Eblin Farage
Enfrentando desafios com “o pessimismo da razão e o otimismo da vontade” Entrevista realizada por Erlando Rêses e Caiuá Cardoso Al-Alam Fotos: Caiuá Cardoso Al-Alam A professora Eblin Farage concedeu entrevista aos diretores do ANDES-SN, Erlando da Silva Rêses e Caiuá Cardoso Al-Alam, na condição de ex-presidente do Sindicato Nacional. Eblin assumiu a presidência entre 2016-2018 e nos apresentou um pouco sobre sua história de vida, o início de sua militância na igreja católica e na Favela da Maré até a chegada ao ANDES-SN. Ela também apontou aspectos como a valorização da história e memória do sindicato e movimento docente, os desafios de sua gestão e da conjuntura política e econômica do período, que envolveu o impeachment de Dilma Rousseff, discussão e aprovação de contrarreformas, aprovação da EC-95 e resistência e luta dos movimentos sociais, estudantil e sindical, inclusive no enfrentamento ao governo de ultradireita que assumiu o país.
Universidade e Sociedade: Vamos iniciar, professora, perguntando sobre sua história de vida: sua origem de classe, moradia, seu pai, sua mãe, sua vida escolar... Pode nos contar um pouco, brevemente?
atravessava a divisa dos estados pra estudar todos os dias. Então, eu estudei da quinta até a antiga oitava série numa escola religiosa. Isso, de alguma maneira, teve uma marca importante na minha vida, porque, numa cidade pequena, a Igreja tem muito poder. Isso
Eblin Farage: Nasci no Rio de Janeiro e fui muito
marcou minha vida, de alguma maneira. E foi nessa
pequena pro interior do estado, na divisa com Mi-
escola que eu comecei a ter contato de uma forma di-
nas Gerais. Sou filha de um libanês que veio para o
ferenciada com a questão da pobreza, porque eu a via
Brasil muito novo e minha mãe é brasileira, filha de
quando morava na roça, mas numa outra perspec-
italianos. Fui morar na roça, na roça mesmo. Mo-
tiva, não era a mesma que a gente vê na cidade. En-
rei numa fazenda até os 11 anos de idade. E depois,
fim, depois eu mudei pra uma outra escola também
mudei pra Minas Gerais, onde fiquei até os 17 anos.
particular, onde eu fiz o Ensino Médio e o meu pai
Então a minha referência de infância é do interior de
morreu quando eu tinha 12 anos. E isso foi uma mar-
Minas. Estudei em escola pública nesse interior e só
ca importante na minha vida, porque o meu pai era
quando cresci um pouco, quando fui cursar a antiga
muito machista, minha família é uma família muito
quinta série, é que fui estudar numa escola religio-
conservadora por conta da origem do meu pai, por
sa, na cidade de Além Paraíba, em Minas Gerais. Eu
ele ser um libanês muito tradicional, minha família ANDES-SN
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janeiro de 2019
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