Cartilha de Combate ao racismo

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A CONSTRUÇÃO DO RACISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA

opção de interpretação do racismo da sociedade brasileira tomada nesta cartilha se baseia em uma perspectiva histórico-crítica, decolonial, que compreende a diferenciação de humanos entre raça e de superiorização e inferiorização como elemento importante para o debate anticapitalista atual e a radicalização democrática. Numa dinâmica dialética, o processo escravocrata moderno construiu a lógica racista e deixou marcas históricas no campo cultural, político, econômico e territorial. A primeira desconstrução necessária é a do conceito de raça descolada da sua dimensão histórico-crítica. Raça não é um termo fixo, estático. Seu sentido está inevitavelmente atrelado às circunstâncias históricas em que é utilizado. Por trás da raça sempre há contingência, conflito, poder e decisão, de tal sorte que se trata de um conceito relacional e histórico. Assim, a história da raça ou das raças é a história da constituição política e econômica das sociedades. (ALMEIDA, 2018. p. 19).

A compreensão da raça como pura expressão das diferenças tipológicas e genéticas invisibiliza como a diferenciação entre humanos garantiu a hierarquização de culturas, modelos civilizatórios e a cristalização da ideia universal de “homem”. O processo de racialização produziu um olhar sobre a pessoa negra, sobre negro(a)s em diáspora, sobre a construção da negritude3, mas também um olhar que atribui um lugar de hegemonia à pessoa branca, que é o olhar da branquidade. Entende-se, assim, como grupos racializados, negro(a)s, mas também branco(a)s, pois se construiu um conjunto de características tipológicas, culturais, religiosas e políticas associadas ao(à)s negro(a)s, e, Negritude – “Movimento literário afro-franco-caribenho (a partir do início da década de 1930) baseado na concepção de que há um vínculo cultural compartilhado por africano(a)s negro(a)s e seus(suas) descendentes onde quer que ele(a)s estejam no mundo. O termo “negritude” apareceu provavelmente pela primeira vez no poema de Aimé Césaire, Cahier d’un retour au pays natal (1939).” Disponível em: http:// www.ufrgs.br/cdrom/depestre/negritude.htm. Acessado em: 6 ago. 2019.

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“Contra todas as formas de assédio, em defesa dos direitos das mulheres, das/os indígenas, das/os negras/os, e das/os LGBT”


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