Novembro/Dezembro de 2008 - Ano VI - Número 31
Informativo Bimestral do Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região - SC
68008235/2005-DR/SC SINDIPI
LINGUADO
DELÍCIA DOS MARES SARDINHA
A PESCA EM DISCUSSÃO NACIONAL
Oferta de pescado
Entrevista Agnaldo dos Santos
Receitas
Memórias de Dona Didi
Fechamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT
Revista
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Revista SINDIPI
Índice
Curso de Oceanografia/Univali
Editorial....................................................................................................................4 Palavra do Presidente ..........................................................................................6 Entrevista - Armador Agnaldo Hilton dos Santos...............................................8
Especial - Peixe na alimentação
Especial - Setor discute ordenamento da sardinha................ .............................12 Entidade-.................................................................................18 Espécie - Linguado, presente em diversas formas na natureza........................24
Especial - sardinha em debate Marcello Sokal
Consumo - Ações buscam aumentar oferta de pescado................................28 Mercado - O custo e a qualidade no alimento do molusco marinho.............30 Empresa que faz - Klabin, destaque em embalagens de papelão........................32 Educação - Alunos participam da feira educacional da pesca.........................34 Perfil - Memória viva da pesca.............................................................................36 Turismo - Joinville, cidade que inspira arte..............................................................38
Espécie - a variedade do linguado Divulação Santur
Livro - Uma obra em homenagem ao rio Itajaí-Açu............................................42 Arte - A criatividade de Israel Braga de Souza Chaves..................................44 Gastronomia - Badejo recheado de farofa de camarão....................................46 Eventos - Empresa de pesca faz ação social no dia das crianças...............48 Mensagem - Esperança.........................................................................................50 Turismo - A arte de Joinville
A Revista Sindipi é uma publicação do Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região Diretoria do Sindipi: Dario Luiz Vitali (Presidente); Giovani Genázio Monteiro (Vice-Presidente); Edson Vaz Pires (Tesoureiro)- Departamento Jurídico: Marcus Vinícius Mendes Mugnaini(OAB/SC 15.939)- Sede: Rua Lauro Muller, 386, Centro, Itajaí, Santa CatarinaCep:88301-400; e-mail: sindipi@sindipi.com.br- Fone: (47)3247-6700 site: www.sindipi.com.br. Coordenação Editorial: Dario Luiz Vitali. Jornalista Responsável: Daniela Maia (SC.01259-JP); Colaboração: Marília Massochin, Almeri Cezino, Michele Anacleto, Roberto Wahrlich, Márcio Tamanaha e Roberta Aguiar dos Santos. Designer Gráfico: Geraldo Rossi; Direção Comercial: SINDIPI; Fotografia: Marcello Sokal e divulgação; Revisor: João Francisco de Borba; Impressão: Gráfica Impressul - Circulação: setor pesqueiro nacional, profissionais do setor, parlamentares, imprensa.
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novo telefone sindipi 47 3247-6700 Foto capa: Marcello Sokal. Local: Serafim’s Restaurante - Navegantes, SC.
Editorial
com muita esperança...
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mensagem desta edição fala em esperança, o sentimento que move o setor pesqueiro e faz com que acreditemos em mudanças. Esperança em um Natal iluminado e um ano novo com muita paz, união e amor. Compartilho com os leitores uma experiência: conheci um menino de família muito humilde, mas com garra e determinação. Seu nome é Iverson dos Santos, 12 anos. Ele conheceu a pesca através do Projeto Aprendendo com a Pesca (ver matéria completa na Revista), se encantou com o setor pesqueiro industrial e declarou que todo o conhecimento adquirido será importante para o seu futuro. Essa é uma história
de esperança, de apostar na criança e no jovem de hoje, de resgatar a tradição pesqueira e mostrar que a pesca ainda tem muita história para ser vivenciada. Esta edição está repleta de novidades do setor pesqueiro, sobre o polêmico defeso da sardinha; as ações do Sindipi, participações especiais de estudiosos do setor, turismo, gastronomia e arte. Deixo aqui uma mensagem de Natal e Ano Novo, inspirada no poeta Erasmo Shallkytton, a todos os leitores da Revista: “No ano novo, tudo pode se transformar, os desejos são as mais belas obras desse evento anual e o Natal é um momento mágico de sonhos e fé”.
Errata Na edição anterior (nº30) faltou colocar o crédito do mapa que mostra as áreas de exclusão de pesca (página 26) e o crédito da tabela das áreas de proteção (página 28 e 29). Créditos do ICMbio/Cepsul.
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Marcello Sokal
Natal e ano novo
Daniela Maia Editora Dicas de pauta e artigos: comunicacao@sindipi.com.br
Fone: 47 3247-6700
Revista SINDIPI Rua Antônio Hülse, 1153 - Bairro Humaitá - Tubarão - SC - Fone: (48) 3632-9545 - nuntec@nuntec.com.br
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palavra do presidente
A sustentabilidade na pesca
O
ano de 2008 para a pesca será marcado pelas mudanças em seu ordenamento. Há bastante tempo, o setor se conscientizou de que são necessárias medidas urgentes que visem a sua sustentabilidade. Nosso sindicato, por meio das câmaras setoriais, com a participação dos coordenadores, armadores e industriais, mergulhou de cabeça nesta questão. Não ficamos de braços cruzados todo este tempo, muito ao contrário, fomos discutir as questões ponto a ponto, realizamos inúmeras reuniões, sugerindo, por meio de ofício, aos órgãos federais, ações e alternativas coerentes para a pesca. Nossas equipes viajaram por este Brasil afora, para participar de encontros em que o tema em foco era a pesca. Foram tantas as reuniões que acabamos acumulando uma boa milhagem. Afinal, somos um referencial pesqueiro do país, e acreditamos que a busca por informações, que estar presentes em debates, são formas de enriquecer nosso conhecimento, tomar medidas pró-ativas e buscar o melhor para o setor. Precisamos encontrar um modelo, que abranja todos os aspectos, não só ambientais. Também econômicos, sociais e culturais. Como analisa em três palavras o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável: mercado + sociedade + recursos ambientais. Com sustentabilidade faremos, sim, melhor aproveitamento dos recursos, sem correr o risco de esgotá-los. Matéria-prima esta que representa a melhor qualidade protéica da cadeia animal. Mola propulsora da indústria pesqueira. Por isso, alertamos que não adianta somente tomar medidas restritivas, impactantes e imediatistas por parte de quem coordena nossa atividade. Acreditamos que questões desta magnitude precisam ser avaliadas com cuidado, muita pesquisa e informação. Somos conhecedores de que cada vez mais, precisamos participar das discussões que envolvem o setor produtivo. Com embasamento suficiente, para poder, ai sim, com conhecimento de causa, fazer respeitar nossos pontos discordantes. A maturidade que estamos conseguindo é um grande
Não deixe o tempo e suas palavras torná-lo um hipócrita
João Souza
exemplo. No Sindipi, investimos em pesquisas e pesquisadores. Criamos uma coordenadoria técnica para este fim. Sabemos que nada é fácil, convivemos com as oscilações econômicas, e estamos diante dos recentes acontecimentos no cenário mundial (leia-se a crise americana), que com toda certeza, nos afetará. Mesmo assim, nossa convicção no crescimento do setor pesqueiro é irredutível. Talvez, pelo histórico do setor e pelo descaso, como foi tratado durante décadas, as pequenas conquistas podem não ter um grande significado, mas com certeza terão, principalmente no futuro. Tomemos como exemplo, um muro de pedras: precisa-se colocá-las uma a uma, com paciência e cuidado, para posteriormente olharmos e constatarmos que nossos esforços atingiram seu objetivo e tudo foi recompensado. Dario Luiz Vitali Presidente do Sindipi
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ENTREVISTA
Agnaldo Hilton dos Santos
Participativo e corajoso Marcello Sokal
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armador Agnaldo Hilton dos Santos tem suas raízes na pesca, seus pais são de Governador Celso Ramos, o popular Canto dos Ganchos. Agnaldo nasceu no Rio de Janeiro, mas quando pequeno veio para Itajaí, por isso, considera-se um peixeiro e orgulha-se da cidade onde reside há 31 anos. Casado com Elizabeth Mariko Yumoto, tem duas filhas, que ele chama de “pedras preciosas”, Mirelle, 12 anos e Melissa, de 7 anos. A sua atividade na pesca não é por acaso, seu pai, Hilton Ciriaco dos Santos foi pescador e hoje é armador e sócio do seu cunhado em uma embarcação. Antes de trabalhar na pesca, foi subgerente de um banco e quando recebeu uma promoção para gerenciar uma agência em São Paulo, surgiu outra oportunidade que mudaria sua vida, de trabalhar na empresa da família Onishi – Onishi Ind. da Pesca em Itajaí, muito tradicional no setor. Em 2002, houve a dissolução da sociedade e cada um dos sócios tornou-se armador independente. Agnaldo ficou administrando como sócio-procurador os barcos em nome do seu sogro Massayuki Yumoto, o popular seu Osmar. Uma das conquistas mais marcantes foi construir uma embarcação que era o sonho do seu sogro, a Primavera XX, na modalidade de cerco. “Graças a Deus conseguimos, ultrapassando todas as dificuldades, com humildade, sempre junto dos nossos parceiros pescadores”, revela. Na frota pesqueira da família os barcos Primavera VII e VIII que operam na modalidade de arrasto duplo-parelhas; Primavera XVII no arrasto, Primavera XVI - traineira e a traineira Primavera XX. Acompanhe a entrevista do armador e coordenador da Câmara Setorial do Cerco do Sindipi.
Como o senhor adquiriu experiência na pesca? Seguindo os conselhos do meu pai e do meu sogro, procurei o melhor caminho na parte operacional. Na comercialização, duas pessoas tiveram uma importante influência na minha vida: Walter Inoue, o popular Canarinho, Akama Pescados e o industrial Claudio Leardini, da empresa Leardini Pescados. Eles deram muito apoio quando eu mais precisava. Claro que muitos outros colaboravam de uma forma ou de outra. Como o senhor analisa a pesca em Itajaí? A pesca em Itajaí sempre foi boa porque abrange diversos municípios, como Navegantes, Penha, Armação, Porto Belo etc. Por toda sua grandeza e representatividade, a pesca em Itajaí também está interligada a municípios mais distantes, como Governador Celso Ramos e todos aqueles que são direcionados pelo fácil acesso de descarga e abastecimento. Com relação à mão-de-obra, é notório os milhares de empregos diretos e indiretos que a pesca gera. Quanto ao crescimento, é muito sazonal, pois depende do tipo de modalidade. A nossa maior dificuldade hoje está na mão-de-obra, muitos pescadores estão indo trabalhar em outras áreas, além de ter muita evasão para outras categorias, principalmente, rebocadores da Petrobras. Ser armador hoje é difícil? Quais os principais obstáculos e desafios? A dificuldade não vem de hoje, o nosso maior câncer na pesca chama-se óleo diesel, que poderia ter um preço bem melhor comparando-se com os países vizinhos. Entre outros obstáculos, as dificuldades na compra de equipamentos modernos para garantir a tecnologia em nossas embarcações. Os produtos importados chegam para nós a preços bem superiores se comparados a outros países que tem subsídios e apoio governamental. Outra questão são os problemas que estamos tentando solucionar com o Ibama para podermos continuar acreditando e sobre-
vivendo da pesca. Há também diversas ONGs que só dificultam o trabalho do setor. Entre os desafios estão: a revisão de todas as portarias e instruções normativas e, principalmente, terminar com os barcos clandestinos, que além de capturarem espécies de forma descontrolada, prejudicam quem trabalha de forma correta. O que o senhor diria para alguém que quer iniciar na pesca, como industrial ou armador? Certificar-se de que realmente sabe sobre o seu objetivo e o que ele espera do setor. A pesca não é uma aventura, e sim um desafio. O dinheiro investido não terá retorno em curto prazo e quem for investir precisa pensar em longo prazo. Além disso, devido a realidade
época de grandes debates, na qual palavras como moratórias e aumento de defesos estão evidentes e, por isso, precisamos estar preparados para nos posicionar em defesa do nosso trabalho, da nossa atividade. Vamos também solicitar revisões de diversas portarias que já estão ultrapassadas e não condizem com a captura atual. Investir no projeto isca-viva, buscar alternativa de isca aos amigos que necessitam trabalhar na captura de atuns e afins, oferecendo um suporte para que não haja conflito entre traineiras e atuneiros. Essas são algumas das propostas da Câmara. Como é a participação dos armadores na câmara setorial? Boa. Todos sabem das necessida-
Entre os desafios estão: a revisão de todas as portarias e instruções normativas e, principalmente, terminar com os barcos clandestinos, que além de capturarem espécies de forma descontrolada, prejudicam quem trabalha de forma correta. socioeconômica está cada vez mais estreito o caminho para ser um armador ou industrial. Quais os planos de ação da Câmara Setorial do Cerco do Sindipi? Uma das grandes iniciativas do sindicato e um ótimo ponto de partida foi a contratação de uma equipe de oceanógrafos, nos fornecendo uma certa segurança de um trabalho futuro, porque sempre trabalhamos no "achismo". Com esta equipe de pesquisadores, vamos efetuar trabalhos direcionados à atividade, nos profissionalizar na pesca e buscar um futuro mais promissor na captura de pescado. Estamos numa
des do setor, que está cada vez mais espremido com tantas regulamentações, proibição de captura, redução de frotas e moratória. Por isso, precisamos estar unidos e os associados estão correspondendo participando das reuniões, nas quais tomamos decisões de forma democrática, sempre discutidas em grupo. Todos têm responsabilidade e sempre buscamos a satisfação do associado de forma justa. Qual a sua opinião sobre a polêmica moratória da pesca da sardinha este ano pelo Ibama? Não sei se o Ibama foi feliz ao colocar a notícia no site desta moratória Revista Revista SINDIPI SINDIPI 9 9
de uma hora para outra, sem consultar o setor. Somos contrários ao método usado na pesquisa do cruzeiro Ecosar IV, o navio Atlântico Sul, que efetuou a pesquisa com redes meia-água e, em horários diferentes daqueles em que pescamos. Por esse e outros motivos, estamos buscando suporte técnico e solicitamos a nossa participação na pesquisa a bordo, oferecendo apoio com duas embarcações traineiras, desde Cabo de São Tomé até Farol de Santa Marta. Iremos trabalhar com dados baseados em nossa experiência prática e através de nossos pesquisadores. Além disso, a projeção de captura de sardinha para esse ano estava prevista em 17 mil toneladas, e hoje já estamos com números bem superiores, uma projeção de aproximadamente 60 mil toneladas. Qual a sua opinião sobre a fiscalização na pesca? O que poderia melhorar? Hoje o Ibama tem muito mais recursos para fiscalizar, principalmente com a instalação do Preps, rastreadores que indicam onde as embarcações operam com exatidão. O que deveria melhorar é a fiscalização intensiva em cima das embarcações clandestinas. Uma boa sugestão indicada pelo setor para facilitar a fiscalização é a unificação das licenças. Outra situação incoerente que acontece é que se eu tenho um barco na modalidade de arrasto, por exemplo, depois de arrastar quatro horas, posso ocasionalmente, na fauna acompanhante, trazer uma viola ou espécie cação anjo. Nesse caso, o pescador tem que jogar fora, caso contrário, o armador será penalizado com multas porque trouxe uma espécie proibida. Eu faço um questionamento: é correto jogar um peixe morto no mar que pode servir de alimento para os mais necessitados? Em minha opinião, deveria ter uma tolerância na fauna acompanhante, já que não existe nenhum barco licenciado para essa captura. É uma espécie capturada de forma não intencionada e sem 10 10
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excesso de captura. Qual seria a atitude mais coerente: distribuir proteínas ou jogar fora um alimento? Publicações relatam que a pesca marinha pode acabar em 2048, qual a sua opinião a respeito? Nós somos extrativistas e ao mesmo tempo estamos também preocupados com o nosso futuro, por isso somos a favor de defesos (com embasamento) e preservação das espécies em extinção. Cabe a todos nós fazer o dever de
categoria que o próprio Sindipi vem apoiando. Isto é um grande avanço que deverá ser um sucesso e um aprendizado para todos nós. Como o senhor analisa a frota pesqueira brasileira? É compatível com as internacionais? Cada vez mais as frotas nacionais estão investindo em equipamentos de pesca. Como exemplo, recentemente, um grande armador de pesca investiu em uma traineira com congelamento
O que precisamos efetuar ou aprimorar nos próximos anos é a pesca de cerco de bonito listrado. Querem trazer barcos internacionais para pescar esse produto no Brasil, mas temos que apostar na nossa frota, que é igual ou melhor que os barcos arrendados, que não deixam divisas para nosso Estado. Cabe ao governo federal essa parceria apoiando o investimento nessa modalidade, assim, com certeza aumentaremos nossa captura, atendendo às exigências internacionais. casa, efetuar campanhas com todos os pescadores e entidades para que não sejamos prejudicados no futuro. O senhor acredita no crescimento do cultivo de peixes? Hoje há diversas formas de cultivo, como camarão, tilápia, truta, etc. Mas nada é mais saboroso que o alimento naturalmente saudável como o peixe da água salgada rico em ômega 3. Acreditamos no projeto de cultivo de isca como alternativa de pesca para outra
(salmorador) a bordo. O que precisamos efetuar ou aprimorar nos próximos anos é a pesca de cerco de bonito listrado. Querem trazer barcos internacionais para pescar esse produto no Brasil, mas temos que apostar na nossa frota, que é igual ou melhor que os barcos arrendados, que não deixam divisas para nosso Estado. Cabe ao governo federal essa parceria apoiando o investimento nessa modalidade, assim, com certeza aumentaremos nossa captura, atendendo às exigências internacionais.
O armador depende muito de logística para colocação de seus produtos no mercado. Faça uma avaliação dos pontos positivos e negativos de descarga do mercado brasileiro? No eixo Itajaí-Navegantes a praticidade de descarga e atendimento nas embarcações é tranqüila, mas, quando vamos trabalhar em outras regiões, dificulta um pouco. Tudo se torna mais inviável no atendimento, ou seja, é necessário movimentar um número bem maior de pessoas, aumentando os custos e diminuindo o faturamento. O senhor tem sugestões para melhorar o consumo de peixe? Temos que investir em marketing e na inserção de peixe na merenda escolar e na cesta básica. Outra sugestão é desenvolver uma ação entre os governos federal, estadual e municipal, incentivando a venda de peixe
e o seu consumo em pontos de distribuição de pescado ou em áreas que descarregam o peixe fresco, facilitando o acesso à compra, com preços acessíveis. O que o senhor espera da política local e nacional para a área pesqueira? Temos em nossa cidade uma secretaria de pesca e o próprio Sindipi, que têm demonstrado que são peças importantes na nossa economia. Seja através de reuniões ou até de projetos escolares, nos quais é compartilhado aos alunos a vida dos pescadores, dos armadores, a importância da indústria no processo de pescado. Essa ação faz com que a criança saiba da importância do alimento saudável, resgata nosso passado, vivencia o presente, e assim forma novos trabalhadores da pesca ou oceanógrafos que irão contribuir com o setor pesqueiro nacional.
Se fosse Ministro da Pesca, qual ação emergencial o senhor realizaria? Primeiramente, efetuaria um censo da pesca: quem somos, quantos somos, enfim, toda a nossa radiografia. A partir deste parâmetro, buscaria alternativas de vendas voluntárias das embarcações, ou seja, aqueles que não estão satisfeitos com a pesca que o Governo possa comprar essa embarcação, com a condição que este armador não volte mais para a pesca. Com isso teríamos um ordenamento, e com certeza, o cenário seria outro. Por último, implantaria linhas de crédito de custeio de fácil acesso, para investir no setor, sem burocracia. Mas enquanto a Seap não se transformar em Ministério, fica impossível poder implantar ou realizar estes sonhos. Entrevista: Daniela Maia
Jogo Rápido Industrial da pesca: com toda sinceridade, tenho todos os industriais como campeões, porque para manter uma indústria hoje não está fácil, se olharmos ao nosso redor, quantas que se foram...infelizmente. Empresário do Brasil: são tantos e em diversos setores, mas prefiro citar um da pesca, uma pessoa extraordinária que infelizmente nos deixou, mas com certeza, foi fruto de um grande trabalho, o empresário Shizuyoshi Onishi, que marcou muito nossa vida na pesca. Para crescer na pesca: dedicação, conhecimento, otimismo. Pesca no Brasil: difícil, falta apoio do governo, mas esperamos melhorar nos próximos anos com a criação do Ministério da Pesca. Lamenta no setor: equiparação dos insumos com nossos vizinhos: óleo diesel, equipamentos e outros subsídios. Admira no setor: os armadores e os pescadores que dão valor ao nosso produto capturado. Frase do dia: Eu sou da Pesca. Prato predileto: paella, sardinha na brasa. Hobby: futebol e descarregar um barco carregado de pescado. Uma praia: Praia Brava de Itajaí. Família: tudo, eu felizmente tenho uma família maravilhosa! Amigos: todos aqueles que desejam nosso bem, sem importar-se com lado material e, sim, humano. Entrevista: Daniela Maia
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ESPECIAL
sardinha-verdadeira Setor discute ordenamento
Na reunião do CGSS, diante de uma série de questionamentos sobre o diagnóstico dos cientistas sobre o eminente colapso da pesca da sardinha, o Ibama adiou a decisão de implantar a moratória
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o início de outubro, uma notícia alarmante foi veiculada pelo Ibama na internet, sobre a existência de uma proposta de paralisação, ou moratória, de 20 meses da pesca da sardinha-verdadeira. Essa proposta foi discutida na quarta reunião do Comitê de Gestão do Uso Sustentável de Sardinhas (CGSS), realizada nos dias 29 e 30 de setembro, que contou com a participação do representante da Intersindical, Konstantinos Meintanis, mais conhecido como Grego. A necessidade de uma moratória da pesca de sardinha foi recomendada pelo Subcomitê Científico que assessora o CGSS, como conclusão de uma reunião técnica ocorrida em julho, na cidade de São Paulo. Para chegar
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Revista SINDIPI
Ramon Benedet
a esta conclusão, o grupo de cientistas considerou os resultados de um cruzeiro de ecointegração realizado no período de 20 de janeiro a 5 de fevereiro desse ano, contratado pelo Ibama na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), além de uma estimativa de produção para 2008 na ordem de 18 a 23 mil toneladas para todo o Sudeste/Sul. Na reunião do CGSS, diante de uma série de questionamentos sobre o
diagnóstico dos cientistas referente ao eminente colapso da pesca da sardinha, o Ibama adiou a decisão de implantar a moratória. O Instituto estabeleceu uma série de medidas alternativas à moratória para serem discutidas em reuniões estaduais. Após estas reuniões, o CGSS voltaria a se reunir no dia 4 de novembro, para a decisão das medidas a serem adotadas.
Medidas PROPOSTAS na quarta reunião do CGSS 1. Retornar a um período de defeso de seis meses por ano para a sardinha-verdadeira, sendo de quatro meses na desova, com início em 1o de novembro até o final de fevereiro, e mais dois meses, no recrutamento, entre 1o de junho e 31 de julho. 2. Ampliar o defeso restrito à frota de traineiras, a todos os usuários do recurso sardinha-verdadeira. 3. Manter em 2008 a data prevista para o início do defeso (12 de novembro), em virtude de sua proximidade. 4. Ajustar as datas de vigência do defeso para a sardinha-verdadeira, a partir de 2009, conforme proposta acima mencionada. 5. Proibir a utilização da sardinha-verdadeira juvenil como isca-viva pelos atuneiros. 6. Proibir o uso de sardinha-verdadeira, abaixo de 17cm, como isca, pela frota de Itaipava/ES. 7. Redimensionar a frota de traineiras para 60 barcos padrão, que poderão ser permissionados pela Seap/PR, para a captura de sardinhaverdadeira. 8. Definir critérios para identificar os barcos que terão direito à permissão de captura de sardinha-verdadeira. 9. Rever a legislação vigente, em especial as Portarias Ibama nº 96/97 e 68/2003. 10. Proibir a substituição de embarcações que operam na captura de sardinha-verdadeira, exceto nos casos de naufrágio comprovado.
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ESPECIAL
Posicionamentos da Intersindical com relação à PESQUISA Questionamentos 1- O fato de serem capturadas espécies como cavalinha e anchoíta, não demonstra a eficiência do método para captura de sardinha que tem mais agilidade. 2- O fato de não ser capturado nenhum cardume de sardinha, embora detectadas na eco-sonda, enfatiza a afirmação anterior. 3- A sardinha reúne-se em cardumes no período noturno e mesmo que o método de captura fosse eficiente, não encontraria pescado nos horários dos arrastos realizados. 4- Em dezembro, janeiro e fevereiro, há baixa incidência de sardinha em cardumes no nosso litoral, e quando ocorrem, normalmente, eles se localizam mais próximos da costa. Nas próximas pesquisas, as incursões deveriam varrer o litoral a partir dos 10 metros. 5- As pesquisas devem ser realizadas durante todos os meses do ano e por vários anos seguidos para se ter uma avaliação precisa.
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Avaliação da metodologia aplicada pelo Ecosar IV: * O método de captura é ineficiente. * Devem ser levados em consideração os hábitos deste pescado para realizar a sua captura. * Do fato de a varredura ser efetuada dos 30 aos 60 metros de profundidade exclui áreas importantes de incidência de sardinha. * A conclusão de que a biomassa total é de 385 toneladas é absurda e comprova a ineficiência da pesquisa.
Sugestões O setor sugeriu que na próxima pesquisa realizada, de 7 a 25 novembro de 2008, uma traineira acompanhasse o navio de pesquisa ao longo de todo o seu cruzeiro para capturar os cardumes localizados. Mudar os horários da pesquisa com inícios às 18h e término às 6h. Avaliar conjuntamente a densidade do fitoplâncton, alimento da sardinha.
Justificativa Na reunião do comitê, realizada em outubro de 2006, o representante da intersindical advertiu aos participantes do comportamento anômalo dos cardumes de sardinha. Normalmente, nos meses de abril até junho, a pesca é realizada no litoral dos estados de Santa Catarina e Paraná devido a grande incidência de sardinha nesta área. Neste ano, os cardumes estavam localizados no litoral do Rio de Janeiro, fato inusitado, apontando para uma mudança climática expressiva. Tal fato pode ser comprovado por uma super safra de tainhas ocorrida, sugerindo que a corrente de águas mais frias se deslocou bem mais ao norte que o normal. O volume capturado de cavalinhas e xinxarro, bem acima de média, também comprovam tal fato. Se o habitat ideal da sardinha se deslocou, é natural que a desova tenha ocorrido em outras regiões ou em águas mais profundas.
Obs: Também foram analisados os itens: incidência de larvas e ovos, a baixa fecundidade das fêmeas e o desembarque.
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Mobilização do setor
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o dia 6 de outubro, Konstantinos esteve na sede do Sindipi para uma reunião com os integrantes da Câmara Setorial do Cerco e associados. Neste encontro foi feito um relato das discussões, ocorridas na quarta reunião do CGSS, e apresentados os posicionamentos da Intersindical (veja box 2). Os participantes foram informados sobre a programação do segundo cruzeiro de ecointegração para o mês de novembro, que terá o acompanhamento de traineiras. O objetivo é melhorar os resultados da pesquisa, possibilitando a efetiva captura de cardumes dimensionados pelo ecointegrador do navio Atlântico Sul, segundo acordo firmado junto ao CGSS. Ainda neste encontro foi destacada a importância da participação dos associados na reunião estadual do CGSS, que viria a ocorrer em dez dias, na qual as medidas alternativas à moratória seriam definidas. Após esses dois encontros, foi realizada uma reunião do subcomitê estadual do CGSS, na sede do Cepsul, em Itajaí, no dia 20 de outubro. O coordenador da Câmara Setorial do Cerco do Sindipi, Agnaldo Hilton dos Santos, associados do sindicato, a assessora técnica Michele Anacleto e representantes de outras entidades participaram do encontro.
No evento, o setor questionou, de forma enfática, a situação de colapso da pesca da sardinha, informando que a safra deste ano está sendo similar às produções registradas nos últimos anos. E que o próprio Ibama apontava como produções indicadoras de recuperação do estoque. Apesar desta constatação, a coordenadora regional do setor de ordenamento do Cepsul, Ana Maria Rodrigues, procurou justificar as conclusões do subcomitê científico, principalmente, os resultados do cruzeiro de ecointegração, além das análises de abundância de ovos e larvas realizadas por cientistas do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e da projeção de produção para 2008, realizada pela Univali. Sobre a ecointegração, Ana Maria explicou que os dados são obtidos por uma varredura da coluna d’água, e que a rede de arrasto de meia-água utilizada no cruzeiro serviria apenas como amostrador para comprovação da espécie componente do cardume localizado. “A quantidade de peixes capturada não é utilizada para avaliar a biomassa, a qual é calculada a partir dos registros acústicos dos cardumes detectados, que no caso, se mostraram muito menores e em níveis preocupantes, quando relacionados a outras pesquisas feitas com o mesmo método em anos anteriores, desde a década de 1980”, relata.
Roberto Wahrlich, Konstantinos Meintanis e Agnaldo Hilton dos Santos em discussão sobre o tema na 1º reunião no Sindipi
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Para mais esclarecimentos sobre o método utilizado para a obtenção da projeção de produção de sardinha-verdaderia, o Sindipi solicitou a presença do pesquisador Paulo Ricardo Schwingel, da Univali. Segundo Schwingel, a Univali é responsável pela coleta de dados de desembarque somente em Santa Catarina e que, com base no histórico dos desembarques nos últimos nove anos, é feita uma projeção de produção para o Estado que é atualizada periodicamente ao longo do ano, à medida que novos dados são coletados. Também ressaltou que a qualidade dos dados coletados pela Universidade depende da colaboração voluntária de mestres de barcos e de empresas, pois não há obrigatoriedade para o fornecimento destas informações, mas que são considerados como oficiais pelos órgãos governamentais. Em seguida, exibiu as informações mais recentes disponíveis para 2008, sendo a projeção de produção da sardinhaverdadeira, até o dia 13 de outubro, em torno de 40 mil toneladas (tabela), ainda acrescentou que tais informações não correspondiam aos mesmos dados analisados em julho de 2008 pelos membros do Subcomitê Científico. Esclareceu, ainda, que a Univali não tem acesso aos dados de mapas de bordo da frota de cerco, que são entregues ao Ibama. Quanto à projeção da produção nacional, Schwingel explicou que é feita a partir da projeção para Santa Catarina, considerando que esta representa 55% da captura no Brasil.
Reunião do subcomitê estadual do CGSS no Cepsul, em Itajaí
Projeção 13/10/2008 Captura SC
Captura Brasil
Positivo
20.689
37.616
Média
18.412
33.477
Negativo
15.987
29.068
Tabela 01 – Capturas acumuladas até outubro de 2008 (Fonte: GEP/Univali).
como os resultados do cruzeiro de ecointegração que está programado para acontecer em novembro deste ano. Importante destacar que o Sindipi, por meio de ofício, também solicitou o adiamento, sugerindo a realização da reunião em janeiro de 2009. Mesmo que a questão da moratória da pesca da sardinha esteja suspensa momentaneamente, a maior preocupação dos armadores e industriais é com o resultado da reunião em Brasília. O Marcello Sokal
Diante disso, o setor levantou questionamentos sobre os dados que são considerados os oficiais. O ponto mais grave apresentado é que nos dois últimos anos muitos desembarques têm ocorrido em outros Estados e que não são registrados pela Universidade. Os armadores disseram que 90% da frota catarinense está descarregando o pescado no Rio de Janeiro, e que, se isso fosse considerado, mudaria consideravelmente a projeção da produção nacional. Foi questionado o fato de que, na reunião do Subcomitê Científico, estava prevista a apresentação de dados de produção dos outros Estados, por parte do Instituto de Pesca de São Paulo e superintendência estadual do Ibama no Rio de Janeiro, mas que estes dados não constavam do relatório daquela reunião. Foi colocado, por representantes do setor, que não se pode tomar decisões a partir de dados equivocados e longe da realidade da pesca na região Sudeste-Sul. O setor também questionou os resultados de análises de dados obtidos através dos mapas de bordo. Ana Rodrigues explicou que são dois trabalhos separados e que os mapas de bordo estão sendo analisados por pescaria e diversos outros tópicos. Segundo Antônio Alberto, do Cepsul, os mapas de bordo servem como uma informação a mais para uma análise da pescaria como um todo. Porém, ao longo da reunião, estas análises não foram apresentadas. Diante de todos esses fatos, foi decidido em reunião entre Seap/PR e Ibama, o adiamento do próximo encontro que estava marcado para o dia 4 de novembro, com o intuito de compilar novas informações para subsidiar o Comitê. Definiram também a realização de uma reunião prévia entre os órgãos federais para nivelamento das informações, resultantes da compilação dos dados estatísticos de produção, assim
legalizada no Sul e outros fatores são considerados os gargalos do desenvolvimento da pesca no Brasil. Outra questão levantada pelo setor é a criação de um subcomitê socioeconômico da pesca ou que estas questões, antes que sejam iniciadas, tenham a participação do setor produtivo desde o princípio, evitando que o setor produtivo tenha que tomar medidas rápidas, a curto prazo, para evitar, por exemplo, a publicação de uma portaria que não esteja fundamentada com a realidade. Segundo o consultor de pesca, Wilson Santos (RJ), o volume de capturas é de fundamental importância na decisão das políticas traçadas no plano de sustentabilidade do recurso sardinha. Ele avalia que tanto em 2007 como em 2008 as projeções apresentadas estão bastante conservadoras nas regiões do
setor teme que sejam tomadas decisões que não estejam de acordo com a realidade, baseadas em conclusões equivocadas, prejudicando mais de 50 mil trabalhadores que dependem direta e indiretamente da captura da sardinha. Ou seja, fatos que se acumulam ao longo dos anos, como ausência de informações, permissões desordenadas desde 1980, falta de fiscalização da pesca clandestina, a captura ilegal de isca-viva no Rio de Janeiro, penalizando a captura de isca-viva de forma
Rio de Janeiro e, principalmente, São Paulo. “Na realidade poderemos estar com produções na faixa de 60 mil toneladas nestes dois anos que indicaria uma tremenda recuperação dos estoques se compararmos com a crise de 1999 a 2003”, avalia. Wilson acredita que ainda há tempo para questionar os números de 2007 e 2008. “A hora é agora para abrir uma discussão próativa entre o setor, Seap , Ibama e Univali”, opina. Colaboração: Roberto Wahrlich e Michele Anacleto
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ENTIDADE Divulgação
Defeso unificado No dia 15 de outubro, integrantes da Câmara Setorial do Camarão Rosa se reuniram na sede do Sindipi sob a coordenação do armador Joaquim Anacleto. O principal assunto foi o defeso unificado das espécies camarão-rosa e sete barbas. O novo defeso foi apontado como um grande facilitador na fiscalização. Foram distribuídos cartazes sobre o novo período de defeso para divulgação. A captura de outra espécie nesse tempo também foi citada como uma alternativa a ser avaliada. Os participantes apontaram como necessário e justo o uso de rastreador para embarcações com menos de 15 metros. Trazer o sistema Preps ao Sindipi foi outra proposta discutida no encontro.
Empresas brasileiras comprometidas com o meio ambiente Divulgação
A embarcação Luciana F, do armador Eduardo Faustino é o 1º barco brasileiro de cerco de atum a receber a certificação Dolphin Safe. Na foto, o logotipo do selo do instituto Earth Island na casaria do barco. “É com grande satisfação que declaro que fomos elogiados (Brasil) por este Instituto, com relação a forma ecologicamente correta que praticamos a pesca dos atuns e afins, e que somos exemplo para todo o mundo”, declara o armador. O conceito "Dolphin Safe", assegurado às empresa brasileiras: Brasilmar Indústria e Comércio de Pescados Ltda, Pepsico do Brasil Ltda (Quaker) e Gomes da Costa, garante que o produto é capturado pelo sistema de pesca inofensiva aos golfinhos (a pesca feita de forma correta é aquela com redes possuidoras de meios de fuga ou feita com utilização de anzol e isca). Apesar de resultar em menor produtividade, esse método diferenciado de pesca de atum praticado no Brasil para obtenção de suas matérias-primas é a segurança da proteção dos golfinhos. 18
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Encontro sobre a cadeia produtiva do bonito listrado Nos dias 25 e 26 de setembro foi realizada na Univali, em Itajaí, uma sessão extraordinária do Comitê Permanente de Gestão de Atuns e Afins - Câmara técnica do bonito listrado. A reunião apresentou aspectos relacionados à cadeia produtiva do bonito listrado. No encontro, o oceanógrafo e integrante da ICCAT, Humber Andrelli apresentou os resultados da reunião científica da ICCAT para avaliação de estoques de atuns tropicais de 2008. O presidente da Gomes da Costa, Alberto Encinas apresentou a demanda de matéria-prima de atum enlatado e as importações de bonito listrado pelo setor de conservas. É a primeira vez que se consegue estimativa razoável para o bonito listrado no âmbito da ICCAT, o que pode ser considerado um avanço. No Brasil ainda há espaço para o setor para o aumento do esforço de pesca nesta categoria, por isso o setor produtivo sugeriu ações de investimentos, em frotas e em pesquisas, como a produção de isca-viva em cativeiro para aumentar a capacidade de captura.
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Sindipi participa de reunião Representantes do Sindipi participam de reunião no RS de atuns e afins em Brasília O vice-presidente do Sindipi, Giovani Genázio Monteiro e a oceanógrafa Michele Beatrice Anacleto, coordenadora técnica do Sindicato, participaram de uma reunião em Rio Grande sobre “Enfoque Ecossistêmico para gestão da pesca no Estuário da Lagoa dos Patos e zona costeira do Rio Grande do Sul”, nos dias 9 e 10 de outubro no Ceperg/Ibama. Além de discutirem ações prioritárias para promover o desenvolvimento sustentável da pesca no estuário da Lagoa dos Patos e zona costeira, através de um enfoque ecossistêmico, outro assunto foi os aspectos da pesca na Zona Costeira do Rio Grande, enfocando o Emalhe Costeiro. Giovani Monteiro abordou a questão do by-catch (fauna acompanhante) para a pesca de emalhe, o setor sugere que a percentagem gire em torno de 3 a 5%. O pesquisador Eduardo Secchi comentou sobre as novas tecnologias de pesca para as redes de emalhar que estão sendo testadas na Argentina, Dinamarca e Estádios Unidos. Nessa técnica, é utilizado sulfato de bário na construção, o que, segundo ele, minimiza as capturas incidentais de espécies ameaçadas.
Nos dia 23 e 24 de outubro, em Brasília, foi realizada a reunião do “Comitê Consultivo Permanente de Gestão sobre Atuns e Afins”, que contou com a presença de diversas autoridades e representantes do setor pesqueiro. A oceanógrafa e coordenadora técnica do Sindipi, Michele Anacleto acompanhou o encontro, representando a entidade. Divulgação Conepe
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De acordo com a Secretaria Executiva – CPG - Atuns e Afins da Seap/PR no final da reunião foram propostos 11 itens. Entre os tópicos: a inclusão de representantes do setor produtivo do bonito listrado no CPG/atuns, incluindo a indústria e armadores; a criação do grupo de trabalho para elaboração do projeto de pescaria experimental do bonito listrado com o emprego de rede de cerco, incluindo representantes da frota nacional de traineiras; a consulta ao Dipes/Dipoa/Mapa sobre a relação de fiscais federais agropecuários presentes nos principais portos de desembarque de atuns e afins para inclusão deles na relação de agentes do Governo autorizados a validar os formulários de exportação e reexportação de atuns; na reunião de coordenação da delegação brasileira para próxima reunião da ICCAT abordar as iniciativas necessárias para isenção da obrigação de aportar individualmente os nomes dos responsáveis por validar os documentos de exportação; demanda ao SCC/CPG/atuns de estudo de viabilidade econômica da cadeia produtiva da albacora-branca. Revista SINDIPI
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ENTIDADE
Sindipi aposta em pesquisadores no quadro técnico A aposta em profissionais qualificados em pesquisa é um dos grandes focos da administração do Sindipi. Entre as principais ações de destaque está o investimento na criação da equipe de coordenadoria técnica. Os integrantes são dois oceanógrafos, Michele Beatrice Anacleto e Roberto Wahrli-
ch. Assim, todas as demandas apresentadas à entidade de classe serão cuidadosamente analisadas pela coordenadoria técnica. Os assessores também pretendem formar um banco de dados do Sindipi a partir da coleta de cópias dos mapas de bordo com os associados.
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Nova aposta em comunicação do Sindipi O Sindipi agora tem uma nova ferramenta de comunicação dirigida aos associados da entidade. As principais reuniões do Sindipi são registradas e encaminhadas via e-mail através da newsletter, um informativo on-line, com design personalizado. Com a news, os armadores e industriais agora têm outro meio digital para acompanhar as diversas reuniões e decisões importantes do setor produtivo, compartilhando as ações internas. A newsletter é mais um serviço oferecido de comunicação. Ao todo são cinco: Informe Sindipi, Clipping Sindipi, Revista Sindipi, o site:www.sindipi.com.br e a newsletter. A iniciativa é da empresa Daniela Maia Fortes ME, prestadora de serviço à entidade. Marcello Sokal
Sindipi prestigiou a feira educacional da pesca O armador Agnaldo Hilton dos Santos representou o Sindipi no evento da Secretaria da Pesca de Itajaí, a feira educacional da pesca, na escola José Potter. O armador entregou um pin com o símbolo do peixe à diretora da Escola, à supervisora escolar e à secretária de Educação do município. Na foto, o aluno Edu da Silva entregou para Agnaldo um certificado de agradecimento ao Sindipi. O Sindicato foi um grande apoiador da ação educacional que tem como proposta resgatar a tradição pesqueira de forma didática. 20
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GEP/Univali
Adiamento do período de defeso da anchova O Sindipi, por meio de ofício, solicitou ao Ibama, o adiamento do início do período de defeso da anchova, em 30 dias, para a frota de traineiras. O pedido é motivado pela drástica redução de alternativas para a sustentabilidade operacional da frota de traineiras. A entidade também propôs que, durante o mês de novembro, a pesca de anchova por traineiras fique restrita a profundidades superiores a 50 metros, evitando assim a captura de cardumes eventualmente concentrados para reprodução sobre parcéis próximos à costa, bem como evitando conflitos com a pesca artesanal. Outra sugestão é a colocação de observadores de bordo em algumas embarcações para a coleta de dados relacionados ao ciclo reprodutivo e à biometria dos peixes capturados. Desta forma, seriam obtidos dados para avaliação do ordenamento da pesca da anchova, enquanto que o controle da área de operação é viabilizado pelo sistema de rastreamento por satélite. Em resposta ao setor, o Ibama afirmou que o pedido de adiamento necessita da análise do corpo técnico do Instituto e anuência da Seap. Com relação às outras propostas do setor, o Ibama assumiu o compromisso de realizar, em 2009, uma reunião técnica e de ordenamento, com ampla participação do setor produtivo.
Marcello
Sokal
Sindipi pede abertura do edital para pesca do polvo Em ofício (231/2008), o Sindipi encaminhou à Seap/ PR uma solicitação de abertura do edital para obtenção de permissão de pesca para a captura de polvo no Sul do Brasil. Esta ação resulta no investimento na frota como alternativa para sustentabilidade operacional da pescaria. O pedido também é com base no resultado da reunião do Comitê Consultivo Permanente de Gestão de Demersais, realizada nos dias 25 e 26 de agosto, que entre os encaminhamentos, estabeleceu a revisão das permissões de pesca de polvo no Sudeste e Sul e a abertura do edital de convocação de interessados na obtenção de permissão de pesca para a captura do polvo no Sul do Brasil com vagas remanescentes.
Sindicato solicita abertura de edital para a pesca de caranguejo Em ofício (nº 221 de out de 2008) o Sindipi solicitou ao Ibama a abertura do edital para obtenção de permissão de pesca para captura de caranguejo-real (Chaceon ramosae) e caranguejo-vermelho (Chaceon notialis). Tal solicitação baseia-se no interesse dos associados da entidade na obtenção de permissão para captura dessas espécies, realizando investimento na frota como forma de alternativa para sustentabilidade operacional da pescaria. Também foi encaminhado um ofício à Seap/PR.
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ENTIDADE
Sindipi participa da Metroalimentos O simpósio de metrologia para a gestão de qualidade dos alimentos contou com a presença de diversos pesquisadores, gerentes e chefes de laboratórios e autoridades do Brasil O engenheiro Estevam Martins, representando o Sindipi, participou de uma palestra na Metroalimentos, realizada em São Paulo nos dias 24 e 25 de setembro. A apresentação foi dividida com Vera Ponçano, da Remesp (Rede Metrológica do Estado de São Paulo). Vera abordou os trabalhos realizados pelo Idec sobre pescado congelado e Estevam pontuou os encaminhamentos do sindicato para a mudança na legislação do pescado congelado, e a importância para o consumidor da utilização nas embalagens dos pesos líquido e drenado. A proposta apresentada pelo Sindipi visa substituir a atual legislação vigente, por uma mais adequada a realidade de comercialização de Pescado Congelado Glaciado dentro e fora do Brasil. “É a utilização nas embalagens das expressões peso líquido (quantidade efetiva de produto na embalagem, ou seja, peso do pescado congelado glaciado) e peso drenado (quantidade efetiva de produto sem o líquido de glaciamento), além de constar esclarecimentos sobre termos técnicos, como, por exemplo, “glaciamento” (processo industrial que visa envolver o produto com uma camada de gelo, com o objetivo de evitar o ressecamento do produto durante a estocagem congelada)”, explica o engenheiro Estevam. Atualmente, os países que utilizam esta nomenclatura em suas embalagens são: Espanha, França, Portugal, Itália, Alemanha, China e Estados Unidos da América. As mudanças propostas, além de agregar valor ao produto, vão ao encontro do objetivo de esclarecimento do consumidor, previsto como direito básico, nos termos do artigo 6º, parágrafo 3º, do Código de Defesa do Consumidor (a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, com-
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Na composição da mesa, o engenheiro Estevam Martins (Sindipi), Margarete Okazaki (Pesquisadora Científica - Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos – CCQA - Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL), Gláucia Maria Pastore, Ph.D. (Diretora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp) e Vera Ponçano(Rede Metrológica do Estado de São Paulo)
posição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem). Outra grande vantagem para a indústria nacional é a utilização da mesma embalagem para comercializar o pescado congelado glaciado nos mercados interno e externo. O representante do Sindipi explica que assim, o custo dos produtos será reduzido, facilitando a comercialização dentro e fora do Brasil. O evento Metroalimentos, realizado pela Remesp, com o apoio do Ital, Inmetro, Mapa, Abia, Abima e Senai foi considerado um sucesso.
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ESPÉCIES
Linguado presente em diversas formas na natureza Estes peixes vivem no ambiente de água-doce, marinhos e águas salobras de estuários e mangues. Entretanto, todos posuem uma peculiaridade nas fases iniciais de seu ciclo de vida
O
linguado, ao nascer, vive na coluna d’água e possui o corpo semelhante a qualquer outro, mas aos poucos vai se tornando comprimido dorso-ventralmente e o olho, de um dos lados, move-se, paulatinamente, para perto do outro olho - de acordo com a es-
pécie, para o lado esquerdo ou direito - deixando o lado original cego, que se tornará seu “ventre”, apresentando, em geral, uma cor esbranquiçada. À medida que o linguado cresce vai diminuindo sua velocidade, seu corpo fica achatado e suas nadadeiras mais rentes ao chão, partindo para uma vida essencialmente sobre o fundo.
Fotos: ICMbio/Cepsul
Mimetismo – linguado sobre o fundo
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As fêmeas podem atingir comprimentos maiores que os machos, com uma fecundidade que atinge milhares de ovócitos. Alguns estudos demonstram que certas espécies podem chegar a mais de 15 anos de vida. Esses peixes têm uma grande capacidade de se camuflarem (mimetismo), variando
sua coloração entre uma tonalidade clara até o castanho escuro, quase violeta, de acordo com o tipo de fundo onde se encontram. Esse comportamento constitui um método de defesa bastante eficaz, confundindo o animal com o substrato e praticamente tornando-se invisível aos olhos de predadores e, também, de suas presas. Em geral são predadores eficientes, que espreitam suas presas, enterrados no fundo, abocanhando-as de surpresa. Os principais itens de sua dieta são peixes, moluscos, como lu-
Linguados mais comercializados Embora sejam registradas mais de 30 espécies de linguados marinhos ou estuarinos no Sudeste e Sul do Brasil, a seguir são apresentadas algumas das mais representativas na pesca comercial, por atingirem os maiores tamanhos:
Linguado-areia (Paralichthys isosceles e P. triocellatus)
São espécies marinhas que atingem cerca de 40 cm de comprimento total. São encontrados desde o Brasil até a Argentina, em geral em profundidades entre 50 e 200 m, principalmente em fundos de areia.
Linguado-vermelho (Paralichthys orbignyanus)
ta do Chile) e no Atlântico Sul desde o Sudeste do Brasil até a Argentina, em geral em profundidades entre 10 e 200 m, principalmente em fundos de areia.
São espécies marinho-estuarinas, que atingem cerca de 1 m de comprimento total. São encontrados desde o Sudeste do Brasil até a Argentina, em geral, entre a costa e 50 m de profundidade. São migrantes obrigatórios que utilizam o estuário como área de crescimento.
Linguado-branco (Paralichthys patagonicus)
É uma espécie marinha que atinge cerca de 60 cm de comprimento total. São encontrados no Pacífico Sul (cos-
Formas de linguados – a. linguado-zebra; b. língua-de-mulata; c. linguado-remo; d. linguadinho-ocelado. Abaixo pequeno linguado – Etropus longimanus
las e polvos, e crustáceos, como camarões e caranguejos. Por sua vez, quando adultos, são também alimento de peixes demersais, especialmente tubarões e raias, que se alimentam no fundo. Os linguados são considerados peixes nobres e algumas espécies possuem grande interesse comercial. São capturados especialmente com arrasto duplo (tangones) e emalhe. A frota de arrasteiros de tangones que atua no Sul do Brasil está sediada, em maior número, em Itajaí, Santa Catarina, e desembarca tanto no porto de origem como em Rio Grande. Os
desembarques em Rio Grande se originam, em geral, da pesca ao sul de Torres. Na pesca dirigida a peixes são utilizadas redes maiores e de maior tamanho de malha no saco que na pesca de camarão. Essa pescaria é mais freqüente entre o outono e a primavera, capturando principalmente linguado-branco (Paralichthys patagonicus) e linguado-vermelho (Paralicnthys orbignyanus), além de outras espécies de peixe como a abrótea (Urophycis brasiliensis) e cabrinha (Prionotus punctatus). No emalhe são utilizadas malhas com 16 a 18 cm entrenós opostos e
tanto a pesca artesanal como industrial direcionam, em alguns períodos do ano, a pesca para estas espécies de linguado. Devido ao grande esforço de pesca, as capturas vêm decaindo nos últimos anos, e para manutenção do mercado tanto interno como externo, algumas técnicas de reprodução, visando o cultivo de algumas espécies, têm sido desenvolvidas ao redor do mundo, incluindo iniciativas no Sul do Brasil, mas ainda em nível experimental. Fonte: ICMbio/ Cepsul Colaboração: Roberta Aguiar dos Santos
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ESPÉCIES
Um toque artístico e humano
na culinária
Inspirado em peixes e frutos do mar, o chef Serafim cria receitas preparadas com produtos in natura e temperos cultivados em sua própria horta
E
m um espaço aconchegante e de frente para o mar, na praia de Navegantes, litoral de Santa Catarina, encontra-se um dos restaurantes mais cobiçados pelos amantes da culinária, o Serafim’s Restaurante. No próximo ano, o espaço completa uma década, com a honraria de estar entre os preferidos do setor pesqueiro. A especialidade em peixes e frutos do mar não aconteceu por acaso. A história de vida do chef e proprietário da casa, Luiz Carlos Serafim, é um belo aprendizado. Seu pai, Sebastião Serafim foi seu primeiro grande mestre na cozinha. Na época, ele fazia pão para sustentar toda a família. Mas o maior conhecimento adquirido foi na pesca. Durante 22 anos, trabalhou como operador na Itajaí-Rádio, onde conheceu diversos mestres de barcos, pescadores e armadores, que até hoje são seus referenciais. “Busco a matériaprima direto do barco e manipulo no
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Marcello Sokal
restaurante. Hoje dedico toda a minha experiência nos cortes e preparos do peixe ao setor da pesca”, confessa. Além do conhecimento prático, Serafim tem o título de chef internacional e bacharel em Gastronomia. Sua esposa Francislea seguiu o mesmo caminho e juntos, trabalham a quatro mãos. Em
agosto de 2008, Serafim foi premiado em 1º lugar no Festival Gastronômico de Navegantes, com a receita Polvo Grelhado. Para Serafim, preparar receitas é uma arte e o segredo é fazer a transformação do alimento com a alma e, principalmente com amor.
Receitas do Chef Linguado Ciranda de Frutos do Mar
Linguado ao Coli de Tomate Marcello Sokal
Ingredientes: 400 g Filé de linguado grande 30 g de manteiga 50 ml de vinho branco sal e pimenta do reino Molho Ciranda: ½ cebola bem picadinha; ½ tomate bem picadinho, 10 folhas de manjericão; 50 g de camarão médio; 50 g de lula, 50 g de polvo pré-cozido, cheiro verde, azeite de oliva, tomilho. Preparo: Tempere o peixe com sal, pimenta do reino e vinho. Coloque a manteiga na chapa e grelhe. Quando estiver finalizando a cocção, inicie o molho ciranda.
Molho Ciranda: Aqueça uma frigideira, coloque uma colher de manteiga, frite o alho até dourar, acrescente na seqüência: o camarão, a lula, o polvo, os demais ingredientes e tempere com sal e pimenta a gosto, finalize com azeite de oliva. Sirva sobre o peixe. Marcello Sokal
Ingredientes: 400 g de filé de linguado pequeno 30 g de manteiga 50 ml de vinho branco sal e pimenta do reino Coli de Tomate: 200 ml de molho de tomate 30 g de azeitonas 10 folhas de manjericão ½ cebola sal e pimenta do reino
Preparo: Tempere o peixe com sal, pimenta do reino e vinho. Enrole os filés de linguado e prenda com palito. Coloque a manteiga na chapa e grelhe o peixe. Assim que estiver grelhado, retire os palitos, disponha em um prato e regue os filés com o coli de tomate.
Coli de Tomate: Frite a cebola na manteiga, acrescente a azeitona e os demais ingredientes, tempere com sal e pimenta a gosto. Processe o molho e sirva sobre o peixe.
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consumo
Ações buscam aumentar a
oferta de pescado
Países da América Latina lançam idéias e sugestões para o mercado interno de produtos pesqueiros. Os setores atacadistas e varejistas são partes essenciais na área comercial
A
FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, organizou, em conjunto com a Infopesca, um seminário com a proposta de aumentar a oferta de alimentos na América Latina através de mais produtos pesqueiros de melhor qualidade no mercado interno. O tema, “Me-
lhoramento dos Mercados Internos de Produtos Pesqueiros na América Latina e no Caribe”, faz parte do projeto global que envolve 13 países. No Brasil, o evento foi realizado em Brasília, Rio de Janeiro e em Santa Catarina. A série de três seminários envolveu apresentações, troca de idéias, discussões, além das visitas de campo. No Estado, o Seminário aconteceu entre os dias 9 e 11
Os palestrantes do evento, a consultora brasileira da FAO, a economista Ana Luiza de Souza, o diretor geral da Infopesca, Roland Wiefels e o diretor de Informação e Promoção de Pesca da FAO, Carlo Santiago
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de outubro, na sede do Sindipi, em Itajaí. Segundo a consultora brasileira da FAO, a economista Ana Luiza de Souza, foram cinco as principais recomendações de Itajaí para compor o programa nacional de desenvolvimento do consumo de pescado no mercado brasileiro (ver box). Segundo o diretor da Infopesca, Roland Wiefels, a partir de agora será dada continuidade com três escalas geográficas: brasileira, latino-americana e mundial. Lembrando que a Infopesca é um órgão intergovernamental latinoamericano que trabalha com um a rede mundial de mercado e tecnologia de pescado, além do intercâmbio de informações. Na próxima edição da Revista vamos apresentar com destaque informações importantes que constam no relatório do Brasil, que caracteriza o mercado interno de pescado por região, organizado pela economista Ana Luísa de Souza Soares (outubro/2007).
Fotos: Marília Massochin
Confira as três escalas geográficas:
Escala brasileira: a síntese dos resultados e das recomendações de Itajaí, Rio de Janeiro e Brasília servirá aos próprios participantes, assim como à Seap/ PR, oferecendo elementos valiosos para traçar diversas linhas de ação em âmbito nacional. Como exemplos, replicar estes seminários em outros pontos do país, organizar um sistema de informações econômicas e comerciais para o pescado e os produtos pesqueiros, etc. Para Roland, os seminários serviram também para mostrar que a comercialização é algo complexo que precisa ser bem trabalhado, envolvendo um conjunto de profissionais, principalmente atacadistas e varejistas, até agora pouco considerados nas ações de desenvolvimento do setor. Escala latino-americana: os resultados obtidos no Brasil serão unidos com
os de todos os países envolvidos . A partir deste ponto, se constituirá uma síntese latino-americana para que a Infopesca defina novos projetos, que constituam passos no desenvolvimento dos mercados domésticos da região. Roland acredita que o fluxo de idéias, os intercâmbios que já se realizam pela internet na "rede de mercados internos" deixam claramente antever que este projeto terá continuação. Escala mundial: este é um projeto da FAO, instituição com vocação mundial, que acompanha o desenvolvimento da iniciativa. O que dá certo na América Latina serve de inspiração para ações similares na Ásia, África ou em outras regiões. Roland ainda ressalta que, um
relatório bem feito deste projeto (uma responsabilidade da Infopesca) poderá ser útil para definir projetos similares por parte das co-irmãs (Infofish, Infopeche, Infosamak, etc.). “Muitas outras regiões do mundo têm problemas similares aos da América Latina e as soluções que aplicamos por aqui poderão possivelmente servir de inspiração para soluções similares adaptadas por lá”, conclui.
Recomendações de Itajaí para compor o programa nacional de desenvolvimento do consumo de pescado 1. Valorização dos profissionais vinculados a atividade pesqueira e aquícola, pois os profissionais do setor são subestimados em sua importância socioeconômica e, por sua baixa estima, acabam não tendo estímulos a adoção de melhores práticas em suas atividades. 2. Qualificação e treinamento dos profissionais vinculados a captura e coleta de pescado, pois se identifica que já na atividade primária o pescado perde significativamente a qualidade pela manipulação inadequada e mau uso do frio. 3. Promoção do consumo do pescado por via institucional, como a maior parcela dos atores configuram-se como pe-
quenos empresários em seus setores, caberia ao Governo estender as ações de promoção do consumo de pescado. Inclusive reavaliando a Semana do Peixe. 4. Introdução do pescado na alimentação escolar como forma de se estabelecer o hábito de consumo e que os programas públicos já implementados sejam avaliados e corrigidos, adequando os programas às necessidades e paladares infantis. 5. Capacitação dos profissionais vinculados ao comércio varejista quanto a adoção de boas práticas e uso do frio; e desenvolvimento de ações nacionais voltadas a difusão de informações sobre comercialização a esse público específico.
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MERCADO
O custo e a qualidade no alimento dos
moluscos marinhos
Pesquisa sobre a flora de microalgas pode contribuir para avaliações futuras da produção primária na zona costeira de SC, bem como a produção de um histórico científico
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uando o maricultor navega até sua área de cultivo e fica observando aquele “tapete azul-esverdeado” que cobre os “long-lines” onde estão os mexilhões e ostras, dificilmente lembra como e de que forma estes organismos se alimentam. Contudo, ele sabe que esse alimento vindo do mar, sem custo nenhum, faz com que seu cultivo de moluscos esteja em constante crescimento. Os mexilhões e ostras consomem, através da filtração diária, o plâncton (conjunto dos organismos que têm pouco poder de locomoção e vivem livremente na coluna de água, sendo muitas vezes
arrastados pelas correntes oceânicas), o qual, está presente em toda extensão da zona costeira brasileira dando suporte para toda a cadeia alimentar aquática. O aspecto nutricional da composição do plâncton no Brasil já é alvo de estudos pelo menos há três décadas, e teve seu início com cultivos de peixes continentais (carpas,tilápias) e camarão, por meio da interação entre a alimentação do fitoplâncton e zooplâncton. O cultivo de organismos marinhos, como os moluscos bivalves, é mais recente, e tiveram seus estudos focados na relação entre a produção de microalgas com suas larvas em experimentos de laboratório, mas não na composição ali-
Classe Cyanophyceae (Cianobactéria)
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mentar quando estes organismos já estão no ambiente natural sob condições nutricionais regidas pelos oceanos. O fitoplâncton (microalgas) é considerado o melhor alimento para o primeiro estágio larval nos cultivos de ostras, mariscos e camarão devido a sua adequada composição nutricional (Yúfera and Lubián, 1990). Após alcançarem o estágio no qual podem se alimentar por conta própria, os moluscos são colocados no ambiente marinho, o qual está repleto de microalgas de diversas espécies, consideradas como de alto custo-benefício energético, ou seja, gastam menos energia para se alimentar com maior ganho protéico. E qual a riqueza e diversidade deste fitoplâncton? Na verdade, esta pergunta em alguns países já está sendo alvo de muitas pesquisas, pois existe uma relação direta com o efeito mais estudado atualmente, o aquecimento global. Pesquisas como, por exemplo, na costa portuguesa, detectaram uma diminuição do plâncton com conseqüência sobre a produção de sardinhas (Lusa, 2007). Existem muitas espécies de microalgas no ambiente marinho, com tamanho, formas e composição nutricional variada, que ainda não foram estudadas. Nesta diversidade, a composição de espécies é pouco conhecida em alguns locais da zona costeira brasileira, tanto na questão espacial, como temporal. A grande maioria dos estudos em laboratório, teve seus esforços direcionados à composição nutricional de algumas espécies como Isochrysis galbana, Chaetoceros mulleri, Chaetoceros gracile, Nannochloropsis sp., Dunaliella
Amostra de microalgas da região de cultivo de moluscos no norte de SC.. Várias espécies da classe Dinophyceae (círculo); espécie da classe Bacillariophyceae (retângulo) Fotos: Márcio Tamanaha
Classe Bacillariophyceae
tertiolecta (J.A. López Elias et al., 2003; José M. Mazón-Suástegui et al., 2008). O conteúdo de proteínas, carboidratos e lipídeos nas microalgas cultivadas em laboratório, podem chegar a 15 pg.cél-1, 8 pg.cél-1 e 16 pg.cél-1 de peso seco, respectivamente. Contudo, tanto o número de espécies, quanto o seu conteúdo energético, é um pequeno percentual em relação à riqueza de espécies no meio marinho. O conhecimento das espécies fitoplanctônicas da zona costeira de Santa Catarina, considerado como o principal estado produtor de moluscos marinhos, é de suma importância para que se tenham algumas respostas sobre o alimento a que os moluscos bivalves cultivados estão expostos, bem como se há uma variação na
sua biomassa e dieta alimentar. Alguns estudos mostraram que a ocorrência do plâncton de regiões subtropicais está sendo deslocada para maiores latitudes, substituindo as populações com afinidade a águas frias e, conseqüentemente, alterando a estrutura da cadeia alimentar pelágica (Hays et al., 2005). Com essa alteração, pode-se ter uma diminuição de diversidade e, conseqüentemente, eventos que aumentem a biomassa de espécies com pouco valor nutricional e com substâncias tóxicas nas quais os moluscos podem acumular ou até mesmo diminuir sua taxa de filtração, comprometendo sua dieta alimentar. Trabalhos sobre a flora de microalgas da costa catarinense já estão sendo realizados por uma equipe de pesquisadores da Univali/CTTMar, nos quais primeiramente, será realizado um levantamento das espécies presentes na região da plataforma continental de Santa Catarina. Este trabalho tem por objetivo, através de material simplificado, divulgar para a comunidade de maricultores da região e técnicos em aqüicultura, quais as espécies predominam nas águas costeiras de Santa Catarina e obter informações pertinentes a diversidade e riqueza deste grupo. Informações desta natureza podem contribuir para avaliações futuras da produção primária na zona costeira de Santa Catarina, bem como a produção de um histórico científico, tendo em vista as mudanças climáticas evidentes. Colaboração: MSc Márcio da Silva Tamanaha, oceanógrafo.
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EMPRESA QUE FAZ
Klabin
maior produtora de embalagens de papelão do brasil
A empresa, única da América Latina a ter o selo FSC, utiliza tecnologia aliada ao meio ambiente e comercializa soluções específicas para o segmento de frigorificados, como pescado
A
Klabin, empresa destaque de papelão ondulado do país, é referência no mercado de embalagens. Dentre as soluções oferecidas, o diferencial são embalagens que possuem o selo FSC (Forest Stewardship Council) e as que são livres de contaminantes, como fenóis. A companhia é a única da América Latina a ter o selo FSC para sua área florestal e para todas as cadeias produtivas de seus produtos - papéis e cartões para embalagens, papéis reciclados, sacos industriais e embalagens de papelão ondulado. O selo atesta que a empresa certificada pratica o correto manejo florestal e seus demais processos produtivos dentro dos mais elevados padrões sócio-ambientais. A certificação da cadeia de custódia garante a rastreabilidade da matéria-prima usada no processo de fabricação. Um dos grandes diferenciais de produtos comercializados com o selo FSC é o de oferecer aos clientes em-
Linha de produção de Jundiaí
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balagens provenientes de um processo efetivamente sustentável, aumentando a percepção de valor da marca pelos consumidores finais. As embalagens são uma opção ecologicamente correta, pois são 100% recicláveis e biodegradáveis, além de serem provenientes de florestas plantadas, ou seja, fontes renováveis de matéria-prima. A tecnologia utilizada nas embalagens envolve tratamentos e composições diferenciadas que aumenta a resistência a baixas temperaturas e alta umidade e também dificulta a penetração de gordura. As embalagens respeitam as normas do FDA (Food & Frug Administration), atendendo às exigências para exportação e a todos os pré-requisitos sanitários. O controle das embalagens da Klabin é feito desde o plantio das mudas das árvores, passa pela adubação, crescimento, corte, produção de celulose, produção do papel e, finalmente, a fabricação da caixa de papelão ondulado. Por manter esse controle rigoroso, a empresa pode garantir a isenção de contaminantes nas embalagens até o descarregamento no cliente. As embalagens produzidas especialmente para o setor de frigorificados permitem trabalhos gráficos com sistema flexográfico e tintas atóxicas, garantindo maior visibilidade nos pontos-de-venda e aumentando a credibilidade da origem do produto. Outra vantagem é o fato de serem auto empilháveis, ou seja, encaixamse umas sobre as outras, possibilitando uma paletização firme e estável. As embalagens também são dimensionadas para uso em palete padrão, o que se reverte em ganho na cadeia logísti-
ca. A empresa também oferece treinamentos em manuseio, armazenagem e transporte que auxiliam seus clientes a obter o melhor aproveitamento de suas embalagens. Com foco nas necessidades dos clientes, a empresa desenvolve todo o tipo de embalagem de papelão ondulado, respondendo aos desafios apresentados pelas mais diversas especificações e exigências. Fundada há mais de 109 anos, a Klabin possui 17 unidades industriais em oito Estados brasileiros e uma na Argentina. A companhia é líder na produção de papéis e cartões para embalagens, embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, além de ser a maior produtora de toras de florestas plantadas para serraria e laminação. O modelo de negócios adotado pela Klabin prevê o desenvolvimento sustentável, unindo a viabilidade econômica dos negócios a uma atuação socialmente responsável e ambientalmente correta. Os projetos sócio-ambientais da empresa são considerados referências em preservação da biodiversidade e pioneiros no conceito de sustentabilidade, pois conciliam a produção de riquezas com a geração de bem-estar social. A Klabin pratica seu manejo florestal em forma de "mosaico", mesclando florestas plantadas de pínus e eucalipto com extensas áreas de matas nativas preservadas. Desta forma, promove a formação de corredores ecológicos contribuindo para a preservação de uma rica biodiversidade. Um dado exemplar traduz a eficiência do modelo: para cada 100 hectares de florestas plantadas que possui, a Klabin preserva 83 hectares de matas nativas. Colaboração: Assessoria de Imprensa Klabin
Natal tempo de paz, fraternidade e renovação Boas festas e próspero Ano Novo
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EDUCAÇÃO
Alunos participam da
Feira Educacional da Pesca
Cerca de 300 alunos de uma escola municipal de Itajaí vivenciaram um dia temático sobre a pesca, através de painéis, cartazes, varal literário, teatro, telejornal e diversos trabalhos acadêmicos
O
projeto Aprendendo com a Pesca nasceu de um sonho, um único objetivo: unir criança, pesca e educação. O projeto foi desenvolvido na Secretaria de Pesca de Itajaí em parceria com a Secretaria de Educação e diversos colaboradores do setor. Iniciado em junho deste ano, encerrou na Escola Básica Municipal José Fernandes Potter com uma Feira Educacional, que teve a participação dos alunos, pais, autoridades e a comunidade. De acordo com a coordenadora do projeto, Daniela Maia, o resultado superou as expectativas. “No início encontramos muitas dificuldades, mas com persistência e a ajuda, principalmente, dos professores e apoiadores, além do entusiasmo dos alunos, conseguimos provar que nada é impossível quando temos um objetivo. E o mais importante, conseguimos aproximar as crianças desse universo belíssimo que é a pesca”, ressalta. No evento, um grupo da 5ª série (turma 501) apresentou
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Fotos: Marcello Sokal
um teatro com uma história de uma família de tradição pesqueira e os benefícios do consumo de peixe. As alunas da 7ª série, Mariana Aparecida Cucco e Ariany Cristini dos Santos, apresentaram um telejornal sobre o consumo do peixe e seus benefícios.
Na exposição, cada grupo de alunos mostrou um tema do projeto. Teve também um espaço lúdico, no qual foram criados jogos de memória com o tema pesca, feitos a partir das latinhas de conserva de sardinha e atum, e a sala do cineminha com projeções sobre
oceano e pesca. A empresa Gomes da Costa fez uma degustação de seus produtos. A empresa Forsafe apresentou um modelo de balsa salvavidas, o artista Joel Salustino Rocha expôs quadros inspirados em barcos de pesca industrial, o ICMbio/Cepsul expôs redes de pesca e espécies de peixes. No telão do evento foram projetadas as mais de 200 fotos do projeto e as reportagens realizadas com os alunos pelas emissoras de TV. Foram entregues certificados de honra ao mérito para alunos destaques: Iverson Rosa dos Santos; Stefany Beltrani e Mariana Aparecida Cucco da 7ª série - 701; Bruno Hirsch; Iandra Daniele Castelini e Bruna Roberta Marchi da 5ª série – 501; Mariana dos S.Cordeiro da 3ª série- 302 e Eronilton Pereira Porto da 3ª série- 301. Todos receberam um kit de produtos da Gomes da Costa. Durante o evento foram sorteados mais kits da empresa e brindes dos projetos Tamar e Albatroz. O projeto foi lançado em junho, na Escola Básica José Fernandes Potter de Itajaí, com atividades desenvolvidas até meados de outubro. Durante cinco meses, uma vez por semana, os alunos das 3ª, 5ª e 7ª séries participaram de diversas palestras em sala de aula com pescadores, empresários, biólogos, oceanógrafos, nutricionistas e outros profissionais. Além das atividades em sala de aula, as crianças fizeram visitas ao setor pesqueiro, como estaleiros (Felipe e Brandino), indústrias
e entrepostos (JS Pescados; GDC Embalagens), mercado público municipal, rádio costeira de Itajaí; barco–pesquisa do ICMbio/Cepsul e participaram de uma aula prática de culinária à base de peixe no Cetrei - Centro de Treinamento Integrado da Epagri. Na avaliação da supervisora escolar, Cleide dos Santos, a ação foi muito produtiva. “Eles tiveram a oportunidade de assistir todas as palestras e passeios nos quais vivenciaram as coisas de forma mais concreta. Os alunos além de gostarem muito do projeto, até mudaram a alimentação, começaram a comer mais peixe e aprenderam palavras novas. Toda a escola ganhou em conhecimento, além disso, os professores se uniram por causa do trabalho interdisciplinar”, relatou. Uma equipe de professores se empenhou durante o Projeto: Márcia Regina Martins, Josiane Teixeira, Gisele J. G. Martins e Claudete Pianezzer. Segunda a professora Josiane Teixeira, os alunos desenvolveram diversas atividades didáticas inspirados no tema pesca
nas disciplinas Português; Matemática; Geografia e Ciências, aprimorando a criatividade, a busca pelo conhecimento, a atividade em grupo e o resgate da cultura pesqueira.
Seis propostas do projeto 1ª- resgate da cultura pesqueira. 2ª- valorização da pesca. 3ª- estimular o interesse em trabalhar no setor pesqueiro. 4ª- difundir o conhecimento em torno do tema pesca nas áreas social, ambiental e econômica. 5ª- estimular o potencial criativo das crianças e o incentivo à leitura. 6ª - estimular o consumo de peixe.
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perfil
Memória viva da pesca
Uma história de amor e sucesso liga Dona Didi, de 80 anos, ao setor pesqueiro
Q
uem é da pesca, conhece ou já ouviu falar da história do jovem catarinense, de Armação do Itapocorói, em Penha, que aos 16 anos saiu da terra natal para ganhar o mundo. Santos, no litoral paulista, pólo pesqueiro brasileiro por muitas décadas, foi a cidade escolhida por ele e por milhares de catarinenses que migraram em busca de uma vida melhor. De pescador, o jovem se tornou dono de barco, depois de uma frota, empresas de pesca em Santos, Itajaí e Rio Grande, e um estaleiro. Construiu um império com o tesouro que descobriu no mar, os recursos pesqueiros. Quem é da pesca também conhece ou já ouviu falar que por trás do homem de visão, empreendedor, tinha sempre a presença de uma grande mulher. Essa frase pode já ter se tornado batida nas rodas de conversa, mas, se encaixa com perfeição nos laços que unem Nicácio e Didi, personagens importantes da pesca no Brasil. No confortável apartamento, no centro de Itajaí, é possível passar horas ouvindo as histórias de Dona Didi. É uma viagem à década de 40 quando a então menina Ambe-
Fotos: Almeri Cezino
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lina Valentim de 13 anos, nascida em Navegantes, partia para uma terra desconhecida, Santos, no litoral de São Paulo. O pai, carpinteiro naval, tinha recebido uma proposta de trabalho. Dona Didi, como é conhecida, embarcou com a família no navio da Empresa Nacional de Navegação Hoepcke para uma viagem que iria mudar para sempre a vida da navegantina.
O começo da família e a descoberta do grande amor A família Valentim que acabara de chegar à cidade se juntara a outros catarinenses do litoral do Estado que viam Santos como a terra prometida. A expansão da pesca e as oportunidades de trabalho criaram um elo entre as cidades litorâneas de Santa Catarina e a cidade paulista. Aos 13 anos, a menina que tinha estudado até a quarta série do primário (hoje ensino fundamental) no Colégio Victor Meirelles em Itajaí, foi trabalhar em uma tinturaria junto com os irmãos. A nova terra, as descobertas, os meios de entretenimentos tão raros em Navegantes, fascinaram Dona Didi. Foi num circo instalado no Macuco, bairro de Santos onde morava, que ela reencontrou aquele jovem que tinha visto um ano antes de partir para São Paulo. Foi na
festa de São João de 1940 em Armação do Itapocorói, em Penha, que ela viu pela primeira vez aquele que o destino selaria como marido. Três anos de namoro, seis de noivado e surgia uma nova família. As condições financeiras não eram favoráveis para o casamento, mas, Seu Antônio, pai de Didi, conservador, não deu outra opção, queria a filha casada com o primeiro namorado. Uma decisão que rendeu frutos.
co adquirido com mais três sócios: o “Estrela Dalva”. Lembra também que o marido tratava as embarcações como parte da família e do esforço em recuperar o “Itamarassu”, que naufragou na costa gaúcha em 21 de dezembro de 1987. Depois da divisão da herança com as três filhas, a armadora de 80 anos administra agora dois barcos.
A paixão pela pesca e pela família: Um legado deixado pelo marido A perda do marido provocou uma grande mudança na vida de Dona Didi. Além do abalo por causa da morte de Seu Nicácio, a empresa e a frota de barcos deixados por ele a tornavam uma armadora de pesca. Quem acompanhou os empreendimentos e o jeito arrojado para os negócios de Seu Nicácio podia dizer que tinha tido um grande professor. Dona Didi lembra do primeiro bar-
Dona Didi guarda em casa réplica do barco
Um leva o nome do marido. “Nicácio da Costa” é herança do homem que do nada, construiu um império. A memória privilegiada de Dona Didi permite que passe para as filhas toda essa história. Isabel e Dulcemar, também donas de barco, dizem que o sucesso do pai teve sempre por trás o ponto de apoio da mãe. Se depender de Dona Didi, a família ainda vai permanecer por muitos anos no negócio. Como ela afirma para a família “a pesca representa tudo”. A maior felicidade da armadora ultimamente é ver uma das netas trabalhando nos negócios da família. “Fiquei contente quando a neta entrou para o ramo. Trabalha na descarga. Coloca roupa branca, bota e tudo”. A exemplo do marido, Dona Didi também é um exemplo a ser seguido no setor, diz que a pesca está muito explorada, mas ainda cultiva viva a paixão pela atividade que mantém a família unida.
Texto Almeri Cezino
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turismo
Joinville cidade que inspira arte Joinville concilia sua centenária vocação industrial com um perfil novo, consolidado nesta década: o de referência na América Latina como centro de turismo e eventos Texto: Fabiana Ramos Rodrigues
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Divulgação Promotur
A
"Cidade dos Príncipes" foi construída por imigrantes europeus na segunda metade do século 19 em uma planície privilegiada pela natureza, entre o mar e a serra. Seus bairros residenciais se espraiam por quilômetros em volta do Centro, que pode ser percorrido a pé com facilidade. Avenidas largas e pacatas ruas de paralelepípedos são ladeadas por jardins que revelam traços fundamentais da alma da cidade: o apurado gosto estético, a dedicação ao trabalho, a atenção meticulosa ao fazer bem-feito, de canteiros de flores a megaeventos. A cidade está organizada em um modelo de desenvolvimento econômico com pólos regionais de pequenas e médias empresas e políticas direcionadas para cada um deles, fugindo do estilo centralizador que originou as caóticas metrópoles. O município tem cerca de 500 mil habitantes. Joinville é uma das cidades onde se vive mais e melhor no Brasil. Seu IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) representado pela região Norte e Nordeste do Estado é de 0,853, deixando a cidade em segundo lugar na classificação geral no Brasil, conforme a ultima pesquisa realizada, em 2000. A infra-estrutura da cidade começa na facilidade de locomoção e acesso. Para chegar à cidade, o acesso é fácil por via aérea, rodoviária e marítima. Seu terminal de carga tem 425 metros quadrados. Há também mais três aeroportos alternativos em cidades vizinhas. Joinville está a apenas 135 km de Curitiba por rodovia duplicada, a BR-101, e a 184 km da capital catarinense, Florianópolis, por rodovia em duplicação. A proximidade do porto de São Francisco do Sul (45 km), um dos maiores e melhor equipados do Brasil, permite o transporte marítimo de equipamentos pesados com agilidade e segurança.
Rua das Palmeiras, antigo acesso ao palácio dos príncipes
Graça e harmonia do Balé Boshoi em uma de suas apresentações
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Divulgação Santur
Principais atrações turísticas Turismo industrial
Joinville é referência nacional e a primeira cidade a abraçar o “Turismo Industrial”. Ele consiste em um plano de visitação a indústrias de produção alimentícia, bens duráveis e empresas de serviços, dentro do conceito de apresentação do potencial econômico, da valorização das marcas das empresas envolvidas e da divulgação turística da cidade em que o projeto está inserido. Arquitetura típica da cidade de Joinville
Turismo Eco-Rural
Visitar a área rural do município é uma oportunidade única de contemplar paisagens que reúnem reminiscências da Mata Atlântica com o patrimônio cultural deixado pelos moradores da região e da Serra do Mar. As regiões do Piraí, Dona Francisca, Quiriri e Estrada Bonita que integram o Turismo Eco-Rural são os principais pontos dessa modalidade turística. Nas propriedades o visitante pode encontrar opções gastronômicas locais, produtos artesanais como pães, cucas, biscoitos, geléias, melado, queijos, embutidos, defumados, cachaça, entre outras delícias, pesque-pagues, parques aquáticos, trilhas; pode conhecer o processo de fabricação do melado, da farinha de mandioca e da cachaça.
Barco Príncipe
Joinville possui alguns diferenciais importantes. Um deles é o iate Príncipe de Joinville III, embarcação de turismo mais bem equipada da costa brasileira, com capacidade para 350 pessoas. O Príncipe de Joinville III faz passeios pelo arquipélago da Baía da Babitonga, em meio a um rico ecossistema que serve de santuário para a reprodução de muitas espécies. Além de passeios, é possível realizar eventos a bordo.
Rua das Palmeiras
Antigo acesso ao Palácio dos Príncipes, impressiona pela beleza e exuberância das palmeiras imperiais. Localiza-se na Rua do Príncipe, Centro.
Museu Nacional de Imigração e Colonização
Funciona no Palácio dos Príncipes e apresenta exposição de mobílias, armas, teares, máquinas de escrever, de costura e até carroças e carruagens da época da colonização da cidade. Localiza-se nos fundos da Rua das Palmeiras. Horário de atendimento: de terça a sexta-feira – 9h às 17h. Sábados, domingos e feriados – 11h às 17h. (Não abre no dia de Finados, Sexta-feira-Santa e Dia da Paixão).
Parque Zoobotânico
O plantel do parque é formado por aproximadamente 200 animais que são mantidos em regime de cativeiro e por uma grande variedade de animais que co-habitam o complexo florestal do Morro do Boa Vista, mas procuram este lugar em busca de alimentos e abrigos seguros. Localiza-se no Morro do Boa Vista, Bairro Boa Vista.
Mercado Público
Horário de Atendimento: 2ª a 6ª feira: 7h às 19h / Sábados: 7h às 13h; 13h às 17h - somente Lanchonete e Restaurante, anexo ao "Cantinho do Bera" / 5ª feira: 19h às 2h - somente Lanchonete e Restaurante anexo ao "Cantinho do Bera". Divulgação Promotur
Divulgação Santur
Museu Nacional de Imigração e Colonização
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Moinho de Vento na entrada da cidade
Principais festas e eventos
Caminho dos Príncipes
Festa das Flores
A Festa das Flores, segundo pesquisas, é a mais antiga do gênero no Brasil. O evento acontece de 12 a 16 de novembro, no Megacentro Wittig Freitag. Os jardins floridos, marca de Joinville desde sua fundação, são valorizados na Festa das Flores com o Concurso de Jardins, um incentivo aos proprietários e jardineiros, além de reforçar o slogan de “Cidade das Flores”. A programação cultural acrescenta valor à festa e oferece oportunidade para os artistas joinvilenses nas áreas da música, dança, folclore e teatro, mostrarem seus talentos.
Festa das Tradições
Com o objetivo de resgatar e fortalecer a cultura de todas as etnias que contribuíram e contribuem para a formação de Joinville a festa é realizada em outubro e integra o circuito catarinense de festas do mês. Um verdadeiro mosaico cultural de Joinville é exibido em músicas, literaturas, artes, danças, folclores, gastronomia e trabalhos artesanais. Tudo para valorizar e resgatar as heranças culturais dos imigrantes alemães, suíços e noruegueses e italianos que colonizaram a região.
Festival de Dança
O Festival de Dança de Joinville é um evento consolidado pela tradição, pelo profissionalismo e pela pluralidade dos participantes. Numa trajetória de 26 anos, milhares de bailarinos e amantes da dança chegam a Joinville de todo país e do exterior.
Cidades turísticas participantes: Joinville, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Corupá, Campo Alegre, Itaiópolis, São Francisco do Sul, Itapoá, Barra do Sul, Barra Velha. As tradições européias herdadas dos colonizadores europeus estão entre as características marcantes do Caminho dos Príncipes. Apesar de concentrar o maior pólo industrial do Estado, conserva a beleza natural da Serra do Mar e do seu entorno – além da Mata Atlântica, com seus córregos e cachoeiras, e da Floresta de Araucárias nos planaltos da Serra Geral e há ainda as encantadoras paisagens rurais. No litoral, a Baía da Babitonga e a cidade histórica de São Francisco do Sul completam o roteiro. Nesta região, compreendendo o Nordeste, o planalto Norte e o litoral Norte, estão situadas a maior cidade catarinense, Joinville, e a mais antiga, São Francisco do Sul. O Caminho dos Príncipes concentra, ainda, importantes centros econômicos do Estado, como Jaraguá do Sul e São Bento do Sul. São Francisco, além dos aspectos históricos é movimentada como cidade portuária. Apesar do desenvolvimento econômico, o Caminho dos Príncipes é um roteiro essencialmente turístico, com exuberantes paisagens naturais, bucólicos cenários rurais e o charme da herança européia. Com exceção de São Francisco do Sul, que é cidade histórica portuguesa – e dos outros balneários litorâneos –, os demais municípios do roteiro foram colonizados principalmente por alemães, mas também por suíços, húngaros, tchecos, ucranianos, noruegueses, poloneses e italianos. A região conserva com carinho o legado cultural deixado pelos imigrantes pioneiros: cidades ajardinadas, ruas limpas e floridas. Divulgação Santur
Festival de Jazz
O Joinville Jazz Festival acontece no mês de junho. É um evento ousado, baseado na certeza de que Joinville (e Santa Catarina) já têm maturidade cultural suficiente para sediar um evento exclusivo de música instrumental. O Joinville Jazz Festival é configurado por Shows Principais, Palcos Alternativos (sendo um deles o "Chorinho" no Mercado Municipal), Oficinas, Clubinho do Jazz e Jam Sessions. Ele já integra o calendário cultural oficial de Santa Catarina. Seu foco principal é didático. Portanto, as oficinas gratuitas (workshops) são o verdadeiro diferencial do evento, aproximando e promovendo a interação entre músicos renomados e iniciantes. O Festival também abre espaço para novos talentos. A banda "Joinville All Star Band” recebe a todo ano cinco novos integrantes escolhidos durante o evento.
Tranqüilidade e beleza no Caminho do Príncipe
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LIVRO
Uma obra em homenagem ao
Rio Itajaí-Açu Na obra da autora, trechos poéticos ao rio: “multiplicando-se em tantas paisagens (...) enriquecendo a corrente, desenhando o vale e transformando os fiozinhos tênues e frágeis em um gigante poderoso”
S
ua Majestade, o Itajaí-Açu é uma homenagem da autora Christina Baumgarten, em parceria com o fotógrafo Marcello Sokal, aos 15 mil quilômetros quadrados que compõem a bacia hidrográfica do Itajaí. O livro mostra a importância dos rios, com destaque para o Itajaí-Açu, na história da humanidade, as construções, as enchentes, a poluição e outras curiosidades. Todas essas informações são acompanhadas pelas lentes do fotógrafo Sokal. De acordo com a autora, o livro faz parte do Projeto Resgate da Memória e traz curiosidades e poesias reunidas da produção regional de Santa Catarina. “O Itajaí-Açu é a fonte de inspiração até chegar à eternização do rio, destacando a necessidade da conscientização da população para a preservação”, conta. No relato da autora, em sua caminhada, o Itajaí-Açu recebe a água de muitos outros afluentes até chegar, com toda a sua majestade, às portas do Atlântico, para nele jorrar as águas, com toda a sua força e vigor.
Texto: Christina Alisa Baumgarten
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Marcello Sokal
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ARTE
a CRIATIVIDADE
Israel Braga de Souza Chaves
Com lápis e uma folha de sulfite, Israel Braga de Souza Chaves deixa a imaginação conduzir as mãos e imprime no papel a criatividade de seus desenhos
D
esde pequeno, Israel Braga de Souza Chaves, 21 anos, tinha certeza de que seria desenhista. Logo que começou a ter coordenação motora suficiente para pegar no lápis e riscar os primeiros traços, ele não parou mais. Natural de Itajaí, Israel começou a desenhar profissionalmente em 2007, quando foi escolhido para criar um gibi educativo sobre a Posse Responsável 44
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para o Núcleo de Zooneses de Itajaí. “Depois disso, entrei para a Secretaria de Comunicação de Itajaí, onde passei a fazer a arte das campanhas, cartazes, folderes, material educativo e outros”, conta o desenhista. A partir do gibi, Israel teve vários trabalhos divulgados em revistas, livros e outras publicações. Como morador de Itajaí, o tema pesca também se tornou mais uma fonte de inspiração para o artista. Segundo Israel, seria impossível não dar uma
atenção especial ao assunto, já que a cidade é totalmente voltada à pesca. Quando o assunto é o material utilizado, o desenhista aposta na simplicidade do lápis, caneta esferográfica comum, apontador e borracha. “Acho que a técnica e o traço são mais importantes que o material, embora, é claro, que um material de boa qualidade ajude muito”, afirma. No desenho, Israel se dedica ao estilo Mangá, que é o mesmo dos quadrinhos japoneses.
Estilo Mangá
Israel aprecia e se dedica ao traço Mangá, típico dos quadrinhos japoneses. Diferentemente dos quadrinhos ocidentais a que estamos acostumados, não se trata de um desenho infantil, embora, algumas vezes possa ser também. “Acho que o ideal para dar uma idéia melhor sobre o que é Mangá seria compará-lo com filmes. Há centenas de estilos diferentes. Encontramos alguns mais infantis e simples, outros mais sérios, com muito suspense, e alguns, ainda, com temas adultos”, ressalta o desenhista. Nesse estilo, os personagens são como pessoas de verdade, com qualidades e defeitos, fraquezas e virtudes, ao contrário da maioria dos super-heróis. As histórias seguem uma seqüência como em uma novela e é possível
notar a evolução dos personagens e da trama. Por este motivo, o Mangá atrai cada vez mais fãs. Israel destaca que o preconceito ainda é grande em relação ao traço. Diferentemente do Japão, que já está acostumado, no Brasil ainda existe a idéia de que quadrinhos são somente para crianças. Para Israel, os quadrinistas brasileiros que querem publicar algo, não só Mangá, não conseguem encontrar espaço e ficam restritos a pequenas publicações regionais, que nunca duram muito. “É uma vida bem difícil a de um quadrinista brasileiro, pois o mercado, apesar de promissor, é impedido de se expandir por preconceitos”, afirma o desenhista. Contato (47) 9955-2788
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gastronomia
Badejo recheado com farofa de camarão Beto Riginik
Badejo recheado com farofa de camarão, envolto em couve, com purê de banana da terra
600 g de badejo em filés suco de 1 limão sal e pimenta do reino, a gosto 4 folhas de couve pré-cozidas papel-alumínio Tempere o peixe com sal, limão e pimenta do reino. Farofa de camarão 1 cebola pequena picada 2 dentes de alho espremidos 100ml de azeite 300g de camarões 7 barbas, sem casca 300 g de farinha de mandioca 100ml de molho de tomate sal e pimenta do reino, a gosto salsinha, a gosto Modo de preparo: em uma frigideira, aqueça o azeite e refogue o alho e a cebola; coloque os camarões e deixe cozinhar alguns minutos. Acrescente o molho de tomate, a salsinha e, aos poucos, a farinha de mandioca. Tempere com sal e pimenta do reino. Purê de banana da terra 4 bananas da terra (bem maduras) 200 ml de leite 120 ml de leite de coco 4 colheres de sopa de mel 120 ml de creme de leite 1 colher de café de gengibre sal e pimenta do reino, a gosto Modo de preparo: cozinhe as bananas da terra até ficarem macias. No liquidificador, misture o leite, o leite de coco, o gengibre e o mel. Leve novamente ao fogo e misture o creme de leite. Deixe cozinhar por alguns minutos. Tempere com sal e pimenta do reino. Corte a folha de couve ao meio e coloque sobre ela o filé de badejo. Espalhe a farofa por cima e enrole o peixe com a folha de couve. Feche com o papelalumínio e regue com um fio de azeite. Coloque no forno por aproximadamente 15 minutos. Restaurante Capim Santo www.capimsanto.com.br Receita: Gomes da Costa Assessoria de imprensa Capim Santo
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Apresentação: disponha o purê no centro do prato; corte o peixe na transversal e coloque-o sobre o purê. Rendimento: 4 porções Tempo de preparo: 1h30
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evento
Empresa de pesca faz ação social no
Dia das Crianças
A iniciativa partiu dos próprios funcionários que, unidos, organizaram uma mega-festa infantil, com direito a cama elástica, escorregador, personagens de histórias em quadrinhos, algodão doce, balões e muita animação
N
o dia 12 de outubro, Dia das Crianças, o pátio da empresa Vitalmar Pescados, em Itajaí, se transformou num verdadeiro oásis infantil. Mais de 100 pessoas, entre crianças e adultos, passaram um dia diferente com diversas brincadeiras, sorteio de brindes e ações em homenagem às crianças. De acordo com o gerente de RH da Vitalmar, Carlos Reis, a idéia partiu dos funcionários da empresa e diretoria em mostrar que com um pouco de vontade, criatividade, é possível realizar um dia especial para as crianças, filhos de funcionários, alunos da creche municipal próxima à empresa, e os amigos da comunidade. Os brindes sorteados foram doados por parceiros da empresa Vitalmar Pescados. Os colaboradores da empresa criaram uma camiseta personalizada com o slogan Amigo da Criança para trabalharem como voluntários no dia do evento.
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Divulgação
Victor Henrique de quatro anos, filho de Dete dos Santos, moradora da comunidade
Ao lado a linda Tariane de três anos, aluna da creche do bairro, acompanhada da mãe, Neidejara Campos, foi uma das sorteadas com brinde. Em baixo à esquerda, o pequeno William, filho de Ezequiel e Graziela, no colo do amigo Nilson P. de Queiroz, que trabalha no corte na empresa. Para ele, uma festa assim para as crianças é excelente porque os funcionários e os pais também se divertem. Abaixo, um grande público compareceu ao evento e participou das muitas atrações
Revista Sindipi O veículo da Indústria Pesqueira Anuncie aqui!
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mensagem
Foto Marcello Sokal
Esperança O importante não é chegar primeiro. Não é chegar antes dos outros. Não é atingir sozinho a meta desejada. "Ninguém tem o direito de ser feliz sozinho". A humanidade caminha com vontade de chegar. O importante é os homens caminharem juntos, andarem unidos, de mãos dadas, confraternizados na busca da paz. Os homens não se entendem por quê? Porque eles não estendem as mãos e não se abrem para a ternura do diálogo. Impõem - quando deveriam aceitar. Exigem - quando deveriam oferecer. Condenam – quando deveriam perdoar. São muitos os anseios. Diferentes as capacidades. Nem todos os homens percebem que a meta é a mesma e uma só é a esperança. A esperança é luz interior a iluminar, no equilíbrio do silêncio, a caminhada dos homens. A esperança permite olhar e ver os que também caminham pelo mesmo ideal. A esperança ensina que a humanidade atingirá sua meta; Solidariedade no amor.
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