Casj - 30º Concurso de Redação

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C O N E CTA D O S P ELO C O R AÇÃO 30 º C O N C U RS O D E R EDAÇÃO

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Desejamos uma boa leitura a todos!

carta do diretor

apresentação

Ao receber este e-book como resultado final do 30º Concurso de Redação do Colégio Agostiniano São José, o ano de 2020 praticamente estará findado e você, leitor, deverá estar se perguntando“ O que foi isso, meu Deus?” Sim, este ano representou muitas coisas, dependendo do ponto de vista do narrador. Nós, professoras de Técnicas de Redação, tão acostumadas a discutir com nossos alunos a importância do foco narrativo de um texto, vimo-nos envolvidas num enredo bem atípico: o de ensinar remotamente nossa disciplina tão peculiar. A quantas incertezas, dúvidas e mudanças estaríamos submetidas? O jeito era encarar o desafio e seguir “conectados pelo coração”. E desafios são para os fortes, para aqueles que, ainda que falem do passado, sabem que é, no presente e no futuro, que vivem as oportunidades e o professor, esse profissional incomodado que não teme a mudança, reinventou-se de muitas maneiras, principalmente, pela mudança de quase tudo o que considerávamos de domínio e de práticas estabelecidas. A pandemia da Covid-19, que obrigou o mundo a uma nova ordem mundial e a um ‘novo normal’, exigiu uma ressignificação de quase tudo. No colégio, essa nova postura pedagógica deu-se em todas as dimensões e envolveu diferentes profissionais que precisaram apoiar os alunos, os professores, as famílias para um bem comum. Neste ano ainda, o Colégio Agostiniano São José comemorou os 60 anos de existência muito bem vividos e se superou em muitos aspectos, tornando-se referência no sistema híbrido de ensino. Mas ainda existia outro desafio pela frente: o 30º Concurso de Redação, evento de grande importância para toda a comunidade escolar. Como seria feito, divulgado, como seriam as premiações? E foi decidido que, como quase tudo foi on-line este ano, as etapas do nosso concurso também seriam assim e o livro viria em versão digital: por que não? E o tema não poderia ser diferente: Conectados pelo coração. Por meio de diferentes gêneros e tipologias textuais, os nossos alunos do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental I, de todos os anos do Ensino Fundamental II e das séries do Ensino Médio puderam expressar suas angústias, falar de saudade, revelar suas esperanças e sonhos, além de relatar suas memórias vividas no Colégio Agostiniano São José pelas narrativas, bem como fazer críticas e dar suas opiniões por meio de textos argumentativos. E parafraseando Antônio Cândido, crítico literário e ex-professor da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo, as produções literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano e enriquecem a nossa percepção e a nossa visão de mundo. Em todos esses casos, ocorre humanização e enriquecimento, da personalidade e do grupo, por meio de conhecimento oriundo da expressão submetida a uma ordem redentora da confusão.

Queridas famílias, queridos alunos, queridos professores e funcionários, É com imensa satisfação que comemoramos, neste ano, a realização da 30ª edição do Concurso de Redação do Colégio Agostiniano São José! Nessa caminhada, orgulhamo-nos dos inúmeros textos que foram produzidos por nossos alunos e nossas alunas. Cada um deles carrega em si a tradução de muito esforço, de muita criação e de muito preparo para esse desafio. Criar é algo do próprio Deus. Criar significa sair de si para mergulhar no que está fora de nós, oferecendo para o outro o que temos de melhor. Cada texto criado e produzido por nossos queridos estudantes, ao longo de todos estes anos, aponta-nos que estamos no caminho certo, resultado de uma educação de amor e de excelência. E o nosso Concurso acontece, neste ano de 2020, em meio a duas circunstâncias: a primeira, a comemoração dos 60 anos do Colégio Agostiniano São José. Uma história de conquistas, vitórias, crescimento e realizações. O Concurso de Redação está mergulhado no mar infinito da educação, cultivado e fomentado em uma instituição comprometida não somente com a transmissão de cultura e conhecimento, mas também com a formação humana. Aqui, zelamos e cuidamos sempre pelo ser e proceder, pautados em valores que levam os nossos alunos a serem luz neste mundo. A segunda circunstância foi mais ampla e atingiu o mundo inteiro: a pandemia e as consequências da Covid-19. O ano de 2020 experimentou uma realidade que há muito a humanidade não vivenciava. As perdas, em certos aspectos, fizeram-nos ganhar. Ganhar em força, em luta, em crescimento, em amor. Percebemos que somos parte de um todo e que precisamos cuidar de todos. Fortalecemo-nos para oferecer o melhor para o outro, próprio de quem ama. E, neste contexto de festa e de luta, conseguimos realizar o nosso 30º Concurso de Redação. Esse é o grande sinal de quem quer ser grande: não desistir. Não desistimos e aqui estão as criações escolhidas deste Concurso. Nossos alunos são heróis e suas famílias vencedoras. Parabéns por terem aceitado nosso projeto e concretizado este desafio! Aqui, quero parabenizar também nossa equipe de Coordenação Pedagógica e equipes da Área de Técnicas de redação. Nossos professores são verdadeiros guerreiros da cultura, do conhecimento e do crescimento. Obrigado, equipe docente, por sempre incentivar os nossos alunos e nossas alunas a nunca deixarem de criar e de voar. Parabéns a todos nós e que esse livro seja um sinal de que aqui somos fortes em Deus e humanizados para o próximo. Parabéns aos textos aqui escolhidos. Eles representam todos os alunos de nosso Colégio que, com o esforço de suas famílias, usufruem desta fonte que os fazem realizar voos altos. Deus os abençoe e meu abraço carinhoso,

Suely Domingues Romero Hauser, em nome de todas as professoras que compõem as equipes de Técnicas de Redação

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Eduardo Flauzino Mendes

Diretor dos Colégios Agostinianos Nossa Senhora de Fátima, em Goiânia, São José e Mendel, ambos em São Paulo, instituições mantidas pela Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência. Dedica-se à dirigir projetos pedagógicos reconhecidos pela excelência no ensino e formação humanizada, oferecidos a mais de 9 mil alunos e alunas. 3


UM POUQUINHO DA NOSSA HISTÓRIA 06 Início e caminhada do Concurso de Redação 08 Dedicação ao longo dos anos 09 Eu já estive por aí! 10 Para onde vamos OS QUE AQUI ESTÃO, MANTÊM-SE DISTANTES FISICAMENTE, MAS CONECTADOS PELO CORAÇÃO! Relatos de memórias feitos pelo 4º ano 13 Corações conectados

CAMINHOS PARA VIVER BEM EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL Dissertações argumentativas feitas pelo 9º ano 44 Equilíbrio durante a quarentena 45 As diferentes maneiras de lidar com a pandemia 46 Preservar a saúde na pandemia 47 A humanidade em uma nova forma de organização social 48 Saúde mental na pandemia

16 A distância não importa

SOLIDARIEDADE E CIDADANIA: COMO A ESCOLA PODE PROMOVER O BEM COLETIVO? Dissertações argumentativas, formato ENEM, dos estudantes da 1ª série 50 Bianca Boscovich De Marchi

17 Um ano diferente para todos

51 Guilherme Adabo Guimarães

14 Juntos 15 A minha quarentena

MUITA COISA ACONTECEU ENQUANTO VOCÊ ESTAVA FORA... Contos de mistério feitos pelo 5º ano 20 O mistério do bilhete

52 Isabele Almeida Moussa 53 Isabella Lazzarin Ferrer 54 Maria Eduarda Lima Cardoso

23 Mistério sangrento

A UNIÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR NO ENFRENTAMENTO DAS DIFICULDADES DA PANDEMIA Cartas abertas dos estudantes da 2ª série 56 Carolina Minamizake

24 Seria isso um mistério?

58 Gustavo Dolci

21 Mistério no colégio 22 O líquido da imortalidade

NO MEU CORAÇÃO, HÁ UM LUGAR CHAMADO AGOSTINIANO SÃO JOSÉ Relatos pessoais feitos pelo 6º ano 26 Sem previsão de volta às aulas

62 Mohamad Walid 64 Isabella Di Pietro

29 Tempos difíceis na pandemia 30 O ano atípico de 2020

67 Saudade: destituição afetiva e falibilidade da memória

28 Colégio Agostiniano São José e o compromisso com a vida

“DO QUE ME LEMBRO...” Relatos de memória afetiva feitos pelo 7º ano 32 A primeira impressão 33 Um sonho conquistado: o ilustrador 34 A alegria de se descobrir 35 Uma fábrica de saudade

NOSSA HISTÓRIA

60 Júlia Monaco

TÉRMINOS DE CICLOS: DISCUSSÕES ACERCA DA SAUDADE Dissertações argumentativas dos estudantes da 3ª série 66 Os ciclos da vida: pensamentos desde mufasa até fernando pessoa

27 A transformação pela conexão do amor

UM POUQUINHO DA NOSSA HISTÓRIA

68 A roda do tempo 69 Saudade: términos e recomeços 70 Saudade: um indivíduo a trilhar sua jornada UMA MENSAGEM ESPECIAL 73 Conectando-se

Por Raissa Didario, aluna do 3º ano G

36 O despertar NO COLÉGIO AGOSTINIANO SÃO JOSÉ, VIVI UM MOMENTO MARCANTE! Relatos de diário íntimo feitos pelo 8º ano 38 Giovana Gante da Silva 39 Isabel Romero Hauser 40 Isabella Ostan Semenzato 41 João Victor Nunes Liebold 42 Luiz Henrique Lopez Rodriguez Araújo

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Início e caminhada do Concurso de Redação O primeiro concurso de redação no Colégio Agostiniano São José foi realizado pela equipe de professores de Língua Portuguesa em 1984. A motivação do concurso veio da necessidade de se oferecer uma proposta que estimulasse a escrita, a leitura e o posicionamento pessoal perante os fatos do dia a dia. Naquela ocasião, a dinâmica acontecia pela inscrição espontânea dos alunos e a aplicação da proposta acontecia dias depois. O fato é que em sua primeira edição a adesão surpreendeu, pois contou com a participação de mais ou menos trezentos alunos, somando-se participantes do atual Ensino Fundamental I e II. Não se esperava tantas inscrições em um primeiro momento. O grande número de interessados levou a equipe docente a solicitar, para execução dos trabalhos, o salão de eventos, onde hoje funciona o Auditório Agostiniano São José, que foi preparado para a ocasião. Os alunos, livremente, distribuíram-se pelas carteiras ali colocadas, dando início às suas atividades, cujo tema, apresentado na hora, poderia contemplar diferentes gêneros textuais. A escolha dos trabalhos foi realizada por um júri formado com professores de Língua Portuguesa e de outras disciplinas, buscando uma análise sob vários olhares. Vale lembrar que, em 1984, a Redação, como disciplina específica, dava seus primeiros passos, não tinha um peso considerável nos vestibulares e sua avaliação ainda era muito orientada pela sistematização, letra e aplicação de normas gramaticais, sendo essa última de grande peso. A premiação dos três vencedores de cada ano era simples e se resumia na exposição dos nomes dos vencedores nos murais do Colégio e algumas palavras da Coordenação Pedagógica aos alunos. Poucos anos mais tarde, com a volta do Ensino Médio à Escola, mudou-se a dinâmica, mas a essência do concurso continuou a mesma. A equipe de Língua Portuguesa optou pela participação de todos os alunos e que os textos fossem realizados, em data agendada, na própria sala de aula. Para tanto, vários assuntos eram discutidos durante as aulas de Redação e deles originava-se um tema para ser explorado na proposta escrita. Os professores faziam uma pré-seleção dos melhores trabalhos de suas turmas e, posteriormente, uma comissão selecionava os cinco melhores de cada ano/série. Na época, os trabalhos eram premiados em uma cerimônia à noite, contando com a presença de público. Havia a edição de um livro que era entregue aos participantes, às famílias e à comunidade educativa. Poucos anos depois, o evento foi renovado com a noite de autógrafos, um incentivo aos “novos escritores” e a alegria das famílias. Com o advento do Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM, e as exigências dos vestibulares, tornou-se imprescindível que a disciplina Redação se desmembrasse da composição da nota de Língua Portuguesa e viesse ser ministrada e avaliada como disciplina distinta, Técnicas de Redação. Essa mudança teve início no Ensino Médio e tempos mais tarde foi também estendida ao Ensino Fundamental II. Esse processo veio contribuir muito no desenvolvimento da expressão escrita e no aprimoramento dos gêneros textuais.

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A partir de então, os conteúdos giravam em torno de temas bem atuais ligados aos assuntos do cotidiano. As avaliações possuíam critérios definidos e as cobranças eram bem exigentes, buscando simular a situação de importantes provas seletivas externas. Com isso, o Concurso ficou mais rico e suas produções, cada vez mais, revelavam características sociointeracionais, textos dialogantes e posicionamentos fundamentados em grandes pensadores, filmes e leituras realizadas, objetivando estudo, cultura e atualização dos concorrentes. Assim, por uma questão de logística e tempo, as redações eram selecionadas entre os melhores textos da avaliação redacional do segundo semestre. Anos depois, decidiu-se pela escolha dos melhores textos produzidos pelo aluno durante o ano letivo, mas a característica da festa de premiação perdurou até 2018. Em 2019, tentou-se um novo modelo de premiação. No ano de 2020, em razão da pandemia provocada pela Covid-19, o concurso ficou suspenso, mas, se Deus quiser, volta em 2021 renovado e cheio de novidades.

Maria Aparecida Pedro Bom

Educadora, dedicou muitos anos de sua carreira, de 1984 a 2018, à formação de crianças e adolescentes no Colégio Agostiniano São José. Foi professora de Língua Portuguesa, Coordenadora de Área, Orientadora Educacional, Coordenadora Pedagógica, Vice-diretora da Instituição e, atualmente, Consultora Pedagógica da Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência. 7


Dedicação ao longo dos anos

Eu já estive por aí!

Um concurso de redação? Sim, essa ideia surgiu na década de 80 no Colégio Agostiniano São José como uma maneira de valorizar a escrita dos nossos alunos. Isso porque era preciso dar luz aos talentos literários que somente as professoras de Língua Portuguesa conheciam em suas aulas. Por isso, ao longo desses 30 anos de existência, esse evento foi mudando de formato. A princípio tímido, restrito ao ambiente escolar, foi ganhando mais evidência na comunidade e se tornando um momento esperado, digno de respeito e de orgulho para todos. Houve uma época em que a participação dos alunos era por meio de inscrições, pensava-se que apenas uma minoria acabaria se inscrevendo, mas não foi isso que aconteceu, foi tal a adesão que, nos anos seguintes, foi adotado o formato que persiste até hoje, todos participam e são escolhidos os textos finalistas, decisão que não é nada fácil, pois aparecem trabalhos muito bons. Essa valorização da escrita na sociedade como um todo, seja como uma exigência para as avaliações externas como vestibulares e Enem, fez com que o Colégio Agostiniano São José apostasse numa inovação e dedicasse na grade curricular uma disciplina voltada para esse fim: Técnicas de Redação e, desde então, as professoras de TR analisam os assuntos mais relevantes da atualidade e propõem um tema sobre o qual os alunos escrevem textos de diferentes gêneros, respeitados os níveis de escolaridade. Como professora do Colégio Agostiniano São José há alguns anos, pude participar de vários desses eventos e notar a grande alegria das famílias em ver seus filhos e netos recebendo a premiação no palco, autografando seus livros. E, dessas experiências, ver que é possível extrair textos de grande expressividade dos nossos jovens escritores, que se sentem valorizados e prestigiados numa premiação a qual ficará registrada na memória de nossos alunos e será motivo de saudade para todos eles um dia.

Estudei no Colégio Agostiniano São José entre os anos 2000 a 2002, no Ensino Médio. Já no Ensino Fundamental, eu sentia muito apreço pelas disciplinas de Língua Portuguesa e Redação, porém, em minha escola anterior, embora o ensino de tais matérias fosse de grande qualidade, não havia estímulos adicionais para os alunos que nelas se destacavam. Por isso, quando ingressei no Agostiniano São José, fiquei absolutamente encantada com a possibilidade de participar de um Concurso de Redação! Na ocasião, o Concurso, que era anual, funcionava da seguinte forma: em uma das provas regulares da disciplina de Língua Portuguesa eram selecionados os melhores textos para premiação. As redações escolhidas eram, então, classificadas, publicadas em um livro e divulgadas em uma noite de autógrafos no Colégio. Logo em meu primeiro ano de Agostiniano minha redação foi selecionada. Lembro-me da alegria que senti quando minha professora de Língua Portuguesa me informou da seleção. Acabei pegando o segundo lugar no concurso, mas, de qualquer forma, o primeiro lugar ficou “em casa”, pois foi conquistado por meu namorado na época. Nos anos seguintes, eu e o tal namorado, que naquela ocasião não era mais, começamos a “competir” pelos primeiros lugares do Concurso, sempre de forma sadia e com muita descontração, é claro! Como resultado, no segundo ano do Ensino Médio, acabei sendo premiada com o primeiro lugar e, no terceiro, novamente, com o segundo. Para mim, o mais especial do Concurso eram as noites de autógrafo. Os alunos premiados recebiam 10 exemplares dos livros com os textos selecionados, como também podiam levar a família para o evento. Na ocasião, fui instada a criar meu ‘autógrafo’, a mesma assinatura que, curiosamente, até hoje utilizo em meu trabalho como Juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, São Paulo. O efeito imediato do concurso em minha vida foi sentido, sobretudo, quando de minha aprovação no vestibular da Universidade de São Paulo. O desafio de escrever um texto de qualidade, em um tempo escasso, era sempre trabalhado nas preparações para o Concurso e, isso, foi determinante para a minha aprovação na segunda fase do vestibular. Assim, comprovadamente, os ensinamentos dos professores de Língua Portuguesa viriam a ser fundamentais em minha vida profissional, tanto que, logo depois da graduação, eu mesma viria a me tornar professora, inspirando-me nos exemplos dos grandes mestres que tive. Um desejo? Que a gostosa nostalgia que sinto, quando penso no Concurso de Redação, faça parte da vida de todos os alunos dos Colégios da Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência!”

Cleide Perticarati Domingues

Educadora, desde 1988, dedica-se à formação dos estudantes do Colégio Agostiniano São José. Colaborou como professora de Língua Portuguesa, orientadora educacional e – atualmente – dedica-se às atividades de Técnicas de Redação do 7º ano, como professoracorretora das turmas. 8

Renata Orsi Bulgueroni

Aluna do Agostiniano São José – 2000, 2001 e 2002. Atualmente, Juíza do Trabalho em São Paulo e Professora de Direito do Trabalho em cursos de graduação, pós-graduação e preparatórios para concursos públicos.

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Para onde vamos O homem que quando zarpou não sabia para onde estava indo e, quando voltou, não soube dizer onde havia estado”. A frase poderia facilmente ser sobre mim, mas não é. Foi com essa oração que o jornalista e historiador Eduardo Bueno definiu ninguém mais, ninguém menos que Cristóvão Colombo. Pense: se o italiano que primeiro colocou as solas dos sapatos no segundo maior continente do mundo não sabia para onde ia e nem de onde voltava, imagine eu, estudante, aos 17 anos? Mas, para o azar de Colombo, e minha sorte, ele não teve um ótimo professor de literatura e um concurso de redação na escola. Isso porque eu não era bom em nada no Colégio. Para ser honesto, era bom em conversar, fazer piadas, contar histórias e atrapalhar a aula do professor, do que me arrependo, mesmo. Até que Flávio Mello, à época lecionando literatura no Agostiniano São José, apresentou-me à leitura com livros de Lourenço Mutarelli, autor que indico muito. A leitura “casou” com o meu interesse por Política e vitaminou um sentimento que Aristóteles, o filósofo, chama de “Saber por saber”. Ele falava em criar o interesse por saber, por aprender, por melhorar. Explico: quando pequeno, seus pais obrigavam você a comer verduras e vegetais que você odiava? Pois bem, a escrita para alguns é um prato de repolho com batatas. Para outros, é um prato de caviar, isso que eu nunca comi caviar. Fui escrever bem melhor só no último semestre do Ensino Médio, a ponto de conseguir ser selecionado para o Concurso de Redação. O evento foi, para mim, uma coroação da escolha pelo jornalismo e esteve presente no meu currículo nas primeiras buscas por um estágio em uma redação de jornal. Hoje, o jornalismo me parece ter sido uma opção acertada e me dá uma vantagem sobre Cristóvão Colombo porque sei onde estive, de onde saí, e o concurso foi um passo elementar. Para onde estou indo, olha, não sei bem. No momento, cubro os poderosos e levo informação aos brasileiros. Isso tem sido meu sonho. A vocês que, selecionados para o concurso, têm a possibilidade de tirar muito proveito disso como eu, faço das palavras de Emicida as minhas: “Você não percebeu que é o único representante do seu sonho na face da terra? Se isso não fizer você correr, chapa, eu não sei o que vai”.

Leonardo Martins

É repórter, atualmente, na rádio Jovem Pan. Formado pela Faculdade Cásper Líbero; tem passagens pelas redações do UOL e do jornal O Estado de São Paulo. É corintiano, curioso e ansioso.

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A primeira vez que ganhei o Concurso de Redação foi no ano em que eu tinha entrado no Colégio Agostiniano São José, 2010. Eu estava no quarto ano e lembro como foi empolgante para uma criança de 9 anos subir ao palco e ser aplaudida pela escola e pela família. Depois disso, venci o concurso mais 5 ou 6 vezes ao longo do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e, em todas elas, a alegria e a empolgação foram as mesmas, de forma mais madura, mas ainda com aquele sentimento bom de reconhecimento de um trabalho bem feito. Quando a professora anunciava na sala de aula que eu havia ganhado, eu já ficava ansiosa para contar para minha mãe assim que ela me buscasse no colégio e, então, ela logo comunicava à família sobre o dia da premiação para que todos reservassem a data. Após o momento da premiação, em que recebíamos os troféus, todos se dirigiam à quadra para a chamada ‘noite de autógrafos’ e a minha parte preferida era poder prestigiar meus colegas que tinham vencido também, lendo uns os textos dos outros e aproveitando aquele momento com as nossas famílias. Todos os troféus e livros estão guardados aqui em casa e minha mãe, até hoje, fala com orgulho sobre isso a quem perguntar. Além da importância acadêmica – porque quem pratica a escrita pratica a leitura e, portanto, a melhora a interpretação em qualquer disciplina e contexto - a escrita é essencial na minha vida para que eu me comunique com precisão, para que saiba me expressar em qualquer situação, principalmente para argumentar, considerando que escolhi um curso em que o poder de persuasão é imprescindível. A escrita foi fundamental para que eu entendesse parte de quem sou, para desenvolver o senso crítico e compreender meus próprios posicionamentos e opiniões diante das questões da vida e o Concurso foi um dos grandes fatores de motivação para que eu desenvolvesse essa paixão e habilidade. Enfim, carrego comigo muitas sensações boas das noites de premiação, nas quais minha família se reunia e se debruçava sobre os meus textos para entender e apreciar meus pensamentos. Essas memórias e tudo o que aprendi escrevendo até hoje serão sempre lembradas com muito carinho. Por fim, sou grata a cada um dos meus professores que despertaram em mim o interesse pela escrita, desde o Ensino Fundamental, e que, nas noites de premiação do concurso, estavam no palco para me parabenizar e incentivar sempre.

Bárbara Tonetti Akl

Foi aluna do Agostiniano São José de 2010 a 2018. Atualmente, é estudante de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Ganhadora de seis (ou seriam sete?) edições do Concurso de Redação do CASJ.

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Os que aqui estão, mantêm-se distantes fisicamente, mas conectados pelo coração!

CONECTADOS PELO CORAÇÃO

CORAÇÕES CONECTADOS

Helena Borga Keiteris, aluna do 4º ano B

Olá, meu nome é Helena, tenho 10 anos e, desde o dia 16 de março, estou sem poder ir à escola, por causa de um vírus terrível, que se espalha facilmente entre as pessoas e que já fez com que muitos morressem, o coronavírus. Nesse tempo de distanciamento social, estou fazendo coisas que não fazia antes, uma delas é passar mais tempo com meus pais. Sinto muitas saudades da escola, dos meus amigos, de pegar livros na biblioteca e dos meus professores. Queria passear e viajar, mas, por enquanto, estou fazendo isso por meio da internet. Nesta quarentena, estou assistindo a muitos filmes e séries. Para contornar o distanciamento social, nas férias de julho, fiz reuniões on-line com minhas amigas. Planejei os temas, organizei jogos e atividades para nos divertirmos. Teve festa do pijama, baladinha e festa à fantasia; assim, matamos as saudades. O lado bom da quarentena é passar mais tempo com meu pai e minha mãe, mas e minha avó? E a minha madrinha? E o meu primo? Às vezes, fico triste por não poder visitar minha família e abraçar as pessoas que amo, mas sei que logo vamos nos ver de novo. Com eles, estou conectada pelo coração.

Por Anita C. R. Lopes, aluna do 3º ano H

Relatos de Memórias do 4º ano 12

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JUNTOS

João Ribeiro Neto, aluno do 4º ano F

Olá! Sou João Ribeiro Neto, tenho 9 anos, moro em São Paulo, com meus pais e meus irmãos. Neste ano de 2020, estou no 4º ano do Colégio Agostiniano São José, uma turma que tive pouco contato, porque em março desse ano, todo o planeta foi surpreendido com uma pandemia. Um vírus que veio da China nos isolou da escola e de todas as nossas atividades rotineiras. No começo, foi uma farra, eu e meus irmãos tínhamos a certeza que estávamos de férias, mesmo tendo recebido todos os materiais da escola e a programação que deveríamos seguir, minha mãe ficou a beira da loucura para fazer tudo funcionar. A nossa empregada foi embora, meu pai fechou sua fábrica por 15 dias, continuava achando que estava no céu, até que, um dia, ouvi meus pais conversando sobre os problemas que iriam acontecer com muitas pessoas se a economia não voltasse a funcionar e, a partir de então, comecei a tentar entender o que eles conversavam. Shoppings, restaurantes, lanchonetes, parques, cinemas, teatros, shows, tudo fechado: ninguém saía de casa. Pessoas perderam empregos, outras passaram a não ter dinheiro para comprar comida e a depender do nosso governo; tudo demora muito para acontecer. Minha mãe sempre fala que precisamos sempre ver o saldo positivo da situação que estamos vivendo, então comecei a perceber que meu pai ficava mais tempo em casa; fazemos todas as refeições juntos, fazemos sessões de cinema em casa em dias de semana, meus pais cozinham coisas diferentes para nós: fazemos churrasco e hamburgada em plena segunda-feira. Gostaria que todo o planeta também estivesse sentindo essa união prazerosa que redescobrimos na minha casa, na minha família. Seguimos mantendo a distância das pessoas, usando máscara, saindo pouco de casa. Aqui em casa ninguém pegou o vírus, também não temos caso na família da mamãe nem na do papai. Realmente, 2020 está sendo um ano bem diferente, mas não podemos deixar de acreditar que dias melhores irão chegar.

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A MINHA QUARENTENA

Lucca Cortez Fonseca, aluno do 4 º ano B

Meu nome é Lucca, moro com meu irmão e meus pais. Fiz nove anos no final de maio, e esse ano meu aniversário foi bem diferente: sem festa, sem amigos e sem viagem. Gosto muito de comemorar viajando para algum hotel com muitas diversões, ano passado até “Stand up peddat” eu fiz! Por causa da pandemia, este ano muitas coisas mudaram! Agora, as festas são virtuais, as aulas on-line. Já se passaram muitos meses; no começo todos acharam que seria rápido, mas não está sendo! Sinto falta dos amigos da escola, do abraço da professora, das brincadeiras no intervalo. Também sinto muita falta das aulas de Jiu-Jítsu; no treino sempre tinham brincadeiras, e a minha preferida era “pular-faixa”: duas pessoas esticavam a faixa da vestimenta e a outra ia aumentando a altura. Apesar de todas as mudanças, as dificuldades que enfrentamos esse ano, temos que agradecer por estarmos bem, com saúde; logo voltaremos para a escola e poderemos dar um abraço nos amigos, na professora e, quem sabe, até organizar um abraço coletivo em volta do Colégio Agostiniano São José!

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A DISTÂNCIA NÃO IMPORTA

Luiza Simionato, aluna do 4º ano G

Eu me chamo Luiza e tenho 9 anos, moro com minha irmã e meus pais. Também tenho um irmão, que mora em outro país. Eu adorava ir à escola, mas por causa desse coronavírus não posso sair. Uso a aula on-line para estudar, ver meus amigos e professores; também uso o computador e o celular para conversar com meus avós, tios, padrinhos etc. Nós estávamos planejando passear e viajar, mas por causa da pandemia nós não podemos. Com essa situação, aprendi uma palavra muito importante: a palavra “ainda”. Ela significa uma coisa que não aconteceu, mas irá acontecer no futuro. Por exemplo: “Eu ainda não vou viajar, mas viajarei em breve.” Essa palavra me tranquilizou quando me sentia triste. Não importa a distância entre seus amigos, familiares, o que importa é mantermos o amor e o carinho nesse período. Logo, logo os cientistas e médicos encontrarão a cura e o tratamento para a Covid-19 e o ano de 2020 será só a lembrança de um ano diferente.

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UM ANO DIFERENTE PARA TODOS

Victória Bacco Pereira, aluna do 4º ano A

Você já imaginou, alguma vez na vida, não poder abraçar as pessoas que mais ama? Não comemorar aniversários com grandes festas e mudar toda a sua rotina de vida? Pois bem, a minha história começa aqui: março de 2020. Olá, me chamo Victória, tenho nove anos, adoro ir à escola, participar de festas, viajar, ir ao cinema, teatro e à restaurantes. Amo brincar com meus primos e minhas amigas da escola, mas, de repente, tudo mudou... Na televisão, mostravam pessoas de máscara, os hospitais cheios de pacientes, álcool em gel e luvas sumindo das prateleiras de farmácias e mercados. Minha mãe me explicou que era o novo vírus que estava atacando a população, o coronavírus. Aí meu mundo desmoronou: descobri que tudo o que mais gostava de fazer era proibido, deveríamos ficar em distanciamento social, nos afastar dos colegas da escola, dos professores e principalmente dos familiares mais idosos. Sem abraços, sem beijos, sem apertos de mão... Que tristeza! Meu aniversário de nove anos, e o do meu irmão de cinco anos, foi comemorado em uma festa do pijama, só para a família e com “parabéns virtual”. Conversar com primos, avós e tios só pelas redes sociais. Fiquei sem aulas! A princípio achei legal, pois imaginei que fossem férias, mas não! E foi aí que o novo normal começou: as aulas continuaram pelo computador, as chamadas aulas on-line. Fiquei feliz, pois embora distante, eu poderia ver os meus amigos e minha professora. Uma grande emoção tomou conta do meu coração no drive-thru junino do CASJ ao rever de perto meus professores! Foi incrível! Passei a dar mais importância para os momentos com as pessoas que amo. Aprendi a cozinhar e a desenhar. Peguei brinquedos que nem lembrava que existiam e comecei a valorizar pequenos gestos e a simplicidade da vida. Notei a solidariedade entre as pessoas que fizeram doações de roupas e alimentos aos que mais necessitavam, pois haviam perdido seus empregos. Hoje tenho saudades de muitas coisas, principalmente da convivência com meus amigos; sei que tudo vai passar e vamos nos lembrar desses momentos como um novo desafio para a humanidade.

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Muita coisa aconteceu enquanto você estava fora...

ESTAVA FORA

Por Isadora Gonçalves Lima, aluna do 3º ano E

Contos de mistério do 5º ano 18

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O MISTÉRIO DO BILHETE

Arthur Cortez Fonseca, aluno do 5º ano E

Finalmente a quarentena acabou, acordei cedo na segunda-feira, tomei meu café rapidamente e saí para o retorno às aulas. De tão ansioso, quase esqueci a mochila, desci do carro na esquina e fui correndo até o portão de entrada. Quase escorreguei ao pisar num papel todo amassado, que peguei do chão. Parecia um bilhete e dizia: ‘Muita coisa aconteceu no Colégio Agostiniano São José, enquanto você estava fora... Estou preso aqui e preciso muito da sua ajuda! Espero que este bilhete chegue até você!’ Entrei na escola e encontrei meu amigo Matheus de outro ano, contei para ele sobre o bilhete. A escola estava vazia ainda, era o primeiro dia do retorno e chegamos cedo, de tanta vontade de rever os amigos. Fernando também estava chegando com o seu pai, contamos para eles sobre o bilhete e o pai do Fernando resolveu nos ajudar a descobrir o que poderia ser. Descemos as escadas, andamos pelos corredores, abrimos as portas das salas e, muito longe, ouvimos um barulho, alguma coisa batendo. A princípio, ficamos com medo, mas fomos mesmo assim. Ao chegar próximo ao laboratório, percebemos que o barulho vinha de lá. Vimos que uma vassoura travava a porta, batemos na porta e fomos entrando. Havia uma espécie de fumaça, aquela que sai do gelo seco. Lá dentro estava o professor cientista Arnaldo, muito conhecido por suas aulas e palestras. Ele nos contou que tinha ido ao colégio, logo no início da pandemia, para preparar uma apresentação para os alunos do Ensino Médio, e alguma coisa prendeu a porta pelo lado de fora. Perguntei como ele conseguiu ficar lá por tanto tempo sozinho, ele explicou que todos os dias escrevia um bilhete e jogava pela janela, mas a rua estava muito vazia, por isso ninguém ouvia seus chamados. Por ser um cientista, ele conseguiu fabricar seu próprio alimento com os produtos que encontrava no estoque do laboratório, conseguia água, pois lá dentro do laboratório tem banheiro. Esse primeiro dia de aula vai ficar para sempre em nossas memórias, afinal, depois de tanto tempo longe da escola, logo no primeiro dia, pudemos ajudar o professor que ficou muito grato e nos deu de lembrança umas comidas bem estranhas que produziu no período.

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MISTÉRIO NO COLÉGIO

Francisco Mathias do Amaral, aluno do 5º ano A

Lá estava eu, caminhando até o portão da escola, imaginando o feliz reencontro com meus amigos e professora! Naquele dia, eu tinha chegado atrasado e tanto silêncio dava a impressão de eu estar totalmente sozinho quando, de repente, ouço passos atrás vindos de meu amigo, Arthur Dom Lee. Depois de um breve “bate aqui”, ele perguntou se eu tinha reparado que os seguranças haviam sumido. Logo, encontramos um bilhete com a mensagem: ‘Muita coisa aconteceu no Colégio Agostiniano São José, enquanto você estava fora... Estou preso aqui e preciso muito da sua ajuda! Espero que este bilhete chegue até você!’ Nele havia uma assinatura misteriosa e fita crepe atrás. Nenhum ruído ecoava pelo ar além de nossos passos curtos e respiração ofegante. Entramos no colégio. Meus pensamentos felizes se transformaram em preocupação; a cada passo, o clima quente de verão se transformava em um ar gelado. Não havia ninguém na escola. Fomos até a recepção, ligamos para a polícia e sentamos em um dos banquinhos altos da cantina, esperando. Um detetive chegou. Ele era alto, com cerca de 40 anos e usava um chapéu maneiro. Aproximou-se e falou que iria sozinho até a sala de aula, mas nós insistimos e ele nos deixou ir junto. Subimos a escada, porém uma pessoa apareceu empurrando a arma para longe da mão do detetive e o agarrando. Corri para ajudar, mas tropecei na arma, bati a cabeça nos degraus da escada e desmaiei. Acordei com muita dor, mas tinha que salválos o quanto antes, então, empunhei a arma do detetive esquecida em um canto, fui para a sala de aula e, assim que entrei, disse: “Mãos na cabeça!’’ (Sempre quis dizer isso). Vi que todos os colegas da minha sala estavam rendidos e, no teto, havia uma bomba. Um bandido estava com um detonador na mão e disse para eu sentar no chão e jogar a arma. Obedeci prontamente e cochichei um plano com meus amigos ao lado. João correu para o lado e o bandido olhou para ele, enquanto isso, o Flávio chutou o detonador na minha direção e eu o peguei. O bandido ia atirar em mim, mas o Arthur Massao empurrou o braço dele para o teto e o desarmou. O ladrão foi preso pela polícia. Descobrimos que ele tinha colado o bilhete na parede da escola como um chamariz para fazer todos de reféns. Um vento forte deve ter derrubado o bilhete na calçada. Após toda a aventura, pudemos ter um dia de aula normal, enfim.

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O LÍQUIDO DA IMORTALIDADE

Manuela Vitoir Mota, aluna do 5º ano F

No ano de 2021, uma menina chamada Manuela, de 11 anos, estava no seu primeiro dia de aula no Colégio Agostiniano São José após ter ficado por muito tempo em quarentena. Ela amou reencontrar todos, principalmente sua melhor amiga Mika. De repente, enquanto andava pela calçada da escola, avistou uma coisa suspeita. Era um bilhete todo amassado. Manu achou estranho ter um bilhete na calçada, pois ela sempre era umas das primeiras a entrar na escola e não seria muito provável ter um bilhete ali. Quando abriu, estava escrito assim: ‘Muita coisa aconteceu no Colégio Agostiniano São José, enquanto você estava fora... Estou preso aqui e preciso muito da sua ajuda! Espero que este bilhete chegue até você!’ Manu ficou assustada e correu para contar tudo para sua amiga Mika. Ela ficou assustada, então resolveram faltar na aula e procurar quem tinha feito o bilhete. Procuraram por tudo, mas nada... De repente, elas encontraram uma portinha que tinha dentro da sala de artes, e resolveram entrar. Quando entraram, viram uma sala toda escura e suja, elas acharam que não era nada, só uma sala normal, mas quando elas foram sair, a porta se trancou e, na direção delas, veio um homem todo vestido de preto com a roupa suja. O homem disse que não iria machucá-las que tinha sido ele quem escreveu o bilhete e que só fez isso para atrair crianças para fazer experimentos, pois ele era um cientista que se chamava Lorde e que foi demitido de seu laboratório. Ele estava planejando uma vingança, fazendo o líquido da imortalidade com três fios de cabelo de 10 crianças e uma gota de sangue de cada uma delas. Depois, ele planejava deixar as crianças presas lá para sempre. Antes das meninas tentarem fugir, o cientista as pegou e trancou em uma cela com as outras oito crianças. Manu já estava cansada, então decidiu pedir para todas as crianças distraírem o cientista para pegar as chaves dele pedindo para que ele chegasse cada vez mais perto da cela. As crianças ficaram distraindo o Lorde por horas, até que Manu conseguiu pegar as chaves no bolso dele. Ela esperou o Lorde dormir para todos saírem da cela. Quando o cientista acordou, ficou furioso e resolveu procurá-los; Manu tentou fugir, mas não achou nenhuma porta. Depois de um tempo, uma das crianças achou uma passagem bem pequena e todos conseguiram passar por ela. Quando conseguiram sair da sala, tamparam o buraco e trancaram o Lorde lá dentro. Depois de um tempo, chamaram a polícia para vasculhar a sala e conseguiram pegar o líquido da imortalidade. O homem foi preso para sempre e tudo voltou ao normal.

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MISTÉRIO SANGRENTO

Rafael Diniz Coelho, aluno do 5º ano C

Finalmente a pandemia acabou e tive que voltar às aulas. Cheio de alegria, caminhava para a escola, quando notei que tinha um papel dobrado que dizia: ‘Muita coisa aconteceu no Colégio Agostiniano São José, enquanto você estava fora... Estou preso aqui e preciso muito da sua ajuda! Espero que este bilhete chegue até você!’ Eu ignorei, avistei meu amigo Lucas, fui até ele e caminhamos para a classe, pondo nosso papo em dia e vendo todas as reformas que tinham sido feitas no colégio, realmente muita coisa havia acontecido. De repente, uma menina saiu gritando: “Sangue! Sangue!”. Logo algumas professoras foram ver o que estava acontecendo, também fui ver e parecia sangue de verdade. Comecei a repensar sobre o bilhete. Algumas crianças perceberam que o aluno novo, Jobins, tinha sumido e começou o rumor de que ele havia sido assassinado. Estava um alvoroço e as professoras nos dispensaram para o lanche mais cedo. Durante o lanche, eu e meus amigos fomos procurar Jobins, porque não acreditávamos que ele havia sido assassinado, achávamos que, por ele ser novo e não conhecer a escola, havia se perdido. Interrogamos auxiliares e faxineiros, descemos e subimos escadas e nada do Jobins, até que encontramos uma auxiliar que o havia visto perto do banheiro. Quando chegamos lá, ficamos assustados! Não encontramos o Jobins, mas havia respingos de “sangue”, no chão. Ficamos em dúvida se Jobins não poderia ter sido realmente assassinado... Olhei com mais atenção e percebi que havia um rastro de “sangue” pelo chão. Apesar do medo, seguimos o rastro. Conforme avançamos, escutávamos barulhos e grunhidos estranhos que ficavam mais fortes: “grrr, grrr, grrr”... Em meio a isso, escutávamos pedidos de socorro, misturados aos grunhidos que vinham da cantina. Chamamos o diretor e ele chamou a coordenadora, que chamou o padre Javier e os seguranças. Então, a porta foi aberta e lá estava Jobins caído no chão e coberto pelo “sangue”. Perguntamos o que havia acontecido e ele explicou que após ter comido seu sanduíche de geleia de morango, ficou todo lambuzado e foi até o banheiro. Limpouse, mas não o bastante. Saiu do banheiro e se perdeu no caminho, avistou uma porta aberta e entrou, era a cantina repleta de guloseimas. Achou que não faria mal comer uma, duas, três... Até que notou que a porta estava trancada. Escreveu um bilhete de socorro e pôs debaixo da porta, para que alguém o pegasse. Caiu no chão de tanto comer. Todos riram, mas ele não escapou da suspensão.

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SERIA ISSO UM MISTÉRIO?

Stella Januario Mesquita, aluna do 5º ano B

Era o meu primeiro dia de aula depois de uma pandemia, estava indo a pé para a minha escola até que me deparei com um bilhete em que estava escrito: ‘Muita coisa aconteceu no Colégio Agostiniano São José, enquanto você estava fora... Estou preso aqui e preciso muito da sua ajuda! Espero que este bilhete chegue até você!’ Achei estranho, então peguei o bilhete e fui entrando na escola, estava tudo normal, tirando o fato de todo mundo estar usando máscara. Enquanto eu esperava a professora, pensei que aquele bilhete não era para mim, até eu virar a folha e ver escrito o meu nome. Quando a professora chegou, não era a prô Elaine, era uma professora nova. Eu achei estranho, mas fiquei quietinha, segurando o meu bilhete. Juliana, a mulher chinesa, falou que nos daria aulas, pois a prô Elaine tinha dado um tempo nas aulas e a prô Mari estava dando aula só no 5º ano A. Eu achei estranho, mas entendi. Enquanto ela estava explicando matéria, eu percebi que alguns alunos também estavam com um bilhete. Esperei dar o horário do recreio e falei para todas as pessoas que receberam o bilhete me encontrarem na porta do banheiro. Quando cheguei lá, a Bianca, a Rebeca, o Carlos e o Henrique estavam me esperando, então começamos a investigar. Depois de muito tempo, descobrimos que tinham números nos bilhetes. O primeiro bilhete era o meu, mas só falava que a tal pessoa estava presa. O segundo era o do Carlos que dava uma dica muito boa, no bilhete estava escrito assim: “Eu estou presa na escola, em um local escuro que parece um labirinto no último andar”. De repente, o sinal começou a tocar. Nós pensamos que era bem melhor salvar a pessoa do que ir para aula, então subimos até o último andar e fomos ler o terceiro bilhete. Nele, estava escrito: “a cor da porta é azul, vermelha e amarela, com o símbolo do colégio”. Nós rodamos pela escola inteira, e finalmente encontramos a porta. Quando entramos na sala escura, escutamos barulhos muito assustadores. Ficamos com muito medo, então decidimos ler logo o bilhete da Bianca, que estava escrito: “Espero que tenham conseguido entrar, lembre-se: é como um labirinto, tentem seguir um caminho reto”. Aí eu falei para nós ficarmos todos juntos, andamos por um bom tempo, e encontramos uma pessoa sentada mexendo em alguma coisa . Então, lemos o último bilhete: “Agora vocês devem ter me encontrado, se aproximem e me tirem daqui”. Todos nós, com muito medo, fomos até a pessoa. Quando chegamos bem perto, uma luz acendeu e nós conseguimos ver quem era a pessoa e adivinhem quem era? A prô Elaine! Nós, muito preocupados, fomos até ela, perguntamos quem tinha feito aquilo, como ela sabia que ela estava lá e por que ela não tinha falado logo que era ela que estava escrevendo os bilhetes. Ela falou que era para gente se acalmar e disse que tinha planejado tudo aquilo para saber se a gente trabalharia em equipe. Nós começamos a rir e perguntamos: - Como você contratou a Juliana, aquela mulher que você deixou cuidando da gente? Ela parece muito uma professora de verdade. A prô Elaine achou estranho, porque ela não contratou ninguém e disse que quem ficaria conosco era a prô Mari... MAS ESSA JÁ É OUTRA HISTÓRIA!!! 24

No meu coração, há um lugar chamado Agostiniano São José

NO MEU CORAÇÃO

Por Júlia Gomes Bregolato, aluna do 1º ano F

Relatos pessoais do 6º ano 25


SEM PREVISÃO DE VOLTA ÀS AULAS

Gabriela Cavalheiro Ruggiero, aluna do 6º ano F

Na semana de 16 a 20 de março, o CASJ anunciou aos pais que as escolas fechariam temporariamente a partir do dia 23 de março, por causa da disseminação da Covid-19. Fiquei assustada com a interrupção das aulas, porque não tinha previsão de volta e com medo da pandemia, pois não sabia se seria infectada pelo vírus. Estava no começo do ano, e ingressava meus estudos no Ensino Fundamental II, era uma nova etapa na minha vida escolar, eu podia sair sozinha do colégio, comprar pastéis toda quinta-feira e comprar milkshake, mas isso tudo mudou. O meu colégio é muito grande e tem um pátio imenso. Lembro que a cantina fazia um misto quente maravilhoso que eu comprava uma vez por semana, meus amigos e professores eram perfeitos e, em um “estalar de dedos”, isso tudo acabou. Parecia que estava ficando louca, era uma notícia atrás da outra, um “misto de emoções”. As escolas tiveram de buscar uma plataforma para o ensino a distância, pois o governo comunicou à população que teríamos de respeitar o isolamento, então o colégio em que estudo optou por usar o Cisco Webex. Fiquei com medo de não saber mexer na plataforma, mas aprendi bem rápido. Faço as aulas de segunda à sexta, das 7h15 às 12h45, a maioria delas de pijama, então não abro muito a câmera. Pensei que seria muito chato ter aula on-line, mas achei “legal”, pois podemos ver os colegas e os professores na câmera e comer um pouco na aula. Depois que elas acabam, faço as lições, almoço, falo com as amigas e com os meus familiares para “matar” a saudade, brinco com a minha cadela, faço bolos, assisto vídeos e séries, janto, tomo banho e durmo. Assim finalizo o meu dia. Acho que, no futuro, o Brasil será como a China, quando ficarmos doentes usaremos a máscara, ficaremos sistemáticos por passar álcool em gel e lavar bem as mãos, e a vacina da Covid-19 estará finalmente pronta. O CASJ foi muito importante para mim porque não parou o aprendizado e continuamos exercitando a nossa mente. Imagino que no retorno das aulas presenciais ele estará muito diferente, terá marcações no chão do pátio e das salas para respeitar o distanciamento, vai ter medição de temperatura, e poucos alunos no colégio. Acredito que a escola e eu nos reinventamos na pandemia e a empatia ficou em evidência, pois comecei a tocar ukulele, cortei e doei boa parte do meu cabelo para o hospital do câncer.

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A TRANSFORMAÇÃO PELA CONEXÃO DO AMOR

João Pedro Marques Caldeira, aluno do 6º ano G

Era mês de março e as aulas mal haviam começado, quando não pude mais ir à escola devido à pandemia do novo coronavírus. Em casa, logo no início do isolamento, não posso dizer que tenha ficado triste com as aulas suspensas, pois eu me sentia como se estivesse em férias! Assistir às aulas de pijama no meu próprio quarto, jogar videogame no intervalo... era tudo de bom! Porém nunca passou pela minha cabeça que a quarentena não seria de apenas quarenta dias! Somente aos poucos, no dia a dia, fui me dando conta da situação. Já não saía de casa, não via meus avós, tios e primos, não havia mais jogos de futebol com meus amigos do prédio, e nem passeios aos finais de semana. E a escola... Como eu sentia falta dela! A solidão tomava conta de mim e a tristeza era tão grande que minha mãe, preocupada, levou-me ao médico, Dr. James, que me conhece desde que nasci. Contei para ele que tinha boas aulas, que via meus professores todos os dias, mas que sorrir para a tela do computador não era a mesma coisa! Tinha saudade de tudo, do som do sinal da escola tocando, do cheiro da sala de aula, da confusão de vozes no pátio, dos encontros, dos abraços, da proximidade e até mesmo das broncas dos professores. Tinha saudades do meu Colégio Agostiniano São José! “Vai passar!”, ele me disse com voz suave. Aconselhou-me bastante. Saí de lá um pouco aliviado e esperançoso no futuro. Percebi o quanto amadureci nesta pandemia. Percebi também que dentro da minha escola, há um mundo inteiro onde eu aprendo, encontro meus amigos, recebo o carinho e a orientação dos meus professores, participo de festas, pratico esportes, encontro Deus, levo meus familiares, sorrio, e, algumas vezes, até choro, mas acima de tudo, sou feliz nesse local que se tornou a extensão da minha casa! Por tudo isso, em meu coração, sempre haverá um lugar chamado Colégio Agostiniano São José! Tenho certeza de que aos poucos tudo voltará ao normal e a alegria do reencontro tornará esta fase da minha vida inesquecível.

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COLÉGIO AGOSTINIANO SÃO JOSÉ E O COMPROMISSO COM A VIDA

João Wagner Cruz dos Santos, aluno do 6º ano H

Era dia 16 de março de 2020, a tarefa escolar já estava pronta, mas as notícias não eram boas, pois a pandemia estava causando muitas mortes e sofrimento. O medo de ser contaminado com o vírus estava tomando conta de todos nós e não restou outra alternativa aos governantes brasileiros: o isolamento social foi a medida adotada, inclusive na cidade de São Paulo. Com essa medida, o Colégio Agostiniano São José teve que suspender as aulas presenciais. Quando as aulas foram suspensas, tive muitas dúvidas: quando as aulas retornariam? As férias seriam antecipadas? O ano escolar estava perdido? As dúvidas foram respondidas rapidamente, pois o Colégio deu continuidade ao ensino, mesmo à distância. Começamos a receber informativos para acessar os conteúdos disponibilizados na área restrita: roteiro semanal de estudos, videoaulas gravadas por nossos professores, as tarefas e as correções, era o início de uma nova realidade escolar. O Colégio rapidamente criou salas de aula on-line e, em abril de 2020, começamos o estudo por meio do ensino remoto. Foi ótimo ter contato novamente com meus amigos de classe e professores. Antes do início das aulas virtuais, a rotina era monótona, pois tinha que fazer muitas tarefas e não tinha interação com os colegas e educadores. Porém, logo começaram as aulas em EAD que me ajudaram no aprendizado, e também colaboraram na minha aproximação e comunicação com a turma, deixando a rotina mais dinâmica e organizada. Durante esse período de isolamento social, o Colégio Agostiniano São José organizou uma festa junina solidária, que foi um evento muito interessante por ter promovido uma campanha de doações de roupas e alimentos para famílias carentes. Fiquei feliz em participar da doação e, além disso, foi bacana reencontrar alguns professores, mesmo de dentro do carro e usando máscara. O compromisso com a solidariedade e a defesa da vida são marcas do meu colégio que nem mesmo os tempos de pandemia podem apagar da minha memória.

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TEMPOS DIFÍCEIS NA PANDEMIA

Lucas Chuddo Coelho, aluno do 6º ano F

Não me lembro o dia, mas foi em um final de semana, estava em Igaratá estudando Espanhol com minha tia. Meu pai e minha mãe conversavam, quando ela recebeu um comunicado, em forma de vídeo, do Colégio Agostiniano São José, em que o diretor falava sobre a Covid-19. Em seguida, ela veio me falar que as aulas seriam suspensas por tempo indefinido. Fiquei surpreso por essa notícia tão de repente: uma pandemia. Os dias foram passando, a escola começou a mandar lições para exercitarmos a nossa mente. Em um dia, estava tranquilo olhando meu celular e de repente minha mãe veio até mim e deu uma notícia muito impactante para todos: AULAS EAD. Era um mundo completamente novo para mim, nunca fiz algo parecido em minha vida inteira, mas o colégio tratou isso com muita tranquilidade e atenção. E os professores foram muito pacientes enquanto nós nos acostumávamos com o isolamento, com a falta dos amigos e com a nossa aprendizagem longe da escola. Com toda essa cooperação, fiquei mais calmo e aliviado. Em julho, além de toda essa mudança que tivemos de nos adaptar nessa pandemia, estávamos caminhando eu e minha mãe quando, infelizmente, ela tropeçou e quebrou o pé e isso me deixou assustado. Depois disso, tivemos conhecimento de que minha avó havia falecido. Foi um abalo muito grande para mim e para minha mãe. Após uns dias, segui minha vida com um imenso pesar, pois nunca tinha perdido alguém tão próximo antes. Espero que encontrem uma vacina para a Covid-19 e que tudo volte ao normal. Nesse tempo de pandemia, percebi várias coisas: a principal foi que o CASJ não é só um espaço para estudo, lá fortalecemos as nossas amizades e criamos laços afetivos com os nossos queridos professores. Acredito que meu desejo de retornar as aulas presenciais logo será concretizado, assim poderei reencontrar meus amigos e rever aquele lindo colégio azul.

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O ANO ATÍPICO DE 2020

Victória Ceppe Luna, aluna do 6º ano H

No início do ano, estávamos todos animados em ingressarmos no sexto ano, tínhamos um professor para cada matéria e sabíamos que a organização e dedicação aos estudos seriam essenciais para nossa adaptação no Ensino Fundamental II, e isso me deixava ansiosa, mas gostei da mudança. No dia 15 de março, a OMS decretou a pandemia do novo coronavírus, foi uma notícia impactante para mim e eu nem imaginava que ficaria muito tempo em isolamento. Logo depois veio a notícia de que as aulas presenciais estavam suspensas por tempo indeterminado, realmente percebi que a Covid-19 estava muito séria e que não passaria tão rápido assim. Eu e minha família, quando estávamos em quarentena, ficamos com medo, pois não sabíamos o que iria acontecer. Eu passei por várias fases de adaptação, eram aulas gravadas e lições, o que não foi “muito bom”, pois não tirava as dúvidas com os professores e não os via. Depois comecei a ter aulas on-line e foi “muito melhor”, conseguia ver os amigos, interagir, tirar as dúvidas, mas mesmo assim estava morrendo de saudade das aulas presenciais e de todos. Na semana junina, a escola fez um drivethru solidário onde os alunos faziam doações para que o colégio pudesse entregálas às pessoas carentes e também víamos os professores. Eu achei esse momento fantástico, pois ajudei ao próximo e consegui diminuir a saudade que estava sentindo dos educadores. Além dessa atividade diferenciada, tivemos a semana do estudante que foi “muito legal”, pois nos divertimos, porque havia brincadeiras intuitivas em que pude participar junto aos professores. Uma das piores coisas do isolamento social, foi o fato de não estarmos tendo o convívio com todas as pessoas da família como antigamente e a liberdade de sair de casa, mas tínhamos as redes sociais, que foi o jeito de comunicarnos e ficarmos próximos de quem amamos, acho que isso fez com que aprendêssemos muito. A escola teve um papel fundamental e importante na minha vida, acho que o Colégio Agostiniano São José se adaptou bem a essa nova realidade virtual e sou grata aos professores. Eu tenho esperança de que isso passe logo e que possamos nos encontrar novamente, ter a nossa vida de antes, claro, muitas coisas provavelmente irão mudar, será um novo normal, porém espero que isso só venha nos fortalecer. Este ano realmente é uma prova de que nós conseguimos nos adaptar a tudo e vencer toda as barreiras. Espero que daqui a alguns anos, ao olharmos para trás, possamos sentir orgulho por ter passado por um ano que mudou o mundo. Aprendi que a família é nosso porto seguro e que não adianta fazer planos para o futuro, pois o amanhã é um mistério, devemos viver um dia de cada de vez.

“Do que me lembro...”

ME LEMBRO

Por Alice Vieira Midea, aluna do 3º ano G

Re l ato s d e M e mó r i a afet i va d o 7 º a no 30

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A PRIMEIRA IMPRESSÃO

Gabriel Sanches de Souza, aluno do 7º ANO I

O ano era 2014 e eu tinha acabado de sair de um colégio no qual não tinha me acostumado muito bem. Por isso, meus pais e eu decidimos trocar de escola e optamos pelo Colégio Agostiniano São José. Com apenas 7 anos, sentia-me muito inseguro naqueles primeiros dias de aula. Havia um medo de não conseguir me adaptar à nova escola, mas recebi da minha família palavras encorajadoras que me fizeram acreditar que daria tudo certo. Ao chegar na escola, eu me assustei com o tamanho do local que era muito maior do que o do meu antigo colégio. A quadra, a quantidade de alunos, salas e o número de funcionários era tudo muito diferente do padrão que eu estava habituado. No entanto, o que mais chamou minha atenção foi a lousa digital na qual a professora escrevia. Fiquei perplexo com aquilo porque até então só tinha visto ou tido aula com aquelas tradicionais. Mesmo surpreendido positivamente com a estrutura que o colégio tinha, a minha ansiedade continuava grande, pois não sabia como seria recebido pelos colegas e pela nova professora. Aliás, ela me apresentou para os outros alunos da turma que me acolheram muito bem. Fui tratado com tanta hospitalidade, que logo aquela insegurança desapareceu. Com sua ajuda, logo formei relações de amizade e me adaptei muito melhor do que esperava. Hoje, guardo com gratidão a forma carinhosa com que me receberam e sempre levarei no coração a lembrança do exemplo de empatia que a professora e meus colegas tiveram comigo. Ao escrever essa redação, vejo como sou privilegiado por estudar em local tão humanizado.

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UM SONHO CONQUISTADO: O ILUSTRADOR

Leonardo Somera Naked, aluno do 7º ano G

Quando entrei no Colégio Agostiniano São José, em 2009, com apenas 3 anos de idade, não tinha ainda a menor ideia de como seriam meus dias dali por diante. Mas, era uma escolha segura por causa da tradição e lema da instituição. Além disso, meu irmão e minha prima já tinham estudado no colégio e sempre os via fazendo as lições com muito interesse e capricho, ouvia deles histórias dos amigos da sala de aula. Hoje, quando olho para tudo por que passei desde o maternal, descubro que não havia motivos para tanta ansiedade e tenho ótimas lembranças e momentos inesquecíveis nesse tempo. Em 2015, bem mais amadurecido e adaptado ao método pedagógico e à escola, ganhei o 25º Concurso de Redação na categoria melhor ilustração. Foi maravilhoso e muito estimulante. Esse evento já acontecia há muito tempo e, em todos os anos, mas até então eu nunca conseguira um prêmio, que era o meu sonho. E um dia ele se tornou realidade. Pude compartilhar a minha emoção com a presença de meus pais, tias, tios, avós, avô e, especialmente, meu irmão e minha prima, que também já haviam ganhado essa competição. Todos ficaram muito orgulhosos de mim e esse foi um dos melhores momentos da minha vida escolar. Na noite da premiação, eu autografava os livros como se fosse um verdadeiro ilustrador. Diante desse acontecimento, pude entender que, por mais difícil que pareça a situação, como no meu caso, iniciar a vida escolar, devemos com otimismo e dedicação tornar real nossas metas. Além disso, com esse concurso de redação, aprendi que não podemos desistir de nossos sonhos e, sim, sempre, focar neles.

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A ALEGRIA DE SE DESCOBRIR

Maria Eduarda Cozer Batina, aluna do 7º ano E

Sou aluna do colégio Agostiniano São José desde 2011 e, durante todos esses anos, vivi momentos engraçados e outros, nem tanto. Mas, em 2018, quando eu estava no quinto ano, houve uma situação que foi marcante na minha vida escolar. Na verdade, não foi um acontecimento isolado e sim uma descoberta que ocorreu sem querer, mas que só me trouxe benefícios. Estávamos numa aula de História e a professora tratava sobre a Grécia, seus deuses e os respectivos significados. Um assunto que, na minha opinião, é muito interessante, pois envolve uma certa magia. Cada um desses seres tem um poder e uma tarefa específica como se fosse um dom ou um talento. Foi então que, num dado momento, ela nos informou que faríamos uma apresentação, uma espécie de teatro em que, cada aluno representaria um dos personagens mitológicos e a história escolhida foi a famosa “Caixa de Pandora”. Nossos pais seriam nossos espectadores, bem como outros alunos e professores. Naquele momento, pensei: e agora? Não vou conseguir! Quem nunca sentiu vergonha de fazer algo? Eu era muito tímida e não me achava capaz de me apresentar diante de um público, por menor que ele fosse, e ainda mais com pessoas que eu não conhecia. Mas, os ensaios para a peça foram acontecendo. Aos poucos, percebia que estava me soltando e gostando muito daquela situação. Além disso, fui descobrindo que eu era capaz de fazer um papel maior naquele teatro. Foi então que tomei coragem e pedi à professora um outro personagem, o qual me desse mais oportunidade de expressão. Ela concordou com a ideia e me ofereceu o papel da deusa mais importante daquela história: Pandora. Eu a fiz com muita desenvoltura e sem esquecer nenhuma fala. Adorei interpretá-la. A partir daquela atividade, passei a ser uma pessoa mais extrovertida e descobri que adoro me comunicar, principalmente, através das redes sociais onde danço, faço imitações e dublagens e tenho mais de quinze mil seguidores com quem divido minhas experiências e ideias.

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UMA FÁBRICA DE SAUDADE

Maria Julia Iriarte Amodio, aluna do 7º ano A

Será que tudo que vivemos numa escola é uma fábrica de saudade? Talvez. Estudo no Colégio Agostiniano São José desde os meus cinco anos, entrei no módulo IV. Ele é bem grande, possui uma cantina, biblioteca, laboratório, quadras para as aulas de educação física, um pátio espaçoso, capela, já que a escola é católica, e também muitas salas, que são bem confortáveis. Além de tudo ser muito bonito, o seu ensino é eficiente, forte e humanizado. Desses anos, tenho várias lembranças boas, como os eventos, festas e passeios que a escola sempre nos ofereceu. No entanto, existiram dois momentos bem marcantes: um passeio para estudo do meio em 2019 e a excursão para o Hotel Villa Santo Agostinho que fizemos em dezembro de 2018. Quanto ao passeio, eu estava no 6º ano e fomos para Bertioga visitar alguns ecossistemas como o manguezal. Aquela foi a primeira vez que vi um e confesso que o cheiro não é nada agradável, o chão é todo lamacento, havia caranguejo e me lembro que fiquei com medo que algum deles me mordesse, mas tudo foi muito interessante. Entrávamos no local em grupos e eu estava com minhas amigas. Recordo-me que uma delas escorregou e quase caiu na lama. Depois fomos visitar a praia a qual não me lembro o nome e do mar vinha uma brisa muito gostosa, fresca e cheia de boas energias. Pudemos estudar sobre conchas que eram tão bonitas! O momento mais divertido de todo o passeio foi quando andamos de escuna e até de “Titanic” nós brincamos. Deu aquele friozinho na barriga, entretanto foi incrível. No ano anterior fiz o melhor passeio: fomos para o Hotel Villa Santo Agostinho! E você me pergunta, mas por que foi o melhor de todos? Simples, porque além de ser um lugar maravilhoso, minha grande amiga iria mudar de escola no ano seguinte e aqueles seriam os meus últimos momentos com ela. Brincamos de futebol de sabão, bexiga de água e nos divertimos na piscina. Descemos na rampa que é bem escorregadia, no Twister, um tobogã gigante que dava muitas voltas. Esse dia foi maravilhoso! E fica aqui uma dica a todos os alunos do colégio: aproveitem todas as oportunidades que ele lhe oferecer. Seja um passeio, uma festa ou um evento. Participe de tudo e sinta as emoções que tive e que me foram muito importantes. Nunca vou me esquecer desses momentos e de tudo o que aprendi e que, tenho certeza, ainda vou aprender muito mais.

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O DESPERTAR

Rafael Hatty Borches, aluno do 7º ano D

2019 chegou com uma empolgação típica de início do período letivo. Eu estava no 6º ano: professores novos, turma nova, tudo novo em folha! O Colégio Agostiniano São José estava a todo vapor. Alunos circulando pelos corredores, funcionários por todos os lugares dando o apoio necessário para que tudo saísse perfeito e os alunos ali, no aguardo do sinal. Sem dúvida, um ambiente vivo e animado para novas aventuras. Eu, sem saber ao certo o que aconteceria, enchi-me de esperanças, afinal de contas, sempre havia me saído bem na escola, e aquele ano não seria diferente. Confesso que nunca gostei de realizar as tarefas de casa porque prefiro ficar no tablet e videogame, apesar de meus pais me mostrarem a importância dos estudos. Mas, já nas primeiras provas, senti a mudança de nível e o grau de exigência. O ano não seria tão fácil como eu tinha imaginado, no entanto, continuei daquele meu jeito meio preguiçoso, pensando que daria tudo certo. Mal sabia que esse ano teria uma surpresa! Uma das coisas de que me lembro que aconteceu naquele ano também foi que fizemos um passeio pedagógico com os professores e colegas. Seria um estudo de meio. Sempre achei que estudar, ao mesmo tempo em que se faz um passeio, é uma das coisas mais interessantes e divertidas que existe porque se vê na prática os conteúdos teóricos. O ano foi passando e com ele as provas do último período chegaram, depois, os resultados. E eis a grande surpresa para mim. No meu boletim, a constatação. Estava em recuperação final. Nunca em minha vida tinha ficado tão abalado. Senti medo e não sabia o que pensar. Tremia com a possibilidade de ser reprovado o que, ao que parecia, estava prestes a acontecer se eu não mudasse de atitude. Então, toda aquela minha preguiça de sempre teve que ser chutada para o lado e novos hábitos foram desenvolvidos por mim. Resolvi estudar bastante para essas avaliações e finalmente fui aprovado para o sétimo ano. Essa experiência foi muito válida para mim e com ela aprendi que um pouco de esforço vale a pena e que isso deve ser feito durante todo o ano e não só no final dele.

No Colégio Agostiniano São José, vivi um momento marcante!

MOMENTO MARCANTE

Por Sophia Y. Sato Marques, aluna do 2º ano E

Re l ato s d e d i á r i o í n t i mo fe i to s pe l o 8 º a no 36

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Giovana Gante da Silva (8º ano C)

Isabel Romero Hauser (8º ano F)

São Paulo, 16 de abril de 2020

São Paulo, 21 de abril de 2020.

Meu leal ouvinte,

Hoje eu estava fazendo as contas de quantas semanas estou de quarentena, por conta da pandemia do coronavírus, e me assustei vendo que já faz mais de um mês. E foi contando isso para a Darin, minha amiga irmã, que nos lembramos de um evento que aconteceu no Colégio Agostiniano São José, a escola onde estudamos. Em 2015, uma moda americana veio para o Brasil, de sincronizar a batida da música com os copos, e quase todo mundo que estava estudando comigo sabia como realizar essa brincadeira. Depois de pouco tempo da aparição dessa moda, os funcionários da escola tiveram a ideia brilhante de montar uma competição abordando a música e os copos. Nessa disputa apenas precisava que cada aluno levasse um copo de plástico mais rígido do que os descartáveis e soubesse a coreografia. E lá estava eu, a Giovaninha do 3° ano A, toda alegre com o seu copinho na mão. Eu e as minhas amigas treinávamos toda hora; na entrada, no recreio e na saída, sempre estávamos no ritmo. No dia da competição, em uma das quadras da escola, cada sala sentou-se em um círculo separado. Quando o auxiliar ligou o som, aquele frio na barriga veio e começamos a nos apresentar. Ao final da música, o juiz analisou cada grupo e, se me lembro bem, a minha sala ficou em 2° lugar. Gostei muito daquele dia e sempre vou me lembrar dele com muito carinho. Gostaria que a escola proporcionasse mais eventos como esse, para criarmos boas memórias dessa época. Termino esse dia dizendo que sinto muita falta dos meus amigos e que a fornada de cookies que fiz ontem já acabou. Um abraço quentinho, GiGante

Querido diário,

Quando a professora de Técnicas de redação do 8º ano propôs a escrita de um texto de um diário íntimo, fiquei me perguntando sobre o que eu deveria escrever. Então, lembrei-me de um acontecimento que ocorreu no meu primeiro ano no Colégio Agostiniano São José e tudo “pra” mim era novidade. Os alunos assinantes do JOCA recebiam, quinzenalmente, uma edição desse jornal e, inspirados nele, todos os alunos do quinto ano foram convidados a colaborar na elaboração de um periódico chamado “ASJ Em Ação”. Cada turma teria um tema diferente e a minha sala, que era o 5º ano D, ficou com o assunto referente a dicas para o passeio de final de ano, que é realizado como um encerramento letivo no hotel Santo Agostinho. A professora da turma, Carla, dividiu a classe em grupos e tínhamos de escrever uma redação com sugestões para essa saída escolar que aconteceria em dezembro. Eu nunca tinha ido lá, mas ouvi os relatos de alunos de diversos anos, os quais entrevistamos para termos bastante material para o texto. Foi uma experiência inédita para mim e para outros colegas também. Após ter ouvido as pessoas, cada grupo produziu sua narrativa e a apresentou para a orientação educacional e dois textos foram escolhidos para representar a turma. Esses textos deveriam ser transformados em um só e o lado chato dessa atividade é que eles foram feitos durante o horário do intervalo e o meu grupo foi um dos responsáveis para realizar essa tarefa. Trabalhamos muito na elaboração desse novo texto, que ficou muito bom por sinal, a ponto de ser publicado no nosso jornal da escola, cujo nome também foi escolhido por votação dos alunos, além do mascote, que aparecia impresso na edição. Foi muito bom recordar essa atividade que marcou muito minha entrada no colégio Agostiniano São José. Infelizmente, eu não tive a oportunidade de conhecer o hotel naquele ano e somente fui fazê-lo no ano seguinte e confirmei que as minhas dicas foram úteis. Apesar de redação não ser o meu forte, consegui me sair bem naquele ano. Espero um dia poder repetir aquele sucesso. Carinhosamente, Bel

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Isabella Ostan Semenzato (8º ano G)

João Victor Nunes Liebold (8º ano G)

São Paulo, 22 de abril de 2020.

São Paulo, 17 de abril de 2020.

Querido diário,

Estou com tanta saudade dos meus amigos que fiquei relembrando da minha escola e decidi escrever sobre um dia escolar antes dessa quarentena. Sendo assim, vou contar sobre um acidente que ocorreu no sexto ano do Fundamental II, no CASJ. Lá estava eu e minha amiga Leticia, em uma de nossas aulas de História, quando a professora pediu para que sentássemos em dupla e pegássemos nosso marca-texto, pois haveria uma atividade em que ela desejava que nós grifássemos as partes mais importantes do texto. Mas, naquele momento, o marca-texto cor-de-rosa da Letícia não estava funcionando. Então eu tive a brilhante ideia de sacudi-lo, e após isso toda a tinta do recipiente estava sobre nós. E ficamos cheias de bolinhas pink neon. Logo em seguida, saímos correndo para o banheiro. Quando chegamos lá, finalmente conseguimos ver como nós estávamos. Olhamos uma para a outra e começamos a rir muito. Tentamos esfregar aquele pigmento neon, mas ele não saía de jeito nenhum. Ficamos com muita vergonha, pois havia muitos alunos olhando para a gente enquanto passávamos pelo corredor, mas também foi divertido, porque parecia que estávamos com catapora. Felizmente, nós nos demos conta de que tínhamos uma blusa amarrada em nossa cintura, perfeita para aquela situação, então a colocamos sobre o nosso corpo para cobrir aquele desastre. E, por sorte, o sinal da saída tocou. E fomos embora. Aquele dia foi desastroso, porém incrível. Conseguimos dar muitas risadas e ficou uma boa história para contarmos quando formos mais velhas. Enfim, esta foi a minha história de hoje. Até amanhã, querido diário. “XOXO” Isabella Ostan

E “aê”, diário?

Como você bem sabe, minha rotina na quarentena tem sido pouco divertida e, às vezes, meio entediante, pois todos os dias só assisto às aulas pela manhã e, quando dá, ando de bike à tarde. Por causa disso, fiquei motivado a escrever aqui para relembrar alguns momentos legais da minha vida no Colégio Agostiniano São José. Bons tempos sem a quarentena! Faz mais ou menos dois anos, no início do sexto ano, em que isso que vou contar aconteceu. Eu havia acabado de mudar de colégio para o Agostiniano São José, quando anunciaram que aconteceriam os Jogos Interclasses de Futebol. Sempre fui um “cara ligado” em futebol. De tanto gostar de jogar, eu mal dormi à noite esperando pelo início dos jogos. Eu estava muito eufórico e ansioso. Então, chegou o grande momento. Eu até me lembro da cor da camisa...Ela era azul. Eu mal conseguia respirar querendo começar a jogar logo. E começou o primeiro jogo contra o sexto ano E, considerado o time mais fraco entre os sextos anos. Nosso time não confiou nessa fama do sexto ano E e jogamos para valer. Não conseguia prestar atenção em nada além do som do apito. Apesar da pressão de qualquer Interclasse, o time da minha sala conseguiu ganhar pelo resultado de 4 x 1 e, assim, com os quatro gols feitos por mim, fomos para a próxima fase. Na segunda fase, empatamos por 0 x 0 com a melhor sala dos sextos anos e fomos para os pênaltis. E foi na batida do meu amigo Vinicius que fizemos o primeiro gol. Depois, foi o Daniel, que também converteu a batida em gol. Quando finalmente chegou minha vez, eu não escutava ou sentia nada além dos meus batimentos cardíacos, e o juiz apitou. O momento parecia em câmera lenta, era eu e a bola, a bola e eu. “Se eu fizer a gente ganha e passa para a próxima fase, mas se eu errar, a gente perde”, foi o meu pensamento. No entanto, quando eu chutei a bola, ela foi para fora. Decepção. Naquele momento fiquei muito triste, porém, não quis demonstrar. Queria parecer forte. Quando vi meus amigos chorando, pensei... “Se eu tivesse feito aquele gol, a história seria outra. Tínhamos chance de ir para a final e, talvez, até ganhar o campeonato”. Mas, como não aconteceu, “bola pra frente”. No ano que vem a gente tenta recuperar esse resultado. Não importa ter perdido, só sei que foi um momento muito marcante no colégio. Até a próxima, diário! João Victor Nunes Liebold

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Luiz Henrique Lopez Rodriguez Araújo (8º ano A)

São Paulo, 18 de abril de 2020.

Lindo diário,

Minha rotina on-line no colégio Agostiniano São José não está nada fácil, essas tarefas virtuais estão tirando boa parte do meu tempo livre. Sempre resmungo, mas nunca deixo de fazê-las. Porém tem um lado bom nisso tudo, não preciso acordar às cinco da manhã de segunda à sexta. Enfim, hoje acordei e decidi pensar no que sinto mais falta nessa quarentena. Se seria comer fora de casa, viajar ou aproveitar a liberdade, mas, principalmente, pensei nos meus amigos e no futebol. Depois lembreime de um momento inesquecível, pelo menos para mim, em que eu ganhei os Jogos Interclasses da minha escola jogando na posição de goleiro. No meio do ano passado, fiquei sabendo que ocorreria uma competição de futebol entre as classes. Fiquei muito animado, pois amava o esporte e adoraria participar. Perto do grande dia, machuquei meu pé e quase deixei de ir ao evento, porque minha mãe não deixaria eu jogar lesionado. Então, prometi a ela que se o machucado doesse, jogaria na posição de goleiro para me esforçar menos. Apenas assim pude comparecer. Dias depois, estava a caminho dos Jogos Interclasses. Estava tenso, com medo e suando no carro. Cheguei lá e meus amigos estavam todos me esperando para completar o time. Iniciada a competição, nossa equipe se mantinha muito entrosada, ganhando todas as partidas e minha performance estava incrível, nenhuma bola passava por mim e fui me sentindo cada vez mais confiante, colocando medo nos adversários. À medida que éramos vitoriosos, fomos avançando de fase até chegar na final. Naquele momento, meu coração batia forte, mas acho que me preocupei um pouco demais, pois ganhamos de sete a zero e o outro time não chutou uma vez a gol. Ao fim do campeonato, tinha levado apenas uma bola na rede. Fomos premiados com medalhas e, no fim, almoçamos em uma hamburgueria para comemorar e nos despedimos. Espero que no futuro ganhe mais interclasses como esse e aprofunde os laços com meus amigos de classe. Agradeço por ser um ótimo ouvinte!

Caminhos para viver bem em tempos de distanciamento social

CAMINHOS PARA VIVER

Por Enzo Gimenez Domiciano, aluno do 1º ano G Abraços virtuais, Luiz

Dissertações argumentativas fe i t a s pe l o 9 º a no 42

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EQUILÍBRIO DURANTE A QUARENTENA

Ana Carolina Gomes Vilhena, aluna do 9º ano C

A pandemia do coronavírus está alterando a rotina e o emocional de todo mundo. Viver em uma pandemia e em isolamento social por muito tempo está trazendo consequências, já que estamos passando muito tempo com nossos pensamentos que oscilam entre positivos e negativos. Tendo em vista a necessidade de recorrer a hobbies, livros, séries ou algo que nos distraia, além de buscar alternativas para a difícil convivência diária com os familiares, acabamos por ter uma reflexão sobre como viver bem em tempos de isolamento social. A princípio, é necessário reunir pontos positivos para uma situação difícil como esta, como um momento para traçar novos objetivos e metas de superação, promovendo atividades que estimulem o pensamento positivo. Apesar do que já foi citado anteriormente, é importante também interagir por meio de conversas de vídeo com outras pessoas e manter uma rotina. Assim, desenvolver um estilo de vida saudável facilitará a elevação da autoestima e a diminuição da ansiedade. Rafael Guglielmi Ramos de Oliveira, em matéria divulgada pela Rede Globo, disse ter deixado de fumar por estar no grupo de risco da pandemia. De fato, é uma ótima oportunidade para refletir sobre o padrão de vida que tínhamos e pensar em novos hábitos que pretendemos manter quando tudo voltar ao normal. Todavia, são muitos os pontos negativos do momento atual como: problemas financeiros de grande parte da sociedade, decorrentes do aumento do desemprego que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), avançou de 11,6% para 12,2% “diante de um choque negativo na oferta de vagas, já que muitas empresas estão de portas fechadas, as pessoas decidem não procurar emprego”. Além disso, a contaminação pelo coronavírus ocorre em progressão geométrica o que, somado ao negacionismo do Governo Federal, aliado a falta de medidas efetivas para combater os efeitos da pandemia, resultou na morte de milhares de brasileiros que hoje somam 141.741 vidas. Portanto, para viver bem em tempos de pandemia, o isolamento social é necessário, além do respeito às regras impostas pelos governos estaduais e a orientação da ciência. Somente cuidando da saúde, valorizando momentos de calma, reflexão e paz, por meio de hobbies, distrações do mundo real, meditações e coisas que possam lhe causar prazer, não perdendo a fé e a esperança de que tudo vai passar, a vida vai voltar ao normal, muito melhor do que antes. Por fim, um último exemplo a ser considerado foi a postura das escolas em relação à retomada das aulas de forma imediata e efetiva, por meio das aulas on-line. O Colégio Agostiniano São José, hoje com 60 anos de história, através de programas tecnológicos e da grande dedicação de seu corpo docente fez chegar aos seus alunos o ensino de qualidade que sempre praticaram.

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AS DIFERENTES MANEIRAS DE LIDAR COM A PANDEMIA

Caíque Cassarolli de Miranda, aluno do 9º ano D

Não é a primeira vez que o mundo inteiro é afetado por uma pandemia. Em tempos remotos, o ser humano também foi desafiado por uma doença cruel, conhecida como peste negra. Durante esses tempos de isolamento social vivenciados pela quarentena devido à Covid-19, foram criados diversos caminhos para se viver melhor, como a aproximação aos familiares e parentes próximos, a formação de novos pensamentos e o cultivo de conhecimento. Ainda convém lembrar que muitos profissionais estão sendo demitidos de seus empregos por conta das dificuldades das empresas em pagar seus funcionários, já que não podem ir trabalhar devido ao isolamento. Por outro lado, essa situação de trabalho em casa permite que as pessoas passem mais tempo com suas famílias, fato é que, antigamente, para alguns, não era possível em virtude do tempo despendido no trabalho presencial. Outra preocupação constante que devemos levar em conta é sobre nossos pensamentos e aprendizado. De acordo com a psicóloga Ana Paula Poveda, “o momento de isolamento social é ideal para reflexão e adquirir hábitos que hoje são fundamentais, entre eles a higienização frequente das mãos”. Vale destacar também a atuação do Colégio Agostiniano São José que esse ano completa 60 anos de muito ensino e comprometimento com seus alunos. Assim, o colégio se adaptou muito bem à atual situação de pandemia e disponibilizou aos alunos aulas on-line que, apesar de não serem como as aulas presenciais, o conhecimento não deixou de ser passado aos estudantes. Portanto, para viver bem nesses tempos difíceis é essencial a convivência com a família e o cultivo e a permanência de pensamentos positivos. Embora não saibamos quando a pandemia vai acabar, um dia voltará tudo ao normal e até lá temos que nos manter saudáveis psicologicamente, com nossos estudos em dia e laços familiares intactos.

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PRESERVAR A SAÚDE NA PANDEMIA

Eduardo Martins Flores, aluno do 9º ano A

Há seis meses, a expressão “isolamento social” passou a integrar o vocabulário da população ao redor do mundo. No longa-metragem estadunidense “Náufrago”, lançado em 2000, o protagonista, interpretado por Tom Hanks, enfrentou uma situação de confinamento similar a que as pessoas estão vivenciando com a pandemia. Desse modo, para viver bem em tempos de isolamento social é imprescindível que haja um bom convívio familiar e a manutenção equilibrada da saúde mental, os quais podem ser conquistados a partir de certas atitudes praticadas no dia a dia. Em consonância com um estudo feito pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Rio de Janeiro (UERJ), os casos de depressão desde o início da quarentena quase dobraram, saltando de 4,2% para 8%. Observou-se que o nível de ansiedade na população brasileira seguiu o mesmo padrão. Em consequência do confinamento, pais, mães e filhos tiveram que abandonar seus hábitos rotineiros para conviverem no mesmo ambiente durante vinte quatro horas, assim, vários conflitos surgiram prejudicando a saúde e a convivência no ambiente familiar. Diante disso, é fundamental buscar alternativas para manter o bem-estar físico e emocional nesses tempos de distanciamento social. Pode-se mencionar como atitudes para atingir esses objetivos uma boa relação familiar intensificada pelo respeito e diálogo, evitando discussões exageradas motivadas pelo estresse. Ainda convém lembrar que atividades do cotidiano como cuidar de plantas, brincar com os pets, assistir a séries e programas de televisão e jamais excluir a prática de exercícios físicos são hábitos essenciais que ajudam a lidar com a angústia causada pela pandemia. Do mesmo modo, as escolas também tiveram que se reinventar para manter a boa relação com os estudantes, a fim de que eles não perdessem o bom acompanhamento de seus estudos, como o tradicional Colégio Agostiniano São José, que comemora neste ano atípico seus 60 anos, inovando suas técnicas de ensino através das aulas remotas. Desta forma, os alunos continuaram focados no aprendizado mesmo com as adversidades geradas pela quarentena. Portanto, fica evidente a importância de que todos os exemplos anteriormente citados sejam tomados como práticas e introduzidos no cotidiano, com o fito de estabelecer a harmonia entre familiares e a saúde psicológica neste período de crise. Deve-se ressaltar que essas pequenas atitudes tem o objetivo de reorganizar valores e afetos, manter as relações humanas e evitar o estresse, valorizando a possibilidade de viver bem em tempos de isolamento social.

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A HUMANIDADE EM UMA NOVA FORMA DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Hanna Luiza de Lima Costa, aluna do 9º ano E

O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações interpessoais”. Entretanto, a sociedade contemporânea passa por um período pandêmico que não condiz com tal citação do filósofo Aristóteles. Assim, com a pandemia causada pelo novo coronavírus, foi necessária a adoção de um distanciamento social, que mesmo sendo imprescindível para a não disseminação do vírus, promoveu mudanças de hábitos que foram radicais na vida de muitas pessoas. O aumento do convívio familiar e uma nova adaptação tecnológica foram alguns dos caminhos encontrados para viver bem em tempos de isolamento social. Em primeiro lugar, observou-se um crescimento na convivência familiar durante o período de distanciamento social, já que anteriormente a rotina intensa e a falta de tempo eram as maiores causas do afastamento entre as famílias, porém agora, a necessidade de ficar em casa estreitou muitas relações. Uma pesquisa realizada em 2020, no Canadá, pela ONG “Canadian Mens’s Health Foundation”, revelou que 60% dos pais se aproximaram de seus filhos por conta do isolamento social imposto pela Covid-19. Além disso, foi preciso uma nova adaptação com a tecnologia, tanto da população, quanto das empresas, pois foi a modernização das redes digitais que possibilitou diversas mudanças no cotidiano das pessoas. Segundo o revolucionário no setor da informática, Steve Jobs, “A tecnologia move o mundo” e, de fato, ela promoveu várias mudanças como o trabalho domiciliar, maior praticidade na hora de efetuar compras sem sair de casa, oportunidade de rever amigos e parentes através de videoconferências e até mesmo o acompanhamento de aulas remotas por meio de plataformas de ensino, como a utilizada pelo Colégio Agostiniano São José. Desde sua inauguração em 1960, o colégio nunca havia enfrentado o desafio de ter as aulas presenciais adaptadas para a modalidade de ensino remoto. No entanto, de maneira rápida e inovadora, conseguiu acolher seus mais de três mil alunos. Portanto, o Governo Federal deve fazer investimentos e incentivar a valorização no setor de ciência e tecnologia que está sendo fundamental no período de isolamento social, para além disso, conscientizar a população da relevância da manutenção dos valores adquiridos durante o confinamento familiar, por meio de produções de vídeos e palestras explicativas sobre a importância da família e do incentivo financeiro ao departamento de tecnologia, a fim de trazer soluções para viver bem em tempos de isolamento social, assim como foi possível a continuidade dos estudos no Colégio Agostiniano São José no período da pandemia em 2020.

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SAÚDE MENTAL NA PANDEMIA

Pérola Fernandes Bandeira, aluna do 9º ano A

Os humanos são seres adaptáveis, que transformam seus hábitos conforme as necessidades. Durante a trajetória da sociedade houve alguns episódios em que seus comportamentos tiveram que ser alterados e o confinamento imposto, tais quais: a Peste Negra (no século XIV), a Gripe Espanhola (no início do século XX) e o novo coronavírus (2020). Atualmente o direito de ir e vir foi temporariamente suprimido, em prol da defesa da vida, e é necessário se adequar às dificuldades do isolamento social, como desequilíbrio emocional, ensino a distância e a ameaça da estrutura familiar pela proximidade constante. Diante desse caos, quais são os caminhos para se viver bem em meio à pandemia? Observa-se que, passados mais de quarenta dias de convívio intensificado, a conjuntura se tornou cada vem mais cansativa e desgastante em muitos lares; fora os desafios da educação remota, como a dificuldade de promover a sociabilização e a aprendizagem, sendo necessário que as escolas se reinventassem. O colégio Agostiniano São José (zona leste de São Paulo) tem sido inovador nesse quesito, fazendo uso da tecnologia, por meio de aulas ao vivo, e promovendo plantões para solução de dúvidas sob as normas da Organização Mundial da Saúde, OMS, para superar tais adversidades. Evidentemente, as pessoas estão cada vez mais sobrecarregadas e vulneráveis às reações de irritabilidade e intolerância, uma vez que a Polícia Militar registrou um aumento de 44,9% nas denúncias de violência doméstica em SP. Ainda convém lembrar que as origens para esses desentendimentos não estão ligadas aos sentimentos de desprezo pelo outro, ao contrário, têm a ver com a dinâmica de afeto. Em posse dessa informação, existem diversas maneiras de diminuir os conflitos e preservar a saúde mental, tais como: consumir boas leituras, séries e filmes, a fim de distrair a mente da realidade; reconhecer as angústias; estabelecer uma rotina, trazendo equilíbrio e combatendo o total ócio; contribuir para a criação de um ambiente plural de escuta; dentre outros. Consoante a psicanalista Isabela Cristina Gomes, é natural que haja ansiedade por causa do desaparecimento de muitas certezas que constituíam o nosso modo de vida. Portanto, fica evidente a necessidade de empatia, com o fito de viver-se bem em comunhão. O momento presente é bastante delicado e repleto de perdas, no qual é preciso respeitar os limites de si mesmo, ser flexível e não hesitar em pedir ajuda, visto que pensamentos negativos podem ser uma das grandes causas da ansiedade. Apesar de ser uma situação difícil, é também, uma oportunidade de reaprender a conviver de forma simples e mais caseira com cada integrante do grupo social chamado família.

Solidariedade e cidadania: como a escola pode promover o bem coletivo?

BEM COLETIVO

Por Amália Dias Conci, aluna do 2º ano G

D i ss e r t a çõ es a rg u me n t at i va s , fo r m ato E NE M , dos estudantes da 1ª série 48

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SOLIDARIEDADE E CIDADANIA: COMO A ESCOLA PODE PROMOVER O BEM COLETIVO?

Bianca Boscovich De Marchi, estudante da 1ª série F

Atualmente, fala-se muito em promover o bem coletivo, mas para que isso aconteça, é importante que toda a população se una em um mesmo ideal, principalmente os jovens. Assim, uma forma de se chegar mais rapidamente a todos é pelo ambiente escolar, pois, com base na Constituição Federal, todas as crianças têm o direito de ir à escola. Além disso, a família, com suas crenças e valores, pode cooperar com a construção de um cidadão livre, solidário, comunicativo e preparado para exercer sua cidadania. Sobretudo, em função da Lei nº 9394 de 20/12/1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu Artigo 2º diz que “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Assim, pode-se entender que a escola é um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento da solidariedade e cidadania entre os jovens. Além disso, para o mestre e doutorando em Educação, Frei Claudino Gilz, “a escola é o espaço de encontro de alunos, pais, professores e funcionários oriundos de diversas etnias, culturas, crenças e costumes”, então, não é só a escola que precisa fazer sua parte nesse processo, também é dever da família proporcionar um ambiente que estimule os princípios básicos da vida em sociedade, construindo assim indivíduos preparados para o futuro. Por conseguinte, é necessário que as escolas, juntamente com a família, promovam iniciativas que reforcem a cidadania e a solidariedade por meio de campanhas, palestras, que beneficiem a sociedade como um todo. Isso com a finalidade de se construir um futuro com valores, sentimentos de simpatia e cooperação envolvendo todas as classes sociais. Lembrando que a Solidariedade e a Cidadania, se bem administradas, são combustíveis para mudar o mundo.

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SOLIDARIEDADE E CIDADANIA: COMO A ESCOLA PODE PROMOVER O BEM COLETIVO?

Guilherme Adabo Guimarães, estudante da 1ª série C

Sabe-se que a escola é de extrema importância na vida de qualquer pessoa. É nela que o indivíduo entende sobre o mundo em que vive. Contudo, nesse período de pandemia, os estudantes não estão recebendo o devido tratamento como foram tratados e isso gera diversas complicações, principalmente para as crianças que antes eram acostumadas com uma rotina e uma vida social e, hoje, seu modo de viver não chega nem próximo disso. Por sua vez, a escola pode analisar os problemas de cada aluno e ir retornando com as atividades de maneira gradativa, promovendo, assim, o bem comum entre seus aprendizes. Certamente, ninguém esperava um ano tão catastrófico como este de dois mil e vinte. As crianças, por exemplo, estão tendo diversos problemas, sendo um deles psicológico. Hoje, os bambinos não têm mais a socialização com os amigos e professores, mas estão todos conectados via internet. Nota-se que tal falta de interação social tende a causar alguns distúrbios: um levantamento realizado na província chinesa de Xianxim com 320 crianças e adolescentes revela que os efeitos psicológicos mais imediatos da pandemia são dependência excessiva dos pais (36% dos avaliados), desatenção (32%), preocupação (29%), problemas de sono (21%), falta de apetite (18%), pesadelos (14%), desconforto e agitação (13%). Indubitavelmente, a escola está fazendo um acolhimento dessas pessoas virtualmente, propiciando um maior convívio entre os jovens. Inquestionavelmente, a escola está fazendo seu papel com as aulas online, dando todo o apoio para os estudantes. As instituições estão se habituando, se moldando da melhor forma para atender às necessidades de cada um. Recentemente, o prefeito João Doria (PSDB) confirmou que o retorno das aulas deve ocorrer no dia 7 de outubro, com o ensino híbrido. Nesse caso, a maioria das escolas teve que se adequar mais uma vez, investindo em sua infraestrutura. Entretanto, as crianças precisam de um tratamento especial, pois muitas não entendem a gravidade da situação que estamos vivendo, por isso os professores devem ter a devida metodologia com elas, inventando histórias infantis relacionadas à Covid-19, músicas, entre outras coisas. Segundo o jornal Estadão, os colégios agostinianos Mendel e São José, tornam-se referência internacional em ensino híbrido, devido a todas as mudanças feitas por tais instituições de ensino. Em síntese, as escolas podem realizar diferentes atividades para cada série, através de diversos métodos educativos, ou seja, para quem está iniciando sua vida escolar, a instituição educativa pode criar contos curtos sobre a doença, músicas relacionadas ao assunto e outros vários processos de aprendizagem. Assim, essas pessoas terão total compreensão da atual situação, de modo que o bem comum seja instaurado sobre todos.

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SOLIDARIEDADE E CIDADANIA: COMO A ESCOLA PODE PROMOVER O BEM COLETIVO?

Isabele Almeida Moussa, estudante da 1ª série C

Nos dias de hoje, o assunto solidariedade e cidadania, com o objetivo de promover o bem comum, está frequentemente presente na sociedade. A escola sempre foi um dos mais importantes lugares para desenvolvimento e aprendizagem da criança. Levando em conta que ela é um agente responsável por parte da construção da identidade do aluno e formadora de indivíduos sociais, ela deve promover ações para estimular a cidadania e a solidariedade. Segundo a LDB, Lei das Diretrizes e Bases Nacional, ´´É dever da escola o compromisso de educar os alunos dentro dos princípios democráticos``. Dessa forma, ela está incumbida de cumprir essas leis e manter o relacionamento entre pais, alunos, professores e dirigentes de forma harmoniosa, buscando desenvolver a ética e a construção de valores dentro de cada cidadão. Da mesma forma, com o objetivo de formar um indivíduo que respeite o próximo, é importante que a semente da solidariedade seja cultivada desde a infância. De acordo com a Plataforma Eleva ´´é natural que existam algumas limitações relacionadas à idade, mas é possível inserir as ações sociais mesmo no ensino infantil`` como, por exemplo, incentivar as crianças a participarem de projetos de serviço comunitário. Diante dos fatos supracitados, pode-se afirmar que a escola é o agente preponderante, junto à família, que deve criar situações na sala de aula por meio de diálogos entre alunos e professores a fim de conscientizá-los para que se tornem adultos solidários. Desse modo, a escola promoverá o bem coletivo desde cedo, estimulando o envolvimento de todos com as causas da comunidade.

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SOLIDARIEDADE E CIDADANIA: COMO A ESCOLA PODE PROMOVER O BEM COLETIVO?

Isabella Lazzarin Ferrer, estudante da 1ª série D

O conceito de cidadania teve origem na Grécia Antiga, quando mencionavam os direitos dos cidadãos referindo-se aos indivíduos que viviam na cidade e participavam das decisões políticas. Assim, ser cidadão é ter todos os benefícios assegurados pelo Estado, além do direito à vida, à propriedade e à liberdade. Porém, não se pode falar em cidadania sem relacioná-la à solidariedade, uma vez que ser solidário é também um exercício de ser cidadão, assim como votar ou participar das decisões que envolvem a comunidade. Alguns dos princípios da solidariedade é o respeito e a consideração pelo próximo. Mas, infelizmente, cidadania e solidariedade não estão sendo verdadeiramente praticadas. Para uma melhor aplicação, o processo educativo poderia se responsabilizar pela busca em conscientizar os sujeitos sobre a sua importância na vida dos outros, o quanto é significativo ter afeição pelas pessoas, bem como saber quais são seus direitos, obrigações e responsabilidades perante o mundo e as aptidões que devem desenvolver exercitando essas práticas no decorrer da vida praticando a cidadania. Certamente, no Brasil, o termo cidadania surgiu com a Constituição Federal de 1824. Perante os cidadãos, ela deve ser sempre praticada, a fim de tornar a sociedade igualitária, vindo assim ao encontro da solidariedade. O grande impedimento de se obter uma cidadania é o individualismo de cada ser, devendo desta forma compor-se com a solidariedade, tendo em vista que ser solidário é sensibilizar-se por uma causa social tornando-se parte dela. Portanto, seria de grande beneficência, para sociedade, as escolas se dedicarem a promover o desenvolvimento desse ato nas crianças desde cedo, elaborando aulas e atividades práticas que resultem em atitudes compassivas, colaborando, assim, para uma geração futura mais humanizada. Ademais, o direito à cidadania também está assegurado nos Direitos Humanos, que corresponde ao conjunto de regras que procura preservar a dignidade e a integridade de todos os indivíduos, sendo a solidariedade indispensável para possibilitar que as práticas políticas recuperem sua integridade. Decerto, pequenos gestos são capazes de transformar pessoas e circunstâncias. Ser solidário vai desde um ato pequeno, como ouvir alguém, até realizar doações. Dessa forma, fazer o bem não exige muito. Portanto, tendo em vista os argumentos supracitados, sendo a escola responsável por parte da construção da identidade do aluno, formando indivíduos sociais, é de extrema importância que eles desenvolvam atividades lúdicas por meio de exercícios que trabalhem e pratiquem a solidariedade e a cidadania, como discursos relacionados ao tema de direitos e deveres, projetos de serviços comunitários, atividades que visem o trabalho coletivo, o respeito ao próximo, o reconhecimento de seus próprios erros. Assim, seus alunos aprendem a exercer plenamente seus direitos civis, políticos e sociais, porque a cidadania não é exercida somente na vida pública, ela pode ser exercida na rotina do cotidiano.

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SOLIDARIEDADE E CIDADANIA: COMO A ESCOLA PODE PROMOVER O BEM COLETIVO?

Maria Eduarda Lima Cardoso, estudante da 1ª série C

A escola exerce um papel fundamental na formação moral e cívica de todos os cidadãos, sendo assim, o elemento central e edificador da sociedade. É nessa instituição onde tudo se converge em grandes realizações humanas, incluindo ações sociais, morais e educacionais. Essa formação de caráter é, de fato, imprescindível e apresentada por esse instituto no cotidiano de seus alunos, através de debates, apresentações e eventos para a discussão de assuntos relevantes e polêmicos da sociedade e por campanhas e ações sociais fora do ambiente escolar para a prática da solidariedade, garantindo, assim, a cidadania de todos. Primordialmente, as argumentações e debates desenvolvem a reflexão sobre temas externos que atingem a população, causando a compreensão dos estudantes. Dessa forma, essas discussões internas fomentam a ampliação do conhecimento, a visualização de diversos pontos de vista e o esclarecimento sobre as melhores ideias em relação a qualquer assunto ou decisão que a comunidade precise tomar, estimulando o senso de participação e visando sempre a ética como alicerce de construção de uma melhor sociedade. Outrossim, as ações solidárias promovidas pela escola incentivam o auxílio e colaboração ao próximo e a tomada de iniciativa, proporcionando a diferença na coletividade. Dessa forma, causam, assim, engajamento social e cultural, a criação de hábitos solidários no meio onde atuam e um resultado positivo em relação à atenção doada às classes inferiorizadas. Assim, isso ocorre no Colégio Agostiniano São José através do voluntariado que tem como intuito visitar instituições cuidadoras, asilos e creches, para entreter e animar o dia das pessoas que lá vivem e o projeto de “DriveThru Solidário”, visando a doação de alimentos para o lar de idosos. Diante dos argumentos supracitados, é evidente que o colégio é um importante pilar para a formação intelectual da sociedade. Perante isso, a escola deve preservar os processos educacionais e institutos de formação pessoal e profissional por meio de suas estruturas de educação, professores, métodos de ensino e projetos de desenvolvimento humano em alto nível, a fim de construir cidadãos mais conscientes, colaborativos, sem preconceitos e melhor preparados para os desafios impostos pela vida. Desse modo, será constituído um futuro mais promissor para as próximas gerações.

A União da Comunidade escolar no enfrentamento das dificuldades da pandemia

UNIÃO DA COMUNIDADE

Por Pedro Bessa de Oliveira, aluno do 1º ano C

Cartas abertas dos estudantes da 2ª série 54

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Carolina Navega Minamizaki (2ª série F) São Paulo, 25 de outubro de 2020

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ESCOLAR

Prezadas famílias e alunos,

Venho por meio desta, representando os alunos do colégio Agostiniano São José, discursar sobre as questões sociais e emocionais que emergiram devido à pandemia da Covid-19. A partir do dia 24 de março, foi decretada uma condição de quarentena no estado de São Paulo, fazendo com que as aulas fossem suspensas até a tomada de iniciativa do colégio para implementação do método de Educação a Distância. Vale ressaltar que nem todos os colégios tiveram recursos para poder aderir a esse modelo. Com essa situação, muitas questões passaram a permear os ambientes que se tornaram os locais de isolamento, como a solidão e a abstinência social dos jovens, o surgimento de problemas como ansiedade, depressão ou o agravamento de condições pré-existentes, a dificuldade na adaptação ao sistema EAD, possíveis deteriorações ou surgimentos de questões familiares, entraves em relação a fontes de renda e pagamentos de mensalidades, problemas de saúde e a preocupação em não haver um rendimento muito eficiente em aprender os conteúdos ministrados. Muitos jovens sofreram e ainda sofrem gravemente com a necessidade de distanciamento social durante o período de quarentena, pois a mudança em suas rotinas foi drástica. Grande parte deles, por terem desenvolvido uma necessidade de estar constantemente com seu círculo de amizades, principalmente no meio de interação do ambiente escolar, não conseguiu aceitar e lidar com a ideia de ter que passar mais de seis meses em estado de isolamento, contando apenas com o uso da tecnologia. Como resultado, houve uma amplificação no vício e dependência das redes sociais, e muitos deles passaram por momentos de ansiedade, depressão, ou até mesmo isolamento de suas próprias famílias, agravados pelo medo de adoecer ou perder pessoas queridas. Outro entrave sofrido tanto por alunos quanto por suas famílias foi o abalo financeiro. Com o início da pandemia e a instauração do estado de quarentena, muitos estabelecimentos foram fechados sem previsão de reabertura, o que levou a uma vasta onda de desemprego e redução de salários, em grande parte de pessoas de menor renda, uma vez que nem todos desfrutaram da opção de trabalhar em Home Office. Desde então, alguns responsáveis passaram a cortar diversas despesas e encontraram dificuldades em relação ao pagamento das mensalidades escolares, o que gerou uma possibilidade de retirada de seus filhos de seus respectivos colégios, abalando ainda mais o frágil estado emocional deles, além de uma alta demanda para que tais mensalidades fossem reduzidas. Ainda, mais um agravante da situação que surgiu foram os problemas de saúde, como carência de vitaminas, problemas na coluna ou na vista, ou sedentarismo. Ao ficarem isolados em casa, muitas pessoas passaram a permanecer durante grandes períodos de tempo em computadores ou aparelhos celulares, ocasionando problemas em suas colunas, pescoços e vistas, devido à posição na qual permanecem e à exposição à luz azul das telas. Além disso, com o confinamento em casa e a falta de exercício, surgem problemas como carência de vitamina D proveniente da falta de exposição ao sol, além de uma maior predisposição ao sedentarismo, o que agrava outros problemas de saúde. 56

Em conjunto com todos esses fatores, uma outra questão que surgiu, sendo potencialmente uma das mais críticas, foi o agravamento ou surgimento de questões familiares. Previamente à pandemia, muitos jovens não possuíam uma relação muito próxima com suas famílias, fosse por falta de presença em casa, ou por relações frágeis. Posteriormente, com o isolamento, as famílias foram forçadas a conviver constantemente, ou pelo menos por um maior período de tempo, uma vez que algumas pessoas ainda tiveram que continuar trabalhando fora de casa. Desse modo, ao aumentar o contato, muitos indivíduos tiveram a oportunidade de estreitar o relacionamento parental, enquanto outros, infelizmente, se isolaram completamente, escancarando e aumentando o abismo existente, ou no pior dos cenários, sofreram com questões como violência doméstica. Por fim, uma grande preocupação que passou a atingir a maioria dos alunos foi a aprendizagem do conteúdo. Muitas escolas públicas e particulares não dispõem de recursos suficientes para implementar um sistema de Educação a Distância, sendo que a tecnologia também não é acessível a todos, então como resultado, durante esse período, muitas delas foram obrigadas a fechar suas portas. Já para aquelas que conseguiram implementar esse modelo, os estudantes adicionaram mais um contratempo em suas somatizações: dificuldades no processo de adaptação, em conjunto com o receio de não estarem apresentando um rendimento tão eficiente na aprendizagem dos conteúdos ministrados quanto nas aulas presenciais, uma vez que o nível de concentração não é o mesmo e o número de distrações é maior do que em uma sala de aula. Além disso, pode-se adicionar os problemas de conexão com a internet tanto de professores como de alunos que interferem no andamento das aulas, valendo ressaltar que esse também foi um período de adaptação para os professores. Portanto, com o objetivo de diminuir os impactos negativos da situação, solicitamos às famílias que aproveitem o momento para estreitar as relações entre si e fornecerem apoio uns aos outros, aos pais e responsáveis que se façam mais presentes e acompanhem mais de perto a situação de seus filhos, aos próprios filhos que se mostrem mais proativos e cooperativos em relação a como podem ajudar seus responsáveis em casa durante essa situação atípica, e a todo o coletivo que possa realizar doações para aqueles que se encontram em situações mais críticas, engajar em campanhas, apoiar ONGs, e incentivar outros a fazerem o mesmo. Agradecemos profundamente toda a parceria e a cooperação. Atenciosamente, CNM

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Gustavo Dolci (2ª série C) São Paulo, 25 de outubro de 2020

CARTA ABERTA ÀS FAMILIAS DO COLÉGIO AGOSTINIANO SÃO JOSÉ

Prezada comunidade escolar,

Os alunos do Colégio Agostiniano São José vêm, por meio desta carta, manifestar sua solidariedade pelas famílias atingidas pela Covid-19 ou pelos seus efeitos, que impactou diretamente a vida dos moradores de São Paulo, onde está localizada essa instituição de ensino. Além disso, tem-se como objetivo solicitar ações concretas das grandes instituições, a fim de dirimir os impactos negativos dessa crise sanitária e social. Ao pensar nessa pandemia é imprescindível levar em consideração as causas e as consequências dessa crise, visto que tal situação se agravou devido à falta de empatia das pessoas, o que causou impactos consideráveis na vida de muitos. Em virtude disso, a Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA), a qual inclui o colégio, se posicionou frente a tais dificuldades e mudou seu modo de ensinar e de contribuir com a sociedade. Primeiramente, é necessário entender a origem de tal circunstância, visto que, por mais rápido que possa ter parecido, o processo do desenvolvimento da pandemia se deu de forma gradual, já que o repentino isolamento social e a diminuição das atividades presenciais só se tornaram realidade após algumas semanas do início da disseminação da doença. Isso é compreensível, já que se tratava de uma infecção viral ainda pouco conhecida no mundo, principalmente no aspecto da transmissão do agente patogênico. Isso posto, pode-se entender o porquê de uma medida nunca outrora tomada, já que, em seus 60 anos de história, o Colégio Agostiniano São José nunca havia cancelado suas atividades presenciais por mais do que alguns dias durante o período do ano letivo. No ano de 2020, cerca de 80% das aulas foram realizadas por meio da internet e a distância. No entanto, por mais que isso possa parecer uma solução universal, não é algo viável para muitos no Brasil e no mundo, visto que apenas 50% da população tem acesso à internet. Ademais, muitos dependem de várias instituições para sobreviver, como por exemplo as crianças que dependem das escolas para se alimentarem. Dentre as consequências também estão os impactos econômicos, o que se torna muito evidente no contexto escolar, já que famílias com jovens e crianças, em geral alunos de alguma instituição de ensino, entre seus integrantes têm uma tendência a maior diminuição de renda nesse período, conforme estudo realizado pelo Ibope a pedido do UNICEF. Por mais que haja uma predominância entre esse grupo, os efeitos são generalizados e, segundo a ONU, há uma projeção de que haja mais 150 milhões em situação de pobreza após a pandemia. Pensando nesse cenário, surge o questionamento acerca da responsabilidade nesse período da comunidade escolar para quem essa carta é destinada. Levando em consideração que os integrantes desse grupo estão em uma situação menos preocupante, em um aspecto socioeconômico, já que têm fácil acesso a recursos como moradia, alimento, internet e educação, deve-se ter uma ação presente frente as dificuldades encontradas pela sociedade como um todo.

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Por mais que um dos principais causadores do agravamento da pandemia tenha sido a falta de empatia e o cuidado com o próximo, ao desconsiderar as recomendações dos profissionais da saúde em relação ao isolamento social, diversas ações vão no sentido contrário. Dentre os muitos projetos de assistência desenvolvidos pela SAEA, a festa junina solidária ocorreu em todos as escolas da sociedade, na qual o Colégio Agostiniano São José está incluso. Esse projeto ocorreu de forma que as comemorações juninas pudessem ocorrer, levando em consideração as exigências sanitárias, e ao mesmo tempo visando atender às necessidades da população mais necessitada, já que tinha como principal objetivo a arrecadação e doações de alimentos. Assim sendo, pode-se considerar que o colégio está se posicionando frente aos impactos socioeconômicos da pandemia, mas isso não é suficiente. É necessário que haja uma mobilização maior e que todos se envolvam nisso a fim de diminuir os impactos perante a comunidade mais carente. Sendo assim, sugere-se que cada família contribua de alguma forma para o bem-estar dessa comunidade, pois somente com a união de todos será possível passar por esse momento delicado sem mais prejuízos sociais. Portanto, contribua com projetos que visem cuidar de moradores de rua, já que esses normalmente já estão em uma situação vulnerável, a qual foi intensificada nesse período; faça doações para setores da saúde, seja por meio de contribuições financeiras para ONGs e instituições, ou se colocando a serviço da comunidade, dedicando o seu tempo para ajudar quem mais precisa; ou, então, incentive mais empresas e pessoas a fazerem como o colégio, ao utilizar de sua infraestrutura e alcance em prol de um bem comum. Em adição a isso, cobramos o posicionamento de grandes empresas, detentoras de amplo capital e estrutura para contribuir nesse período, a fim de que essas grandes corporações tenham uma contribuição ativa na comunidade na qual estão inclusas. Destarte, para concluir, apresentamos nossa solidariedade aos que, infelizmente, perderam familiares e amigos para essa doença, da mesma forma que manifestamos o nosso desejo por uma recuperação dos doentes e pelo fim dessa crise de proporções mundiais. Além disso, demonstra-se o respeito e gratidão às instituições e indivíduos que como o colégio têm ajudado os mais necessitados. Por fim, incentivamos que todos se envolvam com projetos de auxílio às pessoas em situações de vulnerabilidade social. Tendo em vista que ações já foram tomadas, agradecemos a todos que se mobilizam e esperamos que essas ações sejam cada vez mais frequentes e essa empatia e amor ao próximo se espalhem. Atenciosamente, G. D.R.M

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Júlia Monaco (2ª série D) São Paulo, 25 de outubro de 2020

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ESCOLAR

Prezada comunidade escolar agostiniana,

É inegável que o atual contexto de Pandemia da Covid-19 trouxe diversas dificuldades ao ano de 2020, sendo elas de âmbito econômico, social, emocional ou educacional. Estatisticamente, o número de desempregados no país subiu, bem como os de casos de depressão, refletindo o agravamento de entraves já existentes. As complicações sociais acentuaram-se e as barreiras que impediam o acesso à educação tornaram-se mais fortes. Colocando-me como estudante do Colégio Agostiniano São José, cursando a 2ª série do Ensino Médio, devo reconhecer que sou privilegiada. Apesar de também estar enfrentando as consequências do vírus, tenho condições de pagar pelo serviço de uma rede de ensino humanizada, que moldou suas estruturas para se adequar e proporcionar o melhor perante à situação de isolamento social. Enquanto isso, há uma enorme quantidade de pessoas com menos oportunidades que não possuem as mesmas condições de se sustentarem ou acompanharem o ano acadêmico. Levando em consideração as diferenças entre as situações apresentadas, é essencial que nós, enquanto integrantes da coletividade agostiniana, promovamos ou apoiemos, utilizando de nossa posição mais favorecida na sociedade, ações solidárias direcionadas àqueles que possuem menos condições de se sustentarem perante o atípico período em que vivemos. Dessa forma, poderíamos exercitar a empatia pela vivência de sermos cidadãos ativos na sociedade, guiados pela boa moral e ética, garantindo uma melhor convivência. Além disso, tais atos trazem relevância e permitem que seja vista e debatida a desigualdade social. Virtudes e valores são fatores necessários para o desenvolvimento humano como sociedade. O simples exercício de se colocar no lugar de outro indivíduo e tentar compreender o que ele passa explora uma diferente visão de mundo, que abre caminho para um fortalecimento de sua moral e sabedoria. Pode-se ter como exemplo a própria campanha realizada pelo Colégio Agostiniano em época de festa junina, o “arraial solidário”. A ação consistiu na ida de pais e alunos à escola que, passando por um processo de “Drive-Thru”, doavam kits de higiene e agasalhos que seriam direcionados a pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Como recompensa pelo ato, as famílias recebiam comidas típicas e prendas para comemorarem em suas próprias casas. A rede agostiniana, ao promover o evento de responsabilidade social, leva cada contribuinte a praticar a cidadania, ajudando dentro das próprias possibilidades. Desse modo, a solidariedade, além de permitir que os colaboradores trabalhem o princípio da compaixão e generosidade, ameniza os impactos negativos e a carência dos mais necessitados nessa situação de pandemia. Assim, as relações da comunidade tornamse mais virtuosas. Outrossim, a questão da tão presente desigualdade social no país deve ser abordada, ainda mais com o agravamento desta por conta do isolamento social. Como relatou a revista EXAME acerca da situação, “[...] Com a economia do país em crise, o desemprego em alta e a doença em forte expansão, as consequências desse período para as classes mais vulneráveis ainda são inimagináveis”. Com essa mentalidade, 60

Júlio Lancellotti, padre de 71 anos, tomou a iniciativa de distribuir, com um grupo de voluntários, kits de higiene, alimentos e agasalhos para aqueles com menos condições. A realização de campanhas solidárias permite que enxerguemos nossa posição no coletivo e questionemos o abismo entre as diferentes classes. Trazer importância a tais entraves de nossa sociedade contribui para que sejam tomadas atitudes efetivas e consistentes contra estes, visando reduzir tais impactos negativos em nosso corpo social. Levando-se em consideração essa perspectiva, entende-se que, tendo consciência de nossas condições, devemos caminhar para o ramo da solidariedade. Faço um apelo para que, enquanto comunidade, possamos construir um futuro guiado pela empatia e ética. Na atualidade, ações consistentes e de boa moral são necessárias para o combate dos diversos impasses cotidianos. Ademais, tais atos também evidenciam sua importância ao possibilitar que notemos o quão acentuada tornou-se a desigualdade social. Desse modo, viabiliza-se a tomada de providências adequadas para que tais obstáculos sejam superados. Atenciosamente, J. M.

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Mohamad Walid (2ª série C) São Paulo, 24 de outubro de 2020

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CARTA ABERTA À COMUNIDADE ESCOLAR AGOSTINIANA

Prezadas famílias,

O mundo presenciou, e continua a presenciar, o impacto estrondoso da Covid-19 e as demasiadas adversidades que a doença gerou em todos os setores da sociedade. Nesse âmbito, venho manifestar a perspectiva que nós, alunos do 2º ano do ensino médio do Colégio Agostiniano São José, temos dessa situação, visto que a gravidade dessa questão exige a análise crítica e a tomada de ações efetivas. A despeito do setor sanitário, o qual foi atingido diretamente pela pandemia, o novo coronavírus continua a exercer uma influência devastadora em ramos da sociedade como a economia e a educação. Isto é, como se já não bastassem os números desoladores de vítimas e infectados por um mal que se alastrou tão velozmente pelo globo, os impactos da Covid-19 se estendem de tal forma que quase a totalidade da população mundial foi, direta ou indiretamente, afetada pela enfermidade. No entanto, vale ressaltar que os países foram atingidos pela pandemia de formas distintas – e, consequentemente, responderam a ela de diferentes modos. O Brasil, por sua vez, marcado por desemprego, desigualdade social, distribuição irregular de renda e falta de acesso pleno à rede pública de saúde por toda a população, vem sofrendo bastante no âmbito econômico e sanitário. Por outro lado, em países como a Alemanha, onde a gestão da verba pública é eficiente, a pandemia, tão repentina, fora recebida com preparo, com hospitais de prontidão e com o desenvolvimento de vacinas estimulado pelo governo. De volta ao Brasil, o cenário é completamente diferente: de acordo com dados da John Hopkins University, referência no campo científico global, o nosso país atingiu a marca de 150.000 mortos pela doença no início do mês de outubro, atrás apenas dos Estados Unidos em números absolutos. A situação se agrava quando levada em consideração a desigualdade social, porquanto grande parcela dos brasileiros não tem condições financeiras para cumprir as medidas de isolamento. Além disso, a inflação e o aumento nos preços de produtos de consumo básico como o arroz cresceram drasticamente nos últimos meses, fazendo com que as camadas sociais mais pobres, amparadas somente pelo auxílio emergencial e por programas de caridade, se tornem ainda mais vulneráveis. Outrossim, a educação também vem enfrentando verdadeiros desafios a respeito do ano atípico. Embora o ensino remoto fora reconhecido como uma medida efetiva de dar continuidade à educação básica durante a pandemia, grande parte dos estudantes não pode fruir desse recurso: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em 2018, um em cada quatro brasileiros não tinha acesso à internet. No entanto, levando em conta que o ensino público já encontrava problemas anteriormente, e considerando a situação psicológica e emocional de diversas crianças e jovens, muitos deles responsáveis pelo sustento familiar, pode-se afirmar que um número muito maior de estudantes se encontra sem condições de estudar, ao contrário do que as pesquisas revelam. Por fim, a pandemia vem sendo um fator agravante em relação à saúde física e psicológica dos cidadãos. Num país onde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, existe o maior contingente de ansiosos do mundo, a situação de isolamento colabora com distúrbios psicológicos como a depressão. De forma análoga, a disseminação do

novo coronavírus impediu com que muitos indivíduos realizassem atividades rotineiras, como ir a celebrações, encontrar amigos e familiares, bem como praticar exercícios em espaços públicos. Dessarte, houve o aumento do estresse e do cansaço físico entre as pessoas, o que, na prática, influi no desenvolvimento de transtornos psicológicos, que, por sua vez, causam a piora da situação físico-psicológica do indivíduo, gerando um ciclo vicioso que intensifica a frustração e o sofrimento. À vista disso, resta um questionamento: o que fazer diante a pandemia? É perfeitamente compreensível que uma pessoa, frente a tantas adversidades, se sinta imponente, bem como é entendível a necessidade que se tem de se sentir aflito: seja pela morte de uma pessoa querida, pela necessidade de abandonar hábitos ou por qualquer outro motivo. Não obstante, num momento em que uma enfermidade contagiosa faz com que todo o planeta se mobilize, temos que ser solidários a fim de amenizar os impactos da Covid-19, afinal de contas, se a doença afeta o coletivo, cabe ao coletivo providenciar amparo àqueles que o integram. Nesse contexto, o essencial é a adaptação: precisamos adaptar nossas relações sociais, bem como as nossas relações com nós mesmos, com o propósito de potencializar a recuperação da comunidade. A prática da caridade, por sua vez, é um bom exemplo de ação efetiva no apoio social, tal como o arraial solidário feito pelo Colégio Agostiniano São José a fim de colaborar com a recuperação de grupos vulneráveis durante a pandemia. Além da caridade, a prática do isolamento, quando possível, já é uma medida que facilita o combate à doença de maneira significativa, pois diminui sua disseminação e ajuda a proteger a si mesmo e às pessoas ao nosso redor. Não obstante, ações que visem o bem-estar próprio são igualmente essenciais para que combatamos esse período juntos, portanto praticar exercícios, permitir que existam momentos de lazer durante a quarentena, e descobrir novas atividades adaptadas à situação de pandemia são medidas para a manutenção da saúde do indivíduo nesse período delicado. Finalmente, embora tenhamos que evitar ao máximo o contato social físico, nada nos impede de nos relacionarmos com aqueles que amamos por meios virtuais: ligar para um parente distante, fazer uma chamada de vídeo com um amigo, mandar uma mensagem para saber se um conhecido se encontra bem, tudo isso pode reduzir a aflição a qual estivemos submetidos por longos meses até agora, criando memórias alegres em meio a tanto sofrimento, para que possamos confortar-nos uns aos outros – afinal de contas, estamos separados fisicamente, mas conectados pelo coração. Atenciosamente, M. W.

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Isabella Di Pietro (2ª série C) 17 de outubro de 2020

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ESCOLAR

Nós, alunos do Colégio Agostiniano São José, preocupados com as consequências negativas da pandemia da Covid-19, vimos a público propor ações que ajudem as pessoas da região. Essas são afetadas pela falta de convivência social, que gera problemas emocionais, e por complicações financeiras. Previamente, sabemos que a Organização Mundial da Saúde sugere o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus. Com isso, quase todas as pessoas tiveram que se adaptar ao novo modelo de vida, tendo que conciliar o trabalho com a comodidade das suas casas. Indivíduos que estavam acostumados a conviver em ambientes lotados, clássicos da nossa cidade, reduziram-se aos seus parentes e comunicação à distância. Isso afeta principalmente as famílias com crianças e adolescentes, que contam com adultos que enfrentam a diminuição de salário ou o desemprego, gerando estresse e insegurança. De acordo com a revista Crescer, esse cenário afeta o desenvolvimento e comportamento de crianças de todas as idades, além de aflorar doenças como a ansiedade e a depressão. Essas consequências são aplicadas para todas as pessoas, independente da classe social. No entanto, ao falarmos da região próxima à escola, região do Belenzinho, encontramos famílias de classe média alta e, em contraste, famílias em situação precária, que estão sofrendo com as mudanças econômicas do país. O site iG informa que 63% das moradias com jovens relataram diminuição de recursos de uso fundamental. Pessoas que lutavam diariamente para conseguir prover o necessário para seus familiares tiveram seus salários cortados, num país sem novas ofertas de emprego e tendo que lidar, em sua maioria, com crianças que não possuem uma estrutura escolar como a oferecida pelo nosso colégio. O governo, que oferece o auxílio-desemprego, não tem como oferecer auxílio psicológico para todos os que sofrem com a fase que enfrentamos. Por fim, nós sugerimos que toda a comunidade se solidarize com situação descrita e ajude as pessoas necessitadas do bairro. Doações de cestas básicas podem ajudar aqueles que tiveram sua renda brutalmente cortada, principalmente para grandes famílias. Além disso, a preferência pelo comércio local e por pequenos proprietários ajuda a valorizar economicamente a região. Não podemos nos esquecer dos moradores de rua, que além de não terem um espaço para se proteger da doença, também estão passando fome. Ademais, a violência contra a mulher cresceu muito durante a pandemia, e uma forma de ajudar é contribuir com ONGs como a Organização Social de Saúde Casa de Isabel, que oferece atendimento psicológico e jurídico para vítimas de violência doméstica ou pessoas em situação de risco. São ações simples que afetam positivamente a vida de pessoas ao nosso redor e a nossa sociedade.

Términos de ciclos: discussões acerca da saudade

ACERCA DA SAUDADE

Por Vinícius Pedrão, aluno do 2º ano D

Atenciosamente, I.D.P.C

Dissertações argumentativas dos estudantes da 3ª série 64

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OS CICLOS DA VIDA: PENSAMENTOS DESDE MUFASA ATÉ FERNANDO PESSOA

Bruno Greco De Lemos, estudante da 3ª série C

Mufasa, na animação O Rei Leão, explica a seu filho, Simba, sobre o grande ciclo da vida, no qual todos os seres vivos nascem, desenvolvem-se e, por fim, “transformamse em grama”, ou seja, morrem. Os eventos que diferenciam os indivíduos são os pequenos ciclos, como períodos de alfabetização, relacionamentos e lares, sendo que a duração e o aproveitamento desses processos determinam os seus efeitos nas pessoas. Uma variante essencial nesse processo é o sentimento da saudade, que é responsável pela recordação de momentos bons de um ciclo e que pode ser maléfica em momentos de encerramento. Então, o indivíduo não deve ficar preso ao passado e deixar de viver novos ciclos devido a saudade, apesar de ser uma sensação boa e familiar. Os grandes encerramentos dos pequenos ciclos da vida são marcados por exuberantes festas, como eventos de graduação, que são responsáveis por despertar a saudade. Um momento no qual esse processo fica evidente é a festa de formatura do ensino médio, na qual os alunos do terceiro ano se reúnem para celebrar o fim de um ciclo importante de suas vidas. Essa cerimônia provoca a nostalgia de bons momentos vividos, como festas, amizades e descobertas, mas também gera um sentimento de desconforto ao evidenciar que esse ciclo chegou ao fim e que tudo ficou no passado. Assim, muitos estudantes não se imaginam longe de seus amigos de infância, de professores queridos e de um ambiente escolar familiar, entretanto é imprescindível sempre seguir em frente. Além disso, as diversas fases da existência individual ocasionam ensinamentos e emoções, mas todas possuem um final. A partir disso, é essencial perceber quando uma etapa termina, uma vez que, de acordo com o renomado escritor Fernando Pessoa, “Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver”. Um exemplo é o processo de mudar do lar com pais para morar sozinho, uma vez que sair do conforto e buscar algo novo pode ser muito assustador, mas, no final, é essencial para o amadurecimento, a independência e o autoconhecimento. Logo, embora a saudade e a vontade de reviver o passado sejam intensas, mudanças são cruciais, já que novos ciclos sempre surgem e ensinam novas lições, complementando a vivência do ser no mundo. Em suma, conclui-se que é essencial perceber o final de um ciclo e prosseguir para novas etapas da vida, mesmo que o sentimento de nostalgia e apego ao passado seja fortemente reforçado pela saudade. Então, já que o grande ciclo da vida, explicado por Mufasa, é inevitável, o melhor que pode ser feito é aproveitar cada pequena etapa intensamente, assim como foi ensinado por Fernando Pessoa.

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SAUDADE: DESTITUIÇÃO AFETIVA E FALIBILIDADE DA MEMÓRIA

Gabriel Guiote Ribeiro, estudante da 3ª série B

Em Campo Geral, obra de Guimarães Rosa, a saudade tem um importante papel narrativo. Seja aquela de Miguilim em relação ao irmão preferido, Dito – que faleceu por doença –, ou mesmo ao próprio Mutum – lugar que deixou após a infância –, ela se faz presente e molda, ao longo da história, a maneira pela qual o menino concebe o mundo e lida com as situações que o acometem. De forma análoga, ocorre com cada ser humano: o fim de ciclos, e a despedida deles, afetam-no; entretanto, para o real entendimento desse sentimento, é necessário compreender tanto sua origem quanto seu perigo. A visão filosófica de Aristóteles, por exemplo, dá à saudade um caráter natural e inerente ao homem. Nesse sentido, para o grego, Miguilim – assim como qualquer pessoa – seria um animal político, isto é, um ser que precisa viver em comunidade para ser feliz, e que, dessa maneira, desenvolve laços sentimentais com aqueles com quem convive. Todavia, do mesmo modo que a construção de tais relações humanas traz conforto, o rompimento dessas causa uma sensação de falta. Exemplificativamente, o mesmo vínculo o qual, um dia, tornara o garoto alegre, então, fadou-o a um incondicional vazio, antes preenchido por seu irmão. Ademais, tal saudade, que se fundamenta na memória, pode ser, segundo a socióloga Maria D’Alva Kinzo, prejudicial, pois leva ao desenvolvimento de uma lembrança seletiva. Assim, da mesma forma que aspectos negativos de Mutum – como a traição amorosa da mãe com o tio e o suicídio do pai – são atenuados pelo menino ao final da novela, muitas vezes, devido à afloração dos sentimentos causados pelas boas recordações, também são na realidade. Logo, a preocupação não é, em si, a exaltação dos pontos positivos de determinada etapa da vida, mas a marginalização dos negativos, o que, analogamente ao livro, leva a criação de visões parciais do passado. Em virtude dessa perspectiva, denota-se que a falta gerada pelo término de fases – desde as da vida até as de lugares – é involuntária e intrínseca ao ser humano. Bem como, por causa da falibilidade da memória em face às emoções, cria uma compreensão imprecisa acerca de espaços, tempos e pessoas. Entende-se, portanto, que não é possível deixar de ser afetado pela saudade, contudo, tal qual Miguilim, deve-se desenvolver-se a partir dela.

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A RODA DO TEMPO

Laura Mazario De Moura E Silva, estudante da 3ª série A

No livro “The Eye of the World”, Robert Jordan faz uma reflexão acerca da passagem do tempo, relacionando-a com a imagem do Ouroboros, uma cobra que morde a própria cauda traçando o símbolo do infinito. O autor trata o tempo como uma roda, que gira, passa e deixa memórias; mas não tem começo nem fim, como o Ouroboros. Assim, a vida gira com a roda do tempo, sem começo, nem fim, apenas constantes ciclos que passam e deixam as pessoas com nada além de memórias. Essas lembranças despertam um sentimento único na língua portuguesa: a saudade, que é explicada pela ciência e que ganha vida na literatura. O ser humano libera hormônios e neurotransmissores que causam o sentimento de bem estar, que o ajuda a criar laços afetivos com pessoas, principalmente. Contudo, ele nunca estará em um constante nível de contentamento, já que ele passará por momentos de estresse, e são nesses períodos que o seu corpo cria um mecanismo de defesa: a saudade. Uma pesquisa, realizada pela Universidade de Southampton, mostrou que recorrer ao passado cheio de memórias, no qual os níveis de cortisol estavam menores, traz a sensação de conexão entre o passado e o presente, aumentando o sentimento de continuidade. Com isso, esse sentimento abstrato é responsável por parte da resiliência humana, uma vez que os lembra de momentos bons que passaram e que são responsáveis por quem eles são hoje. Apesar de ser uma emoção não concreta, a literatura tem um papel importante em transformá-la em palavras. Fernando Pessoa ensinou, em seu poema, “Eu amo tudo que foi”, que, apesar das lembranças ruins e mal resolvidas, deve-se amar todos os momentos e recordações desse passado: “o ontem que a dor deixou, o ontem que deixou alegria”. Ademais, o tempo voa “e hoje é já outro dia”, em que só resta a saudade de tudo o que foi. Desse modo, a arte da palavra é capaz de traduzir a complexidade de tal sentimento e mostra que, apesar de tudo, o passado deixará ensinamentos. Por conseguinte, a conclusão de ciclos, que acontece à medida que a roda do tempo gira, deixa as pessoas apenas com memórias. Essas lembranças despertam o sentimento abstrato que é a saudade: explicada pela ciência como um mecanismo de defesa, que mantém a esperança viva de ter momentos tão bons quanto os do passado novamente, e ensinada pela literatura, com Fernando Pessoa. Dessa forma, a saudade é a única constante no ciclo da vida e na passagem do tempo.

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SAUDADE: TÉRMINOS E RECOMEÇOS

Nathalia Civile Balista, estudante da 3ª série C

No filme “Sempre ao seu lado”, um professor universitário encontra um filhote de cachorro abandonado na estação de trem e acaba ficando com ele. A partir de então, os dois tornaram-se inseparáveis e leais um ao outro. Todavia, o professor inesperadamente morre, terminando um ciclo dessa amizade, assim, seu companheiro canino sofre pela saudade de seu melhor amigo esperando por seu dono todos os dias na saída da estação de trem, hábito comum para os dois por anos, mesmo com o dono não aparecendo. Fora da ficção, a realidade apresentada não é diferente, visto que o término de ciclos causa saudade naqueles que o viveram. Nesse sentido, uma das razões deve-se ao fato de que os ciclos contêm momentos importantes vividos ao lado de pessoas especiais, e outro motivo é que o “novo” é visto como desafiador e assustador. Em primeira análise é importante definir o significado de saudade. De acordo com o latim, saudade é o desejo de um bem do qual se está privado, seja ele pessoas ou coisas. Diante disso, é possível afirmar que o término de ciclos causa saudade pelo fato de que cada ciclo é importante por conter momentos únicos vividos nele com pessoas especiais. Em vista desses aspectos, no filme “Simplesmente acontece”, os personagens Rosie e Alex são amigos inseparáveis desde a infância, vivendo diversos momentos especiais juntos, entretanto eles tomam caminhos diferentes na faculdade e a distância acaba enfraquecendo a amizade deles, dando fim a um ciclo, a infância, e o que restou foi a saudade dos momentos juntos. Desse modo, o fim de cada ciclo da vida gera um sentimento de falta por conter memórias afetivas de situações especiais vividas, o que torna ainda mais verídica a frase: “O começo da saudade acontece no final de algo inesquecível”. Ademais, outra razão que explica o porquê de término de ciclos causarem saudade é que nas novas etapas, o novo ciclo é visto como assustador e desafiador, o que leva as pessoas a preferirem o que já é conhecido, e escolhem a zona de conforto. Desse modo, na série “Riverdale”, os quatro amigos adolescentes estão no último ano do ensino médio e preparam-se para a vida na faculdade, longe dos amigos e da família, que por ser uma nova experiência e um novo ciclo é ao mesmo tempo animador e assustador, o que torna os velhos ciclos reconfortantes e seguros, resultando na saudade deles. Dessa forma, a insegurança de novas experiências desencadeou a saudade e a nostalgia de memórias, sentimento que, em decorrência do distanciamento social por conta da pandemia de 2020, chegou mais cedo para os formandos, fato ressaltado na dissertação da professora Tatiana Moysés. Em virtude desses fatos, entende-se que o término de ciclos causa saudade, pois cada ciclo contém momentos especiais vividos ao lado de pessoas importantes para o indivíduo, formando memórias afetivas. Além disso, a saudade decorre também pelo fato de que os novos ciclos são vistos como desafiadores e assustadores, como é o caso do último ano do ensino médio que tem toda a expectativa pré-faculdade, o que torna os velhos ciclos reconfortantes e seguros. Por conseguinte, é possível dizer que todos os ciclos na vida deixam saudade, mas os que virão serão tão excepcionais quanto os que já se passaram.

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SAUDADE: UM INDIVÍDUO A TRILHAR SUA JORNADA

Rafael Coppedé, estudante da 3ª série A

O mundo comum, o chamado à aventura, a recusa do chamado, a ajuda de um mentor, o cruzamento do portal, a provação, a recompensa, o caminho de volta, a ressurreição, o regresso. Essas são as etapas da “jornada do herói”, teoria criada pelo antropólogo Joseph Campbell e adaptada pelo roteirista Christopher Vogler que descreve o enredo de mitos e fábulas antigas. No entanto, apesar de tratar sobre narrativas ficcionais e fantasiosas, a jornada do herói pode, de maneira geral, ser aplicada sobre os ciclos que todo indivíduo atravessa ao longo de sua vida, além de fornecer respostas para os sentimentos que envolvem tais estágios. Tendo isso em vista, pode-se afirmar que a saudade, aflorada em término de ciclos, advém dos fatores que compõem o processo de transformação e do resultado desse processo. Os componentes e etapas dos ciclos contribuem para que a saudade surja em seus términos. Durante os processos, as pessoas enfrentam diversos percalços desafiadores, mas sentem-se gratas ao vencê-los, elas desfazem relações, porém criam novos elos afetivos; isto é, ao longo do início e meio da jornada do herói, o indivíduo é norteado pelo caráter de superação. No fim do ciclo, ao reconhecer como o processo de transformação lhe foi virtuoso, a pessoa confere um sentimento de nostalgia às suas memórias, às intempéries que venceu e àqueles que a ajudaram; dessa forma, sente saudade do que viveu. Assim, os fatores que compõem o processo de transformação favorecem o surgimento da sensação nostálgica. Ademais, o produto do término dos ciclos colabora para o aparecimento da saudade. Ao final da jornada do herói, o personagem mitológico passa pela etapa de ressurreição e regressa ao local de origem, ou seja, retorna ao ponto de partida, o início de um novo ciclo; contudo o herói não é o mesmo de antes, uma vez que mudou ao longo da aventura. Tal concepção também se aplica aos indivíduos: ao longo dos processos as pessoas transformam-se, de modo que, ao término do período, surge um novo eu. Perceber essa evolução e ser grato ao eu do passado, que enfrentou a mudança, faz com que as pessoas, ao se despedirem de uma era se suas vidas, sintam saudade de quem já foram e da metamorfose que sofreram. Dessa maneira, o resultado dos processos de transformação, que é o desenvolvimento do indivíduo, gera o sentimento nostálgico. Logo, evidencia-se que a saudade, característica do término de ciclos, provém dos componentes do processo de mudança e de seu produto. A superação das adversidades e o apoio advindo dos novos elos afetivos, fatos análogos ao início e meio da jornada do herói, fazem com que o indivíduo reconheça, ao final do ciclo, como o processo lhe foi virtuoso, o que origina a saudade. Além disso, ao se despedirem de um período, o que corresponde ao final da jornada do herói, as pessoas sentem-se nostálgicas quanto ao eu que já foram e à metamorfose que passaram, sendo gratas a ambos. Assim, depreende-se que nenhum ciclo produz uma versão definitiva do ser; o ser humano está sempre se reinventando, vivendo e sentindo falta de quem foi, isto é, sendo o herói de sua própria jornada pela existência.

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ESPECIAL

Uma Mensagem Especial

Por César Augusto Monteiro Filho, aluno do 2º ano G

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CONECTANDO-SE

Texto coletivo produzido por todas as turmas do 4º ano

Por Maria Júlia C. Bassetti, aluna do 1º ano F

Vou contar uma história Que marcou meu coração Recebi uma notícia De uma nova infecção Que para derrotá-la Precisamos de união.

Distanciamento social é bem difícil Podemos nos ver, mas não nos encostar Use máscara e lave as mãos Se não se cuidar, doente vai ficar Evite sair de casa e tenha paciência Eu sei que vai passar e a vacina vai chegar.

Em distanciamento estamos Não podemos dar as mãos O coronavírus causou isso E não é legal, não. Estamos unidos rezando Conectados pelo coração.

Mesmo a distância, Sessenta anos vamos comemorar Para nós é privilégio, Neste colégio estudar Mesmo com a pandemia, Conseguimos nos conectar!

A internet ajudou Meus amigos encontrar Tive aulas virtuais Nem podia imaginar Vou ligar para os amigos Para a saudade matar.

Sempre conectados pelo coração Estamos até aprendendo pelo celular O colégio fez aniversário Por lá não podemos estar Completamos sessenta anos de estudo E agora, quando vamos festejar?

Os médicos estão prontos Para a todos ajudar Embora estejamos isolados Para o vírus não circular Faça sua parte: use a máscara, Para essa pandemia logo acabar!

Conectar significa ligar, unir, buscar, reconhecer-se no outro por meio da prática da empatia. Buscar a conexão com a Literatura do Cordel é ir além das palavras escritas, é expressar sentimentos, muitas vezes pelo improviso dos cordelistas, é fazer poesia com o coração. Os alunos de todas as turmas do 4º ano mostraram, nos versos a seguir, o momento inesperado que a humanidade passou e o improviso foi substituído por amor, união, empatia, saudade, solidariedade e humanidade. Assim, o Cordel construído de forma coletiva, demonstrou claramente a conexão e a união entre pensar, amar e humanizar.

Professora Renata Aguilar

Educadora, autora e responsável por organizar as atividades de Técnicas de redação nas turmas do 4º ano do Ensino Fundamental I.

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equipes

DIRETOR

Eduardo Flauzino GERENTE ADMINISTRATIVO

Vagner de Oliveira Garcia COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Profª Audre Capille Carril Profª Crislaine de Oliveira Profª Elaine Cristina Passos Profª Eliza Fatobene Ando Profª Estela Lia Teixeira Moreira Lima

Profª Fabiola Celli Correa dos Santos Prfª Fernanda Francisquetti Profª Paloma de Moura Gori Profª Renata Aguilar (organizadora) Profª Renata Angele Barboza Oliveira

Juliana Prieto Magalhães

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENSINO FUNDAMENTAL I

Patricia Chelotti

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Luciane Maia Insuela Garcia

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENSINO MÉDIO

NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Profª Ana Luiza Magalhães da Silva Braggio Profª Carla R. Moreno Segala Profª Cleide Perticarati Domingues Profª Elaine Catarino Santilli

Profª Kayna Turchiai Profª Kelli Fauth Claro Profª Nathalie Nunes de Brito Ribeiro Profª Suely Domingues Romero Hauser

Luciano Rosset

NO ENSINO MÉDIO

PROFESSORES ENVOLVIDOS NA CONSTRUÇÃO DA OBRA

Profª Kayna Turchiai

Coordenadora do Departamento de Técnicas de Redação no Ensino Fundamental

Profª Francimara do Nascimento Oliveira Profª Katya Maia Motta Profª Kelli Fauth Claro

Profª Gisele Marion Rosa Profª Tatiana Moyses

Profª Camilla Cafuoco Moreno Coordenadora da Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Ensino Médio

Profª Cínthya M. R. Alvares Isquierdo Coordenadora da área de Artes

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