Médico
2018 40 ANOS DE LUTAS E GRANDES CONQUISTAS
Ano XX - N° 123 JANEIRO/FEVEREIRO 2018 Tiragem: 12 mil exemplares Distribuição gratuita e dirigida
NO LABORATÓRIO EXAME TEM NOVIDADE ATÉ NO JEJUM. Em muitos casos, ele não é mais necessário. Recentemente um grupo de sociedades científicas publicou o consenso que é pautado em evidências científicas para flexibilização do jejum na avaliação do Perfil Lipídico, especialmente o Triglicérides. Acompanhando as boas práticas e a evolução do conhecimento em Medicina Diagnóstica, o Laboratório Exame ampliou o portfólio de exames que podem ser realizados sem jejum e os nossos laudos já apresentam os novos valores de referência de acordo com o Consenso Brasileiro para Normatização da Determinação Laboratorial.
EXAME Proteína ligadora de IGF Polipeptídeo pancreático Homocisteína Haptoglobina Peptídeo C Tolerância a lactose Tolerância a glicose Ácidos graxos de cadeia ramificada Vitamina B6 Absorção de xilose Vitamina C Glicemia Gastrina Adiponectina Ácidos graxos Ácidos graxos de cadeia longa Absorção de triglicérides Leia o estudo completo em: laboratorioexame.com.br/medico
NAM - Núcleo de Assessoria Médica
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JEJUM 4 horas 4 horas 6 horas 6 horas 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas 12 horas 12 horas 12 horas 12 horas 12 horas
Responsável Técnico: Dr. Sandro Pinheiro Melim CR M-DF 1238 8
Veja os exames que ainda precisam de jejum:
Expediente Presidente: Dr. Gutemberg Fialho Vice-presidente: Dr. Carlos Fernando da Silva Secretário-geral: Dr. Emmanuel Cícero Dias Cardoso 2º Secretário: Dr. Ronaldo Mafia Cuenca Tesoureiro: Dr. Luis Sales Santos Diretor Jurídico: Dr. Antonio José Francisco Pereira dos Santos Diretor de Ação Social: Dr. Eloadir David Galvão Diretor de Relações Intersindicais: Dr. Augusto Dê Marco Martins Diretor de Assuntos Acadêmicos: Dr. Jair Evangelista da Rocha Diretora de Imprensa e Divulgação: Dra. Adriana D. Graziano Diretora de Cultura: Dra. Lílian Suzany Pereira Lauton Diretor de Medicina Privada: Dr. Francisco Diogo Rios Mendes Diretores adjuntos: Dr. Antônio Evanildo Alves Dr. Antônio Geraldo da Silva Dr. Baelon Pereira Alves Dr. Bruno Vilalva Mestrinho Dr. Cezar de Alencar Novais Neves Dr. Filipe Lacerda de Vasconcelos Dr. Flávio Hayato Ejima Dr. Gustavo Carvalho Diniz Dr. Paulo Roberto Maranhas Meyer Dr. Ricardo Barbosa Alves Dr. Tiago Neiva Conselho Fiscal: Dr. Cantídio Lima Vieira Dr. Francisco da Silva Leal Júnior Dra. Josenice de Araujo Silva Gomes Dr. Jomar Amorim Fernandes Dr. Regis Sales de Azevedo Revista Médico Conselho Editorial: Dra. Adriana Graziano Dr. Carlos Fernando Dr. Emmanuel Cícero Dias Cardoso Dr. Gutemberg Fialho Coordenação Geral: Machado I.P. Coordenação de produção: Adriano Mariano Textos: Carla Rodrigues e Nicolas Bonvakiades Fotografia: José Roberto da Câmara Belmont Direção de arte e editoração: Luís Henrique Medeiros Fale com a redação: imprensa@sindmedico.com.br +55 (61) 3244-1998 Contato comercial: Rogério Mendes +55 (61) 3244-1998 gerencia@sindmedico.com.br Tiragem: 12.000 exemplares Ed. Centro Clínico Metrópolis SGAS 607, Cobertura 01 CEP: 70200-670 Tel.: +55 (61) 3244-1998 sindmedico@sindmedico.com.br www.sindmedico.com.br
Editorial Promessas vazias e um LEGADO DESASTROSO Começamos 2018 com uma série de anúncios disparatados. De um lado o atual governo anunciando que vai fazer e acontecer este ano – evidentemente, com foco no processo eleitoral. Para cada anúncio do que ainda pode vir a acontecer, vemos notícias de que tudo tem funcionado mal: caiu pela metade o atendimento no Na Hora, não se usou o dinheiro federal para adequação do sistema prisional, o metrô continua deixando pessoas usarem trens de graça por falta de servidores, continuam faltando medicamentos nas farmácias públicas, as filas de espera por cirurgias acumulam milhares de pessoas, escolas vão voltar às aulas sem reforma por falta de repasse de recursos. O que há de bom fica só na cabeça dos governantes e nas promessas vazias. Não há esperança de um legado positivo para a cidade.
Dra. Adriana Graziano, Diretora de Imprensa e Divulgação
exclusão social, pois terão menor condição de disputar espaços no mercado de trabalho.
Em nome da suposta estabilidade financeira e de uma eventual reeleição, a merenda escolar entrou na lista de supérfluos e o futuro de um número indeterminado de crianças é colocado em risco. Na mesma linha de atuação, o futuro de milhares de servidores públicos foi colocado em risco com a unificação dos fundos do Instituto de Previdência Os governantes que já tivemos no dos Servidores do Distrito Federal, feita Distrito Federal deixaram pontes, par- para permitir ao atual governo se aproques, a estruturação dos serviços públi- priar dos recursos das aposentadorias. cos, novos bairros, a paz no trânsito e O atual governo se esforça para até um estádio que é um verdadeiro eledeixar como legado ao Distrito Federal fante branco – parte dos legados foram a privatização de unidades públicas de positivos, alguns nos envergonham. Em saúde. Aqueles mesmos hospitais que relação ao atual as expectativas não são serão tão necessários para tratar os prodas melhores. blemas de saúde das crianças que hoje O caso do estudante de oito anos não têm merenda escolar adequada e os que desmaiou de fome em uma escola aposentados, que terão muita dificuldapública do Cruzeiro é emblemático da de para pagar um plano de saúde. Manfalta de compromisso e de sensibilida- tendo a Saúde em Estado de Emergência de do governo Rollemberg em relação durante dois anos e meio, deixou os às necessidades da população. Visam hospitais públicos à mingua, permitindo o atingimento de metas estabelecidas o aumento de quase 20% nas mortes por burocratas em seus gabinetes sem a hospitalares entre 2015 e 2016. perspectiva da repercussão de seus atos. Vai ficar na lembrança também o Com falta de alimentação ou com fato de que toda voz que se levantou em a ingestão de biscoitos, sucos artificiais discordância contra medidas mal elaboe pipoca nas escolas, pelo menos parte radas e em protesto contra desmandos das nossas crianças, as de camadas da foi tratada como inimiga, foi perseguida população menos favorecidas, terão bai- e atacada. Vai ficar na memória que cada xo aproveitamento escolar e, no futuro, erro foi negado ou minimizado, desprealém dos problemas físicos e de saúde, zado. Tanto quanto a inércia, a omissão estão condenadas a permanecer na po- vai entrar para a história, compondo o breza, perpetuando o ciclo da fome e da triste legado do atual governo.
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Sumário Entrevista
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Na primeira entrevista do ano, o Presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, avalia: “temos que recolocar a saúde nos trilhos e, para isso, escolher bem quem vai conduzir o próximo governo.”
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Sindicais Em comissão na CLDF, servidores expõem realidade da Atenção Primária após mudanças impostas pelo GDF
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Aconteceu SindMédico-DF prestigia posse do novo presidente da AMBr, o cirurgião plástico Ognev Cosac
Capa Foco e determinação: SindMédico-DF completa 40 anos de existência com muitas lutas, vitórias e desafios à frente
Regionais DF já tem 12 casos suspeitos de febre amarela, mas, ainda assim, SES-DF assegura que está tudo “sob controle”
Crônica Dr. Evaldo conta a história do “homem pirilampo”
Destaque Após lançamento da Frente Parlamentar da Medicina, nasce o instituto de ciência política dos médicos
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Política
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Vice-presidente do SindMédico-DF, Carlos Fernando, escreve sobre os bastidores da saúde em sua nova coluna na Revista Médico
CLIDIP
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Sabe aquele paciente que precisa de tratamento medicamentoso mas dispensa internação?
ELE PRECISA DE HOSPITAL-DIA.
O médico prescreve e nós cuidamos do paciente com segurança, desde a liberação junto ao convênio até a aplicação da medicação.
Dra. Eliana Bicudo Responsável Técninca CRM DF 6162
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Entrevista
Protagonismo para mudanças Entrevista - Dr. Gutemberg
Após um ano de intensas batalhas, tanto no âmbito Judiciário quanto no Legislativo, o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, começa 2018 com ainda mais fôlego. Neste ano, ele sabe que os desafios serão maiores. Pré-candidato a deputado distrital, Dr. Gutemberg sabe da importância do cargo, especialmente diante dos recorrentes ataques aos médicos e servidores públicos de um modo geral e, também, da tentativa de desmonte do SUS-DF nos últimos três anos. Por isso, salienta, agora é a hora e a vez de os médicos se unirem e apoiarem “representantes com real compromisso com a saúde, com a medicina e com a comunidade médica para os três níveis do Poder Legislativo.”
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Entrevista
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Vou me afastar do sindicato no período de campanha, mas não vou me afastar das nossas lutas. Até porque elas são o motivo de construirmos a candidatura.
Revista Médico – Como o senhor avalia o governo Rollemberg, que está chegando ao último ano de gestão, especialmente na área da Saúde? Dr. Gutemberg – A atual gestão é como um paciente em estado de negação – tem uma doença grave e não aceita o diagnóstico. Procura alternativas e desculpas para tudo, para não ter que encarar o problema real. Em todas as áreas, em especial a saúde, é assim que o governo Rollemberg tem agido: desvia os olhos e muda, desconversa. Fala de uma realidade falsa que só ele enxerga. Revista Médico – Neste cenário, o Sr. acredita que a Saúde Pública do DF tem recuperação? Dr. Gutemberg – Continuo sendo um otimista. Conseguimos evitar o pior até agora e vamos dar a volta por cima. Este governo tem prazo para acabar, os profissionais da saúde permanecerão e os princípios do Sistema Único de Saúde continuam sendo os mesmos. Temos que recolocar a saúde nos trilhos e, para isso, escolher bem quem vai conduzir o próximo governo.
Revista Médico – Qual a sua opinião sobre a “reformulação” da Previdência Pública do DF feita por Rollemberg? Dr. Gutemberg – Fomos contra o saque ao patrimônio do Instituto de Previdência do Servidor do Distrito Federal, Iprev, desde o começo. Essa reformulação foi uma fraude, uma forma do governo se apropriar de recursos das aposentadorias dos servidores para encobrir uma gestão ineficiente. Veja bem: anunciaram que o governo anterior teria deixado um rombo de R$ 3,8 bilhões, que não teriam permitido ao governo sequer cumprir as obrigações básicas. Aumentaram impostos, os repasses do Fundo Constitucional aumentaram e tiraram mais de R$ 3 bilhões do Iprev. O governo não funcionou, deixa um rombo que coloca em risco as aposentadorias futuras, criou o risco de o DF perder a Certidão de Regularidade Previdenciária e desacreditou a previdência pública. Revista Médico – Porque o Sr. chama de “farsa” a nova política de Atenção Primária implantada no DF?
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Dr. Gutemberg – Primeiro porque os centros de saúde já faziam parte da Atenção Primária. O problema que tínhamos era a pouca quantidade de equipes da Estratégia Saúde da Família. O que estão fazendo ao acabar com a estrutura antiga é redistribuir a força de trabalho que atuava nos centros de saúde. Aumenta o número de equipes, mas a infraestrutura fica mais enfraquecida, porque não houve aumento de oferta de atendimento e, pior que isso, não há o menor cuidado com a qualidade na oferta de assistência. O número de atendimentos vai aumentar, mas, em grande parte, por falta de efetividade no primeiro atendimento. Foi uma decisão baseada na necessidade de mostrar números, mas não quer dizer que há melhoria na qualidade do serviço de saúde. Revista Médico – E qual é a sua avaliação do Instituto Hospital de Base? Dr. Gutemberg – Esse instituto é um Frankenstein. O governador e o secretário de Saúde podem negar o quanto quiserem, mas é uma instituição privada à frente
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da gestão de um serviço público, ou seja, a mesma coisa que fizeram com as Organizações Sociais, no Rio de Janeiro e outros estados, com resultados desastrosos. Não adianta criar mecanismos para burlar as leis que definem o funcionamento do serviço público. Só o fato de surgir com esse propósito já demonstra que há problemas sérios que surgem desde a concepção da proposta, imaginem o que vai se encontrar daqui a algum tempo na execução desse projeto. Revista Médico formação do Hospital instituto privado vai eficiência e a solução blemas existentes?
– A transde Base em trazer mais para os pro-
Dr. Gutemberg – O que apresentaram como metas para este ano é risível. Deixaram o Hospital de Base emperrar. Não se realiza uma cirurgia cardíaca por falta de condições, os atendimentos eletivos em oftalmologia estão redirecionados para o Hospital Universitário. A ortopedia está engessada. Inviabilizaram o que puderam, para que qualquer melhora pareça resultado da mudança no modelo de gestão, mas não é. O que fizeram com o Hospital de Base é vergonhoso. Revista Médico – Neste ano, foi lançada a Frente Parlamentar da Medicina no Congresso Nacional. O que essa frente representa para os médicos? Dr. Gutemberg – O SindMédico-DF tem participado das discussões sobre a criação da FPMed e do Instituto Brasil de Medicina desde o princípio, porque sentimos a necessidade de recuperar espaço no cenário das decisões políticas. A saúde é um setor rico e extremamente visado por diversos grupos de interesses, que têm definido uma série de questões, que envol-
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vem o funcionamento do sistema de saúde e a prática da medicina sem a participação dos médicos. É a hora de reocuparmos espaço, ou vamos sofrer ataques cada vez mais intensos à nossa profissão. Revista Médico – O que esperar dos médicos em relação à participação política este ano? Dr. Gutemberg – Primeiro, precisamos ser pragmáticos no sentido de apoiar representantes com real compromisso com a saúde, com a medicina e com a comunidade médica para os três níveis do Poder Legislativo. Em segundo lugar, as entidades – sindicatos, associações, academias, conselhos e sociedades de especialidade – precisam se reunir em torno do Instituto Brasil de Medicina, para viabilizar o trabalho da Frente Parlamentar da Medicina. Revista Médico – O Sindicato dos Médicos do DF vai apoiar algum candidato ao GDF? Dr. Gutemberg – Existe um clamor entre os médicos e demais profissionais da saúde em apoio ao ex-secretário de Saúde Jofran Frejat. É ele quem concentra a maior intenção de voto contra o atual ocupante do Palácio do Buriti e é o nosso candidato. Revista Médico – É verdade que, neste ano, o Sr. vai ser candidato a distrital? Quando o Sr. se afasta da presidência do Sindicato dos Médicos? Dr. Gutemberg – Sou pré-candidato a deputado distrital. Fui na última eleição e acredito ter amadurecido muito nesses últimos anos e estar ainda mais preparado para representar a classe médica, defender a classe médica, os servidores da Saúde e o conjunto do funcionalismo na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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Tive uma quantidade considerável de votos na última eleição e acredito que isso indica que minha candidatura é viável e tem respaldo. Esperamos, neste ano, que a classe médica do DF, tão atacada nos últimos três anos, se una e participe do processo de escolha de seu representante para a CLDF. Neste caso, não há outro caminho: se unir significa conseguir se proteger. Acredito que posso servir bem aos colegas médicos, aos servidores públicos e à população do DF. Existem prazos legais a serem observados, por isso devo me afastar no final do primeiro semestre, mas tranquilo por deixar o Carlos Fernando, que conhece bem o funcionamento do Sindicato e tem sido meu braço direito em todos estes anos de conquistas e defesas, tendo se preparado ativamente nos bastidores das nossas lutas, para continuar tocando o trabalho. Revista Médico – Isso significa um distanciamento do SindMédico-DF? Dr. Gutemberg – Vou me afastar do sindicato no período de campanha, mas não vou me afastar das nossas lutas. Até porque elas são o motivo de construirmos a candidatura. Especialmente nestes anos do governo Rollemberg, ficou claro que precisamos de um representante nosso, do centro de decisões do movimento médico lá na Câmara Legislativa ou ficaremos dependendo de favores. Temos tido apoio de vários distritais, mas não é um apoio garantido, é sempre garimpado, trabalhado. Tendo um de nós lá, a coisa muda de figura. Revista Médico – Aliás, quais são, hoje, as principais bandeiras do pré-candidato a distrital, Dr. Gutemberg?
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Dr. Gutemberg – O resgate da Saúde Pública é minha principal bandeira, com aumento de oferta de serviços e da qualidade do atendimento. Além disso, defendo ainda a correção das políticas públicas equivocadas; o serviço público, a valorização do servidor público e fiscalização e controle das contas públicas.
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Revista Médico – Houve alguma consonância, no último ano, entre as políticas da SES-DF e o SindMédico-DF?
As mudanças, tanto no cenário local quanto no nacional, dependem de mobilização e engajamento. É um ano eminentemente político e cada um de nós tem que ter plena noção de que é necessário protagonismo para que essas mudanças venham.
Dr. Gutemberg – A única concordância nesse tempo todo foi só em relação à manutenção dos plantões de 18 horas, sem os quais, o sistema público de Saúde entraria em colapso. Ainda assim, só depois de denunciarmos esse fato e de muito insistirmos no assunto é que o governo se manifestou, com atraso, quase perdendo o prazo de recurso no Tribunal de Contas do DF. Revista Médico – Também neste ano, o atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, soltou mais uma de suas pérolas e afirmou que “o médico tem que parar de fingir que trabalha”. O que o Sr. tem a dizer sobre isso? Dr. Gutemberg – Ricardo Barros tem compromissos com qualquer um, menos com os médicos e demais profissionais da saúde. Ele é engenheiro, não conhece o funcionamento da saúde pública. Na falta de fatos positivos, ocupa espaços na mídia com frases infelizes. Afinal, não quer ser esquecido pelos eleitores – é a tática do “falem mal, mas falem de mim”.
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Revista Médico – Diante de todo este cenário do qual acabamos de falar, o que esperar de 2018? Dr. Gutemberg – É mais um ano de lutas. Temos que ficar alertas, pois o atual governador vai fazer de tudo para tentar a reeleição, o que seria um desastre para o Distrito Federal. As mudanças, tanto no cenário local quanto no nacional, dependem de mobilização e engajamento. É um ano eminentemente político e cada um de nós tem que ter plena noção de que é necessário protagonismo para que essas mudanças venham. Não é o candidato A ou o candidato B que está em campanha, é o país inteiro. Temos que estar atentos e conscientes para fazer escolhas. Está em nossas mãos.
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Sindicais
Na CLDF, médicos e servidores
mostram a VERDADE
da Atenção Primária no DF De um lado, os servidores: aqueles com a verdade do cotidiano, da estratégia que não deu certo, do fronte das Unidades de Saúde. De outro, o exército de Humberto Fonseca, repetindo os conceitos, a teoria, as pesquisas e a eficiência da Estratégia Saúde da Família. Assim foi a Comissão Geral promovida pela Câmara Legislativa do DF (CLDF), no dia 7 de dezembro do ano passado, para discutir a nova política de Atenção Primária à Saúde (APS) do DF. Promovida pela deputada Celina Leão, que acompanhou, no SindMédico-DF, duas reuniões com médicos que atuam na APS, a Comissão contou ainda com a participação de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem e em laboratório, agentes comunitários
de saúde e de conselhos regionais de Saúde. Estes últimos se queixaram por não serem ouvidos pela Secretaria de Saúde nem pelos superintendentes regionais. Já os representantes do governo, claro, tentaram diminuir o peso das denúncias e defenderam que os questionamentos dos servidores em relação ao Converte decorrem por descontentamento financeiro e defenderam a redução de salários por meio de corte de gratificações. Falando em defesa dos médicos, o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, classificou a forma de fazer a expansão da Estratégia de Saúde da Família sem o aumento de profissionais como uma “farsa eleitoral”. Ele questionou os números divulga-
O triste legado de Rollemberg A diretora de Imprensa do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Adriana Graziano, comentou, em entrevista à TV SindMédico ao lado do professor Samuel Fernando, do Sindicato dos Professores, o caso do estudante de oito anos que desmaiou de fome em uma escola pública do DF. Para ela, a situação retrata bem o principal legado que o governo de Rodrigo Rollemberg deixa à população do DF: o da fome e da exclusão social.
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Veja, abaixo, a entrevista completa com o leitor de QR CODE do seu celular.
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dos pelo governo referentes ao suposto aumento da cobertura: “Estive no Recanto das Emas e vimos que fizeram uma projeção de cobertura estimando a população de 2010. Hoje a população é três vezes maior. Os dados são uma picaretagem, quando o que temos é desassistência”. A coordenadora de Atenção Primária à Saúde, Alexandra Moura, afirmou que está aberta ao diálogo. Ao mesmo tempo, no entanto, deixou claro que não há espaço para questionamentos ou sugestões dos servidores. Também estiveram no evento o presidente da CLDF, deputado Joe Valle; os distritais Raimundo Ribeiro, Wasny de Roure, Reginaldo Veras e Rodrigo Delmasso; e o deputado federal Rôney Nemer.
Por meio do Programa Converte, médicos especialistas que atuavam em centros de saúde foram convocados a atender pacientes como médicos generalistas. Diante do cenário, a falta de treinamento adequado dos profissionais para atender pacientes de especialidades diversas, com efetividade, é, hoje, a principal reclamação.
Aconteceu
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Rede D’or também homenageia os médicos SindMédico-DF @sindmedico
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Posse da nova diretoria da AMBr
O presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg e o vice, Carlos Fernando, prestigiaram a posse da nova diretoria da Associação Médica de Brasília (AMBr), que ocorreu em 15 de dezembro do ano passado. A diretoria do SindMédico-DF deseja sucesso ao cirurgião plástico Ognev Cosac, que substitui o urologista Luciano Carvalho à frente da entidade. O desafio, agora, é aprofundar a união das entidades médicas e avançar no caminho da politização. 20:00 - 15 dez 2017
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Mais comemorações aos médicos! O presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, o vice, Carlos Fernando, e a diretora de imprensa e divulgação, Adriana Graziano, compareceram à Festa dos Médicos da Rede D’or, no Unique Palace, no dia 09 de dezembro do ano passado, em homenagem ao Dia do Médico – 18 de outubro. 10:10 - 18 out 2017
Jornadas de residentes e palestras SindMédico-DF @sindmedico
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“Medicina Defensiva” foi o tema da palestra ministrada pelo presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, no dia 01 de dezembro do ano passado, na Jornada dos Residentes do Hmib. O vice-presidente, Carlos Fernando, também participou do evento. Antes... No dia 25 de novembro do ano passado, o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, fez uma exposição aos participantes da VIII Jornada de Residência Médica da Região de Saúde Leste, no Hospital Regional do Paranoá, sobre a atuação do Sindicato e demais entidades médicas. 12:10 - 01 dez 2017
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40 ANOS Mesmo com sucessivos governos tentando retirar direitos dos servidores públicos do DF, incluindo médicos, o Sindicato seguiu firme, protagonizando importantes lutas
No dia 08 de novembro, o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) completará 40 anos de lutas. Fundado em 1978, vem, desde então, defendendo os médicos, a Medicina, e o Sistema Público de Saúde (SUS). Uma batalha incansável e sem pausas, que, a partir de 1999 ganhou força e rendeu inúmeras conquistas à classe. Entre elas, a criação da carreira médica exclusiva, em 2002, a incorporação da Gratificação de Atividade Médica (GAM) aos salários, entre 2009 e 2011, e a reformulação do Plano de Carreira, Cargos e Salários, em 2013. Contudo, como toda história de batalhas e conquistas tem seus altos e baixos, nos últimos anos, as lutas ficaram mais intensas e o protagonismo do SindMédico-DF frente à defesa dos servidores públicos do DF tomou proporções ainda maio-
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res. Hoje, o Sindicato é, reconhecidamente, o principal defensor do serviço público do DF frente ao governo de Rodrigo Rollemberg, que vem, ano a ano, tentando retirar direitos e conquistas das 32 categorias do funcionalismo, incluindo saques bilionários à previdência sem garantias viáveis de reposição. “É nas batalhas que nos tornarmos mais fortes. E assim aconteceu com o SindMédico-DF. Não tem sido fácil, especialmente nos últimos três anos. Mas, tenho certeza de que nossos ganhos foram e são maiores do que nossas perdas. É por isso que seguimos, durante todos esses anos, firmes no propósito de defender os médicos, a Medicina e o SUS-DF. E assim será nos próximos anos”, salienta o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, que está à frente da entidade desde 2009.
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História do SindMédico-DF
em defesa dos médicos
1980 a 1993 O movimento sindical ganha força Brasil afora.
19 9 4 A luta pela reconquista do poder aquisitivo perdido nos anos da hiperinflação ganha força no SindMédico-DF.
1998 a 2001
Gestão de Arnaldo Bernardino, que também foi secretário de Saúde do DF entre 2003 e 2005. Na administração, Gutemberg Fialho compôs a Secretaria Jurídica do sindicato e, desde ent trava intensa luta para garantir os di dos médicos e a qualidade da Medici
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1978 Fundação do SindMédico-DF
1982 a 1995 Período de polarização política do SindMédico-DF, até então ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
1995 a 1998 Gestão de Glayne Chaves de Souza e fim do comando do sindicato pela militância do Partido dos Trabalhadores (PT). Na época, um acordo definiu a independência do sindicato em relação a siglas políticas. Posteriormente, tal decisão motivou a desfiliação da CUT.
tão, direitos ina no DF.
Movimento S i n d i c a l Unificado Assim que assumiu a gestão do Buriti, Rodrigo Rollemberg deixou claras suas intenções de promover o desmonte do serviço público da Capital. Um de seus primeiros anúncios, inclusive, trazia a notícia do não pagamento do reajuste salarial prometido aos servidores do DF. A desculpa, à época (e até hoje), era de falta de recursos. No entanto, ao mesmo tempo em que negava um direito conquistado pelas 32 categorias e não investia em áreas básicas, como Saúde, Educação e Segurança, os gastos com propaganda e publicidade, por exemplo, só aumentavam. Apenas nos últimos três meses de 2015, foram pagos R$ 5,2 milhões às TVs locais. Diante do cenário de caos e total desrespeito do governo em relação aos servidores públicos do DF, o SindMédico-DF reuniu os sindicatos todos e coordenou o “Movimento Unificado em Defesa do Serviço Público” e conseguiu, em 2015, por meio de articulação política na Câmara Legislativa e atuação na Justiça, manter as leis de 2013, que reformularam as 32 carreiras públicas do DF. “O GDF tinha uma dívida com os servidores do DF e, ao mesmo tempo, com a própria população, que é quem mais sofre quando os serviços públicos são sucateados. Então, frente a tudo aquilo que enfrentávamos – e o que veio mais adiante - manter a reformulação
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das 32 carreiras foi uma das nossas grandes conquistas”, afirma o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg. Alguns meses depois, os servidores da Saúde foram surpreendidos com a notícia de que Rollemberg pretendia entregar a gestão dos hospitais públicos do DF a Organizações Sociais: outra tentativa de desmonte do SUS-DF, que representaria perdas tanto para os servidores quanto para a população, barrada pelo SindMédico-DF. Exemplo disso é a atual transformação do Hospital de Base em “Instituto”, Lei que mal saiu do papel e já mostra sua real face: sem concursos, sem licitações e sem, efetivamente, um regulamento claro. A proposta, aliás, também está sendo questionada, na Justiça, pelo sindicato. “É um “modelo”, como o governo diz, que não nos serve. A todos: população e servidores. Primeiro, compararam ao Sarah. Impossível funcionar como a rede Sarah. Segundo, querem nos fazer acreditar que o tal ”modelo” cria uma blindagem contra a corrupção. Como, se o projeto cria um conselho cuja composição será indicada pelo governo?”, questiona o presidente do SindMédico-DF. “Para nós, está muito claro que a criação do Instituto tem fins eleitoreiros e, enquanto for possível, brigaremos para que ele não se torne uma realidade”, diz Dr. Gutemberg.
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Lutas e conquistas Fim do pró-labore Médicos com contratos de 36 horas ganham 11 referências à frente dos que tinham contrato de 24 horas
Tentativa de recuperação econômica do país
Valor mínimo para o salário do médico fica estabelecido em R$ 2,2 mil
A GAM equivalia a 180% do vencimento básico
Incorporação da GAM aos vencimentos e ganhos salariais
1978 a 80
1994
1958 a 60
Atração de médicos para o DF, com ofertas de salários e pró-labore por procedimentos realizados, com limite de 12 salários mínimos
1980 a 93 2000
2002 2004 2005
2008
2009 2011
Novo PCCS
2013
Período de crise inflacionária e perdas salariais
Criação da carreira médica exclusiva, com cargas horárias de trabalho de 20 e 40 horas semanais
Criação da Gratificação de Atividade Médica (GAM)
Depois de 15 meses de lutas, obteve-se reajuste escalonado entre 7,75% e 12% e elevação da GAM para 230% do vencimento básico
Incorporação da última parcela da GAM
O palco das
batalhas As recentes alterações impostas na Atenção Primária pelo governador Rollemberg e o atual secretário de Saúde, Humberto Fonseca, também deram razões de sobra para mais uma batalha entre servidores da Saúde e GDF. E foi graças ao protagonismo do SindMédico-DF que os graves problemas causados após as mudanças chegaram ao conhecimento dos 24 deputados distritais e de outros órgãos de fiscalização. A presença do presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg, e do vice, Carlos Fernando, na CLDF para debates sobre os problemas na Atenção Primária expuseram as diversas denúncias recebidas pelo sindicato e resultaram, em dezembro do ano passado, em uma Comissão Geral, com apoio de diversos parlamentares, o que colocou em xeque a nova política da área. “O caminho é político. Ao longo desses anos, todas as nossas batalhas e as nossas principais conquistas tiveram como palco os plenários das Câmaras Legislativa e Federal e no Judiciário. É nesses ambientes que conseguimos garantir nossos direitos e barrar as incessantes tentativas de desmonte do serviço público. Precisamos, sim, de representantes nesses ambientes. Pessoas realmente preocupadas e que conhecem o cotidiano dos médicos, de seus pacientes e conhecem de perto a realidade do SUS”, destaca Dr. Gutemberg.
Destaque
Nasce o instituto de ciência política dos médicos O Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) foi articulador de primeira hora da Frente Parlamentar da Medicina (FPMed), lançada oficialmente na sessão solene do Dia do Médico, na Câmara dos Deputados, e tornou-se signatário fundador do Instituto Brasil de Medicina (IBDM), lançado no dia 12 de dezembro, em reunião realizada na Associação Médica de Brasília (AMBr), que, segundo o presidente da entidade, Ognev Cosac, deverá sediar a instituição. Embora haja quase 50 médicos ocupando cargos no Congresso Nacional, não foram eleitos pela categoria e as lealdades desses parlamentares oscilam entre ideologias e grupos de interesses diversos, nem sempre em acordo com o que a classe médica julgaria ser melhor para a saúde pública brasileira, para a medicina e para os próprios médicos. Segundo o presidente da Frente, o deputado Luiz Henrique Mandetta, a iniciativa é fundamental porque a Medicina não tem organização política dentro do Congresso Nacional. “É preciso que os médicos apresentem quais são as propostas para a Medicina ou vamos continuar reagindo às agressões”, alegou o parlamentar. “A sociedade precisa de Medicina praticada com responsabilidade, ela precisa que as faculdades formem bons médicos, que nós tenhamos
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prova para certificar aqueles que se formaram no exterior e não conhecem a medicina brasileira”, listou algumas das prioridades da FPMed. A reunião, que foi uma assembleia de fundação, reuniu representantes de sociedades de especialidades, associações médicas, sindicatos médicos e parlamentares. Foi ressaltada, no encontro, a importância da criação e da atuação do instituto para fortalecer a atuação da FPMed no Congresso Nacional. “O IBDM é um instituto de ciências políticas, composto pelas entidades médicas, que auxiliará os trabalhos da FPMed com pareceres, relatórios e informações técnicas para colaborar na apresentação de projetos, leis e realização de audiências públicas de proveito para a medicina brasileira”, explica o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg. Além de representantes das entidades, também compareceram ao evento os deputados Onyx Lorenzoni (DEM/RS), Luciano Ducci (PSB/PR), Raquel Muniz (PSD/MG) e Saraiva Felipe (PMDB/MG). “Já existe um núcleo inicial para a FPMed e o IBDM começarem a funcionar, mas é indispensável que o médico, como indivíduo, se torne mais politizado e trabalhe pela eleição de representantes próprios em todas as instâncias”, alerta o vice-presidente do SindMédico-DF, Carlos Fernando.
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Regionais
MAPA DO
Piolhos de pombo de novo? Uma infestação de piolhos de pombo – o que não é novidade nos hospitais do DF – fez com que os pacientes da sala vermelha do Hospital Regional de Ceilândia tivessem de ser removidos para outra ala da unidade no dia 15 de janeiro. Segundo a SES-DF, os insetos teriam “invadido” o local pela abertura do ar-condicionado. Espertos eles, não?
Tem ambulância, mas não tem motorista O Samu recebeu 23 novas ambulâncias para atender os pacientes do DF. No entanto, o que era para ser positivo acabou virando piada. Isso porque não há motoristas para os veículos e, sim, técnicos de enfermagem que foram incumbidos da função indevidamente por meio da Portaria Nº 74. Como dirigir e atender um paciente ao mesmo tempo? Essa é a resposta que todos esperam.
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O CAOS
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HRT é retrato do desmonte do SUS-DF “De medicamentos a vagas em leito: falta de tudo um pouco no HRT”. A frase foi o título de uma extensa matéria publicada pela imprensa local em dezembro do ano passado. Na matéria, a situação de caos no HRT é relatada com detalhes: pacientes e acompanhantes dormindo no chão e, para variar, falta de medicamentos e reagentes para exames básicos. Falta até esparadrapo e termômetro no Hospital.
Sem profissionais, sem aparelhos, sem medicamentos e, agora, sem vaso sanitário Os tempos estão realmente difíceis, quase impossíveis. No fim de dezembro, a imprensa local recebeu a denúncia de que não há, sequer, vaso sanitário nos banheiros do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A consequência disso, apontaram os denunciantes, é que os pacientes estavam fazendo suas necessidades no chão. A SES-DF negou que o problema exista.
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Regionais
Febre amarela:
SES-DF novamente age com irresponsabilidade
O Distrito Federal tem 12 casos suspeitos de febre amarela sob análise. Em um deles, um vigilante de 58 anos chegou a ir a óbito. Ainda assim, a Secretaria de Saúde do DF nega a necessidade de alarde entre a população e assegura: o risco de infecção no DF é baixo. No entanto, vale lembrar, o combate ao mosquito Aedes Aegypti no DF é uma falácia: não existem planejamento e nem estratégia, de fato, para acabar com a ameaça. Apenas nas duas primeiras semanas deste ano, por exemplo, o DF registrou 46 suspeitas de dengue. Sem combater o mosquito Aedes Aegypti, como bem sabem o governador Rodrigo Rollemberg e o secretário de saúde, Humberto Fonseca, não há como afirmar que não há risco de infecção de febre amarela no DF. Ou seja, mais uma vez, o governo age com irresponsabilidade e omissão. Em 2016, 86 casos de febre amarela foram investigados e três pessoas morreram, ao longo dos doze meses, em decorrência da doença. À TV SindMédico, no dia 12 de dezembro do ano passado, o infectologista Julival Fagundes Ribeiro e o presidente do Sindicato dos Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde e Agentes Comunitários de Saúde (Sindvacs), Aldemir Domício Silva, falaram sobre o combate à febre amarela (passe o leitor de QR CODE na imagem abaixo para conferir a entrevista completa). Na conversa, destacaram: “é importante ficar alerta”. Sobretudo, em relação à população que vive em áreas de risco e “tem que combater o mosquito Aedes Aegypti”.
Hoje, o fumacê é o principal método de “combate” ao mosquito utilizado pela SES-DF. No entanto, ele é comprovadamente ineficaz. Dos cinco inseticidas autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para combater o Aedes aegypti, quatro já não dão resultado: o inseto se tornou resistente aos produtos. Segundo pesquisadores da Fundação Fiocruz, o Lambda-Cialotrina, aplicado pela Secretaria de Saúde na cidade, não mata o inseto.
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Veja, abaixo, a entrevista com o leitor de QR CODE do seu celular.
Revista interativa Fotografe com seu aplicativo QR CODE!
Política
Verba publicitária e liberdade de expressão
Formação em Saúde a distância Choveram críticas sobre o presidente da Comissão de Educação (CE) da Câmara dos Deputados, o deputado Caio Narcio (PSDB-MG). No dia 13 de dezembro, ele protagonizou uma cena bizarra ao aprovar o projeto de lei que autoriza cursos a distância na área da saúde em menos de um minuto e com o plenário completamente vazio. E ainda manteve o ritual de tramitação de projetos e discursou para si próprio: “em discussão. Não havendo quem queira discutir, aqueles que o aprovam permaneçam como estão. Aprovado”, decretou.
A Associação dos Blogueiros de Política do Distrito Federal e Entorno (ABBP), reuniu cerca de 200 pessoas no jantar de confraternização que assinalou o encerramento das atividades de 2017, deixando recado para o GDF: o do descontentamento com a concentração das verbas de publicidade nos veículos tradicionais – em especial os que escancaram apoio ao atual governante. “O direito à liberdade de expressão deve ser exercitado livremente para que a sociedade possa ter diferentes olhares da cena política que se aproxima”, disse o presidente da ABBP, Sandro Gianelli. Dr. Gutemberg e Carlos Fernando prestigiaram o evento.
Serviço criado... SO FALTA FUNCIONAR O Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) tem que assumir 40% da demanda que vinha sendo atendida pelo Instituto Médico Legal, que continua sendo responsável pelo recolhimento de corpos. Apesar da expansão anunciada pelo
secretário de Saúde, nada foi feito para dar estrutura de funcionamento ao serviço. De contratações, a treinamento aos servidores: falta de tudo um pouco. “Quem paga o pato dessa inépcia da gestão, são os profissionais que estão na ponta
e os usuários dos serviços públicos”, destaca Dr. Gutemberg. “A prestação de serviços à população não pode se basear apenas em ‘boa vontade’, tem que ser estruturada e eficiente”, conclui o presidente do SindMédico-DF.
Direto ao ponto
“
“
Esse governador é um fanfarrão Médico
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Leitor do portal Metrópoles, comentando entrevista na qual o governador Rodrigo Rollemberg se disse “quase obrigado” a tentar a reeleição.
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Política
Discussão sobre
judicialização da saúde Nenhuma entidade médica teve palavra na audiência pública sobre prestação da jurisdição em processos relativos à saúde, realizado pelo Fórum Nacional do Poder Judiciário para a Saúde na sede do Conselho Nacional de Justiça, no dia 11 de dezembro. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ministra Cármen Lúcia abriu a sessão estabelecendo a necessidade de ampla participação dos atores envolvidos na questão da judicialização. “De um lado, está o princípio da dignidade da pessoa humana, que é o núcleo do direito contemporâneo e dos cuidados do Estado e, de outro, a ques-
tão de recursos econômico-financeiros”, afirmou a magistrada. Ela também destacou as ações desenvolvidas pelo Conselho para auxiliar os juízes na tomada de decisões relativas à saúde. Entre as iniciativas, Cármen Lúcia destacou a implantação dos Núcleos de Apoio Técnico do Poder Judiciário (e-NatJus) nos tribunais e o acordo de cooperação com o Hospital Sírio Libanês para a criação de um banco de pareceres,
notas e informações técnicas, que oferecerá base científica para as decisões dos juízes quando precisarem julgar demandas de saúde.
A política do
salve-se quem puder A nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) foi aprovada no dia 31 de agosto sob intensas críticas. Com o novo texto, o governo federal deixa de induzir a adoção de políticas públicas e dá maior flexibilidade no uso dos recursos federais repassados aos municípios. Com a flexibilização da estrutura das equipes de atenção primária à saúde, não há parâmetro de cobertura, de composição, a definição de carga horária é por categoria profissional e não por trabalhador e a figura do agente comunitário de saúde é descartada. “Vamos passar a financiar o real”, disse o ministro Ricardo Barros. O critério para a mudança, criticam especialistas, é financeiro e não técnico, influenciado pelo congelamento dos investimentos públicos, como definido pela Emenda
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Constitucional 95. Pesquisadores e entidades apontam que a flexibilização da Estratégia Saúde da Família pode transformar o Sistema Único de Saúde em uma estrutura mais frágil. Para alguns, o resultado final da nova PNAB é favorecer a abertura de mercado para os planos de saúde e clínicas populares.
EM BAIXA: Se não fizer nenhuma outra grande besteira até abril, só naquele mês o ministro Ricardo Barros deixará o cargo para concorrer às eleições em seu estado de origem, o Paraná.
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IHBDF: ataque aos salários e às relações trabalhistas Não era segredo algum que parte do objetivo do governo Rollemberg com a criação do Instituto Hospital de Base era a redução de salários dos servidores. As diversas formas de terceirização do serviço público historicamente têm repetido a fórmula de precarização de salários e das relações contratuais de trabalho. Antes mesmo do anúncio dessas contratações o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal já havia encaminhado a questão ao Ministério Público do Trabalho, que analisa a questão.
Política
Tem coisa que só acontece na política O mais cotado opositor do governador Rodrigo Rollemberg, o deputado distrital Agaciel Maia é o líder do governo e, na sessão em que foi rejeitada a emenda do governo que redirecionava recursos do Iprev, fez gestos obscenos para uma plateia de servidores públicos. “Vamos tentar zerar os passivos de 2016”, disse, referindo-se às pecúnias pelas licenças-prêmios devidas aos aposentados. Mas tem passivos de gente ligada ao atual governo que nunca serão esquecidos.
Nos bastidores
da saúde
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ramitam no Congresso Nacional leis que mudam o funcionamento dos planos de saúde, leis que tentam estabelecer o piso salarial do médico em todo o território nacional, uma que torna crime inafiançável a utilização e pesquisa com células-tronco obtidas de embrião humano e os empresários do setor fazem um lobby tremendo, deixando a situação dos médicos apertada na medicina suplementar. Tanto nomeações para as agências reguladoras quanto a própria regulamentação do segmento são definidas por esse lobby. Nas assembleias legislativas estaduais e Câmara Legislativa do Distrito Federal, tramita outra infinidade de projetos que mexem com o dia a dia de médicos e com o funcionamento do sistema público de saúde. Emendas são feitas para suprir o caixa da Secretaria de Saúde ou são suprimidas. No nível municipal a situação se repete: as decisões estão sendo tomadas nas casas legislativas sem que nós, médicos, tomemos parte nelas, porque temos pouca ou nenhuma representação política.
Carlos Fernando, vice-presidente do SindMédico-DF
Apesar de haver 47 médicos no Congresso Nacional, não são eleitos pelo voto da categoria. A criação da Frente Parla-
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mentar da Medicina (FPMed) e do Instituto Brasil de Medicina, que vai dar suporte ao funcionamento dessa frente, são iniciativas indispensáveis e demandam articulação das entidades médicas. Ela será o elo das entidades com o Legislativo, atuando de forma suprapartidária. É fundamental e indispensável a mobilização das sociedades e associações de especialidades. Mas as demandas locais também necessitam atenção. No Distrito Federal, desde 2015, travamos diversas batalhas para evitar a privatização e a terceirização dos serviços públicos de saúde, perdas salariais e utilização indevida de recursos da previdência social dos servidores. Sem representação própria, os esforços de articulação política nem sempre foram bem-sucedidos. O GDF, usando favores, conchavos e o peso da máquina administrativa nos atropelou em determinados momentos. Tivemos aliados, mas não uma voz própria para fazer frente às investidas do Executivo, que tem imposto políticas deletérias aos médicos, à saúde pública e ao conjunto do serviço e servidores públicos do DF. Não temos a opção de virar as costas para as discussões políticas. Seja no espectro da direita ou da esquerda, precisamos de médicos pensando e agindo politicamente – no dia a dia do consultório, nas academias, nas entidades, nos partidos políticos, nas assembleias legislativas e no Executivo. Por abrir mão da participação política, a medicina e o sistema público de saúde brasileiros têm sido submetidos ao caos e aos desmandos. Precisamos de representantes no Legislativo que defendam a prática de uma medicina de qualidade, com condições dignas, e que defendam o médico.
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Crônica
O HOMEM PIRILAMPO E A ESTUPIDEZ HUMANA Por Dr. Evaldo Alves de Oliveira – Pediatra
Antoine é um jovem de 25 anos que não gosta de ser manipulado, como ser obrigado a estudar nada que lhe interesse. Então, passou a fazer traduções do aramaico. Ele pensa demais e acredita que essa é a razão de seus problemas, porque a inteligência torna a pessoa infeliz, solitária, pobre, enquanto o disfarce de inteligente oferece a imortalidade efêmera do jornal e a admiração dos que acreditam no que lêem. Por isso, resolveu tornar-se estúpido. Antoine tinha um amigo proveniente de uma família pobre que havia feito testes de alimento para a fábrica Nenê, quando do lançamento de uma nova variedade de potinhos para bebês com um complemento de vitaminas e fósforo que, em doses infinitesimais, é bom para a saúde. Um erro acontecera na fábrica, devido à troca de uma simples unidade de medida, quando um engenheiro confundiu microgramas com quilogramas. Em decorrência, as pessoas tiveram cânceres e outras doenças graves. O amigo Aslee teve sorte de não ter senão problemas mentais que
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retardaram o seu desenvolvimento cerebral. Devido à alta dosagem de fósforo ingerido, Aslee brilhava à noite. Quando perambulavam pelas ruas à noite, Aslee parecia um imenso pirilampo que iluminava o caminho pelas ruelas escuras. Certo dia, Antoine comunica a seus amigos que investiria no viés da idiotice como forma de sobrevivência, convencido de que somente com a estupidez conseguiria ser levado a sério pelas pessoas. Decide, então, experimentar fazer o jogo da estupidez, e inicia sua tentativa de se tornar alcoólatra. Acredita que o álcool o ajudaria a esquecer coisas, mas tudo que Antoine consegue é chegar ao coma alcoólico com alguns copos de cerveja. Aqui, a desistência do plano A. Imagina que o suicídio seria o mais indicado nessa tentativa de se tornar estúpido. Recuperando-se do coma no hospital, recebe a indicação de uma moça sobre um local para fazer um curso de suicídio, com as técnicas para um evento bem elaborado e de sucesso. Porém não consegue.
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Concluindo pela incapacidade para dar cabo de si, Antoine decide então fazer uma lobotomia, e marca uma consulta com o pediatra de sua infância que, ao invés disso, receita-lhe uma pílula vermelha – Felizac–antidepressivo que, com certeza, irá transformá-lo em alguém feliz e sem pensamentos tórridos. Era sua terceira tentativa de se tornar estúpido. Finalmente, utilizando o antídoto contra a inteligência, Antoine arranja emprego em uma corretora de ações e logo fica milionário. Para se adaptar a essa nova condição, começa a comprar e comprar, enquanto sua consciência dorme. Mas ele é retirado desse estado, pois seu cérebro ainda dá sinais de estar atuante. E temos um final no limite do surrealismo banal. Devaneio literário feito por Martin Page no livro Como Me Tornei Estúpido, lançado no Brasil pela Editora Rocco.
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