Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
a nossa v0z passa pelo voto
EDITORIAL
Aprendendo a não chorar pelo leite derramado
É
muito comum vermos comportamentos bem distintos
Outro aspecto fundamental que a democracia nos ensina,
emitidos pelas pessoas – principalmente daquelas que
é que vivemos em um sistema representativo. Ou seja, elegemos
estão posicionadas nos mais elevados substratos da pi-
outras pessoas da sociedade, para que nos represente dentro do
râmide social – quando o assunto é política. Costumam
cenário político, onde as demandas locais, estaduais e nacionais
reclamar dos governantes, que não trabalham para o povo, e
são debatidas e promovidas. Este processo fica muito mais evi-
denigrem o povo por eleger tais governantes. Porém, quando
dente, quando olhamos para qualquer um dos parlamentos. Seja
chega o período eleitoral, simplesmente se afastam ou se isolam
o Congresso Nacional, uma câmara de vereadores ou mesmo
de tão importante processo, dizendo que não gostam de política
uma assembleia legislativa. Os parlamentares escolhidos foram
ou que não tratam deste assunto.
alçados a esta condição, por forças da sociedade organizada,
Pois bem, é importante lembrar que, em primeiro lugar, vivemos em uma democracia, onde o voto dos seus cidadãos
que se empenharam em eleger tais mandatários, para a defesa e promoção de iniciativas que atendam tal substrato da população.
possui o mesmo peso na hora de escolher os futuros mandatários
Ter uma porta aberta em um gabinete é poder ter direito
para os cargos eletivos nos executivos ou nos parlamentos. Neste
de voz nas discussões políticas da nação e impactá-la a seu favor.
mesmo diapasão, aprendemos, portanto, que não existe um ser
Quem aprende isso mais cedo, tira melhor proveito de iniciativas que
exógeno onde não nos encontramos, em que está um “povo”
alcancem este grupo social, que trabalhou para eleger determinado
que costuma prover escolhas equivocadas, elegendo políticos
deputado ou senador. Sob esta ótica, há um agravante ao pecado
de baixo perfil de estadista.
daqueles que simplesmente decidiram se omitir do processo eleitoral,
Assim, devemos aprender que o resultado das urnas é fruto do mesmo processo onde se inserem todas as pessoas,
pois essas lamúrias não causam nenhum efeito prático para que as adversidades sejam, de fato, alteradas. Afinal, o choro é livre.
sem exceções. Mesmo que o argumento posto, seja o da extre-
Isso é tão importante que determinados grupos já se pre-
ma justificativa de não ter votado ou colaborado para eleger
ocupam há bastante tempo e trabalham intensamente para eleger
tais governantes. Pois afinal, a abstenção, o não compareci-
seus representantes. É por isso que nos parlamentos vamos ver
mento, ou o voto nulo, também são formas de manifestação
sempre mandatários ligados aos mais diversos setores da socieda-
do voto, legitimamente aceitas para o cálculo dos percentuais
de, como da segurança pública, professores, industriais, ruralistas,
que vão eleger um ou outro.
evangélicos, entre tantos outros.
Enfim, se a classe política que aí está é credora das mais
É por isso que é muito louvável a iniciativa que a Federação
ácidas críticas pelo seu desempenho em gerenciar mal seus man-
Nacional dos Médicos (Fenam) está fazendo de Norte a Sul do país,
datos, em favor da população, deve-se esta mesma reclamação
para tentar, nesta eleição de outubro, eleger parlamentares com-
ser estendida a todos os cidadãos que tiveram a oportunidade de
prometidos com a Medicina e suas causas. Porém, este trabalho
expressar seu desejo por meio do voto. Assim, se a escolha não
só vai surtir efeito prático, se todos nós unidos e engajados, cui-
é a que se desejava, padecem do mesmo pecado, tanto os que
darmos de eleger aqueles que melhor podem representar nossos
escolheram mal, quanto os que se omitiram.
interesses e defender nossas bandeiras.
Edição nº 103
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Revista
Sumário Presidente
Dr. Marcos Gutemberg Fialho da Costa
Vice Presidente
Dr. Carlos Fernando da Silva
Secretário Geral
Dr. Emmanuel Cícero Dias Cardoso
2º Secretário
Dr. Ronaldo Mafia Cuenca
Tesoureiro
Dr. Gil Fábio de Oliveira Freitas
2º Tesoureiro
Dr. Luís Sales Santos
Diretor Jurídico
Dr. Antônio José Francisco P. dos Santos
Diretor de Inativos Dr. Francisco José Rossi
Diretor de Ação Social Dr. Eloadir David Galvão
Diretor de Relações Intersindicais Dr. Augusto de Marco Martins
Diretor de Assuntos Acadêmicos Dr. Jair Evangelista da Rocha
Diretora de Imprensa e Divulgação
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16
Entrevista
Edno Magalhães, presidente da Academia de Medicina de Brasília
capa
Frente a frente com a urna: o que os médicos farão com seus votos?
Drª. Adriana Domingues Graziano
Diretora Cultural
Drª. Lilian Suzany Pereira Lauton
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Diretor de Medicina Privada
TV SindMédico e aposentadoria são objeto de comentários e perguntas
Dr. Francisco Diogo Rios Mendes
Diretores Adjuntos
Dr. Antônio Evanildo Alves Dr. Antônio Geraldo da Silva Dr. Baelon Pereira Alves Dr. Bruno Vilalva Mestrinho Dr. Cezar de Alencar Novais Neves Dr. Filipe Lacerda de Vasconcelos Dr. Flávio Hayato Ejima Dr. Gustavo Carvalho Diniz Dr. Paulo Roberto Maranhas Meyer Dr. Ricardo Barbosa Alves Dr. Tiago Sousa Neiva
Conselho Fiscal
Dr. Cantidio Lima Vieira Dr. Francisco da Silva Leal Júnior Drª. Josenice de Araujo Silva Gomes Dr. Jomar Amorim Fernandes Dr. Regis Sales de Azevedo
Conselho Editorial Drª. Adriana Graziano Dr. Gil Fábio Freitas Dr. Gutemberg Fialho
Cartas
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ju rídico Teto salarial e contagem de tempo de trabalho insalubre
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Si n dicais Pediatria em crise no Gama e em Santa Maria
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regionais
Alexandre Bandeira - RP: DF 01679 JP
Produção de conteúdos Diagramação e Capa Strattegia/DSG
Projeto Gráfico e Editoração Strattegia/DSG
Começam a vir à tona as irregularidades do Mais Médicos
aconteceu 14 Homenagens, eventos e comemorações
Su plem entar 20 Congresso aprova regras para contratualização
Centros de saúde, UPAs e clínicas também sofrem pela falta de pessoal
Editor Executivo
Azimute Comunicação
política 10
26
Vida M édica
especial 24 Jogada para favorecer operadoras de planos de saúde
Dá de tudo no cerrado, inclusive café e vinho
Gráfica
Mais Soluções Gráficas - (61) 3435-8900
Anúncios
+55 (61) 3447-9000
Tiragem
12.000 Exemplares
SindMédico-DF
Centro Clínico Metrópolis SGAS 607, Cobertura 01, CEP: 70200 - 670 Tel.: (61) 3244-1998 Fax.: (61) 3244-7772 sindmedico@sindmedico.com.br www.sindmedico.com.br Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores.
6 Opi n ião
21 Estratégia
28 Vi n hos
30 Literárias
Fale conosco
Linha DIRETA COM O SINDMÉDICO-DF A Revista Médico é um canal de comunicação oficial do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal e se propõe a apresentar conteúdo informativo à classe médica brasiliense sobre as atividades do sindicato e temas de interesse da categoria. Este espaço é aberto ao médico sindicalizado para expressar suas opiniões e trazer os questionamentos que sejam de interesse geral do sindicato.
Gente que lê a Revista Médico A Revista Médico é uma publicação de primeira qualidade, que apresenta temas oportunos. Ela cumpre muito dignamente o papel de levar aos sindicalizados as ações e a missão do sindicato. Geraldo Pereira Presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam)
FALA, DOUTOR! ATIVIDADE sindical
TV SindMédico Parabéns, Gutemberg, por essa ini-
Parabéns ao SindMédico pelo traba-
Esse sindicato é ativo e trabalha
ciativa que promove a informação aos mé-
lho de esclarecimento e por aumentar a sua
realmente pela Saúde! Parabéns, amigo
dicos de Brasília, sindicalizados ou não.
proximidade com os sindicalizados.
Gutemberg Fialho.
Paulo Amaral, via YouTube
Lênin Pascoal, via YouTube
Ednildo Tenório, via Facebook
O Si n dMédico-DF respon de Contagem diferenciada de tempo de trabalho em condições insalubres É verdade que para podermos nos aposentar com os 25 anos
Para o médico que muda a carga de trabalho de 20 para 40
de serviço/contribuição teríamos que preencher essa regra nos dois
horas semanais, quanto tempo é necessário para manter a remu-
vínculos? Ou seja, só adianta brigar por isso se preenchermos os
neração de 40 horas na aposentadoria?
requisitos nos dois vínculos simultaneamente? Marco António Patrícia Mandali
Via linha direta da TV SindMédico
Via linha direta da TV SindMédico São necessários cinco anos para quem ingressou a partir A regra se aplica a cada vínculo separadamente. Não
de janeiro de 2004. Para quem entrou antes disso, são 19 meses.
existe nenhuma previsão ou exigência de simultaneidade. Respeitada a idade para aposentadoria compulsória (70 anos), não há nenhuma irregularidade em aposentar-se do emprego no qual já se cumpriu o tempo necessário e permanecer no segundo até preencher os requisitos para a segunda aposentadoria.
Mande sua mensagem para sindmedico@sindmedico.com.br, ou faça um comentário na fan page do sindicato no Facebook www.facebook.com/Sindmedico.
Edição nº 103
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Opi n ião
Dr. Emmanuel Cícero Dias Cardoso
Transparência
V
na saúde brasileira ive-se, hoje, no Brasil, sob um manto escuro e o medo paira sobre nossas cabeças. Aumentam notícias
falta é atitude do governo. Estão cavando um abismo para enterrar a medicina brasileira”, repete para quem quiser ouvir.
sobre toda sorte de violência, acidentes, catástrofes,
Agora nos preparamos para a Copa do Mundo de Futebol
corrupção, políticos presos, abuso de poder, contro-
pensando na conta a pagar depois dela. Ganhando ou perdendo, o
vérsias e mentiras. A quem está no poder, a transparência não
despertar do sonho de potência do esporte mundial parece sombrio:
interessa. Mas a exigência de clareza na vida pública ganhou rua
arenas multiuso bilionárias construídas em tempo recorde e sem uti-
nas manifestações de 2013.
lização que as justifique, inflação em ascensão, aumento dos preços
O país inteiro gritou “Saúde Padrão Fifa”. A resposta do go-
de remédios, combustíveis e alimentos, desordem viária, crescente
verno foi acelerar um programa que estava nos bastidores, deno-
insegurança, fome, miséria, ignorância, caos na educação e na saúde.
minado Mais Médicos para o Brasil. Houve repúdio instantâneo das
A título de transparência, cobra-se do médico uma relação
entidades médicas por se tratar de algo não transparente (e que per-
humana com os pacientes, conduta ética, aprimoramento técnico
manece obscuro). O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito
continuado, pontualidade e compromisso. Nada disso exorbita
Federal, Dr. Gutemberg Fialho, criticou: “Não podemos aceitar que
o bom exercício da medicina e o que difere disso é exceção. No
venha um médico sem ter a sua formação averiguada, sem fazer uma
âmbito pessoal, ser transparente no atendimento médico vai mais
prova de revalidação, como é feito em todos os países do mundo”.
além: é algo que não pode ser descrito ou medido, que trans-
“Isso é um véu que o governo está usando para cobrir toda a
cende a vida e a morte, que invade as profundezas do nosso
precariedade da saúde: anos sem investimento, hospitais sucateados,
ser. É admitir, em algum momento, os nossos limites e o nosso
pacientes morrendo nos corredores à espera de vagas de enferma-
desconhecimento. É saber ouvir nosso paciente com o coração,
ria ou de UTI”, destacou o presidente da Federação Nacional dos
sem contaminação, com compaixão e compreensão.
Médicos, Dr. Geraldo Ferreira. “Estamos angustiados com o que se
Essa imagem do médico tem sido borrada e eclipsada pela
prepara para a situação da saúde do país e o médico passou a ser
situação caótica em que tem sido lançado o sistema de saúde
responsável por todos os problemas dessa assistência”, avaliou o se-
brasileiro. Mais do que nunca, a demonização da figura do mé-
nador Paulo Davim (PV – RN), em encontro com a categoria médica
dico serviu para tirar o foco do descaso, da incompetência e da
realizado em Brasília, cujo tema foi Saúde: Nossa Voz no Legislativo.
corrupção do poder público na assistência à saúde da população.
Em agosto passado, a imprensa mostrou o médico Wendel
Nenhuma outra categoria da saúde seria um bode expiatório tão
Moreira, vindo de Águas Lindas, cidade goiana do entrono da
adequado. Sob o ponto de vista demográfico, os médicos não
capital, chorando dentro de uma ambulância, tentando reanimar
foram uma parcela tão significativa do eleitorado.
uma paciente, após passar por três hospitais à procura de aten-
Medidas como o programa Mais Médicos não foram adotadas
dimento. “Eu gostaria de chamar a atenção dos governantes, dos
para atender necessidades humanas e de cidadania, mas eleitorais. A
secretários (de saúde) e das autoridades para melhorar não só a
exposição distorcida da imagem do médico brasileiro permitiu que a
saúde pública do DF, mas também do entorno”, disse. Não faltou
administração pública se esquivasse da própria obrigação de ser trans-
médico. Faltaram infraestrutura e transparência na gestão pública.
parente no cumprimento de sua obrigação constitucional de proteger
Essa mesma reportagem noticiou que o governo federal
a saúde da população. Mas a cortina de fumaça vai se dissipar e o que
investiria milhões na conclusão do hospital de Águas Lindas, com
hoje se enxerga distorcido será visto em plenitude. Com essa visão,
contrapartida do estado de Goiás. O hospital beneficiaria não
iremos às urnas este ano e a palavra da moda – transparência – deverá
apenas a população daquele município, mas toda a região me-
ser o farol que iluminará a consciência dos nossos votos.
tropolitana do DF. Oito meses se passaram e nada se fez. Faltou dinheiro? O deputado federal Darcísio Perondi (PMDB – RS) tem uma explicação melhor. “Tem dinheiro para a saúde, sim. O que
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Revista Médico
Emmanuel Cícero Dias Cardoso é clínico Geral e médico intensivista secretário-geral do SindMédico-DF.
Edno Magalhães - presidente da Academia de Medicina de Brasília
Cidney Martins
Entrevista
Edno magalhães Não vai se calar Ocupante da cadeira 10 da Academia Brasiliense de Medicina (AMeB), o anestesiologista Edno Magalhães comandará a entidade até 2015. À frente da AMeB em um momento singular da história da medicina e dos médicos brasileiros, ele afirma que não pretende deixar de fazer críticas ao programa Mais Médicos para o Brasil e às políticas de saúde que não atendem aos interesses e necessidades da população. A vivência da docência na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) também lhe desperta preocupação especial com o ensino médico e com a queda na qualidade da instrução nas residências médicas. Nesta entrevista à Revista Médico, ele expõe seu pensamento sobre esses e outros assuntos.
Revista Médico – Como o senhor encara assumir a presidência da AMeB nesta gestão?
infelizmente em Brasília também, que não possuem um hospital à disposição de seus alunos, para que aprendam medicina junto
Edno Magalhães – Em outras épocas, épocas normais, seria
aos pacientes. Então, formam-se um monte de rapazes e moças a
muito leve conduzir. Uma de nossas principais funções é contribuir
cada ano – em Brasília, passamos de 80 para 400 – e não existem
com o poder público e com o terceiro setor em aconselhamento
vagas de residência médica para eles. O médico sem residência tem
e convencimento no que entendemos ser o melhor interesse da
formação incompleta. Começa, agora, o governo a exigir que os
sociedade no que diz respeito à área da saúde. No entanto, não
hospitais aumentem o número de vagas de residência ofertadas,
é tão simples estar à frente de um grupo de pessoas altamente
mas as vagas devem ser abertas em acordo com o número de pro-
qualificadas, profissionalmente bem-sucedidas e que podiam es-
cedimentos que cada unidade pode oferecer, se não os residentes
tar se retirando da confusão diária. São pessoas que sabem o que
não vão cumprir as exigências mínimas estabelecidas pelo próprio
querem e participam da Academia por isso. Mas ocorre que, na
Ministério da Educação. E ainda forçou a abertura de vagas em
minha visão, não vivemos uma situação normal. Infelizmente, o
localidades onde não há especialistas para ensinar. O que passou
governo atual não é bom para a medicina em situação nenhuma.
a importar é o número de residentes e não a formação.
As entidades voltadas para o ensino dela e para a saúde têm muito trabalho pela frente. Não nos cabe o papel de sindicato, associação ou conselho, mas podemos trabalhar com todas essas entidades,
Revista Médico – Como avalia a proposta de levar recémformados para atuar na atenção básica nos rincões do país?
como trabalhamos com o sindicato aqui no Distrito Federal, por-
Edno Magalhães – Já existiram programas excelentes no
que é um sindicato que não desvirtuou suas funções. Imagino que
Brasil para se fazer medicina da família e comunidade. A Uni-
muita gente se pergunte o que vai acontecer com a Academia e
versidade de Brasília desenvolveu um deles entre 1967 e 1970,
com o que eu vou ou não falar. Não vou me omitir de falar contra
invejado no mundo inteiro, em Sobradinho. Mas, sem apoio, não
o programa Mais Médicos, que considero o maior mal feito à medi-
pôde continuar. Participei dele quando era residente. Sabíamos
cina em muito tempo. Pretendo que a Academia não fique omissa
dos problemas de saúde da região inteira e cuidávamos deles
em relação a esse aspecto. Também creio que, como as demais
atentamente. É o tipo de programa que não se faz com uma
entidades, a Academia deve se manifestar contra o exagero nos
canetada. É necessário estabelecer a necessidade sanitária das
gastos com propaganda de governo. Não vou citar nomes, mas
populações e dotar as comunidades das condições adequadas
há governadores que, com uma semana de governo, já veiculavam
para a assistência. Não é o médico que não quer ir para os rin-
propaganda do que ainda nem haviam feito.
cões. Tanto que temos proposto a carreira médica de Estado, a qual foi vetada na lei que criou o programa Mais Médicos.
Revista Médico – Explique, por favor, a sua preocupação com o ensino médico.
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Com ela, o médico iniciaria a carreira nas cidades menores (com salário igual em qualquer lugar) e passaria para cidades maio-
Edno Magalhães – Veja o ensino médico: aqui onde es-
res ao longo da vida profissional, até chegar às capitais. Assim,
tamos, no Distrito Federal, nós tínhamos uma faculdade, na Uni-
não sacrificaria sua família e seus filhos teriam melhor acesso à
versidade de Brasília, que entregava à sociedade 80 médicos por
universidade. No meu entendimento, o veto ocorreu porque a
ano. De repente, temos cinco. Temos faculdades pelo Brasil afora,
carreira não beneficiaria o programa Mais Médicos.
Revista Médico
Revista Médico – Iniciar a residência médica depois desse período prejudicaria a formação de alguma forma?
Revista Médico – Como o senhor avalia o posicionamento dos médicos em relação ao cenário que se põe diante da classe?
Edno Magalhães – Não é correto você pegar um jovem
Edno Magalhães – Eu vejo muita dispersão, apesar da atu-
recém-formado e jogá-lo em um lugar sem nada para fazer além de
ação dos sindicatos e do Conselho Federal de Medicina. O médico
conversar, medir pressão e passar mão na cabeça do paciente, que é
não faz greve porque ele já é formado com a noção da obrigação
o que está acontecendo. Precisamos de políticas para fixar médicos
de que não pode parar de atender. O distanciamento da vida polí-
em todas as regiões e não vai ser assim que conseguiremos. Quem
tica é outro aspecto ruim. E vai ter que mudar porque o nosso país
trabalha com preceptoria sabe que a melhor fase de aprendizado é
chegou a uma situação em que é necessária alguma dedicação a ela.
quando o médico acaba de sair da faculdade. Na residência, ele vai
Se o médico não assumir uma postura mais aguerrida, não vai ter
preencher as lacunas que podem ter ficado na formação. Daí que se
melhora na vida profissional. Veja, por exemplo, que a Constituição
aumentou, em todas as especialidades, o tempo de residência e elas
diz que ele pode ter dois empregos (no serviço público), mas vem
se organizaram para oferecer a melhor formação. O Ministério da
o governo dizer que ele só vai receber o salário de um dos empre-
Educação respeitava, mas isso muda a partir do momento em que
gos. Precisamos que o poder público tenha outra visão, que pense
o Ministério da Saúde passa a mandá-los para atuar profissional-
na população e não que o médico é “um rapaz que ganha muito”.
mente em outras regiões. Querem mostrar estatísticas de pessoas
Executivos ganham 10, 20 vezes mais do que qualquer médico.
atendidas sem importar como e por quem e prestam um desserviço ao ensino médico no país. Depois de ter atuado como profissional, o residente perde o espírito de estudante, fica insatisfeito porque a bolsa será menor que o salário que ganhava e já pode ter assumido compromissos de casamento e tido filhos.
Revista Médico – Diz-se que a carreira médica é elitizada. O senhor discorda dessa afirmação? Edno Magalhães – Passei muitos anos da minha vida em uma universidade pública federal. A maioria dos estudantes é de origem humilde. Não são bem aquinhoados. Brasília não é referência
Revista Médico – A justificativa para essas medidas foi a falta de médicos no país.
porque é uma cidade com alto nível sociocultural e os pais dos estudantes têm profissão de nível superior. Não vejo isso como condição
Edno Magalhães – Faltam médicos nas regiões onde não
para considerar alguém “filhinho de papai” . Nas particulares – já
há condição de trabalho nem de habitação. Não tem equipamento
dei aula em uma delas – dá para perceber que as famílias têm mais
de raios-X para verificar a existência de uma fratura, nem laboratório
recursos. É tão caro um curso desses que se torna inacessível para o
para investigar a ocorrência de doenças simples. Não estou falando
cidadão comum. Toda a minha vida acadêmica, da formação básica
de equipamentos sofisticados. Sabendo disso, em vez de melhorar a
ao doutorado, transcorreu no ensino público. Tenho uma infinidade
assistência médica nessas localidades e dar incentivo ao médico para
de colegas de origem humilde, como a minha. E os salários não são
que ele dedique parte de sua carreira a elas, firmaram esse convênio
bons, só têm decaído ao longo dos anos.
com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). Não somos contra médicos estrangeiros, mas nenhum país na condição do Brasil recorreu a esse tipo de programa: nem a África do Sul, nem a Rússia, nem a Índia, nem a China. Faltam médicos? Não da forma como estão pintando.
Revista Médico – Aqui em Brasília a situação é melhor que no resto do país. Edno Magalhães – Veja você: temos esse novo PCCS e os concursos são para contratação temporária! Nós, médicos anti-
Se o médico não assumir uma postura mais aguerrida, não vai ter melhora na vida profissional.
gos, fomos menos beneficiados justamente para corrigir a grave distorção de levarmos a vida inteira para atingir um bom salário na Secretaria de Saúde. Hoje, em uma idade mediana, o médico vai ter uma boa remuneração. É uma forma de atrair e reter um profissional que ainda vai dar muitos anos de trabalho ao serviço público. Com um salário bom, a maioria dos médicos vai querer
Revista Médico – É o tipo de medida que não apresenta resultados para o futuro?
trabalhar no serviço público e não vai ser obrigado a trabalhar em mais de um lugar, o que se faz por necessidade e não por gosto.
Edno Magalhães – O Distrito Federal reflete a tônica da gestão da saúde neste governo. Entrou em moda a contratação
Revista Médico – Qual é a posição que a AMeB assume no
temporária. Fazem um concurso para esse tipo de contratação
debate sobre apoio a candidaturas médicas nas eleições deste ano?
atrás do outro. Diz-se que o médico não faz o concurso ou que lar-
Edno Magalhães – Eu não vejo outra solução para a clas-
ga o trabalho dois ou três meses depois. É porque os jovens estão
se médica senão participar do processo político do país. Havendo
pensando no futuro. Sem uma perspectiva no serviço público, vão
médicos que podem e querem fazer isso, temos que apoiar. É uma
trabalhar na iniciativa privada e, em função disso, a medicina pú-
forma de interferir e opinar em questões como a do veto à carreira
blica está decaindo. Temos muita propaganda. Se ela fosse verda-
médica de Estado. Não temos poucos médicos no Congresso Nacio-
deira, seria ótimo. No caso do Mais Médicos, trazem cubanos sendo
nal, mas vá tentar falar com algum deles. Até lá, é difícil arregimentar
que aqui mal temos periferias e formamos 400 médicos por ano.
médicos. Médicos não são afetos a interferir na ordem das coisas.
Edição nº 103
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POLÍTICA
Irregularidades do Mais M édicos ficam evidentes
Gabriela Korossy/Ag. Câmara
O parl amento, o ministério público do tr abalho e entidades da sociedade civil começ am a detectar e denunciar as ma zel as do progr ama
Chioro (ao microfone) repetiu argumentos da publicidade oficial para justificar e desmentir irregularidades do Mais Médicos na Câmara dos Deputados.
O ministro da Saúde, Arthur Chio-
cos cubanos são pagos diretamente pelo
O ministro afirmou que os cubanos
ro, foi chamado à Comissão de Fiscalização
governo de Cuba, em acordo com as leis
estão cientes das circunstâncias de trabalho
Financeira e Controle da Câmara dos De-
brasileiras. O ministro ainda alegou que os
no Brasil e que não sofrem perseguição – ig-
putados, em 19 de março, para falar so-
cubanos foram para municípios onde os
norando os sete profissionais que já abando-
bre o regime de contratação no programa
profissionais brasileiros não tinham inte-
naram o programa e o fato de que os demais
Mais Médicos. Durante a audiência, defen-
resse em trabalhar, e que “o Mais Médicos
não têm a quem recorrer, pois não têm foro
deu o programa, afirmando que os médi-
democratiza a distribuição da saúde”.
reivindicatório.
Entidade reconhece agressão a leis previdenciárias e trabalhistas A Confederação Nacional dos Traba-
cluídos no Mais Médicos. Também enfatizou
programa, mas reconhece irregularidades
lhadores em Seguridade Social (CNTSS) di-
que o cumprimento da legislação trabalhista,
tanto na contratação quanto na substituição
vulgou nota na qual condena as demissões
sejam os profissionais brasileiros ou não, não
dos trabalhadores da saúde brasileiros pelos
de médicos brasileiros para substituição por
pode ser subjetivado.
cubanos. A CNTSS começou a identificar os
contratados estrangeiros nos municípios in-
A CNTSS não discute o mérito do
municípios onde se adotou essa prática.
Programa não é i ntercâm bio acadêm ico O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou ação civil pública contra a
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laboral, observando o que é previsto na
direitos trabalhistas. Ainda proíbe a diferença
Constituição Federal.
salarial no exercício das mesmas funções em
União por ter comprovado relação traba-
O MPT considera ineficaz qualquer
lhista irregular no Mais Médicos. Segun-
cláusula no contrato individual dos cubanos,
O MPT pediu que os repasses à Opas
do o procurador Sebastião Caixeta, “esse
principalmente a retenção de remuneração
e ao governo de Cuba sejam suspensos e que
programa não é curso de especialização e
pela Organização Pan-Americana de Saúde
haja aplicação de multa diária de R$ 100 mil
não serve para contratar médico”. Caixeta
(Opas). A ação civil anula a restrição de direi-
caso qualquer determinação judicial sobre o
afirma que a União deve usar um regime
tos fundamentais e demanda o respeito aos
caso seja descumprida pela União.
Revista Médico
acordo com os princípios da isonomia.
Relatório parlam entar descreve roti na caótica nos prontos socorros pú blicos Gustavo Lima/Ag. Câmara
Relatório da Comissão de Direitos Humanos (CDHM) da Câmara dos Deputados, elaborado com a participação de entidades da área da saúde e do Ministério Público e apresentado no Conselho Federal de Medicina, no Dia Mundial da Saúde, mostra o retrato do sucateamento dos serviços de emergência e urgência do Sistema Único de Saúde (SUS). A situação do Hospital de Base do
O relatório da CDH foi divulgado no Dia Mundial da Saúde, na sede do Conselho Federal de Medicina.
Distrito Federal foi alvo de crítica severa por suspeita de subnotificação de número de
A partir dos resultados do relatório, a
e evitem a contratação provisória de recursos
óbitos hospitalares. “Tivemos denúncias de
Comissão recomendará ao Executivo Federal,
humanos, privilegiando o concurso público e
alguns pacientes de que o indicador de óbi-
aos estados e municípios que, dentre outras
a contratação pelo regime estatutário.
to não conferia com os dados oficiais”, afir-
providências, revisem os valores da Tabela
mou o deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA).
SUS para remunerar a prestação de serviços;
Leia a íntegra do relatório no site do CFM, no link http://migre.me/iIAke.
sobram suspeitas sobre a gestão de padilha na saúde Antes mesmo de deixar o governo
dígena (Dsei), na Bahia, e na utilização do
nove diferentes ministérios. No final de ja-
para, aproveitando a onda do lançamento
cartão corporativo da Secretaria Especial de
neiro, para não partir para a campanha com
do programa Mais Médicos para o Brasil, se
Saúde Indígena (Sesai). Segundo a Contro-
essa vidraça à mostra, Padilha anunciou que
dedicar à coleta de votos em São Paulo, o
ladoria-Geral da União (CGU), o MS gastou
cancelaria o convênio.
ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha co-
irregularmente R$ 6,5 milhões destinados a
meçou a se esquivar de uma série de irregu-
comunidades indígenas, entre 2010 e 2012.
que pesaria sobre o ex-ministro ligação
laridades cometidas à época de suas gestões
Também pairam dúvidas sobre o
com o deputado licenciado André Vagas
à frente da Fundação Nacional de Saúde (Fu-
convênio estabelecido com a Organização
(PT/PR) e o doleiro Alberto Youssef, que
nasa) e do Ministério da Saúde (MS).
Não Governamental (ONG) Koinonia Pre-
seria dono no laboratório Labogen e tenta-
Por último, surgiram rumores de
Essas não incluem a herança de ile-
sença Ecumênica e Serviço, da qual o pai do
va vender medicamentos para o Ministério
galidades deixadas a cargo de Arthur Chioro
ex-ministro é sócio e fundador. Por um re-
da Saúde. Enquanto os fatos não são de-
em relação ao programa. São situações de
passe de R$ 199,8 mil, a ONG realizaria ações
vidamente elucidados, Padilha se esquiva
períodos anteriores ao inicio da gestão no
de prevenção e promoção de vigilância em
alegando serem intrigas da oposição, à
MS. Envolvem fraudes na licitação de aluguel
saúde. Desde 1998, a Koinonia já embolsou
imagem de um ícone da teledramaturgia
de veículos no Distrito Especial de Saúde In-
cerca de R$ 1,75 milhão de convênios com
brasileira: Odorico Paraguassu.
Man detta recebe hom enagem do Si n dMédico-DF No dia 12 de março, o deputado Luís
os vetos presidenciais à Lei do Ato Médico e
Henrique Mandetta (DEM/MS) recebeu placa
contra o programa Mais Médicos para o Brasil.
de homenagem conferida pelo Sindicato dos
A entrega da placa ocorreu após a
Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF)
palestra do parlamentar no evento Saúde:
aos parlamentares que se destacaram na de-
Nossa Voz no Legislativo, promovido em
fesa da medicina no ano de 2013 - pela apro-
parceria com a Federação Nacional dos
vação da regulamentação da carreira, contra
Médicos (Fenam).
Edição nº 103
11
JU RÍDICO
Sindicato continua luta Cidney Martins/SindMédico-DF
pela separação do teto
Diante de uma assembleia cheia, o secretário Miziara (centro) assumiu compromisso de separar vencimentos para aplicar o teto salarial constitucional.
Desde que o Governo do Distrito Fe-
toria do sindicato que o pagamento dos valo-
taria de Estado de Administração Pública
deral (GDF) voltou a somar os proventos para
res cortados indevidamente seria retomado, o
(Seap). Segundo Miziara, havendo tempo
aplicar o abatedor do teto salarial, a direção
que não se concretizou sob sua gestão.
hábil, o acerto seria feito nos contrache-
do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
No dia 23 de abril, o atual secretá-
ques do mês de abril. Mas se isso compro-
(SindMédico-DF) tem tomado as medidas
rio, Elias Fernando Miziara, compareceu
metesse o fechamento da folha, afirmou,
possíveis para reverter a situação, a começar
à assembleia realizada na noite da quar-
será pago em folha suplementar ou repos-
da queixa apresentada ao Superior Tribunal
ta-feira, 23, para esclarecer a posição da
to nos olerites de maio.
de Justiça (STJ) pelo descumprimento da de-
Secretaria. Ele garantiu a todos os pre-
Segundo o secretário, o pagamento
cisão daquela corte que, em abril de 2013, de-
sentes o restabelecimento do pagamen-
dos descontos retroativos será resolvido à
terminou a aplicação a cada um dos salários.
to com a referência do mês de abril.
parte para que os médicos afetados pelos
Antes de deixar a pasta da Saúde, o
Os trâmites administrativos, infor-
ex-secretário Rafael Barbosa afirmou à dire-
mou, estão sendo resolvidos pela Secre-
cortes não sejam ainda mais prejudicados pela demora na resolução do problema.
Tem po insalubre de trabalho é recon h ecido pelo STF A Súmula Vinculante 33, aprovada
verno, o juiz Álvaro Luís Ciarlini, da Segun-
sentadoria especial no serviço público, a
pelo Supremo Tribunal Federal em 9 de
da Vara de Fazenda Pública do DF deter-
decisão de Ciarlini é o que impede que os
abril, consolidou os Mandados de Injunção
minou a concessão de prazo suplementar
processos voltem a fluir ainda este ano. A
836, dos médicos vinculados ao Governo
de 200 dias a contar da publicação da deci-
decisão anterior da 2ª Vara de Fazenda Pú-
do Distrito Federal, e 837, daqueles que
são. A assessoria jurídica do sindicato, por
blica determinava multa diária de R$ 1 mil
têm vínculo na esfera federal.
determinação do presidente Gutemberg
aos gestores e servidores que impusessem
Fialho, agravou da decisão do magistrado.
barreiras ao andamento dos processos,
dendo ao pedido de dilatação do prazo
Depois da edição da Súmula Vin-
sem isentá-los das consequências legais
para execução da sentença feito pelo go-
culante e até a regulamentação da apo-
Pouco antes disso, no dia 1º, aten-
12
Revista Médico
pelo descumprimento de ordem judicial.
Atuação do sindicato
Gervásio Baptista/SCO-STF
valeu criação de jurisprudência
A questão da aposentadoria especial do servidor foi o objeto da 33ª Súmula vinculante aprovada pelo STF desde que a criação do instituto, em 2004.
A Súmula Vinculante no 33 do Supre-
Representando o sindicato, no dia
um memorial, no qual ficou demonstrado
mo Tribunal Federal (STF) garantiu aos médi-
9 de abril, a advogada Thaís Maria Riedel
que é constitucional a adoção de requisitos
cos tratamento igual ao dado aos trabalha-
de Resende Zuba, do escritório Riedel, que
e critérios diferenciados para os servidores
dores regidos pela Consolidação das Leis do
presta assessoria jurídica ao SindMédico-
que laboram em condições desfavoráveis.
Trabalho (CLT) no que diz respeito à aposen-
DF, fez a defesa oral da tese, que ensejou a
“A argumentação foi assertiva e eficaz, fa-
tadoria especial. Isso inclui a contagem de
alteração do texto original da Proposta de
zendo com que o STF endossasse a tese de-
tempo diferenciada com fator de conversão
Súmula Vinculante (PSV 45).
fendida pelo sindicato”, afirmou o presiden-
de 1.4, para homens, e 1.2, para mulheres.
Antes disso, cada ministro recebeu
te do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho.
Associação realiza curso de formação para m édicos peritos A Sociedade Brasileira de Direito Mé-
Brasília. A entidade oferece 20% de desconto
aproveitamento, o médico terá seu nome ins-
dico e Bioética (Anadem) realizará curso de
no valor da matrícula aos médicos sindicali-
crito no Guia de Peritos. Mais informações
Perícia Médica, entre os dias 22, 23 e 24 de
zados. O investimento é de R$ 1,9 mil (sem o
podem ser obtidas na página eletrônica da
maio, no auditório da Associação Médica de
desconto) e, após cumprir a carga horária com
Anadem (www.cursosanadem.org.br).
Respeite os prazos para não se prejudicar A diretoria Jurídica do SindMédico-DF alerta: sendo recebidas intimações ou notificações sobre questões que demandem defesa feita por advogado, o médico sindicalizado deve, imediatamente, marcar horário na secretaria do sindicato para consulta jurídica. Uma boa defesa, além de bons profissionais, demanda tempo para a preparação da argumentação.
Edição nº 103
13
ACONTECEU
aula especial no si ndicato O Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) recebeu residentes
te do sindicato, Gutemberg Fialho, e o vice, Carlos Fernando, prestigiaram o evento.
do Hospital Ortopédico e Medicina Especia-
A utilização do auditório do Sind-
lizada (Home) no dia 28 de março, para uma
Médico-DF é franqueada a entidades mé-
aula que marcava a conclusão da primeira
dicas, médicos e estudantes de medicina na
turma da residência do hospital. O presiden-
realização de eventos sem fins lucrativos.
Elenice Ferraz professora emérita Murilo Abreu/Ascom-UnB
Home realiza
A médica e educadora Elenice Ferraz recebeu o título de professora emérita na Universidade de Brasília (UnB), em 21 de março. Entre as muitas contribuições feitas à medicina do DF, ajudou a construir a maternidade do Hospital Universitário de Brasília (HUB).
Cidney Martins/SindMédico-DF
Federação é entidade de utilidade pública federal
jornada científica
A Federação Brasileira de Academias
A conquista coroa a gestão do
O auditório do SindMédico-DF foi o
de Medicina (FBAM) recebeu o título de Uti-
acadêmico José Leite Saraiva, que chega
local escolhido pela Sociedade Brasileira de
lidade Pública Federal. O reconhecimento,
ao fim do atual mandato cumprindo to-
Cirurgia Plástica (SBCP) para a abertura de
certificado pelo Ministério da Justiça, é dado
das as metas da gestão. “Com esse título
sua jornada acadêmica, no dia 13 de março.
às entidades que promovem a educação ou
poderemos captar recursos e desenvolver
Gutemberg Fialho, presidente do sindicato,
exercem atividades de pesquisas científicas,
atividades para aproximar a Academia da
participou da mesa de abertura da jornada.
de cultura, artísticas ou filantrópicas.
população”, destacou Saraiva.
Colégio de Cirurgiões tem nova diretoria
homenagens O secretário-geral do SindMédicoDF, Emmanuel Cícero Dias, representou a entidade na sessão solene de posse do título
O cirurgião Wendel dos Santos
O presidente do SindMédico-DF
de Acadêmicos Honorários conferido pela Fe-
Furtado assumiu a o cargo de mestre
levou o cumprimento do sindicato ao
deração Brasileira das Academias de Medicina
do capítulo brasiliense do Colégio Bra-
novo presidente da sociedade de espe-
ao presidente e vice do Conselho Federal de
sileiro de Cirurgiões (CBC), segundado
cialistas, em cerimônia realizada no dia
Medicina, Roberto Luiz d’Ávila e Carlos Vital
por Bruno Moreira Ottani.
19 de março.
Tavares Corrêa Lima, no dia 10/04.
Obituário O SindMédico-DF solidariza-se com familiares e amigos pela perda do pneumologista Heraldo de Albuquerque Cordeiro, falecido no fim de abril.
14
Revista Médico
Responsabilidade civil médica é tema de palestra no HM I B
Ayres Britto fala sobre ética
cina e médicos residentes da pediatria
Médicos do Distrito Federal, Gutemberg
do Hospital Materno Infantil de Brasília
Fialho, proferiu a palestra Responsabili-
(HMIB). O tema é de importância cres-
dade Civil Médica para alunos de medi-
cente na atividade médica.
Cidney Martins/SindMédico-DF
O presidente do Sindicato dos
A convite da Academia de Medicina de Brasília (AMeb), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto proferiu a palestra Direito e Ética, na noite de 18 de março, no auditório do SindMédico-DF. O presidente do sindicato, Gutemberg Fialho, expressou a satisfação de receber o magistrado na sede da entidade.
depois do Debate político, evento ofereceu oportun idade de convivência Logo após a realização da palestra
ofereceu um coquetel, prestigiado pelos
tunidade de encontro e convivência entre
Saúde: Nossa Voz no Legislativo, no dia 12
médicos presentes e políticos convidados.
os colegas. Procuramos sempre valorizar
de março, no auditório da Associação Mé-
“As atividades sindicais e políticas realiza-
isso”, destacou o presidente da entidade,
dica de Brasília (AMBr), o SindMédico-DF
das pelo sindicato são também uma opor-
Gutemberg Fialho.
Cidney Martins/SindMédico-DF
Capa
Alienados ou engajados Ascom/CFM
o que os médicos farão com seus votos?
Alegria fugaz: médicos e estudantes de medicina lotaram a galeria e tomaram a tribuna do Senado na sessão em que foi aprovada a Lei do Ato Médico.
Na manhã do dia 31 de maio de
Aquele foi um desabafo que rever-
tos à regulamentação da profissão médica
2012, a médica clínica Angela Maria Tenório
berou no meio político, sacudiu as janelas
e o lançamento do Programa Mais Médi-
Albuquerque entrou na casa de milhões de
do Palácio do Planalto e se somou aos ru-
cos para o Brasil foram as jogadas políticas
brasileiros esbravejando, a plenos pulmões,
mores dos protestos populares de 2013.
montadas e orquestradas para se contra-
na emergência do pronto-socorro do Hos-
Isolar os médicos das demais categorias da
porem à expressão difusa das “doutoras
pital Estadual Rocha Faria, no Rio de Janeiro.
saúde no período entre a votação e os ve-
Angelas” e dos manifestantes de rua.
A voz do médico no Legislativo Jogados à cova dos leões, os mé-
conscientizar os médicos da importância
em conta a sua profissão para tomar deci-
dicos são forçados a fazer uma revisão de
da participação política e incentivar as can-
sões políticas. Só quatro disseram que sim”,
postura política. “Este governo se apropriou
didaturas médicas.
revelou em sua palestra no evento.
do Estado, mas nunca se apropriou de algu-
Os mais de 400 mil médicos brasi-
Para os estudantes de medicina que
mas categorias profissionais. Nunca contou
leiros não chegam a 0,5% de um eleitorado
compareceram à palestra, a necessidade da
nem vai contar com os médicos”, declarou
que ultrapassa 140 milhões de pessoas. No
atuação política é evidente. Eles foram maio-
o senador Paulo Davim a uma centena de
Distrito Federal ,são 11 mil entre 1,5 milhão,
ria entre os brasilienses que foram ao Con-
médicos reunidos, no dia 12 de março, para
ou seja 0,7% dos eleitores. Não obstante, os
gresso Nacional nas votações do Ato Médico
assistir às palestras que ele e o deputado
médicos mostram, no Legislativo, que são
e nos protestos contra o Mais Médicos. Rafael
federal Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS)
bons puxadores de voto e compõem a se-
Horácio Lisboa, líder estudantil do curso de
proferiram sob o tema Saúde: Nossa Voz
gunda maior bancada profissional do Parla-
medicina das Faculdades Integradas da União
no Legislativo, realizado pelo Sindicato dos
mento. Hoje, são 44 os médicos na Câmara
Educacional do Planalto Central (Faciplac), foi
Médicos do Distrito Federal (SindMédico-
dos Deputados e cinco no Senado Federal.
um dos mobilizadores. “Aqui no DF, a gente
DF), em parceria com a Federação dos Mé-
O deputado federal Luiz Henrique
não tem essa visão de que o médico não deve
Mandetta (DEM/MS) afirma, no entanto, que
se envolver com política. Os cinco centros
Aquele foi o terceiro evento do cir-
quantidade e compromisso não representam
acadêmicos sabem que é necessário estar
cuito promovido pela Fenam, no intuito de
muito. “Perguntei a cada um deles se levava
envolvido no processo político”, afirmou.
dicos (Fenam), no dia 12 de março.
16
Revista Médico Revista Médico
Sem ação legislativa local, o Executivo atropela a classe médica Em Brasília, onde praticamente se
tando o direito de acompanhar parentes em
Também tem faltado aos médicos
respira política, a classe médica não tem
caso de doença (exceto filhos, cônjuges e de-
um legislador que fiscalize e denuncie as
representação consistente no Legislativo
pendentes nos casos previstos pela Receita
práticas do GDF contra os médicos, como
local. Na própria negociação do novo Pla-
Federal). O sindicato trabalhou insistente-
no caso do desrespeito ao cumprimento
no de Carreira, Cargos e Salários (PCCS),
mente para que o direito fosse restabelecido.
do Mandado de Injunção 836, que garante
não houve deputado distrital médico que
Não há voz na Câmara Legislativa
a contagem diferenciada de tempo em tra-
atuasse como facilitador nas reuniões da
do Distrito Federal (CLDF) para lutar pelo
balho insalubre para fins de aposentadoria.
diretoria do Sindicato dos Médicos do
restabelecimento da Gratificação de Mo-
Um médico que ouvisse e represen-
Distrito Federal (SindMédico-DF) com os
vimentação (Gmov) para os médicos que
tasse a categoria questionaria políticas de
representantes do governo.
moram fora do DF. Nem representante mé-
gestão da saúde como a imposição de co-
Em outras circunstâncias, a catego-
dico que tenha feito alguma gestão para
tas mínimas de produção pelas quais se
ria também não teve voz para atuar politica-
evitar que o atual governo aplicasse o teto
pretende que o médico atenda até cinco
mente contra ações do Governo do Distrito
salarial à soma dos dois salários dos dois
pacientes por hora. Esse parlamentar po-
Federal (GDF) que até agora a prejudicam.
vínculos constitucionais antes da decisão
deria ser mais eficaz na fiscalização de
Foi assim quando o novo Regime Jurídico
do Supremo Tribunal Federal (STF), como
políticas adotadas que são questionáveis
dos Servidores do DF entrou em vigor, cor-
foi acordado com o governo anterior.
do ponto de vista do exercício profissional.
Médicos na política e políticos com di ploma m édico O caminho pelo qual os médicos che-
Na década de 1990, por exemplo, ocupou
pesam as ideologias partidárias, do outro
gam a ter expressão na política nem sempre
a presidência e atuou no aparelhamento da
a defesa da profissão médica e a condu-
passa pelo comprometimento com o movi-
Direção Executiva Nacional dos Estudantes
ção das políticas de saúde.
mento sindical ou com as causas médicas.
de Medicina (Denem) por seu partido.
A posição atual da Federação Na-
O senador Paulo Davim (PV/RN) atuou
Os médicos podem ter estado indi-
cional dos Médicos é bastante clara nesse
e presidiu a Associação Médica do Rio Gran-
vidualmente alienados do processo polí-
ponto. “Precisamos de candidatos com his-
de do Norte. Foi por meio da unificação da
tico e deixado nas mãos das entidades os
tória e compromisso no movimento médico,
categoria que conquistou vaga no legislativo
posicionamentos da categoria. Nas elei-
pessoas em que possamos confiar para de-
estadual pela primeira vez, em 2002.
ções deste ano, no entanto, as decisões
fender a profissão médica e a saúde”, afirma
ocorrem no campo pessoal – de um lado
o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira.
O deputado Eleuses Paiva (PSD/SP) também foi presidente da Associação Médica leira e se elegeu pela primeira vez em 2006. O deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP) foi presidente do Sindicato dos Médicos (Simesp) e da Central Única dos Trabalhadores
Gustavo Lima
de São Paulo e da Associação Médica Brasi-
(CUT) paulistas. A carreira política foi pautada pela ligação com o PT, do qual é fundador. Também petistas, o senador Humberto Costa, de Pernambuco, e o deputado Rogério Carvalho, de Sergipe, iniciaram suas trajetórias no movimento estudantil. Figura que se tornou proeminente na política sem nunca ter obtido um mandato eletivo, o ex-ministro Alexandre Padilha também acumula pouca experiência na profissão médica e ganhou a proeminência atual pela atuação na estrutura partidária.
Protesto das entidades médicas contra o Mais Médicos para o Brasil, na Esplanada dos Ministérios.
Ediçãonº nº 103 103 Edição
17
SI N DICAIS
Sem concurso,
pediatria entra em colapso A direção do Sindicato dos Médicos
e anunciou a fusão temporária das unidades
baia, que comprometeram o funcionamento
do Distrito Federal (SindMédico-DF) reuniu
pediátricas do Hospital Regional de Santa
da estrutura hospitalar já existente.
médicos e gestores do Hospital Regional do
Maria (HRSM) – em situação tão ou ainda
Trecho do documento divulgado
Gama (HRG) e representantes da Secretaria
mais precária – e a do HRG. Essa havia sido
pelo Prosus afirma: “a falta de médicos, em
de Saúde (SES/DF), do Conselho Regional de
uma proposta que surgiu entre os próprios
especial pediatras, é fato que deve ser atri-
Medicina (CRM/DF) e do Ministério Público
médicos e que foi defendida pelo sindicato.
buído exclusivamente aos atuais gestores
para a busca de solução para a crise instalada na pediatria daquela unidade de saúde.
A medida é paliativa e não resolve
públicos da saúde”.
efetivamente os problemas. A 2ª Promotoria
“É importante que as instituições re-
As condições de trabalho inadequa-
de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) re-
conheçam e cobrem atitude deste governo
das e as agressões sofridas pelos médicos
comendou a recomposição dos quadros de
que tem mostrado descaso tanto com os
ultrapassaram em muito o limite do suportá-
pediatras e que o governo se abstenha de
pacientes quanto com os médicos e demais
vel. Diante da grave situação, a SES/DF voltou
implantar novas Unidades de Ponto Atendi-
profissionais da saúde”, afirma o presidente
atrás na decisão tomada em outubro passado
mento (UPA), como as de Ceilândia e Samam-
do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho.
A pediatria do DF em núm eros Pediatras com contratos efetivos na rede pú blica de saú de do DF Existem 579 vagas efetivas ocupadas na especialidade de pediatria. Entre os profissionais que as ocupam, 36 têm dois vínculos efetivos constitucionais. Os médicos com emprego fixo na SES/DF são 543.
Pediatras com contratos precários de trabalho na saú de pú blica do DF Os contratos temporários preenchem 74 vagas na pediatria. São quatro os médicos com um vínculo efetivo e um contrato temporário. São 70 os pediatras prestando serviço temporário nas unidades de saúde do DF.
Total de pediatras qu e atuam na m edici na pú blica do DF São 649 os pediatras efetivos e temporários em atividade nas unidades públicas de saúde do DF. Dessa força de trabalho, 13% têm contratos precários com o Governo do Distrito Federal.
novo canal de comu n icação com a classe No dia 18 de março, os médicos
dico, a aposentadoria com contagem dife-
ganharam mais canal para obter informa-
renciada de tempo de trabalho em condi-
ções e esclarecer dúvidas sobre os temas
ções insalubres, o novo Plano de Carreira,
que interessam à categoria. Veiculado na
Cargos e Salários, o teto remuneratório e
internet e com acesso pelo próprio site do
a responsabilidade civil médica.
SindMédico-DF (www.sindmedico.com.br),
A interatividade determina a dinâmica
o programa semanal consiste em entrevis-
do programa. Os internautas participam en-
tas ao vivo com os diretores do sindicato
viando perguntas e mensagens, em tempo
e exibição de reportagens especialmente
real, por meio de ferramenta digital ao lado
elaboradas para a entidade.
do player do programa ou, antecipadamente,
toda terça-feira, às 20h. Depois, a grava-
por e-mail (imprensa@sindmedico.com.br).
ção fica disponível no site e no canal do
Já foram discutidos temas como a necessidade de concurso público para mé-
18
Revista Médico
A TV SindMédico vai ao ar, ao vivo,
sindicato no YouTube.
Seu contrach eque pode conter erros
Estima-se que 30% dos con-
O ReviSalário é
Quem pensa em se aposentar de
tracheques dos servidores da saúde
foi criado pelo SindMédico-DF para
emprego na SES/DF tem atendimento per-
prestar orientação aos médicos sindicali-
sonalizado sobre as melhores condições
mento do teto salarial aplicado a mon-
zados em recursos humanos, folha de pa-
para efetivar a aposentadoria e garantir o
tante calculado incorretamente são o
gamento e cálculos relativos aos benefícios
melhor rendimento depois dela. Agende
mais recente motivo.
e gratificações a que fazem jus.
sua consulta ao ReviSalário pelo 3244-1998.
apresentam erros. Perdas pelo abati-
Metas de produtividade criam con flitos no Cruzeiro Com o objetivo de elevar índices
Os clínicos da unidade de saúde
Cícero Cardoso, e o diretor Jurídico, Anto-
estatísticos de atendimento nas unidades
já haviam se queixado da situação, que é
nio José dos Santos, foram ao centro de
de saúde, a Secretaria de Estado de Saúde
agravada por conflitos que surgem com a
saúde verificar a situação e conversar com
do Distrito Federal (SES/DF) tenta estabe-
equipe de enfermagem – que, orientadas
a chefe de enfermagem, mas ela não es-
lecer cotas diárias de produtividade nas
por instâncias superiores, estariam asse-
tava presente. O sindicato tomará as me-
unidades de saúde. No Centro de Saúde
diando os médicos para cumprirem suas
didas cabíveis em busca de solução para
9 do Cruzeiro, a meta é de cinco pacientes
metas de produção.
problemas dessa natureza criados por
por hora, contrariando o ideal de humanização da assistência em saúde.
O presidente do sindicato, Gutemberg Fialho, o secretário-geral, Emmanuel
políticas de saúde equivocadas e chefias impositivas e intransigentes.
UPA de Samam baia precisa de nova i nterdição O SindMédico-DF pediu ao Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM/DF) a interdição da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia. O diretor Jurídico do sindicato, Antonio José dos Santos, esteve naquela unidade de saúde no dia 10 de abril em atenção ao pedido dos médicos. Ele acompanhou a equipe de fiscalização do CRM/DF, que fez uma vistoria oficial. Foram verificados equipamentos defeituosos, falta de insumos, medicamentos e até mesmo de oxigênio. Há vazamentos na estrutura e não foram instaladas janelas. Antonio José apontou os problemas à imprensa. O caso não ganhou maior repercussão em função do desastre no mutirão de cirurgias de catarata em Ceilândia.
Edição nº 103
19
SUPLEMENTAR
Só depende da
boa vontade do Executivo
Antonio Augusto/Ag. Câmara
Aprovado no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, projeto que visa resguardar prestadores de serviço e usuários de pl anos de saúde aguarda sanção presidencial
Aprovação do PL 6.964/10, na CCJC, em 23 de abril, teve caráter terminativo. Decisão final é do Planalto.
A Comissão de Constituição e Justiça
tivados tanto de profissionais como de clí-
reajuste anual dos procedimentos. Se o
e de Cidadania da Câmara (CCJC) dos Depu-
nicas, hospitais e laboratórios. A proposta
reajuste não for definido até o final de
tados aprovou o Projeto de Lei (PL) 6.964/10,
também torna obrigatória a existência de
março, a Agência Nacional de Saúde Su-
do Senado, que determina que os planos de
contratos escritos entre as operadoras de
plementar (ANS) deverá estabelecer o
saúde comuniquem, com antecedência mí-
planos de saúde e seus prestadores de ser-
índice a ser aplicado.
nima de 30 dias, as alterações no quadro de
viço (pessoas físicas e jurídicas).
O texto aprovado não inclui as co-
O PL, que foi relatado pelo de-
operativas que operam planos de saúde,
O objetivo da proposta, de auto-
putado Fábio Trad (PMDB/MS), também
unidades hospitalares pertencentes às
ria da senadora Lúcia Vânia (PSDB/GO), é
define que o contrato entre médicos e
operadoras e profissionais diretamente
evitar descredenciamentos súbitos e imo-
operadoras deverá ter cláusulas sobre o
empregados pelos planos.
prestadores de serviço conveniados.
CBHPM tem que ser atualizada e corrigida
20
Previamente aprovado pelo Sena-
o presidente do Sindicato dos Médicos
O presidente do SindMédico-DF res-
do, o projeto só vai a plenário no caso de
do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gu-
salva que a CBHPM tem que ser revisada. “A
haver requerimento específico. Se não,
temberg Fialho.
elevação dos percentuais na remuneração
será encaminhado diretamente para san-
A Federação Nacional dos Médi-
dos médicos assistentes em cirurgias e o fim
ção presidencial. “Não seria nada menos
cos (Fenam) defende que a aplicação da
da remuneração reduzida para atendimentos
que justa a sanção da lei. Vetá-la seria
correção seja definida de acordo com a
em enfermaria são dois de vários aspectos
uma tremendo desrespeito aos médicos
Classificação Brasileira de Honorários e
que precisam ser readequados na próxima
e usuários dos planos de saúde”, destaca
Procedimentos Médicos (CBHPM).
versão da classificação”, avalia Gutemberg.
Revista Médico
Estratégia
Alexandre Bandeira - Consultor de Estratégia e Marketing
É na ponta do lápis
B
oa parte das dúvidas que chegam até a coluna,
Em linhas gerais, isso pode ser, de fato, relevante. Em
tratam das questões ligadas à promoção das em-
determinadas especialidades a consulta paga pelo convênio
presas no mercado, como a propaganda, eventos,
chega a ser dez vezes menor do que a cobrança particular.
divulgação na internet, entre outros. Porém, por
Fazendo uma projeção matemática com este cenário, você
vezes, recebo outros questionamentos bem pertinentes, que
iria trabalhar 10 vezes menos para obter a mesma receita, ou
me permite revisitar temas importantes dentro do estudo do
ganhar 10 vezes mais atendendo o mesmo fluxo de pacien-
marketing, a exemplo do que vou abordar agora: a precifica-
tes. Muito sedutor!
ção dos valores dos serviços prestados.
Porém, entendo que isso não seja um rito de passa-
A primeira questão de falar sobre isso é de fazer en-
gem, obrigatório para todos os profissionais, em um deter-
tender que marketing não é sinônimo de comunicação. Esta
minado momento de sua carreira. Deixar de trabalhar em um
última compõe um dos 4 Ps da principal teoria do marke-
regime de cobranças para optar por outro, requer identificar
ting, elaborada por Theodore Levitt e propagada aos quatro
alguns aspectos não matemáticos.
cantos por Philip Kotler, onde estão o Product (produto/
Primeiro, saber se há aderência junto a clientela para fa-
serviço), Promotion (promoção/divulgação), Place (praça/
zer essa transição. Ou seja, ter capacidade de reter clientes que
mercado) e Price (preço/valor). Assim, para se ter uma boa
sejam mais fiéis ao seu trabalho do que à indicação do convê-
conduta de marketing, não se pode apenas investir em pro-
nio. Segundo, identificar se esta troca pode gerar impacto em
paganda. É preciso obter um composto que equilibre bem
toda a sua cadeia de prestação de serviço. Em determinados
todos estes elementos. Inclusive, uma estratégia eficaz para
modelos de negócio em saúde, a consulta é a porta de entrada
formar preços ao consumidor.
para outros procedimentos mais rentáveis. Assim, o volume de atendimento no consultório impacta diretamente a capacidade
ter capacidade de reter clientes que sejam mais fiéis ao seu trabalho do que à indicação do convênio
de gerar maiores receitas em outros setores. Por fim, é preciso entender que essa decisão depende muito mais de fatores exógenos, do que a vontade própria de trabalhar em um sistema de preços. Afinal, qualquer um deles terá que prover condições de gerar faturamento suficiente para remunerar o profissional e suprir as necessidades de
Na dúvida feita pelo nosso leitor, há o questionamento
manutenção e investimentos da empresa.
de quando deixar de trabalhar com convênios, para só fazer atendimento particular. A abordagem feita é de que os planos de saúde pagam valores muito menores do que a cobrança direta do paciente e de que com o tempo, o profissional médico tende a construir uma clientela mais cativa, que não dependa da carteirinha para gerar fluxo de atendimento.
Contato com a Coluna consultorio@strattegia.com.br www.twitter.com/StrattegiaSaude
Edição nº 103
21
REGIONAIS
Passivo da saúde com médicos e com a população só aumenta visitas às unidades de saúde revel am infraestrutura em declínio Nas visitas do programa SindMédi-
A observação das condições de
de enfrentada. Falta de segurança e falhas
co na Cidade, os diretores do Sindicato dos
trabalho e as conversas com as equipes
no sistema de ponto eletrônico também
Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF)
das unidades de saúde reafirmaram que a
preocupam os médicos e demais profis-
enfatizaram a necessidade da sindicalização.
falta de profissionais é a maior dificulda-
sionais da saúde.
Si n dicato apresenta PCCS a São Sebastião Os médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião receberam a visita da SindMédico-DF na tarde de 17 de fevereiro. O presidente, Gutemberg Fialho; o vice, Carlos Fernando, e o secretário-geral, Emmanuel Cícero Cardoso, conversaram com todos os médicos no plantão. Eles falaram sobre as melhorias alcançadas para a classe médica e apresentaram o novo Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS). Os diretores divulgaram, ainda, os serviços aos quais os médicos sindicalizados têm direito e obtiveram novas adesões entre o pessoal lotado naquela unidade.
Forponto mostra não ser con fiável O presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, e o vice, Carlos Fernando, foram ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), em 24 de fevereiro, e ouviram as queixas e observações dos médicos sobre as condições de trabalho no local. Os médicos do HRAN relatam problemas com o Forponto, que não registra corretamente as horas de trabalho cumpridas. Até o dia da visita, nenhum desconto havia sido feito na remuneração, mas as falhas existem e a perda de tempo com justificativas é grande. Disso decorre a preocupação com a possibilidade de erros nos registros refletirem nos contracheques. Algumas máquinas para registro do ponto também estavam quebradas, provocando filas.
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Revista Médico
Psiquiatria tam bém é penalizada com falta de pessoal Os diretores do SindMédico-DF visitaram os médicos do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) no dia 24 de março. O presidente, Gutemberg Fialho; o vice, Carlos Fernando; o secretário-geral, Emmanuel Cícero Cardoso, e o diretor jurídico, Antonio José dos Santos, deram esclarecimentos sobre o novo Plano de Carreira Cargos e Salários (PCCS) e falaram sobre a importância da sindicalização. O funcionamento da unidade depende dos médicos residentes, o que evidencia a necessidade de contratação de médicos efetivos, tanto para dar o atendimento necessário aos pacientes quanto para garantir a qualidade da formação dos residentes.
Hospital de Apoio enfrenta dificuldades com regulação No dia 10 de março, o destino dos diretores do SindMédico-DF foi o Hospital de Apoio de Brasília. Eles conversaram com os médicos presentes no plantão e visitaram o novo ambulatório de cuidados paliativos oncológicos. Embora o tipo de atendimento realizado no Hospital de Apoio seja diferenciado do que é prestado nas demais unidades da rede hospitalar do Distrito Federal, os médicos e a direção se preocupam com a dificuldade na regulação de leitos de internação e de atendimento nas unidades de referência para a realização de cirurgias.
A insegurança deixa marcas no H RGu O Hospital Regional do Guará (HRGu) foi o destino dos diretores no dia 17 de março. A equipe do sindicato constatou que os médicos lotados naquela unidade estão descontentes com a ambiente de trabalho no hospital, que é quente e abafado. Lá também se enfrentam dificuldades para fechar escalas devido à falta de profissionais. O Trackcare não está disponível para a pediatria e o setor não tem triagem, dificultando a entrada de pacientes e causando confusão entre as mães que aguardam atendimento para seus filhos. A
hospital, onde já foram registrados casos
sala de repouso e ameaçada de pacientes
falta de segurança assusta os médicos do
de assaltos no estacionamento, furtos na
ela pela demora no atendimento.
Edição nº 103
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ESPECIAL
Conchavo para favorecer planos de saúde
O controle social e a moralização na área da medicina suplementar não interessam ao poder público. Prova disso é a vergonhosa proposta que o Legisl ativo e o Executivo alinhavaram para perdoar dívidas das operadoras de pl anos de saúde
Os planos de saúde estão, nova-
Gustavo Lima/Ag. Câmara
mente, no topo do ranking do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O número de queixas e consultas relativas a essas empresas subiu 6,26 pontos percentuais entre 2012 e 2013 – de 20,40% para 26,66% do número registrado pela entidade. Também acumulam uma dívida de aproximadamente R$ 2 bilhões – segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) – em multas não pagas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ao longo de 2013, o Idec registrou 13.541 demandas, recebidas por telefone, e-mail e pessoalmente, sendo 8.040 dúvidas
Votação da MP 627, na Câmara dos Deputados
de consumo e 5.501 pedidos de informação
a aprovação, pela Câmara dos Deputados e
da e que são multiplicadas pelo número de
sobre os processos judiciais do Instituto. De
pelo Senado Federal, de emenda à Medida
ocorrências. O dispositivo aprovado limita a
acordo com publicação do Idec, de 2009 a
Provisória 627/2013 (que originalmente trata-
aplicação de multa por infração de mesma
2013, a ANS aplicou 6.575 multas e só recebeu
va de assunto completamente diferente: tri-
natureza ao maior valor estipulado na catego-
o pagamento por 1.525 delas (13% do total).
butação de empresas brasileiras no exterior)
ria, até duas vezes a cada 50 infrações regis-
Mais uma prova da leniência e do fa-
que limita a aplicação de multas às OPS. Hoje,
tradas. No último patamar do benefício, aos
vorecimento concedido pelo poder público
as operadoras pagam multas que variam de
planos que cometerem acima de mil infrações
às operadoras de planos de saúde (OPS) foi
R$ 5 mil a R$ 1 milhão por infração cometi-
serão aplicadas apenas 20 multas.
Perdão em ano eleitoral levanta suspeitas
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Trocando em miúdos, no caso de
aplicação de multas é exagerado. A pro-
registro de 100 infrações de mesma na-
posta inicial de Cunha era tornar o novo
Os governistas que aprovaram a emenda afirmavam pelos corredores do
tureza cujo valor unitário fosse de R$ 10
método perene, mas, afirmou o parlamen-
Congresso Nacional que a presidente Dilma
mil, o plano de saúde pagaria R$ 40 mil,
tar, o governo “só aceitou a nova forma de
Rousseff vetaria a medida e a batata quente
enquanto, pela regra atual, deveria pagar
cálculo até dezembro deste ano”.
ficou nas mãos de Eduardo Cunha. “De qual-
R$ 1 milhão (economia de 96%). Se fossem
Segundo o senador Paulo Davim
quer forma, a atual posição do governo con-
1 mil, em vez de R$ 10 milhões, o infrator
(PV/RN), as OPS deixariam de desembol-
trária a este ponto da MP — embora diferen-
pagaria R$ 200 mil (98% menos que o devi-
sar cerca de R$ 2 bilhões – um substan-
te da posição durante o debate sobre o texto
do na regra atual). Esse é um exemplo com
cioso presente às empresas do setor, que
da MP — encerrará o assunto. A medida será
estimativa de valor baixa e irreal. Uma das
apresentaram receita de R$ 80 bilhões
vetada. Se o governo, no momento do deba-
infrações mais comuns dos planos de saú-
em 2013. Em ano eleitoral, vale lembrar
te, se posicionasse contrário à emenda, eu,
de, a negativa de cobertura, por exemplo,
que essas empresas podem doar até 2%
como relator, não a teria acolhido”, publicou
resulta em multa que chega a R$ 80 mil.
do faturamento bruto do ano anterior
o parlamentar em sua página eletrônica
Segundo publicou a página eletrô-
para campanhas eleitorais e que têm um
(www.portaleduardocunha.com.br), em uma
nica do jornal O Globo, no dia 3 de abril,
histórico de relação bastante amistosa
tentativa de se eximir de responsabilidade
o relator da MP, deputado Eduardo Cunha
com os partidos políticos – os que estão
depois de ter ficado com a bomba deixada
(PMDB-RJ), afirmou que o atual modelo de
no poder, em especial.
pelos aliados em suas mãos.
Revista Médico
VI DA MÉDICA
Em se plantando, tudo dá nas terras vermelhas do Planalto Central? Dizem que médico não faz milagre, mas o cirurgião José Adorno e o otorrinolaringologista Marcelo de Souza tiram produtos refinados de um cafezal e uma vinícola localizados em pleno cerrado
De barista a produtor de café Quando alguém visita o cirurgião plástico José Adorno, a primeira coisa que vê são pequenos cafezeiros. À medida que se aproxima da casa do médico, encontram-se plantas maiores, repletas de grãos do café arábica puro e que deixam um cheiro marcante no ar. Apaixonado pela bebida, Adorno iniciou seu cafezal há sete anos, como forma de aproveitar o espaço ao redor de sua casa – hoje, já são 3,5 mil plantas, e o médico pretende chegar a cinco mil. O cuidado com a plantação, que é acompanhada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fez com que o cirurgião se interessasse mais por tudo o que envolve o café. Adorno fez curso de barista e trocou o café coado por expresso, comprando máquinas específicas para o preparo da bebida. Ele também se envolve no cuidado com o cafezal: reúne família e empregados para colher e selecionar os grãos, que secam em casa. A torrefação ainda é feita na casa de um amigo, mas os olhos do médico brilham ao mostrar o projeto de uma área que permita realizar todo o processo em sua propriedade – ele pretende, inclusive, fazer um curso de torrefador em São Paulo. O café cultivado por Adorno é completamente orgânico, e o
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médico sempre procura formas de otimizar a produção, mas não cultiva
um pouco para amigos e conhecidos, mas apenas os que compartilham
os grãos com objetivo comercial: “Não tenho interesse financeiro, o que
da paixão que o cirurgião tem e, por isso, saberão apreciar o trabalho
eu quero é saber que o café que eu plantei é bom”. Ainda assim, a pro-
feito por ele. “Eu quero vender café para quem realmente entende de
dução é grande – entre 40 e 60 sacas por hectare –, e ele acaba levando
café e sabe valorizar tudo o que eu agreguei à planta”, explica.
Revista Médico
O sommelier da Serra dos Pireneus Há cinco anos, a cidade de Cocalzinho de Goiás era conhecida por ficar a meio caminho entre Brasília e Pirenópolis. Hoje ela chama atenção por um fato peculiar – a cidade virou sede da primeira vinícola que produz vinho fino em pleno cerrado goiano. O responsável pelo feito é o otorrinolaringologista Marcelo de Souza, que se divide, na atividade médica, entre o Hospital da Polícia Militar, na capital do estado de Goiás, e o Hospital Regional de Brazlândia, no Distrito Federal. No meio do caminho ele faz uma parada para a atividade de vinicultor. Ele começou a cultivar uvas viníferas italianas nas terras vermelhas do Planalto Central em 2005, já com o projeto de montar a Vinícola Pireneus. Souza decidiu cultivar suas uvas em solo goiano quando, visitando a área onde hoje fica a plantação, se lembrou de uma cena do filme Caminhando nas Nuvens, no qual o personagem do ator Keanu Reeves chega ao vinhedo do personagem de um agricultor mexicano interpretado por Anthony Quinn – o Las Nubes, na Califórnia (EUA). Por difícil que pareça imaginar similaridades entre o Napa Valley e um rincão encravado na Serra dos Pireneus, a visão do otorrinolaringologista foi certeira. Em um pedaço de terra de
quatro hectares, ele produz o suficiente para encher cerca de quatro mil garrafas de vinho por safra. O otorrinolaringologista produz os vinhos Intrépido e Bandeiras – este último já é reconhecido e faz sucesso em degustações pelo país afora. “Estou querendo fazer com que o nosso vinho tenha uma expressão nacional, que ele se posicione perante os vinhos brasileiros como um vinho diferente. Porque como a nossa região é desértica, o nosso vinho é muito diferente dos outros produzidos no Brasil”, afirma Souza, explicando porque ainda não pensa em fazer com que os vinhos sejam avaliados por críticos internacionais. No futuro, ele pretende assumir a produção vinícola como atividade principal. Como os vinhos surgiram na tentativa de montar um empreendimento familiar, ele já conta com o apoio da esposa nas vendas, e prepara os dois filhos, ainda crianças, para assumir um lugar no Vale dos Pireneus. Desse modo, ele mesmo também tenta dedicar mais tempo à vinícola e, no futuro, não ser um médico que produz vinho, mas um produtor que também exerce a medicina.
A Revista Médico recomenda O café de José Adorno ainda é restrito à família e aos amigos mais próximos, mas o Intrépido e o Bandeiras, de Marcelo de Souza, podem ser encontrados na Adega Baco, Enoteca Decanter, restaurantes Dom Francisco, Mosaico e Oliver.
Edição nº 103
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Vi n hos
Dr. Gil Fábio de Freitas
Cuidar para envelhecer bem Um dos ditos populares mais conhecidos sobre o vinho é que quanto mais velho ele for, melhor. Mas a verdade é que a
e permitam a passagem do ar.
longevidade da bebida é bastante variável. Como um ser vivo, o
A umidade – que deve ficar entre 60% e 80% - também é
vinho tem um ciclo de existência. Ao chegar à maturidade, entra
essencial para a conservação da rolha. Abaixo desse percentual, a
em decadência até perder suas características e “morrer”. E esse
rolha pode ressecar, permitindo a oxidação do vinho. E a umidade
ciclo pode durar poucos meses a várias décadas.
exagerada possibilita o surgimento de bolor nas rolhas, além de
Um Beaujolais Noveau, por exemplo, mantém suas carac-
enrugar e estragar os rótulos das garrafas.
terísticas por um prazo curtíssimo: de seis meses a um ano. Já um
A temperatura ideal para conservação do vinho é entre
bom vinho do porto, sobretudo os vintage, pode durar várias dé-
10ºC e 16ºC, pois permite que o vinho evolua lenta e gradual-
cadas. Outros exemplos de vinho de guarda são grandes tintos
mente. Temperaturas mais altas causam o envelhecimento pre-
europeus (como alguns grand crus franceses de Bordeaux e da Bor-
coce e, em alguns casos, o aparecimento de doenças e azedume.
gonha, Barolos italianos, espanhóis da Rioja e portugueses do Dou-
Temperaturas inferiores reduzem o amadurecimento do vinho,
ro, entre outros, que podem durar mais de 20 anos) e champanhes
que em alguns casos pode até parar.
millésimes (até 10 anos). Rótulos de altíssima qualidade produzidos
Exposições prolongadas à luz também são prejudiciais
no chamado Novo Mundo – sobretudo Chile, EUA, Argentina e
ao vinho. Por isso, a maior parte das garrafas é de vidro escuro.
África do Sul – também têm de demonstrado grande potencial de
O ideal é que a bebida seja armazenada em local sem ou com
guarda, em alguns casos
pouca luz. Também é importante evitar lugares em que as gar-
de mais de uma década.
rafas possam sofrer vibração e com odores que possam vir a ser
Essa longevidade
As adegas climatizadas são uma boa opção para manter
ótimas condições de ar-
o vinho em boas condições de armazenamento. Existem no mer-
mazenamento e conserva-
cado adegas com capacidades as mais variadas, de meia dúzia
ção. O local onde o vinho
de garrafas a algumas centenas. Alguns modelos, inclusive, vêm
será guardado precisa ter
com espaços separados, permitindo que vinhos tintos e brancos sejam guardados em temperaturas diferentes.
características de tem-
Saborear um grande vinho, guardado com expectativas por
peratura, umidade, luz
anos e anos, é indescritível. Mas é preciso respeito com o vinho.
e disposição das garra-
Do contrário, a experiência pode terminar com
fas, entre outras.
um sabor – digamos – avinagrado.
O oxigênio é um dos principais inimigos do vinho, por acelerar a degradação da bebida por meio da oxidação e do avinagramento. Para evitar que ele entre, as garrafas devem ser guardadas sempre na posição horizontal ou levemente inclinadas para baixo. As rolhas preci-
Revista Médico
absorvidos pela bebida.
só é possível, é claro, em
respeitadas algumas
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sam ficar sempre em contato com bebida, para que não ressequem
Literárias
Dr. Evaldo Alves de Oliveira
LOUCURA, UM LIMIAR
O
domingo amanhecera lindo, com o sol a exibir-se no céu azul do planalto central. Por volta das dez horas, preparava-me para visitar uma feira do mel que acontecia no Jardim Botânico, quando o telefone tocou. Do outro lado da linha, uma cliente de classe média alta, em tom desesperado, insistia para
que eu me dirigisse imediatamente para sua casa, em um bairro elegante de Brasília. Sua filha havia enlouquecido e a ameaçava com rispidez. Logo ao chegar à bela residência, uma visão inusitada. Dois cães gigantescos, contidos por uma cerca de no máximo setenta centímetros de altura, nos padrões de casinhas europeias, davam as más vindas. As réguas de madeira, pintadas de branco, não resistiriam a um pequeno empurrão. E os dois cães enormes à minha frente. – Pode entrar. Eles não mordem – gritou minha cliente, abrindo a porta. Pedi para que os cachorros fossem postos no canil, e só depois entrei na residência. Em estilo moderno, a sala ostentava um pé direito avantajado, de uns seis metros de altura, ladeado por um mesanino. Do ponto mais alto do teto descia uma corrente de ferro com grandes elos e, na ponta, uma roda de aço de cerca de um metro de diâmetro com lâmpadas em volta, que compunham um belo e tenebroso lustre. No centro da roda, uma ponta de lança destacava-se um metro acima de uma grande mesa de madeira maciça, lembrando aquelas maravilhosas tabernas vikings. Nesse momento, a porta de uma sala em frente à mesa se abriu e emergiu a figura de uma mulher bonita, com ares de executiva a caminho do bar. Bem vestida, trazia nas mãos bem cuidadas um violão seguro pelo cabo. No canto superior do corpo do instrumento, junto ao rastilho, por baixo das cordas, um pequeno coração com uma flecha dava um toque juvenil ao conjunto. Cumprimentou-me e falou que estava se dirigindo a um centro comercial com grandes áreas de lazer e praças de alimentação, que ficava bem próximo de sua casa. Alguns amigos a esperavam desde as dez horas, e ela iria a pé. A mãe, resfolegante, saltou da cadeira e se pôs na porta de saída, com as mãos e as pernas abertas em forma que lembravam o Homem Vitruviano com os membros bem abertos, em xis, fechando a passagem da bela jovem. – Por aqui você não sai! – gritava a mulher desesperada. A filha, com ares de ninfa dos jardins do Olimpo, virou-se para mim e fulminou: – E a doida sou eu! Saiu a passos lentos, em direção ao local onde seus amigos a aguardavam.
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Revista Médico
O LABORATÓRIO SABIN SE PREPARA PARA OS PRÓXIMOS 30 ANOS DE HISTÓRIA.
Dr. Rafael Henriques Jácomo - Diretor Técnico
Em 2014, o Laboratório Sabin completa 30 anos de história e inicia outro marco em seu crescimento. O maior do segmento no Centro-Oeste e presente em mais de 6 estados, o Laboratório coloca em prática um novo modelo de governança corporativa que garantirá um futuro sustentável. Este novo ciclo de gestão conta com o Conselho de Administração em que as fundadoras Dra. Janete Vaz e Dra. Sandra Soares Costa assumiram, respectivamente, a Presidência e Vice-Presidência, e a nova Presidência Executiva liderada pela Dra. Lídia Abdalla. Além disso, o Dr. Rafael Henriques Jácomo está à frente da Diretoria Técnica e será responsável por todo o projeto de ampliação do Programa de Acreditação para Laboratórios Clínicos – PALC, presente em todas as unidades do Distrito Federal e agora em implementação em todas as unidades do Brasil.
Conheça mais sobre o Dr. Rafael: • Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília - UnB. • Residência em Clínica Médica e em Hematologia e Hemoterapia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. • Hematologista com título pela Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e membro da Sociedade Americana de Hematologia. • Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. • Membro do Consórcio Internacional em Leucemia Promielocítica Aguda (IC-APL).
www.sabin.com.br |
Central de Atendimento: 61 3329-8000
@labsabin |
Laboratório Sabin
RT: Dra. Sandra Soares Costa, CRF 402 – DF
ATUALIZANDO