dos quais uma variada gama de possibilidades de sentido se constitui. A abertura da semiótica discursiva para esse aspecto contínuo da produção de sentido (ZILBERBERG, 2006), a análise de situações e práticas semióticas (FONTANILLE, 2005, 2015) e a configuração de uma gramática das relações sociais (LANDOWSKI, 2002) são os fundamentos teóricos que permitirão a análise de objetos de ampla circulação, como reportagens jornalísticas e canções que falam do Haiti como interseção de espaços imaginários de luta, discriminação e resistência.
MESA 4: NARRATIVAS DE VIDA E DESIGUALDADE Coordenadora: Ida Lucia Machado (UFMG) Luiz Carlos Prestes: um político que entrou na história do Brasil Ida Lucia Machado (Poslin/FALE/NAD/UFMG –CNPq) idaluz@hotmail.fr Nesta comunicação iremos nos basear sobre algumas declarações de Luiz Carlos Prestes, contidas no livro que mostra sua narrativa de vida, cheia de peripécias e dificuldades, pontuada por algumas alegrias e sempre, muito esperança. O livro foi escrito por Anita Leocádia Prestes, sua filha e Historiadora da UFRJ. A desigualdade entre os muito ricos e os muitos pobres de seu país sempre chocou Prestes que almejava um país mais humano e com menos desigualdades sociais. Iremos nos deter particularmente em dois excertos onde dois amores de Prestes se fazem ver: primeiro o que dedicou a filha que teve com Olga Benário; segundo, o amor que o fez lutar pelo Brasil, contra ventos e marés. Nossa perspectiva de análise reúne conceitos vindos da Semiolinguística e da Narrativa da vida.
Abrindo as portas: a voz dos (i)migrantes e refugiados Glaucia Muniz Proença Lara (FALE/NAD/UFMG) gmplara@gmail.com No presente trabalho, propomo-nos a dar a palavra aos habitualmente “sem voz”, ouvindo o que os próprios sujeitos – no caso, refugiados ou (i)migrantes que vivem, atualmente, na França –, têm a dizer de si, do outro e do mundo. Tomaremos por base alguns dos vários depoimentos apresentados na exposição Ouvrons les portes, organizada pelos Médecins du Monde (www.ouvronslesportes.medecinsdumonde.org), em Paris, de 15 a 18 de outubro de 2015, com o objetivo de “mudar o olhar sobre a migração”. Na esteira de pesquisadores como Daniel Bertaux e Ida Lucia Machado consideramos tais depoimentos como (micro) narrativas de vida, já que se trata de textos que falam, ainda que em poucas linhas, da trajetória do refugiado/(i)migrante entre seu país de origem e a França, bem como de sua adaptação à nova realidade. Para a análise do plano de conteúdo das narrativas selecionadas, buscaremos o auxílio da semiótica greimasiana dita standard, mobilizando, a partir do dispositivo teórico-metodológico que ela propõe – o percurso gerativo de sentido –, algumas estruturas narrativas e discursivas (tais como as relações entre sujeitos e entre estes e os objetos; as paixões em jogo; os temas e as figuras, as projeções das categorias de pessoa, tempo e espaço), de modo a apreender as representações (de si, do outro, do mundo) que atravessam cada uma dessas narrativas. Em seguida, por meio da comparação entre elas, buscaremos chegar às invariantes que apontem para uma possível configuração do que se poderia denominar, em linhas gerais, “discurso do (i)migrante/refugiado”.
Récit de vie et inégalites sociales : notoriété et présomption de sincerité Patrick Charaudeau (Université Paris XIII - CNRS-LCP) patrick.charaudeau@free.fr Le récit de vie, du moins celui qui est produit par un sujet à propos de lui-même, est marqué par plusieurs présomptions : d'authenticité, de sincérité, de continuité et de dévoilement. D'authenticité dans la mesure où ce qui est raconté est censé être le reflet fidèle de la réalité qui a été vécue par le sujet lui-même et dont il rend compte comme témoin ; de sincérité, car on suppose qu'il s'agit d'un moment ou le sujet cherche à se confier sans détours ; de continuité, car on peut penser que le sujet en parlant de lui-même cherche à reconstituer la permanence de son identité ; de dévoilement, enfin, car c'est un moment où le sujet met à la lumière du jour des pans de sa vie qui n'avaient jamais été exposés jusqu'alors. Mais en même temps, le récit de vie est souvent entaché de soupçons : soupçon de déformation de la réalité, soit parce que la mémoire trahirait le sujet, soit parce que celui-ci l'aurait perçue dans des conditions particulières ; soupçon d'insincérité, car en racontant sa vie le sujet pourrait chercher à l'embellir ; soupçon de faux dévoilement, ce qui renvoie aux autres soupçons. La question se pose alors de savoir dans quelles conditions de communication, le sujet est amené à parler de lui-même au grand jour, en rendant sa parole publique, et quelle peut en être sa motivation. C'est 92
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) pourquoi, il faut examiner les conditions dans lesquelles des individus produisent des récits de vie, car ce sont ces conditions qui sont source d'inégalité dans la mesure où elles donnent la parole à certains et pas à d'autres, et dans le mesure où ces mêmes conditions lèvent ou renforcent le soupçon d'insincérité. Pour illustrer cette question, il sera ici question d'un cas particulier, celui des livres que les hommes politiques écrivent en prétendant dire la vérité sur ce qu'ils sont. Par moments, ils jouent le jeu du repentir, et c'est cela qui sera examiné dans cet exposé.
MESA 5: DISCURSOS POLÍTICOS NA AMÉRICA LATINA E AS DESIGUALDADES Coordenador: Wander Emediato (UFMG – NAD) Discurso político e populismo: quando os fracos (não) têm voz Wander Emediato (UFMG/NAD - Núcleo de Análise do Discurso) wemediato@hotmail.com Etimologicamente, como sabemos, democracia vem da junção das palavras gregas demo (povo) e kratos (poder), o que sugere, no conjunto de sistemas de governo existentes, um sistema que teria o povo como agente de seu destino ou um governo que seria feito “em seu nome” ou no qual o poder seria exercido pelo povo e para o povo (o poder emana do poder e em seu nome será exercido). Esse sistema se diferenciaria, portanto, da aristocracia, das palavras gregas aristos (elites) e kratos (poder), ou seja, um governo em que as elites teriam o comando – e a competência - da deliberação ou da autocracia (autos – por si próprio; e kratos) regime próprio à tirania, exercido por um único homem (ou mulher), seja por delegação divina, seja pela força. As etimologias servem, sem dúvida, para compreendermos a origem dessas palavras e, em alguma medida, os seus fundamentos políticos e ideológicos. Na democracia, a maioria, independente de sua qualidade, deliberaria em nome de todos (poder do maior número, lugar comum da quantidade); na aristocracia, uma minoria (supostamente qualificada) deliberaria em nome da maioria (lugar comum da qualidade). Mais do que regimes políticos que se justificariam na estrutura do real, todos eles são sustentados por valores (uns abstratos, como a justiça, outros concretos, como a competência ou a força) e por imaginários. Na democracia, o imaginário da soberania popular; na aristocracia, o imaginário está mais vinculado a uma tradição que indica os “melhores da tribo”, os “mais aptos” a governar ou a uma petição de princípio sobre a relação entre mérito pessoal e aptidão a governar. Nosso objetivo neste trabalho é de refletir sobre os fundamentos discursivos dessas noções, enfatizando o populismo como uma prática discursiva que, no campo político, pretende falar “em nome do povo”, exaltando as necessidades e desejos desse último e colocando-se como seu porta-voz privilegiado e intérprete da própria noção de democracia. Independente de suas relações com realidades em que são as elites inegavelmente que deliberam, o discurso populista (seja de direita, seja de esquerda) investe suas subjetividades no imaginário da soberania popular, negando seus vínculos com as elites e construindo uma série de figuras retóricas e simbólicas identificáveis independente dos espaços geográficos onde se desenvolvem. Em nossa apresentação, enfatizaremos, sobretudo, a relevância do populismo na América Latina.
De Peron aux Kirchner : la justice sociale en Argentine Morgan Donot (CREDA CNRS UMR 7227 - Paris 3 – Sorbonne Nouvelle) morgandonot@yahoo.fr Que ce soit Juan Domingo Perón, Evita, ou encore le parti péroniste, ils font partie de l’imaginaire comme de la vie quotidienne des Argentins. Tant pour les détracteurs du péronisme que pour ses plus fervents adeptes, le péronisme reste vivant dans la mémoire d’une classe politique argentine qui se dispute encore l’héritage de Juan Domingo Perón et de sa femme Eva Duarte de Perón. Le triptyque classique du péronisme historique, justice sociale, souveraineté politique et indépendance économique, apparaît donc comme un legs imprescriptible. Mais ce legs est-il toujours aussi imprescriptible quarante ans après la mort de son leader historique ? Dans le cadre de cette table-ronde, je voudrais revenir sur l’emploi de l’expression justice sociale dans les discours présidentiels argentins, sur ses usages et les significations qu’elle a recouvert et qu’elle recouvre dans la société argentine. Si le mouvement politique fondé par le général Juan Domingo Perón dans les années 1940 symbolise l’intégration politique des classes populaires, qu’en est-il de la lutte contre les inégalités et contre la pauvreté dans l’Argentine contemporaine ? Avec en toile de fond la vision idyllique de la situation sociale du pays dans les années quarante et cinquante comme relativement égalitaire qui contrasterait avec la société inégalitaire de l’époque contemporaine et à travers une analyse argumentative d’une sélection de discours présidentiels, je m’attacherai à démontrer l’utilisation de l’héritage discursif du péronisme historique et les tensions entre une rhétorique progressiste et la mise en place de politiques publiques assitancielles. L’objectif est de mettre en relation les discours de Carlos Menem, de Néstor Kirchner et de Cristina Kirchner et les politiques publiques relatives à la lutte contre la pauvreté et les inégalités qui ont modelé une image de l’Argentine renouvelée à l’époque de Menem et à celle des Kirchner.
Um vocabulário político diferente: enunciar entre acontecimentos e encontros Mónica G. Zoppi Fontana (UNICAMP/CNPq) monzoppi@gmail.com A relação entre discurso e prática política tem sido objeto de estudo desde longa data, principalmente no campo da retórica e da análise de discurso. Dois eixos de pesquisa organizam os trabalhos mais recentes: 1- estudos sobre a interlocução política e sobre os modos de circulação dos enunciados que participam da cena política; e 2- estudos sobre a constituição e formulação dos enunciados políticos e sua determinação pela memória discursiva. Essas análises têm se centrado principalmente na descrição do agir de figuras políticas institucionalizadas, com predominância dada ao discurso de presidentes, candidatos e líderes sindicais. Porém, as práticas 93
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) políticas contemporâneas, principalmente no espaço do discurso digital, têm mostrado uma renovação das formas históricas de enunciação política, que não só dispersa e esfacela os lugares tradicionais de enunciação, trazendo as subjetividades anônimas para a arena política, mas também incorpora a dimensão estética e performática às manifestações de rua e nas redes sociais. Para além do seu funcionamento espectacularizado, já estudado por diversos autores, almejamos pensar essas práticas como representativas de uma nova ordem que configura a enunciação política na atualidade, a partir das dimensões de acontecimento e encontro. Para tanto, analisamos o “livro-invenção” Vocabulário político para processos estéticos, organizado por Cristina Ribas e publicado online em 2014. Organizado sob a forma de verbetes, o vocabulário reúne de forma dispersa e plural uma série de práticas estéticas e políticas que questionam a ordem já estabilizada do dizer/fazer políticos. Múltiplos autores, diversas práticas materiais e a impossibilidade de representar qualquer ilusão de completude ou fecho. A partir da análise deste vocabulário, em contraponto com dicionários políticos publicados na última década (Dicionário Lula de Ali Kamel e Dicionário de politiques de Vito Giannotti e Sérgio Domingues), que se esforçam por organizar a língua política, questionamos a possibilidade de instrumentalizar o discurso político contemporâneo, na forma de dicionários e manuais. O dizer/fazer político na sua dimensão subjetiva e anônima rompe com as amarras da representação (da linguagem e da política) e irrompe como acontecimento na ordem dos encontros de corpos em espaços multiplicados.
MESA 6: OLHARES SOBRE A DESIGUALDADE NO DISCURSO Coordenador: Patrick Dahlet (UFMG)
De que a fórmula pacificação da comunidade é o nome? Patrick Dahlet (UFMG) padahl@zipmail.com.br As designações discursivas do espaço urbano e de suas populações esquematizam desigualdades que motivam a ação individual e legitimam a ação institucional. Nesta perspectiva, alimentada pela ideia de que toda e qualquer realidade tem uma procedência discursiva ancorada em um ato de nomeação dialógico, se procura desvendar as condições de possibilidade e os efeitos socioenunciativos da instrumentalização, a cada vez maior desde dez anos, em contexto brasileiro, da palavra comunidade com função designatória de favela e como foco da fórmula pacificação da comunidade que catalisou, quase concomitantemente, a intervenção de um tipo de policiamento inédito, o das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), enquanto referência e real emancipador de esta nova “comunidade” discursiva. Sustenta-se aqui a hipótese de que a “comunidade” foi criada como um objeto espacial pelos discursos institucionais e a chamada grande mídia, não só para eufemizar ou inverter o estigma centenário da favela pela fabulação de uma positividade harmônica e servir assim à reificação de múltiplas discriminações sociais, mas também e talvez sobretudo para que seja instituído pelo discurso, a naturalidade de uma territorialização fora do comum, de qualquer comunidade cuja prática chega a contrariar a imaginária essência harmônica do ideal comunitário. Considerando as significações da circulação dos termos em um leque de discursos institucionais e midiáticos, se pretende então descrever e formalizar, em uma primeira etapa, as propriedades semânticas da palavra comunidade que explicam o seu destaque atual no paradigma designacional da favela, e em uma segunda etapa, os procedimentos e impactos da construção/ divulgação da fórmula pacificação das comunidades, localizando as designações comunidade e pacificação enquanto componentes distintos de um mesmo discurso pro e contra. A exploração da alternância favela/ comunidade e da coalescência desta última com a pacificação levarão a vincular o poder de tal substituição enunciativa ao seu dinamismo político-discursivo paradoxal. De fato, embora seja determinada por um projeto de apagamento do estigma da favela e de erradicação da violência, o papel que cabe à redesignação da favela por comunidade parece ser paradoxalmente o de justificar e naturalizar a incorporação ao fundo comum de linguagem da fórmula, pacificação da favela, que, longe de descartá-lo, legitima ou enfrentamento, gerando-o enquanto condição de volta a uma ordem que refaça a comunidade e, portanto suas designações, sobre ela(s) mesma(s): daí a aparição sub-reptícia de uma neo-designação – a comunidade pacificada – para distinguir dos outros, os espaços que formam comunidades de verdade.
Les thèmes de l’égalité/inégalité dans les discours politiques en France Béatrice Turpin (Université de Cergy-Pontoise) beatrice.turpin@free.fr Nous nous intéresseront ici au thème de l’égalité et à son envers, l’inégalité, dans les discours politique français sous la cinquième République, ce terme, entendu dans son sens juridique, étant un des principes clés de la République. Le corpus de l’étude sera constitué des débats présidentiels et des programmes des principaux partis politiques. Nous rechercherons quels sont les candidats qui mobilisent ces thématiques, dans quels contextes et dans quelles instances de discours, en recherchant les normes implicites à ces discours. Par instances de discours, nous entendons ici les références aux catégories aristotéliciennes du logos, pathos ou ethos et par normes implicites les marques énonciatives, rhétoriques ou narratives qui sous-tendent ces discours. Nous tenterons alors de voir la manière dont cette thématique est traitée par les différents partis politiques tant dans la synchronie d’une époque que dans la diachronie d’un genre.
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Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Le genre comme rapport d’inégalité sociale dans le discours publicitaire Jean-Claude Soulages (Université Lyon 2) jean-claude.soulages@wanadoo.fr Dans nos sociétés bâties sur cette « égalité des conditions » postulée par Tocqueville, l’évolution de l’espace public offre aujourd’hui de plus en plus la reconnaissance des “autres” ; femmes, minorités visibles, homosexuels, etc. Or paradoxalement, nous constatons la persistance de ces discriminations dans les représentations. Les inégalités demeurent dans les imaginaires, tout simplement parce que les imaginaires ne sont pas le décalque de la réalité, « on vit dans un monde et l’on pense dans un autre ». De ce point de vue, le discours publicitaire comme d’autres récits sociaux cherche à maintenir un consensus conservateur mais parfois il cherche à “faire bouger les lignes” sensible à la lente dérive des imaginaires comme par exemple dans les assignations de genre. Il va donc s’efforcer d’introduire des phénomènes de défigement autour des relations entre les femmes et la voiture, ou celles reliant l’homme au foyer domestique ou l’éducation des enfants. Seule solution pour le publicitaire, introduire un cadre secondaire en “descellant” des éléments périphériques pour introniser ces intrus dans un domaine de compétence qui n’est pas le leur. Il met alors en scène des identités réactives ou des contre-stéréotypes qui vont incarner ce glissement dans les imaginaires. Deux possibilités s’offre à lui : le récit ou l’humour. Cette béquille ou ce travestissement que peuvent constituer une “belle histoire” entre une femme et une voiture ou bien le gag qui met un homme aux prises avec un appareil ménager, assure une fonction d’enfouissement de l’usurpation de place pour ces identités décalées. Chacun d’eux est tenu à faire ses preuves dans un domaine de compétence qui n’est pas le sien. La présence d’une trame narrative ou d’une visée humoristique, en rendant toute annonce plus saillante, vise ainsi à renforcer la charge pragmatique du message. Ces récits illustrent parfaitement ce jeu rhétorique tout à fait ambivalent de double speak évoqué par Noël Burch privilégiant délibérément une double lecture (« je défige le stéréotype, mais dans le même temps je le réactive »). A l’ère de la ségrégation sociale et morale, succède celle de la discrimination symbolique. A l’aide d’exemples, nous illustrerons cette problématique.
MESA 7: DISCURSO E EXCLUSÃO EM CONTEXTOS MIDIÁTICOS Coordenadora: Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta- Portugal e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) “Barbarus ad portas”: a contenda no discurso mediático sobre migrantes e a agressividade verbal em comentários na rede social Facebook Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta- Portugal e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) irseara@gmail.com O ritmo desmedido das mudanças decorrentes das inovações tecnológicas, nomeadamente no âmbito da comunicação eletrónica, configura um fenómeno de tão elevada repercussão e amplitude, que importa proceder a questionamentos ontológicos e reflexivos sobre a adequação e a eficácia dos diferentes meios e repensar e redefinir o papel e o estatuto que podem assumir na reflexão sobre problemas sociais emergentes. As redes sociais, como o Facebook, enfatizam a interação em rede, a sociabilidade, tendo os utilizadores um contexto aberto e livre para a construção das relações interpessoais, através de espaços de exposição discursiva (Develotte 2006) e de produção discursiva, que possibilitam a expressão contínua de comentários avulsos, inclusive a expressão de opiniões que geram polémica, através de manifestações que configuram FTAs, atos ameaçadores da face do outro. Partiremos de um corpus de mensagens no facebook recolhidas em 2015-16, para procedermos a uma análise discursivo-pragmática das estratégias desvalorizadoras e agressivas recenseadas em comentários sobre a crise migratória na Europa. Esta crise migratória agravou-se enormemente a partir de 2015. O número de refugiados e migrantes é exponencial, devido aos conflitos no Médio oriente e em África, à guerra civil na Síria, bem como à frágil e débil qualidade de vida de alguns países não europeus, o que tem suscitado inúmeras discussões, nomeadamente em contextos mediáticos. Quais são as estratégias discursivas que operam a exclusão social? Tratar-se-á de um discurso ideologicamente marcado ou preferencialmente estamos em presença de um discurso piedoso, ensaiando criar uma atmosfera de compaixão, convocando recorrentemente as emoções através de perífrases de cunho dramático? Como se processa a polarização de opiniões e em que bases se sustenta? Constata-se que, se por um lado, se comenta discursivamente a população migrante como estranha, numerosa e causadora de perturbação social (“ilegal, intrusa, terrorista, bárbara”), sendo construída uma imagem depreciativa, uma imagem de vitimização, por outro, em contraposição, exalta-se quem acolhe, proliferando um discurso inclusivo, marcadamente humanista.
Pistas linguístico-discursivas no silêncio dos excluídos e na voz da midia Denize Elena Garcia da Silva (Universidade de Brasília – UnB) denizelena@gmail.com A apresentação tem como objetivo discutir questões que refletem “contextos de situação” (pobreza) e tangenciam “contextos de cultura” (discriminação), onde se encontram incrustadas representações sociais que podem ser identificadas, de modo específico, na voz da midia escrita, bem como no silêncio dos excluídos na Midia. Trata-se de uma pesquisa balizada na tríade: discurso, gramática e contexto social, que constitui um desdobramento do Grupo Brasileiro de Estudos de Discurso, Pobreza e Identidades - REDLAD (DGP/CNPq), configurado no projeto interdisciplinar mais recente: “Discurso, gramática e texto na perspectiva funcional da linguagem” (Silva, 2016). A geração de dados selecionados para análise compreende uma vasta pesquisa documental, o que permite 95
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) a seleção de textos midiáticos voltados para os temas da pobreza e da discriminação. Para descrição e interpretação dos dados empíricos, recorre-se à lupa de Análise de Discurso Crítica (ADC), na condição de instrumento teórico-metodológico básico, associada às ferramentas analíticas oriundas da Linguística Sistêmica Funcional (LSF). A metodologia adotada para a realização da pesquisa de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa) envolve uma triangulação entre os estudos de Fairclough (2003, 2010) com a proposta de Halliday (1994), ampliada em Halliday e Mathiessen (2014, 2010), sobretudo, no que concerne à representação como categoria linguístico-discursiva. Os primeiros resultados significam uma forma de contribuição para modelos teóricometodológicos funcionais, com vistas à aproximação das dimensões do discurso (exterioridade) e da gramática (interioridade), desde as relações de produção, circulação e, sobretudo, de representação. Trata-se de uma maneira de colaborar para os estudos da linguagem, bem como para a conscientização da opinião pública, uma vez que determinados tipos de registro dialogal, veiculados, sobretudo, na mídia impressa, sugerem um padrão social responsável pela manutenção de práticas naturalizadas de representações discursivas discriminatórias.
Estratégias de (in)visibilidade no discurso midiático de informação Giani David-Silva (CEFET-MG) gianids@deii.cefetmg.br O discurso de legitimação do fazer jornalístico baseia-se em dois fortes argumentos: o da complexidade e o da opacidade do mundo. Sendo o mundo complexo, como um cidadão comum pode compreendê-lo? O grau de complexidade do mundo está relacionado com o conhecimento que temos sobre ele, quanto mais informações, mais clara fica essa complexidade. Ao procurar uma forma de adequar suas explicações a um conceito de verdade que pressupõe o julgamento da maioria, não estaria simplificando demais o complexo? E, paradoxalmente, ao simplificá-lo, não estaria mascarando a sua complexidade? Outro argumento para o discurso de legitimidade é a opacidade. Revelam-se e omitem-se acontecimentos de acordo com o jogo de poder estabelecido. E seria pela luta para que o exercício do poder não seja obscurecido pelo interesse político-pessoal dos governantes que a mídia, em seu papel de desvelador do que está escondido, legitimaria de forma pragmática o seu fazer. Considerando esses dois argumentos, o que define um fato como pertinente para ser divulgado e como se procede a seleção da informação? Toda escolha pressupõe que alguns fatos sejam evidenciados em detrimento de outros. Fragmentos da realidade são focados, deixando-se grande parte dos acontecimentos à sombra. A construção da notícia é realizada por meio do uso de estratégias de (in)visibilidade. Entre essas estratégias, uma parece ser bastante relevante: a tentativa de unificar, de tratar as notícias como representativas de um todo, de uma nação. O uso de imagens estereotipadas, por exemplo, é uma estratégia que busca facilitar a compreensão do destinatário "todo-mundo", mas que, por outro lado, exclui a heterogeneidade em seu discurso. A ausência da diversidade na informação midiática reforça na nossa memória discursiva a desigualdade, em todas as suas dimensões, tornando invisíveis não só acontecimentos, mas também lugares, pessoas, comportamentos, ideologias.
MESA 8: PLURALISMOS, IDENTIDADES E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: Leonor Fávero – (USP, PUCSP) A Gramática na infância fluida do século XIX Leonor Lopes Fávero (USP, PUC-SP) lplfavero@uol.com.br A proposta é revisar conceitos em gramáticas da infância produzidas no século XIX no Brasil. Lembramos que os limites entre a infância e a juventude eram fluidos, podendo ir dos 9 a mais ou menos 14 anos (Ariès, 1981). Nessa ocasião, a ideia de Educação para todos, a luta contra o analfabetismo, a busca pela valorização da língua nacional e o combate contra as influências estrangeiras, como forma de valorização da nossa cultura, eram temas constantemente debatidos no âmbito escolar. A Escola, contrapondo-se à ideias pedagógicas tradicionais, começou a ver na criança um ser com características próprias, necessitando de um ambiente pensado para ela, isto é, desviou seu olhar, até então centrado na figura e ação do professor para o aluno. Era necessário reorganizar o material didático, treinar com antecedência as atividades a serem propostas aos alunos, aprendendo antes para fazê-los aprender a aprender (...) antes de tudo é preciso aprender a ensinar para ensinar a aprender (Carneiro Leão, 1917.p.102). A análise das obras será feita à luz da História das Ideias Linguísticas (Auroux, 1989, 1992) e da História Cultural (Chartier, 1998).
Relatos singulares, experiências compartilhadas: mulheres chefes de família no Brasil, na França e no Japão sob o prisma da raça/nacionalidade, classe e geração Yumi Garcia dos Santos (Departamento de Sociologia da UFMG) yumigds@uol.com.br Pretendo discutir as situações, as identidades e as subjetividades das mulheres que fazem parte de minoria social historicamente discriminada por razões de raça, etnia e nacionalidade, além de serem pobres e possuirem idade relativamente avançada, com base nos relatos de vida das mulheres chefes de família monoparental no Brasil, na França e no Japão. Trata-se de parte de uma investigação mais ampla sobre as mulheres nessa situação familiar no Brasil, na França e no Japão realizada para a minha tese de doutorado. Nela foram analisadas entrevistas biográficas de 39 mulheres chefes de família monoparental, 13 em cada país. Nossas 96
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) interlocutoras não se adequam à norma social predominante de família biparental, mas suas vidas dissidentes são vividas em contextos socioculturais fortemente diferentes, levando-nos a pensar em experiências bastante distintas. Atentamos a privilegiar gênero, raça/nacionalidade e geração não somente como categorias estruturantes da trajetória individual, mas também enquanto fatores que impulsionam as ações dessas mulheres como processo da construção identitária a partir da “confrontação com os outros” atores, grupos sociais e instituições, constituindo-se em “experiência social” (DEMAZIÈRE; DUBAR, 2007). Estudar essas interações deve nos levar a compreender “os processos através dos quais os atores acordam suas condutas, sobre a base de suas interpretações do mundo que os cerca.” (COULON, 2004). Nos ateremos às trajetórias de Kika, brasileira de 55 anos, moradora da periferia de São Paulo; Samantha, francesa de 42 anos, oriunda de Martinique; e Rosa, 47 anos, imigrante das Filipinas que vive como imigrante no Japão. Apesar de inseridas em sociedades contrastantes do ponto de vista socioeconômico e cultural, foram constatadas mais similitudes do que diferenças no processo de formação de identidade social dessas mulheres, que compartilham as discriminações por razões de classe, gênero e raça/nacionalidade, obstáculos para o acesso ao emprego estável cuja consequência é a precariedade econômica e social que se aprofunda com o avanço da idade. De outro lado suas subjetividades e experiêncas são singulares e apontam para a importância da agência na configuração social, participando da mudança das relações sociais (ELIAS, 2008).
La figure du « jeune des banlieues » en France : génèse et mutations Guy Lochard (Université Paris III-Sorbonne nouvelle) guy.lochard@gmail.com La « question des banlieues» est présente depuis très longtemps dans l’espace public français. Et ce d’autant plus que cet imaginaire socio-culturel fondé sur l’opposition centre/périphérie t a été sans cesse activé depuis le XIX° par des productions culturelles de masse qui ont contribué à stigmatiser les marges urbaines. Ce regard péjoratif s’est plus spécialement focalisé sur la population juvénile masculine qui, configurée dans de grands rôles stéreotypiques, est venue cristalliser l’ensemble des problèmes traversant cet espace urbain. Le jeune des banlieues n’est pas une figure récente. Elle est de fait l’actualisation d’une lignée de jeunes délinquants urbains, émergeant dès la fin du XIX° et ethnicisée au début des années 80 sous la forme du « jeune immigré de deuxième génération ». Elle a connu enfin plus récemment une nouvelle mutation en endossant dès la fin des années 90 les traits du « barbu » puis au début 2015 du jeune « djihadiste ». Dans la continuité d’un travail initié à la fin des années 90 et plusieurs fois réactualisé depuis, c'est donc à un examen des mutations historiques du personnage du « jeune des banlieues » que nous procéderons dans un premier temps. En nous livrant à un examen des dispositifs de programmes télévisuels observables lors de « moments discursifs » intenses et significatifs (par exemple les émeutes de 2005), nous nous attacherons dans un second temps à mettre en évidence les déplacements de grandes configurations actantielles structurées autour de la figure du « jeune de cités ». Nous nous intéresserons plus spécialement à celle observable après l’assassinat le 7 janvier 2015 des rédacteurs de Charlie Hebdo à Paris. Elle se caractérise par trois déplacements. Une déterritorialisation, la menace liée à cette population pouvant désarmais siéger dans des micro-espaces résidentiels des grands agglomérations ou dans des bourgades provinciales. Une virtualisation, la conversion au djihadisme s’opérant dès lors principalement par le biais de sites spécialisés opérateurs d’une autoradicalisation de ces jeunes gens d’autant plus menaçants qu’internationalisés sinon ubiquitaires. Enfin et surtout une forme de désécularisation avec la découverte que l’endoctrinement islamiste concerne aujourd’hui une proportion importante de « français de souche ».
MESA 9: EDUCAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL Coordenadora: Aracy Alves Martins (FAE/UFMG) Desigualdade e etnocentrismo Aracy Alves Martins (FAE-UFMG) aracymartins60@gmail.com Considerando que diferença não é deficiência (SOARES, 1986, p. 38), esta comunicação, oriunda da pesquisa em Rede CNPq, no interior do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, História, Letras e Artes: Diversidade Sociocultural, Relações Étnico-raciais em Países de Língua Portuguesa/NEPEHLA, discute investigações de pesquisadores do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita/Ceale e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas/NERA, da Faculdade de Educação/FaE, da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Enfatizando diálogos sul/sul (SANTOS; MENEZES, 2010), (MUNANGA; GOMES, 2006) e cooperação horizontal entre países de língua portuguesa e partindo de orientações das Leis brasileiras 10.639/2003 e 11.645/2008, que instituem o estudo da História e Cultura dos africanos e indígenas nas escolas brasileiras, a pesquisa em Rede analisa, pelo viés da Análise Crítica do Discurso (VAN DIJK, 2008), o Letramento Literário (PAULINO; COSSON, 2009), Manuais Escolares/Livros Didáticos (DIONÍSIO, 2000), (COSTA VAL; MARCUSCHI, 2005) e documentos oficiais, relacionados a políticas linguísticas e culturais (CALVET, 2007).
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Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Desigualdade social: as partes e o todo Maria Dirlene Trindade Marques (FAE/FACE-UFMG) dirlenetmarques@gmail.com A desigualdade social é elemento cada vez mais presente no cotidiano brasileiro. Nas grandes cidades fica mais chocante pelo contraste entre os bairros dos ricos e as vilas e favelas; entre os equipamentos sociais para os ricos e os para os pobres, entre as escolas para os ricos e as escolas para os pobres. De onde vem esta desigualdade? Alguns dizem que é o mercado, outros que são as capacidades diferentes, outros que vem da educação ou da diferença entre os gêneros, etc. Para entender estas desigualdades é importante entender os contextos em que estão inseridos. É necessário procurar ver o todo sabendo que os diversos aspectos constitutivos do todo não é neutro e que interfere neste todo. Partimos, portanto, da discussão e compreensão do funcionamento da sociedade capitalista que vai dar alguns elementos constitutivos do todo. Neste sentido, também, o sistema educacional vai assumir um papel fundamental na manutenção da alienação e da divisão social do trabalho, pois este é um espaço estratégico da convivência social pautada pela reprodução da dinâmica da sociedade capitalista. Política, educação e desigualdades: três perspectivas, confinamentos e hibridizações Marisa Ribeiro Teixeira Duarte (FAE-UFMG) mmduarte@fae.ufmg.br A exposição sistematiza algumas das ideias, provenientes de três subáreas de conhecimento sobre política e que conduzem a compreensões diferenciadas das relações entre educação e desigualdades. A vertente analítica, exposta por Arendt e Foucault, dentre outros autores, reconhece que poder é promotor de ações concertadas, ou seja, alinhadas e requer a formação de consenso. Com a sociologia política de matriz weberiana, o poder decorre da apropriação de recursos diversos, que constroem capacidade de uns em orientar o sentido da ação de outros. Por último, os estudos em políticas públicas, vertente analítica mais recente, onde o poder é apreendido como ação de atores conscientes que, ao expor seus interesses, formulam demandas. Cada vertente analítica parte de ideias distintas para o estudo do fenômeno do "poder" e, ao longo do tempo, organizaram conceitos, categorias, discursos. Esses desenvolvimentos têm consequências para os estudos das relações entre educação e desigualdades e podem produzir efeitos de confinamento, quanto hibridismos. Em outra oportunidade, respeitada a organização da mesa, pretende-se analisar hibridismos epistêmicos.
Os discursos científicos: contribuições das epistemologias pospositivas Francisco Coutinho (FAE-UFMG) coutinhogambiarra@gmail.com Inicialmente defendemos o estudo da ignorância como um tema legítimo de pesquisa em educação em ciências. Esta defesa é feita com base nas premissas da Epistemologia da Ignorância ou Agnotologia, segundo a qual a ignorância é ativamente produzida e pode servir a projetos de dominação. Em nossa fala escolhemos os hormônios "sexuais" como objeto de análise. Para evidenciar a construção da ignorância acerca dessas substâncias e seus efeitos nos organismos, procuramos dialogar com as contribuições das epistemologias pospositivas, principalmente as que se originam de estudos sobre as realidades colaterais. De posse desses referenciais, procuramos demonstrar como, ao longo da história, as pesquisas acerca dos hormônios sexuais produziram realidades colaterais que engendram uma concepção de mundo de base essencialista, segundo a qual existe uma natureza biológica que determina os papeis sexuais de machos e fêmeas humanos. Esse discurso está presente nos textos dos livros didáticos de biologia que nós analisamos, o que revela a necessidade de sinalizar, principalmente em cursos de formação de professores, como esses materiais porta-vozes da biologia podem atualizar o sexismo e a discriminação de gênero.
MESA 10: DISCURSOS, GÊNEROS E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: María Eugenia Flores Treviño (Universidad Autónoma de Mexico – UNAM) Desigualdad de género en la política mexicana Maria Eugenia Flores Treviño (Universidad Autónoma de Nuevo León) meugeniaflores@gmail.com José María Infante Bonfiglio (Universidad Autónoma de Nuevo León) jminfanteb@hotmail.com La desigualdad social en México tiene distintas dimensiones. En la última reunión del Foro de Davos, se informó que México ocupa el lugar 111 de entre 138 países en cuanto a la participación de la mujer en política. No se trata del único tipo de desigualdad (Therborn, 2015) que padecen las mujeres en México, pero sí, probablemente, una de las más perversas, dado que las leyes establecen el principio de igualdad de género para los cargos de elección, pero en las últimas elecciones (año 2015) para legisladores del orden nacional o federal los datos muestran que todavía falta mucho para alcanzar el 50 % de los puestos. Este hecho señala la exclusión que permea en este ámbito social. La incursión femenina en la política mexicana ha sido, con mucho, limitada, pues siguiendo a Hernández: “solo el 18% de los senadores son mujeres, mientras que en la Cámara de Diputados éstas representan el 22.8%”(Hernández, 2000: 79). La situación no es mejor a nivel estatal: “en México solamente hay 172 diputadas de 1.119 escaños 98
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) distribuidos entre todas las entidades federativas; únicamente ha habido 4 jefas de ejecutivo estatal y 98 alcaldesas entre más de 2,400 municipios. Por tanto, en nuestro país solo uno de cada 4 puestos de función pública están ocupados por mujeres” (2000: 79). Como se observa, una de las causas de esa desigualdad puede situarse en el orden del discurso (Foucault, 1970), donde se racionalizan y justifican las diferencias entre las normas jurídicas y los resultados en la determinación de la desigual distribución de los cargos legislativos y ejecutivos. En este trabajo, desde una perspectiva transdisciplinaria: comunicativo-pragmática y discursivoideológica (Bajtin, 1970; Benveniste, 1991; Ducrot, 1986;Chauradeau, 2011; Van Dijk, 2008; Reboul, 1980, Haidar, 2006), analizamos los argumentos (Van Eemeren y Grootendorst, 2013) divulgados en la prensa, de los partidarios de la equidad y las réplicas y contra argumentos que recibieron en el proceso electoral (junio de 2015) en un estado del noreste mexicano: Nuevo León. La muestra son fragmentos discursivos, que analizamos como actos ilocucionarios (Austin, 1981), siguiendo, entre otras propuestas, el modelo de secuencialidad de Etsuko Oishi (2015).
Catégorisation de genre et stéréotypage médiatique : du procès des médias aux processus psycho-socio-médiatiques Claude Chabrol (Université de Paris , Sorbonne Nouvelle) c.chabrol@wanadoo.fr Aborder un sujet qui donne lieu à des prises de position militantes fortes non seulement dans la société civile (mouvements et associations féministes) mais aussi au sein même des sciences humaines et ce quelque soit les disciplines, de la sociologie à la psychologie en passant par les sciences du langage (sémiotique et analyse du discours), implique de prendre soin de déterminer la position d’où l’on parle : chercheur et/ou militant, savant ou penseur social engagé dans l’action. Ce discours est celui d’un chercheur qui affiche sur un tel sujet une « neutralité engagée" pour reprendre l’heureuse expression de Jacques Walter. Autrement dit, tout en soutenant dans le monde l’amélioration nécessaire des conditions économiques et sociales des femmes, l’on peut s’obliger à garder une distance et une clairvoyance dans le travail de recherche, au plan théorique et méthodologique. Ceci est d’autant plus crucial avec des problématiques socialement chargées (« gender studies ») et surtout les « mots » qui circulent dans la langue ordinaire comme celui de « stéréotype » ou de « préjugé » car le chercheur qui tentera en les employant d’inscrire son apport spécifique directement dans la circulation du dire social ordinaire, risque aussi en retour d’être pris dans les brumes du sens commun. Nous tenterons donc de clarifier les problèmes de définitions à propos des concepts de catégorisation et de stéréotype qu’on appliquera à la notion de genre « sexuel ». On en déduira quelques lignes d’analyse, en faisant un bilan rapide des études psychosociologiques sur le genre en général et dans les médias. Le stéréotypage est une notion intéressante pour tous les discours sociaux, dont les discours médiatiques, car il renvoie à un processus psycho-socio-langagier qui articule souvent explicitement des éléments de langue et de genres avec des marquages de différences sociales, ethniques ou des mises en scènes de genres sexuels, contrairement aux catégorisations psychologiques qui peuvent demeurer implicites dans les discours ou les comportements publics. Il faudrait donc clarifier les rapports entre les concepts de catégorisation et de stéréotype, trop souvent rapprochés si ce n’est confondus. Après avoir esquissé un bilan rapide des études psychosociologiques sur les catégorisations de genre, on montrera ce qui peut les différencier des stéréotypages de genre dans les médias, qui seraient évoqués parce que supposés bien connus pour servir le plus souvent à des processus plus complexes caractéristiques des « Imaginaires sociaux ».
MESA 11: NARRATIVAS DE SOBREVIVÊNCIA, REPRESENTAÇÕES E MEMÓRIA Coordenadora: Dylia Lisardo-Dias (UFSJ) Narrativas de moradores de rua nas mídias sociais Dylia Lysardo-Dias (UFSJ) dyliald@gmail.com Pretendemos mostrar como os moradores de rua se representam quando convidados a expor sua trajetória de vida por meio das diferentes formas de expressão autobiográfica instauradas nas e pelas mídias sociais digitais. Tais mídias têm alterado o modo de interagir dos indivíduos, que mobilizam redes de compartilhamento de informação de grande alcance e impacto para expressão de sua subjetividade. Elas representam hoje um novo espaço de manifestação de si pois os grupos não hegemônicos podem também dar a conhecer o modo como se inscrevem na sociedade. Sites, blogs e páginas de Facebook, na diversidade de configuração multimodal que exploram, têm se revelado como um espaço de manifestação de várias categorias de subalternos (SPIVAK, 2010), que ao testemunharem sua forma de habitar o mundo reorganizam o vivido, oferecendo um entendimento das suas condições de existência. Concebidas como uma “reconstrução discursiva” (GUILLHAUMOU,2004), essas narrativas se situam no interior das circunstancialidades sociohistóricas factuais que interdiscursivamente se manifestam e apontam para movimentos de alteridade inerentes ao processo de biografização de si. Trata-se de um processo que permite uma tomada de consciência do próprio percurso e se relaciona com a história coletiva, pois essas narrativas têm valor de um testemunho (OROFIAMA, 2008), que participa da construção de uma memória plural. Assim, a representação de si construída deixa entrever uma representação das relações culturais e do modo como os diferentes atores sociais se posicionam e agem, seja individual, seja coletivamente. Procederemos a uma análise discursiva do que dizem os moradores de rua sobre sua trajetória e suas condições de existência, considerando como os eventos narrados participam de uma sequencialidade e temporalidade que caracterizam as textualidades autobiográficas. Esses eventos são de alguma forma classificados e alinhados axiologicamente dentro de uma dada causalidade e no interior de um circuito enunciativo que coloca o sujeito que se autobiografa como personagem nuclear. 99
Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Memórias de Bento: trauma, tradição oral e luta pela sobrevivência William Augusto Menezes (UFOP) williamenezes@hotmail.com No último 5 de novembro, ocorreu, na cidade de Mariana (MG), mais especificamente no subdistrito de Bento Rodrigues, o rompimento de uma das barragens de rejeitos da mineradora Samarco. Com isso, aquela que parecia ser mais uma tarde tranquila entre os habitantes de Bento e distritos próximos transformou-se em período de desespero e fuga da morte. Era preciso sair, imediatamente, das regiões mais baixas, entrar pela mata e ganhar a estrada para os espaços mais elevados. Na pressa, tudo o que pudesse contribuir para atrasar a fuga precisava ficar para trás. Bento, sobretudo, ficava para trás e logo estaria coberto pelo minério e pelo mau cheiro da lama podre. As residências e seus artefatos, os encontros no restaurante local, as rezas na Capela, bem como todos os objetos que compunham os cenários de interação naquele arraial setecentista ficaram por lá, soterrados, e [por enquanto?] deixaram de existir. Contudo, não se desfez a memória compartilhada entre habitantes daquele espaço de convivência e da tradição oral. Pelo contrário, ao lado da memória recente, informada pelo caos e pelo trauma, convive uma memória discursiva de longa duração, amparada no imaginário social e interações diversas, nos campos da política, da religião, da educação e, sobretudo, nas condições de vida e relações de trabalho junto à atividade mineradora: “eu era pequena, quando tivemos que sair correndo da escola, porque disseram que a barragem tinha estourado. A gente convivia com isso há muito tempo”, conta-nos uma moradora. Barragem, escola, trabalho e imaginários se cruzam e se misturam nesse ambiente de constante luta pela sobrevivência: tudo em função da mineradora. A partir de entrevistas coletadas por pesquisadores do GEDEM-UFOP, a presente pesquisa tem por objeto os imaginários sociodiscursivos relacionados ao mundo do trabalho e sobrevivência, em particular em torno à atividade mineradora, entre ex-moradores de Bento Rodrigues.
Análise discursiva da narrativa midiática produzida pela imprensa sobre o rompimento da barragem de rejeitos da mineração em Mariana (MG) Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP) pauloufop01@gmail.com Pretendemos realizar uma análise discursiva da narrativa produzida pela mídia sobre o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco em Mariana (MG), no dia 05 de novembro 2015. A gravidade e a complexidade desse acontecimento de proporções catastróficas fazem com que ele se torne objeto privilegiado dos diferentes suportes e veículos de comunicação, que produzem e fazem circular uma série de narrativas destinadas a informar e opinar sobre o fenômeno em questão e seus desdobramentos. O aumento e o desenvolvimento das corporações midiáticas, bem como do alcance e da velocidade de difusão da informação, possibilitam a cobertura ostensiva dos fatos noticiáveis, a exemplo da ‘tragédia ambiental e social’ que se traduz pelo evento do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, cujos desdobramentos ainda não podemos vislumbrar. Os problemas relacionados a esta proposta dizem respeito à organização da narrativa e às estratégias discursivas colocadas em ação pela mídia na construção do seu relato, sob a forma de notícias, de reportagens, imagens e comentários acerca do rompimento da barragem de rejeitos denominada Fundão, das suas causas e consequências. Ressaltamos que o nosso interesse pela análise dessas narrativas midiáticas sobre o evento em questão deve-se não apenas à importância do próprio fato, de seus desdobramentos e de sua cobertura jornalística, mas, especialmente, à sua convergência/afinidade com as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas pelo Grupo de Estudos sobre Discurso e Memória (GEDEM) na Universidade Federal de Ouro Preto. Nessa perspectiva, interessa-nos analisar a narrativa construída pelas mídias, como acontecimento discursivo, sobre o rompimento da barragem de rejeitos da mineração em Mariana (MG), enquanto acontecimento histórico, que passa a ser inscrito na memória coletiva da sociedade em geral, e, mais especificamente, da Região dos Inconfidentes em Minas Gerais.
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Resumos: Comunicações Coordenadas
COMUNICAÇÕES COORDENADAS Communications coordonnées | Comunicaciones coordinadas | Coordinated Presentations
A-Z
Os resumos estão classificados por ordem alfabética (Nome dos coordenadores). Les résumés sont classés par ordre alphabétique (Prenom et Nom des coordinateurs). Los résumenes están clasificados por orden alfabético (Nombre de los coordinadores). Abstracts in alphabetical order (by chairs’ name).
DESIGUALDADES E RESISTÊNCIAS: DISCURSOS EM LUTA Coordenadora: Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT/CUA) guidabcruz@hotmail.com Resumo da sessão: Sob o eixo temático Desigualdade, História e Memória, nos propomos a realizar um diálogo para refletir/discutir, sobre o aporte teórico da Análise de Discurso, o resultado de algumas análises de diferentes materialidades. As pesquisadoras têm filiação ao Grupo de Pesquisa “Mulheres em Discurso: desestabilizando sentidos”, coordenado pela prof.ª Dr.ª Monica Zoppi-Fontana e, consideramos que o IV Simpósio Internacional sobre Análise de Discurso para tratar de discursos e desigualdades sociais é um espaço propício para dar visibilidade à nossa proposta. Nos entremeios abertos pela pesquisa buscamos, por exemplo, desestabilizar sentidos naturalizados na materialização de textos jurídicos sobre a política de promoção da igualdade racial; identificar a característica de contestação das redes de memória de sentidos dominantes, marcante nas lutas por voz, reconhecimento de identidades, visibilidade e pela interpretação de si, em poesias sobre mulheres negras; ainda mostrar o funcionamento dos processos de sentido que constituem a memória discursiva em relação com os processos de subjetivação, de identificação, de resistência que constituem as mulheres quilombolas e para complementar, trazemos discursividades sobre a figura da empregada doméstica nas quais se representa um dizer que se mostra como um falar do lugar próprio ou um falar do lugar do outro, no jogo dos processos de projeção imaginária por antecipação. Assim, podemos afirmar que esta é uma forma de participar do esforço teórico, mas, também, político, considerando as relações discursivas de desigualdades que atravessam a história e ressoam na/pela memória no presente.
Trabalhos dos Integrantes: A “lei da compensação”: uma análise de textos da política nacional da igualdade racial Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT/CUA) guidabcruz@hotmail.com Para dialogar nesta mesa, analiso textos jurídicos da política nacional de promoção da igualdade racial. Trato o “corpus” como arquivo como define Pêcheux (1982, p. 57), “no sentido amplo do campo de documentos pertencentes e disponíveis sobre uma questão”, no caso, a Política Nacional da Igualdade Racial (PNIR), que, de acordo com o Decreto Nº 65.810 de dezembro de 1969 e a CONVENÇÃO INTERNACIONAL, se propõem a “eliminar todas as formas de discriminação racial”. (grifo meu). Faço um percurso sobre os estudos da enunciação, descrevo alguns procedimentos de reescritura e desloco para uma análise discursiva do material. O arquivo é opaco e não se fecha; assim é o trabalho de leitura do analista que o constrói, ou seja, o modo como li os materiais me permitiu identificar que a proposta de promoção à igualdade racial converge para uma direção que contraria os sentidos de igualdade, pois, diferencia os sujeitos, divide-os e elege a cor da pele produzindo o efeito de sentidos de que uma parte desses sujeitos é atendida, de forma prioritária (ênfase na população negra) como enunciado no artigo 2º. Pela noção discursiva de arquivo é possível apreender o gesto que, na história, separa, divide o direito à interpretação e trabalha os modos de administrá-la. Se os sentidos não estão colados nas palavras, eles são “relação a”, logo a interpretação não é mera decodificação e não pode ser qualquer uma, ela é sustentada, de um lado, pela memória institucionalizada (o arquivo), e, de outro, pela memória constitutiva, isto é, pelo interdiscurso. Os sentidos não são transparentes é a história que lhes dá densidade. 101
Resumos: Comunicações Coordenadas A história do Brasil não se faz sem uma relação com a história da colonização, com a história da escravidão, determinadas pelo processo como se deu a “descoberta”. Ao se enfatizar no Art.2º, a população negra, contrariando a proposição do Decreto, rememora-se um capítulo da História do nosso País e imprime linguisticamente, pelo texto jurídico, a “Lei da compensação” no presente, nas condições de produção atuais.
Enunciação/legitimação: a dupla face do dizer político Mónica G. Zoppi Fontana (UNICAMP/CNPq) monzoppi@gmail.com Recentemente a questão da enunciação ganhou destaque em teorias que discutem a legitimidade de um lugar/ponto de vista para enunciar tanto política quanto teoricamente o conflito social. Do ponto de vista analítico, trata-se de identificar as marcas das contradições que determinam condições de possibilidade de uma enunciação política ancorada nas inscrições subjetivas que constituem um eu/nós que forneceria o fundamento último da legitimidade ética e epistemológica de um dizer. Do ponto de vista teórico trata-se da relação entre acontecimento discursivo, memória discursiva e enunciação na sua reflexividade performativa. Se é a posição-sujeito que determina o sentido dos enunciados a partir do funcionamento da memória discursiva, é na enunciação de um sujeito em determinadas condições de produção que esse dizer poderá ser reconhecido como legítimo em relação a um determinado lugar de enunciação. Exploramos diferentes processos de construção de um lugar de enunciação da demanda social e política em movimentos nos quais as questões identitárias, principalmente de gênero e raça, estão na base. Consideramos, assim: 1- A dimensão subjetiva de representação imaginária das relações sociais, compreendidas como processos de subjetivação; 2- A dimensão jurídica que aparelha o Estado e as instituições para administrar as relações sociais (na sua contradição constitutiva), produzindo processos de individuação; 3- A dimensão axiológica de construção de valores sociais produzidos como consenso, que desenham uma hierarquia interpretativa, a partir da qual se produzem processos de inclusãoexclusão-segregação dos sujeitos com seus consequentes efeitos sobre os processos de subjetivação. Analisamos discursividades sobre a figura da empregada doméstica nas quais se representa um dizer que se mostra como um falar do lugar próprio ou um falar do lugar do outro, no jogo dos processos de projeção imaginária por antecipação. Esse modo de representar o dizer em relação à legitimidade de uma inscrição subjetiva em uma posição ideológica historicamente determinada nos permite abordar a questão das expectativas de reconhecimento tal como elas se apresentam na formulação, já interpretadas pela relação constitutiva com a filiação a posições-sujeito no interdiscurso. Nesse sentido avançamos na reflexão sobre o funcionamento dos lugares de enunciação no discurso (Zoppi-Fontana, 2002).
As cores do Brasil quilombola Ana Josefina Ferrari (UFPR - Setor Litoral) anajosefina@ufpr.br Historicamente, no Brasil, os quilombolas se constituíram como modo de resistência ao regime escravagista no Século XIX e ao governo das elites nos Séculos XX e XXI. No presente trabalho, trazemos o resultado parcial da nossa pesquisa titulada “Memórias de mulheres quilombolas: uma análise discursiva de entrevistas a mulheres de comunidades quilombolas de áreas rurais do município de Guaraqueçaba (Pr)”. Propomo-nos analisar, neste trabalho, sequências relacionadas com a autodeterminação de raça e cor em formulários de inscrição para vestibular de mulheres quilombolas. Descreveremos o funcionamento dos processos de sentido que constituem a memória discursiva em relação com os processos de subjetivação, de identificação, de resistência que constituem o sujeito de discurso, no nosso caso, as mulheres quilombolas. Partimos da hipótese de que os processos de identificação e subjetivação são produzidos a partir de uma relação constitutiva com a memória, em determinadas condições de produção. Filiamos nosso trabalho teórica e metodologicamente à Análise de Discurso francesa, especificamente, através dos textos de Pêcheux (1975), Orlandi (1996; 1999; 2001, 2010), Zoppi Fontana(2004), entre outros.
Vozes - mulheres negras na poesia Mariana Jafet Cestari (Mulheres em Discurso/Grupo de Pesquisa-UNICAMP) marianajcestari@gmail.com Nesta comunicação, com base em “corpus” composto por poemas de Conceição Evaristo (2008) e Lívia Natalia (2015), poetas, contistas e teóricas da literatura, discuto a enunciação de si, que projeta vozes-corpos de mulheres negras como sujeitas de um dizer próprio e protagonistas de suas histórias. Em análises sobre o eu político e o eu poético, minha reflexão entrecruza as propostas de formações imaginárias e processos de subjetivação, de Michel Pêcheux (1969, 1975), de lugares de enunciação, de Mónica Zoppi Fontana (2002), de reflexividade metaenunciativa, de Authier-Revuz (1998) e as formulações acerca do euenunciador negro na literatura negra brasileira. As vozes-mulheres negras que ecoam nos poemas constituem-se em posições sujeito divergentes daquelas que formulam e fazem circular os estereótipos de submissão e inferioridade do imaginário racista, sexista e lesbofóbico da ideologia dominante, seja no cânone literário ou em outros âmbitos do discurso. No entanto, a característica de contestação das redes de memória de sentidos dominantes marcante nas lutas por voz, reconhecimento de identidades, visibilidade e pela interpretação de si não deve reduzir as descrições e interpretações desta produção literária, pois esta seria uma forma de limitar os fazeres possíveis às mulheres negras e de negar os equívocos, pontos de deriva e deslocamentos dos sentidos dos discursos e suas especificidades na poesia. 102
Resumos: Comunicações Coordenadas
DISCURSOS EM PERSPECTIVA DIALÓGICA: ÁREAS EM DEBATE Coordenadora: Alessandra Avila Martins (FURG) alessa.avila@hotmail.com Resumo da mesa: A linguagem sempre foi um tema que intrigou estudiosos de diferentes épocas. Em tempos atuais, mais precisamente nos séculos XX e XXI, a abrangência dos estudos sobre a linguagem tem recebido atenção de autores de diferentes campos do saber. O Círculo de Bakhtin se dedicou a aprofundar os estudos sobre a linguagem em torno dos anos 1925/26, fenômeno que se caracteriza como uma espécie de virada linguística, já que a linguagem passou a receber atenção especial nos debates e acabou por reorientar os escritos e as discussões do Círculo, que vieram posteriormente. Desse modo, a questão da linguagem marca significativamente a participação e a inserção de Bakhtin e seu Círculo no pensamento contemporâneo de parte de estudiosos das Ciências Humanas e Sociais, revelando a impossibilidade de estudá-la fora do seio social. Em suas reflexões, Bakhtin atenta para o caráter dialógico da linguagem, pois a produção de cada enunciado estabelece um elo com os outros enunciados, já que responde a enunciados presentes, passados e futuros. Além do caráter dialógico, a incompletude, a mobilidade e a tensão se configuram como aspectos constitutivos da linguagem, o que possibilita que os estudos de Bakhtin travem diálogo com diferentes campos do saber e respaldem, teoricamente e metodologicamente, a análise discursiva dos processos de instauração de sentido em múltiplos objetos. Assim, considerando que todas as atividades humanas estão relacionadas ao uso da linguagem, pretende-se, com este simpósio, reunir quatro trabalhos que analisam discursos que circulam na esfera acadêmica, religiosa e publicitária, evidenciando a interface entre os estudos de base bakhtiniana e diferentes áreas do conhecimento.
Trabalhos dos Integrantes: Construção de sentido no gênero piada: a palavra sob uma perspectiva dialógica
Adriana Danielski Batista (IFRS) adrianaelski@yahoo.com.br Em todo e qualquer enunciado, que tem existência a partir da interlocução entre sujeitos, há a interação de diversas vozes, em que a compreensão de uma voz leva à compreensão de outra e assim sucessivamente. É a análise dessa teia de vozes, permeada pela palavra, que permite o alcance dos sentidos em circulação no discurso. Ou seja, para a compreensão de um enunciado, faz-se necessário observar vozes que interagem no material verbal, evidenciando, assim, o caráter plurilinguístico e dialógico da língua. Dessa forma, o presente trabalho estuda o funcionamento discursivo da palavra de modo a compreender como ocorre a construção de sentidos no gênero discursivo piada, verificando a evocação de diferentes valorações e vozes discursivas. A piada analisada foi extraída de um sítio eletrônico, denominado PIADAS.COM.BR. O gênero piada exige o entendimento da plasticidade das palavras para que a compreensão se efetive. O sentido da piada é pautado, geralmente, na plasticidade impressa a uma dada palavra ou expressão, que reflete e refrata diferentes pontos de vista, significações. Compreende-se que a plasticidade da palavra e a consequente mobilidade impressa por ela aos gêneros está condicionada a diversos aspectos discursivos, tais como forma, situação enunciativa (quem fala? para quem? sobre o que fala? com que projeto enunciativo?), contexto de produção, alteridade, entonação, reflexo/refração. Para tanto, o método de análise apoia-se nos conceitos postulados por Bakhtin e seu Círculo (Bakhtin/Volochinov, 1929/2010; Bakhtin, 1975/1998, 1979/2011), que entendem a palavra como elemento polissêmico e plurivocal da língua. Cabe salientar que a plasticidade perpassa a língua e se estabelece a partir da relação palavra versus gênero. A palavra imprime mobilidade ao gênero, mas este também condiciona o funcionamento da palavra. Há gêneros mais coercitivos, que impõem à palavra um funcionamento discursivo mais estável, em que o estabelecimento de diferentes vozes sociais são coibidas. Há gêneros que são extremamente plásticos, que propiciam maior mobilidade à palavra.
Concorrência religiosa na televisão: vozes de consumo em conflito no discurso Kelli da Rosa Ribeiro (PUCRS) klro.rib@gmail.com Levando em consideração a crescente circulação de diversos discursos religiosos neopentecostais, em meios de comunicação de massa, sobretudo na televisão, este trabalho pretende levantar discussões enunciativo-discursivas a respeito dos efeitos de consumo e da acirrada concorrência que emergem no anúncio de produtos evangélicos, articulação composicional que integra o gênero culto televisivo Show da fé, veiculado em diferentes canais televisivos brasileiros. Para atingir tal objetivo, recorremos às ideias filosóficas e linguísticas da Teoria Dialógica do Discurso, desenvolvida por Mikhail Bakhtin e seu Círculo, como embasamento teórico central. As reflexões teóricas do Círculo possibilitam o estudo enunciativo-discursivo do funcionamento e da refração de sentidos dos signos ideológicos que se engendram no anúncio de produtos evangélicos, tendo em vista suas especificidades de composição e sua relação dialógica com a diversidade de discursos da esfera religiosa e midiática. Estabelecemos ainda um diálogo com o filósofo Dany-Robert Dufour e o semiolinguista Patrick Charaudeau que tratam respectivamente do consumo na sociedade contemporânea e das questões que envolvem o discurso das mídias. Assim, partimos das seguintes perguntas norteadoras: i) Como acontece a relação de concorrência no mercado religioso da esfera midiáticatelevisiva nos anúncios de produtos evangélicos do programa Show da fé? ii) Como acontece o ataque ao concorrente e a tensão 103
Resumos: Comunicações Coordenadas com as diversas vozes sociais no anúncio? iii) De que forma a seleção de signos verbais e não verbais fazem reverberar efeitos de consumo e da concorrência? Para responder tais questões, selecionamos dois trechos dos anúncios de produtos evangélicos, do culto Show da fé transmitido em 16 de junho de 2012. Buscamos levantar reflexões a respeito da tensão entre vozes sociais de consumo que complexificam o discurso religioso neopentecostal tanto na sua esfera de origem, a esfera religiosa, quanto na esfera midiática, na qual tem propagação rápida, interpelando uma grande massa de sujeitos. A interpelação acontece baseada nas relações pós-modernas entre fé e consumo, criando efeitos de sentidos propagandistas num discurso televisivo que promete bênçãos ilimitadas aos fiéis, desde que aceitem seu dizer profético-publicitário.
O papel do interlocutor no discurso publicitário: tensão e produção de sentidos Vanessa Fonseca Barbosa (PUCRS) vanessa.barbosa@acad.pucrs.br Os trabalhos desenvolvidos pelo chamado Círculo de Bakhtin, na Rússia do Séc. XX, deixaram um grande legado para os estudos do Discurso, pois demonstraram, dentre outras questões, que a linguagem é um objeto inerentemente ideológico, constituído pelo imbricamento dos mais diversos valores e discursos colocados em permanente relação de tensão. Nesse sentido, por meio das reflexões advindas da teoria bakhtiniana, encontram-se subsídios para analisar e melhor compreender o complexo processo de instauração de sentidos na linguagem. Diante dessas considerações, este trabalho apresentará uma proposta de análise dos sentidos estabelecidos discursivamente a partir do papel atribuído ao interlocutor em duas campanhas institucionais lançadas no ano de 2012 por uma grande empresa de televisão sediada em uma região do extremo Sul do Brasil. Constituem o corpus do trabalho duas campanhas institucionais da RBS TV lançadas, respectivamente, nos meses de abril e junho do ano de 2012, em comemoração aos cinquenta anos da emissora. A primeira campanha publicada pela mídia teve o seguinte slogan: “A gente faz pra você”, sendo substituída dois meses depois pela segunda, cujo slogan fora “A gente faz com você”. Para analisar o objeto selecionado, no trabalho, são mobilizados, dentre outros, os conceitos de enunciado, signo ideológico, tensão e valor, advindos da compreensão dialógica da linguagem através dos estudos bakhtinianos; bem como estabelece-se uma interface com os trabalhos de Patrick Charaudeau para tratar da mídia em foco. A análise realizada permite verificar uma significativa reorganização do discurso publicitário de uma campanha para a outra, com o intuito de criar efeitos de sentido que aproximassem o locutor cada vez mais de seu interlocutor. O trabalho permite ainda enfatizar a constituição dialógica da linguagem para a construção dos sentidos estabelecidos discursivamente.
Da escuta à autoria: uma inscursão na formação continuada docente Alessandra Avila Martins (FURG) alessa.avila@hotmail.com A formação continuada de docentes, política pública prevista na Lei 5692/71 e ampliada pela Lei de Diretrizes e Bases, se configura como um espaço de (re)construção da identidade profissional e assume diferentes contornos. Em 2013, foi instituído O Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, programa que prevê a formação continuada dos professores e coordenadores pedagógicos que atuam no Ensino Médio da rede estadual de ensino. Esse programa envolve todas as universidades federais, que elaboraram metodologias para o processo formativo. Em cada encontro de coletivo com os professores cursistas, estes eram convidados, por meio da escrita, a refletirem sobre o espaço de formação constituído na escola. A partir disso, este trabalho tem por objetivo analisar os dizeres dos pesquisados e quais as vozes/sociais discursivas que atravessam esses dizeres e como a identidade docente se reposicionou a cada enunciado. O material de pesquisa foi analisado à luz da perspectiva bakhtiniana de linguagem e dos estudos identitários (Hall e Silva). A leitura e a análise do material revelaram a importância da escola como um espaço para a reflexão e a qualificação das práticas docentes. Além disso, observou-se que o professor, que historicamente ocupou um papel de escuta, passa a ter voz, ou seja, transita em outra identidade, que é a da autoria.
FRONTEIRAS INVISÍVEIS: MATERIALIDADE DISCURSIVA, HISTÓRIA, MEMÓRIA Coordenadora: Aline Fernandes de Azevedo Bocchi (IEL/Unicamp) azevedo.aline@gmail.com Resumo da mesa: Em seu texto “Delimitações, inversões, deslocamentos”, publicado em 1982, Michel Pêcheux defende que o funcionamento equívoco e contraditório do discurso se sustenta em uma relação particular com a história: há efeitos do discursivo sobre a história, embora haja concomitantemente efeitos de determinação da estrutura histórica sobre o discursivo. Para ele, no funcionamento da memória “aquilo que irrompe no espaço da repetição discursiva é efeito de uma materialidade específica, sobre e com a qual não se pode dizer qualquer coisa”. No processo de formulação dos sentidos como lugar da contradição, as barreiras invisíveis que atravessam as sociedades como linhas móveis, sensíveis às relações de força, resistentes e elásticas indicam as margens entre as formações discursivas a sulcar fronteiras invisíveis no dizer. Ancorados nas teorizações de Michel Pêcheux, esta mesa coordenada reúne reflexões de integrantes do PHIM – Projeto História, Inconsciente, Materialidades, com sede no IEL/Unicamp e coordenação de Lauro José Siqueira Baldini. Nosso objetivo é, assim, levar a sério a questão das materialidades 104
Resumos: Comunicações Coordenadas discursivas, na sua relação com a história e com a memória, indicando como as fronteiras das desigualdades sociais se textualizam no discursivo, pelo funcionamento equívoco da ideologia, no jogo entre o visível e o invisível. Trabalhos dos Integrantes: A maternidade nas prisões: o avesso de uma formação discursiva Aline Fernandes de Azevedo Bocchi (IEL/UNICAMP - PHIM - PNPD/CAPES) azevedo.aline@gmail.com Esta reflexão foi elaborada em decorrência do exame da duplicidade própria ao enunciado dividido “Nós, mulheres”, formulação contraditória produtora de uma identidade política articulada a um imaginário de coesão que historicamente serviu de sustentação aos movimentos feministas. O funcionamento da memória (PÊCHEUX, 2007), compreendido no/pelo jogo entre paráfrase e polissemia, sugere que tal formulação se repete nos discursos feministas contemporâneos de forma recorrente e insistente, apesar das críticas e questionamentos de feministas atentas aos limites de tal enunciado. Diante disso, pretendo problematizar algumas questões acerca das fronteiras entre as formações discursivas, particularmente no que se refere aos discursos sobre parto e maternidade no Brasil. Trata-se de examinar os processos históricos que determinam as práticas discursivas (PÊCHEUX, 1981) que constituem sentidos para a maternidade em nossa formação social, questionando o caráter profundamente dividido de tais discursos (COURTINE, 2009). Para tanto, irei me deter em uma questão que permanece à margem dos discursos dominantes sobre o tema: a maternidade no cárcere, ou seja, o ser mãe nas prisões e penitenciárias brasileiras, priorizando os discursos jurídicos e midiáticos no embate com meu arquivo. Além do “ça circule” (PÊCHEUX, 1981) próprio ao discurso da mídia e seu eco vazio, considero que o campo do direito simula um funcionamento lógico dedutivo no qual a lei universal é supostamente aplicada a todos. Assim, procuro sustentar que em uma sociedade onde há contradição de classe a universalidade produzida por tais discursos é um efeito imaginário necessário. Nesta direção, a maternidade nas prisões abordada por alguns discursos de militância promove uma ruptura com tal efeito de universalidade ao mostrar o avesso de uma formação discursiva.
As metamorfoses da literatura fantástica: metáfora e segredo em contos de José J. Veiga e Murilo Rubião Thales de Medeiros Ribeiro (IEL/UNICAMP - PHIM – CNPq) thalesmedeirosribeiro@hotmail.com Em seu comentário sobre Sombras de Reis Barbudos, de José J. Veiga, Eni Orlandi (2007) afirma que, na ditadura militar, o domínio da literatura jogava largamente com o realismo fantástico e com as metáforas como forma de resistência à política do silêncio (censura). Nesse sentido, “a separação entre pessoas é metaforizada, no romance, por muros que começam a crescer sozinhos; o arbitrário do poder e a ameaça são metaforizados pela proibição de cultivar legumes no quintal” (ORLANDI, 2007, p. 115). De outro lugar teórico, Silviano Santiago (2015) problematiza a relação estrita entre o poder coercitivo e a dimensão do segredo na literatura de José J. Veiga. Diante desses apontamentos e inseridos no quadro teórico e analítico materialista da Análise de Discurso (GADET, PÊCHEUX, 1981; PÊCHEUX, 1980, 1990, 1999, 2008; ORLANDI, 1999, 2007), empreendemos um gesto de leitura sobre a relação entre metáfora e segredo em contos de José J. Veiga e Murilo Rubião. Na perspectiva discursiva, consideramos que os contos textualizam as relações assimétricas de forças e a desigualdade real entre os sujeitos no modo de produção capitalista. Poderíamos afirmar, assim, que o realismo fantástico não é um “aerólito miraculoso” independente das redes de memória e dos trajetos sociais nos quais irrompe. Para trabalhar com essa materialidade discursiva específica, levantamos também uma discussão sobre a problemática da representação e do impossível na literatura embasados nos trabalhos de Shoshana Felman (2003) e de Roland Barthes (2008). A praia é democrática? História, memória, desigualdade Karine de Medeiros Ribeiro (IEL/UNICAMP - PHIM – CNPq) maharetrice@hotmail.com Neste trabalho, analisamos a formulação “a praia é democrática” no documentário Faixa de Areia (2007). No filme, é apresentada uma série de entrevistas com banhistas e trabalhadores em diferentes praias do Rio de Janeiro. Na imbricação de materialidades significantes específicas, o documentário traz, em sua narratividade, um enquadramento político da “desigualdade social” — especificadamente, a divisão social de classes e os discursos sobre a circulação dos sujeitos no espaço urbano — que atravessa os diferentes bairros da cidade. Em outros termos, o imaginário de igualdade (o efeito de evidência de “igualdade” e “liberdade de circulação” dos sujeitos nas praias) textualizado com regularidade nas entrevistas choca-se, de forma tensa e contraditória, com a desigualdade real e estrutural que irrompe nos efeitos de montagem das sequências dessa narrativa. A partir do quadro teórico materialista da Análise de Discurso, consideramos que o documentário em questão é sustentado por uma série de discursos exteriores, anteriores e independentes. Nesse sentido, buscamos empreender um gesto de leitura da formulação em sua relação com a história, com a memória e com a desigualdade, isto é, tomando como ponto de partida a rede de memória de um corpo sócio-histórico de traços discursivos, atravessado por divisões, deslocamentos e contradições.
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Resumos: Comunicações Coordenadas
DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS PARA A PRÁTICA DE ESCRITA E DE LEITURA: AS METAS DO MILÊNIO PARA A REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES EM FOCO Coordenadora: Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL) altinococabral@gmail.com Resumo da mesa: Os pesquisadores que participam desta comunicação coordenada alinham-se todos a projeto de pesquisa que tem por objeto de estudo processos de leitura e escrita, tanto do ponto de vista teórico como prático. Concebendo leitura e escrita como atividades indissociáveis, o projeto visa ao desenvolvimento de recursos educacionais abertos para a prática de escrita os quais possibilitem despertar no estudante a percepção das unidades textuais que contribuem para manter a coerência por meio do conceito de navegação em textos, utilizando pistas de leitura. Os recursos educacionais abertos serão concebidos a partir de uma abordagem sociocognitiva e interacional do texto (Koch, 2004). A temática geral norteadora dos conteúdos desses recursos contempla questões relacionadas à participação cidadã no contexto do século XXI, com base na Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e em concordância com o que preconizam os PCN. Para esta comunicação coordenada, elegeu-se como temática, entre as metas da Agenda, aquelas que focalizam a redução de desigualdades sociais, ligadas a questões que envolvam pobreza, gênero, educação, envelhecimento. Uma vez que a primeira etapa do processo de produção de recursos educacionais abertos consiste na análise linguístico-textual de material que poderá servir de base para o desenvolvimento deles, os trabalhos que compõem esta comunicação coordenada apresentam análises realizadas em corpus de textos selecionados na Web e comentários de leitores; as análises fundamentam-se em conteúdos teóricos que subsidiarão o projeto. Assim, Ana Lúcia Tinoco Cabral analisa o discurso sobre o idoso na mídia digital verificando como os estereótipos geram segregação; Manoel Francisco Guaranha analisa a construção linguístico-argumentativa em comentários de leitores de um jornal eletrônico sobre o corte de verbas no “Bolsa Família”; Ana Elvira Gebara investiga processos referenciais na construção do objeto de discurso “violência” no discurso da mulher. Trabalhos dos Integrantes: A construção de estereótipos na argumentação pela “melhor idade” na mídia digital: desigualdade no envelhecimento Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL) altinococabral@gmail.com As metas do milênio constituem um plano acordado nas Organização das Nações Unidas relativamente às áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente, em resposta à necessidade de se atingir uma economia mundial mais eficiente e equitativa. Busca um padrão de desenvolvimento no século 21 alicerçado na sustentabilidade ambiental, social e econômica. As metas foram consolidadas na Declaração do Milênio, documento resultante de debate na ONU, em 2000. Os objetivos traçados nesse documento são mensuráveis, temporalmente delimitados e reconhecem que o mundo possui tecnologia e conhecimentos para resolver a maioria dos problemas enfrentados pelos países pobres. Como esses objetivos não foram atingidos, em 2015, estabeleceu-se nova agenda, com novas metas. Entre elas, algumas focalizam a questão das desigualdades, e, especialmente, para este trabalho, duas delas, cujo escopo abrange envelhecimento: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades; garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida para todos. Dito isso, o objetivo deste trabalho é analisar como se dá o discurso sobre o idoso na mídia digital no Brasil atualmente. Procuramos, por um lado, descrever as estratégias linguísticas e, por outro, questionar os efeitos sociais desses discursos. Nossa hipótese é que tal discurso é carregado de estereótipos que segregam os idosos, incitando-os a assumir uma atitude de “não idoso”, muitas vezes inacessível aos idosos de baixa renda. O quadro teórico que dá suporte ao trabalho contempla semântica argumentativa (Ducrot,1980 e 1984) e estudos dos estereótipos (Amossy e Peirrot, [1997]2007; Boyer, 2007), em diálogo com os estudos da enunciação (Benveniste, 1966 e 1974; Kerbrat-Orecchioni, 1980, 1997). Como metodologia de análise, verificamos as marcas linguísticas que permitem identificar as intenções que determinaram as escolhas linguísticas, focalizando a construção de estereótipos. As análises fundamentarão o desenvolvimento de recursos educacionais abertos voltados para a leitura crítica. Análises preliminares indicam que a mídia, ao cobrar dos idosos que cumpram com o estereótipo de “melhor idade”, gera segregação e desigualdade.
O Discurso em torno do Bolsa Família: escrita, leitura e desigualdades em foco Manoel Francisco Guaranha (UNICSUL e FATEC) m-guaranha@uol.com.br Esta comunicação está vinculada ao Projeto de Pesquisa: “Desenvolvimento de materiais para a práticas de escrita por meio de pistas de leitura” que objetiva o desenvolvimento de recursos educacionais abertos para essas práticas contemplando aspectos teóricos, metodológicos e tecnológicos. Trata-se de um projeto do Programa de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL – São Paulo/Brasil e insere-se na linha de pesquisa “Texto, discurso e ensino: processos de leitura e de produção do texto escrito e falado”. Os objetos de estudo deste projeto são os processos de leitura e escrita, consideradas atividades indissociáveis, para as quais serão desenvolvidos recursos educacionais abertos a partir da abordagem sociocognitiva e interacional do texto (Koch, 2004). O projeto elegeu como temática geral dos textos que irão compor os recursos educacionais questões relacionadas à participação cidadã no contexto do século XXI, com base na Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e em concordância com o que preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN. Para esta comunicação, 106
Resumos: Comunicações Coordenadas elegeu-se como temática, entre as metas da Agenda 2030, a primeira delas: “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”. Desse modo, foi selecionado como corpus para um estudo linguístico-textual a reportagem do Jornal Folha de São Paulo, edição eletrônica de 20/10/2015, sobre o corte de 35% de verbas do orçamento, proposta pelo relator da Lei Orçamentária de 2016, Deputado Ricardo Barros (PP/PR) e, principalmente, os comentários dos leitores sobre a reportagem. A análise terá como objetivo identificar a estrutura argumentativa desses comentários, bem como o modo como os sujeitos organizam suas posições, dialogam com o texto da reportagem e com os outros comentários. O Bolsa Família é um “programa federal destinado às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza [...], que associa à transferência do benefício financeiro o acesso aos direitos sociais básicos saúde, alimentação, educação e assistência social” (http://bolsafamilia.datasus.gov.br/w3c/bfa.asp). Desde seu início, em 2003, o programa tem sofrido críticas negativas que se intensificaram nos últimos anos, à medida que a crise econômica aumentou. Nesse sentido, torna-se relevante estudar como os textos dos comentários materializam as ideologias acerca do tema.
Vozes subalternas, vozes possíveis? A construção do referente violência na expressão no discurso da mulher Ana Elvira Luciano Gebara (UNICSUL e FGV) aegebara@uol.com.br Uma das maneiras de se promover ações produtivas para o desenvolvimento da leitura e escrita, meta central do ensino de língua materna, no quadro atual da educação no Brasil é adotar as propostas de desenvolvimento sustentável como os da Agenda 2030. Essa perspectiva, que une o fazer tecnológico e o saber, apresenta parâmetros para as temáticas a serem abordadas no ensino, de acordo com uma visada global, e estimula o diálogo entre os documentos internacionais e nacionais, em especial, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN. No cruzamento dessas preocupações e dessas propostas, constituiu-se o projeto de pesquisa: “Desenvolvimento de materiais para a práticas de escrita por meio de pistas de leitura”, que envolve as teorias do texto (em especial, a Linguística Textual), as metodologias relacionadas a essas posições teóricas e a utilização de recursos tecnológicos para concretizá-las. O projeto vinculado ao Programa de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL – São Paulo/Brasil insere-se na linha de pesquisa “Texto, discurso e ensino: processos de leitura e de produção do texto escrito e falado” e tem, em sua gênese, uma proposição interdepartamental principalmente no que diz respeito ao papel das TICs. Dentre os objetivos do projeto, esta comunicação se vincula especificamente ao de produzir material bibliográfico de divulgação para a comunidade acadêmica, tomando por objeto a referenciação, compreendida como processo linguístico-discursivo, tal como Koch, Morato e Bentes (2012) a apresentam, constituintes dos objetos do discurso; e como Mondada e Dubois, em livro organizado por Cavalcante, Rodrigues e Ciulla (2003), conceituam tomando também a categorização como parte desse processo. Assim, tomamos o item 5 da Declaração do Milênio: “Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” e elegemos como corpus, dois textos do jornal Folha de São Paulo – o texto de Tati Bernardi, “Respeite as mulheres, sua vaca”, na coluna “Ilustríssima” e o artigo “Podem as mulheres falar?”, de Daniela Lima, cujo tema é a violência relacionada à mulher em papel de agente e objeto, e em cujas relações dialógicas explícitas permitem estabelecer quais procedimentos materiais linguísticos e discursivos envolvidos para o desenvolvimento do tema. A análise tem ainda como corpus os comentários (um total de 17) feitos para o texto de Bernardi, cruzando os elementos referenciais da escrita ao de leitura.
ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO: O DIALOGISMO COMO CHAVE PARA PROBLEMATIZAR AS RELAÇÕES SOCIAIS COMO COMPROMISSO PARA UMA ÉTICA DA EQUIDADE, SOLIDARIEDADE E AFETIVIDADE SOCIAL Coordenadora: Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR) rubel@utfpr.edu.br Resumo da mesa: Esta sessão coordenada visa discutir a importância do conceito chave, ou seja, do dialogismo, na perspectiva de Mikhail Bakhtin e do Círculo. Acredita-se que a categoria dialógica pode esclarecer a questão da autoria, da intersubjetividade, da ideologia, dos discursos sociais e das interfaces da linguagem com outras áreas do conhecimento e da práxis humana tais como a Filosofia, a Economia, o Universo do Trabalho, a História, o Teatro, a Educação, a Cultura, a Leitura etc. A perspectiva dialógica prevê sempre uma relação de alteridade, distanciando-se das polarizações dicotômicas, ou seja, percebe-se a partir desse mirante, a interrelação, a interação, o avizinhar-se do outro. Esse contato dialógico quer seja entre sujeitos, culturas, áreas do conhecimento diversas, vozes sociais díspares pressupõe sempre uma relação tensa, orgânica e não conclusiva de um eterno embate em que as relações de poder, de hierarquia, de gênero, de faixa etária, regem essa relação, evitando-se um fechamento e uma conclusividade. As comunicações para esta sessão procuram demonstrar com exemplos práticos mediante estudos de caso ou de corpus específico como a perspectiva dialógica é potente ferramenta para se entender nossa práxis humana cotidiana em nossa interação com textos, autores, pessoas, culturas e de como essas articulações podem gerar compromissos éticos com a equidade, solidariedade e afetividade social.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Dialogismo: autoria e co-autoria como perspectiva para um novo horizonte de prática sociais mais inclusivas Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR) rubel@utfpr.edu.br Nesta comunicação, visamos discutir como a categoria autor é poderosa ferramenta para se repensar a questão dialógica na obra de Mikhail Bakthin e do Círculo. Os pensadores russos repensam essa categoria sob a perspectiva da interação e da centralidade da linguagem enquanto práxis social que permite um novo olhar sobre as formulações estruturalistas, formalistas e individualistas. Negando tanto o Subjetivismo idealista quanto o Objetivismo abstrato, a questão da autoria emerge de modo novo no cenário das Ciências Sociais do Século XX. Demonstramos a partir de textos concretos, em diálogo com essa problemática teórica da autoria, como o autor se relaciona com a linguagem e de como ele se dá pela linguagem e não fora dela, distanciando-nos de perspectivas formalistas que isolam o autor histórico do autor de linguagem. Acreditamos que essa nova formulação do Círculo contribui para uma outra visão da linguagem e da autoria, propiciando uma reflexão ética sobre os encontros e desencontros a partir da linguagem, possibilitando também se pensar as questões do cotidiano em termos de igualdade, desigualdade, viés político e de poder quando nos instituímos pela linguagem em interação dialógica com o outro, em consenso ou dissenso. Com base nos autores propostos para fundamentarem nossa trajetória de pesquisa, percebemos que a autoria é sempre uma co-autoria e, nessa perspectiva, podemos repensar as práticas sociais mediante novo horizonte em que se fortaleçam posturas políticas e éticas mais inclusivas e igualitárias.
As formas de desigualdade no acontecimento do ser-idoso: uma análise dialógica da memória narrativa de velhos Maria Cristina Hennes Sampaio (UFPE) mc.hennes@hotmail.com A acelerada transição demográfica brasileira e mundial, projetada para a segunda metade do Século XXI, suscita interrogações e desafios acerca do futuro da humanidade que envelhece a passos largos. O objetivo deste estudo é evidenciar as formas de desigualdade, no acontecimento do ser-idoso, expressas nos discursos narrativos de idosos, no município de Sairé, no agreste pernambucano. Faremos uma abordagem dialógica e onto-fenomenológica-hermenêutica desses discursos os quais serão contrapostos ao cronotopo linear dos discursos governamentais. Para esse fim serão consideradas algumas noções advindas da filosofia bakhtiniana e heideggeriana, tais como cronotopo e memória, acontecimento do ser, vida vivida/vida autêntica, tomemocional-volitivo/afetividade, cuidado, responsabilidade, etc, para a compreensão e interpretação da intersubjetividade do ser humano idoso na sua ação produtiva de narrar suas memórias sobre suas condições de vida e saúde na velhice. Esta memória será analisada através de fragmentos de depoimentos os quais, em seu conjunto, constituem cronotopos que dialogam entre si, que estabelecem uma relação de compreensão uns com os outros. O confronto dialógico das narrativas dos idosos de Sairé suscitaram um interessante debate acerca das formas desiguais de vivenciar o acontecimento do ser-idoso, levantando questões éticas e bioéticas, no processo do envelhecimento, relacionados à existência e ao sentido da vida humana, à paridade ontológica dos sujeitos, valores, deveres e responsabilidades do ser na dimensão da alteridade. Se, por um lado, o pensamento ético e a bioética parecem ter evoluído com o avanço do conhecimento e das conquistas científicas e da ampliação do reconhecimento dos direitos democráticos entre os povos, o fato é que as desigualdades, sobretudo as de natureza socioeconômica e a ineficiência de governos na implementação de políticas públicas, ainda dificultam o pleno acesso destes sujeitos idosos a uma existência com qualidade de vida, sem a qual dificilmente terão assegurados os princípios éticos da dignidade e da integridade.
Fé e liberdade artística em perspectiva dialógica: o ator evangélico na formação universitária em teatro Jean Carlos Gonçalves (UFPR) jeancarllos1@bol.com.br Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre a relação entre fé e liberdade artística a partir do discurso de alunos/atores cristãos que cursam graduação na área de teatro em Curitiba/PR. O estudo tem interesse nas possibilidades e limites da criação cênica quando estão em jogo questões como princípios e valores morais/religiosos no contraponto com a ideia de um fazer teatral de ordem vanguardista e transgressor, presente, especialmente, no contexto universitário. O quadro teórico-metodológico está ancorado na Análise Dialógica do Discurso, que tem nos estudos de Bakhtin e o Círculo sua principal ancoragem. O corpus da investigação é composto de enunciados escritos por alunos/atores que se autodenominam cristãos evangélicos. Os resultados apresentam uma noção conflituosa da relação entre fé e liberdade artística, que resulta em dilemas de caráter pessoal e íntimo, constituídos por vozes de diferentes esferas, principalmente a teatral e a religiosa. A interpretação teatral se configura, nos dados analisados, como permissividade para a experimentação corporal, em virtude de sua posição extracotidiana (exotópica) no que se refere à vida real e, também, como obstáculo intransponível, na acepção de interpretação como responsabilidade do ator, munido de corpo, voz e presença (sem álibi, portanto, para as experimentações de um ser que encena). A pesquisa contribui para o campo da educação em teatro no sentido de provocar reflexões junto aos alunos/atores de graduação na área, para que os pressupostos da fé e suas reverberações na criação cênica do ator evangélico não comprometam a liberdade artística, levando-a ao risco do esmaecimento e da opacidade e para que o exercício da religiosidade dos sujeitos não seja sacrificado em nome da liberdade artística. O jogo discursivo-enunciativo que se estabelece na dualidade fé/princípios/valores X teatro/criação/transgressão é amplo, instigante e repleto de vicissitudes ainda pouco exploradas academicamente, o que faz com que esta comunicação se instaure, também, enquanto abertura para o diálogo sobre o tema em questão no sentido mais bakhtiniano que o termo possa esboçar. 108
Resumos: Comunicações Coordenadas
CONTEXTOS DE DISSENSO POLÍTICO: AÇÕES DE TEXTUALIZAÇÃO/DISCURSIVIZAÇÃO COMO RECURSOS DE (DES)LEGITIMAÇÃO SOCIAL Coordenadora: Anna Christina Bentes (UNICAMP) annafapesp@hotmail.com Resumo da mesa: Essa sessão tem como proposta colocar em diálogo um conjunto de trabalhos que consideram que as ações de textualização/ discursivização configuradoras de gêneros do discurso e/ou práticas de linguagem constituem-se em um lócus importante de observação tanto da emergência de processos de (des) legitimação de atores e lugares sociais específicos como também das possibilidades de movimentação desses atores nas tramas sociais nas quais estão envolvidos. Cada trabalho enfoca diferentes conjuntos de textos e de práticas sociais, analisando como os recursos textuais e discursivos mobilizados estruturam um determinado campo social e são estruturados por esse campo. Um primeiro trabalho analisa práticas de linguagem no facebook, procurando mostrar que estilizações da linguagem e categorizações sociais são recursos fundamentais nas lutas por (des) legitimação de posições na arena política brasileira atual. Um segundo trabalho analisa textos jornalísticos que tematizam a presença dos médicos cubanos nos centros de saúde, discorrendo especialmente sobre a qualidade dos serviços por eles prestados. As análises desenvolvidas evidenciam que os textos recuperam esquemas classificatórios que solidificam as estratificações sociais, cooperando para inscrição dos médicos cubanos em um lugar na ordem social inferior àquele historicamente reservado aos médicos brasileiros. Um terceiro trabalho procura levantar e discutir alguns processos de (des)legitimação associados ao frame naturalista que orienta determinadas concepções teóricas, práticas diagnósticas e iniciativas terapêuticas atinentes a duas entidades nosológicas, Doença de Alzheimer e afasiacuja recepção social é ainda altamente judiciosa em termos éticodiscursivos. Os pesquisadores que estão propondo essa sessão compartilham os referenciais teóricos da teoria da prática social e de teorias sociolinguísticas, do texto e do discurso de base crítica, buscando produzir uma arbitragem interdisciplinar, especialmente entre teorias sociais e teorias linguísticas, que possibilite uma compreensão mais ampla das práticas de linguagem em contextos de dissenso político. Trabalhos dos Integrantes: Estilização da linguagem e categorização social no facebook: lutas por legitimação social na arena política brasileira Anna Christina Bentes (UNICAMP) annafapesp@hotmail.com
A arena social e política brasileira encontra-se em ebulição em função do alto grau de reflexividade dos atores sociais, especialmente sobre categorias como gênero, classe, etnia, religião e idade. Na contemporaneidade urbana, os atores sociais julgam que não só suas experiências virtuais são tão importantes quanto suas experiências sociais face a face, dado que uma alimenta a outra, mas também estão convencidos de que a elaboração contínua de suas subjetividades passa inevitavelmente por essa relação constitutiva entre o que chamamos de mundo social corporificado e o mundo social virtualizado. No entanto, para Williams (1989/2011), o que hoje chamamos de “uso interativo”, é, em sua maioria, bastante desigual, nas relações entre provedor e usuário, já que a oferta é de escolhas simples e determinadas. Apesar do diagnóstico de Raymond Wiliiams, sabemos que o ambiente social criado na internet, e especialmente, nas redes sociais, de fato, possibilita a circulação de experiências e de valores humanos em alta velocidade e em quantidade antes nunca vista. É possível identificar a ordem social contemporânea fazendo emergir novas formas de interação social, contribuindo para a produção de um habitus alinhado às pressões modernas. Nossas análises de um conjunto de postagens de facebook revelam que uma relação entre performance e estilização se constitui como uma característica dos textos produzidos pelos atores sociais. Hanks (1996) afirma que quanto mais assumimos uma visão contextualista de linguagem, mais a questão da consciência metalinguística se impõe, dado que a especificação semânticodiscursiva das palavras, das expressões e dos textos emerge tanto do trabalho dos atores sociais relativamente ao contexto de produção e de recepção dos enunciados como também da condição estruturante de todo contexto relativamente às práticas comunicativas. Nas práticas comunicativas digitais, isso se mostra de forma contundente, especialmente se observarmos a maneira como os atores sociais elaboram os sentidos das categorizações sociais e das versões de mundo por elas produzidas (Koch, 2002), submetendo os processos de produção e de recepção discursivos à lutas intensas por legitimação (Bourdieu, 2007) nos mais diversos campos sociais.
Inserção e (des) legitimação dos médicos cubanos no Brasil Hosana dos Santos Silva (UNIFESP) hosanadossantos@globo.com Neste estudo, discutimos alguns processos relativos à inserção social dos médicos cubanos entrados no Brasil por meio do “Programa Mais Médicos”, proposto pelo Governo Federal, com apoio de estados e municípios, visando ao aprimoramento do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Para desenvolvimento do estudo, analisamos um conjunto de textos publicados na imprensa brasileira, entre junho e dezembro de 2014, sobre a presença desses profissionais nos centros de saúde e, especialmente, sobre a qualidade dos serviços por eles prestados, levando em conta a avaliação dos usuários do SUS, no contexto histórico, sócio-cultural e político de sua produção. Ademais, consideramos os depoimentos produzidos pelos próprios médicos 109
Resumos: Comunicações Coordenadas cubanos sobre a experiência no Brasil e a interação com pacientes brasileiros. Mais especificamente, com esteio na Análise Crítica do Discurso (vanDjik, 2008), em diálogo com a sociologia da prática de Pierre Bourdieu (1989, 2007), buscamos analisar os comentários avaliativos (re) produzidos nos discursos midiáticos, que cooperam para legitimação ou deslegitimação desses médicos enquanto profissionais da saúde, tendo em vista as características primárias (capital cultural, capital escolar, experiência etc.) e secundárias (idade, sexo, etnia, origem, classe social etc.) que funcionam como exigências explícitas ou tácitas ao efetivo exercício da profissão, conferindo-lhe valor social (prestígio e desprestígio). O estudo evidencia que essas publicações recuperam esquemas classificatórios que solidificam as estratificações socias, cooperando para inscrição dos médicos cubanos em um lugar na ordem social inferior àquele historicamente reservado aos médicos brasileiros. Processos de (des)legitimação linguístico-cognitiva: notas sobre o “campo” das patologias Edwiges Maria Morato (UNICAMP) edwigesmorato@hotmail.com Nesta comunicação, com base em dados relativos a pesquisas que temos desenvolvido no campo das afasias e da Doença de Alzheimer, pretendemos levantar e discutir alguns processos de (des)legitimação associados ao frame naturalista que orienta determinadas concepções teóricas, práticas diagnósticas e iniciativas terapêuticas atinentes a essas duas entidades nosológicas, cuja recepção social é ainda altamente judiciosa em termos ético-discursivos. Assim, nosso foco será não apenas o escopo das duas expressões, afasia e Doença de Alzheimer, como também seus efeitos (institucionalização, variadas formas de “inclusão social” e esquemas adaptativos aventados pelos indivíduos, seus pares e entorno social). São ambas as entidades nosológicas aqui mencionadas, por razões distintas e em graus variados de severidade, patologias da interação, da comunicação, da cognição, da cooperação. Por este motivo, são, pois, muito mal “toleradas” socialmente. O fenômeno da (des)legitimação comunicativa e interacional teria uma natureza multimodal que envolveria uma ordem sociocognitiva que diz respeito à observação, reconhecimento e coletivização das normas que constituem e presidem os regimes simbólicos dos muitos campos sociais (BOURDIEU, 1982) nos quais se exibe: o campo da ciência, o das comunicações cotidianas, o da conversação, o das práticas médicas, o das ações inclusivas, etc. Nesse sentido, tomar a cognição como faculdade mental, isolada e circunscrita à intimidade cerebral seria (des)legitimar os processos variados (socioculturais, discursivos, experienciais, corpóreos, interacionais, afetivos, intersujetivos, etc.) que a constituem. Do mesmo modo, conceber a competência relativamente à linguagem como natural seria (des)legitimar condições pragmáticas decisivas para a sociabilidade humana. Nossa hipótese é que os processos discursivos e sociocognitivos de (des)legitimação social associados aos contextos das afasias e da Doença de Alzheimer dizem respeito a um frame naturalista que, a despeito de ainda orientar as relações entre o normal e o patológico, ou entre saúde e doença, atualmente encontra-se enfraquecido ou em mudança. Para dimensionar o impacto das discussões teóricas e práticas relativas aos dois contextos patológicos considerados, pretendemos inicialmente nos deter nesses dois conceitos, interação e cognição, levando em conta o que eles requerem, envolvem ou implicam. Num segundo momento, esta comunicação discutirá as implicações do frame naturalista no campo da neurolinguística.
DISCURSO, TRABALHO E (SUPERAÇÃO DE) DESIGUALDADES Coordenador: Antônio Augusto Moreira de Faria (UFMG/UNA) aamf@ufmg.br Resumo da mesa: Só existe vida humana se existe trabalho, assim como só existe vida humana se existe linguagem. É por isto que as desigualdades sociais tão frequentes na vida humana, assim como as lutas pela superação das desigualdades, são refletidas e refratadas por discursos os mais diversos. Tais fatos, entretanto, tendem a ser ocultados pelos discursos e ideologias dominantes na sociedade e na cultura brasileiras, inclusive na cultura educacional. Assim, por exemplo, quase sempre os estudantes saem de nossas escolas e universidades sem saber que boa parte dos escritores brasileiros escreveu sobre trabalhadores, entre outros personagens, e sobre as relações de trabalho, entre outros temas. Na tentativa de contribuir para reverter tal situação, as comunicações adiante resumidas apresentam e analisam aspectos de discursos nos quais os personagens protagonistas são trabalhadores e as relações de trabalho são um dos temas principais. Serão apresentadas e analisadas parcelas do discurso literário, do discurso histórico e do discurso educacional provenientes das atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas no âmbito do LINTRAB – Grupo de Estudos em Linguagem, Trabalho, Educação e Cultura, que desde 2009, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, reúne pesquisadores da própria UFMG e de outras instituições. Como partes dos resultados de estudos desenvolvidos por seus pesquisadores, o LINTRAB produziu quatro livros eletrônicos: Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio público (2011) e Lima Barreto: artigos, cartas e crônicas sobre trabalhadores (2013) estão disponíveis gratuitamente no blog do LINTRAB na internet: http://lintrab.blogspot.com.br/p/e-livros-do-lintrab.html. Por outro lado, tanto Mário de Andrade e os trabalhadores – antologia de prosa e verso quanto Linguagem, trabalho, educação e cultura: estudos encontram-se em finalização eletrônica, quando da proposição deste conjunto de comunicações coordenadas.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos integrantes: Discurso literário e (superação de) desigualdades: trabalhadores como personagens protagonistas na cultura literária brasileira Maria Juliana Horta Soares (UNA) mariajulianasoares@gmail.com O objetivo principal desta comunicação é apresentar três antologias literárias que trazem o trabalho humano como tema e os trabalhadores como personagens protagonistas. Tais coletâneas são fruto de pesquisas realizadas pelo LINTRAB– Grupo de Estudos em Linguagem, Trabalho, Educação e Cultura, que reúne professores e estudantes que desenvolvem seus estudos na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG). Como ressaltam os coordenadores do grupo, “o trabalho é uma condição básica da vida humana, sempre criando e recriando diferentes hábitos, valores, crenças, linguagens – cultura, enfim” (FARIA, PINTO et al., 2013, p.7). Daí a importância de se estudar o tema e conferir destaque aos personagens trabalhadores. As atividades do LINTRAB em ensino, pesquisa e extensão desenvolvem-se a partir de teorias e métodos de estudos linguísticos e discursivos iniciados sobretudo por M. M. Bakhtin, B. Brait, J.-P. Bronckart, P. Charaudeau, O. Ducrot, J. L. Fiorin, R. Jakobson, D. Maingueneau e V. N. Voloshinov. Partindo de tais referências, são estudados textos de diferentes gêneros e produzidos, entre outros resultados de pesquisas, antologias literárias disponibilizadas gratuitamente no blog do LINTRAB na internet: http://lintrab.blogspot.com.br/p/e-livros-do-lintrab.html. O primeiro dos livros eletrônicos, Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio público(2011), traça um panorama de poemas brasileiros que desde o século XVII trouxeram trabalhadores como personagens protagonistas. Lima Barreto: artigos, cartas e crônicas sobre trabalhadores(2013), por sua vez, revisita textos de um escritor que também escreveu sobre personagens do povo, entre eles os operários, nas primeiras décadas do século XX. Mário de Andrade e os trabalhadores – antologia de prosa e verso(no prelo) resgata poemas, contos, crônicas e diários de viagens do autor modernista, que retratou e refletiu sobre a difícil vida do trabalhador brasileiro no início do século passado. Nesta comunicação, pretendemos apresentar, a partir dessas três antologias, uma visão geral dos estudos desenvolvidos pela equipe do LINTRAB. Discurso histórico e(superação de) desigualdades no trabalho e no transporte: “Batistinha”, líder ferroviário até 1964 Antônio Augusto Moreira de Faria (UFMG/UNA) aamf@ufmg.br Dimas Alberto Gazolla Palhares (UFMG) dagap@cce.ufmg.br Um ferroviário - Demisthoclides Baptista (1928-1993), o “Batistinha” – tem sua história de vida submetida a análise linguística discursiva cujo primeiro objetivo é compreender relações entre esse personagem individual e o personagem coletivo constituído pelos trabalhadores brasileiros, particularmente os ferroviários, na conjuntura espaçotemporal do golpe de Estado em 1964 no Brasil. Compreender isto abrange aspectos explícitos, implícitos e silenciados referentes aos temas “Relações de Trabalho” e “Perfil Profissional e Cultural Ferroviário”. O segundo objetivo é compreender aspectos referentes a políticas de transportes brasileiras, comparando os períodos 1945-1964 e pós-1964, relacionados com os temas “Mudanças nos Transportes” e “Financiamento”. Para atingir os dois objetivos, é analisada uma entrevista-depoimento de Batistinha, na modalidade História de Vida,publicada pelo Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil. Alguns resultados são relativamente previsíveis, porque diretamente relacionados à conjuntura espaçotemporal, mas outros são menos previsíveis e até surpreendentes. Não é imprevisível que aquele ferroviário fosse em 1964 presidente, em segundo mandato, do sindicato dos trabalhadores na Estrada de Ferro Leopoldina, além de deputado federal, comunista, pelo Estado do Rio. Já entre os aspectos menos previsíveis no discurso de Batistinha, um exemplo é a percepção da hipertrofia rodoviarista que já tornava desigual a matriz de transportes brasileira e se acentuaria desde 1964. Outro exemplo são as mudanças nas relações de trabalho e na cultura profissional ferroviária entre a geração de Batistinha e a atual. Um terceiro exemplo é a importância da cultura letrada na trajetória daquele ferroviário, que na juventude foi líder estudantil e, quando adulto já sindicalista, se formou advogado. A entrevista-depoimento situa-se simultaneamente em pelo menos dois discursos, pois se constitui como um discurso de Batistinha, na dimensão enunciva, e sobre Batistinha, na dimensão enunciativa. O discurso do ferroviário é um fragmento enuncivo do discurso político e sindical enunciado pelos trabalhadores comunistas na mencionada conjuntura espaçotemporal.Já na dimensão enunciativa, e na medida em que a entrevista-depoimento não foi publicada integralmente, sendo editada por dirigentes e assessores do sindicato responsável pela publicação, além de receber prefácios de pesquisadores, é também um discurso sobre um personagem individual, Batistinha, e um personagem coletivo, os trabalhadores ferroviários. Discurso educacional e (superação de) desigualdades: o tema “trabalho” nos Parâmetros Curriculares Nacionais Clarice Lage Gualberto (UFMG) clagualberto@gmail.com O objetivo desta comunicação é apresentar um estudo realizado sobre como o tema “trabalho” é abordado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Esse documento oficial estabelece o foco de cada área de conhecimento bem como os alvos a serem atingidos em cada série escolar. Além disso, os PCN recomendam a abordagem de alguns “temas transversais”, entre os quais encontra-se o objeto de estudo desta pesquisa: a seção intitulada “trabalho e consumo”. Como os PCN exercem grande influência no âmbito escolar, e, portanto, na formação dos alunos, cabe questionar: como esse documento apresenta o tema “trabalho”? Como ele é definido para os estudantes? Quais conceitos são transmitidos?Qual é a visão predominante sobre o tema 111
Resumos: Comunicações Coordenadas nessa seção dos PCN? Para responder a essas perguntas, esta pesquisa se ampara em um roteiro linguístico, cujos critérios são amparados principalmente em M. M. Bakhtin / V.N. Voloshinov (2004), J.L. Fiorin (2007) e O. Ducrot (1987). Assim, esta análise busca explorar como a materialidade linguística do texto pode indicar posicionamentos e inclinações presentes no documento acerca do tema “trabalho”. Por exemplo, o fato de o tema transversal ser denominado como “trabalho e consumo” já é um indício da forma como os PCN concebem o tema. Isto é, ao optar pelo uso desses vocábulos, o documento parece atrelar o trabalho diretamente ao consumo, estreitando a relação entre ambas as atividades, como se a existência de uma necessariamente implicasse a da outra. Este breve exemplo demonstra o caminho seguido pela metodologia de estudo, que possibilitou analisar a linguagem verbal, partindo de sua estrutura explícita, para alcançar possíveis sentidos implícitos produzidos pelos trechos selecionados dos PCN.A análise do material revelou, principalmente, a coexistência de dois discursos distintos ao longo do texto. Acredita-se que um deles seja o do governo, da instituição que contratou os serviços dos profissionais responsáveis por elaborar e redigir o documento. O outro discurso pertence a essa equipe de especialistas em educação, que, em alguns momentos, aparenta transparecer uma posição contrária à do governo em relação ao conceito de “trabalho”.
Discurso educacional e (superação de) desigualdades: há diálogo entre PCN e livro didático de Português? Denise dos Santos Gonçalves (Academia da Polícia Militar de Minas Gerais/ CEFET-MG) denisegoncalves@yahoo.com O tema trabalho é recorrente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enfática em afirmar a estreita relação entre trabalho e educação escolar. A escola pode contribuir para que futuros profissionais se posicionem ativa e criticamente no mundo do trabalho, conscientes de seus direitos e responsabilidades – com o trabalho, com o conjunto da sociedade e consigo mesmos – e, nesse sentido, fomentar ou estimular a manutenção ou a redução de desigualdades. Espera-se que a relação escola-trabalho se desenvolva em um processo planejado, desde os anos iniciais, com o envolvimento dos diversos atores, cientes de seus papéis e habilitados a mobilizar os recursos disponíveis para favorecer o progresso dos alunos no trabalho. Nesse quadro, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de língua portuguesa no ensino fundamental reafirmam a expectativa de que os alunos “adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado” (BRASIL, 2000), no qual se inserem práticas referentes ao trabalho. Reconhecendo o livro didático de língua portuguesa como um importante e frequente recurso na sala de aula, acreditamos na sua potencialidade como fomentador de discussões que contribuam para a formação ampla dos alunos, não restrita aos conteúdos estritamente escolares. Nesse sentido, e tomando o livro didático como gênero do discurso (BUZEN e ROJO, 2005) propomo-nos a analisar uma coleção de livros didáticos de língua portuguesa para verificar em que medida tal recurso contribui para a exploração do tema trabalho na escola e a maneira como isso ocorre. Buscaremos o conjunto de relações semânticas estabelecidas no percurso semântico – razão pela qual centraremos nosso olhar nos percursos temático e figurativo (GREIMAS & COURTÉS, 2008; LARA & MATTE, 2009). Para tratar da projeção do discurso no enunciado, recorreremos a Faria (2001), Fiorin (1998), Maingueneau (1997). Recorreremos à Retórica da Imagem (Barthes,1990), buscando perceber em que medida as imagens apresentadas no livro didático contribuem para que se reflitam posicionamentos em relação ao tema trabalho por meio de imagens linguísticas, icônicas codificadas e icônicas não codificadas, empregadas para representá-lo.
OS CORPOS, OS SUJEITOS E E AS MODALIDADE DO DIZER: A DESIGUALDADE EM ALGUMAS PROBLEMÁTICAS FOUCAULTIANAS Coordenador: Atilio Butturi Junior (UFSC) atilio.butturi@ufsc.br Resumo da mesa: Esta comunicação coordenada reúne discussões que, de maneiras distintas, investigam os discursos de desigualdade a partir do trabalho de Michel Foucault, levando em consideração tanto a arqueogenealogia quanto a chamada “fase ética” na produção de seus questionamentos. Dessa perspectiva abrangente, são quatro comunicações que versam, respectivamente: sobre a distribuição desigual do acesso ao discurso, tomando como objeto de análise a polêmica que envolveu o cantor Chico Buarque e três jovens em um restaurante do Leblon, em dezembro de 2015; sobre a permanência do discurso do “verdadeiro sexo” na contemporaneidade, notadamente nos enunciados acerca da transexualidade e da demanda cirúrgica pela completude subjetiva e corporal dos sujeitos trans; sobre os discursos que emergem com a Terapia Antirretroviral (TARV) para o tratamento do HIV e a cisão promovida, da ordem do phármakon platônico, e observada em enunciados de um blog e de um programa de televisão brasileiros; finalmente, sobre o papel da linguagem na discussão teórica da história e da representação, entendendo o discurso historiográfico segundo critérios enunciativos. O esforço dos trabalhos reunidos é o de apresentar um painel amplo dos debates sobre discurso e desigualdade que têm como vértice a filosofia foucaultiana. Trabalhos dos Integrantes: A contradição no dizer de si pautada na vontade de uma verdade acerca da subjetividade transgênero Sandro Braga (UFSC) sandrocombraga@gmail.com A problemática em torno do corpo e da “verdadeira” identidade, bem com da subjetivação do indivíduo através dela, mais do nunca, vem produzindo desdobramentos que merecem nossa atenção. Foucault (1982) inicia a apresentação da história de 112
Resumos: Comunicações Coordenadas Herculine Barbin – O Diário de Um Hermafrodita – com a pergunta: “Precisamos verdadeiramente de um verdadeiro sexo?” À que ele aponta que as sociedades do ocidente moderno responderam afirmativamente a essa pergunta. A questão era situada obstinadamente em torno do “verdadeiro sexo”, posta em uma ordem que contavam apenas a realidade dos corpos e a intenção dos prazeres. Foucault pontua que as coisas são bem mais complicadas, uma vez que as regras do direito e da medicina, de tempo em tempo, vêm tentando classificar o sujeito de modo a controlá-lo numa relação direta entre o saber e o poder. Ou seja, atribuem às teorias biológicas da sexualidade, às concepções jurídicas do indivíduo, às formas de controle administrativo nos Estados Modernos, a responsabilidade de acarretar pouco a pouco a recusa da ideia de mistura dos dois sexos em um só corpo e consequentemente à restrição da livre “escolha dos indivíduos incertos”. Partindo do exposto, busca-se com este trabalho voltar à questão da verdade do sujeito dito ou autodenominado como transexual. Nosso foco recai sob dois aspectos. Primeiro, é comum o dizer de que a realização cirúrgica e/ou o desejo em realizá-la seria da ordem da harmonização entre o corpo e a identidade de gênero. E, dois, que essa realização estaria na instância da completude do sujeito em busca de sua felicidade. Assim, nossa hipótese é que ainda se insiste num discurso da existência de um verdadeiro sexo, de um verdadeiro corpo para a completude da verdade do sujeito, e que esta compõe a fórmula da felicidade. E mais, que esse discurso se sustenta na justificativa confortável para atribuir uma força externa ao sujeito que não encontraria plausibilidade para dizer de si ao modo de construir-se fora dos padrões cristalizados socialmente. Entendemos que subjetividade e corpo não são instâncias de realidade e abstração, mas estariam desde sempre intersectados na “massa amorfa” de possibilidades de se ser sujeito.
O phármakon e o discurso sobre a terapia antirretroviral Atilio Butturi Junior (UFSC) atilio.butturi@ufsc.br Este trabalho pretende investigar a ambiguidade dos discursos acerca da Terapia Antirretroviral (TARV), utilizados no tratamento contra a infecção pelo vírus HIV. Para isso, lança inicialmente o olhar para o conceito de phármakon, tomado da filosofia platônica por Derrida e apresentado, então, segundo os sentidos de “cura” ou de “veneno”. A partir daí, estabelece uma análise, segundo uma perspectiva arqueogenealógica, de dois grupos de enunciados: o primeiro, de enunciados reunidos nos comentários dos leitores em postagens o blog Jovem Soropositivo, no segundo semestre de 2015, que apontam para uma economia delicada entre os cuidado de si, produtor de formas de sujeito inovadoras, e a apropriação de um discurso de adesão, pautado na contenção de uma epidemia a partir dos corpos dos sujeitos codificados. O segundo grupo de enunciados é composto por aqueles que emergiram com a presença de um personagem soropositivo no programa Malhação, da Rede Globo, e a polêmica discursiva que envolveu a Terapia Antirretroviral e a produção estereotipada – segundo o modelo proposto por Homi Bhabha – do portador de HIV, segundo a ordem de um discurso médico de promoção de saúde mas, também, de cisão entre o normal e o patológico. As conclusões apontam, para os dois grupos de enunciados, para uma produção de discursos ainda ambivalente, marcada pela iteração e pela deriva na produção do outro, qual seja, o sujeito em tratamento que se utiliza da TARV.
O discurso histórico entre a referência e a representação Fábio Francisco Feltrin de Souza (UFFS) fabio.feltrin81@gmail.com Esta comunicação visa investigar a natureza da relação entre verdade e linguagem do discurso historiográfico contemporâneo. Para isso, faz-se necessário produzir uma diferenciação entre “referência” e “representação” de modo a posicionar a “evidência” e a “verdade” fora das marcas ontológicas que a História construiu para si ao longo do século XIX e boa parte do século XX. Roland Barthes afirmou que a História era o único discurso em que o referente é visado como exterior ao próprio discurso, sem que nunca seja possível atingi-lo fora desse discurso. Dentro desse conjunto organizador, o enunciador (o historiador) deve se ausentar do discurso, eliminando todo e qualquer signo que remeta ao emissor da mensagem. Com a chamada virada linguística e as provocações propostas por Hayden White e Michel de Certeau, o discurso historiográfico necessitou rever seus protocolos constitutivos de legitimidade aceitando que a verdade reside na linguagem. Por fim, aceitando que o discurso historiográfico reside numa trama representativa, faz-se necessário historicizar a própria noção de verdade revisitando os conjuntos de regramentos que tornam o discurso história possível e ainda necessário.
DESIGUALDADE, IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS, DISCURSOS DISCRIMINATÓRIO E DE RESISTÊNCIA Coordenadora: Beatriz Dos Santos Feres (UFF) beatrizferes@id.uff.br Resumo da Mesa: A desigualdade social, geralmente marcada por atitudes segregadoras, encontra na linguagem espaço propício para sua perpetuação, ou para resistência por parte do grupo colocado em posição de inferioridade, ou de exclusão. Se na linguagem e pela linguagem o homem se constitui como sujeito, é também por meio dela que ele se posiciona e age sobre o outro, de acordo com os imaginários sociodiscursivos que alimentam suas crenças e saberes sobre o mundo. De acordo com a Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, postulada por Patrick Charaudeau, os imaginários sociodiscursivos funcionam como “espelho indentitário”, dando testemunho de identidades coletivas, da percepção que os indivíduos e os grupos têm dos acontecimentos, dos julgamentos que fazem de suas atividades sociais; nos imaginários as representações sociais se fundamentam não só para 113
Resumos: Comunicações Coordenadas simbolizar, mas para interpretar a realidade, avaliando-a em função de um modo de olhar próprio. Esta mesa reúne trabalhos que objetivam a investigação de estratégias semiodiscursivas vinculadas a projetos de influência voltados para a reafirmação da desigualdade social e/ou para a resistência ao discurso discriminatório, sejam estratégias do nível situacional (relacionadas às restrições impostas pelo contrato de comunicação firmado entre os parceiros), do nível discursivo (relacionadas aos saberes de conhecimento e de crença acionados pelo enunciado), ou do nível formal de construção de sentido (relacionadas à materialidade do texto e à sua organização). Os textos analisados oscilam entre aqueles centralizados no tema da desigualdade e/ou de seu combate, e aqueles em que a desigualdade se manifesta implicitamente por meio de representações referendadas por um imaginário sociodiscursivo específico. Trabalhos dos Integrantes: Charges e cartuns na resistência à desigualdade: estratégias semiodiscursivas da verbovisualidade, do estereótipo à subversão do imaginário Beatriz dos Santos Feres (UFF) beatrizferes@id.uff.br Este trabalho pretende apontar estratégias semiodiscursivas próprias de textos verbovisuais como são os que pertencem aos gêneros charge e cartum, a fim de evidenciar a materialização de representações sociais de um imaginário sociodiscursivo impregnado de desigualdades e atitudes discriminatórias, mas de potencial resistência à segregação. Considerados gêneros compostos por uma cena imagética com ou sem o acompanhamento da palavra, ambos com tom crítico, a vinculação de seu teor a um assunto do momento ocorre apenas na charge; o cartum costuma apresentar uma temática independente da atualidade dos fatos. Os textos, bastante sintéticos, se constituem de elementos figurativos ilustrados de forma codificada, isto é, alçando um sentido convencional e/ou contextual para além da referência mais direta à realidade por meio da semelhança entre imagem e referente. Em outras palavras, charges e cartuns se valem de representações sociais imagéticas de larga disseminação (sobretudo estereótipos), associadas, quase sempre, a uma pequena parcela verbal, com função ancoradora. Na semiotização do mundo, esses gêneros se valem, portanto, de objetos de discurso ajustados a um contrato comunicativo que prevê inferências relacionadas a saberes de conhecimento e de crença - ora mais vinculados a um contexto atual, ora mais vinculados a avaliações propagadas socialmente. Parte-se do pressuposto que gêneros complexos como esses, por meio da inserção de objetos de discurso bem delineados, se valem não só da evocação de valores preconcebidos (quase sempre inconscientes) perpetuados pela cultura, mas, sobretudo, da subversão desses valores justamente por causa de sua materialização no texto e, em função disso, da conscientização do destinatário, programada na textualização. Quando se trata de temas relacionados aos vários tipos de desigualdade, a charge e o cartum se aproveitam dos estereótipos e dos valores apregoados por um grupo para desconstruir preconceitos e se deslocar do discurso discriminatório em direção a um discurso de resistência. A análise das estratégias semiodiscursivas observadas na verbovisualidade de charges e cartuns estará fundamentada, sobretudo, pela Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, com destaque aos conceitos de contrato comunicativo, visada de efeito e imaginário sociodiscursivo. O corpus será composto por cartuns de Quino e de Millôr e charges de Ziraldo.
Cena de rua e marginal à esquerda: analisando estratégias semiodiscursivas denunciadoras da infância socialmente discriminada e excluída Margareth Silva de Mattos (UFF) margarethuffmattos@gmail.com
Angela-Lago, escritora e ilustradora brasileira reconhecida em âmbito nacional e internacional, já recebeu vários prêmios importantes, justificados pela excelência de seu fazer artístico-literário. Um dos temas contemplados em sua produção de livros de potencial destinação infantil é a discriminação e a exclusão social de crianças como resultado de uma sociedade que explora o trabalho humano, gerando profundas desigualdades e injustiças. Mais de uma década separa a publicação de Cena de rua (1994) e de Marginal à esquerda (2007), mas o que aproxima essas duas obras uma da outra é precisamente o fato de ambas apresentarem, por meio de suas personagens, realidades de pobreza e de exclusão social de maneira delicada e pungente, seja para denunciá-las, seja para mostrar que podem ser superadas. Na primeira obra, um livro de imagem, a narratividade é construída pelo texto icônico. Na segunda, é o texto verbo-visual que estrutura a narrativa. Este trabalho tem como objetivo investigar, com base na Teoria Semiolinguística da Análise do Discurso, como o processo de semiotização do mundo (CHARAUDEAU, 2005) se perfaz nesses dois livros da autora por meio da ativação de diferentes estratégias semiodiscursivas, a saber, de credibilidade, legitimidade e captação. Essa última, vinculada ao afeto, à empatia, à emoção, ao pathos, parece ser bastante produtiva para a compreensão das dimensões ética e estética das obras analisadas. Assim, interessa-nos refletir acerca de como essas estratégias, sobretudo a estratégia de captação, são empregadas com o propósito de se conseguir a máxima adesão dos leitores à temática abordada.
A influência da desigualdade social nas inferências de memórias discursivas em livros ilustrados Anabel Medeiros de Azerêdo (UFF) anabel.azeredo@gmail.com Neste trabalho pretende-se investigar como o processo de inferências de imaginários sociodiscursivos auxilia a construção de sentidos na leitura de livros ilustrados, destinados ao público infantil e juvenil. Essas narrativas constituem-se de textos 114
Resumos: Comunicações Coordenadas verbovisuais, cujos sentidos emergem das relações que se estabelecem entre a linguagem verbal e a visual, e que suscitam competências específicas de leitura. Esses sentidos (des)velam-se através de um processo de interpretação, que se realiza pela percepção dos seres do mundo, manifestados não só de modo icônico nas ilustrações, mas também pelo reconhecimento do universo construído pelo homem, concebido e categorizado de maneira simbólica pelas palavras. O texto verbovisual requer do leitor uma competência semântica, que o permita identificar os discursos que circulam na sociedade, formulados a partir de saberes de conhecimento e de crença sobre o mundo. Esses saberes constituem uma memória dos discursos, e por meio do reconhecimento comum entre sujeitos que partilham os mesmos sistemas de valores, formam-se comunidades discursivas, que se inscrevem em estratos sociais diferentes. Em sociedades marcadas pela desigualdade socioeconômica, as memórias discursivas do grupo que detém maior poder de acesso aos bens materiais se sobrepõem às das comunidades que possuem menor poder aquisitivo. E, isso pode se manifestar na destinação da produção material, contribuindo para disseminar os valores do grupo social privilegiado. O leitor precisa extrair do texto informações implícitas a partir de marcas textuais, tanto no plano linguístico quanto no plano discursivo, para realizar inferências, reconhecer intertextualidades e calcular o não-dito pelo autor da obra. Como os saberes em jogo não são compartilhados do mesmo modo pelas diferentes camadas sociais, não há como garantir quais memórias discursivas pressupostas serão ativadas, podendo resultar ou não no processo de identificação do sujeito interpretante. O aporte teórico para analisar essas estratégias discursivas se concentra na Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso e o corpus investigado se constitui de obras de Odilon Moraes e de Otávio Júnior.
REPRESENTAÇÕES LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS E DISCURSO POLÍTICO: REFORMA AGRÁRIA, EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Coordenadora: Carina Aparecida Lima de Souza (IFTO) carinalima@yahoo.com.br Resumo da mesa: Esta sessão de comunicações coordenadas tem como objetivo apresentar resultados de pesquisas que investigaram representações linguístico-discursivas em documentos oficiais e dados coletados em campo, que focalizam a inclusão social de catadores de materiais recicláveis, crianças em situação de risco e assentados do programa do governo federal de reforma agrária. As pesquisas encontram-se desenvolvidas à luz dos estudos críticos do discurso e, de modo específico, estão guiadas pelos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso Crítica (ADC), na vertente de Fairclough (2001, 2003, 2010). O percurso dessas pesquisas é balizado pelo diálogo da ADC com a Linguística Sistêmica-Funcional (LSF), teoria social da linguagem proposta por Halliday (1994) e ampliada em Halliday e Matthiessen (2004). Também foi utilizado o programa computacional Wordsmith Tools v. 5.0 (SCOTT, 2010) para seleção e visualização de dados documentais. Os diversos usos da linguagem materializam, pois, representações sociais, (re)constituindo formas de ação social.
Trabalhos dos Integrantes: Um plano de desenvolvimento agrário em representações de assentados Carina Aparecida Lima de Souza (IFTO) carinalima@yahoo.com.br O presente estudo tem como objetivo analisar o Plano de Desenvolvimento Agrário (PDA) do Projeto de Assentamento Santa Tereza I, em Ponte Alta, Estado do Tocantins, em termos de representações de assentados. Os assentados buscam inclusão social através de projetos de assentamento de terra na expectativa de uso de uma unidade agrícola familiar. No processo de seleção de sem terra para participação no programa de reforma agrária do Brasil, o governo federal - representado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) - utilizou a elaboração de PDAs com “participação” de candidatos aos projetos de assentamentos como uma das etapas para haver o “sorteio” de lotes na década de 2000. Como o PDA Santa Tereza I é constituído de forma social, o conteúdo de seus itens é perpassado também por um aspecto especificamente discursivo. Esse aspecto discursivo pode ser estudado através do significado representacional, diretamente relacionado a modos de representar (FAIRCLOUGH, 2003). Trata-se, pois, de uma pesquisa de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa), realizada com dados documentais. Para tanto, foi utilizado o programa computacional Wordsmith Tools v. 6.0 (SCOTT, 2012) para seleção e visualização de dados, o que contribui para o estudo do Sistema de Transitividade (HALLIDAY & MATTHIESSEN, 2004). Os diversos usos da linguagem materializam representações sociais, (re)constituindo formas de ação social. Os resultados do estudo permitem afirmar que a análise documental, ao ser levada a cabo, pode apontar características específicas do tipo de Reforma Agrária implementado no Brasil, não só em termos de benefícios relevantes, mas, sobretudo, em termos de implicações presentes em textos institucionais que deixam implícita a continuidade, ou a manutenção, da precariedade social.
O direito de inclusão educacional de crianças e adolescentes no Brasil: uma análise linguístico-discursiva Kelly Cristina de Almeida Moreira (SEEDF) kelly.kcam@gmail.com Este trabalho tem como objetivo apresentar resultados de uma pesquisa de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa,) levada a cabo à luz da Análise de Discurso Crítica, que investigou representações linguístico-discursivas em documentos oficiais 115
Resumos: Comunicações Coordenadas selecionados a partir de uma cadeia de gêneros discursivos da ordem de discurso legal que envolve os direitos de crianças e adolescentes em situação de risco, sobretudo, o direito de inclusão educacional. Para tanto, foram selecionadas duas leis brasileiras: a Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O arcabouço teórico abarca a exterioridade da linguagem (discurso) nos moldes de Fairclough (2001; 2003), que propõe uma concepção de linguagem como prática social, bem como a interioridade do sistema linguístico, através da Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por Halliday&Matthiessen (2004). Complementa esse embasamento teórico-analítico o estudo sobre a representação dos atores sociais, desenvolvido por van Leeuwen (1997). Na análise documental, foram utilizadas duas ferramentas do programa computacional WordSmith Tools v. 5.0, desenvolvido por Scott (2010): a lista de palavras (wordlist) e o concordanciador (concordancer), o que permitiu fazer o levantamento dos vocábulos presentes nos documentos oficiais. Buscou-se analisar, desde um ponto de vista crítico, aspectos linguístico-discursivos que marcam o contraste entre o par ‘inclusão versus exclusão’, sobretudo, no que concerne aos documentos balizadores do sistema educacional brasileiro (leis e decretos). Trata-se, aqui, de uma pesquisa que, embora voltada para a meta da inclusão pela educação, necessitou buscar razões e consequências responsáveis pela ausência da coesão social, fenômeno que multiplica a exclusão social, cujo processo principia na exclusão educacional, em paralelo à econômica, da saúde, bem como de todos os serviços do Estado em favor da cidadania daqueles que representam o futuro do país, ou seja, a adolescência a caminho da juventude.
Cadeia de gênero que permeia o contexto de trabalho de catadores de materiais recicláveis Veralucia Guimarães de Souza (IFMT) veralucia.souza@blv.ifmt.edu.br Este trabalho faz parte de um recorte de uma tese de doutorado defendida na Universidade de Brasília que procurou investigar os discursos que permeiam uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis. Assim os dados empíricos selecionados para análise são de natureza documental que trazem como corpus a Lei 5.764/71 do cooperativismo no Brasil , o estatuto e o regimento interno de uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis enquanto textos que regulamentam ações operacionalizadas em uma cooperativa. Buscou-se mapear situações de interação linguístico-discursivas para identificar a influência dos gêneros de governança em ações locais, bem como a intertextualidade e a interdiscursividade presentes nessa cadeia genérica de tipos de discurso. A pesquisa encontra-se desenvolvida à luz dos estudos críticos do discurso e, de modo específico, guiada pelos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso Crítica (ADC), na vertente de Fairclough (2001, 2003, 2010), num percurso balizado pelo diálogo da ADC com a Linguística Sistêmico-Funcional, teoria social da linguagem proposta por Halliday (1994) e ampliada em Halliday e Matthiessen (2004). Complementa esse embasamento teóricoanalítico o estudo sobre a representação dos atores sociais, desenvolvido por van Leeuwen (1997). Devido aos dados documentais, buscou-se utilizar a ferramenta computacional WordSmith Tools v. 5.0, desenvolvido por Scott (2010), desta ferramenta foram utilizados: a lista de palavras (wordlist) e o concordanciador (concordancer), os quais me permitiram fazer o levantamento dos processos e atores sociais mais recorrentes para compreender a inclusão ou exclusão de atores sociais presentes na legislação. Dessa forma apresento a estrutura composicional e o estilo que permeiam a escritura do texto jurídico que me guiou para a intertextualidade manifesta e constitutiva que permeiam os textos. Quanto à materialidade linguística, os resultados apontam para recorrência de processos materiais na voz ativa com atores sociais incluídos e excluídos, processos materiais na voz passiva como recurso linguístico para supressão ou encobrimento dos atores sociais e uso de modalizadores com estruturas na voz ativa e na voz passiva com os respectivos atores sociais.
RAZÃO SENSÍVEL E POLARIZAÇÃO POLÍTICA Coordenador: Carlos Fernando Jáuregui Pinto (UNA) carlosfjp@gmail.com Resumo da mesa: Apesar do amplo espectro ideológico existente no campo da política, gestos de polarização têm ganhado visibilidade no atual momento do país, construindo discursos baseados em oposições do tipo “nós contra eles”, “esquerda vs. direita” e, principalmente, na disputa entre “petistas vs. tucanos”; neste último caso, designações dadas, respectivamente, para eleitores e/ou simpatizantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Tais posicionamentos, marcados por um notável componente emocional, podem ser observados em diferentes manifestações de apoio ou oposição a tais partidos. Tendo em vista esse cenário, o Grupo de Pesquisa em Comunicação do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA tem desenvolvido um projeto de pesquisa voltado para a análise de vídeos postados em redes sociais no ano de 2014, à ocasião do processo eleitoral que viria a conduzir o PT a mais quatro anos no comando do país, após um período de 12 anos no poder. Compõem esse corpus um total de cinco vídeos assinados pela TV Carta (ligada à Revista Carta Capital) e pela TV Folha (ligada ao jornal Folha de S. Paulo). A pesquisa tem a noção de razão sensível como um principal norte para a compreensão da dimensão afetiva do discurso político, considerando que existem complexos argumentos sociais que induzem o sujeito a produzir/sentir sensações e paixões. Nesta comunicação coordenada, apresentaremos algumas abordagens que vêm sendo construídas pelo grupo, a partir de diferentes vertentes dos Estudos Discursivos e da Semiótica.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Afetos em disputa: razões e economias patêmicas no contexto eleitoral Carlos Fernando Jáuregui Pinto (UNA) carlosfjp@gmail.com Este trabalho apresenta uma análise da dimensão patêmica dos discursos atribuídos, por vídeos veiculados pela TV Carta, a eleitores dos então candidatos à presidência do Brasil em outubro 2014: Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). A partir de uma perspectiva que não toma pathos e logos como elementos necessariamente opostos, mas como dimensões articuladas e complementares do pensamento humano e das trocas comunicativas, propomo-nos compreender de que forma se constrói a afetividade comunicada nos vídeos, com ênfase para aquelas paixões relacionadas a situações de oposição e disputa como é o caso de antipatia, ódio, repulsa, indignação e sentimento de vingança. O estudo é desenvolvido a partir de três gestos de apreensão dos vídeos. Num primeiro momento, fazemos o reconhecimento dos pathé comunicados; num segundo momento, buscaremos identificar os argumentos (as razões do pathos) que embasam as paixões identificadas e, finalmente, apresentaremos nossa compreensão a respeito das economias afetivas que se constroem no corpus, colocando em relação diferentes emoções e objetos de investimento emocional.
Educação e Comunicação como leitura crítica do mundo e de si mesmo: análise dos vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014 Cláudia Chaves Fonseca (UNA) claufon@gmail.com Tendo em mente a dupla dimensão evocada pelo termo educação: por um lado, como educere, ou seja, a autonomia como conquista de si e de leitura crítica do mundo e, de outro, a educação como heteronomia (da raiz latina educare) como perda de si em favor da sociabilidade, nosso objetivo é compreender como a dinâmica discursiva apresentada pelos vários interlocutores em interação nos vídeos – interação entre eles mesmos, com a câmera e com o público – tece uma rede semiótica com intencionalidade formativa. As falas, os gestos, os enquadramentos e a edição dos vídeos possuem uma dimensão pedagógica que visa, por meio desses recursos, propor a leitura a partir de uma certa perspectiva política, entrelaçando o educere com o educare.
Intertextualidade no discurso político das ruas: entre brados e diálogos Maria Magda de Lima Santiago (FALE-UFMG / UNA) maria.lima@prof.una.br A cobertura jornalística das eleições presidenciais de 2014 resultou na produção de diversos vídeos publicados online, via facebook e outras redes sociais, que são uma amostra dos movimentos políticos populares que se estabelecem no contexto atual. Escolhemos para análise, neste trabalho, um vídeo veiculado pela TV Carta (ligada à Revista Carta Capital) no ano de 2014, entre os cinco vídeos atualmente em estudo pelo grupo de Pesquisa em Comunicação do Centro Universitário UNA, de Belo Horizonte. Assim como em outros selecionados, no vídeo analisado os manifestantes estão reunidos em torno de lideranças que tentam convencer/influenciar por meio de efeitos de dramatização, que atravessam estratégias de credibilidade, como os acessos interdiscursivos – considerados por nós como índices da formação ideológica contida nesses dizeres, que investigamos nas relações de confirmação ou de oposição aos discursos com as quais estabelecem diálogo (Pêcheux, 2009). Observamos, assim, a intertextualidade, como nomeia Maingueneau (2008), que diz respeito tanto às relações com a memória discursiva interior desse campo de conhecimento, quanto com discursos de outros campos, que discriminamos entre intertextualidade explícita, quando se citam as fontes, e intertextualidade implícita, que usa, por exemplo, a alusão ou a paródia para dialogar com outro(s) texto(s) (CARDOSO, 1999). Também lançamos mão da tematização, verificando os temas impostos (compatíveis/incompatíveis) e específicos, em relação ao discurso/contexto, categoria da “semântica global” descrita por Maingueneau (2008). Esses conceitos nos conduziram a desvendar esse texto audioverbovisual, onde a análise do discurso é confirmada pelo áudio e pela imagem, que determinam sentidos conjuntamente, produzidos entre um brado e outro de oposição indignada, em que identificamos uma construção de sentido permeada pela superficialidade de referências relativas aos discursos acessados, diante de uma explicitada posição ideológica.
Construção e representação da realidade no discurso oposicionista: uma abordagem crítica de vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014 Izabella dos Santos Martins (UNA) izabella.martins@gmail.com A abordagem analítica aqui proposta se assenta no aparato teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001). O foco da análise é a metafunção ideacional (HALLIDAY, 1994), que trata da representação da realidade por meio do discurso. Através da análise das falas e das imagens, este trabalho se propõe a evidenciar a representação da realidade política atual, bem como a projeção da realidade ideal, dos participantes da marcha da família contra Cuba, governo e “idiotas da USP”, a partir de um vídeo editado pela TV Carta, em outubro de 2015 (MARCHA, 2015). Este vídeo foi escolhido entre os cinco atualmente em estudo pelo grupo de Pesquisa em Comunicação do Centro Universitário Uma, de Belo Horizonte. 117
Resumos: Comunicações Coordenadas Como suporte para a análise das imagens, utilizo as contribuições da Semiótica Social (KRESS & VAN LEEWEN, 2001). Tal aparato dialoga aqui com o conceito de razão sensível (RANCIÈRE, 2000), tentando evidenciar como a construção do discurso da oposição frequentemente é feita por meio de estratégias argumentativas complexas e, muitas vezes, sutis, por meio de nominalizações (HALLIDAY, 1994; FAIRCLOUGH, 2001) e da recorrência do uso de orações identificativas, que prescindem do uso de adjetivos, para que a argumentação soe mais razoável.
PROCESSOS IDENTITÁRIOS DE SUJEITOS ENTRE-LÍNGUAS E CULTURAS: QUESTÕES DE EXCLUSÃO E RESISTÊNCIA Coordenadora: Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS/CPTL) celina_ufms@hotmail.com Resumo da mesa: Esta mesa congrega pesquisas que discutem traços da constituição identitária numa perspectiva discursivo-desconstrutivista, buscando abordar as noções de língua, cultura, exclusão, poder e resistência, em interface com conceitos oriundos da psicanálise, relevantes para discutir o simbólico e o imaginário na construção da memória e da identidade dos sujeitos pesquisados. Assim, a pesquisa de Claudete Souza e Celina Nascimento/UFMS problematizam a constituição identitária do indígena Kinikinau a partir do discurso do "IpuxowokuHouKoinkunoe, que representa o “grito de resistência” do povo Kinikinau em busca do “bem viver”, compreendido como reconhecimento étnico, linguístico e cultural em território próprio demarcado pelos órgãos governamentais responsáveis. A doutoranda Nair Medeiros/UFMS trata da diáspora vivida pelo povo Terena, o qual se viu forçado a buscar novas estratégias de sobrevivência em um processo crescente de territorialização e de busca de autoafirmação nos territórios ocupados. Já a pesquisa de Beatriz Eckert-Hoff/UDF e UNICSUL propõe analisar escritas de si de sujeitos discursivo em Cartas, coletadas na Alemanha, escritas por imigrantes alemães do sul do Brasil aos seus familiares, no século XXI e XX. Seu olhar se dirige às in(e)scritas de si de sujeitos em situação de exclusão, e também de resistência (movimento inerente ao sujeito) ditas nas cartas, para analisar a relação do sujeito com as línguas, as nações, bem como as questões de memória e de identidade – dos que migraram e dos que ficaram. Por fim, Ângela Stübe/UFFS e Eliana Canova/UFFS propõem analisar marcas discursivas que apontam para o silenciamento dos povos indígenas inscritas no Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola de Educação Básica São Francisco, da rede estadual de Santa Catarina, que atende a alunos indígenas Kaingangs no Ensino Médio regular, devido à proximidade com a aldeia Condá. Em suma, propõe-se a compreender como se dá a relação de sentidos e os processos de identificação e de exclusão com relação à memória, à língua-cultura e à subjetividade em diferentes práticas de linguagem. Trabalhos dos Integrantes: Os Kinikinau: processos identítários e a luta pela terra Claudete Cameschi de Souza (UFMS/CPTL) claudetecameschi@gmail.com Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS/CPTL) celina_ufms@hotmail.com Este trabalho é resultante de subprojeto de pesquisa vinculado ao projeto maior Koenukunoe: língua e cultura, desenvolvido junto ao povo Kinikinau residente na Aldeia São João, município de Porto Murtinho/MS e no interior do grupo de pesquisa Povos do Pantanal: aspectos linguísticos, discursivos, fronteiriços, culturais e identitários UFMS/CNPq. Objetivamos problematizar a constituição identitária do indígena Kinikinau a partir do discurso do "IpuxowokuHouKoinkunoe (Conselho do Povo Kinikinau): “Carta do Povo Kinikinau", que representa o “grito de resistência” do povo Kinikinau em busca do “bem viver”, compreendido como reconhecimento étnico, linguístico e cultural em território próprio demarcado pelos órgãos governamentais responsáveis. Analisamos como são construídas as representações sociais de terra, território e exclusão que constituem o discurso do documento indígena, recorrendo ao método arqueogenealógico de Foucault (1988) para refletir as relações de força e poder. O arcabouço teórico funda-se nos estudos da Analise do Discurso de linha francesa, nos estudos culturalistas e no processo de referenciação. Enquanto resultado, o Kinikinau busca no passado, a história do povo, excluído socialmente entre os brancos, entre outras etnias e por órgãos governamentais, para reivindicar a terra originária, vislumbrando um “bem viver” como a resolução da situação conflituosa vivenciada até o momento atual. A vivência territorial e o processo de constituição identitária entre os terena do MS Nair Cristina Carlos de Medeiros (UFMS/CAPES) naircristina.medeiros@gmail.com O processo de diáspora vivido pelo povo Terena e o seu posterior reajuntamento afetaram o modo de vida e operaram mudanças bruscas na paisagem ecológica e social desse povo indígena, o qual se viu, a partir daí, forçado a buscar novas estratégias de sobrevivência em um processo crescente de territorialização e de busca de autoafirmação nos territórios ocupados. Devido a este processo, há um discurso corrente de estigmatização dos terena que assevera que eles abandonaram suas raízes, se aculturaram e se tornaram "índios urbanos". Neste contexto de estigmatização e de institucionalização de sentidos vários sobre o sujeito índio, nos propomos a problematizar as representações imaginárias desses sujeitos sobre si mesmos, em publicações de postagens no facebook realizadas por professores indígenas desta etnia. São territorialidades próprias, nas quais a constituição identitária constitui elemento mobilizador desse povo, tanto em da luta pelo direito à terra, quanto na relação com a cultura do “homem 118
Resumos: Comunicações Coordenadas branco” em seu entorno. A referência teórica é a Análise do Discurso de linha francesa através dos conceitos de memória, interdiscurso e formações discursivas propostos por Pecheux (2009), da formulação do conceito de formações discursivas realizada por Foucault ([1969] 1997) e da problematização de noções como identidade, processos identitários e fronteirarealizadas por Coracini (2007), Canclini (1999), além das concepções de território, territorialidade e topofilia propostas por Haesbart (2004), Rafestin (1993) e Tuan (2012). Os resultados iniciais apontam para identidades construídas a partir das relações territoriais que encenam o funcionamento de diferentes posições sujeito, constituídas em duas formações discursivas que estão relacionadas entre si por oposição: uma primeira formação discursiva em que se pode dizer que os modos de vida do homem branco produzidos pelo desenvolvimento e pelo progresso são melhores que os modos de vida indígena e uma segunda formação discursiva em que se nega essa afirmação. Assim, os processos de identificação configuram uma relação de contradição, que coloca em jogo a formação discursiva indígena e a formação discursiva não-indígena. Escritas de si de sujeitos entre-línguas: um estudo discursivo em cartas Beatriz Maria Eckert-Hoff (UDF / UNICSUL) biaeckert@gmail.com Este estudo propõe-se a analisar escritas de si de sujeitos entre línguas por meio de um estudo discursivo em Cartas, coletadas na Alemanha, escritas por imigrantes alemães do sul do Brasil aos seus familiares, no século XXI e XX. Tendo como aporte teórico os estudos de Derrida, Robin, Coracini, nosso olhar se dirige às in(e)scritas de si de sujeitos entre-línguas para analisar a relação do sujeito com as línguas, as nações, bem como as questões de memória e de identidade – dos que migraram e dos que ficaram. Nosso olhar é dirigido pelos pressupostos teóricos da Análise do Discurso, cuja interpretação é sempre um gesto de captura; o que se vislumbra são rastros do sujeito cindido, uma vez que há sempre alteridade: é um eu Outro e um Outro eu quem fala, havendo sempre uma incorporação, uma não-separação. Nessa linha, entendemos memória como interpretação, rasura, recriação, invenção, ficção, em que o esquecimento faz parte do agenciamento desses fios, dessas inscrições e a interpretação é sempre um gesto de captura; o que se vislumbra são rastros do sujeito cindido, uma vez que há sempre alteridade: é um eu Outro e um Outro eu quem fala, havendo sempre uma incorporação, uma não-separação. Nossos gestos de interpretação mostram que os dizeres analisados evidenciam resistências e exclusões das/nas/pelas línguas e mostram errâncias e inscrições de nações, de línguas que constituem memória, identidade, cultura. A pesquisa nos instiga a direcionar o olhar para os contextos de imigração, no sentido de promover formas de inclusão no/pelo simbólico que suponham o não silenciamento nas e das línguas, o não apagamento do sujeito. Memória e exclusão: silenciamento de povos indígenas Angela Derlise Stübe (UFFS) angelastube@gmail.com Eliana Canova (UFFS) elianacanova@yahoo.com.br O projeto de pesquisa “Política linguística e identidade cultural: representações de língua na região de abrangência da UFFSChapecó/SC problematiza a relação linguagem e identidade para, então, discutir consequências à formação dos sujeitos. Este texto se insere nesse projeto e tem por objetivo analisar marcas discursivas que apontam para o silenciamento dos povos indígenas inscritas no Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola de Educação Básica São Francisco, da rede estadual de Santa Catarina, no município de Chapecó, que atende a alunos indígenas Kaingangs no Ensino Médio regular, devido à proximidade com a aldeia Condá. Compreendemos o PPP como um instrumento identitário da escola, que representa o modelo de sociedade que a escola almeja construir, disso decorre a importância de analisar como o sujeito indígena e sua língua são discursivisados nesse corpus. Do ponto de vista teórico, situamo-nos na interface da análise discursivo-desconstrutivista com teorias que abordam o sujeito em sua constituição linguística, histórica e social, marcado pela heterogeneidade e pela contradição. Nas análises, inquieta-nos o silenciamento, na textualidade do PPP, sobre a presença e o lugar do indígena na escola, o que aponta para o fato de o sujeito índio, historicamente, ser visto como o outro e o estranho, negando sua história, língua e identificações. A (não) tematização do índio nesse documento funciona como indício de seu apagamento. Ao negar o indígena, ele deixa de “existir” no espaço pedagógico e social, torna-se (in)visível. Esse processo passa pela exclusão de línguas outras que constituem a identidade desses sujeitos, em prol de um ideal de língua una e padrão. Quando o diferente é negado, tornando-o igual, se apagam muitas histórias, línguas e identidades.
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI ... DA MÚSICA: MEMÓRIAS, ENUNCIAÇÃO, ETHOS, IDENTIDADES Coordenadora: Claudia Maria Gil Silva (UniFOA) cacaigil@hotmail.com Resumo da mesa: Esta comunicação coordenada reúne pesquisadores, cujos trabalhos têm como objetivo comum identificar o ethos discursivo no folhado textual das letras de músicas de compositores brasileiros. Os aspectos enunciativos e linguísticos serão investigados de modo a comprovar a expressividade que conferem a esses textos musicais. Também a complexidade da relação língua/sociedade será mostrada com o objetivo de identificar as relações intertextuais e interdiscursivas que as autorizam, marcam a heterogeneidade do discurso, a memória social, as identidades que o atravessam e o papel cultural que exercem na sociedade brasileira. 119
Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Os ethe em Adoniran Barbosa e as faces (re)veladas pelo humor Claudia Maria Gil Silva (UniFOA) cacaigil@hotmail.com Propomos analisar os textos musicais de Adoniran Barbosa, inventor de si mesmo e desinventor de Rubinato, que foi como nascera. Investigaremos, principalmente, as vozes presentes nas cenas enunciativas em que se dão as narrativas de suas histórias e, em decorrência, as relações intertextuais e interdiscursivas que as autorizam e marcam a heterogeneidade do discurso. O patrimônio lexical utilizado e as manifestações linguísticas nos permitirão a recuperação do não dito ou do sugerido (Monnerat, 2009), do enriquecimento de novos significados, do reconhecimento das identidades individuais (ethe) e de sua carga ideológica de natureza social, do papel cultural desempenhado na sociedade brasileira, em um determinado tempo. Em decorrência, as imagens delineadas pelo enunciador – de si para si mesmo e para o outro – revelarão e/ou protegerão as faces, ou fachadas (Goffman, 2012, 13) que pretende veladas e/ou expostas em seus textos, que cantam os fios soltos da vida, as tragédias mais íntimas, as amarguras e filosofias retiradas do fundo dos copos dos botequins, nas noites de São Paulo. Tudo com muito humor e ironia.
O ethos do ideal romântico na música do Clube da Esquina Marcelo Gomes Beauclair (UERJ /COLÉGIO PEDRO II) marcelobeauclair@gmail.com Este trabalho tem como objetivo analisar o folhado textual das letras das músicas de artistas que fundaram o Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Beto Guedes e Lô Borges, investigando os aspectos enunciativos, como as vozes presentes na situação discursiva e os contextos em que se dão tais relações, e sobretudo, atentar para a construção de um ethos que aponta para um ideal romântico, que espelha criticamente o seu tempo e sua história. Por meio da música desses três autores, pesquisar a importância desse ethos construído, reconhecendo um papel de identidade cultural da sociedade brasileira. Perceber que, de certa forma, a função catártica da música desse grupo mineiro pode levar o leitor / ouvinte à sua própria identificação com o mundo que o cerca e com o espaço em que está inserido – papel, afinal, da leitura de um texto, mais ainda, de um texto com traços poéticos. Sabendo, certamente, que é a língua, a palavra, a sustentação de todo esse processo. “Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim”: a subjetividade enunciativa em canções da MPB e a construção do ethos discursivo Maria Aparecida Rocha Gouvea (UniFOA) cidarochagouvea@hotmail.com Benveniste (1989, p. 21) toma a língua como sistema e propõe um mecanismo de referência que considera o sujeito e a enunciação, destacando o caráter social da língua e a subjetividade enunciativa. Para ele, a linguagem é “um meio, na verdade, o único meio de atingir outro homem, de lhe transmitir e de receber dele uma mensagem” (BENVENISTE, 1989, p. 93) e a língua é “um instrumento de comunicação investido de propriedades semânticas que funciona como uma máquina de produzir sentido” (BENVENISTE, 1989, p. 99). Nessa perspectiva, o sujeito tem o poder de manejá-la para emitir opiniões e para se colocar como sujeito em um determinado tempo e espaço, construindo, com isso, uma imagem de si: o ethos discursivo (AMOSSY, 2005, p. 9). A canção, por sua vez, tem o poder de encantar e persuadir. Valverde (2008, p. 273) aponta que “o encanto das canções resulta da simbiose entre a voz, o gesto, a melodia, o acompanhamento e as palavras.” Assim, esse conjunto de recursos e as estratégias de persuasão são responsáveis pelo efeito produzido no interlocutor (ouvinte/plateia), manifestado pelo enunciador (intérprete),de forma a concretizar essa ação comunicativa. Esta pesquisa se propõe a analisar a subjetividade enunciativa em canções da Música Popular Brasileira, denominada MPB, objetivando verificar como os efeitos de sentido produzidos nas letras das canções e suas marcas linguísticas formam o ethos discursivo, estabelecendo a relação entre as categorias propostas por Benveniste: a pessoa, o tempo e o espaço.
REPRESENTAÇÕES DAS DESIGUALDADES SOCIAIS EM NARRATIVAS DE SI EM DIVERSOS CORPORA Coordenador: Cláudio Humberto Lessa (CEFET-MG) claudiohlessa@gmail.com Resumo da mesa: Segundo Arfuch (2010), desde os anos 1980, observa-se, tanto no âmbito sociais quanto das mídias, um interesse pelos relatos autobiográficos. As histórias de vida legitimaram-se como objetos de pesquisa que se tornam suportes para a investigação de fenômenos sociais, culturais, históricos e identitários. O exame das micro-histórias, de acordo com a supracitada autora, permite recuperar uma memória coletiva, geracional e de costumes, resgatar diferentes vozes sociais, além daquelas hegemônicas, possibilitando ao outro, por meio da narrativa de vida, constituir uma lógica própria e refletir sobre sua trajetória de vida. Essas narrativas constituem um lócus privilegiado para o exame das identidades sociais, das diversas representações e imaginários sociais circulantes em uma formação social que sinalizam maneiras de ser, de parecer e de se 120
Resumos: Comunicações Coordenadas comportar, além dos diversos conflitos ideológicos. O sujeito, ao se narrar, desdobra-se: um eu-aqui-agora projeta, em seu dizer, um eu-lá-antigamente (cf. MIRAUX, 2008); busca reconstruir, fixar, por meio da narrativa, um versão de si e dos acontecimentos que foram significativos em sua vida, gesto que o permite (re)configurar-se identitariamente, produzir imagens de si e do outro, expressar um tom, de nostalgia, de superação, de ressentimento, entre outros. Esse grupo temático visa reunir trabalhos que reflitam sobre as representações das desigualdades sociais em narrativas de si em textos de diversos gêneros discursivos. Trabalhos dos Integrantes: Análise das representações das desigualdades sociais sob a ótica feminina em textos autobiográficos de alunas da EJA Cláudio Humberto Lessa (CEFET-MG) claudiohlessa@gmail.com Nesta comunicação, apresento uma análise de textos autobiográficos produzidos por alunas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) resultantes de um projeto desenvolvido em uma escola pública de Belo Horizonte, intitulado Memória, Fragmentos de Memórias: de Leitura e de Vidas, desenvolvido durante os anos de 2004 a 2013, realizado no contexto de minhas aulas de Língua Portuguesa, ministrada para o nono ano. Os textos estão reunidos em nove livros-coletânea publicados pelos alunos e constituiu um corpus para minha pesquisa de pós-doutorado (2011 e 2012). Em trabalhos anteriores, Lessa (2013, 2014, 2015), analisei de que maneira os alunos de EJA projetam, em suas narrativas de vida, imagens de si e do outro (de professores, de alunos, da instituição escolar, dos processos de alfabetização e de letramento). Desta vez, focalizo o discurso das alunas e busco mostrar como, sob a ótica feminina, o eu-aqui-agora projeta, em seu dizer, um eu-lá-antigamente (cf. MIRAUX, 2008) que é caracterizado, via de regra, como um sujeito marcado por dificuldades e sofrimentos advindos das desigualdades sociais, vividas em contexto escolar. Conforme Bakhtin (2006), a narrativa de si constitui um ato ético e estético, o sujeito ao se lembrar, projeta sua vida em uma totalidade sígnica, simbólica, busca “enformar” suas experiências; ao mesmo tempo, avalia, elabora julgamentos sobre si e sobre outrem. Esses julgamentos são determinados pelas referências sociais, éticas e axiológicas que constituem sua subjetividade. De maneira semelhante, para Namer (1987), a memória possui natureza social, sua expressão é determinada pelos rituais linguageiros, pelas formas de interagir vigentes em uma época e em uma cultura; antes de ser expressa, a memória, é “ruminada”, é ordenada pelo sujeito a partir de uma intencionalidade, de um projeto retórico, que visaria convencer/persuadir um auditório específico, projetando uma identidade narrativa, constituída por imagens de si que podem revelar suas diversas facetas identitárias. Para analisar o projeto retórico subjacente ao discurso das alunas da EJA, examino os processos de referenciação, as marcas de subjetividade, os termos axiológicos e os operadores argumentativos passíveis de indiciar as avaliações que as enunciadoras realizam sobre as desigualdades sociais vividas em sua trajetória de vida em geral e no contexto escolar.
Narrativas de vida e relações de poder: representações de patroa e empregada doméstica em um programa de TV Mariana Ramalho Procópio (UFV) marianaprocopio@yahoo.com.br No cenário midiático contemporâneo, Arfuch (2010) nos alerta para a existência de um espaço biográfico, isto é, um horizonte de possibilidades de tematização do eu e da própria existência, em diferentes gêneros discursivos. Nesse espaço biográfico proposto, a construção da vida e apresentação do eu é feita, muitas vezes, por uma perspectiva enunciativa polifônica: trata-se de construções dialogiacamente elaboradas. Partindo de tais premissas, propomo-nos a analisar o quadro Dia de Patroa, do programa televisivo Mais Você, para compreender como as narrativas de vida dos participantes são mobilizadas para legitimar representações de patroa e empregada doméstica. Trata-se de um quadro específico do programa, no qual as patroas são estimuladas a inscrever suas empregadas domésticas para que elas sejam premiadas com um dia especial e para que possam demonstrar “o quanto as empregadas são especiais em suas vidas”. Entendemos que as narrativas de vida, como objeto de estudo, possibilitam a discussão sobre os vínculos sociais e históricos que se relacionam com a forma como o personagem teve sua trajetória lembrada ou esquecida ao longo do tempo, além de revelar representações, valores e imaginários vinculados ao universo que este personagem está inserido. Ainda, consideramos que as memórias tidas como individuais, apresentadas nas narrativas de vida, são consideradas como coletivas, pois mesmo a evocação do próprio passado só se realiza na relação com as representações, percepções e a memória coletiva de algum grupo. Desse modo, a memória individual se configura como um recorte, como um modo de ver a memória coletiva, demarcado pelas referências, quadros sociais e relações de poder nos quais o indivíduo está inserido. Na rememoração individual, nos reportamos a pontos de referência que existem fora da própria lembrança, pontos este que são fixados pela sociedade.
Análise argumentativa dos novos arranjos familiares Raquel Abreu-Aoki (UFMG/CNPq) abreuaoki.raquel@gmail.com Karen Atala Riffo e o marido Ricardo Jaime López Allendes separam-se em 2002. Estabeleceram, em comum acordo, que a guarda das três filhas ficaria com Karen e visita semanal à casa de Ricardo. Ainda em 2002, a companheira afetiva de Karen, Emma Ramón e seu filho (de outro matrimônio), passam a viver na mesma casa de Karen e filhas. Em 2003, Ricardo solicita judicialmente a guarda das meninas, alegando que o “desenvolvimento físico e emocional delas estaria em risco se continuassem sob a guarda de Karen, cuja vida sexual, decorrente da convivência lésbica, estaria produzindo consequências danosas ao desenvolvimento das menores”. Em outubro de 2004, em última instância, a Suprema Corte Chilena julgou procedente o pedido 121
Resumos: Comunicações Coordenadas e concedeu a guarda definitiva das crianças ao pai, declarando que elas deveriam viver e se desenvolver “no seio de uma família estruturada normalmente, segundo o modelo tradicional que lhe é próprio”. Karen denunciou o Estado do Chile à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Após seis anos de investigação, a CIDH declarou o Chile responsável internacionalmente por ter violado, principalmente, os direitos à igualdade, à não discriminação e à vida privada em prejuízo de Karen Atala, suas filhas e outros. O relato biográfico do leading case (caso paradigma) Atala Riffo vs. Chile servirá de exemplo para demonstrar como uma mesma demanda judicial pode ser interpretada por diferentes facetas, muitas vezes sustentada por aspectos axiológicos oriundos da moral e da religião, violando os direitos fundamentais do indivíduo. Mostraremos como os estudos linguísticos e, em especial, a análise do discurso, trata a questão da alteridade, da exclusão do outro e das diferenças. Além disso, ressaltaremos que a história de vida de Atala estabelece um novo patamar para outras demandas sociais, como a poliandria e poligamia, rechaçadas pelos mesmos argumentos negativos utilizados contra a homoafetividade.
A voz e a vez da mulher: um resgate da memória ferroviária em discursos biográficos Luciana Martins Arruda (FASM/FAMINAS) lulucaarruda@ig.com.br A memória é o ponto de ancoragem discursiva do sujeito que narra a sua história para outrem, pois o fazer biográfico se dá a partir da junção dos “fragmentos da memória”. Nesse sentido, o ato de biografar representa uma reconstrução simbólica da realidade e mobiliza alguns imaginários sociodiscursivos que trazem à tona um momento da história ou da vida de uma pessoa em particular. Quando se fala da memória histórica, de um modo geral, podemos perceber que o discurso da mulher nem sempre se sobressai, pois, muitas vezes, a voz dela não aparece. Por essa razão, o objetivo deste trabalho é fazer uma análise dos discursos biográficos produzidos por algumas mulheres e registrados no “Vale Registrar – Catálogo de Entrevistas 2007-2009” sobre os imaginários, as representações e os aspectos da memória que emergem com relação ao ser e ao fazer ferroviário. Este é o segundo dos três catálogos produzidos pela Vale até o momento e esses discursos representam um recorte feito pelos enunciadores das narrativas produzidas pelas entrevistadas. Utilizando-se da história oral, esse catálogo visa a uma tentativa de recriação de uma época apresentando relatos de personagens representativas para aquela sociedade, principalmente, em se tratando de uma cultura associada aos ofícios ferroviários. Esses relatos biográficos serão analisados a partir da Teoria Semiolinguística e dos estudos de Patrick Charaudeau, ao se fazer uma análise intra e itrediscursiva, dos estudos de Zambello (2003), Maia (2009) e Namer (1987), para mostrar a influência da memória coletiva na construção desses discursos, e de Arfuch (2010), ao se abordar as narrativas de vida. A análise desses discursos tem no permitido observar a projeção de um imaginário de saudosismo, representado por todas os biografadas quando se referem à época em que trabalhavam ou moravam próximos à ferrovia, bem como com relação aos ferroviários que passaram por suas vidas.
DISCURSO, MÍDIA E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenador: Conrado Moreira Mendes (PUC-MG/Poços de Caldas) conradomendes@yahoo.com.br Resumo da mesa: Como se constrói a chamada “nova classe C”, enquanto discurso, na telenovela? Como é tematizado o consumo do pobre e figurativizadas as marcas por ele euforizadas em videoclipes do gênero funk? No que diz respeito à política, como se constrói o tema da pobreza no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral? Essas são questões que norteiam presente comunicação coordenada. Assim, o primeiro trabalho investiga, à luz da semiótica francesa, a discursivização da nova classe média em duas telenovelas brasileiras: I love Paraisópolis e A Regra do Jogo. Cabe dizer que a também chamada nova classe C são os ex-pobres que ascenderam socialmente, sobretudo nos últimos 12 anos no Brasil, muito mais pela via do consumo, do que pela da educação. Além disso, em muitos casos, não é simples diferenciar o pobre do ex-pobre, uma vez que as formas de vida desses grupos estão sobremaneira imbricadas. O segundo trabalho, cujas bases teóricas também se reportam à semiótica francesa, trata especificamente do tema do consumo, por meio da inserção de marcas – as quais são figurativizadas e, não raro, iconicizadas – em videoclipes do gênero funk cujo enunciatário é, a priori, o pobre, o favelado. Por fim, a ideia da pobreza é tema do terceiro trabalho desta mesa, o qual, tomando como base a Análise do Discurso de linha francesa, analisa os programas do então candidato à presidência da República Aécio Neves, no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral das eleições de 2014. Referido trabalho investiga de que modo a construção discursiva dessa pobreza visa à persuasão de um grupo que, paradoxal e historicamente, nunca foi prioridade dos governos de centro-direita. Os três trabalhos aqui propostos apresentam um mesmo fio condutor, que é justamente a desigualdade social que subjaz aos discursos provenientes da mídia, a qual estabelece, sem sombra de dúvidas, um encontro entre linguagem e sociedade. Trabalhos dos Integrantes: A discursivização da “nova classe C” na telenovela Conrado Moreira Mendes (PUC-MG/FIP) conradomendes@yahoo.com.br Na presente comunicação, analisamos de que maneira a “nova classe média/ nova classe C”, enquanto discurso e, portanto, efeito de sentido, engendra-se em duas telenovelas brasileiras: I Love Paraisópolis e A Regra do Jogo, exibidas pela Rede Globo. Em ambas as produções, a dita “nova classe C” não apenas faz parte, mas protagoniza as tramas centrais. A presença e a importância 122
Resumos: Comunicações Coordenadas desse grupo social nas telenovelas relacionam-se com o momento atual do Brasil, em que 35 milhões de pessoas entraram para a classe média, segundo dados oficiais. Considerando, porém, a epistemologia discursiva (BEIVIDAS, 2006, 2008) a que nos filiamos, partimos do pressuposto de que a “nova classe média” não existe enquanto tal no mundo e que é simplesmente “representada” pela linguagem, mas, diferentemente, é produto de uma construção discursiva, a qual envolve desde signos e textos-enunciados, chegando a níveis de pertinência mais amplos (FONTANILLE, 2008, 2015): as práticas semióticas e as formas de vida. Desse modo, a presente pesquisa gira em torno do seguinte problema: como se discursiviza a chamada “nova classe média” nas referidas telenovelas? Consideramos que tais produções estabelecem uma relação com o mundo e com a sociedade, não sendo essa relação simples reflexo da realidade, mas uma construção de natureza discursiva, que enfatiza determinados pontos, mas que também oculta outros. Por isso, partimos da hipótese de que a “nova classe média”, por sofrer as coerções do gênero telenovela/folhetim, constrói-se de forma mais glamorizada que aquela apresentada nos documentos oficiais sobre o tema (BRASIL, 2012). A metodologia do trabalho envolveu a seleção de capítulos, transcrição de falas e descrição de cenas, as quais foram apresentadas em quadros/frames, com a respectiva minutagem, e a análise semiótica das cenas selecionadas. Como resultados parciais, podemos afirmar, preliminarmente, que existe uma glamorização da nova classe média, o que, de certo modo, contribui para a manutenção hegemonia e, logo, das desigualdades sociais. Por outro lado, essa glamorização se relaciona a aspectos discursivos e narrativos que a telenovela articula, mas também às práticas semióticas e às estratégias da dita “nova classe média”, os quais são encampados pelo nível das formas de vida.
A campanha eleitoral para os pobres: o discurso de Aécio Neves no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral Lívia Borges Pádua (PUC-MG/UFSCAR) liviab@pucpcaldas.br Este trabalho se debruça sobre as propostas apresentadas pelo candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, em seus programas do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE), exibidos na televisão, durante o primeiro turno das eleições do ano de 2014. Entre as propostas do candidato, interessam aquelas direcionadas aos pobres – parcela da população que, segundo as pesquisas de intenção de voto realizadas pelo Ibope e pelo Instituto Datafolha – demonstrava menor propensão de escolher o representante dos “tucanos”. Com isso, intencionou-se: (a) analisar o discurso de Aécio em referência aos pobres; (b) como os pobres e as suas demandas foram representados no HGPE; e (c) os argumentos para convencê-los a escolher o PSDBista. Para empreender tal análise, adotaram-se, como corpus, as partes dos programas em que foram apresentadas as propostas de governo relacionadas à “Poupança Jovem”, às “Clínicas de Especialidades”, além dos momentos em que Aécio buscou afastar as dúvidas de que os programas sociais, promovidos pelo Governo Federal, então sob a administração de Dilma Rousseff, do PT, não seriam interrompidos, caso ele se tornasse presidente. Os fragmentos dos programas foram analisados com base em Orlandi (2007) e de pesquisadores da linha francesa, que se atentam à análise do discurso e às ideologias, que contribuíram para a problematização dos textos (depoimentos, imagens, lettering, trilhas sonoras etc.) do HGPE de Aécio, considerando-os não somente como objetos linguísticos, mas como objetos sócio-históricos, passíveis de serem interpretados diante de determinadas “condições de produção”, que coincidem com o próprio contexto eleitoral, com o qual o discurso apresentado nos programas dialogava. Além disso, recorreu-se a Charaudeau (2006), cuja obra recai sobre o discurso político, que objetiva persuadir o eleitor utilizando, para isso, recursos midiáticos, como no caso em questão, cujos programas se prestam a tentar influenciar a formação das opiniões públicas, de modo a torná-las favoráveis à eleição de Aécio Neves. Desse modo, foi possível identificar como a ideia da pobreza foi construída e qual a expectativa da política foi atribuída aos pobres, afinal, as propostas de governos, feitas durante uma campanha eleitoral, servem como uma moeda de troca entre os candidatos e votantes.
Literacia em saúde: discurso midiático e desigualdades sociais Adinan Carlos Nogueira (PUC-MG/UNIVERSIDADE LUSÓFONA PORTUGAL) adinan@agenciacervantes.com A presente comunicação aborda um tema que, originalmente, pertence à área da Educação, mas que, neste trabalho, é tomado num sentido mais amplo: a literacia em saúde sob a ótica da comunicação. O tema e o termo são estudados há bastante tempo fora do Brasil, sendo mais conhecidos no País como letramento. A World Health Organization (WHO, 1998), por exemplo, define literacia em saúde como a habilidade cognitiva e social que determinam a motivação e capacidade do indivíduo para ter acesso, entender e utilizar informações de maneira a promover e manter uma boa saúde. Tal conceito conjuga saúde e comunicação de maneira a orientar um comportamento individual por meio da abordagem de temas ambientais, políticos e sociais que são determinantes para a saúde. Assim, sabe-se que os baixos níveis em literacia em saúde representam um fator de risco para o desenvolvimento de doenças, assim como um entrave para formas adequadas de tratamento e, trazendo a discussão para âmbito midiático, para a produção de campanhas publicitárias eficientes. Dessa forma, acredita-se que melhorar entendimento e o nível de literacia da população, principalmente a de baixa renda é uma forma de colaborar efetivamente para o desenvolvimento do capital social, criando uma interação entre educação crítica, saúde e comunicação adequada com vistas a melhorar a saúde pública. Por essa razão, pretende-se demonstrar como o discurso publicitário e propagandístico, por meio de estratégias de persuasão, permite aumentar a eficácia da comunicação em saúde, como ferramenta do acesso à cidadania e, consequentemente, promovendo a diminuição das desigualdades sociais. Desse modo, aumentar o nível de literacia entre os mais pobres, por meio do discurso midiático, pode ser considerada uma ferramenta poderosa de mobilização social tanto em países em desenvolvimento, quanto nos desenvolvidos.
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Resumos: Comunicações Coordenadas IMAGENS, CORPO E MEMÓRIA NA ORDEM DO DISCURSO MIDIÁTICO Coordenadora: Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO) witzeldg@gmail.com Resumo da mesa: Em torno da inescapável e complexa articulação entre discurso, memória e história, os trabalhos desta sessão coordenada fundamentam-se nas teorias do discurso, com o objetivo de refletir sobre modos de apreensão, produção e circulação de sentidos (re)produzidos na mídia contemporânea. Atentos aos debates que problematizam a questão do imagético como objeto de estudo, as discussões dão visibilidade à ideia de que (i) existe uma passagem conflitante e imprecisa do visível ao nomeado; (ii) o efeito de repetição e de reconhecimento faz da imagem como que a recitação de um mito; (iii) a formação do arquivo e da memória sobre a questão do corpo sempre se deu por meio de certa fixação seletiva de discursos produzidos pelas/nas relações de poder. Diante das diferentes materialidades examinadas, os trabalhos dão relevo às condições de existência e de circulação de enunciados imagéticos, as posições de sujeito ali apontadas, as especificidades das materialidades e as articulações que esses enunciados estabelecem com a história e a memória. Trabalhos dos Integrantes: Discursos e imagens da mulher viril Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO) witzeldg@gmail.com A virilidade é produtiva e guerreira; a feminilidade é suave e lânguida. Ao longo da nossa história ocidental, esta dicotomia tradicional (i) ecoou nos discursos médicos, filosóficos e jurídicos, (ii) sexualizou os espaços, (iii) construiu fronteiras entre homens e mulheres, (iv) definiu e regulou ideais de conduta. Ancorando-me nos pressupostos teóricos da arquegenealogia de Michel Foucault, em diálogo com o conceito de memória discursiva, proponho-me a pensar as condições sócio-histórica de existências de enunciados – verbais e imagéticos - que, na atualidade, reverberam aquela tradicional dicotomia, notadamente no campo da política. Analiso o enunciado “coração valente”, slogan da campanha de 2014 da presidente Dilma Rousseff associado a sua imagem de guerrilheira, amplamente difundida na grande mídia. Em nosso gesto de análise, tomamos o corpo como objeto do discurso. Em se tratando de um corpo de mulher no espaço político, as análises apontam para a exigência de um corpo saturado de virilidade, na medida em que, interdiscursivamente, a imagem-enunciado da campanha em questão atualiza as memórias que inventaram o ideal de virilidade, notadamente o poder, a força, o vigor e a coragem, entendidas como características atreladas durante muito tempo à “perfeição” masculina.
Significação e sujeito-autista: corpo-sentido e marcas da alteridade Renata C Bianchi de Barros (UNIVÁS-MG) renatabiabarros@gmail.com Objetivo, nesta comunicação, apresentar alguns dos desdobramentos teóricos/analíticos das pesquisas que venho desenvolvendo acerca de tecnologia e tecnologias de linguagem, pensando os modos como os sujeitos elencados como “sujeitos da diversidade” são discursivizados. Para os fins desta apresentação, coloco-me a analisar imagens produzidas para a “divulgação e sensibilização” da sociedade sobre o tema autismo, transtorno de linguagem que marca o sujeito no estabelecimento de estereotipias e, sobretudo, com uma suposta impossibilidade de relação entre sujeitos. Para tanto, fundamento-me teórica e metodologicamente nos estudos da Análise de Discurso de linha francesa, cujos principais autores são Michel Pêcheux e Eni Orlandi. Com este estudo, ao suspender e questionar os efeitos de sentidos que se pretendiam estabilizados acerca do autismo e dos sujeitos significados como sujeitos autistas (ou pacientes, autistas entre outras designações) pelo modo como o seu corpo (corpo-sentido) é/se significa(do) no mundo, apontamos para novos modos de/para pensar a responsabilidade das tecnologias da linguagem no/para o acompanhamento de sujeitos no espectro autístico e das instituições que o acompanham. Sentidos e sociedade: imagens e discursos sobre a “família” brasileira no século XXI Débora Massmann (UNIVAS) debora.massmann@gmail.com Em um momento em que o racismo volta a ser notícia nas diferentes mídias, em que a intolerância ocupa espaço nas redes sociais, discutir a intolerância, a desigualdade e o respeito à diversidade faz-se fundamental. É tomando a sociedade contemporânea como cenário para esta reflexão que, neste estudo, somos levados a refletir sobre as formas de discriminação, de preconceito e de desrespeito à diversidade em um país que se constituiu e que se construiu na e pela diferença. Afinal, somos ou não um país plural? Nesta exposição, proponho-me a refletir sobre a questão da intolerância tomando como ponto de partida a família, instituição que ocupa uma posição central nos debates jurídicos, políticos, sociais e midiáticos sendo descrita como o núcleo formador da cidadania, dos afetos e da civilidade. De fato, constituindo, para muitos, o pilar da sociedade contemporânea a instituição família tem sido utilizada como forte argumento político-social em diferentes discursos produzidos na sociedade brasileira. Mas afinal qual é o sentido de família no século XXI em um momento em que se discutem diferentes formas de afeto, 124
Resumos: Comunicações Coordenadas diferentes formas de organização familiar e, sobretudo, em que diferentes políticas públicas têm no conceito de família seu pilar de sustentação? Entre afetos, políticas e direitos, a família pode se constituir como um espaço simbólico da diversidade? Ou a intolerância às novas formas de afeto coloca em funcionamento o preconceito em relação à efervescência de outros modos de organização familiar? Em minha exposição, fundamentada pela Semântica Histórica da Enunciação, respondo a estes questionamentos e reflito sobre os sentidos da palavra “família” que têm circulados em diferentes discursos, sobretudo, naqueles provenientes do discurso jurídico, do midiático e do político.
A QUESTÃO AMBIENTAL E A (RE)PRODUÇÃO DAS DESIGUALDADES: IDEOLOGIAS E DISCURSOS Coordenadora: Doralice Barros Pereira (DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA/UFMG) pereiradb@yahoo.com.br Resumo da mesa: A desigualdade que, ao invés da diferença, é socialmente construída, constitui-se com campo profícuo aos diversos processos e fenômenos de interesse das ciências humanas. Sua naturalização é povoada por ideologias que nos interpelam à elaboração de análises e críticas concernentes à produção dos espaços. A presente Comunicação Coordenada objetiva identificar e investigar a função e a representação da desigualdade na/pela linguagem nos processos de (re)produção do espaço, bem como seus modos de funcionamento nas diferentes práticas discursivas das ciências humanas, e por diferentes segmentos sociais. As complexidades de elementos que envolvem as desigualdades possibilitam sua apresentação em feições díspares enquanto um problema social, que se intensifica sobremaneira em momentos de crise e em espaços variados. Tendo em conta essas características de plasticidade, as formações discursivas e imaginárias abarcadas em políticas/operações que recorrem a ideia de Desenvolvimento Sustentável para se legitimar, por vezes negligenciam as raízes histórico-geográficas da produção das desigualdades. Assim, nos interessa aqui debater discursos em torno do ambiente em seus âmbitos, setores e representações aliadas aos elementos de construção de concepções afeitas à raridade da natureza (ar, água, solo, vegetação) em suas diferentes performances e apropriações. Trabalhos dos Integrantes: Os discursos sobre a água e a produção das desigualdades no contexto da “crise ecológica” Eliano de Souza Martins Freitas (UFMG/COLTEC) elianofreitas@gmail.com A modernização capitalista transformou as dimensões da natureza em força produtiva para/da sociedade, modificando a relação sociedade/natureza. A natureza passou a ser considerada infinita e passível de conhecimento/dominação pelo homem. Porém, a partir dos anos de 1960, verificou-se a emergência de uma abordagem em que os elementos naturais passaram a ser apresentados como insuficientes e frágeis. Desde então, consolidou-se um discurso de limitação e de carência, norteando e institucionalizando as discussões sobre os limites da natureza e as ações a serem desenvolvidas pelas sociedades a partir daí, com vistas à sua preservação ou conservação. Tal processo tomou forma por meio dos discursos em torno da “crise ecológica”, que se acentuou no seio da sociedade devido à crescente degradação dos “recursos naturais”. Entre os elementos da natureza natural que tiveram sua representação alterada pelas práticas discursivas na sociedade, destaca-se a abordagem dada a água. Até meados de 1970 havia um entendimento de que a água fosse um recurso infinito, inesgotável e disponível para todas as populações e para todos os setores produtivos. Porém, a partir dos anos de 1990 essa abordagem sofreu profundas modificações, pois foi elaborada e exposta como “Verdade” uma nova concepção sobre a água. Essa se tornou homogênea, delimitada e se transformou numa representação que impõe uma prática social que coloniza os diversos espaços. A água, passível de escassez absoluta, tratada como uma “nova raridade”, poderia resultar na extinção dos seres vivos no planeta. Na atualidade, é possível verificar tal metamorfose discursiva em cartilhas de educação ambiental, programas televisivos, programas de governo, propagandas sobre esta temática, livros (para)didáticos, produções cinematográficas etc., que nos estimulam a uma análise crítica. É nesse sentido que se insere a proposta de comunicação. Por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD) objetiva-se apresentar os principais elementos discursivos que transformaram a água em raridade e vem produzindo uma “visão social de mundo” sobre ela. É oportuno refletir como essa metamorfose discursiva/prática tem contribuído para a (re)produção das desigualdades sociais no contexto da “crise ecológica”, pois experienciamos um processo de segregação/separação das pessoas/grupos em “classes ambientais”.
As múltiplas apreensões da cidade discursos e práticas que promovem desigualdades Doralice Barros Pereira (DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA/UFMG) pereiradb@yahoo.com.br Rogata Soares Del Gaudio (COLÉGIO TÉCNICO/UFMG) rogatasoares@gmail.com Buscamos identificar as possibilidades de ampliar a biodiversidade e sociodiversidade na metrópole de Belo Horizonte a partir de olhares e construções simbólico-materiais expressas nas operações, políticas e práticas existentes ou em projeção. Como os discursos de crise e escassez dos elementos da natureza têm composto discursos/práticas que envolvem uma perspectiva multiescalar e engendram novas ideologias e desigualdades? Quais perspectivas de um outro apreender e projetar das cidades tem se tornado viável e acessível a uma gama mais ampla de pessoas e lugares tendo em conta as proposições: cidade saudável, cidade inteligente, cidade sustentável, cidade resiliente? Assim, nos interessa aqui debater as operações de 125
Resumos: Comunicações Coordenadas revitalização/renovação nos últimos anos, sejam decorrentes de eventos e/ou de remoção/higienização de porções das metrópoles brasileiras promovendo a apostasia de indesejáveis. Para Belo Horizonte, quais ideologias e novas desigualdades têm sido produzidas nesses discursos/práticas? A articulação e otimização de grupos de pronta resposta com uma gestão mais planejada e inteligente pode ser uma estratégia positiva de contraprojeto à ordem estabelecida e conduzir a isonomia?
COMUNICAÇÃO, DISCURSOS E BIOPOLÍTICAS DO CONSUMO DA ESPM Coordenadora: Doris Martínez Vizcarrondo (UPR) doris.martinez1@upr.edu Esta mesa tem por intenção apresentar uma reflexão sobre as representações das crianças sem-teto na imprensa. Tomaremos como base nossa investigação ABANDONO SOCIAL E MIDIÁTICO: as representações da criança de rua nas páginas da revista Veja São Paulo, na qual empreendemos uma análise do discurso jornalístico nos textos da revista Veja São Paulo, no período de 2005 e 2012. Propomos uma reflexão com base nos conceitos de biopolítica, de Michel Foucault, teorias sociocognitivas sobre o discurso de Teun Van Dijk e às metáforas como ferramentas sociocognitivas de George Lakoff. Trabahos dos Integrantes: Sem-teto no discurso jornalístico Guy Pinto de Almeida Junior (ESPM) guyalmeidajr@gmail.com
O pesquisador busca a compreensão de como o morador em situação de rua está representado no discurso jornalístico referente à cidade de São Paulo.
Comunicação, discursos e biopolíticas do consumo
Tania Marcia Cezar Hoff (ESPM) thoff@espm.br Proposta de estudo para compreensão de como o corpo infantil está representando, do ponto de vista das lógicas da biopolíticas do consumo, na comunicação publicitária brasileira.
Delinquência, juventude e reguetón Anthony Diaz (UPR) anthony.diaz2@upr.edu O pesquisador estuda como os processos de delinquência e juventude se aproximam e se afastam no contexto do gênero musical conhecido como reguetón.
A rua como espaço da morada: representações do rap brasileiro e porto-riquenho sobre as crianças de rua Marcos Maurício Alves da Silva (ESPM) marcosmauricio1@gmail.com Neste trabalho pretendemos fazer uma análise comparativa entre as canções “Mágico de Óz” do Racionais Mc´s e “Canción para un niño en la calle” de Calle 13. Vemos aqui as canções e os vídeos relacionados às músicas selecionadas como expressões midiáticas que explicitam em suas letras e imagens a desigualdade social e a exclusão de crianças nas ruas de grandes cidades. Procuramos mostrar como a topografia, tal como a define Maingueneau (1997), é construída na enunciação discursiva das letras estudadas. Estabelecemos assim diferenças e semelhanças nos locutores discursivos, na topografia e na cronografia das letras levando em consideração os espaços sociais e as regiões nas quais foram (re)produzidas. Percebemos, finalmente, que a exclusão das crianças e, consequentemente, as ruas como espaço de morada e de sobrevivência são marcas da enunciação explícitas nas letras estudadas.
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Resumos: Comunicações Coordenadas
DESIGUALDADES E COGNIÇÃO SOCIAL - ASPECTOS SOCIOCOGNITIVOS DA CONSTRUÇÃO DO SENTIDO E DE CONFLITOS CONCEITUAIS NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS Coordenadora: Edwiges Maria Morato (UNICAMP) edwigesmorato@hotmail.com Resumo da mesa: A proposta desta sessão de comunicações coordenadas é discutir vários aspectos da desigualdade (linguístico-comunicativa, social, pragmática) no domínio das práticas discursivas. No terreno de estudos de vocação interdisciplinar, pretendemos analisar (i) a construção referencial e a gestão do tópico discursivo por interagentes afásicos e não afásicos, isto é, indivíduos que apresentam competências comunicativas desiguais; (ii) a complexidade das questões educacionais mobilizadas pelos discursos (narrativas de experiência) de discentes e docentes sobre a sala de aula; (iii) o conflito entre dizer e não dizer agenciado por implicaturas e metáforas que manifestam desigualdades entre os falantes, bem como conflitos conceituais. Diferentes aspectos da desigualdade serão discutidos a partir de corpora discursivos variados (como conversações e narrativas orais), de forma a permitir um diálogo interteórico entre áreas afins da ciência da linguagem e de outros campos do Conhecimento. Mais especificamente, a presente sessão de comunicações coordenadas pretende focalizar, com base na análise de dados linguístico-discursivos heterogêneos marcados por desigualdades de diversas ordens, algumas propriedades sociocognitivas (intencionais, inferenciais, reflexivas, perspectivais, intersubjetivas, etc.) da linguagem e da interação que interatuam nas atividades discursivas e na modulação da cognição social. Trabalhos dos Integrantes: Gestão do tópico discursivo e coesividade comunicacional na interação entre afásicos e não afásicos Edwiges Maria Morato (UNICAMP) edwigesmorato@hotmail.com Esta comunicação baseia-se em alguns achados preliminares de pesquisa coletiva (MORATO et al, 2014) apoiada pela Fapesp (Proc. 2014/05850-5) que tem por objetivo a análise do papel dos frames na organização do tópico discursivo em conversações desenvolvidas no Centro de Convivência de Afásicos (CCA-IEL/Unicamp). Os dados a serem apresentados foram extraídos de conversação entre afásicos e não afásicos a respeito de estratégias por eles utilizadas para enfrentar dificuldades nominativas que podem impactar a dinâmica interacional e mesmo os propósitos discursivos dos interagentes. Entre as conclusões a que temos chegado estão a de que (i) fatores sociocognitivos da interação (como perspectivação conceitual, coordenação da ação, atenção conjunta, intencionalidade compartilhada - dentre outros) estão na base da relação entre enquadres cognitivos (como os frames) e tópico discursivo; e a de que (ii) riscos para a falta de coesividade comunicacional não se devem apenas à afasia, uma vez que são também associados à maneira como os frames e os processos referenciais mobilizados pelos interagentes (afásicos e não afásicos) atuam no desenvolvimento e na gestão do tópico discursivo, bem como na interação de uma maneira geral.
Implicaturas e metáforas: juntando as pontas do conflito entre dizer e não dizer Heronides Moura (UFSC) heronides@uol.com.br As implicaturas, em muitos usos, dão forma linguística a um conflito social (PINKER, 2008), alicerçado em desigualdades e assimetrias entre os falantes. Implicaturas envolvem uma forma de negociar os conflitos sociais. Ao manter em suspenso dois sentidos antagônicos, a implicatura evoca e, ao mesmo tempo, evita o conflito. Da mesma forma, uma metáfora pode ser uma maneira de agenciar o conflito e a desigualdade, escondendo e evocando ao mesmo tempo um tópico conflituoso ou que manifesta a desigualdade entre os falantes. Sustento que usos de fala indireta (implicaturas, metáforas) provocam uma competição entre conceitos na mente dos falantes. Um desses conceitos tende a sobrepujar o conflito, o outro tende a acentuá-lo. Desigualdades sociais provocam, assim, um conflito conceitual no plano da cognição.
Frames e discursos - a sala de aula sob a perspectiva de seus atores Neusa Salim Miranda (UFJF) neusasalim@gmail.com Tomando como figura investigativa a perspectiva instaurada pelo discurso de discentes e docentes sobre a sala de aula, este estudo vem desenvolvendo um modelo de análise do discurso de viés sociocognitivista, tomando como categorias centrais (i) o conceito de frame nos termos definidos pela Semântica de Frames (FILLMORE, 1977, 1979, 1982, 1985; PETRUCK, 1996) e descrito pelo projeto lexicográfico FrameNet () e (ii) a definição de frequência (types e tokens) em sua relação com a arquitetura dos usos linguísticos posta pelos Modelos Baseados no Uso (GOLDBERG, 1995, 2006; TOMASELLO, 2003; SALOMÃO, 2009; CROFT e CRUSE, 2004, dentre outros). O caráter híbrido deste estudo e a complexidade das questões educacionais mobilizadas pelos discursos (narrativas de experiência) impõem a ruptura dos limites disciplinares da Linguística e a assunção de um diálogo interteórico entre distintas áreas do saber (CAMPOS, 2007; GIERE, 2006). As generalizações analíticas alcançadas pelo desenvolvimento de treze (13) estudos de caso concluídos e dois (2) em andamento (Estados de Minas Gerais e do Rio de 127
Resumos: Comunicações Coordenadas Janeiro) vêm servindo de aporte às metas de formação continuada de professores da rede pública no Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS/UFJF). Uma ambição teórico-metodológica (MIRANDA, 2013; MIRANDA e BERNARDO, 2013; MIRANDA e LIMA, 2013; LIMA, 2014; FONSECA, 2014) desta proposta de análise do discurso ancorada na Semântica de Frames está na sua extensão à compreensão de diferentes ordens de vivências sociais, para além da educação.
FUTEBOL E DISCURSO DA DESIGUALDADE SOCIAL Coordenador: Elcio Loureiro Cornelsen (UFMG) emcor@uol.com.br Resumo da mesa: Futebol e desigualdade social – essa relação pode ser vista a partir de duas perspectivas distintas: por um lado, da perspectiva daquele que pretende ascender à carreira profissional como jogador de futebol; por outro lado, da perspectiva do torcedor de futebol. No primeiro caso, aquilo o que pode parecer uma via de ascensão social, numa sociedade injusta como a brasileira, revela-se na prática como exceção, e não como regra. Certa vez, o cineasta João Moreira Salles, co-diretor do documentário Futebol (1998) juntamente com Arthur Fontes, foi taxativo ao declarar que “[é] mais fácil ser aceito para fazer física nuclear em Harvard do que conseguir ser jogador profissional, porque é tanta gente atrás desse prato de comida! É muita gente, muita concorrência e também é preciso uma conjunção de acasos. Como é difícil!” (SALLES, João Moreira. Entrevista concedida a Luiz Zanin Oricchio. In: ORICCHIO, Luiz Zanin. Fome de bola: futebol e cinema no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006, p. 265-280, aqui p. 279.) No segundo caso, a desigualdade social associada ao futebol, nos dias de hoje, se expressa topograficamente nas chamadas “arenas”: além de terem acabado com a “geral” em vários estádios, espaço eminentemente popular, os setores “nobres”, que costumam levar designações de bandeiras de crédito, são inacessíveis às camadas populares devido aos altos preços cobrados. Isso tem um efeito imediato sobre o próprio modo de torcer, além de, no caso brasileiro, produzir um “branqueamento” das arquibancadas, como pode ser constatado durante a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo, em 2014. Afinal, no Brasil, a desigualdade social anda de mãos dadas com a desigualdade racial. Desse modo, a mesa coordenada tem por objetivo reunir comunicações que reflitam sobre a relação entre futebol e desigualdade social a partir de um viés discursivo, sobretudo nos modos de representação de tal relação, contemplando a área temática “Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes”.
Trabalhos dos Integrantes: O Haiti é aqui: futebol, fanatismo e desigualdade social no documentário O dia em que o Brasil esteve aqui, de Caíto Ortiz e João Dornelas José Carlos Marques (UNESP) zeca.marques@uol.com.br Em fevereiro de 2004, um golpe de estado no Haiti derruba o presidente Jean-Bertrand Aristide, que cede o poder para as mãos de guerrilheiros armados. O país caribenho, detentor dos maiores índices de pobreza nas Américas, recebe em seguida a intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas), que passa a contar em sua missão de paz com a colaboração de exércitos internacionais, entre eles uma delegação enviada pelo Brasil. Em meio ao caos da reconstrução do território, o primeiro-ministro interino do Haiti, Gérard Latortue, faz uma declaração inusitada: “em vez de tropas, o Brasil deveria enviar sua seleção de futebol”. Interessado em obter um assento no Conselho Permanente de Segurança da ONU, o governo brasileiro atende ao apelo de Latortue e organiza um amistoso entre a seleção brasileira (campeã mundial dois anos antes na Copa do Japão e Coreia do Sul) e a seleção haitiana. Realizada em Porto Príncipe (capital do país) no dia 18 de agosto de 2004, a partida integrava o pacote de ajuda humanitária e militar do Estado brasileiro, à época já no comando das forças pacificadoras da ONU. Intitulado ainda de “Jogo da Paz”, o encontro serviu de mote para a produção do documentário “O dia em que o Brasil esteve aqui” (2005) de Caíto Ortiz e João Dornelas. Este trabalho procura verificar, por meio de uma análise discursiva, como este documentário reconstrói o dialogismo entre o futebol e o fanatismo dos haitianos em torno dos astros da seleção brasileira, tudo isto em meio às profundas mazelas sociais em que se encontrava o país, assolado pela miséria e por uma profunda crise institucional. Neste sentido, interessam-nos sobremaneira quais os efeitos de sentido que são colocados em marcha por esta produção fílmica ao retratar uma partida de futebol plena de múltiplos significados.
Futebol e discurso da desigualdade social em canções da Música Popular Brasileira Elcio Loureiro Cornelsen emcor@uol.com.br “O conhecimento do Brasil passa pelo futebol” – essas palavras do escritor José Lins do Rego, de modo emblemático, dão a dimensão da importância desse esporte para o país. Isso se justifica, sobretudo, quando se considera o complexo fenômeno de produção discursiva que se desenvolve em torno desse esporte na sociedade brasileira, desde a multiplicidade da mídia esportiva e seus diferentes gêneros até a utilização do futebol como tema de obras literárias, cinematográficas, musicais etc. Nesse sentido, o presente estudo enfoca a relação entre futebol e discurso da desigualdade social no Brasil, a partir de um corpus composto pelas 128
Resumos: Comunicações Coordenadas letras das canções “Beto bom de bola” (1967), de Sérgio Ricardo, e “Brazuca” (1999), de Gabriel o Pensador em parceria com André Gomes e Ciro Cruz. Tal relação será analisada à luz de postulados da teoria semiolinguística, sobretudo no que diz respeito às noções de contrato comunicacional, de instância de enunciação, e de encenação de linguagem. Na cena enunciativa de “Beto bom de bola”, o desenvolvimento da personagem se estabelece da seguinte maneira: Partindo de uma infância humilde, Beto se torna jogador profissional, sem dar ouvidos à cigana, abandonando a namorada e buscando proteção do cartola, rendendo-se à fama. Chega à Seleção Brasileira e faz o gol do título na Copa, atingindo a glória. Mas o tempo passa e vem a contusão séria e o esquecimento. Nessa curva da ascensão à queda, daquele que chutava “bola de meia” e termina chutando “pedra”, estão presentes a felicidade e a amargura. Por sua vez, a letra de “Brazuca” evidencia seu caráter de protesto. A desigualdade é marcada pela trajetória dos irmãos “Brazuca” e “Zé Batalha”, que trilham caminhos contrários: enquanto o primeiro se torna um jogador de sucesso, o segundo fracassa, embora trabalhe muito. Seus destinos são igualmente diversos: enquanto Brazuca atinge a glória na Copa, marcando o gol do título, Zé Batalha é confundido com bandido na favela e assassinado por policiais.
A LINGUAGEM VERBO-VISUAL EM MÚLTIPLOS GÊNEROS: UM ENFOQUE BAKHTINIANO Coordenadora: Eliana Vianna Brito Kozma (UBC) E-mail: evbrito@uol.com.br Resumo da Mesa: Os múltiplos gêneros discursivos que circulam nas mais variadas esferas de atividade humana são constituídos, em sua maioria, pela linguagem verbo-visual. Como o conceito de gênero discursivo na perspectiva bakhtiniana parte da concepção dialógica de linguagem, seu desdobramento exige nova forma de análise desses enunciados genéricos. Como Bakhtin e o Círculo ressaltam a importância dos signos não verbais na constituição de sentido, embora não tenham se debruçado sobre as novas linguagens, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas com intuito de ampliar o campo de investigação de enunciados compostos por múltiplas linguagens. Entre as novas pesquisadoras nessa linha discursiva, destacam-se Haynes (1995; 20) nas artes visuais e Brait (2010; 2012; 2013;2014) na análise dialógica do discurso, sugerindo novas formas de análise integrando na unidade enunciativa os signos verbo-visuais. Tendo em vista essa peculiaridade investigativa, o presente simpósio propõe discutir, na perspectiva dialógica da linguagem, de Bakhtin e do Círculo, os efeitos de sentido decorrentes da articulação verbo-visual em diferentes gêneros, entre eles os memes, as capas de revista, os anúncios publicitários. Uma das pesquisas trata dos memes, enunciados que materializam uma das novas formas de linguagem que surgem com o advento das novas tecnologias digitais da informação. Os memes são frases comumente acompanhadas de figuras que contêm um tom irônico e informações com trocadilhos. Outra pesquisa que relaciona charge com capa de filme objetiva estabelecer relações dialógicas com o contexto sócio histórico, suscitando atitudes responsivas mais adequadas e reflexivas. Também as ilustrações e as capas de revista e de livros suscitam novas formas de ler tais enunciados, procurando destacar os efeitos de sentido, materializados na verbo-visualidade, marcando desigualdades sociais nos diversos gêneros. Espera-se com esse simpósio ampliar o campo investigativo dos enunciados genéricos em suas múltiplas linguagens, no campo da Linguística Aplicada. Trabalhos dos Integrantes: Linguagem verbo-visual e os efeitos de sentido em reportagem jornalística Miriam Bauab Puzzo puzzo@uol.com.br Se até a metade do século XX, a predominância dos estudos linguísticos estavam direcionados à linguagem verbal com algumas pesquisas referentes à comunicação, com o desenvolvimento tecnológico bastante avançado, é impossível ignorar outras formas de linguagem e de produção de sentido. Muitas são as vertentes teóricas que tratam do estudo das linguagens em enunciados que circulam nas mais variadas esferas de produção. Nesta comunicação toma-se como referencial teórico a teoria/análise dialógica de Bakhtin e do Círculo, em suas reflexões sobre linguagem e discurso. Embora tais pesquisadores tenham privilegiado os enunciados verbais, sinalizam possibilidades de construção de sentido por outras formas sígnicas como os gestos, a mímica, os sons e as imagens visuais. Tendo em vista esse aspecto, muitos pesquisadores, partindo dessa vertente teórica que entende a linguagem em sua natureza viva, procuram articular os signos verbais e visuais nas diversas formas de expressão artística, como Haynes (1995) que analisa a arte visual a partir das categorias discutidas pelo círculo, em especial a ética e a estética. Brait (2010; 2013), voltando seu olhar para os enunciados concretos, compostos pelas linguagens verbal e visual, cunha o termo verbo-visualidade com o intuito de demonstrar a unidade articuladora de tais enunciados na produção de sentido. Além dessas referências, outros autores são convocados para analisar a linguagem visual: Dondis (2003) e Guimarães (2004). Para efeito demonstrativo, foi selecionada a reportagem de Eliane Brum “Adail quer voar” que integra a coletânea A vida que ninguém vê (2006). Nessa coletânea, há um trabalho estético com as imagens fotográficas, criando efeitos de sentido que colaboram na forma composicional e no estilo da reportagem. A partir dessa perspectiva teórica, a reportagem é analisada considerando os signos verbo-visuais e seus efeitos de sentido nesse enunciado concreto, tendo em vista o tom valorativo do enunciador e o contexto social de produção, com o qual a repórter dialoga.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Os memes como enunciados verbo-visuais e seus efeitos de sentido Joaciana Pessanha Barbosa Da Silva (UNITAU) joaciana78@gmail.com A presente comunicação apresenta uma pesquisa sobre os memes, enunciados que materializam uma das novas formas de linguagens que surgem com o advento das novas tecnologias digitais da informação e comunicação. Os Memes são frases comumente acompanhadas de figuras que contêm um tom irônico e informações com trocadilhos. O presente trabalho trata de investigar como se realiza o processo de produção e de recepção dos memes, bem como sugere uma proposta de ensinoaprendizagem em leitura a partir deles. Esse texto é muito veiculado nas redes sociais e possui marcas do texto multimodal O que justifica a necessidade de uma análise dialógica que caracteriza esse tipo de enunciado como um texto contemporâneo tanto em termos de tema quanto em termos de forma composicional e de estilo que resultam na construção dos sentidos. Neste trabalho, são apresentados dados de uma pesquisa, inserida no campo da Linguística Aplicada, cuja análise objetivou identificar a multimodalidade e o processo dialógico (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2003) na produção e recepção dos Memes. Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por dois memes com a temática da crise hídrica ocorrida no sudeste brasileiro no ano de 2015. Realizou-se uma análise sob o enfoque da teoria discursiva do filósofo da linguagem Mikhail Bakthin a fim de observamos como a multimodalidade e dialogia são evidenciados na materialidade do enunciado meme. Os resultados demonstraram que os memes são textos que contribuem com a formação de leitores a fim de pensarem a linguagem como prática social numa perspectiva dialógica. Sentidos construídos discursivamente nos gêneros: charge e capa do filme “A hora do pesadelo” Claudia Meire Rodrigues (UNITAU) claudia.cmro@yahoo.com.br Nos dias de hoje, os meios de comunicação exploram os recursos verbo-visuais na troca de informações que não mais permite uma simples decodificação linear, o leitor precisa conhecer a linguagem verbo visual para estabelecer sentidos. Veiculados na mídia, a charge e a capa do filme são gêneros cuja complexidade se configura como um interessante objeto de análise para se observar como os sentidos se constroem no discurso. Pois todo discurso é dialógico, isto é, ele estabelece relação com outros discursos já-ditos, desencadeando diferentes sentidos. Deve-se considerar o contexto sócio histórico, o que remete à necessidade de as análises serem compreendidas a partir dos limites de determinada cultura, de modo a perceber as questões discursivas engendradas às esferas sociais de onde emergem. Tendo por referência a premissa de que a linguagem é a mediadora de toda a percepção humana, que deve produzir significados, o objetivo deste trabalho é analisar as marcas discursivas e dialógicas da charge “A hora do pesadelo” publicada no jornal Folha de S. Paulo no dia 16 de setembro de 2015 e da capa do filme “A hora do pesadelo” de 1984.O enfoque teórico-metodológico adotado para a análise da charge e da capa do filme baseia-se em Brait (2007), Dondis (2007) e na teoria de Bakhtin (2003) e seu Círculo, que postula que todo enunciado só pode ser compreendido no interior de um gênero. A análise mostra que os sentidos produzidos nos discursos observados levam as reflexões voltadas a uma leitura crítica que se materializa em diferentes gêneros discursivos, que estabelece relações dialógicas com o contexto sócio histórico, suscitando atitudes responsivas e reflexivas.
A linguagem verbo-visual na esfera publicitária: os efeitos de sentido nas campanhas da Coca-cola Eliana Vianna Brito Kozma (UBC) evbrito@uol.com.br O objetivo deste trabalho é analisar os anúncios verbo-visuais das campanhas publicitárias da Coca-cola a partir de um enfoque dialógico da linguagem. Partimos do princípio bakhtiniano de que o gênero discursivo anúncio publicitário apresenta-se como enunciado relativamente estável, cuja forma composicional e estilo possibilitam ao interlocutor compreender sua função comunicativa. No entanto, os anúncios que constituem as campanhas da Coca-cola fogem do lugar comum, o que possibilita diferentes atitudes responsivas por parte do público alvo. Como gênero da esfera publicitária, os anúncios da Coca-cola estabelecem uma relação dialógica com o contexto sócio-histórico imediato, sendo considerados como anúncios de oportunidade, pois se apoderam do discurso de um acontecimento com grande repercussão, seja na mídia local, regional ou nacional, para transformá-lo numa criação. Dessa forma, as campanhas deixam entrever, na materialidade linguística, um julgamento, um tom valorativo de sua equipe de produção, que procura atender aos interesses da empresa e do público-alvo. Os pressupostos teóricos que sustentam a análise estão calcados na teoria/análise dialógica da linguagem de Bakhtin e do Círculo, considerando a forma composicional e o estilo como categorias de análise dos anúncios bem como o tom avaliativo expresso na materialidade verbovisual do enunciado. Como objeto de análise, foram selecionadas as campanhas publicitárias da Coca-cola de 2007, 2010, 2012 e 2014, em diferentes veículos da mídia impressa e digital. Especificamente objetivamos analisar o modo pelo qual os recursos verbo-visuais – imagem, fotos, diagramação, cores – contribuem para a veiculação de efeitos de sentido multifacetados. Dessa forma, os anúncios da Coca-cola não se limitam a vender apenas os produtos, mas parecem revelar o compromisso social da empresa para com seu público consumidor. Trata-se, portanto, de uma arquitetura linguístico-discursiva que faz com que as campanhas da Coca-cola apresentem uma forma particularmente especial de vender seu produto, sem sequer anunciá-lo explicitamente.
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Resumos: Comunicações Coordenadas
LETRAMENTOS SOCIAIS, DISCURSO MIDIÁTICO, PROJETO ICONOGRÁFICO E IDENTIDADE: POSSIBILIDADES DE ANÁLISES SEMIÓTICAS DOS DISCURSOS Coordenadora: Eliane Aparecida Miqueletti (UFGD) elianemiq@gmail.com Resumo da mesa: Esta comunicação coordenada é permeada por reflexões teóricas e análise de dados em torno de eixos ligados à desigualdade e aos discursos midiáticos, políticos e escolares. Integra trabalhos, frutos de pesquisas de Doutorado, que têm como fundamentação teórica principal a Semiótica francesa, ou a Semiótica Russa aliada às leituras advindas da Educação, dos Estudos Culturais e da Linguística Aplicada, que complementaram o caráter interdisciplinar das investigações. Entre os objetivos dos trabalhos estão: a análise dos regimes de interação e a construção da identidade indígena a partir do olhar do não indígena no âmbito escolar, a caracterização do diálogo cultural que se instaura por meio de atividades sociais de letramento em comunidade indígena, a exploração da iconografia representativa sul-mato-grossense e a análise da escolha das diferentes linguagens na construção de obra literária e fílmica para marcar elos e confrontos entre os atores envolvidos nas narrativas. Em comum, pretendem apresentar reflexões em torno das marcas discursivas que revelam direcionamentos ideológicos.
Trabalhos dos Integrantes: Os discursos escolares na construção da identidade indígena Eliane Aparecida Miqueletti (UFGD) elianemiq@gmail.com A sociedade é alicerçada por discursos que revelam o modo como os sujeitos se relacionam. Nesse sentido, este trabalho apresenta considerações sobre a relação entre indígenas e não indígenas a partir dos discursos proferidos por professores e alunos do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de Dourados-MS. Nesse recorte, o objetivo principal é investigar os regimes de interação e a construção da identidade indígena a partir do olhar do não indígena no âmbito escolar. Os dados resultam de uma pesquisa qualitativa de tipo participativa, com discussões realizadas em processo de diagnóstico e de intervenção, a partir de abordagem de natureza etnográfica. A análise estará centrada em enunciados advindos de entrevistas com educadores, produções escritas e desenhos dos alunos, gravações e anotações de enunciados proferidos por esses sujeitos ao longo do processo de pesquisa. A base teórica principal é a semiótica francesa e, mais especificamente, as considerações da sociossemiótica, tendo como propósito pensar os sentidos construídos na vivência, considerando-se as condições de produção e a apreensão do sentido em ato, conceitos ligados à Educação, à Linguística Aplicada, aos Estudos Culturais complementam as discussões realizadas. O resultado da pesquisa aponta que frente aos novos espaços de atuação o ser indígena é colocado em questionamento, há tendência para sua segregação e/ou assimilação. A escola reitera o distanciamento do outro, alunos e professores emitem estereótipos do indígena marginalizado socialmente. Letramentos sociais na reserva indígena de Dourados/MS: características do diálogo cultural a partir da tradução em contexto complexo Paulo Gerson Stefanello (UFSCar) pgrstefanello_@hotmail.com A pesquisa em questão propõe caracterizar o diálogo cultural que se instaura por meio de atividades sociais de letramento (STREET, 1984; 2014) mediadas pela AJI - Ação de jovens indígenas - dentro da Reserva Indígena de Dourados/MS. Para este fim, o método de pesquisa participante (BRANDÃO, 1985; 2006) é adotado desde a etapa de observação da preparação dessas atividades até a escrita do relato etnográfico final, desenvolvido, assim, não a partir da univocidade do pesquisador em campo, mas deste em conjunto com as vozes dos jovens indígenas da comunidade local. A teoria da semiosfera (LOTMAN, 1996), difundida pelos postulados da semiótica de vertente russa, é creditada como imprescindível para a realização da pesquisa, no sentido de que viabiliza o delineamento de fronteiras e oferece mecanismos para a compreensão dos processos tradutórios que constroem os discursos ali circulantes e constituem o diálogo cultural em contexto de grande complexidade simbólico-social e cultural. A subjetivação da linguagem no projeto iconográfico de “Mato Grosso do Sul – Estado do Pantanal” Anailton de Souza Gama (DINTER UPM/UFMS) anailtongama@yahoo.com.br Procura-se estabelecer, de maneira prática, o percurso de uma teoria de texto: a Semiótica Narrativa e Discursiva, elaborada por Algirdas Julian Greimas, aplicando-a na análise da iconografia representativa sul-mato-grossense, buscando estabelecer uma construção de sentidos para os signos implantados no Estado de Mato Grosso do Sul a partir do Governo Popular de Zeca do PT, em 1998, relacionando esses signos ao processo de construção identitária sul-mato-grossense. Tomando como referência Barros (1990, 2003), Chevalier & Gheerbrant (2000), Lopes (1995) e Fiorin (2002), analisamos na iconografia representativa sul-matogrossense, através de algumas pistas de análise, possíveis levantamentos de campos lexicais e semânticos, da coerência narrativa e do percurso gerativo de sentido todo o processo narrativo/discursivo e figurativo da construção dos actantes e suas ações. 131
Resumos: Comunicações Coordenadas Verifica-se que a iconografia representativa nos remete a comportamentos, verdades, realidades, ideologias, enfim, aspectos que nos evidenciam modalizações desses sujeitos de estado no que tange ao ser e fazer que constituem a complexidade enunciativa, mesmo parcialmente observada, do objeto em questão. A construção de sentido no discurso de textos midiáticos Tania Regina Montanha Toledo Scoparo (UEL) taniascoparo@uol.com.br Este trabalho se propõe a construir o sentido no discurso de um fragmento da narrativa do romance de Raduan Nassar, e do filme homônimo Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, sob a luz da semiótica greimasiana para o verbal narrativizado e para a sequência fílmica transmutada, o sincretismo verbo-viso-plástico-sonoro. Objetiva, por meio do exame de um objeto-modal apreendido no contexto, atingir a forma do conteúdo na manifestação não verbal, demonstrando “o como” do sentido; de que modo o verbal fez-se valorizar num texto sincrético. Para isso, levantaremos questões sobre a adaptação: o texto literário, o texto fílmico, suas especificidades e a diversidade de códigos utilizados, levando em consideração os aspectos técnicos expressivos nas suas realizações: a linguagem das imagens, sons, movimentos, jogos de câmera, enquadramento, iluminação, música, e outros, para revelar os diferentes materiais de expressão e seus significados empregados pelo diretor na construção de uma obra cinematográfica tendo por base um texto literário. Na análise do fragmento das obras – literária e fílmica – mostraremos como, pelas diferentes linguagens, é possível marcar elos e confrontos entre os atores envolvidos nas narrativas. A nossa pesquisa sobre a análise semiótica de discursos de textos midiáticos contribuirá para a compreensão das especificidades que fazem parte da dinâmica dos campos de cada linguagem. Somente através da reflexão teórica poder-se-á compreender o mundo das palavras e das imagens. Estudos sobre os discursos da mídia podem mostrar como é importante reconhecer nos veículos de comunicação a sua contribuição na formação das pessoas.
DISCURSOS HEGEMÔNICOS E SENTIDOS ESTABILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA Coordenadora: Eliane Righi de Andrade (PUC-Campinas) elianerighi@terra.com.br Resumo da Mesa: O que torna certos discursos mais legítimos do que outros? Em que regimes de verdade o sujeito se inscreve ou tem de se inscrever para ter o seu dizer validado, dentro das condições de produção dos discursos? Partimos, pois, nesta sessão de comunicações coordenadas, de um olhar discursivo da linguagem, que a coloca na articulação língua e história, buscando problematizar e refletir, em diferentes campos discursivos, como se dá a construção social de sentidos e sua disseminação, fazendo com que certas interpretações prevaleçam, tornando-se, muitas vezes, verdades inquestionáveis. Dessa forma, a proposta desta mesa é colocar em discussão a “desejada” invisibilidade de algumas formações discursivas, a imposição de outras, dentro de discursos que circulam na escola, na literatura, na mídia, na política, a fim de entender de que modo as relações de poder-saber que enredam os discursos e os sujeitos delimitam a construção das significações e constituem os processos de organização dos arquivos sociais e da memória, de modo a entender os processos identitários que engendram o sujeito contemporâneo. Assim, tomamos enunciados que constituem o corpus de cada pesquisador para entender a produção de sentidos marcada pelo tempoespaço, pelas condições histórico-sociais, pelas relações de poder, pelas formações discursivas dominantes e dominadas - as quais remetem igualmente a grupos sociais hegemônicos ou não – e a construção do imaginário social, as quais sugerem a presença, ainda, de representações dicotômicas e antagônicas da modernidade e que precisam, dessa forma, serem desconstruídas em seu discurso totalizador. Trabalhos dos Integrantes: A apropriação do discurso político pela mídia: efeitos de sentido que podem se tornar hegemônicos Eliane Righi de Andrade (PUC-Campinas) elianerighi@terra.com.br Partindo dos estudos do discurso, nossa proposta nesta comunicação é discutir o papel que a mídia exerce na disseminação de sentidos referentes a enunciados tomados do discurso político, sentidos esses que podem se tornar “únicos”, estabilizados, se considerarmos a hegemonia do discurso midiático em produzir regimes de verdade. Segundo Charaudeau (2013) o discurso político propicia o que ele chama de “jogo de máscaras”, já que ele é um espaço de sedução e de persuasão, o que o remete a certa identificação com os discursos midiático e publicitário, já que, muitas vezes, neles “a palavra diz e não diz”, ainda que a linguagem seja sempre um lugar de não transparência. A esses enunciados que circulam socialmente podem ser atribuídas interpretações hegemônicas que constroem efeitos na memória discursiva do sujeito e do corpo social, indicando as relações de poder que atravessam os campos discursivos e que afetam a constituição do sujeito e de suas representações. Por outro lado, pensamos na história como elemento fundador das interpretações e, uma vez que os enunciados são tomados de outros espaços/tempos enunciativos, sob novas condições de produção, estão sujeitos a gestos de interpretação que não se pode controlar. Dessa forma, entendemos que esses processos de ressignificação são também novas formas de acesso aos arquivos de memória e produzirão efeitos na constituição da identidade do sujeito na contemporaneidade. Como referências teóricas, entre outras, trazemos os estudos do discurso de Foucault (2004) e Pêcheux (1990; 1997); os estudos sobre memória e arquivo de Derrida (2001; 2004) e Candau (2011); o discurso das mídias, de Charaudeau (2006), e o estudo do discurso político de Charaudeau (2013) e Courtine (2009). 132
Resumos: Comunicações Coordenadas As comunidades facebookianas como dispositivos disciplinares de professores e alunos Maria de Fátima Silva Amarante (PUC-Campinas) fatimaamarante@uol.com.br Postagens publicadas por professores e alunos em redes sociais, em especial em páginas de comunidades, têm sido objeto de nossa atenção, com o objetivo de refletir sobre representações de comunidades de aprendizagem de línguas e de seus atores educacionais e sobre os processos identitários que emergem dos processos de objetificação e de subjetivação constituídos por e constituintes de relações de poder/saber que se estabelecem no/pelo discurso midiático-digital. Pensar o imbricamento entre identidade e memória na constituição identitária dos sujeitos educacionais, de nosso ponto de vista, pode contribuir para o entendimento das implicações das práticas identitárias para a formação de gestores educacionais e professores e para a capacitação de professores em serviço. Assim, tomando uma perspectiva discursivo-desconstrutivista para a Análise do Discurso, examinamos postagens publicadas na rede social Facebook entre 2010 e 2015. A fundamentação teórico-metodológica se pauta nos estudos foucaultianos acerca de poder e subjetividade e na proposta de Ferreira (2008), no sentido de considerar a estrutura rizomática de Deleuze & Guatarri como um método para analisar o discurso das redes. Emprestamos, ainda, de Derrida, reflexões acerca de memória e de Lipovetzky & Seroy, considerações sobre os processos de estetização que constituem a contemporaneidade. Portanto, inseridos na perspectiva foucaultiana de que a linguagem é prática social, é ação sobre outros (Foucault, 1980), partimos da expectativa de que as comunidades facebookianas podem se revelar como dispositivos disciplinares bem ao gosto da sociedade de consumo contemporânea em que imperam processos antropofágicos e autofágicos. Em decorrência, preocupamo-nos com os “profundos” regimes de discurso/prática, ou saber/poder, que permitem que afirmações tais como “o sujeito contemporâneo é um hiperindivíduo” ou “o caminho é desenvolver uma cultura de solidariedade” sejam legitimadas como verdades. Tal legitimação, com certeza, leva-nos a pensar que as comunidades podem se caracterizar como pseudo-desterritorializações dos grupos formais ou dos grupos de amigos e, assim, nelas encontramos representações estabilizadas dos sujeitos e, consequentemente, relações de poder-saber simétricas (no sentido foucaultiano), que, contraditoriamente, conciliam hiperindividualidade e solidariedade, por meio de sua reconceituação. O que se sobressai da análise é a constituição de um sujeito hedonista que se nos apresenta em processos antropofágicos e autofágicos que se materializam, por exemplo, na recorrência à auto-referenciação e referenciação em ilustrações imagéticas e digitais e no exacerbado recurso à narrativa de si com efeito de sentido de atendimento a uma demanda hipertrofiada estetizante de um hiper Narciso que, estrategicamente, constrói-se como um irresistível Don Juan.
Reinventando Mário de Andrade: arquivo e recepção crítica Ricardo Gaiotto de Moraes (PUC-Campinas) rgaiotto@gmail.com A autobiografia, forma narrativa que empresta uma identidade ao sujeito, está presente na contemporaneidade não apenas na biografia dos avatares criados nas redes sociais, mas se materializa também no “pacto biográfico” (LEJEUNE, 2008) da literatura contemporânea e na crítica literária que se preocupa ora em desconstruir as mitificações em torno deste ou daquele escritor, ora em construir chaves interpretativas surpreendentes a partir de novas achegas biográficas e/ou teóricas. Portanto, o dado biográfico explícito continua como elemento importante tanto na produção quanto na recepção dos textos literários. Em nosso país, um dos temas mais revisitados pela crítica acadêmica e jornalística nos últimos anos tem sido o modernismo brasileiro de 1922 e figuras relacionadas a ele como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Paulo Prado e Sérgio Buarque de Holanda. O objetivo desta comunicação é analisar como o acesso ao arquivo pessoal de um escritor como Mário de Andrade, possibilitando desvendamento de informações da vida privada antes inéditas e também das marcas materiais deixadas no processo de criação literária, tem sido produtivo para a escrita de revisões críticas, cuja montagem é atravessada por novas abordagens teóricas, pelos jogos de poder e contingências do campo da literatura e da cultura e pelas tensões ideológicas que permeiam os vários discursos na sociedade. O ponto de partida teórico serão estudos que relacionam recepção de textos literários e estudos culturais como Frow (1997; 2014), Bordieu (1996) e Said (1975), que analisam criticamente o modernismo brasileiro, Faria (2006), Meira Monteiro (2012), Moreschi (2013), Prado (2015), e que estudam as (re)organizações de arquivos de escritores, Grésillon (2007), Miranda (1995), Moraes (2007).
Falácias contemporâneas: o discurso e a práxis na utilização de tecnologias por professores de inglês na educação pública Eliane Fernandes Azzari (UNICAMP) elianeazzari@terra.com.br Dentre os discursos contemporaneamente legitimados no âmbito educacional, circulam aqueles que advogam a inserção iminente de Tecnologias de Comunicação e Informação Digitais (TICDs) nos fazeres de professores na escola pública. Tais discursos, de caráter hegemônico, neoliberalista e naturalizante, materializam-se, por exemplo, em materiais didáticos abalizados por órgãos públicos competentes e em enunciados de editais para a seleção desses e/ou outros recursos pedagógicos (AZZARI, 2015). Grosso modo, predominam olhares cartesianamente orientados que tendem a tratar as TICDs como objetos autônomos que poderiam revolucionar (e sanar) reconhecidas carências na educação – neste estudo interesso-me, especificamente, pela educação linguística em inglês. Conquanto a presença das TICDs tenha, de fato, alterado a maneira como são produzidos, propagados e acessados os conhecimentos na sociedade atual (GEE; HAYES, 2001), sua inserção nas práticas e rotinas de professores ainda demanda estudo e discussão (SELWYN, 2014) a fim de que não se torne apenas fruto da apropriação de “discursos autoritários” e de repetição, mas que, eventualmente – e contextualmente localizados em tempos-espaços escolarizados –, possam se tornar discursos “internamente persuasivos” (BAKHTIN, [1992]2011) e, portanto, (re) construtores de sentidos. Nessa direção, 133
Resumos: Comunicações Coordenadas investigo por meio de Pesquisa-ação Participativa (REASON; BRADBURY, 2008), as implicações da apropriação de tais discursos e sua práxis na rotina de dois professores de inglês atuando na rede estadual pública paulista. A pesquisa, financiada pelo CNPq, espera poder contribuir para a discussão supramencionada de forma a (re)pensar a interface entre os discursos socialmente validados em relação ao papel das TICDs e as práticas pedagógicas, bem como suas relações para a formação inicial e continuada de professores de inglês para a educação básica.
ANÁLISE DO DISCURSO ECOLÓGICA (ADE) -HORIZONTES TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E ANALÍTICOS Coordenadora: Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) kiokoelza@gmail.com Resumo da Mesa: O objetivo desta sessão de comunicações coordenadas é apresentar a fundamentação epistemológica da novel Análise do Discurso Ecológica (ADE) e algumas de suas aplicações a casos concretos, avançando um pouco a proposta da Análise do Discurso Positiva, de James Martin. A ADE está emergindo no âmbito da Ecolinguística, mais especificamente da Linguística Ecossistêmica. Ela veio para complementar as análises do discurso já existentes, tanto a versão francesa quanto a inglesa, dando maior prioridade a uma defesa da vida e a uma luta contra o sofrimento por parte dos seres vivos, entre os quais se incluem os humanos. As questões ideológicas e de poder são subordinadas às duas. Ao analisar um discurso sobre uma mulher maltratada pelo marido, a ADE parte do sofrimento dela, não da ideologia machista e patriarcal, que existem e devem ser combatidas, mas à la Gandhi. O mesmo princípio vale para qualquer tipo de sofrimento, ou seja, o natural (espancamentos, assassinatos), o mental (tortura mental) e o social (exposição ao ridículo, difamação etc.), e não só dos humanos, pois se combate o antropocentrismo. Em todos os casos de sofrimento, a análise começa pelo lado do sofrimento, chegando até as ideologias e relações de poder, não o contrário. Essa postura é parte da ecoideologia da ADE, influenciada que é pela Ecologia Profunda de Arne Naess, pelo taoísmo e pelo exemplo de vida de Mahatma Gandhi. Trabalhos dos Integrantes: Fundamentação epistemológica da análise do discurso ecológica (ADE) Hildo Honório do Couto (UNB-NELIM) hiho@unb.br O principal objetivo desta comunicação é apresentar, em linhas gerais, a fundamentação teórica da Análise do Discurso Ecológica (ADE). Ela emergiu no contexto da versão da Ecolinguística chamada Linguísitica Ecossistêmica (LE), da qual é uma parte. Por esse motivo, todas as categorias linguístico-ecossistêmicas são também catetorias da ADE. Essas categorias são de cunho ecológico, em que se incluem todas as categorias da Ecologia. O que a ADE tem de específico é a maneira de tratar os discursos sob análise. Em vez de partir de ideologias (marxista, p. ex.) e relações de poder para chegar a questões como sofrimento, ela parte do sofrimento, lutando contra ele e defendendo com denodo a vida, de humanos e não humanos, até chegar às ideologias e relações de poder. Entre as categorias ecológicas que a ADE usa estão o holismo (considerar todos os lados da questão, não apenas o que interessa), o começar pelas releções harmônicas (não pelas desarmônicas, conflitos), a diversidade (de todos tipos), a evolução (a vida é dinâmica, tudo está sempre mudando) e muitas outras. A ADE foi influenciada pela Análise do Discurso Positiva de James Martin, pela Ecologia Profunda de Arne Naess, pelo taoísmo e pelo exemplo de vida de Gandhi. Seguindo a proposta de Naess, ela é prescritiva, no sentido de recomendar atitudes que preservem a vida e evitem o sofrimento desnecessário. Dois exemplos que serão discutidos são o da mulher que é espancada pelo marido (às vezes até assassinada) e o do infanticídio entre alguns grupos ameríndios. No primeiro caso, o praticante de ADE defende a mulher não por ser mulher, mas um ser que está sofrendo, fazendo do homem um igual dela, não superior. No segundo, defende a manutenção da vida da criança mesmo que o sacrifício faça parte dos costumes tradicionais do grupo. Afinal, tradição se altera ao longo do tempo, mas a morte é irreversível. A vida vem sempre em primeiro lugar. Isso tem muitas implicações, algumas das quais serão discutidas em detalhe. Desigualdade social nas vozes do rap de Ceilândia: representações da experiência nas inter-relações do ecossistema social da língua Alessandro Borges Tatagiba (INEP-UNB) alessandro.borges.tatagiba@gmail.com Esta comunicação tem por objetivo analisar, a propósito das desigualdades sociais, as representações da experiência nas interrelações do Ecossistema Social da Língua. O aporte teórico da pesquisa baseou-se na análise do discurso ecológica da linguística ecossistêmica, combinadas com as ideias de Bakhtin, Fairclough, Halliday e Mathiessen, além de minhas próprias reflexões. De acordo com a linguística ecossistêmica, a população de organismos é o povo (P), o meio ambiente (físico) é o território (T) e as interações são a língua (L); tudo baseado numa visão ecológica de mundo (VEM). Nessa perspectiva ecossistêmica e ampla em que as desigualdades sociais podem ocorrer numa mútua relação entre prática discursiva e social segundo Fairclough, constituem o corpus desta análise textos de composições artísticas do gênero Ritmo e Poesia (RAP) de Saphira e Dj Jamaika, cujas abordagens referem-se à cidade de Ceilândia, localizada em uma das Regiões Administrativas do Distrito Federal. A metodologia de abordagem qualitativa interpretativista inclui, entre os procedimentos de pesquisa, a coleta de documentos disponíveis no Ecossistema Virtual. Em relação aos cuidados éticos, procedeu-se previamente à coleta da autorização dos compositores e 134
Resumos: Comunicações Coordenadas artistas. A análise de como os atores sociais representam a desigualdade social utiliza os procedimentos de categorização do sistema ideacional de base hallidayana para buscar responder à questão-problema levantada para esta análise: como os participantes representam a experiência sobre as desigualdades em composições de RAP, considerando as inter-relações do Ecossistema Social da Língua? Os resultados preliminares sugerem a reiteração de estilos culturais voltados para conceitos ecossistêmicos como o da comunhão voltados para a valorização da cultura da paz.
Discursos sobre diversidade e desigualdade social na fronteira entre Brasil e República Cooperativa da Guiana Mabel Pettersen Prudente (UFG-NELIM) m.prudente@uol.com.br As fronteiras são regiões geográficas que podem ser consideradas distintas das demais, sobretudo pelo fato de que nelas as interações regionais, nacionais e internacionais fazem parte do cotidiano das pessoas, favorecendo o contato social, linguístico e cultural entre os diversos grupos de indivíduos que compõem o mosaico local. Conflitos advindos deste contato moldam as relações sociais na fronteira, especialmente a desigualdade social a exemplo da região onde estão localizadas as cidades de Bonfim e Lethem na fronteira do Estado de Roraima com a República Cooperativa da Guiana. Esta é uma região caracterizada pelo baixo nível desenvolvimento, onde os guianenses percebem o Brasil como um país que deu certo em oposição à situação de fragilidade econômica e política apresentada pela Guiana. Ao lado desta percepção, há também o reconhecimento das injustiças sociais e da violência praticadas no Brasil. Assim, a população da região formada por guianenses, brasileiros, macuxis, wapichanas, venezuelanos, imigrantes chineses, entre outros, se encontram em uma teia complexa de relações assimétricas de poder, assegurando um contexto permeado pelas desigualdades sociais. Para compreender como estas desigualdades são construídas e mantidas, os dados foram gerados nos discursos produzidos pelos indivíduos dos diversos grupos que compõem a faixa fronteiriça compreendida entre Bonfim e Lethem. Estes dados são descritos e analisados de acordo com os pressupostos teóricos e metodológicos da análise do discurso ecológica (ADE) com o objetivo de compreender como as diferenças linguísticas e culturais estão relacionadas às desigualdades sociais da região. Uma leitura eco-discursiva da identidade caipira na música “Nois é jeca mais é joia” e a formação da identidade do povo goiano (goianidade) Samuel de Sousa Silva (UFG-NELIM) samueleraquel@hotmail.com A linguagem “caipira” do povo goiano foi e é estigmatizada devido ao processo histórico do êxodo rural que valorizou a cultura urbana em detrimento da cultura rural a fim de conseguir trabalhadores para as cidades. O processo de escolarização que implementou como língua padrão a língua escrita da elite dominante, estigmatizando as variedades com raízes na oralidade e nos regionalismos. O objetivo desta comunicação é mostrar como essa estigmatização permanece na estrutura da língua, mas, ao mesmo tempo, como se constrói um discurso de resistência a essa estigmatização mediante o uso artístico dessa linguagem em musicas como “Nois é jeca mais é joia”. A partir do conceito ecolinguístico de Ecossistema Fundamental da Língua, veremos como a identidade de uma determinada comunidade linguística (o povo caipira goiano) é reforçada e defendida por meio da estigmatização da linguagem caipira que permanece na língua por meio de certos vocábulos pejorativos e a valorização de determinadas características desse povo que são consideradas pejorativas no uso hodierno da língua, mas que são assumidas como qualidades essenciais da identidade goiana. Também verificaremos a partir das condições de produção do vocábulo “caipira” a representação da desigualdade na e pela linguagem e os modos pelos quais as lutas se estabelecem pelas identidades sociais que constituem o sujeito. Essa análise, portanto, relaciona a ecolinguística e a análise do discurso, assim como os conceitos de ecossistema, condições de produção, relações de poder e identidade. Mais especificamente, essa análise se coloca no interior da nova heurística Análise do discurso ecológica, que é um paradigma transdisciplinar que parte da Ecologia.
ANÁLISE DO DISCURSO ECOLÓGICA (ADE) -HORIZONTES TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E ANALÍTICOS Coordenadora: Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) kiokoelza@gmail.com Resumo da mesa: O objetivo desta sessão de comunicações coordenadas é apresentar a fundamentação epistemológica da novel Análise do Discurso Ecológica (ADE) e algumas de suas aplicações a casos concretos, avançando um pouco a proposta da Análise do Discurso Positiva, de James Martin. A ADE está emergindo no âmbito da Ecolinguística, mais especificamente da Linguística Ecossistêmica. Ela veio para complementar as análises do discurso já existentes, tanto a versão francesa quanto a inglesa, dando maior prioridade a uma defesa da vida e a uma luta contra o sofrimento por parte dos seres vivos, entre os quais se incluem os humanos. As questões ideológicas e de poder são subordinadas às duas. Ao analisar um discurso sobre uma mulher maltratada pelo marido, a ADE parte do sofrimento dela, não da ideologia machista e patriarcal, que existem e devem ser combatidas, mas à la Gandhi. O mesmo princípio vale para qualquer tipo de sofrimento, ou seja, o natural (espancamentos, assassinatos), o mental (tortura mental) e o social (exposição ao ridículo, difamação etc.), e não só dos humanos, pois se combate o antropocentrismo. Em todos os casos de sofrimento, a análise começa pelo lado do sofrimento, chegando até as ideologias e relações de poder, não 135
Resumos: Comunicações Coordenadas o contrário. Essa postura é parte da ecoideologia da ADE, influenciada que é pela Ecologia Profunda de Arne Naess, pelo taoísmo e pelo exemplo de vida de Mahatma Gandhi. Trabalhos dos Integrantes: Narrativa da desigualdade: arquitetura da pobreza Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) kiokoelza@gmail.com Antônio Busnardo Filho (FIAM/FAMM) antbusnardo@gmail.com Desigualdade, antes de ser um assunto acadêmico e objeto de pesquisa, é uma questão social cotidiana, que diferencia os homens Ela é bem vista quando gera a diversidade e, consequentemente, a diversidade cultural. Pensar uma igualdade cultural seria definir para os homens um único padrão de comportamento, como se a aquisição de conhecimento estabelecesse o mesmo nível de cultura a todos, o que limitaria o desenvolvimento humano. No entanto, se pensarmos a desigualdade como a distância dos indivíduos de seus direitos básicos, criamos a segregação e a exclusão. No espaço urbano, no uso e ocupação do solo, esta segregação é amplamente perceptível, uma vez que os cidadãos com menores rendas são empurrados para locais mais distantes das áreas urbanas consolidadas e dos centros urbanos, e até de seus empregos. Os documentos governamentais relativos à diminuição do déficit de moradia instituem um discurso que incorpora uma designação da desigualdade social, Habitação de Interesse Social. A moradia é direito de qualquer pessoa, para trabalho e descanso, portanto, é um interesse social. Há também uma diferenciação estética na produção destas moradias, que por serem para pessoas com renda de até três salários mínimos, tem uma limitação nos gastos de projetos, por serem considerados de alto o seu custo social. Esta denominação caracteriza uma arquitetura da pobreza na questão social, pela localização urbana e pela estética e barateamento da construção. Com isto podemos pensar o discurso oficial – instituído - como gerador de segregação social e de definição de arquitetura e de urbanidades e, provavelmente, como criador da relação entre linguagem, meio e indivíduo – o discurso como criador de espacialidades, como na epistemologia da Análise do Discurso Ecológica. Autorreferencilidade midiática: imagem, imaginário Lutiana Casaroli (UFG-NELIM) lutiana.rp@gmail.com Nosso objetivo nessa comunicação é compreender a autorreferencialidade midiática à luz da Análise do Discurso Ecológica, aplicada ao discurso do jornal “O Popular”, usando uma metodologia bibliográfica e documental. A base teórica são os pressupostos da Análise do Discurso Ecológica, especialmente como exposta em Couto (2012, 2015). A partir dessa investigação, pretendemos chegar a algumas considerações acerca do modo como se dá o processo de constituição dos enunciados autorreferentes publicados pela organização midiática “O Popular” e como eles interferem na imagem pública dessa organização mediante o estabelecimento de um estado de comunhão entre organização e públicos, em prol da igualdade social. Partimos do pressuposto de que a autorreferencialidade é construída com base na ecologia da interação comunicativa, por isso a relevância em estudá-la a partir do quadro da Análise do Discurso Ecológica. O problema que norteia essa reflexão parte da seguinte perspectiva: o discurso autorreferencial midiático seria uma tentativa de estabilizar o ecossistema sobre o qual trata por meio de mudanças na linguagem e nas práticas enunciativas? Tais mudanças poderiam ser imputáveis à modificação das relações que regem a economia simbólica de um ecossistema, em busca da adaptação e evolução em tempos de midiatização, de visibilidade e de interação? Esse fenômeno linguístico colabora no combate à desigualdade social? Nesse sentido, acreditamos que a autorreferencialidade constituída a partir da ecologia da interação comunicativa provoca mudanças na linguagem e nas práticas enunciativas do discurso das mídias, aqui associadas à modificação das relações que regem a economia simbólica de um ecossistema, em busca principalmente da adaptação, em tempos de midiatização, numa espécie de busca pelo controle das desigualdades. O estupro nosso de cada dia: discursos sobre a violência contra a mulher na sociedade de riscos Lorena Araújo de Oliveira Borges (UNB) lorena.aoborges@gmail.com Esse trabalho tem o objetivo problematizar a práticas sociodiscursivas que constituem o estupro à luz da noção de sociedade de riscos desenvolvida por Beck (1992) e Giddens (1992; 1999). Ainda que os autores classifiquem os riscos da sociedade contemporânea como essencialmente ecológicos, nucleares, biológicos, químicos, econômicos e políticos, consequências dos avanços tecno-científicos advindos da sociedade industrial, pretende-se, aqui, contribuir para a concepção de riscos sociais, decorrentes da complexificação das relações estabelecidas entre os indivíduos. Conforme Giddens (1992) aponta, o risco surge a partir de uma projeção para o futuro, demandando um processo social de reconhecimento e legitimação, naturalizando a convivência com o risco e suas consequências. Ultrapassa, nesse sentido, questões estritamente tecno-científicas. Trata-se de um evento cultural que remete para além da condição social do indivíduo, transpõe fronteiras nacionais, mas também sociais, como a noção classe social. Nesse sentido, o estupro, ele mesmo, constitui-se como um risco, uma vez que se estabelece como um perigo naturalizado que ameaça a todas as mulheres, independentemente de sua classe social, orientação sexual, etnia etc. Para corroborarmos essa perspectiva, analisamos, à luz dos estudos ecofeministas (HOLLAND-CUNZ, 1994;) e da Análise de Discurso Ecológica (COUTO et al, 2015), alguns discursos colocados em circulação sobre o estupro com o objetivo de elucidar os aparatos linguísticos que são mobilizados para construir essa prática como um risco a ser prevenido e não uma violência a ser punida. 136
Resumos: Comunicações Coordenadas
Empoderamento feminino na capoeira angola em Goiânia da perspectiva da análise do discurso ecológica Zilda Dourado Pinheiro (UFG-NELIM) zildadourado18@gmail.com A capoeira angola chegou em Goiânia na década de 1980. No começo ela era praticada apenas por homens, discriminando as mulheres. Estas só começaram a participar no final de década de 1990 e início da década de 2000. Desde então, existem muitas discussões realizadas pelas angoleiras sobre o papel da mulher na capoeira. Esta comunicação pretende contribuir com a discussão no sentido da responsabilidade de buscar uma harmonia entre homens e mulheres dentro da prática de capoeira. Vale dizer, na atualidade praticamente não há mais a discriminação contra a mulher como havia no início. É essa mudança de comportamento que a presente comunicação pretende discutir usando o arcabouço teórico da Análise do Discurso Ecológica aplicado a um relato de uma das angoleiras mais antigas do grupo.
DISCURSOS EM TENSÃO: DESIGUALDADES SOCIAIS E IDENTIDADES ENTRELAÇADAS EM CENAS PLURAIS E CULTURAS HETEROGÊNEAS Coordenador: Ernani Cesar de Freitas (UPF/FEEVALE ) nanicesar@terra.com.br Resumo da Mesa: A língua, como sistema interpretante por excelência, carrega a heterogeneidade cultural e identitária de diferentes grupos. A força de uma sociedade consolida culturas, modifica saberes e garante a circulação de fórmulas e discursos que, por meio da língua, refletem a história de grupos marcada pelas desigualdades. Esta proposta reúne pesquisas dedicadas à analise de discursos provenientes de grupos sociais, os quais revelam em sua constituição a subjetividade de um enunciador cujo tom denuncia a desvalorização de indivíduos marginalizados. O objetivo deste trabalho visa à análise, mediante o viés enunciativo-discursivo, de discursos que integram a diversidade cultural de grupos socialmente marginalizados. O marco teórico comum deste estudo inscreve-se na perspectiva enunciativo-discursiva, mais especificamente em Bakhtin (2002, 2015) e Maingueneau (1984/2008, 1997, 2014); nas contribuições sobre linguagem e trabalho (SCHWARTZ; DURRIVE (2007); e nos estudos de cultura e identidade (BOURDIEU, 1996; DAMATTA, 1997; HALL, 2011). Os corpora de pesquisa têm ênfase no processo de construção de identidades que passa, inevitavelmente, pelas práticas de significação, entre as quais aquelas ligadas às esferas midiáticas, como jornais, revistas, campanhas publicitárias, documentários, vídeos na internet, meios que oferecem amplo material de análise. Particularizam-se composições da música popular brasileira, de filmes e reality shows exclusivamente dedicados ao universo drag queen e da relação de alteridade, Brasil-Imigrante, evidenciada em discursos sobre refugiados, a partir do enfoque do mundo do trabalho. A análise empreendida destaca a linguagem como elemento crucial para a construção de sentidos e de identidades, relacionando aspectos também ligados à cultura e à identidade que revelam, nos discursos, cenografias e ethos que contribuem para a construção do sentido cujo valor social só se consolida pelo conflito entre história e contemporaneidade. Resulta, então, que é pela leitura enunciativa que se pode vislumbrar o esforço pela sobrevivência e validação de identidades quase apagadas e silenciadas em sua história.
Trabalho dos Integrantes: Identidades de gênero nas práticas discursivas da mídia publicitária Vera Lúcia Pires (UFSM/UCPEL) pires.veralu@gmail.com Os estudos culturais trouxeram para a área das Humanidades um número crescente de abordagens que levam em consideração o poder constitutivo dos discursos, das representações sociais e das práticas semióticas em geral nas atividades que constituem a sociedade. Isso implica considerar identidades e subjetividades não como algo interior ou inerente ao sujeito, mas como parte dos processos relacionais e das práticas sociais em que os indivíduos estão inseridos diariamente. O presente estudo aborda o conceito de identidade, relacionando-o com os de linguagem e de cultura. Exemplifica a relação entre esses conceitos, a partir da discussão sobre desigualdades sociais e identidades de gênero em práticas discursivas, bem como da análise de recortes midiáticos produzidos e veiculados no sul do Brasil. Linguagem e identidade são indissociáveis: esta é um produto dos contextos sociais, históricos e políticos. A sociedade constrói discursos e representações sobre si mesma a partir da interação dos sujeitos em contextos sociais específicos. Tais construções fazem com que as relações que se estabelecem entre práticas discursivas, processos identitários e atividades sociais sejam analisadas nas dimensões de uso e recepção em diferentes comunidades de fala. Linguagem e sociedade constituem-se em relação dialética, e como consequência, o processo de construção de identidades passa, inevitavelmente, pelas práticas de significação, entre as quais aquelas ligadas às esferas midiáticas, como jornais, revistas, campanhas publicitárias, documentários, vídeos na internet, meios que oferecem amplo material de análise. Apoiando-nos, também, na perspectiva enunciativo-discursiva-dialógica de M. Bakhtin e seu Círculo, que reconhecem a linguagem como elemento crucial para a construção de sentidos e de identidades, relacionaremos aspectos ligados à linguagem, à cultura e à identidade, articulando por meio das práticas discursivas da comunicação midiática em uma abordagem interdisciplinar, gênero social, cultura e gêneros discursivos. 137
Resumos: Comunicações Coordenadas A voz da desigualdade social: por uma identidade enunciativa da música popular brasileira Débora Facin (UPF/CAPES) deborafacin@hotmail.com Sob o tema desigualdade, identidades, pluralismos e culturas, este estudo teve como objetivo construir uma unidade teóricometodológica a partir de alguns conceitos mobilizados na obra de Dominique Maingueneau (1984/2008, 1997), mais especificamente as noções de semântica global, interdiscurso e cenografia, para analisar as letras das músicas Fora de Ordem e Podres Poderes, composições de Caetano Veloso que, analisadas sob o prisma de um sistema de restrições semânticas, possibilitam falar em identidade enunciativa da Música Popular Brasileira. Diferentemente das peculiaridades da Bossa Nova – representada pela classe média alta do Rio de Janeiro –, cujas composições eram marcadas pelo canto-falado, pela calmaria de uma “Garota de Ipanema”, Fora de Ordem e Podres Poderes parecem representar uma regularidade semântica a qual aponta para uma cenografia comum: a desordem, o caos, a denúncia. Olhar para a materialidade, conforme Maingueneau (1984/2008, 1997), significa não apenas desvendar um sentido único, mas um dos sentidos presentes no discurso e, sobremaneira, a circulação e eficácia dos textos. Em termos metodológicos, os procedimentos organizam-se a partir da construção de cenografias presentes na materialidade discursiva, da identificação de sintagmas que não se limitam ao aspecto formal da língua, mas contemplam em sua significação toda uma história e adquirem um sentido novo quando atualizados numa instância de discurso. O exercício de análise das composições de Caetano Veloso permitiu compreender que o gênero música, enquanto manifestação artística, tem muito a revelar em termos de uma comunidade que partilha de uma mesma identidade discursiva. Uma identidade que se consolidou no espaço brasileiro por meio da história e da cultura inscritas na linguagem.
O gênero como performance discursiva: uma análise do fenômeno drag queen Raquel Aparecida Cesar da Silva (UPF/CAPES) raquelcesar77@gmail.com Esta pesquisa constitui um estudo do fenômeno drag queen à luz de teorias discursivas e sociológicas capazes de melhor situá-lo, em termos de importância e visibilidade, dentro do contexto sócio-histórico e cultural da atualidade, no que diz respeito, em especial, às desigualdades sociais. Para tanto, faz-se uso das concepções de Dominique Maingueneau (1997, 2008, 2014) acerca da cenografia e do ethos discursivo, assim como do conceito de performatividade do gênero, concebido por Judith Butler (2007, 2011), como suporte teórico para a análise do corpus delimitado. Os procedimentos metodológicos consistem na identificação e análise da cenografia imposta por artistas que personificam mulheres, no sentido de evidenciar as diferenças e semelhanças entre o discurso convencionalmente considerado como feminino e a cena enunciativa estabelecida numa performance in drag. É importante ressaltar que o corpus de investigação deste trabalho foi delimitado a partir da existência real de artistas que – via de regra – encontram na personificação de mulheres uma forma de sustento e de inserção social. Entretanto, compreende-se que um trabalho de natureza científica demanda um nível de materialidade mínimo no qual se possa apoiar os procedimentos de análise. Assim, neste estudo adota-se como corpus o documentário Paris is Burning e o reality show Rupaul’s Drag Race, produções estadunidenses exclusivamente dedicadas ao universo do transformismo. A cena drag queen possui suas próprias referências, seus próprios termos e, consequentemente, seu próprio discurso, e a hipótese levantada neste artigo é a de que, por ser performativo, o gênero é, também, necessariamente, discursivo. Os artistas que envergam trajes femininos impõem uma cenografia e definem um ethos que, por sua vez, é capturado na fronteira entre o que pode ser compreendido como parte da realidade biológica e social de um sujeito e aquilo que é produzido por meio de sua performance. É desta ambiguidade intrínseca que se origina o fenômeno aqui estudado.
Refugiados e desigualdade no trabalho: entre o prescrito e o real, o (des)vínculo da alteridade Gislene Feiten Haubrich (FEEVALE/CAPES) gisleneh@gmail.com A temática dos novos fluxos migratórios vem recebendo destaque internacional mediante o volume de povos que têm se deslocado em busca de melhores condições de vida. Até julho/15, o Brasil abrigava 1.847.274 imigrantes regulares, o que representa 0,9% da população do país. Ressalta-se, ainda, que mais 57% dos sujeitos que ingressaram neste país, no primeiro semestre de 2015, têm concluído, no mínimo, o ensino superior. As condições prestadas pelo “homem cordial” àqueles que buscam oportunidades no “país do futebol” é, então, questão inevitável. Com base nesses aspectos, este estudo visa compreender a relação de alteridade, Brasil-Imigrante, evidenciada em discursos sobre refugiados, a partir do enfoque do mundo do trabalho. O marco teórico se constitui de uma breve reflexão sobre a cultura brasileira (HOLANDA, 1995; DAMATTA, 1997) em confluência com a noção ergológica de atividade (SCHWARTZ; DURRIVE, 2007) e culmina com a reflexão sobre dialogismo e alteridade (BAKHTIN, 2002; 2015). Este é um estudo de natureza aplicada, exploratório e descritivo quanto à apresentação dos resultados e qualitativo na análise. A coleta de dados é estruturada mediante as pesquisas bibliográfica e documental. A organização dos dados será sustentada pelo mapa de associação de ideias, partindo de categorias oriundas da relação teoria e objeto empírico. Como corpora, elencam-se: duas cartilhas publicadas em 2015 pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), denominadas “Direitos trabalhistas para refugiados no Brasil” e “Trabalhando com Refugiados”, além de três matérias do Portal G1 que retratam a situação do migrante Moussa, cujo caso ganhou repercussão nacional após o atendimento emergencial em um transporte público, no RS. Acredita-se que estes corpora contribuirão para a reflexão da desigualdade social no que se refere ao trabalho dos refugiados no Brasil. O processo de análise se estrutura mediante categorias teóricas em duas etapas: a) cultura brasileira, atividade laboral e saberes; b) dialogismo e alteridade. Como principal resultado evidencia-se que 138
Resumos: Comunicações Coordenadas apesar dos elementos identitários, em geral, atribuídos ao brasileiro, tanto as prescrições das cartilhas quanto os acontecimentos noticiados expressam que o vínculo estabelecido com refugiados é motivado por uma monetização da identidade do outro e parece refletir certo fechamento à alteridade.
LED - LINGUAGEM ENUNCIAÇÃO E DISCURSO PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA Coordenador: Fabio Elias Verdiani Tfouni (UFS) fabiotfouni@hotmail.com Resumo da mesa: A comunicação procura tornar proveitoso o debate entre diferentes modos de conceber o discurso, focalizando o papel da mídia na produção de efeitos de sentido quando a temática é o “outro”. Seja considerando uma análise discursiva de textos do noticiário publicado na imprensa brasileira quando em outubro e novembro de 2005, jovens da periferia parisiense passaram a incendiar automóveis como forma de protesto em relação a sua condição: “franceses de segunda classe”; são acontecimentos parte dos mais recentes ataques terroristas também na França em janeiro e novembro de 2015. Nesse caso, o acontecimento histórico discursivamente construído é examinado na mídia impressa brasileira enquanto memória (PÊCHEUX, 1983) como efeito da papelada/falação (RANCIÈRE, 1994), no excesso de palavras como encaixes do acontecimento na dispersão de diferentes textos. A comunicação também aborda o discurso da mídia sobre o papa Francisco, tomado como um acontecimento histórico e discursivo que clama por interpretação. A mídia então formula e faz circular sentidos sobre o papa Francisco. Nesse caso, o corpus é formado a partir de capas de revistas de grande circulação, bem como da mídia “alternativa” (trechos de Blogs, sites e entrevistas). O ponto central é o questionamento sobre quais formações ideológicas e discursivas são mobilizadas pela mídia no processo de construção. A mídia o tem tratado como uma grande novidade com estatuto de um acontecimento que rompe com os discursos próprios da Igreja Católica. Considerando basicamente a mídia cinematográfica (KRISTEVA, 1999; RODRIGUES, 2002) e a Análise Arqueológica do Discurso (FOUCAULT, 1997), também apresentamos uma análise dos movimentos de sentidos reatualizados no filme Amistad (1997): os discursos ditos e esquecidos, ou seja, a movência de determinados sentidos em contexto específico: o filme narra a prisão do navio negreiro de mesmo nome, nos EUA, problematizando não só a escravidão como também as relações entre poderes no século XIX. Trabalhos dos integrantes: Posições discursivas e ideológicas sobre o papa Francisco na mídia Fabio Elias Verdiani Tfouni (UFS) fabiotfouni@hotmail.com Filiado a análise do discurso pecheutiana, o presente trabalho aborda discurso da mídia sobre o papa Francisco. O papa Francisco é tomado aqui como um acontecimento histórico e discursivo que clama por interpretação. A mídia então formula e faz circular sentidos sobre o papa Francisco. Com um corpus formado a partir de capas de revistas de grande circulação, bem como da mídia “alternativa” (trechos de Blogs, sites e entrevistas), o ponto central deste trabalho é questionar quais formações ideológicas e discursivas serão mobilizadas pela mídia nesse processo, bem como quais imagens são construídas sobre o papa. A mídia tem tratado o papa Francisco como uma grande novidade, dando a ele e seu papado o estatuto de um acontecimento que romperia com os discursos cristalizados até então sobre a Igreja Católica. Esse discurso supostamente novo pode ser tratado também levando em conta a questão da posição ideológica. Afinal, o novo papado representa uma ruptura ideológica com o discurso da/sobre a Igreja Católica na mídia ou não? Apontamos que o sentido dominante na mídia parece ser o de que o discurso do novo papa é progressista (possivelmente associado à posição de esquerda), o que romperia com a tradição conservadora (possivelmente de direita) da Igreja até então. No entanto, parte da análise, principalmente sobre o corpus da mídia “alternativa”, vai apontar para um discurso diferente, o qual afirma que tudo continua igual, que nada mudou, e que o novo papado não teria nada de progressista. Acontecimentos na França: o papel da mídia no processo de construção Wilton James Bernardo-Santos (UFS) wjames@uol.com.br O trabalho é parte de um projeto que toma o acontecimento histórico discursivamente construído enquanto memória (PÊCHEUX, 1983) na dispersão de diferentes textos da mídia pelo efeito da papelada/falação (RANCIÈRE, 1994), no excesso de palavras como encaixes do acontecimento. Seja o “11 de Setembro” de 2001(SANTOS, 2014) que instaura uma nova ordem de condições históricas. Pois bem, nesse trabalho, apresentamos uma análise discursiva de textos do noticiário publicado na imprensa brasileira sobre os acontecimentos da França realizados em outubro e novembro de 2005 em que jovens da periferia parisiense passaram a incendiar automóveis como forma de protesto em relação a sua condição, ao desemprego etc. Obviamente que aqueles acontecimentos vêm aos mais recentes ataques terroristas também na França em janeiro e novembro de 2015. Além de língua, linguagem, enunciação e discurso a partir da tradição da Análise de Discurso francesa, trabalhamos com a compreensão da escrita enquanto interface S. Auroux (1992; 1998). Exploramos diferentes posições construídas, ex. a do Presidente da República, do ativista, terrorista, “lobo solitário”, “homem comum”, jornalista; o intelectual sociólogo, o antropólogo, cientista político; o humorista chargista/cartunista etc. Exploramos os enunciados/slogans em circulação no acontecimento (REBOL, 1975; PÊCHEUX, 1997; KRIEG-PLANQUE, 2010): são as fórmulas que circulam socialmente e são catalisadas pelo acontecimento 139
Resumos: Comunicações Coordenadas via memória discursiva. E é nesse escopo que recortamos o tema/problema objeto da pesquisa: os efeitos contraditórios próprios da tensão que cindi o sujeito nos processos de rupturas históricas: as formações discursivas, o interdiscurso. De todo o processo analítico que almeja a relação entre o sistema sintático e a inscrição na História (PÊCHEUX, 1982), vem dois percursos em diferentes espaços discursivos na circulação de sentidos: o racional e o natural. Em cada um deles, há uma região onde os processos discursivos de acontecimentalização (CHARAUDEAU, 1997) trazem “pontos de inflexão: ruptura-articulação”. É lugar de radicalização das relações na complexa rede de formações discursivas (PÊCHEUX, 1988). Mas, em ambos, o que resulta é a constituição da fronteira de tensão histórica no sujeito. “Amistad”: disciplina do corpo, da alma Maria Emília de Rodat de Aguiar Barreto Barros (UFS) mebarreto58@yahoo.com.br No presente trabalho, procedemos a uma análise discursiva do filme Amistad (1997), verificando quais movimentos de sentidos podem ser reatualizados pela mídia cinematográfica, na medida em que traz à tona os discursos ditos e esquecidos, assumindo, consequentemente, a responsabilidade pela movência de determinados sentidos. Consideramos, então, que a utilização dessa mídia consiste em um meio propício para a disseminação de determinados discursos. Isso porque o cinema, ao adaptar determinada obra para exibição, tem como um dos seus princípios corroborar/contestar discursos que circulam na sociedade. E, ao se eleger o cinema como suporte midiático em que ‘uma história’ é veiculada, tal escolha não significa apenas um meio dentre outros, mas o meio ideal para perpassar discursos, valores idealizados por aqueles que se encontram à frente desse suporte midiático. O filme analisado narra a prisão do navio negreiro de mesmo nome, nos EUA, problematizando não só a escravidão dos negros como também as relações entre os poderes executivo e judiciário americanos (século XIX). A partir da observação do próprio título, podemos inferir a polifonia, sobre a qual também discutimos, questionando quais vozes são ecoadas nela/por ela; de que lugares institucionais são enunciadas. Quanto ao dispositivo de análise do discurso, utilizamos os princípios relacionados à análise arqueológica do discurso, postulada por Foucault, para quem é possível reconstituir atrás do fato toda uma rede de discursos, de poderes, de estratégias e de práticas. Como arcabouço teórico, estudamos quatro áreas do saber, às quais esta pesquisa está circunscrita: a Mídia Cinematográfica (KRISTEVA, 1999; RODRIGUES, 2002); a Análise Arqueológica do Discurso (FOUCAULT, 1997); a Filosofia e a História (ADORNO, HORKHEIMER, 1969; FOUCAULT, 1997, 2003, 2008, 2009, 2012; GOULD, 2002; HEGEL, 2008; KUPER, 2008; SLOTERDIJK, 2000; ZEA, 1978, 2005). Justificamos a relevância deste trabalho por estarmos investigando as complexas relações que ligam a tecnologia do poder, o desenvolvimento das forças produtivas, a naturalização do controle dos corpos, dos discursos, tudo isso mediatizado pelo cinema.
(DES)IGUALDADE E (IN)VISIBILIDADE NO DISCURSO DE INFORMAÇÃO MIDIÁTICO Coordenadora: Giani David Silva (CEFET-MG) gianids@gmail.com Resumo da mesa: Se o jornalista de um dado veículo, na condição de “pesquisador-fornecedor” de notícias, opera escolhas na seleção de um acontecimento a ser noticiado em detrimento de outros, pois não se pode falar de tudo – há critérios de seleção (“isso é notícia, isso não é”) –, bem como o modo de tratar esses acontecimentos evenemenciais, é de se interrogar a maneira como se dão tais escolhas no âmbito linguístico-discursivo. Nesse sentido, o acontecimento é sempre construído, isto é, um fenômeno ganha existência a partir da percepção-captura-sistematização-estruturação por uma instância midiática – grupo heterogêneo de pessoas: administradores, editores, repórteres, comentaristas etc. – cuja responsabilidade passa por transformar o “mundo a descrever e a comentar” em “mundo descrito e comentado” para uma dada instância de recepção. Dessa maneira, a informação midiática não é o reflexo do acontecimento como se deu, mas o resultado de uma construção. O acontecimento não é jamais transmitido em seu estado bruto, pois, antes de transmitido, ele se torna objeto de racionalizações: pelos critérios de seleção dos fatos e dos atores, pela maneira de encerrá-los em categorias de entendimento, pelos modos de (in)visibilidade escolhidos. Destarte, a instância midiática impõe ao cidadão uma visão de mundo previamente articulada, apresentada como se fosse uma visão natural do mundo (CHARAUDEAU, 2010). Dessa forma, nesta comunicação, busca-se discutir as estratégias de (in)visibilidade dos veículos de informação, no sentido de dar (ou não) a ver acontecimentos transformados em fenômenos midiáticos. Nesse sentido, quer-se ainda compreender as formas de organização do mundo contemporâneo e a inteligibilidade do real presentes na lógica dos dispositivos midiáticos de informação na forma de modelos metodológicos de narrativas midiáticas de informação, de análise de alguns corpora a partir de estudos de caso, de reflexão da comunicação em seus âmbitos publicitário e de informação e suportes impressos, audiovisuais e digitais, dentre outras propostas. Trabalhos dos Integrantes: Donas de casa no teatro Entre elas – uma análise discursiva da representação da história dessas mulheres no palco Leila Marli de Lima Caeiro (CEFET-MG) leila.caeiro@gmail.com Nesta pesquisa buscamos tecer uma análise discursiva acerca de um programa que compôs o quadro Parceiros do MGTV do telejornal mineiro MGTV 1ª edição em 2013. A proposta do quadro era que comunidades da periferia de Belo Horizonte e das cidades de Betim e Contagem ganhassem representatividade no telejornal. Com a possibilidade de dar voz e visibilidade a esse 140
Resumos: Comunicações Coordenadas grupo, as matérias foram produzidas por jovens moradores das respectivas comunidades. O discurso que nos propusemos a analisar é composto pela matéria produzida no Aglomerado da Serra e se refere a um grupo de teatro composto por donas de casa, o Entre elas. O enredo das peças teatrais tem como pano de fundo a própria história de vida dessas mulheres. O palco se transforma no espaço de realização de sonhos e faz resgatar velhas lembranças, nem sempre boas. Ao mesmo tempo, esse palco pode se tornar o lugar de reconhecimento de outras mulheres, cujas histórias de vida se assemelham ao que é relatado pelo grupo de “atrizes”. Sonhos e dificuldades fazem parte da realidade dessas mulheres que mostram à comunidade um pouco de si. Em nossa pesquisa buscamos analisar os depoimentos e entrevistas que compõem a matéria produzida, assim como o espaço onde ocorre a encenação. Utiliza-se a Análise do Discurso, mais precisamente a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, como metodologia. Para as análises de narrativas de si dentro do discurso, buscamos aporte teórico nos trabalhos da pesquisadora Ida Lúcia Machado. Tentaremos perceber como os signos verbais e visuais agenciados na construção desses fragmentos de histórias constituem-se como discurso de um grupo que sofre as mazelas da desigualdade social. São mulheres, são pobres, que moram em periferias e que tiveram pouco acesso à educação e à cultura tradicionalmente reconhecidas na sociedade, porém, mesmo com os desafios impostos pela vida cotidiana, elas se impõem e têm voz na comunidade da qual fazem parte.
(Des)Iguais no discurso publicitário: a representação do portador de deficiência em anúncios impressos da AACD Lílian Aparecida Arão (CEFET-MG) lilianarao@uai.com.br O discurso publicitário, ao incorporar o universo de referências da instância de recepção, consegue atuar no imaginário de determinada sociedade, influenciando, corroborando e/ou, mesmo, instituindo representações sociais. Nesse sentido, códigos linguísticos e sociais se entrecruzam e fazem da publicidade um espaço privilegiado de jogos intertextuais, no qual há o compartilhamento de saberes supostamente comuns que cria, nos sujeitos do ato de comunicação, uma sensação de identidade, de pertença ao mesmo grupo. E são esses saberes, de conhecimento e de crença, conforme Charaudeau (2004), que sustentam a argumentação e constroem os imaginários sociodiscursivos. Com intuito de buscar compreender a diferença da representação e do entendimento que a sociedade tinha/tem do sujeito portador de deficiência, selecionamos dois anúncios publicitários impressos, da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), veiculados nos anos de 1967 e 2014. Para isso, buscamos identificar os modos de organização do discurso, a escolha lexical e os efeitos gerados por ela, e os recursos semióticos presentes nas publicidades. Todavia foi necessário também identificar o tratamento conferido a esses sujeitos no ordenamento jurídico brasileiro. Foi somente com a Constituição de 1946, que o portador de deficiência é considerado pelo discurso jurídico. Trata-se do artigo 172, que assegurava condições de eficiência escolar a alunos necessitados, em cada sistema de ensino, por meio de assistência educacional. Com a promulgação da Constituição de 1988, a chamada “constituição cidadã”, o sujeito portador de deficiência é recepcionado em diversos artigos que lhe confere direitos sociais, como educação, trabalho, previdência e assistência social. Na esteira dessas mudanças no discurso jurídico do país, a terminologia adotada para denominar o sujeito portador de deficiência alterou-se no decorrer dos anos. A conclusão a que chegamos, após análise, é a de que o ethos discursivo construído pelo sujeito enunciador e a representação do portador de deficiência identificados nos anúncios publicitários analisados reforçam, revelam e refletem a cultura, os costumes, os valores e as crenças da sociedade de cada período de tempo por nós delimitado.
Narrativas de resistência: análise da série de reportagens do Repórter Brasil sobre a escravidão negra Rafael Magalhães Angrisano (CEFET-MG) rafaelangrisano@yahoo.com.br Já faz algumas décadas que diversos pesquisadores de variados campos do conhecimento pesquisam o fenômeno televisivo. Sabemos que a ideologia representacional está em voga na contemporaneidade e os processos sociais seguem a lógica da midiatização, na qual certas narrativas televisuais hegemônicas procuram colonizar o espaço urbano, confundindo seu discurso com o próprio real. Para isso, a televisão possui a seu favor o poder da imagem. Com ele, o efeito de realidade da TV emoldura certos recortes do mundo e os coloca dentro do seu regime de visibilidade. A análise crítica dos modelos de pensamento unívocos que são construídos nas esferas públicas representa, a nosso ver, um importante auxílio que não apenas diagnostica as práticas coletivas de desigualdade naturalizadas, mas também aponta rumos para modificá-las. Nesse contexto, nos interessa analisar narrativas que estão à margem dos grandes conglomerados midiáticos. Por esse motivo, escolhemos o Repórter Brasil, telejornal da emissora pública TV Brasil. Como corpus escolhido, a seleção foi uma série de cinco reportagens do programa supracitado, intitulada “A verdade sobre a escravidão negra”, veiculada no primeiro semestre deste ano. Na série, é contada uma perspectiva crítica e lateral da história da escravidão negra no Brasil. Pensando em uma análise mais completa de um produto no qual sua linguagem envolve o texto, o som e a imagem, utilizamos como aporte teórico-metodológico a Análise do Discurso e a Semiótica, além de outros recursos reflexivos filosóficos e sociológicos. Nosso objetivo foi apontar uma identidade midiáticodiscursiva das reportagens, desvendando certas marcas e os modos e condições em que se constituiu tal discurso de resistência. Dessa maneira, pensamos em chaves de leitura para fins de análise que pudessem fazer emergir certos imaginários sociodiscursivos, refletindo a narrativa televisual em seus aspectos icônicos, indiciais e simbólicos. Acreditamos que a revisão teórica sintética que foi realizada e a observação das narrativas que escolhemos fizeram refletir sobre a naturalização do ethos do negro no Brasil, frequentemente não veiculada pelos grandes meios; figura historicamente injustiçada.
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Resumos: Comunicações Coordenadas (In)Visibilidade no discurso de informação midiático: edição, discurso direto e dimensão argumentativa André Luiz Silva (CEFET-MG) andre.alvaresesilva@gmail.com Em consonância com a proposta da comunicação coordenada “(Des)Igualdade e (in)visibilidade no discurso de informação midiático”, na presente pesquisa, busco analisar a repercussão do último debate político-midiático dos então candidatos à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), gerido e exibido pela Rede Globo no dia 24 de outubro de 2014, nos sites das três maiores revistas semanais de informação (atualidades) CartaCapital, Época e Veja. Nesse sentido, investiguei o modo como o locutor-jornalista construiu seu texto (em cada uma das três publicações), sobretudo como utilizou o discurso direto, promovendo um destacamento de fala dos candidatos-enunciadores do debate para o relato noticioso. A partir da transcrição do debate político-midiático e da comparação com os textos publicados nas revistas, percebi, inicialmente, uma supervalorização do tempo no processo de edição, quase em regime de cotemporalidade ao acontecimento – menos de uma hora após o debate já havia relato publicado nas três revistas; em segundo lugar, sobre o modo como o dito relatado (discurso direto) é usado no texto, notei uma escolha calcada na polêmica, no deboche e na acusação – embora tenha ocorrido debate de temas como emprego, educação, agricultura, entre outros, a ênfase foi dada, nas três revistas, para momentos nos quais houve interferência da plateia (com vaias, aplausos, risos) e deslizes dos candidatos; por último, pude observar, em se tratando do modo como o locutorjornalista geriu as vozes de cada um dos debatedores (tomados por enunciadores), a (in)visibilidade no discurso de informação midiático presente de duas maneiras: no uso de elementos coerentes com a proposta de relato, isto é, de maneira a não criar uma contradição entre a narrativa do locutor-jornalista e as falas ali presentes, e, em consequência dessa não contradição, no modo como o locutor-jornalista propôs um modo de ver aquela natureza acontecimental, o debate.
O DOCUMENTÁRIO EM ANIMAÇÃO: MEMÓRIA, CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA E RECENTES MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO ORIENTE MÉDIO Coordenadora: Glória Dias Soares Vitorino (UNILESTE) gloriavitorino@hotmail.com Resumo da mesa: Por meio da análise de Persépolis (2007), filme francês em animação, que se aproxima das combinatórias narrativas do chamado documentário, neste estudo, investigam-se novas possibilidades oferecidas pela animação ao gênero documental e vice-versa, a partir da extensão do olhar para os (im)possíveis limites entre ficção e não ficção. Tal reflexão é fundamentada em relevantes teóricos do cinema (GRIERSON, NICHOLS, RABIGER, COMPARATO, DA-RIN, RAMOS, CARROLL), entre outros. Para uma compreensão interdisciplinar da obra Persépolis, investigam-se, também, com base em teorias do discurso da vertente francesa (AUTHIER-RÉVUZ, 1982; CHARAUDEAU, 2001; MAINGUENEAU, 2000; 2006), possíveis evidências da primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Marjane Satrapi, personagem central da referida obra. Essa parte do estudo se dará por meio da análise de discursos controversos e até mesmo paradoxais, ressaltados nos diálogos da personagem Satrapi, geralmente, resultantes da vivência dessa jovem iraniana em circunstâncias também conflituosas. A fim de compreender certos fluxos migratórios na sociedade contemporânea, que, por sua vez, se refletem nas artes, analisa-se, ainda, do ponto de vista sociológico, o contexto em que tal “documentário em animação” está inserido e sua possível contribuição para a compreensão de possíveis causas dos mais recentes movimentos migratórios no Oriente Médio. Ao longo deste estudo, propõe-se um termo substituto ao “documentário”, cuja atual denominação é marcada por controvérsias, desde sua gênese. Por fim, questiona-se a associação entre o “documentário” e a animação, no que se refere à relação estabelecida entre essas “modalidades”, colocando-se em xeque os limites, ao mesmo tempo, tênues e simbióticos entre os universos ficcional e não ficcional. Trabalhos dos Integrantes: A primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Marjane Satrapi no documentário em animação “Persépolis” Glória Dias Soares Vitorino (UNILESTE) gloriavitorino@hotmail.com Estudo reflexivo sobre as conflituosas narrativas da história de vida da jovem Marjane Satrapi, trazidas à tona no “documentário em animação” Persépolis (2007), em diferentes fases da trajetória da jovem iraniana, nos aspectos discursivos e interacionais, enfocando a tensão resultante desses conflitos na questão do pertencimento (ou não) a um povo e na identificação (ou não) com certa naturalidade / nacionalidade. No estudo proposto, realiza-se uma análise qualitativa de discursos apresentados em transcrições de falas que se inscrevem em cenas desse filme, devidamente identificadas e, por vezes, ilustradas por meio de fotogramas. O propósito final dessa discussão, que se faz com base em teorias enunciativo-discursivas (AUTHIER-RÉVUZ, 1982; CHARAUDEAU, 2001; MAINGUENEAU, 2000; 2006), é investigar possíveis evidências da primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Satrapi, em Persépolis, resultantes da convivência da jovem iraniana em meio a discursos altamente controversos e até mesmo paradoxais: o familiar (moderno, questionador, esquerdista); o religioso (conservador, repressor, normatizador); o político (ditatorial, fundamentalista). Porém, não se trata de investigar apenas a constituição do discurso de Satrapi, mas também o caráter documental (ou não) de dizeres salientados em diferentes domínios discursivos que, embora divergentes, por vezes, se entrecruzam e contribuem, efetivamente, para a construção identitária da jovem iraniana. 142
Resumos: Comunicações Coordenadas
O documentário em animação: (im)possíveis limites entre ficção e não ficção Ana Cláudia de Freitas Resende (UNILESTE) anaresende@unilestemg.br
Por meio da reflexão e análise do filme Persépolis (2007), filme francês realizado em animação, e que se aproxima das combinatórias narrativas do chamado “documentário”, este trabalho se concentra no estudo da imbricação de “modalidades” aparentemente tão diversas, buscando compreender um novo estilo de “documentário em animação” contemporâneo. A partir da extensão do olhar para os (im)possíveis limites entre ficção e não ficção, tal estudo fundamenta-se em relevantes teóricos do cinema (CARROLL, COMPARATO, DA-RIN, GRIERSON, NICHOLS, RABIGER, RAMOS), a fim de apontar / discutir as novas possibilidades que a animação pode oferecer ao documentário e vice-versa. Ao longo do trabalho, propõe-se um termo substituto ao “documentário”, cuja denominação é marcada por controvérsias, desde sua gênese. Para uma compreensão ampliada e interdisciplinar do estudo realizado, estabelece-se uma correlação com teorias do discurso, com reflexões teóricas que tratam da identidade do narrador (CHARAUDEAU), bem como com estudos sobre “narrativa de vida” como estratégia discursiva (AMOSSY, ARFUCH, MACHADO, entre outros). A fim de compreender as atuais demandas da sociedade, que se refletem nas artes, analisa-se, também, o contexto em que o “documentário em animação” estaria inserido. Constata-se que a associação entre o “documentário” e a animação estabelece uma relação mutuamente vantajosa entre essas “modalidades”, colocando em xeque os limites, ao mesmo tempo, tênues e simbióticos entre os universos ficcional e não ficcional. “Persépolis” – opressão e resistência frente aos fundamentalismos contemporâneos Luiz Antônio da Silva (UNILESTE) lasilva1960@uol.com.br O documentário “Persépolis” retrata a história de uma menina que cresce no Irã durante a Revolução Islâmica e representa a autobiografia de Marjane Satrapi. Sob os olhos da corajosa Marjane, de apenas nove anos de idade, podemos compreender a esperança de um povo ser destruída (paradigma liberal), quando os fundamentalistas tomam o poder, forçando as mulheres a usar o véu e prendendo milhares de pessoas. Por sua vez, sua trajetória de vida em alguns países do velho continente lhe permite alargar sua compreensão sobre os efeitos dos vários fundamentalismos que impactam as identidades sociais e culturais das sociedades contemporâneas em seus diferentes espaços. Em tempos de intensos fluxos migratórios como assistimos recentemente no Oriente Médio em função dos conflitos militares, econômicos e políticos, podemos extrair lições importantes para a superação das experiências de intolerância, ódio e discriminação nas relações entre diferentes setores das sociedades consideradas civilizadas, modernas, desenvolvidas. Tendo como referência mais geral a contribuição teórica de CASTELLS (1999) podemos perceber que as categorias básicas da existência humana vêm sendo ameaçadas pelos assaltos ao mesmo tempo combinados e conflitantes de forças técnicas-econômicas e de movimentos sociais transformadores, cada um usando o novo poder da mídia para promover suas ambições. Neste estudo, podemos identificar as origens, os propósitos e os efeitos de múltiplos movimentos sociais, tais como o feminismo, o LGTB, e o ambiental, que visam transformar as relações humanas em seu nível mais fundamental, assim como de movimentos conservadores que constroem trincheiras de resistência em nome de Deus, da nação, da etnia, da família ou da localidade.
DISCURSO MIDIÁTICO, CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS E A INSTÂNCIA DE RECEPÇÃO Coordenador: Hugo Mari (PUC Minas) hugomari28@gmail.com
Resumo da mesa: A presente Sessão propõe discutir, a partir de múltiplas materialidades discursivas, a produção de sentido das informações transmitidas pelas mídias on-line e a forma como essas são recebidas pela audiência, pelo viés da Análise do Discurso (AD). Assim, pretendemos investigar o poder que se mostra não somente na instância de produção, mas também, e, sobretudo, na esfera da recepção, centrando-se, nos modos de dizer. Consideraremos a relação entre sujeito, ideologia e discurso, já que, compreendemos que avaliar a instância de recepção também se exige um olhar sobre o meio social, a construção ideológica e a estrutura linguística. Iremos discutir sobre as construções discursivas e as estratégias que revelam as formas de ação do público em relação às informações divulgadas pela mídia on-line. A tentativa é reunir pesquisadores que se debruçam sobre o discurso midiático e a construção do lugar público por meio dos recortes (postagens de internautas) que se manifestam os fatos do mundo, bem o sentido produzido na relação de intencionalidade estabelecida entre a instância de produção e de recepção.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Análise discursiva de comentários em portais de notícias Juliana Lopes Melo Ferreira Sabino (PUC Minas) julianalopes20@hotmail.com O estudo ora proposto pretende realizar uma análise discursiva de comentários postados em portais de notícias do G1 e Uol, mídia essas que compõe o tecido social da comunidade, e concebida como um dos meios mais poderosos e influentes na formação da cultura brasileira. Iremos analisar os comentários postados sobre o tema de redação do Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. Uma de nossas discussões será a de analisar a interação e os laços dos comentaristas nos portais, as discussões acompanhadas, e que geram resposta a uns e a outros não. Para análise do processo de interação entre os comentaristas dos portais, nos debruçaremos sobre as técnicas utilizadas para a preservação das faces, e para tanto, utilizar-se-á das definições e reflexões de Goffman, para o qual a face se define como a imagem construída a partir de atributos sociais aprovados. Assim, pretendemos analisar a face que os comentaristas almejam tornar pública, e se elas são mesmo consideradas a face positiva, a dita imagem valorizante, e como isso se dá. E por outro lado, por observações preliminares dos comentários postados em portais, compreendemos que há também os deslizes cometidos pelos comentaristas, com enunciados que confirmam uma face que não se pretendia de fato mostrar, e que iremos analisá-la a partir da discussão sobre a ameaça das faces. Ademais, pretendemos mostrar como se dá a polidez linguística, haja vista que a percebemos como um meio de preservação das faces.
Narrativas online: o espontâneo, o instantâneo e o passional em abordagens personalizadas pelos usuários de internet Ana Márcia Ruas de Aquino (PUC Minas) anamarciaaquino@gmail.com Este estudo tem como tema as narrativas online atuais, postadas por usuários de internet, transgressoras de um esquema de captação comum à instância midiática da informação. Tem como objetivo demonstrar a transição de uma narrativa tradicional da comunicação de massa para uma narrativa passional, espontânea e instantânea em comentários personalizados pelos usuários de internet. Como pressupostos teóricos, valer-se-á este estudo das teorias de Charaudeau (2006; 2008) sobre discurso e mídias e de Pernisa (2010), Castells (2013), Malini e Antoun (2013), acerca da comunicação social e das mídias alternativas, entre outras teorias que envolvem o tema, ao se realizar uma pesquisa bibliográfica e se analisarem, qualitativamente, narrativas contemporâneas com comentários de internautas. Como resultados, percebe-se que surge um novo tipo de informação, em que os fatos selecionados não precisam ser mais hierarquizados, descritos, contados e explicados no intuito de se submeter a uma lógica de mercado e de seduzir o público. Surge um novo público “receptor-emissor”, não mais um público sem opinião, mesmo que esta seja passional. Diante disso, conclui-se ser o cidadão um novo receptor que se torna emissor, nas mídias alternativas de comentários no ciberespaço, em um formato de narrativa desobrigada de persuadir para atender a um interesse mercadológico, mas nem por isso menos opinativa e informativa, embora evoque um caráter passional, com (aparente) falta de racionalidade.
Intencionalidade, leitura e Internet Carlucci Medeiros de Souza Lima (PUC Minas) carlucci_lima@uol.com.br Nossa pesquisa pretende discutir alguns aspectos fundamentais sobre a questão da intencionalidade na linguagem associados aos processos de leitura. Destacam-se nessa discussão: (a) um histórico sobre os estudos da intencionalidade, voltados para as questões de linguagem; (b) os fundamentos gerais sobre a intencionalidade como uma condição da atividade mental; (c) a intencionalidade enquanto uma atividade de atribuição de sentido; (d) a intencionalidade enquanto manifestação nos processos enunciativos e como registro nos enunciados linguísticos. Esses aspectos da avaliação da presença da intencionalidade em padrões distintos da expressão linguística (signos, enunciados, textos) estarão voltados para uma análise dos processos de leitura e interpretação de textos que circulam na internet.
DESIGUALDADE, IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS, IDEOLOGIA, MÍDIA Coordenadora: Ilana Da Silva Rebello Viegas (UFF) ilanarebello@uol.com.br Resumo da mesa: A Semiolinguística em Análise do Discurso, postulada por Patrick Charaudeau, aponta para a impossibilidade de se pensar a experiência da linguagem distante dos sujeitos históricos. Inserido em uma sociedade, o homem, enquanto sujeito-falante, por meio da linguagem, “repete” a voz do social, mas o lado psicossocial-situacional lhe garante também uma individualidade. Assim, é da junção entre social e individual, que diferentes sentidos são comunicados, sejam de resistência, de afirmação, de desigualdade... A fim de mostrar que o ato de linguagem é o produto da ação de seres psicossociais que são testemunhas, mais ou menos conscientes, das práticas sociais e das representações imaginárias da comunidade a que pertencem, esta mesa reúne trabalhos que se debruçam sobre textos verbais e não verbais (fotos, manchetes e tirinhas), extraídos da mídia, levando em 144
Resumos: Comunicações Coordenadas consideração aspectos enunciativos, históricos, interativos e linguísticos. Nos textos midiáticos em foco, a legitimidade está em não apenas produzir, divulgar informações, construir conhecimentos ou entreter, mas atualizar a realidade e renovar a apreensão do mundo. A mídia, de forma geral, mostra o que julga importante saber, de uma maneira particular, não transparente. Linguagem verbal e não verbal são organizadas de modo a formarem não uma pura descrição, mas uma interpretação subjetiva do real, impregnada de ideologia. Trabalhos dos integrantes: Mariana e Paris – o que dá capa? Uma análise discursiva do tratamento desigual em fotos e manchetes Ilana Da Silva Rebello Viegas (UFF) ilanarebello@uol.com.br A Semiolinguística em Análise do Discurso aponta para a impossibilidade de se pensar a experiência da linguagem, distante dos sujeitos históricos. O discurso não é construído apenas em torno do binômio estrutura/enunciado, mas apresenta características individuais e sociais, ou seja, características de língua e de fala. Nesse sentido, este trabalho, baseando-se, sobretudo, na teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, de Charaudeau, articulando esses postulados aos pressupostos da Linguística Textual, analisa quatro fotos de reportagem, atreladas às suas respectivas manchetes e aos seus respectivos leads e uma capa de revista, a fim de evidenciar que, por meio da imagem e da palavra, os veículos de comunicação legitimam e veiculam seu discurso ideológico, pondo em evidência determinadas escolhas e, consequentemente, um olhar desigual. As organizações que têm por objetivo informar estruturam-se como empresas, como “fábricas de informação”, no dizer de Charaudeau (2006). Encontram-se em concorrência num mercado que as “obriga” a distinguir-se uma das outras e, para isso, acionam estratégias quanto à maneira de reportar os acontecimentos, comentá-los, ou mesmo provocá-los. Na esfera jornalística, as imagens - desenhos ou fotos - têm por função a comprovação de fatos reportados, com valor documental. No entanto, não há isenção total ao recortar uma imagem ou uma cena do mundo real, tendo em vista que há um sujeito que está por trás da câmera, cujas escolhas são definidas pelo seu modo de ver o objeto retratado. As imagens e a capa são da revista Veja, dos dias 18 e 25 de novembro de 2015, disponíveis na internet, e têm como tema duas tragédias: o rompimento da barragem de uma mineradora na cidade de Mariana (MG), no Brasil e o episódio terrorista em Paris, na França. A revista Veja toma para si a função de propiciar aos leitores a compreensão sobre o mundo. Os temas e a forma como a revista os organiza, hierarquizando-os (os que merecem destaque e os que não devem nem ser divulgados) constituem indicadores da forma como a revista manipula, decide pelo leitor. O terror dito, mostrado e construído: uma análise discursiva do verbal e do visual em jornais impressos Nadja Pattresi de Souza e Silva (UFF) nadja.pattresi@gmail.com Com base na premissa de que o estudo da linguagem deve envolver não só o que se fala, mas também o como se fala, este trabalho propõe uma análise das imagens sociais e discursivas relacionadas ao episódio terrorista de novembro de 2015 na França. Investigamos o modo como tais imagens são forjadas verbal e visualmente na primeira página de dois jornais, O Globo e o Correio Braziliense, ambos de 14 de novembro de 2015. Como as capas de jornal reúnem, a cada edição, as notícias mais relevantes, aproximamo-nos da ideia de que, por si mesmas, também constituem um discurso. Essa construção se organiza, em geral, por elementos verbais e visuais, os quais, pelas escolhas discursivas do produtor - em última instância, o veículo jornalístico -, recebem maior ou menor destaque. Assim, pelo postulado de que o sentido se constrói na relação entre fatores internos e externos ao discurso, num movimento de semiotização do mundo, filiamo-nos à perspectiva semiolinguística de Análise do Discurso (CHARAUDEAU, 2001, 2005, 2008). Na comparação entre os jornais, buscamos examinar como elementos situacionais, discursivos e semiolinguísticos são mobilizados para acionar determinados imaginários sociais e discursivos relacionados aos franceses, de um lado, e aos responsáveis pelos atentados, de outro, demarcando uma relação conflituosa e, portanto, desigual no movimento de (re)construção do real. Tais imaginários, conforme propõe Charaudeau (2008, 2015), tornam-se perceptíveis por meio das representações que cada grupo tem de si mesmo e também dos outros. Na interface com a Linguística Textual, o processo de referenciação será convocado, pois, para além da retomada de termos na superfície textual, responde pela criação de objetos de discurso, que acabam por revelar o ponto de vista que o enunciador sustenta e que, em geral, deseja que o leitor também adote (KOCH; PENNA, 2006). Quanto aos elementos não verbais, interessa-nos analisar como as fotografias participam da construção dos sentidos nas capas, destacando, com base em Sousa (2004) e Guimarães (2000, 2003), por exemplo, como certas características formais e cromáticas extrapolam a dimensão perceptiva e convergem para a criação de signos que engendram leituras possíveis sobre o episódio noticiado. Representações do Nordeste brasileiro nas tirinhas da Turma do Xaxado: os imaginários sociodiscursivos revelados por meio da qualificação Glayci Kelli Reis da Silva Xavier (UFF) glaycikelli@yahoo.com.br As histórias em quadrinhos, também conhecidas como HQ, bandas desenhadas, comix ou simplesmente gibis, são “um dos mais difundidos e populares meios de fabulação visual do planeta” (PATATI & BRAGA, 2006). E, por tal popularidade, esse gênero e seus subtipos revelam, por meio da qualificação, a percepção e os julgamentos que indivíduos de um determinado grupo social têm do mundo a seu redor. Segundo Charaudeau (2009), qualificar é atribuir a um ser, de maneira explícita, uma qualidade que o caracteriza e o especifica; o autor ainda afirma que tal operação pressupõe uma tomada de posição, ou seja, a qualificação, mesmo que pretenda ser objetiva, revela a ótica do enunciador. O ato de qualificar permite ao sujeito falante manifestar seu imaginário (individual ou coletivo) da construção e da apropriação do mundo, num jogo de conflito entre visões normativas, 145
Resumos: Comunicações Coordenadas impostas pela sociedade, e suas próprias visões; sendo assim, o imaginário é uma imagem interpretativa da realidade, e a faz entrar em um universo de significações. Nos quadrinhos, a qualificação dos seres aparece normalmente de forma subjetiva, principalmente nas imagens, revelando os imaginários sociodiscursivos por meio do uso de estereótipos: “uma ideia ou um personagem que é padronizado numa forma convencional, sem individualidade” (EISNER, 2005). Com relação às imagens estereotipadas, o autor aponta que a arte dos quadrinhos lida com reproduções que sejam facilmente reconhecíveis da conduta humana; seus desenhos são o reflexo no espelho, e dependem de experiências armazenadas na memória do leitor para que ele consiga visualizar ou processar rapidamente uma ideia. Nessa perspectiva, o presente trabalho pretende verificar como a desigualdade se manifesta por meio de representações e qualificações ligadas ao imaginário sociodiscursivo relativo ao povo do Nordeste do Brasil e ao país em geral, tendo como corpus de análise tirinhas da Turma do Xaxado, de Antônio Cedraz, e como base teórica a Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso de Patrick Charaudeau (1992; 2009).
ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO E EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS Coordenadora: Isabel Martins (UFRJ) isabelgrmartins@gmail.com Resumo da mesa: Nesta sessão exploramos contribuições da análise crítica do discurso, conforme as formulações de Chouliaraki e Fairclough (1989) e Fairclough (2003), para o campo da educação . Discutimos os pares dialéticos "estrutura e agência" e "colonização e apropriação" em estudos teóricos e empíricos que destacam a necessidade superar análises na forma de exercícios de desconstrução textual que se contentam em revelar aspectos desumanos ou deletérios e tipos de injustiça social. Neste sentido, buscamos estabelecer uma agenda na qual as atenções se voltam para a análise de formas alternativas de organização social (Kress 1996) e para a positividade de algumas mudanças discursivas (Martins 2004) em textos, discursos e práticas de educação em ciências e educação ambiental. Trabalhos dos Integrantes: Justiça ambiental e conflito socioambiental na prática escolar docente Angélica Cosenza ar_cosenza@hotmail.com Isabel Martins (UFRJ) isabelgrmartins@gmail.com Atualmente, práticas de educação ambiental vêm sendo chamadas a responder a uma formação para participação comunitária e para justiça social. Todavia, sentidos hegemônicos, constituintes de tais práticas, contribuem para o apagamento de lutas ambientais, bem como de injustiças e desigualdades socioambientais que afligem determinadas comunidades. Assim, este trabalho, parte deste problema social e assume como questão de pesquisa entender o papel do conflito socioambiental na constituição de propostas de ensino relacionadas a uma formação voltada à justiça ambiental na escola. Seu objetivo é explorar sentidos de uma professora, em processo de formação continuada, na enunciação de um determinado conflito socioambiental em suas possibilidades e limites didáticos. As ações de formação foram realizadas no ano de 2011, em Macaé, uma região do norte do estado do Rio de Janeiro, altamente impactada pela indústria do petróleo e gás. Neste trabalho, apresentamos análises de construções discursivas baseadas no referencial teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (ACD). Tais análises revelaram hibridização entre visões emancipadoras, com aportes da justiça ambiental, e outras que não envolvem dimensões de questionamento, participação e transformação social. Problematizam em que medida ambivalências presentes no discurso investigado, tais como a coexistência da defesa de uma educação ambiental transformadora e de formulações nas quais prevalece o apagamento de injustiças/conflitos socioambientais e de seus atores, sinalizam a cooptação ideológica por discursos que não valorizam dimensões distributivas, participativas relacionadas à justiça ambiental. Além disso, as análises identificam matrizes curriculares rígidas como fator limitante da potencialidade transformadora de uma prática educativa voltada à discussão de temas socioambientais. Finalmente, os resultados apontam para a necessidade de fortalecimento da justiça ambiental e de conflitos socioambientais no tratamento didático de questões ambientais na escola como possibilidade de alcançar objetivos comprometidos com práticas educativas emancipatórias. Entendendo processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da Análise Crítica do Discurso: contribuições para a formação docente em ciências Laísa Maria Freire (NUTES/UFRJ) laisa@biologia.ufrj.br Sama de Freitas Juliani (NUTES/UFRJ) samadefreitasjuliani@gmail.com María Angélica Mejía (NUTES/UFRJ) missangelux@hotmail.com Gabriela Ventura (NUTES/UFRJ) gabriela.silva@ifrj.edu.br Dada a centralidade do discurso nas sociedades contemporâneas, o presente trabalho aborda a Análise Crítica do Discurso (ACD) como um marco teórico-metodológico para compreensão e enfrentamento da questão ambiental no mundo contemporâneo 146
Resumos: Comunicações Coordenadas caracterizado por transformações no campo econômico, político, social e cultural, com significativas influências no processo produtivo. Assim, discutimos aspectos relativos ao cenário de globalização econômica e de neoliberalismo e refletimos sobre a importância da linguagem na sociedade capitalista contemporânea. Partimos do argumento de que a ACD permite questionar processos de desigualdade socioambiental em contextos e discursos nos quais tais processos tornam-se apagados e invizibilizados. Ao explicitarmos determinados processos como: conflitos associados à distribuição e uso da água em nossa sociedade; distribuição desigual de bens e prejuízos gerados a partir da produção de bens de consumo; desigualdades sociais e injustiças ambientais com a precarização nas relações de trabalho, analisando diferentes discursos sobre estas questões, podemos contribuir com mudanças sociais que envolvem a construção de novos cenários emancipatórios a partir de superação de assimetrias sociais. Neste sentido, entendemos que tais discussões, em um contexto de formação de professores em ciências, ganham contornos mais críticos em que a questão ambiental é posta a partir de seus embates e relações de poder e lutas que moldam e ao mesmo tempo transformam as práticas discursivas de uma sociedade ou instituição. Em nosso grupo de pesquisa o fazemos por meio de análises de representações discursivas de Educação Ambiental presentes na formação docente de ciências. Temos caracterizado atores sociais e processos representados. Entendemos como fértil caracterizar se e como os atores sociais são representados, se são representados de forma genérica reforçando o sentido de inexorabilidade do Discurso do neoliberalismo que aponta o atual modelo de produção como única via, se são representados como ativos ou passivos. Da mesma forma, entender como os processos são representados, se são representados como fatos, apagando a sua dimensão históricosocial, naturalizando determinados discursos ou não. Em síntese, entender os processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da ACD pode colaborar com a compreensão e as possibilidades de enfrentamento da atual crise socioambiental nos processos de formação docente. O livro didático de ciências e a pesquisa em ensino de ciências: relações menos desiguais entre o discurso da ciência e o pedagógico Maria Cristina do Amaral Moreira (IFRJ) mcam@uol.com.br O estudo em foco investiga as relações entre a pesquisa em Educação em Ciências e o Ensino de Ciências. Privilegia-se o livro didático para a análise por sua disponibilidade e amplo uso nas escolas. A Análise Crítica do Discurso é o referencial teóricometodológico desenvolvido em duas etapas: a macro-análise ou análise da conjuntura e a micro análise de textos gerados e circulando nas práticas sociais do problema de pesquisa. Na conjuntura explorou-se: as orientações curriculares oficiais, o mercado editorial, o livro didático e a pesquisa em educação de ciências, sobretudo, as linhas identificadas com construtivismo, modelagem, história da ciência/natureza da ciência, Ciência-Tecnologia-Sociedade e estudos da linguagem. Os resultados apontaram que pesquisas em educação em ciências recontextualizadas no discurso do livro didático contribuem para: a inclusão da perspectiva do estudante; o entendimento do discurso da ciência como prática social e institucional; a confluência de elementos da linguagem, tais como agenciamento e processos relacionais, na dimensão social do conhecimento científico; a valorização de atitudes emancipatórias coletivas; a aproximação necessária entre linguagem científica e linguagem cotidiana, entre outros aspectos. As escolhas lexicais empregadas de modo geral no conjunto do livro didático constituem aspectos fundamentais para se entender a inclusão do estudante no discurso pedagógico. O emprego do gerúndio como: construindo, modelando, viajando, entre outros exemplos têm a marca de uma negociação, por incluir a voz do estudante, concepções alternativas, o discurso do social, da responsabilização, o discurso da ciência como atividade humana etc. Observaram-se consistentes articulações entre vertentes, tais como Concepções Alternativas e Ciência-Tecnologia-Sociedade e o discurso da ciência escolar, o que reflete uma hibridização de discursos em maior consolidação com essas ideias para o ensino de ciências.
Discursos da cidadania no Programa Nacional do Livro Didático Rita Vilanova (UFRJ) vilanova.rita@gmail.com Este trabalho discute aspectos relativos à mudança discursiva que vem ocorrendo no campo da educação em ciências, na qual a finalidade de educação para a cidadania assume uma posição central. Com o objetivo de identificar e situar as tensões inerentes a essas mudanças e as perspectivas sobre cidadania que aí se inscrevem, nos debruçamos sobre as relações que se estabelecem nas ações de regulação governamental da produção de livros didáticos para a educação pública brasileira. Para isso, nos apoiamos no arcabouço teórico-metodológico da análise crítica do discurso, perspectiva que considera os textos como integrantes das práticas sociais e busca discernir como os discursos tomam parte e orientam as mudanças. Esta visão enfatiza o caráter socialmente e historicamente situado dos textos e destaca relação dialética entre os discursos e as práticas sociais, ou seja, os textos modulam as práticas sociais, ao mesmo tempo em que são modulados por elas. A proposta metodológica da ACD - no que tange a abordagem das relações discursivas que se configuram nos eventos sociais - opera com o conceito de interdiscursividade e as categorias de discursos, gêneros e estilos, elaboradas a partir do diálogo com as contribuições dos estudos da linguagem desenvolvidos por Bakhtin, Foucault, Halliday e Bernstein e das noções de ideologia e hegemonia. Com base nessa perspectiva analítica abordamos os discursos sobre educação em ciências e cidadania que se inscrevem nos textos do Programa Nacional dos Livros Didáticos, a política governamental de avaliação e compra dos livros didáticos para a educação pública e os textos dos livros de ciências no sentido de apreender os sentidos que a cidadania adquire nesta cadeia de textos. Nossas análises apontam para uma recontextualização dos discursos sobre ciência e cidadania que circulam no campo da educação em ciências no texto do PNLD. Nesse movimento, os debates do campo da pesquisa em educação em ciências são recontextualizados na forma de uma retórica de conclusões, por meio de uma série de prescrições e asserções, adotando uma estratégia comunicativa típica das reformas, baseada na asserção de rupturas e substituições de um modelo por outro, que apagam as tensões inerentes às mudanças. De modo diferente, no caso dos livros didáticos analisados nossas análises apontam que estas tensões estão profundamente marcadas nos textos, o que ressalta o caráter de luta hegemônica entre as práticas estabelecidas e as tentativas de mudança. 147
Resumos: Comunicações Coordenadas
DISCURSOS SOBRE REFUGIADOS E MIGRANTES NA ESFERA PÚBLICA PORTUGUESA Coordenadora: Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) irseara@gmail.com Resumo da mesa: Nesta sessão propomo-nos refletir sobre as diferentes estratégias discursivo-textuais convocadas em discursos políticos, de imprensa e redes sociais, sobre os migrantes/refugiados neste início do século XXI, na Europa. Desde a II Guerra Mundial que a Europa não assistia a um fluxo de refugiados e migrantes tão elevado. Este êxodo tem-se agudizado, o que configura um novo problema social sobre o qual os estados e os políticos têm de refletir, ponderar e encontrar soluções. Há conflitos entre vozes que ora propõem um discurso mais securitário, ora, como o faz Andersson (2014), consideram fundamental passar desses discursos para um discurso mais humanitário, que transmita um acolhimento efetivo e que ajude a construir a ação humanitária. Propomonos analisar a construção destes discursos em conflito na esfera social portuguesa. Esta conjunção de quatro trabalhos está ancorada teoricamente em vários estudos de análise do texto e do discurso, e procuram ler os textos nas suas circunstâncias e contextos socio-históricos e na multiplicidade de vozes e atores que neles se constituem e por intermédio deles criam diferentes imagens discursivas. As quatro propostas que compõem a mesa definem como objetivos nucleares: a) identificar, em artigos de opinião de jornais portugueses, a construção discursiva das imagens dos migrantes/refugiados em contraste com a Europa; b) analisar a forma como o discurso político eleitoralista, do género textual ‘manifesto político,’ codifica argumentativamente a questão dos refugiados, em manifestos eleitorais dos candidatos às eleições presidenciais portuguesas de 2016; c) analisar as sequências narrativas presentes em crónicas/reportagens, que se encontram ao serviço da argumentação, por via do reforço da emoção e da criação de laços empáticos entre o leitor e os migrantes/refugiados; d) analisar algumas estratégias que subjazem à construção do ethos discriminatório, intolerante e xenófobo na rede facebook. Trabalhos dos Integrantes: Sequências narrativas ao serviço da emoção: os refugiados vistos por dois cronistas portugueses Isabel Margarida Duarte (Universidade do Porto) iduarte@letras.up.pt A partir de um corpus de sete textos da imprensa portuguesa - dois da autoria de Alexandra Lucas Coelho (Público) e cinco de André Cunha (Visão) -, ver-se-á como as sequências narrativas neles presentes estão ao serviço da argumentação, por via do reforço da emoção e da criação de laços empáticos entre o leitor e os refugiados que vêm chegando à Europa, fugidos, sobretudo, do Iraque e da Síria, tema central das crónicas em apreço. Tais textos serão crónicas ou reportagens, classificação de género a questionar brevemente. As sequências narrativas curtas que existem nesses textos têm, a nosso ver, uma função persuasiva: de comover o leitor, aproximando-o do sofrimento dos refugiados, apresentados como pessoas normais, idênticas ao leitor. Outras sequências das crónicas / reportagens deverão ser analisadas do mesmo ponto de vista: quer as sequências descritivas que mostram espaços inóspitos e seres humanos em sofrimento, quer as sequências dialogais em que é relatado discurso dos vários intervenientes. Também a escolha desse discurso atribuído aos refugiados, aos que os auxiliam ou aos líderes europeus que lhes são hostis está ao serviço da criação de diferentes imagens, mais ou menos empáticas.
Discursos migrantes: estratégias de designação de nós e os outros em discursos de opinião Maria Aldina Marques e Rui Ramos (Universidade do Minho) mamarques@ilch.uminho.pt O discurso dos media é fundamental para a construção e difusão de representações sobre o mundo, sobre eventos que marcam a(s) sociedade(s): de facto, os media não retratam a realidade, antes a criam ativamente (Charaudeau, 1997). Em particular, destacam-se os opinion makers, fazedores da opinião pública, cuja atividade discursiva releva de um género jornalístico específico, o artigo de opinião. Neste trabalho, pretendemos responder a uma pergunta, fundamental para a elucidação da representação discursiva do fluxo migrante do médio oriente para a Europa, que marcou a atualidade jornalística portuguesa ao longo de 2015: de que modo são construídas, nos discursos de opinião, as imagens dos migrantes/refugiados e dos europeus, atores em situações complexas com interesses nem sempre convergentes. O objetivo nuclear é, assim, identificar, em artigos de opinião publicados em jornais portugueses durante um período intenso de mediatização do problema (setembro e outubro de 2015), a construção discursiva das imagens dos migrantes em contraste com a Europa, de que os articulistas fazem parte; está, assim, em debate a construção de Nós e os Outros. Em particular, pretendemos determinar: - os processos de referenciação discursiva dos “migrantes” e do mundo ocidental através de mecanismos discursivos como a dêixis e o léxico; - a relação entre estes objetos discursivos; - a relação do locutor com estes objetos discursivos; - as vozes discursivas convocadas neste processo de referenciação. Num quadro teórico enunciativo-discursivo, consideramos os discursos como práticas linguísticas sociais (Bakhtine, 1984), pelo que a atenção à construção social, cultural, contextual e linguística dos discursos determina a presente análise. Tomamos como autores fundamentais, entre outros, Mondada (2001), Koch (2002), Cavalcante (2003), Charaudeau (2006). Para a nossa análise, selecionámos os artigos de opinião divulgados em três publicações generalistas de qualidade da imprensa escrita, de âmbito nacional: a revista semanal Visão, o jornal diário Público e o semanário Expresso.
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Resumos: Comunicações Coordenadas
Os refugiados no discurso político eleitoralista Maria Alexandra Guedes Pinto (Universidade do Porto) mapinto@letras.up.pt A crise dos migrantes e refugiados na Europa do início do século XXI abriu as portas a novas divergências no velho continente que colocam desafios difíceis à construção da identidade europeia. Classificada já como a maior crise migratória e humanitária na Europa após a Segunda Guerra Mundial, a realidade dos migrantes e refugiados pôs a nu uma Europa incapaz de responder ao problema com uma solução única e conjunta. Para além do aspeto humanitário, muitas vezes de contornos dramáticos explorados pelos media, o fenómeno é também motivo de fricções e fissuras entre as instituições e os estados membro, ameaçando tornar-se o gatilho de uma crise política europeia, conducente a um novo equilíbrio de forças entre os estados. Dada a centralidade que ganhou, a crise dos refugiados pode também ser perspetivada do ponto de vista do aproveitamento político por parte de diferentes fações, que dela extraem dividendos importantes para a sua própria territorialização. Discursos europeístas, de tolerância e aceitação, baseados nos ideais solidários do projeto europeu, coexistem com discursos extremistas, de tendência xenófoba e antiintegração. Na presente reflexão, analisaremos a forma como o discurso político eleitoralista, do género textual ‘manifesto político,’ codifica argumentativamente a questão dos refugiados, focalizando, para esse efeito, os manifestos eleitorais dos candidatos às eleições presidenciais portuguesas de 2016. Tema incontornável na agenda de qualquer campanha política, a crise migratória na Europa marca também presença nestes manifestos eleitorais, que dedicam sempre algumas linhas da sua ‘carta de principios’ à questão dos refugiados. Confirmaremos, a partir da análise dos manifestos, que a exploração do pathos no auditório, através do aumento do tom subjetivista e dramático nas macroestruturas dedicadas ao tema, denuncia o aproveitamento populista do mesmo. Este aproveitamento populista encontra-se ao serviço da construção de um ethos presidenciável, empático, justo e magnânimo, desígnio comum a todos os candidatos e a todas as forças políticas representadas. Ciberagressividade nos comentários do facebook sobre populações migrantes: a construção discursiva de um ethos intolerante e xenófobo Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) irseara@gmail.com Partindo do pressuposto de que a linguagem deve ser analisada como um recurso de interação social, propomo-nos mostrar os resultados de um estudo empírico conduzido a partir da análise de mensagens recolhidas na rede social facebook sobre o tema dos migrantes/refugiados na Europa. Este estudo foi despoletado pela leitura de alguns posts que veiculam um discurso agressivo que merece ser denunciado e combatido. As redes sociais, nomeadamente a rede facebook, assumiram na última década uma enorme visibilidade, tendo permitido a todos os seus utilizadores a prática quotidiana de afixação (postagem) de mensagens, quer sobre o universo privado dos participantes, quer sobre a exposição pública das ideias, crenças, posicionamentos religiosos, sociais e políticos que ganham, desta forma, um acréscimo de projeção em consequência da atual omnipresença da web. Embora Castells (2013) sublinhe que as redes sociais permitem instaurar um clima de fraternidade em prol da luta por questões sociais e políticas, em defesa dos direitos do cidadão, em que a violência acontece como instrumento de luta ou de opressão de poderes ditatoriais, constatamos, inversamente, que nas mesmas redes é utilizado um discurso agressivo e violento na construção de movimentos discursivos que apresentam negativamente a imagem dos novos migrantes na Europa. Assim, com base nos estudos de análise do discurso sobre ethos, partindo das conceções da retórica clássica, passando por Maingueneau (2002), Charaudeau (2005), Amossy (1999), Discini (2008), Marques (2008), subscrevemos que o ethos é uma noção discursiva, que se constrói através do discurso; que decorre fundamentalmente de um processo interativo de influência sobre o outro (sendo de importância capital na rede social) e que é uma noção fundamentalmente híbrida (sociodiscursiva), um comportamento socialmente avaliado, que não pode ser apreendido externamente à situação de comunicação precisa. Nesse sentido, partiremos da descrição do contexto histórico-social do recente fenómeno migratório na Europa, para evidenciar algumas estratégias que subjazem à construção do ethos discriminatório, intolerante e xenófobo na rede facebook, evidenciando como as especificidades da organização enunciativa neste lugar de construção de representações, a total liberdade de expressão, a necessidade de exibição, a banalização dos insultos e a construção mascarada dos sujeitos potencia a ciberagressividade.
PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE (IN)CORPO(REIDADE): REGIMES DO OLHAR E DO DIZER Coordenadora: Ismara Tasso (UEM) ievstasso@gmail.com Resumo da mesa: Tratar a desigualdade, na multiplicidade constitutiva de sua acepção, implica reconhecer seu caráter material nas práticas sociais e discursivas pelas quais, na contemporaneidade, o homem se torna sujeito. Eis aí uma das tarefas a que o GEDUEM (www.geduem.com.br) tem se dedicado: cotejar a corporificação dos sujeitos e dos sentidos no interior dos estilhaços significativos que resultam do encontro entre a língua(gem) e a história. Assim, tomando por base a prerrogativa foucaultiana segundo a qual a “verdade” essencial inexiste, já que ela se dá por “regimes” os quais se inscrevem numa dada ordem do que (não) se pode e (não) se deve dizer - uma vez que os discursos fundam os objetos dos quais ele mesmo trata -, os trabalhos vinculados a essa comunicação coordenada têm por objetivo compreender como o corpo (e a corporeidade) é discursivizado em práticas circunscritas ao ambiente virtual (nas quais o corpo é incorporal, já que se marca pela ausência), em práticas midiáticas 149
Resumos: Comunicações Coordenadas que tomam a virilidade como parâmetro para a constituição de memórias e de corpos em mutação (do transexual) e em corpos performativos (crossdresser) cujos domínios técnicos e tecnológicos das tecnologias discursivas cinematográficas instauram regimes outros do olhar e do dizer. Tal como preconiza Courtine (2012), não podemos sê-lo, senão como sujeitos encarnados, isto é, transvestidos pela/na carne. Os corpos são, portanto, objetos de desejo, de coibição, de controle, de vergonha, de pudor, de mercado, na medida em que as produções de subjetividade perpassam certa “estética da existência”. Desse modo, urge a necessidade de análises sobre a construção de modelos de (im)perfeição e de (in)sucesso, que resvalam em regimes de desigualdades e exclusões, intrincados em jogos de poder. Trabalhos dos Integrantes: Dobras das desigualdades em tela: subversão dos corpos em transformação Ismara Tasso ievstasso@gmail.com (UEM) Dado o estrato de sua formação discursiva, estética e monumental, o cinema constitui-se em dispositivo maquínico e em espaço propício à visibilidade de como o sujeito da contemporaneidade busca gerir o próprio corpo e sublimar a representação de si, enquanto identidade em transversão que se movimenta pelo desvelamento de si mesmo. Trata-se de condutas cuja tese se estabelece pela (in)corporeidade em mutação e em vigília, bem como da corporeidade performática. Conjuntura que possibilita, ao cinema, colocar em cena demandas do social circunscritas a políticas da diversidade cultural de gênero. Pela arte e estética cinematográfica, (re)criam-se as condições que possibilitam a compreensão diagnóstica do presente e tornam possível escavar discursividades em territórios sociopolíticos, religiosos, jurídicos e da medicina, em busca de pontos de singularidade à subjetivação dos corpos em cuja governamentalidade pulsa a força que os impele a traçar para si “novos objetivos de vida e novos padrões de conformidade para substituir aqueles que costumavam ser fornecidos pelas comunidades em que as vidas humanas, do berço ao túmulo, se inscreviam, mas que se extinguiram, ficaram inacessíveis ou caíram [ou se encontram prestes a cair] em desuso” (BAUMAN, 2003, p. 114). Nesse espaço, fazem-se circular práticas discursivas que enunciam o desprendimento de continuidades e se dissipam de identidades temporais. Dessa forma e sob a perspectiva foucaultiana, a analítica atém-se à cinematografia nacional e internacional, que trazem à reflexão desafios e conflitos identitários de gêneros em subversão. Produções fílmicas que põem em diálogo ciência, história e cultura, de forma a produzir o inventário do real sobre sujeitos crossdresser e transexual. Para isso, estabelecemos como princípio analítico a condição de a tecnologia cinematográfica criar a possibilidade do fazer visível o enunciável, conduta imanente aos campos de utilização e de estabilização dos conceitos que fazem emergir pontos de orientação à subjetivação dos corpos, às tecnologias sobre os corpos e aos dispositivos de segurança do corpo social.
Cheiro é discurso: práticas midiáticas sobre a (in)corporalidade na construção do sujeito viril Rafael de Souza Bento Fernandes (UEM) rafaelsbfernandes@hotmail.com O processo de construção das subjetividades, segundo Foucault (2008; 2015), deriva de intricadas relações entre domínios de saber e mecanismos de poder, os quais impõem normas aos seres viventes, cujos discursos sustentam e são sustentados por regimes de verdade, os quais se estabelecem por referenciais contrastivos e polares e se alinham sob os princípios que regem o certo e errado, o bom e ruim, o permitido e proibido. A mídia, compreendida como prática de linguagem, cumpre o papel de “mediar” leitores e realidades construindo a “história do presente”, atuando (in)diretamente na complexa produção de sujeitos, instituindo-lhes condutas de (des)igualdades sociais. Tomando por base tais princípios, o estudo tem por objetivo analisar, sob a ótica da análise do discurso de orientação francesa, enunciados de três campanhas publicitárias de desodorante e de perfume masculinos. Espera-se apreender como se dá o movimento de constituição da virilidade relacionada à performance (no comercial “O Chamado”, da “Old Spice”), à carnalidade e ao sexo (no caso do comercial “Efeito Axe”, da marca homônima) e ao sucesso financeiro (no comercial para divulgação do perfume “Zaad”, da “O boticário”). Um resultado primeiro de pesquisa indica que o cheiro, nesses comerciais, faz emergir discursos sobre homens extraordinários ou por efeito temporário (o “efeito axe”) ou por qualidades intrínsecas de sua natureza viril como a dominação e o dinheiro. Trata-se, portanto, da natureza discursiva (material e, paradoxalmente, incorporal) do cheiro, de uma “memória olfativa” do que um homem deve vir a ser (e a comprar).
Desigualdades sociais, inovação e acontecimentalização: (i)materialidades do corpo no mosaico da rede Jefferson Campos (UEM/FAMMA) jeffersoncampos@geduem.com.br A desigualdade é fundante e constitutiva. Quaisquer que sejam suas acepções, ao abordá-la no âmbito dos estudos discursivos, tratamo-la sob a égide de seu caráter heteróclito, contudo, valioso para a consolidação da vã tarefa de diagnosticar “quem somos”. Aventar, na ontologia do presente, a produção de sujeitos no interior de práticas discursivas, requer estabelecer sob quais condições são corporificados os sentidos de “ser sujeito”, razão pela qual observar a corporeidade na sua materialização por e em processos biológico e sociocultural torna-se uma tarefa profícua aos interessados em flagrar os processos de subjetivação/objetivação no curso das rupturas e dispersões do(s) acontecimento(s) em que se efetiva e do qual é efeito (FOUCAULT, 2010). Neste cenário e como contribuição às discussões desta comunicação coordenada, debruço-me sobre as condições de existência do Portal Projeto Portinari e do Museu Casa de Portinari objetivando demonstrar, na engrenagem do dispositivo da qual deriva, o processo pelo qual o sujeito expectador da obra de arte se constitui (i)materialmente, enquanto efeito 150
Resumos: Comunicações Coordenadas discursivo. Longe de tratar o processo de subjetivação como parte da experiência privada do sujeito que acessa esses espaços de significação, entendo que o deslocamento pela espacialidade virtual explicita a operação pela qual os indivíduos se constituem como sujeitos no batimento saber/poder/verdade. A tese defendida é a de que, no mosaico de possibilidades de deslocamento pelo espaço virtual, é criada uma conduta modelar a um corpo imaterial que presentifica, no acontecimento da linguagem do espaço, aquilo que tenho chamado de corpo-olhar, cuja produto pretende-se democrático, tal como uma medida políticodiscursiva que dirime os efeitos da desigualdade no que tange ao acesso à obra de arte e que, incontornavelmente, conclama o investir na formulação foucaultiana de “materialismo do incorporal.
ANÁLISE DE DISCURSO DO FIM DOS TEMPOS: POLÍTICA COMO ACONTECIMENTO Coordenador: Jose Luiz Aidar Prado (PUC-SP) aidarprado@gmail.com Resumo da mesa: Há hoje um senso comum em torno da vida capitalista globalizada: ela é o melhor sistema que se experimentou e não se pode colocá-la em risco, caracterizando uma espécie de mundo paneleiro “pós-político”, espécie de “fim dos tempos”, como diria Žižek. Contra essa visão há muitos movimentos de atores engajados em redes que atuam em lutas concretas: ambientais, étnicas, feministas, sem-teto etc. Em contraponto à visão cosmopolita do materialismo democrático (Badiou), esses atores atuam politicamente contra a postura antipolítica do consenso globalizado do liberal-capitalismo, fazendo emergir discursos potentes em termos de engajamentos, afetações, mobilizações contra a conformidade com o status quo, que vampiriza o imaginário da transformação e o reduz a uma ética empreendedora. Como a análise de discurso pode trabalhar nesse cenário? Trata-se de pensála como um manual de sobrevivência na selva à noite, onde as formas não são inteiramente visíveis e os espectros e sons criam atmosfera de insegurança. A ideologia não é aí pensada como falsa consciência, mas como um dispositivo foucauldiano de disputa contra a manutenção dos discursos hegemônicos, como, por exemplo, o da sustentabilidade/ ecoeficiência, o da busca do sucesso pelo mérito (o EU S/A), ou seja, discursos que recusam o antagonismo, que é constitutivo do político. A AD entra em campo nesse justo ponto: batalhando concretamente contra a visão de que política é consenso, apostando na ideia de democracia como campo de disputas e controvérsias em que os embates se dão em torno de antagonismos. Nessa perspectiva performativa da AD, em que pensar/falar é fazer, cada integrante da mesa debaterá um tema concreto ligado aos discursos hegemônicos: sustentabilidade, empreendedorismo, populismo. Finalmente um dos debatedores apresentará a questão central do antagonismo e a política entendida como processo de verdade em direção a um acontecimento (Badiou). Resumo dos Integrantes: Da antipolítica ao acontecimento José Luiz Aidar Prado aidarprado@gmail.com Partirei de uma ideia de Badiou que critica o materialismo democrático da era globalizada (que Christian Dunker chama de gestão condominial), centrado no princípio da finitude de que só há corpos e linguagens, propondo a dialética materialista, que afirma que não há somente corpos e linguagens, mas também verdades acontecimentais, infinitos genéricos que surgem a partir de acontecimentos que rompem com a ordem estabelecida, com os estados de coisas com representações estáveis. Os acontecimentos só podem surgir a partir de uma visão pós fundacional de política, em que política não é gestão dos seres a partir dos biopoderes midiatizados, mas surgimento da voz que não tem voz, do povo a partir das demandas diferenciais que de início não dialogavam, de algo que não fazia sentido antes da emergência do acontecimento. Desta forma, como diz Nancy, a surpresa é o que caracteriza o acontecimento, não o simples fato de que ele ocorre. A teoria materialista é aqui pensada a partir de um antagonismo de base, de uma negatividade da ordem pulsional que circula em um campo tensivo (Zilberberg) a partir do qual as partes buscam performativamente, na luta pelo reconhecimento (Honneth) e pela visibilidade (Jessé Souza), a emergência de acontecimentos disruptivos (Badiou). Em termos de uma lógica dos afetos ou das paixões o caminho da política se faz do medo para a alegria, da retenção à libertação/emancipação (Dussel; Santos; Mignolo). Nesta direção é que pensaremos a análise de discurso, que não é apenas análise de textos, mas de práticas engajadas num processo acontecimental da política. Heresias dirigidas à Teologia do Empreendedorismo: considerações sobre a análise crítica da cultura da inspiração Vander Casaqui (ESPM) vcasaqui@yahoo.com.br O historiador Leandro Karnal, em palestra intitulada “Os velhos e os novos pecados” (Café Filosófico CPFL, 2013), defende a ideia de que vivemos uma era regida pela Teologia do Empreendedorismo. Nada mais apropriado do que aproximar religião e empreendedorismo para compreender uma das principais forças moventes de nosso tempo, que combina doutrinas, crenças, mitológicas. O processo histórico da modernidade - que envolve as formas de trabalho sob a égide do capitalismo, a emergência da lógica liberal e a consolidação da economia de mercado, o tensionamento das subjetividades em função dos imperativos que ordenam a “vida capital” (Pelbart, 2003) - culmina no cenário contemporâneo em que o espírito empreendedor é elevado ao status de grande paradigma moral. Nesse contexto, qual é o papel do analista de discurso? Exercer a crítica, desconstruir prescrições naturalizadas no cotidiano, revelar os paradoxos de discursos hegemônicos potentes em promover engajamentos, modos de viver e de pensar. Nessa tarefa de remar contra a maré dos afetos que seduzem multidões e são replicados em inúmeros produtos culturais, discursos midiáticos, propostas de consumo de toda ordem, propomos um olhar analítico em torno da cultura 151
Resumos: Comunicações Coordenadas empreendedora, que transcende a esfera econômica e povoa a vida como um todo. Em meio à profusão de discursos associados a essa cultura, elegemos um recorte: os discursos que assumem a missão de “inspirar”, constituindo uma espécie de subcultura, derivada do empreendedorismo, que ora denominados cultura da inspiração. A prática dessa cultura pressupõe um modelo comunicacional: uma cadeia de produção, circulação e consumo de discursos baseados nas lógicas de “contaminação” e “contágio”, tendo como grande paradigma global as palestras conhecidas como TED Talks, em seu formato de até 18 minutos e seu objetivo manifesto de “falar, convencer, emocionar” (Gallo, 2014). Dessa forma, o imaginário da sociedade empreendedora (Drucker) busca se difundir, universalizar-se e perpetuar-se como hegemonia. Sua promoção se dá por um sem número de agentes, sistemas especialistas, institucionalidades. Essa difusão descentralizada se apresenta como mais um desafio na formulação crítica pelo analista do discurso - cuja tarefa exige destreza em reunir fragmentos, identificar vozes e lugares de fala, cartografar afetos e macroproposições. A dieta do fim do mundo: perversões do sujeito do consumo diante da crise ambiental Vinicius Prates (UPM e UNIP) viniciusprates.vp@gmail.com Produzir conhecimento sobre a crise ambiental é hoje a tarefa mais urgente que um pesquisador possa colocar. Embora determinado senso comum possa pensar o contrário, é ainda mais central nos estudos de humanidades – na sociologia, na filosofia, na política, nas comunicações – do que propriamente nas ciências da natureza, pois essa não é uma crise da natureza, mas da humanidade. Paul Crutzen, já em 2000 cunhou a expressão Antropoceno, como a marca de nossa era geológica. Ora, é evidente que não criamos essas condições a partir de uma vida instintiva, biológica, espécie de “vida nua”, como diria Agamben. A marca da humanidade sobre a história natural passa pela cultura, pela civilização, e mais especificamente pelo modo de produção e consumo que se desenvolveu nas últimas décadas, e num intervalo curtíssimo de tempo nos coloca em relação direta com o Real (lacaniano) da morte. A crise ambiental indica que, como projeto, nossa civilização já fracassou, caracterizando uma condição que aponta de forma irrevogável para o fim e a destruição, já sendo, em si mesma, fim e destruição. Um sintoma dessa sociedade de “fim dos tempos” é uma denegação perversa, cuja melhor definição pode ter sido dada pelo devaneio do próprio Bill Gates, que certa vez sonhou com um “capitalismo livre de fricção”. Este é o mundo imaginarizado pelos relatórios de sustentabilidade empresariais. É também o apelo dos alimentos diet e light (ou sem glúten, sem lactose, sem gorduras trans), da cerveja sem álcool, do cigarro eletrônico, da própria guerra de drones e robôs na qual não há sangue ou lágrimas visíveis. É a obsessão da sociedade contemporânea em anular as consequências negativas de suas in-decisões, sonhando com uma espécie de fruição sem seu contrário, de consumo sem fumaça, violência ou colesterol, sem o seu furo constitutivo em última instância. A análise de discurso deve visar desmontar os tamponamentos desses furos e preparar a ida ao campo de antagonismos. A nova liderança técnico-cínico-perversa da direita anti-populista argentina: uma análise política do discurso nas instâncias de campanha e posse do Pro em 2015 María Cecilia Ipar (USP) cecilia.ipar@gmail.com O texto terá como principal objetivo diferenciar o populismo (de direita ou de esquerda) do anti-populismo (de direita ou de esquerda) através da filosofia política do pós-marxismo, para desta forma construir um argumento teórico que nos permita enquadrar conceitualmente a atual dominação política argentina do Pro (Propuesta Republicana), liderado pelo presidente Mauricio Macri na nova direita anti-populista argentina. Para entender como a “direita” anti-populista se atualiza politicamente (discursivamente) realizaremos um exercício de análise política do discurso, inspirada na teoria da hegemonia de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e na sociologia da dominação de Max Weber, que visa identificar e compreender o sentido articulado dos principais alinhamentos significantes e estilos discursivos que compõem o que fundamentarei como sendo o núcleo “técnicocínico-perverso” do discurso do macrismo. Pesquisarei este componente –que se revela como um indicador eficaz para podermos caracterizar o Pro como um partido não somente anti-populista, mas de direita–, a partir do qual subverte-se o poder político eleitoral da hegemonia kirchnerista nos dois registros enunciativos que supõem a hegemonia populista ou, em termos weberianos, a dominação carismática: líder populista-povo; líder carismático-séquito (entendido como o quadro administrativo típico na dominação carismática). Conceitualmente, construiremos este indicador discursivo a partir de certas reflexões de Slavoj Žižek e da psicanálise lacaniana sobre o problema do cinismo e a estrutura da perversão, assim como a partir da sociologia da dominação de Max Weber e das diferenças e oposições fundamentais existentes entre a dominação carismática e a dominação racional-legal. Neste sentido, nosso argumento central em relação ao macrismo será que para subverter a hegemonia populista do kirchnerismo esforçou-se, com evidente sucesso, em significar o significante “mudança” (nome da coligação que o levara ao poder nas últimas eleições de 2015), substituindo a política na dimensão do antagonismo por uma visão técnica-genérica, gerencialista (management) e “desideologizada” da administração pública.
DIREITOS, DISCURSO HUMANITÁRIO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: SUJEITOS Coordenador: José Ribamar Lopes Batista Júnior (UnB/LPT) ribasninja@pq.cnpq.br Resumo da Mesa: Os casos de violência ou desigualdade, dentre elas a violência contra a mulher e as desigualdades na educação, estão vinculadas a aspectos hegemônicos, por sua vez sustentados por modos de operação da ideologia (Thompson, 1995). Ao se ter contato com formas do discurso humanitário, considerando que o discurso contribui para modificar a prática social em que está inserido, pode 152
Resumos: Comunicações Coordenadas haver uma mudança na realidade, e mesmo a alteração do quadro de poder. Segundo a teoria Fairclougheana, a Análise de Discurso Crítica (ADC) está fundamentada na “análise da relação dialética entre discurso e outros elementos da prática social” (Fairclough, 2001). Por meio da ADC é possível realizar uma análise das identidades e das ideologias no jogo da construção ou negociação identitária. Quando há a inserção de um discurso humanitário em determinada comunidade, ou acesso individual e coletivo a esse discurso, pode-se estabelecer uma nova ação em determinada prática social, ou a mudança completa de uma prática já vigente. Esses são alguns aspectos que procuraremos debater e evidenciar na presente comunicação coordenada. Trabalhos dos Integrantes: Dilemas de professores/as entre a docência e o acolhimento: uma análise das práticas de educação inclusiva Denise Tamaê Borges Sato (UnB) denisetamae@gmail.com A educação inclusiva no Brasil recebeu maior impulso a partir de ajustes legais promovidos em 2004 e em 2008, principalmente, no tocante à regulamentação do financiamento público da educação especial na modalidade inclusiva. Nesse contexto, ao defrontar com a nova realidade, professores e professoras do ensino regular passaram por um processo de acomodação à nova prática profissional. Neste trabalho, propomos a análise do discurso humanitário de professores e professoras que atuam na educação inclusiva de jovens com Síndrome de Down em Brasília e em Goiás com o objetivo de compreender o papel do discurso humanitário no processo inclusivo. Utilizamos as ferramentas da Análise de Discurso Crítica combinada com a etnografia, com vistas a percebermos em que sentido o discurso humanitário facilitou a transição da educação regular para a educação regular inclusiva e se tal prática constitui-se em ferramenta ideológica, tanto em relação aos/as professores/as como em relação aos/as alunos/as com Síndrome de Down. A análise demonstra que o discurso humanitário na prática da educação inclusiva facilitou o posicionamento dos sujeitos em situações de desvantagem e desprestígio social. Igualmente, atenuou, ideologicamente, a obrigação da administração pública em relação ao fornecimento nas escolas regulares de recursos materiais, tecnológicos e humanos que permitissem a prática educacional emancipatória.
Direito à educação, à aprendizagem e a base comum do currículo para a educação básica Guilherme Veiga Rios (Inep/UnB) g.veigarios@gmail.com Nesta comunicação apresentarei um recorte do cenário discursivo de atores na política para a educação básica, relacionada ao direito à educação, à aprendizagem e à base comum do currículo. A característica mais importante desse cenário é o campo de poder (Bourdieu, 1990) que se distribui em posições por vezes antagônicas, por vezes convergentes, desses atores, ao se tratar de temas como financiamento da educação pública, qualidade da educação e organização curricular. O campo de disputa já se mostrou nos debates prévios e durante as Conferências Nacionais de Educação, nos grupos de trabalho de política curricular coordenados pelo MEC em cuja culminância estava o foco na base comum nacional do currículo e nos debates e aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE). Por meio da análise discursiva crítica (Fairclough, 2003, 2010; Van Dijk, 2008) de documentos selecionados por critério de rele-vância sobre as questões em tela, buscarei evidenciar alguns conflitos e contradições, ideologicamente motivados, bem como alguns modos de operação da ideologia (Thompson, 1995). Em meio a tantas vozes institucionais sobre tais questões das políticas para a educação básica, uma das vozes oferece resistência, particularmente aquela que ampara o protagonismo do/a professor/a como ator privilegiado na execução da política pública, não obstante a expropriação de sua autonomia no sobrepujamento das políticas.
Superação de práticas discriminatórias no atendimento educacional especializado: letramento e discurso José Ribamar Lopes Batista Júnior (UFPI/LPT) ribasninja@pq.cnpq.br O presente trabalho é resultado da investigação realizada em Teresina, Floriano, Fortaleza e Brasília nos anos de 2008 a 2015. Nesse período foram observadas atividades e dinâmicas utilizadas para o Atendimento Educacional Especializado, nas Salas de Recursos Multifuncionais. Igualmente, foram coleta-dos artefatos e entrevistas nas quais professores e professoras definiam o papel do Atendimento Educacional Especializado (AEE) no bojo da prática educacional inclusiva. Consideramos como práticas emancipatórias aquelas em que houve efetividade na superação de dificuldades ou aquelas em que resultou em aprendizagem efetiva dos/as alunos/as com deficiência. Como parte da metodologia aplicada, confrontamos a presença dos discursos humanitário e burocrático na fala desses profissionais, à luz da Análise de Discurso Crítica (Fairclough, 2003), com o conceito e a vivência do AEE, sob o olhar dos Novos Estudos do Letramento (Barton, 1998). Os resultados demonstram que há práticas excludentes e emancipatórias indiferentemente da presença ou não dos discursos humanitário ou burocrático. Não há neutralidade no discurso, porém, a adoção dos posicionamentos humanitário ou burocrático por si só não resulta na experiência exitosa ou na superação dos estigmas. Contudo, quando associado a uma concepção libertadora acerca da capacidade de aprendizagem dos/as alunos/as, o discurso humanitário funcionou como veículo de valorização do fazer pedagógico, bem como dos sujeitos envolvidos, inclusive, dos/as próprios/as professores/as. Nesse sentido, percebemos que embora o discurso humanitário e burocrático possa servir para camuflar práticas tradicionais ou excludentes, outros discursos podem emergir na prática que associado à base humanitária ou burocrática, a prática emergente pode ser transformada.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Representações de gênero e Lei Maria da Penha Tatiana Rosa Nogueira Dias (UnB) tatianarnd@gmail.com A presente comunicação origina-se como investigação linguístico-discursiva da prática de audiências de instrução e julgamento e de retratação do Juizado de Violência Doméstica e Familiar do Distrito Federal e da Lei Maria da Penha investigando as questões hegemônicas. O principal objetivo deste recorte é o de investigar as representações apresentadas na Lei Mara da Penha e nas entrevistas com os profissionais e mulheres vítimas de violência, considerando possíveis questões ideológicas. Foram analisadas entrevistas com a juíza, promotora, advogada e psicóloga que atuava no Juizado de Violência Doméstica e Familiar, bem como entrevistas com as mulheres vítimas de violência. Para tanto, as pesquisas tiveram como suporte teórico metodológico a Análise de Discurso Crítica (ADC) por meio de Análise Textualmente Orientada (ADTO), bem como a utilização de ferramentas da etnografia para coleta e geração de dados. Dessa forma, uma perspectiva dialético-relacional (Wodak e Mayer, 2009) é adotada, com base nos pressupostos de Fairclough (trad. 2001), Chouliaraki e Fairclough (1999), e Fairclough (2003), que consideram aspectos de mudança social.
DA LÍNGUA PRA FORA: LIMITES E BORDAS DO (IN)DIZÍVEL Coordenador: Lauro José Siqueira Baldini (UNICAMP) ljsbaldini@gmail.com Resumo da mesa: Em “A Língua Inatingível”, Michel Pêcheux e Françoise Gadet refletem sobre o ideal de igualdade proclamado pela formação social capitalista em sua relação com uma desigualdade real que precisa ser organizada, absorvida e trabalhada pelos aparelhos de poder que regulam as relações sociais. Esses aparelhos, por sua vez, podem ser pensados em sua relação com a série incômoda linguagem/língua/discurso, que vem desestabilizar os níveis em que o linguista procura domesticar aquilo que do linguajeiro remete a um além do campo específico da linguística. Nesse sentido, os trabalhos aqui reunidos procuram tensionar essas fronteiras, na medida em que se voltam para materialidades que convocam diálogos com campos de saber como o cinema, os estudos de gênero, a psicanálise e a literatura. Abordaremos o modo como flagrantes “inusitados” em meio às imagens dos protestos de junho de 2013, no Brasil, e outras manifestações locais e internacionais, estabelecem relações entre o erótico e o político; pensaremos o caráter não localizável do “traço poético”, o que nos leva a considerar que o processo metafórico está em relação tanto com o processo revolucionário quanto com o ordinário do sentido; o paradoxo entre comunicabilidade e incomunicabilidade a partir do conceito de “formas de vida”, de Wittgenstein, num diálogo com produção fílmica de Antonioni; e os discursos exotificadores a respeito de um imaginário de brasilianidade, que convocam diferentes memórias para dar conta do “mestiço” e do “europeu”. Trabalhos dos Integrantes: Desigualdades como (diferentes) formas de vida ou diferentes formas de vida e incomunicabilidade ou a trilogia da incomunicabilidade de Antonioni (mais “O deserto vermelho”) Ana Paula El-Jaick (UFJF) anapaulaeljaick@gmail.com Os filmes A Aventura (1960), A Noite (1961) e O Eclipse (1962), de Michelangelo Antonioni, não foram premeditadamente concebidos como uma trilogia, mas, ainda que à revelia do diretor, são comumente agrupados como a “Trilogia da Incomunicabilidade” – a qual alguns críticos ainda incluem O deserto vermelho (1964). Analisarei esse (pretenso?) discurso da incomunicabilidade a partir do notório aforismo de L. Wittgenstein com que o filósofo vienense termina seu Tractatus LogicoPhilosoficus: “Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar” (TLP §7) e, também, a partir da perspectiva de linguagem da segunda fase de seu pensamento, aquele expresso em suas Investigações Filosóficas, quando a linguagem passa a ser entendida por Wittgenstein como uma prática humana, como forma de vida. Ao nos fixarmos nesta segunda fase de seu pensamento, aventaremos a hipótese de que, wittgensteinianamente, se não há uma linguagem oculta para além desta que usamos, então não existe um incomunicável para além do que sempre comunicamos – de modo que, então, o incomunicável está aqui, já diante de nossos olhos. Ou seja: se não há uma linguagem para além desta, então também experimentar a incomunicabilidade só pode acontecer nesta linguagem. Assim, explorando o paradoxo de se comunicar a incomunicabilidade, este texto não chega a “resultados finais”; antes, abre-se para dois paradoxos: 1) se a língua é alteridade, na medida em que pressupõe o outro, como poderia haver um fosso, um vão em que todo esforço de comunicação resulta em nada?; e 2) se a incomunicabilidade faz parte da linguagem ordinária, como há a necessidade do outro para haver linguagem? Por fim, entendemos que tais paradoxos tendem a mostrar que, se é possível comunicar a incomunicabilidade, isso seria menos o triunfo da comunicação e mais um reconhecimento dos limites da linguagem. Um “país mestiço” com “cidades de herança europeia”: em um corpo brasileiro (mestiço) vive uma alma europeia? Glória da Ressurreição Abreu França (UFMA) gloria.franca@gmail.com Este trabalho se situa no campo teórico da Análise de discurso e se propõe a analisar as (re)produções de discursos exotificadores a respeito de um imaginário de brasilianidade, através da observação tanto das formas de nomear a população brasileira quanto 154
Resumos: Comunicações Coordenadas dos nomes dados aos lugares (ao Brasil, às regiões e às cidades brasileiras). Percebe-se que, ao se fazer um cruzamento da análise usando como critério a língua de formulação, os discursos se relacionam com diferentes espaços de memória, ainda que ambos retomem uma forma de binarismo corpo/mente (espírito). O corpus se constitui em torno de guias de viagens, em língua portuguesa (Guia 4 rodas e Guia da Folha) e em língua francesa (Guide du Routard, Petit Futé e Guide Bleue), além da página Facebook do Ministério do Turismo Brasileiro. A partir desse material, constituí um corpus em torno de formas de nomear e designar tanto a população quanto os lugares do país. Em específico, trarei na análise o fato de que, na materialidade de língua francesa, se fala em corpo “mestiço”, de um ponto de vista que pode ser considerado como exotificador, ao passo que há, no corpus de língua portuguesa (do Brasil), um tipo de escolha discursiva - em particular nas designações - de tratar dos aspectos europeus presentes no Brasil (o que também pode ser considerado exotificador). Nesse olhar cruzado, tem-se que falar de país mestiço implica, no material analisado, a falar de traços marcados no corpo: tem-se uma lista de cores, tonalidades, danças, gestos, até mesmo a língua portuguesa “faz ondular o corpo”. Nesse mesmo sentido, falar de um país de “herança europeia”, recai a se falar da arquitetura, da culinária, das festividades, e em cidades tais como a “Veneza brasileira” e a “nova Friburgo”. Esses exemplos não devem ser tomados como homogêneos, mostrarei igualmente casos em que se pode ver ruptura dessas regularidades, como é caso de Salvador, designada como a “Roma brasileira”. Tem-se nesse trabalho um exercício de análise de um discurso que funciona por binarismos e onde se vê de maneira clara, na comparação francês/português, um funcionamento discursivo intrinsecamente ligado à materialidade da formulação linguística. “Im itiri i di timinhi di im pinhi”. As mulheres na escrita de Angélica Freitas Tyara Veriaro Chaves (UNICAM) tyara.veriatoc@gmail.com Tomando como ponto de partida as reflexões de Michel Pêcheux em O discurso: Estrutura ou Acontecimento, onde se afirma que “[...] o humor e o traço poético não são o ‘domingo do pensamento’, mas pertencem aos meios fundamentais de que dispõe a inteligência política e teórica” (1983, p.53), propomos neste trabalho um gesto de leitura em torno do livro Um Útero É do Tamanho de Um Punho (2012), de Angélica Freitas. Esta obra se subdivide nas seguintes sessões: “uma mulher limpa”, “mulher de”, “a mulher é uma construção”, “um útero é do tamanho de um punho”, “3 poemas com o auxílio do google”, “argentina” e “o livro rosa do coração dos trouxas”. Retomando Pêcheux, consideramos que tais materialidades culturais e estéticas estão implicadas em rituais ideológicos, concernem a determinadas condições de produção, inserem-se em redes de memórias, o que nos leva a pensar os seus efeitos políticos no campo da linguagem e dos sentidos. Dessa forma, pretendemos refletir sobre o funcionamento do poético no processo de (des)construção dos sentidos de mulher. Trata-se de pensar o caráter não localizável do “traço poético”, o que nos leva a considerar que o processo metafórico está em relação com o processo revolucionário, na medida em que desloca as evidências.
Cenas do erótico no político ou e veio aquele beijo Lauro José Siqueira Baldini (UNICAMP) ljsbaldini@gmail.com Este trabalho procura se mover no espaço por onde Pêcheux se movia, isto é, um espaço pedregoso e ao mesmo tempo incontornável: levar a sério que houve Saussure, houve Marx, houve Freud. Considerar, portanto, que não é possível falar do discurso sem levar em conta que “Há um real da língua. Há um real da história. Há um real do inconsciente”, como afirma Pêcheux no colóquio Materialidades Discursivas (1980). Falar de uma materialidade discursiva, portanto, implica pensar um lugar de entremeio para a Análise de Discurso, como afirma Eni Orlandi. Se pensamos, como Pêcheux, que o que está em jogo no processo ideológico que sobredetermina toda materialidade discursiva é uma divisão contraditória em que as ideologias dominadas “não são nem um simples reflexo da ideologia dominante [...] nem um germe independente”, mas sim um processo em que a resistência se dá como ruptura interna, propomos pensar algumas elaborações iniciais sobre essa questão a partir do olhar para uma materialidade específica: flagrantes “inusitados” em meio às imagens dos protestos de junho de 2013 , no Brasil, e outras manifestações locais e internacionais, procurando ver como se dá a dimensão do erótico nesse material, partindo do pressuposto de que o erótico é “o desequilíbrio em que o próprio ser se coloca em questão”, como diz Bataille. Desse modo, não seria essa dimensão também aquela em que a questão da resistência se alinha à do nonsense, da falha e do equívoco?
O PERCURSO DO VERBO NA GRAMÁTICA BRASILEIRA: SÉCULOS XIX E INÍCIO DO XX Coordenadora: Leonor Lopes Fávero (USP/PUCSP) lplfavero@uol.com.br Resumo da mesa: O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “ o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto pelos gramáticos brasileiros, no século XIX, à luz da História das Ideias Linguísticas. O procedimento metodológico utilizado consiste em examinar as ideias predominantes acerca dessa classe gramatical, como o conceito e as mudanças por que passou ao longo do século, mas para que chegássemos a este período, traçamos um breve histórico dessa classe gramatical, começando na Antiguidade Clássica. Lembremo-nos de que pesquisadores como Elia (1975) Guimarães (1996), Cavaliere (2002) e Fávero e 155
Resumos: Comunicações Coordenadas Molina (2006) , apesar da complexidade ou mesmo impossibilidade de uma partição rígida dos estudos gramaticais, reconhecem dois momentos na produção gramatical do século: um sob a égide da gramática geral e filosófica e outro sob a égide das correntes “científicas” com a Gramática portuguesa de Júlio Ribeiro (1881), divisora de águas (embora se afirme não ter sido ele o precursor, foi indubitavelmente o mais citado por seus contemporâneos) e o que de fato penetrou nos bancos escolares do Brasil). Como afirma Zamorano Aguilar (2002, p. 216) “a escolha de um corpus é sempre uma tarefa complexa e altamente subjetiva”. Apesar dessa dificuldade, serão selecionados autores que fizeram escola no século XIX e início do XX avaliando como compreendem o verbo e em qual corrente situam-se seus estudos. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises. Trabalhos dos Integrantes: O verbo no início do século XX Leonor Lopes Fávero (USP/PUCSP) lplfavero@uol.com.br O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “ o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto pelos gramáticos brasileiros, do início do século XIX, à luz da História das Ideias Linguísticas. Serão avaliados: a definição, conjugações, conceito de tempo e modo, lembrando que, nesse momento histórico, imperava a corrente de inspiração filosófica, assentada nos preceitos da Grammaire de Port-Royal que considerava o verbo "ser" o verbo por excelência. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises.
O verbo no início do século XX Márcia Antonia Guedes Molina (UFMA) marcia.molina@ufma.br O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “ o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto por gramáticos brasileiros, do início do século XX, à luz da História das Ideias Linguísticas. Serão avaliados: a definição, conjugações, conceito de tempo e modo, lembrando que nesse momento histórico a corrente histórico-comparativa imperava. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises.
O verbo em Júlio Ribeiro Ricardo Cavaliere (UFF) ricardocavaliere@id.uff.br O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto pelos gramáticos brasileiros, no século XIX, à luz da História das Ideias Linguísticas. Lembremo-nos de que pesquisadores como Elia (1975) Guimarães (1996), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2006) , apesar da complexidade ou mesmo impossibilidade de uma partição rígida dos estudos gramaticais, reconhecem dois momentos na produção gramatical do século: um sob a égide da gramática geral e filosófica e outro sob a égide das correntes “científicas” com a Gramática portuguesa de Júlio Ribeiro (1881), divisora de águas. Exatamente por ser marco dos estudos gramaticais brasileiros é que a escolhemos como objeto de análises. Analisaremos como se comporta essa classe, sublinhando, em especial, o estudo do aspecto. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises.
EMOÇÕES E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: Lúcia Helena Martins Gouvêa (UFRJ) lhluar@yahoo.com.br Resumo da mesa: Esta sessão reúne trabalhos que tratam do conceito de pathos como meio de persuasão. Considerando-se que o ser humano está sempre expressando sua opinião e procurando atuar sobre o outro a fim de convencê-lo da pertinência de suas ideias e/ou persuadi-lo a realizar alguma coisa, é importante estudar os meios por intermédio dos quais os indivíduos agem uns sobre os outros, levando-os a um fazer crer e/ou a um fazer fazer. Nessa atitude de atuar sobre o interlocutor – sobre o auditório –, o locutor se vale de variadas estratégias linguístico-discursivas que lhe permitirão acessar o intelecto e a sensibilidade de seu auditório. O locutor, entretanto, não se utiliza somente do conteúdo informativo de seus enunciados (logos), ou da imagem que transmite por meio de seu discurso (ethos); utiliza-se também da emoção que pode produzir no auditório (pathos). É, assim, sobre os efeitos patêmicos (emoções) que o sujeito da enunciação pode desencadear, que esta mesa pretende discutir. Para isso, serão utilizadas, como corpus, crônicas jornalísticas que tratarão de temas relacionados a desigualdades sociais, como questões de 156
Resumos: Comunicações Coordenadas gênero, problemas socioeconômicos e matérias jurídicas. No que diz respeito à teoria que fundamenta as pesquisas, trabalha-se com a Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, mas também se levam em conta estudos de Christian Plantin, de Teun Van Dijk e de Herman Parret. Finalmente, vale destacar um pressuposto básico para os trabalhos desta mesa: a oposição razão X emoção, que por tanto tempo subjazeu as discussões acerca da argumentação, desfaz-se com o estudo do pathos, a partir do momento em que se constata que toda emoção tem sua razão, que os dois fenômenos não se separam. Trabalhos dos Integrantes: Pathos e questões de gênero Lúcia Helena Martins Gouvêa (UFRJ) lhluar@yahoo.com.br
O presente trabalho constitui-se de um estudo sobre o conceito de pathos desenvolvido em uma pesquisa de pós-doutoramento. Formando-se, o corpus, de crônicas jornalísticas e visando-se a estudar, neste momento, a articulação entre discurso e desigualdades sociais, seleciona-se uma crônica que discute questões de gênero, publicada no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, em 21/06/2013 e intitulada A falsa cura. O pathos, segundo Aristóteles, é um meio de prova derivado da emoção despertada pelo orador nos ouvintes. Patrick Charaudeau, linguista em cuja teoria a pesquisa se fundamenta, trata o fenômeno como uma categoria de efeito. O trabalho, portanto, considera o pathos como o efeito produzido pelo locutor no auditório. Como, para o linguista, o interesse da disciplina Análise do Discurso, com relação a esse conceito, está em estudar o processo discursivo por meio do qual as emoções se desencadeiam, para a análise do corpus da pesquisa foram estudadas estratégias linguísticodiscursivas consideradas favorecedoras de efeitos patêmicos. Neste trabalho, especificamente, serão focalizadas as estratégias presentes no texto em apreço. Trata-se de estratégias por meio das quais são identificadas algumas emoções que possivelmente foram provocadas no auditório. As emoções (pathos), à semelhança do conteúdo informativo dos enunciados (logos) e da imagem transmitida pelo locutor por meio de seu discurso (ethos), são consideradas importantes meios de persuasão. Deve-se assinalar, por fim, que dois outros estudos sobre o conceito-base deste trabalho foram relevantes: o de Christian Plantin e o de Herman Parret.
A crônica jornalística dando voz às minorias emudecidas: o contrato, as emoções e as identidades em foco Mário Acrisio Alves Junior (UFES/CAPES/FAPESP) marioalwes@hotmail.com O propósito desta comunicação é trazer à tona um debate que raramente é tema de relevância em matérias jornalísticas: o alto índice de mortes de bebês em hospitais do país e o descaso que caracteriza tal fenômeno. Tomando-se como ponto de partida o exame da crônica A matança dos bebês, publicada na revista Veja, em julho de 2008, observa-se a relevância social deste gênero do jornalismo impresso, tendo em vista seu potencial para viabilizar a notoriedade de certas minorias. Retomando alguns conceitos advindos da Teoria Semiolinguística do Discurso, proposta por Patrick Charaudeau, assumem-se os seguintes pressupostos: i) a crônica jornalística pode constituir-se como um espaço privilegiado para a difusão de vozes que, por motivações diversas, são socialmente emudecidas; ii) enquanto comentarista da realidade, o cronista explora ao máximo o espaço de estratégias de que dispõe, na emergência do contrato estabelecido entre ele e seu leitor, para manifestar seus pontos de vista acerca de variados fatos e fenômenos sociais, assumindo uma identidade de porta-voz de minorias emudecidas. Outros teóricos, tais como Teun Van Dijk e Adriana Bolívar, representantes de uma perspectiva crítica de análise discursiva, serão retomados para as discussões aqui propostas, compreendendo-se que tal abordagem oferece noções relevantes para o exame da reprodução das desigualdades no discurso. Acredita-se que as questões levantadas são relevantes: para os estudos da linguagem, por salientarem a função social da crônica jornalística; e, para outras áreas do conhecimento, cujas reflexões, de alguma forma, recaem sobre minorias desfavorecidas.
A desigualdade reforçada pela patemização em crônica de Zuenir Ventura Luana Maria Siqueira Machado (UFRJ) luanaletras@ufrj.br O presente trabalho é o resultado de um estudo desenvolvido em uma pesquisa de doutoramento. Tal pesquisa propôs-se a estudar estratégias de patemização presentes em crônicas de Zuenir Ventura. Para traçar a relação pathos e desigualdade, selecionou-se uma crônica do citado autor, publicada no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, em 27/03/2013, cujo título é “Um peso e duas medidas”. A análise fundamenta-se em estudos de Análise do Discurso, apoiando-se, principalmente, nas contribuições da teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau e suas considerações a respeito do conceito de patemização. Acrescentam-se à teoria estudos de Christian Plantin, nos quais defende que existem formas de argumentar por meio da emoção. Esta análise visa a detectar as estratégias linguístico-discursivas utilizadas pelo cronista para, na construção do texto, suscitar emoções no auditório. Essas emoções têm propósito argumentativo, orientando o leitor para a tese defendida no texto. Neste trabalho, serão analisadas as estratégias presentes na crônica em análise. Com isso, busca-se detectar de que forma elas ajudam o cronista a criar uma carga emocional na discussão da desigualdade, reforçando seu ponto de vista por meio das emoções.
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Resumos: Comunicações Coordenadas PRÁTICAS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL Coordenadora: Lucia Teixeira (UFF/CNPq) luciatso@gmail.com Resumo da mesa: Viver em sociedade pressupõe práticas semióticas de interação, reguladas por relações linguageiras e discursivas que constituem limiares e limites para a sociabilidade, oscilando, de um lado, entre os polos do confronto máximo entre valores opostos, que se atualiza em manifestações de assimetria radical, e, de outro, a conciliação eufórica entre eles, que procura neutralizar as diferenças, as relações de heterogeneidade, conciliando-as, ainda que aparentemente. Assim, para analisar um leque variado de manifestações sociais de exclusão e de inclusão, examinaremos não só a situação semiótica em que ocorrem, mas, sobretudo, as formas graduais de sua resolução na argumentação em causa, os mecanismos de gerenciamento da tensão axiológica que, operados por movimentos discursivos de triagem e mistura, tendem ora à concentração dos valores, fazendo predominar os valores de absoluto e com eles o regime da exclusão, ora à sua difusão, consagrando, então, os valores de universo, de inclusão. Mais do que pensar as práticas de exclusão e inclusão como opostas e estanques, interessa-nos analisar suas diferentes formas de agenciamento estratégico, na medida em que exclusão e inclusão são operações semióticas complementares que se desdobram sobre um pano de fundo comum por meio de interdependências de várias ordens, segundo o horizonte ético e moral dos actantes da situação semiótica, da instância de destinação e dos sujeitos observadores. A partir dessas premissas, nesta sessão analisaremos práticas manifestadas em diferentes campos discursivos: o das artes plásticas (a instalação No cruzarás el río antes de llegar al puente, de Francis Alys); o da literatura ( o romance Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo e poemas de Ricardo Aleixo); e o da história em quadrinhos (a HQ autobiográfica L’Arabe du futur: une jeunesse au Moyen-Orient (19781984), de Riad Sattouf). Trabalhos dos Integrantes: Fronteiras e travessias numa instalação de Francis Alys Lucia Teixeira (UFF/CNPq) luciatso@gmail.com O artista belga radicado no México Francis Alys (1959 -) apresenta, na obra intitulada “Não cruzarás a ponte antes de chegares ao rio”, uma instalação que tematiza o fluxo ilegal de imigrantes no estreito de Gibraltar. Os 14 Km de distância que, em seu trecho mais estreito, separam África e Europa foram o cenário da instalação em que crianças dos dois continentes criaram uma ponte simbólica de barcos feitos de sandálias e lenços e atiraram-se ao mar para um encontro com os que vinham do outro lado. Vídeos, objetos, pinturas, mapas, recortes de jornais e esculturas constituem a instalação, exposta no MALBA de Buenos Aires (06/11/2015 a15/02/2016). A análise semiótica dessa obra permitirá examinar os mecanismos de triagem e mistura que, ora selecionando espaços, percursos e sujeitos, ora misturando-os em discurso de alta densidade plástica, põem em relevo práticas de exclusão. Se a imigração tratada pelas mídias mostra o horror da discriminação e dizimação em fotos e reportagens que exploram a narrativa de casos, despolitizando a questão pela exposição crua da dor individual, a instalação de Alys, pela força de presença do imaginário e do simbólico, realça as contradições políticas, geográficas e históricas dos eventos migratórios. Não se trata mais de uma questão entre Espanha e Marrocos, mas de um fenômeno social universal que, tratado esteticamente, sobrepassa espaços, superpõe tempos e acolhe actantes em complexos papéis figurativos e temáticos. A linguagem multimodal da instalação, que os procedimentos enunciativos resolvem sincreticamente numa unidade de sentido, ainda que fragmentada e partida em seus desdobramentos cenográficos e meios expressivos, acolhe também o espectador, para fazê-lo parte do mundo de dor e injustiça exposto em telas líricas, barcos coloridos e mapas desconhecidos. Somente o discurso estético, ao forçar os limites dos planos de expressão das linguagens, pode abranger em sua potência máxima de sentido a aventura humana que põe um sujeito à deriva, destituindo-o da possibilidade de ancorar sua subjetividade num espaço e num tempo.
Entre limites e limiares: práticas de exclusão e inclusão em Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo Eliane Soares de Lima (UNIFRAN) li.soli@hotmail.com Marcado pelo viés de uma contundente consciência crítica sobre os moldes vigentes de estruturação da sociedade brasileira, o romance contemporâneo Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo, publicado em 2010, pela Companhia das Letras, e vencedor, em 2011, dos prêmios São Paulo de Literatura e Portugal Telecom, segundo lugar do Prêmio Jabuti, alia apuro estético à denúncia das desigualdades sociais. Sem perder de vista o domínio da escrita, da representação literária da questão, o autor consegue, com um mínimo de ação narrativa – os contratempos enfrentados por Pedro, o protagonista, para chegar de ônibus ao Bairro do Tirol, na periferia pobre onde mora a namorada –, dar conta da complexidade envolvida na constituição dos processos que produzem e reproduzem as práticas de exclusão-inclusão, dinamizando-as. Assim, na tentativa de depreender o funcionamento interno de geração, justificação e legitimação subjacente a essas práticas semióticas ali representadas, nossa proposta é a de examinar, com base sobretudo nas lembranças de Pedro sobre o bairro do Tirol e seus moradores, núcleo de violência e injustiças sistemáticas, primeiro, se, tal como as operações discursivas de triagem e mistura – conforme concebidas por Zilberberg (2004 [2001]) –, também as práticas de exclusão e de inclusão social pressupõem uma a outra, isto é, se o movimento de exclusão recairia necessariamente sobre o de inclusão, desfazendo-o, na mesma proporção em que este último incidiria sobre as resultantes de exclusões anteriores, e de que maneira, segundo, as condições aspectuais de tais operações e suas 158
Resumos: Comunicações Coordenadas consequências interpretativas. Interessa, pois, verificar, a partir daí, como se manifestam discursivamente e são problematizadas as convicções e os valores subjacentes à opressão cotidiana e às injustiças sociais retratadas, bem como os mecanismos discursivos que, sendo o seu fundamento, levam a nossa consciência a assimilar, na experiência cotidiana, a desigualdade como algo dado, natural, algo que, na grande maioria das vezes, não se faz objeto de incômodo e questionamento crítico. Figuras da inclusão em L’Arabe du futur, de Riad Sattouf Jean Cristtus Portela (UNESP/CNPq) jean@fclar.unesp.br Para a semiótica discursiva, a exclusão, regida pela triagem, pode ser definida como uma operação de distinção e de separação, na qual limiares e limites são tão salientes quanto precisos. É desse modo, por exemplo, que se produzem e se tipificam as diferenças entre grupos sociais hegemônicos e minoritários, entre movimentos progressistas e conservadores, entre posicionamentos moderados e extremistas e entre nativos e estrangeiros. Nesses casos, a exclusão parece claramente produzir uma narrativa, na medida em que consagra a falta. Em contrapartida, seu correlato regido pela mistura, a inclusão, torna indistintos e amalgama elementos e classes de elementos, produzindo um contraprograma à exclusão, uma narrativa de reparação do excluído. Questão por excelência de ponto de vista, restituir ou doar ao despossuído não raramente significa privar um eventual possuidor. Nas práticas de inclusão, dons e trocas entre actantes, tão próprios à estrutura das narrativas em geral, adquirem uma coloração ética notável que produz inclusões eufóricas ou disfóricas, desejáveis ou indesejáveis. Assim, a inclusão parece ser uma solução ambivalente, da qual se necessita, muitas vezes, explicitar a motivação e a finalidade. Procurando aprofundar essas reflexões, o objetivo deste trabalho é investigar as ambiguidades que subjazem às figuras da inclusão presentes na HQ autobiográfica L’Arabe du futur: une jeunesse au Moyen-Orient (1978-1984), de Riad Sattouf, primeiro volume das memórias do quadrinista em que se narra com humor e acidez o percurso de quem foi criado pelo pai sírio e pela mãe francesa para ser um árabe “educado e culto”, o “árabe do futuro”.
Exclusivos e excluídos numa sociedade do privilégio: Ricardo Aleixo e a desigualdade escancarada Ivã Carlos Lopes (USP) lopesic@usp.br Experimentando, na fase recente, a multiplicação de suas orientações teóricas, a semiótica tem desenvolvido, entre outras linhas de força, a hipótese tensiva, a qual veio nos habituando à ideia de movimentos de homogeneização e heterogeneização no universo do sentido, como resultantes das operações elementares de triagem e mistura com que se comprometem os enunciadores. Meros operadores da extensidade enquanto nos atenhamos ao patamar esquemático, os movimentos de triagem e mistura não podem ocultar suas implicações de cunho político, a partir do instante em que levamos em conta seus resultados: o puro, para a triagem, e o universal, para a mistura, cada qual sendo suscetível de investimento valorativo dependente das tendências ideológicas de quem enuncia. Em cada caso, a dosagem de heterogeneidade admitida decide sobre as exclusões e inclusões praticadas aqui ou ali. Mantendo em mente essas poucas premissas de partida, queremos nesta comunicação ler e explorar em traços breves alguns poemas de Ricardo Aleixo, nos quais o poeta belo-horizontino põe em cena essas questões sociais e políticas, sem por isso desprezar o artesanato poético. Avesso a cristalizações classificatórias, difícil de situar neste ou naquele compartimento das artes que pratica, Aleixo nos fornece um bom desafio contemporâneo para a avaliação operacional da pequena ferramentaria nocional aqui evocada, quando o assunto são as inclusões e exclusões na sociedade brasileira. Com ajuda de seus poemas, poremos à prova localmente o alcance do material conceitual em construção pelos semioticistas nos dias de hoje.
MEDIAÇÃO EDITORIAL E AUTORIA: A CIRCULAÇÃO DOS DISCURSOS DA PERSPECTIVA DOS PROCESSOS DE INSCRIÇÃO MATERIAL Coordenadora: Luciana Salazar Salgado (UFSCar) lucianasalazarsalgado@gmail.com Resumo da mesa: Considerando que mediações editoriais não vêm acrescentar-se aos textos como circunstância contingente e, portanto, que a inscrição material dos textos é parte integrante de seu sentido, reunimos neste simpósio estudos de diferentes objetos discursivos, delimitados em conjunturas distintas, que têm em comum tratarem do modo como uma certa formalização material, implicada em um dado modo de circulação do objeto aí constituído, estabelece uma identidade assentada nos modos de inscrição e de dispersão de uma semântica fundamental. Interessa, aqui, explorar noções de autoria atravessadas por uma relação espaço-temporal imposta pela cibercultura – fundamentada na sofisticação dos sistemas de controle e altamente informacional, isto é, autorias que se delineiam com base em materialidades de alta potência difusora, cuja produção supõe sucessivas mediações editoriais, oficiais ou oficiosas, complexificadoras das noções de fonte, instituição e mesmo de posicionamento. Assim, abordaremos as seguintes questões: 1. a autoria coletiva de livros didáticos de português para estrangeiros e a construção de imaginários sobre a cultura e o português brasileiro; 2. como se constitui a autoria nos ritos genéticos editoriais, ao considerarmos o lugar discursivo ocupado 159
Resumos: Comunicações Coordenadas pelo revisor de textos.; 3. o modo de funcionamento de gestão da autoria e do espaço associado em crônicas de Nelson Rodrigues; 4. a gestão política da figuração de poeta na contemporaneidade. Os temas propostos fazem parte de trabalhos que, estribados nos pressupostos da análise do discurso de base enunciativa, são desenvolvidos no âmbito do grupo de pesquisa Comunica – inscrições linguísticas na comunicação (UFSCar/CNPq). Trabalhos dos Integrantes: Autoria coletiva e imaginários: indícios da heterogeneidade discursiva em uma coleção didática de português para estrangeiros
Helena Maria Boschi da Silva (UFSCar) helenaboschi@gmail.com Numa conjuntura em que o interesse pelo “português brasileiro” e pelo que se convencionou chamar “cultura brasileira” em nível mundial aumenta consideravelmente devido a fatores de ordem socioeconômica – o que pode ser constatado em notícias, fatos e pesquisas diversas – , o estudo de livros didáticos como dispositivos históricos, materialidades que linearizam discursos de uma certa época, torna-se um imperativo para que se conheçam seus desdobramentos na construção identitária de nosso país. Na esteira dos estudos do discurso de linha francesa, consideramos esses materiais como suportes que se constituem na articulação de técnicas e normas que, embora produzam um efeito de neutralidade e consenso, são sempre formalizações de práticas oriundas de comunidades específicas, suportes produzidos por sujeitos e que produzem subjetivação (SALGADO, 2013). A composição de sua forma final, portanto, é sempre o resultado de negociações entre o posicionamento de seus autores, de quem lhes encomenda, daqueles que o editam, e legitima imaginários produzidos em redes interdiscursivas tecidas por relações de poder. Definimos como córpus o conjunto de livros didáticos Brasil Intercultural: língua e cultura brasileira para estrangeiros (MOREIRA; BARBOSA; CASTRO, 2013), publicado recentemente pela Casa do Brasil de Buenos Aires e utilizado por instituições argentinas e uruguaias. Assim como muitos materiais didáticos, a autoria nesse caso é formalmente estabelecida como coletiva, uma vez que são materiais produzidos por equipes de autores. Verificaremos como se constroem imaginários de língua, de cultura e de nação por meio dos textos e atividades escolhidos para fazer parte de sua composição, procurando indícios da heterogeneidade constitutiva característica da linearização dos discursos e do conflito solidário que daí resulta (AUTHIERREVUZ, 2004), potencializada, nesse caso, pela coletividade enunciativa da instância autoral. Revisor: um coenunciador do texto? Luciana Rugoni Sousa (UFSCar) lucianarugoni@gmail.com Para muitos, a revisão de textos é um trabalho exclusivamente técnico, pois não se associa a tal atividade a complexidade que envolve os processos de correção, calibragem e sugestões ao texto de um outro, que tem dimensão normativa, portanto implicações ideológicas. Observando os processos de tratamento dos textos de uma perspectiva discursiva, é possível encontrar indícios de diferentes formas de imposição e apropriação dos textos, em suas diferentes etapas e feições. O revisor de textos, nessa perspectiva, parece ser aquele que, por trabalhar diretamente na malha textual, propõe novas possibilidades, alterações, levantando imprecisões e reflexões sobre o texto e, desse modo, proporcionando ao autor uma exterioridade, um distanciamento, permitindo que se estabeleça uma versão final consistente. Ou seja: é preciso que o revisor se ocupe com problemas tanto da língua enquanto sistema quanto com as escolhas estilísticas e suas consequências discursivas, que produzem a posição de um autor. Instituído nessa trama, o revisor parece fazer parte dessa negociação de sentidos que se dá nas textualizações dos discursos. Fala de um lugar que não é propriamente de coautoria, tampouco é de mero “parafraseador”; o trabalho do revisor de textos, escancarando o dialogismo constitutivo de toda tomada de palavra, caracteriza-se como o de um coenunciador. Portanto, ao trabalhar sobre o texto de um outro, parece essencial compreender a relação entre autoria e leitura e, com isso, compreender melhor a produção de bens culturais, que mobilizam vários atores, estabelecendo relações entre diferentes lugares, práticas e memórias numa atividade “de coxia”. Para tanto, investiga-se, por meio da noção de ritos genéticos editoriais, o lugar discursivo ocupado pelo revisor de textos, ao considerarmos que tal atividade faz parte dos ritos genéticos (MAINGUENEAU, 2007): “são esses ritos que, ao confrontar escribas – autores e coenunciadores – fazem funcionar a autoria, nas muitas formas que ela assume atualmente, quando a criação é um processo cada vez mais coletivo e socialmente partilhado” (SALGADO, 2007, p. 290). O sintagma “complexo de vira-latas” e a gestão da autoria nas crônicas de Nelson Rodrigues João Thiago Monezi Paulino da Silva (UFSCar) joaothiago79@yahoo.com.br As pesquisas que tratam da gestão da autoria em textos literários vêm constituindo um lugar bastante produtivo para os estudos do discurso, visto que se propõem a investigar, especificamente, os regimes de funcionamento das instâncias de autoria em modos diferentes de publicações e de circulação, inscritos em diferentes materialidades. É possível notar que, em algumas produções de escritores já consagrados pelo cânone, há um modo particular de gestão da autoria que se põe como manutenção dos próprios discursos. Algumas inscrições, tal como o sintagma “complexo de vira-latas”, cunhado na crônica homônima, de autoria de Nelson Rodrigues, pode constituir, discursivamente, como dispositivo de autogestão da figura de auctor, constituindo um perfil identitário do escritor. Como objetos de análise, balizamos nossa pesquisa no levantamento de diferentes publicações de crônicas esportivas, publicadas entre os anos de 1955 e 1959, postas em circulação pela revista Manchete Esportiva. As paráfrases do sintagma figurariam um posicionamento estético-político do autor sobre um ponto de vista em relação à 160
Resumos: Comunicações Coordenadas problemática da autoestima brasileira, particularmente no campo esportivo, instaurada depois da derrota da seleção brasileira de futebol em 1950. Desse modo, as ocorrências compreenderiam como um constituinte da conjuntura socioesportiva do período, que compreende as décadas de 1950 e 1960, ao mesmo tempo em que configuraria um modo de gestão do próprio discurso de Nelson Rodrigues. Teoricamente, para atender a essa demanda, mobilizamos noções de dimensões de autor e gestão de espaços canônico e associado (MAINGUENEAU, 2006, 2010). Isso implica em analisar a forma como a instância subjetiva manifesta certa unidade ao seu discurso, corroborando uma visão de mundo singular do contexto social e esportivo. As formulações parafrásticas de “complexo de vira-latas”, portanto, nesse contexto, funcionariam como o elemento literário que amalgamaria a gestão de auctor aos discursos de representação do complexo de inferioridade, corriqueiramente presentes nas crônicas de Nelson Rodrigues. Autorias, materialidades e meios: modos de gerir a figuração de poeta Luciana Salazar Salgado (UFSCar) lucianasalazarsalgado@gmail.com A problemática da circulação é, hoje, pedra de toque dos estudos discursivos, e os trabalhos que se põem a investigá-la têm de abordar as características dos objetos nos quais, inscritos, os discursos textualizados se difundem, se dispersam. Aqui, assumimos a ênfase na investigação de objetos que, também como efeito dessa inscrição, participam da produção dos sentidos reconhecidos como literários. Mais especificamente, dos que são assim reconhecidos porque fazem referência a processos de criação, produzindo o que caberá numa partilha do sensível (RANCIERE, 2009), uma forma de coesão social. Isso implica, no atual período, levar em conta a cultura remix, notadamente as práticas de edição que a caracterizam, as quais põem problemas interessantes a categorias há muito assentadas, como autor, leitor, editor, original, obra derivada, citação, plágio, direitos autoriais, entre outras correlatas. Para tanto, mobilizamos noções como paratopia criadora, gestão de espaço canônico e espaço associado (MAINGUENEAU, 2006) e procuramos considerar em termos interdiscursivos essa abordagem das manifestações literárias, isto é, que ela exige levar em conta que uma nova cultura se impõe, formulada na aceleração contemporânea (SANTOS, 2010), geradora de uma intensa demanda por ubiquidade. Nesse contexto, a circulação da poesia demanda dos poetas que figurem fundamentalmente assentados numa performance política. Casos como a coleção Galo Branco da editora Urutau, as publicações do Poeta em Queda, a programação de marketing da Companhia das Letras ao republicar Leminski ou a recente atuação de Augusto de Campos sustentam nossa hipótese de trabalho relativa a essa cultura estar diretamente ligada a certos conjuntos de sistemas de objetos e, vivida como sensação arrebatadora, ser da ordem da materialidade, ou seja, é materialmente produzida. Mais precisamente: conjuntos de dispositivos (objetos técnicos) em articulação sistêmica geram certas disposições (subjetivações), que também sobre eles recaem, numa dinâmica não só de cultivo dessa articulação, mas de culto.
O DISCURSO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL. OLHARES SOBRE SEUS DIFERENTES MOMENTOS Coordenador: Luiz Rosalvo Costa (USP) luizrosalvo@uol.com.br Resumo da mesa: O objetivo desta comunicação coordenada é apresentar uma amostra de pesquisas que, alinhavadas pelo fato de se dedicarem à análise de enunciados de divulgação científica, exprimem a convergência e a diversidade de recortes e perspectivas dos estudos nos quais essa atividade discursiva como um campo em que podem ser mostradas formas específicas pelas quais o discurso se constitui na e pela articulação entre o linguístico e o extralinguístico. Nessa linha, são mobilizados, de uma parte, referenciais teóricos do Círculo de Bakhtin para compreender especificidades da arquitetônica do discurso de divulgação científica no Brasil em três espaços-tempos distintos: no século XIX, com as Conferências Populares da Glória; no final do século XX, com a revista Ciência Hoje, e; no século XXI, com três revistas de divulgação científica em suas páginas no Facebook. A partir de conceitos como responsividade, relações dialógicas, gêneros discursivos, esferas ideológicas etc., os enunciados que compõem esses diferentes corpora são focalizados, como propõe a teoria bakhtiniana, na qualidade de elos da cadeia de comunicação da sociedade. De outra parte, em um frutífero contraponto, elementos da análise do discurso e da epistemologia da ciência são manejados em uma abordagem teórica transdisciplinar com o propósito de investigar a divulgação científica enquanto atividade discursiva na qual, de modos específicos, articulam-se o conhecimento científico e o senso comum. Fundamentado em proposições de Charaudeau, Giering, Bachelard e Adam, o estudo em questão analisa enunciados da revista Ciência Hoje das Crianças mostrando como certos procedimentos construtivos são organizados justamente para preencher o distanciamento entre o senso comum e o saber dos cientistas. Com esse painel, a mesa conta oferecer exemplos de relevantes contribuições para a produção de conhecimento sobre o discurso de divulgação científica no Brasil e sobre algumas das perspectivas teóricas a partir das quais esse discurso pode ser compreendido. Trabalhos dos Integrantes: A produtividade da concepção bakhtiniana de esferas ideológicas para a análise de enunciados da revista Ciência Hoje nas décadas de 1980 e 1990 Luiz Rosalvo Costa (USP) luizrosalvo@uol.com.br O objetivo da comunicação proposta é explorar a produtividade do conceito bakhtiniano de esferas ideológicas para a análise do discurso de divulgação científica materializado em enunciados da revista Ciência Hoje nas décadas de 1980 e 1990. A análise é 161
Resumos: Comunicações Coordenadas norteada pelo pressuposto de que alguns dos principais conceitos da teoria da linguagem do Círculo de Bakhtin são atravessados por uma concepção de ideologia cuja síntese pode ser traduzida pela ideia de que o universo ideológico se constitui nos e pelos significados e sentidos materializados em objetos-signo e enunciados concretos construídos sob as coerções e os limites das especificidades e dos gêneros próprios à esfera em que eles se produzem. Nessa perspectiva, a esfera é pensada, então, como uma instância de mediações entre a produção enunciativa concreta e as determinações da realidade histórico-social. Cada uma delas representa uma maneira específica pela qual o intuito discursivo dos sujeitos enunciativos articula-se, no território dos enunciados concretos, com as injunções e os condicionamentos do macrocosmo social. Assim, levando em conta algumas especificidades das esferas articuladas pelo discurso de divulgação científica e alguns aspectos relativos ao estatuto do conhecimento científico na sociedade atual, a comunicação busca mostrar alguns traços pelos quais as determinações da realidade social mais ampla, sob a ação de mediação próprias do discurso de divulgação científica, manifestam-se em elementos composicionais, temáticos e estilísticos de enunciados da revista Ciência Hoje no período mencionado.
Cultura científica e o discurso de divulgação científica no Brasil do Século XIX: uma análise discursiva da unidade arquitetônica das Conferências Populares da Glória Urbano Cavalcante Filho (USP/Paris Nanterre) urbanocavalcante@usp.br A atividade de divulgação científica, no decorrer dos séculos e a partir do estabelecimento da ciência moderna nos séculos XVIXVII, respondeu a vários interesses, contextos e motivações, apresentando fases distintas por conta dos pressupostos filosóficos sobre ciência, conteúdos científicos e interesses sociopolíticos e econômicos envolvidos no momento sóciohistórico em que estava inserida. O século XIX é considerado o período de forte desenvolvimento e consolidação da ciência. Conhecido como o século das Ciências, nesse período, muitos avanços e muitas descobertas aconteceram nas variadas áreas do conhecimento, a exemplo da medicina, da filosofia, das ciências naturais e da filosofia. Nesse período, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial desempenharam papel importante no processo de racionalização da pesquisa científica. Toda essa conjuntura, de certa forma, influenciou a criação das Conferências Populares da Glória, um espaço de divulgação científica de grande impacto na sociedade do Rio de Janeiro no século XIX, projetado com a finalidade de promover instrução, socialização e divulgação de saberes científicos, das artes e da cultura em geral à sociedade. Nessa comunicação, nosso objetivo central é analisar a unidade arquitetônica do projeto discursivo das Conferências Populares da Glória que se dedicaram a tratar de temas científicos. Para depreendermos a arquitetônica desse discurso, convocaremos os conceitos de gênero do discurso, ato ético responsável, responsividade, relações dialógicas e tom emotivo-volitivo da teoria dialógica da linguagem, advinda das reflexões epistemológicas do Círculo de Bakhtin. Como objeto de análise, elegemos três conferências proferidas em 1876: “Darwinismo, seu presente, seu passado e seu futuro”, “Materialismo e Espiritualismo” e “O Positivismo”. Com essa análise, buscaremos mostrar as características das regularidades relativamente estáveis dessas conferências que, nas singularidades do material semiotizado nos enunciados, permitir-nos-ão descrever a constituição do conteúdo e da forma da arquitetônica desse projeto discursivo.
Curtir, compartilhar e comentar: A responsividade dos leitores de divulgação científica no Facebook Artur Daniel Ramos Modolo (USP) a.d.r.modolo@gmail.com A presente comunicação visa analisar a maneira pela qual a responsividade se constitui discursivamente em páginas de divulgação científica no Facebook. Empregaremos como material de análise posts publicados pelas revistas Superinteressante, Scientific American Brasil e Pesquisa Fapesp durante a primeira semana de dezembro de 2015 em suas respectivas páginas no Facebook. Quantitativamente analisaremos o número de curtidas e compartilhamentos como um dos índices de interesse do leitor presente no Facebook. Qualitativamente investigaremos como os comentários permitem não apenas a aprovação dos enunciados postados, mas também réplicas, perguntas, sugestões etc. As ideias bakhtinianas referentes à responsividade e às relações dialógicas serão utilizadas como orientação teórico-metodológica dessa comunicação. O contexto sócio-histórico indica uma série de mudanças tecnológicas e culturais que reverberaram no jornalismo e na ciência. As revistas de divulgação científica eram uma das mais relevantes fontes de conteúdo relacionado à ciência no cenário pré-popularização da Internet. Tal protagonismo passou a ser continuamente compartilhado após o crescimento do uso domiciliar da Internet e as centenas de milhares de páginas criadas diariamente. A partir do Facebook, revistas de divulgação científica gradativamente passaram a publicar e disponibilizar conteúdo para os seus leitores em suas páginas, não apenas em seus sites oficiais. Ao mesmo tempo que o Facebook possibilita a ampliação do público leitor, um novo grau de complexidade se impõe às revistas que disputam a atenção do leitor em meio a outros posts de temática heterogênea. A principal hipótese de nossa análise é que recursos visuais (vídeos, imagens, tabelas) e humor sejam utilizados para captar a atenção e possíveis reações positivas do leitor. O discurso promocional e epistemológico de um texto da revista Ciência Hoje das Crianças Ana Fukui (Unisinos) anafukui@hotmail.com A divulgação científica está relacionada à grande assimetria entre os cientistas e o público; esta constatação solicita um esforço para criar formas de aproximação entre os participantes. Uma das formas mais antigas e populares de se realizar essa tarefa são as revistas impressas de divulgação científica, que também têm sua versão voltada às crianças. Assim, além de sua finalidade inicial, falar de ciência para quem não é cientista, elas precisam ainda lidar com a linguagem de uma maneira particular. Um dos 162
Resumos: Comunicações Coordenadas melhores exemplos no Brasil sobre a realização dessa complexa atividade é a revista Ciência Hoje das Crianças. Neste trabalho, analisa-se um conjunto de textos desse periódico com o objetivo de descrever como as desigualdades entre o conhecimento de senso comum e o conhecimento científico foram organizados para, ao mesmo tempo, captar o leitor e assegurar uma efetiva compreensão dos conceitos científicos. Para isso, se constrói uma abordagem teórica transdisciplinar, relacionando-se elementos da análise do discurso e da epistemologia da ciência. Assim sendo, esta investigação é fundamentada teoricamente nos conceitos de discurso promocional proposto por Charaudeau (2010) e por Giering (2016). Também traz reflexões da epistemologia de Bachelard (1996) para definir senso comum e conhecimento científico. Como metodologia, consideram-se também dois conceitos da Análise Textual dos Discursos segundo Adam (2011): a orientação argumentativa dos enunciados e as sequências textuais. Os resultados obtidos mostram que as categorias textuais-discursivas e epistemológicas usadas para analisar o texto são coerentes entre si; além disso, a sequência textual proposta visa preencher o distanciamento inicial entre as duas formas de conhecimento apresentadas: o senso comum e o científico.
DIVERSIDADE DE INSCRIÇÃO DE PRÁTICAS DISCURSIVAS PARATÓPICAS NA CONTEMPORANEIDADE Coordenadora: M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP/CNPq) cecilinh@uol.com.br Resumo da Mesa: Os textos aqui reunidos tratam da inscrição dos enunciadores em diferentes discursos que apontam para a produtividade do conceito de paratopia, o qual vem sendo desenvolvido por Maingueneau em vários de seus livros e/ou artigos, entre os quais destacamos O contexto da obra literária (1995), O discurso literário (2010a), A paratopia e suas sombras (2010b) e Discurso e análise do discurso (2015). Machado de Campos procura compreender, sob o ponto de vista discursivo, a peculiaridade da condição de travestis, transexuais e transgêneros, uma vez que não se encaixam nas topias preestabelecidas, fundadas no binarismo masculino e feminino, relegando-os a uma posição marginal na sociedade. Essa consequente desigualdade aponta para a relevância de se discutir o preceito de paratopia de identidade. Souza-e-Silva problematiza o modo de inscrição dos discursos da mulher dos bairros periféricos de São Paulo no universo discursivo. Questiona e ao mesmo tempo propõe sua classificação na categoria de discursos paratópicos. Se a paratopia expressa o pertencimento e o não pertencimento, a possível inclusão em uma topia, aponta para a possibilidade de estudar, nesses discursos, as paratopias de identidade e espacial. Rocha explora a dimensão paratópica dos discursos que funcionam na atualidade como reguladores das atividades do trabalho docente em programas de pós-graduação. Considerando que a noção de paratopia implica uma negociação entre inclusão em/exclusão de uma dada “topia”, e que várias são as possibilidades que se oferecem à investigação (paratopias de identidade, espacial, temporal, linguística, etc.), centra a atenção no caráter paratópico das identidades em produção nos referidos discursos. Trabalhos dos Integrantes:
A paratopia identitária de travestis, transexuais e transgêneros Marcella Machado de Campos (PUC-SP) mamachadodecampos@gmail.com Com o intuito de compreendermos, sob o ponto de vista do discurso, quão peculiar é a condição de travestis, transexuais e transgêneros, uma vez que não se encaixam em nenhuma das topias preestabelecidas fundadas a partir do binarismo masculino e feminino, o que acaba por relegá-las/los a uma marginalização imemorial e consequente desigualdade, afirmamos ser relevante discutir o preceito de paratopia – aqui, a de identidade. Na contramão do pertencimento morfológico ao sexo que o constitui biologicamente, o indivíduo “T” é um ser paratópico por excelência, pois sua existência e seu direito à cidadania são rechaçados de modo reiterado nos âmbitos jurídico, político e social, comprometendo seu papel como enunciador de um discurso caso seja aceito que “para estar em conformidade com sua enunciação, o produtor de um texto deve construir ele mesmo uma impossível identidade por meio das formas de pertencimento/não pertencimento à sociedade” (Maingueneau, 2010a: 160). Diante disso, e não pela aparente perfilhação a um mesmo campo semântico como suporia o senso comum heteronormativo, torna-se plausível traçar um paralelo com os estudos do discurso pornográfico empreendidos por Maingueneau (2010b) e a materialidade linguística que transita sobre a população “T”: o espaço social que ambos os discursos ocupam é problemático, e assim como a produção pornográfica é “tolerada, clandestina e noturna”, o mesmo é válido para travestis, transexuais e transgêneros, bem como para seus discursos. Ainda que pareça haver essa correspondência, é preciso levar em conta como (não) se dá o modo de inscrição da comunidade “T” no universo discursivo e como elas e eles se apropriam do domínio daquilo que pode ser dito em dada sociedade; daí a pertinência de se apreender o conceito da paratopia sob o viés da identidade de gênero como subsídio para a análise das condições de produção daquilo que circula sobre travestis, transexuais e transgêneros. Discursos de mulheres da periferia de São Paulo: um pertencimento paradoxal M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP/CNPq) cecilinh@uol.com.br No momento em que muitos coletivos multiplicam-se e se firmam, gerando novas formas de se organizar e discutir questões sociais importantes, parece-nos fundamental entender os discursos do coletivo Nós, mulheres da periferia que têm circulado, desde 2012, em um site e em redes sociais, com o objetivo de chamar a atenção para a invisibilidade e os direitos não atendidos de uma parte específica das mulheres, as que moram em bairros periféricos de São Paulo: “Informar e divulgar ações, criar um 163
Resumos: Comunicações Coordenadas canal de diálogo sobre mulheres da periferia e colocar o tema em discussão. Queremos dar voz e nos ver sentir representadas”. Entre as atividades de trabalho mais recentes do grupo, destaca-se a exposição multimídia QUEM SOMOS [POR NÓS], na qual as histórias das mulheres da periferia, contadas [por] elas mesmas através de diversos suportes semióticos, saíram de suas casas, lugar historicamente destinado a elas, para ocupar um espaço público, o de um centro cultural na zona norte da cidade. Procurando problematizar o modo de inscrição desses discursos no universo discursivo, perguntamos: Qual sua maneira de se relacionar com a “topia”, de ocupar o espaço do que é dizível em uma sociedade (Maingueneau, 2010)? Tal discurso pode ser classificado como paratópico? Se toda paratopia expressa o pertencimento e o não pertencimento, a possível inclusão em uma topia, se ela pode afastar alguém de um grupo, de um lugar, de um momento, depreende-se a possibilidade de estudar, nesses discursos, as paratopias de identidade e espacial. As falas das enunciadoras problematizam não só sua condição como mulheres, a maioria delas, negras, mas também o espaço a partir do qual pretendem manter seu discurso: “Somos maioria. Somos minoria. Pobres, pretas, brancas, periféricas. Migrante, nordestina, baianinha, quilombola, indígena.” Continuar essa reflexão implica discutir cenografias construídas pelo Manifesto do grupo e pelo cartaz da exposição, composto de uma frase destacada que busca dar o tom do evento: “A mídia não conta a minha história”, aforização não isenta de valores assumida pela fotografia do rosto de uma negra. Paratopia dos discursos sobre o trabalho docente em pós-graduação Décio Rocha (UERJ/CNPq) rochadm@uol.com.br De produtividade ainda não suficientemente explorada nos trabalhos em Análise do Discurso, o conceito de paratopia circunscreve o problema da relação que se estabelece entre um texto e a configuração histórica da qual emerge esse texto. A esse respeito, falar de texto, por um lado, e de uma configuração histórica que lhe dá origem, por outro, assumindo de antemão um hiato entre ambos, talvez já signifique a negação mesma do conceito de paratopia, cujo traço mais pregnante é a impossibilidade de se conceber a obra como representação ou expressão de conteúdos produzidos à parte, no mundo. Como se lê em O Contexto da obra literária (MAINGUENEAU, 1995, p. 19), “as obras falam efetivamente do mundo, mas sua enunciação é parte integrante do mundo que pretensamente representam”. Eis a razão pela qual a visada paratópica conduz a uma perspectiva oposta à do filólogo, que lida com o texto como um documento, como a expressão dos costumes de uma dada época, e com o autor como ser “representativo” dessa mesma época. Como diz Maingueneau, o autor fica sendo o lugar da reconciliação do individual e do coletivo (MAINGUENEAU, 1995, p. 2). Por razões da mesma ordem, a visada paratópica também se opõe à perspectiva sustentada por um marxismo clássico, para o qual a obra é um reflexo ideológico da luta de classes, ou, numa versão mais recente do marxismo, uma “representação das contradições do mundo histórico real” (MAINGUENEAU, 1995, p. 7). Neste trabalho, busco explorar a dimensão paratópica dos discursos que funcionam na atualidade como reguladores das atividades do trabalho docente em programas de pós-graduação. Considerando que a noção de paratopia implica uma negociação entre inclusão em/exclusão de uma dada “topia”, e que várias são as possibilidades que se oferecem à investigação (paratopias de identidade, espacial, temporal, linguística, etc.), centrarei a atenção no caráter paratópico das identidades em produção nos referidos discursos. O interesse deste trabalho será ainda ratificado por uma dupla questão: (i) a pertinência de um corpus de natureza jurídica para abordar a noção de paratopia; (ii) a produtividade da noção de ritos genéticos no referido contexto de investigação.
DISCURSO, PSICANÁLISE E O MAL ESTAR CONTEMPORÂNEO Coordenador: Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen (UFMG) tilah@letras.ufmg.br Resumo da mesa: A partir dos últimos textos de Freud, incluindo O homem Moisés e a religião monoteísta e os comentários ali presentes, título da última edição traduzida diretamente do alemão por Zwick (2013), faremos algumas conexões entre o mal estar daquela época, que foi objeto da atenção de Freud, e o atual, que nos circunda e nos envolve. Há uma queixa generalizada de que nos tempos atuais, a esse homem da globalização pós-moderno, imbricado e implicado em redes, falta um parâmetro. Segundo Forbes (2014: xviii) no tempo de Freud a organização social era em pirâmide: o pai, o chefe, a pátria e também o era o pilar da estruturação subjetiva. O entendimento da situação atual como fragmentada nos conduz a uma reflexão sobre a constituição do sujeito na contemporaneidade e à pergunta se esta se faz atualmente de uma forma diferente das gerações anteriores. Para tal discussão estabeleceremos um diálogo entre os estudos dialógicos e discursivos, para quem a alteridade, a existência de um outro, é fundamental e a psicanálise, para quem o outro também é um conceito constitutivo. Pretendemos imbricar conceitos que envolvam o eu e o outro que se manifestem em diferentes instâncias discursivas. Trabalhos dos Integrantes: O sujeito fragmentado dos dias atuais Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen (UFMG) tilah@letras.ufmg.br Propomos para esta sessão coordenada sobre o mal estar contemporâneo, a psicanálise e os estudos discursivos, problematizar a ideia da existência de um parâmetro único, que seria a figura paterna, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo. Vários fenômenos da pós-modernidade, como a violência, as seitas religiosas sinalizam a fragmentação desse parâmetro, esse colapso 164
Resumos: Comunicações Coordenadas da subjetivação, como citado por Rosário (2006) ao tratar da violência de adolescentes. Os estudos discursivos tomam a linguagem como dialógica em vários de seus momentos, seja no das heterogeneidades constitutivas, como o faz Authier (2014) e Authier-Revuz (1990) e anteriores, na teoria dos sujeitos de Charaudeau (2008) e mesmo nas mais recentes, que tratam da Nova Retórica e dos estudos discursivos. A necessidade dos funcionamentos discursivos para o entendimento da argumentação é mostrada por Amossy (2011), e é patente a importância do outro nesses mecanismos da linguagem humana. Também o é para a psicanálise, para a qual o outro é de fundamental importância, já que o sujeito se constitui através deste na sua entrada na linguagem humana. Pretendemos imbricar conceitos que envolvam o eu e o outro que se manifestam em diferentes instâncias discursivas, sem perder de vista esse vínculo constitutivo da subjetivação.
(Re)arranjos sociais e modos de subjetivação do professor na contemporaneidade Hermínia Maria Martins Lima Silveira (UFMG) hemartinslima@yahoo.com.br Este estudo, à luz de uma abordagem discursiva em interface com a psicanálise, propõe investigar o discurso de sete professores que atuam em turmas de ensino básico de uma escola pública localizada no interior de Minas Gerais cujo público discente, em grande parte, é oriundo de comunidades rurais. Para a pesquisa, admite-se que existem novas formas da sociedade contemporânea se organizar, novas maneiras do sujeito se relacionar com o espaço e o tempo, novas formas de fazer laço social, ou seja, o que se tem é uma sociedade da supremacia do imaginário e empobrecimento na palavra, do simbólico, sociedade narcísica, teatral, cuja performance do sujeito adquire destaque na cena social, no movimento de sedução, de objetalização do outro em prol de satisfação pessoal. É sob essa perspectiva que se pretende refletir a respeito do surgimento de novas imagens de si do sujeito-professor, de novas representações, de novos modos de subjetivação do professor na atualidade. Tendo em vista os objetivos propostos, o corpus foi construído a partir, no primeiro momento, da realização de entrevista individual de natureza semiestruturada que permitiu ao professor falar e refletir sobre si, sobre o seu fazer em sala de aula e sobre ser professor na atualidade. No segundo momento de encontro com os professores, foram realizadas rodas coletivas de conversa com propósito de interrogar os discursos cristalizados presentes nas entrevistas, colocar em xeque as identificações do grupo atravessadas pelo imaginário coletivo e possibilitar a emergência de dizeres silenciados nas entrevistas. Para tanto, alguns questionamentos se apresentaram pertinentes para este estudo: De que maneira se configuram as relações professor-aluno nessa nova dinâmica social? Houve um esvaziamento simbólico e imaginário da função de professor enquanto autoridade? Como é construída a relação dos docentes com os discursos das políticas pedagógicas do campo educacional?
Os não-lugares do discurso e do sujeito Iná Maria Nascimento Gomes Silva (UFU) ina.nascimento@gmail.com A mobilidade urbana constitui, na contemporaneidade, o semblante que mimetiza o conceito de movimento tentando legitimar desejo e vida em não-lugares como aeroportos, auto-estradas, viadutos, ou seja, lugares que apenas possibilitam passagem de um espaço a outro. Cercado de “espaços” por todos os lados – espaço de lazer, espaço de jogos, espaço público, etc. – vive-se na cidade não a experiência de satisfação de uma conquista espacial, mas, a experiência de anonimato e isolamento. Os não-lugares constituem hoje a mensuração do nosso tempo. Presentificam a estranheza e a experiência de choque na qual o sujeito é remetido à condição de expectador sem se importar com a natureza do espetáculo. Ocorre que a relação sujeito-cidade excede às tentativas de enunciados. Os sujeitos assim como a cidade são igualmente constituídos de desejos. Em Freud o desejo é o Wunsch – aspiração, voto, desejo permeado pela tessitura do enigma de um saber não-sabido. Quem a-borda o mal estar contemporâneo necessita de letra. Com que letra eu vou?
O DISCURSO DA VIOLÊNCIA EM DIFERENTES MATERIALIDADES Coordenadora: Márcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) marciocano@dch.ufla.br Resumo da mesa: Os trabalhos acerca das formas como se manifestam a violência tem gerado um campo produtivo para compreender diferentes estratégias de instalação das desigualdades entre os sujeitos e os grupos aos quais pertencem. Nos últimos anos, uma forma sutil de violência tem sido evidenciada para além daquelas que se configuram como ato agressivo ao corpo físico e que tem apreendido esse fenômeno nas formas de tratamento dos grupos estereotipados, que retiram a dignidades dos sujeitos. Esses trabalhos são formas de se pensar tal violência como uma construção discursiva. Nesse sentido, a Análise do Discurso tem sido uma disciplina bastante fértil em problematizar essa questão e levantar possibilidades de compreendê-la e, dentro dos seus limites, mostrar como ela se constitui. Por isso, essa mesa tem por objetivo congregar alguns estudiosos de diferentes instituições que tratam desse fenômeno como um discurso e procura discuti-lo a partir de diferentes materialidades em diferentes campos discursivos, como o religioso, o literário, o político e o jornalístico. Em tais estudos temos podido levantar os traços constitutivos de uma formação específica da violência que parte do primado do interdiscurso e que prevê, em sua gênese, os discursos racista, machista, homofóbico, patronal entre outros, construindo uma série de desiguadades. Nos trabalhos aqui desenvolvidos, nos respaldamos em uma teoria enunciativo-discursiva conforme é apontado, especialmente, pelos trabalhos de Dominique Maingueneau no que diz respeito às categorias como ethos discursivo, paratopia, atopia, cenas de enunciação entre outras. 165
Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: A manifestação dos estados de violência no discurso jornalístico Márcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) marciocano@dch.ufla.br Esta pesquisa trata da forma como os estados de violência, orientados por um discurso da violência, constitui, interdiscursivamente, o discurso jornalístico. Para tanto, traçamos como objetivo apresentar de que forma o discurso da violência acaba impregnando o discurso jornalístico, promovendo uma série de estados de violência. O tema mostra-se de grande relevância social e acadêmica, pois contribui com os estudos acerca de um fenômeno de grande preocupação social, que é a violência, assim como a importância acerca da necessidade de se buscar caminhos para entender os traços de uma violência que se encontra em uma dimensão mais sutil, diferente dos atos de violência, que se encontram em uma dimensão mais concreta. Partimos, portanto, da tese de que o discurso da violência é um discurso atópico, que vive à margem da sociedade, impregnando outros discursos nas formas de tratar o outro, mas que pode ser apreendido pelos mecanismos da Análise do Discurso. Para efetivar essa pesquisa, constituímos um corpus composto de cinco cenas genéricas selecionadas durante nosso doutorado, provenientes da Folha de S. Paulo e da revista Veja. Como respaldo teórico da Análise do Discurso, utilizamos, principalmente, os trabalhos de Dominique Maingueneau. Esta pesquisa apontou que há um discurso da violência e que ele é atópico, ficando, portanto, à margem dos outros discursos tópicos e paratópicos, mas que, por meio do interdiscurso, ele acaba impregnando o discurso jornalístico e faz com que, por meio da cenografia e do ethos discursivo, cometa-se uma série de estados de violência contra os vários grupos e atores sociais, utilizando os traços estereotípicos que repousam na memória discursiva das comunidades discursivas para tratar o outro de forma violenta. Esse discurso da violência constitui os traços do posicionamento do enunciador que pode ou não ser aderidos pelo co-enunciador, fazendo com que esse tipo de violência se perpetue. Representação, gênero e violência no discurso jornalístico Luciana Soares da Silva (UFLA) lusoares29@yahoo.com.br Este trabalho diz respeito aos resultados obtidos na pesquisa de doutorado, na qual foi abordada a relação entre discurso, gênero e violência, procurando mostrar os conflitos e desigualdade social presentes na linguagem. Por essa razão, objetivamos discutir de que modo a mulher política é representada no discurso jornalístico e como essa representação revela a violência simbólica contra a mulher. Tais objetivos foram motivados pela observação de que há uma forma sutil de tratar a mulher no jornal que suscita, além do ato, um estado de violência contra as mulheres. Para alcançar nossos propósitos, fundamentamos nosso trabalho nos estudos da Análise do Discurso, na abordagem semiolinguística de Patrick Charaudeau, em paralelo à discussão interdisciplinar de gênero, de representação social e de violência. Procedemos, em seguida, à análise do corpus, constituído por textos recolhidos do jornal Folha de S. Paulo, no período eleitoral de 2010 e no primeiro ano de mandato presidencial de Dilma Rousseff, a partir das categorias de estereótipo, ethos e metáfora. Nessa investigação, verificamos que a violência baseia-se, principalmente, no conflito entre o espaço privado e o espaço público, em que a herança patriarcal é transferida. A mulher, mesmo ocupando o espaço político de poder, é representada pelas funções sociais que lhe são atribuídas no interior da casa (dona de casa e mãe) e pela imagem de objeto sexual de desejo que lhe é atribuída no exterior da casa (musa). Assim, constatamos que a violência simbólica está presente na forma de representação da mulher pelo discurso jornalístico, por meio da reprodução estereotipada das relações de gênero. Discurso da negritude em José do Nascimento Moraes: ação e reação contra violências e estados de violência Rosângela Aparecida Ribeiro Carreira (IFMA) rose.carreira@gmail.com O discurso da negritude presente em José do Nascimento Moraes, autor maranhense, não somente revela o racismo social como instaura um discurso de reação às condições sociais, econômicas e políticas a que eram submetidos os cidadãos maranhenses, em particular os negros, revelando violências e estados de violência presentes naquela sociedade. Este trabalho expõe tais características, utiliza como corpus o romance “Vencidos e Degenerados” e pauta seus resultados na Análise do Discurso (AD), utilizando categorias como fato relatado, dito relatado e discurso relatado de Charraudeau (2007-2012) e universo, campo e espaço discursivos de Maingueneau (2007) para compreensão do topos jornalístico na construção do espaço discursivo e da encenação genérica para verificar como o dito relatado revela o contexto da época por meio das estratégias linguísticas, que constroem a encenação e revelam características sócio-culturais do período abolicionista, bem como, estabelecem um processo de construção da imagem do negro naquela época, revelando, assim, a ideologia de diferentes classe sociais em relação à posição do negro na sociedade abolicionista. A violência no discurso religioso Jarbas Vargas Nascimento (PUC-SP) jvnf1@yahoo.com.br Com base na Análise do Discurso em sua abordagem enunciativo-discursiva, conforme aponta Maingueneau, a Comunicação discute a prática de incitação à violência em discursos religiosos que circulam na sociedade brasileira. Considerando uma perspectiva que quer compreender práticas religiosas integradas à qualidade de vida em sociedade, examinamos o modo como 166
Resumos: Comunicações Coordenadas determinados interdiscursos, em interação, no funcionamento do discurso religioso contemporâneo, indiciam pontualmente atitudes de fanatismo e violência. Para explicitar melhor os efeitos de sentido que decorrem do que antecede e, considerando a Religião como um locus privilegiado para observação de formações discursivas em concorrência, partimos do pressuposto de que o discurso religioso opera com o sagrado, apropria-se do discurso teológico, a partir de sua constituência, e legitima-se com autoridade para direcionar a conduta humana. Neste sentido, não há como aceitar um enunciador que marginaliza, domina, exclui, odeia e incita fiéis à violência. Parece-nos urgente colocar em discussão a forma como a violência se constitui no discurso religioso.
PRÁTICAS DISCURSIVAS MINEIRAS: PERFORMANCES IDENTITÁRIAS, REPRESENTAÇÕES E MEMÓRIA Coordenadora: Maria Alzira Leite (UNINCOR) prof.maria.leite@unincor.edu.br Resumo da mesa: Essa sessão tem como objetivo reunir pesquisadores e estudantes com interesse em estudar e compreender, entre outras, práticas linguísticas e discursivas da/na região de Minas Gerais, promovendo a interação acadêmica e científica entre elas. Essa proposta reflete os objetivos do grupo de pesquisa da UninCor, criado em 2012, o LOGOS, os quais poderiam ser resumidos como o interesse pelas produções linguageiras realizadas em Minas Gerais e suas reverberações identitárias. Ou seja, nosso empenho é pesquisar a produção de textos empíricos por meio de uma reflexão sobre a produção de sentido e das práticas discursivas presentes e pertencentes ao linguajar mineiro, com vistas a um mapeamento das formas de se autorrepresentar. Trabalhos dos Integrantes:
A memória no delinear das representações na Folia de Reis Maria Alzira Leite (UNINCOR) prof.maria.leite@unincor.edu.br Alegria, música e valores, eis as palavras-chave que podem circular na(s) nossa(s) forma(s) de ver o mundo, quando deparamonos com a Folia de Reis. Essa festa, ligada à tradição católica, costuma encantar, e ao mesmo tempo, despertar determinados estranhamentos com relação ao(s) modos de teatralizar e legitimar a celebração dos Três Reis Magos. Essa encenação nos instiga a refletir sobre as práticas linguageiras que compõem as personagens, quando assumimos que “é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito” (BENVENISTE, 1991, p. 288). Nessa linha, na tentativa de compreender as ações discursivas e representacionais que perpassam essa festa, o objetivo geral deste estudo é o de examinar como a memória delineia as representações e, ainda, verificar como os atores utilizam determinados saberes axiológicos para a construção das personagens, e, finalmente, observar como os mecanismos enunciativos orientam os posicionamentos dos foliões no contexto específico de preparação para a folia. A pesquisa segue uma abordagem etnográfica e os resultados preliminares apontam que os estereótipos e os imaginários colaboram para uma (re)construção de uma identidade tricordiana.
A escola, a escrita e a leitura sob a perspectiva de jovens e adultos do município de Três Corações (MG) Mariana Luz Pessoa de Barros (UNINCOR) mariana.barros@unincor.edu.br Os jovens e adultos que chegam à escola, tendo experiências escolares anteriores ou não, ouvem leituras em celebrações religiosas, ditam cartas, utilizam receitas médicas, etc. Estão, portanto, inseridos em processos de letramento, se entendermos os letramentos como práticas sociais de leitura e de escrita situadas dentro de uma cultura e que são necessariamente plurais. Esses jovens e adultos também estão em contato com os diferentes discursos e visões de mundo a respeito do que é a escola, do que é escrever, do que é ler, do que é ser aluno, do que é ser aquele modalizado discursivamente como portador do “saber” ler e escrever ou do “não saber” ler e escrever. Isso significa que são atravessados por discursos que valorizam tanto a escola e os aprendizados ligados a ela de distintas formas quanto eles mesmos, o que interfere muito nas relações de ensino-aprendizagem desses educandos. É da percepção da importância de conhecer melhor quais são os simulacros e as múltiplas vozes em confronto presentes nos discursos desses alunos a respeito da figura da escola e de outras relacionadas a ela (professor, aluno, leitura, escrita, etc.) que nasce o projeto de pesquisa que será apresentado nesta comunicação: “Lembranças da escola: um estudo discursivo dos relatos autobiográficos de jovens e adultos do município de Três Corações”. Esse projeto tem como objetivo examinar as concepções de escola, leitura e escrita encontradas em relatos autobiográficos de alunos da Educação de Jovens e Adultos e ainda verificar de que maneira essas concepções interferem no modo de produzir suas identidades discursivamente. Para isso, nossas bases teóricas são dadas pelos estudos de letramento e pela semiótica discursiva, sem perder de vista o importante diálogo que vem estabelecendo, especialmente no Brasil, com outras teorias do texto e do discurso.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Letramentos híbridos: multimodalidade, performances identitárias e a emergência de um novo ethos interacional Thayse Figueira Guimarães (UNINCOR) thayse.guimaraes@unincor.edu.br Este trabalho tem por finalidade apresentar o projeto de pesquisa “Letramentos híbridos: multimodalidade, performances identitárias e a emergência de um novo ethos interacional”, desenvolvido pelo Programa de Mestrado em Letras da Universidade Vale do Rio Verde –UninCor. Com base na teorização sociocultural dos letramentos, compreendidos como práticas sociais situadas e nos referências teóricos das performances, problematiza-se a multiplicidade de discursos a que somos expostos nas sociedades contemporâneas pelas diferentes práticas de letramentos e seus efeitos na constituição da vida e das identificações sociais. Como ponto de partida, serão focalizadas as práticas interacionais de jovens da região de Minas Gerais, em seus espaços de afinidades on-line, tais como blogs, chats e o Facebook. O foco aqui é colocado na ampliação do ethos interacional e nas performances de gênero e sexualidade que tal ampliação possibilita, passando a pesquisa a ter um viés etnográfico. Para observação analítica, recorro às noções de entextualização, performances, footing e pistas de contextualização. Defende-se que as práticas interacionais da web 2.0 são lugares pertinentes para observação das hibridizações discursivas, identitárias e culturais que cada vez mais nos desafiam a experimentar e a compreender a diversidade da vida social e a alteridade que lhe é constitutiva.
A TEMÁTICA DA DESIGUALDADE EM GÊNEROS MIDIÁTICOS Coordenadora: Maria Aparecida lino Pauliukonis (UFRJ) aparecidalino@gmail.com Resumo da mesa: Certas correntes da AD defendem a impossibilidade de se pensar qualquer experiência linguística sem considerar a atuação dos sujeitos sociais e históricos. Essa nova ordem foi fundamental para o surgimento das Teorias da Enunciação, cujo estatuto leva em consideração a presença de sujeitos enunciadores, o contexto de produção e recursos linguísticos diversos. Dessa forma, tomando a Análise do Discurso como perspectiva e a Enunciação como objeto de análise, esta mesa-coordenada objetiva estabelecer uma categorização de ordem argumentativa acerca do emprego de índices enunciativos utilizados como estratégias para expressão de desigualdades sociais. Tais índices serão observados em “corpora’ de textos midiáticos que focalizem a temática, pelos seguintes Autores: Amanda: charge/tirinha; Maria Aparecida: vídeos on-line e Regina Célia: cartas de leitores. Tomando por base o enfoque de textos como prática de interação discursiva, a apresentação busca desvendar, à luz do enfoque teórico da Teoria Semiolinguística (Charaudeau, 2008, 2015), a função e a representação das desigualdades sociais na e pela linguagem, por meio da análise do emprego de certas marcas discursivas delineadoras da subjetividade. A problematização da construção argumentativa do sentido, será vista tanto no espaço externo (lugar da produção social do discurso) quanto no espaço interno ( lugar do linguístico e do enunciativo), evidenciando-se a importância da análise dessas operações estratégicas no momento de se programar o ensino de leitura, com o fim de direcionar o posicionamento crítico do leitor frente a textos de diferentes gêneros. Trabalhos dos Integrantes: A subjetividade discursiva em textos multimodais: charges da Internet Amanda Heiderich Marchon (PG- UFRJ) claraeamanda@gmail.com A Análise do Discurso, no interior das Ciências da Linguagem, preocupa-se com as várias maneiras de se perceber a realidade e considera que há um sujeito que atravessa a relação linguagem–mundo, sujeito este que registra, por meio de certos elementos verbais e/ou não-verbais, seu maior ou menor comprometimento em relação ao conteúdo que enuncia, expressando diferentes atitudes, em função de seus objetivos e condicionamentos situacionais e interacionais. Em virtude da influência que os textos midiáticos exercem sobre a sociedade, propomos a análise da subjetividade discursiva de algumas charges veiculadas pela internet, em 2015, sobre a imagem do menino sírio encontrado morto numa praia da Turquia. A charge normalmente provém de um evento deflagrador, tratado por outros gêneros (notícia, reportagem, artigo opinativo), do interesse do leitor e que é revisto figurativa e criticamente. Por isso, é fundamental que os leitores tomem consciência do fato em questão, sob pena de não entender a mensagem calcada no que Ducrot (1987) denomina de implícitos textuais. A foto do pequeno Aylan virou símbolo da crise migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à Europa para escapar das guerras, das perseguições e da pobreza. As charges deflagradas por esse fato buscaram reler os acontecimentos, denunciar a realidade e questionar o sentimento europeu de superioridade.
Enunciatemas ou marcas discursivas subjetivas em video on-line Maria Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ) aparecidalino@gmail.com Este trabalho tem como objeto de análise um vídeo veiculado pela Internet, com temática voltada para a exaltação da superioridade dos europeus frente a outros povos menos favorecidos social e culturalmente. Propõe-se examinar o texto, sob um viés discursivo, com base na Teoria Semiolinguística do discurso (CHARAUDEAU, 1992, 2008) a qual caracteriza o ato de 168
Resumos: Comunicações Coordenadas linguagem como inter-subjetivo, apresentado por meio de uma mise-en-scène em que se sobressai a enunciação e o projeto de influência do emissor sobre o receptor, regulado por um contrato de comunicação, em uma dada situação social. A análise focaliza, portanto, a ação dos sujeitos enunciadores em operações linguístico-discursivas de transformação e de transação, responsáveis pela construção do sentido em gêneros e modos de organização do discurso. Imbuídos de um projeto de influência, esses sujeitos realizam operações estratégicas de persuasão, veiculadas por recursos modalizadores ou enunciatemas ( KerbratOrecchioni, 2001) que serão apresentados pelo levantamento e análise de índices verbais e não- verbais.
A construção do sentido por operações de processualização Regina Célia Cabral Angelim (UFRJ) rgna.angelim@gmail.com Neste trabalho, propõe-se analisar processos de interpretação textual de cartas de leitores de jornais, tendo em vista o conceito de texto como discurso. A perspectiva teórica básica é a da Teoria da Enunciação. Detectores de uma percepção de mundo, os sujeitos sociais realizam operações estratégicas de persuasão sobre o Tu destinatário, em função do contexto. Essas operações, que ocorrem em diversas práticas discursivas, estão vinculadas aos sujeitos e a seus projetos de comunicação. No caso em foco, serão analisadas operações enunciativas em modo argumentativo (oposição dos tempos verbais e implícitos).
DESIGUALDADES E IDENTIDADES: APORTES DESDE LA INDAGACIÓN DE LO NACIONAL EN EL DISCURSO Coordenadora: María Beatriz Taboada Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina Universidad Nacional de Entre Ríos (UNER) Universidad Autónoma de Entre Ríos UADER) mbtaboada@conicet.gov.ar Resumo da mesa: Esta sesión coordinada busca analizar el modo en que lo nacional se manifiesta en el discurso, mediante el abordaje de géneros discursivos que responden a ámbitos de circulación y objetivos comunicativos diversos, ante los que podemos leer como continuidad la focalización en aspectos identitarios vinculados a la nación y en rasgos que se atribuyen como inherentes a dicha construcción. Frente a ello, asumimos que las identidades nacionales pueden ser pensadas como formas específicas de identidad social discursivamente producidas, reproducidas y transformadas (de Cillia, Reisigl y Wodak, 1999), y fuertemente influenciables por el contexto. Así, todo discurso identitario debe ser pensado en contexto, en una relación de mutua dependencia que nos obliga a trascender sus límites y a desarmar su construcción para abordar tanto lo dicho como los silencios, las mitigaciones, las polarizaciones, para acercarnos al modo en que las desigualdades se materializan en el discurso. Desde estas definiciones iniciales, buscamos poner en diálogo investigaciones centradas en el análisis de corpus frente a las que podemos sostener que todo discurso identitario supone la construcción de vínculos simbólicos entre lo que se considera propio y ajeno, a partir de representaciones que dan cuenta de tensiones y desigualdades. Así, los discursos en torno a lo nacional involucran elecciones y omisiones que tanto incluyen como excluyen, lo que vuelve necesario su abordaje crítico. En este marco, las intervenciones que compartiremos remiten a discursos contextualizados en diferentes países de Sudamérica y de Europa, frente a los que proponemos abordar representaciones identitarias mediante el análisis de libros escolares, blogs, artículos periodísticos, entrevistas, interacciones cara a cara y discursos publicitarios. Trabalhos dos Integrantes: La nación en discursos entre Europa y la Argentina: ¿única y homogénea? Edith Lupprich Universidad Nacional de Tucumán (UNT) Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) e.lupprich@hotmail.com La presentación de la nación como entidad única e internamente uniforme, al igual que la oposición entre un “nosotros/as” nacional connotado positivamente frente a “los/as otros/as”, son estrategias de construcción y perpetuación de la identidad nacional que aparecen en diferentes discursos públicos, semi-públicos y privados (cfr. Wodak, de Cillia, Reisigl y Liebhart, 2009). Sin embargo, como Karner (2011) sostenemos que la supuesta homogeneidad de la nación puede ser contestada y que los discursos acerca de lo nacional no están exentos de ambigüedades. Por eso recurrimos a las herramientas que nos brindan el Análisis Crítico del Discurso y el Membership Categorization Analysis, a fin de revisar un amplio corpus compuesto por blogs, artículos periodísticos, entrevistas e interacciones cara a cara en situaciones de contacto entre argentinos/as, alemanes/as y austríacos/as. De esta manera, vemos cómo los estereotipos sobre “los/as otros/as” pueden ocurrir al mismo tiempo que un discurso que pone énfasis en la diversidad del propio ingroup nacional o incluso prioriza otras categorías de pertenencia. Por otra parte, diversos recursos lingüísticos y discursivos aportan a poner en duda el carácter “único” de cada nación. Por supuesto, hay una serie de factores contextuales e interactivos que intervienen en las diversas producciones discursivas, como la imagen de los/as enunciadores/as, su afán de mostrarse “políticamente correctos/as” o la cortesía conversacional. Esto nos permite afirmar que las construcciones de la nación y de las igualdades o desigualdades vinculadas a ella en gran medida dependen de las situaciones comunicativas en las que tienen lugar. 169
Resumos: Comunicações Coordenadas Estereotipos y racialización en el discurso de la nación ecuatoriana: Análisis Crítico del Discurso de la marca país “Ecuador Ama la Vida” Jesús David Salas Betin Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales Ecuador (FLACSO) jdsalasb@gmail.com La marca país es una herramienta utilizada para hacer referencia al conjunto de percepciones, elementos materiales y simbólicos, que recogen los factores diferenciales de un país, con la intención de dinamizar su economía. La cultura, su gente, los recursos naturales, sus características socioeconómicas y políticas, son cualidades empleadas para proyectar una imagen particular que le permita distinguirse frente a otros países, y es la base sobre la cual se elabora la oferta de bienes y servicios que busca posicionar en los mercados internacionales. Sin embargo, la construcción simbólica de la marca país pone en evidencia las prácticas significativas y la producción de representaciones que producen el imaginario de la nación. Aunque es un símbolo comercial, debe proyectar por igual los valores sociales de la comunidad que representa, convirtiéndose en objeto de discurso, desde el cual se busca configurar un imaginario de nación coherente con los objetivos comerciales que trazan sus creadores. En el caso de Ecuador, la marca país “Ecuador Ama la Vida”, recoge valores como la diversidad, la plurinacionalidad, el respeto por la naturaleza y la visión andina del mundo, para proyectar una imagen comercial que pretender atraer turistas e inversionistas extranjeros y, al mismo tiempo, fortalecer las exportaciones. Sin embargo, un análisis más exhaustivo de la campaña publicitaria a través de la cual se promociona esta imagen de Ecuador ante el mundo, sugiere que el discurso de la marca país está atravesado por tensiones sociales de clase, raza y etnia. Esta ponencia pretende evidenciar los elementos que se muestran como marcas de poder social, estereotipos y racialización en el discurso publicitario de la marca país de Ecuador. A través del Análisis Crítico del Discurso de un corpus de spots producidos entre los años 2010 a 2013, señalamos elementos relacionados con la construcción de estereotipos en el imaginario cultural del país, la perpetuación de la dominación social de la clase hegemónica y la racialización del discurso oficial del gobierno ecuatoriano. Migrar, permanecer y transcurrir: aproximaciones a la construcción de sujetos migrantes en libros de texto para la educación secundaria argentina María Beatriz Taboada Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina Universidad Nacional de Entre Ríos (UNER) Universidad Autónoma de Entre Ríos (UADER) mbtaboada@conicet.gov.ar El libro de texto puede ser pensado como un objeto discursivo complejos por su contexto de producción y circulación, pero también por sus objetivo primordial, dado que se presenta como un material curricular legitimado por la tradición y el uso sostenido que apunta a que sus destinatarios adquieran un conocimiento considerado socialmente válido. También por ello, este material puede asumir un marcado protagonismo en la reproducción de ideologías dominantes (van Dijk, 2005), lo que vuelve necesario someterlo a revisiones críticas que permitan desmontar sus discursos y analizar las representaciones que ponen a circular en las escuelas. Desde estas certezas, el Proyecto de Investigación “`Nosotros, los argentinos´: la construcción de la identidad nacional en libros de texto de Ciencias Sociales”, aborda definiciones explícitas e implícitas vinculadas a la identidad nacional presentes en un corpus de libros de texto para la educación secundaria argentina, prestando especial atención a los rasgos que se atribuyen como constitutivos y a las identidades que se articulan y/o excluyen en dicha construcción. Los avances de la investigación mencionada han mostrado que el tratamiento de sujetos que migran o han migrado y procesos migratorios aparece como problemático en los materiales analizados, dado que se observa un abordaje apoyado en polarizaciones, esquematizaciones y/o estereotipos. Al respecto, nos interesa en este contexto someter a discusión algunos de estos abordajes para analizar además las articulaciones que los libros plantean entre esas realidades y la definición de rasgos de identidad nacional, recurriendo particularmente al análisis de estrategias discursivas desde la consideración de herramientas teóricometodológicas provenientes del Enfoque Histórico del Discurso (Wodak et al., 2009).
DAS MARGENS AO CENTRO: MINORIAS E MARGINALIZAÇÕES SOCIAIS Coordenadora: Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro (Unimontes) mclaramaciel@hotmail.com Resumo da mesa: Esta sessão focaliza o problema da marginalização das minorias por meio da análise discursiva de textos estéticos (discurso literário) e utilitários (sobretudo depoimentos dos próprios sujeitos). Partimos do princípio de que a desigualdade social é alicerçada pela permanência de grupos à margem de uma suposta normatividade (que, como se sabe, é ser ouvinte, heterossexual, nativo e jovem). Assim, surdos, homossexuais, imigrantes e idosos (objetos dessa sessão), submetidos a estruturas sociais e processos imagéticos que legitimam a exclusão, vêm-se na condição de aceitar as estereotipias sobre si ou de questioná-las, (des)construindo a narrativa da opressão ao indagar imagens pré-estabelecidas. Por outro lado, há, também, aqueles que aceitam as estereotipias de si por se verem assujeitados ao discurso dominante, de modo a verem-se e a narrarem-se a partir da perspectiva do outro. Nessa seção, tal problemática será discutida por meio de eixos que abordam: a) os mecanismos de controle e de exclusão das chamadas identidades “transgêneros”; b) as (trans)formações imagéticas da comunidade surda brasileira, verificadas sobretudo a partir do ingresso de surdos na graduação e na pós-graduação; c) o texto literário paródico, que 170
Resumos: Comunicações Coordenadas desmascara o discurso da doxa sobre os idosos ao mostrar o seu avesso; d) o desejo do colonizado de ser diferente de si mesmo, desvalorizando sua cultura e seu corpo em função de uma ideologia colonizadora. Por meio de diferentes perspectivas teóricas (semiótica greimasiana, AD francesa e teoria pós-colonial), os estudos que compõem essa sessão promovem um debate sobre minorias marginalizadas e (auto)imagens sociais, e demonstra, entre outras coisas, que o discurso é o lugar do contraditório. Trabalhos dos Integrantes: Surdos acadêmicos e as transformações imagéticas da comunidade surda brasileira Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro (Unimontes) mclaramaciel@hotmail.com Este estudo em andamento focaliza um fazer pós-moderno: o conhecimento acadêmico produzido pela comunidade surda brasileira contemporânea e as imagens de sujeitos surdos, decorrentes desse fazer, construídas por diferentes grupos sociais. Como se sabe, surdos brasileiros têm adentrado à universidade e produzido pesquisas sobre si. Tais pesquisas são consideradas engajadas, por manterem fortes relações de interesse com a agenda de lutas do movimento surdo (RIBEIRO, 2012). Assim, sujeitos antes considerados inábeis para o exercício de práticas cidadãs produzem atualmente saber acadêmico sobre si, fazendo avançar, ao mesmo tempo, tanto a ciência quanto as práticas e imagens sociais da minoria linguística usuária de língua de sinais. Nesse cenário, questionamo-nos: como a atividade de pesquisa empreendida por surdos tem sido percebida por diferentes grupos sociais, a saber, médicos, professores universitários e surdos não pesquisadores? E mais especificamente: em que medida a atividade de pesquisa acadêmica empreendida por surdos tem contribuído para as (trans)formações imagéticas da comunidade surda brasileira? O corpus que embasa o mapeamento dessa (trans)formação imagética está sendo constituído por entrevistas, questionários e conversas espontâneas com os grupos supracitados, e os dados estão sendo analisados por meio da vertente francesa da Análise do Discurso, principalmente a partir das noções de Jogos de imagens, de Pêcheux (1997), e Semântica Global, de Maingueneau (2005). Os resultados parciais indicam formações imaginárias que caracterizam surdos pesquisadores como o resultado: i) da regeneração pela ciência e pela tecnologia (discurso da classe médica); ii) da aceitação da sociedade, que “abriu as portas” para a diversidade (discurso dos professores); iii) da luta social da comunidade surda, que reivindicou a valorização da língua de sinais (discurso dos surdos). Como se vê, os grupos enunciam a partir de lugares determinados na estrutura de uma formação social, veiculando posicionamentos historicamente constituídos e regidos por uma semântica global que funciona como uma rede de restrições semânticas capaz de sobredeterminar a atividade discursiva. Corpo, identidade e sexualidade como mecanismos de controle e exclusão social: uma análise do discurso sobre a transgeneridade Manuella Felicíssimo (CEFET) manuella_felicissimo@yahoo.com.br Nossa sociedade se assenta sobre os padrões heteronormativos. Em linhas gerais, a heteronormatividade consiste no estabelecimento da heterossexualidade como única forma legítima de vivência da sexualidade e da identidade de gênero. É ela quem dita os padrões para os papéis masculino e feminino, enquadrando-os numa série de normas que controlam o corpo, a sexualidade e a identidade. Ajustar-se à heteronormatividade significa estar ajustado à sociedade. Por essa razão, os indivíduos que não se enquadram “corretamente” nesses papeis sociais são sancionados negativamente, uma vez que transgridem uma norma que é, ideologicamente, fortemente naturalizada. Dentre as identidades que são excluídas da sociedade, encontramos as travestis, perfil que mais sofre violência física e simbólica em comparação com outras identidades homossexuais. Uma das razões para que isso se dê é justamente o fato de as travestis possuírem um corpo transgressor, que gera estranhamento e rejeição mesmo dentro da própria comunidade LGBT. Com o objetivo de conhecer os mecanismos de controle e de exclusão das chamadas identidades “trans”, tomamos como objeto de análise o vídeo “Encontrando Bianca”, narrativa que aborda o processo de transformação do sujeito José Ricardo até tornar-se Bianca. A partir da análise do discurso de linha francesa, no seu diálogo com a semiótica greimasiana, procedemos ao exame do texto, no intuito de conhecer o discurso que por meio dele se projeta, situando-o no quadro social e na memória que permitem sua emergência. Através da análise, pudemos verificar que a temática do gênero é construída, especialmente, a partir do tema da identidade e da figura do corpo; é o abandono dos caracteres masculinos e a conjunção com o corpo e gestualidade femininos que deflagra o conflito vivido entre Bianca e os destinadores-julgadores, sujeitos hostis em relação à mudança operada pela personagem. A sanção sofrida por Bianca mostra como a família e a escola atuam como instituições sobredeterminadas pelo conjunto de valores heteronormativos, agindo de modo a garantir a permanência e hegemonia da heteronormatividade. Para que isso se dê, estabelece-se um corpo, uma sexualidade e uma identidade em consonância com a heterossexualidade, padrão rompido por Bianca, quando seu corpo quebra a lógica naturalizada sexo-gênero. O discurso paródico e o desmascaramento da condição da velhice Carla Roselma Athayde Moraes carla.athayde@yahoo.com.br Neste trabalho, procuramos demonstrar como a escritura, assumindo a dimensão de “figura histórica” (CERTEAU, 2007), tornase um registro do que é vivido pelos homens. Essas relações têm como forças propulsoras as ações desses homens; entre elas, a prática de uma linguagem. Tomamos como base de nossa reflexão teórica Certau (2007), Foucault (1971), Genette (1982), Machado (1999) e Bakhtin (1997). Para empreender este estudo, examinamos duas crônicas de autores brasileiros, Paulo Mendes Campos e Millôr Fernandes, para analisar, pela via discursiva da paródia, a condição dos velhos face à nossa sociedade. Condição essa muitas vezes encoberta, mascarada ou mesmo recalcada num discurso de exaltação à juventude. Ouvimos de um velho: “Com tantos preconceitos associados aos velhos”, fraquezas, falhas, fragilidades, “pouco se sabe sobre como agir de 171
Resumos: Comunicações Coordenadas maneira efetiva para amparar o sentimento de abandono profundo de alguns idosos”, mas, antes de tudo, pouco se sabe sobre como romper com uma “verdade” pressuposta nos discursos sociais que costumam representar essa relação social entre sujeitos como dois extremos, com um deles comportando juízos valorativos negativos, a velhice, em que termos como “gagá” estabelecem relação com a decrepitude, a disformidade física e psíquica das pessoas. Assim, o texto paródico constitui uma forma de desmascaramento de um discurso da doxa, uma forma de manifestação discursiva de excentricidade, de violação do comum e aceito. Nas palavras de Foucault (1971, p.51): “Há, [...] em nossa sociedade, uma espécie de temor surdo [...] dessa massa de coisas ditas, do surgir de todos esses enunciados, de tudo que possa haver aí de violento, de descontínuo, de combativo, de desordem também, e de perigoso, desse grande zumbido incessante e desordenado do discurso.” A paródia, então, num gesto de subversão, alardeia: mostrou-se a ascensão (o alto), “ser brotinho”; deve-se, então, ser mostrado o seu duplo negativo (paródico), “ser gagá”, (o baixo). Cicatrizes da colonização: o autodesprezo retratado em excertos de “Os versos satânicos” Gustavo Leal Teixeira (IFNMG) gustex@hotmail.com Nosso objetivo é discutir, a partir de excertos do romance Os versos satânicos, de Salman Rushdie, como o colonialismo inglês, enquanto máquina ideológica, criou estruturas para a mímica pós-colonial, ou seja, perpetuou-se mesmo com o fim do império. Desta maneira, refletiremos sobre o desejo de ser diferente de si mesmo, desvalorizando sua cultura e seu corpo em função de uma ideologia colonizadora. Bhabha (2007) retrata a mímica como uma das estratégias mais ardilosas do poder e do saber colonial. Segundo ele, a mímica se apropria do outro quando este visualiza o poder, de modo que o poder colonial, desejado pelo colonizado, se reverte num processo contínuo de atuação mimética. A mímica torna-se, então, um processo de recusa: no romance, Salahuddin se recusa continuar a ser indiano, logo imita o colonizador; este ato, contudo, somente reafirma a existência de uma diferença e a consumação do poder colonial sobre o colonizado. Em relação à colonização britânica, sabe-se que, na verdade, a propaganda nacionalista era feita de forma a exaltar e supervalorizar seus feitos. Assim, registra-se que o secretário colonial Joseph Chamberlain afirmou que a raça britânica era a melhor governante de outras raças que o mundo jamais vira. De maneira semelhante, em 1870, a Times Magazine afirmou ter sido este o império mais benéfico nos anais da humanidade. Assim, o colonizador legitimava seu domínio, pois era aquele que melhor poderia controlar o colonizado: o primeiro era a síntese do trabalhador expansionista e possuía grandes ideias de “salvação” da colônia repleta de nativos que necessitavam de seu controle para não viverem na “preguiça” e “improdutividade”. Havia, assim, um contraste entre a prosperidade e civilização do colonizador e o “atraso” do colonizado, sendo a colonização vista como uma força “benigna” para estas colônias e nativos. Os nativos, portanto, eram desejosos de algo que nunca poderiam ter (mas que poderiam imitar): a língua do outro, o corpo do outro e a cultura do outro.
DESIGUALDADE E COGNIÇÃO: TEORIA E PRÁTICAS ESCOLARES SOCIOINTERATIVAS Coordenadora: Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos (UFV) lervangogh@yahoo.com.br Resumo da mesa: Esta sessão propõe uma reflexão sobre práticas de ensino de Língua Portuguesa, Língua estrangeira e Literatura, a partir de novas metodologias, visando à inclusão e à construção de sujeitos autônomos. Para tanto, as discussões serão tangenciadas pelo princípio de que as linguagens não se constituem apenas de formas linguísticas ou de uma enunciação monológica, mas da interação entre manifestações e fenômenos sociais, isto é, a linguagem existe dentro de uma esfera de relação social organizada e assim deverá ser pensada. Com isso, prevê-se que as práticas pedagógicas de ensino deverão contemplar leituras, compreensão e construção de sentidos, associadas a outras práticas e saberes, capazes de promover uma educação sócio/cultural, de forma reflexiva, crítica, transformadora. A esse princípio, agrega-se o pensamento de que o texto, enquanto objeto simbólico, produz efeitos de sentidos e estão investidos de significância para os sujeitos e pelos sujeitos. Nessa perspectiva, o objetivo é debater processos de ensino/aprendizado, observando a produção do conhecimento em seus aspectos dinâmico, processual, cognitivo, interativo, social. Trabalhos dos integrantes: O corpo em estado de poesia: a apreensão corporal das linguagens poéticas Olga Valeska (CEFET - MG) ovaleska@yahoo.com.br O Núcleo de Pesquisa e Experimentação em Poéticas do Corpo e do Movimento-COMTE/CEFET-MG reúne pesquisadores de diversas áreas do conhecimento no intuito de desenvolver estudos interdisciplinares sobre as linguagens poéticas envolvendo corpo, movimento e voz, em suas interfaces tecnológicas. Dessas pesquisas derivaram várias oficinas e disciplinas atingindo um público bastante diversificado como graduandos em Letras, estudantes do Ensino Médio, do Mestrado e do Doutorado do CEFET-MG. O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma reflexão sobre algumas dessas experiências docentes, focalizando especificamente a apreensão corporal da linguagem poética de diversos objetos artísticos como a arte visual a música e a literatura. Para tanto, utilizaremos, como fundamentação teórica, o Sistema Laban de Movimento, a Semiótica de Peirce e os conceitos de Ethos, Pathos e Logos. 172
Resumos: Comunicações Coordenadas Literatura e discurso: intersecções possíveis na aprendizagem de língua portuguesa Emanuela Francisca Ferreira Silva (IF Poços de Caldas) emanuela.silva@ifsuldeminas.edu.br A leitura literária é mais que um procedimento cognitivo ou afetivo, ela é ação cultural historicamente constituída. O projeto “O conteúdo de Língua Portuguesa sobre a perspectiva de projetos: transgredindo para uma educação profissional integrada que diversifique, humanize e inove”, apresentou no primeiro semestre de 2015 o subprojeto “Entre o real e o ficcional: o julgamento de Capitu” que contou com a participação de todos os alunos dos cursos integrados do Instituto Federal do Sul de Minas – Câmpus Poços de Caldas. Esse trabalho teve como premissa pensar a leitura literária como um processo de experenciação, uma ação cultural historicamente constituída. Acredita-se que há uma zona de intersecção entre a análise do discurso e o ensino de literatura no que tange à forma peculiar de ambas as teorias estarem inseridas na cultura, na sociedade e na história. O ensino de literatura na última etapa da educação básica prevê a formação de um leitor híbrido que, perceba nos clássicos a possibilidade de aprender mais sobre o humano e o mundo: historicamente, politicamente, socialmente e até mesmo juridicamente. Nessa perspectiva, foi realizado o julgamento da personagem Capitu do livro “Dom Casmurro” (MACHADO DE ASSIS, 1997). Esse trabalho tem como recorte demonstrar a importância de trazer para a atualidade a leitura de um clássico da literatura brasileira suscitando nos discentes práticas que favoreçam a função interativa da leitura em um contexto mais amplo, sócio - histórico e ideológico da sociedade na qual ele se insere. Pretende-se com isso fazer uma pequena análise sobre a intersecção entre literatura e análise do discurso tendo como parâmetro o “teatro” desenvolvido pelos alunos dos cursos integrados do Instituto Federal do Sul de Minas – Campus Poços de Caldas, em que foi realizado o julgamento de Capitu.
Autonomia no processo de ensino e aprendizagem Viviane Cristina Garcia-de-Stefani (IF Poços de Caldas) viviane.stefani@ifsuldeminas.edu.br Liberdade e autonomia são palavras-chave no processo de ensino e aprendizagem, e devem envolver, escola, alunos e professores. Para promover a liberdade do aluno em sala de aula é preciso que o professor tenha autonomia, tanto no que se refere à abordagem de ensino, como aos procedimentos e técnicas e escolha de materiais didáticos. A autonomia do professor conduz à liberdade do aprendente. A liberdade do aluno na construção do conhecimento implica sua autonomia no processo de ensino e aprendizagem, e esse é um desejo comum aos educadores. É papel do educador transformar a informação em conhecimento e em consciência crítica, ou seja, contribuir para a formação de indivíduos críticos e pensantes (GADOTTI, 2006). O processo de ensino e aprendizagem não se refere necessariamente a situações em que haja um educador fisicamente presente. A presença do outro social pode se manifestar por meio dos objetos, da organização do ambiente, dos significados que impregnam os elementos do mundo cultural que rodeia o indivíduo (OLIVEIRA, 1995). Para que haja autonomia, tem que haver também empenho do professor e esse empenho não está de maneira nenhuma garantido (LEFFA, 2003). Há uma estrutura de poder bem definida na sala de aula tradicional onde o controle normalmente é exercido pelo professor. É ele quem estabelece os objetivos a serem atingidos, quem escolhe as atividades a serem desenvolvidas. Quando passamos o controle da aprendizagem para o aluno, damos a ele a liberdade de escolher, e essa escolha envolve o direito de eleger como deseja aprender, de estabelecer seus próprios objetivos, de progredir no seu próprio ritmo, de se autoavaliar (LEFFA, 2003). Na aula autônoma, o professor não é a autoridade máxima, tanto em termos de controle com em termos de conhecimento. Não é mais o dono do saber, que tipicamente só faz as perguntas que ele mesmo sabe responder. Na aula autônoma qualquer pergunta pode aparecer e o professor obviamente não tem a obrigação de saber todas as respostas. Seu papel é realmente o de facilitador da aprendizagem, ajudando o aluno a desenvolver sua autoconfiança, a se tornar ainda mais autônomo e ficar menos dependente dele, professor. Na aprendizagem autônoma, a responsabilidade está no aluno, e é papel da escola e do professor contribuir para o desenvolvimento dessa responsabilidade.
Mário e Carlos: texto carta, conhecimentos linguísticos e a conscientização das manifestações culturais, uma visão aberta sobre a Língua Portuguesa Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos (UFV) lervangogh@yahoo.com.br Esta comunicação apresenta uma proposta de ensino da Língua e Literatura, a partir de trechos das correspondências trocadas entre Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. Para isso, discute questões pertinentes ao texto carta, no que se refere à complexidade desse gênero discursivo em seus desdobramentos social, histórico, político, cultural e literário. Essas questões apontam elementos importantes que compõem a cena enunciativa das cartas em seu movimento ideológico e estético, tornando textos propícios para o e estudo das condições de produção da linguagem na interface com múltiplos campos disciplinares: Teoria da Literatura, Linguística, Semântica, Pragmática, Análise da Conversação, Análise do Discurso. Em outra vertente, as cartas também se constituem textos propícios para trabalhar elementos da cultura popular brasileira, associados ao conhecimento formal, exigido pela sociedade letrada. A proposta de trabalho da linguagem do “texto carta” é apresentar como, lá nos anos 20, Mário de Andrade valorizava as diversas formas de falar no Brasil. Ao associar a aquisição de conhecimentos linguísticos e a conscientização das manifestações culturais, uma visão mais aberta sobre a língua se estabelece, abrindo-se para as práticas democráticas e experiências de aprendizagens eficientes para a aceitação do outro.
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Resumos: Comunicações Coordenadas DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA, MÚLTIPLOS LETRAMENTOS: AÇÕES DE TEXTUALIZAÇÃO/ DISCURSIVIZAÇÃO COMO RECURSOS DE (DES)LEGITIMAÇÃO SOCIAL Coordenadora: Maria Eduarda Giering (UNISINOS) eduardajg@gmail.com Resumo da mesa: Esta sessão tem como proposta colocar em diálogo um conjunto de trabalhos que consideram que as ações de textualização/ discursivização configuradoras de gêneros do discurso e/ou práticas de linguagem constituem-se em um lócus importante de observação da emergência de processos de (des) legitimação de atores e de práticas sociais características do campo científico. Cada trabalho enfoca diferentes conjuntos de textos e de práticas sociais, analisando como essas ações mobilizadas auxiliam na estruturação do campo e são por ele estruturados. Dois trabalhos privilegiam a análise de ações de textualização observadas em textos de Divulgação Científica (DC). Um primeiro trabalho mostra como essas ações contribuem para a valorização do saber científico por meio da incorporação desse saber às práticas cotidianas dos indivíduos. Um segundo trabalho mostra como textos sincréticos, como infográficos, podem implicar uma mudança de atitude da parte de quem os lê, o que necessariamente leva a uma distribuição mais igualitária dos recursos textuais discursivos próprios do campo científico. Dois outros trabalhos analisam estratégias para o desenvolvimento do letramento científico em diferentes níveis de ensino. Um dos trabalhos pretende mostrar como determinados aspectos dos gêneros de DC foram destacados por bolsistas-docentes em turmas do Ensino Fundamental II e de que maneira os alunos se apropriaram desses aspectos da produção, como a temática, o estilo ou a organização das informações no texto. Um outro trabalho tem por objetivo apresentar a experiência didática de como usar textos de DC para promover o letramento acadêmico em um curso de extensão de nível universitário. As pesquisadoras que compõem esta sessão compartilham referenciais teóricos dos estudos do texto e do discurso e dos estudos aplicados do letramento e também a compreensão do importante papel da DC na distribuição mais igualitária do capital simbólico representado principalmente pelo domínio de determinados modos de textualização/discursivização. Trabalhos dos Integrantes: O discurso promocional da divulgação científica midiática para crianças: relação entre ciência e vida social Maria Eduarda giering (UNISINOS) eduardajg@gmail.com No âmbito da popularização da ciência, estudamos a divulgação científica midiática (DCM) dirigida a um público infantil em artigos publicados na revista Ciência Hoje das Crianças (CHC). Alguns artigos dessa revista objetivam não apenas fazer-saber (informar) ou fazer-compreender (explicar) um tema científico, mas também incitam o leitor a um fazer. Essa característica nos levou a postular que, em determinadas condições contratuais nas quais se encontram artigos de DCM, ocorre o discurso promocional. Baseamo-nos, para nosso estudo, em postulados de Charaudeau (2008; 2009; 2010) sobre o discurso de midiatização da ciência e o promocional. Por meio do fim discursivo de incitação (fazer-fazer) direcionado aos leitores jovens, os textos revelam o intuito de provocar ações que beneficiam os destinatários, valorizando o saber da ciência e estabelecendo relação entre ciência e vida social. A representação que faz o locutor de seus leitores mostra-os como pessoas que, a partir do conhecimento científico informado, podem exercer sua cidadania no cotidiano ao executarem pequenas boas ações. Verificamos a presença do discurso promocional num corpus de 30 textos da CHC, estudando características comunicacionais e discursivas desse discurso. Constatamos a presença dos esquemas narrativo e argumentativo como estratégias para fazer-crer o leitor com vistas ao fazer. Observamos também o intuito de, por meio da DCM, provocar ações que promovam bem-estar social ou individual. A presença do discurso promocional na DCM nos remete aos modelos de comunicação pública da ciência, que buscam explicar as relações entre ciência e sociedade, mais especificamente ao Modelo Contextual de comunicação pública da ciência. O locutor, para a incitação ao fazer, explora informações consensuais e vivências do leitor a fim de contextualizar a informação nova e, dessa forma, possibilitar inferências exigidas para levar o leitor à ação. Ainda que o cientista detenha o saber científico, o processo discursivo para o fazer-fazer valoriza o leitor, atraindo-o para o exercício de ações que relacionam conhecimento científico e fazeres da vida diária. Texto e discurso no infográfico de Divulgação Científica na Mídia (DCM): da tese acadêmica ao fascículo jornalístico LER para crianças e adolescentes Juliana Alles de Camargo de Souza (UNISINOS) eduardajg@gmail.com A partir dos estudos sobre a Divulgação Científica Midiática na Mídia (DCM), foram investigados, em tese acadêmica, aspectos texto-discursivos de 58 infográficos, utilizados em matérias publicadas em revistas Superinteressante, Mundo Estranho e Saúde! É vital. Os textos foram analisados, dentre outras perspectivas teóricas, com base em estudos de Charaudeau (2006, 2008), de Adam (2011), de Oliveira (2010), de Teixeira (2011). Constatou-se que os infográficos se orientaram, predominantemente, para fins explicativo-demonstrativos consubstanciados por processos descritivos ou narrativos. Derivou-se, posteriormente, na continuidade das pesquisas, a hipótese de que, no contexto da DCM, esses textos sincréticos pudessem visar não só um fazersaber e fazer-compreender, mas também o fazer-fazer. Tais textos verbovisuais explicam fatos e temas complexos; podem implicar a mudança de atitudes da parte de quem adquire competências leitoras e científicas; possibilitam pensar/resolver problemas, contribuindo para a qualificação de vida das pessoas de desiguais comunidades. A hipótese mencionada tem sido corroborada, na prática, a cada edição de fascículos de um projeto denominado LER (Parceria Grupo Sinos, Unisinos e Faccat). 174
Resumos: Comunicações Coordenadas Publicam-se 3 fascículos anuais com temas literário-científicos destinados a crianças e jovens. Busca-se capacitar professores para a utilização deste material midiático em salas de aula. Neste trabalho do Simpósio, apresentam-se duas infografias, uma da tese acadêmica e outra do fascículo, pontuando aspectos da configuração discursivo-textual de um e de outro texto, remetendo ao Modelo Contextual de comunicação pública da ciência. Em conclusão, demonstra-se o papel relevante da infografia como texto que otimiza informação da ciência mediante processos de construção sincrética, por meio de ações descritivo-narrativoexplicativas que fazem compreender e, inferencialmente, no contrato de comunicação em que se publicam, oportunizam fazer agir. O papel da divulgação cientifica midiática no letramento acadêmico: uma experiência em curso de extensão Vivian Cristina Rio Stella (UNIANCHIETA -PUC/SP) vivian.rio@gmail.com Com a necessidade de maior domínio da escrita para a publicação, o letramento acadêmico vem ganhando a atenção dos linguistas brasileiros, que começam a desenvolver pesquisas e a implementar ações didáticas para, respectivamente, identificar e sanar os principais problemas dos textos científicos, tais como: plágio, falhas de coesão sequencial e referencial, inapropriações textuais-discursivas dos gêneros acadêmicos. Uma das causas para que esses problemas ocorram, segundo Ferreira e Santos (2012), são as falhas no letramento, decorrentes, especialmente, da ausência de um ensino sistemático que permita que os alunos de graduação e de pós-graduação se apropriem desse capital simbólico (Bourdieu, 1989). O objetivo deste trabalho é apresentar a experiência didática de como usar a divulgação científica midiática para promover o letramento acadêmico no curso de extensão Ler e Escrever: Redação Acadêmica (IEL/Unicamp). Como decidimos por uma abordagem generealista no curso, isto é, há alunos de diferentes áreas e experiências com o saber científico, escolhemos usar, inicialmente, artigos de divulgação científica por estes se situarem, segundo Giering (2007), na intersecção dos contextos midiático, científico e didático e apresentarem características textuais-discrusivas do gênero artigo científico, especialmente os de visada fazer-saber. (GIERING, 2007). A partir de atividades de retextualização, especialmente a elaboração de resumos e paráfrases, procuramos desenvolver a reflexividade dos alunos em relação aos recursos de coesão textual, o que permite criar uma maior autonomia e construir uma identidade social de maior autoridade para escrever no campo científico. Ao analisar o desempenho dos alunos em função do desenvolvimento da reflexividade sobre a linguagem no campo acadêmico, podemos afirmar que essa proposta tem se mostrado bastante acertada. Mediação docente e apropriação dos gêneros reportagem de divulgação científica e artigo de divulgação científica: aspectos de um projeto didático interdisciplinar Márcia Mendonça (UNICAMP) mendonca.mrs@gmail.com Sendo a diversidade de textos – e de esferas e gêneros discursivos, por conseguinte –princípio básico do currículo de língua portuguesa nos últimos 20 anos (Brasil, 1997), o discurso da divulgação científica (DC) passa a desfrutar da mesma legitimidade pedagógica que os demais discursos na escola. Configura-se, portanto, um contexto favorável ao trabalho com os gêneros de DC na escola, uma vez que, paralelamente, os gêneros discursivos são tomados como objetos de ensino (Rojo, 2001; Dolz e Schneuwly, 2004) que devem ser apropriados pelos alunos não só pela imersão em práticas sociais de leitura e produção desses gêneros, mas também por meio de um trabalho reflexivo específico voltado para suas diversas dimensões (em termos bakhtinianos): relação com a vida social, temáticas possíveis e esperadas, construção composicional, traços de estilo. Interessanos observar que aspectos dos gêneros de DC foram destacados pelos bolsistas-docentes e de que maneira os alunos reagiram às mediações docentes no contexto de um projeto didático. Este teve como produto final a criação de uma revista de DC pelos alunos de turmas do EF II, sob a orientação de bolsistas ID (Iniciação à Docência), todos licenciandos. Tomamos como corpus as versões dos textos, as observações dos bolsistas sobre esses textos, assim como entrevistas semiestruturadas com alunos da escola e com bolsistas ID. Verificamos que as mediações pedagógicas dos licenciandos se direcionaram para múltiplos aspectos da produção, relacionados ao gênero, como a temática, o estilo ou a organização das informações no texto; a sua inserção no suporte revista de DC, situado no contexto do projeto específico; ou a traços formais do texto. Os alunos, por sua vez, revelaram ser desafiados a se apropriar ainda de traços do estilo do gênero e de sua construção composicional, estando a questão temática relativamente resolvida, uma vez que as pesquisas antecedentes à escrita foram realizadas em textos de D. A apropriação dos aspectos dos gêneros de DC, seja por parte de professores em formação inicial seja por parte de alunos da escola, é influenciada por fatores diversos, como as ações didáticas realizadas – leituras, discussões, pesquisas, etc. – e os contextos mais amplos de ensino-aprendizagem em que tais ações se situam, como a forma de organização do trabalho pedagógico, por exemplo, aulas regulares, oficinas extras projetos de médio ou longo prazo, entre outras possibilidades.
EM CENA: HISTÓRIAS DE ACESSO À CULTURA ESCRITA Coordenadora: Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB) teca.vieiradesousa@gmail.com Resumo da mesa: Pêcheux (1997) defende a existência de “técnicas” de gestão social que marcam os indivíduos, identifica-os, classifica-os, compara-os, coloca-os em ordem, em colunas, em tabela, reúne-os e os separa. Trata-se de um poder gerido em um espaço administrativo (político, jurídico, econômico e educacional, a exemplo da escola) no qual os sujeitos são/estão submetidos a regras e normas que atuam sobre o ser e o modo de ser; sobre o dizer e o modo de dizer; enfim, sobre o calar e o falar, já que não 175
Resumos: Comunicações Coordenadas se pode dizer de qualquer modo. Às técnicas de gestão social, os sujeitos pragmáticos respondem com as táticas, no sentido em que formula Certeau (1984). Nesse jogo entre normatização, normalização e burla, pensamos o lugar da linguagem como atividade constitutiva de sujeitos que produzem linguagem e nela se produzem. De modo semelhante, essa noção fundamenta a compreensão de leitor como um sujeito ativo que não são meros reprodutores de uma ordem instituída. Nesse sentido, ouvir os leitores significa fazer ressoar suas práticas leitoras, as suas histórias de leitores e o modo como se relacionam com a cultura escrita. Essa sessão coordenada propõe-se a colocar em cena discursos de sujeitos marcados por diferentes histórias de acesso à cultura escrita. Trabalhos dos Integrantes: Histórias de aprendizagem da leitura: memórias de sujeitos leitores Maria Ester Vieria de Sousa (UFPB - Campus I) teca.vieiradesousa@gmail.com Nos últimos anos, pesquisas sobre a leitura têm focado práticas efetivas de leitura, dentro e fora da escola e em diferentes épocas, visando compreender como o leitor se institui: o quê e como lê, qual o seu perfil e que determinações históricas e sociais condicionam sua leitura. Esses estudos, em geral, seguem perspectivas abertas principalmente por estudiosos como Michel de Certeau e Roger Chartier. Nessa perspectiva, a leitura tem sido assumida como prática social, como atividade que revela maneiras de conceber (e de se relacionar com) o texto escrito, próprios de cada época, determinados pelos sujeitos sociais, pelos gêneros “da moda”, pelos suportes que veiculam o escrito. Seguindo essa concepção de leitura e, do ponto de vista analítico, priorizando as noções de interdiscurso e memória discursiva, desenvolvida por Pêcheux, neste trabalho, buscaremos, especificamente, refletir acerca da história e das práticas de leitura de alunos recém-ingressos no Curso de Letras da Universidade Federal da Paraíba, futuros professores de Língua Portuguesa cuja função precípua será formar leitores. Os dados de análise serão constituídos de relatos de histórias de leitura produzidos na disciplina Leitura e Produção de Texto, oferecida no primeiro período do referido curso. De modo geral, os relatos dos alunos retomam uma história da leitura que se configura pelo retorno de alguns lugares comuns acerca da aprendizagem da leitura. Esse retorno marca o lugar de um já-dito que se institui pela naturalização e pela normalização de um dizer. Nesse sentido, os dados analisados, por um lado, revelam um número significativo de alunos que não gostavam de ler em função de uma ausência de leitura na família e na escola, instâncias inicialmente ligadas à formação do leitor. Por outro lado, alguns alunos, até mesmo independente do fator influência, demonstram uma relação de aproximação de prazer pela leitura. Para além de apontar discursos contraditórios, esses dados revelam modos diferentes de acesso à cultura escrita, característicos de diferentes sujeitos em diferentes contextos sociais e culturais. Nas histórias de professores de Português: a leitura (in)certa Laurênia Souto Sales (UFPB - Campus IV) laureniasouto@gmail.com Crescem, significativamente, as pesquisas sobre leitura desenvolvidas no Brasil, nas últimas duas décadas, especialmente no tocante às práticas leitoras dos sujeitos-alunos que cursam a Educação Básica. No entanto, o número de trabalhos relativos a essa temática no Ensino Superior, ainda não é tão significativo assim; e, quando há, em sua maioria, buscam conhecer a prática pedagógica do professor de Língua Portuguesa, desconhecendo, muitas vezes, a história e as práticas de leitura desse profissional. Tal fato pode ser considerado, no mínimo, curioso, uma vez que o conhecimento de tais aspectos em muito pode explicar o fazer docente desse sujeito, ao qual cabe o trabalho com a leitura enquanto conteúdo de ensino, bem como fazer da leitura uma prática cotidiana dessa disciplina. Nesse sentido, esta comunicação objetiva analisar o discurso sobre leitura de sujeitos-alunos do Programa de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), da Universidade Federal da Paraíba – Campus IV, a fim de compreender a história de leitura desses sujeitos, a partir do acesso que tiveram aos bens culturais da escrita. A pesquisa apresenta um corpus discursivo composto de 25 questionários respondidos por alunos recém-ingressos no referido programa de pós-graduação. Utilizamos como aporte teórico os estudos de De Certeau (1994) e Chartier (1999, 2001), que concebem a leitura como prática social e cultural, uma atividade que (re)vela as maneiras como o sujeito se relaciona com o texto. Os resultados da análise nos apresentam, por um lado, a sujeitos ávidos pela leitura e, por serem assim, não se deixaram abater, na infância, pela falta de acesso fácil aos livros; e, por outro lado, a sujeitos que, devido à falta de incentivo à leitura e à falta de acesso aos livros, apresentam uma lacuna em sua história de leitura, a qual foi resgatada ao ingressarem no Curso de Letras e nos cursos de formação continuada. Cultura escrita na escola: entre histórias de vida e memórias de leitores Thiago Trindade Matias (UFAL) trindade_ufal@yahoo.com.br O presente trabalho é uma análise de produções autobiográficas de alunos de uma escola pública do município de Delmiro Gouveia, localizada no Estado de Alagoas (Brasil). As atividades são resultantes da parceria entre a escola pública e o Subprojeto do PIBID (Programa Institucional de Iniciação à Docência) / CAPES – Letras UFAL / Campus do Sertão. Partimos da noção de gênero discursivo proposta por Bakhtin (2003) e pela noção de letramentos múltiplos, por Rojo (2009). A produção escrita do gênero foi desenvolvida na oficina intitulada – “Minhas memórias de leitor”. Na oficina, os alunos foram levados a produzir autobiografia e a confeccionar uma capa para o gênero proposto. Conforme Orlandi (2008), em sua perspectiva discursiva, na reflexão sobre a leitura, ao afirmar que o sujeito-leitor tem suas especificidades e sua história, nossa pesquisa se voltou a investigar, por meio das autobiografias, histórias de leituras e de escrituras dos alunos da escola parceira. Nelas buscamos a história de acesso à leitura e à escrita, aos modos de ler, ao gosto pela leitura dos alunos. Chartier (2007) afirma que “a escrita 176
Resumos: Comunicações Coordenadas teve por missão conjurar contra a fatalidade da perda”, nesse caso, nosso propósito foi constatar que as autobiografias, como gênero discursivo escrito, são um gênero que tem por função “imortalizar” histórias, como bem afirma Castillo Gómez, em seu texto - ‘La biblioteca interior’ – que “las diversas maneras en las que se puede afrontar la reconstrucción histórica de las prácticas de la lectura, una de ellas es la que trata de hacerlo a partir del estatuto dado a los libros y al acto de leer en los escritos auto biográficos.”.
NOVAS PERSPECTIVAS NA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA Coordenadora: Maria Izabel Magalhães (UNB/UFC) mizabel@uol.com.br Resumo da mesa: O fato de a Análise de Discurso Crítica (ADC) ser uma teoria transdisciplinar possibilita o dialogo com múltiplas disciplinas e teorias. Diante desse fato, é possível perceber, nas pesquisas de análise de discurso, que a profícua interlocução entre a ADC e variadas teorias de diversas disciplinas findam mobilizando estudos inovadores em dispares áreas. Ante isso, não raro se observa, através de esforços pautados na ADC, trabalhos com abordagens singulares, preocupadas em perceber, por exemplo, as lutas por poder e a orientação ideológica no/do discurso em áreas e objetos antes alheios a análises de cunho crítico. Assim, ante essas constatações, a presente comunicação coordenada preocupa-se com as “Novas Perspectivas na Análise de Discurso Crítica”, buscando dar visibilidade a pesquisas de ADC que detêm seu olhar sobre disciplinas e objetos “tradicionais” na academia, dandolhes enfoques particulares. A presente comunicação coordenada está segmentada em quatro partes e reúne estudos diversos que vão desde identidade de gênero a Direito, senão vejamos: a fala primeira é de Lorena Araújo de Oliveira Borges (UnB/Capes) sobre a “Análise de Discurso Crítica e o estudo das identidades de gênero”; a segunda é de Viviane M. Heberle (UFSC/CNPq) e nomeia-se “Multimodalidade, multiletramentos e Análise Crítica do Discurso”; a terceira é de Ana Cláudia Barbosa Giraud (UFC) e possui como título “Globalização, ensino de línguas e ADC”; e, por fim, há a exposição de David Barbosa de Oliveira (UFC) e Izabel Magalhães (UFC-UNB) sobre a relação entre “Direito e Análise de Discurso Crítica”. Trabalhos dos Integrantes: Direito e Análise de Discurso Crítica David Barbosa de Oliveira (UFC) dvdbarol@gmail.com Izabel Magalhães (UFC/UNB) mizabel@uol.com.br A relação entre a linguagem e a sociedade é um fato na Análise de Discurso Crítica (ADC) (CHOULIARAKI E FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 1992, 2003, 2010) e um precioso instrumento para o estudo dos processos ideológicos que medeiam relações de poder no Direito. O discurso jurídico possui forte persuasão e isso se deve ao apelo a uma pretensa objetividade que busca possuir, que é alcançada com neutralização ou naturalização dos valores não confessados, por exemplo, pelo magistrado, valendo independente de situações e contextos específicos (FERRAZ JR., 1980). Se o texto legal carrega consigo variadas posições ideológicas dentro do campo de interpretação possível, tentativas de lograr isenção ou confiança social, por meio de posturas “objetivas” e “neutras” ou de afirmações como “a lei é clara e não há espaço para interpretações” são infrutíferas, pois em verdade elas tanto quanto outras situam o ator jurídico na reprodução de um específico discurso, vinculando-o ideologicamente. Essa prática jurídica conhecida como legalista, em vez de evidenciar as escolhas ideológicas dos operadores do Direito, opta por afastar o conflito impondo uma específica e “única” ideologia havida como natural. Assim, mesmo com a pretensão de criar um discurso seguro, objetivo e neutro, arrebentam-se contra o Direito as ondas das disputas por poder travadas na sociedade, denotando que nenhuma ação jurídica, por mais técnica que seja, é desvinculada da ideologia (GUERRA FILHO, 2009). As práticas do Direito encenam formas particulares de pensar e representar o mundo ou legitimando o novo discurso ou reforçando as trincheiras do pensamento conservador por meio da violência estatal. Dessa maneira, a ADC surge como uma importante opção para identificar e, caso possível, transformar os direcionamentos ideológicos sobre o Direito, pois possibilita identificar, revelar e divulgar aquilo que está implícito ou que não é imediatamente assumido nas relações de dominação discursivo-jurídicas, trazendo à tona as estratégias de manipulação, legitimação e criação de consensos normativos. Globalização, ensino de línguas e ADC Ana Cláudia Barbosa Giraud (UFC) cbgiraud@hotmail.com Nos últimos quarenta anos, a globalização têm promovido mudanças profundas no mundo social, cujas características mais marcantes são uma reorganização espaçotemporal e uma crescente interconexão mundial (HARVEY, 2010, 2012). As relações sociais, as trocas de ideias, bens e serviços foram radicalmente transfomadas, e construiram novas redes de interação, atividade e poder. Assim, para a ADC, a globalização deve ser vista (para além de um conjunto de processos econômicos e tecnológicos) também como um processo sociodiscursivo, que encerra possibilidades de regulação e/ou de alteração de seu curso (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2001, 2003, 2006, 2012). Com base em um estudo etnográfico discursivo (MAGALHÃES, 2000, 2006; RESENDE, 2008), cotejo dados coletados junto a oito docentes de língua francesa de duas universidades do estado do Ceará, examinando como certos discursos da globalização valorizam e difundem a língua 177
Resumos: Comunicações Coordenadas inglesa como língua global, priorizando seu estudo com vistas ao mercado de trabalho, em detrimento das demais línguas estrangeiras. Analiso ainda como esses discursos causam efeitos sobre o planejamento e a execução de políticas para o ensino de línguas (CALVET, 1999, 2002, 2007), modificando seu valor social e influenciando discursos e estilos de docentes de francês. As análises, construídas, sobretudo, a partir da categoria modalidade, demonstram o ponto de vista dos/das docentes, sobre os documentos oficiais reguladores do ensino de línguas no Brasil (LDB e PCNs), os quais veiculam um discurso que prega a diversidade linguística, mas que, na realidade, não a favorece. Os dados apontam ainda que no Ceará, os discursos contidos nesses documentos têm contribuído para a restrição do campo de atuação de profissionais das línguas hoje consideradas como não prioritárias, e a consequente diminuição da procura pelos cursos de formação docente. Por outro lado, novas configurações provocadas pela globalização, como a internacionalização das universidades, tem, nos últimos anos, aumentado o interesse pelo aprendizado do francês, indicando a revitalização do idioma. Assim, se a Globalização e os discursos mercadológicos têm certos efeitos nocivos, produzem também efeitos positivos para o ensino de francês.
A Análise de Discurso Crítica e o estudo das identidades de gênero Lorena Araújo de Oliveira Borges (UnB/Capes) lorena.aoborges@gmail.com Esse trabalho tem o objetivo de apresentar uma reflexão sobre a relevância da Análise de Discurso Crítica (CHOULIARAKI E FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 1992, 2003, 2010) para os estudos pós-estruturalistas de gênero e linguagem desenvolvidos à luz da Terceira Onda do Movimento Feminista. Para Fairclough (1992), o discurso é uma forma de prática social que se constitui dialeticamente, sendo moldado e restringido pelas estruturas sociais na mesma medida em que colabora para a constituição de todas as dimensões destas estruturas. Nesse sentido, um dos aspectos dos efeitos do discurso seria o de contribuir para a constituição das identidades sociais (FAIRCLOUGH, 1992), dentre elas as identidades de gênero (MAGALHÃES, 2005). Atentas a essa perspectiva, algumas pesquisadoras propuseram o desenvolvimento de uma Análise de Discurso Crítica Feminista (LAZAR, 2005), que tem como foco o estudo dos modos como as identidades de gênero são representadas, construídas e contestadas por meio da linguagem. Esses estudos têm fornecido ferramentas para que o movimento feminista possa fomentar a desestabilização das identidades de gênero heteronormativas (MOTSCHENBACHER, 2010), propondo formas de reconhecimento de novas identidades que não são aceitas pelos discursos hegemônicos. Tal perspectiva pode ser vislumbrada, por exemplo, em processos de reconfiguração semântica de determinadas palavras, como vadia e feminista, propostos por diversos grupos feministas ao redor do mundo. Entretanto, ainda que o Feminismo seja um movimento global, ele não se realiza da mesma maneira em todos os lugares, o que significa que uma análise que se propõe crítica não pode desconsiderar o contexto social local (MAGALHAES in RESENDE; PEREIRA, 2010) em que as práticas sociais tomam lugar. É nesse sentido que a Análise de Discurso Crítica se sobressai enquanto aparato teórico-metodológico no estudo das construções das identidades de gênero, uma vez que fornece, ao mesmo tempo, uma estruturação relativamente estável para a análise de textos e uma abertura essencial para o reconhecimento das peculiaridades de práticas sociais localmente situadas, garantindo a fluidez e negociação necessárias para a compreensão das práticas de gênero “mosaico” contemporâneas.
Multimodalidade, multiletramentos e Análise Crítica do Discurso Viviane M. Heberle (UFSC/CNPq) viviane.heberle@ufsc.br Cada vez mais na contemporaneidade novas formas de comunicação estão surgindo e consequentemente há novos desafios educacionais a serem enfrentados. Estudos em multimodalidade e multiletramentos fundamentados na linguística sistêmicofuncional (LSF) e na gramática do design visual (GDV) constituem novas perspectivas teórico-metodológicas que possibilitam a investigação de diferentes recursos semióticos além da linguagem verbal na construção de sentido em gêneros textuais pertencentes a diferentes práticas sociais contemporâneas. De acordo com a LSF, a linguagem verbal representa um dos possíveis sistemas semióticos de uma cultura e todos os sistemas semióticos (incluindo danças, músicas e exposições em museus, por exemplo) estão relacionados às funções que exercem em contextos sociais. A partir das três metafunções da LSF (ideacional, interpessoal e textual), a GDV utiliza os termos representacional, interacional e composicional, respectivamente, para a análise de imagens em relação a) à representação de pessoas, ações, circunstâncias e conceitos; b) às interações complexas existentes entre os participantes representados e o/a espectador/a; e c) à organização e distribuição dos elementos imagéticos. Enquanto multimodalidade pode ser entendida como abordagem sociossemiótica da comunicação contemporânea, o termo multiletramentos, mais direcionado a contextos educacionais, refere-se ao desenvolvimento de habilidades e estratégias de produção e interpretação de textos com o uso de diferentes recursos semióticos. Para estudiosos de análise crítica do discurso, que se preocupam em descrever, interpretar e explicar as relações entre textos e seus contextos, examinando aspectos socioculturais e ideológicos, esses estudos podem contribuir como suporte teórico-metodológico para a análise de significados visuais estáticos e/ou em movimento, em consonância com a investigação de estruturas lexicogramaticais, a partir da linguística sistêmico-funcional. Nesta apresentação discuto essa interface, argumentando a favor desta possível relação saudável entre a análise crítica do discurso e estudos de multimodalidade e multiletramentos para a investigação de relações de poder, gênero e identidade. Espero que o trabalho possa contribuir para uma discussão mais ampla sobre a relevância dessa interface/sinergia para estudos do discurso e de formação de professores.
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Resumos: Comunicações Coordenadas
MÍDIA E DISCURSO: AS VOZES DE OPRESSÃO E DE RESISTÊNCIA NO COTIDIANO DAS CIDADES Coordenadora: Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade (USP) maluvictorio@uol.com.br Resumo da mesa: Os trabalhos apresentados nesta sessão dedicam-se ao estudo crítico-discursivo de representações de grupos oprimidos e/ou minoritários em gêneros discursivos distintos divulgados na mídia impressa e online. Visa-se, assim, a uma análise tanto da configuração quanto das formas de mobilização e de articulação de vozes de grupos sociais dominantes e resistentes, buscando compreender a dinâmica de conflito representacional que atua no processo de manutenção e de confrontação de hegemonias no discurso. Para isso, propomos uma pesquisa interdisciplinar que integre a História, a Sociologia e a Linguística Cognitiva e/ou Funcional, de forma a buscar evidenciar e analisar — por meio da descrição textual, da interpretação do processamento cognitivo-discursivo e da explanação sócio-histórica — a voz dos atores sociais oprimidos — muitas vezes, esquecidos e silenciados por grupos dominantes. Assim, pretendemos depreender de que maneira tanto a grande mídia quanto a mídia alternativa concebem a interação com os leitores, no sentido de naturalizar relações desiguais de poder ou de confrontá-las, visando a uma conscientização social orientada contra-hegemonicamente. Assumimos que, discursivamente, o poder é exercido tanto por meio de gêneros, padrões sociodiscursivos de interação que funcionam como meios de governança, quanto por meio de representações e de estilos, responsáveis pela legitimação de aspectos da realidade e pela imposição de modos preferenciais de ser, pensar, sentir e comportar-se. Contudo, assumimos, em consonância com os estudiosos da Análise Crítica do Discurso, que os atores sociais são dotados de reflexividade e, por isso, são apenas parcialmente determinados pelas estruturas sociais, sendo capazes de modificá-las em ações coletivas. Por fim, consideramos, em nossa análise, não apenas as escolhas lexicais e gramaticais estruturantes dos discursos em foco, mas também as implicações sociais e ideológicas, o contexto sociocultural em que o texto se instaura e os processos cognitivos que subjazem à interpretação e à produção textual. Trabalhos dos Integrantes: A voz feminina no jornalismo paulista do século XIX : em busca de uma identidade social Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade (USP) maluvictorio@uol.com.br Para poder contar e refletir um pouco sobre a história das mulheres brasileiras e construir sua identidade pode-se seguir vários caminhos, escolhemos aquele trilhado pelas mulheres que se dedicaram a tecer e divulgar suas ideias, aspirações e realizações por meio da imprensa, criando jornais com o intuito de dialogar com as leitoras e torná-las conscientes de suas escolhas e papeis sociais, buscando retratar em suas páginas o perfil da mulher no final do século XIX. Perfil desenhado através da escrita da fundadora e editora do jornal literário A Família (1888 a 1894), Josefina Alvares de Azevedo – professora e escritora – que tinha como objetivo interagir com a mãe de família, visando à sua educação. Buscamos, portanto, analisar as relações dialógicas estabelecidas entre enunciador e enunciatário nas cartas da editora, enquanto práticas discursivas ritualizadas que possuem um espaço específico na referida publicação. A partir dos pressupostos teóricos da Análise Crítica do Discurso elaborados por Fairclough (2001, 2003, 2006) e Van Dijk (2003, 2012), buscamos revelar como o jornal concebe, metaforicamente, a interação com as leitoras, criando um tipo particular de envolvimento, chegando mesmo à cumplicidade. Para construir um perfil do enunciador (ethos) e como ele deseja transformar seu enunciatário (as leitoras), consideramos não apenas as escolhas lexicais e as implicações sociais e ideológicas, mas também o contexto sociocultural em que o texto se instaura. Importa observar também as relações de poder que a enunciadora exerce sobre as leitoras e como esse gênero discursivo, a carta da editora, forma e propaga um conceito de comportamento social feminino que perpassa toda a publicação, trabalhando como a linguagem empregada constitui uma estratégia de persuasão que legitima os padrões ideológicos existentes em nossa sociedade no final do século XIX. Por meio de 5 cartas da editora de A Família selecionadas entre as primeiras edições digitalizadas do ano de 1888 e disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira, analisamos a posição que as mulheres ocupavam na família e na sociedade brasileira, nesse final de século. A partir dessas cartas estamos buscando resgatar os discursos que fundamentam e prescrevem o sentir, o fazer e o saber do sujeito mulher do final do século XIX, na sociedade paulista e determinam suas formas de ser no desempenho de diferentes papeis, seja como esposa, como dona de casa ou mãe, e como mulher que agora tem uma profissão e se projeta na sociedade por desempenhar mais essa função. Cabelo liso e solto ao vento: o racismo na metáfora da boa aparência – uma perspectiva crítica social da linguagem Kelly Cristina de Oliveira (UFMG) kelly_cristina_oliv@yahoo.com Este artigo pretende analisar como o racismo ainda circula no nosso cotidiano, por meio das diversas práticas sociais, sob a metáfora da boa aparência. Nosso corpus é composto por três notícias de jornal sobre uma escola de São Paulo que solicitou aos pais que trouxessem suas filhas com os cabelos lisos e soltos, para participar de uma apresentação de final do ano. O bilhete colado nas agendas traz a imagem da personagem, Maria Joaquina, da telenovela Carrossel, conhecida exatamente por ser racista. O fato ganhou notoriedade depois que uma pessoa postou o bilhete numa rede social, Facebook, seguido de uma mensagem de indignação, tendo mais de 6.000 compartilhamentos. Esse fato foi noticiado em vários jornais impressos e on line, gerando comentários dos leitores e uma carta de desculpas da escola. Por isso, nosso corpus é composto: por três notícias de jornais de maior notoriedade de São Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo e Extra Globo, na versão on line: por alguns comentários de leitores desses jornais: e pela referida carta da escola. O tema torna-se relevante, porque mesmo após a abolição dos escravos, o racismo 179
Resumos: Comunicações Coordenadas é presente, naturalizado, fazendo parte das práticas comuns do cotidiano brasileiro e, por anos, ainda está presente por trás da boa aparência. Pretendemos analisar, portanto, uma prática social que moveu várias outras práticas, numa rede, gerando ações nos produtores e leitores das mídias jornalísticas e sociais. Utilizaremos o arcabouço teórico da Análise Crítica do Discurso desenvolvida por Fairclough (2001, 2003), que, baseado em estudos do Realismo Crítico, propõe analisar a linguagem numa relação dialética com a vida social. Para analisar o racismo, utilizaremos van Dijk (2010) que o considera um sistema social de dominação bem complexo, pois envolve fundamentações éticas e questões de desigualdade, além de ser composto por um subsistema social e cognitivo. #OcupaEstudantes: o discurso de resistência do movimento estudantil secundarista do estado de São Paulo em perspectiva crítico-discursiva Paulo Roberto Gonçalves Segundo paulosegundo@uol.com.br O objetivo deste trabalho é analisar o discurso das vozes resistentes ao programa de reorganização das escolas públicas dos Ensinos Fundamental II e Médio do Estado de São Paulo, proposto pela gestão do governador Geraldo Alckmin em 2015, materializado em textos opinativos escritos em jornais, revistas e portais online por meio da hashtag #OcupaEstudantes. Dentre eles, podem-se citar os portais da Revista Fórum, do Esquerda Diário, do blog Blogueiras Feministas, da Revista Capitolina e do coletivo de comunicação Periferia em Movimento. A campanha visava a propiciar um espaço na mídia para que os estudantes mobilizados contra a medida governamental relatassem sua experiência de luta, sua vivência nos espaços ocupados e o cotidiano das escolas públicas paulistas, posicionando-se em relação à situação da educação no estado. Por meio de um referencial que estabelece convergências entre os pressupostos teóricos e as categorias de análise da Linguística Cognitiva e dos estudos sociocognitivistas (Chilton, 2004; Hart, 2014; van Dijk, 2014; Gonçalves-Segundo, 2014) com o modelo tridimensional de análise proposto por Fairclough (1998, 2003, 2010), visa-se a depreender os padrões de configuração linguístico-discursiva de esquematização e de atenção articulados estrategicamente na defesa da ocupação das escolas e na mobilização da opinião pública no sentido de apoiar a movimentação e rejeitar a atuação da gestão Alckmin na questão, construída como autoritária, truculenta e mercadológica. Serão observados o papel da esquematização de forças — considerando as propostas de Talmy (2000) e Croft (2012) no que tange à interação entre a experiência corporeada com forças e a construção da causalidade externa e/ou interna das cenas nos enunciados em relação às possíveis rotas de conceptualização incitadas — e dos processos de foco, granularidade e quadro de visualização (Langacker, 2008; Hart, 2014) como recursos de seleção e de direcionamento da atenção do leitor a determinadas entidades e processos, considerando sua possível atuação na legitimação da mobilização estudantil. Assim, este trabalho visa a buscar contribuir para a compreensão da complexa interação entre processos linguísticos, discursivos, retóricos e cognitivos.
VIOLÊNCIA, DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO EM PRÁTICAS DISCURSIVAS CONTEMPORÂNEAS
Coordenadora: Maria Virgínia Leal (PPGDH e PPGL/UFPE) mariavirginialeal@gmail.com Resumo da mesa: Discute-se, no campo dos chamados Estudos Discursivos, práticas linguageiras em suas relações com a violência, o preconceito e a discriminação de determinados grupos sociais, enfocando fenômenos como fórmulas discursivas, identidade e ethos, tendo como objetivo propor aos participantes a problematização no Brasil dessas práticas no âmbito da construção de uma Cultura de Paz ou de uma Educação em Direitos Humanos. Trabalhos dos Integrantes: Preconceito e violência: uma análise de discursos intolerantes religiosos em redes sociais Maria Virgínia Leal (PPGDH e PPGL/UFPE) mariavirginialeal@gmail.com A violência é hoje um fenômeno mundial, presente em diversas esferas da vida em sociedade e com diversas formas de materialização – entre elas, inclui-se a violência discursiva. Radicada em (pre)conceitos e diversificadas formas de intolerância, esta violência atinge particularmente negros, mulheres, indígenas, idosos, e comunidades religiosas, entre muitos outros grupos vulneráveis à defesa dos direitos humanos que poderiam ser citados. Esta pesquisa, ante o exposto, se propôs a investigar determinados efeitos de sentido advindos de práticas discursivas preconceituosas e intolerantes produzidas em redes sociais, especificamente no Facebook. Tratou-se de pesquisa qualitativa, com grupo focal formado por mestrandos de programas de pósgraduação em letras e em direitos humanos, e com análise específica de fenômenos presentes na contemporaneidade, tais como fórmulas discursivas, aforização, designações, entre outros elementos enunciativo-discursivos, utilizadas em referência a grupos ou comunidades religiosas distintas e entre diferentes grupos oriundos de uma mesma comunidade religiosa. Tendo como solo teórico que o contraponto da intolerância não é a tolerância, como também desconfiando de certas proposições do movimento “politicamente correto”, a investigação concluiu que existem formas intolerantes de se tratar de intolerância a determinadas religiões ou grupos religiosos, realçando contradições de natureza política (por exemplo, a captura da defesa dos “direitos humanos” pelo neoliberalismo), no combate a preconceitos e discriminações, marcando os modos pelos quais certas inscrições discursivas estão relacionadas a um modo de “naturalização” dessas formas de violência. Tais reflexões encontram-se 180
Resumos: Comunicações Coordenadas sedimentadas na Análise do Discurso, especialmente desenvolvida por Dominique Maingueneau (2001; 2005a; 2005b; 2008, 2010a; 2010b; 2014) e Alice Krieg-Planque (2008, 2010) e dá prosseguimento a pesquisas realizadas por Cisneiros e Leal (2015) e Leal e Gomes (2015). Ethos de violência e ciberviolência contra professores, uma visita atualizada a comundades virtuais Morgana Soares da Silva (UFRPE) morg_soares@yahoo.com.br O presente trabalho dá continuidade à pesquisa de doutoramento intitulada “Ciberviolência, ethos e gêneros de discurso em comunidades virtuais: o professor como alvo” e financiada pela CAPES, com o intuito de revisitar algumas comunidades virtuais e discursivas nela analisadas. Temos, portanto, os objetivos precípuos de desenvolver o conceito de ethos de violência anteriormente cunhado e de analisar os discursos violentos contemporâneos veiculados em 5 comunidades públicas do Facebook e 5 do Twitter, corpus deste trabalho. Vale ressaltar que concebemos o ethos de violência, categoria analítica central desta investigação, como uma imagem agressiva de si construída por alunos enunciadores em textos pejorativos e degradantes sobre seus professores (SILVA, 2014). Este estudo é relevante, porque os discursos coletados em 2011 sofreram modificações em sua materialidade, assim como mudaram as ferramentas e as interfaces dos sites de redes sociais (SRS), o que proporciona novos e preciosos dados. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa e documental, com pretensões comparativas e interpretativas, que emprega o método indutivo e se respalda teoricamente na Análise do Discurso de linha francesa e em pesquisadores que têm as redes sociais como objeto de estudo. Ancoramo-nos, especificamente, na heurística de Maingueneau (2014, 2013, 2008, 2007, 2010, 2002, entre outros), para quem: i) o ethos discursivo é híbrido, partilhado, implícito e divergente, é o caráter e a corporalidade que o locutor mostra para conquistar a adesão de outros sujeitos (MAINGUENEAU, 2013, 2010, 2006, 2002, 1998); ii) as comunidades virtuais são agrupamentos de pessoas que partilham ideologias (CASTELLS, 2003; RECUERO, 2009) e filiam-se a discursos e a comunidades discursivas e imaginárias (MAINGUENEAU, 2008). Os resultados oriundos das reflexões sobre a questão de pesquisa deste estudo – a saber: “Como se configura atualmente o ethos de violência construído por alunos em comunidade virtuais que agridem professores?” – revelam que a ciberviolência é um fenômeno sociodiscursivo ainda presente nas comunidades virtuais analisadas e que o ethos de violência continua conquistando adesões de outros sujeitos discursivos. Essa última constatação corrobora o conceito cunhado anteriormente e confirma que o processo discursivo é realmente produtivo em comunidades discursivas veiculadas em redes sociais. Entre novinhas e sapequinhas: analisando os modos de identificação no funk-brega pernambucano Jaciara Josefa Gomes (UPE) jaciarajgomes@gmail.com O modo como os atores sociais se identificam nos discursos é investigado nesse artigo a partir do processo de avaliação. Investigamos especificamente os modos como o MC Sheldon, cantor de funk-brega pernambucano, identifica a si próprio e aos outros em suas produções musicais. Para tanto, analisamos a construção de identidades nesse estilo musical, bem como a finalidade de tais construções, através da investigação de elementos linguísticos que possibilitam observar os significados identificacionais. A avaliação é uma categoria que pode ser subclassificada em três outros conteúdos, a saber: o grupo das afirmações avaliativas, o grupo das afirmações que utilizam verbos de processo mental afetivo, e, por fim, o grupo das presunções valorativas (FAIRCLOUGH, 2003). Esses conteúdos são uteis para desvelar identidades por revelarem apreciações e perspectivas próprias do locutor, que ele avalia como boas ou ruins, por exemplo. Com isto, objetivamos compreender como a organização social molda a prática discursiva desse discurso específico. Baseamo-nos no enquadre teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (ACD), sobretudo nos estudos de Fairclough (1997 e 2001), aliado ao pensamento de Giddens (1991) sobre as consequências da modernidade tardia. Ademais, refletimos sobre o funk como prática social, já que entendemos que o papel da linguagem é mediar a vida social. Daí que, recorremos ainda à noção de prática social como uma categoria constituída por discurso, atividade material e mental (VAN DIJK, 2004 e 2008), relações sociais, poder e crenças (é nos campos da economia, da cultura e da política, bem como da vida cotidiana que as práticas se concretizam). Daí porque se faz necessária uma análise ampla do discurso, uma análise que compreenda as dimensões da estrutura social, além da linguística, pois tal investigação nos possibilita desvelar as relações de dominação e desigualdades sociais comuns no universo funk-brega.
DISCURSO PEDAGÓGICO E RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS
Coordenadora: Míria Gomes de Oliveira (UFMG) miriagomes@hotmail.com Resumo da mesa: Nesta comunicação coordenada, apresentaremos trabalhos que investigam relações entre discursos pedagógicos e estudos étnicoraciais no Brasil contemporâneo. De fato, estudos voltados para o discurso educacional e relações étnico-raciais se entrelaçam no que se referem às desigualdades sócio-econômicas da população negra (pretos e pardos) brasileira e apontam entraves e avanços na efetivação e eficácia da Lei 10.639/2013 (OLIVEIRA & SILVA, 2016) que determina o ensino da cultura, literatura e história africana e afro-brasileira. Os conflitos gerados por ações afirmativas remontam a lutas do movimento negro em curso desde o fim do século XIX e resvalam na presença de ideologias racistas no Brasil. Apresentaremos, assim, quatro pesquisas. A primeira, “De leitor para leitor”, tem por objetivo investigar e intervir na formação de leitores do 2o Ciclo do Ensino Fundamental e divulgar 181
Resumos: Comunicações Coordenadas obras literárias do chamado “Kit-Afro” distribuído nas escolas municipais de Belo Horizonte[1]. Analisados depoimentos de alunos que participaram de oficina de leitura e resenha de textos literários voltados para a diversidade social. A segunda, reflete sobre o discurso institucional de coordenadores dos cursos de licenciatura em Letras, História e Artes da UFMG perante demandas da lei federal supracitada. Na terceira apresentação, apontamos interfaces entre discurso pedagógico e estudos sociológicos, a partir da Revista do Centro de Estudos Afro-Orientais(2014). Recortaremos artigos que dialogam com Nina Rodrigues, Gilberto Freire, Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos. Nosso objetivo é demostrar que as diferentes representações do que seja ‘ser negro” pode desmistificar estereótipos em torno da subjetividade negra e apoiar na implementação da lei, tanto na formação docente como na prática da sala de aula. Partindo do pressuposto de que o silenciamento histórico desses estudos nos impedem de avançar na compreensão do racismo em nossa sociedade, destacaremos os principais conceitos presentes na obra desses autores. ([1] Pesquisa apoiada com recursos do Edital FAPEMIG - Pesquisa Aplicada/2013). Trabalhos dos Integrantes:
De leitor para leitor: ensino da literatura e relações etnico-raciais
Míria Gomes de Oliveira (UFMG) miriagomes@hotmail.com A pesquisa aplicada “De leitor para leitor” tem por principal objetivo investigar, problematizar e intervir na formação de leitores do 2o Ciclo do Ensino Fundamental e divulgar obras literárias do chamado “Kit-Afro” distribuído nas escolas municipais de Belo Horizonte. Os livros do “Kit” trazem, como temática transversal, questões étnico-raciais e sobre diversidade cultural de forma mais ampla. O trabalho de pesquisa está organizado a partir de três ações metodológicas interligadas: 1. Oficina “De leitor para leitor”, em que são realizadas e pesquisadas práticas de letramento literário (Paulino, 1999; Cosson, 2006; OLIVEIRA, 2014) no 2o ciclo na E. M. Dep. Milton Salles, em Belo Horizonte. 2. Registro em vídeo e divulgação virtual de indicações de leitura feitos pelos alunos no www.youtube.com. 3. Produção de catálogo literário cujo público alvo será toda comunidade escolar e, em última instância, leitores virtuais. Partindo das orientações da lei 10.639/03 e dos trabalhos de KABENGELE (1999), GOMES, AMANCIO E JORGE (2008) dentre outros, nosso objetivo é trazer as temáticas da diversidade para o centro da formação de leitores do 2o Ciclo de formação. Nesta apresentação, apontaremos as tensões resultantes de políticas raciais e linguísticas a partir da análise de questionário em que buscamos perceber a avaliação do projeto pelos alunos e suas representações de raça e de racismo. Análise do Discurso institucional: A demanda de implementação da Lei nº10.639/03 nos curso de formação inicial da UFMG Audrey Michelle Nogueira (UFMG) audrey-michele@hotmail.com Esse trabalho traz algumas reflexões decorrentes da pesquisa em desenvolvimento, que visa analisar o discurso institucional da Universidade Federal de Minas Gerais, perante a demanda de implementação do estudo/ensino da História e Cultura da África e Afro-brasileira, nos curso de formação de professores, conforme dispõe a lei federal nº 10.639/2003.Tal legislação está inserida no contexto de luta pelo enfrentamento da desigualdade racial no Brasil, e se efetiva como uma normativa que questiona o currículo como elemento de dominação e poder. É indispensável, portanto, refletir sobre os possíveis impactos desta legislação, por meio de uma perspectiva teórica comprometida ativamente com os temas e fenômenos relativos aos estudos do poder, dominação e desigualdade. Neste contexto, destaca-se a Análise Crítica do Discurso, como vertente teórico-metodológica que ressalta a dimensão social da linguagem. O discurso é elemento integrante da sociedade, e como prática social, emerge em meio às relações de conflito e poder, sendo ao mesmo tempo instrumento de dominação e instrumento de mudança. O que se busca nas análises linguísticas desta perspectiva, não é o estudo minucioso de um “documento-objeto”, mas a descrição da ordem do discurso de uma instituição, de suas formações ideológicas-discursivas e as relações de dominação entre elas. (VAN DIJK, 2000). Diálogos discursivos entre estudos das relações raciais e sociologia e educação Silvia Regina Galvão e Franz Piragibe (UFMG) silviarjc2003@yahoo.com.br Frans Galvao Piragibe (UFMG) franz.galvao.piragibe@gmail.com Nesta apresentação, apontaremos a influencia dos estudos sobre relações étnico-raciais no campo da educação, a partir dos textos da Revista do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO). Em 2014, esse periódico lançou a quinquagésima edição, divulgando estudos sobre populações africanas, asiáticas e seus descendentes no Brasil. Recortaremos os textos que remetem aos autores Nina Rodrigues, Gilberto Freire, Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos, tendo em vista sua notória repercussão não só nos estudos educacionais como literários, linguísticos e sociológicos. Nosso objetivo é demostrar que as diferentes perspectivas da representação do que seja ‘ser negro” pode desmistificar estereótipos em torno da subjetividade negra e apoiar na implementação da Lei 10.639/03, tanto na formação docente como na prática da sala de aula. Partindo do pressuposto de que o silenciamento histórico desses estudos nos impedem de avançar na compreensão do racismo em nossa sociedade, destacaremos os principais conceitos presentes na obra desses autores. 182
Resumos: Comunicações Coordenadas
DESIGUALDADE, MEMÓRIA E HISTÓRIA: ESTRATÉGIAS, NORMAS E DENSIDADE HISTÓRICA Coordenadora: Patricia Ferreira Neves Ribeiro (UFF) patricianeves@id.uff.br Resumo da mesa: Em suas variadas práticas discursivas, o sujeito – ser individual e coletivo – dota-se, conforme postulado por Patrick Charaudeau em sua Análise Semiolinguística do Discurso, de memórias que o possibilitam inserir-se no universo dos signos, conferir sentidos a suas intenções e comunicar-se. No espaço das restrições dos contratos de comunicação, as memórias funcionam como dispositivos que normatizam “as maneiras de dizer”, as representações dos conteúdos e os quadros situacionais em que forma e sentido se mostram. Ao mesmo tempo, essas normas, evocadas pelas memórias, convivem, na produção dos atos de linguagem, com um espaço de manobras as quais permitem o emprego de estratégias por parte dos sujeitos comunicante e interpretante. Na produção dessas estratégias, é possível flagrar uma diversidade de construções de sentido e de identidades na e pela linguagem no âmbito, supostamente, de um mesmo contrato comunicativo. Esse diversificado quadro de estratégias pode desenhar-se por apelo a procedimentos de ordem linguageira, de ordem semântica ou de ordem situacional. Como resultado, as enunciações apontam para distintas projeções históricas que acabam por esclarecer os diferentes jogos de poder na linguagem. Nesta mesa, os trabalhos interessam-se, justamente, por pensar, revelar ou desvelar a desigualdade – no sentido da diversidade ou da divergência – flagrada na mobilização de estratégias discursivas variadas, ora no seio de diferentes acontecimentos enunciativos projetados de um mesmo acontecimento bruto em determinado tempo e lugar, ora no quadro de diferentes tons enunciativos projetados de uma mesma encenação discursiva em tempos e lugares outros. Num caso e no outro, a densidade histórica, enlaçada às memórias que normatizam e as estratégias que as subvertem, será considerada. A partir da análise dessas estratégias, pode-se comprovar a presença de um discurso da desigualdade que subjaz não só temáticas relativas às divergências socioeconômicas, às segregações sociais e atitudes discriminatórias, mas, sobretudo, que perpassa o próprio processo de semiotização do mundo, no qual a discursivização já carrega, em si, mecanismos de captação e de influência diretamente relacionados às diversidades sociais. Trabalhos dos Integrantes: Desigualdade no discurso jornalístico: estratégias linguageiras e jogos de poder Patricia Ferreira Neves Ribeiro (UFF) patricianeves@id.uff.br Na produção dos mais diversos macroatos de linguagem, o sujeito comunicante mostra-se implicado na mobilização de uma tripla memória – memória dos discursos, memórias das situações de comunicação e memória das formas de signos – correspondente a uma multifacetada competência discursiva – semântica, situacional e semiolinguística. Entre memórias que carrega e competências de que dispõe – conceitos teóricos aludidos pela Semiolinguística –, o sujeito elege estratégicas operações linguístico-discursivas, no quadro dos modos enoncivos, enunciativos, de tematização e de semiologização, correspondentes, em parte, às determinações impostas pelos dados do contrato comunicativo. Este trabalho tem como proposta apresentar a análise dessas estratégicas operações linguístico-discursivas selecionadas por três diferentes jornais cariocas de grande circulação – O Globo, O Dia e Extra – para a produção de três notícias jornalísticas publicadas a respeito de um mesmo fato, a saber: incêndio ocorrido num dos campi da UFRJ. Assim, este trabalho objetiva, em primeira instância, refletir sobre a desigualdade – tomada segundo a acepção da diferença – verificada entre três acontecimentos enunciativos oriundos de um mesmo acontecimento bruto e engendrados por distintos processos de discursivização no seio das três distintas publicações e de seus dados contratuais. Sob essa reflexão, as maneiras de dizer flagradas no corpus selecionado são consideradas, em segunda instância, conforme certa densidade histórica que aponta, inegavelmente, para os divergentes jogos de poder na linguagem. Desse modo, com base nas análises das estratégicas operações linguístico-discursivas supracitadas, é possível evidenciar um discurso de desigualdade subjacente às três notícias focalizadas que atravessa os programados processos de construção de sentido os quais estão em acordo com mecanismos de captação identificados a divergências sociais, econômicas, culturais e políticas. Correspondência e história: produção de memória e ficção de si Luciana Paiva de Vilhena Leite (UNIRIO) lupvilhena@yahoo.com.br A presente pesquisa pretende investigar as cartas pessoais trocadas por autores da literatura no seu domínio afetivo, buscando demonstrar que a memória construída a partir de seu discurso, muitas vezes, afasta-se daquela produzida por suas obras, o que instaura a correspondência em um domínio genérico que oscila entre a confissão e a ficção. Entendendo ser o sujeito um ente individual e coletivo, percebemos que ele pode instaurar-se em um universo de memórias – “produzidas” ou “reais” –, que confiram sentidos a suas intenções nas trocas linguageiras. Desse modo, a pesquisa faz suscitar o questionamento em torno do qual o sujeito escrevente da correspondência constrói um discurso de si baseado no que projeta de si mesmo e não na noção do discurso factual ou mesmo confessional, já que a correspondência parece ser um gênero em que se coadunam vários modos de organização discursiva, podendo estes, inclusive, apresentar-se entremeados. Sustentado pela abordagem semiolinguística do discurso de Patrick Charaudeau (1983, 2008), o trabalho investiga as muitas estratégias que o discurso das cartas faz emergir a partir do momento em que o sujeito-enunciador se distancia do lugar de autor socialmente estabelecido na cultura e se coloca na esfera do locutor envolvido afetivamente com seu co-enunciador, construindo, assim, um quadro de memória, alicerçado pela densidade histórica. Nesse sentido, a pesquisa também leva em conta os papéis sociais e discursivos levantados por Charaudeau na construção de seu dispositivo enunciativo no que se refere, sobretudo, aos circuitos externo e interno da linguagem. A partir 183
Resumos: Comunicações Coordenadas da análise dessas estratégias, conseguimos atestar a presença de um discurso da desigualdade que não se atrela somente aos aspectos estritamente socioculturais, mas, sobretudo, atrela-se a um fenômeno de discursivização, que traz à tona mecanismos que deixam transparecer as diferenças, as assimetrias, as dissonâncias responsáveis por subsidiar o sujeito no processo de semiotização do mundo. O corpo da voz (e o tom discursivo) Iran Nascimento Pitthan (UFF) irannp@hotmail.com A recriação de um texto, pela leitura ou pela escuta, oferece condições para o nascimento de identidades e/ou reorganização de sujeitos, a partir da faculdade da fala que é, ora apenas sonorização do texto escrito, ora representação de vida posta em relatos pessoais, impulsionados por efeitos patêmicos. Inicialmente, é apenas a voz dos participantes que pode estabelecer cumplicidade nesse contrato comunicativo proposto pela leitura compartilhada. A atividade não só oferece bases para se avaliar sutilezas de realidades do semelhante, como também apresenta um espelho identitário que leva à reflexão: reconhecer-se no diferente é lançar-se em visão de caráter mais universal. Realizadas em locais reconhecidos como espaços alternativos (M.Petit), atividades de leitura ajudam a resistir às adversidades e a construir consciência, por estabelecer estreita relação com as bases enunciativas – autores e personagens. Levados a reler a vida de forma indireta, esses indivíduos reavivam suas histórias e liberdades, do particular para o coletivo. Ao cultivar coragem para expor experiências e compartilhar sonhos, equalizam suas vozes e fogem ao sufocamento imposto pelo discurso de ocasião. Embora um texto fixado no papel nunca deixe de ser o mesmo, sempre que exposto despertará ecos de passados recentes ou longínquos que sempre podem conferir mutações a quem lê ou a quem ouve. Como tentativa de capturar a vocalidade da escrita (Zumthor), promovida também por meio de tons, a leitura em voz alta não se resume a ressaltar valores semânticos ou sonoros capazes de manter temporariamente a atenção do ouvinte, mas colabora para organizar estratégias como trampolins de insurreição para vozes reprimidas. Neste trabalho, partiremos do monólogo de Segismundo, fragmento da peça A vida é sonho, de Calderón de La Barca. Envolvidos nesse tipo de ato de linguagem, justamente por acionar sujeitos discursivos, o leitor é fortalecido como sujeito social em progressiva mutação, resgata memórias e consegue inserir-se, como presença, com sentidos e intenções acessíveis aos demais (Charaudeau). Durante a decifração do texto, enquanto se é conquistado por palavras e ideias, se organiza o corpo da voz, aquela que se deseja pôr no mundo, em busca de audição e em igualdade com o outro.
A DESIGUALDADE REFLETIDA NA MÍDIA: NOVAS ABORDAGENS DA INDÚSTRIA MIDIÁTICA E CULTURAL BRASILEIRA? Coordenadora: Renata Mancini (UFF) renata.mancini@gmail.com Resumo da mesa: A desigualdade social é um tema tão caro quanto nebuloso para um país como o Brasil que ostenta um dos piores índices mundiais de concentração de renda. Apesar do esforço de muitas correntes de estudo do texto e do discurso em mostrar de que forma a desigualdade encontra paralelo no modo como a mídia aborda os diferentes estratos sociais, raciais, econômicos etc., e mesmo que atualmente exista um debate amplo e até acirrado sobre o assunto, estamos ainda longe de deixar o posto de país de grandes injustiças sociais e de enorme concentração de renda e privilégios. No entanto, se até pouco tempo esse fato não gerava uma comoção em maior escala, hoje a discussão sobre o abismo social brasileiro parece ganhar novas dimensões. Há atualmente uma grande presença de obras da indústria cultural sobre o assunto, mas com o diferencial, em relação a outros períodos, de que esses produtos estão alcançando uma maior penetração no mercado midiático. Com o auxílio da semiótica discursiva, trataremos aqui de dois expoentes atuais da indústria cinematográfica: o filme “A que horas ela volta”, de Ana Muleyart, lançado em 2015, com grande impacto na mídia nacional; e da animação “O menino e o mundo”, de Alê Abreu, lançado em 2014 e indicado para o Oscar em 2016. Ainda na esteira de procurar entender os desdobramentos midiáticos atuais sobre a desigualdade, abordaremos duas questões historicamente ligadas às coberturas sobre a disparidade social no país: o tratamento da mídia dado à figura dos guerrilheiros, no passado e hoje, e o modo como o imigrante é apresentado nas reportagens jornalísticas e televisivas. A partir do debate entre esses trabalhos, esperamos poder jogar luz sobre o olhar coletivo do Brasil sobre o Brasil, espelhado em sua produção cultural e midiática. Trabalhos dos Integrantes: A desigualdade como ponto de partida e de chegada na animação “O menino e o mundo” Renata Mancini (UFF) renata.mancini@gmail.com Historicamente presente, o desnível econômico exacerbado e suas implicações sociais figuram entre os principais elementos que moldam a sociedade brasileira em seus valores primordiais, tomados tanto internamente, como a partir do olhar estrangeiro. Em textos técnicos, em artigos de grande circulação, nos objetos culturais, ou mesmo em trocas informais sobre o país, a desigualdade social integra o rol das temáticas centrais de constituição da identidade do país, competindo com pilares do imaginário sobre o Brasil como o carnaval, a mestiçagem e o futebol. Muito já se produziu sobre o assunto, porém vemos hoje uma maior aceitação por parte da indústria cultural com relação à abordagem das distorções, de várias ordens, originadas 184
Resumos: Comunicações Coordenadas sobretudo na disparidade social acentuada. Essa é a temática que dá origem à trama do filme de animação “O menino e o mundo”, de Alê Abreu, lançado no Brasil em 2014. Após conquistar o mundo em vários festivais e ganhar o honroso prêmio do Festival de Cinema de Animação de Annecy, na França, foi indicado para concorrer ao Oscar de melhor filme de animação em 2016. Seu gatilho narrativo é a desigualdade social, vista de forma ampla, ao congregar desdobramentos múltiplos indicados nas dicotomias pobreza e riqueza; cidade e campo; olhar infantil e olhar adulto; guerra e paz, entre outras. A proposta deste trabalho é analisar, com o auxílio da semiótica discursiva, a maneira pela qual essas dicotomias são organizadas narrativa e discursivamente para construir as estratégias argumentativas do filme. A abordagem tensiva da teoria semiótica, proposta por Zilberberg, nos permite também explorar como os elementos da expressão visual e musical criam verdadeiras ambiências sensoriais que auxiliam uma leitura mais complexa das relações entre as temáticas abordadas. Sem diálogos propriamente ditos, o conteúdo que dá base ao argumento da animação é manifestado num sincretismo de formas visuais, cores, movimentos, texturas e sons, de maneira a propor camadas de leitura e oportunidades de experiência que fazem dessa animação uma verdadeira obra de arte que merece ser debatida em toda sua complexidade. O tema da desigualdade social e aspectualização actancial em “Que horas ela volta?” Regina Souza Gomes (UFRJ) reginagomes42@msn.com Este trabalho tem como objetivo analisar, sob a fundamentação teórica da semiótica de linha francesa, a grande repercussão do filme “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert, analisando críticas publicadas em sites de jornais e revistas e blogs especializados em cinema, assim como comentários dos leitores (quando tornados possíveis) de alguns desses sites. O filme, que angariou prêmios nos festivais de Sundance e Berlim, motivou tanto críticas positivas – que o consideram como um filme crítico e inovador – quanto críticas menos entusiastas – que o tomam como mais conservador e reiterador de estereótipos. Tomando o eixo temático principal a desigualdade e o preconceito sociais abordados no filme, as críticas e comentários (especialmente) não raramente polemizam uns com os outros, intertextual ou interdiscursivamente, assumindo um caráter mais excessivo, passional e polarizador. A análise observará, então, por meio do emprego de alguns recursos sintáticos e semânticos do nível discursivo, a aspectualização actancial tanto do ponto de vista da enunciação quanto do enunciado. Analisaremos a qualificação ética e passional construída pelos actantes da enunciação, ao julgar o filme e o discurso crítico sobre o filme, e o modo como seu discurso se gradua tensivamente, tomando um tom mais ou menos superlativo. Para a compreensão da difusão do filme, a comoção e a polêmica geradas sobre ele na mídia, cotejaremos os textos críticos e comentários com o próprio filme. Luta armada ontem e hoje Oriana de Nadai Fulaneti (UFPB) od.fulaneti@uol.com.br Adotando a perspectiva da semiótica discursiva francesa, realiza-se neste trabalho uma análise comparativa da repercussão da luta armada brasileira no período de sua vigência (1968-1973) e na década atual, passados quase meio século. No contexto da ditadura militar brasileira e sob a influência de acontecimentos da época, como a Guerra do Vietnã, a Revolução Cubana, entre outros, uma parcela da esquerda decide pegar em armas para lutar contra o governo. De acordo com Ridenti (1993), as organizações armados eram tipicamente urbanas, seus militantes, em sua maioria, tinham entre 20 a 25 anos, eram brancos e pertencentes às camadas médias intelectualizadas. Todos eles foram massacrados pela repressão. Muitos guerrilheiros morreram e poucos foram aqueles que não passaram pela tortura, pela prisão, pelo exílio ou pela clandestinidade. A opção pela luta armada representa uma forma extrema de militância que gera opiniões, quase sempre calorosas. Algumas pessoas julgam-na fascinante, outras, incompreensível, mas poucas são aquelas que exprimem indiferença diante do tema. Dessa forma, apesar de ter sido um movimento fortemente massacrado, a guerrilha urbana foi e ainda é bastante abordada por diversos gêneros discursivos, como depoimentos, trabalhos acadêmicos, filmes, livros, documentários, reportagens entre outros. Nessa perspectiva, o presente trabalho tece uma comparação entre as reportagens publicadas pela imprensa escrita no período militar e aquelas divulgadas na mídia digital contemporaneamente. O objetivo é verificar as diferenças e semelhanças de imagem do guerrilheiro, mas também aquelas relativas à organização e ao funcionamento dos textos estudados. Para isso, explora-se principalmente o conceito de ethos enquanto estilo semiótico. Todo discurso é resultado de inúmeras escolhas enunciativas, tais como: valores; tipo de narratividade; formas de interação, projeções das categorias de pessoa, tempo e espaço; referências de autoridade; seleção dos temas e a forma de explorá-los; vocabulário; relações interdiscursivas, suas alianças, seus confrontos, etc. A recorrência desses traços, ou de alguns deles, ao longo dos textos delineia um estilo, um modo de dizer próprio daquela totalidade discursiva. Como resultados, espera-se, por meio da análise de estilo semiótico, trazer contribuições para a maior compreensão da luta armada e para as discussões sobre as características dos discursos que circulam no meio digital. (Des)valorizações em torno das imigrações contemporâneas no Brasil Alexandre Marcelo Bueno (PUC-SP) alexandrembueno@gmail.com Dentre as reportagens sobre a imigração contemporânea para o Brasil, podemos distinguir diferentes grupos estrangeiros a partir do trabalho que eles realizam: um que mostra os chamados trabalhadores estrangeiros “bem qualificados” que chegam para ocupar postos de direção em multinacionais; outro que se refere aos que trabalham no comércio, administrando seus próprios negócios; e um terceiro que apresenta os imigrantes e refugiados “sem qualificação”. Se partimos da premissa de que o papel temático do imigrante é o de um sujeito do trabalho, a partir de reportagens da mídia impressa e televisiva, observamos como esses sentidos ligados ao universo do trabalho são sobredeterminados por outros que misturam classe social e origem nacional. Assim, os imigrantes do primeiro grupo, constituído em grande parte por europeus, têm em sua base a ideia de cidadãos 185
Resumos: Comunicações Coordenadas globalizados, quase nunca referidos como “imigrantes”. No segundo grupo, também formado por imigrantes europeus, a ideia de cidadãos globalizados dá lugar ao de sujeitos já completamente integrados à sociedade brasileira. Por fim, o terceiro grupo, que conta com imigrantes bolivianos, haitianos e africanos em geral, são representados como sujeitos carentes e que vivem em uma situação de contínua precariedade, seja no próprio posto de trabalho, seja em busca de uma vaga. Além dessas questões, desejamos observar como essa divisão dos grupos é valorada positiva e negativamente como uma forma de se tentar entender como a sociedade brasileira sanciona os diferentes grupos imigrantes, e suas diferentes funções sociais no trabalho, além de refletir sobre as formas de interações possíveis para cada um dos grupos, ao menos como um registro das reportagens. Veremos ainda como são construídas as imagens do país pelos imigrantes, um tópico recorrente nessas reportagens. Para isso, recorremos aos postulados da semiótica discursiva, em especial as propostas de Landowski a respeito das interações e a formação dos valores da forma como é apresentada por Zilberberg.
ESTEREÓTIPOS E CLICHÊS EM DIVERSOS MÍDIUNS: CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS Coordenador: Roberto leiser Baronas (UFSCar) baronas@uol.com.br Resumo da mesa: Nesta comunicação coordenada, inicialmente discutimos a designação “corinthiano”, por meio da análise de um corpus composto por piadas. O corinthiano, em termos imaginários, é tipicamente “pobre”. Relações consideradas óbvias sobre as quais certas piadas se constroem é a implicação “corinthiano -> pobre -> ladrão / marginal”. Uma das hipóteses é tratar essas relações aproximando estereótipo de preconstruído (cf. Gatti), sendo que “corinthiano é pobre ou pobre é corinthiano”. Outra hipótese é tratar da questão em termos de discurso transverso: em vez de uma equivalência, trata-se de uma relação entre condição / causa e consequência: “Se pobre, então criminoso / marginal”. A história aponta para a maior probabilidade da segunda alternativa. Num segundo momento, analisamos estereótipos de mulher presentes em obras de autoajuda sobre relacionamentos destinadas a mulheres, procurando refletir sobre o papel desses estereótipos no funcionamento do discurso em questão. A análise revela que esse discurso caracteriza a mulher de uma forma que justifica a necessidade de um certo tipo de intervenção: que as mulheres se tornem mais “racionais” e menos “emotivas”. Assim, o discurso de autoajuda reproduz, à sua maneira, o conteúdo do estereótipo de gênero feminino tradicional, segundo o qual as mulheres são mais emocionais e menos competentes. Na sequência, buscamos analisar campanhas promocionais e publicitárias no contexto de realização das Olimpíadas de 2016, de modo a observar como os morros e seus moradores são apresentados e quais traços da vida cultural das favelas são cristalizados e incorporados nessas representações. Por último, analisamos um conjunto de textos que circularam em diversos dispositivos comunicacionais brasileiros, enquanto comunicação política, sobre possíveis gafes cometidas pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em 2015. São tratadas desde matérias e comentários de internautas, que circulam na web, até o livro “Dilmês: o idioma da mulher sapiens”, lançado pelo jornalista Celso Arnaldo Araujo, em 2015.
Trabalhos dos Integrantes: Estereótipo e protótipo: preconstruído e discurso transverso Sírio Possenti (UNICAMP) siriop@terra.com.br
O trabalho parte de uma definição comum de estereótipo (idéia preconcebida sobre alguém ou algo, resultante de expectativa, hábitos de julgamento ou falsas generalizações), da admissão de que pode ser aproximado de protótipo (AMOSSY e PIERROT Estereotipos y clichés) e da assunção de que palavras implicam frames ou scripts. Os estereótipos e os protótipos são sentidos circulantes e os scripts fazem com que certos elementos sejam associadas a certas palavras. Estes sentidos nem sempre estão dicionarizados. Um exemplo: o verbete “boteco” do dicionário Houaiss diz que é uma “pequena venda tosca onde [se] servem bebidas, algum tira-gosto, fumo, cigarros, balas, alguns artigos de primeira necessidade”. Se um texto progride pela associação entre “boteco” e “tira-gosto”, encontra respaldo no dicionário. No entanto, o mesmo dicionário dá 34 acepções de “gato”, mas não assinala que é caçador de ratos (fato capturado em “quando o gato sai de casa os ratos fazem a festa”). São relações deste tipo (boteco / tira-gosto; gato / rato) que o trabalho pretende explicitar em relação a “corinthiano” (reconhecidamente estereotipado), por meio da análise de um corpus composto por piadas. O corinthiano, em termos imaginários, é tipicamente “pobre”. Relações consideradas óbvias sobre as quais certas piadas se constroem é a implicação “corinthiano -> pobre -> ladrão / marginal”, como nas piadas: (1) - Por que o placar do Pacaembu já não marca mais as horas?- Porque os corinthianos já roubaram o relógio. (2) - Vocês sabem por que corinthiano gosta tanto de tocar cavaquinho? - Porque é o único instrumento que dá para tocar algemado. Uma das hipótese é tratar estes dados aproximando estereótipo de preconstruído (cf. Gatti, A representação da criança no humor), sendo que “corinthiano é pobre ou pobre é corinthiano” o que se diz “antes e alhures”. Outra hipótese é tratar da questão em termos de discurso transverso: em vez de uma equivalência (ou de pertencimento de um elemento a uma classe), trata-se de uma relação entre condição / causa e consequência: “Se pobre, então criminoso / marginal”. (algemado é outra conseqüência, não equivalência). A história aponta para a maior probabilidade da segunda alternativa.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Mais razão e menos emoção: estereótipos de mulher no discurso de autoajuda e a Teoria da Justificação do Sistema Anna Flora Brunelli (UNESP-IBILCE) anna@ibilce.unesp.br Na Psicologia Social, a Teoria da Justificação do Sistema (cf. Jost e Banaji, 1994) considera que certos estereótipos ajudam a sustentar um certo estado de coisas (o sistema social ou o econômico, hierarquias de status ou poder, distribuições de renda, divisão dos papéis sociais, etc.), fazendo com que tais arranjos sejam percebidos e explicados como justificáveis por aqueles que participam do sistema. No que diz respeito aos estereótipos de gênero, essa teoria considera que é a complementaridade dos estereótipos de gênero que contribui para manter o status quo. Assim, os estereótipos de gênero não se restringem a racionalizar as funções que tipicamente são associadas aos gêneros, o que não deixa de ser mesmo um papel que eles cumprem. Na verdade, os estereótipos de gênero também justificam o sistema dado o seu caráter complementar. Por exemplo, os relacionados às mulheres, ao caracterizarem positivamente as mulheres em uma das dimensões (a da “afetividade”, nos termos de Fiske, 2012), servem objetivos de justificação do sistema porque contrabalançam as vantagens dos homens em termos de “agentividade”. Considerando a teoria em questão, neste trabalho, analisamos estereótipos de mulher presentes em obras de autoajuda sobre relacionamentos destinadas a mulheres, procurando refletir sobre o papel desses estereótipos no funcionamento do discurso em questão, o que fazemos também com base nos postulados da Análise do Discurso francesa. A análise revela que esse discurso caracteriza a mulher de uma forma que justifica a necessidade de um certo tipo de intervenção, que, no caso, são as orientações fornecidas pelo discurso para que as mulheres se tornem mais “racionais” e menos “emotivas” (“ansiosas”, “inseguras”, “obcecadas”), o que não deixa de ser uma forma de promover ideias recorrentes em sociedades como a nossa, tais como a de que as mulheres não sabem resolver problemas sozinhas. Assim, o discurso de autoajuda reproduz, à sua maneira, o conteúdo do estereótipo de gênero feminino tradicional, segundo o qual as mulheres são mais emocionais e menos competentes, colaborando, desse modo, para a manutenção do sistema de desigualdade entre os gêneros.
Estereótipos e representações da favela e de seus moradores no discurso promocional do Rio Olímpico Júlia Almeida (UFES) almeidajulia@terra.com.br Desde o lançamento da candidatura do Rio de Janeiro a cidade-sede das Olimpíadas de 2016, através de vídeos promocionais divulgados em 2009 pelos organizadores da campanha, tem sido notado o modo como as favelas e seus moradores são subrepresentados nesses discursos de criação da marca Rio 2016. Também o vídeo de candidatura do Rio a Patrimônio da Humanidade, em 2012, traz essa (quase) ausência das favelas na paisagem cultural da cidade, não fosse a cena muito rápida de um sambista com uma cerveja ao lado, tendo como fundo um típico bairro popular. Essa invisibilização da pobreza se estende também a campanhas publicitárias internacionais de marcas brasileiras que se utilizam de recursos de edição de imagem para apagar as comunidades populares dos morros cariocas. Mas não raramente esses mesmos discursos sobre o Rio de Janeiro, que excluem as favelas das representações da cidade, reivindicam para ela a excepcionalidade da mistura social e da convivência cordial entre diferentes. Entendendo estereótipo como imagem coletiva ou conjunto de traços em circulação que expressa a relação entre grupos e o imaginário social (AMOSSY; PIERROT, 2001), pretende-se analisar campanhas promocionais e publicitárias no contexto de realização das Olimpíadas de 2016, de modo a observar como os morros e seus moradores são apresentados e quais traços da vida cultural das favelas são cristalizados e incorporados nessas representações. Com o processo crescente de gentrificação de áreas populares da Zona Sul com vistas privilegiadas para o mar, que passam a ter cada vez mais estrangeiros em seu cotidiano, como visitantes e hóspedes, espera-se que a representação desses espaços pelo discurso publicitário se intensifique com a proximidade das Olimpíadas e seja colocada diante de alguns desafios e contradições.
Notas sobre estereótipos, clichés e acontecimentos discursivos morais na comunicação política brasileira: as supostas gafes de Dilma Roberto Leiser Baronas (UFSCar) baronas@uol.com.br Nesta comunicação, analisamos discursivamente um conjunto de textos que circularam em diversos dispositivos comunicacionais brasileiros, enquanto comunicação política, sobre possíveis gafes cometidas pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff em seus pronunciamentos e em entrevistas concedidas aos jornalistas, ao longo de 2015. São tratadas desde matérias e comentários de internautas que circulam na web até o livro “Dilmês: o idioma da mulher sapiens”, lançado pelo jornalista Celso Arnaldo Araujo, em 2015. Teórico-metodologicamente ancoramos as nossas discussões no trabalho de Krieg-Planque (2011) sobre a abordagem discursiva da comunicação; nas proposições de Amossy e Pierrot (2001) acerca dos estereótipos e clichés e também nos recentes trabalhos de Paveau (2015) sobre a análise moral dos discursos. Inicialmente, realizamos uma discussão sobre a pertinência epistemológica de se tratar a comunicação política não somente no âmbito das teorias da comunicação, mas, sobretudo no campo dos estudos discursivos “como antecipação de práticas de retomada e de transformação dos enunciados” (Krieg-Planque, 2011). Num segundo momento, após conceituarmos discursivamente o lexema gafe, enquanto um insulto dissimulado, que objetiva ofender o outro, por meio da descaracterização de seu discurso, discutimos as relações existentes entre esse termo e estereótipos e clichês que o engendram. Por último, postulamos que as possíveis gafes cometidas pela presidente do Brasil podem ser compreendidas enquanto “acontecimentos discursivos morais” (Paveau, 2015), engendrados por diferentes metadiscursos morais, que fazem parte da revolução moral atualmente em curso na nossa sociedade e potencializada pelos mais diferentes dispositivos tecnodiscursivos. 187
Resumos: Comunicações Coordenadas UMA CATEGORIZAÇÃO DOS ARGUMENTOS DE AUTORIDADE NOS DISCURSOS SOCIAIS: TENDÊNCIAS E REFLEXÕES Coordenador: Rony Petterson Gomes do Vale (UFV/CCH/DLA) ronyvale@gmail.com Resumo da mesa: Em termos retóricos, entende-se por argumento de autoridade aquele que se apoia sobre os atos e juízos que se fazem de certas pessoas ou grupos de pessoas. Ou seja, esses argumentos se condicionam ao prestígio, e por que não dizer, ao poder que essas pessoas detêm em determinado contexto sócio-histórico (cf. C. Perelman). Como podemos observar, a força do argumento de autoridade está ligada ao reconhecimento – não arbitrário – do poder aferido a determinada pessoa, o que, em termos de discurso, institui um fazer-crer e um fazer-ver que podem confirmar, refutar ou mesmo transformar certas visões sobre o mundo (cf. P. Bourdieu). Desse modo, podemos dizer que se estabelecem, pelo e no discurso, hierarquias – e, por consequência, desigualdades – perceptíveis no direito à “palavra”, na “idealização” do interlocutor (auditório, sujeito destinatário, público-alvo etc.) e na construção de representações e imaginários sociodiscursivos do “outro”. Com base nisso, essa proposta de comunicação coordenada alia análises sobre diferentes discursos sociais (a saber: discurso religioso; discurso de divulgação científica; discurso humorístico), buscando discutir a possibilidade de subcategorizações de argumentos de autoridade adaptáveis a diferentes situações de comunicação. Assim, pretende-se, por um lado, evidenciar as fontes desses argumentos que, a nosso ver, variam de um tipo de discurso para outro (do texto sagrado ao testemunho, no discurso religioso; do teórico ao pesquisador, no discurso científico, por exemplo). Por outro lado, espera-se ressaltar a margem de manobra do sujeito produtor do discurso, pois se acredita que a ele cabe não somente a seleção do argumento de autoridade, mas também a articulação desses argumentos com outras estratégias discursivas, como, por exemplo, a captação, a legitimação, a credibilidade (cf. P. Charaudeau), a imitação (cf. D. Maingueneau) e as estratégias divulgativas como a definição, a explicação e a exemplificação (cf. Calsamiglia; Cassany e Martí), em prol de determinados efeitos de sentido. Trabalhos dos Integrantes:
O argumento de autoridade como estratégia no discurso religioso Mônica Santos de Souza Melo (UFV/CNPq) monicassmelo@yahoo.com.br Este estudo se vincula à Comunicação Coordenada “Uma tipologia dos argumentos de autoridade nos discursos sociais: tendências e reflexões” e traz uma contribuição no sentido de abordar o uso do argumento de autoridade como estratégia argumentativa e fator de manutenção de poder e hierarquia entre a instância religiosa e a instância fiel, no discurso religioso. Sabemos que a religião, como instituição, possui um conjunto de pessoas autorizadas e legitimadas para interpretar e reproduzir os signos da linguagem religiosa diante da comunidade de fiéis, ou seja, pessoas que concentram um saber que permite a elas reproduzir um discurso ao mesmo tempo doutrinário e normativo. Ocorre uma manipulação legitimada da religião, delimitada por preceitos e conceitos previamente definidos, o que caracteriza uma assimetria entre as instâncias de produção e recepção do discurso, a partir de um acordo acerca dos significados dos signos pertencentes a tal comunidade. Através do que diz, o religioso conquista credibilidade diante do fiel e pode ditar comportamentos e pregar valores. Nesse trabalho vamos analisar a forma como a questão da desigualdade religiosa é abordada em dois pronunciamentos de representantes da igreja católica, analisando dois pronunciamentos em torno do tema da tolerância religiosa, a saber, o pronunciamento papa Francisco, no encontro em prol da liberdade religiosa, realizado no Independece National Historical Park na Filadélfia, Estados Unidos, e uma orientação do padre Fábio de Melo, em torno do tema do radicalismo e da tolerância religiosa, veiculada no Programa Direção Espiritual, exibido pela rede católica de TV Canção Nova. Vamos analisar e comparar a organização argumentativa desses discursos, com ênfase no argumento de autoridade, avaliando a forma como essa organização se diferencia em função da situação de comunicação. Para isso, tomamos como eixo teórico a Análise do Discurso Semiolinguística de Patrick Charaudeau, conjugada a teorias argumentativas, e a estudos na área da Sociologia, representados por Bourdieu. Acrescentamos, ainda, que tal estudo se insere projeto intitulado “A midiatização do Discurso Religioso: a tecnologia a serviço da religião”, financiado pelo CNPq (PQ-2014).
A utilização do argumento de autoridade como estratégia divulgativa no âmbito da comunicação da ciência Cristiane Cataldi dos Santos Paes (UFV/CCH/DLA) cristiane.cataldi@gmail.com Constata-se, atualmente, que o grande desafio da divulgação científica é estreitar as relações entre ciência e público e proporcionar a inserção social e cultural do conhecimento científico. Assim, os meios de comunicação têm a função de proporcionar a informação necessária para que a sociedade possa aprimorar seus conhecimentos e ter a capacidade de tomar decisões frente às novas descobertas. Considerando essa realidade comunicativa, o grau de credibilidade que se atribui à comunidade científica é determinado pela forma como os jornalistas reproduzem os discursos dos cientistas e/ou pesquisadores para o público em geral. Dessa forma, é importante conhecer o contexto do qual procedem os discursos sobre ciência citados nos textos de divulgação científica como: quem os produz, em que lugar, para quem, com que objetivo. Tendo como foco essa realidade discursiva, esse trabalho tem por objetivo analisar como os jornalistas fazem uso de citações procedentes do âmbito científico para legitimar o discurso sobre ciência na mídia impressa. Ao realizar a integração social do saber como prática 188
Resumos: Comunicações Coordenadas discursiva, compete ao jornalista não apenas a seleção e inserção dessa voz, mas também a articulação do argumento de autoridade com as estratégias divulgativas como definição, explicação, exemplificação, dentre outras. Para nortear a análise discursiva, serão considerados os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso da Divulgação Científica que propõem a recontextualização do conhecimento científico para o público em geral (cf. Calsamiglia; Cassany e Martí; Ferrero). Nessa perspectiva, considera-se que os dados científicos não devem ser simplesmente resumidos, mas devem ser selecionados, reorganizados e reformulados para que os leitores possam compreendê-los. Os textos jornalísticos para análise foram selecionados a partir da seção Ciência do jornal Folha de S. Paulo no período de setembro a outubro de 2014. Observa-se, nesse corpus de análise, que o jornalista, ao selecionar as vozes procedentes do âmbito científico, estabelece uma relação de desigualdade com o público leigo, já que se direciona, a priori, a argumentação e a interpretação dos fatos divulgados.
Argumentos de autoridade e discurso humorístico: da imitação ao método confuso Rony Petterson Gomes do Vale (UFV/CCH/DLA) ronyvale@gmail.com Argumento fortemente condicionado pelo prestígio atribuído à pessoa ou ao grupo de pessoas que se reconhece como autoridade, o argumentum ad verecundiam ou argumentum magister dixit, enquanto estratégia discursiva, pode incorrer, muitas vezes, em falácia, dependendo do tipo de raciocínio estabelecido na argumentação ou da pessoa a quem se concede o prestígio (cf. M. Joseph). Assim também pensavam os defensores da verdade nos discursos da ciência à época de Descarte (cf. Perelman). Todavia, nem todos os discursos sociais buscam a verdade, muitas vezes se voltando para o convencimento ou para o prazer simplesmente. Nessa linha, propomos, neste trabalho, levantar algumas reflexões a respeito da presença desse tipo de argumento dentro do Discurso Humorístico (Doravante, DH). Sabendo que esse tipo de discurso pode ser considerado como mimotópico por excelência (cf. R. Vale), ou seja, um tipo de discurso que, podendo absorver qualquer cena de fala e tendo a capacidade de se difundir como modelo de formatação para outras enunciações, duplica, em simulacro, o conjunto de características de outros discursos (cf. D. Maingueneau), procuraremos observar como o conceito de imitação age sobre esse argumento, alterando a sua função argumentativa pelo método confuso e fazendo que as estratégias de captação e de subversão – diferentemente do que postula D. Mainguneau –, por vezes, se voltem para um mesmo efeito de sentido, ou seja, para o humor. Nesse ínterim, analisamos os argumentos de autoridade presentes em quatro obras humorísticas (Gramática pelo Método Confuso e História do Brasil pelo Método Confuso, de Mendes Fradique; e Homem: manual da proprietária e Mulher: manual do proprietário, de Carlos Q. Teles) e, a partir disso, procuramos ressaltar a diferença na seleção/elaboração desses argumentos, o que, acreditamos, possa ser o primeiro passo para uma caracterização dos argumentos de autoridade dentro do DH.
DESIGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO LUSÓFONO E SEUS ECOS NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS INSTITUCIONAIS Coordenadora: Rosalice Rosalice Botelho Wakim Souza Pinto (FCSH-UNL- Portugal) rpinto@fcsh.unl.pt Resumo da mesa: O(s) discurso(s), através das várias linguagem que o(s) compõe(m) têm um papel fundamental na focalização das diversas formas de exclusão e de discriminação nas sociedades modernas, reproduzindo em seus vários meios de comunicação valores racistas e preconceituosos. As elites simbólicas que integram as várias instituições são elites discursivas como afirma van Dijk (2015). Em especial, no que tange ao(s) discursos(s) construídos pelas/sobre as mulheres essas questões encontram-se, na sociedade atual, muito valorizados. Face a este contexto, este simpósio, que integra trabalhos com abordagens teóricas diversas sobre a análise de textos/discursos, procurará analisar de que forma algumas práticas discursivas midiáticas, jurídicas exercem o seu poder, tanto enquanto reprodutoras de valores que podem vir a dar origem à discriminação/exclusão, quanto enquanto desconstrutoras/modificadoras desses valores institucionalmente estabelecidos. Para atingir esse objetivo, serão analisados, de forma detalhada, práticas institucionais em suas diversas formas (textos em circulação na área jurídica e, na prática midiática, notícias, editoriais, cartoons, capas de revista) em contextos portugueses e brasileiros. Os dois primeiros trabalhos estão inseridos na prática mediática. O primeiro, o de Isabel Sebastião, intitulado O gênero e os estereótipos no cartoon, procura analisar, a partir de cartoons publicados na imprensa portuguesa diária e semanal, a desconstrução de estereótipos relativos à discriminação do gênero. O segundo, de Rosalice Pinto e de Isabelle Marques, tem como título Polêmica(s), Preconceito(s) e Discriminação sobre o gênero na mídia virtual: estudos de caso em espaço lusófono, tentará, a partir de um estudo contrastivo, mostrar de que forma os textos que circulam nas redes sociais sobre e/ou a partir das mulheres polemizam a discriminação contra o gênero no espaço público. Os demais inserem-se na prática jurídica. O terceiro, o de Maria Socorro Oliveira, intitulado Marcas Linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial, analisa inquéritos policiais originados a partir de denúncias registradas em boletins de ocorrência em uma Delegacia Especializada de Amparo à Mulher, em Natal, Rio Grande do Norte, mostrando marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher. O quarto, de Fátima Sena Silva, que analisa o mesmo corpus do trabalho anterior, tem como título As representações discursivas da violência contra a mulher: as marcas linguísticas e objetiva identificar, descrever e analisar as marcas linguísticas que constrõem uma representação discursiva da violência contra a mulher e explicar a função dessa representação nos textos analisados.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos integrantes: O género e os estereótipos no cartoon Isabel Sebastião (FCT & CLUP – Portugal) isabel.sebastiao@hotmail.com A presente comunicação procura discutir sobre o uso contínuo de estereótipos de género na imprensa escrita, especificamente no caso dos cartoons. Desde sempre as imagens masculinas e femininas fazem parte das folhas que diariamente compõem a imprensa escrita. No entanto, nem sempre a mensagem subjacente a essas imagens é transmitida de forma neutra ou igualitária, adquirindo, por vezes, nuances negativas que acabam por se perpetuar e provocar o enraizamento de estereótipos na sociedade (Amossy & Herschberg Pierrot, 1997). A estrutura do cartoon (Leal, 2011), combinação do discurso e do desenho, produz leituras diferenciadas entre a imagem das mulheres e a dos homens, aprofundando as desigualdades de género. Desta forma, nesta apresentação, em que o corpus é constituído por textos da imprensa portuguesa diária e semanal, pretende-se analisar, através da desconstrução dos estereótipos, como o cartoon pode apresentar propostas de discriminação de género. Tendo em conta o suporte de transmissão do género discursivo-textual em análise, o contexto social e cultural português, será também nosso objetivo a identificação e a análise das estratégias linguísticas e discursivo-textuais do género que suportam a construção do estereótipo. Polêmica(s), preconceito(s) e discriminação sobre questões de gênero na mídia virtual: estudos de caso em espaço lusófono Rosalice Pinto (FCSH-UNL-Portugal) rpinto@fcsh.unl.pt Isabelle Simões Marques (Universidade Aberta e CLUNL) isimoesmarques@hotmail.com Como aponta Amossy (2014: 51), a polémica diz respeito a um debate sobre uma questão atual, de interesse público que traz implicações sociais relevantes em determinada cultura. Ou ainda, como afirma Angenot (1982: 32), insere-se em discursos em que há oposição de pontos de vista, ou seja, supõe a existência de um contra-discurso antagônico, com uma dupla estratégia: tanto de demonstração de uma tese quanto de refutação ou desqualificação de uma tese adversa. No que tange em especial a questões de gênero, tal caráter polêmico se instaura no espaço público, suscitando discussões e embates de vozes que reverberam nas diversas instituições. Face a este contexto, esta comunicação, perspectivada em abordagens teóricas que privilegiam o estudo da materialidade plurissemiótica instanciada em práticas sociais, terá como objetivo verificar de que forma os textos e discursos, produzidos nas redes sociais sobre as mulheres ou a partir das mesmas, procuram denunciar discriminações de gênero ou até desconstruir esses mesmos preconceitos. A partir de alguns ‘debates polêmicos’ que circularam na mídia digital, mostrar-se-á de que forma esta polemicidade é construída em textos/discursos em contexto brasileiro e português. Veremos de que forma a mídia digital pode sustentar a circulação da polêmica e qual o seu papel nas nossas sociedades contemporâneas. Marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial Maria do Socorro Oliveira (Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte) msocorrooliveira67@gmail.com Esta comunicação está inserida em uma pesquisa voltada para o estudo da responsabilidade enunciativa no inquérito policial, documento de caráter administrativo interno, conduzido pela polícia judiciária. A responsabilidade enunciativa é um dos níveis de análise proposto por Adam (2011), que corresponde à enunciação e à coesão polifônica. A pesquisa fundamenta-se no quadro teórico da linguística de texto, nos pressupostos da Análise Textual dos Discursos e da linguística da enunciação. Para este momento, o objetivo é analisar as marcas linguísticas e discursivas, bem como os efeitos argumentativos que apontam para a violência contra a mulher no termo de declarações prestado pela vítima e no termo de depoimento prestado pelo acusado. Desse modo, o suporte teórico que sustenta a análise está ancorado na linguística textual, nos estudos linguísticos do texto, dos gêneros textuais e do discurso, com Adam (2011), Koch (2014), Marcuschi (2003, 2008), Maingueneau (2002) e da enunciação, com Benveniste (2006), Ducrot (1987), dentre outros. Quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa, trata-se de uma abordagem documental, de base descritiva, em que se investiga um corpus constituído por nove inquéritos policiais originados a partir de denúncias registradas em boletins de ocorrência em uma Delegacia Especializada de Amparo à Mulher, em Natal, Rio Grande do Norte. Os sujeitos da pesquisa são os sujeitos que atuam na origem, constituição, guarda e administração do inquérito policial. Nos procedimentos de análise metodológica do corpus são aplicadas as oito categorias propostas por Adam (2011), capazes de marcar o grau de responsabilidade enunciativa de uma proposição. Para esta comunicação, apresentamos apenas as marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial. Os resultados mostram que essas marcas linguísticas e discursivas direcionam para uma orientação argumentativa dos enunciados. As representações discursivas da violência contra a mulher: as marcas linguísticas Maria de Fátima Silva dos Santos (Secretaria Municipal de Educação de Santa Cruz, RN) fatimasena2006@yahoo.com.br Nesta comunicação, apresentamos um estudo sobre as representações discursivas da violência contra a mulher no inquérito policial, com foco nas marcas linguísticas das operações de referenciação, predicação, modificação e localização. Trata-se de um 190
Resumos: Comunicações Coordenadas recorte de pesquisa que aborda a construção de imagens de vítima e de agressor em um corpus constituído por nove inquéritos policiais, com base na noção de representação discursiva, conforme encontrada em autores como Adam (2011) e Grize (1996), dentre outros. Na perspectiva da Análise Textual dos Discursos (Adam, 2011), a representação discursiva é uma das principais noções do nível semântico do texto, sendo responsável pela união, descrição e caracterização de elementos imprescindíveis na construção do texto. Com essa noção, entendemos que a discursivização ou representações do mundo por meio da linguagem não consiste em um simples processo de elaboração de informações, mas num processo de (re)construção do próprio real (cf. Koch, 2014). Na análise, para abstrairmos a construção dessas representações (no discurso construído pela vítima, em seu depoimento), observamos a ocorrência das categorias semânticas referenciação, predicação, modificação e localização presentes nos textos do inquérito policial. Partindo do pressuposto que toda manifestação de linguagem apresenta uma orientação argumentativa, temos por objetivos identificar, descrever e analisar as marcas linguísticas que constroem uma representação discursiva da violência contra a mulher e explicar a função dessa representação nos textos analisados. A pesquisa fundamenta-se (entre outros autores) na Linguística de Texto, com Adam (2011), em estudos sobre gênero textual, com Bakhtin (1995) e Bazerman (2006). Inserida no paradigma qualitativo de caráter descritivo, trata-se de uma pesquisa documental, cujo corpus é constituído por textos de inquéritos policiais originados a partir de denúncias registradas em boletins de ocorrência, em uma Delegacia Especializada de Amparo à Mulher, em Natal, cidade do Nordeste do Brasil.
DISCURSO E DESIGUALDADES: A INTERFACE ENTRE O FAZER SOCIAL E O FAZER LINGUÍSTICO Coordenadora: Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF) rosanemonnerat@id.uff.br Resumo da mesa: Esta sessão coordenada apresenta como proposta a análise de práticas discursivas, na esfera midiática, em diferentes níveis de atuação, com referência não só à situação de comunicação em que são produzidas, como também às operações enunciativas que as realizam. Nessa perspectiva, todos os atos de comunicação são considerados como “encenações” (no sentido teatral do termo), que resultam da combinação de uma determinada situação de comunicação com uma determinada organização discursiva e com um determinado emprego de certas marcas linguísticas. Isso mostra a exigência de uma competência de produção/interpretação por parte do leitor/ouvinte, que ultrapassa o simples conhecimento das palavras e suas regras de combinação e que requer um saber global, o qual compreende, além dos saberes compartilhados (tanto de experiência, quanto de crenças), outros elementos de interação social, como o reconhecimento do poder de influência e dos perfis identitários (sociais e discursivos) envolvidos nessa interação, como elementos fundamentais para a compreensão/interpretação de todo texto como discurso. Dessa forma, pretendese focalizar a linguagem em ação, os efeitos produzidos por seu uso, a representação da desigualdade na e pela linguagem, enfim, o sentido social construído, a partir de identidades assimétricas, e que testemunha a maneira pela qual os grupos sociais instauram seus intercâmbios no interior de sua própria comunidade e com outras comunidades estranhas. Trabalhos dos integrantes: “Quando rivais viram aliados”: efeitos patêmicos nos discursos desiguais sobre o “onze de setembro” francês Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF) rosanemonnerat@id.uff.br Este trabalho pretende investigar como se constrói o universo do pathos, com ênfase aos efeitos patêmicos desencadeados nos/pelos discursos desiguais sobre o atentado terrorista de 13 de novembro, em Paris, com vistas a mostrar como se estrutura discursivamente o social, como o discurso é portador de normas que sobredeteminam o indivíduo que vive em coletividade. O corpus selecionado foi extraído de reportagens veiculadas pelas revistas Isto É e Veja, de 25 de novembro de 2015. Sabe-se que todo acontecimento não existe até ser construído discursivamente: o interesse que pode provocar está na razão direta do processo de sua semiotização - ou seja, de sua discursivização. Nessa perspectiva, considera-se que as emoções articulam-se a imaginários (LAPLANTINE, 1997), mais especificamente, a imaginários sociodiscursivos (CHARAUDEAU, 2006). A patemização será, por conseguinte, focalizada discursivamente como uma categoria de efeito, cujo universo de atuação dependerá da situação social e sociocultural em que se inscreve a troca comunicativa. A questão da natureza do patêmico será, assim, analisada a partir da situação de comunicação, dos universos de saber partilhado e de estratégias enunciativas identificadoras desses efeitos (principalmente, a da seleção lexical), responsáveis pela emergência, sobretudo, de emoções negativas – medo, terror, insegurança. Será destacado, ainda, o texto imagético (que contribui para a consolidação dessas patemias), articulado ao texto verbal, e também interpretado como discurso, já que entender a imagem como discurso significa atribuir-lhe um sentido do ponto de vista social e ideológico, considerando as formações e imaginários sociais em que se inserem o sujeito autor e o sujeito receptor do texto (não) verbal (JODELET, 2001), Nesse sentido, a imagem também “comunica”, não apenas por meio das formas de significação visíveis, mas também e, sobretudo, por aquelas sugeridas, ou implícitas, figurando, dessa forma, em uma relação de complementaridade, (ou de dissensão) com o texto verbal (PEREIRA, 2008). Essas análises articuladas – verbal/não-verbal poderão contribuir para o desvelamento de ideologias, imaginários sociodiscursivos e estereótipos subjacentes a essas reações emocionais.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Apologia à polêmica como modalidade argumentativa: o conflito público no Brasil nos protestos de março de 2015 Gisella Meneguelli (UFF) gisella.meneguelli@gmail.com Esta investigação busca analisar os protestos cidadãos que ocorreram no Brasil, em março de 2015, considerando a construção discursiva da polêmica política na geração da confrontação pública. A proposta teórica se orienta nos conceitos de dissensus y polêmica, seguindo Amossy (2014), para analisar 20 cartazes elaborados por cidadãos brasileiros que foram às ruas para exigir o impeachment da presidenta recém-eleita Dilma Rousseff em um ato simbólico contra a corrupção no país. Para dar conta da diversidade dos temas dos cartazes, consideramos categorias baseadas em estudos sobre o discurso que constrói uma imagem de/para (AMOSSY, 2014; CHARAUDEAU, 2013a, 2013b; KRIEG-PLANQUE, 2011) e sobre polêmica (AMOSSY, 2014). O ato de protesto como prática discursiva circula a partir de posições ideológicas que se organizam em imaginários sociais constituídos pela via do discurso (CHARAUDEAU, 2006; KRIEG-PLANQUE, 2011). Os protestos mostraram um paradoxo entre o direito à manifestação pública e a reclamação do regresso da ditadura militar, o que demonstra a historicidade do discurso bem como a heterogeneidade de sua condição de produção. As conclusões abordam o limite argumentativo da polêmica e da violência verbal como meios para valorizar e/ou criticar o estado da democracia no Brasil, pondo em evidência que a sua função crítica se dá pelo exercício popular em fiscalizar as regras do jogo de dominação. “Quadro-negro”: a desigualdade como acontecimento midiático no discurso de charges sobre educação Eveline Coelho Cardoso (UFF) evelinecard@oi.com.br Sendo um gênero discursivo marcadamente temporal e circunstancial, a charge é uma representação caricatural e satírica, que ilustra acontecimentos de natureza política e social importantes em determinado momento histórico. Neste trabalho, o caráter imediato e crítico do discurso das charges nos convida à reflexão sobre a desigualdade social no contexto da educação brasileira, tal como se reflete na construção verbo-visual de duas charges, que fazem referência à condição geral negativa da carreira do magistério no país. Sob o viés semiolinguístico (CHARAUDEAU, 2004; 2010), as charges são gêneros concebidos como parte do projeto de fala de um enunciador midiático – “instância de produção” –, o qual se dirige a um interlocutor/leitor – “instância de recepção” – que deve mostrar interesse e/ou prazer em consumir informação. Para organizar discursivamente o acontecimento que é seu objeto, o chargista trabalha com uma encenação própria, equilibrando estratégias de informação e captação, sob cuja tensão o “mundo a comentar” passa a “mundo comentado”, através do processo de transformação e transação (CHARAUDEAU, 2005). O mundo gerado no e pelo discurso das charges é, assim, marcado pela visão de um sujeito, que o integra num sistema de pensamento e o torna inteligível, baseado em seus saberes de crença e de conhecimento do mundo. Juntamente com a caricatura e o cartum – mas diferenciando-se destes (NERY, 2001; FONSECA, 1999; ROMUALDO, 2000), a charge se apoia no sujeito real para criar seus personagens, numa relação paradoxal de diferença: “quanto mais se afasta da realidade, mais realidade contém” (TEIXEIRA, 2005). Tal relação é marcada pela agressividade da forma, que impacta visualmente, mobiliza as emoções e desperta a consciência; e pelo delírio de conteúdo, que extrapola os limites do sentido de língua, rompendo-se na produção de múltiplos sentidos de discurso (CHARAUDEAU, 1995). Fundadas, então, sobre o terreno do acontecimento comentado (CHARAUDEAU, 2010), as charges se alimentam da avaliação, da medida e do julgamento, e nos impelem a tomar a decisão de aderir a seu discurso ou rejeitá-lo, gerando um espaço público de informação e construindo, no quadro marcado por seu traço fluido e por seu texto irreverente, a chamada opinião pública.
DO DISCURSO DA/NA ARTE: FUNCIONAMENTO E EFEITOS DE SENTIDO Coordenadora: Roselene de Fatima Coito (UEM) roselnfc@yahoo.com.br Resumo da mesa: O propósito desta comunicação coordenada é colocar a arte em evidência. Para tanto, numa visada discursiva de linha foucaultiana ou pêcheuxtiana, a ilustração do livro infantil clariciano, a literatura roseana, o cinema deHayao Miyazaki e a arteperformance no facebook, serão discutidos em seu funcionamento e, do seu funcionamento, os (possíveis) efeitos de sentido (possíveis). Com relação à ilustração, serão selecionadas de alguns textos infantis de Clarice Lispector. O propósito passa pela questão de que, assim como o discurso, a imagem, mais especificamente, a ilustração também significa. Ao significar, e se significar no seu funcionamento,a ilustração produz um dizer que pode estar, ou não, na evidência do sentido. No entanto, o sentido pode se dar como um “efeito de”. Já, no conto “O espelho” de Guimarães Rosa se discutirá a posição-sujeito do indivíduo diante da (im)possibilidade de apreensão total dos objetos do/no mundo. Para refletir sobre essa problemática, buscar-se-á apoio na perspectiva discursiva proposta por Michel Foucault em diálogo com pressupostos oriundos da filosofia de Friedrich Nietzsche. Por meio dessesfilósofos, o objetivo é refletir sobre o funcionamento discursivo da/na possível experiência do narrar diante da pluralidade que é encoberta pelo (falso) aparente. Logo a seguir, “As viagens de Chihiro”, filme do cineasta Miyazaki será analisado enquanto uma estrutura narrativa que, por meio de sua sintaxe, vai construindo e se constituindo de sentidos e de efeitos de sentido. E, por fim, a arte-perfomance, observando-se, a partir de uma perspectiva pêcheutiana, as posições-sujeito na sustentação dos sentidos possíveis para a (A)arte, funcionando na/pela formulação e defesa de discursos “sobre”, de sujeitos comuns, em comentários no Facebook.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes:
Entre o dizer e o mostrar: a ilustração produzindo sentidos Roselene de Fatima Coito (UEM) roselnfc@yahoo.com.br A ilustração tem sua história e esta não está desvinculada da história da editoração do livro. Segundo PhillipeKaenel (1996), a ilustração teve seu auge no século XVIII na França, na Inglaterra e na Alemanha. Detendo-se na história da ilustração do livro no século XVIII na França, o estudioso realiza uma pesquisa sobre esta relação texto/imagem. De acordo com ele, a ilustração acompanhava os livros de alguns autores de destaque na época, como Corneille, Racine, Moliére entre outros. Muitas vezes, o texto escrito ganhava maior peso artístico, e por isso de mercado,quando vinha acompanhado de ilustração.Também ocorria que a ilustração era produzida isoladamente e o editor era o responsável por relacioná-la ao texto escrito. Já no Brasil, somente no início do século XX a ilustração ganha fôlego e a revista Tico-Tico, direcionada ao público infantil, lança textos ilustrados, não que antes Monteiro Lobato não tivesse ilustrado o seu livro Urupês, livro este direcionado ao público adulto. Pelo fato de aliar-se, no Brasil, texto e imagem ao público infantil, por muito tempo a ilustração do livro infantil foi considerada um mero adendo do texto verbal. Contudo, tendo em vista que tanto o dizer quanto o mostrar, não necessariamente, se produzem na evidência do sentido, proponho neste trabalho problematizar a evidência do sentido na ilustração, pois que numa visada discursiva o dizer é opaco e o mostrar pode se configurar como aquilo que explicita o dizer, aquilo que opaciza o dizer ou ainda aquilo que produz um outro dizer. Essa possibilidade de configurações da função da ilustração nos livros se deve aos campos do saber dos quais o estudo da ilustração emerge. Na mirada discursiva, a ilustração tal qual o discurso significa, e, se significa, produz sentidos. Então, partindo de algumas ilustrações dos livros infantis de Clarice Lispector, veremos quais e como são produzidos os sentidos, que podem desencadear pelo texto e/ou pela imagem como se estabelece por meio do poder a opressão, a violência, o medo, a liberdade, a compaixão como um “efeito de”. Na sintaxe da narrativa cinematográfica: deslocamentos e transformações em a viagem de chihiro Veronica Braga Birello (UEM) vbirello@gmail.com Entendemos que o cinema é uma vasta área de pesquisa, contudo, em trabalhos anteriores percebemos que o cinema de animação precisa receber mais atenção, visto que não existem muitas pesquisas no Brasil sobre o assunto, mais especificamente, na área do discurso. Dando continuidade aos nossos estudos do mestrado, continuaremos a analisar outras obras de Hayao Miyazaki, importante diretor japonês, como é o caso desse estudo que tem como material de análise o filme ganhador do Oscar, A Viagem de Chihiro. Partindo de um viés estruturalista sobre a narrativa e sua possível aplicação em narrativas cinematográficas, temos por objetivo mobilizar os estudos sistematizados por Barthes com base nos trabalhos de Todorov, Propp, Greimas e outros. Dessa forma, buscaremos identificar e descrever as sequências, núcleos e índices em um recorte da narrativa cinematográfica A Viagem de Chihiro, do diretor japonês Hayao Miyazaki. Ao (d)escrevermos e identificarmos os elementos elencados, aliaremos a reflexão à proposta de Reis e Metz para, então, entender como, a partir da estrutura, o sentido vai sendo construído e constituído e que efeitos de sentido pode produzir, tendo em vista que o discurso produzido nas e produzido por imagens em movimento desvelam efeitos que podem deslocar e/ou transformar um sentido “primeiro”. Discursos sobre arte-performance no facebook Renata Marcelle Lara (UEM) renatamlara@yahoo.com.br Na condição de rede social na internet, o Facebook tem posto sujeitos em inter-relações cotidianas sobre os mais diversos assuntos. Há sujeitos “anônimos”, antes, “sem face”, que ganham, nesse cenário, visibilidade pública ao postarem fotos, comentários, ao “curtirem” e “compartilharem” um post, por exemplo. Como espaço de circulação discursiva, o Facebook figura como vozes individuais que se coletivizam ou como um conjunto de vozes que se marcam na individualidade e no coletivo (uno e/ou dividido) ao mesmo tempo, ecoando dizeres múltiplos, os mesmos ou outros. São efeitos de um “poder dizer”, “poder (se) mostrar”, das redes sociais. Sujeitos que se (auto) autorizam dizer um dizer sem autoridade, antes desconhecido como tal, desautorizado, antes sem lugar, antes sem plateia, antes sem vez. Incorporando a figura de um “porta-voz” de si mesmos ou de um grupo inexistente, forjado ou in-visível, põem em circulação discursos que transitam da política pública a uma festa particular. Nesse cenário da rede em que “tudo pode ser dito”, enquanto efeito deste “poder dizer”, a Arte, como área de conhecimento e/ou a arte como manifestação artística, também aparece sendo dita por tais sujeitos. É justamente esses dizeres “sobre” (A)arte, que não são os dizeres da arte, enquanto arte se dizendo, e que aqui, também, não são dizeres de sujeitos institucional e socialmente autorizados a falar de (A)arte, como estudiosos/ profissionais/críticos de (A)arte, que interessa como objeto de investigação desta comunicação. O interesse recai nos discursos “sobre” (A)arte formulados e postos em circulação no Facebook por sujeitos comuns, não especializados, não artistas, não estudiosos da Área, mas que se colocam do lugar de poder dizer acerca da (A)arte. Nesse sentido, toma-se como material de análise comentários de usuários doFacebook em torno da Performance “Macaquinhos” (2015), que ganhousignificativa repercussão nessa rede social, pondo em jogo relações de oposição e validação sobre o ser ou não arte. Objetiva-se, portanto, pela Análise de Discurso pecheutiana, e considerando a especificidade do Discurso Artístico, com Neckel, observar as posições-sujeito na sustentação dos sentidos possíveis para a (A)arte, funcionando na/pela formulação e defesa de discursos “sobre”, de sujeitos comuns, em comentários no Facebook.
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Resumos: Comunicações Coordenadas DISCURSO, TEXTO MULTIMODAL E TECNOLOGIAS Coordenador: Sandro Luis da Silva (UNIFESP) vitha75@gmail.com Resumo da mesa: Esta mesa propõe a discussão e a reflexão sobre prática(s) de (multi)letramento(s) evidenciada(s) em atividades de língua(gem) construídas em atividades linguístico-discursivas no cotidiano de pessoas, seja no ambiente escolar, seja no ambiente extraclasse. Ana Elisa Ribeiro, com a comunicação “Escrita, linguagem e tecnologias: uma pesquisa com estudantes do Ensino Médio” relata alguns resultados da pesquisa “Visualização de informações e letramento multissemiótico: relações entre leitura e alfabetismo gráfico entre alunos de ensino médio”. Carla Coscarelli, por sua vez, no texto “Leitura de textos multimodais no ensino de Língua Portuguesa”, analisa um conjunto de questões de avaliações aplicadas a alunos do Ensino Fundamental II de uma escola particular que se utilizam recursos verbais e não-verbais. “Tecnologias, novos letramentos e aticismo social: reflexões sobre uma pesquisa com as mulheres da comunidade do Pontal da Barra - Maceió” é o título do trabalho de Luiz Fernando Gomes, que apresenta uma reflexão sobre uma iniciativa de educação popular em uma comunidade carente no estado de Alagoas (o Pontal da Barra). A partir de um grupo focal de rendeiras, vinculadas a uma associação que comercializa os produtos artesanais que elas produzem, Gomes avalia as práticas letradas para uma maior organização coletiva. Por fim, mas não menos importante, Sandro Luis da Silva traz um estudo intitulado “Letramentos midiáticos, leitura e produção de sentido: desafios na formação do professor de língua portuguesa”, com o objetivo de apresentar uma reflexão sobre a importância do letramento midiático em atividades de leitura na perspectiva analítico-discursiva na formação inicial do professor, a partir de uma propaganda veiculada em um canal aberto de televisão com alunos do curso de Licenciatura em Letras. Trabalhos dos integrantes: Escrita, linguagens e tecnologias: uma pesquisa com estudantes de Ensino Médio Ana Elisa Ribeiro (CEFET-MG) anadigital@gmail.com A produção de textos na escola é o aspecto focalizado neste trabalho, que relata alguns resultados da pesquisa “Visualização de informações e letramento multissemiótico: relações entre leitura e alfabetismo gráfico entre alunos de ensino médio”, desenvolvida no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Com base nos preceitos e conceitos propostos, mais atrás, pelo New London Group (1996), e, principalmente, por Gunther Kress (1998; 2003), buscamos uma reflexão mais local e crítica sobre a multimodalidade na circulação dos textos escolares. Como se redige na sala de aula? Com que ferramentas seria possível produzir textos compostos por semioses diversas? Bastaria obter as ferramentas? Advoga-se aqui que os “designs disponíveis” em nossa sociedade precisam estar articulados às competências desenvolvidas pelos alunos como cidadãos capazes de se expressar, de diversas formas, empregando variadas ferramentas, incluindo-se as digitais. Com base em grupos focais de estudantes, após elencar suas formas de acesso a textos multimodais, aplicamos tarefas de produção textual fortemente relacionadas à composição de imagens. A produção dos estudantes nos possibilitou uma análise de suas propostas de textos multimodais, com e sem o uso do computador para a edição desses textos. A conclusão nos leva a confirmar que as competências é que definem o projeto e o produto textuais dos estudantes, soma-se a isso que o emprego de editores de texto com possibilidades multimodais oferece condições mais fáceis para a execução dos textos, conforme solicitados. Estudantes que não desenvolveram competências criativas e planejadoras não são capazes de executar e finalizar bem as tarefas, gerando textos inapropriados ou insatisfatórios, quando não equivocados ou ilegíveis. O emprego do editor de textos digital, ao oferecer opções semiprontas, auxilia na tarefa da composição da página, embora não resolva questões de criação.
Leitura de textos multimodais no ensino de Língua Portuguesa Carla Viana Coscarelli (UFMG) cvcosc@gmail.com Com base em avaliações aplicadas a alunos do Ensino Fundamental II de uma escola particular, selecionamos questões que envolvem textos que se utilizam de recursos verbais e não-verbais. Analisamos esse conjunto, a fim de verificar como é feita a exploração da leitura desses objetos discursivos, multimodais e polifônicos, ou seja, se e como as questões verificam a análise das linguagens e a compreensão desses textos pelos alunos. As questões foram analisadas tomando como base os trabalhos de Souza (2005) sobre provas e avaliações e as matrizes de avaliação de leitura do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Programme for International Student Assessment (Pisa). Partimos de uma concepção de multiletramentos como sugerida pelo New London Group (1994) e reforçada por autores como Rojo e Almeida (2012), para examinar até que ponto as questões incorporam concepções de novos e multiletramentos, explorando a leitura de textos multimodais, que empregam as diversas linguagens dos textos, problematizam questões culturais e ideológicas e estimulam uma análise crítica dos textos em seus ditos e não-ditos. A análise destas questões revelou que uma concepção de leitura dialógica, situada, que explora uma perspectiva crítica e vislumbra uma prática transformadora ainda não é trabalhada na escola em questão, que opta por focalizar apenas questões gramaticais pontuais. Este pode ser o caso de muitas outras escolas de nossa sociedade, que não se preparam a contento para atender as necessidades atuais e, por conseguinte, não preparam os alunos para serem cidadãos ativos, críticos e capazes de exercer plenamente a sua cidadania. Em tempos digitais, precisamos repensar o ensino de língua materna e fomentar uma visão que comporte a ideia de letramento no singular e no plural. 194
Resumos: Comunicações Coordenadas
Tecnologias, novos letramentos e ativismo social: reflexões sobre uma pesquisa etnográfica com as mulheres da comunidade do Pontal da Barra- Maceió Luiz Fernando Gomes (UFAL) luiz.gomes39@gmail.com Os estudos do letramento têm apontado para três direções analíticas: letramentos como práticas sociais situadas; as novas formas expressivas propiciadas pelos avanços das tecnologias e as propostas intervencionistas que buscam ampliar as práticas de letramento locais, conduzindo a um modelo crítico que leva os indivíduos a refletirem sobre sua própria realidade e a encontrarem caminhos para melhorar as condições e a qualidade de vida em contextos sociais específicos. O presente estudo reflete sobre uma iniciativa de educação popular em uma comunidade carente do estado de Alagoas: o Pontal da Barra, cujas fontes de renda principais advêm da pesca e do artesanato. A proposta inicial do estudo era avaliar a possibilidade de explorar o uso de práticas letradas para uma maior organização coletiva, para a valoração da identidade local e que viabilizasse ações mais organizadas no sentido de encontrar alternativas que promovessem mudanças, quebrando um círculo vicioso de reprodução da estratificação e das desigualdades sociais da região. Foi escolhido para grupo focal do estudo rendeiras, com idades entre 37 e 69 anos e com pouca ou nenhuma escolaridade, vinculadas a uma associação que comercializa os produtos artesanais que elas produzem. O estudo foi realizado com base nas teorias de Kalantizis & Cope, do Círculo Bakhtiniano, Gohn e Rocha & Tosta, entre outros. A pesquisa, de orientação etnográfica, estendeu-se por 18 meses, durante os quais foram utilizados registros em áudio e vídeo, fotografias e diários dos pesquisadores. Entre as alternativas buscadas para dar voz às rendeiras, discute-se uma experiência realizada com uso de fotografias feitas pelas próprias artesãs e o perfil de seu grupo no Facebook. As análises desses produtos ressaltam as dificuldades de pesquisadores externos entenderem as dinâmicas sociais e as relações de poder local que, muitas vezes, prejudicam projetos de intervenção via educação popular. A pesquisa indica a necessidade de estudos etnográficos mais prolongados e maior imersão do pesquisador no campo, principalmente quando no estudo de contextos sociais periféricos por pesquisadores externos ao grupo social local. Letramentos midiáticos, leitura e produção de sentido: desafios na formação do professor de língua portuguesa Sandro Luis da Silva (UNIFESP) vitha75@gmail.com Com os diversos eventos comunicativos presentes no dia a dia das pessoas, acentua-se cada vez mais a forte presença da multimodalidade e dos gêneros midiáticos, fazendo com que novas formas de organizar o texto surjam, o que implica, necessariamente, novas formas de leitura, ampliando o conceito de texto. Exige-se dos sujeitos leitores novas habilidades leitoras. Acrescente-se, também, o fato de que, com o acesso cada vez mais facilitados pelas tecnologias, os alunos chegam à sala de aula fazendo uso constante da multimodalidade, seja para a produção, seja para a leitura de um texto. Essa realidade que se configura exige-se a necessidade de uma abordagem multimodal no desenvolvimento de atividades na prática docente, como pode exemplificar exercício de leitura na aula de língua de portuguesa. A leitura consiste em um processo complexo, em que se estabelecem relações entre sujeitos e discurso, de acordo com as condições sócio-históricas em que ocorre a enunciação produção e leitura do texto, o que implica a construção de sentido. Ressalte-se, ainda, que as mídias têm contribuído significativamente para o trabalho com a linguagem multimodal no processo de ensino e aprendizagem, considerando os letramentos midiáticos dos alunos, os quais não podem ser desprezados. A partir desse contexto, valendo-nos da Análise do Discurso, sobretudo na abordagem enunciativo-discursiva trazida por Maingueneau (2011, 2014), nossa fala propõe examinar uma atividade de leitura de um gênero midiático, mais especificamente uma propaganda que circulou em canal aberto de televisão - “Sandálias Melissinha". Adotamos a concepção de leitura trazida por Chartier (2009, 2012), Kleiman, (2009, 2010, 2011) e as mídia, na perspectiva dos estudos de Martin-Barbero (2009, 2012), Setton, (2011), além das teorias de Kalantizis & Cope (2009). Essas atividades, realizadas por alunos de um curso de Letras de uma Universidade Pública no Estado de São Paulo, levaram-nos a evidenciar o leitor, no ambiente escolar, como um sujeito histórico, capaz de negociar efeitos de sentidos no ato de ler, considerando os interdiscursos e a multimodalidade.
ANÁLISE COMPARATIVA DE DISCURSOS: PRINCÍPIOS TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E ANÁLISES DAS DESIGUALDADES Coordenadora: Sheila Vieira de Camargo Grillo (USP) E-mail: sheilagrillo@uol.com.br Resumo da mesa: A análise comparativa de discursos entre duas ou mais comunidades etnolinguísticas diferentes (francesa e brasileira, russa e brasileira etc.) é um campo pouco desenvolvido no universo de pesquisas no Brasil. Nos dias atuais, a grande circulação de informações, mercadorias, pessoas, possibilitada pelos avanços das tecnologias de informação (sobretudo a digital e a internet), pela rapidez e facilidade dos meios de transporte e pelo enriquecimento de parte da população que tem acesso a esses bens intensificou, por um lado, a consciência da relatividade ideológico-discursiva (Bakhtin, 2015[1930]) e, por outro, proporcionou uma certa homogeneização das culturas. O campo de pesquisas do discurso certamente poderá contribuir para uma melhor compreensão das diferenças e do seu apagamento na contemporaneidade por meio de análises comparativas de comunidades etno-linguísticas distintas, como a russa e a brasileira, por exemplo. Nossos objetivos nesta comunicação coordenada são: propor os fundamentos teóricos de uma análise comparativa de discursos com base nos trabalhos de Bakhtin e seu Círculo e nas contribuições dos pesquisadores do eixo “Comparação, língua e cultura em perspectivas discursivas” do “Centro de pesquisa 195
Resumos: Comunicações Coordenadas sobre discursos cotidianos e especializados” (Cediscor), que, desde o início dos anos 2000, reuniram-se em torno de um mesmo objeto, a fim de investigar as “dimensões culturais na produção do discurso por meio de abordagens contrastivas” (CLAUDEL et al, 2013, p.9); em segundo lugar, refletir sobre os procedimentos metodológicos de constituição dos corpora de pesquisa e de análise dos enunciados; e, por fim, apresentar análises concretas de enunciados de diferentes comunidades etnolinguísticas, em especial, a brasileira e a russa, e a brasileira e a portuguesa. Trabalhos dos integrantes: Fundamentos teórico-metodológicos de uma análise comparativa de discursos: a divulgação científica no Brasil e na Rússia Sheila Vieira de Camargo Grillo (USP) sheilagrillo@uol.com.br Construir uma abordagem teórico-metodológica para comparar enunciados de duas comunidades etnolinguísticas distintas é o principal objetivo deste comunicação. Para isso, constatamos, primeiramente, que a abordagem bakhtiniana das relações dialógicas, do enunciado, do heterodiscurso contém princípios e conceitos (autoria, gênero discursivo, esfera ideológica, signo ideológico, discurso citado, horizonte ideológico, destinatário presumido, ideologia do cotidiano) extremamente produtivos à comparação de enunciados em línguas e culturas distintas, pois permitem tanto descrever a materialidade linguística, quanto produzir interpretações sobre as especificidades das culturas discursivas envolvidas. As pesquisas do Cediscor, por sua vez, apresentaram possibilidades de análise comparativa de enunciados não literários, pouco presentes nos trabalhos bakhtinianos. Além disso, a assunção do gênero discursivo como tertium comparationis pertinente para a comparação do semelhante e para a configuração da comunidade discursiva foi ao encontro dos trabalhos bakhtinianos sobre os gêneros discursivos, permitindo uma articulação enriquecedora a ambas as teorias. A metodologia de abordagem do corpus é outro ponto de encontro entre as duas teorias, no sentido de que o lugar do pesquisador é teorizado como um sujeito que, imbuído de seu referencial teórico e cultural, vai ao corpus de enunciados não com categorias prontas, mas com conceitos flexíveis que permitem a descoberta do inesperado e a volta à teoria, num movimento constante de vai e vem. A partir desses fundamentos, construímos um corpus de enunciados das edições brasileira e russa da revista Scientific American e pudemos observar que o gênero editorial - presente em revistas das esferas jornalística e científica bem como nas de divulgação científica - possibilitou a identificação de diferentes arquitetônicas, condicionadas pela autoria e pela relação mais ou menos estreita com a matriz norte-americana: os editoriais brasileiros materializaram valores éticos e cognitivos de um autor marcado pela assinatura pessoal e pela posição social de editor chefe; já os editoriais russos foram bastante plurais, ora subordinando-se à arquitetônica da editora-chefe da matriz norte-americana, ora acentuando a proximidade com as esferas científica e política por meio da assinatura do editor-chefe cientista e gestor da política científica russa, ora assumindo uma posição institucional impessoal por meio autoria “redação da revista”. A divulgação científica em blogs de língua portuguesa : uma análise comparativa entre discursos do Brasil e Portugal Flávia Silvia Machado (Université de Poitiers, França) machado_f@ymail.com O propósito da atual comunicação é analisar os enunciados de dois blogs de divulgação científica escritos em língua portuguesa, mas pertencentes a comunidades etnolinguísticas distintas: a brasileira e a portuguesa. A partir da perspectiva teórica elaborada pelo Círculo de Bakhtin e os recentes trabalhos feitos pelas pesquisadoras do grupo de pesquisa Diálogo - USP (GRILLO, GLUSKOVA, 2015; GRILLO, HIGASHI, 2015), pretendemos traçar uma reflexão sobre como os discursos de divulgação científica são constituídos e circulam nas esferas da atividade humana nos dois países. Mesmo tendo o meio digital e a língua portuguesa como denominadores comuns aos enunciados que compõem nossa análise, acreditamos que será possível encontrar dissonâncias no modo com que cada comunidade linguística e científica os formula. O corpus é formado por postagens de dois blogs de divulgação científica, coordenados por pesquisadores e cientistas de diversas áreas em cada país, a saber: “De Rerum Natura” e “Cientistas descobriram que ...”. Temos como objetivos principais: primeiramente, contribuir para a consolidação de uma linha teórica em análise comparativa de discursos e, em segundo lugar, verificar como se dá a concretização de enunciados de uma mesma língua oficial nas comunidades etnolinguísticas brasileira e portuguesa, por meio das relações dialógicas inerentes à divulgação científica. A terminologia da Escola Semiótica de Tártu-Moscou nas traduções brasileiras Ekaterina Vólkova Américo (UFF) katia-v@ya.ru A comparação entre os textos dos diferentes integrantes da Escola Semiótica de Tártu-Moscou (1960-1980), originalmente escritos em russo, e as suas traduções para a língua portuguesa representa um campo fértil para uma análise dos desdobramentos que a terminologia "codificada" dos semioticistas russos recebeu nas traduções brasileiras. A comparação entre os textos originais e as suas traduções brasileiras, cujo número ainda é pequeno, fundamenta-se no conceito bakhtiniano do "outro" e na noção de "fronteira", desenvolvida na obra de Iúri Lotman. Além disso, baseamos a nossa análise comparativa nas conclusões teóricas elaboradas no âmbito do Grupo de Pesquisa Diálogo, USP (GRILLO, GLUSHKOVA, 2015; GRILLO, HIGASHI, 2015). O uso da linguagem codificada, nos trabalhos dos semioticistas soviéticos, foi motivado pelo desejo, por parte dos representantes da Escola, de serem compreendidos pelo círculo e não compreendidos por intrusos indesejáveis do governo soviético. O próprio termo central da Escola - os "sistemas modelizantes secundários" - foi sugerido por Vladímir Uspiénski com o objetivo de substituir a palavra "semiótica", associada à semiótica ocidental. Outro traço que observamos nos artigos é o seu 196
Resumos: Comunicações Coordenadas caráter resumido, sendo que alguns deles até foram escritos em forma de teses. Objetivamos verificar se essas e outras peculiaridades dos textos russos foram preservadas e comentadas pelos tradutores brasileiros ou não, bem como analisar as soluções apresentadas por eles. A análise dos meios de interrupção no discurso científico brasileiro e no russo Maria Glushkova (USP) maria.glushkova@yahoo.com O primeiro desafio deste artigo é comparar os discursos orais em português e em russo, presentes em textos falados, coletados pela própria pesquisadora, entre os anos de 2010 e 2015. O discurso científico, em ambos os países, pode ser considerado como um padrão da cultura dialógica destas línguas e é um bom material para estudar as formas da etiqueta, ou seja, as formalidades que marcam as caraterísticas culturais e discursivas. Os textos falados tendem a ser mais espontâneos e não podem ser revistos ou repensados pelos falantes, por isso, neste artigo, foram escolhidas as formas de "interrupção" como exemplos de busca inconsciente cultural e discursiva. A pesquisadora mostra que em ambas culturas em situação da discussão científica os falantes usam os meios mais "educados" e escolhidos para interromper os colegas e tomar a iniciativa na comunicação mesmo que para guardar essa iniciativa. Por outro lado, essa escolha é bem diferente nas duas comunidades etnolinguísticas. O caráter categórico da língua russa com frases curtas, perguntas diretas e a repetição persistente das frases mostram que estas formas ultimamente não são consideradas ásperas nessa cultura. Ao mesmo tempo, a interrupção é considerada um fenómeno forçado, que é melhor evitar. A fim de combinar estas duas posições existe uma forma bem comum na língua russa - interromper as pessoas e mesmo iniciar a comunicação com as formas de pedido de desculpas. No discurso científico brasileiro, foram observadas como mais comuns as formas variadas de acordo com o falante e com o assunto com o propósito de tomar a iniciativa comunicativa e desviar a conversa para um assunto favorável ao adversário. As observações mostram que em ambas culturas ocorre a escolha inconsciente das formas da etiqueta destinadas a uma comunicação bem-sucedida. Um erro ou a escolha errada destas formas podem causar um fracasso comunicativo, ou seja, impedir de alcançar o objetivo do falante.
HUMOR, POLÍTICA E ÍCONOTEXTOS Coordenadora: Sidnay Fernandes dos Santos (UNEB) sidnayfernandes@hotmail.com Resumo da mesa: O que motiva a realização de uma sessão que discuta o tema “humor, política e íconotextos” é a relevância que a dimensão desses eixos possui na produção dos mais diversos discursos, os quais, ao circularem, reverberam sentidos que perpassam desde um viés eufórico a um disfórico acerca das construções às quais estão ligados. Partindo da necessidade de problematizar temas como a derrisão, o jogo político, a construção de identidade e a narrativa midiática, propõe-se a Mesa Coordenada “Desigualdades Humor, política e íconotextos”. As pesquisas que pautam as discussões desta mesa inserem-se nos trabalhos do Grupo Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais - LEEDIM-UFSCar/CNPq, cujo objetivo é constituir uma rede de estudos que se debruce sobre a epistemologia da Análise do Discurso e as discursividades multimodais. Na perspectiva de analisar os modos como os mais variados suportes midiáticos, por meio de textos e de íconotextos, constroem suas narrativas, discutimos: i) a circulação de sentidos em imagens fotográficas com a proposta de compreender como os textos circulam e como as práticas linguageiras, na esfera da atividade jornalística, retomam e reformulam já-ditos, cujos sentidos podem adquirir grandes potencialidades enunciativas; ii) os modos de funcionamento do discurso político derrisório de vídeos de atores políticos brasileiros no site YouTube, pensando a noção de heterogeneidade e tomando-a enquanto heterogeneidade dissimulada; iii) o discurso derrisório antirreligioso, com o objetivo de analisar as derrisões veiculadas nos últimos anos em dois suportes midiáticos - o jornal francês Charlie Hebdo e o programa brasileiro Porta dos Fundos, usando conceitos como discurso constituinte, cena da enunciação e formação discursiva; e iv) o feminino no jogo cultural de consumo, tendo em vista o modo como o discurso publicitário abraça para dentro de sua formação sentidos de outros discursos, desde o religioso até o cultural, usando a imagem da mulher como uma representação metonímica, a ponto de chegar a ser a própria representação do produto. Tais discussões trazem como arcabouço teórico-metodológico a Análise de Discurso francesa com contribuições de vários autores como Maingueneau, Foucault, Authier-Revuz e outros. Trabalhos dos Integrantes: Circulação de sentidos e imagens fotográficas Sidnay Fernandes dos Santos (UNEB) sidnayfernandes@hotmail.com Este estudo apresenta uma análise discursiva do percurso de circulação da fotografia 3x4 do rosto de Dilma Rousseff que consta numa ficha criminal da Polícia do Estado de São Paulo – Departamento de Ordem Política e Social / DOPS. Como corpus de análise, selecionamos textos publicados em revistas e jornais impressos e eletrônicos que circularam no Brasil durante as campanhas eleitorais de 2010 e de 2014 que citam a referida fotografia. A pesquisa está embasada no quadro teóricometodológico da Análise do Discurso proposta por Dominique Maingueneau (1984; 2007; 2008; 2010; 2014). Recorremos ainda a uma abordagem antropológica acerca da história do rosto, proposta por Courtine & Haroche (1988) e a uma discussão teórica acerca da fotografia e do fotojornalismo a partir dos estudos de Barthes (1984), Buitoni (2011), Kossoy (2007; 2009), Flusser (2011), Machado (1984), Sontag (2004). Essa proposta tem como objetivo primeiro não só compreender como os textos 197
Resumos: Comunicações Coordenadas circulam, mas como as práticas linguageiras, na esfera da atividade jornalística, retomam, transformam e reformulam já-ditos, cujos sentidos podem adquirir grandes potencialidades enunciativas. Maingueneau não se preocupa apenas com a produção de sentidos, mas também com a sua circulação. Desde Genèses du discours (1984), quando traz as práticas discursivas e não apenas o discurso como objeto de estudo, destaca que o modo pelo qual o texto é produzido e pelo qual é consumido estão ligados. Para ele, “[a] própria rede institucional desenha uma rede de difusão, as características de um público, indissociáveis do estatuto semântico que o discurso se atribui” (MAINGUENEAU, 2007, p. 140-1). O modo de consumo dos textos que interessa à Análise do Discurso está visível na própria materialidade discursiva, diz respeito à população enunciativa e trata do tipo de veiculação que o próprio discurso institui por meio de seu universo semântico. A derrisão antirreligiosa Sarah Menoya Ferraz (UFSCar) sarahmenoya@hotmail.com Neste ano dou início ao desenvolvimento de uma pesquisa, filiada à Análise do Discurso francesa, visando a defesa de uma tese de doutorado. Objetiva-se analisar as derrisões de cunho antirreligioso veiculadas nos últimos anos em dois meios de comunicação: em uma revista de humor francesa, Charlie Hebdo, e em um programa humorístico televisivo brasileiro, o Porta dos Fundos. Concebe-se que cada um destes enunciados está inscrito numa formação discursiva determinada, por isso cabe observar o que há de relevante do ponto de vista das ideologias em relação às derrisões analisadas. Consideramos que as identidades de cada grupo representado nas derrisões são mobilizadas sob forma de estereótipos e estes se confrontam com a ilusão de verdade absoluta dos ideais da formação discursiva estereotipada. Em suma, defendemos a tese de que o responsável pelos processos de criação intolerantes das derrisões antirreligiosas (assim como pelos processos de criação dos enunciados que as refutam) é a ilusão de racionalidade (PÊCHEUX, 2014) dos discursos religiosos. A fim de comprovar esta afirmação, a pesquisa será baseada nos pressupostos teóricos de Dominique Maingueneau sobre discursos constituintes, cena de enunciação e formação discursiva e também na noção de formação discursiva proposta por Pêcheux, assim como sua noção sobre o funcionamento das representações e do pensamento nos processos discursivos. Levar-se-á em conta também a noção de estereótipo dada por Sírio Possenti. A mulher na f(r)esta: dos produtos de consumo ao consumo da cultura – o poder da propaganda Jorcemara Matos Cardoso (UFSCar) jorcemara.matoscardoso@gmail.com O sujeito, construído no discurso, está o tempo todo sendo alvo de várias práticas que o objetivam, o engendram (em grande parte) a ser o que é (FOUCAULT, 1995). Essa objetivação através das práticas discursivas que circulam em determinadas épocas vão construindo esse sujeito e formando identidades. A cultura popular, principalmente as manifestações folclóricas regionais, parece estar cada vez mais sendo alçada a um guarda-roupa de identidades (HALL, 2005), em que consumir uma identidade e não outra, em determinada época, tornou-se uma prática constitutiva do que podemos chamar de produção consumível de emblemas de brasilidade. A questão que se coloca é em que medida os íconotextos, como as propagandas, que fazem circular essa “brasilidade”, pautam-se no estereótipo ou estereotipizam (AMOSSY, 2010) determinadas construções de sujeitos sociais, como, por exemplo, a mulher. Para traçar uma linha de análise, mostraremos como o feminino aparece, em diferentes épocas, nas propagandas publicitárias, produzindo sentidos. Veremos nesse traçado como o discurso publicitário abraça para dentro de sua formação sentidos de outros discursos, desde o religioso, até o cultural, usando a imagem da mulher como uma representação metonímica, seja numa relação estreita de “afinidade”, na qual o feminino age como instrumento para que se consiga vender algo, seja numa relação ambígua de parte pelo todo, em que ela chega a ser a própria representação do produto. Em relação a esse último ponto, deter-nos-emos mais especificamente à mulher como parte/integrante da mobilização da cultura como produto de consumo. Por que a mulher? Por vermos o quanto ela é ativada no processo propagandístico, principalmente no que tange à divulgação de manifestações folclóricas. Para isso, trazemos como arcabouço teórico-metodológico as reflexões da Análise de Discurso de orientação francesa, pautada nos estudos de Michel Foucault (1995) acerca das questões subjetivas; e Dominique Maingueneau (2006) com as questões de engendramento textual dos sentidos através da cena enunciativa.
IMAGENS DE MULHER NA MÍDIA: DESIGUALDADES E ESTEREÓTIPOS Coordenadora: Silvia Maria de Sousa (UFF) silviamsousa05@gmail.com Resumo da mesa: A sessão reúne trabalhos que discutem a imagem da mulher construída na mídia, observando especialmente objetos audiovisuais como produções televisas e sites da Internet. Busca-se analisar, sob o viés da Semiótica discursiva o emprego de uma práxis enunciativa que, alinhavando diferentes níveis da produção do sentido, põe em circulação determinadas imagens (ou formas de vida) da mulher contemporânea. A Semiótica propõe que o uso e a repetição de estratégias enunciativas, de gêneros, tipos e estilos seja tomado como uma práxis. De um lado, a práxis enunciativa, conforme nos diz J. Fontanille em “Nome da obra” (2007, p. 271), seria responsável por atualizar no discurso determinadas formas que, segundo certos usos, podem ser esquematizadas, chegando mesmo a assumir a forma de estereótipos e estruturas cristalizadas. De outro lado, essa mesma práxis ofereceria espaço para novas significações, ao prever e acolher os desvios, as subversões e expansões de formas já em uso e o emprego de novas formas e estruturas. A partir dessa formulação teórica, os trabalhos buscarão observar como emissoras de TV, 198
Resumos: Comunicações Coordenadas narrativas ficcionais televisivas e canis do Youtube discutem a questão da mulher contemporânea, tematizam as desigualdades entre os gêneros, dissolvem e reafirmam estereótipos. Trabalhos dos Integrantes: Jout Jout: a construção discursiva da mulher contemporânea na internet Alexandra Robaina dos Santos (UFF) xandarobaina@hotmail.com Dentre as inúmeras possibilidades que a plataforma Youtube apresenta, uma tem se tornado bastante popular entre os usuários: a apreciação e a criação de canais não institucionais. Nesse novo modelo de mídia, as funções tradicionais de produtor e consumidos de conteúdo são democratizadas, uma vez que qualquer pessoa que possua os recursos tecnológicos mínimos, e não apenas as emissoras de TV, pode gravar suas falas sobre temas de sua preferência – salvo os considerados impróprios pela plataforma- e ter seus vídeos disponibilizados para visualização simplesmente pressionando o botão “publicar”. Desse momento em diante, o conteúdo produzido estará acessível a todos e exposto às opiniões, que podem ser expressas no espaço reservado para os comentários, e também pelos ícones de “curtir” ou “não curtir”. A visibilidade desses canais e o formato fornecido pela plataforma possibilitam um tipo específico de interação diferente daqueles vivenciadas antes da popularização da internet e da tecnologia que facilitam a produção de conteúdo digital. Para investigar as tensões discursivas que decorrem dessa nova conjuntura, adotamos a perspectiva das práticas semióticas, conforme postulada por Fontanille (2005, 2007), cuja proposta sintetiza os desdobramentos mais recentes da semiótica discursiva, e definimos essa cena enunciativa como uma prática que conjuga dois predicados: o de assistir e o de comentar o material lançado pelos chamados Youtubers. A partir do aporte fornecido pela teoria, este trabalho investiga as diferentes imagens de mulher construídas no canal Jout Jout, em que não só a Youtuber Julia discorre sobre temas diversos, como seus seguidores e outros usuários colaboram com o caloroso debate. Mais especificamente, buscaremos descrever como o sentido produzido nessa prática complexa decorre do jogo de vozes do enunciador do vídeo e dos enunciadores que, ao comentá-lo, ampliam exponencialmente as projeções de pessoa no texto original. Nosso objetivo é compreender como os elementos que compõem a prática complexa que encontramos no canal Jout Jout interferem no fazer interpretativo do enunciatário, bem como analisar o papel dos fãs, denominados como “família Jout Jout”, na construção da identidade do canal. O discurso da desigualdade: uma análise das formas de vida da narrativa seriada “Orange is the new black” Naiá Sadi Câmara (UNIFRAN) naiasadi@gmail.com Objetivamos investigar o papel das mídias na produção e veiculação de formas de vida da desigualdade, a partir da análise do discurso da desigualdade social manifestado em narrativas seriadas audiovisuais, uma vez que esse formato atinge, na contemporaneidade, índices de adesão bastante significativos. Com base no modelo de análise do discurso do intolerante proposto por Barros (2011), no artigo “ A construção discursiva dos discursos intolerante”, consideramos que o discurso da desigualdade estabelece-se por meio de reconhecimentos sociais entre identidade e alteridade de formas de vida, relações que podem ser observadas, conforme nos ensina a autora, nos percursos de sanção, nos percursos passionais, na elaboração dos temas e das figuras e na organização discursiva na perspectiva tensiva. Selecionamos a narrativa seriada “Orange is the new black”, websérie produzida e veiculada pela Netflix em 2013, e cuja trama apresenta o discurso da desigualdade de gênero, de sexualidade e de posição social, pois narra a história de Piper Chapman, que é condenada a cumprir 15 meses numa prisão feminina federal por ter participado do transporte de dinheiro proveniente do tráfico de drogas a pedido da sua ex-namorada. Da perspectiva de análise das formas de vida, adotamos a concepção proposta por Greimas ( 1993) no artigo intitulado “ Le beau geste”, segundo a qual as sociedades podem ser divididas e observadas pela complexidade moral dos seres semióticos que são sancionados por suas formas de vida em interação com as dos outros.
Receita de mulher: formas de vida no GNT Silvia Maria de Sousa (UFF) silviamsousa05@gmail.com Matheus Nogueira Schwartzmann (UNESP) matheus_nogueira@uol.com.br O canal GNT (Globosat News Television), um dos canais pagos da Globosat Programadora, braço do Grupo Globo, nasceu nos idos da década de 1990, originalmente como canal de notícias, o que sua própria sigla já anunciava. Com o passar dos anos, e com o surgimento de outro canal de notícias da Globosat, o canal foi paulatinamente mudando sua imagem e se especializando no que hoje é sua marca: o universo feminino. Essa é justamente uma das razões pela qual se destaca no cenário nacional como único canal do gênero, já que, além de produzir grande parte de seus conteúdos, com reconhecida qualidade, valendo-se de diversos formatos e temas, assume declaradamente que sua programação está voltada a um enunciatário-espectador bastante específico, a mulher. É nesse cenário que se inserem as preocupações do presente trabalho: queremos observar, de um lado, como o discurso de um canal se espalha por sua grade de programação, por meio de relações entre o conjunto dos programas, inserções comerciais e outros produtos do canal (como o próprio site), e, de outro, como tal discurso projeta a imagem de um enunciatário feminino. Além disso, nossa intenção é a de averiguar se essa imagem é una e coerente ou múltipla e, portanto, polêmica, o que pode dizer muito sobre o modo de construção da imagem da mulher pelo GNT. Para investigar nossas hipóteses nos centraremos 199
Resumos: Comunicações Coordenadas em programas que discutem o papel social da mulher na contemporaneidade, como por exemplo o programa Saia justa, buscando identificar a forma (ou as formas) de vida da mulher que o canal faz circular e os discursos que circundam a identidade feminina.
FUNDAMENTOS BAKHTINIANOS NA ANÁLISE DE INTERAÇÕES VERBAIS: A ORIENTAÇÃO SOCIAL E IDEOLÓGICA DA PALAVRA NA CONSTITUIÇÃO DE ENUNCIADOS QUE CIRCULAM NAS ESFERAS MIDIÁTICA, POLÍTICA, MUSEOLÓGICA E EDUCACIONAL Coordenadora: Simone Ribeiro de Avila Veloso (SEESP) simoneribeirovls@gmail.com Resumo da mesa: O objetivo desta Comunicação Coordenada será oportunizar o diálogo entre pesquisas fundamentadas em pressupostos teóricos e metodológicos advindos da Análise Dialógica do Discurso (ADD). A filosofia da linguagem proposta por estudiosos do chamado Círculo de Bakhtin tem oferecido sustentação para numerosos estudos. Nesta ocasião, será considera-do o conceito de arquitetônica na perspectiva bakhtiniana na relação com outros pensadores em especial Aristóteles e Kant, bem como a importância desse conceito no desenvolvimento de pesquisas realizadas sob a ótica dialógica. Configura-se igualmente relevante considerar a palavra enquanto signo ideológico na composição de discursos presentes em documentos oficiais elaborados por especialistas da esfera educacional pública estadual de São Paulo acerca do processo de reestruturação da rede no Estado e a recepção desses discursos em enunciados midiáticos direcionados a um público de não especialistas tanto no chamado “jornalismo de referência”, quanto em veículos de comunicação compreendidos como de “alternativa” e que se constituem, em especial, nas redes sociais da internet. De outra parte, tal direcionamento se releva determinante, por exemplo, na composição de gêneros que circulam na esfera museológica, mais precisamente no Museu Catavento. Em ambos os casos, compreende-se como fundamental o direcionamento socioideológico da palavra que determina escolhas estilísticas, temáticas e composicionais. No que se refere ao estudo propriamente estilístico do texto literário serão observadas as relações discursivas construídas notadamente por meio de casos de orações subordinadas sem conjunção na obra de um autor da literatura nacional e da literatura amazônica. Reveladas em diferentes fases de desenvolvimento, tais pesquisas visam a apresentar resultados parciais de análise de diversos corpora. Trabalhos dos integrantes: O destinatário inscrito na exposição Biomas, do museu Catavento Cultural Arlete Machado Fernandes Higashi (FFLCH-USP) arlete_higashi@hotmail.com A quem se dirige o enunciado? Como o locutor (ou o escritor) percebe e imagina seu destinatário? Qual é a sua influência no enunciado? A partir desses questionamentos, Bakhtin (2003[1923-24]) pondera que um traço constitutivo do enunciado é seu direcionamento a alguém, ou seja, de estar voltado para seu destinatário, o qual pode ser um parceiro e interlocutor direto do diálogo na vida cotidiana, um conjunto diferenciado de especialistas de alguma esfera individualizada da comunicação cultural, um público mais ou menos diferenciado, os contemporâneos, os partidários, os adversários e até um outro não determinado. Como bem nota o teórico russo, a orientação do discurso verbal em função de um interlocutor tem uma imensa importância no processo de sua construção. Essa orientação determina as escolhas estilísticas, composicionais e temáticas que compõem o enunciado, o qual é permeado ainda pela relação valorativa do autor. Desse modo, à luz das noções de gêneros do discurso e entonação valorativa, propostas por Bakhtin e seu Círculo, este trabalho objetiva analisar os enunciados verbo-visuais que compõem os painéis da exposição Biomas, da seção Vida, do Museu Catavento Cultural, destacando seu destinatário presumido e sua dimensão valorativa. Os resultados preliminares apontam que a construção dos enunciados verbo-visuais da exposição Biomas leva em conta um destinatário escolarizado e afeito aos assuntos tratados e expressa ainda uma entonação enaltecedora do território brasileiro. O conceito de arquitetônica na história da filosofia e sua construção na teoria bakhtiniana Inti Anny Queiroz (FFLCH-USP) inti.queiroz@gmail.com Nossa reflexão busca encontrar traços em comum das diversas abordagens do conceito de arquitetônica, utilizado por em Mikhail Bakhtin e outros pensadores ao longo da história. Observaremos a partir dos resultados iniciais da pesquisa de doutorado como o conceito é abordado filologicamente e como foi pensado dentro de sistemas filosóficos de épocas diversas e assim auxiliar na reflexão mais aprofundada do conceito nas obras do Círculo de Bakhtin, bem como da teoria dialógica do discurso à qual nos filiamos como fundamentação teórica principal desta pesquisa. A menção ou mesmo o uso significativo do conceito foi encontrado nos seguintes filósofos ao logo da pesquisa: Aristóteles, Tomás de Aquino, Leibniz, Lambert, Kant, Krug, Peirce, Wronski, Warrain, Bornstein, Vossler, Hildebrand e nos pensadores do Círculo de Bakhtin. A pesquisa demonstrou que é possível dizer que existe um diálogo entre a abordagem do conceito nas obras de Aristóteles, Kant e Bakhtin, pois ambos operam o conceito por meio de uma abordagem sistemática e ética, ainda que de formas diversificadas. Nosso estudo buscar mostrar como o diálogo entre as teorias auxiliou Bakhtin na construção não apenas de seu conceito de arquitetônica, mas também na sistematização da teoria bakhtiniana para pensar a filosofia da linguagem e os estudos do discurso.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Os modos de recepção dos discursos que permeiam os documentos oficiais legitimadores de políticas públicas de reestruturação da rede pública de ensino do Estado de São Paulo: análise comparativa de enunciados jornalísticos produzidos na mídia de referência e alternativa Simone Ribeiro de Avila Veloso (SEESP) simoneribeirovls@gmail.com Esta comunicação visa a apresentar considerações sobre um projeto de pesquisa que tem por objetivo investigar as inter-relações dialógicas instauradas no processo de reestruturação da rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Para tanto, vislumbra observar os discursos constitutivos dos textos oficiais que legitimariam e oficializariam tal processo, bem como a recepção desses discursos nas mídias de referência e alternativa. São considerados os seguintes documentos oficias: “Escolas estaduais com uma única etapa de atendimento e seus reflexos no desenvolvimento dos alunos”, elaborado por especialistas em políticas públicas da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e publicado em agosto de 2015, o Projeto de Lei 1035/2015 que institui o Plano Estadual de Educação e que se configura atualização de proposta elaborada por especialistas docentes da USP, UNESP, dentre outras instituições da esfera educacional. Compreende-se que os discursos constitutivos de tais documentos se configuram na inter-relação de saberes oriundos, de um lado, da esfera acadêmica-científica, de outro, da esfera jurídica. Identificados os discursos fundantes desses documentos, será apresentada uma análise comparativa entre enunciados concretos publicados entre outubro e dezembro de 2015 nas mídias de referência e alternativa. A primeira representada por duas reportagens e dois editoriais respectivamente dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo e a segunda, por duas reportagens e dois artigos de opinião publicados no site Rede Brasil Atual. A partir da perspectiva teórica bakhtiniana, o estudo visa a contribuir não apenas com reflexões acerca dos posicionamentos axiológicos assumidos pelos sujeitos enunciativos inscritos nos documentos oficiais, mas também com os modos de recepção desses discursos em dois diferentes contextos de divulgação desses saberes especializados. Discurso, norma e estilo no texto literário: o caso de orações subordinadas sem conjunção. Sueli Pinheiro da Silva (UEPA) suelipinheiro2011@gmail.com Este estudo pretende identificar como se constroem as relações discursivas entre norma e estilística no texto literário, a partir de um corpus constituído na obra de um autor da literatura nacional e em um da literatura amazônica. Sua base teórica se fundamenta, sobretudo, em estudos bakhtinianos acerca do papel da estilística no ensino de língua (em particular de uma experiência vivida por ele como professor de língua russa), recentemente traduzidos e publicados no Brasil. Partimos da hipótese de que para além da chamada “licença poética” há, na elaboração do discurso literário, modos específicos de dizer por meio das orações subordinadas sem conjunção o que lhe confere certa dramaticidade e que, ao serem transportadas para o plano em que se apresente a conjunção, haverá mudanças tanto no aspecto formal quanto estilístico e estético. Há ainda que se verificar como os sujeitos se inscrevem por meio de tais escolhas e que efeitos se sentido assumiria o texto no caso da inserção da conjunção. A pesquisa deve, mais adiante, se estender ao espaço da sala de aula em um processo de intervenção de modo a ensinar na língua portuguesa o fenômeno das orações subordinadas sem conjunção o qual não é explorado pelas gramáticas brasileiras, a fim de contribuir para reflexões sobre tal manifestação no texto literário e sobre práticas de ensino de língua portuguesa que deveria, conforme assevera Bakhtin, ser articulado à estilística.
A CONSTRUÇÃO DO ETHOS E PATHOS NAS DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: Simone Sant'Anna (UFRJ) simonesnt@yahoo.com.br Resumo da mesa: As pesquisas da presente comunicação coordenada abordam a questão da desigualdade sob a ótica da Semiolinguística de Charaudeau (2006,2009, 2011, 2013). O objetivo é evidenciar a influência dos efeitos patêmicos e da construção do ethos nos diferentes discursos de desigualdade sócio-política, econômica, religiosa e de gênero. Vale ressaltar que os espaços de patemização são responsáveis pela construção de diversos efeitos de sentido que conferem ao texto a presença de emoções. O ethos, por sua vez, está ligado ao exercício da palavra e não ao indivíduo. Por isso, é natural que possa haver uma diferença entre um sujeito e a imagem construída desse sujeito através da linguagem. A partir dos conceitos de ethos e pathos a mesa apresenta as seguintes abordagens: “Desigualdade política e religiosa: uma análise discursiva dos efeitos patêmicos”, de Vanessa Candida de Souza, demonstra os efeitos patêmicos criados por elementos linguísticos e extralinguísticos em reportagens sobre o ataque terrorista ocorrido na França. “Desigualdade de gênero e ethos militar: uma análise”, de Claudia Sousa Antunes, apresenta aspectos de influência na construção e na possível mudança do ethos militar a partir da participação de mulheres nas Forças Armadas, corporação que representa um lugar social predominantemente masculino. “Cartas à direção: construção de ethé no ambiente escolar”, de Giselle Aparecida Toledo Esteves, versa sobre os ethé construídos pela redação de alunos revelando desigualdade social no contexto escolar. “Ethé construídos pelo discurso machista nas redes sociais”, de Simone Sant’Anna, expõe as imagens construídas nos discursos da campanha #meuamigosecreto criada para mulheres denunciarem qualquer tipo de violência sofrida. Todas as pesquisas apresentadas contribuem para a reflexão de mudanças significativas que ocorrem pelo e no discurso e refletem situações de desigualdade e conflito em esferas distintas da sociedade.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Desigualdade política e religiosa: uma análise discursiva dos efeitos patêmicos Vanessa Candida de Souza (UFRJ) deitico@bol.com.br Segundo a proposta de Charaudeau (2006), o discurso midiático coloca em contato duas instâncias: a de produção e a de recepção. A instância de produção, representada pela figura do enunciador, visa a captar a atenção da instância de recepção e, nesse percurso discursivo, dispõe de algumas estratégias para convencer o enunciatário e sustentar sua argumentação como, por exemplo, a utilização de elementos da emoção (que geram efeitos patêmicos) e a recorrência a topoi (lugares-comuns). Tendo em vista essas considerações, o presente trabalho tem como objetivo analisar reportagens sobre os ataques terroristas ocorridos na França em novembro de 2015, motivados por diferenças relacionadas a aspectos econômicos, políticos e religiosos. Por meio do levantamento de elementos linguísticos como verbos, adjetivos, substantivos, advérbios e de elementos extralinguísticos (contextuais), tentar-se-á identificar o posicionamento do enunciador em relação ao tema abordado. Como referencial teórico, adotam-se princípios da Análise Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau (2008), e os estudos sobre emoções empreendidos por esse mesmo teórico (2010) e por Plantin (2010). Desigualdade de gênero e ethos militar: uma análise Claudia Sousa Antunes (UNIFA) claudia.sousa@yahoo.com.br Este estudo pretende mostrar uma análise de alguns caminhos pelos quais é percebida a desigualdade de gênero pelo viés das abordagens da temática da feminilidade/masculinidade em trabalhos apresentados nos Encontros Nacionais da Associação Brasileira de Estudos de Defesa – ENABED. Pretende-se, ainda, mostrar como isso pode interferir em uma mudança na concepção do ethos militar. Parte-se de uma concepção de linguagem como atividade construída na interação e encenada no teatro da vida social. A Análise do Discurso aparece como basilar nos estudos por considerar o contexto sócio-histórico do ato comunicativo. Com base na Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau (2009; 2013), pretende-se refletir sobre como a construção de uma identidade militar passa pelos discursos proferidos pelos pesquisadores do tema. Apesar de poder ser compreendida como uma construção estática e una, por conta de seus referenciais e fundamentos idealmente fixos e universais, a formação de um ethos institucional militar, a partir dos pilares de hierarquia e disciplina, está sujeita a mudanças. O momento histórico atual é marcado por transformações. Grupos tradicionalmente vistos como hegemônicos têm suas identidades transformadas, o que leva a uma reflexão sobre a problemática da formação da subjetividade, com a consequente ressignificação das questões de gênero. Pela existência de uma crise das fontes tradicionais de referência de identidade, definir como diversos autores tratam a temática das questões de gênero no espaço militar e de defesa leva a uma perspectiva em relação à política de defesa e de integração de mulheres nas Forças Armadas. Pode-se afirmar que a inserção feminina nos quartéis é um fato e novos contextos se apresentam. O objetivo é perceber de que forma os discursos sobre esta temática são apresentados e como estão articulados à discussão e à visibilidade de questões de gênero em vários organismos e instâncias, refletindo sobre como as políticas de integração de mulheres nas Forças Armadas intervêm na formação do ethos militar.
Ethè construídos pelo discurso machista nas redes sociais Simone Sant'Anna (UFRJ) simonesnt@yahoo.com.br O presente estudo propõe a analise de imagens (ethé) construídas no e pelo discurso de desigualdade entre gêneros por meio de enunciados publicados nas redes sociais através da campanha #meuamigosecreto, durante o ano de 2015, cujo objetivo é fazer denúncias de práticas machistas. O objetivo principal da pesquisa é verificar a abordagem da temática apresentada e reunida pela hastag responsável por categorizar a desigualdade no tratamento entre homens e mulheres e denunciar a violência sofrida por mulheres em decorrência dessa desigualdade. A princípio pode se observar diferentes opiniões e consequentemente a criação de imagens distintas nos aspectos da linguagem quando se referem ao comportamento social de homens e mulheres. Desse modo, pretende-se identificar como a imagem do homem e da mulher é representada nessas postagens. O arcabouço teórico relaciona o conceito de ethos da Semiolinguística de Charaudeau (2006, 2011), e os conceitos de ethos prévio e ethos discursivo de Maingueneau (2008) e Amossy (2011). A análise qualitativa dos enunciados possibilita a comparação entre os discursos apresentados para verificar se as imagens criadas (ethé) formam ou não uma ideia coletiva de comportamento estereotipado.
Cartas à direção: construção de ethè no ambiente escolar Giselle Aparecida Toledo Esteves (UFRJ) giselle_esteves@hotmail.com Neste trabalho, são analisadas cartas à direção redigidas por alunos do oitavo ano de uma escola Municipal do Rio de Janeiro. Tenciona-se relacionar a identidade dos sujeitos comunicantes (alunos/ autores) e dos sujeitos interpretantes (diretoras/ leitores) aos ethè desses enunciadores, o que poderá ser observado pelas escolhas de determinados recursos semiolinguísticos. Acredita-se que as imagens construídas pelos alunos (ethè) revelarão um olhar crítico acerca de sua condição de desigualdade social e a tentativa de os alunos exercerem sua cidadania. A análise das cartas ocorrerá com base em pressupostos da Análise 202
Resumos: Comunicações Coordenadas Semiolinguística do Discurso de Charaudeau (1996, 2006). De acordo com o autor, o ato de linguagem ocorre nos níveis situacional, comunicacional e discursivo. Caracteriza-se por constituir um “contrato de enunciação” em que atuam sujeito comunicante (eu/autor) e o interpretante (tu/leitor) no circuito considerado interno (situacional e comunicacional). No nível discursivo, o sujeito (eu) enunciador apresenta suas críticas para que ocorra alguma providência por parte do sujeito (tu) destinatário, interagindo em uma encenação (“mise em scène”). Recorrer-se-á também ao conceito de ethos proposto por Maingueneau (2008), segundo o qual a construção de imagens acontece ao longo da atividade discursiva, podendo ser identificada por aspectos semiolinguísticos. Ademais, a noção de gênero textual enfocada por Bronkart (1999) fundamenta a pesquisa, uma vez que, para o autor, o conhecimento dos gêneros é essencial para uma socialização satisfatória.
DISCURSOS SOBRE O OUTRO: AMBIGUIDADES ENTRE IDENTIDADES, IMAGINÁRIOS E PRECONCEITO DE GRUPOS SOCIAIS DIFERENTES Coordenadora: Sônia Caldas Pessoa (UFMG) soniacaldaspessoa@gmail.com Resumo da mesa: A Comunicação Coordenada propõe uma reflexão sobre discursos social e historicamente construídos sobre grupos tratados como diferentes tanto do ponto de vista político-ideológico quanto do ponto de vista identitário e sociodiscursivo. Em um vasto universo dos imaginários que circulam sobre pessoas com deficiência, comunidade LGBT e moradores de favelas, por exemplo, três grupos amplos e heterogêneos, propomos uma abordagem que atravessa dois campos discursivos igualmente amplos: a mídia e as redes sociais on-line. Nosso objetivo é analisar os discursos sobre esses grupos por meio de recortes que nos permitem transitar entre as identidades, os imaginários e o preconceito, em um diálogo entre a Análise do Discurso e a Comunicação Social.
Trabalhos dos Integrantes: Faça o que eu digo, mas tudo bem se não fizer: discurso de ódio, discursos da Fifa Joana Ziller (UFMG) joana.ziller@gmail.com Roberto Reis (UNA) robertocomunica@yahoo.com.br O trabalho trata das diferenças entre as regras previstas nos documentos oficiais da Fifa em relação aos discursos de ódio, mais especificamente ao racismo e à homofobia e sua aplicação na Copa do Mundo da Fifa em 2014. Vários casos de racismo e homofobia, e até episódios de apologia ao nazismo, foram registrados pela grande imprensa durante as partidas da Copa do Mundo e, ao contrário do que determinam os documentos oficiais da Fifa, não houve punição, com exceção de um caso de racismo.
Imaginários sociodiscursivos das favelas cariocas e de seus moradores a partir da análise do discurso fotojornalístico do jornal O Globo Janaina Dias Barcelos (UFMG) janabarcelos@hotmail.com Nossa proposta é apresentar quais os imaginários sociodiscursivos sobre as favelas do Rio de Janeiro e seus residentes seriam acessados, reforçados ou transgredidos pelos discursos fotojornalísticos do jornal “O Globo”, o mais lido na cidade e o segundo lugar no ranking dos jornais de circulação nacional. É no Rio que se encontra a maior favela do Brasil, a Rocinha, e é a cidade brasileira onde as favelas ganharam maior visibilidade midiática, em função de suas especificidades geográficas na zona sul, do tratamento espetacularizado de certos acontecimentos e, atualmente, da implantação da política de segurança pública baseada nas Unidades de Polícia Pacificadora – UPP. Pensamos que o veículo, ao atuar na construção de subjetividades, colabora para a edificação de uma visão sobre esses aglomerados urbanos e as pessoas que ali vivem, a partir do engendramento de imaginários sociodiscursivos que emergem do mecanismo das representações sociais. No escopo deste Simpósio, tal tema se apresenta bastante pertinente, uma vez que os discursos midiáticos têm papel relevante na elaboração de visões de mundo e, quando se trata de minorias ou grupos estigmatizados histórica, social e/ou discursivamente, é preciso que nos voltemos para uma reflexão crítica sobre o processo que leva a determinados posicionamentos discursivos. Desde a derrubada dos cortiços no século XIX aos dias atuais, as designadas favelas passaram por uma série de mudanças, porém alguns discursos cristalizados em torno dos eixos da carência e da violência se mantêm. Entretanto, podemos identificar também posicionamentos discursivos que, apesar de insistirem em situar o favelado como vítima, ora do sistema, ora do tráfico, buscam fugir do viés estigmatizado por décadas, do criminoso em potencial ou do miserável. Nosso trabalho tem como sustentação na Análise do Discurso a Teoria Semiolinguística, bem como colaborações dos estudos sobre imagem, fotojornalismo, representações sociais e imaginários.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Discursos sobre a deficiência: entre a liberdade de expressão, o humor e o ódio nas redes sociais on-line Sônia Caldas Pessoa (UFMG) soniacaldaspessoa@gmail.com A comunicação discute a mise en scène e os imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência em perfis em redes sociais on-line como o Twitter e o Facebook. As postagens coletadas revelam pistas de redes que se constituem entre o movimento de imaginários sociodiscursivos contemporâneos sobre a pessoa com deficiência e outros identificados por anos na sociedade. A encenação das repetições óbvias oscila com a das dissimuladas em um ir e vir discursivo sobre o qual os sujeitos não têm muito controle nem reflexão. Em geral nesse jogo prevalecem os estereótipos, que vão sendo repetidos à exaustão. A nosso ver faz parte do jogo social projetar representações comumente aceitas e repetir sem se importar evitando-se, assim, que seja possível uma revisão de repetições perpetuadas, com adaptações sutis, por mero comodismo.
LES MOTS DE L’(IN)EGALITE AU FIL DES DISCOURS DE LA PRESSE : UNE APPROCHE SEMANTIQUE ET DISCURSIVE DES MOTS ET NOTIONS ASSOCIES Coordenadora : Sophie Moirand (Universidade Paris III-Sorbonne Nouvelle) sophie.moirand@univ-paris3.fr Resumo da mesa: Au cours de ce panel, on s’interroge sur le sens cotextuel et contextuel des mots associés aux notions d’égalité/inégalité sous trois aspects complémentaires : travailler sur les cotextes sémantico-syntaxiques des mots associés (analyse qualitative et quantitative) ; mettre au jour les représentations liées aux notions d’égalité/inégalité et aux notions associées ; procéder à une analyse comparative entre langue et cultures différentes. On tente de mettre au jour différents mots associés aux notions d’égalité/inégalité tels qu’ils apparaissent au fil des discours de la presse quotidienne et/ou spécialisée (presse associative et/ou syndicale) : équité, parité, différence ; inégalités réelles, inégalités sociales, produire des inégalités, avantages vs désavantages, discrimination et discrimination positive, etc. ; les mots associés à « sans » (les sans abris, sans logis, sans domicile fixe, sans travail, sans papiers…) ou à « mal » (mal logés), par exemple, ou encore des métaphores du type « fracture sociale » ou « fracture urbaine »… On s’arrêtera en particulier sur le « ressenti » de l’inégalité, de la discrimination, de tout ce qui relève de la différence « ressentie » comme négative parce que productrice d’inégalités sociales ou identitaires. Pour mieux cerner les sens cotextuels et contextuels des mots de l’(in)égalité, on prend appui sur des corpus de presse française (imprimée ou en ligne) recueillis autour d’événements récents, comme, par exemple, la crise des migrants en Europe, les attentats de l’année 2015 en France, conçus comme des prolongements de domaines de mémoire à court terme (Foucault , Courtine, Orlandi), « moments discursifs » qui permettent de mettre au jour les usages des mots de l’inégalité dans des cotextes discursifs et des contextes sociopolitiques particuliers. D’autres corpus issus de presse brésilienne et allemande permettent d’élargir la réflexion sur les sens et les représentations des mots de l’inégalité selon les langues et les cultures (Ribeiro 2015). L’analyse permet de « penser » une sémantique discursive et énonciative autre que celle proposée par Pêcheux dans les années 1970, et qui emprunte aux sémantiques qui se sont développées récemment, et différemment des sémantiques structurales des premières analyses du discours en France (Dubois par exemple). On s’appuie de ce fait à la fois sur le renouveau d’une analyse de discours à entrée lexicale (Née et Veniard 2012, Brunner 2014) qui repose en partie sur les travaux de l’École contextualiste anglaise (Veniard 2013, Moirand et Reboul, in Langue française 188, 2015). Trabalhos dos Integrantes : L’« inégalité » dans le discours de la presse française sur les attentats en France Michele Pordeus Ribeiro (Universidade Sorbonne nouvelle - Paris 3) michelepordeus@yahoo.fr Pascale Brunner (Université de Poitiers - FoReLL A) pascale.brunner@gmail.com Dans cette communication, nous proposons d’observer les lieux où s’inscrit « l’inégalité » dans les discours des journaux français portant sur les attentats qui ont eu lieu en France entre 2012 et 2015. Notre corpus de travail rassemble précisément des articles de presse, issus des quotidiens Le Monde, Libération et Le Figaro, sur les événements suivants : les tueries de 2012 à Toulouse et à Montauban et les attentats de janvier et de novembre 2015 à Paris. En partant de l’usage du mot « inégalité » et de son champ associatif (« égalité », « disparité », « différence », etc.), on mènera dans un premier temps une analyse quantitative et statistique, à l’aide du logiciel Lexico3, des fréquences des mots étudiés ainsi que de leurs cooccurrences. L’objectif de cette première analyse est de mettre au jour d’une part la présence de ces termes en fonction des journaux et d’autre part les éventuelles associations lexicales en lien avec d’autres thématiques, comme, par exemple, les questions des « banlieues », de la mixité sociale, de l’immigration et de l’intégration. Dans un deuxième temps, on mènera une analyse qualitative des mots dans leurs cotextes (« inégalité de X », « contre l’inégalité », « inégalité entre », etc.), dans le but de questionner les différents rapports qu’entretiennent les énonciateurs avec l’objet nommé (ici, l’inégalité). En s’appuyant sur l’idée que le cotexte permet d’accéder au sens (Cusin-Berche 1997) et qu’il est révélateur des expériences sociales associées aux mots (Branca-Rosoff 2001 ; Veniard 2007), on essaiera enfin de mettre en relation le traitement précis des trois journaux avec leurs lignes éditoriales et avec les représentations existantes dans la société française.
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Resumos: Comunicações Coordenadas Les attentats en France vus par les presses brésilienne et allemande Pascale Brunner (Université de Poitiers - FoReLL A) pascale.brunner@gmail.com Michele Pordeus Ribeiro (Universidade Sorbonne nouvelle - Paris 3) michelepordeus@yahoo.fr À la suite de l’étude précédente, nous proposons d’élargir la réflexion par des analyses comparatives de discours médiatiques brésiliens et allemands. Dans un premier temps on s’intéressera aux traductions d’« inégalité » (en particulier vers la langue allemande) et aux définitions proposées par les dictionnaires dans le but de relever les associations et les représentations communes et stables liées aux mots. Il s’agira par la suite de voir si les mots exprimant l’inégalité resurgissent dans les traitements faits par la presse étrangère (plus particulièrement, par les journaux O Estado de S. Paulo, Süddeutsche Zeitung et Frankfurter Allgemeine Zeitung) des attentats en France. Dans l’affirmatif, on procédera à une analyse quantitative et qualitative de ces mots en portugais (« desigualdade », « injustiça », « diferença », etc.) et en allemand (« Ungleichheit », « Verschiedenartigkeit », « Ungerechtigkeit » etc.) en la mettant en perspective avec les résultats de l’étude sur le corpus français. Il s’agira, par ailleurs, d’examiner dans quelle mesure ces termes apparaissent dans des discours rapportés, mais aussi d’étudier ce que leur usage dit du positionnement des énonciateurs − et des journalistes en particulier – (Siblot 2007) par rapport aux attentats et par rapport au traitement de ceux-ci par la presse française. En revanche, si ces termes n’apparaissent pas dans les corpus brésilien et allemand, l'analyse lexicométrique nous permettra de déterminer les occurrences les plus récurrentes en lien avec les événements. Enfin, nous essayerons de dégager des hypothèses interprétatives (von Münchow 2011) mettant en rapport les résultats obtenus par la comparaison avec des facteurs politico-culturels inhérents aux sociétés brésiliennes et allemandes. Interaction entre deux événements de l’année 2015 qui reposent sur un sentiment d’inégalité : la crise des migrants en Europe et la COP 21 Sandrine Reboul-Touré (Université Sorbonne nouvelle - Paris 3) sandrine.reboul-toure@univ-paris3.fr Sophie Moirand (Université Sorbonne nouvelle - Paris 3) sophie.moirand@univ-paris3.fr Il s’agira davantage d’une analyse qualitative, mais aussi quantitative (logiciels ad-hoc) autour de la notion d’inégalité et du ressenti d’inégalité « montré » lors du traitement de deux événements mondiaux et internationaux : inégalité dans la façon de nommer les personnes qui contribuent à entretenir des sentiments identitaires négatifs, inégalité entre les pays qui contribuent à renforcer ces sentiments identitaires négatifs. Le corpus sera constitué de discours de presse, y compris à visée de vulgarisation, de « genres de l’information » sur lesquels nous avions essentiellement travaillé jusqu’à maintenant à propos du traitement de l’événement dans la presse quotidienne. On pourra prendre des « genres du commentaire » en tant que révélateurs des ressentis d’inégalités des auteurs que des ressentis d’inégalités montrés par les auteurs de ces commentaires, professionnels ou internautes, ou par des auteurs littéraires dans des genres fictionnels (dans la presse ou dans la littérature). On rappellera cependant les travaux antérieurs à titre de comparaison du traitement des notions d’égalité/inégalité et des notions associées dans leurs fonctionnements discursifs (sémantiques et énonciatifs) et on introduira l’inscription de l’émotion dans l’étude des cotextes et des contextes des mots de l’inégalité.
MATERIALIDADES MIDIÁTICAS: DISCURSIVIDADE EM FOCO Coordenador: Thiago Manchini de Campos (UFPI) thiago.manchini@ufpi.edu.br Resumo da mesa: O discurso midiático é, na atualidade, um potencializador de diferentes efeitos de sentido. Os suportes e materialidades no qual funciona apontam para seu caráter plural que constrói e legitima um lugar de interpretação de saberes relacionados a temáticas diversas. O objetivo desta comunicação coordenada é discutir o funcionamento de alguns discursos que se manifestam em diferentes materialidades - a tela, o grafiti, o fotojornalismo – mas que, devido a seu caráter midíatico, compreendido como um "meio" com a função de "comunicar", agem em diferentes instâncias do espaço público. Esperamos que o debate proposto sirva como reflexão de cunho teórico e analítico, centrado no fato de que o objeto "discurso" se constitui como o local privilegiado para se observar o funcionamento de linguagens que vão além do signo verbal. Deste modo, falar de discurso é sinalizar uma postura que considera a língua e outras linguagens como fato social e histórico, logo marcado por rupturas e desigualdades. Trabalhos dos Integrantes: Entre a paráfrase e a polissemia: fotojornalismo, memória e a representação da pobreza Thiago Manchini de Campos (UFPI) thiago.manchini@ufpi.edu.br Nesta comunicação irei discorrer sobre os usos da fotografia, no contexto do fotojornalismo, voltada para a temática da pobreza. Parto do pressuposto que, muito mais do que servir como instrumento de denúncia social, a materialidade imagética do 205
Resumos: Comunicações Coordenadas fotojornalismo, operando na tensão entre ficção e realidade, tem o efeito de estabelecer um espaço de interpretação que reforça, legitima e naturaliza o indivíduo na posição-sujeito sob a qual é retratado. A materialidade das imagens que serão analisadas é definida por duas memórias que conduzem o olhar: a) memória da prática do fotojornalismo, que delimita um certo leque e vocabulário de técnicas a serem adotadas; b) memória sobre o que é ser pobre, filiada a uma rede de discursos que têm na falta e na religião aspectos centrais. No entremeio dessas memórias vai se delineando um espaço de interpretação configurado como narrativa, tendo como efeito principal a naturalização do indivíduo na posição sujeito-pobre. Tal narrativa tem seu funcionamento caracterizado pela paráfrase (clichê/simulacro) e a polissemia (abertura do simbólico) constatando que toda e qualquer imagem, enquanto discurso, opera inscrita a uma rede de memória que é em si contraditória pois, ao limitar o que pode e deve ser dito, aponta para outros sentidos possíveis, porém silenciados. Apesar de compreender que a fotografia tem um viés social, o reconhecimento de que o funcionamento discursivo do fotojornalismo – assim como de outras instituições voltadas para a imagem – opera dentro de uma matriz neoliberal acarreta um golpe nas aspirações “sociais” do mesmo: de modo a circular, imagens de pobreza são tratadas como capital. Esta é a grande e principal contradição do fotojornalismo que, ao se apresentar como um modo privilegiado de lutar contra as “injustiças” sociais, contríbui para com a ficcionalização e perpetualização das mesmas. O corpus é constituído por imagens de fotojornalistas conhecidos por retratarem a desigualdade social e a análise tem como base teórica autores que discutem discurso (Pêcheux, Orlandi) e fotografia (Sontag, Kossoy, Machado). O muro da inclusão: condições de produção, interdiscurso e estratégias discursivas num ambiente de arte urbana João Benvindo de Moura (UFPI) jbenvindo@ufpi.edu.br O ambiente urbano configura-se cada vez mais como uma arena na qual formações discursivas diversas disputam sentidos, espaço e poder uma vez que trazem consigo um contexto, uma situação e uma memória. O presente trabalho tem por objetivo investigar as condições de produção, o interdiscurso e as estratégias discursivas presentes em frases escritas num muro da periferia de Teresina. O corpus desta pesquisa é constituído por um conjunto de, aproximadamente, duzentas frases devidamente fotografadas, do qual foram selecionadas oito – considerando-se os dois tipos discursivos mais recorrentes (religioso e literário) – sendo que seis delas são provenientes da bíblia e classificadas, portanto, como pertencentes ao tipo discursivo religioso cristão (três delas relacionadas ao Antigo Testamento e três retiradas do Novo Testamento) e duas catalogadas como discurso literário. Tais frases foram reproduzidas no muro pelas mãos de uma moradora da localidade, aqui reconhecida como artista urbana. Tratase de uma pesquisa qualitativa cuja base teórica está centrada nos postulados da Análise do Discurso de linha francesa. Os resultados apontam para a constituição de tipos discursivos religiosos e literários inseridos num contexto de arte urbana, cujas condições de produção remetem desde ao cativeiro da Babilônia e da Assíria até a era cristã, passando pelo Modernismo da literatura brasileira até chegar à reprodução de toda essa memória histórica e social num muro de concreto de uma grande cidade, em pleno século XXI. Neste percurso, as relações interdiscursivas e ideológicas estão centradas em estratégias discursivas que remetem a processos tais como a intergenericidade, a paráfrase e a polissemia. A presença de uma formação discursiva cristã associada a uma formação discursiva literária faz com que a população que por ali transita, mergulhada num ambiente de desigualdade social, seja influenciada pela diversidade de sentidos e construções ideológicas veiculadas por trás de simples frases. Conclui-se que a palavra é um signo ideológico por natureza, assumindo os sentidos que lhes são impostos pelo contexto histórico e social no qual está inserida. Os jovens e as telas: demonização ou divinização da esfera midiática? Cássio Eduardo Soares Miranda (UFPI) cassioufpi@gmail.com O presente trabalho discute o caráter performativo da esfera midiática na vida contemporânea e seus efeitos na constituição da subjetividade de jovens em idade escolar. A partir do conceito de “sobremodernidade” proposto por Marc Augé (AUGÉ, 2005), discutiremos os efeitos do excesso de informação e de imagens e como o “instantâneo” caracteriza a vida contemporânea. Em uma pesquisa realizada com adolescentes entre 10 e 17 anos, buscou-se verificar a relação existente entre as crianças e as telas: trata-se de uma relação de sedução, fascinação ou educação? A partir do conceito lacaniano de imaginário (LACAN, 1949; 1974), verificaremos se o “poder das imagens” faz com que elas ocupem o lugar das referências familiares e educacionais e quais seus efeitos nos laços sociais entre alunos e nas relações entre professor e aluno e entre aluno e conhecimento. Se o aluno contemporâneo tem sido caracterizado como um “aluno multimídia”, problematizaremos o modo como o sujeito comunicante (CHARAUDEAU, 2005) se inscreve no circuito comunicacional contemporâneo. Do mesmo modo, pretende-se verificar se o discurso demonizado por parte dos pais e professores se concretiza na relação dos jovens com as telas.
DISCURSOS DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: REPRESENTAÇÕES, FORMAÇÃO E (DES)CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA Coordenadora: Vanderlice dos Santos Andrade Sól (IFMG- Campus Ouro Preto) vanderlice.sol@ifmg.edu.br Resumo da mesa: Esta sessão coordenada visa apresentar quatro estudos desenvolvidos no campo da Linguística Aplicada que apresentam discursos na/da formação de professores de línguas estrangeiras (LE), arrolando representações e a (des)construção nas trajetórias identitárias de professores em contextos distintos. A primeira investigação traz como objeto de estudo o Programa Institucional 206
Resumos: Comunicações Coordenadas de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e problematiza as representações dos alunos-pibidianos em relação aos professores de inglês da rede pública de ensino. O estudo é um recorte de uma pesquisa de doutorado, em andamento, sobre um subprojeto do PIBID-letras/Inglês, realizado em uma universidade localizada no Vale do Jequitinhonha/MG. A segunda comunicação objetiva investigar as representações dos sujeitos-professores de espanhol sobre a Lei 11.161/2005 e seus efeitos de sentido no processo de ensino da Língua Espanhola e na constituição subjetiva do professor. O terceiro estudo lança luz sobre o/a professor(a) de língua inglesa em contextos de privação de liberdade, atentando para as vozes, o fazer pedagógico e à constituição identitária do professor. A quarta comunicação visa investigar as representações de professores sobre um projeto de educação continuada para professores de língua inglesa. A investigação traz problematizações sobre a educação continuada para além do suprimento de soluções para as possíveis falhas do professor, baseando-se nas contribuições das perspectivas discursiva, desconstrutivista e psicanalítica. Os quatro estudos baseiam-se em princípios e procedimentos da análise de discurso e apontam para a importância de se problematizar e refletir sobre as contingências do trabalho do professor de LE, sua constituição identitária e suas trajetórias de formação inicial e continuada. Trabalhos dos Integrantes: A (des)construção de representações sobre professores de inglês de escolas públicas através do programa Pibid-LetrasInglês Kátia Honório do Nascimento (UFVJM e UFMG) cathianas@gmail.com Esta comunicação se propõe a apresentar parte do corpus de uma pesquisa de doutorado, em andamento, sobre um subprojeto do PIBID-letras/Inglês, realizado em uma universidade localizada no Vale do Jequitinhonha/MG. Esta região sempre apresentou uma carência bastante acentuada em relação à formação docente inicial e continuada e dificuldades dos professores em buscar formação fora de seu espaço social e de trabalho. Tendo em vista essa condição, o PIBID se faz como uma importante ferramenta para a área de formação de professores, quando um dos seus objetivos consiste em incentivar o contato e experiências formativas de licenciandos ao magistério, ainda no período da graduação. Buscamos nos concentrar em um estudo no campo da Linguística Aplicada com atravessamentos teóricos das perspectivas discursiva (PÊCHEUX, 1975/2009, 1969/2010, 2012; ORLANDI, 2012, 2013; TEIXEIRA, 2005, dentre outros), psicanalítica FREUD, 1899/1996, 1914/1996; LACAN, 1964/2008), desconstrutivista derridiana (DERRIDA, 1972/1991, 1995/2001, 1972/2005) e pela contribuição do trabalho de Authier-Revuz (1998, 2004) e da Linguística textual (KOCH, 2006, 2010) para problematizarmos as representações dos alunos-pibidianos em relação aos professores de inglês de escolas públicas. O estudo foi realizado através de entrevistas semiestruturadas e de narrativas escritas pelos participantes. Percebemos, com o estudo, que algumas representações se alteram de forma positiva e outras se cristalizam ainda mais negativamente durante a execução do projeto. Nossos gestos de interpretação apontam que, tal qual phármakon, o PIBID se faz remédio e veneno para a formação docente ao (de)frontar, ao colocar o discente (de) frente (com) (a)o cotidiano escolar com seus (dis)sabores, suas contingências, desafios, mal-estares e (des)autorização docente, que subjazem as subjetividades dos professores de inglês na atualidade. Apontamos para a necessidade de um trabalho no PIBID que extrapole as dimensões didático-pedagógicas do trabalho docente, propostas no projeto nacional, e desconstrua imagens de mestria e de prática docente que, como Lajonquière (2011) propõe, não é a que faz realmente falta no processo de formação de professores, antes sim é aquela da qual nada se sabe e nada se quer saber. Representações acerca da língua espanhola como valor na dimensão escolar, currícular e para os estudantes Fernanda Peçanha Carvalho (UFMG) nandafale@yahoo.com.br Com o desejo que o ensino de língua espanhola alcance um espaço de excelência e visibilidade na realidade escolar brasileira desenvolvi minha pesquisa de mestrado, inserida na Linguística Aplicada, que teve como objetivo geral investigar representações dos sujeitos-professores de espanhol como língua estrangeira (doravante E/LE) sobre a Lei 11.161/2005 e seus efeitos de sentido no processo de ensino da Língua Espanhola e na constituição subjetiva do professor. O percurso teórico-metodológico foi desenvolvido a partir do corpus de pesquisa constituído por dizeres de professores de espanhol de Belo Horizonte e região metropolitana e do texto integral da Lei Nº 11.161/2005. O aporte teórico está ancorado na Análise de Discurso franco-brasileira que parte dos estudos pecheutianos em interface com a psicanálise lacaniana. Empregou-se como dispositivo de análise dos fatos linguísticos de nosso corpus a interpretação (ORLANDI, 2012), as ressonâncias discursivas (SERRANI-INFANTE, 1998), as noções de intra e interdiscurso (PÊCHEUX, 1974), algumas modalidades da heterogeneidade enunciativa (AUTHIER-REVUZ, 1998, 2004) e noções tomadas da psicanálise. Dialoguei também com conceitos referentes aos estudos culturais sobre globalização e pós-modernidade. Ao identificar as representações sobre a língua como valor na dimensão do espaço escolar, por um lado, depreendi o efeito de militância; por outro lado, indícios da desresponsabilização do sujeito-professor, permitindo que a valorização do E/LE seja atribuída a diversas interpretações que os outros dão à Lei, que institui a língua como disciplina escolar. Na análise dessas representações, vislumbrou-se como os modos de gozo incidem na constituição subjetiva dos professores, mortificando-os através das queixas ou vivificando-os através das ideias criativas. As representações do valor atribuído à língua no currículo da escola deslizam entre o campo semântico da relevância e o da irrelevância, e nas representações dos professores sobre o valor da disciplina Língua Espanhola para os estudantes, são empregados enunciados que remetem à língua para a comunicação e de valor quantitativo. O valor do E/LE é representado como mais uma língua para um repertório global de línguas, imaginariamente, demandado pelo mercado de trabalho.
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Resumos: Comunicações Coordenadas O professor de inglês de contextos de privação de liberdade: vozes, formação, representações e identidade Valdeni da Silva Reis (UFMG) valdeni.reis@gmail.com Pouco sabemos sobre o ensino e a aprendizagem (de língua estrangeira - LE) em contextos de privação de liberdade. Nesta mesma direção, a formação de professores que atuam ou atuarão no complexo contexto de privação de liberdade é um universo geralmente ignorado em nossos currículos, programas educacionais para o ensino de LE ou em nossas pesquisas acadêmicas. Defendendo a necessidade de adentrar esse contexto educacional, olhando para o sujeito que nele atua, a presente proposta objetiva apresentar projeto de pesquisa que visa lançar olhar sobre o/a professor(a) de língua inglesa em contextos de privação de liberdade. A pesquisa ainda em sua fase inicial, procura compreender a formação e a atuação do/da professor(a) de inglês neste contexto particular, sua relação consigo, com este espaço, com o outro e também com a língua que deve ser ensinada por ele/ela. Estaremos focados nos movimentos dessas relações a fim de nos aproximarmos do modo como as representações deste sujeito são demarcadas, (re)produzidas e mobilizadas, constituindo tanto a identidade desse sujeito-professor de língua estrangeira, quanto seu fazer pedagógico e seu dizer sobre sua prática. Em momentos distintos da pesquisa, questionários e entrevistas serão delimitados com professores de língua inglesa em unidades socioeducativas e em presídios do estado de Minas Gerais. Os métodos e procedimentos do referido estudo são concebidos em pilares de pesquisas quantitativas e em princípios e procedimentos da análise de discurso. Deste modo, cremos ser necessário investigar a formação deste/desta professor(a), suas angústias, conflitos e as representações que mobilizam ou estagnam sua constituição identitária moldando sua prática e seu posicionamento. Nossa investigação estará, por fim, atenta à voz, ao fazer e à constituição identitária do professor de inglês em contextos de privação de liberdade acreditando que este sujeito tem sido ignorado em seu fazer importante e, igualmente solitário, ignorado e até discriminado, sócio e profissionalmente. Mexeu com a gente, foi mexer com quem tava quieta, adormecida: educação continuada, (in)esperado e (re)invenção Vanderlice dos Santos Andrade Sól (IFMG -Campus Ouro Preto) vanderlice.sol@ifmg.edu.br A educação continuada (EC) surgiu no Brasil a partir da década de 1990, como alternativa para a formação do professor; é definida como um processo de desenvolvimento profissional em constante movimento, ou seja, ela deve ser considerada de maneira processual e não como um produto (GARCIA, 1992). Segundo Sól (2014, p. 233), “é inegável a necessidade e os benefícios da escuta aos professores, em contextos de EC, considerando as possibilidades que esse contexto apresenta para instaurar novos olhares para a própria prática, não apenas dos professores, mas de todos os envolvidos na empreitada da EC. Ela está para além do suprimento de soluções para as possíveis falhas do professor, pois se ancora na tomada de responsabilidade por parte dos envolvidos”. Este estudo é um recorte de uma pesquisa de doutorado e visa investigar as representações de professores sobre um projeto de EC para professores de língua inglesa. A investigação baseia-se nas contribuições das perspectivas discursiva, desconstrutivista e psicanalítica. Este trabalho se constitui em uma pesquisa que estabelece a relação intra e interdiscursiva, cuja modalidade seguirá uma abordagem metodológica que privilegia diferentes possibilidades de interpretação sobre o material discursivo a analisado. A trajetória teórico-metodológica deste estudo está ancorada no atravessamento das perspectivas discursiva ((FOUCAULT, [1969] 2009); PÊCHEUX, 1988; ORLANDI, 2005); AUTHIER-REVUZ, 1998 e outros), psicanalítica freudo-lacaninana (FREUD, [1901] 1996); LACAN, 1998 e outros) e desconstrucionista (Jacques Derrida ([1972c] 2001). Os participantes foram sete professoras da rede pública de ensino do Estado de Minas Gerais egressas de um projeto de EC. O corpus foi formado por meio de questionários abertos, entrevistas semiestruturadas, narrativas, filmagens de aulas e notas de campo. Os resultados revelam que o projeto de EC é representado como o lugar de segurança e conforto, fonte do saber, da verdade e lugar de solucionar problemas. Nessa perspectiva, as professoras justificam suas ações, seus modos de agir e pensar pautados em um antes e um depois do projeto. Os dizeres das professoras revelam que mudanças aconteceram tanto no campo profissional quanto no pessoal e que a (des)construção nas trajetórias das professoras se deu pela via dos rastros e dos “indecidíveis” derridianos.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: DIVERSIDADE E TRANSCULTURAÇÃO Coordenadora: Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS) vguerra1@terra.com.br
Resumo da mesa: Pretendemos trabalhar sob a temática "Sociedade contemporânea: diversidade e transculturação", cujo argumento central gira em torno da ideia de que pensar e viver no mundo atual passa pelo reconhecimento da pluralidade e diversidade de sujeitos e de culturas com base no respeito e hospitalidade, concebendo as diferenças culturais não como sinônimo de inferioridade ou desigualdade, mas equivalente a plural e diverso. Dessa feita, propõe-se valorizar, a partir dos quatro diferentes textos, no processo formativo dos sujeitos, a necessidade e importância de se reconhecer e acolher identidades plurais. O primeiro texto vem propor uma reflexão baseada nos postulados de uma epistemologia crítica biográfica fronteiriça que discute o hibridismo e a identidade, a partir da discussão baseada nas teorias pós-ocidentais e nas teorias do pós-colonialismo. O segundo texto, pautado na perspectiva teórica pós-colonialista, na visão desconstrutivista de Derrida e na arqueogenealogia foucaultiana, problematiza as relações históricas, sociais e culturais do povos indígenas, sofridas a partir da colonização, a partir de um material didático. O terceiro texto mobiliza reflexões pautadas em práticas artísticas a partir da divers(al)idade, da (trans)(cultura)(ação) entre os lugares geofísicos e os sujeitos — as biogeográficas, erigidas a partir de um lócus enunciativo encravado na tríplice fronteira 208
Resumos: Comunicações Coordenadas (Brasil/Paraguai/Bolívia), como é o caso de Mato Grosso do Sul. O quarto texto vem refletir sobre as manifestações literárias em Mato Grosso do Sul, a partir dos estudos acerca de regiões culturais e/ou microrregiões que conduzem ao mapeamento da constituição do elemento regional, cujo aporte emerge com a noção cultural de “transculturação narrativa”. A proposta de trabalho pretende trazer contribuições sobre os desdobramentos possíveis a partir de diferentes pesquisadores brasileiros, em diferentes lugares de enunciação, embora saibamos que nenhuma discussão/reflexão possa exaurir o debate e as possibilidades de intersecções que a temática das (des)igualdades sociais provoca no bojo das Ciências Humanas. Trabalhos dos Integrantes: Um olhar discursivo sobre a cartilha "povos indígenas em espaços urbanos": transculturação e identidade Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS/CNPq) vguerra1@terra.com.br A circulação de acontecimentos discursivos tem demonstrado, na atualidade, que a presença de indígenas nas cidades tornou-se fato recorrente e os motivos que os levam para os contextos urbanos são os mais diversos, especialmente a luta por seus direitos e a reconstrução de suas relações e organizações. E como tais acontecimentos são efeitos de discursos que intervém na produção social de sentidos, e se materializam na/pela língua(gem), o objetivo dessa pesquisa é refletir sobre o processo identitário de indígenas sul-mato-grossenses da contemporaneidade a partir de discursos veiculados na cartilha denominada "Povos indígenas em espaços urbanos", publicada por ocasião da "Semana dos Povos Indígenas", realizada de 14 a 20 de abril de 2008 e organizada por Cledes Markus, com apoio do Conselho de Missão entre Índios (COMIN). Com um olhar crítico pautado na perspectiva teórica pós-colonialista, na visão desconstrutivista de Derrida e na arqueogenealogia foucaultiana, problematizamos as relações históricas, sociais e culturais desses povos, sofridas a partir da colonização. Este estudo considera a proposta teórica transdisciplinar, que se apóia na Análise do discurso de perspectiva francesa, a partir dos estudos de Pêcheux (2009, 1990) e de Coracini (2007, 2010, 2011), a fim de investigar possíveis marcas de exclusão deixadas pelo período colonial no texto da cartilha, que influenciam no deslocamento identitário desses grupos sociais. Dessa perspectiva, a materialidade da cartilha nos interessa em razão dos objetivos do discurso nela traçados, tais como o conhecimento, o respeito e a troca de informações com os povos indígenas. É possível dizer que o discurso da cartilha afirma, como pretensa referencialidade, ter o objetivo de ouvir e olhar para grupos de diferentes povos, que vivem em espaços urbanos, para mostrar o contexto, o cotidiano, a luta e os desafios da vida em cidades como Campo Grande, Dourados (MS), entre outras. No que tange à divisão temática, a primeira parte é elaborada para crianças, a segunda volta-se para o público juvenil, servindo também como fonte de informações para educadores na direção de orientar, animar e facilitar as reflexões. A (des)ordem epistemológica do discurso fronteiriço Edgar Cézar Nolasco (NECC/UFMS; PACC\UFRJ) ecnolasco@uol.com.br Tendo por base o lócus enunciativo de onde vivo, trabalho e penso, a UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL –UFMS e, por extensão, a zona de tríplice fronteira (MS-BRASIL\PARAGUAI\BOLÍVIA), proponho uma reflexão ─ assentada nos postulados de uma epistemologia crítica biográfica fronteiriça ─ que visa discutir, entre outros, os conceitos de hibridismo e de identidade. Para a discussão proposta, serão fundamentais as teorias pós-ocidentais defendidas por Walter Mignolo, entre outros latinos, bem como as discussões acerca do pós-colonialismo propostas por Homi Bhabha e outros. Do crítico argentino, destaco os livros Histórias locais\Projetos globais (2003), Desobediência epistêmica (2010) e El vuelco de la razón (2011). Já de Bhabha, detenho-me no livro O local da cultura (1998), por entender que ali o autor se vale do conceito de “hibridismo” que permite a discussão que busco fazer. Afora os dois conceitos mencionados, também serão fundamentais para sustentar minha proposição crítica os conceitos de “diferença colonial”, “opção descolonial”, “desobediência epistêmica”, “identidade em política”, “teorias itinerantes” e o de “transculturação”. Todos esses conceitos sustentam, ou passam, por uma desordem epistemológica que ancora o que aqui estou denominando por discurso fronteiriço. Da reflexão proposta, sobressaem duas posições que permeiam o posicionamento da crítica contemporânea: uma diz respeito ao lócus geoistórico de onde a enunciação crítica está sendo feita, permitindo, assim, que o crítico, ou intelectual, se posicione diante do discurso crítico proposto. Esta primeira posição mostra, por conseguinte, a importância da relação dentro x fora, centro x periferia, apesar de tais limites apenas fazerem sentido numa discussão de ordem conceitual. Já a segunda posição, apesar de não ignorar os postulados teórico-críticos da epistemologia moderna que costumeiramente migraram dos centros para as bordas do mundo ocidental, pontua a importância de uma crítica fronteiriça se deter na exterioridade do discurso moderno eurocêntrico e mostrar, por conseguinte, que tal reflexão se sustenta em suas bases epistemológicas por fora da interioridade dos discursos imperiais modernos que se alojaram dentro das discussões críticas feitas nas bordas dos grandes centros euro-norte-americanos. Fronteiras culturais (différences) (coloniales): biogeografias e (des)igualdades sociais Marcos Antônio Bessa-Oliveira (UEMS - NAV(r)E/NECC) marcosbessa2001@uol.com.br As demandas culturais contemporâneas situam-nos em lugares recheados de conceitos e preconceitos. Nas produções em artes tais demandas não o são diferentes. Especialmente quando se pensa em produções artísticas (críticas, práticas e pedagógicas) que estão sendo erigidas a partir de um lócus enunciativo encravado na tríplice fronteira (Brasil/Paraguai/Bolívia) como é o caso de Mato Grosso do Sul. O que se poderia dizer de “Sociedade contemporânea: diversidade e transculturação” nesse lugar toma um “color” discursivo enunciativo, como diria Mignolo (2003), de uma diversalidade outra, sobretudo porque nesse lócus fronteiriço de onde formulo minhas reflexões pautadas em práticas artísticas a divers(al)idade, a (trans)(cultura)(ação) entre os lugares 209
Resumos: Comunicações Coordenadas geofísicos e os sujeitos — as biogeográficas — estão sempre em movimentos de (e)(i)migrações. Por conseguinte, deve haver, teórico e criticamente, uma preocupação por parte de artistas, teóricos, críticos e professores das artes em conceituar esses muitos ‘agoras’ das/nas produções artísticas (discursivas, porquanto) que nos obrigam situar – logo, as (e)(i)migrações biogeográficas – as desigualdades, identidades, pluralismos e culturas de uma(s) perspectiva epistemológica que melhor possa contemplar os “irem” e “virem” da contemporaneidade cultural. Nesse sentido, aprioristicamente cabe dizer que o mundo todo está trans(itando)culturando na atualidade. Seja por uma perspectiva da necessidade, seja por uma visada voluntária, as biogeografias estão transladando continentes – por mar, pelo ar ou por terra – em busca de igualdades, identidades (a fim de pertencimentos), pluralidades e liberdades culturais. Por isso, neste trabalho pretendo refletir a partir de algumas epistemologias contemporâneas: O local da cultura (BHABHA, 1998); Histórias locais/Projetos globais (MIGNOLO, 2003); A mobilidade das fronteiras (HISSA, 2002); Diáspora (HALL, 2009); Escritura e a diferença (DERRIDA, 2009); Paisagens Biográficas (BESSA-OLIVEIRA, 2014) etc. Tais perspectivas epistemológicas, se, por um lado, podem até não dialogar entre si, por outro elas me são pertinentes até na (não)conversa, mas como conversação, tendo em vista a ideia de que no meu lugar biogeográfico – de onde falo e das produções para as quais quero ter meu discurso melhor compreendido – a (in)compreensão do (extra)(nho)(ngeiro) é condição sine qua non para sobrevi(da)vência dos sujeitos, lugares e práticas artístico-culturais.
Uma literatura de fronteira: encontro dos povos e de suas culturas Zélia R. Nolasco dos S. Freire (UEMS) zelianolasco@gmail.com O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as manifestações literárias em Mato Grosso do Sul, buscando nos estudos acerca de regiões culturais e/ou microrregiões que conduzem ao mapeamento da constituição do elemento regional, cujo aporte emerge com a noção cultural de “transculturação narrativa” (Rama, 2001). Dessa perspectiva sublinha-se a necessidade de verificação da representação e legitimidade das narrativas brasileiras contemporâneas, frequentemente afastadas para as margens ou como “vozes nas sombras” (Dalcastagnè, 2008). Desse modo, constatamosaimportância das obras literárias de escritores sulmato-grossenses como representação de fatoshistóricos e culturais de um povo e de uma época.Sublinha-se, assim, uma perspectiva teórico-crítica,cuja proposta visa refletir acerca das produções regionais enquanto narrativas que são tessituras do local, a partir das quais os autores/escritores formularam diversas abordagens de um entorno comum.Por esse viés, a riquíssima obra de Hélio Serejo é objeto que nos proporciona discutir criticamente as produções culturais periféricas, tendo por fundamentação uma visada epistemológica específica dos locais geoistóricos, tanto no tocante aos loci das próprias produções, quanto do lócus de onde o intelectual erige seu discurso crítico. Para Serejo, o ser fronteiriço significa mais do que viver nos limiares geográficos; significa “respirar” os “ares” culturais que vem de outros lugares e que convergem na fronteira. Reflexão essa que se apoia em teoria e noções que são de interesse da literatura comparada, como o processo de transculturação na América Latina, a intertextualidade, a descolonização cultural, a carnavalização do seu discurso, a desterritorialização, o hibridismo cultural e literário, a busca da identidade cultural e da consciência latino-americana no contexto sócio-político, histórico e cultural no qual as obras e seu autor se inserem. Fundamenta-se esse estudo nas contribuições de dois teóricos latinoamericanos, o etnólogo cubano Fernando Ortiz, pioneiro do conceito de transculturação, e o crítico literário uruguaio Ángel Rama, teórico da transculturação narrativa na América Latina.
VOZES E SILÊNCIOS DOS EXCLUÍDOS NA MÍDIA: A REPRESENTAÇÃO DOS SEM-PALAVRAS Coordenador: Wander Emediato de Souza (UFMG/NAD) wemediato@gmail.com Resumo da mesa: O objetivo desta sessão será o de discutir o problema da representação de excluídos (atores sociais marginalizados, anônimos, minorias, etc.) nas mídias, os quais designamos de "sem-palavras". Referimo-nos, aqui, em especial, àqueles coletivos e grupos sociais que raramente podem se expressar e cujos pontos de vista são em geral representados por vozes autorizadas e legitimadas, o que coloca um problema relevante em relação ao que Michel Foucault (1969, 1970) denominava de princípio de "rarefação" dos discursos. Nem todo mundo tem direito à palavra, nem todos podem exercer o poder do discurso. O exercício do discurso é controlado, distribuído e organizado, ele deve obedecer à ordem do discurso. Assim, os trabalhos que serão apresentados aqui analisarão os diferentes modos como a mídia pode representar as vozes desses excluídos, ou mesmo silenciá-las e quais princípios parecem reger esse "contrato midiático" (Charaudeau, 2005) nesses jogos de representação das vozes do outro. A representação de pontos de vista no discurso é um problema que diz respeito tanto às teorias do discurso quanto às teorias da enunciação. Nas teorias do discurso, esse problema nos leva a refletir sobre a questão da legitimidade e do poder, quem está autorizado para falar, quais são as fontes dessa legitimidade e quem não tem direito à fala, ator desautorizado, cuja voz só surge através de porta-vozes legitimados, vozes terceiras que falam em seu nome. Esse problema, de natureza complexa, está relacionado ao princípio de rarefação do discurso, dos mecanismos de sua distribuição e de seu controle (Foucault, 1969; 1970). Nas teorias da enunciação, tal questão se vincula a não menos complexa problemática da polifonia e do dialogismo, sobre como se dá a gestão interacional dos pontos de vista e à hierarquização de vozes e enunciadores nos textos (Rabatel, 2005). Neste trabalho, buscamos relacionar certas problemáticas do discurso (Foucault, Charaudeau, Maingueneau) e da enunciação (Bakhtin, Rabatel) para compreender o funcionamento desses discursos de representação, através de vozes autorizadas, desses atores sociais excluídos da ordem do discurso. Vozes silenciadas e apenas parcialmente representadas por atores legitimados para falar em seu nome. A título de exemplificação, mostraremos como esses fenômenos discursivos e enunciativos interagem em reportagens sobre a violência em periferias urbanas brasileiras. 210
Resumos: Comunicações Coordenadas
Trabalhos dos Integrantes: A palavra representada dos excluídos: vozes autorizadas, vozes silenciadas Wander Emediato (UFMG/NAD) wemediato@hotmail.com A representação de pontos de vista no discurso é um problema que diz respeito tanto às teorias do discurso quanto às teorias da enunciação. Nas teorias do discurso, esse problema nos leva a refletir sobre a questão da legitimidade e do poder, quem está autorizado para falar, quais são as fontes dessa legitimidade e quem não tem direito à fala, ator desautorizado, cuja voz só surge através de porta-vozes legitimados, vozes terceiras que falam em seu nome. Esse problema, de natureza complexa, está relacionado ao princípio de rarefação do discurso, dos mecanismos de sua distribuição e de seu controle (Foucault, 1969; 1970). Nas teorias da enunciação, tal questão se vincula a não menos complexa problemática da polifonia e do dialogismo, sobre como se dá a gestão interacional dos pontos de vista e à hierarquização de vozes e enunciadores nos textos (Rabatel, 2005). Neste trabalho, buscamos relacionar certas problemáticas do discurso (Foucault, Charaudeau, Maingueneau) e da enunciação (Bakhtin, Rabatel) para compreender o funcionamento desses discursos de representação, através de vozes autorizadas, desses atores sociais excluídos da ordem do discurso. Vozes silenciadas e apenas parcialmente representadas por atores legitimados para falar em seu nome. A título de exemplificação, mostraremos como esses fenômenos discursivos e enunciativos interagem em reportagens sobre a violência em periferias urbanas brasileiras.
Aforizações, vozes e silêncios dos excluídos nas mídias Glaucia Muniz Proença Lara (FALE/NAD/UFMG) gmplara@gmail.com Em pesquisas anteriores (vide Campos & Lara, 2012; 2013), constatamos, num conjunto de sete reportagens publicadas nas revistas IstoÉ, Veja e Carta Capital, sobre a ocupação do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, pelo Exército e pela Polícia Militar, que a voz privilegiada era, via de regra, a dos dirigentes (Governador, Secretário de Segurança do Estado etc), sendo a voz dos moradores da referida favela sistematicamente “apagada”. Em outras palavras, as falas que figuravam, em discurso relatado, nas referidas reportagens, eram, normalmente, as da classe dominante e não as daqueles que conviviam diariamente com as dificuldades de morar numa favela e lidar com a violência do tráfico de drogas. Articulando essa questão com pesquisas mais recentes que vimos desenvolvendo sobre a noção de aforização, proposta por D. Maingueneau (2012) no âmbito da Análise do Discurso francesa, nosso objetivo maior será verificar como jornais impressos de ampla circulação no Brasil gerenciam a voz dos excluídos quando destacam, de notícias e reportagens que tratam desses indivíduos (pessoas em situação de extrema pobreza, homossexuais, imigrantes/refugiados, índios etc), enunciados que serão transformados em títulos, intertítulos e legendas de foto de suas matérias. Trabalharemos, pois, com aforizações secundárias (aquelas que são “recortadas” de um texto), num período de quatro meses (de março a junho de 2016), observando: 1) se a voz dos excluídos é mencionada ou, ao contrário, silenciada no que tange a essas “pequenas frases” destacadas de um texto; 2) que semelhanças/diferenças podem ser observadas entre os jornais mobilizados. Assumimos, assim, que se as mídias não são a única instância responsável pela construção da opinião pública, não podemos perder de vista sua influência nesse processo, na medida em que, ao destacar determinados enunciados e não outros, que estariam igualmente disponíveis, elas vão (con)formando imagens dos eventos noticiados e dos atores que deles participam. Os modos de controle da irradiação da fala política: as sobreasseverações em debate André William Alves de Assis (UEL-PNPD/CAPES – NAD/FEsTA) assis.awa@gmail.com A proposta deste trabalho é analisar a produção de sobreasseverações nas falas dos candidatos à presidência do Brasil, a partir de um corpus composto por quatro debates televisivos veiculados no segundo turno das eleições de 2014. Parte-se do princípio de que os debates políticos são acontecimentos duplamente orientados pelas mídias e pela política, e que as condições de produções da fala política, que definem, mais ou menos, suas características e o lugar de circulação do gênero, interferem também nas produções de falas sobreasseveradas. As análises demonstram a recorrência de tentativas de controle da irradiação da fala política, processos bastante sofisticados e reguladores sobre aquilo que é dito e sobre a adaptação dos candidatos às cenografias dos debates, capazes de criar, na cenografia mais fechada do gênero, cenografias periféricas que singularizam os candidatos. As sobreasseverações classificadas neste trabalho são produtos que advêm da relação de irradiações interna e externa à enunciação dos debates, processos reveladores de sujeitos que tentam antecipar o destacamento de suas falas e que reconhecem o alcance daquilo que dizem, a partir da enunciação dos debates. O alcance da irradiação, a partir do debate como núcleo genérico, parece ser relativamente estável no campo midiático, embora sempre haja espaço para novas possibilidades, sobretudo por causa dos avanços tecnológicos, atrelados ao surgimento de novos gêneros ou à adaptação de gêneros já existentes na conjuntura social.
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Resumos: Comunicações Coordenadas
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Resumos: Comunicações Individuais
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Communications individuelles | Comunicaciones individuales | Individual Presentations
A-Z
Os resumos estão classificados por ordem alfabética (Nome dos Autores Principais). Les résumés sont classés par ordre alphabétique (Prenom et Nom des auteres principaux). Los résumenes están clasificados por orden alfabético (Nombre del los autores principales). Abstracts in alphabetical order (by main authors’ name).
O ethos profissional construído pelos ombudsmans da Folha de São Paulo Adélia Barroso Fernandes (UNIBH) adeliabfernandes@gmail.com O jornalismo vem recebendo críticas, especialmente a partir da década de 1980, pelo seu distanciamento dos problemas sociais e do uso das mazelas sociais de forma apelativa para obter lucros. Para alguns teóricos, como Traquina (2001) e Silva (2002), o jornalismo tem sido excessivamente negativo em relação às questões mais cotidianas dos cidadãos. Numa tentativa de resgatar a credibilidade com seus receptores, os jornais têm apresentado algumas mudanças. Nesse esforço, a Folha de S.Paulo institui, há 25 anos, a função de ombudsman, um ouvidor que atende os leitores e critica o jornal internamente. Esse trabalho tem como objeto de análise as críticas que os ombudsman da Folha de S.Paulo dirigem ao próprio jornal e as estratégias discursivas utilizadas para a construção do ethos profissional desses profissionais entre 1989 e 2014. Palavra de origem sueca, ombudsman significa, originalmente, homem que representa os cidadãos nas instâncias governamentais. Mais tarde, a figura do ombudsman passou também a ser incorporado por empresas, nas ouvidorias e nos serviços de atendimento ao consumidor (Sac), estabelecendo um elo entre a empresa e seus públicos. No Brasil, o primeiro jornal a adotar essa figura foi a Folha de S.Paulo, em setembro de 1989 e o jornalista Caio Túlio Costa inaugurou a atividade. Os 12 ombudsmans que passaram pela Folha de S. Paulo, nesses 25 anos, contribuíram, cada um à sua maneira, para a construção de uma agenda de temas e do ethos profissional. A noção de ethos, a construção da imagem de si, será importante para tentar entender a construção do ethos profissional do ombudsman. Charaudeau e Maingueneau (2006, p. 220) lembram que o termo ethos veio da retórica antiga e designa a imagem que o locutor constrói de si, em seu discurso, para influenciar seu público. Essa noção foi retomada e atualizada na Análise do Discurso e ajuda demonstrar a busca de legitimidade do enunciador em seu discurso. O discurso proferido pelos ombudsmans apóia-se num ethos profissional que pode ser melhor observado depois de 25 anos da primeira publicação de Caio Túlio Costa.
Texto, discurso e multimodalidade: imagem da ama-de-leite e suas representações socioculturais no Nordeste patriarcalescravocrata Adelson Florencio de Barros (UNINORTE) profadelsonbarros@hotmail.com Este texto está situado na Análise Crítica do Discurso com as vertentes sociocognitivas (Van Dijk: 1997), Social (Fairclough:2001 e Thompson:2011) e da semiótica social (Kress e Van Leeuwen:2001). Tem-se por tema os papéis sociais atribuídos aos negros adultos durante a escravidão em Pernambuco por Gilberto Freiyre. Justifica-se a pesquisa realizada na medida em que há uma divergência de opiniões a respeito da obra de Gilberto Freyre, segundo alguns ela retrata a escravidão brasileira pelo olhar do negro, segundo outros ela retrata a escravidão brasileira pelo olhar do branco, do senhor. As bases teóricas são da ACD onde serão tratados aspectos da cognição humana relativos à produção de sentidos com recursos de memória a partir de contextos, trata-se também da relação entre imagens e cores a partir da multimodalidade proposta na semiótica social crítica. Cabe mencionar que todas as formas de conhecimento são representações mentais, construídas no e pelo discurso. Assim, Van Dijk (1997) postula três categorias analíticas: Sociedade, Cognição e Discurso. Tem-se por objetivos: 1. Verificar as representações em língua dos papéis sociais dos escravos na obra de Gilberto Freyre. 2. Verificar quais relações esses papéis exerciam na estrutura social da época. Os resultados aqui apresentados são parciais e participa de uma pesquisa mais ampla a respeito dos diferentes papéis sociais atribuídos durante a escravidão aos negros em Pernambuco. Os resultados obtidos até o momento indicam que inúmeras gerações se formaram embaladas no colo das escravas domésticas, amas-de-leite, mães pretas. Essa relação social criada no cenário da escravidão imortalizou-se em inúmeros retratos por todo o Brasil. Escolhidas dentre as mais limpas, mais bonitas, mais fortes, excluídas de qualquer tarefa 213
Resumos: Comunicações Individuais doméstica mais pesada, eram obrigadas a dividir seu leite com os filhos das senhoras, que não tinham condições ou não queriam amamentá-los. Atendia aos filhos de seu senhor como se fossem seus. E assim, ao tornar‐se literalmente a “mãe de criação” dessas crianças, a ama era incorporada à família senhorial como uma escrava de outro quilate. É muito ambígua, portanto, essa relação social entre mãe preta e filho branco, expressa no laço afetivo entre pessoas pertencentes a diferentes status e hierarquias.
El discurso sobre la discapacidad: desigualdad y exclusión generalizadas Adrián Vergara Heidke (Universidad de Costa Rica) adrian.vergara@ucr.ac.cr Según el modelo social, la discapacidad se concibe como la situación de desventaja que enfrenta una persona con una deficiencia y que se genera por la relación de esa condición de salud y las barreras del entorno (Palacios, 2008): la discapacidad surge de la interrelación entre la condición de la persona y la posibilidad de desarrollarse en un entorno determinado. En este marco, el estudio del discurso entendido como un modo de significar la experiencia (Fairclough, 2008) es fundamental para comprender las contrucciones que circulan en la sociedad y determinan actos, actitudes y productos concretos que generan desigualdad y exclusión social hacia las personas con discapacidad (denominación en Costa Rica). Sin embargo, la investigación sobre este discurso también se encuentra en una situación de exclusión dentro de la academia y de los estudios del discurso (Grue, 2011) si se le compara con trabajos sobre género, xenofobia, racismo, pobreza, criminalidad o política. En este proyecto de investigación nos propusimos identificar el discurso sobre la discapacidad que se manifestaba en tres géneros textuales distintos: Asamblea Legislativa de Costa Rica, historias de vida de personas con discapacidad y grupos de discusión con madres de niño/as con discapacidad. Conceptualizamos el discurso como un sistema de conocimiento (Jäger, 2003) y lo abordamos desde una perspectiva crítica. Además, nos posicionamos dentro del modelo social sobre la discapacidad, por cuanto lo consideramos la mejor postura para trabajar por la inclusión social de las personas con discapacidad. La metodología fue: identificar y marcar categorías generales; seleccionar fragmentos textuales representativos de cada categoría; construir posibles implicaciones; y, finalmente,recurrir a categorías lingüísticas específicas útiles para la explicación y comprensión de cada fragmento. Entre los resultados más importantes se encuentran la distinción normalidad-persona con discapacidad, la valoración de la “discapacidad” como algo negativo, el estigma que carga tanto la persona con discapacidad como su familia, la no relación entre sociedad y condición discriminatoria. Estos y otros resultados evidencian un discurso discriminatorio generalizado hacia las personas con discapacidad, incluso, de ellas mismas y su familiares, lo que dificulta la transformación social necesaria para su inclusión.
Ensino da leitura: o papel da imagem na compreensão do gênero anúncio publicitário Adriana Aparecida da Silva Cardoso (UFMG) adridisilva@ibest.com.br O objetivo deste trabalho é compreender o papel da imagem na construção do anúncio publicitário e intervir no processo de compreensão de anúncios publicitários de alunos do ensino fundamental para que eles atentem para o papel da linguagem mista (verbal e não verbal) nesses textos e desenvolvam capacidades de leitores críticos. Busca-se responder a seguinte pergunta: até que ponto atividades sistematicamente orientadas na escola podem contribuir para que o aluno do ensino fundamental construa sentidos na leitura do anúncio publicitário que a utiliza a linguagem mista? A hipótese inicial é a de que as capacidades acionadas pelos alunos nas leituras dos anúncios publicitários com a mediação do professor estejam mais consolidadas do que as capacidades que os alunos já possuíam sem a mediação do professor para a leitura desses textos. A metodologia de pesquisa adotada será a qualitativa. A coleta dos dados será feita em uma escola pública no município de Belo Horizonte. O corpus da pesquisa será constituído por questionário, teste de leitura de anúncios publicitários sem a mediação do professor e teste de leitura de anúncios publicitários depois da leitura mediada de anúncios publicitários pelo professor. A mediação recorrerá a roteiros para leitura de imagens me anúncios publicitários propostos por Santaella (2012), como: a) o ponto de vista das qualidades visuais, dos índices e das convenções culturais; b) estratégias comunicativas da linguagem publicitária: sugestão, persuasão e sedução. E, ainda, recorrerá às estratégias de leitura para antes durantes e depois da leitura, propostos por Solé (1998). Serão feitas análises comparativas das capacidades acionadas pelos alunos antes e depois da mediação do professor. As análises serão feitas considerando a linguagem enquanto interação, a leitura enquanto um processo social e cognitivo e a intervenção/mediação enquanto o uso de estratégias que mobilizam capacidades ainda não acionadas pelos alunos. Toma-se com referencial teórico autores como Bakhtin ([1929] 2003), Cafiero (2005, 2010), Kleiman (2004, 2013), Lara (2010), Santaella (2007, 2012), Solé (1998), Vygotsky (1991, [1984] 2007), entre outros.
O relator e a encenação do múltiplo: análise dos atores discursivos e da gestão dos seus pontos de vista no discurso jurídico Adriana do Carmo Figueiredo (UFMG) dricafigueiredo@uol.com.br Este estudo tem como proposta analisar o modo de organização do discurso jurídico proferido pelo ministro relator Ayres Britto, em 2011, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 em conjunto com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, em que se discutia a equiparação da união estável entre pessoas do mesmo sexo ao entendimento de entidade familiar. Para a construção da análise do discurso do referido corpus, serão utilizados como referenciais teóricos os artigos Tiers où es-tu? de Patrick Charaudeau (2004) e O papel do Enunciador na Construção Interacional dos Pontos de Vista de Alain Rabatel (2013), com a finalidade de avaliar como o relator dessa arquitetônica jurídica investe-se subjetivamente no tratamento da decisão jurisdicional, evocando terceiros discursivos, para fundamentar seu entendimento, com matizes transgressores, de que a sexualidade, entendida como “bruta flor do querer”, é um direito subjetivo de grandeza constitucional que espelha as redes de afetos 214
Resumos: Comunicações Individuais e desejos insondáveis entre as pessoas humanas. Nessa perspectiva analítica, serão consideradas as relações interacionais entre sujeito da enunciação (locutor) e sujeitos do enunciado (sujeitos modais), bem como os jogos discursivos com seus arranjos polifônicos internos na evocação dos múltiplos enunciadores que produzem subjetivemas aos conteúdos proposicionais que fundamentam o discurso do ministro. Esse agrupamento de dizeres subjetivos, dispostos na tessitura dos hiperenunciadores representados pela voz da lei infraconstitucional em sua interpretação conforme a Constituição Federal (escolha hermenêutica do jurista), parece perfilar uma visão e também uma direção de ajustamento convergente que dão a aparência de enunciados objetivantes na decisão que reconheceu a união estável para casais homoafetivos. Como resultado, pretende-se argumentar que as expressões modalizadoras objetivas e subjetivas empregadas no discurso jurídico, além dos fundamentos específicos da argumentação e instauração de um esquema de verdades, próprias do Direito, conferem ao voto do relator um efeito de objetividade que mascara e, ao mesmo tempo, revela a subjetividade do locutor, no que se refere ao seu entendimento, como ministro da Suprema Corte, sobre o fenômeno da (des)igualdade social.
Práticas pedagógicas, desigualdade social e juventude marginal Adriana dos Reis (UNEB) drikkareis@gmail.com O controle disciplinar é mantido e exercitado, porém este domínio causa em alguns sujeitos, o efeito contrário: alguns indivíduos que passam por essas instituições, por não adquirirem os comportamentos pretendidos, são marginalizados pela sociedade. E mesmo ao evadir-se da escola e entrar no mundo do crime, eles são interpelados por esses valores, a fim de não serem vistos como seres impróprios à aproximação da sociedade em geral. Desta forma, o objetivo desse estudo é refletir sobre os discursos da posição de jovem marginal, como produção de sentidos para a manutenção das desigualdades sociais colocando-o à margem da sociedade a partir de um processo de subjetivação. Para analisá-las, buscou-se compreender as relações que engendram na produção e funcionamento dos discursos, através do aporte teórico suscitado do encontro dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de Michel Pêcheux com os de Michel Foucault, no que tange a uma microfísica do poder. A construção das identidades nessa microfísica também se perfaz nos espaços dos aparelhos e instituições, pondo em jogo as práticas de poder e de punição, a exemplo da escola. Assim, refletiremos sobre estes discursos da juventude marginal que evade de escolas públicas da cidade de Conceição do Jacuípe- BA, na perspectiva de observar um conjunto de regularidades discursivas em que se apoiam, em confronto com os discursos de uma sociedade que coage e pune, legitimando desigualdades pedagógicas e de aceitação social, através de mecanismos linguísticos de estabilizações de comportamentos e da inversão das relações de força nas quais eles estão inseridos. O trabalho desenvolveu-se numa abordagem qualitativa, como pesquisa de campo, documental e bibliográfica, através de entrevistas semiestruturadas, tomando por base as materialidades (enunciados/enunciações) de jovens envolvidos com o mundo do crime e da representação escolar. Assim, concluiu-se que, nas escolas, dentro de jogos de recompensas e de premiações, reconhece-se a heterogeneidade de comportamentos, manifesta-se uma pressão no sentido da homogeneização da experiência da juventude em decorrência do processo de manutenção das disparidades sociais entre eles.
La construcción del discurso pedagógico en la clase de inglés de la escuela secundaria de jóvenes y adultos: prácticas y estrategias de negociación, desde la reproducción hacia la transformación Adriana María Helver (Universidad Nacional de La Plata) maestrolai@hotmail.com El espacio de la modalidad denominada Educación Permanente de Jóvenes y Adultos despliega, en el nivel de enseñanza secundaria actual de la Provincia de Buenos Aires, un contexto educativo sumamente complejo debido a la diversidad de su matrícula y a los diferentes formatos (Centros de Educación de Nivel Secundario -CENS-, Bachilleratos de Adultos, Centros de Bachilleratos de Adultos con orientación en Salud -CEBAS-, plan de Finalización de Estudios-FinEs-) que se han establecido como oferta en estos últimos años. Sin embargo, esta relevancia que dicha modalidad ha adquirido en toda la región, no se ve reflejada en la reformulación de los diseños curriculares correspondientes, los que datan de la década del noventa. Dentro de la dimensión de la enseñanza de la lengua extranjera, la complejidad de este contexto descripto se acentúa aun más, ya que se ponen en juego cuestiones no sólo de índole pedagógico-didácticas, sino también políticas e ideológicas con respecto a la construcción de los diferentes discursos pedagógicos que se despliegan en el espacio de un aula marcada por la interculturalidad. En este marco referencial, el objetivo de este trabajo de investigación es explorar e interpretar las prácticas y estrategias de negociación en la construcción del discurso pedagógico en la clase de inglés en los cuatro formatos que despliega hoy en día la Escuela Secundaria para Jóvenes y Adultos con el fin de delinear cómo la estructuración de estas redes discursivas pueden crear condiciones de aprendizajes muy variadas que van desde la reproducción hacia la auténtica transformación de los sujetos.
Indícios de autoria em práticas de escrita no ensino fundamental Adriana Pastorello Buim Arena (UFU) dricapastorello@gmail.com A escrita é compreendida como um trabalho laborioso, extensivo, reflexivo e ou mesmo mítico, quando se concebe a criação literária como resultante de inspiração. No campo epistemológico e filosófico, diferentes correntes teóricas investigam a natureza da produção escrita e sua relação com o pensamento. Este artigo tomará como ponto de partida a concepção vigotskiniana de que o ato de escrever não registra somente as ideias concebidas no pensamento, mas provoca um movimento intenso e dialético gerado pelo confronto entre pensamento e palavra. Ao tentar textualizar os enunciados mentalmente construídos, o autor entra num processo de 215
Resumos: Comunicações Individuais racionalização, próprio do universo do mundo da escrita, que provoca um movimento intelectual que não poderia se desenvolver sem o exercício da escrita. Este estudo de caso tem como objetivo analisar dois textos narrativos – primeira versão e versão revisada produzidos por uma criança de oito anos, matriculada no 2º ano do ensino fundamental, em fase de apropriação da escrita. Entre a primeira produção e a segunda produção, a professora conversou individualmente com a aluna e expressou suas incompreensões em relação ao texto produzido. Esse diálogo não será aqui apresentado. Os dados analisados provêm apenas dos dois manuscritos. A função de interlocutora, exercida pela professora, provocou mudanças radicais na segunda produção. Pode-se concluir que os textos produzidos pela criança para cumprir uma tarefa escolar já apresentam os indícios de marcas de autoria e indícios de ideias apresentadas na primeira versão e desenvolvidas na versão revisada. Nesse contexto particular, a escrita foi um instrumento para constituir, organizar e modificar o pensamento.
As relações interdiscursivas e as formas de manifestações culturais em materialidades discursivas indígenas tupiniquins Adriana Recla Sarcinelli (FAACZ) arecla@gmail.com Esta comunicação tem por intuito discutir como determinadas práticas discursivas se manifestam em diferentes materialidades discursivas, a partir da teoria da Análise do Discurso de linha francesa, com ênfase nas relações interdiscursivas, conforme baliza Dominique Maingueneau (2004, 2005, 2008). Tomamos como objeto de análise o discurso “Maria Borralheira - versão Tupinikim” produzido por indígenas tupiniquins da aldeia Caieiras Velhas, localizada no município de Aracruz, estado do Espírito Santo. Pretendemos verificar as relações interdiscursivas e as formas de manifestações culturais que perpassam as práticas discursivas da população indígena tupiniquim. Para a análise, tomamos como categorias o interdiscurso, as cenas de enunciação (enfatizando a cenografia) e a semântica global em suas dimensões: ethos discursivo, modo de enunciação, tema, código linguageiro, intertextualidade e dêixis discursiva. Constatamos que há uma tradução do outro, uma relação de embate entre as formações discursivas derivadas do interdiscurso. É nítida a influência da cultura ocidental (histórias de conto de fadas), manifestação que cria a polêmica, a qual auxilia na definição da identidade desse novo discurso.
Adequação cultural de instrumentos da área das ciências da saúde: estudo de aplicação de um protótipo orientado para a interação entre profissionais e usuários do sistema de saúde Adriana Silvina Pagano (UFMG) adriana.pagano@gmail.com Heloísa de Carvalho Torres (UFMG) heloisa.ufmg@gmail.com Ilka Afonso Reis (UFMG) ilka@est.ufmg.br Kícila Ferreguetti (UFMG) kicilaferreguetti@yahoo.com.br Júlia Santos Nunes Rodrigues (UFMG) julya_rodrigues@hotmail.com A tradução e adaptação cultural de instrumentos destinados a mensurações e avaliações na área da saúde constitui procedimento padronizado abrangendo etapas que visam garantir a equivalência de conteúdo dos textos originais e traduzidos – elaboração de versão inicial por tradutores independentes, compilação de versão síntese, retrotradução (back-translation), revisão, avaliação por comitê de especialistas e fase de pré-testes com o público alvo (BEATON; BOMBARDIER, et al., 2000; WILD; GROVE, et al., 2005). Pela sua afiliação disciplinar às ciências da saúde, a metodologia desconhece aspectos relevantes da linguagem em uso, tendose em vista que os instrumentos traduzidos são produzidos como textos escritos que, na sua aplicação, são utilizados em interações orais nas quais se verifica uma relação de desigualdade entre aplicadores e público alvo (ROSAL et al., 2003;2004). O projeto Empoder@, uma parceria entre a Escola de Enfermagem, a Faculdade de Letras e o Departamento de Bioestatística da UFMG, desenvolveu um protótipo conceitual e metodológico interdisciplinar para avaliação de intervenções orientadas ao autocuidado em diabetes. Esse protótipo foi testado na tradução do Diabetes Empowerment Scale - Short Form (DES-SF) (ANDERSON et al., 2003) para sua utilização com usuários do Sistema Único de Saúde em municípios do Estado de Minas Gerais. O protótipo prevê uma etapa de adequação cultural para garantir que os instrumentos traduzidos guiem de forma bem sucedida a prática dos profissionais em sua interação face-a-face ou mediada por computador com usuários do sistema de saúde, principalmente dada a natureza das trocas entre falantes que possuem um repertório discursivo distinto daqueles que estão vinculados ao discurso da ciência. Esta comunicação apresenta a configuração do protótipo desenvolvido e os resultados obtidos em sua aplicação à adequação cultural do Diabetes Empowerment Scale - Short Form. A abordagem discursiva que norteou esse desenvolvimento esteve pautada pelos princípios da teoria sistêmico-funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014) no escopo de uma linguística com potencial de aplicação, conforme definida por Halliday (1985) e Matthiessen (2011).
A construção da identidade do professor na mídia impressa Adriano Rodrigues de Melo (UFMG) dricomelo@hotmail.com Não há discurso aleatório ou neutro, todo discurso produz sentidos que expressam as posições sociais, culturais, ideológicas dos sujeitos da linguagem e, além disso, muitas vezes os sentidos produzidos ocorrem de forma implícita. É o que ocorre quando se 216
Resumos: Comunicações Individuais analisa a construção ideológica injusta que os jornais impressos fazem da figura do professor. Quando o assunto da imprensa é o professor, percebe-se que as imagens acerca da figura docente em escolas públicas é carregada de elementos pejorativos. A imprensa devido a sua influência na esfera pública, local de constituição da opinião e de imaginários coletivos, constrói pelo discurso a imagem de um professor desestimulado, incompetente e extremamente preocupado com a questão salarial. Como estratégia discursiva do discurso jornalístico, vários especialistas são convocados, há análises superficiais do problema, assim como pesquisas que revelam o medíocre desempenho nos exames internacionais de avaliação de estudantes como o PISA. Dessa forma, a figura do professor muitas vezes surge de forma sutil como vilã do fracasso educacional. Para efetivar a pesquisa, utilizar-se-á o aporte metodológico da Análise do Discurso, pois “estratégias conversacionais e argumentativas, entre outros elementos, pode ajudar-nos a detectar os preconceitos subjacentes que operam na linguagem dos usuários e das instituições.” (Teun A. Van Dijk, 2015) Além da visão deturpada sobre o professor, há outra desigualdade: o discurso jornalístico não pensa o professor como um ser real e que desempenha um trabalho difícil devido às condições a que está submetido. Incoerentemente, esses profissionais raramente ganham voz. Conclui-se que é um erro se imaginar que o discurso jornalístico, por ser detentor da palavra, representa a realidade no que tange a imagem do professor. Esse discurso é só mais uma versão da realidade e que deve repensar a forma como contribui com a formação de imaginários sobre os professores de educação básica, pois, o discurso jornalístico ocupa “posição dominante, detendo, assim, o poder de conferir a certos seres 'etiquetagem estigmatizante' ”. (Ida Lúcia Machado, 2015).
Aspectos das campanhas de educação para o trânsito. Um grito a favor da segurança ou um reforço à desigualdade entre os iguais? Agmar Bento Teodoro (CEFET – MG) agmarbento@hotmail.com O ato de caminhar é o modo mais antigo de se locomover, mesmo assim a infraestrutura urbana sempre privilegiou o automóvel. Tem-se em mente que a rua é somente do carro, e, com isso, se promove uma visível desigualdade no tratamento dado ao veículo (condutor) e ao pedestre. A ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu a década de 2011 a 2020 como sendo a “Década de Ação pela Segurança no Trânsito". A partir de então, o DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) tem produzido várias campanhas de educação para o trânsito, veiculadas em diferentes mídias. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise de como foram construídas as estratégias enunciativas em campanhas educativas de trânsito produzidas pelo DENATRAN, buscando compreender as suas possibilidades de exclusão informacional, levando em consideração o receptor motorista e o pedestre. Para tanto, foram analisadas campanhas elaboradas pelo DENATRAN, no ano de 2014 e 2015, com o apoio de duas teorias. A primeira trata-se das funções da linguagem descritas por Roman Jakobson e a segunda trata-se da teoria de Oswald Ducrot, denominada Pressupostos e Subentendidos. Em um primeiro momento, foram identificadas quais funções de linguagem fazem parte da constituição das mensagens que compõem as campanhas, e apresentadas algumas elucidações sobre cada uma dessas funções. Com o suporte da segunda teoria, buscou-se identificar os pressupostos e subentendidos existentes nas peças analisadas e, por último, foi feita uma análise das mensagens emitidas. Foi possível concluir que as principais funções de linguagem utilizadas, nas campanhas analisadas, são a conativa e a poética. Além disso, concluiu-se que as campanhas se valem de recursos textuais e imagéticos com a finalidade de pressuporem mensagens capazes de reforçar seus objetivos. Observou também que as campanhas podem reforçar a desigualdade no trânsito, pois têm como foco somente o motorista.
Ensinar a gramática (normativa) para ascender socialmente: deslocamentos (im)possíveis Agnaldo Almeida de Jesus (UFMG) agn.al@hotmail.com Para a Análise de discurso, de matriz pecheutiana, sujeitos e sentidos constituem-se ao mesmo tempo, em um processo que tem como fundamento a ideologia: relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência. Como vivemos em uma sociedade capitalista, com seus valores hierárquicos e verticalização social, essas relações são diversas e desiguais, sobretudo em relação à língua. Para Orlandi (2013), por ser lugar de subjetivação e de constituição de identidade, a língua é um dos lugares mais delicados e sensíveis no qual se materializam práticas de exclusão, de inclusão e de (des)valorização dos sujeitos pelo modo como falam. Nesse sentido, no presente trabalho, buscamos compreender os gestos de interpretação do gramático Evanildo Bechara em relação ao ensino de gramática (normativa) e “ascensão social”, observando como o tal sujeito significa os deslocamentos possíveis a partir do ensino da norma padrão (para ele, norma culta) nas escolas. Para tanto, temos como objeto de análise duas peças textuais (entrevistas com o gramático), são elas: "Em defesa da gramática" e “O aluno não vai para a escola para aprender ‘nós pega o peixe’”. Em nossas análises, verificamos que o gramático significa o domínio da norma padrão como um instrumento de deslocamento de um lugar marginalizado, daqueles que falam “o menos correto” e que vivem num “ambiente estreito”, para um lugar privilegiado socialmente, daqueles que usam o “bom e correto” português e, por isso, ocupam “cargos importantes” sócio e financeiramente. É materializada uma mudança de lugar: sair de um, para ocupar um outro. De nossa parte, sustentamos que o domínio da norma padrão, assim como das variantes linguísticas que os sujeitos têm contato, permita um outro tipo de deslocamento: um movimento que possibilite que os sujeitos circulem por diferentes processos de significação: diferentes modos de significar e, consequentemente, de significarem a sim mesmo, indo além da distinção entre “maus” e “bons” falantes pelo modo mesmo como falam.
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Resumos: Comunicações Individuais A constituição do aluno surdo segundo perspectiva docente: um estudo com base no viés da Análise Crítica do Discurso – ADC Alecrisson da Silva (UFS) alex.cjs.ba@bol.com.br Este trabalho foi construído a partir do recorte de uma pesquisa de mestrado, na qual se discute a constituição do sujeito surdo a partir do olhar dos docentes. Para tanto, usou-se como elemento proponente para análise da mensuração das informações citadas pelos professores a Análise Crítica do Discurso – ACD. A investigação interdisciplinar poderá lograr que relações tão complexas transpareçam mais transparentes, visto que em uma investigação desse tipo, a ACD é mais um dentre os elementos de múltiplos enfoques que serve de base para esse estudo. Seu aspecto transdisciplinar é necessário para abordagens que investiguem o uso da linguagem em sociedade, visto que não há uma relação externa entre linguagem e sociedade, mas uma relação interna e dialética. Isso promove o rompimento das fronteiras disciplinares traz à Linguística a ancoragem em perspectivas teóricas acerca da estrutura e da ação sociais, e propicia para as Ciências Sociais um arcabouço para análise textual. Essas características da ACD servem de base para analisar e descrever o modo como os discentes surdos, matriculados no fundamental II, são constituídos discursivamente pelos seus professores, tendo em vista que todos não têm domínio da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Para tanto se fez necessário superálas, visto que a comunicação é o principal instrumento que faz com que o feedback entre professores e alunos seja realmente possível e o professor possa, à medida que for percebendo o progresso na aprendizagem de seus alunos, fazer os ajustes e dá sequência ao processo de ensino. No entanto, em um ambiente onde não há qualquer possibilidade de comunicação entre professores e alunos surdos, muitas vezes esses são apenas integrantes de uma carteira em sala de aula, mas que está à margem da aprendizagem. Partindo desse pressuposto, analisou-se os relatos de dois professores que têm um aluno surdo em suas classes, observando o modo como esses discente são constituídos discursivamente. Indígenas de Mato Grosso do Sul: ethos e representações de si no facebook Alessandra Dias Carvalho (PUC-SP) ale.dicarvalho@hotmail.com Um dos primeiros registros sobre os povos indígenas brasileiros encontra-se na carta endereçada ao El Rei Dom Manuel, escrita por Pero Vaz de Caminha. Por meio dela, Caminha faz uma descrição minuciosa de tudo o que poderia interessar ao rei, principalmente informações acerca dos habitantes do novo território. No documento, os indígenas são descritos como pardos, nus e arredios. Essas primeiras construções imaginárias já apontavam para os diferentes costumes e valores entre os nativos e os colonizadores, e marcavam, portanto, o início de uma longa batalha dos povos indígenas contra a segregação social, uma das causas da desigualdade entre brancos e indígenas. Diante do exposto, o objetivo principal deste trabalho é depreender a imagem discursiva dos indígenas sulmato-grossenses na contemporaneidade, a partir de discursos veiculados no Facebook. Pressupomos haver nos discursos produzidos nesse espaço virtual, marcas linguísticas que apontam para discursos de exclusão numa tentativa de (in)clusão social. Tal hipótese nos remete a questionamentos tais como: 1) Quais são os possíveis ethé construídos pelo enunciador indígena sul-mato-grossense nessa rede social?; 2) Que marcas linguísticas apontam para o discurso de exclusão? Para responder tais questões analisamos postagens retiradas de duas páginas, que têm como objetivo comum a propagação das causas indígenas: Solidariedade ao Povo Guarani Kaiowá e Apoiamos os povos indígenas de Todas as Etnias. Para a análise, adotamos o aparato teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa, sobretudo as reflexões de Maingueneau (2008, 2013) sobre ethos discursivo. Os resultados parciais apontam que o espaço enunciativo Facebook proporciona aos sujeitos indígenas uma nova possibilidade de se (re)inventar, se (re)constituir e, consequentemente, de ser/estar na sociedade.
A construção discursiva de posicionamentos identitários de jornais marianenses a partir de elementos da representação da mineiridade Alessandra Folha Mós Landim (UFOP) cna.alessandrafolha@gmail.com No contexto social, linguístico e cultural do Brasil, é amplamente aceito que variados traços culturais tenham seu papel/lugar nas diferentes regiões do país. Na região Sudeste e, mais especificamente, no estado de Minas Gerais, o fenômeno da mineiridade é um desses traços brasileiros que merece ser pensado especialmente se levarmos em consideração suas manifestações discursivas. Sendo assim, o que chamaremos a partir de então de representação da mineiridade e/ou imaginário de mineiridade, pode ser realizado discursivamente em diferentes tipos de texto, como é o caso dos textos midiáticos e, mais estritamente, dos jornais marianenses. Neste trabalho, procuraremos destacar elementos da representação da mineiridade identificáveis na construção discursiva dos jornais que circula(ra)m na cidade de Mariana – MG e que fazem parte do acervo da UFOP/ICHS administrado pelo GEDEM – Grupo de Estudos sobre Discurso e Memória. Assim, ao utilizarmos categorias oriundas das teorias do discurso, procuraremos identificar formas dessa representação na mídia marianense. Porque a pesquisa aborda o tema da representação da mineiridade, julgamos necessário tratar de tal fenômeno com o objetivo de suplementar a análise pretendida com reflexões que a auxiliarão e igualmente trarão contribuições importantes. Procuraremos também trazer exemplos de editoriais e notícias que reforçam a identidade com a representação da mineiridade e pautaremos nosso trabalho em um modelo de análise discursiva representado por categorias como fórmula, aforização e sobreasseveração, elementos bastante recorrentes na construção discursiva dos jornais de Mariana – MG analisados até então. Este trabalho faz parte da nossa pesquisa de pós-graduação (mestrado) em estudos da linguagem e se inscreve, como já dito anteriormente, em categorias de análise discursiva contribuindo, com isso, com estudos dessa área do conhecimento e sendo também uma possibilidade de reflexão sobre a memória, compreensão das representações de regionalismos, como é o caso da representação da mineiridade, e análise de como esse imaginário se faz presente no objeto de análise (mídia/jornais de Mariana – MG), permanecendo como elemento característico da sociedade mineira. 218
Resumos: Comunicações Individuais A estrutura potencial do gênero (EPG) uma teoria pouco falada? Alex Caldas Simões (UERJ) axbr1@yahoo.com.br O Brasil ainda não possui uma abordagem de gêneros genuinamente brasileira, ainda que alguns autores afirmem o contrário (BAWARSCHI; REIFF, 2013). Em nosso país há uma síntese teórica sobre os estudos de gêneros, a “síntese brasileira” (BAWARSCHI; REIFF, 2013, p. 17). Aqui convivem tanto abordagens de ensino explícito de gêneros, quanto abordagens de ensino implícito de gênero – sugerindo-se o predomínio da segunda pela primeira. Já é claro para os estudiosos da linguagem que as abordagens explícitas de gêneros do discurso estão comprometidas com a ideia de que “o ensino explícito de gêneros relevantes fornece acesso para aprendizes menos favorecidos” (BAWARSCHI; REIFF, 2013, p. 253). A partir dessa constatação, e da necessidade cada vez maior da divulgação de teorias de ensino explícitas de gêneros, evidenciaremos em nossa exposição o estado de arte da teoria sistemicista de análise de gêneros cunhada por Ruqaiya Hasan, a Estrutura Potencial do Gênero (EPG). Apresentaremos em nossa pesquisa uma ampla revisão bibliográfica das pesquisas realizadas em EPG de 1980 a 2015. Nossa investigação abrangerá pesquisas em EPG em português, espanhol e inglês. Após comparativo quantitativo entre as pesquisas – que indicarão onde estão os pesquisadores, centros de estudos, domínios e gêneros mais investigados, entre outros – será possível afirmar que, de fato, a Estrutura Potencial do Gênero (EPG) não uma teoria pouco falada, mas, pouco conhecida, tendo em vista a hegemonia das teorias implícitas de gêneros do discurso no Brasil e em outros países. Estratégia discursiva de ampliação do conceito sociedade, na extensão universitária pública brasileira Alex Fabiani De Brito Torres (UFMG) afbtorres@yahoo.com.br Na atualidade, o termo sociedade tem sofrido uma abrangência antagônica, na extensão universitária pública brasileira. Assim, uma agente extensionista da UFMG cujo imaginário sociodiscursivo é o social-assistencial-intervencionista incluiu estudantes da comunidade acadêmica no conceito sociedade, contrariando a noção convencional de extensão universitária. Outra agente extensionista dessa instituição cujo imaginário sociodiscursivo é o demandista-prestador de serviços incluiu, nesse conceito, o setor produtivo. Essa última inclusão também ocorreu em uma outra universidade pública brasileira, a UNICAMP, e em algumas universidades europeias, parecendo constituir-se, portanto, em uma tendência global. Essa ampliação do termo sociedade acaba, consequentemente, modificando o termo compromisso social da universidade, ora sendo utilizado em defesa dos interesses dos segmentos sociais, ora em defesa dos interesses do setor produtivo. Assim, o termo sociedade funciona como um guarda-chuva. O corpus desta pesquisa é constituído de: a- o Programa Conexões de saberes- diálogos entre universidade e comunidades populares; bentrevista com uma agente extensionista do imaginário sociodiscursivo demandista-prestador de serviço; c- o estudo de Sanches (1996), especificamente quanto aos discursos dos reitores da UNICAMP, no período de sua criação até 1986, vinculando, no conceito extensão universitária, sociedade a atendimento aos interesses do setor produtivo; d- o estudo de Santos (2013), especificamente quanto à redução do compromisso social da universidade, por meio do qual o termo sociedade é reduzido ao atendimento aos interesses do setor produtivo. Representações do invisível: as artes visuais e os estados de exceção Alice Almeida Gontijo (Escola de Belas Artes- UFMG) aligont@gmail.com Pensar a relação entre discurso e desigualdade no macro contexto das ditaduras militares latino-americanas da segunda metade do século XX, em uma investigação da função e da representação da desigualdade na e pela linguagem, pressupõe reconhecer que há lugares de desigualdade em tal contexto. Nesse sentido, só se pode falar sobre o tema, se reconhecido de antemão um estado de exceção seletivo, no qual a exceção está para alguns, e para alguns mais do que para outros. O presente trabalho apresenta e articula obras que operam “representações do invisível” em contextos de exceção, revelando os múltiplos lugares de desigualdade numa reflexão sobre a memória da ditadura na e pelas artes visuais, em uma tentativa de contribuição para a construção de uma a memória reflexiva. Nos longos anos de chumbo brasileiros (1964-1985), mais especificamente na década de 1970 quando o estado de exceção vigorava há tempo o bastante para naturalizar as práticas repressivas oficiais no cotidiano dos cidadãos, artistas como Paulo Bruscky e os integrantes do coletivo 3Nós3 criaram e executaram exercícios reflexivos, articulados cada qual a uma situação urbana, que traziam à tona tal naturalização da exceção, em seus diferentes formatos/aspectos e atuações. E mais recentemente, mesmo após a chamada “redemocratização”, enquanto o discurso oficial celebra a nova democracia, a arte contesta a certeza do restabelecimento de um estado e direito e a memória oficial, nos fazendo lembrar, através dos diferentes sentidos acionados, daquilo que já não se pode ver. Aqueles cuja voz não cabe no lugar do pronunciamento, aparecem direta ou indiretamente em trabalhos de jovens artistas brasileiros, como os paulistas Clara Ianni e Fernando Piola, que embora necessitem do espaço institucional para a efetivação de seus trabalhos, se valerão novamente do espaço público.
El discurso del presidente Rafael Correa frente a las manifestaciones ocurridas en Ecuador durante junio-agosto 2015 Alicia María Elizundia Ramírez (Universidad Iberoamericana del Ecuador - UNIB.E) aelizundia08@yahoo.es Este estudio se centra en el análisis crítico del discurso del presidente Rafael Correa frente a las manifestaciones ocurridas en Ecuador durante junio-agosto 2015, periodo en el que miles de personas salieron a protestar a las calles contra la política del 219
Resumos: Comunicações Individuais gobierno. Nos propusimos analizar la posición del discursante frente a las protestas, las estrategias empleadas para legitimar el proyecto de la Revolución Ciudadana, deslegitimar a la oposición interna y a los medios de comunicación, así como el uso de la reiteración para convencer y persuadir al auditorio. Otros aspectos de interés de análisis fueron el fraccionamiento social que se maneja desde el discurso, la polarización en el lenguaje, y la defensa de la idea de la permanencia del proyecto de la Revolución Ciudadana. Para ello hemos procedido a la selección de los mecanismos pragmático-discursivos relevantes que transmiten la intencionalidad de los actos de habla correspondientes, es decir la unidad básica de creación de significados, así como a las principales estrategias (legitimación, deslegitimación, disimulación, eufemismo, unificación, etc.) referidas por Thompson (1990). El reto de construir la democracia requiere de un esfuerzo mancomunado en un país pluricultural como lo es Ecuador, en el que se mueven fuertes intereses de clases y de lucha por el poder, así como el enfrentamiento a determinados medios de comunicación. Por tanto, la opción del diálogo y de una participación real, es fundamental para la construcción democrática y para ser consecuente con el concepto de Revolución Ciudadana. A construção do(s) sentido(s) de índio/indígena em um acontecimento discursivo Aline Saddi Chaves (UEMS) chaves.aline@gmail.com Os mais de quinhentos anos de história do contato interétnico entre os portugueses e o povo nativo do Brasil foram marcados por episódios recorrentes de luta pela terra. É no discurso que o real da história encontra o real da língua, pela instalação de uma rede de memória que une os dizeres de ontem aos de hoje, isto é, uma memória interdiscursiva que dá provas da permanência do conflito. Neste trabalho, analisamos como se dá a construção do(s) sentido(s) do índio/indígena a partir de um acontecimento discursivo: a tentativa de retomada de terras por parte de Terenas no estado de Mato Grosso do Sul, em maio de 2013, no município de Sidrolândia. As observáveis da pesquisa são as operações de designação de índio/indígena, e as estratégias de reformulação discursiva e de apagamento enunciativo, que, em um jogo de essência/aparência, concorrem para significar uma identidade excluída. O corpus de estudo é composto de um arquivo de textos oriundos de diferentes gêneros discursivos – panfletos, charge, propaganda, entrevista, notícias –, produzidos por diferentes domínios discursivos: política, ação coletiva e mídias de informação e opinião. Discurso literário e a constituição do sujeito-personagem Dorian Gray Aline Silvério de Freitas (UFG -CAC) alineinhouse@gmail.com Este artigo busca refletir sobre a construção do sujeito-personagem Dorian Gray, considerando para o trabalho o discurso literário de O retrato de Dorian Gray, do escritor irlandês Oscar Wilde, uma vez que o sujeito-personagem encontra-se em uma sociedade londrina conservadora do século XIX. Nesse sentido, é preciso pontuar que Wilde fez parte da sociedade vitoriana do século XIX que se caracterizava pelos bons costumes, manutenção das normas e regras sociais, bem como pelo comportamento social polido. Logo, Wilde era o oposto do que a sociedade vitoriana da época postulava: o escritor era visto como um escritor transgressor, pois seus escritos denunciavam a hipocrisia social, e seu comportamento libertino chocava a sociedade londrina. Ao pensar que fatores das convenções sociais afetam diretamente quem faz parte destas, o sujeito-personagem Dorian Gray é passivo de apreciação neste artigo que se fundamenta na Análise de Discurso, pois o personagem, assim como o discurso literário, é construído a partir da história, de ideologias e sentidos. O elemento transgressor, que se distancia das normas vigentes sociais da sociedade londrina, constitui o sujeito-personagem, portanto, quanto mais distante Dorian Gray fica de sua época, mais sua decadência e seu declínio apresentam-se como elementos de libertação: o sujeito do desejo e do inconsciente é libertado ao dissociar-se do olhar dos outros sobre sua beleza. Ser feio, degradante, nesse sentido, é constituir-se sujeito com voz e posicionar-se contra as normas sociais. Neste trabalho, portanto, através de uma pesquisa teórica e analítica, mostraremos as características do discurso literário com foco no sujeito-personagem Dorian Gray e suas modificações durante o decorrer da obra. Análise do discurso e narrativa de vida: em busca de interfaces Aline Torres Sousa Carvalho (UFMG) alinetorres_letras@yahoo.com.br Este trabalho situa-se no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso (AD), mais especificamente, da Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (1983, 1992), as quais se caracterizam pela abertura e mobilidade a conceitos, metodologias e objetos advindos de outras disciplinas. Dentre tais objetos, destacamos as narrativas de vida ou récits de vie (BERTAUX, 2007) que, provenientes das Ciências Sociais, foram introduzidas na AD, no Brasil, pela pesquisadora Machado (2009, 2011, 2012, 2013), da Universidade Federal de Minas Gerais. Nosso objetivo é estabelecer possíveis maneiras de relacionar o tratamento teórico e analítico dado ao gênero nessas duas áreas, traçando buscando interfaces entre elas. Nossa metodologia consta de revisão e discussão teórica, a partir de uma interdisciplinaridade focalizada (CHARAUDEAU, 2013), ou seja, da recorrência, enquanto analistas do discurso, a conceitos advindos de outras disciplinas, tentando redefini-los e trazê-los para nosso viés de leitura. Por se tratar de um trabalho teórico, tomamos como corpus o próprio referencial mencionado — os escritos de Charaudeau (1983, 1992) e de Bertaux (1997). Percebemos que a Análise do Discurso e a Narrativa de Vida têm, em última instância, o mesmo objeto de estudo: o discurso, ainda que com objetivos e metodologias diferentes. Elas abordam tanto o discurso de alguém que vive e conta sua vida, quanto o daquele que se propõe a narrar, em terceira pessoa, a vida de alguém que existe ou existiu. Uma narrativa de vida é uma construção discursiva, uma representação de si ou do outro que o sujeito faz por meio de estratégias que ele organiza e no espaço de restrições que o contrato comunicativo lhe impõe. É por meio do discurso na forma narrativa que uma vida se organiza e ganha sentido, de modo que a história da mesma seja, mais que uma realidade objetiva, uma realidade discursiva.
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Resumos: Comunicações Individuais De direta ou de esquerda? Argumentação e ethos em um embate político-religioso Amanda Gazola Tartuci (UFSJ) amanda.gazolatartuci@gmail.com O objetivo desse trabalho é propor uma análise da construção argumentativa do artigo de opinião “De esquerda ou de direita, sejamos inteligentes e cristãos”, de Paul e Raphael Freston para a edição 346 da revista Ultimato, relacionando os procedimentos utilizados à questão relativa aos ethé construídos. Primeiramente, nos dedicaremos à análise da argumentação sob uma perspectiva discursiva, indicando como os argumentos do texto se constroem a partir de uma premissa, a partir da qual o enunciador-argumentante se coloca em evidência em um quadro de raciocínio persuasivo justificando sua opção. Em seguida, discutiremos a projeção dos ethé, considerando prioritariamente o ethos de credibilidade pelo qual o sujeito enunciador busca ganhar a confiança de seu público apresentando-se como sério, virtuoso e competente. Indicaremos que é no processo de interação do espaço do dizer que o sujeito argumentante, ao construir seu ethos calcado em valores socialmente partilhados, procura legitimar seu discurso e, consequentemente, sua imagem enquanto cristão e sociólogo. Nesses termos, esse sujeito procura legitimar seu discurso através da filiação de seu ethos a valores biblicamente aceitos. Partiremos da concepção de ato de linguagem Charaudeau (2008) para analisar o artigo de opinião nos aspectos ligados aos planos situacional, comunicacional e discursivo, que permitirão concebermos o ethos como a projeção da imagem de si e do outro via dizer (c.f Amossy, 2005). Utilizaremos ainda as formulações de Plantin (2011) para articular uma perspectiva discursiva da argumentação. O discurso midiático e a noção de fórmula discursiva Amanda Martins dos Reis (UEL) amandamreys@gmail.com Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL) rosemeri@sercomtel.com.br Com a finalidade de verificarmos como os efeitos de sentido se estabelecem em nossa sociedade, esse trabalho, sob a perspectiva da Análise do Discurso de orientação francesa, objetiva reconhecer a notoriedade de três enunciados proferidos em suportes midiáticos a respeito da Greve dos professores, cuja ocorrência se deu no Paraná por 45 dias (de 25 de abril a 09 de junho de 2015), refletindo sobre as propriedades que constituem a noção de fórmula. Podemos pensar que a fórmula discursiva “greve” carrega valores construídos sócio-historicamente e valida os discursos diante das condições de produção, levando em consideração uma série de aspectos, dentro os quais é possível citar a formação discursiva (FD), a formação ideológica (FI). A noção de fórmula constrói e reconstrói discursos, pois ela designa um conjunto de formulações que se cristalizam em determinado momento e espaço. A pesquisa de Krieg-Planque (2010), referente à noção de fórmula, estabelece-se em um quadro teórico-metodológico o qual dispõe a identificar o que de fato constitui a fórmula. Apesar de seu caráter cristalizado, é importante destacar que a fórmula também sofre mutações de acordo com o tempo e com o uso; porém, ela existe apenas dentro de uma sequência identificável. Tal aspecto é possível de ser verificado nos três enunciados que servem como corpus desse trabalho. As fórmulas conservam-se na mídia por meio de palavras, pequenas frases, sintagmas e estes são associados por manifestações imagéticas as quais só tendem a atestar as construções cristalizadas e que valem de identificação com determinado grupo social. Para esse estudo selecionamos como corpus três expressões: “Nenhum direito a menos.”, “Menos bala e mais giz.” e “Eu tô na luta." E, a partir das percepções discutidas, é admissível ponderarmos o quanto a ideologia disseminada por tão distintas classes (professores e governo) corroboram não só para a emissão e compreensão dos sentidos, mas para a própria constituição dos discursos e da ideologia que neles se materializam. Esse estudo está vinculado ao projeto de pesquisa “PAD - PESQUISAS EM ANÁLISE DO DISCURSO: os processos de significação em diversos gêneros”, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina. Le phénomène de l'inégalité sociale dans le discours pédagogique Amidou Sanogo (Université Félix Houphouët-Boigny Cocody Abidjan) sanogo.amidou@univ-fhb.edu.ci Le mode de hiérarchisation de la société traditionnel africaine inscrit au cœur de ses relations de parole des modalités discursives calquées sur les inégalités sociales. L’implantation de l’école, traditionnellement, a suivi le même schéma pour définir la relation pédagogique où le maître est dispensateur de savoir. Dès lors, la nature des échanges verbaux induit une inégalité au niveau interactionnel. Cette inégalité de statut entre maître et élève est-elle perceptible dans l’interaction verbale ? Quelles sont les marques linguistiques de la position dominante et celles de la position dominée dans les échanges discursifs ? L’inégalité peut-elle toujours transparaître à la co-construction du savoir ? Notre objectif est d’étudier les modes d’apparition du phénomène de l’inégalité dans le discours pédagogique. L’étude part de l’hypothèse que le maître et l’élève sont des co-énonciateurs qui, prenant en charge le discours, émettent des points de vue divergents ou concordants sur un sujet donné. A partir de la transcription des échanges verbaux pendant une séance pédagogique, l’étude examine les spécificités du discours selon les postures socio-énonciatives observées.
A relação de subjetividade/alteridade nas produções de textos de estudantes de letras: campus Professor Aloísio de Campos Amisa Dayane Lima de Gois (UFS) amisadayane.mb@hotmail.com O objetivo desse trabalho é propor um repensar sobre a Produção Textual no Curso de Letras (UFS – São Cristóvão), no sentido de fazer com que este estudante ganhe voz em seus textos (orais e escritos) e, consequentemente, dê voz a seus futuros alunos, uma vez 221
Resumos: Comunicações Individuais que fazemos parte de um curso de formação de professores. A pesquisa em questão analisou primeiramente respostas obtidas a partir de 20 entrevistas semiestruturadas, realizadas com estudantes da disciplina Produção e Recepção de Texto II; no segundo momento, coletamos mais 20 entrevistas, com alunos de Produção e Recepção de Texto I. A partir desta pesquisa, tentamos contribuir para o ensino da língua materna, em geral, e de produção de texto, em particular, numa perspectiva da linguagem como trabalho. Pretendemos, assim, observar as dificuldades de escrita na produção textual de estudantes de Letras, definir uma sequência de habilidades, a partir de entrevista semiestruturada com estudantes universitários. Utilizamos como aporte teórico escritores como Gnerre (1987), segundo o qual a escrita está pautada nas relações de poder historicamente determinadas; Foucault (1997), por sua vez, situa a escola, local onde o tempo do aluno é controlado, condição para a disciplina, garantia da obediência dos indivíduos. Utilizamos também Foucault (2003), para quem a educação ajuda a manter os discursos, garantindo a sua existência, e a disciplina é uma forma de controle dos discursos. Afora esses estudiosos, trabalhamos com os postulados de Orlandi (2005), a fim de entendermos a Análise do Discurso de linha francesa; Bakhtin (2006), para quem a linguagem é dialógica; Antunes (2007; 2009), para quem a gramática não é o fator primordial para eficácia da escrita. Observamos, entretanto, que a escola está pautada em mecanismos de coesão/coerência, identificando-se com aspectos de uma gramática de texto, elucidando aspectos estruturais do texto. Isso significa que esses estudantes são fruto do ensino de texto, numa perspectiva estruturalista, prescritiva. Constatamos que os estudantes não sabem o significado da escrita efetivamente, já que a escola não mostra as regras do jogo: é importante aprender a escrever, a entender que, para se escrever é preciso saber o que escrever, para que e para quem. Polícia e(m) discurso: embates na mídia Ana Carolina Vilela-Ardenghi (CPPP-UFMS/FEsTA) vilela.ardenghi@gmail.com Dizer que um trabalho situa-se no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa (doravante AD) implica, como aponta Maingueneau (2008, p. 147), assumir um conjunto de pressupostos que, respeitando as diversas correntes, parece manter-se como uma espécie de “núcleo duro” dos estudiosos da área, como, por exemplo, a importância dada ao interdiscurso, a constante reflexão sobre os modos de inscrição da subjetividade no discurso, a ênfase dada ao caráter construído dos “dados”/”fatos” com os quais lida o analista. Essas questões mostram que, de fato, discurso e desigualdade(s) têm uma relação bastante próxima: a desigualdade mantém-se/é mantida também por meio de discursos. Unindo, assim, uma reflexão de base teórica e uma preocupação pessoal, o presente trabalho pretende analisar um conjunto de matérias em torno de dois episódios recentes da atuação policial em Campo Grande (MS): uma abordagem em um bar frequentado por universitários (4 e 5 de dezembro) e uma operação realizada em um shopping da capital (13 de dezembro). Ambos os episódios reúnem um conjunto de discursos (polarizados) em torno do tema: de um lado, aqueles de exaltação da atividade e da instituição policial e, de outro, uma condenação dessa mesma esfera. Duas são as questões que, de um ponto de vista discursivo, chamam a atenção: as operações de metaenunciação e as paráfrases, categorias, digamos, muito atreladas às formulações “originais” da AD. As análises dão conta, efetivamente, do alcance de classe de tais operações: elas dirigem-se essencialmente para “punir” as classes mais pobres – o que fica claro, também, nas imagens da operação. Por fim, é preciso dizer que trata-se de um trabalho “militante”, porém não num sentido vulgar. Bourdieu (1997, p. 735) ensina que “o que o mundo social faz, o mundo social pode, armado deste saber, desfazer”. Assim, que possamos contribuir para dar a ver como as desigualdades sustentam-se nos discursos e talvez assim possamos contribuir para desfazê-las.
Processos de legitimação no programa televisivo Conexões Urbanas Ana Cecília Almeida Accetturi (UNICAMP) ana.cecilia_13@hotmail.com Este trabalho tem como objetivo analisar os processos de legitimação cultural (Lahire, 2006) que ocorrem no programa Conexões Urbanas, privilegiando os episódios que têm como temática variados grupos sociais. Conhecido por veicular reportagens representativas das mudanças pelas quais tem passado a mídia televisiva brasileira, o programa proporciona ao telespectador o acesso a atores e/ou ações sociais que estão à margem da grande mídia, e observar o modo como determinados grupos vêm conquistando sua legitimação nos dias atuais se mostra uma importante tarefa. Assim, o reconhecimento e a valorização dos diversos atores sociais decorrentes de lutas constantes contra a imposição social representam práticas relevantes de toda uma comunidade. O presente trabalho visa, portanto, à observação das manifestações culturais no programa Conexões Urbanas, das práticas de linguagem e das ações linguísticas presentes no discurso de seus participantes.
A encenação da informação: o Movimento Passe Livre no jornal Folha de S. Paulo Ana Cecília da Costa (UNISANTOS) aceciliacosta@yahoo.com.br O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo discursivo de publicações jornalísticas do caderno Cotidiano da Folha de S.Paulo sobre manifestações do Movimento Passe Livre ( MPL). Nosso enfoque se detém sobre os modos de organização do discurso e a análise linguistico-discursiva das publicações sobre o Movimento e de como os sujeitos envolvidos nos fatos relatados são representados, bem como a relação destes com o espaço social. A base teórica deste estudo são os pressupostos da Análise de Discurso Francesa, tais como: o silêncio e a memória discursiva, baseando-se em Orlandi (1999) e os Modos de Organização do Discurso e a encenação da informação à luz de Charaudeau (2008, 2012). A partir do corpus selecionado observamos que a Folha de S. Paulo transformou os conflitos gerados pelas manifestações do MPL em uma " guerra da tarifa", em um processo de encenação da informação que traduz a violência como espetáculo, a partir de um jogo de forças que encobre reivindicações sociais e silenciam o debate sobre a atual concepção de transporte coletivo nas metrópoles brasileiras. 222
Resumos: Comunicações Individuais O ensino de Inglês na escola pública: obrigatório tratado como opcional Ana Emilia FAjardo Turbin (UnB) anna__emilia@live.com Não é novidade que o ensino de Inglês na escola pública é obrigatório por lei, porém não é assim que ouvimos dos próprios professores e até alunos da escola pública.O discurso a respeito de seu ensino-aprendizagem gira em torno de uma disciplina que está longe em termos prioritários do ensino da Matemática ,por exemplo. Esta comunicação vem indagar a respeito deste discurso e pensar as razões que ainda no século XXI levam as escolas públicas a não valorizarem uma disciplina que permite uma ampliçaõ de saber e de se situar num mundo em que a língua inglesa a cada dia se torma mais popular e necessária para se inserir no mundo acadêmico e dos negócios , enquanto as escolas particulares se esmeram em oferecer cursos de Inglês com excelentes professores.Buscaremos apoio na literatura pertinente à Análise do Discurso Francesa e em autores do campo da Educação a fim de pensarmos as sutis desigualdades presentes na escola pública no discurso que toca a posição da Línguia Estrangeira no currículo. Autoria nos textos de estudantes-estagiários: compreensões sobre o processo de formação docente Ana Lúcia Guedes-Pinto (UNICAMP) alguedes@mpc.com.br Tomando a perspectiva de análise do discurso com base nos estudos bakhtinianos, esta comunicação tem como objetivo problematizar os textos produzidos pelos estudantes-estagiários inseridos em um curso de licenciatura. Trata-se de dar continuidade às discussões dos resultados parciais do projeto de pesquisa em andamento “Discursos entrecruzados na formação de professores”, que toma como foco os sentidos atribuídos pelos estudantes em suas produções escritas à profissão docente. Para orientar as análises, assume-se como referências as categorias de gêneros discursivos, dialogia, autoria e enunciado/enunciação. A metodologia ancora-se na pesquisa participante tendo como base a condição de professora das disciplinas do eixo teórico-prático do curso de formação de professores de uma universidade pública paulista. O sujeito é entendido como sujeito histórico, imerso nas práticas sociais, as quais ele tanto as produz quanto por elas é produzido. Neste âmbito, nas relações que se constituem entre sujeito-sujeito, sujeito-mundo, ganham relevância os processos produtivos de linguagem. Por esse viés é que são problematizados os textos escritos dos estudantes no contexto da educação superior, especificamente de um curso de licenciatura, nas disciplinas de estágio. Nessa esfera de uso da linguagem acadêmica, esta investigação focaliza seus processos discursivos tomando como escopo a questão da autoria. Trata-se, portanto, de um estudo com enfoque analítico-interpretativista. Optou-se por se focalizar nas produções escritas dos estagiários seus modos de dizer e de se referir à profissão de professor. Entre os elementos composicionais de seus textos ressaltam-se a elaboração de títulos, subtítulos, a formatação textual. Também se destacam os modos de referenciação em sua materialidade linguística. Tais aspectos da escrita analisada revelam a inscrição dos sujeitos nas suas produções, tornando visíveis seus projetos de autoria no processo de estágio. O espelho da sociedade no sujeito de “O Espelho”, de Guimarães Rosa Ana Maria Rocha Soares (UESB) anamarialiterata@yahoo.com.br Intenta-se discutir o conto O Espelho, da obra Primeiras Estórias (1962), de Guimarães Rosa, como amostra da inclinação metafísica do autor e, como tal, enquanto expressão literária que intenta desvelar mecanismos político-ideológicos responsáveis pelo ajustamento e adequações do sujeito às convenções e normas do meio social do qual este é oriundo. N’O Espelho Rosa faz uso de uma estratégia discursiva com a qual nos apresenta um narrador cujo discurso evidencia uma linguagem filosófica que lhe garante uma autoridade para refletir sobre os mecanismos político-ideológicos que são responsáveis pelo aprisionamento do homem em relação a si mesmo e à própria vida. O protagonista faz uma reflexão sobre seu ser, bem como sobre sua condição enquanto indivíduo social no mundo e, para tal, revela-se dotado de um discurso capaz de refletir e expressar, de forma consciente, as suas limitações enquanto sujeito autônomo, assim como capaz de questionar as razões que o limitam. Assim, as reflexões do narrador-personagem do conto vislumbram que comportamentos e ações do indivíduo estão, na maioria das vezes, em conformidade com uma ordem previamente estabelecida – os preceitos, as condutas, funções. Nesse sentido, este trabalho discute, a partir do aludida obra, até que ponto o indivíduo pode ser considerado um ser autônomo na medida em que ele está, involuntariamente, submetido a papéis previamente delimitados por uma ordem social da qual é oriundo. Para tal, parte-se da perspectiva de Berger e Luckmann (2012), de que a realidade – enquanto construto de aparelhos ideológicos dominantes – consegue ser, mediante os mesmos mecanismos ideológicos, aquela que determina comportamentos, ações, enfim a identidade do sujeito. Ademais, reporta-se às contribuições de Bergson, sobretudo quanto ao conceito de percepção discutido no livro Matéria e Memória. Por conseguinte, a nossa proposta parte da perspectiva de que aquilo que comumente se concebe como identidade do sujeito nada mais é que um “construto” políticoideológico previamente determinado que circunscreve e delimita esse indivíduo. Os efeitos de sentido no discurso da Mafalda: interdiscurso e memória discursiva Ana Michelle de Melo Lima (UERN) anamichellemelo@hotmail.com Maria Eliza Freitas do Nascimento (UERN) elizamfn@hotmail.com Partindo de uma análise do discurso das tirinhas da Mafalda, objetivamos verificar a construção dos efeitos de sentidos nesse enunciado. Nessa materialidade, é possível observar questões de luta de classes, reveladas por meio das injustiças sociais, em virtude 223
Resumos: Comunicações Individuais de um regime político autoritário, opressivo, contribuindo para a formação de uma sociedade oprimida. Isso é percebido por meio das condições de produção do discurso. Para esta análise, recorremos aos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha Francesa, a partir da contribuição de Michel Pêcheux e Michel Foucault, mobilizando categorias como: discurso, interdiscurso, memória discursiva, condições de produção, formação discursiva, relações de poder - saber, para discutir os efeitos de sentidos no discurso. Nossa pesquisa destaca como objeto de estudo, as tirinhas da personagem Mafalda, criadas pelo desenhista argentino Joaquim salvador Lavado, mais conhecido como (Quino), que utilizou a imagem de uma menina de seis anos, para denunciar e criticar os problemas sociais da época. Justificamos essa escolha, uma vez que o enunciado discursivo favorece a construção de diferentes efeitos de sentidos, a partir das condições de produção dos discursos. Como metodologia, faremos pesquisa bibliográfica sobre a Análise do Discurso para marcar o lugar teórico de Pêcheux e Foucault e as categorias que serão mobilizadas no percurso analítico. Posteriormente, analisaremos no enunciado discursivo das tirinhas da Mafalda, como os efeitos de sentidos são produzidos e relacionados ao resgate da memória discursiva e ao interdiscurso, mostrando como a repressão militar por parte do governo constitui sujeitos submissos pelas relações de poder, uma vez que se rendem as formações discursivas do sistema, e desse modo se fabrica um efeito de sentido de ironia. A venda do produto “político”: o estudo de caso de um percurso argumentativo com vistas à adesão Ana Miriam Carneiro Rodriguez (UninCor/CAPES) anamcrodriguez@gmail.com
Parte da população brasileira, por desencanto ou ignorância, diz preferir ficar fora da política e não percebe que a campanha eleitoral é o momento em que se promove discursivamente uma imagem de representante ideal. No dia a dia, salvo em épocas de eleição, pouco se fala sobre as estratégias argumentativas utilizadas pelos candidatos políticos para construção da própria imagem, atração da simpatia do público eleitor e persuasão desse mesmo interlocutor para a ação de interesse dos partidos (o voto). No livro “Tratado da Argumentação: uma nova retórica”, originalmente publicado em 1958, Perelman e Olbrechts-Tyteca retomam e reabilitam o estudo sistematizado da argumentação a partir das ideias de Aristóteles. Desde então este importante componente da comunicação humana vem sendo estudado por diversos teóricos sob pontos de vista diferentes. Por ser a eleição uma questão com mais de uma possibilidade de solução (mais de candidato com possibilidade de ser eleito a um único cargo político eletivo), cada um dos participantes da situação comunicativa interessados em que a questão se resolva a seu favor tem, por lei, oportunidade de, por meio de discursos especialmente construídos para a situação de campanha eleitoral, convencer e persuadir o público-alvo a aderir à imagem do candidato, criada discursivamente, para atender aos interesses propagandistas. Sendo assim, este trabalho visa perceber as estratégias argumentativas, com vistas à persuasão, utilizadas pelo candidato à Presidência da República pelo Partido da Social Democracia do Brasil (PSDB) Aécio Neves em seu discurso veiculado na propaganda eleitoral gratuita televisiva, no ano de 2014, bem como seus possíveis efeitos de sentido. O corpus deste trabalho é composto por quatro vídeos de campanha exibidos no horário nobre eleitoral de todas as emissoras abertas de televisão brasileiras e os teóricos base de nossa análise serão Perelman e OlbrechtsTyteca (2014) com suas categorias de argumentos. Uma análise das estratégias de (des) cortesia como mecanismos discursivos de persuasão em interações polêmicas: o debate político Ana Paula Albarelli (USP) aalbarelli@yahoo.com.br O presente estudo tem por objetivo investigar os mecanismos discursivos empregados em interações polêmicas - no caso, o debate político - cujo propósito é expor e denegrir a imagem dos interlocutores de modo deliberado. Nesse tipo de interação, na qual predominam atos de ameaça às faces dos interactantes, observa-se um tipo específico de troca verbal cujos processos de gestão da imagem calcam-se no emprego agressivo do trabalho de face, conforme Goffman (1967). Por essa razão, considerar-se-ão, como aporte teórico, os estudos de Goffman (1967) acerca das faces, bem como os postulados de Culpeper (2011), relativos à descortesia verbal. Há que se ressaltar que os atos de (des) construção da imagem cumprem o papel de procedimentos argumentativos que engendram um tipo de prática comunicativa na qual se privilegia a construção de um discurso de cunho marcadamente axiológico, cujo foco incide no desacordo. Os processos de negociação na interação dão lugar à polêmica, a qual, por sua vez, afigura-se como recursos argumentativos, empregados pelos candidatos, com vistas à persuasão do auditório. Por essa razão, consideramos a hipótese de que os atos de ameaça à imagem (face) – descortesia ou a falsa cortesia (mock politeness) – atuam, no discurso político, como técnicas argumentativas. Destarte, tomamos, ademais, como aparato teórico na abordagem da descortesia, as contribuições da Teoria da Argumentação, bem como da Nova Retórica, postulada por Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005). O corpus constitui-se da gravação do discurso de Dilma e Aécio Neves, no contexto das eleições presidenciais. Verifica-se que ambos os candidatos visam à adesão do auditório procedendo à valorização de sua imagem em detrimento da face do oponente. Com efeito, questões relativas à desigualdade erigem-se no discurso, em virtude de o corpus ser um debate, em que se problematizam questões sociais e políticas distintas. O rio Doce nos discursos dos viajantes naturalistas e dos gêneros textuais jornalísticos contemporâneos: entre a natureza exuberante e a degradação Ana Paula Campos Fernandes (UNIVALE) anapaulagv@hotmail.com A região leste do estado de Minas Gerais entrou em evidência desde o século XIX. A partir daí, pode-se encontrar relatos feitos por viajantes que passaram pelo rio Doce, como aparece nas descrições de Spix e Martius, Saint-Hilaire, dentre outros. Através dos discursos destes viajantes, percebe-se um rio retratado com fartura de água e florestas em suas margens, imaginando a natureza nesta 224
Resumos: Comunicações Individuais região como inesgotável. No entanto, ao longo dos anos, o rio Doce passou por processos de degradação das florestas de sua margem, poluição das águas e longo período de seca. Além disso, recentemente, teve seu curso invadido por rejeitos de mineração, em função do rompimento de barragem de minério no distrito de Bento Rodrigues – MG, que acabou por repercutir em várias cidades margeadas pelo rio. Contudo, Governador Valadares – MG foi um dos municípios com maiores consequências para a população, pois a captação de água depende unicamente deste rio. Assim, serão analisados os gêneros textuais jornalísticos, do jornal local impresso de Governador Valadares – MG, publicados entre 05 de novembro a 05 de dezembro de 2015. Nos discursos dos viajantes a projeção do rio Doce é repleta de significados e memórias. Particularidades que podem ser analisadas como um território simbólico, logo, ele é valorizado e configurado inerente à identidade de determinados sujeitos. Diferentemente, o rio ganha dimensões diferentes após a invasão da lama de rejeitos que altera tanto a paisagem quanto a percepção dos ribeirinhos e dos relatos jornalísticos produzidos para retratar o que tem sido considerado como o maior desastre ambiental do Brasil. Nesse sentido, os discursos dos viajantes e dos jornalistas serão evocados através da Análise do Discurso, enquanto ramo da Linguística. Neste estudo, o rio Doce constitui-se enquanto território simbólico cujas representações se expressam nos diversos discursos proferidos sobre o rio. Enfim, serão considerados os discursos sobre o rio em dois momentos diferentes: no passado e presente. Antes, abundante em água limpa, atualmente, poluído. Desigualdade e surdez: reflexões sobre a escrita do surdo, segundo uma experiência pessoal Ana Paula Oliveira e Fernandes (UFGD) ap.fer.colz@gmail.com As pessoas surdas enfrentam inúmeros entraves para participar da vida social e educacional, decorrentes da perda da audição e das formas como se estruturam a educação e a sociedade atual, além do desconhecimento da Lei nº 10.436/2002, que reconhece o direito de expressão das pessoas surdas e reconhece a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinas) como sua língua. Os surdos já se constituem uma comunidade, portanto possuem cultura e língua diferentes daquelas da comunidade ouvinte. A resistência da pessoa surda brasileira que luta pelo reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como língua vem de uma luta muito antiga. Além disso, em relação a sua escrita, a pessoa surda ainda sofre com as discriminações relacionadas à sua incapacidade de se expressar na escrita da língua dos ouvintes. Seria mesmo incapacidade de expressão escrita? Qual a diferença entre a escrita de uma pessoa surda e de uma pessoa ouvinte? De onde vem o prestígio da escrita da língua dos ouvintes? Eu, como pessoa com surdez, vivo em um mundo com limitações auditivas e vejo a Língua Oral como algo desconhecido, somente compreensível minimamente graças à leitura labial, uma modalidade visual pela qual se reconhece os códigos vocais. A modalidade visual é minha única capacidade de assimilação, vivo aquém das fronteiras do mundo da modalidade vocal. O que faz uma pessoa surda conseguir aprender uma outra língua escrita, neste caso a língua portuguesa? A Língua Portuguesa Escrita é, de fato, uma língua difícil de aprender para a pessoa surda por ser uma modalidade vocal? Tais perguntas fizeram-me refletir sobre como adquiri a escrita da língua portuguesa, mesmo sendo pessoa surda, oralizada e sinalizada (uso da LIBRAS), que não teve apoio e nem intérprete de LIBRAS. Meu projeto de pesquisa norteia-se pelos estudos da consciência metapragmática sobre os corpora de relatos de experiências (meus, de meus professores e de meus familiares) sobre meu processo em adquirir a escrita da Língua Portuguesa. Fala e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser do segundo é representar o primeiro, a escrita não é a grafia fiel da fala.
El objeto discursivo "Dictadura Cívico-Militar" en la Argentina reciente: recorridos y genealogías históricas Ana Soledad Montero (UBA-CONICET) ana.soledad.montero@gmail.com El objeto discursivo (Sitri, 2003; Grize, 1990) “dictadura cívico-militar” se ha instalado en los últimos años en la opinión pública, en los discursos políticos, en la prensa y en las memorias oficiales sobre la última dictadura militar argentina (Vezzetti, 2009). La expansión y circulación de esa noción establece una lectura novedosa sobre la naturaleza del régimen militar, sobre la composición de los actores que participaron de él y en particular sobre el rol de la sociedad civil en la instauración y consolidación del proyecto autoritario iniciado el 24 de marzo de 1976. Esa nueva lectura sobre el pasado dictatorial tiene efectos simbólicos y también prácticos, ya que ha dado lugar a nuevas investigaciones, juicios e incluso condenas a numerosos y diversos actores de la sociedad civil, y a profundos debates sobre la responsabilidad política y civil en la violencia política estatal. Este trabajo tiene dos objetivos: en primer lugar, analizar los usos de la noción de “dictadura cívico-militar” en los discursos políticos y las memorias oficiales durante los gobiernos kirchneristas (2003-2015), e interrogar sus sentidos y repercusiones contemporáneas. En segundo lugar, rastrear la genealogía de esa noción en el interdiscurso histórico (discursos de organizaciones de derechos humanos, de organizaciones militantes, de actores políticos) con el fin de reconstruir su circulación histórica y sus efectos argumentativos en el presente. Modalizadores e construção de pontos de vista em reportagens televisivas de jornal local do Rio Grande do Norte Ana Virgínia Lima da Silva Rocha (UFRN) anavirginialsr@gmail.com O jornal local de maior audiência no Estado do Rio Grande do Norte inaugurou em agosto de 2015 o quadro “Eu vivo Zona Norte” (de Natal), transmitido duas vezes por semana, com a proposta de destacar potencialidades da região, mostrar e auxiliar os moradores locais a solucionar problemas de ordem pública e dar voz a esses moradores, conforme expresso na primeira edição do programa. Segundo Silva, A. F. C (2003) e Silva, M. . M. R. (2010) et al., em oposição a áreas “ricas” da cidade, a Zona Norte – onde reside cerca de 40% dos moradores de Natal - é caracterizada pela população em geral como um espaço de pobreza, além de ser alvo de preconceito devido aos problemas que enfrenta. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo investigar de que forma as 225
Resumos: Comunicações Individuais modalizações presentes em reportagens do quadro “Eu vivo Zona Norte” (re)constroem pontos de vista sobre a região e seus habitantes, por meio da análise de quatro reportagens veiculadas entre os meses de agosto e novembro de 2015. Para tanto, adota-se o aporte teórico de Bronckart (1999), o qual situa as modalizações (lógica, deôntica, apreciativa e pragmática) como parte dos mecanismos enunciativos que compõem a arquitetura interna dos textos. Adota-se também o aporte teórico de Charaudeau (1992; 2007) no que concerne à presença de modalizações no implícito e ao discurso midiático. Tendo em vista que a reportagem é caracterizada como um gênero jornalístico plurissemiótico, primeiramente é analisado o corpus com enfoque em seus aspectos situacionais, textuais, discursivos e visuais. Em seguida, o enfoque é dado às modalizações e às suas relações com a imagem. Como resultados parciais, constata-se que, embora o quadro proposto no referido jornal possa ter um papel social de chamar a atenção para uma área desfavorecida do município, as reportagens focalizam apenas problemas infraestruturais, sem abordar as potencialidades da região. Por meio dos modalizadores e de sua relação com a imagem, são reiteradas as práticas de marginalização e preconceito, além de ser frequente a antecipação da voz dos coenunciadores por parte do repórter, configurando-os como sujeitos cuja voz se limita à enunciada pelo jornal.
A censura no discurso midiático: o caso das ocupações contra a reestruturação das escolas públicas do Estado de São Paulo Anderson Ferreira (PUC-SP) andersonportovelho@gmail.com É lamentável, no atual período histórico, termos de conviver com práticas de censura às mídias: pressões econômicas, intervenções judiciais, ameaça a jornalistas, leis regulatórias, vigilância da sociedade civil, tudo isto tem funcionado como mecanismos de censura externos que frustram a possibilidade de alcançar uma democracia plena. Contudo, em meio ao discurso mítico de liberdade de expressão, torna-se relevante observar em que medida às mídias também praticam, no e pelo discurso, a censura que nos impede, segundo elas próprias, de construir uma sociedade mais justa, equalizadora e democrática. Neste sentido, este trabalho visa a analisar de que modo o discurso midiático censura os saberes, os valores, as identidades e as vozes dos sujeitos que se encontram fragmentados do poder político e econômico. Para tanto, selecionamos, da plataforma digital da Revista Época, dois textos de opinião, tomados aqui como discurso, acerca das ocupações ocorridas no mês de novembro de 2015 contra a reestruturação das escolas públicas do Estado de São Paulo. Com isso, objetivamos verificar os mecanismos de funcionamento do discurso midiático como modo de enunciação (diante de um fato inédito na recente história da educação pública do Estado) do mesmo, da repetição, da ininterrupção enunciativa, cujo escopo tem sido a manutenção do status quo. Postulamos, assim, que há, pelo menos, três modos de construção do sentido que implicam em formas de censuras, a saber: i) a deslegitimação dos atores sociais; ii) o apagamento do sujeitos na história; iii) o reducionismo da problemática sócio-político-cultural a intrigas político-partidárias. Dessa forma, com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso, em sua perspectiva enunciativo-discursiva, mobilizamos, para compor o quadro teórico-metodológico de nossa análise, a categoria de cenografia proposta por Dominique Maingueneau e os estudos realizados por Jean-Michel Adam acerca das sequências argumentativas em seu princípio dialógico. Ao contrário da censura às mídias, que, de modo geral, visa a suprimir o dizer que se coloca contra o poder, o discurso midiático instaura a censura por meio de sua enunciação infindável e inesgotável do discurso do mesmo, instaurando um efeito de sentido de discurso acabado e transparente.
Entre movimentos sociais e movimentos de classe: o discurso neo-ateísta e o martelar da resistência Anderson Nowogrodzki da Silva (UFG) a.nowogrodzki@hotmail.com Olhar para a complexidade inscrita em um conceito torna-se uma tarefa difícil quando não há um consenso teórico-metodológico a seu respeito. Pensa-se que é preciso, para conceber uma definição de “movimentos sociais” e aplicá-la, olhar para a totalidade das relações humanas em sociedade, tratando-as a partir de uma análise histórica. Objetiva-se, dessa forma, trazer, à luz das ideias, o século XXI, mais especificamente os anos que sucederam 2001 – data em que ocorreu o atentado conhecido como “11 de setembro” –, almejando entender como se deu a formação, a constituição, de um movimento social neo-ateísta, suas características e efeitos manifestos em uma sociedade capitalista, regida pelo acúmulo de capital, permeada pela desigualdade social, retomando o ateísmo clássico para que se entenda a movimentação histórica. Para tanto, observam-se, na sociologia marxista, as questões epistemológicas que se referem às mudanças que podem ocorrer na ordem social, no atravessamento entre diferentes totalidades que constituem e são constituídas (os movimentos sociais como totalidades constituídas, inseridas na sociedade que também é uma totalidade, porém, constituinte). Olha-se, dessa forma, para a propriedade de mudança inerente aos movimentos sociais, o modo como se manifestam, e suas relações com o Estado. Agrega-se a essa busca, então, a partir de uma perspectiva foucaultiana, um olhar para a história em sua descontinuidade e para as redes de relações inerentes a ela, instaurando poderes, regulados pela atualidade do saber e materializados como enunciados, que dão forma aos sujeitos. Dessa maneira, faz-se uso das fases arqueológica e genealógica de Foucault, dando foco às formas de resistência na sociedade de controle. Por último, e não menos importante, este trabalho se orienta pela “Filosofia do Martelo” de Nietzsche, em que se busca abalar o que está posto, fazer ressoar a rigidez das verdades vigentes na sociedade, questionando e refletindo sobre as possibilidades de mudança, a vontade de potência que dá movimento à existência, a oposição ao que é passível de sentido.
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Resumos: Comunicações Individuais O Guernica de Mariana. Retroalimentações entre a opinião da mídia tradicional e as opiniões nas mídias sociais André Covre (UFVJM) andrelcovre@gmail.com Simone de Paula dos Santos (UFVJM) simoneletras@yahoo.com.br Este trabalho propõe a análise dos discursos sobre a tragédia da Samarco-Vale-BHPBilliton, ocorrida no dia 05 de novembro de 2015, com o rompimento das barragens no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG-Brasil), a partir da descrição da retroalimentação entre a opinião da mídia e as opiniões presentes nas mídias sociais. A hipótese que será apresentada defende que a opinião da mídia tradicional reflete e refrata a mistura/confusão das opiniões presentes nas mídias sociais, na medida em que: (1) as opiniões nas mídias sociais se configuram como uma espécie de Guernica, refletindo e refratando as opiniões dos sujeitos e da mídia tradicional; (2) a opinião da mídia tradicional agencia e escolhe os discursos dos sujeitos como forma de construir a própria opinião, revelando um posicionamento argumentativo sobre o acontecimento; (3) ocorre uma retroalimentação entre a opinião da mídia tradicional e as opiniões nas mídias sociais que pode desvelar a disputa ideológica presente no acontecimento. Eliane Brum, em um belíssimo texto de 30 de Novembro de 2015, no jornal El País, defende que "talvez seja a hora de começar a pintar a nossa Guernica para tentarmos uma representação da catástrofe. Uma Guernica de imagens, mas também de vozes. Uma Guernica de memórias e de testemunhos. Uma Guernica que confronte 'o interesse nacional' e que o denuncie". Em tom de crítica ao comportamento social hipoteticamente alienado nas atividades cotidianas das pessoas, nas quais se inclui as atividades exaustivas de "curtir" e "compartilhar" nas redes, a autora defende que precisamos tomar uma posição, dar uma opinião e confrontar o discurso hegemônico. Apoiados na compreensão dialógica de ideologia (BAKHTIN, 2006) e de gêneros do discurso (BAKHTIN, 2010), trabalharemos nossa hipótese de que a construção do discurso da mídia tradicional (CHARAUDEU, 2010; EMEDIATO, 2013) é turbulenta devido a força dos discursos presentes nas mídias sociais. Em última instância, defenderemos que nosso Guernica está sendo pintado nas camadas cotidianas da ideologia e o que tentaremos descobrir é o tamanho de sua força diante da ideologia oficializada.
Governamentalidade neoliberal e desigualdade: uma análise de comentários sobre o Bolsa-Família no portal UOL André Henrique Mariz Salmerón (UFSJ) afsalmeron@gmail.com O artigo realiza um ensaio de análise sobre o neoliberalismo nos termos de seus procedimentos de governamentalidade. Em especial, a forma como as noções de mérito e meritocracia se materializam enquanto elementos dessa governamentalidade neoliberal, levandose em conta um caso específico do Brasil. Desse modo, o material de análise consiste de três comentários, com maior número de curtidas, feitos por leitores (as) em uma notícia publicada no site do portal UOL em outubro de 2015, intitulada “Proposta de corte no Bolsa Família gera medo da fome entre dependentes”. Parte-se da hipótese de que o discurso neoliberal, em especial, os valores de mérito e meritocracia levam à redução do debate sobre as desigualdades sociais ao deslegitimarem o direito a benefícios sociais, como o Bolsa Família. Tal processo ocorre na medida em que o discurso neoliberal constitui sujeitos e saberes que colocam as noções de mérito e meritocracia como sendo mais centrais do que a própria solução do problema. Desse modo, o foco desloca-se não para a solução do problema em questão – no caso, a desigualdade econômica – mas, antes, a adequação dessas soluções a um modelo neoliberal. A governamentalidade, conforme proposta por Foucault (2008), é aqui compreendida como um conjunto de procedimentos discursivos que contribuem para a autorregulação da sociedade segundo determinados parâmetros. Tal processo se dá na medida em que são produzidos sujeitos que, a uma só vez, tendem a se adequar a um determinado conjunto de normas e compelir outros sujeitos a fazerem o mesmo. Atua, dessa forma, como um poder essencialmente produtivo na medida em que constrói e organiza saberes, objetos, sujeitos, favorecendo uma forma de governo à distância (SPRINGER, 2012). Além dos trabalhos de Foucault, o quadro teórico é complementado pelos trabalhos de Harvey (2005), Boas e Gans-Morse (2009), Springer (2012), Gerzson (2007), Fernandes (2011), Hardt e Negri (2001), dentre outros(as). A construção da imagem da “drag queen” americana: uma análise das particularidades do inglês falado André Luiz dos Santos (IFG) andre.santos@ifg.edu.br Este trabalho aborda o papel exercido por alguns recursos do texto falado em inglês, observando a função que estes desempenham na caracterização do discurso do sujeito “drag”, pois é também na e pela linguagem que os sujeitos se constituem e se representam. Para tanto, verifica-se como esses recursos linguísticos são utilizados pelo sujeito “drag” em relação à identidade de gênero. O corpus deste trabalho é constituído pela gravação do episódio denominado “Reunited” da segunda temporada do reality show “Ru Paul Drag Race” veiculado no canal a cabo Multishow às quintas-feiras às 23h30min. Ressaltamos que o nosso corpus pode ser classificado como conversação espontânea, pois apresenta características básicas de uma conversa espontânea, tais como: falta de planejamento antecipado, o envolvimento dos interlocutores entre si e com o assunto e a existência de um espaço compartilhado entre os interlocutores. Os resultados demonstram que a construção identitária do sujeito “drag” é resultado não somente de sua caracterização, mas também de seu discurso e por se configurar como uma construção social, a identidade desse sujeito é múltipla e fragmentada.
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Resumos: Comunicações Individuais Empoderamento de usuários dos serviços de saúde: um estudo sob a perspectiva da análise do discurso com potencial de aplicaçao (Appliable Discourse Analysis) André Luiz Rosa Teixeira (UFMG) andrelrt2578@gmail.com Maria Augusta Correa Barroso Magno Viana (Escola de Enfermagem - UFMG) gutamagno@gmail.com Mariana Almeida Maia (Escola de Enfermagem - UFMG) marianasmart2@yahoo.com.br Thais Silva Pereira Campos (UFSC) taisinhasilva@gmail.com Este estudo foi desenvolvido num trabalho interdisciplinar da Linguística Aplicada e da Enfermagem e, adotando a Linguística Sistêmico-Funcional, mais especificamente, a análise do discurso com potencial de aplicação (appliable discourse analysis) (ADA) (MATTHIESSEN, 2011), examinou, sob a perspectiva da metafunção interpessoal, o sistema de SUJEITABILIDADERESPONSABILIDADE nos textos compilados para o corpus desta pesquisa. Partiu-se do pressuposto de que, as escolhas dentro desse sistema podem ser interpretadas como evidência de um discurso que revela manifestações de empoderamento dos usuários do sistema de saúde com relação ao autocuidado e diante de ações de comprometimento para com os cuidados com a alimentação, atividade física e tratamento medicamentoso. A análise foi realizada em um corpus monolíngue em português brasileiro composto por um banco de falas compilado em práticas grupais (conduzidas com base no Protocolo de mudança de comportamento-Behavior Change protocol) (CHAVES, 2014), realizadas em um programa educativo em Diabetes mellitus em uma unidade básica de saúde de Belo Horizonte. Com o auxílio do software AntConc (ANTHONY, 2014), através de técnicas da Linguística de Corpus, foram realizadas buscas por pronomes que realizam as opções dentro do subsistema de RESPONSABILIDADE, bem como seus respectivos colocados nas linhas de concordância. Com o auxílio do software e ambiente estatístico R (R CORE TEAM, 2014) foi realizada a mineração dos textos e nuvens de palavras foram geradas. Os resultados mostram que o discurso dos usuários possui escolhas de Sujeitabilidade que podem ser interpretadas como maior corresponsabilidade e comprometimento no que diz respeito aos tratamentos medicamentosos. Por outro lado, as escolhas de Sujeitabilidade no discurso relativo a alimentação e atividade física podem ser interpretadas como menor comprometimento. Critical Discourse Analysis of Testimonios of Latinas in State and Federal Government of the United States Andrea Guajardo (University of the Incarnate Word) adguajar@uiwtx.edu The ethnic and racial demographics of the United States are changing. Increasing numbers of Latina/o persons are contributing to a shift in which groups, traditionally called “the minority,” are now becoming the ethnic majority. As the Latina/o presence in the United States increases, the potential to influence the American political process increases. As greater numbers of Latinas/os exercise their right to vote, they will choose a candidate that best represents the interests and values most important to them. However, the make-up of state and federal government does not reflect the shift in demographics that has been in process or that is predicted (Bejarano, 2013). A review of literature pertaining to Latina/o political representation suggests that Latina elected officials, although privileged in some respects, possess a rarified experience that should become more commonplace if Latina leadership in the U.S. keeps pace with the expected growth of this ethnic group by the year 2060. In recognition of the conference theme of Inequality and Narratives of Life, the proposed article would explore the personal and professional lived experiences of Latinas in the United States who have been elected or appointed to public office. The paper proposes the use of testimonio methodology guided by Latino Critical Race Theory, as an extension of oral history, with the intent “reveal the racial, classed, gendered, and nativist injustices they have suffered as a means of healing, empowerment, and advocacy for a more human present and future.” (Perez Huber, 2009; Perez Huber, 2010). Testimonios, guided by Latino Critical Race Theory, explores the lived experiences of Latinas in elected office and is a mechanism of defiance of the Eurocentric epistemology that has traditionally pervaded narrative inquiry. Testimonies provide spoken words and written texts that will illuminate gender, ethnic, and class struggles inherent in the political process when a Latina pursues public office (Perez Huber, 2009). Critical Discourse Analysis of these data that considers large discursive units will reveal the influences of power, dominance, and discrimination within the social context of a changing U.S. demographic. Practical application of these findings includes leadership development, mentoring of future Latina candidates, and creation of public policy (Wodak & Meyer, 2001).
Sentidos sobre a desigualdade social de alunos da rede pública de ensino no discurso de uma instituição "parceira" das políticas públicas de educação Andrea Rodrigues (UERJ) andrearodrigues.letras@gmail.com Esta pesquisa apresenta a análise de entrevistas sobre políticas educacionais implementadas na rede pública de educação no Estado do Rio de Janeiro, oriundas de parcerias/convênios entre a Secretaria de Educação e uma ONG. Considerando que o discurso é constituído também pelo não dito (Orlandi, 1999), nossa proposta é discutir o quanto o que não é dito pode ecoar e produzir também sentido, num discurso que toma como ponto de partida uma determinada formação discursiva (Pêcheux, 1975) que parece remeter para a banalização da desigualdade social. Interessa-nos especificamente os modos de produção de sentidos sobre a desigualdade social dos alunos e o seu papel no processo de ensino-aprendizagem. Na análise, consideramos também o fato de as entrevistas serem veiculadas pela mídia, destacando a ausência da voz de professores e alunos, não entrevistados para as matérias publicadas. Pretendemos levantar as seguintes questões: a) como alunos e professores da rede pública são significados no discurso produzido nas 228
Resumos: Comunicações Individuais entrevistas? b) de que modo são produzidos sentidos sobre a desigualdade social dos alunos? c) que outros sentidos podem ecoar nesses discursos?
O corpo do sujeito transexual na (des)ordem discursiva Andréia Aparecida Thibes Santos Silveira (UNICENTRO) andreia.thibes@gmail.com A análise arqueológica de discursos propõe que analisemos os acontecimentos como ruptura ou regularidade histórica. Para que isso aconteça, precisamos considerar as condições sócio-históricas de existência dos enunciados e, porque ele é único, devemos questionar porque emergiu esse certo enunciado e não outro em seu lugar. Nessa perspectiva teórica, propomo-nos a analisar a imagem que irrompeu quando do acontecimento do dia 07 de junho de 2015, desfile da parada e orgulho LGBT, em que a modelo Viviany Beleboni, foi fotografada enquanto desfilava “crucificada”, com marcas simbólicas de agressões pelo corpo, seminua, apenas com um pedaço de pano amarrado à cintura; sua foto foi amplamente divulgada nas redes sociais, notadamente no Facebook, cujas postagens e comentários constituem nosso corpus de análise. Descrevemos e interpretamos esse acontecimento tendo em conta sua inscrição no campo de uma memória discursiva, e mais especificamente de uma memória das imagens, denominada por Jean Jacques Courtine intericonicidade. Assim, baseados nos pressupostos da análise do discurso de linha francesa, e especialmente nos apontamentos de Michel Foucault sobre o poder/saber, abordamos o corpo como objeto de discurso com o objetivo de darmos visibilidade tanto para os embates entre formações discursivas antagônicas quanto para os modos de subjetivação do sujeito transexual. As análises apontam para a produção do sujeito anormal e monstro, pois, segundo a analítica foucaultiana, trata-se um ser transgressor das leis naturais e, por isso, viola as normas da natureza. Nessa linha de análise, as regularidades enunciativas apreendidas na dispersão da história, definem o transexual, impondo-lhe uma identidade segundo os discursos que tradicionalmente legitimaram o normal e o desviante, reverberando verdades forjadas, desde a noite dos tempos, nos discursos médicos, religiosos e jurídicos. Tais verdades, no sentido que Foucault dá ao termo, impõem na atualidade das memórias analisadas o certo e o errado, o aceitável e o inaceitável, permitindo-nos analisar as proliferações, as permanências e as movências de discursos que inscrevem o sujeito em um regime particular de visibilidade e de dizibilidade, normatizado por ideais de conduta. A construção discursiva da dificuldade de aprendizagem Andréia Godinho Moreira (PUC MINAS) deiagm2007@gmail.com Este estudo visa a analisar a construção de imagens de si e do outro no discurso produzido em âmbito escolar, em uma reunião de formação em serviço. A cena investigada ocorreu no ano de 2008, em uma escola da rede municipal de ensino de Belo Horizonte, localizada na região sul da capital, cujo público principal é constituído por crianças advindas de vilas e aglomerados, que experienciam, portanto, condições de vulnerabilidade social. O corpus deste estudo é composto por texto oral, produzido em uma reunião pedagógica, envolvendo uma professora formadora da Secretaria Municipal de Educação (SMED), a coordenadora pedagógica da escola envolvida e quatro professoras que lecionam para alunos dos iniciais da educação básica. Na época em que a pesquisa foi realizada, essas reuniões, de caráter semanal, se justificavam pelo baixo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da escola, devido ao alto índice de evasão e repetência. Além disso, os alunos dos anos iniciais da educação básica demonstraram um desempenho insatisfatório em avaliações sistêmicas, como a Avalia BH e a Provinha Brasil.Na tentativa de tentar reverter esse quadro, segundo diretrizes pedagógicas da SMED, a escola passou a ser monitorada por uma professora formadora, que reunia, semanalmente, com gestores e professores a fim de discutir questões político-pedagógicas, oferecer formação nas áreas de letramento e alfabetização, produzir material didático, juntamente com o corpo discente da escola, juntamente com os gestores, buscar soluções para os problemas apontados pelos professores, além de outras tarefas. No que se refere a essas tarefas, para fins de estudo, foi feita a opção por uma reunião na qual os professores discutem com a formadora sobre o que denominam problemas de aprendizagem dos estudantes. A fim de tentar entender como o grupo constrói discursivamente a imagem desses estudantes e como a gestão de vozes enunciativas e as imagens de si e do outro projetadas no discurso concorrem para a emergência de posicionamentos enunciativos/discursivos, esse estudo recorre, principalmente, às contribuições de Volochinov (1992) e Amossy (2008), procurando fazer a interceção com os estudos acerca da problemática da identidade, à luz de Hall (2006), Davies & Harré (1990), dentre outros.
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e o os Cadernos de Formação de Professores: dispositivos para a (des)igualdade no ensino de língua materna? Andreza Roberta Rocha (IEL – UNICAMP) andrezarrocha2003@yahoo.com.br Este estudo toma como objeto a influência dos dizeres dos cursos de formação de professores nas representações destes a respeito de si e da realização do seu trabalho, visando a responder a seguinte pergunta: quais representações a respeito dos membros da categoria docente e do trabalho que eles realizam com relação ao ensino de língua materna emergem dos materiais escritos produzidos em função dos cursos de formação? Para tanto, tomamos como cenário a iniciativa apresentada pelo Ministério da Educação e Cultura desde 2013 denominada Pacto Nacional Pela Alfabetização Na Idade Certa (PNAIC), compromisso em função do qual o governo federal, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios visam a garantir a alfabetização de todas as crianças até os oito anos de idade, no final do 3º ano do ensino fundamental. Mais especificamente, nos dedicamos ao exame dos materiais escritos publicados para a formação continuada dos professores, os Cadernos de formação. Com o objetivo de problematizar o modo de funcionamento dos cursos de formação, examinando a tensão decorrente do conflito entre a perspectiva de padronização das instâncias oficiais e a singularidade das pessoas envolvidas no processo de ensino de língua materna (professores e formadores de professores), 229
Resumos: Comunicações Individuais formulamos a hipótese de que é possível elencar nos referidos materiais estratégias linguístico-discursivas que permitem compreendê-los como dispositivos (AGAMBEM: 2009) que repercutem no silenciamento da categoria docente em relação às práticas que não pertençam ao discurso dominante na atualidade com relação o ensino de língua materna e à identidade do professor. Nesse contexto, tendo como referência as considerações de Coracini (2000), que problematiza o modo de presença do sujeito na atualidade, adotamos em nossas análises a abordagem discursivo-desconstrutivista, principalmente no que se refere ao modo de presença dos membros da categoria docente na atualidade, os quais, segundo a autora, são atravessados por dizeres que lhes conferem o status de produto de interesse de uma época. O exame dos Cadernos de Formação levou-nos a apreender a figura de um locutor que emprega estratégias linguístico-discursivas que apresentam o efeito de apresentá-lo aos interlocutores como uma figura que detém um saber consolidado a respeito dos professores.
Discursos sobre o negro: mito, história, memória e tradição Andreza Santos Xavier Rodrigues de Carvalho (UEMG/FAPP) andrezasxavier@gmail.com O texto apresenta um exercício teórico-reflexivo dedicado a explorar uma de várias dimensões da significância discursiva proposta por Maingueneau (2008a) - o estatuto do enunciador e do destinatário - que integra o tratamento teórico-metodológico denominado como Semântica Global. De maneira a concordar com o autor da precedência do interdiscurso sobre o discurso, nos interrogamos, como um prolongamento dos resultados obtidos com a análise linguístico-discursiva e ideológica da referida categoria em Xavier (2011) que tanto o enunciador quanto o destinatário visam estabilizar um dado lugar político que atenua conflitos, visa concretizar discursivamente um determinado projeto de experiência humana tal que a imagem do negro construida discursivamente amenisam as tensões de relações de poder e não contestam ausências do estatuto epistêmico das diversas fontes de saberes africanos. Dessa forma, conceitos que estariam na ordem dos acontecimentos discursivos que tematizariam a discriminação étnica-racial como: mito, história, memória e tradição estão silenciados. Consideramos que trazer a tona tais categorias silenciadas permite ampliar uma análise da complexidade que envolve a abordagem a respeito da pluralidade da história e da cultura africana. Contribuem no trabalho teóricoreflexivo proposto: Maingueneau (2008a, 2008b) com a Semântica Global; Armstrong (2005) com a categoria de mito; Boaventura e Meneses (2009) e Meneses (2010) que discorrem sobre história e memória e, Ranger (1984) com alguns aspectos da obra “A invenção das tradições”. Em linhas gerais, optamos operar a dimensão – estatuto do enunciador e do destinatário – com o objetivo de demonstrar possibilidades para análises, à luz dos conceitos (mito, história, memória e tradições), que evidenciam um esvaziamento discursivo de maneira a cumprir uma função política do dizer sobre o negro.
Metodologia de análise do discurso jornalístico a partir de uma construção processual Ângela Teixeira de Moraes (UFG e PUC-GO) atmoraes@uol.com.br Este trabalho propõe uma metodologia de análise do discurso jornalístico a partir de uma construção processual, que inclui as etapas de produção, a publicação e a circulação da notícia. A metodologia identifica as forças discursivas que moldam os discursos nesses três diferentes momentos. No primeiro, são avaliados os valores noticiosos dos acontecimentos e o olhar do profissional sobre eles e suas condições de produção. No segundo, identificam-se os constrangimentos do gênero textual e estratégias espaciais e visuais. No terceiro, a partir dos sentidos produzidos pelos leitores, verifica-se a força da comunidade interpretativa. A força histórica aparece como subjacente a todo esse processo. Os resultados apontam para uma heterogeneidade discursiva e que, embora se possa detectar uma ordem discursiva visando à regularidade, outras forças intervenientes afetam a produção de sentidos intencionada pelo campo produtor da notícia em direção ao campo receptor. Este último também se porta de forma heterogênea, dependendo da experiência educacional e profissional. Teoricamente, a proposta metodológica baseia-se nas teorias construcionistas do jornalismo, nos dispositivos analíticos de Foucault e na estética de recepção de Stanley Fish. A pesquisa traz como objeto o suplemento "Pensar" do jornal brasileiro "O Popular", destinado a professores.
Responsabilidade enunciativa: a noção do ponto de vista Angélica Ferreira da Fonseca (UFRN) angel_f_f@hotmail.com Este trabalho insere-se nos estudos sobre a Análise Textual dos Discursos (doravante ATD) e a Linguística da Enunciação. A Responsabilidade Enunciativa, como um dos níveis de análise da ATD, diz respeito ao gerenciamento das vozes em um texto e, sendo assim, à atribuição de enunciados e pontos de vista (PDV) a instâncias enunciativas. Neste sentido, interessa-nos identificar, descrever, analisar e interpretar o ponto vista e, dessa maneira, contribuir para as pesquisas sobre o fenômeno da RE. Para tal, subsidiamo-nos, particularmente, de ADAM (2011), RABATEL (2006, 2008, 2009, 2010) e RODRIGUES (2010). Ressaltamos, também, que para realizar a investigação adotamos uma abordagem qualitativa e interpretativista, bem como utilizamos o método indutivo em uma amostragem constituída pelo discurso político de posse de Lula apresentado ao Congresso Nacional em 2003. Os resultados apontam para a estreita relação entre o ponto de vista e a orientação argumentativa, além disso para a predominância do PDV afirmado no discurso político de posse.
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Resumos: Comunicações Individuais O discurso do Mídia Ninja: a (des)igualdade social nas representações e ações midiativistas Antonio Augusto Braighi (UFMG) antonioaugustobraighi@gmail.com Em 2013 o Brasil passou por diversas manifestações, muitas delas violentas, que levaram milhares de pessoas às ruas das principais capitais do país. Os atos foram marcados pelo grito da crise de representatividade, política e midiática; assim, nenhuma bandeira parlamentar e logo de mídias corporativas eram aceitas pelos ativistas nas marchas. É neste contexto que ganha representatividade o Mídia Ninja, coletivo de comunicação independente (veículo de imprensa alternativa) que registrava os protestos bem de perto, em tempo real, pela internet, pautando, inclusive, os tradicionais órgãos de comunicação. Em 2014, durante a Copa do Mundo de Futebol, mais uma vez os repórteres-Ninjas estavam nas ruas – período que representa o recorte de exame da pesquisa de doutorado a que esta comunicação faz referência. Os resultados foram obtidos a partir de uma apreciação balizada pela semiolinguística e análises fundamentadas em um amplo arcabouço teórico. Foi examinado o conjunto das transmissões simultâneas do Mídia Ninja, realizadas no período de 12 de Junho a 13 de Julho de 2014, composto por 290 vídeos, totalizando mais de 96 horas de exibição. Os dados indicam um forte posicionamento ideológico na defesa de causas sociais que, aparentemente, não têm grande apelo nos canais de comunicação de massa no país. Com uma métrica diferente da utilizada pela mídia corporativa, e uma parcialidade declarada, o coletivo tem dado voz a atores sociais sem muito espaço, fomentando os processos democráticos uma vez que potencializa os argumentos de movimentos sociais e de ativistas, alargando os horizontes da liberdade de expressão, trazendo mais informações para a sociedade civil. A presente comunicação então tem como finalidade apresentar os resultados da tese supracitada, procurando centralizar a discussão nos aspectos discursivos que demonstram como a dinâmica desta mídia independente pôde contribuir ainda para um trabalho crítico dos internautas, gerando reflexão, engajamento e participação política.
O bafon da linguagem gay: as implicações do dialeto homossexual na sociedade Antônio José da Silva (UFAM) hustoun@gmail.com Muitos são os trabalhos desenvolvidos acerca do que, historicamente, costumou-se caracterizar como "linguagem gay". Pesquisas diversas apontaram a constituição do vocabulário desse grupo social, sua relação com o Candomblé e outras referências históricosociais. Há uma riqueza incontestável na linguagem dos homossexuais, não somente pela sua variedade vocabular e de expressões já bem delimitados em diversas abordagens - mas também no fato de que a "linguagem gay" ultrapassou os limites físicos e sociais dos guetos, dos espaços frequentados por esses grupos: há uma evidente proliferação do dialeto em outras instâncias sociais. Homens, mulheres, jovens, senhores multiplicam diuturnamente expressões, termos, trejeitos antes próprios dos homossexuais. Com a presença de personagens gays cada vez mais constantes nas novelas televisivas, cada um com seus bordões, essa multiplicação tornou-se efetivamente maior, cabendo aqui a reflexão que se apresenta como cerne para proposta de pesquisa: estamos diante de mera repetição ou a linguagem dos gays é promotora de aceitação social? Há ou não um bem querer decorrente das nuances linguísticas dos homossexuais no Brasil? Com a significativa proliferação de termos, jargões e expressões comuns entre os gays, temse a hipótese de que a linguagem desempenharia, como em outros casos, o papel de promoção de um grupo socialmente posto à margem e visto com reticências, em razão de outras questões, especialmente a religiosa. Avaliar em que sentido, de fato, a linguagem atua como elemento de valorização dessas pessoas é algo que se aponta como valoroso para abordagens nesse campo.
Produção textual, discursividade e ideologia no ensino médio Antonio José Filho (UEMS) antoniojfilho@terra.com.br Esse trabalho, apresentado à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, (UEMS) como estudo de Pós-Doutoramento, diz respeito a uma pesquisa sobre produção de texto e discursividade iniciada em duas turmas do ensino médio, em duas diferentes escolas públicas de Campo grande, MS. Uma das escolas de localização central, a outra de região periférica, tal critério de seleção teve como hipótese a desigualdade social. Os textos produzidos pelos alunos estão sendo analisados no tocante à textualidade segundo Koch (2003), Orlandi (1999) e Bakhtin (1986). Especificamente a coesão textual, segundo Koch (1994) e coerência textual, Koch/Travaglia (1996). Para a teoria bakhtiniana da enunciação que orienta esse trabalho, o texto ideologicamente organizado ancora a comunicação discursiva de um dado gênero do discurso. Desse modo, língua e discurso encontram-se no texto. Assim, pois a ideologia e a comunicação discursiva serão analisadas nos textos produzidos pelos alunos, segundo Bakhtin (1986 e 1990), e Brait (2005). Já a estilística e gêneros do discurso, de acordo com Bakhtin, (2013 e 2003).
Hibridização do discurso científico no contexto da complexidade Antônio Marcos Muniz Carneiro (COPPE/UFRJ) antmarmc@gmail.com O presente artigo concerne a questões levantadas por uma tese de doutorado sobre mudanças do discurso científico que estariam ocorrendo em razão da crise do paradigma da Ciência Moderna e da emergência do movimento atual da complexidade. Esta seria crescente e acelerada por vários fatores próprios da época contemporânea. Nesse contexto, torna-se um imperativo a instauração de consensos e a fundamentação de entendimentos nos âmbitos acadêmico e científico, segmentados pela modernidade em uma diversidade de campos autônomos. As mutações científicas recentes configurariam “flutuações” e “instabilidade”, em substituição à 231
Resumos: Comunicações Individuais ordem e à estabilidade, conforme explica Prigogine (1996) no anúncio da nova Ciência. Nesse contexto, o apagamento das marcas da enunciação como manobra discursiva para efeito de objetividade do texto científico torna-se paradoxal para uma ciência que se abre à polifonia. Conforme a hipótese deduzida, foram identificadas mudanças do gênero do discurso científico, caracterizado como monológico, neutro e a-histórico, para gêneros híbridos, apropriados, a uma realidade apreendida pela incerteza, instabilidade e multiplicidade. Essa identificação foi obtida por meio de pesquisa de um corpus de projetos de orientação técnico-científica cujas metodologias configuraram o seu afastamento da matriz disciplinar do paradigma iluminista em direção à transdisciplinaridade. O quadro de referência proposto, o discurso evanescente, consiste em uma abordagem integrada com as seguintes contribuições diferenciadas, tendo em comum o reconhecimento da linguagem humana ser uma ação essencialmente interativa: em Taylor (1989), a genealogia da identidade humana na modernidade que compreende ser o seu objeto (o self) interpretações humanas mutáveis; a nova retórica com pressupostos linguístico-pragmáticos, para além do paradigma iluminista (Toulmin, 1994; Perelman e Tyteca (1996), o gênero discursivo de orientação sociocognitva com ênfase na recursividade e referenciação (Koch, 2002) e a Teoria Social do Discurso de Fairclough (2004) que associa as mudanças discursivas entre os níveis linguístico e societário. Esse framework se coaduna com novas metodologias de projetos apropriadas a problemas complexos, por propiciarem o diálogo e alternatividade, ao invés de pautar-se pela evidência (“évidence”) de Descartes ou pela reificação da mente intensificada por Locke, com seus discursos assertivos e apodíticos, fechados à alteridade e à dialogicidade. Ser e não ser bilíngue – os posicionamentos no discurso de uma brasileira professora de inglês Arabela Vieira dos Santos Silva e Franco (UFMG) arabela.franco@outlook.com A noção de falante bilíngue remonta à antiguidade, mas, até os dias de hoje, a ciência ainda não chegou a um acordo sobre os parâmetros que delimitariam as especificidades do bilinguismo. São muitas as propostas que vão desde o mínimo de conhecimento em pelo menos duas línguas, ao extremo da proficiência em todas as habilidades linguísticas. Uma abordagem psicanalítica do discurso nos oferece a possibilidade de tratar o tema pelo viés da singularidade, isto é, analisando como cada sujeito se inscreve discursivamente como falante bilíngue. Proponho-me a apresentar algumas falas a respeito do posicionamento de uma professora extraídas de rodas de conversação com um grupo de professores de inglês em formação continuada, destacando o advento das multiplicidades de posicionamentos frente ao Outro, lugar simbólico, tesouro dos significantes. As análises foram feitas a partir da Teoria dos Quatro Discursos, de Lacan, observando-se os significantes que emergem nas falas dos sujeitos, especialmente o que desliza entre eles. Constatamos que nas relações em que o sujeito se coloca como mestre da língua, o sujeito não se desestabiliza frente aos seus deslizes, considerando-se, então, proficiente. Contudo, quando a língua assume o lugar de mestre, há uma possibilidade de giro discursivo, e esse sujeito pode se deslocar, ou para posição da histérica, ou se tornar um sujeito conformado com sua incompletude, ou, ainda, implicando-se e reinventando seus saberes, ao se posicionar como agente do seu saber no discurso do analista. Esta pesquisa pretende ser uma contribuição para os estudos sobre o bilinguismo a partir de uma perspectiva que privilegia a singularidade e a subjetividade dos sujeitos que se constituem discursivamente. Discursos sobre “desigualdade” nas vozes dos presidenciáveis nos debates televisionados 2014 Ariana da Rosa Silva (UFF) ariana-rosa@ig.com.br Não se pode negar que existe no Brasil uma desigualdade social de proporção considerável, onde algumas pessoas têm vantagens e outras desvantagens em relação aos direitos e deveres perante a sociedade. Essa desigualdade pode ser vista em qualquer parte do país e está presente nos discursos de forma latente, inclusive nos discursos políticos, sendo tema relevante nas discussões da atualidade. A fala pública, segundo Courtine, “conheceu no curso do século XIX grandes mutações e profundas revoluções”, devido ao surgimento das sociedades de massa e a ascensão das novas mídias (COURTINE, 2015). Pensando nisso, este artigo propõe como objeto de estudo os discursos políticos sobre a “desigualdade” nas falas dos presidenciáveis durante os debates televisionados de 2014 e seus efeitos de sentido. Quais são os efeitos de sentido possíveis para os discursos sobre “desigualdade” nessas condições de produção? Em que situações eles aparecem e com que objetivo? Estas são as questões que norteiam a pesquisa e para esta análise, será utilizada, como aporte teórico metodológico, a perspectiva da Análise do Discurso, que surgiu na década de 60 na França, com base em estudos de M. Pêcheux e que se mantém sob três pilares: Linguística, Marxismo e Psicanálise. “Por esse tipo de estudo se pode conhecer melhor aquilo que faz do homem um ser especial com sua capacidade de significar e significar-se” (ORLANDI, 2010). De acordo com a Análise do Discurso, não se pode separar língua da história, da ideologia e dos jogos de poder. Os debates políticos são constituídos num momento de campanha política, onde o principal objetivo é persuadir o eleitor e convencê-lo a votar em determinado candidato em detrimento de outro. Desta forma, pretende-se analisar os textos orais produzidos pelos presidenciáveis de 2014 nos debates políticos transmitidos pelos canais de televisão aberta Globo, SBT, Band e Record, observando de que modo, a partir da materialidade linguística utilizada para a produção dos enunciados, os sentidos sobre “desigualdade” são construídos nesses discursos, pensando nas condições de produção em que se produzem esses discursos e ainda as filiações ideológicas a sentidos préconstruídos sobre “desigualdade”, mobilizando o conceito de memória discursiva.
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Resumos: Comunicações Individuais O discurso da salvação: análise das estratégias argumentativas nos enunciados de Jesus dirigidos à mulher samaritana, ao jovem rico e à mulher adúltera Aristóteles de Almeida Lacerda Neto (IFMA) aristotelesneto@gmail.com Diana Sousa Silva (IEFA) dianauema@gmail.com O combate de Jesus às desigualdades e à discriminação mostra-se relevante na Bíblia, principalmente por meio da linguagem. Isso motivou-nos a investigar a manifestação discursiva de Cristo em algumas passagens bíblicas. O objetivo do presente trabalho é analisar as estratégias argumentativas nos enunciados do referido personagem, dirigidos à Mulher Samaritana, ao Jovem Rico, e à Mulher adúltera, no contexto bíblico. Para a realização do presente estudo, recorremos à Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (2010), que concebe a significação como um ato resultante não só das circunstâncias da enunciação, como também das possibilidades interpretativas do destinatário ao qual o discurso é dirigido. Os objetos de análise são os seguintes textos: Evangelho de Mateus, Capítulo 19; Evangelho de João, Capítulos 4 e 8, conforme estão plasmados na Bíblia de Jerusalém. Na verificação proposta, nosso foco recai na observação da proposta de mundo que é marcada pelo privilégio de uns em detrimento de outros (os menos favorecidos), e na análise dos procedimentos que caracterizam o discurso da Salvação. Serão avaliados os efeitos de sentido resultantes das estratégias argumentativas na construção da força persuasiva desses enunciados. Observamos que tais procedimentos agem como instrumentos persuasivos sobre os interlocutores de Jesus, aspecto que evidencia que o discurso em comento configura-se como uma atividade argumentativa, que corrobora a salvação e a esperança evangélicas.
Desigualdade, sexualidade: a representação da mulher no gênero publicitário Arlete Ribeiro Nepomuceno (Unimontes) arletenepo@gmail.com Vera Lúcia Viana de Paes (Unimontes) verapaes2@gmail.com Esta pesquisa, recorte do projeto de pesquisa A Multimodalidade em Anúncios Publicitários, com o apoio financeiro da Fapemig (BIPIC), objetiva evidenciar, em peças publicitárias, diferentes modos semióticos (verbal e visual) na construção da imagem da mulher, bem como os discursos de gênero que circulam nessa construção. Para atingir tal propósito, elegemos como ancoragem a Semiótica Social, a Teoria Multimodal do Discurso (TMD), nos termos de Kress e van Leeuwen (2001; 2006 [1996]); a Linguística Sistêmico-Funcional (GSF) - Halliday e Matthiessen (2004) -; bem como a Análise Crítica do Discurso (ACD), segundo Fairclough (2001). Acolhemos a hipótese de que exista uma ordem social de gênero hierárquica e desigual mantida por interesses dominantes. Como expediente metodológico, valemo-nos de uma análise de cunho qualitativo-interpretativo de três anúncios publicitários, veiculados na mídia impressa, nos quais haja a veiculação de discursos e imagens relacionadas a figura da mulher: feminilidade, beleza, posição social, sexualidade, moda, aparência, corpo, por meio de categorias de análises, propostas pela Gramática do Design Visual. A pesquisa justifica-se por buscar evidenciar uma multiplicidade de modos semióticos que perpassam a construção ideológica da imagem da mulher: cor, brilho, luminosidade, enquadramento da imagem, posição do olhar, para citar apenas alguns. Muito embora este tema já tenha sido amplamente discutido em textos monomodais, abre-se uma nova perspectiva relevante de estudo pelo impacto visual em anúncios multimodais, a qual constrói significados, promovendo uma análise crítica do discurso. Com a proposição desta investigação, pretendemos contribuir para uma reflexão sobre linguagem e práticas discursivas na sociedade, uma vez que a publicidade, com seu poderoso discurso da pós-modernidade, busca apresentar modos semióticos na construção de relações sociais de poder e domínio, veiculando uma ideologia que traduz significações da realidade, como bem pontua Fairclough (2001).
Desigualdad cultural: las metáforas en la traducción de textos financieros en inglés y español Armando González Salinas (Facultad de Filosofía y Letras - UANL) armandogsalinas@yahoo.com Adriana Elizabeth Rodríguez Althon (Facultad de Filosofía y Letras - UANL) adrialthon@gmail.com Es un proyecto de investigación con alumnos de 9º semestre, Especialidad en Traducción en la UANL (Monterrey, México). Se trabaja con un artículo en inglés publicado en internet como noticia: “Emerging Markets Are Still the Future”. Se localizan metáforas en economía (Ramacciotte, 2012) para traducir al español. El propósito se centra en el manejo de recursos retóricos en publicaciones en inglés como parte del ejercicio de traducir al español. Secuencia: 1. Investigar la teoría sobre análisis del discurso especializado, 2. La metáfora en textos financieros responde a una necesidad de comunicación, y divulgación para lograr un acercamiento al lector no especializado en estos temas, Gilarranz (2008:408) y esto es la base para facilitar al lector especializado o no en estos temas la alternativa de encontrar rasgos de desigualdad cultural en las metáforas seleccionadas, 3. Espigar la versión original en inglés para identificar metáforas; 4. Traducir al español en grupos y discutir versiones; 5. Comparar y contrastar las versiones de traducción de las metáforas; 6. Revisar la clasificación de las mismas por campos semánticos en ambos idiomas/culturas en donde se discute la adecuación de expresiones discursivas clave, y su léxico. Se siguen tanto la clasificación de Gilarranz (2008): de movimiento, estado físico de la materia; clima, y personificación, como la de Russo (2006) que incluye medicina, la salud: optimista, o patológico, en las que se encuentren indicadores de atenuación/intensificación e identificación de imagen. Se discuten la equivalencia semántica en la creación de metáforas, y el apego a las características culturales e idiosincráticas de cada lengua. Se contrasta cada metáfora identificada/traducida antes de realizar la versión final. 233
Resumos: Comunicações Individuais Presuppositions and implicatures in mass media socio-cognitive representation of the nigerian police force Asiru Hamee Tunde (Kenyatta University) asiruhameedtunde@yahoo.com The continuous debates on the power of the mass media in scholarly works have attracted the concerns of linguists in recent times. This is particularly owing to the fact that mass media is a strong part of the various institutions that inform, create and recreate the world that we live with imbued ideologies; consciously or unconsciously, positively or negatively. This research, therefore, explores the instances of presuppositions and implicatures in how mass media; specifically, print media sociocognitively represents the Nigerian Police Force (NPF) with the intent of uncovering the covert ideologies that lie behind their representation. The work is situated within the theoretical framework of Critical Discourse Analysis in order to uncover implicit meanings, that is, the ideological loads of the representation. The study discovers that the Nigerian Police Force is negatively portrayed by the media; hence the negative mental models and sociocognitive representations being shared by individuals and the public.
Produção escrita na escola: tecendo caminhos de autoria Atauan Soares de Queiroz (IFBA) atauansoares@gmail.com O objetivo geral do estudo é ampliar o debate teórico e metodológico sobre práticas pedagógicas do ensino de LP no EM, na área de produção escrita, na perspectiva da constituição do aluno como sujeito-autor. Desse objetivo, derivam-se outros dois, quais sejam: analisar as práticas pedagógicas de produção textual, em aulas de LP, identificando a concepção de língua(gem), escrita e autoria que embasa a prática docente; analisar como os traços de autoria, de singularidades, se apresentam, nos textos produzidos pelos alunos. A pesquisa justifica-se pela necessidade de promoção de um debate sobre um tema que ainda não foi suficientemente incorporado ao ensino da língua, nem do ponto de vista teórico nem do metodológico: o estudo do texto e sua relação com a autoria, considerando as práticas pedagógicas que orientam a produção escrita no EM. O estudo de natureza qualitativa e inspiração etnográfica, operacionalizado através de entrevista semiestruturada, observação de aula e análise de documento (planejamento anual de ensino de cada professor e textos produzidos pelos alunos), ancora-se nos estudos teóricos desenvolvidos pela Análise de Discurso Francesa, pela Linguística Textual e pelos autores do campo da Educação que se preocupam com a pedagogia da escrita. O locus de produção das informações foi o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA, campus Barreiras, e os sujeitos do estudo foram 03 (três) docentes de Língua Portuguesa que atuam no EM integrado e suas respectivas turmas, totalizando um universo de 03 (três) turmas. A análise das informações mostrou que os professores ensinam a escrita, visando ao aperfeiçoamento das competências e habilidades textuais dos alunos, não necessariamente da autoria, que surge como consequência. O discurso pedagógico transita entre o autoritário e o polêmico. Constatou-se que há indícios de autoria nos textos produzidos pelos alunos, mas isso acontece especialmente nas últimas séries. Os processos de revisão e reescrita se revelaram como indispensáveis para a elevação da qualidade dos textos dos alunos e, consequentemente, para o aparecimento de indícios de autoria. No contexto do EM, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tem-se constituído o Outro (grande outro) para docentes e discentes.
Metaphors teachers live by: Discourse and its sociohistorical contexts Audra Skukauskaite (University of the Incarnate Word) skukausk@uiwtx.edu Melissa Gonzales (University of the Incarnate Wordi) megonza7@student.uiwtx.edu Since Lakoff & Johnson’s 1980 publication of “Metaphors we live by” scholars across disciplines (e.g., Agbaria, 2011; Aspinwall, 2008; Boers, 2003) have examined how the metaphors people use inscribe particular meanings and views of the world. Metaphors have long been used to understand teacher views of themselves and of teaching (e.g., Alger, 2009; Baptist, 2002; White & Smith, 1994; Zapata & Lacorte, 2007). However, little of the literature on teaching and teacher education examines the views of practicing, especially veteran, teachers, or situates teacher discourse within the broader social, political, and/or economic contexts of teachers’ lives. Revealing how practicing teachers view themselves within schools and in society can demonstrate ways in which teaching is part of the complex web of social and educational processes (Anderson-Levitt, 2002; Tierney, 2010). Understanding what teachers think and what are the bases for those thoughts can enable teacher educators, teachers, and policy makers to tap into vast knowledge and rich understandings of education that veteran teachers have developed over time. After all, understanding the past and its multiwebbed connection to the present is a necessary foundation for building educational environments that are socially just and culturally and globally relevant. In this paper we examine three metaphors one veteran teacher uses as she describes her work and her position in education. The metaphors of “teacher placement,” “boar gardens,” and “lighthouse” the teacher used in an open-ended interview are used to examine the social, historic, political, economic and value conditions of her work and life as a teacher. Two analytic approaches are used to examine each metaphor. A discourse analysis from a sociolinguistic perspective reveals how the teacher develops and signals her thinking through her discursive choices (Ivanič, 1994). The second analytic pass is a sociohistorical analysis of the histories and conditions the teacher inscribes through her metaphor. By analyzing metaphors through two analytic lenses I make visible the inextricable links between societal developments and the discursive choices through which the teacher, in an interview context, constructs a meaning for her life, actions, and views.
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Resumos: Comunicações Individuais Práticas discursivas machistas e resistências feministas Augusta Cássia Schwtner David (UNIFRAN) gutaschwtner@hotmail.com O presente trabalho se propõe a entender as condições de produção discursiva que propiciaram a emergência de comentários machistas sobre o caso do ranking sexual exposto publicamente no câmpus da ESALQ/USP na cidade de Piracicaba em junho deste ano; nosso principal objetivo se traduz em desvelar como tal discurso tão desmerecedor do sexo feminino ainda se reproduz e se reverbera num momento em que as mulheres se mostram cada vez mais independentes, capazes e ocupadoras de lugares antes destinados apenas aos homens. Para tal estudo, nos valeremos da abordagem francesa dos estudos de Análise do Discurso, teoria que abarca uma visão da Linguagem como lugar onde a Ideologia e o inconsciente se expressam. Pêcheux, Althusser, Lacan e Foucault são alguns dos autores em destaque nessa perspectiva; dentre eles, debruçar-nos-emos sobre as reflexões de Michel Foucault, por apresentar uma visão arquegenealógica sobre os conceitos de sujeito, enunciado, (des)continuidade histórica e relações de poder que ora permitem ora interditam a produção e a disseminação dos saberes e vontades de verdade. Comentários feitos na página www.g1.com - onde a notícia foi veiculada - encerram o escopo a ser analisado. Flexibilização dos direitos trabalhistas – acordos de fatos e verdades falaciosos Aurelio Agostinho Verdade Vieito (UFMG) aurelio.vieito@mpt.mp.br Verificamos, na disputa pela prevalência entre discursos de categorias econômicas e profissionais, a estratégia de, a priori, considerar acordos sobre fatos e verdades, próprios de auditórios particulares (especializados), como se fossem acordos de auditório universal (PERELMAN & OLBRECHAT – TYTECA, 2000), com objetivo de ofuscar qualquer dúvida ou pergunta do interlocutor ou de silenciar vozes de outros protagonistas. Em se tratando de discursos de categorias econômicas constamos que o resultado dessa estratégia é a restrição a direitos dos trabalhadores, como podemos inferir em discursos relativos à flexibilização dos direitos trabalhistas, acirrando ainda mais a desigualdade social. Nesse sentido, há conjuntamente com o discurso jurídico um discurso midiático corroborando com a tese da universalidade e unanimidade dos argumentos trazidos à baila. Muitos debates televisivos são organizados para debater certos assuntos, como o da necessidade de flexibilização dos direitos trabalhistas, porém com um discurso monofônico em que o contraditório é raro. As divergências são apresentadas como periféricas, o que provoca um consenso forjado (FONSECA, 2005). Na argumentação a noção de fato se dá “pela ideia que se tem de certos gêneros de acordos a respeito de certos dados: os que se referem a uma realidade objetiva ( ..)”(PERELMAN & OLBRECHT –TYTECA, 2000: 75). Porém, esse acordo pode ser refutado e rompido se um dos interlocutores levantar dúvidas sobre ele. No caso da flexibilização dos direitos do trabalhador, parte – se de certas presunções, entre elas a de que as categorias econômicas e profissionais estão devidamente representadas, em igualdade de condições, e de que as normas trabalhistas impedem o desenvolvimento do país. Ora, como elas decorrem de enunciados que estabelecem uma verossimilhança com o real, mas que o senso comum (como se fosse um auditório universal) dá como válido, há a metamorfose da presunção ao acordo do auditório universal. No entanto, nosso objetivo é mostrar que as afirmações partem de oradores especializados e muito raramente se ouve a voz dos trabalhadores ou do contraditório, o que pode evidenciar que a força dessas presunções se deve mais à legitimidade e poder das fontes enunciativas do que do valor de evidência dos fatos e das verdades asseveradas.
La percepción de la problemática ambiental en la revista argentina Expreso Imaginario (1976-1983) Àyelen Dichdji (Universidad Nacional de Quilmes) adichdji@yahoo.com.ar
En las últimas décadas, la preocupación por la cuestión ambiental y la emergencia de los problemas socioambientales suscitaron un progresivo interés en la relación hombre-medio. Esto habilitó nuevos marcos de interpretación dado que la alteración del ambiente habla de la propia sociedad que la genera. Al tiempo que, ese vínculo entre la sociedad y el ambiente es definido por los procesos políticos, sociales y económicos que protagonizan los hombres en su apropiación de los espacios y en la utilización de sus recursos (Zarrilli, 2014). La historia ambiental dado su abordaje interdisciplinar, se posiciona como pilar primordial que impulsa la relectura de los desequilibrios ambientales en clave histórica. Asimismo, atiende a las relaciones sociedad-naturaleza y establece diálogos con otros campos disciplinares, como el análisis crítico del discurso. En este sentido, estas disputas entre sociedad-ambiente, también se proyectan en el universo discursivo y conforman un orden social de los discursos (Foucault, 1973) donde tanto la producción y circulación como la intervención y regulación de éstos: construyen identidades, relaciones sociales y sistemas de conocimiento de los hablantes (Martín Rojo, 1997; Fairclough, 1995). En este trabajo analizaremos la revista argentina Expreso Imaginario (1976-1983) partícipe de movimientos influenciados por tendencias vanguardistas con un fuerte hincapié en las preocupaciones por cuestiones socioculturales. Esta publicación, dentro de la prensa gráfica contracultural argentina, fue pionera por ofrecer un lugar destacado a temas inéditos para la época y, a su vez, no abordados por otros medios de comunicación: como la crisis ambiental mundial que identifica como un eje de discusión. Así, en tanto fuente de información histórica sobre prácticas socioambientales, y sus repercusiones en el pasado reciente, siguiendo la Teoría de la Argumentación de Ruth Wodak, es posible preguntarse: ¿bajo qué argumentos y estructura argumentativa se presenta y emerge la problemática ambientalista en la prensa gráfica contracultural argentina y cómo esto dialoga con la Historia Ambiental?
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Resumos: Comunicações Individuais Development fantasy in Brazil and Turkey Aykut Ozturk (Syracuse University) aozturk@syr.edu AKP in Turkey and PT in Brazil have ruled their countries during the last fifteen years. Both parties have gone through very similar processes: taking power as an outsider at a highly elitist and lowly institutionalized political system, ruling during a period of fast economic growth, and winning consecutive elections. During these fifteen years, AKP succeeded to establish an ideological regime and create a new political identity around the promise of 'national development'. An increasingly active foreign policy based on a claim for the leadership in global politics, grandiose infrastructural investments and construction projects symbolizing the development of the country, a charismatic leader, and increased levels of consumption helped AKP to establish this regime. Using the Lacanian terminology, I define this ideological regime as “development fantasy”. The development fantasy in Turkey monopolized the national discourse, veiling the increasing inequalities and class cleavages in the society. Following the function of Lacanian fantasy , when the economic growth faltered, development fantasy easily gave way to conspiracy theories about external enemies. PT, and especially Lula, made very similar moves in Brazil; grandiose developmentalist projects starting after PAC, a very active foreign policy directed towards polishing the brand of Brazil, an enthusiasm to host mega-events, and increased consumption characterized the discourse of PT years. Yet, Brazil’s ideological regime turned out to be more resistant to the “development fantasy” than Turkish ideological regime. Most importantly, the support of PT was more conditional on indicators of material well-being and good governance. Unlike Turkey, PT supporters were in the streets during 2013 protests. Why did this divergence occur between Turkey and Brazil? My presentation intends to promote this question and discuss possible explanations. I hope that a comparison of ideological regimes in Turkey and Brazil will help us to better understand the conditions under which discursive projects become more successful. Similarly, I hope that, a discussion of ‘development fantasy’ will demonstrate when ‘inequality’ and 'class cleavages' can be successfully concealed by other discursive formations promoting 'national unity'.
Inégalité, religons et discours religieux : le Coran et la femme Ayşe Kıran (Université de Hacettepe) aysek@hacettepe.edu.tr Faire une étude sur le Coran présente quelques problèmes qui rendent difficile une analyse textuelle du discours. La rédaction de Coran à une époque très éloignée pose des difficultés culturelles et sociales. Le texte traduit (Le Coran, traduit par Kazimirski Garnier 1981) amène par ailleurs les problèmes sémantiques, stylistiques, pragmatiques et énonciatifs. Le discours dialogique et polyphonique tenu dans le Coran laisse entendre à la fois la voix de Dieu et celle de Mahomet et organise la vie sociale et les croyances de l’époque. Dans ce contexte la place accordée à la femme montre surtout son existence dans la vie privée et dans l’espace clos. Dans le mariage l’inégalité est exprimée de la façon suivante : « Les maris sont supérieurs à leurs femmes » (Sourate II, verset 228 : p. 127). Bien que la première femme de Mohamet soit une riche commerçante (p. XIX) et qu’elle lui propose le mariage le discours coranique n’accorde aucune indépendance à la femme. Dans ce discours on n’observe non plus aucune relation amicale et professionnelle de la femme, en dehors de sa famille. Presque la majorité des femmes qui figurent dans le Coran ne portent pas de nom et ne sont pas décrites par leurs traits physiques et psychologiques. Elles n’ont donc ni d’identité ni de traits distinctifs. Elles ne sont définies que par leurs dépendances familiales : épouse, compagnon, mère, fille, concubine et esclave. N’étant pas considérées égales une hiérarchie est établie entre elles : femme mère/ femme qui n’enfante plus ; mère/ épouse (« Dieu n’a pas donné deux cœurs à l’homme ; il n’a pas accordé à vos épouses le droit de vos mères » (Sourate XXXII, verset 4, p. 443)…. Dans notre travail nous comptons étudier égalité/inégalité, la dépendance des femmes à l’homme en fonction du discours coranique selon l’ethos dit et l’ethos montré. Plusieurs versets sont repris dans de différentes sourates tout comme ceux qui concernent les femmes. Ces reprises révèlent l’ethos retravaillé du locuteur qui est également le sujet de cette proposition. A imagem da mulher bruxa e a inferioridade feminina Bárbara Amaral da Silva (UFMG) barbara.amaral87@gmail.com A Caça às Bruxas foi um fenômeno que se deu por volta dos anos de 1450, momento final da Idade Média e início da Idade Moderna. A Caça foi uma tentativa de por fim à bruxaria, um movimento pagão cujas diversas versões deixam dúvidas sobre o que teria ocorrido. Fato é que, condenadas como bruxas, milhares de mulheres foram torturadas e mortas. A construção da imagem da mulher como uma bruxa se deu principalmente a partir da difusão de determinadas obras publicadas em sua maioria por religiosos inquisidores. Levando-se em conta a Análise do Discurso, pretendemos no presente trabalho refletir sobre a construção da imagem da mulher bruxa em uma dessas obras, mais especificamente naquela que ganhou mais destaque na época e uma das mais conhecidas até a atualidade, O Malleus Maleficarum (O Martelo das Feiticeiras), publicado pela primeira vez em 1486. Nesse sentido, retomaremos a tríade aristotélica, ethos, pathos e logos, sob um viés atual. Abordaremos, portanto, os elementos linguístico-discursivos que contribuíram para a criação dessa imagem e, consequentemente, para a desigualdade de gêneros. Para tanto, a pesquisa será baseada, principalmente, na Análise Argumentativa do Discurso, proposta por Ruth Amossy, sem deixar de lado, entretanto, contribuições de outros pesquisadores, como Patrick Charaudeau e Perelman & Olbrechts-Tyteca. Por fim, refletiremos a partir de autores de outras áreas, como Michelle Perrot e Pierre Bourdieu, sobre possíveis consequências dessa imagem da bruxa para a mulher não só da modernidade, mas da pós-modernidade, ou seja, sobre os efeitos de uma imagem dessas para a vida de uma mulher.
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Resumos: Comunicações Individuais Imaginários sociodiscursivos acerca dos esquizofrênicos: entrevista sobre o documentário “pára-me de repente o pensamento”, de Jorge Pelicano Bárbara do Vale Reis de Sousa (UFMG) barbaravreis@gmail.com Este trabalho tem como objetivo analisar, a partir da fala de sujeitos-entrevistados, quais são os imaginários sociodiscursivos que circulam sobre os esquizofrênicos naquilo que poderíamos designar como “discurso do senso comum”. Para tanto, analisamos uma entrevista com a participação do cineasta português Jorge Pelicano e do ator Miguel Borges sobre os pacientes esquizofrênicos do Hospital Conde de Ferreira, na cidade do Porto, Portugal e o documentário Pára-me de repente o pensamento, do cineasta referido, no contexto do lançamento do documentário, à emissora RTP – Rádio e Televisão de Portugal, em 07 de maio de 2015. Para tal análise, apoiar-nos-emos, sobretudo, nos conceitos de imaginário sociodiscursivo e de identidade (CHARAUDEAU, 2005, 2015) para levar à compreensão sobre a formação dos imaginários sobre os esquizofrênicos pacientes e participantes do longa-metragem configurados na entrevista. O anonimato como estratégia de combate às desigualdades de um mundo panóptico Bárbara Marques Barbosa de Carvalho (UFMG) bahmarques99@gmail.com Em nossa comunicação, buscaremos discutir o anonimato como estratégia para combater uma situação de desigualdade, tomando como objeto de análise o coletivo Anonymous – uma comunidade online de hacktivistas (hackers e ativistas) que tem uma estrutura descentralizada e horizontal, sem líderes e sem legitimidade. O coletivo é formado por um grupo heterogêneo de membros anônimos, que têm em comum a busca pela liberdade na Internet e no “mundo real”. Selecionamos duas “operações”, ou protestos, para nosso corpus: a Chanology, protesto contra a igreja da Cientologia, e a Operation Payback, que apoiou o WikiLeaks. Elas são operações determinantes para a formação do coletivo, para sua consolidação política e de seu anonimato. Anonymous se encontra em uma posição desprivilegiada, pois não conta com legitimidade nem tem apoio político ou financeiro como seus adversários. Acreditamos que, para ganhar força e combater a desigualdade da posição em que se encontra, Anonymous, de forma consciente ou não, lança mão da estratégia discursiva do anonimato. Enquanto analistas do discurso, adotaremos a concepção de sujeito de Charaudeau, que o entende como nem totalmente livre nem totalmente submisso. O autor diferencia o espaço das restrições (imposições da situação comunicativa ao sujeito) e o espaço das estratégias (margem de manobra que permite ao sujeito se diferenciar para alcançar seu projeto de fala). A partir disso, buscaremos realizar nossa análise com base no conceito de Panoptismo de Foucault, exposto em sua obra Vigiar e Punir. Na estrutura arquitetônica do Panóptico, há uma situação de desigualdade clara entre o vigia que está na torre e os prisioneiros isolados nas celas. O vigia se esconde nas sombras da torre e, ao mesmo tempo, consegue ver com total transparência todos os prisioneiros nas celas. Anonymous se rebela contra a censura e o estado de vigilância que existe tanto no mundo cibernético quanto no real e quer fugir dos moldes panópticos estabelecidos pela estrutura da sociedade em que vivem (Estados Unidos). Assim, Anonymous, com seu anonimato, tenta fugir da posição de vigiado, pois o coletivo adquire certas características do vigia da torre, saindo da luz reveladora para a proteção das sombras da torre. As relações sociais nos transportes coletivos Benalva da Silva Vitorio (UNISANTOS) benalvad@yahoo.com.br Durante a semana, já se tornou rotina na vida de muitos brasileiros o jogo alternado entre paciência e irritação no trânsito das grandes e médias cidades, que fica mais tenso quando se viaja em transporte coletivo, dependendo do movimento no trânsito. Nos horários de pico, o interior dos ônibus lotados proporciona campo fértil para observar a relação que os sujeitos mantêm com esse espaço e com os outros ao seu redor. Como as palavras constituem a mediação que estabelece o vínculo dos sujeitos com o seu círculo no espaço do transporte coletivo, procuramos compreender o sentido da relação entre discurso e desigualdade, a partir das narrativas de vida. Assim, procuramos analisar o discurso de motoristas e passageiros de linhas dos ônibus da Viação Piracicabana, uma das cinco empresas que opera o transporte intermunicipal na Baixada Santista, região metropolitana do estado de São Paulo. Por meio de pesquisa etnográfica, com apoio teórico dos princípios e procedimentos da Análise de Discurso da Escola Francesa, observamos, descrevemos e analisamos as dinâmicas interativas e comunicativas para compreender os contextos destes relacionamentos. No discurso dos sujeitos pesquisados, passageiros e motoristas de linhas dos ônibus que circulam entre os municípios de Praia Grande, São Vicente e Santos, buscamos compreender os processos de produção de sentidos e de constituição dos sujeitos em suas posições. Como em todo dizer há sempre um não-dizer necessário, procuramos compreender também o sentido no silêncio, que passa pelas palavras, que escorre por entre a trama das falas. Assim, no exercício permanente dos bordos da interpretação, entendemos a desigualdade social que marca as relações entre as pessoas nos transportes coletivos. Na prática discursiva de entrevistados, há confirmação do que mostra a realidade: grávida, portador de deficiência física, idoso, que viajam em pé, enquanto jovens fingem dormir nos assentos reservados; motoristas que desrespeitam as dificuldades físicas dos passageiros, entre outras atitudes que, em nosso país, escapam do exercício de cidadania. #MeuAmigoOculto: estratégias discursivas utilizadas em uma campanha de miltância feminista online Bruna Toso Tavares (UFMG) brunatoso@yahoo.com.br Em novembro de 2015, depois do sucesso da campanha Meu primeiro assédio, mais uma campanha de cunho feminista tomou conta das redes sociais. Aproveitando o engajamento esperado pelo Dia de Luta Mundial contra a Violência contra as Mulheres, 25 de 237
Resumos: Comunicações Individuais novembro, e de novos protestos no Brasil contra o projeto de lei que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte em postos públicos, por meio da hashtag #MeuAmigoSecreto, militantes expõem comportamentos incoerentes de amigos e colegas que, na prática, se mostram machistas e preconceituosos, embora pareçam não perceber isso. A campanha usa a tradicional brincadeira do Amigo Oculto, típica dos fins de ano, para revelarem práticas machistas a fim de combatê-las, escancarando a violência simbólica sofrida pelas mulheres. Por outro lado, alguns homens descontentes com a delação velada criaram também a hashtags #MinhaAmigaSecreta por meio da qual, em alguns casos, atacam ditas incoerências do discurso feminista de algumas amigas e, em outros, reproduzem com veemência um discurso machista de depreciação da mulher. Assim, neste trabalho, pretendemos investigar as estratégias discursivas utilizadas neste discurso de militância feminista online e de seu contra-discurso, buscando identificar as imagens do amigo e da amiga oculta que são construídas, os efeitos patêmicos suscetíveis de serem provocados, relacionando-os com valores colocados em cena na situação de comunicação, assim como os raciocínios construídos por ambos os lados. Para isso, utilizaremos a Retórica aristotélica e trabalhos contemporâneos que apresentam visões renovadas desta, como em Perelman e Amossy, além de perspectivas que tratam da questão de gênero e da transgressão. La Ciudadanía Política y los discursos sobre la igualdad/desigualdad de género. Bruno Bivort Urrutia (Universidad del Bío-Bío) bbivort@ubiobio.cl En el contexto latinoamericano la presencia de mujeres en los cargos políticos de mayor importancia en países como Argentina, Brasil y Chile, ha generado la impresión de que la brecha en la representación política de la mujeres ha disminuido en los último años, sin embargo la realidad ha estado marcada por procesos diversos y complejos; que configuran un escenario en el que las desigualdades políticas que se han posicionado históricamente continúan siendo la característica preponderante, al menos en el caso de Chile. La actual conformación del Senado y de la Cámara de Diputados sigue siendo mayoritariamente de carácter masculina, por tanto demandas que han surgido desde los movimientos de mujeres se han visto afectadas por tal escenario poco favorable a las transformaciones respecto de derechos fundamentales como el aborto, el acoso callejero, la penalización de la violencia de género y de los femicidios, entre otros. En esta ponencia se presentará un análisis que problematiza las condiciones de producción del discurso de la igualdad/desigualdad política de género, en jóvenes de educación superior de la región del Biobío en Chile, para ello se realiza un análisis del discurso de estudiantes que participaron grupos focales convocados para analizar las prácticas discursivas de ciudadanía política, desde una perspectiva de género. Se parte de la comprensión de la ciudadanía política como una práctica discursiva orientada a tener una incidencia más equitativa en el ejercicio del poder y se aborda desde la perspectiva teóricometodológica del Análisis Crítico del Discurso, de orientación sociológica. Los resultados son producto de una investigación desarrollada por un grupo interdisciplinario y que cuenta con financiamiento de la Dirección de Investigación de la Universidad del Bío-Bío, en la investigación se ha podido constatar la persistencia de desigualdades respecto de la participación política en hombres y mujeres, la que estaría asociada a procesos de socialización diferenciados y a la vigencia de estereotipos de género respecto del desempeño de la actividad política y del desenvolvimiento en espacios públicos y privados, así como diferencias respecto ámbitos de interés y prioridades en agendas ciudadanas por sexo.
O diálogo sobre cotas no vestibular 2015 da UFPR: tensões e latências no espaço público brasileiro Bruno Bohomoletz de Abreu Dallari (UFPR) brunodallari@gmail.com O vestibular 2015 da UFPR (que não está integrado ao SISU) deixou de exigir uma nota de corte mínima para a segunda fase, garantindo o ingresso de uma certa percentagem de estudantes cotistas independente de seu desempenho nos exames, o que suscitou discussões entre participantes diretamente concernidos. Esta pesquisa analisa essas falas, coletadas na internet e nas redes sociais. Ancorada no dialogismo bakhtiniano, mas recorrendo também a conceitos gerais da AD, o objetivo da pesquisa é (1) identificar os termos do diálogo em torno do tema, os discursos que o constituem e sua orientação argumentativa e (2) compreender e configurar como esse diálogo se inscreve no espaço público brasileiro e que espécie de tensões e latências ele revela, não só sobre o tema-álibi das cotas, mas sobre a desigualdade constitutiva da sociedade brasileira. As falas coletadas não visam registrar posicionamentos eventualmente assumidos por indivíduos, o que é acidental e secundário ou irrelevante, mas identificar as vozes que constituem esse diálogo. Para esse efeito, essas falas têm um valor amostral qualitativo na medida em que correspondem a discursos em circulação proferidos por diversos falantes inespecíficos. A discussão incide desde sobre aspectos tópicos do processo (como um estudante que tirou 2 em Matemática pode seguir um curso de Engenharia?) até questões gerais sobre a dimensão social e política do sistema (cotas raciais ou sociais?). Há algumas manifestações em primeira pessoa (por que eu, que estudei o ano inteiro e não sou branco, nem rico, vou perder minha vaga para um cotista?) e outras que colocam posicionamentos gerais (faculdade pública para quem fez escola pública; faculdade particular para quem fez escola particular). A controvérsia que talvez sintetize o sentido do debate é sobre o que é fazer justiça, nesse contexto: é dar uma oportunidade a quem foi privado de meios para entrar na universidade ou reconhecer o mérito de quem se mostra mais capacitado e se esforçou para isso? O quadro que emerge coloca o dilema sobre o encaminhamento da questão social no Brasil, num diálogo cujos termos aparecem explicitados no debate sobre as cotas.
O combate à diferença: movimentos de desqualificação na mídia brasileira Bruno Deusdará (UERJ) brunodeusdara@gmail.com Neste trabalho, investigamos os modos de apreensão, cristalização e desqualificação da diferença, nos discursos midiáticos. Como quadro teórico de referência, partimos da noção de prática discursiva, tal como elaborada por D. Maingueneau (1997), afirmando 238
Resumos: Comunicações Individuais dupla produção entre texto e comunidade de sustentação desses textos e da hipótese de uma semântica global (MAINGUENEAU, 2005). Aliado a isso, recuperamos em G. Deleuze e F. Guattari (2004) uma política cognitiva da diferença. Para tanto, analisaremos textos publicados em revistas de grande circulação, a respeito de evento recente no contexto francês. Os resultados apontam para movimentos de essencialização e consequente desqualificação da diferença.
Pela preservação de uma desigualdade: entre o discurso da ciência, o discurso do capitalismo e a psicanálise Bruno Focas Vieira Machado (UFMG) b_machado@uol.com.br Tomando como ponto de partida uma articulação entre linguagem, discurso e psicanálise; torna-se possível propor uma generalização da ideia de desigualdade. Como afirma Lacan, se não há harmonia no mundo dos humanos é pelo fato de sermos seres falantes afetados por uma linguagem que põe a trabalho uma falta, falta essa engendrada pelo encontro arriscado das palavras e dos corpos. O ser falante é, partindo deste paradigma, estruturalmente assimétrico e desigual em relação ao Outro simbólico e ao seu semelhante, o que implica a singularidade do sujeito. Considerando tais afirmações, o presente trabalho pretende discutir e refletir sobre essa noção de desigualdade, inscrita estruturalmente para o ser falante. Para cumprir esse objetivo, é proposta uma interface entre a intervenção de Pêcheux de 1983 (O discurso: estrutura ou acontecimento) e algumas questões psicanalíticas contemporâneas sobre os efeitos da “dominação combinada” de dois discursos: o discurso da ciência e o discurso do capitalismo. Pêcheux, em um diálogo com a psicanálise, problematiza as consequências dessa combinação discursiva, denunciando como efeito uma instabilidade lógica da singularidade do sujeito. Pêcheux também não se furta a afirmar que o discurso da ciência tem como característica o apagamento do sujeito em sua estrutura, este permanecendo, no entanto, “presente por sua ausência”. O pragmatismo do sujeito contemporâneo, expressão de Pêcheux, busca apagar essa desigualdade singular estruturante do sujeito, assim como esforça por anular os efeitos de sujeito no discurso. Tal discussão o coloca em articulação com questões contemporâneas da Psicanálise. Para Ansermet, psicanalista francês, esse neo-positivismo forma uma das “epistemes” maiores do nosso tempo, o que para ele também vem a afetar o lugar do sujeito. Em suas palavras, o sujeito pragmático tem por si mesmo uma imperiosa necessidade de homogeneidade lógica. Ansermet, assim como fez Pêcheux três décadas antes, situa o centro desse debate no cientificismo contemporâneo. Dessa forma, ilumina-se determinados pontos da última construção teórica de Pêcheux que legitimam a interface entre o campo discursivo e o campo psicanalítico, assim como pontos da reflexão pêcheutiana que problematizam a questão do cientificismo no mundo atual.
Os discursos sobre educação e trabalho para os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa Caio Cesar Silva Nascimento (CEFET–MG) caionasser1@gmail.com Maria Aparecida da Silva (CEFET-MG) masilva988@hotmail.com A pesquisa tem a pretensão de refletir acerca da medida socioeducativa de internação no âmbito da educação para o emprego e trabalho. Tem como método à análise bibliográfica dos documentos legais e a pesquisa exploratória. No imaginário popular da sociedade brasileira, o trabalho é a grande salvação para o problema social da adolescência em conflito com a lei e educar para o trabalho é o discurso para a juventude. No cumprimento das seis medidas socioeducativas; advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade (PSC), liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade, e internação em estabelecimento educacional, a premissa da educação para o trabalho é o foco na medida socioeducativa, pelo Estado, pelos adolescentes e seus familiares. Indaga-se; como educar um futuro trabalhador crítico, solidário e consciente cercado por grades, paredes, com proibições de entrada e utilização de instrumentos pedagógicos necessários para a formação profissional, com educandos com mãos para trás, com cabelos raspados e roupas iguais? A presente pesquisa discute as concepções de emprego, trabalho em sua relação as medidas socioeducativas, e também pretende dialogar em como os documentos legais da socioeducação traduzem uma concepção de mundo, sociedade, homem e natureza para os socioeducandos e para os trabalhadores da socioeducação. A historicidade da criança e do adolescente em conflito com a lei é marcada por ações de inserção em empregos. Os discursos do emprego como dignidade permanecem presente, porém, surgem as ideias da centralidade do trabalho para as nações ricas e do trabalho como cultura e socialização. Qual trabalhador os programas de educação nas medidas socioeducativas pretende formar? Atualmente, vive-se a divisão entre os saberes tácitos e teóricos, entre o trabalho intelectual e o braçal, a retenção do lucro e da matéria prima, o valor da força de trabalho, as divisões nos processos de produção, e as necessidades da classe trabalhadora como participante no sistema de compra. A acomodação do trabalho ao capitalismo. E falando dos "menores" ou "desvalidos da sorte", quais ações são necessárias para sair da alienação? A “estigmação” como argumento: entre denunciação e legitimação da lei do véu integral Camila Cabral Arêas (Universidade Paris II - Sorbonne Panthéon-Assas) cc.areas@gmail.com Esta proposta de comunicação trata da centralidade do argumento da “estigmatização” no debate público sobre a lei do véu integral na França (2009-2010). A partir de uma perspectiva semiótica - centrada na análise do sentido pragmático dos enunciados argumentativos -, o objetivo desta comunicação é compreender as diversas apropriações e re-significações do argumento da “estigmatização” operados pelo atores sociais, midiáticos, políticos e religiosos inscritos no debate público conhecido como o “Caso da burca” (Affaire de la burqa). Articulando o terceiro, o quarto e o quinto eixo de análise propostos nesta chamada de comunicação, propomos estudar o fenômeno de estigmatização na materialidade dos discursos políticos, midiáticos e religiosos que configuram 239
Resumos: Comunicações Individuais este debate público. No seio deste, tratamos a estigmatização como um processo de expressão e/ou de construção de uma desigualdade que é não apenas social, política, econômica, mas sobretudo que se constitui como uma desigualdade de “visibilidade”, reconhecimento e estima. (Heinich: 2012 / Aubert, Haroche: 2011). O estudo semiótico da cobertura de imprensa nacional (Le Monde, Libération, Le Figaro e Le Parisien) do “Caso da burca” demonstra que o argumento da “estigmatização” foi mobilizado ao mesmo tempo para denunciar e justificar a legitimidade desta lei. Assim, de um lado, termos tais como “prisão portátil”, “ideologia bárbara”, “retorno ao Oriente Médio”, “postura regressiva” e “perigo contagioso” ilustram, de forma emblemática, a violência retórica mobilizada pelos atores proibicionistas (sobretudo os políticos da maioria governamental) que fizeram do véu integral um signo de sujeição e de extremismo (religioso e político). Do outro lado, os atores anti-proibicionistas (sobretudo, políticos da oposição e representantes religiosos) denunciam a estigmatização gerada pela lei, assim como a estigmatização onipresente no discurso proibicionista através de palavras de ordem e termos ameaçantes cuja performatividade seria de marginalizar e tornar “invisível” o Outro muçulmano, seus valores, crenças e identidades. Em resposta a esta crítica, os atores proibicionistas se reapropriam do argumento da “estigmatização” e culpabilizam o véu integral pela “estigmatização” do islã e não a lei que eles promovem. Seguindo estas constatações, nosso principal eixo de análise semiótica deste debate público concerne o entrelaçamento da argumentação (Ducrot: 1984 / Amossy: 2006) e da violência verbal (Lecercle: 1996 / Oger: 2012) que caracteriza esta polêmica midiática. Nós estudamos as estratégias retóricas mobilizadas, assim como o funcionamento semântico e pragmático (Galanatu, Bellachhab: 2012 / Butler: 2004 / Kerbrat-Orecchioni, 2008, 2009) dos discursos em torno da burca e da estigmatização com o objetivo de compreender a construção linguística das violências verbais como atos de discurso visando ofender a imagem pública do Outro muçulmano e provocar sua perda de “face” (Goffman: 1975), quer dizer um mal-estar. Nós focalizaremos assim a disputa retórica em torno da orientação argumentativa conferida à expressão “estigmatização” nestes discursos e atos de linguagem, cuja força ilocutória depende do sistema axiológico do sujeito interpretante.
O indigenismo como patrimônio: representações do México pré-hispânico nas traduções de O Correio da Unesco Camila Couto Teicher (El Colegio de México - Colmex) camilateicher@gmail.com Esta dissertação de mestrado se baseia no cotejo das traduções de seis artigos publicados na revista O Correio da Unesco na década de 1990, escritos em espanhol por autores mexicanos, e suas respectivas traduções ao inglês, francês e português brasileiro. A partir de uma análise discursivo-tradutológica, busca-se identificar as estratégias de tradução utilizadas em cada versão e seus respectivos efeitos de sentido em cada contexto de recepção específico. Em geral, a análise revela uma maior incidência de omissões, adições e outras adaptações nas versões inglesa e francesa, principalmente no tocante ao discurso sobre a colonização e à relação enunciativa nós-eles, que precisa ser reformulada com a inclusão da voz do tradutor como novo enunciador, deslocado culturalmente em relação ao enunciador do texto original. Já as versões em português, embora passem por um pelo mesmo processo de sobreposição de vozes enunciativas – inerente à tradução –, parecem guardar uma relação de equivalência mais clara ao original, que vai além de uma mera questão de proximidade léxica e sintática. Longe de restringir-se a uma apreciação do grau de fidelidade ou literalidade das traduções em relação ao texto original, o objetivo desta pesquisa é analisar as condições sociais, culturais e históricas que tornam possível a existência dessas novas versões e refletir acerca das possíveis repercussões ideológicas dos novos discursos construídos por meio da tradução. Além disso, busca-se problematizar tais repercussões ideológicas no âmbito das instituições internacionais, que, embora se definam a partir de valores como a igualdade, a tolerância e o respeito entre os povos, sem hierarquias nem assimetrias de poder, mostram, através de suas práticas discursivas e políticas culturais, que esta autodefinição ética e equitativa coexiste com uma postura por vezes eurocêntrica e verticalizada, a começar pelo conceito de “cultura” presente em diversos documentos da Unesco. Finalmente, pretende-se chamar a atenção à ausência de um discurso metalinguístico sobre a tradução dentro das organizações internacionais apesar da sua importância fundamental para a existência e a funcionalidade dessas instituições.
O que eu vejo quase ninguém vê: uma análise semiolinguística da campanha #QuemLiga?, promovida pela ONG Teto e pelo jornal Sensacionalista Camilla Ramalho Duarte (UFF) camillarduarte22@hotmail.com O presente trabalho tem como objetivo analisar a campanha publicitária #QuemLiga?, promovida pela ONG Teto em parceria com o Jornal Sensacionalista, discutindo de que maneira a invisibilidade social de pessoas que vivem em situação de rua e/ou extrema pobreza acaba por refletir no espaço que têm na mídia, em contraposição à notoriedade dada às celebridades: além de estarem à margem na vida em sociedade, também estão à margem no que diz respeito à importância que recebem da imprensa. Abre-se, então, uma discussão acerca do que vira notícia e do que deveria virar notícia, problematizando qual é o papel de um jornal. A campanha será analisada por meio da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, no que diz respeito aos conceitos de sujeito social e discursivo, Contrato de Comunicação e visadas discursivas, haja vista que a campanha acima foi idealizada e posta em prática, social e discursivamente, pelos sujeitos do ato de linguagem; bem como seguiu um quadro de referência ao qual se reportaram esses sujeitos, estabelecendo entre si um acordo tácito que engendra restrições e possibilidades em termos de discurso, já que foi criado um Contrato de Comunicação; além disso, houve, a nosso ver, a realização de um de jogo de luz e sombra entre as visadas elencadas para conduzir a troca linguageira: usou-se a visada de incitação, visto que o objetivo primordial da campanha era angariar fundos para a ONG, ensejando, portanto, levar o sujeito a tomar alguma atitude nesse sentido e sensibilizar tal sujeito por meio de estratégias de patemização, posto que se fez uso a visada de efeito. Portanto, é possível estabelecer que há uma desigualdade com relação ao que é importante para a mídia, como celebridades saindo da academia, e o que deveria ser, de fato, importante não só para a mídia, como também para sociedade como um todo: a criação de uma espécie de rede de solidariedade que ajudasse pessoas que vivem em situação de rua e/ou extrema pobreza, ou seja, tornar visíveis sócio, política e economicamente aqueles que não têm voz nem vez dentro da sociedade estratificada em classes na qual vivemos. 240
Resumos: Comunicações Individuais Desigualdade e ciência: o discurso científico sobre as plantas medicinais Carla Andreia Schneider (UFGD) casddos@gmail.com Rita de Cassia Pacheco Limberti (UFGD) limberti@hotmail.com As pesquisas com abordagem etnodirigidas que procuram explicar o potencial terapêutico das plantas medicinais ou de seus princípios ativos no meio acadêmico têm crescido consideravelmente nas últimas décadas. O uso de plantas medicinais sempre ocorreu em nossa sociedade, as quais foram e são usadas pelos povos indígenas de forma ampla; tal conhecimento faz parte da cultura, do conhecimento tradicional dos povos, como um saber do senso comum, empírico, o qual, por consequência, polariza-se em relação ao saber científico. Este trabalho tem como objetivo descrever, a partir de uma abordagem teórica da Semiótica greimasiana, os discursos científicos produzidos pela comunidade acadêmica de Dourados-MS em relação ao conhecimento tradicional sobre as plantas medicinais. O corpus constitui-se de 13 resumos científicos provenientes de Trabalhos de Conclusão de Curso e de pesquisas publicadas online em anais de eventos científicos em Dourados-MS e em outras regiões do país ou publicadas em revistas científicas online do Brasil. Os resultados mostram que o discurso produzido pela ciência sobre as plantas medicinais apresenta-se como legítimo e apropriado, ora impositivo - pelas suas próprias características -, ora sutil - quando atua apenas como inventariante e se coloca resgatador, registrando, catalogando e preservando o conhecimento tradicional. Desta forma, o discurso construído pela ciência sobre as plantas medicinais revelam o conflito dos conhecimentos (tradicional x científico), assim como a busca pela agregação das culturas. A assimilação promovida pelo conhecimento científico, contudo, é preponderante, gerando desigualdade.
Formação docente e discurso: por intelectuais transformadores Carla Cristina Braga dos Santos (UFOB) carla.santos@ufob.edu.br Juliana de Freitas Dias (UnB) ju.freitas.d@gmail.com A partir da constatação, feita por Henry Giroux (1992), de que o enfraquecimento da esfera pública afetou a escola de modo a desgastar um espaço de luta e de resistência diante da concentração de poder, este trabalho objetiva discutir teoricamente e compartilhar uma experiência de intervenção no âmbito da formação docente continuada. A finalidade de compartir os resultados desta pesquisa pretende construir possíveis caminhos de ação perante o fato de que a escola não tem sido suficientemente crítica e não tem produzido, substancialmente, formas emancipatórias de conhecimento e relações sociais. O trabalho focaliza o papel que a linguagem e o poder desempenham em todos os níveis de escolarização e nas tarefas pedagógicas do/a professor/a como intelectual transformador. Dentre essas tarefas pedagógicas elencadas por Giroux, enfatizam-se: o questionamento de como a dinâmica da linguagem e do poder funcionam integradamente; a construção de análises linguístico-discursivas que incorporam formas de poder e autoridade; e o propósito de desafiar modos de pensamento, expressão e ação que fortaleçam a pedagogia crítica. Assim, além das discussões protagonizadas pelo autor supracitado a respeito da educação crítica e do professor como intelectual transformador, este estudo possui bases epistemológicas e metodológicas no arcabouço da Análise de Discurso Crítica (ADC) e sua aplicação para o ensino da leitura e da escrita. A geração dos dados fundamenta-se na pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, cujos instrumentos são a entrevista semiestruturada e a produção escrita de memorial por parte de uma professora-colaboradora, no contexto de uma escola pública localizada no oeste baiano. Como resultados, destacam-se as mudanças nas práticas de leitura e escrita da professora colaboradora, moldando, restringindo, constituindo e construindo sua identidade docente. Culpado ou inocente? A construção narrativa da imagem do réu em processos criminais de tráfico de drogas Carla Leila Oliveira Campos (IPTAN) carlalcampos@globo.com O presente trabalho objetiva analisar a construção da imagem do réu em dois processos criminais de tráfico de drogas, observando o conteúdo das narrativas da defesa e da acusação. Para tanto, adotaremos como categoria de análise o modelo de narrativa proposto por Labov (1972, p. 359-360). Para o autor, uma narrativa pode ser definida como um método de recapitulação da experiência passada, por meio de uma sequência verbal de orações ligada à sequência de eventos que (infere-se) ocorreram de fato. Segundo Heffer (2010), o modelo de Labov é interessante à análise das narrativas forenses especialmente pela subdivisão feita na propriedade avaliação. O autor argumenta que, em seu caráter estrutural, as narrativas legais apresentam um ponto de vista explícito sobre a culpa ou inocência do réu e, na forma encaixada, constroem gradualmente uma certa impressão desta culpa ou inocência. Com o intuito de verificar como se dá esse processo de construção das narrativas forenses, filiamo-nos às propostas teóricas da Análise Crítica do Discurso (ACD) e da Linguística Forense, com vistas a compreender como os modos de interação que envolvem a produção do discurso nos tribunais e as relações sociais de poder influenciam as práticas linguísticas forenses. Os trabalhos que buscam investigar o discurso legal lançam mão dos estudos da análise do discurso e se enquadram na subdisciplina Análise do Discurso Forense. Para Coulthard e Johnson (2007), esse subdomínio da ACD e da Linguística Forense está voltado para a investigação de como as funções institucionais específicas estão relacionadas aos usos da língua, buscando compreender a interseção entre o discurso institucional, a lei e os significados sociais. Considerando, portanto, as relações de poder que subjazem ao discurso jurídico e, ainda, que ele não é alheio ao meio social no qual se insere, é que a ACD torna-se imprescindível para o processo de investigação de como essas relações sociais de poder influenciam a linguagem forense. Com fulcro nessas questões teóricas e na importância das narrativas como construção de evidências no tribunal, observamos, em nossas análises, como determinadas visões de mundo sobre a criminalidade e o criminoso perpassam narrativas conflitantes sobre os mesmos fatos. 241
Resumos: Comunicações Individuais Discursividade, corpo e desigualdade social nas feiras livres ambulantes Carla Luzia Carneiro Borges (UEFS) carlaluziacb@gmail.com Este trabalho aborda a desigualdade social que é constitutiva das relações cotidianas, tematizando a relação entre discursividade e práticas sociais de venda, que se exprime nas fotografias das feiras ambulantes da cidade de Feira de Santana/BA, num gesto de interpretação das trajetórias dos feirantes pela cidade, bem como dos espaços nos quais estes ambulantes fazem suas paradas para vender, num movimento de diáspora e permanência, em busca de espaço para vender, considerando que as condições da sociedade forçam para que este movimento aconteça, em decorrência de uma crescente situação de sobrevivência numa cidade que anseia por mudanças e deseja ser reconhecida como centro comercial cada vez mais "moderno" e, portanto, distante de práticas consideradas ultrapassadas. Para compreender esta posição diáspórica do sujeito feirante ambulante, na qual a linguagem exerce papel singular por sua natureza discursiva, dialogaremos com as noções de corpo/espaço em Foucault (2005) e de diáspora, em Hall (2003). O objetivo é descrever os modos como o corpo/o espaço se apresenta para vender, suas formas de organização e de planejamento do fazer feiras cotidiano, destacando caminhadas pelas cidades, em suas festas, vaquejadas, carnavais, os modos de ler e de referenciar tudo isso, tendo a linguagem como elemento da cultura que possibilita estas práticas de venda como produção de conhecimento cotidiano que luta por uma situação não desigual.
Literatura e mundo do trabalho: vozes discursivas sobre o trabalho no romance O homem de macacão, de Oswaldo França Júnior Carla Prado Lima Silveira Vilela (UTFPR) carlaprado2000@gmail.com Guiosepphe Sandri Marques (UTFPR) guiosepphe@hotmail.com Esta comunicação analisa as construções discursivas sobre o mundo do trabalho no romance O homem de macacão (1972), de Oswaldo França Júnior. A literatura, como um celeiro de vozes que refletem e refratam situações do mundo da vida, traz enunciações que ecoam do mundo do trabalho, temática que abrange as relações humanas e passa, sobretudo, pela linguagem. Autor profícuo, vencedor do maior prêmio literário nacional em 1967, o mineiro França Júnior e sua obra ainda são pouco conhecidos no país. Suas composições ficcionais são permeadas de retrações das atividades produtivas cotidianas, da classe trabalhadora, da “gente do povo”, descritos com uma agudeza ímpar. A obra em questão apresenta o cotidiano de Afonso, funcionário de oficina mecânica que realiza o desejo de infância de tornar-se proprietário de uma. Em primeira pessoa, o mecânico-patrão conta a sua história: as dificuldades financeiras, as desigualdades sociais, os lugares em que trabalhou, as mulheres que conheceu, os ensinamentos que a vida lhe foi impondo. É no ambiente da oficina, palco de suas ações, que se projetam as diversas etapas da vida do mecânico, onde trabalho e vida pessoal se entrelaçam. No âmbito da linguagem e da literatura buscou-se lançar um olhar dialógico sobre o romance, partindo das contribuições de Bakhtin e o Círculo. Para o campo do trabalho, a pesquisa pautou-se nas reflexões de teóricos da tradição materialista histórica, que concebem o trabalho e seus sentidos segundo múltiplas significações, como Lukács, Gorz e Antunes. Assim, investigou-se como o escritor construiu a identidade das personagens trabalhadoras; como se deu a transposição do contexto extra-literário e sua formalização no discurso ficcional; e o entrelaçamento do trabalho com a vida e as significações ontológicas da função laboral no cotidiano das personagens.
La democracia en un grupo de élite política Carlos Alejandro Montes de Oca (Universidad de Guanajuato) camontesdeoca@yahoo.com.mx Estudio de tipo cualitativo y exploratorio sobre la estructura de las representaciones sociales de la democracia (RSD) en un grupo 15 sujetos de élite política leonés. La élite política asume la democracia como marco orientador de su práctica social, enmarcada por un ambiente de información, una percepción selectiva y determinada por sus prácticas y valores. Así, se van familiarizando con lo extraño y lo novedoso, incorporándolos a sus esquemas cognitivos preexistentes, aplicando un saber práctico en sus actividades y facilitando el dominio de su entorno; condicionan su sentido de actuación y adhesión grupal; refieren sus actuaciones a sus marcos cognitivos; crean a sus agentes, agencias y discursos, sus conceptos y definiciones; se ven afectados por su ambiente personal e impersonal; son responsables de acuerdos con ciertas normas.
O tabu sexual na recontextualização do discurso sobre ciência na revista Superinteressante Carlos Alexandre Molina Noccioli (IFSULDEMINAS/UNESP) carlos.noccioli@ifsuldeminas.edu.br Este trabalho embasa-se no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso da Divulgação Científica – Ciapuscio (1997), Calsamiglia e Cassany (1999), Cassany e Martí (1998), Cataldi (2003, 2007 e 2009) e Noccioli (2010) –, que considera a divulgação científica como um processo de recontextualização do discurso científico para o discurso geral; associado à Teoria das Representações Sociais – Moscovici (1973), Jodelet (2002) e Arruda (2002) –, que permite a reflexão em torno da construção do conhecimento pelo indivíduo, grupo, ou ser social, a partir de aspectos socioculturais. Por meio desse arsenal teórico, buscamos 242
Resumos: Comunicações Individuais analisar, em uma reportagem publicada na revista brasileira Superinteressante, o tratamento linguístico-discursivo das informações acerca de um tópico temático tradicionalmente visto como tabu, designadamente a impotência sexual, evidenciando-se como as questões sexuais que representam, em nossa cultura, o homem e a mulher, são tratadas pela linha editorial da revista. Para tanto, a fim de que se realizasse a busca das ocorrências para a configuração do corpus de análise, definimos palavras-chave para a consulta no acervo online disponibilizado pela própria editora. Examinamos os textos a partir das palavras escolhidas por representarem o centro cognitivo, segundo a Teoria dos Protótipos (TAYLOR, 1989; LAKOFF, 1990), ou seja, o membro mais prototípico da categoria. Selecionado o texto que contemplasse o tema em questão, analisamos a recontextualização do conhecimento feita pela jornalista por meio das estratégias linguístico-discursivo específicas de expansão, redução e variação. Esses procedimentos discursivos são recorrentes em mídias divulgativas, na observância do interesse e da necessidade de informar um público amplo, heterogêneo e leigo. Após a análise, pudemos constatar que a revista recai sobre a (re)produção do senso comum e das representações sociais em nossa sociedade contemporânea ocidental. Isso, na tentativa de promover a aproximação entre a informação técnicocientífica e as concepções típicas das relações sociais habituais, divulgando e, ao mesmo tempo, fomentando a curiosidade em relação ao conhecimento que envolve um aspecto sexual humano. O movimento sindical à luz dos conceitos bakhtinianos: uma abordagem discursiva Carlos Alexandre Nascimento Aragão (UFBA) cana_aragao@yahoo.com.br Os movimentos sociais estão associados a uma ação coletiva de um grupo organizado com o objetivo de alcançar mudanças sociais por meio de embates políticos. O presente trabalho busca refletir sobre o sindicato como movimento social. Sendo assim, escolhemos uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores da Educação do Estado de Sergipe (SINTESE) para fazermos análise à luz dos conceitos bakhtinianos. Este sindicato foi criado em 1988 para servir de base aos professores da Rede Estadual de Sergipe e de 74 municípios sergipanos, ficando de fora os professores do município de Aracaju por terem sindicato próprio. No decorrer do trabalho procuramos fazer uma historicidade do surgimento dos movimentos sociais e do sindicato com o intuito de fazermos uma análise do discurso a partir das teorias bakhtinianas como enunciação, ideologia, responsividade. Nesse sentido, fizemos uso dos pensamentos de BAKHTIN (2003; 2009), BRAIT (2010) e GOHN (2011). As estratégias políticas de “O Bem Amado”: uma construção linguístico-discursiva da desigualdade social Carlos Antonio Fernandes (UFMG) carlosantoniofernandes7@gmail.com O objetivo principal desta comunicação é analisar, através da farsa O Bem Amado, de Dias Gomes, as diferenças existentes entre a linguagem do personagem protagonista Odorico Paraguaçu e a linguagem da população da cidade de Sucupira, essa representada na maioria por pescadores. Para tanto, será analisada a constituição do personagem a partir de seus possíveis ethé, verificando-se que esses estão relacionados aos imaginários sociodiscursivos da época em que a peça foi produzida. Constata-se que Dias Gomes recorreu ao imaginário do político coronel e ao imaginário do político verborrágico para idealizar o personagem, o que contribuiu para a construção do ethos do personagem, em alusão aos políticos e situações políticas da época. Sendo Odorico o representante do poder dominante, político abastado da cidade de Sucupira, ele se utiliza, dentre outros imaginários políticos, de uma pseudo-erudição para conquistar o seu eleitorado. Essa estratégia do personagem alude a determinados políticos que consideram a forma culta de falar como uma maneira de exibir a competência e capacidade do candidato. O povo de Sucupira, por sua vez, utiliza-se do socioleto regional, e, principalmente, de uma linguagem rica em expressões figuradas. Essas diferenças na linguagem, do candidato Odorico, que se expressa de maneira culta e floreada, e do povo de Sucupira, de maneira simples e regional, demonstram as diferenças, pela linguagem, entre as duas classes, isto é, a classe dominante representada por Odorico Paraguaçu, e o povo, representado na peça pelos pescadores. Portanto, nessa farsa, a desigualdade social é marcada, principalmente, na e pela linguagem dos personagens. Como suporte teórico, utiliza-se o quadro teórico da Teoria Semiolinguística de Charaudeau ([1983], 2010), destacando-se principalmente seu quadro comunicacional. Para análise do discurso político e dos imaginários sociodiscursivos, pauta-se em Charaudeau (2008). Sobre a noção de ethos novamente em Charaudeau (2008), Amossy (2008), dentre outros. Apóia-se, também, em referencial teórico literário, considerando a especificidade do objeto analisado. Enfim, resumidamente, pode-se afirmar que o autor Dias Gomes produziu um texto fundamentado nos imaginários sociodiscursivos de um político brasileiro, demagogo, bem como de uma população regional de pescadores, cujas tipificações e diferenças se verificam principalmente pela linguagem.
Famílias humildes de pescadores versus índios em extrema pobreza: a representação de atores sociais no discurso Carlos Maroto Guerola (UFSC) cmguerola@gmail.com O presente trabalho busca apontar estratégias discursivas para des-enfatização de atores sociais indígenas no discurso da mídia de massas brasileira em relação à demarcação de terras indígenas. Para tanto, é analisada uma reportagem do Jornal do Meio Dia da RIC TV Santa Catarina, de outubro de 2013, sobre o conflito em torno da demarcação da terra indígena guarani do Morro dos Cavalos (Palhoça, SC). Prestando especial atenção ao desacato ao Princípio de Cooperação de Grice (1975/1999), são identificadas cinco estratégias discursivas de des-enfatização, que exploram a máxima de quantidade por meio de omissões. Exemplifica-se, assim, o modo em que a representação de atores sociais indígenas nesse discurso serve à invenção da sua etnicidade por parte da grande mídia com o objetivo de favorecer opiniões contrárias à demarcação da terra indígena em questão e das terras indígenas no país de modo geral. 243
Resumos: Comunicações Individuais Campo político y discursos sobre la migración en Chile Carlos Salvatore Durán Migliardi (Centro de estudios del desarrollo regional y políticas públicas CEDER Universidad de Los Lagos) cdmigliardi@hotmail.com Durante los últimos años, el incremento de la inmigración de latinoamericanos a Chile ha comenzado a activar un conjunto de debates en torno a los alcances, límites y naturaleza específica de los procesos de incorporación, inclusión y/o integración del cada vez más significativo número de extranjeros que se avecindan en este país sudamericano. Dentro de los tópicos incorporados en esta nueva agenda -a la vez política y académica-, el debate acerca de los derechos que corresponden a los inmigrantes ha comenzado a adquirir una creciente presencia: ¿qué tipo de derechos le corresponden a los extranjeros que se avecindan en Chile?; ¿es posible, legítimo y válido otorgarles los mismos derechos que gozan los ciudadanos nativos o, por el contrario, corresponde limitar, restringir y/o condicionar dichos derechos en función del status de pertenencia nacional? Y, más allá del plano normativo: ¿cuáles son las condiciones institucionales, políticas y sociales que existen en Chile para el otorgamiento de derechos a los inmigrantes? En la escena pública chilena, así, se despliega un cada vez más concurrido debate en torno al “lugar” que les corresponde a los inmigrantes; a la “cuenta” respecto a la densidad y extensión de los derechos a los que debieran tener acceso; a las “condiciones” para su acceso y mantención como residentes en el país; a los “criterios” que vuelven posible su participación en el usufructo de los bienes públicos y su conversión en sujetos de derecho al interior del territorio. En esta ponencia, el objetivo es dar cuenta de cuáles son las principales posiciones discursivas que, desde el campo político chileno, han comenzado a generarse en relación al fenómeno en cuestión: ¿de qué modo son definidos los inmigrantes?; ¿de qué manera opera la distinción entre dichos colectivos y la población nativa?; ¿cuáles son los alcances y límites del discurso de los derechos humanos?; ¿de qué modo las distintas posiciones discursivas coinciden en la neutralización política de los inmigrantes? Se espera, como resultado de este trabajo, incorporar una reflexión en torno al vínculo entre inmigración, discursos de las élites políticas y exclusión posible de observar en el campo político chileno. Egalité des citoyens, inégalité des langues… Quelques réflexions à propos des politiques linguistiques en France et en Espagne Carmen Alén Garabato (Université Paul-Valéry, Montpellier) carmen.alen-garabato@univ-montp3.fr La Déclaration Universelle des Droits de l’Homme, la Charte internationale des droits Civils et politiques du l’ONU et d’autres textes du droit international ont beau proclamer l’égalité en droits et la non-discrimination pour de raisons de langue, dans la réalité l’inégalité des droits linguistiques est un fait presque unanimement accepté au sein des Etats ainsi qu’au sein des institutions internationales. Il sera question dans mon intervention de l’inégalité de traitement des langues (et en conséquence des locuteurs) en Europe (cf. la Charte européenne des langues régionales ou minoritaires du Conseil de l’Europe) ainsi que des politiques linguistiques en France et en Espagne : deux Etats qui, par des moyens et avec des arguments différents, tentent de légitimer et de justifier cette inégalité dans les textes politiques et dans les discours sociaux.
As noções de contextualização, situação-problema e interdisciplinaridade nos documentos que embasam o ENEM: uma discussão a partir de dois textos - documento básico e do fundamento teórico do ENEM Carmen Irene Correia de Oliveira (UNIRIO) irenecor2004@gmail.com Propomos a análise discursiva de documentos que embasam a perspectiva do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tendo em vista a articulação de três concepções: contextualização, situação-problema, interdisciplinaridade. Apresentamos uma análise a partir de como são estabelecidos os sentidos dessas três noções a partir de dois textos considerados basilares: Documento Básico (2002) e Fundamento Teórico do Enem (2005). O aporte adotado é o da análise do discurso de vertente francesa. Interessa-nos como tais noções estão produzindo sentido e como são articulados. Tendo em vista a seleção inicial de termos-pivô (Cf. Maingueneau), que posteriormente foi expandida até à constituição do conjunto de termos derivados, trabalhamos com os segmentos discursivos que apresentam formulações de interesse aos nossos objetivos. Desse modo, devemos entender que habilidades e competências constituem aglutinadores de dois dos termos principais: situação-problema e contextualização. Em termos quantitativos, no Documento Básico, situação-problema aparece 18 vezes neste documento, ao passo que contextualização (e derivações) aparece 07 vezes e interdisciplinaridade (e derivações) apenas 03 vezes. Compreende-se tal prevalência quando vemos que situação-problema é o cerne da construção das questões do Enem, identificando-se com elas inclusive. Em Fundamentos Teórico-Metodológicos do Enem o objetivo do Enem e o que denominamos estrutura fundamental do exame é apresentado logo na Introdução. O diferencial do Fundamentos está no conjunto de artigos que procuram fundamentar os conceitos bases apresentados na construção das questões. A situação-problema pode ser considerada a noção mais discutida no livro: são 63 ocorrências do termo, incluindo o plural, contra 17 de contextualização ou contextuação e 10 de interdisciplinaridade. Isso ocorre por conta da importância que a noção de situaçãoproblema adquire na construção das questões presentes no Exame. Após a leitura dos dois textos, temos uma situação-problema que é a questão como um todo – enunciado+opções – e que deve ser construída de forma orgânica, encadeada, contextualizada e fazendo apelo à interdisciplinaridade. Esta, por sua vez, é a própria contextualização, pensada como processo.
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Resumos: Comunicações Individuais Heróis, vilões, anti-heróis e o imaginário das desigualdades sociais no Cinema Brasileiro Carolina Assunção e Alves (UniCEUB) carolinassuncao@ig.com.br A temática da injustiça social é um denominador comum entre filmes do Cinema Novo, do Cinema Marginal e produções realizadas desde a Retomada do Cinema Brasileiro. Personagens marcantes ilustram essa característica. Porfírio Diaz, de Terra em Transe (1967, por Glauber Rocha), civilizará o povo “pelo amor da força”. O sanguinário Bandido da Luz Vermelha (1968, por Rogério Sganzerla) toca o terror em São Paulo. Macunaíma (1969, adaptado por Joaquim Pedro de Andrade do livro homônimo de Mário de Andrade) é o herói sem caráter. Da terra brasileira, a rainha Carlota Joaquina (1995, de Carla Camurati) não quer “nem o pó”. Zé Pequeno, por sua vez, “quer poder” na Cidade de Deus (2002, de Fernando Meireles). O Capitão Nascimento e sua Tropa de Elite (José Padilha 2007/10) fazem “coisas que assustam o Satanás”. Bárbara, a patroa de Val, manda esvaziar a piscina depois de ver a filha da faxineira brincar na água (Que horas ela volta? 2015, de Anna Muylaert). O objetivo deste trabalho é verificar representações e imaginários possíveis a respeito das desigualdades sociais brasileiras, por meio de uma análise discursiva das personagens acima apresentadas. Para isso, serão utilizadas as provas retóricas do ethos, do pathos e do logos, em diálogo com categorias da linguagem audiovisual. Os principais autores utilizados são Amossy (2006), Charaudeau (2000), Perelman (2008), dentre os estudos sobre Argumentação e Discurso; e Bellour (1995) Jost (2011) e Vanoye e Goliot-Lété (2011), nas teorias sobre a análise fílmica.
Reflexões sobre gênero e diversidade sexual no contexto escolar à luz da análise de discurso crítica Carolina Gonçalves Gonzalez (UnB) carolgonzalezmestrado@gmail.com O presente trabalho dialoga e faz parte das análises que compõem meu projeto de doutorado intitulado “Identidade de gênero no espaço escolar: Possibilidades discursivas para a superação da heteronormatividade”, no qual estabeleço como objetivo geral verificar como são representadas as identidades de gênero social, para além das identidades heteronormativas, no espaço escolar. Constituem-se como objetivos específicos verificar se ocorre o apagamento de identidades que fogem à heteronormatividade discursivamente, perceber a escola como ambiente de reprodução de habitus incorporados pela sociedade, mas buscar caminhos para a superação destes habitus, compreender a natureza da dominação de gênero social de forma ampla. Para tanto, faz-se necessária a proposição de uma pesquisa qualitativa e de cunho etnográfico (Denzin e Lincoln,2006) e utilização de ferramentas da etnografia crítica de (Denzin e Lincoln, 1994; 2006), com a minha inserção no espaço escolar a fim de verificar quais as representações discursivas estão em curso. Como campo de trabalho escolhi a Secretaria de Educação do Distrito Federal que, com a publicação de seu Currículo em Movimento (2013) estabelece como prioridade o trabalho com temáticas relativas a gênero e sexualidade. A fim de verificar como ocorrem as ações materiais de consolidação dos compromissos que estão firmados no documento que oficializam a atuação da Secretaria, sugeri uma triangulação metodológica proposta para essa pesquisa, na qual sejam desenvolvidas observações de campo e entrevistas para verificar de fato quais ações estão sendo desenvolvidas na prática e no cotidiano da SEEDF, uma vez que é firmado no documento o compromisso com ações que não fiquem apenas no campo do documento, mas que transformem, de fato, o cotidiano escolar. Apresentarei no congresso conclusões preliminares de observações de campo que venho desenvolvendo em especial a minha permanência em campo ao longo do ano de 2016: As escolas as quais visitei, os resultados das entrevistas semiestruturadas que propus e apresentação de parte das análises resultantes do contato inicial com o campo. Como referencial teórico utilizo as contribuições da Análise de Discurso Crítica (Fairclough, 2001; 2003), Resende e Ramalho (2006; 2011) e o arcabouço teórico da ADC (Chouliaraki e Fairclough, 1999).
As contribuições da poética sociológica para a leitura de imagens: construindo caminhos para uma leitura da imagem sob a perspectiva discursiva Caroline da Cunha Moreno (FFCLRP- USP) carol_moreno@usp.br O presente trabalho toma a imagem, no campo das artes-visuais, sob uma perspectiva que admite o caráter social da produção da obra de arte. Seu principal objetivo tem sido articular as contribuições da poética sociológica proposta por Bakhtin e Voloshinov (1926) ao âmbito das artes visuais, especificamente da imagem, entendida aqui no âmbito do texto. Acredita-se que as reflexões levantadas pelos autores ofereçam subsídios para se compreender a imagem a partir de uma perspectiva que extrapola sua compreensão restrita aos aspectos formais da obra. Nesse sentido, tais reflexões apresentam-se como base para a construção de caminhos que indiquem novas práticas de leitura, induzindo ao conceito de leitura compreendido a partir da perspectiva da Análise de Discurso de matriz francesa (Pecheuxtiana), e as suas contribuições para as práticas de leitura no campo da arte, essencialmente polissêmico e heterogêneo.
DSM e a Infância Patológica: uma questão de (des) curso Caroline Maria Braciak Reisdorfer (UNIOESTE) carolinereisdorfer@gmail.com “Filhos não vem com manual de instruções”. Foi pensando nessa máxima popular que o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), pareceu responder a uma demanda muito mais social do que médica/orgânica. Este trabalho pretende mostrar como a infância passou a ser um caso de “transtorno mental” e porque o DSM se consolida como voz normativa do “ser 245
Resumos: Comunicações Individuais criança”, transformando o “curso” da normalidade e levando a vida cotidiana a casos patológicos. O recorte será feito pensando na infância e no Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Olha-se então para o material lingüístico do DSM, objetivando encontrar os atravessamentos discursivos que resultam neste material e na maneira como ele funciona, tendo como ponto de apoio a Análise de Discurso francesa. Michel Pêcheux ensina a pensar nos processos de produção do discurso que, a partir da língua, apontam uma condição de produção que está vinculada a uma ideologia. Ou seja, ainda que a língua e os processos lingüísticos estejam em questão, é a partir das condições ideológicas de produção que eles funcionam. Desta forma há fatores históricos, ideológicos, sociais e culturais que promovem um discurso que se materializa na necessidade de produção e no uso do DSM. Esta materialidade comprova-se no próprio Manual e a formação discursiva a que pertence, apoiando-se no discurso médico. Assim, espera-se encontrar, nas sequências discursivas pesquisadas no DSM, e na pesquisa sobre suas condições de produção, indícios que expliquem sua importância para pais e profissionais. Além disso, seguindo Eni Orlandi (2002) ao pensar no silêncio, a materialidade linguística que revela um comportamento patológico no DSM, também mostra no não-dito o que seria a normalidade esperada para o comportamento infantil. Portanto este trabalho deverá apontar o par opositivo normalidade/patologia, revelados no discurso médico e profissional embasado no Manual.
La configuración discursiva de la inmigración como problema desde la intervención social Caterine Galaz Valderrama (Universidad de Chile) cgalazvalderrama@u.uchile.cl Los flujos migratorios producidos en las últimas décadas y que han reconfigurado el panorama social de Chile, ha ido llevando a la conformación de una imagen problemática sobre los sujetos migrantes a nivel social. Esto ha llevado a que la respuesta desde el Estado y desde organizaciones sociales se hagan eco de esta configuración discursiva como problema, desarrollando diversos dispositivos de atención hacia los sujetos migrantes, que los sitúa desde el control, disciplinamiento y acomodación al grupo mayoritario. Humor e interdiscursividade na imprensa natalense da Belle Époque Cellina Rodrigues Muniz (UFRN) cellina.muniz@bol.com.br Na transição dos séculos XIX para o XX, com a instauração da República, a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, vivia o projeto político, social, cultural e urbanístico de civilidade empreendido pelo grupo dominante dos Albuquerque Maranhão. Esse projeto encontrou na imprensa que então se desenvolvia uma grande estratégia para civilizar corpos e mentes e domesticá-los a fim de viver a nova ordem que se instaurava. Inclui-se aí a imprensa humorística, cujo apelo ao riso de zombaria (PROPP, 1992) se manifestou por meio de inúmeros recursos linguísticos e discursivos. O objetivo desta comunicação é mostrar como esses recursos demonstram a efetividade da interdiscursividade na constituição dos discursos, razão pela qual Maingueneau (2011) propõe a interdiscursividade como primado de análise. As alusões a outros periódicos, os pseudônimos, as paródias, os estereótipos e as polêmicas são alguns desses recursos evidenciados que demonstram como a imprensa de humor daquele período se constituiu necessariamente a partir do Outro.
Travestis e transgêneros e o acesso à educação superior Ceuline Maria Medeiros Santiago (UFPE) ceulline@gmail.com Maria Pereira da Silva (UFPE) mariaprofdelit@hotmail.com Dado o debate contemporâneo no que tange à sexualidade e às identidades de gênero, no âmbito das relações sociais, e do acesso a direitos e garantias constitucionais, nos deparamos com a problemática questão do direito à educação por pessoas transgêneras e travestis, concretizada nos discursos que circulam socialmente sobre o tema — veja-se a polêmica a respeito da inclusão de tais questões nos planos municipais de educação em 2015. Não obstante às discussões e (des)entendimentos sobre o tema, tanto no que toca à educação básica, quanto no tocante à educação superior, objetivamos refletir, nessa pesquisa, sobre o direito de todos à educação, conforme assegurado pela Constituição Federal de 1988. Vistas as repercussões da recente inclusão do uso do nome social no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), conduzimos o olhar para os discursos relativos ao ingresso de travestis e transgêneros no ensino superior. Desse modo, buscamos levantar dados junto a uma universidade pública, no sentido de compreender: a) se há acesso de pessoas transgêneras e travestis; b) de que forma se dá esse acesso e que medidas são adotadas para receber essa população; c) se se promove igualdade de condições para permanência dessa população no ensino superior. A partir das posições da instituição e de alunas e alunos transgêneros sobre essas questões e, compreendendo o discurso como prática social, procedemos à nossa análise, com base nas concepções da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001), compreendendo o ingresso de alunos e alunas transgêneros e travestis na universidade como processo que se inicia, perpassado por lutas e desigualdades. Nesse sentido, os discursos sobre o tema, dentro da universidade, refletem uma perspectiva inclusiva? Tais discursos apontam para o enfrentamento individual/coletivo de preconceitos e estereótipos e para o entendimento do igual direito de todos à educação? Nosso trabalho segue em andamento, na busca de compreensões para esses questionamentos, à luz de uma perspectiva crítica. . 246
Resumos: Comunicações Individuais La représentation de l’altérité et les discours de ladifférenciation chez les jeunes des quartiers populaires en Algérie Chibane Rachid (Centre Universitaire de Tindouf Algérie) chibanerachid0@gmail.com Notre article se situe dans une certaine actualité politique, en relation à l’ensemble desréflexions et prise de position au sujet des jeunes algériens (aspiration au changementsociopolitique, formation, programmes d’insertion e jeunes délinquants, enseignement etcréation d’emploi, etc.), et du statut des langues en présence en Algérie. Nos divers contacts avecles jeunes algériens, et la connaissance que l’on a pour leurs univers (des attaches susceptibles defonder un lien de confiance mutuelle), pour leurs pratiques culturelles fécondes de spécificitéslinguistiques, en réel discordance avec la culture populaire ou celle dite officielle, ont créé ennous cette idée de travailler sur les représentations des jeunes. Dans ce sens, Les représentations arrivent à donner le sentiment d’originalité et d’appartenance dont l’être humain a besoin pour fonder une identité. « Néanmoins, qui ditconstruire une identité, dit inévitablement construire la différence en même temps », nous ditStuart Hall (HALL, 1996 ; 5-6). Car la notion de l’identité présente le paradoxe d’inclusion etd’exclusion : celui qui essaie de se définir lui-même définit également l’Autre. L’identité etl’altérité se trouvent donc indissociables. Socialisation et individualisation constituent les deuxfaces du même processus qui agit sur la construction d’un soi social. Et c’est à travers l’acte decommunication que l’identité humaine se construit et s’affirme. Nous avons choisi de concentrer notre attention sur les enjeux de la représentation del’altérité chez les jeunes des quartiers populaires en Algérie. Ce choix des jeunes des quartierspopulaires s’est fait pour deux raisons. Premièrement, le rôle et l’image de ces jeunes se sontintensifiés ces dernières années. Deuxièmement, les jeunes développent un parler propre à eux. Ce qui est perçu comme diversité, pourrait cependant former un danger contre l’unitéeuropéenne, qui cherche à se définir. Formação discursiva, ideológica e (inter)discursos: uma análise da crônica “Os filhos do lixo”, de Lya Luft Cícero Barboza Nunes (UFPB) cicerobarbozanunes@gmail.com Uma das bases de estudo fundamentais na Análise do Discurso é a formação ideológica e discursiva e como estas se manifestam, vista como meio de concretização da língua através do discurso, com isso, para Brandão (2009, p. 7) o discurso é o espaço em que saber e poder se unem, se articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito que lhe é reconhecido socialmente. Assim, a relação discursiva que se perfaz nas diferentes camadas sociais, e que se manifesta a partir do lugar de onde se produz, não segue uma unidade discursiva, uma vez que esta se permite através das várias vozes que o influenciaram até um determinado momento em que está sendo proferido. Com isso, este estudo, de cunho teórico, pretende identificar as Formações Discursivas e Ideológicas presentes no texto “Os filhos do lixo”, da escritora brasileira Lya Luft, tomando como aporte teórico os conceitos pertencentes à Análise do Discurso Francesa. Apesar de compreendermos, a priori, que o texto analisado é construído com base em uma formação discursiva, entendemos que o mesmo é atravessado por diversos discursos ideológicos presentes no interdiscurso. Nesta análise, pautaremo-nos a encarar “discurso” no mesmo viés de Brandão (2009, p. 7) que considera este ser um jogo estratégico que provoca ação e reação, é como uma arena de lutas (verbais, que se dão pela palavra) em que ocorre um jogo de dominação ou aliança, de submissão ou resistência, o discurso é o lugar em que se travam as polêmicas. Ao tomarmos o discurso como uma “arena de lutas verbais”, elegemos a concepção de sujeito discursivo com base em Orlandi (1999) que enfatiza que este implica a relação do simbólico com o político. E no que tange a formação discursiva e ideológica, assumimos que a formação discursiva se define na sua relação com a formação ideológica, conforme estudos de Orlandi (op. cit), ou seja, um dado grupo social possui várias formações ideológicas, e a cada uma delas corresponde uma "formação discursiva”.
Regimes de olhar e de dizer o corpo feminino obeso na contemporaneidade: estratégias de (des) igualdades Claudinéia Cristina Valim (UEM) di_valim@hotmail.com A circulação de discursos nas mídias televisiva, digital e impressa sobre um novo segmento do mercado da moda tem conquistado um espaço importante para e na instituição de condutas modelares dos sujeitos da contemporaneidade. Isso porque tal segmento conquista sua credibilidade com a proclamação de enunciados que promovem a autoestima de boa parte da população feminina cujo perfil de consumo é o de se adequar ao modelo plus size. Em contrapartida, a pesquisa desenvolvida por Lily Lin e Brent McFerran, da Universidade do Estado da Califórnia e da Universidade Simon Fraser, veiculado no Journal of Public Policy & Marketing (2015), aponta para a condição de que a circulação de imagens de mulheres acima do peso tem promovido uma epidemia de obesidade , conforme as informações do site da Rede Catraca Livre (2016). Assim, diante do acontecimento “obesidade como doença”, o qual se circunscreve nos campos da ciência médica e da estética, bem como da atuação dos dispositivos da tecnologia biopolítica que incide sobre os processos de inclusão e de exclusão social, propusemos como objetivo para esta comunicação, parte da pesquisa que ora desenvolvemos, na Universidade Estadual de Maringá – UEM e vinculada ao Grupo de Estudos em Análise do Discurso da UEM – CNPq – GEDUEM, apresentar a emergência de discursos que instituem novos regimes de olhar e dizer o corpo feminino obeso de forma (des) igual na contemporaneidade. A partir do quadro teórico da Análise do Discurso franco-brasileira, sob o delineamento teórico de Michel Foucault em articulação com os estudos Sociais, Culturais e Históricos, buscamos compreender de que forma esses regimes de olhar e de dizer o corpo feminino, estabelecem a (des)marginalização destas mulheres. Para tanto analisaremos, principalmente, os textos imagéticos de uma matéria sobre a edição de verão de 2015 do evento de moda Fashion Weekend Plus Size, veiculada pelo site DasPlus (2015).
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Resumos: Comunicações Individuais Cenografia messiânica e o problema da luta de classes nas Teses sobre o conceito de história, de Walter Benjamin Clebson Luiz de Brito (UFRN) clebsonlb@gmail.com Neste trabalho procuramos refletir sobre o problema da luta de classes nas Teses sobre o conceito de história, de Walter Benjamin, e a noção de cenografia no âmbito das cenas da enunciação. Escritas em 1940, as Teses constituem uma crítica a uma perspectiva que, no interior do marxismo, deixou-se seduzir pela ideologia do progresso e pela crença de que o desenvolvimento técnico conduziria ao fim da luta de classes. Essa crítica é gerada em uma relação entre messianismo e materialismo histórico, o que, do ponto de vista discursivo, podemos compreender melhor por meio da noção de cenografia, isto é, a maneira como o discurso se enuncia. As Teses de Benjamin promovem uma espécie de sacralização das ações da classe oprimida, sacralização essa voltada para a sua mobilização no quadro da luta de classes. Trata-se de uma questão que, de nossa perspectiva, passa pelo recurso a uma cenografia messiânica, em que o uso do quadro do messianismo leva a uma (contra)previsão que confronta o conceito de história calcado na ideologia do progresso, história que é reinterpretada a partir da perspectiva dos oprimidos, vencidos, para os quais ela é marcada por um acúmulo crescente de tragédias a serem vingadas. A homologação do quadro político ao quadro messiânico por meio do recurso à cenografia parece, assim, estar no cerne do gesto de advertência das Teses, que ainda subvertem uma atitude associada ao próprio messianismo. Com efeito, a espera provocada pela ideologia do progresso como norma histórica é negada em proveito de um messianismo pragmático, que aponta para a necessidade de intervir na história. Trata-se de um texto importante, portanto, para uma reflexão sobre as respostas ao quadro de desigualdades, mas também sobre a maneira como a cenografia pode atuar argumentativamente no âmbito de respostas a esse quadro. Círculo bakhtiniano e os estudos discursivos: a análise do estereótipo no discurso humorístico Clécio Luis Gonçalves de Oliveira (UFG - Regional Catalão) cleciooliver@gmail.com O estudo que ora propomos, tal seja, “O Círculo Bakhtiniano e os estudos discursivos: a análise do estereótipo no discurso humorístico” decorre do interesse pela investigação dos processos de produção e circulação midiáticos de estereótipos postos em relação à constituição de identidades a partir da análise do enunciado verbovocovisual, sendo que, o estudo se fundamenta na perspectiva dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin, além de teorizações a respeito de estereótipo (AMOSSY, 2005a) e cenografia (MAINGUENEAU, 2005b; 2008). A partir do estudo das obras do Círculo de Bakhtin, atrelada às noções de enunciado e estereótipo, consideraremos para a presente pesquisa, em especial, as concepções de polifonia e cronotopo (BAKHTIN, 2011; 2013; 2014b; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2014a) presentes nos processos discursivos que originam uma determinada formação discursiva, dando origem a materialidades discursivas visuais, vocais e verbais, que possuem lugar discursivo específico, dado os efeitos possíveis na/da construção de sentidos. A metodologia bakhtiniana entende o objeto da pesquisa, aqui, o vídeo “Os três porquinhos versão Lula”, não como objeto em si, mas sim como sujeito que transforma o pesquisador por meio da interação, ainda que o pesquisador eleja o corpus da pesquisa. Amorim (2001) considera o corpus enquanto o outro do pesquisador, que com ele se relaciona, desse modo, a perspectiva dialógica da linguagem bakhtiniana propõe o método dialético-dialógico para se pensar a linguagem em sua natureza dialógico-ideológica. Desse modo, consideramos “que em qualquer corrente especial de estudo faz-se necessária uma noção precisa da natureza do enunciado em geral e das particularidades dos diversos tipos de enunciados” (BAKHTIN, 2011, p. 264) que se constituem a partir da interação entre o enunciador e o ouvinte, pois dessa relação o ouvinte, no caso o espectador do vídeo, também é participante e não meramente um “recebedor” inerte, isso porque sentidos serão provocados e dele emergirão respostas e reações. Nessa perspectiva, as representações coletivas do discurso desse sujeito são reconstruídas a partir de um modelo cultural preexistente, ou seja, a partir do conjunto de concepções partilhadas em/por um determinado grupo social. Estudo de narrativas de vida da comunidade surda sob a perspectiva da analise sociológica e comunicacional do discurso Cleide Emília Faye Pedrosa (UFS) cleidepedrosa@oi.com.br “Discursos e desigualdades sociais”, poderíamos afirmar, é uma proposta instigante para o tratamento de diversas pesquisas na área da linguagem em interfaces com outras ciências sociais. Assim, é que a temática de nossa comunicação individual se converte no objetivo de estudar as narrativas de vida (do eu) a fim de verificar a confirmação (ou não) das hipóteses da socioanálise defendidas por Bajoit (2012). Trabalharemos, no corpus, com duas narrativas do eu de alunos do curso de Letras Libras, ambos surdos. A base teórica situa-se na Análise Crítica do Discurso (ACD), especificamente, sob a contribuição da Abordagem sociológica e Comunicacional do Discurso (ASCD, Pedrosa, 2014), abordagem nacional da ACD. E esta, por sua vez, com um de seus diálogos – A Sociologia para a Mudança Social (SMS, Bajoit, 2006, 2009, 2012). As hipóteses da socioanálise são contextualizadas para aplicação em Pedrosa (2013) em suas propostas analíticas para a ASCD. São oito hipóteses. Resumidamente, temos: 1. a prática das relações sociais “engaja” o sujeito num destino social; 2. o engajamento no destino social pode despertar no sujeito perspectivas relacionais seja de reconhecimento social, seja de realização pessoal; 3 ao atender as expectativas, o sujeito forma o núcleo central da sua identidade, aquelas que não o são, provocam tensões existenciais nas zonas periféricas dessa identidade; 4. algumas condições enfraquecem sua identidade e causam mal-estares identitários que o levam a questionar de novo seu “destino social” ; 5. “o indivíduo constrói então uma narrativa do sujeito, pela qual ele explica para si mesmo o seu mal-estar identitário e projeta o que ele considera fazer para o aliviar”; 6. ele constrói as suas motivações (razões) para passar ao ato; 7. ele aplica recursos psíquicos a fim de enfraquecer as suas resistências e, desse modo, permitir realizar atos libertadores; 8. o sujeito passa ao ato; isto é, ele operaciona mudança social em sua vida. Com esta análise, buscaremos desvendar como se articula na vida do indivíduo, a prática das relações sociais com o fito de entender como indivíduos, socializados por relações sociais análogas, se tornam atores diferentes. Como geram (ou não) mudanças sociais e culturais. 248
Resumos: Comunicações Individuais O éthos polemizador de Charlie Hebdo Cleide Lima da Silva (USP) cleidelimadasilva@gmail.com O jornal semanário francês Charlie Hebdo esteve envolvido em diversas polêmicas desde a sua criação. Uma das polêmicas em que o jornal participou recentemente terminou de forma trágica no dia 07 de janeiro de 2015. O ato terrorista executado por fundamentalistas islâmicos em Paris trouxe à tona a discussão sobre os limites da liberdade de expressão. Para alguns, o jornal se excedeu ao publicar caricaturas do Profeta Maomé, para outros, o jornal apenas utilizou o direito de expressar sua opinião. O fato é que, mesmo com a morte de parte da equipe intelectual do jornal, o Charlie Hebdo não deixou de lado seu éthos polemizador. Ainda em 2015, o jornal se envolveu em nova polêmica ao publicar charges do menino muçulmano Aylan, que morreu afogado em uma praia turca e sensibilizou o mundo diante da grave crise de refugiados na Europa. Diante desse contexto, este trabalho tem o objetivo de analisar duas charges envolvidas na polêmica do menino Aylan por meio da semiótica idealizada por Greimas e seus discípulos; e a partir dessa análise e dos pressupostos teóricos aristotélicos sobre retórica e da construção do éthos discursivo defendida por Maingueneau pretende-se desvelar o éthos do Charlie Hebdo.
Analisis del discurso de la entrevista de selección de personal. Estudio de caso Cleotilde Gonzalez (Instituo de Mejoramiento Profesional del Magisterio UPEL) cleog02@yahoo.com Este trabajo es una aproximación al proyecto de tesis de Doctorado en Psicología, cuyo objetivo se centra en el discurso coloquial del venezolano en el plano laboral y su vinculación con la situación- país en las categorías: familia, educación, trabajo y religión. En las entrevistas de selección de personal para diferentes cargos, se encuentran expresiones comunes y/o maneras de explicar el mundo, modos de vida, e interpretaciones de la realidad del país similares. El objeto de estudio lo constituyen los textos que registran el discurso coloquial de participantes en eventos de selección. Se escogió una entrevista de selección como caso para realizar el análisis del texto-base, complementado con otros textos que forman el corpus de investigación. Se realizó el análisis de contenido respecto al tema, al cargo y las figuras retóricas utilizadas. Se hizo el análisis hermenéutico crítico y la aléthica, para encontrar prácticas ideológicas y sociales inmersas en el discurso, así como las incongruencias en el mismo. La interpretación del corpus analizado desvela aspectos de la idiosincrasia venezolana que podemos vincular con el nivel de desarrollo del país. Así, los polos positivos de las dicotomías vinculados con las categorías: bienestar, prosperidad, educación y fe, pueden ser superados por la confianza, el logro a través de la afiliación, la disponibilidad para hacer de todo y la educación como valor teórico no práctico.
Relações dialógicas em revista infantil: o processo de adultização de meninas Cristhiane Ferreguett (UNEB) cristhianefe@gmail.com As crianças vivem em uma sociedade consumista e, bombardeadas pela publicidade, passam a ter desejos de aquisição de bens supérfluos que em sua imaginação irão transformar a sua vida para melhor. Nesse contexto, o estilo sensual e erótico, modelo que não tem nada a ver com a idade emocional e cognitivo das meninas, é distorcido em relação à idade e entra como mais uma forma de atração, fascínio e sedução. O presente trabalho apresenta as análises preliminares da nossa pesquisa que está sendo realizada através do Programa de Doutorado Interistitucional – DINTER, realizado num convênio entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC–RS e a Universidade do Estado da Bahia -UNEB. O objetivo geral da pesquisa é analisar como é construído discursivamente o processo de adultização e/ou erotização precoce das meninas de 06 a 11 anos de idade em diferentes gêneros discursivos contidos na Revista Recreio Girls, da Editora Abril. O embasamento teórico utilizado são os pressupostos apresentados pelo Círculo de Bakhtin, em especial os conceitos de discurso, relações dialógicas, gênero discursivo, signo ideológico, relações dialógicas e compreensão responsiva. As análises serão desenvolvidas qualitativamente, observando os diversos elementos verbais e não verbais que constituem a revista em apreço.
Mise-en–scène epidítica e a retórica em torno da maternidade Cristia Rodrigues Miranda (UFMG) cristiamiranda@gmail.com Há tentativas de retomada de valorização da retórica e de aproximação, sobretudo, nos campos disciplinares que nos são familiares, como a análise do discurso, nos trabalhos de AMOSSY (2006, 2011a, 2011b, 2011c) e tantos outros afins, tais como a pragmaretórica, semântica enunciativa, etc (AUSTIN, EEMEREN, DAMBLON, DOMINICY, ECKLAGHRDS), entre tantos outros. Essas relações interdisciplinares muito se devem aos trabalhos que marcaram a retomada dos preceitos fundamentais da Retórica Clássica no nosso século, PERELMAN e OLBRECHTS-TYECA (2005) e MEYER (1995, 2001). O gênero epidítico, menos desvalorizado outrora, toma uma dimensão importante no nosso século principalmente porque nos permite pensar os argumentos a partir dos valores e as maneiras de enfatizá-los. Nessa perspectiva, ele seria o gênero que mais propiciaria o reforço , a propagação e a difusão de valores, sendo fundamental na arte de persuadir. Alguns teóricos de diversos ramos da linguística fizeram estudos que tentaram retomar e valorizar esse gênero retórico (PERNOT,1993), DAMBLOM ( 2001), BRANDÃO (2011). Do ponto de vista dos estudos discursivos, podemos indagar como o gênero epidítico, em determinados textos que circulam no cotididano social, atua de modo a construir efeitos de sentido persuasivos? Que tipos de argumentos são utilizados nos textos, com vistas a construir efeitos 249
Resumos: Comunicações Individuais retóricos? Eles remetem, discursivamente, às visées, ou a uma dimensão argumentativa, nos termos de AMOSSY (2011)? Como mise-en-scéne, como evidenciar Numa tentativa de responder a tais perguntas selecionamos os enunciados presentes nas publicidades de uma edição da Revista Crescer, da Editora Abril, do mês de novembro, do ano de 2005. O método de análise, para atingir os objetivos de reflexões teóricas pretendidos, foram os seguintes: através dos atos de linguagem e dos modos de organização a análise da situação pré enunciativa e enunciativa- Euc/Eue na configuração do ethos retórico, - Análise do Tud/Tui para uma perspectiva discursiva do autidório/pathos. Análise da organização enunciativa dos enunciados (modo enunciativo/descritivo) para reflexões em torno dos tipos de argumentos. Como resultados a pesquisa aponta para construção de representações, presentes nas relações de gênero feminino/maternidade em sua maioria. Nesse sentido, o efeito persuasivo constrói um ethos de marca que através de argumentos amplificadores, e de atos alocutivos, se dirigem a um público predominantemente feminino, restringindo a relação mãe /filho e as representações presentes no imaginário da maternidade. Dessa forma, a recorrência dos temas presentes nas asserções e nos argumentos excluem em sua maioria a figura paterna e todas as representações relativas à paternidade. Os argumentos utilizados organizados discursivamente a apontam para a dimensão argumentativa presente na mise-em-scène epidítica , através da amplificação de valores presentes na doxa .
Análise da utilização de processos referenciais no gênero carta do leitor produzida por alunos do nono ano com uma intervenção de sequência didática, para um ensino crítico Cristiane Barbalho da Silva Gaio de Sá (UFRJ) crisbgaio@hotmail.com O trabalho tem como objetivo analisar o uso do processo de referenciação em cartas do leitor, produzidas por alunos do 9º ano do ensino fundamental, da rede Municipal do Rio de Janeiro. A escolha desse tópico se deve por se verificar que ele ainda é pouco trabalhado nas aulas de LP, geralmente sendo um capítulo limitado na parte de pronomes. Além disso, verifica-se que geralmente a análise se restringe à identificação dos elementos referidos pelos termos destacados, limitando o processo de referenciação ao processo simplório de substituição de vocábulos, com o único fim de evitar a repetição de palavras em um texto. São deixados de lado outros mecanismos importantes, e não é despertada no aluno a importância argumentativa que alguns mecanismos referenciais fazem; ao revelarem o julgamento, os valores e opiniões dos enunciadores. Perceber, então, o caráter argumentativo do discurso por meio do processo de referenciação se demonstra totalmente pertinente, uma vez que ele é visto como uma atividade discursiva, reveladora de objetos-de-discurso que se reconstroem na interação entre autor-texto-leitor (KOCH & ELIAS, 2008). Como apontam Mondada & Dubois (2015, p. 20) “esta abordagem implica uma visão dinâmica que leva em conta não somente o sujeito “encarnado”, mas ainda um sujeito sócio-cognitivo mediante uma relação indireta entre os discurso e o mundo.” Assim, abordar a produção textual dessa maneira, forma alunos mais críticos e conscientes, diminuindo as desigualdades existentes, uma vez que será fornecido a eles ferramentas por meio da linguagem, para reivindicar seus direitos e se posicionarem como sujeitos, por meio da carta do leitor, que tem se mostrado um gênero textual da cidadania (NASCIMENTO; SAITO, 2006), já que os sujeitos se posicionam de forma crítica, acerca de um assunto da realidade . Ao final dessa análise, será proposta uma intervenção, por meio de uma sequência didática, que visará a uma produção final, a fim de que os alunos tomem consciência de que produzir textos não é aglomerar palavras, mas fazer escolhas entre as diversas possibilidades que a língua oferece e que o discurso consciente é um importante mecanismo de intervir na desigualdade social.
A mulher no discurso SEBRAE e parceiros: uma análise das desigualdades de gênero no mercado de trabalho Cristiane Gomes de Souza (UFAL) cristianesouza_psi@hotmail.com Este estudo procura mostrar como as práticas discursivas do SEBRAE e parceiros constroem representações sobre a mulher no mundo do trabalho com a escritura do discurso capitalista, buscando compreender o processo de produção de sentidos a partir do referencial teórico da Análise do Discurso (AD) francesa. Constitui uma análise preliminar aos estudos de nossa tese de doutoramento em Linguística, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Alagoas – PPGLL/UFAL. Levamos em consideração que para estudar a mulher no mercado exige-se reconhecer o trabalho enquanto categoria fundante das relações sociais porque sem ela não é possível explicar as diferentes formações sociais. Além disso, precisamos identificar a desigualdade nas relações de gênero sendo regidas e determinadas pelas relações de classe, por meio do antagonismo Capital X Trabalho. Para tanto, interessa, nesse estudo, o sujeito empírico, a mulher no discurso do SEBRE e parceiros por meio da análise das desigualdades no mercado de trabalho a partir de cruzamentos de dados dos relatórios executivos do SEBRAE, do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2015 sobre o empreendedorismo no mundo e do Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016, como lócus importantes. Os achados da pesquisa apontam principalmente que as mulheres enfrentam grandes dificuldades no mercado de trabalho, principalmente, com rendimentos menores que os homens, além do exclusivismo feminino no cumprimento das tarefas domésticas, e que a dupla jornada de trabalho incide impactos diferenciados sobre suas vidas. Partimos do pressuposto de que o discurso silencia a exploração e a desigualdade da mulher no mercado /SEBRAE. A pesquisa é caracterizada como sócio histórica, tendo o materialismo histórico dialético como fundamento, apoiada em bibliografias e análise documental. A pesquisa tem como corpus os relatórios executivos supracitados, na perspectiva das principais categorias teórico-metodológicas convocadas nas análises, com ênfase na noção de formação ideológica, social e discursiva e da contribuição de analistas do discurso de linha marxista.
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Resumos: Comunicações Individuais Em torno de Volochinov Dagoberto Buim Arena (UNESP, câmpus de Marília) dagobertobuim@gmail.com Em 2016 há previsão de publicação no Brasil de tradução do russo de Marxismo e Filosofia da Linguagem, com a autoria atribuída exclusivamente a Valentin Nikolaiévich Volochinov. Essa publicação poderá estimular o debate sobre a tradução de algumas palavras e o deslizamento de seus sentidos. Com o objetivo de revelar diferentes decisões de tradutores, este trabalho (estudos preliminares que se inserem em uma investigação mais ampla) analisa alguns trechos do primeiro capítulo dessa obra, ou seja, O estudo das ideologias e a filosofia da linguagem, nos quais são observadas diferentes escolhas de termos. Três traduções analisadas são do russo: a de Tatiana Bubnova para o espanhol, em livro publicado em 2009 pela Ediciones Godot, de Buenos Aires; a de Margherita De Michiel para o italiano, que inclui o nome de Bakhtin, em edição de 1999, pela editora Piero Manni, de Lecce; a de Patrick Sériot e Inna Tylkowsky-Ageeva, pela editora Lambert-Lucas, Limoges, em 2010, para o francês; e a 4ª. edição brasileira, de 1988, publicada pela Hucitec com tradução feita do francês por Iara Frateschi Vieira e Michel Lahud, que insere o nome de Volochinov entre parênteses, ofuscado pelo de Mikhail Bakhtin. O olhar analítico terá como referência a obra Volosinov en Contexte: essai d’épistemologie historique, de Inna Tylkowski, publicada em 2012 pela Lambert-Lucas. O objetivo de revelar diferentes decisões apoia-se sobre o pressuposto de Tilkowski, de que para ler Volochinov é necessário compreender a vida intelectual russa, antes e depois da Revolução de Outubro, e as fontes das quais se alimentava, porque o lugar e o tempo onde se situam o pesquisador ou o tradutor fazem deslizar as palavras e seus sentidos. Entretanto, princípios próprios do pensamento de Volochinov e de Bakhtin merecem ser respeitados: a palavra se nutre ideologicamente nas esferas por onde circula e ao ser lançada nos enunciados de modo único e irrepetível se encontra com outras, entre as quais as do leitor, para se nutrir e se modificar. Alguns conceitos, notadamente, os de significado, signo, instrumento e ideologia sofrem, no primeiro capítulo, deslizamentos que podem intrigar os pesquisadores que dirigem seus estudos em direção a Volochinov.
Desigualdades e dificuldades na Educação de Jovens e Adultos (EJA): o uso de publicidades como uma estratégia para práticas leitoras Dalcylene Dutra Lazarini (FASM) dalcylenedl@ig.com.br O trabalho com publicidades foi desenvolvido em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), na rede municipal de ensino de Juiz de Fora (MG). A partir da própria experiência como professora dessa modalidade de ensino, notamos diferentes dificuldades advindas de um ensino regular falho, casos de abandono, entre outros. O público que a frequenta no horário noturno se diferencia bastante tanto quanto à faixa-etária como quanto às perspectivas trazidas para a aprendizagem. Embora exista o livro didático, as atividades se apresentam de uma maneira bastante insuficiente, porque muitas exigem somente uma percepção originária do senso comum sem uma análise linguística mais aprofundada. Ciente da precariedade desse material didático, ao percebermos que, de um modo geral, as publicidades se configuram como um gênero textual permeado por signos que refletem as ideologias e os comportamentos sociais (BAKHTIN, 1992; FIORIN, 2007), decidimos adotá-las nas aulas de leitura para que os alunos percebessem quais elementos lexicais e semióticos foram empregados pelos anunciantes na construção da identidade feminina ou masculina associada aos produtos anunciados, bem como a presença das imagens e cores escolhidas para divulgar determinado produto. Com essa decisão, objetivamos modificar práticas leitoras nas aulas de Língua Portuguesa e permitir aos alunos não apenas uma análise linguística e icônica dos anúncios, mas também verificar como se constrói a ideologia de consumo, que perpassa esse instigante gênero, e como se moldam os comportamentos sociais atuais. Baseamo-nos em teorias que envolvem o texto (MARCUSCHI, 2002, 2008; KOCK, 2003), o discurso (CHARAUDEAU, 1984, 2004; MAIGUENEAU, 1997, 2001) e os gêneros do discurso (BAKHTIN, 1953/1994) para adotar sequências didáticas propostas pelos teóricos Schneuwly, Noverraz e Dolz (2004), a partir da pesquisa-ação (THIOLLET, 1988; TRIPP, 2005). Os resultados encontrados nos revelam que, a leitura do texto verbovisual, ou seja, a imagem e o texto verbal unidos para a construção do sentido, permite que os alunos acionem seu conhecimento de mundo para interpretar a publicidade. Além disso, destacamos a relevância do papel do professor como mediador, que em conjunto com seus alunos, possa analisar diversas publicidades para torná-los leitores críticos e reflexivos perante a ideologia imposta pelo discurso publicitário.
Análise das práticas discursivas de crianças com transtorno do espectro autista Dani Cristina de Castro Andrade e Gonçalves (FEOL) danifono1@yahoo.com.br Para esta comunicação optou-se por apresentar o estudo realizado com crianças com transtorno do espectro autista-TEA, que teve por objetivo analisar suas práticas discursivas sob uma perspectiva linguístico-discursiva, com fundamentação nos pressupostos semiolinguísticos de Charaudeau e na Teoria dos atos de Fala- TAF. A análise ocorreu nos momentos de interação discursiva entre o fonoaudiólogo e as crianças, com vistas em compreender como estas estruturam seus enunciados, admitindo que a construção da signioficação é processual. A opção pela teoria supra mencionadas deveu-se ao que estas abordagens oferecem em termos de análise interacional, servindo com instrumento para a Análise do Discurso.O contrato comunicacional proposto por Charaudeau foi utilizado como uma das vertentes para análise das interações discursivas, considerando a expectativa de integração dos dois lugares enunciativos no processo terapêutico, para assim reconhecer se houve uma interação discursiva. o uso intencional da linguagem, na sua dimensão pragmática, tornou-se foco de interesse de estudos das práticas discursivas de maneira mais intensa com o desenvolvimento de estudos enunciativos. na pesquisa contatou-se na encenação do ato de linguagem que o contrato comunicacional emergiu processualmente e foi sustentado durante a interação. a competência discursiva não se constituiu instantaneamente, pois deveu-se a um processo maturacional estabelecido na relação ente os parceiros do discurso. observou-se não ser viável generalizar as 251
Resumos: Comunicações Individuais práticas discursivas como comuns a toda criança com TEA, pois as especificidades de cada uma foram explicitadas em seus enunciados. apropriar-se de objeto do campo psicossocial numa abordagem da Análise do Discurso traduz-dr como uma possibilidade desafiadora de mostrar em que extensão ela pode contribuir para a elucidação de aspectos de sujeitos discursivos não pertencentes à categoria 'normal'. Entende-se que a análise de tais características poderá servir como fundamento para processos terapêuticos, quanto para a própria Análise do Discurso, numa abordagem multidisciplinar. É proibido dizer massacre? O silêncio das palavras na história sobre o Massacre do Carandiru Daniel Mariano (UFSCar) danielmariano118@gmail.com Este trabalho analisa os possíveis motivos pelo não uso da palavra “massacre” e os efeitos de sentido que isso produz ou produziria, caso esse lexema fosse utilizado na história sobre o massacre do Carandiru escrita em Estação Carandiru de Drauzio Varella, bem como no discurso do ex-governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho. Por meio do quadro teórico da AD de orientação francesa, mobilizamos conceitos como formação discursiva, interdiscurso e condições de produção e notamos que o termo “massacre” é silenciado nos discursos de Varella e Fleury, pois estes estão filiados a uma determinada formação discursiva que interdita o uso dessa palavra. O paradoxo da igualdade nas polêmicas Daniel Monteiro Neves (UFMG) dmneves@gmail.com As polêmicas podem ser vistas como trocas de enunciados entre, pelo menos, duas pessoas, divergindo sobre um tema definido. Em tese, um princípio básico dessas trocas é a paridade entre os participantes, já que submetem, alternadamente, seus posicionamentos à crítica alheia. Essa igualdade, entretanto, tende a ser problematizada no decorrer da polêmica, já que o próprio discurso tende a se tornar objeto de debate. Entram em jogo a capacidade, aptidão ou poder para definir regras de enfrentamento (ainda que tácitas), assim como elementos que, além do enunciado, compõem a enunciação . Com base nas teorias sobre o discurso polêmico de Dominique Maingueneau, Marcelo Dascal, Ruth Amossy, Catherine Kerbrat-Orecchioni e Marc Angenot, este trabalho tem a pretensão de investigar o paradoxo da igualdade nos embates polêmicos dentro do universo jurídico, especificamente em reuniões colegiadas do Supremo Tribunal Federal. Assim, ao mesmo tempo em que os participantes de um debate instaurado a partir de uma divergência se equilibram (não só pelo status de interactantes, mas também pelo de ministros com direitos equivalentes), há uma constante competição pela palavra e sua interpretação, atribuindo um antitético conjunto de forças ao debate: em dada direção, uma que inclina-se à equidade; em outra, uma que é orientada pela disputa de poder e consequente tentativa de hierarquização dos discursos. Desigualdades na circulação e exposição de fotografias: a construção do sentido das imagens fotográficas Daniela Nery Bracchi (UFPE) bracchi@gmail.com Paula de Souza Sores (UFF) splsoares@gmail.com Esta comunicação parte do entendimento da imagem fotográfica como objeto cultural e discurso, considerada na diversidade dos usos e modos pelos quais circula e se dá a ver para o enunciatário. Sendo assim, busca-se discutir as diferenças nos modos de exibição de fotografias e sua consequente produção de formas distintas de compreensão das imagens que propiciam interpretações desiguais dos textos visuais. O retrato de prisioneiros políticos do Camboja é o ponto de partida para se compreender que as escolhas expográficas relativas a essas imagens podem valorizá-las tanto do ponto de vista estético quanto político. Após a consideração desse importante exemplo internacional, propõe-se também analisar ocorrências no contexto nacional. A recente mostra, em 2014, da série de retratos indígenas realizados por Cláudia Andujar na exposição “Histórias mestiças”, proporciona interrogações sobre o contexto interpretativo que essas imagens ganham em relação aos sentidos antes construídos no período de sua produção na década de 1990. Cabe aqui refletir que a valorização desigual do contexto de produção dessas fotografias por parte de instituições responsáveis por sua exposição permite uma sensibilização maior ou menor do público para as implicações éticas e humanas das imagens. Para a compreensão desse tema, entende-se a complexidade da análise das imagens e seus contextos de circulação e exposição, adotando-se, portanto, diferentes níveis de análise conceituados por uma semiótica da fotografia (FONTANILLE, 2007; DONDERO, 2011) e que organizam melhor a reflexão sobre o sentido das imagens em seu contexto expográfico. Os miseráveis: apontamentos sobre a construção de sentidos da pobreza extrema pelo Jornal O Globo Daniela Savaget Barbosa Rezende (Fiocruz) danielasavaget@gmail.com Inesita Soares de Araújo (Fiocruz) inesita.araujo@icict.fiocruz.br Neste trabalho, discutimos modos como a mídia participa da conformação dos sentidos da miséria no Brasil. Refletimos sobre a generalização da ideia de pobreza extrema pelo Jornal O Globo em sua relação com a antítese miséria-desenvolvimento; e as estratégias de significação da temática pela mídia e suas repercussões entre os sujeitos que a configuram. Trata-se de um fragmento de sucessivas aproximações com o tema da extrema pobreza, interesse de uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós252
Resumos: Comunicações Individuais Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict/Fiocruz), cujo objetivo é analisar e compreender como a mídia, o Estado e a população produzem sentidos sobre a miséria e os miseráveis no Brasil atual. Especificamente neste trabalho, centramos nossa análise em um dos três âmbitos discursivos abrangidos pela pesquisa: a mídia, mais especificamente num órgão da mídia impressa de grande prestígio e circulação no país. Analisamos discursivamente os textos produzidos pelo Jornal O Globo na série Os Miseráveis, publicada de 31 de junho a 2 de julho de 2015. As reportagens representam um mês de trabalho por parte dos jornalistas, que percorreram diversas cidades para relatar histórias de cidadãos que têm renda per capita inferior a R$ 140,70 (quantia necessária para comprar uma cesta de alimentos com a quantidade mínima de calorias, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Ipea). Dentre os temas recorrentes, estão as relações entre miséria e desigualdade, invisibilidade, fome, desemprego e rua. Os textos nos permitiram recolher, ainda, apontamentos midiáticos para a superação da pobreza, delineando interfaces como com Políticas Públicas, Informação, Educação e Saúde. A negação do racismo: proposta de análise discursiva crítica do livro “Não somos racistas”, de Ali Kamel Daniele de Oliveira (UFBA) danieleoliveira99@gmail.com De acordo com van Dijk (1992) um dos meios mais eficientes de reprodução do racismo é a imprensa, ainda que essa constatação seja sistematicamente negada pela própria imprensa. Neste trabalho, o objetivo é investigar o discurso que sustenta a negação de práticas racistas pela imprensa, apresentado no livro “Não somos racistas”, de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, publicado em 2006. A publicação deste livro foi impulsionada pelas discussões sobre a implantação de cotas para negros nas universidades brasileiras e tem como missão reagir “aos que querem nos transformar numa nação bicolor” (KAMEL, 2006). A discussão que propomos está fundamentada no quadro teórico da Análise Crítica do Discurso, especialmente sustentada nos trabalhos de Fairclough e van Dijk que discutem as relações de poder por meio do discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 1992 [2008]; van DIJK, 1992, 2008). Fairclough (1989) ressalta a importante relação entre a ideologia e o exercício do poder pelo consenso. De fato, a relação entre discurso e poder é muito complexa, especialmente na imprensa que trabalha com o controle social da mente por meio da naturalização de modelos mentais manipulados para atender a interesses específicos dos grupos dominantes. Considerando-se as relações raciais no Brasil, pode-se dizer que o negro geralmente é representado de forma estereotipada, além de na maioria das vezes não ter voz no discurso jornalístico. A forma depreciativa como o negro vem sendo representado no discurso jornalístico foi consistentemente demonstrado nas pesquisas de Conceição (1996, 2006). Este trabalho se insere em um projeto maior que visa problematizar a presença do negro na imprensa online bem como a construção discursiva de sua imagem. Em fase inicial, a análise do livro permite afirmar que os argumentos do autor se fundamentam principalmente no mito da democracia racial brasileira, o que pode ser exemplificado pelo “reconhecimento” do Brasil como um país racista apenas quando as discussões sobre cotas invadiram o noticiário nacional: “quer dizer então que somos um povo racista?” (KAMEL, 2006, p. 17).
Escola e território: o discurso legal x discurso Kinikinau Daniele Lucena Santos (UFMS) daniele-cicarelli99@hotmail.com Claudete Cameschi de Souza (UFMS) claudetecameschi@gmail.com
Em face do percurso histórico deste povo, das relações tecidas desde a era chaquenha, sobretudo, com os Kadiwéu, descendentes dos Mbayá-Guaicuru, e do contato com a comunidade Kinikinau da Aldeia São João em pesquisas anteriores, este trabalho tem como objetivo analisar as representações de escola e território que se fazem presentes no discurso do documento legal das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica publicadas em 2012 e o discurso dos índios Kinikinau. Partimos do pressuposto de que a falta de um território que norteia o processo identitário de um povo, que revitaliza a cultura, a tradição e a língua, além de valores e saberes da comunidade é suprida pela presença da escola. Portanto, a nossa hipótese é de que a escola é concebida pelos Kinikinau, em especial, como um microterritório em que a democracia se estabelece. Nosso intuito é problematizar o processo de construção identitária desses indígenas, analisando as marcas linguísticas de exclusão e de resistência nesses discursos a partir da perspectiva discursiva e do processo de referenciação linguística, com base na interpretação de regularidades enunciativas que nos possibilitem buscar, via materialidade linguística, as condições de produção, as formações discursivas e os interdiscursos visando uma discussão sobre os efeitos de sentidos gerados. À luz da perspectiva de cunho transdisciplinar da Análise do Discurso de Linha Francesa (AD), utilizamos o método arqueogenealógico de Foucault (2008; 2012) para a problematização dos processos de subjetivação dos sujeitos, sendo, nesse sentido, possível rastrear suas escolhas discursivas inscritas nas relações de poder. Como arcabouço teórico utilizaremos autores como Ahthier-Révuz (1998; 2004), Coracini (2003, 2007), Foucault (2012, 2008) e Orlandi (2009) que subsidiam as reflexões sobre as condições de produção, formação discursiva, sujeito, interdiscurso, arquivo e memória; além de Hall (2013; 2005), Bhabha (2007); Canclini (2015) e Castells (2010) para as discussões sobre as identidade e cultura.
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Resumos: Comunicações Individuais Práticas discursivas na construção da identidade e aquisição da Língua portuguesa como L2 Danielle Cristina Mendes Pereira (UFRJ) dcmendes28@gmail.com Valéria Campos Muniz (INES) valcammuniz@gmail.com Neste trabalho, abordamos o conceito “universitário surdo” e a construção de discursos sobre uma minoria, especificamente, a pertencente à comunidade surda. Pretende-se discutir os seus processos de letramento e, a partir da premissa postulada por Gee (2000), as formas como estes se coadunam à dimensão política; e ao próprio fato do Discurso (GEE, 2000) articular modos de ser e de estar no mundo, vinculados à modulação de identidades, uma vez que as mudanças ocorridas nas práticas discursivas estão intimamente atreladas à construção identitária. Intenta-se verificar de qual forma essa comunidade acessa o conhecimento e produz discursos acerca da condição de “universitário surdo”, problematizando as tensões entre o fato de ser uma minoria linguística e cultural, cuja língua materna (L1) – Libras – é diferente da predominante no país- a língua portuguesa, que, para os surdos, vem a ser uma língua estrangeira (L2). Assim, analisar-se-á o discurso produzido por dez surdos universitários de cursos de Letras e Pedagogia, matriculados em universidades públicas, através da análise de dados coletados por observação, depoimentos e entrevistas. Objetivamos compreender de que maneira elaboram-se discursos sobre a identidade de “universitário surdo” e os modos como se estruturam o aprendizado da língua portuguesa como L2, averiguando como se deu a participação da família nesses processos. Essas entrevistas proporcionarão a investigação dos atos de linguagem que se instituem como atitudes significativas a transparecerem as condições do quê e como os sujeitos verbalizam num processo constitutivo mútuo. Discutiremos, portanto, como a especificidade do sujeito surdo demanda metodologia diferenciada, a partir de um construto da multimodalidade (KRESS, 2003; JEWITT, 2007), numa interface com uma análise semiolinguística do discurso (CHARAUDEAU, 2008). Desse modo, apontamos para o fato de que os modos e os meios pelos quais se processam o ensino estão fortemente conexos a determinados discursos acerca do que pode ser concebido como conhecimento. Caberá às pesquisadoras, por intermédio de “filtros construtores de sentido” ”(CHARAUDEAU, 2008), extrair da situação extralinguística, as hipóteses mais pertinentes, a fim de comparar e ou contrastar os diferentes modos semióticos, numa análise tridimensional (FAIRCLOUGH, 2003) em que aspectos sociais, discursivos e textuais entrelaçados são profícuas fontes de sentidos.
Recursos educacionais abertos para o ensino superior: um panorama a partir da análise semiótica do discurso Daniervelin Renata Marques Pereira (UFMG) daniervelin@gmail.com Joyce Vieira Fettermann (UENF) joycejvieira@gmail.com O objetivo desta comunicação é apresentar um levantamento das pesquisas discursivas feitas no âmbito do projeto Recursos Educacionais Abertos para Leitura e Produção de Textos nas Licenciaturas (REALPTL), financiado pelo CNPq e apoiado pela PróReitoria de Pesquisa da UFTM. Em 2015, foram feitas pesquisas de quatro Recursos Educacionais Abertos (REA): três de língua portuguesa e um de língua inglesa. Em 2016, serão feitas ainda pesquisas de outros recursos educacionais, tendo em vista chegar a potencialidades e a problemas a serem considerados na criação do ambiente REALPTL, produto almejado no projeto, e, assim, estabelecer um estudo comparativo e geral do discurso por trás desses recursos. Esse estudo se orienta pelas seguintes categorias selecionadas para análise dos recursos: a temática, a articulação interna, a interface gráfica, a interatividade, a criatividade e as concepções linguísticas e pedagógicas. Para essa pesquisa, fundamentamo-nos na articulação entre as abordagens teóricas: Semiótica Francesa, conceito de REA e de multiletramentos. Entre os resultados da primeira fase está a constatação do reduzido número de REA disponíveis para nível superior de escolaridade e a predominância da abordagem da norma padrão, em perspectiva normativa, na construção dos recursos. Além disso, observa-se pela análise discursiva que há uma tendência, em vários dos recursos acadêmicos pesquisados, de se contextualizarem as atividades, enquanto os recursos gramaticais de sites abertos tendem a estabelecer um viés pontual sobre as questões linguísticas. A partir do panorama dos REA existentes, cabe a questão de qual ideologia, quais perspectivas linguísticas e pedagógicas adotaremos no ambiente REALPTL. É o que esperamos responder durante a realização desta comunicação. “É que Narciso acha feio o que não é espelho”: o corpo-imagem e o discurso do corpo sem limites
Danillo Mota Lima (UFBA) danillo_motta@hotmail.com Edvaldo Souza Couto (UFBA) edvaldosouzacouto@gmail.com As interações multimodais desenvolvidas pelos sujeitos contemporâneos nos aplicativos de relacionamentos on line denotam que a exposição de si do pós-humano respalda-se no culto do corpo sem limites, que pode ser remodelado para atingir objetivos diversos: fama, prazer, satisfação pessoal, popularidade etc. Nesse sentido, o culto ao corpo é o ethos do tempo presente, em que a simbiose homem-máquina transforma o corpo em espaço de experimentações, a fim de atingir a perfeição, representada por corpos sarados, voláteis e esteticamente (re)modelados em nome de um narcisismo que se alimenta pela exposição sem limites de si nas telas fluidas dos aparelhos digitais portáteis. Por essa razão, este trabalho objetiva analisar como o culto ao corpo desvela-se em diferentes enunciações discursivas nas quais os sujeitos falam de si e do outro. Para comprovar isso, analisam-se conversações tecidas por usuários de aplicativos de relacionamento on line, desvendando as formas e os sentidos discursivos construídos nessas interações. 254
Resumos: Comunicações Individuais Este tipo de estudo faz-se importante porque evidencia como a ilusão do corpo sem limites influencia as produções discursivas dos sujeitos contemporâneos, revelando seus traços característicos e a influência desses traços em seus projetos de dizer. O “certo” e o “errado” na mídia brasileira: a legitimação da desigualdade social por meio da exclusão de usos linguísticos Danúbia Aline Silva Sampaio (UFMG) danubiaalinesilva@yahoo.com.br Jairo Venício Carvalhais Oliveira (UFMG) jairovco@gmail.com A mídia, ao trabalhar as noções de “certo” e “errado”, acaba por (re)produzir e legitimar uma visão uniforme e padronizada dos usos da língua(gem). Os meios de comunicação, de maneira geral, enfatizam a ideia de que formas linguísticas de prestígio são as únicas corretas do ponto de vista da estrutura linguística. Nessa perspectiva, os veículos de massa agem de forma perniciosa, prestando um desserviço à sociedade, uma vez que, ao trabalhar com a dicotomia certo/errado, reforçam a divisão entre classes e a exclusão social. A partir dessas considerações, o presente trabalho tem como objetivo central analisar o tema da desigualdade social a partir de questões relacionadas à dicotomia certo/errado no que diz respeito aos diferentes usos linguísticos. Para cumprir essa empreitada, tomamos como objeto de investigação o gênero capa em diferentes revistas de informação semanal da mídia impressa brasileira. A análise será realizada à luz da Análise Crítica do Discurso (ACD), de Fairclough (1992, 2003, 2006), articulada à abordagem da Multimodalidade, de Kress e Van Leeuwen (2006). A escolha desse aporte teórico-metodológico se justifica já que a ACD articula a ciência social crítica e a linguística com uma estrutura analítica e teórica, estabelecendo entre elas um diálogo. Essa abordagem transdisciplinar atribui significativa relevância à compreensão da linguagem em relação à vida social, analisando, criticamente, as relações entre linguagem, poder, dominação e desigualdade, em suas diversas formas de manifestação por meio de textos, desde a manifestação mais explícita até a mais velada. A abordagem multimodal mostra-se necessária e eficiente uma vez que cada um dos diferentes modos semióticos - como a escrita, a imagem, a cor – exerce determinada função no processo de construção de sentidos. Assim, por meio de suas peculiaridades e recursos, cada modo gera um significado diferente que, associado aos outros, constrói e amplia a rede de sentidos dos diferentes gêneros multimodais. Diante desses apontamentos, o tema da desigualdade social será investigado com o foco sobre a maneira como a mídia representa os diferentes usos linguísticos, privilegiando uns e excluindo outros, de maneira que essa exclusão se estende, inevitavelmente, aos grupos sociais que utilizam as formas linguísticas estigmatizadas.
The studio-based and project-led pedagogical model, now universally employed in tertiary art and design Darryl Hocking (AUT University) dhocking@aut.ac.nz The studio-based and project-led pedagogical model, now universally employed in tertiary art and design education, is often regarded as an exemplar of student-centered education. In this model, students’ creative practice is typically facilitated through the use of open-ended project briefs which are designed to encourage student-led discovery and creative experimentation. As a result, students are viewed as active co-producers of their own learning, while studio lecturers perceive their role as one of simply listening and drawing out the natural and innate creative abilities of the students (Orr, Yorke and Blair, 2014). The studio model, however, is a direct descendant of the atelier system of the nineteenth-century Ecole des Beaux’s Arts in Paris (Anthony, 1999), where students were placed in a subordinate role as a consequence of an explicit master/apprentice relationship and were taught to reproduce the creative practices set by their masters and upperclassmen according to strictly enforced procedures (Akin, 2002). Drawing upon a discourse dynamics approach to metaphor analysis (Cameron, 2010), which focuses on the dynamic use of metaphor in social interaction, this paper will show how the inequitable master/apprentice relationship of the atelier, which although seemingly occluded in the contemporary studio, is still clearly evident in, and partly constituted by, the rich and systematic use of metaphor deployed in the verbal and written interactions which take place in the contemporary studio environment. After examining extracts from studio interactions to exemplify this phenomenon, I will show how certain metaphoric groupings used in the studio have emerged from wider socio-historical discourses that work to both constrain and facilitate student creative practice.
Cuerpos que importan a la jurisprudencia colombiana. Análisis crítitico queer discursivo de la sentencia judicial sobre reasignación de género a niños intersexuales David Leonardo García León (Université d´Ottawa) dgarc063@uottawa.ca Cuerpos que importan a la jurisprudencia colombiana. Análisis crítitico queer discursivo de la sentencia judicial sobre reasignación de género a niños intersexuales. Resumen (extensión máxima de 350 palabras): En esta ponencia se presentan los resultados de un ejercicio investigativo que tiene por objetivo central analizar la sentencia T-622/14 de la Corte Constitucional Colombiana en torno a la reasignación de sexo para niños intersexuales. El análisis se centra, principalmente, en el estudio de las voces involucradas y en el examen de las estrategias discursivas utilizadas para construir el concepto de intersexualidad. Además, el estudio permite evidenciar cómo el discurso judicial se apropia de otras instancias discursivas, como la médica, para definir, moldear y construir los cuerpos que importan y las vidas que son dignas de ser vividas en una sociedad heterocentrada. El análisis también devela las relaciones de poder que se construyen en el documento, específicamente, en torno a la autonomía que el individuo intersexual tiene para agenciar su cuerpo y desarrollar su personalidad. El enfoque metodológico que guió el estudio es el Análisis Crítico del Discurso (Fairclough, Wodak, van Dijk, etc.), la 255
Resumos: Comunicações Individuais lingüística queer (Motschenbacher y Stegu) y la teoría queer (Preciado, Valencia, Serano, Butler, Cabral, etc.). Se encontró que para la Corte Constitucional Colombiana la autonomía y la capacidad de decisión personal son fundamentales para los sujetos intersexuales que deseen modificar quirúrgicamente sus cuerpos; sin embargo, en la sentencia se omiten las relaciones de poder que la matriz heterosexual dominante produce sobre estos sujetos. Asimismo se constató el uso de una variedad de estrategias discursivas - por ejemplo atribuir al sujeto intersexual la causa de la discriminación y concebirlo como alguien que le genera problemas al sistema de registro nacional- con el fin de justificar la reasignación de género. Se espera que este ejercicio investigativo contribuya a los debates sociales, jurídicos y académicos en torno a los derechos de los miembros de la comunidad LGBTI.
Educação brasileira em cena: uma análise do discurso de uma charge online Déborah Caroline Cardoso Pereira Rorato (UEL) deborahccp@hotmail.com Este trabalho tem como objetivo analisar uma charge sobre a situação da educação brasileira através da análise do discurso. A análise do discurso nos possibilita compreender os efeitos de sentido das palavras na medida em que essas se tornam discursos, os quais, por não serem neutros, trazem consigo ideologias e relações de poder. O trabalho se embasa nas teorias de BRANDÃO (1986), MAINGUENEAU (2000, 2007), ORLANDI (2005) (OLIVEIRA E MACHADO (2013), entre outros estudiosos da área para tentar entender o discurso expresso pela charge e quais foram os mecanismos responsáveis pelos efeitos de sentido de humor e crítica presente no vídeo. Por meio da análise concluímos que esses sentidos de humor e crítica são grandes aliados no desenvolvimento do ethos sarcástico desta charge, uma vez que esta aborda de forma cômica e, ao mesmo tempo, séria a fragilidade da educação pública brasileira.
Discurso jornalístico e desigualdade social: implícitos e contextos nas expressões multimodais de textos jornalísticos para a construção do escândalo Deborah Gomes de Paula (UNIP-PUC/SP) deborah-paula@uol.com.br Esta comunicação situa-se na Análise Crítica do Discurso (ACD) e tem por tema a relação texto e contexto para a representação do escândalo em textos jornalísticos multimodais. Tem-se por objetivo geral contribuir com os estudos do discurso jornalístico e por objetivos específicos: 1. examinar a seleção e a combinação de expressões visuais e verbais, em textos jornalísticos brasileiros para representação do escândalo; 2. verificar os contextos e suas funções, na produção/compreensão de textos multimodais (visual e verbal). O material analisado baseou-se em textos jornalísticos brasileiros multimodais impressos e as análises buscaram examinar as relações cotextuais entre imagens e expressões verbais, assim como os contextos de sua produção discursiva, para a representação do escândalo, no texto. A análise de forma crítica das representações ideológicas e culturais, contribui para verificar os valores ideológicos contidos nelas, já que eles propiciam a manifestação de crenças, relativas a questões sociais, na caracterização do escândalo. A mudança social ocorrida com o fenômeno da globalização pôs em uso privilegiado os textos multimodais. Para Kress e van Leeuwen (1996), o texto multimodal é produto do discurso, visto como uma ação, que combina o verbal com imagens e cores em uma semiose. Entende-se que toda mudança social acarreta uma mudança no discurso; sendo assim, com as altas tecnologias houve o privilegio de textos multimodais. O problema consiste na produção/compreensão desses textos, pois a analise critica do discurso privilegiou os textos verbais. A semiótica social (Kress e Van Leeween, 1990) propõe-se a buscar resultados que propiciem o letramento de textos multimodais. Conclui-se que os elementos selecionados pelo produtor participam de sistemas de conhecimento, armazenados na memória social e individual, assim, a ativação do armazenado nem sempre é consciente, pois a ideologia do Poder, que tem acesso ao público, pelos discursos, passa a influenciar as pessoas, levando-as a sustentar essa ideologia por sua reprodução textual, no e pelo discurso.
Discurso e situação de rua em Sergipe Decio Bessa (UNEB/Campus X) deciobessa@yahoo.com.br Miqueias Fagundes Bonfim (UNEB/Campus X) mitzva20@hotmail.com Este trabalho tem como propósito estudar a problemática social da situação de rua em Sergipe, buscando evidenciar discursos veiculados nos dois principais jornais do Estado, o Correio de Sergipe e o Jornal da Cidade, a partir da análise de textos do gênero notícia. Para fundamentação das análises linguísticas, utilizamos a abordagem de Fairclough (trad. 2001; 2003) da Análise de Discurso Crítica (ADC) que é empregada para análise linguística de maneira indissociada das considerações sobre a sociedade, uma vez que o elemento ‘discurso’ é compreendido em sua correlação com outros elementos das práticas sociais (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999). Entre os trabalhos utilizados para fundamentar as discussões sobre situação de rua estão o de Silva (2006), que trata sobre a situação de rua e o mundo do trabalho; Rosa (1999), que aborda o tema vida nas ruas; Buarque (1993), que trata da desigualdade social no Brasil; e Nascimento (2003), que apresenta conceitos de pobreza, desigualdade social e exclusão. Esse problema social investigado em Sergipe caracteriza-se pela predominância de notícias relacionadas aos espaços públicos ocupados por pessoas em situação de rua. Observamos, por conseguinte, a maneira como o governo e outras instituições tratam essa questão, considerando as formas linguísticas e discursivas (por meio dos jornais) e as formas de tratar as condições humanas. A perspectiva crítica de Thompson (1995) para os estudos de ideologia é utilizada para destacar relações desiguais/relações de dominação que são mantidas, em parte, por meio da utilização de formas simbólicas (nesse, caso em especial, a linguagem); tendo sido identificada uma 256
Resumos: Comunicações Individuais das formas de operação da ideologia, conceituada por Thompson como legitimação. Entre os resultados, verificou-se a presença do discurso de higienização e o apagamento da transitoriedade por meio do uso da designação equivoca: “morador de rua”. O estudo, por meio do gênero notícia, propiciou lançar luz e a discutir sobre escolhas lexicais, representação de agentes sociais, intertextualidade, interdiscursividade, e as possíveis consequências do fortalecimento de estereótipos e do preconceito relacionado à situação de rua.
Uma análise discursiva das relações dos discursos sobre desigualdades no discurso literário brasileiro Denise Aparecida de Paulo Ribeiro Leppos (UFSCar) de_depaula21@hotmail.com Propomos nesta comunicação analisar, pautados na análise do discurso, as possíveis relações entre discursos de desigualdade e discurso literário presentes na revista Extra Realidade Brasileira, intitulada Malditos escritores, publicada em março de 1977, cuja produção constitui um objeto para discutirmos sobre os discursos de desigualdades sociais que circularam no teatro brasileiro contemporâneo durante a ditadura militar no Brasil. A ideia de desigualdade é entendida por Rousseau ([1989] 2008) de duas maneiras: natural ou física, sendo estabelecida pela natureza; e moral ou política, que sujeita-se ao consentimento dos homens. Para a presente pesquisa, trataremos apenas a segunda concepção, visto que a revista Realidade buscou em diferentes materialidades da linguagem expor a realidade do país, na qual cada escritor, com seu próprio estilo, mostraria os resultados do período ditatorial na sociedade. Na coletânea organizada por João Antônio, via-se estampada uma relação com os nomes dos escritores brasileiros considerados ‘malditos’ pelos agentes da censura federal do Brasil e suas respectivas fotos em tamanho 3x4, as quais apresentavam no canto inferior as datas registradas de um possível fichamento policial. Em termos concretos, a revista Extra Realidade Brasileira, descortinou em uma coletânea de contos aquilo que deveria ser silenciado, colocando em cena as desigualdades sociais, motivo pelo qual incomodou não só a censura, mas também a imprensa da época por fazer uma inversão de ótica, olhando para “o bandido, por exemplo, sob a ótica dos bandidos” (ANTÔNIO, 1977, p. 5). Lançando um olhar diferente nas relações de poder e de produção de sentidos, que reproduziam as desigualdades sociais. Nesse sentido, podemos pensar que é nesse espaço ideológico que as relações dos discursos sobre as desigualdades se faz presente, ocupando um lugar privilegiado no discurso literário.
O discurso religioso midiatizado e as relações homoafetivas: uma análise comparativa entre os discursos do padre Fábio de Melo e do pastor Silas Malafaia Denise de Sousa Assis (UFV) denisesouzaassis05@gmail.com O fenômeno conhecido como midiatização do discurso religioso tem se tornado crescente e altamente relevante na captação e doutrinação dos fiéis, tendo em vista a mídia como um grande veículo de transmissão de informação. Desse modo, nosso trabalho pauta-se em trabalhar a argumentação no discurso religioso midiatizado e consiste em uma análise comparativa entre dois programas de TV de cunho religioso, a saber, o programa Direção Espiritual do Padre Fábio de Melo e o programa Palavra Amiga do pastor Silas Malafaia. Esses programas encaixam-se no gênero aconselhamento religioso e a temática abordada na nossa análise são as relações homoafetivas. Nosso objetivo é verificar e comparar as teses defendidas por esses dois religiosos, durante os aconselhamentos, e as estratégias argumentativas que os mesmos utilizaram para defender seus posicionamentos em relação à temática retratada e levá-los ao público como verdade. Pretendemos também perceber a importância da mídia no que diz respeito à veiculação desses aconselhamentos e à captação do público pretendido, além de verificar se esses discursos podem trazer uma possível discriminação e desigualdade de gênero, já que segundo Melo (2007), a palavra no discurso religioso é uma grande fonte de persuasão e captação do público. Com o intuito de atingir nossos objetivos, usaremos os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso (AD), especificamente a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, e as teorias argumentativas representadas por Perelman. A partir da análise empreendida, pode-se dizer que o pastor e o padre estudados se apresentam como formadores de opinião e transmitem também o pensamento das igrejas a que estão veiculados que representa uma visão conservadora quanto à questão da igualdade de gêneros, visto que não defendem as relações homoafetivas. É importante dizer também que a mídia traz uma excelente contribuição na veiculação desses posicionamentos e ideias, já que permite que um público diversificado possa ter acesso a eles.
Um discurso não- normativo na campanha publicitária de "O Boticário" Denner Edyzio da Silva (FAFICA) denneredyzio@hotmail.com Os discursos são práxis sociais, constituem-se na interação entre os sujeitos. Essa definição abandona algumas concepções com relação à linguagem que a era vista como resultado de uma estrutura de códigos que deveriam ser decodificados, ou como resultado do pensamento que considera o sujeito individualizado, desprezando o princípio dialógico. Segundo Marcuschi, 2008: “Todas as nossas manifestações verbais mediante a língua se dão com textos e não com elementos linguísticos isolados. Esses textos são enunciados no plano das ações sociais situadas e históricas. Bakhtinianamente falando, toda a manifestação linguística se dá como discurso, isto é, uma totalidade viva e concreta da língua e não como uma abstração formal que se tornou o objeto preferido da linguística.” O discurso como práxis social atravessa e é atravessado por relações de dominação e de discriminação que são reveladoras de estruturas binárias que fortalecem hierarquias, poderes e controles. Nessa perspectiva, todo discurso é um objeto historicamente produzido e interpretado. Considerando a interação, a intencionalidade, o dito e o não dito, os discursos estão ligados a manutenção, ou transformação da realidade. Porém, o objetivo de um determinado discurso depende da subjetividade contida no 257
Resumos: Comunicações Individuais imaginário social. Assim, o discurso pode ser utilizado no enfrentamento de um problema, ou melhor, de algo que se tornou um problema devido às mudanças históricas e sociais, ou pode fortalecer e legitimar o “problema”. Apontar mudanças é um desafio para os discursos, por exemplo, os discursos dos movimentos sociais, os discursos contra o capitalismo neoliberal etc. Este trabalho procura identificar, por meio da análise do discurso, as razões pelas quais uma determinada propaganda publicitária provocou polêmica na época de sua veiculação. Estamos nos referindo à propaganda da empresa de cosméticos “Boticário”, veiculada na televisão no ano de 2015. A referida propaganda usou imagens de casais heterossexuais e homossexuais se presenteando no dia dos namorados. Por que a inclusão de casais homossexuais incomodou a sociedade normativa? Esse é o mote do nosso trabalho.
Impact of culture and caste on social communication: a empirical study Dhyan Singh (Govt. PG College Dharamshala) dsinghjmc@gmail.com Cultural and casteism traits influence the social communication approaches of Indian people. Both dominant and lower castes experience this notion completely and therefore the organic feeling of this illogical strata develop a common kind of rigid attitude and behaviour among people. their communication style remain selective and protective where no one judge nobody. this multi focus group was conducted to investigate what social communication was found among these two communities in India.
LGBTIQ Italian activism and the hegemonic discourse about parenting Diego Lasio (University of Cagliari - ITALY / University Institute of Lisbon – Portugal) diegolasio@gmail.com Although research has consistently shown that stereotypes about children of same-sex couples have no empirical foundation, heterosexual kinship is still the current episteme of intelligibility (Butler, 2002) and the heterosexual couple is constructed as the only natural context for parenting. Heteronormativity leads heterosexuality to interpret itself as society (Warner, 1991) and homosexual parents and their children are subject to stigmatization and to institutionalized forms of discrimination, as in the case of Italy where no recognition are settled for children of same-sex parents. General politics and “regimes of truth”, established by scientific discourses and institutions, are at the origins of the dynamics of power between the heterosexual majority and sexual minority groups (Foucault, 1978). The relations of dominance are often consensual because they are continuously reproduced as natural (Gramsci, 1975a). As Gramsci (1975a; 1975b) highlighted, cultural hegemony is a process of moral and intellectual leadership through which subordinated classes give their “spontaneous” consent to the worldview of the ruling classes, thus agreeing to their domination, with no need of forcing or coercion for accepting their inferior positions. Starting from these premises, this paper analysis whether and how Italian LGBTIQ activists support or challenge the heteronormative ideology of parenting when they talk about homosexual parenting. After examining the historical conditions that led the heteronormative view of parenting to become hegemonic in Italy, this paper presents a Critical Discourse Analysis (Fairclough, 2001) of the discourses of three groups of LGBTIQ Italian activists about parenting. Data show that participants support certain understandings of parenting that can reinforce the heteronormative view of kinship. Specifically, some of the discourses emphasize the need of blood connections between parents and their children, the “natural limits” to procreation and the necessity of gender complementarity in family roles. The analysis shows how hegemonic ideologies on sexualities and parenting can permeate the discourses of subaltern groups, even in the case of groups that have committed themselves politically to defending the rights of LGBTIQ persons. The study’s contribution lies on supporting activists’ consciousness of their chances to question heteronormativity and to move outward in ways that challenge the ideology of parenting.
Os efeitos de sentido sobre as drogas: discursos motivadores ao (des)uso no ambiente escolar Dieny Graciely Souto de Souza Melo (UEMS) dienygssm@hotmail.com A discussão em torno da temática “drogas”, feita sob novos olhares que a direcionam para uma questão de saúde pública, apresenta várias perspectivas favoráveis às políticas de prevenção, a qual se destaca como uma prática importante e necessária, visto que os indicadores sociais ainda apontam para a realidade do uso de drogas, lícitas e ilícitas, por jovens em idade escolar, bem como para a permanência de tabus no tratamento dado ao tema. Nessa perspectiva, apresentamos os procedimentos de uma pesquisa que procura identificar, nas representações discursivas de sujeitos em idade e ambiente escolar, os efeitos de sentido sobre as drogas, considerando-se que tais discursos (res)significam a partir das condições de produção do próprio ambiente escolar, da família, da mídia, enfim, dos lugares sociais de produção, recepção e circulação dos discursos. O corpus da pesquisa é constituído por dados qualitativos obtidos a partir de enunciados selecionados nos discursos de alunos, e retratados em vídeos institucionais do Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD). As análises, fundamentadas na teoria da Análise do discurso franco-brasileira, indicam representações que denotam o deslizamento dos sentidos de drogas, sinalizados entre os motivos que levam o sujeito ao (des)uso de drogas, demonstrando que o discurso cria e/ou reproduz, em seus modos de funcionamento, efeitos de sentido distintos nas diferentes práticas discursivas.
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Resumos: Comunicações Individuais A autoria em questão: processos de destacabilidade no livro “Ô, raça! Diogo Silva Chagas (UFSCar) chagasdiogos@gmail.com A proposta deste trabalho, inserido nas discussões do grupo de estudos “Comunica –inscrições linguísticas na comunicação”, é de verificar os processos de mediação editorial que contribuem para uma gestão autoral e consagração da figura de auctor nos textos de Tutty Vasques, heterônimo do jornalista Alfredo Ribeiro, publicados no livro “Ô, raça! Má notícia é a maior diversão: o humor de Tutty Vasques na internet”. O livro em análise trata-se de uma seleção e organização feita por Fábio Rodrigues de textos do autor, publicados entre os anos 2000 e 2015. O livro é dividido em três partes, “Fatos Irrelevantes”, “Diário de Bordo” e “Retratos Falados” e, para este trabalho, estão sendo considerados os textos da primeira parte do livro, “Fatos Irrelevantes”, que reúne uma série de textos curtos publicados em vários suportes e plataformas. Os textos de Tutty Vasques apresentam características recorrentes: são concisos e provocam um efeito de humor sempre relacionado a acontecimentos contemporâneos às suas publicações. A análise proposta leva em consideração a proposta de Maingueneau (2010) sobre a questão da autoria, em que fazem parte da construção de uma imagem de autor três dimensões, a saber, (i) a do “autor-fiador”, instância que se responsabiliza pelo texto, (ii) a de “autor-ator”, que gere uma trajetória e (iii) a do “autor-auctor”, que se consagra sendo correlato de um opus. Além disso, o material em questão suscita reflexões referentes ao processo de destacabilidade (MAINGUENEAU, 2008), em que é parte constitutiva dos textos de Tutty Vaques a presença de trechos destacados de textos outros em circulação e a própria seleção dos textos para organização dos textos do livro. A “igualdade para todos” do discurso do direito e a pluralidade nos modos de apreensão da desigualdade Dionéia Motta Monte-Serrat (IEL-UNICAMP) di_motta61@yahoo.com.br A desigualdade pode tanto ser apreendida na materialidade de enunciados de “igualdade” da Lei, quanto no funcionamento de práticas discursivas “iguais para todos” no contexto jurídico. Uma visão dialética sobre essência e aparência de enunciados da lei, numa relação não somente de simples oposição, mas de interversão, podemos observar o “sujeito de direitos iguais” em uma dialética de gênese (pensada em primeiro lugar, como origem), em que já há o “sujeito assujeitado” a alguém. A suposta igualdade difundida pelo Direito se fundamenta no assujeitamento, fornecendo pressupostos para uma prática que, ao mesmo tempo em que é afirmada, é negada, naturalizando a condição de “livre” “assujeitamento” do “sujeito”. Quando colocamos o foco no funcionamento das práticas discursivas do Direito, podemos observar “quebras” na continuidade da suposta igualdade perante a lei: o sujeito-depoente, “igual” a todos, tem sua fala submetida a recortes pelo juiz que preside a audiência. Nesse caso, a fala dispersa do depoente transforma-se em um texto coeso e coerente, sob ditado do juiz, denominado termo de depoimento. A teoria discursiva permite um movimento de passagem no oposto (interversão) entre discurso da lei (enunciado fixo, imutável e feito em língua supostamente transparente) e discurso jurídico (enunciação, dispersa e com deslizamentos, em audiência do Poder Judiciário), retirando a ideia de ruptura entre um e outro, o que permite a apreensão do conceito de “igualdade para todos” da Lei num outro lugar: o da “igualdade dos desiguais”, em que a imagem de igualdade de sujeito de direito (proposto pelo enunciado da lei) se sobrepõe à suposta igualdade do sujeito jurídico (depoente que enuncia em audiência). “Este fato deixou o autor chocado e humilhado”: o contrato discursivo e a estratégia de captação em petições iniciais Douglas do Carmo Araujo (UFF) douglasaraujo_20@hotmail.com Este trabalho pretende mostrar como se organiza o contrato discursivo em Petições Iniciais (PIs), gênero discursivo da esfera jurídica que inaugura uma ação processual e atribui caráter jurídico ao fato cotidiano, tornando-se instrumento legítimo, judicialmente, de busca por reparação a um dano sofrido e, por conseguinte, de acesso à justiça. Como foco, este trabalho investiga a estratégia discursiva de captação, que é mobilizada para conquistar o outro em situações em que não há relação de igualdade entre os sujeitos da linguagem e que visa a assegurar a manutenção da interação (CHARAUDEAU, 2010). Tendo em vista que não há simetria entre os sujeitos no contrato discursivo das PIs, o uso dessa estratégia é de crucial importância para que o locutor alcance êxito em seu projeto de linguagem. Neste trabalho, analisamos duas PIs, tendo como recorte os itens “dos fatos”, “fundamentos jurídicos” e “das provas” que são comuns a esse gênero discursivo. A análise de cada corpus possui caráter qualitativo, uma vez que se baseia na interpretação dos dados. Além disso, as ideias centrais dessa pesquisa fundamentam-se na Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, mais especificadamente, no que diz respeito ao contrato e estratégias do discurso (CHARAUDEAU: 2010, 2014; OLIVEIRA: 2003), entendendo que o contrato discursivo é composto por restrições e liberdades, e a estratégia discursiva de captação (CHARAUDEAU, 2010). A partir da análise dos dados, percebemos que, no contrato discursivo das PIs, a dramatização e a atitude polêmica são estratégias discursivas de captação que contribuem para a atuação do locutor, profissional jurídico, sobre o seu interlocutor (juiz), tendo em vista conquistar o solicitado na PI.
Preconceito e silenciamento no ensino de literatura Dulce Maria Lopes de Aguiar (IFMG/Campus Ouro Preto) dulceaguiar@terra.com.br Este trabalho apresenta o resultado da análise de uma coletânea de livros didáticos de Português e Literatura para o Ensino Médio e teve como objetivo investigar a forma como a coletânea desenvolve o conteúdo de literatura africana e negro-brasileira, considerando-se a lei 10.639/03, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira no Ensino 259
Resumos: Comunicações Individuais Fundamental e Médio. Nela, foram analisados os sumários, o guia de recursos destinado aos professores e a seção dedicada à abordagem da literatura africana de países de língua portuguesa. Na análise, foram considerados os seguintes aspectos que têm dificultado a implementação efetiva da lei 10.639/03: i) o mito da democracia racial, que empana o nosso olhar e, assim, tende a invalidar a necessidade de ações efetivas para a reversão do preconceito racial; ii) a prevalência de valores hegemônicos, que valorizam determinados produtos culturais, em detrimento de outros, acabando por configurar um cânone literário. No Brasil, há um discurso literário que, ao privilegiar histórias e autores, o faz a partir da perspectiva das classes detentoras do poder políticoeconômico. Houve, e ainda há, o silenciamento (pela omissão, não divulgação e não veiculação) de obras de autores negros que apresentavam/apresentam a corporeidade negra, seus pertencimentos e identificações étnicas em suas escritas. Como resultado da análise da coletânea, pôde-se observar que, na contramão do que deveria ser a proposta de inserção da literatura africana e negrobrasileira no livro didático, de forma a fortalecer a identidade do aluno negro brasileiro e o reconhecimento das suas origens africanas, encontramos, mais uma vez, um reforço à sua marginalização. O silenciamento das vozes negras evidencia-se, assim como a submissão ao cânone literário hegemônico. A coletânea parece apenas cumprir uma determinação legal, sem considerar uma possível valorização da comunidade negra do Brasil de forma a contribuir para a desconstrução do preconceito étnico-racial, abrindo espaço para a divulgação e conhecimento da produção dos negros, sejam eles africanos sejam eles brasileiros.
O discurso do Sermão do Monte: a busca por uma sociedade mais justa e fraterna Éder Wilton Gustavo Felix Calado (UEL) ederwilton@hotmail.com O discurso do texto bíblico do Sermão do Monte, localizado no livro de Mateus, nos capítulos de 5 a 7, apresentam uma releitura dos discursos do Antigo Testamento frente ao contexto do tempo de Jesus, Israel do século I d.C. Esse trecho bíblico possui sua relevância para os cristãos, pois trata de um longo trecho de palavras atribuídas à pessoa de Jesus, um sermão com vários temas, todos muito práticos, baseados nos preceitos religiosos, éticos e morais do Antigo Testamento, contudo, interpretados de uma forma diferente da feita pelos religiosos da época. O trecho do capítulo 6, dos versos 1-18, e que constitui o corpus desde trabalho, trata da justiça social, um discurso muito pertinente para situação de opressão política, econômica e social impostas aos hebreus por parte do Império Romano e, também, pela religião oficial: o judaísmo, controlado pelos sacerdotes do templo de Jerusalém. Por isso, o presente trabalho aborda a ideologia transmitida por esse trecho do Sermão do Monte, como uma oposição a ideologia vigente, a qual gera opressão e desigualdade social. Para isso, será necessário o retorno ao discurso do Antigo Testamento e às condições do período para entendê-lo dessa forma. Por fim, o presente trabalho visa compreender a ressignificação desse discurso para algumas correntes teológicas contemporâneas, como as denominadas Teologia da Libertação e a Teologia da Prosperidade, muito diferentes entre si e frutos das condições de seu tempo. Esse estudo está vinculado ao projeto de pesquisa “PAD – PESQUISAS EM ANÁLISE DO DISCURSO: os processos de significação em diversos gêneros”, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina. Análisis del discuro de la interacción social de la corrupción en México Edgar Daniel Manchinelly Mota (El Colegio de México) emanchinelly@colmex.mx El objetivo general de este trabajo es analizar el orden discursivo de la interacción social en la corrupción. Esto a partir del material audiovisual de You Tube sobre cuatro casos filmados de corrupción ocurridos en tres zonas urbanas de México (Ciudad de México, Monterrey y Estado de México). En específico, el punto es detallar las modalidades de las prácticas discursivas en relación al intercambio informal entre una persona y un policía, desde la dinámica social de algunas micro-situaciones grabadas por dispositivos digitales. También este estudio es un intento por utilizar la red social virtual de You Tube en la investigación social. Este es un excelente material de investigación que cada vez está teniendo más relevancia en la comunidad científica de la antropología y la sociología (Coleman, 2010). Gracias al desarrollo tecnológico de los aparatos de comunicación y a su uso cada vez más generalizado en la sociedad, muchas personas han podido filmar y exponer en las redes sociales virtuales los actos de corrupción in situ. O discurso opressor e contraditório de regimento escolar Edigar dos Santos Carvalho (UFPE) prof_edgarcarvalho@hotmail.com A pesquisa objetiva analisar as sequências discursivas de proibição contidas no Regimento Interno de uma Escola Técnica Estadual de Pernambuco. Procuramos neste estudo, refletir sobre os efeitos de sentido dessas sequências e as contradições de sentido no que concerne às orientações dos documentos educacionais jurídicos, em relação à privação de direitos constitucionais garantidos aos estudantes. Esta análise torna-se relevante, pois observa-se uma prática de opressão com as proibições dentro da escola, especialmente, por essas ordens se destinarem somente a um grupo de alunos, os do ensino médio, e por essas orientações normativas ultrapassarem os limites legais inclusive com punições. Essas práticas de opressão destinadas aos discentes pela referida instituição de ensino mantém relações com o imaginário de representação do papel social assumido pelo “aluno” enquanto aprendiz. Essa prática normativa se revela incongruente tendo em vista que a escola apresenta um perfil diversificado de estudantes em níveis de formação, isto é, o corpo discente é formado por estudantes da Educação Profissional Técnica de nível médio tanto na modalidade integrada quanto na modalidade subsequente, ambas de forma presencial, além de funcionar como Polo presencial para cursos Técnicos Profissionalizantes na Modalidade a Distância, sendo todos os cursos oferecidos gratuitamente pelo Governo do Estado de Pernambuco. As análises das sequências discursivas serão norteadas pelos pressupostos teóricos da AD pecheuxtiana para compreendermos os efeitos de interpelação ideológica e assujeitamento dos estudantes em relação aos efeitos de sentidos dos discursos normativos. 260
Resumos: Comunicações Individuais Discursos de los medios de comunicación respecto a la desigualdad del rock indígena en México Edith Regina Escutia Solis (ENAH -Escuela Nacional de Antropología e Historia, México) eresescutia@gmail.com El trabajo presenta un análisis de los discursos que han aparecido recientemente en medios de comunicación oficiales y alternativos, como son artículos en prensa, artículos de instituciones gubernamentales y documentales en Internet, respecto al fenómeno del rock indígena o etnorock en México, caracterizado por la creación de una gran cantidad de agrupaciones musicales integradas por jóvenes pertenecientes a grupos étnicos, que interpretan rock y algunos géneros asociados al rock, en sus lenguas originarias. Los medios de comunicación se han referido a este tema resaltando las desigualdades étnicas, sociales, económicas, culturales y políticas de los contextos en los que ha surgido dicho movimiento. Por lo tanto, el análisis girará en torno a estos discursos, aplicando el modelo propuesto por Foucault en "El orden del discurso", contrastándolos con los discursos de los músicos indígenas, quienes también han expresado su propia percepción respecto al fenómeno. Ademas, señalaré las críticas que se han dado desde la academia respecto a la pertinencia de una categoría que clasifique o etiquete a este tipo de producciones musicales como rock indígena o etnorock.
Igreja católica, mídia religiosa e a exclusão dos novos modelos de família Eduardo Assunção Franco (UFMG) eduardodfranco@gmail.com
Poderíamos pensar, a princípio, que a desigualdade presente no âmbito religioso seria um paradoxo, já que é nesse meio que os fiéis e adeptos das mais diversas confissões são motivados a viver e praticar o amor, a misericórdia, a justiça e a paz. A justificativa teológica é que as igrejas são compostas por homens que, mesmo sendo inspirados por Deus e outras forças superiores, estão sujeitos a cometerem falhas, omissões e outros pecados. Na nossa comunicação, vamos nos ater ao Cristianismo e, mais especificamente, à Igreja Católica. Nosso objetivo será investigar como questões relativas à família, como o divórcio, os casais em segunda união, as uniões homoafetivas e o aborto, foram tratadas no último “Sínodo dos Bispos”, realizado de 4 a 24 de outubro de 2015, no Vaticano, e divulgadas pelo jornal católico “O São Paulo”. Queremos verificar de que maneira esses temas polêmicos, já que envolvem tradições e dogmas da Igreja Católica, foram abordados no relatório final do “Sínodo” e tratados por esse veículo de comunicação da Arquidiocese de São Paulo. O nosso corpus será composto pelas reportagens que o jornal “O São Paulo” publicou sobre o “Sínodo dos Bispos”, nos meses de outubro e novembro de 2015. Partimos da hipótese de que a hierarquia da Igreja Católica mantém sua posição contrária e continua excluindo os casais divorciados, recasados, unidos de forma homoafetiva e que tenham praticado o aborto. A cobertura jornalística procura amenizar e até mesmo “falsear” essa atitude de exclusão. Nosso referencial teórico será composto por estudos sobre o discurso religioso e o discurso das mídias, assim como a imbricação deles, realizados por Maingueneau (2008), Charaudeau (2006), Emediato (2007, 2008 e 2013) e Mouillaud (1997). Para Maingueneau (2008), o discurso religioso é constituinte e funciona como “fiador” de outros discursos. Emediato (2008) postula que, na mídia de referência, os jornalistas e as empresas de comunicação fazem a tematização dos fatos, mas para realizarem a problematização levam em conta a ética cidadã da instância de recepção. Nela estão inclusos valores como honestidade, justiça, trabalho e respeito aos direitos humanos.
A favela como tema: a cobertura do processo de pacificação das favelas cariocas Eduardo de Figueiredo Santos Barbabela e Oliveira (IESP-UERJ) ebarbabela@gmail.com Desde a última década, o Rio de Janeiro foi palco da implementação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas comunidades cariocas que se propõe publicamente a transformar a relação entre asfalto e morro. A partir da inauguração da UPP do Morro Santa Marta, o projeto expandiu, atingindo, segundo números oficiais, 39 unidades até o final de 2014. Se nos primeiros anos após a instalação das unidades, a imagem transmitida pela mídia foi de um processo regido por paz e estabilidade, mais recentemente a cobertura passou a retratar conflito e instabilidade, com diversos confrontos entre traficantes e policiais em comunidades até então pacificadas. O projeto da UPP inicialmente direcionou-se a sanar os problemas de segurança pública por meio da ocupação dos morros por policiais recém-formados e da realização do mecanismo de policiamento comunitário. Esta iniciativa, vista com desconfiança por parte dos moradores, apontava para uma mudança no perfil das políticas formuladas até então para essas localidades, como remoções, controle de crescimento de comunidades e mesmo extinções das favelas, e na forma de abordagem policial baseada no confronto violento com traficantes nas regiões refletindo na relação junto aos moradores. O processo de pacificação das favelas do Rio de Janeiro foi acompanhado pela mídia carioca que, a princípio, apoiou o projeto. O presente projeto busca problematizar a relação entre favela e mídia tradicional. Para tal, a proposta é discutir a representação das comunidades nos jornais cariocas impressos e como o processo de pacificação foi representado pelos jornais impressos da cidade do Rio de Janeiro. A hipótese principal a ser testada é de que a transformação da cobertura da mídia, a partir do processo de pacificação, construiu distintas imagens das favelas cariocas diferenciando-as a partir de seu posicionamento geográfico e da presença ou não de UPPs. Antes da pacificação, as favelas seriam percebidas e representadas pelos meios de comunicação como espaços de violência e pobreza, em uma visão quase monolítica. Contudo, com a implantação das UPPs, a imagem começaria a se pluralizar, sendo possível perceber novas tendências na cobertura midiática das favelas carioca.
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Resumos: Comunicações Individuais A escola no discurso de um adolescente ameaçado de morte por envolvimento com a criminalidade Eduardo Lopes Salatiel (UEMG) eduardo.salatiel@gmail.com Este artigo pretende discutir e analisar como a escola aparece no discurso de um adolescente ameaçado de morte protegido pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte de Minas Gerais (PPCAAM/MG). Partimos do pressuposto que a condição de protegido propicia um lócus privilegiado de reflexão, por parte desse sujeito, sobretudo pela voluntariedade constitutiva dessa condição. O adolescente decide, a partir de uma proposta de proteção, pela inclusão ou não no Programa, em uma experiência que em termos simbólicos e mesmo materiais pode representar sua decisão por viver ou morrer. Percentual significativo dos protegidos pelo PPCAAM/MG foi ameaçado por envolvimento com a criminalidade e reside nas periferias da capital. Esse perfil enseja determinadas formações imaginárias sobre a escola em um processo perpassado por relações de poder que incidem, por sua vez, sobre os sentidos atribuídos a esta instituição, bem como aos sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Deslocado no espaço, vê-se diante de outros sujeitos que, identificados como seus “protetores”, podem ser partícipes de um diálogo que deixa entrever outros sentidos sobre a escola. Sentidos esses que nos ajudam a compreender porque, diante de trajetórias escolares atravessadas pelo fracasso e pela exclusão, ainda subsiste um discurso fundado na importância da educação. Afinal, a retomada dos estudos quase sempre é justificada, pelo próprio adolescente, como importante para “ser alguém na vida”. Lançamos mão, principalmente, das contribuições de Michel Pêcheux (Análise Automática do Discurso) e Eni Orlandi (Discurso e Leitura e Análise de Discurso), buscando constituir um trabalho teórico-empírico pautado na análise de textos orais produzidos pelo adolescente durante atividades realizadas em museus, centros culturais e cinemas, bem como nas discussões de avaliação dessas atividades. Percebemos que a trajetória escolar do adolescente apresenta uma série de peculiaridades que deixam entrever o papel das imagens alimentadas pelo adolescente sobre a escola, as professoras e sobre si próprio, como aluno negro e morador de favela.
O papel da audiência pública no Supremo Tribunal Federal quanto à perspectiva da desigualdade social Égina Glauce Santos Pereira (UFMG) eginaglauce@gmail.com O estado democrático de direito necessita mediar a diversidade para que se constitua a igualdade material ao invés da igualdade formal. O direito funcionaria como esse mediador e a retórica possibilita a negociação da distância entre os pontos de vista a propósito de uma questão (MEYER, 2014). É ela que reduziria a distância entre os pluralismos existentes na sociedade moderna, sendo função dos valores estabelece a ponte entre as diversas esferas de atividade como o direito, a economia, a política, ou a religião (MEYER, 2010), como argumentos consequencialistas, os quais alcançaria as consequências da norma em que se baseia a decisão e outros valores como: justiça, conveniência pública e senso comum (MACCORMICK, 1978). Isso implica dizer que os julgados, principalmente do STF (Supremo Tribunal Federal), devem conciliar os valores na sociedade com os valores legais e as instituições estabelecidas na nossa sociedade pluralista. Na audiência pública isso é visível, pois é um instrumento político cuja finalidade é colocar em questão o debate em relação a alguma ação que irá gerar reflexos na sociedade, ou em um grupo social determinado, assim a ideia seria permitir a exposição de todos aqueles que fossem afetados pela ação a ser tomada pela Administração Pública, permitindo uma intervenção social na ação estatal. Nessa modalidade, a forma de exposição é o debate. Dessa forma, as audiências públicas, inclusive por causa da qualidade dos argumentos utilizados na sua construção (consequencialistas), podem ser o instrumento processual apto a viabilizar, institucionalmente, o diálogo com os diversos setores da sociedade, buscando conferir legitimidade às decisões tomadas no âmbito dessa jurisdição e ainda permitir a redução da desigualdade social, que perpassa a proteção de determinados grupos sociais não dominantes, mas que passariam a ter voz no processo judicial no STF. Tortura e discurso Eliana Amarante de Mendonça Mendes (UFMG) eamm@uai.com.br Nesta comunicação, pretende-se tecer algumas reflexões sobre a mais terrível das violências praticadas pelo ser humano contra o ser humano, a tortura. Parte-se de um breve histórico sobre a tortura na antiguidade, principalmente em Atenas, na visão de Aristóteles. Em Retórica (I,15), esse filósofo, ao lado das leis, dos testemunhos, dos contratos e dos juramentos, inclui a confissão sob tortura como um dos modos de argumentação não retórica. Aristóteles justifica a menção, em sua obra Retórica, desse tipo de prova por ser específico do discurso jurídico e muito utilizado em sua época. Embora tenha dito que “nada de credível há nas confissões sob tortura.” e se posicionasse contrário a ela, Aristóteles, estranhamente, discorre didaticamente sobre como e quando usá-la na prática. Também em Política e Ética a Nicômano, ele afirma aceitá-la para uso contra estrangeiros e escravos, considerados não cidadãos, pois achava que esses eram úteis: simples como crianças e inclinados a dizer a verdade. Discute-se em seguida, a posição de Aristóteles sobre a tortura e a escravidão, buscando mostrar que é necessário considerar o contexto da época para entender as posições aristotélicas. Considerada na atualidade grave afronta aos direitos humanos, a tortura é proscrita por várias legislações nacionais e estrangeiras. Entretanto, a despeito dessas legislações, tal atrocidade é ainda recorrente nos dias atuais. A tortura hoje, no entanto, não se restringe à tortura física. Contemporaneamente é mais usada a tortura mental, a manipulação psicológica que se faz por meio de um tipo de discurso dialético, baseado em técnicas de interrogatório desumanas, aviltantes, que duram horas e horas e levam os torturados a confissões e delações, verdadeiras ou não. Pretende-se focalizar esse tipo terrível de tortura, mostrar em que consiste essa técnica dialética e o porquê de ela apresentar melhores resultados quanto mais baixo for o nível cultural e social dos que a ela se submetem. Mutatis mutandis, constata-se hoje uma situação similar à que existia na Atenas clássica: da tortura usada contra escravos e estrangeiros, passa-se, agora, à tortura cujas vítimas são também, e principalmente, os menos favorecidos, aqueles que se encontram na base da pirâmide social. 262
Resumos: Comunicações Individuais Discurso e representação em "O jardineiro Timóteo" Eliana Dias (UFU) elianadias07@gmail.com Maria Cecília de Lima (UFU – ILEEL) mariaceciliadelima@gmail.com Refletir sobre como o negro é representado em diversos discursos e questionar essa representação é uma forma de investigar a função dessa representação na e pela linguagem e, ainda, como essa representação funciona em diversas práticas discursivas produzindo, reproduzindo ou questionando relações de preconceito racial. Isso abre um enorme leque de investigação e, ainda, a possibilidade de mudanças. No caso dessa comunicação, temos como objetivo refletir sobre essa temática por meio da análise textualmente orientada do conto "O jardineiro Timóteo" (Lobato, 1994), refletindo sobre a situação econômica, política da época de sua produção, bem como das ideologias que, desde aquele tempo, contribuem para a criação de mitos raciais até hoje veiculados e, por vezes, aceitos. Essa análise será realizada tendo como suporte teórico central a Análise Crítica de Discurso – teoria e método – (Fairclough, 2001; Magalhães, 2004; Resende e Ramalho, 2006), com suas três dimensões: a textual, a discursiva e a social, e suas respectivas categorias analíticas . Essa teoria contribui para desvelar representações e ideologias subjacentes a textos e materializações de discursos. Esperamos, com isso, contribuir com um novo olhar para questões raciais, com o desvelamento de discursos não oficiais para que, quem sabe, sejam possíveis novas relações sociais e humanas mais igualitárias, no âmbito escolar e fora dele, no que se refere a questões raciais. (Domingues, 2008; Magalhães, 2004; Fernandes, 2007) A Análise de Discurso Crítica muito tem a contribuir para o ensino, ao desvelar ideologias, discursos e representações e o emprego da literatura na sala de aula de estágio supervisionado em Língua Portuguesa com o trabalho efetivado com discursos sobre desigualdade e racismo de modo textualmente orientado e profícuo. Identidade e desigualdades sociais: o ethos discursivo como imagem de si na música Minha Casa Eliane Davila dos Santos (Universidade Feevale) elianedavila@yahoo.com A dinâmica do mundo contemporâneo no qual a revolução tecnológica, as desigualdades sociais e a globalização estão em evidência, emerge a necessidade de discussões a respeito dos aspectos identitários com base na análise do discurso, uma vez que a linguagem é a essência da construção coletiva e individual do sujeito. A voz muitas vezes silenciada do sujeito perpassa diversos campos discursivos da sociedade capitalista, tais como o da mídia, do ambiente de trabalho, da literatura, da política e permite reflexões paradoxais sobre a representação identitária desses sujeitos nesses contextos. Este estudo delimita-se à análise da imagem de si do sujeito contemporâneo que se integra a um espaço capitalista e globalizado marcado pelas desigualdades sociais a partir da música Minha Casa do compositor Zeca Baleiro. O objetivo do trabalho é analisar as marcas discursivas que constroem as representações identitárias do sujeito contemporâneo na música Minha Casa por meio de cenografias enunciativas das quais se depreende o ethos discursivo como imagem de si. Para compor os estudos sobre os conceitos de representação identitária, utilizam-se os ensinamentos de Charaudeau (2015), Bakhtin (2000) e Bourdieu (1998); sobre desigualdade social com base em Bauman (1997, 2013), Castel (2008) e Santos (2008); sobre sociedade e sistema capitalista abarcam-se conceitos de Arendt (2007) e Marx (1982). O marco teórico principal da análise discursiva é da escola francesa, em especial, de Maingueneau (1997, 2008) e Charaudeau (2008, 2009). A metodologia utilizada configura-se por uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa. A análise dircursiva realizada direciona a resultados que mostram representações identitárias dos sujeitos contemporâneos apoiadas em cenografias enunciativas que auxiliam na compreensão das marcas discursivas da letra da música Minha Casa, objeto desse estudo. Essas pistas revelam traços identitários do sujeito contemporâneo que tem sua voz, muitas vezes omitida, mas que permanecem ressonando nos fios discursivos da trama da desigualdade sociais que se entrelaçam no cotidiano.
Estratégias de produção de sentido no discurso midiático Eliara Santana Ferreira (PUC-Minas) eliarasantana@uol.com.br O objetivo deste trabalho é abordar as estratégias discursivas utilizadas para produzir sentido no discurso midiático. Para o desenvolvimento da análise, utilizei como corpus as manchetes e chamadas de capa dos jornais Folha de S. Paulo e Estado de Minas e da revista Veja no período de julho a outubro de 2014, momento do processo eleitoral brasileiro para escolha do novo presidente da República. Para este estudo, considerei as manchetes e chamadas de capa dos veículos pelo fato de serem os elementos mais atraentes e visíveis para o leitor e que, muitas vezes, são também os únicos elementos vistos nas publicações. Considero, nesta pesquisa, que a informação veiculada pelos meios de comunicação da grande imprensa traz representações, em que as escolhas feitas para compor as estruturas discursivas de manchetes ou chamadas – como o uso do conectivo “mas” nas manchetes econômicas do jornal Folha de S. Paulo ou a forma de trazer o discurso reportado utilizada pelo jornal Estado de Minas - contribuem para trazer à tona uma visão determinada do acontecimento, que pode revelar, ocultar ou tornar opacos determinados aspectos, de modo intencional. Busquei, portanto, descrever as estratégias discursivas de produção de sentido e analisar como elas foram utilizadas nas chamadas e manchetes para produzir um discurso que potencializou a rejeição a determinada candidatura no processo eleitoral brasileiro. Na análise, foram também mensuradas as citações a cada candidato – estabelecendo-se valências positivas, negativas e neutras a cada um, bem como sua frequência no período. Para compor o quadro teórico que deu suporte ao desenvolvimento desse trabalho, utilizei estudos desenvolvidos por autores como Ducrot, Charaudeau, Maingueneu, Verón, Abramo e Thompson.
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Resumos: Comunicações Individuais Pourquoi la fiction? O discurso literário e a desigualdade social Elisson Ferreira Morato (UFMG) elissonmorato@yahoo.com.br A ficção circula socialmente e a ela, em conformidade com a época histórica, é atribuído um papel social. Nesse caso, podemos nos perguntar: qual o papel da ficção frente à desigualdade social? Como o discurso literário se relaciona com a voz de grupos ou populações discriminadas? Essa questão se coloca levando-se em conta o engajamento social presente, sobretudo, no discurso literário do século XX, especificamente a partir da década de 1930. Nessa perspectiva, esta proposta discute, através do trabalho de Bourdieu (1998) sobre a circulação das obras literárias em um mercado de bem simbólicos, de Schaeffer (1999) sobre o papel social da ficção, e de Mendes (2004) sobre o conceito de ficção/ficcionalidade, o papel atribuído ao discurso literário de dar voz, de enunciar por aqueles que não enunciam ou que são enunciados apenas dentro de discursos dominantes. Buscamos, assim, ilustrar essa discussão com três obras: Vidas Secas, de Graciliano Ramos, Homens e Caranguejos, de Josué de Castro e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, as quais tratam da marginalização de populações nordestinas (agricultores, retirantes e favelados). A demanda por obras de ficção, atestada pela existência de um mercado editorial, leva a pressupor a atribuição de um dado papel social a essas obras, especialmente a de atuarem como discursos de denúncia social. A priori, embora possibilite a reflexão sobre problemas sociais, a literatura visa, sobretudo, uma estetização, proporcionando ao público leitor uma simulação de situações possíveis e não o conhecimento de situações reais. Essa simulação, dada no e pelo universo ficcional, proporciona ao leitor um comover sem se envolver. Trata-se de experienciar, então, não a miséria, a fome, a seca, mas a “estética da miséria”, a “estética da fome”, a “estética da seca”. O discurso literário ficcional, trazendo as vozes de não-enunciadores sociais, proporciona um deleite estético, oferecendo, assim, uma vivência fictícia de um problema real.
Academia: indústria do texto e choques ideológicos Elizabeth Antonia de Oliveira (UFMG) liz.antonia@hotmail.com Trabalhando com Oficinas de Leitura e Produção de Textos Acadêmicos em dois Departamentos distintos de uma Universidade particular de Minas Gerais, observamos que a “qualidade” dos textos produzidos pelos alunos variava muito de um Departamento para o outro. A partir dessa observação, nasceram algumas questões, que estamos investigando na nossa pesquisa de doutoramento: alunos que apresentam mais dificuldade na lida com a escrita acadêmica podem ter características sócio-históricas e ideológicas específicas? Ou é a academia que é regida por um padrão de qualidade muito rígido? Koch (2009) observa que, na situação escolar o gênero deixa de ser apenas ferramenta de comunicação, passando a ser, ao mesmo tempo, objeto de ensino-aprendizagem. Já Emediato (2005) diz que não basta ao texto ter frases, orações e períodos, é preciso que ele tenha um sentido. Essas falas podem confirmar algumas especificidades do texto acadêmico, às quais muitos sujeitos que ali aportam não estariam habituados. Para ampliar a nossa comparação e buscar respostas para as nossas perguntas, aplicamos uma atividade de produção de Resenha Acadêmica Temática em seis cursos de Universidades e Faculdades de quatro Regiões brasileiras, bem como em 14 pesquisadores com passagem pelo exterior nos últimos quatro anos (de 2012 a 2015). A partir de alguns resultados por nós levantados, pensamos que pelo menos duas faces podem marcar as identidades dos sujeitos objetos de nossa pesquisa: i) Capacidade de se adaptar ao padrão textual acadêmica e ii) Capacidade de estabelecer comunicação = marcar uma posição ideológica. Segundo Pêcheux (1988), a linguagem é uma importante forma material da ideologia. As palavras, para ele, não só mudam de sentido segundo a posição daqueles que as usam, uma vez que, na visão deste teórico, o sentido das palavras não existe em si, mas é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo quando são re-produzidas. Quando o professor observa: “Não entendi o que você quis dizer com isso!”, é instalada uma ruptura ideológica e na comunicação, a qual é seguida por uma demanda: o texto deve ser reelaborado ou descartado, como se faz com uma peça, na fábrica, quando apresenta defeito.
Discursos de professores de uma licenciatura em ciências biológicas sobre a educação ambiental Elizabeth Bozoti Pasin (Colégio Pedro II e PGECOL/UFJF) bethpasin@gmail.com Reinaldo Luiz Bozelli (UFRJ e PGECOL da UFJF) bozelli@biologia.ufrj.br O contexto histórico-político em que a pesquisa foi desenvolvida inclui a homologação de novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Básico pelo Conselho Nacional de Educação em 2013, nas quais foi estabelecido um capítulo específico sobre Educação Ambiental (EA) e também mudanças nos cursos de licenciatura que culminaram com a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores, esta em 2015. Esses documentos recomendam uma abordagem holística de EA, incluindo não apenas o sentido de conservação, mas também questões sociais, econômicas, éticas, culturais, entre outras. Apesar disso, estudos recentes envolvendo cursos de licenciatura em Ciências Biológicas têm diagnosticado entre os licenciandos sentidos de EA restritos à conservação e/ou até mesmo a EA interpretada como ensino de conceitos da ciência Ecologia. Em etapa anterior de nosso trabalho, identificamos um cenário similar, onde licenciandos de períodos terminais de uma universidade federal apresentaram sentidos múltiplos de EA, mas predominantemente limitados à conservação. Ao adotar contribuições do referencial teóricometodológico da Análise de Discurso francesa, entendemos que o discurso dos licenciandos relaciona-se com outros e que os sentidos de um termo, expressão ou objeto resultam de relações que se desvelam através de determinadas formações discursivas. Dessa forma, buscamos investigar condições que operam sobre essas formações, dentre elas, os sentidos sobre EA expressos nas ementas de disciplinas e nos discursos dos professores universitários que ministravam disciplinas apontadas pelos licenciandos como discutindo EA. Analisamos as ementas das disciplinas mais citadas da matriz curricular da licenciatura em Ciências e Biologia e 264
Resumos: Comunicações Individuais realizamos entrevistas semiestruturadas com os cinco professores de Ensino Superior que ministravam essas disciplinas. Dentre os resultados, apontamos sentidos de EA múltiplos, com formações discursivas variadas, sendo duas delas restritas à conservação e ao ensino de conceitos ecológicos, uma delas com um caráter mais abrangente e híbrido, outra formação com uma perspectiva de desconstrução da noção de EA enquanto somente conservação da natureza e a quinta formação discursiva com uma perspectiva de discordância em relação à delimitação do significado de EA, tendo o participante afirmado que não sistematiza formalmente conceitos de EA em suas aulas.
Representação do sofrimento em capas de jornais brasileiros: coberturas fotográficas dos terremotos no Haiti e no Japão Eliziane Cristina da Silva de Oliveira (CEFET-MG) elizianes@hotmail.com A publicação de fotografias nas capas dos jornais diários é uma prática existente no Brasil desde o início do século XX e, ao longo dos anos, tem apresentado aos leitores discursos visuais sobre os acontecimentos jornalísticos no Brasil e no mundo. Este trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa, cujos objetos são as primeiras páginas de seis jornais brasileiros – Estado de Minas, Folha de S. Paulo, Hoje em Dia, O Estado de S. Paulo, O Globo e O Tempo – nos dias que se seguiram aos terremotos que atingiram o Haiti, em 2010, e o Japão, em 2011. Foram analisadas as manchetes sobre cada um dos episódios, bem como seus elementos, principalmente as fotografias utilizadas, para se verificar as diferenças existentes entre os discursos fotográficos elaborados com a publicação de imagens com forte apelo emocional pelas publicações em cada um dos episódios. O comportamento editorial de cada um dos jornais resultou em discursos sociodiscursivos que, ao circularem entre os leitores, podem ter cumprido a tarefa de alimentar a memória e o imaginário coletivos sobre os dois países, bem como sobre seus povos e suas culturas. Cadê o petróleo que estava aqui?”: o caso OGX e as práticas discursivas mantenedoras do capitalismo da especulação Emiliane Moraes Silva (FUNCESI - Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira) emiliane.silva@funcesi.br É objetivo dessa comunicação explorar o caso da empresa OGX do brasileiro Eike Batista e expor resultados de pesquisa voltada para a análise de relações linguístico-discursivas sustentadoras de dissimulação, de cogitação da mídia especializada, agente social que se dispõe à investigação de fatos e edição de versões de alta credibilidade. O foco são os comunicados ao mercado, a inserção de caráter publicitário e o distanciamento de restrições e estratégias apregoadas pelo CODIM - Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado - para nortear práticas particulares do capitalismo da especulação. Atentamo-nos para as seleções lexicais, organização das sentenças discursivas, fontes e atores envolvidos no caso da petrolífera. Entre os pressupostos a serem utilizados estão: a Teoria Social do Discurso, a Análise Crítica do Discurso de Fairclough, a Linguística Sistêmico-Funcional e os estudos gramaticais de Halliday. Fundada em 2007, a OGX, após alardear descoberta e possível exploração de petróleo em bacias do RJ, frustrou expectativas e entrou com pedido de recuperação judicial em novembro de 2013. Tendo acesso às divulgações dos fatos relevantes da OGX, nessa proposição ratificamos esse caráter apelativo dessas comunicações, as quais, comumente, apresentavam comentários e declarações otimistas, proferidas pelo presidente do conselho de administração da empresa. Assim, são evidenciadas projeções paratáticas, verbiagens, articuladas na 1ª pessoa do plural, desenvolvidas em torno do processo verbal. Nessas, verificamos racionalizações de ordem instrumental, avaliações morais, por abstração ou analogia, as quais se distanciam das escolhas realizacionais que seriam, conforme regulamentação de autarquia, comuns ao gênero comunicado ao mercado.
A desigualdade como lugar retórico na imprensa Eric Bortolato Fernandes (PUC/SP) ericbortolato@uol.com.br Este trabalho analisa a utilização do tema da desigualdade como lugar retórico no tratamento de assuntos políticos trazidos pela mídia. Nosso principal objetivo é mostrar como o assunto da desigualdade é referenciado de forma a servir de apoio a posições políticas defendidas na imprensa. Para isso, analisaremos retoricamente textos escritos por leitores do jornal Folha de São Paulo que foram escolhidos para publicação em seu site na internet e expostos na seção chamada Painel do Leitor. O segundo objetivo é trazer uma reflexão a respeito da prática de utilizar os leitores do jornal como fontes primárias para comentários endossados pelo veículo, questão que será debatida pela ótica de Patrick Charaudeau (2015), notadamente no que se refere aos discursos trazidos pelos leitores (e, por conseguinte, pelo jornal). Finalmente, serão também destacados conceitos abordados nesses comentários que se possam considerar Estados de Violência, conforme propostos por Michaud (1989) que poderão estar presentes no discurso dos comentários analisados ou ainda serem tematizados pelos mesmos. Também faremos uso das posições acadêmicas de Teun Van Dijk (2008, 2015) para defender a questão da participação da imprensa na reprodução de elementos discursivos estigmatizantes. Acreditamos que esses três objetivos se complementam no esforço de mostrar a condição atual do Painel o Leitor e, por extensão, de outros expedientes usados pela imprensa para incluir o leitor na produção da informação. Essa seção de comentários espelha a agenda de tópicos debatida na sociedade por meio de manifestações de leitores que fazem referência à agenda original do jornal (prática de agenda setting), mediados pelo próprio olhar editorial do veículo. Debruçar-se sobre essa prática se torna um exercício teórico ainda mais necessário devido ao contexto atual de profusão de comentários de leitores nas redes sociais, sem controle mediador, e também de comentários publicados sem aval editorial, mas com algum controle mediador, no próprio site do jornal.
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Resumos: Comunicações Individuais As construções discursivas de alunos de EJA matriculados em uma escola pública de periferia: um estudo sobre as narrativas de resistência Érica Alessandra Fernandes Aniceto (IFMG) ericalessandra@yahoo.com.br Este trabalho tem como objetivo identificar e analisar as narrativas de resistência presentes nas construções discursivas de estudantes de Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola pública localizada na periferia de uma cidade do interior de Minas Gerais. O interesse de abordarmos as escolhas linguístico-discursivas de estudantes matriculados nessa modalidade de ensino surgiu a partir de observações das interações estabelecidas entre estes sujeitos e, também, da necessidade de se ampliar os estudos acerca da interrelação linguagem e interação nesse contexto educacional. Ao propormos uma pesquisa baseada nas interações entre estudantes de EJA moradores de um bairro periférico torna-se fundamental que consideremos o papel do contexto na construção de suas identidades sociais, no que diz respeito ao fato de viverem em um ambiente supostamente associado ao tráfico e consumo de drogas, à violência e ao preconceito, a carências socioeconômicas, culturais, materiais e afetivas, além de serem estigmatizados por não atender aos padrões tradicionais de ensino. Para coleta de dados, utilizamos a técnica do grupo focal, quando os participantes narraram as experiências de morarem em um bairro periférico. Ademais, as discussões teórico-analíticas acerca do corpus deste trabalho são primordiais para compreensão dos processos de construção de identidade social e de como as relações de poder emergem no e pelo discurso destes discentes. Para esta pesquisa, que está em fase de desenvolvimento, são utilizadas as contribuições teóricas de Fairclough (2001), Goffman (1963/2008) Bauman (2003), Castells (1999), Hall (1992/2006), dentre outros.
A narrativa no discurso de divulgação científica midiática: favorecendo a igualdade no acesso à ciência Êrica Ehlers Iracet (UNISINOS) ericairacet@gmail.com O objetivo desta comunicação é apresentar uma trajetória de estudos sobre o uso da narrativa, concebida como um modo de organização do discurso (CHARAUDEAU, 2008a), em textos pertencentes aos mais variados gêneros, publicados na esfera da divulgação científica midiática (DCM) e direcionados tanto ao público infantil quanto ao público adulto. Durante análises qualitativas e quantitativas da inserção de segmentos organizados narrativamente em textos veiculados nas revistas Ciência Hoje e Ciência Hoje das Crianças, evidenciou-se o uso da narrativa - constituída tanto como sequência de macroproposições hierarquicamente ordenadas (ADAM, 2011) quanto como relato cronológico linear – em diversos gêneros discursivos, desde os mais estáveis como a notícia de divulgação científica (na qual a narrativa é amplamente utilizada para contar e descrever os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa divulgada pelo texto) até os marcados pela intergenericidade e pela heterogeneidade tipológica, como, por exemplo, textos aparentemente organizados como histórias ou contos infantis, porém com funções discursivas de explicação e argumentação, (publicados como reportagens e artigos de opinião), nos quais pode ser verificado o encaixe de sequências explicativas e argumentativas em sequências narrativas. Considerando-se a recorrência do uso da narrativa em diversos gêneros e com diferentes funções discursivas no domínio da DCM – atendendo, duplamente, às visadas de informação e de captação do discurso midiático (CHARAUDEAU, 2008b; 2009) -, passa-se a acreditar no caráter constitutivo e essencial deste modo de organização discursivo para a concretização dos propósitos da divulgação científica na mídia, os quais estão relacionados à retextualização e recontextualização do discurso científico, de modo a torná-lo efetivamente acessível e compreensível ao público leigo. Em outras palavras, defende-se a narrativa como instrumento importante e eficaz, na esfera da DCM, para a superação das barreiras relacionadas à desigualdade no acesso, pelo público em geral, aos conhecimentos da ciência.
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Resumos: Comunicações Individuais Indignação e brio: o discurso sobre a improdutividade do trabalhador brasileiro na Folha de São Paulo Erike Luiz Vieira Feitosa (UTFPR) erik.feitosa@ifpr.edu.br Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR) rubel@utfpr.edu.br Esta comunicação consiste em uma Análise Dialógica do Discurso (ADD) que se volta para a construção discursiva sobre a improdutividade do trabalhador brasileiro presente em editorial publicado pela Folha de São Paulo no mês de abril de 2014. O texto “Brasil improdutivo” recupera enunciações da revista britânica The Economist – que, por sua vez, constrói discursivamente os brasileiros majoritariamente como “gloriosamente improdutivos”. Obliterando vozes dissonantes, o jornal defende as premissas macroeconômicas da ideologia neoliberal e se contrapõe a medidas heterodoxas (keynesianas) que até então eram sustentadas pelos governos petistas. O embate discursivo, travado em um momento pré-eleitoral, às vésperas da Copa do Mundo e após a onda de protestos de 2013, evidencia a disputa pelo controle do Estado. Posicionando-se a favor do capital, a publicação brasileira não apenas assume, mas intensifica a crítica estrangeira, reforçando a utilização do estereótipo cultural, de longa duração, que remete à imagem do brasileiro ocioso, que se afasta da atividade laboral, reiterando a visão histórica do nativo preguiçoso, que produz pouco e que, por isso mesmo, precisa ser doutrinado para que trabalhe mais intensamente e melhor. No que diz respeito às noções de produtividade e trabalho, a análise identifica uma compreensão reduzida e ideologicamente orientada para a lógica da acumulação de riquezas para poucos à custa da exploração de muitos. Quando se diz, então, que o trabalhador brasileiro ou que o Brasil é improdutivo, está se fazendo alusão à ideia de que ambos (país e trabalhador) deveriam produzir mais, gerar mais lucro, aumentar sua participação no processo de reprodução do capital, o que, na vida imediata dos sujeitos dos quais se exige mais produção, acarreta no acirramento das desigualdades sociais – dentro e fora do trabalho. Tal denúncia é importante, haja vista que esses enunciados não se restringem às páginas opinativas dos jornais, mas permanecem em circulação, influenciando as ideologias cristalizadas e também práticas do cotidiano nacional, interferindo na constituição de uma consciência de si dos brasileiros, bem como na imagem que os outros (o mundo) têm deles (de nós).
Des inégalités linguistiques aux inégalités politiques en Italie Etheves Cynthia (Université de Montpellier 3) cynthia.etheves@laposte.net Les différences de statut que possèdent les régions italiennes soulignent la spécificité de chacune de ces régions ainsi que la mise en place de certaines pour résoudre des problèmes frontaliers, internationaux, politiques, économiques, financiers, culturels et linguistiques. Comprendre l’histoire de ces régions, le but de leur « statut », c’est introduire la politique linguistique du pays que nous sommes en train d’étudier : l’Italie. En effet, nous avons vu à travers cette analyse de documents qu’un grand nombre des territoires à « statut spécial » sont des lieux de bilinguisme et/ou de plurilinguisme. Ce sont donc des régions multiculturelles pour lesquelles il est important pour le bien-être de tous les habitants d’apprendre à vivre ensemble, tout en respectant la langue et la culture des autres habitants. Est-ce que ce plurilinguisme influence la politique linguistique de ces régions ? Est-ce que ce plurilinguisme influence la politique linguistique de l’Italie en général? Est-ce que ce plurilinguisme influence l’enseignementapprentissage des langues comme l’anglais, le français ou encore l’allemand ? Nous allons dès à présent analyser la situation géolinguistique de l’Italie et des régions à « statut spécial » afin de donner une réponse à toutes ces questions qui nous sont venues à l’esprit au cours de cette introduction qui a pour thème le territoire italien, à la base de notre recherche sur les manuels scolaires de français en tant langue non maternelle sur le territoire italien. Dans certaines régions d’Italie plusieurs langues peuvent se côtoyer. Quelles langues pouvons-nous trouver sur ce territoire qui fait objet de notre recherche ? Cette question peut-être banale, mais dans la mesure où notre thèse parle de l’enseignement/apprentissage des langues en Italie, en particulier du français langue étrangère, nous avons trouvé nécessaire de décrire les langues présentes sur le territoire italien ainsi que le poids que peuvent avoir certaines langues, afin de comprendre la politique linguistique italienne.
Sujeito professor: dizer que marca resistência e representação Eunice Maria da Silva Camargo (NEAD) eunicescamargo@gmail.com Maria Aparecida da Silva Santandel (NEAD) mariasantandel@gmail.com O trabalho busca, à luz da teoria de Foucault (2004) e de Orlandi (2007) interpretar, por meio do dizer do professor, identidades em movimento. Para análise, usou-se de três excertos retirados de textos veiculados nos e-mails e redes sociais entre professores no período de 2010 a 2013. A análise aborda as relações de saber/poder e os efeitos de sentido que o dizer do sujeito professor permite produzir na prática discursiva midiática. Os resultados indicam que tal discurso, mediado pela globalização, impõe ao sujeito professor a angústia pela (in)completude; identifica representações de desigualdades na docência em relação a outras profissões e faz emergir o contexto antagônico e deslizante do dizer do sujeito professor, dando mostra da posição social que este ocupa no limiar do terceiro milênio. E é desse lugar deslizante, do lugar de onde o sujeito professor professa sua fala, que marca sua resistência e representação.
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Resumos: Comunicações Individuais A mulher pós-moderna nas teias do discurso musical Everaldo dos Santos Almeida (PITÁGORAS) everawdo@gmail.com Roberto Max Louzeiro Pimentel (PITÁGORAS) betomax@gmail.com Tatiana Mendes Bacellar (PITÁGORAS) tatianabacellar@hotmail.com Rita Ivana Barbosa Gomes (UFMA) ritaivana@uol.com.br Apresenta ponderações sobre a relação entre o estilo musical do forró universitário, dominantemente presente na região Nordeste do Brasil, e suas relações discursivas e simbólicas sobre o feminino, dando às mulheres identidades não condizentes com sua história. Como objeto de estudo e reflexão, foi realizada uma análise discursiva sobre as representações da mulher no forró através da análise dos fragmentos de certas letras selecionadas. Discute-se a descomposição feminina no panorama da indústria cultural, que dissemina ideias e posicionamentos ideológicos através dos veículos de comunicação de massa que têm variados objetivos e funções na sociedade. Realizaram-se breves contextualizações do tradicional forró do sertão brasileiro, a partir das representações do feminino em Luís Gonzaga, até as produções de algumas bandas na atualidade. Como fundamentação teórica, recorreu-se à Estilística, à guisa da expressividade da língua, seus significados e funções; à análise crítica proposta pelo francês Pierre Bourdieu, que analisa as relações do poder através da ideologia simbólica como prática social, cultural e política; ao filósofo francês Gilles Lipovetsky, que analisa uma sociedade pós-moderna marcada pelo desinvestimento público, pelas perdas morais, sociais e políticas e por um progresso histórico menos carregado de expectativa em relação ao futuro e à temporalidade dominada pelo precário e pelo efêmero; em Eni Pucci Orlandi e a Análise de Discurso, em que se aborda uma interessante e consistente proposta de reflexão sobre a linguagem, o sujeito, a história com a ideologia. Finalmente, em Michel Pecheux com o discurso sobre a interpelação dos sujeitos falantes, revelando as preocupações presentes com a linguagem, que se faz através da ideologia e inconsciente com a pragmática. O intuito foi traçar uma análise do jogo linguístico em que a mulher está exposta, tendo como apoio as estruturas regional, social e sexista do feminino nessas canções. Foram essas observações que impulsionaram o estudo do tema proposto, causando inquietações na forma como as letras de músicas de algumas bandas de forró universitário expõem o feminino em suas composições. O(s) sentido(s) da palavra “pixuleco” na revista Veja por meio das vozes e axiologias de seus leitores Fabiana Andrade Santos (UESB) fabianaandradesantos@yahoo.com.br Valméria Brito Almeida Vilela Ferreira (UESB) valmeriabavf@yahoo.com.br Virgínia Maria Ferreira Silveira Baldow (UESB) virginiabaldow@gmail.com Este trabalho objetiva refletir como são construídas as relações dialógicas dos interlocutores da Revista Veja, por meio da análise do gênero Carta do Leitor, em cotejo com os gêneros Reportagem de capa e Capa. Para isso, avaliaremos quais são as axiologias dos leitores da Veja sobre a palavra “pixuleco”, temática presente em duas edições da revista – 2439 de 19 de agosto de 2015 e 2446 de 07 de outubro de 2015 - intituladas, respectivamente: A república do Pixuleco – a lava jato chega à esplanada dos ministérios e Ela passou a faixa – Dilma entrega o núcleo do governo a Lula, os grandes ministérios ao PMDB e se enfraquece ainda mais. Dessa forma, refletiremos sobre a construção do(s) sentido(s) do signo ideológico “pixuleco”, elaborado(s) pelos leitores das supracitadas reportagens, que se encontram materializado(s) no gênero Carta do Leitor, confrontando-os com o viés que é construído na Capa e na Reportagem de capa do referido periódico. Para produção desta pesquisa, tivemos como norteador teórico as reflexões filosóficas acerca da linguagem, tecidas pelo Círculo de Bakhtin, concentrando-nos nas interpretações que a palavra “pixuleco” reflete e refrata, analisando dois eixos: a) o da possibilidade de repetição da palavra e ratificação da temática apresentada pelo periódico, e b) o da repetição da palavra assumindo outras significações. Aliado a isso, pretendemos refletir sobre o poder de persuasão da mídia, embasadas nas reflexões de Charaudeau (2010) e Emediato (2015). A realização desta investigação, pautou-se em uma pesquisa qualitativa documental, pois nos debruçamos em fazer uma análise comparativa dos sentidos construídos pelos interlocutores das revistas, desvelando as vozes, a dialogia e as axiologias presentes nos gêneros analisados acerca da temática proposta. Nas nossas análises, verificamos a interface existente entre a opinião veiculada pela mídia e a compreensão dos leitores. Contudo, percebemos também como os sentidos da palavra “pixuleco” foram refratados e desmontados pelos diferentes leitores.
Surdez, língua e desigualdade: análise do discurso oficial a partir da Lei 13.146/2015 Fabiane Ferreira da Silva Moraes (UFGD) llibrasfabiane@gmail.com Os documentos oficiais publicados na última década com vistas a assegurar os direitos da pessoa com deficiência, entre os quais estão situados os surdos, apontam para o fato de que a questão da inclusão ainda é um assunto que precisa ser repensado e que carece de orientações para que possa ser efetivado. No caso dos surdos a garantia desses direitos está diretamente relacionada com o reconhecimento e uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Pesquisas realizadas por Skliar, entre outros, mostraram que a diferença linguística entre surdos e ouvintes tem se constituído como fator marcante nas relações de poder estabelecidas em diversos ambientes, e que em muitos casos, os discursos apresentados como bilíngues estão pautados no ouvintismo. O objetivo desta pesquisa é problematizar como a surdez é tratada no discurso oficial e levantar as implicações destas conceituações na normatização 268
Resumos: Comunicações Individuais das práticas inclusivas na sociedade. Neste sentido, a análise da Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência, pode trazer indícios sobre esta formação discursiva, pois apresenta um caráter normativo sobre diversos aspectos da vida da pessoa com deficiência, como direito ao trabalho, educação, acesso à informação e à comunicação, entre outros. Além disso, esta é a publicação mais recente acerca da inclusão e engloba o surdo no discurso da deficiência. Para tanto será realizada pesquisa documental, a partir de uma abordagem qualitativa. O corpus documental da pesquisa será a Lei 13.146/2015, sendo que sua escolha foi baseada em alguns critérios, a saber: por ser reconhecida como um documento oficial, por seu caráter normativo, por ter sido publicada recentemente, pelas reconstruções conceituais que foram feitas desde sua apresentação até ser transformada em lei e por tratar dos sujeitos surdos. A coleta dos dados consistirá em dois momentos: pesquisas bibliográfica e documental. A análise dos dados coletados se baseará nas contribuições teóricas e metodológicas da Análise do Discurso e também pretende dialogar com os pressupostos fornecidos pelos Estudos Surdos, a fim de se perceber a existência ou não de práticas ouvintistas nas construções discursivas da lei. Uma âncora é um outro falar? Pré-construído e efeitos de sustentação sobre homossexualidade no webprograma “Põe na Roda” Fabiano Ormaneze (PUC-Campinas) ormaneze@yahoo.com.br Duílio Fabbri Júnior (PUC-Campinas) juniorduilio@uol.com.br Este artigo parte das noções de interdiscurso, pré-construído e efeito de sustentação/discurso transverso, fundamentados em Michel Pêcheux ([1975] 2009) e Courtine ([1983] 2009), para analisar um episódio do webprograma Põe na Roda, veiculado em canal mantido pelo grupo homônimo do YouTube. Os autores do vídeo definem-se como produtores de “humor e informação fora do armário”. Para a análise proposta, recorta-se o episódio “Não é por ser gay que eu...”, colocado no ar em 22 de abril de 2014. A produção busca exercer a militância pela causa gay, a partir da tentativa de construir um discurso que negue os pré-construídos e estereótipos sobre homossexualidade, utilizando-se do artifício do humor. Retoma-se, no webprograma, a memória sobre o modo de vida gay e o (res)significa nas atuais condições de produção. A análise mostra como o discurso, ainda que no plano do consciente, está sempre circunscrito ao que se coloca como formulável para o sujeito e, ao mesmo tempo em que se negam estereótipos, constroem-se outros dizeres que se imbricam no maniqueísmo de uma luta entre a hétero e a homossexualidade, entre a religião e a laicidade. Programa “Escola Sem Partido” e seus PLS: uma análise discursiva Fabiany Carneiro de Melo (UFF) fabiany_melo@hotmail.com O Programa "Escola Sem Partido", ONG idealizada a nível nacional pelo advogado Miguel Nagib, auto denomina-se “uma associação informal, independente, sem fins lucrativos e sem qualquer espécie de vinculação política, ideológica ou partidária” defensora de uma lei "contra o abuso da liberdade de ensinar”. Pregando o lema “Educação sem doutrinação”, mostram-se “preocupados com o grau de contaminação político-ideológica do ensino”, buscando por isso, “promover a liberdade de pensamento e o pluralismo de ideias nas escolas brasileiras”. Ao defender os seguintes objetivos: 1) Descontaminação e desmonopolização política e ideológica das escolas; 2) Respeito à integridade intelectual e moral dos estudantes e 3) Respeito ao direito dos pais de dar aos seus filhos a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções, o Programa configura uma visão sobre o professor e seu trabalho buscando, de certo modo, cercear a liberdade docente no que tange à livre expressão de ideologias e posicionamentos teórico-políticos. Para isso, conta com o respaldo de seis projetos de lei - 7180/2014, 7181/2014, 867/2015, 1859/2015, 2731/2015 e 1411/2015 - que tramitam na câmara dos deputados e têm o apoio político de grupos específicos. O quadro se agrava ainda mais se considerarmos a possibilidade de criação de um novo crime denominado ‘assédio ideológico” que poderia ser denunciado anonimamente, sob pena de detenção e multa a seus praticantes - neste caso, docentes brasileiros. Visto isso, a atual pesquisa visa analisar discursivamente esse ataque aos pressupostos da atividade docente nas escolas brasileiras através de um embate político-partidário estabelecido pelo Programa. A partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de base enunciativa, buscamos averiguar essa suposta perseguição à prática docente e os sentidos que se estabelecem nas relações escolaprofessor-sociedade-educação por meio do discurso instaurado nos materiais e informações constantes do website "Escola Sem Partido" e de seus Projetos de Lei que tramitam por diversas Câmaras. Almejamos, por fim, confrontar um suposto princípio de neutralidade defendido pelo Programa e vislumbrar sentidos ocultos em sua materialidade constitutiva.
Historicização e institucionalização das masculinidades no Brasil Fábio Araújo Oliveira (UNEB) faoliveira2016@hotmail.com A partir do entendimento de que há no Brasil, desde a década de 1990 até os nossos dias, o Discurso das Masculinidades, ou seja, a existência de um conjunto de práticas diversas de criação, colonização e/ou propagação de diferentes posições do masculino, analisamos, nesse trabalho, a “historicização e institucionalização” das masculinidades no Brasil. Para isso, utilizamos os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, criada por Pêcheux e bastante desenvolvida no Brasil. Nessa perspectiva, selecionamos algumas das publicações dos estudos das masculinidades e investigamos seus aspectos ideológicos e seus efeitos na constituição do Discurso das Masculinidades. Acreditamos que um dos mais importantes efeitos dos estudos das 269
Resumos: Comunicações Individuais masculinidades é o de organizar e orientar sentidos em torno de um saber que pluraliza o masculino, funcionando como um “significante mestre” dentro do Discurso das Masculinidades. A organização de sentidos a que nos referimos acontece principalmente pela “historicização” do vocábulo “masculinidades”, no plural. Assim, embora existam práticas que construam, propaguem e/ou explorem posições diversas de masculinidade, como a ressignificação da homossexualidade empreendida inicialmente pelo movimento gay, ou a criação de novas formas de um homem consumidor feita pela publicidade, por exemplo, são os estudos das masculinidades que engendram o termo masculinidades e o desenvolvem. A entrada e permanência desse termo no campo do simbólico, bem como o seu valor, contribuem de forma decisiva para atar sentidos e legitimá-los em um mesmo conjunto, o do Discurso das Masculinidades. Isso significa que a memória passou a dispor de um léxico que remete diretamente à realidade que estamos abordando, como se tivesse um dispositivo que fizesse isso explicitamente. Além disso, em seu processo de institucionalização, as masculinidades produzem efeitos, como o surgimento de políticas públicas sobre o assunto. “A cidade é uma só” e as desigualdades sociais são inúmeras Fábio Ávila Arcanjo (UFMG) fabioarcanjo1981@hotmail.com A desigualdade social é um tema recorrente na filmografia documental brasileira. Podemos estabelecer como “divisor de águas” os filmes produzidos pela Caravana Farkas, com destaque para os que foram realizados na década de 1960. O ponto nevrálgico desses filmes era evidenciar as desigualdades sociais existentes no país, fazendo um contraponto com a produção propagandística, notadamente em voga, que buscava criar imagens ufanistas do Brasil. A partir daí, inúmeras produções documentais, voltadas para temáticas sociais, foram e continuam sendo produzidas. Diante disso, é pertinente nos perguntarmos: Qual a importância do trabalho de um cineasta como Adirley Queiroz? É possível responder essa questão a partir da análise do tema abordado em seus filmes e da mise em scène utilizada para transformá-los em discurso fílmico. O que Adirley Queiroz realiza é um trabalho de rememoração do processo de exclusão social decorrente da construção e inauguração da cidade de Brasília. O que se pode ver é um grande abismo existente entre o chamado plano piloto e as cidades satélites, sendo o lugar de fala do diretor a cidade de Ceilândia. O objeto escolhido para a comunicação é o documentário A cidade é uma só, produzido em 2011. Adirley Queiroz “embaralha” as fronteiras entre o documentário e a ficção para contar a estória de três personagens, sendo Nancy Araújo (removida para Ceilândia quando era criança) o eixo principal. A “porosidade” da fronteira supracitada se deve ao fato de que o diretor cria dois personagens secundários, mas muito presentes na narrativa: Dildu (um postulante a vereador que circula na cidade com um carro em condições notadamente precárias) e Zé Antonio (uma espécie de agente imobiliário a procura de lotes pela cidade). A comunicação terá como referencial teórico a análise argumentativa do discurso e as noções de ethos, logos e pathos “atualizadas” pela AAD. Analisaremos as imagens construídas pelo filme, as emoções suscitadas e como a mise en scène do diretor contribui para a organização dos efeitos almejados. Além disso, faremos uma análise a respeito da importância da doxa como uma categoria que determina os imaginários que circulam a partir da cidade de Brasília e suas idiossincrasias.
Os discursos sobre a leitura instaurados por estudantes que adentram o Ensino Médio Fabricia Aparecida Migliorato Corsi (UFSCar) fabriciamcorsi@bol.com.br Nossa pesquisa tem por objetivo levantar e analisar discursos sobre a leitura que circulam entre jovens estudantes de escola pública do Estado de Minas Gerais, recém-chegados ao Ensino Médio. Mais especificamente, visamos identificar que representações esses jovens compartilham acerca da leitura e do leitor, de modo a refletirmos sobre a forma como constroem sua imagem como leitor ou como não-leitor e sobre, em que medida, essa projeção interfere ou não em suas práticas leitoras. O corpus da pesquisa constitui-se de dados obtidos por meio de um questionário composto de 21 perguntas objetivas/discursivas, aplicado a 98 alunos de 3 escolas do interior mineiro e de entrevistas realizadas com grupos focais. A análise desses dados é subsidiada, de modo geral, pela abordagem da Análise de discurso, e mais especificamente pelos princípios e conceitos oriundos da perspectiva adotada pelo filósofo Michel Foucault em sua fase arqueológica com a qual buscamos analisar a questão do enunciado, do arquivo, e das formações discursivas. Utilizaremos também os princípios da História Cultural da leitura, com os trabalhos de Roger Chartier e trabalhos de estudiosos da área da linguagem e da educação que têm se dedicado direta e continuamente aos estudos da leitura no Brasil e aos estudos sobre o jovem leitor, como Eni Orlani, Regina Zilberman, Magda Soares, Márcia Abreu, Anne-Marie Chartier entre outros.
La construction argumentative du discours féministe de Simone de Beauvoir Faiza Benidir (Département de Français Alger 2) benidir.faiza@yahoo.fr L’image de la femme est passée de la victime conventionnellement soumise à l’homme, à l’héroïne relativement prête à renouveler la société, la politique voire l'humanité dans son ensemble. Ceci nous mène à admettre que la femme ne peut nier les avancées offertes par le féminisme du XXème siècle, un mouvement survenu à une époque où la société était manifestement patriarcale. Basé sur un ensemble d'idées philosophiques, politiques et sociales, ce mouvement cherchait à promouvoir et à établir les droits des femmes tant dans la sphère privée que dans la société civile. Simone de Beauvoir, l’une des plus grands penseurs du XXème siècle, est considère-t-on, l’égérie du féminisme contemporain dans l'univers francophone. S'exprimant avec une verve inégalable, le castor séduit également grâce à son discours qui est aussi varié que son profil : écrivain (prolifique variant les thèmes et les genres littéraires ; essais, romans…), intellectuelle (engagée, elle livre un combat sans précédant, pour l'amélioration de la condition féminine) et philosophe (existentialiste). Cette pluralité des compétences peut entrainer une variété de productions discursives. Ce n’est pas le 270
Resumos: Comunicações Individuais hasard qui nous a mené à la quête du discours de Simone de Beauvoir ; nous avions, antérieurement, eu la chance de lire certaines de ses œuvres, et nous avons appris que cette femme de lettre française a donné une interview en 1975 où elle est venue parler des raisons de son engagement en tant que féministe. Charmés voire captivés par son charisme et son éloquence nous avons aussitôt adhéré à ses propos, elle a su à travers son discours mettre en mots des pensées, des positionnements mais surtout des émotions et des sentiments donnant naissance à un discours secouant les idéologies patriarcales et prônant la révolte féminine, il s’agit bien là de son discours féministe. Ces différentes approches personnelles du discours de Simone de Beauvoir nous avaient permis d’en constater la richesse d’un point de vue discursif, argumentatif et émotionnel. En parlant de notre intérêt par apport à cela nous avons été orientés vers l’émotion présente dans son discours et plus spécifiquement son discours féministe. Longtemps considérée comme une nébuleuse, ce n’est que récemment que l’étude de l’émotion a pu intégrer le vaste champ des sciences du langage, laissant derrière elle la vision classique qui la réduisait au statut d’un obstacle à la rationalité. En ce qui concerne notre étude nous opterons pour une approche pragmatique par laquelle nous tenterons d’aborder l’émotion sous l’angle de l’analyse du discours argumentatif, plus précisément nous nous intéresserons à l’argumentation des émotions dans le discours féministe de Simone de Beauvoir qui tourne bien évidemment autour de la thématique du féminisme. Certes, les théories contemporaines de l’argumentation ne se sont pas entièrement désintéressées des appels à l’émotion. Cependant, l’effort s’est jusqu’ici concentré d’une manière assez claire sur l’évaluation positive ou négative des effets qu’exercent les appels à l’émotion sur le discours argumentatif, négligeant de cette manière la construction argumentative des émotions dans le discours argumentatif.
A atividade no campo jurídico: práticas discursivas mediadoras Fátima Cristina da Costa Pessoa (UFPA) fpessoa37@gmail.com Maingueneau (1997), ao discutir o conceito de prática discursiva, destaca o aspecto da mediação assumida pelas comunidades discursivas, que propõem sentidos possíveis sobre os objetos de discurso aos sujeitos para quem tais objetos são relevantes em um determinado campo discursivo. Para o autor, ao se refletir sobre as condições de produção das formações discursivas, é preciso discutir os espaços de enunciação que supõem a presença de grupos específicos qualificados para enunciar em uma ordem institucional mediadora. O campo jurídico, mais especificamente as atividades de trabalho na esfera penal, é considerado um lugar apropriado para as discussões acerca das práticas discursivas mediadoras, uma vez que neste campo a palavra é a materialidade por meio da qual são registrados os fatos relacionados às condutas consideradas potencialmente típicas e realizados os julgamentos dos sujeitos envolvidos nesses fatos com base em princípios que ordenam as relações sociais. Os diferentes documentos produzidos no curso de um processo penal são produtos de práticas em que a comunidade discursiva envolvida acredita ser possível recuperar os fatos em sua integridade e apaga qualquer referência explícita a respeito da mediação discursiva no registro e no julgamento desses fatos. Tomando-se por objeto de investigação linguístico-discursiva depoimentos que são registrados na fase de inquéritos policiais, no curso de um processo penal, pretende-se evidenciar o exercício de mediação que assume o sujeito do trabalho no campo jurídico, ao tomar a palavra para produzir documentos que registram testemunhos, e compreender, na condução desta atividade de trabalho, o modo como a palavra estrutura a ordem social que organiza os sujeitos, ao mesmo tempo em que é por ela afetada. Defende-se que assumir a palavra em contextos de trabalho é sempre uma atividade na qual se vê investido o trabalhador, já que se supõe um saber dizer, tomando por parâmetros os procedimentos requeridos para a produção de objetos de discurso, e um poder dizer, estar-se autorizado a dizer pela ordem relacional que define os lugares a serem ocupados nos contextos de trabalho, condições reconhecidas não só por um aprendizado sistematizado, mas também por uma vivência singular das experiências laborais.
Les inégalités dans le discours politique (Cas des discours électoraux en Algérie) Ferhat Balouli (Université de Bouira) balouliferhat@yahoo.fr Le discours politique est l’un des genres du discours qui offre un espace très vaste à l’exposition de toutes les inégalités (Sociaux, économiques…) que vivent les sociétés modernes, ce genre de discours qui puise toute son importance dans les projets que présentent ces utilisateurs, ainsi, les politiciens essayent –au moins théoriquement- d’exposer les inégalités existantes, dans un premier temps, puis, il proposent des solutions ou, quelques fois, des contres solutions; selon la position de l’homme politique (Opposant, majorité, neutre…). Il nous semble que les prétendants aux investitures, dans plusieurs pays du monde, posent, généralement, certaines inégalités des candidats lors des compagnes électorales, ainsi, ceux qui se réclament de l’opposition prétendent que le candidat en post de responsabilité utilise les moyens de l’état, par exemple, pour surclasser les autres candidats, mais l’accusé répond, en générale, en réfutant tous les arguments avancés… Nous notons que ces genres d’inégalités (des candidats) sont différentes d’un pays à un autre; selon le niveau de la pratique démocratique dans ces pays; ainsi, dans une nation démocratique; on ne parle pas de fraude au profit d’un candidat, mais ceci est facilement posé dans les pays non démocratiques… Les trajectoires d’exposition des inégalités; même différentes entre les acteurs politiques, s’appuient, en générale, sur des stratégies argumentatives qu’on peut décrire, notre communication s’inscrit dans cet orientation, ceci dit, nous projetons de discuter la manière de traiter les inégalités dans les discours politiques. En ce qui concerne le corpus, nous allons étudier des discours politiques algériens produit lors des élections passés, de même on va se focalisé sur des questions politiques relatives aux inégalités -supposés- des candidats durant la compagne électorale; telle que l’utilisation des moyen de l’état dans les compagnes (telle que la télévision…), les dépassements dans les bureaux de vote… Nous allons étudier des discours politiques tirés des interviews des acteurs (Majorité, oppositions, neutres…) ainsi que leurs déclarations dans les médias et dans leurs sites Internet… Ma communication sera un croisement entre les inégalités des droits des candidats lors des élections, le discours politique et l’argumentation.
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Resumos: Comunicações Individuais O saber e as relações de poder no jornalismo Fernanda Bufoni (UNIFRAN) bufoni.fernanda@gmail.com Este trabalho pretende estudar o saber e as relações de poder no jornalismo por meio da caracterização das práticas discursivas que se constituem diariamente na atividade jornalística. Para tanto, analisará as capas de sete jornais publicados durante os protestos realizados no país em 2013 à luz das reflexões da AD e do pensamento de Michel Foucault sobre o discurso. Fazem parte do estudo as edições dos jornais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Extra, O Globo, Correio Brasiliense, Zero Hora e o Diário do Pará veiculadas no dia 19 de junho de 2013. No processo de análise, mostraremos o funcionamento dos procedimentos de controle nas técnicas que orientam a atividade jornalística, principalmente, dos mecanismos de exclusão (interdição, segregação e vontade de verdade) apontados por Foucault. A partir da comparação entre a composição das diferentes capas, apontaremos como as mesmas informações que compõem o noticiário nacional ganham diferentes pesos e posicionamentos por meio da edição e a angulação de textos e imagens. Ao mesmo tempo, traremos à discussão a contradição ética - já incorporada ao jornalismo - sobre a imparcialidade de veículos e profissionais da imprensa na produção de notícias. Essa discussão se caracteriza como uma prática discursiva na medida em que legitima o fazer jornalístico. Como instrumentos teóricos, mobilizaremos também os conceitos de práticas discursivas, poder e saber. Para o filósofo francês, o saber é formado na regularidade das práticas discursivas e se constitui de relações de poder. A relação entre o saber e o jornalismo pode ser observada nos manuais de redação dos veículos estudados, que definem a prática jornalística como produção de conhecimento e busca da verdade. O discurso controlado, segundo Foucault, é um instrumento de poder que impõe uma relação de docilidade-utilidade aos homens, trabalhando para produzir seu comportamento, fabricando o tipo de homem necessário à manutenção da sociedade industrial, capitalista.
Antirracismos vários: somos todos o quê? Fernanda da Silva Machado (UFBA) fnandasmachado@yahoo.com.br As palavras “abolicionista” e “racista” comportam discursos contraditórios, ao mesmo tempo em que os homogeneízam, limpando, por assim dizer os conflitos discursivos (BAKHTIN, 1992; 2006; FOUCAULT, 1999,p.10). Em consonância com o caráter paradoxal desses termos, há uma gradação identitária neste Brasil deste início de século XXI. A sociedade não se admite racista, muito pelo contrário, refuta qualquer conduta preconceituosa nesse e em outros âmbitos. Porém, o que se nota é uma modulação de antirracismo, distribuído num continuum, em que fatores como a percepção da violência simbólica, da história como um processo de repercussões atuais e da necessidade de intervenção jurídica, como são as políticas de cotas, são pesados com balanças diferentes. Similarmente, nos anos que precederam a abolição generalizada (anos 1880), já não se admitia uma visão polarizada entre escravagistas e abolicionistas. O posicionamento pró-abolição estava em voga, porém o embate de ideias agora era intragrupo abolicionista professo. Por conseguinte, ainda que haja a tentativa de assunção/detecção de uma única postura discursivo-ideológica ou ainda que se declare a aderência a uma única linha argumentativa-base filiada a determinada tese, pode-se perceber, de modo mais indicial a mais frontal, elementos diversos, dissonantes e paradoxais, os quais atendem a variadas demandas sociais, culturais e políticas, enfeixados sob uma mesma identidade. Partindo desse pensamento, uma postura francamente antirracista poderia comportar elementos racistas – como algo intrínseco à sua formação. Também, pode-se pensar essa postura antirracista como comportando clamores abolicionistas. Essa postura pode vir, por um lado, apresentada enquanto vontade e intenção de um sujeito empírico alvo ou organizador da argumentação. Por outro lado, a identidade pode se unir ao conceito de posição discursivo-ideológica, linguisticamente materializável. Por sua vez, o sujeito seja empírico ou assujeitado pode ser visitado na figura de um locutor pessoa física ou instituição, por exemplo. O sujeito pode ser Maria Júlia, a jornalista; ou o comentarista de Facebook; o Jornal Nacional e a Rede Globo a reboque; ou ainda a Constituição e a política brasileiras conforme abordado neste texto. As identidades de gênero como objeto de ensino e de discurso: apontamento sobre a sala de aula como espaço discursivo Fernanda de Castro Modl (UESB) fernanda.modl.uesb@gmail.com Márcia Silva Amaral (UESB) cinhaamaral@gmail.com Nesta comunicação, a partir de um enquadre teórico-metodológico de uma Análise do Discurso de linha francesa, a sala de aula é tomada como um espaço discursivo e, portanto, lugar de vozeamento e atravessamento de discursos, imagens e poderes na contemporaneidade. A sala de aula, nessa direção, desponta como lugar para se reconhecer o social, que é marcado também por diferenças e desigualdades, ali materializado em comportamentos discursivizados. Daí focalizarmos a construção da identidade de gênero como objeto de discurso (Mondada; Dubois, 2003) e de ensino em uma aula de Sociologia em uma turma de segunda série do ensino médio de uma escola pública do interior baiano. A transcrição dessa aula, corpus do trabalho, é usada para acessar e analisar como professor e alunos representam discursivamente a identidade de gênero e os efeitos dessa para a projeção e representação do si mesmo na tematização da diferença. Para a análise linguístico-discursiva, valemo-nos de teorizações de Ducrot (1977, 1984) sobre ditos e não-ditos, bem como de reflexões de Henry (1997) acerca da noção de pré-construídos. A análise atesta que: i) as posições dos sujeitos elegem a escola como um espaço propenso na e para a redefinição de identidades sociais o que se sustenta em ii) um enquadre assimétrico discursivo e interacional entre professor e aluno, que marca o discurso didático, legitimando a influência da escola, e de seu discurso pedagógico, na definição de como o aluno aprende a se representar e a representar o outro/Outro a partir de diferenças no mundo social.
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Resumos: Comunicações Individuais Direitos culturais no discurso recomendatório das Nações Unidas Fernanda Laís de Matos (UFPE) felais@gmail.com O tema deste trabalho são os direitos culturais, na perspectiva da Organização das Nações Unidas. Os direitos culturais, como direitos humanos, foram internacionalmente reconhecidos, por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos; e, décadas mais tarde, mais especificados pelo Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Para auxiliar o Conselho de Direitos Humanos da ONU a desenvolver e fundamentar o debate a respeito do tema, especialista independente para o campos dos direitos culturais foi estabelecida em 2009. Identificou-se, com base nisso, a construção do discurso recomendatório dessa organização internacional, a respeito desse tema, como problema de pesquisa. Justifica-se inicialmente o trabalho pelas contribuições teóricas, no âmbito da descrição e da análise dos esforços de afirmação da promoção e da proteção desses direitos, no plano internacional. Também se anteveem contribuições práticas referentes não apenas à descrição do conteúdo de relatórios temáticos emitidos por meio de relatora especial mas também à identificação de um campo normativo, em que se podem identificar disputas de poder, por meio da disputa de sentidos. Pretende-se, nesse escopo, analisar como as recomendações da Relatoria especial no campo dos direitos culturais, por intermédio de dez relatórios temáticos emtidos entre 2009 e 2015, foram incorporadas ao discurso das Nações Unidas sobre o tema, isto é, em resoluções adotadas pelo Conselho de Direitos Humanos e pela Assembleia Geral. Para atingir os objetivos sugeridos, serão aplicados abordagem qualitativa; estudos explortório-descritivos; método abdutivo; técnica de coleta de dados documental e longitudinal; e análise do discurso nos dados coletados. A ideia de interdiscurso de Maingueneau, com base numa semântica global e a intersecção do linguístico, do histórico e do ideológico, parece aplicar-se ao tema, uma vez que o discurso de promoção e proteção aos direitos humanos não foi construído em contexto isento e imparcial. Espera-se, como resultado, evidenciar e analisar, por meio da análise de práticas discursivas e da produção de sentidos, como uma construção de circulação de relatórios carregados de polifonias e sentidos que servem à construção do conceito de direitos culturais.
A argumentação e a narratividade na configuração da discursividade do cordel Fernanda Moraes D Olivo (FTESM) fernanda.dolivo@gmail.com O presente trabalho é um recorte da minha pesquisa de doutorado, defendida em agosto de 2015, na Unicamp. Nesta pesquisa busquei compreender como se dá o funcionamento do efeito do senso comum nos cordéis que narram fatos que impactaram a grande mídia. Para isto, selecionei dois folhetos que trataram de assuntos relevantes para a nossa sociedade: a eleição de Dilma Rousseff para presidente em 2010 e a invasão do Complexo do Alemão pelo Polícia Pacificadora (UPP). As análises foram baseadas nos preceitos teóricos-metodológicos da Análise de Discurso de linha francesa, com foco nos trabalhos de Pêcheux, Orlandi, Mariani e Lagazzi. Com essas análises, pude observar como a argumentação e a narratividade configurada nos versos dos folhetos em análise produzem um efeito de sustentação ao dizeres que fazem parte do senso comum, devido à produção de um efeito de assertividade e de constatação. O efeito do senso comum, configurado na narratividade do cordel, produz um imaginário de generalização, apagando o confronto entre as diferentes formações discursivas e, consequentemente, silenciando contradições presentes no social.
Ações editoriais e gestão da imagem de autor: em pauta os processos enunciativos de aforização e de destacamento de frases de escritor Fernanda Mussalim (UFU) fmussalim@gmail.com Os 70 anos da morte de Mário de Andrade (25/02/1945 – 25/02/2015) e a consequente entrada da obra do autor para o domínio público, a partir de 2016, movimentaram um conjunto de ações editoriais (como o lançamento e relançamento de obras do autor, adaptações, biografias etc.) e institucionais, que culminaram com a homenagem ao autor paulista, feita pela Flip 2015 (Festa Literária Internacional de Paraty), em sua 13ª edição. Essas ações, associadas a uma assídua publicidade na mídia, têm realizado um intenso trabalho de gestão da obra e da imagem de autor de Mário de Andrade. A editora Nova Fronteira, detentora dos direitos autorais da obra do autor até o ano de 2016, promoveu, em 2015, uma série de empreendimentos editoriais, dentre eles, o lançamento de um hotsite dedicado a Mário de Andrade (cf. http://www.ediouro.com.br/mariodeandrade). Nele, além de informações gerais e dados biográficos do autor, a editora dá visibilidade tanto aos lançamentos de 2015, quanto a outros livros do autor, já lançados por ela em outros momentos. A editora apresenta também os e-books de obras de Mário de Andrade, publicados por ela, e um link intitulado “Mário na FLIP”, em que anuncia a homenagem que a Feira faz ao autor. Nesse espaço virtual do hotsite, a Nova Fronteira cria, ainda, uma seção reservada para compartilhamento de frases do escritor nas mídias sociais. Nesta comunicação, gostaria de destacar esse aspecto da ação editorial – o compartilhamento de frases destacadas de Mário de Andrade –, a fim de, a partir das noções de aforização e enunciados destacados, postuladas por Dominique Maingueneau, analisar como tais processos enunciativos corroboram para a construção da imagem de autor, conceito também postulado por Maingueneau em alguns de seus escritos. Do ponto de vista metodológico, seguindo Michel Pêcheux, assumirei que uma metodologia de análise discursiva deverá implicar movimentos de alternância entre os gestos de descrever o corpus e interpretá-lo, sem, entretanto, considerar que se trata de movimentos indiscerníveis.
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Resumos: Comunicações Individuais Sob o véu do discurso: efeitos de sentido produzidos pelo uso do hijab Fernanda Pereira (UNIOESTE) fpereir@gmail.com Kaoana Sopelsa (UNIOESTE) kaoanasopelsa@gmail.com Para a sociedade ocidental, o uso do véu (hijab) imposto às mulheres muçulmanas pela religião Islâmica representa a repressão, a dominação e a inferiorização da mulher. Movimentos feministas, como o FEMEN (que luta contra o patriarcado em suas três formas), protestam contra esta prática do Islã revindicando a libertação destas mulheres. No mundo islâmico, no entanto, os efeitos de sentido produzidos pelo uso do véu são muito distintos. Em manifestações em redes sociais, jovens muçulmanas explicam que o uso do véu é libertador na medida em que lhes garante a liberdade de ir e vir, além de se constituir como uma resistência ao uso comercial do corpo da mulher. Através da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, formulada por Michel Pêcheux, este trabalho tem como objetivo compreender como estes efeitos de sentido opostos são produzidos pelo uso do hijab. Identificando os elementos (linguísticos e não linguísticos) utilizados pelas manifestantes do FEMEN em seus protestos contra o Islã, e analisando as sequências discursivas produzidas por jovens muçulmanas contra o discurso do grupo feminista, pretende-se chegar às formações discursivas que possibilitam a produção destes sentidos.
Selvagens e domesticados, puros e impuros: um olhar categorizado sobre os índios do brasil Fernanda Silva Dias de Aquino (UFRJ) fernandavasco@yahoo.com.br Rafael da Silva Mattos (UERJ) profmattos2010@gmail.com Ao pensar a desigualdade no Brasil, não se pode deixar de refletir acerca dos aspectos que envolvem aquele que foi, desde o “descobrimento”, vítima de exclusão: o índio. Nativo, habitante das terras do Novo Mundo, o índio não pôde lutar contra as armas dos exploradores, e acabou sucumbindo ao domínio estrangeiro. Muitos foram exterminados, outros escravizados, outros retirados brutalmente de sua cultura ao ser imposta sobre eles o modo de vida do homem da Europa; poucos foram o que conseguiram escapar para o interior das matas. Atualmente, a desigualdade com relação ao povo indígena ainda se faz presente, mesmo que haja políticas de defesa de seus direitos. O aspecto semântico-discursivo é apenas uma dentre as várias formas de exlusão: chamar o índio de “puro” ou “impuro” conforme seu contato com o urbano e pensar que somente os “puros” merecem ajuda humanitária é um exemplo claro dos problemas sociais que enfrentamos. Porém, essa definição não é tão atual como imaginamos. Há muitos séculos verifica-se esse tipo de divisão. Em 1817, veio para o Brasil a Expedição Científica Austríaca com fins de coletar, nomear, reunir e enviar para a Áustria objetos e animais para que se pudesse aumentar a coleção do Museu do imperador. Os naturalistas incumbidos dessa missão possuíam um tipo de divisão linguística com relação ao povo indígena: selvagens ou hostis, mansos ou domesticados, dessa maneira os índios eram divididos. Nosso objetivo é apresentar uma análise das correspondências de um dos viajantes naturalistas em questão no que diz respeito a essa divisão entre os índios, buscando estabelecer um paralelo com a forma como são chamados hoje. Importante é ressaltar que esse tipo de categorização linguística não reside apenas no plano da língua: a separação em categorias implica também em uma análise discursiva. Em nosso trabalho, consideramos o discurso como prática social, que molda e é moldado pela sociedade, resultando em práticas de inclusão e exclusão sociais. Dessa maneira, proceder a uma análise discursiva do tratamento dispensado aos índios é tomar as palavras em seu contexto, considerando aspectos ideológicos de seu uso. “Avatares midiáticos” e a “tragédia de Mariana”: memória e testemunho das vítimas Flávia Campos Silva (UFSJ) flaviariff@yahoo.com.br Esse artigo propõe analisar a matéria publicada pelo Jornal O Globo em 07 de novembro de 2015, intitulada “Vítimas fazem relato dramático sobre a chegada da avalanche de lama”. A “tragédia de Mariana” (como ficou conhecido o rompimento das barragens da mineradora Samarco, que devastou Bento Rodrigues e região) ganhou ampla cobertura da mídia que se viu confrontada ao seu papel central na construção de uma memória da atualidade. A proposta do presente artigo é tratar dessa memória em uma perspectiva discursiva a partir da abordagem de dois eixos que se complementam: a análise da construção discursiva do acontecimento (verificando como o fato ganha existência social e cultural ao ser discursivizado) e a análise dos relatos das pessoas que falam de suas experiências com a tragédia – pessoas estas que comumente não tem voz e que, diante de um acontecimento em que são protagonistas, ganham espaço e notoriedade no horizonte midiático (verificando como a narrativização do fato cria outra inteligibilidade pelas causalidades e temporalidades mobilizadas pelos sujeitos narradores). Desse modo, a partir da exploração da configuração (auto) biográfica, presente principalmente nos relatos dos afetados pelo desastre – com base nas teorizações de Lejeune (2008) e Arfuch (2010) – será verificado como a maquinaria midiática tem (re) construído e (re) significado discursivamente esse evento, transformando-o em notícia, e como este tem ganhado repercussão e estabilização designativa junto à sociedade. Novamente as formulações de Arfuch (2010) serão utilizadas, agora sobre sua perspectiva de mídia, para melhor compreensão da lógica/dinâmica de funcionamento desse aparato que ela intitula “avatares midiáticos”. A partir dos pressupostos de Charaudeau (2007) e Fausto Neto (2011) – e sobre as formulações desse último, nos aprofundaremos no conceito de atorização do acontecimento – será investigado o processo de construção da notícia e dos sentidos (e efeitos) alcançados pela maquinaria midiática, aqui considerada como aquela que ocupa lugar central na difusão da informação na nossa sociedade. 274
Resumos: Comunicações Individuais
A construção do letramento e da multimodalidade em anúncios publicitários de alunos do Ensino Fundamental Francisco José Caldas Nunes (Unimontes) proffnunes@gmail.com Arlete Ribeiro Nepomuceno (Unimontes) arletenepo@gmail.com O estudo empreendido, recorte da Proposta de Intervenção apresentada ao Mestrado Profissional em Letras da Universidade Estadual de Montes Claros, cujas diretrizes se voltam à investigação de um problema da realidade escolar e/ou da sala de aula do mestrando, no que concerne ao ensino e aprendizagem na disciplina de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, objetiva investigar se a leitura, a produção e a publicação de anúncios publicitários no Facebook consistem em uma estratégia eficaz à construção do letramento e da multimodalidade, de forma a levar alunos do oitavo do Ensino Fundamental a aprimorar a escrita e o senso crítico e a perceber formas de ler textos multissemióticos. Para tanto, fundamentamo-nos no aporte teórico da Semiótica Social, em interlocução com o da Linguística Sistêmico-Funcional (GSF), segundo Halliday (1994 [1985]), Halliday e Matthiessen (2004), da Teoria Multimodal do Discurso (TMD), nos termos de Kress e van Leeuwen (2001, 2006 [1996]), bem como da Análise Crítica do Discurso (ACD), na concepção de Fairclough (2001). Aventamos a hipótese de que de que o trabalho de produção de textos multimodais em sala de aula pode levar o aluno a ler e escrever melhor. Justifica-se esta pesquisa em função de a linguagem multissemiótica, largamente utilizada pelos meios de comunicação de massa, demandar do consumidor a análise não só do texto escrito, mas também de outras semioses, a fim de que depreenda os diversos significados construídos. Constata-se, no entanto, que as atividades de leitura e de escrita, na escola, de maneira geral, limitam-se à prática tradicional que privilegia a linguagem verbal e, por força disso, leva-se o aluno a ler de forma parcial os textos multimodais. Numa abordagem qualitativo-interpretativa, metodologicamente, a pretensão é ler, analiticamente, anúncios publicitários, com o propósito de identificar características peculiares, assim como, a título de proposta de intervenção, fazer com que os alunos produzam anúncios publicitários para publicação no Facebook. Nesse sentido, espera-se que os alunos, a partir da produção de anúncios publicitários, tornem-se leitores/consumidores críticos desse gênero textual, cujo propósito é influenciar comportamentos, ditar valores e modos de vida, entre outros
De l'"inégalité" dans la confrontation : humour, termes d'adresse et discours rapportés dans les débats télévisés de l'entre deux-tours (1974-2012) Françoise Sullet-Nylander (Université de Stockholm Département d'Etudes Romanes et Classiques, Suède) francoise.sullet-nylander@su.se Le débat de l’entre-deux-tours affrontant les « finalistes » avant le second tour des élections présidentielles (1974- 2012) est entouré de règles visant à assurer l’égalité des deux candidats au cours de cette joute médiatique et de la campagne qui la précède. Le Conseil supérieur de l’audiovisuel prend en particulier deux paramètres pour mettre cette égalité en application : le temps de parole (diffusion des interventions du/de la candidat/e) et le temps d’antenne (temps de parole et temps consacré par les médias au candidat/à la candidate). Il y a donc « égalité » au départ en ce qui concerne le contexte externe du débat de l’entre-deux-tours. Pourtant, d’un point de vue « interne » − celui des caractéristiques génériques −, le propre du débat est bien d’introduire un déséquilibre, un échange conflictuel. « Si l’un des interlocuteurs peut, temporairement, reconnaitre son accord avec l’autre, voire même adopter des positions traditionnellement attribuées au parti adverse, cette stratégie ne peut être utilisée dans la durée sous peine de brouiller la différenciation qui fonde le débat et, au-delà, l’élection. » (Dupuy & Marchand 2009). Il s’agit, pour les deux candidats, de « prendre le dessus » dans l’échange. La création d’un déséquilibre dans l’interaction est ainsi constitutive du genre du débat politique. Mais de quelles stratégies discursives usent les candidats pour dominer ou du moins déstabiliser leur adversaire dans le débat ? Pour aborder cette question, nous nous pencherons, à partir d’exemples tirés des débats de 1974 à 2012, sur l’emploi de différentes formes d’humour, de termes d’adresse et de discours rapportés, autant de stratégies discursives que l’on pourrait, avec Charaudeau (2013), qualifier de « stratégies de disqualification » de l’adversaire. Dans son étude, cet auteur s’intéresse plus particulièrement à l’ironie et au sarcasme, mais il nous semble que les termes d’adresse et les reprises du/des discours adversaires peuvent être autant de moyens linguistico-discursifs pour déstabiliser son opposant et créer une certaine « inégalité » dans l’échange. Nous nous concentrerons ainsi sur le rapport langage/inégalité qui se font voir dans les pratiques discursives liées au débat politique télévisé.
Quelles dénonciations des inégalités sociales dans les discours institutionnels ? (domaines de l'éducation et de la politique éducative urbaine) Frédéric Torterat (Université de Nice) torterat@unice.fr Parmi les différents discours portant sur les inégalités sociales, ceux produits par les représentants des institutions manifestent, au carrefour des questions éducationnelles et urbanistiques, différents degrés d'« engagement » (Măgureanu et Păunescu, 2010). D'une manière générale, si les diverses approches de l'institution en discours montrent qu'il est possible d'aborder ce domaine de réflexion, tantôt du côté de ses acteurs, tantôt de celui des points de vue représentés (Oger, 2005 ; Longhi et Sarfati, 2014), nous envisagerons avec Oger et Ollivier-Yaniv (2003) les discours institutionnels comme « autorisés, dans un milieu donné », par ce que Maingueneau (1991) appelle pour sa part des « structures exemplaires » et, « plus largement, tout dispositif qui délimite l'exercice de la fonction énonciative ». La question des inégalités sociales suscite, y compris au sein des corps d'État, une variété significative de pratiques 275
Resumos: Comunicações Individuais discursives, parmi lesquelles la prescription bien sûr, mais aussi la confrontation des ressources documentaires, le compte-rendu critique, ainsi que des formes graduelles de dénonciation. Quelquefois en rupture avec les discours d'autorité (Krieg-Planque, 2012), ceux tenus sur les inégalités par les représentants institutionnels témoignent par ce biais de prises de position avérées sur les travers de la catégorisation (Ratouis, 2003 ; Wald et Leimdorfer, 2004), voire de la stigmatisation sociales (Bulot et Veschambre, 2006 ; Depaule, 2006). Certaines de ces dénonciations aboutissent à de véritables contre-discours, avec des formes de militance et de mobilisation inattendues. À partir d'un corpus représentatif (francophone) couvrant la période mai 2007 - juin 2015, nous présenterons les premières conclusions d'une étude basée sur des documents et des entretiens à caractère institutionnel, comme les rapports d'IGEN (Inspection Générale), les circulaires de mise en œuvre et les déclarations de presse. Nout exposerons à cette occasion quelques-uns des éclairages qu'apporte ce type d'approche tant pour l'AD que pour la sociologie des organisations, la science politique et l'anthropologie des institutions.
A multiplicidade dos "eus" de Graciliano Ramos na narrativa de vida, Infância Gabriela Pacheco Amaral (UFMG) gabriela-pa-169@hotmail.com O objetivo deste trabalho é analisar como ocorre o discurso de desigualdade na narrativa de vida, Infância (1945), de Graciliano Ramos. Como também, buscaremos compreender como esse discurso pode acarretar em desdobramentos dos “eus” de Ramos, no romance. Nossa perspectiva parte dos pressupostos da Análise do Discurso. Mais especificamente, tentaremos realizar um diálogo entre os estudos de Pêcheux (1990) com os estudos semiolinguísticos de Charaudeau (1983) / Machado(2015). Nas teorias de Pêcheux, as formações discursivas são as materialidades das formações ideológicas que transpassam na sociedade e que são parafraseadas pelos sujeitos. Vale ressaltar, que compreendemos que a ideologia são todos os conhecimentos referentes às crenças, costumes, imaginários, questões de identidade, comportamento, posição social e assim por diante. Ao trazer para a nossa a nossa análise os estudos semiolinguísticos de Machado (2014 / 2015), entendemos que a autora ao pesquisar sobre as narrativas de vida, percebeu que há no sujeito discursivo múltiplos desdobramentos de “eus” ou sujeitos-falantes, e que eles podem ser compreendidos graças às marcas linguísticas que deixam em seus ditos ou escritos. Aliás, a pesquisadora considera que em um mesmo sujeito pode ocorrer a soma (ou divisão) entre um “eu-interior” e um “eu-exterior”. Além do mais, para Machado, os “eus” que surgem nos diferentes discursos são atravessados por uma multiplicidade de vozes ideológicas, o que nos levará também forçosamente a Bakhtin (1970). Com isso, nossa hipótese de pesquisa é que as divisões dos “eus”, de Ramos, ocorrem pelas diversas crenças, e pelas ideologias que transpassam no discurso do escritor. Nessa ótica, entendemos que esse movimento entre essas teorias, ambas da Análise do Discurso, não se excluem, mas sim pelo contrário, se complementam e podem enriquecer a nossa análise. A proposta desse trabalho será, pois: entender como as formações discursivas propiciam um discurso de desigualdade social na narrativa de vida, Infância, e como esse discurso pode influenciar nos desdobramentos dos “eus” de Ramos e; compreender como se dão as relações de força entre os pontos de vistas, implícitos ou explícitos, nos discursos dos diversos “eus” do romancista, e para isso, adotaremos o modo de organização do discurso enunciativo criado por Charaudeau (1983), em sua teoria Semiolinguística. Estratégias argumentativas na construção do poder nos jornais marianenses “O Germinal” e “O Cruzeiro” (1930) Gabriele Cerceau Flausino (UFOP) gabriele_flausino@yahoo.com.br William Augusto Menezes (UFOP) williamenezes@hotmail.com Esta proposta de comunicação é um recorte da pesquisa de mestrado intitulada Estratégias Discursivas na Construção do Poder nos jornais Marianenses “O Germinal” e “O Cruzeiro”, desenvolvida durante os anos de 2013 e 2015 no Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos da Linguagem da UFOP. Esta pesquisa dedicou-se ao estudo das práticas discursivas relacionadas à construção do poder político nacional e local, em 1930, a partir de dois jornais em circulação na cidade de Mariana (MG): o jornal “O Germinal” – “Órgão Oficial do Partido Republicano no Município” – e o jornal “O Cruzeiro” – “Órgão Oficial da União dos Moços Católicos no Município”. O primeiro, criado pelos militantes do Diretório Municipal do PRM, em 1905, teve como principal colaborador o chefe político Dr. Gomes Freire de Andrade – republicano histórico, senador e Chefe do Executivo marianense por quase três décadas; o segundo, vinculado à hierarquia eclesiástica da Arquidiocese de Mariana, no período em que era arcebispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira, constituiu-se como importante organismo de formação da opinião entre habitantes da cidade, entre 1929 e 1935. Em 1930, estes dois jornais tiveram papel fundamental na construção da narrativa “A Revolução de 1930”, participando de maneira assídua na constituição dos acontecimentos, podendo ser classificados, respectivamente, como Jornal Tribuna-política e Jornal Tribunareligiosa-política. A questão central da pesquisa consistiu em saber como estes dois periódicos colocaram em ação, nesse cenário de disputa política em torno do poder, as suas estratégias discursivas, em especial na organização narrativa e na orientação argumentativa. A partir desta problemática, examinou-se como essas estratégias relacionavam-se à persuasão, no que diz respeito às imagens de si e às emoções no discurso, e, quais foram as soluções encontradas para a crise de poder, segundo as narrativas jornalísticas, tanto para a situação nacional, quanto para a situação na cidade de Mariana. Nosso recorte privilegiará o eixo da análise argumentativa, centrada no estudo dos procedimentos semânticos e discursivos, bem como nos efeitos de ethos e de patemização. Para tal, utilizamos, principalmente, as contribuições da Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau. O corpus da pesquisa, formado por textos de quatro edições de cada um dos jornais, foi coletado junto ao Acervo Particular Rafael Arcanjo, que se encontra disponível junto ao Centro de Pesquisa Linguagem, Memória e Tradução (CPLMT-UFOP).
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Resumos: Comunicações Individuais A constituição do discurso político contemporâneo e a materialidade sincrética das redes sociais Geisa Fróes de Freitas (IFBA) gff_ba@hotmail.com Este trabalho é fruto do projeto do Doutorado que foi submetido ao Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura da UFBA e terá como base os estudos discursivos de orientação francesa e as contribuições epistemológicas de Michel Pêcheux, Jean-Jaques Courtine e Hans Belting no que tange ao modelo semiológico do texto imagético do discurso político contemporâneo, tendo em vista a relevância da contribuição da semiologia histórica para a dimensão da articulação entre discurso, semiologia e história. Pautamonos na seguinte questão: como estabelecer um princípio teórico-analítico para a interpretação da constituição do texto sincrético que leve em conta sua materialidade constitutiva, sua relação com o sujeito, a memória discursiva, a historicidade, os efeitos de verdade, as formações discursivas, inscritos no interior das produções e transformações históricas dos discursos políticos. Nosso alicerce se pauta na noção de discurso proposta por Pêcheux (1995, 2007, 2008) e os aportes apresentados por Courtine (1989, 2006, 2009, 2011) e Hans Belting (2002), para explicar as metamorfoses sofridas pelo discurso político e para o estudo da Semiologia Histórica. Como é um projeto que está em seu estágio inicial, serão apresentadas algumas análises do corpus selecionado. A redação do ENEM: reflexões à luz dos gêneros do discurso Geralda Cristina Fortunato (UEMG) cristina.fortunato@gmail.com Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli (PNPD CAPES UFOP) maysapadua@yahoo.com.br Neste trabalho, propomos uma investigação sobre as características da Prova de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), à luz dos estudos bakhitinianos dos gêneros discursivos e textuais. De acordo com tais estudos, todo gênero discursivo e textual pode ser caracterizado quanto a suas dimensões de estilo, conteúdo temático e forma composicional. Partindo do pressuposto de que a Redação do ENEM é um gênero e não um tipo textual, questionamos como tal redação se caracteriza em termos de estilo, conteúdo temático e forma composicional, e como seria um modelo didático para seu processo de ensino-aprendizagem. Nosso objetivo, portanto, é o de descrever e explicar como se configuram, nessa produção textual, suas dimensões genéricas; refletir sobre os aspectos “ensináveis” do gênero Redação no ENEM para, finalmente, apresentar elementos e sugestões para a construção de um modelo didático para seu ensino. Para a consecução desses objetivos, adotamos a pesquisa bibliográfica e a análise documental como metodologia. Gênero, identidade social e feminismo: abordagem discursiva de periódicos brasileiros do século XIX Gilmar Bueno Santos (UFMG) buenos.gilmar@gmail.com Este trabalho tem o objetivo de desvelar o processo de construção e projeção da identidade social da mulher – no e pelo discurso – considerando-se os elementos gênero, imprensa e feminismo, assim como as influências históricas, políticas, sociais e culturais estabelecidas entre Brasil e França. Além disso, propõe-se analisar as implicações dessa relação para com o desenvolvimento do feminismo brasileiro, sob um imaginário social em comum acerca do universo da mulher. Com base em periódicos de cunho feminista publicados no Brasil durante o século XIX, serão analisados os mecanismos de construção da identidade social, bem como delineados aspectos inerentes às cenas de enunciação, aos mecanismos de persuasão, à relação entre linguagem, imprensa feminina e movimento feminista, às relações sociais manifestadas no discurso do sujeito falante mulher, entre outros. A imprensa é uma importante fonte que permite resgatar, significativamente, os contextos de períodos específicos, pois os seus registros reverberam valores, ideias, opiniões de uma sociedade. Acredita-se, portanto, que este objeto de estudo possibilitará compreender as influências das representações e imaginários na constituição das identidades, a natureza e estrutura das ações de empoderamento mobilizadas nos dados coletados, a relação entre as práticas discursivas e os contextos socioculturais e situacionais nos quais elas emergem.
Impeachment de Dilma Rousseff: a constituição dos sujeitos em cartazes de manifestações Gilvan Santana de Jesus (UFS) gilvan-santana@hotmail.com Filiando-nos às abordagens teórico-metodológicas da Análise de Discurso da Escola Francesa, desenvolvemos um trabalho teóricoanalítico que tem por objetivo observar como são constituídos os sujeitos em enunciados de cartazes de manifestações. Mais especificamente, referimo-nos aos protestos que reclamam a abertura de um processo de impeachment, visando à cassação do mandato da então presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Para tanto, este trabalho lança mão das abordagens propostas por Michel Pêcheux (1997, 1999, 2002), Eni Orlandi (2007, 2015), Louis Althusser (1985), entre outros. O trabalho de interpretação é desenvolvido por meio das categorias de análise da AD francesa, a saber: sujeito, aqui entendido sob a perspectiva do assujeitamento althusseriano; interdiscurso, definido como o conjunto do “dizível” (ORLANDI, 2015); formação discursiva, as posições de onde os sujeitos enunciam; e memória discursiva, a anterioridade que fala no sujeito, o “já-dito” (ORLANDI, 2015). Sob essa perspectiva, o trabalho toma como método de análise as posições a que os sujeitos filiam-se para enunciar, tendo como finalidade a observação de como eles são constituídos nos enunciados dos cartazes das manifestações sobre o impeachment de Dilma Rousseff. Assim, é possível perceber os modos como os sentidos se constituem e constituem os sujeitos. Este texto faz parte de uma pesquisa de mestrado, ainda em andamento. 277
Resumos: Comunicações Individuais Operadores argumentativos em anúncios publicitários Giselle Maria Sarti Leal Muniz Alves (UFRJ) gicalealves@hotmail.com Esta pesquisa tem por objetivo analisar o emprego de três tipos de operadores argumentativos em anúncios publicitários: os que introduzem argumento mais forte, os que apontam para a negação da totalidade e os que apontam para a afirmação da totalidade. Procura-se depreender que tipos de fatores – linguísticos e sociais – condicionam a escolha e emprego desses operadores. Recorre-se à Semiolinguística do Discurso e à Semântica Argumentativa como quadros teóricos nos quais a análise está baseada. Opera-se também com conceitos relativos ao texto publicitário, em especial, no que se refere às estratégias de persuasão presentes nesse discurso, bem como os recursos linguísticos utilizados para construí-las, dentre os quais se destacam os operadores argumentativos. Observa-se, mediante análise qualitativa, como essas marcas linguísticas funcionam nos enunciados, a que tipo de conclusões elas conduzem e a que estratégias persuasivas elas servem. Em seguida, mediante análise quantitativa, apresentam-se e analisam-se os percentuais de frequência desses operadores, em função dos aspectos linguísticos e sociais. Discurso pedagógico e desigualdade no acesso aos saberes Gláucia Rejane da Costa (UFBA) grcosta0408@hotmail.com O presente estudo originou-se de discussões estabelecidas entre os professores da Rede Estadual de Ensino do Colégio Democrático Florentina Alves dos Santos, os quais relacionavam as dificuldades de aprendizagem dos alunos às suas condições socioeconômicas e à precariedade do Ensino Fundamental. O colégio atende em sua maioria os moradores de bairros periféricos da cidade de Juazeiro BA. Grande parte desses alunos é contemplada pelos programas sociais do governo federal, e oriunda de escolas municipais e estaduais. Tem-se, portanto, como objetivo analisar as formações imaginárias dos alunos da segunda série do Ensino Médio sobre o professor, a aula e o componente curricular Língua Portuguesa, e dos seus professores sobre esses estudantes, a fim de verificar se há em seus discursos a representação da desigualdade social e os seus possíveis modos de funcionamentos nas práticas discursivas em sala de aula. Para tanto, apoiamo-nos nas postulações da Análise de Discurso Francesa, considerando as noções de sujeito, discurso, formações imaginárias, Formação Discursiva, interdiscurso e ideologia. Interessa-nos investigar como se constituem esses sujeitos, quais as Formações Discursivas que atravessam os seus discursos e as formações ideológicas em que se sustentam. Nas formações imaginárias dos alunos sobre uma boa aula destacam-se a interação entre professor e alunos, explicação clara, criatividade e diversidade de recursos. Para eles, o professor é alguém que ensina, auxilia os alunos na construção de um futuro melhor, e é bom profissional, quando interage com eles, explica com clareza, prepara aulas dinâmicas, e é bem humorado. O componente curricular Língua Portuguesa consideram útil para melhor comunicação, mas difícil e desinteressante. Os professores classificam tais alunos pouco capazes de aprender o que lhes é proposto, pela falta de habilidades e competências necessárias à construção do conhecimento e outras tantas a serem desenvolvidas no Ensino Médio. Sob essa argumentação, justificam a simplificação das discussões e exploração de conteúdos mais complexos ou desafiadores. Desse modo, reforçam a desigualdade social ao negarem a esses alunos o acesso a determinados saberes e o seu aprofundamento, por julgá-los inaptos a compreendê-los em sua complexidade. Tem-se assim no discurso dos professores o efeito de sentido de exclusão, negação de direitos.
A representação do negro a partir do discurso observado em Leite Derramado, de Chico Buarque Glauciane Aparecida dos Santos (UFMG/NEIA) glaucianeasantos@gmail.com O presente trabalho tem como objeto de estudo a representação do negro a partir da análise do discurso narrativo de Leite Derramado, romance de Chico Buarque. O escritor tem, nos últimos anos, depois de uma amplamente reconhecida carreira de compositor e intérprete, se dedicado à escrita de romances: ”Estorvo” (1991), “Benjamim” (1995), “Budapeste” (2003), Leite Derramado (2009) e “O irmão alemão” (2014).
Enunciados proverbiais no apelo à fé cristã: um modelo eficiente da retórica proverbial nos discursos proferidos por Abraão Lincoln Glaucy Ramos Figueiredo (UFPA) glaucyrf@gmail.com O presente artigo objetiva mostrar como o uso de provérbios pode tornar-se uma ferramenta eficaz no convencimento das pessoas em torno de uma causa, no caso a abolição da escravidão americana, na defesa de uma ideia, pois tais enunciados, ao serem repetidos ao longo dos anos, quando são bem aceitos, se estabelecem e ganham um caráter doutrinário e autoritário. Deste modo, os discursos de Lincoln se revestem desta autoridade expressa através das constantes citações proverbiais, assim, compreender como esse discurso foi organizado é um modo de entender o pensamento do indivíduo, as normas instituídas na sociedade, os costumes e a linguagem daquele tempo. A análise desse material nos mostrou como a relação entre a autoridade proverbial e a autoridade política se constitui como elemento fundamental nas relações sociais entre os indivíduos na sociedade da época. Por outro lado, a relação entre discurso e desigualdade social é onipresente nos textos analisados, pois como veremos nesta amostra, o provérbio serve para enquadrar os membros de uma comunidade dentro dos limites impostos pelas normas sociais. Esta pesquisa fundamenta-se numa abordagem discursiva, e serão considerados os seguintes conceitos: aforização proverbial, desproverbialização, interdiscursividade e particitação. Para a realização deste estudo utilizamos um conjunto de textos coletados em periódicos paraenses do século XIX e XX, 278
Resumos: Comunicações Individuais entrecruzando-se com a percepção da leitura realizada pelos diálogos proferidos pelo personagem principal do filme Lincoln. Abordaremos os diálogos no filme, adotando uma compreensão dos provérbios integrados à noção de discurso aforizante, conforme salienta Maingueneau (2011).
Silenciar e resistir: posicionamentos em políticas ambientais Gleici Heringer (UFF) gheringer@prof.educacao.rj.gov.br É na e por meio da linguagem que o homem constrói seus posicionamentos sobre o mundo. Esses posicionamentos são construídos e manifestados nos discursos que surgem nos processos com os quais os sujeitos convivem em suas relações sociais. Devido à situação ambiental com a qual a humanidade se depara, as políticas ambientais tornaram-se urgentes, em especial no Brasil. Nos processos de implantação e gestão de Unidades de Conservação, frutos dessa política, surgem comumente dois grupos antagônicos: a população tradicional de áreas com fauna, flora e recursos hídricos ainda pouco explorados e, por outro lado, o grupo dos especialistas ambientais composto por autoridades, técnicos ambientais e militantes ambientalistas. No encontro desses dois grupos, o diálogo é essencial para que haja entendimento entre ambos. No entanto, caso o grupo hegemônico, que possui o poder político e socialmente construído não conceda a voz à população tradicional, o processo de implantação e gestão de uma Unidade de conservação apresenta graves conflitos. Nesse sentido, estudamos os processos de silenciamento, por parte de especialistas ambientais, e de resistência da população tradicional durante o processo de implantação e gestão da Área de Proteção Ambiental Macaé de Cima na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Como corpus para a análise da construção desses dois posicionamentos, utilizamos textos criados pelos dois grupos nesse contexto. As análises são feitas à luz dos pressupostos de Patrick Charaudeau na linha Semiolinguística da Análise do Discurso e, ainda, os estudos de Eni Orlandi a respeito das políticas de silenciamento. Dessa forma, a partir de nossa pesquisa, pretendemos contribuir para que profissionais ligados às políticas de proteção ambiental dimensionem, através de uma perspectiva socioambientalista, também a importância do homem como parte do Meio Ambiente através da negociação pela linguagem, respeitando os diferentes posicionamentos materializados nos discursos produzidos nesses espaços comunicativos, não para se chegar a um consenso, mas para que se permitam espaços de mediação dos diferentes interesses construídos por meio do discurso.
Os discursos sobre a mulher nos veículos midiáticos especializados em Heavy Metal Gracielle Fonseca Pires (UFV) graciellefp@gmail.com As publicações especializadas no estilo de música Heavy Metal têm grande alcance entre os fãs e apresentam um potencial considerável de disseminação de ideias e valores e formação de opinião. A participação feminina na cena e cultura do Heavy Metal, tradicionalmente dominadas por homens, tem se tornado mais evidente na atualidade, não se podendo mais ignorar as mulheres fãs e artistas que passaram a integrar de forma efetiva essa comunidade. Porém, pouco se problematiza sobre como essas mídias especializadas configuram esse espaço para a aparição da mulher, e como são construídos os discursos acerca do feminino que vão circular entre os/as fãs do gênero musical Heavy Metal. Portanto, para se entender os valores evidenciados por tais publicações, torna-se imprescindível a análise discursiva destas. O projeto de pesquisa “Os discursos sobre a mulher nos veículos midiáticos especializados em Heavy Metal”, a ser realizado na linha dos Estudos Discursivos, do programa de pós-graduação em Letras da Universidade de Viçosa, em 2016, tem como objetivo entender como as mulheres aparecem nos discursos presentes nas publicações especializadas em Heavy Metal, investigando a relação dos mesmos com os discursos hegemônicos sobre a mulher em nossa sociedade. Assim, pretende-se entender se as produções midiáticas feitas dentro da cultura do Heavy Metal manteriam padrões transgressivos ao trazer os discursos e representações sobre mulheres, ou se apenas reproduziriam os padrões dominantes na sociedade patriarcal. Com intuito de coletar indícios e insumos para uma discussão a respeito dos valores e representações do gênero feminino dentro da cultura Heavy Metal, especificamente no âmbito midiático, pretende-se usar a Análise de Discurso Crítica, tendo como parte do corpus da pesquisa dois tipos de publicação de maior relevância para o gênero musical Heavy Metal em território nacional. Serão analisados artigos retirados da revista impressa, especializada em Heavy Metal, de maior tiragem e longevidade Brasil, a Roadie Crew, e também artigos selecionados no maior portal nacional de Heavy Metal na internet, o Whiplash.net, que é feito por colaboradores diversos. Estudos nesse campo poderão ajudar a construir revistas e sites melhores, e profissionais mais conscientes das questões que evidenciam na tessitura de seus textos.
Fundamentos do Círculo de Bakhtin para análise de discursos verbovocovisuais Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG) grenissa@gmail.com Esta comunicação será desenvolvida com o intuito de diagnosticar os fundamentos da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin (especialmente nos escritos de Bakhtin, Medviedev e Volochinov) para o estudo de discursos verbovocovisuais . Ao se partir da constatação de que o Círculo de Bakhtin influencia muitos estudos nas áreas da linguagem, a presente pesquisa propõe debater as contribuições epistemológicas que o Círculo oferece em especial aos estudos de discursos verbovocovisuais contemporâneos. Observa-se que a noção nodal da filosofia da linguagem bakhtiniana de diálogo compreende tanto a relação entre enunciados como a relação entre enunciados e sujeitos por meio da linguagem, da cultura, da sociedade. Nesse sentido, é possível compreender a noção de sujeito dialógico-ideológico pensado pelo Círculo, uma vez que o sujeito bakhtiniano circunscreve-se em uma arquitetônica social, especialmente cronotópica e exotópica, e por essa arquitetônica é constituído. Pode-se afirmar que os escritos do Círculo russo deixam pistas que nos permitem pesquisar métodos e fundamentos para o estudo de discursos verbovocovisuais como, por exemplo, 279
Resumos: Comunicações Individuais vídeo, imagem, pôster, cinema, publicidade, performance, canção etc. Nesse sentido, este estudo orienta-se na e pela concepção de natureza filosófico-linguística de se pensar os discursos considerando, por exemplo, o conceito de signo ideológico, que passa pela base marxista da filosofia da linguagem, e segue com os conceitos de gêneros do discurso, diálogo, cronótopo, exotopia, sujeito, ética, estética, arquitetônica, responsabilidade, responsividade, entonação, réplica, polifonia, língua, fala, enunciação, interação verbal, eco, ressonância, reverberação, reflexo, refração, entre outros, para pensar os discursos em sua verbovocovisualidade. Em outras palavras, o objetivo ao qual se propõe este estudo é pensar possíveis fundamentos advindos dos escritos da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin de modo a contribuir para as pesquisas de discursos verbovocovisuais que demandam análises que compreendam a linguagem em seus aspectos linguageiros, sociais, ideológicos e estéticos.
Francisco e o Parlamento Europeu: a argumentação no discurso Guilherme Beraldo de Andrade (UEMG UNIVAS) guilhermeberaldo@hotmail.com O presente trabalho pretende analisar a estrutura argumentativa do discurso do líder religioso católico junto ao Congresso Europeu, aproveitando-se dos estudos desenvolvidos no âmbito do Grupo Discurso, Sentido e Sociedade (DISENSO). Na posição de chefe da Igreja de Roma, o Papa Francisco, sucessor de Bento XVI, alcançou tamanho carisma com seu séquito de fiéis que suas aparições tornaram-se emblemáticas, qualificando a análise da atuação de sua liderança na expressão de seus inúmeros discursos. O corpus deste trabalho é constituído pelo discurso do Papa Francisco junto ao Parlamento Europeu na cidade de Estrasburgo, no dia 25/11/2014. Nessa oportunidade o líder católico trata de temas vinculados aos direitos humanos, a posição geopolítica da Europa, a necessidade de desenvolvimento econômico numa doutrina de fraternidade, dentre outros. A análise da argumentação por ele utilizada possibilita o estudo da eficácia persuasiva do discurso frente aos auditórios particular e universal. O texto foi interpretado considerando-se a linha de pesquisa da Argumentação e Retórica, suportada nos trabalhos de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Meyer (1994), Aristóteles (2005) e Reboul (2000) que determinam a questão do aspecto argumentativo apresentado em sua construção. Através de uma revisão bibliográfica identificamos que os posicionamentos do orador se definem tecnicamente, atribuindo-lhe um ethos de liderança mesmo num cenário político e distinto de seu credo religioso. Alçado a tal patamar, o orador é elevado pelo auditório universal a parâmetros caracterizadores de um ícone, quase em desconsideração à sobriedade e linha de seu discurso. Ao auditório não interessa mais o mérito da resposta, mas sim a evidência do orador em função da mesma, o que suportaria sua crença e religiosidade latente.
Os movimentos sociais negros no Brasil e a ressignificação de "quilombo": da criminalização à autoafirmação Gustavo Augusto Fonseca Silva (UFMG) fonsecaugusto@hotmail.com O objetivo da comunicação é explicitar os diferentes significados atribuídos à palavra “quilombo” ao longo da história brasileira pelo governo e elite político-econômica, de um lado, e pelos escravizados e seus descendentes pós-1888, por outro. A palavra “quilombo” tem origem bantu e etimologicamente significa “acampamento guerreiro na floresta”. Foi popularizada no país pela administração colonial em leis, atos e decretos em referência aos núcleos negros contrários à escravidão. Em 1740, reportando-se ao rei de Portugal, o Conselho Ultramarino definiu “quilombo” como “toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”. As centenas de rebeliões de escravos ao longo dos séculos no Brasil fizeram do termo um marco na luta dos negros por sua autoafirmação. Após a Lei Áurea, tanto os negros libertos quanto os quilombolas foram deixados à margem pelo Estado brasileiro, o que os obrigou a buscar por si sós seu papel na nova ordem que se instaurou em 1889 com o republicanismo. A partir de então, “quilombo” deixou de ser um termo oficialmente utilizado pelo Estado, sendo retomado pelos movimentos sociais negros nos anos 1970 e 1980 como símbolo da luta de seus antepassados. Fruto da pressão política desses movimentos, a discussão sobre o significado de “quilombo” e de “quilombola” teve lugar na Constituinte de 1987, e na Constituição de 1988 o termo “quilombo” passou a ter uma nova concepção, fundamentalmente diferente da que se tinha no sistema colonial: o que antes era uma categoria vinculada pelo Estado à criminalidade, à marginalidade e ao banditismo é hoje considerado um instrumento político de autoafirmação e de acesso a políticas públicas. Porém, dada a discriminação que sofreram por gerações, muitas das comunidades quilombolas por todo o país levaram anos desde a promulgação da Carta Magna para se reconhecer como tais. Uma realidade que vem se alterando pelo trabalho de ONGs, do Incra e, sobretudo, dos movimentos sociais negros, como deixam entrever os discursos dos quilombolas registrados em Relatórios Antropológicos publicados pelo Incra nos últimos 20 anos, quatro dos quais serão analisados na comunicação.
O comentário metadiscursivo em debates eleitorais Gustavo Ximenes Cunha (UFMG) ximenescunha@yahoo.com.br Neste trabalho, estudo o debate eleitoral, investigando o papel que nele exerce o comentário metadiscursivo. Em linhas gerais, o comentário metadiscursivo se define como uma avaliação que o locutor faz sobre a própria atividade social de que participa (KOTSCHI, 1986). A investigação parte da hipótese de que esse tipo de comentário constitui um fenômeno discursivo particularmente propício para o exame de como os interlocutores, no desenvolvimento de uma interação, mobilizam e negociam representações e expectativas sociais sobre o gênero debate eleitoral e, consequentemente, sobre os comportamentos linguageiros daqueles que assumem o papel de candidatos a cargos políticos. O estudo vem sendo realizado com base em uma abordagem sóciointeracionista dos estudos do discurso, o Modelo de Análise Modular do Discurso (ROULET, FILLIETTAZ, GROBET, 2001). 280
Resumos: Comunicações Individuais Ampliando o alcance de abordagens interacionistas mais restritas, para as quais o foco são apenas os processos emergentes de estruturação das conversações, essa abordagem considera que a construção do discurso é condicionada por normas sociais, tais como os gêneros do discurso, e pelos papéis definidos institucionalmente na sociedade. O corpus dessa investigação se compõe de dois debates televisivos, um presidencial (Dilma Rousseff e Aécio Neves, 2014) e um estadual (Fernando Haddad e José Serra, 2012), promovidos pelo mesmo veículo de comunicação, a Rede Globo. Como resultados preliminares, a pesquisa vem revelando que o comentário metadiscursivo promove, na cena do debate, um efeito de focalização sobre a interação entre os candidatos. Com esse movimento, eles expõem as expectativas de natureza sócio-histórica que estruturam suas atitudes no debate, bem como evidenciam para o eleitorado em que medida suas expectativas são divergentes. Ao mesmo tempo, elaborando comentários metadiscursivos, que muitas vezes recaem sobre a construção de suas imagens identitárias, os candidatos contribuem para a elaboração de um produto midiático (o próprio debate), que nasce da interseção complexa entre os domínios jornalístico e político. Assim, o debate constitui uma prática social midiática fortemente institucionalizada, cujos interlocutores submetem suas expectativas acerca dessa prática a um constante e agressivo processo de negociação.
Identidade docente: um jogo de im-posições Hadson José Gomes de Sousa (UFPA) hadsonsousa@hotmail.com Eduarda Otacília Silva Meireles (UFPA) meirelles.eduarda@gmail.com No esforço de discutir e refletir sobre concepções acerca de tessituras identitárias é que esse trabalho constitui-se. Para tanto, nos dedicaremos a refletir, ancorados em Geraldi (2010a), sobre duas possibilidades de construção da identidade. A saber, os processos de instituição e constituição do ser, expressões-chave indispensáveis neste estudo; que implicam, outrossim, pensar duas possibilidades de (inter)relação. Em seguida queremos defender/discutir, a partir de uma perspectiva di-alógica, a identidade concebida como construto resultante da relação com a alteridade – relação Eu-Tu. A relação com a alteridade, com o absolutamente Outro, interrelação, enceta a constituição da identidade, portanto. Identidade que é construída num movimento em que a diferença identifica (GERALDI, 2010b; LÉVINAS, 1988, 2004; ECKERT-HOFF, 2008). Por essa via, rechaça-se o ser ensimesmado e a identidade fixa, solipsista. Após esse percurso, intuímos verticalizar essa discussão para analisar concepções de identidades que circulam socialmente e são impostas ao sujeito professor. Para tal, tomaremos como objeto de análise charges veiculadas em espaços virtuais de interação, redes sociais (Facebook e WhatsApp). Num exercício crítico de refutar modelos homogeneizadores e padronizadores, de instituição, que eliminam o foco interacional-dialógico, logo não contemplam a identidade como um “(...) processo de constituição ao longo da vida”. (GERALDI, 2010a). Que, no caso do professor, se constitui na relação triádica: professor(es), aluno(s) e objeto(s) de ensino, dentro dos espaços de interação em que esse profissional atua; a sala de aula, no caso. Por conseguinte, percebemos que as identidades impostas, pois desconsideram a(s) posição(ões) dos sujeitos, comportam discursos que circulam e tornam-se senso comum, justamente por tentar inolucar e perpetrar sentidos que pauperizam tanto a profissão docente quanto a imagem social do sujeito professor. Articulações entre “voz” e Semiolinguística no blog Boteco Clarina Halanna Souza Andrade (UESB) halanna.andrade@yahoo.com.br Marcus Antônio Assis Lima (UESB) malima@uesb.edu.br Couldry (2010) entende que o mundo vive uma crise ligada à linguagem, uma “crise contemporânea de voz” (COULDRY, 2010, p.13). Para superá-la os sujeitos devem ter o poder de operacionalizar e obter reconhecimento das suas vozes, denominada como a capacidade de criar narrativa-de-si e do mundo. Apesar do conceito de voz não ter sido pensado inicialmente para aplicação no campo da Análise do Discurso, as preocupações de Couldry se aproximam de Charaudeau quando o último propõe a crítica sobre “quem o texto faz falar?” (CHARAUDEAU, 2008, p.63). Ambos autores destacam o papel do sujeito narrador, no entanto, apontam também outros fatores responsáveis pela produção de sentido, significação e consequentemente construção da realidade. Desse modo, a proposta deste trabalho é investigar as articulações entre voz (COULDRY, 2010) e aspectos da Teoria Semiolinguística (CHARAUDEAU, 2013) aplicados no Fandom Clarina, grupo de fãs da internet do casal lésbico Clara e Marina, personagens da novela da Rede Globo “Em Família”. Durante todo período de exibição da referida novela, em 2014, o Fandom realizou uma série de protestos virtuais contra a lesbofobia e pelo tratamento igualitário dos homossexuais. Para os fins deste estudo, serão identificadas as condições para o estabelecimento da voz, o contrato de comunicação, sujeitos da linguagem e estratégias discursivas utilizadas pelo grupo de fãs em postagem do blog do Fandom Clarina, o Boteco Clarina do dia 20 de abril de 2014.
Le discours apocalyptique en rigueur dans les écrits écofictionnels extrême-contemporains Hamidreza Rahmatjou (Université de Téhéran, Iran/ Université de Lorraine, France) hamidreza_rj@yahoo.com Christian Chelebourg, spécialiste de l’imaginaire définit les écofictions (dans son livre intitulé : Les écofictions, les mythologies de la fin du monde) comme « les produits de ce nouveau régime de médiatisation des thèses environnementalistes ». Pour lui, fait partie des écofictions, chaque mise en fiction du sujet écologique. Dans son livre, Chelebourg parle d’un choc culturel. Celui de l’unification du bloc de l’est et de l’ouest et soutient la thèse selon laquelle les écofictions témoignent d’une « mutation de 281
Resumos: Comunicações Individuais l’imaginaire » occidental et français, (des craintes d’une catastrophe nucléaire aux inquiétudes d’une apocalypse écologique), d’une angoisse sociale actuelle qui se cristallise en idéologie autour de l'écologie. Dans mon article, qui est d’ailleurs tiré de ma thèse de doctorat, j’ai essayé de décrypter et de mettre en relief, à travers un corpus de romans écofictionnels français extrême-contemporains, le discours apocalyptique en rigueur dans l’imaginaire de l’homme contemporain. Ce travail, loin de vouloir dénier les menaces écologiques concrètes de nos jours, va plutôt dans le sens d’une purification de réflexion en visant à neutraliser les impacts tacites des mythes. Michel Foucault: formação discursiva e discurso Hanna Pinheiro Diniz Bezerra (UERN) hanadiniz@yahoo.com.br Este artigo traz considerações teóricas e metodológicas acerca do tema formação discursiva e discurso a luz da doutrina de Michel Foucault, alicerçado em pressupostos teóricos advindos dos estudos de Fernandes (2012); Gregolin (2004); Navarro (2011), dentre outros estudiosos. A fundamental contribuição de Michel Foucault para o desenvolvimento da Análise do Discurso, para as sua retificações e reorganizações encontram-se disseminadas principalmente em Arqueologia do saber e do conceito de a Ordem do discurso. Não obstante o fato de que a obra de Michel Foucault não se insira em um campo disciplinar específico, na medida em que não se apresenta como um todo acabado, o discurso extravasa seus textos e livros, estando presente em toda a sua produção bibliográfica. Enxergar o lugar de Foucault no campo da Analise do Discurso pressupõe deslocamentos, na medida em que o pensamento Foucaultiano não segue uma linearidade. Na ótica de Foucault o discurso não é apenas modificável, más esta em perpétuo deslocamento, marcado por descontinuidades e capaz de produzir modos de subjetivação. É certo que a intercorrência de Michel Foucault na Análise do Discurso não tinha por objeto fundar um campo disciplinar – como a Análise do Discurso - más os conceitos, propósitos metodológicos e problematizações históricas delimitado por Foucault acerca do tema discurso - são, ainda, atuais e profícuos. No primeiro capítulo - de caráter introdutório - evidenciaremos o interesse de Foucault pelo discurso - enquanto objeto de análise. No segundo capítulo nos propomos a analisar as intercorrências de Michel Foucault na análise do discurso, traçando conceitos e procedimentos metodológicos, trataremos, ainda, de formação discursiva e de produção de subjetivação e de sujeito. No tópico seguinte nos propomos a analisar o discurso sob a ótica Foucaultiana e trazer considerações acerca da eficácia dos postulados de Michel Foucault para a Análise do Discurso. Discurso da caridade e discurso do direito: inclusões excludentes na sociedade Helder Rodrigues Pereira (UNIPAC) rodrigueshelder@msn.com O discurso da misericórdia apresentou-se, por algum tempo, marcado pela tentativa de inclusão social dos pobres na aquisição de lugares sociais possíveis nas sociedades patriarcais. Representante de um poder que se queria sólido, a Igreja Católica se colocava na condição de salvadora dos pobres e aquela que resgatava as almas do maligno. O discurso da caridade se associou ao da misericórdia, ao estabelecer no espaço urbano algum lugar possível para o acolhimento daqueles que, desde o início dos processos de expropriações econômicas, careciam de um reconhecimento, ainda que fosse unicamente pelo significante da pobreza. Dona das misericórdias, a Igreja instituiu um discurso que se fazia solene na busca pelas almas excluídas. A partir desse discurso, pretende-se apresentar uma discussão sobre a tela de Caravaggio - As sete obras de misericórdia - mostrando o caráter discursivo da caridade e as possibilidades e dificuldades em se transitar desse para um discurso do direito democrático. No campo jurídico: os enunciados do STF e STJ que propõem ordenamento de condutas no trabalho desenvolvido nos tribunais de instância inferior Helio Luiz Fonseca Moreira (UFPA) helfm@yahoo.com.br Os acórdãos do STF e STJ configuram-se como enunciados prescritivos, expressos por meio de uma linguagem diretiva, que influenciam o trabalho desenvolvido por juízes e desembargadores situados nas instâncias inferiores da organização judiciária brasileira. Isso porque os conflitos entre as decisões jurisdicionais são conflitos de interpretações textuais resolvidos com base no critério da hierarquia institucional que confere validade aos enunciados prolatados pelos órgãos situados na instância superior. Esses enunciados declaram um entendimento válido sobre determinados temas controvertidos, tais como se observa na (in)admissibilidade da tentativa no crime de latrocínio, tipificado no art. 157, §3º, do CP, quando a coisa não é subtraída. Na leitura das sentenças monocráticas e dos acórdãos prolatados nos tribunais inferiores relacionados a esse tema, observou-se que o uso desses enunciados constitui o método mais adequado para validar a sua necessária fundamentação. Assim, esses enunciados são dotados não só de força diretiva, mas também de carga argumentativa capaz de justificar as decisões no mesmo sentido e anular as decisões em sentido contrário. Portanto, a estrutura dos enunciados prolatados pelo STF e STJ não é composta tão somente por um texto que ideologicamente visa uniformizar as decisões judiciais, conferindo-lhes coerência e harmonia no plano nacional, uma vez que, paralelamente, contribuem para a realização do trabalho alienado no campo jurídico, à medida que juízes e tribunais aderem totalmente a eles e os aceitam como “verdade superiormente instituída”. Assim, a presente comunicação objetiva discutir os enunciados do STJ e do STF, concebendo-os como instância de análise da relação entre o trabalho e a linguagem, dimensionando seus aspectos técnicos, sua repercussão sobre trabalho desenvolvido nos tribunais, bem como na pena imposta aos acusados, tendo como referência o conceito de campo jurídico, concebido por Bourdieu (1989) como um campo estruturado de forças, cujas relações de poder são mediadas por uma linguagem peculiar. Consoante esse autor, o que confere poder às palavras para constituir o dado jurídico pela enunciação e validá-lo é a crença na sua legitimidade e na legitimidade daqueles que as pronunciam.
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Resumos: Comunicações Individuais Función valorativa de las nominalizaciones en columnas de economía y negocios Hernán Robledo Nakagawa (Universidad Católica de Valparaíso) hernan_robledo@hotmail.com La nominalización puede manifestarse tanto en nombres deverbales como en perífrasis verbo-nominales y frases nominales (Azpiazu, 2004). Así, las nominalizaciones pueden constituir el núcleo de sintagmas nominales encapsuladores que tienen como antecedente anafórico a fragmentos textuales de diversa extensión y complejidad conceptual (D’Addio 1988; Borreguero 2006). La adopción de un estilo nominal tiene importantes consecuencias en la función referencial en tanto el contenido se vuelve sumamente abstracto a nivel conceptual al tiempo que la expresión se condensa. Algunos trabajos muestran que, dado el alto grado de abstracción y la posibilidad de retomar, resumir o empaquetar en un único grupo nominal lo dicho previamente, la nominalización encapsuladora es especialmente frecuente en la escritura técnico-científica (Álvarez-de-Mon y Rego, 2001; Marinkovich, 2005) y académica (García, Hall y Martín, 2005). Sin embargo, al encapsular información previa, muchas veces el escritor etiqueta una determinada realidad, convirtiéndola en una entidad novedosa al lector por el modo de significarla. Esto ocurriría, con frecuencia, en los géneros periodísticos en los que el escritor se serviría de sus propios juicios valorativos para seleccionar un SN encapsulador, introduciendo subrepticiamente una aproximación personal y subjetiva a los hechos (Borreguero, 2006). Esta observación situaría en una posición problemática a los núcleos nominalizados de los SN encapsuladores ya que contradeciría el carácter abstracto y subjetivo de las nominalizaciones que es explotado en el discurso científico y académico. En razón de estos antecedentes, este estudio buscó describir la ocurrencia y la posible función valorativa de las nominalizaciones deverbales usadas en el género columna de opinión. En particular se trabajó con un corpus de columnas de economía y negocios publicadas en la plataforma electrónica del diario “El Mercurio” de Chile. A nivel cuantitativo, se obtuvo que la frecuencia en el uso de nominalizaciones con función referencial no difiere significativamente del uso con función valorativa en el corpus estudiado. A partir del análisis cualitativo, se observó que no solo los núcleos nominalizados de los sintagmas nominales encapsuladores podían ser usados por los columnistas para introducir juicios de valor respecto de los hechos expuestos sino que también en los complementos y en los modificadores del núcleo. Reprodução do estereótipo de gênero na escola: contribuições do discurso docente Hildete Pereira dos Anjos (UNIFESSPA) anjoshildete@unifesspa.edu.br Iselene Labres de Sousa (UNIFESSPA) iselene_labres@hotmail.com Este estudo objetiva compreender como o discurso docente feminino reproduz as relações de estereótipo de gênero na escola. São utilizados os pressupostos teóricos metodológicos da Análise do Discurso da matriz francesa, especialmente através da noção de interdiscurso, para analisar um corpus formado pela transcrição de duas entrevistas, realizadas com professoras de ensino fundamental de uma escola pública municipal. Procura-se abordar o discurso de gênero como constituinte do discurso pedagógico. Neste, os modelos estereotipados dos papéis sociais do gênero feminino são consolidados através de práticas discursivas que interpelam os sujeitos dos discursos, estabelecendo verdades, naturalizando comportamentos e atitudes que definem também a docência no ensino fundamental. Desse modo, apesar dos importantes avanços e conquistas ocorridos no âmbito do reconhecimento dos direitos da mulher e da intensificação do debate nos espaços públicos e privados sobre as questões de gênero, ainda há evidencias da construção da identidade do gênero feminino sendo referenciada por valores de uma sociedade patriarcal, reproduzidos no espaço escolar. Um olhar discursivo sobre a produção identitária e processos de subjetivação do indígena em material didático publicizado no ciberespaço Icléia Caires Moreira (UFMS) icamoreira@hotmail.com O trabalho objetiva problematizar os possíveis efeitos de sentido de exclusão do indígena, imergidos do guia didático “Cineastas indígenas para jovens e crianças. Partimos da o hipótese de que a representação identitário-cultural do indígena, nesse arquivo subsidiado pelas tecnologias, ocorre via discurso do branco, e acarreta um processo de subjetivação/identificação a respeito desses sujeitos. Focados em um viés epistemológico que compreenda o marginalizado, pautamo-nos, transdisciplinarmente, na perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa (PÊCHEUX, 1988); do artifício metodológico foucaultiano (1988, 1997, 2013), especificamente o arquegenealógico; e na visada teórico-culturalista (MINGNOLO, 2003; MORENO, 2005; BHABHA, 2013). De forma específica, pretendemos adentrar nessa rede discursiva, direcionada ao ensino fundamental, com a finalidade de desvelar as imagens construídas a respeitos dos indígenas e de sua cultura perante a sociedade, via formações discursivas e dos interdiscursos constitutivos dos sentidos na história. Reflexões iniciais apontam que o material delineia modos de subjetivação dos traços identitário-culturais de seis etnias indígenas. As narrativas, comentários e imagens, subjetivam tal sujeito (re)legando-lhe o entrelugar no bojo da sociedade contemporânea. Entre fronteiras: a autoria do discurso monográfico Ilderlândio Assis de Andrade Nascimento (UFPB) ilderlandionascimento@yahoo.com.br Este trabalho apresenta resultados da dissertação de mestrado "A autoria em monografias de conclusão de curso de letras: uma abordagem enunciativa". Na presente investigação, objetiva-se analisar, a partir dos esquemas de discurso citado, como a autoria é 283
Resumos: Comunicações Individuais construída na relação entre vozes mobilizadas na trama discursiva das monografias. Para isso, fundamenta-se, teoricamente, nos postulados advindos dos estudos enunciativos, mais precisamente do Círculo de Bakhtin, nos estudos realizados no âmbito da Análise/Teoria Dialógica do Discurso (ADD), entre eles, Faraco (2005), Brait (2006), Francelino (2007; 2011), Sobral (2012; 2013), e também nos estudos de Orlandi (2000; 2001), Tfouni (2006) e Possenti (2001; 2009; 2013). Metodologicamente, esta pesquisa caracteriza-se como documental e bibliográfica, de caráter descritivo e interpretativo. O corpus é composto por cinco monografias de conclusão de curso produzidas por estudantes do curso de Letras de uma instituição pública. A análise dos usos dos esquemas linguístico-discursivo-enunciativos de transmissão do discurso de outrem revela a configuração da autoria no processo de construção de sentidos do gênero monográfico. Ou melhor, a mobilização dos discursos de outrem instaura a autoria a partir do processo de criação de fronteiras entre vozes, estabelecendo alternância entre os discursos, bem como entre o discurso citante e o discurso citado. Assim, o gênero monografia é palco do encontro entre vozes, em que a autoria se estabelece nas fronteiras, resultando disso o estilo, a construção composicional, o conteúdo semântico-objetal e o todo arquitetônico do gênero monografia de conclusão de curso de letras.
O discurso sobre leitura na pesquisa em Educação em Ciências Inez Barcellos de Andrade (UFRJ/NUTES; IFF) inezandrade8@gmail.com Neste trabalho buscamos analisar o discurso sobre leitura no campo da Educação em Ciências. A partir de uma pesquisa nas Atas do ENPEC, no período de 1997 a 2013 sobre o tema Leitura encontramos 71 artigos, o que corresponde a 2% de um total de 3939. Observamos que o V ENPEC (2005) foi o ano com maior percentual de trabalhos, 4% em relação ao total, seguido do II (1999) com 2,8%, IX (2013) com 1,9%, VII (2009) com 1,8% e VIII (2011) com 1,5%. Aplicando o teste de correlação de Pearson, temos uma forte correlação (p = 0,90) entre o aumento dos artigos nos eventos e o aumento do número de artigos com o tema Leitura. Esse interesse em torno da Leitura ocorre simultaneamente a uma discussão no campo sobre linguagem, linguagem da ciência e letramento. Desse modo, buscamos realizar uma análise inicial de cinco desses trabalhos a partir do referencial teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso de Fairclough. Partimos do pressuposto que a linguagem é suporte do pensamento, instrumento para comunicação de informações e produto do trabalho na sociedade, efeito de um processo histórico. O discurso aqui é entendido como efeito de sentidos entre locutores, um processo social cuja materialidade é linguística. Assim, os textos foram analisados em suas representações discursivas, nas características manifestas no texto, na sua intertextualidade no que se refere aos tipos de discurso, estilos e gêneros. Observamos que o tipo de discurso predominante é o científico com o uso frequente de citações indiretas e diretas com a indicação da autoria. Em relação ao estilo, os autores citados são tratados como o outro, representado de forma distanciada. A negação e a pressuposição marcam esse posicionamento. O metadiscurso é utilizado como forma de se distanciar a si próprio de alguns níveis do texto, tratando o nível distanciado como se fosse um outro texto, externo. Os pré-gêneros utilizado nos textos são a descrição e a argumentação. Nesse sentido, apontamos a necessidade da ampliação da amostra analisada e de um aprofundamento em questões relacionadas às práticas discursivas visando compreender as condições de possibilidade dos discursos sobre Leitura no campo.
Discurso religioso y su relevancia en la legitimación de la violencia de género, exploración desde dos perspectivas árabe y latina Iptisam Salame Muhammad (Universidad de Carabobo) iptissamsalame@hotmail.com Abordar la temática del discurso religioso con la intencionalidad de representar su relevancia en la legitimación de la violencia de género, nos remitió adentrarnos en dos tejidos culturales marcados por distinguidas diferencias, sociales, políticas, económicas y religiosas, a lo largo de las extensiones geográficas de varios países árabes como Siria, Irak, Egipto, y otros latinos como Venezuela, y México. Tomando en consideración que la desigualdad no es congénita, sino es un resultado que se reproduce mediante un aprendizaje social del género, y por consiguiente se manifiesta en las actitudes culturales de la sociedad, para luego acentuar los derechos legales de las mujeres vinculados sin duda, a un discurso que se percibe a diario en los medios de comunicación, tanto en el argot popular o el lenguaje literario. Partiendo de la teoría feminista contemporánea sobre la perspectiva de género y el estudio del discurso como soporte, siguiendo una postura postpositivista que ratifica un enfoque cualitativo. Las técnicas de recolección de información fueron revisión de las normativas religiosas como fuente del derecho, cabe destacar que los informantes clave contribuyeron a la elaboración de la presente investigación, cuyas entrevistas se sujetaron a un análisis a partir de su categorización sin dejar de lado su interpretación que facilitaba el proceso de comparación aunando la triangulación de las fuentes. Como resultados finales de esta investigación se pudo constatar que tanto el discurso religioso musulmán o católico ha sido empleado a lo largo de la historia para legitimar la desigualdad y la sumisión de la mujer latina y árabe, y que tanto en oriente u occidente el poderío patriarcado continua justificando el cautiverio del poder en confabulación a un discurso religioso que mantienen la mujer en un peldaño inferior y relegando su rol protagónico en la sociedad como artificie de su propio destino y su emancipación, a la voluntad del Creador que ha destinado su existencia para la satisfacción y el cumplimiento del mandato del hombre según establece las religiones monoteístas; católica y musulmana. En conclusión, esta investigación nos revela que el discurso religioso ha fungido como instrumento para legitimación del patriarcado que sigue vigente.
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Resumos: Comunicações Individuais Sin posibilidad de réplica. Discurso de autoridad en un programa radial Irene Madfes (UDELAR) irene.madfes@gmail.com El poder y su contraparte la inequidad son cuestiones centrales de los asuntos humanos y, por ende son constitutivos de las interacciones sociales. En palabras de Turner (2005), se trataría de encuentros desiguales entre “aquellos que tienen” y “aquellos privados de acceso a los recursos valorados”. Esto implica que todo intercambio lingüístico conlleva, ya sea por el tipo de intercambio, ya sea por situaciones que pueden darse en él, la virtualidad de un acto de poder, haciendo que la desigualdad esté inscrita en sus reglas de juego. ¿Qué ocurre en las situaciones en las que la asimetría es fundante, inherente al funcionamiento de la interacción? en otras palabras cuando la inequidad está inscrita en las reglas de juego? Una de estas situaciones es el discurso radial moderno con participación o no de la audiencia; éste se inscribe en el marco de prácticas lingüísticas institucionales – y por tanto asimétricas - caracterizadas, frecuentemente, por la hegemonía y el control del locutor, en primera instancia y de la producción en segunda instancia. El análisis realizado está centrado en las estrategias discursivas llevadas a cabo por los interlocutores de un programa radial muy popular para alcanzar sus respectivas metas comunicativas: el participante poderoso agrede verbalmente al solicitante utilizando comportamientos volitivos y conscientes cuya finalidad es, mediante el relato y la exposición íntima del solicitante, lograr entretener a la audiencia. Por su parte, el solicitante, receptor de la manipulación y definible como víctima, debe someterse a los pedidos invasivos del locutor. La audiencia obtiene así lo que Culpeper (2011) denomina un “placer voyeurístico”. Son relevantes para entender este tipo de situaciones tanto las prácticas discursivas que expresan al discurso de autoridad (Madfes 2006) como el concepto de violencia simbólica (Bourdieu 2000). El discurso de autoridad, en estas interacciones, se muestra como claramente manipulativo (van Dijk 2006), manifestación de poder sobre todo cuando el detentor de éste pretende que los otros crean y hagan cosas favorables a su interés pero no necesariamente para los suyos. Desigualdades sociais e construções identitárias: reflexos discursivos da Política de Cotas na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS Irení Aparecida Moreira Brito (UEMS) ireni@uems.br A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul implantou ações afirmativas, há cerca de dez anos e, para evitar fraudes, institucionalizou bancas para avaliar o fenótipo dos candidatos aos cursos de Graduação, optantes pelo Regime de Cotas para Negros. A metodologia utilizada pelas bancas avaliadoras é a entrevista, da qual emergem discursos que geram construções identitárias diversas. Neste trabalho apresentamos alguns aspectos discursivos referentes à política de Cotas para negros na UEMS, especificamente sobre a construção identitária dos candidatos aos cursos de graduação. O objetivo é demonstrar como as identidades são reveladas nos discursos em questão, nos quais os sujeitos apresentam imagens de si, forjadas pela existência de desigualdades sociais que provocam uma fragmentação de suas identidades. O Corpus utilizado compõe-se de falas transcritas extraídas de entrevistas, gravadas durante as avaliações das bancas instituídas para análise do fenótipo, no ano de 2014. Como aparato teóricometodológico, utilizamos a Semiótica francesa, bem como alguns conceitos propostos pelos Estudos Culturais. Os resultados parciais e provisórios apontam que a identidade negra é ressignificada e fortalecida em alguns dos discursos analisados e negada em outros. Constatou-se, assim, a existência de conflitos identitários por parte dos sujeitos ao se afirmarem pretos ou pardos. Observamos que os discursos em questão resultam de um processo de desigualdade social revelador da negação e da invisibilidade da população negra no Brasil. Da senzala à publicidade: a representação da imagem do negro marcada pelo regime escravocrata Isaac D'Leon de Almeida (UNIFRAN) isaacdleon@hotmail.com Este trabalho pretende analisar os sentidos do corpo negro na publicidade brasileira contemporânea onde ainda notam-se marcas de preconceito e racismo nas práticas discursivas. É importante considerar que na atualidade o negro começa a ganhar espaço nos meios de comunicação, em especial na publicidade e consequentemente a ser reconhecido como consumidor potencial. O escopo teórico deste estudo está centrado na Análise de Discurso de Linha Francesa, que compreende a produção dos efeitos de sentido de um enunciado a partir da Formação Discursiva na qual ele está inserido e na relação com seu exterior; além disso, traz como aporte teórico as reflexões de Michel Foucault e Jean-Jacques Courtine sobre o sujeito e a inscrição dos sentidos no corpo dentro das práticas discursivas ao longo da história. O objetivo geral deste trabalho é analisar a presença do corpo do negro em algumas publicidades; e os objetivos específicos são de verificar os indícios de um discurso discriminatório e o funcionamento dos efeitos de sentido. O material constituído para análises serão publicidades que circularam entre os anos de 1990 e 2016, pretende-se com essa análise encontrar remanescência de discursos de preconceito. Este estudo se justifica por contribuir para uma análise do funcionamento da publicidade contemporânea e por discutir um tema nacional que envolve um discurso de minoria. O ethos e a identidade de Monteiro Lobato na construção e transformação dos anos 1930 Isis Cristina Ramanzini (PUC-SP) isis.ramanzini@gmail.com O presente trabalho propõe mostrar o ethos e a identidade de Monteiro Lobato, através do discurso do petróleo, e o respectivo impacto, na construção e na transformação, dos anos 1930, no Brasil. A reflexão de Maingueneau (2008) sobre o ethos teve início no começo dos anos 1980. Assim, veremos como essa noção sócio discursiva apresenta, no texto, comportamentos socialmente avaliados que não podem ser apreendidos fora de uma situação de comunicação precisa, integrada numa determinada conjuntura 285
Resumos: Comunicações Individuais sócio- histórica. Nesse contexto vamos revelar a identidade discursiva do escritor no seu projeto político-literário acerca do petróleo. Para isso, analisaremos o ethos pré-discursivo, o ethos mostrado, e também o momento em que o enunciador evoca sua própria enunciação, ethos dito. Assim, por meio do ethos, o destinatário está convocado a um lugar e inscrito na cena de enunciação que o texto implica. A “cena de enunciação” é composta por três abordagens: “cena englobante”, “cena genérica” e “cenografia”. A cena englobante refere-se ao tipo de discurso: literário, educacional, publicitário, etc. A cena genérica, por sua vez, aparece associada ao gênero ou a um subgênero: um editorial, um guia turístico, entre outros. E, finalmente, a cenografia, que não é imposta pelo gênero, mas sim construída pela cena de fala que implica o próprio texto. Numa análise prévia de “O poço do Visconde”, a cena englobante enquadra-se na literatura infantil. A cena genérica apresentada define-se na didática de uma sala de aula, onde o personagem Sabuguinho ministra o discurso da geologia, para a exploração do petróleo, nas Terras do Sítio da Dona Benta. No entanto, a cenografia não se mostra fixa, por esta se instaurar na enunciação e nas cenas de fala que se desenvolvem no decorrer do texto. Assim, veremos como a construção e a transformação da identidade no discurso, de Lobato sobre o petróleo, criaram novas bases para a política e para economia do Brasil.
Discurso jornalístico, política e gênero: (inter)discursos que enunciam a atuação política da mulher, em Igarapé-Miri (PA) Israel Fonseca Araújo (Seduc-PA) poemeiro@hotmail.com A proposta se dedica a analisar a atuação do Jornal Miriense (JM), veículo de imprensa escrita do município de Igarapé-Miri, estado do Pará, no que concerne à enunciação da ação pública/política da mulher nesse município, haja vista a gritante disparidade de oportunidades no que concerne à ação política na prefeitura de Igarapé-Miri: mais de 100 anos de história e apenas uma mulher atuando na prefeitura (2005-08). A problematização buscar entender de que maneira o JM enuncia a atuação pública da mulher que participa da política em Igarapé-Miri; além disso, quais discursos são postos a circular nesse espaço discursivo e quais relações são estabelecidas pelos mesmos. À luz de postulados da Análise do Discurso de linha francesa (AD), seguindo Maingueneau (1997, 2008, 2011), intenta-se analisar a circulação de (inter)discursos que dão a conhecer a atuação da mulher que atua no campo político em Igarapé-Miri, seja na função de prefeita municipal, seja em outras funções públicas. Concebe-se o fazer jornalístico do JM enquanto uma prática discursiva, na qual formações discursivas “noticiam” sobre a ação pública da mulher, as quais são dadas a conhecer aos sujeitos leitores do veículo. Enquanto categorias teórico-analíticas, lança-se mão dos conceitos de interdiscurso, prática discursiva e cena de enunciação, todos desse teórico. A discussão aponta para uma polarização a constituir esse exercício enunciativo: de um lado, os textos que tratam de quaisquer ações públicas da mulher em Igarapé-Miri e, de outro, aqueles que tratam sobre a ação específica da prefeita de Igarapé-Miri (2005-2008). Em meio a isso tudo, faz-se uma discussão sobre um lugar no exercício midiático para a atuação da mulher na política, o que é fartamente visibilizado pela ação discursiva midiática, seja no que tange à perspectiva nacional, seja no que concerne ao fazer jornalístico mais localizado, caso do Jornal Miriense. Longe de se conceber a atuação jornalística como circunscrita ao legado da informação, o que se discute, centralmente, é a condição de os sentidos jornalísticos impactarem o campo da política, a ação pública feminina e a condição dos coenunciadores: os sujeitos leitores. Nesse caso, os do Jornal Miriense.
Argumentação na Educação de Jovens e Adultos Ivan Vale de Sousa (UNIFESSPA) ivan.valle.de.sousa@gmail.com A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade educacional que pressupõe considerar tanto o processo de alfabetização quanto de letramento dos estudantes. Nesse sentido, torna-se imprescindível considerar o contexto em que eles estão inseridos, bem como saber potencializar os conhecimentos e as experiências de vida que trazem à sala de aula. O trabalho com os métodos de ensino deve estar associado ao destaque desses sujeitos como autores de suas histórias, podendo com isso, transformar as realidades nas quais estão emergidos, por isso, considera-se importante a abordagem dos gêneros argumentativos. Diante disso, o objetivo desta proposta é descrever a argumentação a partir do artigo de opinião em uma turma de EJA de uma escola pública de Parauapebas, sudeste do Pará, tendo como ferramenta metodológica a Sequência Didática, como também apresentar o propósito social da abordagem e, por fim, demonstrar o nível de aprendizagem e envolvimento dos alunos. Para isso, algumas reflexões são utilizadas a partir das contribuições reflexivas de Abreu (2000), Koch (2011), Leitão (2011), entre outros autores que possibilitam repensar a argumentação no contexto da sala de aula. Assim, espera-se que a partir dos apontamentos evidenciados neste trabalho, a visão acerca da abordagem dos gêneros argumentativos seja ampliada no âmbito do fortalecimento das práticas de letramento na Educação de Jovens e Adultos.
Da informação à promoção: análise da reestruturação do discurso jornalístico pela publicidade Ivandilson Costa (UERN/UFPE) ivandilsoncosta@uern.br O trabalho focaliza o processo de reestruturação da ordem do discurso jornalístico, recontextualizada em função do caráter mercadológico do discurso publicitário. Parte-se do princípio de que domínios e instituições sociais, cujo propósito não seja produzir mercadorias no sentido econômico restrito de artigos para venda, vêm a ser organizados e definidos em termos de produção, distribuição e consumo de mercadorias. Tendo como teoria de base a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1990; 1992; 1995; 2003; 2006; CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; WODAK, 2004; RAMALHO; RESENDE, 2011), procuramos tratar das escaladas de telejornal, da capa de revista semanal de informação e da primeira página de jornal diário, tomados como gêneros286
Resumos: Comunicações Individuais vitrine, por sua constituição de abertura e apresentação de cada segmento de mídia jornalística. Foram fundadores ainda procedimentos teóricos e analíticos da Gramática do Design Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006), devido principalmente à natureza do corpus em seu caráter de multimodalidade. Para abordagem da mídia, angariamos enfoques gerais relacionados a tópicos como mercantilização, processo interacional, aspectos ideológicos, e gestão de atenção (THOMPSON, 1998; CHARAUDEAU, 2008; MORAES, 2013; CHAUI, 2008; HERNANDES, 2005; 2012). Sobre o discurso da publicidade, discorreu-se acerca de aspectos como o aparato léxico, o slogan e a marca publicitária (CARVALHO, 1996; 2014; CHARAUDEAU, 1983; 2014; ZOZZOLI, 2005). A pesquisa se baseia em métodos qualitativos e interpretativistas de caráter documental. O material foi coletado de exemplares da revista semanal de informação Veja, do jornal diário Folha de S. Paulo e do programa televisivo Jornal Nacional, do período em que se desenvolveu a propaganda política das eleições majoritárias de 2014, no Brasil. Do corpus, foi tomado como representativo um número de dez exemplares de cada um dos gêneros, para fins de geração, tratamento, codificação e análise dos dados. A pesquisa apontou para o fato de que os gêneros de cunho jornalístico têm incorporado caracteres promocionais da publicidade, especialmente quanto ao léxico, à consolidação e manutenção da marca, ao aparato imagético/multimodal. Constata-se, por conseguinte, o processo de recontextualização do domínio midiático jornalístico, em função de uma rearticulação de elementos constitutivos das práticas discursivas, em termos dos caracteres de apelo, promoção e consumo.
Práticas discursivas, mulheres e memórias: manifestações culturais e identidade na esteira do discurso em Nova Prata Iverton Gessé Ribeiro Gonçalves (UPF) hywertthom@hotmail.com Esta pesquisa delimita-se em analisar as práticas discursivas das mulheres, dentro do sistema de restrições semânticas que regula o discurso da imigração italiana em Nova Prata, em especial, a cenografia e o ethos discursivo que podem ser apreendidos desse discurso. O objetivo deste estudo é interpretar as cenografias construídas a serviço das manifestações culturais a partir do discurso das mulheres descendentes da imigração italiana, bem como compreender os éthe discursivos resultantes desse movimento enunciativo como constructos de identidade das mulheres na italianidade. As concepções de cultura, sistemas de representações simbólicas e poder simbólico, postuladas por Bosi (1992), Bourdieu (1974, 1989), De Certeau (1994, 1995) e Geertz (2008), e as descrições de identidade, apresentadas nos estudos de Bauman (2005), Canclini (1995), Hall (2006, 2013) e Woodward (2013), compõem o primeiro pilar do marco teórico sobre o qual se desenvolve este estudo. A orientação para o estudo da semântica global e as categorias teóricas de cenografia enunciativa e ethos discursivo, propostas por Maingueneau (1984/2008a, 1987/1997, 2000/2013), constituem-se no segundo pilar que dá sustentação a esta pesquisa. A justificativa deste estudo se dá pela possibilidade de entendermos cultura como uma rede semiótica a serviço de um poder simbólico. A identidade, lugar discursivo fornecido por essa rede semiótica, é vivida somente no discurso. O estudo da semântica global oportuniza-nos interpretar as manifestações culturais e as marcas identitárias por via dos planos do discurso e do enlaçamento enunciativo promovido pela cenografia e pelo ethos discursivo. O corpus desta pesquisa é composto por um vídeo documentário produzido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Nova Prata e intitulado Mulheres e Memórias. A pesquisa como exploratório-descritiva; bibliográfica e documental de abordagem, como qualitativa. O sistema de representações simbólicas que regula o sistema de restrições semânticas deixa transparecer, no discurso das mulheres da imigração italiana, a necessidade de o enunciador legitimar-se mediante o trabalho árduo em prol da comunidade, o matrimônio como profissão de fé e a constituição de família. A cenografia desse discurso busca legitimar-se numa dêixis fundadora que rememora o sofrimento da imigração e engrandece o imigrante na construção de um ethos heroico e fervoroso.
A análise textual da charge e a construção de sentido sobre a surdez Jaci Leal Pereira dos Santos (UEFS) jacileal22@hotmail.com O presente trabalho, trata-se de uma análise textual de três charges extraídas de site, cujo tema gira em torno da surdez. Neste, pretende-se fazer um breve estudo dos textos embasado na Linguística Textual de Marcuschi (2008), gêneros textuais do mesmo autor e de Koch e Elias (2009), assim como compreender a partir da noção de sentido presente, que, as possíveis leituras feitas sobre o tema dependem da interação entre autor, texto e leitor, assim como do conhecimento que o leitor tenha das características textuais, do suporte de circulação, domínio temático, conhecimento histórico, social e cognitivo. Ou seja, um processo constante de interação. A noção de sentido no texto deve acontecer a partir do lugar de quem fala, para quem fala, identificando no gênero textual charge a carga de humor e ironia como recurso que caracteriza-a enquanto o gênero charge. Neste trabalho faz-se necessário ainda compreender que, para a Linguística Textual a linguagem é o principal meio de comunicação social do ser humano, sendo o texto seu produto concreto e unidade linguística significativa. Análise do discurso em textos icônico-verbais, questões étnico-raciais e interdiscurso nos livros do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) Jair Alcindo Lobo de Melo (IFPA) jairmelo7@hotmail.com Este trabalho objetiva analisar a materialidade discursiva observada em textos icônico-verbais, encontrados nos livros didáticos do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). À luz da Análise do Discurso (AD), de linha francesa, são examinados os fatores linguísticos e ideológicos que permeiam as práticas discursivas nesses textos, com o propósito de não só compreender em que medida textos icônico-verbais presentes em livros didáticos podem reforçar estereótipos cristalizados em nossa cultura sobre determinados papéis do negro na sociedade, mas também apreender como os textos utilizados nos livros didáticos do PNLD contribuem para a legitimação de um discurso construído por meio de conjunto de imagens preconceituosas acerca do negro na sociedade. A pesquisa 287
Resumos: Comunicações Individuais também pretende evidenciar que o livro didático do PNLD, por meio de textos icônico-verbais, realiza um trabalho de construção ideológica, de formação discursiva, de transformação e de reformulação de acontecimentos discursivos. Sendo assim, este estudo justifica-se em razão da necessidade de se reconhecer a importância da AD para as práticas pedagógicas desenvolvidas no âmbito da Educação das Relações Étnico-Raciais, como contribuição teórica essencial para identificar práticas discursivas que reproduzem o preconceito racial e reforçam as ideologias de branqueamento no Brasil. Os dados foram coletados nos livros didáticos do PNLD que circulam nas salas de aula do Instituto Federal do Pará (IFPA), Campus Belém, onde foram selecionados os textos que abordam questões étnico-raciais. A pesquisa mostra que é pelo uso da linguagem que fazemos emergir discursos interpelados pelas ideologias e que as práticas discursivas vinculam-se a modos e a condições de produção e de circulação dos discursos. Por isso, ao examinar os dados desta pesquisa, pela contribuição teórica da AD, emerge a importância de se compreender o interdiscurso presente na produção desses textos icônico-verbais, identificando os que são influenciados por questões históricas, sociais e culturais notadamente ideológicas.
Comportamentos enunciativos em ambiente virtual de aprendizagem: discursos sobre a língua em uso na internet Janayna Bertollo Cozer Casotti (UFES) janaynacasotti@gmail.com Há um tempo, vêm se constituindo objeto de investigação linguística as interações estabelecidas por meio de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Em um contexto de cultura digital, hoje intensamente perpassado pelas múltiplas linguagens, é necessário compreender a aprendizagem como uma construção ativa de conhecimentos. Nesse sentido, pretendemos verificar como alunos de um curso de Língua Portuguesa, nas práticas de interação em AVA, vão refletir sobre sua própria experiência de aprendizado e, assim, revelam posicionamentos acerca da língua materna em uso na internet. Para tanto, buscaremos respaldo teórico na Semiolinguística de Charaudeau (2005, 2008), especialmente no que diz respeito à concepção de ato de linguagem como uma “interação de intencionalidades”, encenada por um modo de organização enunciativo para observarmos como os alunos se posicionam em relação à linguagem da internet. O corpus para análise foi recolhido em um fórum de disciplina de Língua Portuguesa, oferecida no ano de 2014, pela Plataforma Moodle, para técnicos administrativos da Universidade Federal. O objetivo desse fórum era que os alunos se manifestassem em relação à disciplina em curso. Assim, procuraremos verificar como esses alunos agem na mise en scène do ato comunicativo que se dá em contexto digital, pela identificação dos comportamentos enunciativos na interação de que participam, e também compreender, a partir da percepção da diversidade linguística, quais valores sociais estão implicados. Os resultados desse trabalho de análise nos permitem reconhecer a posição que o sujeito falante ocupa em relação ao interlocutor, em relação ao que ele mesmo diz e também em relação ao que o outro diz.
Discurso e construção da opinião sobre movimentos populares na mídia impressa Jaqueline dos Santos Batista Soares (UFMG) jack.uemgletras@gmail.com Este trabalho tem por objetivo estudar, sob o escopo da análise do discurso, como a opinião sobre os movimentos populares intitulados por “Jornadas de junho”, ocorridos no Brasil no ano de 2013, foi construída pelas mídias informativas. Os protestos realizados no Brasil tiveram como pano de fundo a realização da Copa do Mundo de Futebol e os investimentos nesse evento causaram muitos questionamentos, visto que, a população parecia se ver desassistida em sua demanda por investimentos públicos em serviços básicos como de transporte, educação e saúde. Além disso, questões relacionadas à corrupção política e o uso de recursos públicos também motivaram os protestos. O estudo do discurso midiático sob a ótica da análise do discurso assume relevância uma vez que nos permitirá compreender como a voz do cidadão em suas reinvindicações é representada por esta instância de comunicação, entendida como mediadora do debate no espaço público, politico e cidadão. Para tanto, propomos uma análise de reportagens que descreveram essa conjuntura, as quais serão submetidas às propostas teóricas metodológicas da Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau (1992), nos seus modos de organização do discurso; considerando as propostas de Alain Rabatel (2013), quanto ao regime do apagamento enunciativo por meio da gestão dos pontos de vista de atores sociais na construção da notícia, a fim ausentar o enunciador da subjetividade percebida nas reportagens; e Emediato (2013), por considerar uma dimensão argumentativa na construção da opinião em textos que, a priori, não possuem uma visada argumentativa declarada.
De la espectacularización a la transgresión normativizada. Una aproximación al estudio de la representación de los sujetos transgénero en la prensa colombiana Javier Enrique García León (Université d´Ottawa) jgarc056@uottawa.ca Este trabajo hace parte de un proyecto investigativo más amplio cuyo objetivo principal es analizar la manera cómo se representa a los individuos transgénero (intersexual y transexual) en la industria cultural latinoamericana (Colombia, Cuba y Venezuela), específicamente, en el discurso periodístico de los últimos 10 años y en algunas producciones cinematográficas. En la ponencia se presentan los resultados parciales del análisis de la prensa colombiana. Desde una perspectiva transfeminista (Preciado, Valencia, Serano, Butler, Cabral, etc.), de análisis crítico del discurso (Fairclough, Wodak, van Dijk, etc.) y de la lingüística queer (Motschenbacher y Stegu) se analizan los artículos publicados en los periódicos El Tiempo y El Espectador. El estudio evidencia que en ellos hay dos tipos de representacióm en torno al sujeto transgénero. Primero, una espectacularización de este individuo basada en dos arquetipos: el trans engañoso y el trans patético (Serano). En ella se construye al sujeto transgénero como un ser patológico, mentiroso y muy afeminado. Esta representación se basa en una objetivación y mitificación del cuerpo trans. En segundo lugar, se 288
Resumos: Comunicações Individuais encuentra una representación más humanizadora del individuo transgénero, esto es, menos objetivizante. Sin embargo, esta funciona como una transgresión normativizada (Irving), pues el individuo trans se convierte en un cuerpo normativo que participa activamente en el sistema capitalista neoliberal. A la par, ambas representaciones excluyen otros cuerpos trans, es decir, sujetos trans precarios, racializados, bisexuales, discapacitados, etc. Se espera que este análisis contribuya a la lucha cuir/queer en contra de la transfobia y otras formas de discriminación basadas en el género así como a los estudios de representación de minorías sexuales. Proposta para a circunscrição da emergência do “funcionamento discursivo politicamente correto” Jéferson Ferreira Belo (UNICAMP) jefersonfbelo@yahoo.com.br O trabalho a ser apresentado tem como objetivo expor uma proposta para circunscrever a emergência do “funcionamento discursivo politicamente correto”. Esse trabalho faz parte de nossa dissertação de mestrado e seu principal objetivo é investigar, por meio das expressões “political correctness” e “politicamente correto”, a existência de um caráter “translinguístico” das fórmulas discursivas. O segundo objetivo, que sustenta o primeiro, é testar a hipótese de que tanto a memória discursiva quanto as condições de produção (CP) contribuem para que uma fórmula esteja “pré-programada” a se tornar fórmula em outra língua com CP análogas às de sua gênese e/ou circulação. Desse modo, para que se possam atingir os objetivos, é necessário que se faça uma descrição das CP dos discursos produzidos em língua inglesa, nos Estados Unidos, e em língua portuguesa, no Brasil, contemplando a emergência e a dispersão tanto dos sintagmas quanto desse funcionamento discursivo. Propõe-se, então, que, para circunscrevê-lo, é necessário levar em consideração não só o período a partir do início da década de 1990, quando as expressões estudadas tiveram sua circulação aumentada e entraram em diversos campos discursivos, mas também acontecimentos históricos e políticos tais como a conquista e a estabilidade do sufrágio universal feminino e negro nos dois países e, mais recentemente, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Levando em consideração primeiramente a conquista de direitos políticos e posteriormente a criação e sanção de leis que garantem outros direitos a esses grupos sociais, é possível explicar o fato da presença da incessante discussão em torno do direito à liberdade de expressão e do direito de não ser discriminado nos textos presentes em nosso corpus. Essa proposta parece estar confirmada quando se consideram, por exemplo, as polêmicas em que determinados grupos sociais reivindicam outras formas de serem representados em filmes, novelas, campanhas publicitárias, livros, etc. Só para citar um exemplo bem conhecido (no Brasil): o caso do não racismo/racismo nas obras de Lobato em que está em causa a representação da personagem tia Anastácia (mulher, negra e empregada doméstica). Desse modo, portanto, o “funcionamento discursivo politicamente correto” parece ser indissociável desses acontecimentos históricos e políticos.
A desigualdade sob uma perspectiva semiótica: o discurso de "Amorteamo" Jéssica de Oliveira da Silva (UFF) jessica_oliveira@id.uff.br A ficção tem o poder de nos levar a outros lugares, mas também de nos fazer pensar sobre a realidade. Os conteúdos ficcionais produzidos no Brasil, especialmente as telenovelas produzidas em larga escala pela Rede Globo de Televisão, vêm, cada vez mais, abordando temas que fazem parte do cotidiano do público alvo. Tema recorrente e sempre atual, as desigualdades estão sempre presentes de algum modo na ficção da emissora. Mas como se constrói, no discurso, a temática da desigualdade? Essas obras assumem um caráter crítico, ainda que as discussões, muitas das vezes, reforcem o senso comum e os estereótipos sociais. O presente trabalho tem por objetivo analisar, por meio da Teoria Semiótica do Texto, como se constrói, no plano do conteúdo, a desigualdade social e de gênero retratadas na minissérie “Amorteamo” (Rede Globo, 2015), de Guel Arraes, Newton Moreno e Cláudio Paiva. A série contou a história de Gabriel e Lena, que cresceram juntos e se apaixonaram, mas foram impedidos de ficarem juntos porque acreditaram que eram irmãos. A mãe de Lena, Dona Zefa, empregada no engenho de Aragão, pai de Gabriel, teve um caso com ele e, desse relacionamento, nasceu a menina. Após o nascimento de Lena, Zefa foi levada para a casa de Aragão para servir de ama de leite de Gabriel. Desse modo, os dois cresceram juntos e acabaram se apaixonando e, então, a mãe de Lena decide contar que os dois são irmãos. A história se desenrola até que Gabriel descubra que é filho de um relacionamento extraconjugal de sua mãe e, logo, que não é irmão de Lena, podendo, assim, viver sua história de amor. Buscaremos, na análise do nível discursivo do Percurso Gerativo de Sentido – definido como uma sucessão de patamares passível de receber uma descrição adequada, mostrando como se produz e se processa o sentido, indo do mais simples ao mais complexo (Fiorin, 2011) – observar quais figuras utilizadas na narrativa retomam a temática da desigualdade e, através da análise das transformações ocorridas no nível semionarrativo, como a narrativa faz uma crítica, ainda que velada, ao machismo. A voz dos quilombos: identidade e produção discursiva na manifestação do ethos discursivo Jessica Fernanda Mezadri (UPF) jessicamezadri@gmail.com O Reduto Quilombola Corrêa, comunidade de afrodescendentes, localizada no Distrito de São Paulo das Tunas, na cidade de Giruá, localizada na região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, serviu de refúgio aos escravos. Julga-se importante compreender que traços culturais estão inscritos na cena de enunciação: cenografia e ethos deste grupo, com base na teoria semântica global proposta por Dominique Maingueneau. O estudo do ethos volta-se para a construção discursiva, o destinatário está, de fato, convocado a um lugar, inscrito em uma cena, que nesta pesquisa é a de fala que o discurso pressupõe para ser enunciado e que, por sua vez, deve validar através de sua própria enunciação. Cenografia e o ethos se corroboram: a fala é carregada de ethos que se valida no momento da enunciação. A Comunidade abriga hoje 18 membros de uma mesma família que residem no local há mais de 50 anos. No Brasil, o direito de reconhecimento e titulação das comunidades quilombolas foi conquistado com a Constituição Federal de 1988. Em Giruá, 289
Resumos: Comunicações Individuais o reconhecimento da cultura aconteceu em 2008, momento em que grande parte dos quilombolas já havia se retirado para outras localidades do Estado em busca de melhores condições de vida. Reconhecer uma cultura vai muito além da posse de terras, é valorizar a cultura de um povo que forma a sua identidade, e isso pode ser reiterado através das expressões orais, rituais, costumes, identidade, entre outros aspectos. A abordagem teórica é de base enunciativo-discursiva da linguagem, com ênfase aos conceitos de cenografia e de ethos Maingueneau. A pesquisa constitui um trabalho de dissertação do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, área de concentração “Letras, Leitura e Produção Discursiva”, e linha de pesquisa “Leitura e formação do leitor. A coleta de dados será realizada por meio da aplicação de entrevista semiestruturada, constituída de questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa, e da técnica observação sistemática. Assim, analisa-se a construção da cenografia e do ethos discursivo dos remanescentes do Reduto Quilombola Corrêa sobre a imagem de si.
A carta do Cacique Seattle: um estudo discursivo da construção identitária agonística João Paulo F. Tinoco Machado (UFMS) lajptinoco@gmail.com Ancorado na perspectiva discursivo-desconstrutivista (CORACINI, 2007; 2011 e GUERRA, 2010; 2015) e no método foucaultiano (2014a, 2014b), sob a pluma da transdisciplinaridade, este trabalho estuda o processo identitário do indígena e sua relação com o “homem branco” a partir do discurso do Cacique Seattle. Temos como propósito rastrear e analisar algumas Formações Discursivas, segundo as regularidades enunciativas e dispersões do discurso que colocam em funcionamento representações de diferença e de singularidade reivindicando significados que são construídos pelo sujeito. Formulamos a hipótese de pesquisa de que o processo constitutivo identitário do Cacique Seattle é formado por meio de tensões e resistências; ações que vão de encontro aos saberes hegemônicos, ao capitalismo, à industrialização e aos interesses do governo que privilegiam grupos específicos. No intuito de problematizar a (des)construção da identidade (BHABHA, 2013; 2012 e CASTELLS, 2013) e sua relação com o meio ambiente, resultados preliminares indicam que o sujeito Seattle, ao ser confrontado, busca em sua história diferentes concepções socioculturais para entender o pensamento do “homem branco”, engendrando um processo agonístico em que o sofrimento e a angústia perpassam a busca pela identidade do colonizado, sempre numa construção relacional com o colonizador.
As contribuições de Norman Fairclough para as investigações sobre o letramento em marketing Jônio Machado Bethônico (UFMG) joniob@mac.com Desde 2006 tem-se desenvolvido pesquisas relativas ao modo com que a escola tem contribuído para a formação de consumidores críticos no que diz respeito às mensagens de caráter publicitário, ou seja, se e como ela tem incentivado o desenvolvimento do que foi chamado “Letramento em Marketing”. Diferentes objetos e sujeitos foram investigados a partir de então e, para muitas das análises (voltada para livros didáticos, para aulas disponíveis no Portal do Professor e para avaliações), valeu-se de uma teoria proposta por Norman Fairclough (o “modelo tridimensional”) para a categorização das incidências encontradas nos vários corpora, organizando-as entre “dimensão textual”, de um lado, e “dimensão discursiva/social”, de outro. Propõe-se aqui, então, um artigo que descreve como se deu a articulação entre essa teoria e os trabalhos desenvolvidos por este pesquisador nos últimos 10 anos (cujas aproximações vão além de aspectos metodológicos, pois também envolvem pressupostos e objetivos) e apresenta também alguns dos principais resultados encontrados. Resumidamente, tem-se vários indícios de que, apesar dos textos da esfera do Marketing estarem presentes no ambiente escolar enquanto foco de trabalho em sala de aula, as abordagens são comumente superficiais, vagas, incompletas. Os usos desses materiais, por esses e outros motivos, podem ser considerados amplamente incompatíveis com as demandas sociais, quando se enfatiza a conscientização crítica dos alunos frente às atuais estratégias de estímulo ao consumo e outras ações similares de comunicação organizacional. Desse modo, a situação revelada aponta para graves comprometimentos à necessária mudança nas relações de poder entre a esfera institucional da produção e a esfera social do consumo.
Entre eu e os outros: modos de identificação do(a) professor(a) Josciene de Jesus Lima (USF) joli.lima@gmail.com Este trabalho tem por objetivo compreender os modos de identificação do(a) professor(a) junto à profissão docente. O referencial teórico-metodológico baseia-se nos postulados da Análise de Discurso, nos estudos foucaultianos e nos estudos culturais, considerando: o discurso de natureza tridimensional - linguagem, história e ideologia na perspectiva discursiva; modos de identificação como resultados dos processos de objetivação e de subjetivação e identidade na perspectiva cultural. O corpus consiste em excertos de entrevistas de três professoras. Os resultados indicam modos de identificação do(a) professor(a) com a profissão docente pelos aspectos positivos e/ou negativos e por meio de resistência, na medida em que o(a) professor(a) dribla as adversidades, resiste e permanece na profissão docente, bem como ao apontar os pontos positivos e os pontos negativos que caracterizam a profissão docente.
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Resumos: Comunicações Individuais Clube de autores - processos de legitimação por meio dos comentários nos posts do facebook José Cláudio Vasconcelos da Silva (UNICAMP) vasconcellosclaudio@icloud.com Este trabalho tem a finalidade de analisar os processos de (des)legitimação social mobilizados em torno da definição do que é ser um autor por meio dos comentários dos posts publicados na página Clube de Autores no Facebook. O clube de autores é um site brasileiro que auxilia pequenos autores, às vezes ainda desconhecidos, na publicação gratuita de seus livros e na comercialização destes nas versões online e impressa. O site funciona como uma editora e gráfica para pequenos escritores ou simplesmente para alguns autores conhecidos que não desejam publicar suas obras em grandes editoras. Na atualidade, o comentário na internet é uma ferramenta discursiva que parece ser bastante democrática e que é utilizada pelos internautas para expressar seus pensamentos, valores e fazer julgamentos sobre tudo que se lê, vê e assiste na web. Considerando a teoria da legitimidade cultural (LAHIRE, 2006), analisaremos quatro posts publicados na página assim como todos os comentários gerados a partir deles. Neste trabalho consideramos estas práticas sociais (HANKS, 2008) como disputas por legitimação das representações do que seja ser um autor para os participantes deste grupo que articulam suas reflexões pautados em modelos cognitivos idealizados (LAKOFF, 1990). “Independente”: uma fórmula discursiva na produção cultural contemporânea José de Souza Muniz Júnior (USP) jmunizjr@gmail.com Este trabalho explora algumas possibilidades para estudar o “independente” como sintagma que cristaliza questões políticas e sociais no seio da produção cultural brasileira. Partindo dos conceitos de fórmula (Alice Krieg-Planque) e ethos (Ruth Amossy), exploramos as implicações sociológicas de tomar o “independente” não como conceito analítico, mas como noção que faz sentido para os sujeitos e dá sentido às suas práticas, sendo objeto de polêmicas na definição mútua de suas identidades. O levantamento que fizemos em um extenso corpus de imprensa (o arquivo das edições da Folha de S.Paulo entre 1921 e 2015) permitiu-nos situar no início dos anos 1980 a entrada desse sintagma em um período de grande produtividade lexicológica. Discutimos como, a partir daí, esse adjetivo passa a frequentar assiduamente a cobertura de cultura do jornal, sendo atribuído tanto às práticas (música, cinema, literatura etc.) como a seus praticantes, a suas instituições/empresas e a seus produtos. Na primeira parte do trabalho, propomos alguns critérios analíticos para apreender a heterogeneidade de aparições do “independente” no espaço público, de modo a esclarecer os vínculos dessa unidade polissêmica à pluralidade de posições sócio-discursivas que dela se valem para instituir tomadas de posição que descrevem e prescrevem formas de presença no campo da cultura. Na segunda parte, procedemos a uma análise detalhada da matéria “Fischer, o preço da independência”, publicada na Folha de S.Paulo em 1º de agosto de 1980. Atentamos, aí, para a manifestação do caráter polêmico da fórmula “independente”, que opera nas relações entre o discurso do próprio veículo e o discurso citado de Tato Fischer, artista a que a reportagem faz referência. Considerando-se o argumento de Pierre Bourdieu, em As regras da arte, de que os artistas, “criando eles próprios a necessidade que faz sua virtude, podem sempre ser suspeitos de fazer da necessidade virtude”, tal análise levanta a seguinte pergunta: à vigência do “independente” como construção formulaica no período contemporâneo não corresponderia a construção de um ethos de dissidência artística suspeito de falsificar a diferença (de métodos, valores e objetivos) em termos de desigualdade (de condições de atuação no campo cultural)?
O trânsito da língua, o discurso e seu outro: marcas ideológicas de estereótipos relacionados à desigualdade social em traduções de Zapiski iz podpolia, de Dostoiévski José Mágno de Sousa Vieira (UFPI) magnoreute@bol.com.br Este trabalho objetiva investigar diferenças enunciativo-discursivas em três traduções diferentes do discurso literário Zapiski iz Podpolya, de Dostoiévski, a saber: Memórias do subsolo (doravante MS), Editora 34 (2014); Notas do subsolo (doravante NS), L&PM(2011) e Diário do Subsolo (doravante DS), Martin Claret (2012). Metodologicamente foram selecionadas três sequências discursivas (doravante SD) presentes em cada uma das três traduções que constituem o corpus analisado apresentadas em três quadros. Na sequência de cada um dos quadros é feita a análise discursiva das SD. O original russo não é apresentado, pois, o intuíto é explicar as diferenças ideológicas presentes nas três SD analisadas. As SD selecionadas são relacionadas à temática da desigualdade, ou seja, a materialidade discursiva emergida nas SD intenta manifestar os estereótipos de sujeitos que estão à margem da sociedade em virtude dos papéis sociais que desempenham. O sujeito que faz emergir um ethos que o constrói é entendido como um esquema corporal (DISCINI, 2015) composto do acontecimento que o cerca. O percurso enunciativo nas traduções apregoa a marcação desse sujeito composto em camadas sucessivas lançadas pelo ethos gerado no nível discursivo que se manifesta como um Eu. O sujeito contraposto aos que ele faz emergir pelo discurso que propaga tem voz e corpo nas cenas de enunciação que deixa aflorar (CHARAUDEAU & MAINGUENEAU, 2014). Este trabalho também ampara-se em Rodrigues (In GONÇALVES & GÓIS, 2012) quanto à temática da tradução e em Maingueneau (2008) no que tange ao interdiscurso e seus desdobramentos. As análises feitas evidenciam uma sutil diferença entre as três traduções quanto aos aspectos ideológicos. O modo como o trato à temática da desigualdade social é traduzido mostra uma ênfase que oscila entre o tom hostil e provocador (NS), o tom pomposo (DS) e o tom sisudo (MS). Estas características evidenciam que o ato de traduir pode enfatizar ideologias e modos de dizer o discurso que podem provocar mudança em termos de recepção da obra traduzida. Os aspectos enunciativos também permitiram perceber diferenças estilísticas entre as traduções que evidenciam uma mescla ideológica que perpassa a significação original e a da língua de chegada.
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Resumos: Comunicações Individuais Da contradição na resistência à família nuclear burguesa José Simão da Silva Sobrinho (UFU) jose-simao@uol.com.br A definição de família como “núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher”, proposta pelo Projeto de Lei 6.583/2013, em tramitação, gerou manifestações favoráveis e desfavoráveis nas ruas, nos meios de comunicação e nas mídias sociais. Nesse trabalho, analisamos os processos discursivos que conformaram as reações contrárias à definição, tomando como material de análise artigos de jornais e revistas e postagens nas redes sociais. Trata-se de investigação integrada a um projeto mais abrangente no qual analisamos a resistência na contemporaneidade. A perspectiva teórico-metodológica adotada é a da Análise de Discurso. No dispositivo de análise, empregamos conceitos como formação ideológica, formação discursiva, interdiscurso, dentre outros. Compreendemos, pelas análises, aspectos da contradição constitutiva da resistência em questão. Uma análise crítica de discursos sobre cidadania em materiais educativos para a Educação de Jovens e Adultos Josete Rocha dos Santos (UFRJ) rochajosetefreitas@gmail.com Propostas curriculares recentes (Brasil, 2012) apontam para a importância da Educação em Ciências na formação de alunos capazes de compreender a cidadania como participação social e política. Estas propostas incentivam a elaboração de materiais educativos para a educação de jovens e adultos que visem à formação de cidadãos críticos e inseridos numa sociedade na qual o conhecimento científico e tecnológico é, cada vez mais, valorizado. Neste contexto, apresentamos um exercício de análise textual de excertos de materiais educativos da SEE/RJ para esta modalidade de ensino, baseada em princípios de análise crítica do discurso desenvolvidos por Chouliaraki e Fairclough (1998) e Fairclough (2003). A ACD busca analisar as relações dialéticas entre as semioses – níveis de significação textual e discursiva incluindo todas as formas de construção de sentidos, imagens, linguagem corporal e a própria língua – e aspectos sociais. Considera, ainda, a dinamicidade dos eventos discursivos em textos e práticas sociais – modos habitualizados de ser e agir, conjuntamente, no mundo social. Os textos podem ser definidos como a realização linguística na qual os discursos se manifestam e expressam discursos vinculados a diferentes práticas sociais que, em muitos casos, estão em competição. Nossas análises buscam estabelecer relações entre elementos da conjuntura social, histórica, política relacionados ao conceito de cidadania e suas representações nos discursos educacionais (ALVARENGA 2010) e formulações presentes em materiais didáticos, em particular em exemplos que se remetem à tomada de decisão e à participação social em contextos que tratam das relações entre saúde e ambiente. Dialogando com Vilanova e Martins (2008), exploramos formas pelas quais estes materiais equilibram demandas por conhecimentos úteis para a vida cotidiana do adulto trabalhador com visões críticas acerca da natureza da ciência e das suas relações com a tecnologia em contextos de participação na sociedade, de forma a construir uma visão de cidadania voltada à promoção da justiça social. Analisamos também em que medida os textos reforçam preconceitos acerca de supostas deficiências dos alunos restringindo, assim, o desenvolvimento de um pensamento critico-emancipatório. Discours social et ethnicité au Rwanda Josias Semujanga (Université de Montréal) josias.semujanga@umontreal.ca Comment interpréter la permanence des images sur Afrique ? Cette question permet de revenir sur la configuration des ethnies dans le discours social au Rwanda. Comme le domaine est vaste, je propose de me limiter à la figure du Tutsi et ses usages dans le discours social, car, pour ne pas être nouvelle, mérite un réexamen dans le cadre général d’une réflexion sur les lieux communs et les stéréotypes d’une Afrique en crise. Que signifie le terme dans les discours occidentaux sur l’Afrique et le Rwanda ? Ces stéréotypes sont-ils le seul apanage du discours occidental ? Que disent-ils les Tutsi eux-mêmes quand ils parlent de leur situation actuelle en tant qu’Africains et Rwandais ? Je pars de l’idée que les images repérées dans les récits sur l’Afrique et ses habitants procèdent d’un esprit d’époque en cours en Occident et, à certains égards en Afrique également ; l’occidentalisation du continent est une action et un mouvement qui, dans les pays africains, président à l’organisation de la vie et même du discours ; d’où la référence aux images du kaléidoscope pour expliquer le sens de la circulation des images sur l’Afrique. Je me baserai sur les récits mythologiques anciens, le récit colonial et le discours moderne au Rwanda. Je me réfère du point de vue de l’analyse du discours aux travaux de Marc Angenot sur le discours social (1989) et mes travaux sur les récits du génocide rwandais (1998). Discurso publicitário da cerveja Itaipava Joyce Leite Marinho (UFES) joyce-marinho@hotmail.com A presente Comunicação é um recorte de nossa dissertação em andamento no Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Fundamentando-nos na Análise do Discurso, nas perspectivas propostas por Maingueneau (2005, 2008, 2013), com enfoque nas categorias de interdiscurso, cenas de enunciação e ethos discursivo. Para a análise, selecionamos um discurso publicitário da cerveja Itaipava, em veiculação na mídia brasileira, que faz parte de do corpus de nossa pesquisa e apresenta como referente o estado da Bahia, apreendido no/pelo enunciado “Meu rei”. Nosso objetivo é examinar a organização e o funcionamento do discurso publicitário midiático, observando os mecanismos verbo-visuais, a constituição do ethos discursivo e as estratégias de apelo ao consumo da cerveja Itaipava. Identificamos, ainda, as condições sócio-históricas de produção desse discurso e os diferentes efeitos de sentido reivindicados na cenografia. A análise revela-nos uma imagem do enunciador, ressalta o corpo e a sensualidade da mulher, ao mesmo tempo em que incita o consumo da cerveja por meio de estratégias de sedução que envolvem os coenunciadores. 292
Resumos: Comunicações Individuais ¿Qué es tener un caso? Visiones sobre la justicia y la moralidad en un consultorio jurídico de Bogotá Juan Camilo López (Universidad de los Andes) jc.lopez124@uniandes.edu.co Los consultorios jurídicos populares son el único recurso para muchas personas que no pueden costear un abogado. Los problemas que son objeto de consulta tienen un correlato psicológico (hasta ahora inexplorado) que enfrenta las emociones e intereses del cliente a los reglas de derecho que el abogado saca de un código. La investigación que se presenta analiza conversaciones entre clientes y abogados de un consultorio jurídico universitario. La pregunta de investigación que se quiere responder es: ¿qué es tener un caso en un consultorio jurídico? El supuesto teórico que sustenta esta investigación recoge la propuesta formulada, entre otras corrientes, por la psicología discursiva y por la psicología social crítica centrada en el análisis de las interacciones sociales como punto de partida para la construcción del orden propio de la cotidianidad y de los procesos psicológicos. Desde el punto de vista metodológico el trabajo se basa en el análisis conversacional de 12 entrevistas en las que abogados y clientes definen la naturaleza de un caso. En particular se quiere saber qué es lo que hacen las personas con las palabras y cuáles son los métodos que emplean los clientes y los abogados para la definición de problemas a los que se enfrentan. Se trata de una indagación que saca provecho del carácter pragmático del lenguaje y resalta la naturaleza situada de los procesos psicológicos. Los hallazgos de la investigación revelan diversas visiones acerca de la justicia y la moralidad que enfrentan las construcciones del mundo que hacen clientes y abogados de sus propias experiencias y permiten contrastar sus puntos de vista acerca de lo bueno y lo malo. Esta investigación presenta ejemplos en vivo relacionados con la formulación de juicios morales y hace un aporte concreto a lo que en de un tiempo acá se denomina como cognición jurídica.
O jovem discurso da culinária nos programas de receita: uma análise das representações do ato de cozinhar Julia Ferreira Veado (UFMG) juliajfv@gmail.com Neste presente trabalho, pretende-se analisar as representações do ato de cozinhar que permeiam o jovem discurso (ou discurso jovem) da culinária, através de um corpus composto por programas audiovisuais dedicados ao ensino de receitas. Para tanto, valer-seá das contribuições da Análise do Discurso, principalmente de noções como produção discursiva, imaginário e representação. Através desse escopo teórico e do olhar atento que este ajuda a desenvolver, nota-se que vivemos um momento de forte ascensão da culinária, o que pode ser sentido ao se ligar a televisão ou acessar o YouTube, ao circular em uma livraria ou em um supermercado (gourmet) ou ainda ao se observar a disposição arquitetônica dos novos apartamentos: a cozinha e a prática culinária estão em destaque. Diante dessa conjuntura de gourmetização, mais discursos são produzidos em torno do tema, em especial, inúmeros programas de receita, com variadas frentes, da competitiva à instrucional. Em relação a esse último grupo, que se pretende tomar como foco de análise neste trabalho, dois pontos parecem ser recorrentes: o jovem apresentador-chef e a cozinha ampla e organizada. Na internet ou na TV a cabo, duas esferas midiáticas que possibilitam uma maior quantidade e diversidade de programas, nota-se uma massiva presença de jovens chefs, situados em uma cozinha bem composta e aconchegante, ensinando o preparo de receitas com um toque de sofisticação. Esses atuais apresentadores parecem reproduzir o imaginário de uma cozinha que envolve técnica e afeto. Em geral, os utensílios são novos, os ingredientes, muito bem selecionados, e o espaço físico, bem decorado e com tudo à mão. Dessa forma, eles ensinariam o preparo de pratos ora descomplicados, ora mais elaborados, mas com cautela e sofisticação. Diante disso, pretende-se analisar as representações presentes nos atuais programas de receita, focando em elementos como a atuação dos apresentadores, a escolha dos pratos e dos ingredientes, a forma como os preparam, a que público se destinam. Através desse complexo, pretende-se melhor compreender o discurso que veiculam e quais representações e imaginários evocam.
O uso das mídias tecnológicas em aulas de língua portuguesa: um método para o ensino de produção de textos e incentivo à leitura Juliana de Paiva Vieira Soares (UFMG) julianapaiva2007@hotmail.com O trabalho consiste no estudo da mudança de comportamento do leitor em suas práticas de leitura diante das mídias tecnológicas. Como as novas tecnologias podem influenciar positivamente no ensino de língua portuguesa, no incentivo à leitura e no aprimoramento do ensino de produção textual em sala de aula. A língua, que é o nosso “código”, é viva e por isso sofre alterações constantemente, não apenas na estrutura gramatical como também nos meios de comunicação. Muitos leitores direcionam essas mudanças dos meios de comunicação à grande revolução tecnológica do final do século XX e ao presente período em que vivemos. Mas é necessário pontuar que essa transformação, nos transportes comunicativos, não são as primeiras que ocorreram. Pode-se citar a revolução da escrita e a invenção da imprensa - que ocorreram anteriormente à revolução tecnológica - como umas das grandes mudanças que causaram impactos significativos para a evolução no processo de comunicação. Portanto, como ponto de partida toda essa mudança secular no processo de comunicação, se faz necessária uma “reconfiguração nas práticas de leitura”, que podem ser desenvolvidas em sala de aula no ensino de produção de textos e como método de incentivo à leitura.
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Resumos: Comunicações Individuais Assédio ideológico nas escolas é crime: proibição, justificativa e efeitos de sentido sobre um projeto de lei Juliana Karina Voigt (UNIOESTE) ju_voigt@yahoo.com.br A Análise de Discurso francesa é conhecida como a disciplina do entremeio. Ancorada na Linguística, na Psicanálise e no Materialismo Histórico, a teoria, elaborada pelo filósofo Michel Pêcheux, comporta o estudo sobre o discurso, ou seja, sobre os efeitos de sentido entre interlocutores. Entendendo que ao procurar explicar a linguagem, o homem está procurando explicar algo que lhe é próprio e que é parte necessária de seu mundo, buscar-se-á, nesse artigo, trabalhar com o objeto teórico da vertente francesa e interpretar de que maneira a proposta de lei do deputado federal Rogerio Marinho (PSDB-RN), titular da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que torna crime o assédio ideológico em ambiente escolar é significada pelos seus interlocutores. O projeto de lei pede alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para que seja incluído entre os seus direitos o de “adotar posicionamentos ideológicos de forma espontânea, livre de assédio de terceiros”. Valendo-se de autores como Pêcheux (1993), Orlandi (2005) e Mariani (1998), pretende-se compreender como os objetos simbólicos produzem sentido e qual é a significância feita por sujeitos para sujeitos. Destarte, objetiva-se interpretar, pensando nas condições de produção, qual é o efeito de sentido sobre a justificativa desse projeto de lei.
O discurso acadêmico sob a perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional: mapeamento de diferentes abordagens ao tratamento da doença falciforme Juliana Maria Gonçalves da Silva (POSLIN-FALE-UFMG) jhu.letras@gmail.com Annallena de Souza Guedes (UFMG) annallenaguedes@hotmail.com Katy Karoline Santos Diniz (UFMG) katykarolinesd@gmail.com Este estudo examina comparativamente dois corpora, um em português brasileiro e outro em língua inglesa, compilados com amostras de artigos acadêmicos sobre o domínio experiencial doença falciforme. Partindo-se dos pressupostos da Linguística de Corpus (BIBER et al, 1998) e da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014), o estudo compreendeu a compilação; a geração automática das listas de frequência e das nuvens de palavras para cada um dos corpora, utilizando-se o software estatístico e ambiente de programação R (R CORE TEAM, 2015); e a análise das variáveis do contexto de situação dos textos. Os resultados obtidos mostraram que os corpora são semelhantes no que tange às variáveis sintonia e modo, mas que divergem com relação aos aspectos da variável campo, mais especificamente ao domínio experiencial. A ocorrência de determinados itens lexicais nas listas de frequência de palavras dos corpora pode ser indicativa de uma tendência de as pesquisas sobre anemia falciforme no Brasil explorarem a doença sob um viés diferente se comparado com as pesquisas sobre o mesmo tópico publicadas em língua inglesa. No corpus em português, ocorrem com grande frequência itens lexicais como “educação”, “folheto”, “informação”, o que aponta para uma abordagem voltada para o fomento da importância de disseminar informações sobre a doença entre a população. Já no corpus em língua inglesa, há predominância de itens lexicais como “hydroxyurea”, “care”, “clinical”, o que indica que a doença falciforme é abordada em termos dos tratamentos a que podem ser submetidos os pacientes e dos testes clínicos pelos quais eles devem passar.
Desinstitucionalização prisional e o discurso do método APAC Juliana Marques Resende (UFMG) julianamarquesresende@gmail.com Este artigo apresenta o trabalho dissertativo acerca da desinstitucionalização prisional e o discurso do método APAC. Para tal, foi utilizado o conceito de desinstitucionalização, trazido pela reforma psiquiátrica, em que desinstitucionalizar é uma desmontagem, uma transformação das relações de poder já codificadas e cristalizadas, ocupando-se não somente da transformação da instituição prisão para APAC, mas também da instituição de prisão como pena. Apresentamos o contexto histórico da institucionalização das prisões como penas e também o surgimento do método APAC como alternativa ao sistema penal no Brasil. O método APAC traz à tona uma proposta religiosa cristã, que também se pauta na garantia de direitos das pessoas presas. Para realizar a pesquisa, foi adotado o método da análise crítica do discurso que se fundamenta principalmente no método de análise do discurso proposto por Michel Foucault e Norman Faircloug. Também foi utilizado a perspectiva da genealogia por compreender que elas são metodologias complementares. O corpus da pesquisa foi o livro “Ninguém é irrecuperável. APAC: A revolução do sistema penitenciário”, escrito por Mário Ottoboni. Através da genealogia, buscamos compreender também a institucionalização do ideal de ressocialização contido nas penas de prisão e, através deste percurso, identificamos as ideologias de maior influencia neste ideal. Os resultados encontrados permitiram refletir sobre a reprodução das ideologias contidas no discurso da ressocialização, onde a religião predomina como principal proposta, e também sobre a visão patologizante das pessoas presas. Percebemos também que o método APAC traz avanços ao garantir os direitos das pessoas presas e, através de algumas práticas, desnaturaliza a violência nas prisões. No entanto, ao que tange à desinstitucionalização das prisões como pena, o método APAC vem na contramão, afirmando que é possível contribuir para uma mudança das pessoas através da prisão.
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Resumos: Comunicações Individuais Os embates discursivos sobre as relações raciais brasileiras a partir dos argumentos sobre política de cotas Juliana Silva Santos (UFMG) juliana_santos2@yahoo.com.br O objetivo deste trabalho é analisar a construção de imagens na argumentação sobre as Ações Afirmativas de recorte racial, a política de cotas para o ensino superior, medida amplamente discutida no cenário nacional de 2002 a 2012 e ainda nos dias de hoje. Para tanto, utilizamos dois artigos de opinião que sustentam opiniões divergentes sobre a política e que foram publicados no Boletim, periódico elaborado e divulgado pela Universidade Federal de Minas Gerais. No decorrer de nossa análise, cremos que os argumentos utilizados pelos locutores refletem, no campo discursivo, os embates ideológicos sobre raça e racismo desenvolvidos e aclimatados nas relações sociais desde a elaboração do Brasil como nação. Nessa perspectiva, verificamos como as marcas de subjetividade, os estereótipos, a memória discursiva, bem como os argumentos veiculados pelo discurso (ethos, pathos e logos) foram utilizados no discurso dos locutores dos artigos de opinião selecionados de forma a embasar seus argumentos e, assim, construir determinadas imagens sobre a política de cotas, orientando posicionamentos e modos de ver. No campo teórico da Análise do Discurso, faremos uso análise argumentativa a partir dos trabalhos de Amossy (2010, 2011) e no contexto das relações étnico-raciais nos baseamos, principalmente, nos trabalhos de Munanga (2008). Como conclusão, constatamos que os recursos linguísticodiscursivos utilizados pelos locutores objetivaram um propósito argumentativo não apenas sobre as cotas no ensino superior, mas, principalmente, sobre as relações raciais desenvolvidas no Brasil e racismo decorrente desse processo.
A retórica na construção do discurso antifônico em Luiz Gama: uma arma contra a desigualdade racial Júlio César Souza de Oliveira (UFJF) ufjfufrj@yahoo.com.br Embora seja, indiscutivelmente, o nome mais emblemático do movimento abolicionista, Luiz Gama permanece como um ilustre desconhecido para a maioria dos brasileiros. Segundo o historiador Eduardo Bueno, “se fosse norte-americano, sua vida teria rendido vários livros e filmes”. O próprio historiador tenta explicar esse lamentável estado de ignorância em torno de seu nome: “Luiz Gama era um pobre negro brasileiro...”. Contudo, recentemente (Novembro de 2015), numa espécie de ato de desagravo, o nome de Luiz Gonzaga de Pinto Gama foi lembrado, quando a Ordem dos Advogados do Brasil concedeu-lhe o título de advogado, 133 anos após sua morte. Nascido em Salvador, em 1830, filho de um português com uma escrava liberta, Gama foi vendido como escravo pelo próprio pai quando tinha 10 anos. Após conquistar sua alforria, tentou frequentar a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, hoje pertencente à Universidade de São Paulo, mas, por ser negro, foi rechaçado pelos demais alunos, que contaram com a benevolência dos mestres eruditos. Em resposta, passou a assistir às aulas como ouvinte e, com o conhecimento adquirido, atuou na defesa jurídica de negros escravos. Nos tribunais, lançou mão dos conhecimentos jurídicos obtidos de forma autodidata e, com uma retórica e uma oratória impecáveis, conseguiu a liberdade de mais de 500 escravos. O objetivo do presente trabalho é descrever os procedimentos retóricos utilizados por Luiz Gama na produção do discurso antifônico, cuja tarefa maior é tentar resolver situações a que se aplicam normas provenientes de sistemas distintos e conflitantes. Fiorin (2015: 23) lembra que “o princípio da antifonia mostra que toda ‘verdade’ construída por um discurso pode ser desconstruída por um contradiscurso; uma argumentação pode ser invertida por outra”. O “corpus” da análise é composto por 7 cartas escritas por Luiz Gama a Ferreira de Menezes (negro como o primeiro), o qual, em 1861, conseguiu ingressar no curso de Direito da USP, instituição da qual tornar-se-ia professor. As cartas ressaltam os horrores da escravidão, denunciam os limites impostos à liberdade dos negros e, ao citar casos controversos, tomam a defesa dos negros, opondo-se à interpretação dos juristas.
As vozes da ética do discurso Júnia Diniz Focas (FALE-UFMG) junia.diniz@globo.com Os conceitos de argumentação e de polifonia desenvolvidos por Ducrot, definidos por ele como uma Pragmática Lingüística, são interpretados como um modo de ação social. A delimitação das pessoas do discurso, o locutor enquanto tal L e o locutor enquanto ser do mundo λ demarcam as posições enunciativas com seus respectivos estatutos sociais e morais. Ambos constituintes do que definiremos como ethos ético, delimitados, respectivamente, no Princípio Universal (U) e no Discurso Prático (D), na terminologia de Habermas. É neste ponto que a nossa discussão insere a ética discursiva filosófica no âmbito dos estudos do discurso, tão fundamental no mundo moderno. Portanto, a estrutura argumentativa de fundamentação racional da moral divide-se em duas premissas essenciais: o Princípio de Universalização (U) como regra de argumentação para Discursos Práticos (D), calcados nos pressupostos pragmático-universais da argumentação. Valdo Cruz, em texto publicado no Jornal Folha de São Paulo, no dia 16/11/2015, intitulado “O terror de cada um” coloca em causa a questão humanitária e política dos atentados terroristas em Paris: “Paris gera um alerta mundial contra o terrorismo. As cenas de crueldade perpetradas pelo Estado Islâmico são injustificáveis. Seja lá o argumento que se use: vingança, religioso ou desigualdade. (...) Já vivemos momentos piores na história da humanidade. Mas nunca estivemos tão próximos de cada uma destas tragédias como hoje na era da conexão tecnológica global. O que nos torna mais sensíveis a elas ou, pelo menos, deveria.” A polifonia amplifica a voz e o discurso do sujeito ético que se posiciona ante os conflitos sociais e neles mostra um dizer que só se pode amplificar na dimensão pública do discurso, o ethos ético. Partindo desse ponto de vista, delimitaremos aqui o conceito de ethos, balizado pelas análises de Ducrot, corroboras no pensamento de Habermas no que concerne a um ethos performativo (o locutor ʎ no Discurso Prático (D)) encarnado no discurso público que amplifica a voz de uma ética discursiva. Portanto, a linguagem delimita os campos das relações sociais e exerce uma função participativa na dimensão pública do discurso, no ethos ético. 295
Resumos: Comunicações Individuais O discurso escancarado: naturalização dos discursos de ódio e preconceito na campanha à presidência de 2014 Jussaty Luciano Cordeiro Junior (Centro Universitário Newton Paiva) jussaty@hotmail.com As elites econômicas e políticas, além da hegemonia nas áreas econômica, política e social, também exercem papel e dominação importante na dimensão cultural. Nesse aspecto, várias são as maneiras de difusão das perspectivas ideológicas sobre as mais variadas questões que se debatem na sociedade. A política é, sem dúvida, uma das mais importantes. Personalidades políticas e públicas, estudiosos, jornalistas, entre outros, ao opinarem sobre as questões de interesse público, inclusive a política, exercem seus posicionamentos utilizando-se de discursos que se naturalizam através das redes sociais, dos meios de comunicação e das mídias, repercutindo em outros espaços, como a família, os círculos profissionais e universidades. Assim, no século XIX, as ciências e o discurso científico tiveram um papel importantíssimo na disseminação das teorias cientificistas relativas à superioridade das raças (SCHWARCZ, 1993). As elites europeias tiveram um papel preponderante na proliferação e disseminação dessas teorias que fundamentaram as práticas discursivas e sociais e são os pilares do racismo. (DIJK, 2015). Partindo da premissa de Dijk (2015), que nos diz que "[...] o racismo sem fala e sem escrita provavelmente seria impossível", examinaremos nesse artigo os aspectos discursos produzidos pela/na mídia e outros atores sociais, (sobretudo as elites econômicas/políticas e as instituições), relativos aos debates sobre política que ocorreram no Brasil durante o período da campanha à eleição presidencial de 2014 e suas reverberações no cenário atual. Nossa intenção é a de examinar os discursos de ódio e de preconceitos raciais, ideológicos, políticos, sociais, regionais, entre outros, presentes nos atores sociais e amplamente divulgados na mídia e nas redes sociais no que tangem a referida campanha. Para realizarmos nossa análise, nos balizaremos nas concepções de dialogismo da linguagem de Bakthin (2000) e de interdiscurso de Maingueneau (2005). Para operacionalizarmos nossas análises, abordaremos as teorias de Foucault (1971) sobre formação ideológica decorrentes da influência de Althusser (1970), a fim de compreender os posicionamentos ideológicos que se manifestam nesses discursos e entendermos a noção de formação discursiva de Pêcheux (1997). Compartilhamos a ideia de que as formações ideológicas determinam as bases das formações discursivas operacionalizando-as através das paráfrases e dos discursos préconstruídos. O título do artigo faz referência ao trabalho de Elio Gaspari (2014) "As ilusões Armadas – a ditadura escancarada", que trata da ditadura militar no Brasil entre 1964-1985. A nossa analogia refere-se a afirmação do regime pelos militares, mais precisamente em 1968 com o AI-5, e o “encorajamento” e difusão de determinados discursos racistas e preconceituosos que observamos no debate político atual. Nossa análise será desenvolvida a partir dos fragmentos de discursos retirados de artigos de jornais referentes à campanha presidencial de 2014, debates e embates sobre os posicionamentos dos principais candidatos e, sobretudo, aos posicionamentos contra as minorias sociais e econômicas (geralmente associadas aos programas sociais), ou aos nordestinos e negros (geralmente associadas às questões raciais, regionais e às cotas).
A construção do monolinguismo no ideário brasileiro: uma visão althusseriana sobre o processo Karen Kennia Couto Silva (UFMG) karenbhz@yahoo.com.br No Brasil, a política linguística desenvolvida ao longo do século XX foi sempre atrelada a uma visão de estado monolíngue, que por meio dessa estratégia, visava demarcar as fronteiras e constituir um ideal de unidade nacional. Imperava a visão de que todos os brasileiros deveriam se sujeitar a um mesmo idioma, a fim de contribuir para a construção da nação e para preservação da soberania nacional. Dessa forma, compreender o status das línguas minoritárias no território brasileiro é, antes de tudo, querer compreender os condicionantes históricos, políticos sociais e ideológicos que conformaram nossa política lingüística ao longo do tempo. Recorrendo a fontes históricas e analisando diferentes estudos que procuraram investigar a política lingüística na era Vargas, pretendeu-se propor uma reflexão sobre a política linguística brasileira durante a Era Vargas (1930-1945) à luz das teorias de Althusser e Pêcheux. A atuação dos Aparelhos Ideológicos do Estado e as implicações da construção do mito do monolinguismo na política linguística brasileira na atualidade foram objeto de nosso estudo. A análise empreendida nos permite afirmar que o momento histórico vivido na época, sobretudo com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, viabilizou a emergência de um contexto altamente favorável à difusão do monolinguismo. Esse cenário legitimou a ampla utilização dos aparelhos do estado (repressivos e ideológicos) no sentido de proibir a utilização de idiomas estrangeiros no país e coibir qualquer abertura ao plurilinguismo na política linguística brasileira. Nesse contexto, a Escola foi uma importante difusora dos ideais nacionalistas servindo muito bem como forma de promoção da ideologia do Estado. Com o período da redemocratização no Brasil, houve uma abertura política abrindo espaço para a reformulação das políticas lingüísticas no Brasil. Entretanto, apesar dos significativos avanços ainda persistem certos condicionantes ideológicos em nossa sociedade a favor do monolinguismo. Conclui-se que, para reverter o mito do Brasil monolíngue, é preciso refundar as bases em que nossa política linguística se assenta, oferecendo à sociedade uma visão de integração com os idiomas estrangeiros, e não de rivalidade, inclusive em regiões fronteiriças. A escola, mais uma vez, é o lócus privilegiado onde essas transformações podem ocorrer.
O discurso publicitário: as desigualdades entre as instâncias de produção e de recepção Karina Nogueira Druve Novais (UFMG) karinadruve@yahoo.com.br O principal objetivo da publicidade competitiva é fazer com que o maior número de indivíduos se torne consumidor de determinado produto ou serviço. Dito de outro modo, é fazer com que o consumidor potencial, em meio a tantos produtos basicamente iguais, decida por um específico. A fim de despertar, no destinatário, o interesse e, mesmo, a necessidade de adquirir o produto anunciado, a 296
Resumos: Comunicações Individuais instância de produção – a partir da imagem que faz de seu público alvo –, elabora seu discurso com técnicas que visam potencializar o resultado esperado. Nessa relação, podemos encarar certa desigualdade entre as duas instâncias envolvidas: a de produção e a de recepção. A primeira entra nesse jogo de sedução de maneira mais conscientemente: estudando e elaborando o texto de forma a tocar e conquistar o receptor e a transformá-lo em consumidor do produto anunciado. A segunda, possivelmente, tocada pelo texto elaborado e influenciada pelo desejo de ser possível o que é anunciado, comumente entra nesse jogo de maneira mais emocional. Neste trabalho, buscaremos abordar as diferenças entre as duas instâncias do discurso publicitário, bem como apontar algumas das técnicas utilizadas pela instância de produção a fim de persuadir a instância de recepção a adquirir o produto ou serviço. Também será nosso, o objetivo de evidenciar que essa desigualdade de consciência/emoção entre as partes é importante para a efetivação do contrato de comunicação publicitário, uma vez que pode facilitar a promoção dos produtos ou serviços em questão. Situando nosso referencial teórico na esteira dos estudos da Análise do Discurso e da Argumentação, utilizaremos os trabalhos de Emediato (2007; 2011), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005) no que se refere à argumentação no e pelo discurso e as contribuições de Charaudeau (2010) no que diz respeito ao discurso das mídias. As desigualdades sociais como objeto de ensino e aprendizagem: propostas de leitura e produção de textos Karine Correia dos Santos de Oliveira (PUCMG) karineletras@yahoo.com.br A motivação principal desta comunicação é a consideração do trabalho do professor de língua portuguesa como envolvido por inúmeras complexidades e resultado, quase em sua totalidade, das escolhas de cada profissional. A noção de gêneros textuais e a de gêneros discursivos é um caminho na abertura de olhares para a língua como envolvida e influenciada por fatores circunstanciais, contribuindo para a redução de silenciamentos entre professores e alunos. (FERRAREZI, 2014). Nos dizeres de Foucault (2007, p. 26), “o novo não está no que é dito, mas no acontecimento de sua volta.”. Isso não significa uma abertura linguística sem limites, pois, como ensina Geraldi (2013, p. 17), pautando-se em Bakhtin (2003), diferentes “excedentes de visão” constituem as posições de professores e alunos, na rotina das aulas e das outras atividades envolvidas com o trabalho docente. O objetivo desta comunicação, portanto, é de poder contribuir com as discussões sobre as desigualdades sociais, apresentando e colocando em debate propostas de leitura e produção textual, que abordam as desigualdades sociais. As propostas foram elaboradas como parte das atividades do projeto de ensino de língua portuguesa para quatro turmas do ensino fundamental de ensino; duas do oitavo e duas do nono, em uma escola municipal de Belo Horizonte. Dessa maneira, a hipótese é da existência de diferentes posicionamentos, a respeito de práticas consideradas mais ou menos adequadas sobre o ensino de gêneros. Esta comunicação apresentará, portanto, atividades de leitura e produção de textos que buscam levar os alunos a refletirem e a discutirem as desigualdades sociais existentes em diferentes realidades vivenciadas. Os gêneros discursivos na alfabetização Karyn Meyer (UNESP) karyn.pdg@gmail.com Frente aos resultados negativos em avaliações como SARESP e PISA, a alfabetização se mantém no foco de pesquisas educacionais. Diversas pesquisas procuram compreender que fatores contribuem para a falta de domínio das competências de leitura e escrita, falta esta que aumenta com o decorrer da escolaridade. Pretendem ainda levantar novas questões e possibilidades de enfrentamento desta situação que atinge principalmente as crianças oriundas da rede pública de ensino, filhos da classe trabalhadora. Nesta linha, este trabalho visa analisar de que maneira os gêneros discursivos, entendidos a partir da concepção de Bakhtin, têm sido utilizados nas propostas de alfabetização preocupadas com o letramento. Para isso, buscou-se compreender a concepção de gênero discursivo em Bakhtin e as especificidades da alfabetização, enquanto aprendizagem da linguagem escrita à partir das concepções de Vigotski e Luria. Partindo-se destes referenciais, foi feita a análise do material do programa Ler e Escrever da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, do ano de 2010, por ser este material amplamente utilizado na rede pública do estado de São Paulo. Esta análise permitiu compreender que, embora utilize textos variados em sua proposta, o material não aborda os gêneros discursivos em sua totalidade e, em virtude de uma ênfase nos aspectos formais do texto e da adesão à perspectiva construtivista, os conteúdos específicos da alfabetização não são sistematicamente trabalhados, precarizando a proposta de alfabetização que se apresenta às escolas públicas. Na moral, língua portuguesa: uma análise da interincompreensão Khal Rens (UFU) khalrens@hotmail.com Este trabalho é parte do projeto de pesquisa, em andamento, no Mestrado do Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Uberlândia. Partindo dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso francesa (AD), mais especificamente das noções de competência interdiscursiva, interincompreensão e tradução desenvolvidos por Dominique Mainguenau em Gênese dos discursos (2008), apresentaremos trechos analisados do programa de televisão Na moral. A temática do programa era variação e normatividade linguística. A razão pela qual escolhemos esse programa deve-se ao fato de ele se propor a ser um espaço aberto para o debate televisivo das mais diversas opiniões, além de ser apresentado na emissora de televisão com o maior índice de audiência nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE). Tais fatos podem ser indícios de credibilidade que essa rede de televisão e o programa em questão parecem possuir entre os telespectadores brasileiros e em mais de 115 países. De modo que há a possibilidade de o programa interferir de maneira substancial na formação de opinião sobre a identidade nacional linguística no Brasil. Considerando tais condições, nosso trabalho consiste em analisar os filtros semânticos e os sentidos que emergem das traduções, feitas pelo apresentador do programa, Pedro Bial, dos discursos dos participantes. O processo de tradução, de acordo com Maingueneau (2008, p. 21), ocorre segundo o seguinte mecanismo: “Cada um introduz o Outro em seu fechamento, 297
Resumos: Comunicações Individuais traduzindo seus enunciados nas categorias do Mesmo e, assim, sua relação com esse Outro se dá sempre sob a forma do ‘simulacro’ que dele constroi”. Com base nesse postulado, nossa hipótese é que essas traduções decorrem de uma semântica discursiva que rege um posicionamento conservador em relação à lingua. Mais especificamente, nossa hipótese é que tais traduções restringem o conceito de língua a um uso, a saber, o que esteja de acordo com a suposta norma culta.
O discurso do empoderamento/empowerment nas ciências da saúde: estudo exploratório de mineração de textos em corpus comparável bilíngue Kícila Ferreguetti (UFMG) kicilaferreguetti@gmail.com Flávia Ferreira de Paula (UFMG) flaviafdepaula@gmail.com O termo empoderamento/empowerment vem sendo utilizado com frequência em pesquisas nas Ciências da Saúde, sobretudo naquelas que visam promover a autonomia e conscientizar o usuário dos serviços de saúde sobre a sua corresponsabilidade no tratamento de condições crônicas (TORRES, 2015). Considerando que o termo é originário da língua inglesa, este trabalho teve como objetivo geral compilar e analisar um corpus comparável bilíngue composto de textos da área da Saúde sobre empoderamento/empowerment na abordagem da condição crônica do diabetes. Utilizando a técnica de mineração de textos e ferramentas da linguística de corpus, o estudo examinou as ocorrências dessas palavras e seus colocados no corpus compilado. O software AntConc (ANTHONY, 2014) e o software e ambiente estatístico R (R CORE TEAM, 2014) foram utilizados para a geração de listas de palavras, listas de palavras-chave, listas de colocados, nuvens de palavras e linhas de concordância. Os resultados evidenciaram que, nos textos em português, a palavra empoderamento apareceu em segundo lugar como a mais frequente, com 285 ocorrências, e, nos textos em inglês, em terceiro lugar, com 270 ocorrências. Observou-se que o colocado mais frequente de empoderamento no subcorpus em português é libertação, e a análise das linhas de concordância permitiu verificar a relação entre esse termo e a proposta de Paulo Freire. No subcorpus em língua inglesa, os colocados de empowerment são model, intervention, group, strategies e ressaltam a relação entre o termo e as práticas educativas apresentadas. A análise das linhas de concordância revelou, ainda, que o termo, quando utilizado nos textos em português brasileiro, é associado com frequência à palavra poder, no sentido de ser relacionado à concessão de poder a determinada pessoa, o que não acontece nos da língua inglesa.
Efeitos dos resultados de busca no Google: um modo de reforçar estereótipos e diferenças sociais? Lafayette Batista Melo (IFPB) lafagoo@gmail.com A ferramenta de busca do Google é a mais utilizada no mundo e nas próprias pesquisas os usuários alimentam a base de dados que realimenta novos resultados continuamente. O efeito dos resultados nas buscas advém de diferentes formas: sugestões que complementam frases na caixa de busca que foram digitadas por pessoas que procuravam termos semelhantes, termos que foram usados em pesquisas relacionadas, ocorrências de imagens etc. O objetivo desta pesquisa é investigar resultados que aparecem nessas formas para termos relacionados a “nordestinos” com o intuito de analisar como o conjunto de ocorrências representa discursos que mostram diferenças sociais. A estratégia de coleta de dados foi baseada em reformulações que poderiam levar a definições ou crenças, indicando estereótipos sobre um grupo social. Por exemplo, para “nordestino”, foi pesquisado também “o nordestino é”, “os nordestinos são”, “porque o nordestino é” etc. Parte-se de estereótipos como concepções cristalizadas ou crenças compartilhadas socialmente em um grupo a respeito de indivíduos e outros grupos e são identificadas frases que possam ou não remeter a uma memória discursiva. O imaginário social e as enunciações podem marcar algum tipo não só de estereótipo, mas de preconceito. Assim, para “o nordestino é”, nas sugestões que complementam frases na caixa de busca, aparece muito o complemento “antes de tudo um forte”, mas para a mesma forma de uso com a expressão “os nordestinos são” aparece bastante “feios” e “ignorantes”. Nas ocorrências por imagem, para “os nordestinos são”, aparecem cortes de imagem de postagens nas redes sociais, falando da vergonha de ser nordestino e dos “nordestinos malditos” que votaram na última eleição presidencial. Já para “o nordestino é”, ainda nas seções de imagem, surgem mais frases sobre o orgulho de ser nordestino e fotos da cultura nordestina. A pesquisa faz um amplo levantamento de um ano, considerando os locais de busca e ferramentas como o Google Trends, para identificar eventos discursivos que corroboram os resultados obtidos. Constata-se que diferentes discursos podem circular em diferentes tipos de resultado, com influência do momento histórico e das formas linguísticas escolhidas, o que também mostra novos cuidados que deve ter o analista do discurso.
A perspectiva da ADE acerca dos discursos do aborto enquanto pró-vida Lais Carolina Machado e Silva (UFG) lais.karolina@hotmail.com Lajla Katherine Rocha Simião (UFG) lajlakatherine@hotmail.com O aborto é uma questão polêmica, pois implica sempre a morte do feto e, em muitos casos, de mulheres que se submetem a práticas ilegais. Há inúmeros discursos que afirmam que a descriminalização do aborto seria um meio de manutenção da vida, de modo que 298
Resumos: Comunicações Individuais um maior número de mulheres poderia ser salvo com a legalização dessa prática. No entanto, esses discursos desconsideram a vida dos fetos. Vão além, enxergam essa prática como pró-vida, no sentido de que as mulheres receberiam um tratamento mais humano e em melhores condições de atendimento. Nesta comunicação utilizamos o referencial teórico da Análise do Discurso Ecológica (ADE), que enfatiza a ideologia da vida em vez de ideologias políticas, para discutir o delicado dilema ‘morte de mulheres versus morte de feto’. A espinhosa pergunta é: Qual das duas vidas se deve salvar? Como a ADE defende a vida de modo geral, como a Ecologia Profunda que a influenciou, talvez se possa partir de casos em que se deve dar prioridade à vida da mulher: gravidez resultante de estupro e casos em que o parto poria a vida da mulher em risco. Os demais casos podem ser examinados caso a caso, sempre dando ênfase à ideologia da vida. Uma das possíveis formas para amenizar esse problema seria um maior acesso aos métodos contraceptivos para que se reduza o número de gestação, consequentemente, com o que haveria menos procura pelo aborto.
Casamento igualitário: a ideologia como reguladora das condições de produção. Laís Marina de Souza (UEL) laisletrasuel@gmail.com O presente trabalho versa sobre o processo discursivo (intertextualidade/interdiscursividade) vigente na Lei no. 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, a qual prevê as relações matrimoniais tanto entre heterossexuais como entre pessoas do mesmo sexo. Pautando-se na conceituação de ideologia proposta por Althusser (1970), Pêcheux (1995) reafirma que a língua é a base de processos discursivos que se inscrevem em relações ideológicas de classes. Os sujeitos são moldados pelo discurso, como também são capazes de transformar a sociedade, isto é, o discurso é prática social e veicula ideologias. Então, partindo do pressuposto de que é por meio do discurso que a ideologia materializa-se, e tendo como princípio a relação indissociável entre o aspecto discursivo e o social que regem o funcionamento da língua, é salutar afirmar que a ideologia exerce o papel regulador das condições de produção vigente em um dado período sócio-histórico. Assim, utilizando-se dos fundamentos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), o presente estudo visa, em suma, refletir, primordialmente, o processo discursivo presente na atual lei que prevê as relações matrimoniais, tanto entre heterossexuais como entre pessoas do mesmo sexo. Apoiando-se nas proposições a respeito das condições de produção, no assujeitamento e na teoria do esquecimento, como possíveis pilares para constituição de uma determinada formação discursiva. O presente estudo está vinculado ao projeto de pesquisa “PAD - PESQUISAS EM ANÁLISE DO DISCURSO: os processos de significação em diversos gêneros”, coordenado pela professora Rosemeri Machado e desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina, o qual, dentre os objetivos, busca refletir a respeito da significação e das dimensões socioculturais de produção dos sentidos em variados gêneros discursivos.
Concepções de gênero na escola associadas às diversas disciplinas curriculares Laura Amélia Fernandes Barreto (UERN) lauraafbarreto@hotmail.com Este estudo aborda as Concepções de gênero associadas às diversas disciplinas curriculares, realizada com professores do Ensino Médio do Colégio Menino Deus, instituição privada que atende a alunos de classe média do município de Mossoró – RN, tendo como questão norteadora: de que maneira a escola associa a questão do gênero às diversas disciplinas curriculares? Nesse sentido, procurou-se abordar as mais recentes literaturas acerca dos temas em destaque: relações de gênero, sexualidade, relações de poder, escola e docência, a fim de compreendermos a realidade da qual nos propomos a estudar. Quanto ao objetivo que se pretendeu alcançar foi o de analisar e compreender as associações de gênero na escola a partir dos papéis masculinos e femininos associados às diversas disciplinas curriculares. O estudo foi desenvolvido com base na abordagem qualitativa, utilizando-se como técnica de coleta de dados a observação direta e a entrevista semiestruturada. A análise dos dados partiu dos discursos de Olabuenaga e Ispizúa, através do método da análise de conteúdo. Os resultados revelam que a mulher contemporânea sofreu uma grande influência do seu histórico-social. Durante muitos anos a mulher devia obediência ao gênero masculino, nada deveria ser feito sem consentimento do seu pai/esposo. Hoje, a mulher possui autonomia de suas vontades. Essa evolução feminina favoreceu, também, uma grande evolução na sociedade, pois a mulher ocupa cargos importantes que antes eram denominados apenas para os homens. No entanto, ainda há o preconceito quanto aos sexos e as profissões escolhidas. A escola, por sua vez, é o ambiente que tem por função ensinar conteúdos e repassar valores e, o professor, ocupa um lugar importante nessa tarefa. Nesse sentido, na investigação realizada, os docentes dos mais variados sexos que lecionam as diversas disciplinas escolares, apesar de alguns sofrerem com discriminações por parte dos alunos e pais, não são contratados pela questão de gênero e, sim, pela sua qualificação e competência. Desse modo, a instituição investigada não associa a questão do gênero à disciplina lecionada na contratação dos seus funcionários.
Os sistemas de transitividade e ergatividade na análise de processos e participantes em “Amar, verbo intransitivo” Lauro Rafael Lima (UFSM) lauroportugues@gmail.com O título da obra de Mário de Andrade remete diretamente à “transitividade”. Por isso, foi escolhida como corpus de análise para este trabalho, que objetiva investigar a ocorrência de alguns processos ao longo da narrativa. Na Linguística Sistêmico-Funcional, pode-se levar em consideração não apenas o sistema de transitividade, mas também a ergatividade na análise de determinados processos. O sistema de transitividade é composto por seis diferentes processos: materiais, mentais, relacionais, comportamentais, verbais e existenciais, cada um com diferentes participantes, obrigatórios ou não. Já a ergatividade centra-se na análise da influência de um 299
Resumos: Comunicações Individuais agente externo ou não no processo, sendo consideradas as categorias de Agente e Meio. Então, este trabalho utiliza a metodologia adotada no texto que servirá como tese de Doutorado (ainda não concluída), aplicada em um corpus do discurso literário, tarefa bastante desafiadora para os sistemicistas. Analisou-se o texto em busca das ocorrências de 25 diferentes verbos, que podem ser explicitados tanto sob um modelo transitivo quanto sob um modelo ergativo. Após as análises, buscou-se interpretar, à luz da Linguística Sistêmico-Funcional, a ocorrência dos processos e a função dos participantes em diferentes orações. Os resultados obtidos apontam, principalmente, para a importância do estudo da ergatividade na compreensão de determinados processos recorrentes na obra. As escolhas do autor refletem diferentes intenções ao longo do texto, seja de omissão, para a criação de suspense, seja de explicitação, para o esclarecimento.
La construcción discursiva del Yasuní ITT a través de los discursos de Rafael Correa Lenin Miranda Maldonado (Universidad Central del Ecuador) lmm_ecuador@hotmail.com El estudio busca examinar el material discursivo producido por el Gobierno ecuatoriano en el marco del fin de la iniciativa Yasuní ITT. La investigación analiza la forma en que se fueron generando los procesos de reconstrucción nacional impulsados por la Revolución Ciudadana y, explora el rol que cumplieron los pueblos en aislamiento voluntario y contacto inicial dentro de este proyecto. Se indaga la forma en que América Latina y el Ecuador han construido todo un cuerpo discursivo para justificar la implementación de un modelo extractivo - exportador en base a la lucha contra pobreza como principal defensa. Este modelo de desarrollo acentúa el conflicto respecto a los grupos indígenas ancestrales que viven en el lugar versus la necesidad de recursos para el Estado que, a nombre del interés nacional, los invisibiliza y excluye.
Corpo e feminilidade em telenovelas brasileiras Leonardo Coelho Corrêa-Rosado (UFMG) timtimcorre@hotmail.com O corpo na telenovela parece ser uma realidade óbvia...no entanto, quando utilizamos a lupa que o instrumental da Análise do Discurso nos oferece, vemos de forma mais aproximada que o corpo é uma realidade bastante complexa e que sua aparente notoriedade oculta uma série de significados socialmente compartilhados que perpassam a enunciação telenovelística, às vezes implicitamente, às vezes explicitamente. Dessa forma, o presente trabalho é um estudo do discurso telenovelístico no que tange à representação sociolinguageira do corpo feminino. Objetivamos investigar, a partir das protagonistas femininas das telenovelas selecionadas, as representações sociais do corpo feminino, com o intuito de verificar e compreender os imaginários sociodiscursivos que permitem engendrar sentido a estas representações, comparando-os de forma diacrônica. O corpus deste trabalho é constituído por quatro telenovelas exibidas pela Rede Globo de Televisão, entre os anos 1970 e 1990 no horário das 20h: a) "Irmãos Coragem" (1ª versão), novela de Janete Clair, exibida no período de 08 de junho de 1970 a 12 de junho de 1971; b) "Dancin’Days", novela de Gilberto Braga, exibida no período de 10 de julho de 1978 a 27 de janeiro de 1979; c) "Roque Santeiro", novela de Dias Gomes, exibida no período de 24 de junho de 1985 a 22 de fevereiro de 1986; e d) "Tieta", novela de Aguinaldo Silva, exibida no período de 14 de agosto de 1989 a 31 de março de 1990. Neste trabalho, centramos nossas análises no estudo dos corpos de Lara/Diana/Márcia ("Irmãos Coragem"); Julia Matos ("Dancin’Days"); (viúva) Porcina ("Roque Santeiro") e Tieta ("Tieta"). Para a realização deste trabalho, utilizamos o arcabouço teórico-metodológico da Teoria Semiolinguística (CHARAUDEAU, 1983, 1984, 1992, 1995, 2004, 2008, 2011, 2013; MACHADO, 1998, 2001, 2010, 2012, 2013, 2014; MACHADO e MENDES, 2013), sobretudo no que diz respeito aos conceitos de imaginários sociodiscursivos (CHARAUDEAU, 2006, 2007) e representações sociais (CHARAUDEAU, 2007), conjugada ao conceito de corpo, definido como uma estrutura simbólica, efeito de uma construção social, histórica e cultural, tal como proposto por Le Breton (2012a, 2012b) e Detrez (2002), Del Priore (1994), entre outros.
Mediação editorial na comunicação científica: imaginários de ciência e a produção de valor Letícia Moreira Clares (UFSCar) leticia.clares@gmail.com Dadas as recentes discussões sobre escritas profissionais e processos de edição nos estudos do discurso, bem como as políticas vigentes de incentivo a produção, disseminação e internacionalização de publicações científicas, os periódicos científicos têm se destacado como dispositivos comunicacionais, mobilizando uma parcela significativa do mercado editorial brasileiro e demandando aos processos de tratamento editorial de textos novos expedientes. Para entender o funcionamento da mediação editorial em revistas científicas, propomos um estudo das atividades compreendidas pelo termo "revisão" em dois periódicos – a revista do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP) e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FFLCH-USP, GEOUSP: Espaço e Tempo –, nos quais investigamos como os processos de produção e tratamento editorial funcionam nesse meio de escrita acadêmica e quais seus efeitos sobre a comunicação do conhecimento científico. Entendendo a revisão como uma atividade de mediação editorial e levando em conta as condições de produção do referido cenário, analisamos como, nesses periódicos (um multidisciplinar e o outro restrito a um campo de saber), a revisão se dá como avaliação por pares e tratamento linguístico-discursivo e em que medida se constitui a relação entre essas instâncias no processo editorial que põe em circulação o conhecimento produzido na universidade. Para tanto, com base na análise do discurso de tradição francesa, e mais especificamente nos postulados de Dominique Maingueneau, sobre os quais as pesquisas do grupo CNPQ "Comunica – inscrições linguísticas na comunicação" têm se debruçado, observamos a operação dos ritos genéticos editoriais nesse material, e, assim, a constituição da comunicação científica como uma instituição discursiva, a qual mobiliza imaginários de ciência que condicionam a construção e a atribuição de valor ao discurso científico tomado como 300
Resumos: Comunicações Individuais homogêneo. Trata-se, enfim, de entender como a informação é produzida e difundida na ciência e quais os efeitos simbólicos que permeiam as relações de poder imbricadas nos processos editoriais adotados nesse entremeio. Mulher, pobre e negra: análise autobiográfica da editora mineira independente Maria Mazarello (Mazza Edições) Letícia Santana Gomes (CEFET-MG) leticiasantanag@gmail.com Quem são os editores mineiros que publicam e apostam em títulos de livros, muitas vezes, à margem da sociedade? Analisaremos os ethé discursivos da editora independente Maria Mazarello, fundadora da primeira editora de publicação afro-brasileira em Minas Gerais, Mazza Edições, que investiu na publicação de autores / autoras negro(a)s e de livros que abordam os diversos aspectos da cultura africana e brasileira, relacionada, por sua vez, a um largo segmento das populações excluídas no Brasil. Pelo viés da Análise do Discurso, poucos são os trabalhos que discutem as narrativas de vida no gênero documentário. Nesse sentido, a partir do documentário Por uma memória editorial (2015)¸ buscamos possíveis éthé discursivos presentes na narrativas da editora Maria Mazarello, focando o modo como os efeitos e os imaginários são construídos em seu discurso. Como mencionado anteriormente, independente é o termo que tenta retratar àqueles profissionais que caminham em direção oposta ao que o mercado editorial mundial perpassa. Atualmente, o mercado editorial está velozmente se transformando em uma pequena parcela do conjunto da indústria de comunicações. A partir do papel específico desempenhado pela editora independente Maria Mazarello, a intenção é refletir de que maneira esse papel dialoga com suas narrativas de vida. O ethos que percebemos após as análises e que se apresenta em todos os trechos que selecionamos da editora, está diretamente relacionado ao imaginário que permeia sua vida, de que o papel do editor é algo que se relaciona com um engendramento que envolve muito esforço, persistência e trabalho árduo, independente de preconceitos sociais visíveis na sociedade. Essa profissão acabou sendo uma alternativa de vida e, dessa forma, ela se realizou como pessoa e como profissional. Observamos que o ethos de vencedora, com uma visão não romanceada da vida, vivendo os percalços por ser negra, de família humilde, foi com muito empenho e certo imprevisto que se tornou editora e hoje tem seu percurso intelectual e humano marcado pelo envolvimento com as questões sociais, políticas e culturais do Brasil. Ciranda de pedra: reflexões sobre a desigualdade à luz do realismo crítico urbano Licilange Gomes Alves (UERN) licilangealves@hotmail.com Na conjuntura mundial contemporânea, o tema da desigualdade tem sido cada vez mais discutido. Um dos motivos seria porque, na visão de Berman (1986), o cenário de globalização provocou verdadeiros precipícios sociais e pessoais dentro dos quais o homem moderno é abrigado a viver. No âmbito dos estudos do discurso, estes têm em comum o uso da linguagem social e historicamente construída com base nas relações de poder. Logo, as questões relacionadas à linguagem pressupõem poder e estas pressupõem relações de desigualdade. Pretendemos aqui, partindo dessas discussões em torno da desigualdade, propor uma possibilidade de enfoque acerca dessa temática no âmbito dos estudos literários, haja vista essa questão configurar-se como um tema transdisciplinar, viabilizando sua abordagem em diferentes áreas do conhecimento. Este trabalho tem como objetivo analisar como a presença do Realismo Crítico Urbano é configurada em Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles. Ao discorrer sobre a narrativa da América Latina, Rama (2001) observa que no século XX a linha realista sofreu uma transformação interna que lhe possibilitou maior liberdade, passando a abordar a presença urbana, daí a nomenclatura Realismo Crítico Urbano. Trata-se de uma corrente que, por volta de 1930, passou a ser representada na literatura do referido continente e traz temas como: o feminismo, os direitos humanos, a marginalização, enfim, temáticas que estão interligadas ao contexto social e propiciam abertura para promover uma discussão com caráter de denúncia. Logo, discorrer sobre o Realismo Crítico Urbano possibilita-nos adentrar no arcabouço das complexidades humanas por meio da linguagem, favorecendo uma interpretação crítica da realidade. Tratamos do Realismo Crítico Urbano focando relações de poder presentes no corpus, que dialoga, também, com as considerações de Rousseau (1989) em Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, obra na qual ele afirma que, ao observar a sociedade, nota a expressão da violência dos poderosos e a opressão dos mais fracos; nesse contexto, uma parcela domina e outra sucumbe aos seus caprichos. A Rede Globo e o acontecimento Diretas Já: do reconhecimento de um erro à produção de novas memórias Lisiane Schuster Gobatto (UPF/IFRS) lisischuster@hotmail.com O reconhecimento de um erro, geralmente, vem acompanhado de um "mea culpa", mas quando esse erro é a cobertura jornalística do movimento Diretas Já realizada pela Rede Globo, o "mea culpa" pode carregar uma multiplicidade de efeitos de sentido. Em seu portal de memórias na internet, a Rede Globo destina uma seção denominada Erros para tratar de coberturas polêmicas. Nessa seção, a emissora retorna ao acontecimento Diretas Já reproduzindo vídeos das reportagens sobre os comícios e vídeos de depoimentos de profissionais envolvidos na cobertura, permeados por um texto que amarra passado e presente num ato constante de releitura e de reescritura. Este trabalho tem a finalidade de investigar, à luz da Análise de Discurso de linha francesa, como o acontecimento Diretas Já foi tratado na cobertura jornalística da emissora e retomado recentemente em seu portal de memórias. Interessa, ainda, identificar pistas dos motivos do retorno ao acontecimento e quais os efeitos de sentido ecoaram, mesmo que encobertos por pretensa imparcialidade jornalística. Nosso recorte partiu do texto do portal e da transcrição de 13 vídeos de reportagens e de dez vídeos de depoimentos disponíveis na seção Erros. O equívoco foi percebido no jogo metafórico entre as palavras “festa-comíciomanifestação” e nos deslizamentos de sentido que provocou. É notável que o movimento Diretas Já marca o surgimento de novos saberes (até então interditados) e constitui-se como um acontecimento discursivo. Embora o movimento também seja um acontecimento histórico, jornalístico e político, a Globo tratou-o apenas como fato noticioso em sua cobertura. No retorno ao acontecimento, em seu portal de memórias, a emissora não o reconhece como erro, mesmo categorizando-o numa seção homônima. A retomada é uma tentativa de reescrever a história. Como se fosse possível silenciar o político, controlar os sentidos e produzir 301
Resumos: Comunicações Individuais novas memórias para ocupar o lugar das antigas. Assim, este trabalho se propõe abordar o imbricamento dos acontecimentos (discursivo, histórico, jornalístico e político) e levantar uma discussão sobre os possíveis efeitos de sentido que o retorno a um acontecimento pode gerar.
Mujeres, mulatas y profesionales: representaciones y discursos Lizett Paola López Bajo (Universidad Tecnologica de Bolívar) lizethlopezb@gmail.com Cada día es más creciente el aumento de la población femenina profesionalizada y con mayor participación en los espacios de la vida pública. En el caso de una región como el Caribe, donde un gran segmento de la población es negra y mulata la inserción ha tenido sus propios conflictos. En el caso de la población mulata feminina la forma de participación conlleva unas realidades particulares de una población que no pertenece en sentido estricto a una u otra etnia. El objetivo de la presente investigación es analizar la forma en que se concibe el papel de la mujer mulata en su lo público a partir de los imagunarios creados y la hipersexualización de su ser en experiencias de ascenso social. Argumentação e retórica no discurso “A história me absolverá”, de Fidel Castro: desigualdade jurídica na defesa criminal de um réu revolucionário Lorraine de Souza Pereira (UERN) lorraineanjo@hotmail.com Gilton Sampaio de Souza (UERN) giltonssouza@gmail.com O processo argumentativo presente nos discursos de um jurista, sobretudo quando de sua própria defesa em um processo criminal, estabelece um vínculo não dissociativo entre esses discursos e a retórica. E, ainda, quando juntos em uma única pessoa o réu, o advogado e o líder revolucionário, dentro de um regime político ditatorial, as desigualdades de tratamento são evidentes. Nesse modo, é que se propõe, à luz da Teoria da Argumentação no Discurso, com ênfase na nova retórica de Perelman & Tyteca (2014) – bem como, com as contribuições de Souza (2003 e 2008), entre outros –, analisar os processos retórico-argumentativos que sustentam a tese de tratamento com desigualdades humano-jurídicas revelada na autodefesa criminal de Fidel Castro – cujo discurso ficou conhecido como a história me absolverá –, quando do julgamento do caso do Assalto ao Quartel Moncada. Para desenvolvimento da pesquisa, o método bibliográfico será o adotado, em que será feito um resgate teórico e histórico pertinente ao trabalho. Além disso, o referido discurso será recortado, interessando a esse trabalho os trechos em que o orador alude ao tratamento desumano e desigual para sua defesa. Assim, o presente trabalho buscará apresentar um breve estudo de elementos da teoria (já mencionada) presentes na sustentação da tese de desigualdade de tratamento para defesa do orador no discurso sob análise.
Tradução intersemiótica na perspectiva da análise do discurso Losana Hada de Oliveira Prado (PUC/SP) losanaprado@hotmail.com O presente trabalho analisa ilustrações que acompanham seis crônicas publicadas no jornal Folha de S. Paulo, compreendendo os meses de junho e julho de 2010, período em que ocorreu a Copa do Mundo na África do Sul. Pretendemos, neste estudo, na perspectiva da Análise do Discurso, refletir acerca da prática intersemiótica, considerada por Maingueneau (2008) como uma hipótese para a prática discursiva, estendendo o universo discursivo para além das margens dos objetos linguísticos, superando formas de abordagem da questão que o autor qualifica de impressionistas (ou intuitivas), por intermédio do recurso à noção de prática discursiva, a qual estará em condições de integrar domínios semióticos variados (enunciados, quadros, obras musicais, etc.). A crônica em mídia impressa nos chama a atenção porque é um gênero dialógico e o cronista, segundo Moisés (1997), está em diálogo virtual com um interlocutor mudo, mas sem o qual sua (ex)incursão se torna impossível. Pretendeu-se, na análise, enfatizar a relação de sentidos que o texto mantém com quem o produz, com quem o lê, com outros textos (intertextualidade) e com outros discursos possíveis (interdiscursividade), por meio de processos cognitivos influenciados pelo contexto sociocognitivo. As análises, ainda em fase inicial, permitiu-nos observar como as ilustraçõe são constituídas de outros discursos e que o caráter “global” da semântica discursiva, segundo Maingueneau (2008) é difundida por todo o conjunto de dimensões do discurso, seja o vocabulário, seja o tema, seja a intertextualidade ou a prática intersemiótica, ou seja, os discursos são apenas componentes e não se constituem independentemente uns dos outros. Segundo Bakhtin, o ser humano é inconcebível fora das relações que o ligam ao outro: “só me torno consciente de mim mesmo, revelando-me para o outro, através do outro e com a ajuda do outro” (Bakhtin, 2003: 309). Do artigo científico à matéria jornalística: uma problemática comunicacional e descritiva de dois discursos sobre o mesmo tema Luana Macieira Barbosa (CEFET-MG) macieira.luana@gmail.com A consolidação da pesquisa científica no Brasil e a desmitificação do estereótipo do pesquisador científico foram alguns dos principais fatores que desencadearam o desenvolvimento do jornalismo científico. Junto ao processo de ampliação da divulgação de informações de caráter científico, houve um aumento do número de pessoas que buscam esse tipo de conhecimento, principalmente 302
Resumos: Comunicações Individuais por meio de matérias jornalísticas que abordam pesquisas de diversas áreas. Para entender as especificidades do discurso sobre ciência e o poder que este discurso tem como objeto transformador da desigualdade de acesso ao conhecimento científico, este trabalho visa observar as condições que interferem na produção e interpretação dos discursos presentes em um artigo científico e em uma matéria jornalística que foi escrita sobre tal artigo. Para isso, usaremos categorias de análise elaboradas por Patrick Charaudeau, sob uma problemática comunicacional e descritiva, caracterizando as variáveis dos dois discursos no que diz respeito a: identidade dos parceiros de troca comunicativa, finalidade dos atos e circunstâncias materiais da comunicação. Uma vez que todo ato de linguagem é produzido e interpretado de acordo com suas condições de produção e interpretação, este trabalho visa explicitar quais são essas condições nos dois discursos analisados, mostrando como se dão as situações de comunicação em ambos os casos. Como corpus, analisaremos um artigo científico que foi produzido por um pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a matéria jornalística que foi escrita sobre este artigo e publicada no site da universidade (www.ufmg.br). Análise discursiva do enunciado: “Um artista da fome”, de Kafka Lucas Frederico Andrade de Paula (UPF) lucasfredericoandradepaula@gmail.com Este trabalho tem como proposta desenvolver o enunciado um artista da fome, título do conto de Franz Kafka, a uma análise discursiva, mobilizando conceitos da análise do discurso francesa, mais especificamente sob a base teórica forjada por Michel Pêcheux (1975). Isso significa ampliar a leitura da designação do conto kafkiano a partir do âmbito discursivo, identificando desdobramentos de leitura no jogo da interpretação. Ou seja, o objetivo não é abordar o conto na íntegra, nem analisar todas as suas partes a partir de blocos significantes, mas evidenciar o título do conto por meio de possibilidades analíticas, revelando seu alargamento semântico, entrelaçado entra a língua e sua exterioridade. Assim, a pesquisa pretende estabelecer pontos de contado entre formações discursivas e o enunciado, além de considerar as unidades tópicas e não-tópicas de Maingueneau (2008) para a discussão epistemológica. Desse modo, o estudo adiciona à perspectiva discursiva suas frentes de trabalho, por meio do movimento de procedimentos analíticos à materialidade do corpus. Isto é, um artista da fome aciona conceitos como memória discursiva e interdiscurso no processo de teorização, assim como a problemática da greve de fome e seu estatuto de resistência configura um núcleo semântico responsável pelas próprias coordenadas da interpretação. Portanto, o campo da arte leva à significação de fome a transferência de seu sentido, tendo no espelhamento entre os termos a (re)significação de artista pela designação de fome. Os signos se coadunam na conversão do enunciado ao seu aspecto discursivo, que a partir do conto kafkiano, emerge do campo literário à sua atualização histórica, sobretudo à compreensão externa que emana de sua espessura semântica.
Ethos e qualidade de voz: aspectos discursivos do death metal Lucas Martins Gama Khalil (UNIR) lucas_mgk@hotmail.com O trabalho ora proposto discute o funcionamento discursivo do gênero musical death metal. Trata-se de uma vertente do heavy metal, que, por seu turno, é uma das subdivisões do rock. A circulação do death metal na grande mídia é relativamente restrita, tendo em vista os temas tratados por esse gênero – violência explícita, morte, satanismo etc. –, cujos espaços de visibilidade são limitados em nossa sociedade, e a própria sonoridade, caracterizada por vozes urradas, guitarras extremamente distorcidas e técnicas de bateria (como o blast-beat) pouco usuais em gêneros mais “comerciais”. Nossa hipótese de pesquisa relaciona-se ao ethos que é recorrentemente instaurado em práticas do death metal (não só as canções, mas também os materiais gráficos, as performances etc.): o modo de enunciação peculiar a esse gênero produziria como um de seus efeitos o ethos que decidimos denominar “demoníaco” e tal processo apenas se legitimaria a partir de construções de leitura que associam as materialidades discursivas do death metal a determinadas representações socialmente compartilhadas acerca do que se considera “demoníaco” em nossa cultura. Fundamentamonos teoricamente em trabalhos de autores como Dominique Maingueneau e Ruth Amossy, sobretudo em estudos que abordam a relação entre ethos e estereótipo. Outro conceito importante para nosso trabalho é o de semântica global, proposto por Maingueneau em Gênese dos Discursos. Conforme a explanação do autor, o sistema de restrições próprio a uma formação discursiva age sobre os diversos planos da enunciação; em relação ao nosso objeto, por exemplo, não se trata de privilegiar um plano, como o das escolhas lexicais, mas relacioná-lo aos demais planos (os modos de coesão do discurso, as referências intertextuais validadas, a construção de certos estatutos para enunciador e enunciatário, a qualidade de voz empregada etc.) na produção de um universo de sentido alinhado ao discurso em questão. Apesar de as análises ressaltarem a necessária interação entre os diversos planos, daremos ênfase, devido à duração da apresentação, à qualidade de voz empregada – conhecida, no âmbito musical, como “voz gutural” – e aos efeitos de sentido que ela produz em aliança com o modo de enunciação característico do death metal.
Ato argumentativo e sujeito argumentante: uma análise dos enunciados em torno da criminalização da homofobia Lucas Nascimento Silva (UFBA) mlucasnascimento@gmail.com Na constituição de todo ato há um agente, um conteúdo, um processo e um produto. Por assim dizer, o sujeito agente é ativo e relacional, porque é um eu para-si, ao tempo em que é também um eu para-o-outro, o que nos permite afirmar que a identidade está no plano relacional responsável/responsivo, em que o ato do sujeito configura-se como a junção de processo e de conteúdo, ou seja, do inteligível e do sensível, do repetível e do irrepetível e do objetivo e do subjetivo. Isso nos permite afirmar que todo ato é realização de um sujeito cuja ação não pode ser menos que responsiva e inscrita em práticas sócio-históricas, no entanto, sem aí se esgotar, porque ele possui um excedente de visão que o torna capaz de assumir um compromisso ético, o que o faz responsável por 303
Resumos: Comunicações Individuais seus atos. Cientes dessas noções fundamentais postuladas por Mikhail Bakhtin ([1920-24] 2010), em "Para uma filosofia do ato", objetivamos, primeiramente, estabelecer um diálogo, em termos de coerência, aproximações e complementaridade entre as noções bakhtinianas de ato e de sujeito com a noção de discurso como ato do orador, discutida por PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA ([1958] 2005) em sua Nova Retórica. Em seguida, imbuídos da compreensão de que argumentar é um modo de agir sobre o outro com a intenção de provocar ou intensificar a adesão acerca de uma questão, propomos, por sua vez, a noção de ato argumentativo e de sujeito argumentante. O que nos leva a assentir que a argumentação se distingue da demonstração, sobretudo, porque a interação entre o orador e o seu discurso é constitutiva da apreciação do sentido dos enunciados. Para tanto, temos como objeto de análise alguns enunciados em torno do Projeto de Lei da Câmara 122/2006, o qual versa sobre a criminalização da homofobia no Brasil. Tal empreendimento analítico nos possibilita observar como os sujeitos argumentantes, a partir de seus campos discursivos, mobilizam e dão entonações valorativas aos argumentos com vistas à persuasão acerca da equidade de direitos. Embates na formação do campo quadrinístico: a trajetória de Rodolphe Töpffer Lucas Piter Alves Costa (UFMG) johannlufter@yahoo.com.br Nascido em 1799, na cidade de Genebra, o professor suíço Rodolphe Töpffer foi conhecido em sua cidade graças a seus romances, poemas e sua posição de docente. Mas ele se tornou conhecido fora dos limites de Genebra justamente por aquilo que fazia sem aspirações literárias ou acadêmicas: foi pelas "histoires en estampes" (que bem mais tarde, na década de 70, ficaram conhecidas como "bandes dessinées") que o autor suíço se consagrou como autor de histórias em quadrinhos. Töpffer iniciou sua trajetória de quadrinista em meio à idade de ouro da caricatura inglesa, que abrange o final do século XVIII e início do XIX. Tendo sido fortemente rechaçado por causa de suas histórias em quadrinhos, o autor teve muitas vezes o seu talento quadrinístico julgado dentro de padrões de estética literária, ficando, assim, relegado a uma posição muito pouco privilegiada. Só depois de certa sistematização de um campo quadrinístico é que Töpffer angariou um posicionamento central em relação a outros autores, para quem foi inspiração. Diante desses fatos, o objetivo deste trabalho é descrever, de forma analítica, como se deu a formação do campo quadrinístico por meio de relações discursivas de ordens diversas, advindas, principalmente, do embate com a Literatura, com uma tradição da imagem que se formava, com o desenvolvimento de técnicas de impressão, etc. Narrativas de violência de gênero em Acórdãos do STJ Lúcia Gonçalves de Freitas (UEG) luciadefreitas@hotmail.com Nesta comunicação, apresento uma análise crítica de narrativas de violência contra a mulher. Faço isso a partir de uma coletânea de extratos narrativos sobre conflitos enquadrados na Lei Maria da Penha em recursos que chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), de 2006 a 2014. Este trabalho é parte de uma pesquisa proposta ao CNPq em um edital da Secretaria de Política para as Mulheres intitulada “Acórdãos do STJ sobre Lei Maria da Penha: uma análise crítica de discurso”. O montante total de textos é em torno de 450 decisões. As narrativas que trago para discussão foram retiradas de partes dos acórdãos, nas quais se faz uma retrospectiva sucinta da história de violência registrada no processo original. Ao extrairmos esses relatos, reunimos um número considerável de narrativas de violência de gênero de diferentes contextos brasileiros. Juntas elas constituem uma cronificação do conflito narrada pelos moldes da Justiça no momento atual. Uma das premissas dos estudos de narrativa (Bastos, 2004) é a crença de que as histórias que contamos são uma forma ao mesmo tempo de representar e de criar uma realidade social, controlando-a, manipulando-a. Nesse sentido, o conjunto de narrativas que trago para esta apresentação é uma representação de conflitos de gênero que estão ocorrendo na sociedade brasileira contemporânea, narrados a partir do campo do Direito. Ao mesmo tempo, ao representar esses conflitos, o Direito revela os vieses pelos quais os concebe como realidade social, reinterpreta relatos anteriores e os reconstrói sob os moldes jurídicos. A partir de uma abordagem transdisciplinar, que combina Análise de Discurso, Análise de Narrativa e Estudos de Gênero e Feminismos, pretendo discutir como as narrativas registram a representação que a Justiça Brasileira tem feito de um problema social como a violência de gênero, com seus cenários, atores, papéis, enredos, segundo o modo narrativo do Direito, e como estão articulados marcadores como classe, raça, regionalidade, geração e, fundamentalmente, gênero. Políticas linguísticas e a produção discursiva do fracasso escolar Luciana Aleva Cressoni (UFSCar) lucressoni@hotmail.com A partir da filiação teórica à Análise de Discurso francesa (AD) ancoramos nossas reflexões, um recorte inicial de nossa pesquisa de doutorado, no que Pêcheux e Gadet (2012) caracterizaram como “dois fenômenos marcantes da evolução da luta de classes no mundo”: as “políticas linguísticas” e o “fracasso escolar”. A partir das reflexões realizadas em nossa pesquisa de mestrado sobre os sentidos que circulam e se estabilizam nas políticas públicas de formação de professores de português, começamos a indagar se não acontece no Brasil, quando se pensa na educação básica da rede pública de ensino e na formação dos professores que atuarão nessa rede, exatamente a (re)produção desses dois fenômenos através dos discursos que circulam sobre a língua portuguesa (a nossa língua nacional) e sua escolarização. Parece haver uma contradição entre o que se espera que o professor faça com os alunos, que é produzir conhecimentos linguísticos, e o que se discursivisa sobre quem é este professor a partir de cursos de formação que parecem não dar a esse profissional a autorização social para produzir esses conhecimentos (contradição constitutiva da formação da língua nacional?). Sabemos que a contradição é constitutiva do sujeito-jurídico que é igual perante a lei, mas com uma “igualdade” que não se efetiva nas práticas sociais, por isso, pretendemos (re)construir processos discursivos que nos possibilitem entender como o fracasso escolar parece estar intimamente ligado às políticas de ensino da língua desde a constituição dos Estados nacionais e das línguas nacionais. Todos têm o direito de aprender a língua (sujeito-jurídico), mas nem todos aprendem e a “culpa” pelo fracasso escolar é atribuída aos sujeitos da escolarização. Professores e alunos disputam essa culpa enquanto as políticas públicas vão sendo praticadas como uma 304
Resumos: Comunicações Individuais espécie de (re)produção das possibilidades de dominação da circulação dos sentidos sobre escolarização das classes sociais menos favorecidas pela distribuição do capital em nossa formação social. “Não tenho preconceito, mas…”: o jogo discursivo do preconceito nas redes sociais. Luciana Carmona Garcia Manzano (UNIFRAN) lcgmanzano@gmail.com Esta comunicação propõe trazer, para as reflexões em Análise do Discurso, análises de excertos disponíveis na web, sobretudo nas redes sociais (Facebook, Twitter, Tumblr) que colocam em circulação o preconceito, cujos efeitos de sentido parecem desvestir o discurso de seu caráter discriminatório e legitimar um julgamento a partir da expressão “não tenho preconceito, mas...”. Para tanto, buscamos, a partir das reflexões de Michel Foucault sobre os dispositivos de controle, entender as condições de irrupção e os princípios que regem a aparição de determinados enunciados dentro de uma ordem discursiva que, por sua vez, instaura-se numa rede. É pelo dispositivo que se observam os limites do jogo de poder e saber que o inscrevem em um tempo histórico. Trata-se de estratégias, localizadas na superfície do dizer, que deixam entrever as relações de forças que sustentam determinados saberes e saberes que sustentam determinadas relações de forças. A partir da compreensão sobre o funcionamento do dispositivo, compreendese, também, a existência de uma estrutura de elementos heterogêneos que, ao entrar em jogo, constroem o que se pode chamar de vontade de verdade que, por sua vez, continua reforçando os elementos do dispositivo, correspondendo-se mutuamente. Deste modo, será possível observar o funcionamento de modos de representação da desigualdade como efeito de sentido de um dizer justo em uma prática discursiva comum na contemporaneidade.
Subjetividade na/da EJA: análise do discurso dos alunos do curso técnico integrado em artesanato na modalidade EJA do IFG na cidade de Goiás Luciana Cristina de Sousa Ribeiro (UFG) lucianacsribeiro@gmail.com Rosana Maria Sant'Ana Cotrim (UFG) rocotrim@ufg.br Este trabalho resulta de uma pesquisa, ainda em andamento, que tem por objetivo analisar o discurso do sujeito-aluno da Educação de Jovens e Adultos (EJA) sob o véu da subjetividade, a fim de descortinar o horizonte das aspirações, medos, (in)certezas e das experiências que ele traz da sua realidade de vida e todos os elementos que compõem o universo da sala de aula. Para tanto, foram utilizados fragmentos de produções textuais dos alunos do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Artesanato, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, do Instituto Federal de Goiás (IFG), Câmpus Cidade de Goiás - GO. Fundamentado-se nos princípios da Análise do Discurso de linha francesa, pelas abordagens de Dominique Maingueneau (2015) e Michel Foucault (1995a, 1995b, e 1996) e à luz das contribuições sobre linguagem e gênero de Mikhail Bakthin (1996 e 2014) e Èmile Benveniste (1991), busca-se compreender como a subjetividade, a partir da observação da materialidade linguística, pode estar estampada nos gestos, nos rostos, nas ações, no ambiente e como ela é capaz de permitir a transformação e a emancipação desse sujeito constituído pela diversidade e pela desigualdade social.
Ideologia e meio ambiente: uma análise do discurso da imprensa na informação da temática ambiental Luciana Pereira da Silva (IFPE) lucianapereira@recife.ifpe.edu.br O Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS) está presente no discurso da mídia impressa recifense como “o maior gerador de emprego e renda”. Entre os anos de 2007 a 2014 o CIPS foi objeto de pautas jornalísticas. No ano de 2007 houve grandes investimentos financeiros do governo de Pernambuco no empreendimento. Já o ano de 2014, com a grave crise econômica, houve o declínio dos investimentos e as demissões de pessoal. No entanto, durante o período percebe-se há a ausência de discussão, na mídia impressa, dos impactos ambientais gerados pelo Complexo na área de sua instalação e no seu entorno. Neste trabalho, discute-se como as questões ideológicas, imbricadas no discurso da imprensa, podem valorizar os aspectos econômicos em detrimento dos aspectos ambientais. O corpus selecionado para análise é composto por três notícias publicadas nos jornais de Pernambuco: Diario de Pernambuco, Folha de Pernambuco e Jornal do Commercio, escolhidas de forma aleatória. A análise deixar entrever como o discurso da imprensa pode (in)visibilizar determinados aspectos em detrimento de outros, particularmente, quando se leva em consideração o poder e a ideologia que permeiam a prática social e discursiva. “Mulheres no Metal”: desigualdade, ethos e representação Luciana Rodrigues d'Anunciação (Cefet-MG) luciana.anunciacao@gmail.com Este trabalho tem como objetivo entender através da análise do discurso do documentário “Mulheres no Metal”, episódio do programa da Rede Jovem de Cidadania, como é articulado discursivamente seu conteúdo e explicitada a representação das mulheres por meio do ethos. Pretende ainda contribuir para o desenvolvimento de uma metodologia para a análise de programas televisivos informativos, não telejornalísticos, aplicada à análise do discurso. Quais são as principais características do seu discurso? Como se estrutura a construção direta dos ethé das “Mulheres do Metal”, no discurso das mulheres apresentadas? De que modo estas 305
Resumos: Comunicações Individuais mulheres, através do discurso e da imagem que constroem discursivamente de si, demonstram superar a desiguldade de gênero num ambiente predominantemente masculino, como é o heavy metal? Estas são algumas das perguntas a serem respondidas neste texto. O corpus de análise, o documentário “Mulheres no Metal”, que encontra-se disponível na internet, no endereço eletrônico https://www.youtube.com/watch?v=sIOO-T8LHy0. A escolha do tema – Construção do Ethos no programa Rede Jovem de Cidadania – é relevante pela necessidade de desenvolver conhecimento sobre o discurso de programas televisivos não telejornalísticos e documentários. Fundamentam esta análise os seguintes conceitos basilares para a Análise do Discurso: o Contrato de Comunicação, conforme Charaudeau (1983); o Gênero Discursivo (Charaudeau, 2013) e o Ethos Discursivo, de acordo com Maingueneau (1984). E ainda a reflexão sobre Identidade Linguística e Identidade Cultura, proposta por Charaudeau (2015). Quem comeu a vovozinha?
Luciane Thomé Schröder (UNIOESTE) ltschroder@gmail.com Este trabalho busca refletir discursos em torno do corpo feminino, na terceira idade, a partir de como a sociedade o aborda (ou aborta). A tese, em princípio, é de que o corpo ‘velho’ é um incomodo: sua lentidão, sua aparência pouco atrativa, suas doenças (em diferentes níveis), sua incompatibilidade de (sobre)viver em tempos em que as ‘imagens’ compartilhadas em redes sociais ‘me constituem’, o sujeito idosa - na contemporaneidade - é um Outro. No seu corpo, materializam-se diferentes formações discursivas que vem atribuindo ao corpo idoso ‘novas’ identidades. Se hoje, tem-se exposto a figura de uma idosa saudável, disposta e bela, isto não se dá gratuitamente, pois a idosa está marcada pela necessidade de um estado de superação de sua autoimagem frente às limitações que a idade inevitavelmente traz. Entre as FDs que se abrigam no corpo da idosa, grande parte são oriundas de discursos pseudocientíficos sobre saúde e beleza na velhice que circulam nas mídias em geral, e que tem explorado de forma exacerbada essa corporeidade. Sem uma reflexão sobre os efeitos de sentido das práticas discursivas que, como ‘lentes’ se colocam para a sociedade, questiona-se, quem é a mulher que envelhece? Esse questionamento se abre para um quadro de contradições, pois se há um desejo de que o corpo envelhecido não seja silenciado, entende-se, porém, que ele o é duplamente: primeiro, porque o corpo velho, não servindo à nova ordem do olhar, requer ‘revitalização’, o que gera um primeiro apagamento. O segundo apagamento se dá porque o que se vê não é o corpo real: é o construído. No entremeio dessas posições, abre-se a fissura sob a ordem discursiva das ideologias, gerando um fenômeno de tensão frente à perda da juventude. O sujeito idosa nessa condição sócio ideológica, vitimada (em princípio) pelos discursos, sofre e opera rupturas e incisões permanentes na constituição do ser feminino e do olhar que se lança sobre a idosa. Projetado por uma ótica invertida, o ‘novo’ corpo velho passa a ocupar espaços antes proibidos, que ao longo da história permaneceram (não sem crise) na posição-sujeito de recato esperado da maturidade. Um discurso com relação às políticas públicas habitacionais brasileiras para povos tradicionais Lucimery Dal Medico (FEEVALE) arquitetalucy@gmail.com Valdir Pedde (FEEVALE) valpe@feevale.br A pesquisa pretende gerar uma discussão com relação às políticas Públicas Habitacionais para povos tradicionais, nesse sentido buscou-se conceitos de cultura, direitos humanos, permeando pelo histórico das Políticas Públicas Habitacionais no Brasil até se chegar ao Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR, destinado também para os povos tradicionais. A constituição Federal de 1988 é um marco histórico para a organização social, muitas conquistas foram realizadas como, a criação da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais. Essa Comissão delimitou quatro eixos estratégicos de implementação de Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais: Acesso aos Territórios Tradicionais e aos Recursos Naturais; Infraestrutura; Inclusão Social; Fomento e Produção Sustentável. Buscou-se discutir a execução dos projetos habitacionais implementados pelo Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR e desvelar como essas Políticas Públicas estão sendo aplicadas nas comunidades indígenas que são ricas em tradições culturais. Entende-se que as Políticas Publicas voltadas para habitações tradicionais precisam estar de acordo com suas tradições e desta forma acredita-se que a cultura estará mais presente em suas vidas, pois a grande riqueza dentro de uma comunidade indígena está na sua cultura, no seu modo de viver e ver o mundo. Neste sentido, este estudo busca compreender as políticas de inclusão que já estão sendo executadas para que possamos gerar discussões e resultados a cerca do assunto. Para que tal proposição de estudo seja feito se fez necessária uma pesquisa minuciosa quanto à bibliografia e a história das Políticas Públicas habitacionais indígenas. Para Corral-Verdugo (2005), cada cultura faz com que as pessoas pensem de forma diferente e afetam a forma como o pesquisador pensa as relações pessoa-ambiente. Diante do exposto o artigo busca analisar as Políticas Públicas com relação aos direitos humanos para os povos Indígenas. A representação feminina nas propagandas de automóveis da década de 50 aos dias atuais (2015) Lucy Barbosa Duarte de Araújo (UNOPAR) lucy.duarte@yahoo.com.br Carolina Coeli Rodrigues Batista (UFPB) carolina_coeli@yahoo.com.br Este trabalho tentará evidenciar as formações discursivas presentes em torno da imagem feminina nas propagandas de automóveis (jornais, revistas, televisão, internet) a partir da década de 1950 aos dias atuais (2013), buscando compreender essa construção, desconstrução e reconstrução da imagem feminina: de dona de casa à mulher objeto. Buscou-se evidenciar a transposição desse sujeito que continua o mesmo (dona de casa) para outro foco (mulher objeto). Para isso utilizamos teorias de Michel Pêcheux, Michel Foucault e outros. 306
Resumos: Comunicações Individuais Abordagem metodológica para análise de discursos sociais: considerações a partir das histórias de vida e dos percursos profissionais de professoras negras da UFMG Ludmila Salomão Venâncio (PUC – MG) ludmilasalomao@gmail.com O processo histórico brasileiro é marcado por desigualdades sociais e raciais responsáveis pela instauração de relações assimétricas nas dimensões política, econômica, simbólica e acadêmica. Partindo dessa premissa, a presente comunicação apresenta uma abordagem metodológica voltada para análise das várias facetas que conformam os discursos sociais, notadamente aqueles centrados na apreensão das disparidades raciais. Definida como abordagem sociolinguístico-discursiva, a mesma contempla as duas dimensões do discurso: uma linguístico-enunciativa – referente às características internas do discurso, e outra discursivo-situacional – concernente à situação de uso em que o discurso é produzido. Para operacionalizá-la, toma-se como objeto empírico quatro relatos de vida e de percursos profissionais de professoras negras pertencentes ao corpo docente da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, proferidos no âmbito do Programa Ações Afirmativas da Universidade. Tal proposta foi concretizada através do que se pode denominar de jogo de desconstrução e reconstrução dos sentidos, no qual os termos utilizados nos relatos foram extraídos dos seus contextos discursivos, para depois serem inseridos novamente na cena enunciativa. Sendo assim, o jogo de desconstrução de sentidos considera a superfície discursiva dos textos analisados, objeto delimitado pelos índices lexicais quantificados e extraídos automaticamente, com o auxílio do Parser PALAVRAS (BICK, 2000), viabilizados na proposta pelo método lexicométrico e pela construção de redes terminológicas – estratégia que aproxima da dimensão linguística, essencialmente enunciativa. Para além disso, o jogo de reconstrução de sentidos busca dar conta da dimensão discursiva e situacional dos relatos aqui analisados, uma vez que se ocupa das configurações retóricas e argumentativas que os envolvem, bem como da carga semântica dos termos enunciados, olhando, detidamente, para os modos de organização discursiva que os colocam na encenação linguageira (PERELMAN; OLLBRECHTSTYTECA, 1958; CHARAUDEAU, 1983, 2015). Evidencia-se, assim, que os estudos do discurso possibilitam revelar como se dá linguisticamente a construção simbólica dos sujeitos sociais e como os termos e as nuances argumentativas empregados por eles são reverberados no relato de suas memórias, estas amplamente atravessadas por referenciais de pertencimento, estratégias de sobrevivência, de superação de violências – sobretudo as simbólicas, e por melhorias em suas condições de vida.
Los mirreyes: ostentación y desigualdad social en México. Estudio de las formaciones imaginarias en el video generacional 2014 del Instituto Cumbres Luis Gabriel Arango Pinto (Universidad Pedagógica Nacional) lgarango@upn.mx Verónica Ochoa López (Universidad Simón Bolívar) viceacademica@usb.edu.mx Juana Lilia Delgado Valdez (Universidad Simón Bolívar) jdelgado@usb.edu.mx Al ser México uno de los países más desiguales de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE), desde mediados de la década pasada surgió un fenómeno comunicativo protagonizado por los descendientes de la élite mexicana, caracterizado por compartir a través de las redes sociales fotografías y videos donde se exhiben las excentricidades de este grupo. Así, los mirreyes son personajes cuya ostentación ha causado indignación en la opinión pública, sobre todo, por el contraste con la pobreza imperante en el país. El objetivo de este trabajo es, a partir del modelo propuesto por Michel Pêcheux, analizar la formación imaginaria como reforzadora ideológica que este grupo social proyecta de sí mismo (A/A), presente en el video generacional 2014, disponible en YouTube, del bachillerato del Instituto Cumbres, una de las instituciones educativas particulares de élite de la Ciudad de México. El estudio de la imagen se llevará a cabo con base en el enfoque semiológico de Roland Barthes, analizando los planos denotativo y connotativo. Tras este análisis, se identifican los elementos discursivos que funcionan como reforzadores de la ideología y estilo de vida de los mirreyes. De esta manera, la ostentación de dinero, mujeres, empleados, artículos de moda, casas, automóviles, yates, aviones y actividades de ocio, constituye la formación imaginaria de este grupo que por medio del video se rinde culto a sí mismo y se presenta ante los demás de un modo contrastante con la realidad de una nación donde, según el estudio Desigualdad Extrema en México. Concentración del Poder Económico y Político, de la organización no gubernamental Oxfam México, el 1% de la población recibe 21% de ingresos de todo el país, mientras hay 53.3 millones de personas viviendo en la pobreza.
Reconstrução do ethos em uma propaganda institucional da Petrobras Luis Henrique Boaventura (UPF) luishboaventura@hotmail.com Este trabalho examina a tentativa de polimento da imagem pública da empresa de capital aberto Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) por meio de uma propaganda institucional após denúncias de corrupção. Para tanto, foram tomados por base o dialogismo de Bakhtin (1997, 2003) e os estudos da cenografia e ethos por Dominique Maingueneau (2008a, 2008b, 2008c, 2008d). A análise terá foco sob o filme institucional de um minuto de duração chamado “Petrobras — Ontem, hoje e sempre superando desafios”, veiculado nacionalmente em canais de televisão brasileiros de janeiro até março de 2015, quando foi retirado do ar por uma ação do CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária). O estudo busca demonstrar de que modo a campanha publicitária empreende uma cenografia que permite construir um discurso aparentemente genérico de superação que, na realidade, referencia obliquamente os acontecimentos recentes derivados da Operação Lava Jato, equiparando a superação de desafios históricos da empresa (como o pioneirismo na exploração de petróleo na costa brasileira) com os desafios decorrentes de corrupção e ilegalidade. 307
Resumos: Comunicações Individuais Ao mesmo tempo, conclui-se que o institucional procura estabelecer uma empatia entre o público e personagens que surgem no filme institucional (correspondentes à figura do trabalhador braçal, brasileiro, honesto, habituado a superar desafios, dignificado pelo esforço do trabalho duro) como fiadores de um mundo ético que a campanha tenta engendrar, um mundo constituído de um ethos pré-discursivo disponível na memória coletiva da sociedade como cena validada (a Petrobrás como uma empresa-modelo de gestão e digna de credibilidade) e selecionado estrategicamente para substituir o ethos prévio negativo mais recente (a Petrobras como uma empresa pouco confiável e corrompida em sua alta gerência).
Estudo comparativo de diferentes abordagens discursivas Luiz Claudio Vieira de Oliveira (FUMEC) luizvioli@gmail.com Estudo comparativo de diferentes abordagens discursivas: análise do discurso francesa, análise de conteúdo, análise crítica do discurso e discurso do sujeito coletivo, com a finalidade de especificar o objeto, a metodologia e a fundamentação ideológica de cada uma dessas tendências. Será feita a caracterização das respectivas teorias e, a partir de artigos oriundos das ciências sociais aplicadas, com foco na área de administração, analisar-se-á: primeiro, que tipo de teoria é empregada nesses artigos; segundo, como essas teorias são utilizadas como elementos argumentativos e analíticos. A partir de levantamento prévio dos artigos publicados nas principais revistas da área de administração, consideram-se as seguintes hipóteses: o emprego das teorias se faz de maneira precária, utilizando-se apenas o rótulo que as designa, sem evidências aprofundamento de análise; há opção preferencial por teorias com viés quantitativo, evitando-se aquelas que demandam análise discursiva qualitativa. Este estudo se justifica em razão da raridade de análises comparativas das teorias indicadas, em virtude da necessidade de delinear suas fronteiras e da necessidade de fornecer, para as áreas em que há crescente interesse pela análise do discurso, um quadro de características, fundamentos, metodologias e técnicas de cada uma das teorias.
#Primeiroassédio: cronotopos metálicos de uma nova narrativa biográfica? Magali Simone de Oliveira (UFSJ) magalisimone1@gmail.com No último dia 23 de outubro uma das participantes da primeira edição do programa infantil Master Chef, Valentina, de apenas 12 anos, foi alvo de pedófilos que usaram o twitter para fazer declarações machistas do tipo “Se tiver consenso é pedofilia?” A agressão gerou revolta e provocou a reação de homens e mulheres que a partir da postagem da think thank @ThinkOlga, que discute questões feministas, aceitaram o desafio lançado pela hashtag #PrimeiroAssédio e relataram publicamente, episódios, por vezes chocantes, das primeiras vezes que sofreram assédio sexual. A ideia desse artigo é entender se essas narrativas de vida que visam, por meio da divulgação nas redes sociais, protestar contra a desigualdade de gênero e o machismo, podem ser classificados como o que é chamado por Orlandi ( 2004) de “memória metálica” . É possível, do ponto de vista do discurso, considerar tais relatos narrativas tão fragmentadas e instantâneas como autobiográficas? Além disso, é possível, acreditar que as redes sociais criam um novo tipo de “cronotopo” como proposto por Bakthin (2014)? Que novas relações entre tempo e espaço esse novo tipo de narrativa bibliográfica pode gerar? Ideologies in Sherko Bekas’s Coarse: a critical stylistics and cognitive metaphor approach Mahmood Kadir Ibrahim (University of Huddersfield) mahmood.Ibrahim@hud.ac.uk Critical Ctylistics bridges the missing gap between stylistics and critical discourse analysis. According to Jeffries (2014: 408), Critical Stylistics offers a more developed and rigorous methodology that CDA has not yet developed. It is an influential approach to ideology which is defined as ideas, particularly those that are shared by a community, that are significant ‘in the world we live in’. Ideologies are produced, reproduced and sustained using languages (Jeffries, 2010a: 5). In this paper, I analyse, from the perspective of Critical stylistics, the representation of political ideologies in Sherko Bekas’s poem (Coarse). The analysis concentrates on the tools of critical stylistics namely naming and describing, representing actions states and events (transitivity analysis), equating and contrasting, assuming and implying and the role these tools play in constructing Lakoff and Johnson’s, (1980) conceptual metaphors.
Procedimentos de legitimação do dizer político: teorias e reflexões Maísa Ramos Pereira (UFSCar) maysaramos@live.com Em nosso trabalho, temos a necessidade de especificar as características que tornam político e legítimo o dizer de um sujeito. Sabemos que todo dizer pode ser/é político, contudo, neste caso, não nos referimos a uma conversa cotidiana entre cidadãos. Centramos nossa atenção em torno daqueles que efetivamente detém ou pretendem deter o domínio das decisões políticas, ainda que se sustente, segundo as regras do jogo da democracia representativa, que todos participam da vida política de um país, por meio do voto, que seria o meio de eleger representantes. Aqueles que gerenciam as decisões políticas situam-se comumente entre governantes e opositores. A disputa travada por estes sujeitos movimenta a vida política de um Estado. Desde as campanhas eleitorais ao exercício do poder, um emaranhado de dizeres não deixa de se desenrolar, já que, os sujeitos políticos que não ocupam o principal 308
Resumos: Comunicações Individuais lugar de poder na cena política, almejam ocupar. Cabe aos governantes articular de modo permanente a legitimação de suas conquistas políticas, tornando “natural” o fato de que ocupem lugares de liderança: a “escolha do povo” seria acertada, eles teriam plena capacidade para governar, o futuro reservaria boas novas para a população, dentre outras formulações. Para Le Bart (1998), existem modos de legitimar a ordem política que podem ser identificados no discurso político como uma "intriga de quatro tempos" que se dá constantemente nos dizeres dos sujeitos políticos, com uma predisposição à busca pela legitimação. O autor afirma que seria inconcebível que um sujeito político anunciasse fracassos políticos, incapacidade ou impossibilidade de governar. Sabemos que, no regime democrático, as decisões políticas não dependem de um único sujeito e, ainda assim, os governantes ou candidatos a governantes sustentam uma suposta capacidade para operar verdadeiras transformações sociais, quase milagres. A insatisfação social, a mesma que gera as desconfianças direcionadas ao discurso político, funciona como uma espécie de mola propulsora para que adversários inferiorizem seus rivais, apoiando-se em suas falhas e fracassos e, consequentemente, alavanquem seus próprios dizeres. Levando em consideração as questões mencionadas, trataremos sobre procedimentos de legitimação do dizer político, discussão esta que integra nossa pesquisa de mestrado acadêmico em Linguística.
A gestão da paratopia criadora em cartas de autor Manuel José Veronez de Sousa Júnior (UFU) junexblacklabel@hotmail.com Nesta comunicação, apresento um recorte analítico de minha tese de doutorado, em que busco, dentre outros objetivos, verificar, a partir do quadro teórico da análise do discurso literário proposta por Dominique Maingueneau (2012), o imbricamento entre as três instâncias constitutivas do funcionamento da autoria, a saber: a pessoa, o escritor e o inscritor, nas cartas trocadas entre Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. A hipótese que busco sustentar é a de que, por meio dessas cartas, (considerada uma produção do espaço associado) os autores gerem uma paratopia criadora, um motor paratópico, capaz de constituir e legitimar suas produções literárias, tanto do espaço associado (como as cartas), quanto do espaço canônico de produção (seus livros de poesias, contos, crônicas, romances etc.). A fim de demonstrar a viabilidade dessa hipótese, analisarei, nesta comunicação, dois excertos de uma carta de Carlos Drummond de Andrade endereçada a Mário de Andrade. Tal análise será empreendida com base em alguns conceitos postulados por Dominique Maingueneau em Discurso literário, a saber, os de discurso constituinte, paratopia e funcionamento da autoria (já referido anteriormente). De acordo com o autor, os discursos constituintes são discursos que se consideram discursos de “Origem”, isto é, que se constituem negando a interdiscursividade, na medida em que postulam que enunciam a partir do contato direto com a fonte que os produz e os mantém (Deus; a Razão; o Método; a Musa etc.). Para Maingueneau, o discurso literário é um discurso constituinte e, sendo constituinte, tem natureza paratópica. A paratopia se caracteriza, segundo o autor, como a difícil negociação entre o lugar e o não lugar, e, no caso do discurso literário, manifesta-se por meio da impossível inscrição dos autores de obras literárias na sociedade e no campo literário aos quais, supostamente, pertencem. A abordagem metodológica se dará, fundamentalmente, a partir do dispositivo de análise proposto em Pêcheux (1983/2002), segundo o qual a análise contempla um batimento entre os momentos de descrição e interpretação do objeto, sem, entretanto, considerar que esses movimentos sejam indiscerníveis.
La automitografía: una autorrepresentación literaria en las genealogías de Margo Glantz Manuel Santiago Herrera Martínez (Facultad de Filosofía y Letras UANL) mshm_1999@yahoo.com Dentro de la cultura judía, la obra literaria era considerada un documento histórico porque a partir de ahí se analizaban los aspectos religiosos, culturales, sociales y éticos que las comunidades debían perpetuar para lograr una identificación como individuos de una misma nación. Al emigrar los judíos a otros países, sobre todo los padres, llevan el sello del patriarca y conservan en la educación hacia los hijos el rasgo de identidad. Este aspecto es importante porque las hijas, al no ser circunscritas a este modo de vida, que les permite descubrirse, rastrean su identidad, y uno de los caminos para hacerlo es la escritura. Y en esa búsqueda se suscitan cambios en el proceso de creación y de interpretación de la obra literaria. El objetivo del presente trabajo es mostrar cómo a través de la automitografía Margo Glantz en su obra Las genealogías indaga sus raíces históricas y literarias para tejer su identidad. Para conseguir tal propósito se trazan diversas rutas de investigación; en el ámbito literario se abordará el testimonio con los conceptos de Ribeiro (1996) de la etno-ficción y el etno-testimonio como características de los pueblos asentados en una cultura central y que les sirven para construir un sentido de pertenencia. De Bajtin (1989) se adoptará la categoría de análisis del pleonasmo histórico como una estrategia narrativa para indagar en el pasado lo que estaba fracturado y cómo permite que la voz poética sea narradora y testigo a la vez (lo cual es una apreciación esencial en el surgimiento de la automitografía). Asimismo, se estudia el proceso de escritura de Glantz –en entrevista concedida a Julio Ortega-, que ayuda a visualizar la importancia de la automitografía. En el aspecto histórico se revisan los mitos del pueblo judío en Charpentier (1999) para observar el rol de la mujer y cómo a través de la automitografía se propone un cambio de paradigma.
A abordagem do mal-estar na circulação da palavra: deslizamentos de sentido na conversação Maralice de Souza Neves (UFMG) maraliceneves@gmail.com Nesta comunicação apresentarei um dispositivo de pesquisa e intervenção conhecido por conversação, a exemplo do que é feito na psicanálise aplicada à educação, com o fim de oferecer a palavra não só a professores, mas também aos alunos que são considerados motivos de queixas nas escolas regulares. Esse dispositivo começou a ser gestado no projeto de educação continuada para professores 309
Resumos: Comunicações Individuais de inglês, ContinuAção Colaborativa (ConCol), que existe desde 2011 na FALE-UFMG promovendo a aliança extensão, ensino e pesquisa. Observamos que apesar dos cursos que oferecemos contribuírem para que educadores de escolas do ensino regular, principalmente as públicas, se capacitem para de fato ensinarem a língua aos seus alunos, persistem queixas e frustrações com relação à indisciplina e à ideia de desigualdade de oportunidades atribuída ao desinteresse dos jovens. Essas representações são próprias do que entendemos como sintoma social. As conversações, em número de 3 a 5, são conduzidas nas escolas a partir de uma demanda específica em relação a algum tipo de mal-estar, de modo que o pesquisador ou o responsável pela coordenação das conversações possa problematizar os dizeres e fazer deslizar os significantes. Esse é o material de análise e de intervenção, no qual emerge o inominável, o resto que é rejeitado e causador do mal-estar e que se refere ao modo singular de cada pessoa lidar com seu dejeto e com seu desejo. Trarei resultados de análise de corpora obtidos nas conversações que ilustram deslocamentos nos dizeres e as possíveis consequências desses deslocamentos nas posições tomadas em função das conversações.
Discurso y Educación: Un análisis discursivo de las políticas educativas en las alcaldías de Bogotá durante el período de 19972001 y 2012- 2015 Marcela Escobar Segura (UPN) marceescobar90@gmail.com Mónica Guerrero Garay: (UFSCar) moniggaray2009@hotmail.com A partir de la importancia del lenguaje en la política y considerando que el análisis del discurso contribuye en la interpretación de los efectos de sentido dados en diferentes condiciones históricas, el siguiente trabajo tiene como objetivo determinar las diferencias discursivas entre los alcaldes de la ciudad de Bogotá durante su mandato. El análisis será realizado a partir de un estudio de los planes de gobierno en torno a las políticas educativas de cada candidato, para desde allí realizar una comparación de sus ideologías materializadas en las formaciones discursivas. Se entiende que ambas generaron grandes transformaciones educativas en la ciudad de Bogotá, pero establecer cuál es la coherencia entre sus discursos sobre educación respecto a las prácticas y el diseño de estrategias para cualificar la acción educativa y reconocer sus aciertos y desaciertos frente a la construcción de procesos educativos que contribuyeran a erradicar la segregación y exclusión que se genera en ciudades como Bogotá, hacen parte de los objetivos principales de este documento. Se retoman estos dos periodos de gobierno por lo controvertidos que han sido estos mandatos y porque sus apuestas ideológicas y discursivas se ubican en polos opuestos. Además que luego de 12 años en cabeza de Peñalosa resurge un gobierno de derecha en la ciudad y esto nos permite hacer una radiografía frente a cuáles serán sus apuestas en este nuevo mandato, así como sus encuentros y desencuentros con lo que heredará respecto a apuestas educativas del gobierno antecesor de Gustavo Petro. Estableciendo como se ajustan a unas nuevas formas de asumir la realidad del país en el escenario de los diálogos de paz y un posible acuerdo que implicará la consolidación de una apuesta educativa para la paz y el posconflicto.
Um caso de mesaliance bakhtiniana: o discurso LGBT (e simpatizantes) e a sociedade brasileira no carnaval do século XXI Marcelo Cordeiro (IEC – PUC Minas) marcelocordeiroqvid@yahoo.com.br Beijo no seu preconceito: slogan do carnaval de Belo Horizonte em 2016, contra a LGBTfobia. O discurso dos grupos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros nos carnavais da segunda década dos anos 2000 se configura como um discurso de identidade e resistência, mas também de união. Os elevados índices de discriminação e violência contra estes grupos vem sendo noticiado e testemunhado pela sociedade contemporânea há décadas. A resistência contra a intolerância da sociedade tornou-se mais que uma causa de luta por ser uma condição de identidade e de vida destes sujeitos. As marchinhas de carnaval, bem como os blocos cada vez mais, ano a ano, vem agregando outros indivíduos que não pertencem ao grupo LGBT, mas são simpatizantes e abraçam a causa. Assim, é possível perceber o alargamento da conscientização dos foliões (muitas vezes em família com crianças!) mesmo durante o carnaval, através de sua relação com as práticas linguageiras do discurso contra o preconceito e a possível tomada de posicionamento diante de outras práticas sociais que engendram o discurso da intolerância. Pretendemos analisar de que maneira a condição do carnaval (no sentido de carnavalização como apontado por Mikhail Bakhtin) propicia que o discurso dos LGBTs e simpatizantes contra o preconceito e a discriminação se legitime para além dos limites dos dias de carnaval e ecoa durante todo o ano e pouco a pouco fazendo com que a sociedade conviva em mais harmonia diante de suas diferenças constituintes.
Análises sobre estratégias linguístico-discursivas de não assunção da responsabilidade enunciativa no discurso jornalístico Marcelo Eduardo da Silva (UEMS) marceloedu2002@yahoo.com.br Para atingir o real sentido do texto jornalístico, é necessário que o enunciatário ultrapasse a etapa de compreensão do conteúdo informado, conferindo uma atenção especial para o modo como a informação é veiculada. Para além da superfície material do texto, o modo como este significa tem relação com as escolhas linguísticas e discursivas operadas pelo jornalista, cuja formação discursiva está atrelada às normas técnicas de transmissão da informação, na busca por efeitos de sentido de objetividade, neutralidade e imparcialidade. A partir das bases teóricas e metodológicas da análise do discurso de linha francesa, em particular aquela praticada a partir da década de 1980, o presente trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa sobre a não assunção da responsabilidade enunciativa em gêneros discursivos da imprensa ditos não opinativos. É o caso da notícia, cujos efeitos mencionados são obtidos por meio da convocação de falas alheias, as chamadas fontes. Para assumir essa hipótese, buscamos, no intradiscurso, os mecanismos linguístico-discursivos que funcionam como brechas, isto é, na ilusão de transparência da língua, como 310
Resumos: Comunicações Individuais possibilidade real de se depreender o interdiscurso que atravessa o texto. Esse outro, discursivizado pelo jornalista, ora é camuflado (em nominalizações/referenciações), ora é explicitado (no discurso relatado). Ao modalizar/arquitetar vozes alheias, o jornalista acaba por tornar o discurso do outro um discurso alienado, na medida em que este perde sua enunciação primeira, ocorrendo uma mobilidade/transferência de sentidos, ao ser reportado por uma segunda voz. O corpus de análise é composto por enunciados escritos, coletados na imprensa de Campo Grande (MS), a respeito de um acontecimento discursivo e político ocorrido no município: a cassação e posterior retomada de mandato do prefeito Alcides Bernal, ocorridas, respectivamente, em março de 2014 e agosto de 2015.
O discurso do favor e da subserviência na voz do trabalhador agregado: Dona Plácida Marcia dos Santos Lopes (UTFPR) marcialopes@utfpr.edu.br Esta comunicação analisa as construções discursivas sobre o trabalho na obra Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis (1997), a partir do discurso do favor e da subserviência na voz da ex-trabalhadora agregada, a personagem Dona Plácida. A obra literária se articula à sociedade, pois ela tanto reflete quanto refrata a realidade extraliterária. Sendo assim, ater-se ao discurso literário para tratar de tema relevante como o trabalho torna-se de certa forma indispensável, já que por meio do cotidiano retratado na obra é possível reconhecer e desvelar tanto as relações sociais e de trabalho existentes na época da sua escrita quanto a crítica reflexiva realizada pelo seu autor em relação ao universo laboral. No caso específico de Machado de Assis, cuja obra põe em xeque o Realismo literário, o conceito de romance e de se fazer literatura, seu texto dialoga com importantes acontecimentos do Brasil do século XIX, como a passagem da Monarquia à República, a escravidão, o trabalho formalmente livre, o clientelismo e as relações de poder. Na sociedade brasileira assimétrica da época machadiana, as relações de favor entre os personagens Brás Cubas e Virgília e a ex-agregada pobre, Dona Plácida, são dadas a partir de atitudes de benevolência, servilidade, gratidão e adulação. O trabalho aí é perpassado pelo favor que submete o elemento mais fraco e confere poder ao mais forte, retratando as relações hierárquicas da época. Essas relações se concretizam nas vozes dos personagens e do narrador, pois na linguagem do autor e nas suas escolhas de personagens e ações veem-se os discursos vigentes na época sobre o trabalho em uma sociedade escravista, escravocrata e pouco industrializada em que o favor compensa a ausência de postos de trabalho. Esses discursos são aqui analisados na perspectiva da Análise Dialógica do Discurso e das ideias de Bakhtin e o Círculo (2010). As relações de favor descritas no romance são analisadas do ponto de vista dos autores Antonio Candido (1973) e Roberto Schwarz (1992).
Discurso, ideologia e representações do sujeito nas redes sociais Márcia Fonseca de Amorim (UFLA) marcia.amorim@dch.ufla.br O presente estudo tem como objetivo apresentar uma análise de mensagens/postagens sobre a presidente Dilma Rousseff, veiculadas nas redes sociais, que evocam, pelo menos, duas posições discursivas diferentes: o discurso da direita e o discurso da esquerda. Nessas postagens, são utilizados dizeres e imagens que materializam ideologias antagônicas, uma vez que nelas encontramos tanto mensagens de apoio à presidente, que buscam retratá-la em situações que fortalecem a imagem de uma mulher forte, determinada, que respeita a democracia e que defende a igualdade social, quanto mensagens não apenas de repúdio ao governo, mas de tentativa de desconstrução da imagem da presidente por meio de vídeos, fotografias e dizeres de cunho pejorativo que visam retratá-la como “burra”, “vadia”, “cadela”, entre outras denominações. Em nome da liberdade de expressão, as duas posições discursivas buscam legitimar seus dizeres por meio dos comentários, dos compartilhamentos e das curtições que cada postagem recebe. Esses posicionamentos assumidos nas redes sociais em relação ao tratamento dado à presidente têm proporcionado um cenário de conflito em que diferentes posições discursivas travam uma batalha discursiva a fim de legitimar as ideias que defendem. Situações como essas atestam que a ideologia, tal como preconiza a Análise do Discurso de linha francesa, materializa-se em discursos que permeiam as diferentes práticas sociais. No interior dessas práticas, o sujeito assume posições discursivas, constrói uma representação para si mesmo e para o outro, por meio dos dizeres que profere e das ideias que defende. Para Pêcheux (1975), ao assumir uma dada representação discursiva, o sujeito se esquece de que não é dono do próprio dizer e de que não existe apenas um sentido para o que é dito. As análises propostas neste estudo encontram-se ancoradas nos estudos de Foucault sobre a sexualidade e nos estudos de Pêcheux (1975), Orlandi (2001), Courtine (2003), Maingueneau (2005) e Amossy (2004) sobre discurso, ideologia, sujeito formações discursivas e representações sociais.
Sobre o conceito de periferia e o rap: o discurso verbo-musical de Ice Band Márcio Ronei Cravo Soares (UFMG) marcioronei@yahoo.com.br O texto desta comunicação foi escrito a partir de pesquisa de mestrado em Educação desenvolvida na Universidade do Estado de Minas Gerais. O objeto de estudo da pesquisa é um projeto social desenvolvido pelo rapper mineiro Ice Band. Parte do trabalho feito deteve-se na análise discursiva de letras de rap que Band apresenta em escolas públicas da região metropolitana de Belo Horizonte. Em geral, há, nos textos verbais dos rap’s analisados, certa localização de geografias urbanas em estado de precarização, a partir da nomeação dessas regiões como “periferia” e “favela”, por exemplo. A intenção é refletir sobre o caráter dualista implicado nos modos de apresentar as culturas de grupos sociais desses espaços urbanos segundo os usos de palavras cuja carga semântica reforça e reproduz certa hierarquização social. Seguindo o caráter interdisciplinar deste congresso, serão considerados autores da Análise do Discurso e das Ciências Sociais. 311
Resumos: Comunicações Individuais Vozes em relações exotópicas sobre desigualdade: análise do documentário “Desigualdade para Todos” Marco Antonio Villarta-Neder (UFLA) villarta.marco@dch.ufla.br Em 2013 foi produzido nos Estados Unidos um documentário chamado Desigualdade para Todos (Inequality for all) dirigido por Jacob Kornbluth e protagonizado pelo professor, economista e ex-Secretário do Trabalho no governo Bill Clinton, Robert Reich. Nesse documentário são expostas diversas vozes sobre o crescimento da desigualdade nos Estados Unidos da América. Dentre essas vozes destaca-se uma perspectiva crítica sobre os discursos sobre as justificativas para a concentração de renda e a desoneração de impostos para os mais ricos. O presente trabalho pretende discutir, a partir do referencial teórico-epistemológico do Círculo de Bakhtin, como essas vozes se constituem exotopicamente. Do ponto de vista bakhtiniano, o conceito de exotopia refere-se a que o sujeito somente tem como constituir-se no lugar que ocupa no mundo (e que o torna sujeito) a partir de um lugar-outro, de um outro lugar, externo a ele. Nesse âmbito, esse documentário representa um corpus apropriado para essa discussão, na medida em que feito nos Estados Unidos, por um economista e um diretor norte-americanos, discute, de uma outra perspectiva os discursos sobre desigualdade em uma sociedade que é tomada como modelo de desenvolvimento econômico e de protagonismo geopolítico do capitalismo. Além de uma exposição das crises de 1929 e 2008 e de seus antecedentes de picos de concentração de renda e de uma análise econômica que subverte as justificativas de economistas conservadores sobre a “naturalidade” da desigualdade, o documentário expõe diversos sujeitos, em diversas posições sociais e econômicas da sociedade norte-americana. É relevante, para outros contextos de desigualdade, como o caso da sociedade brasileira refletir sobre vozes que se tornam cada vez mais fortes, tais como o do livre-mercado, da riqueza como fruto exclusivo do esforço individual e do mito das oportunidades iguais. Na discussão sobre culturas, o conceito de exotopia pode ser especialmente útil. Já que para Bakhtin, na relação exotópica, “um sentido revela-se em sua profundidade ao encontrar e tocar outro sentido, um sentido alheio”, são esses enunciados ora parecidos, ora diferentes em vozes ora parecidas, ora outras que vão contribuir para uma compreensão ativa de uma outra cultura e uma reflexão sobre a nossa própria.
Análise discursiva da imagem da mulher operária da Zona Franca de Manaus Marcondes Cabral De Abreu (UFAM) marcondesabreu91@hotmail.com Este trabalho se concentra no dia internacional da mulher, entre os anos de 2007 a 2010. Busca-se analisar, de acordo com os pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa, o funcionamento discursivo de dois jornais impressos: Jornal do Commercio e o Jornal A Crítica. Pretende-se investigar como esses jornais estão tratando e construindo ideologicamente a imagem da mulher operária da Zona Franca de Manaus, tendo em vista o público aos quais eles se destinam. O primeiro jornal é mais antigo e se dirige a comerciantes e/ou empresários; enquanto o A Crítica é de ampla circulação, alcança a população de modo geral, e isso ajudará a entender como está sendo construída a imagem dessa mulher para esses públicos.
O avesso que sou eu: uma análise da construção ética da identidade crossdresser Marcos Paulo de Azevedo (UERN) marcos_h.p@hotmail.com Alexandre Alves de Andrade (UERN) allexandre.andradde@gmail.com O presente trabalho, que se constitui como um recorte de nossa pesquisa de mestrado no PPGL/UERN, objetiva analisar de que modo se dá a construção ética da identidade crossdresser. Segundo Vencato (2003), pode-se chamar de crossdresser a pessoa que eventualmente se veste com roupas ou acessórios do sexo oposto ao que nasceu. Nesta pesquisa, detemo-nos aos crossdressers masculinos, isto é, a homens que, esporadicamente, e sem nenhuma relação direta com sua orientação sexual; vestem peças de roupas ou acessórios femininos. Para desenvolver essa análise, tomaremos como objeto três depoimentos de crossdressers selecionados do sítio Brazilian Crossdresser Club, um ambiente virtual que promove o contato e interação entre praticantes do crossdressing no Brasil, buscando compreender de que modo esses sujeitos se reconhecem como crossdressers e como constroem, por meio da busca da verdade de si, eticamente sua subjetividade. Os depoimentos serão analisados, inicialmente, objetivando examinar, tal como faz Foucault na análise de enunciados, as relações de poder que atravessam tanto os corpos desses sujeitos, quanto os discursos que concorrem para legitimá-los, classificá-los, excluí-los (Cf: FOUCAULT,1982, 1984, 1988). Em seguida, com base na materialidade discursiva analisada, buscaremos identificar os modos ou as técnicas de si mobilizadas por tais sujeitos para a constituição ética de uma identidade crossdresser, de modo a explicitar as negociações por eles realizadas para vivenciar essa verdade de si, uma vez que a grande maioria de praticantes do crossdressing o faz de modo velado. Esperamos com essa pesquisa contribuir para uma melhor compreensão do crossdressing enquanto lugar de subjetivação e, posteriormente, suscitar uma discussão mais ampla a respeito da identidade de gênero assumida por esses sujeitos.
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Resumos: Comunicações Individuais O discurso profético de manipulação do poder, da Igreja Universal do Reino de Deus, em pregações do bispo Edir Macedo Marcus Túlio Tomé Catunda (Faculdade Martha Falcão - DeVry Brasil) profcatunda@uol.com.br Este trabalho centra-se na análise crítica do discurso religioso da Igreja Universal do Reino de Deus – IURD e procura desvendar como o uso da língua é manipulado na construção sociocognitiva da ideologia iurdiana para guiar o outro por um percurso que o faz <> que pode <> sua vida transformada. Sendo assim, se justifica pela necessidade de compreender como as transformações sociais, culturais, econômicas e políticas conduzem aos modelos globalizados de organizações humanas e, consequentemente, às novas formas de manifestação da espiritualidade e crença. Para tanto, tem como objetivo geral contribuir com os estudos do discurso religioso e, ancorado neste, busca desvendar como Edir Macedo promove uma experiência religiosa transformadora de vidas. A investigação aqui proposta é qualitativa e adota um procedimento teórico-analítico, cujo material de análise foi coletado do discurso oral do Bispo Edir Macedo, retirado da internet. O aporte teórico compõe-se de resultados apresentados pela Análise Crítica do Discurso - ACD, com van Dijk (1997), Fairclough (2001) e Thompson (2011), além da Sociologia de Max Weber (2002), que, nessa dialética, contribui com a Teoria da Ação Social e a Tipologia Ideal de dominação. Até o momento, os resultados obtidos indicam que as pregações do Bispo Edir Macedo são consideradas como Discurso Religioso da IURD, já que são Discursos Autoritários que, conforme Orlandi (1987), apresentam a ilusão da reversibilidade que sustenta tal Discurso, pois, a sua reversibilidade tende a zero, na medida em que o fiel nunca poderá tornar-se locutor, mesmo com a aparente permissão dada por Macedo, quando faz perguntas ao auditório. O Bispo é a voz “autorizada”, já que se identifica com a própria vos de Deus; por isso, a sua fala é revestida da verdade divina, que o personifica na divindade, legitimando o discurso da fé, que orienta a conversão das massas e transforma vidas. Portanto, conclui-se que a ideologia iurdiana se manifesta, também, nos vídeos que reproduzem os cultos da igreja na internet, auxiliando na orientação da mente dos fiéis à aceitação de um novo Messias.
Ethos e subjetividade nas obras: Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto e O Caso da Vara, de Machado de Assis Margareth Torres de Alencar Costa (UESPI) margazinha2004@yahoo.com.br Falar do discurso, segundo Blancafort e Valls (2008), é antes de tudo falar de uma prática social, uma forma de ação que acontece entre as pessoas e que se articula a partir do uso linguístico contextualizado. O discurso faz parte da vida social de todas as pessoas em todo o mundo e o ato de falar e escrever é o mesmo que construir textos que podem ser falados ou escritos e orientados a determinados fins. Para Amossy (2005) já explica que: “Todo ato de tomar a palavra implica a construção de uma imagem de si. Para tanto, não é necessário que o locutor faça seu auto-retrato, detalhe suas qualidades nem mesmo que fale explicitamente de si. Seu estilo, suas competências, suas crenças implícitas são suficientes para construir uma representação de sua pessoa”.Considerando que todo enunciador do discurso faz uso da subjetividade e constrói um ethos, nossos objetivos neste trabalho serão: explicitar as marcas que denunciam o preconceito racial nos referidos textos e ilustrar a presença da subjetividade enunciativa no discurso escrito pelos referidos escritores nas obras: Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto e o Caso da Vara, de Machado de Assis. Assim nos apoiaremos nos teóricos: Benveniste (2005), Blancafort e Valls (2008), Fairclough (2001), Mangueneau (1997) e Amossy (2005). Os resultados obtidos comprovam que ambos os textos fazem uma denúncia social sobre o etnocentrismo racial e étnico muito fortes para a sociedade da época, o que nos faz refletir se a sociedade atual mudou consideravelmente ou se ainda existe o mesmo etnocentrismo camuflado.
Quilombola: produção de sentidos na construção do sujeito Maria Aparecida de Oliveira Souza (Autarquia Municipal do Ensino Superior de Goiana) cidoka.cida@hotmail.com Neste texto é apresentada uma rápida discussão sobre a categorização dos indivíduos na sociedade, a utilização política das diferenças e a naturalização das desigualdades pelo discurso historiográfico. Dessa forma, é importante compreender como os discursos históricos hegemonizam determinados grupos nas relações humanas, aprisionando os sujeitos em categorias fechadas e, consequentemente, discriminando-os por serem diferentes. No Brasil, a ideia do branqueamento é culturalmente significativa no processo de construção da identidade individual, pois negras e negros, imersos nesse processo, foram e são induzidos a interiorizarem os valores estéticos do branco. Partindo desses pressupostos, é necessário, para se entender a história das comunidades quilombolas, das negras e dos negros brasileiros, percorrer as trilhas da ideia da formação dos quilombos no continente africano e saber as causas que levaram parte desse povo a se instituir como quilombo. E assim, compreender a legitimidade histórica dessa memória na afirmação da identidade negra em Pernambuco. Partindo dessa memória, torna-se importante deslocar a ideia de quilombo como coisa do passado e procurar entender o que são, quem são, hoje, os sujeitos que se autoidentificam “remanescentes de quilombos”.
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Resumos: Comunicações Individuais O ethos no discurso de Michel Temer: imagem de um vice-presidente da República na política brasileira Maria Aparecida Silva Furtado (UFOP) mariapfurtado@hotmail.com Este estudo se insere no eixo “Desigualdade, Retórica e Argumentação” e tem como proposta, pela perspectiva da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, analisar a imagem da representação política do Vice-Presidente da República do Brasil, na voz do atual vice “Michel Temer”. Para isso, serão tomados como base estes dois discursos de sua autoria: 1) “Discurso do Presidente da República em exercício, Michel Temer, na abertura do XVI Congresso Brasiliense de Direito Constitucional”, publicado em 22 de setembro de 2011; e 2) “Carta Pessoal enviada a Presidente Dilma Rousseff” em 07 de dezembro de 2015. Tais enunciações, proferidas em situação de interação distintas, são capazes de demonstrar, no primeiro discurso, um ethos de um sujeito diplomata e engajado na defesa do Estado Democrático de Direito que combate as desigualdades sociais dos brasileiros e, no segundo, um ethos de homem ponderado que adota o silêncio diante de uma situação de crise em que o Brasil enfrenta, mas também um ethos de causa própria e de vitima da “desigualdade” de tratamento que revela receber da atual Presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff, em seu cargo de Vice-Presidente. O eixo desse estudo está no exame do ethos discursivo, segundo as contribuições de Amossy (2005), Charaudeau (2001; 2006; 2015), Maingueneau (2001; 2005), Morgan e Emediato (2015). Parte-se do pressuposto de que a noção de ethos constrói-se, fundamentalmente, por meio da interação verbal, ou melhor, da enunciação, a qual precisa ser analisada levando em consideração o espaço externo e o espaço interno da situação da interação. Neste sentido, além da categoria ethos discursivo, também serão levadas em consideração noções de cenas de enunciação, de cenografias constitutivas, de representação do imaginário social, de carisma e de pathos, buscando revelar a patemização discursiva por meio da identificação da maneira de ser e de dizer do sujeito enunciador. Com esse arcabouço teórico, acredita-se ser possível caracterizar o ethos do Vice-Presidente Michel Temer nos dois discursos em análise e compreender como se compõe no cenário político-social a figura da Vice-Presidência da República do Brasil. Discurso e representação em “Mulheres negras” Maria Cecília de Lima (UFU) mariaceciliadelima@gmail.com Eliana Dias (UFU) elianadias07@gmail.com
Refletir sobre como a mulher é representada em discursos e questionar essa representação é uma forma de investigar a função dessa representação na e pela linguagem e como essa representação funciona em diversas práticas discursivas produzindo, reproduzindo ou questionando relações de desigualdades. Isso abre um enorme leque de investigação e, ainda, a possibilidade de mudanças. Porém, refletir sobre a mulher negra abre outros leques para outros universos, cujas representações e discursos se entrecruzam e tenham de ser desnaturalizados, caso se pretenda elucidar problemáticas que deixam a mulher negra, por vezes, em lugar de submissão e de desvantagem/desigualdade na sociedade brasileira. (LEMOS, 2013; SANTOS, 2004, SCHUMA, 2014). Porém, apesar disso, já há discursos de resistência sendo veiculados, contribuindo para a constituição de identidades mais fortalecidas e não submissas de mulheres negras a discursos hegemônicos. Exemplo disso é a música "Mulheres Negras". Neste trabalho, nosso objetivo é, a partir da análise do discurso textualmente orientada, refletir sobre os discursos veiculados na letra dessa música. Essa análise será realizada com o suporte central da Análise Crítica de Discurso – teoria e método – (FAIRCLOUGH, 2001; MAGALHÃES, 2004), com suas três dimensões: a textual, a discursiva e a social, e suas respectivas categorias analíticas, que contribuem para desvelar discursos, representações e ideologias subjacentes a textos e materializações de discursos. Esperamos, com a veiculação de análises como essa, em especial, no âmbito escolar, contribuir com um novo olhar para as questões referentes à mulher negra, com o desvelamento de discursos não oficiais para que, quem sabe, sejam possíveis novas relações sociais e humanas mais igualitárias. A Análise de Discurso Crítica muito tem a contribuir para o ensino, ao desvelar ideologias, discursos e representações em textos, desvelando relações de desigualdades e, inversamente, contribuindo para a constituição de identidades mais fortalecidas (Silva, 2000). Nosso trabalho, como professoras de estágio supervisionado, em Língua Portuguesa, pode comprovar e contribuir para tal desvelamento.
Memoria del abuso: construcción discursiva de la ira en comentarios del sitio web Saludos a Martín María Cristina Arancibia (Pontificia Universidad Católica de Chile) marancag@uc.cl Lésmer Montecino (Pontificia Universidad Católica de Chile) lmontecs@uc.cl El medio digital es una plataforma de presencia inmediata que descansa sobre una comunicación desmediatizada. Esto último, favorece la acción colectiva virtual que permite al ciudadano digital, en contextos de acentuada desigualdad social, construirse como contestatario en casos de abusos de poder. Nuestro estudio indaga en la construcción co-participativa de la paliza digital, a través de comentarios posteados en sitios webs que se generan en respuesta al abuso y a la desigualdad en la sociedad chilena. La representación de la ira ciudadana en el discurso digital será analizada a la luz de los postulados de la Lingüística Sistémico Funcional y desde la perspectiva del Análisis Crítico del Discurso. Nuestro análisis apunta a identificar las representaciones discursivas que sustentan la paliza digital por medio del análisis de los recursos lingüísticos que las constituyen. Lo anterior, en el contexto de conductas abusivas que evidencian la decadencia ético-moral de la élite socio-económica dominante en Chile, a través del estudio de caso: Saludos a Martín. Los significados construidos en el estrato semántico-discursivo y realizados en el estrato léxico-gramatical, a través de la presencia de relaciones taxonómicas y de relaciones nucleares entre otros recursos muestran la 314
Resumos: Comunicações Individuais manera en que los ciudadanos digitales resisten prácticas naturalizadas en la cultura chilena. El corpus analizado consiste en 1000 comentarios, emitidos entre diciembre de 2014 y diciembre de 2015 en los cuales se condena la anulación del juicio y liberación de un joven, hijo de un político de la derecha chilena dominante, acusado de cuasi-delito de homicidio. Los resultados dan cuenta de representaciones tales como hijito de su papá, Martincito, entre otros con el fin de infantilizar al victimario que se escuda en el poder económico de su familia. Padre y madre, asimismo, emergen como figuras degradadas en un contexto cultural en el que durante doscientos años fueron intocables y que gracias al discurso online dejan de serlo.
A intervocalidade mostrada nos posicionamentos do discurso literomusical para crianças Maria das Dores Nogueira Mendes (UFC) dasdoresnm@yahoo.com.br Nesta pesquisa em andamento, aprofundamos o conceito de intervocalidade mostrada, ao aplicá-lo às canções para crianças. O nosso objetivo principal é investigar a relação entre a mobilização de outras vozes pelos intérpretes e a constituição de posicionamentos no discurso literomusical para crianças. A noção de intervocalidade mostrada é proposta e desenvolvida como parte da ideia mais ampla de investimento vocal, já desenvolvida na nossa tese de doutoramento (MENDES, 2013). O termo intervocalidade é usado por Zumthor (1993) para se referir às trocas de palavras e de conivência sonora, entretanto, no caso da nossa pesquisa, que se baseia na Análise do Discurso, na linha de Maingueneau, aplicada ao discurso literomusical por Costa (2012), designa especificamente a troca entre diferentes modos de cantar e outras vozes distantes da prática discursiva literomusical. O corpus, que é composto de um conjunto de canções infantis publicadas no Brasil desde a década de 80 até os dias atuais, baseia-se noutro que já foi constituído por Gonzalez (2013). Entretanto, neste trabalho, só nos é possível oferecer uma pequena amostra de alguns parâmetros vocais que evidenciam a intervocalidade mostrada na canção “História de uma gata” (Chico Buarque por Nara Leão), do disco “Saltimbancos” (1977), adaptado para o português pelo músico brasileiro Chico Buarque, considerado por Costa (2012), inscrito em um posicionamento MPB. Como se trata de uma pesquisa ainda em curso, não apresenta resultados acabados, mas hipóteses, tais como: a) os recursos vocais constituem-se em acentuadores dos significados da cenografia, visto que cada intérprete utiliza um recurso vocal diferente para imitar o animal que nela representa; b) as vozes de crianças parecem dialogar com as dos intérpretes, visto que ambos cantam partes diferentes da letra, diferentemente, do que parece ocorrer nas canções de massa, nas quais a vozes delas parecem constituir apenas uma espécie de eco que repete, confirma o dizer do intérprete.
A linguagem criativa em jornais populares Maria de Fátima Fernandes Bispo (CEFET-RJ) fatimabis@gmail.com Exemplos mais evidentes da produtividade lexical, os neologismos cumprem um papel que ultrapassa a necessidade de se nomear o novo, deixando clara a capacidade, inerente ao falante da língua, de ampliar o sistema linguístico, conscientemente, através de princípios de abstração e comparação imprevisíveis, motivados por diversas intenções discursivas. Pretende-se, nesta comunicação, realizar reflexões de natureza semântica, morfológica e discursiva, adotando-se, como corpus de estudo, criações lexicais selecionadas de jornais populares. Tal estudo visar a ressaltar que a inovação lexical é um tema relevante, o qual permite que se tenha uma visão clara da evolução diacrônica da língua, comprovando a sua capacidade de renovação lexical. Objetiva-se também analisar os efeitos de sentido de tais criações direcionados, intencionalmente, ao público-alvo desses jornais ditos "populares".
Discurso político, religião e preconceito: um enlace que não cessa de produzir efeitos Maria do Carmo Gomes Pereira Cavalcanti (UNICAP) carmingpc@yahoo.com.br O discurso politicamente correto é alvo de polêmicas, pois traz em seu cerne algo inarredável e relevante para se refletir, o preconceito. Quanto mais se tenta deixá-lo no limbo social ou excluí-lo, quem sabe, mais este marca sua presença discursivamente. Este trabalho pretende analisar o discurso do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias sobre a sua atuação neste espaço. A Análise do Discurso de linha francesa (AD), delineada por Pêcheux e desenvolvida no Brasil por Orlandi e outros estudiosos, será nosso dispositivo teórico e analítico. Nesta disciplina de entremeio, mobilizaremos conceitos como formação ideológica, Formação Discursiva (FD) e interdiscurso, por serem constitutivos do preconceito que tangencia o discurso do sujeito. Para situar a questão que trazemos para este trabalho, apresentamos uma sequência discursiva em circulação em rede social (Facebook) do principal representante de grupos de classe marginalizados socialmente que, ao dizer, deixa um não dito que o inscreve em uma FD díspare da que supostamente deveria estar identificado. Na tentativa de se distanciar do preconceito, seu discurso produz efeitos de sentido reversos.
Trabalho prescrito: a constituição de imagens do profissional docente em revistas especializadas Maria do Socorro Morato Lopes (UFPA) smorato@ufpa.br O presente trabalho objetiva investigar como se constitui o trabalho do profissional docente na cena midiática, enfatizando a construção de imagens desse profissional, por meio do seu trabalho. Os textos que serão analisados são aqueles sobre o trabalho 315
Resumos: Comunicações Individuais docente, veiculados em revistas especializadas que visam prescrever ao professor maneiras de realizar o seu trabalho cotidiano. Partimos da hipótese de que os discursos que circulam na mídia afetam a construção discursiva dos professores, já que boa parte dos problemas apontados nessa área são expostos nos meios de comunicação e neles se constroem não apenas opiniões, mas também crenças sobre “o que é ser um bom (ou mau) professor”, “como dar uma boa (ou má) aula” etc. Os conceitos de Prática Discursiva (MAINGUENEAU, 1997), Formação Discursiva (FOUCAULT, 2005; PÊCHEUX, 2009) e Trabalho Prescrito (DURRIVE, 2011) fundamentam o trabalho para demonstrar como a mídia pode influenciar na constituição da identidade docente, por meio da reprodução de discursos em que o professor é instado a assumir certas posições, seja como locutor, seja como alocutário, seja ainda como tema de debate. Importante também perceber que a legitimação da imagem de um professor amparado nos escritos das revistas especializadas constrói também a imagem de “outro professor”, ou seja, aquele que adota o “ensino tradicional” e que, por isso, precisa se atualizar. Essa constituição de imagens gera desigualdades profissionais, na medida em que valida identidades profissionais atravessadas e coloca os professores em lugares diferentes: de um lado, aqueles que seguem as prescrições e que estão “preparados” para o exercício da profissão; de outro, aquele profissional que ainda não põe em prática aquilo que as revistas prescrevem e que, portanto, deve se atualizar para ser um bom profissional. Em ambos os casos, as imagens dos profissionais são amparadas pela demanda de um mercado consumidor, que legitima o lugar das revistas especializadas como instância de formação do profissional docente.
Superhéroes a la defensa de Occidente cuando Oriente amenaza la comunidad María Elisena Sánchez Román (Universidad Intercultural de Chiapas) mariaelisena@gmail.com La idea central de esta propuesta es el análisis de dos superhéroes, Batman y Iron Man, que surgen como sistema de representación del discurso hegemónico de Estados Unidos, léase Occidente, después de los ataques del 11 de septiembre a las torres gemelas de Nueva York. Se trata del análisis semiótico discursivo de las trilogías cinematográficas The Dark Knight (Nolan; 2005, 2008 y 2012) y Iron Man (Favreau, 2008, 2010, 2013), tomando como categoría de análisis la noción de comunidad como estrategia ideológica que se articula al miedo como estrategia retórica para facilitar la identificación de Oriente como amenaza global y enmascarar las relaciones de dominio que mantiene Occidente. Lo que se presenta forma parte de la tesis doctoral que se ha concluido recientemente, una investigación transdisciplinaria que se ha desarrollado en el marco de los Estudios Culturales, particularmente desde las aportaciones de Stuart Hall, y desde el modelo semiótico-discursivo transdisciplinario que Julieta Haidar propone para el análisis de las prácticas semiótico-discursivas. Identidade do “Zé Povinho”: representação das pessoas de baixa renda no discurso da mídia impressa Maria Felícia Romeiro Mota Silva (UFOB/UNB) clarafelicia@yahoo.com.br O discurso jornalístico entendido muitas vezes como “verdade inquestionável” por parte do público, não passa de representações de práticas sociais que atendem a interesses particulares e muitas vezes reforçam o poder hegemônico de determinados grupos e excluem outros, negando a estes últimos o empoderamento. O propósito desta pesquisa é analisar de que maneira as identidades das pessoas de baixa renda, beneficiários do programa Bolsa-família, são construídas discursivamente na mídia impressa sobre os aspectos da representação dos atores sociais. O corpus de análise documental constitui de informações provenientes de um artigo de opinião intitulado “Reféns do Zé Povinho” veiculado em uma revista direcionada a diversos segmentos do Agronegócio da região Oeste da Bahia. O estudo apresentado segue uma proposta das bases teóricas da Teoria da Representação dos Atores Sociais – TRAS (VAN LEEUWEN, 1988; 2008) e da Análise de Discurso Crítica – ADC (FAIRCLOUGH, 1989; 2001; 2003). Para a análise sociosemântica, confrontaremos as representações das pessoas de baixa renda com as representações das pessoas de classe média presentes no artigo de opinião, para tanto utilizaremos como categorias analíticas: Sistema de Inclusão e alguns de seus subsistemas (TRAS) e os Significados Acional, Representacional e Identificacional (ADC). Esta análise exploratória de elementos gramaticais, discursivos e socioculturais possibilitou compreender como os discursos midiáticos atuam nas práticas sociais reforçando relações de poder e dominação.
A responsabilidade enunciativa em dossiês que promovem a divulgação da ciência para jovens leitores Maria Helena Albé (UNISINOS) mhalbe@unisinos.br Este trabalho, situando-se no âmbito dos estudos da Análise Textual dos Discursos (ATD), elaborada por J.-Michel Adam, pretende uma aproximação com o tema central deste Simpósio - a relação entre discurso e desigualdade – nos planos linguístico e enunciativo, ao tratar da questão da comunicação da ciência para jovens leitores. Adam (2011) postula para a ATD oito níveis ou planos de análise textual/discursiva. Investiga-se o nível enunciativo do texto, voltado para o fenômeno linguístico da responsabilidade enunciativa, correspondente às "vozes" do texto, à polifonia, objetivando identificar, descrever e analisar a materialização da responsabilidade enunciativa no segmento pré-citação (CALSAMIGLIA, H.; CASSANY, 2001, CALSAMIGLIA; FERRERO, 2001) e mostrar a que vozes são atribuídos os enunciados e por meio de quais recursos. Além disso, busca-se responder a questões, como (1) o produtor assume ou delega a outros a responsabilidade enunciativa dos enunciados proferidos? (2) como esse produtor deixa transparecer o seu posicionamento em relação aos enunciados não assumidos por ele? O corpus selecionado integra o projeto de investigação do discurso de popularização da ciência ligado ao grupo de pesquisa Comunicação da Ciência: Estudos LinguísticoDiscursivos (CCELD), coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Eduarda Giering. São 13 textos do gênero dossiê (LUGRIN, 2000; ADAM; 316
Resumos: Comunicações Individuais LUGRIN, 2001) - matéria de capa - da revista Superinteressante publicados no ano de 2014, os quais promovem a divulgação da ciência para jovens leitores. Os resultados obtidos permitem não apenas aferir o ponto de vista assumido pelo locutor/enunciador nesses dossiês como também constatar que o locutor se encontra diante do problema de como se mostrar crível, uma vez que está em concorrência com outros veículos e tem como dever informar, o mais corretamente possível, o conjunto de seus leitores. E evidenciase, nos textos, o dilema de como assumir a responsabilidade pelo dizer e ainda seduzir o leitor jovem a consumir a informação, questão que merece especial atenção, dada a sua importância para o estudo do gênero dossiê.
Relações de gênero, identidade e moda Maria Inês Ghilardi-Lucena (PUC-Campinas) migl@dglnet.com.br O gênero se relaciona com sexualidade, corpo, identidade, classe social, etnia, raça e geração, o que justifica as pesquisas – em diferentes áreas do conhecimento – sobre questões que perturbam a vida em sociedade. Há, sempre, novos aspectos que chamam a atenção dos pesquisadores sobre as questões de gênero, como tem ocorrido nas últimas décadas, visto que ainda há problemas não solucionados, sobretudo relacionados à desigualdade, à misoginia, à homofobia, dentre outros, que acarretam crises de identidade dos sujeitos do mundo atual. A partir de uma base teórica da Análise do Discurso, levando em conta a história e a ideologia do discurso e adotando uma perspectiva interpretativista, procuramos compreender o processo de constituição dos sujeitos e dos sentidos por meio da análise da materialidade discursiva: textos (verbais e não verbais) sobre moda. Observamos como se configuram aspectos da identidade corporal ou da indumentária que incitam os sujeitos a trocar a própria imagem por outra, apenas para estar na moda. Por meio da comparação de revisas antigas com blogs modernos, mostramos como, há um século, as diferenças de gênero, ou mesmo a identidade de homens e mulheres, são marcadas ‒ dentre outras formas ‒ pela moda. No sobe e desce das saias femininas ou no uso de fraque e cartola até as bermudas e camisetas masculinas está muito mais do que uma maneira de se vestir. Estão aí representados alguns dos estereótipos das diferenças de classe, geração e gênero social. De certa forma, estão retratados, nas vestimentas, nos acessórios, nos cortes de cabelo, na maquiagem, no comportamento social e no próprio corpo, os homens e as mulheres que somos.
"Viejos temas, enfoques nuevos" (Sobreaserciones y aforismos) María Isabel De Gregorio de Mac (Universidad Nacional de Rosario) bdegregorio@fibertel.com.ar Gloria Noemí Otaduy (Universidad Nacional de Rosario) otaduygloria@hotmail. Adriana Patricia de Vooght (Universidad Nacional de Rosario) adevooght@hotmail.com El propósito de esta intervención es presentar al Observatorio de las Lenguas de la Universidad Nacional de Rosario, Argentina (OBSAF), su proceso de organización y su accionar en la actualidad. El observatorio, tal como etimológicamente se entiende, es un ámbito de vigía, de control, de puesta en valor de la lengua. Su objetivo fundamental es rescatar el patrimonio cultural intangible : se trata de un lugar desde el que se observa el mundo real de la lengua y su inserción sociocultural, sus logros, sus avances y sus retrocesos ; impone su presencia en el amplio mundo de las lenguas y sus culturas desde una perspectiva crítica, valorativa y respetuosa de las realidades de los diferentes espacios observados y - tomando conceptos de Dominique Maingueneau - se dedica a recoger lo que tiene fuerza y sentido para una comunidad. Este Observatorio de las Lenguas (OBSAF) se diferencia de otros observatorios y apunta a un perfil propio por su metodología: no sólo registra sino que interpreta los datos. En una primera etapa, el proyecto, sumamente ambicioso, presentaba tal complejidad que se impuso un recorte: se decidió analizar las sobreaserciones y aforizaciones en un período determinado desde la perspectiva del análisis del discurso y de forma más específica, de las contribuciones de Dominique Maingueneau, expuestas en LES PHRASES SANS TEXTE (Armand Colin 2012). Se parte de la hipótesis de que, tanto las sobreaserciones como las aforizaciones constituyen un potente disparador de sentidos en las manos de los enunciadores, usadas tanto en el plano mediático como en la oralidad, para influir en los receptores. Se busca observar el funcionamiento de las aforizaciones - expresiones concisas , con densidad semántica intensa, con la riqueza y complejidad del aforismo moderno- en sus concreciones primarias y secundarias. En la actualidad, el foco está en recoger y conformar un corpus significativo que ponga en valor el patrimonio inmaterial para luego entrar en el dominio del receptor y proceder a la detección de ideologías e intencionalidades. De manera general, las aforizaciones estudiadas, en su conjunto, apuntan a conformar imágenes, presentar críticas, desentrañar ocultas ironías que disfrazan desigualdades , y en su condición de “memorizables y memorables” contribuirían al afianzamiento del acervo cultural.
O modo de organização do discurso argumentativo e os tipos de argumentos: análise de redações nota mil do ENEM 2012 Maria Isabel Soares Oliveira (IFMA/UNICSUL) isa.oliver@hotmail.com O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) permitiu a consolidação de um modelo de avaliação de desempenho por competência. Em 2012, o INEP lançou o “Guia do Participante: A redação no Enem 2012”, objetivando orientar os estudantes no sentido de fazêlos superar dificuldades sobre a estrutura dissertativo-argumentativa a ser produzida no ENEM e suplantar as desigualdades impostas pelo ensino no país, marcado pela diversidade e pelas diferenças entre as realidades socioculturais vividas pelos concluintes do ensino Médio. Procura, assim, garantir a todos igual direito de voz. Dito isso, o presente trabalho trata do modo de organização do discurso argumentativo e dos tipos de argumentos relacionados a uma postura cidadã frente aos problemas tematizados em redações 317
Resumos: Comunicações Individuais nota 1000 do ENEM. Enquadra-se em pesquisa de Mestrado vinculada à linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e produção de texto escrito e falado, ao grupo de pesquisa Teorias e práticas discursivas e textuais e ao projeto guarda-chuva Gramática, Texto e Argumentação para a Prática de Leitura e Escrita. Fundamenta-se na Linguística Textual de abordagem sóciointeracional cognitiva, especialmente em Koch (2011 e 2012) e Cabral (2010), destacando a importância dos articuladores textuais para o processo coesivo e argumentativo do texto em diálogo com o modo de organização argumentativo proposto por Charaudeau (2008) e as estratégias argumentativas que sustentam os argumentos do participante em Perelman (1987; 2014). Analisa, em redações nota 1.000 do Enem 2012, o uso das estratégias argumentativas propostas nas competências 3 e 4 do Guia do participante (Brasil, 2012). As análises focalizam os recursos argumentativos propostos no Guia (tese, argumentos, estratégias), procurando articulá-los especialmente, aos fenômenos relativos ao modo de organização propostos por Charaudeau (2008), aos tipos de argumentos empregados (Perelman, 2014) e aos articuladores textuais (Koch 2011 e Cabral 2010). As análises permitem observar como, por meio dessa redação, os candidatos exercem sua cidadania, podem defender o próprio ponto de vista sobre um tema polêmico e demostrar, por meio do discurso argumentativo, uma proposta de solução ao problema discutido; podem enfim alcançar a pontuação necessária para prosseguir os estudos em uma universidade brasileira.
Uma luta desigual: uma análise do discurso feito por Madre Tereza de Calcutá Maria Lucia Loureiro Paulista (PGLETRAS/UEMS/NEAD) idelulu144@hotmail.com A discursividade sobre questões de gênero como o aborto ocupa um espaço no campo da Análise de Discurso de Linha Francesa, e também nas questões políticas, religiosas, econômicas e ditas de saúde pública (sequelas emocionais, psíquicas, físicas, e até morte). As condições de produção no campo interno e externo da linguagem nos proporciona uma pauta para o debate do tema antigo que ainda perpassa nossos dias e desperta a atenção de pesquisadores preocupados no assunto e na pesquisa e discussão para uma possível solução do problema. O presente trabalho pretende analisar fragmentos de discursos feitos por Madre Tereza de Calcutá, em várias conferências as quais participou, e entre outros assuntos, falou sobre a questão do aborto. Respeitada e venerada por suas ações humanitárias, sinônimo de fé, coragem e amor ao próximo, a levou a receber o Premio Nobel da Paz em 15 de outubro de 1979. Madre Tereza afirma que o aborto é uma desigualdade social, é o uso da violência contra os mais fracos, uma luta do mais forte contra o mais fraco, uma ameaça à paz mundial. Em seu discurso chama a sociedade para refletir à defesa da dignidade humana que abrange todas as fases da vida. Na Conferência sobre População e Desenvolvimento no Cairo, em contraposição à egípcia, Nafis Sadik, Secretaria geral que discursou a defesa do controle da natalidade mediante a descriminalização do aborto, Madre Tereza diz que “um país que permite o aborto é um país pobre, porque tem medo de uma criança, e medo é sempre uma grande pobreza.” E onde tem pobreza tem uma série de desigualdades. No Brasil, o aborto só é permitido em alguns casos, como anomalia fetal (Anencefalia), em casos de estupro e risco de morte para a gestante, os quais são autorizados judicialmente. Refletimos a luz do fenômeno da desigualdade social, a discursividade sobre o aborto, e visamos buscar respostas, utilizando a Análise de Discurso para dialogar um assunto tão polemico.
Sujeito, corpo e mídia: a eterna ilusão da completude Maria Roseli Castilho Garbossa (UNIOESTE) roseligarbossa@hotmail.com Ao observarmos o movimento da história, percebemos, nas últimas décadas, o crescente e rápido desenvolvimento da tecnologia e, concomitantemente, a intensificação das necessidades de consumo criadas e estimuladas pelo capitalismo. Nesse processo, como que quase uma regra, a mídia torna-se um meio de comunicação onipresente, e, não raras as vezes, impondo-se como uma instituição legitimada e autorizada a dizer o que diz do jeito que diz. Ao atentarmos, neste trabalho, utilizando os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de Discurso de orientação francesa, percebemos, na organização da revista Capricho, a centralidade assumida pelo corpo adolescente: nas matérias, que trazem cuidados sobre ele, nas imagens veiculadas, nos anúncios publicitários, nas capas, enfim, a totalidade discursiva da revista parece assumir o corpo enquanto um lugar privilegiado, um “espaço” que precisa ser cuidado, mostrado e consumido. Nesse processo, tomamos o corpo adolescente não como evidente e transparente, mas como um corpo carregado de significações construídas ao longo da história. Corpo atravessado de discursividade, de efeitos de sentido construídos pelo confronto do simbólico com o político em um processo de memória funcionando ideologicamente. O que nos permite dizer que assim como as palavras, o corpo significa, e mais ainda, o corpo vem significando até mesmo antes que nós o tenhamos (significado). Nesse movimento, o corpo é construído a partir de um imaginário social fortemente influenciado pela ideologia do consumo que nos move. E é nessa relação entre o sujeito, o corpo imaginário e a mídia que se instaura a eterna busca da completude.
Recurrencias en la escritura de relatos de experiencias pedagógicas en contextos de desigualdad (Desigualdad y narrativas de vida) María Susana Gallardo (ISFD) sgallardo2009@gmail.com En contextos de desigualdad social, se vuelve prioritario que los formadores de maestros diseñen dispositivos de encuentro que impliquen tiempos y espacios comunes para la reflexión cooperativa en torno a escenas educativas y que otorguen un lugar de privilegio a la escritura en todo el recorrido de la formación docente inicial. Esto conduce a pensar en nuevos modelos de formación e implica un giro en la manera de enfocar y concebir la formación. La propuesta de trabajo de la cátedra de Lengua y Literatura y su 318
Resumos: Comunicações Individuais enseñanza III en trabajo colaborativo con la cátedra del Espacio de la Práctica se centró en la posibilidad de documentar los grandes momentos del último tramo de la formación inicial. La propuesta consistió en buscar momentos de “impacto” en el período de actividad en las escuelas asociadas adonde llevarían a cabo su período de Residencia, es decir, tiempo de los sujetos en actuación de enseñantes. Una primera mirada a las dificultades o conflictos que preocupan a los y las residentes podrían condensarse en dos: qué se enseña y cómo se enseña; sin embargo cuando se transita por la lectura de relatos de experiencias pedagógicas, la sorpresa cede lugar a las profundidades de otras dimensiones de sus propias biografías que irrumpen ineludiblemente. Si bien esta comunicación se propone socializar tópicos surgidos en el marco de un trabajo de investigación más amplio, aquí se presentará un recorte a fin de dar cuenta cómo dimensiones sociales, económicas y familiares irrumpen y atraviesan la escritura en el camino de la profesionalización. Para esta presentación se tomarán 4 relatos de docentes en formación para ilustrar el peso discursivo de los mundos construidos en la desigualdad. Los relatores exponen y se exponen en la escritura con expresiones confesantes que despliegan otras profundidades del yo en el viaje iniciático. Finalmente esta comunicación intenta hacer un aporte a la lucha por la justicia social en la formación de maestros, ya que los relatos pedagógicos como estrategias de formación, posibilitan recuperar los sentidos y significados que los sujetos otorgan a su formación y explorar la urdimbre textual involucrada en el devenir curricular.
Discursos sobre a desigualdade: três imagens governamentais no Brasil Mario Luis Grangeia (UFRJ) mario.grangeia@gmail.com Que significados a desigualdade assumiu para os governos, nos anos Vargas e desde a redemocratização iniciada em 1985? São três as respostas para esta questão: injustiça, atraso e dívida. A brevidade dessa enumeração contrasta com a envergadura da pesquisa apresentada neste estudo e que fundamenta tal resposta tripartite. A seção inicial aborda o uso do conceito de enquadramento para identificar as imagens governamentais da desigualdade. As seções seguintes tratam das três imagens encontradas, discutindo os dispositivos de enquadramento relacionados a cada uma. A seção final suscita uma nova questão: o que esperar das relações entre enquadramentos governamentais e dinâmicas da desigualdade? A resposta proposta neste trabalho se aplica não apenas ao caso brasileiro, mas a qualquer nação engajada na redução das diferentes formas de desigualdade: por renda, raça, região, gênero, geração etc. O texto examina de perto o discurso oficial sobre a desigualdade, seus diagnósticos e prognósticos. Estudar esses enquadramentos governamentais contribui para avaliar como eles moldaram (e seguem moldando) as estratégias públicas contra a desigualdade, bem como para refletir sobre essa questão tão duradoura no país e o papel do Estado e dos cidadãos. Também vale lembrar, para reafirmar a pertinência desta abordagem, que recentemente as Nações Unidas elegeram a redução da desigualdade como um dos objetivos globais a alcançar até 2030. Expõe-se uma análise qualitativa, e não uma análise de discurso quantitativa, que tem como base 12 discursos presidenciais de posse e 38 Mensagens anuais ao Congresso Nacional (documentos de prestação de contas do Executivo), recorrendo, com menor ênfase, a outros discursos. Dois períodos muito distintos são focados: os governos Vargas (1930-45/51-54), quando se criou e reforçou a imagem de Getúlio como “pai dos pobres”, e a fase democrática contemporânea, quando a desigualdade tem sido associada às expressões “injustiça social”, “atraso social” e “dívida social”. O discurso oficial se mostra um material de pesquisa valioso aqui, visto que cristaliza imagens das elites políticas sobre a agenda nacional e influencia decisões públicas. Frise-se, entretanto, que discursos políticos podem mascarar pressupostos devido a seu caráter retórico.
Uma experiência docente com aluno deficiente visual: perplexidade, dificuldades e possibilidades Marivan Tavares dos Santos (UNINORTE / SEDUC/AM) aajnai@hotmail.com Este artigo relata a experiência vivenciada por uma professora e por um aluno deficiente visual (DV) na realização de uma avaliação escrita composta de questões de várias disciplinas, sem os recursos didático-técnológicos específicos. Por certo não é um caso isolado, portanto, a intenção é mostrar tal experiência para que se reflita sobre, visando à contribuição para o processo de ensinoaprendizagem. Para tanto, discute-se as dificuldades vivenciadas na realização da avaliação escrita sem os recursos específicos para um aluno deficiente visual (DV), independentemente da disciplina, ressalta-se a importância de diferentes recursos para uso dos DVs a serem disponibilizados pelas instituições de ensino, viabilizando a formação acadêmica e possibilitando o ajustamento social desses alunos e expressar a necessidade de professores com formação especializada para esse público e atentos a aspectos que o ajudarão a definir a orientação a ser dada no processo educacional ao DV. É uma abordagem qualitativa (CHIZZOTTI, 2005), de orientação interpretativista crítica (MOITA LOPES, 1994), com geração de dados a partir da vivencia da situação-problema, por meio da observação (LUDKE, 1996), entrevista semiestruturada (CHIZZOTTI, 2005) com o aluno e calcada em pesquisa bibliográfica. Assim, baseei-me na questão: como as instituições de ensino superior e os professores podem diminuir as dificuldades vivenciadas na realização da avaliação escrita sem os recursos didático-técnológicos específicos para um aluno deficiente visual (DV), independentemente da disciplina? E como não incorrer nesse tipo de problemática? Da análise de tal situação, mostra-se a necessidade de uma mudança de concepção de ensino e de concepção de homem, a relevância do papel da escola e do professor no processo de ensino-aprendizagem e, além de discurso, a urgência de ação por parte de todos envolvidos nesse processo.
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Resumos: Comunicações Individuais A representação da mulher em situação de rua no jornal O Globo Marta Aguiar da Silva (UFV) marta_aguiar20@hotmail.com O presente trabalho é um recorte da pesquisa “A representação da mulher em situação de rua em notícias de jornais impressos”, apoiada pela Capes, cujo objetivo é analisar a representação da mulher em situação de rua na mídia, por meio da análise do discurso. A mídia, um dos meios pelos quais as pessoas em situação de rua ganham visibilidade, pode contribuir para a construção/manutenção do discurso vigente na sociedade sobre essas pessoas, o que também pode influenciar na construção de uma representação em torno delas. Como um meio que possui credibilidade por parte da população, a mídia pode construir verdades a respeito desse problema social e das pessoas nele envolvidas. Uma parcela dessas pessoas é constituída por mulheres. Estas recebem uma visibilidade na mídia ainda menor do que os homens e uma representação possivelmente diferente. Por isso este trabalho tem por objetivo analisar a representação da mulher em situação de rua, a partir do discurso presente em uma notícia do jornal O Globo. Para isso, objetiva-se descrever a organização discursiva da notícia selecionada e os contratos gerais que regulam o texto analisado e interpretar as imagens usadas. O trabalho se justifica pela necessidade de discutir a influência do discurso midiático sobre o problema social da mulher em situação de rua em decorrência da relevância do tema social tratado. A metodologia inclui coleta e seleção de notícias para posterior análise, utilizando a abordagem da Teoria Semiolinguística de Charaudeau (2014), a Teoria da Representação Social de Moscovici (2004), e diretrizes em torno da análise da imagem de Barthes (2007). Os resultados parciais indicam representações que relacionam as mulheres em situação de rua a estereótipos, a mulher como mãe e frágil. É possível perceber também relações de dominação veiculadas nos textos que contribuem para manter o problema social por meio do discurso.
Jazz audiences in France since 2000. Mutations, circulations, cultural prescriptions Mathieu Feryn (Avignon University) mathieu.feryn@gmail.com Our communication is to study the dynamics of change that knows the world of jazz in France since the early two miles through the reception of the public. This methodological approach differs from existing studies (O.Roueff, W.Lizé). Our land consists of the awards in the jazz field (prices, competition, dedication instances distinctions); it is to analyze the talent recognition procedures by the public. This approach is a continuation of B.Frey work in his study of cinema. Indeed, jazz in France is an area characterized by high uncertainty and sometimes radically opposed conceptions of jazz (JLFabiani) to observe the process of negotiation and filing (creation of new taxonomies) related to the emergence of New categories of actors from other artistic spheres (pop, world music, hip hop, electro, etc.). Our thesis confront two corpora (prices and public corpora) based on discourse analysis of the actors in the distribution and lay audiences. We will adopt indicators helping us establish the logical peer recommendation and possible positive effects reputations acquired through prices. Our job is ultimately to study receiving awards in jazz in France on the music market; and public investment in the construction of values. This work continued reflection on the greatness of the work: literature (N.Heinich) and classical music (PMMenger ¬‐ N.Elias); it raises the question of the reception and training of public taste.
Mamonas Assassinas e o Jumento Celestino: O preconceito encoberto pelo humor. Maurício Divino Nascimento Lima (UFG) mauriciomdt@gmail.com O presente estudo tem como objetivo fazer uma análise em AD de linha francesa na letra de uma composição da banda Mamonas Assassinas. Há nessa mídia, embora não de forma explícita, enunciados que trazem uma abordagem que permite perceber por meio de uma determinada formação discursiva quais eram as concepções do cidadão brasileiro da década de 1990 a respeito do trabalhador nordestino, uma visão estereotipada que não é muito diferente da contemporânea. Assim, com essa análise espera-se elucidar qual ou quais sujeitos falam através dessa canção, e qual contexto permitiu tal posicionamento discursivo. Essa discussão buscará fundamentos teóricos principalmente em Michel Foucault. Dessa forma, busca-se também compreender e descrever a desigualdade entre determinadas camadas da sociedade brasileira, nesta canção representadas pela oposição entre São Paulo e Bahia, e por meio da AD francesa almeja-se demonstrar que essa oposição é mais ideológica que geográfica.
Discurso de la formación docente, en estudiantes de Licenciatura en Educación Especial. Escuela normal Fray Matías de Córdova. Tapachula, Chiapas Mauricio Zacarías Gutiérrez (Escuela normal "Fray Matías de Córdova") mazag@hotmail.com José Macías Equihua (Escuela normal "Fray Matías de Córdova") maciasjoe3@hotmail.com Ma. Juana Eva Denicia Luna (Escuela normal "Fray Matías de Córdova") evacarton@hotmail.com El presente trabajo, es parte del proyecto de investigación Perspectiva de los alumnos respecto a la formación inicial como licenciados en Educación Especial, llevada a cabo en el municipio de Tapachula, Chiapas. México. El propósito de la ponencia es dar cuenta de cómo han asumido el discurso de la formación docente inicial los alumnos que cursan la Licenciatura en Educación Especial en la Escuela normal Fray Matías de Córdova, ubicada en Tapachula, Chiapas. México. Por ello, se analiza el discurso 320
Resumos: Comunicações Individuais educativo que expresan sobre la formación que reciben, comprendiendo cuáles han sido los referentes de la política educativa con los que se les ha formado. En este reconocimiento del discurso que tienen los alumnos sobre su formación se identifica cómo han interiorizado las posturas teóricas que revisan en clases planteadas en el plan y programas de estudio con el que se forman, cómo han interiorizado las enseñanzas que reciben de sus profesores y cómo han entendido las prácticas docentes que realizan cada semestre en el tiempo que dura la licenciatura. O funcionamento do silêncio na construção discursiva do sujeito estudante universitário Mayane Santos Amorim (IFBA) may_amorim@yahoo.com.br No presente trabalho intitulado “o funcionamento do silêncio na construção discursiva do sujeito estudante universitário” temos por objetivo analisar a constituição da posição sujeito estudante universitário nos discursos sobre o acesso ao ensino superior, na cidade de Feira de Santana/Bahia. Para tanto, tomamos como materialidades do discurso três anúncios publicitários, em circulação no período de realização do processo seletivo para ingresso em faculdades privadas. A base teórica deste trabalho é, portanto, a teoria da Análise de Discurso, com foco nas ideias de Pêcheux. Assim, parte-se do principio de que o discurso é trabalho simbólico, dessa forma não existirá um sentido a ser resgatado, mas sentidos possíveis, já que se considera a opacidade uma característica constitutiva da língua e põe em questão os sentidos que aparecem como naturais e fixos. São centrais, em nosso trabalho, as noções de discurso, memória discursiva/interdiscurso, formação discursiva e silêncio, por meio das quais desenvolvemos as análises. Como um modo de verificar os sentidos que se movimentam em tais discursos, analisamos as memórias discursivas que descrevem a formação do povo brasileiro, buscando compreender o silenciamento de determinadas etnias no acesso ao ensino superior. A partir da análise das propagandas foi possível verificar que há uma política de silenciamento do negro e do índio, impedindo que esses sujeitos ocupem outros lugares de dizer na sociedade, interditando-se, assim, posições-sujeito na sociedade que são tidas como democráticas. A ironia na crônica drummondiana “Receita” Mayara Yukari Kato (UEL) mayara.yk@gmail.com Tendo em vista que a crônica é um espaço discursivo propício para debates sociais, uma vez que ela é bastante próxima do cotidiano, pretende-se, com esse estudo, analisar de quais formas a desigualdade, entre outros aspectos, é revelada por meio da ironia na crônica “Receita”, escrita por Carlos Drummond de Andrade e publicada no livro “De notícias e não notícias faz-se a crônica”, originalmente lançado em 1974. A ironia tem um papel primordial na crônica escolhida, pois conduz o interlocutor aos efeitos de sentido dos discursos que circulam nesse espaço, visto que questões como a desigualdade social são reveladas por meio da apreensão de aspectos irônicos. Desse modo, o aporte teórico da Análise do Discurso (de orientação francesa) será tomado como base para a construção da análise, sobretudo ao que diz respeito à ironia como uma figura dialógica e heterogênea da linguagem. Assim, trabalhos como os de Authier-Revuz (2004), Linda Hutcheon (2000) e Beth Brait (1996) serão importantes fontes para este estudo, bem como as teorias propostas por demais autores, como Mikhail Bakhtin (1981) e Oswald Ducrot (1987). Por fim, vale ressaltar que as condições de produção dos discursos devem ser consideradas, pois são elas que determinam os efeitos de sentido. O presente estudo está vinculado ao projeto de pesquisa “PAD – Pesquisas em Análise do Discurso: os processos de significação em diversos gêneros”, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina.
A construção discursiva da demência em gêneros judiciários do século XIX Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli (PNPD CAPES UFOP) maysapadua@yahoo.com.br Kátia Aparecida Custódio (UFOP) kathya0808@hotmail.com Neste trabalho, propomos uma reflexão sobre a construção discursiva do conceito de demência em gêneros judiciários produzidos no século XIX. O corpus de análise é composto por Sumários de Demência produzidos na Região dos Inconfidentes (Minas Gerais, Brasil), no decorrer do século XIX. O Sumário de Demência pode ser definido como o procedimento forense que era instaurado, nesse momento histórico, para averiguação da sanidade mental de um determinado sujeito supostamente acometido por demência. Caso a suspeita se confirmasse ao longo do procedimento, tal sujeito era declarado demente pela autoridade judicial e, a partir daí, perdia a posse e a administração de seus bens e de sua pessoa, sendo-lhe nomeado um curador. Para uma ampla abordagem do corpus, buscamos apoio em diversas áreas do conhecimento, especialmente na História e no Direito, mas pautamos nossas análises pelas contribuições bakhtinianas sobre os gêneros discursivos e textuais, em uma perspectiva sócio-interativa vinculada ao aspecto histórico e cultural, no contexto dos Estudos da Linguagem. Nesse sentido, consideramos, conforme Marcuschi (2008), que a distribuição da produção discursiva em gêneros reflete a própria organização da sociedade. Tomamos o Sumário de Demência como um sistema de gêneros articulados para a realização de atividades e, a partir daí, tentamos recuperar as características da situação de produção do sistema como um todo, analisando questões como quem seus são os interlocutores (que nesse contexto de interação judiciária recebem o nome de sujeitos processuais); em que local e momento é produzido, com qual objetivo, a qual instituição se relaciona; qual valor social lhe é atribuído; que resultados são causados por meio de sua circulação (MOTTA-ROTH, 2011). Concomitantemente à pesquisa sobre o funcionamento do sistema de gêneros, propomos uma reflexão acerca da construção discursiva do conceito de demência no século XIX, trazendo a lume o que as pessoas comuns entendiam por sujeito demente. Sendo assim, concentramos nossas análises nos relatos das testemunhas que foram ouvidas e que desempenharam papel fundamental nos procedimentos analisados. 321
Resumos: Comunicações Individuais Official and personal discourses: School leaders’ views on creating open communication Melissa Gonzales (University of the Incarnate Word) megonza7@student.uiwtx.edu Audra Skukauskaite (University of the Incarnate Word) skukausk@uiwtx.edu Discourses on school transformation often emphasize the importance of communication. Research emphasizes that communication practices within organizations influence employee satisfaction, productivity, relationships and the overall organizational climate and success (Osborne-Lampkin, 2008; Fagan-Smith, 2013; Ahghar, 2008; Bucholtz, 2001). One of the ways of enhancing employee satisfaction within work places is to create open communication systems, which value contributions of all employees, promote open exchange of ideas, and create positive work environments (Gonzales, 2014). School administrators, such as principals, assistant principals, and others on the administrative team are key in creating an environment of open communication and participation among teachers and other stakeholders in education (Fugate, Prussia & Kinicki, 2012; Jones, Watson, Gardner & Gallois, 2004; Vail, 2005). While there is numerous literature negative impact of closed communication climate (e.g. Ahghar, 2008; Vail, 2005), there is little written on ways school leaders create open communication and engage with their employees in sharing information and accomplishing organizational goals (Carr, 2007). Understanding school leaders’ perspectives about and experiences with communication can provide a basis for developing open communication environments which enable all members of the organization to take responsibility, pride, and actively contribute to the school’s and its students’ success. The goal of this study is to explore school leaders’ views of open communication. For this paper we draw on two interviews conducted within a larger ethnographic study in a large school district. In the interviews school district leaders talked about ways of building trusting environments and about factors constraining open communication. Discourse analysis (Bloome, et al., 2005; Cameron, 2001) of the interviews revealed how official educational discourses clash with personal and professional discourses of leadership, thus creating unequal opportunities for leader participation in open communication. In juxtaposing official and personal/professional discourses of communication, we argue that understanding the roots of the difference in the discourses may enable school leaders and policy makers to create environments that foster trust, communication, and commitment to the success of every child as well as school employee.
Análise do discurso jornalístico das reportagens em Campo Grande, MS sobre os povos haitianos: apresentação e aceitação do outro por intermédio da enunciação midiática Melly Fatima Goes Sena (FCMS) mellysena@gmail.com Euzenir Francisca da Silva (FCMS) euzenirsilva@yahoo.com.br Esse trabalho tem como objetivo analisar as reportagens dos principais jornais on line de Mato Grosso do Sul (MS), nas quais as chamada abordam a temática da migração dos povos haitianos no Estado. Visando através da análise do discurso analisar o processo de enunciação midiático que apresentam a sociedade o modo de viver ou sobreviver dos povos imigrantes em MS. Pautamos nossa reflexãoa partir dos conceitos propostos por Benveniste (1995) e Fiorin em que a enunciação é a instância do ego, hic e nunc. O eu realiza o ato de dizer num determinado tempo e num dado espaço. Nesse sentido o tempo é o da enunciação feita na data da publicação das reportagens, sendo o espaço o território de Mato Grosso do Sul e o outro que vem a adentrar esse espaço e se fazer aceito entre os nativos são os povos haitianos. Aqui é o espaço do eu, a partir do qual todos os espaços são ordenados (aí, lá etc); agora é o momento em que o eu toma a palavra e, a partir dele, toda a temporalidade linguística é organizada. O “Eu” em questão que toma a palavra é o discurso midiático que manipula a representação do discurso social do nativo em relação ao outro que adentra ao seu espaço físico, dando margem a uma série de transformações ou adaptações para que sua presença seja aceita pela sociedade local. A enunciação é a instância que povoa o enunciado de pessoas, de tempos e de espaços. Nesse contexto, trabalharemos o modo como a enunciação midiática contempla ou não os povos haitianos, a relação de sujeito, tempo e espaço são demarcados pelas datas, locais e pessoas envolvidas nesse discurso, fechando a análise na questão: como a mídia sul- mato-grossense apresenta ou representa os povos haitianos em seu discurso, se esse fator pode ser favorável ou não a sua aceitação na sociedade?
La fuerza movilizadora y emocional de los discursos políticos polarizantes chavismo-oposición. Principales coyunturas , 19992015. Venezuela Merlin J. Serrano Corrales ( bservatorio social y político) merlinserrano@gmail.com Desde 1999, con la aprobación de la Constitución de la República Bolivariana de Venezuela (CRBV, 1999) se dio inicio a un periodo de cambios determinado por el liderazgo carismático de Hugo Chávez y caracterizado por un torrente de conflictos de poder, sociales, políticos y económicos, que ha afectado la cotidianidad de las relaciones sociales y el intercambio de ideas entre los venezolanos (as) hacia un modo estructurado, de discursos cerrados que apuntan a comportamientos fanáticos, según las pautas de los discursos de poder del "chavismo" y de "la oposición"; respecto de los cuales los sujetos individual y colectivamente, nos hemos visto obligados a fijar posición (particularmente ante procesos electorales y valoración de lo que se encontraba en juego) y a definir relaciones sociales según pertenencia e identificación con los bloques de poder devenidos en "bandos" confrontados desde la metáfora de la "guerra". Los discursos heroicos de Chávez y del Chavismo, y de la oposición (como reivindicación de "los pobres" o como "liberadores del régimen") exige de los sujetos una identificación total e incondicional, que ha construido la visión del otro como "enemigo" a eliminar. La mediación y relativización social frente a la polarización que estos discursos han planteado, apenas 322
Resumos: Comunicações Individuais empieza a apreciarse dada el agotamiento de los discursos movilizadores de los "bandos" y la inviabilidad social y política que suponen, en un contexto de crisis económica y bajos precios del petróleo. Estos discursos han dialogado y se han construido desde 1999, y se han radicalizado según coyunturas políticas como el golpe del 2002, el paro petrolero del año 2003/2004, la negación de la oposición a participar en elecciones de la Asamblea Nacional en el año 2005, y la derrota del chavismo para la Reforma Parcial de la CRBV, en el año 2007. Se revisan las estrategias discursivas y argumentaciones de los "bandos" en coyunturas claves y sus repercusiones en la radicalización de la polarización, de la cual los medios de comunicación (privados y públicos) han sido actores directos y factor clave para alimentarla.
Discurso em análise: a discursividade como procedimento no processo de compreensão crítica da realidade Micheline Moraes (UniRitter) michemoraes@yahoo.com.br Luis Paulo Arena Alves (UniRitter) luispauloarena@terra.com.br A Análise do Discurso facilmente se insere no espaço coletivo da escola, que se constitui de diferentes sentidos e significações, como um elemento extremamente importante a fim possibilitar a identificação de como ocorre a formação discursiva de todos os sujeitos sociais envolvidos no processo educacional e de como se materializa o pensar coletivo do enunciável. Nesse sentido, este trabalho traz fundamentalmente a discussão sobre a Análise do Discurso no intuito de oferecer elementos para uma reflexão teórica e metodológica sobre o conceito de discurso e sua contribuição para investigações no campo da educação. Serão apresentados conceitos como os de discurso, enunciado, prática discursiva, sujeito do discurso, heterogeneidade discursiva e, tecendo algumas reflexões sobre eles, serão realizadas ponderações acerca das possibilidades da proposta em termos teóricos e metodológicos. Por fim, serão apresentados aspectos relevantes tanto para o desenvolvimento da teoria na prática como também para a construção do conhecimento dessa vertente dos estudos linguísticos considerando-a um instrumento importante para a atuação dos profissionais na área da educação. A partir dela, poderá o professor atuar rumo ao desenvolvimento integral como processo contínuo de compreensão crítica da realidade ao qual estamos inseridos. A Análise do Discurso torna-se, assim, um modo de investigação na busca por compreender um determinado contexto e os significados que ele evoca.
O discurso sobre a mulher, a questão da alteridade e da memória em romances históricos latino-americanos contemporâneos Michelle Márcia Cobra Torre (UFMG) michelletorre@yahoo.com.br A comunicação tem o propósito de discutir comparativamente três romances históricos produzidos na América Latina na contemporaneidade por escritoras mulheres, abordando o discurso sobre a mulher, sobre as relações de gênero e sobre o indígena, no contexto da colonização ibérica. A discussão propõe pensar as questões de gênero, bem como de alteridade, e a relação com os “direitos de memória”, conceito do crítico uruguaio Hugo Achugar. O trabalho busca pensar como os discursos, que circulam na literatura de nuances históricas, podem interferir no imaginário histórico de uma nação. Para isso, serão estudados os seguintes romances históricos: “Inés del alma mía” (2006) da escritora chilena Isabel Allende; “Guerra no coração do cerrado” (2006) da escritora brasileira Maria José Silveira; “Malinche” (2005) da mexicana Laura Esquivel. A obra de Isabel Allende narra a história da fundadora do Chile, Inés Suárez e sua aventura na conquista do Chile, abordando a questão da mulher na colônia, além das relações de gênero e o olhar sobre o indígena. O romance brasileiro trata da história da indígena Damiana e da política da Coroa portuguesa em relação aos indígenas, o romance aborda as relações de alteridade e o discurso sobre a mulher indígena na colônia. “Malinche” narra a história da conquista do México no século XVI por Hernán Cortés e sua tradutora, a indígena Malinalli, discutindo questões como relações de gênero, alteridade, o discurso sobre a mulher indígena e a miscigenação mexicana. As obras estudadas têm como protagonistas mulheres que são personagens históricas.
A atribuição do(s) sentido(s) em realizações avaliativas de alunos da educação básica em diferentes gêneros discursivos Michelle Morais Domingos (UFT) mmycherry@gmail.com A presente pesquisa é fruto da buscar por informações e estratégias para lidar com a dificuldade dos alunos na aquisição e interpretação de questões que envolvessem a produção de sentido. A constatação de que os descritores de natureza semânticoargumentativa, relacionados à extração e a produção de sentidos, emergem estatisticamente como as habilidades de maior dificuldade para os alunos nas questões avaliativas externas aplicadas pelo SAEP - Sistema de Avaliação das Escolas de Palmas - TO. Muitas reflexões e estudos são realizados na perspectiva da produção discursiva, o SAEP nos proporcionou, também, a perspectiva da recepção discursiva/linguageira, sem uma simplificação do complexo processo, visto que assumimos que todo ato de linguagem é um encontro dialético entre dois processos. Por isso foi utilizado para a construção do corpus deste estudo, juntamente com a metodologia de Pesquisa-ção. Pensando na perspectiva dos gêneros textuais, analisamos algumas questões da provas que abrangem o tópico V: Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido dos descritores de Língua Portuguesa específicos para o 9º da matriz de referências do BRASIL/ MEC. As questões foram analisadas tanto no aspecto de produção, quanto no da recepção, do gênero textual. Assim, as fundamentações teóricas que apoiaram a pesquisa baseiam-se em: (CHARAUDEAU, 2001, 2006 e 2014; CANÇADO, 2012; CAVALCANTE, 2013; MARI,2001, 2008; MASCUSCHI, 2007, 2008). Neste estudo, como contribuição aos docentes em suas práticas diante dos desafios do sentido e seus efeitos, gostaríamos de apresentar, a partir da reunião e do amálgama de importantes reflexões de diferentes autores, sobretudo Charaudeau (2014), trilhas possíveis a serem exploradas para tornar os 323
Resumos: Comunicações Individuais alunos sujeitos competentes tanto na produção quanto na recepção discursivas em suas práticas sociointerlocutivas. A criação de instrumentos didáticos, entre eles, o quadro enunciativo proposto por Charaudeau (id.) e a compreensão sobre a elaboração de itens avaliativos que auxiliarão na ampliação da competência discursiva dos alunos da Educação Básica.
Representação do/sobre o surdo indígena Terena Michelle Sousa Mussato (UFMS) michellemussato@hotmail.com Com pontos distintos das demais teorias da linguagem, o campo da Análise do Discurso de linha francesa (AD) busca as significações discursivas que podem ser apreendidas, a partir da materialidade do texto, e são afetadas por condições sócio históricas de significação. Assim, ao entender que o discurso constitui um cenário em que estão envolvidos a língua, o sujeito e o espaço histórico-social e cultural, este trabalho objetiva problematizar as representações acerca dos sujeitos surdos indígenas que se encontram nas aldeias de etnia Terena, na cidade de Miranda, Mato Grosso do Sul onde, por meio das análises das narrativas de si e do outro, busca-se compreender as representações identitárias contidas nesses processos discursivos ao observar como estes sujeitos se veem, como eles veem o outro (seus pares e o branco) e como os outros os veem, contribuindo, dessa forma, para a reflexão da exclusão social a partir da problematização de suas condições de produção, as manifestações históricas e identitárias presentes, sob a perspectiva discursiva e do processo de referenciação linguística, com base na interpretação de regularidades enunciativas que nos possibilitem buscar, via materialidade linguística, as formações ideológicas e discursivas e os interdiscursos que perpassam o discurso sobre o índio surdo visando uma discussão sobre os efeitos de sentido gerados. O corpus utilizado para as análises, neste estudo, é constituído de recortes de entrevistas realizadas com familiares dos surdos indígenas que, mediante a utilização do método arqueogenealógico foucaultiano deseja observar os processos de subjetivação dos sujeitos e dos meios pelos quais ele significa seu dizer. Dessa forma, será por meio do arcabouço teórico da perspectiva transdisciplinar da Análise do Discurso de linha francesa, o ponto de vista teórico-metodológico foucaultiano e fontes teóricas dos estudos culturalistas que a presente pesquisa se norteará destacando, via materialização linguística, os conceitos de sujeito, discurso, formação discursiva, formação ideológica, interdiscurso, memória discursiva a partir de Foucault (1990; 1997; 1999; 2007); Althier-Revuz (1990, 1998); Coracini (2003, 2007, 2011), Pêcheux (1988) e conceitos sobre representações e processos identitários em Hall (1996), Bhabha (1998), Bauman (2005), Canclini (2013).
Improvisación oral, pensamiento crítico y comportamientos lingüísticos. El discurso que creamos nos crea Miren Artetxe Sarasola (University of the Basque Country) miren.artetxe@ehu.eus Hoy en día la lengua vasca se ve gravemente amenazada en el País Vasco Norte. Sin embargo, paradójicamente, el bertsolarismo tiene cada vez más adeptos entre los jóvenes. Y resulta que a través del bertsolarismo, estos jóvenes crean comunidades de práctica – las bertso-eskolas- donde el euskera cumple todas las funciones comunicativas, y donde el lenguaje se convierte en un instrumento de diversión, y observamos que el hecho de participar en esta comunidad de practica influye en la construcción de la propia identidad y en el comportamiento lingüístico de los participantes. En primer lugar, la situación comunicativa planteada por el mismo hecho de improvisar en grupo o por parejas, exige a la persona improvisadora ser consciente del contexto de enunciación y crear, al momento, un discurso adaptado a él. Frecuentemente se improvisa alrededor de una situación o un tema propuesto, por lo que la persona improvisadora debe crear un discurso teniendo en cuenta –a demás del contexto comunicativo- el personaje que se le ha adjudicado, y el personaje adjudicado a su compañero o compañera, distanciándose de su propia opinión por el enfoque impuesto, y especulando sobre la perspectiva del interlocutor, para que la dialéctica pueda ser fructífera y la performance tenga éxito comunicativo ante el público. Como resultado, los jóvenes que participan en estas comunidades de práctica desarrollan la capacidad de observar un mismo fenómeno desde diferentes ángulos, lo que les lleva a desarrollar el pensamiento crítico. Esta capacidad de pensar de manera crítica les permite empoderarse ante distintos discursos hegemónicos, y crear discursos alternativos propios. Como resultado, estos jóvenes enfocan el problema de la hegemonía lingüística del francés desde un prisma de empoderamiento y no desde una posición de subalternidad interiorizada, como es el caso de muchos vascoparlantes de su edad, creando no solamente un discurso, sino unas prácticas individuales y colectivas de resistencia.
Do antiescravismo ao antirracismo: uma breve análise do discurso contra o racismo do ponto de vista histórico Mírian Lúcia Brandão Mendes (UFMG) mirian.lucia.brandao@terra.com.br O racismo é uma doutrina que sustenta a superioridade de certas raças. Para alguns brasileiros, ele é reconhecido como fenômeno da desigualdade social e indicador da falta de oportunidades. Sabemos que as ciências biológicas já comprovaram que o racismo não tem nenhuma sustentação cientificamente justificável e que as raças não existem enquanto método classificatório. Mas o racismo ainda se faz presente na sociedade por meio das atitudes e discursos de muitas pessoas que insistem em se autoafirmar superiores ou ofender determinados grupos por meio de concepções determinadas racistas. Felizmente, a história nos conta que as vozes corajosas de alguns intelectuais e dos movimentos negros de todos os tempos denunciaram a violência e as injustiças praticadas contra os negros no nosso país, mas falta, ainda, destruir os mecanismos e complexos dos quais sobrevivem os mitos. Assim, partindo do fato de que a luta dos negros pela cidadania vem desde o período colonial, este trabalho tratará do estudo do discurso antiescravista e antirracista através da análise de textos publicados em uma mídia específica, a chamada “Imprensa Negra”. Nesta perspectiva, buscaremos observar as constantes e variáveis desse discurso ao longo dos séculos XIX, XX e XXI. Para referendar as análises, serão 324
Resumos: Comunicações Individuais adotados os postulados teóricos e conceituais da Análise do Discurso encontrados em vários autores, dentre eles destacam-se Amossy (2008- 2010), Van Dijk (2008 – 2012) e Maingueneau (1997).
Desigualdade e igualdade: por uma teoria argumentativa da analogia Monica Alvarez Gomes (UFMS) magneves@terra.com.br Na observação dos textos argumentativos, surgiu o problema da importância do raciocínio analógico no contexto jurídico. Estudaram-se várias ocorrências deste uso para uma análise discursivo-textual que mostrasse sua estrutura, função e valor. O presente trabalho consiste na análise de textos jurídicos, coletados de sites especializados, como “jusnavegandi”, dentre outros, além de textos jornalísticos de natureza opinativa. A partir desses textos, busca-se verificar como a utilização do raciocínio analógico contribui para um determinado desempenho argumentativo. Pretende-se verificar como esse tipo de estruturação trabalha na persuasão do interlocutor a que se dirige, trilhando os caminhos de Lakoff & Johnson (2001), segundo os quais, o raciocínio analógico está na base do raciocínio humano e não constitui uma exceção. Além disso, a força argumentativa dele se sobrepõe a outros recursos mais tradicionalmente estudados, entretanto foi categorizado pela tradição escolar como um recurso restrito à literatura e ao campo da Retórica Clássica, como se não fizesse parte do dia-a-dia e, por esse motivo, constitui um dado pouco explorado. Para os autores de O Tratado da Argumentação (1995), Orecchioni & Olbrechts-Tyteca, o estudo da analogia como instrumento argumentativo é feito considerando-se que ela pode ser vista como um meio de prova em que teríamos que recorrer a métodos indutivos para chegar à formulação de uma hipótese. Mas a observação dos dados mostra que seu uso, valor, estrutura e função vão bem mais além do que essa formulação. Por fim, resta salientar que os recursos que estruturam o raciocínio analógico podem ser dispostos em uma tipologia e que eles interferem diretamente na formulação das conclusões e, portanto, na adesão do auditório ao discurso.
A violência urbana brasileira: um levantamento dos estudos fundados na Análise do Discurso à Luz da metáfora Monica Fontenelle Carneiro (UFMA) monicafcarneiro@gmail.com Esta comunicação apresenta uma pesquisa que busca levantar os estudos realizados no Brasil sobre a violência urbana de modo a contribuir para a divulgação dessas pesquisas que fornecem dados para o enfrentamento e consequente redução desse fenômeno. Para este estudo, foram investigados as pesquisas realizadas nos últimos cinco anos em universidades brasileiras que demonstram como ideias e sentimentos relativos aos diversos tipos de violência urbana emergem na fala de suas vítima diretas e/ou indiretas. Destacamos, dentre esses estudos, aqueles que se fundamentam na Análise do Discurso à Luz da Metáfora (CAMERON, 2003, 2007a, 2007b, 2008; CAMERON; DEIGNAN, 2009; CAMERON et al., 2009; e CAMERON; MASLEN, 2010), abordagem que entende que a metáfora é local e emerge no discurso; apresenta várias dimensões; pode revelar ideias e sentimentos de quem a usa; e que a metáfora na linguagem em uso resulta de estabilidades temporárias da negociação de conceitos entre interlocutores em evento discursivo. O corpus desta pesquisa de caráter descritivo-exploratório é constituído pelos estudos realizados por pesquisadores de universidades brasileiras baseados na transcrição da fala de vítimas diretas/indiretas de violência. A pesquisa demonstrou que, nos últimos anos, vem sendo registrado um crescimento significativo dos estudos nessa área, com resultados relevantes em várias instituições.
Educación, desigualdad y nuevas élites. Un estudio discursivo crítico en Santiago de Chile Mónica Peña Ochoa (Facultad de Psicología Universidad Diego Portales) monica.pena@udp.cl En su libro sobre el capital en el siglo XXI, Tomas Piketty (2014) menciona que la desigualdad actual se caracteriza no sólo por la enorme brecha entre ricos y pobres sino por la inédita concentración de la riqueza en los grupos con mayores ingresos. El británico Michael Savage (2014), en su último estudio sobre clases sociales en Reino Unido menciona como una nueva clase social la de los "súper ricos". Estudiar a estos grupos desde una perspectiva discursiva crítica es fundamental dado que son los grupos dominantes que han co-optado la empresa y los gobiernos, especialmente en Latinoamérica, y el caso particular de Chile, el “laboratorio neoliberal” según Harvey (2003), uno de los países más desiguales en la ya desigual Latinoamérica. Este estudio tiene como objetivo conocer los discursos de las instituciones educacionales que forman a la élite en Santiago de Chile. Se concentra en dos establecimientos educacionales que educan a la élite. Uno de ellos es un colegio fundado en 1936, católico, cuna de políticos y empresarios, caracterizado por su énfasis en la "responsabilidad social". El otro establecimiento, creado en 1986, podría considerarse parte del grupo de los "neocatólicos" perteneciente a los "Legionarios de Cristo", y que se caracteriza por educar a una "nueva" élite, mucho más conservadora que la anterior. El trabajo caracterizará el desigual sistema educativo chileno, y luego se analizará por qué hablamos de una nueva élite y compararemos algunas de sus características a nivel discursivo y discursivo crítico. Entre estas características nos concentraremos en las estrategias de selección y discriminación o "el ellos contra nosotros" que integra elementos de clase y étnicos; y en las “estrategias matrimoniales” (Bourdieu, 2013) o el lugar del género en la educación de elite, donde se integran elementos acerca del lugar de la mujer como objeto, las masculinidades y las feminidades tradicionales.
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Resumos: Comunicações Individuais La subjetividad en el discurso político del ex-presidente José Mujica Monique Marie Vaughan Moppett (Facultad de Comunicación, Universidad Austral) monique_202@yahoo.com Resumen: Este estudio examina los aportes metodológicos y teóricos que puede tener la lingüística como disciplina hacia una mejor comprensión de la desigualdad en el discurso político en Uruguay. Nuestra triangulación teórica permitió identificar los ejes paradigmáticos que atraviesan el campo discursivo del ex-presidente Mujica. Mas particularmente, la noción de “núcleo invariante de valores” de Eliseo Verón, al aludir a un epicentro de valores y creencias que es constante en el tiempo y coherente en su composición, es decir a un modelo simbólico de comunicar los ideales compartidos en un “nosotros político” o un “nosotros inclusivo”, permitieron identificar los valores que sirven para denunciar las desigualdades presentes en la sociedad uruguaya. Es por ello que los grandes ejes de significado que utiliza en sus enunciados incluyen la necesaria participación política de los que se sienten marginados u olvidados por el bipartidismo tradicional, una justa repartición del poder que los incluya, una ética activa en la vida pública, la unidad nacional, y la aceptación de las contradicciones y paradojas del comportamiento social y político del país. La Teoría de la Enunciación de Catherine Kerbrat-Orecchioni fue aplicada a cinco discursos clave pronunciados por el presidente Mujica entre 1985 y 2011. En ésta investigación se recurrió a una triangulación teórica que comprendiera los campos del análisis de discurso y la comunicación política ya que la Teoría de la Enunciación resultaba insuficiente para esclarecer las inscripciones sociales del discurso y merecía ser reforzada con los aportes de otros teóricos como Eliseo Verón y su caracterización del discurso político y Mario Riorda y su noción de mito de gobierno. Los hallazgos obtenidos a partir de la aplicación de esta triangulación estarían señalando un evidente vínculo entre el relato y la construcción del poder y justificarían la utilización del análisis casuístico para la investigación de otros corpora de discursos políticos. Consumidores e empresas no Facebook: transformações nas relações de trabalho e poder Murilo Coelho de Moura (UFPA) murilo.cmoura@gmail.com A expressiva popularização dos sites de redes sociais nos últimos anos possibilitou diversas modificações nas relações sociais. Fronteiras geográficas, políticas, econômicas e sociais foram superadas no espaço virtual desses sites. As relações de trabalho também sofreram alterações quando transportadas para o espaço virtual de uma rede social on-line. No Facebook, as empresas criam Páginas como uma forma alternativa de divulgação dos produtos ou serviços com os quais trabalham, assim como estreitar seus laços com o seu público consumidor. Os consumidores, por outro lado, encontram nas Páginas um local para trocar informações entre si e com a empresa, tirar dúvidas, fazer elogios ou críticas, construindo de maneira natural uma comunidade de consumo (JENKINS, 2009; KOZINETS, 1999). Imerso nesse contexto, este trabalho propõe discutir a relação de poder entre consumidores e empresas, enfatizando as modificações que essa relação sofreu a partir da popularização das redes sociais on-line. Este trabalho será embasado pelas discussões desenvolvidas na área da Análise do Discurso francófona, especificamente pelos trabalhos de Maingueneau (2008 e 2011) sobre as noções de prática discursiva, semântica global e midium. Com base nesses estudos e outros conhecimentos encontrados nas áreas de comunicação e administração, pretende-se refletir sobre a referida relação como forma de situar um contexto de estudo pautado em uma nova dinâmica de trabalho que emerge nos sites de redes sociais. Entende-se que a relação de poder estabelecida tradicionalmente já não é mais a mesma com o advento das redes sociais on-line, uma vez que nesses espaços os consumidores ganham voz e visibilidade em movimentos coletivos organizados nas comunidades de consumo e provocam modificações na dinâmica de atuação das empresas dentro das redes sociais on-line, o que se reflete nos modos de enunciar das organizações, que não se restringe apenas a divulgar seu trabalho, mas amplia-se na busca de uma interação com o seu público e, consequentemente, de manter uma imagem positiva diante dele. El discurso intercultural debatido desde el ámbito audiovisual Nahúm Castillo Rodríguez (Universidad Autónoma Benito Juárez de Oaxaca) elnh2502@gmail.com En México, la noción de interculturalidad se inserta en un debate amplio que fluye entre la teoría y la necesidad de convertir en acción esa dimensión abstracta dentro de distintos contextos y en el marco de discusiones teórico-políticas. La interculturalidad, como discurso que también debe ser asumido como simbólico, proyectado en múltiples espacios educativos (uno de ellos las clases televisadas de Telesecundaria), al ponerse en juego en el interior del debate entre dos de las principales posiciones teórico-políticas al respecto (interculturalidad funcional-interculturalidad crítica), lleva a la identificación de una construcción teórico-política concreta la del Estado, y la SEP, específicamente-, cuyo contenido hoy sólo intuiríamos como tendente a la interculturalidad funcional. Este trabajo muestra los elementos téoricos y metodológicos que se pueden retomar para analizar el modo en que se halla construido un tipo de discurso específico, con la particularidad de que se trata de un discurso proyectado en un medio audiovisual. El componente teórico surge desde la propia discusión intercultural; el componente teórico metodológico se sustenta en un tipo concreto de análisis del discurso. El referente empírico es, en sí mismo, el contenido audiovisual de las clases televisadas de Telesecundaria, el cual condensa formas que de modo aparente carecen de intencionalidad y carga ideológica, pero los elementos que se plantean aquí buscan justamente mostrar cómo es posible hacer visible la esencia de esas formas aparentes. El análisis de las relaciones interculturales, principalmente asociado a problemáticas educativas, generalmente tiende a centrarse en procesos materiales, observables, factuales: convivencia, políticas, discriminación, entre otros. La presente propuesta sigue este esfuerzo analítico, pero ahora desde la vía de lo simbólico. El espacio de lo simbólico, de los significados, es un terreno que muchas veces se asume como dado, aproblemático, y en el caso de la escuela se pierde en una discusión pedagogizada. En ese sentido, la propuesta como tal es novedosa, pero al mismo tiempo el contexto específico en que se proyectan estos discursos (Telesecundaria) lo es. Al mismo tiempo, este análisis, al enfocarse en el contenido audiovisual en Telesecundaria (que es de alcance nacional), abarca procesos que ocurren más allá de un espacio concreto. 326
Resumos: Comunicações Individuais O mal-estar do professor de língua inglesa: narrativas em foco Natália Costa Leite (CEFET - UFMG/POSLIN) nataliacostaleite@uol.com.br O presente trabalho apresenta resultados parcias de uma pesquisa de doutorado em andamento que enfoca o mal-estar docente do professor de língua inglesa. Dizeres que envolvem os problemas do labor docente são constantemente reforçados, inclusive na mídia, e sublinham que a docência padece de uma constante desvalorização e que os professores são profissionais desrespeitados e, sobretudo desautorizados. Diversas pesquisas se debruçam em cima do tema buscando investigar causas e possíveis soluções para as queixas generalizadas. Essas pesquisas frequentemente apontam para números alarmantes de insatisfação profissional. Os professores se dizem exaustos chegando inclusive a apresentar quadros de adoecimento (tanto mental quanto físico). Dentre os profissionais, os professores são os que mais apresentam quadros de adoecimento e altos índices de afastamentos no trabalho. A presente proposta de trabalho objetiva analisar narrativas de professores de língua inglesa que estejam afastados do trabalho ou que apresentem indícios de sofrimento psíquico. Através das contribuições de pressupostos da Análise do Discurso Franco-Brasileira e da psicanálise, as narrativas dos professores serão analisadas com o intuito de identificar a posição subjetiva do sujeito falante, observando suas formas de gozo ou satisfação pulsional como docentes de língua inglesa.O trabalho com narrativas se mostra produtivo por ofertar espaço para a compreensão dos processos de subjetivação numa articulação entre os processos de linguagem e o social.A construção de si, através das narrativas construídas pelos professores, pode ainda promover rearranjos subjetivos, visto que toda reconstrução identitária é uma ficção descolada da realidade, que produz efeitos sobre a verdade própria do sujeito. Ao falar sobre si o sujeito se (re)inventa ao mesmo tempo que se (re)organiza subjetivamente.O corpus da pesquisa foi coletado com professores de língua inglesa da rede pública de ensino através de gravações de narrativas orais sobre sua relação com o ensino da língua em questão. O trabalho com a materialidade linguística buscou explorar o que a posição subjetiva queixosa dos sujeitos pesquisados desvela sobre a subjetividade desses professores em sua relação com sua escolha docente como professor de língua inglesa.
Metáforas do preconceito Natália Elvira Sperandio (UFSJ) thaiasperandio@yahoo.com.br Presenciamos a cada dia o aumento de discursos racistas dirigidos a pessoas com etnia, classe, raça e gêneros consideradas como “inferiores” em nossa sociedade. Discursos que tomam grandes proporções devido à uma nova ferramenta: a internet. Diante disso, este trabalho visa analisar mensagens racistas postadas em um site de relacionamento, o facebook, contra algumas personalidades negras de nossa televisão. Nosso trabalho pretende examinar as representações, feitas por meio de metáforas, construídas por alguns internautas das mulheres negras donas dos sites analisados. Para isso, faremos a articulação de dois campos teóricos: a Linguística Cognitiva e a Análise Crítica do Discurso. No campo da Linguística Cognitiva tomaremos como base o conceito de metáfora proposto pela Teoria da Metáfora Conceitual. Assim, a metáfora será vista como uma forma de compreendermos e experienciarmos uma coisa no lugar de outra. Por outro lado, a contribuição da Análise Crítica do Discurso será feita com o trabalho de CharterisBlack e seu conceito de Análise Crítica da Metáfora. Posto isso, nosso intuito não é fazer uma mera análise semântica, como é proposto no campo da Linguística Cognitiva, mas investigar a dimensão política e ideológica desse tropo. Dessa forma, não teremos uma análise puramente cognitiva, e sim uma visão ideológica e persuasiva das metáforas utilizadas nessas mensagens. Neste contexto a metáfora passa a ser usada persuasivamente com a finalidade de encobrir avaliações e são partes constituintes da ideologia dos textos. Nesta perspectiva a metáfora passa a ser definida a partir de três critérios: o cognitivo, o linguístico e o persuasivo. Acreditamos que ao fazer determinadas escolhas no lugar de outras, ou seja, ao escolher determinados domínios na construção de suas metáforas, o internauta busca legitimar sua fala. Como advoga Chilton (2006) as estruturas linguísticas são utilizadas como forma de realizar determinadas funções estratégicas no discurso, sendo a legitimação uma delas. Como objeto de estudo elegemos três sites de relacionamento que foram bombardeados com mensagens racistas recentemente, são os sites de três mulheres negras que atuam na televisão brasileira: Taís Araújo, Cris Vianna e Maria Júlia Coutinho.
Um lugar ao sol: desigualdade social naturalizada Natália Martins Flores (UFPE) nataliflores@gmail.com Isaltina Maria de Azevedo Mello Gomes (UFPE) isaltina@gmail.com Investiga-se a construção discursiva do documentário recifense Um lugar ao Sol (2009), de Gabriel Mascaro, que retrata o universo de moradores de coberturas de prédio das cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. A questão norteadora envolve compreender como seu discurso tematiza questões relacionadas à desigualdade social e às diferenças entre classes no contexto das cidades brasileiras. Questiona-se também acerca dos elementos que compõem o ethos discursivo dos sujeitos entrevistados pelo documentário, além dos modos de subjetivação implicados na sua construção discursiva. Para isso, parte-se de uma perspectiva foucaultiana sobre sujeito e discurso, além de se mobilizar os conceitos de cena de enunciação e ethos discursivo trabalhados por Dominique Maingueneau (2008a; 2008b) no quadro da Análise do Discurso. Também se utilizam referências teóricas do campo de estudos do audiovisual, como Cândida Gancho (1997), Manuela Penafria (1999) e Bill Nichols (2001), e do urbanismo, como David Harvey (2000) e Teresa Caldeira (2000). Enquanto os estudos de audiovisual nos auxiliam a desvendar o processo de produção de sentidos envolvido na edição/montagem do documentário, os estudos de urbanismo servem como arcabouço teórico para compreender as vicissitudes sócio históricas que moldam os modos de habitar as cidades brasileiras contemporâneas. Os resultados 327
Resumos: Comunicações Individuais mostram que o discurso do documentário tematiza a desigualdade social por meio da contraposição entre as falas dos entrevistados sobre o privilégio de morar em cobertura e imagens da ocupação desigual do espaço nas cidades brasileiras, mostrando salas vazias e grandes das coberturas versus favelas e ruas nas proximidades. Os sujeitos entrevistados assumem a posição de privilegiados por habitarem coberturas e poderem ver a cidade de cima ao mesmo tempo em que possuem isolamento e privacidade. Segundo eles, morar em uma cobertura significa ter acesso privilegiado à natureza, onde a vista para o mar e o pôr-do-sol são privatizados. As subjetividades se constroem vinculadas a um discurso meritocrático e classista que toma o acesso à cobertura como algo de direito legítimo, naturalizando a estrutura social de classes por meio da reiteração de elementos simbólicos da estrutura colonial casa grande/senzala sem questionar as causas das desigualdades sociais.
Estratégias de desqualificação e exploração do ethos em um debate político: Dilma x Aécio Natália Rocha Oliveira Tomaz (UFRJ) nataliarochaprof@hotmail.com A apresentação deste trabalho consiste na análise do discurso dos presidenciáveis que participaram do último debate de 2º turno para as eleições de 2014, veiculado pela Rede Globo de Televisão no dia 24 de outubro do mesmo ano. Para tanto, foram considerados apenas dois blocos do programa, o primeiro e o terceiro, em que há confronto direto entre os candidatos Aécio Neves e Dilma Rousseff. A perspectiva teórica adotada neste trabalho teve como principal base a teoria Semiolinguística do Discurso. Consideraram-se, portanto, as contribuições de Patrick Charaudeau a respeito do Discurso Político, da construção do ethos, dos procedimentos do modo enunciativo de organização do discurso e das estratégias de desqualificação do adversário. Além disso, também foram fundamentais os apontamentos de Diana Luz Pessoa de Barros a respeito da desqualificação de discursos e de Dominique Maingueneau acerca da cena de enunciação e do ethos. Por meio dessas teorias, buscou-se compreender melhor a construção do ethos pelos candidatos Aécio Neves e Dilma Rousseff em uma situação discursiva regida pelo contrato de comunicação dos debates políticos televisivos, especificamente, em se tratando de confrontos diretos entre os aspirantes à presidência, nos quais a adesão do espectador eleitor é o objetivo dos debatedores. A eleição de 2014 à presidência da República foi bastante acirrada, tendo como resultado uma diferença pequena: Dilma Rousseff obteve 51,64% dos votos válidos contra 48,36% de Aécio Neves. A polarização na política também se estendeu às ruas e muitos debates foram travados nos mais diversos segmentos da sociedade. Diante desse cenário, identificar as estratégias de desqualificação do adversário e do discurso empregadas pelos candidatos é de grande relevância, já que desqualificar o oponente significa também valorizar-se como candidato mais preparado e, portanto, explorar o ethos diante dos eleitores. Assim, o que se pretende com esta análise é demonstrar as estratégias de argumentação usadas pelos dois candidatos mais votados para a Presidência da República em um debate televisivo de tamanha relevância para a nação brasileira.
O discurso do portal veja.com na construção da morte dos mitos Lula e Gianecchini Natália Silva Giarola de Resende (UFSJ) nati.giarola@gmail.com Neste trabalho, pretende-se discutir os processos discursivos acerca de como o portal da revista Veja.com construiu a noção de morte de determinados segmentos dos “olimpianos” (astros), no caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com um câncer na laringe, e o ator Reynaldo Gianechinni, com câncer nos gânglios linfáticos. Para essa discussão, tomaremos como corpus três títulos e subtítulos (denominados “bigodes” no jornalismo) publicados no portal Veja.com. Nosso interesse, consiste em considerar cada personagem, que demostra a descoberta da doença, a possível morte e a cura. Ao tomar esse corpus, temos o interesse de dar conta de como a mídia aborda cada caso e, aos poucos, vai estruturando-o. O objetivo é averiguar se houve uma dicotomia em relação à construção dos dois discursos, ou seja, se o ex-presidente Lula foi colocado muito próximo aos mortais e se, por outro lado, com Gianecchini busca-se a aproximação com os “olimpianos”, afirmando a possibilidade de vencer a doença que e retornando ao espaço de um mito heroico. Os mitos da atualidade são as celebridades, que passam a ser vistas como deuses, olimpianos. Portanto, quando se trata da morte de personalidades públicas é importante desviar a atenção do tema, uma vez que é impossível atribuí a eles à imortalidade. Para cumprir essa tarefa, a mídia utiliza de diversos recursos discursivos, que são sistematizados por meio de múltiplos processos agenciados a respeito de operações semânticas, linguísticas e discursivas. Pode-se considerar aqui, entre os recursos linguísticos, por exemplo, a metonímia que pode ser utilizada na figurativização da morte e, ao mesmo tempo, pode constituir-se em operação simbólica que, ao nosso ver, seria a recusa da morte, no caso de Gianecchini e a não-recusa da morte, quando se refere ao ex-presidente Lula. Nessa perspectiva, o discurso jornalístico acerca da morte, como todo discurso, se produz à base de outros discursos, já-ditos, isto é, outras vozes que migram para o campo jornalístico. Pretendemos, portanto, examinar o processo de produção do discurso e o investimento ideológico na constituição dos jogos de poderes que atravessam a materialidade linguística dos textos. O trabalho do professor e a terceirização do ensino de língua estrangeira Nathália da Silva de Oliveira (UFF) oliveira.nathalia@ymail.com O presente trabalho insere-se no âmbito dos estudos da linguagem e está fundamentado na corrente teórica chamada Análise do Discurso de base enunciativa, na qual a enunciação é entendida como a apropriação da língua “por um ato individual de utilização”, sendo o enunciado, o produto dessa ação do homem no mundo (BENVENISTE,1989). A pesquisa tem como foco a terceirização do trabalho do professor de Língua Estrangeira (LE), mais especificamente de língua Inglesa, nas escolas da Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro. Em razão do Projeto Rio Criança Global, criado em 2009 pela Secretaria Municipal de Educação, o trabalho do 328
Resumos: Comunicações Individuais professor de língua Inglesa vem sendo apagado, já que o projeto conta com a parceria de uma famosa escola de idiomas que elabora todo o material didático que deve ser trabalhado durante as aulas. A partir do exposto, chegamos aos seguintes questionamentos: de que modo o discurso sobre a terceirização do trabalho do professor é construído no programa Rio Criança Global? Quais os valores que circulam nestes diferentes discursos? E por fim, como se dá o apagamento do trabalho dos professores? Portanto, o presente trabalho busca contribuir não apenas ao processo de ensino-aprendizagem da língua Inglesa, mas, sobretudo, na formação dos professores e o papel social que este exerce dentro da escola.
Une montée en généralité en mots des plus vulnérables Nathalie Fuchs (Sciences Po Paris) nafuchs70@icloud.com La Grande Récession de 2007 a renforcé, de par le monde, les inégalités, le chômage et l'insécurité de l'emploi et augmenté la population vivant en dessous du seuil de pauvreté. L'objet de cette contribution est d'observer ses effets au travers d’une enquête qualitative sur la relation à la politique des pauvres aux Etats-Unis (Oakland, Californie). Dans son rapport de 2011, le Bureau du recensement américain (US Census) comptabilise plus de 49 millions de personnes vivant dans la pauvreté aux États-Unis. Et depuis la grande récession de 2007, plus de 6,5 millions d'Américains ont rejoint les rangs des chômeurs augmentant le taux de pauvreté de 9% de la population active. Les travaux récents montrent que l’exclusion, tout comme la pauvreté ou la précarité, n’est pas un état mais un processus possédant une dynamique propre difficilement compréhensible à partir des seules enquêtes par questionnaires. Faire des entretiens de longue durée permet d’accorder une importance particulière aux trajectoires sociales, de replacer la situation de pauvreté dans une histoire de vie familiale et personnelle, et partant de faire apparaître sur le temps long des facteurs explicatifs des comportements politiques. En outre, la pauvreté recouvre des situations très différentes selon qu’il s’agisse d’hommes ou de femmes, de couple ou de famille monoparentale, d'Américains de longue date ou d’enfants d’immigrés, de sans abri ou de personnes disposant d’un logement, et selon le milieu social et professionnel de départ. C’est cette complexité des parcours que nous cherchons à reconstituer grâce aux entretiens, faisant l’hypothèse qu’elle pouvait, elle aussi, influer sur le rapport au politique. Car si le premier effet politique de la pauvreté est de détourner du vote, de favoriser le retrait de la participation politique, l’analyse des entretiens montre que certains enquêtés entretiennent encore aujourd’hui une véritable croyance en la capacité du politique à changer la vie. C’est à une analyse de cette montée en généralité parfois identifiable dans les mots des enquêtés que nous proposons de présenter à partir d’une cinquantaine d’entretiens réalisés après les élections locales et gouvernementales en Novembre 2014 à Oakland/ Californie. A divulgação da ciência na mídia digital: um enfoque sobre o método redução Nayara Silva Guimarães Pereira (UFV) nayara.sgpereira@gmail.com Este presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise contrastiva na perspectiva linguístico-discursiva sobre as informações divulgadas em cinco jornais digitais brasileiros, a respeito de uma novidade científica que propõe um novo composto químico que pode ajudar no tratamento do câncer. O corpus dessa pesquisa é formado por notícias divulgadas no contexto midiático digital, que têm como finalidade informar um público heterogênico sobre uma pesquisa científica que está sendo realizada no Brasil para contribuir com novos métodos que possam ajudar as pessoas com determinados tipos de câncer a ter um tratamento melhor para essa doença. Serão ao todo 5 notícias retiradas de diferentes sites de jornais de grande abrangência no Brasil, divulgadas durante o período de 1º de setembro a 10 de setembro de 2015, em diferentes seções dos jornais digitais brasileiros. A análise linguística desenvolvida permitiu observar um procedimento característico da divulgação científica, a Redução. A partir de determinadas estratégias discursivas como a condensação ou eliminação de determinada informação de caráter científico, foi possível a compreensão da notícia científica. A divulgação da ciência no contexto midiático jornalístico exige determinados preparos sobre aquele que se propõe a informar e uma escrita adaptada que seja acessível a um público misto e muitas vezes com pouco conhecimento científico. O despudor da língua: reflexões discursivas sobre o palavrão Nelson Barros da Costa (UFC) costanels@gmail.com Nossa fala apresentará algumas reflexões prévias à elaboração de um projeto de pesquisa sobre o palavrão na perspectiva da Análise do Discurso. Esse projeto estará ligado à nova linha de atuação do grupo de pesquisa Discurso, Cotidiano e Práticas Culturais (Grupo Discuta), intitulada “Amor, gênero e sexualidade nas práticas discursivas da cultura”. Inicialmente levantará questões sobre o que é um palavrão do ponto de vista linguístico e discursivo. Depois discutirá as implicações do uso do palavrão para a manifestação da sexualidade (de como os sujeitos a encaram), da projeção da imagem de si (ethos) e da expressão da subjetividade. Partirá de pressupostos teóricos formulados por autores como John Austin, Dominique Maingueneau, Michel Foucault, Mikhail Bakhtin, dentre outros. La desigualdad en los medios imponiendo gobernantes Nicolás Amoroso Boelcke (Universidad Autónoma Metropolitana) nabab@correo.azc.uam.mx Una mosca atrapada en la habitación intenta salir por una ventana cuyo vidrio está cerrado, no entiende qué le sucede. Acostumbrada a caminar sobre diversas superficies o a volar libre por el aire, no alcanza a comprender como es que en esta nueva condición puede 329
Resumos: Comunicações Individuais caminar en el aire siguiendo dos direcciones pero no puede ir hacia la luz que desde el exterior la llama. La ideología genera una sensación similar llevándonos a creer que podemos caminar en el aire, ese velo que la caracteriza es gestado por el devenir histórico y asumirá distintas variables de acuerdo a la orientación dominante. Uno de los aparatos fundamentales para conformar y ejecutar esa tarea se encuentra en los medios de comunicación, más aún si tienen una concentración monopólica. Así, parafraseando a Goebbels con su mentira repetida mil veces que se convierte en verdad, la multiplican a través de diversos canales confirmando el aserto. También la mentira puede encontrar otra dimensión cuando ingresa en el terreno de la ficción organizando una trama propia de la imaginación. Vistiendo el ropaje periodístico que en sí es un lenguaje estructuran un discurso al entrevistar a unos convictos quienes declaran que el Jefe de Gabinete del gobierno argentino es el jefe de la banda que ellos integraran, situación que nunca habían declarado durante el proceso judicial que terminaría condenándolos a cadena perpetua. Esta circunstancia termina por coronar recientemente al grupo que ellos patrocinan en la conducción de un país maniatado al carro de la falsedad. El punto es que existe desigualdad en el derecho a la información producto de la acción monopólica que se expresa en el discurso periodístico a través de la prensa, la radio y la televisión ejercida por quienes detentan ese poder. La desigualdad de los medios que imponen gobernantes mediante una sostenida campaña de varios años contra un gobierno legítimamente constituido sin que éste pueda ejercer ninguna acción en su contra porque con ello violaría la libertad de expresión. El grupo concentrado, ahora con el poder político, está realizando todo lo que antes adjudicaran falsamente al gobierno que terminarían derrocando con su prédica. Narrativa, género y desigualdad: una aproximación reflexiva al estudio del dolor cronificado Nicolas Schongut Grollmus (Universidad Gabriela Mistral) nicolas.schongut@ugm.cl Esta presentación aborda el problema de la reflexividad en la investigación cualitativa, y lo hace volviendo a las narrativas biográficas producidas en el marco del proyecto “Las voces silenciadas en tiempos de igualdad. El dolor desde una perspectiva de género”. He trabajado los aspectos metodológicos de esta investigación, reciclando algunas de las narrativas producidas en este proyecto, con el objetivo de discutir como las nociones de narratividad e intertextualidad, y sus aplicaciones metodológicas, pueden ayudarnos a practicar la reflexividad en la lectura y escritura en el marco de la investigación cualitativa. Considerando esto, hemos desarrollado esta idea en dos niveles diferentes. El primer nivel involucra el análisis narrativo-intertextual de las narrativas biográficas producidas en el marco del proyecto, mientras que paralelamente desarrollo un segundo nivel el cual consta del desarrollo de una narrativa como práctica reflexiva que permite analizar las condiciones subjetivas y socio-culturales de los textos sobre dolor cronificado y género, en el entramado investigadora-participante que se ha desplegado en la investigación. Trajetórias identitárias de professores na Amazônia: migração e docência Nilsa Brito Ribeiro (UNIFESSPA) nilsa@unifesspa.edu.br Neste trabalho, nosso objetivo é apreender, nos relatos de professores, processos de identificação interdiscursiva, em que a imagem do professor é simbolicamente sustentada em memórias de sentidos que remetem à própria dinâmica de migração destes sujeitos que integram a leva de migrantes que se deslocaram de suas terras de origem nas décadas de 1960 a 1980 do século passado, para a Amazônia Oriental Brasileira, particularmente para a região sudeste paraense em busca de melhores condições de vida ou estimulados pela propaganda governamental de ocupação da Amazônia. A pergunta orientadora das análises é: como as relações de alteridade, de poder e de resistências se configuram discursivamente nas imagens que estes professores fazem de diferentes dimensões da profissão, ao relatarem aspectos da docência, dentre eles a escolha profissional? Nossas análises depreendem que, ao narrarem suas trajetórias de vida pessoal e profissional, ancoram o dito em dêixis discursiva que sustenta a relação imaginária com diferentes discursos, diferentes tempos-lugares enunciativos, de modo que a docência se configura, nos discursos destes sujeitos, como estratégias de sobrevivência e de resistência face o processo de desigualdade social em que se encontravam inseridos. O conceito de deixis discursiva, tal como formulado por Maingueneau (1997), é produtivo para a apreensão da heterogeneidade discursiva ancorada em diferentes instâncias enunciativas: a família, o sistema educacional, as políticas governamentais. As relações de poder e as práticas de subjetivação do sujeito mulher pelo enunciado midiático Nívea Barros de Moura (UERN) niveabarrosmoura@hotmail.com Maria Eliza Freitas do Nascimento elizamfn@hotmail.com A Análise do Discurso é um campo de pesquisa cujo objetivo é compreender a produção social de sentidos, realizada por sujeitos históricos, por meio da materialidade das linguagens. Desse modo, não podemos negar que existem relações de poder em jogo na construção dos discursos, relações essas forjadas pelo contexto histórico e social que envolvem os indivíduos em sua prática cotidiana. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar subjetivação do sujeito mulher levando em consideração as questões sexuais que a envolvem a mulher. Para tanto, tomamos como corpus de análise a edição nº 349, de julho de 2015, da revista brasileira de divulgação científica “Superinteressante”. Nesse trajeto, buscamos realizar a análise da construção dos sentidos que marcam o posicionamento dos sujeitos ao longo da reportagem “Como silenciamos o estupro”. Como base teórica, utilizar-nos-emos dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de vertente francesa, embasada principalmente em Foucault (2000). Nosso intento é compreender como no enunciado midiático se efetivam as relações de poder e a subjetivação do sujeito mulher. Os resultados de nossa análise comprovam que os discursos veiculados pela mídia operam um jogo no qual se constituem subjetividades baseadas na regulamentação de saberes sobre o uso que as pessoas devem fazer do seu corpo, de sua vida.
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Resumos: Comunicações Individuais Linguistic construction of identity by tunisian employees in subordinate positions Nizar Ben Ali (Manouba University) n2361985@yahoo.fr Due to globalization, companies and organizations which use English for communication are almost in every country, Tunisia is not an exception. These transnational workplaces employ people who are communicatively competent enough to cope with the cultural differences. Aiming to contribute in the development of the communicative and pragmatic skills of language learners and users of English, the researcher explores , under an ongoing PhD research project, the issue of linguistic identity construction in the workplace. The study aims at providing insights on how subordinate employees in a Tunisian workplace construct their identities through discourse. Audio recording of naturally occurring interactions in the workplace, field notes and semi structured interviews are all employed in the study in order to investigate the linguistic and pragmatic resources opt for by the participants to construct their identities. In his potential presentation the researcher is going to highlight respectively the theoretical framework, the research questions, the research tools, and his expectations regarding findings of the study. A construção on-line de objetos de discurso e a exposição de si no Scruff Osvaldo Barreto Oliveira Junior (IFBAIANO) osvaldobojr@gmail.com Danillo Mota Lima (UFBA) danillomotalima@gmail.com Os objetos do discurso são produções sociocognitivas, intersubjetivamente negociadas, que evidenciam o ponto de vista dos enunciadores sobre as coisas do mundo (re)construídas no universo textual. Numa abordagem textual-discursiva de língua, os estudos de referenciação consideram que a (re)construção de objeto de discurso (os referentes textuais) fornece indícios para a consubstanciação de sentidos no texto, favorecendo a atividade interpretativa da coerência. Neste trabalho, objetiva-se demonstrar como os referentes textuais evidenciam o ponto de vista dos enunciadores sobre si mesmos, nos espaços virtuais de interação social. Para isso, toma-se como corpus de análise perfis de usuários do Scruff, aplicativo de relacionamento on line muito popular entre sujeitos autodeclarados gays. A análise do corpus evidencia os referentes textuais que os homossexuais masculinos constroem para falar de si no aplicativo supra referido, buscando atrair a atenção de outros usuários e, com isso, construir relacionamentos homo afetivos ou simplesmente praticar sexo sem compromisso. Como construções sociocognitivas, dialogadas em espaços onde o narcisismo dá a tônica das relações interpessoais, os objetos de discursos analisados revelam uma dispersão de subjetividades em que a homossexualidade assume diversos matizes. Assim, os referentes intersubjetivamente negociados nas atmosferas do Scruff colocam em evidência as várias nuances das subjetividades gays contemporâneas, que, em busca de prazer ou companhia, erigem sentidos diversos sobre si e do que desejam para si. Entrevista compreensiva, análise de discurso e materialismo histórico: um caminho possível Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas (UnB/ PPGE/FE/MTC) otiliadantas@unb.br Virgínia Honorato Buffman Borges (UnB/PPGE) virginiahbuffman@gmail.com O lugar que as entrevistas vieram a ocupar dentro das pesquisas nas Ciências Humanas é muito mais relevante e equacionado de forma substancialmente diferente do passado. Na atualidade tem-se seguido o uso de formas mais criativas de entrevistar, entre estas, dá-se destaque neste artigo à entrevista compreensiva arrematada pela análise de discurso francesa sob a ótica do Materialismo histórico. Refletir sobre a possibilidade de aplicação destes dois conceitos metodológicos ao Materialismo Histórico é o objetivo central deste artigo. Para tanto nos apoiaremos em Kaulfman (2013), Foucault (2012), Pêcheux (2006), Marx (1989), dentre outros. Este recurso constitui-se de um quadro teórico capaz de aliar o linguístico ao sócio-histórico, delimitando dois conceitos nucleares na AD – ideologia e discurso. No âmbito da ideologia destacam-se os conceitos de Marx (1989) e Althusser (2010) e no âmbito do discurso, as ideias de Foucault (2012). São pressupostos que esclarecem a nossa prática de pesquisa. Tendo em vista que todo discurso é o índice potencial de uma agitação nas filiações sócio-históricas de identificação, ele marca a possibilidade de uma desestruturação-reestruturação das redes de memória e de trajetos sociais, na medida em que constitui, ao mesmo tempo, um efeito dessas filiações e um trabalho (atravessados pelas determinações inconscientes) de deslocamento no seu espaço. Ao final, com o entrelaçamento dos discursos entre o eu e os outros (pesquisados, teorias), se constrói uma lógica de conjunto, que oportuniza a compreensão objetiva do problema e o desvelamento do concreto-pensado em direção à emancipação. Problemáticas de las designaciones “Conflicto mapuche” y “Cuestión mapuche” en la prensa escrita chilena desde el Análisis del discurso Pablo Segovia Lacoste (Universidad de Playa Ancha) psegovialacoste@gmail.com El “conflicto mapuche” es un acontecimiento socio político cuyo origen se remonta a fines del siglo XIX (Bengoa, 1987; Saavedra, 2002) cuando el Estado chileno ocupó militarmente las tierras de los pueblos originarios, llamados mapuches. Durante el siglo XX los mapuches buscaron mediante la vía política recuperar parte de las tierras perdidas, con muy poco éxito. La dictadura militar (1973-1989) precarizó aún más la situación de los mapuches, abriendo el camino para la instalación de empresas forestales de pino y eucalipto que se desarrollaron sobre los terrenos ocupados. En el marco del retorno a la democracia, el Estado de Chile promulgó la 331
Resumos: Comunicações Individuais ley indígena para responder a las demandas históricas de los pueblos originarios. Las diferentes organizaciones indígenas, entre ellas el Consejo de todas las tierras e Identidad Lafkenche, denunciaron el carácter limitado e insuficiente de esta ley, lo que generó fuertes tensiones entre el Gobierno, las comunidades indígenas, los agricultores de la zona y las empresas forestales implantadas en el lugar. En este contexto, la prensa chilena, especialmente el periódico de derecha El Mercurio, abordó el llamado “conflicto mapuche” desde un punto de vista particular, orientando la comprensión de este acontecimiento hacia una criminalización de las demandas indígenas. Igualmente, la prensa chilena calificó de forma desequilibrada a los diferentes participantes de este conflicto (Merino, Quilaqueo y Pilleux, 2007). Por un lado, se calificó a los mapuches de “terroristas” y “agresivos” y, por otro lado, se denominó a los agricultores y empresarios forestales como “víctimas” de la violencia ejercida por los mapuches. Esta investigación propone describir e interpretar la mediatización del llamado “conflicto mapuche” en la prensa escrita chilena desde la perspectiva del análisis del discurso de origen francés. Estudiaremos, en primera instancia, las implicancias discursivas y sociales de las designaciones “conflicto mapuche” y “cuestión mapuche”, a luz de los trabajos de Moirand (2007) y Veniard (2013) sobre la nominación en la prensa escrita. Posteriormente, analizaremos la construcción de los participantes propuesta por la prensa y las consecuencias sociales que esto implica. El corpus está compuesto de tres periódicos nacionales de amplia cobertura (El Mercurio, La Segunda y La Tercera) y un semanal (The Clinic). El periodo analizado va desde marzo a octubre de 2014. Pratiques enseignantes et inégalités scolaires à l’école primaire en France : de l’effet paradoxal des réformes institutionnelles Pascale Delormas (Université Paris-Est Créteil) pascale.delormas@orange.fr Je propose le bilan d’une réflexion menée depuis plusieurs années sur la formation des enseignants dans un monde traversé par des inégalités toujours plus évidentes dans l’espace scolaire français. Les futurs professeurs se destinant à prendre une fonction dont l’autorité fait souvent défaut du fait de l’évolution des publics, mais aussi du fait de la prolétarisation du métier, il est nécessaire de prendre en compte, à un niveau discursif, les difficultés nouvelles auxquelles ils sont confrontés : je cherche à montrer en quoi certaines pratiques langagières sont révélatrices du conflit identitaire qu’il s’agit de dépasser. Pour appréhender cette problématique, une approche énonciative et sémantico-discursive qui mobilise à la fois les acteurs et les coénonciateurs est privilégiée et l’analyse est menée à trois niveaux d’expression de la doxa : celui de la formation à travers les écrits académiques imposés aux futurs enseignants, celui des pratiques enseignantes fondées sur la volonté politique de mettre l’élève au centre des apprentissages, enfin, celui des supports de lecture adoptés en vue d’introduire la littérature de jeunesse dans l’univers de l’école. En effet, les travaux prescrits par l’institution lors du cursus de formation – écrits réflexifs et mémoires de Master – montrent la nécessité d’articuler cadres primaire et secondaire (Goffman 1974) selon une alternance inconfortable : une formation professionnelle suppose d’endosser tantôt le rôle de l’enseignant sur le terrain et tantôt celui de l’apprenant en situation de formation universitaire. La typification des manières de faire la classe (Leclaire-Halté 2010) amène à accorder une place prépondérante au dialogue et à la dévolution (Brousseau 1998) dans des situations dans lesquelles la parole magistrale et la contre-dévolution (Jonnaert 1996) seraient bienvenus. Mais ces modalités didactiques exigent une maîtrise des situations d’interaction à laquelle font souvent obstacle le manque d’expérience mais aussi l’insécurité langagière observée chez certains stagiaires, comme en atteste l’observation de nombreux échanges entre maître et élèves. L’usage des albums en classe témoigne du souci d’acculturation des élèves à travers des pratiques sociales de référence. Or les recherches en sociologie de l’éducation font apparaître que l’exigence culturelle requise dans les publications récentes – implicite et ironie sont manifestes plus que la complexité linguistique – a pour effet paradoxal d’écarter plus d’un élève de la compréhension des textes (Bonnéry 2007). La mise en scène de postures littératiées dans un corpus d’une trentaine d’albums en offre un exemple patent (Delormas 2014).
El papel del horror en la re-semantización de la justicia social en Chile Patricia Castillo (Universidad Diego Portales) patricia.castillo@udp.cl Sobre la desigualdad en el mundo se ha discutido mucho en las últimas décadas, se ha cuestionado la sensibilidad de los indicadores, denunciado las medidas tributarias que favorecen a los ricos y puesto en evidencia los obstáculos materiales y simbólicos que impedirían construir un país, una sociedad que transite hacia escenarios de mayor justicia social(Castillo, 2009; Pérez Sáinz, 2009; PNUD, 2010; Solimano, 2007). En este controvertido escenario, esta ponencia en particular no tiene por finalidad escudriñar en nuevas formas de medir o de cualificar la desigualdad o las desigualdades. El objetivo de esta ponencia es más bien analizar la trayectoria de un significante –a saber: justicia social—, al interior del discurso de un conjunto de individuos que fueron convocados a recordar el pasado reciente a través de una entrevista temática abierta videograbada. En ese sentido, la propuesta de ésta presentación supone que en cada discurso es posible observar, aun de manera retrospectiva, más de un sentido asociado a un significante y que, la diferencia entre un sentido y otro está en conexión a la temporalidad del recuerdo que se recupera y se relata. Vale decir, en los relatos retrospectivos analizados, los locutores pueden reconstruir –aún sin ser totalmente conscientes de ello—, los distintos momentos en los que un significante vacio adquiere sentido en asociación con otro significante (hecho histórico). Esta aproximación al significante “justicia social”, desde el análisis crítico del discurso, puede permitirnos ubicar algunos de los efectos que el horror producido por las sistemáticas violaciones a los derechos humanos, cometidas por la dictadura militar, tuvo sobre la resemantización del concepto, facilitando con ello, la instalación del individualismo, cuya consecuencia más evidente es la contundente hegemonía del “nuevo espíritu del capitalismo”(Boltanski, 2002).
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Resumos: Comunicações Individuais A construção da enunciação em livros didáticos voltados para o campo sob a perspectiva da Teoria Semiolinguística Patrícia de Fátima Souza Costa (UFMG) defatimasouzap@yahoo.com.br A discussão apresentada, recorte de uma pesquisa de Mestrado, propõe-se a identificar as estratégias discursivas voltadas para a contextualização em dois livros didáticos do Programa Escola Ativa preparados especificamente para turmas multisseriadas do campo. Os livros são parte de um material o qual foi elaborado para atender às demandas educacionais dos movimentos sociais na Educação do Campo. Os movimentos evidenciam que o ensino oferecido nesse espaço somente era foco de interesse do governo brasileiro quando este entendia que os moradores do campo precisavam profissionalizar-se para atender às demandas capitalistas concernentes à mão-de-obra, de “subserviência às necessidades de reprodução do capital e degradações das condições de vida humana, em todas as dimensões” (CALDART, 2010, p. 64). Contudo, esse não era o tipo de ensino que atendia as suas necessidades, pois não contemplava suas raízes. O discurso produzido pelos movimentos suscita alguns questionamentos quando se pensa qual é a forma como essa educação materializa-se no ambiente escolar. Portanto, empreende-se uma análise desses livros cujo método de estudo foi feito às luzes da Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (1992), tratada nesta discussão a partir do Modo de Organização do Discurso Enunciativo. Há a opção por dois livros, de Língua Portuguesa e História, do 5º ano, visto que, por serem livros direcionados a salas multisseriadas, é importante destacar e apontar que eles mantém uma organização similar. E, o 5º ano, é momento em que os alunos já leem textos mais complexos, ricos em informações, possuem uma capacidade crítica mais avançada propiciando elementos mais significativos para discussão. O discurso produzido nos livros evidencia a tentativa do enunciadordidático em manter um contrato comunicativo com os alunos privilegiando as experiências destes e ainda acrescentando novas visões sobre o espaço do campo, trazendo temas ligados às lutas dos movimentos sociais. A construção da relação contratual no espaço do dizer baseia-se num modelo pedagógico questionador cujo objetivo é tornar os alunos mais críticos e cientes da importância do campo. Referenciação, argumentação e ethos: estratégias de persuasão em uma entrevista televisiva Patrícia Sousa Almeida de Macedo (UFC) pat-alm@hotmail.com Este trabalho tem como objetivo analisar o modo com que processos referenciais engendram operações de persuasão ao longo de uma polêmica entrevista televisiva. À luz dos pressupostos da Linguística Textual sobre referenciação, em uma interface com a Teoria da Argumentação (ou Nova Retórica) de Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca e com a Análise do Discurso de Maingueneau, a entrevista realizada pela jornalista Marília Gabriela com o pastor Silas Malafaia será interpretada como uma interação na qual os participantes imediatos, no intuito de persuadir o auditório/audiência, lançam mão de estratégias argumentativas e constroem imagens discursivas de si. O percurso analítico terá início com a identificação do auditório ao qual os interlocutores projetam seus discursos e com uma discussão sobre os acordos prévios que perpassam a interação em tela. Essa etapa da análise será pautada na Teoria da Argumentação mencionada. Da Análise do Discurso proposta por Maingueneau, serão usadas as categorias ethos e cena enunciativa, de modo que o segundo passo da análise consistirá em uma reflexão sobre como os ethe construídos pelos interlocutores participam de suas argumentações, tendo em vista a cena enunciativa que eles constroem e na qual se encontram. Por fim, a terceira etapa consistirá na descrição dos processos referenciais que contribuíram para a tessitura dos ethe e dos argumentos postos em jogo ao longo da entrevista. Ressalta-se que este trabalho, por inscrever-se fundamentalmente em uma Linguística Textual interdisciplinar cuja concepção de sujeito pressupõe um comportamento ativo mediante o processamento de textos/discursos, não convocará para a análise a noção de formação discursiva. Antecipadamente, é possível afirmar que os interlocutores projetam, em suas falas, auditórios diferentes, a julgar pelos modos com que categorizam certos objetos de discurso. A hipótese inicial em relação aos processos referenciais é de que sua configuração se diferencia em função dos acordos prévios mobilizados pelos interlocutores. Entrevistas televisivas com Dilma Rousseff: a desigualdade política feminina na construção e incorporação do ethos Paula Camila Mesti (UFSCar) paulamesti@hotmail.com Atualmente, a noção de ethos apresenta muitas dificuldades devido à multiplicação de trabalhos sobre este tema, fato que revela a necessidade de contínuas reflexões teórico-metodológicas. Em um de seus artigos, Maingueneau (2014) afirma que a concepção usual de ethos discursivo é insuficiente e que, por isso, ele apresenta algumas modificações para esta noção e faz reflexões sobre a complexidade das estratégias que os destinatários devem mobilizar para atribuírem um ethos ao enunciador. Em uma visada diferente da que a estamos acostumados a ler sobre o conceito de ethos (como “a imagem de si no discurso”), temos no trabalho de Sandré (2014) o pensamento de que a construção da imagem não é feita somente pelo locutor mas também pelos seus interlocutores, seus parceiros de interação. Partindo-se dessas reflexões, buscamos algumas entrevistas televisivas feitas com a presidente Dilma Rousseff para, amparados pelo arcabouço teórico da Análise do Discurso, demonstrar gestos interpretativos que evidenciam como o ethos pode ser construído nos enunciados das questões feitas pelos jornalistas, nos enunciados das respostas dadas pela presidente e nos comentários escritos que os destinatários postaram no Youtube na página dos vídeos das entrevistas analisadas. Neste trabalho tentamos mostrar as mais variadas e atuais possibilidades de análises ao se considerar que o outro também constrói nossa imagem e que os interlocutores podem ter maneiras diferentes de incorporar os ethé produzidos tanto pelos entrevistadores como também pelos entrevistados, tudo dependerá de seus interesses na interação. Segundo nossas observações, é nas questões que abarcam os temas “economia/história” que são construídos mais ethé de credibilidade e, ainda, suas imagens negativas, ou seja, o ethos de incompetência. São vários enunciados que retratam a desigualdade política feminina em relação aos homens políticos e mostram a dependência das mulheres em relação a seus antecessores. (FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo: Processo 2013/12814-2). 333
Resumos: Comunicações Individuais Formações imaginárias e o sistema de cotas: (des)naturalização de mitos Paula Rafael Gonzalez Valelongo (Uniso) paulargvalelongo@hotmail.com Maria Angélica Lauretti Carneiro (Uniso) angelicalauretti@gmail.com O sistema de cotas, garantido pela Lei n. 12/711, de 29 de agosto de 2012, visa à reserva de 50% das vagas em instituições federais de ensino a pretos, pardos, indígenas e estudantes de escola pública, grupo tradicionalmente excluído da educação superior. As cotas, ainda que polêmicas, visam reparar desigualdades, porém geram diversos posicionamentos e também mitos e esteriótipos, naturalizados ao longo do tempo. Pensando o mito como uma construção mental ou uma ideia, remete-se à definição de Eni Orlandi (1994) sobre as formações imaginárias, que “constituem-se a partir das relações sociais que funcionam no discurso: a imagem que se faz de um pai, de um operário, de um paciente”. Considerando o mito como uma formação imaginária, o sistema de cotas um tema atual e polêmico e a língua um processo socio-histórico marcado por ideologias e poder (Fairclough, 2001), propõe-se, com este artigo, entender, analisar e apresentar como operam socialmente os mitos, as ideologias, os preconceitos, a exclusão e as ideias relacionadas ao sistema de cotas e aos próprios cotistas. Têm-se, como objetos de estudo, os depoimentos de estudantes e professores sobre as cotas, veiculados na sessão “Cota de Opinião” do caderno “Cotas: múltipla escolha”, publicação especial do jornal Folha de S.Paulo, de 23 de dezembro de 2012, ano de aprovação da Lei. Para entender o papel do sistema de cotas e a educação como bem público, serão trazidas contribuições de estudiosos da educação, como José Dias Sobrinho, Pedro Goergen, Valdemar Sguissardi. Para o estudo das formações imaginárias e dos discursos, bem como para as análises dos depoimentos, formarão o quadro teórico, Eni Orlandi e Norman Fairclough, respectivamente da Análise do Discurso e da Análise do Discurso Crítica. . Las identidades de las mujeres emprendedoras en Chile: significados que circulan en torno a “ser emprendedora” Paulina Soledad Santander Astorga (Pontificia Universidad Católica de Valparaíso/Universidad Técnica Federico Santa María) paulina.santander@usm.cl En los últimos años en Chile y latinoamerica ha emergido una fuerte discusión sobre las políticas de inclusión laboral de la mujer a través del fomento al emprendimiento. A pesar de ello la desigualdad estructural se ha perpetuado bajo el modelo patriarcal aún imperante, incluyendo estas nuevas formas de trabajo, las cuales han instalado nuevos significados en torno al trabajo desde una mirada de género. Este estudio busca conocer los significados que circulan en torno a ser mujer y emprendedora en Chile desde la conformación de las identidades de las propias mujeres. Ello ha sido abordado desde la perspectiva epistemológica del construccionismo social y un método cualitativo que posee como herramienta la entrevista en profundidad a 24 mujeres dueñas de pequeñas empresas. La perspectiva de abordaje fue Análisis de Discurso. Los resultados muestra una identidad en constante fractura y reconstitución, eco de diferentes voces y deberes construidos socialmente. La multiplicidad de roles, más allá de la conciliación emprendimiento/familia, configuran un escenario siempre difícil de sobrellevar, pero resistido a través de prácticas colaborativas y nuevas formas de interacción. Este estudio contribuye a la desmitificación de la mujer emprendedora como un sujeto individual, cuyo éxito depende únicamente de factores económicos y que posee un único perfil. Instala la discusión sobre cómo las políticas públicas han hecho eco en estas nuevas formas de sujeto en el campo del trabajo desde la perspectiva de género.
Quando elas ganham as capas de revista: a representação da mulher como militante em revistas semanais Pauline Freire Pimenta (UFMG) paulinefreire@gmail.com Neste trabalho serão analisadas, à luz da teoria da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 1999, 2003) e de teorias sobre ideologia (THOMPSON, 1995), duas reportagens de capa que foram publicadas na mesma semana por duas revistas semanais de renome na imprensa e que trouxeram o mesmo assunto como capa: movimentos realizados nas ruas do Brasil por mulheres no mês de outubro de 2015. A mulher vem ocupando espaços antes restritos a elas e se manifestando contra aquilo que não concorda e que há tempos deixou de fazer parte de sua realidade como uma minoria. Desta forma, vem travando discussões em redes sociais, criando movimentos e saindo às ruas para lutar por questões como assédios sofridos por elas, o direito a seu próprio corpo, e contra preconceitos e discriminação de raça. Pretende-se, ao analisar o corpus em questão, perceber de que forma categorias de legitimação da ideologia do discurso das mulheres citadas e retratadas na reportagem como precursoras de algum movimento, seja na rede social ou nas ruas, tais como narrativização e universalização, estão presentes no discurso das personagens citadas, de forma a identificar elementos linguísticos que nos permitam analisar discursivamente de que forma o movimento ganhou forma por meio de iniciativas individuais, se transformando em movimentos sociais aceitos por grupos de mulheres. Para auxiliar na análise, serão utilizadas categorias como os significados representacional e identificacional, trazidos por Fairclough (2003), visando a uma melhor compreensão da utilização da linguagem e de que maneira os discursos de universalidade são reforçados na reportagem. Com a análise, pretende-se demonstrar como a linguagem foi utilizada para mostrar de que maneira o individual se transforma em coletivo e traz forma para movimentos tais como os relatados nas reportagens em que a mulher foi retratada como militante.
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Resumos: Comunicações Individuais Construção de uma narrativa hegemônica sobre a adoção das IFRS no Brasil Paulo Frederico Homero Junior (FEA/USP) paulo.junior@usp.br Desde 2001, aproximadamente 120 países passaram a permitir ou requerer a adoção, por parte das companhias sob suas jurisdições, das International Financial Reporting Standards (IFRS), emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). No Brasil, este processo de convergência teve impulso a partir da criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), em 2006, e da entrada em vigor da Lei 11.638/07. A fim de contribuir para a compreensão da narrativa que se tem construído localmente a respeito deste processo, proponho neste trabalho uma análise crítica do discurso cujo corpus é composto pelo texto Convergência da Contabilidade Brasileira às Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS): Retrospectiva Histórica e Desafios para o Futuro, de autoria de Salotti, Carvalho e Murcia (2015). Na fundamentação teórica do trabalho, os conceitos de intelectual, ideologia e hegemonia são definidos a partir da obra de Gramsci. Já a metodologia é construída a partir da obra de Fairclough, sendo composta por três etapas: descrição das propriedades formais do texto, atentando para seus valores experenciais, expressivos e relacionais; interpretação da relação entre as características do texto e das figuras públicas dos autores; e explicação da relação entre o texto e o processo de financeirização do capitalismo contemporâneo. A análise aponta a expressão da crença de que a adoção das IFRS no Brasil é resultado de uma evolução natural, da opinião de que elas são superiores às normas locais anteriormente vigentes, e de uma representação da comunidade contábil brasileira em condição de inferioridade técnica e cultural em relação às comunidades estrangeiras. Para tanto, os autores se valem da autoridade que suas posições acadêmicas lhes conferem para atuar como propagadores das IFRS, sem que explicitem os vínculos institucionais que mantém com instituições ligadas à condução do processo de adoção destas normas no Brasil. Considerando que a expansão das IFRS sirva ao desenvolvimento de uma infraestrutura necessária à expansão do processo de financeirização, os autores podem ser caracterizados como intelectuais que desenvolvem e articulam a ideologia das classes dirigentes, e o texto como um material de disseminação desta ideologia, contribuindo para a construção de um consenso sobre a adoção das IFRS. Sentidos de “apocalipse”: o sujeito contemporâneo e seu mal-estar Paulo Henrique Silva (UNICAMP) pauloohaga@gmail.com A questão “fim do mundo” tem sido amplamente abordada no âmbito social. De tempos em tempos, irrompem novas previsões do Apocalipse. Embora todas as previsões do fim do mundo não tenham se concretizado, percebe-se que cada vez mais recorrente fica a ideia do fim da existência da raça humana. Este trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa que analisa a circulação de “apocalipse” no espaço social contemporâneo brasileiro. O corpus é constituído por notícias que foram publicadas na mídia impressa (jornais e revistas de grande circulação) e em suas versões online. Tais notícias são relacionadas ao crime ambiental ocorrido em Mariana - MG, no ano de 2015, e aos atentados terroristas em Paris (também 2015). O objetivo principal é investigar em que medida “apocalipse” pode ser fruto das “instituições desencaixadas (que) dilatam amplamente o escopo do distanciamento tempo-espaço” (GIDDENS, 1991). Nos excertos do corpus, perceberemos a ligação entre “apocalipse” e o conceito de desencaixe sendo representada, visto que o sujeito contemporâneo, frente a esses dois acontecimentos afirma que os mesmos têm ligação com/são o “apocalipse”. Uma das principais teses da Análise do Discurso é a não-transparência dos sentidos. Retomando esta tese, Possenti (2009) afirma que “o sentido não pode ser definitivamente o mesmo se se materializa de formas diversas”. A unidade-lexical “apocalipse” participa da predicação do espaço social com sentidos múltiplos, conforme alguns exemplos: “Antecipação do Apocalipse”, “Apocalipse em Paris”, “Cenas do Apocalipse”, etc. As bases teóricas vêm da Análise do Discurso, em sua intersecção com as ciências sociais e a psicanálise, mobilizando, de maneira mais específica, o conceito de desencaixe proposto por Giddens (1991) e a conceituação de dor e sofrimento apresentada por Birman (2014). A análise toma como princípio norteador “o estudo da ligação entre as ‘circunstâncias’ de um discurso – que chamaremos de condições de produção – e seu processo de produção” (PÊCHEUX, 1990). Em acréscimo, analisa-se a recorrência da suposta “necessidade” de se atribuir ao mundo um fim catastrófico e como os discursos midiáticos se valem da ideia de “apocalipse” para construir a opinião pública.
O trabalho com refugiados no ensino intercultural de língua: ações para a redução de desigualdades Poliana Coeli Costa Arantes (UERJ) polianacoeli@yahoo.com.br O eixo principal desta proposta de comunicação é a discussão de ações de inclusão da população de refugiados no Brasil por meio do ensino de língua e da abordagem de questões interculturais tomando como referência os estudos de base enunciativa da análise do discurso. O presente trabalho discute impasses e questões que envolvem o trabalho de inserção dos refugiados e, adicionalmente, apresenta atividades, métodos e análises de materiais didáticos destinados a esse fim. No Brasil, A Lei Federal 9474/97 estabelece diretrizes e instrumentos para garantir a proteção internacional de Refugiados e Apátridas. Essa legislação garante a solicitantes e refugiados(as) acesso a direitos sociais, entre eles o exercício regular de atividade remunerada e o acesso à rede de serviços públicos. No entanto, não se observa o planejamento de políticas públicas de inserção dessa comunidade de refugiados no país. Sendo assim, algumas instituições ou organizações não-governamentais acabam se comprometendo com o desenvolvimento de ações visando o acolhimento, proteção legal e integração local dos refugiados(as) e solicitantes de refúgio como forma de garantir a inserção justa e eqüitativa desta população na sociedade brasileira. Pretende-se, portanto, discutir as implicações éticas e políticas dessas ações na sociedade, na mídia e nos serviços públicos e voluntariados, exemplificando uma ação extensionista de projeto de ensino de língua à refugiados na UERJ, coordenado por professores do Instituto de Letras e da Faculdade de Educação da supracitada instituição.
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Resumos: Comunicações Individuais Os contornos discursivos de uma vida: a constituição dos ethé de Paulo Freire Pollyanna Júnia Fernandes Maia Reis (UFMG) pollyanna.letras@hotmail.com Nos últimos anos, segundo Schmidt (2000), tem-se percebido um grande interesse pelas trajetórias e percursos de um indivíduo, justificado pelo fato de que a grande maioria das pessoas possui interesse em redescobrir o passado, principalmente, se esse o for pelas mãos de alguns dos personagens mais significativos da história, comumente visto em biografias e autobiografias. Bertaux (2003), entretanto, utiliza outro sintagma, advindo das Ciências Sociais, para se referir a esses percursos de vida, fazendo a opção pelo termo narrativas de vida, uma vez que a mesma "não descreveria somente a vida interior do sujeito e suas ações, mas também os contextos interpessoais e sociais” (p.31). Tomando como base a noção adotada por Bertaux (2003), este trabalho busca estabelecer interfaces entre duas narrativas de vida, Paulo Freire: uma história de vida, escrita por Ana Maria Freire, viúva do educador Paulo Freire e Paulo Freire: uma biobibliografia, assinada por Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, no sentido de desvelar os possíveis propósitos de construção discursiva, a partir da adoção da Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau (1983, 1992). Interessa-nos analisar os diferentes ethé construídos do ser que tem sua vida colocada em evidência, de uma obra em relação a outra, uma vez que, embora sejam narrativas acerca do mesmo personagem, temos assinaturas diferentes que estampam a capa das obras e a quais se pode atribuir uma responsabilidade, principalmente, uma posição enunciativa. Dito de uma outra forma, ao ter sua vida narrada, o sujeito sempre reorganiza e reconstrói seu passado, por meio de palavras, apresentando assim, traços de ficção e representação, interessando-nos, portanto, como essas (re) construções são feitas e obedecendo a qual propósito comunicativo, especialmente, no que concebe à constituição dos ethé. Representação social dos torcedores do Grêmio no caso do goleiro “Aranha” Priscila Mion Ferreira Egidio (UFES) p_mion@hotmail.com Nesta comunicação, o nosso objetivo é identificar e analisar estratégias de negação do racismo em notícias jornalísticas – e suas respectivas manchetes – ligadas ao evento de repercussão nacional, ocorrido em 28 de agosto de 2014, em que, numa partida de futebol, torcedores do Grêmio Foot-ball Porto Alegrense proferiram palavras de cunho racista contra o goleiro do Santos Futebol Clube, conhecido como “Aranha”. Verificamos a forma como as notícias representaram os atores sociais que foram autores da prática discursiva que culminou no evento comunicativo citado, ou seja, os torcedores, discutindo o papel da mídia na legitimação (ou não) do racismo. Esta comunicação é parte integrante de nossas pesquisas desenvolvidas no Grupo de Estudos sobre Discurso Midiático (GEDIM-UFES), em que temos trabalhado com diversas questões que compreendem relações de poder, relacionadas aos discursos da mídia, entendendo que os meios de comunicação, de modo geral, podem atuar como instrumentos de reprodução e legitimação de ideologias no e pelo discurso. Nossa pesquisa está embasada nos Estudos Críticos do Discurso, mais especificamente, nas pesquisas de van Dijk (2008, 2012a, 2012b), sobre discurso, contexto e racismo, em sua abordagem sociocognitiva dos estudos do discurso. O corpus do estudo é constituído por notícias a respeito do evento, veiculadas em sites jornalísticos, entre agosto e setembro de 2014. Como escolha metodológica para análise do corpus, utilizamos as estratégias e categorias propostas por van Dijk (2008, 2012) sobre polarização e negação do racismo, direcionando nossas análises, principalmente, sobre as estruturas linguísticas compostas pelas escolhas lexicais e estruturas sintáticas utilizadas na representação dos torcedores. Como resultado desta pesquisa, verificamos que, no evento comunicativo em questão, a representação social dos torcedores presente nos discursos das notícias ocorreu de maneira que favoreceu mais à negação do racismo que a problematização deste como uma questão sistemática, na sociedade brasileira.
Feminista ou pró-feminsta? Autorização e interdição das vozes no feminismo da web Quezia dos Santos Lima (UFBA/IFBAIANO) queziia@hotmail.com Com a popularização da internet, houve significativas transformações no modo de mobilização dos movimentos sociais, a partir do aumento de conteúdos feministas publicados no ciberespaço. As redes sociais virtuais têm permitido circular discursos de gênero, que geralmente são silenciados pela mídia tradicional. Através de blogues, mulheres de toda parte do país divulgam o feminismo com o intuito de “explicá-lo” à sociedade, já que muitos discursos contra o movimento ainda são circulados nas redes, questionando a validade do feminismo em pleno século XXI. As feministas têm conseguido maior visibilidade, no ciberespaço, da luta pela ampliação dos direitos femininos, com a adesão tanto de mulheres como de homens. E isso, no entanto, promove uma tensão na formação discursiva feminista, pois, ao mesmo tempo em que há o interesse na divulgação do feminismo, há um debate sobre a participação ou não de homens no movimento. Quem pode ser feminista? O homem pode ser feminista ou pró-feminista? Verifica-se uma discordância quanto à forma de participação dos homens no movimento. Algumas ativistas defendem que a denominação “feminista” só pode ser atribuída às mulheres, as quais são vítimas institucionais do machismo, sendo o homem apenas pró-feminista, sem direito ao protagonismo. Já outras ativistas contestam esse posicionamento, por acharem que é uma segregação, já que o homem também é oprimido pelo patriarcalismo. Este trabalho faz parte de uma tese de doutorado em andamento, na qual se analisa os discursos do e sobre o feminismo na web. Tomou-se como teoria de base a Análise do Discurso francesa pecheutiana para a análise das posições sujeitos e das tensões na forma-sujeito feminista. São analisados aqui quatro artigos do blogue coletivo www.blogueirasfeministas.com, cujos títulos são: “Homens podem ser feministas?”; “Homem feminista? Eis a questão!”; “Feminista ou pró-feminista?”; “Homens pró-feministas: aliados, não protagonistas!”. O site em questão foi escolhido por reunir diversos blogues feministas do Brasil e permitir o debate sobre questões relacionadas às temáticas do feminismo. Torna-se necessário, portanto, entender como o ciberativismo feminista produz efeitos de sentido sobre o que é ser feminista e como se dá o processo de autorização e interdição das vozes no movimento. 336
Resumos: Comunicações Individuais Igualdade de gênero e empoderamento das mulheres no discurso diplomático de Dilma Rousseff e François Hollande Rafael Batista Andrade (UFMG) rafaelbatistandrade@gmail.com No dia 27 de setembro de 2015, foi realizado o "Encontro de líderes globais sobre igualdade de gênero e empoderamento das mulheres: um compromisso para a ação", em Nova York. Nosso objetivo, neste trabalho, é apresentar a análise do pronunciamento da presidenta brasileira Dilma Rousseff e do presidente francês François Hollande nesse evento. Assumimos, para isso, que as estratégias apreendidas nos textos enunciados por esses atores sociais são delimitadas não apenas pelo discurso político, mas sobretudo pelo discurso diplomático. Buscamos evidenciar que a problematização do tema do encontro, feita pelos líderes e representantes dos dois países, emerge da mobilização de procedimentos próprios do discurso diplomático, visto como um tipo de discurso político, mas que não se confunde com este último. Os pressupostos teórico-metodológicos utilizados são os estudos sobre discurso diplomático de Cohen-Wiesenfeld e Villar. Somam-se a esses estudos a pesquisa de Charaudeau sobre o discurso político e as propostas teórico-metodológicas de Maingueneau, que serão utilizadas para as análises do corpus, sobretudo no que diz respeito aos conceitos de semântica global e de éthos discursivo. Esperamos demonstrar, a partir deste trabalho, as estratégias linguísticodiscursivas que caracterizam o discurso diplomático, colocando em evidência a questão da igualdade de gênero sob um prisma discursivo particular, ainda pouco estudado no Brasil. Assim, evidenciaremos a importância de se discutir a questão da igualdade de gênero a partir de um lugar social específico de onde emerge uma cena da comunicação política particular: as relações diplomáticas.
A desigualdade social no discurso do Papa Francisco Rafael Campos Amaral Lobato (UFMG) rafaelcampos01@gmail.com Maíra Lobato Bicalho Chagas Moura Campos (UFMG) mairalobatomoura@gmail.com Em 2013, a Igreja Católica passou a ter mais um novo sucessor de São Pedro. O argentino Jorge Mario Bergoglio é, desde o dia 13 de março daquele ano, o Papa Francisco. A escolha do nome, feita pelo próprio argentino, diz muito de sua personalidade e de suas intenções à frente da igreja, já que São Francisco de Assis é o santo que traz em seu imaginário estreita ligação com os mais necessitados. As primeiras matérias jornalísticas enfatizavam valores como a humildade e a simplicidade do Papa Francisco, como na primeira vinda ao Brasil, quando preferiu se deslocar num carro comum, sem nenhum luxo. Muitas manchetes o designavam como o “Papa dos pobres e dos humildes”. Os discursos do argentino também ressaltavam tais características. E no decorrer de seu papado, a preocupação com os menos favorecidos foi ganhando força e se tornando uma marca do pontífice. Percebe-se que com a escolha de Bergoglio, há uma mudança na Igreja Católica. Assuntos polêmicos passam a ser abordados pelo papa, e a preocupação com os mais pobres e as desigualdades sociais pelo mundo se tornam centrais. Nota-se que nas falas do Papa Francisco são convocados vários discursos que servem de argumento para chamar atenção para a questão da pobreza, como: o discurso econômico, político, e sobre o meio ambiente. Diante disso, pretendemos analisar a heterogeneidade discursiva que é constitutiva do discurso do Papa Francisco. Dito de outra forma, iremos observar quais discursos são convocados pelo discurso do Papa para tratar da desigualdade social. Vamos analisar de que forma o pontífice constrói o seu argumento, sempre colocando em primeiro plano valores como a humildade, solidariedade e a compaixão com os mais necessitados. Para tal análise, lançaremos mão de conceitos como heterogeneidade discursiva, dialogismo e imaginário sociodiscursivo. Nosso recorte empírico irá contemplar momentos específicos em que o pontífice se pronuncia e enfatiza a desigualdade social em sua fala, como por exemplo, o discurso feito na sede da ONU nos EUA em setembro de 2015.
Entre vítimas e criminosos: estratégias de captação em manchetes policiais do jornal Meia Hora Rafael Guimarães Nogueira (UFF) rafael_letras@hotmail.com Estruturado sob os princípios teórico-metodológicos da Análise Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, este trabalho tem como proposta a análise das seguintes estratégias de captação utilizadas em manchetes do jornal carioca Meia Hora: a conotação, a referenciação e a utilização de verbos suporte – três processos linguístico-textuais-discursivos que contribuem para a construção de identidades discursivas e de efeitos patêmicos. Dessa maneira, a partir de manchetes policiais do jornal popular Meia Hora, busca-se responder a estes questionamentos: i) Como as formas referenciais conotativas podem cooperar para a veiculação da imagem dos objetos de discurso e daquela que o enunciador deseja construir para si e para o outro? ii) Como os verbos suporte podem contribuir para a construção dos objetos de discurso e, ao mesmo tempo, reforçar a orientação argumentativa do texto? iii) Como essas expressões podem suscitar emoções nos leitores do jornal? iv) Como a seleção lexical pode apontar avaliações subjetivas do enunciador e, ao mesmo tempo, captar o leitor-consumidor do periódico?.Nesse sentido, a relevância de estudar o jornal Meia Hora não se deve só ao fato de esse periódico atingir cada vez mais leitores, representando uma mídia de extrema circulação social, e/ou ao reconhecimento da expressividade de suas capas; mas também à possibilidade de, por meio de suas manchetes – o primeiro contato entre o leitor e o fato noticiado –, verificar como processos linguístico-discursivos – em especial, a conotação, a referenciação e o uso de verbos suporte – podem construir imagens para os interlocutores e despertar emoções, contribuindo para a captação do públicoleitor.
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Resumos: Comunicações Individuais Práticas culturais da periferia no campo jornalístico: analisando os processos de legitimação nos quadros “Buzão: Circular Periférico” (TV Cultura) e “Cultura SP” (Rede Globo) Rafaela Defendi Mariano (Unicamp) rafaeladefendi@gmail.com Em nossos estudos anteriores (MARIANO, 2014; BENTES, MARIANO, ACCETURI, 2015), temos desenvolvido análises de programas televisivos que são representativos de mudanças pelas quais tem passado a mídia televisiva brasileira, especialmente no que diz respeito aos seus participantes e às temáticas que, a nosso ver, estão diretamente relacionadas ao campo da cultura popular. A partir dessas observações, selecionamos analisar, neste trabalho, os processos de legitimação das práticas culturais da periferia em dois quadros de programas televisivos dedicados a divulgar tais práticas sob o ponto de vista dos próprios sujeitos que as promovem, quais sejam: “Buzão: Circular Periférico”, exibido entre 2008 e 2009, no programa de auditório Manos e Minas (TV Cultura), e “Cultura SP”, exibido de 2011 a 2014, no jornal SPTV (Rede Globo), ambos apresentados pelo escritor e ativista social Alessandro Buzo. De acordo com Bourdieu (1997: 77), o campo jornalístico se caracteriza por estar sob a pressão do campo econômico, por um lado, e por exercer “uma pressão sobre todos os outros campos, enquanto estrutura”, por outro lado. Apesar da forte autonomia e influência sobre os outros campos, o campo jornalístico é muito dependente deles na medida em que suas produções têm como objeto os eventos, as informações e as tendências dos demais campos. Nesse sentido, nossas análises se mostram relevantes no âmbito dos estudos sobre como se constrói a legitimação das práticas culturais da periferia no campo jornalístico, principalmente considerando o fato de que esse campo funciona como um meio de sanção e de legitimação de outros campos. Para procedermos às análises dos processos de legitimação nesses dois quadros televisivos, observamos as temáticas desenvolvidas; as vozes sociais que deles participam; e a sua construção imagética. A partir da análise desses aspectos, observamos diferenças significativas no que se refere às formas como as práticas culturais são valorizadas e legitimadas em cada um dos quadros selecionados. Essas diferenças parecem estar relacionadas ao fato de o quadro “Buzão: Circular Periférico” ter sido exibido em uma rede de televisão pública, que se caracteriza por não ter fins lucrativos e que estabelece, então, uma relação diferente com o campo econômico em comparação com a rede televisiva que exibe o quadro “Cultura SP”.
O delineamento da subjetividade e a imersão no mundo das notas aromáticas: estabelecimento de significações em torno da identidade feminina Rafaella Elisa da Silva Santos (UFBA) rafaella.santos@folha.com.br Constituir identidade é um processo de imersão no campo do simbólico, fundamental para o delineamento da subjetividade. A faceta do gênero/sexualidade, embora, por muitos, significada como pertencente ao âmbito do natural, próprio do aspecto biológico do ser, é extremamente marcada por instâncias reguladoras que organizam a emergência de dizeres sobre como o prazer deve ser vivenciado e assumido, bem como o modo como os sujeitos que o vivenciam devem se comportar. Quer isso dizer que gênero/sexualidade é determinado por condições de produção discursiva que estabelecem que nem todas as possibilidades são legitimadas. O gênero, então, é legitimado apenas a partir de uma dicotomia que autentica somente a heteroafetividade, através de certos comportamentos que distinguem os seres da sexualidade e constitui, portanto, a sociedade, em torno de dois pontos de subjetividade bem marcados e opostos, porém complementares: o ser mulher/fêmea e ser homem/macho. Trata-se, assim, de ser um heterossexual específico, constituído com base na heteronormatividade. Tem-se, então, como horizonte analítico uma das instâncias reguladoras que sustenta a heteronormatividade e, portanto, como materialidade, as essências aromáticas, que estabelecem o que são/como devem ser as mulheres. Assim, a materialidade analisada é o perfume classificado como feminino, considerado nesse trabalho um discurso regulador do gênero/sexualidade. Foram selecionados três perfumes, extraídos da lista dos mais vendidos do mundo, conforme publicação online “M de Mulher”, a saber: Chanel número 5, da Chanel, Coco Mademoiselle, produzida pela mesma perfumaria e Light Blue, da Dior. Almejou-se estabelecer os efeitos de sentido proporcionados por esses discursos, à medida que direcionam, na interpelação, para uma subjetividade específica, contribuindo para reafirmar a filiação discursivo-ideológica que tem por fim manter os interpelados na categoria do “bom sujeito”. A partir da análise das notas composicionais, observou-se que formações discursivas antagônicas legitimam a construção das identidades e reiteram a mulher heterossexual como um ser estético, voltado para a beleza e a sensibilidade das flores e para a configuração da força feminina a partir de uma formação discursiva diferente daquela que significa o homem, ou seja, a força da mulher é simbolizada em torno da sua sexualidade e da marcação de sua presença em cena.
O lugar e o não lugar do negro brasileiro no século XX: a paratopia e a identidade no discurso literário Carta de um defunto rico, de Lima Barreto Ramon Silva Chaves (PUC SP) ramon.schaves@gmail.com Este estudo tem como tema o debate sobre as questões identitárias do negro brasileiro no início do século XX por uma via discursivoenunciativa que entende Carta de um defunto rico, publicado por Lima Barreto no chamado, pela crítica literária, pré-modernismo, como discurso literário cuja enunciação manifesta uma tensão entre materialidade enunciativa e materialidade histórica, capaz de trazer à tona a identidade negra daquela contemporaneidade. Carta de um defunto rico é um discurso publicado no início do século XX, no Brasil, por Afonso Henriques de Lima Barreto, homem negro que defendeu uma literatura voltada para questões sociais de sua época; sobretudo questões étnicas que foram sustentáculo de desigualdade social. O discurso objeto de nossa análise traz elementos desta época ligados a uma organização social injusta que privilegiava uns em detrimento de outros, com mais veemência negros em detrimento dos brancos, mostrando o lugar do negro e o não lugar deste. Para nossa análise mobilizamos o conceito de paratopia do discurso literário, de Dominique Maingueneau (2006), pois consideramos que o nosso objeto mobiliza elementos 338
Resumos: Comunicações Individuais discursivos enunciativos topicalizados por meio de gêneros, como a carta, e, também, formações sócio-discursivas consagradas socialmente; tal qual o comportamento burguês, entretanto, esses elementos estão em concorrência com atividades não topicalizadas, como a violência e o racismo que, mormente, podem ser identificados pelas formações sócio-discursivas atópicas. É esta tensão, provocada pelo discurso literário, a paratopia literária. Nosso estudo é parte da tese de doutoramento em curso, com prazo para 2018, a ser defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e corresponde ao campo da ciência Linguística, dentro das acepções da disciplina da Análise de Discurso. . O sujeito com sobrepeso em embalagens de produtos dietéticos: a polifonia em foco Raniere Marques de Melo (UFPB) prof.ranieremarques@gmail.com Maria de Fátima Almeida (UFPB) falmed@uol.com.br Este trabalho visa, através das contribuições da Análise Dialógica do Discurso, discutir e analisar, dialogicamente, como os rótulos de embalagens de produtos dietéticos constroem a identidade do sujeito com sobrepeso. De forma mais pontual, pretende-se responder ao seguinte questionamento: como se dá a construção identitária do sujeito com sobrepeso em embalagens de produtos dietéticos? Para isso, partimos da concepção de que a linguagem, para Bakhtin (2002), é heterogênea e polifônica, repleta de muitas vozes; contudo, essas vozes são possíveis de serem percebidas, surgem no enunciado em oposição ou em congruência às outras vozes, produzindo um efeito de apagamento e ressignificação. Nesse sentido, os enunciados em rótulos de embalagens também são polifônicos, uma costura de diversos discursos, já que podemos identificar o lugar social específico de cada discurso que está presente nessa materialidade. Em interface com os Estudos Culturais, nossa investigação se baseia também em analisar os enunciados dessas embalagens à luz do conceito de identidade, conforme Bauman (2005) e Hall (2005). Para tanto, analisaremos cinco rótulos de produtos de diferentes marcas de produtos dietéticos; com isso, o que propomos é analisar a identidade, como uma “construção discursiva, histórica, sempre múltipla, heterogênea, instável”, que acontece na e pela linguagem. Dessa forma, toda linguagem utilizada na elaboração desses enunciados é provocadora de criar e recriar sentidos entre sujeitos sobrepeso/sociedade. A materialização dessa atividade enunciativa, por sua vez, estabelece a formação da identidade do sujeito com sobrepeso, através de discursos que incluem, excluem e que realçam as diferenças sociais.
Legitimidade política e relações de desigualdade de gênero Raquel de Freitas Arcine (UEM) raquelarcine@hotmail.com Silvia Caroline Gonçalves (UEM) silviacaroll@hotmail.com A legitimidade configura-se como um eixo constitutivo do discurso político e gera constantes discussões no que se refere à desigualdade de gênero, tendo em vista o reduzido número de mulheres que atuam no campo da política. Associa-se a essa questão o poder da instância midiática em construir imaginários sociais, devido a sua natureza exotérica e ao seu papel de mediação, os quais corroboram na constituição de imagens em relação à figura feminina enquanto sujeito político. Sendo assim, torna-se relevante problematizar como as memórias acerca da mulher sustentam a (re)produção/transformação de sentidos materializados na representação do sujeito político mulher. Norteadas pela Análise do Discurso de linha francesa, esta comunicação tematiza a discursivização da mulher política no discurso midiático no que se refere à legitimidade política. Nossa proposta constitui um gesto de leitura de duas charges que circularam em rede digital e que fazem referência à Dilma Rousseff, as quais foram publicadas em momentos diferentes, sendo uma em 2010 e outra em 2015. O que nos motivou a escolher charges de períodos distintos foi a maneira pela qual a questão do gênero foi abordada por ambas, refletindo na significação da legitimidade política de Dilma Rousseff. Para isso, serão mobilizados os conceitos de formações imaginárias (PÊCHEUX, 1997) e legitimidade política (CHARAUDEAU, 2006), sendo relevante mostrar como os efeitos de sentido das charges se dão a partir da relação entre suas condições de produção (historicidade), pré-construído acerca da mulher e as representações de Dilma Rousseff pelo trabalho da memória discursiva, pois, enquanto elementos constitutivos, atravessam o objeto discursivo em seu nível de formulação, de natureza verbal/não verbal, e de constituição. Podemos perceber que as charges, embora ocupem lugares diferenciados de dizer, constituem um processo parafrástico que sugere deslocamento de conteúdo, mas não discursivo, apontando ambas para a relação entre legitimação política e desigualdade de gênero.
Análisis de las desigualdades de género en el Marco de la Intervención Social para la Superación de la Pobreza en Chile (1990-2010). Rayén Amanda Rovira Rubio (Universidad de Manizales) rayenrovirarubio@gmail.com Desde la década de los 90 el Estado Chileno perfiló una intervención directamente orientada a la superación de la pobreza, desde dicho marco se han puesto en marcha diverso planes y programas que se volvieron, con el paso de tiempo, centrales en el quehacer gubernamental, configurándose desde ellos parte importante de la relación actual entre el Estado y la población. A partir de un estudio de discursos presidenciales dados entre 1990- 2010, basado en el análisis crítico (Fairclough, 1989, 2000, 2003; van Dijk, 1995) se indagó en los cambios y continuidades de las intervenciones para la superación de la pobreza en relación al rol de hombres y mujeres en dicha tarea. Los resultados dan cuenta que para las políticas focalizadas, la familia se enarboló como institución base de la 339
Resumos: Comunicações Individuais sociedad estimulándose su intervención social, dentro de la cual los agentes principales de cambio han sido mujeres, quienes son las responsables de la construcción de ciudadanía, situándose a las mujer pobre como un brazo civil de acción política de protección de la vida y la patria (Vera, 2005). Tal como también, se observan una invisibilización del rol masculino en lo referente al ámbito privado de la familiar, y su mayor visibilización en la figura del adulto y/o joven, en lo público tanto en planes laborales como en programas de seguridad ciudadana, dándose cuenta de una división de género en las acciones dadas para la superación de la pobreza, donde la mayor responsabilidad ha recaído en las mujeres jefas de familia. Nos detendremos brevemente en esta feminización del enfrentamiento de la pobreza, sus antecedentes y alcances en la actual construcción de sujetos sociales.
A representação da mulher da periferia na grande mídia Regiany Silva de Freitas (PUC-SP) regianysilva.mural@gmail.com Os veículos da grande mídia ocupam o lugar de quem pode falar, de quem tem poder de alcance e, portanto, uma certa credibilidade para produzir representações sociais sobre lugares, pessoas, acontecimentos, posições políticas, cujos desdobramentos têm contribuído para a manutenção da hegemonia sobre grupos minoritários. Entre esses grupos encontram-se as mulheres, e ainda mais marginalizadas, as mulheres negras que moram nas periferias das grandes cidades. Tomando como objeto de estudo, o projeto desenvolvido pelo coletivo Nós, mulheres da periferia, intitulado Desconstruindo Estereótipos: #eumulherdaperiferianamidia, intencionamos compreender como os discursos midiáticos hegemônicos constroem representações homogêneas e estereotipadas sobre o que é ser uma mulher moradora da periferia. Frequentemente, deparamo-nos com a representação dessas mulheres em papéis subalternos, em contextos de miséria e violência. “Um vai e vem incessante se estabelece assim entre as imagens alojadas em nossa cabeça e as que são divulgadas abundantemente pelos textos e pelas media.” (Amossy, 1991, p. 9). Na teledramaturgia, por exemplo, as mulheres negras são, quase sempre, domésticas e seus corpos muitas vezes são expostos por meio de grande apelo sexual. A análise parte da confrontação entre os discursos de moradoras de bairros afastados da cidade de São Paulo e daqueles que circulam e pretendem representá-las na grande mídia. Reflete, ainda, sobre como tais discursos são recebidos e significados por essas mulheres. Assim, o que também se coloca como experiência a ser analisada é a possibilidade de que essas mulheres contem as próprias histórias, sem o intermédio do olhar do outro, no caso, a grande mídia, quase sempre representada por homens brancos da classe média e moradores de áreas ditas “nobres” da cidade. Para a análise em questão, recorreremos às noções de estereótipo (Amossy, 1991) e aos princípios de interdiscurso e da polêmica como interincompreensão (Maingueneau, 2008). Anúncios multimodais publicitários e a construção de identidade(s) feminina(s): expressões e implícitos Regina Celia Pagliuchi da Silveira (PUC/SP) regcpf@osite.com.br Esta comunicação se situa na Análise Crítica do Discurso com as vertentes sócio-cognitiva e Semiótica Social. Tem-se por tema o poder da mídia e a inter-relação de imagens, cores e o verbal, na organização de textos multimodais publicitários impressos, para a representação de identidade(s) feminina(s) que (re)produzem desigualdades sociais. Os objetivos são: 1. examinar a seleção e combinação de expressões multimodais em anúncios publicitários para criar o lugar da sedução para o consumo; 2. verificar qual (ais) identidade(s) femininas é (são) construída(s) pelos anúncios de roupas e acessórios em textos multimodais impressos. Tem-se por ponto de partida que o discurso publicitário é caracterizado pelo macroato de fala transformar o interlocutor em consumidor. Os anúncios publicitários contêm uma mensagem paga e veiculada nos meios de comunicação, com o objetivo de se vender um produto ou serviço, sob a forma de uma marca comercial, para um público-alvo. Os anúncios publicitários multimodais impressos são produzidos com recursos linguísticos e visuais (palavras, imagens e cores) que objetivam criar um espaço de sedução para os futuros consumidores, recorrendo aos princípios aristotélicos de apelo, emoção e oferecimento de provas para obter a credibilidade do seu público-alvo. O material de análise foi coletado em revistas brasileiras impressas que têm acesso a um público diversificado, por idade, classe social e nível de escolaridade. As análises objetivaram examinar as relações sócio-cognitivas cotextuais e contextuais para a representação do feminino, com método qualitativo. Os resultados indicam que: 1.as imagens, as cores e o verbal estão interrelacionadas por complementaridade, para a construção dos sentidos, orientando a explicitação de implícitos; 2. O gênero feminino é representado de forma diversificada, dependendo do produto anunciado. Conclui-se que as formas de representação multimodais impressas constroem identidades sociais femininas fragmentadas, reprodutoras de desigualdades sociais, guiadas por valores ideológicos e culturais. Trajetórias escolares e práticas docentes de professoras das camadas populares: reflexões a partir da análise de memoriais acadêmicos Regina Lúcia Cerqueira Dias (UFF) regcerdias@yahoo.com.br Este artigo tem como objetivo investigar as trajetórias escolares e prática docente de professoras que atuam na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental pertencentes às camadas populares. Procurar-se-á refletir, a partir da análise de memoriais acadêmicos elaborados em 2009 por um grupo de alunas-professoras do último período do curso Normal Superior, acerca da formação escolar e da prática docente desses sujeitos. A instituição na qual atuei como professora e orientei a elaboração de memoriais localiza-se na região metropolitana de Belo Horizonte. Tal análise será feita à luz de teóricos como Pierre Bourdieu e Bernard Lahire que tratam da escolarização das classes populares e de trabalhos desenvolvidos por autores como Maurice Tardif e Carlos Marcelo que se dedicam a pesquisas sobre formação e prática docente. Utilizou-se no estudo uma abordagem biográfica. Assiste-se nos últimos anos a um aumento no número de docentes oriundos dessas camadas sociais. O trabalho pretende contribuir para que possamos compreender melhor quem são essas professoras, suas particularidades. Acredita-se que tal conhecimento seja 340
Resumos: Comunicações Individuais fundamental para orientar nossas práticas como formadores de docentes e repensar a estrutura curricular dos cursos que formam esses profissionais da educação. A abordagem biográfica adotada neste estudo foi redescoberta, de acordo com Giles (2008, p.320), no início dos anos 70 do século XX e foi de grande importância para a Sociologia, porque trouxe de volta o sujeito nas investigações, as quais privilegiavam até então os processos sociais. O autor defende a relevância dessa abordagem, argumentando que, ao se trabalhar com a história da vida de um sujeito, estamos também investigando “o relato ou a história da vida em sociedade”. Além da contribuição que os memoriais acadêmicos podem proporcionar aos formadores de professores, pois amplia o conhecimento sobre os discentes, Souza (2008) ressalta a importância desse tipo de experiência com histórias de vida, biografias educativas, e entrevistas narrativas por essas metodologias apresentarem uma possibilidade de superar a racionalidade técnica nesse campo. Segundo Souza (2008, p.91), “quem narra e reflete sobre sua trajetória abre possibilidades de teorização de sua própria experiência e amplia sua formação através da investigação e formação de si”.
Desigualdades na construção da argumentação nas redações do ENEM Regina Lúcia Péret Dell´Isola (UFMG) reginadellisola@gmail.com
Nesta comunicação, apresentamos o resultado de um estudo acerca da desigualdade na construção argumentativa em redações do Enem. À luz do sociointeracionismo discursivo tal como propôs Bronckart (1996), partimos da hipótese de que a produção de um texto eficaz decorre, principalmente, do domínio dos elementos discursivos responsáveis por sua configuração. Investigamos as estratégias usadas por candidatos ao Enem para demarcar a construção da argumentação em si, focalizando o emprego dos operadores argumentativos e o uso das modalizações. Na análise realizada, evidenciamos as etapas constituintes da estrutura e do conteúdo de redações do Enem selecionadas, aleatoriamente, de um conjunto de provas de Redação disponibilizadas pelo Inep/MEC. Procedemos ao agrupamento dos textos a partir 1) do uso de marcadores argumentativos de oposição/mecanismos de textualização – com base em levantamento dos operadores argumentativos mais recorrentes no corpus, responsáveis por conexões de caráter opositivo no espaço textual; 2) do uso de mecanismos enunciativos - focalizamos o emprego de modalizações; 3) da construção da sequência argumentativa – avaliamos as sequências padrões e não padrões da construção argumentativa. Os resultados alcançados evidenciam que, de modo geral, a produção escrita no contexto avaliativo do Enem, apresenta deficiências no nível macro sintático, no da textualização e no enunciativo. Entre as desigualdades observadas na configuração dos textos do nosso corpus verificamos a) os modos de coordenar as etapas constituintes da sequência argumentativa; b) a diversidade de estratégias para a configuração do texto empírico como uma unidade de raciocínio; c) o uso inadequado de relações intertextuais; d) a baixa informatividade; e) a reprodução dos lugares-comuns como a principal estratégia de argumentação, entre outros. Quanto à construção do conteúdo temático, nota-se a diversidade de modos de se articular o diálogo com os textos-base sugeridos na proposta de redação. O resultado desta pesquisa conduz a importante reflexão sobre a necessidade de se privilegiar os aspectos formais da construção de argumentos para se desenvolver as habilidades dos alunos da Ensino Médio voltadas à percepção de etapas essenciais do texto, como a abordagem temática e as formas de representação de intenções individuais e das vozes coletivas no espaço do texto.
Criatividade discursiva na publicidade televisiva: um estudo da utilização de crianças na construção de representações Regysane Botelho Cutrim Alves (UFMA/UnB) regysane@gmail.com Este trabalho trata de discurso e criatividade na publicidade televisiva. A reflexão e a análise propostas são baseadas no conceito de criatividade como a habilidade de produzir um trabalho que seja tanto uma novidade quanto algo adequado para uma dada atividade. Nossa questão parte do pressuposto de que a criatividade faz parte do processo de produção dos comerciais televisivos que, afora todas as coerções do mercado e das empresas, precisam manter o interesse dos consumidores na aquisição do produto que divulgam. O objetivo é discutir a presença da criatividade discursiva a partir de dois filmes publicitários de um detergente em pó que utilizam imagens de crianças como recurso para a construção de significados. Os comerciais que utilizam a participação de crianças foram selecionados porque acreditamos que eles usam as crianças para gerar significações que revisitam ideias familiares ao público consumidor no processo de construção dos conceitos que buscam associar à marca ou ao produto anunciado tendendo a uma manutenção discursiva. Assim, analisamos: a) a presença da criatividade discursiva nos comerciais; e b) se a criatividade presente na publicidade subverte ou mantém discursos hegemônicos, especialmente por meio da representação dos atores sociais utilizados nas peças publicitárias escolhidas. Para tanto, fizemos uso de algumas categorias propostas pela Análise de Discurso Crítica, segundo os estudos de Norman Fairclough, para analisar as estratégias discursivas utilizadas nos comerciais e as categorias da Teoria da Semiótica Social/Multimodalidade para nos auxiliar na descrição dos modos como os elementos semióticos são organizados para comporem significados simbólicos. A análise demostrou que a publicidade muda o seu discurso a fim de manter o valor do produto, mas não necessariamente muda representações hegemônicas nas identidades negociadas para o seu público consumidor.
A palavra na produção de sentidos: uma reflexão discursiva sobre a linguagem politicamente correta Reinaldo César Zanardi (UEL/Unopar) rczanardi@gmail.com A língua como atividade social pressupõe um fenômeno inerente ao ser humano: a capacidade de se comunicar, que lhe permite apreender conteúdos, dando-lhes um significado, a partir de um efeito de sentido. A comunicação é inerente ao ser humano, mas a linguagem não é natural; é fabricada e adquirida socialmente a partir de convenções. Na relação sentido criado/significado 341
Resumos: Comunicações Individuais apreendido (interpretação), deve-se levar em conta o discurso: um terreno fértil para posicionamentos ideológicos, a partir do assujeitamento. O efeito de sentido depende do sujeito do discurso na interseção entre o social, a história e a ideologia. Tomando a ideologia materializada na linguagem, a história como espaço de significação social e os efeitos de sentidos do discurso, o objetivo deste trabalho é refletir discursivamente sobre a linguagem politicamente correta (LPC), que propõe substituir palavras consideradas negativas por outras – positivas/neutras – para amenizar/reduzir o preconceito contra públicos marginalizados, que sofrem com a desigualdade. Neste caso, com o tratamento linguístico. Neste estudo, o recorte da LPC abrange o adjetivo negro que compõe sentidos à raça negra e situações ruins ou indesejáveis. Para tanto, este trabalho vale-se de manchetes de diferentes veículos: “O câmbio negro do colarinho branco”, Estadão On-Line; “Tráfico de animais, um mercado negro e cruel”, portal Brasil 247; "Baladas usam lista negra para barrar clientes indesejados", Folha de S. Paulo. Como suporte teórico, este trabalho recorre a Michel Pêcheux que sistematiza contribuições da Linguística de Saussure, do Materialismo Histórico de Marx e da Psicanálise de Freud; e também Michel Bréal: com a obra “Ensaio de Semântica”, publicado originalmente em 1897. A LPC, quando substitui a palavra negro por outros termos no corpus estudado, inscreve outros sentidos que favorecem outra formação discursiva. Portanto, a palavra, filiada a um discurso, é um instrumento fundamental neste processo. A LPC não é uma lei. Esta modalidade revela-se um projeto político com muitos méritos, mas este não é um tema que se esgota facilmente porque muitos vieses podem ser mobilizados para explicar causas e consequências; buscar aprovação ou reprovação da proposta.
Ler em voz alta ou ler em silêncio? - O tema do ensino da leitura no discurso pedagógico produzido na década de 1930 Rejane Rodrigues Almeida de Medeiros (UFSCar) rejane_almeidademedeiros@yahoo.com.br O objetivo deste trabalho é analisar o discurso pedagógico sobre o ensino da leitura em voz alta e silenciosa, contido em impressos destinados à formação de professores primários e secundaristas, publicados na década de 1930. A partir de conceitos, como enunciado, discurso, formação discursiva, saber, arqueologia e arquivo, sistematizados por Michel Foucault (2012), procura-se investigar como o saber sobre o ensino da leitura aparece em duas formações discursivas, e de que modo a leitura em voz alta é associada ao “tradicional”, e a leitura silenciosa, ao “moderno”, no discurso pedagógico. Os dados da análise foram extraídos dos livros "Manual de califasia e arte de dizer: para uso das escolas normais e cursos de declamação", de Silveira Bueno, lançado em 1930, e "O idioma nacional na escola secundária", de Antenor Nascentes, editado em 1935; e do artigo intitulado “Principais reformas modernas no ensino da leitura”, escrito por William S. Gray, e veiculado, em 1933, pela Revista de Educação, órgão da Diretoria Geral do Ensino do Estado de São Paulo. O saber sobre o ensino da leitura, na década de 1930, se constituía por relações polêmicas entre aqueles enunciados que defendiam e preconizavam a leitura em voz alta na sala de aula, prática que, de algum modo, era herdada da tradição, e os enunciados que sugeriam a leitura silenciosa, os quais, amparando-se em estudos científicos de psicologia e sociologia, propunham uma modernização nas práticas de ensino de leitura nas classes através da inclusão do ensino da leitura silenciosa, representando, assim, uma ruptura com a tradição. As “quedas” de Emma Bovary: análise discursiva do processo judicial contra Flaubert Renata Aiala de Mello (UFBA) demello.renata@gmail.com Em 1857, Gustave Flaubert é processado por ter publicado Madame Bovary, um romance considerado, na época, um ultraje à moral, à religião e aos bons costumes. O romancista e sua personagem principal – Emma Bovary – chocaram por suas atitudes destoantes do padrão socialmente estabelecido e aceito pela sociedade francesa burguesa oitocentista. Esse acontecimento acaba por promover um embate, uma discussão estética, ética e moral sobre a função educadora da arte. Buscamos, nesse corpus, analisar como os estereótipos de comportamento feminino, de educação sexual e de relações de gênero são discursivizados e como eles são utilizados como argumentos para pathemizar os envolvidos. Para alcançar nossos objetivos, analisamos, sob o viés da Análise do Discurso, mais particularmente a partir dos estudos de Amossy sobre o conceito de estereótipo , de Maingueneau e Amossy sobre o conceito de ethos, e de Plantin e Amossy sobre pathos, o Requisitório, construído pelo Promotor M. Pinard, e o discurso de defesa, proferido pelo advogado de Flaubert, M. Sénard, durante o processo judicial. Percebemos que tanto a promotoria quanto a defesa de Flaubert se atem mais particularmente no ethos e nas ações Emma Bovary, sobretudo naquilo que ambos chamam de “quedas”, referindo-se aos “erros” cometidos pela personagem principal do romance Madame Bovary. Os dois advogados se mostram mais preocupados com o pudor e com a educação moral e sexual das jovens leitoras do que com as desigualdades de gênero que subjazem o romance e a sociedade na qual ele se insere. A representação identitária dos sujeitos haitianos de Três Lagoas – MS Renata Aparecida Ianesko (UFMS – UNIR) re.ianesko@gmail.com Com o objetivo de entender o contexto histórico-social do sujeito investigado, esta pesquisa se insere na visão discursivodesconstrutivista. Consideramos, nessa perspectiva, que é possível haver a desconstrução em todo discurso. Ou seja, não há apenas um sentido para cada discurso e a sua interpretação dependerá de todos os âmbitos sociais ao qual ele foi pronunciado. Assim temos como propósito desconstruir verdades construídas ao longo da história. Abordaremos, assim, o método arqueogenealógico desenvolvido por Foucault (2008), o qual pretende pensar criticamente sobre os discursos, levando em consideração a história e o momento social em que ele acontece. Para entender o contexto do Haiti, consideramos importante observar que sua história foi marcada por grandes fluxos migratórios. Entre os anos de 1793 e 1803 iniciou sua história de imigração com milhares de escravos 342
Resumos: Comunicações Individuais africanos sendo levados para o Haiti e nesse trabalho, daremos ênfase a questão migratória atual em que o Haiti se encontra levando em consideração sua questão histórica. É nesse contexto que nossa pesquisa tem como objetivo geral observar, a partir das entrevistas coletadas, como se dá essa constituição identitária do sujeito haitiano no ano de 2016, imigrante no Brasil na região de Mato Grosso do Sul, na cidade de Três Lagoas. Como revisão teórica, procederemos aos recortes dos dizeres sob a perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa e dos Estudos Culturais, abordando as noções de sujeito, discurso e formação discursiva, pela leitura de Pêcheux (1990) e Foucault (2008); representação e identidade, pelo viés de Coracini (2007), relações de poder e resistência, pela perspectiva de Foucault (1995); exclusão, à luz das contribuições de Bauman (1998) e Bhabha (1998).
Pixo, logo existo: vozes de pixadores da cidade de São Paulo Renata Sant'Anna Lamberti (PUC – SP) relamberti@hotmail.com A pesquisa que vimos desenvolvendo tem por objetivo problematizar o fenômeno da “pixação” na cidade de São Paulo, partindo do pressuposto de que a relação entre o “pixador” e a sociedade, de um modo geral, é tensa e configura-se como marcada por embates permanentes e diversos posicionamentos ideológico-discursivos, dentre os quais os provenientes de instituições e aqueles oriundos da comunidade discursiva dos pixadores. Temos então, como corpus deste projeto, o documentário PIXO, disparador deste trabalho, o texto jornalístico “A arte de ponta cabeça”, publicado no blog “Aliás” no sítio de domínio do periódico Estadão e a entrevista realizada com o pixador “Cripta” Djan, um dos principais representantes da comunidade dos pixadores na cidade de São Paulo e no Brasil. Destacamos também que a pixação, considerada, até mesmo pelos próprios “pixadores”, uma “invasão” do espaço público, é um o fenômeno que coloca em relação discursos vários, mobilizando diversos temas como arte, cidade, memória, poder, resistência e história. Para apropriação adequada de tal fenômeno, faz-se necessário compreender as raízes históricas desse processo enunciativo que tem como cenário a paisagem urbana, seus atores, seu contexto e, principalmente, a comunidade discursiva que sustenta o movimento do pixo. A pesquisa se fundamenta nos estudos discursivos, com ênfase nos princípios desenvolvidos por Dominique Maingueneau em Gênese dos Discursos (2008), mais especificamente, o primado do interdiscurso, a competência interdiscursiva, a polêmica como interincompreensão, comunidade discursiva e prática intersemiótica. Ancora-se também nas reflexões desenvolvidas por Michel Foucault, em Microfísica do Poder (2001), no que diz respeito à genealogia do poder.
Produção de textos do tipo argumentativo nas modalidades oral e escrita em uma escola pública na perspectiva da análise do discurso Renata Soneghetti Cauper Pinto (FFP-UERJ) renata.aulas@gmail.com A partir de dificuldades encontradas em produções orais e escritas de textos do tipo argumentativo por alunos de uma turma de oitavo ano, surge a ideia de realizar atividades pedagógicas, em etapas, considerando contribuições da Análise do Discurso. Nesse caso, pretendemos elaborar uma pesquisa que mostre como as condições de produção em sala de aula podem auxiliar na formação discursiva e, portanto, argumentativa dos discentes. A metodologia utilizada é de natureza qualitativa (BORTONI-RICARDO, 2008), compatível com a pesquisa-ação (THIOLLENT, 2009), por meio da qual serão feitas as intervenções em cada etapa proposta. As atividades didáticas a serem realizadas têm como ponto de partida os Temas Transversais apontados nos PCN. Com base em autores como MICHEL PÊCHEUX (2002) e ENI ORLANDI (2003), temos o intuito de analisar, ao longo do processo, o quanto o discurso produzido é formado por já-ditos e memórias, ou seja, pelo interdiscurso; e de que forma essas observações podem potencializar o trabalho do professor na comunidade em que atua. Consideramos ainda análises de KLEIMAN (2011) sobre estratégias de leitura na abordagem de textos e de KOCH (2014) sobre estratégias de produção textual, as quais nos servirão de parâmetro para a análise do material a ser produzido. Pretende-se que a produção final seja a retextualização, defendida por MARCUSCHI (2010), do texto oral registrado para um texto na modalidade escrita, de tipo argumentativo, e vice-versa; além do preparo de um arquivo de áudio, o podcast, como motivação para expressão oral dos alunos. Serão apresentadas, portanto, relações entre o tratamento da oralidade e da escrita no ensino de Língua Portuguesa. As produções serão veiculadas no blog e no jornal da escola onde a pesquisa tem sido realizada. Espera-se como resultado que as etapas propiciem aos discentes uma análise mais sistemática dos recursos argumentativos e uma melhor reflexão sobre sua linguagem.
O discurso do desarmamento pelo viés da Religião e da Filosofia Renato Cassim Nunes (PUC) renato.nunes12@hotmail.com Geiziele Martins Silva (PUC-Minas) geizi.martins@hotmail.com A Análise do Discurso, sobretudo a Francesa, tem, segundo Orlandi (1987), a pretenção de se apropriar de uma teoria crítica que trata dos processos de significação. Nessa perspectiva, a AD articula ciências sociais com teoria linguística, assim ao observamos o discurso do desarmamento, muito presente no cenário político brasileiro devido a interferência de grupos religiosos e filosóficos, os quais assumem pontos ideológicos diversificados, notamos posicionamentos identitários com fins persuasivos marcadamente préestabelecidos, os quais se valem de elementos retóricos para alcançar a aprovação das grandes massas. Dessa forma é importante, como disse Maingueneau (2008) problematizar a medida em que os discursos induzem a certa concepção de discursividade e de modelização. É o que tentaremos responder, à medida que iremos a analisando o discrso do pastor Silas Malafaia e do Filósofo Bene Barbosa sobre a lei do desarmamento no Brasil. 343
Resumos: Comunicações Individuais Interfaces entre catarse e pathos: alguns apontamentos Renato de Mello (UFMG) ufmgrenato@gmail.com O presente trabalho propõe apontamentos sobre algumas possíveis interfaces entre dois conceitos: catarse e pathos; o primeiro ligado primordialmente ao universo teatral e o segundo voltado inicialmente para a Retórica e para Argumentação. Ambos os conceitos tem sido, entretanto, utilizados para explicar as emoções, sejam elas conscientemente suscitadas ou não, sentidas ou não, nos mais diversos gêneros discursivos/textuais. Parte-se do princípio de que textos/discursos, quaisquer que sejam eles, produzidos em momentos históricos específicos, determinam sua produção e sua recepção e, por conseguinte, apresentam maneiras particulares, específicas de sentir, de (se) emocionar, dependendo do contexto de circulação social, numa relação que mescla os sujeitos nos níveis situacionais e discursivos da interação comunicativa. Pretende-se, com isso, um melhor entendimento da proximidade entre desses dois conceitos sempre ligados às instâncias enunciativas que se valem dos elementos situacionais, discursivos, linguísticos e psicossociais, de maneira polifônica, dialógica, inter-, intra- e extra-discursiva, incluindo vozes, corpos e tons, enfim, tudo aquilo que compõe o quadro comunicacional. Catarse e pathos se constroem, se (con)fundem, desse modo, nos e pelos interlocutores, todos eles co-construtores de sentidos e de emoções na e pela linguagem, no e pelo discurso. Como arcabouço teórico, tem-se os estudos de Aristóteles, de Amossy e de Plantin, dentre outros, que tratam do conceito de pathos, e de estudos de Aristóteles, Delaunay e Ubersfeld, dentre outros, que pesquisam o conceito de catarse.
Processo de subjetividade e a leitura sobre desigualdade social nos discursos musicais de Criolo Ricardo Celestino (PUCSP) ricardo.celestino2003@gmail.com Em contribuição aos estudos enunciativo-discursivos propostos pela Análise do Discurso de linha francesa, temos a proposta de analisar o discurso Subirusdoistiuzin, do poeta e músico contemporâneo, Criolo. Como objetivo, examinamos as marcas de subjetividade presentes na amostra selecionada, que levam o enunciador a ressignificar a desigualdade social na confluência dos campos discursivos da arte, da cultura pop e do consumo de drogas. Criolo é o nome artístico de Kleber Cavalcante Gomes, rapper paulista desde 1989. Conhecido por ser o criador da Rinha dos MC’s e abrigar batalhas de freestyle, shows semanais, exposições de graffitti e fotografias. Em 2010, com a gravação de seu single com as faixas Grajauex e Subirusdoistiozin, há uma mudança em seu estilo artístico, diversificando-o com diálogos entre MPB, funk, soul e blues. Identificamos que a amostra selecionada é um discurso constituído por formações discursivas da arte, da cultura pop, do consumo de drogas, com o intuito de traduzir o cotidiano da periferia paulistana, especificamente o bairro de Grajaú. O discurso denuncia a desigualdade que se instaura na cidade de São Paulo e afeta a rotina social de quem vive nos bairros periféricos. Selecionamos como fundamentação teórica as noções de subjetividade propostas nos estudos de Michael Foucault, Gilles Deleuze e Felix Guattari. As noções oferecem um campo conceitual sobre a potência de variação da expressão humana e compreendem a subjetividade como uma produção fruto de encontros com o Outro, o que de certa forma contribui para as reflexões sobre interdiscursividade propostas por Dominique Maingueneau. Trata-se a subjetividade de um processo de produção resultante da apreensão parcial que o sujeito-enunciador realiza de uma heterogeneidade de vozes presentes no contexto social.
As estratégias discursivas acionadas pelo fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) na conversão e manutenção de fiéis Ricardo Rodrigues de Assis (PPGCOM/UFJF) rickassis@yahoo.com.br Esta proposta objetiva investigar como o líder religioso, Apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), se utiliza dos recursos orais, imagéticos e gestuais para propagar sua ideologia religiosa. Para tanto, toma-se como recorte empírico o culto dominical “Domingo da Grandeza de Deus” que vai ao ar semanalmente, às 7h, pelo canal 21 UHF. Considerando as discussões sobre religião e mídia, esta pesquisa trata do crescente desejo dos líderes religiosos pelo controle de veículos de comunicação, especialmente a TV, que possibilita uma transmissão rápida e, principalmente, por sua especificidade de confluir som e imagem, permitindo a espetacularização do sagrado. Essa passagem do mundo profano para o sagrado foi abordada pela perspectiva de limiar (Eliade, 2001). Esse ponto limítrofe tem se tornado cada vez mais permeável com o advento das novas tecnologias de mídia, que leva o sagrado aonde quer que o indivíduo esteja. Em termos metodológicos, a Análise do Discurso (AD) é o alicerce deste trabalho que se dispõe a investigar o que há por detrás das palavras e, por conseguinte, as manifestações de poder que se firmam por imposição das ideias, manifestadas no discurso de onde se pode apreender a relação entre ideologia e linguagem (Orlandi, 1994). Desenvolveu-se, por meio do corpus em questão, uma abordagem de análise discursiva não verbal (componentes cênicos, movimentações de câmeras, músicas, gestos corporais, dentre outros) e análise do discurso proferido no culto, mostrando as variantes semânticas propositalmente utilizadas por Santiago para alcançar seu objetivo primeiro: fazer com que os fiéis entrem em “ação” logo após o contato com seu discurso, sua palavra. Os resultados apontam para confirmações sobre o caráter autoritário do discurso religioso analisado, que não permite questionamentos ou qualquer outro tipo de interferência por parte dos fiéis ao Apóstolo tido como um “enviado de Deus”. Apontam também para a amplitude das vozes que emergem do discurso do líder religioso, agindo como ferramentas utilizadas no processo de contextualização da fé com religiosidade, alienação com subserviência, características nítidas demonstradas pelos fieis da Igreja Mundial do Poder de Deus.
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Resumos: Comunicações Individuais Memória, gourmetização e elementos tipográficos na construção da persuasão-nostálgica Richarles Souza de Carvalho (UNISUL) profricharles@gmail.com O presente trabalho (que faz parte de uma tese de doutorado em andamento) busca discutir questões relacionadas à memória e ao fenômeno contemporâneo da gourmetização, dentro do quadro teórico da Análise do Discurso. Entendemos o fenômeno da gourmetização como a grande exposição da gastronomia que acontece atualmente, sobretudo a alta gastronomia, em variadas mídias, e a busca do requinte (às vezes duvidoso ou falacioso) na elaboração de comidas que agregam valor de venda. A gourmetização tem em sua constituição discursiva o alicerce de elementos textuais persuasivo-nostálgicos. Dentre esses elementos, encontram-se expressões que remetem a épocas memoráveis, frequentemente emolduradas em gêneros plurissemióticos que se valem de cores, desenhos e tipografias de estética retrô. O foco desta pesquisa é exatamente em relação a essa semiose – a tipografia. Logo, o objetivo principal é analisar a maneira pela qual a publicidade feita para restaurantes e eventos gastronômicos evoca estereótipos relacionados ao requinte, ao chique, por meio de recursos tipográficos persuasivo-nostálgicos. A fundamentação teórica foi feita a partir da leitura de vários autores, dentre os quais destacamos: Barthes (2005), Halbwachs (2006), Maingueneau (2006; 2010; 2015) e Santaella (2002). Foram recolhidas e analisadas 10 imagens pertencentes a peças publicitárias de eventos gastronômicos (Food Trucks) e logotipos de restaurantes ditos gourmet. Como resultados preliminares, percebemos que as fontes tipográficas mais encontradas são caligráficas ou que imitam a escrita em quadro de giz. Portanto, remetem memoravelmente ao artesanal, ao feito a mão, a uma obsolescência que ora se apresenta como nostálgica. Também foram registradas fontes que relembram o cinema hollywoodiano de décadas passadas. Constatamos, assim, que a publicidade contemporânea, voltada para o fenômeno da gourmetização, utiliza tipografias e recursos imagéticos com estética retrô, mobilizando estereótipos de requinte e fino e a memória de épocas nostálgicas.
Análise textual de dois diálogos em A Hora da Estrela e em suas traduções para o inglês Roberta Rego Rodrigues (UFPEL) betareseau@gmail.com As Abordagens Discursivas aos Estudos da Tradução (MUNDAY, 2012; RODRIGUES-JÚNIOR, 2006) levam em consideração a pesquisa de textos em relação de tradução desde o nível microtextual até o nível macrotextual, tencionando investigar como tais textos manifestam fenômenos linguísticos nos contextos de situação e nos contextos de cultura. Este trabalho trata da análise da estrutura temática (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014) de dois diálogos em A hora da estrela (LISPECTOR, 1999) e em suas traduções para o inglês, realizadas por Giovanni Pontiero (LIESPECTOR, 1992) e por Benjamin Moser (LISPECTOR, 2011). A estrutura temática relaciona-se à identificação e à classificação de todos os Temas em um dado corpus a fim de averiguar como a mensagem é organizada (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014). A motivação para pesquisar este corpus partiu da importância que tem de se dar a obras literárias frequentemente traduzidas. Baker (2000) aconselha a investigação de mais de uma tradução com vistas à obtenção de dados linguísticos mais robustos. Este trabalho tem por objetivos mostrar como a estrutura temática é realizada nos diálogos; conjeturar quais Temas podem ser prototípicos nesse tipo de texto; e suscitar reflexões a tradutores(as). O corpus foi digitalizado, revisado e anotado com categorias de Temas em forma de rótulos (HALLIDAY, 1994). Tal anotação foi também revisada sucessivamente a fim de dirimir possíveis problemas classificatórios. Resultados apontam para uma diversidade na realização dos Temas. Os diálogos realizam Temas não marcados em sua maioria; apresentam ocorrências substanciais de Temas interpessoais fundidos com Processos e Participantes; manifestam estruturas tematizadas, que se relacionam a como a fala pode ser simulada (THOMPSON, 2004) em textos ficcionais. Pode-se concluir que, mediante a análise textual do corpus, sob a égide da estrutura temática, Pontiero e Moser parecem ter projetos tradutórios diferentes. Enquanto que o primeiro tradutor parece tornar sua tradução mais “palatável”, o segundo tradutor parece tornar sua tradução mais “estrangeira” ao olhar do público-alvo em língua inglesa (Cf. VENUTI, 2008). Relativizando questões de patronagem (Cf. LEFEVERE, 1992), os(as) tradutores(as) podem estabelecer um projeto tradutório para si na tradução de textos (literários), que privilegiará a cultura de partida e/ou a cultura de chegada.
O discurso ouvintista e a exclusão do sujeito surdo Roberto César Reis da Costa (UFBA) roberto.fono@gmail.com
Habitualmente, a voz da pessoa surda tem sido subjugada pelo discurso ouvintista. Esse discurso tem se fundamentado numa perspectiva biológica ou médico-clínica da surdez, a qual reduz esse sujeito a um ser deficiente ou incapaz. Em decorrência disso, essa visão tem se transformado num senso comum e isso tem se tornado um entrave para a real inclusão dos surdos. Esses sujeitos comunicam-se por meio da língua de sinais, que é uma língua de modalidade viso-gestual. Considerando-se que, em muitos espaços, eles ainda não têm sido “ouvidos” por conta da indisponibilidade de tradutores-intérpretes de língua de sinais, o vosso discurso têm se constituído como a voz do dominado, visto que a vossa voz é silenciada ou abafada pelo discurso ouvintista. Este trabalho tem como objetivo refletir acerca do discurso ouvintista, o qual tem contribuído para uma inclusão pérfida no que se refere à acessibilidade dos sujeitos surdos.
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Resumos: Comunicações Individuais Subjetividade e desigualdade em textos midiáticos: estudo comparativo de duas notícias Roberto de Farias David Junior (UFRJ) robertofdjr@hotmail.com A proposta do trabalho é analisar duas notícias referentes a um mesmo acontecimento e assinadas pelo mesmo jornalista, publicadas no mesmo dia, em dois jornais do Rio de Janeiro (uma no jornal O Globo e outra no jornal Extra). Tendo como embasamento teórico a Teoria Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, e estudos de Kerbrat-Orrechioni relacionados à enunciação, pretendese contrapor as duas notícias, destacando as diferenças de redação entre os dois textos e discorrendo sobre elementos linguísticodiscursivos que provocam diferentes efeitos de sentido. No que diz respeito à metodologia, trata-se de uma análise de caráter qualitativo, tendo em vista que se propõe levantar marcas linguístico-discursivas dos dois textos e classificá-las, bem como comparar as diferenças na ocorrência dessas marcas e discorrer sobre seus possíveis efeitos de sentido. O corpus, conforme já apontado, é constituído de uma notícia de Camilo Coelho publicada no jornal O Globo e outra publicada no Extra, ambas em 2 de março de 2009 e relacionadas a um mesmo acontecimento.
Funk Ostentação: discursos e desigualdades sociais analisadas em duas músicas do gênero do funk com destaque ao consumo de grifes e marcas de luxo como forma de inclusão social Robson da Silva Constante (Universidade Feevale) robsonconstante@bol.com.br As músicas do gênero Funk ostentação vêm ganhando destaque nas mídias brasileiras. Suas letras carregam enunciados de diversas marcas de grifes nacionais e internacionais, que regem para um consumo de marcas globalizadas e vendem um estilo de vida ou modo de estar em nossa sociedade contemporânea. O gênero do funk tem influência nas expressões musicais africanas e chegou no Rio de Janeiro na década de 70. O estilo musical ganhou novas vertentes (aproximadamente em meados de 2009) em que se chega ao então, funk ostentação ou funk paulistano. Este agora com sua origem no estado de São Paulo. O gênero ostentação será o foco de estudo, em que analisará os discursos pronunciados nas letras das músicas, e que ganham relevo quando discorrem para as desigualdades sociais brasileiras, principalmente ao público-alvo em que os ritmos musicais são direcionados. As desigualdades sociais são percebidas quando cada verso pondera o status social que permeiam o lugar onde vivem, o poder que o dinheiro pode trazer e a importância em ter produtos de luxos de grifes/marcas famosas. Globalização também terá um foco importante pelo viés do consumo, em que marcas americanizadas têm grande influência pela ostentação do luxo e na busca, principalmente, de uma juventude que, sem condições financeiras, vê nas letras uma forma de inclusão em nosso tempo moderno. Em resposta ao funk ostentação também analisaremos neste estudo, uma música com estilo da batida funk com ajuda de um violão, de autoria de Edu Krieger, em resposta a cultura da ostentação e a sua influência na cultura e identidade juvenil ao incentivar o consumo de marcas de luxo como forma de status social e garantia de inclusão social. O aporte teórico terá como base os estudos de Bauman e Lipovetsky que nos ajudarão, através de seus estudos e pesquisas relacionadas ao consumo e os reflexos de nossa sociedade contemporânea. Já pelo âmbito da análise do discurso os autores principais serão: Charaudeau e Maingueneau.
A desigualdade social na análise do discurso da ciência à luz da Linguística Sistêmico-Funcional Rodrigo Araújo e Castro (UFMG) roacastro87@yahoo.com.br Francieli Silvéria Oliveira (UFMG) franciellysilveria@hotmail.com Adriana Alves Pinto Ferreira (UFMG) drikaalves2908@gmail.com Este estudo, localizado no âmbito da Análise do Discurso, se baseia nos pressupostos da Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday e Matthiessen, 2014) e visa realizar a análise do discurso de um resumo acadêmico e de sua respectiva popularização da ciência para observar e comparar a realização gramatical e semântica das desigualdades sociais nesses tipos textuais. Pesquisas como Matthiessen et al (2010) apontam que cada tipo de texto constrói uma representação do mundo com o objetivo de relatar um acontecimento, transmitir um conhecimento, regular o comportamento das pessoas, entre outros. Matthiessen (2012), por sua vez, discute as relações entre a Análise do discurso e a Linguística Sistêmico-Funcional, apontando o estudo pioneiro de Fowler et al (1979), que utilizou descrições do sistema de Transitividade da Linguística Sistêmico-Funcional para a realização de análises do discurso de textos jornalísticos. Além disso, Halliday e Martin (1993) argumentam que o discurso da ciência é constituído de uma terminologia técnica e objetiva persuadir o leitor através da argumentação, privilegiando o especialista e limitando o acesso a domínios especializados da experiência cultural. Dessa forma, mediante a análise de diferentes textos, seria possível comparar o modo como as desigualdades sociais podem ser veiculadas por cada tipo de texto, apontando a relação hierárquica de cada texto por meio dos três parâmetros do contexto da LSF: campo, sintonia e modo (Halliday, 1978). Com base nesses autores, foi compilado um corpus contendo 706 tokens, com textos pertencentes aos processos sócio-semióticos ‘explicar’ e ‘explorar’ e ao modo de produção ‘escrito/monólogo’ (Ure, 1989). A anotação dos textos compilados foi realizada manualmente na ordem do grupo e da oração em uma planilha eletrônica, seguida do processamento e análise dos dados quantitativos gerados no R. Os resultados apontam que, no campo, o domínio experiencial do resumo acadêmico apresenta uma percentagem maior de Processos Relacionais e Materiais do que na popularização da ciência. Além disso, na sintonia, a distância social é maior na popularização, cuja interação é feita do especialista para o nãoespecialista, enquanto, no resumo, a interação ocorre do especialista para o especialista. Com relação ao modo, não foram observadas diferenças entre os dois textos analisados. 346
Resumos: Comunicações Individuais Aforização como mecanismo de construção de imagens de enunciador em manchetes do jornal Meia Hora: um estudo discursivo Rodrigo da Silva Campos (UERJ) rodrigocampos.rsc@gmail.com A presente proposta de comunicação pretende apresentar um desdobramento de nossa dissertação de mestrado que foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Letras (área de concentração: Linguística) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e filia-se à Análise do Discurso (doravante AD) de viés enunciativo. A referida pesquisa possuiu como corpus os jornais Meia-Hora de Notícias e Expresso da Informação (ambos veiculados na cidade do Rio de Janeiro) e teve como objetivo verificar de que maneira se constrói a imagem do leitor presumido dos jornais em questão, a partir da análise de suas manchetes. Nossa comunicação focalizará, no entanto, a construção de imagens de enunciador apenas nas manchetes do jornal Meia Hora, por uma questão de recorte e adequação à presente proposta. Para fundamentá-la, nos apoiaremos nos pressupostos de Maingueneau (1997, 2004, 2008, 2010), no que concerne à concepção de língua e discurso abordada neste trabalho e em relação ao conceito de aforização; em Bakhtin (2011), ao se considerar a língua essencialmente dialógica e polifônica e em Authier-Revuz (1990), no que tange às heterogeneidades enunciativas, que marcam modos de entrada da voz de outro enunciador no fio de um enunciado específico. Foram analisadas manchetes do jornal Meia Hora e percebeu-se que, de uma maneira geral, o enunciador-jornalista, ao enunciar, apoia-se em citações de diversos tipos. Desse modo, foram mapeadas as manchetes que evidenciavam uma lógica de citação e encontraram-se as seguintes categorias de análise: aforizações (MAINGUENEAU, 2008, 2010), discurso direto e uso das aspas (MAINGUENEAU, 2004). Dentre os enunciados que evocavam tais modos de citar outras vozes, foram agrupadas as manchetes de acordo com as imagens que o enunciador criava de si em seus enunciados, de modo que foram depreendidas quatro categorias de enunciador: enunciador religioso, enunciador justiceiro, enunciador debochado e enunciador Homem com H maiúsculo. Diante dos desdobramentos dessas “imagens de si” que o enunciador-jornalista cria discursivamente, conclui-se que é instaurado um coenunciador (leitor) à sua imagem e semelhança: religioso, intolerante com a bandidagem, galhofeiro e, sobretudo, machista. Com esta comunicação, almejamos discutir os encaminhamentos de nossa pesquisa e fomentar uma reflexão sobre a produtividade da aforização como mecanismo linguístico de construção de imagens de enunciador e de coenunciador, por consequência, no contexto do jornalismo popular.
O argumento ad populum da desigualdade social como subterfúgio retórico-discursivo Rodrigo Seixas Pereira Barbosa (UFMG) rodrigoseixaspb@gmail.com Há um questionamento próprio dos estudos de filosofia e ciências da linguagem: a linguagem se forma na sociedade ou é esta que se forma pela linguagem? Por certo, não há incoerência em se afirmar que ambas as proposições estão corretas. Tanto a linguagem se forma em sociedade, carregando em sua estrutura as diversas marcas sociais, como também a sociedade se constrói na e pela linguagem, na medida em que, conforme Arendt (2009, p. 60), “só na liberdade do falar um com o outro nasce o mundo sobre o qual se fala, em sua objetividade visível de todos os lados”. É, portanto, nesse processo dialético e dialógico que se constrói o próprio mundo social. No terreno do discurso social, e sobretudo político, isso é ainda mais notório, porquanto o valor de verdade e de realidade do mundo dependem da construção simbólico-discursiva que os produtores empreendem, não só na reatualização de sentidos adquiridos interdiscursivamente, mas também no próprio momento da produção hic et nunc. Se buscarmos, como propomos com esta comunicação, pensar o discurso político (em nosso caso, o discurso populista messiânico) através de análises de possíveis estratégias retóricas de ressignificação e reconstrução de uma “realidade” objetiva, veremos que a própria ideia de desigualdade social que opõe pobres e ricos, povo e elite, transforma-se em parte do funcionamento discursivo da argumentação messiânica, condição sine qua non para que os sentidos sejam depreendidos da maneira pretendida pelo líder político. Este trabalho tentará apresentar o tema da desigualdade social como um argumento ad populum propriamente dito, imprescindível para o sucesso persuasivo de um discurso populista, que opera no deslocamento dos sentidos discursivos através de um procedimento problematológico que frequentemente se apresenta como uma fuga estratégica da genuína discussão pura e simplesmente. Faremos isso através de análises de alguns excertos de argumentações do ex-presidente Lula, por considerar que tais questões são frequentes em seus discursos. Para tanto, empreenderemos a investigação a partir dos pressupostos da análise argumentativa do discurso de Ruth Amossy (2010), da análise do discurso em Charaudeau (2005, 2008) e Maingueneau (2008, 2015), bem como da retórica problematológica de Michel Meyer (2008).
A construção discursiva da identidade surda no contexto da educação inclusiva: diferenças e semelhanças entre o Brasil e a Alemanha Romana Castro Zambrano (UFS) r.castro@gmx.net Sem dúvida, podemos constatar que os surdos fazem parte dos alunos socialmente definidos como pessoas com necessidades educacionais especiais – essa circunstância é válida tanto no Brasil como na Alemanha. Visto que essa categorização inclui o fato de que os surdos utilizam uma modalidade espaço-visual de se comunicar, a inclusão educativa dos surdos exige a consideração de aspectos específicos. A educação inclusiva pode ser entendida como uma medida de eliminar desigualdades estruturais e estabelecer a igualdade de oportunidades para pessoas socialmente desfavorecidas. Num sentido mais amplo, a educação inclusiva incorpora-se no paradigma geral da inclusão social, defendendo a filosofia de uma sociedade que aceite a diversidade e, em consequência, a singularidade de cada pessoa (KRÖG, 2005). A característica "aluno surdo" seria, portanto, só uma entre outras e desempenharia um 347
Resumos: Comunicações Individuais papel subordinado ao padrão de que todos os alunos são iguais porque todos são singulares. A respeito das identidades coletivas esse ideal significaria que a sociedade ou – no caso da educação – o grupo dos alunos seria percebido como um grupo heterogêneo sem identificar diferentes categorias entre eles. Na atualidade, no campo das ciências humanas e sociais nos deparamos com o consenso de que identidades, as coletivas e também as individuais, são construtos mutáveis, resultantes de processos interativos e discursivos (HALL, 2005). Fatores influentes na constituição identitária são tanto a auto-percepção como a percepção alheia. Esse pressuposto encaixa-se com a teoria da Análise Crítica do Discurso (ACD) que propõe uma relação dialética entre a sociedade e o discurso, isto é, que a sociedade influi o discurso e vice-versa (FAIRCLOUGH; WODAK, 1997). Presumindo uma instância de interface, a cognição social (VAN DIJK, 2003), propomos aplicar métodos da Linguística Cognitiva (LC) para a nossa análise (FAUCONNIER; TURNER, 2002; FILLMORE, 1982). Desenhamos nossa pesquisa de maneira abrangente, analisando tanto a identidade coletiva constituída pelos discursos midiáticos e legais, como a construção da identidade individual manifestada em narrativas do eu. Nosso estudo é de modo contrastivo, incluindo um corpus da Alemanha e do Brasil para desvelar as semelhanças e diferenças socioculturais nesse âmbito e, com isso, visualizar a inter-relação entre a sociedade e a construção identitária.
Práticas discursivas de inclusão no ensino de língua portuguesa: o uso do Whats App para escrita em L2 pelo deficiente auditvo Romilda Meira de Souza Barbosa (UFMS) ro1000dameira@gmail.com Este trabalho parte do pressuposto de que a inclusão está na ordem do discurso institucional, mas o ensino inclusivo ocorre segundo as representações que os sujeitos fazem de si e do outro. O objetivo central é descrever o funcionamento de práticas discursivas de inclusão no ensino de língua portuguesa ao aluno deficiente auditivo. Especificamente, apontar possíveis efeitos de sentidos que escapam, identificar posições-sujeitos e problematizar o ensino de língua portuguesa como L2. A pesquisa tem por referencial teórico a Análise de Discurso Francesa, segundo a qual os sujeitos se constituem na e pela linguagem, logo, o sujeito, a história e a ideologia se materializam no discurso. Como a AD é uma forma de interpretação de discursos e se operacionaliza no entremeio de epistemologias, metodologicamente, o trabalho se ancora no suporte arqueogenealógico foucaultiano e o corpus constitui-se de discursos da inclusão de alunos surdos, materializados na produção destes sujeitos num “espaço virtual de aprendizagem”, chat do whatsApp. Os sentidos do que seja inclusão significam diversidade de práticas discursivas sempre em movimento, em jogo, na ordem do discurso inclusivo escolar, o que nos leva a algumas (in)conclusões de que a escola constitui-se o espaço inclusivo, necessário à formação do deficiente auditivo, apesar de historicamente instituída para a “normalização” deste sujeito. Inferimos que o deficiente auditivo se representa como “necessitado” do ensino de L2, na escola. Análise de metáforas e esquemas imagéticos no processamento cognitivo-discursivo do filme “Django Livre” Romison Eduardo Paulista (PUC-Minas) eduardo.casmurro@gmail.com Este trabalho pretende analisar certas bases experienciais que estruturam o pensamento humano – a partir da obra fílmica “Django Livre” (2012). Para isso elegeu-se certas ferramentas conceptuais que permitem explicitar a existência de unidades conceituais privilegiadas para a obtenção de determinados efeitos de sentido neste filme – estruturados em termos de esquemas imagéticos e processos conceptuais metafóricos/metonímicos (LAKOFF & JHONSON, 1980/2002; KÖVECSES, 2002; 2004; 2006). Para isso, primeiramente, apresentaremos uma síntese de pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Cognitiva, em seguida, uma descrição dos fenômenos mencionados (esquemas imagéticos e metáforas/metonímias conceptuais), e, por último, uma análise cognitivo-discursiva dessas manifestações na (re)construção de modelos cognitivos idealizados. Assumimos um posicionamento a fim de considerar a manifestação dos esquemas imagéticos e metáfora/metonímia, não apenas em sua manifestação linguística, mas como resultante de fenômenos/operações de status cognitivo: seja revelando a capacidade criativa da mente humana, seja estruturando matrizes conceptuais do pensamento humano em suas práticas linguageiras – i. e. diz respeito ao fato de que o processamento metafórico pressupõe o uso de um complexo sistema de implicações para selecionar, enfatizar e organizar relações em outro domínio de implicações - e assim metaforizar relações de exploração e segregação racial e social ainda vigentes em nossa sociedade, como tematizado na obra fílmica em questão. Enfim, argumenta-se que tal modelo apresenta convergências que merecem ser destacadas em proveito dos estudos discursivos – no sentido que propõe ferramentas profícuas para o entendimento do modo como o ser humano pensa e produz sentido. Portanto, em nosso percurso, a partir dessas categorias, pretender-se-á demonstrar as orientações enunciativo-discursivas e efeitos de sentido que a emergência dessas ferramentas conceptuais propiciam na discussão de temas polêmicos como: preconceito, exploração e segregação racial e social.
A dramatização na cena do storytelling: O discurso pelo ethos da identificação Rosana Vaz Silveira (Feevale) rosanavaz@feevale.br O processo de dramatização consiste em um método que organiza a descrição do mundo que se propõe ao outro, ou seja, as técnicas narrativas constroem uma visão racional capaz de serem utilizados por outros sujeitos, reflexo do que Bakhtin (2006) considera “discurso de outrem”. Na cena política, parte-se da expectativa do poder, como também diante da instância política e da instância cidadã, que tende a ser construída com um agir sobre o outro, se dá, por um lado, através do jogo da representatividade e, por outro, pelas estratégias discursivas. Para isto, o falante se utiliza de estratégias discursivas para envolver o outro em um jogo de sedução com o intuito de provocar suas emoções e seus sentimentos. Nesse sentido, o sujeito se utiliza de “construção de imagens de si 348
Resumos: Comunicações Individuais mesmo”, para se fazer crer na instância cidadã, ou seja, o ethos da credibilidade, através do atrativo construído pelo ethos da identificação (CHARAUDEAU, 2007). A problemática norteia em como se estruturam as estratégias discursivas do storytelling, contemplando o corpus desta pesquisa, observada pela cena englobante da transmídia e pela cena genérica construída nos diferentes meios (MAINGUENEAU, 2008; GALMISCH, 2015; JENKINS, 2006). A metodologia concentra-se na análise de discurso intencionando as relações entre os autores citados no que tange os cenários e as estratégias no discurso político. É importante reconhecer as características que regem a personalidade do locutor e transformá-la em construtos baseados em elementos verdadeiros, que possam ser utilizados e reutilizados por ele, para evitar a perda do ethos da credibilidade. A marca da desigualdade na representação feminina construída na produção jornalística de Clarice Lispector Rosane Vicentina Goulart Beltrão (CEFET-MG) rosanegb@uol.com.br Apresentamos um estudo relacionado à imagem da mulher construída no e pelo discurso que engendra a coluna feminina do jornal Correio da manhã. A partir de alguns conceitos – desejo, sedução, mito, estereótipos e suas relações com o fazer jornalístico – buscamos a representação da mulher em textos que compuseram a coluna “Correio Feminino – Feira de utilidades”, de Clarice Lispector, nos anos 59 e 60, escrita sob o pseudônimo “Helen Palmer”. A escolha dessa coluna deve-se ao fato de ela se constituir em um corpus ideal para mostrarmos que “[...] se sairmos da superfície, veremos que a imprensa feminina é mais ‘ideologizada’ que a imprensa dedicada ao público em geral. Sob a aparência de neutralidade, a imprensa feminina veicula conteúdos muito fortes.” (BUITONI, 2009, p.21). Assim, propomos uma reflexão sobre a construção da identidade feminina a partir de algumas representações da mulher nessa coluna, considerando (i) o agenciamento das representações partilhadas pelo enunciador da coluna e, também, (ii) o fato de a voz por ele instituída no discurso vincular-se a outras vozes coletivamente construídas que nos remetem a modelos previamente estabelecidos. Nesse espaço social da coluna feminina, atribui-se à mulher uma visão como se ela fosse um ser à parte, desvinculando-a de seu contexto, bem como de sua época. Sobressaem, nesse cenário, um discurso coloquial e, ao mesmo tempo, autoritário; assim como o discurso masculino e o discurso das relações sociais (o jornalístico e o da publicidade, por exemplo), que ditam comportamentos, que relegam à mulher uma permanente condição de subordinação e, nesse movimento, contribuem para cristalizar a histórica desigualdade entre os gêneros masculino e feminino. Neste estudo investigativo, buscou-se investigar essa imagem de mulher que ilustra a representação da desigualdade de gêneros instituída na e pela linguagem. Além disso, constituiu-se em objeto de investigação os modos de funcionamento dessa representação no discurso jornalístico que compõe o cenário da imprensa feminina. Veiculam-se, no próprio discurso feminino, os estereótipos relacionados aos atributos femininos que são informados e engendrados socialmente. A feminilidade, mais do que uma característica de gênero, é abordada no discurso jornalístico de Clarice Lispector como um comportamento e uma prerrogativa social. Entre normas e renormalizações: práticas discursivas do trabalho docente no processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência Rosanny do Perpétuo Socorro de Souza Lima (UFRA, SEDUC, SEMEC) rosannylima@yahoo.com.br Esta pesquisa, pautada na relação interdisciplinar entre Linguagem e Trabalho, sob o ponto de vista da Análise do Discurso e da Ergologia, com base em Maingueneau (1997, 2005) e Schwartz (2010, 2011a, 2011b), respectivamente, aborda a temática da inclusão escolar de pessoas com deficiência mediante práticas discursivas nas relações de trabalho do professor desencadeadas ora por normas, ora renormalizações, ratificando a dicotomia que opõe a definição formal de tarefas por meio de normas antecedentes que foram estabelecidas à sua execução nas dimensões concretas de sua realização que se revela ainda na distância entre o registro codificado do trabalho e o registro no calor da atividade, justificando-se portanto, o desenvolvimento da presente pesquisa. Destacase nesta pesquisa, o professor, no exercício da atividade de trabalho mediante o processo de inclusão de pessoas com deficiência nas instituições escolares a partir da análise de práticas discursivas, tendo como objeto de estudo a análise do trabalho desenvolvido pelo professor, por meio da linguagem, no domínio das relações interdiscursivas no campo educacional e jurídico, tendo como referência a prática do professor em sala de aula para a efetivação da inclusão escolar de Pessoas com Deficiência a partir de materialidades discursivas produzidas no espaço institucional que revelam, na sua opacidade, os lugares que os sujeitos ocupam, as formas como constituem a instituição, as relações de trabalho no contexto institucional a partir da forma como a organização escolar produz sentidos que constituem pertencimentos, afastamentos e silenciamentos mediante normas e renormalizações e respectivos usos de si que se mobilizam em cenas enunciativas do trabalho do professor a partir de práticas discursivas. Do ponto de vista da Análise do Discurso, as abordagens das categorias analíticas: prática discursiva, cenas enunciativas e interdiscurso; da Ergologia: renormalização, usos de si e trabalho prescrito e real. A metodologia tem caráter analítico, enfatizando o exercício do trabalho do professor no processo de inclusão de pessoas com deficiência na rede regular de ensino e relações interdiscursivas entre o campo jurídico e educacional que são mobilizadas para identificar o que se diz e o que se faz na prática laboral em contexto escolar de inclusão. Preconceito, relação de poder e a questão da desigualdade racial no campo do humor pelo viés da AD Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL) rosemeri@sercomtel.com.br Dayane Caroline Pereira (UEL) dayanecarolinepereira@yahoo.com.br Pensar a desigualdade racial em nosso país é algo que requer muito mais do que refletir a respeito do preconceito e elegê-lo como o único responsável por tal existência. Poucos são, ainda, os trabalhos que tratam dessa questão étnico-racial, principalmente na perspectiva educacional e da constituição ideológica que permeia o assunto. O presente trabalho tem como principal objetivo propor 349
Resumos: Comunicações Individuais uma reflexão a respeito dos efeitos de sentido que a desigualdade racial pode assumir e/ou revelar por meio da linguagem, tomando as relações de poder como ponto de partida para as análises. Para tanto, serão utilizados como suporte teórico os apontamentos de Foucault (1984) e conceitos desenvolvidos pela Análise do Discurso (de orientação francesa), sobretudo no que diz respeito às condições de produção (CPs) e à formação ideológica (FI) de uma sociedade que se encontra em franco desenvolvimento e atravessada por todo um processo sócio-histórico e, ao mesmo tempo, conservadora e resistente às mudanças. Além desses serão abordados aspectos relacionados ao campo do humor, uma vez que o corpus selecionado para as análises é composto por charges que circulam via internet. Num primeiro momento, podemos observar que o gênero discursivo em questão revela posicionamentos (inclusive os de pertencimento a classes), os quais estão intrinsecamente ligados à história e à própria constituição dos sujeitos marcados por uma ideologia. Esse estudo está vinculado ao projeto de pesquisa intitulado “PAD – Pesquisas em Análise do Discurso: o processo de significação em diversos gêneros”, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina e que, dentre os principais objetivos, busca compreender as dimensões socioculturais de produção dos sentidos em variados gêneros midiáticos. Escola x Família: diferentes contribuições na construção de identidades surdas Ruth Maria Rodrigues Garé (PUC-Campinas) proruthgare@yahoo.com.br Esta apresentação tem como objetivo mostrar como as angústias de famílias de surdos, para além do contexto escolar estão diretamente relacionadas a construção da identidade do surdo. Muitos trabalhos produzidos sobre identidade surda, por vezes trazem a transcrição das falas surdas, assim, por entender-se que trabalhos que trazem a fala da família são mais escassos, optou-se por dar a conhecer e ampliar o olhar para as diferentes situações discursivas que contribuem para a formação dessas identidades. A fala dos familiares, em especial das mães, normalmente são traduzidas por discurso indireto pelos pesquisadores e não carregam a carga emocional, que uma análise discursiva pode mostrar. Tão importante quanto ouvir os surdos é ouvir suas famílias, em especial suas mães. Isto, porque, no dia a dia da escola o que predomina é o senso comum dos professores, funcionários e gestores, onde permeia a representação de que os familiares tratam seus filhos surdos com descaso. Embora, isso possa acontecer, não é uma regra. O surdo não chega à escola vazio discursivamente, porém sai dela de alguma forma modificado. Negativa ou positivamente marcados, são colocados para fora da escola, como se não fossem mais responsabilidade dela e apenas dos familiares e do governo. A partir de entrevistas com surdos e suas mães, foi possível construir uma análise discursiva que em muito ajuda na compreensão de que a escola precisa se humanizar, ou melhor, humanizar a inclusão que se assisti no sentido de oferecer equidade nos modos de acesso aos bens culturais aos surdos. Para a análise discursiva foi construído um modo de análise baseado na Análise da Conversação de Marcuschi, da Análise do Discurso de Linhas Francesa e dos trabalhos de Ronice Müller de Quadros, para discutir a questão de identidades diversos teóricos ajudam a compor o quadro, entre eles Tomaz Tadeu da Silva. Desta forma espera-se contribuir para acirrar as discussões em torno das condições de ensino-aprendizagem aos alunos surdos com enfoque na abordagem do bilinguismo e os possíveis caminhos para essa prática. Refugiados - um olhar além dos estereótipos: uma reflexão sobre produções discursivas num país de misturas Sabrina Sant'Anna Rizental (UFF) sabrina.santanna.k@gmail.com Em setembro de 2015, Dilma Rousseff afirma que “o Brasil é um país de refugiados que está de braços abertos para receber”. Segundo a presidente, o pais acolhe todos os que quiserem trabalhar, criar seus filhos, viver em paz e com dignidade. Em outubro do mesmo ano, numa reportagem publicada no site do ACNUR, o presidente do CONARE ressalta que o papel do Brasil tem sido inovador, protagonista e admirado na comunidade internacional, uma vez que suas ações vêm demonstrando “o compromisso do país de dar e oferecer alternativas de alívio a essas pessoas que vivem uma situação extremamente delicada, fugindo de situações que colocam em risco imediato suas próprias vidas e as vidas de suas crianças e familiares". Essas e tantas outras notícias proclamam um país de caráter generoso e acolhedor, mas até que ponto? Em algum momento as diferenças aparecem e o imigrante refugiado reconhece o olhar estereotipado do outro, cujo rosto miscigenado muitas vezes se confunde com o seu. Uma colunista do jornal Le Monde diz que o dia-a-dia dos refugiados sírios no Brasil “raramente é um conto de fadas”. O discurso de Charly, refugiado da República Democrática do Congo, ao afirmar que “os refugiados não são diferentes das outras pessoas”, gera algumas possibilidades de efeitos de sentidos, tais como a busca de um reconhecimento além da condição de refugiado e do respeito à sua dignidade, memória e história. Este trabalho apresenta um recorte da evolução da pesquisa de mestrado intitulada “Refugiados: um olhar além dos estereótipos”, que visa uma reflexão discursiva sobre a questão contemporânea do refúgio. Com base nos teóricos da Análise do Discurso, levando em consideração os aspectos sócio-históricos-ideológicos, propomos pensar este estrangeiro que reconstrói a vida no Brasil após fugir do seu país, na relação entre o que se diz sobre ele e a forma como ele se lê no discurso do outro, tendo como material o proferimento de Charly Kongo, realizado em evento no MPT-RJ, bem como fragmentos de reportagens de jornais de grande circulação e de algumas produções textuais elaboradas por refugiados nas aulas de português oferecidas pela Cáritas RJ. Identidade(s) em questão: A Análise do Discurso e seu papel na construção identitária do sujeito Sabriny Suelen dos Santos (UFMG) sabrinuyssantos@hotmail.com O presente trabalho visa à reflexão sobre a construção de identidade (s) no discurso a partir dos trabalhos em Análise do Discurso de linha francesa (doravante AD), mais especificamente na Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau (2008, 2009 e 2015). Desse modo, esperamos provocar uma discussão sobre um problema emergente no atual contexto sócio histórico, visto que encontramos, em uma conjuntura pós-moderna, uma tendência à fragmentação de velhas identidades fazendo romper quadros referenciais socialmente estáveis. Desse modo, para uma reflexão mais aprofundada sobre o problema da identidade, se faz necessário uma interlocução com outras aeras das ciências humanas, por isso nos valemos das teorizações dos Estudos Culturais, com Tomaz Tadeu 350
Resumos: Comunicações Individuais da Silva (2003), Stuart Hall (2003a, 2003b e 2006) e Zygmunt Bauman (2005). Tal interlocução justifica-se, em primeiro lugar pela AD ser essencialmente interdisciplinar, pois operacionaliza a confluência de uma multiplicidade de disciplinas, em segundo lugar pelo avanço das pesquisas sobre o tema nas ciências humanas e sociais (sociologia, antropologia, psicologia, história etc.) e por último pelo encontro das duas teorias em suas concepções de identidade, ambas (Estudos Culturais e AD) entendendo conceito de identidade como uma construção discursiva situada em um momento histórico, ou seja, seu sentido só pode ser adquirido através dos discursos sociais em que são produzidas. Ainda, considerando que a linguagem possui um papel fundamental na construção do sujeito e, portanto, de sua identidade, partiremos de um corpus discursivo para observar como o problema das identidades se inserem em um contexto social de comunicação. Para tanto, escolhemos como objeto de análise exemplos inseridos no discurso do movimento negro feminista, visto que segundo a socióloga Maria da Glória Gohn (2013), o movimento negro se reconfigurou durante os anos, este “deixou de ser predominantemente movimento de manifestações culturais para ser também movimento de construção de identidade e luta contra discriminação racial” (GOHN, 2013, p.109) fator relevante para o processo de legitimação de movimentos étnicos-raciais.
O discurso epistolar e os manuais de civilidade na construção do imaginário feminino Samara Elisana Nicareta (UFSC) samaraelisana@gmail.com Valter Andre Jonathan Osvaldo Abbeg (UNIFESP) abbeg78@gmail.com Ambientado no Brasil oitocentista, sedente de editoras e escritos, encontra-se diversas publicações oriundas de traduções do espanhol, inglês, francês, destacando-se os manuais de civilidade; que dada sua natureza impeliam o leitor a determinadas formas de conduta. A obra supracitada, “Cartas sobre a educação das meninas por uma senhora americana” traduzida para o português por João Cândido de Deos e Silva, de suposta autoria de uma “senhora americana”, tornou-se mais que um manual de civilidade, ganhondo as salas de aula, sendo indicado para as professoras acabou ditando uma forma de imaginário feminino. Este trabalho visa debater a falseta de autoria imposta ao leitor, e a imposição de um determinado padrão normativo de condutas a partir de um produto literário. A crença no anonimato autoral feminino da obra ainda repercute em dias atuais na academia, consagrando a sua redação concisa e precisa. A obra de José Joaquin de Mora, real autor, incide no imaginário feminino, ao se esconder sob o manto de uma americana anônima. Utiliza-se do discurso criando laços identitários para atrair seu público, produzindo intimidade, cumplicidade e serve-se da forma epistolar como associação ao catolicismo remetendo a determinadas características desejadas à mulher.
Todos são iguais perante a lei. Só que não! Sandra Nascimento da Hora (UFF) snhora@gmail.com Com filiação nos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de Discurso pecheutiana, que considera o funcionamento da língua e as condições de produção em que um discurso é produzido (circunstâncias imediatas de enunciação, momento sóciohistórico, ideologia, sujeito enquanto uma posição discursiva), o presente estudo analisa o funcionamento do discurso da desigualdade social, quando este aborda questões relacionadas à violência ocorrida com sujeitos de classes populares nos espaços urbanos de produção. Para isso, resgata o papel da memória sócio-histórica e da memória discursiva (interdiscurso) como elementos da exterioridade que devem ser considerados na materialidade do texto e no processo de produção de sentidos do discurso; além de considerar o processo de formações imaginárias que perpassam os discursos e suas condições de produção, bem como o materialismo histórico, no que se refere à luta de classes.
Inclusão Social: possibilidades de acesso aos museus através da impressão 3D Santiago Lemos (SEDUCE-GO) santiago.ufg@gmail.com O ato de incluir significa tornar e envolver pessoas em algum meio, buscando quebrar as diferenças desenvolvendo tratamento igual, onde é possível conviver com as diferenças. Com o desenvolvimento de leis, os museus investiram na área da acessibilidade, repensando sua estrutura física adicionando rampas, pisos com relevos e cadeiras motorizadas. A grande dificuldade é adaptar a obra para os espectadores, em específico para pessoas com deficiência visual. A maioria das obras de arte não foram feitas para serem tateadas pelo público, devido aos seus materiais serem de fácil desgaste, em específico a pintura. Há pesquisas desenvolvidas pela Universidade do Estado de Santa Catarina para adaptações de obras de arte como exemplo a audio-narração onde ela é descrita através de um som e apropriações explorando o relevo utilizando a argila. Nesse sentido a partir da reflexão do avanço das tecnologias, as possibilidades, que se ampliam, dando oportunidade de criar novas ferramentas para serem exploradas, uma delas é a impressão 3D. Como projeto piloto propõe-se a exposição da obra Abaporu da artista Tarsila do Amaral, impressa em 3D, onde manteve sua proporcionalidade bidimensional. Utilizando programas de computação gráfica foi possível recriar a obra, em seguida imprimí-la tridimensionalmente. O artista que criou a modelagem 3D acaba sendo co-autor da obra, pois através das texturas e cores, ele desenvolve a profundidade da obra. Sendo impressa em 3D, em casos de depredação pode ser substituída a qualquer momento, já que o arquivo mantém as mesmas dimensões e não há o retrabalho de modelá-la novamente. Sendo este um projeto piloto, outros a partir deste voltados para a arte brasileira e em breve para a arte goiana poderão ser disseminados nos museus que venham à 351
Resumos: Comunicações Individuais contemplar as diferenças ao tratamento igualitário. Há possibilidades de explorar o Braille e experimentos com texturas para melhor contextualizar a obra de arte. Além de auxiliar nas experiências de acessibilidade nos museus para pessoas com deficiência visual, a pesquisa tem o objetivo de levar para instituições de ensino kits para auxiliar o professor nas aulas de artes visuais.
Violencia de género y desigualdades en los medios masivos de comunicación Sara Isabel Pérez (Universidad Nacional de Quilmes) siperezc@gmail.com Yanel Alejandra Mogaburo (Universidad Nacional de Quilmes/ CONICET) yanelmogaburo@gmail.com Las relaciones generizadas de poder son (re)producidas, negociadas y cuestionadas en las representaciones de las prácticas sociales, en las relaciones sociales entre personas y en las identidades individuales y sociales (personales y colectivas) en los textos y en el habla (Lazar, 2005). Nuestro interés en este trabajo es avanzar en el estudio sobre identidades y estereotipos de género (Talbot, 2003; Cameron, 2003) y de clase, en la medida en que dichos estereotipos -y los tópicos que los materializan- alimentan y recrean las representaciones hegemónicas sobre las mujeres. Representaciones, que, en muchos casos contribuyen a la invisibilización/ naturalización de la violencia de género y a la desigualdad. Una perspectiva discursiva crítica de los medios masivos de comunicación, y en particular, de la prensa escrita. puede contribuir al estudio de aquellos aspectos que hacen a la naturalización social de las representaciones de género y que permiten buscar, así, la naturalización y aceptación de un orden social caracterizado por relaciones de poder, desigualdad y dominación social. El estudio de estos fenómenos comunicacionales y discursivos se realizará a partir de la reflexión teórica sobre discurso, género y clase, adoptando y adaptando las categorías de análisis que propone la Semiótica Social para el estudio de los discursos multimodales y los Estudios Críticos del Discurso, en particular, el Análisis Crítico del Discurso Feminista. El corpus que analizaremos en este trabajo para dar cuenta sobre el objeto de estudio propuesto, está compuesto por los discursos mediáticos producidos en torno a casos emblemáticos de violencia de género que tuvieron gran repercusión a nivel nacional como el de Ángeles Rawson, Melina Romero, Chiara Páez y el Claudia Schaefer (popularmente conocido como el Crimen del country) entre otros. Las categorías de análisis serán, las que surgen de la propuesta de los estudios críticos del discurso y la semiótica social multimodal.
Discurso literário e linguística sistêmico-funcional: a contribuição dos processos comportamentais Sara Regina Scotta Cabral (UFSM) sara.scotta.cabral@gmail.com O discurso literário tem se mostrado um desafio para os estudos sistêmico-funcionais, uma vez que aquele joga com a linguagem em termos de metáforas, ironias e desfamiliarização lexical e gramatical. Os processos, como elementos centrais das orações, cumprem a função de representar não somente as ações que conduzem a narrativa, mas também evidenciar o comportamento das personagens. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo apresentar e explorar, com base na Linguística Sistêmico-Funcional, os processos comportamentais empregados na obra “Amar, verbo intransitivo”, de modo a perceber a funcionalidade que Mário de Andrade lhes atribuiu e a engenhosidade com que os tratou. A perspicácia do autor apontava, já no início do século XX, uma peculiaridade da linguagem que pode ser relacionada com uma das categorias hallidayanas menos exploradas e mais questionáveis na Linguística Sistêmico-Funcional: o emprego dos processos comportamentais. Para a realização da tarefa, foi realizado inicialmente um levantamento das ocorrências desses processos, utilizando-se a Linguística de Corpus. Logo após, cada oração foi analisada individualmente, a fim de se identificar as peculiaridades de cada uma e categorizar os comportamentos das personagens. Os resultados obtidos evidenciam que os processos comportamentais têm, na obra, a função de representar atividades físicas, verbais e psicológicas das personagens. Enquanto o maior número representa processos de comportamento físico, que impulsionam a progressão da narrativa, seguem-se processos de atividade mental, que contribuem para o desenho psicológico das personagens em termos de percepção, cognição e afeição.
A gestão da ação docente e a diversidade humana Sayonara Miotto (Centro Universitário Eaprenda Elearning) eventos@eaprendaelearning.com O tema abordado neste trabalho trata da “Gestão da ação docente e a Diversidade Humana”, da diversidade entre os seres humanos. O tema escolhido, porque a educação, hoje, está mergulhada num mundo de diferenças de natureza pessoal, social e principalmente cultural. A pesquisa foi em cima de uma pesquisa bibliográfica com levantamento e seleção de toda bibliografia já publicada sobre o assunto. Apresento a pesquisa sob duas perspectivas: da diversidade cultural e na perspectiva da inclusão social e educacional.
Perspectivas futuras do indígena da aldeia São João- Porto Murtinho/MS na constituição de sua identidade Selma Marques da Silva Fávaro (UFMS) selma.favaro@fatec.sp.gov.br O indígena no Brasil está vivendo um importante momento de reconhecimento de sua identidade, de lutas e conquistas de seus ideais, que envolvem questões relativas à educação, saúde, demarcação de terras, entre outras. Diante da importância de estudos voltados 352
Resumos: Comunicações Individuais aos valores humanos, por conseguinte aos grupos minoritários, temos como objetivo neste trabalho analisar a constituição da identidade do indígena da aldeia São João, município de Porto Murtinho/MS, na qual coabitam três etnias: Kinikinau, Terena e Kadiwéu. De modo específico, pretendemos analisar como ele se representa na atualidade no que diz respeito a perspectivas futuras, isto é, quais são seus ideais, seus sonhos de vida. Muitos estudos em nível de pós-graduação já foram realizados sobre o indígena do Mato Grosso do Sul, especificamente sobre a sua identidade, que apontam para um sujeito que vive em um entre-lugar, ou seja, entre duas culturas. Neles, constatamos a necessidade e a importância de trazer essa abordagem, ou seja, de direcionarmos nossa atenção para suas pretensões futuras, e, desse modo, compreendermos o seu presente: como esse sujeito se constitui na contemporaneidade. Para isso, selecionamos duas das 12 questões respondidas por 10 entre 17 alunos do ensino médio da escola da aldeia que participaram da aplicação de um questionário em setembro de 2015, quando realizamos uma coleta de dados em campo. Trata-se da análise das respostas às questões: 1- O que você deseja fazer após o ensino médio?; 2- Qual é o seu maior sonho? Este trabalho fundamenta-se na Análise do Discurso de linha francesa, portanto, é transdisciplinar. Para poder atingir nosso objetivo, realizamos um gesto interpretativo sustentado pela materialidade linguística recorrendo ao método arqueológico de Foucault e às reflexões sobre identidade promovidas por Coracini (2003; 2007), para quem o sujeito é fragmentado, cindido e heterogêneo. Nossas análises apontam para um indígena que objetiva, após o término do ensino médio (um futuro próximo, portanto), o ingresso no curso superior, como forma de ascensão pessoal e profissional. A violência doméstica: da perspectiva do discurso policial à análise linguístico-ideológica Sérgio Nunes de Jesus (IFRO Campus Cacoal) sergio30canibal@gmail.com Celso Ferrarezi Junior (UNIFAL) cferrarezij@gmail.com O presente artigo é resultado da análise da linguagem do discurso policial a partir de Boletins de Ocorrência – BO, bucando-se verificar as representações instauradas no contexto da violência doméstica como as interinfluências históricas, sociais, linguísticas e ideológicas no ato do depoimento ou do relato escrito. Tais textos são classificados de acordo com o ponto de vista linguístico ou relatado e o ponto de vista discursivo ou referido. Isso desencadeou as delimitações dos depoimentos transcritos/narrados e a identificação de sujeitos culturais, pluralizados em seu discurso e nas suas representações sociais. A interdiscursividade pelas cenas enunciativas religiosas na canção “Súplica Cearense” Shara Lylian de Castro Lopes (UFC) sharalylian@hotmail.com O primado do interdiscurso é uma proposta que vem sendo trabalhada na Análise do discurso, principalmente pelo pesquisador francês Dominique Maingueneau, durante as últimas décadas. Segundo essa hipótese, todo discurso é atravessado por outros inúmeros discursos e dada formação discursiva (mais recentemente referida como posicionamento). Entendendo que essa interdiscursividade pode ser apreendida nos corpora pelas análises de categorias discursivas, propomo-nos, neste trabalho, verificar como a categoria de cenas enunciativas desvela a interdiscursividade entre os campos discursivos do discurso religioso e do discurso literomusical na canção Súplica cearense, composta por Gordurinha e Nelinho (1967) e interpretada por uma da música brasileira, Luiz Gonzaga. Utilizaremos principalmente a perspectiva teórica da AD trabalhada por Maingueneau (2008a, 2008b), obras que trabalham a noção de interdiscursividade, de discurso religioso e de cenas enunciativas, respectivamente, bem como recorreremos à análise do discurso literomusical da MPB realizada por Costa (2001 e 2012), para verificar essa relação interdiscursiva entre os dois campos citados. Com a pesquisa ainda em andamento, os resultados são parciais e apontam, sobretudo, para a evidência de cenografia religiosa na canção através do gênero discursivo apresentado em seu título (súplica), da apresentação de um sujeito enunciador em posição de vulnerabilidade em relação à divindade, além da própria composição melódica da música, que conduz à melancolia, tristeza, arrependimento e dor. As escolhas lexicais e construções enunciativas também revelam o caráter religioso da canção, no entanto, um religioso não convencional.
Entre os discursos feministas, machistas e afins: uma análise discursiva das hashtags #MeuAmigoSecreto e #MinhaAmigaSecreta Sheila Alves de Oliveira (UFPE) sheila_alves18@hotmail.com Esta comunicação objetiva verificar o embate entre posições-sujeito e formações discursivas nos discursos que circulam, na rede social Facebook, a partir da #MeuAmigoSecreto, assim como um de seus desbobramentos: #MinhaAmigaSecreta, que surge, à priori, com o intuito de contradizer os efeitos de sentidos provenientes da #MeuAmigoSecreto. Nossa hipótese inicial é a de que a diversidade das redes de sentidos que vão se formando em torno dos dois enunciados decorrem, em grande medida, da ausência de predicações, como também da ausência de referentes para os pronomes ‘meu/minha’. As ausências favorecem a possibilidade de um espaço de contraponto que coloca em destaque os lugares sociais a partir dos quais emergem as vozes que motivam a produção e a reprodução desses enunciados. Sendo assim, analisaremos as posições-sujeito que se evidenciam através dos dizeres ligados à #MeuAmigoSecreto, assim como as que giram em torno da #MinhaAmigaSecreta, priorizando o eixo temático ligado às questões de gênero. Nessa perspectiva, traremos para debate uma discussão a respeito da noção de sujeito ao longo dos avanços teóricos na Análise de Discurso de base peuchetiana, centrando-se no caráter heterogêneo das posições-sujeito, resultante das “condições ideológicas de reprodução/transformação das relações de produção” (PÊCHEUX, 1997a, p. 143) e das “relações de contradiçãodesigualdade-subordinação” (Idem, p. 145). Interessa ainda refletir sobre a relação do sentido à posição que o sujeito ocupa no 353
Resumos: Comunicações Individuais discurso, tomando a posição-sujeito não como presença física, muito menos como lugares objetivos da estrutura social, mas sim, entendendo-o como “um lugar social representado no discurso” (ORLANDI, 1998, p. 75). Consideramos, no entanto, a impossibilidade de pensar em posições-sujeito de maneira dissociada à noção de Forma-Sujeito e, consequentemente, do domínio de saber que regula o que pode e deve ser dito por esse Sujeito – a Formação Discursiva. Sendo assim, refletiremos sobre o processo de interpelação ideológica como constituinte do sujeito discursivo, sendo este determinado a partir de uma instância ideológica que tem sua materialidade disseminada na formação discursiva e materializada no discurso. Pêcheux (1997, p.160) argumenta que “as palavras, as expressões, as proposições, etc. mudam de sentido segundo as posições sustentadas por aqueles que as empregam”.
A construção da identidade cientista feminina Shirlei Maria Freitas de Mello (Senac) smfreitas@taskmail.com.br Cada dia mais atuantes nos espaços públicos e sociais, as mulheres ainda sofrem com as desigualdades de gênero e por isso o esgotamento do tema ainda está distante de ocorrer. No campo das Ciências, a contribuição da mulher começa muito antes dos movimentos feministas, no entanto, como em muitas outras áreas de trabalho, a mulher cientista, ainda hoje, encontra muitas resistências. Para dar nossa contribuição para o diálogo sobre esse tema, neste trabalho, buscamos refletir sobre a construção da identidade cientista feminina, a partir da análise discursiva de uma peça teatral denominada “Insubmissas – mulheres na ciência”, texto de Oswaldo Mendes, que coloca em cena personagens mulheres cientistas de épocas e lugares distintos. Além disso, nessa análise discursiva, não se pode escapar do olhar reflexivo da pesquisadora sobre sua própria identidade e suas experiências. Para nossa reflexão, nos apoiaremos em conceitos advindos dos estudos da linguagem que possam nos orientar quanto à construção de identidade e, em especial, na Semiolinguística que admite o princípio da alteridade, no qual a percepção de si está na percepção da diferença do outro. Sendo assim, a construção de identidade é um processo paradoxal que põe o eu e o outro em uma relação na qual a diferença do outro é o que possibilita a existência do eu. Desse modo, partimos dos pressupostos de que a identidade cientista da mulher se compõe submetida ao ponto de vista masculino e dominador e de que o estereótipo cientista, que se baseia na razão, e o estereótipo feminino, que se baseia na intuição e na subjetividade, contribuem para a complexidade da constituição identitária da mulher cientista. Ainda, neste trabalho, nos questionamos, dentre outras coisas, sobre a necessidade da insubmissão feminina para a construção de uma identidade que desvele, em suas particularidades, a essência do seu fazer e do seu ser.
A exclusão do outro na Literatura enquanto espaço de conflito social Shirley Maria de Jesus (UFMG) linguaportuguesa.shirleymaria@gmail.com Este trabalho tem a finalidade de demonstrar como os estudos do discurso podem tratar da questão da exclusão do outro, do “diferente” na Literatura. Para tanto, serão retomadas as reflexões de Barros (2015), Charaudeau (2015) e Maingueneau (2015), com as quais se pretende rever a exclusão do ponto de vista narrativo enquanto espaço de conflito social no texto literário. Trataremos, assim, das relações de exclusão a partir da personagem Macabéa, de Clarice Lispector (2006).
Diáspora Pós-moderna: exclusão do sujeito idoso Silvana Cosmo Dias (UEMS) scosmodias@yahoo.com.br Neste trabalho direcionamos o olhar para a questão da desigualdade, marca da exclusão do sujeito idoso nas esferas da sociedade contemporânea. Notamos que isso ocorre em virtude de a sociedade capitalista, especialmente brasileira, não integrarem socialmente os idosos, isolando-os do sistema produtivo. Esse fenômeno social está inserido no processo histórico, uma vez que são as contradições internas ao processo da história que dinamizam o movimento histórico do envelhecer, constituindo um fato histórico social e variável que atende aos interesses da burguesia. Mediante o exposto, nosso objetivo nesta comunicação será analisar o discurso de um idoso inserido no processo de Letramento do sistema E.J.A. da Escola Municipal Cirley Volpe Lopes, no Município de Santa Fé do Sul-SP, ao relatar suas memórias, assim como interpretar as representações que circulam no imaginário desse idoso, estabelecendo, possíveis relações com o processo de constituição identitária. Esta pesquisa situa-se sob os pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, tendo como aporto teórico os pressupostos de Foucault (1997), Pêcheux (1999), Coracini (2007) e outros. Mediante esses pressupostos, consideramos que a identidade é um processo que está sempre em transformação, portanto, torna-se difícil identificá-la. O corpus foi constituído pela memória desse idoso, coletada e transcrita em forma de narrativas, analisada de acordo com os pressupostos teóricos da abordagem discursiva. Assim, a análise foi direcionada por questões como: problematizar a questão do idoso na sociedade contemporânea, entender os ditos e não ditos presente em sua narrativa, que ideologias defende, que valores apregoa e como valoriza o letramento em sua vida. A metodologia utilizada, nesta pesquisa, advém do método arqueológico de Foucault, aliando aos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa. Assim, ao analisar esse discurso, foi possível entender que esse idoso é um produto social ascendente da dinâmica demográfica, do modo de produção, da estrutura social vigente, das ideologias dominantes, dos valores e culturas predominante, sendo que suas identificações e as múltiplas identidades constitutivas estão em processo mutável e contínuo.
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Resumos: Comunicações Individuais Discurso e sociabilidade afro-religiosa no bairro do Ipsep Silvania Maria Maciel (SEDUC-PE Secretaria de Educação) silvaniamaciel@ig.com.br Nossa pesquisa é um estudo de caso do bairro do Ipsep na Cidade do Recife no Estado de Pernambuco sobre a sociabilidade religiosa afro-brasileira de seus moradores. Por sociabilidade entendemos os comportamentos dos fiéis e a convivência desses com a diversidade religiosa. Tomamos como referência o conceito de sociabilidade de Baechler, e o nosso campo de pesquisa foi construído a partir do modelo de Boissevain que é conhecido como “Apresentando a amigos de amigos: rede sociais, manipuladores e coalizões”. Para apreendermos a sociabilidade utilizamos a etnografia realizada nos terreiros nos momentos de cultos públicos e festivos e das conversas com os alunos e professores e de nossas próprias observações da vida social do bairro nos momentos festivos e de seu cotidiano em geral. Essas vivências serão tratadas a partir dos conceitos de representação social, práticas discursivas e dispositivo de poder, conforme sugere Foucault entre outros. Análise do discurso da Escola em Tempo Integral Solange Christina Carneiro Rodriguez (UEMG/Univás) esolangerodriguez@gmail.com A sociedade brasileira tocada pelo crescimento urbano e a industrialização na década de 30 se viu provocada a debater e constituir uma escolarização expressiva que atendesse as demandas da sociedade em suas nuances da época. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova apontava a educação integral como o “modelo ideal de escolarização, entendendo que na formação completa da criança estaria o embrião do adulto civilizado, capaz de alavancar o desenvolvimento do país” conforme cita Limonta (2014). Darcy Ribeiro retoma a questão nos anos 80 com a criação dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Paralelamente São Paulo implementa o Programa de Formação Integral da Criança (Profic) baseado nos pressupostos de Paulo Freire. No início dos anos 90 (Governo Collor), o sistema federal reabre o processo de concretização das ideias de Anísio Teixeira com os Centros de Educação Integral da Criança (CAIc), mas sem efetivamente concretizar no sentido mais amplo da geografia brasileira. Mais recentemente o Programa “Mais Educação” também se configura escola de tempo integral sem que, necessariamente, tenha a mesma concepção daquela tratada pela escolanovista. A Escola em Tempo Integral, apresentada pelo discurso político traça o perfil para a educação no século XXI, estabelecendo relação causal entre esta e o alcance das metas de qualidade em educação. Este tema ocupa um espaço expressivo nas prospecções da área de desenvolvimento social e econômico. Sendo a língua “um excelente observatório da constituição dos sujeitos, da sociedade e da história” e os documentos oficiais “objetos históricos que constituem a relação do sujeito com os sentidos, relação que faz história e configura as formas da sociedade” (ORLANDI, 2001:9), a Analise do Discurso político sobre a Escola em Tempo Integral leva ao "deslocamento no olhar do leitor e trabalha a interpretação enquanto exposição do sujeito à historicidade (ao equívoco e à ideologia), na sua relação com o simbólico" (ORLANDI, 2012:23) permitindo considerar a linguagem sem se iludir com a sua transparência (Op. cit.: 23). A proposição desse trabalho de pesquisa da relação história-Estado-ideologialinguagem é importante para a identificação e compreensão dos motivos para a não concretização do ideário da educação em tempo integral. Análisis feminista del discurso sobre la violencia doméstica construido en folletería del SERNAM, Chile Soledad Martínez Labrín (Universidad del Bío-Bío, UBB) cmartine@ubiobio.cl El presente estudio gira en torno a dos ejes principales: el interés en el lenguaje como vehículo de poder, y la violencia como discurso capaz de fijar significados acerca de las mujeres y en general, acerca de las relaciones de género. Se asume que el lenguaje y el significado convertidos en texto (y discursos), son el mismo tiempo expresiones de nuestra vida social y potentes herramientas de construcción y re-construcción de cada aspecto de ella (Potter y Wetherell, 1987). El análisis se realiza sobre un corpus correspondiente a folletería del SERNAM (Servicio Nacional de la Mujer, Chile) sobre violencia intrafamiliar, utilizando una adaptación del método de análisis del discurso propuesto por Parker (1994), basado en planteamientos de la psicología social socioconstruccionista. Se realiza adicionalmente, un análisis feminista de dicho contenido. Se concluye que la violencia contra las mujeres, y específicamente la violencia contra las mujeres en el contexto de la pareja, ha sido construida como un discurso con muchas voces (Mooney, 2000), cada una enfatizando conceptos clave que permiten producir performativamente (Butler, 1989) una mujer, el género, el poder, la agencia. La violencia intrafamiliar, como discurso gubernamental, incluye una multiplicidad de hablantes y sujetos(as) y está producido desde formaciones disciplinarias muy claras. Finalmente, se incorpora un análisis de las metáforas usadas para construir la violencia contra las mujeres. As relações de poder no Conto “The Old Chieif Mishlanga” Sônia Maria de Oliveira Pimenta (UFMG) soniapimenta1@gmail.com Luiz Antônio Andrade (UFMG) soniapimenta1@gmail.com O trabalho em questão visa analisar como o narrador redefine sua identidade em The Old Chief Mshlanga, um conto da escritora britânica Doris Lessing, em meio ao contexto de situação (Halliday, 1971) das relações de poder entre brancos e negros no continente africano, mais precisamente na Rodésia do Sul. Especificamente, a análise focaliza os elementos linguísticos utilizados pelo narrador para descrever sua visão inicial do contexto espacial e, em particular, dos demais participantes da narrativa, culminando com a redefinição de sua identidade em resultado dos processos vivenciados neste contexto. Em outras palavras, busca-se investigar o 355
Resumos: Comunicações Individuais conteúdo ideacional (Halliday, 1971, 1978, 2004) apresentado pelo narrador, na intenção de trazer à tona a ideologia subjacente às suas escolhas léxico-gramaticais, que respondem pela referida transformação identitária. Para isso, utilizamos os conceitos da Linguística Sistêmico Funcional (LSF), a saber, os conceitos da gramática sistêmico-funcional (GSF) de Halliday e Matthiessen (2004) para analisar as escolhas linguísticas da autora em sua descrição dos participantes e das circunstâncias que a levaram a redefinir sua identidade em relação ao povo africano e ao próprio país. Uma vez que o contexto enfatiza as relações de poder entre brancos e negros no continente africano, fazemos uso de outros teóricos sistêmico-discursivos como, por exemplo Fairclough (2001), Halliday (1978), Hasan (1989), dentre vários outros.
El uso de cortos metrajes en clase de ELE Soraia Cristina Blank (IFTO) soraiablank@ifto.edu.br El uso de cortometrajes no está demasiado extendido en la enseñanza del español como lengua extranjera debido principalmente a la falta de materiales adecuados para ciertos grupos u objetivos pedagógicos, y a la carencia o difícil acceso a los medios técnicos necesarios en algunos centros. La primera cuestión depende en gran medida de la habilidad y del tiempo disponible para preparar materiales didácticos, y la segunda se puede solventar con la utilización del ordenador portátil. Las presentes propuestas se han puesto en práctica con éxito con un ordenador portátil con grupos de 12 a 15 personas y el tiempo invertido en ellas ha sido ampliamente recompensado por la buena acogida de los estudiantes. El uso de cortometrajes en la clase de español como lengua extranjera (E/LE) aporta numerosos beneficios.
Referenciação: as cadeias referenciais de um texto escrito e a construção do discurso das desigualdades sociais Soraia Farias Reolon (FCRB) soraiareolon@gmail.com A Referenciação aqui é vista como uma possível interseção entre Linguística Textual e Análise do Discurso. O tema específico ligase ao acompanhamento da referenciação no texto escrito, observando-se como aspectos linguístico-discursivos dos sintagmas nominais (SNs) ajudam a construir a significação e a coerência, e como a construção das cadeias referenciais de um texto está diretamente ligada ao seu gênero textual e modo de organização do discurso. O objetivo é propor, com o estudo da referenciação, o desenvolvimento de uma “metaconsciência textual”, de uma sensibilidade para uma arquitetura sintático-semântico-discursiva que revela não os objetos do mundo, mas os objetos-de-discurso que vão construindo sentidos à medida que vão formando cadeias referenciais. Os SNs funcionam como objetos-de-discurso que vão construir uma trajetória ao longo do texto por conta de suas recategorizações de um mesmo tópico, as quais vão construindo o sentido e o mundo de nossos discursos. Justifica-se esse estudo, pois permite reconhecer que nosso conhecimento do mundo se dá pela construção discursiva e perceber o quanto as estruturas linguísticas revelam sobre o(s) mundo(s) construído(s) em nossos discursos. Isso contribui para uma dupla conscientização: a do papel da linguagem na cognição humana e a das flutuações e instabilidades do que é ser humano. Como método, foram analisadas, na leitura de um texto, as condições de produção do discurso ,o contexto sócio-histórico-ideológico, as circunstâncias da enunciação. A partir disso, foi feito o levantamento de todos os SNs do texto, dos tópicos discursivos e da construção das cadeias referenciais. Foi realizado o acompanhamento das categorizações e recategorizações das expressões referenciais (presentes nos SNs), e a observação da introdução e reintrodução dos tópicos discursivos, para mostrar como ocorre a construção do discurso e dos sentidos. Como base teórica, utilizou-se (Orlandi, 2006), Charaudeau (2008), Dionísio (2002), Marcuschi (2007), Mondada e Dubois (1995/2003), Azeredo (2000, 2007, 2008), Neves (2006), Koch (1998, 2005), Cavalcante (2003, 2011)e Roncarati (2010).
Da Reforma Agrária ao Desenvolvimento Agrário: o silenciamento da luta pela terra e a simulação da superação das desigualdades sociais do campo Sóstenes Ericson Vicente da Silva (UFAL) sericson1@hotmail.com O presente trabalho é parte da pesquisa “O silenciamento da Reforma Agrária no discurso oficializado”. A problemática que suscitou esta investigação foi identificada quando, analisando o silenciamento da Reforma Agrária em documentos oficiais do governo brasileiro, propusemos que o silêncio constitutivo pode ser entendido sob dois “momentos” (primário e secundário). Mobilizamos agora nossa investigação para o processo no qual o discurso jurídico produz efeitos de sentido ajustados ao projeto de Desenvolvimento Agrário. Recuperamos a constituição do silêncio da Reforma Agrária com ênfase no primeiro mandato do governo Dilma (2011-2014), extraindo nosso corpus a partir de documentos legais, aqui analisados a partir dos pressupostos teóricometodológicos da Análise do Discurso apresentada por Pêcheux. Até o momento, identificamos que a proposta de Desenvolvimento Agrário, alinhada ao discurso do agronegócio, tem contribuído para o silenciamento da luta pela terra, o que põe em questão a Reforma Agrária e simula a superação das desigualdades sociais do campo. A questão da terra é constitutiva nos interesses do Estado no seu dever autoatribuído de legislar sobre as relações sociais e econômicas do campo, desde o momento mais inicial da colonização do país. Estudando o silenciamento da Reforma Agrária no discurso do governo brasileiro, identificamos uma transição para o predomínio do que consideramos inicialmente “momento” secundário, produzindo sentidos alinhados ao discurso do Desenvolvimento Agrário, em seus múltiplos desdobramentos. Anteriormente, no silêncio constitutivo primário, para não dizer “luta dos movimentos sociais do campo contra a propriedade privada”, o Estado disse “luta pela Reforma Agrária”. Por sua vez, no silêncio constitutivo secundário, não se trata mais de dizer “Reforma Agrária” para não dizer “luta dos movimentos sociais do campo contra a propriedade privada”. Agora se trata de não dizer as duas coisas, ao mesmo tempo, e em seu lugar, apresentar o 356
Resumos: Comunicações Individuais Desenvolvimento Agrário, enquanto novo modelo produtivo ajustado aos interesses do capital. Embora com contornos legais demarcados desde 2001, tal silenciamento tem assumido o momento predominante no discurso oficializado, ao longo dos governos do PT, e desde o primeiro mandato do governo Dilma, tem demonstrado uma tendência de intensificação. O enunciado e seus efeitos de sentido nas propagandas de lingerie Duloren Suegna Sayonara de Almeida (UERN) suegnasayonara@hotmail.com O trabalho objetiva analisar a função e a constituição do enunciado enquanto acontecimento discursivo, bem como o interdiscurso/memória discursiva como outras importantes categorias constituintes da Análise do Discurso (doravante AD) de linha francesa, além de entender a discurcivização promovida pela mídia na constituição da identidade feminina. Sendo assim, tomaremos como materialidade discursiva a utilização de duas propagandas de Lingerie Duloren retiradas do próprio site da marca. Para realização do trabalho, utilizaremos como base teórica os dizeres de Michel Foucault (2014), Pêcheux (1999) e Araújo (2004) sobre as unidades constituintes do discurso, nos possibilitando as análises com embasamento na teoria da AD. Sobre a constituição da identidade feminina, em especial aos efeitos que a história ao longo do tempo ocasionou à mulher estabelecer-se socialmente na contemporaneidade, nos subsidiaremos em Bauman (2005) e Hall (2007). Dessa forma, ao entender que os acontecimentos históricos e sociais fizeram com que a mulher e consequentemente sua identidade fosse tomada por uma nova forma, adotada por uma contemporaneidade que faz da mulher um novo sujeito social, é que faremos uso dessas imagens, identificando a partir de seus enunciados os efeitos de sentido acerca da imagem da mulher e o seu novo papel na sociedade.
Relações interdiscursivas na constituição do conceito de personalidade no âmbito de uma sentença penal Suelem Cristina Silva Bezerra (UFPA) suuuuucesso@gmail.com O conceito de personalidade que se busca investigar situa-se no âmbito das práticas jurídicas, expresso em sentenças condenatórias. As sentenças condenatórias são concebidas como ato jurisdicional praticado pelo juiz que encerra o processo com julgamento do mérito da denúncia de um crime, acolhendo parcial ou totalmente a pretensão punitiva postulada por quem faz a denúncia. Decorre de um exercício enunciativo que revela aspectos da complexidade heterogênea da linguagem, o que acena para existência de vozes constitutivas do discurso que edifica a construção de uma sentença penal. A legislação processual penal não estabelece uma forma rígida que deverá ser obedecida pelo juiz no momento de traduzir em palavras a sua decisão e torná-la pública. Entretanto, fundamentá-la em argumentos sólidos é imprescindível. É na sentença que o juiz, para definir a pena-base, analisa circunstâncias judiciais dispostas no artigo 59, do CPB, a saber, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social do acusado, a personalidade do acusado, os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime, bem como o comportamento da vítima. Objetiva-se, na análise dessa prática discursiva, compreender, entre essas circunstâncias, a construção do conceito de personalidade do agente, tomando como base as relações interdiscursivas constitutivas à trama deste conceito, porém, apagadas pelas práticas inerentes ao Direito. Para tanto, lança-se mão do aporte teórico da análise de discurso de linha francesa, consoante a Maingueneau (1997, 2006 e 2008), para revelar, nas práticas discursivas do campo do Direito, o processo de construção do conceito de personalidade, procurando compreender em que medida a presença do Outro afeta o funcionamento discursivo dessa prática.
Aspectos da formação discursiva na constituição identitária do professor da EJA na cidade de Goiás
Sueli Paiva dos Santos (UFG) sueli_paiva@outlook.com A Educação de Jovens e Adultos no Brasil (EJA) é uma modalidade de ensino que se encontra à margem da educação e marcada por uma história que manifesta o interesse da classe dominante. Dessa forma, entende-se que a figura do professor é vista por seus alunos como imagens idealizadas de herói, batalhador, sempre disposto a salvar o aluno das doenças do intelecto, da ignorância e dos vícios da alma (CORACINI, p. 2003). É sob essa perspectiva que identificamos o professor enquanto sujeito capaz de intervir negativa ou positivamente na realidade do estudante. Podendo, desse modo, permitir ao estudante uma aprendizagem ineficiente ou, ao contrário, significativa com vistas a uma possível transformação na qual o professor prioriza a construção de relações interpessoais e vivências profissionais que irão influenciar em seu espaço narrativo e promover uma ressignificação identitária que desvelará seus aspectos subjetivos e evidenciará suas ideologias e crenças reforçando sua posição social. O presente trabalho resulta, portanto, de uma proposta de pesquisa em andamento que tem por objetivo analisar o discurso do professor da EJA, pela observação dos relatórios produzidos por professores do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Artesanato, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, do Instituto Federal de Goiás (IFG), Câmpus Cidade de Goiás. Fundamentando-se na Análise do Discurso de linha francesa (AD), busca-se no referido discurso a compreensão de elementos da Formação Discursiva (FD) que lhe constitui, sendo esta reconhecida como um espaço em que os enunciados estão em constante reformulação na busca pela preservação de sua identidade. Por essa via, procura-se identificar as condições de produção do discurso do professor da EJA, as condições sociais e históricas que os levam a produzir determinados discursos em sala de aula e quais os efeitos de sentido que eles esperam produzir mesmo que inconscientemente, frente à diversidade social que permeia esta modalidade de ensino.
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Resumos: Comunicações Individuais Representação do discurso outro e construção de ponto de vista em gêneros da mídia Suzana Leite Cortez (UFPE) sucortez@terra.com.br Dedicando atenção aos fenômenos de heterogeneidade enunciativa, esta comunicação analisa o papel das formas de “representação do discurso outro” (AUTHIER-REVUZ, 2012) para a construção do ponto de vista (RABATEL, 2013) em dois gêneros da mídia escrita, reportagem e artigo de opinião. O interesse pela análise desses gêneros dá-se pela necessidade de investigar diferenças quanto ao modo de gerenciar as vozes nesses gêneros, e consequentemente de manifestar pontos de vista, já que nem sempre o jogo argumentativo revela-se explicitamente na reportagem, diferentemente do artigo de opinião em que se identifica frequentemente uma intenção argumentativa explícita (AMOSSY, 2006). Baseando-se nisso, este trabalho possibilita questionar em que medida pode ser sustentada a distinção entre gêneros do narrar/informar e gêneros do expor/argumentar. O corpus desta pesquisa constitui-se de reportagens e artigos de opinião publicados em diferentes veículos da imprensa francesa, que reportam e/ou referem-se (a) dois fatos relacionados, que ocorreram em 2013: as revelações de espionagem americana no Brasil e o discurso da presidenta Dilma Rousseff realizado na assembleia da ONU. A análise dos dados indica que a distinção gêneros de informação (reportagem) versus gêneros de opinião (artigo) não é suficiente para diferenciar estes dois gêneros do ponto de vista linguístico-discursivo, pois ambos argumentam, manifestando pontos de vista. Contudo, nuances diferenciadoras puderam ser identificadas no modo de representar o discurso outro em cada gênero. Dessa forma, quanto maior a incidência de formas nominais na representação do discurso outro, maior a “tendenciosidade explícita” da mídia no modo de argumentar. Tal traço caracteriza mais fortemente o artigo de opinião. Em contrapartida, a reportagem mais prototípica é caracterizada por alta incidência de verbos introdutores de opinião. Entre um polo e outro, identificamos reportagens que mais se assemelham a um artigo de opinião devido à presença significativa de formas nominais como instrumentos de tendenciosidade explícita, ainda que haja verbos introdutores de opinião.
A voz do estuprador: uma análise de discurso Tainara de Lima Mello (URI) taimello_@hotmail.com Sabrina Alves de Souza (URI) sabrina@urisan.tche.br O estudo “A voz do estuprador: uma análise de discurso” tem como objetivo analisar o depoimento de sujeitos que cometeram o crime de estupro, visando compreender sua metacomunicação. Serão analisados através da Análise de Discurso Francesa dois depoimentos constados nos autos dos processos penais vinculados ao crime de estupro, instaurado em 2011 na Vara Criminal de uma Comarca no Estado do Rio Grande do Sul. Analisar o discurso destes sujeitos irá trazer conteúdos de extrema importância, visto que é uma temática onde há poucos estudos, além disso, há a possibilidade de trazê-los como sujeitos, torna-se enriquecedor para refletirmos novas formas de intervenções e compreender aspectos envolvidos com a sua singularidade. A análise dos dados será concluída até o mês de maio de 2016. Enunciados curtos em comunicação política: a emergência do “Volta, Lula” como uma palavra-acontecimento Tamires Bonani Conti (UFSCar) tamy_bonani@hotmail.com A emergência da pequena frase “Volta, Lula!” se deu de maneira institucional em abril de 2014 por meio do pronunciamento do líder do Partido da República (PR-MG) na Câmara dos Deputados, Bernardo Santana de Vasconcellos (MG). Nessa ocasião, o deputado do PR anunciou o apoio de 20 dos 32 deputados de sua sigla à substituição de Dilma por Lula na corrida presidencial. Numa rápida procura no site de buscas Google, é possível constar que o enunciado “Volta, Lula!” ocorre mais de 100 mil vezes. Essa pequena frase, desde a sua irrupção, passou a estar presente nos mais variados tipos de texto e na “boca” dos mais diferentes enunciadores, que se inscrevem em distintos posicionamentos discursivos. Uma vista d’olhos na literatura pertinente sobre as pequenas frases na política nos mostra que essa temática, embora bastante relevante, tanto para os estudos da ciência política e da comunicação quanto para as ciências da linguagem, ainda foi pouco tratada, sobretudo no espaço acadêmico brasileiro. Nossa preocupação inicial nesta pesquisa é compreender o que faz do “Volta, Lula!” uma espécie de pandemia discursiva (verbal e icônica) com mais de 100 mil ocorrências. Mais especificamente, nesta pesquisa, com base nos trabalhos de Sophie Moirand acerca dos dito acontecimento, e de Maingueneau, sobre a teoria das “frases sem texto”, buscaremos compreender se as propriedades linguístico-discursivas do enunciado de pequena extensão “Volta, Lula!” pode ser, dada sua grande difusão, a emergência de uma frase (dito) acontecimento, juntamente com outras associações a este enunciado, que são suas variantes icônicas, como “Volta, Lula e traga de volta os R$ 10,6 bilhões que você emprestou para o Eike Batista!”. Ademais, buscamos descrever, por um lado, os cotextos e os contextos pelos quais esse enunciado e algumas de suas variantes icônicas circulam no espaço midiático digital brasileiro, mais detalhadamente nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo – Estadão – e em alguns sites especializados em política – entre os meses de abril a agosto de 2014 – período (pré)eleitoral – e, por outro lado, as razões conjunturais (políticas, sociais, históricas) que possibilitaram a emergência de tal enunciado.
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Resumos: Comunicações Individuais Concepção dialógica e variação linguística: uma reflexão sobre o ensino de língua portuguesa Tamiris Machado Gonçalves (PUCRS) mtamiris@gmail.com Vanessa Fonseca Barbosa (PUCRS) vanessa.barbosa@acad.pucrs.br A realidade de qualquer sistema linguístico é a variação, uma condição inerente que o falante precisa compreender a fim de melhor entender as mudanças da língua, as diferentes formas de se manifestar através de um mesmo código manejado de distintas formas a depender, dentre outras questões, da passagem do tempo, dos interlocutores e das múltiplas situações sócio-discursivas de interação. No entanto, embora os estudos sociolinguísticos já tenham comprovado a cientificidade e a importância dos estudos sociolinguistas, compreender e respeitar a variação linguística ainda é um desafio diante da quantidade de preconceitos advindos do desconhecimento desse campo tão importante dos estudos da linguagem. Para tanto, cabe à escola promover uma educação para a vida, com foco em um ensino significativo que vê a língua como lugar de interação, adaptável aos mais diferentes contextos comunicativos. Nesse sentido, a presente comunicação objetiva discutir de que modo as ideais sociolinguísticos e os estudos bakhtinianos podem dar subsídio para o ensino de língua portuguesa? A partir do referencial teórico do Círculo de Bakhtin ([1929] 2009; [1979] 2011, entre outros) e dos estudos da sociolinguística variacionista (LABOV, [1957] 2006), pretende-se demonstrar que atividades voltadas para a discussão de discursos contemporâneos são uma maneira interessante de desenvolver habilidades e competências requisitadas no ensino de língua materna. Através da noção de gêneros discursivos, por exemplo, é possível compreender que é por meio de enunciações que o discurso constitui-se como um fenômeno social complexo, advindo das relações humanas mais variadas. Amparado no curso do tempo, o discurso está em diálogo com já-ditos, discursos passados, bem como com a projeção de discursosresposta, discursos futuros solicitados pela situação enunciativa. Sua complexidade está na diversidade de vozes que o constituem. Essas vozes são as apreciações, os pontos de vista, as valorações que o sujeito exprime frente ao mundo que a ele se coloca e diante de seus parceiros na comunicação discursiva. Isso significa dizer que o discurso nutre-se de enunciados concretos produzidos por sujeitos históricos sempre em relação dialógica e sob posições avaliativas que movimentam a permanente renovação dos sentidos (BAKHTIN [1929] 2008, p. 71; 86-89).
De cabelereiro [sic] a hairstylist: a estetização profissional e seus desdobramentos sociais Tânia Maria de Oliveira Gomes (UFMG) tantan.maria@hotmail.com Segundo Bauman (2001, p.09), vocábulos como “fluidez” ou “liquidez” são capazes de carregar as “metáforas adequadas”, quando se deseja “captar a natureza da presente fase, nova de muitas maneiras, na história” contemporânea. Tal momento é denominado, pelo sociólogo sobredito, como a era da “Modernidade Líquida”, período marcado pela instabilidade dos papéis sociais cujos moldes pretéritos se dissiparam, sem que outras matrizes, atuais, atingissem um patamar de solidez suficiente para substituí-los. É neste estágio, cunhado sob a incerteza, que se faz necessário “refletir sobre as questões de identidade social e cultural”, mormente, porque “as sociedades, ditas modernas, passam por crises: crise identitária, crise cultural, crise de gerações”, entre outras, das quais se destaca aquela que será focalizada neste trabalho: a crise profissional (CHARAUDEAU, 2015, p.13). É notório que “a economia liberal apresenta um aspecto niilista cujas conseqüências não são apenas o desemprego e a precarização do trabalho”, mas, sobretudo, “as desigualdades sociais e os dramas humanos” (LIPOVETSKY; SERROY, 2015, p.12). Nesse sentido, observa-se que as relações sociais, e os elos profissionais que lhes são inerentes, sustentam-se a partir de “um modo de produção estético que define o capitalismo de hiperconsumo”, de tal sorte, que o fazer laboral, para manter-se pungente, reveste-se de uma estetização profissional que carrega consigo uma série de desdobramentos sociais (LIPOVETSKY; SERROY, 2015, p.13). Dessa forma, o que se pretende com este estudo é: a) aclarar qual a relação entre a estética e a hierarquização trabalhista b) examinar como tal categorização profissional se atrela a um discurso de base desigual. Para tanto, serão analisados textos de grande circulação, na internet, coletados entre dezembro de 2015 e março de 2016. Os corpora serão investigados à luz dos preceitos propostos por Bauman (2001), por Lipovetsky e Serroy (2015), acrescidos dos dizeres de Barros (2015), de Charaudeau (2015) e de Bakhtin (2003). Grosso modo, os indícios textuais, presentes no material já coletado, apontam para uma escala social que qualifica ou desqualifica as profissões, dois movimentos que se bifurcam a partir de um critério, em especial: o uso da língua, matéria-prima, por excelência, dos estudos linguísticos, como o que aqui se delineia.
Estudos discursivos e ergológicos: uma interface possível por meio da atividade docente Tanise Corrêa dos Santos do Nascimento (UPF) tanyse@gmail.com O presente trabalho é parte da dissertação Tecituras docentes: no fio da meada o ethos emana as renormatizações e as dramáticas do uso de si, na qual se investigam os mecanismos utilizados para que o professor consiga regular a gestão de si e uso de si por si, bem como os saberes instituídos e investidos em dada cenografia, a autonomia do sujeito, e quais pistas linguísticas da atividade de trabalho estão implícitas além da noção de trabalho que o docente possui, com vistas a conhecer seu próprio trabalho e sua complexidade. Por isso é relevante destacar que a metodologia empregada é a pesquisa bibliográfica fundamentada no conceito de trabalho, trabalho/ergologia, proposto por Yves Schwartz e Yves Clot, aliada às noções de cenografia e ethos discursivo de Maingueneau, a ser empregada no discurso pedagógico de docentes da rede estadual de ensino de Santo Ângelo – RS. Não obstante a isso, é importante compreender a história que se cria em torno do sujeito do trabalho, para que ocorra uma relação eficaz com este profissional, de maneira que suas competências, seus saberes investidos e os propósitos de sua função e do uso das técnicas das quais se apropria, possam ser desvendados, com base em uma temática de valores, que são essenciais para a atividade de trabalho. 359
Resumos: Comunicações Individuais Outrossim, é relevante destacar quais são toda situação comunicativa gera uma imagem de si – ethos, pois ao enunciar essa imagem é instaurada, e logicamente, há uma cenografia implicada nesse contexto. Sobre estes pressupostos, tomando os conhecimentos teóricometodológicos de Dominique Maingueneau, na imbricação no discurso pedagógico analisam-se as marcas comuns da atividade de trabalho e como o ocorrem as renormatizações/renormalizações e dramáticas do uso de si na atividade docente.
Gênero, maternidade e direitos: o aborto como conduta desviante da mulher Tatiana Affonso Ferreira (UFMG) tatianaferreirarb@gmail.com O aborto é um tema controverso que, mesmo diante de mudanças sociais cada vez mais profundas, pode ser visto de maneiras divergentes quando analisado por enfoques teóricos distintos. Sob ângulos muitas vezes contraditórios, diversas áreas de conhecimento, como o Direito, a Sociologia, a Medicina, entre outras, tratam do tema a partir de representações sociais da mulher, do corpo e da sexualidade. Essa controvérsia deve-se tanto a fatores socioculturais como diferenças de crenças religiosas e representações assimétricas entre homens e mulheres, quanto a fatores jurídicos, que tratam o aborto como crime em alguns países, enquanto outros já o consideram uma prática social, inclusive, regulada por lei. São inúmeras as percepções a respeito do tema que demonstram que a legalidade de condutas, muitas vezes, depende do modo como as noções e conceitos são percebidos e contrabalançados com noções de justiça fortemente situacionais. Assim, compreender as consequências do aborto depende de uma análise do contexto cultural no qual direitos, valores, crenças e costumes estão difusos e são socialmente partilhados, aceitos e reproduzidos pela coletividade. Cada esfera que compõe uma sociedade, através de suas formações determinadas, ressignifica o contexto situacional e orienta seus membros a agir de maneiras específicas diante dos fatos. Pode-se dizer que são microssistemas que reproduzem saberes e reinterpretam fatos conforme suas condições reais e seus diversos interesses e percepções de mundo. Neste contexto, tem-se que alguns padrões de comportamento tendem a ser mais bem aceitos que outros, normalmente, aqueles que disseminam ideias sociais já consolidadas e não aqueles que tentam, de alguma forma, questionar a ordem vigente. Assim, para tratarmos sobre o aborto, especialmente dentro do discurso jurídico, é necessário, antes, perceber como os diversos grupos sociais veem as consequências de tal ato para a ordem moral adotada por determinada sociedade. Devemos ter em mente, ainda, que as ideias morais concernentes à prática do aborto são produzidas em estreita relação com as visões predominantes, a cada época, sobre reprodução e maternidade e são essas percepções propagadas que formam e transformam concepções de direitos e justiça.
A imagem da mulher nas enunciações sobre cerveja Tatiana Barbosa de Sousa (UEMG; UNIVAS) tatianabsg@gmail.com A imagem da mulher ainda é, e foi durante décadas, um recurso mediático utilizado de maneira que pode ser considerada depreciativa e machista muitas vezes. Ao longo do tempo, a mulher passou a ganhar outro olhar: deixou de ser exposta como o sexo frágil e submisso para ocupar o lugar de “mulherão”, aquela considerada o grande objeto de consumo e desejo. Assim, deu-se espaço a um viés comercial em que a imagem da figura feminina relaciona-se diretamente ao consumo de um produto, em especial, as cervejas brasileiras. O presente trabalho tem como objetivo observar os efeitos de sentidos gerados pela exposição da imagem da mulher em enunciações sobre cerveja e compreender qual é a verdadeira imagem que está sendo veiculada através da ideia da mulher gostosa como inspiração de vendas. Para tanto, faremos uma reflexão sobre o funcionamento da linguagem na sociedade e os sentidos gerados, sobretudo, no que concerne aos discursos das e sobre as minorias, que é a questão central que orienta os objetivos e as reflexões de nossos trabalhos. O estudo será fundamentado pela a linha de pesquisa da semântica da enunciação de acordo com os princípios metodológicos de tal teoria e conforme os estudos de GUIMARÃES (2002, 2007, 2009). Para alcançar nosso objetivo, será feito uma análise das estratégias utilizadas pela marca Skol em propagandas veiculadas recentemente na mídia brasileira e os efeitos de sentido que foram causados na sociedade observando-se, especialmente, a utilização da imagem da mulher como forma de persuasão. Consoante os estudos desenvolvidos no âmbito do Grupo Discurso, Sentido e Sociedade (DISENSO), buscaremos mostrar as relações de sentidos que derivam destes discursos e se fazem ecoar em outros dizeres, ao longo da história. As representações da mulher contemporânea: narrativas de vida nas seções “Eu, leitora” e “Moi, lectrice” nas revistas Marie Claire, brasileira e francesa Tatiana Emediato Correa (UFMG) tatyemedcorrea@gmail.com O século XX representou um grande avanço para a mulher. Suas conquistas lhe deram mais liberdade de agir e de se expressar, marcando a sociedade como um todo. Novas perspectivas surgiram, e a mulher se destacou em diversos segmentos sociais, políticos e culturais do/no mundo. Essas conquistas e outras conjunturas acerca da mulher foram e continuam sendo objetos de debate, de retomada que (re)produzem imagens acerca da mulher, as quais podem remeter a diversificados papéis sociais, papéis discursivos, comportamentos e lugares do “feminino” na sociedade. A mídia não está alheia a essas representações, pelo contrário ela apresenta um papel considerável no que se refere à propagação e à circulação das representações do feminino em nossa sociedade. O trabalho que aqui apresentamos tem como enfoque as representações da mulher, a partir dos pressupostos da Análise do discurso à francesa. Acreditamos que as representações do feminino como objeto de análise discursiva pode nos conduzir a apreensões mais profundas acerca dos sentidos que circulam assim como nos permitirá relacionar as representações que circulam sobre a mulher na mídia, relacionando-as às condições que possibilitam sua emergência, às regulações que agem e normatizam as práticas discursivas do campo midiático, às representações que os textos selecionamos fazem suporte. Nos gêneros que circulam na mídia impressa, por 360
Resumos: Comunicações Individuais exemplo, os sentidos acerca da mulher se (re)constituem nas/pelas formações discursivas que “dialogam”, e podem ser apreendidos seja por meio da análise dos discursos de diferentes locutores (sujeitos da fala), seja ainda pelo exame da “voz” do locutor (implícito ou explícito, individual ou coletivo) que nele se projeta como fonte dos valores em jogo. Nesse sentido, acreditamos que as análises dessas narrativas podem nos fazer compreender melhor as representações da mulher em uma revista direcionada ao público feminino brasileiro e francês, uma vez que o corpus para análise está inserido vida nas seções “Eu, leitora” e “Moi, lectrice” nas revistas Marie Claire, brasileira e francesa, ao passo que nos permite, no movimento da pesquisa, realizar um aprofundamento teórico acerca dos imaginários sócio-discursivos que circulam nessas duas sociedades, dentro dos aportes teóricos de Dominique Maingueneau e Patrick Charaudeau e seus seguidores.
A des-construção de papéis identitários de homens e mulheres nas propagandas da Bombril Tatiane Chaves Ribeiro (PUC/CAPES) tatianechaves@ymail.com Silvana Marchesani (PUC/UFV) marchesani@ufv.br Com os slogans “Os produtos que evoluíram com as mulheres” e “Porque toda brasileira é uma diva”, propagandas da empresa Bombril buscam, além de vender os produtos da marca, descontruir velhos papéis sociais e identitários de homens e mulheres através de proposições e de construções de um posicionamento que emerge na materialidade do texto. Nesse caminho, objetivamos verificar como ocorre essa desconstrução através da análise dos argumentos e de estratégias argumentativas, das formações discursivas e das ideologias as quais fundamentam e permeiam os enunciados das referidas peças publicitárias. Nosso corpus constitui-se de quatro propagandas e, por serem textos marcadamente multimodais, nosso foco será a análise da materialidade verbal sem, contudo, deixarmos de mencionar aspectos visuais quando forem pertinentes e significativos na e para a atividade interacional. Nossa base teórica perpassa, principalmente, pelos estudos de identidade propostos por Hall e de argumentação apresentados por Perelman e, não menos importante, um conceito caro ao nosso trabalho é a noção de subjetividade de Benveniste. Observamos que, por trás do intencional anúncio dos produtos, as propagandas buscam persuadir as mulheres a inverterem seus papéis socialmente construídos e instituídos com os homens. Por outro lado, determinados posicionamentos e as roupas de algumas personagens contradizem esse suposto objetivo.
Readaptação em meio escolar: qual identidade para o professor? Tatiane Feitosa dos Santos (UEMS) tati.fz@hotmail.com Neste trabalho, apresentamos os problemas colocados pelo objeto da pesquisa: a identidade do professor readaptado da rede pública do município de Campo Grande-MS. Como causas relacionadas a essa realidade, temos, inicialmente, a transformação de uma sociedade tipográfica em pós-tipográfica, o que modificou a aprendizagem e as relações sociais no âmbito da prática pedagógica. Nesse cenário, um número expressivo e crescente de professores não conseguem acompanhar essa mudança, não porque não querem, mas pelo fato de pertencerem a uma geração diferente, o que gera o conflito. Doentes, os professores não conseguem exercer sua função, disso advindo a realidade da readaptação. Fundamentada na análise do discurso francesa, essa pesquisa pretende responder a uma demanda social a respeito do que vem se tornando um caso de saúde pública em meio profissional. Temos como hipótese que a análise do discurso do sujeito professor readaptado pode constituir um diagnóstico, como forma de prevenção ao alto número de atestados e de readaptação ocorridos nos últimos anos, segundo dados estatísticos oficiais. Diante dessa situação-problema, o objetivo maior dessa pesquisa é conhecer os sentidos do discurso dos professores readaptados da rede pública municipal de Campo Grande (MS), por meio de pesquisa exploratória de caráter descritivo, compreendendo questionários. Enfim, objetivamos, com esse estudo, depreender as causas profundas da readaptação e analisar a identidade constituída a partir da readaptação, tendo como fundamento que a relação linguagem, pensamento e mundo não são unívocas, e que a produção do sentido encontra-se no entremeio da língua com a história.
Discursos de poder no cotidiano midiático Teresinha Souto de Azevedo Campos (UFF/CNPq) tsacampos@gmail.com O presente trabalho propõe-se a analisar a diversidade existente nas falas proferidas por políticos e reenunciados pelo Jornal O Globo por meio de manchetes narrativas ao longo do período eleitoral de 2014. Parte da suposição de que as vozes reenunciadas podem apontar para pontos de vista ideológicos diferentes dos pretendidos originalmente. Percebe-se, através das análises, que as marcas discursivas da voz do reenunciador que modificam a orientação argumentativa do texto original registram um outro modo de significar, produzindo efeitos de sentidos que interferem no resultado da leitura, fato que motiva as seguintes questões: O que leva determinados textos a serem transformados em outros? Quanto de uma manchete vincula-se ao sentido pretendido pelo entrevistado e quanto ao desejado por seu reenunciador? No bojo dessas indagações e da mencionada hipótese, visamos, nesta pesquisa, apreender a construção dos sentidos das falas reenunciadas como manchetes jornalísticas com base na teoria semiolinguística de Patrick Charaudeau, no que concerne ao estudo do contrato comunicativo midiático; nas postulações de Dominique Maingueneau, com relação a aspectos intertextuais, como o da sobreasseveração; e nas considerações de Luis Antônio Marcuschi, acerca dos processos de retextualização. Metodologicamente, verificaremos as citações retextualizadas a partir da recorrência de verbos dicendi, como recurso de informação e de pretensa neutralidade, e das construções linguageiras introduzidas e/ou suprimidas por esses verbos, no 361
Resumos: Comunicações Individuais âmbito das sobredeterminações do contrato midiático do O Globo. Entendemos que o presente trabalho contribua para a discussão de um tema que é de grande relevância, visto que as palavras são instrumentos de ação e de intenção. Espera-se que o leitor compreenda a configuração verbal de uma maneira menos ingênua e interprete o conjunto com base em inferências, seja dos implícitos ligados aos valores ideológicos do sistema jornalístico focalizado, seja da intenção latente por parte dos sujeitos comunicantes. Nesse sentido, busca-se atestar a presença de um discurso de desigualdade subjacente à enunciação original em interface com a sua posterior reenunciação, comprovando, em âmbito discursivo, divergências de ordem política e ideológica.
Da reforma agrária no interior do MS: discursos e relatos dos estudantes assentados Terezinha Coelho de Souza (UFGD) terezinhacoelho22@yahoo.com.br A proposta deste trabalho é analisar como é construída a identidade do estudante do Ensino Médio que pertence aos assentamentos da reforma agrária, a partir da sua relação com o outro. Apresentamos análises de alguns dados que compõem o histórico dos assentamentos (período em que eram ainda acampamentos) e, posteriormente, de três assentamentos na região de Juti-MS. O trabalho examina como os membros da comunidade em questão produzem ou reproduzem traços de identidades diversas em interações linguísticas no interior dos assentamentos. Para isso, analisamos textos produzidos pelos estudantes, durante as aulas de produção interativa (redação), em uma escola pública do município. Para a análise utilizamos como pressupostos teóricos os estudos da Análise do Discurso e dos Estudos Culturais, observando o grau de influência dessa interação com o outro e em relação à identidade desses estudantes. O levantamento dos dados para compor o corpus do trabalho foi realizado in loco, através da coleta e arquivamento dos textos e também por meio de registros de relatos e gravação de entrevistas que foram utilizadas para compor o histórico dos assentamentos pesquisados. Tínhamos como hipótese o pressuposto, de que a relação de alteridade que o estudante assentado vive com o outro poderia influenciá-lo em relação à sua identidade, o que não foi constatado ao analisarmos os dados. BR 163 no município de Sorriso: via de acesso ou barreira? Terezinha Ferreira de Almeida (UFMT) terezinha.almeida@srs.ifmt.edu.br Maria Inês Pagliarini Cox (UFMT) minescox@hotmail.com Situado no interior do estado de Mato Grosso, o município de Sorriso é mais um dos que surgiram ao longo do traçado da BR 163. Promessa de se transformar em um importante polo agrícola desde o início de sua colonização, Sorriso atraiu imigrantes de várias regiões do país. Inicialmente vieram os sulistas, os ‘gaúchos’, como são chamados metonimicamente todos os imigrantes vindos da região sul, referenciados como senhores da terra, visto que são donos de quase toda área rural do município, buscando adquirir áreas agricultáveis maiores do que as que possuíam em seus estados de origem, motivados pelo sonho de se tornar “fazendeiros”. Depois vieram imigrantes de outras regiões, principalmente nordestinos, metonimicamente designados como ‘maranhenses’, que começaram a chegar ao município, na década de 1990, para empregarem-se como mão de obra não especializada no cultivo da terra, desejando apenas assegurar a própria sobrevivência e a da família. Hoje, o município continua atraindo pessoas de todo o país para as mais diversas atividades econômicas, vislumbrando melhores condições de vida. A convivência entre os que chegaram primeiro para colonizar a terra e os que chegaram depois para habitar uma cidade já em desenvolvimento tem sido marcada por uma divisão que eclode na organização do espaço urbano, nas relações interpessoais, profissionais e nas práticas linguageiras. A BR 163, que corta não apenas o município, mas também a cidade, dividindo-a em duas regiões com características socioeconômicas, culturais, urbanas e demográficas bem distintas, o que faz dela uma espécie de símbolo do apartheid reinante naquela formação social. De um lado, habitam ‘os gaúchos’, do outro, estão os ‘maranhenses’. E em torno deles se avoluma um discurso segregacionista, metaforizado pela dêixis espacial “lá” e “cá”, funcionando discursivamente como um cronotopo: “lá” (= a periferia, o lugar dos imigrantes nordestinos, reduzidos a maranhenses) e o “cá” (= o centro da cidade, o lugar dos colonizadores sulistas). Balizado pela Análise do Discurso desenvolvida sob a inspiração de Michel Pêcheux, este estudo pretende analisar o discurso excludente em torno da BR 163 por meio de combinação de corpus arquivista e experimental, lançando mão de dispositivos de análise, como formação discursiva, interdiscurso e memória discursiva. Entrelinhas e vozes: o discurso docente sobre a prática de leitura em escolas públicas de Montes Claros – MG Terezinha Maria Marques Teixeira (Unimontes) tematemoc@gmail.com O presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa pautada na figura do professor como autor de seu próprio discurso, possuidor de uma voz do conhecimento de sua própria realidade. Esse conhecimento torna-se legítimo, ao produzir sentido, materializando suas representações sociais no que se refere ao entendimento e ao trabalho com a leitura em sala de aula. Portanto, a pesquisa teve por objetivo compreender as representações sociais que professores de diferentes disciplinas da educação básica de escolas públicas possuem sobre a leitura e sua prática em sala de aula. Optou-se por uma metodologia de cunho qualiquantitativa, sendo que foi utilizado o Discurso do Sujeito Coletivo para identificação das representações sociais dos professores entrevistados sobre a leitura e suas práticas pedagógicas, vivenciadas no contexto da disciplina em que trabalham. Os resultados apontam que as representações sociais dos professores sobre leitura evidenciam a percepção da importância dessa prática para o processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos escolares. A pesquisa apontou, também, que a prática de leitura, nas escolas pesquisadas, assenta-se, em grande parte, aos textos dos didáticos e que os professores sentem a necessidade de formação continuada que os habilite a um trabalho mais consistente com prática de leitura. 362
Resumos: Comunicações Individuais A Rosa Branca: o ethos da resistência nazista Thaís Rios de Aguiar (UNIMONTES) thaishills58@gmail.com A Rosa Branca foi um grupo de resistência ao regime nazista composto pelos irmãos Hans (1918-1943) e Sophie Scholl (1921-1943), além de Christoph Probst (1919-1943), Alexander Schmorell (1917-1943), Willi Graf (1918-1943) e Kurt Huber (1893-1943) amigos e companheiros políticos dos irmãos Scholl. Os jovens se conheceram na Universidade de Munique e uniram por um ideal: articular um movimento de oposição ao regime nacional-nacionalista que imperava na Alemanha nos anos 30 e 40. O grupo resistia através das palavras; a resistência não-violenta acontecia por meio de panfletos espalhados, que demonstravam seus ideais e informavam a sociedade alemã sobre as condutas do regime nazista, contudo, em 1943, os irmãos Scholl e seus companheiros foram pegos e executados pelo Estado nazista. Sete anos mais tarde, foi publicado por Inge Scholl, irmã de Hans e Sophie um livro homônimo ao qual relata a história e engajamento político de A rosa branca, bem como os seis panfletos produzidos pelos jovens e um sétimo que fora encontrado tempos depois. Estes panfletos foram produzidos para atingirem a massa alemã, eram enunciados carregados de referências filosóficas, como Lao-Tsé, ideais de liberalismo clássico; liberdade de religião e de expressão; elevavam os problemas do Estado nazista e manifestavam seu posicionamento conservador e direitista. Com isto, buscou-se analisar, através dos setes panfletos, como se constitui o ethos discusivo de A rosa branca. Para corrente francesa da análise do discurso, o ethos estabelece certo status a enunciação, estabelece também papéis entre interlocutores e marca uma posição do sujeito no enunciado, portanto, essa pesquisa teve como intuito, suscitar quais ideais de resistência o grupo pertencia, a identidade discursiva, o posicionamento político dos jovens; suas crenças, ideologias e referências filosóficas; o ethos é este conjunto de imagens reais de si - e coletiva - que escoam no ato de enunciar. Uma aproximação das ações sociodiscursivas do “Movimento Brasil Livre” à luz da análise de discurso crítica Thaiza de Carvalho dos Santos (UnB) thaizacarvalho@hotmail.com Considerando a interação mediada pelo computador geradora e mantenedora de relações complexas e de tipos de valores que constroem e mantêm as redes sociais na internet, proponho neste trabalho analisar como o movimento social em rede Brasil Livre se configura em suas práticas em uma sociedade brasileira cada vez mais informatizada. Ao referir-me aos movimentos sociais em rede, recorro ao conceito estudado por Castells (2013) para refletir sobre os movimentos sociais que surgem ou se desenvolvem por meio das redes digitais de comunicação, que usam as redes sociais para propagar os eventos e as emoções associadas a experiências individuais. Objetivo, desta forma, desenvolver uma pesquisa reflexiva com base nos pressupostos teóricos desenvolvidos pela Análise do Discurso Crítica (ADC) sobre os novos movimentos sociais em rede, analisando e desvendando os discursos e as práticas sociodiscursivas que sustentam esses movimentos na formação da identidade de seus participantes, em especial do Movimento Brasil Livre, que ganhou força nas manifestações de 2014 no Brasil. Esta pesquisa faz parte da dissertação em andamento intitulada “Movimentos sociais em rede: uma aproximação das ações sociodiscursivas do ‘Movimento Brasil Livre’” do Programa de Pósgraduação em Linguística da Universidade de Brasília e justifica-se pela sua relevância social na análise de textos socialmente motivados que constroem movimentos sociais importantes para a nossa sociedade. É papel do analista do discurso investigar a dialética entre os discursos e a estrutura social, investigando relações de poder e lutas hegemônicas, como propõe Fairclough (2001). A metodologia a ser utilizada nesta pesquisa será de cunho qualitativo, de base documental em materiais empíricos, assim como também o uso da etnografia e da netnografia. A análise, dialogando sempre com a ADC, terá caráter interpretativo crítico, pois um dos interesses da área é o papel do discurso nas mudanças sociais e suas várias implicações possíveis. Subjetividades racializadas e sexualizadas em lutas performativas: análise de uma prática discursiva na web 2.0 Thayse Figueira Guimaraes (UninCor) thayseguimaraes780@gmail.com Em seus trabalhos, Foucault historiciza a mudança dos regimes de governo baseados na figura do soberano para os regimes de biopoder e a constituição das sociedades disciplinares. Nesse processo, o poder de governo dos indivíduos deixou de ser centralizado, se diluindo em conjuntos de discursos e práticas institucionais sustentadas por saberes específicos. Nesse contexto, proponho utilizar a noção foucaultiana de subjetividade, acoplada à tríade “verdade- governamentalidade – subjetividade”, em um exercício teóricoanalítico de uma prática discursiva da web 2.0. No presente estudo, tal articulação é a chave de leitura para a compreensão de como Luan, garoto negro e gay, negocia coletivamente suas performances nas interações no Facebook, ao criar significados sobre si e sobre seus amigos. Realizo uma reflexão sobre o olhar que Luan lança para sua corporalidade negra, focalizando aspectos de suas identificações de gênero e sexualidade. Tal exercício analítico evidencia um conjunto de D/discursos (Gee, 2005) e práticas que estão em jogo na construção das subjetividades locais. O foco investigativo nas subjetividades dá visibilidade ao modo como significados surgem conectados a sentidos normativos e a práticas discursivas que estão localizadas para além do contexto emergencial. Os apoiadores no contrato político-eleitoral Thiago Fernandes Peixoto (Faculdade Guanambi) thfpeixoto@gmail.com O presente trabalho, seguindo uma linha que toma como base as pesquisas em análise do discurso, teorias da argumentação e estudos retóricos, objetiva esboçar a influência e as formas de intenção argumentativa utilizadas pelos que denominamos "apoiadores" políticos. Essa denominação visa destacar o papel não dos simpatizantes a uma causa, mas dos indivíduos que, em propagandas ou 363
Resumos: Comunicações Individuais em outros meios, assumem a tarefa de fazer com que o eleitor crie um grau de confiança no candidato, conferindo-lhe o voto. Seguindo os meios utilizados para que o almejado ocorra, os apoiadores lançam mão de meios de argumentação diversos: seja de uma emoção racionalizada (como vemos na confiança conferida ao candidato), seja de uma emoção não racionalizada (como o medo do candidato adversário), dentre outros. Procurar-se-á mostrar que todos os meios utilizados desencadeiam em uma imagem em constante mudança, mas próxima ao que Roland Barthes denominou como uma "efígie" do candidato político: uma imagem relativamente estável, criada mais pelo modo de ser do candidato do que por suas propostas. O papel desempenhado pelos "apoiadores" será, neste caso, dividido pelo poder conferido socialmente aos "apoiadores de prestígio" (indivíduos que possuem destaque nos meios de comunicação) e aos "apoiadores comuns" (cidadãos sem destaque nos mesmos meios), refletindo uma ambiguidade social, que retira do candidato o papel preponderante que este deveria ocupar em época de eleições, o de ser proponente de melhorias para a gestão da "coisa pública", já que em eleições um pouco de tudo se pode ver, mas com menos destaque o mais relevante: as propostas políticas.
Os discursos sobre a provisoriedade estética e as suas implicações com o mercado de arte Thiago Martins Prado (UNEB) minotico@yahoo.com.br Num primeiro momento, os discursos de Arthur Danto ou de Hans Belting a respeito do fim da história da arte afirmaram que a efemeridade estética parece combater a sabedoria profunda e metafísica que privilegiou uma universalidade inventada para defender os padrões de valores de uma classe específica contra as dinâmicas culturais das demais classes populares. Pouco tempo após essa linha de defesa, com a ampliação das demandas de consumo e da necessidade de revisão dos materiais e dos temas de atração do público, a provisoriedade estética revitalizou um processo de adequação do mercado de arte de acordo com as inovações do capitalismo financeiro, que se reveste de especulação, de gerenciamento de expectativas e de agrupamentos vantajosos que possam servir para fortalecer o sistema de informações e para escoar objetos artísticos preparados para a revenda.
A representação de estereótipos e de desigualdades no Stand Up: uma análise do gênero Valdete Aparecida Borges Andrade (UFU) valborgesandrade@gmail.com Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU) cidottoni@gmail.com Esta comunicação é parte de uma pesquisa maior cujo objetivo geral é caracterizar o gênero oral stand up, por meio de uma análise linguística, discursiva e socialmente orientada. Tal análise é realizada com base nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 1982, 1989; CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999), especialmente na proposta de Fairclough (2003) de abordagem dos significados acional, representacional e identificacional; em estudos sobre humor (RASKIN, 1985; TRAVAGLIA, 1989, 1990; POSSENTI, 1998, 2000; OTTONI, 2007) e sobre esterótipos (MAISONNEUVE, 1977; MAZZARA, 1999; LIPPMANN, 2008). Foram coletados, no site do Youtube, 06 vídeos do gênero stand up, publicados em cada ano, no período entre 2012 e 2015, perfazendo o total de 24 vídeos. O stand up comedy foi criado na Inglaterra e difundido entre os anos 1950 e 1960; e, no Brasil, foi introduzido por José Vasconcelos na década de 70. Nas últimas décadas, esse gênero começou a fazer parte das apresentações em programas televisivos, internet, teatro, bares, casas de shows. Sua característica principal é o comediante de ‘cara limpa’, isto é, o comediante que se vale apenas de um microfone, sem nenhum outro recurso de cenário. A análise dos exemplares do stand up tem evidenciado, por um lado, o potencial desse gênero para a produção de críticas a diferentes problemas emergentes em nossa sociedade e, por outro, o seu potencial para a reprodução de estereótipos, representação e manutenção de desigualdades sociais, de gênero, dentre outras. Desse modo, não deve ser considerado apenas como objeto de entretenimento. O stand up, assim como muitos outros gêneros do humor, deve ser analisado e as representações nele e por ele construídas devem ser problematizadas.
Os imaginários sociodiscursivos na construção da imagem de mulher: identidades (re)dimensionadas Valdirene de Jesus Alves (UESB) val_gl@yahoo.com.br Avanete Pereira Sousa (UESB) avanete@uol.com.br A efusiva expansão de discursos sobre os cuidados com o corpo feminino demonstra a disseminação de alguns imaginários acerca do próprio corpo, o qual, para nós, se configura como um constructo social; tais discursos incidem, por consequência, na construção de subjetividades. Essa disseminação é facilitada, principalmente, pelos distintos instrumentos midiáticos de massa, os quais pautam suas matérias sobre o corpo, em especial, o feminino, a partir de determinados ideias de saúde e beleza. Nessa perspectiva, o propósito desse artigo é analisar os imaginários sociodiscursivos sobre o corpo feminino, referendando-nos na tríade conceitual de mulher-corpo-saúde. Para isso, elegemos como corpus quatro capas de revistas, sendo duas da Boa Forma e duas da Women’s Health,publicadas entre os anos de 2014 e 2015, as quais foram analisadas à luz dos construtos teóricos da Semiolinguística atinentes aos imaginários sociodiscursivos, ao contrato comunicacional em Charaudeau (2007, 2008a, 2008b) e nos pressupostos sociais e discursivos em Foucault (2008), Le Breton (2010) e Del Priore (2000) para tratar da questão sobre corpo e saúde . Como aporte metodológico, valemo-nos da grade de análise de imagens proposta por Mendes (2013), com recortes, em específico, no que concerne (i) à macrodimensão situacional da imagem e do texto, contemplando a dimensão dos sujeitos do discurso, do gênero, do estatuto e dos efeitos e (ii) à macrodimensão retórico-discursiva, priorizando apenas a dimensão dos imaginários sociodiscursivos. 364
Resumos: Comunicações Individuais Nessa apreciação, analisamos a capa da revista como um gênero discursivo de encenação de atos de linguagem, resultante de uma situação sociocomunicacional em que os sujeitos linguageiros partilham discursos, cujos sentidos, volvidos pelos ditos e não ditos, concretizam imaginários acerca do corpo responsáveis por (re)dimensionar e (re)configurar a identidade feminina. Uma análise dos traços subjetivos em textos de participantes do Celpe-Bras sob uma perspectiva modular Valeria Schmid Queiroz (UFMG) valsqueiroz@gmail.com Embora desenvolvido em grande escala na última década, o estudo do Português Brasileiro como língua adicional vem sendo desenvolvido apenas recentemente em comparação com outras línguas. Foi também com o crescimento de políticas de internacionalização e maior interesse na difusão da língua que o país passou a se preocupar em criar instrumentos próprios de certificação linguística, instaurando-se o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), requerido hoje por variadas instâncias profissionais e acadêmicas para que o indivíduo estrangeiro possa ser aceito e inserido nas regulamentações e instituições brasileiras. Diversas pesquisas têm sido publicadas em vários âmbitos considerando-se a validade e a importância do exame, mas ainda poucas dirigiram um olhar para como os participantes da prova posicionam-se subjetivamente em suas produções. Em vista disso, visamos em nosso estudo analisar como são construídas as relações textuais e enunciativas em textos de participantes do exame Celpe-Bras, segundo as contribuições do Modelo do Análise Modular do Discurso (MAM), em prol de uma marcação da subjetividade do locutor e das posições discursivas que ele assume. Dessa forma, nossa base teórica se constituirá mais especificamente dos trabalhos de Roulet, Filliettaz e Grobet (2001), Marinho (2002; 2004) e Cunha (2014) para a discussão do modelo, bem como das contribuições de Benveniste ([1966] 2005) e Bakhtin ([1929] 2010) para as reflexões da subjetividade discursiva. Para o desenvolvimento deste trabalho, propomo-nos analisar um exemplar do nosso corpus publicado no Guia do Participante (2013), a partir de um percurso que envolverá os módulos hierárquico, interacional e referencial e as formas de organização relacional e enunciativa do MAM. Embora o trabalho ainda esteja em fase de desenvolvimento, os resultados até então investigados apontam para a possibilidade da existência de uma relação da articulação textual com a competência linguística e discursiva consideradas pelo exame. Efeitos de sentido gerados a partir da cobertura da mídia sobre a PNAD em 2015 Vanessa Amin (UFMG) vamin@terra.com.br O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza, anualmente, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Por meio desta pesquisa, são obtidas informações importantes sobre as características demográficas e sociais, educacionais, mão-de-obra, rendimento e habitação. O assunto, geralmente, ganha destaque na mídia nacional que divulga os dados ao seu público. Nosso objetivo neste trabalho é investigar os efeitos de sentido gerados a partir da cobertura da PNAD 2014 nos veículos de comunicação do Grupo Globo, a fim de saber como o tema desigualdade é tratado e quais as discursividades produzidas a partir das matérias divulgadas à população no ano de 2015. Para tanto, consideraremos disciplinas tradicionais, como Linguística e a Análise do Discurso francesa em um esforço inter e transdisciplinar com a Comunicação, utilizando o método arquegenealógico de Michel Foucault, segundo o qual, para efetuar as análises devemos buscar no arquivo as regras, práticas, condições de produção e funcionamento, relações de saber-poder, indo além da materialidade discursiva e realizando um corte horizontal de mecanismos e uma leitura horizontal das discursividades. Trata-se de uma tentativa de se conhecer melhor o modo como as práticas sociais e discursivas dos diversos meios sociais se concretizam em gêneros de textos jornalísticos, podendo ser esse conhecimento relevante para o campo do ensino, como uma possível forma de levar estudantes, professores e profissionais das duas áreas – Comunicação e Letras - a pensarem sobre suas práticas e sobre o uso dos jornais em sala de aula como material complementar, estimulando uma leitura mais crítica e reflexiva. Imaginários sociodiscursivos e aplicativos de encontro gays Venan Lucas de Oliveira Alencar (UFMG) venanalencar@gmail.com O uso da internet como forma de encontrar novos parceiros tem modificado a maneira como nos relacionamos nos últimos anos. Das salas de bate-papo aos atuais aplicativos de smartphones, marcar um encontro tornou-se uma tarefa que geralmente exige poucas preliminares, mas sobretudo atitudes mais imediatistas. Na perspectiva da Análise do Discurso de corrente francesa, pretendemos então analisar perfis de usuários de três aplicativos de encontro gay: Scruff, Hornet e Grindr. Neles buscaremos os textos que tragam em suas descrições imaginários sociodiscursivos sobre o uso desse recurso. A análise será de ordem discursiva e partirá das capturas de telas feitas desses usuários na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Do mesmo modo, tentaremos compreender quais os motivos que levam esses homens gays a atribuírem discursivamente axiológicos negativos ou positivos ao uso desse suporte, assim como o modo que o fazem. Tudo isso atrelado a uma perspectiva histórica da homossexualidade no Brasil e das identidades sociais que assumem enquanto sujeitos de fala. Relacionando, pois, imaginários, história e identidades, sob a ótica da Análise do Discurso, pretendemos compreender como esses fatores têm-se articulado e como emergem na conjuntura. Para realizar tal trabalho, valeremos-nos dos conceitos de identidades e imaginários de Charaudeau (2007, 2009, 2015), da História da Sexualidade de Foucault (1980) e de outros autores que tem trabalho a questão da homossexualidade na contemporaneidade, como Green (2000), Didier (2008) e Miskolci (2009, 2014, 2015). Por fim, pretendemos compreender como os homens homossexuais que lançam mão dessa tecnologia para se relacionarem se representam e se identificam e como veem o uso de aplicativos dentro da subcultura gay. Assim, será possível traçar considerações a respeito do que tem mudado sobre a percepção do outro e de si, além de desvelar desigualdades dentro de uma subcultura já discriminada. 365
Resumos: Comunicações Individuais ENEM e(m) imaginários sociodiscursivos: do estrutural da/na escola às ações individuais rumo à mobilidade social Verônica Maria Araújo dos Santos (UESB) veomaria.cte@hotmail.com Fernanda de Castro Modl (UESB) fernanda.modl.uesb@gmail.com Com a democratização da escola, esse domínio discursivo passa a ser atravessado por dizeres e fazeres relativos a uma busca histórico-ideológica pela reparação e/ou diminuição de desigualdades sociais em sentido lato. O que nos convoca a pensar em relações de sujeitos advindos de diferentes grupos sociais com o sistema de ensino e, nessa dimensão, também com o discurso pedagógico prescritor e legitimador de enquadres para a ação subjetiva na escola. Nessa direção, para esta comunicação, elegemos como corpus de análise 04 (quatro) atos de linguagem que têm o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como objeto de discurso. Os atos linguageiros, enunciados por alunos da 3ª série do ensino médio de uma escola pública do interior baiano, figuram respostas de alunos advindos de ambientes rural e urbano a um instrumento de pesquisa questionário. Baseando-nos na análise do discurso sob o aporte teórico da Teoria Semiolinguística no âmbito dos imaginários sociodiscursivos (CHARAUDEAU, 2001, 2007, 2008a, 2008b, 2009), atualizamos os conceitos de identidade social, identidade discursiva, imaginários sociodiscursivos, ethos e contrato sociocomunicacional, a fim de realizar a análise discursiva e acessar os imaginários sociodiscursivos dos grupos acerca do Enem. Marcas linguístico-discursivas, sintagmáticas e oracionais mapeadas no ato de linguagem dos sujeitos enunciadores (EUe) revelaram nuances que informam sobre traços das identidades social e discursiva dos sujeitos, e o ethos desses estudantes, em face ao lugar i) da ação individual frente à estrutura escolar; ii) dessa ação individual para a mobilização social pretendida/almejada e, por fim, iii) do Enem como um dispositivo regulador e classificador da/na cultura escolar brasileira. Um triângulo (nada) amoroso: o cravo, a rosa e a Maria da Penha Vicentina dos Santos Vasques Xavier (UEMS) vilinguaportuguesa@hotmail.com O trabalho se propõe a analisar a violência contra a mulher após a criação em 2003 da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), da Presidência da República, os acordos internacionais assinados pelo Brasil com vistas à eliminação da violência, e com a sanção da Lei 11.340 - Lei Maria da Penha – em 2006. A análise será feita a partir de uma tirinha com um trecho da cantiga popular “O cravo brigou com a rosa”, acrescido da frase “É a lei Maria da Penha, mermão!” que circula em páginas da internet, como sites de entretenimento e blogs, ora apresentando-se, também, como texto mobile para ser compartilhado no Facebook. A canção infantil “O cravo brigou com a rosa” (re) colhida do povo nas ruas vem da cultura oral, faz parte do folclore brasileiro e não tem autoria. Dessa forma, na análise, serão consideradas a ideologia e as marcas discursivas nas falas dos sujeitos presentes na letra da canção “O cravo brigou com a rosa”, de acordo com a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006). Igualmente, serão consideradas as formações discursivas e a memória discursiva, demonstrando-se como a inscrição histórica dos sentidos é materializada, inscrita e representada no sujeito mulher. Pretende-se demonstrar que “a ideologia não é ocultação”, mas (ideologia) que marca as relações entre língua e mundo, determinando que o sentido das palavras é sustentado por aqueles que a empregam (e) nas situações de produção, assegurando que a linguagem funciona juntamente com o inconsciente e dando-se a partir daí, a construção dos sentidos. O objetivo da análise será (re) afirmar que a Lei Maria da Penha contribui para a educação, combate e diminuição da violência contra a mulher, fazendo com que haja justiça social para a segurança e defesa da vida das mulheres. Os estudos contemplarão a Análise do Discurso (AD), tendo como fundamento teórico a Análise do Discurso da Matriz Francesa de Michel Pêcheux (1975), Eni Pulcinelli Orlandi (1995), Leonardo Arroyo (1968) e a Lei Maria da Penha. La presence de discours portugais en afrique: une analyse de degre de hauteur d'expression politique Victor Ariole (University of Lagos) vicariole@gmail.com Le portugais est parle parle par six pays parmi cinquante trois pays d'Afrique. L'Angola en afrique du sud et la guinee bisau en afrique de l'ouest dominent par leurs activites politiques et belligerantes. Leurs elites politiques menent des discours qui continuent a prouver qu'ils ne sont pas prets a faire participer leurs populations respectives au developpement du pays. Qu'il soit Joce Eduardo dos Santos ou Joce Mario Bavz, ils preferent discourir en faveur des pays puissants qui s'ingerent dans leurs affaires internes. Pour dos Santos, il s'agit de Portugal, la Chine ou la Russie; et pour Bavz il s'agit, plus ou moins ce que dit la cedeao dominee par Nigeria et Senegal. Dans cette presentation, nous analysons les discours de deux presidents dans une assemblee africaine pour deduire que leurs degre de hauteur d'expressivite demontrent des pays assujettis et des dirigeants qui manquent de vision pour le mieux etre de leurs peuples. Vozes da diversidade: uma reflexão sobre interações verbais a partir da cobertura jornalística da 19ª Parada LGBT de São Paulo Victor Augusto Menezes Ribeiro (UERJ) vsribeiro26@gmail.com A partir de contribuições tanto da Pragmática quanto da Análise do Discurso de linha francesa, este trabalho busca apresentar argumentos contrários ao modelo clássico de interações verbais, tal como proposto por Roman Jakobson. Através de uma análise da cobertura da 19ª Parada LGBT de São Paulo pelo jornal Folha de São Paulo, problematizam-se três elementos do modelo do autor. Assim, concebem-se o “emissor” e o “receptor” como instâncias interdependentes e atravessadas por várias vozes, e o “código” como terreno não neutro, dentro do qual se implicam os próprios participantes do fenômeno dialógico. 366
Resumos: Comunicações Individuais Procesos de socialización académica en la escritura de monografías de humanidades: ¿hacia una educación universitaria igualitaria? Virginia Orlando (Universidad de la República - Udelar) vir.orlando@gmail.com Esta ponencia aborda cuestiones trabajadas dentro del proyecto Acerca de la elaboración de trabajos monográficos: argumentación y marcación de autoría como formas de construcción identitaria en la disciplina (CSIC-CSE, Universidad de la República, coordinado por Virginia Orlando y Beatriz Gabbiani). Distintos estudios sobre la Facultad muestran que las monografías son vistas por los estudiantes como un obstáculo para la culminación de sus estudios. La investigación desarrollada se enmarca en un abordaje sociocognitivo de las acciones de leer y escribir (cf. entre otros, Barton 1995, Street 1995, Gee 1996, cf. McKay 1996, Leki 2000, Marcuschi 2007): la lectura y la escritura se conciben aquí en términos de procesos no acabados y variables en función de los contextos, locales y globales. A su vez, las producciones discursivas –en este caso escritas- se conciben funcionando dentro de géneros discursivos (Bajtín 2002, cf. Eggins y Martin 1997, Meurer et al. 2006) propios de ciertos contextos de producción y circulación de los textos, así como de determinadas comunidades de interpretación (Bazerman 2006, Collins y Blot 2002). Se espera que en la escritura de una monografía los estudiantes demuestren conocimientos adquiridos, pero además se trata de abordar una temática específica y escribir al respecto “con adecuada elaboración científica”, como lo recuerda la regulación institucional. Esa adecuación, correspondiente a una disciplina específica o a un marco interdisciplinario, sería la propia de una comunidad interpretativa determinada (Orlando 2014). En el caso de la lectura y escritura de las comunidades académicas, en las que podemos hablar de “modalidades centrípetas” de lectura (Orlando 2012), análoga consideración puede realizarse sobre las modalidades de escritura: se trata de modalidades relativamente estrictas (¿de autoridad o autoritarias?) en sus líneas de interpretación y producción. Reviso aquí las percepciones estudiantiles sobre las dificultades que encuentran para la escritura de sus textos, y qué papel juegan los profesores de los cursos en facilitarles acceso al proceso de socialización académica en la escritura de textos. Las acciones realizadas (o evitadas) por los profesores, según los estudiantes, pueden promover una educación universitaria más igualitaria, o por el contrario, consolidar una situación educativa extremadamente asimétrica.
Representações do exterior no manual brasileiro de ensino da língua inglesa Upgrade Vítor Lopes Andrade (UFSC) vitorlandrade@yahoo.com.br Elizabete Sanches Rocha (UNESP) elizabete.sanches@gmail.com Esta pesquisa, financiada pela FAPESP, se insere no âmbito dos estudos culturais e ideológicos nas Relações Internacionais (RI), que começaram a ter maior espaço depois do chamado “Terceiro Debate” da área, na década de 80, uma vez que, até então, tais abordagens não eram consideradas como relevantes pelo mainstream das RI. A ideia central é a de que a cultura deve ser entendida enquanto um relevante assento de poder (MARTINS, 2007). É nesse contexto que se multiplicam os objetos de estudo possíveis nas Relações Internacionais, incluindo-se os manuais escolares, objeto de análise desta pesquisa. O objetivo foi investigar que tipo de representações do exterior a coleção Upgrade cria e/ou reproduz em seus manuais escolares de inglês para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do Estado de São Paulo, analisando especificamente a relação entre os países considerados como desenvolvidos (os do “Norte”) e aqueles tidos como periféricos (os do “Sul”). A pesquisa se caracterizou por ser de natureza teóricoanalítica, sendo que além da Análise do Discurso de origem francesa (em especial a vertente de M. Pêcheux), recorreu-se também ao teórico construtivista das Relações Internacionais Friedrich Kratochwil, para quem “o mundo ao qual nos referimos é produto dos discursos que nos permitem nos referir a ele”. Os resultados da análise mostraram que o livro didático associa o “Sul” com o que é “tradicional” e “exótico”, ou seja, pré-moderno, enquanto o “Norte” é representado, através de uma valoração positiva, como sendo “moderno” e “global”. Ou seja, há a reprodução de uma hierarquização cultural, sendo o “Sul” tido como inferior ao “Norte”. Assim, o que se pode concluir através dessa pesquisa é que a coleção Upgrade acaba por reforçar estereótipos ligados às ideologias dominantes, seja por meio das associações a que os textos remetem, seja pela parcialidade das informações que são apresentadas. Isto está de acordo com o que afirmam Van Dijk e Atienza (2011): os manuais escolares, no geral, acabam por reforçar estereótipos ao invés de corrigi-los. Ademais, a reprodução dessas representações no livro didático dificulta que os alunos desenvolvam reflexão crítica, um dos objetivos centrais do processo de ensino-aprendizagem.
O modelo familiar sagrado: uma análise semiolinguística Vivia Aparecida da Silva Reis (UFSJ) felixcalopsita@yahoo.com.br A Análise do Discurso se apresenta a partir de várias correntes, estando envolvida pela heterogeneidade do seu objeto, o discurso. Orientado pelos princípios da Semiolinguística de Charaudeau, esse trabalho objetiva verificar como se realiza o processo de argumentação em um artigo publicado em um jornal comunitário, que tem como título: "Devemos voltar a seguir ao modelo da Sagrada Família". Para isso, partiremos da descrição dos mecanismos linguísticos e discursivos do modo argumentativo, levando também em consideração os aspectos enunciativos, uma vez que todo texto pressupõe um sujeito que age em relação ao seu interlocutor. Em seguida, examinaremos os aspectos do modo de organização argumentativo presentes nesse fazer discursivo para se chegar às implicações que podem ser geradas em um âmbito social, levando em conta a ideia de que o social constrói o discurso ao mesmo tempo em que o discurso também constrói o social. 367
Resumos: Comunicações Individuais Corpos e identidades nas mídias: reflexões em análise de discurso crítica ecofeminista Viviane Cristina Vieira (UnB) vivi@unb.br Neste trabalho, apresentamos reflexões resultantes do projeto “Corpos e identidades como práticas sociodiscursivas: estudos em análise de discurso crítica”. Debatemos como a compreensão da linguagem como prática social, tal como proposta pela Análise de Discurso Crítica (Chouliaraki e Fairclough, 1999; Fairclough, 2003), pode dialogar com teorias de base universalista (Bhaskar, 2002; Capra, 2004; Weil, Leloup e Crema, 2012) e eco-feminista (Lazar, 2007; Rosendo, 2015; Warren, 2000) em busca de concepções mais complexas e holísticas sobre o discurso na vida social. Em tais reflexões, enfocamos como as construções discursivas das dualidades, ou seja, dos “dualismos de valor hierarquicamente organizados (masculino/feminino; razão/emoção; branco/negro; espírito/matéria etc.)”, atuam como mecanismos causais de desigualdades, guerras, subordinação, discriminação, exploração, opressão, infelicidade, sofrimento (Bhaskar, 2002; Rosendo, 2015: 36). O discurso figura nas práticas como maneiras de representar, de agir/interagir e de construir (auto)identificações, o que implica, como problematizamos aqui, relações de causa-efeito na construção de nossas representações, (intra-inter)ações e (auto)identidades nas questões ligadas a corporalidades. O trabalho parte dessa abordagem teórico-metodológica da análise de discurso crítica ecofeminista para investigar e problematizar discursos sobre a menstruação que circulam atualmente na mídia informativo-publicitária hegemônica e nas redes sociais brasileiras. Os estudos desenvolvidos no projeto, realizados com base também em Bobel (2010), Butler (2008), Haraway (2000), Kislling (2006), Le Breton (2003), Rako (2003), apontam, por um lado, discursos particulares que representam a menstruação como uma doença, um defeito a ser corrigido pela biotecnologia. Por outro lado, aponta novas discursividades que irrompem num movimento contra-hegemônico em defesa do empoderamento das mulheres, a exemplo de movimentos ativistas ecofeministas, feministas-espiritualistas, como de ativismo menstrual, que buscam repensar para o contexto atual os saberes da/sobre a sexualidade feminina como forma de poder (Blazquez, 2008).
Direitos humanos, processos discursivos, legitimação da exclusão e promoção das desigualdades: há luz no final do túnel? Viviane Raposo Pimenta (PUCMINAS) vivianeraposopimenta@gmail.com Objetivamos apresentar algumas reflexões relacionadas aos direitos humanos/fundamentais, aos processos discursivos que os embasam e a sua efetividade. Partimos dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (Pêcheux, 1996/1997; Orlandi, 2001/2002/2003/2004) para identificarmos as contradições e contraposições entre a normatividade que emerge das relações sociais, o direito formal vigente e o direito instituído oficialmente. O trabalho é fruto de investigação em andamento que busca realizar uma análise do conjunto de relações sociais que fundam as situações de violência, e dos discursos que legitimam a exclusão dos grupos sociais marginalizados e promovem a desigualdade social/étnica/racial/de gênero e a violência contra idosos e crianças, silenciando-os e tornando-os invisíveis. O discurso hegemônico da globalização, para além de legitimar as situações de desigualdade, busca convencer esses sujeitos de direitos a se submeterem à dominação sem que percebam o que fazem. Acreditamos que o próprio ato de compreensão desses discursos pode funcionar como instrumento de promoção da igualdade, a partir do reconhecimento das diferenças, sem que a diferença produza, reproduza ou alimente as desigualdades, esboçando, assim, caminhos alternativos em relação aos arbitrários da cultura dominante. Diante deste cenário, buscamos analisar algumas ações afirmativas (CF 1988, Art. 7º, inciso XX – mercado de trabalho da mulher; Art. 37, percentual para portadores de deficiência; Art. 230, deficientes físicos, sensoriais mentais e idosos; Lei.9.100/95, Lei das Cotas; Lei 12.288/10, Igualdade Racial; Lei 12.711/12 Ingresso nas Universidades Federais; Lei 8.069/90, ECA; Lei 10.741/03, Estatuto do Idoso; Lei 10.406/02 Novo Código Civil; Lei 12.010/09 Adoção; Lei 11.340/06, Maria da Penha; ADI 4277/11, União Homo-afetiva; e políticas públicas que visam à implementação dessas ações. Tais ações buscam enfatizar os valores da igualdade e da diversidade, que se fundamentam na emergência de novos sujeitos de direitos, e valorizam o pluralismo jurídico. Em conformidade com Souza Santos (2003), acreditamos no caráter bidimensional da justiça, pois a promoção da igualdade somente é possível a partir do reconhecimento e da redistribuição, para o autor: “temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza.” (SOUZA SANTOS, 2003, p. 56).
Os sentidos tecnológicos e sua apropriação educacional Wagner Ribeiro de Carvalho (IFBA) wagnercarvalho@ifba.edu.br O estudo analisa a atribuição de sentidos presente no discurso docente em relação à sua prática com o uso da tecnologia na educação, levando em conta um novo posicionamento defendido por conglomerados educacionais de que o professor exercerá a posição de coadjuvante no processo educacional e de dependência das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) em sala de aula. Analisamos as formações e sentidos possíveis para a abordagem dos encaminhamentos que tais discursos apresentam quanto à visão de substituição tecnológica da docência, bem como apresentamos o contexto sócio-histórico em que se desenvolvem novas significações do tempo e do espaço do ato de aprender e ensinar. Desta forma, se percebe que os discursos dentro do ambiente educacional emanam múltiplos sentidos que contextualizam cenários que desafiam a visão do papel do docente como propulsor do processo educacional, contrapondo a ideia de permutação da docência tradicional pelo uso da tecnologia. De maneira geral, analisamos os sentidos atribuídos às tecnologias educacionais, em atitudes pelos quais as TIC vêm sendo congregadas aos processos educacionais, recontextualizando no discurso pedagógico a necessidade de condução do trabalho docente baseado em competências e no uso intensivo de tecnologias. 368
Resumos: Comunicações Individuais Práticas discursivas de subjetivação docente: estratégias de poder no contexto do PIBID Waléria Andrade Martins (UFSCAR) wa_martins@yahoo.com.br Denise Silva Vilela (UFSCAR) denisevilela@ufscar.br Esta pesquisa tem como objetivo investigar e problematizar práticas de subjetivação docente no contexto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Uma das marcas do programa refere-se à modificação que promove no modo de ver e/ou de ser de alunos, professores, gestores, pais e sociedade em geral. O PIBID vem sendo reconhecido como uma política pública de impacto. Ao investigarmos, Um Estudo Avaliativo do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), realizado pela Fundação Carlos Chagas e documentos acerca da educação numa perspectiva que considera fundamental as condições históricas, nos chamam a atenção o modo de olhar aspectos relacionados à docência que se referem ao programa. Nossa proposta busca entender como as práticas desenvolvidas constroem, produzem ou (trans)formam o docente e a sua imagem. A pesquisa utiliza como base teórico-metodológica as ideias do filósofo Michel Foucault, principalmente sua produção sobre a descrição arqueológica e a Governamentalidade. Nesse sentido, compreendemos o PIBID como um elemento do dispositivo escolar. A partir da perspectiva teórica adotada, investigamos como o sujeito-docente é atravessado por práticas discursivas num movimento de subjetivação, ou melhor, numa produção padronizada de subjetivação institucionalizada. Constatamos que há muito a se explorar nesse universo de relações entre instituições e docentes. Entendemos que a constituição do sujeito docente dá a ver a existência de um conjunto de estratégias de poder que parecem classificar, formalizar, categorizar, disciplinar o docente. Quanto aos processos de subjetivação que constituem o docente, importa ressaltar que mobilizar a perspectiva foucaultiana pode modificar os modos de conceber e interpretar o PIBID e, por conseguinte, demonstrar que os jogos de poder que atravessam o dispositivo educacional no Brasil apontam para uma forma de conceber aquele que pode ocupar a posição de ensinar e, sobretudo, de ensinar bem e melhor.
Desigualdade na igualdade: representação social de ingressantes pela categoria afrodescendente carente Waneuza Soares Eulálio (Unimontes) waneuza@hotmail.com Os estudos atuais têm privilegiado a formação profissional e relegado a pessoal a uma menor evidência. No entanto, cada indivíduo é singularizado pelo seu percurso de vida. É preciso trazer à tona o ser-sujeito, pois cada pessoa é um ser sempre em formação, tendo o desenvolvimento afetivo e emocional importância na formação do indivíduo. Segundo Moscovici (2003), o homem, como ser social, procura se adequar a modelo sócio-histórico-ideológico, mesmo quando não se vê adequado exatamente ao modelo. Ele é forçado a assumir determinada forma, entrar em determinada categoria, sob pena de não ser compreendido ou aceito. Dessa forma, a questão norteadora desta pesquisa é: quais as representações sociais que emergem do discurso do sujeito ingressante pelo sistema de cotas – afrodescendente carente – numa universidade pública do Norte de Minas Gerais? Temos como hipótese que, apesar da igualdade aparente entre os ingressantes no curso, as dificuldades com os conteúdos, bem como a discriminação social e racial sofrida por esses acadêmicos evidenciam uma desigualdade gritante. Assim sendo, esta pesquisa tem como objetivo analisar a representação social de acadêmicos ingressantes no curso de Letras/Português pelo sistema de cotas, categoria afrodescendente carente. Para o embasamento teórico, elegemos os estudos da representação social e da Análise do Discurso de linha francesa, tendo em vista os nossos objetivos de pesquisa. Ancoraremo-nos em autores como Moscovici (2003); Hall (2006); Goffman (1963) e Bakhtin (1992). Por meio de entrevistas semidirigidas, gravadas em áudio, buscar-se-á investigar como as falas desses alunos articulam-se discursivamente, sendo lugar de enfrentamento entre a língua e a ideologia. Serão levantados aspectos relacionados a objetos do discurso, como docência, o ensino e o ser professor de Língua Portuguesa, além das dificuldades enfrentadas por eles no cotidiano escolar, por exemplo, a discriminação racial e social enfrentada. Trata-se de um estudo ainda em execução, há muito a ser analisado e discutido, uma vez que nosso objeto de pesquisa não está acabado e irá se construindo sucessivamente.
O discurso dos memes: a incitação à desconstrução da identidade docente Wânia Gomes Mariano Vieira (UFG/Catalão) wania.vieira@hotmail.com Este trabalho é resultado de uma pesquisa que analisa as manifestações discursivas dos memes de professores, em páginas do Facebook. Os sujeitos estão imersos no contexto tecnológico e as mídias virtuais possibilitam uma exposição globalizada que afeta o sujeito social, determinando novas práticas de interação verbal. Assim, a linguagem constrói o mundo e os sujeitos, o modo como são construídas as identidades através da linguagem é central na definição de como se constroem os significados. As páginas criadas no Facebook destinados diretamente ao sujeito professor, trazem a tona a construção social das representações da profissão docente e, frequentemente, evidenciam práticas sociais baseadas em perspectivas reducionistas, agressivas, irônicas, jocosas, estereotipadas, que predominam a desconstrução da identidade do sujeito professor como sendo um sujeito infeliz, sem perspectivas de auto estima elevada, sem recursos financeiros, sem qualificação para os desafios da profissão docente. Desse modo a pesquisa tem como objetivo analisar como o meme sobre o professor é expresso, simbolizado, constituído e legitimado através das relações dialógicas existente entre os discursos. E também se propõe a identificar como o meme pode incidir no processo de construção da identidade do sujeito professor através dos enunciados que veicula, detectando deslizamentos de sentido, e apagamentos de uma identidade em transformação com valorização negativa através de estereótipos expressos nos discursos emergentes no Facebook. Trata-se de uma pesquisa com foco na teoria na enunciação. Para evidenciar essa problemática, utilizaremos conceitos fundamentais e edificadores de Bakhtin (1997; 2006). O texto tem um cunho social, o autor compreende a linguagem de forma responsiva e ativa entre 369
Resumos: Comunicações Individuais interlocutores. Assim, a interação verbal como fenômeno social realizado através da enunciação constitui realidade fundamental da língua. Na pesquisa observa-se um jogo de influências entre a imagem que a mídia cria do seu público alvo e o público real na construção do discurso. Desse modo, os estereótipos no discurso da vida cotidiana relativamente regularizadas são reforçadas pelo uso e pelas circunstâncias em meio a diversidade dos gêneros discursivos, o qual apresenta possibilidades variadas de expressão à individualidade. Assim, percebe-se uma urgência em compreender os enunciados que negativizam e desconstroem a identidade do sujeito professor. Uma arqueologia dos discursos pedagógicos sobre software e educação Weidson Leles Gomes (UNIFEI) weidsonleles@yahoo.com.br O presente trabalho pretende esboçar uma análise sobre em que direção a expressão discurso pedagógico está sendo proferida em trabalhos que tratam do uso de software na escola; para tanto, traz breves definições de conceitos importantes relevantes à análise de discurso inspirado em Michel Foucault. Foram selecionados três trabalhos com relevância considerável tendo como campo de busca “Discurso Pedagógico”, “Escola” e “Software”. Os trabalhos são: A Comunicação Midiatizada na EaD: Um Discurso Pedagógico Diferenciado (tese de Samira Kfouri), Modelo para Implementação de Software Educacional (Dissertação de Mestrado de Júlio Vilela da Silva Neto) e Educação a Distância e o Discurso Tecnocientífico (artigo de Glacy Queiroz de Roure). Constata-se que a expressão discurso pedagógico aparece nos trabalhos analisados de diferentes formas: Como algo defendido pelos professores, mas distante de suas práticas; como uma possibilidade estratégica a ser apropriada pelos professores considerando a relação entre educação e comunicação como positiva, além de haver uma tese defendida sobre o surgimento de “um novo discurso”, um discurso diferenciado, mas que parece ser apenas um atravessamento de outros discursos e apoio de outros enunciados no discurso pedagógico e tecnológico. Pode-se perceber o apoio em enunciados empresariais, econômicos, de empregabilidade e religiosos, que apresentam uma série de prescrições como a formação continuada dos professores; estes devem estar antenados com as novas tecnologias e não podem se deixar tornar obsoletos frente às novas transformações; devem formar alunos polivalentes e serem multiqualificados. O software aparece como uma ferramenta para otimizar a aquisição de conhecimentos; verbo esse relativo à economia de tempo na execução de tarefas. Também podemos associar isso à geração de mais-valia e à mercantilização do saber, da educação. A influência do discurso religioso da IPB na garantia dos direitos humanos e sociais Wendell Lessa Vilela Xavier (IFNMG) wendell_lessa@yahoo.com.br A presente comunicação tem por objetivo analisar o discurso religioso da Igreja Presbiteriana do Brasil - IPB -, a partir dos seus "Princípios de Liturgia" e dos "Símbolos de Fé", adotados como manual de sua prática teológica e eclesiológica, sob a hipótese de tomá-lo como uma possível interpretação para a leitura das desigualdades variadas no cenário político nacional. Trata-se de verificar até que ponto o discurso religioso protestante pode garantir direitos humanos e sociais bem como estabelecer padrões de resistência ao racismo e às intolerâncias geradas pelos extremismos étnicos e nas questões de gênero. Dentre as marcas discursivas de construção ideológica que favorecem a construção e interpretação político-social, podem-se perceber a metaforização como elemento de construção simbólica individual e social, as cláusulas de pertencimento à comunidade religiosa reformada e a subscrição confessional, o que garante a fundamentação e a idoneidade da tese, além da solidariedade evangélica como parte do projeto de transformação de cultura. A Semiolinguística aplicada ao cinema: análise do filme “A história da eternidade” Wiliane Viriato Rolim (IFPB) wilianerolim@yahoo.com.br Lizainny Aparecida Alves Queiróz (APMMG-Academia de Polícia Militar de Minas Gerais) lizainnyqueiroz@yahoo.com.br Buscando compreender sobre as questões de gênero e as polaridades humanas apresentadas em um lugar mítico, a- tópico, com figuras emblemáticas, resolvemos analisar o filme nacional de 2014, “A história da eternidade”, dirigido por Camilo Cavalcante. Utilizaremos, os pressupostos da Semiolinguística de Charaudeau, apontando as estratégias persuasivas empregadas na construção dos sentidos e que possibilitam o entendimento e a percepção da narrativa instaurada. Por meio dos imaginários sociodiscursivos, dos estereótipos, das representações sociais, do ethos cultural dos diversos enunciadores, buscaremos captar os valores agregados de sentidos múltiplos, perceptíveis pela integração da mensagem verbal e visual desta sociedade estruturada sob o pátrio poder. Neste contexto, a mulher é vista como um como objeto, o que constitui uma violência de gênero. Compreender essa violência contra a mulher, é reconhecer a discriminação histórica, que tem aprofundado as relações de desigualdade, onde a mulher ocupa uma posição de inferioridade em relação ao homem. A “eternidade” do título talvez se refira exatamente a essa disputa entre uma sociedade que faz o enfrentamento entre modernidade e tradição no Nordeste. O avanço que tenta chegar tirando tudo do caminho, e o arcaico, cujas raízes fixas impedem o progresso. A narrativa acontece no mesmo vilarejo em uma paisagem desértica, num ritmo compassado, infundindo momentos extremamente viscerais dentro do ciclo que se repete eternamente no palco da tragédia humana. Neste local, somos apresentados a personagens clássicos do sertão: a menina que sonha em conhecer o mar, o pai durão, a senhora que cuida da vida de todos, o deficiente que é meio que repelido pela população, o artista e por aí vai. Personagens de um mundo romanesco, no qual suas concepções da vida estão limitadas, de um lado pelos instintos humanos, do outro por um destino cego e fatalista. A intenção deste filme parece ser de propor um exercício de delicadeza, ao usar do cinema como instrumento de inconformismo com a estreita sociedade que nos cerca. A AD tendo como objeto a obra cinematográfica serve como instrumento de dissecação da denúncia social. 370
Resumos: Comunicações Individuais Ocupando novas identidades: uma análise da negociação identitária entre participantes de ocupações alinhados com a luta por moradia Wilson Malafaia Peixoto (PUC-RIO) wilsonmp@terra.com.br Este trabalho objetiva investigar os processos de negociação identitária dentro do curso de entrevistas de pesquisa com manifestantes que participaram de ocupações de terrenos e prédios na cidade do Rio de Janeiro nos últimos dois anos. Esses movimentos constituem-se como reação contra políticas públicas baseadas em grandes obras e intervenções urbanas que têm sido alavancadas pela prefeitura, culminando em remoções forçadas, desapropriação e reassentamentos de milhares de famílias de baixa renda, principalmente em função dos grandes eventos desportivos que aconteceram e ainda estão marcados para acontecer.Tomamos como base para esta investigação os conceitos de Goffman (1988) e Becker (1963) aceca da negociação identitária em encontros mistos, ou seja, em interações em que a identidade estigmatizada por parte de um dos interactantes já se faz conhecida, em conjunto com outros autores que consideram a identidade não como substância fixa ou concebida aprioristicamente, mas como fluidas, fragmentadas e passíveis de negociação no curso das interações (Moita Lopes, 2013; Butler, 1990, dentre outros).A premissa central para a organização desta investigação se baseia nos conceitos de neutralização do desvio e das técnicas de controle da informação, concebidos por Becker e Goffman, respectivamente. Tais conceitos referem-se a técnicas interacionais através das quais os indivíduos estigmatizados negociam suas identidades, de forma a se alinharem preferentemente com as expectativas sociais canônicas de normalidade, ao passo em que se afastam discursivamente do estigma. Para analisarmos os dados utilizamos a sociolinguística interacional, prioritariamente os conceitos de enquadre e proteção da face concebidos por Goffman. Justamente através da análise micro podemos identificar os recursos linguísticos e discursivos utilizados pelos entrevistados no sentido de se afastarem discursivamente do desvio. Identificamos que tais recursos incluem hesitações, vagueza no fornecimento de determinadas informações, não nomeação de atos desviantes, dentre outros. Nossos resultados apontam ainda para um esforço discursivo por parte dos entrevistados no sentido de alterar os enquadres propostos inicialmente pelos entrevistadores. Argumentaremos que tais mudanças de enquadre estão relacionadas com estratégicas de negociação identitária, uma vez que o enquadre proposto pelos entrevistadores não permitia tal negociação.
Os atos de fala em meio as desigualdades Zeneide Resende de Sousa Carvalho (PUC/MG) zeneideresendesc@hotmail.com Esse trabalho propõe apresentar uma reflexão teórico-prática sobre a Teoria dos Atos de Fala, a partir da análise dos discursos do Eduardo Cunha visando averiguar os gaps presentes na fala do então político, quando não admite que tenha contas na Suíça, fazendo uma relação com as questões socioeconômicas que envolvem a situação, marcada pelos discursos que exploram denúncias e defesas de corrupção, um dos problemas existentes numa sociedade permeada pela desigualdade socioeconômica e ligada por discursos de senso comum influenciados pela mídia. O estudo terá os seguintes objetivos: discutir sobre desigualdade sócioeconômica, identificando e investigando a função e a representação desta na e pela linguagem, bem como seus modos de funcionamento nas diferentes práticas discursivas; fazer um mapeamento de alguns pressupostos para a construção da teoria de atos de fala; analisar o funcionamento de alguns atos no interior das práticas de discurso e verificar alguns problemas emergentes na teoria. Pretende-se contextualizar a Teoria de Atos Fala, que se caracteriza pelos pontos principais: Linguagem e ação, defendida por Ducrot a partir da relação entre o dizer e o fazer; Direções de ajustamento que implicam uma forma de correlação entre os interlocutores sobre o mundo e do mundo sobre eles, abordada por Vanderveken; As Condições Interacionais dos Atos de Fala em que é discutida a correlação entre Teoria dos Atos de fala e a Análise da Conversação, com base em Searle, dentre outros e examinar a possibilidade da interação em um ato de fala com gaps, com o apoio teórico dos autores Searle e Tsohatizidis, salientando que esta ao assumir suas teses, apregoa a possibilidade de justificar a existência de uma conexão forte entre as formas assertiva, comissiva e diretiva de atos e os estados mentais que os sustentam, além de apresentar algumas reflexões teóricas e práticas sobre a desigualdade socioeconômica e sobre os modos pelos quais essa interfere nas práticas discursivas. Os teóricos que fundamentarão esse texto são: Peirce, Mari, Austin e Morgan, além dos demais. O corpus analisado será constituído dos atos de falas do Eduardo Cunha publicadas na mídia.
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Resumos: Comunicações Individuais
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Resumos: Pôsteres
PÔSTERES Posters | Carteles | Poster
A-Z
Os resumos estão classificados por ordem alfabética (Nome dos Autores Principais). Les résumés sont classés par ordre alphabétique (Prenom et Nom des auteres principaux). Los résumenes están clasificados por orden alfabético (Nombre del los autores principales). Abstracts in alphabetical order (by main authors’ name).
A construção discursiva nas capas de jornais: um estudo comparativo entre as manchetes sobre as manifestações de agosto de 2013 em O Globo e Meia Hora Alan de Almeida Dalles (ISAT) aldalles2@gmail.com O objetivo deste estudo foi analisar as abordagens ideológicas nos discursos presentes nas capas dos jornais impressos O Globo e Meia Hora sobre a invasão da Câmara de vereadores do Rio de Janeiro por manifestações em agosto de 2013. A relevância desta pesquisa está na observação das diferentes perspectivas discursivas nos textos dos dois jornais e suas produções de sentidos de cunho ideológico. Nove quadros foram criados para análise das duas capas, utilizando o conceito de dispositivo de Orlandi (2013, p. 58) com o intuito de mostrar como coberturas jornalísticas sobre o mesmo evento podem apresentar sentidos diferentes. Essa pesquisa foi qualitativa de base interpretativista, que tem “o texto como unidade de análise”. (FIORIN, 2013, p.15). Para fins de análise, a Análise de Discurso (FIORIN, 2013; KOCH, 2006, 2014; ORLANDI, 2004, 2006), por meio de mecanismos do discurso, buscou compreender a construção de sentidos nos textos. Ademais, para a identificação dos sujeitos, suas ideologias e suas relações de poder, as obras pesquisadas foram (FIORIN, 2011; van DIJK, 2010). Este trabalho de conclusão de curso superior concluiu que a construção de sentido teve enfoques diferentes para a cobertura do mesmo evento. Desta forma, pode-se observar que linguagem e ideologia são inseparáveis quando a leitura é criteriosa, utilizando princípios e procedimentos da Análise de Discurso, alinhada aos conceitos de interdiscursividade, pelo qual aponta para diferentes construções ideológicas.
A construção de ethos no microblog Twitter Albylene da Silva (UFRPE – UAG) albylenesilva@yahoo.com.br A apresentação de si, em alguns casos, é o ponto de partida inicial para a construção de uma imagem do locutor. O autor do perfil de uma rede social decide como irá mostrar-se ao seu público, de modo que tal escolha servirá de plano de fundo para a constituição de sua própria imagem ou, em outras palavras, para a construção do seu ethos (MAINGUENEAU, 2010). Conhecido por seu estilo conciso e diferenciado, o microblog Twitter possui usuários que constroem determinados ethé e que, por sua vez, passam a agregar novos conceitos ao site. Em nosso trabalho, pretendemos analisar a seguinte questão de pesquisa: Como e quais tipos de ethé são construídos e encontrados no Twitter? Para tanto, temos o objetivo de analisar a influência que o gênero microblog exerce no ethos, um fenômeno discursivo. Verificamos que ethé não correspondentes a imagens positivas tendem a ser pouco analisados por alguns estudiosos. Dessa maneira, acreditamos ser importante realizar um trabalho nessa perspectiva, pois daremos um tratamento diferente aos pressupostos desenvolvidos por Maingueneau (2010). Nosso corpus é constituído por sete tweets de caráter metalinguístico coletados no período de 01 de outubro a 10 de novembro de 2015 e analisado a partir do método indutivo, em uma pesquisa do tipo qualitativa. Constatamos, a partir de nossa análise, que ethé deslocados de sua concepção tradicional são capazes de provocar a adesão e que tal deslocamento sofre influência do Twitter, uma vez que o microblog, em sua função de gênero discursivo (adotada neste artigo), está diretamente ligado às atividades humanas. Logo, o microblog adapta-se às necessidades de uso dos seus usuários (MARCUSCHI, 2008) que, por sua vez, acaba atraindo outros usuários que se identificam com o caráter conciso e, como ultimamente concebido, triste da rede social. Adotamos como base os pressupostos teóricos de Amossy (2005) e Mainguenau (2008), pesquisadores da Análise do Discurso, no que diz respeito às questões de ethos discursivo; Castells (2005), no que se refere à internet e à sociedade e Marcuschi (2008), no que concerne aos gêneros textuais e às novas tecnologias. 373
Resumos: Pôsteres Evaluación del impacto del Programa Todos a Aprender en los procesos de enseñanza del lenguaje y las matemáticas: el caso de la institución educativa “San José del Pantano” Alex Mauricio Diaz Diaz (Gobernacion de Cordoba) alexmau995@gmail.com El propósito de esta ponencia, es presentar los avances de un estudio tendiente a evaluar el impacto del Programa Todos a Aprender (PTA) en los procesos de enseñanza del lenguaje y las matemáticas en los docentes de básica primaria de la Institución Educativa “San José Del Pantano” del Municipio de Puerto Escondido, en el Departamento de Córdoba. Esta investigación tiene un enfoque cualitativo, con un diseño de estudio de caso, con tres categorías de análisis: comunidad de aprendizaje de docentes; metodología del estudio de clases y desarrollo profesional situado. Para su desarrollo se tienen en cuenta las siguientes fases: proyección de las comunidades de aprendizaje, ejecución del desarrollo profesional situado y consolidación de la comunidad de aprendizaje de docentes. Se muestran los resultados obtenidos acerca la formación docente y el análisis comparativo de las pruebas saber de los grados 3° y 5° año durante el año 2014.
Desenvolvendo materiais e (des) construindo a sala de aula: uma análise crítica do discurso de professores de língua inglesa em formação Amanda de Oliveira Lopes (UVA) amandalopesaol@gmail.com Rayza Loureiro (UVA) rayzaloureiro@gmail.com
O desenvolvimento de materiais didáticos para um ensino crítico e reflexivo de língua inglesa torna-se cada vez mais necessário no contexto educacional brasileiro. Não há mais como entender esse ensino de maneira fragmentada e descontextualizada da realidade da sala de aula. Precisamos entender o profissional de língua inglesa como um ativista que constrói saberes que podem contribuir para o avanço de uma sociedade mais justa e igualitária. Para esse estudo, foram coletadas narrativas crítico-reflexivas de seis professores em formação envolvidos no desenvolvimento de materiais didáticos de língua inglesa para a escola pública com base nos seis temas transversais propostos pelo Ministério de Educação e Cultura. Utilizando o modelo tridimensional da Análise Crítica do Discurso, postulado por Norman Fairclough, conclui-se que o processo de desenvolvimento desses materiais contribuiu significantemente para uma mudança de postura dos professores em formação, tornando-os mais críticos, reflexivos e conscientes de seus papéis de ativistas em sala de aula. Denúncia da desigualdade racial brasileira contemporânea no poema “Duro não é o cabelo” de Akins Kin Ana Carolina Assis de Almeida (UFLA) ana-kassis@hotmail.com No Brasil, a desigualdade racial é historicamente uma das maiores formas de segregação. Em se tratando desse tipo de desigualdade, há um destaque para o posicionamento do negro, com a busca pela afirmação de sua cultura e identidade através de obras que refletem seu meio. Através da literatura, o artista Akins Kintê tem protagonizado a evidenciação dos negros na contemporaneidade. Ganhador do 1º Festival de Poesia de São Paulo, com o poema “Duro não é o Cabelo”, ele retrata a discriminação racial sofrida no cotidiano da cidade de São Paulo. Na literatura brasileira contemporânea a denuncia social é recorrente e em “Duro não é o Cabelo” é possível analisar o reconhecimento do individuo enquanto negro, na sua relação com o branco mediado pela denúncia do racismo no Brasil. Demonstrando a afirmação da identidade negra, a obra retrata o contexto de vida de uma maioria oprimida que projeta sua voz através da linguagem, proporcionando uma visão crítica sobre o papel do negro na sociedade. Assim, ao analisar o poema de Akins Kintê percebemos as relações Exotópicas construídas na formação do eu-lírico, através da replica aos discursos racistas vivenciados pela população negra brasileira. Dessa forma, a partir dos conceitos de exotopia e replica, do círculo de Bakhtin, objetivamos analisar como a poesia de Akins Kintê denuncia a desigualdade racial brasileira. Trabalhos vinculados ao PAD – Pesquisas em Análise do Discurso: o processo de significação em diversos gêneros Ana Carolina Bernardino (UEL) carolzinha_anjob@hotmail.com Ana Luísa Loureiro Bracarense Costa (UEL) analuisa.bracarense@gmail.com Visto pela face de que Análise do Discurso configura-se - como uma “transdisciplina” de interpretação, quando se relaciona às inúmeras possibilidades que nos permite estudar os fenômenos da linguagem por várias perspectivas - o projeto de pesquisa PAD busca apresentar, bem como discutir, diversas possibilidades de contato com os processos de constituição dos sentidos, e por meio da posição que o sujeito ocupa, compreender as várias ideologias presentes e, consequentemente, o outro a partir de si mesmo. Coordenado pela Profa Dra. Rosemeri Passos Baltazar Machado e realizado na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, o projeto conta com a participação de alunos da graduação, da pós-graduação e de professores colaboradores. Seu objetivo principal se pauta em analisar, nos mais variados gêneros, os processos discursivos de produção e apreensão dos sentidos e sua relação com os 374
Resumos: Pôsteres sujeitos do discurso. Dessa forma, primeiramente, busca refletir a respeito das dimensões socioculturais e de produção de sentido e, em seguida, analisar junto a isso, aspectos linguísticos e ideológicos os quais fazem parte do discurso. Diante dos objetivos do PAD é possível dizer que a questão central é estudar o discurso e mostrar o funcionamento da língua diante do seu uso, exemplificando e explicitando como se dá a produção dos efeitos de sentido na comunicação e de que forma os sujeitos que a compõem se inscrevem social e historicamente. Por meio da dinamicidade em que discursos vão sendo construídos a partir de outros discursos e pela cadeia infinita que formam é que as possibilidades de análise se tornam justificáveis. Sempre haverá algo a explicar, a estudar, a explorar. São pelas trocas que todos os sentidos se constituem e, neste ponto, evidenciam-se todos os componentes sociais, históricos, políticos como condição fundamental para a construção desses sentidos. Os trabalhos vinculados ao PAD destacam a importância e a necessidade de compreender o movimento das práticas significativas, buscando mostrar as possibilidades e caminhos interpretativos para a constituição dos sujeitos e dos sentidos dentro dos mais variados contextos sociais, quer enfatizando as questões relacionadas à desigualdade, à inclusão, quer refletindo a própria linguagem e a circulação dos sentidos.
O corpo para consumos no discurso da superação da obesidade Ana Paula Picagevicz (UNIOESTE) ana.paula17021986@gmail.com A mídia é uma “gaiola” moderna, na qual apresenta o corpo como um outdoor para consumo, que interpela as qualidades alienadas da vida social moderna, constituído de um sujeito vazio e narcisista às vezes, que necessita preencher sua vida por meio do gosto alheio. O corpo, então, consome e é consumido. Estar nesse mundo pós-moderno é ser assediado diariamente através dos meios midiáticos que decorrem da velocidade dos desenvolvimentos tecnológicos. Esse novo enunciado dominante que se dá pela mídia atravessado pelo mercado é o que regulariza e estabelece a conduta, costumes e os gostos sociais. Assim que, o presente trabalho apresentará a construção de sentidos em torno do corpo dado pela lógica do consumo. É pela atividade midiática que se evidencia um lugar de construção desse sujeito moderno que, é seduzido pelas “ordens” ao sucesso que se traduz em uma “ilusão de completude” veiculada em jornais eletrônicos como a “fórmula de felicidade plena”, ilustrada ao obeso em forma de ganhos, de autoestima, beleza, ascensão profissional e também amorosa, só fosse possível daquela maneira. Refletindo acerca da relação entre corpo e discurso buscando um diálogo entre pensadores de diferentes campos, partindo deste lugar no qual o corpo é evocado para consumos originados nos discurso jornalísticos online.
Mulheres na torcida organizada Anna Gabriela Rodrigues Cardoso (UFLA) agrcardoso@hotmail.com Na busca por verificar a constituição de um discurso, as ideologias que ele propaga e os sujeitos que estão inseridos em determinadas posições discursivas, a análise do discurso (AD) de linha francesa procura compreender os discursos a partir das condições de sua produção e das ideologias materializadas por eles. Para a AD, o discurso é a mediação entre a língua e a ideologia e sua materialidade acontece nessa relação. Nas diferentes práticas discursivas, os sujeitos (re)produzem discursos que materializam as posições ideológicas e ditam comportamentos e ações. Essa relação entre discurso e ideologia é relevante para entender as "escolhas" feitas por diferentes sujeitos nas diferentes esferas da sociedade, uma vez que cada sujeito, ao longo de sua vida, integra diferentes práticas discursivas e produz imagens de si mesmo e do outro, assumindo diferentes representações de acordo com a orientação da formação discursiva da qual ele participa. Com base nos estudos que abordam as relações discursivas, nos estudos de Maingueneau (2005) e Amossy (2005) sobre a construção do ethos e nas reflexões de Brandão (2012) e Orlandi (2001) sobre discurso e ideologia, este trabalho abrange os resultados parciais de uma pesquisa que propõe analisar alguns aspectos da participação feminina em torcidas organizadas. Foram utilizados posts do Facebook para a análise de imagens que são construídas por essas mulheres a partir do ponto de vista delas, na procura de entender que representações elas assumem nesse espaço discursivo. Há uma crescente participação, de forma mais efetiva, das mulheres dentro desse espaço. Elas vêm conquistando um lugar em um espaço em que predomina a participação masculina, procurando cada vez mais que a voz feminina seja ouvida. Porém essa inserção ainda passa por enfrentamentos como posições machistas advindas do público masculino e assumidas pela própria torcedora como forma de legitimar a sua inserção na torcida. As mulheres das torcidas organizadas buscam reconhecimento em um espaço tipicamente masculino e demonstram essa vontade em seus posts, muitas vezes se envolvendo em práticas discursivas que se opõem ao ideológico feminista aparentemente presente nos posts analisados. A escola e o processo de reprodução social Bianca Cristina dos Santos (UEM) bianca.csantos32@gmail.com Pensar as vivências em sala de aula como uma pequena amostra da formação e constituição da sociedade é uma das bases sociológicas do pensador Pierre Bourdieu que, a partir de sua teoria, afirma que a escola não é capaz de resolver problemas sociais, mas reforça-os à medida que reproduz internamente relações de poder em relação às classes. A partir de um estudo bibliográfico, o presente trabalho tem por objetivo analisar a instituição escolar e o processo de reprodução social, procurando, neste sentido, precisar os conceitos de "educação" e de "capital cultural". Assim, de antemão, nota-se que os mesmos agentes que atuam na escola, atuam também em outras instâncias sociais. O mesmo aluno, o mesmo professor, os mesmos pensamentos e ações. Nenhuma pessoa, após adentrar os portões da escola, deixará seus vícios, seus conceitos culturais ou seus desdobramentos políticos de lado para focar apenas no trabalho da aquisição dos conteúdos programáticos. Vale afirmar que partidas diferentes corresponderão a chegadas diferentes caso os meios sejam os mesmos e, considerando que todo aluno carrega consigo uma bagagem cultural, familiar e social 375
Resumos: Pôsteres diferente, ao darem início aos processos escolares, não possuem os mesmos conhecimentos, as mesmas capacidades, nem mesmo os mesmos objetivos. Portanto, se faz necessário refletir sobre o papel da escola e do professor em uma sociedade que se compromete com a educação emancipadora e igualitária mesmo sem respaldo para uma efetiva atuação da escola como agência de mudança social.
A construção do enunciado crítico nas canções de Emicida Bruno Oliveira (UFG-Regional Catalão) bruno1272008@hotmail.com Neste trabalho analisaremos de forma descritiva, interpretativa, as canções que compõem o álbum O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui (2013), de Emicida, cantor e compositor de RAP brasileiro. Esses enunciados serão analisados a partir da teoria dialógica da linguagem, do Círculo de Bakhtin, traçando possíveis relações entre o enunciado e os conceitos elaborados pelos autores do Círculo de Bakhtin como arte e vida, diálogo, enunciado, exotopia, signo ideológico reflexo e refração, identidade entre outros. Dessa forma, analisaremos o lugar que o sujeito cantor e compositor Emicida enuncia, pois, a construção do enunciado crítico de suas letras coloca em confronto e conflito o lugar que o sujeito marginal enuncia. Estabelecemos, assim, dois eixos que acreditamos revelar esse lugar, são eles: 1) o sujeito marginal que enuncia inserido na sociedade sobre seu lugar de origem; 2) o sujeito marginal que enuncia inserido na sociedade e sobre a sociedade. Assim posto, acreditamos estar em condições de começar a descobrir esse lugar. Sujeito-mãe nas tramas discursivas do filme “O nascimento do parto” Camila Ratki Krautchuk (UNICENTRO) kr_camila@yahoo.com.br Considerando que a mulher no decorrer de sua história foi discriminada ao ser considerada um ser inferior em relação ao homem e desigual perante a sociedade, o presente trabalho focaliza a produção discursiva do sujeito mulher mãe parturiente, investigada pelo viés da Análise do Discurso de linha francesa, mais precisamente a partir dos pressupostos teórico-metodológicos do filósofo Michel Foucault, apresentados em sua Arqueologia do Saber. O material de análise é constituído pelos discursos do filme "O Renascimento do Parto", de Érica de Paula e Eduardo Chauvet. Tendo em conta que (i) todo enunciado se materializa em uma determinada data/lugar; (ii) um conjunto de enunciados tece uma rede de discursos quando tratam de um mesmo objeto, a pesquisa dá visibilidade à relação entre discursos, memória e história, investigando os modos de subjetivação do sujeito mulher parturiente. A história do parto tem, portanto, importância fundamental nesse estudo, pois, antes de tornar-se uma cirurgia médica, o acontecimento do nascimento era um processo natural, no entanto, o índice de mortalidade era alto. Com o advento da tecnologia médica, o saber médico começa a salvar a vida de mães e bebês, deslocando a mulher de suas casas para os hospitais, fazendo com que se deixe de atendê-la como parturiente, para ser atendida como paciente doente que necessita, não raro, de cirurgia e cuidados especiais. Com a cesárea, irrompem discursos e práticas promovidos pelo saber médico, ao mesmo tempo em que novas e diferentes formações discursivas se constituem em torno do objeto parto. Outra modificação, outras formações discursivas, em oposição as que defendem a cesárea, emergem na atualidade, a exemplo dos discursos analisados do filme "O Renascimento do Parto". Neste, ganha destaque o funcionamento discursivo de médicos, mães e pais que, ao defenderem a ideia de que o parto normal ou humanizado é mais saudável para a mãe e o bebê, convocam redes de memória que contribuem nos processos de subjetivação do sujeito mãe nas descontinuidades da história do parto.
A consolidação da habilidade de inferir informações implícitas Claudia Tatiana Prates Nunes (Unimontes) ctatpn@yahoo.com.br O projeto de pesquisa focaliza o tema da consolidação das habilidades de leitura em Língua Portuguesa. Num vasto universo de habilidades possíveis, recorta-se, especificamente, a habilidade de inferir informações implícitas. Assim, do tema escolhido surge o seguinte problema de pesquisa: Em que medida o trabalho com inferências lógicas e pragmáticas em gêneros humorísticos contribui para o desenvolvimento e a consolidação da habilidade de realizar leitura inferencial de alunos do 6º ano da Escola Municipal Geraldo Pereira de Souza? Como justificativa desse projeto citar-se-á a situação da Escola Municipal Geraldo Pereira de Souza, Montes Claros- MG, escola em que se realizará a intervenção, em que se percebe pelos resultados das avaliações diagnósticas internas externas aplicadas, ao final do 5º ano do ensino fundamental, que os alunos avançaram na escolaridade sem consolidar algumas habilidades de leitura e escrita, principalmente a habilidade de inferir informações implícitas em um texto. Como objetivo geral, realizaremos um Projeto de Intervenção Educacional que vise a contribuir para a resolução de um problema de ensino relacionado à área da leitura, especificamente, a não consolidação da habilidade de realizar inferência a partir de informações implícitas. Situada no campo da Linguística Aplicada, esta pesquisa, de perspectiva sociocognitivista, pensará o ensino da leitura a partir da associação dos aspectos internos (cognitivos) e externos (sociais) que a possibilitam. Assim, para tratar desses aspectos que compõem a leitura recorremos aos trabalhos de Smith (1989), Solé (1998), Kato (1999), Kintsch e Rawson (2013), e Kleimam (2013). Para tratar das inferências e das estratégias metacognitivas, consideramos nesse trabalho, sobretudo a tipologia apresentada por Marcushi (2008), mas a título de enriquecimento, valemo-nos também das ideias de Platão e Fiorin (1998), Dell’Isola (2001), Coscarelli (2002), Keller e Bastos (2005), Levinson (2007) e Koch (2011) . Quanto aos gêneros textuais, a obra de Marcuschi (2008) será de fundamental importância. Consideraremos outros autores, não menos importantes, que possuem trabalhos na área da estudada nessa pesquisa. Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa-ação de caráter intervencionista. 376
Resumos: Pôsteres Ethos propriamente discursivo: uma análise da construção da imagem do enunciador que se propõe a mostrar a desigualdade social no facebook Cristina Rothier Duarte (IFPB) cristinarothier@hotmail.com Este trabalho constitui-se da análise da construção do enunciador que se propõe a mostrar no Facebook a desigualdade social no Brasil, a partir do estudo do ethos propriamente discursivo. O objetivo do presente estudo é analisar o perfil da página “Desigualdade Social no Brasil”, através de uma abordagem discursiva de linha francesa, a fim de se compreender os possíveis motivos do não engajamento dos usuários do Facebook nessa página, levando em consideração a construção da imagem do enunciador a partir do ethos propriamente discursivo, notadamente, o caráter e a corporalidade criados a partir dos enunciados publicados na Timeline do perfil analisado. Metodologicamente, empregamos a pesquisa bibliográfica qualitativo-interpretativa de aporte teórico sobre análise do discurso de linha francesa, especialmente, as publicações de Dominique Maingueneau. O corpus deste estudo é constituído por imagens do perfil da página “Desigualdade Social no Brasil” (foto do perfil e foto da capa) e por algumas publicações realizadas na Timeline do enunciador selecionado. Utilizamos, para seleção da página estudada, de onde se extraiu o corpus, técnicas e estratégias de busca no Google não empregadas normalmente e com adequações especiais para a investigação do analista. Como resultado dos estudos, verificamos que o ethos propriamente discursivo, um dos elementos linguísticos responsáveis pela construção da imagem do enunciador, não contribuiu para o engajamento de membros de redes sociais no perfil analisado. Os estudos comparados realizados entre o corpus selecionado e a página “Caras” (revista) concluem que o ethos propriamente discursivo é um elemento linguístico preponderante para a adesão e permanência das pessoas em páginas do Facebook, tendo em vista que caráter e corporalidade dotados de características tais como pobreza, sofrimento, penúria humana não são atrativos como são aqueles criados a partir de enunciações que transmitem ideais de beleza, glamour e riqueza. Realidade complexa e contraditória: a interface entre a extensão e a transformação social Daniela Caroline Silva (UFMG) danielacaroline43@yahoo.com.br Felipy Cairo Lima (UFMG) felipycairolima@gmail.com Jeane Oliveira Coutinho (UFMG) o.c.jeane@hotmail.com Lucas Rocha Santos (UFMG) lucasrochalrs95@hotmail.com O projeto de extensão universitária Minha Casa, Minha Vida trabalha a extensão com três comunidades Monte Sião I, Monte Sião II e Minas Gerais todos os bairros localizados no entorno da universidade Federal de Minas Gerais Campus Montes Claros, estes oriundos do Programa do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida que implantado em 2009 o objetivo visava facilitar a aquisição da casa própria pelas famílias com renda mensal entre zero e dez salários mínimos, sobretudo por aquelas localizadas nos espaços de instabilidade social e com renda até 3 salários mínimos. O alcance da casa própria por pessoas com esse perfil financeiro parece ótimo, embora questionável o modelo arquitetônico adotado para os conjuntos, pois a ausência de escolas, praças, ou espaços para lazer e esportes, entre outros indispensáveis para o desenvolvimento social, político e econômica das comunidades. Nesse contexto o projeto de extensão universitária surge com o objetivo de contribuir com o associativismo realçando o papel que uma criação e fortalecimento de uma associação comunitária podem desempenhar na busca por organizar a comunidade e proporcionar que as pessoas que a compõe sejam protagonistas do modelo de desenvolvimento local ideal cabível em sua realidade, onde o dialogo proporcione a busca por aperfeiçoamento e fortalecimento do grupo contribuindo com a formação de lideranças e auxiliar o processo de legalização da associação permitindo maior legitimidade da associação perante os órgãos municipais, estaduais e federais, para que os próprios moradores possam compreender que são processos necessários para facilitar a captação de recursos de diversas fontes de financiamento e o acesso às políticas públicas, proporcionando a autonomia e independência do grupo. O projeto tem contribuído para a formação de indivíduos mais participativos e protagonistas do modelo de desenvolvimento local ideal cabível em sua realidade, com a participação dos moradores nas ações realizadas e o envolvimento do publico de diversas idades. Proporcionando o amadurecimento político do grupo a frente da associação, elemento necessário no processo de organização de pessoas, a fim de alcançar objetivos em comum: autonomia política, econômica e social. A voz que ecoa das ruas e o discurso midiático: uma luta entre poderes Daniele Cristina Campos (UFF) danielecampos@id.uff.br O objetivo central da pesquisa é identificar e analisar o processo de produção dos sentidos atravessado pela incompletude da linguagem. Mergulhando nessa incompletude, buscamos depreender o percurso dos sentidos que se faz no entremeio da língua, da história e da ideologia. A partir da análise do dispositivo, trazemos a discussão de como o discurso midiático contribui para a formação de um imaginário ideológico sobre a voz que ecoa das ruas e as lutas sociais que delas emergem. Imaginário este que tende a contribuir para a formação de um discurso de desigualdades sociais. Tal análise está pautada nos pressupostos teóricos da análise de discurso de linha francesa introduzidos por Pêcheux e Foucault, bem como nos desdobramentos teóricos desenvolvidos no Brasil a partir dos trabalhos publicados por Eni P. Orlandi. Toma-se como dispositivo analítico o discurso do crítico jornalista Arnaldo Jabor veiculado num espaço destinado a crítica jornalística durante a exibição do Jornal Nacional da Rede Globo/RJ, em que o crítico tece seus comentários acerca das manifestações que ocorreram em junho de 2013 na cidade de São Paulo, que se tornou símbolo de resistência ao aumento das passagens de ônibus, sendo conhecida como A Revolta dos 0,20 centavos. 377
Resumos: Pôsteres Estudos do discurso didático-pedagógico numa perspectiva do gênero da atividade docente Debora Luiza Portela Santos (IFPR) debora_portela1987@hotmail.com Kátia Cilene Silva Santos Conceição katia.conceicao@ifpr.edu.br Este trabalho busca apresentar uma pesquisa realizada pelos participantes do Subprojeto PIBID de Inglês do Instituto Federal do Paraná, Câmpus Palmas. A pesquisa utilizou dados do registro audiovisual do projeto desenvolvido em duas escolas da região em 2013, 2014 e 2015. Para este trabalho serão apresentados os estudos de algumas entrevistas que foram gravadas em vídeo, especificamente, as entrevistas realizadas com os professores de inglês destas escolas. A partir dos discursos destes professores em relação as suas práticas docentes, buscamos realizar a análise dos dados fundamentados em duas perspectivas: Primeiramente à luz da teoria do discurso bakhtiniana e, em um segundo momento do estudo, focados no Gênero da Atividade Didático-Pedagógica, sob a perspectiva teórico-metodológica da Dinâmica das Dimensões Impessoais, Pessoais, Interpessoais e Transpessoais, a respeito do processo da experiência profissional docente. A investigação foi realizada buscando entender os discursos de profissionais que apresentam uma experiência em sala de aula já consolidada e de outros que estão ainda em processo de consolidação das suas práticas. Nessa investigação, podemos notar no discurso dos professores a recorrência a um Sobredestinatário, conforme Bakhtin, ao referirem-se à prática docente. Esta ocorrência nos discursos nos leva a refletir sobre os fatores que justificam as recorrências a um “nós” para dar suporte às atividades realizadas e atuações dos docentes nas escolas e como esta recorrência está relacionada às Dinâmicas das Dimensões da atividade docente. Para os envolvidos no projeto, esta pesquisa tem sido de grande relevância, uma vez que os bolsistas de iniciação à docência do PIBID conseguem perceber que as dinâmicas do processo de formação profissional docente fazem parte de um processo contínuo, onde gradativamente as características do gênero de atividade docente podem ser assimiladas e ressignificadas.
O ensino de advérbios modalizadores em livros didáticos de ensino médio Dennis da Silva Castanheira (UFRJ) dennisscastanheira@gmail.com Inserida num projeto mais amplo denominado “Advérbios modalizadores e ensino: reflexões e propostas”, esta apresentação tem como objetivo discutir, a partir das noções de texto e discurso em perspectiva de interface teórica, os efeitos de sentidos ligados aos advérbios modalizadores em coleções de livros didáticos de ensino médio aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2015. Por meio de uma metodologia qualitativa, observaremos, nos livros didáticos: (1) em que medida os modalizadores são tratados a partir de seus efeitos de sentido; (2) se há uma ligação de seu uso como articuladores textuais construindo gêneros diversificados; (3) se os modalizadores são, devido a funcionarem como operadores argumentativos, ligados a produção de textos argumentativos. Como fundamentação teórica, para trabalhar as noções de texto e discurso, usaremos duas teorias: Linguística do Texto (LT), abordagem de cunho sócio-cognitivo e interacional, que tem como objetivo estudar as relações de construção de sentido no texto (cf. MARCUSCHI, 2008; 2012; KOCH, 2015), e Funcionalismo (cf. NEVES, 1998; FURTADO DA CUNHA; COSTA; CEZARIO, 2015), por meio de uma abordagem semântico-pragmática. Para isso, adotamos a proposta de Travaglia (2001) de gramática reflexiva, em que são enfocados, no ensino, os efeitos de sentido, opondo-se a uma visão tradicional de ensino de gramática, centrada na metalinguagem. Os planos semântico e pragmático são, nessa perspectiva, essenciais para caracterização do uso linguístico em abordagem discursivo-textual.
Um sonho a mais: análise do discurso jornalístico sobre o primeiro dia do sonho de uma travesti Edivanaldo Vicente da Silva (UFRN) edivanaldo@yahoo.com.br O presente artigo objetiva discorrer sobre a matéria publicada no blog Apartamento 702, sobre o primeiro dia do sonho de uma travesti em estudar numa instituição de ensino superior. A ideia é analisar, a partir de referenciais teóricos e reflexões de Foucault (2008) e Ducrot (1987), de que forma o dito e o não dito surgem do discurso jornalístico. Utilizando os conceitos de notícia, a partir de elementos teóricos e metodológicos de Wolf (1995), Orlandi (2000), Gomis (1991) e Amaral (1996) escolhidos em relação aos sentidos percebidos que norteiam o discurso. E assim, elaborar um ponto de vista sobre como o sujeito daquele enunciado se constrói, a partir de um fato pautado.
Uma análise tridimensional da representação do negro na série de livros Storyfun: Desconstruindo hegemonias de poder Fernanda de Barros Nogueira Santarelli (UVA) fernandabnsantarelli@gmail.com Cláudia Cristina Mendes Giesel (UVA) claudia.giesel@uva.br O ensino da língua inglesa nas escolas brasileiras mantém uma relação simbiótica com o livro didático. É o livro didático que norteia a maneira como o conteúdo será ensinado ao longo do ano letivo. Contudo, em suas páginas, entranhada em seus conteúdos, camuflada em gravuras coloridas encontramos inúmeras formas de hegemonias de poder e ideologias que excluem o negro ou o representam de maneira estigmatizada. Ao analisarmos uma série de livros didáticos de língua inglesa publicada por uma editora 378
Resumos: Pôsteres internacional, usando a Análise Crítica do Discurso, percebemos que essa ideologia de poder é globalizada já que o livro analisado representa o negro sem abordar de maneira mais crítica e reflexiva as questões étnico-raciais envolvidas na questão identitária dos personagens. Quanto mais determinamos certos papéis para os negros nos livros didáticos, mais os aprisionamos na vida real e, assim, perpetuamos discursos que se tornam naturalizados e atingem o status de senso comum, gerando o racismo e o preconceito.
O discurso ambiental presente em projetos de Educação Ambiental de Unidades de Conservação: o caso do Instituto Inhotim Fernanda Moraes Mendes (UFMG) fernanda_mmendes@hotmail.com Sabemos que o campo da Educação Ambiental (EA) surgiu no Brasil em meio a “crise ecológica” do final do século XX e se legitimou pela demanda de uma nova consciência e prática ambiental, a ser adotada pelo ser humano para minimizar os impactos ambientais então predominantes. Desde então, diversos projetos de EA foram implementados em diferentes contextos sociais no Brasil. Especialmente a partir dos anos de 1990, a Educação Ambiental passou a assumir diferentes abordagens de acordo com a percepção profissional dos educadores, o aporte teórico defendido, a posição política, o contexto social, a corrente de pensamento etc. Assim, criaram-se novas possibilidades de materialização e construção da relação educação e meio ambiente, que foram (e são) analisados, por meio de pesquisas em diferentes campos do conhecimneto. Nesse momento, foi possível, também, delimitar as macrotendências na prática de EA e surgiu a necessidade, ainda vigente, de se aprofundar os estudos sobre esse subcampo social, por meio da análise dos discursos e das práticas espaciais presentes em uma enorme gamas de propostas de EA. Nesse sentido, insere-se o presente trabalho que faz uma análise do discurso ambiental realizado no projeto de EA, do Instituto Cultural Inhotim, situado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e que é uma Instituição destinada à conservação da natureza e disseminação da arte, desenvolvendo ações educativas e sociais no campo da Educação Ambiental (EA), por meio do projeto Inhotim Escola. A pesquisa desenvolvida procurou identificar/demonstrar as bases teóricas e metodológicas das práticas de EA que pautam as ações da referida Instituição. Dessa forma, por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD), foram analisados os materiais didáticos e paradidáticos utilizados para o desenvolvimento da Educação Ambiental no Inhotim. Não obstante, entrevistas semi-estruturadas foram feitas com os sujeitos que desenvolvem o referido projeto e servem de base para os resultados da pesquisa que são apresentados nesse momento.
Relações lógico-semânticas texto-imagem em narrativas infantis: uma análise orientada para os estudos da tradução no par linguístico inglês/português brasileiro Flávia Ferreira de Paula (UFMG) flaviafdepaula@gmail.com
O presente trabalho afilia-se à Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) e visa analisar as relações lógico-semânticas texto-imagem em textos vinculados à atividade sócio-semiótica recriar, mais especificamente narrativas infantis ilustradas, inserindo-se nos estudos da tradução. O objetivo é analisar como os diferentes sistemas semióticos no estrato da expressão operam conjuntamente para gerar o significado realizado no estrato do conteúdo. Os textos analisados são narrativas infantis ilustradas publicadas em língua inglesa e suas respectivas traduções publicadas no Brasil, contemplando-se seus dois componentes: linguagem verbal e imagens. Esse tipo de estudo pode ajudar a elucidar questões relativas à constitutividade (papel essencial) e ancilaridade (papel auxiliar) da linguagem numa situação na qual operam outros sistemas semióticos que trabalham juntos para construir o significado nesses textos. Além disso, com a análise das relações lógico-semânticas de dois modos no estrato da expressão, será possível identificar e caracterizar configurações de operações prototípicas desses textos e verificar como elas acontecem em textos originais e suas respectivas traduções. Primeiramente, o mapeamento das relações lógico-semânticas texto-imagem busca identificar configurações prototípicas das narrativas infantis ilustradas. Durante a execução do mapeamento, busca-se também desenvolver uma metodologia, baseada em modelos já publicados, que possibilite analisar texto-imagem com vistas à identificação de padrões e ao computo de ocorrência dos mesmos. Adicionalmente, ao contemplar-se textos originais e suas traduções, busca-se operacionalizar essa metodologia e desenvolver uma metalinguagem visando uma compreensão dos fenômenos de produção textual nos diversos níveis de contextualização da tradução. O corpus de análise é composto de aproximadamente 400 orações e 200 imagens. Resultados preliminares levantam a hipótese de narrativas infantis ilustradas apresentarem maior frequência de relação texto-imagem de elaboração, quando não há nenhuma informação essencialmente nova na imagem em relação ao texto verbal. Dessa forma, a linguagem, nessas narrativas, seria mais constitutiva do que ancilar.
Desigualdade no viés das vozes que compõem a docência no PIBID Letras, subprojeto inglês - IFPR / câmpus Palmas Gerson Anschau Poleze (IFPR) gerson_poleze@hotmail.com Kátia Cilene Silva Santos Conceição (IFPR) katia.conceicao@ifpr.edu.br Este trabalho buscará expor o conceito discursivo do trilogo que envolve o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID Letras, Sub Projeto inglês - IFPR, Câmpus Palmas): universidade, bolsistas e escola. No plano da teoria e da prática, por meio da natureza interna do discurso de coordenadores, no âmbito da prescrição, supervisores e bolsistas na esfera da realização do planejado e os alunos no campo da responsividade ao conteúdo proposto e o realizado.
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Resumos: Pôsteres Mitos gramaticalmente situados: compreendendo o olhar do usuário sobre a língua Gizelle Ferreira Barbosa (UNILESTE) gizelleferreira@gmail.com Glória Dias Soares Vitorino (UNILESTE) gloriavitorino@hotmail.com Neste estudo, considera-se que as palavras e expressões da língua simbolizam e produzem sentidos por e para sujeitos afetados gramaticalmente e culturalmente. Desse modo, constroem-se os chamados mitos da linguagem, evidenciados em diferentes instâncias. No entanto, tais mitos não são impermeáveis a contestações e críticas. Reconhecendo que o modelo mitológico ainda está muito presente na língua em geral, propõe-se, neste estudo, uma análise sobre mitos gramaticais situados na esfera jornalística e a implicação desse fenômeno no processo de significação. o principal objetivo é investigar a analogia ‘’mito / mitos da linguagem / mitos gramaticais e sua implicação sobre a constituição dos sentidos, em especial, do ponto de vista da produção, buscando compreender o olhar do usuário sobre a língua na esfera jornalística. Este estudo se iniciou por meio de revisão bibliográfica básica sobre princípios teóricos que explicam a atribuição de sentidos a certas palavras e expressões da língua portuguesa situadas na condição de mitos, supostamente impermeáveis a críticas e contestações. Procedeu-se, a seguir, a seleção de textos inscritos na esfera jornalística que evidenciam o fenômeno abordado. Por fim, tendo, como base, o “corpus” constituído, buscaram-se respostas que expliquem por que os mitos gramaticais dificultam o avanço do conhecimento na área da linguagem e quais seriam as implicações desse fenômeno na esfera jornalística. Para a escolha das peças analisadas, considerou-se, em especial, a relação mito / mitos da linguagem / esfera jornalística. Pela análise feita, já se pode antever que, nessa esfera, têm sido utilizados mitos gramaticais na constituição de manchetes, de títulos e de outros gêneros de textos jornalísticos.
Acervo de Jornais do século XX da cidade de Mariana - MG Guilherme de Carvalho Euzébio (UFOP) guiguiguilherme_12@hotmail.com A apresentação deste projeto tem como objetivo expor o processo de tratamento (separação, identificação e limpeza), digitalização, catalogação e organização de um importante acervo de jornais que circularam na cidade de Mariana (Minas Gerais) desde o século XIX até as últimas décadas do século XX. O acervo soma um total de mais de 1.000 exemplares, além de um grande número de boletins culturais, panfletos, cartazes, convites para cerimônias e celebrações, cartas e outros materiais de divulgação que circularam na cidade no mesmo período. Este acervo, reunido pelo jornalista marianense Waldemar de Moura Santos e, posteriormente, por seu filho Rafael Arcanjo dos Santos, caracteriza-se como uma coleção rara, com entradas para o estudo em diferentes áreas, como política, sociedade, cultura, comunicação social, história, literatura, linguística etc. Além de servir à pesquisa e ao ensino no espaço do curso de Letras da UFOP, ele será disponibilizado online à comunidade científica, contribuindo para a ampliação da pesquisa nas áreas assinaladas e para o conhecimento acerca das complexas relações sociais e práticas discursivas que predominaram naquele período. É importante salientar ainda que a digitalização do mesmo, contando com os avanços tecnológicos do mundo atual, apresenta-se como uma importante medida para a preservação da memória cultural da sociedade mineira, em especial, da região dos Inconfidentes. O acervo foi reunido pelo jornalista marianense Waldemar de Moura Santos e, doado por seu filho Rafael Arcanjo ao ICHS/UFOP, que encontra-se sob a responsabilidade do Grupo de Estudos sobre Discurso e Memória – GEDEM, no Centro de Pesquisa em Linguagem, Memória e Tradução. Todo o processo de tratamento e digitalização, em andamento, resultará, ao final, na constituição de um banco de dados online a ser disponibilizado para atividades didático-pedagógicas e de pesquisas.
O revisor de textos e sua formação profissional: como esses profissionais avaliam sua atividade Halyne Maria Stefani do Porto (UFSM) halyneporto2@gmail.com Este trabalho vincula-se ao projeto de pesquisa “Descrição e análise crítica da atividade do revisor de textos – da correção à interação”, que tem como objetivo compreender de que forma se configura o trabalho do revisor de textos na atualidade. Os discursos recorrentes acerca da atividade profissional remontam a diferentes perspectivas: normativa, interativa e interativo-discursiva. Nesta pesquisa, enfocamos a maneira como os revisores avaliam a condição e o prestígio social do seu trabalho. Para tanto, foi aplicado um questionário semi-estruturado a sete participantes, dentre os quais há revisores profissionais e revisores em formação. Os dados foram analisados à luz de duas teorias: a) a Análise Crítica do Discurso, tendo em vista que ela se propõe a desconstruir discursos hegemônicos que se tornam dominantes, o que permite tentarmos desconstruir o senso comum que se tem da atividade de revisão de textos, buscando comprovar que o caráter normativo da revisão deve dar lugar à abordagem interacional; e b) a Teoria da Avaliatividade, mais especificamente, o subsistema de atitude, que se ocupa de “todos los enunciados que transmiten una evaluación positiva o negativa” (KAPLAN, 2004, p. 60) sobre comportamentos (julgamento) e assuntos/objetos (apreciação), e no subsistema de gradação, que consiste em analisar o discurso dentro de uma escala relacionada à maneira que os falantes “intesifican o disminuyen la fuerza de sus enunciados y gradúan” (idem, p. 72). Os resultados parciais indicam que os participantes que avaliam as condições e o prestígio do trabalho de revisão de textos de acordo com os graus mais inferiores da escala de prestígio (fraco, regular, bom, muito bom e excelente) são os mesmos que apresentam uma perspectiva normativa de revisão de textos e que possuem menos experiência na prática da atividade. Tendo isso em vista, há uma sinalização de que o tempo de exercício da atividade influencia a concepção que o profissional tem a respeito daquilo que realiza, o que é expresso pela linguagem. Por essa razão, acreditamos ser importante dar continuidade a esta pesquisa a fim de contribuir para a formação profissional do revisor e sua valorização dentro do mercado, visando ao seu reconhecimento em sua comunidade discursiva. 380
Resumos: Pôsteres As gramáticas reveladas nos livros didáticos de Língua Portuguesa do ensino fundamental Iscarlety Matias do Nascimento (UFG) iscarlety_moises@hotmail.com O presente estudo busca analisar as concepções de língua, linguagem e gramática (cf. POSSENTI (1996), GERALDI (2006), MARCUSHI (2008) e TRAVAGLIA (2009)) adotadas nos livros didáticos de Língua Portuguesa resenhados no Guia do Programa Nacional do Livro Didático /2014. Selecionamos, para a análise, exercícios/atividades de livros didáticos de 9º anos que abordam o ensino do nível sintático, mais precisamente o período composto por subordinação. Para compreendermos a visão de gramática adotada pelos autores dos livros didáticos, estabeleceremos a distinção entre exercício e atividade (cf. CERQUEIRA (2003) e TRAVAGLIA (2009)) e apresentaremos a proposta de ensino dos eixos Uso & Reflexão presente nos Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa (1998), explicitando, também, a necessidade de um trabalho de análise linguística (cf. GERALDI (1997)) que envolve as atividades de linguística, epilinguística e metalinguística (PCNs (1998)). Para isso, o estudo adotará os pressupostos dialéticos de Bakhtin, por entender que o ensino de língua portuguesa tem como objetivo desenvolver a competência comunicativa do falante que se encontra em um processo de interação verbal, e a concepção de linguagem defendida por Geraldi(1997), que entende a linguagem como um processo de interação e a língua como um fenômeno histórico e ideológico. Nosso objetivo, neste estudo, é contribuir para um aproveitamento mais funcional e consciente do material didático de língua materna. Entornos híbridos de enseñanza para el desarrollo de la comprensión lectora y la producción de discurso escrito en educación media Jacob Vargas Arteaga (Universidad de Córdoba) jacvar30@gmail.com
Esta investigación tiene como finalidad determinar la incidencia que puede tener el uso de entornos mediados por tecnología con orientación metacognitiva en el fortalecimiento de la comprensión de lectura y la producción de discurso escrito en estudiantes de educación media. La propuesta se desarrolla en un ambiente de trabajo blended o híbrido, donde se complementan el acompañamiento presencial del docente con actividades virtuales que desarrollan los estudiantes. Esta investigación surge a partir de la necesidad de fortalecer los procesos de lectura y escritura en la educación media, haciendo uso de las TIC y aprovechando las posibilidades que estos recursos proveen para el mejoramiento de la calidad del aprendizaje. La metodología utilizada, contempla un diseño cuasiexperimental con una muestra de 32 estudiantes divididos en dos grupos, experimental y control, a los que se les administrarán pruebas antes y después de la intervención. Así mismo, se diseñaron y validaron encuestas para ser aplicadas a docentes y estudiantes. Los resultados preliminares demuestran la necesidad y pertinencia que tiene el diseño y empleo de recursos tecnológicos como innovación pedagógica para desarrollar procesos de aprendizaje en el aula. Rodas de conversa na educação infantil: momentos de interação, aprendizagem e construção de novos significados? Jéssica de Fátima Azevedo Silva (UEMG) jessica.de.fatimadiv@gmail.com A oralidade como prática é essencial para o processo de formação e educação do aluno. O contato com a complexidade da linguagem oral possibilita a criança deslocar-se do ponto de “dependência” do adulto, para aos poucos, dominar o universo discursivo e assumir a capacidade de interpretar e compreender o outro. Na Educação Infantil a prática mais utilizada para mediar o desenvolvimento oral da criança é a realização de rodas de conversa. Nesta perspectiva, apresentam-se, os resultados de uma pesquisa realizada para a conclusão do curso de Pedagogia. Trata-se de um trabalho relevante, pois buscou analisar as práticas pedagógicas presentes nas rodas de conversa, em duas escolas da rede pública no município de Divinópolis. Afim de identificar o papel da oralidade infantil no âmbito escolar, cabe ao docente possibilitar aos discentes, momentos entrelaçados a diversos gêneros orais, para que o aluno consiga desenvolver suas habilidades orais, e em meio a um discurso possa avançar e estabelecer relações, comparar, inferir, expressar suas convicções, usar diferentes tipos de enunciados de forma adequada. Ao analisar os dados coletados pode-se dizer que o que falta aos docentes pesquisados é a escuta, a disponibilidade de ouvir as crianças, percebendo o que elas trazem em seus enunciados, as nuanças e sentidos a quem e a que elas atribuem, trazendo a riqueza da sua concepção de mundo. A pesquisa bibliográfica possibilitou refletir sobre as facetas encontradas na pesquisa em campo, que a sala de aula é um espaço preenchido pelo silêncio, ocupado por perguntas para as quais já se sabe as respostas e que crianças só falam quando o professor solicita. Muitas vezes, o diálogo do com o aluno, é um diálogo que se restringe a gerar obediência e a ordenar tarefas a serem executadas. Sujeitos esses que fazem parte da prática educativa. Assim perde-se o sentido de que o espaço da sala de aula também é um espaço da fala, que deve permitir diálogos uns com os outros, das múltiplas vozes do contexto escolar. A seção ciência no Estado de Minas: divulgar ou debater os avanços científicos? Jéssica de Lourdes Ferreira Ferraz (UFV) jessicalfferraz@gmail.com Elza Mayra de Oliveira Silva (UFV) elzamayraufv@gmail.com Nos últimos anos, a população tem tido uma maior demanda acerca das informações advindas do âmbito cientifico e esse interesse vem crescendo a cada dia. Isso se deve às transformações ocorridas em vários âmbitos como social, cultural, político, econômico, dentre outros e também por conta de uma mercantilização e, consequentemente, uma transformação das descobertas científicas em 381
Resumos: Pôsteres bens de consumo para a sociedade moderna. Com isso, os meios de comunicação são considerados os intermediários entre o mundo científico e o mundo cotidiano para que o conhecimento científico seja recontextualizado e se transforme em um conhecimento acessível à maioria da população. Levando em consideração essa realidade comunicativa, a presente pesquisa teve como objetivo principal analisar, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso da Divulgação Científica, como se deu o processo de recontextualização do conhecimento científico na seção Ciência do jornal Estado de Minas no período de agosto a setembro de 2013, além de identificar quais foram as principais estratégias linguístico-discursivas utilizadas pelos diversos autores a fim de divulgar e/ou debater cada um dos conhecimentos científicos abordados pelo jornal. A escolha desse jornal se justifica pela sua ampla circulação no estado de Minas Gerais e por ele possuir em todas as suas edições um caderno específico para a divulgação da ciência. Ao observar os textos que compõem o corpus de análise, verificou-se que o jornal Estado de Minas reafirma e legitima um discurso de supremacia dos países desenvolvidos em relação às descobertas científicas e desvaloriza a tecnologia dos ditos subdesenvolvidos, negligenciando, assim, a popularização das ciências e das tecnologias produzidas, por exemplo, no Brasil. Além disso, constatou-se que para selecionar as informações científicas que serão transformadas em notícias, os jornalistas do Estado de Minas guiam-se segundo critérios previamente definidos e a utilização das estratégias divulgativas, por parte dos mesmos, além de revelar a complexidade que caracteriza o processo de reformulação do discurso científico para o público leigo, mostra que a intenção comunicativa destes, ao utilizá-las, não é de debater e provocar o pensamento reflexivo nas pessoas, mas divulgar os conhecimentos científicos noticiados mostrando a importância dos mesmos para a sociedade. Narrativas de vida no documentário “Vila Mariquinhas: a memória do bordado” - um estudo à luz da Análise do Discurso Jéssica Mariana Andrade Tolentino (CEFET-MG) jessicamatolentino@gmail.com Dirigido por Flávia Craveiro, o documentário Vila Mariquinhas: a memória do bordado traz a história de dez mulheres que, por meio do bordado, retrataram sua luta por moradia na região norte da cidade de Belo Horizonte. Transferindo suas lembranças para o tecido, essas mulheres encontraram um meio de contar a sua própria história, subvertendo o silenciamento imposto aos oprimidos. Neste trabalho, procuramos analisar os discursos testemunhais das entrevistadas, aqui chamados pelo sintagma Narrativas de vida. Além de desvelar as estratégias narrativas de tais discursos, procuramos ainda refletir acerca da dimensão argumentativa que os perpassa. Para tanto, utilizaremos a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau e os estudos da argumentação desenvolvidos por Ruth Amossy e Dominique Maingueneau. Finalmente, pretendemos ainda refletir acerca da significação que as escrituras bordadas adquiriram para as mulheres da Vila Mariquinhas.
Discurso, trabalho e (superação de) desigualdade: o CIPMOI, Curso Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial, da UFMG Jucimar Antonia Teodoro (UFMG) juciteodoro@hotmail.com O objetivo deste pôster é apresentar o CIPMOI e sua influência na vida dos trabalhadores alunos. O CIPMOI, Curso Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial, é um programa de capacitação profissional oferecido gratuitamente, desde 1957, pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG). Voltados para o aperfeiçoamento de trabalhadores, em sua maioria operários da construção civil predial, os cursos oferecidos atualmente são quatro: 1) Mestre de Obras; 2) Desenho Técnico para Construção Civil; 3) Eletricidade Predial de Baixa Tensão; 4) Tecnologia de Soldagem. Os quatro cursos são noturnos e incluem como requisito a escolaridade mínima do ensino fundamental incompleto; não há restrição de idade ou sexo. Por outros lado, os instrutores são estudantes da UFMG, quase todos de Engenharia. Isto proporciona uma dupla interação educacional e discursiva: os alunos do CIPMOI, em sua maioria operários com significativa experiência prática profissional, interagem com instrutores expostos aos mais recentes estudos teóricos e metodológicos universitários. Na relação dos discursos provenientes da prática vivenciada pelos trabalhadores alunos com os discursos provenientes dos estudos universitários desenvolvidos pelos instrutores, é produzida uma síntese na qual a teoria e a prática interagem. Todos saem ganhando com essa parceria dialógica entre alunos e instrutores. Os alunos tem oportunidades de adquirir mais conhecimento e o instrutor uma oportunidade única de adquirir experiência. Vemos que os alunos que são selecionados para o estudar no CIPMOI, em sua maioria, já tem conhecimento prático na área e buscam a conhecimento mais teórico. Referências:FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura);PARENTI, Maria Gabriela Faiçal. “Trabalhadores da construção civil e a experiência escolar: significados construídos em um curso de aperfeiçoamento profissional”. Revista Trabalho & Educação, Belo Horizonte, 2000.
O discurso pornográfico nas mídias: representações e estereótipos Julio Cesar Paula Neves (UFLA) jcpn@letras.ufla.br Marcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) marciocano@dch.ufla.br Analisar o discurso pornográfico é tratar de um tema muito polêmico, em que se esbarra numa tênue linha entre o lícito e o ilícito, o certo e o errado, dentre outros dualismos que são passíveis de muitas análises. Tendo em vista esse campo nebuloso, por carecer de mais estudos, propusemos fazer um levantamento das formas como o discurso midiático tem construído representações e como tem atualizado os estereótipos do mundo pornográfico, extraindo essas percepções no limiar entre os dois discursos, portanto na relação 382
Resumos: Pôsteres interdiscursiva. Percebemos a importância de discutir sobre as representações que a mídia faz da pornografia e como o discurso pornográfico circula na sociedade em relação aos estereótipos marcados pela mídia. Geralmente a pornografia é associada a características pejorativas e vulgares, vista como indecente e imoral, porém, mesmo marginalizada, ela está presente na sociedade como material de consumo, como produto mercadológico na literatura, na internet, em filmes e novelas e em vários outros lugares. Assim, com base nos estudos de Dominique Maingueneau, buscamos analisar como a mídia a partir de ideologias constrói estereótipos em cima do discurso pornográfico, que por um lado está carregado por esse olhar marginalizado, punido e violento, mas que por outro lado é bem quisto e propagado a partir de um sistema mercadológico que vê na pornografia, um produto sempre em ascensão. Para tratarmos de questões de representação e estereótipos, utilizamos Bauman, Goffmann e Lipman. O trabalho tem mostrado que a mídia constrói um simulacro do mundo pornográfico ora voltado para o imaginário da decadência, ora para o mundo cinematográfico. O discurso da desigualdade social na fábula “Sopa de Pedra”, de Millôr Fernandes Kaline Ferreira Oliveira (UNEB) kalineoliveira12@hotmail.com Este trabalho tem como objetivo uma análise linguística embasada pelo aporte teórico da Análise de Discurso de linha francesa fundamentada pelo filósofo francês Michel Pêcheux. Para tanto, houve a necessidade de operar um recorte teórico, tomando como fundamentos a não transparência da linguagem, pois, por esta ser concebida como mediação entre homem e sociedade, sofre intervenções sociais por ser analisada dentro do convívio social em concomitância a diversos ideais refletindo consequentemente ideologias. A ideologia para a Análise de discurso está comumente estabelecida com a materialização da língua em determinado espaço tempo não as tendo mais como ideias e sim como “relação necessária entre linguagem e mundo” (ORLANDI, 2013 p. 47). Além da discussão sobre este referente arcabouço, este trabalho apresenta uma proposta de aplicação desses elementos, tomando como corpus de análise a fábula ‘Sopa de Pedras’ do escritor Millôr Fernandes, trabalhando, assim, os efeitos de sentidos instaurados na produção do discurso de desigualdade social, moral e intelectual. Como aporte teórico será utilizado ‘Introdução à análise do discurso’(2012) de Helena Hatsue Nagamine Brandão, ‘Análise de discurso: princípios e procedimentos’(2013) de Eni Puccinelli Orlandi, ‘O discurso: estrutura ou acontecimento’(1990) e ‘Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio’(2014) ambos de Michel Pêcheux e ‘Aparelhos ideológicos de estado’(1983) de Louis Althusser.
Os imaginários sociodiscursivos no humor piauiense Karen Raquel Rodrigues Estevão (UFPI) raquel.aha@hotmail.com
O presente estudo tem a finalidade de mostrar os imaginários sociodiscursivos no show de humor Meu vizinho é de lascar, com autoria do humorista piauiense Amauri Jucá. O referido show foi produzido em 2013, apresentado nos principais teatros da cidade de Teresina e lançado em DVD. Seu enredo trata de mostrar as relações conturbadas entre vizinhos, num tom de humor que se constrói com base nos costumes, na cultura e, sobretudo, com ênfase à variação diatópica comum ao estado do Piauí. Para efeito de análise, as piadas foram transcritas e os diversos imaginários sociodiscursivos foram mapeados e classificados, Nossa base teórica está ancorada na Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau e sua sugestão sobre o estudo dos imaginários, nos quais os saberes são divididos em saberes científicos e de experiência. Acerca da construção dos discursos humorísticos, nos baseamos em Bergson (1993), Proop (1992) e Possenti (1998, 2002) que defendem a relação do humor com uma forma de expressão cultural. Para o último, os textos humorísticos possuem importância vital, pois envolvem mecanismos de diferentes níveis, como o fonológico, o morfológico, o lexical, a dêixis, além de outros ligados aos elementos de coerência textual – pressuposição, inferência, conhecimento prévio, ou ainda, questões de variação linguística e de tradução. Os resultados revelam que os discursos humorísticos analisados constroem um imaginário de piauiense como povo vivaz, extrovertido, porém pouco polido e adepto a crendices e tradições populares que pautam suas ações e visões de mundo.
Futebol, humor e discurso: por uma categorização do riso na mídia esportiva Kariny Ranelli Tavares Dutra (UFV) dutrakariny@gmail.com O presente trabalho tem como objetivo caracterizar tipos de riso que não o riso de escárnio/zombaria através de uma análise linguística e discursiva de quadrinhos de humor na mídia impressa e eletrônica sobre futebol. Partimos de uma análise linguísticodiscursiva para investigar quais os tipos de riso além do de escárnio/zombaria estão presentes no discurso humorístico futebolístico. Assim, tomamos um corpus composto por charges como amostra representativa para o gênero maior que chamamos de quadrinhos de humor. Feito a escolha desse subgênero, a charge, houve a necessidade de uma análise da imagem além da análise da mensagem linguística. Para a análise, primeiramente foi realizada a descrição das imagens e a sua relação com a mensagem linguística no desencadeamento do humor. Além disso, lançamos mão da teoria Semiolinguística a fim de verificar as estratégias linguísticodiscursivas utilizadas para desencadear os outros tipos de riso que não estão relacionados com crítica, cinismo ou derrisão. Por fim, pudemos verificar, através da tipologia do riso proposta por Vladimir Propp, em qual categoria de riso está elencado nosso material de amostra. Por meio da análise linguístico-discursiva levantamos dados que apontam para conivências lúdicas e de plaisanterie. O que nos leva a um tipo de riso distante do riso de zombaria, e mais próximo do riso alegre, do bom e do ritual, uma vez que não há julgamento, crítica ou avaliação moral nas mensagens linguísticas existentes nas charges. Com isso, evidenciamos que é possível, no discurso humorístico futebolístico, a existência de um humor que não provem somente da derrisão. 383
Resumos: Pôsteres O mundo natural nos livros didáticos de geografia: uma análise do discurso sobre a água no PNLD/2015 Larissa Brant Pimenta de Faria (UFMG) larissabrant96@hotmail.com A problemática da água tem se destacado nos últimos anos devido aos diversos enfoques que predominam nesse debate, com destaque para as questões ligadas ao “estresse hídrico”, à escassez absoluta desse recurso etc. Se em meados do século XX havia uma crença de que a água era um recurso infinito, com fácil acesso e que poderia estar disponível para todas as populações do mundo, desde que ocorresse um forte investimento dos governos nacionais no setor de saneamento básico, já no final do referido século e início do século XXI, ocorreram mudanças nos discursos sobre a água, transformando-a em um “bem econômico”, que deveria ser tarifado e controlado pelo mercado. Essa mudança discursiva resultou em diferentes posições sobre o tratamento que deve ser dado à água que se manifesta em diversos meios de divulgação do conhecimento, tais como revistas científicas, cartilhas de Educação Ambiental, programas televisivos, livros (para)didáticos de diversas disciplinas entre outros. Nesse sentido, insere-se o presente trabalho que faz uma análise do discurso ambiental sobre a água presente nos livros didáticos de geografia aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD/2015), para utilização no Ensino Médio. A pesquisa realizada utilizou a metodologia da Análise Crítica do Discurso (ACD) e procurou identificar/demonstrar quais os discursos (as abordagens) elaborados sobre a água nos 18 livros didáticos aprovados no Programa e que serão distribuidos em todo o território nacional entre os anos de 2015 e 2017. Por meio da metodologia descrita, procurou-se identificar se os modos de operação e as estratégias típicas de construção simbólica da Ideologia do Desenvolvimento Sustentável, aparecem nos livros didáticos analisados, ao mesmo tempo em que foram levantadas inferências sobre as possíveis consequências sociais de determinadas abordagens sobre a água. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas Questões Ambientais, Educação Ambiental, Discursos e Ideologias. Becoming a woman in a sexist society: an analysis of the character Mrs. Kember in the fiction “At the bay” Larissa Bruna Batista de Farias (UEPB) larissafarias32@yahoo.com In the beginning of the twentieth century the differences between men and women were not just about biology, but it referred to which kind of behavior the individual is going to develop. Women usually were meant to have kids, take care of the house, and be nice to their husband. In this way, being a woman was restricted to the domestic sphere and freedom was not a common word to their lives. Writers, as the New Zealander Katherine Mansfield (or KM), present us, in a very intriguing way, female characters that lead us to think and ponder about those gender based stereotypes imposed on women. Considering that, we analyze the character Mrs. Kember from the short story “At the bay”, by KM (originally published in 1922), focusing on the character’s gender identity when confronted with the society ideal female act. Through it, the author reveal us an attempt of breaking the sexist behavior patterns by letting Mrs. Kember question them - she does not have children nor is the caring wife, besides she has no vanity or polite language and, for that, the character carried the consequence of being judged and despised by others. Thus, to support our analysis, we base our research on theories by authors as: Butler (2010); Reuter (2002); Zinani (2006); and Woodward (2004). We believe that despite of not being as strictly enforced as it was in the twentieth century, sexism still exists and, generally, in a masked form, promoting a delusion that it is not necessary to fight for gender equality anymore. Our work certifies that through Literature many social issues can be rethought and analyzed carefully, apart from the period that the narrative was produced. Discursos da Educação Ambiental e Literatura: o seu papel como instrumento de reflexão e ressignificação do conceito “meio ambiente” na educação infantil Lígia Fanton Ribeiro (UFMG) ligiafanton@hotmail.com O surgimento e desenvolvimento da Educação Ambiental (EA) no mundo e no Brasil se deu no contexto da institucionalização da crise ecológica, nda década de 1970. Desde então, diversas práticas de EA se desenvolveram de forma plural, mas com noção de conceito único para todos os envolvidos com a EA. Entretanto, a partir da década de 1980, surgiram diferentes correntes politicopedagógicas na EA e o desenvolvimento de estudos/pesquisas, que resultaram na definição de três macrotendências de Educação Ambiental, no Brasil. Assim, surgiu a tendência Consevadora marcada pelo entendimento de que as práticas educativas devem investir em crianças, em ações individuais e comportamentais no âmbito doméstico/privado, com a redução dos humanos à condição de causadores e vítimas da crise ambiental, desconsiderando qualquer recorte social.Surgiu, também, a tendência Pragmática abrangendo as correntes da Educação para o Desenvolvimento Sustentável/Consumo Sustentável, expressando um ambientalismo de resultados, pautado pelo ecologismo de mercado. Por fim, desenvolveu-se a tendência Crítica que aglutina as correntes da Educação Ambiental Popular/Emancipatória/Transformadora, apoiando-se na revisão crítica dos fundamentos de dominação do ser humano e dos mecanismos de acumulação do Capital. Essa corrente surgiu reforçando a necessidade de uma nova tomada de consciência, despertando pretensões e ambições individuais que influenciam uma construção de uma sociedade sustentável em detrimento do desenvolvimento sustentável, almejando, assim, a justiça ambiental, equidade social e participação democrática. Considerando que a literatura traz apelos políticos e sociais e caracteriza-se também pela denúncia, surgiu a proposta de analisar o discurso literário e a literatura como um todo e sua influência para a ressignificação do conceito de meio ambiente que permeia a mente dos jovens e crianças, bem como o seu papel na construção de um pensamento coletivo, no qual haja uma maior compreensão sobre os diversos acontecimentos mundiais/nacionais, e traçar aproximações discursivas/práticas com a Educação Ambiental Crítica. Ou seja, a pesquisa realizada, no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas Questões Ambientais, Educação Ambiental, Discursos e Ideologias, e que é apresentada nesse evento procurou ampliar as possibilidades de práticas da EA Crítica em diálogo com a poesia propondo novas práticas pedagógicas de EA, por meio da literatura que é um importante meio de formação dos cidadãos. 384
Resumos: Pôsteres A FUNASA e as ações de saúde ambiental e saneamento básico: análise dos discursos dos materiais didáticos no contexto da ideologia do desenvolvimento sustentável Luiz Carlos da Silva (UFMG) luizcarlosufmg@hotmail.com
Criada através da lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, como resultante da fusão entre a Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) com a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) tem, segundo seus gestores, a função de promover o desenvolvimento de ações de Educação em Saúde Ambiental visando a inclusão social, a promoção e proteção da saúde pública por meio do acesso ao Saneamento Básico, através do apoio aos gestores e técnicos dos diversos níveis de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Com base nas informações disponibilizadas pela FUNASA sobre os princípios que regem o seu programa de Educação em Saúde Ambiental, tem-se como ponto forte a mobilização social. Segundo a instituição o seu programa fundamenta-se no diálogo, no compartilhamento de saberes, na ação participativa, no desenvolvimento da consciência crítica do cidadão, na sustentabilidade socioambiental, etc. Dessa forma, a Fundação desenvolve diversas ações de Educação Sanitária e Ambiental, em várias partes do terrítório brasileiro, inclusive com produção e distribuição de materiais didáticos. Nesse sentido, a presente pesquisa objetivou compreender, por meio da análise crítica do discurso, como as práticas de Educação Ambiental da FUNASA contribuem para estimular a efetiva participação social dos agentes envolvidos em suas ações sob a égide da Saúde Ambiental e do Saneamento Básico. Também foi analisado no âmbito da pesquisa, as possíveis relações entre as práticas/discursos dos/nos materiais didáticos da Fundação com o que denominamos de Ideologia do Desenvolvimento Sustentável.
Análise da visão de ciência e de física quântica no discurso de defesa da eficácia de terapias alternativas para a cura de doenças Marcia Tiemi Saito (PIEC-USP) marciasaito@gmail.com De acordo com Nagamine Brandão, o discurso é reconhecidamente o lugar privilegiado da manifestação da ideologia, uma vez que se constitui de elemento de mediação necessário entre o homem e sua realidade e de um meio de engajá-lo nesta. Assim, o discurso é também o lugar do conflito, do confronto ideológico, espaço em que saber e poder se articulam. Seu estudo, portanto, não pode estar desvinculado das suas condições de produção. Especificamente, em relação à ciência e seus usos no meio social, muitas vezes, se aproveita o desconhecimento sobre como o discurso científico é produzido em seu contexto, para representar a ciência e suas teorias de forma obscura e autoritária. Com isso, perpetua-se a imagem de ciência como sendo algo naturalmente incompreensível, a ser aceito sem questionamento. Isso propicia a falta de poder de análise crítica com relação a esses temas, por parte da população leiga. Neste trabalho, se analisará como o discurso sobre a ciência, em geral, e sobre a Física Quântica, em específico, é articulado a fim de defender a eficácia de terapias alternativas para a cura de doenças, no livro “A Cura Quântica”, de Deepak Chopra, de 1989. Para isso, a análise se baseará nos conceitos de posto, pressuposto e subentendido de Ducrot e na sua teoria polifônica. De acordo com essa teoria, toda enunciação é permeada por diversas vozes, pronunciadas por diferentes enunciadores, que serão representados de acordo com o discurso que se quer promover. Essa análise também utilizará os conceitos de recorte e unidade temática, que servirão de instrumentalização para a análise polifônica. Através dos recortes, foi possível verificar que o discurso é composto de pelo menos oito enunciadores, entre eles, o médico de medicina alternativa, a medicina convencional, o paciente com doença grave e a ciência/Física Quântica. Através da análise em unidades temáticas, notou-se que o locutor organiza uma espécie de teatro, onde a enunciação é dada a diferentes personagens, os quais, por sua vez, são representados e articulados de modo a trabalhar em prol da defesa da eficácia de terapias alternativas na cura de doenças.
Interdiscurso, cenas de enunciação e ethos discursivo em veiculações jornalisticas online Márcio Torres Gotierre Lopes (UFLA) marciogotierre@gmail.com A partir da Análise do Discurso de linha francesa (AD), ancorada pelos estudos teórico-metodológicos desenvolvidos por Dominique Maingueneau e Ruth Amossy, o presente trabalho propõe discutir como se institui o ethos discursivo no interior das cenas de enunciação em notícias veiculadas no ambiente jornalístico online e se estabelecem as relações interdiscursivas na materialização do discurso. O propósito do nosso estudo é identificar a construção do ethos, o posicionamento do enunciador e o desencadeamento do processo de adesão do co-enunciador em decorrência das cenas enunciativas mobilizadas pelo jornalismo online. Para isso, selecionamos uma notícia veiculada no portal G1 e dela buscamos compreender a atividade discursiva nessa plataforma midiática. O estudo demonstrou que o posicionamento é marcado por uma relação interdiscursiva com discursos da guerra, da violência e da intolerância, que faz emergir uma representação negativa, criminalizada e estereotipada do manifestante.
Transformação do carnaval de Salvador/BA em negócio e desigualdades trazidas pela transformação Marcos Oliveira Mendes (UFMG) mendesoliveiramarcos@gmail.com O processo que levou o Carnaval de Salvador ao que é hoje se acentuou a partir da década de noventa. De acordo com (FAGUNDES DA SILVA, 2002), “ (...) no início dos anos noventa os festejos carnavalescos aconteciam de forma precária e desordenada (...)", isto 385
Resumos: Pôsteres é, passou por um forte processo de transformação até chegar no estágio atual, que, ainda segundo (FAGUNDES DA SILVA, 2002), “(...) representa hoje um mega evento de grande porte conseguindo articular eficientemente os agentes públicos e privados em torno de um espetáculo popular e totalmente inserido no contexto capitalista mercantil (...)”. Enquanto a comercialização de abadás para acesso aos blocos e camarotes encontra-se a todo vapor, com participação massiva da mídia, diga-se de passagem, a administração pública vende a ideia de organização de uma festa democrática e acessível a quem quer que seja, conforme citação a seguir do prefeito da cidade de Salvador, que trabalha a afetividade discursiva positiva ao se mostrar no papel de benfeitor ao povo: “É um chamado para toda a população curtir a rua. Acho que a principal conquista nos últimos anos do carnaval de Salvador foi esse caráter de ocupação da rua, do trio sem cordas, do Furdunço (...)”. Além disso, vale citar a influência da mídia nesse processo – em especial a televisão, o rádio e a internet: corroborando com o discurso de líder carismático do prefeito da cidade de Salvador, ela constrói um ethos do evento em tela como fonte de grande diversão, entretenimento e, não obstante, uma oportunidade de participação e inclusão social, contribuindo sobremaneira à constituição de um discurso ideológico das elites que de algum modo tiram proveito da festa a cada ano.
Compreendendo o olhar do usuário sobre a língua: mitos ideologicamente e culturalmente situados Maressa de Jesus Evangelista (Unileste) maressafi@gmail.com As palavras e expressões da língua simbolizam e produzem sentidos por e para sujeitos afetados ideologicamente e culturalmente. Desse modo, constroem-se os chamados mitos da linguagem, evidenciados em diferentes instâncias. No entanto, tais mitos não são impermeáveis a contestações e críticas. Não se considera, pois, a língua como um simples instrumento que “transporta” uma mensagem estável, mesmo reconhecendo que o modelo mitológico ainda esteja muito presente na língua em geral e em textos publicitários, em especial. Os principais objetivos deste estudo são investigar a analogia ‘’mito / mito ideológico / mito cultural e sua implicação sobre a constituição dos sentidos, em especial, do ponto de vista da produção, buscando compreender o olhar do usuário sobre a língua na esfera publicitária. Este estudo se inicia por meio de revisão bibliográfica básica sobre princípios teóricos que explicam a atribuição de sentidos a certas palavras e expressões da língua portuguesa situadas na condição de mitos, supostamente impermeáveis a críticas e contestações. Procede-se, a seguir, à seleção de textos publicitários que evidenciem o fenômeno abordado. Por fim, tendo, como base, o “corpus” constituído, buscam-se respostas que expliquem por que os mitos dificultam o avanço do conhecimento na área da linguagem e quais seriam as implicações desse fenômeno na esfera publicitária no processo de produção / recepção de textos. Foi possível obter algumas respostas para as questões propostas, sobretudo, no que se refere a dimensões teóricas do processo de produção do sentido, do ponto de vista da produção/recepção, na esfera publicitária. Para a escolha das peças a serem analisadas, considerou-se, em especial, a relação mito / mitos da linguagem / Publicidade. Pela seleção feita, já se pôde antever que, na esfera publicitária, têm sido utilizadas palavras e expressões mitificadas na constituição de peças e campanhas, geralmente, com o intuito de aproximar empresa/consumidor.
Direitos humanos: universalização ou relativismo Mariana Konkel Barbosa (Centro Universitário Eaprenda Elearning) eventos@eaprendaelearning.com A presente pesquisa tem como fim precípuo analisar o impasse existente entre as posições das correntes universalista e relativista ligadas ao direito internacional dos direitos humanos, dando-se destaque a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que deu início ao processo de internacionalização destes direitos. O estudo versa, primeiramente, sobre a cultura e o fenômeno do multiculturalismo. Em segundo lugar, abordar-se-á, acerca dos direitos humanos, retratando-se a sua origem, bem como sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Por fim, tratar-se-á das correntes de análise que servem como base dos direitos humanos, quais sejam: a universalista e a relativista, dando-se ênfase às suas particularidades fundamentais. Ainda, tratar-se-á da possibilidade de convergência entre as duas correntes, fulminando em uma reconceptualização dos direitos humanos. Destarte, a tese ora apresentada, a partir do método discursivo, é resultado de uma análise doutrinária entre os diversos estudiosos relacionados à área, sendo baseada em pesquisa bibliográfica. O uso do website como mecanismo de captação da Igreja Universal do Reino de Deus: análise da seção “Quem somos” Mariane Almeida Varela (UFV) mariane.varela@ufv.br O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa em andamento desde agosto/2015, com duração de 01 (um) ano, que tem o apoio do CNPq, cujo objetivo é analisar um dos principais meios que as igrejas usam para chegar ao fiel: os websites. Os websites são cheios de informações e espaços dialógicos que funcionam como mecanismos de captação de fiéis. No nosso projeto focalizamos como a IURD utiliza esse recurso para ampliar a seu espaço de atuação. O presente estudo é um relato de parte dos resultados dessa pesquisa, no qual analisamos a organização argumentativa da seção “Quem Somos”. Trata-se de uma seção na qual a Igreja tenta criar uma imagem para o fiel/internauta, de forma a promover uma aproximação com o público. Recorrendo à Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, aliada a estudos da argumentação, nosso principal interesse nesse estudo está voltado para a argumentação e recursos usados pela instituição pioneira na midiatização do discurso religioso. Para isso, torna-se imprescindível a análise do ethos, das estratégias de captação de fiéis e dos modos de organização do discurso. Observamos que a área estudada por nós não é muito explorada, e pesquisas se fazem necessárias para entender este fenômeno crescente na sociedade brasileira. 386
Resumos: Pôsteres Desigualdades e violências reveladas nas e pelas alteridades das personagens do filme “Som ao redor” (2013), de Kleber Mendonça Mateus Silveira Bello (UFLA) mateussbello@gmail.com A desigualdade social é um tema abordado no cinema brasileiro, pelos menos desde o Cinema Novo. Historicamente, como um tema central para se discutir a realidade brasileira, no geral, é apresentado através de dois cenários: o sertão e a favela. Muitos filmes abordam essa desigualdade a partir de tensões e conflitos. Entre cangaceiros e jagunços, policiais e bandidos. No filme O som ao Redor (2013), de Kleber Mendonça a desigualdade é representada de uma outa forma. O cenário é o cotidiano de um bairro de classe média em Recife. As tensões e conflitos se dão entre patrões, empregados e donas-de-casa. A violência é simbolizada de forma sutil, estando ao redor do cotidiano das personagens e não como centro organizador da narrativa. O medo e a tensão é uma constante no filme construída através da trilha sonora. Dessa forma, é interessante entender como e o que é revelado sobre a desigualdade social brasileira neste filme que aqui é entendido como um enunciado fílmico sócio historicamente situado. Ou melhor, como um ato responsivo e responsável de sua equipe autoral sobre a contemporaneidade do Brasil. Para tal, nos preocuparemos com as relações entre as personagens do filme de classes sociais distintas, partindo do pressuposto de Bakhtin que é no e pelo outro que me constituo. Assim, é na alteridade que se constituem as identidades destas personagens e é nessas identidades em que as desigualdades sociais se revelam. Nesse sentido, a partir dos conceitos de exotopia e ato responsável do Círculo de Bakhtin este trabalho pretende analisar a constituição das personagens do filme a partir das desigualdades que as condicionam. Com isso, objetivamos compreender os fenômenos ideológicos sobre a desigualdade social brasileira que se realizam na e pela linguagem de O Som ao Redor.
"A alma encantadora das ruas": um retrato da desigualdade na Cidade Maravilhosa Mayara Faria Quirino (UFMG) may.2106@hotmail.com O cronista João do Rio, em seu livro “A alma encantadora das ruas”, percorre a cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. A Cidade Maravilhosa passava, neste período, por uma reforma urbana feita pelo então prefeito, Pereira Passos. O objetivo desta reforma era tornar a cidade um lugar limpo, moderno e sem a presença de pobres. Estes foram retirados de suas casas e enviados para a periferia, onde passaram a sobreviver de maneira deplorável. É sobre esta parcela da população, que fora excluída da sociedade, que João do Rio escreve suas crônicas. Ele segue em busca dos lugares mais decadentes e das pessoas mais miseráveis para mostrar a realidade por detrás da modernização do Rio de Janeiro. “A alma encantadora das ruas” divide-se em cinco partes, sendo que a primeira e a última são conferências apresentadas em 1905. A segunda parte intitula-se “A rua” e descreve o espaço urbano ocupado por diferentes sujeitos. Já “O que se vê nas ruas” retrata, de maneira fascinante, os diversos profissionais que ocupam as ruas. Em “Três aspectos da miséria” o cronista traz à tona a triste condição de vida dos operários e a mendicância, até mesmo infantil. Logo em seguida, “Onde às vezes termina a rua” traz relatos de presidiários. Por fim, “A musa das Ruas” é um tipo de celebração do vigor das ruas, com sua encantadora heterogeneidade. Ao retratar estes excluídos, o cronista estabelece uma dura crítica à desigualdade social que a reforma urbana trouxe à cidade, mostrando que os pobres, apesar de serem deixados de lado, possuem um papel fundamental na manutenção do Rio de Janeiro.
A mineração como impacto pontual: discurso e realidade Melissa Rocha Lima (UFMG) melissarochalima@gmail.com
O trabalho apresenta os resultados de pesquisa realizada no curso de Geografia/UFMG e reflete os discursos adotados nos debates acerca da relação mineração X preservação ambiental. De um lado, empresas mineradoras que atuam na Região Metropolitana de Belo Horizonte/RMBH adotam um discurso de defesa dessa atividade econômica para promover/legitimar a intensificação da mineração. Há a (re)produção de um discurso de que essa atividade é menos nociva ao meio ambiente do que outras atividades, como a expansão urbana. Para os defensores da indústria extrativa mineral esta atividade apresenta um pontecial de degradação pontual, que pode ser minimizado por ações mitigadoras/compensatórias. É um discurso que ganha força e recebe a adesão de alguns órgãos gestores ambientais do Estado e parte das entidades ambientalistas, cujo resultado pode ser danoso para o meio ambiente e para as populações envolvidas nas localidades onde há extração mineral. Essa abordagem acrítica minimiza os impactos da mineração em relação ao meio ambiente e ocorre o silenciamento de outros impactos sociais derivados das atividades, cujas populações são tratadas como “residuais” e ficam ameaçadas ao conviver com o descaso das empresas e parte do poder público. Nesse sentido, este estudo, com base na Análise Crítica do Discurso (ACD), procura analisar como a produção discursiva das empresas mineradoras, de parte do poder público e de entidades ligadas à defesa do meio ambiente refrata e/ou reflete elementos ligados à realidade nas áreas de mineração na RMBH. Ao mesmo tempo, procuramos responder algumas questões ao fazer tais análises: Quais as implicações desses discursos sobre os processos de licenciamento ambiental na RMBH? Como esses discursos explicitam ou silenciam os princípios da Justiça Ambiental? Quais as estratégias discursivas implementadas pelas entidades de defesa do meio ambiente para evitar que haja um silenciamento em torno dos impactos sociais derivados da mineração? É importante destacar que as análises propostas possuem como base o estudo de caso realizado sobre os conflitos ambientais derivados do Projeto de Lei que tramita na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para expansão da Estação Ecológica de Fechos, localizada dentro do Quadrilátero Ferrífero, importante área de mineração ao sul de Belo Horizonte. 387
Resumos: Pôsteres Os discursos sobre a mineração e seus impactos ambientais nos livros didáticos de geografia: por que tantos silenciamentos? Natália Coimbra Jesus Santos (UFMG) nity.coimbra@gmail.com Desde a criação do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), o Estado brasileiro tornou-se o maior comprador de livros didáticos do mundo, sendo que tal compra significou ampla distribuição que alcançou as mais longínquas partes do território brasileiro. Tal processo contribuiu para que o Livro Didático (LD) cumprisse seu papel de formador de consciência, por meio de discursos verbais e não verbais. Muito mais do que um instrumento de ensino, estes LDs são importantes veículos de transmissão dos valores das classes dominantes, podendo modificar, unificar e uniformizar pensamentos a depender das regras e interesses do poder político e econômico de cada época (CHOPPIN, 2004). Nesse sentido, tornam-se necessárias pesquisas que procurem refletir criticamente as funções dos LDs tais como a referencial, a ideológica/cultural, a instrumental e a documental, objetivando explicitar como os discursos dos livros refletem e/ou refratam a realidade. Assim, se insere a presente pesquisa de iniciação científica, na qual propomos avaliar os discursos expostos em obras didáticas de geografia sobre a mineração e seus impactos, fazendo um recorte histórico que vai do final da década de 1990 até os dias atuais. Por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD) foram analisados textos/gráficos/imagens de diversos livros aprovados em PNLDs distintos ao longo dos últimos anos. No transcurso da pesquisa procuramos responder algumas questões: a partir da apresentação dos conteúdos sobre a mineração (recursos minerais) quais ideologias são transmitidas para os estudantes sobre esse importante setor da economia brasileira? Os livros refratam ou refletem questões ligadas a mineração tais como os impactos ambientais e conflitos ambientais? Quais as abordagens sobre a relação mineração e saúde dos trabalhadores são veiculadas pelas obras didáticas avaliadas? De que forma a função documental do livro didático é explorada nos materiais analisados? Sabendo que o livro didático é uma importante ferramenta na educação de milhares de jovens brasileiros quais os tipos de conhecimentos são difundidos, objetivando construir uma educação crítica, na qual os sujeitos sejam ativos no processo de formação intelectual bem como na construção de uma sociedade justa? A tecnologia como fator de inclusão e exclusão social em “Geração Brasil” Paulo Leal Manso (UFF) paulo.lealmanso@gmail.com Neste trabalho será abordada a relação entre as classes sociais, a tecnologia e inclusão digital, pelo viés da Semiótica discursiva. O objeto de estudo é a novela Geração Brasil. A trama é desenvolvida em torno do protagonista, um brasileiro que constrói carreira de sucesso nos Estados Unidos. Ao enfrentar uma crise em sua empresa, Jonas Marra decide voltar ao Brasil e lançar um reality show para jovens talentos da tecnologia, a fim de escolher um sucessor para liderar a empresa. Ele, através da informação e da tecnologia, ascendeu socialmente e mudou de vida. O grande aspecto a ser analisado é como se constrói discursivamente o percurso do sujeito nessa ascensão. Toda a vida do personagem – não só sua ascensão, mas suas atitudes e desvios de conduta após a mudança – serão também analisadas, através do denominado Percurso Gerativo de Sentido, construto teórico da Semiótica, que busca refazer as etapas da produção da significação. Através da análise dos níveis propostos pelo Percurso, será possível analisar como a temática da tecnologia é trabalhada na novela, observando o tratamento dado aos temas da inclusão e exclusão digital, ascensão social e econômica.
Ethos político vs. Ethos ridículo - riso e vrbanitas nos debates políticos de 2014: reflexões e conclusões Paulo Roberto de Deus Júnior (UFV) paulo.deus@ufv.br Nossa pesquisa procura desenvolver uma análise das estratégias linguístico-discursivas utilizadas para a construção dos ethé dos candidatos à presidência da República nos debates políticos das eleições de 2014. Buscamos verificar como os candidatos ditos “periféricos” (candidatos com menor espaço nos debates e com menores chances de elegibilidade, como, por exemplo: Levy Fidelix, Eduardo Jorge, Pastor Everaldo, Luciana Genro) constroem – ou reconstroem – a imagem dos mesmos pelo/no discurso em relação ao conceito de vrbanitas (Cícero/Quintiliano), que regulamenta o uso do riso pelo orador. Pesquisa qualitativa, tendo por suporte teórico-metodológico a Teoria Semiolinguística (P. Charaudeau) e a reinterpretação dos conceitos de ethos (D. Maingueneau) e de vrbanitas (R. Vale) enquanto categorias de análise no quadro da Análise do Discurso , cujos principais objetivos específicos que podemos destacar são: a descrição situacional do gênero debate político televisivo; descrição semiolinguística do discurso dos candidatos ditos periféricos; e a identificação, em cinco debates presidenciais do 1º turno das eleições de 2014, de atos de comunicação com potencial humorístico, ou seja, identificação dos momentos em que o uso do riso pode ser percebido enquanto estratégia discursiva no discurso dos candidatos ditos periféricos. Nossa proposta de pesquisa encontra justificativa na ideia de que, na democracia brasileira, a representação prototípica do político passa pelo crivo do “jeitinho brasileiro” – de trapacear, do apoio ilegal, da compra de votos e dos vários tipos de corrupção aferidos ao sujeito-candidato ou ao sujeito-político em exercício do cargo. Outra razão é o fato do entendimento do humor ser relativamente pouco estudado no domínio da prática política, em casos particulares como o brasileiro, o que se deve, principalmente, ao caráter formal, sério das relações intersubjetivas estabelecidas entre os políticos. Nossa pesquisa evidencia algumas características importantes após ter sido feita a análise situacional do gênero debate político televisivo, como, por exemplo: uma grande ocorrência de quebras de contrato do gênero, principalmente, das regras de pergunta-resposta feita de candidato para candidato; aponta, também, para uma imparcialidade dúbia por parte das emissoras; e, além disso, ressalta-se uma considerável ocorrência de atos de comunicação humorísticos utilizados pelos candidatos ditos “periféricos”.
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Resumos: Pôsteres Gravidez interditada: discurso, poder e memória Priscila de Souza (UNICENTRO) sza.priscila@gmail.com Partindo do princípio de que o sujeito se constrói como ser social pela linguagem e que se inscreve na história, o presente estudo destina-se a entender – sob o viés teórico e metodológico da análise do discurso (AD), de linha francesa – os efeitos de sentido e de sujeito produzidos discursivamente em campanhas governamentais que defendem o uso de métodos contraceptivos. Dessas campanhas, emergem dizeres e imagens enredados nas tramas do poder e saber de que trata Michel Foucault (2007), permitindo-nos apreender, descrever e analisar os modos de subjetivação do ser mulher, através de um retorno ao arquivo da memória da medicalização dos corpos, notadamente do controle da contracepção e da liberdade sexual. A complexidade do tema exige entender o sujeito como um ser social, tomado pela coletividade, portanto, um sujeito não alicerçado em uma individualidade. Exige, também, verificar as condições sócio-históricas de emergência dos enunciados que interditam a gravidez, questionando o porquê de um discurso ter sido produzido e não outro, compreendendo os sentidos em sua opacidade, de forma não-transparente. Isso porque todo e qualquer discurso é produzido em conformidade com as posições sócio-históricas e ideológicas dos sujeitos, pois o lugar de onde o sujeito fala, bem como o momento histórico em que ele está inserido, são constitutivos dos sentidos. Quanto ao corpo de que trataremos, ele não é o corpo imóvel com suas propriedades eternas, mas o corpo na história, tomado como objeto do discurso. Tratase, pois, do corpo como um acontecimento discursivo, fabricado historicamente. Assim, face às propagandas governamentais que fazem circular discursos sobre a concepção/contracepção, prescrevendo o que os sujeitos mulheres devem fazer e o que não devem fazer, traçando os objetivos a serem alcançados e impondo metas a serem perseguidas eticamente, propomo-nos investigar arqueologicamente os saberes médicos que produziram o corpo que não pode engravidar – na esteira do que escreveu Foucault – fazendo funcionar conceitos basilares da AD – como memória discursiva e sujeito – associando-os ao conceito de biopoder, formulado por Michel Foucault. O filme “As Domésticas”: uma relação exotópica e polifônica Rafael Junior de Oliveira (UFLA) rafaeljuniorlavras@letras.ufla.br O filme “As Domésticas” é baseado na peça homônima de Renata Melo. Dirigido por Fernando Meirelles e Nando Olival, o filme de 2001 narra o cotidiano de empregadas domésticas no Brasil contemporâneo. Apesar de pertencente ao gênero comédia, o filme aborda como temas o racismo e a discriminação sofridos pela personagem Quitéria. Neste trabalho analisa-se a cena em que uma empregada conversa com a outra, a fim de verificar como se constrói esse sujeito empregada doméstica e que vozes nele e por meio dele se manifestam. Como referencial para esta discussão, utilizam-se as discussões do Círculo de Bakhtin a partir dos conceitos de exotopia/distanciamento e polifonia. Primeiramente é de um lugar exterior a mim que me constituo sujeito, tenho uma ilusória visão de minha completude. Sendo assim, os sujeitos constituem-se de um lugar fora ou lugar-outro. Nesse sentido o primeiro conceito relaciona-se com a forma como as domésticas se relacionam umas com as outras e com o mundo. O segundo conceito de Bakhtin leva à reflexão de que todo sujeito é constituído por vozes e essas são constituídas a partir de interações com outros sujeitos. Retomando a cena em que as personagens conversam entre si, uma delas está se relacionando com um amante e a outra questiona se isso é correto. A resposta vem logo em seguida: “Não sou eu quem vai sair hoje, é a minha outra eu”. A fala de uma das domésticas relaciona-se com o conceito de polifonia, pois a personagem não só sabe que existe outra, mas também interage com essa outra. Bakhtin reflete que saber que outro existe determina radicalmente o modo de viver do sujeito. Com base nessa discussão, pode-se perceber que o filme, além de apresentar diferentes sujeitos-doméstica, apresenta também que dentro de cada sujeito ainda existem várias outras. Pensando nesse sujeito exotopico/ polifônico e dentro de um contexto de desigualdade sociocultural, este trabalho busca refletir quem são os sujeitos Quitéria hoje no Brasil e de que maneira se constituem como sujeitos. O imbricamento sujeito-artista-obra nos Parangolés, de Hélio Oiticica Rafaella Barqueiro Domingues (UEM) rafaellabarqueiro@gmail.com No final do século XIX e início do século XX, devido ao processo de urbanização, emergem na paisagem das grandes cidades construções de arquitetura peculiar, os barracos, que começaram a formar nos morros as primeiras favelas. Assim, elas passam a ser um local destinado àqueles que, nesse processo desenvolvimentista, foram deixados à parte do movimento de urbanização (SEVCENKO, 1998). É nesse cenário que o artista carioca Hélio Oiticica inscreve sua obra: os Parangolés, produzidos a partir de sua inserção no Morro da Mangueira e na escola de samba da Mangueira. Segundo Favaretto (2000), a proposição Parangolés marcou o início da trajetória experimental do artista. Em Bases Fundamentais para a Definição do Parangolé, Oiticica (1986, p. 65) compreende os Parangolés como a experimentação da cor e da pintura fora do quadro. Para além desse sentido apresentado pelo artista, busca-se investigar, pela Análise de Discurso pecheutiana, o sujeito participativo da constituição e do funcionamento dos Parangolés, como aquele que faz a obra acontecer e, ao mesmo tempo, se faz obra artística, em um espaço-tempo simbólicos. Nesse sentido, a capa ora dá a ver a cor dançante no espaço-tempo – um espaço novo, simbólico, não empírico, que se abre para ser explorado pelo “sujeito-artista-obra”, aqui chamado de “sujeito-outro”, em um tempo não reduzido ao cronológico, mas como historicidade –, ora dá visibilidade ao sujeito que está numa relação de imbricamento com a obra, que faz da capa e de si mesmo, constitutivamente, um objeto artístico. Esse movimento de ora esconder e ora revelar esse “sujeito-outro” – que não é o artista em si, mas se faz também artista, pondo-se em relação com a proposta do artista, e não é a obra propriamente dita, mas que se faz também obra – possibilitou interpretar no trabalho de Oiticica uma dada visibilidade que ele traz para o morador do morro, à margem nas grandes cidades, da urbanização e até mesmo dos movimentos artísticos, dando-lhe voz. É nesse sentido que esta proposta investigativa integra o Projeto de Iniciação Científica (PIBIC-CNPq) “O ´sujeito-outro’ na constituição dos Parangolés de Hélio Oiticica”, desenvolvido na Universidade Estadual de Maringá (UEM). 389
Resumos: Pôsteres A necessidade de uma comunicação cooperativa entre o direito processual e os conflitos fundiários: uma análise da nova configuração do regime das possessórias no novo Código de Processo Civil Rafaella Santos Costa (UFPE) rscosta95@gmail.com O trabalho tem por fito discorrer acerca da construção de sentido presente na elaboração do novo regime das Ações Possessórias encontrado no Código de Processo Civil de 2015, em específico a nova configuração nos casos dos litígios coletivos da posse. Para tal, o ponto de partida foi a análise discursiva presente nos enunciados da Audiência Pública que trata dos Procedimentos Especiais, esta disponível no portal E-Democracia da Câmara dos Deputados. A análise, entretanto, não se limitou a tais discursos, promovendo, também, a revisão bibliográfica do estado da arte da matéria, no que tange a disciplina processual e material dos conflitos fundiários de posse. Como aporte teórico, recorre-se à Teoria Reflexiva do Direito, com os subsídios trazidos pela Teoria do Discurso Constituinte, de Dominique Maingueneau, bem como a Teoria dos Sistemas que comunicam, de Niklas Luhmann. Tecnologias como commodity: o discurso hegemônico na educação Renata Targino de Figueiredo (UFF) renatargino@gmail.com Cíntia Velasco Santos (UFF) cintiavelasco@terra.com.br Esta apresentação objetiva discutir a hegemonia de sentidos atribuída às tecnologias de informação e comunicação (TIC), que as posiciona como commodity (mercadoria para consumo) e reduz o papel dos sujeitos das comunidades escolares na tomada de decisões sobre a aplicação daquelas em suas práticas. Pode-se afirmar que esta hegemonia de sentidos é produzida pela ordem social, mediante a interferência dos organismos multilaterais, tais como o Banco Mundial e a Comissão para Desenvolvimento da América Latina e o Caribe, que abarcam o mito do milagre tecnológico (Felinto, 2009), a urgência na formação dos sujeitos, atrelando-a ao desenvolvimento econômico dos países periféricos, e a redução dos investimentos em educação, através da substituição do trabalho docente pelas TIC. Para este estudo, aplica-se um modelo de análise crítica do discurso (ACD) proposto por Fairclough e Chouliaraki (2005), baseado na identificação de um problema em uma perspectiva semiótica – as TIC comodificadas; na manutenção do problema pela ordem social – a interferência dos organismos multilaterais; nos obstáculos para a solução de tal problema – aplicação das TIC para oferta de educação de baixo custo e aligeirada; e na superação de tais obstáculos – participação das comunidades escolares na elaboração de projetos para aplicação crítica das tecnologias, que poderiam perder o status de commodity e poderiam ser espaços de negociação de sentidos e produção de conhecimento. Subjetivação feminina: análise da mulher no mito da criação na Bíblia Rennika Lázara Dourado Cardoso (UFG) rennika16@gmail.com Este trabalho toma como objeto de análise os capítulos 1, 2 e 3 do livro de Gênesis, da Bíblia Sagrada, usada como base da fé das religiões cristãs. Os capítulos são denominados “A criação do homem”, “A criação da mulher” e “A queda do homem”. Esta pesquisa tem como linha de pesquisa a Análise do Discurso de linha foucaultiana e tem como pressuposto básico que a palavra não é a coisa e nem representa a coisa. A palavra, como afirma Foucault, institui a coisa. Como a linguagem se coloca em movimento pelo discurso, então são os discursos que fundam os próprios objetos de que falam, nesse contexto os objetos são o homem - Adão, a mulher - Eva, a Serpente, e Deus, que são os personagens dessa história. Nessa trama discursiva existe a complexa relação entre saber e poder que produz verdades, nesse sentido as verdades acerca do ser homem e do ser mulher. Seguindo esse caminho proposto por Foucault, é possível perceber que há determinadas áreas que detém certo privilégio na produção de verdades. O discurso religioso, amparado pelos livros sagrados, é um território em que as “verdades” construídas historicamente e socialmente costumam ser pouco questionadas e seguidas por muitos sujeitos que consideram o texto bíblico como sagrado. O objetivo do trabalho é analisar a imagem da mulher e em segundo plano a imagem do homem que subjaz em dois capítulos do livro bíblico de Gênesis: o capítulo dois, que se subdivide em “A criação do homem” e “A criação da mulher”; e o capítulo 3, que se intitula “A queda do homem”. A análise identificou discursos que procuram, ao longo da história, reforçar um determinado tipo de “papel feminino”, voltado sempre para a reprodução, a maternidade e para a família, sendo esta responsável pelas mazelas humanas por ter sido desobediente a Deus e como consequência governada pelo homem. Desse modo também temos a imagem de uma figura de homem que é o provedor da sua família, responsável pelo trabalho da casa e governador da mulher. Nesse aspecto temos o texto bíblico como um mecanismo de subjetivação da mulher. A construção da imagem feminina nas postagens do facebook da página Itaipava Rosangela Soares de Lima (UFC) rosangelasoaresdelima@hotmail.com Thamyres Barrozo de Paula (UFC) thamyresbarrozo@hotmail.com Apesar de haver avanços no que diz respeito à posição social da mulher na sociedade e das discussões atuais a respeito do feminismo, a utilização da mulher como objeto sexual vigora nas publicidades de cervejas. O presente trabalho tem como objetivo analisar as postagens publicitárias publicadas no suporte Facebook da página de cerveja Itaipava. Busca-se conhecer os valores agregados às postagens, observando que, ao trabalhar com a figura feminina, a marca Itaipava faz apelo ao consumo de seu produto por meio do corpo da mulher. Relaciona-se a beleza feminina ao produto difundido. Seguindo a linha de investigação em análise de gêneros e a 390
Resumos: Pôsteres Teoria do discurso semiolinguístico de Charraudeau (2014), debruçamo-nos sobre a página de Facebook da empresa Itaipava objetivando analisar as características que podem marcar a construção da desigualdade nesses anúncios. Baseamo-nos em autores como Charraudeau (2014) e kress e Van Leeuwen (2006), para analisar aspectos multimodais nos anúncios. Este trabalho caracterizase como uma pesquisa descritiva de método etnometodológico. O corpus será composto de 5 postagens da página Itaipava. Como resultados parciais da pesquisa consideramos, com base na autoridade científica dos autores supracitados, as hipóteses de que a imagem da mulher é usada de forma estereotipada, sendo ressaltado o erotismo. Apesar das transformações a respeito da igualdade de gêneros, ainda mantém-se o fortalecimento do pensamento de que o homem é o sexo forte, o dominador.
Publicidade e literatura: as relações de interdiscurso presentes no discurso publicitário Sandra Maria Oliveira (UFLA) sandraoliveiraufla@gmail.com O trabalho em pauta tem como tema o interdiscurso entre o discurso publicitário e o discurso literário. A partir de uma observação das mídias suportes do gênero publicitário, percebe-se a presença recorrente do discurso literário no domínio discursivo da publicidade, estabelecendo uma relação interdiscursiva que potencializa os efeitos de sentido produzidos por tais enunciados, de modo a promover um alcance efetivo do público consumidor. Nessa direção, propõe-se uma análise do discurso publicitário e suas relações com o discurso literário visando a explanar os mecanismos utilizados pela mídia para influenciar o sujeito na aquisição de determinado produto ou serviço. Considerando-se que o discurso publicitário é de popularidade incontestável em nossa sociedade, capitalista e globalizada, e que sua influência vai além das relações de consumo e suscita novos hábitos e padrões de comportamento, faz-se necessário um estudo acerca de tal discurso de modo a promover uma reflexão acerca das reais necessidades de compra, tendo em vista os desdobramentos nocivos no âmbito social e ambiental promovidos pelas situações de consumismo e de produção desenfreada. Diante de tal conjuntura, esta pesquisa surgiu a partir de problematizações advindas da observação do discurso publicitário em circulação nas diversas mídias atualmente. No presente trabalho, exploram-se questões de interdiscursividade objetivando a identificação do posicionamento presente no discurso publicitário. O procedimento de análise baseou-se em um corpus selecionado de modo a ilustrar a relação interdiscursiva entre o discurso publicitário e o discurso literário. Para tal, acompanhou-se e levantou-se textos publicitários veiculados pela revista Veja (edição 2293) de 31 de outubro de 2012. O procedimento de análise se deu pelo viés da cenografia. Os resultados apontam que as narrativas literárias, já presentes na memória do público consumidor, atuam como componentes essenciais dos anúncios publicitários, considerando-se que, ao serem evocadas, facilita-se o objetivo do enunciador de promover a adesão do consumidor ao seu posicionamento. Desse modo, antes de comprar um produto ou marca, a pessoa compra as características do personagem literário imerso no discurso publicitário, visando a um sentido extraordinário para uma realidade banal, além de um desfecho de conto de fadas.
Diário de Bitita: a desigualdade social nos escritos de Carolina Maria de Jesus Sandro Aragão (UFRRJ) s_aragao10@hotmail.com Manoela Tavares Carvalho (UFRRJ) manoela2tavares@gmail.com Fabiane Aparecida Lima (UFRRJ) fabi.leafro@gmail.com A presente pesquisa pretende analisar os relatos de infância contidos no livro autobiográfico [?] Diário de Bitita, da escritora mineira Carolina Maria de Jesus (1940-1977). Editada com base em cadernos pessoais confiados pela autora a um jornalista, a obra foi publicada apenas postumamente, em 1986. Conforme a pesquisadora Christiane Toledo (2011), não se trata propriamente de um diário, mas de uma tentativa de utilizar fragmentos de lembranças para reconstruir seu passado. Tendo isso em vista, nossa análise acompanhará os personagens da narrativa, ambientada no Brasil pós-abolição, a fim de buscar em suas interações os discursos que serviam para legitimar a desigualdade social naquele período, a partir de marcadores como gênero, etnia e posição social. Partiremos das visões de Foucault, para quem o discurso “desempenha um papel no interior de um sistema estratégico em que o poder está implicado, e para o qual o poder funciona. (...) O poder é alguma coisa que opera através do discurso, ja que o próprio discurso é um elemento em um dispositivo estratégico de relações de poder” (2006, p. 253). Além disso, faremos uma breve reflexão sobre a marginalização imposta aos escritos de Carolina Maria de Jesus em sua época, e a forma como, em detrimento de seu trabalho, outros escritores, por estarem em um lugar de prestígio, se estabeleceram dentro da literatura brasileira. Nossa metodologia será a pesquisa bibliográfica, com leitura e comentário detido de trechos do Diário de Bitita, à luz do referencial da análise foucaultiana do discurso e das contribuições de alguns estudiosos da autora, como a já citada Christiane Toledo, Sergio Barcellos (2015), José Carlos Sebe Bom Meihy (1998) e outros. A título de conclusão, sugeriremos que, a partir das análises feitas sobre os discursos dos personagens, é possível perceber que, no período histórico recortado, há grande desigualdade social advinda de discriminação racial, de gênero e posição social.
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Resumos: Pôsteres Deficiência intelectual: prática educativa e reflexões Silvia Cristina Ximenes Viana (Centro Universitário eAprenda eLearning) eventos@eaprendaelearning.com
Considerando a inclusão escolar do estudante com deficiência mental no ensino regular, este estudo tem como objetivo discutir e compreender a prática educativa do professor que atua na alfabetização de estudantes deficientes mentais, sendo a prática educativa compreendida como fundamental para a adequada inclusão escolar destes estudantes. Como metodologia de pesquisa este estudo de caso está pautado numa abordagem qualitativa e envolveu a participação da professora alfabetizadora e um estudante com deficiência intelectual. Para a análise e clarificação do problema foram utilizadas observações em sala de aula e entrevistas. Assim, o presente estudo de caso proporcionou uma melhor compreensão dos problemas e obstáculos, melhorando a percepção dos sujeitos da pesquisa sobre o problema, possibilitando assim um novo olhar sobre possibilidades e potencialidades, visando buscar superar as limitações provenientes das deficiências não só do estudante em estudo. Considera-se que essas mudanças, tão necessárias para a efetiva inclusão dos estudantes com deficiência na sala de aula, extrapolam a questão da especificidade do estudante e devem ser consideradas na totalidade do contexto escolar. Desse modo, este estudo revelou ser possível uma prática educativa inclusiva, contribuindo para a compreensão de que o professor pode e deve oferecer a seus estudantes uma prática educativa que se caracterize como inclusiva, contribuindo dessa forma com o trabalho docente e com a inclusão escolar, o que significa tornar o estudante sujeito, cidadão, autor de sua própria história de vida, sentindo-se pertencer à sua comunidade. O circuito esotérico do direito: o “juridiquês” como linguagem desviante e discurso de exclusão jurídica Stener Carvalho Fernandes Barbosa (FAMINAS-BH) stenercarvalho@hotmail.com O direito é um discurso (VIANA; ANDRADE, 2009). Mantem sua interlocução entre os iniciados da linguagem jurídica e os intérpretes sociais. Com efeito, é o Direito um poder discursivo (FOUCAULT, 2002). Alguns autores afirmam que seu principal objetivo é a Justiça, pois deve atuar junto ao princípio da Igualdade (FERRAZ JUNIOR, 2002). Neste sentido, equidade e “lei” andariam juntas. O Direito seria, portanto, o discurso de inclusão por tratar os iguais na medida da sua desigualdade (BARBOSA, 2010). Outros asseveram que é a “lei” a pacificação dos conflitos sociais (GONÇALVES, 2015). Cumpriria o Direito uma finalidade social. Não obstante, possuiu o Direito uma solenidade compreendida pelos iniciados da ação e do falar jurídicos. Todos, evidentemente, dentro de uma situação comunicacional (CHARAUDEAU, 2009). Mas, quando é o Direito discurso de exclusão? Na linguagem obscura. Há, não raramente, o excesso da linguagem jurídica. É o que se denomina dizer “juridiquês”. Seu reconhecimento imediato nos suportes de escritura de decisões judiciais, termos de audiência, petições iniciais, etc., é marcado pelo emprego exagerado de siglas, arcaísmos da língua portuguesa e expressões latinas desnecessárias. Trata-se da linguagem juridicamente obscura. É o Direito como poder de exclusão. Consequentemente, por meio do dispositivo de encenação de Patrick Charaudeau, o “juridiquês” se demonstra linguagem de fundo desviante. Os interlocutores estão próximos de um circuito interno comunicacional, mas completamente afastados do plano externo do discurso. O ethos dos esotéricos do “juridiquês” não possue comprometimento com a realidade sócio-histórica que o cerca (MAINGUENAU, 2008). Há um desinteresse da representação da situação comunicacional. Diante de uma linguagem só compreendida pelos esotéricos do discurso, os palestrantes se valem da obscurecência do “juridiquês” para manter apenas entre os pares o entendimento da enunciação jurídica. Os reflexos dos seus atos de linguagem afastam o direito da justiça, as partes do processo, a “lei” dos cidadãos. Também aniquilam, os esotéricos da linguagem excessiva, a finalidade social do Direito, isto é, a própria pacificação de conflitos. O discurso do “juridiquês”, portanto, exclui a participação social do universo jurídico pela obscurecência e pelos enunciados “jurídicos” incompreensíveis.
Jornalismo em contexto de multiplataformas: abordagem comparativa de jornais online (Huffpost Brasil, Vice News Brasil, El País Brasil) Thales de Oliveira Moreira (UTP) toliveiram@live.com Associado ao projeto da orientadora – “Modos de presença da técnica em rearranjos espaço-temporais na constituição de interações sensíveis” - que está em fase de investigação dessa temática no campo da informação (três domínios foram apontados no início do projeto: espaço urbano, informação jornalística e newsgames, este último como subitem da informação jornalística), o presente trabalho tem como objetivo a análise comparativa de alguns jornais online, articulados ao estudo do contexto em multiplataformas. A ideia é rastrear, sistematizar os procedimentos de preparação e formatação de conteúdos para diversas plataformas (PC, tablet e mobile), procedendo a uma categorização preliminar de suas características visuais e de conteúdos. Com esse procedimento, pretende-se verificar: 1) se há adequação desses fatores para cada plataforma e, em caso afirmativo, quais são suas propriedades; 2) se nesse processo de ajustamento, derivado de um jornalismo de caráter mais segmentado, existe a preocupação com aspectos da convergência entre meios, como recursos transmidiáticos, entre outros; caso afirmativo, indaga-se igualmente como ocorrem; 3) se tais cuidados se restringem a fatos excepcionais sob a forma de matérias especiais, como vem acontecendo com o jornalismo mainstream; 4) se existe interatividade, sob a forma de um fazer colaborativo, com leitores, sobretudo por meio das redes sociais, e, em caso afirmativo, em que medida e de que modo são feitas apropriações da participação dos leitores na construção da informação. A metodologia compreenderá leituras sobre o tema, rastreamento diário dos jornais, por meio de observações assistemáticas num primeiro momento, e sistemáticas na sequência, a partir da delimitação de algumas categorias de análise obtidas com a primeira fase exploratória. Estabelecimento de um corpus menor, orientado por tal sistematização, para proceder a uma nova categorização que responda às questões levantadas acima e que constituem os objetivos a serem alcançados pela pesquisa. 392
Resumos: Pôsteres El ethos político presente en Violeta Parra y Mercedes Sosa Thiago de Sousa Amorim (UESPI) tyagoamorim25@hotmail.com Mercedes Sosa fue una cantante de música folclórica argentina en que presenta denuncias a la sociedad de su época, siendo conocida como “La voz de América”, con reconocimiento musical en varios continentes. Violeta Parra fue una cantautora, pintora, escultora, bordadora y ceramista chilena, además era considerada una de las principales folcloristas de América. El presente estudio tiene como objetivo analizar el Ethos político en las músicas “La carta”, interpretada por Violeta Parra y “Solo le pido a Dios”, interpretada por Mercedes Sosa. Analizar un discurso enunciado por alguien requiere conocer lo que lo acerca, en este sentido se busca comprender las marcas sociales e históricas que circundaron en el entorno societario de la chilena Violeta Parra y de la argentina Mercedes Sosa. El trabajo hace una exposición sobre el discurso a partir de Foucault (1970) con la finalidad de definirlo, luego se habla de un tipo de discurso que es el político, con Chauraudeau (2006), buscando comprender lo que es este tipo de discurso. Con Amoussy (2008) y Mangueneau (2008) se hace un recorrido por el concepto, definición y características de Ethos. Fairclough (2001) discute sobre el discurso vuelto para la sociedad, como medio de cambio social. La metodología utilizada en el artículo fue basada en el tipo bibliográfico. Los resultados nos apuntan que hay una fuerte presencia del Ethos político en el enunciador discursivo del corpus analizado.
A transgressão e as desigualdades na/da ditadura militar: uma análise de textos publicados nos arquivos da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e no Arquivo Público Mineiro (APM). Túlio Sousa Vieira (UFOP) tuliofraga@gmail.com Considerando os momentos de tensão política vivenciados pelo país recentemente e que trouxeram à tona questões ligadas à desigualdade social e política, o trabalho em questão busca investigar os fundamentos discursivos utilizados em documentos publicados no acervo digital da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e no Arquivo Público Mineiro (APM), que remetem a outro período de grande tensão social e política, a ditadura militar. Nessa direção, o trabalho proposto tem corpus constituído por textos de Claudio Lemos Fonteles, apresentado no GT da CNV e de textos da APM, e pretende discutir, a partir do referencial do Círculo de Bakhtin e de pressupostos teóricos dos autores SOUSA e MACHADO, como foram constituídas as diversas vozes de desigualdade na época da ditadura brasileira, e de que maneira as relações desenvolvidas pelos múltiplos sujeitos que promoveram a desigualdade e se constituíram por meio dela, abarcam a função transgressiva. Do ponto de vista de Sousa e Machado, “não temos como desassociar a ideia do efeito polifônico com a multiplicidade de sujeitos que se manifestam no campo imaginário no seio de dado discurso. A heterogeneidade constituída e mostrada demonstra que nenhum ato de linguagem é puro, ou seja, contém apenas uma representação de sujeito e uma configuração de gênero”. Ainda em concordância com Sousa e Machado, os autores apontam que “o princípio transgressivo é constituinte e atuante da/na própria dinâmica do gênero, ou seja, não podemos conceber a ideia de gênero discursivo sem o germe da transgressão. Assim, o efeito transgressivo toma um caráter dialético entre instâncias extremas como o velho e o novo, o passado e o presente, a morte e a vida, a fim de equilibrar e sustentar, a partir dessas dicotomias extremas, uma realização/efetivação do gênero”. Nesse âmbito, o estudo em questão fornecerá bases para a compreensão dessas inter-relações de sujeitos polifônicos que possuem uma função transgressiva nos documentos da CNV e do APM, e que ainda constituem desigualdades e desigualdades outras no período militar. Aspectos da desigualdade de gênero na obra “O paraná mental” (1908), de Mariana Coelho Valter Andre Jonathan Osvaldo Abbeg (UNIFESP) abbeg78@gmail.com Samara Elisana Nicareta (UFSC) samaraelisana@gmail.com A efervescência dos movimentos sociais no início do século XX, demarca a obra de Mariana Coelho, “O Paraná Mental”, publicado em 1908, que principia pela característica de sua escrita voltada aos textos jornalísticos e ensaísticos, ora publicados em jornais curitibanos e cariocas, como “Diário da Tarde”, “A República”, “Gazeta do Povo”, “Olho da Rua”, “O Sapo”, e em livros como “Paraná mental” (1908) e “A evolução do feminismo”(1933) entre outros; aspectos literários que a ressaltam, uma vez que afasta-se da corrente poética ou sentimental. Segundo Perrot, o caráter privado desses gêneros textuais que eles se tornaram mais adequados às mulheres no início do século, enquanto, Mariana preferiu o espaço público enquanto campo de batalha. O presente trabalho pretende debater aspectos deste campo de batalha, na busca pela configuração e identidade de gênero presentes na respectiva obra, sua incidência sobre o discurso feminista e sua contribuição para a formação do imaginário social da mulher na primeira república. Enquanto princípios reconhecemos que um discurso, através de um mecanismo pode proporcionar a construção de um imaginário, de uma identidade, de uma razão histórica peculiar e particular, mais que evidenciar uma tecnologia de poder, evidenciada por Foucault, procura-se estabelecer uma relação entre modernidade técnica, denunciada por Brüseke e tecnologia do discurso enquanto a prática na construção do imaginário feminino. Compreendendo que estas tecnologias discursivas, segundo Fairclough, são planejadas para ter efeitos específicos e particulares sobre o público alvo. A obra em si pode ser retratada como uma crítica literária, mas, ultrapassa esta dimensão ao elencar intelectuais, personalidades proeminentes no cenário cultural paranaense mais amplo. A evidência do discurso feminista se aloja principalmente na quarta parte da obra, delineando a educação como uma forma de emancipação feminina. Acaba declinando do posicionamento mais radical frente a igualdade de gênero, ridicularizando uma posição de “sempre igual à do homem”, valorizando aspectos que denota como femininos, como o romantismo e o império do lar. O discurso publicado evidencia uma oposição ao feminismo radical, mas, paradoxalmente envolve a necessidade de emancipação, tomando este termo como um processo necessário, todavia, sem a conotação de igualdade. 393
Resumos: Pôsteres A representação do negro na novela Carrossel, de Iris Abravanel Welber Nobre Dos Santos (UNIMONTES) welbernobre@hotmail.com Este trabalho pretende discutir sobre a representação do negro na telenovela Carrossel, de Iris Abravanel (2012). Partindo de pressupostos teóricos de autores como Andrade (2009), Fernandes (1978) e Guimarães (2002), o objetivo principal desta investigação é analisar a construção do personagem Cirilo, da telenovela Carrossel, e o discurso que é produzido por meio da atuação desse personagem. Primeiramente, discutiremos um pouco sobre questões relacionadas ao racismo no Brasil e como esse tema é tratado por alguns autores. Em um segundo momento, empreenderemos uma discussão geral sobre a forma com que as telenovelas brasileiras têm retratado a questão do preconceito étnico-racial em seus enredos. A partir disso, será feita uma análise do discurso de uma telenovela brasileira, Carrossel, e em que medida, por meio da construção do personagem Cirilo, ela promove um discurso que nos mostra de fato a representação do negro na sociedade. Como hipótese de pesquisa deste trabalho, acredita-se que a atuação do personagem Cirilo na telenovela evidencia um discurso que promove o preconceito racial, uma vez que a obra atrai, de modo geral, o público infantil, que, em sua maioria, não tem a maturidade necessária para compreender a mensagem que a obra quer transmitir, que é justamente a de igualdade. Assim, esta pesquisa parte da ideia de que, ao verem as cenas da telenovela que evidenciam o preconceito racial, as crianças não vão fazer o contrário, mas irão reproduzir isso em suas vidas cotidianas. Para obtenção de resultados desta investigação, será feito um estudo teórico acerca da problemática em questão, que é o preconceito racial, serão assistidas algumas cenas da telenovela em que podemos perceber a atuação do personagem Cirilo, que é foco de análise nesse trabalho, e a partir disso estabelecer uma relação entre o que dizem os autores, o que é representado na telenovela, e o que de fato acontece no meio social brasileiro. Esta pesquisa justifica-se no sentido de contribuir com os trabalhos já realizados no que diz respeito aos discursos étnico-raciais, assunto que vem sendo bastante discutido no meio acadêmico e é gerador de vários discursos e polêmicas no meio social em que vivemos.
Respostas ativo-responsivas a proposta de redação do ENEM 2015 no ambiente virtual: uma análise dialógica-discursiva William Duarte Ferreira (UFRPE/UAG) willduarte12@gmail.com Problematizando, em 2015, a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira em sua proposta de redação, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) acabou por gerar intensos debates, não apenas entre os candidatos que prestaram o Exame, como também em grande parcela da sociedade, sendo o ambiente virtual um dos principais palcos dessas discussões. Diante disso, o presente trabalho busca perceber de que maneiras esse enunciado foi respondido dentro desse âmbito. Selecionamos como corpus de análise comentários realizados no portal de notícias G1, que dialogam com o enunciado apresentado pelo ENEM 2015 em sua proposta de redação. Durante as análises, foram utilizados alguns dos conceitos apresentados e/ou discutidos por Bakhtin (2011a, 2011b), Volochínov (2013) e Fiorin (2008), bem como estudos e pesquisas em torno no tema aqui em voga: a violência contra a mulher. Então, a partir das análises realizadas, foi possível observar que enunciado primeiro desta pesquisa foi respondido de diferentes maneiras, com diversos graus de concordância ou discordância, seja total ou parcial.
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