Revista Universidade & Sociedade n. 63

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Eblin Farage

Enfrentando desafios com “o pessimismo da razão e o otimismo da vontade” Entrevista realizada por Erlando Rêses e Caiuá Cardoso Al-Alam Fotos: Caiuá Cardoso Al-Alam A professora Eblin Farage concedeu entrevista aos diretores do ANDES-SN, Erlando da Silva Rêses e Caiuá Cardoso Al-Alam, na condição de ex-presidente do Sindicato Nacional. Eblin assumiu a presidência entre 2016-2018 e nos apresentou um pouco sobre sua história de vida, o início de sua militância na igreja católica e na Favela da Maré até a chegada ao ANDES-SN. Ela também apontou aspectos como a valorização da história e memória do sindicato e movimento docente, os desafios de sua gestão e da conjuntura política e econômica do período, que envolveu o impeachment de Dilma Rousseff, discussão e aprovação de contrarreformas, aprovação da EC-95 e resistência e luta dos movimentos sociais, estudantil e sindical, inclusive no enfrentamento ao governo de ultradireita que assumiu o país.

Universidade e Sociedade: Vamos iniciar, professora, perguntando sobre sua história de vida: sua origem de classe, moradia, seu pai, sua mãe, sua vida escolar... Pode nos contar um pouco, brevemente?

atravessava a divisa dos estados pra estudar todos os dias. Então, eu estudei da quinta até a antiga oitava série numa escola religiosa. Isso, de alguma maneira, teve uma marca importante na minha vida, porque, numa cidade pequena, a Igreja tem muito poder. Isso

Eblin Farage: Nasci no Rio de Janeiro e fui muito

marcou minha vida, de alguma maneira. E foi nessa

pequena pro interior do estado, na divisa com Mi-

escola que eu comecei a ter contato de uma forma di-

nas Gerais. Sou filha de um libanês que veio para o

ferenciada com a questão da pobreza, porque eu a via

Brasil muito novo e minha mãe é brasileira, filha de

quando morava na roça, mas numa outra perspec-

italianos. Fui morar na roça, na roça mesmo. Mo-

tiva, não era a mesma que a gente vê na cidade. En-

rei numa fazenda até os 11 anos de idade. E depois,

fim, depois eu mudei pra uma outra escola também

mudei pra Minas Gerais, onde fiquei até os 17 anos.

particular, onde eu fiz o Ensino Médio e o meu pai

Então a minha referência de infância é do interior de

morreu quando eu tinha 12 anos. E isso foi uma mar-

Minas. Estudei em escola pública nesse interior e só

ca importante na minha vida, porque o meu pai era

quando cresci um pouco, quando fui cursar a antiga

muito machista, minha família é uma família muito

quinta série, é que fui estudar numa escola religio-

conservadora por conta da origem do meu pai, por

sa, na cidade de Além Paraíba, em Minas Gerais. Eu

ele ser um libanês muito tradicional, minha família ANDES-SN

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janeiro de 2019

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