Revista 76

Page 1

Impresso Especial 1000007795/2006-DR/BSB

SindMédico-DF CORREIOS

Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal Brasília - Ano XI - Julho-Agosto / 2009 - nº 76 SGAS 607 Centro Clínico Metrópolis Cobertura 01 Asa Sul - Brasília/DF - CEP: 70.200-670

DEVOLUÇÃO GARANTIDA

CORREIOS

1000007795/2006-DR/BSB


Os artigos assinados s達o de responsabilidade de seus autores


Revista MĂŠdico

3


Sumário Presidente Dr. Marcos Gutemberg Fialho da Costa Vice Presidente Dr. Gustavo de Arantes Pereira Secretário Geral Dr. Martinho Gonçalves da Costa 2ª Secretário vago Tesoureiro Dr. Gil Fábio de Oliveira Freitas 2º Tesoureiro Dr. Luiz Gonzaga da Motta Diretor Jurídico Dr. Antônio José Francisco P. dos Santos Diretor de Inativos Dr. José Antônio Ribeiro Filho Diretor de Ação Social Drª. Olga Messias Alves de Oliveira Diretor de Relações Intersindicais Dr. Jomar Amorim Fernandes Diretor de Assuntos Acadêmicos Dr. Lineu da Costa Araújo Filho Diretora de Imprensa e Divulgação Drª. Adriana Domingues Graziano Diretor Cultural Dr. Jair Evangelista da Rocha Diretores Adjuntos Dr. Antônio Geraldo, Dr. Cantídio, Dr. Cezar Neves, Dr. Dimas, Dr. Diogo Mendes, Drª. Mariangela Delgado, Dr. Olavo, Dr. Osório, Dr. Tamura, Dr. Vicente, Dr. Tiago Neiva Conselho Editorial Drª. Adriana Graziano, Dr. Antônio José, Dr. Gil Fábio Freitas, Dr. Gutemberg Fialho, Dr. Gustavo Arantes, Dr. Diogo Mendes, Dr. Osório Rangel e Dr. José Antônio Ribeiro Filho. Editor Executivo Alexandre Bandeira - RP: DF 01679JP Jornalista Elisabel Ferriche - RP: 686/05/36/DF Diagramação e Capa Pedro Henrique Corrêa Sarmento Fotos Gustavo Lima e divulgação Projeto Gráfico e Editoração Strattegia Consulting Anúncios (61) 3447.9000 Tiragem 6.000 exemplares Gráfica CTIS - Printing Center SindMédico/DF Centro Clínico Metrópolis SGAS 607, Cobertura 01, CEP: 70.200-670 Tel.: (61) 3244.1998 Fax: (61) 3244.7772 sindmedico@sindmedico.com.br www.sindmedico.com.br

4

Entrevista

Dep. Estadual Raul Marcelo (PSOL/SP)

CPI da Saúde

06

Fórum

CFM SindMédico elege representantes

09

Jurídico Precatório GDF estuda pagamento

11

Capa

Saúde de luto SES fracassa nas negociações e mostra-se incompetente na gestão da saúde pública

Aconteceu

AMHP - DF Palestra na LBV

15

Sindicais

Médico & você As principais solicitações da categoria

Regionais

Novos delegados a serviço dos médicos Posse dos delegados sindicais

Vida Médica

Casais Médicos Harmonia na profissão

16 20 22

Vinhos

Dr. Gil Fábio Vinho do Porto IV

Literárias

12

25

Dr. Evaldo Alves de Oliveira ESTUPIDEZ, Problema médico?

26

Julho / Agosto 2009


Editorial

A

Médicos e elefantes

experiência de domar elefantes não é muito habitual por estas bandas de cá do Atlântico, onde eles não existem em habitat natural ou original. Mas a história que circula por aí, roga que para manter um animal deste tamanho em cativeiro, basta acorrentá-lo desde pequeno a uma tora. Assim, o mesmo cresce condicionado a não lutar contra a corrente. Quando grande, basta uma corda para mantê-lo sobre domínio, mesmo que esta não esteja mais presa à tora. Verdade ou não, o caso é um bom exemplo de condicionamento e poder tão eficaz, que a amarra se torna mais poderosa que o paquiderme, independente se com sua força descomunal quando adulto, facilmente consiga arrebentá-la. Neste aspecto, médicos e elefantes têm muito em comum. Médicos, como elefantes, são admirados pelas pessoas. No caso dos primeiros, isto ocorre por que diariamente dedicam o seu labor a salvar vidas ou no mínimo, fazer com que enfermos se sintam melhor. Médicos também possuem um poder intrínseco natural, tanto que laboratórios investem em estudos e pessoas, para estar presentes nos receituários que estes profissionais prescrevem aos pacientes. Em sua quase totalidade, médicos se formam e aposentam médicos, por paixão a uma profissão que em muitos casos passa de pai para filho, da mesma forma como sobrenomes são herdados. Entretanto, existe sempre um domador querendo dominar o poder dos médicos. Planos de saúde acorrentam desde cedo os profissionais com contratos aviltantes e a promessa de ganho em escala e repassam ao mercado, a capacidade de oferecer uma rede de qualidade bem distribuída; empregadores vendem ao médico a ilusão de uma produtividade que se revela quase escravagista de fazer muito e receber pouco; e as escolas de Medicina cobram caro pelo acesso ao um mercado dourado e cheio de glamour. Enfim, hoje o que vemos é uma elite que se especializou em domar médicos e se tornar o dono do espetáculo. Nem o governo local escapa deste desejo de manter uma cordinha amarrada ao pé do médico. Tanto que o GDF não mede esforços em negar à categoria aquilo que foi acordado no ano passado, em recompor salários e oferecer melhores condições de trabalho. Afirma que não tem dinheiro, ameaça colocar a população contra a categoria e assim vão encurralando o doutor em um canto sem saída. E este, por sua vez, fica na tentativa de encontrar solução para tudo, e por sua conta, risco e vontade, vai tentando dar solução para os problemas que não são de sua responsabilidade. Estes grupos só se esquecem do instinto. Nunca se deve deixar um animal acuado e sem saída, pois assim, ele enfrenta seu opositor. Os médicos estão em campanha salarial, capitaneados por este sindicato. Nossa missão, mais do que conseguir um reajuste nos vencimentos, é o de libertar elefantes de suas cordas e mostrar a força que uma manada pode ter contra todos aqueles que aprenderam a nos domar. O caos da saúde pública é responsabilidade de um governo que claramente não dá a ela a prioridade que merece. E a população já sabe disso, tanto que reprova o governo e o governador nesta área, ao mesmo tempo em que reconhece o trabalho que a categoria faz para manter o mínimo de dignidade para pacientes e familiares esquecidos pelo GDF. Só falta agora o médico acreditar nisso e comparecer em peso para defender o que é por direito seu: respeito, reconhecimento e verdade. E como já dissemos antes, médicos e elefantes possuem muito em comum... a revolução já começou!

Revista Médico

5


Entrevista

“Com as privatizações, a situação da saúde pública no país vai piorar”

O

Revista Médico - Quais denúncias levaram a instalação de uma CPI das OS na Assembléia Legislativa de São Paulo? Raul Marcelo - Não foi uma CPI somente sobre as OS. A Comissão foi instalada para investigar a forma como o Estado de São Paulo remunera os serviços médico-hospitalares. Foi constituída uma sub-relatoria especificamente para analisar a atuação das Organizações Sociais na área de Saúde, por sugestão de nosso mandato. Ao propormos essa investigação mais minuciosa, partimos de diversas denúncias, feitas por entidades sindicais e representantes da

6

sociedade no Conselho Estadual de Saúde. A privatização dos serviços, o descumprimento dos preceitos básicos do SUS e o repasse de milhares de reais dos cofres públicos para entidades ou empresas privadas são elementos combatidos há muitos anos pelo Movimento em Defesa da Saúde Pública em São Paulo. Antes mesmo do governo tucano aprovar a lei que criou a figura das OS, em 1998.

fonte: www.raulmarcelo.com.br

Por Elisabel Ferriche deputado estadual por São Paulo, Raul Marcelo, foi eleito em 2006, pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) com mais de 35 mil votos e cumpre seu primeiro mandato. Antes, foi eleito vereador em Sorocaba, por duas vezes, e atualmente é o líder da bancada do partido na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp). Nas eleições de 2008 foi candidato a prefeito de Sorocaba pelo PSOL, obtendo 24.260 votos (7,95%). Formado em Processamento de Dados tendo cursado Letras na UNISO, continua estudando e atualmente cursa Direito na Unip, em Sorocaba. Foi o sub-relator da CPI sobre a Remuneração dos Serviços Médico-Hospitalares (que ficou conhecida como a CPI da Saúde) na Alesp, que investigou também, a contratação de Organizações Sociais para administrar os hospitais paulistas. A CPI desenvolveu seus trabalhos entre 22 de agosto de 2007 e 26 de junho de 2008. Em entrevista a Revista Médico, o deputado Raul Marcelo falou o que a Alesp descobriu durante a CPI da Saúde. do pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública no Estado de São Paulo, que reforçava tais denúncias. Além disso, realizamos visitas a sete dos 13 hospitais estaduais então administrados por essas entidades. A amostra foi feita com base no fato de que uma mesma OS administra várias unidades. E nas visitas verificamos que o quadro realmente é deplorável.

Revista Médico – Essas denúncias foram investigadas?

Revista Médico - Após as investigações qual foi a conclusão da CPI da Saúde?

Raul Marcelo - Já criada a sub-relatoria, recebemos um dossiê produzi-

Raul Marcelo - Em todas as visitas, buscamos analisar a empresa con-

Julho / Agosto 2009


Entrevista tratada para a gestão e seu quadro de funcionários; o número de leitos programados e os efetivamente ativados, além das especialidades existentes; o sistema adotado para contratação das empresas terceirizadas e quais empresas desta modalidade atuam em cada hospital. Verificamos e apontamos em nosso relatório o desrespeito à legislação do controle social, a superexploração dos trabalhadores – que são obrigados a cumprir metas extenuantes –, a imposição de uma dinâmica de alta rotatividade nos procedimentos realizados, que leva a denúncias inclusive de que seriam conferidas altas médicas a usuários sem plenas condições de saúde. O descontrole nos processos de terceirização foi outro elemento levantado, em razão da existência de sub-contratações em vários níveis. Há casos em que se perde de vista quem é o responsável pela contratação de um determinado serviço, porque a terceirizada contrata outra empresa, que subcontrata uma quinta, e por aí vai. Esse sistema é uma verdadeira draga de recursos públicos. Revista Médico – Quanto custa as terceirizações para o Estado de São Paulo? Raul Marcelo – Só em 2008, o Estado repassou mais de R$ 1 bilhão para essas organizações – e garante o atendimento pelo SUS. Ou seja, as empresas terceirizadas só têm a lucrar e os diretores das OS também, porque recebem super-salários. É o capitalismo sem riscos. O desperdício de um dinheiro que poderia ser aplicado na administração direta da rede estadual de saúde.

monta o argumento do governo José Serra de que a opção pelas OS e as terceirizações gera economia de recursos. Os funcionários contratados pelas Organizações Sociais no Estado hoje recebem menos que os servidores públicos. Sem falar na alta rotatividade, ou seja, o grande número de demissões e novas contratações por período. Muitos profissionais tinham medo de falar conosco, temiam represálias ou demissões. Revista Médico – O relatório foi aprovado pela CPI?

"Sacrificar a qualidade do atendimento para ter maior rendimento." Raul Marcelo - A incorporação integral de nosso parecer ao relatório final da CPI foi aprovada por unanimidade, porque todas as denúncias traziam comprovação documental. Propomos a reversão do processo de entrega do gerenciamento hospitalar às Organizações Sociais, com obrigação ao poder público estadual de reassumir a administração das unidades que hoje se encontram sob gestão privada. Essa proposta foi rejeitada. Por isso, apresentamos um projeto de lei no mesmo sentido, com o objetivo de acabar com as OS em nosso Estado, o PLC 14/2009.

Revista Médico – Mais o argumento dos governos que optam pelas OS para administrar os hospitais públicos é que há economia.

Revista Médico - Atualmente quantos hospitais estão sendo administrados por OS em São Paulo e quanto o Governo gasta hoje com a privatização da saúde no Estado?

Raul Marcelo - Nosso relatório des-

Raul Marcelo – À época da instala-

Revista Médico

ção da CPI, que encerrou seus trabalhos em junho do ano passado, eram 13 os hospitais estaduais administrados por OS. Em recente entrevista, o Secretário de Saúde afirmou que das 47 unidades da rede pública estadual paulista, 27 são geridas por Organizações Sociais hoje. Ou seja, há um brutal avanço da privatização da saúde estadual. Desses 27 hospitais, 13 são geridos por Organizações Sociais “propriamente ditas”, de acordo com a lei 846/98, e os demais são outras formas de convênios entre hospitais e municípios ou fundações de apoio das universidades. Quanto aos gastos, é uma incógnita porque a própria administração não repassou à CPI todos os documentos solicitados. Em 2008 foram repassados mais de R$ 1 bilhão às OS. E o pior, sem licitação, pois tais empresas se apresentam sempre como “filantrópicas, com experiência na área”, de acordo com a lei das OS. Revista Médico - Os governos que privatizam a saúde justificam a medida com o argumento que ela melhora o atendimento. Isso aconteceu em São Paulo ou o atendimento é feito por seleção daqueles que as empresas querem atender? Raul Marcelo - De forma alguma melhorou o atendimento. Mesmo analisando os índices usados pelo governo estadual para justificar a opção pelas OS, verifica-se pouca diferença com os números da administração direta. Mas há uma constante preocupação. Como o sistema de avaliação dessa prestação de serviços se dá por metas, pode ocorrer inclusive um efeito colateral. Porque para atingir as metas definidas nos contratos de gestão, as OS, que são orientadas pela lógica empresarial de produtividade, podem sacrificar a qualidade do atendimento para ter maior rendimento. Daí a existência de denúncias até mesmo de que há casos de pacientes que recebem alta

7


Entrevista

Deputado Estadual Raul Marcelo (PSOL/SP)

sem que estejam em plenas condições de saúde. Muitos desses hospitais são “porta fechada” (Pronto Socorro fechado). Mas mesmo os hospitais de porta aberta têm um rígido controle de entrada de pacientes, sendo que muitas pessoas têm seu atendimento recusado pelo hospital e são encaminhadas novamente para as Unidades Básicas de Saúde. Isso fere o acesso universal previsto na Constituição. Esse mecanismo de “seleção” é fundamental para a permanência da OS na gestão de um hospital público, caso contrário, muito provavelmente esses hospitais estariam em situação igual ou pior aos demais hospitais públicos. Revista Médico – Quem fiscaliza o trabalho realizado pelas OS? Raul Marcelo – Essa é outra questão a ser analisada: como é feita a fiscalização dos índices alegados pelas OS, uma vez que quem aprova os relatórios de execução são os Conselhos Administrativos dos hospitais, majoritariamente compostos por membros das próprias organizações – quase sempre sem a participação dos usuários.

Revista Médico - Em Brasília, o Conselho Nacional de Saúde deliberou contra a privatização do Hospital de Santa Maria, o primeiro a ser entregue a uma OS. Nem mesmo o Ministério Público conseguiu barrar a inauguração do hospital. O que o Legislativo pode fazer para evitar a privatização da saúde no Brasil? Raul Marcelo – Essa lógica privatista não é exclusividade do governo Serra.

"Com as privatizações a aceitação da Saúde Pública no país vai piorar."

Revista Médico - E como ficou a situação dos trabalhadores (médicos, enfermeiros, nutricionistas e servidores) da saúde após a privatização? Raul Marcelo - A pressão é bastante maior. Como as contratações são feitas em regime celetista, o médico e demais profissionais de saúde nunca sabem se estarão empregados amanhã. Isso gera uma pressão enorme sobre os trabalhadores, à qual se soma a pressão pelo cumprimento das metas empresariais adotadas. Caso o trabalhador não cumpra as extenuantes metas, pode ser demitido a qualquer momento. O grande problema é que o cumprimento das metas, que obedecem apenas ao cri-

8

tério de produtividade, pode comprometer a qualidade da assistência prestada à população.

Ela também é praticada em âmbito federal, onde o governo Lula não se movimenta junto ao Congresso para regulamentar a emenda constitucional 29 e até propôs o reconhecimento das chamadas fundações estatais de direito privado – que vão funcionar na mesma lógica das OS. O desrespeito dos governos, tanto estadual quanto federal, às deliberações dos Conselhos de Saúde é uma afronta aos mecanismos de controle público. Após a 13ª Conferência Nacional de Saúde, o ministro da saúde em pessoa se negou a cumprir a deliberação da conferência de rejeitar a Fundação Estatal de Direito Privado como modelo para a administração de hospitais públicos. Quanto ao papel dos legislativos, seria essencial aprovar leis que tornassem ilegal a privatiza-

ção da saúde – um direito humano. Mas não podemos esquecer como se dá o funcionamento legislativo no Brasil, onde é comum a obtenção das maiorias governistas por meio da concessão de benesses e da compra de votos. Revista Médico - Qual a posição do PSOL em relação a este assunto? Raul Marcelo - O PSOL nasceu defendendo radicalmente a saúde pública, gratuita e universal. Por isso, somos contra a DRU (Desvinculação de Receitas da União), que desvia bilhões do orçamento constitucionalmente garantido para a educação e saúde para engordar o superávit primário. E votamos contra a sua prorrogação no Congresso Nacional. E, agora, apresentamos também um projeto de lei para reverter o processo de privatização da saúde pública por meio das OS e similares. Revista Médico - O processo de privatização da saúde no Brasil é reversível? Raul Marcelo - Consideramos que sim, e lutamos por isso. Mas avaliamos que será necessário que a população que depende da saúde pública, os usuários, estejam organizados e mobilizados para assegurar seus direitos. Por isso, nós do PSOL defendemos a auto-organização da população, o que exige paciência, conscientização e esforços de todos os setores que fazem parte dessa luta para dialogar com nosso povo. Revista Médico - Caso isso não seja possível, o que pode acontecer? Raul Marcelo - Consideramos que é possível reverter esse processo. E se não for, a tendência é de que com as privatizações, a situação da saúde pública no país vai piorar, mas os movimentos sociais não podem deixar que isso aconteça.

Julho / Agosto 2009


Fórum

Chapa apoiada pelo SindMédico vence eleições do CFM

N

uma eleição tranqüila com grande espírito democrático, a classe médica elegeu, nos dias 1 e 2 de julho, os médicos José Ribeiro e Elias Miziara como os representantes do Distrito Federal na nova composição do Conselho Federal de Medicina (CFM). A Chapa 30, apoiada pelo Sindicato dos Médicos do DF e Associação Médica de Brasília (AMBr) venceu as eleições com uma vantagem de 125 votos. Este ano, houve um expressivo comparecimento às urnas, com a participação de 5.919 médicos. A vitória da Chapa 30, com 1.737 votos contra 1.612, da Chapa 10, segunda colocada, mostra a importância da união da classe para que resultados positivos sejam conquistados. Essa foi a primeira vez na história das eleições para o CFM, no DF, que AMBr e SindMédico se unem em torno de uma única Chapa e demonstram abertamente o seu apoio. Nessas eleições, foi decisiva a liderança do SindMédico/DF, para a vitória da Chapa 30. O que os médicos esperam agora, é que os novos conselheiros exerçam seu papel de fiscalizar o exercício ético da medicina, atuando na defesa da saúde da população, mas também pelos interesses da classe médica, fiscalizando as condições de trabalho e o pleno exercício da profissão em total cumprimento com o Código de Ética Médico, defendido pelo SindMédico/DF e AMBr, “evitando que os médicos sejam expostos a condições indignas e perigosas em seus locais de trabalho, sendo protegidos

Dr. Ribeiro, representante e Miziara, suplente e respeitados e não perseguidos e desvalorizados”, lembrou o presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho, que atribuiu a vitória de Ribeiro e Miziara a um trabalho sério e competente em busca da unidade das entidades médicas e do respeito ao profissional. As eleições para o CFM foram realizadas em todo o Brasil e a posse dos novos eleitos está prevista para outubro, quando então será realizada a escolha do novo presidente da entidade.

Confira o resultado das eleições do CFM no DF

Diaulas tem nome rejeitado pelo Senado Fabio Pozzebom-ABr

O

Promotor Diaulas Ribeiro

Revista Médico

Senado rejeitou a recondução do promotor Diaulas Ribeiro do Ministério Público do DF ao Conselho Nacional do MP (CNMP). A decisão foi criticada por alguns senadores como Cristovam Buarque (PDT-DF) e teve até bate-boca. A impressão passada é que o Senado quis dar o troco ao MP devido às medidas relacionadas às irregularidades na Casa. Ou seja, Diaulas foi atingido em cheio pela crise institucional do Senado. Não só ele. O procurador regional da República, Nicolao Dino, indicado pelo Ministério Público Federal à recondução da vaga para o biênio 2009/2010, também foi rejeitado pelo Senado. Diaulas foi indicado pelo MPDFT por ter sido o mais votado em eleição interna. Há possibilidade da votação ser repetida no Senado. Mas, se mantida a decisão, o MPDFT terá de realizar novo processo de escolha para indicar outro nome à vaga. Os 12 nomes indicados por seus segmentos de representação para a composição do CNMP já tinham sido todos aprovados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

9


Jurídico

Advogado deve acompanhar processos nos Conselhos de Medicina

N

ão é obrigatório, ma s a p r e s e n ç a do advogado nos processos administrativos é indispensável. É ele quem orienta os médicos em sua defesa, acompanha os prazos processuais e busca informações necessárias ao processo. Os médicos sindicalizados contam com o apoio do escritório Riedel Resende para acompanhar Advogada Patrícia os processos que tramitam nos Andrade de Sá CFM e CRM, que têm a obrigação legal de zelar e preservar pela conduta médica. A advogada Patrícia Andrade de Sá é a responsável pelos processos. Segundo ela, os médicos têm no prontuário, um importante aliado de sua defesa. Por isso ela recomenda que os médicos criem o hábito de fa-

zer um prontuário detalhado e minucioso. “Em 80% dos casos, um prontuário bem preenchido ajuda na defesa dos médicos”, comenta a advogada Patrícia Sá. Segundo ela, o prontuário é um fator decisivo para que o CRM analise a veracidade da denúncia. A maioria dos processos analisados pelo CRM e CFM é com relação à insatisfação dos pacientes, seja em relação ao atendimento feito até o resultado de uma cirurgia. Existem ainda denúncias do mal uso de atestado médico por parte dos pacientes. Dados do CRM dão conta que a especialidade que mais possui denúncias é a ginecologia obstetrícia, seguida da ortepedia e da cirurgia plástica. “Estamos à disposição dos médicos para orientá-los em sua defesa, pois sabemos que eles não dispõem de tempo suficiente para exercer o amplo direito de defesa”, explicou a advogada. Muitas vezes, a boa fé, pode resultar em um problema que acaba por prejudicar o trabalho médico.

Sindicato pede anulação de edital do TCU com jornada de 40 horas

O

SindMédico-DF entrou com uma ação na Justiça para anular o edital do concurso público para o ingresso na carreira de Analista de Controle Externo, Especialidade: Medicina: Orientação: Clínica Médica. O objetivo da medida é para que seja retificada a jornada de trabalho de 40 horas semanais prevista no edital. O pedido tem fundamento no fato que a jornada de 40 horas estipulada tanto na Lei 10.356/01 quanto no edital, contrariam a prerrogativa constitucional do médico em acumular cargos na administração pública e o princípio da universalização no aten-

dimento de saúde. A jornada de trabalho dos médicos é de 20 horas semanais prevista na Lei Federal 9.436/97. O SindMédico/DF requerer a declaração incidental de inconstitucionalidade da jornada estipulada na Lei 10.356/01 e no edital. A ação, número 2009.34.00.023849-0 encontra-se em tramitação na 4ª Vara Federal que intimou o representante judicial da União para que se pronuncie sobre o pedido de liminar que consistiu em requerer a suspensão da eficácia da jornada de 40 horas, com aplicação da vintena semanal sem redução de vencimentos.

Médicos do TJDFT ganham direito a jornada de 20 horas

O

s médicos do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) conseguiram liminar para manter jornada de trabalho de 20 horas semanais, sem qualquer redução salarial, até o julgamento do mérito. A ação foi impetrada pelo SindMédico/DF, por intermédio da Assessoria Jurídica do Sindicato. Serão beneficiados com a liminar, os médicos ocupantes do cargo de Analista Judiciário, Área Apoio Especializado - Especialização Médica. A medida suspende a eficácia da Portaria GPR 454 de 7 de maio de 2009, que aumentou a jornada dos médicos do TJDFT de 20 para 30 horas

10

semanais. Foram impetrados três mandados de segurança (2009.00.2.006459-3, 2009.00.2.006592-7 e 2009.00.2.006594-4) junto ao Conselho Especial, em virtude da portaria ser de autoria do Presidente do TJDFT. Na decisão liminar, os relatores de cada um dos mandados de segurança impetrados, alegaram que os médicos têm jornada de trabalho estabelecida pela Lei Federal n° 9.436/97, em função de sua especialidade perante a Lei federal n° 8.112/90, e que um aumento da jornada implicaria em redução dos vencimentos dos servidores. Os processos ainda aguardando julgamento do mérito.

Julho / Agosto 2009


Jurídico

Governo estuda pagar novo precatório

A

diretoria do SindMédico/DF em reunião com o Secretário de Fazenda, Valdivino Oliveira, no início de agosto, foi informada que o Governo do Distrito Federal vai fazer um levantamento do valor dos precatórios devidos para depois negociar a compra dos mesmos com o Banco de Brasília (BRB), que deverá efetuar o pagamento. Na reunião com o Secretário de Fazenda, estavam presentes o presidente do SinMédico, Gutemberg Fialho, e os diretores jurídico, Antônio José Pereira dos Santos, e cultural, Jair Evangelista. Segundo o secretário, em um levantamento preliminar, os precatórios do GDF chegam a R$ 350 milhões. Caso a proposta seja concretizada, serão beneficiados 129 médicos que fazem parte do Grupo 2, do médico Adão Kuhn. O governo espera iniciar o pagamento do novo precatório, em dezembro, quando deverá quitar o atual precatório.

Sindicato negocia pagamento de precatório

Justiça suspende desconto de auxílio alimentação já pago

A

4ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal deferiu liminar suspendendo descontos em folha de pagamento refere à devolução de valores recebidos a título de auxílio alimentação, quando o servidor possuir dois vínculos com o Distrito Federal. A ação foi impetrada pelo SindMédico/DF, por intermédio da Assessoria Jurídica, prestada pela Advocacia Riedel, em favor de uma médica que estava sendo cobrada e intimada a devolver os valores re-

O

cebidos do auxílio alimentação. O ato administrativo de desconto foi suspenso pela Justiça. No mandado de segurança (n°.2009.01.1.078687-7), o relator do processo afirmou, em decisão liminar, que a autotulela da Administração Pública não lhe dá o direito de cobrar valores que foram recebidos de boa-fé pelo servidor público, “sem contar o caráter alimentar da verba em discussão”. A suspensão dos descontos na folha de pagamento da médica impetrante permanecerá até o julgamento final da ação.

SindMédico entra na justiça contra teto salarial dos médicos

SindMédico entrará com uma ação na justiça para anular a Instrução Normativa nº 1, de 12 de junho de 2009, que dispõe sobre a aplicação do teto remuneratório para os servidores do GDF estabelecido em R$ 22.111,25, de acordo com a Lei Orgânica do DF. O SindMédico/DF, através de sua Assessoria Jurídica, também estará patrocinando ações judiciais para rever os valores descontados dos médicos que tiveram redução salarial, no caso daqueles que possuem dois vínculos empregatícios. De acordo com a Instrução Normativa, todo valor que ultrapassar o teto salarial, quando cumulado com remuneração paga por qualquer outro ente da federação, deverá ser descontado. Os médicos que possuem dois vínculos e que tenham tido desconto em seus salários, deverão procurar o SindMédico/DF para que sejam promovidas ações individuais na justiça, a fim de rever o desconto feito.

O

Mandado de injunção

s médicos da União, que são sindicalizados, que têm direito à contagem diferenciada do tempo de aposentadoria em função do trabalho exercido em condições insalubres, devem ir ao sindicato para pegar o requerimento que deverá ser preenchido para ser entregue ao Departamento de Recursos Humanos de onde trabalha. Caso o DRH não aceite o requerimento, os médicos deverão solicitar que o indeferimento seja feito por escrito e levá-lo a Assessoria Jurídica do SindMédico-

DF para que sejam tomadas as devidas providências. O médico não deve aceitar negativa oralmente. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu parecer favorável ao Mandado de Injunção nº 837, impetrado pelo SindMédico-DF solicitando o benefício. A SES é obrigada a acatar a decisão do STF, já que ela é definitiva e não cabe recurso. Os médicos da SES, que estejam na mesma situação, devem aguardar. Um outro Mandado de Injunção, com o mesmo pedido, está nas mãos do ministro Carlos Ayres Brito para ser julgado.

11


Capa

A SAÚDE DE LUTO

SES fracassa nas negociações e mostra-se incompetente na gestão da saúde pública

O

Governo fracassou na tentativa de negociar um reajuste salarial para os médicos da rede pública e não apresentou uma proposta satisfatória para a classe que, por unanimidade, em assembléia geral, acabou rejeitando o aumento oferecido de 6,94% este ano e 4,98% em 2010. Em respeito à população, os médicos decidiram não parar suas atividades, mas manterão a mobilização e o indicativo de greve, que poderá ocorrer caso as negociações não avancem. O sindicato vai insistir na incorporação da Gratificação da Atividade Médica (GAM) e melhores condições de trabalho, com mais recursos para a saúde, possibilitando um atendimento digno à população. Foram inúmeras as rodadas de negociações entre o SindMédico-DF e a Secretaria de Saúde em busca de um entendimento. Além de um reajuste salarial decente, que possibilite a contratação de novos profissionais para suprir a falta de médicos, a classe quer uma solução para os inúmeros problemas que chegam à Central de Denúncia do Sindicato (veja quadro na página 13). Não podemos mais permitir que os médicos sejam tratados com descaso e a população com desrespeito conforme vem ocorrendo. Pesquisa do Instituto Vox Populi, encomendada pelo SindMédico-DF, mostra que 61% dos usuários do SUS sabe que a culpa pelo caos da

Médicos querem entidades unidas na campanha

saúde é do Governador Arruda e 70,8% dos entrevistados reconhecem que os médicos levam a culpa por problemas de atendimento que não são responsabilidade deles em uma rotina pesada de trabalho. Nas sete assembléias realizadas pelos médicos nos últimos dois meses, o que se viu foi um quadro de insatisfação e indignação da classe frente o descaso do GDF com a saúde. Diante das inúmeras denúncias apresentadas e da total ausência de uma solução, os médicos pediram, por unanimidade, a imediata demissão do Secretário de Saúde, Augusto Carvalho (foto ao lado) e de toda a sua equipe, que em várias ocasiões se mostrou incompetente para gerir a saúde do Distrito Federal.

CONFIRA AS PROPOSTAS DA ASSEMBLÉIA - Incorporação da GAM - Solicitação para que médicos chefes entreguem os cargos - Criação de Central de Denúncias - Força Tarefa para fiscalizar escalas de plantão desfalcadas - Movimento contra as más condições de saúde na rede pública - Demissão do secretário de Saúde e de seus auxiliares

12

Campanha Salarial 2009

Julho / Agosto 2009


Capa HOSPITAL

HBDF (BASE)

DENÚNCIAS ENCAMINHADAS AO SINDMÉDICO Quatro meses sem tomógrafo. Não há filme para revelar exames. Não há radiologista de plantão para emitir laudos das tomografias. Material cirúrgico do Centro Cirúrgico está defasado, sem que seja reposto há anos. Falta roupa para equipe cirúrgica. Faltam luvas cirúrgicas e medicamentos como Manitol 20% e Surgicel. Faltam anestesistas na emergência.

HRAS (ASA SUL)

Não há cardiomonitor e oxímetro de pulso, respirador, bomba de infusão, incubadora na UTI Neonatal. Faltam cateteres de inserção percutânea (PICC), perfusores e medicações, quando há é de péssima qualidade comprometendo o tratamento.

HRS (SOBRADINHO)

Uso de furadeiras domésticas em procedimentos cirúrgicos. Falta radiografia há mais de um mês e o único aparelho do hospital está sem manutenção. Um aparelho de tomografia, velho e obsoleto foi levado para o hospital mas não foi instalado. Falta reagente para os exames de laboratório. Exames de risco cirúrgico demoram até um mês para ficarem prontos. Mulheres idosas com fratura no fêmur esperam até 15 dias para internação. Existe apenas 1 anestesista no hospital. O Centro Cirúrgico está infestado de insetos como baratas, formigas, moscas, mosquitos e abelhas comprometendo a recuperação do paciente grave com grande chance de adquirir infecção hospitalar. A Residência médica nas especialidades de ortopedia e traumatologia está comprometida pela ausência de médicos anestesistas para as cirurgias de emergência. Também estão comprometidas as residências na clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, medicina de família e comunidade, nefrologia e pediatria.

HRAN (ASA NORTE)

RADIOLOGIA - Impressora da tomografia computadoriza está quebrada impossibilitando o laudo e o dignóstico. Como não foi providenciado o conserto do aparelho, mais de 300 exames foram perdidos, sendo necessário a repetição dos mesmos, causando prejuízos para os pacientes e para o hospital. A carga de raios emitidos pelo tomógrafo é grande. DERMATOLOGIA – Não há prontuário de retorno que só são marcados após 6 meses da primeira consulta, impossibilitando o tratamento.

HRC (CEILÂNDIA)

Suspensos, por tempo indeterminado, e por orientação do gerente do laboratório da regional, os exames de sangue no hospital por falta de reagentes.

HRT (TAGUATINGA)

Não há chefes em oito unidades assistenciais essenciais: gerência de emergência, unidade de radiologias, gerência de diagnose e terapia, núcleo de medicina do trabalho, unidade de anestesiologia, laboratório de anatomia e patologia, chefia do Pronto Socorro e gerência do Centro de Saúde nº 1. Doentes infecciosos não são isolados, atendimento feito no chão, faltam macas. Material sucateado.

Central de Denúncias: denuncia@sindmedico.com.br - Sigilo da fonte resguardado! Use essa ferramenta para combater as irregularidades nos hospitais e melhorar o ambiênte de trabalho do médico. Pode enviar documentos, fotos e vídeos.

Revista Médico

13


Capa

Augusto Carvalho fica em cima do muro Silvio Abdon-CLDF

Deputados distritais pressionam secretário

C

onvocado pela Câmara Legislativa para dar explicações sobre terceirização, gastos com hospitais privados e falta de medicamentos, Augusto Carvalho não convenceu. Depois de adiar por duas vezes o seu comparecimento à Câmara Legislativa, o secretário de Saúde, finalmente atendeu, no dia 23 de junho, à convocação da Comissão de Educação e Saúde para explicar a situação da saúde no Distrito Federal, o excesso de repasse de verbas para a iniciativa privada e o processo de terceirização em andamento do Hospital de Santa Maria. Acuado pelos deputados que levantaram muitas questões, o secretário não respondeu a maioria das perguntas nem convenceu os parlamentares e a platéia presentes composta de servidores da saúde e concursados que aguardam convocação. O Diretor do SindMédico, José Antônio Ribeiro, estava presente. Os parlamentares quiseram saber, principalmente, os motivos que estão levando o GDF à uma verdadeira sangria do dinheiro público para a iniciativa privada, que tem sido crescente a cada ano. Em 2004, segundo os deputados, o GDF repassou R$ 4 milhões para a iniciati-

va privada para pagamentos de leitos privados em UTI e em 2008 esses recursos chegaram a R$ 71 milhões. Outro questionamento foi em relação a redução de 4 horas para 1 hora o tempo de hemodiálise que hoje está sendo feito pelos hospitais privados que atendem os pacientes do SUS. Quantos pacientes são atendidos? Porque o GDF gastou R$ 2 milhões em cirurgia de catarata pelos hospitais privados? Porque mesmo sendo gastos R$ 148 milhões em medicamentos ainda faltam remédios nos hospitais? Perguntas que ficaram sem resposta. Também ficou sem resposta a pergunta da deputada Erika Kokay dos motivos que levaram o governo a contratar a Real Sociedade Espanhola, sem licitação, para administrar o Hospital de Santa Maria. Ao invés de esclarecer aos parlamentares e ao público presentes, o secretário de Saúde, Augusto Carvalho preferiu falar do pacote de medidas para a saúde e que a problemática de sua administração é a falta de profissionais. Sobre esse assunto, a diretora adjunta do SindMédico, Mariângela Cavalcanti, lembrou ao secretário que em 2005, o governo foi autorizado a contratar 141 técnicos em radiologia, desse total, 95 foram chamados e 90 assumiram seus cargos, sendo que apenas um pediu exoneração. “Logo estão trabalhando 89, falta contratar 46. Porque ao invés de chamar os aprovados, a SES contratou 35 técnicos de radiologia, por meio da Real Sociedade Espanhola que fizeram concurso este ano? Em resposta o Secretaria de Saúde alegou “falta de margem na Lei de Responsabilidade Fiscal”. Na verdade trata-se de uma desculpa do Secretário de Saúde, uma vez que, segundo o Ministério Público de Contas do DF, “em 2008, a despesa líquida de pessoal do GDF, foi de R$ 4,1 bilhões, o que representa 42% da Lei de Responsabilidade Fiscal, cujo limite máximo é de 44%. “Ou seja, o DF está bastante próximo do limite prudencial, mas ainda não chegou nele, tampouco atingiu o limite máximo”, explicou a promotora Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira, do MPCDF.

Silvio Abdon-CLDF

CPI da Saúde pode ser instalada

S

e depender da bancada do Partidos dos Trabalhadores, o Secretário Augusto Carvalho ainda vai ter muito o que explicar. Os oposicionistas pretendem instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os problemas da saúde no DF, já que muitos questionamentos ficaram sem resposta. Para isso, os parlamentares estão estudando elaborar um requerimento e colher pelo menos oito assinaturas dos distritais para que a idéia se concretize.

14

A galeria também pediu CPI

Julho / Agosto 2009


Aconteceu Academia Brasiliense de Medicina tem dois novos membros

D

ois novos acadêmicos tomaram posse na Academia Brasiliense de Medicina no último dia 28 de julho (foto). Os médicos Antônio Raimundo Lima Cruz Teixeira e José Francisco Nogueira Paranaguá de Santana que se juntarão aos demais 38 acadêmicos. O nome dos dois médicos foram aprovados em assembléia, após análise dos currículos. Antônio Raimundo Lima Cruz Teixeira, possui graduação em medicina pela Universidade Federal da Bahia (1967) e doutorado em patologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1981). Fez pós-doutorado

no National Institutes of Health, EUA, e diversos estudos científicos na Universidade Cornell, de Nova York, no L"Institut de Cancérologie e d'Immunogénétique, em Villejuif, França, e no Departamento de Imunologia da Universidade de Manitoba, Canadá. Professor titular da Universidade de Brasilia, atualmente leciona a disciplina parasitologia na graduação e as disciplinas Imunogenética e Imunopatologia na pós-graduação. Sua atividade de pesquisa científica está concentrada na doença de Chagas. Já o médico José Francisco Nogueira Paranaguá de Santana concluiu a graduação em medicina em 1974 na Universidade de Brasília, onde também cursou residência em medicina comunitária (1975) e mestrado em medicina tropical (1980). É representante do Brasil na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e exerce a função de coordenador da Unidade Técnica de Políticas de Recursos Humanos e do Programa de Saúde Internacional.

E

AMHP-DF realiza palestra

A

AMBr lança Prêmio Saúde Brasília

m mais uma atividade de sucesso, a Associação de Médicos de Hospitais Privados do DF (AMHP-DF) realizou no último dia 29 de junho, a palestra, “Saúde e Mercado – Vencendo a Crise”, proferida por Roberto Caproni (foto), especialista em marketing e em ciência de comportamento. O evento mais uma vez lotou o auditório do Parlamundi que teve a presença de prestigiados médicos de Brasília e contou com depoimento feito pelo vice-presidente do SindMédico/DF, Gustavo Arantes, que falou sobre a importância do AMHPTISS e o lançamento da AMHP BR – uma associação com abrangência nacional. Na palestra, os médicos tiveram oportunidade de conhecer como captar novos clientes,transformar competência técnica em resultados, assumir compromisso com a excelência e descobrir novas evidências de mercado.

Associação Médica de Brasília (AMBr), lançou o Prêmio Saúde Brasília, que vai homenagear e levar ao conhecimento da população os melhores trabalhos, estudos e projetos de médicoss que, de alguma forma, contribuíram para a melhoria e desenvolvimento da saúde no DF. O vice-presidente do SindMédico/DF, Gustavo Arantes, representou a entidade no lançamento do prêmio

no último dia 6 de agosto, na AMBr. As inscrições para o Prêmio Saúde Brasília ficarão abertas até o dia 2 de outubro, na AMBr. Os médicos deverão descrever o trabalho concorrente, a abrangência e o número de pessoas beneficiadas. Só poderão participar projetos de Brasília. O projeto, em parceria com o Jornal de Brasília, vai premiar os projetos de médicos e instituições de saúde em 11 modalidades.

Condecoração e livro No dia 13/08, foi outorgado ao médico-pediatra Valdir de Aquino Ximenes (foto), que até recentemente ocupava a direção-geral de Saúde da Regional de Planaltina, o título de Cidadão Honorário de Brasília, proposto pelo deputado distrital Wilson Lima. A cerimônia aconteceu no plenário da Câmara Legislativa e contou com familiares, amigos e colegas do homenageado. Estiveram presentes o vice-governador Paulo Octávio, o senador Artur Virgílio, o deputado distrital Cláudio Abrantes, além do proponente da homenagem. A diretoria do Sindicato se fez representar no evento pelo Dr. Olavo Diniz. Ximenes lançou recentemente o seu sexto livro, chamado "Contos da Vida Médica", contendo 15 histórias em que os personagens principais são médicos, das mais diversas especialidades e nas mais variadas situações, livro que inclusive já mereceu elogios de um outro médico também escritor e consagrado no Brasil e no exterior, Moacyr Scliar.

Revista Médico

15


Sindicais

SINDICATO ITINERANTE

Médicos aprovam visita aos hospitais

S

ete hospitais já foram visitados pela diretoria do SindMédico/DF durante o Sindicato Itinerante, que teve início no dia 4 de maio. Os médicos dos hospitais do Paranoá, Taguatinga, Base, Planaltina, Gama, Ceilândia e HRAN aprovaram a visita do Itinerante. Ele foi criado com o propósito de atender os médicos em suas reivindicações, muitas delas em relação à insatisfação com as condições de trabalho.

O médico Marcos Roberto Volpi, de Planaltina, ao visitar o Sindicato Itinerante, quis saber se há possibilidade de ele ser feito duas vezes por ano. A Dra Kelly Simplício, do HBDF, sugeriu que o SindMédico/DF faça convênios para que os médicos possam ter descontos também em eventos culturais e o médico João Guilherme Ramos quis saber como estão os estudos e as conversas para a criação da Ordem dos Médicos. Ao visitar o estande do SindMédico/DF, os médicos preenchem uma ficha com as dúvidas, reclamações e reivindicações. A maioria é questionamento com relação as ações na Justiça.

Colegas aprovam iniciativa do sindicato

“Estamos conversando com os médicos, para saber quais as principais dificuldades do trabalho e levar as suas queixas até o secretário de saúde, a fim de que as mesmas possam ser atendidas”, explicou o presidente Gutemberg Fialho.

Confira às respostas as principais solicitações:

16

É possível contar o tempo de serviço em condições insalubres para efeito de aposentadoria?

Caso não haja aumento, o Sindicato vai apoiar uma greve?

Que tipo de atendimento a Assessoria Jurídica presta aos sindicalizados?

Sim. É possível para os médicos da União, que são sindicalizados. O Sind Médico/DF ganhou uma ação, cuja decisão foi dada pela ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, no mandado de injunção 837. A decisão é definitiva e não cabe recurso. O SindMédico/DF aguarda decisão de outro mandado de injunção com o mesmo pleito, nº 836, para beneficiar os médicos sindicalizados da Secretária de Saúde. Os advogados da Advocacia Riedel despacharam no gabinete do ministro levando memorial e pedindo prioridade na tramitação.

A greve é um legítimo direito do trabalhador, mas deve ser usada em último recurso, caso o Governo não cumpra com o acordo firmado com os médicos durante a campanha salarial do ano passado. O SindMédico vem mantendo entendimentos com o GDF no sentido de garantir o atendimento às nossas reivindicações mediante o diálogo, que é o caminho mais sensato para um acordo. Mas qualquer decisão da classe tomada por maioria em assembléia é legítima e tem total apoio do sindicato.

A Assessoria Jurídica do Sind Médico/DF prestada pela Advocacia Riedel presta atendimento nas áreas civil, criminal e trabalhista (empregado e empregador pessoa física), administrativa, previdenciária, tributária e sindical. A Advocacia acompanha ainda os processos administrativos junto ao CFM e CRM e, desde que assumiu as ações criminais, há dois anos ela foi vitoriosa em 100% das ações.

Julho / Agosto 2009


Sindicais Qual a ordem de prioridade para a remoção compulsória?

A licença prêmio não gozada pode ser transformada em pecúnia?

Meu carimbo de médico foi clonado. O que devo fazer?

As remoções dos médicos são disciplinadas pela Portaria n° 3 de 2007 e estabelece que a remoção poderá ocorrer, tanto a pedido do médico, ou a critério da Administração Pública para atender necessidades de serviço ou interesse da população. Pela portaria, as remoções são feitas por pontuação, obedecendo a critérios de antiguidade; tempo de trabalho em regime de 40 horas semanais; participação em cursos, eventos, comissões, estágios de aperfeiçoamento, palestras e seminários; trabalhos publicados; títulos de especialização; preceptoria; mestrado; doutorado; exercício em cargo comissionado; participação em conselhos e programas de saúde, além de avaliação de desempenho. Caberá a Diretoria de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde divulgar até o dia 30 de julho, as vagas disponíveis nas unidades de saúde.

A Secretaria de Saúde acatou o parecer da Procuradoria de Pessoal do DF, nº 456/2007 de que é possível converter em pecúnia os períodos de licença prêmio adquiridos e não usufruídos e não integralizados para fins de aposentadoria. O entendimento da SES foi revisto em função de orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, que reconheceu esse direito dos servidores. O médico sindicalizado que tiver qualquer dificuldade em ter reconhecido o direito de receber em pecúnia as licenças prêmio não usufruídas, devem procurar a assistência jurídica do SindMédico/DF para as providências cabíveis.

A Advocacia Riedel orienta que os médicos, que tiveram seus carimbos extraviados ou clonados, devem registrar um Boletim de Ocorrência (BO), na Delegacia de Polícia. Caso o carimbo seja usado ilicitamente, deverá procurar novamente a Delegacia de Polícia para aditar o BO anterior, levando a receita médica, cuja cópia deverá ser entregue ao CRM para as devidas providências. Outra medida é confeccionar um novo carimbo diferente.

Como está a criação da Ordem Médica? O ano passado, a criação da Ordem Médica foi amplamente discutida por iniciativa da Associação Médica de Brasília (AMBr), que junto com o SindMédico/DF tem interesse na sua concretização. As discussões continuam e a idéia da Ordem Médica está sendo fortalecida.

Como está a campanha salarial do SindMédico? Estamos em plena campanha salarial. A primeira proposta do Governo foi rejeitada e a assembléia aprovou indicativo de greve a partir de setembro. A mobilização continua. (veja matéria de Capa).

É possível ao médico se aposentar aos 25 anos de contribuição e idade inferior a 60 anos? A regra de aposentadoria é 35 anos de contribuição e 60 anos de idade para os médicos e 30 anos de contribuição e 55 anos de idade para as médicas. O Sindicato pode solicitar a Secretaria de Saúde mais clínicos?

É possível programar o Sindicato Itinerante duas vezes por ano?

O Sindicato Itinerante tem tido bons resultados em todos os hospitais por onde passa e a diretoria está intensificando as visitas para atender a solicitação de todos os colegas que pedem nossa presença. Vamos percorrer até o final do ano todos os hospitais da rede pública para depois nos concentramos nos centros de saúde e hospitais particulares. Quando visitarmos todos, vamos nos reprogramar para irmos novamente aos hospitais já visitados.

É possível estender o horário do atendimento Jurídico durante o Sindicato itinerante? Caso o médico não possa comparecer no dia do atendimento jurídico, deve agendar nova data e horário com a funcionária, no estande do Sindicato Itinerante.

O Sindicato tem pedido mais médicos para cobrir o déficit de profissionais na rede pública. Além disso, estamos trabalhando para a melhoria dos salários para que interesse dos profissionais em trabalhar para a Secretaria de Saúde. A ação do tíquete alimentação dos médicos da SES já virou precatório? Qual é o número? O Tribunal de Justiça do DF já deu decisão definitiva favorável na ação do SindMédico/DF para garantir o pagamento do tíquete alimentação, no Processo 2000.00.2.002672-6. Falta ainda expedir o precatório. É possível ampliar as visitas do Sindicato Itinerante também para os Centros de Saúde? A partir do ano que vem, após as visitas aos hospitais, o Sindicato Itinerante irá aos Centros de Saúde. O Sindicato poderia investir em palestras mensais de interesse dos médicos? O SindMédico/DF tem interesse em investir em palestras para à classe e queremos sugestões de assuntos.

Os interessados em colaborar devem encaminhar as sugestões para o nosso e-mail: gerencia@sindmedico.com.br

17


Artigo

Golpe mortal no SUS

A

pesar de a Constituição Federal deixar claro que a participação da iniciativa privada na saúde é complementar, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) gastou, nos últimos quatro meses, R$ 29,3 milhões com a rede privada e apenas R$ 5,6 milhões na aquisição de equipamentos e reformas nos hospitais da rede pública. Em 2004, foram gastos R$ 4 milhões Mariângela Delgado com leitos privados de UTI e em Athaíde Cavalcante 2008, esse número elevou-se para R$ 71 milhões. Este montante seMédica Sanitarista do HRAS, ria suficiente para evitar o sucateconselheira titular do CSDF e amento na rede pública de saúde, diretora adjunta do SindMé- mas como diz o deputado federal, dico/DF. Jofran Frejat, “minar o SUS da forma sub-reptícia como tem sido feito, proclamando apenas suas mazelas em geral decorrentes do extraordinário aumento da demanda, sem o reconhecimento do grande êxito de que se reveste, é um desserviço à população”. Do total de R$ 343 milhões previstos para a saúde este ano, foram gastos apenas R$ 132 milhões enquanto que R$ 211 milhões ainda não foram executados, há quatro meses para o final do ano. Porque não investir na saúde pública? Pelo contrato firmado com a Real Sociedade Espanhola caberá a SES-DF repassar, em dois anos, R$ 220 milhões para a entidade não estatal de direito privado, gerencie o Hospital de Santa Maria. Recursos suficientes para a construção de mais dois hospitais. Este montante não seria suficiente para consolidar um sistema público de saúde de qualidade? Em 2008 a SES-DF gastou R$ 140 milhões com vigilância e limpeza nos hospitais e R$ 148 milhões com a aquisição de medicamentos, que continuam faltando.

18

Convocado pela Comissão de Saúde e Educação, da Câmara Legislativa, para explicar os problemas da saúde pública no DF, no dia 23 de junho último, o Secretário de Saúde, Augusto Carvalho, não soube se explicar. E, com relação à falta de pessoal, disse que não poderia contratar os concursados “por falta de margem na Lei de Responsabilidade Fiscal”, mas contrariando o argumento do secretário, o conselheiro Renato Rainha, do Tribunal de Contas do DF, cobra da SES-DF, a imediata contratação dos concursados, desde que se especifiquem quantos são e os valores dos salários. Com o contrato de gestão da SES-DF com a Sociedade Real Espanhola para gerenciar o Hospital de Santa Maria, o Governo submeteu os profissionais ao regime celetista, ou seja, institucionalizou a privatização da prestação do serviço público, precarizando as futuras aposentadorias. Há um consenso de que o SUS representa um grande avanço em políticas públicas, com propostas claras e práticas de transparência administrativa e gestão participativa e democrática. Mas eles são dificultados pelo fato de que a proposta do SUS, um sistema construído com base em princípios de solidariedade social, que assegura a universalidade do atendimento, não é compatível com o atual modelo econômico e a política neoliberal do atual Governo. É um contexto social em que a cultura política é marcada pelo autoritarismo, pelo clientelismo e pela exclusão. A luta pela preservação do SUS é dificultada pela frágil organização da sociedade, em especial daquela que mais precisa do SUS e que sofre as consequências de pobreza e de desigualdade social. A ótica economicista de gestores não comprometidos com a saúde pública transforma a saúde e a vida em mercadoria, e assim, as desvincula dos valores humanos. As pessoas não são vistas, o que importa são as planilhas de custo e a concentração do capital.

Julho / Agosto2009


Homenagem

José Aristodemo Pinotti: dedicação à saúde O ginecologista obstetra José Aristodemo Pinotti, ex-deputado federal e acadêmico respeitado, faleceu no dia 1º de julho, aos 74 anos, em São Paulo. Publicou mais de 40 livros, 670 artigos científicos e foi reitor da Unicamp. Pinotti ingressou na política nos anos 80. Estava no terceiro mandato de deputado federal pelo DEM. Foi secretário de Saúde, de Educação e de Ensino Superior do governo paulista. No início do ano assumiu a Secretaria da Mulher da prefeitura de São Paulo. Pinotti dedicou boa parte da sua vida pública a campanhas de combate aos cânceres de mama e de útero. Em janeiro do ano passado, na edição 68, da Revista Médico, José Aristodemo Pinotti, concedeu uma entrevista exclusiva à jornalista Elisabel Ferriche, quando defendeu o fim da aposentadoria compulsória e que o trabalho era receita para uma vida produtiva e feliz. Ele próprio foi exemplo de suas palavras. Em sua homenagem, a Revista Médico, do SindMédico/DF, reproduz, nesta edição, o artigo a seguir, publicado no jornal Estado de São Paulo.

E

Planos de Saúde

xistem hoje três grandes prejudicados na questão dos Planos de Saúde: os usuários, os trabalhadores de saúde - particularmente o médico - e os hospitais prestadores, nenhum deles com organização e recursos suficientes para exercer qualquer tipo de pressão. Os planos e suas operadoras, possuidoras de fortes “lobbies”, foram sempre poupados pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Na CPI instituída para avaliar seus abusos e distorções – amplamente comprovados pelo PROCON e pela Imprensa – foram agraciados, no final, por excessiva compreensão e generosidade. Os abusivos 500% de reajuste entre as diferentes faixas etárias foram mantidos pela ANS e pela CPI que deixaram de resolver problemas relevantes que persistem há longos anos. Há absurdos históricos nessa questão que se inicia nos primeiros anos do Governo anterior, com a privatização da Saúde no País, sob a pressão do Banco Mundial (World Development Report – 1993) e com as fantasias compensatórias da “focalização”, do “PAB” e outros apelidos que vêm ganhando as políticas públicas que se afastam do bem estar social e da universalização. Como pano de fundo, o SUS na Constituição de 88, cuja implantação é cada vez mais uma caricatura da proposta inovadora, social e moderna que os Pensadores de Saúde brasileiros, elaboraram durante décadas. Em 1998, com a Lei 9656 - já em pleno processo de privatização das políticas públicas - conseguimos alguns avanços na regulamentação dos planos de saúde que não chegaram a ser colocados em prática porque ela foi inteiramente modificada (não sobrou um só parágrafo) por medidas provisórias ditadas ainda no ano de 1998. A ANS não pôs em prática nem mesmo o ressarcimento das operadoras que parasitam em 15 a 20% os hospitais públicos, além de não solucionar os problemas consideráveis dos 18 milhões de beneficiários dos planos adquiridos antes da Lei 9656. A solução que está sendo dada hoje é talvez pior, pois esses usuários garantiam os seus direitos através do PROCON e da Justiça. Agora, na “migração” estabelecida pela ANS, além de arcar com acréscimos consideráveis em suas mensalidades (15% - eventualmente mais 10% - e todos os

Revista Médico

aumentos novos por faixas etárias), perdem a possibilidade de reclamar, pois, assinam novos contratos, onde as exclusões se oficializam. Hoje - com o desemprego de 20% em ascensão, o poder aquisitivo em queda de 15% e um Sistema Público de Saúde adaptado àqueles que suportam filas, falta de acesso, mau acolhimento e demanda reprimida - um número considerável dos 35 milhões de brasileiros que compraram Planos de Saúde e não podem continuar pagando, não têm para onde ir. Nesse contexto, parece não existir Governo (que joga para a ANS), ANS (que joga para os planos), Congresso (que termina uma CPI preocupada com a saúde das operadoras), enquanto usuários, profissionais e hospitais prestadores estão todos à beira do desespero e da inadimplência. Resta precariamente o PROCON para os usuários, falências para os hospitais e múltiplos empregos, com baixíssimos salários para os profissionais da Saúde. Solução para isso existe. Reiteradamente venho indicando o caminho que nunca foi seguido pois o interesse pedominante tem sido sempre o financeiro. O Sistema Público não pode melhorar, pois ele compete com o privado neste pedaço triste da nossa história, onde a privatização das políticas públicas é o interesse dominante que penetra nos diferentes níveis de comando. Entretanto, paradoxalmente, não há outra saída para os milhões de usuários dos planos que nesse momento não podem pagá-lo e tão pouco para médicos e trabalhadores de saúde que vivenciaram o sonho equivocado da mercantilização da saúde. Não há qualquer viés ideológico nessa questão que é puramente pragmática e solidária, e há exemplos, onde essa melhora do Sistema Público foi acompanhada de uma migração justa e necessária da classe média para sua cobertura, de um maior apreço e valorização dos trabalhadores de saúde, e de aprimoramento significativo da qualidade das ações de saúde. Cito três com dados mensuráveis, como testemunha e participante: Unicamp com o Hospital da Mulher - Caism (19701985), SUDS em S.Paulo (1987 –1991) e Hospital Pérola Byington (1991 –1998). Há outros no Brasil que infelizmente estão sendo desativados ao invés de multiplicados.

19


Regionais

Novos delegados à serviço dos médicos

C

resce o número de delegados sindicais nos hospitais e centros de saúde. Mais quatro médicos se uniram ao SindMédico/DF para ajudar a entidade a se aproximar da classe. Os últimos médicos a tomar posse foram: Jussane Cabral Mendonça, do Hospital São Vicente de Paula; Firma Amélia Garcez de Lucena, do Centro de Saúde nº 5, em Taguatinga Sul; Daltono Umberto de Souza, do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e Lilian Suzany Pereira Lanton, do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Eles terão mandato de um ano e irão representar o sindicato junto aos hospitais e centros de saúde onde trabalham, além de representar os médicos junto ao sindicato. Com a posse desses quatro médicos, já são 16 o número de delegados sindicais que nos próximos meses, estarão representando o SindMédico/DF nos seus respectivos locais de trabalho. O objetivo do sindicato é de que até o final do ano, todos os hospitais tenham pelo menos um representante sindical. Os delegados sindicais são responsáveis em aproximar os médicos do SindMédico/DF, principalmente no atendimento às reivindicações da classe e às sugestões para a melhoria das condições de trabalho. Os médicos poderão procurar os delegados sindicais, sempre que quiserem fazer alguma manifestação à entidade sindical. Os novos delegados sindicais sabem que um dos maiores desafios pela frente

será mobilizar os médicos para garantir que as reivindicações da classe sejam atendidas.

Confira o representante sindical de seu hospital: Delegados sindicais que tomaram posse recentemente: Jussane Cabral Mendonça - HSVP Firma Garcez de Lucena - CS 5 - Taguatinga Daltono Umberto de Souza - HRT Lilian Suzany Pereira Lanton - HRAN Delegados sindicais que ainda vão tomar posse: Antônio Carlos Dias Souza – HRPl André Gonçalves de Araújo – HRPr Iris Gardênia Calvaca e Silva – HRAS Carla Pacheco de Brito – HRAS Dauro Lúcio dos Santos Rocha – HRPr Andersen Charles Daros – HRAS Gustavo Carvalho Diniz – HRAN Rogério Braz Barbosa de Faria – HRT Leonardo Rodovalho – HRT Maurício Cotrim do Nascimento – HRG Pedro Rocha Paniagua – HBDF Raquel Carvalho de Almeida - HRAS

SindMédico/DF apóia movimento da Sociedade Brasiliense de Pediatria

O

Sindicato dos Médicos do Distrito Federal apóia o movimento dos pediatras aos planos de saúde, para exigir uma melhor remuneração das consultas. Após uma paralisação, no dia 1º de julho, e uma espera de 15 dias, os pediatras de Brasília decidiram cancelar o contrato com os 53 convênios do Grupo Unidas, Bradesco e Amil. A partir de agosto, os pediatras terão de 30 a 60 dias para cancelar os contratos definitivamente. A partir daí, os planos de saúde não contarão com os médicos. Os pediatras reivindicam R$ 90 por consulta, além do pagamento do retorno, previsto em 15 dias. Atualmente os pediatras recebem de R$ 24 a R$ 40 reais brutos por uma consulta, sendo que, com direito a retorno em 15 dias, este valor fica 50% menor. O médico José Marco Resende Andrade, do departamento de Defesa Profissional da Sociedade Brasiliense de Pediatria disse que nesse período, apenas a Amil

20

e o Bradesco ofereceram como contra proposta um reajuste de 21% passando a consulta para R$ 60. “A proposta foi rejeitada pela Sociedade Brasiliense de Pediatria”. A médica pediatra Adriana Graziano, diretora de imprensa do SindMédico/DF, explicou que “não se trata apenas de um movimento por salários dignos, mas para a melhoria das condições de trabalho”. Segundo ela, diante da repercussão positiva do movimento no Distrito Federal, o protesto pode se estender para outros estados. Em alguns deles, os médicos já começam a reagir contra os preços repassados pelos planos de saúde. O presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho, concorda com o movimento porque há anos os médicos estão sendo prejudicados, inclusive de outras especialidades. “Devido à baixa remuneração, está diminuindo o interesse pela residência em pediatria”, explicou o presidente.

Julho / Agosto 2009


Estratégia

Alexandre Bandeira

&

Consultório Consultoria Consultor de Estratégia e Marketing

O

As muitas partes e o todo

utro dia em um evento com médicos fui abordado pela curiosa indagação sobre onde a Medicina de Brasília iria parar, diante da recente onda de fusões e aquisições que estão acontecendo na saúde privada da capital do país. A preocupação feita – em meio as especulações sobre cifras e empresas envolvidas - era saber quem iria, ao final deste processo, sobreviver com a concentração de mercado nas mãos de poucos. A primeira imagem que veio na minha mente foi a “bandeja de gelatina” que citamos três artigos atrás (ver “A crise está ai. E daí?”), quando abordamos o impacto da crise mundial e como ela, na verdade, se torna um dos momentos de maior oportunidade para empresas que buscam ganhar espaço. Relembremos que sobre essa bandeja – representada pelo mercado - estão os cubos de gelatina – simbolizando as empresas. Quando se balança essa bandeja – demonstrando a instabilidade do mercado – cubos se debatem, uns se quebram, outros caem, espaços se abrem para que iniciativas cresçam mais rapidamente ou entrem neste ambiente de disputa. Observamos atualmente que os efeitos da crise estão se arrefecendo, mesmo que ainda longe de seu final. Porém, não é só ela que gera energia para agitar essa bandeja. O processo de aglomeração por que passa a saúde de Brasília também provoca instabilidade. E com relação a indagação feita no início do artigo, o que temos primei-

ramente a dizer, é que este processo não tem um final. É só observar outras praças ou mesmo outros segmentos produtivos e veremos que empresas são permanentemente criadas, compradas, absorvidas e fundidas. Lógico que existem momentos onde esses processos parecem se intensificar, como os atuais. O segundo aspecto que enfatizo é a visualização da distribuição do todo destes cubos na bandeja. Com muitas pequenas partes ao lado de poucas enormes peças disputando o mesmo espaço. A lógica talvez nos leve a pensar que para competir com o grande é preciso também ser superlativo. Se você acreditar nisso e for o cubo menor, essa pode ser uma visão muito desesperadora. Porém, para ser competitivo não precisa somente possuir o conceito do maior. Competem com ele outros tantos como: melhor, mais tradicional, especialista, mais querido e por aí vai. Dessa maneira, você descobrirá que pode ser infinitamente menor que o maior cubo e ainda assim, ser muito mais atrativo do que ele. E não se surpreenda se o resultado disso for uma boa proposta de compra do seu empreendimento. Enfim, buscar um caminho para se manter competitivo é, acima de tudo, decidir participar do jogo, ao invés de ser somente comentarista dele.

“para ser competitivo não precisa somente possuir o conceito do maior”

O que já era bom ficou ainda mais completo

Contato com a coluna: consultorio@strattegia.com.br

A consultoria para negócios em saúde feita para o tamanho do seu empreendimento

Tel: (61) 3447.9000 e-mail: contato@strattegia.com.br

21


Vida Médica

Por Elisabel Ferriche

F

im do plantão, hora de deixar o hospital e correr para casa. A saudade é grande e dá uma vontade louca de compartilhar com o companheiro os problemas profissionais. Essa atitude pode ser comum na vida dos casais que têm diferentes profissões. No caso de casais médicos, essa possibilidade não existe. O pacto é: problemas do hospital ficam fora de casa. Para manter esse Dr. César Galvão & pacto é preciso paDrª. Maria Rosário ciência e sabedoria. Conviver em harmonia requer atenção, sensibilidade e cuidado com o outro. Conviver simultaneamente numa relação amorosa e profissional requer além de tudo isso, muita habilidade. Casados há 36 anos, o cirurgião pediatra César Galvão e a hematologista Maria Rosário são exemplo do que deu certo. Em casa conversam de assuntos diversos menos os problemas do hospital

22

“para não tornar a convivência cansativa”, explica o médico. Os dois se conheceram em 1967 quando eram estudantes na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco. Ainda noivos foram fazer residência no Rio de Janeiro para depois se casarem em Campina Grande, na Paraíba, onde moravam os pais da noiva. Um ano após o casamento, em 1974, depois de ter sido aprovada em concurso público para o Ipase e ele para a Cobal, os dois vieram morar em Brasília. No início, com os três filhos ainda pequenos, foi difícil acomodar os horários. “Também era preciso acertar as idas em congressos médicos. “Quando o César ia, eu ficava e vice-e-versa”, conta Rosário. Hoje já com os filhos adultos (Adriana, 34 ), (César Augusto, 33) e (Cláudia, 32 ), os dois, que já estão aposentados da Secretaria de Saúde, aproveitam para viajar e curtir os cinco netos. “Sei que um companheiro de outra profissão não teria a mesma compreensão quando foi necessário me Dr. Carlos Saraiva & ausentar em deDrª. Irene corrência do trabalho”. Na opinião

Julho / Agosto 2009


Vida Médica de César Galvão e Rosário, os dois tendo a mesma profissão foi importante para a união no casamento. Já para o pneumologista Carlos Saraiva e Saraiva, casado 32 anos com a gastroenterologista Irene Abrão Saraiva e Saraiva, o casamento entre duas pessoas da mesma profissão não tem vantagem nem desvantagem. “O que torna uma pessoa compreensiva não é a profissão, mas o amor e o afeto que ela tem pelo outro”, explicou. Para a esposa, a maior vantagem é financeira, porque, como bem lembrou o marido, o amor nos relacionamentos nada tem a ver com a profissão. Dr. Saraiva, que foi fundador e primeiro presidente do SindMédico/DF conta que a época em que se dedicava aos movimentos sindicais coincidiu com o nascimento dos filhos que mal viam o pai, tão atarefado com as questões políticas sindicais. Período em que teve sempre a compreensão da esposa Irene. Agora o casal Saraiva tem aproveitado melhor a atual fase da vida, com os filhos crescidos e ele aposentado. Ela, apesar de aposentada da SES, continua trabalhando no Hospital Universitário (HUB), embora em ritmo mais comedido. Já ele, está se dedicando mais à leitura e em ser avô. A militância política sindiDr. Antônio Luis & cal foi o motivo Drª. Beatriz MacDowell da união entre os médicos Antônio Luis Ramalho Campos, intensivista neonatal e pediatra e Beatriz MacDowell Soares, clínica médica. Durante a greve de 1988, a maior já realizada pelos médicos na história do Sindicato, os dois se conhecerem. Ele era vice-presidente do SindMédico/DF e ela delegada sindical. O movimento parou os hospitais, inclusive as emergências, no Governo José Aparecido. Desde então os dois estão juntos, mas só recentemente, no dia 15 de maio deste ano, eles decidiram oficializar a união e se casaram na presença de amigos e dos

Revista Médico

cinco filhos: Luciana, 31 e Raul, 27, filhos de Beatriz; e André, 36, Rafael, 35, e Silvia, 31, filhos do Tom, como é conhecido entre os amigos. Segundo ele, não é a profissão que determina a felicidade de um casal, “mas o entendimento que a pessoa tem da vida”, embora ele admita que os dois têm muitos pontos em comum, como a “percepção da política e a vontade de fazer uma saúde pública cada vez melhor”. O ideal comum é a paixão que move a médica Beatriz. “Sempre fomos militantes e brigamos pelo SUS e a universalização do atendimento de saúde, esse é o lado positivo de nós dois”, explicou a médica, hoje bastante decepcionada com a política de saúde que está sendo feita no Brasil. A ginecoDr. Agnelo Queiroz & logista e obsteDrª. Ilza Queiroz tra Ilza Queiroz sente saudades do tempo em que o marido era só médico e dava plantões. Casada há 28 anos com o cirurgião geral e toráxico, Agnelo Queiroz, atual diretor da Anvisa e pré-candidato ao Governo do Distrito Federal, ele tem passado os últimos 21 anos em campanha. Foi deputado constituinte em 1988, deputado distrital na primeira legislatura da Câmara Legislativa, em 1999, e deputado federal por três legislaturas. “Antes do Agnelo entrar na política era mais fácil, mas nunca tive dificuldades em entender as longas ausências, afinal nos conhecemos desde estudantes”, conta Ilza. Os dois se conheceram ainda em Salvador, onde ela cursava medicina na Escola Baiana de Medicina e ele na Universidade Federal da Bahia. Vieram para Brasília fazer residência médica já casados e aqui permaneceram e criaram os filhos Fernanda, 21, e Guilherme, 19. Outro casal que se conheceu ainda no tempo de universidade foi a hematologista Adília Segura, que acabou se apaixonando pelo monitor, que mais tarde tornou-se seu marido, o anátomo patologista José Carlos Segura, ele já residente e ela estudan-

23


Vinhos te do 5º ano. “Além da Universidade, começamos a nos aproximar nas reuniões do grupo bíblico da UnB”. A religião e a medicina aproximaram os dois que acabaram casando em 1976. “No começo foi difícil conciliar as atividades profissionais com os dois filhos pequenos (Raquel, 32 e Marcos Manuel, 29), mas a profissão uniu ainda mais o casal que agora, com a aposentadoria dele, aproveita para conhecer o mundo. Já foram Dr. José Carlos Segura & à Rússia, Hawaí Drª. Adília Segura (EUA), e países da Europa Oriental. “Como consultora do Laboratório Exame posso organizar mais meu tempo e curtir melhor o marido”, explica a médica. Para o casal Lineu da Costa Filho e Themis a residência médica, juntos, no Hospital Regional de Sobradinho, foi decisiva para o casamento que aconteceu em 1971. “Na época os residentes moravam dentro do hospital e a convivência diária facilitava a aproximação”, conta o clínico médico. Os dois são do Piauí, mas foram em Brasília que se conheceram. Quando terminaram a residência continuaram juntos como professores da Faculdade de Medicina da UnB, em Sobradinho e, juntos fizeram o concurso e foram aprovados pela então Fundação Hospital do Distrito Federal. Somente dez anos depois, Dr. Lineu foi trabalhar no Hospital de Base e a pediatra Themis foi para o Hospital de Dr. Lineus & Taguatinga, onde Drª. Themis trabalha até hoje.

24

“Nunca tivemos dificuldades em trabalharmos juntos, mas sempre tivemos por princípio, nunca falar do trabalho em casa”, explicou Lineu, que hoje está mais tranquilo com os filhos já crescidos (Lineu Neto, 36, Eugênio, 35, e Priscila, 33). O casal Olavo Gonçalves Diniz e Maria Milda Silveira Diniz, embora casados há 26 anos, estão mais unidos que nunca. Recentemente operada, Milda tem contado com a presença constante do marido que deixou os pacientes para atendê-la quase em tempo integral. “Fico feliz em poder contar com o apoio do Olavo”, disse a médica pediatra. Os dois se conhecem desde criança e o amor surgiu ainda na adolescência, quando moravam em Catolé do Rocha, na Paraíba. Desde então começaram a namorar. Depois surgiu a faculdade. Ela foi estudar em Pernambuco enquanto Olavo cursava medicina na Paraíba. Depois de formados, Olavo, que se especializou em ginecologia, veio para Brasília onde passou para o concurso da então Fundação Hospitalar. Mas a distância não separou o casal. Milda veio em seguida e só depois de algum tempo morando na Capital, voltaram para Catolé do Rocha, onde se casaram com a benção dos pais. “Acho que os dois na mesma profissão, a tendência é dar mais certo, sendo da mesma cidade, então, é mais fácil”, acredita a médica. Agora, em Brasília, os dois conseguem mais tempo para curtir a vida, já que os filhos (Olavo Jr, 25, e Rafaela, 24), estão criados e independentes. Com os problemas do hospital deixados no local de trabalho os casais médicos mostram que o bom caminho é não misturar os papéis da relação amorosa com a relação profissional, cuidado essencial para manter a vida a dois em equilíbrio.

Dr. Olavo Gonçalves & Drª. Milda Silveira

Julho / Agosto 2009


Dr. Gil Fábio

Vinhos

Vinhos & Histórias Vinho do Porto IV - Vintage

Neste último artigo da série sobre Vinhos do Porto vamos abordar os de denominação Vintage.

Colheita: Uma especialidade das casas portuguesas em oposição às dos ingleses. Podem ter um estilo maravilhoso, com gosto de nozes e passas, geralmente trazem a data da colheita e são divididos em dois grupos: o Colheita Vintage, feito com vinhos da mesma safra, mas envelhecido principalmente na garrafa, que só é feito nos anos em que a safra é excelente, superior; e o “Colheita Single Quinta“, produzido nos anos em que a safra não é considerada excepcional ou tão boa. Este úlitmo passa um bom tempo (de 6 a 7 anos) nos tonéis das adegas e chega pronto ao mercado para consumo. São elaborados por vários produtores, como o Quinta Malvedos que produz um “Malvedos Colheita Single Quinta” e o “Quinta Malvedos Vintage”, com safra superior. Outros produtores recomendados são o Ramos Pinto, Nierport e Burmester. Late Bottled Vintage: feitas com uvas colhidas somente no mesmo ano, passando mais tempo na madeira que um Vintage, os melhores não são filtrados e criam uma borra, devendo ser decantados. Sugerimos como ótimos produtores: Royal O Porto, Real Companhia Velha, Warre Fonseca, Offey, Ferreira e Poças. Vintage Character: é um tipo relativamente novo de vinho do Porto, buscando-se um vinho que tenha alguma coisa do Vintage, mas que fique pronto rapidamente e que não seja tão caro. São cortes envelhecidos durante sete anos , filtrados e engarrafados. Segundo Hugh Johnson, são frequentemente envelhecidos pelo processo de Solera (usado na fabricação do Jerez, que será abordado oportunamente em um desses artigos). Indicações: o Six Grapes Graham’s, Taylo’s Firt State e o Quinta de La Rosa Finest Reserva. Todos realmente muito bons.

Revista Médico

Vintage: é considerado o melhor vinho do Porto, portanto, o de maior prestígio, feito com uvas de uma só colheita excepcional, produzindo vinhos maravilhosos. Mesmo em um ano muito bom, nenhum produtor declarará. O vinho é acompanhado durante seu desenvolvimento por 18 meses, podendo após, ser declarado um Vintage, se o Instituto do Vinho do Porto e o produtor concordarem que aquele vinho é excepcional. Depois de 2 anos na madeira é engarrafado, porém leva mais tempo para amadurecer. Todo Vintage tem um sedimento na garrafa e precisa de decantação. Por alguma razão, em Portugal não se “declara” Vintage em anos consecutivos. Normalmente um bom Vintage precisa de 15 anos para começar a demonstrar suas qualidades, mas dura décadas, quando adequadamente conservado. O Vintage novo é escuro, quase negro. Com o tempo vai clareando, representa o final perfeito de uma grande refeição. Aberta a garrafa o vinho deve ser consumido em 12 e 24 horas, o que não chega a ser, de jeito nenhum, um problema. Os maiores consumidores de vinho do Porto são França, Inglaterra e Holanda. Mas o vinho do Porto é consumido em todo o mundo e produzido em vários países, evidentemente os melhores em Portugal. Indicações: Taylor’s, Fonsceca, Ferreira, Ramos Pinto, Barros e Borges, Nierport, Dow’s, Croft. O Quinta do Noval, nacional, é quase um capitulo a parte. O mais raro e caro dos vinhos do Porto. Produzido com uvas dessa quinta que não foram atacadas pela filoxera. Um grande Vintage acompanhado de um cremoso queijo de ovelha Serra da Estrela chega a ser uma poesia. Finalmente devemos citar a relativamente recente produção de vinhos do Porto brancos, alguns dos quais mais secos, mas a qualidade é inferior aos tintos. Um Porto branco envelhece perdendo a sua fruta e o seu encanto.

25


Literárias

Dr. Evaldo Alves de Oliveira

Medicina

em Prosa

ESTUPIDEZ¹, Problema médico?

A

os vinte e cinco anos, na expectativa de uma vida mais tranquila, Antoine, com bacharelado em biologia e mestrado em aramaico e em cinema de Sam Peckinpah e Frank Capra, decidiu cobrir o cérebro com o manto da estupidez. Reclamava: a inteligência torna a pessoa infeliz, solitária, pobre, enquanto o disfarce de inteligente oferece a imortalidade efêmera do jornal e a admiração dos que acreditam no que lêem. Na escola primária, ser inteligente resultava num insulto infame, e no adulto a inteligência é uma tara. Antoine estava desiludido e cansado de ser inteligente. Concluíra que tinha a maldição da razão: era pobre, solteiro e depressivo. Antes de tomar a decisão de se tornar estúpido, porém, Antoine tentou outras soluções. A primeira foi se tornar alcoólatra, pois este seria o meio de suprimir toda e qualquer veleidade reflexiva da sua inteligência, pois a inteligência no seio da embriaguez já não teria sentido. Ser alcoólatra seria, em comparação, uma ascensão social. E o seu mal, por ser visível, teria tratamento previsto; não existe desintoxicação para a inteligência. Dirigiu-se a um bar de Paris e ficou observando. Escolheu um velho alcoólatra que bebia ostensivamente em uma mesa ao lado para lhe servir de professor. Após horas de orientações técnicas, Antoine cheirou o líquido, sentiu a espuma no nariz e começou a beber. Alguns minutos depois, e após meio copo de cerveja, entrou em coma alcoólico. É que ele tinha uma sensibilidade fisiológica extrema ao álcool. Ao seu lado, na enfermaria, estava uma mulher que, de tão enfaixada, parecia uma múmia. Descobriu que ela havia saltado do terceiro andar da Torre Eiffel, e, por infelicidade, caíra sobre um grupo de turistas alemães e fraturara quase todos os ossos do corpo. Ela já tentara se afogar, mas um imbecil corajoso a salvara, e morreria dois dias depois, de pneumonia. Já tentara o enforcamento, mas a acorda afrouxara. Dera um tiro na têmpora, mas a bala atravessara o crânio sem tocar o cérebro ou causar qualquer dano. Esvaziara dois vidros de soníferos, mas os comprimidos não continham a dosagem correta

26

do medicamento, e ela dormira três dias. Antoine se certificara de que a taxa de sucesso nas tentativas de suicídio estava abaixo de oito por cento, e decidiu seguir outro caminho. Pensou em fumar, mas raciocinou que o câncer de pulmão não entraria nas estatísticas como suicídio. Chegou até a assistir a uma palestra da SPTPTM – Suicídio Para Todos e Por Todos os Meios, mas desistiu de sua ideia. No dia seguinte, por insistência dos amigos, Antoine foi a um médico, que, após a consulta, receitou-lhe um medicamento que acabaria com seus problemas existenciais: Felizac. O jovem pediu demissão da universidade onde lecionava, pôs seus livros em caixas de papelão, arrancou das paredes de seu conjugado os cartazes de cinema, retratos dos seus heróis e reproduções de pinturas de Rembrandt e outros pintores. Após visita de pesquisa à casa de alguns vizinhos que - ele assim imaginava - tinham excelentes defesas imunológicas contra a inteligência. Percebeu na casa de um amigo todos os matizes de uma idiotice furtacor, de uma estupidez pura, resplandecente de inocência feliz e bem sucedida, uma tolice que era agradável para ele e para as pessoas que o cercavam. Graças à química do Felizac, teve forças para recuperar uma velha televisão, pregou nas paredes cartazes do Rei Leão, de carros esporte e de garotas popozudas, além de fotos de atores e atrizes que tinham o ar de gênios universais. Conseguiu discos inofensivos de música à base de golpes de martelos eletrônicos e alguns de folclore internacional. Pareceu-lhe, enfim, que o conjugado tinha atingido a mais perfeita inocuidade para o cérebro em vias de flacidez. Tomou a decisão de se tornar um sovina, egoísta, sem outra preocupação além do dinheiro e da maneira de ganhar o mais possível. Não poderia esquecer de ser preconceituoso. Uma amiga advertiu-o: - Assim você se arrisca a se tornar um verdadeiro babaca. - Ser um babaca é o remédio para minha doença. Ser babaca será a quimioterapia da minha inteligência. É um risco que assumo sem hesitar. Ser estúpido dá muito mais prazer que viver sob o jugo da inteligência. Sendo estúpidos, somos mais felizes. O teste definitivo de sua integração foi comer no McDonald’s, ideia que nunca tivera antes. Ao chegar, um grosso M amarelo coroava a fachada; um simpático palhaço de plástico o recebeu com um sorriso espontâneo. Antoine pediu um Best of McDeluxe com CocaCola (um terço de litro). Observou uma batata frita, mergulhou-a numa mistura de ketchup, mostarda e maionese, e mordeu-a. Em seguida, fez uma visita às Galerias Lafayette, onde comprou uma calça de linho, uma camisa e um blazer em estilo elegante. E entrou para uma academia de ginástica, onde passou a se exercitar ao som de música monótona e hipnótica. Ele era, enfim, um herói. Pergunto: se problema médico, estupidez pode ter cura? ¹Baseado no livro Como Me Tornei Estúpido, de Martin Page, Editora Rocco

Julho / Agosto 2009



LaboratĂłrio Sabin entre as 25 empresas mais inovadoras do paĂ­s O LaboratĂłrio Sabin foi a Ăşnica organização privada de BrasĂ­lia reconhecida entre as 25 empresas mais inovadoras do paĂ­s pela revista Época NegĂłcios, em parceria com o Instituto Great Place to Work. A entrega do prĂŞmio aconteceu no dia 07 de julho, em SĂŁo Paulo. Somente as organizaçþes que se mobilizam para o futuro e tĂŞm uma gestĂŁo comprometida sĂŁo reconhecidas como inovadoras. O destaque do Sabin foi para o NĂşcleo de Apoio Ă Pesquisa (NAP), que, em parceria com universidades e instituiçþes acadĂŞmicas, realizou estudos e pesquisas publicados em importantes veĂ­culos, entre eles o The New England Journal of Medicine. Nesse trabalho foi descoberta uma PXWDomR TXH FDXVD GHĂ€ FLrQFLD VHOHWLYD GR KRUP{QLR OXWHLQL]DQWH /+ HP DPERV RV VH[RV VHQGR que pela primeira vez em uma mulher. Essa mutação provoca uma forma rara de infertilidade e GHĂ€ FLrQFLD GH KRUP{QLRV VH[XDLV UHVXOWDQWH GD IDOWD GH /+ 9LGH OLQN DEDL[R $OpP GHVVH R 1$3 tem 123 artigos publicados em revistas e jornais nacionais, internacionais e 16 novos projetos HP DQGDPHQWR $ LQRYDomR GR /DERUDWyULR WDPEpP HVWi DVVRFLDGD DRV UHFHQWHV LQYHVWLPHQWRV GD HPSUHVD HP VLVWHPDV DXWRPDWL]DGRV FRPR R /DE&HOO $XWRPDWLRQ 6ROXWLRQ 6LHPHQV R SULPHLUR GD $PpULFD /DWLQD H HP HTXLSDPHQWRV QDV iUHDV GH EDFWHULRORJLD XURDQiOLVH H KHPDWRORJLD 2 /DERUDWyULR WDPEpP LQYHVWH HP SURJUDPDV GH TXDOLGDGH FRPR 3$/& 3URJUDPD GH $FUHGLWDomR GH /DERUDWyULRV &OtQLFRV GD 6RFLHGDGH %UDVLOHLUD GH 3DWRORJLD &OtQLFD 34') 3URJUDPD GH 4XDOLGDGH GR 'LVWULWR )HGHUDO H ,62 DOpP GH SDUWLFLSDU GR 3(/0 3URJUDPD GH ([FHOrQFLD SDUD /DERUDWyULRV 0pGLFRV Ki DQRV 2 6DELQ IRL WDPEpP R SULPHLUR /DERUDWyULR GR PXQGR D UHFHEHU D FHUWLĂ€ FDomR 6$ GH 5HVSRQVDELOLGDGH 6RFLDO TXH FRQWULEXL SDUD D PHOKRULD da qualidade de vida e do ambiente de trabalho dos seus colaboradores, por meio de diversas açþes e benefĂ­cios. Endereço para artigo publicado no The New England Journal of Medicine KWWS FRQWHQW QHMP RUJ FJL FRQWHQW VKRUW

'U *XVWDYR %DUFHORV %DUUD 3RVVXL JUDGXDomR HP )DUPiFLD SHOD 8QLYHUVLGDGH GH %UDVtOLD H GRXWRUDGR HP &LrQFLDV GD 6D~GH SHOD PHVPD LQVWLWXLomR $WXDOPHQWH p IDUPDFrXWLFR SHVTXLVDGRU GR /DERUDWyULR 6DELQ 7HP H[SHULrQFLD QD iUHD GH %LRORJLD 0ROHFXODU FRP rQIDVH HP GLDJQyVWLFRV PROHFXODUHV DWXDQGR SULQFLSDOPHQWH QRV VHJXLQWHV WHPDV GHVHQYROYLPHQWR GH HQVDLRV PROHFXODUHV H GHWHFomR GH PXWDo}HV (QWUH VXDV SXEOLFDo}HV GHVWDFD VH ´/XWHLQL]LQJ +RUPRQH %HWD 0XWDWLRQ DQG +\SRJRQDGLVP LQ 0HQ DQG :RPHQ¾ 1HZ (QJODQG -RXUQDO RI 0HGLFLQH $JR


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.